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Medicina Interna HOJE • 1 Maio de 2008 | Ano III | Nº 8 Trimestral MEDICINA INTERNA Hoje Medicina de Urgência Não há vantagens na criação da especialidade Portugueses e espanhóis partilham experiências 14.º Congresso Nacional de Medicina Interna 1.º Congresso Ibérico

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  • Medicina Interna HOJE • 1

    Maio de 2008 | Ano III | Nº 8Trimestral

    MEDICINAINTERNA Hoje

    Medicina de UrgênciaNão há vantagens na criação

    da especialidade

    Portugueses e espanhóis partilham experiências

    14.º Congresso Nacional de Medicina Interna1.º Congresso Ibérico

  • Medicina Interna HOJE • 3

    MEDICINAINTERNA Hoje

    4 CongressosAs bases ibéricas de parceria estão lançadasOs 14.º Congresso Nacional de

    Medicina Interna/1.º Congresso

    Ibérico juntaram centenas de

    participantes de Portugal e Espanha.

    Em destaque esteve o estudo sobre

    AVC, apresentado por Markku

    Kaste da ESO.

    10 João Araújo CorreiaMedicina de Urgência não faz sentidoA Direcção do Colégio de

    Especialidade de Medicina Interna

    considera que não há qualquer

    argumento que justifi que a criação

    da Especialidade de “Medicina de

    Urgência” e entende que tal não

    traz qualquer vantagem para os

    doentes ou para a organização dos

    Serviços de Saúde.

    14 Tromboembolismo VenosoDoentes hospitalizados estão em riscoO estudo multinacional ENDORSE

    divulgado através da publicação

    médica especializada The Lancet,

    demonstra que existe uma elevada

    prevalência de doentes hospitaliza-

    dos em risco de Tromboembolismo

    Venoso (TEV) em todo o mundo,

    incluindo Portugal.

    Maio de 2008 | Ano I1I | Nº 8 | Trimestral

    Foto

    capa

    : Cele

    stino

    San

    tos

    Medicina Interna sem fronteiras

    A realização do 1.º Congresso Ibérico de Medicina Interna foi a demonstração de que os desafi os colocados à especialidade estão a ter uma resposta que ultrapassa as fronteiras físicas e culturais de cada país, com destaque para a cooperação entre os Internistas portugueses e espanhóis.A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e a sua congénere, a Socieda-de Espanhola de Medicina Interna, têm vindo, desde há vários anos, a manter e a reforçar a cooperação nas mais diversas áreas, materializada em encontros temáti-cos bilaterais, realizados por ocasião dos respectivos congressos nacionais.No entanto, o recente congresso ibérico constitui o passo que faltava para fortale-cer o traço de união já existente, na par-tilha de preocupações comuns, pois as doenças e os problemas enfrentados pela Medicina Interna não conhecem frontei-ras ou nacionalidades.Ficou patente, uma vez mais, o dinamis-mo dos Internistas portugueses e da sua Sociedade, na organização de eventos agregadores da especialidade, na mesma linha do Congresso Europeu de Lisboa, realizado no ano passado. Sentimos que temos uma responsabilidade especial, tendo em conta que, um pouco por toda a Europa, principalmente nos países do norte, tem vindo a ser debatida a própria existência da Medicina Interna.Em Portugal, têm vindo a manifestar-se

    algumas tentativas de transformar a Me-dicina Interna numa especialidade de re-levância marginal, ao arrepio da realidade quotidiana dos hospitais portugueses. A afi rmação de outras especialidades, à qual os Internistas portugueses não retiram qualquer legitimidade, não pode, contudo, ser feita à custa do esvaziamento da Medi-cina Interna. Não está em causa nenhuma reacção de cariz corporativista, de quem sente a sua existência ameaçada por inte-resses entretanto chegados a terreiro.A Medicina Interna apenas reclama um es-tatuto paralelo à importância que tem para o sistema de saúde, o que implica ser trata-da em consonância.Mais do que palavras de circunstância, é necessário que a relevância desta especia-lidade seja concretizada, nomeadamente, na abertura de mais vagas nos cursos de Medicina para o provimento de Internistas e na criação de condições que permitam atrair mais candidatos a seguir a via da Me-dicina Interna. Estamos certos de que este é o caminho para evitar a ruptura que se adivinha próxima, dos serviços de Urgên-cia mais sobrecarregados, por via da trans-ferência de quadros para o sector privado e das previsíveis reformas dos médicos que estão há mais anos em actividade.O problema não é de hoje, mas se for ataca-do amanhã, já será tarde.

    Faustino Ferreira

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    Realizou-se nos dias 12 a 15 de Março, em Vilamoura, no Al-garve, o 14.º Congresso Nacional de Medicina Interna. Este ano, a reunião decorreu em simultâneo com o 1.º Congresso Ibérico da especialidade, juntando centenas de participantes de Portugal e Espanha. Em foco esteve um estudo europeu sobre as unidades de tratamento de Acidentes Vasculares Ce-rebrais (AVC), apresentado por Markku Kaste, da European

    Stroke Organisation (ESO), e uma conferência dedicada ao Marketing Estratégico para os Serviços de Saúde. Entre temas científi cos e debates com interesse profi ssional, o programa do congresso abordou as áreas das alternativas à hospitalização convencional, do papel e visão do Internista na Urgência, e das Redes Informáticas e Software de Saúde em Portugal.

    Portugueses e espanhóis lançam base para o futuro

    14.º Congresso Nacional de Medicina Interna/1.º Congresso Ibérico

    4 • Medicina Interna HOJE

    Fotos Congresso: Celestino Santos

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    Das 16 unidades nacionais para atendi-mento de doentes vítimas de AVC, 12 não reúnem as condições mínimas para prestar a assistência adequada, nomea-damente equipas multidisciplinares. A conclusão é retirada de um estudo da European Stroke Organisation (ESO), realizado em 2005, apresentado pelo especialista finlandês Markku Kaste, na mesa-redonda dedicada ao tema, no âm-bito do 14.º Congresso Nacional de Me-dicina Interna/1.º Congresso Ibérico.O estudo da ESO, que avaliou 886 hos-pitais de 25 países da Europa, e as con-dições de assistência a 330 mil doentes, revela que 8,5 por cento dos hospitais europeus, onde são tratados apenas 13,5 por cento dos casos de AVC agudo, reú-ne as condições óptimas para a assistên-cia. Ao contrário, em 51,4 por cento dos hospitais da Europa, que assistem 42,3 por cento dos casos, a assistência não reúne as condições mínimas.De acordo com a avaliação da ESO, ape-nas 10 por cento das unidades europeias tem unidades de AVC com o nível mais alto de especialização, dotadas de equi-pas multidisciplinares que incluam tra-tamentos de trombólise, neurocirurgia, fisiatria, ecocardiografia e angiografia computadorizada.Para Markku Kaste, “a situação exige uma intervenção política”, para que se-jam reduzidas as implicações dos AVC na sociedade e na vida dos doentes. “A Europa é umas das regiões mais ricas do mundo e é preciso que consiga garantir cuidados iguais e adequados”, frisou o convidado da SPMI, para quem o princi-pal investimento passa, sobretudo, pela “organização” aos níveis da decisão pro-fissional e política.Para tal, explicou, “são precisas unidades

    Hospitais europeus mal preparados para responder aos AVC

    A ESO (European Stroke Organization), fundada em Dezembro de 2007, é uma Sociedade pan-europeia, constituída por investigadores das sociedades de AVC nacionais e regionais, que tem como objectivo reduzir a incidência e o impacto do AVC, alterando a forma como o AVC é visto e tratado. Esta organização pretende desenvolver

    de AVC nos hospitais, com unidades de recuperação e um sistema de assistência rápida às vítimas. Com essas condições, defende, seria possível minimizar as con-sequências da doença.” O especialista finlandês realçou ainda que “a situação portuguesa é mais grave, porque Portugal é o país da Europa com mais casos de internamento, incapacidade e morte provocadas por AVC, e o terceiro país que mais doentes recebe por unidade hospitalar, 500 por ano em média.”

    Mesa-redonda: Unidades de AVC na Europa e em Portugal em número insuficiente

    Na mesa-redonda em que participou Markku Kaste, organizada pelo Núcleo de Estudos das Doenças Vasculares Ce-rebrais (NEDCV) da SPMI, Maria Tere-sa Cardoso, coordenadora do NEDCV, enfatizou que “a importância das Unida-des de AVC está largamente demonstra-da e deve ser encorajada a sua viabiliza-ção de uma forma alargada.”

    Para a especialista do Hospital de São João, no Porto, “os benefícios destas Uni-dades na prática clínica, avaliados numa revisão sistemática, são comparáveis aos observados nos ensaios clínicos.” “A transferência rápida do doente para uma unidade de AVC é determinante no prognóstico da doença. Estas Unidades, ao permitirem a pre-cocidade do tratamento e da neuro-rea-bilitação contribuem para a redução da mortalidade e da necessidade de cui-dados institucionais. Reduzem o tempo de internamento, a incapacidade funcio-nal do doente e as complicações após o AVC,” explicou. Os participantes na mesa redonda re-conheceram que têm sido feitos avan-ços consideráveis, nos últimos anos, na política de saúde para com o AVC, mas notaram que, apesar destes progressos, a percentagem de doentes com acesso a Unidades de AVC está abaixo do que seria considerado óptimo. Nesse sentido, notaram, a implementa-ção de estratégias para o AVC em larga escala é considerada muito importante e a concretizar a breve trecho.

