melhoria de desempenho em sistemas com folga por controle...

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Melhoria de Desempenho em Sistemas com Folga por Controle PID com Compensa¸c˜ao por Modelo Inverso - Simula¸c˜ao e Pr´ atica Fernando da Fonseca Schneider, Paulo Jefferson Dias de Oliveira Evald, esar Bastos da Silva, Rodrigo Zelir Azzolin Centro de Ciˆ encias Computacionais, Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, 96201–900 Email: (fernando.f.schneider, paulo.evald, cesar.silva2612, rodrigoazzolin)@gmail.com Resumo —Nesse trabalho ´ e proposta uma estrat´ egia de controle para compensa¸ ao de folga entre engre- nagens. Para tal, ´ e apresentado um modelo direto e um modelo inverso da folga, o qual ´ e utilizado na compensa¸c˜ ao da folga, juntamente com um controle PID (Proporcional–Integral–Derivativo). Um estudo de caso ´ e apresentado para demonstrar o desempenho do sistema de controle proposto, utilizando um robˆ o de soldagem linear BUG-–O MDS system. Resultados de simula¸ ao e experimentais s˜ ao apresentados e discuti- dos, demonstrando a efetividade do controle proposto. Palavras–Chave – Folga entre engrenagens, Con- trole PID, Compensa¸c˜ao por modelo inverso I. Introdu¸ ao A modelagem matem´ atica tem sido uma ferramenta fundamental no auxilio do estudo de sistemas dinˆ amicos, permitindo a realiza¸c˜ ao de simula¸c˜ oes num´ ericas que re- presentamsitua¸c˜ oes muito pr´ oximas a situa¸c˜ oes reais. De forma geral, todos os campos da ciˆ encia exata podem utilizar tal ferramenta, por exemplo: a ´ area da rob´ otica, como na modelagem das dinˆ amicas de um robˆ o SCARA [1], ou na ´ area agr´ ıcola, como na modelagem de um l´ ı- quido desumidificante para aplica¸c˜ oes em estufas agr´ ıcolas [2], bem como a ´ area de energias renov´ aveis, como a modelagem de unidades e´ olicas [3], dentre muitas outras aplica¸c˜ oes atuais. Mecanismos de automa¸c˜ ao e rob´ otica fazem extenso uso de engrenagens em seus sistemas estruturais, pois as engrenagens s˜ ao fundamentais na transmiss˜ ao mecˆ anica de energia [4]. Entretanto, recorrentemente ´ e observado que tais sistemas apresentam folgas entre engrenagens. Essas folgas influenciam o comportamento do sistema, podendo inclusive prejudicar o desempenho do sistema de controle e sua estabilidade. Em suma, folgas s˜ ao dinˆ amicas ao lineares, que vem sendo estudadas desde 1940 [5], pois estas dinˆ amicas geram limita¸ oes na precis˜ ao de um controle, pois adicionam n˜ ao linearidades ao sistema [6]. Do [7] prop˜ oe um equipamento capaz de realizar a traqueostomia de maneira automatizada, enfatizando que as folgas geram imprecis˜ ao no c´ alculo exato do posiciona- mento do cateter. J´ a no trabalho de Lee [8], foi modelado um SEA (Series Elastic Actuator ), no qual, visando obter maior desempenho do atuador se faz necess´ ario levar em considera¸c˜ ao na modelagem do sistema, caracter´ ısticas como as folgas em engrenagens, as quais podem ser trata- dos com controladores PI (Proporcional–Integral) em cas- cata. Portanto, torna–se de suma importˆ ancia incluir essa dinˆ amica no modelo matem´ atico do sistema em estudo para projeto de seu controle. Na modelagem de uma cabe¸ca rob´ otica com trˆ es graus de liberdade, desenvolvida por Ren [9], n˜ ao considerar fatores n˜ ao lineares como folgas, causam imperfei¸c˜ oes na modelagem dinˆ amica, pois ´ e algo onipresente em atuadores e em drivers mecˆ anicos. Afirmando tamb´ em que este fator pode deteriorar significantemente o desempenho do sistema de rastreamento da cabe¸ca. Diversos autores tˆ em proposto modelos para representar o comportamento dinˆ amico das folgas. Fiori [10] apre- sentou a modelagem da folga na transmiss˜ ao mecˆ anica de uma junta rob´ otica com fuso de esferas, afirmando a importˆ ancia da inclus˜ ao desse fator em seu modelo. J´ a Padoin, Menuzzi e outros autores [11], [12] elaboraram simula¸c˜ oes computacionais da folga nas juntas de um manipulador rob´ otico, desenvolvendo um modelo na plata- forma Simulink e comprovando a confiabilidade do mesmo atrav´ es de testes realizados em uma bancada experimental. Existem diversas t´ ecnicas de controle para compensar as folgas de um sistema. Salas–Pe˜ na [13] propˆ os um controle adaptativo robusto como solu¸c˜ ao para o controle de um servo motor CC (corrente cont´ ınua) com ampla folga. a Nordin [5], avaliou diversas t´ ecnicas de controle PI e controle n˜ ao–linear para uma entrada em degrau em sistemas desse car´ ater. Padoin [14] apresentou duas estrat´ egias que possam mi- nimizar o erro provocado pela folga, atrav´ es de simula¸c˜ ao. A primeira ´ e fechar a malha de controle fazendo a leitura de posi¸ ao ap´ os a folga, na engrenagem movida. A segunda ecnica se refere a compensa¸c˜ ao da folga utilizando seu modelo inverso na entrada do sistema de controle. Para seu estudo de caso, a primeira t´ ecnica apresentou melhores resultados, contudo, n˜ ao ´ e poss´ ıvel utiliza–la em sistemas que contenham sensores apenas na engrenagem motora. Assim, afim de reduzir os erros no tecimento realizados

