medidas socioeducativas e o adolescente infrator - dr. j
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7/25/2019 Medidas Socioeducativas e o Adolescente Infrator - Dr. J
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Medidas socioeducativas e o adolescente infrator
Joo Batista Costa Saraiva
Juiz da Infncia e Juventude no RS
"...no vs ali, sentadasnessa casa, essascrianas que parecememergir dum sonho?Os mesmos que lhesdeviam amor lhesderam morte..."
(squilo. Orestada. 4!a..#
O TEMA
A abordagem do tema reativo !s medidas socioeducativas o"ortuniza
a uma s#rie de re$e%&es' () e%"eri*ncias magn+,cas em andamento
no Brasi- com resutados im"ressionantes- redu.o de reincid*ncia-
com"rometimento do Estado e da Sociedade e resutadose%"ressivos' A "ar dessa situa.o /) fracassos retumbantes-
indiferen.a do 0oder 01bico 2E%ecutivo- como um todo- e Sistema de
Justi.a 3 onde incuo Judici)rio- Minist#rio 01bico e Organismos de
Seguran.a e Atendimento4 e indiferen.a da "r5"ria sociedade'
As boas e%"eri*ncias- incusive em "riva.o de iberdade- raramente
encontram es"a.o na im"rensa "ara divuga.o' J) o contr)rio #
ob6eto de den1ncias 7ue se sucedem- como tem sido- "or e%em"o8 ecom acerto na den1ncia- "or se constituir em uma situa.o
insu"ort)ve e inadmiss+ve8 o modeo de atendimento "ara
adoescentes "rivados de iberdade da 9EBEM de So 0auo- e%"osta
na m+dia seguidamente "or suas mazeas e vioa.o dos direitos
/umanos dos adoescentes- em "rimeir+ssimo ugar- mas tamb#m de
suas v+timas e do "r5"rio "essoa 7ue traba/a com estes 6ovens'
:embram o "oro do AMISTA;
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Como sabemos- # ineg)ve 7ue estes 6ovens so- antes de mais nada-
v+timas de um sistema' ?+timas do abandono estata e da fam+ia- no
mais das vezes' Mas- # ineg)ve - 7ue tamb#m so- ou 7ue tamb#m
tornam@se- vitimizadores'
;o sucesso no trato da 7uesto infraciona- de nossa ca"acidade de
demonstrar o sentido de res"onsabiiza.o da :ei- 7ue contem"a
direitos e obriga.&es- de"ende o futuro do ECA e de toda a "ro"osta
magn+,ca 7ue encerra'
Como as boas e%"eri*ncias no tem sido reatadas- # incutido na
o"inio "1bica um sentimento faso de 7ue o modeo de atendimentode adoescentes infratores est) fadado a no funcionar' Ao ado disso-
os inimigos do ECA "ro"aam aos 7uatro ventos- semeando so,smas
e muitas inverdades- a id#ia fasa de 7ue o ECA teria se transformado
em um instrumento de im"unidade- confundindo conceitos- no
sabendo estabeecer a diferen.a entre inim"utabiidade "ena8 ou
se6a- a veda.o de submeter@se o adoescente ao regramento "ena
im"osto ao aduto- no Brasi os maiores de anos'
A"enas "ara referir a e%"eri*ncia euro"#ia- Aeman/a- B#gica-
Bug)ria- ;inamarca- Es"an/a 2desde o novo C0 es"an/o- 7ue
revogou a egisa.o "ena fran7uista4- 9ran.a- r#cia- (oanda-
(ungria- Ingaterra- It)ia- Rom*nia- Su#cia e Su+.a- ,%am a idade de
res"onsabiidade "ena em anos' Aeman/a- ;inamarca- Es"an/a-
Rom*nia e Su+.a- esta at# os D anos- e a7uees at# D anos- tem um
tratamento diferenciado "ara o F6ovem adutoG- 7ue "oder)- em
certas circunstncias submeter@se !s Fsan.&esG "r5"rias da
adoesc*ncia- mesmo 6) "enamente im"ut)veis' Estes "a+ses
"rev*em em suas egisa.&es a res"onsabiiza.o dos inim"ut)veis
2como o Brasi- "eo ECA4- com regramentos variadosH Aeman/a-
ustria- Bug)ria- (ungria- It)ia- a "artir dos anos8 B#gica-
0ortuga e Rom*nia a "artir dos K anos8 ;inamarca e Su#cia a "artir