    ESO (European Stroke Organization)

    políticas públicas para reduzir o número de mortes associadas ao AVC com o objectivo de reduzir o peso global do AVC na Europa. Markku Kaste, professor e membro do “board of directors” desta organização apresentou os resultados do estudo European Stroke Facilites Survey, publicado na revista Stroke em Novembro de 2007.

    Markku Kaste apresentou avaliação da European Stroke Organisation (ESO)

    Fotos Congresso: Celestino Santos

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    Que balanço faz dos dois congressos?Os 1.º Congresso Ibérico e 14.º Congres-so Nacional de Medicina Interna, foram uma vigorosa manifestação de vitalidade da Medicina Interna portuguesa e da Medicina Interna espanhola, consubs-tanciada não só no elevado número de congressistas presentes, mas também, e principalmente, na qualidade científi ca das palestras e conferências e no eleva-do número dos trabalhos concorrentes para apresentação sob a forma de comu-nicações e posters. Foi tal o empenho que, por escassez de espaço e tempo, dos 727 trabalhos reme-tidos, apenas foi possível seleccionar 580 para apresentação. Este ano, foi também introduzida uma novidade no que diz respeito às comunicações livres, já que, segundo a forma de apresentação, foram divididas nas categorias de comunica-ções orais, casos clínicos e imagens em medicina.

    “Uma vigorosa manifestação de vitalidade da Medicina Interna portuguesa e espanhola”

    Aprender a gostar da Medicina InternaHá muitos jovens internos no congresso, sente que a Medicina Interna é a primeira escolha para um jovem médico, ou que, gradualmente, estes vão gostando mais da especialidade? É evidente que quando um interno escolhe a especialidade de Medicina Interna, fá-lo, muitas vezes, com uma intenção de ter conhecimento. Eventualmente, em alguns casos, a motivação é a maior possibilidade de entrar nesta especialidade. Mas, curiosamente, pela experiência que tenho, quando os internos escolhem a Medicina Interna porque foi a única solução, depois revelam-se excelentes profi ssionais e, no fi m, acham que foi uma sorte não terem ido para outra especialidade, também para eles, e que escolheram uma especialidade pesada, mas com uma grande formação, que junta o exercício e o trabalho que têm de dar, com uma grande preparação.

    Em 2010, os Internistas portugueses e

    espanhóis encontram-se em Orense, no

    segundo congresso ibérico da especialidade.

    O anúncio, feito por José Ávila Costa,

    presidente do 14.º Congresso Nacional

    de Medicina Interna, confi rma que a

    cooperação entre Internistas de ambos os

    países vai continuar.

    José Ávila Costa, presidente do Congresso

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    O resultado social e científico do Congresso, confirmou as melhores expectativas da Comissão Organizadora?Foi uma forma de intensa confraterniza-ção sob o ponto de vista social e também sob o ponto de vista científico.Em relação à troca de experiências, per-mito-me realçar as sessões organizadas pelos núcleos de estudo da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e tam-bém as intervenções dos colegas espa-nhóis, que quer individualmente quer no âmbito da SEMI têm grupos de trabalho em várias áreas, com grande valia cien-tífica.

    No próximo ano vamos ter um segundo Congresso ibérico? Onde?Em 2010 vamos organizar com a Socie-dade Espanhola de Medicina Interna, o 2.º Congresso Ibérico, já marcado para Orense.

    A presença de colegas de Espanha, incluindo internos em formação, abre portas a novas áreas de formação, comuns entre os dois países?Não me parece realista, a curto ou mé-dio prazo, pôr em prática programas de formação que sirvam os dois países. É contudo possível e desejável que se

    abram caminhos para o intercâmbio formativo entre os dois países, para es-tágios parcelares.

    Os temas do Congresso completaram-se entre sessões científicas, sobre o exercício da medicina, a informática, a gestão, a ligação à comunidade. Conseguiram o equilíbrio entre todas estas componentes? O programa do Congresso, parece-nos, e foi-nos repetidamente sublinhado por muitos congressistas, muito equilibrado, em relação aos temas e áreas científicas escolhidos.Este modelo, que trouxe alguma inova-ção, principalmente no que diz respeito a algumas áreas em que os Internistas intervêm cada vez mais, deve, na minha opinião, ser repetido.

    É importante manter o programa e o congresso abertos a outros temas de discussão e conhecimento?Este não é um programa fechado sobre o exercício científico da matéria médica, mas, é um programa aberto a outros ti-pos de colaboração e à necessidade de colaboração do Internista com outras áreas que, sendo afins, lhes são essen-ciais para uma perspectiva de futuro, e mesmo já no presente.

    Medicina Interna deve ser enquadrada de uma forma especial Em Portugal e em Espanha, sen-te que falta um enquadramento claro para a Medicina Interna?A Medicina Interna é uma especialida-de charneira, incontornável, genera-lista, que abrange praticamente todo o conhecimento médico, cirúrgico e de diagnóstico, que se afirmou e é forte nos dois países, mas que precisa de ser enquadrada pelos poderes de uma forma especial.É a Medicina Interna que sustenta hoje os serviços de urgência de Norte a Sul do país, salvo situações pontuais, em que, nalguns casos, esse trabalho é feito pela Medicina Geral e Familiar, ou por médicos contratados. Mas é a Medicina Interna que, de uma forma geral, gere toda a problemática da admissão no hospital pelo serviço de urgência.É um esforço muito grande, e por isso, de uma forma geral, os Internistas estão cansados, por sobreocupação, na urgência, nas consultas externas, nos cuidados intensivos, também nas enfermarias, e é preciso dar um enquadramento diferente à especiali-dade, utilizando-a, mas de uma forma mais racional e fazendo com que possa participar na urgência e na área médica.

  • 8 • Medicina Interna HOJE8 • Medicina Interna HOJE

    Em que consiste a comunicação que trouxe ao congresso?Primeiro, vamos explicar o que é marketing, a saber como entender o que as pessoas querem e vamos dar--lhes isso. E, também, aquilo que elas não querem, como não lhes dar o que, de facto, não querem. Isto é, como dar valor às pes-soas. Ou seja, vamos perceber como é que os doentes escolhem, como decidem, e o que precisam para poder escolher e decidir.

    Como situa esta formação no âmbito da Medicina Interna em Portugal?No contexto da Medicina Interna, a questão que se coloca é qual é o valor que os Internistas têm para oferecer aos doentes, aos hospitais e à sociedade.Parece que o mercado em Portugal está, também, a ir na direcção de haver mais e novas escolhas na saúde, adicionais e,

    por isso, põe-se a questão de saber como é que os doentes escolhem entre as op-ções que se oferecem. Parte do trabalho do marketing é descobrir o que é mais importante, e o que é necessário, para os doentes nos serviços de saúde. Para isso, é preciso trabalhar com os médicos e os hospitais, para encontrar soluções que respondam aos problemas dos doentes.

    Nesse contexto, a livre escolha dos doentes é uma condição indispensável?Tem de haver um leque de escolha, seja mais, ou menos, estreito. No futuro o le-que tende a ser cada vez mais largo.

    O marketing em saúde, e sobretudo quando falamos de hospitais de especialistas em Medicina Interna, ainda é visto como uma novidade, e muitas vezes até é depreciado?Há muitas pessoas, sobretudo médicos,

    que, baseadas na experiência, não têm uma boa impressão acerca do marke-ting, porque a publicidade da indústria farmacêutica é, tradicionalmente, muito pesada. Essa é uma percepção que preci-sa de ser alterada.Para isso é preciso entender melhor o que é, verdadeiramente, marketing. Não é necessariamente uma ferramenta par-ticular, como a publicidade, ou como as vendas, que são ferramentas apropriadas apenas em determinados contextos. Mas há muito mais na fi losofi a do marketing. É preciso ir mais atrás, para procurar en-tender as necessidades das pessoas. As companhias farmacêuticas têm um tempo muito limitado para venderem os seus medicamentos, e são muito agressi-vas por isso. No mercado geral da saúde não há essa pressão, e o que é importan-te é ir seguindo e percebendo as necessi-dades da população, entre profi ssionais, e entre todos os envolvidos.

