meio cromogênio cps
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NewsLab - edição 75 - 2006130
A Identificação Direta Pelos MeiosCromogênicos é Confiável a Ponto de Dispensar
as Provas Bioquímicas?Bernardo Gabriel de Oliveira1, Carlos Augusto Albini2, Gislene M. Diógenes Botão3, Helena Homem de Mello de Souza4
1 - Curso de especialização em Microbiologia PUC - PR
2 - Professor e Mestre Universidade Federal do Paraná
3 - Hospital de Clínicas, Curitiba - PR
4 - Hospital de Clínicas, Curitiba - PR
Artigo
A urocultura é a análise mais realizada em laboratórios deBacteriologia Clínica, uma vez que as infecções do trato uriná-rio estão entre as patologias mais comuns em humanos. A meto-dologia tradicional empregada para o cultivo de amostras deurina permite identificar o patógeno em pelo menos 48 horas,sendo que em alguns casos quando se necessita de provas adi-cionais de identificação, o processo pode demorar por váriosdias. Um sistema que simplifique o processo e utilize menor quan-tidade de meios de identificação, além de reduzir o tempo paraa liberação final do exame teria grande valor prático. A introdu-ção de meios cromogênicos para o plantio primário de amos-tras de urina permite a identificação dos principais uropatóge-nos através da verificação da morfologia colonial após 18 a 24horas de incubação. Foram realizadas 1.409 uroculturas utili-zando-se meio cromogênico (CPS ID 3 Biomerieux) no períodoentre 21 de fevereiro e 29 de março de 2005, em um laborató-rio privado de Curitiba, PR, sendo que 220 amostras foram po-sitivas (15,6%). Os isolados identificados presuntivamente peloaspecto macroscópico das colônias foram confirmados atravésde um método convencional de identificação bacteriana. Deze-nove diferentes espécies de uropatógenos foram identificadas,sendo que a espécie prevalente foi Escherichia coli, isolada em138 das 220 amostras positivas (62,7%). Das E. coli isoladas,9,4% (13/138) foram β glucoronidase negativas e, portanto,não puderam ser identificadas diretamente pelo meio cromogê-nico. A identificação direta pelo meio cromogênico foi confir-mada bioquimicamente em 99,3% das amostras analisadas, com-provando a sua eficácia e possibilitando ganho de tempo em69,1% das culturas positivas.
Palavras-chave: Urocultura, meio cromogênico, identifi-cação bacteriana
Resumo Summary
Urocultures are the most commonly analyses performedin clinical bacteriological laboratories as infections of theurinal tract are among the most frequent pathologies ofhumans. The traditional method employed for urinespecimen cultures enables the identification of the pathogenwithin 48 hours but when additional identificationexaminations are required the process may take severaldays. A system that simplifies the process and utilizes asmaller amount of identification mediums, as well as reducesthe time to complete the examination would have a greatpractical value. The introduction of chromogenic mediumsfor the first seeding of the urine samples allows theidentification of the main uropathogens through theverification of the clonal morphology after 18 to 24 hoursof incubation. A total of 1409 urocultures utilizingchromogenic mediums (COS ID 3 Biomerieux) wereperformed in the period from 21 February to 29 March2005 in a private laboratory in Curitiba, Brazil. Twohundred and twenty specimens were positive (15.6%). Theisolates presumptively identified by the macroscopicappearance of the colonies were later confirmed byconventional identification techniques, with Escherichia colibeing the most prevalent, identified in 138 of the 220positive samples (62.7%). Of the E. coli, 9.4% (13/138)were negative and therefore could not be directly identifiedby the chromogenic medium. The direct identification usingthe chromogenic medium was biochemically confirmed in99.3% of the analyzed samples, proving its efficiency andsaving time in 69.1% of the positive cultures.
Keywords: Urocultures, chromogenic medium,bacteriological identification
NewsLab - edição 75 - 2006132
A
IntroduçãoIntrodução
urocultura é a análise mais
realizada em laboratórios de
Bacteriologia Clínica, uma vez que
as infecções do trato urinário es-
tão dentre as patologias mais co-
muns em humanos (1).
A metodologia empregada na
maioria dos laboratórios consiste
na inoculação da urina em meios
de cultura já consagrados como o
Ágar CLED (cistina - lactose - ele-
trólito - deficiente), Ágar sangue
e MacConkey (meio seletivo para
bacilos gram negativos), com pos-
terior identificação bacteriana ba-
seada em provas bioquímicas.
