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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro –

Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

Mateus Ribeiro Sant’ana e Rafael Augusto Fachini (Org.)

CADERNO DE PROGRAMAÇÃO E RESUMOS DA SEMANA DE HISTÓRIA UFU

2018

SEMANA DE HISTÓRIA UFU – 2018

“Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História.

1ª Edição

Uberlândia Instituto de História (INHIS) - UFU

24 a 28 de Setembro de 2018

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro –

Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

Caderno de Resumos SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – (1º: 2018: Uberlândia,

MG). “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História.

Uberlândia, MG, 24 a 28 de Setembro de 2018 / organizado por Mateus Riberio Sant’ana;

Rafael Augusto Fachini.

Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018.

Modo de acesso: www.sdhufu2018.wordpress.com

165 p. Texto em português. ISSN:

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro –

Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

- Comissão de Organização:

Débora Cristina Sousa Oliveira Guilherme Mininel da Silva João Pedro Rezende Marto Kathleen Loureiro Santana dos Reis Márcio José Ribeiro da Silva Filho Maria Fernanda Ribeiro Cunha Mariana Rezende Machado Mateus Ribeiro Sant’Ana Rafael Augusto Fachini Valquíria Cristina Jacinto

- Comissão Científica:

Prof. Dr. Alcides Freire Ramos (UFU) Disc. Beatriz Martins de Oliveira (UFU) Disc. Bruna Luíza de Oliveira Timoteo (UFU) Disc. Ciro Macedo de Souza (UFU) Profa. Dra. Maria Andréa Angelotti Carmo (UFU) Profa. Dra. Marta Emísia Jacinto Barbosa (UFU) Profa. Dra. Daniela Magalhães da Silveira (UFU) Disc. Fabrício Silva Parmindo (UFU) Prof. Dr. Lainister de Oliveira Esteves (UFU) Prof. Rafael Augusto Fachini (UFU) Profa. Dra. Regina Ilka Vieira Vasconcelos (UFU) Profa. Ms. Suelen Caldas de Sousa Simião (UNICAMP)

- Apoio:

Instituto de História; Centro de Documentação e Pesquisa em História; Coordenação do Curso de História UFU; Colegiado do Curso de Graduação em História UFU; Coordenação do Programa de Pós-graduação em História UFU; Laboratório de Ensino e Aprendizagem em História; Núcleo de Estudos em História Social da Arte e da Cultura; Núcleo de Estudos e Pesquisa em História Política; Núcleo de Pesquisa em Cultura Popular Imagem e Som; ArtCultura: Revista do Instituo de História da Universidade Federal de Uberlândia; Revista M. Estudos sobre a morte, os mortos e o morrer (UNIRIO); Universidade Federal de Uberlândia. Pró-reitoria de Extensão e Cultura (PROEXC) UFU.

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APRESENTAÇÃO

A Semana do Curso de História é um evento tradicional no Instituto onde podemos

criar um espaço de interação entre os professores (universitários e da rede de ensino básico),

alunos (pós-graduação, graduação e ensino médio), bolsistas PIBIC Júnior, etc, para além de

fomentar e instigar debates nas mais diversas linhas de conhecimento da área. Foi em vista

dessa união entre discentes, docentes, professores e alunos da rede básica, que nas duas

últimas edições (realizadas em 2015 e 2017), existiu dentro do processo de elaboração e

construção da semana, a presença maciça de alunos pós-graduandos e graduandos, prevendo

que a partir desse envolvimento direto tais sujeitos podem se colocar como protagonistas da

produção de conhecimento.

Carlos Drummond de Andrade, em 1940, iniciou o poema Mãos Dadas escrevendo:

“Não serei poeta de um mundo caduco”, interpelando as relações estabelecidas naquele

momento desencorajador. A licença poética nos permite parafrasear Drummond, adaptando-

o ao nosso momento igualmente desencorajador. Portanto, ao afirmarmos que não seremos

historiadores de um mundo caduco, estamos nutridos de esperança, propondo espaços de

resistência frente a um mundo que caminha rumo à “caduquice”.

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SUMÁRIO

Programação Geral....................................................................................................................2 Mesas de Debate.......................................................................................................................3 Atividades..................................................................................................................................5 Cinedebate.....................................................................................................................5 Minicursos......................................................................................................................8 Simpósios Temáticos................................................................................................................14 Resumos...................................................................................................................................29 ST 1...............................................................................................................................29

ST 2...............................................................................................................................32 ST 3...............................................................................................................................38 ST 4...............................................................................................................................44 ST 6...............................................................................................................................56 ST 7...............................................................................................................................58 ST 8...............................................................................................................................61 ST 9...............................................................................................................................65 ST 11/ ST 16..................................................................................................................72 ST 12.............................................................................................................................78 ST 13/ ST 15..................................................................................................................84 ST 14.............................................................................................................................98 ST 17...........................................................................................................................103 ST 18...........................................................................................................................108 ST 20...........................................................................................................................114 ST 21...........................................................................................................................132 ST 23...........................................................................................................................137 ST 24...........................................................................................................................148 ST 25...........................................................................................................................150

Mapa da Universidade...........................................................................................................159

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PROGRAMAÇÃO GERAL:

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

Horário Segunda (24/09)

Terça (25/09)

Quarta (26/09)

Quinta (27/09)

Sexta (28/09)

08:00 às

12:30

Minicurso

s e Cine Debate.

Minicursos e Cine

Debate.

Minicursos e Cine Debate.

Minicursos e Cine Debate.

14:00

às 15:30

Credenciamento Simpósios Temáticos

Simpósios Temáticos

Simpósios Temáticos

Simpósios Temáticos

15:30 às 16:00

Intervalo

16:00

às 18:00

Credenciamento Simpósios Temáticos

Simpósios Temáticos

Simpósios Temáticos

Mesa de Encerramento:

“Aos que virão depois de nós”.

18:00

às 19:00

Coffeebreak

Coffeebreak Coffebreak

19:00 às

22:00

Mesa de Abertura:

“A arte ainda se mostra

primeiro”: História e

manifestações culturais de resistência.

Mesa 2:

“Entre vidas,

mortos e caminhos tortos”:

existências e

embates em

tempos sombrios.

Mesa 3:

“O mar da História é agitado”: pensando

os caminhos da

historiografia.

Mesa 4:

“Como imagem

que relampeja”: diálogos

sobre História, Memória e o porvir.

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MESAS DE DEBATES

MESA DE ABERTURA “A arte ainda se mostra primeiro”: História e manifestações culturais de resistência

SEGUNDA 24/09

HORÁRIO AUDITÓRIO CONVIDADO TÍTULO

19:00 às

21:30

Auditório do

Bloco 5S

Prof. Dr. Kátia Rodrigues Paranhos

(INHIS/UFU)

Nas quebradas do mundaréu: Plínio Marcos, história e teatro.

Discente Régis Rodrigues Elísio

(UFU)

Benetido é uma fera ferida: O Teatro enquanto plataforma de resistência política no pós-golpe

(2016).

Prof. Dr. Roberto Camargos de Oliveira

(UFU)

"Se a história é nossa, deixa que nóis escreve".

MESA 2 “Entre vidas, mortos e caminhos tortos”: existências e embates em tempos sombrios.

TERÇA 25/09

HORÁRIO AUDITÓRIO CONVIDADO TÍTULO

19:00 às

21:30

Bloco 5O Auditório

5OA

Prof. Dr. Giovanni Fresu

(IFILO/UFU)

"Gramsci e o fascismo como biografia nacional: contradições

orgânicas e viradas históricas atrás do movimento de Mussolini".

Prof. Luiz Fellippe de Assunção Fagaráz

(UFU)

Por memória, verdade e justiça: o conceito de estado ampliado e as comissões regional e nacional da

verdade.

Profa. Dra. Mônica Brincalepe Campo

(INHIS/UFU)

Los Hijos de las Dictaduras del cone sul: cinema, memória e

história, produção subjetiva e em primeira pessoa.

MESA 3 “O mar da História é agitado”: pensando os caminhos da historiografia

QUARTA 26/09

HORÁRIO AUDITÓRIO CONVIDADO TÍTULO

19:00 às

Bloco 5O

Prof. Dr. Alexandre de Sá Avelar

Pode a historiografia ser perversa? Sobre memória, vítima e arquivo.

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21:30 Auditório 5OA

(INHIS/UFU)

Prof. Ms. Vinícius Bivar Marra Pereira

(Freie Universität Berlin)

Debatendo o Nacional-Socialismo: historiografia e memória do Terceiro Reich no séc. XXI.

MESA 4 “Como imagem que relampeja”: diálogos sobre História, Memória e o porvir

QUINTA 27/09

HORÁRIO AUDITÓRIO CONVIDADO TÍTULO

19:00 às

21:30

Bloco 5O Auditório

5OA

Profa. Dra. Ana Paula Spini

(INHIS/UFU)

Insurgir com imagens: cinema como ação política.

Discente Fabrício Silva Parmindo

(UFU)

Delírios Utópicos de um historiador em tempos Distópicos.

Profa. Dra. Jacy Alves de Seixas

(INHIS/UFU)

Sobre a espontaneidade: pensando o contemporâneo.

MESA DE ENCERRAMENTO “Aos que virão depois de nós”

SEXTA 28/09

HORÁRIO AUDITÓRIO CONVIDADO TÍTULO

16:00 às

18:00

Bloco 5O Auditório

5OA

Profa. Dra. Ana Flávia Cernic Ramos (INHIS/UFU)

Lutas sociais, esquecimento e o ofício do historiador.

Profa. Dra. Ivete Batista de Silva

Almeida (INHIS/UFU)

Ações e representações: invisibilidades no passado,

representatividade no futuro.

Discente Kathleen Loureiro Santana dos

Reis (UFU)

"Cante de lá, que eu canto de cá": pesquisa na história, sensibilidades

e o futuro.

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ATIVIDADES

CINE DEBATES:

CD 1 - A escravidão pelo olhar de Hollywood

Coordenador: Eduardo Antonio da Silva (Discente-INHIS/UFU)

QUINTA (27/09) e SEXTA (28/09) às 8:00 horas, Bloco 5O, Auditório 5OG

Resumo da Atividade

A ideia deste cine-debate é trazer à tona produções que estão inseridas na cultura mainstream dos últimos anos e abordam temáticas raciais ligadas à escravidão negra norte-americana, analisando suas consequências com o intuito de tentar compreender e debater o uso da violência excessiva como ferramenta de comoção e geradora de empatia da causa dos negros e negras escravos e seus descendentes. O debate será levantado em torno de duas obras cinematográficas produzidas e estreladas por negros e negras, tendo como metodologia um debate de duas partes. A primeira parte será com um filme que utiliza desse artifício visual, sendo ele “12 Anos de Escravidão” (2013), dirigido por Steve McQueen (primeiro cineasta negro a ganhar um Oscar), que narra a história de um negro livre que é forçadamente vendido como um escravo fugitivo e passa mais 12 anos de sua vida sofrendo os males da escravidão. Muito importante para a discussão visto que coloca em destaque os “crimes da escravidão” de maneira bastante explícita. Na segunda parte propõe-se abordar o filme “Corra!”, dirigido por Jordan Peele, que coloca em pauta as temáticas raciais de um modo pouco convencional, através do gênero de terror. Passa-se nos dias atuais e fala sobre um homem negro que vai conhecer a família, dita progressista, da sua namorada branca. Ele é importante para refletirmos acerca dos meios alternativos para que se apresente as violências da escravidão a partir do racismo. A proposta é que as duas partes do debate sejam separadas em dois dias, visto que o primeiro filme tem uma longa duração, enquanto no primeiro dia será debatido as dificuldades de se usar a violência como instrumento de comoção e no segundo faremos o contraponto com um filme que se dá por outros meios. REFERÊNCIA FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

CD 2 - Vals im Bashir (Folman, 2009): Trauma, experiência e pobreza

Coordenador: Ms. Caio Vinicius de Carvalho Ferreira (Doutorando-PPGH/UFU)

QUARTA (26/09) às 8:00 horas, Bloco 5O, Auditório 5OH

Resumo da Atividade

Valsa com Bashir é um filme lançado em 2009, dirigido e roteirizado por Ari Folman. O longa-metragem(90 min.) mistura documentário, por meio de narrativas reais, e ficção pela via de animações, vista que muitas são representações de lembranças dos que estão narrando. O filme retrata as tentativas de Folman, que foi combatente na guerra do Líbano em 1982, em tentar relembrar de suas experiências durante o massacre nos campos de refugiados palestinos de Sabra e Shatila. Folman não consegue se lembrar desses dias para além de

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flashes e para tentar rememorar, o diretor se encontra com diversos de seus antigos companheiros de quando defendiam o exército de Israel. O filme é atravessado pela constante denúncia de que o Estado de Israel não evitou os massacres, sem contar como o trauma se faz presente no imaginário dos que narram o filme. Mais de meio século antes do conflito abordado no filme, Walter Benjamin(2012) já havia refletido sobre traumas de guerra, passados que não passam e a dificuldade que se tem em narrar. De tal modo o filosofo alemão destaca a importância das experiências narradas e transmitidas ao longo da história dos homens, de geração para geração. Experiência, que segundo o autor foi suplantada pela miséria da técnica, exercendo impacto sobre a sociedade do século XX, a qual considera ter se tornado cada vez mais pobre em termos de capacidade do domínio de narrar sua própria experiência. O autor afirma que, surge uma nova forma de miséria com o desenvolvimento da técnica, que se sobrepõe ao homem. Assim, na modernidade, os homens vão perdendo sensibilidades que lhes são essenciais. A presente proposta é discutir o filme historicamente e trazer um diálogo com a teoria proposta por Benjamin, compreendendo a pobreza desses sujeitos à luz da tentativa de narrar e concebendo o longa-metragem em si como uma dessas formas de contar. Também se faz necessário discutir as pretensões de Folman em fazer um filme que discute a Primeira Guerra do Líbano, que aconteceu no início dos anos 1980, e seu papel frente ao massacre, considerando questões sobre intencionalidades de uso do passado. Bibliografia: BENJAMIN, Walter. Experiência e pobreza . In: Obras escolhidas I: Magia e técnica, arte e política. Trad. S. P. Rouanet. São Paulo: Brasiliense, p.123 -128, 2012.

CD 3 - A política de intervenção norte-americana na frágil democracia brasileira e o Golpe de 1964: O dia que durou 21 anos

Coordenador: Marco Antônio Peixoto (Discente-PPGH/UFU)

SEXTA (28/09) às 8:00 horas, Bloco H, SALA 1H55

Resumo da Atividade

O Documentário O dia que durou 21 anos (Camilo Tavares, 2012) mostra a participação dos Estados Unidos no golpe de 1964, desde a sua preparação dois anos antes. Apresenta entrevista de Lincoln Gordon, embaixador norte-americano no Brasil na época, e Peter Kornbluh, coordenador dos Arquivos de Segurança dos Estados Unidos, e gravação do presidente John Kennedy revelando sua preocupação com a opção esquerdista de Goulart. Na parte final, várias pessoas que apoiaram o golpe mostram desencanto com os sucessivos “Atos Institucionais” e o historiador Carlos Fico, da UFRJ, afirma que a “Linha Dura” militar assumiu o governo em 1964. Não obstante, os Estados Unidos continuaram a apoiar o novo regime, o que resultou em um sentimento crescente de antiamericanismo. Esse Cine Debate tem como objetivo analisar a política intervencionista norte-americana e a sua contribuição para o Golpe de 1964 e também estabelecer comparações com o tempo presente no Golpe de 2016. Bibliografia FIGUEIREDO, Argelina. Democracia ou Reformas? Alternativas Democráticas à Crise Política (1961-1964). Paz e Terra, 1993. PEREIRA, Anthony W. Ditadura e Repressão: o autoritarismo

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e o Estado de direito no Brasil. Paz e Terra, 2010. RIDENTI, Marcelo. O Fantasma da Revolução Brasileira. Unesp, 2010.

CD 4 - “I’m not black, I’m O.J.”: A iconografia mobilizada sobre a questão racial na série American Crime Story: O povo contra O.J. Simpson

Coordenador: João Lucas França Franco Brandão (Mestrando-PPGH/UFU)

TERÇA (25/09) às 8:00 horas, Bloco 5O, Auditório 5OA

Resumo da Atividade

Um dos maiores julgamentos da história – pelo menos um dos mais espetacularizados – mobilizou uma iconografia que não fazia parte somente do repertório jurídico. Em 1994, em Los Angeles, o júri não julgava simplesmente dois assassinatos supostamente cometidos pelo maior astro do futebol americano de todos os tempos, O.J. Simpson, mas ajudava também a compor mais um capítulo da conturbada história da questão racial nos Estados Unidos. Deste modo, se propondo a documentar em um formato de seriado ficcional todo o processo de julgamento do ex-atleta, American Crime Story: O povo contra O.J. Simpson, ao mesmo tempo em que nos deixa diversos vestígios interpretativos sobre o contexto do crime - e da sociedade que (vi)via sob o crivo do olhar emocional cada novo desdobramento deste -, ela também agencia inúmeros discursos (visuais ou não) a respeito de um dos maiores crimes americanos: o racismo. Nosso objetivo com este cine debate não é compreender toda a série, que teria mais de 10 horas com seus 10 capítulos, mas sim fazer uma análise somente do quinto episódio, que se chama justamente “A questão racial”. Primeiro, é importante deixarmos claro que para esta proposta nada interfere não ter assistido aos acontecimentos anteriores, tão pouco prejudica o andamento da série para aqueles que por ventura desejarem vê-la por completo, pois, tal episódio, querendo ou não, se fecha em uma narrativa por inteiro, ideal para nossos debates. Segundo, o que realmente nos interessa são as imagens. Aquelas que nos remetem a outras diversas produções ficcionais, mas que também são encontradas nas câmeras amadoras de documentaristas do cotidiano, ou, ainda melhor, aquelas que nós presenciamos ou vivenciamos nas experiências do dia-a-dia. O confronto dessas imagens que aparecem neste quinto episódio com outras que estão na grande iconografia do assunto, é o que irá conduzir nossas discussões para o viés histórico. Falaremos de segregação, opressão policial e “políticas” de branqueamento racial, mas também incluiremos na pauta as resistências, os movimentos culturais e as construções identitárias. Sugestão de bibliografia: FANON, Frantz. A experiência vivida do negro. In: Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008. HALL, Stuart. Que “negro” é esse nessa cultura popular negra? Revista Lugar Comum: estudos de mídia, cultura e democracia, nº 13/14, 2001. SALES JR, Ronaldo. Democracia racial: o não-dito racista. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 18, n. 2, 2006.

CD 5 - O negro no mercado de trabalho - Documentário: A cor do trabalho

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Coordenador: Ms. Viviane Pereira Ribeiro Oliveira (EE.C.T.F)

QUARTA (26/09) às 8:00 horas, Bloco 5O, Auditório 5OG

Resumo da Atividade

O documentário A cor do trabalho, lançado em 2014 e produzido pelo cineasta Antônio Olavo em parceria com o Governo da Bahia. Um longa-metragem (72 min) conta a história do negro no mercado de trabalho, desde o pós-abolição até os dias atuais. Destacando a trajetória pessoal de alguns indivíduos que conseguiram romper com o preconceito racial e as dificuldades para ter acesso ao conhecimento, por meio da educação ou com ações empreendedoras construíram uma carreira de sucesso, salientando o papel da mulher, da família e laços de solidariedade e religiosos. Sendo referenciais para os jovens negros. A proposta é discutir as evidências da obra, como a escravidão deixou uma herança de exploração e serviços pouco valorizados, e que mesmo no pós-abolição os negros tiveram dificuldades para inserirem-se no mercado de trabalho, bem como as adversidades para conseguirem se qualificarem para profissões mais valorizadas. Por outro lado, como algumas pessoas superaram esses empecilhos e tornaram-se profissionais de sucesso. O documentário ainda conta com fala de pesquisadores que relatam o papel do negro no trabalho, e nos leva a refletir sobre o lugar que ele ocupa no mercado de trabalho brasileiro, demonstrando que em alguns setores eles ainda são minorias, e como através da educação ou iniciativas essas barreiras podem ser rompidas. Após a exibição do documentário será aberto o debate conduzido pela proponente. Bibliografia DOMINGUES, P. O mito da democracia racial e a mestiçagem no brasil (1889-1930) Diálogos Latinoamericanos, número 010. Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal Universidad Autónoma del Estado de México. JACCOUD, L. O combate ao racismo e à desigualdade: o desafio das políticas públicas de promoção da igualdade racial no Brasil. In: THEODORO, M. (org.) As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil: 120 anos após a abolição. Brasília: Ipea, 2008.

MINICURSOS:

MC 1 - Projeto Político Pedagógico: desafios, construções e possibilidades.

Coordenadores: Prof. André Sabino (ESEBA) Isadora Bueno Silva (UFU)

João Victor Francisco Pereira (UFU)

TERÇA (25/09) e QUARTA (26/09) às 8:00 horas, Bloco 5O, Auditório 5OE

Resumo da Atividade

O projeto político pedagógico (PPP) de uma escola se configura como uma ferramenta potente no âmbito escolar visando construir os pilares entre professores, alunos e alunas, gestão funcionários, famílias e comunidade(s), ou seja, possibilita a construção de estruturadores capazes de dar direções adequadas ao funcionamento das instituições escolares, em sentido amplo. Visando romper com a lógica imposta pelo capitalismo e que reverbera na escola contemporânea, a construção do PPP pode promover ampla transformação social na comunidade e ampliação da criticidade nos sujeitos sociais envolvidos, considerando suas

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inquietações e anseios. Nessa concepção, o PPP torna-se concretude dos desejos dos sujeitos no contexto escolar e porta-voz dessa expressão, pelo viés democrático. Como mecanismo emancipatório, o PPP ganha notoriedade por possibilitar sua chancela e validação social, analisando a forma pela qual foi idealizado, (re)construído e (re)pensado pela comunidade escolar, de maneira democrática, já que considera o cotidiano e as concepções dos envolvidos, direta ou indiretamente, com o ambiente escolar, tendo na democracia e na participação pilares fundamentais com o fim de referendar a qualidade social da educação pública (VEIGA, 2007, p. 119). Com o objetivo de analisar o processo de concepção e implementação do projeto político pedagógico em uma escola pública federal mineira, com foco nas premissas democráticas, a presente pesquisa apresenta-se, tendo como proposta o resgate das memórias através dos registros institucionais, com fim de realizar uma análise qualitativa da proposição e, portanto, compreender e examinar o processo e as transformações. Considerada a proposta metodológica de trabalho de Planejamento Coletivo do Trabalho Pedagógico (PCTP), desenvolvido por Muñoz Palafox (2004) e adotando como critério a igualdade de direitos e deveres e as perspectivas ética e emancipatória, o PPP foi construído, inicialmente, a partir da análise de cinco eixos interligados: convivência; gestão; formação e carreira, currículo e avaliação, que foram basiliares na fase de diagnóstico da realidade escolar, a partir de ampla discussão com a comunidade escolar, com vistas a desvelar a escola como ela se apresentava no momento: a “Escola que temos”. Etapa seguinte, passou-se, a partir do julgamento filosófico pedagógico da realidade, para a fase judicativa, momento da construção coletiva da Carta de Princípios institucional, na perspectiva da “Escola que temos e que queremos”. Nessa investigação, nos debruçamos sobre a Carta de Princípios (fase judicativa) que, na perspectiva da percepção e do desejo, partindo de aspectos ligados à realidade, destacou os aspectos positivos, negativos e as possíveis saídas. Vale ressaltar nossa preocupação em analisar a efetiva aplicação do viés democrático como possibilidade de chancela da comunidade e empoderamento dos sujeitos sociais. Bibliografia: Quem sabe faz a hora do construir o projeto político-pedagógico/ Ilma Passos Alencastro Veiga (org.). - Campinas, SP: Papirus, 2007. - (Coleção Magistério: Formação o Trabalho Pedagógico). Escola reflexiva e nova racionalidade / organizado por Isabel Alarcão. – Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. Palafox, Gabriel. Planejamento coletivo do trabalho pedagógico da Educação Física - PCTP/EF como sistemática de formação continuada de professores: a experiência de Uberlândia. Movimento, Porto Alegre, v. 10, n. 1, p. 113-131, janeiro/abril de 2004.

MC 2 - História e Subversão no Fantástico do Século XX

Coordenadores: Prof. Ms. Thiago Destro Rosa Ferreira (Doutorando-PPGH/UFU) Prof. Ms. Emanuelle Garcia Gomes (PPGH/UFU)

QUINTA (27/09) e SEXTA (28/09) às 8:00 horas, Bloco 5O, Auditório 5OE

Resumo da Atividade

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As narrativas fantásticas, consideradas aqui no amplo sentido do termo, constituem-se como umas das expressões mais características da cultura contemporânea. Enquanto alguns críticos apontam para o caráter escapista desse tipo de narrativa, em especial daquelas comumente consideradas como fantasia, outros acreditam ver em tais obras um potencial subversivo a ser explorado (JACKSON, 1981 e ROAS, 2014). Partindo disso, propomos uma abordagem histórica das narrativas fantásticas a partir desse viés subversivo. Acreditamos que o fantástico, ao subverter e promover um estranhamento em relação a ordem ou aos pressupostos de construção do real, configura-se como espaço de resistência, proposição e transformação da realidade. Propõe-se aqui, não uma historicização de tais obras, mas pensar a História em conjunto com essas narrativas, em específico o século XX, momento em que esse campo ganha grande impulso e visibilidade. Bibliografia: AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? E outros ensaios. Trad. de Vinícius N. Honesko Chapecó: Argos, 2009. CALVINO, Ítalo. A combinatória e o mito na arte da narrativa. In: LUCCIONI, G. (org.). Atualidade do mito. Trad. de Carlos Arthur R. Nascimento. São Paulo: Duas Cidades, 1977. p.75-80. CAUSO, Roberto de. Ficção científica, fantasia e horror no Brasil: 1875 a 1950. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003. ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. 6ªed. Trad. dePolaCivelli. São Paulo: Ed. Perspectivas, 1972. JACKSON, Rosemary. Fantasy: the literature of subversion. London: Routledge, 1981. JAMES, Edward e MENDLESOHN, Farah. Short History of Fantasy. London: Middlesex University Press, 2009. LÉVI-STRAUSS, Claude. Mito e Significado. Trad. de Antonio Marques Bessa. Lisboa: Edições 70, 1985. MAIA, Carlos Alvarez. Crise da História ou Crise dos Historiadores no LinguisticTurn, o Caso Brasileiro. Projeto História, São Paulo, v.41, p.351-382, ago./dez. 2010. Disponível em <http://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/6545/4744>. Acessoem 19 out. 2011. ROAS, David. A ameaça do fantástico: aproximações teóricas. SP: Editora UNESP, 2014.

MC 3 - "Cante lá que eu canto cá": A representação e a produção das mulheres na Literatura de Cordel.

Coordenador: Kathleen Loureiro Santana dos Reis (Discente INHIS/UFU)

TERÇA (25/09), QUARTA (26/09) e QUINTA (27/09) às 8:00 horas, Bloco H, Sala 1H55

Resumo da Atividade

Sabe-se que a literatura de cordel, desde o momento em que começou a ser escrita em meados da década de 80 do século XIX, foi produzida, representada e editada predominantemente por homens. Vendidos e lidos nos meios das praças e feiras, os cordéis são materiais concretos das confluências entre a tradição oral e o meio impresso, as pelejas e as rimas contavam narrativas sobre diversos temas que inundavam o imaginário nordestino e que passaram a ocupar as folhas de papéis. Esses movimentos da tradição sofreram manutenção e ressignificação também nas vozes e mãos de mulheres, ocupando os lugares considerados mais domésticos (tese criticável), elas detinham o contato entre si,

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com as crianças e com os mais velhos, sendo capazes de propagar as tradições, as músicas, as narrativas sobre os antepassados e as narrativas sobre temas em geral, como religiosidade e honra, e apesar disso, elas não tinham o reconhecimento e nem o prestigio de estar em meio as feiras, contando em voz alta seus poemas ou de outros poetas. É a partir da invisibilidade em relação ao poder de condução das narrativas e manutenção da tradição oral que ficavam a cargo das mulheres nordestinas, que o presente minicurso pretende, em um primeiro momento, discutir o que é a literatura de cordel, e a partir de folhetos escritos por homens, analisar qual a imagens femininas que apareciam nos folhetos e de que forma isso pode ter silenciado a produção escrita das mulheres na literatura oral dos anos de 1880 até 1938. Em um segundo momento, pretende-se analisar como a partir do ano de 1938 e, principalmente, após diversos movimentos sobre as relações de gênero na segunda metade do século XX, as mulheres não só eram representadas na literatura de cordel, mas também começaram a produzir as poesias, reivindicando um lugar visível na tradição, onde elas foram peças fundamentais para sua manutenção. Além disso, em um terceiro momento, é importante reanalisar a literatura de cordel, percebendo que não é uma tradição que ficou presa no século XX, porém, tem seus escritores e cantores ressignificando e fazendo a manutenção dessa tradição ainda em 2018, e, tendo em vista essa relação atual, se analisará quem são as mulheres que escrevem e de que maneira o gênero feminino é representado nos cordéis nos dias de hoje. Para a realização do presente minicurso e suas 3 etapas, se faz necessário a disponibilidade de 3 dias, com a possibilidade do uso de datashow. Bibliografia: ABREU, Márcia. Histórias de cordéis e folhetos. Campinas: Mercado das Letras, 1999. ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e outras artes. São Paulo: Cortez, 2011. ALMEIDA, Ivete Batista da Silva; AFONSO, José António M. Moreno. Imagens e representações: o nordeste brasileiro representado entre os finais do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Revista História. Anápolis - UEG, v.4, n.1, p. 17-41, jan./jun. 2015. ANTONACCI, Maria Antonieta. Tradições de oralidade, escritura e iconografia na literatura de folhetos: Nordeste do Brasil, 1890/1940. Revista Eletrônica Projeto de História. São Paulo: PUC, 22 de julho de 2001.

