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Módulo 5 Protecção Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticas Agrárias e de Habilidades para a Vida Para os Facilitadores das Jffls

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Módulo 5Protecção

Projecto Celeiro da Vida

Manual de Facilitação de PráticasAgrárias e de Habilidades para a Vida

Para os Facilitadores das Jffls

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Projecto Celeiro da Vida

Manual de Facilitação de Práticas Agrárias e de Habilidades para a Vida

Módulo 5: Protecção

Índice

Introdução: A Importância da Protecção no Programa JFFLS 1 Tópicos especiais

Agricultura Página Tópicos especiais

Vida Página

Tópico M5-2: Gestão de um Viveiro Tópico M5-3: Protecção da Horta

Parte 1: Introdução Parte 2: Prática: Fazendo a Vedação

6-9

10-14 10-11

12-14

Tópico M5-1: Protecção e Confiança

Parte 1: Exercícios de confiança Parte 2: Protegendo-nos do HIV e SIDA

Tópico M5-4: Ciclo de Tomada de decisões: Analisando Tópico M5-5: Direitos da Criança

2-5

2

3

15-26

17-19

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Parte 1: A CDC e os Direitos Básicos Parte 2: A CDC e Desigualdade de Género

Protecção de COVs: Guião para Facilitadores JFFLS

17

22-29

-21

Resumo e Avaliação deste Módulo 30

Lista de Referências para este Módulo 31

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Introdução: A Importância da Protecção no Projecto JFFLS

O tema “Protecção” é muito importante no projecto das JFFLS. Este tópico inclui duas

dimensões:

1. Uma relacionada com a agricultura (protecção das plantas);

2. Outra relacionada com a vida humana (protecção dos jovens e cuidados

especiais de protecção de crianças vulneráveis).

Na secção da agricultura, os jovens aprendem a fazer um viveiro e como criar boas

condições de protecção para que as plantas cresçam saudáveis. Para que isto seja

possível, é necessário garantir que os viveiros e as hortas não sejam destruídos pelos

animais e que não se verifiquem roubos, construindo vedações sólidas e canteiros

adequados. Uma boa comunicação com a comunidade é também fundamental, para que

esta respeite as culturas como propriedade dos jovens das JFFLS.

A Protecção dos jovens é um tema muito complexo. É, assim, de extrema importância

que as pessoas adultas envolvidas nas JFFLS criem um ambiente em que os jovens se

sintam protegidos e confiantes. Os órfãos e as crianças vulneráveis (COVs) em geral,

vivem em insegurança porque o seu mundo foi perturbado pela morte e/ou doenças dos

pais e/ou de outros entes queridos na família, ou porque vivem em níveis mais baixos de

pobreza. Por vezes, as COVs são chefes de família e responsáveis pelo sustento dos seus

irmãos.

Esta situação leva a que estas tenham de um modo geral sido submetidas a certo tipo de

situações traumáticas, tais como: casamentos prematuros, atributos depreciativos, tais

como estereótipos ou estigmatizações, fome, pobreza, prostituição, mão-de-obra infantil,

perda de herança, marginalização, abuso, fraco aproveitamento/abandono escolar. As

raparigas são especialmente vulneráveis a situações de extrema pobreza, visto que esta as

leva, muitas vezes, a casamentos prematuros e à prostituição, destruindo ainda mais a sua

auto-estima e marginalizando-as na comunidade. Pelas razões apontadas, estes jovens

têm maior dificuldade em confiar nos outros, de falar abertamente, sobretudo quando se

trata de sentimentos pessoais e íntimos, o que pode culminar na sua auto-exclusão.

A equipa da JFFLS tem, assim, a especial tarefa de criar um ambiente de protecção e

empoderamento (que se refere ao processo de crescimento e amadurecimento dos jovens

sob ponto de vista social, político ou económico) e de se manter atenta aos problemas

destes jovens. No final do módulo, são apresentadas algumas orientações de como os

facilitadores poderão reconhecer sinais e sintomas de abuso infantil e de como deverão

lidar com estes.

DURAÇÃO DO MÓDULO: 11 sessões para um total de 18 horas 25 minutos (MAIS

tempo para construção da vedação).

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Tópico M5-1: Protecção e Confiança

OBJECTIVO: 1. Ajudar os jovens a sentirem-se seguros, aumentando a sua

autoconfiança e apoio por parte do grupo.

2. Aprofundar a discussão sobre o HIV e SIDA, para conhecerem

as formas de se protegerem.

DURAÇÃO: Parte 1: Aproximadamente 3 h – os exercícios podem ser

introduzidos em diferentes momentos durante o mês.

Parte 2: 1 h e 15 min.

MATERIAIS: Parte 1: Nenhum.

Parte 2: Diferentes artigos disponíveis para ajudar na discussão

sobre protecção do HIV e SIDA (ex. chávena, colher, faca, agulha,

camisinha-Jeito, um desenho de 2 pessoas beijando-se, e um

desenho de uma mulher grávida); papel gigante e marcadores.

PASSOS:

Parte 1: Exercícios de Confiança

1. Plenário: jogos e exercícios de Confiança

Exercite alguns jogos que ajudem a desenvolver a autoconfiança dos jovens,

incluindo os exemplos abaixo indicados. Em alguns exercícios os jovens terão

de ser divididos em grupos ou pares.

(Encontre os exercícios no Guião de Actividades Culturais, nas páginas

indicadas).

(45 + 45 + 15 min) Repetição de Guiando o Cego I, II e III (págs. 19 e

22);

(30 min) Sempre em Pé (pág. 23);

(20 min) Salto no Espaço (pág. 24);

Repetição de diferentes exercícios relevantes já feitos nos outros módulos.

2. Plenário: discussões

Depois de cada exercício, discuta com os jovens como eles se sentem.

Faça a ligação com o tema da importância do respeito e protecção das pessoas

que nos rodeiam.