O processo demora no mínimo
48 horas para identificar o pató-
geno e realizar o antibiograma.
Em alguns casos, a identificação
requer provas adicionais para con-
firmação do uropatógeno, que
poderá adiar o laudo final para até
72 horas.
Portanto, as informações par-
ciais possíveis de serem relatadas
com a metodologia resumem-se na
morfologia bacteriana, número de
leucócitos e reação do nitrito
(quando solicitado parcial de uri-
na com bacterioscopia pelo gram).
Muitos pacientes com infecção
urinária necessitam de tratamen-
to imediato. Assim, a grande des-
vantagem da metodologia expos-
ta acha-se na demora do laudo fi-
nal, embora em muitas situações
o tratamento empírico seja apli-
cado imediatamente após a cole-
ta do material (2).
Atualmente, existe uma nova
metodologia para a realização da
urocultura, através de meios cro-
mogênicos. Tais meios permitem
a identificação direta dos princi-
pais uropatógenos (Escherichia
coli, Proteus mirabilis e Enterococ-
cus spp.) em 24 horas após incu-
bação (3) .
A identificação presuntiva é
baseada nas diferentes colorações
das colônias bacterianas, causa-
da pelas reações enzimáticas es-
pécie ou gênero específico com
substratos incorporados no meio
de cultura, necessitando apenas
de poucas provas adicionais con-
firmatórias (2).
• Escherichia coli e Proteus
mirabilis (Figura 1)
No meio cromogênico, a E.coli
produz uma enzima chamada de
ß-glucuronidase, além de ser ne-
gativo para ß-glucosidase. A co-
loração rosa já é suficiente para a
sua confirmação, sem necessida-
de de nenhuma prova adicional (3)
(Tabela 1).
Já o Proteus mirabilis não pro-
duz as enzimas ß-glucuronidase e
ß-glucosidase, a sua identificação
ocorre devido a formação de co-
lônias de coloração marrom/cas-
tanho oriundas da produção de
desaminase no meio (Tabela 1).
Mas apenas a coloração não é su-
ficiente, sendo necessária a de-
tecção do indol que deve ser ne-
gativo para sua confirmação (3).
• Enterococcus spp (Figura 2)
No meio cromogênico, o Ente-
rococcus spp produz uma enzima
chamada de ß-glucosidase, sendo
negativo para outra enzima, a ß-
Projeto de pesquisa apresentado à coordenação do curso de Especialização em Microbiologia da Pontifícia Universidade Católica doParaná, Turma 2004. Orientador: Prof. e Msc. Carlos Augusto Albini. Co-orientadoras: Especialista Gislene M. Diógenes Botão, Msc.Helena Homem de Mello de Souza
Figura 1. Colônias rosa e marromcaracterísticas de Escherichia coli eProteus mirabilis, respectivamente
Figura 2. As colônias, azul turquesa(esq.) e rosa (dir.) são características deEnterococcus spp e Escherichia coli,respectivamente
NewsLab - edição 75 - 2006134
Materiais e métodos
glucoronidase. Esta bactéria desen-
volve colônias no meio com colora-
ção azul turquesa (Tabela 1), ne-
cessitando apenas da realização do
Gram da colônia. Se na microsco-
pia, a morfologia da bactéria for
CGP, já é suficiente para confirmar
sua identificação (3).
Será que a identificação dos
meios cromogênicos é realmente
confiável em nossa realidade, a
ponto de dispensarem as provas
bioquímicas?
Quais as vantagens em relação
a custo-benefício na sua utilização
em laboratórios de microbiologia?
Materiais e métodos
O estudo foi realizado no labora-
tório Cendilab, localizado na cidade
de Curitiba, que realiza as culturas
de urina em meios cromogênicos.
As urinas foram inoculadas no
meio cromogênico CPS ID3 (Bio-
mérieux) e incubadas a 37ºC por
18-24 horas. As identificações fo-
ram realizadas primeiramente pelo
aspecto das colônias desenvolvi-
das. As colônias com colorações
características para as espécies
identificadas presuntivamente fo-
ram separadas para confirmação
e realização dos antibiogramas.