    Precisamos de saber o que é que as pessoas querem e não querem

    Robert StevensEspecialista em Marketing de Saúde

  • Medicina Interna HOJE • 9 Medicina Interna HOJE • 9

  • 10 • Medicina Interna HOJE

    A Direcção do Colégio de Especialidade de Medicina Interna considera que não há qualquer argumento que justifique a criação da Especialidade de “Medici-na de Urgência” e entende que tal não traz qualquer vantagem para os doentes ou para a organização dos Serviços de Saúde. Assume também que a amputa-ção da Urgência ao trabalho dos Internistas, embora tentadora no imediato, seria a prazo um retrocesso da Especialidade de Medicina Interna, tal como a con-cebemos. A alternativa da criação da Especialidade ou sub-Especialidade de “Medicina de Emergência”, também nos parece carecer de sentido. Podemos considerar algum eventual benefício, para a defesa dos profissionais, a criação de uma Competência em Emergência. A Competência é entendida pela Ordem dos Médicos como uma área do saber médico, à qual podem concorrer várias Especialidades (Anestesia, Cardiologia, Medicina Interna, Pneumologia etc). O recurso a exemplos de outros países para defender a criação da Especialidade de Medicina de Urgência carece de validade, porque a Medicina Interna nes-ses países é bem diferente da nossa e, quiçá, menos avançada. A pujança da Medicina Interna nos países

    Razões para a não criação da especialidade

    Medicina de Urgência

    10 • Medicina Interna HOJE

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    do Sul da Europa, onde nos incluímos, deve encher-nos de orgulho, sendo desejável não entrarmos em imitações de exemplos, que, em muitos casos, já provaram não dar bons resultados. Na Assembleia-Geral do Colégio de Medicina Interna, que se realizou em Vilamoura a 14/03/08, foi votado favo-ravelmente, por esmagadora maioria (apenas 4 votos contra), um documen-to sobre a posição da Medicina Interna na Urgência, cuja divulgação me pare-ce adequada para dissipar quaisquer dúvidas:

    Posição do Colégio de Medicina Interna da OM

    O Colégio da Especialidade de Medi-cina Interna da Ordem dos Médicos (OM) reúne todos os médicos desta especialidade que assegura a maior parte do trabalho desenvolvido nos Serviços de Urgência (SUs) Portugue-ses. Não pode pois este Colégio deixar de tomar posição sobre a situação actu-al dos SUs e desafios colocados pela requalificação da rede de Urgências, esclarecendo a visão da Medicina In-terna sobre três pontos fundamentais:

    1 – Retirar dos SUs os doentes não Urgentes/Emergentes

    Urge clarificar no Sistema Nacional de Saúde (SNS) a diferença entre Ur-gência/Emergência e o mero acesso ao SNS. Os nossos SUs têm desempe-nhado ambos os papéis, com denodo e profissionalismo, mas à custa de gran-des disfunções e desgaste. Para que aos SUs apenas cheguem os doentes Urgentes/Emergentes, é fun-damental que os cuidados primários desenvolvam a sua reforma de uma forma eficaz e que a mesma seja fran-camente acelerada. Se o doente tiver um fácil acesso ao seu médico de fa-mília e este tiver disponíveis exames complementares básicos, não haverá, na maioria dos casos, necessidade de recurso ao SU. Sem este pressuposto estar concretizado, o fecho de Ser-viços de Atendimento Permanente é insensato, perigoso e discriminatório, não porque se fechem verdadeiras Ur-gências, mas porque se impede o aces-so ao SNS. O tecido hospitalar também deverá de-senvolver o esforço de absorver doen-tes com patologias crónicas que, não pertencendo já ao domínio dos cui-

    dados primários, não deveriam afluir com a actual frequência ao Serviço de Urgência. Tal poderia ser conseguido com a abertura de redes de Hospitais de Dia, Cuidados Continuados e Cui-dados Domiciliários Hospitalares.

    2 – A Medicina Interna deverá con-tinuar a ser o cerne dos SUs

    O Colégio de Especialidade de Medi-cina Interna não defende a criação de uma nova Especialidade para a Urgên-cia. Tal não nos parece adequado por duas razões:a) Os eventuais “emergencistas”

    sairiam inicialmente de entre os Internistas o que assegurava uma boa qualidade geral, melhorada a curto prazo com a optimização das rotinas de funcionamento no SU. Contudo o mesmo não se verifica-ria no médio e longo prazo, quan-do estes Especialistas passarem a ter o seu Internato próprio, com a consequente perda de visão glo-bal do doente e do Hospital, que caracteriza a Medicina Interna, e que é essencial para a excelência da Medicina de Urgência e para a coesão funcional hospitalar.

    Medicina de Urgência

    João Araújo CorreiaPresidente do Colégio MI da OM

  • 12 • Medicina Interna HOJE

    b) Os Internistas têm uma formação que lhes permite a resolução de múltiplos problemas em doentes complexos, sendo por isso mais aptos do que quaisquer outros para o trabalho no SU. Por outro lado, é nossa convicção de que sem esta tarefa semanal, apesar do desgaste que acarreta, o Inter-nista poderia perder a agilidade de raciocínio e de atitudes, que só a Urgência proporciona.

    3 – Dotar a nova rede de Urgências do mínimo de meios humanos ne-cessários

    O Colégio de Medicina Interna da OM acha útil a adaptação da rede de SUs às novas realidades demográficas do

    País, e não se pronuncia sobre a loca-lização dos encerramentos ou abertu-ras previstas de novos pontos da rede, acreditando que estas decisões serão tomadas com bom senso e após aces-so a dados de que não dispomos. Fi-camos contudo preocupados quando alguns documentos saídos a público afloram de forma ligeira e pouco sen-sata a quantificação e qualificação dos quadros médicos a colocar nos novos modelos de SU (ex. dois médicos para mais de 150 doentes/dia nas 24 ho-ras). Exigimos que os critérios de qua-lidade e quantidade de pessoal médico a trabalhar nos SUs, sigam os mínimos já definidos previamente pela Ordem dos Médicos (no caso da Medicina In-terna publicados na revista da Ordem dos Médicos de Dezembro de 2005).

    A criação de uma nova Especialidade Médica pressupõe a inexistência de outra que assegure com competência as funções que passarão a ser exerci-das por aquela. A formação dos Inter-nistas e a sua capacidade de liderança de equipas multidisciplinares, conven-ce-nos que continuarão a ser os me-lhores para o trabalho no Serviço de Urgência. Isso não impede que possa haver diferentes modelos aplicáveis á Urgência, inclusive o das equipes pro-fissionalizadas. No entanto, em qualquer modelo o Especialista de Medicina Interna deve ser o actor principal, coordenando toda a equipa de Médicos menos diferen-ciados, Internos e outros, reservando para si os casos de maior gravidade e complexidade.

    A formação dos Internistas e a sua capacidade de liderança de equipas multidisciplinares, convence-nos que continuarão a ser os melhores para o trabalho no Serviço de Urgência.

  • Medicina Interna HOJE • 13 Medicina Interna HOJE • 13

  • 14 • Medicina Interna HOJE

    O estudo multinacional ENDORSE di-vulgado através da publicação médica especializada The Lancet, demonstra que existe uma elevada prevalência de doentes hospitalizados em risco de trom-boembolismo venoso (TEV) em todo o mundo, incluindo Portugal. Na Europa, esta patologia é responsável por quase 550 mil mortes anuais, ou seja, mais do dobro do somatório das mortes causa-das por SIDA, cancro da mama, cancro da próstata e acidentes rodoviários.As conclusões do estudo revelam que 52 por cento dos doentes hospitaliza-dos pesquisados apresentaram risco de TEV, correspondendo a 64 por cento dos doentes cirúrgicos e 42 por cento dos doentes médicos. O ENDORSE evidencia também que a profilaxia reco-mendada só é prescrita a 50 por cento dos doentes em risco, correspondendo a 59 por cento dos doentes cirúrgicos e 40 por cento dos doentes médicos. Com mais de 60 mil doentes estudados em 32 países de seis continentes, o alcan-

    ce do ENDORSE não tem precedentes. Com uma ampla variedade racial, social, económica e de ambiente de cuidados de saúde, este estudo dá uma imagem global e local acerca da extensão da po-pulação de doentes hospitalizados em risco de TEV e de como estes doentes são geridos.Fred Anderson, director do COR (Cen-ter for Outcomes Research) da Faculdade de Medicina da Universidade de Massa-chusetts, que conduziu o estudo, subli-nhou que “o ENDORSE mostra como uma proporção substancial dos doentes hospitalizados corre o risco de TEV, em cada um dos 32 países participantes. Apesar de estes dados objectivos, que dão conta da importância do risco de TEV a uma escala global, o uso da pro-filaxia recomendada encontra-se abaixo do adequado. Este problema é comple-xo e exige mais do que uma solução”.Ana França, coordenadora do ENDOR-SE em Portugal sublinha que “a lacuna existente entre o número de doentes

    hospitalizados em risco de TEV e os que fazem profilaxia é excessiva. Esta inca-pacidade de fazer prevenção adequada coloca os doentes em risco. O estudo ENDORSE veio comprovar a necessi-dade urgente de adoptar medidas pre-ventivas de acordo com o perfil de cada doente, com vista a diminuir significati-vamente o número de embolias pulmo-nares e evitar o desperdício de recursos na administração de profilaxia a doentes que dela não necessitam”.O tromboembolismo venoso é um termo geral usado para descrever a formação de um coágulo sanguíneo (trombo) que bloqueia uma veia. Episódios deste gé-nero podem manifestar-se em qualquer parte do sistema venoso, mas as mani-festações mais comuns são a trombose venosa profunda (TVP), geralmente nas pernas, e a embolia pulmonar (EP). Tra-ta-se de um problema major de saúde pública e de uma doença facilmente evi-tável entre doentes hospitalizados por doenças médicas ou cirúrgicas agudas.

