mcdonalds batata frita

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Estado de Mato Grosso PODER JUDICIÁRIO Comarca de Cuiabá – MT Juizado Especial Cível – Planalto “Mas o SENHOR está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra”. (Habacuque 2:20) Yale Sabo Mendes - Juiz de Direito e-mail: [email protected] 1 RECLAMAÇÃO CÍVEL Proc. nº 608-3/07 Reclamante: JULIANA PAULA ZEFIRO. Reclamado: MCDONALD'S COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA. VISTOS ETC... Deixo de apresentar o relatório, com fulcro no artigo 38, in fine da Lei 9.099 de 26/09/1995. DECIDO. Trata-se de Reclamação, interposta pelo Reclamante, JULIANA PAULA ZÉFIRO, contra ato ilícito da MCDONALD'S COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA, alegando em síntese que a Reclamante é freqüentadora assídua da empresa reclamada, e certa feita por volta das 19h45min, em companhia de uma amiga se dirigiu a lanchonete reclamada e pediu 02 (dois) lanches, entre outras coisas encontrava-se 02 (dois) pacotes de batata frita. Ao começar degustar o lanche encontrou um corpo estranho dentro do saco da batata frita, aonde se constatou que tratava de uma formiga grudada num filete de batata frita.

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  • Estado de Mato Grosso PODER JUDICIRIO

    Comarca de Cuiab MT Juizado Especial Cvel Planalto

    Mas o SENHOR est no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra. (Habacuque 2:20) Yale Sabo Mendes - Juiz de Direito e-mail: [email protected]

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    RECLAMAO CVEL

    Proc. n 608-3/07

    Reclamante: JULIANA PAULA ZEFIRO. Reclamado: MCDONALD'S COMRCIO DE ALIMENTOS LTDA.

    VISTOS ETC...

    Deixo de apresentar o relatrio, com fulcro no artigo 38, in fine da Lei 9.099 de 26/09/1995.

    DECIDO.

    Trata-se de Reclamao, interposta pelo Reclamante, JULIANA PAULA ZFIRO, contra ato ilcito da MCDONALD'S COMRCIO DE ALIMENTOS LTDA, alegando em sntese que a Reclamante freqentadora assdua da empresa reclamada, e certa feita por volta das 19h45min, em companhia de uma amiga se dirigiu a lanchonete reclamada e pediu 02 (dois) lanches, entre outras coisas encontrava-se 02 (dois) pacotes de batata frita. Ao comear degustar o lanche encontrou um corpo estranho dentro do saco da batata frita, aonde se constatou que tratava de uma formiga grudada num filete de batata frita.

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    Aps o ocorrido, procurou o gerente daquela lanchonete e informou o ocorrido. Ao final pede a procedncia do pedido com a condenao da Reclamada, pelos danos morais sofridos.

    A parte Reclamada na sua pea contestatria

    (evento n. 20), argiu a preliminar a incompetncia deste Juzo em relao a matria, sob a alegao de que tal lide necessita da realizao de prova pericial e tal necessidade se torna incompatvel com o rito da Lei n. 9.099/95. Entretanto, tal preliminar no merece ser acolhida, pois a matria refere-se ao dano moral do caso em si, pois incontroverso que havia um objeto estranho dentro do suporte de batata fritas, que estava sendo consumido pela Reclamante, portanto tambm rejeito esta preliminar.

    No mrito alegou em sntese, que no existe a

    menor possibilidade de haver qualquer tipo de corpo estranho nos lanches da empresa reclamada, dessa forma, no h de se falar em qualquer tipo de indenizao, portanto, pede a improcedncia da presente ao.

    Inexistindo mais preliminares a serem

    suscitadas, passaremos anlise do mrito da causa. A inteligncia do art. 6 da Lei n. 9.099/95 nos

    mostra que: O Juiz adotar em cada caso a deciso que reputar mais justa e equnime atendendo os fins sociais da Lei e as exigncias do bem comum. Isso demonstra que o Juzo, poder valer-se da interpretao teleolgica com mais liberdade como forma de buscar a soluo mais justa para o caso, permitindo uma discricionariedade, amparada na Lei. (destaquei e negritei).

