meio ambiente: unidades de conservaÇÃo no estado · cada uma destas unidades tem um nível de...

7
caderno especial AL Notícias Santa Catarina, 20 de outubro de 2006 MEIO AMBIENTE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO Fotos Arquivo Fatma

Upload: others

Post on 16-Jun-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MEIO AMBIENTE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO · Cada uma destas unidades tem um nível de proteção e de uso de nidos, conforme a lei federal nº 9.985, aprovada em 2000 e

caderno especial AL NotíciasSanta Catarina, 20 de outubro de 2006

MEIO AMBIENTE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO

Fotos Arquivo Fatma

Page 2: MEIO AMBIENTE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO · Cada uma destas unidades tem um nível de proteção e de uso de nidos, conforme a lei federal nº 9.985, aprovada em 2000 e

[ EDITORIAL ]

Preservação e desenvolvimento exigem consciência ambiental

1. Parque Nacional de São Joaquim – Criado em 1961, tem 49.300 hectares nos municípios de Urubici, Bom Jesus da Serra, Orleans e Grão Pará.2. Floresta Nacional de Três Barras – Criado em 1968, tem área de 4.458,50 hectares em Três Barras e Canoinhas.3. Floresta Nacional de Caçador – Criada em 1968, tem 710,44 hectares localizados em Caça-dor. 4. Floresta Nacional de Chapecó – Criada em 1968, tem área de 1.606,43 hectares nos municí-pios de Chapecó e Guatambu. 5. Floresta Nacional de Ibirama – Criada em 1986, em Ibirama, com área de 570,58 hectares.6. Estação Ecológica de Carijós – Criada em 1987, tem 712 hectares localizados ao noroeste da Ilha de Santa Catarina. 7. Reserva Biológica Marinha do Arvoredo – Criada em 1990, engloba os municípios de Governador Celso Ramos e 11quilômetros ao norte da Ilha de Santa Catarina, totalizando 17.600 hectares

8. Área de Proteção Ambiental do Anhato-mirim – Criada em 1992, tem 3 mil hectares no município de Governador Celso Ramos.9. Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca – Criada em 2000, tem 156.100 hectares em Floria-nópolis, Palhoça, Garopaba, Imbituba e Laguna.10. Estação Ecológica da Mata Preta - Criada em 2005, em Abelardo Luz e tem 9.006 hectares. 11. Parque Nacional da Serra do Itajaí – Criado em 2004, tem área de 57.370 hectares localiza-dos em Ascurra, Apiúna, Blumenau, Botuverá, Gaspar, Guabiruba, Indaial, Presidente Nereu e Vidal Ramos. 12. Parque Nacional das Araucárias – Criado em 2002, tem 12.841 hectares nos municípios de Passos Maia e Ponte Serrada. 13. Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé – Criada em1992, tem 1.444 hectares no sudoeste da Ilha de Santa Catarina.14. Área de Relevante Interesse Ecológico Serra da Abelha – Criada em1996, tem 4.604 hectares no município de Victor Meireles.

Unidades de Conservação Federais em Santa Catarina

Unidades de Conservação Estaduais15. Parque Estadual da Serra do Tabuleiro - Maior unidade de conservação no Estado, com 87.405 hectares, abrangendo nove municípios catarinenses, criado em 1975. 16. Parque Estadual Acaraí - Área aproximada de 6.667 hectares localizada na planície litorânea da ilha de São Francisco e o arquipélago de Tam-boretes, no município de São Francisco do Sul. 17. Parque Estadual da Serra Furada - Criado em 20 de junho de 1980, abrange os municípios de Orleans e Grão Pará e tem uma área de 1.329 hectares. 18. Parque Estadual Rio Canoas - Criado em 2004, no município de Campos Novos, com 1.200 hectares. 19. Parque Estadual Araucárias – Criado em

2003, no município de São Domingos, tem 612 hectares.20. Parque Estadual Fritz Plaumann – Tem área de 740 hectares localizados em Concórdia e foi criado em 2003.21. Reserva Biológica Aguaí - Criada em 1983, tem área de 7.672 hectares localizados nos muni-cípios de Meleiro, Siderópolis e Nova Veneza. 22. Reserva Biológica Sassafrás - Criada em 1977, está dividida em duas áreas, uma com 3.862 hectares no município de Doutor Pedri-nho e outra com 1.361 hectares no município de Benedito Novo.23. Reserva Estadual Canela Preta – Localizada nos municípios de Botuverá e Nova Trento, tem 1899 hectares e foi criado em 1994.

Com cerca de 1% do território nacional, Santa Catarina abriga hoje 14 unidades de conservação ambiental federais e nove esta-duais, entre parques, reservas e áreas de proteção ambiental. Sem contar as pequenas reservas pri-vadas, que não são relacionadas neste caderno especial, segundo e último deste ano voltado à área ambiental.

Cada uma destas unidades tem um nível de proteção e de uso de� nidos, conforme a lei federal nº 9.985, aprovada em 2000 e respon-sável pela regulamentação de prin-cípios constitucionais referentes à preservação ambiental e pela im-plantação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). O Sistema gera polêmicas, tanto por ser recente no arcabouço legal brasileiro sobre meio ambiente, quanto pelas questões econômi-co-sociais, que costumam colocar ecologistas e comunidades em posições contrárias. Situação que, nos últimos anos, tem intensi� cado os debates no âmbito do Poder Legislativo, cujo maior mérito tem sido, justamente, a mediação de con� itos.