MC 4 – Anarquismo e Teoria da História: por uma escola historiográfica bakuninista capaz de prestar conta da História recente do Brasil.

Coordenador: Marcos Paulo de Assis (Discente INHIS/UFU)

TERÇA (25/09) e QUARTA (26/09) às 8:00 horas, Bloco H, Sala LEAH

Resumo da Atividade

Uma escola historiográfica que seja apropriadamente qualificada enquanto anarquista está ainda por ser consumada. A sistematização tardia das obras de Bakunin pelo Instituto de História Social de Amsterdã, mais de um século de falsificações no campo editorial genericamente denominado anarquista e certo desprezo por parte dos estudiosos que se debruçaram sobre a história do pensamento socialista no século XIX mascararam as

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contribuições reais desse autor e de Proudhon para o surgimento das ciências sociais. É uma questão ignorada que, assim como Feuerbach e Marx, Bakunin buscou formular uma concepção teórico-filosófica “materialista” que se opusesse, dentro da filosofia europeia, ao idealismo hegeliano. Apesar da pouca sistematização, o pensador russo partiu da leitura das categorias conceituais proudhonianas, como de “forças coletivas” e “dialética serial”, e pretendeu – conseguiu, defendemos – desenvolver uma unidade teórica no seu pensamento político e sociológico: o hoje chamado bakuninismo. Bakunin acreditava que os povos amparam-se nos fenômenos sociais coletivos de sua história e conformam uma chamada “consciência coletiva” – conceito emprestado de Proudhon –, mesmo e apesar das formulações teóricas e acadêmicas dos historiadores e cientistas sociais, e que partindo desse saber compartilhado, popular e amparado na vida histórica coletiva (experiência histórica, no conceito original) é que os grupos sociais se mobilizavam enquanto sujeitos históricos reais. Nesse sentido apontava que esses sujeitos históricos ensurdecer-se-iam para qualquer apelo político-ideológico que não levasse em conta àqueles pressupostos que houvessem herdado da vida, por mais amparados na teoria social. As leituras da realidade social e histórica que ignorassem o papel da “experiência histórica coletiva” no pensamento e na ação dos diversos grupos sociais seriam incapazes de qualificá-los propriamente. Pelo exposto, acreditamos que no pensamento bakuninista exista material para o esforço de constituição de uma escola historiográfica – que já se põe em andamento. Além disso, esse esforço se depara com a tarefa de fornecer uma leitura adequada sobre a História recente do Brasil e atribuir sentidos a fenômenos aparentemente novos que embaraçam parte das concepções clássicas, como as “Jornadas de junho” e a “crise de representatividade”. É na intenção de apresentar essas novas chaves de leitura à comunidade acadêmica que esta proposta de minicurso é apresentada. BIBLIOGRAFIA: BAKUNIN, Mikhail. A ciência e a questão vital da Revolução. São Paulo: Imaginário, 2009. 96p. _______. A instrução integral. São Paulo: Imaginário, 2003. 94p. _______. Oeuvres Complètes. International Institute of Social History, Netherlands Institute for Scientific Information Services, Royal Netherlands Academy of Arts and Sciences, 2000. (CD-ROM). FERREIRA, Andrey C. A festa e a revolta: confrontando as leituras de junho de 2013 com uma antropologia política das rebeliões populares. Jun 2015. Disponível em: <https://nepcpda.wordpress.com/2015/06/18/a-festa-e-a-revolta-confrontando-as-leituras-de-junho-de-2013-com-uma-antropologia-politica-das-rebelioes-populares/>. Acesso em 10 jun 2018. _______. Crise do capitalismo e a nova ofensiva global pelos recursos naturais pós-2008. mar 2016. Disponível em: <https://diplomatique.org.br/crise-do-capitalismo-e-a-nova-ofensiva-global-pelos-recursos-naturais-pos-2008/>. Acesso em 10 jun 2018.

MC 5 - A sociodiversidade nativa e contemporânea dos índios no Brasil: diálogos entre a História e a Antropologia

Coordenadores: Tayná Bonfim Mazzei Mazza (Mestranda-PPGCS/UFU) Érika de Freitas Arvelos (Mestranda-PPGCS/UFU)

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Tássita de Assis Moreira (Discente UFU/Pontal)

QUINTA (27/09) e SEXTA (28/09) às 8:00 horas, Bloco 5O, Auditório 5OF

Resumo da Atividade

A proposta deste minicurso é problematizar a imagem generalizante e folclórica dos povos indígenas, com vistas a discutir a sociodiversidade nativa e contemporânea dos índios no Brasil. A princípio, será exposto o conceito de culturas, no plural, em Franz Boas, e o conceito de cultura em Claude Lévi-Strauss, compreendido como um sistema simbólico, diretamente relacionado a estrutura. Serão apresentados debates que têm como intuito problematizar a lógica equivocada de que o pensamento dos povos originários, ditos “primitivos” é inferior ao pensamento dos povos ditos “civilizados”. E partindo disto, iniciando questões que dizem respeito a condutas culturais, como o debate sobre a divisão entre natureza e cultura, na lógica de classificação dos povos originários e do pensamento ocidental. Almejando demonstrar que a diferenciação entre os povos originários e os não-índios, dizem respeito a questões culturais. Num segundo momento, seguiremos a exposição da história indígena da região do Triângulo Mineiro durante o período colonial, buscando apresentar uma série de contatos interétnicos e intertribais que se desenvolviam nesse período, apresentando de que forma os povos indígenas lidam com os seus diferentes outros, e por quais meios predam a alteridade. Corroborando para o entendimento da História Indígena como dinâmica, permeada de continuidades e rupturas que são presentes na expressão dos povos indígenas no Brasil. Por fim, temos por objetivo refletir sobre os impactos das produções historiográficas sobre os povos indígenas, abordando as repercussões das suas lutas e resistências, a sua relação com o Estado e o protagonismo indígena reivindicado nos últimos anos. Tendo em vista o olhar eurocêntrico e hierarquizante enraizado no pensamento colonial sobre os povos indígenas que de certa forma ainda hoje persiste, busca-se desconstruir estereótipos, abrangendo o conhecimento a respeito da pluralidade étnica com a qual lidamos diariamente, e apresentando meios de mudança através de abordagens baseadas na educação patrimonial. BIBLIOGRAFIA: BOAS, F. Raça e Progresso. IN: Antropologia Cultural. Ed. Jorge Zahar: RJ, 2004. CARVALHO, Maria do Rosário de. “De índios misturados a índios regimados”. IN: CARVALHO, Maria do Rosário de; (orgs.). Negros no mundo dos índios: imagens, reflexos, alteridades. Natal: EDUFRN, 2011, p. 337-356. LÉVI-STRAUSS, C. O Pensamento Selvagem. Ed. Papirus: SP; 1962; Cap. I e II. MONTEIRO, John Manuel. Tupis, Tapuias e os historiadores: Estudos de História Indígena e do Indigenismo. Campinas. Unicamp, 2001. GIRALDIN, Odair. Fazendo Guerra; Criando Imagens; Estabelecendo Identidades. A ocupação do centro-oeste e os conflitos com os Kayapó no século XVIII. História revista, 6 (1): 55 - 74, jan. 2001.

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SIMPÓSIOS TEMÁTICOS

ST 1 – HISTÓRIA E CULTURA LETRADA

Coordenadores: Prof. Dr. Cleber Vinicius do Amaral Felipe (INHIS-UFU) Prof. Dr. Lainister de Oliveira Esteves (INHIS-UFU)

QUINTA 27/09, das 13:30 às 18:00, Bloco H, Sala LEAH

Título do Trabalho Autoria

Túpac Amaru II e o socialismo do século XX: a América colonial nas construções utópicas andinas e na poética nerudiana.

Felipe Palazzo Rodrigues

As relações de poder na sociedade Lorena Gabrielle de Araújo

As práticas letradas no século de Augusto

Cleber Vinicius do Amaral Felipe

Ut pictura poesis: a Commedia por Sandro Botticelli

Letícia Simões Malerba

A representação da América segundo o imaginário europeu no século XVI.

Ana Luisa Sesso

Gloria e Clementia em Vida de Augusto de Suetônio

Fernando Henrique Sousa Araújo

ST 2 – ANARQUISMO(S): ABORDAGENS, MÉTODOS E PROBLEMAS

Coordenadores: Cláudia Tolentino Gonçalves Felipe (Doutoranda UNICAMP); Prof. Ms. Thiago Lemos Silva (UNIPAM)

QUINTA 27/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5O, Auditório 5OH

Título do Trabalho Autoria

A Atualidade e o Anarquismo de Mikhail Bakunin

Matheus Saldanha Duarte

Memória e esquecimento: o anarquismo terrorista nas crônicas de Neno Vasco

Thiago Lemos Silva

Lucía Sanchez Saonil e o Movimento Mujeres Libres

Luana Rodrigues Bernardes

Utopia anarquista no pós-guerra: algumas considerações

Cláudia Tolentino Gonçalves Felipe

Um projeto anarquista para o Uruguai: a trajetória da Federação Anarquista Uruguaia (1956 – 1975)

Vinícius Gade Rossi

Os anos de clandestinidade da Federação Anarquista Uruguaia (1967-1976)

Thaís Linhares Fabi dos Santos

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ST 3 – HISTÓRIA, CULTURA E PODER NO BRASIL REPUBLICANO

Coordenadores: Mestrando Guilherme Gonzaga Bento (UFU); Mestranda Mirella Ribeiro Pinto (UFU).

QUARTA 26/09, das 13:30 às 18:00, Bloco H, Sala LEAH

Título do Trabalho Autoria

TRANSFORMAÇÕES E REPRESENTAÇÕES FEMININAS PÓS PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

Juliana Quintão da Silva

A PARTICIPAÇÃO FEMININA NA CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA CIDADANIA BRASILEIRA NA DECADA DE 1930.

Aiene Rizza Melo

O religioso nos discursos sobre a Política Externa Independente do Governo Jânio Quadros (1961)

Guilherme Gonzaga Bento

As relações políticas, sociais e culturais a partir da perspectiva da banda Inocentes nos anos de 1980 em São Paulo

Maria Gabriela Monteiro Gil; Ebony Stephanie Silva Alberto

“Goianobyl”: considerações sobre o acidente radiológico de Goiânia a partir da repercussão no Jornal do Brasil (RJ).

João Pedro Rezende Marto

O processo de tombamento da paróquia Divino Espírito Santo do Cerrado

Christofer Lima Mendonça

ST 3 – HISTÓRIA, CULTURA E PODER NO BRASIL REPUBLICANO

Coordenadores: Mestrando Guilherme Gonzaga Bento (UFU); Mestranda Mirella Ribeiro Pinto (UFU).

QUARTA 26/09, das 13:30 às 18:00, Bloco H, Sala LEAH

Título do Trabalho Autoria

TRANSFORMAÇÕES E REPRESENTAÇÕES FEMININAS PÓS PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

Juliana Quintão da Silva

A PARTICIPAÇÃO FEMININA NA CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA CIDADANIA BRASILEIRA NA DECADA DE 1930.

Aiene Rizza Melo

O religioso nos discursos sobre a Política Externa Independente do Governo Jânio Quadros (1961)

Guilherme Gonzaga Bento

As relações políticas, sociais e culturais a partir da perspectiva da banda Inocentes nos anos de 1980 em São Paulo

Maria Gabriela Monteiro Gil; Ebony Stephanie Silva Alberto

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“Goianobyl”: considerações sobre o acidente radiológico de Goiânia a partir da repercussão no Jornal do Brasil (RJ).

João Pedro Rezende Marto

O processo de tombamento da paróquia Divino Espírito Santo do Cerrado

Christofer Lima Mendonça

ST 4 – HISTÓRIA VISUAL E CULTURA VISUAL: SOCIEDADE, IMAGEM E DIFERENTES EXPRESSÕES DAS VISUALIDADES

Coordenadores: Profa. Dra. Ivete Batista da Silva Almeida (INHIS-UFU) Profa. Dra. Dulcina Tereza Bonatti (UFU/CDHIS)

Mestrando José Vinícius Peres Silva (PPGH-Unimontes)

QUINTA 27/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5O, Auditório 5OF

Título do Trabalho Autoria

A SUBJETIVIDADE IMAGÉTICA CONSUMISTA DA TELENOVELA DANCIN’DAYS EM 1978-1979.

Vitor Augusto Gama Souza

O ESPETÁCULO DA VIOLÊNCIA NA MÍDIA TELEVISIVA: AS REPRESENTAÇÕES DA CRIMINALIDADE EM PROGRAMAS POLICIAIS

Maria Cecília Magalhães Chaves

O blackface no filme “O Cantor de Jazz” (1929: as questões raciais na passagem do cinema silencioso para o cinema falado)

Beatriz Martins de Oliveira

GUESS WHO’S COMING to DINNER: Miscigenação e Cinema, representações sociais nos EUA em 1960.

Magnum Vieira Barbosa

História Visual e o cinema africano-americano: pensamentos sobre as imagens da cidade em Febre na Selva (Spike Lee, 1991) e Os Donos da Rua (John Singleton, 1991)

João Lucas França Franco Brandão

Identidade e Cultura Afro-Brasileira e o Ensino de História: A visualidade em uma experiência educacional

Larissa Ramos dos Santos; João Pedro Mota Salgado

Pintura Corporal Tribal (Indígena e Africana)

Rodrigo Duarte Araújo

SEXTA 28/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5O, Auditório 5OF

Apropriações e representações: o Nordeste e o nordestino na imprensa ilustrada

Ivete Batista da Silva Almeida

Fotografias e imaginário colonial: representação das mulheres no

Isabelle Baltazar Cunha da Cruz

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“Boletim Cultural da Guiné Portuguesa” (1946-1973).

O futebol apropriado pela imprensa e pelo regime ditatorial

Maria Gabriela Dos Santos Olivério

A Sedução da Psicanálise nas Revistas Femininas Cláudia e Nova

Dulcina Tereza Bonati Borges

A montagem de Heartfield na guerra ideológica via revistas ilustradas às vésperas da ascensão nazista na Alemanha

Pollyana Ferreira Rosa

O processo de produção da arte de Reis Júnior: possibilidades de compreensão de sua vida artística.

Thuane Graziela Xavier Pedrosa

Candomblé e Umbanda na revista O cruzeiro, entre cultura popular e etnografia- 1940 à 1961

José Vinícius Peres Silva

ST 6 – CIDADE E HISTÓRIA: QUESTÕES TEÓRICAS, CIRCULAÇÃO DE IDEIAS E ESTUDOS DE CASOS

Coordenadores: Ana Carolina Alves (Doutoranda-UNICAMP); Leonardo Novo (Doutorando-UNICAMP);

Raquel Oliveira Jordan (Mestranda-UNICAMP).

QUARTA 26/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5S, Sala 5S205

Título do Trabalho Autoria

O punk e a pauliceia, uma relação nada Inocente: caminhos investigativos, um exercício de montagem.

João Augusto Neves

Da Pirâmide À Catedral: Mudanças Sociais E Camadas Urbanas Na Conquista De México-Tenochtitlán

Vinícius Rodrigo de Souza Couto Faria

O Proyecto Orgánico de Buenos Aires em perspectiva transnacional

Ana Carolina Oliveira Alves

O pan-americanismo em questão: política, cultura e cidade nos Congressos Pan-Americanos de Arquitetos

Leonardo Novo

ST 7 – ROCK, POLÍTICA E SOCIEDADE NOS ANOS 1960-1970

Coordenadores: Vanessa Pironato Milani (Doutoranda-UNESP/Franca); Ricardo Sinigaglia Arruda (Mestrando-UNIFESP)

QUARTA 26/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5S, Sala 5S207

Título do Trabalho Autoria

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

Delírios por coisas reais: música popular e contracultura nas obras de Belchior e Zé Ramalho (1973 - 1985)

Thiago de Oliveira Vieira

Tecnologia e música eletrônica nos anos 1976-79: uma abordagem em História da Tecnologia.

Caio Alves Lima

Yoko Ono: uma presença vanguardista nos Beatles

Vanessa Pironato Milani

A crise na contracultura: uma análise do Led Zeppelin IV.

Ricardo Sinigaglia Arruda

ST 7 – ROCK, POLÍTICA E SOCIEDADE NOS ANOS 1960-1970

Coordenadores: Vanessa Pironato Milani (Doutoranda-UNESP/Franca); Ricardo Sinigaglia Arruda (Mestrando-UNIFESP)

QUARTA 26/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5S, Sala 5S207

Título do Trabalho Autoria

Delírios por coisas reais: música popular e contracultura nas obras de Belchior e Zé Ramalho (1973 - 1985)

Thiago de Oliveira Vieira

Tecnologia e música eletrônica nos anos 1976-79: uma abordagem em História da Tecnologia.

Caio Alves Lima

Yoko Ono: uma presença vanguardista nos Beatles

Vanessa Pironato Milani

A crise na contracultura: uma análise do Led Zeppelin IV.

Ricardo Sinigaglia Arruda

ST 8 – HISTÓRIA ORAL E MOVIMENTOS SOCIAIS: PRESENÇAS, AÇÕES E VISÕES DE MOVIMENTOS SOCIAIS NA HISTÓRIA

Coordenadores: Denise Nunes De Sordi – PPGHI/INHIS/UFU Douglas Gonsalves Fávero – PPGED/FACED/UFU

Jacione Aparecida Cabral Resende – PPGHI/INHIS/UFU Luiz Fellippe de Assunção Fagaraz - Grupo de Pesquisa Experiências e Processos Sociais –

GPEPS)

TERÇA 25/09, das 14:00 às 18:00, Bloco H, Sala LEAH

Título do Trabalho Autoria

As Ocupações e a história: manifestações da juventude secundarista em Uberlândia

João Victor Francisco Pereira; Nathália Santos Ferreira

Trabalho em Frigorífico: os Minutos Residuais como prática de exploração.

Fabiano Silva Santana

Modos de vida em transformação: reflexões sobre fluxos migratórios

Bruna Luiza de Oliveira Timoteo

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

nordestinos para a cidade de São Gotardo (1970-2010)

TELEDRAMATURGIA E HOMOSSEXUALIDADE: REPRESENTAÇÕES FICCIONAIS DA VIDA REAL

Jéfferson Luiz Balbino Lourenço da Silva

Estudo de caso sobre letramento alfabético nos Andes nas comunidades Coriviri e Machacoya na região do ̋ Ayllu Pacajesʺ na Bolívia

Ana Carla Barros Sobreira

ST 9 – HISTÓRIA, CULTURA VISUAL E MEMÓRIA: ABORDAGENS TEÓRICAS E METODOLÓGICAS

Coordenadores: Fernanda Luiza Teixeira Lima (PPGH-UNICAMP); Elisa Paletti Pomari (PPGH-UNICAMP);

Letícia Badan Palhares Knauer de Campos (PPGH-UNICAMP); Ivania Valim Susin (PPGH-UNICAMP)

TERÇA 25/09, das 14:00 às 18:00, Bloco 5O, Auditório 5OF

Título do Trabalho Autoria

De deusas a haquenées: representações visuais e textuais de Mesdames Tantes durante a Revolução Francesa

Felipe da Silva Corrêa

São José de Botas: O caso da imaginária (des)conhecida do Distrito de Andrequicé – Presidente Olegário / MG.

Marcos Antônio Ramos

Os autorretratos de Mel Ramos Martinho Alves da Costa Junior

As artes plásticas no cinema de Sergio Martino

Letícia Badan Palhares Knauer de Campos

QUARTA 26/09, das 14:00 às 18:00, Bloco 5O, Auditório 5OF

O ano em que meus pais saíram de férias: infância na ditadura militar

Paula Lima; Wigde Arcangelo

Políticas de memória através de iniciativas de patrimonialização: uma comparação entre Brasil e Chile

Fernanda Luiza Teixeira Lima

Narrativas visuais de Geraldo Vieira - Evidências da cultura material, do cotidiano e das transformações de Araguari e Brasília

Fernanda Torquato

Fotojornalismo e bandidos célebres: a fotografia de bandidos e bandidas na

Ivania Valim Susin

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

construção visual da violência (1920-1940).

ST 11 – HISTÓRIA POLÍTICA: PESQUISAS, PERSPECTIVAS E ABORDAGENS / ST 16 – EXPANSÃO MARÍTIMA, HISTÓRIA LUSITANA E PROTAGONISMO ÉTNICO

Coordenadores: Prof. Ms. Caio Vinicius de Carvalho Ferreira (Doutorando-PPGH/UFU); Prof. Dr. Marcel Mano (INCIS-UFU);

Profa. Ms. Nathalia Helena Tomazini Zanco; Sofia Theodoro Prevatto da Fonseca (Mestranda-PPGH/UFU)

TERÇA 25/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5S, Sala 5S200

Título do Trabalho Autoria

A Idolatria indígena no mundo ibero-americano: fenômeno religioso e símbolo de resistência cultural

Gabriella Carvalho Motta

Um olhar sobre os povos indígenas em Minas Gerais através do relato de August Saint Hilaire.

Beatriz Molina Caetano

Jonathas Serrano: um intelectual de seu tempo

Maria Helena Cicci Romero

Nietzsche, Espinosa, Deleuze: corpos, subjetividades e afetos.

Nathalia Helena Tomazini Zanco

Da Tradição à guerra justa: uma construção de símbolos no Soldado Prático

Sofia Theodoro Prevatto da Fonseca

“DOS CAMPOS DE VÁRZEA À TAÇA NO MÉXICO: O FUTEBOL, FORMADOR DA IDENTIDADE NACIONAL, USADO COMO ARTIFÍCIO POLÍTICO NA DITADURA MILITAR”

Giulia Constante Simões

Clientelismo e mandonismo na política de Itumbiara (GO): praticas de governo e seus resultados no cotidiano (2002 a 2010).

Dione Graciano Silva

ST 12 – RESISTÊNCIA, ACOMODAÇÃO E ADESÃO A REGIMES DITATORIAIS NO SÉCULO XX

Coordenadores: Ms. Bruno Vinícius Leite de Morais (Doutorando-PPGH/UFMG) Ms. Marina Mesquita Camisasca (Doutoranda-PPGH/UFMG)

SEXTA 28/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5O, Auditório 5OE

Título do Trabalho Autoria

Cultura e política: a importância dos contornos culturais na História em tempos de Ditadura

Soraia Martins Oliveira

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

Antirracismo e conservadorismo em Simonal: limites e possibilidades da adesão à ditadura militar brasileira.

Bruno Vinicius Leite de Morais

Operación Masacre (1973), memória e ressentimento

Mirela Bansi Machado

Os Relatórios da Verdade na América do Sul: uma análise comparativa

Rafaela Oliveira Silva

O conceito de Estado Ampliado e os Trabalhos da Comissão Nacional da Verdade

Luiz Fellippe de Assunção de Fagaraz

Resistência camponesa no município de Varzelândia

Marina Mesquita Camisasca

ST 13 – HISTÓRIA, MEMÓRIA E IMAGINÁRIO SOCIAL: INSTITUIÇÕES, PODERES E SABERES / ST 15 – A BIOGRAFIA COMO FERRAMENTA HISTÓRICA: A ESCRITA E SUAS

POSSIBILIDADES

Coordenadores: Angélica Cristina Gomes Silva (Mestranda-PPGH/UFU) Anissa Veronica Santos Felippini (Mestranda-PPGH/UFU)

Prof. Dr. Gilberto Cézar de Noronha (INHIS-UFU)

TERÇA 25/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5O, Auditório 5OE

Título do Trabalho Autoria

História, memória e imaginários sociais: o caso do massacre de judeus e cristãos-novos em Lisboa na obra de Richard Zimler

Cleusa Teixeira de Sousa

(In)(con)fluências: os caminhos do pensamento na literatura

Maicon da Silva Camargo

Da arqueologia às cartografias da memória

Vinícius Alexandre Rocha Piassi

História, tempo e memória. Uma leitura simbólica, mítica e política.

Amon Pinho

TRILOGIA DA SOLIDÃO: UMA ANÁLISE A PARTIR DO CONCEITO DE TEMPO

Rafael Augusto Fachini

O debate sobre os meios de produção na colonização da América e suas implicações políticas

Isadora Bueno Silva

QUARTA 26/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5O, Auditório 5OE

Memória e História Oral: experiências do êxodo forçado no contexto da decadência da cultura do arroz em Ituiutaba/MG – 1950 - 1970.

Victória Ferreira Cunha

Circo do Povo: historicidade, transmissão oral e memória.

Anderson Gallan Ued

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

Cultura, poder e resistência: A (des)construção da identidade dos sujeitos moradores da periferia por meio da Análise do Discurso.

Iasmin Walchan Israel de Sá

Conflitos de memórias na contemporaneidade: um olhar sobre a produção de sentidos da ditadura civil-militar brasileira

Isadora Davi Pena Israel de Sá

Gojira (1954): corporificar as memórias de guerra e da perda num corpo grotesco

Rafael Colombo Martineli

Mahommah Gardo Baquaqua: um marco de resistência, luta e bravura do século XIX

Samara Basílio de Oliveira

Pesquisa (auto)biográfica e a pesquisa em História da Educação: a importância dos roteiros de entrevista.

Valéria Landa Alfaiate Carrijo; Juliana Pereira Araújo

QUINTA 26/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5O, Auditório 5OE

Carlos Marighella: luta, resistência e engajamento político

Cristiano Batista Alvarenga Junior

Representações do sertão: sobre a “Farinha Podre” e a questão do outro

Angélica Cristina Gomes Silva

A (re)construção da imagem cigana na imprensa mineira na passagem dos séculos XIX-XX

Milena Zahr

A palavra, a ameaça e a vítima: o terror nas notícias sobre ciganos em Minas Gerais

Gilberto Cézar de Noronha

ST 14 – RURALIDADES CONTEMPORÂNEAS: HISTÓRIA, AGENTES E PRÁTICAS CULTURAIS (XX E XXI)

Coordenadores: Ms. Wallace Lucas Magalhães (Doutorando-PPGH/UFRRJ); Ms. Bruna Marques Cabral (UFRRJ)

TERÇA 25/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5S, Sala 5S201

Título do Trabalho Autoria

As Sementes Crioulas: História e Cultura a Beira do Esquecimento

Pedro Emanoel Peres Diani

O AGRONEGOCIO CANAVIEIRO E A PRECARIZAÇÃO DOS TRABALHADORES NO CORTE DE CANA NO MUNICÍPIO DE ITUIUTABA/MG

Daniel Féo Castro de Araújo

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

Educando os homens de “mãos desarmadas”: a ABCAR como aparelho ideológico

Wallace Lucas Magalhães

Do “arraial da curva torta” ao teatro circense de periferia: a trajetória da música sertaneja raiz e suas novas significações.

Jaqueline Souza Gutemberg

Mutirões: “Traição” e “Derrubada” na zona rural de Patos de Minas – MG (1940 -1980)

João Otávio de Oliveira Coêlho

ST 17 – HISTÓRIA, LINGUAGENS & FICÇÕES

Coordenadores: Cássia Abadia da Silva (Doutoranda-PPGH/UFU) Cristiane Paula Arantes (Doutoranda-PPGH/UFU)

Thiago Destro Rosa Ferreira (Doutorando-PPGH/UFU)

TERÇA 25/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5S, Sala 5S205

Título do Trabalho Autoria

A HISTÓRIA DO RISO: LIBERTAÇÃO E OPRESSÃO ATRAVÉS DO HUMOR

Cassia Magaly Batista

Orlando – Uma análise literária Aguione Campos de Souza Borges

Memória e esquecimento em Kadosh de Hilda Hilst

Sálua Francinele Ribeiro

“Quando coloco o vivido nas frases, inicia-se uma mudança fantasmagórica”: entre a escrita da história e a literatura nos ensaios de Herta Müller

Manuel Batista de Sá Filho

Brincando com o passado: as representações da história através das lentes da ficção retrofuturista

Luis Otávio Canevazzi de Freitas

“Nos tempos do rebolado”: os musicais de Luís Antonio Martinez Corrêa

Cássia Abadia da Silva

ST 18 – A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NO BRASIL: EMANCIPAÇÕES, PÓS-ABOLIÇÃO E AS MUITAS ARENAS DE LUTAS POR DIREITOS NO BRASIL

Coordenador: Profa. Dra. Ana Flávia Cernic Ramos (INHIS-UFU)

TERÇA 25/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5O, Auditório 5OG

Título do Trabalho Autoria

A liberdade a contrapelo: um estudo sobre o pós-abolição na Villa de Santo Antonio dos Patos a partir de um processo criminal (1890 – 1892)

Arthur Willian Soares Alves

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

Cor e conflito: os negros nos processos criminais da Villa de Santo Antônio dos Patos no século XIX

Alison Luiz de Oliveira

A luta de escravizados por justiça na Uberaba do fim do século XIX. Um olhar sobre o protagonismo jurídico dos indivíduos escravizados, bem com das redes de solidariedade evidenciadas nos processos criminais acionados na em favor de escravizados.

Flávio Junio Neres Muniz

QUARTA 26/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5O, Auditório 5OG

Identidade e violência no Rio de Janeiro dos anos 80 a partir do jornal Cidade do Rio– século XIX

Geovan Souza Silva

História, imprensa e literatura: debates sobre cidadania, direitos fundamentais humanos e recrutamentos ilegais no caso Castro Malta (1884-1885)

Pedro Henrique Rodrigues de Barros

Caminhos políticos após a abolição: uma luta pela igualdade de direitos

Janaina Jácome dos Santos

As construção dos direitos sociais e das “igualdades” no período Colonial após abolições e as tentativas da equiparação do homem branco e negro, na formação do cidadão e da positivação das leis.

