medidas socioeducativas de internaÇÃo

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PROGRAMA DE EXECUÇÃO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS DE INTERNAÇÃO E SEMILIBERDADE DO RIO GRANDE DO SUL - PEMSEIS (REVISADO) PORTO ALEGRE - 2010 -

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PROGRAMA DE EXECUO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS DE INTERNAO E SEMILIBERDADE DO RIO GRANDE DO SUL - PEMSEIS (REVISADO)

PORTO ALEGRE - 2010 -

GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DA JUSTIA E DESENVOLVIMENTO SOCIAL SJDS FUNDAO DE ATENDIMENTO SCIO-EDUCATIVO DO RS FASE

Irany Bernardes de SouzaPresidente

Bayard Paschoa PereiraDiretor Administrativo

Ledi de Oliveira TeixeiraDiretora de Qualificao Profissional e Cidadania

Neide BragagnoloDiretora Socioeducativa

Execuo da Reviso Coordenao: Marli Claudete da Silva Lima (Psicloga/Assessora Tcnica - DSE) Grupo de Trabalho: Marli Claudete da Silva Lima (Psicloga / Assessora - DSE) Paulo Dilamar de Castro da Silva (Tcnico em Recreao Case Santo ngelo) Rosalba Leite Merlin (Tcnica em Educao DSE) Ana Maria Rotili Teixeira (Assessora de Educao - DSE) Contribuio: Sade Mrcia Borges Nunes Regina, Caroline da Rosa,Valdirene D'avila Bandeira, Elisa Maria Dellosbel, Angelisa Meneses, Fernanda Ascolese de Lima, Guacira Gomes Abreu, Sueli Bakalarczyk, Cristiane Jovita, Raquel Mortari, Ricardo Piovesan, Aline Vargas Ruschel. Servio Social Alexandre Onzi Pacheco, Maria do Carmo Ney Marques, Juliana Colombo Costa, Malena Bello Ramos, Mariza Bemfica Garcia, Raquel Moura Baptista, Rossana Alicinda Dias, Silvia Regina Capra. Psicologia Maiana Ribeiro Rodrigues, Tnia Regina Dorneles da Costa, Maristela Ferreira, Analice Brusius, Lisiane Ross Soares, Tas Maidana, Marta Gomes. Educao Ana Maria Rotili Teixeira, Rosalba Leite Merlin, Maria Silveira Marques, Eremita Gouvea de Souza, Ara Maria Carvalho, Cntia H. Abraho, Margareth Lages Lenz, Zoraide Freitas Testa, Janana de Freitas Mildner, Claudino Valentin Troian. Recreao Paulo Dilamar de Castro da Silva, Iolanda Ins Behn, Ramiro Cordeiro, Bruno Krenzinger, Roberto Marquetti, Isabel Cristina Berlese, Alessandro Madalena da Silva. Direito Nilo Srgio Schwindt, Oswaldir Daniel da Cunha Nunes, Helga Regina L. Ozrio, Sade Maria S. Rosemberg, Lisange Moreira Freitas, Paulo Pediriva, Glauco Zorawski. Egresso Eremita Gouvea de Souza, Mariza Bemfica Garcia. DA Neuza Marques Praetzel, Charles Pizzato, Paulo Alario d'Avila. DQPC Hrcules Arajo de Menezes, Marta Gomes. Diretores dos Centros de AtendimentoMINUTA DA REVISO DO PEMSEIS

SUMRIO INTRODUO ............................................................................................................ 6 I - REVISO ................................................................................................................ 7 1.1 Proposta de Reviso ....................................................................................... 7 1.2 - Justificativa da Reviso ................................................................................... 7 1.3 Marco Situacional da FASE ............................................................................ 9 1.4 Histria da Concepo Arquitetnica ............................................................ 10 1.5 -Variao Anual da Populao na FASE .......................................................... 14 II ESTRUTURA DE ATENDIMENTO DOS DIREITOS DO ADOLESCENTE .......... 15 2.1 - Polticas de Atendimento ............................................................................... 15 III ESTRUTURAO DO TRABALHO DA FASE ................................................... 17 3.1 Concepo .................................................................................................... 17 3.2. Perspectiva e Projeto Pedaggico ............................................................... 18 3.2.1 Princpios e Diretrizes do Atendimento da FASE ................................... 21 3.2.2 - Tcnicas da Ao Sociopedaggica ....................................................... 23 IV DA PRTICA DO ATO INFRACIONAL ............................................................... 25 4.1 Breve Conceituao...................................................................................... 25 4.2 - Internao Provisria ..................................................................................... 25 4.3 Medidas Socioeducativas ............................................................................. 28 4.3.1 - Da Medida Socioeducativa de Internao ............................................... 30 4.3.1.1 - Da Possibilidade de Atividade Externa ............................................. 31 4.3.2 Da Medida Socioeducativa de Semiliberdade ........................................ 36 4.4 Da Regresso de Medida Socioeducativa .................................................... 39 V DA PRTICA SOCIOEDUCATIVA NA FASE ....................................................... 41 5.1 Programa dos Centros de Atendimento ........................................................ 41 5.2 - Etapas e Metodologia do Atendimento .......................................................... 42 5.3 Equipe de Profissionais da Socioeducao dos Centros de Atendimento .... 47 5.3.1 Equipe diretiva ....................................................................................... 48 5.3.2 Equipe de agentes socioeducadores ..................................................... 48 5.3.3 Equipe de apoio ..................................................................................... 49 5.3.4 Equipe tcnica ........................................................................................ 49 5.4 Atribuio por reas Tcnicas na Socioeducao ........................................ 52 5.4.1 Educao ............................................................................................... 52 5.4.2 - Recreao............................................................................................... 57 5.4.3 Servio Social ........................................................................................ 60 5.4.4 Psicologia ............................................................................................... 62 5.4.5 Direito ..................................................................................................... 64

5.4.6 - Sade...................................................................................................... 64 5.5 Fluxos e Rotinas do atendimento.................................................................. 72 5.6 Dinmica institucional ................................................................................... 77 VI - PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO DOS ADOLESCENTES EGRESSOS . 88 VII MONITORAMENTO E AVALIAO .................................................................. 94 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 101 Anexo 1 ................................................................................................................... 105 Anexo 2 ................................................................................................................... 109 Anexo 3 ................................................................................................................... 111 Anexo 4 ................................................................................................................... 112 Anexo 5 ................................................................................................................... 113 Anexo 6 ................................................................................................................... 114 Anexo 7 ................................................................................................................... 117 Anexo 8 ................................................................................................................... 118 Anexo 9 ................................................................................................................... 119

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INTRODUO Na perspectiva da Doutrina da Proteo Integral, o Sistema de Administrao da Justia Juvenil estabelece as bases para a afirmao e garantia de direitos. Especificamente no universo e atendimento ao adolescente autor de ato infracional, destaca-se a necessidade da estruturao de um programa capaz de dar uma resposta pedaggica eficaz ao propsito da reintegrao social. O Estado do Rio Grande do Sul vem contemplando essa exigncia desde o ano de 2002, quando do traado de um documento norteador de suas aes atravs da primeira edio do Programa de Execuo de Medidas Scio-Educativas de Internao e Semiliberdade PEMSEIS. Entretanto, como toda proposta pedaggica um processo dinmico, o referido Programa foi atualizado seguindo os mais recentes parmetros da socieducao. Sublinhando que foram mantidos, como na primeira edio, os pressupostos de sistematizao da interveno institucional junto aos adolescentes; dos aspectos tericos e operacionais que devem configurar um trabalho sociopedaggico centrado na individualidade de cada adolescente; da efetivao dos direitos e deveres previstos no ECA. Assim, como forma de dar continuidade qualificao do trabalho e de ratificar os aspectos participativos da gesto, a presente reviso teve a contribuio das diferentes categorias profissionais que operam na Fundao h muito tempo, cujos saberes imprimem os elementos imprescindveis para a solidificao da poltica institucional. Significa tambm a ampliao da qualidade dos servios que devem culminar na reinsero social da populao atendida. Esta edio revisada est condensada em captulos, de acordo com as especificidades do Programa, a saber: Estrutura de Atendimento dos Direitos do Adolescente; Estruturao do Trabalho da FASE; Da Prtica do Ato Infracional; Da Prtica Socioeducativa na FASE; Programa de Acompanhamento de Adolescentes Egressos; Monitoramento e Avaliao; Bibliografia e Anexos.

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I - REVISO

1.1 Proposta de Reviso O PROGRAMA tem por finalidade traar a poltica pedaggica da FASE para a execuo das medidas socioeducativas de Internao e Semiliberdade, no estado do Rio Grande do Sul, estabelecendo as diretrizes e aes a serem operacionalizadas em cada unidade, atravs do Programa de Atendimento e do Plano Coletivo. Tendo como objetivo realinhar os princpios e diretrizes bsicas para a execuo das medidas socioeducativas de Internao e Semiliberdade, o processo de reviso foi inspirado, em parte, no material didtico constante na coleo de guias elaborados pelo consultor Antnio Carlos Gomes da Costa, publicado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos SEDH, em 2006. A opo levou em conta a legitimidade da obra, por ser referendada por aquela Secretaria e por constituir-se no instrumento que fundamenta os atuais parmetros para o realinhamento conceitual, estratgico e operacional do programa de atendimento socioeducativo. H que se ressaltar que o processo de atualizao enfrenta alguns desafios e limites, tais como: estrutura fsica em desalinho com os atuais parmetros nacionais da socieducao; carncia de um sistema integrado de informatizao de dados; processo de regionalizao dos Centros de Atendimento incompleto; necessidade de expanso da medida de Semiliberdade e do Programa de Acompanhamento de Egressos; premncia de ampliao do quadro de recursos humanos atravs de processo de seleo que atenda a atividade fim, vindo a complementar a poltica de valorizao dos servidores atravs do PEFS Plano de Empregos, Funes e Salrios, j aprovado.

