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MEDIDAS PARA A REDUÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL Isabela da Rocha Santos Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Jorge Santos Rio de Janeiro Março 2015

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MEDIDAS PARA A REDUÇÃO DOS IMPACTOS

AMBIENTAIS GERADOS PELA CONSTRUÇÃO

CIVIL

Isabela da Rocha Santos

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador:

Jorge Santos

Rio de Janeiro

Março 2015

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MEDIDAS PARA A REDUÇÃO DOS IMPACTOS

AMBIENTAIS GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL

Isabela da Rocha Santos

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

_____________________________________

Prof. Jorge Santos, D. Sc.

_____________________________________

Prof.ª Ana Catarina Jorge Evangelista, D. Sc.

_____________________________________

Prof. Wilson Wanderley da Silva

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO de 2015

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Santos, Isabela da Rocha

Medidas para a Redução de Impactos Ambientais

Gerados pela Construção Civil / Isabela da Rocha Santos. –

Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015.

XII, 90 p.: il.; 29,7 cm

Orientador: Jorge Santos

Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Engenharia Civil,

2015.

Referências Bibliográficas: p. 91 – 96.

1. Introdução. 2. Impactos Ambientais Gerados Pela

Construção Civil. 3. Panorama da Situação Ambiental da

Construção Civil. 4. Legislação Ambiental. 5. Medidas

Práticas para a Redução dos Impactos Ambientais do RCC.

6. Estudo de Caso. 7. Conclusão. I. Jorge Santos. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso de

Engenharia Civil. III. Título.

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Dedicado à minha família.

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AGRADECIMENTOS

Nesta longa jornada nunca estive sozinha, agradeço, principalmente, aos meus pais,

Heliane e Ernesto por me ensinarem que todo esforço é e será muito bem

recompensado. Suas palavras de incentivo foram decisivas nos momentos de

desanimo e seus abraços carinhosos, muitas vezes foram sinônimos de missão

cumprida.

A minha mãe, Heliane, obrigada por estar em todos os momentos, por todo amor

devotado e por ser minha melhor amiga.

Ao meu pai, Ernesto, agradeço por trazer a Engenharia para a minha vida e me ajudar

a trilhar meu caminho pessoal e profissional, sempre com seriedade e amor.

A minha irmã Mariana, pelas palavras de carinho, os exemplo da vida, amor e amizade

por todo esse tempo.

Ao meu namorado Danilo, presente todo esse tempo, parceiro em todas as

dificuldades e também nos muitos bons momentos que tivemos. Amo você.

A todos os professores desta escola, que contribuíram na minha formação.

Principalmente ao PET-Civil que agregou muito a minha formação profissional e

pessoal.

Aos amigos da graduação sempre presentes em toda esta trajetória.

Ao meu professor orientador, Jorge Santos, o meu muito obrigado, pela paciência,

dedicação e atenção dada, além dos conhecimentos passados.

A todos que contribuíram de alguma forma para esta realização.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ

como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro

Civil.

MEDIDAS PARA A REDUÇÃO DOS IMPACTOS

AMBIENTAIS GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL

Isabela da Rocha Santos

Março/2015

Orientador: Jorge Santos

Curso: Engenharia Civil

A indústria da construção civil é uma das maiores consumidoras de recursos

naturais e, também, geradoras de resíduos sólidos. Este trabalho apresenta um

panorama atual da situação ambiental no país e toda legislação ambiental baseada na

Resolução n°307 da CONAMA. Cientes dos impactos ambientais gerados pela sua

atuação e buscando a não geração de resíduos, as construtoras buscam medidas

alternativas de projeto, materiais e processos sustentáveis, implementando a

reciclagem, reaproveitamento e procedimento de gestão de resíduos. Por fim, o

resultado de um acompanhamento de uma obra em que foram apresentadas algumas

medidas de redução na geração de resíduos e impactos ambientais.

Palavras-chave: Impacto Ambiental, Resíduos, Construção Civil, Reciclagem, Gestão de Resíduos.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial

fulfillment of the requirements for the degree of Engineer.

MESURES TO REDUCE THE ENVIRONMENTAL IMPACTS GENERATED BY

CONSTRUCTION

Isabela da Rocha Santos

Março/2015

Advisor: Jorge Santos

Course: Civil Engineering

The construction industry is one of the largest consumers of natural resources and also

generate solid waste. This paper presents a current overview of the environmental

situation in the country and all environmental legislation based on Resolution No. 307

of CONAMA. Aware of the environmental impacts generated by its operations and

seeking not waste generation, construction companies seek alternative measures

design, sustainable materials and processes, implementing recycling, reuse and waste

management procedure. Finally, the result of a monitoring of a work in which they were

presented some mitigation measures in waste generation and environmental impacts.

Keywords: Construction, Environmental impacts, recycling

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: MARGEM DESMATADA, COM EROSÃO CAUSANDO ASSOREAMENTO NA ÁREA DE EXTRAÇÃO DE AREIA................... 6

FIGURA 2: EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA DA INDÚSTRIA DE CIMENTO, 2000. ..................................................... 7

FIGURA 3: DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL DO POTENCIAL DE EMISSÕES ANUAL DE CO2 DA INDÚSTRIA DE CIMENTO NOS ANOS 1990.

............................................................................................................................................................. 8

FIGURA 4: ESTOQUE DE CIMENTO EM CANTEIRO DE OBRAS ...................................................................................... 15

FIGURA 5: EXEMPLO DE RESÍDUOS CLASSE A, CONFORME A RESOLUÇÃO N°307 .......................................................... 17

FIGURA 6: EXEMPLO DE RESÍDUOS CLASSE B CONFORME A RESOLUÇÃO N°307 ........................................................... 17

FIGURA 7: EXEMPLO DE RESÍDUOS CLASSE D CONFORME A RESOLUÇÃO N°307 ........................................................... 18

FIGURA 8: RCD COLETADO NAS REGIÕES EM TON/DIA ............................................................................................ 19

FIGURA 9: TIPO DE PROCESSAMENTO DADO ENTRE OS 392 MUNICÍPIOS BRASILEIROS C/ MANEJO DE RCC ........................ 21

FIGURA 10: DISTRIBUIÇÃO DAS USINAS DE RECICLAGEM DE RCC NO BRASIL ............................................................... 26

FIGURA 11: ECOPONTO NO PARQUE ROYAL NA ILHA DO GOVERNADOR ..................................................................... 35

FIGURA 12: RESÍDUOS SÓLIDOS ENCAMINHADOS ÀS UNIDADES DE RECEBIMENTO DO SISTEMA PÚBLICO DA CIDADE DO RIO DE

JANEIRO ................................................................................................................................................ 37

FIGURA 13: NÍVEIS DE CERTIFICAÇÃO LEED ......................................................................................................... 42

FIGURA 14: REGISTROS E CERTIFICAÇÕES LEED NO BRASIL ..................................................................................... 42

FIGURA 15: EXIGÊNCIA MÍNIMA PARA CERTIFICAÇÃO AQUA ................................................................................... 44

FIGURA 16: ILUSTRAÇÃO DO PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO AQUA ............................................................................. 45

FIGURA 17: MODELO DE CRONOGRAMA SUGERIDO PELO MANUAL ............................................................................ 49

FIGURA 18: EXEMPLO DE ARMAZENAMENTO DE AÇO .............................................................................................. 52

FIGURA 19: EXEMPLO DE ARMAZENAMENTO DE MADEIRA ....................................................................................... 52

FIGURA 20: EXEMPLO DE COLETA SELETIVA EM CANTEIRO DE OBRAS .......................................................................... 53

FIGURA 21: BAGS UTILIZADOS PARA ORGANIZAÇÃO................................................................................................ 54

FIGURA 22: MODELO DE ETIQUETAS E ADESIVOS ................................................................................................... 54

FIGURA 23: MODELO DE NTR PELO SMAC N°519 ............................................................................................... 58

FIGURA 24: MODELO DE USINA MÓVEL DE RECICLAGEM DE RCC UTILIZADO NA ALEMANHA........................................... 60

FIGURA 25: PROCESSO DE RECICLAGEM DE RESÍDUO CLASSE A ................................................................................. 61

FIGURA 26: USOS RECOMENDADOS PARA AGREGADOS RECICLADOS .......................................................................... 61

FIGURA 27: BOLSA COMO PRODUTO FINAL DA RECICLAGEM DE SACOS DE CIMENTO ...................................................... 64

FIGURA 28: CAÇAMBA DE RESÍDUO DE MADEIRA ................................................................................................... 69

FIGURA 29: CAÇAMBAS COM RESÍDUOS CLASSE D .................................................................................................. 69

FIGURA 30: CAÇAMBA COM RESÍDUOS CLASSE B ................................................................................................... 70

FIGURA 31: MODELO DE NTR PARA RESÍDUO TIPO CLASSE A ................................................................................... 74

FIGURA 32: MODELO DE NRT UTILIZADO PARA RESÍDUO CLASSE B ........................................................................... 75

FIGURA 33: MODELO DE NTRS PARA RESÍDUO CLASSE B (MADEIRA) ......................................................................... 76

FIGURA 34: MODELO DE NTR DE METAL/SUCATA ................................................................................................. 77

FIGURA 35: RELATÓRIO MENSAL DE GESTÃO DE RESÍDUOS DO MÊS DE DEZEMBRO/2014 ............................................ 78

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FIGURA 36: INTERFERÊNCIA DAS INSTALAÇÕES DE ÁGUA E ESGOTO COM AS DE ELÉTRICA. .............................................. 79

FIGURA 37: INFERÊNCIA DO SISTEMA HIDRÁULICO COM O REVESTIMENTO INTERNO ...................................................... 79

FIGURA 38: INTERFERÊNCIA DO SISTEMA PREDIAL COM A ESTRUTURA ........................................................................ 80

FIGURA 39: MARCAÇÃO DE FURAÇÃO NA LAJE NA FORMA ANTES DA CONCRETAGEM .................................................... 81

FIGURA 40: CHUMBAMENTO DE PASSANTES DE ACORDO COM O PROJETO .................................................................. 81

FIGURA 41: KITS HIDRÁULICOS DE AQUECEDOR/TANQUE E CHUVEIRO. ..................................................................... 82

FIGURA 42: KIT DE CHUVEIRO COM PLACA DE DRYWALL VERDE AGURADANDO ACABAMENTO. ........................................ 83

FIGURA 43: KIT DE LAVATÓRIO JÁ ACABADO, PRONTO PARA A APLICAÇÃO DE CERÂMICA. ............................................... 83

FIGURA 44: TIPOS DE BLOCOS CERÂMICOS DA ALVENARIA RACIONALIZADA ................................................................. 85

FIGURA 45: PROJETO DE PRIMEIRA FIADA DE ALVENARIA RACIONALIZADA ................................................................... 86

FIGURA 46: PROJETO DE DETALHE DE PAGINAÇÃO DE VEDAÇÃO RACIONALIZADA .......................................................... 86

FIGURA 47: BLOCO ELÉTRICO AMEAÇA EM SUA POSIÇÃO ......................................................................................... 87

FIGURA 48: PAREDE PRONTA COM INSTALAÇÃO ELÉTRICA SEM MARCAS DE ARREMATES E RETRABALHOS .......................... 87

FIGURA 49: PAREDE PRONTA SEM ARREMATES ...................................................................................................... 87

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: ESTIMATIVA DE GERAÇÃO DE RCC EM ALGUNS PAÍSES .............................................................................. 10

TABELA 2: COMPONENTES DOS ENTULHOS DA CONSTRUÇÃO .................................................................................... 18

TABELA 3: COMPONENTES DE ENTULHOS POR TIPO DE OBRA .................................................................................... 18

TABELA 4: ÍNDICE DE COLETA DE RCD ................................................................................................................. 19

TABELA 5: QUANTIDADE DE RESÍDUOS RECEBIDOS PELAS UNIDADES DE PROCESSAMENTO .............................................. 22

TABELA 6: ALTERNATIVAS DE DESTINAÇÃO PARA DIVERSOS TIPOS DE RCC ................................................................... 23

TABELA 7: INSTRUMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DE ABRANGÊNCIA NACIONAL .......................................................... 30

TABELA 8: NORMAS TÉCNICAS RELACIONADAS AOS RESÍDUOS SÓLIDOS E RCC ............................................................. 33

TABELA 9: CATEGORIAS DA CERTIFICAÇÃO LEED ................................................................................................... 41

TABELA 10: ÁREAS CHAVES E CRITÉRIOS DA CERTIFICAÇÃO LEED .............................................................................. 41

TABELA 11: CARACTERÍSTICAS DOS DESTINATÁRIOS ................................................................................................ 51

TABELA 12: PROCEDIMENTO PARA ACONDICIONAMENTO INICIAL .............................................................................. 55

TABELA 13: RECOMENDAÇÕES DE TRANSPORTE INTERNO PARA CADA TIPO DE RESÍDUO ................................................. 56

TABELA 14: ACONDICIONAMENTO FINAL DOS RESÍDUOS NO CANTEIRO DE OBRA .......................................................... 57

TABELA 15: REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS .............................................................................................................. 65

TABELA 16: DOCUMENTAÇÃO ESPECÍFICA PARA HOMOLOGAÇÃO PELO SETOR DA QUALIDADE ........................................ 71

TABELA 17: POSSÍVEIS DESTINOS PARA CADA RESÍDUO ESPECÍFICO ............................................................................ 72

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SUMÁRIO

Conteúdo

SUMÁRIO .......................................................................................................... x

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1

1.1. Objetivo ....................................................................................................................................... 2

1.2. Metodologia Aplicada ................................................................................................................. 2

1.3. Estrutura do trabalho .................................................................................................................. 3

2. IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELA CONSTRUÇÃO CIVIL ........ 4

2.1. Conceitos ..................................................................................................................................... 4

2.1.1. Aspectos Ambientais .......................................................................................................... 4

2.1.2. Impactos Ambientais .......................................................................................................... 4

2.2. Os impactos da construção ......................................................................................................... 5

2.3. O Desenvolvimento e o Meio Ambiente .................................................................................... 11

3. PANORAMA AMBIENTAL DA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................. 13

3.1. Situação Ambiental na Construção Civil ................................................................................... 13

3.2. Práticas que geram o aumento os impactos ............................................................................. 13

3.2.1. Perda de Materiais ........................................................................................................... 14

3.2.2. Perda de Mão de Obra ..................................................................................................... 15

3.3. Tipos de resíduos gerados ......................................................................................................... 16

3.4. Transporte dos Resíduos e Bota-foras ...................................................................................... 20

3.4.1. Acondicionamento e Transporte dos Resíduos nas Obras ............................................... 20

3.4.2. Tratamento e Destinação dos RCC ................................................................................... 21

3.4.3. Normas Técnicas .............................................................................................................. 23

3.5. Reciclagem e reaproveitamento ............................................................................................... 24

3.6. Indicadores Ambientais ............................................................................................................. 26

3.6.1. Indicadores PBQP-H ......................................................................................................... 28

4. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ..................................................................... 29

4.1. Leis e Políticas Públicas ............................................................................................................. 29

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4.1.1. Resolução CONAMA n° 307/2002 ............................................................................................ 30

4.2. Lei Estadual do Rio de Janeiro ................................................................................................... 34

4.3. Lei Municipal do Rio de Janeiro ................................................................................................. 34

4.3.1. Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ............................................. 36

4.4. Certificação de Construção Sustentável .................................................................................... 38

4.4.1. LEED no Brasil ................................................................................................................... 40

4.4.2. Certificação AQUA ............................................................................................................ 42

4.5. PBQP-H Resíduos ....................................................................................................................... 45

4.5.1. O que é PBQP-H? .............................................................................................................. 45

4.5.2. Indicadores PBQP-H ......................................................................................................... 46

5. MEDIDAS PRÁTICAS DE REDUÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DO

RCC ................................................................................................................. 48

5.1. Gerenciamento de Resíduos ...................................................................................................... 48

5.1.1. Gestão nas Construtoras (SindusCon – SP) ...................................................................... 48

5.2. Boas Práticas: coleta, armazenagem e segregação dos resíduos ............................................. 53

5.2.1. Coleta Seletiva e Segregação de Resíduos ....................................................................... 53

5.2.2. Acondicionamento e Transporte Interno ......................................................................... 54

5.3. Transporte e bota-fora .............................................................................................................. 57

5.3.1. Transporte de Resíduos no Rio de Janeiro ....................................................................... 57

5.3.2. Boas práticas .................................................................................................................... 59

5.3.3. Destinação Adequada ...................................................................................................... 59

5.4. Reciclagem ................................................................................................................................ 59

5.4.1. Usinas de Reciclagem ....................................................................................................... 60

5.4.2. Uso de agregados reciclados ............................................................................................ 60

5.4.3. Reciclagem de Sacos de Cimento ..................................................................................... 63

5.4.4. Reciclagem de Gesso ........................................................................................................ 64

5.5. Reutilização e aproveitamento ................................................................................................. 65

6. ESTUDO DE CASO................................................................................... 66

6.1. Caracterização da Empresa ...................................................................................................... 66

6.2. Caracterização do empreendimento ......................................................................................... 66

6.3. Medidas Alternativas de Redução de Impactos Utilizadas ....................................................... 67

6.3.1. Gestão da Qualidade ........................................................................................................ 67

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6.3.2. Gestão de Resíduos .......................................................................................................... 67

6.3.3. Segregação de Resíduos e destinação correta ................................................................. 68

6.3.4. Uso de Kits hidráulicos ..................................................................................................... 78

6.3.5. Uso de Alvenaria Racionalizada ....................................................................................... 84

6.4. Considerações Finais ................................................................................................................. 88

7. CONCLUSÃO ............................................................................................ 88

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 91

SIGLAS

ABEPRO – Associação Brasileira de Engenharia de Produção

ABNT – associação Brasileira de Normas Técnicas ABRECON – Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza e Resíduos Especiais

ANA – Agência Nacional das Águas

ASCE – American Society of Civil Engeneers

ATTR – Área de Transbordo, Triagem e Reciclagem de Resíduos da Construção Civil

CBCS – Conselho Brasileiro de Construção Sustentável

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPCC – Intergovernamental Panel on Climate Change

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

NTR – Nota de Transporte de Resíduos

PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat

PIB – Produto Interno Bruto

PMGRCC – Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil

PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

RCC – Resíduo da Construção Civil

RCD – Resíduos de Construção e Demolição SIAC – Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas e Serviços e Obras da Construção Civil

SINDUSCON-SP – Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo

SMAC – Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Rio de Janeiro)

SNIS – Sistema Nacional de Informações

WBCSD – Word Business Council for Sustainable Development

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1. INTRODUÇÃO

Desde a antiguidade o homem tem utilizado a engenharia a fim de solucionar

problemas que a sociedade enfrenta. Nos últimos cinco anos o país esteve em um

bom momento da economia o que propiciou o crescimento da construção civil e

consequente avanço na geração de emprego, tornando-a importante para o

desenvolvimento econômico e social.