    O Magistrado ao decidir, deve apreciar as

    provas, subministradas pelo que ordinariamente acontece, nos termos dos do disposto no art. 335, do Cdigo de Processo Civil Brasileiro. O entendimento jurisprudencial neste sentido:

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    O Juiz no pode desprezar as regras de experincia comum ao proferir a sentena. Vale dizer, o juiz deve valorizar e apreciar as provas dos autos, mas ao faz-lo pode e deve servir-se da sua experincia e do que comumente acontece. (JTA 121/391 apud, Cdigo de Processo Civil Theotnio Negro, notas ao artigo 335). (negritei). O Superior Tribunal de Justia assevera ainda

    que: entendimento assente de nossa jurisprudncia que o rgo judicial, para expressar a sua convico, no precisa aduzir comentrios sobre todos os argumentos levantados pelas partes. Sua fundamentao pode ser sucinta, pronunciando-se acerca do motivo que, por si s, achou suficiente para a composio do litgio. (STJ - 1 Turma - AI 169.079- SP - Ag.Rg, - Rel. Min. Jos Delgado - DJU 17.08.1998). (destaquei e negritei).

    Entendo que, o Poder Judicirio junto com os

    demais poderes, so o sustentculo necessrio para o convvio em sociedade, assim sendo, somente com decises firmes e coercitivas se fortalece e gera seus efeitos, a razo de sua prpria existncia. Para tanto, medidas legais so previstas e devem ser utilizadas com seriedade e eficincia. Que no seja desproporcional e injusta, mas que seja o suficiente para ser intimidativa e preventiva, para que outros atos de injustia no sejam realizados.

    Como se viu nestes autos, o caso se refere a

    Indenizao por danos morais formulados pela Reclamante, visando ver-se compensado dano moral causado pela empresa Reclamada, quando adquiriu lanche contendo um objeto estranho dentro (formiga) grudado na batata frita, alega ainda que tal situao, criou para si um grande constrangimento de natureza moral.

    A Reclamada, por sua vez, no mrito asseverou

    que no vislumbra nenhuma atitude ilegal da sua parte e dessa forma no teria praticado qualquer ilcito capaz de ensejar a sua responsabilidade

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    pelo suposto dano causado ao autor, portanto inexiste dano a ser indenizvel.

    Numa ao de cunho indenizatrio, alm da ao

    ou omisso, h que se apurar se houve ou no dolo ou culpa do agente no evento danoso, bem como se houve relao de causalidade entre o ato do agente e o prejuzo sofrido pela vtima.

    Concorrendo tais requisitos, surge o dever de

    indenizar. Prelecionam os artigos 186 e 927 do Cdigo Civil: Art. 186. Aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia ou impercia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilcito. (negritei). Art. 927. Aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo. (negritei). O Prof. SILVIO RODRIGUES, um dos maiores

    expoentes do direito civil ptrio, nos ensina que os pressupostos dessa responsabilidade so: (a) ao ou omisso do agente, b) relao de causalidade; c) existncia do dano e d) dolo ou culpa do agente. (destaquei).

    A Culpa representao abstrata, ideal,

    subjetiva. a determinao jurdico-psicolgica do agente. Psicolgica, porque se passa no seu foro ntimo. Jurdica, em virtude de ser, muitas vezes, a lei quem estabelece a censurabilidade da determinao, mesmo que o agente no esteja pensando sequer em causar danos ou prejuzo, como ocorre nas hipteses tpicas de culpa stricto sensu. (grifei e negritei).