1.2 - Justificativa da Reviso Visando o alinhamento com as diretrizes nacionais preconizadas no SINASE (aspectos conceitual, estratgico, operacional e arquitetnico), a Instituio traou em 2008 alguns projetos, levando em considerao a realidade das unidades e a prtica operacional, com a aprovao do Governo do Estado e da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, pela Unio, tais como: Projeto Modelo Arquitetnico e Pedaggico de Unidades de Atendimento e seu respectivo programa e o Projeto de

8 Aperfeioamento dos Agentes Socioeducativos para implantao do SINASE, que teve como uma das metas a reviso e nova edio do PEMSEIS. A reviso do PEMSEIS, alm de manter os objetivos da primeira edio, especialmente no que se refere a padronizar as aes atinentes s rotinas institucionais administrativas e operacionais dos Centros de Atendimento de Internao e Semiliberdade, visa realinhar a estrutura pedaggica e arquitetnica aos preceitos do SINASE, preservando a experincia acumulada ao longo do tempo. Em que pese os obstculos j enumerados, a Instituio contabiliza at o perodo em que este Programa foi revisado, a implementao das seguintes aes estruturantes: - Confeco do Projeto modelo dos Centros de Atendimento (arquitetnico, pedaggico e programtico).; - Reestruturao e expanso da Medida de Semiliberdade nas regionais (concepo administrativa e programa); - Implementao do Programa de Egressos; - Reviso dos Programas dos Centros de Atendimento; - Sistematizao do Fluxo com o Judicirio (iniciado pela regional Porto Alegre); - Rediscusso do modelo do Plano Individual de Atendimento PIA; - Edio do Cdigo de tica da FASE; - Lanamento do Manual de Gerenciamento das Aes de Segurana. O PEMSEIS constitui-se em um instrumento norteador das aes dos programas de atendimento e da prtica dos profissionais da socioeducao. Com efeito, tais aes necessitam ser planejadas a fim de estabelecer o rumo e afirmar a misso institucional, bem como efetuar a operacionalizao com base no conhecimento tcnico levando em conta tambm os aspectos empricos. Finalmente, a edio revisada do PEMSEIS representa a atualizao dos procedimentos institucionais frente aos parmetros do SINASE, garantindo maior objeti-

9 vidade e limites discricionariedade.

1.3 Marco Situacional da FASE Com o Estatuto da Criana e do Adolescente (Lei n 8.069/90), houve a necessidade de reordenamento das instituies destinadas a crianas e adolescentes no pas, rompendo definitivamente com a Doutrina da Situao Irregular na vigncia do Cdigo de Menores. No Estado do Rio Grande do Sul procedeu-se a separao gradativa dos servios de proteo e abrigo da rea destinada a adolescentes autores de ato infracional, gerando uma especializao crescente para ambos os segmentos. Entre 1991 e 1994 destacaram-se a implementao dos Juizados da Infncia e da Juventude em dez cidades polo (Porto Alegre, Caxias do Sul, Santa Maria, Novo Hamburgo, Osrio, Santa Cruz do Sul, Passo Fundo, Pelotas, Santo ngelo, Uruguaiana); a constituio do Conselho Estadual dos Direitos da Criana e Adolescente e o incio do reordenamento da FEBEM, com a transformao dos abrigos institucionais em abrigos residenciais e o processo de regionalizao do atendimento. Entre 1995 e 1998 ocorreu o aprofundamento do processo de reordenamento institucional e a elaborao das diretrizes bsicas para a poltica estadual na rea da infncia e juventude, com a definio da FEBEM como responsvel pela execuo das Medidas Socioeducativas de Internao e Semiliberdade. Tambm iniciou em 1998 a regionalizao da execuo da Medida Socioeducativa de Internao com a construo de seis novas unidades com capacidade para 40 adolescentes cada: os Centros da Juventude nas cidades de Porto Alegre, Caxias do Sul, Santo ngelo, Santa Maria, Pelotas e Uruguaiana. Em dezembro de 1999, ocorreu o processo de separao administrativa entre a rea de proteo e a do ato infracional, atravs do Decreto Estadual n 39.810/99, no qual a Secretaria do Trabalho Cidadania e Assistncia Social (STCAS), atravs de departamento especfico assumiu a rea protetiva. J, a transformao da

FEBEM em FASE, que consolidou em processo de reordenamento institucional, foi outorgada pela Lei Estadual n 11.800, de 28 de maio de 2OO2, a quem compete a execuo do programa de Internao e Semiliberdade. Entre esse perodo e 2004, foram inaugurados respectivamente os CASEs re-

10 gionais de Passo Fundo e Novo Hamburgo, cuja concepo arquitetnica privilegia a convivncia e circulao entre as alas. Com sua sede administrativa situada em Porto Alegre, na Avenida Padre Cacique n 1372, a FASE possui 16841 servidores e atende aproximadamente 1.2002 adolescentes ao ms, distribudos nas 08 regionais no Estado. Sendo em mdia 60% dos adolescentes atendidos na regional Porto Alegre e 40% no interior. Atualmente, a medida de internao, de competncia exclusiva da Fundao. J a medida de Semiliberdade, teve o atendimento redimensionado, e d-se atravs de modelo de gesto pblico/privado, na forma de conveniamento com organizaes no governamentais. Outorgada em 2009, a Lei n 13.122 contempla o atendimento dos egressos da Instituio, atravs do Programa RS-Socioeducativo EIXO 2. Na FASE, a perspectiva de realinhamento das aes socioeducativas vem sendo buscada desde 2007, devendo-se concretizar atravs do reordenamento da regional Porto Alegre e a reviso do PEMSEIS. Ressaltando que sua efetivao depende de um conjunto de fatores, como vontade poltica, destinao de recursos e apoio tcnico, dentro outros.

1.4 Histria da Concepo Arquitetnica Ao longo da histria da Fundao a concepo arquitetnica respondeu ao contexto (fsico, geogrfico e social) em que os programas estavam referenciados. Apresenta-se a seguir um paralelo da concepo arquitetnica dos prdios, o momento atual e o proposto. MOMENTO ATUAL PROPOSTO CENTROS DA PROJETO MODELO ANTES DE 1998 2002 PF / NH 2004 JUVENTUDE / 1998 / julho de 2008 - Concepo dos - Concepo sob os - Em 2002 e 2004 - Tem por objetivo prdios e trabalho preceitos do Eca e foram construdos atender a demanda regido pelo Cdigo atendimento os Centros regionais reprimida de vagas de Menores; regionalizado; de PF e NH, na regional de Porto - Prdios - Concebidos para respectivamente, j Alegre; construdos desde o 40 adolescentes com uma nova - A metodologia ser incio dos trabalhos com medida de concepo de de atendimento em1 2

Fonte: DQPC/FASE, out/2009 Fonte: AIG/FASE, out/2009

11 com menores no Internao; trabalho e de Estado; - mesmo modelo arquitetura: um - Atual CASE Padre para os 10 polos conjunto de prdios, Cacique: Incio das regionais: PoA, cada qual abriga obras em 1846; Osrio, Santa Cruz, uma funo Ocupao para uso Uruguaiana, PF, SA, diferenciada. O em 1864 pelo Padre Caxias, SM, Pelotas, processo de Cacique Joaquim de NH; deslocamento do Barros, como - Foram construdos adolescente de um Colgio de Santa at 1998, somente prdio ao outro Thereza para os CJ de Porto configura uma meninas rfs, Alegre, Uruguaiana, impresso de nopassou por diversas Pelotas, Santo conteno, pois reformas e ngelo, Santa Maria trabalha com o ampliaes durante e Caxias. artefato cultural da o tempo, mas no Permanecendo sem cidade. Os prdios alterou sua unidade de so cercados e concepo de prdio atendimento as protegidos por compacto (ptio regionais de Osrio muros com como anexo lateral); e Santa Cruz. passarela de 6,5 - Atual Sede - A concepo metros de altura. O Administrativa: arquitetnica destes resultado uma inaugurado em 1932 prdios segue reduo simblica pela Sociedade tipologia similar ao da conteno, Humanitria Padre CIPCS, onde o ptio quando visto Cacique, como Asilo interno recebe uma internamente. So Joaquim para cobertura metlica e abrigar meninos transforma-se em rfos, passou por quadra de esportes diversas ampliaes coberto, com os e reformas com o dormitrios no tempo, mas pavimento superior, manteve sua mas com as janelas concepo de corpo voltadas para o central gerando dois exterior. No ptios internos, a pavimento trreo, volta dos mesmos, toda a atividade seguem braos de tcnica e compartimentos; socioeducativa - 19/06/1962: desenvolvida. Como Primeiro Mdulo do os prdios so ICM, que com o centralizados tempo sofreu convergentes, as diversas ampliaes ampliaes e reformas, necessrias tem seguindo uma ocorrido por concepo de alas construes anexas em longos pavilhes e reformas parciais, intercalados por devido a rigidez da ptios internos; composio; - Dcada de 1970: - Diretriz de construo do atendimento Instituto de Triagem sedimentada na pequenos grupos, tornando-os mais individualizados; - A IP ocorrer em prdio prprio, dividido em 02 alas, com 05 dormitrios cada, sendo 01 para Portadores de Necessidades Especiais - PNE. Ser contemplada toda a estrutura necessria ao atendimento, convvio e habitabilidade de 26 adolescentes; - A Convivncia Protetora (atendimento especial) contar com 08 dormitrios e demais estruturas de atendimento, ptio e estar; - Local apropriado para receber visita ntima; - Estes 03 espaos de atendimento sero localizados fora do contexto da unidade; - Nas novas construes, cada unidade constituir-se por 03 prdios, totalizando 90 vagas. Cada prdio, com 30 vagas, divide-se em 02 alas com capacidade de alojar 15 adolescentes, distribudos em 06 dormitrios, sendo 01 destes destinados para PNE; - nfase no desenvolvimento de atividades grupais, propostas em salas e espaos especficos dentro de ambientes

12 Juvenil Feminino Doutrina de (ITJF), atual CASE Proteo Integral; POA II; o Instituto de - Projeto Triagem Juvenil arquitetnico Masculino (ITJM), considerava tanto os atual CSE; o aspectos de Instituto Educacional segurana quanto Feminino (IEF), as condies atual CASEF; a bsicas necessrias Unidade de para o Conteno Mxima desenvolvimento de do ICM, atual ao CIPCS. O Centro da socioeducativa. Infncia e Juventude Zona Sul (CJM), tambm desta dcada, mas o prdio no mais usado pela FASE. O prdio do CSE e do CASE POA II foram concebidos dentro do princpio de controle e distribuio atravs de corpo central e os dormitrios divididos em alas. O CIPCS segue uma concepo diferenciada, de ptio interno e construo em toda sua volta, com os dormitrios voltados para o interior da edificao. diversificados; - Segue modernos critrios para projeto arquitetnico seguindo parmetros do SINASE; - A rea de moradia deve ser separada, por fases de atendimento, conforme a evoluo do adolescente, quais sejam: fase inicial, fase intermediria, fase conclusiva. A diferena nas instalaes por fases diz respeito ao acesso aos equipamentos; - O Projeto Arquitetnico, objetiva atender conforto ambiental, humanizao e segurana; - A estrutura fsica em consonncia com o projeto pedaggico e no o projeto pedaggico em consonncia com uma estrutura fsica ultrapassada. Assim os prdios de internao foram divididos em alas menores, propiciando maior diversidade de espao para acomodar os diferentes perfis e configurar a evoluo do adolescente no cumprimento da medida socioeducativa. - Outros prdios tambm sofreram evolues na funcionalidade e nas tcnicas construtivas;

13 A unidade feminina, mantm a estrutura bsica e ter 02 prdios com 02 alas cada. Cada ala atender 15 adolescentes, na fase inicial, intermediria e conclusiva, respectivamen te. Na outra ala ser criado o espao maternoinfantil, privilegiando o berrio e as purperas. - O projeto propem tambm remodelar ampliando as vagas nas regionais de Passo Fundo, Novo Hamburgo e Caxias. Do ponto de vista do atendimento, o projeto modelo contempla as seguintes fases que se do em espaos fsicos distintos: - Fase inicial - perodo de acolhimento, reconhecimento e elaborao por parte dos jovens do processo de convivncia, podendo estes serem divididos por perfil nas duas alas. - Fase intermediria - perodo de compartilhamento em que os adolescentes apresenta avanos em relao ao que foi traado e consensualizado no PIA, podendo comportar adolescentes que venham apresentando condies de iniciarem as atividades externas. - Fase conclusiva adolescentes com atividades externas, que apresentam clareza e conscientizao das metas conquistadas. - Convivncia protetora (atendimento especial) espao fsico, com quartos individuais, especfico aos adolescentes que encontram-se ameaados ou ameaam

14 a integridade fsica e psicolgica, bem como, por problemas disciplinares, no possam permanecer em convvio no grupo de origem. Aqui no se enquadram os atendimentos especiais por observao de quadros psiquitricos. O resultado da ordenao destas concepes demonstrado, com a construo dos dois ltimos CASEs (Passo Fundo e Novo Hamburgo) e a concepo dos projetos arquitetnicos do CASE POA III e Canoas configura a adequao estrutural preconizada pelo SINASE, cujos pressupostos visam propiciar aos adolescentes a convivncia num espao com caractersticas de moradia, articulado situao da privao de liberdade. Faz-se importante garantir que a populao atendida esteja de acordo com o nmero de vagas, para que o projeto arquitetnico atinja o objetivo proposto.

