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APVP 2017 MECANISMOS DE DEFESA João Paulo Kotzent Página 1 MÓDULO: MECANISMOS DE DEFESA JOÃO PAULO KOTZENT Psicanalista / Psicólogo APVP-00104.01-SP / CRP 06/90433

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APVP – 2017 – MECANISMOS DE DEFESA – João Paulo Kotzent Página 1

MÓDULO:

MECANISMOS DE DEFESA

JOÃO PAULO KOTZENT

Psicanalista / Psicólogo

APVP-00104.01-SP / CRP 06/90433

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SUMÁRIO

I - INTRODUÇÃO

- APRESENTAÇÃO................................................................................. 03

II – CONTEÚDO.................................................................................................. 04

III – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 26

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APRESENTAÇÃO

Sofrendo da ânsia do Superego em controlá-lo e em constante tentação do id o

ego tenta dar conta das demandas do mundo interno e externo. Nesta posição difícil, não

seria de se espantar que por vezes a angustia se instale, sendo ela, fonte da mobilização

dos processos defensivos. A angústia é motivada pelo perigo de que a organização total

do ego possa sofrer tensões intoleráveis ou ainda ser destruída.

“O ego então constrói barreiras que lhe permitem

rechaçar certos impulsos ou solucionar os conflitos originados

pela oposição das exigências de cada uma das instâncias

psíquicas”. (Tallaferro A., 2001)

Os mecanismos de defesa então entram em ação! São utilizados pelo ego em sua

luta contra perigos intra-psíquicos e extra-psíquicos. Freud empregou pela primeira vez

essa denominação em 1894, no artigo intitulado: As Neuropsicoses de Defesas, para

indicar a resistência do ego aos instintos. Depois substituiu esse termo por uma palavra:

repressão. Mas em 1926, em Inibições Sintomas e Ansiedade, voltou a empregar a

expressão “Mecanismos de Defesa”, que tem a vantagem de poder ser utilizada como

denominação geral de todas as técnicas diferentes que o Ego emprega em sua luta contra

as exigências instintivas. A repressão passou a ser apenas uma das técnicas empregadas.

Vale lembrar que nas atuais traduções das obras de Freud, coordenadas por Luiz

Hannz, repressão e recalque são tratados como sinônimos, enquanto a escola francesa

mantém suas distinções. Falaremos mais tarde sobre esses mecanismos de defesa.

De modo algum este trabalho substitui a leitura obrigatória dos livros clássicos,

entre eles as Obras Freudianas às pós Freudianas e às de outros autores contemporâneos

da psicanálise. Entendam este trabalho como um suplemento do encontro em que

teremos e um embrião do qual o colega deverá nutri-lo porquanto mantenedor do seu

conhecimento.

É sabido que no decorrer de sua leitura, duvidas irão surgir, procure anotá-las

para que possibilite a sua manifestação em sala de aula ou por outros meios de

esclarecimentos que a Associação poderá dispor.

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CONTEÚDO

A Psicanálise subsidia uma imagem da mente (aparelho psíquico), em

movimento, dinâmica, principalmente após a implementação por Freud, da segunda

tópica, sendo assim nada é estático todos os elementos que compõe o a estrutura

psíquica tem vida! Mesmo quando o movimento é direcionado para a morte (pulsão de

morte). Tratamos da energia psíquica, que impele o organismo para a atividade até que a

gratificação seja alcançada.

“Vários impulsos instintivos estão perpetuamente

forçando sua introdução no ego, a partir do id, para ganharem

acesso ao aparelho motor, por meio do qual obtêm gratificação.

Nos casos favoráveis, o ego não faz objeções aos intrusos, mas

coloca suas próprias energias à disposição daqueles, limitando-

se por sua parte a perceber; assinala o desencadear do impulso

instintivo, o aumento de tensão e os sentimentos de “dor” que a

acompanham e, finalmente, o alívio de tensão quando é obtida a

gratificação”. (Anna Freud, 1936)

Quanto de energia psíquica é despejado impetuosamente pelo id sobre o ego em

busca de satisfação? Sabemos que o princípio soberano que governa os processos

psíquicos é de obtenção de prazer, no id predominam-se os chamados “processos

primários” onde não há síntese de idéias, impera o “princípio do prazer”. No ego, pelo

contrário, a associação de idéias está sujeita a condições rigorosas, às quais chamamos

de “processos secundários”, assim os impulsos do id não tem gratificação garantida,

sendo-lhes exigidos que respeitem os “princípios da realidade”, além de terem de se

adequar às leis éticas e morais presentes no superego, o qual procura controlar o

comportamento do ego.