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Melhoria de Desempenho em Sistemas com Folgapor Controle PID com Compensacao por Modelo

Inverso - Simulacao e Pratica

Fernando da Fonseca Schneider, Paulo Jefferson Dias de Oliveira Evald,Cesar Bastos da Silva, Rodrigo Zelir Azzolin

Centro de Ciencias Computacionais, Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, 96201–900Email: (fernando.f.schneider, paulo.evald, cesar.silva2612, rodrigoazzolin)@gmail.com

Resumo—Nesse trabalho e proposta uma estrategiade controle para compensacao de folga entre engre-nagens. Para tal, e apresentado um modelo direto eum modelo inverso da folga, o qual e utilizado nacompensacao da folga, juntamente com um controlePID (Proporcional–Integral–Derivativo). Um estudode caso e apresentado para demonstrar o desempenhodo sistema de controle proposto, utilizando um robo desoldagem linear BUG-–O MDS system. Resultados desimulacao e experimentais sao apresentados e discuti-dos, demonstrando a efetividade do controle proposto.

Palavras–Chave – Folga entre engrenagens, Con-trole PID, Compensacao por modelo inverso

I. Introducao

A modelagem matematica tem sido uma ferramentafundamental no auxilio do estudo de sistemas dinamicos,permitindo a realizacao de simulacoes numericas que re-presentam situacoes muito proximas a situacoes reais. Deforma geral, todos os campos da ciencia exata podemutilizar tal ferramenta, por exemplo: a area da robotica,como na modelagem das dinamicas de um robo SCARA[1], ou na area agrıcola, como na modelagem de um lı-quido desumidificante para aplicacoes em estufas agrıcolas[2], bem como a area de energias renovaveis, como amodelagem de unidades eolicas [3], dentre muitas outrasaplicacoes atuais.