1.5 -Variao Anual da Populao na FASE Na busca constante por melhorias na execuo de seus programas, a ampliao de vagas um fator relevante. E o que se registrou que essa meta esteve defasada, na ltima dcada devido a no concluso do processo de regionalizao dos Centros de Atendimento no Rio Grande do Sul. Contudo, em 2009 e 2010, a situao tem-se alterado, atravs de readequaes estruturais das unidades, do fomento da Semiliberdade e da implantao do Programa de Acompanhamento de Egressos, ocasionando o declnio populacional, conforme quadro abaixo: Ano 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Vagas 628 624 654 815 705 765 765 765 765 765 765 860 Mdia anual adolescentes 597 678 710 820 1002 1036 1087 1120 1139 1152 1172 976 de Flutuao da mdia anual adolescentes - % 3,1 13,6 4,7 15,4 22,2 3,3 4,9 3 1,7 1 1,7 -16,7

Ano de 2010, populao do dia 24/06/2010.

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II ESTRUTURA DE ATENDIMENTO DOS DIREITOS DO ADOLESCENTE

2.1 - Polticas de Atendimento As polticas de atendimento no pas, visando a integralidade das aes necessrias para o atendimento das crianas e adolescentes, acontecem, na viso do pedagogo Antnio Carlos Gomes da Costa em quatro reas, quais sejam: Polticas Sociais Bsicas - inclui as reas da Educao, Sade, Cultura, Esporte e Educao Profissional, que direito de todos e dever do Estado. Polticas de Assistncia Social - voltadas para pessoas ou grupos que encontram-se em estado de necessidade e/ou vulnerabilidade. Deve-se atentar para a orientao e apoio sociofamiliar de acordo com os Art. 203 e 204 da Constituio Federal e Lei Orgnica da Assistncia Social, bem como buscar o entrosamento da FASE com os rgos de assistncia social federal, estadual e municipal. Polticas de Proteo Especial so as medidas protetivas e

socioeducativas, e estas transcendem ao estabelecido nas polticas sociais, conforme o Art. 227 da Constituio Federal. Voltadas s pessoas ou grupos que encontram-se em situao de risco. Polticas de Garantia de Direitos So formadas pelo conjunto de mecanismos jurdicos e institucionais. Deve-se conhecer e atuar em conjunto com Ministrio Pblico, Defensoria, Juizado da Infncia e Juventude, Conselhos Tutelares, Polcia Civil e Brigada Militar, alm das organizaes no-governamentais envolvidas com a garantia dos Direitos Humanos. 2.2 Sistema Administrativo da Justia Juvenil A estrutura do sistema se interliga entre os diferentes rgos nas esferas municipal, estadual e federal e nos poderes executivo e judicirio, como segue: Policiamento ostensivo/Brigada Militar responsvel pela segurana e ordem pblica. Cabendo-lhes a apreenso e a conduo do adolescente autor de ato infracional. Delegacias (especializadas)/Polcia Civil cabe-lhes a investigao dos atos

16 infracionais dos adolescentes e garantir que este fique detido em local especializado ou diverso dos adultos. Ministrio Pblico/Promotor as funes esto estabelecidas nos Art. 200 a 205 do ECA, cabendo-lhes promover e acompanhar procedimentos quanto s infraes que os adolescentes possam ter cometido, inspecionar e ter livre acesso as entidades que prestam atendimento a estes adolescentes. Defensoria Pblica/Defensor o adolescente tem direito a defesa com todos os recursos a ela inerentes, devendo constituir advogado ou utilizar-se da Defensoria Pblica, cabendo a estes cuidar pelo cumprimento dos prazos tanto na Internao Provisria quanto na reviso dos casos. Juizado da Infncia e Juventude cabe ao judicirio a fase de conhecimento e instruo do processo e este aps julgado ser acompanhado na vara de execuo. sua atribuio tambm apurar as irregularidades em entidades de atendimento. No Estado do Rio Grande do Sul existem 10 varas regionais de execuo, onde acham-se instalados os Centros de Atendimento Regionais da FASE. rgo de Execuo das Medidas Socioeducativas - no Estado cabe a Fundao de Atendimento Scio-Educativo a execuo das medidas

socioeducativas de Internao e Semiliberdade, alm da Internao Provisria. Cabe aos municpios organizarem e executarem as medidas socioeducativas de meio aberto.

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III ESTRUTURAO DO TRABALHO DA FASE

3.1 Concepo

Na perspectiva conceitual do atendimento oferecido ao adolescente autor de ato infracional, h que se reportar Doutrina da Situao Irregular do perodo de vigncia do Cdigo de Menores, que assentava-se na lgica intervencionista e no vis de tratamento. Mesmo tendo o ECA inaugurado a Doutrina da Proteo Integral, culturalmente os operadores do Sistema Socioeducativo seguiram adotando a antiga nomenclatura, cuja origem pode ser atribuda ao Sistema de Sade. Segundo os pareceres contidos na coleo de guias da socioeducao, publicados pela Unio (2006), ocorrem, na prtica, equivocadamente, situaes em que o adolescente que cometeu ato infracional, tem esse ato entendido como manifestao patolgica, e recebe uma medida socioeducativa para tratamento, deixando de ser sujeito de direito, e visto como objeto de interveno tcnica imposta pela via jurdica, assim nem necessitaria assegurar as garantias processuais bsicas, pois passa a ser um tratamento. Lgica semelhante permeou o PEMSEIS/2002 ao estabelecer as aes como teraputico-pedaggicas. Ainda segundo a obra citada, o sistema socioeducativo, cuja viso do ato infracional como manifestao patolgica, importou nomenclatura do sistema de sade, passando o adolescente a ser nosso cliente e receber nossa interveno , os estudos de casos passaram a ser diagnsticos e prognstico os relatrios passaram a ter status de laudos. Entende o autor que, por ter cometido ato infracional esse jovem no doente, mas em algumas circunstncias por estar doente comete ato infracional. Segue-se ento que deve ser avaliado, em sua capacidade de entender e cumprir a medida socioeducativa. Desta forma, se entende que na instruo do processo, quando houver sinais e se fizer necessrio, seja avaliado o adolescente para verificar se possui condies intelectuais e mentais para responder positivamente a uma medida privativa de liberdade ou sugerir medidas outras. Buscou-se nestes anos de prtica uma identidade de trabalho pautado no princpio jurdico e na proteo integral. Tomando por base o que estabelece o

18 SINASE, a ao socioeducativa se insere na categoria sociopedaggica e o adolescente passa a ser usurio; o atendimento se d na lgica do sujeito como um ser social, cuja autonomia permite a construo de um projeto de vida emancipatrio, vindo o adolescente atendido a ser protagonista; os relatrios tcnicos sero permeados por estas reflexes, pela responsabilizao e otimizao das habilidades e competncias do jovem. No modelo antigo acabava sendo julgado o adolescente, e, assim, sendo tratado. No entendimento atual no a pessoa que julgada e sim sua conduta. No o infrator que adolescente e, sim, o adolescente que por alguma circunstncia cometeu um ato infracional. Levando em conta as consideraes aqui expressas e, buscando estar de acordo com o realinhamento conceitual da Doutrina da Proteo Integral, a FASE transcende o vis teraputico-pedaggico, vindo a definir sua linha de ao como sociopedaggica. O que no significa perder de vista o carter sancionatrio e de segurana legalmente previsto, nem tampouco deixar de atender as individualidades dessa populao, incluindo a rea da sade.

3.2. Perspectiva e Projeto Pedaggico Na opinio do eminente jurista Emlio Garcia Mndez, citado em Saraiva (2009)3 uma resposta sria responsabilizao do ato infracional deve estruturar um programa capaz de identificar e reduzir os efeitos negativos da privao de liberdade e, ao mesmo tempo, inserir o jovem o mais rapidamente possvel no mundo exterior. Um bom exemplo de interseco desses dois aspectos a modalidade de internao com possibilidade de atividades externas adotada pela FASE, uma vez que aposta na lgica da construo da autonomia sem descuidar do carter retributivo da medida aplicada. Assim, em atendimento aos preceitos do ECA, a Instituio vem fundamentando seu programa nos pressupostos garantistas das dimenses jurdica e pedaggica, respectivamente. Levando em conta que, na dimenso jurdica, a responsabilizao do jovem se d pelo devido processo, com todas as garantias processuais bsicas asseguradas. J a forma como ser conduzida essa3

SARAIVA, Joo Batista Costa. Adolescente em conflito com a lei da indiferena proteo integral. Uma

