melhoramento genÉtico em gado...

41
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” (ESPECIALIZAÇÃO) A DISTÂNCIA BOVINOCULTURA LEITEIRA: MANEJO, MERCADO E TECNOLOGIAS MELHORAMENTO GENÉTICO EM GADO LEITEIRO CLÁUDIO ARAGON Universidade Federal de Lavras - UFLA Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão - FAEPE Lavras - MG 2008

Upload: doanbao

Post on 10-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO“LATO SENSU” (ESPECIALIZAÇÃO) A DISTÂNCIA

BOVINOCULTURA LEITEIRA: MANEJO, MERCADO E TECNOLOGIAS

MELHORAMENTO GENÉTICO EM GADO LEITEIRO

CLÁUDIO ARAGON

Universidade Federal de Lavras - UFLAFundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão - FAEPE

Lavras - MG2008

ParceriaUniversidade Federal de Lavras - UFLAFundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão - FAEPE

ReitorAntônio Nazareno Guimarães Mendes

Vice-ReitorElias Tadeu Fialho

Diretor da EditoraRenato Paiva

Pró-Reitor de Pós-GraduaçãoMozar José de Brito

Pró-Reitor Adjunto de Pós-Graduação “Lato Sensu”Marcelo Silva de Oliveira

Coordenadora do CursoNadja Gomes Alves

Presidente do Conselho Deliberativo da FAEPENadiel Massahud

EditoraçãoCentro de Editoração/FAEPE

ImpressãoGráfica Universitária/UFLA

Ficha Catalográfica preparada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da UFLA

Aragon, CláudioMelhoramento Genético em Gado Leiteiro / Cláudio Aragon– Lavras: UFLA/FAEPE, 2008 – 1ª Ed.

40p.: il. – Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” (Especialização) a Distância – Bovinocultura Leiteira: Manejo, Mercado e Tecnologias.

Bibliografia:

1. Terminologia. 2. Mérito Genético. 3. Seleção. I. Universidade Federal de Lavras. II. Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão. III. Título.

.................... CDD – 005.2

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, por qualquer meio ou forma, sem a prévia autorização da FAEPE.

S U M Á R I O

I

INTRODUÇÃO...........................................................................4

TERMINOLOGIA........................................................................5

AVALIAÇÃO DE MÉRITO GENÉTICO....................................13

TESTE DE PROGÊNIE.............................................................23

PROVAS DE TOUROS.............................................................26

SISTEMAS DE SELEÇÃO.......................................................39

REFERÊNCIAS........................................................................41

I INTRODUÇÃO

O melhoramento genético em uma propriedade compõe uma das ferramentas disponíveis ao produtor no sentido de alcançar maiores rentabilidades e eficiência. O objetivo deste curso é fornecer informações essenciais para a condução de um trabalho de melhoramento genético, visando atender aos principais anseios do mercado e, obviamente, responder às necessidades do produtor.

É fundamental que se entenda que qualquer trabalho de melhoramento, bem como de todos os aspectos relacionados, é individual e particular para cada propriedade. Não se pode supor que exista uma receita específica que irá atender a todos os tipos de exploração leiteira e, principalmente, vir de encontro às principais necessidades de cada produtor. Desta forma, o trabalho de melhoramento genético na propriedade deve ser focado fortemente sobre um correto diagnóstico do sistema de produção, da capacidade de investimento, do mercado atual e futuro de leite e de animais, da base inicial do rebanho, das pretensões de expansão da propriedade, além do tipo de animal desejado e mais apropriado para a propriedade e seu sistema.

Felizmente, as ferramentas de seleção existentes permitem uma criteriosa avaliação dos pontos-chave necessários para a condução de um correto trabalho de melhoramento. Fica, portanto, a questão de conhecer bem essas ferramentas e trabalhá-las fortemente na propriedade.

Jamais pode-se deixar de pensar no melhoramento genético como ferramenta voltada para a produção de animais mais rentáveis e eficientes. A maior lucratividade é a meta final de todo o trabalho. Pensando nisso, não se pode estar alienados ao que nos diz o mercado, pois, em última análise, é ele que determina os principais caminhos de seleção a serem adotados no campo.

II TERMINOLOGIA

Gene – Unidade fundamental da herança – porção funcional do DNA. Alelo – Forma específica do gene. Locus (loci) – Local específico no cromossomo onde está localizado

determinado gene.

Cromossomo – molécula de DNA

Bovino tem 30 pares de cromossomos

Bovino tem 29 pares de autossomos e 1 par de cromossomos sexuais

Mamíferos: XX = Fêmea

XY = Macho

CARIÓTIPO BOVINOCARIÓTIPO BOVINO

Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

GENÓTIPOGENÓTIPO

A composição alélica ou gênica de um determinado indivíduo (ou em um único locus ou em múltiplos loci).

FENÓTIPOFENÓTIPO

Fenótipo = Genótipo + Meio Ambiente

Exemplos de fatores do meio

- programas de alimentação;- clima;- conforto animal;- manejo de bezerras e novilhas;- cuidados veterinários;- comportamento das companheiras de rebanho.

Pelagem Preta e Branca

Produziu 14.300 kg de leite em 305 dias

6

Fenótipo = característicasobserváveis do indivíduo

Terminologia

HERANÇAHERANÇA

O animal herda duas cópias (alelos) de cada gene, uma de sua mãe e outra de seu pai.