    Tromboembolismo Venoso

    Mais de metade dos doentes hospitalizados estão em risco

  • Medicina Interna HOJE • 15

    Internista alerta para riscos de terapêuticas alternativas

    O especialista em Medicina Interna e director do Serviço de Medicina do Hos-pital Garcia de Orta, em Almada, José Barata, lançou, em Abril, o livro “Tera-pêuticas Alternativas de Origem Botâni-ca: Efeitos Adversos e Interacções Medi-camentosas” numa edição da Lidel. Através da obra deste Internista, fi camos a saber que cerca de um terço dos por-tugueses usam medicamentos naturais e que o consumo aumenta 30 por cento ao ano. No topo destes produtos, muitas vezes vendidos sem qualquer controlo, estão os suplementos dietéticos que en-chem as prateleiras das lojas dietéticas, farmácias e parafarmácias. As diversas

    As várias propostas terapêuticas disponibilizadas pelas medicinas

    não convencionais são passíveis de induzir efeitos adversos, tão

    ou mais graves que os fármacos de síntese. Este livro compila os

    principais riscos relacionados com o consumo de produtos ditos

    naturais e esclarece uma matéria que a maioria dos profi ssionais

    de saúde desconhece ou subestima.

    propostas terapêuticas disponibiliza-das pelas medicinas não convencionais podem induzir efeitos adversos, tão ou mais graves do que os fármacos conven-cionais. Para conhecer melhor quais são, este livro compila os principais riscos iatro-génicos relacionados com o consumo de produtos ditos naturais e esclarece uma matéria que a maioria dos profi s-sionais de saúde muitas vezes tende a relativizar.As várias propostas terapêuticas dispo-nibilizadas pelas medicinas não conven-cionais, principalmente os produtos de origem botânica, têm demonstrado que,

    ao contrário da convicção geral, podem estar na origem de efeitos adversos, contrariando uma ideia pré-concebida e tantas vezes aceite de que o que é natu-ral não pode fazer mal. O estudo destes fenómenos adversos é particularmente difi cultado pelo desconhecimento que a classe médica tem do tema, e pela falta de fontes de informação cientifi camente credíveis, principalmente em língua por-tuguesa. Consciente deste problema, José Barata pretende, ao longo das 132 páginas deste livro, contribuir para um melhor esclare-cimento de todos os que lidam com esta área.

    Livro de José Barata

  • 16 • Medicina Interna HOJE

    “Há uma grande diferença entre a forma-ção e o exercício da profi ssão, pois muitas vezes é necessário trabalhar com barulho constante, em locais com um entra e sai de gente e sem acesso ao material que faz fal-ta”, assinalou o coordenador da Urgência de Psiquiatria do Hospital de Santa Maria em entrevista à agência Lusa.Além destes causadores de ansiedade, há factores agravantes, que resultam tam-bém “da perda de espírito de grupo entre os médicos”, disse o responsável, que se licenciou em 1981 e fez a especialização em 1990.O curso geral de Medicina é composto por seis anos, seguindo-se quatro ou cinco de especialização em que o novo médico fi ca sob a tutela de um especialista e é nesta fase que começam a surgir alguns problemas.“Se nos primeiros seis meses a um ano há alguma condescendência, a se-guir a exigência acentua-se e nem sempre o novo médico tem segurança para tomar decisões com uma elevada componente de ambiguidade”, afi rmou Marcelo Feio, para quem, “pessoas menos confi antes ou mais susceptíveis” podem fi car pelo cami-nho.

    Os médicos recém-chegados aos

    hospitais portugueses não estão, em

    muitos casos, preparados para as

    condições de trabalho nem para as

    lutas pelo poder nestas instituições,

    onde há critérios cada vez mais

    economicistas, afi rma o psiquiatra

    Marcelo Feio.

    “Muitos médicos que não aguentam ambientes de tensão ou competição são marginalizados, não conseguindo entrar em determinadas equipas e fi cando numa situação de exclusão que pode refl ectir-se ao longo de toda a carreira”, sublinhou o coordenador da Urgência Psiquiátrica, que também lecciona, dá consultas e faz alguns internamentos.

    Falta “alegria” no trabalho

    Para o psiquiatra, de 52 anos, mais do que o confronto com casos chocantes, “como acidentados graves, crianças com neo-plasias [que podem ser malignas, como alguns carcinomas] ou pessoas com mal-formações”, os maiores causadores de stress nos médicos são problemas de ín-dole laboral.Na opinião de Marcelo Feio, além de exis-tir “uma grande variedade de vínculos labo-rais e até a ausência de qualquer vínculo”, actualmente procura-se “rentabilizar ao máximo - e por vezes de forma desumana - o pessoal médico, o que origina rupturas”.“O atendimento hospitalar está em gran-de transformação, não se respeitam as

    vocações e uma quebra brutal de condi-ções - que já se verifi cava noutros secto-res da sociedade - chegou ao reduto dos enfermeiros e médicos, que antes tinham capacidade para exigir determinadas con-dições, enquanto agora...”, lamentou o res-ponsável.O coordenador da Urgência de Psiquiatria do Hospital de Santa Maria revelou ainda que “há muitas lutas internas pelo poder e para subir na hierarquia dentro dos hospi-tais portugueses” e criticou que, na avalia-ção dos médicos, “critérios que no passado eram clínicos se tenham tornado quase exclusivamente quantitativos”. “Um doen-te internado com um determinado diag-nóstico tem uma determinada previsão de evolução - de acordo com parâmetros pré-defi nidos - e, se ele não melhorar no tempo esperado, o hospital é logo penalizado”, exemplifi cou.Num sector onde “as medidas são cada vez mais economicistas”, as pessoas “terão direito à saúde que conseguirem comprar e daí dependerá o seu tempo de vida”, des-tacou o médico, que critica o facto de haver “uma boa parcela da saúde na mão das se-guradoras”.

    Stress médico

    Más condições de trabalho estão na origem

  • Medicina Interna HOJE • 17

  • 18 • Medicina Interna HOJE

    O conceito de Doença Vascular Pul-monar é recente, e está ainda pouco divulgado e interiorizado na comuni-dade médica portuguesa. As principais entidades clínicas englobadas nele são o Tromboembolismo Venoso (TEV), a Hipertensão Pulmonar (HP), as Malfor-mações Vasculares Pulmonares (MVP) e as Vasculites Sistémicas (VS) com en-volvimento pulmonar. As manifestações clínicas, metodologia de investigação e saberes necessários à prática clínica e de investigação nestas entidades são se-melhantes, o que justifica a utilidade do conceito. Estas doenças são importantes causas de morbilidade, mortalidade e de consumo de recursos.O TEV, pelo seu peso epidemiológico e consequências, é, desde há muitos anos, preocupação da comunidade científica e política dos países ditos mais desenvolvi-dos. Os avanços conseguidos na HAP, na última década e nomeadamente na tera-

    A Medicina Interna e a Doença Vascular Pulmonar

    pêutica, modificaram completamente o prognóstico desta doença. O carácter sistémico destas patologias exige uma formação médica global a par com diferenciação técnica na área car-dio-respiratória, pelo que o Internista é um elemento imprescindível na equipa multidisciplinar necessária à boa gestão clínica destes doentes e à organização de cuidados na área.Em Portugal, retirando algumas inter-venções isoladas e individuais de profis-sionais interessados nesta área, nota-se uma ausência de estratégias e de inter-venção das instituições, responsáveis políticos e Sociedades Científicas envol-vidas, pelo que existe um amplo espaço de intervenção para os profissionais e Sociedades Científicas interessados na organização de cuidados e investigação nesta área.A criação do Núcleo de Estudos de Do-ença Vascular Pulmonar (NEDVP), na

    SPMI, pretende ajudar a preencher esse espaço e contribuir para a discussão e di-namização entre os Internistas e outros especialistas interessados em DVP. São objectivos principais do Núcleo: a divulgação do Tromboembolismo Veno-so e da Hipertensão Arterial Pulmonar, a elaboração de normas orientadoras para a prevenção e tratamento do TEV, a criação de uma rede nacional de cen-tros para implementação das referidas normas e elaboração de registos e audi-torias clínicas, elaboração de normas de investigação, orientação e organização de cuidados em HP, participação na dis-cussão e implementação do Plano Nacio-nal para as Doenças Raras (PNDR), em que está incluída a HAP, e fomentar o trabalho conjunto e concertado com ou-tros Núcleos e Sociedades envolvidas nesta área.Está já prevista a apresentação de um projecto de Normas para prevenção e