Quando a identificação presun-
tiva não era possível, a amostra
era submetida à identificação bi-
oquímica e antibiograma.
Durante o período do trabalho,
registrou-se todas as culturas po-
sitivas em planilhas contendo in-
formações como: iniciais dos no-
mes, idade, sexo, a bactéria iso-
lada, biotipo, percentual, provas
adicionais, etc. As culturas mis-
tas e/ou contaminadas foram con-
sideradas negativas.
As amostras confirmadas dire-
tamente foram separadas e nu-
meradas para posterior confirma-
ção bioquímica.
Utilizou-se para confirmação da
Escherichia coli e Proteus mirabi-
lis um kit contendo cinco tubos
desenvolvidos pela Newprov para
identificação das enterobactérias.
Cada tubo propicia a leitura de
algumas provas e o somatório das
leituras positivas e negativas ca-
racterizam um código que equi-
vale ao biotipo e percentual da
bactéria encontrada. Quando o
biotipo não se aproxima dos
100%, algumas provas adicionais
são sugeridas pelo fabricante para
confirmação bacteriana.
Para a prova da lactose, neces-
sária para complementar a iden-
tificação bacteriana, foi utilizado
o meio Mac Conkey e o teste em
tubo lactose, ambos desenvolvi-
dos pela Newprov.
As etapas de inoculação, incu-
bação e leitura das provas foram
realizadas conforme orientações
de Pilonetto (4). Os procedimen-
tos sobre o uso do tubo lactose
foram seguidos, conforme orien-
tações do fabricante.
Para confirmação bioquímica
do Enterococcus spp., utilizou-se
os seguintes materiais: água oxi-
genada a 10 volumes (prova da
catalase), meio de tolerância ao
sal (MTS) em tubo e a prova da
bile esculina em tubo, todos de-
senvolvidos pela Newprov.
A catalase sendo negativa, com
positividade para o MTS e bile es-
culina, é suficiente para sua con-
firmação (4).
As etapas de inoculação, incu-
bação e leitura das provas, também
foram realizadas conforme orienta-
ções de Pilonetto (4). As bactérias
analisadas bioquimicamente foram
repicadas e armazenadas em meio
gelose de conservação.
Informações como o total de
Tabela 1. Interpretação das culturas no meio cromogênico
Bactéria Rosa Azul turquesa Marrom/Castanho
β-glucoronidase β-glucosidase Desaminase
Escherichia coli + - -Proteus mirabilis - - +Proteus indol +
Morganella e - - +Providencia
Enterococcus spp. - + -
NewsLab - edição 75 - 2006136
Resultados
culturas realizadas, o percentual de
positividade, as concordâncias en-
tre as identificações presuntiva e
bioquímica, juntamente com o per-
centual de culturas favorecidas pela
identificação presuntiva e o custo
dos meios, serão utilizados para a
conclusão da eficácia e viabilidade
no uso dos meios cromogênicos.
Resultados
No período entre 21/02/2005
e 29/03/2005, foram realizadas
1.409 culturas de urina no labo-
ratório Cendilab, sendo que 220
foram positivas (15,6%), contra
1.189 (84,6%) de culturas consi-
deradas negativas.
A grande maioria dos pacien-
tes é ambulatorial, de ambos os
sexos, e idade variando de recém-
nascidos a idosos.
Das culturas positivas, foram
identificadas 19 diferentes espé-
cies de uropatógenos, sendo que
a bactéria mais isolada entre elas
foi a Escherichia coli, identificada
em 138 / 220 ou 62,7% dos ca-
sos (Gráfico 1).
Somando o total de achados
entre Escherichia coli (138), Pro-
teus mirabilis (11) e Enterococcus
sp.(16), obteve-se 165/220
(75%) de todas as culturas posi-
tivas no laboratório (Gráfico 2).
As colorações características
para a identificação direta no meio
cromogênico foram observadas em
todas as amostras de Proteus mi-
rabilis e Enterococcus spp.
bactérias isoladas
E.coli; 138
P.mirabilis; 11
Enterococcus; 16
ENPC; 12
S.agalactiae; 13
K. pneumoniae; 4
outras; 26
E.coli
P.mirabilis
Enterococcus
ENPC
S.agalactiae
K. pneumoniae
outras
Gráfico 1. Principais bactérias identificadas durante o estudoENPC: Estafilococos não produtor de coagulase
Gráfico 2. Identificações do grupo das bactérias cromogênicas
Gráfico 3. Comparaçãoentre as E. coli rosas eincolores encontradas
138
11
16
0 20 40 60 80 100 120 140
E.coli
P.mirabilis
Enterococcus sp.
bactérias cromogênicas
bactérias cromogênicas 138 11 16
E.coli P.mirabilis Enterococcus sp.