Com dois alelos existem 3 genótipos possíveis:

Exemplo para umlocus

7

Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

AÇÃO GÊNICA DOMINANTEAÇÃO GÊNICA DOMINANTE

Interação entre os alelos em um locus:

Quando um alelo (A) tem maior efeito que o outro alelo (a) consideramos o alelo AA dominante e o alelo aa recessivo.

DOMINÂNCIA GENÉTICADOMINÂNCIA GENÉTICA

- Exemplo de dominância genética é o fator mocho, que é dominante sobre o fator aspado.

- Outro exemplo é a pelagem preta no Holandês, que é dominante sobre a pelagem vermelha.

Homozigoto(AA)

Heterozigoto(Aa)

Homozigoto(aa)

Genótipo BB ou Bb Genótipo bb

8

Terminologia

HERDABILIDADEHERDABILIDADE

• proporção da variação entre animais que ocorre devido à genética;

• a herdabilidade determina a extensão que a progênie irá se assemelhar aos pais;

• progresso genético é mais rápido em características de maior herdabilidade;

• mesmo características de baixa herdabilidade, como fertilidade, têm componentes genéticos.

HERDABILIDADEHERDABILIDADE

Característica h²

Estatura 0,42Força (Tamanho) 0,31Prof. Corporal 0,37Forma Leiteira 0,29Ângulo de Garupa 0,33

Largura de Garupa0,26

Aprumos Lateral 0,21Aprumos Posterior

0,11Ângulo Pé 0,15

Inserção Anterior Úbere 0,29Altura Úbere Posterior 0,28

Característica h²

Ligamento Médio 0,24Profundidade Úbere 0,28Colocação Tetos Anteriores 0,26Comprimento Tetos Ant. 0,26Volume de Leite 0,30Volume de Gordura

0,28Volume de Proteína

0,25% Gordura 0,51% Proteína 0,45SCS

0,10

9

Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

INTENSIDADE DE SELEÇÃOINTENSIDADE DE SELEÇÃO

• A medida de quanto o desempenho do grupo selecionado de parentes excede a média da população.

• Intensidade de seleção é a função do tamanho da população e a porcentagem de animais selecionados.- Poucos animais selecionados = alta intensidade.- Grande população = alta intensidade.

INTENSIDADE DE SELEÇÃO EM CENTROS DE IAINTENSIDADE DE SELEÇÃO EM CENTROS DE IA

1 – Seleção dos touros e vacas elites como parentes dos touros jovens (top 1% da população).

2 – Seleção entre os touros jovens baseado no resultado do teste de progênie (top 10% são comercializados).

10

Terminologia

INTENSIDADE DE SELEÇÃO NA FAZENDAINTENSIDADE DE SELEÇÃO NA FAZENDA

• Possibilidade de selecionar vacas como mães das reposições é difícil:

- Praticamente todas as bezerras nascidas serão futuras reposições;

- Criteriosa seleção dos touros usados na IA é a principal maneira de melhorar o rebanho.

• Possibilidade de selecionar as vacas do rebanho que serão mães das futuras reposições:

- Multiplica genética desejável – maior progresso genético;- Criterioso uso de touros na IA das vacas “doadoras”.

11

Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

ACURÁCIA (CONFIABILIDADE)ACURÁCIA (CONFIABILIDADE)

• Medida da correlação entre o estimado e verdadeiro mérito genético de um animal.

• É função da herdabilidade e do número de observações- Alta herdabilidade = alta acurácia.- Muitos dados ou progênie = alta acurácia.

EQUAÇÃO DO PROGRESSO GENÉTICOEQUAÇÃO DO PROGRESSO GENÉTICO

Ganho Genético =

Intensidade de Seleção x Variação x AcuráciaIntervalo entre Gerações

12

III AVALIAÇÃO DE MÉRITO

GENÉTICO

III.1 Genética versus Meio Ambiente.III.2 Fatores de Ajuste.III.3 Grupos Contemporâneos.III.4 Informações de Parentes e seus Pesos.III.5 Confiabilidade como Medida de Acurácia.III.6 Base Genética – Importância e Diferenças.III.7 Tendências Genéticas.

Avaliação Genética:

Desempenho do próprio animal = o que ele parece ser. Desempenho de seus ancestrais = o que ele deve ser. Informações da sua progênie = o que ele realmente é.

EDITORA – UFLA/FAEPE - Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

III.1 Separando Genética e AmbienteIII.1 Separando Genética e Ambiente

III.2 EXEMPLOS DE FATORES AMBIENTAIS INCLUEM:III.2 EXEMPLOS DE FATORES AMBIENTAIS INCLUEM:

• rebanho (manejo, alimentação, pais);• região geográfica; • época (ano, estação ou mês);• idade (1º parto);• estágio de Lactação;• avaliador (ex.: classificador).

III.3 A FORMAÇÃO DO GRUPO CONTEMPORÂNEO OU GRUPOIII.3 A FORMAÇÃO DO GRUPO CONTEMPORÂNEO OU GRUPO DE MANEJODE MANEJO

A formação do Grupo Contemporâneo ou Grupo de Manejo é um dos mais importantes fatores na avaliação do mérito genético de um animal. O Grupo de Manejo é formado:

• um grupo contemporâneo compõem-se de animais manejados de forma semelhante;

• um típico grupo contemporâneo forma-se com a combinação de animais de rebanhos semelhantes, de mesma idade, paridas na mesma época do ano e na mesma lactação, com mérito genético dos pais semelhantes;

• o desempenho de cada animal pode ser medido como o desvio da média de todos os animais do grupo contemporâneo.