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Tópico M5-1 (Parte 2): Protecção e Confiança

Parte 2: Protegendo-nos do HIV e SIDA

1. (10 min) Plenário: resumo do Tópico M3-5 (Parte 2) sobre o HIV e SIDA e o

Tópico M4-5 no Módulo 4 sobre Estigmatização) O que é HIV e SIDA, e como se transmite.

Como agir quando sabemos que um vizinho/a ou membro da nossa família

tem o HIV.

2. (20 min) Plenário: jogo “Estamos todos no mesmo barco!” Nota: este é um pequeno jogo que ajuda os jovens a tomarem consciência de que todas

as pessoas estão sujeitas ao risco de contrair HIV, independentemente da cor, estatuto

socioeconómico, comportamento social, e de que, por isso, não deveremos discriminar

quem é HIV positivo.

Peça aos jovens para formarem uma fila, colocando-se lado a lado e olhando na

mesma direcção.

Explique: “Vamos imaginar que estamos na margem de um rio. Quando eu

disser “no rio” devem dar um passo em frente. Quando disser “em terra”

devem voltar para a posição inicial (na margem do rio). Mas se disser

novamente “em terra”, como já estão lá, não se devem mover. Se alguém se

enganar e der um passo, perde e sai do jogo.

Discussão:

i. Discuta a reacção dos jovens durante o jogo. Normalmente os outros riem-

se quando as primeiras pessoas perdem. – Pergunte a estas pessoas como

se sentiram quando os outros se riram (envergonhadas, zangadas,

estigmatizadas, mal dispostas, etc.).

ii. Explique que este jogo nos mostra que “estamos todos no mesmo barco”.

Que não há uma situação de “Eles e Nós”. Todos estamos a viver o risco

do HIV/SIDA. Todos estamos afectados – já corremos riscos nas nossas

vidas de contrair o vírus e temos amigos, vizinhos e familiares infectados

pelo HIV. Explique que as pessoas gostam de rir, troçar e julgar os outros

e não se lembram de que, um dia, também poderão “cair no rio”. Apesar

de sabermos que este foi um jogo, uma brincadeira e que é normal que as

crianças se riam, na vida real, temos de pensar antes de rirmos ou

fazermos um julgamento sobre alguém, porque precisamos de nos

lembrar de que o HIV afecta toda a gente.

3. (55 min) Plenário: como podemos proteger-nos contra o HIV?

Antes da sessão: Traga 6-7 objectos para facilitar a discussão (veja

sugestões dos Materiais no início deste tópico).

Comece por explicar que quanto mais soubermos sobre o HIV e SIDA,

melhor poderemos proteger-nos, a nós e aos outros, para não sermos

infectados pelo HIV. Nesta sessão, vamos falar de como é que podemos

proteger-nos e de como podemos proteger as nossas famílias e amigos do

vírus.

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(5 min) Em grupos: divida os jovens em 6-7 grupos, um para cada

objecto.

o Dê um objecto a cada grupo.

o O grupo deve discutir se se pode apanhar o HIV através do

objecto: sim ou não. Se sim, como?

(20 min) Discussão em plenário: o Discuta como um ou outro objecto podem ou não transmitir o HIV.

Garanta que os jovens percebem claramente que certos objectos só

poderão transmitir o vírus se tiverem sido usados anteriormente e

se tiverem restos de fluidos humanos (sangue, sémen) que nem

sempre são visíveis a olho nu. Faça um resumo. No fim, faça

diferentes perguntas sobre como os objectos poderão contaminar as

pessoas e peça aos jovens para assinalarem como “falso” ou

“verdadeiro” (para tornar o exercício mais dinâmico pode, por

exemplo, pedir para saltarem, se for uma afirmação verdadeira e

para se sentarem, se for falsa). Peça aos jovens para clarificarem

sempre que alguém tenha errado e corrijam qualquer má

interpretação.

Depois, discuta como podemos proteger-nos contra HIV

Continue o exercício anterior, desta vez, perguntando sobre outras formas

de contrair o HIV e como podemos proteger-nos do vírus. Garanta que

todos os pontos referidos na Ficha de Apoio (pág. 5) são mencionados.

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Ficha de Apoio para o Tópico M5-1 (Parte 2):

Como Podemos Proteger-nos do HIV

Nunca usar objectos cortantes que foram usados por outros (lâminas, agulhas, etc).

Por isso, antes de levar uma injecção ou de ser picado para fazer o teste de malária,

certifique-se de que, esses objectos são novos ou foram devidamente esterilizados.

Tratar as feridas e tapá-las (porque o vírus só pode entrar através da pele se houver

uma ferida ou um corte).

Tratar imediatamente qualquer doença de transmissão sexual.

Não ter relações sexuais desprotegidas, isto é: usar o preservativo quando tiver

relações sexuais.

O risco de contrair HIV por contacto sexual pode ser reduzido se as pessoas:

o se abstiverem de relações sexuais,

o se adiarem o início de actividade sexual,

o se reduzirem o número de parceiros sexuais,

o se os parceiros não infectados tiverem relações

sexuais apenas entre si (fazer um teste de HIV, é a única

maneira certa de saber se uma pessoa é “negativa” ou

“positiva”), ou

o se as pessoas tiverem sexo seguro (i.e., uso

correcto e consistente de preservativos).

Como é que uma Mulher pode Proteger o seu Bebé do HIV

Fazer o teste de HIV logo que saiba que está grávida. De preferência, antes de

ficar grávida.

Se o teste de HIV for positivo, procurar aconselhamento médico, para evitar que o

vírus se transmita ao bebé durante a gravidez, no parto e após o nascimento,

através do aleitamento.

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Tópico M5-2: Gestão de um Viveiro

OBJECTIVO: Compreender como estabelecer e gerir

diferentes tipos de viveiros.

DURAÇÃO: 2 h e 20 min.