19 responsabilizao enquadra-se no plano pedaggico que vem a ser o processo de conscientizao acerca de si mesmo e das suas relaes com o meio. desta forma que a Fundao executa as medidas socioeducativas de Internao e Semiliberdade constantes no ECA, sublinhando que, para alm dos aspectos de natureza coercitiva, comportam os aspectos eminentemente educativos, no sentido da proteo integral, voltados para a formao da pessoa e do cidado. Trata-se do que Saraiva4 define como o estatuto jurdico da cidadania. Partindo do pressuposto que toda pessoa tem potencial e direito de desenvolv-lo, torna-se necessrio propiciar aos adolescentes sujeitos a medidas restritivas ou privativas de liberdade, oportunidades para fazerem outra escolhas. Por isso, toda ao educativa deve contemplar momentos de reflexo, que possam levar os jovens a repensar criticamente seu percurso, seus valores, suas escolhas e seu compromisso como ente social. No mbito do reordenamento jurdico juvenil, novos parmetros conceituais foram suscitados a fim de nortear as aes socioeducativas. Quais sejam: Presena Educativa: Trata-se de uma atitude bsica diante do educando marcada pela busca deliberada e permanente da abertura, da reciprocidade e do compromisso no relacionamento com ele. Na pedagogia da presena, cumpre ao educador dedicar tempo, presena, experincia e exemplo ao seu educando, visando exercer sobre ele uma influncia construtiva, significativa e marcante. Educao para Valores: Os valores no podem ser, apenas, objeto de aulas, prdicas ou admoestaes aos educandos. Valor aquilo que tira a pessoa de sua indiferena; algo que assume, para ela, um significado que pode ser positivo (valor) ou negativo (contravalor). Os valores devem ser vividos, identificados e incorporados pelo educando. Ningum pode fazer isso por ele. Por essa razo, nada pode substituir as prticas e vivncias (criao de acontecimentos estruturantes) e o exemplo prtico, constante e cotidiano por parte dos educadores. Protagonismo Juvenil: Prepara o jovem para o convvio social construtivo, criativo e solidrio. A prtica do protagonismo juvenil consiste no envolvimento do jovem em todas as etapas do enfrentamento e na soluo de um problema real:abordagem sobre a responsabilidade penal juvenil. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009. SARAIVA, Joo Batista Costa. Adolescente em conflito com a lei da indiferena proteo integral. Uma

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20 anlise da situao, deciso pela ao a ser desenvolvida, planejamento do que foi decidido realizar, execuo do que foi planejado, avaliao das aes e apropriao dos resultados. Cultura da Trabalhabilidade: Se prope a desenvolver nele modos de ver, viver e conviver que lhe permitam desempenhar-se no mundo do trabalho em sua inteireza e complexidade, pelo desenvolvimento de atitudes e habilidades como autogesto, heterogesto e co-gesto, valorizao da educao permanente, esprito empreendedor, criatividade, liderana, flexibilidade, sociabilidade e outras atitudes afins. Educao Profissional: Deve buscar desenvolver, nos jovens

socioeducandos, as habilidades bsicas, especficas e de gesto que lhes permitam a aquisio dos contedos, habilidades e competncias necessrias para conquistar e manter uma ocupao, servio ou profisso no mundo do trabalho regular e remunerado (emprego) ou no exerccio do auto-emprego, abertura de negcio prprio ou trabalho associativo ou cooperativo. Educao pelo Esporte: Trata-se de usar as atividades esportivas como prticas e vivncias capazes de desenvolver no socioeducando as competncias pessoais, relacionais, produtivas e cognitivas necessrias para o seu bom desempenho nas relaes interpessoais, sociais e no mundo do trabalho, pelo cultivo de crenas, valores, atitudes e habilidades relacionadas ao pleno desenvolvimento de sua pessoa. Atividades Culturais: As atividades culturais leitura, cinema, festividades de todo tipo, oficinas, visitas e exposies, a museus e a lugares histricos devem ser cuidadosamente preparadas para exercerem uma verdadeira influncia construtiva sobre os educandos, isto , seus objetivos pedaggicos devem ser claramente formulados e seus indicadores de impacto construdos previamente. Tais atividades no podem e no devem ser confundidas com atividades de recreao e lazer. Elas devem buscar desenvolver, nos educandos, um sentido de pertinncia com a cultura local, a cultura do Estado, do Pas e da diversidade do mundo que vivemos. Assistncia Religiosa: Alm de ofertar atendimento religioso segundo a crena do adolescente, o autor amplia este trabalho para o ...respeito pela

abordagem sobre a responsabilidade penal juvenil. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009.

21 dignidade e sacralidade da vida em todas as suas dimenses..., quais sejam: o cuidado, com a sua vida, com a vida e integridade das outras pessoas, com o ambiente que se vive e com as crenas, valores e princpios que trazem sentido a vida de cada um. O Projeto Pedaggico a linha condutora de todo o processo de atendimento, perpassando desde a concepo arquitetnica da unidade, sua finalidade e funcionamento at o uso de diferentes mtodos e tcnicas que visem a preparao do adolescente para a reintegrao social, sempre embasado nas diretrizes nacionais e legislao vigente. Assim, a organizao da unidade tambm parte integrante desse processo, atravs do detalhamento da rotina, organograma, fluxograma, procedimentos que dizem respeito a atuao de cada profissional, reunies de equipe, estudo de caso, elaborao e acompanhamento do PIA, at os encaminhamentos ao Programa de Egressos. O modelo metodolgico que implementa este processo educativo compreende as aes contidas no Plano Coletivo, que deve ser executado em ambiente estruturado e continente, de forma a representar, muitas vezes, um espao teraputico. Entende-se que, essas so as condies propcias construo de um projeto de vida que seja ordenador de atitudes sociais mais saudveis, de autocrtica, de responsabilizao, de conscientizao do valor do outro.

3.2.1 Princpios e Diretrizes do Atendimento da FASE Em consonncia com o reordenamento dos parmetros de atendimento socioeducativo, avocados pelo ECA e pelo SINASE, a Instituio vem adequando suas prticas nos ltimos anos. Foi assim quando da implantao da primeira edio do PEMSEIS poca em que sopravam os ventos cidados do Estatuto da Criana e do Adolescente. De igual forma, nos dias atuais, com a promulgao das diretrizes nacionais do sistema socioeducativo, a Fundao inscreve-se na perspectiva de vanguarda atualizando seus procedimentos. - Ter como princpios a absoluta prioridade ao adolescente; a Doutrina da Proteo Integral (Sistema de Garantias de Direitos); o reconhecimento de sua condio peculiar de pessoa em desenvolvimento e sujeito de direitos; a brevidade e

22 a excepcionalidade da medida de internao, objetivando a reinsero social do adolescente, no menor prazo possvel. - Estruturar-se segundo as dimenses bsicas de atendimento preconizadas pelo SINASE, a saber: direitos humanos, desenvolvimento pessoal e social do adolescente, espao fsico (infraestrutura e capacidade), acompanhamento tcnico, recursos humanos e alianas estratgicas. - Fazer prevalecer a ao sociopedaggica sobre a sancionatria, norteando todas as aes dela decorrentes. Respeitando a singularidade do adolescente, atravs de uma postura de exigncia, compreenso e disciplina, entendida esta como elemento organizador da subjetividade e no como mero instrumento de

ordem institucional. - Estimular atitude cidad nos adolescentes, tambm condicionada garantia de direitos e ao desenvolvimento de aes socioeducativas que visem autonomia do sujeito e o preparo para o convvio social. - Organizar o plano coletivo do Centro de Atendimento, buscando compatibilizar a fundamentao terica com a interveno prtica atravs das atividades integradas de forma interdisciplinar. - Elaborar o plano individual de atendimento, em consonncia com a proposta pedaggica, incluindo a participao da famlia, dos servios pblicos oferecidos populao em geral, considerando as reas de sade, escolarizao,

profissionalizao, atividades culturais, esportivas, espirituais e de lazer. - Individualizar as aes, considerando as fases de desenvolvimento de cada adolescente, sua subjetividade, capacidades, potencialidades e limitaes,

priorizando a sua participao em todas as etapas processo socioeducativo, atravs do ato ao-reflexo. - Por ocasio de ingresso de irmos concomitantemente na Instituio, o atendimento dever ser realizado preferencialmente na mesma unidade. Quando, por questes jurdicas ou tcnicas, o atendimento ocorrer em alas ou unidades diferentes, as equipes tcnicas devem discutir o caso, propiciar encontros entre os internos, e organizar o plano de atendimento e desligamento com a participao das equipes e familiares.

23 - Organizar a dinmica institucional, privilegiando o carter pedaggico da medida, para desenvolver no adolescente o sentido da responsabilidade, o entendimento de direitos e deveres, o respeito s regras e normas prprias do convvio em sociedade, bem como a busca de um projeto de vida a partir do contexto familiar e comunitrio. - Incentivar a participao da famlia e da comunidade (rede social) para efetivar a ao socioeducativa e a reinsero social do adolescente. - Assegurar a atuao dos profissionais socioeducativos como modelo de conduta, atravs da presena educativa e de exemplaridade, objetivando a formao de vnculo positivo, construtivo e solidrio. Para isto, sua postura deve ser de exigncia, compreenso, diretividade e autoridade competente. - Organizar espacial e funcionalmente as Unidades de atendimento, visando garantir os meios para o desenvolvimento pessoal e social do adolescente. - Promover a interao dos profissionais socioeducativos atravs da formao continuada, fundamental para o aperfeioamento das aes e prticas

socioeducativas. - Manter interface e cooperao entre os programas de Internao e Semiliberdade da respectiva regional, bem como com o Programa de Egressos.

3.2.2 - Tcnicas da Ao Sociopedaggica Os trabalhadores da socioeducao devem atentar para o uso adequado de tcnicas que tragam benefcios ao usurio e boa interao com a comunidade. Ateno Individualizada A insero do adolescente no programa da

unidade se d em primeiro plano pela sua incluso no plano coletivo, sem descuidar do atendimento de suas necessidades individuais. A construo do PIA traa o mapa das demandas inerentes a cada adolescente, e deve nortear as aes cotidianas dos socioeducadores, propiciando o olhar e a interveno particularizado. O uso dessa tcnica possibilitar identificar os aspectos positivos desses sujeitos, o que refletir na melhora da auto-estima e, consequentemente, na possibilidade de construo de um projeto de vida salutar. Conduo do Processo Grupal As atividades em grupo so estruturantes

24 das competncias relacionais que preparam os sujeitos para a convivncia em sociedade. Faz-se imprescindvel na conduo dessas aes que o educador seja preparado para atuar sempre como um elemento organizador dos jovens, um facilitador do processo, utilizando sistematicamente prticas e vivncias com objetivos claros (cognitivos, afetivos e comportamentais). Preveno e Negociao de Conflitos - Partindo da premissa de que a Instituio norteia-se por normativas regimentais e de uma proposta de ao socioeducativa dirigida ao jovem que atende, evidencia-se a necessidade de tornlas conhecidas destes e de todos na unidade. Uma vez tornado pblico o teor dos documentos como Regimento Interno, Manual de Gerenciamento das aes de Segurana e Cdigo de tica da FASE e vindo a ser de domnio e da prtica dos socioeducadores, bem como a explicitao do Manual do Adolescente a estes, tm-se a possibilidade concreta de atuar na perspectiva preventiva dos conflitos. Assim, observada a tendncia perturbao da ordem institucional, tanto o socioeducador estar em condies de fazer a abordagem na medida de razoabilidade da situao apresentada, quanto o jovem, j ciente, tendo internalizado e vivenciado as normas, estar apto a cumprir os chamados combinados. Uma vez instalado o conflito, deve-se recorrer s medidas de conteno e segurana, objetivando o imediato enfrentamento da situao-limite, conforme as normas regimentais j citadas. Relaes com os meios de comunicao - Os Centros de Atendimento, atravs de seus diretores, devem ter relao constante e construtiva com os meios de comunicao local, segundo as normativas da Fundao. Deve ser observado contudo, que a FASE dispe de assessoria especfica para esse fim, com a qual dever ser mantida permanente interlocuo. Relao com a rede social - O Centro de Atendimento, atravs da direo e equipe tcnica, deve manter permanente contato com rgos governamentais e nogovernamentais, inclusive se fazendo representar nos Conselhos de Direitos, objetivando a qualificao do atendimento ao jovem.