    Para que essa responsabilidade emerja continua

    o mestre, necessrio se faz (...) que haja uma ao ou omisso da

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    parte do agente, que a mesma seja causa do prejuzo experimentado pela vtima; que haja ocorrido efetivamente um prejuzo; e que o agente tenha agido com dolo ou culpa. Inocorrendo um desses pressupostos no aparece, em regra geral, o dever de indenizar. (in "Direito Civil", Ed. Saraiva, v. 1, p. 30). (negritei e destaquei).

    A inteligncia do art. 6, inc. VIII do Cdigo de

    Defesa do Consumidor, que norma de ordem pblica, nos mostra que so direitos bsicos do consumidor, entre outras coisas, a inverso do nus da prova a seu favor, no processo civil, quando a critrio do Juiz for verossmil a alegao ou quando for hipossuficiente, que o presente caso. (destaquei e negritei).

    Temos por regra, que a responsabilidade pelas

    vendas e ou fornecimento de servios para os clientes da empresa disponibiliza os seus produtos e isso no d direito aos mesmos de violarem normas de ordem pblica, como o caso do CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - (art. 42 caput).

    Analisando as provas coligidas ao processo

    pelas partes litigantes, tenho comigo data vnia, que assiste razo a parte autora.

    Verifica-se, na hiptese vertente, tpico

    acidente de consumo pelo fato do produto, cuja tutela tem sede na legislao consumerista. O produto consumido parcialmente pelo autor apresentou-se, de forma inconteste, defeituoso, uma vez que no ofereceu a segurana que dele legitimamente se esperava. Na dico do Eminente Des. Gacho Paulo de Tarso Vieira Sanseverino os produtos e servios defeituosos apresentam aptido para causar danos sade e ao patrimnio do consumidor, violando sua expectativa legtima de adquirir produtos seguros. (grifei, destaquei e negritei).

    A mais nova e moderna doutrina aponta o dever

    de qualidade nas relaes de consumo como um dos grandes nortes institudos pelo Cdigo de Defesa do Consumidor. Tal dever de qualidade

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    encontra-se visceralmente ligado necessidade de se conferir segurana aos consumidores, notadamente em prticas relacionadas ao consumo de alimentos, como o caso dos autos.

    Sobre o tema, vale transcrever o magistrio

    constante na obra conjunta dos doutrinadores Antnio Hermen V. Benjamin e Cludia Lima Marques:

    Realmente, a responsabilidade do fornecedor em seus aspectos contratuais e extracontratuais, presentes nas normas do CDC (art. 12 a 27), est objetivada, isto , concentrada no produto ou no servio prestado, concentrada na existncia de um defeito (falha na segurana) ou na existncia de um vcio (falha na adequao, na prestabilidade). Observando a evoluo do direito comparado, h toda uma evidncia de que o legislador brasileiro inspirou-se na idia de garantia implcita do sistema da commom law (implied warranty). Assim, os produtos ou servios prestados trariam em si uma garantia de adequao para o seu uso, e, at mesmo, uma garantia referente segurana que deles se espera. H efetivamente um novo dever de qualidade institudo pelo CDC, um novo dever anexo atividade dos fornecedores. (...). Contratos no Cdigo de Defesa do Consumidor: o novo regime das relaes contratuais. 4 ed. So Paulo: RT, 2002, p. 222. (destaquei e negritei). Ao tratar-se da segurana nas relaes de

    consumo, no se pode perder de vista os riscos inerentes sociedade de massa, os quais, sabe-se, so impossveis de eliminar, cumprindo ao Poder Judicirio o difcil papel de control-los. Como bem salientou o doutrinador acima aludido, o objetivo da teoria da qualidade na vertente de proteo incolumidade fsico-psquica do consumidor no reduzir todos os riscos associados com produtos ao patamar zero, j que o custo seria muito maior do que aquele que os indivduos e a sociedade podem

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    arcar. O que se pretende que todos os esforos sejam encetados no sentido de assegurar que os riscos mantenham-se no limite do razovel. (destaquei e negritei).

    Considerando-se a aplicao da legislao

    especial ao caso em tela, impe-se a responsabilizao do fornecedor na forma objetiva, o que significa a dispensa da prova de culpa para restar evidenciado o dever de indenizar, bastando a existncia do dano e do nexo de causalidade.