dos anos- Es"an/a e (oanda 2como o Brasi4 a "artir dos D anos8
9ran.a- r#cia e 0oLnia a "artir dos anos e Ingaterra e Su+.a 7ue
do "ossibiidade de res"onsabiiza.o de crian.as- com san.&es
es"eciais- desde os sete anos' ?ide tabea ao ,na deste traba/o'
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9onteH Conse/o da Euro"aH R#actions sociaes ) a dein7uance
6uveni- in Caros TiNer Sotoma=or- :e= de 6usticia "ena 6uveni
Comentada = Concordada 3 P ed' 3 San Jos# 3 Costa Rica- C'R'H
Juriste%to- QQK- "' DD'
0or no saberem distinguir inim"utabiidade de im"unidade induzem
em erro a o"inio "1bica- trazem "ro"ostas reducionistas ! idade de
res"onsabiidade "ena- distorcem fatos' Muitos o fazem "or
descon/ecimento- "or ignorarem os instrumentos 7ue o Estatuto da
Crian.a e do Adoescente dis"&e' F?omitam a7uio do 7ua no se
aimentaramG- como certa vez sentenciou AntLnio Caros omes da
Costa'
Assim se a"roveitam os sim"istas de "rontido- diante do cima de
inseguran.a- vio*ncia e medo 7ue desnorteia a sociedade brasieira-
vitimizada "eo desem"rego e "ea "araisia de seus governantes- e
bradam com "ro"ostas de redu.o de idade de im"utabiidade "ena-
induzindo a o"inio "1bica no e7u+voco de 7ue inim"utabiidade seria
sinLnimo de im"unidade- construindo um imagin)rio de 7ue ta
aternativa seria a"ta a conter a criminaidade e restabeecer a
ordem'
"assada a id#ia de 7ue o sistema de atendimento de infratores no
tem 6eito- e 7ue motins e insurrei.&es so da rotina deste "rocesso-
com mortes- e desres"eito dos direitos /umanos de todos- dos
infratores- de suas v+timas- dos traba/adores do sistema'
A "ar disso trava@se entre os defensores do ECA um debate !s vezes
viri reativamente ! natureza 6ur+dica da medida socioeducativa- se o
Estatuto contem"ou ou no- sobre este ou outro ad6etivo- um direito
"ena 6uveni- sancionat5rio do adoescente 7uando autor de conduta
a 7ua a :ei 0ena de,ne como crime ou contraven.o Sobre o temaH
Amara e Siva- AntLnio 9ernando do'
FO mito da inim"utabiidade 0ena do AdoescenteG' In Revista da
Escoa Su"erior da Magistratura do Estado de Santa Catarina- v' -
9orian5"oisH AMC- QQ- e Saraiva- Joo Batista Costa' FAdoescente
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e Ato InfracionaH garantias "rocessuais e medidas socioeducativasG'
0orto AegreH :ivraria do Advogado- QQQ'
Este debate resutou e%acerbado desde 7ue "assou a ser discutido no
Brasi a necessidade ou no de uma :ei "ara reguar a e%ecu.o dasmedidas socioeducativas- ante a aus*ncia de dis"osi.&es es"ec+,cas-
notadamente a "artir de uma "ro"osta de esbo.o de ante"ro6eto da
avra do eminente ;esembargador Catarinense AntLnio 9ernando do
Amara e Siva- intransigente defensor do ECA- 7ue ense6ou muita
"o*mica entre os miitantes da )rea da infncia e 6uventude Esbo.o
"ara um ante"ro6eto de :ei de E%ecu.&es de Medidas S5cio@
Educativas- Te%to da ;iscusso- "ubicado "ea ABM0- em QQ'
A certeza 7ue se e%trai de todo o debate e do ambiente 7ue se
estabeece diz como a necessidade de se demonstrar o 5bvio' Sim-
"or7ue o 5bvio "recisa ser dito' ua se6a- de 7ue o Estatuto "rev*
sou.&es ade7uadas e efetivas ! 7uesto da c/amada dein7U*ncia
6uveni e o 7ue nos tem fatado # a efetiva.o destas "ro"ostas-
seguramente "or aus*ncia de deciso "o+tica- mas no a"enas "or
isso- tamb#m "ea ina.o da sociedade- 7ue "arece- em es"ecia em
nosso centros urbanos maiores- adormecida- indiferente ao destino denossas crian.as e 6ovens- "rioridade absouta da