MATERIAIS: Papel gigante e marcadores, sementes,

instrumentos agrícolas.

PASSOS:

1. Preparação pelo facilitador

A sessão plenária deverá ser num local onde exista um viveiro. Caso não exista

localmente um viveiro, dever-se-á distribuir algumas fotos ou desenhos de viveiros

pelos jovens antes da discussão ou pedir a um deles que faça uma ilustração no

papel gigante.

2. 10 min) Plenário: chuva de ideias e discussão Como se faz um viveiro?

Porque é que se deve fazer um viveiro?

Quando é que é necessário usar um viveiro e quando se deverá semear

directamente num canteiro?

Recordando os aspectos relacionados com os cuidados a ter com um viveiro,

quais são as condições para o estabelecimento de um viveiro?

(Referir a Ficha de Apoio da pág. 5).

3. (2 horas) Prática na machamba de aprendizagem

(Veja a Ficha de Apoio na pág. 8)

Seleccione, juntamente com os jovens, um local adequado para o

estabelecimento de um viveiro.

Discuta o tipo de solo existente e a sua capacidade de retenção de água:

o Peça aos jovens para fazerem uma bola com o solo e que adicionem

água para que a bola mantenha a sua forma. Depois, deverão deixá-la

cair – se se quebrar imediatamente, isso indica que o solo é mais

permeável e que retém pouco a água (contendo mais areia). Se não se

quebrar, significa que o solo é permeável e que retém a água (com

mais conteúdo de argila).

o O local do viveiro é geralmente seco ou existe um bom acesso a água?

o As respostas a estas duas questões determinam o tipo de canteiro que

se deve estabelecer – (Veja a Ficha de Apoio na pág. 9, para os tipos

de canteiros).

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Tópico M5-2: Gestão de um Viveiro (pág.2)

Continuação da Discussão durante a Prática na Machamba de Aprendizagem

iii. Pergunte como se deve começar a construção dos canteiros e escreva na folha

gigante todas as actividades mencionadas na sequência certa.

iv. Peça aos grupos de jovens para construírem viveiros.

v. Discuta os diversos tipos de viveiro construídos pelos grupos.

vi. Indique ou faça uma demonstração de um viveiro-modelo.

vii. Discuta como é que as sementes serão plantadas. Demonstre como estas

deverão ser plantadas com areia.

viii. Discuta as formas de criar sombras e o que deve ser feito quando as sementes

germinarem e as plantas começarem a crescer.

ix. Discuta sobre formas de irrigação das sementes e das plantas.

x. Ainda na horta, faça um resumo da sessão (das principais conclusões e

recomendações).

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Ficha de Apoio para o Tópico M5-2

O que é um Viveiro? Porque se deve fazer Viveiros?

Muitas hortícolas são plantadas inicialmente numa pequena área, a que se chama viveiro

e transplantadas na zona definitiva depois de algumas semanas. Porquê?

Para permitir a prestação de cuidados especiais e protecção durante a germinação

e na primeira fase de crescimento da planta.

Colocando as sementes num pequeno espaço, os camponeses têm mais tempo

para preparar a terra e têm mais possibilidades de fazer a rega.

Quando Precisamos de Usar um Viveiro?

Em relação às culturas com sementes finas, é

necessário semeá-las em viveiro. Quando as

plantas estão prontas para o transplante é mais

fácil plantá-las com a densidade adequada.

Etapas para fazer um Viveiro 1. Identificar uma boa localização para o viveiro. Pensar num lugar onde:

Os solos recebem luz solar durante a maior parte do dia;

Há solos férteis com boa drenagem;

Há disponibilidade de água ou localiza-se perto de rios, lagoas, barragem, etc.;

O terreno é pouco acidentado, protegido do vento.

2. Fazer um Canteiro: (Dimensões = largura de 1 m) Nivelar o canteiro, tirar todas as

ervas daninhas, e adubá-lo (veja na próxima página).

3. Semear em linhas: Misturar as sementes com areia e cinza na altura da sementeira,

no caso de ser uma semente fina.

4. Pôr uma cobertura morta (ex.: capim, mas sem sementes!).

5. Se for necessário, fazer uma “cobertura” de bambu/ramas em cima do canteiro

(altura de 1 m) para maior protecção do sol, etc. (veja a ilustração acima).

6. Regar bem todos os dias – 2 vezes por dia.

7. Transplantar:

i. Tirar as plantas fortes (com raízes) depois de cerca de 20 dias, quando estas já

estiverem fortes (com 3-4 folhas, por ex.). Regar as plantas antes de as tirar para

facilitar este processo. Deixe ficar as raízes com terra para minimizar os danos.

Conserve as plantas à sombra para minimizar os danos resultantes de as mesmas

ficarem fora do solo (não deverá ser mais de 1 h).

ii. Usando os compassos apropriados, transplantar para o canteiro definitivo. Regar

bem.

Exemplo de um viveiro com cobertura de ramos ou

capim para protecção do sol nas primeiras semanas

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Ficha de Apoio para o Tópico M5-2 (pág.2)

Etapas Necessárias para Fazer Canteiros numa Horta

1. Através de um plano da machamba/horta, identifique uma boa localização para

canteiros.

2. Faça um plano para os diferentes canteiros, com culturas específicas. Tomar em

conta certos aspectos, como a rotação e a consociação.

3. Defina as dimensões de um canteiro: variável, dependente da cultura (e compasso),

mas a largura é normalmente de 1 a 1,2 m, com ½ m de espaço entre os canteiros.

4. Segue o resto do viveiro, mas com compassos certos, de acordo com a cultura.

Tipos de Canteiros

1. Se a região é tipicamente seca e/ou se o solo

e muito permeável, pode ser necessário

fazer canteiros que permitam reservar água

– com paredes que captam a água e a

mantêm por mais tempo (veja os 2 exemplos

acima mencionados na ilustração à direita).