Nessa dinâmica do aparelho psíquico, o ego revela-se produtor de recursos para

enfrentar idéias ou afetos dolorosos ou insuportáveis, procura se proteger quanto às

exigências instintivas, logo se lança na aventura de dar conta de viver empenhando-se

na busca de intermediar todos os conflitos existentes, algumas vezes é bem sucedido

outras, porém, se demonstra ineficaz, serão suas técnicas que neste módulo iremos

estudar, a isso damos o nome de “Mecanismos de Defesa”.

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Não sabemos, com absolutismo, em que fase do desenvolvimento psíquico

começa a surgir conflitos entre o ego e o id, e a assumir um significado importante para

o funcionamento psíquico. Para alguns autores como Klein, descrevem o ego arcaico,

um ego que, de forma embrionária, já está em ação desde o começo de vida psíquica,

desde o nascimento e, quem sabe, mesmo antes, exercendo funções defensivas e

organizadoras da vida mental:

“Eu diria que falta, em grande medida, coesão ao ego

arcaico e que uma tendência à integração se alterna com uma

tendência à desintegração, a um despedaçamento. Acredito que

essas flutuações são características dos primeiros meses de

vida”. (Klein, 1930)

No entanto outros autores como Spitz, salienta :

“no mundo do recém-nascido não existe objeto, nem

relação objetal. Denominei este primeiro estágio pré-objetal ou

não-objetal...desejo salientar categoricamente que discordo das

suposições de alguns autores que afirmam que, já no útero, antes

de nascer, o bebê expressa desprazeres. Não temos meios de

saber o que o comportamento do feto expressa”. (Spitz, 1979)

Quanto às funções do ego, segundo Brenner:

“É provável que isso se manifeste depois de ter havido um

grau substancial de diferenciação e organização do ego”.

(Brenner, 1973)

Quais são, nos primeiros meses de vida, as atividades do ego face a seu meio

ambiente? Um grupo de funções é a aquisição de controle sobre a musculatura do

esqueleto, que seguidamente nos referimos como controle motor. Também importantes

são as várias modalidades de percepção sensorial, que fornecem informações essenciais

sobre o meio ambiente.

“O ego é, primeiro e antes de tudo, um ego corporal; não

é simplesmente uma entidade de superfície, mas é, ele próprio, a

projeção de uma superfície”. (Freud, 1923)

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As lembranças são necessárias como partes do equipamento de alguém que

pretenda influenciar efetivamente seu meio ambiente, sendo provável que as lembranças

mais remotas sejam onde se obteve as gratificações instintivas.

Ainda Brenner, diz que deve haver no bebê algum processo psíquico que

corresponde ao que, em idades mais avançadas chamamos de sentimento. Finalmente

em algum momento da tenra infância deve surgir a mais característica de todas as

atividades do ego humano:

“a primeira hesitação entre o impulso e a ação, o

primeiro retardamento na descarga, que posteriormente evoluirá

para o fenômeno imensamente complexo que chamamos de

pensamento”. (Rapaport, 1951)

Todas essas funções do ego – controle motor, percepção, memória, sentimento,

pensamento – começam de modo preliminar e primitivo e se desenvolvem apenas

paulatinamente, à medida que o que o bebê cresce. Esse crescimento gradativo é

característico das funções do ego em geral, e os fatores responsáveis pelo seu

desenvolvimento progressivo podem ser divididos, segundo Hartmann e Kris, em dois

grupos:

- Crescimento físico, que, nesse caso, significa acima de tudo o crescimento

geneticamente determinado do sistema nervoso central (Maturação);

- Das experiências ou fatores experienciais.

Contudo, o interesse de Freud orientava-se para a influência dos fatores da

experiência no desenvolvimento do ego, ainda que estivesse plenamente consciente da

importância fundamental dos fatores genéticos.