Esta mediação tem redundado, em diversas oportunidades, em re-sultados concretos, como é o caso de recente decreto governamental que recategorizou áreas do entor-

no do Parque da Serra do Tabuleiro – a maior unidade de conservação do Estado (leia na página 3). Com o decreto, milhares de moradores dos nove municípios abrangidos pela área do Tabuleiro poderão re-gularizar sua situação fundiária – ir-regular há mais de 20 anos – além de desenvolver algumas atividades auto-sustentáveis, conforme auto-rização e licenciamento dos órgãos ambientais. O teor da nova regra resultou de proposta elaborada no âmbito do Fórum Parlamentar Permanente do Parque da Serra do Tabuleiro, que conseguiu colocar na mesma mesa, a partir do � nal do ano passado, todas as partes envolvidas – moradores, Ministério Público, órgãos ambientais do Es-tado e ecologistas. Também desse diálogo estabelecido por iniciativa do Parlamento catarinense, nas-ceu o compromisso do Ministério Público em suspender, até que se analise com profundidade cada caso, as ações que vinham sendo movidas contra os moradores da região.

Nesse sentido, o enfoque dado por este caderno do AL Notícias, retratando algumas das princi-pais unidades de conservação ambiental, pretende ser mais um instrumento para a discussão dos problemas e soluções gerados pela implementação do SNUC.

Unidades de Conservação Federais em Santa Catarina

Fontes: IBAMA e Ministério do Meio Ambiente

Fontes: IBAMA e Ministério do Meio Ambiente

Unidades de Conservação Estaduais

2 Santa Catarina, 20 de outubro de 2006caderno especial AL Notícias

Page 3: MEIO AMBIENTE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO · Cada uma destas unidades tem um nível de proteção e de uso de nidos, conforme a lei federal nº 9.985, aprovada em 2000 e

Decreto modi� ca uso do entorno do Tabuleiro

No último dia 11 de setem-bro, o governador Eduardo Pi-nho Moreira (PMDB) assinou o Decreto nº 4.705/06, que revoga os artigos 42, 44 e 46 do Decre-to Estadual nº 14.250/81, que instituiu como Área de Proteção Especial (APE) uma faixa de 500 metros no entorno de parques, reservas biológicas e estações ecológicas estaduais. Desta for-ma, poderão ser solucionados alguns dos principais problemas sociais criados a partir da institui-ção do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, que envolve áreas em nove municípios da Grande Florianópolis, sendo a maior uni-dade de conservação ambiental de Santa Catarina.

A assinatura do decreto re-sultou do trabalho realizado pelo Fórum Parlamentar Per-manente do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, criado no ano passado, coordenado pelo deputado Vanio dos Santos (PT), e sob relatoria do deputado João Henrique Blasi (PMDB). Em abril deste ano, foi constituído no âm-bito do Fórum, o Grupo Técnico responsável pela elaboração de diversas propostas, incluindo a recategorização da área do entorno do parque, entre outras ações (leia quadro).

A eliminação da APE da zona

costeira do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro permitirá: regularizar a ligação de água e luz em edi� cações construídas até 17 de junho de 2006, data em que foram publicados os resul-tados dos trabalhos realizados pelo Grupo Técnico, fazer novas construções e parcelamento do solo, entre outras atividades, nas áreas que não estejam localiza-das na Baixada do Maciambu, município de Palhoça, já que estas terras são, na sua origem, do Estado de Santa Catarina.

Autorização

Também f ica permitido o corte de vegetação em estágio inicial de regeneração. Para todos os procedimentos, vale ressaltar, são necessárias con-sulta e autorização dos órgãos competentes ou licenciamento ambiental.

A nova regra legal, no entan-to, não libera os proprietários de terras daquelas restrições ambientais impostas por outras leis ordinárias federais, como o Código Florestal e a Lei da Mata Atlântica. Isso signi� ca que con-tinua valendo a impossibilidade de uso e ocupação de Áreas de Preservação Permanente (margens de corpos d’água,

encostas com mais de 45 graus de inclinação, topos de morro, restingas f ixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues, costões, dunas), assim como daquelas contendo vegetação nativa primária e/ou secundária em estágio médio ou avançado de regeneração.

Da mesma forma, a extinção da APE não regulariza as situa-ções de ocupação em loteamen-tos irregulares, muito embora agora se abra a possibilidade de que estes sejam licenciados mediante o cumprimento de processo legal.

Independente da situação, a Fundação de Amparo ao Meio Ambiente (Fatma) recomenda a todos os proprietários de ter-ras no entorno do Parque que, antes de qualquer iniciativa de ocupação ou construção, sejam consultados os órgãos ambien-tais e fundações municipais de meio ambiente para obter as in-formações necessárias ao pedido de autorização, seja no âmbito estadual ou municipal.

Dúvidas podem ser esclare-cidas na Fatma, pelos telefones (48) 3216-1750 ou 3216-1751.