2. Se o acesso a água não é uma limitação,

e/ou se o solo é tipicamente pesado e

impermeável, é melhor fazer canteiros

elevados para facilitar boas condições de

drenagem (como no exemplo da ilustração à

direita em baixo).

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Tópico M5-3: Protecção da Horta

OBJECTIVOS: 1. Conhecer as condições necessárias

para proteger as hortas.

2. Construir uma vedação.

DURAÇÃO: Parte 1: 2 h e 10 min.

Parte 2: 45 min + Construção da

vedação (duração depende do lugar e

do montante de apoio da

comunidade).

MATERIAIS: Papel gigante, marcadores; materiais para construir a vedação.

PASSOS:

Parte 1: Introdução

1. (10 min) Plenário: chuva de ideias

Porque temos de proteger uma horta?

Peça aos jovens para falarem de situações ocorridas ou que poderão ocorrer

por falta de protecção suficiente das hortas (use a Ficha de Apoio da pág.

13, para completar a lista).

2. (20 min) Trabalho em grupos: questões

Peça aos grupos para planearem medidas para melhorarem esta situação

(medidas contra a invasão de animais que comem as plantas, contra a seca,

contra as pragas, e contra o roubo. Poderão usar desenhos em vez de

escrita.)

3. (25 min) Plenário: apresentações e discussão

Peça a cada grupo para apresentar as sugestões e as razões pelas quais

optaram por essas medidas.

4. (60 min) Trabalho de pesquisa em grupo: Os jovens deverão andar pela

comunidade a observar diversos tipos de vedação e a fazer entrevistas a vários

camponeses e camponesas.

O que as pessoas na comunidade usam para vedação? Há outras maneiras de

vedar? (Desenhe os diferentes tipos, no bloco gigante).

Quais são as suas vantagens e desvantagens?

Que materiais podemos usar para vedar a nossa horta? Que animais

costumam invadir a horta e que tipo de materiais poderão vedar o seu

acesso. Que materiais podemos encontrar localmente?

Quais são as etapas para o trabalho prático de vedação?

5. (15 min) Resumo e planificação para a próxima sessão prática (construção da

vedação)

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Faça um resumo dos diferentes pontos da sessão.

Planifique a procura de material escolhido – se possível, peça aos jovens

para trazerem material de casa para a sessão seguinte.

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Tópico M5-3: Protecção da Horta (pág. 2)

Parte 2: Prática: Fazendo a Vedação

1. (Antes da sessão) Preparação pelo facilitador da procura de material

Se for necessário, o facilitador deverá organizar a procura de material para

fazer a vedação.

Tente envolver a comunidade ou a escola para ajudar nesta actividade.

2. (40 min) Plenário: apresentações dos resultados da pesquisa da 1ª sessão

Peça aos jovens para resumirem os diferentes tipos de vedação apresentados

na sessão anterior e descreverem as vantagens e desvantagens de cada tipo

de vedação.

Resuma os passos para o trabalho prático da vedação.

3. (5 min) Escolha grupos mistos e distribua responsabilidades Divida as diferentes responsabilidades entre os grupos (ex.: corte de estacas,

capim, etc.). Lembre-se de distribuir as mesmas tarefas para rapazes e

raparigas - tendo em conta, no entanto, as diferenças relacionadas com a

força, robustez, saúde dos jovens, etc.

4. (2 dias ou mais) Prática na machamba de aprendizagem

Desloque-se para a horta da JFFLS.

Inicie a construção da vedação.

5. Durante a prática, discuta outras medidas de protecção da horta

Veja a Ficha de Apoio, na página seguinte.

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Ficha de Apoio para o Tópico M5-3

Exemplos de Problemas em Hortas não Protegidas:

Os cabritos ou vacas entram na horta e comem tudo;

Os coelhos entram e comem as pequenas alfaces e o repolho;

Os ratos entram e comem as sementes de feijão;

Os passarinhos entram e comem as sementes de girassol;

A colheita foi roubada à noite;

As plantas morrem de seca ou de bichos.

Exemplos de Vedação Apropriada

Use materiais que sejam fáceis de encontrar e de manter/substituir localmente.

Três exemplos de vedação e respectivas vantagens e desvantagens:

1. Plantas/arbustos vivos

Leva tempo para fechar bem - Escolher plantas

que cresçam/fechem rapidamente.

Boa protecção contra animais, se bem feito -

Escolher plantas que piquem e que não sejam

saborosas para os animais: (ex.: muhedj,

baramombe, cactos, sisal, jatropha, etc.).

Dá sombra – mas tem de se podar para não

crescer demasiado e impedir o bom crescimento

das culturas.

Barato, se se usar plantas locais.

Usos múltiplos - Escolher plantas que tenham

diversos usos (ex.: cacto dá frutas ou cacto

forrageiro para animais, sisal dá material para fazer corda, baramombe, dá folhas que

se usam como pesticida natural...).

2. Materiais locais como estacas, capim, etc.

o Barato, se disponível localmente.

o Boa protecção contra animais, se bem

feita e com manutenção.

o Precisa de renovação.

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Ficha de Apoio para o Tópico M5-3 (pág.2)

Continuação, Exemplos de Vedações

3. Materiais como rede, arame farpado, etc.

Material permanente.

Material caro e, na maior parte dos casos, não

disponível localmente.

Sensibilização da Comunidade para Assegurar a

Protecção da Horta/Viveiro

1. Para que a protecção da horta seja eficaz, é essencial sensibilizar os líderes

comunitários e o Director da Escola Primária sobre o projecto. Se os líderes locais e,

sobretudo os chefes tradicionais, estiverem conscientes da importância do projecto, a

protecção da machamba/horta será um sucesso. Problemas, como roubos e invasão de

animais, serão mais facilmente evitados.