1
incolores
rosas
125
13
0
20
40
60
80
100
120
140
frequência
coloração
E. coli isoladas
incolores
rosas
137NewsLab - edição 75 - 2006
No entanto, 13 colônias de Es-
cherichia coli 13/138 (9,4%) apre-
sentaram-se incolores, impossibi-
litando sua identificação cromogê-
nica. Nesse caso, necessitou-se
das provas bioquímicas para iden-
tificá-las (Gráfico 3).
Entre as colônias incolores iden-
tificadas bioquimicamente, curio-
samente, em sete ou 53,8% de-
las, encontrou-se o mesmo bioti-
po 2961. Foram testadas bioqui-
micamente 153 culturas identifica-
das diretamente, resultando em
152 confirmações e uma discre-
pância (99,3% de concordância).
A discrepância ocorreu com
uma bactéria que produziu a en-
zima ß-glucoronidase, apresen-
tando coloração semelhante à ca-
racterística para Escherichia coli
(Figura 3).
Nas provas bioquímicas resultou
no biotipo 2931, com 9,74% de
possibilidade para essa bactéria.
Realizaram-se as provas adicionais:
sorbitol, VP (Voges-Proskauer) e
rafinose. Os resultados foram posi-
tivos em todos os testes, caracte- rizando bioquimicamente a bacté-
ria como Enterobacter sp.
A amostra foi encaminhada
para o Hospital de Clínicas de Cu-
ritiba, visando à realização de uma
terceira metodologia para confir-
mação de sua identificação.
O laudo final resultou em En-
terobacter sp., biotipo 2933, con-
firmando a sua discrepância. O
mesmo biotipo foi encontrado em
outra amostra, porém, as provas
adicionais (sorbitol + , VP - e rafi-
nose -), confirmaram a bactéria
como Escherichia coli.
As provas adicionais foram re-
alizadas quando o percentual
para a bactéria pesquisada ocor-
resse abaixo de 50%. Além dos
dois casos citados, foram reali-
zados também em outros dois.
No primeiro, o biotipo encontra-
do foi o 2661, com compatibili-
dade para E. coli de 46,34%. As
provas realizadas foram: t-j e
sorbitol, com resultado positivoFigura 3. Foto da amostra comidentificação discrepante
Gráfico 4.Resultados obtidosdas bactériasidentificáveis direta-mente no meiocromogênico
Gráfico 5. Resultados finais dos procedimentos adotados nas amostras de culturade urina, realizados durante o período do estudo
Coloração característica
incolores
discrepante
bactériasidentificáveis
152
13
1
0
20
40
60
80
100
120
140
160
bactérias identificáveis
bactérias identificáveis 152 13 1
Coloração característica incolores discrepante
Resultados finais
1189
152
68
negativas
identificadas diretamente
necessidade de provas bioquimicas
Resultados finais
NewsLab - edição 75 - 2006138
Discussão
em ambos os testes, confirman-
do a bactéria.
Outra confirmação realizada na
amostra de biotipo 8631, com
10,6% para Proteus mirabilis e con-
firmado com as provas arabinose e
manitol, resultando negativo.
Resumidamente, das 166 amos-
tras encontradas no meio cromogê-
nico como pertencentes às bactéri-
as identificáveis diretamente, 13/
166 (7,8%) apresentaram-se inco-
lores e 01/166 (0,6%) não foi con-
firmado bioquimicamente (Gráfico
4). A identificação direta ocorreu em
152/166 (91,5%) dos casos.
Comparada com o total de cul-
turas positivas, a identificação di-
reta foi satisfatória em 152/220
(69,1%) das identificações.
As identificações realizadas no
restante das culturas positivas fo-
ram apenas registradas em plani-
lhas, pois pertencem às bactérias
que necessitam das provas bio-
químicas mesmo utilizando mei-
os cromogênicos.