Este crescimento fez com que a fabricação e comercialização de produtos crescessem

também, sendo necessária a extração de matéria prima para tal finalidade. No entanto,

foi realizada de forma desordenada e ilimitada causando grandes mudanças e

impactos ao meio ambiente.

Essas alterações sobre o meio ambiente abarcam desde as etapas de construção

de determinado empreendimento até os momentos de manutenção, reforma,

ampliação, desocupação e demolição. Com o objetivo de minimizar estes impactos

surge o conceito de construção sustentável que no âmbito da Agenda 21 para a

Construção Sustentável em países em Desenvolvimento é definida como: “um

processo holístico que aspira a restauração e manutenção da harmonia entre os

ambientes natural e construído, e a criação de assentamentos que afirmem a

dignidade humana e encorajem a equidade econômica”.

Como destacado por CARNEIRO et al (2001), a construção civil é considerada

uma das atividades que mais geram resíduos e alteram o meio ambiente, em todas as

suas fases, desde a extração de matérias-primas, até o final da vida útil da edificação.

JOHN (1996) salienta que os valores internacionais para o volume do entulho da

construção e demolição oscilam entre 0,7 e 1,0 toneladas por habitante/ano.

Dados mais atuais do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil de 2013

publicado pela ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Especiais)

indicam que são coletados pelos municípios cerca de 0,58 Kg/hab./dia. O documento

afirma ainda que houve um aumento de 4,6% na quantidade coletada na comparação

com o ano anterior (2012).

A problemática dos Resíduos da Construção Civil (RCC) é relativamente recente

no Brasil. Ao contrário de países como os EUA e o Japão, aonde já existiam políticas

para a questão dos resíduos desde a segunda metade do século XX, no Brasil ainda

discute-se uma legislação mais abrangente sobre os resíduos (FRAGA, 2006). Apenas

com a Resolução n°307, de Junho de 2002 foram definidas diretrizes sobre o

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gerenciamento destes resíduos. Transferindo a responsabilidade de gestão do poder

público para os geradores.

Segundo informações da CBCS – Conselho Brasileiro de Construção

Sustentável – a construção civil impacta ativamente o meio ambiente. Sozinha, ela

demanda 40% da energia e um terço dos recursos naturais, além de emitir também

um terço dos gases de efeito estufa, produzindo mais de 40% dos resíduos sólidos

urbanos.

Com objetivo de amenizar esse efeito e adequar as responsabilidades

atribuídas a elas pela Resolução n°307 da CONAMA, as construtoras estão buscando

o conceito de desenvolvimento sustentável. O chamado LEED1, desenvolvido nos

Estados Unidos, é um certificado que tem sido adotado, no planejamento de

construção civil, com o intuito de assegurar que as obras atendam aos padrões

ecologicamente corretos. Além disso, apoiar, ou mesmo financiar, projetos

ambientais e planos de reflorestamento tem sido outra alternativa encontrada pelas

construtoras para compensar seu impacto sobre o meio ambiente.

1.1. Objetivo

O presente trabalho visa com base na necessidade de busca por novos materiais e

métodos menos agressivos ao meio ambiente, apresentar medidas de projeto,

execução e planejamento de obra que reduzam os impactos causados pelos resíduos

da construção civil. Trazendo opções de melhoria na execução dos serviços no âmbito

sustentável e econômico.

Assim esta pesquisa irá focar apenas os impactos ambientais gerados por

construções civis urbanas deixando de lado as construções de infraestrutura. Para

estas últimas, as exigências da Resolução da CONAMA e órgãos públicos são um

pouco diferentes, assim como os impactos ambientais, que são maiores e menos

reversíveis.

1.2. Metodologia Aplicada

Com o objetivo de atingir os objetivos propostos, o trabalho foi dividido em duas

etapas, onde a primeira representou uma revisão bibliográfica através de livros, teses,

estudos e revistas sobre estudos e debates a respeito do assunto, e a segunda

1 LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é um sistema internacional de certificação e

orientação ambiental para edificações, utilizado em 143 países, e possui o intuito de incentivar a transformação dos projetos, obra e operação das edificações, sempre com foco na sustentabilidade de suas atuações.

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englobou o estudo de caso em uma obra residencial de alto padrão com dezesseis

pavimentos de uma construtora consolidada e renomada no mercado onde existem

métodos e projetos que visam a redução de resíduos e aumento da produtividade.

1.3. Estrutura do trabalho

A pesquisa foi organizada em 7 capítulos da seguinte forma:

Análise da importância da construção civil, seu crescimento acelerado e

desordenado no país sem uma preocupação inicial em suas consequências

ambientais.

Apresentar um referencial teórico dos impactos ambientais gerados pela

construção civil no Brasil e no mundo. Abordar aspectos relacionados ao

crescimento da construção civil e aumento dos impactos.

Levantar a situação atual do meio ambiente e a construção civil, destacando as

práticas das geradoras – construtoras e empreiteiras – que aumentam a

geração de resíduos. Como são classificados esses resíduos, seu transporte,

descarte, reciclagem e possível reuso.

Fazer uma pesquisa geral sobre a legislação ambiental aplicada ao RCC, com

todas as exigências relativas a certificação e principais indicadores do PBQP-H

– Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat relativos a

resíduos.

Abordar as medidas que são ou deveriam ser utilizadas pelas construtoras afim

de reduzir os impactos causados pela obra, sua política da Qualidade e o setor

responsável por uma construção limpa, organizada e sustentável. Por fim,

apresentar um exemplo onde algumas destas medidas são feitas, seus

processos e resultados.

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2. IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELA

CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1. Conceitos

2.1.1. Aspectos Ambientais

O aspecto ambiental é o “elemento das atividades ou produtos ou serviços de

uma organização que pode interagir com o meio ambiente” (NBR ISO 14001,2004),

cuja importância é dada pelo seu poder de gerar um impacto ambiental significativo.

São exemplos de aspectos ambientais, emissões de gases, resíduos sólidos gerados,

matéria prima consumida, efluentes e combustível consumido.

2.1.2. Impactos Ambientais

É definido como “qualquer intervenção ao meio ambiente adversa ou benéfica,

que resulte, no todo ou na parte, dos aspectos ambientais da organização” (NBR ISSO

14001,2004).

São considerados impactos ambientais os resultados da interação dos aspectos

ambientais com o meio ambiente, como por exemplo, poluição do solo e atmosférica,

contaminação do lençol freático e aquecimento global. Segundo o Artigo 1° da

Resolução CONAMA, de 23 de janeiro de 1986, considera-se impacto ambiental

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,

causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas

que, direta ou indiretamente, afetam:

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II - as atividades sociais e econômicas;

III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio

ambiente;

V - a qualidade dos recursos ambientais

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Logo, as atividades da construção civil geram aspectos ambientais, que por sua

vez provocam impactos ambientais. São esses que atingem o meio ambiente

alterando suas propriedades naturais. Por isso, para apresentar medidas que reduzem

estes impactos é necessário estudá-los e entender suas causas e efeitos.

2.2. Os impactos da construção

Além da extração e posterior transformação dos materiais, há uma constante

alteração nas paisagens, gerando alterações estéticas e sanitárias no ambiente, que

podem atrair efeitos negativos em relação à reação da natureza para com tais

atividades humanas. Todos esses processos geram impactos ambientais e afetam a

saúde e bem estar da população.

No Brasil estima-se que a construção habitacional utilize uma tonelada de material

por um metro quadrado. Por ano, o consumo de recursos pode passar dos 200

milhões de toneladas (SOUZA; DEANA, 2007). De acordo com John; Oliveira e Lima

(2007), “a construção de edificações consome até 75% dos recursos extraídos da

natureza, com o agravante que a maior parte destes recursos não é renovável”.

O consumo desnecessário de recursos tem como consequência imediata o

esgotamento de recursos e a geração de resíduos. No entanto, outros impactos

ambientais podem ser identificados, tais como: emissão de gases poluentes e gasto

de energia, seja durante a extração, fabricação ou transporte do recurso;

contaminação da água por lavagem de matéria prima extraída e por processos

industriais; consumo de energia e água, entre outros insumos, para manter a

produção. A produção de cimento Portland, por exemplo, responde por cerca de 6%

de todas as emissões antropogênicas2 de CO2 (JOHN, 2003).

A formação de áreas degradadas tem início já na fase de extração de recursos

naturais. A retirada de matéria prima pode resultar na extinção e escassez de fontes e

jazidas, alterações na flora e fauna do entorno destes locais de exploração,

reconfiguração das superfícies topográficas, aceleração do processo erosivo,

modificações de cursos d’água, interceptação do lençol freático, aumento da emissão

de gases e partículas em suspensão no ar, aumento de ruídos e propagação de

vibrações no solo. Na figura 2.2 a área degradada é um rio já assoreado, resultado da

extração de minerais, utilizados na construção civil como agregados naturais, por

exemplo, a areia.

2 Antropogênicos são efeitos, materiais ou processos derivados de atividades humanas, em

oposição a aqueles que ocorrem em ambientes naturais sem influência humana.

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A mineração de materiais de uso imediato na construção, como areia, brita e

argila, aliada a outras formas de uso e ocupação do solo, vem gerando uma

diminuição das jazidas disponíveis para o atendimento das demandas das principais

regiões do país, em especial no Sul e Sudeste. Segundo John (2000), em São Paulo,

por exemplo, o esgotamento das reservas próximas da capital faz com que a areia

natural já esteja sendo transportada de distâncias superiores a 100 km, resultando em

significativo aumento no consumo de energia e geração de poluição.

Figura 1: Margem desmatada, com erosão causando assoreamento na área de extração de areia.

Fonte: Inpe (2007, apud Vale Verde 2008)

O cimento tem grande importância para a sociedade, por imprimir na civilização

atual e em suas cidades uma espécie de “face” comum. As obras e construções

contemporâneas, especialmente nos grandes centros, fazem amplo uso do cimento

como elemento de ligação, concretagem e elementos estruturais, entre muitos outros

usos. A sua matéria-prima, especialmente o calcário, é abundante e relativamente

barata. Isso faz com que grandes e pequenas obras realizadas em todo o mundo

moderno utilizem o cimento, fato que está diretamente relacionado à melhoria de

qualidade de vida das populações. Entretanto, a produção do cimento gera impactos

no meio ambiente e na saúde humana, em quase todas as suas fases de produção.

Há impactos e danos à saúde desde a extração de matéria-prima, que gera

degradação e alterações no ambiente natural próximo às fábricas e às áreas de

mineração, passando pela emissão de material particulado, causador de muitos

problemas à saúde humana, até o macroimpacto gerado na fase de clinquerização,

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com forte emissão de gases de efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono

(Maury e Blumenschein, 2012).

O processo produtivo do cimento tem sido apontado como gerador de impactos

tanto ambientais, como sociais. Impactos relacionados com as comunidades no

entorno das fábricas eram corriqueiros e alguns deles causavam conflitos com seus

habitantes, tanto por gerarem problemas no meio natural como por questões

relacionadas à saúde humana, tais como: contaminações no ar, na água ou no solo.

Atualmente, nem todas as fábricas de cimento são problemáticas, já que parte delas

vem cada vez mais se comportando de forma a atender legislações, buscando uma

maior responsabilidade socioambiental. Entretanto, o setor passou a ser visado por

emitir gases de efeito-estufa, causando impactos em escala mundial (IPCC, apud

MCT, 2006).

A indústria do cimento é responsável por aproximadamente 3% das emissões

mundiais de gases de efeito estufa e por aproximadamente 5% das emissões de CO2

(CSI, 2002). A Figura 2 mostra que a queima de combustíveis fósseis contabiliza cerca

e 54%, o desmatamento por queimadas 9% e outros emissores de gases de efeito

estufa 14,8%. Nas emissões específicas da indústria do cimento, aproximadamente

50% referem-se ao processo produtivo, cerca de 5% ao transporte, 5% ao uso da

eletricidade e os outros 40% ao processo de clinquerização (WBCSD, 2002). A Figura

3 mostra a distribuição mundial do potencial de emissões anual de CO2 pela indústria

de cimento nos anos 1990. Sem dúvida, o maior potencial de emissões está na Ásia,

China, Japão e Índia. No Brasil, o potencial de emissão é considerado mediano.

Figura 2: Emissão de gases de efeito estufa da indústria de cimento, 2000.

Fonte: Adaptado de WBCSD (2002)

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Figura 3: Distribuição mundial do potencial de emissões anual de CO2 da indústria de cimento nos anos 1990.

Fonte: Van Oss e Padovani (2002), com base em dados de Cembureau (1996).

Segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), com base em pesquisa da

Sociedade Americana dos Engenheiros Civis (ASCE), o setor urbano é responsável

por 26% do consumo de toda água potável do país. Já a construção civil responde por

16%. O uso deste recurso não se restringe ao período de construção do

empreendimento, mas se estende à edificação já concluída e habitada. Neste caso,

um edifício residencial convencional tem nos sanitários os grandes consumidores –

responsáveis por aproximadamente 70% de toda a água utilizada em um condomínio.

Na construção de edifícios, como em outros tipos de obras, a água é um elemento

importante, sendo essencial para o consumo humano e indispensável na execução de

alguns serviços. No canteiro de obras a utilização da água para as necessidades

humanas está relacionada, basicamente, às demandas essenciais dos funcionários do

canteiro e estas são preservadas de acordo com a legislação trabalhista. Em linhas

gerais, estima-se que o consumo diário por operário não alojado chega a 45 litros por

dia, não estando inclusa a refeição. No caso da refeição ser preparada na obra, este

número passa para 65 litros por dia (Neto, 2013).

Já nos serviços de construção civil, embora a água não seja vista e nem tratada

como material de construção, o consumo é bastante elevado, por exemplo, para a

confecção de um metro cúbico de concreto, se gasta em média de 160 a 200 litros e,

na compactação de um metro cúbico de aterro, podem ser consumidos até 300 litros

de água. Além destes gastos, temos picos de gastos em diferentes etapas da obra

como testes de impermeabilização e instalações hidráulicas e limpeza dos

apartamentos em fase de entrega.

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Além de ser principal consumidora a construção civil aparece como uma das

atividades que mais interferem no ciclo da água, seja diretamente, em obras de

infraestrutura, como barragens e transposições, ou indiretamente, criando superfícies

impermeáveis que alteram o escoamento superficial e a drenagem. E também

poluindo através de seus resíduos descartados sem tratamento em locais impróprios.

Muitos resíduos de tintas e solventes são aterrados de forma ilegal e percolam até

atingirem e contaminarem o lençol freático.

O macro-complexo da construção civil, na maior parte das vezes, “projeta e

constrói” sem levar em consideração os impactos ambientais causados principalmente

pela grande geração de entulho. Parte dos materiais descartados pelas obras é

abandonada em locais inadequados, quase sempre clandestinos, o que provoca

danos às áreas sadias como o seu esgotamento e poluição de aquíferos. Outra

quantidade é depositada em cursos d’água o que causa colapso das margens e

poluição de suas águas (FRAGA, 2006).

Durante a obra e ao término dela outro problema é gerado, o dos resíduos.

Resíduos sólidos da construção civil não se restringem apenas a tijolos quebrados ou

argamassa desperdiçada, como muitos consideram. Formam um conjunto de materiais

diversos, como embalagens plásticas e de papel, terra e detritos de vegetação,

ferragens, madeiras, e até possíveis sobras de alimentos e bitucas de cigarro, entre

outros, formando assim um volume extremamente heterogêneo e de difícil separação.

E estes resíduos, quando dispostos de maneira inadequada em lixões, áreas

próximas a rios e córregos, em vias públicas e até mesmo em aterros controlados,

trazem problemas à saúde e ao meio ambiente, provocando o surgimento de vários

pontos de áreas degradadas espalhados pelos centros urbanos (ROTH e GARCIA,

2009).

Segundo o SindusCon-SP, Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado

de São Paulo, no relatório de Gestão Ambiental de RCC (2005), estudos realizados

em alguns municípios apontam que os resíduos da construção formal têm uma

participação entre 15% e 30% na massa dos resíduos da construção e demolição.

Embora representem uma parcela menor em relação à construção informal, que atinge

75% dos resíduos gerados. Os resíduos provenientes da construção formal podem ser

destinados da mesma maneira desordenados, causando impactos ambientais

significativos e expondo a atividade da construção empresarial a riscos de autuações e

penalidades decorrentes da responsabilização por crime ambiental (dispor resíduos

sólidos em desacordo com a legislação é considerado crime ambiental).

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Interessado em entender o panorama do país o Ipea desenvolveu um diagnóstico

dos Resíduos Sólidos da Construção Civil em que buscou dados e informações

capazes de comparar o Brasil com o mundo e confrontar a situação de cada região.

Para uma análise da estimativa nacional, o Brasil foi comparado a outros países,

como mostra a tabela 1, que apresenta uma estimativa de geração de RCC.

Tabela 1: Estimativa de geração de RCC em alguns países

Fonte: Ipea, 2012

A ressalva sobre as informações da tabela 1 é que, devido à variação de datas

dos dados, é difícil estabelecer a análise da geração dos RCC. O que se pode

constatar é que a geração de 31 milhões de t/ano no Brasil encontra-se abaixo da de

outros países, tais como Japão, Estados Unidos, Itália e Alemanha. A tabela faz parte

de um relatório do Ipea (2012) cujo objetivo era indicar que pode ser realizada uma

melhor investigação caso o objetivo seja analisar a atual geração de RCC em vários

países.

No cenário nacional, os RCC têm sido coletados, segundo o SNIS (Brasil, 2010c),

no montante de 7.192.372,71 t/ano (coletados de origem pública) e de 7.365.566,51

t/ano (coletados de origem privada), totalizando 14.557.939,22 t/ano.

A PNSB (IBGE, 2010) constatou que, dos 5.564 municípios brasileiros, 4.031

apresentam serviços de manejo de RCC, sendo que, entre estes, 392 municípios

(9,7%) possuem alguma forma de processamento dos resíduos.

Segundo o SNIS (Brasil, 2010c), 4.513.272 t chegam às áreas de transbordo de

RCC, aterro de RCC e áreas de reciclagem, o que representa apenas 31% dos

resíduos coletados (público e privado) nos 373 municípios pesquisados. A PNSB

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indica que 1.330 municípios (32,9%) ainda dispõem os RCC em vazadouros e 442

municípios (10,9%) dispõem os RCC em aterros sanitários juntamente com demais

resíduos.

