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Meios de luta O combate a esta praga é particularmente difícil dado o seu elevado potencial biológico, assim como o facto de apresentar diversos hospedeiros, incluindo as infes- tantes. A estratégia de luta a empreender deverá contemplar os seguintes aspectos: Monitorização da praga: Instalação de armadilhas sexuais de tipo delta para detecção precoce da praga e à altura da cultura, e em estufa junto às aberturas colocando uma armadilha por cada 3 500 m 2 podendo variar entre 2 a 4 armadilhas por hectare; Observação visual de sintomas. Meios de luta: Luta cultural: Destruição dos restos das culturas e infestantes hospedeiras do interior das estufas/parcela e áreas cir- cundantes, sempre que possível queimando, antes da instalação de novas culturas; Instalação/manutenção de redes de exclusão nas aberturas das estufas, de modo a impedir a entrada dos insectos adultos, sempre que tal não impossibilitar a protecção contra doenças por diminuição de ventilação; Rotação com não solanáceas; No caso de sucessão de solanáceas garantir entre elas um intervalo de 4 a 6 semanas. Este pode ser diminuí- do em estufa; Utilizar plântulas isentas de Tuta absoluta. Luta biotécnica: Captura em massa através da colocação de: armadilhas de água com feromona sexual, a 40 cm de altura do solo, devendo colocar algumas gotas de deter- gente e renovar a água frequentemente (20 a 40 armadilhas por hectare); armadilhas aderentes - filme de plástico com cola (dis- tribuem-se regularmente, junto ao solo, colocando-as antes da plantação). A colocação de uma cápsula de feromona pode aumentar a eficácia. Luta biológica: limitação natural: mirídeos e crisopas; tratamento biológico: largada de mirídeos, Macrolophus caliginosus, Nesidiocoris tenuis e/ou tricogramas. Luta química: Realização de tratamentos fitossanitários com produtos fitofarmacêuticos homologados (neste momento, produ- tos com base em indoxacarbe); Quando disponíveis produtos fitofarmacêuticos com base em outras substâncias activas, dever-se-ão utilizar em alternância; O combate a esta praga exige a integração dos vários meios de luta disponíveis. Edição: Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural Textos técnicos: Clara Serra (DGADR) Hugo Tavares (DGADR) Miriam Cavaco (DGADR) Celestino Soares (DRAPALG) J. Entrudo Fernandes (DRAPALG) Nídia Ramos (DRAPALG) Elisabete Figueiredo (ISA) Design: Luis Conceição (DGADR) Fotos: Nídia Ramos (DRAPALG) © 2009, DIRECÇÃO-GERAL DE AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO RURAL (DGADR) RESERVADOS TODOS OS DIREITOS, EXCEPTO AS FOTOS DE AUTORES EXTERNOS À DGADR DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO EM VIGOR, À DIRECÇÃO-GERAL DE AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO RURAL - DGADR AV. AFONSO COSTA, 3 - 1949-002 LISBOA Traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) No caso de encontrar plantas com sintomas suspeitos ou para mais informações deve con- tactar os serviços de inspecção fitossanitária da sua Direcção Regional de Agricultura e Pescas. Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas DGADR Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural DRAP Algarve Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve Uma nova praga em Portugal

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  • Meios de luta

    O combate a esta praga é particularmente difícil dado oseu elevado potencial biológico, assim como o facto deapresentar diversos hospedeiros, incluindo as infes-tantes.

    A estratégia de luta a empreender deverá contemplar osseguintes aspectos:

    Monitorização da praga:

    Instalação de armadilhas sexuais de tipo delta paradetecção precoce da praga e à altura da cultura, e emestufa junto às aberturas colocando uma armadilha porcada 3 500 m2 podendo variar entre 2 a 4 armadilhaspor hectare;

    Observação visual de sintomas.

    Meios de luta:

    Luta cultural:

    Destruição dos restos das culturas e infestanteshospedeiras do interior das estufas/parcela e áreas cir-cundantes, sempre que possível queimando, antes dainstalação de novas culturas;

    Instalação/manutenção de redes de exclusão nasaberturas das estufas, de modo a impedir a entrada dosinsectos adultos, sempre que tal não impossibilitar aprotecção contra doenças por diminuição de ventilação;

    Rotação com não solanáceas;

    No caso de sucessão de solanáceas garantir entre elasum intervalo de 4 a 6 semanas. Este pode ser diminuí-do em estufa;

    Utilizar plântulas isentas de Tuta absoluta.

    Luta biotécnica:

    Captura em massa através da colocação de:

    armadilhas de água com feromona sexual, a 40 cm dealtura do solo, devendo colocar algumas gotas de deter-gente e renovar a água frequentemente (20 a 40armadilhas por hectare);

    armadilhas aderentes - filme de plástico com cola (dis-tribuem-se regularmente, junto ao solo, colocando-asantes da plantação). A colocação de uma cápsula deferomona pode aumentar a eficácia.

    Luta biológica:

    limitação natural: mirídeos e crisopas;

    tratamento biológico: largada de mirídeos, Macrolophuscaliginosus, Nesidiocoris tenuis e/ou tricogramas.

    Luta química:

    Realização de tratamentos fitossanitários com produtosfitofarmacêuticos homologados (neste momento, produ-tos com base em indoxacarbe);

    Quando disponíveis produtos fitofarmacêuticos combase em outras substâncias activas, dever-se-ão utilizarem alternância;

    O combate a esta praga exige a integração dos váriosmeios de luta disponíveis.