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Ocorre 7ue nas vizin/an.as /avia um con/ecido assassino- motivo
"eo 7ua a mu/er a evitava' Vm dia- demorou@se mais 7ue de
costume- e 7uando c/egou ao rio- o bar7ueiro no 7uis ev)@a-
dizendo 7ue seu e%"ediente tin/a terminado'
A mu/er "ediu ao amante 7ue a acom"an/asse at# a "onte- mas
este recusou- aegando cansa.o' A mu/er resoveu arriscar- e o
assassino a matou'
Simone ento "erguntaH 7uem # o cu"adoY O bar7ueiro burocrataY O
amante negigenteY Ou a "r5"ria mu/er- "or ad1teraY E comentaH @
Em gera- as "essoas cu"am um destes tr*s- mas ningu#m se embra
do assassino' como se fosse norma "ara um assassino assassinar'
uando retoma com for.a a id#ia de redu.o da idade de
res"onsabiidade "ena "ara fazer im"ut)ve os 6ovens a "artir dos K
anos 2/) 7uem defenda menos4- em es"ecia "or7ue se descon/ece
as medidas socioeducativas- esta /ist5ria "ermite uma trans"osi.o
"ara a reaidade de nossa discusso'
Esta tese- do rebai%amento da idade- em "rinc+"io- conven.o@me- sefaz inconstituciona- "ois o direito inscu"ido no art' DD- da C9 27ue
,%a em anos a idade de res"onsabiidade "ena4 se constitui em
c)usua "#trea- "ois # ineg)ve seu conte1do de Zdireito e garantia
individuaZ- referido no art' K- I? da C9 como insusce"t+ve de
emenda' ;emais a "retenso de redu.o vioa o dis"osto no art'
da Conven.o das
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A 7uesto da res"onsabiiza.o do adoescente infrator e a eventua
sensa.o da im"unidade 7ue # "assada "ara a o"inio "1bica
decorre no do te%to ega nem da necessidade de sua atera.o @
mesmo se admitindo no ser o Estatuto da Crian.a e do Adoescenteuma obra "ronta e acabada' A 7uesto toda se funda na
incom"et*ncia do Estado na e%ecu.o das medias s5cio@educativas
"revistas na :ei- a ine%ist*ncia ou insu,ci*ncia de "rogramas de
e%ecu.o de medidas em meio aberto e a car*ncia do sistema de
internamento 2"riva.o de iberdade4- denunciado diariamente "ea
im"rensa- com raras e /onrosas e%ce.&es'
Como no caso do /omic+dio da mu/er ad1tera narrado "or Simonese ,ca discutindo o crescimento da vio*ncia 6uveni @ es7uecendo 7ue
tem como causas o desem"rego- a mis#ria- a deseduca.o e a
desagrega.o famiiar @ - se ,ca a,rmando a necessidade de redu.o
da res"onsabiidade "ena @ es7uecendo 7ue o sistema "ena
brasieiro # ca5tico- "retendendo an.ar 6ovens de K anos no conv+vio
de criminosos adutos @ - e no se faa do verdadeiro vio- 7ua se6a- a
aus*ncia de com"rometimento do Estado e da Sociedade com a
efetiva.o das "ro"ostas trazidas "eo ECA'
O modeo "reconizado "eo ECA # totamente e,caz e ade7uado- e
esto a+ as e%"eri*ncias onde /ouve uma efetiva a"ica.o a
demonstrar o 7ue a,rmo- res"onsabiizando e recu"erando 6ovens-
devendo sim ser efetivado o 7ue Marce (o"e vaticinaH O Estatuto # a
receita- 7ue a n5s cum"re aviar' Em resumoH fa/as /) e so graves-
mas no so fa/as de egisa.o'
O erro 7ue subsiste est) na e%ecu.o das medidas- na aus*ncia 2ou
insu,ci*ncia4 de investimentos nesta )rea e na necessidade de uma
organiza.o "r5"ria e es"eciaizada "ara o trato de 6ovens em
confronto com a ei- cu6os e%igem tratamento diferenciado da7uee
dedicado a 6ovens e crian.as em situa.o e%cusiva de abandono ou
"ortadores de necessidades es"eciais'
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e estabeecendo com careza os imites de res"onsabiidade de cada
ator 7ue o"era na cena do trato do adoescente em con$ito com a ei'