    O sentimento de repugnncia e o nojo

    experimentado pela demandante, ao deparar com um inseto (formiga) quando degustava um pacote de batata frita, conforme fotografias nos autos, certamente geraram os danos morais alegados, ressaltando-se, ainda, a violao ao princpio da confiana, outro norte axiolgico a ser perseguido nas relaes de consumo.

    Ademais, o evento danoso foi alvo de registro

    da ocorrncia junto prpria empresa Reclamada, que nada fez para minimizar a dor moral sofrida pela autora, o que indica a veracidade das alegaes esposadas na inicial e demonstra dessa forma, a indignao da autora com o ocorrido.

    No h falar da prova do dano moral no caso em

    comento, uma vez que este no se comprova atravs dos mesmos meios utilizados para verificao do dano material. Basta, para tanto, apenas a prova da existncia do ato ilcito. O dano moral existe in re ipsa. Provada a ofensa, ipso facto est demonstrado o dano moral.

    Nesse sentido, vale referir parte do voto do

    Des. Nereu Jos Giacomolli, do Eg. TJ/RS, proferido nos embargos infringentes n. 70007317084, julgado pelo 5 Grupo Cvel, em caso anlogo:

    O caso, pois, retrata incidncia do dano moral puro, o que significa que ele se esgota na leso

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    personalidade. A prova do referido dano cingir-se- existncia do prprio ilcito, pois o dano moral puro atinge, fundamentalmente, bens incorpreos, a exemplo da imagem, da honra, da privacidade, da auto-estima, tornando extremamente difcil a prova da efetiva da leso. Por isso, adiro corrente que dispensa a demonstrao em juzo dessa espcie de dano moral, considerando estar o dano moral in re ipsa. (destaquei e negritei). Ento, estando presentes o dano e a relao de

    causa e efeito, cabia demandada demonstrar alguma das excludentes positivadas no CDC (art. 12, 3, I, II e III), quais sejam: a) a no colocao do produto no mercado; b) a inexistncia do defeito; c) culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, o que no foi demonstrado em nenhum momento nestes autos.

    A reclamada argumenta, em sua defesa, a

    quebra do nexo de causalidade em face da ocorrncia de culpa exclusiva de terceiro. Contudo, o Estatuto do Consumidor atribui, expressamente, ao fabricante entre outros componentes da cadeia de consumo a responsabilidade pelos defeitos detectados no produto.

    Em nome de uma exegese mais consentnea ao

    esprito legislativo, de amparo parte mais fraca na relao de consumo e conseqente facilitao da defesa do consumidor, entendo que o comerciante, ou seja, aquele que estoca e/ou guarda a mercadoria em seu estabelecimento, no pode ser tomado como terceiro na lide, sendo apenas intermedirio na relao.

    Portanto, restou-se comprovado a

    responsabilidade da Reclamada e dessa forma ocasionou danos de natureza moral ao Reclamante.

    Sobre o assunto:

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    CONSUMIDOR. CONTAMINAO DE BEBIDA POR CORPO ESTRANHO. SEGURANA ALIMENTAR. DANO MORAL. Viola o postulado da segurana alimentar do consumidor a fabricante de cerveja que, por falha em seu sistema de higienizao, fornece o produto contendo corpo estranho no interior da embalagem. Caso em que o consumidor se deparou, no momento de abrir a garrafa, com uma embalagem de doce no seu interior. Dano moral caracterizado pela sensao de insegurana e desconsiderao que o fato causa na pessoa do consumidor, considerado o homo medius. Valor da indenizao modulado, no caso concreto, muito mais pelo princpio de vedao do enriquecimento sem causa do consumidor. Recurso provido em parte. Unnime. (Recurso Cvel N. 71000721308, Primeira Turma Recursal Cvel, Turmas Recursais - JEC, Relator: Joo Pedro Cavalli Junior, Julgado em 15/09/2005). (grifei e negritei). 63001483 - AGRAVO RETIDO. PROVA. PERCIA. INDEFERIMENTO. CERCEAMENTO DE DEFESA. CONSUMIDOR. ALIMENTO. BALA DOCE. CORPO ESTRANHO. INDENIZAO. DANO MORAL. FIXAO. RECURSO ADESIVO. DESERO. Inexiste cerceamento de defesa quando o juiz verifica que a prova pericial desnecessria para o deslinde da causa diante da prova documental j produzida, passando ao julgamento antecipado da lide. devida indenizao por dano moral quando demonstrado que o consumidor consumiu bala doce que continha corpo estranho na forma de pedao de ferro que lhe causou ferimentos na regio da boca. O arbitramento da indenizao decorrente de dano moral deve ser feito caso a caso, com bom senso, moderao e razoabilidade, atentando-se proporcionalidade com relao ao grau de culpa, extenso e repercusso dos danos, capacidade econmica, caractersticas individuais e ao conceito social das partes. No se conhece de recurso adesivo deserto. (TJ-RO; AC 100.006.2004.001763-5; Segunda Cmara Cvel; Rel. Des. Marcos Alaor Diniz Grangeia; Julg. 22/02/2007). (grifei e negritei).

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    CONSUMIDOR. BOLACHA COM RESTOS DE INSETO. DANO MORAL CONCEDIDO. FUNO INIBITRIA. PRINCPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE. VALOR ELEVADO SEGUNDO PRECEDENTE DA CMARA. JUROS E CORREO. PUBLICAO. PEDIDO NO CONSTANTE NA INICIAL. APELAO PARCIALMENTE PROVIDA. MAIORIA. (APELAO CVEL N. 70005902952, DCIMA CMARA CVEL, TRIBUNAL DE JUSTIA DO RS, RELATOR: LUIZ ARY VESSINI DE LIMA, JULGADO EM 29/05/2003). (grifei e negritei). RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. MOSTRA-SE INEGAVEL A RESPONSABILIDADE DA ENGARRAFADORA, UMA VEZ TENDO A AUTORA ENCONTRADO CORPO ESTRANHO EM GARRAFA, CONSISTENTE EM PROVAVEIS RESTOS DE INSETO OU DE ARANHA, AO COMECAR A BEBER O REFRIGERANTE NELA CONTIDO. DANO MORAL CARACTERIZADO PELO SENTIMENTO DE REPULSA E ATE DE HUMILHACAO POR SER LEVADA A INGERIR REFRIGERANTE EM CIRCUNSTANCIA TAO DEGRADANTE AO SER HUMANO. VALOR DA REPARACAO REDUZIDO, SEM ALTERACAO DA DISTRIBUICAO DA SUCUMBENCIA, POR TER, A QUANTIA INDICADA NA INICIAL, CARATER APENAS ESTIMATORIO. APELACAO PROVIDA EM PARTE. (APELAO CVEL N. 70004112710, QUINTA CMARA CVEL, TRIBUNAL DE JUSTIA DO RS, RELATOR: LEO LIMA, JULGADO EM 08/08/2002). (grifei e negritei). APELAO CVEL. DANO MORAL. RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR PELO FATO DO PRODUTO. Nos termos do art. 12 da lei 8.078/90, cumpre ao agente econmico a reparao do abalo psicolgico sofrido pelo consumidor que encontra fragmentos de barata no interior de uma garrafa de refrigerante. Dano moral caracterizado. Quebra da confiana. Sentimento de vulnerabilidade e impotncia. Nexo de causalidade evidente entre a leso e o produto defeituoso. Presuno do defeito, em consonncia com o art. 12, 3, II, do CDC, e macio entendimento doutrinrio. Ausncia de demonstrao por parte da r da sua inexistncia. No conhecimento do agravo retido. Falta de reiterao nas contra-razes recursais. Apelo provido. (APELAO CVEL N. 70002240265, DCIMA CMARA CVEL, TRIBUNAL DE JUSTIA DO