25 IV DA PRTICA DO ATO INFRACIONAL Compete FASE, em atendimento ao que preconiza o ECA, executar: - A Internao Provisria (adolescente sem sentena); - As Medidas Socioeducativas de Internao e Semiliberdade (adolescente sentenciado); - Regresso das Medidas Socioeducativas j impostas.

4.1 Breve Conceituao Ato infracional Ao praticada por criana ou adolescente, caracterizada na lei como crime ou contraveno penal. Adolescente autor de ato infracional - o adolescente que em algum momento e por alguma circunstncia cometeu uma infrao penal, foi julgado e considerado responsvel pelo ato tipificado como crime. Legalmente , a faixa etria aqui enquadrada compreende dos doze aos dezoito anos incompletos, podendo permanecer no cumprimento da medida socioeducativa de Internao e

Semiliberdade at os vinte e um anos incompletos. Responsabilizao - a capacidade especial definida nos termos da lei, do adolescente enfrentar as consequncias do ato infracional que possa ter cometido e se d pelo devido processo com todas as garantias bsicas asseguradas. Medidas Socioeducativas So as medidas aplicveis ao adolescente que, depois do devido processo, foi considerado responsvel pelo cometimento de um ato infracional. Trata-se, portanto, de uma medida judicial como resposta formal da sociedade a um delito praticado por adolescente.

4.2 - Internao Provisria Conforme o Art.108, do ECA a internao, antes da sentena, que no se caracteriza como medida socioeducativa, pode ser determinada pelo prazo mximo de 45 dias. A deciso dever ser fundamentada e basear-se em indcios suficientes de autoria e materialidade e sero prioritariamente conduzidos para audincia de apresentao e instruo e tambm recebero atendimento tcnico para atender e

26 aclarar sua situao, bem como propiciar atravs de aes socioeducativas atividades de escolarizao, iniciao profissional, cultural, recreativa, espiritual e esportiva. Dever o Centro de Atendimento atravs de seu Plano Coletivo, propiciar condies do adolescente reorganizar-se, servindo a instituio como um ambiente continente, de controle, apoio e orientao. O fluxo de atendimento deve prever, logo no ingresso, contato com a rede a fim de identificar onde o jovem estava sendo atendido, e tomar providncias quanto aos novos atendimentos, incluindo familiar. A Internao Provisria IP se insere no sistema socioeducativo de Internao, sendo oportunidade em que o adolescente deve ser prontamente

assistido, no s para garantir uma melhor adaptao no sistema mas para amenizar o nvel de ansiedade, e/ou at mesmo agressividade, apresentada pelo mesmo, dados os antecedentes que justificam seu encaminhamento ao Centro. Este deve assegurar a separao do atendimento e das atividades pedaggicas da Internao Provisria, da medida socioeducativa de Internao, quando houver mais de uma ala, na Unidade. De acordo com o SINASE, o princpio de excepcionalidade, brevidade e respeito condio peculiar de pessoa em desenvolvimento, visa garantir tambm na Internao Provisria que o adolescente suspeito de autoria de ato infracional no permanea internado por perodo superior ao necessrio e ao determinado no ECA. Assim, tal agilidade do atendimento, necessita da efetiva atuao dos rgos envolvidos como o Judicirio, Ministrio Pblico, Defensoria Pblica, Segurana Pblica e Assistncia Social. A Internao Provisria de natureza cautelar, segue os mesmos princpios da Internao. O ambiente, atravs da equipe de servidores, deve propiciar condies para que o adolescente inicie processo reflexivo acerca dos fatores que o levaram a envolver-se em ato infracional Assim, na IP se objetiva iniciar o PIA, contextualizando a histria pregressa e atual do adolescente, elencando-se as reais necessidades do atendimento, o que significa o Sistema Socioeducativo, as medidas restritivas e privativas de liberdade. Etapas do Atendimento: - Ingresso mediante guia de recolhimento ou MBA (mandato de busca e apreenso) de autoridade judiciria; - O adolescente pode ser conduzido unidade pelo CT, PC, BM, Oficial de

27 proteo; - Imediatamente dever ser realizada a entrega do boletim de DML; - Aps estes procedimentos se estiver tudo ok, quem conduziu o adolescente unidade poder ser liberado; - Atendimento pela chefia de equipe acolhimento, vistoriar os documentos, ficha de ingresso, pertences, banho, orientao (funcionamento, normas e regras da instituio); - Avaliao inicial de sade enfermagem, onde ser avaliado as condies gerais de sade, de posse do DML. Se houver alguma queixa conduzir ao pronto socorro ou pronto atendimento; - Atendimento psiquitrico preferencialmente nas primeiras 48h, avaliando se h comprometimento mental e/ou abstinncia a SPA; - Atendimento clnico, avaliando o quadro geral de sade; - Nos primeiros dias permanecem no dormitrio da recepo para avaliao, dever ser levado em conta para distribuio nos dormitrios, os critrios de vivncia institucional, histrico delitivo, compleio fsica e rede de relacionamento do adolescente; - O chefe de equipe realiza a primeira entrevista e encaminha o registro para arquivamento no pronturio social; - Atendimento pelo setor jurdico - para orientar e esclarecer sua situao e garantir o andamento legal do processo (lembrando que no cabe a FASE a defesa tcnica do adolescente); - Servio Social avisa do ingresso famlia, visitas e subsdio de passagens pelas regras da FASE, incio da organizao da documentao; - Psicologia, para avaliar o nvel de funcionamento do adolescente e trabalhar a integrao; - Educao ofertar e incluir em atividades pedaggicas, solicitao do histrico escolar aps sentena;

28 - Recreao visando sempre atividades coletivas, onde possa se estabelecer normas e regras; - Iniciar o PIA, a fim de elencar os atendimentos necessrios, desde o ingresso e as aes de acompanhamento ou no perodo que estiver na FASE, ou aps desligamento; - Manter registros sistemticos atravs de instrumentos prprios das abordagens e acompanhamento ao adolescente; - Relatrio de acompanhamento; - Construo do PIA, prevendo aes tanto para o atendimento na Internao Provisria quanto para a possvel execuo de sentena de meio aberto ou de internao; - Cabe a equipe tcnica da IP a contextualizao/ histria de vida e social, alm da avaliao inicial nas diferentes reas, para, aps sentena, fazer a proposta final juntamente com a equipe que dar prosseguimento aos atendimentos, conforme estruturao do trabalho de cada Centro de Atendimento.

4.3 Medidas Socioeducativas A medida socioeducativa o modo legal de responsabilizao do adolescente autor de ato infracional, com o significado de evidenciar a inadequao de uma determinada conduta penal, destinada a prevenir a prtica de novas infraes e a propiciar a adequada insero social e familiar. So de natureza jurdica complexa, pois substancialmente penal e de finalidade pedaggica. (Konzem, 2005) 5 O artigo 112 do ECA arrola as medidas socioeducativas como sendo: I advertncia; II obrigao de reparar o dano; III prestao de servios comunidade; IV liberdade assistida;5

Konzem, Afonso Armando. Pertinncia Socioeducativa Reflexes sobre a natureza jurdica das medidas. Porto alegre: Livraria do Advogado,2005

29 V insero em regime de semiliberdade; VI internao em estabelecimento educacional; VII qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI 1 A medida aplicada ao adolescente levar em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstncias e a gravidade da infrao. 2 Em hiptese alguma e sob pretexto algum, ser admitida a prestao de trabalho forado. 3 Os adolescentes portadores de doena ou deficincia mental recebero tratamento individual e especializado, em local adequado s suas condies. As Medidas Socioeducativas podem ser aplicadas isolada ou

cumulativamente, bem como substitudas a qualquer tempo. Devendo ser levado em conta as necessidades pedaggicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vnculos familiares e comunitrios, conforme Artigos 99 e 100 do ECA. Com exceo das medidas de Semiliberdade e de Internao que so restritiva e privativa de liberdade, respectivamente, as demais se caracterizam por preservarem-na, oportunizando o seu cumprimento no meio social, sendo denominadas comumente de medidas de meio aberto. As medidas de carter protetivo podem ser tambm aplicadas num contexto socioeducativo onde o que originou a sua aplicao foi o infracional. As medidas de Semiliberdade e de Internao so de execuo exclusiva da FASE sob sua administrao direta ou na forma de conveniamento com Entidades No Governamentais. No que se refere aos regimes legais de atendimento, os novos preceitos da ao socioeducativa baseiam-se nos fundamentos da humanidade, severidade e justia, como concepes tica polticas. A concepo de humanidade corresponde aplicao rigorosa dos direitos e garantias dos internos integridade fsica, psicolgica e moral, conforme o disposto cometimento de ato

30 na Constituio, nas normas internacionais, no ECA e demais leis. J a severidade deve estar expressa numa clara reprovao social, no do adolescente, mas do ato por ele cometido e quanto a justia, vem a ser a defesa intransigente da aplicao das leis.

4.3.1 - Da Medida Socioeducativa de Internao Trata-se de medida privativa de liberdade, que impe limites ao direito de ir e vir, porm assegura todos os demais direitos do adolescente. a resposta do Estado ao cometimento de atos infracionais graves ou com violncia contra as pessoas, reiterao de outras infraes graves e tambm naqueles casos de descumprimento injustificado e reiterado de outras medidas em meio aberto restritivo de liberdade anteriormente imposta. Esta medida ser executada sem possibilidade de atividades externas, quando definida expressamente na sentena judicial. No permite que o adolescente realize atividades fora dos limites fsicos (muros externos) dos Centros de Atendimento, exceto, obviamente, audincias, atendimentos de sade, velrios, ou quaisquer procedimentos demandados pela autoridade judiciria ou em decorrncia de aes pontuais estabelecidas no PIA. Nestes casos ser custodiado e se adotaro medidas de segurana, minimizando possveis riscos de fuga. O regime de Internao, dentre as medidas socioeducativas, o mais complexo e difcil de executar, pois implica num compromisso com a integridade fsica, psicolgica, moral, alm do desenvolvimento social e pessoal do adolescente que visa a reinsero social. De acordo com o art.123, do ECA, a internao dever ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separao por critrios de idade, compleio fsica e gravidade da infrao. Os novos parmetros da socioeducao preveem que na estruturao de um sistema de atendimento ao adolescente autor de ato infracional, um dos grandes desafios evitar a promiscuidade e garantir atendimentos adequados para adolescentes com trajetrias, idades, atos infracionais e estruturas fsicas distintas. A lei determina rigorosa separao, que deve repercutir no nmero de unidades de atendimento, no tamanho dessas unidades, nas suas estruturas de dormitrios e postos de trabalho. Ou seja, em toda a dinmica de aplicao da medida de ou

31 internao. Estes critrios devem ser atendidos, dentro das possibilidades, atentando tambm para os aspectos de conteno e segurana, que visam manter a integridade dos prprios adolescente e servidores no cotidiano institucional. Compete aos operadores do programa da Unidade preparar os adolescentes para os deslocamentos externos, redobrando a ateno s possibilidades de interferncias do entorno e recorrendo aos rgos de Segurana Pblica, sempre que necessrio.