;a+ "or7ue ser o"ortuno 7ue e%ista uma ei de e%ecu.o de medidas
socioeducativas- rom"endo com a desreguamenta.o desta )rea e
o"ondo@se de,nitivamente ao arb+trio'
En7uanto se des"ende energia vita discutindo redu.o da idade de
res"onsabiidade crimina- "ermanecemos a ignorar a 7uesto
fundamenta- 7ua se6a- basta se dar meios de e%ecu.o !s medidas
7ue o ECA "ro"&e 7ue se acan.ar) os resutados 7ue toda a
sociedade a,rma dese6ar' O fato # 7ue faamos muito em iguadade
de direitos e de obriga.&es- mas no momento de cobrarmos-
es"eciamente dos e%cu+dos suas obriga.&es- 7ue so iguais a 7uee%igimos dos incu+dos- nos es7uecemos de 7ue !7uees no se
assegura os mesmos direitos do 7ue a estes'
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autores de ato infraciona e 7ue a a"ica.o destas san.&es- a"tas a
interferir- imitar e at# su"rimir tem"orariamente a iberdade dos
6ovens- /) 7ue se dar dentro do devido "rocesso ega- sob "rinc+"ios
7ue so e%tra+dos do direito "ena- do garantismo 6ur+dico- da ordem
constituciona 7ue assegura os direitos de cidadania' O Estato de;ireito se organiza no binLmio direitodever- de modo 7ue !s "essoas
em "ecuiar condi.o de desenvovimento- assim de,nidas em ei-
cum"re ao Estado de,nir@/e direitos e deveres "r5"rios de sua
condi.o' A san.o estatut)ria- nominada medida socioeducativa-
tem ineg)ve conte1do a$itivo 2como diria o ve/o Basieu arcia4 e
"or certo esta carga retributiva se constitui em eemento "edag5gico
im"rescind+ve ! constru.o da "r5"ria ess*ncia da "ro"osta
socioeducativa'
() a regra e /) o Lnus de sua vioa.o' ;esta forma somente "oder)
ser sancion)ve o adoescente em determinadas situa.&es' S5
receber) medida socioeducativa se autor de determinados atos'
uaisY uando autor de ato infraciona' E o 7ue # ato infracionaY A
conduta descrita na :ei 20ena4 como crime e contraven.o'
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tem"or)rio- mas 6amais ser) destinat)rio de uma medida
socioeducativa se o seu agir- fosse ee "enamente im"ut)ve- seria
insusce"t+ve de re"rova.o estata'
Se constitui isso- no "ano do direito- o 7ue- entre outros efeitos-trou%e a ;outrina da 0rote.o Integra "ara o cor"o do ordenamento
6ur+dico ")trio- incor"orado no ECA no trato da 7uesto infraciona' Ou
se6a- /) 7ue ser e%aminado o cabimento da a"ica.o da medida
socioeducativa ao infrator sob o "risma- sob os fundamentos- do
;ireito 0ena'
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necessariamente ser) reaizada com a "resen.a do advogado
constitu+do nomeado "reviamente "eo Juiz da Infncia e da
Juventude- ou "eo 6uiz 7ue e%er.a essa fun.o- na forma da :ei de
Organiza.o Judici)ria oca'
A inim"utabiidade "ena do adoescente- c)usua "#trea institu+da no
art' DD da Constitui.o 9edera- signi,ca fundamentamente a
insubmisso do adoescente "or seus atos !s "enaiza.&es "revistas
na egisa.o "ena- o 7ue no o isenta de res"onsabiiza.o e
sancionamento' A,na "ena e san.o so conceitos 7ue se tocam -
embora no se confundam' Ai)s- as san.&es administrativas-
advert*ncias- sus"enso- etc- so es"#cies de "enaiza.o de uma
egisa.o es"ecia- a administrativa' As san.&es tribut)rias- mutas-etc'- so es"#cies de "enaiza.o de outro ramo de egisa.o
es"ecia- e assim "or diante'
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ou se6a- somente ser) boa se necess)ria- e somente ser) necess)ria
7uando cab+ve- e somente cab+ve nos imites da egaidade-
observado o "rinc+"io da anterioridade "ena' Se no /) ato