Mecanismos de automacao e robotica fazem extensouso de engrenagens em seus sistemas estruturais, pois asengrenagens sao fundamentais na transmissao mecanicade energia [4]. Entretanto, recorrentemente e observadoque tais sistemas apresentam folgas entre engrenagens.Essas folgas influenciam o comportamento do sistema,podendo inclusive prejudicar o desempenho do sistema decontrole e sua estabilidade. Em suma, folgas sao dinamicasnao lineares, que vem sendo estudadas desde 1940 [5],pois estas dinamicas geram limitacoes na precisao de umcontrole, pois adicionam nao linearidades ao sistema [6].

Do [7] propoe um equipamento capaz de realizar atraqueostomia de maneira automatizada, enfatizando queas folgas geram imprecisao no calculo exato do posiciona-mento do cateter. Ja no trabalho de Lee [8], foi modelado

um SEA (Series Elastic Actuator), no qual, visando obtermaior desempenho do atuador se faz necessario levar emconsideracao na modelagem do sistema, caracterısticascomo as folgas em engrenagens, as quais podem ser trata-dos com controladores PI (Proporcional–Integral) em cas-cata. Portanto, torna–se de suma importancia incluir essadinamica no modelo matematico do sistema em estudopara projeto de seu controle.

Na modelagem de uma cabeca robotica com tres grausde liberdade, desenvolvida por Ren [9], nao considerarfatores nao lineares como folgas, causam imperfeicoes namodelagem dinamica, pois e algo onipresente em atuadorese em drivers mecanicos. Afirmando tambem que estefator pode deteriorar significantemente o desempenho dosistema de rastreamento da cabeca.

Diversos autores tem proposto modelos para representaro comportamento dinamico das folgas. Fiori [10] apre-sentou a modelagem da folga na transmissao mecanicade uma junta robotica com fuso de esferas, afirmando aimportancia da inclusao desse fator em seu modelo. JaPadoin, Menuzzi e outros autores [11], [12] elaboraramsimulacoes computacionais da folga nas juntas de ummanipulador robotico, desenvolvendo um modelo na plata-forma Simulink e comprovando a confiabilidade do mesmoatraves de testes realizados em uma bancada experimental.

Existem diversas tecnicas de controle para compensar asfolgas de um sistema. Salas–Pena [13] propos um controleadaptativo robusto como solucao para o controle de umservo motor CC (corrente contınua) com ampla folga.Ja Nordin [5], avaliou diversas tecnicas de controle PIe controle nao–linear para uma entrada em degrau emsistemas desse carater.

Padoin [14] apresentou duas estrategias que possam mi-nimizar o erro provocado pela folga, atraves de simulacao.A primeira e fechar a malha de controle fazendo a leiturade posicao apos a folga, na engrenagem movida. A segundatecnica se refere a compensacao da folga utilizando seumodelo inverso na entrada do sistema de controle. Paraseu estudo de caso, a primeira tecnica apresentou melhoresresultados, contudo, nao e possıvel utiliza–la em sistemasque contenham sensores apenas na engrenagem motora.

Assim, afim de reduzir os erros no tecimento realizados

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por um robo soldador que apresenta folga no trilho que uti-liza para se mover linearmente, o objetivo desse trabalhoe modelar a folga direta e inversa, alem de implementarum controle PID com compensacao por modelo inversopara o posicionamento do modulo de deslocamento do robosoldador BUG–O. Para tal, resultado de simulacoes e ex-perimentais sao apresentados e discutidos. A organizacaodeste trabalho e dada a seguir. Na Secao II e apresentadaa modelagem da folga entre as engrenagens de formagenerica. Na Secao III, e apresentado o sistema utilizado.Na Secao IV e projetado o sistema do Controle PIDe demonstracoes das simulacoes desenvolvidas, enquantona Secao V e demonstrado os resultados experimentaisobtidos. Por fim, na Secao VI sao dadas as conclusoes sobreeste trabalho.