Constata-se que já existe, no cenário nacional, conhecimento, por parte do

gerador e dos municípios (prefeituras), a respeito da Resolução CONAMA n°

307/2002, que trata da responsabilidade do gerador sobre o gerenciamento dos RCC.

Cabe ao Plano Municipal de Resíduos da Construção Civil estabelecer metas relativas

à coleta, ao tratamento e à disposição final adequada, sendo necessária,

principalmente, uma forte campanha para minimizar o desperdício e intensificar as

ações sobre os aspectos preventivos na gestão dos RCC.

2.3. O Desenvolvimento e o Meio Ambiente

Ao longo da história da humanidade, a visão de progresso vem se confundindo

com um crescente domínio e transformação da natureza. Nesse paradigma, os

recursos naturais são vistos como ilimitados. Resíduos gerados durante a produção e

ao final da vida útil dos produtos são depositados em aterros, caracterizando um

modelo linear de produção (CARNEIRO et al, 2001).

A concepção do chamado desenvolvimento sustentável provém da percepção

sobre a ineficiência deste modelo de produção, incapaz de manter a preservação do

meio ambiente e, por conseguinte, a qualidade de vida do homem. O desenvolvimento

das cidades brasileiras aumenta a demanda por novas moradias ao mesmo tempo em

que surge a construção de novas indústrias, estradas e obras de infraestrutura, o que

mostra a importância do ramo da construção civil no crescimento do país e a influência

das construções no meio ambiente.

Nos últimos dez anos o Brasil teve grandes intervenções urbanas com o programa

Minha Casa Minha Vida e as obras da Copa de 2014 onde foi preciso ampliar as obras

de infraestrutura de aeroportos, aumentar o número de estradas e construir mais

moradias populares e melhorar a infraestrutura e o saneamento básico. O processo

continua com as obras das Olimpíadas de 2016 a serem realizadas na cidade do Rio

de Janeiro. Mas além de cumprir prazos e garantir que o País ofereça infraestrutura

para continuar a crescer, um dos maiores desafios é garantir que os projetos a serem

executados não deixem para as próximas gerações uma herança de danos

ambientais, como solos impermeabilizados e áreas verdes degradadas. A equação

para conciliar crescimento urbano com a preservação do meio ambiente não é fácil de

resolver.

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Segundo Schenini, Bagnati e Cardoso (2004), a inexistência de uma consciência

ecológica na indústria da construção civil resultou em danos ambientais irreparáveis,

que foram agravados pelo maciço processo de migração ocorrido na segunda metade

do século passado, que ocasionou uma enorme demanda por novas habitações. Uma

primeira ação visando a diminuição do impacto visa mudar a nossa cultura e maneira

de agir.

Num primeiro momento não é necessário investir em novas tecnologias nem

mudar as técnicas usadas atualmente. Basta investir na mudança da cultura dos

colaboradores, visando uma redução das perdas e da geração de entulho. Embora

seja uma ação barata e sem maiores investimentos financeiros, essa simples e

importante ação leva muito tempo para ser absorvida por todos envolvidos. Não existe

uma fórmula pronta em se tratando da minimização dos impactos ambientais, sendo

que cada caso deve ser analisado separadamente.

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3. PANORAMA AMBIENTAL DA CONSTRUÇÃO CIVIL

3.1. Situação Ambiental na Construção Civil

Depois de décadas de baixo investimento em infraestrutura e habitação, o Brasil

encontrou uma nova rota para o desenvolvimento atrelada a diversos fatores: maior

oferta de crédito imobiliário, crescimento do emprego e renda das famílias e a

manutenção da desoneração dos Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI de

diversos insumos da construção). Estes indicadores somados a investimentos em

programas como o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento e o Programa

Minha Casa Minha Vida, contribuíram para o investimento em obras de infraestrutura e

edificações residenciais.

A partir deste marco a construção brasileira conseguiu retomar sua importância no

desenvolvimento do país. Os números do IBGE comprovam esta afirmação, desde

2008 o setor da construção civil mantém uma média de 5,7% em participação no PIB

(Fonte: IBGE – Tabela de Participação no Valor adicionado Bruto a preços básicos).

Além de sua participação no PIB, a indústria da construção civil é também uma das

maiores empregadoras, conforme o Cadastro Geral dos Empregados e

Desempregados, do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2012 foram gerados 1.316

mil postos de trabalho com certeira assinada no geral, na construção civil as

admissões líquidas foram de 148 mil trabalhadores (Fonte: IBGE - PAIC,2012).

Da mesma maneira que se destaca por fatores positivos, no entanto, chama a

atenção por apresentar muitos fatores negativos, como processos produtivos

ineficientes e ultrapassados (por exemplo, a prática de quebrar os blocos cerâmicos

ou de concreto depois de erguidas as paredes com a finalidade de passar as

tubulações elétricas e hidráulicas), e o consumo indiscriminado e impensado de

materiais (muitas vezes ocasionado pela falta de projetos ou da compatibilização

destes, implicando a compra de uma quantidade maior que aquela a ser utilizada ou

até de materiais errados ou desnecessários), dos mais variados tipos e quantidades,

entre outros fatores, que acabam gerando uma série de impactos ambientais (Roth e

Garcia, 2009).

3.2. Práticas que geram o aumento os impactos

A indústria da construção civil quando comparadas a outras indústrias ainda

possui processos muito primários seja na produção, extração, reciclagem e,

principalmente, disposição de resíduos. As indústrias automobilísticas e montadoras,

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por exemplo, são capazes de rastrear seus produtos em qualquer etapa do seu ciclo

de vida, desde a extração e uso do material até sua destinação final, através de

controles tecnológicos e rastreabilidade.

Segundo Oliveira (1998), a construção de edificações, em especial, é o setor que

apresenta maiores atrasos devido à falta de qualidade e por apresentar grande

quantidade de retrabalho, perdas, baixa produtividade e enorme resistência a

mudanças (Roth e Garcias, 2009). O que provoca estes fatos é a visão distorcida das

atividades em série, a não polivalência da mão de obra, a mão de obra intensa e

desqualificada, a falta de definição de atividades, a resistência a mudanças e

produção não planejada por parte dos responsáveis (Lima, 1998). Apesar de antigas

essas afirmações são bastante atuais, comprovando a não evolução nos processos e

a falta de investimento em tecnologia e mão de obra.

O desperdício é uma característica marcante na construção civil brasileira, sendo

caracterizado, principalmente, por desperdícios de materiais, de tempo, os relativos à

mão de obra e o de recursos financeiros (FREITAS, 1995 apud FRAGA,2006).

3.2.1. Perda de Materiais

Fraga (2006) afirma que o desperdício de materiais se estende desde a seleção

de fornecedores; passando pela etapa de projetos com soluções inadequadas e não

otimizadas, no transporte e manuseio do material, recebimento e armazenamento.

Além disso, deve-se considerar o aumento dos materiais durante obra a fim de corrigir

imperfeições ou erros de execução, e no pós obra com os materiais usados em

reparos.

O primeiro erro de uma obra são os projetos executivos deficientes, pouco

detalhados e que de forma bastante comum passam por inúmeras revisões enquanto

o serviço já está em andamento. Ou seja, trabalha-se com a imprecisão e muitas

definições são feitas pelo engenheiro de campo ou fornecedores, de forma errônea.

Este caso, mostra que para aquela obra, o serviço não foi estudado, planejado ou teve

seus materiais comprados de forma controlada.

O manuseio de materiais pode se tornar um dos principais causadores de perda

de material. Antes de receber um material, previamente planejado, deve-se pensar na

logística deste material: onde ele irá descarregar, onde será armazenado e será

utilizado. Por mais óbvio que pareça, o ideal é que ele seja armazenado próximo de

onde será utilizado, de forma, a evitar seu manuseio por longas distâncias dentro da

obra.

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O armazenamento correto é de extrema importância para evitar perda de material.

Todo material tem uma forma correta de se estocar sem prejudicar suas formas e

características. Na figura 3.1, tem-se um estoque de cimento. Este deve estar em

ambiente seco, sobre pallets (sem contato com o solo) e em pilhas de até 10 sacos.

Figura 4: Estoque de cimento em canteiro de obras

Fonte: Internet (www.getninjas.com.br)

3.2.2. Perda de Mão de Obra

Para Grohmann (1998), perda de mão de obra refere-se ao tempo empregado

pelos trabalhadores em atividades que não incorporam valor ao produto final e que

podem, facilmente, ser reduzidos ou eliminados sem causar nenhum prejuízo.

Englobam: tempo de espera, de retrabalho, de transporte, etc.

E Fraga (2006) completa afirmando que o desperdício em função da mão de obra

ocorre em função da baixa qualificação dos operários e principalmente pela falta de

uma política de recursos humanos, onde estes erros poderiam ser combatidos com

medidas adequadas do gerenciamento da qualidade com base nos componentes de

fator humano (formação, informação, comunicação e motivação).

Segundo Alves (2008), em artigo publicado, é obrigação da indústria da

construção civil dar condições mínimas de trabalho para que seja possível exigir do

trabalhador produtividade e eficiência. Do contrário, o operário é desestimulado e

trabalha em sua baixa capacidade.

A princípio todos estão certos em suas afirmações, a mão de obra ainda é

primária e limitada, todo o setor da construção civil trabalha com funcionários

especializados apenas em uma ou duas funções e com pouco conhecimento técnico.

O trabalhador com baixa qualificação não tem consciência da obra como um ciclo é

limitado a realizar apenas uma tarefa e utilizar os mesmos materiais. Por não ser

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treinado é possível que um mesmo serviço seja errado e repetido algumas vezes

gerando retrabalho, gasto de material e tempo.

É importante que para evitar este tipo de desperdício sejam feitos treinamentos

periódicos de procedimentos de serviços e sobre política da qualidade. Garantindo que

o trabalhador saiba o serviço que deve ser feito, os materiais e ferramentas que deve

utilizar dentro dos padrões de qualidade exigidos pela empresa, a fim de evitar

retrabalhos. Outras medidas são o aperfeiçoamento técnico, buscando aumentar a

capacidade técnica do operário e a inspeção de funcionários, feita por encarregados

de turma e mestre de obra. Esta última tem o objetivo de evitar o “corpo mole” e

garantir que o funcionário está produzindo.

3.3. Tipos de resíduos gerados

A indústria da construção civil é um dos maiores consumidores de recursos

naturais e consequentemente, um dos maiores geradores de resíduos sólidos. “Os

resíduos gerados em canteiros de obra são as sobras do processo construtivo, que

define-se como o processo de produção de um dado edifício, desde a tomada de

decisão até a sua ocupação” (LEITE, 2014).

Em 2002, a Resolução da CONAMA n°307, classificou os resíduos da construção

civil e norteou o setor. Depois de três revisões (2004,2011 e 2012), a classificação,

segundo a Resolução ficou da seguinte maneira:

Classe A - resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras

obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes

cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e

concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em

concreto (blocos, tubos, meio fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

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Figura 5: Exemplo de resíduos Classe A, conforme a Resolução n°307

Fonte: BARRETO,2005

Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:

plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;

Figura 6: Exemplo de resíduos Classe B conforme a Resolução n°307

Fonte: Internet (www.rdfreciclagem.com.br)

Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias

ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou

recuperação;

Classe D - são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais

como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à

saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas,

instalações industriais e outros.

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Figura 7: Exemplo de resíduos classe D conforme a Resolução n°307

Fonte: Internet (http://www.caloreequipamentos.com)

A classificação dos resíduos é importante para gestão dos canteiros, organização

de caçambas com segregação de resíduos, possibilitando a reutilização, reciclagem e

destinação correta. Para melhor compreender a situação dos resíduos da construção

civil, estão apresentados nas tabelas 3.1 e 3.2, em porcentagem, respectivamente: a

composição média dos materiais que nos permite apontar os materiais mais

desperdiçados e os componentes dos RCC de acordo com o serviço realizado.

Tabela 2: Componentes dos entulhos da construção

Fonte: Silva Filho (2005 apud Santos,2009)

Tabela 3: Componentes de entulhos por tipo de obra

Fonte: Levy (1997, apud Santos, 2009)

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Anualmente a ABRELPE, Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública

e Resíduos Especiais, publica um panorama dos resíduos sólidos do país. Com

relação aos resíduos de construção civil e demolição (RCD) observou-se entre 2013,

última publicação, e 2012 um aumento de 4,6% na quantidade coletada. O estudo é

feito em alguns municípios com auxílio das empresas responsáveis pela limpeza

urbana.

Na tabela 3.3 é dado a quantidade de resíduos coletados, assusta o índice de

cerca de 0,6 Kg de resíduos por habitante por dia.

Tabela 4: Índice de coleta de RCD

Fonte: ABRELPE, 2013

Segundo a ABRELPE esta situação se repete ao longo dos anos, e exige atenção

quanto ao destino final dado ao RCD, visto que a quantidade total desses resíduos é

ainda maior, uma vez que os municípios coletam apenas os resíduos lançados nos

logradouros públicos.

Figura 8: RCD coletado nas regiões em ton/dia

Fonte: APRELPE, 2013

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3.4. Transporte dos Resíduos e Bota-foras

No que diz respeito ao transporte dos resíduos gerados nas obras da cidade e

utilizados em outras obras, sabe-se que sua coleta e transporte dependem da

quantidade de resíduos gerados. Os pequenos geradores são aqueles que acumulam

2m³ por indivíduo, esses devem respeitar o Programa Municipal de Gerenciamento de

Resíduos da Construção Civil, PMGRCC. O Programa tem como diretriz melhorar a

limpeza urbana, reduzir os impactos ambientais e responsabilizar os pequenos

geradores.

Para isso são determinados pontos de coleta onde são instaladas caçambas de

entulho que posteriormente serão trocadas pelo órgão responsável. Na cidade do Rio

de Janeiro, estes pontos são identificados como ECOPONTOS e a coleta e destinação

dos resíduos, são de responsabilidade da Comlurb, empresa municipal responsável

pela coleta de toda a cidade.

Os grandes geradores, que superam os 2m³ por gerador, são obrigados a

desenvolver e apresentar os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção

Civil por empreendimento. O transporte deve ser realizado pelo próprio gerador ou

transportador credenciado/licenciado pelo Poder Público.

3.4.1. Acondicionamento e Transporte dos Resíduos nas Obras

Antes de serem transportados os resíduos devem ser acondicionados da forma

mais organizada facilitando a remoção. O Sindicato da Indústria da Construção de São

Paulo (SindusCon – SP) através de uma cartilha chamada Gestão Ambiental de

Resíduos da Construção Civil determina para cada tipo de resíduo um

acondicionamento adequado de forma organizada e fácil remoção. O transporte

interno pode ser feito por meios convencionais: horizontais (carrinhos, giricas,

transporte manual) ou verticais (elevador de carga, gruas e condutor de entulho). O

ideal é que durante o planejamento do canteiro exista a preocupação com a

movimentação dos resíduos para evitar “gargalos”.

O acondicionamento final dos resíduos está diretamente relacionado à sua saída

da obra. O mais comum é a utilização de caçambas estacionárias que tem seus locais

previamente definidos facilitando a remoção feita por caminhões. Neste momento é

possível organizar e segregar os resíduos de maneira que possam ser reutilizados

e/ou reciclados.

Os coletores de resíduos das obras são os agentes, públicos ou privados, que

devem remover os resíduos para os locais de destinação previamente qualificados

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pelos geradores e, portanto, devem cumprir rigorosamente o que lhes for determinado.

Os principais aspectos a serem considerados em contrato são: obediência às

especificações da legislação municipal, notadamente nos aspectos relativos à

segurança; disponibilidade de equipamentos em bom estado de conservação e limpos

para uso; apresentar a obrigatoriedade do registro da destinação dos resíduos nas

áreas previamente qualificadas e cadastradas pelo próprio gerador dos resíduos

(observadas as condições de licenciamento quando se tratar de Áreas de Transbordo

e Triagem, Áreas de Reciclagem, Áreas de Aterro para Resíduos da Construção Civil

ou Aterros de Resíduos Perigosos).

3.4.2. Tratamento e Destinação dos RCC

As soluções técnicas disponíveis para o tratamento de resíduos sólidos da

construção civil podem ser implantadas em diversos momentos do ciclo de vida

desses materiais, desde a sua geração até sua destinação final. É importante que

exista uma coleta seletiva na fonte para manter os resíduos mais puros e não deixar,

por exemplo, que o gesso se misture com sobras de cimento e dessa forma, um

“contamine” o outro.

Os resíduos coletados podem então ser processados e transformados em matéria

prima na própria fonte de geração ou em uma usina de reciclagem. De acordo com o

Diagnóstico publicado pelo IPEA, de acordo com o PNSB (IBGE, 2010) apenas 9,7%

dos municípios participantes possuem alguma forma de processamento dos RCC. A

figura abaixo discrimina essa relação, observa-se que a maioria dos municípios

realizam a triagem simples dos resíduos classe A e B.

Figura 9: Tipo de processamento dado entre os 392 municípios brasileiros c/ manejo de RCC

Fonte: PNSB (IBGE, 2010)

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Já com relação ao tipo de unidade de processamento3 de RCC, o SNIS, Sistema

Nacional de Informação sobre Saneamento, considerando apenas as unidades que

discriminaram simultaneamente o tipo de unidade e massa recebidas, divulgou os

seguintes valores.

Tabela 5: Quantidade de resíduos recebidos pelas unidades de processamento

Fonte: SNIS (Brasil, 2010)

Todos os processos da indústria da construção civil gera impacto negativo sobre o

meio ambiente, mas é na destinação final inadequada que os geradores podem

provocar os piores impactos como: degradação de áreas de manancial, proliferação de

agentes transmissores de doenças, ocupação de vias e logradouros públicos,

assoreamento de rios e córregos, entre outros.

Por isso a Resolução n°307 do CONAMA discrimina a destinação correta de cada

resíduo da construção segundo sua classe:

I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou

encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de

modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de

armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou

reciclagem futura;

III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em

conformidade com as normas técnicas específicas;

IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados

em conformidade com as normas técnicas específicas.

3 Unidade de processamento de resíduos sólidos é toda e qualquer instalação − dotada ou não

de equipamentos eletromecânicos − em que quaisquer tipos de resíduos sólidos urbanos (RSUs) sejam submetidos a alguma modalidade de processamento, enquadrando-se nesta definição: lixão, aterro controlado, aterro sanitário, vala específica para resíduos de saúde, aterro industrial, unidade de triagem, unidade de compostagem, incinerador, unidade de tratamento por micro-ondas ou autoclave, unidade de manejo de podas, unidade de transbordo, área de reciclagem de RCC, aterro de RCC, área de transbordo e triagem de RCC (Brasil, 2010c, p. 117).