Alteração em decreto editado em 1981 vai permitir a regularização de situações que se arrastam há mais de 20 anos e envolvem milhares de pessoas

ROSE MARY PAZ PADILHA

Solon Soares

Trabalho de Grupo Técnico foi essencial O Grupo Técnico (GT) no

âmbito do Fórum Parlamentar Permanente do Parque Esta-dual da Serra o Tabuleiro foi criado em abril deste ano, reu-nindo representantes do Movi-mento de Recategorização do Parque, Fatma, Procuradoria Geral do Estado, Assembléia Legislativa, Federação das Enti-dades Ecologistas Catarinenses (contrária à recategorização) e Associação de Moradores da Praia de Naufragados (favorá-vel à recategorização).

As reuniões que se segui-ram no âmbito do Grupo Técni-co resultaram na publicação de um documento descrevendo sete grandes situações-proble-mas - aplicação dos Termos de Ajuste de Conduta, existência da Área de Proteção Especial, usos e ocupações irregulares, falta de demarcação física, uso inadequado dos recursos natu-rais, baixa participação pública e falta de regularização fundiá-ria -, e as respectivas propostas de ação e encaminhamentos. A partir de junho, com a proposta sistematizada pelo GT, o Fórum realizou uma série de reuniões com representantes de órgãos e instituições relacionados à implementação das ações.

No dia 9 de junho de 2006, em reunião com a Procura-doria Geral do Estado, o GT apresentou os resultados do trabalho desenvolvido e so-

licitou o estudo de proposta para regularização fundiária das propriedades da Baixada do Maciambu.

Junto ao Ministério Público, no dia 22 de junho, o Grupo Técnico solicitou a suspensão da aplicação dos Termos de Ajuste de Conduta (TACs), principalmente no entorno da zona costeira do Parque. O MP suspendeu por 120 dias as ações executórias relacionados aos processos daquelas áreas que serão objeto de estudo para reajuste de limites do Parque. Também foi comuni-cado ao Fórum que o MP está � nalizando uma proposta de aplicação dos Termos de Ajuste de Conduta (TACs) de forma coletiva, evitando que as pes-soas envolvidas no processo respondam individualmente por danos ambientais.

Em reunião com o gover-nador, em 7 de julho, o GT entregou documento com propostas para serem analisa-das pelo Poder Executivo, entre elas, a alteração dos artigos que permitiram a extinção da APE, a retomada dos processos de regularização fundiária da Fatma e o apoio ao ICMS Eco-lógico, que deve ser instituído através de lei. Foram realizadas ainda, diversas reuniões que mobilizaram 1.500 pessoas nas localidades da região costeira do Parque.

Áreas do entorno do parque poderão ser utilizadas pelos moradores, sempre dependendo da avaliação e autorização dos orgão ambientais

3caderno especial AL NotíciasSanta Catarina, 20 de outubro de 2006

Page 4: MEIO AMBIENTE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO · Cada uma destas unidades tem um nível de proteção e de uso de nidos, conforme a lei federal nº 9.985, aprovada em 2000 e

4 Santa Catarina, 20 de outubro de 2006caderno especial AL Notícias 5caderno especial AL Notícias

Em 1973 foi caçada a última baleia franca austral (Eubalaena australis) em Santa Catarina, quando já era considerada uma espécie em extinção. A espécie voltou a ser avistada novamente no Estado no início da década de 80. Atualmente, existem cerca de 7,5 mil exemplares desses animais em todo o mundo.

Por quase quatro séculos essa espécie foi caçada no Brasil. O principal objetivo era a extração do óleo. Na época do Brasil Co-lônia, o óleo da baleia era usado para iluminação, para o amacia-mento do couro e na construção civil, no preparado de argamassas. O Farol de Santa Marta é a maior estrutura vertical do mundo feita com óleo de baleia.

O osso da mandíbula era utili-

zado na ração animal e as barba-tanas para fazer agulha de tarrafa e espartilhos para as mulheres. As baleias não têm dentes, mas barbatanas na boca, que 8 ltram os alimentos.

No século XVIII, algumas esta-ções baleeiras se estabeleceram no litoral do Estado. A primeira delas, entre 1740 e 1742, no atual município de Governador Celso Ramos. A estação de Imbituba foi instalada em 1796, no mesmo local onde hoje é o Museu da Ba-leia Franca. O galpão funcionou até 1973.

Hoje elas podem ser observa-das, em alguns períodos do ano e à distância. Conforme decreto federal de junho último, esportes náuticos e turismo de observação estão proibidos na APA.

As baleias francas também são chamadas de baleias certas ou verdadeiras por se aproxi-marem demais da costa e, por isso, serem fáceis de capturar. A principal característica observa-da nesses animais são as calosi-dades no alto e nas laterais da cabeça, que já nascem com o ani-mal. O número e tamanho dessas calosidades são diferentes em cada baleia franca, sendo usadas para identi8 cação dos indivíduos pelos pesquisadores.

A baleia franca chega a atin-gir 18 metros de comprimento e pode pesar mais de 60 toneladas. As fêmeas são maiores do que os machos e os 8 lhotes nascem em média com 4 a 5 metros e pesan-do mais de 5 toneladas.