infraciona- no se "ode cogitar em san.o'
0ode@se ver o adoescente inserido em "rogramas de "rote.o- mas
no em "rogramas socioeducativos- na forma como se organiza o
ECA- 7ue faz uma cara e e%"+cita distin.o entre medidas de
"rote.o @ Art' do ECA @ e medidas socioeducativas @ Art' D do
ECA @- a7ueas "ass+veis de terem como destinat)rios crian.as e
adoescentes e estas 7ue tem como avo a"enas adoescentes a
7uem se atribua a "r)tica de ato infraciona'
Sob o t+tuo deste ca"+tuo o sem"re atento Edson S*da fez "ubicar
um artigo onde tece observa.&es 7uanto ! di,cudade de aguns
segmentos em admitir- mais "or descon/ecimento- do 7ue "or outra
razo- a natureza "ena de certas dis"osi.&es do ECA' 0or certo se
toma a e%"resso natureza "ena em seu car)ter de garantismo- nos
"rinc+"ios 7ue norteiam esta ci*ncia- criado como garantia do cidado
contra o Estado'
O te%to de S*da surgiu de um 7uestionamento de agu#m 7ue
a,rmava 7ue as regras do ECA eram de ;ireito Civi e%cusivamente-
como se fosse "oss+ve dividir os ramos do direito em civi e "ena'
O fato de o ;ireito da Infncia e Juventude se constituir em um
sistema autLnomo no resta d1vida' AutLnomo o # o direito civi- o
"r5"rio direito "ena- o comercia- etc' Esta autonomia entretanto #- e
necessariamente sem"re ser)- reativa' ;iz res"eito aos "rinc+"ios
7ue o informam- como no caso do direito da infncia- os "rinc+"ios da
"rioridade absouta- da "ecuiar condi.o
de "essoa em desenvovimento- do car)ter e%ce"ciona da "riva.o
de iberdade- etc' Mas /) )reas de intersec.o entre as ci*ncias' Ai)s
o direito da infncia e da 6uventude- "or "rinc+"io- # o mais
transdisci"inar dos direitos- estabeecendo uma interface
"ermanente com outras )reas como "sicoogia- socioogia- "edagogia-
etc' Mas no e%iste uma autonomia absouta'
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contaminado' O direito # formado "or um con6unto de sistemas 7ue
se interigam'
Assim- /) normas de direito civi- de direito "ena- de direito
tribut)rio- de direito administrativo- no direito da infncia' uandocriou o Conse/eiro Tutear o ECA criou uma ,gura /+brida de ;ireito
Administrativo'
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/istoricamente- crian.as e adoescentes foram e%cu+das dessas
garantias e continuaram a ser "unidas sem 7ue os cuidados
reservados aos adutos fossem res"eitados' 0or 7u* issoY Trato dessa
mat#ria em deta/es num outro te%to c/amado E ;erec/o a :as
O"ortunidades 2Edi.o Ad*s- fora do com#rcio4'
A7ui basta dizer 7ue nesse "assado 7ue estamos com"usoriamente
encerrando agora em QQQ se "raticou uma e%cuso conce"tua de
crian.as e adoescentes no mundo dos direitos e dos deveres
c/amado tamb#m mundo do ;ireito' E%cu+dos conceituamente da
condi.o cidad 2eram tidos como cidados do futuro- no cidados
da7ui e dagora4- crian.as e adoescentes automaticamente ,caram
e%cu+dos dos benef+cios da cidadania- entre os 7uais- "rinci"amente-o da "resun.o de inoc*ncia 2no se # infrator "or mera den1ncia'''4 e
o de no serem "unidos "ubicamente "or condutas 7ue "raticadas
"or adutos no so "un+veis' Re"etindo "ara su"erior carezaH
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;ireito Crimina- 7ue o"era con7uistas cient+,cas- traba/a com
recursos t#cnicos 2visando ! e,ci*ncia e ! e,c)cia4 e se rege "or
normas de organiza.o socia 2ordenamento 6ur+dico do "a+s4 de
car)ter''' 6ur+dico 2ufa outra vez4' Avan.ado- o Estatuto da Crian.a e