II. Modelo Matematico de Folgas entreEngrenagens

Na Figura 1 e mostrado o corte transversal de umatransmissao mecanica com um par de engrenagens dedentes retos conectadas, e com folga. Note que devido apresenca da folga havera um atraso da engrenagem movida(θ1), pois para ela comecar a se mover, a engrenagemmotora (θm) devera percorrer a folga de comprimentoCr ou Cl para que os dentes de ambas as engrenagensse encostem, para assim, efetuar o movimento de θ1.Na inversao de sentido, a engrenagem movida (θ1) ficaraparada na posicao anterior ate que a engrenagem motora(θm) venca toda a folga (Cr + Cl) gerando um atraso nosistema.

θm

Cl Cr

a) b)

θ1

θm

θ1

Figura 1. a) Transmissao mecanica com engrenagens de dentes retosb) Corte transversal da transmissao mecanica

Diversos autores demonstraram o comportamento de θ1x θm atraves de graficos [15], [14], [12]. Uma versao similar,pode ser vista na Figura 2, onde sao apresentados doisgraficos. Na Figura 2–(a) e apresentado o modelo da folgae em (b) seu inverso.

O equacionamento da relacao θ1 × θm com folga partedo mesmo princıpio de seu comportamento ideal (θ1 = mθm) , adicionando o atraso especıfico (Cr ou Cl) de θmpara θ1, conforme mostrado em (1) e (2), que descrevem areta direita e esquerda da Figura 2–(a), respectivamente.

θ1(t) = m(θm(t)− Cr) (1)

θ1

θm

m

CrCl 0

θ1

θmCr

Cl

0m-1

(a) (b)

Figura 2. Relacao θ1 x θm. (a) Modelo direto (b) Modelo inverso

θ1(t) = m(θm(t)− Cl) (2)

Computacionalmente, deve–se criar condicoes para queo conhecimento do valor de θ1 em (1) ou (2). Dessa forma,visando encontrar o valor mınimo possıvel para a posicaode θm para que haja movimentacao de θ1 em ambos ossentidos, isola–se θm em (1) e (2), chamando–o de Vr e Vl,respectivamente. Essas dinamicas sao mostradas no tempodiscreto em (3) e (4), respectivamente. Note que se θ1 fornulo, os valores de Vr e Vl, corresponderao a folga inicialno sentido respectivo.

Vr(k) =θ1(k − 1)

m+ Cr (3)

Vl(k) =θ1(k − 1)

m+ Cl (4)

Ressalva–se que para θm maior que Vr, θ1 respeitara (1),entretanto caso θm seja menor que Vl, correspondera a (2),e por fim, quando estiver entre Vl e Vr, permanecera comseu valor anterior. Uma sıntese da modelagem e mostradaa seguir.

θ1(k) =

m(θm(k)− Cr) se θm(k) < Vl

θ1(k − 1) se Vl ≤ θm(k) ≤ Vrm(θm(k)− Cr) se θm(k) > VR

(5)

De forma similar ao modelo direto, o modelo inverso foiformulado. O equacionamento desse modelo e descrito aseguir.

θm(k) =

θ1(k − 1)

mse θm(k) < θm(k − 1)

θ1(k − 1) se θm(k) = θm(k − 1)θ1(k − 1)

mse θm(k) > θm(k − 1)

(6)

Para as simulacoes dos modelos obtidos, utilizou–seum sinal de entrada em dente de serra, similar ao com-portamento do tecimento do robo BUG–O. Na Figura 3e demonstrada a simulacao do modelo direto, θ1 (sinal

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vermelho) que passara a se mover somente apos θm (sinalazul) deslocar o valor da folga no sentido de interesse.Note que a cada inversao de sentido, θ1 tera um atrasocorrespondente ao tempo de deslocamento pela folga, nosentido em que esta sendo deslocando (Cr ou Cl). Ja omodelo inverso e demonstrado na Figura 4, onde θ1 (sinalvermelho) apresenta o comportamento contrario ao dafolga, que ao compensar com os sinais de θ1, possibilitaque o sistema atinja a referencia. Esses resultados saomuito proximos aos resultados de outros trabalhos, taiscomo [11], [12], o que indica que o modelo utilizado nestetrabalho e adequado.