Ao término do verão, as ba-leias francas deixam as áreas de alimentação nas latitudes mais frias, próximas aos pólos, em direção às regiões costeiras em latitudes mais quentes, próximas aos trópicos, para o acasalamen-to e, principalmente, para dar à luz e amamentar seus 8 lhotes. No Brasil, durante esse período, que vai de meados de julho a novembro, elas se concentram especialmente no litoral Sul catarinense.

Outras áreas de concentra-ção reprodutiva conhecidas são a costa da Província de Chubut, Argentina, em especial os golfos da Península Valdés; a costa ocidental da África do Sul; o entorno das Ilhas Tristan da Cunha (as mais remotas do

Oceano Atlântico) e a nordeste das ilhas Malvinas. No hemisfério norte há a baleia franca boreal (Eubalaena glacialis), cuja po-pulação remanescente de cerca de 300 indivíduos no Atlântico Norte encontra-se criticamente ameaçada de extinção.

Conselho

No dia 4 de dezembro do ano passado, foi constituído o Conselho Gestor da APA da Baleia Franca, cujo processo de forma-ção levou nove meses, período em que foram realizadas 85 reu-niões com a participação de 350 entidades e instituições civis. O Conselho conta com 43 represen-tações do setor governamental e de instituições ambientalistas, as-sociações de pescadores, de agri-cultores, sur8 stas, entre outras. “A forma como foi constituído o conselho está sendo considerada um processo referência, inclusive pelo próprio Ministério do Meio Ambiente. Estamos elaborando o regimento interno”, conta Maria Elizabeth.

O Conselho também está ajudando a elaborar o plano de manejo da APA da Baleia Fran-ca. “O Conselho está ajudando a fazer esse plano, porque é multidisciplinar, temos de pes-cadores a doutores”, enfatiza a chefe da área. A elaboração do Plano ainda está no começo e deve levar mais dois anos para

Como são e onde vivem

LEIS REFERENTES

Lei Federal nº 7.643, de 18 de dezembro de 1987, que proíbe a pesca e o molestamento in-tencional de cetáceos nas águas jurisdicionais brasileiras.

Decreto estadual nº 171, de 6 de junho de 1995, que declara a baleia franca monumento natural de Santa Catarina.

Em agosto e setembro deste ano, o Projeto Baleia Franca registrou um número recorde de avistamento de baleias ao longo de 400 quilômetros de costa. Mais de 400 espécimes do animal foram avistadas. Só em frente à Praia de Itapirubá (Sul catarinense) foram vistas 20 baleias francas. O número reafirma o crescimento populacional registrado pelo Projeto, reforçando a necessidade de intensificar a fiscalização e as medidas de preservação ambiental

APA protege berçário de baleias

francas no litoral Sul A Área de Proteção Ambiental

(APA) da Baleia Franca, criada por decreto federal de 14 de setembro de 2000, tem 130 quilômetros de costa e 156 mil hectares – 1.560 km2 de áreas marinha e terrestre. Territórios de nove municípios catarinenses fazem parte da APA, que tem tamanho equivalente a 3,6 vezes o ta-manho da Ilha de Santa Cata-rina. A Área de Proteção, no papel, orde -na e garante a proteção, em águas brasilei-ras, da baleia franca austral ( E u b a l a e n a australis) e or-dena a ocupa-ção e utiliza-ção de forma r a c i o n a l d a região e dos recursos natu-rais da região, incluindo o tu-rismo e o tráfego de embarcações e aeronaves.

Os municípios de Florianópo-lis, Palhoça, Paulo Lopes, Garopa-ba, Imbituba, Laguna, Jaguaruna, Içara e Tubarão têm áreas dentro da APA, mas sua delimitação exata ainda é desconhecida para grande parte das pessoas que vivem no local. “Até eu, que traba-lho na região, não sei as áreas que

são certas. É necessário esclarecer as pessoas”, reclama Adriano Lima de Sousa, marinheiro de uma empresa que faz turismo de observação em Imbituba. Maria Elizabeth Carvalho da Rocha, chefe da APA, conta que, da Ilha de Santa Catarina até Garopaba só áreas marinhas fazem parte da

APA. “A maior parte terrestre está no muni-cípio de Lagu-na. Isto acon-tece para que seja incluído o Co mp le xo Lagunar Sul”, explica.

Mas ela re-conhece as di-ficuldades da d e m a r c a ç ã o exata da Área de Preser va-ção. “Nós que e s t a m o s n a equipe agora não sabemos quais os crité-

rios exatos para que o território da APA tenha essa feição. É difícil para quem olha entender que um quinto de uma lagoa esteja incluída na APA e o restante não”, exemplifica, referindo-se à Lagoa Encantada, em Garopaba. O mesmo acontece com a barra da Lagoa de Ibiraquera, que é protegida, enquanto a lagoa não faz parte da APA.

Turismo de observação está restrito

Pescadores artesanais propõem reserva extrativista

Para defender seus interes-ses, os pescadores da região do Cabo de Santa Marta propuse-ram a criação de uma reserva extrativista de pesca artesanal dentro da APA. “A decisão de criar uma reserva foi ocorreu por causa da invasão dos bar-cos industriais”, revela João Batista Andrade, presidente da ONG Rasgamar, apoiador do movimento dos pescadores.