Alessandra Regina dos Reis Silva

ST 20 – PESQUISAS E EXPERIÊNCIAS EM ENSINO DE HISTÓRIA: FORMAÇÃO DE PROFESSORES, PRÁTICAS E SABERES HISTÓRICOS ESCOLARES

Coordenadores: Ms. Anderson Aparecido Gonçalves de Oliveira (DoutorandoPPGH/UFU) Profa. Dra. Maria Andréa Angelotti Carmo (INHIS-UFU)

Ms. Rosyane de Oliveira Abreu (UFU)

TERÇA 25/09, das 13:30 às 18:00, Bloco H, Sala 1H55

Título do Trabalho Autoria

Aluno-professor: importância dos programas à docência para o ensino coletivo

Márcio José Ribeiro da Silva Filho

PIBID: a formação de professores entre desafios e transformações

Anderson Aparecido Gonçalves de Oliveira

História: escola, bairro e cidade. Propostas e proposições para a educação básica

Tamyris Cristina de Castro

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

Por um ensino menos careta: a ressignificação de práticas fora do comum nas aulas de história.

Mateus Ribeiro de Sant’Ana; Kathleen Loureiro Santana dos Reis

Os desafios e as práticas formadoras do professor de História: Sentidos e dimensões do passado, uma experiência da região Central do Brasil.

Luiz Carlos do Carmo

A Iniciação Científica em História no Ensino Médio Integrado: experiências, resultados e dificuldades

Estefany Amorim Viana de Castro

A experiência com fóruns interdisciplinares em Caldas Novas (GO) como forma de reação ao ensino tradicional

Israel Carneiro de Aquino

ENSINO DE HISTÓRIA: EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS UMA ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA DE COMBATE AO BULLYING

Alinne Grazielle Neves Costa

COMO TRABALHAR DE FORMA INCLUSIVA?: Diálogo de experiências e problematizações

Isadora Damasceno Ribeiro de Oliveira Leite

Currículo de história em debate: a história oral como fonte

Artur Nogueira Santos e Costa

QUARTA 25/09, das 13:30 às 18:00, Bloco H, Sala 1H55

Educação para as Relações Étnico-raciais como possibilidade para o cumprimento da Lei 11.645/08 – História, Política e Perspectivas

Régis Rodrigues Elisio

A História e Cultura afro-brasileira e africana no Ensino de História

Viviane Pereira Ribeiro Oliveira

Saberes e Vivências da Cultura Africana em Itumbiara.

Recírio José Guerino

Relações raciais e sua abordagem no espaço escolar

Rosyane de Oliveira Abreu

A inserção do tema Reforma Protestante na Educação brasileira: Importação de currículo ou Influência Política?

Rychard Rodrigues de Oliveira

Abordagens e práticas educativas na educação infantil: questões de gênero e pensamento hegemônico

Rúbia Cristina Duarte Garcia Dias Lilian Marta Grisolio Mendes

DE “GRANDE OTELO PARA SEBASTIÃO”: O VÍDEO DOCUMENTÁRIO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE HISTÓRIA

Tadeu Pereira dos Santos

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

Tempo histórico e consciência histórica para crianças em processo de alfabetização em escola rural

Rafael Vinícius da Costa

Educação histórica e histórias de vida: abordagens e experiências no processo de alfabetização e letramento

Maria Andréa Angelotti Carmo

ST 21 –IMAGENS EM MOVIMENTO E HISTÓRIA: DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES SOBRE O AUDIOVISUAL

Coordenadores: Ms. Lucas Henrique dos Reis (UFU) Ms. Suelen Caldas de Sousa Simião (Doutoranda-UNICAMP)

QUINTA 27/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5O, Auditório 5OG

Título do Trabalho Autoria

História, memória e representações indígenas na minissérie Caramuru, a invenção do Brasil (2000)

Jean Carlos Ramos Ribeiro

Dissecando Tarantino: as consequências do Estados Unidos pós-abolição no cinema contemporâneo de Hollywood

Eduardo Antonio da Silva

"Red, white, blue's in the skies": a mobilização de símbolos americanos nos videoclipes de Lana del Rey.

João Pedro Rezende Marto; Mariana Rezende Machado

“Knee-Deep in the Dead”: A Violência no Video Game da década de 1990 e a criação do ESRB

João Gabriel Maia

La ciudad que huye: expressões da cidadela no curta-documentário de Lucrecia Martel

Suelen Caldas de Sousa Simião

Um olhar cinematográfico da regência Jango e a aplicabilidade histórica nos dias atuais.

Rodrigo Sousa Gonçalves

ST 23 – A ESCRITA DA HISTÓRIA E AS LINGUAGENS ARTÍSTICAS

Coordenadores: Elisa Maura Ferreira de Mello Cesar (Mestranda-PPGH/UFU) Sabrina Alves da Silva (Mestranda-PPGH/UFU)

Samuel Nogueira Mazza (Mestrando-PPGH/UFU)

TERÇA 25/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5O, Auditório 5OH

Título do Trabalho Autoria

Os arquétipos das máscaras da Commedia Dell´Arte e a Contemporaneidade: da história para a cena

Emanuelle Anne da Silva Dantas

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

Comedia e narrativa histórica em O Quinto dos Infernos.

André Luis Bertelli Duarte

A micro - história do teatro brasileiro - Uberaba: memória a partir dos sentidos

Luana Rodrigues de Araújo

Considerações sobre o conto “Diante da Lei”, de Franz Kafka.

Mariana Rezende Machado

Jean-Claude Bernardet, uma ficção historiográfica

Guilherme de Souza Zufelato

No Singular (2012): nas páginas de jornal e no registro fílmico.

Samuel Nogueira Mazza

QUARTA 26/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5O, Auditório 5OH

Ensaio Teatro-Político: Propostas contemporâneas para um quadro que parece e/ou tenta se repetir

Felipe Augusto Lemes

Os autorretratos de Vivian Maier: percepções sobre a situação da mulher nos anos 1950 e 1960

Gabriela da Silva Chaves

O Mercado da Personalidade: Transfigurações da Nova Classe Média (White Collar) nos elementos estéticos-históricos de Tudo Bem (Arnaldo Jabor, 1978).

Gabriel Marques Fernandes

Pesquisar a canção? Recomendações téoricas e metodológicas para o(a) historiador(a) iniciante

Aluísio Brandão; Vitor Sergio de Almeida

Populismo, Autoritarismo e Modernização: a defesa da Democracia na dramaturgia engajada de Vianinha em Papa Highirte.

Danilo Henrique Faria Mota

Transições incomodas e a linguagem fílmica de Veias e Vinhos: uma história brasileira (2006).

Sabrina Alves da Silva

A percepção e construção de teatro moderno: encenação de Seis Personagens à procura de um autor de Luigi Pirandello pelo Teatro Brasileiro de Comédia em 1951.

Elisa Maura Ferreira de Mello Cesar

ST 24 – Ensino de História e as Novas Tecnologias da Informação e comunicação (NTICs) possibilidades para a prática pedagógica

Coordenador: Aline Silva de Paula (Mestranda-PPGH/UFU)

SEXTA 28/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5O, Auditório 5OG

Título do Trabalho Autoria

O Contexto Histórico da Robótica e Suas Influências em Sala de Aula

Hutson Roger Silva

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Ferramentas digitais no ensino de História

Aline Silva de Paula

Uso do App Inventor para ensino de Historia

Nathália Vieira Kamimura

ST 25 – HISTÓRIA E LITERATURA: PRODUÇÃO, CIRCULAÇÃO E CONSUMO DE TEXTOS LITERÁRIOS

Coordenador: Profa. Dra. Daniela Magalhães da Silveira (INHIS-UFU)

TERÇA 25/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5S, Sala 5S306

Título do Trabalho Autoria

A construção do papel social da mulher republicana na série “Chronica livre” de Olavo Bilac (1893-1894)

Mirella Ribeiro Pinto

Os Sentinelas da Moral - O crime de defloramento em Clara dos Anjos e na imprensa na virada do século XIX

Débora Cristina Sousa Oliveira

A Nobreza Doutoral dos Bruzundangas e as Chicanas na República Velha

Amanda Figueiredo de Andrade

Uma breve análise de contos publicados pela escritora Maura Lopes Cançado em jornais cariocas: possibilidades de estudos da escrita de si a história local (1958 – 1965)

Edivaldo Rafael de Souza

Moças Humildes: a honra, o matrimônio e o anonimato nos folhetos populares de Maria das Neves.

Kathleen Loureiro Santana dos Reis

QUARTA 25/09, das 13:30 às 18:00, Bloco 5S, Sala 5S306

Reflexos da inquisição no campo literário: abordagens das mulheres hereges na literatura luso-brasileira.

João Vitor Santos Gondim

Influências da literatura europeia na formação da conduta feminina do século XVIII

Maria Teresa Santos Correia Lacerda

História, Literatura, realidade e ficção em O Conde de Monte-Cristo de Alexandre Dumas

Mateus Ribeiro de Sant’Ana

Personagens e perfis, entre a ficção e a História: uma análise das mulheres oitocentistas em O primo Basílio.

Maria Fernanda Ribeiro Cunha

Um milagre nada Divino: penicilina e seu impacto nas décadas de 40 e 50.

Márcio José Ribeiro da Silva Filho; Letícia Leandro Batista

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2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

RESUMOS DOS TRABALOS

ST 1: História e cultura letrada

1 - Túpac Amaru II e o socialismo do século XX: a América colonial nas construções

utópicas andinas e na poética nerudiana

Felipe Palazzo Rodrigues

O momento histórico presente, as reflexões políticas e as construções da memória interferem

na maneira como o passado é revisitado e interpretado e a História é escrita. A figura de Túpac

Amaru II, extremamente relevante para o final do período colonial na América Espanhola,

incentivou e serviu como tema para construções engajadas em prol de um projeto socialista

de sociedade, devido ao contexto de amplas discussões políticas e ideológicas do século XX,

como na obra Canto General, de Pablo Neruda, e na produção historiográfica do peruano

Alberto Flores Galindo. A análise dessas produções constitui temática importante para pensar

a dimensão dos usos do passado na escrita poética e historiográfica. Nesse sentido,

abordaremos o poema “XVIII Tupac Amaru (1781)”, apoiando-se principalmente nas reflexões

da historiadora Adriane Vidal Costa a respeito da trajetória de Neruda e a produção da obra

Canto General, publicada em 1950, e a obra Buscando um Inca, publicada em 1986, de Flores

Galindo, e sua trajetória enquanto historiador, preocupado com a análise da realidade social

peruana e a construção do socialismo. Utilizaremos de noções presentes nas obras de Enzo

Traverso, em seu livro El passado, Instrucciones de uso – Historia, memoria, política, e de Eric

Hobsbawm, no texto Sentidos do passado, da obra Sobre História, a fim de investigar,

principalmente, de que maneira a figura do líder inca e seu projeto de sociedade foram

retomados e analisados cientificamente em um contexto de engajamento político na

historiografia, e de que forma a criação artística escolheu ou criou símbolos e mitos, e suas

implicações e interpretações próprias da História, recriando a realidade, com finalidade de

intervenção política na produção poética.

2 - As relações de poder na sociedade

Lorena Gabrielle de Araújo

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A sociedade moderna foi construída à partir de sensíveis transformações vindas de

pensadores ligados ao governo, como Maquiavel e Hobbes, onde a partir da observação e

formulações de teorias sobre a política e o funcionamento da sociedade, puderam avaliar a

forma em que se regia os Estados e se perdia e mantinha o poder, mensurando e criando

arquétipos em volta de como se poderia governar de maneira mais eficiente, mantendo a paz

e o controle sobre o povo e seu território.Várias foram as contribuições vindas de tais

levantamentos, como o contrato social, e o emprego da lógica na política, visando o

rompimento com a igreja e seu poder advinda da fé, aconselhando os líderes a reger de forma

a buscar o resgate da ética presente nos povos antigos, gregos e romanos, e não a ética moral

a muito incrustada na sociedade pelo cristianismo, que não está presente apenas na forma de

comandar e manter um governo, mas em toda a sociedade e nas relações individuais.A

sociedade como um todo está repleta das relações de poder entre classes, governanças, e

indivíduos, e buscam a obtenção de mais poder sobre o outro, e como ele pode ser mantido

e expandido para outros campos, gerando assim um controle maior em torno de si,

assegurando sua posição na sociedade e segurança vital, essa busca de recursos para sua

sobrevivência, sendo materiais e imateriais está presente na essência humana, a

acompanhando desde o estado de natureza primitivo, explorado por Thomas Hobbes.

Observando na obra do Marquês de Sade, Os 120 dias de Sodoma, na releitura Sade em

Sodoma de Flávio Braga, uma vívida narrativa sobre o poder que poucos possuem socialmente

e levam para o campo privado, manifestando o de forma lasciva e violenta sobre o espírito e

o corpo dos menos favorecidos pelo benefício de terem nascido em berço de ouro, possuir

um cargo de trabalho e atuação social com prestígio e ser do sexo masculino, mas essa

afirmação de poder se expande para jovens bem nascidos, que são sequestrados e submetidos

a diversos flagelos, que engrandecem o ego e sensação de poder dos organizadores do

bacanal.Observando os diferentes cenários e narrativas expostos no livro, podemos observar

a presença de contratos sociais utilizados para firmar acordos entre diferentes partes para

promover o evento, o uso da força e crueldade assim como benefícios concedidos para manter

a ordem durante o período de exílios da sociedade, fundamentos presentes no guia para uma

boa governança de Nicolau Maquiavel, O Príncipe e nas teorias de Thomas Hobbes, no Leviatã

que foram rearranjados de forma instintiva e prática para servirem como ferramentas de

controle fora do cenário político.

3 - As práticas letradas no século de Augusto

Cleber Vinicius do Amaral Felipe

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Pretende-se analisar algumas práticas letradas produzidas ao longo do reinado do imperador

Augusto, especialmente a epopeia de Virgílio e as odes de Horácio. O intuito, no caso, é

discorrer sobre a relação entre poesia e poder, sondando as representações do reinado

augustano e os recursos retóricos mobilizados para efetuá-las com eficácia.

4 - Ut pictura poesis: a Commedia por Sandro Botticelli

Letícia Simões Malerba

A presente proposta de comunicação visa abordar algumas facetas que a obra Divina Comédia,

de Dante Alighieri, pode tomar, bem como sua influência nos mais variados tipos de arte,

como a pintura, esta que também é de essencial importância para o desenvolvimento desta

proposta, com o nome de Sandro Botticelli como figura ímpar para a influência da obra em

períodos posteriores; Pensar Alighieri e Botticelli como cidadãos da República Florentina

Quattrocentista, em meio a uma crise política, social e cultural que assolava a região naquele

momento, também é foco de problematizações, visando mostrar como a arte ressurgiu por

meio dos chamados mecenas e resgatou obras como a de Dante Alighieri; Para além disso, a

visão de que Botticelli foi não somente um ilustrador da Commedia, mas também um

comentador da mesma, é uma das questões a serem abordadas nesta proposta. Para além

disso, seguindo o pensamento que os simpósios relacionados à cultura letrada apresentam,

esta apresentação propõe também, como um dos pontos principais, a discussão acerca da

importância de se ler os clássicos, colocando em debate a posição dos mesmos atualmente e

utilizando, para isso, a obra Divina Comédia, de Dante Alighieri, em relação direta com vida e

obra do pintor florentino Sandro Botticelli, também essencial para tal reflexão.

5 - A representação da América segundo o imaginário europeu no século XVI.

Ana Luisa Sesso

Este artigo busca debruçar-se sobre a concepção que os habitantes da Europa tinham sobre o

maravilhoso e entender o imaginário da época, que ainda se fundamentava na Antiguidade e

na Idade Média, objetivando evidenciar como se davam as representações dos índios, da

fauna e da flora na visão dos primeiros europeus, viajantes que vieram para a América e que

relataram tal aventura. Utilizando conhecimentos antigos para classificar o que viam de novo,

esses homens acreditavam nos temores do Mar Tenebroso e que haviam chegado ao “Paraíso

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Terrestre”, cheio de riquezas e pedras preciosas. Com relatos, principalmente de Cristovão

Colombo, e posteriormente imagens, analiso como esse imaginário foi se alterando em

relação aos índios, que no primeiro contato eram vistos como seres dóceis e, logo após se

transformaram em selvagens e “não-humanos”.

6 - Gloria e Clementia em Vida de Augusto de Suetônio

Fernando Henrique Sousa Araújo

Pretende-se analisar os conceitos de gloria e clementia através da Vida de Augusto, de

Suetônio. Nossa hipótese é a de que o texto desse autor se caracteriza por um teor

encomiástico, isto é, a retórica da qual ele se reveste serve para denunciar atos de crueldade

e excessos do imperador e para elogiar suas vitórias militares e atos políticos. As categorias

supracitadas (gloria e clementia) parecem dar suporte a essa hipótese, na medida em que

reforçam a auctoritas de Augusto e a centralidade do mos maiorum (tradição), que deveriam

integrar o éthos (ou caráter) do imperador.

ST 2: Anarquismo(s): abordagens, métodos e problemas

1 - A Atualidade e o Anarquismo de Mikhail Bakunin

Matheus Saldanha Duarte

Com o presente estudo, pretendemos elucidar, em tempos em que as teorias sobre o “fim da

história” e o fim da ideologia são anunciadas e ganham cada vez mais espaço dentro das

universidades e da própria sociedade, quais as contribuições teóricas de um dos fundadores

do anarquismo, que produziu sua obra em meados do século XIX, para pensar a atualidade, as

ciências humanas e o socialismo – entendendo o anarquismo enquanto um campo deste.

Mikhail A. Bakunin (1814-1876) foi um revolucionário anarquista russo, considerado um

“homem de ação” por seus adversários e inimigos, sendo responsável, de acordo com a visão

que adotamos nesta Comunicação, pela construção e consolidação do campo socialista

libertário – conhecido também como anarquismo. A ideia de que Bakunin não era um

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pensador muitas vezes foi usada como recurso para escamotear sua contribuição às ciências

humanas e às ideias socialistas, e muitas vezes desconsiderada pelos próprios anarquistas,

mas que encontra dificuldades em se sustentar hoje em dia tendo em vista os recentes

estudos e traduções de sua obra, especialmente os de língua portuguesa. Através da leitura

do que está disponível em língua portuguesa no Brasil – artigos, cartas, fragmentos, livros e

teses – e do estudo comparativo de autores contemporâneos dedicados à vida e à obra de

Bakunin, entre eles os franceses Frank Mintz e René Berthier, o irlandês Paul McLaughlin e os

brasileiros Andrey Cordeiro e Felipe Corrêa, foi possível identificar uma base materialista, isto

é, o posicionamento do pensamento e da ação no centro das transformações históricas, e uma

dialética negativa, diferente das posições hegeliana, proudhoniana e marxiana. Bakunin

considera O Capital de Marx um marco científico e o conceito de luta de classes um ponto de

apoio do pensamento revolucionário, divergindo do alemão num outro aspecto, não menos

fundamental, ao qual dedica grande parte de seu trabalho: a questão do Estado. É dentro

dessa questão que surgirão, no seio da Associação Internacional de Trabalhadores (AIT), as

polêmicas sobre a estratégia de transformação social revolucionária que até os dias atuais

marcam a divisão do socialismo entre marxistas e anarquistas.

2 - Memória e esquecimento: o anarquismo terrorista nas crônicas de Neno Vasco

Thiago Lemos Silva

No início de 1912, Neno Vasco parecia bastante satisfeito com os resultados assumidos pelo

trabalho desenvolvido pelos anarquistas junto ao movimento operário. Contrariando

entretanto suas previsões, o engajamento dos anarquistas com o sindicalismo revolucionário

em quase todas as partes do globo, não ocasionou o apagamento imediato dos anarquistas

terroristas, tal como atesta o assalto do grupo liderado por Julles Bonnot ao banco francês da

rua Odonner no ano de 1911. Tal fato retoma e reatualiza, mais uma vez, a espinhosa

problemática da relação historicamente tecida entre anarquismo e terrorismo para Neno

Vasco. Em uma época na qual os assassinatos, explosões de bombas, roubos e outras formas

de “propaganda pelo fato” pareciam ser táticas superadas pela consolidação do sindicalismo

revolucionário, o cronista se vê obrigado a (re)visitar a história do anarquismo entre os séculos

XIX e XX na Europa. Ao (re)escrever sobre o lugar ocupado pelo terrorismo naquele contexto,

nota-se fortemente o modo como memória e esquecimento inserem e se articulam na escrita

cronística do autor, forjando um umbral de difícil indistinção (SEIXAS, 2003).Com o intuito de

interrogar os atos de memória e esquecimento em Neno Vasco sobre o anarquismo terrorista,

perscruto neste trabalho as crônicas de sua autoria que foram publicadas na imprensa

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anarquista e operária luso-brasileira, durante a década de 1910, sendo que parte destas foram

republicadas no livro Da Porta da Europa (VASCO,1913). A escolha de suas crônicas enquanto

fonte privilegiada para essa pesquisa impôs-se pela importância que esse gênero literário

assumiu frente aos demais nos periódicos militantes em que o anarquista atuava. Ao

experimentar a narrativa curta, o cronista consegue perceber o flagrante no momento da sua

consecução. Desse modo, o assunto da sua escrita pode surgir de forma ocasional, e ir

preenchendo a pauta do jornal a partir das demandas que, segundo ele, sejam importantes

para a militância. (PRADO; HARDMAN, 2001).Embora essa escrita fosse prioritariamente uma

narrativa, utilizada para informar e debater com os leitores brasileiros e portugueses sobre

este importante período do anarquismo, ela também possibilitou ao nosso biografado uma

forma de escrita de si (CASTRO, 2004). Isso permitiu, por sua vez, a este biógrafo encontrar

uma chave para abrir não apenas a porta da história do movimento anarquista e operário no

continente europeu, mas, também a porta da sua história de vida, ajudando a melhor

compreender os motivos que levaram Neno Vasco, assim como muitos outros, a esquecer a

história do anarquismo terrorista. Este esquecimento se deu por motivos bem justificados,

tais como a repressão governamental, o isolamento frente ao movimento operário e a pouca

efetividade da propaganda pelo fato. Além disso, a aproximação com os sindicatos mostrou

ser de fundamental importância. A transição da estratégia terrorista a sindicalista e as

mudanças que lhes são correlatas, não podem ser devidamente explicadas e compreendidas

na narrativa de nosso cronista se não levarmos em consideração que o esquecimento da

primeira impõe-se à custa da memória da segunda. Em síntese: para ele, esquecer o

terrorismo foi condição para recriar e ressignificar o passado do anarquismo a partir dos

desafios postos no seu tempo presente, tal como revela o engajamento massivo dos militantes

libertários com o sindicalismo revolucionário.

3 - Lucía Sanchez Saonil e o Movimento Mujeres Libres

Luana Rodrigues Bernardes

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de resgate da memória de uma importante

personagem da história das mulheres durante os conflitos civis na Espanha na década de 30:

Lucia Sanchez Saonil, assim como o movimento importantíssimo do qual fundou e fez parte,

o Mujeres Libres. A pesquisa utilizou-se de fontes bibliográficas com método qualitativo de

análise para aferir as informações que resumidamente se seguem. Lucía Sanchez Saonil

nascida em 1895, oriunda de família humilde, mas que apesar disso tinha em casa uma

pequena biblioteca da qual era ávida consultora. Finalizou seus estudos secundários na

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instituição “Casa De Los Gatos”, destinada a órfãos, em 1913, e logo depois ingressa na

Academia de Belas Artes de San Fernando de Madrid. 1914 é o ano de seu debut poético, pelo

semanário Avante, com o poema Nieve, e passa a publicar em diversas revistas, Los Quijotes

e Cádiz- San Fernando. A partir daí ela se vincula ao movimento literário denominado

ultraísmo. Seus poemas são lançados nos periódicos porta vozes do movimento: Grécia,

Cervantes, Plural, Ultra, Manatial. Mas com uma curiosidade, Lucia lançava seus poemas sob

o pseudônimo de Luciano San Saor. Que nada mais era que um locutor masculino que fala ao

interlocutor feminino que ama a figura da mulher representada enquanto ativa, felina e

moderna e não enquanto objeto estático. E devido a isto se questiona se o uso pseudônimo

era puramente expressão literária ou a confissão de suas (homo)sexualidade. Como seu pai,

devido as necessidades financeiras, em 1916 começa a trabalhar como operadora na

Companhia Telefônica de Madrid. E é aqui que ela começa a ter o contato com a classe

operaria e mais significantivamente com o movimento anarquista via CNT – Confederacion

Nacional Del Trabajo - e a FAI – Federacion Anarquista Ibérica. Em 1931 participa então da

greve geral sindical organizada pela CNT, onde desperta para militância. E em 1933 começa a

trabalhar n periodico CNT em Madri, como Secretária de Redação, e editou seu próprio jornal,

até o início da Guerra Civil Espanhola em 1936. Seus textos no jornal se destacavam-se pelas

críticas ao machismo dentro dos núcleos anarquista e anarco-sindicalistas. Em 1935, lança

pelo periódico Solidaridad Obrera, textos intitulados “A Questão Feminina Em Nossos Meios”

com os quais trava embate com o Mariano Vásquez. .Do embate que se forma e tendo em

vista a necessidade de uma abordagem mais especifica direcionada para as mulheres, visando

sua emancipação enquanto individuos, surge com Lucia Sanchez Saornil, Mercedes

Comaposada e Amparo Poch y Gáscon o movimento “Mujeres Libres”, com a revista seu maior

meio de comunicação de mesmo nome. A revista “MUJERES LIBRES”, nasce para se fazerem

ouvir a voz sincera, firme: a da mulher, mas uma voz própria que nasce da sua natureza intima.

Dai a justificativa para seu nome : “MUJERES” para se restaurar a palavra que foi esvaziada de

seu conteúdo. lhe foi negado e retirado. E “LIBRES” Adjetivo somado para explicitar que

“MUREJES LIBRES” era um grupo independente de seita ou grupo político. Logo em seguida

ocorre o levante militar e a guerra civil se instaura na Espanha, com isso o Plano de ação para

ajudar no antifascismo e da emancipação feminina, parte inerente da Revolução se

desenvolve exponencialmente. Agruparam mulheres de acordo com seus conhecimentos,

suas aptidões e vocações. (3000 afiliadas em um mês). Foram criadas sete seções para a guerra

e para retaguarda: Transporte, saúde, metalurgia, comercio, oficina, vestuário, serviços

públicos e brigada móvel.A Organização MUJERES LIBRES visava criticar e libertar a mulher do

seu lugar de submissão destinadas as mulheres. Retirando-as do confinamento doméstico

para vida pública e proporcionar meios para a mais ampla participação da vida social, política

e cultural. Apesar de todo o trabalho feito pela Federação de MUREJES LIBRES, elas não foram

aceitas como quarto ramo do conselho geral do movimento libertário. Em 1938 MUJERES

LIBRES é excluída do Plenária do Movimento Libertário e posta como uma organização auxiliar

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do Movimento Libertário...Com a derrota para Franco EM 1936, Lucía se exila na França,

retorna só três anos mais tarde vivendo em total anonimato, fora das atividades políticas. Vem

a falecer vitimada por um câncer em 1970.

4 - Utopia anarquista no pós-guerra: algumas considerações

Cláudia Tolentino Gonçalves Felipe

O sociólogo americano David Riesman, em um artigo publicado no Yale Law Journal em

dezembro de 1947, fez a seguinte declaração: “um renascimento da tradição do pensamento

utópico parece-me uma das importantes tarefas intelectuais de hoje” (RIESMAN, 1947, 173).

Partindo da constatação de que após a Segunda Guerra Mundial vivia-se um mundo de

desencanto, Riesman aponta para a necessidade de os intelectuais e pensadores do seu

tempo profetizarem a restauração e a paz a partir da elaboração de um pensamento utópico

e da projeção de novos planos comunitários de vida. Os dizeres de Riesman representam uma

gama de estudos e projetos que ecoaram em diferentes partes do globo como um jazigo dos

horrores do século XX. Em busca de respostas e de caminhos para se livrar do risco de

repetição dos traumas e violências então testemunhados, a utopia reveste-se de uma

importância ímpar para diferentes pensadores pós-modernos. Nesta comunicação, pretendo

explorar projetos utópicos anarquistas que circularam no Brasil e em outras partes do globo,

nas três décadas que sucederam a Segunda Guerra Mundial, com o intuito de avaliar a

importância conferida por intelectuais anarquistas à utopia como mecanismo de transgressão

política.

5 - Um projeto anarquista para o Uruguai: a trajetória da Federação Anarquista Uruguaia

(1956 – 1975)

Vinícius Gade Rossi

O presente artigo pretende reconstruir a trajetória da Federação Anarquista Uruguaia (FAU),

organização política anarquista fundada em 1956 que teve grande influência dentro do

movimento sindical e da esquerda uruguaia, sobretudo a partir de sua atuação na Convención

Nacional de los Trabajadores (CNT), coluna vertebral do processo de resistência da classe

trabalhadora à crescente crise e o endurecimento do regime no Uruguai nas décadas de 1960

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e 1970. Durante sua existência, ancorada em sua militância de “partido” – pensado como um

“centro político” – e em suas organizações de base, atuou como “pequeno motor” integrado

às lutas da classe trabalhadora, o “grande motor”, buscando criar as condições (subjetivas,

materiais, organizativas, etc.) para a auto-organização desta, trabalhando por um processo

revolucionário que tinha como protagonista os trabalhadores organizados. O problema mais

geral que a pesquisa de mestrado pretende responder é: qual a importância do anarquismo

dentro do processo de estruturação da resistência – efetivamente colocada pela classe

trabalhadora – à crise e às reformas decorrentes dela no Uruguai dos anos 1960 – 1970? Em

segundo lugar (e de forma complementar), quais as implicações (ideológicas, tático-

estratégicas, organizativas) desse processo para essa concepção de anarquismo organizado?