Defesa para Freud é o conjunto das manifestações de proteção do eu contra as

agressões internas (de ordem pulsional) e externas, suscetíveis de constituir fontes de

excitação e, por conseguinte, de serem fatores de desprazer.

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Vale ressaltar a importância do ego em sua análise da realidade, em sua função

“normal de executante do id”, assim um sentido da realidade intacto permite ao ego

atuar eficientemente sobre o ambiente em favor do id. Constitui, assim, um recurso

valioso para o ego quando este se alia ao id, com o propósito de explorar o ambiente em

busca de oportunidades de gratificação. Outro aspecto é destacável, este mesmo ego

pode retardar e combater a descarga das energias do id em vez de promover ou facilitar.

Isto é muitas vezes necessário ou valioso para exploração eficaz do ambiente, sabemos

que uma demora na descarga de energia do impulso constitui uma parte essencial do

desenvolvimento do processo secundário. Por outro lado poderíamos esperar que existe

entre o ego e o ambiente nunca seria bastante poderosa para forçar o ego a uma

oposição séria ou prolongada às exigências instintivas do id.

Que defesas pode o ego oferecer contra o id? De forma simples e generalizando,

o ego pode utilizar qualquer coisa ao seu alcance que lhe sirva a seus propósitos.

Qualquer percepção, uma modificação na atenção, estímulo a outro impulso do id que a

seu julgo seja mais seguro, um esforço vigoroso para neutralizar a energia do impulso

perigoso, a formação de identificações ou o exercício da fantasia, separados ou

combinados, enfim, todos os processos defensivos em qualquer momento.

“Os impulsos instintivos continuam esforçando-se por

conseguir seus fins, com a tenacidade e energia que lhes é

peculiar e efetuam incursões hostis no ego, na esperança de o

derrubarem por um ataque de surpresa”. (Anna Freud, 1936)

Dentro de suas possibilidades o ego levanta suas defesas, que acredita ser as

mais “apropriadas” designadas para garantir sua fronteira.

Todos nós temos os mecanismos de defesa, e as defesas que utilizamos revelam

muito a nosso respeito.

Anna Freud 1936, revela nove métodos (regressão, repressão ou recalque,

formação de reação, isolamento, anulação, projeção, introjeção, inversão contra o eu e

reversão) e apresenta a sublimação como o décimo, pertencendo ao estudo da mente

“normal”. Com algumas atualizações, ampliações e agregando novas contribuições de

outros autores que acredito serem importantes, seguimos agora para a descrição dos

Mecanismos de Defesa.

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Uma hierarquia dos mecanismos de defesa foi construída por Glen O. Gabbard, e ao que

parece, vem sendo bem aceita no meio psicanalítico, utilizarei desta formulação e

acrescentarei alguns conteúdos de outros autores.

DEFESAS PRIMITIVAS

SPLITTING, CISÃO OU CLIVAGEM DO OBJETO:

Um processo inconsciente que ativamente separa sentimentos contraditórios, amor e

ódio, representações do self ou representações do objeto uns dos outros. Embora Freud

tenha feito referências esparsas à cisão, foi Klein 1946/1975, quem levou à posição de

pedra fundamental da sobrevivência emocional durante os primeiros meses de vida. A

cisão dos objetos é a responsável pela criação de objetos bons e maus, a cisão dos

impulsos é a que separa o amor e ódio. A idealização, na posição esquizo-paranóide, é

muito intensa, não apenas porque o amor e ódio permanecem amplamente cindidos, mas

porque a construção de um objeto muito bom (idealizado) é necessária para combater a

periculosidade extrema dos objetos persecutórios. Segundo Klein, a defesa mais

primitiva contra a angústia. O objeto visado pelas pulsões eróticas e destrutivas, cinde-

se em “bom”e “mau” objeto, que terão, então destinos relativamente independentes no

jogo das introjeções e das projeções. A clivagem dos objetos á acompanhada de uma

clivagem correlativa do ego em “bom” ou “mau” ego, pois o ego é, para escola

Kleiniana, constituído essencialmente pela introjeção dos objetos.