Fenótipo = Genótipo + Meio Ambiente

Desempenhodo animal

Soma dos fatoresgenéticos que

influenciam este desempenho

Soma dos fatores de manejoe climáticos que influenciam

este desempenho

14

Avaliação de Mérito Genético

FATORES GENÉTICOSFATORES GENÉTICOS

• Mérito genético aditivo da mãe• Mérito genético aditivo do pai• Mérito genético dos avós

MÉRITO GENÉTICOMÉRITO GENÉTICO

A avaliação do mérito genético de um animal passa por todos os fatores de ajuste, ambientais e genéticos, a fim de expurgar todo e qualquer fator que não seja o real valor genético do animal avaliado.

TERMINOLOGIA GENÉTICATERMINOLOGIA GENÉTICA

Valor Estimado de Criação (EBV) – é o valor genético estimado o animal avaliado.

Exemplo: EBV = 800 kgNa maturidade, estima-se que esta vaca produza 800 kg de leite a mais em uma lactação do que uma vaca de EBV = 0 quando manejadas de forma idêntica.

15

EDITORA – UFLA/FAEPE - Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

TERMINOLOGIA GENÉTICATERMINOLOGIA GENÉTICA

Habilidade Prevista de Transmissão – é a porção do EBV que é passado para a progênie. Equivale à metade do Valor Estimado de Criação.

Na avaliação do Mérito Genético de um animal utiliza-se o Modelo Animal. Com o avanço para este modelo, passou-se a incorporar na avaliação todos os parentes conhecidos com avaliação, resultando em avaliações com maior confiabilidade.

Exemplo: PTA = 800 kgEstima-se que, na maturidade, as filhas desta vaca produzam 800 kg de leite a mais em uma lactação do que as filhas manejadas de forma idêntica de uma vaca de PTA = 0.

16

Avaliação de Mérito Genético

III.4 MODELO ANIMALIII.4 MODELO ANIMAL

No Modelo Animal, o desempenho fenotípico do animal é combinado com dados de todos os seus parentes maternos e paternos conhecidos (mais peso é dado para as informações dos parentes mais próximos).

Com o uso do Modelo Animal calculamos o Mérito Genético de cada animal avaliado e a expressão pode ser em PTA (Habilidade Prevista de Transmissão) ou EBV (Valor Genético Estimado). No exemplo abaixo, usa-se a expressão em PTA.

Ao fazermos a avaliação do Mérito Genético deve-se considerar as características inerentes ao sexo.

P

M

A

Dados de parentes paternos

Dados de parentes maternos

AvôP

AvóP

AvôM

AvóM

Dados deprimos

Dados de tias e tios

PTA =

P1 * Parentes + P2 * Fenótipo + P3 * Progênie

Mérito Genético

dos parentes Desempenho do

próprio animal

Desempenho de

filhos e filhas

P1 , P2 , P3 são pesos que somados igualam a 1.

17

EDITORA – UFLA/FAEPE - Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

Segue um exemplo de como calcular o Mérito Genético de uma fêmea em sua primeira lactação:

Índice de Pedigree = 500 kg

Lactação (EM) = 10.000 kg

Média do Grupo Contemporâneo = 8.000 kg

Desvio = 10.000 – 8.000 = 2.000 kg

P1 = 0,70 P2 = 0,30

PTA = 0,70 * 500 + 0,30 * (2.000/2) = 650 kg

III.5 CONFIABILIDADEIII.5 CONFIABILIDADE

• Confiabilidade (REL) – mede a acurácia do PTA ou EBV.• Função da herdabilidade e do número de observações (dados).• Máximo de 99%.• Estimativa do quadrado da correlação entre o PTA (EBV) e o real

mérito genético do animal.

Características limitadas ao sexo (ex.: produção de leite)

PTA =P1 * Parentes + P2 * Fenótipo + P3 *

Progênie

FÊMEAS

PTA =

MACHOS

P1 * Parentes + P3 * Progênie

18

Avaliação de Mérito Genético

A confiabilidade não deve ser usada como método para descartar o uso de um touro. Deve ser usada para determinar o quanto se vai utilizar o touro no rebanho. Touros de menor confiabilidade apresentam maior risco, mas podem oferecer maior potencial genético. Veja o exemplo abaixo, comparando-se dois touros com confiabilidades diferentes:

III.6 BASE GENÉTICAIII.6 BASE GENÉTICA

• A Base Genética de uma população refere-se a um grupo arbitrário de animais que serão usados como ponto de referência quando do cálculo das avaliações genéticas.

• O PTA e/ou EBV de todos os animais serão expressos como o desvio em relação a este grupo de animais base.

• Como exemplo, nos EUA, o PTA médio de todas as vacas de pais conhecidos nascidas em 2000 é fixada a zero (para cada raça e cada característica).

• É necessário que esta base seja atualizada de tempos em tempos para expressar o ganho genético da população.

Touro A: PTA = 1500 lbs REL = 70% Variação Esperada = ∓ 600 lbs

Touro B: PTA = 1500 lbs REL = 90%Variação Esperada = ∓ 120 lbs

2100 lbs

900 lbs

1620 lbs

1380 lbs

19

EDITORA – UFLA/FAEPE - Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

A Base Genética é apenas um ponto de referência e pode ser formada por qualquer grupo de indivíduos. Uma vez formada, será o referencial de comparação.

Cada país adota sua própria Base Genética e NÃO há como fazer comparativos simples de provas, em função das diferenças de Base.