  • Medicina Interna HOJE • 19

    A Medicina Interna e a Doença Vascular Pulmonar

    tratamento do TEV e HP, a submeter posteriormente à aprovação da direcção da SPMI, nas IV Jornadas de Actualiza-ção em Doença Vascular Pulmonar que decorrerão em 24 e 25 de Outubro de 2008, em Santa Maria do Bouro, Ama-res, Braga.Algum trabalho foi já realizado, ten-do havido participação do Núcleo nas reuniões ocorridas com a Comissão Nacional para o PNDR, patrocinadas pela Direcção Geral de Saúde, onde foi manifestada a necessidade de criação de uma rede nacional de Centros de Re-ferência certifi cados. Foi ainda sugerido, dados os custos en-volvidos na investigação e tratamento desta patologia, que são penalizadores para as instituições que aceitam e tra-tam estes doentes e que podem ser fac-

    tor de descriminação para os mesmos, a criação de orçamentos dedicados, à semelhança do que acontece em boa parte dos países europeus.A mesa sobre DVP, que ocorreu durante no 14.º Congresso Nacional de Medici-na Interna, cumpriu um dos objectivos fundamentais do Núcleo: o da divulga-ção desta importante área da Medicina. Naquela mesa, a Drª Ana França discu-tiu a importância da avaliação do risco e prevenção do TEV na área médica e apresentou propostas de “risk assess-ment models (RAMs)” a implementar nesta área; deu ainda conta dos resulta-dos de um importante estudo multicên-trico internacional, o estudo “ENDOR-SE”, que avaliou o risco para TEV e as práticas de prevenção do mesmo em 358 hospitais de 32 países, incluindo nove

    hospitais portugueses. A coordenação do Núcleo fez uma actualização dos conceitos sobre HP saídos do 4th World Symposium on Pulmonary Hyperten-sion, decorrido em Fevereiro de 2008, em Dana Point, nos Estados Unidos, onde foram revistas as “guidelines” de 2003 e introduzidas importantes altera-ções na defi nição, classifi cação, avalia-ção e tratamento da HP.O médico Alfredo Martins, mais uma vez, apresentou as suas “pérolas clíni-cas”, exemplos de doentes com DVP que exigiram uma avaliação holística, criteriosa e fundamentada, característi-cas necessárias ao Internista bem for-mado e actualizado.O NEDVP fi ca aberto e apela à partici-pação de todos os Internistas interessa-dos na Doença Vascular Pulmonar.

    Abílio Reis - Coordenador do Núcleo de Estudos de Doença Vascular Pulmonar (NEDVP) da SPMI*

    * Chefe de Serviço de Medicina Interna, Serviço de Medicina 1 do Hospital de Santo António, Prof. Associado do ICBAS, Porto

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  • 20 • Medicina Interna HOJE

    Uma equipa de investigadores portu-gueses, coordenada por Luís Moura, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), desco-briram que a administração de determi-nada estatina (rosuvastatina), a doentes com diagnóstico de estenose valvular aórtica, reduz em 50 por cento a pro-gressão natural desta patologia. O único trabalho português apresentado, este ano, no Congresso de Cardiologia nos Estados Unidos é o vencedor do Prémio da SPC/Fundação AstraZeneca 2008. O prémio foi atribuído em Abril, na sessão

    reduz, para metade, o desenvolvimento natural desta doença. Trata-se do primei-ro estudo a provar o efeito positivo da ro-suvastatina neste processo patológico. A estenose valvular aórtica é uma doença que afecta 10 a 15 por cento da população entre os 65 e os 80 anos, sendo a causa mais frequente de cirurgia de substitui-ção valvular, nos países desenvolvidos. Actualmente, os doentes com estenose aórtica não são tratados numa fase pre-coce. São seguidos periodicamente até que a patologia atinja uma gravidade que exija a intervenção cirúrgica.A terapêutica agora descoberta, que retarda a evolução da estenose valvular aórtica é considerada segura, economi-camente acessível e está recomendada como primeira linha no tratamento do colesterol elevado e na prevenção da doença cardiovascular. Os cientistas da FMUP consideram que o uso de estati-nas pode vir a constar, também, nas re-comendações terapêuticas da estenose valvular aórtica.Esta descoberta resulta de uma vasta li-nha de investigação centralizada no Ser-viço de Medicina da FMUP, dirigido por Francisco Rocha Gonçalves, e engloba a colaboração de investigadores de topo da Universidade de Chicago (EUA) e da Universidade Complutense de Madrid.

    de abertura do Congresso Português de Cardiologia, em Vilamoura.Com este estudo, foi descoberta uma forma de atrasar o desenvolvimento natural da estenose aórtica (aperto da válvula aorta), o que abre novas pers-pectivas de melhoria da qualidade de vida a milhares de pessoas. O trabalho em causa – única comunicação oral com assinatura portuguesa apresentada, este ano, no maior Congresso de Cardiologia do Mundo – demonstrou que a adminis-tração de rosuvastatina, a doentes com diagnóstico de estenose valvular aórtica

    Estudo português premiado em Congresso Mundial

    Cardiologia

  • Medicina Interna HOJE • 21

    Nacional

    O professor da Faculdade de Medicina de Lisboa, António Vaz Carneiro, foi eleito “Fellow” do American College of Physi-cians (ACP), numa distinção raramente atribuída a clínicos que não sejam norte-americanos.A eleição, realizada no passado dia 1 de Abril, atribuiu o estatuto a 353 médicos, sendo que apenas 16 eram originários de outros países, tais como Canadá, China, Japão, México, Singapura e Portugal. A “Fellowship” é a distinção mais importan-te entre as atribuídas pelo ACP. É alcança-da por todos os que obtenham o reconhe-cimento dos seus pares, pela integridade pessoal, competência superior em Medi-cina Interna, sucesso profi ssional e capa-cidade demonstrada na transmissão de conhecimentos. O ACP é a organização

    António Vaz Carneiro torna-se “Fellow” do ACP

    congénere da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna nos Estados Unidos, que agrega todos os Internistas do país e criou a marca Doctors for Adults®, classifi cando os clínicos de Medicina Interna como os médicos especializa-dos na prevenção, detecção e tratamen-to de doenças em adultos. No total, congrega 125 mil Internistas. António Vaz Carneiro é, desde há vários anos, o director do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência (CEMBE), da Faculdade de Medicina de Lisboa, e coordenador do Conselho Nacional para a Evidência na Medicina, um órgão consultivo da Ordem dos Mé-dicos. Integra, ainda, o Hospital de San-ta Maria, onde exerce as especialidades de Medicina Interna e de Nefrologia.

    As obras de remodelação do Servi-ço de Medicina e a construção de galerias de ligação entre o antigo e o novo edifício do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, arrancaram no início de Abril. A empreitada, segundo é noticiado pelo jornal O Setubalense, tem um prazo de exe-cução de um ano.Esta é uma das mais importantes obras realizadas no hospital e tam-bém o mais avultado investimento,

    Hospital de São Bernardo

    Serviço de Medicina Interna em obras

    superior a 2,1 milhões de euros.O Serviço de Medicina Interna foi inaugurado a 9 de Maio de 1959 e ocupa os terceiro e quarto pisos da ala velha daquela unidade hospita-lar. Com uma lotação de 53 camas de internamento, o serviço é cons-tituído pelas Unidades “Fonseca Ferreira” e “Silva Duarte”.A intervenção neste Serviço abran-ge uma área a rondar os dois mil metros quadrados e tem por ob-

    jectivo congregar as áreas de in-ternamento distribuídas pelos dois pisos.Responsáveis pela direcção do Cen-tro Hospitalar de Setúbal adianta-ram que “com a concretização des-te projecto, pretende-se aumentar de modo signifi cativo a qualidade da actividade assistencial, técnica e de humanização do Serviço de Me-dicina Interna, essencialmente ao ní-vel das condições do internamento”.

  • 22 • Medicina Interna HOJE

    O condicionamento do crédito bancário para aquisição de habitação é uma das difi culdades com que os cidadãos com diabetes se deparam todos os dias. A recente recomendação de Nascimen-to Rodrigues, Provedor de Justiça, ao Ministro de Estado e das Finanças foi considerada “muito positiva” pela As-sociação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP). Em causa estão as “práticas discriminatórias” das compa-nhias de seguros na recusa ou agrava-mento dos prémios de seguros de vida a cidadãos defi cientes ou com risco agra-vado de saúde.O condicionamento é motivado pelo agravamento signifi cativo dos prémios dos seguros, que origina um encargo mensal incomportável para os diabéti-cos que pretendam comprar habitação própria. Na origem do problema está a aplicação de tabelas de risco, na maioria

    das vezes totalmente desfasadas no tem-po, “baseadas em dados ultrapassados”.Luís Gardete, director-clínico da APDP, concorda com a posição do Provedor de Justiça, sublinhando que o texto da recomendação “refl ecte bastante bem a actual situação e propõe medidas que permitiriam, numa primeira fase, combater efi cazmente esta situação dis-criminatória e altamente penalizadora para quem, pela condição de defi ciente ou doente crónico, já é altamente dis-criminado em muitas outras situações tais como no acesso a emprego, nas es-colas, nos locais de trabalho, nas cartas de condução ou no acesso a educação superior”.A diabetes é uma doença crónica que atinge cerca de 900 mil pessoas em Por-tugal, estimando-se que existam mais de 250 milhões de diabéticos em todo o mundo.