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IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA:

Klein, em “notas sobre alguns mecanismos esquizóides” (1946), utilizou pela

primeira vez a denominação de identificação projetiva, cuja conceituação foi ampliando

em, pelo menos, três dimensões psíquicas distintas:

1. Como uma necessária e estruturante defesa primitiva do ego incipiente,

por meio de uma expulsão que, desde sempre, o sujeito faz de seus

aspectos intoleráveis, dentro da mente de outra pessoa (a mãe, no caso do

bebê; o analista, no caso do analisando).

2. Como uma forma de penetrar no interior do corpo da mãe, com a fantasia

de controlar e apossar-se dos tesouros que em sua imaginação a mãe

possui.

3. Identificação projetiva a serviço da empatia, a modificação do material

projetado, modifica as representações correspondentes do ego e do objeto

e o padrão de relações inter-pessoais.

Em nota de rodapé na página onde Klein (l946) define o fenômeno da identificação

projetiva ela diz que a descrição dos processos contidos nele sofre uma grande

desvantagem pois essas fantasias surgem numa época em que o bebê ainda não

começou a pensar com palavras.

PROJEÇÃO:

Operação pela qual o sujeito expulsa de si e localiza no outro – pessoa ou coisa –

qualidades, sentimentos, desejos e mesmo “objetos” que ele desconhece ou recusa nele.

Freud o utilizou a partir de 1985, essencialmente para definir mecanismos da paranóia.

Porém mais tarde retomado por todas as escolas psicanalíticas para designar um modo

de defesa primário, comum a psicose, à neurose e a perversão, pelo qual o sujeito

projeta num outro sujeito ou num objeto de desejo que provem dele, mas cuja a origem

desconhece atribuindo a uma qualidade do outro.

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NEGAÇÃO:

A tendência a negar sensações dolorosas é tão antiga quanto o próprio sentimento de

dor. Anna Freud chamou esse tipo e recusa do reconhecimento do desprazer em geral

“pré-estádios da defesa”. Laplanche descreve um processo pelo qual o sujeito, embora

formulando um dos seus desejos, pensamentos ou sentimentos até então recalcado,

continua a defender-se dele negando que lhe pertença. Outra modalidade da negação

descrita por Zimerman é a Renegação ou Recusa refere-se ao fenômeno pelo qual o

sujeito sabe que os desejos, pensamentos e sentimentos negados são mesmo dele, porém

continua a defender-se categoricamente, negando que lhe pertençam (essa modalidade é

típica dos pacientes com perversão).

No trabalho de A negação (1925), Freud faz a importante observação de que, na

prática analítica, a negação pode representar uma confirmação, de modo que ele afirma:

“Não há prova mais forte de que conseguimos descobrir o inconsciente do que vermos o

analisando reagir com estas palavras: não pensei nisso, ou não (nunca) pensei nisso”.

DISSOCIAÇÃO:

A partir do trabalho “Fetichismo”(1927) e, de forma mais consistente, em

“Clivagem do ego no processo de defesa”(1940), Freud estudou a Cisão ativa, que

ocorre no seio do próprio ego e não unicamente entre as instâncias psíquicas. Seria o

rompimento do sentido da continuidade da pessoa nas áreas de identidade, da memória,

da consciência ou da percepção, como forma de reter uma ilusão de controle face ao

desamparo e à perda de controle, Outro registro alude à dissociação útil do ego, que diz

respeito tanto ao analisando quanto ao analista. No analisando, por exemplo, quando,

deixa aparecer a parte psicótica de sua personalidade. O analista, de sua parte, deve ter

condições de dissociar sua mente na sua função e papel do psicanalista da do seu papel

social familiar que, ocasionalmente, possa estar sendo fustigada com problemas

particulares

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IDEALIZAÇÃO:

Atribuição de qualidades perfeitas ou quase perfeitas a outro, como forma de evitar

a ansiedade ou sentimentos negativos, como desprezo, inveja ou raiva. A identificação

com o objeto idealizado contribui para a formação e para o enriquecimento das

chamadas instâncias ideais da pessoa (ego ideal, ideal de ego).

ATUAÇÃO:

Segundo Freud, é o ato por meio do qual o sujeito, sob domínio dos seus desejos e

fantasias inconscientes, vive esses desejos e fantasias no presente com um sentimento

de atualidade que é muito vivo na medida em que desconhece a sua origem e o seu

caráter repetitivo. No lugar de lembrar e verbalizar determinados sentimentos

reprimidos, o paciente os substitui por atos e ações motoras, que funcionam como

sintomas. Assim, em “Recordar, Repetir e Elaborar” (1914), Freud afirma que “o

automatismo da repetição substitui a compulsão à recordação”.