0 2 4 6 8 10 12 14 16Tempo (s)

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

Pos

ição

(rad

)

Figura 3. Comportamento das engrenagens ao longo do tempo –modelo direto da folga com os parametros m = 1, Cl = -0,5, Cr = 1e θ1(1) = 0

0 2 4 6 8 10 12 14 16Tempo (s)

-5

0

5

Pos

ição

ang

ular

(rad

)

Figura 4. Comportamento das engrenagens ao longo do tempo –modelo inverso da folga com os parametros m = 1, Cl = -0,5, Cr =1 e θ1(1) = 0

III. Robo BUG–O MDS System

O robo BUG–O MDS system e um sistema de solda-gem linear modular [16], que deve ser montado proximoa peca de trabalho a ser soldada, pois se desloca sobreum trilho paralelo a peca. O robo e constituıdo por doismodulos Weaver e Tractor. Os motores CC de ambos osmodulos tem seu eixo passando por uma caixa de reducao,onde a engrenagem secundaria e presa a uma cremalheiraque gera o movimento longitudional do robo ao longo dotrilho, no caso do Tractor, e a movimentacao transversal

utilizada para o tecimento da solda, no caso do Weaver.Destaca-se que o hardware do robo na forma como vemde fabrica, utiliza de encoders anexados ao eixo de rotacaodos motores CC para controlar a velocidade/deslocamentodos modulos, entretanto, visando um controle de posicaode alto desempenho, essa medicao nao estaria adequada,pois quando ha folga no sistema, ela nao mensura odeslocamento real.

Neste trabalho, sera utilizado apenas o modulo Tractor,que e constituıdo por um motor CC e uma caixa de engre-nagens. Na Figura 5 e apresentado o diagrama de blocosdo sistema, onde os sinais Va, ωg, ωG e Vo sao tensao deentrada do motor CC , velocidade angular de alta rotacao,velocidade angular de baixa rotacao e velocidade linearde deslocamento do robo, respectivamente. Alem disso,os blocos KG e RG sao ganho da caixa de engrenagense raio da engrenagem que prende o robo ao trilho, respec-tivamente. A obtencao da funcao de transferencia (FT)do motor foi feita utilizando um modelo de um motor decorrente contınua excitado separadamente [17], ja o valorde KG e RG foram obtidos atraves de dados do fabricante.A FT obtida e descrita em (7), que relaciona tensao deentrada no motor CC (Va), em Volts, com a velocidadelinear de deslocamento do robo (Vo), em milımetros porsegundo.

KG RG

ωg (s)Motor

CC

ωG (s) Vo(s)Va(s)

Figura 5. Diagrama ce blocos do Modulo Tractor

G(s) =Vo(s)

Va(s)=

0, 06

s+ 16, 95(7)

Na proxima Secao e mostrado o projeto de controle destemodulo, que visa diminuir o efeito da folga do sistemaatraves de compensacao por modelo inverso da folga naentrada do sistema de controle.

IV. Controle PID e Simulacao

A uniao das acoes de controle proporcional, integrale derivativa e benefica em muitos aspectos, pois apresentaum bom desempenho, sendo frequentemente utilizada emaplicacoes industriais, devido a sua simplicidade de imple-mentacao que implica em baixo custo computacional [18],[19], [20].

Visando reduzir o erro de estado estacionario a zero,nesse trabalho sera aplicado um controle PID para desloca-mento do modulo Tractor. Primeiramente, sera abordadoo projeto de controle sem a compensacao por modelo in-verso, apos isso, mostrar-se-a o resultado obtido utilizandoda estrategia de compensacao na entrada do sistema.