Este artigo pretende esboçar de forma panorâmica uma resposta à segunda pergunta. A

hipótese é de que a partir de relações sólidas com distintas organizações (por meio de

instâncias como o Coordinador, a Tendencia e a ROE) e a partir do aporte de elementos

teóricos não comuns ao anarquismo (provenientes de uma certa leitura da Revolução Cubana

e do “guevarismo”, do marxismo libertário e do estruturalismo), a FAU vai desenvolver formas

de atuação e um marco teórico-analítico próprios, que dialogam com a matriz do anarquismo

histórico ao mesmo tempo que se propõe atualizá-lo. De forma cada vez mais incisiva, esse

“aparato teórico” que foi se esboçando deu suporte e orientou a concepção e prática de um

projeto anarquista bastante original (operativo de forma concreta entre 1968 – 1973), que

almejava construir um pueblo fuerte que pudesse lutar, a partir de seus “organismos de

poder” e de forma autônoma, contra o previsto endurecimento do governo e a anunciada

ditadura. O uso desse marco teórico-analítico se traduziu em uma significativa expansão do

anarquismo (principalmente se comparada a outras experiências na região da América Latina)

enquanto ideologia capaz de incindir de forma decisiva na organização da resistência da classe

trabalhadora. A FAU, a partir de 1968, é decisivamente uma força que vai polarizar o campo

político-social, disputando-o com as linhas majoritárias, representadas dentro da CNT pelo

reformismo do Partido Comunista Uruguaio e no âmbito da esquerda revolucionária, pelo

MLN-T e sua política foquista. A proposta da FAU é radicalmente distinta, em ambos os

domínios. É esse “projeto anarquista” que o presente artigo pretende esboçar em linhas

gerais.

6 - Os anos de clandestinidade da Federação Anarquista Uruguaia (1967-1976)

Thaís Linhares Fabi dos Santos

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O trabalho apresentado é a investigação dos anos de clandestinidade da Federação Anarquista

Uruguai, e como a organização se estruturou e articulou suas ações. No seu processo

clandestino é o período de maior inserção política nos movimentos sociais, como dentro da

CNT (Convención Nacional de Trabajadores). É esse o período de surgimento de sua

significativa frente de massas, o agrupamento de tendência, ROE (Resistencia Obrero-

Estudantil), existente até os dias atuais, e seu braço armado OPR-33 (Organización Popular

Revolucionaria – 33 orientales), uma das mais importantes ações armadas do país (CÔRREA,

2012). A Federação Anarquista Uruguaia foi fundada em 1956, unindo militantes sindicais,

militantes dos bairros, setores juvenis e estudantis e militantes italianos migrados. Desde sua

fundação, a FAU passa por dois momentos importantes para seu desenvolvimento e

consolidação (ALVES, 2016); o primeiro momento é em 1964, que marca o racha interno da

organização, e o segundo são os anos de clandestinidades (1967-1976), devido ao aumento

repressivo do estado uruguaio, denominada, em parte deste período, mais especificamente

até 1973 quando há o golpe militar, ditadura constitucional (RUGAI, 2012, AGAMBEM, 2004),

momento o qual a grande maioria das organizações de esquerda são colocadas na

clandestinidade. A metodologia adotada busca compreender de maneira precisa a definição

de anarquismo de um ponto de vista global, que rompe com leituras focadas em momentos

históricos específicos e na maioria das vezes se detendo apenas na Europa e nos Estados

Unidos (SCHMIDT, van der WALT, 2009; CÔRREA, 2012), assim, é possível delimitar e refletir

acerca dos desenvolvimentos teóricos, políticos e ideológicos do anarquismo no Uruguai,

podendo, assim, conseguir compreender a concepção anarquista da FAU. Analisando os

movimentos sociais uruguaios, os setores sociais, os sindicatos, movimentos estudantis, os

bairros, as instâncias não institucionalizadas, com isso, a análise das “massas autônomas”, a

partir da história vista de baixo (THOMPSON, 2009), a fim de compreender a real inserção da

FAU nesses setores. A análise documental tem como finalidade extrair reflexões das

organizações, avaliações das informações contidas, estabelecer a contextualização dos

acontecimentos e, com isso, perscrutar uma aprofundada análise das discussões, táticas e

articulações políticas feitas pelas organizações, assim como, dos documentos e cartilhas da

organização (FAU, 2009, S/d.).

ST 3 – História, cultura e poder no Brasil republicano

1 - TRANSFORMAÇÕES E REPRESENTAÇÕES FEMININAS PÓS PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

Juliana Quintão da Silva

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Moda e guerra podem parecer dois assuntos totalmente distintos, no entanto, estão mais

ligados do que a maioria imagina. Muitas peças foram criadas originalmente para serem

usadas em combate, porém passaram a inspirar os modos de vestir dos civis, principalmente

das mulheres. Através de analises das imagens da guerra, mais especificamente dos uniformes

militares de diferentes países, juntamente com a análise dos croquis de moda feminina da

época, identificamos que as inspirações ocorreram como forma de representação, seja do

novo comportamento feminino que estava em processo de mudanças, seja o novo mundo de

possibilidades que surgiria para as sociedades com o fim da primeira guerra. Com a influência

da Primeira Guerra Mundial surgiu um modelo econômico sóbrio que dominou a sociedade

da época, pois a guerra arruinou muitas famílias com grandes fortunas. Pensando nos grandes

estilistas do período, a moda Channel era uma moda relativamente cara, porém assumiu um

papel essencial nesse período, já que seus modelos foram estrategicamente confeccionados

em tecidos mais baratos, totalmente de acordo com essa nova conduta social e eram ao

mesmo tempo modernos e clássicos. Outra estratégia da marca Coco Channel foi adotar peças

do vestuário masculino, a combinação dos suéteres masculinos com as saias retas por

exemplo, ou o lançamento de calças largas para mulheres, saias mais curtas, pregueadas,

amarradas ou com fendas, liberava o movimento numa inovadora sequência de criações

práticas, adaptadas às novas necessidades e as ideias de funcionalidade e linhas “limpas” que

o novo modelo econômico exigia. Com o auxílio da História Cultural, e da reflexão sobre

representação e apropriação, de Roger Chartier, desenvolvemos nossa pesquisa sobre a

relação entre a moda e a guerra. Essa nova moda pós-guerra ofereceu uma roupa simples e

fácil de vestir, mas com um efeito visual luxuosos, modelos com o corte simples e elegante.

Era a “glamorização” da pobreza com cores sempre sóbrias de verde escuro, preto, branco,

areia, creme, marinho e cinza para confeccionar os vestidos e, as estamparias também nas

mesmas cores, geralmente tinham leves toques em bege e carmim dando profundidade que

revelavam as melindrosas cheias de atitude e as vezes “quase nuas” dentro das roupas retas

e folgadas.

2 - A PARTICIPAÇÃO FEMININA NA CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA CIDADANIA BRASILEIRA NA

DECADA DE 1930.

Aiene Rizza Melo

Em sala de aula ouvi: “Lugar de mulher não é na política”, e esse é um pensamento de muitos,

e se acentuou após a saída do governo da Presidenta Dilma Rousseff da presidência do Brasil

em agosto de 2016. É corriqueiro vermos pessoas dizendo que não se interessam por política,

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

que política não se discute, que política não é coisa de mulher. Estamos vivendo um período

muito assustador, principalmente no Brasil, a cada dia que passa, os cidadãos brasileiros estão

perdendo cada vez mais os seus direitos que foram conseguidos a base de muitas lutas,

sacrifícios, batalhas, prisões e mortes. As mulheres hoje estão sendo uma das prejudicadas

nessas perdas de direitos, ao longo de toda a história as mulheres lutaram e ainda lutam pelos

seus direitos, como diz uma célebre frase de Simone de Beauvoir: “Nunca se esqueça que

basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam

questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante

toda a sua vida”. Está havendo uma maior visibilidade na mulher no cenário político, tivemos

uma presidenta eleita no Brasil por dois mandados, temos mulheres no senado, no congresso,

nas câmaras de vereadores por todo o Brasil, mas é necessário historicizar o fato das mulheres

atuante politicamente ao longo da nossa história no Brasil, mas precisamente na década de

1930, onde foi para as mulheres uma década importante, uma década de grandes batalhas e

grandes vitória pelas lutas dos direitos femininos. Para essa históricização contamos com

os/as professores/as de história, nós somos protagonistas do saber afirma Cerri (2011), nós

professores/as, através do nosso trabalho participamos da constituição das identidades

dos/as nossos/as alunos/as. Através da História, através do ensino de história temos que

ensinar nossos/as alunos/as a pensar historicamente, quando o/a aluno/a pensar

historicamente ele não aceitara informações, dados e ideias sem pensar em qual contexto foi

produzido o ato. Como professor/a temos que induzir o/a nossos/as alunos/as a levar em

consideração alguns pontos importantes, como o tempo, os posicionamentos políticos, as

classes sociais, os/as alunos/as devem chegar por si só na análise que todo produto de uma

ação possui vários sujeitos e que é importante saber quem são esses sujeitos afirma Cerri

(2011).No Estado Novo o objetivo era mudar a face do Brasil, fazer com que a população

aumentasse, que crescesse laboriosamente, que essa “nova” nação fosse uma nação

higienizada, disciplinada, saudável e educada nos padrões cristão católico. Vargas queria

modernizar e educar o país, almejava uma nova nação, nessa empreitada de suma

importância Getúlio Vargas dá às mulheres um cargo muito importante, o cargo de cuidadora,

zeladora, protetora da família, seria através das mulheres que o Brasil no período de governo

de Getúlio Vargas mudaria e se modernizaria, às mulheres fora designado esse importante

papel. As mães que estavam sendo instruídas e orientadas pela ciência, pela igreja católica e

pelo governo, para criar uma nova nação, eram orientadas e avaliadas pelo governo, pela

igreja católica e pela sociedade, as mães tinham o dever de proteger a sua família e a colocar

dentro do padrão estabelecido de “boa família” utilizando de todos os métodos possíveis. O

estudo desse período resultará em um material didático voltado para o/a professor/a de

história ensinar sobre a “Era Vargas” através da história das mulheres, ensinar sobre a política

da época, ensinar a importância que as mulheres tiveram na luta por direitos, direitos esses

que até os dias atuais possuímos, ensinar a importância do voto, do voto feminino, a

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importância da participação das mulheres na política, o professor/as analisara todas essas

questões através da História das Mulheres.

3 - O religioso nos discursos sobre a Política Externa Independente do Governo Jânio

Quadros (1961)

Guilherme Gonzaga Bento

O presente ensaio pretende discutir a relação entre Estado e religião partindo da noção de

criação do Estado liberal burguês que efetiva a separação entre o poder secular e o poder

religioso, a fim de alcançar a discussão contemporânea da presença deste no discurso político

e nas esferas institucionais do Estado. Para tanto, tomaremos como base o discurso religioso

de matriz católica-cristã sobre o anticomunismo, apontando a presença deste no discurso

político do Estado contemporâneo, a partir das falas sobre a Política Externa Independente

(PEI) do Governo Jânio Quadros, de forma a identificar como o instrumental anticomunista,

baseado no elemento “ser cristão” e “ocidental”, está presente e interfere de forma

significativa na tomada de decisão sobre a política externa nesse período de bipolaridade

entre comunistas (anticristãos) e capitalistas ocidentais (cristãos), deslocando esse

maniqueísmo para a esfera do político e interferindo nas formulações institucionais do Estado.

Nesse sentido, partiremos da discussão realizada por Reinhart Koselleck sobre a constituição

do Estado liberal burguês no século XVIII e sua relação de separação com o religioso; passando

pelo debate do discurso anticomunista de matriz católico-cristão que se firma na Guerra Fria,

a partir das colocações apontadas por Rodrigo Patto; e por fim analisar os discursos sobre a

política externa independente do governo Quadros que demonstram a interferência do

religioso na esfera do ‘político’ em tempos de Estado contemporâneo, seja na justificação

oficial dessa política como algo “cristão”, seja no combate a ela como ação política “não cristã”

no sentido de ser comunista.

4 - As relações políticas, sociais e culturais a partir da perspectiva da banda Inocentes nos

anos de 1980 em São Paulo

Maria Gabriela Monteiro Gil;

Ebony Stephanie Silva Alberto

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O punk que emergiu nos anos 70 não era apenas um gênero musical, mas também propôs a

criar estilo de vida, influenciado pelo movimento hippie, teve sua origem muito diferente das

manifestações de grupos anteriores, pois esse teve como embrião as periferias das cidades

metropolitanas que vivia o seu processo de industrialização. O punk, ao invés de apresentar-

se como continuidade da geração que propôs a contracultura, se coloca como ruptura, mesmo

reconhecendo suas influências. Dessa forma, esse trabalho busca refletir historicamente as

relações políticas, sociais e culturais a partir da perspectiva da banda de punk rock os

Inocentes durante o período compreendido da década de 1980, momento considerado o auge

do rock nacional promovido por aquela juventude de músicos que haviam crescido sob a

ditadura civil militar de 1964 e no momento vivia o processo de abertura política. No entanto,

essa é também considerada a “década perdida”, marcada pela crise econômica, alto nível de

desemprego, aumento da inflação e o fim do ciclo de expansão vivido na década de 1970. E é

nesse contexto que surge como uma, das várias vertentes da música popular brasileira, o punk

rock, tendo como origem a periferia da cidade de São Paulo, onde a principal influência na

produção temática de músicas era o caos urbano, ressaltando que tanto a banda, quanto o

gênero punk rock possuem múltiplas temáticas – letras e músicas que tratam sobre amor,

sexo, religião, pátria e ou são mesmo para puro entretenimento e para diversão. Não

pretendemos analisar a música pela música, a obra pela obra, mas refletir e analisar o

processo de criação e divulgação como um leque de relações sociais. Ao reconstituir as

relações banda, poderemos compreender não apenas sua produção, mas também abrir

espaço para as vozes marginalizadas em relação à ordem dominante. A pesquisa vale de fontes

discográficas, bibliográfica e documentos audiovisuais. Tendo como a fundamentação teórica

metodológica a do Marcos Napolitano, historiador e especialista em música brasileira a partir

de um diálogo com a teoria proposta por Carlo Ginzburg, pois a cultura popular não será

analisada de forma isolada e diferente da cultura dita erudita, mas a partir das concepções de

circularidade cultural, em que o historiador demonstra a complexidade das relações humanas

a partir de uma comunicação entre os níveis culturais do popular e do erudito. Dessa forma,

a música como fonte e objeto de análise não pode ser analisada a letra simplesmente pela

letra, mas sim, a partir de todo o seu contexto de produção. Utilizando o autor René Rémond

para analisar as concepções políticas, partindo de um sentido mais amplo da esfera política,

pois, mesmo o punk não ser pertencente a nenhum partido, suas produções provocam no

mínimo um debate político.

5 - “Goianobyl”: considerações sobre o acidente radiológico de Goiânia a partir da

repercussão no Jornal do Brasil (RJ).

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João Pedro Rezende Marto

Em 1987 ocorreu em Goiânia o que ainda hoje é o maior acidente radiológico registrado em

solo brasileiro. A contaminação com césio-137, descoberta semanas após seu início, resultou

na morte de quatro pessoas, segundo dados oficiais. Pretende-se, no presente trabalho,

analisar parte da repercussão do acidente nas páginas do Jornal do Brasil (RJ), examinando a

indefinição, a imprevisibilidade, o medo e a incerteza diante da catástrofe, além do

posicionamento do periódico em relação à população em geral, aos diretamente envolvidos

no acidente e aos órgãos responsáveis. Busca-se analisar e interpretar, partindo das páginas

do jornal, o cerne do acontecimento, seus precedentes e, na medida do possível, seu

significado num grau maior. Propõe-se que a cidade de Goiânia tenha sido gestada de acordo

com os princípios que direcionam o projeto da modernidade, e que o acidente radiológico em

questão tenha ocorrido em consonância com uma crise desse projeto.

6 - O processo de tombamento da paróquia Divino Espírito Santo do Cerrado

Christofer Lima Mendonça

Este é um relato de experiência cuja pretensão é apresentar um trabalho de pesquisa

realizado no ano 2012, na cidade de Uberlândia, com o propósito de conhecer e entender o

processo de tombamento da paróquia Divino Espírito Santo do Cerrado e, teve, também,

como objeto, observar qual seria o real valor de um processo de tombamento da paróquia

para as pessoas da comunidade local. A metodologia adotada para se fazer esse trabalho, foi

a utilização de pesquisa bibliográfica, de levantamento de dados sobre o processo de

construção e tombamento e da realização de um questionário que versava sobre a frequência

do fiel, seu endereço, e sobre a importância que a instituição tinha como símbolo de

identidade da comunidade e da paróquia para a comunidade e ainda, sobre o conhecimento

que tinham sobre tombamento, a avaliação da infraestrutura da instituição, o aumento do

número de frequentadores, após o tombamento, e sobre qual seria valor da igreja para as

novas gerações. A abordagem do tema se deu a partir de três conceitos-chave: patrimônio,

memória e tombamento, isso serve como indicador da ação que envolve a pesquisa histórica

e a importância de documentos e monumentos. Uma vez entendido esses conceitos, fica

esclarecido que este estudo de caso pretendeu entender as circunstâncias próprias de um

processo de tombamento num âmbito regional e o objeto de estudo foi a Paróquia Divino

Espírito do Santo do Cerrado, na cidade de Uberlândia, MG, cujo tombamento foi solicitado

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pela comunidade e cujo projeto foi assinado pela arquiteta Lina Bo Bardi. A circunstância que

envolveu a fundação da igreja teve início em15 de dezembro de 1975, quando a Secretária

Municipal de Obras, sob o mandato do prefeito de Uberlândia, na época, Sr. Virgilio Galássi,

concedeu o alvará de licença para os comissários Franciscanos de Nossa Senhora de Fátima

do Brasil para a construção da Igreja Divino Espírito do Santo na Avenida dos Mognos, 355. A

construção foi realizada pela comunidade local por meio de doações de verba e de mão-de-

obra, junto com o engenheiro Rodolfo Ochoa e a arquiteta Lina Bo Bardi. Essa igreja tem um

enorme prestígio simbólico para todos os seus frequentadores especialmente para os que

participaram de sua construção, então, ao analisar a história da construção e de seu

tombamento, concluiu-se que ela representa, além de um símbolo de fé, a vitória da união,

do esforço e da vontade dos fiéis católicos e, ainda, que o momento da união da comunidade

em torno de propósitos comuns que foram a construção e, posteriormente, o tombamento

tenham se tornado em eventos marcantes para fundamentar os laços de identidade entre os

indivíduos da comunidade.

ST 4: História Visual e Cultura Visual: Sociedade, Imagem e Diferentes Expressões das Visualidades

1 - A SUBJETIVIDADE IMAGÉTICA CONSUMISTA DA TELENOVELA DANCIN’DAYS EM 1978-

1979.

Vitor Augusto Gama Souza

No que tange a televisão em captar imagens e transforma-las em objetos de sedução como

princípio engajador de consumo, a telenovela no Brasil e principalmente, as da TV Globo, tem

a capacidade de lançar novas identidades comportamentais, a partir da ficção imagética.

Neste caso, a telenovela Dancin’Days de Gilberto Braga, exibida entre 10 julho de 1978 a 27

de janeiro de 1979, no horário das 20 horas, nos traz a discussão de uma folhetim

caracterizado por trazer os valores da classe média e das elites urbanas, a partir de uma

história capitaneada pela ex- presidiária Júlia Matos (Sônia Braga), lutando pelo amor da sua

filha Marisa (Glória Pires) com a sua irmã Yolanda Pratini (Joana Fonn), a qual cuidou da

sobrinha quando a irmã estava presa. O objetivo é contextualizar o valor imagético proposto

pela produção da telenovela, marcados pela inserção de uma nova fase de consumo e de uma

temática capaz de promover uma nova ordem comportamental, baseada em uma lógica de

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mercado consumista e com isto, as subjetividades imagéticas funcionaram como fonte para

problematizar o discurso proposto pela Rede Globo.

2 - O ESPETÁCULO DA VIOLÊNCIA NA MÍDIA TELEVISIVA: AS REPRESENTAÇÕES DA

CRIMINALIDADE EM PROGRAMAS POLICIAIS

Maria Cecília Magalhães Chaves

Os produtos da mídia são percebidos como objetos da cultura capazes de influenciar e moldar

condutas sociais persuadindo comportamentos e influenciando opiniões. Com a difusão da TV

como um popular instrumento de informação e fomentador da opinião pública houve a

inserção cada vez mais maciça de programas televisivos associados à necessidade de conexão

do público telespectador com a notícia veiculada, o que ocasionou uma redefinição de como

são representadas a realidade de alguns fatos e identidades sociais. Ao projetar símbolos

sobre uma determinada realidade o conteúdo veiculado pela mídia influencia na construção

do imaginário social, uma vez que é capaz de produzir representações sobre a experiência

social da coletividade. Neste sentido, Kellner (2001) destaca que a mídia é um instrumento de

disseminação de ideologias e representações apta a reproduzir discursos sociais reacionários

e difundir posições ideológicas dominantes em determinados contextos nos quais são

“criados, veiculados e recebidos” (KELLNER, 2001, p.13). A mídia televisiva se apresenta nesta

conjuntura e insurge como importante meio socializante por ser um desses veículos

exploradores desta condição de produção do real que opera articulando no imaginário social

projeções sobre uma determinada realidade do que ela pretende divulgar como emanação da

verdade. Destarte, o problema desta pesquisa relaciona-se com este aspecto de produção de

sentidos e caracterizações da realidade manejadas pela televisão e questiona o alcance da TV,

através de programas policias do gênero popular, na criação e exploração de representações

da criminalidade. A pesquisa se justifica pela necessidade de compreensão da maneira pela

qual a mídia televisiva atua para dar sentidos e ressignificar o fenômeno da violência a partir

de um contexto de espetacularização, pois se entende que, ao cooperar na legitimação de

alguns discursos “a TV pode perpetuar ideias e estigmas além de reforçar a exclusão social e

os estereótipos. (PINHO, 2016, s.p). O presente trabalho tem por objeto a análise da produção

midiática operada pelas séries policiais utilizando como fonte os programas Operação de Risco

(2010-2018) e Polícia 24 horas (2010- 2018). Com o objetivo de analisar os processos de

representação da realidade criminal a pesquisa tem por escopos compreender de que modo

esses programas tornam a violência um espetáculo televisionado ao colaborarem na

construção de representações distorcidas sobre o fenômeno da violência. Para tanto busca-

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se analisar as práticas de comunicabilidade empregadas pelos programas que visam

proporcionar o choque do real ao sensibilizar o telespectador através de uma identificação

entre sua vida e as histórias transmitidas, bem como alcançar o que Napolitano (2015) define

como a decodificação representacional da linguagem técnico- estética das fontes audiovisuais

e assim compreender “quais os eventos, personagens e processos históricos nelas

representados” (NAPOLITANO, 2015, p.238). Assim, a perspectiva metodológica da pesquisa

tem enfoque nas estratégias de comunicação próprias da linguagem dos programas populares

e se debruçará em análises concernentes à lógica de produção, linguagem e estética dos

programas em apreço. Pela lógica da produção serão contempladas as análises dos recursos

tecnológicos utilizados para captar o fenômeno da criminalidade bem como, as narrativas e

discursos reverberados nos programas. Em relação a linguagem busca-se as práticas

comunicativas específicas do gênero popular para estabelecer uma forma particular de

relação com sua audiência visando atingir o modo de endereçamento pela presença de

mediadores e através do papel do pacto social desenvolvido por este tipo de programa que

busca servir ao telespectador como instrumento de vigilância e de capacidade de defesa dos

interesses dos cidadãos. Ademais, utiliza-se da observação direta da estética das séries

policiais a partir da capacidade de conferir sentido às reportagens através das experiências e

emoções com a utilização da dramatização e espetacularização na estruturação das

reportagens.

3 - O blackface no filme “O Cantor de Jazz” (1929: as questões raciais na passagem do cinema

silencioso para o cinema falado)

Beatriz Martins de Oliveira

Este trabalho propõe investigar o olhar que o cinema possui para as populações negras no

final da década de 20, como este colabora para a ressaltar ou diminuir a segregação racial no

território norte-americano, que passava por uma forte tensão social desde a introdução das

políticas segregacionistas desenvolvidas na década de 1870, como as leis do Jim Crow. O foco

da pesquisa será o filme “O Cantor de Jazz”, do ano de 1927, sendo este, um importante longa

para o cinema mundial, pioneiro na transição entre o cinema mudo e o falado, que traz para

as grandes telas um elemento muito comum na cultura estadunidense do período, os

menestréis blackfaces. Utilizando como lente de análise esse filme, irá procurar-se entender

como o universo cinematográfico norte-americano se utiliza dos blackfaces; reafirmando ou

tornando ambígua a visão que se tem para a população negra no país, ou seja, se este

corrobora ou luta contra a estereotipização e diminuição dessa comunidade – entendendo

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assim, que o cinema faz parte da sociedade e atua significativamente nesta, contribuindo para

a construção de ideais, valores e (pre) conceitos desta. O trabalho também irá se ocupar em

investigar e analisar o modo que diferentes espaços midiáticos norte-americanos e brasileiros

receberam este longa, como os jornais, crítica, anúncios e as fan-magazines veem o filme e

seus temas discutidos – como estes trabalham a ambiguidade presente no longa. Pretende-se

com este trabalho ampliar as discussões acerca de como é a visão do cinema hollywoodiano

sobre as populações afro-americanas, do passado e da atualidade.

4 - GUESS WHO’S COMING to DINNER: Miscigenação e Cinema, representações sociais nos

EUA em 1960.

Magnum Vieira Barbosa

Guess Who’s Coming to Dinner (1967), um filme dirigido por Stanley Kramer e escrito por

William Rose, é um longa-metragem e categorizado como comédia/drama. O filme conta

como parte do elenco o ator Sidney Poitier interpretando o Dr. Jhon Prentice, médico de

grande prestígio na comunidade médica e que vai a São Francisco após uma viagem de férias

para pedir a mão da adorável Joanna “Joey” Draiton (interpretada por Katharine Houghton)

uma jovem de educação liberal, para seus pais, Christina Drayton (interpretada por Katharine

Hepburn) dona de uma galeria de arte e Matt Drayton (interpretado por Spencer Tracy) editor

do jornal The Guardian. O presente trabalho tem como objetivo analisar de forma crítica a

classificação do filme enquanto parte do chamado “cinema antirracista” e até onde ele

propicia um automorfismo favorável ao debate das representações sociais da questão racial.

A análise se dará através de 4 personagens da narrativa: Tillie, a empregada da família

Drayton, personagem estereotípica e válvula de escape do comportamento racista; Matt

Drayton o patriarca da família Drayton; Monsenhor Ryan, a figura religiosa dentro da narrativa

e Dr. Jhon Prentice, o médico e pretendente de Joey. Buscando compreender a construção

visual dessas personagens e o enquadramento das mesmas, enquanto representações sociais

de seu tempo, um período de segregação racial. A fim de fundamentar teoricamente esse

trabalho serão utilizadas as seguintes obras: Toms, coons, mulatotes, mammies and bucks. An

interpretative history of blacks in American filmes (1994), Donald Bogle. Os Anos 60 e o

Movimento Negro Norte-Americano: Uma Década De Elevação De Consciência, Eclosão de

sentimentos e Mobilização Social (2014), Shirlena Amaral, Leandro Pinho, Giovane do

Nascimento; História Social do Jazz (1991), Eric Hobsbawm. A alma do cinema (1970), Edgar

Morin. Filmes e Trilhas no Cinema Negro dos EUA dos anos 1970: Uma Análise Sobre o Ciclo

Blaxploitation (2011), Victor Makoto Oiwa.

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5 - História Visual e o cinema africano-americano: pensamentos sobre as imagens da cidade

em Febre na Selva (Spike Lee, 1991) e Os Donos da Rua (John Singleton, 1991)

João Lucas França Franco Brandão

Se concordamos com Mia Mark que escreve que “o cinema africano-americano é uma

metáfora para a experiência negra, porque é uma história de luta por inclusão” (The Guardian,

setembro de 2014), isso é justamente pelo motivo de que o cinema negro e o negro no cinema

norte-americano tiveram sempre uma relação estremecida com suas representações

imagéticas no mainstream e/ou com a falta de protagonismo dado àquelas personagens –

problemática acentuada com as produções pós movimentos pelos direitos civis. Na década de

1970, alinhado ao black power e aos grooves da música soul, surge na história do cinema o

blaxploitation, proposta cinematográfica que visava colocar os africano-americanos a frente

das produções audiovisuais. Isso realmente aconteceu, mas mesmo que a cultura negra tenha

ganhado certa visibilidade, a questão representacional permaneceu defasada por muitos que

ainda consideravam que a experiência urbana dos negros nas telas dos cinemas continuava

estereotipada, sexista e/ou fetichizada. Deste modo, é apenas no final da década de 1980 que

certa unanimidade quanto essa representação e representatividade dos africano-americanos

nos filmes irá surgir. Depois do sucesso de público e crítica de Faça a Coisa Certa (Spike Lee,

1989), uma nova geração de cineastas jovens se vê motivada para desestabilizar o poder de

algumas imagens que perpetuaram por muito tempo no cinema e que, por muitas vezes, não

correspondia a “realidade” do que era ser negro nos Estados Unidos. A proposta desse

trabalho, então, é a análise de dois filmes que fazem parte deste Novo Cinema Negro: Os

Donos da Rua, de John Singleton e Febre na Selva, de Spike Lee. Os cineastas os produziram,

escreveram e dirigiram em 1991 e neles vemos os dilemas do amor, os perigos da violência

nas cidades, a marginalização da etnia pelo Estado e a continua segregação nos espaços

urbanos, a qual os diretores assumem uma posição de autoridade sobre esses temas: eles

viveram aquilo, viram histórias parecidas perto deles e, por terem o controle criativo das

narrativas, eles poderiam representar uma realidade mais verossímil. Mas, poderiam mesmo?