SOMATIZAÇÃO:

Conversão da dor emocional ou outros estados afetivos em sintomas físicos, tendo

como foco de atenção preocupações somáticas em vez de intra-psíquicas. Complacência

somática é a expressão empregada por Freud no famoso Caso Dora (1905), para se

referir à escolha do órgão ou do sistema orgânico sobre o qual se dá a conversão

histérica. Freud considerava que o investimento libidinal de uma zona erógena pode

deslocar-se para outras regiões corporais, o que exige certa complacência (uma espécie

de conluio) que possibilita aos órgãos que simbolizam o conflito reprimido tentar

satisfazer o desejo proibido de forma disfarçada.

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REGRESSÃO:

Retornar à fases precoces do desenvolvimento ou ter funcionamento de evitação de

conflitos e tensões associados ao nível de desenvolvimento atual da pessoa.

Freud acreditava que o passado infantil permanece sempre em nós, como aparece

nessa afirmativa de 1915: “Os estados primitivos podem sempre ser reinstaurados. O

psíquico primitivo é, no seu pleno sentido, imperecível”.

Exemplo:

E. solicitava minha presença diariamente e conversava muito. No entanto,

quando eu encerrava o atendimento, E. retomava a postura de retraimento e chorava,

segundo ele, de gratidão. Semelhante a um bebê, E. alegrava-se com minha presença,

sentindo-se desejado e amado, pois precisava sentir-se recebendo cuidados, proteção e

segurança. Seguindo Dolto (1999), ele funciona tal como uma criança pequena, que se

alegra com a presença da mãe, mas que sofre uma “onda de ruptura” e crise de lágrimas

quando ela se ausenta.

Em tal mecanismo de defesa psíquico, a regressão, verifica-se um modo de

funcionamento de defesa do ego em que ocorre um retorno a formas anteriores do

desenvolvimento do pensamento, das relações de objetos e da estruturação do

comportamento. E. colocou-se totalmente dependente dos cuidados da equipe médica e

tornou-se um “bom paciente”.

“Quando comunicamos a um paciente uma representação

que a seu tempo ele recalcou e que identificamos, isto a

princípio em nada altera seu estado psíquico. Isto de

forma alguma suspende o recalque, nem anula seus

efeitos, como se poderia talvez esperar, já que a

representação anteriormente inconsciente tornou-se agora

consciente... Efetivamente, não se produz qualquer

suspensão do recalque antes que a representação

consciente, após a superação das resistências, tenha se

ligado ao traço de lembrança inconsciente. Só ao fazer

consciente este próprio traço é que se alcança o sucesso”.

(Freud, 1915)

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FANTASIA ESQUIZÓIDE:

Recolhimento para o mundo interno privado da pessoa para evitar a ansiedade em

relação à situações interpessoais.

DEFESAS NEURÓTICAS MAIS ELABORADAS

INTROJEÇÃO:

O sujeito faz passar de um modo fantasístico, de “fora” para “dentro”, objetos e

qualidades inerentes a estes objetos. A Introjeção aproxima-se da incorporação e está

estreitamente relacionada com a identificação. Também é mencionada como a

internalização de aspectos de uma pessoa significativa como forma de lidar com a perda

dessa mesma pessoa. Pode, também, ser introjetado um objeto ruim ou hostil como

forma de ilusão de controle sobre o objeto. Também, ocorre de forma não defensiva,

apenas, como parte normal do desenvolvimento.