    Diabéticos reclamam igualdade no acesso

    Internista na nova equipa ministerial da Saúde

    O especialista em Medicina Interna, Manuel Pizarro, é o novo Secretário de Estado da Saúde, desde Fevereiro deste ano, ao integrar a equipa da Ministra da Saúde, Ana Jorge, que substituiu Cor-reia de Campos.Francisco Ramos foi o único elemento que transitou da anterior equipa, man-tendo o cargo de secretário de Estado Adjunto e da Saúde.Manuel Pizarro, nascido em Coimbra, em 1964, foi assistente hospitalar no Hospital de São João, no Porto e coorde-nador da Unidade de Cuidados Intermé-dios de Medicina, da mesma unidade. Foi também assistente do curso de Me-dicina, na Escola Superior de Ciências da Saúde, na Universidade do Minho e

    publicou vários trabalhos nas áreas de hipertensão arterial e de doenças auto-imunes, em que se especializou.Antes de integrar o Ministério da Saúde, a actividade política de Manuel Pizarro passou pela bancada do Partido Socia-lista, na Assembleia da República, onde integrou a Comissão Parlamentar de Saúde, tendo sido, também, autarca na Câmara e na Assembleia Municipal do Porto, bem como na Junta de Freguesia de Ramalde.É membro da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, da Sociedade Portu-guesa de Hipertensão, e da Sociedade Portuguesa de Diabetologia. É também conhecido por ser adepto do Futebol Clube do Porto.

    Habitação própria

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  • Medicina Interna HOJE • 23

    Diabéticos reclamam igualdade no acesso

  • 24 • Medicina Interna HOJE24 • Medicina Interna HOJE

    No âmbito do 20.º Encontro Nacional de Epileptologia, a Liga Portuguesa contra a Epilepsia (LPCE) e a Associação Portu-guesa de Familiares, Amigos e Pessoas com Epilepsia (EPI) levaram a cabo, em Lisboa, no passado mês de Março, um debate em torno do tema “Epilepsia: um novo olhar sobre uma realidade social-mente descriminada”.Este espaço de debate pretendeu abor-dar a epilepsia do ponto de vista históri-co, pessoal e social e ainda sensibilizar a população em geral para os problemas que as pessoas com epilepsia enfrentam no dia a dia. Uma das conclusões apon-tou para a urgência de desmistifi car os tabus sociais sobre a patologia, e perce-

    ber a importância do tratamento farma-cológico no seu controlo e na obtenção de um estilo de vida normal e saudável.Conhecida como uma das doenças neu-rológicas mais comuns em todo o mundo - conjuntamente com a patologia vascular cerebral, as demências e as cefaleias - a epilepsia ainda é vista, actualmente, com algum misticismo pela sociedade, o que torna urgente um esclarecimento sobre a doença, tendo em vista a eliminação de tabus que ainda persistem e a minimiza-ção da sua descriminação social.A nível mundial existem cerca de 50 mi-lhões de pessoas com epilepsia, sendo que 85 por cento deste total é proveniente dos países em vias de desenvolvimento.

    Em Portugal estima-se que 50 mil pesso-as sejam portadoras da doença, registan-do-se a existência de 50 novos casos em cada 100 mil habitantes por ano.A epilepsia é uma disfunção do sistema nervoso que pode afectar pessoas de qualquer idade, sexo, raça, estrato social ou nacionalidade. Pode manifestar-se em qualquer idade, mas é mais comum até aos 25 e depois dos 65 anos de idade. Não deve ser interpretada como sendo “sinal de pouca inteligência”, o que muitas ve-zes acontece. A provar que esta é uma teoria errada estão fi guras como Alexan-dre o Grande, Pascal, Maomé, Sócrates, Molière, ou Júlio César, que sofriam de epilepsia.

    Epilepsia ainda gera discriminação social

  • Medicina Interna HOJE • 25 Medicina Interna HOJE • 25

    O serviço Saúde 24, criado há quase um ano para ser uma alternativa de aconse-lhamento pré-urgência tem vindo a regis-tar uma adesão crescente por parte da população e apresentou um novo serviço de Aconselhamento sobre Alergias. Com a chegada da Primavera, grande parte da população portuguesa começa a sofrer com os sintomas associados a alergias respiratórias. A febre dos fenos ou rinite alérgica sazonal, a rinite alérgica perene e a asma, são algumas das condições que

    mais afectam o organis-mo nesta altura. Desta forma, desde Abril, a Linha Saúde 24 está preparada para dar uma resposta abran-gente quer a indivíduos a quem já tenha sido diagnosticada determinada alergia, quer a indivíduos que desconhecendo a sua condição apresentam a sintomatolo-gia associada.Desde o arranque experimental, em

    UBI cria vestuário para Rastreio Pré-Natal

    Um grupo de investigadores da Univer-sidade da Beira Interior está a desenvol-ver vestuário inteligente com aplicação na saúde e no desporto, designado por Smart-Clothing.O público-alvo deste projecto é, em Obs-tetrícia, o Rastreio Fetal em grávidas e, na Actividade Desportiva, a Reabilitação Músculo-esquelética e a Análise Biome-cânica do Movimento.

    O projecto Smart-Clothing resulta de uma parceria entre a Universidade da Beira Interior, o Centro Hospitalar da Cova da Beira e a Integration Associates, Inc., “que pretende dinamizar a econo-mia regional nas áreas do conhecimen-to e da inovação tecnológica, utilizando materiais para vestuário inteligente e sistemas de comunicação avançados em-bebidos” como salienta Sérgio Lebres,

    Professor da UBI e coordenador do pro-jecto. Os investigadores da UBI estão a preparar, até fi nal do ano, o protótipo de uma cinta para grávidas que regista os movimentos do feto. O projecto está a ser desenvolvido em conjunto com o serviço de obstetrícia do Hospital da Covilhã e empresas de electrónica de aplicação específi ca, nomeadamente do Taguspark (Oeiras).O tecido da cinta vai integrar circuitos electrónicos que registam diversos da-dos, como as movimentações do feto, batimentos cardíacos e que pode ligar um alarme se houver algo considerado fora do normal. Os dados vão ser grava-dos num cartão de memória, podendo, depois, ser descarregados e enviados por correio electrónico para um médico. O acesso remoto também vai ser possí-vel, uma vez que a cinta irá dispor de co-nectividade Bluetooth para integração em redes.

    Linha Saúde 24 apresenta novos serviços

    2007, e até Abril, o 808 24 24 24, ajudou cerca de 440.000 pessoas a descobrirem uma nova forma de lidar com os seus problemas de saúde, sem terem de re-correr necessariamente às urgências hospitalares como primeira opção.

  • 26 • Medicina Interna HOJE

    População de Belmonte resiste mais aos AVC

    Apenas 12,6 por cento das pessoas inter-nadas com Acidentes Vasculares Cere-brais no Centro Hospitalar da Cova da Beira acabam por morrer na unidade hospitalar. Este valor situa-se abaixo da média nacional, de acordo com a tese de doutoramento de Miguel Castelo Bran-co, médico Internista e professor na Fa-culdade de Ciências da Saúde da Univer-sidade da Beira Interior, na Covilhã, que defende novas medidas na prevenção e revela dados até agora desconhecidos sobre o AVC na Cova da Beira.Por exemplo, no concelho de Belmonte,

    o acidente vascular cerebral ocorre, em média, cinco anos mais tarde que nos concelhos da Covilhã e do Fundão, reve-la o estudo epidemiológico que integra a tese de doutoramento de Miguel Caste-lo Branco. Segundo o médico Internista declarou ao jornal “Diário XXI”, há duas hipóteses: “Ou os factores de risco são diferentes ou há diferenças genéticas”, com origem numa forte e resistente comunidade judaica. “Será necessário detalhar estes aspectos noutros estudos para determinar a causa exacta”, obser-vou o médico que, durante a defesa da

    tese, fi cou a saber da existência de uma base de dados de ADN da população de Belmonte elaborada, para estudos sobre doenças neoplásicas, pelo Insti-tuto de Patologia Imunologia Molecular – IMATIMUP. “É um projecto interes-sante que provavelmente a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior poderá desenvolver”, admitiu. Mário Espiga de Macedo, pro-fessor da Universidade de Medicina do Porto, que presidiu ao júri que analisou a tese de doutoramento, elogiou o tra-balho desenvolvido por Miguel Castelo Branco e desafi ou o especialista em Me-dicina Interna a alargar o estudo realiza-do na Cova da Beira a todos os hospitais distritais do País. Miguel Castelo Bran-co considerou tratar-se de “um projecto muito interessante”.

    Tabagismo considerado factor de risco no cancro do rim

    O Director do Serviço de Urologia do Centro Hospitalar de Setúbal, Amaral Canelas, opera todos os anos 20 a 25 doentes com cancro do rim e diz que “até ao momento os estudos efectu-ados identifi caram com segurança que o único factor de risco no can-cro do rim é o tabagismo. Quanto maior for o tempo de exposição ao tabaco, maior é o risco de desenvol-ver a patologia”.Para este especialista, “a mortalidade devida a estes tumores não tem dimi-

    nuído signifi cativamente, levando a crer que factores ambientais, dietéticos, há-

    bitos tabágicos e outros, possam estar envolvidos na génese desta doença. Os homens são os mais afectados e devido à evolução imprevisível deste tumor os doentes fi cam sob vigilân-cia para o resto da vida”. Estes dados foram revelados no Dia

    Mundial do Rim, a 13 de Março, uma data aproveitada para lembrar que os tu-mores renais representam 3 por cento de todos os tumores malignos do adulto.