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A fim de melhorar a compreensão de todos a Sinduscon-SP elaborou a tabela

abaixo com as alternativas para destinação de alguns resíduos de RCC. Não é uma

regra, mas auxilia na organização do canteiro e orienta quanto a destinação

adequada.

Tabela 6: Alternativas de destinação para diversos tipos de RCC

Fonte: Sinduscon-SP, 2005

3.4.3. Normas Técnicas

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT publicou em 2004, uma série

de normas relativas aos resíduos da construção civil. O conteúdo referente a estas

normas vem de encontro às diretrizes propostas pela Resolução 307/2002 –

CONAMA. De modo geral estas normas tratam de áreas de transbordo e triagem,

áreas de reciclagem, aterros de resíduos da construção civil e o uso como agregados

reciclados na execução de camadas de pavimentação e preparo de concreto sem

função estrutural.

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• NBR15112/2004 – Resíduos da construção civil e resíduos volumosos – Área de

transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação;

• NBR15113/2004 – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes –

Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação;

• NBR15114 /2004 – Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de reciclagem –

Diretrizes para projeto, implantação e operação;

• NBR15115/2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –

Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos;

• NBR15116/2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –

Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos.

3.5. Reciclagem e reaproveitamento

O primeiro registro de reuso de resíduos e reciclagem de entulho foi na Europa no

final da década de 40. Destruídas pela segunda guerra mundial as cidades europeias

viram nos escombros e entulhos de seus edifícios matéria-prima para sua

reconstrução. Inicialmente estes resíduos foram britados para a produção de

agregados para as novas construções.

No contexto internacional, tem-se um quadro de gestão de RCC bem mais

estruturado quando comparado ao Brasil (Ferreira e Moreira, 2013). Atualmente, a

Europa lidera a reciclagem de entulho de construção e demolição, chegando, em

média, a 60% de reciclagem do que é gerado (ABRECON, 2013).

Fraga (2006) afirma que a redução de RCC associada a sua reciclagem são

formas de aproximar a construção civil da sustentabilidade através da redução dos

impactos negativos e da geração de matéria-prima que pode ser substituída pela

natural.

Para o gerenciamento do RCC, ou de qualquer tipo de resíduo, normalmente é

seguida uma hierarquia de opções que primam pela diminuição do impacto ambiental

em todas as suas fases, desde a geração até sua disposição final (Ferreira e Moreira,

2013).

Ferreira e Moreira (2013) resumiram bem o panorama de reciclagem no Brasil,

dividiram o processo em três fases: antes da Resolução CONAMA, entre sua

publicação e promulgação da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) e após a

promulgação do PNRS.

Na primeira fase, na década de 80, observam-se tentativas pontuais como o uso

de moinhos em obras de edificações. A ideia principal era de economizar matéria-

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prima nos canteiros, em paralelo, iniciavam-se as pesquisas pra uso de agregados

reciclados. Em 1991, a cidade de Itatinga em São Paulo, montou sua primeira central

de reciclagem, mas encerrou seu funcionamento devido à falta de gestão sustentável

do resíduo da construção civil. Até 2002 o país tinha apenas 16 usinas registradas,

sua grande maioria no sudeste.

A partir da homologação da Resolução CONAMA 307/02, observa-se um grande

incentivo à reciclagem, visto que os grandes geradores passaram a ter que

desenvolver e implantar um plano de gestão de RCC, visando sua destinação

ambientalmente correta, com foco na reutilização e reciclagem (Ferreira e Moreira,

2013).

Um aspecto importante é que mesmo com o estimulo da CONAMA 307/2002, a

capacidade brasileira potencial de produção de agregados reciclados está muito

abaixo da geração de RCC no país, sendo responsável por apenas 3,6% da

reciclagem deste resíduo – isso considerando a capacidade nominal das usinas, que

não costuma ser o perfil de operação (Miranda, 2009 apud Ferreira e Moreira, 2013).

Com a promulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos em 2010 a

reciclagem alavancou, duplicando o cenário de usinas contabilizadas. Motivada por

essa lei, a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e

Demolição (ABRECON) foi criada no início de 2011, em São Paulo, com a ideia de

introduzir a questão no debate público e criar unidade das empresas recicladoras de

entulho no país.

A ABRECON surgiu das necessidades das empresas recicladoras de entulho de

mobilizar e sensibilizar governos e sociedade sobre a problemática do descarte

irregular dos resíduos da construção e oferecer soluções sustentáveis para a

construção civil em um dos momentos mais importantes da história para o setor

produtivo. Sendo o Brasil o organizador dos dois mais importantes eventos esportivos

do mundo – Copa do Mundo e Olimpíadas e ainda programa especiais para a

habitação e a premência da construção civil por matérias primas mais sustentáveis, o

intento tomou corpo e ficou mais evidente. (Artigo publicado no site:

www.abrecon.org.br/ por autor desconhecido).

Segundo dados fornecidos pela Associação Brasileira para Reciclagem de

Resíduos da Construção Civil e Demolição (ABRECON) em 2013, os resíduos da

construção e demolição no Brasil representam 2/3 dos resíduos sólidos urbanos (o

dobro do volume de resíduos domiciliares). Atualmente o cenário da reciclagem no

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Brasil vem tomando força, principalmente na região sudeste, que concentra hoje 69%

das Usinas de Reciclagem do país (Ferreira e Moreira, 2013).

A figura 10 apresenta a distribuição por estados da reciclagem de RCC no Brasil.

É possível observar a grande concentração no estado de São Paulo, justificado não só

por ser a cidade mais desenvolvida e com maior percentual de resíduos, mas também

devido ao esgotamento das jazidas de agregados naturais próximas a capital. Este

esgotamento já caracteriza um impacto ambiental bastante negativo que forçou o setor

a buscar novas alternativas.

Figura 10: Distribuição das usinas de Reciclagem de RCC no Brasil

Fonte: Adaptado de ABRECON (2013)

3.6. Indicadores Ambientais

Indicador ambiental é um parâmetro qualitativo ou quantitativo que evidencia

alterações no meio ambiente. Segundo Souza (2000) os indicadores ambientais

devem informar acerca de processos relacionados a objetivos desejados e ser

utilizados para se obter uma visão da qualidade ambiental, das tendências de

desenvolvimento e das respostas e processos em direção a um desenvolvimento

sustentável (Novis, 2014).

São ferramentas importantes para a avaliação dos impactos, através deles as

empresas são capazes de identificar os pontos críticos e adotar medidas corretivas ou

de melhorias. Os indicadores podem estar relacionados às entradas (consumos) ou

saídas (resíduos), detectando os pontos críticos, como geração de resíduos e

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desperdícios ou potenciais de melhorias como economia de água e energia e redução

de resíduos.

Novis (2014) recomenda que para a avaliação de uma edificação os indicadores

deverão verificar: consumo de materiais, consumo de energia, consumo de água,

geração de resíduos, uso e ocupação do solo e qualidade do ar interior.

1- Consumo de Materiais:

As matérias-primas e os insumos utilizados na produção estão relacionados com

o rendimento da produção e a eficiência do processo e, por consequência, com o

custo. É de grande importância dispor de informações sobre as matérias-primas

quando se pretende melhorar processos e procedimentos (Novis, 2014).

Os indicadores para este quesito têm como principal objetivo diminuir os impactos

ambientais associados à extração, fabricação e reintegração dos materiais. Já as

construtoras visam a eficiência no consumo de materiais, potencialização da

reciclagem e reutilização, redução da quantidade de material por unidade de serviço e

o consumo de materiais com melhoria ambiental.

Para controlar o consumo e desperdício de materiais são utilizados como

indicadores: quantidade de materiais utilizados por peso e volume e percentagem de

materiais reciclados utilizados.

2- Consumo de Água e Energia:

A energia representa um grande custo financeiro e ambiental nos processos

produtivos e, a água, principalmente, um grande custo ambiental. Os resíduos

representam as saídas não desejadas do processo (Novis, 2014).

O Brasil possui um sistema único de energia composto por um conjunto de fontes

(água, vento, fóssil e etc). Sabe-se que o consumo indiscriminado de energia oriunda

de combustíveis fósseis trazem danos irreparáveis ao meio ambiente além de serm

incompatíveis com a filosofia da sustentabiliade. Assim como a energia nuclear que

apresenta impactos ambientais significativos.

O objetivo da sustentabilidade nesse requisito é reduzir o consumo de energia no

canteiro de obra e no edifício, como produto final. Segundo Novis (2014), os

indicadores estabelecidos para o consumo de energia são: (a) Consumo direto de

energia, discriminado por fonte de energia primária; (b) Consumo indireto de energia,

discriminado por fonte de energia primária; (c) Total de economia de energia com as

melhorias na conservação e eficiência; (d) Iniciativas para fornecer produtos e serviços

com baixo consumo de energia, ou que usem energia gerada por recursos renováveis,

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e a redução na necessidade de energia resultante de dessas iniciativas; (e) Iniciativas

para reduzir o consumo de energia indireta e as reduções obtidas.

No que se refere a água, o objetivo é reduzir o seu consumo total e reduzir o

impacto do seu uso no ciclo natural da água. E os indicadores ambientais mais

utilizados são (a) Consumo total de água por fonte; (b) Recursos hídricos

significativamente afetados pelo consumo de água; (c) Percentagem e volume total de

água reciclada e reutilizada.

3- Emissões atmosféricas e disposição de resíduos:

Além da exigência de extração de recursos naturais, a produção de materiais de

construção também provoca poluições, como: poeira e CO2. Com relação à produção

de resíduos, os de construção e demolição (RCD) são os principais gerados, devendo

ser separados de acordo com a sua tipologia, reutilizados ou encaminhados para um

destino final licenciado, conforme previsto anteriormente na Resolução do CONAMA

(Novis, 2014).

Para estes fatores são utilizados como indicadores: (a) Emissões totais diretas e

indiretas de gases causadores do efeito estufa, por peso; (b) Descarga total de água,

por qualidade e destino; (c) Iniciativas para reduzir as emissões de gases causadores

do efeito estufa, assim como as reduções alcançadas; (d) Quantidade total de

resíduos, por tipo e método de eliminação; (e) Número e volume total de derrames

significativos. (f) Porcentagem de materiais reciclados por m³ de resíduo gerado.

3.6.1. Indicadores PBQP-H

O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat, elaborado pelo

governo, tem por objetivo elevar a qualidade e produtividade da construção civil

criando para as empresas dois níveis de certificação. Neste programa os indicadores

são instrumentos de acompanhamento e medição pelas construtoras de desempenho

de seus empreendimentos.

Em busca de uma construção sustentável, são determinados alguns indicadores

ambientais obrigatórios a serem monitorados pela empresa. São eles:

a) Indicador de geração de resíduos ao longo da obra: volume total de

resíduos descartados (excluído solo) por trabalhador por mês;

b) Indicador de geração de resíduos ao final da obra: volume total de

resíduos descartados (excluído solo) por m² de área construída;

c) Indicador de consumo de água ao longo da obra: consumo de água

potável no canteiro de obras por trabalhador por mês;

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d) Indicador de consumo de água ao final da obra: consumo de água

potável no canteiro de obras por m² de área construída;

e) Indicador de consumo de energia ao longo da obra: consumo de

energia elétrica no canteiro de obras por trabalhador por mês;

f) Indicador de consumo de energia ao final da obra: consumo de energia

no canteiro de obras por m² de área construída

4. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Segundo FRAGA (2006), “a problemática dos Resíduos da Construção Civil

(RCC) é relativamente recente no Brasil. Ao contrário de países como os EUA e o

Japão, aonde já existiam políticas para a questão dos resíduos desde a segunda

metade do século XX, no Brasil ainda discute-se uma legislação mais abrangente

sobre os resíduos”.

Porém a preocupação com o meio ambiente acompanha os principais movimentos

no mundo. Em 1986, na Resolução n° 001 da CONAMA é definido Impacto Ambiental

e a necessidade de se ter um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para qualquer

tipo de licenciamento, obra ou intervenção no meio ambiente.

No final dos anos 80 e início dos anos 90 houve um processo preparatório da

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, a RIO 92, na qual foi

aprofundado a questão do Desenvolvimento Sustentável. O documento resultante

deste evento, no Brasil, a “Agenda 21”, resultou de um despertar sobre a consciência

ambiental, a importância da conservação da natureza para o bem estar da sociedade.

O Brasil, a exemplo de outros países, aderiu ao movimento e vem promovendo

avanços em sua legislação ambiental visando preservar o meio ambiente e

responsabilizar os principais geradores. Neste capítulo é mostrada a evolução da

legislação ambiental brasileira a níveis federal, estadual e municipal tomando como

referência o estado e a cidade do Rio de Janeiro.

4.1. Leis e Políticas Públicas

A lei federal nº 6.938 (Brasil, 1981), denominada de Política Nacional do Meio

Ambiente, busca a preservação, melhora e recuperação do Meio Ambiente Nacional.

Para esse fim, ela instituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), que

representa o conjunto de órgãos, entidades e normas de todos os entes federativos da

União, estados, Distrito Federal e municípios, responsáveis pela gestão ambiental. O

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Sisnama estabelece princípios e conceitos fundamentais para a proteção ambiental,

bem como objetivos e instrumentos até então inexistentes na legislação pátria.

A Política Nacional dos Resíduos Sólidos, sancionada em dois de agosto de 2010,

objetiva a reciclagem de lixo e o correto manejo dos produtos usados com alto

potencial de contaminação. Nesta lei está inclusa a criação da logística reversa4 para

determinados materiais como agrotóxicos, pilhas, baterias, eletroeletrônicos, pneus,

lâmpadas e óleos lubrificantes. Além da determinação de que cidadãos separem o lixo

doméstico nas cidades onde existe coleta seletiva, a lei prevê subsídios da União para

catadores de lixo e a indústria da reciclagem. Também está contemplada nesta lei, a

proibição da criação de lixões onde os resíduos são despejados a céu aberto assim

como moradia e criação de animais nesses locais.

A tabela 7 destaca os principais instrumentos legais em âmbito nacional

relacionado à gestão e gerenciamento dos RCC.

Tabela 7: Instrumentos legais e normativos de abrangência nacional

Fonte: Diagnóstico dos Resíduos Sólidos da Construção Civil (IPEA)

4.1.1. Resolução CONAMA n° 307/2002

Especificamente em relação aos Resíduos da Construção Civil, somente em 2002

foram definidas diretrizes acerca do gerenciamento destes, quando da publicação pelo

Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, da Resolução nº 307, de 05 de

junho de 2002. A partir desta publicação, a responsabilidade pela gestão dos RCC

4 Logística reversa é um "instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado

por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação”.

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passa da administração pública para os geradores. E considerando que a própria

Resolução preconiza a não geração de resíduos como o elemento básico para a

gestão dos canteiros de obras, coloca-se, a partir daí, uma nova realidade para a

construção civil no Brasil (FRAGA, 2006).

Para o CONAMA, Resíduos da construção civil, “são os provenientes de

construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os

resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos

cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e

compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos,

tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou

metralha”.

A mesma Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002, determinou que os resíduos

da construção civil deverão ser classificados da seguinte forma:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais

como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras

obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes

cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto

(blocos, tubos, meio-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:

plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso; (redação dada pela

Resolução n° 431/11).

III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas

tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou

recuperação;

IV - Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais

como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à

saúde oriundos de demolições; reformas e reparos de clínicas radiológicas,

instalações industriais e outros; bem como telhas e demais objetos, e materiais que

contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.

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A Resolução em si é bastante completa, no que se referem aos geradores, estes

têm como objetivo não gerar resíduos e se gerarem são responsáveis pela redução,

reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final adequada.

O descarte final deve ser estudado e feito em locais próprios, pois é

terminantemente proibido o “bota fora” em aterros, corpos d’água e área protegidas

por lei. De acordo com o art.10, os resíduos da construção civil, após triagem, deverão

ser destinados das seguintes formas:

I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados ou

encaminhados a aterro de resíduos classe A de reserva de material para usos futuros;

II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de

armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou

reciclagem futura;

III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em

conformidade com as normas técnicas específicas.

IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados e destinados em

conformidade com as normas técnicas específicas.

Está determinada a implementação da gestão dos resíduos da construção civil

através do Plano Municipal de Gestão de Resíduos da Construção Civil, a ser

elaborados pelos Municípios. É neste Plano que estão determinadas as diretrizes

técnicas e procedimentos das responsabilidades dos geradores, o cadastro de áreas

aptas para o recebimento, triagem e armazenamento do RCC, o incentivo a

reutilização e reciclagem no ciclo produtivo, o transporte e a fiscalização dos agentes

envolvidos.

Segundo o Art. 8º, “Os Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção

Civil serão elaborados e implementados pelos grandes geradores e terão como

objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e destinação

ambientalmente adequados dos resíduos”. E deve contemplar as seguintes etapas:

I - Caracterização: Identificação e quantificação dos resíduos;

II - Triagem: feita pelo gerador na origem, ou nas áreas de destinação licenciadas

para essa finalidade, respeitando as classes de resíduos estabelecidas no art. 3º;

III - Acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos após

a geração até a etapa de transporte;

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IV - Transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e

de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos;

V - Destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido na Resolução

n°307.

Além da CONAMA, a Associação Brasileira de Normas Técnicas também publicou

diversas normas relativas aos resíduos sólidos e procedimentos de gestão de RCC,

todas de acordo com a Resolução n°307/2002, orientando empresas e governo. O

quadro 4.1.1 destaca algumas das normas técnicas relacionadas aos resíduos sólidos

e RCC.

Tabela 8: Normas técnicas relacionadas aos resíduos sólidos e RCC

Fonte: Diagnóstico de Resíduos Sólidos da Construção Civil - IPEA 2012

De acordo com a norma brasileira NBR 10.004:2004 da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT), resíduos sólidos são:

“aqueles resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que

resultam de atividades da comunidade de origem industrial,

doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de

varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes

de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em

equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como

determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o

seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d´água,

ou exijam para isso soluções técnica e economicamente

inviáveis em face à melhor tecnologia disponível”.

De acordo com própria NBR 10.004, os resíduos podem ser classificados na

seguinte maneira:

Classe I – Perigosos: quando suas propriedade físicas, químicas ou infecto-

contagiosas podem apresentar risco à saúde pública e ao meio ambiente;

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Classe II-A – Não Inertes: aqueles que não se enquadram nas classificações

de resíduos Classe I ou de resíduos Classe II-B. São aqueles que podem ter

propriedades, tais como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade

em água.

Classe II-B – Inertes: não apresentam, após teste de solubilização,

concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, exceto os

padrões de cor, turbidez, sabor e aspecto.