Em um de seus primeiros e mais elucidativos textos - "Transferência e Introjeção",

de 1909 - Ferenczi apresenta a tese de que o processo de introjeção em sua

universalidade inclui a transferência, também ela universal, mas mais ativa e imperiosa

nos neuróticos. A introjeção é o processo pelo qual os objetos do mundo são incluídos

nas esferas de interesses do eu como alvos substitutos de impulsos e afetos. Quando o

recalcamento incide sobre as experiências mais primitivas e intensas de prazer, seus

objetos são remetidos ao inconsciente e cria-se uma quantidade de energia livre que

precisa buscar novos alvos, procurando novos objetos que possam ocupar os lugares dos

que foram vítimas do recalque. Aí se originam, entre outros, os processos de criação de

novos objetos e de sublimação

Quanto mais intenso, radical e "neurotizante" o processo de recalcamento, maior a

propensão a transferir, vale dizer, mais o processo normal de introjeção será acionado

como forma de dirigir e procurar satisfazer pela via das reedições dos objetos arcaicos a

energia libidinal (ou agressiva) sobrante e livre. Nestes casos, não só o indivíduo está

efetivamente privado de inúmeras possibilidades de satisfação legítima para a expressão

de seus impulsos e desejos, barrados pelo excesso de repressão, como boa parte do

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mundo será constituída como objeto de transferência, o que acarreta uma sobrecarga de

afetos e fantasias em objetos que seriam mais bem considerados em suas propriedades

meramente pragmáticas. Há, portanto, um duplo prejuízo, em termos de vida afetiva e

sexual e em termos de adaptabilidade.

IDENTIFICAÇÃO:

Internalização de qualidades de outra pessoa tornando-se igual a mesma. Enquanto a

introjeção leva a uma representação internalizada, vivenciada como um outro, a

identificação é vivenciada como parte do ego, e também, pode servir no

desenvolvimento normal. A personalidade constitui-se e diferencia-se por uma série de

identificações.

DESLOCAMENTO:

Sentimentos associados a uma idéia ou a um objeto deslocados para outro que se

assemelha, de alguma forma, ao original. Como mecanismo defensivo do ego, nas

conversões histéricas, o desejo ou o prazer genital se desloca para outra zona corporal.

INTELECTUALIZAÇÃO:

Termo empregado por Anna Freud como significado de resistência ao tratamento

analítico que consiste no fato de o paciente priorizar o uso do pensamento e de

elucubrações abstratas, teóricas e filosóficas no lugar de fazer um contato com os afetos

e com suas fantasias inconscientes. A intelectualização é utilizada, mais

substancialmente, por pacientes obsessivos que assim controlam, isolam e anulam os

sentimentos e por pacientes narcisistas que mais se preocupam com o “dizer bonito” do

que pelo “dizer as verdades”.

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ISOLAMENTO AFETIVO:

Em Ïnibições, sintomas e angustias”(1926), Freud descreve o isolamento como um

mecanismo típico da neurose obsessiva. Isolar um pensamento do outro, um

comportamento do outro e separar uma idéia de seu estado afetivo associado para evitar

um turbilhão emocional.

RACIONALIZAÇÃO:

Este termo foi introduzido por E. Jones, em 1908, está ligado ao uso da razão, por

parte do sujeito, para apresentar uma explicação coerente, do ponto de vista da lógica,

ou para encontrar uma justificativa do ponto de vista moral para atitudes,

comportamentos e crenças inaceitáveis para torná-las toleráveis para si mesmo. Alguns

teóricos não enquadram a racionalização como modalidade de mecanismo de defesa

apesar de sua manifesta função defensiva, porque não é dirigida diretamente contra a

satisfação pulsional; antes, ela disfarça os diversos elementos do conflito defensivo.

SEXUALIZAÇÃO:

Emprestar significado sexual a um objeto ou comportamento para transformar uma

experiência negativa numa outra excitante e estimulante ou para afastar ansiedades

associados ao objeto.

FORMAÇÃO REATIVA:

Transformar um desejo ou impulso inaceitável em seu oposto. Mecanismo de defesa

pelo qual o ego mobiliza uma estrutura caractereológica, a mais oposta possível, quanto

ao risco do surgimento das pulsões libidinais ou agressivas recalcadas no inconsciente.

Assim para exemplificar, um pudor exagerado pode estar opondo-se a tendências

exibicionistas; uma bondade exagerada e despropositada pode decorrer de ímpetos

invejosos e agressivos; uma obsessão por limpeza e ordem pode estar camuflando uma

sensação de sujeira interna, e assim por diante.

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REPRESSÃO/RECALQUE:

Expulsão de impulsos ou idéias inaceitáveis ou o impedimento de que entrem na

consciência. Esta defesa difere da negação, pois, essa última esta associada a dados

sensoriais externos, enquanto, a repressão/recalque esta associada a estados internos.