Tendo como base as relações nas cidades de Nova York e Los Angeles – a vida do negro classe

média em uma grande metrópole e a vida dos jovens em um violento bairro periférico,

respectivamente – tentaremos verificar as rupturas e as continuidades na iconografia do

cinema africano-americano que esses diretores mobilizaram para construir seus discursos. O

que os difere ou assemelha do movimento blaxploitation? Além disso, discutiremos de que

modo nós, historiadores, podemos olhar para essas nossas fontes e analisá-las a luz dos

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estudos da Historia Visual e da Visualidade, já que a questão da representação se encontra

evidente em assuntos que tangem o racismo, as identidades e a própria questão da cultura

popular negra.

6 - Identidade e Cultura Afro-Brasileira e o Ensino de História: A visualidade em uma

experiência educacional

Larissa Ramos dos Santos;

João Pedro Mota Salgado

O presente trabalho é resultado de algumas reflexões acerca de projetos de intervenção

escolar realizados na Escola Estadual Eloy Pereira, em Montes Claros, Minas Gerais, através

do Programa Institucional de Bolsas de Incentivo à Docência (PIBID), tendo como diretriz as

discussões sobre visualidade e Cultura Visual. Os projetos em questão foram realizados por

acadêmicos do curso de História da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes,

durante o ano de 2016, cujo objetivo inicial era compreender a percepção dos estudantes do

ensino fundamental e médio sobre a cultura e a identidade afro-brasileiras em seu cotidiano.

Sabemos que desde o período escravista os povos africanos trazidos para o Brasil, e aqueles

negros nascidos aqui, tiveram fundamental importância na sociedade, e as contribuições

africanas foram, além do campo econômico, também culturais, uma vez que os povos

escravizados souberem reviver e reinventar suas culturas de origem, criando novas práticas

através do contato com outras culturas – o que levou então ao início da formação de uma

cultura que não é nem puramente africana nem brasileira, mas uma construção com

elementos de ambas. Diante do trabalho com tais questões, foi possível observar o quanto os

estudantes, no geral, são alheios as reflexões sobre a identidade e a cultura afro-brasileira e

sua presença no dia a dia. Partindo da análise dos projetos aplicados, percebemos como a

utilização de imagens ao longo dos trabalhos foi um facilitador, tanto para gerar interesse

quanto para a compreensão dos temas abordados. A metodologia utilizada consistiu em aulas

expositivas e dialogadas, oficinas e rodas de conversa, sobre temas como a influência de

línguas africanas no português, a miscigenação, costumes e tradições, culinária, dentre outros.

Refletir sobre essa temática à luz da História Cultural nos permite compreender, em parte,

porque os estudantes são tão alheios a esses temas, e muitas vezes reproduzem preconceitos,

por exemplo, pois são jovens expostos à construção preconceituosa e desonesta feita pela

grande mídia sobre os temas supracitados. Ao pensar e revisitar os projetos de intervenção

realizados, tendo como base alguns estudos sobre História e Cultura Visual, tais como de

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

Ulpiano Meneses, percebemos que o trabalho com a visualidade criou, então, uma ponte que

permitiu que os alunos entendessem como a cultura afro-brasileira é intrínseca ao nosso

cotidiano, uma vez que as imagens retratavam os temas discutidos o longo do projeto. Como

principal resultado, observamos nos alunos a apreensão da temática e a assimilação da

identidade afro-brasileira, assim como a formulação de um pertencimento encontrado na

proximidade das discussões com o dia-a-dia de cada um.

7 - Pintura Corporal Tribal (Indígena e Africana)

Rodrigo Duarte Araújo

Este trabalho tem o intuito de apresentar possíveis resultados encontrados na realização de

algumas oficinas de “Pinturas Tribais” que foram desenvolvidas com alunos do Ensino

Fundamental de escolas municipais e estaduais do município de Uberlândia. No sentido de

aplicar e contemplar a lei 10639/03 que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

e inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura

Afro-Brasileira para desenvolvimento de uma nova possibilidade foi alterada pela lei 11645/08

que torna obrigatória a “História e cultura afro-brasileira e indígena” nos currículos também,

buscando fortalecer essa dinâmica de inclusão e igualdade a todos aqueles que fazem parte

desse passado cultural. É necessário repensar em alguns conceitos históricos que

fundamentaram e fundamentam a exclusão social dos afro-brasileiros e indígenas, e nesse

sentido o interessante de trabalhar com as imagens de pinturas tribais africanas e indígenas

se torna necessário, pois chamam a atenção dos alunos despertando a necessidade de

contemplar um pouco do que foi esse movimento de pertencimento na cultura, e também de

luta para perpetuar a força desses povos em uma “cultura imagética” sobrepondo ou

combatendo outros poderes que a sociedade já desenvolvia de forma excludente daqueles

que formavam a base de toda nossa sociedade cultural. As imagens utilizadas para ilustrar a

oficina chamam muita atenção devido as cores e representações que marcam a identidade

individual e também a coletividade. Sendo assim e seguindo o conceito de educação

libertadora de Paulo Freire, em Pedagogia do Oprimido, entendemos que o trabalho lúdico

pode despertar um sentimento de capacidade e de autorrealização, em um sentido geral

todos começam a perceber o sentimento desenvolvido dentro das comunidades africanas e

indígenas que é a busca pelas famílias, a comunhão, o respeito as hierarquias dentro das

tribos, a força da cultura passada a cada nova geração que for surgindo. Assim como Paulo

Freire também reforça que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades

para a sua própria produção ou a sua construção, a proposta para finalizar o estudo

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desenvolvido com os alunos é uma oficina de pintura onde cada participante faz uma pintura

tribal em outro participante no intuito de perpetuar esse conhecimento adquirido e trocar

informação que é a base de uma cultura onde todos se respeitam e se aceitam.

8 - Apropriações e representações: o Nordeste e o nordestino na imprensa ilustrada

Ivete Batista da Silva Almeida

Este trabalho tem por objetivo refletir sobre as formas de apresentação e apropriação das

representações sociais sobre o Nordeste e o Nordestino, elaboradas pela imprensa ilustrada

e de grande circulação no Brasil, mais precisamente as grandes Revistas Ilustradas Semanais,

durante o primeiro e o segundo governo Vargas. A partir da análise das formas de

apresentação dos espaços e dos sujeitos, pretendemos compreender a dinâmica entre

representação e formas de apropriação. Tidas como as norteadoras do olhar na época, as

revistas ilustradas eram formadoras de opinião extremamente poderosas, sobretudo em

função da forma como utilizavam a imagem; mais do que uma mera ilustração, a imagem,

utilizada como recurso que se sobrepunha ao texto, trazia uma carga dramática intensa, que

buscava associar a notícia ao universo de representações sociais compartilhados pelos leitores

de uma época. Tais exercícios, de seleção para a apresentação do objeto, como nos explica

Marin em On Representation, nos dizem mais sobre sua época do que sobre o próprio objeto.

Da mesma forma, a proximidade ou a distanciamento entre o que é apresentado e os usos e

formas de apropriação que tais imagens/ideias, nos revelam quais princípios e representações

predominam e norteiam a opinião pública. Para trilharmos este caminho, seguimos os passos

indicados por Serge Moscovici, Denise Jodelet e Roger Chartier, sobretudo na compreensão

deste último que aponta para as “três realidades maiores” do estudo das representações: a

compreensão das representações coletivas; a exibição do ser social por meio da estilização da

vida; a construção de identidades a partir dos novos significados e símbolos sociais adotados

por um grupo. Concepção que nos permite ampliar a compreensão da relação entre

sociedade, cultura e identidade no Brasil da virada do século XX.

9 - Fotografias e imaginário colonial: representação das mulheres no “Boletim Cultural da

Guiné Portuguesa” (1946-1973).

Isabelle Baltazar Cunha da Cruz

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A presente comunicação pretende problematizar e sistematizar as distintas representações

das mulheres, das sociedades da Guiné, nas fotografias publicadas no Boletim Cultural da

Guiné Portuguesa, em específico na Secção “Costumes e Tipos”. Iniciativa criada pelo Centro

de Estudos da Guiné Portuguesa, em um número total de vinte e oito volumes, foi um dos

principais mecanismos de informação e propagação de “conhecimento” colonial na esfera

científica. Neste sentido, pretendo compreender e analisar o discurso colonial em paralelo

com as representações do “feminino” propagado por tais fontes, através do diálogo entre as

imagens e a partir do conjunto de signos e padrões presentes nelas.

10 - O futebol apropriado pela imprensa e pelo regime ditatorial

Maria Gabriela Dos Santos Olivério

Durante o início da década de 1960 o Brasil vivenciou grandes agitações políticas que foram

marcadas pelo medo do avanço da esquerda. No dia 31 de março de 1964 através de um Golpe

Militar, entrava em vigor no país o regime ditatorial, regime que durante seu período de

duração cometeu abusos e torturas, e que chegaria ao seu fim 21 anos mais tarde em 15 de

janeiro de 1985. Durante seu período de vigência, o regime militar buscou também controlar

os meios de comunicação, por meio da censura, e também manipular a opinião pública por

meio da valorização de eventos que serviam como alívio para a tensão política e também

como distração. O trabalho proposto para esta comunicação é fruto de uma pesquisa e tem

como o objetivo investigar quais seriam os interesses de governos autoritários no campo

esportivo. Pretendemos entender e problematizar as formas como esses tiranos usufruem da

paixão popular para propagar falsos relatos sobre um governo violento, marcado pela

repressão e pela censura. Para que possamos desenvolver nossa análise, utilizaremos como

fonte as publicações de uma das grandes revistas daquela época, a revista Veja. Exercendo a

função de informar e formar opiniões, desejamos compreender, como a revista Veja foi

apropriada pela censura e como se comportou perante o regime e à narrativa do

tricampeonato brasileiro. Inserida nesse contexto, a revista Veja – que fora criada em 1968 -

disputou espaço com duas revistas importantes da época: O Cruzeiro e Manchete. Os padrões

propostos pelas revistas ilustradas estavam entrando em decadência com o avanço da

telecomunicação; o rádio e a televisão promoviam notícias mais ativas e ligeiras. A imprensa

da época lidava como é de costume, com duas grandes questões: a política e o esporte.

Paralelamente as preocupações de torcedores com o mundial de 1970 que seria disputado no

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México, os cidadãos brasileiros se deparavam com a instauração do Ato Institucional número

5 (AI5) criado pelo presidente Costa e Silva, que promoveu inúmeras atrocidades contra a

população. A revista Veja, procurou narrar todos os acontecimentos e preparativos para o

mundial de 1970. A convocação inesperada do técnico João Saldanha, os motivos de sua saída

e como se deu; a paixão escancarada do então presidente Emílio Garrastazu Médice pelo

futebol; os discursos favorecendo o regime militar na escalação de Zagallo como técnico em

busca do tricampeonato brasileiro. Como recorte cronológico, escolhemos o ano do

tricampeonato da seleção masculina de futebol, a partir da análise das edições que antecede,

e que acompanham o campeonato, pretendemos discutir a partir de quais estratégias a

conquista do tri alavancou a popularidade do presidente juntamente com seus escolhidos

para governar os estados do Brasil.

11 - A Sedução da Psicanálise nas Revistas Femininas Cláudia e Nova

Dulcina Tereza Bonati Borges

Neste trabalho apresento alguns dos tópicos desenvolvidos na pesquisa da minha Dissertação

de Mestrado realizada em revistas femininas, Cláudia e Nova, da editora Abril, de 1970-1990,

tendo em vista mudanças significativas na representação do feminino e do masculino em

nossa sociedade, associadas a novas práticas discursivas trazidas em grande parte pelos

movimentos sociais urbanos do período, em especial, o discurso psicológico. O objetivo

central é mostrar como se constituiu uma rede de saber e poder sobre a nova feminilidade,

exatamente no discurso da mídia, lugar por excelência de produção e circulação de saberes

acerca das subjetividades. O recorte temporal 1970-1990 se justifica no que tange ao

significado deste período histórico. A literatura consultada revela a erupção, a partir da

década de 1970, de diversos movimentos sociais urbanos que, inscritos num contexto

redemocratização e distensão política, representam um sério questionamento acerca das

identidades e da sexualidade, promovendo uma intensa produção e revisão das subjetividades

em diversos níveis. Pode-se dizer que um dos vetores de liderança e orientação dos discursos

e das práticas foi o fortalecido movimento feminista. A modernização, obriga as pessoas a

passarem por um “processo galopante de desterritorialização (ROLNIK, Suely, 1989, p. 77-

101). A consequência disso, é que elas se dão conta de que sua subjetividade é mutável. Com

a industrialização da cultura, há uma fartura de matéria de expressão como nunca se

conheceu mas também uma automatização da linguagem. E este processo resulta numa

saturação de sentido que funciona como num processo inflacionário: “é uma verdadeira

falência da credibilidade de todas as espécies de subjetividade, um curto circuito

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generalizado”. Dezessete publicações compunham na época o Grupo Feminino da Abril,

Cláudia, publicada desde 1961, com uma tiragem de 478.379 exemplares mensais e 274

páginas, destinava-se a um público A/B (classes média alta e média). Iniciou em 1961 uma

nova fase de imprensa para mulheres: “revistas falando do cotidiano e dos assuntos

femininos” (MORAES, Maria Lygia Quartim de, 1981), tendo em vista uma mulher dinâmica,

com artigos sobre comportamento tratados de uma forma jornalística. Segundo a redação,

esta revista foi feita para a dona-de-casa com uns passos à frente, evidenciando “novas

tendências”. Nova, publicada em 1973 para um público A/B teve, desde o início, teve o

objetivo de conversar com a leitora “de um jeito completamente novo, enfrentando os tabus

com bom gosto e com a maior objetividade possível”, de acordo com sua redatora, Fátima Ali

(Revista Nova n. 23, de agosto de 1975). Com uma tiragem mensal de 290.747 exemplares,

146 páginas, correspondia à Cosmopolitan norte-americana, trazendo uma concepção de

mulher-moderna, solteira, sexualmente ativa e independente. Esta mulher gosta de desafios,

de se conhecer melhor e preocupa-se com o corpo (dietas) e a beleza está ligada à saúde e ao

bem-estar. Luta pelos seus direitos e trabalho. Apesar das revistas femininas serem veiculadas

mais intensamente pela expansão do mercado, suas produções culturais interagem-se,

abrindo possibilidades. Nesse contexto, existe uma circularidade muito grande entre o público

e os editores. Assim como estes, na época, captavam, reproduziam, exploravam enfim

“fiscalizavam” representações que perpassavam o cotidiano, essencialmente elementos de

uma experiência social vivida, por outro lado, o seu público, escrevia as suas ideias e

sentimentos para essas revistas, opondo-se às mensagens passadas, ou assumindo o papel

que elas lhes apresentavam. Portanto, estabelecia-se uma troca, uma cumplicidade, uma

certa sintonia com o autor singularizado na sua mensagem.

12 - A montagem de Heartfield na guerra ideológica via revistas ilustradas às vésperas da

ascensão nazista na Alemanha

Pollyana Ferreira Rosa

Nos últimos anos da República de Weimar, o fotojornalismo moderno e suas características

composições de imagens eram consumidas em massa por meio das revistas ilustradas. O fato

de a aparência mimética da fotografia dar credibilidade aos textos, e vice-versa, não tardou a

chamar a atenção de intelectuais de esquerda, observando que essa operação permitia a

manipulação ou deturpação da realidade. Observaram-no também os líderes nazistas, que

souberam utilizar tais características para a construção e difusão de sua narrativa fascista e de

falseamento histórico por meio de diversas publicações ilustradas. As montagens do artista

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gráfico alemão John Heartfield nas páginas da revista AIZ (Revista Ilustrada dos Trabalhadores)

– das quais as mais conhecidas fotomontagens satíricas fazem parte – buscavam, segundo

propomos, enfrentar essas questões. Sua estratégia consistiria em expor o caráter construído

da fotografia por meio de operações de montagens que poderiam ser descritas enquanto

tentativas de provocar estranhamentos que promovam distanciamento crítico (nas definições

de Brecht) no leitor: pelo cômico/absurdo da fotomontagem-caricatura e por expor e

desmascarar os mecanismos de manipulação da leitura de composições de imagens

fotográficas. Neste contexto, porém, a esquerda ligada ao Partido Comunista Alemão (KPD) –

como era o caso da revista AIZ, ainda que não explícito – subestimou o movimento nacional-

socialista até quase as vésperas de sua ascensão ao poder. Analisaremos nesta comunicação

algumas cenas desta guerra ideológica ao apagar das luzes da República de Weimar, por meio

do confronto de publicações ilustradas do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores

Alemães (NSDAP) com edições da revista de esquerda de grande circulação AIZ, bem como

com reflexões de comentadores da época.

13 - O processo de produção da arte de Reis Júnior: possibilidades de compreensão de sua

vida artística.

Thuane Graziela Xavier Pedrosa

Este trabalho consiste em uma análise da obra “A Retirada da Laguna” (1921), do pintor José

Maria dos Reis Júnior, artista uberabense pouco estudado, nascido em 1903, que frequentou

diversos locais de aprendizado e debate sobre os movimentos de arte do século XX, no Brasil

e no mundo. A tela foi confeccionada no Rio de Janeiro em 1921 e retrata como evento

histórico uma expedição da Guerra do Paraguai, entretanto, Reis Júnior não representou a

vitória do Brasil na guerra, mas a doença, fome, sede e cansaço dos combatentes. Esses

soldados não foram heróis que venceram, mas os vencidos pelas peripécias do caminho até a

fronteira do Brasil. Trata-se de uma pesquisa que busca analisar o contexto histórico que a

tela em questão foi produzida, bem como as possibilidades de referências que a obra possui

de diversos movimentos artísticos, como o Pós-Impressionismo e o Modernismo, além de

buscar compreender o motivo da encomenda da pintura que partiu do poder público de

Uberaba-MG.

14 - Candomblé e Umbanda na revista O cruzeiro, entre cultura popular e etnografia- 1940

à 1961

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José Vinícius Peres Silva

As abordagens de temas culturais no fotojornalismo aparecem desde o início da década de

1940. Na revista de grande circulação nacional deste momento, a Cruzeiro usava de grandes

figuras da fotografia como Ubiratan Lemos, Luciano Carneiro, Pierre Verger e Jean Manzon

que traziam temáticas que retratavam variados tipos brasileiros, caracterizados de forma a

serem facilmente reconhecíveis e estereotipados assim como o sertanejo, o religioso de

matriz-africana, o negro e tantos outros sujeitos que foram representados imageticamente

sobre uma áurea de “cultura popular” pela revista. Esse momento reafirmou parte das

temáticas retratadas se absteriam das religiões de Matriz Africana. Da década de 1940 e 1961,

o Candomblé e a Umbanda foram tema de pelo menos seis reportagens, entre as quais

apresentam matérias ilustradas e fotorreportagens. Com isto, aparece no momento uma

visualidade etnográfica “superficial e fluida” sobre a essa proposta (RAMONELO 2010). Desta

forma a presente pesquisa procurou identificar nesse período uma superposição de discursos

sobre a cultura que se materializava nas imagens do periódico, um dialogo mantido com os

ideais nacionalistas do momento.

ST 6: Cidade e História: questões teóricas, circulação de ideias e estudos de casos

1 - O punk e a pauliceia, uma relação nada Inocente: caminhos investigativos, um exercício

de montagem.

João Augusto Neves

Tenho como objeto de pesquisa a metrópole paulista narrada pelos punks que deambulavam,

instigados por ressentimento e revolta, entre as ruas dessa cidade nos primeiros anos da

década de 1980. Com isso, pretendo, para essa comunicação, levantar questões que nos leve

a perceber as intenções e intensidades dos (com)passos daqueles jovens no caminhar e narrar

a urbe. A região metropolitana de São Paulo, interpretada por Milton Santos como corporativa

e fragmentada (SANTOS, 2010), passava, nos anos finais de 1970, por um processo de

reordenamento o qual viabilizaria projetos de desenvolvimento econômico e industrial para

o conurbado. Sensíveis a estas mudanças e aos impactos do período de (dis)tensão política,

jovens de bairros empobrecidos usaram a performance punk como dispositivo de evasão de

suas fúrias. Os discos e as canções revelam, por tanto, os contornos da vida no "subúrbio",

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bem como traz à tona as pulsões sensíveis dos (as) marginalizados (as) diante das operações

urbanas e do rearranjo das instituições políticas da época. Nas entrelinhas dessas

performances, entre os ruídos e distorções próprias do ambiente punk, vemos as fissuras,

restos e estilhaços da cidade, os quais, mediante um processo de (des)montagem, formam

uma cartografia singular da pauliceia.

2 - Da Pirâmide À Catedral: Mudanças Sociais E Camadas Urbanas Na Conquista De México-

Tenochtitlán

Vinícius Rodrigo de Souza Couto Faria

Este artigo debruça-se sobre a análise das mudanças urbanas na antiga cidade de Tenochtitlán

após a chegada dos espanhóis na atual região da Cidade do México e como isso interferiu na

socialização e cultura asteca. A partir da percepção da grande mudança urbana ocorrida na

antiga ilha sede da capital asteca, hoje capital mexicana, é possível notar o impacto social na

sociedade autóctone oriundo do contato com o europeu. Para tanto, alguns textos foram

essenciais para a elaboração deste trabalho, como as obras dos historiadores , Jacques

Soustelle, Serge Gruzinski e Manuel Aguilar-Moreno, o antropólogo Pierre Clastres e os

arquitetos Paul Gendrop e Benjamin de Carvalho. Inicialmente foi feita uma pesquisa a

respeito sobre a urbanidade para os astecas e sua relação com a sociabilidade e religião. Em

seguida, uma análise sobre os termos das ciências humanas, como antropologia, a respeito de

mudanças culturais, como a etnogênese. Por último, verificamos como a dominação

espanhola moldou o cenário urbano de Tenochtitlán e a mentalidade do povo asteca.

3 - O Proyecto Orgánico de Buenos Aires em perspectiva transnacional

Ana Carolina Oliveira Alves

Propomos um estudo focado no projeto urbano para Buenos Aires elaborado pela Comisión

de Estética Edilicia Municipal publicado em 1925. Nossa análise do Proyecto Orgánico para la

Urbanización del Municipio buscará compreender a formação dos saberes e práticas do

urbanismo nos debates sobre a cidade. Objetivamos investigar um debate instaurado em

âmbito transnacional, atentando para seu papel na América dentro do contexto de circulação.

Por se tratar de um momento no qual profissionais atuantes na Argentina, no contexto do

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debate pan-americano, participam dessa construção simultaneamente a outros países,

consideramos que esse debate não tem um centro gerador, mas se faz a partir da atuação dos

profissionais. Defendemos que a década de 1920 permite compreender a inserção da

Argentina e do continente americano nos debates de formação do campo do urbanismo de

forma ativa já que emergem enquanto cenários de circulação dos profissionais e, por isso, o

documento será estudado não como um objeto encerrado em si, mas como participante desse

debate transnacional no qual concepções muitas vezes plurais de cidade estão em pauta.

4 - O pan-americanismo em questão: política, cultura e cidade nos Congressos Pan-

Americanos de Arquitetos

Leonardo Novo

A presente comunicação pretende explorar como se articulavam, a partir da arquitetura e da

prática profissional dos arquitetos americanos, política, cultura e cidade. Por meio da análise

das cinco primeiras edições dos Congressos Pan-Americanos de Arquitetos (ocorridas nos anos

de 1920, 1923, 1927, 1930 e 1940) é possível identificar estratégias elaboradas e disputadas

por esses profissionais para sua inserção no plural ideário político do pan-americanismo. A

arquitetura, portanto, se torna uma lente conceitual privilegiada para entendermos como se

construiu – ou, ao menos, projetou-se construir – uma expressão material dessa ideia.

ST 7: Rock, Política e Sociedade nos anos 1960-1970.

1 - Delírios por coisas reais: música popular e contracultura nas obras de Belchior e Zé

Ramalho (1973 - 1985)

Thiago de Oliveira Vieira

Durante a década de 1970 a indústria fonográfica se consolida no Brasil. A modernização

conservadora promovida pelo Regime Civil-Militar criou condições favoráveis para

reprodução do mercado de bens culturais e tornou o consumo a régua que indicava

popularidade e qualidade de tais produtos. Esse processo ligado à solidificação da Indústria

Cultural brasileira foi responsável por amalgamar no campo da canção popular diferentes

tendências surgidas entre os Festivais de Música Popular, dando forma ao que comumente

denominamos MPB (Música Popular Brasileira). Tais tendências construídas nestes referidos

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espaços surgem com denotada expressividade estética ainda nos anos 1960, porém na década

seguinte, terminam, por pressões internas ao próprio mercado musical, perdendo seu caráter

de novidade e tornando mais consumíveis seus elementos de maior assimilação o que

condiciona a MPB ocupar um local mais estável, e embora existam momentos de tensão sobre

a forma artística, a regularidade torna-se o diapasão da indústria do disco interessada neste

filão da canção popular. Propondo uma análise detida deste período, o projeto que

apresentamos tem por interesse apresentar os dados históricos desse momento da MPB no

Brasil e discutir a importância que o contexto exerce sobre a forma artística de dois

emblemáticos artistas do período: Belchior e Zé Ramalho. Reconhecidos artistas que

encontram afirmação musical no período, Belchior e Zé Ramalho lidam com material musical

similar e possuem condições de produção bastante próximas, mas ao final exibem canções de

estrutura diferentes entre si, mas que se relacionam no tempo e no espaço. Nosso interesse

é compreender a historicidade dos elementos que dão forma as canções dos dois artistas,

observando a dialética estabelecida entre as obras.

2 - Tecnologia e música eletrônica nos anos 1976-79: uma abordagem em História da

Tecnologia.

Caio Alves Lima

Marco Antônio Cornacioni Sávio

Objetiva-se apresentar a pesquisa iniciada em 2018 no âmbito do percurso de realização do

trabalho de conclusão de curso de graduação em História (licenciatura/bacharelado) pelo

Instituto de Ciências Humanas do Pontal da Universidade Federal de Uberlândia sob

orientação do Prof. Dr. Marco Antônio Cornacioni Sávio. O projeto formulado volta-se ao

estudo de trajetórias tecnológicas emergentes com o emprego de tecnologia digital e

microcomputadores no campo da produção musical eletrônica nos anos de 1976-79. Quanto

ao embasamento teórico-metodológico, encontra-se aporte na história e sociologia da ciência

e da tecnologia, cumprindo importante papel os estudos de pesquisadores das ciências sociais

e econômicas como Giovanni Dosi, Nathan Rosenberg e Frank W. Geels e suas reflexões acerca

da relação entre tecnologia, sociedade e economia. A apresentação desta pesquisa faz

explicitar-se também um dos possíveis caminhos a se traçar, passando por diferentes campos

do conhecimento, para a realização de uma história da tecnologia. A principal fonte da

pesquisa é a revista americana de música eletrônica Synapse, cujos números compreendem o

período de 1976-79.

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

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3 - Yoko Ono: uma presença vanguardista nos Beatles

Vanessa Pironato Milani

O presente trabalho tem como objetivo analisar e compreender historicamente a presença da

Yoko Ono no universo musical (e pessoal) dos Beatles. Desta forma, buscamos demonstrar

que, ao se aproximar dos Beatles com suas ideias vanguardistas, já expostas e desenvolvidas

no início de sua carreira, especialmente quando trabalhou com John Cage – um dos expoentes

da música experimental –, Yoko possibilitou a união da música pop (representada pelos

Beatles) e a vanguarda musical (com seus experimentos sonoros). Para tanto, é importante

entender historicamente o que foram as vanguardas artísticas da década de 1960, quais seus

objetivos e a forma que desenvolviam seus trabalhos, utilizando as perspectivas analíticas de

Andreas Huyssen, em especial aquelas presentes em seu livro “Después de la gran división:

Modernismo, Cultura de Massas, Pós-modernismo”. E, especificamente para esta

apresentação, se faz necessário analisar mais detidamente os trabalhos artísticos de Yoko

Ono, bem como aqueles dos Beatles em que é possível perceber a intersecção entre música

pop e vanguarda. As fontes utilizadas no desenvolvimento de tal proposta analítica são, além

da bibliografia a respeito, as produções musicais, tanto da Yoko Ono quanto dos Beatles.

4 - A crise na contracultura: uma análise do Led Zeppelin IV.

Ricardo Sinigaglia Arruda

Em 8 de novembro de 1971, a banda inglesa Led Zeppelin lançou seu quarto álbum, no qual

não constava título algum. O sucesso de 22 milhões de cópias vendidas foi visto, antes de seu

êxito, como um suicídio profissional pela gravadora da banda, a Atlantic Records. As canções

presentes no álbum dialogavam com a forma cultural do rock dos anos 1960, quando o modo

de vida hippie sustentava a possibilidade de uma diversidade artística e o rock era algo

indefinido. Mas também estavam de acordo com sua transformação, nos anos 1970, em

subgêneros, o que tornou possível estratégias de marketing e as vendas de cada um desses

modelos no mercado, muito em razão da pulverização dos valores da contracultura e seu

esvaziamento político pelo mercado. Sendo assim, pelo fato de existirem duas concepções de

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arte no Led Zeppelin IV, com esta pesquisa procura-se responder ao seguinte problema

histórico: o que o Led Zeppelin teria a dizer sobre os anos 1970 e sobre a contracultura?