Maria Elizabeth também se posiciona a favor da criação da reserva. “O pescador artesanal sabe como se portar em rela-ção à baleia. Não é interesse dele, que sobrevive com di-ficuldades, perder uma rede ou embarcação. Esse já não é o comportamento do barco industrial”, garante, refertindo-se ao risco de uma baleia ficar presa numa rede ou chocar-se com um barco.

“Quando vemos uma baleia, saímos para longe”, garante Vilmar Ramos, o “Mago”, pre-sidente da Associação dos Pescadores Artesanais do Cabo

de Santa Marta Grande (APAFa). Mago explica que, para evitar problemas com os animais, os pescadores colocam suas redes distante da costa, já que a ba-leia franca tem o hábito de se aproximar muito da praia.

A área reivindicada pelos pescadores tem aproximada-mente 60 mil hectares e vai da localidade da Ponta da Barra, em Laguna, até a comunidade do Torneiro, em Jaguaruna.

Estudos recentes demons-traram que cerca de 10 mil pessoas vivem exclusivamente da pesca na região, que está dentro dos limites da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca.

Regulamentação

Se conseguirem criar a re-serva, pelo menos no papel, os pescadores garantem, que os barcos industriais respeitem a regulamentação da APA e até mesmo uma Portaria de 1992 do Ibama, que proíbe a pes-

ca de arrasto pelos sistemas de portas e de parelhas por embarcações de mais de 10 toneladas de arqueação bruta nas áreas costeiras de Santa Catarina.

Mesmo antes da criação da reserva extrativista, os pesca-dores do Farol elaboraram e seguem um plano de manejo - concluído em reunião da as-sociação local em 2004 - que dita ações para disciplinar a pesca na Laje do Campo Bom, em Jaguaruna. O plano de ma-nejo aprovado pela associação proíbe, entre outras coisas, a pesca no período noturno, a pesca submarina, a captura por linha de anzol de garoupas com menos de 45 centímetros e o uso de redes de mais de 1,5 mil metros.

“Hoje, os pescadores saem todos juntos, por volta das 4 horas, do Farol, em direção à Laje, e soltam as redes juntos, lá pelas seis e meia. Todos se ajustaram”, garante João Batis-ta Andrade.

Divulgação/Projeto Baleia Franca

Divulgação/Projeto Baleia Franca

Divulgação/Projeto Baleia Franca

Alberto Neves

Page 5: MEIO AMBIENTE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO · Cada uma destas unidades tem um nível de proteção e de uso de nidos, conforme a lei federal nº 9.985, aprovada em 2000 e

SANDRA ANNUSECK

- Artigo 26: quando existir um conjunto de unidades de conservação de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas, constituindo um mosaico, a gestão deverá ser feita de forma integrada e participativa.

Gestão integrada mantém três unidades no Estado

Modelo otimiza recursos financeiros e humanos na manutenção das unidades de Arvoredo, Carijós e Anhatomirim

Farol localizado na Ilha do Arvoredo foi construído entre 1878 e 1883. Com 15 metros de altura, pode ser avistado a 24 milhas náuticas. Além do patrimônio ambiental e histórico, as ilhas que integram a Reserva do Arvoredo guardam tesouros arqueológicos

Previsto pela Lei nº 9.985, de 2000, que instituiu a política nacional para conservação do patrimônio natural público e privado através do Sistema Nacio-nal de Unidades de Conservação (SNUC), o conceito de gestão integrada de unidades de conservação tem ajudado a manter a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, a Estação Ecológica de Carijós e a Área de Proteção Ambiental (APA) de Anhatomirim.

A administração integrada e participativa destas unidades de conservação (UCs) foi o que restou da iniciativa estimulada pelo Ministério do Meio Ambiente a partir de 2000. Colocada

em prática pelo Ibama em Santa Catarina, a ação era, inicialmente, mais ampla, en-

volvendo cinco unidades federais e uma estadual, que abrangiam 80% do litoral

catarinense e 13 municípios costeiros, mas foi abandonada em 2004.

“É uma forma de otimizar recur-sos � nanceiros, físicos e humanos”,

afirma o chefe da Reserva do Arvoredo, Mário Luiz Martins Pereira, geógrafo que responde pela � scalização de uma área de 17.600 mil hectares de mar, onde o patrimônio é integralmente protegido. “Como o orçamento das unidades é enxuto, um aca-ba ajudando o outro”, observa Mário. Para este ano, a reserva do Arvoredo está adminis-trando o orçamento de R$ 45

mil para o custeio, excetuando os salários. A Estação Carijós terá R$ 65.500 e a de Anhatomirim, R$ 45 mil. “Recebemos os recursos em parcelas trimestrais”, conta. A integração permite aperfeiçoar as iniciativas de � sca-lização, monitoramento, implementação de planos de manejo e pesquisas cientí� cas, além de facilitar a sus-tentabilidade � nanceira para o efetivo funcionamento das unidades que fazem parte do mosaico. A proposta de se integrar a gestão das unidades de conservação em Santa Catarina foi objeto de estudo da socióloga Iara Vasco Ferreira e de Ana Paula L. Prates, doutora em Ecologia na Universidade de Brasília.