4.2. Lei Estadual do Rio de Janeiro

O estado do Rio de Janeiro possui a lei °4.191 de 30 de setembro de 2003 que

trata da Política Estadual de Resíduos Sólidos onde são reforçados algumas

definições, princípios e objetivos da Resolução n° 307da CONAMA e, também,

avançam no que se refere a fiscalização, educação ambiental e licenciamento.

O Estado reforça que as atividades (ou agentes) geradoras são responsáveis por

seus resíduos e destinação correta, assim como pela recuperação de áreas

degradadas e as obrigam a se cadastrarem junto ao órgão responsável para obter seu

licenciamento ambiental. Dentro do pedido de licenciamento deve constar o Plano

Integrado de Gerenciamento de Resíduos Sólidos onde a geradora descreve o

empreendimento e suas atividades, caracteriza e quantifica seus resíduos, e suas

ações de segregação, acondicionamento, transporte, reutilização/reciclagem e

destinação.

Em nenhum momento a Lei n°4.191 descrimina os resíduos da construção civil,

ou menciona de forma específica a indústria da construção. Porém reconhecendo toda

e qualquer obra como “atividade geradora”, deve-se obedecer todas as

obrigatoriedades contidas na legislação. Caso contrário, as responsáveis estão

sujeitas a penalidades previstas que vão desde multas simples, perda de crédito,

embargo de obras e cassação de licença ambiental.

4.3. Lei Municipal do Rio de Janeiro

No âmbito Municipal do Rio de Janeiro é respeitado o decreto n°27.078 de 27 de

setembro de 2006 que institui o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da

Construção Civil. Este é dividido em três partes: o Plano Municipal de Gerenciamento

de Resíduos da Construção Civil relativo à implantação e operação de pontos de

entrega para pequenos volumes; os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da

Construção Civil condicionante par ao licenciamento municipal das obras de grande

porte e por fim, o uso de agregados reciclados em obras e serviços públicos.

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Já no Art.2° o decreto determina que o RCC deve ser destinado em uma área

regulamentada para tal fim e abre uma exceção para os resíduos classe A, permitindo

que sejam reutilizados em aterros com a função de material interno para uso no

terraplenagem. Os mesmos resíduos são os únicos definidos como agregados

reciclados e seu uso não é obrigatório e sim preferencial em obras de infraestrutura ou

edificações sejam elas realizadas por construtoras contratadas ou executadas pela

própria administração pública direta ou indireta.

Dentro das várias definições feitas como área de transbordo, bota-foras e

NTRs, são diferenciados os grandes e pequenos volumes de RCC, a importância

desta diferença é o tratamento que é dado para cada um. Os pequenos volumes são

aqueles contidos em 2m³ por semana para cada gerador e devem respeitar o

Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.

O Programa tem como diretriz a melhoria da limpeza urbana, redução de impactos

ambientais e possibilidade de responsabilizar os pequenos geradores. Para facilitar e

organizar o descarte foram criados os Pontos de Entrega para Pequenos Volumes ou

ECOPONTO. Os ECOPONTOS são áreas livres e públicas utilizadas para triagem dos

resíduos recebidos, são implementados e operados pelo órgão público responsável e

estão restritos aos resíduos de construção civil de pequenos geradores.

Figura 11: Ecoponto no Parque Royal na Ilha do Governador

Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro

Os grande geradores por definição são aqueles que superam os 2m³ de resíduos

por indivíduo por semana e são obrigados a desenvolver o Projeto de Gerenciamento

de Resíduos da Construção Civil. Este deve estar em conformidade com diretrizes da

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Resolução da CONAMA n° 307/2002, e deve conter não só as características da obra,

mas principalmente os procedimentos que serão feitos para minimizar os resíduos, o

manejo e sua destinação adequada.

Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil devem ser

assinados pelo responsável legal da obra (PREO) ou pessoal habilitada e devem ser

apresentados junto com o projeto do empreendimento para análise do órgão ambiental

competente tornando-se condicionante para a emissão de um parecer técnico e

licença de obra. Além disso, tamanha é a sua importância que no Art.20 é confirmado

que a emissão do Habite-se ou Aceitação de obras pelo órgão municipal fica

condicionada à apresentação de documentos que comprovem que o Projeto

anunciado foi devidamente cumprido.

Quanto as áreas de destinação, se para os pequenos volumes existem os

ECOPONTOS, para os grande geradores são constituídas as Áreas de

Transbordo,Triagem, Reciclagem e Reservação Temporária de RCC, as ATTRs.

Podem ser implantadas e operadas por órgão público ou particular. Este último deve

apresentar um projeto de empreendimento em conformidade com a Resolução da

CONAMA e também o Plano de Controle de Recebimento de Resíduos previsto na

NBR 15.112/2004 e 15.114/2004 a fim de garantir o licenciamento.

4.3.1. Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

A cidade do Rio de Janeiro possui um Plano Municipal de Gestão Integrada de

Resíduos Sólidos elaborado em Agosto/2012 e válido até Agosto/2016 que contem um

diagnóstico da situação atual da cidade e é descrito todos os direitos e deveres de

cada um: gerador, transportador e recebedor dos resíduos. Segundo o estudo feito

para elaboração do Plano, em dezembro de 2011 a Comlurb coletava por dia 10.815t

de lixo, onde cerca de 12% dele é de resíduos da construção civil.

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Figura 12: Resíduos Sólidos encaminhados às unidades de recebimento do Sistema Público da Cidade do Rio de Janeiro

Fonte: Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - Comlurb, 2011

Os RCC são mencionados no capítulo 4 do PMGIRS, e garante todas as

obrigatoriedades feitas por Decretos Municipais e Resoluções da SMAC e também

afirma que com o encerramento do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho o novo

destino final das ATTs é o Centro de Tratamento de Resíduos do Rio em Seropédica.

O Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos tem como principais

diretrizes e objetivos relacionados a indústria da construção:

1) Promover a inclusão no Sistema de Custos de Obras / SCO-Rio do Município,

de itens provenientes das atividades e processos industriais de reciclagem de

resíduos tais como agregados reciclados de RCC, misturas asfálticas

contendo borracha de pneus inservíveis, composto orgânico em obras de

paisagismo e outros materiais decorrentes de novos processos e materiais

aprovados, viabilizando assim o seu emprego nas obras públicas diretas;

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2) Garantir que as obras e serviços de engenharia do Município executados

direta ou indiretamente pela administração pública deverão utilizar agregados

reciclados oriundos de Resíduos da Construção Civil – RCC, quando os

mesmos já constarem do SCO-RIO, nos termos do Decreto Municipal n◦

33.971 de 13 de junho de 2011, ou outro que o substitua: “Quando envolver

geração de RCC em volume superior a 5.000 m³, será obrigatória a

reutilização dos resíduos de RCC classe A gerados no local, no próprio

canteiro de obras, no percentual mínimo de 50%, em conformidade ao artigo

2º do Decreto Municipal nº 33.971, de 13 de junho de 2011, ou outro que o

substitua; Caso não haja área disponível no local da obra, os resíduos

deverão ser encaminhados para unidade externa de beneficiamento,

devidamente licenciada, devendo retornar para utilização na obra geradora,

no mesmo montante de 70% já estabelecido; O percentual de resíduos de

RCC, que não venha a ser aplicado na obra geradora, deverá ser destinado a

outras obras públicas municipais”

3) Exigir, no licenciamento ambiental, os Projetos de Gerenciamento de

Resíduos da Construção Civil – PGRCC sejam apresentados nas condições

determinadas pelos Decretos Municipais nº 27.078/2006 e nº 33.971/2011 e

da Resolução SMAC 515/2012, ou outros que os substituam;

4.4. Certificação de Construção Sustentável

Construir sustentavelmente significa reduzir o impacto ambiental, diminuir o

retrabalho e desperdício, garantir a qualidade do produto com conforto para o usuário

final, favorecer a redução do consumo de energia e água, contratação de mão de obra

e uso de materiais produzidos formalmente, reduzir, reciclar e reutilizar os materiais

(LEITE,2011).

É preciso pensar a construção no que diz respeito a sua questão econômica,

social e ambiental de forma conjunta, só assim se atinge de fato a sustentabilidade. O

aproveitamento da energia solar e água de chuva, utilização de ventilação e luz natural

são boas praticas sustentáveis que estão relacionadas com os três campos

(LEITE,2011).

Na indústria da construção civil as exigências de que as empresas avaliem e

atuem contra o impacto ambiental e social de suas atividades, são cada vez maiores.

Novis, em 2014, definiu Selos verdes ou certificados ambientais como atestados

de cumprimentos de pré-requisitos que garantam a diminuição dos impactos

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ambientais e do consumo de energia para, reformas, operacionalização e novas

construções.

As certificações têm por objetivo promover uma conscientização de todos os

envolvidos no processo, desde a fase do projeto, passando pela construção, até o

usuário final, promovendo metodologias sustentáveis que irão permitir o controle do

uso de recursos naturais, proporcionando qualidade de vida para os usuários (NOVIS,

2014).

Um passo importante aconteceu quando foi gerado o consenso entre

investigadores e agências governamentais, de que a classificação de desempenho,

associada a sistemas de certificação, cria mecanismos eficientes de demonstração de

melhoria continuada. Destaca-se então a importância da adoção voluntaria de

sistemas de avaliação de desempenho e da possibilidade do mercado ser um

impulsionador para elevar o padrão ambiental existente (PINHEIRO, 2006).

Desta forma chega-se a formatação de práticas para avaliar e reconhecer a

construção sustentável cada vez mais presente em vários países sendo estruturada a

partir de (1) orientações ou guias para a construção sustentável, com critérios de

maior ou menor definição, (2) processos de avaliação e verificação desses critérios,

(3) especialistas para o apoio ao seu desenvolvimento e avaliação (auditoria), e por

vez até a (4) integração em processos independentes de certificação (PINHEIRO,

2006).

Nos anos 90, a Inglaterra é pioneira e apresenta o BREEAM (Building Research

Establishment Environmental Assessment Method), com o objetivo de avaliar o

desempenho ambiental dos empreendimentos de construções. Em seguida, os

Estados Unidos e Canadá apresentaram suas metodologias de avaliação.

Quando a metodologia se baseia em pontos, ou seja, créditos que geram índices,

acontece uma ponderação por categorias. A classificação ocorre em níveis de

ambientalmente correto, sendo o sistema fornecedor de padrões e diretrizes de projeto

para poder medir a eficiência e sintonia com o meio ambiente. São exemplos desta

técnica de avaliação o LEED e BREEAM (LEITE, 2011).

A técnica de avaliação pode também ser baseada no desempenho, visando mais

a gestão e os processos empregados. É dividido em categorias que devem apresentar

por parte do empreendimento a ser auditado desempenho igual ou maior ao

normalizado. Como resultado se classifica ou não o empreendimento com

ambientalmente correto, não existindo níveis intermediários. Como exemplo tem-se o

HQE e NABERS (LEITE, 2011).

Alguns dos sistemas de são o BREEAM no Reino Unido, o LEED (Leadership in

Energy & Environmental Design) nos Estados Unidos, o NABERS (National Australian

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Buildings Environmental Rating System) na Australia, o BEPAC (Building

Environmental Performance Assessment Criteria) no Canadá, o HQE (Haule Qualité

Environnementale dês Bâtiments) na França e o CASBEE (Comprehensive

Assessment System for Building Environmental Efficiency) no Japão (LEITE,2011).

No Brasil os mais utilizados são o LEED, realizado pela Green Concil Building do

Brasil e o AQUA (Alta Qualidade Ambiental), implantado pela Fundação Vanzolini.

O processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental) de certificação é a versão brasileira

adaptada do HQE (França) que define a qualidade ambiental, segundo a associação

HQE, como “qualidade ambiental do edifício e dos seus equipamentos (em produtos e

serviços) e os restantes conjuntos de operação, de construção ou adaptação, que lhe

conferem aptidão para satisfazer as necessidades de dar resposta aos impactos

ambientais sobre o ambiente exterior e a criação de ambientes interiores confortáveis

e sãos”. (PINHEIRO, 2006).

4.4.1. LEED no Brasil

O LEED (Leadership in Energy & Environmental Design) foi desenvolvido pelo

USGBC (U.S. Green Building Council), instituição que busca a promover edifícios

sustentáveis e lucrativos, bem como lugares saudáveis para se viver e trabalhar

(LEITE, 2011). No Brasil, foi criado em 2007, o GBCBrasi (Green Building Council

Brasil), órgão não governamental responsável por adaptar os critérios do LEED às

condições e realidades brasileiras, visando o desenvolvimento da indústria da

construção civil sustentável no país.

A certificação acontece em níveis que quantificam o grau de proteção

ambiental obtido no empreendimento. O método de avaliação acontece através da

analise de documentos que indicam sua adequação aos itens obrigatórios e

classificatórios. Através de um sistema de pontos que pode variar dependendo da

categoria de certificação, são definidos os níveis de certificação. Há requisitos

mínimos que devem ser atendidos ainda na fase de projeto, determinando ou não a

possibilidade do projeto ser certificado.

O empreendimento é classificado de acordo com uma das categorias descritas

na tabela 9, abaixo. Enquanto o grau de sustentabilidade é avaliado a partir de um

sistema de pontuação que define a certificação entre um das quatro disponíveis:

Certificado Básico (26 a 32 pontos), Prata (33 a 38 pontos), Ouro (39 a 51 pontos) e

Platina (52 a 69 pontos).

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Tabela 9: Categorias da certificação LEED

Fonte: GBCB, 2011

Tabela 10: Áreas chaves e Critérios da certificação LEED

Fonte: USGBC,2011

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Figura 13: Níveis de Certificação LEED

Fonte:GBCB, 2011

No Brasil a GBCB já contabiliza um acumulado de 950 registros e 223 certificados

emitidos em 2015. Na figura 14 abaixo é possível observar a evolução da construção

sustentável no país, de 12 certificados acumulados em 2009 pulamos para 223 em 7

anos. Número bastante expressivo para um país que começou tarde comparado ao

resto do mundo.

Figura 14: Registros e Certificações LEED no Brasil

Fonte: GBCB, 2015

4.4.2. Certificação AQUA

O processo AQUA é uma certificação internacional da construção sustentável

desenvolvido a partir da certificação francesa Démarche HQE (Haute Qualité

Environmentale) e aplicado no Brasil exclusivamente pela Fundação Vanzolini. A

Fundação Vanzolini celebra um acordo de cooperação com o CERWAY e passa a ser

a representante no Brasil da rede de certificação HQE™ e o Processo AQUA

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transforma-se em AQUA-HQE uma certificação com identidade e reconhecimento

internacional (Fundação Vanzolini, 2015).

Desde seu lançamento em 2008 o Processo AQUA propõe um novo olhar para

sustentabilidade nas construções brasileiras; seus referenciais técnicos foram

desenvolvidos considerando a cultura, o clima, as normas técnicas e a

regulamentação presentes no Brasil, mas buscando sempre uma melhoria contínua de

seus desempenhos (Fundação Vanzolini, 2015).

Para obter a certificação o empreendedor interessado é responsável pela

elaboração de um Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE) que define a

qualidade ambiental, organiza e controla todos os processos e serviços envolvidos. E

também adequação na Qualidade Ambiental do Empreendimento (QAE), onde o

empreendimento deve atender as 14 categorias, exigidas em diferentes fases da obra,

distribuídas nas seguintes maneiras:

1) Relação do edifício com o seu entorno

2) Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos

3) Canteiro de obras de baixo impacto ambiental

4) Gestão da energia

5) Gestão da água

6) Gestão de resíduos de uso e operação do edifício

7) Manutenção e permanência do desempenho ambiental

8) Conformo higrotérmico

9) Conforto acústico

10) Conforto visual

11) Conforto olfativo

12) Qualidade sanitária dos ambientes

13) Qualidade sanitária do ar

14) Qualidade sanitária da água

A certificação é concebida ou não ao empreendimento, não havendo níveis

intermediários. O sistema é baseado em desempenho, sendo classificado em três

níveis: Bom (praticas correntes, legislação), Superior (boas praticas) e Excelente

(melhores praticas). Para se obter a certificação é exigido que um numero mínimo de

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classificação Excelente e um número máximo da classificação Bom. Uma

peculiaridade do sistema é que o padrão mínimo de exigência remete ao que está

normatizado e regulamentado (LEITE, 2011).

A figura 15 representa as exigências exigidas para a concessão do certificado.

Figura 15: Exigência mínima para certificação AQUA

Fonte: Fundação Vanzolini, 2011

A Fundação realiza 3 auditorias presenciais durante a execução do

empreendimento a fim de garantir que todos os critérios estejam sendo atendidos e o

empreendimento apto à certificação. São elas:

1ª Auditoria: Durante a fase de Pré-Projeto onde é definido o perfil de

desempenho nas 14 categorias exigidas, o Sistema de Gestão do Empreendimento e

a avaliação das 14 categorias pelo Empreendedor;

2ª Auditoria: Durante a fase de elaboração dos projetos de modo a atender os

critérios do perfil de desempenho elaborado pelo Empreendedor

3ª Auditoria: Durante a fase de execução da obra e após a entrega, é feita afim de

atender os critérios do perfil de desempenho e a avaliação das 14 categorias de

desempenho pelo empreendedor.

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Figura 16: Ilustração do processo de certificação AQUA

Fonte: Fundação Vanzolini, 2015

4.5. PBQP-H Resíduos

4.5.1. O que é PBQP-H?

O Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) é um

programa criado pelo governo para organizar o setor de construção civil, tendo por

objetivo: “Elevar os patamares da qualidade e produtividade da construção civil, por

meio da criação e implantação de mecanismos de modernização tecnológica e

gerencial, contribuindo para ampliar o acesso à moradia para a população de menor

renda”.

Além de modernizar a produção e melhorar a qualidade das construções, o

governo espera tornar o setor mais competitivo, aumentando a confiança dos agentes

financiadores e do consumidor final. Para atingir esses resultados, o programa destaca

as seguintes ações: avaliação da conformidade de empresas de serviço e obras,

melhoria da qualidade dos materiais utilizados, formação e qualificação da mão de

obra, normatização técnica, avaliação de tecnologias inovadoras e informação ao

consumidor e comunicação entre os setores envolvidos. Dessa forma, espera-se o

aumento da competitividade no setor, a melhoria da qualidade de produtos e serviços,

a redução de custos e a otimização do uso dos recursos públicos.