2. Se tiver problemas de segurança da machamba/horta da JFFLS, solicite uma reunião

com os líderes comunitários (chefes tradicionais e do governo local) para os

sensibilizar, mais uma vez, sobre o projecto e para lhes relembrar os problemas de

segurança.

3. Para além da vedação, há medidas legais (ex.: multas para os donos de animais que

causam danos) que podem ser aplicadas para resolver os danos causados por animais,

através da intervenção de autoridades locais e judiciais.

4.

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Tópico M5-4: Ciclo de Tomada de Decisões: Analisando

OBJECTIVO: Compreender o que é a análise, dentro do

ciclo tomada de decisões.

DURAÇÃO: 40 min.

MATERIAIS: Nenhum.

PASSOS:

1. (10 min) Plenário: introdução pelo facilitador

Explicar que este é o terceiro passo do ciclo de tomada de decisões. No mês

anterior, falámos da fase da vivência/experiência, após a qual os jovens fizeram

uma análise e comparação dos resultados dessas experiências para tomarem

decisões.

No fim da 1ª Parte do Tópico M5-2, os jovens seguiram um processo de análise

das vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de vedação, com base na

experiência local, depois da consulta a outras pessoas da comunidade. Este

exercício permite que os jovens exercitem, mais uma vez, a fase mais

importante da tomada de decisões.

2. (30 min) Plenário: chuva de ideias

Pensando nas actividades mencionadas, como é que analisaram?

Porque é importante fazer análise?

Podem pensar em outros exemplos de quando temos de analisar.

(Veja Ficha de Apoio, na pág. 16).

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16

Ficha de Apoio para o Tópico M5-4

Porque é Importante Analisar?

Para estudar prós e contras, consequências, vantagens e desvantagens de diferentes

actividades, acontecimentos, situações, etc. Para clarificar os resultados que gostaríamos

de ter quando estudamos diversos aspectos sistematicamente e para ter uma boa base para

tomar decisões e fazer recomendações.

A análise faz-se pela comparação e confrontação de resultados, para verificar o que deu

melhores e priores resultados, de acordo com os interesses e as necessidades.

Nas JFFLS:

O processo de análise acontece a todo o momento quando estamos a trabalhar na

machamba. Cada vez que observamos algo, começamos a analisar como agir.

Especificamente, estamos a analisar quando verificamos os resultados obtidos do estudo

ou experiências realizadas na machamba de aprendizagem, usando a metodologia AESA.

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17

Tópico M5-5: Direitos da Criança (em 3 partes)

OBJECTIVO: 1. Compreender os direitos básicos

das crianças.

2. Relacionar esses direitos com as suas

experiências de vida.

DURAÇÃO: Parte 1: 1 h 55 min

Parte 2: 2 h 10 min

Parte 3: 2 h 20 min

MATERIAIS: Papel gigante e marcadores.

PASSOS:

Parte 1: A CDC e os Direitos Básicos 1. (30 min) Em grupos: introdução

Dividir os alunos em grupos.

Estimular os jovens a contar uma história de uma criança (sem mencionar

nomes) cujos direitos não são respeitados e que sofre de abusos.

2. (15 min) Plenário: chuva de ideias Como é que era a situação dessa criança?

A criança está contente com a sua situação? Porque não?

Sabem o que significam os “Direitos” das pessoas? (Todo o ser humano tem

direitos. Isto significa que todas as pessoas, independentemente da raça, idade,

género ou religião, devem ser tratadas com dignidade e terem seus direitos

garantidos).

3. (20 min) Plenário: introdução aos direitos da criança Explique aos jovens que, em Moçambique (e na maioria dos outros países do

mundo) as crianças têm direitos protegidos pela Lei. Faz parte de um acordo

internacional assinado por Moçambique, em 1999, que se chama: A

Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC).

Copie a tabela na 1ª Ficha de Apoio, na pág. 18 no papel gigante,

introduzindo os “4 direitos básicos” da Convenção. Dê exemplos para facilitar

a sua compreensão (mostre aos jovens as ilustrações nas págs. 19-21, à

medida que explicar cada um dos direitos).

4. (30 min) Trabalho em grupos:

Peça aos jovens para explicarem, numa linguagem simples, cada um dos

direitos, e para fazerem uma ilustração que represente cada um deles.

Peça-lhes para darem exemplos de violação desses direitos, na comunidade

(sem mencionar nomes).

5. (20 min) Apresentação dos trabalhos em grupo

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18

1ª Ficha de Apoio para o Tópico M5-5 (Parte 1): CDC (pág.1)

O que é a Convenção dos Direitos da Criança?

Sumário dos Direitos da Criança seguindo a CDC

DIREITOS DA CRIANÇA DESCRIÇÃO Direitos básicos (à Sobrevivência) Alimentação, abrigo, saúde, bom ambiente, amor, etc. Direitos de Desenvolvimento

Educação; tempo de laser, brincar, trabalho não prejudicial, amizade, etc.

Direitos de Protecção

Justiça, identidade, nacionalidade, protecção contra a violência e a exploração.

Direitos de Participação

Liberdade de expressão, possibilidades de escolha,

oportunidade de ser ouvido, participação em decisões, etc.

Exemplos de Direitos da Criança

A Convenção dos Direitos da Criança aplica-se a todos os seres humanos menores

(raparigas e rapazes sem excepção) até aos 18 anos:

Artigo 19: A criança tem o direito de ser bem tratada e respeitada (protecção contra a

violência, abuso e abandono). O Governo tem de tomar medidas legislativas para

proteger a criança contra todas as formas de violência física ou mental, dano,

abuso, abandono ou tratamento negligente, enquanto estiver sob cuidados dos

pais, ou de qualquer outra pessoa que a tenha a seu cargo.

Artigo 20: A criança tem o direito de receber apoio e protecção de outros adultos, se os seus

pais morrerem. O Governo tem a responsabilidade de cuidar dos órfãos e de

encontrar uma família que possa receber a criança ou de a colocar num local

seguro, onde ela possa viver com dignidade.