As especialistas sustentam que o mosaico catari-nense, constituído de unidades costeiras e marinhas, representava “uma amostra ideal para o desenvolvi-mento de ações i n t e g r a d a s nos campos biológico, ad-ministrativo e institucional”. O modelo abran-gia as APAs de Anhatomirim e d a B a l e i a Franca, a Esta-ção Ecológica de Carijós, a Reserva Bioló-gica Marinha do Arvoredo, a Reserva Extra-

Lei nº 9.985/2000Reserva do Arvoredo: só para pesquisa

Dentro dos limites da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, situada ao norte da Ilha de Santa Catarina, a 11 quilômetros do continente, é proibida qualquer modalidade de pesca e atividades de recreação e turismo. A Unidade constitui-se de um pequeno ar-quipélago integrado pelas ilhas do Arvoredo, Deserta, Galé e pelo rochedo do Calhau de São Pedro.

Nos últimos anos, o arquipélago vinha sofrendo com a pesca predatória, industrial e artesanal, e a caça submarina. Em 1990, através do Decreto Federal nº 99.142/90, foi criada a Reserva, abrangendo 17.800 hecta-res de importância ecológica, arqueológica, social e estratégica. Na área estão localizadas sepulturas antigas, sambaquis e itacoatiaras, vestígios evidentes da ocupação humana no local entre 2 mil e 4 mil anos.

Arvoredo

Na ilha do Arvoredo, um casarão cedido ao Ibama pela Marinha funciona como base operacional da Reserva, abrigando pesquisa-dores, estagiários e estudantes. A equipe do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar) da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) está entre os que realizam pesquisa,

além de auxiliar no Programa de Orientação e Educação Ambiental da unidade.

Nas ilhas não existem praias arenosas e sim costões rochosos. A ilha do Arvoredo abriga um farol cuja construção iniciou em 1878, sendo inaugurado em 1883. É formado por uma torre de ferro de 15 metros de altura, instalada na parte sul e pode ser avistada a 24 milhas náuticas. A cobertura vegetal é composta por mata densa, dominada pela presença de coqueiros da espécie Arecastrum romanzoffianum. A fauna é composta por pequenos mamíferos (gambás, roedores e morcegos) e aves (gaviões e sabiás).

Desde 1995 o patrulhamento na área da reserva e seu entorno é feito pela Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (CPPA) da Polícia Militar de Santa Catarina e pela Capi-tania dos Portos, também responsável pelo transporte marítimo à base operacional na ilha do Arvoredo.

A Capitania responde ainda pela manuten-ção do farol e o recolhimento de dados mete-reológicos. Através de parcerias envolvendo Ibama, ONG Aprender, Petrobras, Marinha do Brasil, Polícia Ambiental e universidades, foi viabilizado o Plano de Manejo, � nalizado em 2004 e � nanciado pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA). (Verlaine Silveira)

Mário Luiz Pereira, chefe da reserva

Julia

Rei

sser

/Ib

ama

Julia Reisser/Ibama

Eduardo Guedes de Oliveira

6 Santa Catarina, 20 de outubro de 2006caderno especial AL Notícias

Page 6: MEIO AMBIENTE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO · Cada uma destas unidades tem um nível de proteção e de uso de nidos, conforme a lei federal nº 9.985, aprovada em 2000 e

Proteger a população de gol-� nhos da espécie Sotalia � uvia-tilis, sua área de alimentação e reprodução, bem como áreas de remanescentes da Floresta Pluvial Atlântica, foi o motivo da criação da Área de Proteção Ambiental Anhatomirim (APAA). Localizada no município de Governador Celso Ramos, Anhatomirim é a primeira unidade de conserva-ção desta categoria no Estado de Santa Catarina, estabelecida pelo Decreto nº 528, de maio de 2002.

Cerca de 300 mil turistas passam pela unidade todos os

anos, principalmente nos meses de janeiro, fevereiro e março. A alta freqüência de visitantes e o crescimento desordenado da maricultura são apontados pela administração como con7 itantes com os princípios de proteção da área. “Nós temos uma população de 80 gol� nhos, não variante, que vive e se reproduz naquele local e a maricultura e a visitação prejudi-cam aquele ambiente. São muitas embarcações ao mesmo tempo. É o tipo de coisa que estressa os animais”, explica a responsável pela APAA, a analista ambiental

do Ibama, Carla Floriani.Apesar de já estar o� cialmente

criada a Zona Exclusiva dos Gol� -nhos (ZEG) – local conhecido como Baía dos Golfinhos -, a falta de programas de educação ambien-tal voltados à comunidade local e visitantes e de planejamento parti-cipativo, ausência de sinalização e atuação ine� ciente da � scalização impedem sua implementação na prática. Outros problemas aponta-dos por Carla são o desmatamento, a extração de areia, as construções irregulares, o arrasto de camarão e até a alteração do leito de rios.