Freud (1915) em seu artigo metapsicológico sobre o recalcamento se questiona sobre

por que deve um impulso pulsional sofrer tal vicissitude (ser recalcada, tendo seu acesso

negado), já que a satisfação de um impulso sempre provoca prazer. Seria necessário

supor a existência de certas circunstâncias peculiares, algum processo através do qual o

prazer da satisfação se transforma em desprazer.

Freud diz que o recalque não é um mecanismo defensivo presente desde o início; só

pode surgir quando tiver ocorrido uma cisão marcante entre a atividade mental

consciente e a inconsciente (o recalcamento só está presente a partir da divisão entre

sistema consciente/pré-consciente e sistema inconsciente). E que antes da organização

mental alcançar essa fase a tarefa de rechaçar os impulsos pulsionais cabia à outras

vicissitudes, as quais as pulsões podem estar sujeitas.

O recalcamento como um processo ativo, destinado a conservar fora da consciência as

representações inaceitáveis. Distinguem-se três níveis nos quais esse mecanismo ocorre:

o recalcamento primário; recalcamento secundário ou recalcamento propriamente dito; e

retorno do recalcado.

Recalcamento primário

“É o resto de uma época arcaica, individual ou coletiva, em que toda representação

incômoda (imagens da cena primitiva, de ameaças à vida ou seduções pelo adulto) se

encontrava automática e imediatamente recalcada, se mantém no ics, sem nunca ter-se

acesso ao consciente; é o pólo atrativo a seguir, os pontos de fixação dos recalcados

ulteriores relacionando-se aos mesmos gêneros de representações.”

Antes de serem formados os sistemas inconsciente e pré-consciente/consciente, certas

experiências cuja significação inexiste para o sujeito são inscritas no inconsciente e têm

seu acesso à consciência vedado a partir de então.

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Essas inscrições vão funcionar como o recalcado original (Urverdragngung) que servirá

de pólo de atração para o recalcamento propriamente dito (Nachdangen). Para Freud

esse “recalque primevo” consiste em negar entrada no consciente ao representante

psíquico (ideacional) da pulsão. Com isso, estabelece-se uma fixação.

Recalcamento secundário (ou recalcamento propriamente dito)

Consiste em um duplo movimento de atração pelas fixações do recalcamento primário e

de repulsão pelas instâncias proibidoras superiores: superego ics (e ego, à medida que

ele se torna aliado do superego) e pressão da moral cs.

Segundo Freud (1915) o recalque propriamente dito afeta os derivados mentais do

representante recalcado, ou sucessões de pensamento que, originando-se em outra parte,

tenham entrado em ligação associativa com ele. Por causa dessa associação, essas idéias

sofrem o mesmo destino daquilo que foi primevamente recalcado.

Retorno do recalcado

O recalcamento não pode impedir que as representações recalcadas se organizem no

inconsciente, se enlacem de forma sutil e dêem mesmo nascimento a novos derivados,

que irão tentar se manifestar no nível do consciente.

O retorno do recalcado pode consistir ou em uma simples “escapada” do processo de

recalcamento, válvula de escape funcional e útil (sonho, fantasias), ou em forma (lapsos,

atos falhos), ou, ainda, em manifestações francamente patológicas de fracasso real do

recalcamento (sintomas).

As formações substitutivas, as formações de compromisso e os sintomas são fenômenos

que assinalam o retorno do recalcado. O recalcamento não organiza essas formações.

As Formações de Compromisso, são a forma que o recalcado assume para ser admitido

no Cs. Uma espécie de compromisso – egossintônico – que as instâncias psíquicas

assumem entre si, de sorte a autorizar o surgimento no Cs. do que está reprimido no Ics.

desde de que venha suficientemente disfarçado para não ser reconhecido, tal como

acontece nos sonhos e na formação de sintomas, assim deformadas pelas defesas ao

ponto de serem irreconhecíveis.

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Neste compromisso ficam assim satisfeitos o desejo Ics. e as exigências

defensivas.