do Adoescente "auta@se "or essas con7uistas da cidadania- se n5s-cidados- temos a "erce".o de 7ue esse Estatuto se6a um
instrumento v)ido "ara os novos tem"os 7ue se iniciam- digamos- no
"rimeiro dia do ano D''
ue 7uer dizer issoY uer dizer 7ue estendemos !s crian.as e aos
adoescentes os benef+cios do ;ireito Crimina' Ento- o Estatuto-
nessa mat#ria- trata sim de ;ireito Crimina e o faz da forma mais
subime "oss+veH uando a um adoescente se im"uta 2# im"ut)ve4uma conduta 7ue # de,nida como crime ee goza da "resun.o da
inoc*ncia- tem direito ! am"a defesa "or advogado- # submetido a
um 6ugamento 6usto "ara res"onder "or sua conduta 2# res"ons)ve4-
ter) sua cu"a aferida no devido "rocesso ega "revisto no Estatuto
2# cu")ve- tem cu"abiidade4 "or 6uiz im"arcia' Se for inocente 2se
no for cu"ado4 ser) absovido 2ver o rigoroso artigo Q do
Estatuto4' Se for cu"ado ser) condenado' Em 6ugamento 6usto-
segundo o grau de gravidade de sua conduta- ser) sentenciado !re"reenso- ou ! re"ara.o do dano causado- ou a "restar servi.os
comunit)rios- ou ,car em iberdade assistida 2ter) sua iberdade
cerceada sob certos cuidados "edag5gicos4- ou ,car em semi@
iberdade- ou ,car internado- "rivado de iberdade- 7uer dizer- "reso'
Se isso no # o ;ireito crimina- a ser a"icado com 6usti.a e garantia
dos direitos /umanos e sociais "eo Estatuto- se isso # ;ireito Civi
como S'R' a,rmou- eu no sei o 7ue # ;ireito Crimina nem sei o 7ue
# ;ireito Civi'G S*da- Edson' FOs Eufemistas e as Crian.as no BrasiG-
MIMEO- Rio de Janeiro- QQQ'
AS ME;I;AS SOCIOE;VCATI?AS
O ECA "rev* dois gru"os distintos de medidas socioeducativas' O
gru"o das medidas socioeducativas em meio aberto- no "rivativas
de iberdade 2Advert*ncia- Re"ara.o do ;ano- 0resta.o de Servi.os
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! Comunidade e :iberdade Assistida4 e o gru"o das medidas
socioeducativas "rivativas de iberdade 2Semi@iberdade e Interna.o4'
A maior "arte do debate na 7uesto das medidas socioeducativas
tem surgido a "artir da grave crise 7ue se abate sobre o sistema deinterna.o' A "rinc+"io # necess)rio informar 7ue /) muitos bons
e%em"os de interna.o de adoescentes "rivados de iberdade
funcionando no Brasi' Menciono- sem /esita.o- o Centro da
Juventude de Santo Xngeo- no Rio rande do Su- a,rmando 7ue no
# necess)rio ir ! CoLmbia A"esar de a egisa.o coombiana ser
muito de,cit)ria- tem@se a"ontado a CoLmbia- onde o traba/o com
adoescentes infratores # reaizado "or uma Ordem Reigiosa- como
um bom e%em"o no tratamento de infratores "rivados de iberdade'"ara con/ecer estabeecimentos 7ue funcionam bem' Muitos outros
"oderiam ser referidos'
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ME;I;AS SOCIOE;VCATI?AS EM MEIO ABERTO
Reativamente ao "rimeiro gru"o de medidas- a "ena reaiza.o
desses "rogramas est) vincuada em direta "ro"or.o ao grau de
com"rometimento do Juizado da Infncia e Juventude oca com suaefetiva.o' En7uanto em rea.o !s medidas s5cio@educativas 7ue
im"ortam em "riva.o de iberdade resta "aci,cado o entendimento
de 7ue a efetiva.o dos "rogramas de atendimento so de
com"et*ncia do E%ecutivo das Vnidades 9ederadas- reativamente ao
"rimeiro gru"o de medidas nada obsta 7ue os "rogramas se6am
reaizados "eos "r5"rios Juizados 2e%ce"cionamente4- ou "or estes
em articua.o com o Estado- ou - "referenciamente - com Munic+"io
ou "or organiza.&es no@governamentais' Estes "rogramas- visam aoatendimento de adoescentes em "resta.o de servi.os !