A formação da Base Genética e sua atualização depende de cada país. É importante que se saiba qual a freqüência de atualização da base Genética do país cuja avaliação de mérito genético está-se analisando para se ter noção de seu grau de atualidade representativa da população.

BASE FIXA (5 anos) – a base é ajustada (atualizada) a cada período de 5 anos, refletindo o ganho genético da população controlada neste período.

BASE MÓVEL (anual) – a base é ajustada todo ano.

III.7 TENDÊNCIAS GENÉTICASIII.7 TENDÊNCIAS GENÉTICAS

Evidentemente, o uso abrangente de animais superiores na população faz com que a mesma obtenha ganhos crescentes nas características selecionadas. Um ótimo exemplo desse ganho pode ser visto nas tabelas a seguir, que mostram

1990 1995 2000ano

Leite kg

9.46

10.61

11.51

Raça Holandesa - EUA

População ControladaMelhoramento Genético

20

Avaliação de Mérito Genético

o ganho genético das diferentes populações para as características de produção ao longo dos anos.

Evolução das características de produção da população canadense da raça Holandesa

Evolução das características de produção da população canadense da raça Jersey

21

EDITORA – UFLA/FAEPE - Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

Evolução das características de produção (lbs) da população americana da raça Holandesa

22

IV TESTE DE PROGÊNIE

A única forma segura e confiável de conhecer o perfil da capacidade de transmissão genética de um animal é através da avaliação de desempenho de sua progênie. Esta avaliação é chamada de Teste de Progênie. O teste de progênie é realizado nas raças de leite com o objetivo de avaliar a capacidade de transmissão do animal para características de produção, conformação e saúde. Essas características serão detalhadas no próximo capítulo.

Em linhas gerais, o teste de progênie é realizado de forma semelhante nos países de importância no fornecimento de genética no mundo. Será feita referência aqui ao teste de progênie realizado nos machos das raças leiteiras. Consiste na coleta e distribuição de sêmen de jovens touros selecionados criteriosamente para entrar no teste. Oriundos de pedigrees que compõem a elite genética da devida raça, os touros jovens iniciam coleta com cerca de 12 meses de idade. O sêmen é distribuído ao maior número de rebanhos possível e utilizado de forma aleatória pelos produtores. O nascimento das bezerras filhas do touro jovem em teste representará o grupo de animais com chance de garantir uma prova de desempenho. As filhas que atingirem a primeira lactação serão efetivamente utilizadas para o teste, desde que tenham ambiente com controle leiteiro oficial e que sejam oficialmente classificadas para tipo. As filhas que atenderem a esses requisitos irão compor o primeiro grupo de filhas do touro em condições de serem avaliadas e refletir a capacidade de transmissão do mesmo.

EDITORA – UFLA/FAEPE - Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

TESTE DE PROGÊNIETESTE DE PROGÊNIE

Este processo completo, que compreende as fases entre quarentena do touro jovem até o início da primeira lactação das filhas, leva de 4 a 5 anos dependendo do sistema de amostragem para o teste. Durante este período, o touro fica aguardando a publicação de sua primeira prova. Atualmente, devido ao alto grau de intensidade de seleção, cerca de 10 a 12% de todos os touros colocados em teste terão prova suficientemente competitiva para ser colocada comercialmente no mercado.

As filhas que irão compor a primeira prova do touro terão seu desempenho oficialmente medido para leite, conformação e saúde. A avaliação desse desempenho passa por uma série de ajustes importantes para que se possa medir o desempenho em comparação com filhas de outros touros em situação igual. Os principais fatores de ajuste são:

- idade ao primeiro parto;- época de parição;- efeito de rebanho (manejo e alimentação);- efeito de mérito genético dos parentes;- efeito do classificador.

Semen Flow

2400

1800

402130 100

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Allocation Servicestracked

Pregnancies HeifersIdentified

PROJ dau onproof

ProjeçãoProjeção

IInse

min

açõe

s

nsem

inaç

ões

DistribuiçãoDistribuição

Filh

as e

m p

rov

Filh

as e

m p

rov aa

Bezerras NascBezerras Nasc

Prenheze

Prenhezess

18-19 doses para obter 1 filha identificada20-22 doses de sêmen para 1 filha em lactação

24

Teste de Progênie

Estes ajustes são necessários para que se possa comparar animais em ambientes semelhantes e daí atribuir as diferenças entre estes animais à genética. Como já mencionado anteriormente, o principal ponto no teste é a formação dos grupos de manejo, que, por si só, eliminam uma série de efeitos ambientais.

Todos os dados de produção são ajustados para uma lactação padrão na equivalência maturidade. Uma lactação padrão é ajustada para 305 dias de leite, 2 ordenhas diárias. A equivalência maturidade é a projeção da produção para o 3º mês da 3ª lactação. Todos os dados de conformação são baseados na primeira classificação realizada sempre na primeira lactação.

25

V PROVAS DE TOUROS

Os desafios impostos ao produtor de leite são muitos. Nos últimos anos, presenciamos um grande movimento pela melhoria da qualidade do produto, o que levou o produtor a efetuar investimentos em novos equipamentos e adequação de práticas de manejo no intuito de extrair um produto de melhor qualidade, atendendo às demandas do mercado. Basicamente, o que temos visto é uma profissionalização do setor. Pode-se dizer com segurança que os produtores comerciais progressistas responderam com muita competência aos anseios do mercado. Para isso, lançaram mão de uma série de práticas de manejo e ferramentas de gestão que os auxiliaram a atingir estes objetivos. No entanto, com a profissionalização do setor novos desafios surgem. Entre esses novos desafios tem-se a necessidade de uma vaca mais eficiente, ou seja, aquela que atenda às expectativas de produção, tenha eficiência reprodutiva, dure o tempo desejado produzindo dentro do rebanho e que consiga executar todas estas funções com o menor custo de manutenção possível.