Na Figura 6 e apresentado o diagrama de blocos daestrategia de controle implementada, onde os sinais R(s),

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R′(s), E(s), U(s), V (s), V ′(s), XC(s) e XR(s), sao areferencia na entrada, a referencia apos passar pelo modeloinverso da folga, erro de rastreamento, sinal de controle,velocidade, velocidade apos saturacao, deslocamento longi-tudinal controlado e deslocamento longitudinal real do mo-dulo Tractor, respectivamente. Ainda, MIV , C(s), G(s),1s e MDF sao o Modelo Inverso da Folga, o controladorPID, a FT do Tractor, um integrador para transformarvelocidade em posicao e modelo direto da folga.

C(s) G(s)1

s+-

R’(s) E(s) U(s) V(s) XC(s)V’(s) XR(s)MDFMIF

R(s)

Figura 6. Diagrama de blocos do sistema em malha fechada

Para definir os ganhos do controlador PID, sera avaliadoo sistema limitado a parte tracejada destacada na Figura6. Primeiramente, simplificou–se o sistema, utilizando re-troacao e combinacao de blocos [18] em uma equacao,mostrada em (8). O sistema simplificado resulta em umaFT de terceira ordem, o que impossibilita a utilizacaodireta do metodo de sintonia atraves de parametros dedesempenho [19], que e aplicado para sistemas de segundaordem. Dessa forma, buscou-se atraves de parametros dedesempenho descobrir o comportamento para dois polose posteriormente se atribuiu um terceiro polo estaveldistante, visando nao interferir na dinamica desejada.

XC(s)

R′(s)=

0, 06(KDs2 +KP s+KI)

s3 + (16, 95 + 0, 06KD)s2 + 0, 06KP s+ 0, 06KI(8)

Como se trata de um controle de posicao, deseja-seprecisao, logo foi imposta uma ultrapassagem percentual(U.P.) nula e tempo de acomodacao (ts) de 0, 2 segundo(criterio de 2%) [18], [19]. Atribuindo o valor de ultra-passagem percentual em (9), encontra–se o coeficiente deamortecimento ζ = 1 , e apos isso, aplicando o valor dotempo de acomodacao e ζ em (10), obtem–se a frequencianatural ωn = 20rad/s. Aplicando os valores de ζ e ωnna equacao padrao de segunda ordem, W (s), mostradaem (11) [18], encontram–se dois polos estaveis, localizadosem −20. O terceiro polo, foi projetado para se localizar 5vezes a distancia da origem ate os polos dominantes, istoe, localizado em −100.

U.P. = e

−ζπ√1−ζ2 (9)

ts =4

ζωn(10)

W (s) =ω2n

s2 + 2ωnζs+ ω2n

(11)

Tendo encontrado os polos que caracterizam o desempe-nho desejado em malha fechada, foi realizada uma compa-racao com (8), obtendo os ganhos do controlador, conforme(12).

KD = 2050, 83

KP = 73333, 33

KI = 666666, 67

(12)

A. Simulacao sem Compensacao por Modelo Inverso

A Figura 7 mostra a simulacao do controle proposto sema inclusao do modelo inverso para compensacao da folga,onde Xc e o deslocamento longitudinal e R e o sinal dereferencia. Note que nao houve ultrapassagem percentual.

0 2 4 6 8 10 12Tempo (s)

-30

-20

-10

0

10

20

30

Pos

ição

(mm

)

Figura 7. Simulacao do comportamento do deslocamento longitudi-nal controlado

Na Figura 8 e apresentado o deslocamento longitudinalreal (XR), utilizando os seguintes parametros: m = 1,Cr = 0, 1 e Cl = −1, 9. Note que na inversao de sentido,ha um atraso, promovido pela folga.

0 2 4 6 8 10 12Tempo (s)

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

Pos

ição

(mm

)

Figura 8. Simulacao do comportamento do deslocamento longitudi-nal real

B. Simulacao com Compensacao por Modelo Inverso

Na Figura 9 e mostrada a simulacao considerando acompensacao por modelo inverso da folga. Note que com ocontrole implementado, houve uma inversao de XC . Essamudanca tem efeito direto na no deslocamento real XR,mostrado na Figura 10.