  • Medicina Interna HOJE • 27 Medicina Interna HOJE • 27

  • 28 • Medicina Interna HOJE

    Para assinalar o Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, a Roche, em parceria com a RTP, estreou a primeira série de três curtas-metragens sobre esta doen-ça, no horário nobre da televisão, a 8 de Abril. Intitulada “Projecto 180º - Porque o can-cro pode ter cura” esta série mostra que é possível ultrapassar o cancro, trans-mitir esperança e energia positiva e, ao mesmo tempo encorajar, as pessoas a lutar diariamente contra esta doença. António Pedro Vasconcelos assinou a primeira curta-metragem da série, na qual era retratada a vida de Maria Sá da Bandeira e Inês Leitão, uma mãe que so-breviveu a uma leucemia aguda e a sua fi lha, de 20 anos, que venceu um linfoma de Hodgkin.Sobre este novo desafi o, o realizador disse que o que mais o tocou nesta ini-ciativa “foi a possibilidade de revelar pessoas que, por tenacidade, estoicismo ou simplesmente por terem um pensa-mento positivo, recusaram resignar-se à fatalidade da doença e decidiram bater-se pela vida.”

    A segunda curta-metragem desta série, exibida a 15 de Abril, foi realizada por Rita Nunes, e protagonizada por Luís Magalhães, de 36 anos, a quem foi diag-nosticado um cancro do pulmão.“Em Março do ano passado fui confron-tado com uma dura realidade: foi-me diagnosticado cancro do pulmão. Não queria acreditar que isso fosse possível. Uma pessoa jovem, saudável, fi sicamen-te activa e não fumadora”, conta Luís Ma-galhães, para quem o desporto automó-vel foi uma força para superar a doença.Para Rita Nunes, o que a levou a aceitar este desafi o “foi o objectivo de desmistifi car o cancro, ou melhor, a palavra cancro”. Esta série de curtas-metragens foi en-cerrada a 22 de Abril, com a história ve-rídica de Raquel Carvalho, de 29 anos, que venceu um linfoma não Hodgkin, contada no fi lme realizado por Daniel Blaufuks. O realizador confessou ter aceite este convite, “não só como desafi o artístico, mas também como uma oportunidade única de infl uenciar a relação que temos com uma doença que assusta a todos”.

    Todos os dias, o cancro do pulmão faz dez novas vítimas em Portugal “e o problema não tem tendência para diminuir”. A conclusão, de Artur Teles de Araújo, Presidente da Associação Nacional de Tuber-culose e Doenças Respiratórias (ANTDR), foi dada a conhecer no arranque da Feira do Pulmão, que se realizou no início de Abril. O objectivo principal foi o de aler-tar para a importância do rastreio no diagnóstico precoce.

    Roche promove série portuguesa sobre cancro

    Mata dez portugueses por dia

    Cancro do pulmão

  • Medicina Interna HOJE • 29

    O Dia da Incontinência Urinária, assina-lado a 14 de Março, foi a data escolhida para anunciar a criação da Associação dos Doentes com Disfunção da Bexiga (ADDB), a primeira do género em Por-tugal, e apresentar os resultados de um estudo epidemiológico, realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que revela que a prevalência da incontinência urinária diagnosticada

    Os eventuais efeitos de ex-posição, a longo prazo, aos campos electromagnéticos (CEM), abaixo dos valores de referência não represen-tam perigo para a saúde. Esta foi a garantia dada por Emile Van Deventer, coordenadora do Programa Internacional so-bre Campos Electromagnéticos (CEM) da Organização Mundial de Saúde (OMS), durante o de-bate promovido pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, no passado dia 23 de Ja-neiro.Este debate técnico sobre a rela-ção entre os campos electromag-néticos e os sistemas biológicos, bem como dos riscos que repre-sentam para a saúde, conhecido como Simpósio bioCEM, contou com a participação da OMS, da

    OMS desvaloriza riscos de campos electromagnéticos

    pelo médico é de apenas 4,9 por cento. Os resultados deste estudo epidemioló-gico espelham o constrangimento e ver-gonha dos doentes, que insistem em não procurar ajuda médica. A ADDB nasceu com o objectivo de alterar esta situação e para apoiar todos os que vivem con-dicionados pela incontinência urinária, uma doença escondida pela maioria das pessoas que dela sofrem.

    Direcção-Geral de Saúde, da EDP - Energias de Portugal, da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos e da Rede Eléctrica Nacional (REN). De acordo com a OMS, a taxa de incidência anual de novos casos de leucemia em crianças, com menos de 15 anos, é de cerca de três em cada 100.000 jovens e só 0,1 por cen-to da população vive na proximidade de infra-estruturas eléctricas. A percepção negativa que permane-ce na opinião pública em relação aos CEM está directamente ligada com a distância de segurança em relação às linhas. Mas poucas pessoas saberão que, por exemplo, uma máquina de lavar roupa, quando ligada, emite 8.2 µT a uma distância de 30 centímetros, enquanto que uma linha de 220 kV à distância de 30 metros verticais do solo emite 2 µT.

    Criada associação de doentes com incontinência urinária

  • 30 • Medicina Interna HOJE

    Prevalência da leptospirose é maior nos Açores

    A leptospirose, uma doença que, nos Açores, atinge sobretudo agricultores, tem uma inci-dência dez vezes superior à verifi cada no Con-tinente, com 11,1 casos por cada 100 mil habi-tantes, adiantou, em Março, a médica Manuela Henriques, do serviço de Medicina Interna do Hospital de Ponta Delgada.A médica falava numa palestra promovida pela Associação Agrícola de São Miguel destina-da a informar os agricultores da ilha sobre a doença provocada pela bactéria leptospira. Em 2005 e 2006, o Hospital de Ponta Delgada admitiu um total de 55 doentes, 11 dos quais necessitaram de internamento nos cuidados intensivos, outros 22 foram para o serviço de medicina interna e os restantes para o serviço de doenças infecto-contagiosas.A médica alertou que a leptospirose poderá “assemelhar-se a uma simples gripe”, o que exige das unidades de saúde um “elevado índi-ce de suspeição” no diagnóstico.

    Dados revelados pelo responsável da área de doenças infecto-contagiosas do mesmo hospital indicam que este serviço acolheu, entre 1993 e Setembro de 2006, um total de 318 casos suspei-tos, 120 dos quais com diagnóstico positivo da doença.

    Doença pode matar

    Dos casos confi rmados, cerca de 60 por cento eram lavradores e agriculto-res, a maioria dos quais com idades en-tre os 20 e 50 anos, explicou Melo Mota.Segundo o especialista, os médicos açorianos “estão alerta para este tipo de doença”, ao mes-mo tempo em que se está a “caminhar para diagnósticos rápidos”, que permitam ter um resultado em 24 horas depois de o doente ter chegado aos serviços de urgência.Melo Mota explicou que esta doença pode ser mortal “em pessoas com idade muito avança-

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    da” e em casos com patologias associadas que levam “à degradação” do doente. “Em circunstâncias normais, são raros os casos em que a morte acontece, visto que estamos alerta neste campo”, afi rmou Melo Mota.O responsável do serviço de doenças infecto-contagiosas do Hospital de Pon-ta Delgada assegurou, ainda, que o “tratamento é relativamente simples”, uma vez que “todos os antibióticos, a começar pela penicilina, são efi cazes”.De acordo com os médicos, a prevenção dos lavradores para esta doença passa, en-tre outras medidas, pelo uso de luvas e bo-tas de borracha durante o trabalho e pela desratização.Com um período de incubação médio de 10 dias, os sintomas da doença, que pode atingir vários órgãos, aparecem de forma abrupta, originando febre, calafrios e fra-queza.

    Foi adjudicado, no fi nal de Março, o contrato para a empreitada de construção do Hospital CUF Porto. Com um orçamento de 70 milhões de euros, a obra foi entregue pela José de Mello Saúde (JMS) à Mota-Engil/Casais, e fi cará concluída em 21 meses, com a abertura do hos-pital no segundo trimestre de 2010. Nessa altura, assegura a JMS, esta unidade será o maior hospital priva-do de agudos do país.A funcionar em estreita articulação com o Instituto CUF de Diagnós-tico e Tratamento, recentemente inaugurado pelo Presidente da Re-pública, Cavaco Silva, o hospital foi projectado de acordo com os cinco pilares da fi losofi a da José de Mello Saúde: conforto para o doente, tecnologia avançada, os melhores profi ssionais, instalações de exce-lência para a investigação e atenção focada no cliente.Situado em Aldoar, nas imedia-ções do Parque da Cidade, junto ao Hospital Magalhães de Lemos

    Construção já começoue à Escola Superior de Enferma-gem, o Hospital CUF Porto tem capacidade para 150 camas de in-ternamento, mais 30 de Obstetrí-cia-Maternidade e dez na Unidade de Cuidados Intensivos. O hospital será uma unidade polivalente, com todas as especialidades médicas e cirúrgicas. A oferta de serviços in-clui Urgência de adultos, crianças e de Obstetrícia, oito salas de Bloco Operatório, uma Unidade de Cui-dados Pós-Anestésicos e recobro e uma Unidade de Cirurgia Ambula-tória.Este anúncio acontece pouco tem-po depois de terem entrado em funcionamento outras duas novas unidades da JMS, o Instituto CUF Diagnóstico e Tratamento, em Ma-tosinhos, e a Clínica CUF Torres Vedras, que serve toda a região Oeste. No início de Abril, começou também a funcionar a Clínica CUF Cascais, resultante da aquisição da Clínica Unimed Cascais ao Grupo Português de Saúde.