A genética muitas vezes é relevada a segundo plano em função de seus efeitos de médio a longo prazo. Ao contrário das ferramentas de nutrição e manejo, o trabalho genético exige mais tempo para se expressar plenamente em uma propriedade de leite. No entanto, ela é tão essencial quanto a qualidade da dieta fornecida aos animais, ou as práticas de manejo dentro de uma ordenha. São observados casos em que rebanhos comerciais de excelente manejo e com dietas extremamente bem balanceadas não estão obtendo as respostas produtivas esperadas em função do menor potencial genético de seus animais. A utilização da genética como ferramenta indispensável para a evolução de um rebanho é imprescindível para aqueles produtores que desejam seguir no caminho do profissionalismo no setor e, em conjunto com todas as corretas práticas de manejo e nutrição, compõe os elementos essenciais para o sucesso de uma empresa produtora de leite.

Provas de Touros

Como utilizar de forma eficiente esta ferramenta genética? Como tirar o máximo de proveito do que nos é oferecido hoje em termos de avaliação de desempenho dos touros provados? O que é mais importante observar e analisar na hora de trabalhar um programa de melhoramento genético no rebanho? Estas questões têm que ser analisadas e tratadas com a mesma importância dada às outras ferramentas utilizadas no rebanho. Para que isso aconteça, o primeiro passo é entender de forma clara e objetiva o que significa uma prova de touros e como se deve utilizar os diversos itens contidos nestas provas. São muitas as informações que se tem nas provas atuais dos touros. Tem-se que tirar proveito deste maravilhoso trabalho executado pelos países fornecedores de genética que, com a seriedade e persistência, essenciais a um correto programa de avaliação, disponibilizam o que há de mais avançado em termos de métodos de avaliação de desempenho de um reprodutor dentro da população. O produtor tem hoje disponibilidade de utilização de genética de qualquer parte do mundo. É preciso que ele entenda como utilizar esta genética para o melhor benefício de seu plantel.

Um correto programa de melhoramento genético passa primeiramente pelo estabelecimento de objetivos claros desejados pelo produtor. Sem esses objetivos, não é possível estabelecer os critérios necessários para a determinação do caminho genético a ser percorrido. Infelizmente, o que mais se tem hoje são produtores sem uma clara definição de seus objetivos futuros. Algumas das perguntas que o produtor deve se fazer na hora de estabelecer seus objetivos são:

⇒ Que tipo de produto o mercado vai demandar nos próximos 4 a 8 anos?

⇒ Qual será a situação da minha propriedade daqui a 5 anos?⇒ Como será o mercado comprador de genética daqui a 5 anos? Serei

comprador ou vendedor de genética?⇒ Pretendo evoluir nas minhas práticas de manejo nos próximos anos?⇒ Terei melhores dietas para fornecer aos animais em produção?⇒ Pretendo aumentar o número de animais em produção nos próximos

anos? Quando se dará a estabilidade do rebanho?⇒ Qual o objetivo de produtividade esperada para o rebanho (leite,

gordura e proteína)?

Estas perguntas irão servir de base para desenvolver o programa de melhoramento genético na propriedade. Sem esses objetivos traçados, o produtor acaba indo em direções diversas a cada investimento em genética e, dificilmente, atinge os resultados esperados.

27

EDITORA – UFLA/FAEPE - Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

Após a determinação dos objetivos, o próximo passo é determinar como está o rebanho atual. O que precisa ser melhorado e o que precisa ser preservado na atual genética para se atingir os objetivos? A determinação do status genético do rebanho atual irá determinar os caminhos a serem tomados para o desenvolvimento do programa de melhoramento. Determinado o que precisa ser corrigido e melhorado geneticamente, lança-se mão das ferramentas que nos permitam efetuar estas correções e melhoramentos. Quais são estas ferramentas?

⇒ USO DE TOUROS PROVADOS (GENÉTICA CONHECIDA)⇒ USO DE PROGRAMAS PARA GERENCIAR O MELHORAMENTO⇒ PERSISTÊNCIA, PERSISTÊNCIA E MAIS PERSISTÊNCIA!!!

Vamos falar de cada uma destas ferramentas em separado.

V.1 USO DE TOUROS PROVADOSV.1 USO DE TOUROS PROVADOS

O melhoramento genético é atingido com o uso de animais superiores dentro da população. Parece óbvio, no entanto, como identificar os indivíduos superiores? Os programas de teste de progênie no gado leiteiro têm se mostrado a mais eficaz ferramenta para determinação dos melhores indivíduos para cada característica. Consiste basicamente na avaliação do desempenho da progênie do indivíduo a ser testado e na determinação dos pontos onde esta progênie é superior à média da população. O conjunto desta avaliação resulta nas provas oficiais dos touros e vacas. Vamos nos ater aqui às provas dos touros. Como mencionado, as características analisadas atualmente são muitas. É preciso saber o que cada uma significa e como utilizá-las dentro do nosso programa de melhoramento.

Abaixo, uma típica prova de touro. Serão analisados os principais pontos desta prova, lembrando que se trata de um touro testado na população dos EUA.