Um dos projetos propulsores do PBQP-H é o Sistema de Avaliação da

Conformidade de Empresas de Serviços e Obras (SiAC), que é o resultado da revisão

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e ampliação do antigo SiQ (Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e

Obras). O SiAC tem como objetivo avaliar a conformidade do sistema de gestão da

qualidade das empresas de serviços e obras, considerando as características

específicas da atuação dessas empresas no setor da construção civil, e baseando-se

na série de normas ISO 9000.

Atualmente está vigente o novo Regimento do SIAC, da Portaria n°582 de 5 de

dezembro de 2012, que é composto por Referenciais Normativos e Requisitos

Complementares específicos a cada especialidade técnica, certificados de

conformidade e Declaração de Adesão ao PBQP-H. A certificação da empresa

depende da avaliação do Sistema de Gestão da Qualidade planejado quanto as

normativas aplicáveis e também do nível de prontidão da empresa em avaliar, auditar

e melhorar as práticas estabelecidas e implementadas.

O Sistema propõe a evolução dos patamares de qualidade em dois níveis: B e A.

O nível “B” possui um grau de exigência menor em relação ao SGQ com controle de

40% dos serviços e 50% dos materiais. E é muito utilizado pelas empresas para

aumentar em um ano o prazo de implementação do PBQP-H. Já o nível “A” é aquele

em que a empresa comprova implementar 100% do seu Sistema de Gestão da

Qualidade com 100% de controle de materiais e serviços.

4.5.2. Indicadores PBQP-H

É necessário estabelecer os objetivos da qualidade e segundo o Regimento Geral

do SiAC (Sistema de Avaliação da Conformidade de empresas e Serviços e Obras da

Construção Civil), a direção da empresa construtora deve definir os objetivos da

qualidade mensuráveis que atendam aos requisitos estabelecidos pela empresa e pela

Norma.

Os indicadores da qualidade são instrumentos de acompanhamento e medição

que devem ser utilizados pelas empresas de construção civil para avaliarem o

desempenho de seus empreendimentos. Em toda etapa de serviço, os indicadores

irão demonstrar de forma concreta o desempenho do processo de execução da obra e

orientar tomadas de decisões, como ações preventivas ou corretivas, para a garantia

da qualidade do serviço.

Preocupado com o meio ambiente e o desenvolvimento de uma indústria da

construção mais sustentável, o SiAC determina alguns indicadores obrigatórios, em

todos os seus Níveis, para serem monitorados pelas empresas, com o intuito de

demonstrar a sustentabilidade dos canteiros de obra no que diz respeito à geração de

resíduos, consumo de água e energia. São eles:

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a) Indicador de geração de resíduos ao longo da obra: volume total de

resíduos descartados (excluído solo) por trabalhador por mês – medido

mensalmente e de modo acumulado ao longo da obra em m³ de

resíduos descartados / trabalhador.

b) Indicador de geração de resíduos ao final da obra: volume total de

resíduos descartados (excluído solo) por m² de área construída –

medido de modo acumulado ao final da obra em m³ de resíduos

descartados / m² de área construída.

c) Indicador de consumo de água ao longo da obra: consumo de água

potável no canteiro de obras por trabalhador por mês – medido

mensalmente e de modo acumulado ao longo da obra em m³ de água /

trabalhador;

d) Indicador de consumo de água ao final da obra: consumo de água

potável no canteiro de obras por m² de área construída – medido de

modo acumulado ao final da obra em m³ de água / m² de área

construída;

e) Indicador de consumo de energia ao longo da obra: consumo de

energia elétrica no canteiro de obras por trabalhador por mês – medido

mensalmente e de modo acumulado ao longo da obra em kWh de

energia elétrica / trabalhador; • Indicador de consumo de energia ao

final da obra: consumo de energia no canteiro de obras por m² de área

construída – medido de modo acumulado ao final da obra em kWh de

energia elétrica / m² de área construída.

Sobre resíduos sólidos, o item 7.1.1 no Plano da Qualidade da Obra afirma que

deverá ser feita uma definição dos destinos adequados para os resíduos sólidos e

líquidos (entulhos, esgoto e águas servidas) produzidos pela obra que respeitem o

meio ambiente e estejam de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei

12.305/2010, e legislações vigentes.

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5. MEDIDAS PRÁTICAS DE REDUÇÃO DOS

IMPACTOS AMBIENTAIS DO RCC

5.1. Gerenciamento de Resíduos

A Resolução CONAMA n°307 (2002) passou a responsabilidade da gestão dos

resíduos de construção civil da administração pública para os geradores.

Considerando que a mesma Resolução põe em destaque a não geração de resíduos

como elemento básico para a gestão de canteiros, tem-se uma nova realidade para a

indústria da construção no Brasil.

O Art. 2° da Resolução define Gerenciamento de resíduos como um “sistema de

gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar, incluindo planejamento,

responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e

implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em

programas e planos”.

Além disso, responsabiliza o poder público e os geradores pela elaboração de

Planos e Projetos de Gerenciamento de RCC. São eles:

Municípios – implementar o Plano Integrado de Gerenciamento de

Resíduos da Construção Civil, incorporando o Programa Municipal de

Gerenciamento de RCC e os Projetos de Gerenciamento em obras.

Geradores – elaborar o Projeto de Gerenciamento em obra,

caracterizando os resíduos e indicando procedimentos para triagem,

acondicionamento, transporte e destinação correta.

Em 2005, a SindusCon-SP elaborou com a ajuda de algumas construtoras um

manual de Gestão Ambiental de Resíduos da Construção Civil, neste contém uma

série de atividade e procedimentos que devem ser realizados a fim de garantir um

bom gerenciamento de resíduos nos canteiros.

5.1.1. Gestão nas Construtoras (SindusCon – SP)

5.1.1.1. Sequência de Atividades

A implantação do método de gestão envolve um conjunto de atividades e para

isso é essencial um cronograma que englobe todas as atividades envolvidas. O

manual sugere um modelo de cronograma que possui, inicialmente, as etapas: reunião

inaugural, planejamento, implantação e monitoramento.

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Figura 17: Modelo de cronograma sugerido pelo manual

Fonte: SindusCon-SP (2005)

a) Reunião Inaugural: é feita na presença da direção técnica da construtora e

também pelos responsáveis de obra (mestres e encarregados), setor de

qualidade, segurança do trabalho e suprimentos. Tem como objetivos:

apresentar os impactos ambientais causados pela ausência de uma gestão

de resíduos; mostrar as leis ambientais e suas diretrizes e esclarecer as

implicações no dia a dia das obras com a implantação de uma Gestão de

Resíduos.

b) Planejamento: esta fase é a mais importante, tem por objetivo final a

redução do volume de resíduos através de atividades de racionalização e

padronização. Deve ser feito: i) levantamento de informações como

histograma, característica da obra, organização do canteiro; ii) identificação

e fluxo dos resíduos, a coleta, transporte e destinação na obra; iii) definição

dos responsáveis pela coleta, acondicionamento e destinação final; iv)

qualificação dos coletores; v) considerar as possibilidades de reciclagem e

aproveitamento dos resíduos; entre outros

c) Implantação: Esta fase inicia-se após a aquisição e distribuição de

dispositivos e equipamentos de coleta, é feita através de treinamentos dos

operários dando atenção ao manejo dos resíduos, principalmente, a etapa

de triagem.

Segundo Mattos (2014), a melhor maneira para que a fase de implantação

ocorra com sucesso é através da sensibilização e conscientização dos

colaboradores, apresentando a eles o Projeto de Gerenciamento de

Resíduos da Construção Civil da obra.

d) Monitoramento: Deve ser feito de forma periódica através de check-lists e

relatórios, em relação à limpeza, triagem e destinação correta dos resíduos.

O monitoramente serve de referência para a gerência da obra atuar em

possíveis desvios detectados.

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50

5.1.1.2. Qualificação dos Agentes

Os agentes envolvidos na gestão dos resíduos devem ser previamente

identificados e qualificados, para garantir a segurança e eficiência dos

processos posteriores à geração (Mattos, 2014).

Fornecedores de dispositivos e acessórios: No caso do uso de

equipamentos reutilizados (alugados), verificar se o fornecedor

possui licenças específicas dos órgãos de controle ambiental.

Empresas transportadoras: As empresas contratadas para o

transporte dos resíduos deverão estar cadastradas nos órgãos

municipais competentes e isentas de quaisquer restrições cadastrais

(SindusCon-SP)

Destinação dos resíduos: Devem estar de acordo com as

especificações da tabela 11.

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51

Tabela 11: Características dos destinatários

Fonte: Adaptado do manual de Gestão Ambiental (SindusCon-SP, 2005)

5.1.1.3. Gestão no Canteiro de Obras

a) Organização do Canteiro:

Existe uma correlação entre os fluxos e estoque de materiais e geração de

resíduos. Por isso é importante garantir que algumas ações sejam feitas como:

acondicionamento adequado de materiais, respeitando classificação, empilhamento

máximo, distância do solo, preservação da limpeza e proteção contra a umidade.

Tipo de Área Descrição Condições para utilização

Agentes diversos

Em caso de necessidade da

util ização de agentes

eminentemente informais

(condição de baixa atratividade

para coleta associada a

indisponibilidade de agentes

formais), reconhecer o destino a

ser dado ao resíduo e registrá-lo

da maneira mais segura possível.

Contrato social ou congênere,

alvará de funcionamento,

inscrição municipal.

Sucateiros, cooperativas, grupos

de coleta seletiva e outros

agentes que comercializam

resíduos recicláveis.

Área de Reciclagem

Estabelecimento privado ou

público onde serão empregadas

técnicas de disposição de

resíduos da construção civil

classe A no solo, visando à

reservação de materiais

segregados de forma a

possibil itar seu uso futuro e/ou

futura util ização da área,

util izando princípios de

engenharia para confiná-los ao

menor volume possível, sem

causar danos à saúde pública e

ao meio ambiente.

Licenciamento municipal de

acordo com legislação específica.

Licenciamento estadual com

possível envolvimento de CETESB,

DAIA, DUSM e DEPRN,

condicionado ao porte da área, a

sua capacidade de recepção de

resíduos e localização (condições

estabelecidas pela Resolução

SMA nº 41).

Aterros de Resíduos

da Construção Civil

Licenciada pela administração

pública municipal.

Restrição ao recebimento de

cargas predominantemente

constituídas por resíduos classe

D.

Estabelecimento privado ou

público destinado à

transformação dos resíduos

classe A em agregados

Licenciada pela administração

pública municipal. No âmbito

estadual, l icenciamento pelo

órgão de controle ambiental,

expresso nas l icenças de

Instalação e Operação.

Licenciamento municipal de

acordo com legislação específica.

Licenciamento estadual com

possível envolvimento de CETESB,

DAIA, DUSM e DEPRN,

condicionado ao porte da área, a

sua capacidade de recepção de

resíduos e localização (condições

estabelecidas pela Resolução

SMA nº 41).

Área pública ou viabilizada pela

administração pública apta para

o recebimento de pequenos

volumes de resíduos da

construção civil.

Disponibilizada pela

administração pública local

como parte integrante do

Programa Municipal de

Gerenciamento de Resíduos da

Construção Civil

Restrição ao recebimento de

cargas de resíduos de construção

civil constituídas

predominantemente por resíduos

da construção civil perigosos e

não-inertes (tintas, solventes,

Observações

Pontos de entrega

Estabelecimento privado ou

público destinado ao

recebimento de resíduos da

construção civil e resíduos

volumosos gerados e coletados

por agentes privados, e que

deverão ser usadas para a

triagem dos resíduos recebidos,

eventual transformação e

posterior remoção para

adequada disposição

Área de Transbordo e

Triagem (ATT)

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52

Nas figuras 18 e 19, temos exemplos de armazenamento adequado,

respectivamente, de aço e madeira. Ambos em locais planejados, sem contato com o

solo e identificados.

Figura 18: Exemplo de armazenamento de aço

Fonte: Site www.bauma.com.br (2013)

Figura 19: Exemplo de armazenamento de madeira

Fonte: Site http://arquitectandoufpb.blogspot.com.br (2012)

A boa organização acaba com problemas sistêmicos de desperdício na utilização

e aquisição dos materiais, muitas vezes os materiais ficam espalhados pela obra, são

confundidos e descartados como resíduos. A organização faz com que essa situação

não ocorra, e que as sobras de materiais se acumulem no mesmo lugar até se

esgotarem, reduzindo assim a geração de resíduo.

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53

b) Planejar a disposição dos resíduos

Assim como é importante organizar os materiais de estoque, deve ser planejada a

disposição dos resíduos. Para cada tipo de resíduos existe um dispositivo ou

acessório disponível (bombonas, sacos de ráfia, baias e caçambas estacionárias) com

a finalidade de armazenamento temporário e/ou transporte.

5.2. Boas Práticas: coleta, armazenagem e segregação dos

resíduos

5.2.1. Coleta Seletiva e Segregação de Resíduos

A coleta seletiva nos canteiros de obras, da mesma forma que é feita para os

resíduos sólidos urbanos, é uma das principais ações efetivas, para a gestão do

entulho ali produzido (Fraga, 2006).

Para viabilizar a coleta seletiva, o Projeto de Gerenciamento de RCC deve incluir

um programa de conscientização da mão de obra e introduzir rotinas de segregação/

armazenamento de resíduos e a organização de seus fluxos.

Segundo Dias (2007) a segregação é uma das operações fundamentais que

permitem o cumprimento dos objetivos de um sistema eficiente de manuseio de

resíduos e consiste em separá-los ou selecioná-los apropriadamente segundo a

classificação adotada.

Nas figuras abaixo são apresentadas algumas formas de coleta seletiva e

segregação de resíduos. Na primeira, mostra o sistema separado por baias cobertas e

identificadas. A segunda figura mostra o dispositivo de bags (traduzindo do inglês,

sacos) e a terceira um modelo de adesivos que ajudam na identificação dos resíduos.

Figura 20: Exemplo de coleta seletiva em canteiro de obras

Fonte: Revista PINI, 2008

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54

Figura 21: Bags utilizados para organização

Fonte: Mattos, 2014

Figura 22: Modelo de etiquetas e adesivos

Fonte: Mattos, 2014

5.2.2. Acondicionamento e Transporte Interno

O Art.9° da Resolução CONAMA n°307, determina que o gerador deve garantir o

confinamento dos resíduos após a geração até a etapa de transporte, assegurando

que seja possível, as condições de reutilização e de reciclagem.

É importante que sejam estabelecidas condições específicas para

acondicionamento inicial, transporte interno e acondicionamento final de cada resíduo

identificado e coletado (Mattos, 2014)

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55

5.2.2.1. Acondicionamento Inicial

O acondicionamento inicial é onde o resíduo ficará imediatamente após ser

gerado (Mattos, 2014). A SindusCon-SP, diz em seu manual de Gestão Ambiental de

RCC, que este tipo de acondicionamento deve estar o mais próximo possível dos

locais de geração de resíduos, os dispositivos deve estar dispostos de forma

compatível com o volume e preservando a organização do canteiro. Segundo Mattos

(2014) este armazenamento temporário refere-se apenas a resíduos de menor

volume. Em casos de grandes volumes os resíduos deverão ser levados diretamente

para o seu acondicionamento final.

A tabela 12 retirada do manual de Gestão Ambiental da SindusCon – SP define o

acondicionamento inicial adequado para cada tipo de resíduo.

Tabela 12: Procedimento para acondicionamento inicial

Fonte: SindusCon-SP, 2005

5.2.2.2. Transporte Interno

Segundo a SindusCon – SP, o ideal é que, no planejamento da implantação do

canteiro de obras exista uma preocupação com a movimentação de resíduos para

reduzir a formação de “gargalos”. O transporte interno, normalmente, é

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responsabilidade dos operários que se encarregam da coleta dos resíduos dos

pavimentos. Pode ser feito por meios convencionais e disponíveis: transporte

horizontal (carrinhos, girícas, transporte manual) ou transporte vertical (grua, condutor

de entulho).

A tabela 13 traz recomendações de transporte interno para cada tipo de resíduo.

Tabela 13: Recomendações de transporte interno para cada tipo de resíduo

Fonte: SinsdunCon – SP, 2005

5.2.2.3. Acondicionamento Final

É o local onde o resíduo ficará armazenado até sua coleta e transporte pra o

destino final. O mais importante neste item é que os dispositivos utilizados sejam

dimensionados considerando características como: volume dos resíduos, facilidade

para a coleta, segurança pra os usuários e preservação da qualidade dos resíduos nas

condições necessárias para destinação. Assim como para os outros processos da

obra, a SindusCon-SP elaborou uma tabela com os melhores e mais recomendados

dispositivos de acondicionamento final de acordo com o tipo de resíduo.

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Tabela 14: Acondicionamento final dos resíduos no canteiro de obra

Fonte: SindusCon-SP

5.3. Transporte e bota-fora

5.3.1. Transporte de Resíduos no Rio de Janeiro

A Resolução CONAMA diz que: “Os resíduos de construção civil não poderão ser

dispostos em aterros de resíduos sólidos urbanos, em áreas de bota-fora, em

encostas, corpos d’água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei”. A mesma define

transportadores como pessoas físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e do

transporte dos resíduos entre as fontes de resíduos e as áreas de destinação.

A terceirização dos serviços de transporte de resíduos é a prática mais comum

entre as construtoras geradoras. Para acabar com as irregularidades nos transportes

de resíduos e descarte em “botas-foras” no Rio de Janeiro, a resolução SMAC n°519

definiu algumas diretrizes para grandes geradores que formalizam e padronizam o

processo de retirada e transporte dos resíduos.

As empresas transportadoras devem estar com documentação sem pendências e

cadastradas na administradora Comlurb e ter permissão para descarte em áreas

permitidas e licenciadas pelo órgão ambiental responsável. Para maior controle, é

obrigado a cada retirada de resíduos das classes A, B e C a emissão de uma NTR –

Nota de Transporte de Resíduos, de acordo com o modelo da figura 23 abaixo,

assinada pelos três envolvidos no processo: gerador, transportador e receptor destes

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resíduos. Para os resíduos de classe D no lugar de uma NTR, o transportador deve

portar um Manifesto de Resíduos do Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEA).

Figura 23: Modelo de NTR pelo SMAC n°519

Fonte: site Prefeitura do Rio de Janeiro

Feita a remoção dos resíduos, as três vias deverão ser apresentadas ao

destinatário para coleta de assinaturas e carimbos. A primeira via deve ser devolvida à

obra, a segunda via fica com o transportador e a terceira via é retida pelo destinatário.

É recomendável que o pagamento ao transportador seja feito só depois da

apresentação da primeira via devidamente assinada e carimbada pelo destinatário

(Mattos, 2014)

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59

5.3.2. Boas práticas

No Rio de Janeiro, a prefeitura e a empresa responsável pela coleta criaram para

os pequenos geradores os ECOPONTOS. Nestes locais são disponibilizados

caçambas estacionárias ou contêineres a fim de garantir a limpeza urbana e

destinação correta dos resíduos de construções menores, demolições e reformas.