comunidade e em iberdade assistida' A advert*ncia- a mais branda
das medidas "reconizadas "eo art' D- esgota@se na admoesta.o
soene feita "eo Juiz ao infrator em audi*ncia es"eciamente "autada
"ara isso8 en7uanto a re"ara.o do dano su"&e um "rocedimento de
e%ecu.o de medida 7ue se e%aure na contra"resta.o feita "eo
adoescente- consoante estabeecido em senten.a e cienti,cado o
infrator em audi*ncia admonit5ria'
As medidas de "resta.o de servi.os ! comunidade e de iberdade
assistida t*m@se reveado as mais e,cazes e e,cientes entre as
"ro"ostas "ea ei' A e%em"o da "resta.o de servi.os ! comunidade
"revista "ara o im"ut)ve como "ena aternativa "eo C5digo 0ena- a
medida s5cio@educativa corres"ondente "ressu"&e a reaiza.o de
conv*nios entre os Juizados e os demais 5rgos governamentais ou
comunit)rios 7ue "ermitam a inser.o do adoescente em "rogramas
7ue "reve6am a reaiza.o de tarefas ade7uadas !s a"tid&es do
infrator'
9orma@se a+ o res"ectivo "rocesso de e%ecu.o de medida de 0SC-
com reatos mensais fornecidos "eo 5rgo conveniado onde o
adoescente "resta o servi.o' O encamin/amento do 6ovem a estes
5rgos se far) "or "r#via audi*ncia admonit5ria- onde recebe a
orienta.o reativa ao cum"rimento da medida- sendo cienti,cado de
suas res"onsabiidades e dos ob6etivos buscados' A "r#via esco/a da
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entidade "ara onde o adoescente em 0SC # encamin/ado faz@se
mediante avaia.o de suas condi.&es "essoais- em 6u+zo de
e%ecu.o de medida' ()- "ortanto- uma fase "r#@in+cio da medida-
buscando a de,ni.o da entidade mais ade7uada "ara receber o
infrator' ;ecorrido o "razo de cum"rimento- "or "er+odo noe%cedente a seis meses- nova audi*ncia marcar) o encerramento da
medida- em face dos reatos da institui.o' A "ro"5sito- tanto a7ui-
como na :A- o adoescente # advertido de 7ue o descum"rimento
in6usti,cado da medida "oder) resutar na regresso dessa medida
mais grave 3 at# mesmo "rivativa de iberdade- 7uando o ento
m5duo m)%imo de "riva.o ser) de tr*s meses 2art' DD- _ [4'
A iberdade assistida constitui@se na7uea 7ue se "oderia dizerFmedida de ouroG' Assim dito- /a6a vista os e%traordinariamente
eevados +ndices de sucesso acan.ados com esta medida- desde 7ue-
evidentemente- ade7uadamente e%ecutada' Im"&e@se 7ue a iberdade
assistida reamente o"ortunize condi.&es de acom"an/amento-
orienta.o e a"oio ao adoescente inserido no "rograma- com
designa.o de um orientador 6udici)rio 7ue no se imite a receber o
6ovem de vez em 7uando em um gabinete- mas 7ue de fato "artici"e
de sua vida- com visitas domiciiares- veri,ca.o de sua condi.o deescoaridade e de traba/o- funcionando como uma es"#cie de
FsombraG- de referencia "ositivo- ca"az de /e im"or imite- no.o de
autoridade e afeto- oferecendo@/e aternativas frente aos obst)cuos
"r5"rios de sua reaidade socia- famiiar e econLmica'
Estes "rogramas de :A- de onde se e%trai a ,gura do orientador-
tanto "odem ser governamentais- como comunit)rios- funcionando os
Juizados como 5rgos de e%ecu.o de medida- acom"an/ados "or
reatos mensais- com avaia.&es "eri5dicas- nunca inferiores a seis
meses- reativos ! evou.o da medida'
Como na 0SC- a :A tem in+cio em uma audi*ncia admonit5ria- onde o
adoescente # a"resentado a seu orientador 6udici)rio e na 7ua so
estabeecidas as combina.&es iniciais sobre o cum"rimento da
medida- sendo- como na 0SC- advertido da necessidade de
cum"rimento dessas combina.&es- sob "ena- incusive- de regresso
da medida'
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A manuten.o de adoescentes infratores ade7uadamente assistidos-