USDA (02/07) PTA lbs

28

Provas de Touros

A prova de leite de um touro pode ser expressa de duas maneiras:

1- PTA Leite (HPT) – significa Habilidade Prevista de Transmissão de Leite. Demonstra o quanto a mais ou a menos de leite as filhas do touro em questão irão produzir em relação a uma base genética pré-determinada (a grosso modo, a base genética reflete a média da população para a característica em um dado momento). Como diz o nome, é a capacidade de transmissão de leite que o touro passa para suas filhas. No caso dos EUA, ainda utilizam valores expressos em libras. Como deve-se utilizar este dado? Obviamente não se deve esperar que os valores das provas dos touros provados em outros países se repitam integralmente na população brasileira. São bases genéticas distintas. Desta forma, utilizamos o PTA Leite como forma de comparar touros, ou seja, touros com valores maiores de PTA Leite têm maior capacidade de transmissão de potencial genético para produção de leite do que touros de menor valor de PTA. Caso o objetivo determinado pelo programa de melhoramento genético determine a necessidade de aumentos em produção de leite no rebanho, deve-se utilizar touros de maior PTA Leite em conjunto com outras características de importância;

2- EBV (VGE) – significa Valor Genético Estimado. Diferente do PTA, mede o valor genético do touro em questão, ou seja, 100% de seu potencial genético. Como se sabe que o touro transmite apenas 50% de seu valor genético, os números constantes das provas expressas em EBV devem ser divididos por dois para saber o quanto de valor genético o touro transmite para suas filhas. Como exemplo, um touro com prova de EBV Leite de 1000 kg deve ser interpretado como tendo a capacidade de produzir filhas que produzirão, em média, 500 kg a mais do que a base genética da população onde ele foi testado. Mais uma vez, deve-se utilizar estes valores como forma de compararmos os diferentes touros testados em um mesmo país.

Nota Importante – não há como comparar diretamente touros testados em países diferentes. Como mencionado, as bases genéticas (populações) são distintas e torna-se impossível o comparativo direto. Compare touros testados em um mesmo país.

29

EDITORA – UFLA/FAEPE - Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

(02/07) USDA PTA lbs

As provas de PTA Proteína e PTA Gordura são expressas em termos de volume e percentual. No caso das provas americanas, o valor em volume é expresso em lbs e indica o quanto a mais ou a menos as filhas do touro irão produzir em volume de proteína e gordura ao final de uma lactação padrão de 305 dias e em duas ordenhas, quando comparadas à média da população (base genética). Os valores em % indicam o quanto a mais ou a menos será o percentual de gordura e proteína no leite das filhas do touro em relação à média da população. Como devemos utilizar estes dados? Volume e percentual são características antagônicas, ou seja, quanto mais selecionar para volume, maiores as chances de diminuir os percentuais e vice versa. Desta forma, os objetivos traçados para o rebanho devem estar em sincronia com as demandas de mercado, que será o responsável pela remuneração do seu produto. O mercado quer volume ou percentual de sólidos? A remuneração de seu produto é baseada em que parâmetros? Quais os níveis atuais de volume e percentual de sólidos no leite em seu rebanho? Como será o mercado no futuro próximo? Todas as questões colocadas devem ser analisadas para que se faça um correto programa genético de aumento de sólidos no leite.A exemplo do citado para leite, as provas de gordura e proteína em alguns países são expressas em EBV (tanto para volume quanto para percentual) e também devem ser divididas por dois para se obter a habilidade de transmissão do touro para estas características.

30

Provas de Touros

Os itens de importância comentados a seguir referem-se a um conjunto de pontos que se denomina Características de Saúde. Estas características ganham cada vez mais importância na formação de um animal eficiente dentro do rebanho. Todos querem animais de produção expressiva e os programas de seleção há anos priorizaram o aumento do potencial produtivo dos animais. Este modelo de seleção deixou efeitos colaterais não desejados, como diminuição da fertilidade, aumento dos casos de mastite e queda na vida produtiva (longevidade) dos animais. Hoje, focos estão na formação de um animal mais eficiente nestes importantes pontos econômicos de uma propriedade. Desta forma, os modernos programas de teste de progênie avaliam o desempenho das filhas dos touros para os quesitos de Células Somáticas, Vida Produtiva, Fertilidade das Filhas, Facilidade de Parição, além dos índices de vitalidade das bezerras nascidas. Apesar de serem características onde o ambiente (manejo, nutrição, instalações, etc.), tenha grande influência, existe uma parcela genética responsável pelo melhor ou pior desempenho do animal nesses pontos. As provas dos touros permitem que se faça um programa de seleção genética para melhorar em longo prazo a eficiência dos animais nas características de saúde. Vamos a uma análise destas características.

USDA (02/07) PTA lbs

SCS – Score de Células Somáticas: o efeito genético que determina maior ou menor resistência à mastite é medido através desta característica. Ela é expressa na prova americana e canadense usando-se uma escala onde o valor 3.00 corresponde à média da população. Para esta característica, números menores são desejados. Como devemos utilizar este dado? A influência de ambiente nesta característica é muito maior do que a influência genética. Desta forma, não se deve utilizar SCS como ferramenta única no programa de melhoramento. Pode-se usar este índice como ferramenta de descarte de alguns touros que sejam muito acima da média para a característica e trabalhar de forma persistente com touros que situem-se próximos ou abaixo da média.