As soluções, conforme a ana-lista ambiental, incluem a com-posição e efe-tivação de um conselho Gestor, a elaboração de plano de mane-jo, a � scalização e f i c i e n t e e m conjunto com a administração de outras unidades de conservação marinho-costei-ras, polícia am-biental e outros órgãos de con-trole, além da implantação de programas edu-cacionais que promovam um maior conheci-mento da legis-lação ambiental. “Sem esses recursos não é possível fazer uma ação planejada, mas apenas combater incêndios”.

No interior da APAA também são encontrados dois monu-mentos históricos: a Fortaleza de Santa Cruz, localizada na Ilha de Anhatomirim e a Igreja Nossa Senhora da Piedade, localizada na Armação da Piedade, ambos tombados pelo Instituto do Pa-trimônio Histórico Nacional e governo do Estado. A fortaleza foi tombada em 1938, restaurada na década de 80 e hoje sedia es-

tações de aqüicultura, de oceano-gra� a, exposições de artesanato e de arqueologia ligados à Univer-sidade Federal de Santa Catarina. Nos últimos anos, a construçãofoi incorporada a campanhas educa-tivas e turísticas de divulgação do aspecto histórico e cultural das construções militares do litoral Sul brasileiro.

A Ilha é uma das maiores do arquipélago de Florianópolis, com uma área aproximada de 4,5 qui-lômetros quadrados, cercada por encostas íngremes e uma peque-na praia na sua face Oeste.

Crescimento desordenado e intensa visitação prejudicam a Unidade de Conservação mais antiga do Estado

GRAZIELA MAY PEREIRA

Área de proteção de gol� nhos está ameaçada

Alberto Neves

Dono do restaurante Gol� nho há 18 anos, Alci Dorival Rosa , ou apenas Ci, recebe na alta tem-porada cerca de 800 pessoas por dia, que chegam ao local princi-palmente em escunas que saem do centro da capital e também da praia de Canasvieiras, Norte da Ilha. “Antes, este local era um rancho de pesca que abrigava embarcações. Apenas uma escu-na atracava aqui por dia. Come-çamos a fazer comida caseira para atender os turistas, num pequeno espaço preservado até hoje, aqui perto do atual restaurante. O negócio cresceu, construí o tra-piche e hoje podemos atender bem muita gente”, conta Ci com

a satisfação de quem, aos 41 anos, tem uma vida estruturada. De dezembro a abril, ele emprega 20 pessoas da comunidade para o restaurante que já recebeu famosos como o técnico da se-leção portuguesa de futebol, Luiz Felipe Scolari e o ator Edson Celulari. Na baixa temporada o restaurante funciona apenas aos � nais de semana, feriados e em excursões programadas.

Quando o assunto são os gol� nhos, que sempre habitaram aquela baía e que inspiraram o nome do restaurante, Ci muda de � sionomia. Segundo ele, os golf inhos desapareceram do local e hoje são encontrados na

localidade de São Miguel, mu-nicípio de Biguaçu, há poucos quilômetros da baía. “O motivo são as marisqueiras instaladas aqui perto, na praia da Armação da Piedade. Pequenos peixes como a tainhota, que são a co-mida dos gol� nhos, não nadam mais nas águas da baía porque ficam presos nas marisqueiras. Sem opção, os gol� nhos foram atrás do alimento e não estão mais aqui”, lamenta.

Outro morador antigo da Baía dos Gol� nhos, Antônio Porto, de 66 anos, critica ações do Ibama, que, segundo ele, prejudicam a vida dos moradores do local. “Trabalho com o transporte de

pessoas, das escunas até aqui. Vejo que os barcos grandes não respeitam a lei: colocam rede de pesca, trocam o óleo dentro da água e não são � scalizados. Mas o pequeno pescador que deixa uma pequena rede no mar, perto da praia, uns cinco dias para pe-gar uma ou duas tainhas, o Ibama multa e leva a rede”, reclama.

Para Ci e Antônio há muitas dúvidas sobre o que pode e o que não pode ser feito na unidade. “A lei tem que ser igual para todos, sem benefício exclusivo dos que tem alto poder aquisitivo. Esses podem pescar e construir man-sões e até fechar a praia, tornan-do-a particular”, denunciam.

Progresso X Meio Ambiente?ROSE MARY PAZ PADILHA

A APAA totaliza 4.750,39 hectares (ha), dos quais 2.792,77 ha são área de marinha, 1.946,49 ha correspondem à parte terrestre e os restantes 11,13 ha abrangem as áreas insulares.

Beleza do local atrai muitos turistas

Alberto Neves

Cleia Maria Braganholo

7caderno especial AL NotíciasSanta Catarina, 20 de outubro de 2006

Page 7: MEIO AMBIENTE: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO · Cada uma destas unidades tem um nível de proteção e de uso de nidos, conforme a lei federal nº 9.985, aprovada em 2000 e

8 Santa Catarina, 20 de outubro de 2006caderno especial AL Notícias

Em Santa Catarina foram criados, até este ano, três parques nacionais de preservação permanente: o de São Joaquim, o Parque Nacional das Araucárias (Ponte Serrada e Passos Maia) e Parque Nacional da Serra do Itajaí (Abelardo Luz). Dos três, o das Araucárias ainda gera polêmicas quanto a sua implantação, como a incerteza do futuro dos habitantes da região do parque.