4.3.1.1 - Da Possibilidade de Atividade Externa Observa-se que o rol de medidas constantes do artigo 112 do ECA no assinala a existncia de uma medida de internao com possibilidade de atividade externa. Existe sim, uma medida que priva a liberdade e outra que sinaliza com maior proximidade com a liberdade (Internao e Semiliberdade, respectivamente), logo a possibilidade de atividade externa prevista na primeira no desfrutar de uma liberdade parcial, mas de uma situao eventual ou circunstncia momentnea em que o adolescente estimulado a reconquistar a liberdade de maneira saudvel. A aplicao da possibilidade de atividade externa, no , contudo, uma mera arbitrariedade, mas sim uma decorrncia do preceito legal contido no pargrafo primeiro do artigo 121, do ECA que prev a realizao de atividades externas, a critrio da equipe tcnica da entidade de atendimento, salvo expressa determinao judicial em contrrio. luz da legislao permitir a atividade externa uma ao tcnica, a cargo da equipe da execuo da medida. E deve ser compreendida efetivamente como uma possibilidade a ser realizada pelo jovem na privao de liberdade. No

pressupe que dure um largo espao de tempo, nem que signifique constncia e continuidade. A atividade externa significa uma situao na qual o adolescente participa sob determinada circunstncia, sob orientao, uma vez que a equipe tcnica quem entende ser adequada luz do cumprimento da sua medida de internao. Por ser

32 uma decorrncia de entendimento tcnico, baseada em acompanhamento, observao, estudo de caso, reunies de grupos, entrevistas, informaes de socioeducadores e outros instrumentos pertinentes, a possibilidade de atividade externa representa um avano, um propulsor de estima, de confiana, de adeso a um valor. Cabe salientar que estas devem se dar de forma gradual, que devem ser avaliadas sistemtica e tecnicamente, entretanto sem representar uma mera rotina de sadas, numa regularidade tal que descaracterize a natureza prpria da medida de Internao. Se, no entanto, o jovem est em condies de repactuar seu PIA por ter atingido melhor patamar de convivncia e internalizado padres aceitveis da autocrtica, poder ser este um indcio que demande progresso da medida. Entendendo que este reconhecimento deve ocorrer em medida diversa da internao. No sendo a atividade externa uma medida em si mesma mas parte integrante da Internao, deve fazer parte das atividades pertinentes aos Planos Coletivo e Individual de Atendimento realizados por ocasio da internao, o primeiro tratando das rotinas da unidade e o segundo das disposies pessoais do adolescente. Ao autorizar a realizao de atividades externas a critrio da equipe tcnica da entidade, o Estatuto no informa as regras objetivas de acesso e exerccio de tais atividades, assim como no informa em que elas consistem, transferindo a operacionalizao aos profissionais do atendimento ao adolescente, conforme anlise de cada caso e em consonncia com a realidade de cada Unidade. Da mesma maneira o Programa da Fundao (PEMSEIS/2002) no criou regras objetivas para a realizao das atividades externas, portanto no normatizou a execuo das atividades externas de maneira uniforme no Estado. A Doutrina jurdica tambm escassa, abordando o tema de maneira muito superficial, passando em algumas situaes a atividade externa a ser enquadrada como uma progresso de medida e portanto criando uma medida socioeducativa no prevista em lei ECA. Entende-se que a atividade externa pode at ser vista como um progresso dentro da medida de Internao porm nunca progresso de uma medida mais gravosa para uma menos gravosa, conforme a lei. Embora parea tratar-se de uma simples questo de semntica, na realidade h uma diferena entre progredir na medida e progredir de medida.

33 Ao longo do tempo, a medida de Internao vem sendo interpretada no Rio Grande do Sul, na maioria das vezes, como duas medidas distintas: ISPAE e ICPAE. Assim, a passagem da primeira para a segunda tida como progresso de medida, oficializada geralmente em audincia revisional e a partir da o adolescente passa a ter direito adquirido de realizar atividades externas. Diante do exposto, o Relatrio Avaliativo, encaminhado ao JIJ, no deve sugerir progresso para ICPAE e sim sinalizar que o adolescente rene condies para o exerccio de atividades externas, buscando-se a permisso judicial para sua realizao. Ressaltando, contudo, que as atividades devero ficar a critrio da equipe tcnica. Critrios para a execuo da atividade externa: Os critrios devem ser claros e objetivos para o acesso e exerccio de atividades externas pelos adolescentes, de forma gradativa, sempre sujeitos a avaliao contnua do Centro de Atendimento. Avaliar os seguintes critrios tcnicos para incluso: - Histria pregressa do adolescente; - Situao scio-familiar; - Perodo de permanncia no CASE; - Intensidade do risco na comunidade; - rea da sade; - No estar expressamente vedada a possibilidade de atividade externa na guia de internao e/ou sentena; - Frequncia, boa disciplina e aproveitamento escolar; - Quando do ingresso na unidade j constar a possibilidade de atividade externa, dever o adolescente permanecer sob acompanhamento e avaliao tcnica por perodo de dois meses, a fim de planejar as atividades especficas a cada caso; - Boa conduta no mbito institucional;

34 *Servir como parmetro de boa conduta o no cometimento de infrao sujeita a medida disciplinar de suspenso de atividade nos 30 dias anteriores reunio de micro equipe, ou de Atendimento Especial, nos 60 dias anteriores a referida reunio. *Pode haver casos excepcionais onde, atravs de contrato de conduta, tal benefcio poder ser oferecido como forma de motivao concreta para o adolescente evoluir no seu processo socioeducativo caso, reiteradamente, no consiga ajustar-se aos quesitos disciplinares. - Preenchidos os requisitos necessrios para a incluso em atividades externas, o adolescente dever participar da elaborao do seu Plano, assim firmando compromisso. - Acompanhamento e avaliao do adolescente quanto a atividade externa em reunio sistemticas de microequipe (tcnicos, direo, chefe de equipe, escola, coordenadores dos projetos/atividades, agentes socioeducadores dos quatro plantes). Critrios de suspenso do Plano de Atividade Externa: Constituiro causas para a suspenso do adolescente da Atividade Externa, um ou mais destes itens abaixo: - Cometimento de falta disciplinar de natureza mdia ou grave (Programa do CASE); - Descumprimento de qualquer item consensualizado no PIA; - Quando houver algum indicador de risco integridade fsica do adolescente em ambiente diverso do CASE; - Deciso da equipe diretiva, havendo suspeita de participao em qualquer ato destinado a provocar tumulto ou desordem na Instituio; - Deciso, pela maioria, em reunio de microequipe, aps reavaliao de caso; - A suspenso do adolescente de uma das atividades externas que compem o seu Plano implicar na suspenso das outras exceto as de natureza pedaggica

35 e/ou profissionalizantes, teraputicas e/ou ocupacionais; *A reincluso de adolescente suspenso depender de nova avaliao na(s) reunio(es) de microequipe, subsequente(s) ao fato que provocou a suspenso de atividades. *Cada atividade externa ter um servidor que a coordenar, mediante projeto especfico da rea tcnica, estipulando normas de funcionamento que integralizaro o Plano Coletivo do CASE. *Em caso de evaso e/ou retorno com atraso, Unidade, seguir o previsto na sistematizao das rotinas com o judicirio. Natureza das atividades propostas Pedaggicas extracurriculares, e/ou como, profissionalizantes por exemplo, atividades educacionais oficinas

curso

pr-vestibular;

profissionalizantes e/ou cursos de iniciao profissional; estgios profissionalizantes; oferta de ensino formal que no seja propiciado pelo CASE, como por exemplo curso superior. *A escolarizao formal bsica dar-se- sempre dentro do CASE. Teraputicas e/ou ocupacionais incluso nos CAPS (Centros de

Atendimentos Psicossociais); participao nos grupos de auto-ajuda; consultas especializadas; atividades laborais nas dependncias internas e externas do CASE. Espiritualizao - participao em atividades de espiritualizao (missas, cultos, cursos, etc). Socializao e fortalecimento de vnculos na escala de benefcios conquistados pelo adolescente, a visita familiar se reveste de maior complexidade e, portanto, vem a ser a culminncia do processo. Isso se d por se tratar de um perodo mais estendido de afastamento da unidade, pelo fato de envolver deslocamento e faz-lo sem custdia institucional e tambm pelo nvel do acolhimento do entorno social. Os adolescentes que moram na mesma localidade do CASE devero sair e retornar acompanhados pelo responsvel legal. Aqueles que residirem em outro municpio devero ser acompanhados at o nibus e a famlia dever receb-lo na

36 chegada, mantendo-se a mesma dinmica quando do retorno. Em se tratando de usurio de medicao contnua, o adolescente dever lev-la para o perodo e a famlia seguir o prescrito, conforme orientao. Recreativas, esportivas e culturais - jogo de futebol; cinema; teatro; apresentaes artsticas e culturais; participao em eventos esportivos. *Na seo de anexos constam modelos de autorizao de visita aos familiares, autorizao de sadas e termo de responsabilidade. Readequao do PIA Este dever iniciar, preferencialmente, com atividades laborais desenvolvidas no ptio externo dos CASEs. Por ocasio da determinao judicial para atividade externa, o PIA dever ser redimensionado frente ao novo rol de atividades. Levando em conta a estrutura arquitetnica das Unidades, existente at a presente reviso, cujo ptio externo no comporta o uso pelos adolescentes com atividade externa vetada pelo judicirio, entende-se que este o local apropriado para iniciar de forma gradativa o exerccio da atividade externa, uma vez que favorece o acompanhamento da evoluo comportamental dos adolescentes. As questes relativas segurana, custdia e risco de evaso no devem se sobrepor ao objetivo primordial da atividade, que a progressiva reincluso social. Nesse sentido, devem prevalecer critrios como estgios de evoluo do adolescente, local e conformao com que se do as atividades, se individual ou em grupo, dentre outros, para se estabelecer a existncia da custdia ou no.