Artigo 26: 1. Nenhuma criança será sujeita à interferência arbitrária ou ilegal da sua

privacidade, família, casa, ou correspondência, nem a ataques ilegais à sua honra

e reputação.

2. A criança tem direito à protecção da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo 28: Todas as crianças têm direito à educação.

Artigo 31: Todas as crianças têm direito a descansar, a ter tempos livres e a brincar.

Artigo 32: As crianças têm direito à protecção contra o trabalho perigoso, que interfere na

sua educação, a sua saúde ou desenvolvimento; têm de ter regulamentos

apropriados sobre as horas e condições de trabalho.

A Convenção dos Direitos da Criança é um tratado (acordo) internacional sobre direitos humanos que

foi adoptado por consenso pela Assembleia-geral das Nações Unidas, e que visa promover uma protecção

especial para as crianças de todos os países do mundo. A ideia de criar uma legislação para a protecção

dos direitos da criança surgiu em 1923, devido às experiências negativas das crianças na primeira Guerra

Mundial.

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19

1ª Ficha de Apoio para o Tópico M5-5 (Parte 1, pág. 2)

Artigo 19

Artigo 20

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20

1ª Ficha de Apoio para o Tópico M5-5 (Parte 1, pág. 3)

Artigo 31

Artigo 32

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21

1ª Ficha de Apoio para o Tópico M5-5:

A CDC e os Direitos da Criança (Parte 1, pág. 4)

Artigo 28

Artigo 26

Artigo 26

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Tópico M5-5 (Parte 2): A CDC e Desigualdade de Género

OBJECTIVO: Compreender que os direitos são

iguais para rapazes e raparigas.

DURAÇÃO: 2 h 10 min (se os jovens tiverem de

elaborar outros relógios diários).

40 min (se os relógios já tiverem

elaborados).

MATERIAIS: Relógios de actividades diárias

elaborados no Módulo 2 (1a Ficha de

Apoio, do Tópico M2-1), folhas

gigantes e marcadores.

PASSOS:

1. Preparação, antes da sessão

Coloque os relógios de actividades diárias elaborados no Módulo 2 em local

visível para todos (se já não existirem, divida os jovens em grupos e peça-lhes

que façam o exercício, descrito nesse módulo – leva 1 hora e meia).

2. (10 min) Plenário: chuva de ideias Peça aos jovens para relembrarem as principais desigualdades de género

relativamente a: horas de descanso, carga de trabalho, tempo para estudar

e brincar, etc.

3. (30 min) Discussão

Comece por levá-los a identificarem actividades apresentadas no exercício

do relógio de actividades diárias que representam direitos de qualquer

criança, independentemente do sexo, idade, condição social e outras

condições; acrescente os que não forem mencionados.

Pergunte se, na comunidade, os direitos das crianças são respeitados de

forma igual para rapazes e raparigas e para todas as crianças. Crie um

debate em torno das razões que levam às diferenças de tratamento das

crianças.

Discuta o que se pode fazer para que a comunidade esteja sensibilizada

sobre a importância de garantir os mesmos direitos a todas as crianças de

ambos os sexos, de forma equilibrada, e peça para que proponham o que

pode ser feito para que as desigualdades diminuam gradualmente.

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Tópico M5-5 (Parte 3): Proteger os Direitos da Criança

OBJECTIVO: 1. Aprender formas de se proteger das violações dos Direitos da

Criança.

2. Conhecer as instituições responsáveis pela protecção da criança.

3. Divulgar os direitos da criança na comunidade.

DURAÇÃO: 2 h 20 min.

PASSOS:

1. (20 min) Plenário: chuva de ideias e discussão O que podemos fazer na nossa comunidade para melhorarmos a protecção dos

direitos das crianças?

Que autoridades oficiais nos podem apoiar?

Faça, com os jovens, um mapeamento das instituições locais responsáveis pela

protecção da criança. (veja a 2ª Ficha de Apoio, na pág. 24).

2. (2 horas) Conclusão: poema/ canção e teatro sobre os direitos da criança (Pode escolher uma das actividades abaixo mencionadas para concluir o módulo

e fazer outras ao longo do mês).

(5 min) Peça aos jovens para fazerem um poema/canção sobre os direitos da

criança discutidos na aula e para os apresentarem na aula seguinte.

(2 h) Elaboração e Práticas: Peça aos jovens para pensarem numa história,

sobre o abuso de alguns direitos da criança. Ajude-os a prepararem uma peça

de teatro a ilustrar a história para divulgação desses direitos à comunidade.

Inclua a perspectiva de Género (reveja a Parte 2 deste tópico).

Nota para facilitadores: No fim deste módulo, há um guião para o apoiar na

identificação de sinais de abuso de jovens e dos procedimentos a seguir nesses casos.

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24

2ª Ficha de Apoio para o Tópico M5-5 (Parte 3): Proteger os Direitos da

Criança

Algumas das Instituições do Estado e da Comunidade com Responsabilidade

pela Protecção dos Direitos das Crianças:

Ministério da Mulher e da Acção Social (políticas da criança);

Ministério da Saúde (saúde materno infantil, pediatria e saúde reprodutiva);

Ministério da Educação (Escolas);

Ministério do Interior (Polícia);

Ministério da Juventude e Desportos (saúde reprodutiva e lazer);

Ministério da Justiça (Tribunais);

Assembleia da República (aprovação de leis que defendem a criança).

A nível local:

o Serviços Distritais da Mulher e Acção Social;

o Comando Distrital da Polícia (nas cidades existe, na 1ª esquadra, o

Gabinete de atendimento à Mulher e Criança Vítima de Violência

Doméstica);

o Associações de defesa dos direitos humanos, tal como a Liga dos Direitos

Humanos;

o Líderes Comunitários;

o Comités Comunitários.