    Hospital CUF Porto

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    Apresentado livro de receitas para doentes renais

    Os doentes que sofrem de insufi ciência renal podem contar, agora, com um livro de 20 receitas luso-brasileiras, especial-mente preparadas para a dieta destes pa-cientes. A obra foi lançada a 28 de Mar-ço, durante o Congresso Luso-Brasileiro de Nefrologia, em Vilamoura, Algarve.O livro “Cozinhando para o paciente com doença renal: Receitas e sabores do Brasil e Portugal” é uma iniciativa de especialistas brasileiros e portugueses.“O paciente com defi ciência renal tem uma série de restrições alimentares e hídricas, como ausência de sal e uma

    maior quantidade de fósforo”, disse à agência Lusa a especialista Carmen Tzanno Branco Martins, uma das res-ponsáveis pela obra. “Por isso, surgiu a ideia de adaptar as receitas típicas do Brasil e de Portugal, de forma que os pa-cientes possam comer pratos gostosos e ao mesmo tempo respeitar as suas restri-ções alimentares”, salientou.Entre as receitas do livro, estão pratos como o caldo verde português e a tradi-cional feijoada brasileira, desenvolvidos por nutricionistas especializados e devi-damente testados por profi ssionais da cozinha.Os pratos repetem as receitas tradicio-nais, mas com tabelas nutricionais espe-cífi cas e com a substituição e dosagem de ingredientes que devem ser evitados pelos doentes renais.

    Um estudo sobre comportamento diz que preço dos medicamentos e o entusiasmo dos médicos aumen-tam efeito terapêutico percebido pelos doentes.Por exemplo, um comprimido que custe 2,50 dólares “funciona” melhor do que um que custe dez cêntimos, mesmo que se trate de placebos exactamente iguais. A conclusão é de um estudo condu-zido por Dan Ariely, economista do comportamento da Duke Universi-ty, nos Estados Unidos. De acordo com esta investigação, conduzida em parceria com o Massachussets Institute of Technology (MIT), as interacções entre médico e pacien-te tem uma infl uência maior do que se pensava no efeito terapêutico dos medicamentos.

    Placebos mais caros têm maior efi cácia

    O Departamento de Saúde do governo autónomo da Catalunha, em Espanha, está a conduzir um estudo pioneiro no mundo, que consiste na administração de um medicamento derivado da can-nabis a pacientes com cancro da mama, sujeitas a tratamentos de quimioterapia, que não respondam aos fármacos usa-

    dos contra as náuseas e os vómitos. Este programa-piloto demonstrou efi cácia e o custo anual, por cada paciente, ronda os 300 euros.A Espanha e o Reino Unido já pediram a aprovação do Sativex – assim se chama o novo fármaco – à Agência Europeia do Medicamento (EMEA).

    Derivado de Cannabis

    Reduzir os efeitos da quimioterapia

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    Internacional

    Erro mais grave de sempre atinge 5500 pessoas

    O governo francês reconheceu que, pelo menos, 5.500 pessoas receberam doses excessivas de radioterapia no Hospital Jean Monnet d’Epinal, entre 1987 e 2006, tendo os responsáveis governamentais considerado que se trata do “mais grave problema de saúde alguma vez ocorrido em França”.O erro foi atribuído a falhas sucessivas, no-meadamente à má utilização dos equipamen-tos de prestação de cuidados e à insufi cien-te formação dos técnicos que os operavam.Os serviços de Radioterapia de da unidade de saúde em causa trataram perto de 7.500 pessoas, entre 1987 e 2006. No entanto, cerca de duas mil foram ex-cluídas das estatísticas por terem mor-

    rido ou mudado de residência. Do grupo de vítimas fazem parte 24 doentes que receberam radiações durante o tratamento ao cancro da próstata, cinco dos quais morreram por terem sido expostos a contínuas doses excessivas. Quase 300 dos 5.500 pacientes afectados já re-ceberam uma primeira indemnização de dez mil euros.Depois de ter sido detectada esta situação no hospital de Epinal, o governo francês, através da ministra da Saúde, Roselyne Bachelot-Nar-quin, assegurou que os serviços de radiotera-pia de 180 centros do país foram “fi scalizados” e “reprogramados” e que a duração da formação dos radiologistas aumentou de dois para três anos, o que permitirá duplicar, até 2011, o núme-ro de especialistas.

    O professor de Medicina Interna e en-genharia biomédica do centro de ensi-no da Universidade do Michigan, Tho-mas D. Wang, realizou uma pesquisa, publicada na revista “Nature Medicine”, que revela uma nova técnica capaz de de-tectar o cancro do cólon e do recto.O método consiste na aplicação tópi-ca de um peptídeo marcado, com um agente fl uorescente. A molécula serve para identifi car as mudanças pré-can-cerosas no cólon. Depois, com o uso de um microscópio especial que cabe dentro de um endoscópio médico pa-drão, o especialista pode detectar as lesões suspeitas. “Houve um esforço enorme para se chegar a um exame em que os pólipos possam ser vistos com

    um endoscópio de luz branca. Mas as lesões cancerosas ou pré-cancerosas são achatadas e não podem ser vistas com as técnicas comuns de detecção. Por isso, usamos métodos avançados de imagem, que procuram alvos mole-culares, mais do que mudanças estru-turais”, disse Wang. Os investigadores descobriram que o peptídeo se une aos tecidos pré-cancerosos em 81 por cento das vezes, e esperam agora conseguir identifi car peptídeos adicionais, capa-zes de que se ligarem a outros alvos, com o objectivo de aumentar a efi cácia deste método.Os exames para a detecção do cancro do cólon devem ser iniciados aos 50 anos para as pessoas de risco médio.

    Cientistas testam métodos de detecção

    Cancro do Cólon

    França

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    Espanha

    As autoridades de saúde da região espanhola de Múrcia lançaram uma campanha para promover a prescri-ção de medicamentos por princípio activo ou nome genérico. Com esta estratégia, o Serviço Sanitário da-quela região, espera conseguir ga-nhos que rondam os 9 milhões de euros por ano. A campanha pretende assegurar que cerca de 25 por cento das prescrições de medicamentos, nos próximos 12 meses, sejam feitas através da Denominação Comum Internacional (DCI) e não apenas pelo nome da marca.A directora de Saúde da região de Múrcia, Maria Ángeles Palácios, também se pronunciou sobre esta iniciativa, ao dizer que o Serviço Sanitário da região não tem como objectivo impor esta forma de prescrição, que implicaria grandes mudanças culturais, mas sim criar a consciência de que existem alter-nativas mais eficientes de gerar os mesmos resultados médicos, com poupanças significativas.

    Uma equipa de investigadores norte- -americanos utilizou, pela primeira vez, células embrionárias induzidas para re-parar lesões cardíacas em ratos, revelou um estudo divulgado, em Abril, pela re-vista científica Proceedings of the Natio-nal Academy of Sciences. Os cientistas do Centro Médico South- western da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, destacam no relatório

    que os resultados obtidos podem levar à criação de sistemas para curar lesões provocadas por um ataque cardíaco ou alguma outra doença. Jay Schneider, professor auxiliar de Me-dicina Interna e autor do estudo, disse que “o potencial clínico é enorme”. O investigador lembrou que, apesar dos progressos no tratamento e prevenção dos ataques cardíacos, o coração não pode reparar-se por si próprio depois de sofrer danos. «O enfarte é um problema criado pelo Homem. É o resultado de uma maior longevidade e da arterioscle-rose, indicou, ainda, Jay Schneider.

    Clínica reduz salários de enfermeiras por não usarem mini-saia

    A clínica espanhola San Rafael, em Cá-dis, no sul de Espanha, retirou a dez recepcionistas e enfermeiras o respec-tivo prémio de produtividade, por não usarem a saia curta que faz parte do uniforme obrigatório.De acordo com a edição on-line do jor-nal El País, as mulheres recusaram o fardamento estipulado que, além de

    deixar as pernas descobertas obriga ao uso de um avental justo e pouco prático. Quem se recusar a cumprir este códi-go de conduta, no fim do mês recebe menos 30 euros. As funcionárias sen-tem que a decisão, mais do que injusta do ponto de vista económico, vai con-tra a lei da igualdade. “Sentimo-nos ob-jectos decorativos. Quando estamos a trabalhar não temos liberdade de movimentos e não nos podemos baixar para atender doentes que estão acamados. Temos que expor o nosso corpo para fazermos o nosso trabalho”, explicou Adela Sastre, pre-sidente do comité da empresa.

    Novas células para tratar lesões cardíacas

    EUA

    Múrcia opta pela prescrição genérica de medicamentos