31

EDITORA – UFLA/FAEPE - Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

PL – Vida Produtiva: todos querem vacas que durem o suficiente no rebanho para compensar o investimento feito durante a fase de bezerra e novilha, que deixem sua própria reposição e que tenham maior valor na hora de deixarem o rebanho. Resumindo, quer-se aumentar a taxa de descarte voluntário e diminuir a taxa de descarte involuntário. Na prova americana, Vida Produtiva é expressa em meses a mais ou a menos que a média das filhas do touro permanecem no rebanho em comparação com a base genética. Desta forma, valores positivos são desejados. Animais com maior longevidade (produtiva) são desejados em uma situação de produção comercial. Como devemos utilizar este dado? Mais uma vez, a porção genética envolvida na longevidade do animal é menor que a porção ambiente. Desta maneira, não se pode utilizar PL como ferramenta única de seleção e sim combinada com outras características importantes para o programa de melhoramento genético. O uso persistente de touros positivos ao longo do programa de melhoramento irá determinar um mais desejado potencial genético do rebanho para maior longevidade produtiva.

DPR – Taxa de Prenhes das Filhas. Talvez um dos maiores obstáculos nos rebanhos leiteiros comerciais seja a reprodução. Vacas de alto desempenho sofrem com a menor eficiência reprodutiva. O índice DPR na prova dos touros é importante para selecionar entre os touros que transmitam maior eficiência reprodutiva para suas filhas. Na prova americana, DPR é expresso como percentual a mais ou a menos de taxa de prenhes das filhas de um touro em relação às taxas existentes no rebanho. Como exemplo, um touro com DPR = +1.0 usado em um rebanho cuja taxa de prenhes média é de 25%. Pode-se esperar que as filhas deste touro tenham, em média, uma taxa de prenhes de 26%. Como devemos utilizar este dado? Em conjunto com outras características interessantes ao programa de melhoramento. DPR tem maior impacto ambiente do que genético e não deve ser usado como ferramenta única de seleção. O uso persistente de touros positivos para DPR irá promover melhores índices de fertilidade do rebanho.

HABILIDADE DE PARTO – os dados relacionados à parição são os de Facilidade de Parto, Facilidade de Parto das Filhas, Natimortos e Natimortos das Filhas. Na prova americana, esses dados são expressos em percentual de partos difíceis em novilhas e como percentual de bezerras nascidas mortas ou que morrem nas primeiras 48 horas após o parto. O valor considerado médio para todas estas quatro características é de 8%. Como se deve utilizar este dado? Facilidade de Parto do Touro – deve-se usar touros com valores iguais ou

32

Provas de Touros

menores que 8% para inseminação de novilhas. Facilidade de Parto das Filhas – indica se as filhas do touro têm maior ou menor dificuldade ao parirem pela primeira vez. No caso de valores acima de 8% indica que as filhas do touro têm maior dificuldade de parirem pela primeira vez em relação à média da raça. Natimortos Touro – indica o percentual de bezerras filhas do touro em questão que nascem mortas em partos de novilhas e vacas. Deve-se procurar por touros com valores iguais ou menores que 8%. Natimortos das Filhas – indica o percentual de bezerras que nascem mortas dos partos das filhas do touro em questão. Mais uma vez, valores desejados são os iguais ou menores que 8%.

Além destes índices mencionados, os touros são avaliados também pela capacidade de transmissão de uma série de características de tipo funcional. O teste de progênie determina em quais características as filhas do touro são melhores do que a média da população classificada oficialmente. As várias características de tipo têm importância fundamental na determinação da capacidade da vaca em responder aos mais diversos tipos de ambiente de forma eficiente. Portanto, devem ser analisadas com atenção para que se possa trabalhar estas características nos programas de melhoramento. Conforme mencionado, são características de tipo funcional, ou seja, todas têm relação com a função da vaca em produzir leite, reproduzir de forma eficiente, manter-se saudável ao longo de sua vida produtiva, o que facilita a ter um desempenho com baixos custos relacionados à mastite, casco, reprodução, entre outras importantes funções. A exemplo do falado para as características de produção, deve-se utilizar a prova de tipo do touro em conjunto com todas as outras características de alto valor econômico. Mais uma vez é necessário avaliar as principais necessidades do rebanho trabalhado para determinar quais os pontos deficientes e corrigi-los para a próxima geração através do uso dos touros fortes para estas características. Chama-se este procedimento de Acasalamento Dirigido. Na prova americana vista a seguir, vê-se uma série de características que variam em uma escala de -3 a +3 pontos. Considera-se os valores entre -1 a +1 como dentro da média da raça e, nas características denominadas bilaterais, touros com valores nesta faixa são os mais desejados. Para o restante das características, procura-se touros com valores acima de + 1 como melhoradores. Obviamente que não se pode esperar que o touro seja perfeito para todas as características. Daí a importância de determinar quais são as mais relevantes para o rebanho e trabalhar touros fortes nestas características.

33

EDITORA – UFLA/FAEPE - Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

Além das características mencionadas, utiliza-se ainda alguns índices compostos que nos mostram o conjunto de habilidades de transmissão de um reprodutor. Alguns dos mais importantes incluem o índice de Mérito Líquido, o de Mérito Queijo, o de Mérito Fluido. A fórmula para cálculo destes índices encontra-se a seguir:

34

Provas de Touros

MÉRITO LÍQUIDO $MÉRITO LÍQUIDO $NM$NM$

PTA = valor a mais que uma filha média produziria em sua vida em um mercado leiteiro típico dos EUA. Expresso em US$.

23% proteína

23% gordura

0% leite

17% vida produtiva (PL)

- 9% SCS

6% Composto de Úbere

3% Composto Pernas e Pés

- 4% Composto Corpo

9% DPR

6% Habilidade de Parto

35

EDITORA – UFLA/FAEPE - Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

MÉRITO QUEIJO $MÉRITO QUEIJO $CM$CM$

PTA = valor a mais que uma filha média produziria em sua vida em um mercado de queijo típico dos EUA. Expresso em US$.