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Protecção das Crianças Vulneráveis: Guião para Facilitadores

Procedimentos a ter com Crianças/ Jovens que não Colaboram ou com

Comportamentos Difíceis

1. Deve criar-se uma relação de confiança com ela.

2. Deve tomar-se o tempo suficiente para que ela comece a falar.

3. Deve tomar-se em consideração que a criança está num período crítico de

desenvolvimento, a “Adolescência”.

4. Deve ser-se muito paciente com a criança e ouvi-la sem a julgar.

5. Deve ser-se calmo e não agressivo.

6. Deve procurar-se criar um ambiente de convivência entre a criança e a sua família.

7. Deve conversar-se com a criança em ambiente calmo e privado.

8. Deve iniciar-se a conversa perguntando quais as coisas que ela mais gosta de fazer.

9. Deve usar-se várias abordagens para incentivar a comunicação com as crianças (p.

ex., desenhando, brincando, fazendo teatro ou contando histórias).

10. Se ela não quiser falar, dê-lhe tempo dizendo, por exemplo, “levo em consideração o

que me disseste. Estarei aqui se precisares de ajuda no futuro”.

11. Mostrar disponibilidade para ouvi-la.

12. Manter um contacto visual aceitável.

13. Acreditar no que a criança diz. Deixá-la falar abertamente.

14. Mantenha uma atitude positiva: Dizer “não” a uma criança ensina-a a não se abrir.

Comece respondendo positivamente, dizendo, por exemplo, “Sim” ou “Ok, boa

ideia”.

15. Seja um modelo de comportamento. Se as crianças o(a) vêem agir de forma contrária

aos princípios e comportamento que transmite nas sessões, elas não vão mais ouvi-

lo(a). Seja vigilante!

Porém, deve evitar as seguintes reacções depois de a criança revelar assuntos

privados e sensíveis:

Reagir com exagero e parecer chocado.

Pressioná-la para saber mais detalhes.

Fazer perguntas acusadoras do género “Porquê?”

Julgá-la negativamente, repreendê-la pelo que fez.

Pode haver crianças com sérias dificuldades em falar. Nestes casos, alguns sinais podem

ser-nos úteis na detecção de algum problema referente ao abuso de crianças. Cuidado

com a interpretação desta lista. São apenas sinais – É necessário investigar a

situação bem antes de tirar conclusões.

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Protecção das Crianças Vulneráveis: Guião para Facilitadores (pág. 2)

1. ABUSO SEXUAL

Indicadores físicos da

criança/adolescente

Comportamento da

criança/adolescente

Características da família

Dificuldades de andar. Dor ou inchaço nas áreas genital ou

anal. Lesão ou Sangramento. Infecções urinárias. Secreções vaginais ou penianas. DTS. Irregularidades menstruais.

Vergonha excessiva. Comportamento sexual inadequado para

a sua idade. Tendências suicidas. Fugas constantes de casa. Alega ter sido abusada.

Muito possessiva com a criança, negando-lhe

contactos sociais normais. Acusa a criança de promiscuidade* ou sedução sexual. O agressor pode ter sofrido esse abuso na sua infância. Acredita que a criança tem actividade sexual fora de

casa. Crê que o contacto sexual é forma de amor familiar. Conta histórias alegando outro agressor para defender

o membro da família.

* Namorar com várias pessoas

2. ABUSO FÍSICO

Indicadores físicos da

criança/adolescente

Comportamento da criança/adolescente Características da família

Presença de lesões físicas

como queimaduras, feridas,

fracturas que não se adequam à

causa alegada. Ocultamento das lesões

anteriores e não explicadas.

Muito agressiva ou apática. Extremamente hiperactiva ou depressiva. Assustadiça ou temerosa. Tendências auto-destrutivas. Teme os pais. Alega sofrer agressão dos pais. Alega causas pouco viáveis para as suas

lesões. Baixa auto-estima. Foge constantemente de casa. Tem problemas de aprendizagem.

Oculta as lesões da criança ou justifica-as de forma

não convincente ou contraditória. Descreve a criança como má e desobediente. Defende disciplina severa. Abusa de álcool e/ou drogas. Tem expectativas irreais da criança. Tem antecedentes de maus-tratos na família.

Protecção das Crianças Vulneráveis: Guião para Facilitadores (pág. 3)

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3. ABUSO PSICOLÓGICO

Indicadores físicos na

criança/adolescente

Comportamento da criança/adolescente Características da família

Problema na fala. Comportamento infantil: urina na

roupa ou na cama. Chupa o dedo.

Problemas de aprendizagem. Comportamentos extremos de

agressividade ou de timidez. Insónias. Baixa auto-estima. Depressão. Apatia. Tendência suicida.

Tem expectativas irreais sobre a criança. Rejeita. Aterroriza. Ignora. Isola. Exige demasiado, corrompe. Descreva a criança como muito má, diferente das

outras.

4. NEGLIGÊNCIA

Indicadores físicos na

criança/adolescente

Comportamento da criança/adolescente Características da família

Padrão de crescimento deficiente. Apresenta vestimenta inadequada

ao clima. Problemas físicos ou necessidades

não atendidas. Fadiga constante e pouca atenção.

Comportamentos extremos: híper ou hipo

actividade. Assume responsabilidades de um adulto. Comportamentos infantis ou depressivos. Contínuas ausências ou atrasos à aula e

consultas médicas.

Apatia e passividade. Parece não preocupar-se com a situação da criança. Não procura resolver as necessidades de atenção da

criança. Baixa auto-estima. Abuso de álcool e/ou drogas. Apresenta severo desleixo com higiene e aparência

pessoal.

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Protecção das Crianças Vulneráveis:

Guião para Facilitadores (pág. 4)

O que Fazer Caso sejam Detectados estes Sinais?

Deve aproximar-se da criança para confirmar a suspeita ou aproximar-se de alguém da

família ou comunidade.