4.3.2 Da Medida Socioeducativa de Semiliberdade Conforme prev o Art. 120 do ECA, o regime de Semiliberdade pode ser determinado desde o incio , ou como forma de transio para o meio aberto, possibilitada a realizao de atividades externas, independentemente de autorizao judicial. Ou seja, adequado tanto para o adolescente primrio quanto para o estabelecimento de progresso ou regresso de medida. a medida socioeducativa que trata da privao parcial da liberdade, perodos de permanncia no Centro de Atendimento e perodos de atividades

37 externas sem custdia, mas monitorado tanto pelos socioeducadores como pela famlia e rede de atendimento do municpio, exercitando a autonomia, a reintegrao social e, consequentemente a construo da cidadania. Enquanto regime de atendimento, mostra-se relevante, pois estrategicamente a ltima alternativa antes da Internao, que a medida mais gravosa, visto ser privativa de liberdade. Sua implementao e as aes socioeducativas se valem de elementos tanto do regime de Internao quanto das medidas de meio aberto. Na Semiliberdade as atividades realizadas fora do Centro de Atendimento so a essncia da ao socioeducativa e no podem ser retiradas ou suprimidas. Esta medida requer um monitoramento sistemtico no ir e vir na comunidade e nas atividades dos adolescentes. A execuo da medida de Semiliberdade de responsabilidade do Estado e realizada pela FASE, porm no de forma exclusiva, podendo dar-se mediante gesto compartilhada, situao em que o Programa de Atendimento deve ser observado, exceto no que for objeto de acordo prvio interpartes posto a termo. Quando houver conveniamento, a entidade participar dos programas de formao permanente oferecidos pela FASE objetivando alinhar conceitos e aes. Quando em gesto compartilhada, a Semiliberdade ser executada de forma articulada com o CASE da Regional, visando a atuao conjunta no atendimento aos adolescentes operando a convergncia das entidades, preservadas a autonomia e dinmica de cada uma. Trata-se de uma formatao referendada no ECA, ao referir que a poltica de atendimento um conjunto articulado de aes. A FASE, ao reordenar a medida de Semiliberdade, buscou racionalizar as prticas de gesto a fim de otimizar os processos socioeducativos, proporcionando condies para que a medida de Internao fosse utilizada realmente para as situaes delituosas mais graves, ou seja, como recurso extremo, conforme preconiza o ECA. Buscou, assim, consolidar a tendncia das atuais polticas de desinstitucionalizao e incluso social dos jovens gachos, pois apenas a modalidade de internao com possibilidade de atividade externa, que vinha sendo utilizada com feies de Semiliberdade, mostrava-se incapaz de substitu-la. Com a adoo da gesto compartilhada, a Fundao cumpre o estabelecido no SINASE ao referir que os rgos de gesto e execuo da poltica socioeducativa

38 podem estabelecer convnios, termos de parceria e outras formas de contratos destinados ao atendimento de adolescentes em conflito com a lei e sob medida socioeducativa. O Programa de Semiliberdade preconiza o atendimento em pequenos grupos, no mximo 20 adolescentes, em uma estrutura fsico-espacial condizente com os parmetros do SINASE, qual seja, uma residncia, localizada em bairro residencial prximo dos recursos da comunidade. Os dormitrios devero ser ocupados por no mximo 04 (quatro) adolescentes, com critrios de conforto e segurana. As atividades devem estar norteadas por regras, horrios, tarefas planejadas pela equipe com a participao do adolescente e de sua famlia. Dever o Centro de Atendimento articular-se com os demais programas de atendimento socioeducativo (inclusive o Programa de Acompanhamento de Egressos) visando, no caso de progresso e/ ou regresso de medida, assegurar a continuidade do trabalho que j vem sendo desenvolvido. a) Principais diretrizes da execuo da Medida de Semiliberdade: - Fomentar um modelo de atendimento mais prximo da realidade do adolescente; - Proporcionar ateno individualizada; - Conceber uma Unidade de atendimento como um espao educativo voltado comunidade; - Propiciar acompanhamento nas diversas reas tcnicas; - Agregar a famlia em todo o processo de ateno ao adolescente; - Acionar os Conselhos Tutelares sempre que houver dificuldades de incluso de adolescente em algum servio pblico; - Construir normas de convivncia na Unidade; - Instituir a Comisso de Avaliao Disciplinar CAD; - Considerar sempre o adolescente como sujeito da ao socioeducativa; - Interagir e trocar informaes tanto com a equipe da internao como do

39 meio aberto e do Programa de Acompanhamento de Egressos. b) Enfoques do atendimento: - Programa de Atendimento; - Plano Coletivo; - PIA Plano de Atendimento Individual; - Ateno pedaggica; - Ateno sade; - Ateno segurana e disciplina. - Os membros da equipe tcnica devem atuar junto s famlias e rede scioassistencial alm da elaborao do Plano Coletivo de Atendimento, acolhimento do adolescente, discutir com a equipe de atendimento da Internao Provisria, Internao ou meio aberto, conforme o caso, o desenvolvimento do PIA, verificar e orientar quanto a documentao pessoal. - Devem primar pela aproximao e interao com o trabalho desenvolvido pelas medidas socioeducativas de meio aberto, num esforo de integrar o jovem em cumprimento de medida ao meio social. - Caso o adolescente ingresse pela primeira vez o PIA dever ser construdo, levando em conta a educao formal, profissional, cultura, esporte, lazer, relaes familiares, afetivas, sociais, comunitrias e institucionais e a reincluso social, inclusive, a possibilidade de participao no Programa de Egressos.

4.4 Da Regresso de Medida Socioeducativa o atendimento dirigido aos adolescentes que descumpriram condies impostas e ajustadas, quando da aplicao de medida socioeducativa de meio aberto ou restritiva de liberdade (ECA artigo 122, inciso III, pargrafo I). O prazo mximo de cumprimento de RM de 90 dias, sendo que os adolescentes devem receber um atendimento diferenciado dos que cumprem medida de Internao. Visando estabelecer parmetros, readequar e qualificar o atendimento a estes

40 adolescentes, cuja execuo requer agilidade e presteza de aes, visto o curto espao de tempo para a interveno, so estabelecidos os seguintes procedimentos: - Seguir o fluxo estabelecido entre os rgos do Sistema Socioeducativo; - Organizar o Plano Coletivo, de forma a privilegiar o carter pedaggico da regresso da medida, propiciando acima de tudo a reflexo no sentido da responsabilizao de sua medida anterior, a conscincia de direitos e deveres, o respeito a regras e normas, bem como a elaborao ou retomada de um projeto de vida; - Detectar quais os entraves externos e dificuldades pessoais contriburam para o no cumprimento da medida anterior; - Prestar um atendimento individualizado objetivando trabalhar estas dificuldades pessoais e propor alternativas de mudana; - Propiciar reflexo entre a vivncia da perda da liberdade e do exerccio desta atravs de uma medida de menor conteno; - Prover todo o atendimento necessrio , quando de sua permanncia no CASE, atravs de escolarizao, oficinas, atividades culturais, recreativas, espirituais e tratamento fsico e mental, quando for o caso; - Estimular o desenvolvimento de hbitos saudveis; - (Re)elaborar PIA a ser desenvolvido no perodo de regresso e com vistas ao seu retorno, recorrendo, para tanto aos recursos da rede de atendimento e/ou tcnico do programa anterior, bem como incluso no Programa de Egressos.

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V DA PRTICA SOCIOEDUCATIVA NA FASE

5.1 Programa dos Centros de Atendimento O SINASE estabelece que o Programa deve explicitar a organizao e o funcionamento da unidade de atendimento. Cada unidade dever ter o seu Programa, em que deve estar especificado o regime de atendimento (IP, Internao e SL), sexo (f,m), mtodos e tcnicas pedaggicas, especificando as atividades coletivas. Deve constar tambm a estrutura material, recursos humanos e estratgias de segurana, normas gerais para a proposta e realizao do PIA, atribuies e responsabilidades dos dirigentes, equipes tcnicas e agentes socioeducadores, sanes disciplinares e devidos procedimentos, e ainda acompanhamento de egressos. Ainda que peculiar a cada Unidade, o Programa guarda relao de interdependncia operacional com as demais, em vista a convergncia de propsitos que visam o atendimento integral da medida socioeducativa que vem a ser a misso da FASE. No caso de Unidade de Atendimento a adolescentes do sexo feminino, dever haver previso de espao, para alojamento conjunto de me e recmnascido. A permanncia de beb em alojamento conjunto dar-se- por perodo mnimo de seis meses, sendo que o perodo de permanncia mxima ficar sujeito avaliao especfica de cada caso. Ressaltando que dever ser priorizado a convivncia materno-infantil. Cabe ao diretor da unidade, aps aprovao na Diretoria Geral da FASE, inscrever o Programa ou qualquer alterao deste, encaminh-lo apreciao e registro no CMDCA que analisar e deliberar sobre a concesso ou no de

inscrio do programa socioeducativo em desenvolvimento ou a ser desenvolvido nos limites territoriais do municpio. Sua execuo ser fiscalizada pelo Judicirio, Ministrio Pblico e Conselhos Tutelares, conforme Art. 95 do ECA, devendo sempre a Direo do Centro de Atendimento receber e acompanhar tais visitas de vistoria.

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5.2 - Etapas e Metodologia do Atendimento O atendimento do adolescente desde seu ingresso at o desligamento, que deve ocorrer mediante expressa determinao judiciria competente, positivada em documento especfico. Dar-se- de forma individual, para a em grupo, familiar, de

acompanhamento

sistemtico,

encaminhamento

rede

externa

atendimento, e tambm a incluso no Programa de Egressos. Consiste dos seguintes passos: Acolhimento Na recepo, inicia-se para o adolescente o processo de orientao sobre a organizao interna do CASE, objetivos e metologia de atendimento, procedimentos disciplinares, normas, direitos e deveres, bem como o conhecimento do ambiente da instituio em que ir conviver. Ele ingressa ou reingressa, via de regra, desestruturado e sem perspectiva. O adolescente deve ser recebido por um membro da equipe diretiva, com a devida ordem da autoridade judicial. So adotados os seguintes procedimentos: encaminhar o jovem para exame fsico a ser realizado pela enfermagem; conduzi-lo higiene pessoal, alimentao e vesturio, de acordo com suas necessidades; providenciar a revista dos pertences e objetos a serem recolhidos em local apropriado, devidamente relacionados em ficha prpria, contendo a assinatura do socioeducador e adolescente; orientar e esclarec-lo a cerca da dinmica institucional; apresent-lo aos servidores e ao grupo de iguais, inserindo-o no convvio da Unidade. Manual do adolescente O manual do adolescente da FASE/RS contm informaes e orientaes para o jovem, que ingressa na Fundao para cumprir uma medida socioeducativa, garantindo a todos o mesmo grau de informaes a cerca de seus direitos e deveres, bem como dos procedimentos e medidas disciplinares em caso de faltas cometidas quando do cumprimento da medida. O jovem poder rever estas informaes sempre que o desejar, uma vez que o manual impresso e entregue a todos de forma individual, por ocasio do seu acolhimento, a fim de que leia e reflita sobre as normas de conduta e convvio na Unidade, e, aps, assine o protocolo de cincia do mesmo. Plano coletivo composto pelas vrias atividades desenvolvidas na Unidade, que devem estar em sintonia com a concepo do programa e exposto em local visvel. Conter o planejamento geral das rotinas do Programa de Atendimento,