28% proteína

18% gordura

-12% leite

13% vida produtiva (PL)

- 7% SCS

5% Composto de Úbere

3% Composto Pernas e Pés

- 3% Composto Corpo

7% DPR

4% Habilidade de Parto

36

Provas de Touros

MÉRITO FLUIDO $MÉRITO FLUIDO $FM$FM$

PTA = valor a mais que uma filha média produziria em sua vida em um mercado de leite fluido típico dos EUA. Expresso em US$.

O TPI (Índice de Tipo e Produção) também é utilizado por um grande número de produtores como forma de ranquiamento dos touros. Este índice engloba características de produção, conformação e saúde em um único índice. A atual fórmula do TPI é:

[28(PTAP) + 17(PTAF) +13(PTAT) – 1(FL) + 10(CUB) + 5(CPP) + 10(PL) – 5(SCS) + 8(DPR) – 2(DCE) – 1(DSB)]3,6 + 154 19,4 23,0 0,7 1 0,8 0,85 1,26 0,13 1 1 1

Onde:PTAP = proteína (lbs)PTAF = gordura (lbs)PTAT = tipoFL = forma leiteiraCUB = composto de úbereCPP = composto pernas e pésPL = vida produtivaSCS = Pontuação de Células Somáticas

0% proteína

23% gordura

24% leite

17% vida produtiva (PL)

- 9% SCS

6% Composto de Úbere

3% Composto Pernas e Pés

- 4% Composto Corpo

8% DPR

6% Habilidade de Parto

37

EDITORA – UFLA/FAEPE - Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

DPR = taxa prenhes das filhasDCE = facilidade de parto das filhasDSB = natimortos nas filhas

Obs.: A expressão das provas em outros países pode ser encontrada nos anexos (Canadá, Holanda, Alemanha).

38

VI SISTEMAS DE SELEÇÃO

Como visto anteriormente, as ferramentas disponíveis para seleção são muitas. Os sistemas de seleção passam a exigir criterioso acompanhamento e gerenciamento. Metodologias adequadas a cada propriedade devem ser cuidadosamente analisada para que o programa de melhoramento genético possa ser totalmente aproveitado. Alguns cuidados devem ser tomados na formação destas metodologias:

• não utilizar valores mínimos para seleção. Usar pesos para as diferentes características desejadas. Como exemplo, pode-se observar o caso do processo onde se lança mão de valores mínimos na seleção. O produtor indica que não quer utilizar touros com menos de 1000 lbs de PTA leite, menos de 1600 para TPI e menos de + 1,00 para Composto de Úbere. Com este método, um touro com + 980 lbs, TPI = 1800 e Composto de Úbere = + 2.50 não entraria! Usando o método de pesos para cada característica desejada, certamente este touro entraria e em uma posição alta;

• procure concentrar em poucas características a serem selecionadas em cada geração. Quanto mais características a serem selecionadas menos progresso conseguido em cada uma.

EDITORA – UFLA/FAEPE - Melhoramento Genético em Gado Leiteiro

SELEÇÃO PARA MUITAS CARACTERÍSTICASSELEÇÃO PARA MUITAS CARACTERÍSTICAS

Incluir características de pouca importância no programa, reduz a intensidade de seleção para as características mais importantes.

• Utilize a combinação de índices de Seleção aliado a um bom programa de acasalamento.

• Normalmente usa-se um processo de duas etapas:

Etapa 1: utilize um índice de seleção para determinar o grupo de touros a serem usados no rebanho

Etapa 2: utilize um programa de acasalamento genético para determinar em quais vacas cada touro do grupo pré-selecionado será usado

• Quase todos os programas baseiam-se em acasalamento corretivo;• Determinam-se os defeitos físicos da vaca e usa-se os melhores touros

selecionados para correção;• Os programas de acasalamento controlam consangüinidade;• Alguns programas controlam doenças de origem genética (recessivos

letais);• Alguns programas oferecem a oportunidade de uso de touros de diferentes

centrais;• O contínuo uso de programas de acasalamento tende a uniformizar o

rebanho.

Número de Características Progresso Genético (com pesos iguais) para a característica

1

2

3

4

5

100%100%

79%79%

64%64%

59%59%

54%54%

40

VIIREFERÊNCIAS

• Rice e Cols (1970)• Dr. Kent A. Weigel – Universidade de Wisconsion – Madison• AIPL (Animal Improvement Programs Laboratory – USDA)• Hosltein Canada• Holstein USA – Genetics Trends• Dr. Brian Van Doorm CDN – Canadá• Dra. Lúcia Galvão de Albuquerque – Unesp – Jaboticabal• Dr. T.E. Ali – Journal of Animal Science• Dr. L.R. Schaeffer – Journal of Animal Science• Dr. C.P. Van Tessel – Test Day Model – (suplemento J.A.

Science)• Dr. Rex Powell – AIPL - USDA• Dr. Paul M. Van Raden – AIPL – USDA• Ashley Sanders – AIPL – USDA• Dr. George Wiggins – DHIA – USA• Dr. John Clay – DHIA – USA• Dr. Ted Byrnside – Universidade Guelph – Canadá• Dr. S. Van der Beek – NRS – Holanda• Canadian Dairy Network – CDN• NRS – Holland• Jersey Canada• American Jersey Association – USA.