Uma vez confirmado o abuso e chegando à conclusão de que o caso está fora do nosso

domínio, deve dirigir-se à esquadra mais próxima para que esta dê o devido

encaminhamento.

Antes de levar o caso à esquadra, deve conversar com a criança sobre os passos que se

vão dar daí em diante para que ela tome conhecimento e para que possa dar a sua opinião

sobre os procedimentos.

É também necessário que a família tome conhecimento do encaminhamento que se

pretende dar ao caso.

Factores de Risco para a Vitimização da Criança

Sexo feminino.

Crianças não acompanhadas.

Pobreza.

História passada de abuso.

Crianças física ou mentalmente debilitadas.

Vulnerabilidade psicológica.

Lares com único parente.

Isolamento social.

Pais dependentes de álcool ou drogas.

Crianças órfãs, crianças adoptadas ou enteadas.

Rapazes/Homens como Vítimas de Violência Sexual

Geralmente os homens são vítimas de violação sexual da seguinte forma:

Penetração anal.

Masturbação forçada pelo violador.

Penetração oral.

A violação sexual contra homens geralmente não é reportada, por causa da relutância do

homem em reportar à polícia. Pode ser resultado do extremo embaraço experimentado

durante a violação sexual.

De um modo geral, os homens têm os mesmos sintomas físicos e psicológicos que as

mulheres:

Medo.

Depressão.

Ideias suicidas.

Raiva.

Problemas sexuais ou no relacionamento.

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Protecção das Crianças Vulneráveis:

Guião para Facilitadores (pág. 5)

A Dinâmica da Revelação Na maioria dos casos, as crianças não revelam o abuso imediatamente após o evento. A

relutância em revelar o abuso tende a fixar-se no:

- Medo do violador, que a/o pode ter amedrontado dizendo “se contas a alguém

mato-te/mato a tua mãe”.

- Sentir que ninguém acreditará na revelação.

- Medo do castigo dos pais.

- Serem muito novas para perceber o que está a acontecer.

- Pensar que o abuso foi culpa dele.

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Resumo e Avaliação do Módulo

(30 min) Plenário: resumo

No fim do módulo, faça um resumo com os jovens, para avaliar o seu nível de

compreensão. Escolha diversos assuntos, e discuta-os. Por exemplo:

1. Nomeie 3 Direitos da Criança. O que um jovem pode fazer se tem problemas de falta

de protecção?

2. Como podemos proteger-nos do HIV e SIDA?

3. O que podemos fazer para proteger as nossas culturas contra a invasão de cabritos e

de outros animais?

4. Nomeie 3 diferentes tipos de materiais para fazer uma vedação.

5. Porque é bom fazer um viveiro? Nomeie 5 exemplos de plantas que precisam de ser

semeadas num viveiro.

6. Explique o processo de transplante de culturas. Como temos de cuidar das plantas?

Depois da discussão, faça um exercício simples para concluir o módulo.

(15 min) Exercício de Conclusão do Módulo

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Lista de Referências

Este módulo foi compilado por: Mundie Salm, Consultora da JFFLS

Tradução e revisão: Leonor Quinto, Consultora de Género e Formadora JFFLS

Ilustrações: Hélder Moisés João Macamero

Os textos foram baseados e adaptados de diferentes fontes:

Tópico M5-1: Exercícios de Protecção e Confiança Parte 1: exercícios compilados por Mundie Salm, baseados nos exercícios dados durante o

treinamento de Comicoterapia (Chimoio, Abril 2006). Parte 2: exercícios compilados por Paolo Israel, Consultor de FAO Roma. Primeiro jogo de Ross

Kidd and Sue Clay (2003) Understanding and Challenging HIV Stigma: A Toolkit for Action. The

CHANGE project, Washington DC: Academy for Educational Development (pág. 35).

http://www.changeproject.org/technical/hivaids/stigma/StigmaToolkit.pdf

Ficha de Apoio: Baseada nos manuais: Aprender a Viver Melhor! Machambas Escolares, FAO, Draft,

2005: págs. 59-60; e Meu Futuro é Minha Escolha, UNICEF e GOM, Anexos 11, 15; e Facilitators’

Reference Guide (JFFLS Swaziland, Mbabane: Lima-Proprietary- Limited, 2007), adaptado por

Mundie Salm.

Tópico M5-2: Gestão de um Viveiro Escrito por Jaap van de Pol, Consultor da FFS; baseado nas ideias levadas pelos facilitadores JFFLS

durante o treinamento JFFLS, Março, 2006 (adaptado por Mundie Salm).

Ficha de Apoio: Escrita por Rogério Mavanga, Coordenador de JFFLS, FAO Moçambique; e

Jaap van de Pol, Consultor de FFS (adaptada por Mundie Salm).

Tópico M5-3: Protecção da Horta Escrito por Mundie Salm (incluindo a Ficha de Apoio).

Tópico M5-4: Ciclo de Tomada de Decisões: Analisando Escrito por Mundie Salm e Leonor Quinto, Consultora de Género.

Tópico M5-5: Direitos da Criança Parte 1: A CDC e os Direitos Básicos Escrito por Mundie Salm e Leonor Quinto, Consultora de Género.

Ficha de Apoio: baseada na Apresentação sobre a Protecção de Crianças de Salomé Cabo, Save

the Children Norway, durante o treinamento JFFLS, Chimoio, Março, 2006 (adaptado por Mundie

Salm).

Parte 2: A CDC e Desigualdade de Género Escrito por Leonor Quinto, Consultora de Género.

Protecção de COVs: Guião para Facilitadores JFFLS Da Apresentação sobre a Protecção de Crianças de Salomé Cabo, Save the Children Norway, durante

o treinamento JFFLS, Chimoio, Março, 2006.

Exercício de Avaliação: A “Roda de Avaliação”: de International HIV/AIDS Alliance, Tools

Together Now! (Brighton, United Kingdom, 2006), págs. 162-163.

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