ST 8: História Oral e Movimentos Sociais: Presenças, ações e visões de movimentos sociais na história

1 - As Ocupações e a história: manifestações da juventude secundarista em Uberlândia

João Victor Francisco Pereira;

Nathália Santos Ferreira

As ocupações secundaristas nas escolas públicas da cidade de Uberlândia, em 2016,

configuram-se como um movimento único, que está diretamente ligado à conjuntura política

brasileira desse período. Em um raro momento, os estudantes conseguiram impor suas vozes

perante uma sociedade conservadora – envolta em um cenário maior – marcado por

retrocessos nas áreas da política, educação e saúde. As ocupações secundaristas emergiram

como uma resposta a tais medidas. Uma vez que os estudantes se organizaram a partir de

ideias e desejos em comum, a ideia de partido defendida por Marx fez-se presente no protesto

estudantil. Os estudantes uniram-se para buscar mudanças decisivas, tais como a revolução

no modelo de escola que remonta ao século XIX, com resquícios da disciplina militar prussiana,

que não considera as particularidades de cada ser humano, reduzindo-os a meras estatísticas.

Este trabalho visa realizar uma análise dos impactos causados por esse movimento das

ocupações em uma cidade onde a cultura política é marcada pela associação entre diferentes

formas de conservadorismo. Ao se formar na luta contra a mentalidade conservadora

dominante em Uberlândia, o movimento das ocupações gerou embates e resistências em

diferentes segmentos da sociedade. Ressalta-se a forma como esse movimento ocorreu, o que

produziu para a cidade e principalmente para a educação e a escola pública. Para isso, a

história oral se torna uma estratégia fundamental para abordar essa temática no âmbito dos

movimentos sociais, propiciando reconstituir memórias dos estudantes participantes, com

indagações e um sentimento de mudança presentes em várias situações. A história oral do

movimento permite revelar choques com a mentalidade da cidade, as diferentes reações

encadeadas em seus habitantes, e, ao mesmo tempo, o acesso aos registros tem gerado

diferentes inquietações na direção de uma profundidade empírica e imagética acerca da

dinâmica social, por tratar-se de nossa própria experiência social e por se tornar objeto de

nossa experiência de análise historiográfica. A reflexão final fica marcada pela intensa crítica

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a todas as instituições da sociedade brasileira, sendo elas a escola, a família, as relações

sociais, o machismo, o estado e a forma de se fazer política, e, principalmente, o papel da

juventude como sujeito político e histórico.

2 - Trabalho em Frigorífico: os Minutos Residuais como prática de exploração.

Fabiano Silva Santana

Nesta comunicação trataremos da disputa em torno dos minutos que antecedem e sucedem

a jornada de trabalho na Sadia. O objetivo é pensar esses minutos residuais como proposta

para refletir sobre a formação do trabalhador nessa empresa entre os anos de 2000 e 2010 a

partir de uma prática comum a todos os trabalhadores da fábrica. Nesse sentido, a perspectiva

é investigar qual grau de relação com o que se aprende e como o que se aprender reforça a

lógica de aumento da produção com baixo custo.

3 - Modos de vida em transformação: reflexões sobre fluxos migratórios nordestinos para a

cidade de São Gotardo (1970-2010)

Bruna Luiza de Oliveira Timoteo

O seguinte trabalho possui como recorte cronológico a década de setenta ao ano de dois mil

e dez, sendo o espaço privilegiado para a investigação a cidade de São Gotardo (MG), o

período definido corresponde ao momento de implantação do Programa de Assentamento

Dirigido do Alto Paranaíba (PADAP) e parte de seus desdobramentos até a primeira década do

século XXI. O PADAP tinha como objetivo a modernização do campo, o que demandava além

de mão de obra qualificada, diversificado número de serviços braçais. O meu objeto de estudo

são os homens e mulheres de diferentes faixas etárias que migraram da região nordeste

atraídos pelo município para o trabalho rural. Perante a extensa historiografia sobre o que é

comumente chamado de modernização, meu objetivo é compreender como se inserem

determinados grupos sociais nesse processo. Já que, a ampla obra sobre o tema não

contempla determinados sujeitos sociais, a razão disso, pode estar intricada não apenas a

escrita da história, mas ao fazer histórico. Pois, se a escrita da histórica exclui componentes

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históricos, por outro lado a compreendemos como expressão do social. Por conseguinte, é

preciso problematizar o que caracterizam como modernização, e, quem estaria à margem do

que pode ser considerado como benefícios desse processo. De tal maneira, que o que

denominam de modernização será tomado nesse trabalho como processo de transformação.

No tocante, investigarei as possíveis mudanças no modo de vida que corresponde às

transformações no modo de trabalho, alimentação, lazer, vestimenta, comunicação e

reprodução familiar. Diversos grupos sociais se inserem dentro de tal processo, contudo,

exercem papeis/ constituem um fazer histórico que correspondem as suas potencialidades, e,

as possibilidades do tempo, isto é, a liberdade de ação que possuem está condicionada à

pressão da estrutura social. Assim, não se encara os específicos sujeitos como passivos as

transformações, ao contrário, procura-se apreender como interpretam tal realidade e

interferem sobre ela. Além disso, para tal perspectiva seria um equívoco tomar determinado

grupo em separado dos demais, assim, pretende-se a observação das interações entre eles –

da ação e reação de um sobre o outro. Num primeiro momento se enfatiza “as possibilidades

do tempo”, no tocante, se procura discutir as políticas do regime ditatorial principalmente na

área da economia, bem como, nos governos que seguiram ao período de democratização

discutir projetos no campo social. A seguir se procura discutir a respeito do trabalho com as

fontes orais, observando a metodologia empregada para a produção em conjunto –

entrevistadora e entrevistado – das entrevistas, assim como, a escolha pelo modo de

transcrição. Além disso, serão realizadas abordagens, a respeito, da bibliografia e das demais

fontes que mantive diálogo durante o trabalho. E, por fim se concentra a reflexão realizada a

partir das fontes orais, interpretando as potencialidades dos sujeitos perante a realidade a

qual vivem, as cotejando com “as possibilidades do tempo”, porém, sem as compreender

como determinantes.

4 - TELEDRAMATURGIA E HOMOSSEXUALIDADE: REPRESENTAÇÕES FICCIONAIS DA VIDA

REAL

Jéfferson Luiz Balbino Lourenço da Silva

A telenovela surgiu, no Brasil, em 1951. Inicialmente, as tramas eram exibidas em poucos

capítulos de curta duração e trazia em seu enredo adaptações de narrativas de origem cubana

sendo, em sua maioria, dramalhões que se passavam em outros países, com personagens

atípicos que nada se assemelhavam ao estilo de vida ‘tupiniquim’. A partir do final da década

de 1960, com Beto Rockfeller, telenovela produzida e exibida pela TV Tupi, a teledramaturgia

brasileira ganhou novos tons se aproximando da realidade da nossa sociedade e assim se

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solidificou na cultura do brasileiro que se reconheceu – e se envolveu – diante das estórias

desse gênero, tanto que o último capítulo de Roque Santeiro (1985) atingiu os expressivos 100

pontos no Ibope (BALBINO, 2016). Quase quarenta anos depois, mesmo com os adventos

tecnológicos, a telenovela brasileira ainda continua sendo o produto que detém a maior

audiência da televisão aberta no Brasil. E nesse contexto, a TV Globo, mantém há quase

cinquenta anos, a hegemonia no segmento. Com o avanço da produção de telenovelas e o

intento dos produtores em se aproximar cada vez mais da realidade, a representação da

homossexualidade conseguiu seu espaço, começando timidamente – com personagens

secundários, de pouca relevância e, na maioria das vezes, marginalizados como em Assim na

terra como no céu (1970) e em O Astro (1977) até chegar ao status de protagonista em Amor

à Vida (2013/14), culminando na primeira cena de beijo gay da história da Rede Globo. Sendo

assim, a presente comunicação propõe discutir acerca das representações da

homossexualidade na teledramaturgia da referida emissora, sobretudo, nas telenovelas do

horário das nove da corrente década haja vista que foi o período – e o horário – que a emissora

em questão trouxe o maior número de obras audiovisuais e, conseguintemente, de

personagens gays que se situa a temática abordada. Para tal intento, iremos nos respaldar nas

teorias do historiador Roger Chartier (1989) que vê as formas de representações como “a

construção da identidade do indivíduo(...) no cruzamento da representação que ele dá de

si mesmo e da credibilidade atribuída ou recusada pelos outros a essa representação”

(CHARTIER, 1989, p. 152); nas pesquisas do jornalista Irineu Ramos Ribeiro (2010) que propõe

elucidar acerca da identidade gay nos programas televisivos; nos estudos da pesquisadora

Fernanda Nascimento (2015) que tem se dedicado às pesquisas concernentes no campo da

homossexualidade na ficção televisiva; dentre outros. Em suma, iremos analisar

minuciosamente como se deu a representação da homossexualidade na teledramaturgia da

TV Globo entre os anos 2010 a 2018 e como foi a recepção de tal representação a partir da

ótica de depoentes homossexuais da cidade de Jacarezinho, interior norte do Paraná, para

observar etnograficamente como essa minoria social esteve – e está – sendo representada na

ficção.

5 - Estudo de caso sobre letramento alfabético nos Andes nas comunidades Coriviri e

Machacoya na região do ʺAyllu Pacajesʺ na Bolívia

Ana Carla Barros Sobreira

Este trabalho é um recorte preliminar de uma pesquisa de mestrado sob a orientação do Prof.

William Mineo Tagata. Trata-se de uma investigação a respeito do processo de letramento

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alfabético que está ocorrendo na Bolívia, mais especificamente nas comunidades indígenas

de Coriviri e Machacoya, na região do Ayllu Pacajes. Com a promulgação da nova constituição

em 2007 baseado na premissa de que ao adquirir a escrita, as línguas indígenas de tradição

oral tornam-se tão importantes quanto a língua dominante, o atual governo boliviano as

incorporou ao currículo educacional formal, juntamente com o espanhol, língua oficial do país.

Diante disso, essa pesquisa está investigando se os processos educacionais que estão sendo

implementados na região do Ayllu Pacajes representa uma perspectiva indígena ou uma

perspectiva hegemônica, se são favoráveis à preservação do capital cultural indígena no Ayllu

Pacajes.e como esse processo está sendo recebido pelos professores e pela comunidade. Os

principais objetivos desta pesquisa são: analisar sob qual perspectiva o letramento escrito no

Ayllu Pacajes é apresentado, se pela ótica ocidental ou pela ótica de aprendizagem indígena;

analisar se ao fazer uso da escrita existe uma maior possibilidade de revitalização e

preservação do idioma Quéchua na Bolívia; analisar onde se concentra o impacto mais

relevante da introdução do letramento alfabético dentro do Ayllu Pacajes .Para tal, farei uma

pesquisa etnográfica de cunho qualitativo onde estarei inserida na comunidade como

observadora participante. No período de convivência com a comunidade serão realizadas

entrevistas com os pesquisados como também farei anotações, diários, corpus de textos sobre

o campo que contarão com minhas impressões como pesquisadora. A pesquisa se baseia nos

pressupostos teóricos de autores como Andreotti (2014); Menezes de Sousa (2015); Street

(2014); Tagata (2017).

ST 9: História, Cultura Visual e Memória: abordagens teóricas e metodológicas.

1 - De deusas a haquenées: representações visuais e textuais de Mesdames Tantes durante

a Revolução Francesa

Felipe da Silva Corrêa

Das oito filhas de Luís XV, apenas Adélaïde (1732-1800) e Victoire (1733-1799) de France

estavam vivas durante a Revolução Francesa. Tias de Luís XVI, elas eram então princesas

solteiras e idosas vivendo na corte e em Bellevue, inimigas ferrenhas de Maria Antonieta. Mas

não é por essa imagem, pelo título de Mesdames Tantes, que são conhecidas pelo público

brasileiro. Seus rostos são familiares aqui, mas os conhecemos em sua juventude, através de

dois retratos do ciclo dos Quatro Elementos de Jean-Marc Nattier, pertencente ao MASP. Nos

quadros de São Paulo, Adélaïde e Victoire aparecem, respectivamente, sob as formas

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alegóricas do Ar e da Água. São retratos que correspondem ao final da moda do retrato

historiado, herdada do grand siècle. Em seus retratos daquela época, as duas princesas, assim

como suas irmãs, aparecem de forma semelhante ou em suas atividades quotidianas: por

vezes são deusas, alegorias, ou se vestem “à moda turca; em outros casos, figuram tocando

música, fazendo nós ou lendo, e usam vestido de corte. Suas personalidades às vezes

aparecem – de caráter mais impetuoso, Adélaide tem, por exemplo, dois retratos como Diana

– mas o que prevalece é a exaltação da juventude e da beleza. O segundo tipo de retrato,

essas cenas mais naturais, se mantém até a maturidade das princesas, quando elas

encomendam retratos de seus próprios artistas oficiais, muitas vezes mulheres artistas, como

Adélaïde Labille-Guiard. As representações que surgem durante e após a Revolução Francesa,

menos conhecidas hoje em dia são de natureza bastante distinta dos retratos e poemas feitos

até então. A partir deste ponto, lidamos com um discurso revolucionário, no qual as princesas

são vilanizadas em caricaturas ou relatos de tom jocoso, e um discurso contrarrevolucionário,

em que as princesas aparecem como mulheres honradas, vítimas da Revolução obrigadas a

deixar o país. Neste contexto, é possível colocar em comparação, por exemplo, duas gravuras

representando o encontro de Mesdames Tantes com o papa: enquanto uma, feita na Itália, as

mostra como devotas acolhidas pelo Papa, a outra, feita pela imprensa revolucionária,

Présentation des hacquenées au St. Père. O título da gravura corresponde a forma como elas

foram desenhadas: hacquenée, em francês do século dezoito era uma palavra pejorativa para

se referir a mulheres consideradas velhas e feias. Esta comunicação abordará a mudança na

iconografia de Mesdames Tantes através de casos como este, mostrando não apenas estas

das gravuras, mas outros exemplos semelhantes.

2 - São José de Botas: O caso da imaginária (des)conhecida do Distrito de Andrequicé –

Presidente Olegário / MG.

Marcos Antônio Ramos

O presente trabalho busca compreender a importância de uma imagem de São José, localizada

no distrito de Andrequicé- Município de Presidente Olegário, interior de Minas Gerais. Esta

imagem é de grande importância para o cenário cultural e artístico do referido Distrito. Tal

imaginária refere-se à figura de São José, no qual chama a atenção para um fato curioso em

sua vestimenta, ou seja, características expressivas como o uso de botas. A Igreja Católica,

além de cumprir seu papel religioso, possui caráter de mecena e difusora da arte; exemplo

disso é o grande número de imagens sacras produzidas por artistas, de diferentes localidades

e com inúmeras particularidades em suas obras. Nesse aspecto, diferentes templos podem

ser considerados como museus; pois, guarda, conserva e expõe inúmeros elementos artísticos

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em seus espaços. A Igreja de Andrequicé, não foge a regra, ela possui imagens sacras que são

verdadeiras obras de arte. Esta pesquisa busca retratar a importância dessa imagem (São José

de Botas) perante a Igreja e a sociedade local. Os principais objetivos da pesquisa são: analisar

os diferentes aspectos presentes nessa obra de arte, sua chegada ao lugarejo, seu entalhe na

madeira, o estilo de sua pintura, bem como a iconografia (estudo descritivo da representação

visual de símbolos) / hagiografia (estudo sobre biografia de santos) e iconologia (estudo dos

ícones das figuras míticas). Para tal prosseguimento no trabalho, julga-se necessário fazer uma

contextualização histórica e temporal da devoção a São José de Botas, mostrando sua

influência na Igreja Católica e sua comunidade. Outro aspecto de investigação na pesquisa é a

trajetória da imagem de "São José de Botas", desde sua criação até seu entronamento no

Distrito de Andrequicé, Município de Presidente Olegário. Com isso, busca-se mostrar sua

relevância para os fiéis e visibilidade à referida efígie, que se encontra postergada no seu

trono. Ainda como foco do trabalho, destaca-se a importância de contribuir com a produção

historiográfica relacionada à história regional e local, tendo como foco a estátua de São José,

observando-se seus elementos artísticos existentes na escultura. Além disso, procura-se

analisar aspectos que levaram tal obra sacra a se instalar nesta referida região; pois mesmo o

local não sendo conhecido pela mineração há a figura explicita do bandeirante na forma

intrínseca da estatueta de São José de Botas. O interesse por tal estudo se deu mediante a

uma curiosidade: descobrir os motivos pelos quais levaram esta referida estatueta com traços

marcantes do Barroco Mineiro a se infiltrar em uma localidade no sertão das Gerais. Devido à

ausência de informações desta imaginária, propõe-se esta pesquisa que será de grande

relevância para o meio histórico e cultural do município. Para realização de tal estudo, será

utilizada a metodologia da historia oral como método explicativo do caminho percorrido pela

referida figura sacra. Na busca por atingir o principal objetivo deste estudo, serão utilizados

autores locais, voltados para a mesma temática artística cultural, dando atenção para

materiais iconográficos presentes nesse contexto. Como forma de estruturar melhor o

presente trabalho, serão analisadas diferentes fontes comparativas, como destacando

grandes clássicos da Historiografia, entre eles o escritor Carlo Ginzburg, no que diz respeito à

circularidade cultural. O presente trabalho encontra-se em andamento, seguindo com a ideia

de desvendar, os mistérios contidos na imagem de São José de Botas do povoado de

Andrequicé.

3 - Os autorretratos de Mel Ramos

Martinho Alves da Costa Junior

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Esta comunicação objetiva pôr em evidência as obras do artista norte-americano Mel Ramos,

principalmente em seus autorretratos. Por certo, estas dimensões são importantes para a

compreensão de suas obras. Alguns de seus autorretratos dialogam de modo intenso com a

história da arte, por vezes como paródia. O grande número de publicações acerca de sua

produção tem como foco majoritariamente duas questões inatacavelmente fulcrais: em

primeiro lugar a presença constante da figura feminina. E, com a mesma intensidade, o

diálogo tecido com a própria História da Arte. Procuramos compreender sua obra no

entremeio dessas características centralizando a análise nos autorretratos que dialogam com

a história da arte e da cultura.

4 - As artes plásticas no cinema de Sergio Martino

Letícia Badan Palhares Knauer de Campos

As artes plásticas são constantemente aludidas e exploradas no mundo do cinema.

Especificamente no horror, a arte flerta com o gênero, descortinando mais macabros

elementos visuais e narrativos de suas composições. A Itália muito se nutriu desse mundo.

Dario Argento, Mario Bava, Umberto Lenzi e Lucio Fulci são alguns dos cineastas que

encontram nas artes plásticas um caminho interessante, por trabalhar de forma inquietante

a exploração do terror e do medo latente nessas obras. Sergio Martino, cineasta prolífico,

dialoga constantemente com tais referências. Seu cinema explora o âmbito da pintura e da

escultura no mais amplo aspecto. São dois de seus filmes que trazem, no entanto, uma relação

interessante com o objeto artístico. I corpi presentano tracce di violenza carnale (1973) e

2019 – Dopo la caduta di New York (1983), que se utilizam de referências específicas dentro

das produções artísticas. O primeiro, um slasher all’italiana, que se passa em Perugia, cujos

assassinatos parecem tecer uma rede de conexões com o Martirio di San Sebastiano (1495c.),

de Pietro Perugino. O segundo, um sci-fi distópico, no qual Guernica (1937), de Pablo Picasso,

é reinterpretada do ponto de vista de um ditador na Manhattan pós-apocalíptica do filme. São

diversos os pontos que perpassam a filmografia de Martino e seu olhar para as produções

artísticas. A sobrevida da obra de arte e sua ressignificação em um novo tempo são alguns

dos pontos que essa pesquisa aborda. A presente comunicação tem o intuito, portanto, de

explanar como tal relação se estabelece e de que forma as obras de arte em questão são

exploradas e descortinadas, trazendo à superfície elementos outrora não identificados na

imagem.

5 - O ano em que meus pais saíram de férias: infância na ditadura militar

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Paula Lima;

Wigde Arcangelo

As manifestações artísticas são formas de cicatrizar feridas de países, o audiovisual pode ser

um meio para isso. O artigo propõe uma análise fílmica do personagem Mauro Gadelha, do

filme O ano em que meus pais saíram de férias, 2006, Cao Hamburger. O longa retrata a

história do garoto Mauro no período da Copa do Mundo na década de 1970. Antes dos jogos,

seus pais saem de férias e o garoto se vê em outro estado, com pessoas desconhecidas e uma

nova cultura religiosa. Este artigo busca, através do aporte teórico-metodológico dos textos

de Maria Cristina Soares Gouvêa e de Fernanda Luiza Teixeira Lima e Luiz Estevam Fernandes,

analisar a infância suscitada na obra audiovisual. Nos questionamos sobre a possibilidade das

crianças serem sujeitos durante o regime militar brasileiro apesar das leis daquela época.

Também nos perguntamos quais traços de infância e cultura infantil aparecem no filme.

6 - Políticas de memória através de iniciativas de patrimonialização: uma comparação entre

Brasil e Chile

Fernanda Luiza Teixeira Lima

A proposta deste simpósio é apresentar algumas das políticas de memórias empreendidas no

Brasil e no Chile após a queda dos regimes militares. Em algum modo, os dois países

apresentam semelhanças no âmbito da gestão e criação da narrativa museológica dos espaços

museais construídos. O objetivo é refletir sobre as políticas que giram em torno desses

processos, marcados por intensas disputas de narrativas visuais e por diferentes atores

participantes da patrimonialização. Nesse contexto, o patrimônio assume diversas formas

ora, como prolongamento do poder e violência ora como um caminho de reparação e

reconciliação. Isto é, a ressignificação desses passados difíceis, se mostra como um

“palimpsesto” ( Huyssen, 2001), no qual se depositam diversas camadas de memória, que

remetem a usos e significados distintos de experiências coletivas carregadas de conflitos.

7 - Narrativas visuais de Geraldo Vieira - Evidências da cultura material, do cotidiano e das

transformações de Araguari e Brasília.

Fernanda Torquato

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2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

Este artigo pretende mostrar que uma das bases para a pesquisa da trajetória e da obra do

fotógrafo Geraldo Vieira empreendida pela pesquisadora Fernanda Torquato, com orientação

do professor doutor Alexandre de Sá Avelar, é o pensamento de Peter Burke que defende as

imagens como evidências históricas desde que o historiador saiba como lê-las: faça uma crítica

à imagem, assim como faz em relação ao documento escrito. Além disso, este artigo pretende

demonstrar que a noção de narrativas visuais utilizada por Peter Burke pode ser usada para

nomear as séries de imagens produzidas por Geraldo Vieira em Araguari e Brasília, entre os

anos de 1935 e 1975, e que essas imagens podem ser consideradas evidências da cultura

material, do cotidiano e das transformações dessas duas cidades.

8 - Fotojornalismo e bandidos célebres: a fotografia de bandidos e bandidas na construção

visual da violência (1920-1940).

Ivania Valim Susin

Esta pesquisa pretende analisar algumas fotografias que circularam em jornais, entre os anos

1920 e 1940, e que pela forma de sua veiculação, foram elementos importantes para a fama

e celebrização de alguns bandidos violentos. Sobre eles, o mais correto seria dizer que são

famosos, antes mesmo do que violentos, uma vez que a própria violência a eles atribuída era

parte de uma narrativa de folhetim, criada para suprir a demanda popular e, da mesma forma,

criando a própria demanda. O recorte temporal refere-se ao que consideramos uma virada,

uma espécie de marco, um antes e depois da fotografia de bandidos na imprensa: o cangaço.

Mais especificamente os registros de Lampião e seu bando, cuja história remonta ao início dos

anos 20 e atravessa duas décadas até que Corisco, o melhor amigo do chefe cangaceiro,

encontre a morte em 1940, dois anos depois dos assassinatos em Angicos, onde onze

cangaceiros foram mortos e decapitados, e tiveram a fotografia de suas cabeças intensamente

veiculadas em jornais. A justificativa para se creditar ao cangaço certa viragem visual nessa

forma de registro será esclarecida a partir da quantidade e da forma das reportagens

fotográficas, ao longo da pesquisa. Até o momento, foram consultados cerca de vinte jornais

das regiões sudeste e nordeste. As menções aos bandidos célebres aparecem diversas vezes,

porém, não acompanhadas de fotografias. Sobre as mulheres criminosas, as menções se

restringem à ausência de presídios femininos, e, vez ou outra, fotografa-se a fachada ou um

grupo de mulheres presas, a urgência defendida por alguns (sobretudo, jornalistas mulheres

e ativistas de um certo feminismo, ainda que na voga da moral e dos bons costumes) e crimes

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cometidos por mulheres imigrantes contra homens, quase sempre os maridos. Neste último

caso, ainda que se considere a existência de abusos por parte dos companheiros, as mulheres

são descritas como descontroladas ou ingênuas. Para boa parte das menções, porém, não há

fotografias. As fotografias de bandidos, identificando os sujeitos, nome, procedência e

detalhamento dos crimes cometidos, começam a se tornar mais frequentes quando do

surgimento do bando de Lampião e da prática policial de matar, decapitar e fotografar as

cabeças. Assim, os bandidos aparecem mortos, mas, justamente a constância da veiculação

de sua morte, associada à narrativa de seus crimes em reportagens diárias, contribuiu para o

aumento da celebridade dos cangaceiros. Lampião, especificamente, foi retratado diversas

vezes em vida e mantinha certo gosto pessoal por retratos. Tinha preferências na hora de

posar, evitava o enfoque no olho problemático, gostava de aparecer com livros, revistas e

cachorros e ao lado de sua companheira, Maria Bonita. Tornou-se célebre, também, pela

dimensão que dele se construiu no fotojornalismo. Após a sua morte, teve sua cabeça

insistentemente veiculada pelos jornais, da mesma forma. Tanto se disse do mito de Lampião,

que a cabeça – decapitada para reiterar que morreu – tornou-se o ponto de desconfiança a

respeito da finitude do bandido. Como não foram localizados, até este momento da pesquisa,

outros bandidos que se tornaram célebres pela circulação de seu retrato na mídia, no recorte

temporal deste trabalho, supõe-se que o registro fotográfico do cangaço constituiu paradigma

na forma de representar os bandidos e de contar a história de seus crimes. Resta agora, seguir

na pesquisa de fontes, tentando localizar ainda as mulheres criminosas, e identificar de que

forma o registro de cangaceiros e outros bandidos, bem como sua celebrização a partir do

retrato, adicionou elementos a uma cultura da violência no Brasil.

9 - Imagens que educam - Representações da modernidade na imprensa ilustrada na década

1920

Simone Cléa dos Santos Miyoshi

A presente comunicação tem como objetivo central compartilhar pesquisa sobre as

representações imagéticas acerca dos ideais de modernidade e civilização veiculadas nas

principais revistas ilustradas do começo do século XX. O estudo tem como hipótese inicial a

ideia de que esses conteúdos imagéticos educaram olhares, moldaram comportamentos,

formaram sujeitos e cidadãos. Propõe-se, portanto, um olhar da História da Educação sobre a

imprensa ilustrada da época, buscando construir um escopo pedagógico não formal por meio

da análise das representações icônicas, iconográficas, ilustrativas e publicitárias, imagens

construídas e preenchidas por vozes múltiplas do período estudado. A escolha de fontes

advindas da imprensa justifica-se por entender que a mesma constitui-se como um

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instrumento permeado por diferentes interesses e visões de mundo, exercendo influências

distintas sobre a realidade, ou seja, ela não ocupa um lugar neutro na sociedade. Observou-

se um número considerável de revistas ilustradas no início do século, com editoriais em defesa

de postulados liberais ou modernistas, outras que defendiam ou realizavam críticas a esses

mesmos postulados, outras com preocupação política e social. A imprensa ilustrada,

certamente, mostrou-se ao longo de sua existência um órgão catalizador de discussões,

contribuindo para construção de opinião pública, apresentavam e defendiam em seus

editoriais um modelo de sociedade, com valores e perspectivas de mundo, modernidade e

progresso, que fizeram e fazem parte do imaginário da sociedade brasileira até os dias atuais.

Dessa maneira, o estudo busca localizar a rede de discursos imagéticos acerca da

modernidade, advinda da intelectualidade do início do século XX, mais especificamente nas

décadas de 20 a 30. Período de grande importância para o Brasil, devido os diferentes

movimentos e revoltas, anos que antecedem a revolução de 30, bem como, um período de

observância do controle do corpo, controle das mentalidades, organização do espaço,

controle e domínio dos comportamentos (educação, arte, cultura, arquitetura). Em paralelo

uma busca pela brasilidade, por uma identidade nacional.

ST 11/16: História Política: Pesquisas, perspectivas e abordagens / Expansão Marítima, História Lusitana e Protagonismo Étnico

1 - A Idolatria indígena no mundo ibero-americano: fenômeno religioso e símbolo de

resistência cultural

Gabriella Carvalho Motta

O conceito de Idolatria, como outros termos, não é isento de ideologia, mas ainda assim,

consegue abarcar, de acordo com Gruzinski, uma rede densa e coerente de práticas que não

seria possível com conceitos semelhantes a crenças, cultos ou apenas religião. Desta forma,

partindo do pressuposto de que a Idolatria assumiu diversas formas e concepções de acordo

com os sujeitos e a temporalidade, o artigo em voga, com base nas referências bibliográficas,

irá analisar, na medida do possível, não só as dimensões sociais, culturais e religiosas que a

Idolatria pós-conquista assumiu para os indígenas, mas também de que maneira tal fenômeno

era concebido como resistência à imposição cultural dos extirpadores do Novo Mundo.

2 - Um olhar sobre os povos indígenas em Minas Gerais através do relato de August Saint

Hilaire.