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0 2 4 6 8 10 12Tempo (s)

-30

-20

-10

0

10

20

30P

osiç

ão(m

m)

Figura 9. Simulacao do comportamento experimental do desloca-mento longitudinal controlado com modelo inverso

0 2 4 6 8 10 12Tempo (s)

-30

-20

-10

0

10

20

30

Pos

ição

(mm

)

Figura 10. Simulacao do comportamento do deslocamento longitu-dinal real com modelo inverso

Na secao a seguir serao discutidos os resultados experi-mentais obtidos.

V. Resultados experimentais

A bancada construıda para obter resultados experimen-tais e mostrada na Figura 11, onde vinculado a estruturado robo BUG-O se tem o regulador de folga e um motorCC com um encoder incremental acoplado ao seu eixo(encoder interno), que possibilita medir o deslocamentolongitudinal controlado (XC), mas nao avaliar a presencada folga, pois esse encoder mede diretamente a rotacao doeixo do motor, inclusive se o robo nem estiver preso ao tri-lho. Transcendente a estrutura, como microcontrolador foiutilizado um Arduino Due com frequencia de acionamentodo PWM (Pulse-Width Modulation) em 1khz, uma ponteH para acionamento do motor e um encoder incremental(encoder externo) preso a estrutura para que fosse possıvelfazer a leitura do deslocamento longitudinal real (XR), quede fato, avalia o deslocamento do robo ao longo do trilho.Destaca-se que as medicoes dos sensores foram feitas a umataxa de 1khz.

Regulou–se a folga e, em todos os testes, a engrenagemdo robo foi encostada na cremalheira, no sentido do des-locamento inicial, mantendo o padrao com os seguintesparametros: m = 1, Cr = 0, 1 e Cl = −1, 9.

Figura 11. Bancada construıda para obtencao dos resultados

A. Resultado Experimental sem Compensacao por ModeloInverso

Na Figura 12 e mostrado o controle sem compensacaopor modelo inverso. Note que o controle projetado obteveum bom desempenho, pois XC apresentou apenas umpequeno sobressinal. Entretanto, como era esperado, nodeslocamento longitudinal real ha folga, conforme mos-trado na Figura 13.

0 2 4 6 8 10 12Tempo (s)

-30

-20

-10

0

10

20

30

Pos

ição

(mm

)

Figura 12. Resultado experimental do deslocamento longitudinalcontrolado

B. Resultado experimental utilizado Compensacao por Mo-delo Inverso

Na Figura 14 e mostrado o comportamento de XC se-guindo a referencia apos passar pelo modelo inverso. Noteque o mesmo efeito discutido na simulacao e observado.Assim, consequentemente a folga em XR foi devidamentecompensada, conforme mostrado na Figura 15.

VI. Conclusao

Primeiramente, pode–se afirmar que tanto o modelodireto quanto o modelo inverso da folga utilizados re-presentam de forma muito verossımil o sistema fısico.Por fim, pode–se concluir que a estrategia de controle

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0 2 4 6 8 10 12Tempo (s)

-20

-10

0

10

20

30P

osiç

ão(m

m)

Figura 13. Resultado experimental do deslocamento longitudinal real

0 2 4 6 8 10 12Tempo (s)

-30

-20

-10

0

10

20

30

Pos

ição

(m

m)

Figura 14. Resultado experimental do deslocamento longitudinalcontrolado com modelo inverso

0 2 4 6 8 10 12Tempo (s)

-20

-10

0

10

20

30

Pos

ição

(m

m)

Figura 15. Resultado experimental do deslocamento longitudinal realcom modelo inverso

proposta, utilizando o modelo inverso da folga, contribuisignificativamente para a compensacao da folga entre asengrenagens, visto que o atraso gerado pela folga foi devi-damente reduzido, conforme aferido experimentalmente.

Referencias

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