O recalcamento incide sobre os representantes pulsionais proibidos, através de um jogo

de desinvestimento (dos representantes angustiantes pelo pré-consciente) e de contra-

investimento da energia pulsional disponível, ao mesmo tempo reinvestida sobre outras

representações autorizadas.

Fenichel (2005) define o recalque como consistindo no esquecimento

inconscientemente intencional, ou na não-conscientização de impulsos internos ou de

fatos externos, os quais, via de regra, representam possíveis tentações ou castigos de

exigências pulsionais censuráveis, quando não meras alusões a estas.

Fenichel (2005) aponta ainda que há casos em que certos fatos são lembrados como tais,

mas as conexões respectivas, o significado, o valor emocional são reprimidos.

Freud (1915) diz que o representante pulsional se desenvolverá com menos interferência

se for retirado da influencia do sistema consciente – ele “prolifera no escuro”, e assume

formas extremas de expressão, que uma vez traduzidas e apresentadas ao neurótico irão

não só lhe parecer estranhas mas também assustá-lo, mostrando-lhe o quadro de uma

extraordinária e perigosa força da pulsão.

O recalque não retira do consciente todos os derivados daquilo que foi primevamente

recalcado. Quando esses derivados se tornam suficientemente afastados do

representante recalcado – quer devido à adoção de distorções, quer por causa do grande

numero de elos intermediários inseridos -, eles terão livre acesso ao consciente. Mas não

é possível determinar qual o grau de distorção e de distancia no tempo necessário para a

eliminação da resistência por parte do consciente. E, via de regra, o recalque só é

removido temporariamente, reinstalando-se imediatamente.

Freud esclarece que o processo de recalcamento é altamente individual (cada derivado

isolado do reprimido pode ter sua própria vissicitude especial, e um pouco mais ou um

pouco menos de distorção altera completamente o resultado) em seu funcionamento e

extremamente móbil.

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O recalque não é um fato que acontece uma vez, produzindo resultados permanentes;

ele exige um dispêndio persistente de força, e se esta viesse a cessar, o êxito do recalque

correria perigo, tornando necessário um novo ato de recalque. O recalcado exerce uma

pressão contínua em direção ao consciente, exigindo uma contrapressão incessante.

DEFESAS MADURAS

HUMOR:

Encontrar elementos cômicos e/ou irônicos em situações difíceis com o objetivo de

reduzir afetos desagradáveis e desconforto pessoal. Este mecanismo também permite

algum distanciamento e objetividade em relação aos eventos, de forma que o indivíduo

possa refletir sobre o que está ocorrendo.

ASCETISMO:

Tentativa de eliminar aspectos prazerosos da experiência em função de conflitos

internos produzidos por tal prazer. Este mecanismo pode estar a serviço de objetivos

transcendentes ou espirituais, como no celibato.

AUTRUÍSMO:

Comprometer-se com as necessidades dos outros mais do que com suas próprias

necessidades. O comportamento autruísta pode ser utilizado a serviço de problemas

narcisistas, mas, também, pode ser a fonte de grandes realizações e contribuições

construtivas para a sociedade.

ANTECIPAÇÃO:

Retardamento de gratificação imediata ao planejar e pensar sobre realizações

futuras.

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SUBLIMAÇÃO:

Anna Freud destaca que a sublimação, isto é, o deslocamento da finalidade

instintiva, em conformidade com valores sociais mais elevados, pressupõe a existência

do superego. Transformar objetivos socialmente ou internamente inaceitáveis em outros

socialmente aceitáveis.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FREUD, S. – Obras Completas Novas Traduções, Imago, RJ-2006.

FREUD, S. – Obras Completas, Imago, RJ-1969.

GABBARD, GLEN O. – Psiquiatria Psicodinâmica, Artmed, PA-2006.

KLEIN, MELAINIE – Amor Culpa e Reparação, Imago, RJ-1996.

ROUDINESCO, ELISABETH - Dicionário de Psicanálise, Jorge Zahar Editor, RJ-

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LAPLANCHE E PONTALIS – Vocabulário da Psicanálise, Martins Fontes, SP-2000.

TALLAFERRO, A. – Curso Básico de Psicanálise, Martins Fontes, SP-1996.

ZIMERMAN, DAVID E. –Vocabulário Contemporâneo de Psicanálise, Artmed, PA-

2001.