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Beatriz Molina Caetano

Este trabalho é fruto de uma pesquisa de iniciação científica desenvolvida na Universidade

Federal do Triângulo Mineiro e aborda a representação indígena em Minas Gerais. Para tal

propósito, utilizaremos como referencial teórico metodológico de representação proposta

pro Roger Chartie, do imaginário a partir das obras Bronislaw Backzko, e Sandra Jatahy

Pesavento e do conceito de etnogênese a partir das obras de Miguel Bartolemé e Guillaume

Boccana, e basicamente utilizaremos como fonte para esta pesquisa a obra: Viagem às

nascentes do Rio São Francisco e pela província de Goyaz, publicada em 1937 e produzida pelo

viajante francês August Saint Hilaire no período cronológico compreendido entre os anos de

1816 a 1822. Além de sua colaboração para a História, S. Hilaire foi também um botânico e

naturalista pertencente ao primeiro grupo de viajantes vindos da Europa com o intuito realizar

pesquisas de exploração no Brasil Colônia. A partir dessa visita o autor nos deixa algumas

características sobre o cenário brasileiro, relatando por exemplo, como era a vida durante

aquela época nas Minas Gerais, região onde o autor escreve sua obra. Algo que nos chama

atenção é a maneira com a qual esse viajante não trabalha apenas as paisagens encontradas,

mas também discorre a respeito da população indígena brasileira e a diversidade encontrada

por aqui, trazendo assim informações e observações relevantes sobre as comunidades

presentes. Partindo do que foi exposto notamos que S. Hilaire é um homem do seu tempo,

formado pelo final do século XVII e XVIII, logo os ideais iluministas aparecem fortemente em

sua narrativa. Desta forma, evidencia-se a formação eurocêntrica presente em sua obra, que

por muitas vezes menospreza a enorme variação indígena presente na região, e nos ajuda a

pensar a questão da etnogênese - classificação das raças - e os conceitos pré-estabelecidos a

partir disso.

3 - Jonathas Serrano: um intelectual de seu tempo

Maria Helena Cicci Romero

O objetivo deste artigo é apresentar uma pesquisa de doutorado em sua fase inicial. Para isso,

será discutida a formação de professores de História do Brasil por intermédio do Programa

Universidade do Ar, veiculado pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro nos anos de 1941 a 1944.

Será apresentada a trajetória e produção de Jonathas Serrano, historiador, professor e autor

de manuais escolares entre as primeiras décadas do século XX. Ele também foi membro do

Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e professor do Colégio Pedro II, da Escola

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Normal e do Instituto de Educação. É autor de várias obras relacionadas à disciplina de História

no ensino secundário, além de ter ministrado a disciplina História do Brasil no referido

programa. Também se destacou como um dos pioneiros no uso de novas mídias para o ensino

de História, como o rádio. Sua trajetória e produção são significativas de um intelectual que

participou do processo de construção da escrita da história nacional, bem como da formação

de professores do ensino secundário brasileiro, e serão analisadas à luz dos aportes teóricos

oriundos das áreas da História dos Intelectuais e da História da Educação.

4 - Nietzsche, Espinosa, Deleuze: corpos, subjetividades e afetos.

Nathalia Helena Tomazini Zanco

A proposta desta comunicação oral é apresentar algumas reflexões sobre o corpo –

corporeidade e subjetividade – realizadas em minha dissertação de mestrado no Programa de

Pós-graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia. o corpo é lugar de poder

e, também, de resistência. O corpo é político. Ele é passível de afetar e ser afetado e nos

acompanhará do nascimento à morte, sendo inerente a nós, ele é massa e é sensível em maior

ou menor grau. Antes de qualquer exercício de razão e reflexão é necessário, a priori, um

corpo. Os afetos tiveram sua retomada nos estudos das humanidades como elementos dos

processos de subjetividades a partir dos anos de 1980, mas, desde Espinosa, já se refletia

sobre os corpos, os afetos e suas potências. Estudar o papel do corpo na sociedade é também

estudar uma sensibilidade, um ethos, e que não pode ser resumido a uma mudança nos

comportamentos e costumes. Esta comunicação traz reflexões de Espinosa, Nietzsche e

Deleuze. Estar em volta do “pensar o corpo” é refletir, também, sobre as maneiras que

existimos, sentimos e pensamos, ou seja, os modos de vida, em geral. Segundo o historiador

Peter Burke, o corpo, para o historiador, não pode ser compreendido apenas como biológico,

mas deve ser encarado como algo que é mediado e interpelado por sistemas de signos

culturais. Inclusive, a ideia de corpo da qual partiremos é a da crítica nietzschiana sobre o

idealismo platônico que desvalorizou o corpo e privilegiou uma suposta substância subjetiva

como essencial do homem. O corpo e suas potências entram em ressonância com o processo

de singularização de cada um de nós. O corpo tem o poder de afetar e ser afetado e envolvem

modos de sentir, pensar e agir e são objetivados da maneira de cada um, singulares. Desde a

máxima de Espinosa “o que pode um corpo? ”, não conseguimos pontuar exatamente suas

potências, contudo, ter a noção de que a alma não instrumentaliza o corpo, e que substância

e corpo é uma coisa só . A ideia de corpo da qual parto é a da crítica nietzschiana sobre o

idealismo platônico que desvalorizou o corpo e privilegiou uma suposta substância subjetiva

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como essencial do homem. O corpo e suas potências entram em ressonância com o processo

de singularização de cada um de nós. modos de sentir, pensar e agir e são objetivados da

maneira de cada um, singulares. Desde a máxima de Espinosa “o que pode um corpo? ”, não

conseguimos pontuar exatamente suas potências, contudo, ter a noção de que a alma não

instrumentaliza o corpo, e que substância e corpo é uma coisa só. Para além da dicotomia

corpo/alma, a superação dessa discussão parte de Espinosa, passa por Nietzsche e é retomada

por Foucault, Deleuze e Guattari. Esse processo revoluciona a compreensão sobre o papel do

corpo nos processos de subjetivação. Esta comunicação tem a intenção de debater a tríade:

corpo-político-subjetividade.

5 - Da Tradição à guerra justa: uma construção de símbolos no Soldado Prático

Sofia Theodoro Prevatto da Fonseca

Como elemento fundamental e que faz parte da conjuntura do Estado moderno na primeira

metade do século XVII, a nossa escolha de análise direciona as diversas teorias de guerra justa

como elemento de construção dos processos de descobrimentos na Era Moderna. Neste

horizonte, o envolvimento de discussões a respeito da governabilidade; caracterizados pelos

espelhos de príncipe, assim como, a relação entre as cortes; o recurso de teorias medievais

de guerra justa e a relação com os povos infiéis, a propagação da violência justificada e a ação

de uma igreja militante; correspondem a dispositivos de guerra e soberania. Essa estrutura

teórica de práticas do contexto expansionista instrumentaliza as bases da escrita de Diogo do

Couto, cuja narrativa intitulada Soldado Prático, trazida como fonte principal. A guerra é um

motor, um mecanismo que como uma norma geral, torna-se a mentalidade promissora e

provocadora de transformações na política, na sociedade e nas formas de governar, trazida

aqui, como principal tema de estudo. Nos descobrimentos, a premissa do caro e constante

conceito de guerra justa foi – de acordo com interpretações a respeito da relação de

autonomias cristãs europeias e a comunidade alargada no século XV e XVI - um fenômeno

estatal de vários estágios, que estabeleceu diversas formas de autoridade e categorizações,

dentre elas, as classificações dos grupos humanos fora da cristandade – bárbaros. Assim,

evidenciamos a nossa metodologia que procurar interligar os estudos de História e

Antropologia, baseando-se principalmente na preocupação de como se fez o

empreendimento de guerra justa de acordo com os escritos de Diogo do Couto em Goa

setentista. Assim, a metodologia procura evidenciar a estrutura política em decadência no

Império Ultramarino Português, de tal maneira a trazer reflexões atreladas as diversas

dinâmicas e transformações criativas realizadas aos povos dominados, remetendo assim, a

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funcionalidade da guerra como dispositivo político de Portugal no século XVII. A questão

metodológica observada na fonte, remete também a construção hermenêutica e a noção de

intérprete e interpretação. Utilizando a teoria de Geertz, que procura os parâmetros originais

da antropologia simbólica – interpretativa e que nos auxilia na percepção das práticas

simbólicas que elencam discursos baseados nas margens de diferenças, podemos entender

como o esforço de interpretação realizado por Couto, no caso, o de interpretar as culturas

encontradas no território de Goa, apresentando-se na relação com o outro e a estrutura de

poder. A riqueza da fonte também remete a resposta histórica ligada aos desgovernos nas

diversas instancias da governação na Índia, o que entendemos ser pertinente na discussão do

simpósio. Cabe em nosso trabalho refletir sobre o problema moral em Goa setentista,

indicando essas instancias do poder que sofreram a crise, responsabilizando por parte, a ação

destas consciências individuais e também, a influência do monarca na máquina

administrativa, considerando assim, oportuno diálogo no âmbito da História Política. Espera-

se colaborar para a reflexão de sujeito e poder, como também, a divulgação e compreensão

do universo histórico de Couto e a produção histórica política.

6 - “DOS CAMPOS DE VÁRZEA À TAÇA NO MÉXICO: O FUTEBOL, FORMADOR DA IDENTIDADE

NACIONAL, USADO COMO ARTIFÍCIO POLÍTICO NA DITADURA MILITAR”

Giulia Constante Simões

O presente trabalho se passa no final da década de 1960 e começo da década de 1970, tendo

como objeto de análise a Copa do Mundo de Futebol de 1970 e sua relação com a política da

Ditadura Militar (1964-1985). O objetivo é entender como os militares utilizaram o sucesso da

seleção brasileira no mundial para legitimar seu governo por mais 15 anos e,

consequentemente, entender que no nosso país o futebol é fenômeno que vai além dos

muros do esporte e se perpetua nas questões sociais, na economia, na cultura e

principalmente na política. Como afirma Marco Guterman em O futebol explica o Brasil (2009):

“Não é um mundo à parte, não é uma espécie de Brasil Paralelo. É pura construção histórica,

gerado como parte indissociável da vida política e econômica do Brasil.” O futebol chega da

Inglaterra ao Brasil no final do século XIX como um esporte de elite, mas aqui cria suas raízes

através dos trabalhadores de chão de fábrica, sendo apropriado e incorporado ao cotidiano

popular. De norte a sul, não existe uma pequena vila se quer que não tenha um campo de

futebol, seja ele de boa grama, areia ou no “terrão” dos campos de várzea e é assim que esse

trabalho se justifica. Jogar futebol passa a ser forma de ascensão social, onde o povo que não

tem vez nesses governos de elite encontram a representatividade, onde um negro em um país

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presidencialista e racista é rei, onde a camiseta da seleção nacional se torna o maior símbolo

do país, onde um general ditador usa a taça como propaganda para justificar repressão. A

Copa do Mundo de 1970 cumpre esse papel, Slogans como “Brasil, ame-o ou deixe-o”, músicas

como “Pra Frente Brasil” são publicizadas justificando a política autoritária dos militares. Vivia-

se um bom momento nos clubes nacionais, com grandes nomes e muitas promessas de

sucesso, embora o resultado no mundial de 1966 tenha sido um atropelo. A situação era

perfeita para se construir uma imagem de país forte e de grande capacidade para se

desenvolver. É essencial entendermos o porquê do futebol ser o instrumento utilizado para

tal artimanha política, é essencial entendermos a proporção desse esporte dentro da nossa

sociedade e como ele nos forma enquanto nação e nos dá identidade nacional. É importante

pensarmos no período pré Copa de 1970, onde, por motivos políticos, o governo retira do

comando da seleção o técnico João Saldanha, que era comunista e opositor declarado da

ditadura. Emerge então o treinamento militar oferecido aos jogadores pelo governo em

acordo com a CBD (atual CBF), respaldado pelo fracasso da Copa de 1966. Em meio a

dificuldade de fontes acadêmicas, embora tenha um período muito pesquisado, o futebol

como objeto de análise não é comum, principalmente quando escrito por uma mulher, por

isso as fontes audiovisuais da época se fazem presentes aqui. Pensar política e futebol se fez

mais que necessário e urgente para que possamos entender a construção do Brasil enquanto

nação. Como já trazia Nelson Rodrigues, “Às sombras das chuteiras imortais”, o Brasil se forma

no futebol, se consagra vitorioso, respeitado internacionalmente, institucionaliza governos

autoritários e permanece em meio a desigualdade. Seria ironia então jogar futebol ser a

profissão mais cobiçada?

7 - Clientelismo e mandonismo na política de Itumbiara (GO): praticas de governo e seus

resultados no cotidiano (2002 a 2010).

Dione Graciano Silva

Pensar em conceitos como Clientelismo e Mandonismo remetem, com certa facilidade, as

políticas e aos atores políticos inseridos no âmbito do período que foi consagrado pela

historiografia “tradicional” como Republica Velha (1889 – 1930) e ao sistema político e social

conhecido como Coronelismo. O coronelismo é uma estrutura localizável na História do Brasil,

principia com o fim do império e se estende até a década de 30 do século XX. Na

contemporaneidade a figura deste “Coronel”, com como a ideia de monopólio do poder por

uma instituição ou um individuo perdeu grande força dentro das ciências humanas. O poder

é uma instancia multifacetada, exercido dentro de todas as esferas da sociedade e em todos

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os tempos históricos. Na concepção foucaultiana o poder não esta localizado em uma

instituição como o estado, ou mesmo na figura de um individuo como o coronel; que pode ser

dado ou tomado por algo. O poder é exercido por todos, seja em qualquer tempo ou espaço,

ele não esta dentro de algo ou alguém. Deste modo entendemos que o Coronelismo não

permanece na atualidade, mas algumas práticas foram mantidas, atualizadas e reatualizados.

A comunicação possui como interesse empreender uma discussão sobre política;

especificamente sobre as relações estabelecidas no município de Itumbiara na primeira

década dos anos 2000. A empreitada se instaura na análise crítica de alguns eventos que são

entendidos como práticas clientelísticas e mandonistas; práticas que refletiram e ainda

refletem diretamente na vida dos moradores de Itumbiara. Para tanto empreendemos análise

em dois eventos: a desocupação de parte dos moradores do Bairro Dom Bosco em função da

ampliação da Avenida João Ribeiro Filho e o evento Chamado “Arraia de Itumbiara”. A ação

de transferência dos moradores é entendida como clientelismo nesta perspectiva, mesmo

havendo uma dimensão de alinhamento com o ordenamento jurídico, uma compensação

oferecida aos moradores, não foram levadas em consideração as dimensões sócio-culturais

constituídas por esta comunidade no ato da desocupação. Num sentido de identificar práticas

de abuso em Itumbiara, podemos destacar uma festa, “Arraiá de Itumbiara”. Esta festa pode

ser entendida sob a perspectiva dos dois conceitos, tanto o Clientelismo, quanto o

Mandonismo. A festa ocorre na região central de Itumbiara, na Avenida Beira Rio, em um

espaço conhecido como “Capim de Ouro”. A festa dura em média 10 dias e muda

completamente a dinâmica espacial da região.

ST 12: Resistência, acomodação e adesão a regimes ditatoriais no século XX

1 - Cultura e política: a importância dos contornos culturais na História em tempos de

Ditadura

Soraia Martins Oliveira

O Regime militar foi o período político brasileiro, no qual os militares governaram o país. Nota-

se, que o contexto de crise política que motivou a implementação desse tipo de governo se

arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961 e, posteriormente, do governo de João

Goulart o qual tomou diversas medidas populistas as quais preocuparam o cenário interno e

internacional, tendo em vista o “repúdio” mundial ao comunismo. Deste modo, o clima de

crise política e as tensões sociais aumentavam a cada momento, até que no dia 31 de março

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de 1964, as tropas de Minas Gerais e São Paulo saíram às ruas e os militares tomam o poder;

nove dias após foi decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1)

A partir daí este período da história do Brasil ficou marcada pela prática de vários Atos

Institucionais que estabeleciam a censura, a perseguição política, a supressão de direitos

constitucionais, além de legitimar a falta total de democracia e a repressão àqueles que eram

contrários ao regime militar. Este golpe de estado durou até a eleição de Tancredo Neves em

1985, os militares na época justificaram o golpe, sob a alegação de que havia uma ameaça

comunista no país. Nota-se que durante esse período ditatorial, a certo modo contradizendo

todos os atos de censura, houve no Brasil um rico movimento cultural de protesto e nesses

termos a cultura brasileira não deixou de se criar e se espalhar pelo país. E, para além de

entretenimento a arte se tornou um instrumento de denúncia da situação do país, assim os

festivais de música ganharam uma grande proporção e os compositores e interpretes

disseminavam em suas canções a voz protestante do povo. Houveram assim diversas músicas

que marcaram tal período, a esse exemplo temos a composição “Pra Não Dizer Que Não Falei

Das Flores”; de Geraldo André que tem grande simbologia, ainda, nos dias atuais. Fica

evidente, portanto, que é possível atualmente abraçar um debate partindo das construções

artísticas do período, e assim analisar o mesmo a partir do olhar de quem vivenciava tal

momento político. Deste modo, torna-se o problema da presente pesquisa a ruptura político-

social provocada pela implantação do estado de exceção no contexto da Ditadura Brasileira,

abordada por meio das construções culturais do período. Questionando a importância de tais

movimentos para o retorno da Democracia, além de abordar a importância social e em

consequência dessa as medidas tomadas pelo governo para controlar a disseminação dos

ideais contrários à forma de governo vigente. Assim temos como objetivo central prover a

análise da produção cultural no período ditatorial, para verificar as rupturas e continuidades

ocorridas no período e determinar a influência das construções culturais na política do período

e a sua reciproca. Para tanto será utilizada a pesquisa histórica, a qual propicia uma

compreensão mais adequada do problema pesquisado, portanto, ao utilizar as circunstancias

histórica, a argumentação é reforçada, já que se contextualiza o tema retratado. A pesquisa

documental, no contexto desse projeto, possui como objeto de investigação a produção

artística do período com o intuito de identificar os pontos de influência. Assim o presente

trata-se de pesquisa exploratória, tendo como procedimento a pesquisa bibliográfica e

documental de forma complementar. Visa-se aqui, portanto, fazer uma análise do momento

histórico recortado, ampliando objeto pesquisado, inserindo-o no contexto social de sua

origem e problematizando certezas consideradas absolutas, isso tudo de forma crítica e

utilizando a produção cultural e da Tropicália no período como base.

2 - Antirracismo e conservadorismo em Simonal: limites e possibilidades da adesão à

ditadura militar brasileira.

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2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

Bruno Vinicius Leite de Morais

O objetivo da presente proposta de comunicação é complexificar a abordagem do espectro

de adesão à ditadura militar brasileira a partir de um estudo da reivindicação antirracista.

Mobilizo por objeto a controversa figura do cantor Wilson Simonal, de grande sucesso popular

na década de 1960, no mercado fonográfico e também por seus programas televisivos.

Simonal, que fora a primeira pessoa negra a apresentar sozinho um programa de tv no Brasil,

ficaria marcado por polêmicas ligadas a seu ufanismo e posição favorável ao governo ditatorial

em entrevistas, incluindo a suspeita de ser informante da polícia política do regime. Tais

questões estimulariam sua escolha como objeto por uma historiografia atenta aos

comportamentos de adesão ao regime, através da recente produção de Gustavo Alonso

(2011). O mesmo cantor, no entanto, também apresentava em canções, entrevistas e

programas de tv, a afirmação do orgulho negro e denúncia das especificidades do racismo no

Brasil, elemento inexistente no discurso oficial do regime, que celebrava o país como uma

“democracia racial”. Abarcando esses dois aspectos da figura de Simonal como um estudo de

caso, esta comunicação busca discutir as conclusões de minha dissertação, “Sim, sou um negro

de cor: Wilson Simonal e afirmação do Orgulho Negro no Brasil dos anos 1960”, defendida em

2016. A aparente contradição entre um posicionamento à direita, de apoio ao regime, e uma

postura correntemente lida como progressista, de teor antirracista, é o norte da

problematização proposta. Acredito que a experiência do racismo sofrida por Simonal

orientara sua leitura sobre a realidade brasileira. Se de um lado a conclusão da pesquisa foi

do combate ao racismo ser operado através de uma leitura liberal conservadora que não

levava a uma rejeição à ditadura, por outro sugere o interesse em ampliar as possibilidades

dentro do campo da adesão ao regime. Compreender que aderir ao regime não significa aderir

a todos os elementos do regime estimula ao questionamento sobre os limites do

comportamento de adesão – o que se adere, como projeto, quando se fala da “colaboração

civil” à ditadura. As fontes utilizadas para a pesquisa incluem o cruzamento da documentação

fonográfica produzida por Simonal e entrevistas com ele publicizadas no período de auge do

seu sucesso comercial, no decorrer da década de 1960. Concedendo às suas falas a categoria

de “discursos”, enquanto formas de se posicionar sobre a realidade em que vive, a

metodologia mobilizada para análises de entrevistas e canções é a da história intelectual,

sobretudo as contribuições de Quentin Skinner e John Pocock.

3 - Operación Masacre (1973), memória e ressentimento

Mirela Bansi Machado

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O trabalho tem como objeto o filme argentino Operación Masacre (1973) de Jorge Cedrón,

baseado no livro de mesmo nome, escrito por Rodolfo Walsh, que conta sobre um fuzilamento

que aconteceu em 1956, durante a ditadura da “Revolução Libertadora” na Argentina. Cedrón

montou uma narrativa cinematográfica do fuzilamento em uma época em que os peronistas

planejavam se reunir, devido ao país estar na iminência de uma outra ditadura. A produção e

a filmagem do filme aconteceu durante a ditadura do general Alejandro Agustín Lanusse, na

“Revolução Argentina”. Nas décadas de 60 e 70, surgiu uma conjuntura política revolucionária

em que a arte era vista como instrumento de conscientização e veículo de propaganda. Isso

se mostrou bastante expressivo na América Latina, onde surgiram produções de arte engajada

e combativa. Operación Masacre se encontra nesse meio e ele é feito nesse propósito: de

instrumento de propaganda política, de conscientização política revolucionária. É um filme

militante que mistura o gênero documentário e ficção, com o objetivo de fazer uma denúncia

política da ditadura, do imperialismo, da situação da dependência dos países latino-

americanos, mostrar a situação de exploração e violência e apontar a possibilidade de saída

dessa situação através da revolução e da volta de Perón. Nesse trabalho, eu pretendo fazer a

análise de uma sequência do filme da parte documentário, contendo fotos e vídeos da época

do golpe em 1955 e da voz em off do narrador fazendo a crítica social e chamando os

peronistas para a luta. A memória das várias ditaduras civil militares na Argentina sempre

esteve muito presente e ativa, principalmente nas últimas décadas do século XX, quando

houve um crescente interesse sobre questões relativas à memória, como as comemorações

das datas dos golpes e o sentimento de “dever” de memória criado pela população. Esse

“excesso” de memória das ditaduras faz refletir sobre algumas questões do país, como as

utopias de um povo sobre a democracia e a luta armada, os mitos e heróis criados pela

população, a ilusão de pensar em uma solução simples para um problema profundo. Levando

isso em consideração, trago o conceito de ressentimento de Nietzsche, tão importante para

analisar a sociedade moderna, como contraponto a esse “dever” e necessidade de

rememoração, de pensar sobre esse sentimento tão vivo na Argentina. A ideia é refletir sobre

o perigo de um nacionalismo exacerbado, atrelado a uma afeição ao sofrimento, que

supostamente atendem às necessidades de uma democracia.

4 - Os Relatórios da Verdade na América do Sul: uma análise comparativa

Rafaela Oliveira Silva

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O presente trabalho fez uma análise comparativa dos relatórios de verdade produzidos pelas

Comissões da Verdade na América do Sul. Partindo do pressuposto que tais comissões

representam instrumentos essenciais para a efetivação da Justiça de Transição nos países sul-

americanos que durante a segunda metade do século XX vivenciaram regimes de exceção,

caracterizados por ditaduras civis-militares, sendo eles: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,

Paraguai, Peru e Uruguai. Dessa forma, através da leitura sistemática dos relatórios

produzidos entre 1983 e 2015 foi possível perceber diferentes caminhos pelos quais os países

buscam lidar com seu passado traumático. Sendo assim, foi feito um quadro considerando os

seguintes elementos: Nome; Origem – decreto ou lei; Objetivos; Finalidades; Crimes que

investiga; Período de Investigação; Período de funcionamento (da comissão); Composição;

Identificação de responsáveis; Procedimentos e atribuições; Resultados; e, Recomendações.

Esses critérios foram escolhidos por permitir analisar o documento de forma vertical ao pensar

em datas e documentos normativos e também horizontal ao pensar em seus objetivos e

recomendações. Após a elaboração desse instrumento de pesquisa é possível comparar as

comissões utilizando os mesmos termos o que nos permite ampliar a compreensão e verificar

as peculiaridades de cada realidade. É preciso ainda considerar que esses documentos são as

narrativas oficiais que os Estados decidem assumir sobre esses eventos, uma vez que são

produzidos sob sua tutela. Fazendo com que o exercício crítico na leitura desses se torne

essencial para entender seu contexto histórico. Ainda é necessário perceber os relatórios

enquanto materialidade dos trabalhos da comissão e como caminhos para a reconciliação

nacional

5 - O conceito de Estado Ampliado e os Trabalhos da Comissão Nacional da Verdade

Luiz Fellippe de Assunção de Fagaraz

Durante a segunda metade do século XX, os países do cone-Sul foram tomados por regimes

ditatoriais, apoiados pelo imperialismo estadunidense, que perduraram por décadas. Grande

parte desses países criou mecanismos que tinham como objetivo efetivar uma justiça

transicional. Alguns desses mecanismos foram as chamadas Comissões da Verdade. No Brasil,

último país a adotar essa medida, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) foi instaurada em

16 de maio de 2012, pela então presidenta Dilma Vana Rousseff. Tendo como pano de fundo

os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, desde os debates para sua implantação até as

discussões geradas após a entrega de seus relatórios finais com suas recomendações, o

presente trabalho busca desvendar e analisar parte do debate político existente em setores

da sociedade civil durante a instauração da CNV. Abordar como que setores da sociedade civil

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reagiram à instauração de uma comissão que “investigaria” muitos de seus membros, dentre

eles a mídia, enquanto aparelho privado de hegemonia, tendo sempre um papel fundamental,

apesar de não ser a única, na disputa sobre a aprovação ou não de uma política adotada pelo

Estado restrito ou sociedade política. Outro aspecto trabalhado é a relação de forças dentro

da própria CNV, identificando os intelectuais presentes e os debates promovidos para o

andamento da mesma, além de buscar um levantamento sobre as recomendações propostas

pela CNV em seu encerramento e se as mesmas foram postas em prática, promovendo essa

relação orgânica entre sociedade civil e sociedade política dentro do conceito de Estado

ampliado formulado por Antonio Gramsci.

6 - Resistência camponesa no município de Varzelândia

Marina Mesquita Camisasca

A presente comunicação tem por objetivo analisar a resistência camponesa durante o regime

militar (1964-1985) no município de Varzelândia (MG), localizado na região Norte do estado

de Minas Gerais. No município ocorreram dois conflitos rurais no período, um no povoado de

Cachoeirinha e outro na região da Serra Azul. Em Cachoeirinha a resistência camponesa teve

início logo em 1964, quando 32 famílias de posseiros foram expulsas de suas terras por

policiais militares do 10º Batalhão da Polícia Militar de Montes Claros juntamente com

jagunços armados a mando de fazendeiros da região. No entanto, eles conseguiram retornar

para as terras e um novo despejo ocorreu em 1967. Desta vez, todas as 212 famílias de

posseiros foram retiradas das terras em que viviam com muita violência. Na ocasião

camponeses foram assassinados, outros optaram por sair da região, mas muitos resistiram.

Essa resistência será um dos objetos de análise desta comunicação, afinal os camponeses de

Cachoeirinha resistiram por mais de vinte anos até conseguirem retornar para as terras. Foi

um longo período marcado por lutas judiciais, ameaças de morte, violência física e psicológica

comandadas por agente do Estado, o coronel do 10º Batalhão da Polícia Militar de Montes

Claros, Georgino Jorge de Souza. Esse coronel além de liderar as tropas que violentavam os

camponeses, também atuava como advogado dos fazendeiros da região. Essa dupla atuação

fez com que Georgino Jorge ganhasse terras na região como pagamento pelos serviços

prestados, o que aumentou ainda mais o seu poder de repressão. A segunda resistência a ser

analisada ocorreu em Serra Azul, em 1967, quando o posseiro conhecido como Saluzinho ao

ser ameaçado de expulsão da terra onde vivia com a família resolveu lutar para permanecer

no local. Saluzinho enfrentou jagunços e policiais e acabou se refugiando em uma gruta, onde

permaneceu por quatro dias. Posteriormente, ele foi preso e levado para o DOPS em Belo

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Horizonte. Os casos de Cachoeirinha e de Serra Azul são emblemáticos da resistência

camponesa e da violência da repressão Estatal e serão abordados de forma comparativa. Para

isso serão utilizadas fontes diversas, tais como testemunhos orais, documentos produzidos e

apreendidos pela polícia política mineira, memorandos da FETAEMG, dentre outros.

STs 13/15: História, memória e imaginário social: instituições, poderes e saberes / A biografia como ferramenta histórica: a escrita e suas possibilidades

1 - História, memória e imaginários sociais: o caso do massacre de judeus e cristãos-novos

em Lisboa na obra de Richard Zimler

Cleusa Teixeira de Sousa

A trama histórica ganha forma por meio de fatos reais que se encontram nos registros de

memórias de uma dada época e sociedade. Embora, seja na recusa da visão direta do real que

reside a força da ficção. Assim, a intenção que mobilizou a escrita que ora lhes apresento, está

contida na obra de ficção de um estudioso dos sefarditas, Richard Zimler que, não se furtou

em redigir um romance aludindo críticas e denúncias a esse evento trágico em terras lusas,

ocorrido na primeira década do século XVI. O qual, merece melhor análise por parte da

historiografia local vigente que, tende a silenciar suas marcas dada a sua brutalidade para com

esse povo. Deste modo, buscaremos trazer à tona a capacidade da ficção de denunciar

atrocidades, mas ao mesmo tempo, içar a amplitude do peso negativo que esses

acontecimentos carregam consigo. Pois, é na tessitura da ficção que, torna-se possível criar

mecanismos de enunciação em que, se consegue dar voz aos personagens emudecidos ou

silenciados pelos detentores de poderes que não querem ver seus interesses abalados e

sustentam os jogos dos imaginários sociais e do esquecimento, buscando mascarar certos

eventos. Assim, destacaremos o fato marcante de 1506, de modo a identificar os traumas e

as violências a que os judeus e os cristãos-novos foram submetidos nesse cenário de horrores

do Massacre de Lisboa.