5.3.3. Destinação Adequada

No Projeto de Gerenciamento de RCC feito pelas construtoras devem ser

estabelecidos os procedimentos para uma destinação ambientalmente adequada.

O Art.10 da Resolução 307 do CONAMA indica que os resíduos de construção e

demolição deve ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados e em últimos

casos, deve ser levados à aterros de resíduos para a construção civil5. Para os

resíduos de outras classes não tem uma forma específica de reciclagem ou reuso, é

exigido apenas que eles sejam destinados de acordo com as normas técnicas.

5.4. Reciclagem

JOHN (1999) diz que a construção civil é o setor da economia que mais consome

matérias primas naturais. Sabe-se que muitos desses materiais naturais já não

existem de forma abundante ou sua obtenção possui dificuldades e cultos altos.

A reciclagem de RCC é, de forma simplificada, um beneficiamento mineral. O

beneficiamento mineral é um conjunto de operações unitárias com o objetivo de se

obter características específicas de uma matéria-prima como separação dos seus

constituintes minerais, adequação de tamanho, etc. (CHAVES, 1996).

Muitos autores afirmam que a reciclagem de resíduos da construção traz

inúmeros benefícios como: redução no consumo de recursos naturais, redução das

áreas de aterro, redução do consumo de energia durante o processo de produção e

também da poluição. Em busca desses benefícios foram estudados e colocados em

prática algumas soluções para redução dos impactos ambientais gerados pela

construção civil.

5 Aterro de resíduos da construção civil: é a área onde serão empregadas técnicas de

disposição de resíduos da construção civil Classe "A" no solo, visando a reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente;

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60

5.4.1. Usinas de Reciclagem

São locais onde os resíduos da construção civil das classes A e B são

transformados em agregados reciclados depois de um ciclo que se inicia com a

segregação e coleta e termina com trituração e moagem. Podem ser fixas ou móveis

onde a maior diferença entre elas é a mobilidade. Em grandes obras onde são

gerados grandes quantidades de resíduos que podem ser aproveitados de imediato,

pode-se fazer uso de máquinas móveis para o processo de reciclagem.

Figura 24: Modelo de usina móvel de reciclagem de RCC utilizado na Alemanha

Fonte: Site www.portalresiduossolidos.com

Segundo a ABRECON existia em 2013 cerca de 200 usinas de reciclagem, a

maior parte delas estão sobre responsabilidade de órgãos municipais e na região

sudeste. São Paulo é o estado com a maior concentração de usinas de reciclagem e

é, também, onde se encontram as usinas de maior capacidade.

5.4.2. Uso de agregados reciclados

Os agregados reciclados são obtidos através do processamento do resíduo tipo

classe A (tijolos, blocos cerâmicos, telhas, concreto e etc). Na figura 25, vemos um

modelo de usina de reciclagem utilizado no Brasil, o processo é simples e inicia com a

separação dos materiais, que em seguida é britado e passa por um processo de

separação magnética, para atrair partículas metálicas. Por fim é peneirado podendo

produzir agregados com diferentes dimensões.

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61

Figura 25: Processo de reciclagem de resíduo classe A

Fonte: Adaptado de Cunha e Micele, 2013

A figura 26, abaixo, mostra alguns agregados reciclados suas características e

usos recomendados, segundo a ABRECON (2015).

Figura 26: Usos recomendados para agregados reciclados

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62

Fonte: Abrecon, 2015

5.4.2.1. Uso em pavimentação

A reciclagem do resíduo de construção civil, tipo classe A, mais simples e

utilizada é a em pavimentação na forma de brita corrida ou mistura de agregados

reciclados (graúdos) com o solo. O resíduo ou mistura podem ser utilizados como

reforço no sub-leito, sub-base ou base, regularização mecânica da rua, umedecimento

ou secagem de camadas, homogeneização e compactação.

Dias (2007) afirma que atualmente esta é a única alternativa tecnologicamente

consolidada. E cita algumas vantagens:

a) Menor utilização de tecnologia e com menor custo operacional;

b) Utilização de todos os componentes minerais do entulho, sem

necessidade de separação;

c) Economia de moagem do entulho, por permanecer a granulometria

graúda;

d) Maior utilização de resíduos oriundos de pequenas obras e demolições

que não reciclam seus resíduos no próprio canteiro;

e) Maior eficiência dos RCD em relação às britas na da adição com solos

saprolíticos;

Cunha e Micele (2013) afirmam que setor público é o grande consumidor de

agregados para pavimentação, com um consumo de cerca de 50 milhões de toneladas

por ano. Mas alertam, mesmo que todo o resíduo da construção do tipo classe A fosse

reciclado, apenas 20% dos agregados naturais seriam substituídos. Ou seja, o

consumo de agregados reciclados ainda é insuficiente para substituir a exploração ou

torná-la mínima.

5.4.2.2. Fabricação de blocos cerâmicos e argamassas

Os agregados de RCD podem ser usados em argamassas de assentamento de

tijolos e blocos ou em revestimentos internos e externos em chapiscos e emboços,

preenchimento de vazios e alvenarias. Para isso são processados em

“argamassadeiras”, equipamentos que moem o entulho (na própria obra), deixando-os

com granulometria semelhantes as da areia.

As vantagens são observadas no próprio canteiro de obras pela redução de

resíduos no local gerador, diminuição de custos com transporte, redução no consumo

do cimento e cal e pelo ganho na resistência à compressão das argamassas.

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63

5.4.2.3. Como agregado para concreto

Os agregados convencionais que compõem o concreto podem ser substituídos

por agregados provenientes dos RCD reciclados como possibilidade de melhoria no

desempenho do concreto pelo baixo consumo de cimento (Dias, 2007).

A ABRECON garante que o entulho reciclado pode sim substituir os agregados

convencionais (areia e brita), desde que o concreto não seja para fins estruturais. No

Brasil, as pesquisas sobre os concretos que utilizam agregados reciclados são

inconclusivas. Sabe-se que os agregados reciclados são um novo material com menor

valor de massa específica e mais poroso, ou seja, absorve mais água. Característica

esta que influencia diretamente no fator água cimento da mistura do concreto. Mas

sem afirmações positivas sobre seu uso em concretos estruturais.

No âmbito ambiental, o uso de agregados do RCC em concreto possui algumas

vantagens. São elas:

Uso de todos os componentes minerais do entulho sem a necessidade

de separação de nenhum deles;

Economia de energia no processo de moagem do entulho, pois

usando-o no concreto, parte do material permanece em granulometrias

graúdas;

Possibilidade de utilização de uma maior parcela do entulho produzido,

como o proveniente de demolições e de pequenas obras;

Possibilidade de melhorias no desempenho do concreto em relação aos

agregados convencionais, quando se utiliza baixo consumo de cimento;

5.4.3. Reciclagem de Sacos de Cimento

Os sacos de cimento estão classificados como resíduos classe B são,

normalmente, descartados de forma inadequada, queimados ou dispostos como lixo

residencial. Possui alta capacidade de impacto ambiental, no solo e lençóis freáticos,

seja pelas cinzas após sua queima ou pelas sobras de cimento presos ao saco.

Infelizmente não podem ser reutilizados ou reciclados na obra, por isso, sua única

alternativa é reciclar para outras atividades como artesanato e outros produtos. Por

isso, o destino mais correto são oficinas de papel artesanal ou cooperativas de

reciclagem. Em um artigo publicado na ABEPRO, os autores afirmam que o saco de

cimento está classificado como KRAFT III, material com boa resistência para rasgar,

ótimo para reciclagem.

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O processo da reciclagem de sacos de cimento esta constituído, basicamente,

com 8 etapas: lavagem, despinicamento, repouso, trituração, molde, secagem,

montagem e produto final.

Figura 27: Bolsa como produto final da reciclagem de sacos de cimento

Fonte: Site www.setorreciclagem.com.br

5.4.4. Reciclagem de Gesso

O gesso ganhou espaço na construção civil pela sua boa trabalhabilidade e alta

produtividade é muito usado em revestimento de paredes e tetos; forros e divisórias; e

também como elementos decorativos.

Segundo Pinheiro (2011), é possível observar um grande volume de resíduo

em toda a cadeia produtiva do gesso, desde a sua extração ao descarte pela obra

após o seu consumo. A mesma alerta não ser recomendada a deposição de gesso em

aterros sanitários comuns, pois o ambiente úmido associado às condições aeróbicas e

presença de bactérias específicas, permite a dissociação dos componentes do gesso

tornando-o um resíduo fedorento, tóxico e inflamável.

As possibilidades de minimizar o impacto ambiental ocasionado pelos resíduos de

gesso são a redução, a reutilização e a reciclagem do material. (Pinheiro, 2011). A

autora constatou em sua pesquisa sobre gessos reciclados que estes apresentam

propriedades físicas e mecânicas no estado endurecido compatível com o gesso

comercial.

Especialistas no setor da construção afirmam que existem pelo menos três frentes

de reciclagem e reaproveitamento do gesso: na indústria cimenteira na qual o gesso

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65

funciona como agente retardador da pega do cimento; no setor agrícola como corretivo

de acidez do solo e na própria indústria de gesso, reutilizando os resíduos de

produção.

5.5. Reutilização e aproveitamento

ZORDAN (1997) diz que “o estudo de soluções práticas que apontem para a

reutilização do entulho na própria construção civil, contribui para amenizar o problema

urbano dos depósitos clandestinos deste material – proporcionando melhorias do

ponto de vista ambiental – e introduz no mercado um novo material com grande

potencialidade de uso”.

De acordo com o Art. 2º da Resolução CONAMA nº307, reutilização é o processo

de reaplicação de um resíduo, sem a transformação do mesmo. O reuso de materiais

na construção civil visa transformar telhas, tijolos, pisos e demais materiais em

produtos que possam ser utilizados em outras construções.

O reaproveitamento ajuda a reduzir o uso de matérias-primas, assim como os

resíduos nos canteiros e o lixo nas áreas de destinação final, fatores que minimizam

os impactos ambientais. Mas para que possa ser reutilizado, o resíduo deve ser

corretamente manejado e segregado, destacando-o dos resíduos comuns. A tabela 15

apresenta alguns materiais que são comumente reutilizados em obras.

Tabela 15: Reutilização de resíduos

Fonte: SindusCon-SP, 2005

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66

6. ESTUDO DE CASO

6.1. Caracterização da Empresa

O estudo de caso foi realizado em um empreendimento de uma renomada

construtora e incorporadora nacional, que neste trabalho é denominada “Construtora

A”, focada em imóveis de médio e alto padrão, atuante em 16 estados brasileiros.

Atualmente, emprega mais de 10.000 colaboradores diretos e investe constantemente

em pessoas por meio da sua Universidade Corporativa e programas de

responsabilidade social. Uma empresa que valoriza os bairros onde atua por meio de

melhorias urbanas, cuida do meio ambiente ao praticar ações sustentáveis em seus

empreendimentos e que, acima de tudo, melhora a vida das pessoas. No Rio de

janeiro, a construtora iniciou sua atuação em 2000, quando incorporou uma conhecida

construtora local.

6.2. Caracterização do empreendimento

O empreendimento situa-se na cidade do Rio de Janeiro, no bairro da Barra da

Tijuca, no condomínio Península. Consiste em uma edificação residencial multifamiliar

com 4 Blocos. Dois blocos são constituídos por 15 pavimentos tipo com 4 unidades

privativas cada, mais a cobertura com 4 unidades privativas e telhado. Os outros dois

blocos também possuem 15 pavimentos tipo, porém com 6 unidades privativas, mais a

cobertura com 6 unidades e o telhado. Os pavimentos de uso comum, subsolo e térreo

são comuns a todos os blocos.

O lançamento e entrega do empreendimento foi inicialmente divido em 2 fases,

sendo a fase 01: blocos 02 e 04 e fase 02: blocos 01 e 03. A obra iniciou em outubro

de 2012 e o habite-se da 1ª fase está programado para março de 2015. A 2ª fase já

está em andamento e tem habite-se previsto para março de 2016. Como característica

comum aos demais condomínios da Barra da Tijuca, apresenta embasamento luxuoso

e imponente, sendo um do atrativo para a venda de unidades. O embasamento conta

com 3 piscinas, entre elas uma de borda infinita, deck molhado com bar, saunas, salas

de spinning, academia privativa, ambientes de recreação infantil, diversos salões de

festa, espaço gourmet, ambientes planejados para podólogo, massagem e repouso,

sala de projeção e paisagismo planejado.

As unidades privativas possuem de 155 a 193m² podendo ser de 3 ou 4 quartos

de acordo com a opção de planta do cliente, totalizando 300 unidades. Todas as

opções de planta apresentam a mesma quantidade de banheiros, 5 banheiros, sendo

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67

3 pertencentes as suítes, ou banheiro canadense, dependendo da opção do cliente, e

1 as dependências de serviço e o lavabo, todos possuem dos kits hidráulicos na

alimentação das pias e chuveiros e shafts em todos os apartamentos.

As instalações prediais foram todas terceirizadas, ficando a cargo da construtora

apenas a estruturação de guias e montantes e o fechamento em drywall dos kits

hidráulicos. Os demais serviços (revestimentos, esquadrias, pintura e acabamentos)

também foram terceirizados, assim como a fase estrutural durante o processo de

montagem de formas, armação e lançamento de concreto.

6.3. Medidas Alternativas de Redução de Impactos

Utilizadas

6.3.1. Gestão da Qualidade

A Construtora estudada acredita na importância de ações sustentáveis para

conservação de recursos naturais e preservação do planeta. Por isso, todos os seus

empreendimentos são planejados de forma a minimizar o impacto ambiental, além de

prezar pela acessibilidade de suas áreas. É uma das pioneiras do setor em gestão de

resíduos em seus canteiros de obra. Prova disso, é uma publicação em seu site

confirmando que em 2012, somente na filial de São Paulo, foram destinados a

reciclagem 7.600 m³ de resíduos aproveitáveis, classes A e B.

Em 2013, a empresa iniciou o trabalho com a certificação AQUA em alguns

empreendimentos. No mesmo ano foi entregue um empreendimento comercial, pela

filial do Rio de Janeiro, com certificação Prata do LEED concedida pela U.S. Green

Building Concil.

6.3.2. Gestão de Resíduos

Na construtora estudada quando um empreendimento é lançado o setor de

Incorporação é obrigado a informar ao Departamento da Qualidade e Desenvolvimento

Tecnológico as responsabilidades de construção. Este último direciona para a Área de

Legalização, a elaboração do Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção

Civil, exigido pela Resolução CONAMA 3017/2002 e pelo Plano Municipal de

Gerenciamento de Resíduos.

O PGRCC é feito antes do início da obra, esta deve elaborar o Projeto de Canteiro

contemplando o gerenciamento de resíduos, identificando o tipo de resíduos em cada

fase e prevendo seu acondicionamento.

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Foi criado pelo Departamento de Qualidade e Desenvolvimento Tecnológico um

procedimento denominado: “Planejamento e Acompanhamento da Gestão de

Resíduos em canteiros de obra”; com o objetivo de definir diretrizes para a gestão dos

resíduos em canteiros de obras atendendo os requisitos necessários. Este documento

visa orientar para diminuir a quantidade de resíduos gerados, estabelecer a forma

como devem ser tratados e descrever os meios utilizados para controle e

acompanhamento de saída e destinação final, atendo as resoluções CONAMA e

SMAC 519.

Por ser um procedimento padrão da empresa e uma exigência do Poder Público,

é obrigatório o cumprimento da obra de todos os itens presentes no documento de

Gestão, sejam eles de planejamento, controle ou fiscalização. A fim de garantir que

estas diretrizes estão sendo seguidas é feito pelo setor da Qualidade visitas

quinzenais à obra como forma de fiscalização, podendo a obra sofrer punições no

sistema interno da empresa.

6.3.3. Segregação de Resíduos e destinação correta

6.3.3.1. Separação de resíduos

A primeira providência da obra é a elaboração do Projeto de Canteiro junto com

um Projeto de Logística de Canteiro. Neste último deve conter as informações para o

transporte interno de resíduos e seu acondicionamento (inicial e final).

Está previsto no procedimento que para cada fase da obra são determinados

quantidade de caçambas e baias para cada tipo de resíduo. Por exemplo, na fase de

acabamento devem ser previstos, pelo menos, 2 caçambas sendo uma classe A e

outra gesso, 4 baias ou caçambas cada uma corresponde a um resíduo: metal,

madeira, papel/papelão e plástico, além de uma área restrita para resíduos classe D.

Obedecendo a Gestão da empresa, o empreendimento possui essa separação

dos resíduos e mantém uma rotina constante de treinamento com seus funcionários e

terceirizados a fim de conscientizar não só das regras da empresa, mas

ambientalmente também.

Abaixo as fotos mostram esta atividade, a figura 28 mostra uma caçamba

estacionária destinada a resíduos tipo classe B para madeiras. Na figura 29, mostra

uma caçamba estacionária para resíduos tipo classe D (tintas e solventes), totalmente,

separado dos outros resíduos. A última, figura 30 mostra a segregação de

papel/papelão feita na obra.

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Figura 28: Caçamba de resíduo de madeira

Fonte: Acervo da autora

Figura 29: Caçambas com resíduos classe D

Fonte: Acervo da autora

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Figura 30: Caçamba com resíduos classe B

Fonte: Acervo da autora

6.3.3.2. Destinação dos resíduos

Tão importante quanto à separação e acondicionamento dos resíduos, é a sua

destinação correta. Seguindo o Controle de Gestão de Resíduos, a equipe de obra

identifica o destinatário para cada tipo de resíduo, que podem ser: Áreas de

Transbordo e Triagem – ATT; Áreas de Reciclagem; Aterros de Resíduos da

Construção Civil; Aterros para Resíduos industriais; empresas que comercializam

tambores e bombonas para reutilização; e agentes diversos que comercializam

produtos recicláveis: ferros-velhos, sucateiros, cooperativos ou grupos de coleta

seletiva.

A tabela 16 apresenta a documentação necessária para a homologação destes

destinatários, enquanto que o quadro Z identifica algumas soluções para a destinação

dos resíduos.