    Edição: Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento RuralTextos técnicos: Clara Serra (DGADR)

    Hugo Tavares (DGADR)Miriam Cavaco (DGADR)Celestino Soares (DRAPALG)J. Entrudo Fernandes (DRAPALG)Nídia Ramos (DRAPALG)Elisabete Figueiredo (ISA)

    Design: Luis Conceição (DGADR)Fotos: Nídia Ramos (DRAPALG)© 2009, DIRECÇÃO-GERAL DE AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO RURAL (DGADR) RESERVADOSTODOS OS DIREITOS, EXCEPTO AS FOTOS DE AUTORES EXTERNOS À DGADR DE ACORDO COM ALEGISLAÇÃO EM VIGOR, À DIRECÇÃO-GERAL DE AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO RURAL -DGADR AV. AFONSO COSTA, 3 - 1949-002 LISBOA

    Traça-do-tomateiro(Tuta absoluta)

    No caso de encontrar plantas com sintomassuspeitos ou para mais informações deve con-tactar os serviços de inspecção fitossanitáriada sua Direcção Regional de Agricultura ePescas.

    M i n i s t é r i o d aA g r i c u l t u r a ,do DesenvolvimentoRural e das Pescas

    DGADRDirecção-Geralde Agricultura eDesenvolvimento Rural

    DRAP AlgarveDirecção Regionalde Agricultura e Pescasdo Algarve

    Uma nova praga em Portugal

  • Introdução

    A traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) por vezes designa-da incorrectamente por mineira-do-tomateiro é umapequena borboleta, oriunda da América Latina, a qual foidetectada pela primeira vez no Continente Europeu - emEspanha, na Primavera de 2007 e, posteriormente emItália, em 2008. Encontra-se referenciada na lista A1 daOEPP, sendo por este motivo considerado um inimigoque pode causar avultados prejuízos económicos.

    Foi recentemente assinalada no Algarve (Maio de 2009,em estufas na zona de Faro) e no Oeste (Julho de 2009,em estufas na zona de Silveira e A-dos-Cunhados).

    O principal hospedeiro de T. absoluta é o tomateiro,podendo também atacar a batateira e beringela, assimcomo outras solanáceas infestantes, como erva-moira(Solanum nigrum) e figueira-do-inferno (Datura stramo-nium).

    Descrição morfológica

    O ciclo de vida desta borboleta passa pelos estados deovo, lagarta, pupa e adulto (borboleta).

    Ovo

    De forma elíptica, inicialmente de cor esbranquiçada,tornando-se amarelado com o decurso do desenvolvi-mento embrionário. Mede cerca de 0,4 mm de compri-mento por 0,2 mm de largura.

    Lagarta

    De cabeça negra, com o corpo amarelado, passando deesverdeado a rosa durante o desenvolvimento, poden-do alcançar cerca de 7 a 8 mm de comprimento.

    Pupa

    Mede cerca de 4 mm de largura por 10 mm de compri-mento, de coloração acastanhada e forma cilíndrica.Pode encontrar-se num casulo rudimentar, brancosedoso, na folha ou pupar no solo.

    Adulto

    A borboleta tem o primeiro par de asas de coloraçãoacinzentada, salpicado com manchas mais escuras e osegundo par de asas de cor escura. Pode atingir 7 mmde comprimento. Tem antenas compridas dispostas aolongo do corpo.

    Bioecologia

    Estima-se a duração do ciclo de vida, dependente datemperatura, entre 29 e 38 dias, excepto no Inverno emque pode durar 80-90 dias. Apresentará entre 9 a 12gerações anuais (função da região e do clima de cadaano entre outros). Cada fêmea põe entre 180 a 260ovos, normalmente isolados, de preferência na páginainferior das folhas, caule, pedúnculo e/ou fruto.

    A lagarta ao eclodir penetra nos tecidos vegetais e ali-menta-se no interior dos folíolos do tomateiro, formandouma mancha branca larga de mesófilo consumido, decontorno irregular. Pode alimentar-se do caule e frutos,penetrando, geralmente, próximo do pedúnculo. No finaldo desenvolvimento larvar, a lagarta transforma-se empupa, da qual emergirá uma pequena borboleta. A pupatem forma cilíndrica e forma-se no solo ou sobre aplanta.

    A borboleta tem hábitos de voo nocturnos/crepuscu-lares, permanecendo escondida nas plantas durante odia. Ao agitar a folhagem é possível observar o voodestes pequenos insectos.

    Sintomas

    Os estragos são produzidos pelas lagartas nasfolhas, caule, pedúnculo ou frutos.

    Nas folhas, numa primeira fase, estes podem con-fundir-se com os produzidos pela larva mineira,Liriomyza spp. Posteriormente, a galeria aumentade dimensão, alargando e, dá-se a consequentedesidratação dos tecidos, levando a que a folhaapresente um encarquilhamento característico.

    Nos frutos observam-se, inicialmente, pequenosorifícios de entrada, geralmente próximos da zonapeduncular.

    Os estragos podem assumir importância assina-lável, sobretudo se a detecção não for precoce enão forem tomadas as devidas medidas de luta. Osprincipais prejuízos derivam dos ataques aos frutos,em especial devido à dificuldade da sua detecção.

    Sintoma do ataque de lagartas em fruto.