Para garantir a proteção da . oresta com araucárias, o Ministé-rio do Meio Ambiente editou, em dezembro de 2002, as Portarias 507 e 508, de5 nindo áreas prioritárias para a criação de novas unidades de conservação nos estados do Paraná e Santa Catarina. Em nosso estado, a área proposta para ser transfor-mada em parque possui 12.841 hectares e abrange os municípios de Ponte Serrada e Passos Maia, no Meio-Oeste.

Outra área proposta para ser transformada em Estação Ecológica está localizada no município de Abelardo Luz, também no Meio-Oeste, e abrange 9.006 hectares. Ali existem três grandes fragmentos de . oresta muito próximos e com grande possibilidade de conexão. Um dos fragmentos abriga uma po-pulação considerável de araucárias e espécies da Mata Atlântica ame-açadas de extinção e está inserida numa região sob intensa pressão de exploração . orestal e ocupação agrícola. A região do Parque de São Joaquim é caracterizada pela

existência de campos, araucárias e . oresta subtropical.

Preocupação

A implantação do Parque Na-cional das Araucárias ainda gera con. itos. A população que vive na área demarcada está preocupada com o seu futuro. Cleusa Maria Tozzo De Marco, que trabalha no ramo madereiro, esclareceu que só em Passos Maia mais de mil famílias serão atingidas com a efetivação daquela unidade de conservação.

Há mais de 60 anos a família de Cleusa trabalha no ramo madeirei-ro, setor que representa 80% do movimento econômico de Passos Maia. “São áreas privadas e temos o direito assegurado de proprieda-de. Se houver a implantação tem que ter indenização prévia e justa”, protesta.

Conforme Cleusa, sua empresa trabalha com manejo sustentável, onde o volume de corte é sempre inferior ao volume de crescimento das árvores para que a . oresta con-tinue crescendo. “Desde 1997, foram plantadas em nossas fazendas mais de 400 mil mudas de araucárias. O Ibama exigia que para cada árvore retirada fossem plantadas dez. Nós sempre plantávamos umas 100 mudas para cada corte. Além disso, nunca trabalhamos com o corte raso. Com a criação desse parque nacional a nossa empresa é a que sai mais prejudicada”, a5 rma.

O superintendente do Ibama em Santa Catarina, Luiz Ernesto Trein, garante que os proprietá-rios afetados pela demarcação do parque serão indenizados. “Há uma movimentação dos grandes proprietários manipu-lando os pequenos proprietários e a opinião pública, dizendo que a criação do parque trará restrições no cultivo de outras culturas em seu entorno, em um raio de 10 quilômetros. Eles

inventaram isso. O raio é de 500 metros”, assegura Luiz Ernesto. As restrições em área de entorno, segundo ele, são para garantir a proteção pretendida à floresta.

Ele salientou que a imple-mentação do parque pelo gover-no federal atende à necessidade de proteger um dos últimos remanescentes da floresta com araucárias que, durante décadas, foi a base da economia daquela região, o que acabou exaurindo

os recursos. “Resta aos órgãos ambientais tentar salvar os últi-mos remanescentes, e podemos verificar que há uma fragmen-tação enorme no recorte deste parque. Exatamente porque não temos interesse algum nas áreas da agricultura, em que a f loresta já foi devastada, e nem nas plantações de árvores exóticas. Até pretendemos que elas sejam retiradas da área do parque”, assinala.

Para garantir a sobrevivência das poucas fl orestas com araucárias remanescentes, foram delimitados cerca de 13 mil hectares de áreas, não contínuas, para abrigar o Parque Nacional das Araucárias. Áreas destinadas à agricultura, em que a fl oresta foi totalmente devastada, não integram a Unidade de Conservação Ambiental

Proteção a orestasameaçadas provoca

DENISE ARRUDA BORTOLON

con itoscon itos

Ibama garante indenizações

O Parque Nacional mais antigo de Santa Catarina é o de São Joaquim, criado em par-ceria entre o governo do Estado e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal pelo Decreto n° 50.922, de 6 julho de 1961. Mesmo assim, a exploração . orestal contínua reduziu a pequenos fragmentos . orestais a área de 49.300 hectares do parque. Ocupa terras dos municípios de São Joaquim, Urubici, Bom Re-tiro e Orleans, na região Serrana. Este Parque possui três tipos de vegetação: os Campos Gerais, as Matas de Araucárias, localizadas mais comumente nas encostas e nos vales, e a Floresta Pluvial Subtropical que ocupa o fundo dos vales.

O velhoDecreto federal de 2004, criou o Parque

Nacional da Serra do Itajaí, com 57.374, que engloba os municípios de Vidal Ramos, Pre-sidente Nereu, Apiúna, Guabiruba, Indaial, Blumenau e Gaspar.

Através do turismo ecológico, a unidade proporcionou o desenvolvimento do artesa-nato local, hotéis e pousadas, gerando empre-gos e renda à comunidade da área do entorno, que continua exercendo normalmente suas atividades tradicionais. É fonte de pesquisas cientí5 cas de fauna e . ora, gerando conhe-cimento e ajudando a incrementar o ensino, a pesquisa e a extensão das universidades e faculdades.

O novo

Arquivo Fatma