Todas as bactérias identifica-
das como ENPC (estafilococos não
produtores de coagulase) foram
submetidas ao teste da novobio-
cina e, curiosamente, nenhuma
amostra foi compatível a Sta-
phylococcus saprophyticus.
Assim, a identificação direta foi
realizada em 152 amostras, en-
quanto necessitou-se de provas
bioquímicas em 68 amostras do
total de 1.409 culturas realizadas
no laboratório durante o período
estudado (Gráfico 5).
Discussão
O presente estudo demonstrou
que 220/1.409 (15,6%) do total
de culturas de urina realizadas
foram positivas. Percentual razo-
ável quando relacionado a um la-
boratório de microbiologia que
atende pacientes ambulatoriais na
sua grande maioria.
Outro dado importante é o nú-
mero de culturas positivas identi-
ficadas diretamente pelo meio cro-
mogênico, 152/220 (69,1%). Re-
sultados semelhantes foram en-
contrados por Scarparo (68,8%) e
Chaux (60,3%), sendo o último re-
alizado com pacientes exclusiva-
mente hospitalares.
O laboratório necessitou utili-
zar provas bioquímicas em 30,9%
(68/220) das amostras positivas.
É evidente que um sistema no qual
houvesse simplificação de técni-
cas e redução da quantidade de
meios de identificação seria de
inegável valor prático (6).
A identificação direta em 24 ho-
ras auxilia o clínico na escolha do
medicamento. Porém, em labora-
tórios ambulatoriais, essa vanta-
gem não é relevante, pois os pa-
cientes só retornam para retirar o
laudo quando o resultado do anti-
biograma, que demora no míni-
mo 48 horas, estiver pronto, ou,
quando houver reconsultas que
geralmente são marcadas em in-
tervalos de tempo maiores.
Então, a grande vantagem des-
sa metodologia, nesse caso, está
no ganho de tempo em bancada
pelo profissional do laboratório.
Uma desvantagem encontrada
na identificação direta é a impos-
sibilidade de dados adicionais
como o biotipo da bactéria, que
em certas ocasiões pode ser im-
portante, como na pesquisa de
surtos de infecções hospitalares
ou no diagnóstico de infecções
sucessivas no mesmo paciente.
As colônias identificadas dire-
tamente foram confirmadas pelas
provas bioquímicas em 99,3% ou
152/153 dos casos, resultado que
comprova a eficácia da identifica-
ção do meio.
O fabricante estima um per-
centual de Escherichia coli não
produtoras de ß-glucoronidase,
em torno de 5-7% (CPS ID2 -
Agar, 2002, 01). Porém, o per-
Tabela 2. Valor pago nos meios por cultura, pelo laboratório Cendilab
Meio cromogênico Biplaca cled/cled Kit para enterobactérias Mão-de-obra(2 testes/placa) por minuto
R$ 2,28 R$ 1,80 R$ 3,51 R$ 0,26
OBS: os valores são referentes às notas emitidas pelos fabricantes. Foram relatados por unidade.
NewsLab - edição 75 - 2006140
Conclusão
centual encontrado 13/138
(9,4%) foi superior ao estabele-
cido. Resultados semelhantes fo-
ram encontrados por Scarparo
(43/429 ou 10%).
Embora isolados com menor
freqüência, tanto o Proteus mira-
bilis (11) como Enterococcus spp.
(16) foram identificados direta-
mente e confirmados bioquimica-
mente em todos os casos. No es-
tudo realizado por Scarparo, a
identificação direta dessas bacté-
rias também ocorreu em 100% dos
casos, com 61 amostras de Pro-
teus mirabilis e 213 de Enterococ-
cus spp.
Bactérias como o Enterobacter
sp. produtor de ß-glucoronidase,
apresentando colônias rosas no
meio cromogênico, semelhante à
coloração característica da Escheri-
chia coli, também foram relatados
em outros estudos: Salmonella spp.,
Citrobacter freundii e Shigella son-
nei (2), Salmonella spp., Citrobac-
ter freundii, Shigella sonnei e Ente-
robacter sp. (5) e Enterobacter clo-
acae e Citrobacter sp. (7).
O meio cromogênico utilizado
nesses estudos foi o CPS ID2, en-
quanto no presente trabalho foi
utilizado o CPS ID3. A diferença
entre eles é que o CPS ID2 re-
comenda confirmação da Esche-
richia coli pelo teste do indol,
enquanto o CPS ID3 dispensa
esse procedimento, garantindo
a identificação apenas pela colo-
ração da bactéria.