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    RS, RELATOR: LUIZ ARY VESSINI DE LIMA, JULGADO EM 04/10/2001). (grifei e negritei). Entretanto, de se salientar que o prejuzo

    moral experimentado pelo Reclamante deve ser ressarcido numa soma que no apenas compense a ele a dor e/ou sofrimento causado, mas ESPECIALMENTE deve atender s circunstncias do caso em tela, tendo em vista as posses do ofensor e a situao pessoal do ofendido, exigindo-se a um s tempo, prudncia e severidade.

    A respeito do valor da indenizao por dano

    moral, a orientao doutrinria e jurisprudencial no sentido de que: No direito brasileiro, o arbitramento da indenizao do dano moral ficou entregue ao prudente arbtrio do Juiz. Portanto, em sendo assim, desinfluente ser o parmetro por ele usado na fixao da mesma, desde que leve em conta a repercusso social do dano e seja compatvel com a situao econmica das partes e, portanto, razovel. (Antnio Chaves, Responsabilidade Civil, atualizao em matria de responsabilidade por danos morais, publicada na RJ n. 231, jan/97, p. 11). (grifei e negritei). CIVIL DANO MORAL BANCO FINANCIAMENTO ATRASO NO PAGAMENTO INSERO DO NOME DO MUTURIO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES MANUTENO INDEVIDA, APS O PAGAMENTO POTENCIALIDADE LESIVA DESNECESSIDADE DE COMPROVAO DE REFLEXOS MATERIAIS CULPA CARACTERIZADA OBRIGAO DE INDENIZAR FIXAO DA INDENIZAO EM VERBA INCOMPATVEL COM AS CIRCUNSTNCIAS DO FATO E A REPERCUSSO DANOSA EXCESSO REDUO DO VALOR, MANTIDA NO MAIS A SENTENA 1. antijurdica e lesiva ao acervo moral da pessoa, a conduta da instituio financeira que, apesar de efetuado o pagamento da dvida, mantm, injustificadamente, por longo tempo, o nome do devedor inscrito em cadastro de inadimplentes, causando-lhe constrangimentos e

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    restries. 2. A imposio da obrigao de indenizar por dano moral, em decorrncia de injusta manuteno do nome em cadastro de maus pagadores, independe de comprovao de reflexos materiais. 3. A indenizao por dano moral deve ser arbitrada mediante estimativa prudencial que leve em conta a necessidade de, com a quantia, satisfazer a dor da vtima e dissuadir, de igual e novo atentado, o autor da ofensa (RT 706/67). Comporta reduo o quantum, quando arbitrado em quantia excessiva e desproporcional ao evento e suas circunstncias. Provimento parcial do recurso. (TJPR ApCiv 0113615-8 (8666) So Jos dos Pinhais 5 C.Cv. Rel. Des. Luiz Cezar de Oliveira DJPR 17.06.2002). (grifei e negritei). ISTO POSTO, diante da doutrina e da

    jurisprudncia apresentada, e com fulcro no art. 269, I do Cdigo de Processo Civil c/c art. 6 da Lei n. 9.099/95, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO INICIAL, e CONDENO a empresa Reclamada, MCDONALD'S COMRCIO DE ALIMENTOS LTDA, ao pagamento de indenizao por danos morais, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) Reclamante, JULIANA PAULA ZEFIRO, acrescidos de juros a partir da citao e correo monetria a partir deste decisum.

    Sem custas e sem honorrios neste grau de jurisdio (art. 54 e 55 da Lei n. 9.099/95).

    Transitada em julgado, execute-se na forma da

    Lei, alertando que caso o condenado no efetue o pagamento no prazo de 15 (quinze) dias, o montante da condenao ser acrescido de multa no percentual de 10% (dez por cento) (art. 475-J do CPC)

    P. R. I. C. Cuiab - MT, 13 de maro de 2.008 - (5f).

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