com"rometendo@se a sociedade com esses "rogramas- acan.a
sucesso na medida em 7ue no se fa.a da medida de :A um
simuacro de atendimento- como muitas vezes se faz em rea.o aosim"ut)veis coocados em sursis'
ME;I;AS 0RI?ATI?AS ;E :IBER;A;E
As medidas s5cio@educativas 7ue im"ortam em "riva.o de iberdade
/o de ser norteadas "eos "rinc+"ios da brevidade e
e%ce"cionaidade consagrados no art' D do ECA- res"eitada a"ecuiar condi.o de "essoa em desenvovimento' A,rma AntLnio
Caros omes da CostaH Tr*s so os "rinc+"ios 7ue condicionam a
a"ica.o da medida "rivativa de iberdadeH o "rinc+"io da brevidade-
en7uanto imite crono5gico8 o "rinc+"io da e%ce"cionaidade-
en7uanto imite 5gico no "rocesso decis5rio acerca de sua a"ica.o8
e o "rinc+"io do res"eito ! condi.o "ecuiar de "essoa em
desenvovimento- en7uanto imite onto5gico- a ser considerado na
deciso e na im"ementa.o da medida Cur=- M'Amara e Siva-A'Mendez- E'' @ Coord'- Estatuto da Crian.a e do Adoescente
Comentado- Coment)rios Jur+dicos e Sociais- Ma/eiros E;'- So 0auo
@ S0'
As medidas "rivativas de iberdade 2semi iberdade e internamento4
so somente a"ic)veis diante de circunstncias efetivamente graves-
se6a "ara seguran.a socia- se6a "ara seguran.a do "r5"rio
adoescente infrator- observando@se com rigor o estabeecido nos
incs' I a III do art' DD- reservando@se es"eciamente "ara os casos de
ato infraciona "raticado com vio*ncia ! "essoa ou grave amea.a ou
reitera.o de atos infracionais graves' A deibera.o "eo
internamento fora das /i"5teses do art' DD- do ECA- vioa
iteramente a ei'
Cum"re destacar- "or#m- 7ue a deciso "eo internamento dever)
ocorrer Fem 1tima aternativaG- como e%"ressamente dis"osto no _
D[ do art' DD- considerado o "rinc+"io da e%ce"cionaidade- de
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car)ter norteador do sistema'
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Em resumo- "ermito@me re"etir@me a mim mesmoH uando se mitiga
o conte1do a$itivo da san.o socioeducativa est)@se ignorando 7ue
esta tem uma carga retributiva- de re"rovabiidade de conduta' A
medida socioeducativa ade7uadamente a"icada ser) sem"re boa-
mas somente ser) sem"re boa se o adoescente se ,zer su6eito dea-ou se6a- somente ser) boa se necess)ria- e somente ser) necess)ria
7uando cab+ve- e somente cab+ve nos imites da egaidade-
observado o "rinc+"io da anterioridade "ena e o con6unto do sistema
de garantias'
Ae'
Estrasburgo- outubro de QQ'
;ados fornecidos "eos diferentes consuados'
O novo C0 es"an/o ,%ou a idade de res"onsabiidade "ena em
anos- "revendo a ,gura do F6ovem adutoG 2como a Aeman/a4- entre
e D anos 2:e= Org)nica QQ- de D''Q' Refer*ncia
bibiogr),caH TI99ER SOTOMAOR- Caros' :e= de 6usticia "ena
6uveni anotado = concordado 3 P ed 3 San Jos#- Costa RicaH
Juriste%to- QQK'
BIB:IORA9IA
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Amara e Siva- AntLnio 9ernando do' FO mito da inim"utabiidade
0ena do AdoescenteG' In Revista da Escoa Su"erior da Magistratura
do Estado de Santa Catarina- v' - 9orian5"oisH AMC- QQ
Armi6o- ibert' FManua de ;erec/o 0rocesa 0ena JuveniG 3 P ed' 3San Jos# 3 Costa RicaH IJSA- QQ'
Cur=- M'Amara e Siva- A'Mendez- E'' @ Coord'- Estatuto da Crian.a
e do Adoescente Comentado- Coment)rios Jur+dicos e Sociais-
Ma/eiros E;'- So 0auo @ S0
Saraiva- Joo Batista Costa' FAdoescente e Ato InfracionaH garantias
"rocessuais e medidas socioeducativasG' 0orto AegreH :ivraria doAdvogado- QQQ'
S*da- Edson' FOs Eufemistas e as Crian.as no BrasiG- MIMEO- Rio de
Janeiro- QQQ
Sotoma=or -Caros TiNer- :e= de 6usticia "ena 6uveni Comentada =
Concordada 3 P ed' 3 San Jos# 3 Costa Rica- C'R'H Juriste%to- QQK