As bactérias citadas produtoras
de ß-glucoronidase, incluindo o En-
terobacter sp. encontrado nesse
estudo, são indol negativos.
O teste do indol é importante na
distinção entre Proteus mirabilis e
demais espécies de Proteus e, tam-
bém, na distinção entre Escherichia
coli e bactérias dos gêneros Klebsi-
ella e Enterobacter (6).
Conforme relatado acima, a pro-
dução da enzima ß-glucoronidase
não ocorre apenas em Escherichia
coli. Portanto, como apenas a colo-
ração rosa proveniente da produção
dessa enzima, embora raramente,
gera riscos na interpretação da bac-
téria isolada e 96,4% (133/138) das
Escherichia coli identificadas no es-
tudo (anexo 1) são indol positivas,
fica como sugestão o uso do teste
do indol mesmo no meio CPS ID3.
Avaliando o custo de ambas
metodologias utilizadas no labo-
ratório em estudo, observa-se
uma redução de 11,16% dos
meios cromogênicos em relação
aos meios tradicionais (CLED/
CLED e provas bioquímicas) (Ta-
belas 2 e 3). A mão-de-obra foi
considerada em relação ao piso
salarial + encargos do respon-
sável técnico
Os valores para Enterococcus sp.
não foram calculados devido a sua
baixa ocorrência, não influencian-
do no resultado final.
Conclusão
A identificação direta pelo meio
cromogênico foi confirmada bioqui-
micamente em 99,3% das amos-
tras analisadas, comprovando a
sua eficácia e possibilitando gan-
ho de tempo em 69,1% das cultu-
ras positivas.
Com isso, possibilita o profis-
sional do laboratório a finalizar
mais rapidamente as culturas de
Tabela 3. Comparação de custos entre as metodologias
Custos Negativas Positivas Positivas Mão-de-obra Totalem Reais (1189) EP* com provas (1393)
(136) (68)
Metodologia R$: 1070,10 R$: 599,76 R$: 61,20 R$ 525,38 R$: 2.256,44tradicional 47,42% 26,58% 2,72% 23,28%
Metodologia R$: 1355,46 R$: 155,04 R$: 77,52 R$ 416,58 R$: 2.004,60cromogênica 67,62% 7,74% 3,86% 20,78%
EP*: somente E. coli e P. mirabilis identificados diretamente pela metodologia cromogênica.Positivos com provas: demais bactérias com necessidade de provas bioquímicas em ambas metodologias. Obs: os valores das provas utilizadas nãoforam incluídos, pois são os mesmos. Sendo apenas somados os valores dos meios de cultivo.
NewsLab - edição 75 - 2006142
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fácil identificação, podendo dedi-
car-se com maior tranqüilidade
em outras atividades.
O percentual de Escherichia coli
com colônias incolores identifica-
do, foi próximo ao encontrado em
outros estudos, onde se utilizou
uma versão anterior do mesmo
meio cromogênico. Ambos os re-
sultados foram praticamente o do-
bro do estipulado pelo fabricante.
As mudanças entre as versões
dos meios cromogênicos não fo-
ram vantajosas na identificação da
Escherichia coli, pois observou-se
os mesmos achados com relação
à colônias incolores e produção de
ß-glucoronidase por diferentes
bactérias.
Concluiu-se que a retirada da
prova do indol pelo CPS ID3, ape-
nas potencializa a possibilidade de
erro na identificação. Porém, no
laboratório em estudo, mesmo
com percentual de Escherichia coli
de colônias incolores alto, o seu
uso torna-se viável, pois reduz
custos e tempo.
Em laboratórios menores, o
custo dos meios cromogênicos
inviabiliza seu uso e o ganho de
tempo também não é significa-
tivo. Cada laboratório deve fa-
zer um levantamento de sua ro-
tina e dos preços oferecidos pe-
los meios para concluir a viabili-
dade do seu uso.
Agradedcimentos
• Laboratório Cendilab, empre-
sa filiada ao grupo Clinihauer
• Hospital de Clínicas de Curitiba
• Newprov, produtos para la-
boratórios
Correspondência para:
Bernardo Gabriel de Oliveira
E-mail: [email protected]