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Tabela 16: Documentação específica para homologação pelo setor da Qualidade

Fonte: Procedimento da empresa no sistema Autodoc

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Tabela 17: Possíveis destinos para cada resíduo específico

Fonte: Procedimento da empresa no sistema Autodoc

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As empresas transportadoras de retiradas de resíduos deverão ter os seus

veículos credenciados pela COMLURB (para resíduos Classe A, B ou C) e pelo órgão

ambiental competente (para resíduos Classe D) e obedecer às normas técnicas

nacionais. Para os resíduos Classe A, B ou C, o Chefe de Escritório ou o Almoxarife

deverá preencher a Nota de Transporte de Resíduos (NTR), individualmente para

cada classe e para cada transporte, imprimindo 3 vias, para controle da seguinte

maneira:

1ª Via = para controle da obra.

2ª Via = para controle da empresa transportadora de retirada de resíduos.

3ª Via = para o comprovante de destinação, o qual deverá retornar a obra pelo

transportador com a assinatura e carimbo do local de destinação final.

Todas as vias devem ser assinadas pelo transportador, o mesmo tem o prazo de

30 dias para devolver as NTRs assinadas e carimbadas, após enviá-las ao destino

final, anexando a nota fiscal.

Em conclusão do controle o chefe de escritório ou almoxarife prepara,

mensalmente, o Relatório Mensal de Gestão de Resíduos (RMGR), anexando as

notas ficais e as três vias das NTRs assinadas pelo destinatário final.

No final da obra, o engenheiro deverá encaminhar, para o setor de Legalizações

na Área de Projeto Legal, a pasta com os NTRs, Manifesto de Resíduos da INEA e o

último RMGR atualizado, comprovando a destinação final dos resíduos nos locais

autorizados pelos órgãos competentes, para preparo da documentação para fins de

Habite-se.

Para completar esta pesquisa foram coletados alguns documentos, com

permissão da engenharia da obra, comprovando que todos os itens contidos no

procedimento de Gestão de Resíduos são cumpridos e estão de acordo com a

legislação ambiental.

NTR de saída de entulho (Resíduo classe A):

Na figura 31, o modelo de NTR utilizado pela Construtora A, apresenta todos os

dados da obra, assim como da transportadora e receptora final. É possível identificar o

material transportado e a fase da obra. O documento possui também campo para

registro das assinaturas de todos os envolvidos: gerador, transportador e receptor.

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Figura 31: Modelo de NTR para resíduo tipo classe A

NTR de papel/papelão (Resíduo classe B):

Na figura 32, o modelo de NTR utilizado pela Construtora A, apresenta todos os

dados da obra, assim como da transportadora e receptora final. É possível identificar o

material transportado e a fase da obra. O documento possui também campo para

registro das assinaturas de todos os envolvidos: gerador, transportador e receptor.

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Figura 32: Modelo de NRT utilizado para resíduo classe B

Observa-se que todas as NRTs tem também uma quantidade transportada, dessa

forma, a Construtora A é capaz de quantificar seus resíduos e ter maior controle sobre

sua geração.

NTR de Madeira (Resíduo classe B)

Na figura 33, o modelo de NTR utilizado pela Construtora A, apresenta todos os dados

da obra, assim como da transportadora e receptora final. É possível identificar o

material transportado e a fase da obra. O documento possui também campo para

registro das assinaturas de todos os envolvidos: gerador, transportador e receptor.

Neste exemplo é apresentado também uma Ordem de Serviço referente a troca de

caçambas estacionárias.

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Figura 33: Modelo de NTRs para resíduo classe B (madeira)

NTR de Metal (Resíduo classe B)

Assim como nos exemplos anteriores a figura 34, apresenta o modelo de NTR

utilizado pela Construtora A, apresenta todos os dados da obra, assim como da

transportadora e receptora final. É possível identificar o material transportado e a fase

da obra. O documento possui também campo para registro das assinaturas de todos

os envolvidos: gerador, transportador e receptor.

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Figura 34: Modelo de NTR de metal/sucata

Registro Mensal de Gestão de Resíduos

A figura 35 mostra o Relatório Mensal de Gestão de Resíduos, ferramenta que compila

todo o volume de resíduo retirado da obra. Nele é possível acompanhar o acumulado

de resíduo por classe e total gerando estatísticas alimentadoras para o setor de

Qualidade e Desenvolvimento Tecnológico.

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Figura 35: Relatório Mensal de Gestão de Resíduos do mês de Dezembro/2014

A resolução da figura está ruim, mas pode-se afirmar que a Reciclagem total no

acumulado do Mês de Dez/2014: 5.445 m³ e 23.749,24 toneladas.

6.3.4. Uso de Kits hidráulicos

6.3.4.1. O que é?

De acordo com Knipper as principais causas das patologias de sistemas

hidráulicos prediais se devem a falhas na fase de elaboração do projeto (quase 50%

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de incidência), um pouco a mais que citado por Amorim,1997 (40%); erros de

execução (quase 30%); ausência ou insuficiência de manutenção; uso inadequado dos

equipamentos sanitários; e falhas em materiais e componentes das instalações

prediais (Couto, 2014).

Esta pesquisa não tem como foco patologias hidráulicas e sim impactos

ambientais gerados por resíduos da construção. Infelizmente, o processo de

instalação hidráulica se intercala com os outros sistemas podendo causar conflitos.

Nas figuras 36,37 e 38, foram apresentadas por Couto (2014) são apresentadas

algumas dessas interferências. Não é questionável se as falhas são de projeto ou

execução, mas todas apresentam casos de quebra, gerando mais resíduos e

retrabalhos.

Figura 36: Interferência das instalações de água e esgoto com as de elétrica.

Fonte: Adaptado de Couto, 2014

Figura 37: Inferência do sistema hidráulico com o revestimento interno

Fonte: Adaptado de Couto, 2014

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Figura 38: Interferência do sistema predial com a estrutura

Fonte: Adaptado de Couto, 2014

A utilização Kits industrializados nos sistemas prediais de água e esgoto é uma

nova técnica construtiva empregada visando a redução de tempo e custos neste

processo. É comum termos em nosso léxico que o kit compreende apenas a

carenagem e seu conteúdo dispostos nos pontos de alimentação de água e saída de

esgoto, porém, o método engloba desde a marcação dos pontos na laje a entrega do

apartamento ao proprietário (Couto, 2014).

Os principais preceitos desta tecnologia são que todas as tubulações sejam

desembutidas da alvenaria e a independência de outros métodos construtivos – não

há a necessidade de retrabalho ou interferência em alguma etapa já executada seja:

alvenaria, estrutura ou revestimento (Couto, 2014).

A produção dos kits busca características industriais. A montagem deve ser feita

em uma central própria para tal, com linha de montagem que assegura a qualidade e

produtividade deste processo. Os kits executados são então transportados aos

pavimentos para montagem e fixação dos mesmos.

6.3.4.2. Processo construtivo

O processo executivo de instalação hidrossanitárias começa na pré-concretagem

com a demarcação da posição dos pontos de passagem das tubulações na laje. Após

a montagem das formas são fixadas caixas metálicas específicas delimitando onde

futuramente os passantes deverão ser chumbados.

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Figura 39: Marcação de furação na laje na forma antes da concretagem

Fonte: Couto, 2014

Com a estrutura pronto, inicia-se o ciclo de vedação, antes da marcação são

elevadas as prumadas de água, esgoto e ventilação dentro dos shafts; com a

execução da primeira fiada de alvenaria é possível posicionar e fixar os passantes de

acordo com o projeto.

Figura 40: Chumbamento de passantes de acordo com o projeto

Fonte: Couto, 2014

Em seguida, após o aperto da alvenaria, são feitas as distribuições de água e

esgoto que neste empreendimento são feitas no teto. Ou seja, toda a tubulação do

andar acima está distribuída e fixada no teto do andar inferior, sendo toda ela,

posteriormente, “escondida” pelo forro de gesso.

Concluído o emboço do pavimento, são fixadas as guias e montantes dos shafts

pela equipe de drywall, mão de obra própria. A fim de assegurar o prumo e medidas

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exatas das peças são utilizados: nível a laser, trena e esquadro devidamente aferidos

e com laudo de calibração em dia.

Figura 41: Kits hidráulicos de aquecedor/tanque e chuveiro.

Fonte: Acervo da autora

Estando as guias e os montantes fixados, a empreiteira de instalações sobe com

os chassis de chuveiro, aquecedor e tanque, máquina de lavar roupas e lavatórios. Os

chassis já sobem praticamente prontos, com as braçadeiras fixadas e uma parte da

tubulação para fechamento com as distribuições de água e esgoto do pavimento

inferior. Esses chassis são feitos em uma central de montagem, feita na obra, e

seguem as medidas e especificações do projeto de kits hidráulicos.

Por fim, é feito o fechamento e teste das tubulações, não sendo detectado

nenhum vazamento as estruturas estão liberadas para serem fechadas com placas de

drywall. Por se tratar de áreas molhadas, são utilizadas placas de drywall verde,

resistentes a umidade. Por último, as placas são vedadas, seladas e

impermeabilizadas com tinta epóxi, após o teste estão liberadas para a próxima etapa:

colocação de cerâmica ou emassamento, no caso, dos lavabos.

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Figura 42: Kit de chuveiro com placa de drywall verde aguradando acabamento.

Fonte: Acervo da autora

Figura 43: Kit de lavatório já acabado, pronto para a aplicação de cerâmica.

Fonte: Acervo da autora

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6.3.4.3. Vantagens do uso de Kits Hidráulicos

Segundo Couto (2014) temos algumas vantagens com o uso de kits hidráulicos,

incluindo diminuição de desperdício de material e redução de resíduos. São elas:

Redução dos custos de MÃO DE OBRA

Independência com as demais etapas construtivas

Ausência do retrabalho de alvenaria e revestimento – Diminuição de quebras e

resíduos.

Retardo no início do processo de instalações

Padronização dos serviços

Redução de desperdícios – As centrais de kits concentram as montagens,

evitando corte de tubos nos locais e reutilizando pedaços em novos kits a

serem produzidos.

Maior precisão na quantidade de material necessária – Controle de material

Facilidade na identificação de vazamentos e manutenção

6.3.5. Uso de Alvenaria Racionalizada

O principio básico da alvenaria racionalizada é tomar todas as decisões quanto

aos passos de execução na fase de elaboração do projeto executivo e documentá-los

em forma de desenho ou observações descritivas. Assim, o projeto contempla todo o

detalhamento executivo, compatibilizando os demais projetos, estrutural, de alvenaria

e instalações (Rodrigues, 2013).

A alvenaria racionalizada possui algumas características vantajosas quando

comparadas a alvenaria tradicional e por isso, foi utilizada no empreendimento

estudado. São utilizados blocos cerâmicos de melhor qualidade com furos na vertical

para a passagem de instalações. Assim evitam os rasgos na alvenaria, o desperdício

de material e tempo, consequentemente, diminui a quantidade de resíduo.

Na figura 44, são apresentados dois tipos de blocos cerâmicos utilizados na obra.

O primeiro é um bloco menor utilizado como compensador na horizontal, normalmente,

na última fiada no encontro com a laje superior. Pode também ser utilizado também na

posição horizontal, em “bonecas” e vãos de porta, evitando a quebra de blocos

maiores para este fim. Na figura 44, o bloco retangular comum utilizado na paginação

de paredes, observa-se que seus furos são na vertical para a passagem de

instalações. Este inclusive está furado para instalação de caixas de elétrica, são os

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blocos elétricos, são furados previamente com uma furadeira serra copo diminuindo a

quebra e mantendo um padrão em todos os blocos.

Figura 44: Tipos de blocos cerâmicos da alvenaria racionalizada

Fonte: Acervo da autora

Outra característica importante da alvenaria racionalizada é o planejamento

prévio da alvenaria, com um projeto de vedação compatibilizando estrutura, alvenaria

e instalações. A presença destes projetos é importante para orientar a mão de obra e

garantir que está sendo executado o que foi planejado.

A figura 45 mostra uma parcial de um projeto de primeira fiada de alvenaria

racionalizada onde todas as paredes são numeradas e para cada uma existe um

detalhe de paginação. Em destaque os blocos que não são iguais, ou seja, canto é

planejado e encaixado o melhor bloco cerâmico reduzindo as quebras e perda de

material. O detalhe de paginação de parede com a diferença dos blocos e as

previsões de instalação estão na figura 46.

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Figura 45: Projeto de primeira fiada de alvenaria racionalizada

Fonte: Fornecido pela obra estudada

Figura 46: Projeto de detalhe de paginação de vedação racionalizada

Fonte: Fornecido pela obra estudada

A figura 47 mostra uma primeira fiada com um bloco elétrico “ameaçado” em sua

posição antes de ser fixado. Na figura 48 a parede já está elevada e é possível

observar o bloco elétrico fixado com o conduite interno e sem nenhuma marca de

quebra ou arremate.

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Figura 47: Bloco elétrico ameaça em sua posição

Fonte: Acervo da autora

Figura 48: Parede pronta com instalação elétrica sem marcas de arremates e retrabalhos

Fonte: Acervo da autora

Na figura 49 a parede encontra-se pronta sem rasgos ou arremates e

enchimentos feitos com massa. É mantida paginação assim como todos os outros

elementos de projeto como a caixinha de elétrica, a boneca e o vão de porta.

Figura 49: Parede pronta sem arremates

Fonte: Acervo da autora

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6.4. Considerações Finais

As informações estudadas comprovam que a empresa tem preocupação

ambiental não só em se regularizar perante as Normas técnicas e Resoluções

CONAMA mas em desenvolver alternativas que diminuam o impacto ambiental de

suas atividades e os resíduos de construção civil.

O procedimento de Gestão de Resíduos está de acordo com a legislação e é

executado diariamente, garantindo uma obra limpa e organizada. A destinação final é

feita de forma correta com destinatários com documentação em dia, assim como os

transportadores. A segregação dos resíduos é real assim como o transporte de

resíduos classe A e B para empresas e cooperativas recicladoras.

O Departamento da Qualidade e Desenvolvimento Tecnológico é ativo na

fiscalização dos procedimentos na obra e também na elaboração e implantação de

medidas alternativas como o uso de kits hidráulicos e a alvenaria racionalizada.

O uso destes processos construtivos são desafiadores, pois necessitam de

mão de obra qualificada e constante treinamento com os funcionários mas mostram-se

eficientes no quesito ambiental. Diminuem o desperdício de material,

consequentemente, de resíduos espalhados pela obra, garantem maior controle e

qualidade ao processo, e deixam a obra mais limpa e organizada.

7. CONCLUSÃO

Esta pesquisa buscou entender os impactos ambientais gerados pela construção

civil, fazer um panorama da atual situação e apresentar alternativas que podem reduzir

os danos ao meio ambiente.

Conclui-se que o setor está diretamente ligado a economia do país e a sua

sociedade, pode-se afirmar que conforme o país de se desenvolve, há uma

crescimento da indústria da construção civil buscando melhorias na infraestrutura e

conforto habitacional. Sabe-se que é a indústria que mais consome recursos naturais

não renováveis para a produção de seus materiais e também a que mais gera resíduo.

Carneiro (2001) confirma a última afirmação e adiciona que é o setor que mais altera o

meio ambiente seja extraindo matéria prima ou na demolição de construções já

condenadas.

A construção civil ainda é arcaica quando comparada a outras indústrias, com

processos primários de execução, produção e até reciclagem. O uso de projetos

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ineficientes, falta de planejamento e controle, mão de obra pouco qualificada são

fatores negativos geradores de resíduos, desperdício de material e tempo.

Seguindo o exemplo de países desenvolvidos como Estados Unidos e Japão, o

Brasil incentivou e investiu em pesquisas e leis que conscientizassem construtoras e

sociedade com o conceito de construção sustentável. A partir da Resolução

n°307/2002 algumas diretrizes foram trilhadas e as geradoras passaram a ser

responsáveis por seus resíduos, com isso, é notável a diferença de comportamento

dentro do setor.

A obrigação de cada empreendimento ter um Projeto de Gerenciamento de

Resíduo trouxe para o canteiro uma melhor organização e a preocupação com o meio

ambiente. Ao se adequar as novas exigências muitas empresas se animam a buscar

os chamados Selos Verdes como o LEED e o AQUA, tal decisão não só a conceitua

no mercado como traz uma economia em diversos setores como: consumo de energia,

água e geração de resíduos.

A pesquisa poderia ser mais precisa não fosse a falta de dados mais completos e

atuais. Estatísticas como quantidade de cada material em um entulho estão defasadas

ou percentagem de material reciclado possível de compara com outros países

deixaram a desejar. Por isso, é uma indicação para novos trabalhos, assim como a

importação de tecnologias de reutilização, reciclagem de materiais e ferramentas

capazes de reduzir a quantidade de resíduos e diminuir os impactos.

O trabalho focou em medidas processuais ou de projeto que reduzissem os danos

futuros ao meio ambiente. Existe uma Gestão de Canteiros que prioriza a não geração

de resíduos, a reutilização e reciclagem deles que quando bem elaborada e

implantada dá resultados positivos. São medidas simples como organização de

canteiro, controle de materiais, treinamento de funcionários, segregação de resíduos,

acondicionamento e transporte adequado, bem como a destinação final.

Muitas empresas têm como principal e única medida a segregação e reciclagem

dos resíduos classes A e B, porém foi atestado que a quantidade de usinas e

cooperativas de reciclagem estão muito aquém da quantidade de resíduos gerados.

Logo existe uma necessidade urgente de buscar outras alternativas viáveis e capazes

de impactar menos o meio ambiente.

O estudo de caso confirmou a preocupação das grande construtoras em se

adequar a legislação, implantando projetos de gerenciamento de resíduos,

acompanhados de um setor de Qualidade responsável por garantir que a obra irá

cumprir todos itens necessários. E também apresentando projetos e procedimentos

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capazes de atrelar aumento de produtividade com redução de resíduo e danos

ambientais, como o uso de alvenaria racionalizada e instalação de kits hidráulicos.

Diferente do setor de arquitetura que possui variadas opções sustentáveis de

projetos capazes de reduzir o consumo de energia, água e resíduo, a construção

possui poucas medidas inovadoras que possam ser implementadas ainda nas fases

de pré-execução, produção e demolição.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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<http://www.cbicdados.com.br/media/anexos/066.pdf>. Acesso em 13 fev. 2015

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Sindicato Da Indústria Da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro -

SINDUSCON-RIO e a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário

do Rio de Janeiro - ADEMI-RJ. 2000. Disponível em: <http://www.sinduscon-

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ALVES, Fábio José. Desperdícios na construção civil. Instituto de Educação

Tecnológica - IETEC. Disponível em:

<http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/99>. Acesso em 14

fev. 2015

ARAUJO, Viviane Miranda; CARDOSO, Francisco Ferreira. “Análise dos aspectos e

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______. SECRETARIA DE ASSUNTOS ESTRATÉGICOS. Instituto de Pesquisa

Econômica e Aplicada. Diagnóstico dos Resíduos Sólidos da Construção Civil:

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