43 com descrio das atividades cotidianas, de participao obrigatria ou facultativa, definio de local e horrio das refeies e visitas, tipo e frequncia dos atendimentos tcnicos, mapeamento de escala de limpeza, organizao da movimentao interna em razo das atividades escolares, de profissionalizao, recreao, lazer, espiritualidade, de atendimentos de sade em geral. Conter tambm as normas de segurana, as normas disciplinares e da Comisso de Avaliao Disciplinar (CAD), da revista, das estratgias de preveno e das situaes de conflito, controle de ingresso e sada e desligamento da unidade. Pronturio individual o conjunto ordenado de documentos e anotaes referentes ao adolescente e ao cumprimento da medida estabelecida judicialmente. Destina-se ao registro desde o ingresso, de toda a evoluo do atendimento at o desligamento, sendo de competncia da direo e tcnicos. Tambm podero ter acesso, conforme as normas da Fundao, as autoridades do Judicirio, Ministrio Pblico e Defensoria Pblica, no exerccio de suas funes relativas ao processo de execuo de medida. Na hiptese de transferncia do jovem para outro Centro, o pronturio dever ser remetido ao novo local para dar continuidade aos atendidmentos. Plano de Atendimento Individual (PIA) - O PIA ser estruturado de acordo com as necessidades e atividades que auxiliaro o adolescente no seu desenvolvimento e amadurecimento pessoal e social, prevendo, inclusive, a interao com a rede social. O PIA deve atentar para o carter gradativo (IP at o desligamento), monitorado e transitrio, tendo em vista o dinamismo que caracteriza a realidade do nosso adolescente, possibilitando assim a reviso frequente e sistemtica tanto quantitativa quanto qualitativa desde. Dever conter o resultado da avaliao disciplinar, os objetivos declarados pelo jovem, a definio das atividades de integrao e de apoio famlia, individuais e de grupo, as aes especiais de assistncia e tratamento, fixao de metas, condies para o exerccio da sexualidade e ateno sade, as condies para a sua progresso e desligamento. O PIA ser elaborado no prazo de at 15 (quinze) dias do recebimento da sentena, seu contedo dever ser analisado em conjunto com o adolescente, seus pais ou responsveis e, aps ser pactuado entre as partes, ser encaminhado vara da Execuo (JIJ) para homologao. Custdia A Fundao possui, um Ncleo de Custdia e Proteo, regulamentado pela Resoluo 001/2010, que atende prioritariamente a regional

44 Porto Alegre, sendo responsvel pela conduo de adolescentes para atendimentos externos, tais como: audincias, transferncias, desligamentos, consultas mdicas, custdias hospitalares, velrios, entre outros. No interior, estes atendimentos externos so realizados pelos prprios CASEs, tambm regidos pela Resoluo 001/2010, recebendo apoio eventual do Ncleo de Custdia e Proteo. Comisso de Avaliao Disciplinar - CAD A resoluo n 006/FASE-RS/2008 DG, normatiza a atuao dos socioeducadores nas situaes de apurao e aplicao de medidas disciplinares aos adolescentes que cumprem medida socioeducativa nos Centros de Atendimento da FASE. A presente resoluo est em conformidade com o previsto no SINASE, no que diz respeito ao regime disciplinar quando salienta que: - Sano somente em razo da prtica de falta disciplinar anteriormente prevista e divulgada, no podendo ser o adolescente

responsabilizado mais de uma vez pela mesma transgresso; - Proibio de sano que implique tratamento cruel, desumano e degradante, assim como qualquer tipo de sano coletiva; - Garantia da observncia da proporcionalidade, sem prejuzo da aplicao da advertncia, sempre que cabvel, em qualquer hiptese, vedadas sanes severas para faltas leves; - Possibilidade de aplicao somente pelo colegiado, vedada a participao de adolescentes, na aplicao ou execuo das sanes; - Definio de um procedimento para aplicao da sano, no qual se contemple a observncia do devido processo legal; - Proibio da incomunicabilidade e da restrio de visita, assim como qualquer sano que importe prejuzo escolarizao, profissionalizao e as medidas especiais de ateno sade. Os CASEs em seus Programas tratam dos direitos, deveres, disciplina, medidas disciplinares, recompensas e procedimentos

disciplinares. Adotam tambm o Manual de Gerenciamento das Aes de Segurana, estabelecendo estratgias para a gesto de conflitos, bem como vetam

45 o isolamento do adolescente e, quando necessrio, o encaminham para o atendimento especial, atravs dos procedimentos da CAD ou por segurana convivncia protetora. Convivncia protetora (atendimento especial) Consiste em espao fsico, com quartos individuais, especfico aos adolescentes que ameaam ou encontramse ameaados na integridade fsica e psicolgica. Em casos de problemas disciplinares devidamente apurados em procedimentos da CAD e que no possam permanecer em convvio no grupo de origem, os adolescentes so encaminhados para atendimento especial. Tal perodo representa um momento em que o jovem deve ser sensibilizado por meio de atendimento intensificado e atividades pedaggicas, para as relaes afetivas e interpessoais, de respeito s diferenas e s normas de convvio. A fim de que o processo de escolarizao no seja interrompido, dever ser garantida a continuidade das tarefas escolares no ambiente do atendimento especial. Necessita, por parte do agente socioeducador uma ateno individualizada e em algumas vezes viglia constante at a retomada dos objetivos expressos no PIA. Visita ntima O direito visita ntima exclusivo para a medida de internao (sem possibilidade de atividades externas), para adolescentes que j possuem vnculo afetivo anterior ao cumprimento da medida, devendo a Instituio garantir local adequado e reservado, assegurando sigilo e proteo de imagem dos(as) adolescentes. Devem ser observados os pressupostos legais, Art. 1517 do Cdigo Civil, ter 18 anos ou mais ou ter registro civil de casamento. Com 16 ou 17 anos, tambm ser assegurados este direito, nas mesmas condies acima, e tambm ser solicitado reconhecimento expresso dos pais, de ambos os parceiros, para o caso de unio estvel. Para os menores de 16 anos, conforme o Art. 1517 do Cdigo Civil, no ser alcanado este direito. A todos deve-se garantir a participao em grupos de orientao sexual e reprodutiva, alm do acesso aos mtodos contraceptivos. Por ocasio da reviso do atual documento, a Instituio passava pelo processo de readequao com os parmetros nacionais da socioeducao, sem, contudo, ainda ter alcanado o padro de atendimento arquitetnico e tcnico para a efetivao desse direito.

46 Atendimento em grupo - Na FASE, as atividades e atendimentos esto balizadas no desenvolvimento de atividades grupais, por considerar-se a vida social cotidiana, a convivncia e os relacionamentos interpessoais como importantes contedos que possibilitam o desenvolvimento de vnculos baseados na relao solidria. O atendimento em grupo dirigido aos familiares e aos adolescentes. Sendo utilizado com estes ltimos a tcnica de Grupo Operativo (Pichon-Rivire), cujo objetivo desenvolver o processo de aprendizagem e autonomia dos sujeitos. Visando a adequao s exigncias do processo socioeducativo, essa dinmica se estrutura fundamentalmente na constituio de pequenos grupos 7 a 10 componentes. Em geral, o atendimento em grupo, dever ter um carter informativo, reflexivo, de orientao e convivncia institucional, conforme as demandas dos usurios. .Atendimento individual - prestado por todos os servidores que mantm contato direto com os adolescentes na Unidade. Cada agente institucional, seja da equipe diretiva ou da operacional, atravs das competncias inerentes a suas funes exerce um papel pedaggico. O atendimento individual ocorre conforme estipulado no PIA, por solicitao do adolescente e/ou familiar; por encaminhamento de profissional de outra rea e sempre que o adolescente encontrar-se em regime de atendimento especial. Ser extensivo aos familiares conforme a necessidade, avaliao da equipe tcnica e demanda da prpria famlia. Durante o perodo de institucionalizao ao adolescente, ser garantido, no mnimo, um atendimento individual por semana, pela equipe tcnica socioeducativa. Desligamento Todo adolescente deve ser preparado para o retorno ao convvio familiar e social, bem como para a participao no Programa de Egressos. No processo de desligamento ser elaborado o Plano Individual de Atendimento, especfico para a condio de egresso, denominado PIA-Egresso, que acha-se especificado na seo do Programa de Egressos. Ressaltando que a elaborao desse plano deve ser efetuada com todos os adolescentes, independente de sua adeso ou no no Programa.

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5.3 Equipe de Profissionais da Socioeducao dos Centros de Atendimento O trabalho socioeducativo deve embasar-se na estruturao de uma instituio continente que aquela que cobre as necessidades materiais bsicas e de segurana como estratgias de atendimento. O atendimento tanto da IP, Internao e Semiliberdade deve dar-se de forma sistmica, integrando aes da rede pblica de atendimento direto e indireto ao adolescente em conflito com a Lei, adotando-se referencial educativo nico. Para tal existe um fluxo de atendimento com os segmentos envolvidos, objetivando-se a agilizao e integrao de aes para melhor efetivar-se a reinsero deste jovem. preciso estabelecer os princpios bsicos e as definies de fluxo, os quais garantam operacionalizao articulada, integrada e hierarquizada, de forma que as aes socioeducativas sejam operacionalizadas sem sofrerem descontinuidade no processo de reeducao e reinsero. A ao dos profissionais da socioeducao deve refletir uma prtica embasada em referncias tcnicas e no na mera obrigao funcional ou tolerncia /condescendncia para com o adolescente. Suas atribuies seguem as disposies legais, as diretrizes contidas no ECA, SINASE e PEMSEIS, bem como no Regimento Interno alm do disposto no Plano Empregos, Funes e Salrios. O servidor em geral socioeducador, no havendo distino, nesse sentido, entre os diversos profissionais. Cabe salientar que a equipe da socioeducao dos Centros de Semiliberdade conveniados devem seguir todos os princpios e parmetros que emana do ECA, SINASE, PEMSEIS e Programa de Atendimento como o fazem os unidades de internao. Aos profissionais da socioeducao cabe: - Propor e participar da execuo do Plano Coletivo; - Propor e participar da elaborao e execuo do Plano Individual de Atendimento - PIA; - Atender e orientar individualmente o adolescente, nos termos do respectivo Plano Individual; servidores das

48 - Atender e orientar os familiares do adolescente, objetivando o

restabelecimento ou a preservao dos vnculos familiares e da reinsero social e comunitria, tornando-os co-partcipes do processo socioeducativo; - Comprometer-se com a criao de ambiente institucional saudvel, atravs da promoo e manuteno, do dilogo, da paz e do clima de entendimento, combatendo condutas desleais, vingativas, ou rancorosas, aterrorizantes provocativas, nas relaes

antipedaggicas,

vexatrias,

degradantes

interpessoais da unidade.

5.3.1 Equipe diretiva So os responsveis