2 - (In)(con)fluências: os caminhos do pensamento na literatura

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Maicon da Silva Camargo

Neste estudo analisaremos certos movimentos feitos pelo pensamento que nos permitem

desenvolver uma ideia crítica sobre a noção de influência. Ao longo de nossos estudos sobre

os romances de Clarice Lispector – que aqui utilizaremos como um índice de um processo de

mobilização de ideias que ocorre em especial, mas não unicamente, na literatura – podemos

facilmente perceber os caminhos obscuros que o pensamento percorre. Está presente nas

obras clariceanas, por exemplo, um rico pensamento que foi elaborado e desenvolvido apenas

na segunda metade do século XX na França. No entanto, a obra de Clarice é quase

concomitante a esse pensamento e, já em seus primeiros romances, que datam no final da

primeira metade do século XX, percebemos tais pensamentos: Anacronia? Vanguarda? Seria

o autor um visionário? Um homem à frente de seu tempo? Além disso, percebemos na obra

da autora um rico diálogo com os pensadores da estética alemã, o pensamento romântico do

século XIX, sem, no entanto, encontrarmos qualquer vestígio do conhecimento de Clarice

sobre tais ideias: há um pensamento que se reproduz no interior de determinada forma de

arte? Uma estética conduz à determinadas maneiras de pensar? Esses problemas no percurso

da pesquisa no levou a outros questionamentos: Como pensar a relação entre as ideias

presentes em um texto literário? Como explicar a circulação de ideias semelhantes entre

autores que não se conheciam? Assim, desejamos discutir e confrontar a noção e os processos

de interação que denominamos de influência, bem como analisar as formas próprias de

aparecimento de determinados pensamentos elaborados no interior de obras literárias e,

assim, elucidar o próprio processo de criação artística.

3 - Da arqueologia às cartografias da memória

Vinícius Alexandre Rocha Piassi

A partir de um diálogo com as ideias de Freud e Deleuze a respeito das noções de tempo e

memória, esboçamos os contrastes entre a concepção arqueológica elaborada pela

psicanálise freudiana segundo um modelo mnemônico anamnésico e restitutivo, e a

perspectiva cartográfica deleuziana e sua proposta de compreensão da memória enquanto

multiplicidade e dispositivo produtor de presente e futuro. Desse modo, podemos questionar

o postulado freudiano da preservação do passado de acordo com o qual “nada na vida psíquica

pode se perder, nada desaparece do que foi formado, tudo é conservado de uma maneira

qualquer e pode ressurgir em determinadas circunstâncias favoráveis, por exemplo, durante

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uma regressão” (FREUD, S. O Mal-estar na civilização. 1969). Essa ideia é fundamental para a

metáfora arqueológica da memória, reforçada pelo argumento de que “o recalque que, a um

só tempo, torna o psíquico inacessível e o conserva intacto, não poderia ser melhor

comparado que ao sepultamento, como aquele que Pompeia sofreu, e graças ao qual a cidade

pôde renascer através do trabalho da pá” (Ibid. O delírio e os sonhos na ‘Gradiva’ de W.

Jensen. 1976). Buscando avançar em relação a essa visão sobre os processos mnemônicos,

apresentamos a inversão deleuziana com sua perspectiva sobre as relações do tempo com a

memória: “A tumba do faraó, com sua câmara central inerte situada na parte inferior da

pirâmide, cede lugar a modelos mais dinâmicos: da deriva dos continentes à migração dos

povos, tudo aquilo através do que o inconsciente cartografa o universo” (DELEUZE, G. Crítica

e clínica.1993/1997, p. 76). Observamos que, desse ponto de vista, a temporalidade se

esgarça, na medida em que “ao invés de uma linha de tempo, tem-se um emaranhado de

tempo, em vez de fluxo, uma massa; em lugar de rio, um labirinto; não mais um círculo, porém

um turbilhão em espiral; não uma ordem do tempo, mas variação infinita, nem mesmo uma

forma de tempo, mas um tempo informal, plástico” (PELBART, P. O tempo não reconciliado:

Imagens de tempo em Deleuze.2004, p. XXI). Assim, à soberania de Cronos sobre o tempo,

Deleuze opõe Aion: “Segundo Aion, apenas o passado e o futuro insistem ou subsistem no

tempo. Em lugar de um presente que absorve o passado e o futuro, um futuro e um passado

que dividem a cada instante o presente, que o subdividem ao infinito em passado e futuro,

nos dois sentidos ao mesmo tempo. Ou antes, é o instante sem espessura e sem extensão que

subdivide cada presente em passado e futuro, em lugar de presentes vastos e espessos que

compreendem, uns em relação aos outros, o futuro e o passado” (DELEUZE, G. Lógica do

Sentido.1969/2003, p. 169). Nessa perspectiva, tempo e memória se cruzam em fluxos

temporais dissimétricos e coexistentes, numa interconexão de múltiplos planos temporais,

reconhecendo da memória seu caráter múltiplo, difuso, e mesmo caótico, a ressaltar sua

plasticidade e variabilidade, em um desdobramento magmático que desencadeia devires ao

atualizar as lembranças no presente. Não mais como traço, resto ou vestígio do passado, a

memória como multiplicidade, enquanto coexistência virtual de múltiplos planos e dobras

temporais, gera diferentes tipos de recordações e realidades dependendo das distintas

combinações que podem ocorrer ao sabor do acaso.

4 - História, tempo e memória. Uma leitura simbólica, mítica e política.

Amon Pinho

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No saguão da Biblioteca do Mosteiro de Wiblingen, situado na cidade de Ulm (Alemanha), está

exposta uma escultura barroca em que figuram Clio, a Musa grega da História, e Chronos, o

deus grego do tempo. O meu contato inicial tanto com esta escultura quanto com a sua

simbólica deram-se através do livro de Paul Ricoeur A Memória, a História, o Esquecimento,

em cuja capa ela figura já na edição original francesa. Diferentemente de Ricoeur, no entanto,

o meu objetivo nesta comunicação será o de tomar a presente imagem como um mote para

refletir analogicamente sobre o conceito benjaminiano de tempo, a partir da glosa de alguns

aspectos da história e cultura gregas. Noutros termos, pensarei sobre os possíveis significados

dessa imagem escultórica a partir de referenciais próprios ao mundo grego antigo, em geral,

e à sua concepção de história, em particular, para, a partir daí, buscar categorias que me

permitam pensar e iluminar, por analogia, o campo semântico da ideia de tempo em Walter

Benjamin. Dentre tais categorias, a noção grega de Kairos ocupa lugar central, não obstante

seja, nominalmente, um inaparente no conjunto dos sete volumes que compõem a Obra

Reunida de Walter Benjamin. Aparece apenas em dois textos, e enquanto referência ao nome

próprio da respectiva divindade. Por outro lado, se nos voltamos para os diferentes conteúdos

e significados implicados na noção de kairos, poderemos falar, junto com Ralf Konersmann,

numa presença transversal desta noção no conjunto da obra de Benjamin. Numa coletânea

intitulada Kairos, Konersmann selecionou um elenco de textos de Benjamin que vão de 1916

a 1940, englobando portanto escritos benjaminianos tanto de juventude quanto de

maturidade, nos quais ele distingue a “kairologia filosófica de Walter Benjamin”. É desta

kairologia, acrescentaríamos, histórico-filosófica que nesta comunicação pretendemos

centralmente tratar, pois nela reside precisamente uma das figuras fundamentais do conceito

benjaminiano de tempo.

5 - TRILOGIA DA SOLIDÃO: UMA ANÁLISE A PARTIR DO CONCEITO DE TEMPO

Rafael Augusto Fachini

O artigo pretende dialogar, tendo como mote o conceito de temporalidade e tempo presente,

as questões sobre a solidão e isolamento do indivíduo na contemporaneidade. Para tal,

primeiro buscaremos compreender o processo de subjetivação destes sujeitos hipermodernos

(apontando as transformações que advém desde a modernidade), bem como as questões

colocadas por G. Lipovetsky sobre tal conceito. Também pensaremos a noção de dispositivo

presentes em Giorgio Agamben e Michel Foucault, colocaremos também as questões sobre o

“tempo presente” do teórico Gumbrecht, junto as reflexões sobre a História em Reinhard

Koselleck, assim como os conceitos de flanêur (Walter Benjamin) e blasé (George Simmel).

Sempre tendo como questão a ressignificação das experiências contemporâneas do tempo

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atrelados ao processo de solidão e isolamento nas grandes cidades, levantando como

questões: existe uma ambivalência presente nessas relações?

6 - O debate sobre os meios de produção na colonização da América e suas implicações

políticas

Isadora Bueno Silva

Este trabalho delineia diferentes percepções acerca do caráter econômico – capitalista ou

feudal - da colonização da América e das sociedades que dela emergem. Os debates

sociológicos e, principalmente, historiográficos sobre o tema, se configuram como principal

objeto. Os autores tratados foram definidos de maneira favorável para cumprir o objetivo,

incorporando além de profissionais das Ciências Humanas; marxistas e militantes, visto que o

passado é sempre significado no presente e esses lugares sociais são essenciais para

compreender a História e suas relações presente-passado, ou seja, esses saberes, mesmo no

âmbito acadêmico, são orientados por suas vivências e sensibilidades. Assim, os pensadores

foram elencados para apreender a relação de interpretação dada no presente vivido por esses

homens ao passado e suas supostas implicações políticas.

7 - Memória e História Oral: experiências do êxodo forçado no contexto da decadência da

cultura do arroz em Ituiutaba/MG – 1950 - 1970.

Victória Ferreira Cunha

O presente trabalho visa comunicar a experiência de pesquisa com fonte oral e o exercício da

interpretação e análise de memórias. Consideramos a pesquisa em História Oral um processo

meticuloso e complexo que busca, por meio do diálogo entre entrevistador e entrevistado, a

constituição de uma fonte. Para que isso seja possível, é fundamental compreender os meios

pelos quais a memória opera, assim como considerar o processo hermenêutico na realização

da entrevista, agindo de modo empático ao se colocar no lugar do outro e buscar compreendê-

lo a partir de sua narrativa, como salienta Verena Alberti. Portanto, por meio do trabalho com

a oralidade é possível valorizar o indivíduo como sujeito e compreender a sua forma de estar

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no mundo. Esse procedimento possibilita o encontro de sujeitos singulares que destoam de

uma memória oficial, ou mesmo aqueles que se unem a esta. Desta forma, acreditamos que

ouvir os sujeitos e suas vivências constitui-se numa forma de aproximar-se da compreensão

da sociedade na sua multiplicidade. Tendo em vista que a fonte oral suscita indagações e

questões próprias do objeto pesquisado, o que é parte do fazer histórico, compreendemos

que a História Oral viabiliza, a partir da memória e da narrativa de indivíduos dar sentido ao

passado e interpretar esse passado. Partindo destas considerações, a entrevista que será

analisada e discutida na comunicação se trata de uma entrevista temática sobre o período da

cultura do arroz no município de Ituiutaba-MG, compreendido entre as décadas de 1950 e

1960 e das experiências do êxodo, ao qual o Sr. Agenor Dias foi forçado, no início da década

de 1970 com a decadência da rizicultura. O entrevistado narrou momentos de sua vida,

elencando aspectos políticos, sociais e econômicos sobre a cidade de Ituiutaba e região

próxima. No momento final da entrevista o mesmo narrou uma história bastante criativa que,

em diálogo com Janaína Amado, buscaremos tratar, mesmo que de forma resumida, a

dimensão simbólica dessa narrativa, comum da cultura e imaginação popular, como elucidado

pela autora. Desse modo, a partir das questões elencadas, buscamos no primeiro momento

discutir aspectos fundamentais no que tange à pesquisa e entrevista em História Oral e no

segundo momento, em diálogo com a discussão teórico metodológica, analisar a entrevista

realizada com o senhor Agenor Dias, buscando a compreensão dos mecanismos utilizados por

sua memória no processo da narrativa.

8 - Circo do Povo: historicidade, transmissão oral e memória

Anderson Gallan Ued

Torna-se uma missão impossível querer datar de forma taxativa as origens e influências do

circo no Brasil ou até mesmo traçar uma cartografia acerca disso, pois as artes que o compõem

sempre se desenvolveram de forma rizomática e apartada umas das outras, sem a

necessidade de associação entre elas. Segundo Pimenta (2010), essa estruturação só se fez

presente após 1830, quando empreendedores cruzaram o oceano em busca de novos

mercados. Em Uberaba, a ideia de se ter um circo popular surge em 1983, com o nome de

Circo do Povo, do qual fui aluno e sobre o qual agora me coloco como pesquisador. Esse circo

tem 35 anos de existência e ainda não possui nenhum registro catalogado de seus documentos

históricos, tampouco uma pesquisa focalizada no seu fazer e nas suas memórias. Indagações

sobre como o conhecimento desse circo se organizou, sobre a historicidade, sobre memórias,

sobre oralidade, sobre o saber incorporado dos antigos palhaços, sobre o intuitivo, sobre as

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sensações que o objeto de pesquisa desperta em mim e como elas atravessam essa pesquisa

vão contribuir para a discussão de questões metodológicas e epistemológica acerca da

pesquisa. Por ora, vou considerar o conhecimento circense sob a ótica da dramaturgia da

cena, almejando compreender como se deu o processo de construção dramatúrgica em dois

espetáculos do Circo do Povo: o primeiro realizado de acordo com as influências

dramatúrgicas de uma família “tradicional” de circo, sob o predomínio de uma memória

auditiva e visual, e o segundo, perante as intervenções dramatúrgicas de instrutores e

diretores oriundos das Artes Cênicas, sob influências de fundamentações teóricas e/ou

empirismo. De acordo com Gallo (2012), a etnografia pode ser usada como um grande método

de pesquisa em artes, pois ela implica procedimentos ligados à pesquisa de campo. Mais

adiante, Gallo (2012, p. 14) segue afirmando que “o olhar etnográfico, ao admitir o outro,

permite, portanto, a existência das diferenças e, considerando ao mesmo tempo uma

subjetividade própria, pode destacar uma abertura e uma valorização da diversidade”. Assim

encontro um caminho, um viés que poderá me guiar durante essa pesquisa sobre o campo

das Artes Cênicas, pesquisando especificamente o processo de criação dramatúrgica e

histórico de um circo do interior de Minas Gerais. De posse dos conceitos e das vertentes da

etnografia, optarei pela etnografia dramática, que é mais direcionada a narrações ou

sequência de eventos. Pretendo também utilizar a heurística a fim de compreender as

experiências vividas por esses instrutores, sejam eles com formações nos circos-famílias ou

nas Artes Cênicas. Com o propósito de entender como a heurística se fez presente nas criações

do Circo do Povo e influenciou suas produções, será necessária a elaboração de um roteiro de

abordagem para a realização de entrevistas com os artistas, educadores, ex-alunos e antigos

funcionários que vivenciaram o dia a dia do Circo do Povo, colhendo suas memórias e

observações. Entender esses pontos é a premissa da pesquisa que estou desenvolvendo no

PPGCA (Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas) da Universidade Federal de

Uberlândia. Assim sendo, embarco em uma viagem no campo das minhas emoções, tentando

escrever de forma acadêmica aquilo que meu coração sempre sentiu de forma empírica.

9 - Cultura, poder e resistência: A (des)construção da identidade dos sujeitos moradores da

periferia por meio da Análise do Discurso.

Iasmin Walchan;

Israel de Sá

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Esta pesquisa propõe uma análise discursiva fundamentada nas concepções da corrente

francesa da Análise do Discurso. A AD se caracteriza, principalmente, pela relação entre língua,

sujeito, história e ideologia. Além disso, sabemos que as manifestações culturais também se

caracterizam pela constituição de sujeitos e pela produção de identidades históricas. Nesse

sentido, o rap, no Brasil, constitui-se como um gênero musical muito característico de uma

parcela da sociedade e, por consequência, ligado a um dado grupo social, uma vez que busca

retratar a realidade da periferia, funcionando, desse modo, como discurso de resistência

frente às coerções e demandas colocadas com mais frequência pelas elites econômicas e pela

classe média. Com isso, pretendemos identificar as posições ideológicas dos sujeitos

moradores da periferia. Ainda, especificamente, objetivamos compreender as relações entre

o gênero discursivo rap e a produção de efeitos de sentido de resistência e descrever

mecanismos discursivos que, do rap, negociam uma identidade para a periferia. Para realizar

este trabalho, nosso arcabouço teórico está centrado no cerne dos estudos da Análise do

Discurso de linha francesa, em diálogo com a perspectiva arqueogenealógica proposta por

Foucault, conjuntamente aos estudos sobre os gêneros discursivos propostos por Bakhtin,

bem como autores da área da análise do discurso em que essa pesquisa se insere: Pechêux

(1990; 1997; 2008); Courtine (2006); Orlandi (1999; 2006; 2006). No que se refere à

metodologia, utilizaremos um corpus de análise composto por quatro músicas de rap

brasileiro: “Racistas Otários”, 1990; “Periferia é periferia em qualquer lugar”, 1997; “Vida Loka

I”, 2002; e por fim “Negro Drama”, 2002. Todas as músicas foram produzidas pelo grupo

paulista Racionais Mc’s no período dos anos 90 aos anos 2000. Em primeiro momento,

determinaremos as matrizes a partir do mapeamento das regularidades encontradas no

corpus. Em seguida, iniciaremos a análise investigando as formações discursivas, ideológicas,

o interdiscurso e a polifonia, a fim de se compreender os efeitos de sentido presentes nessas

enunciações e por meio delas descrever os mecanismos que possibilitam a construção da

identidade da periferia.

10 - Conflitos de memórias na contemporaneidade: um olhar sobre a produção de sentidos

da ditadura civil-militar brasileira

Isadora Davi Pena;

Israel de Sá

A produção de memórias na contemporaneidade articula-se às problemáticas da construção

da história e de sua inscrição em diferentes materialidades. Afinal, a história constrói-se e

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efetiva-se apenas pelos documentos institucionais ou atravessa diferentes discursividades?

Qual o papel dos "novos" agentes sociais, como a mídia, por exemplo, na produção de

memórias e na construção da história em curso (ou do tempo presente)? Essas questões nos

interessam em nossa pesquisa quando buscamos observar, na atualidade, os modos como se

nos apresenta a ditadura civil-militar brasileira e como esse período da história brasileira faz

emergir diferentes efeitos de sentido quando inscrito em distintos regimes de discursividade.

Desse modo, por meio de uma abordagem da Análise do discurso de linha francesa, cujos

trabalhos do grupo de Michel Pêcheux articulam-se aos da Nova História e à arqueogenealogia

de Michel Foucault no objetivo de compreender a produção de sentidos e efeitos de verdade,

buscamos, neste trabalho, problematizar a produção de memórias da Ditadura Civil-Militar

Brasileira na contemporaneidade tomando como recorte a repercussão promovida pela mídia

tradicional quando esta problemática é institucionalizada pela Comissão Nacional da Verdade

(CNV) e publicizada em seu Relatório Final de 2014. Após o fim do regime, houve por parte

das instituições estatais um silenciamento em relação aos crimes cometidos, por isso, para

muitos, o que ficou do período da ditadura militar foram os lemas da segurança, do

expansionismo industrial e do patriotismo, realçados pelo discurso oficial. Apenas em 2012,

cerca de 27 anos depois da abertura política ‒ a despeito daquilo que se observou em países

vizinhos, como Argentina e Chile, que imediatamente se organizaram para averiguar e julgar

o que aconteceu durante seus regimes ditatoriais ‒, o governo brasileiro instaurou uma

Comissão Nacional da Verdade e institucionalizou a problemática da memória daquele

período. Em nosso trabalho, portanto, por meio da perspectiva discursiva, que articula

língua(gem), sujeito e histórica, buscamos compreender e problematizar a produção de

memórias daquele período na contemporaneidade que rompem o discurso oficial e, com isso,

contribuir tanto na discussão teórica quanto, e sobretudo, na compreensão do presente.

11 - Gojira (1954): corporificar as memórias de guerra e da perda num corpo grotesco

Rafael Colombo Martineli

O presente trabalho é resultado do projeto de pesquisa Carlos Marighella: política,

engajamento e ditadura no Brasil no pós-1964. Serão apresentados alguns resultados parciais

desta pesquisa, que pretende examinar a trajetória e o pensamento político de Carlos

Marighella entre o período de 1958 até sua morte em 1969, utilizada como fonte principal a

biografia Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo, escrita pelo jornalista Mário

Magalhães em 2012, além dos textos mais significativos escritos por Marighella neste recorte

temporal. Dessa forma, será feita uma análise da conjuntura política e social da década de

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1960, incluindo os órgãos de repressão da ditadura civil-militar e os movimentos de resistência

popular. Assim, estão em pauta questões como luta armada, engajamento, trajetória,

intervenção social e ditadura militar.

12 - Mahommah Gardo Baquaqua: um marco de resistência, luta e bravura do século XIX

Samara Basílio de Oliveira

A biografia constitui dentre suas mais diversas possibilidades, sem sombra de dúvidas a

oportunidade de que o leitor possa não só conhecer, mas também analisar e compreender a

história de vida e os fatores pessoais relevantes de cada ser. Neste sentido a obra Biografia

de Mahommah Gardo Baquaqua um nativo de Zoogoo, no interior da África traz para a

sociedade inúmeras contribuições e revelações sobre sua jornada enquanto escravizado no

Brasil e, posteriormente sobre sua trajetória em busca de sua liberdade em Nova York. Tendo

como objetivo a socialização e a exposição da presente autobiografia, este trabalho caminha

ao encontro do cruzamento de fontes bibliográficas tais como esta e a de demais autores

como Sidney Chalhoub autor do livro A força da escravidão ilegalidade e costume no brasil

oitocentista. A relação entre tais obras é possível pelo fato de que ambas abordam e

evidenciam os escravizados como cidadãos pensantes, seres unidos, astutos e persistentes.

Com uma abordagem objetiva Chalhoub em sua obra menciona os mais diversos aspectos com

uma vasta riqueza de detalhes que tornam-se possíveis por seu embasamento em fontes

documentais como por exemplo o Banco de Dados, a Biblioteca Nacional e até mesmo a

literatura, sendo esta a responsável por sua característica de produzir escritos sociais. Tendo

vistas as demandas educacionais e partindo da necessidade de ampliação e conhecimento dos

alunos sobre a escravidão e sua importância; Baquaqua torna-se assim o único ex-escravizado

a escrever sua autobiografia desmitificando as visões sobre o negro como alguém a margem

da lei e da sociedade, provando que o tempo todo são batalhadores, inteligentes e

negociadores. Problemáticas como por exemplo as que dizem respeito sua trajetória para o

exterior, ou até mesmo ao fato de um ex-escravizado ter conhecimento dos processos

abolicionistas; saber ler e escrever são ao longo de seus escritos revelados. Baquaqua é um

símbolo de resistência e autenticidade. O papel do docente enquanto mediador faz-se

presente em contextos não só como os atuais, mas também em contextos como os

vivenciados por Mahhomah e por todos aqueles que lutaram diante aos árduos séculos de

escravidão. Trazer para dentro da sala de aula assuntos como estes e dialogar em torno de

situações como as que ocorreram e as que estão presentes até mesmo no cotidiano,

potencializam o processo de ensino-aprendizagem uma vez que trabalham com novas

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perspectivas e abordam questões até então não trabalhadas e exploradas em sala de aula.

Neste sentido a metodologia do presente trabalho encontra-se no cruzamento de fontes

bibliográficas as quais possibilitaram o entendimento do período escravagista sob novas

perspectivas contribuindo assim para a construção de cidadãos conscientes. Os resultados

obtidos até o presente momento constatam a importância de que obras como estas cheguem

ao conhecimento de todos em especial para o corpo escolar que constitui em sua essência o

papel de formar e instruir cidadãos críticos, preparados para os desafios e pensantes.

13 - Pesquisa (auto)biográfica e a pesquisa em História da Educação: a importância dos

roteiros de entrevista.

Valéria Landa Alfaiate Carrijo;

Juliana Pereira Araújo

Este artigo tem por objetivo discutir a utilização da pesquisa de caráter autobiográfico como

instrumento para compreensão, (auto)compreensão dos processos de subjetivação

experienciados por jovens negros participantes do projeto Empodera! O Empodera! é um

projeto que acontece, desde 2016, na E.E. Madre Maria Blandina - Araguari – MG, com o

propósito de tratar a temática racial na perspectiva do empoderamento da juventude negra,

voltado à conscientização e à valorização da ascendência africana. Partimos da premissa de

que, para estes jovens o ato de revisitar e ressignificar momentos decisivos para a constituição

de suas identidades aciona possibilidades de redirecionar ou tomar consciência sobre o

processo de subjetivação e isso, de certa forma, permite a eles melhor explorar o horizonte

de projetos futuros, projetos de vida. Pretendemos demonstrar como os roteiros utilizados

para a realização das entrevistas narrativas orientam a ampliação de horizontes em duplo

sentido: a formação de si e a compreensão da história em tons de subjetividade. Estamos

desenvolvendo pesquisa de mestrado que tem como foco os processos de subjetivação

(TOURAINE, 2009) de jovens negros e sua percepção sobre a experiência no projeto

Empodera! Assim, entendemos que o uso da entrevista narrativa é essencial para a produção

de dados, composição de um corpus de pesquisa, pelos quais acessemos sentidos, leituras e

releituras sobre a constituição das identidades, valorizando as subjetividades. É comum que

pesquisadores partam para a pesquisa de campo munidos insuficientemente de roteiros

claros, bem estruturados e, por isso, muitos trabalhos ficam aquém de suas capacidades,

sobretudo, aos que se ancoram em análises baseadas em narrativas. Também percebemos

que poucos apresentam a constituição dos instrumentos que orientam as entrevistas ou

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desmerecem as observações sobre o lugar, os entrevistados e as condições da atividade

realizada como tempo, emoções, censuras e esquecimentos. Neste artigo nos dedicamos a

problematizar a importância dos roteiros para a realização das entrevistas narrativas e

pretendemos demonstrar como a escolha das questões norteadoras precisa ser

fundamentada por: a) um processo de previsão de condições objetivas e subjetivas que, por

ventura, interfiram na obtenção dos dados; b) critérios seguros e embasados de transcrição e

textualização das entrevistas e, c) projeção de respostas possíveis ou esperadas, de categorias

centrais e de subsídios teóricos que amparem a teorização e a análise e, por isso, merecedores

especial atenção. A metodologia utilizada para a construção desse artigo foi organizada no

sentido de estruturar conjunto de orientações para os roteiros de entrevistas com base em

artigos que tratem do assunto, congregando no referencial teórico autores que tratam da

questão da identidade e processos de constituição identitária, como Fanon, para pensar a

constituição da identidade negra; Touraine para abordar subjetivação e Momberger para

pensar a biografização. Este artigo alinha-se à História do Tempo Presente, que tem nos

permitido, enquanto pesquisadores, apropriar-nos de temas como as relações étnico-raciais,

a cultura e identidade negras, explorar como metodologia e-ou objeto os textos produzidos

nos limites da memória, biografia, autobiografia. Nestes termos, vemos como contributiva a

união entre a chamada pesquisa narrativa (ARAUJO, 2009) ou pesquisa (auto)biográfica

(ABRAHÃO, 2001) com a pesquisa na dimensão da História da Educação, nossa origem.

14 - Carlos Marighella: luta, resistência e engajamento político

Cristiano Batista Alvarenga Junior

O presente trabalho é resultado do projeto de pesquisa Carlos Marighella: política,

engajamento e ditadura no Brasil no pós-1964. Serão apresentados alguns resultados parciais

desta pesquisa, que pretende examinar a trajetória e o pensamento político de Carlos

Marighella entre o período de 1958 até sua morte em 1969, utilizada como fonte principal a

biografia Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo, escrita pelo jornalista Mário

Magalhães em 2012, além dos textos mais significativos escritos por Marighella neste recorte

temporal. Dessa forma, será feita uma análise da conjuntura política e social da década de

1960, incluindo os órgãos de repressão da ditadura civil-militar e os movimentos de resistência

popular. Assim, estão em pauta questões como luta armada, engajamento, trajetória,

intervenção social e ditadura militar.

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15 - Representações do sertão: sobre a “Farinha Podre” e a questão do outro

Angélica Cristina Gomes Silva

No projeto de mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em História da

Universidade Federal de Uberlândia proponho pensar as relações entre sujeito e espaço

geográfico e social, procurando compreender o que representava o Sertão da Farinha Podre

para Minas Gerais no início do século XIX, período de decadência da mineração, que motivasse

o processo de ocupação local e a reivindicação das terras como mineiras. Gostaria então de,

neste breve exercício de comunicação oral, apresentar com o auxílio da documentação sobre

o local, uma pequena discussão que abarca os conceitos de: poder/poderes,

identidade/alteridade, civilização, região/sertão. Não é possível abordar apenas um

documento específico sobre a localidade a ser estudada e a descoberta e mapeamento das

mais variadas fontes ainda está em processo, o que gera mais questões que propriamente

respostas. Sendo assim, são apresentados de maneira recortada: relatos de viagem,

documentos oficiais e falas de memorialistas e de pessoas que se comprometiam com a

construção de uma história local e, a partir destes dados podemos pensar criticamente as

questões postas

16 - A (re)construção da imagem cigana na imprensa mineira na passagem dos séculos XIX-

XX.

Milena Zahr

A comunicação apresentará resultados parciais de um projeto de iniciação científica intitulado

“Notícias ciganas segundo os jornais mineiros do século XIX”, que fundamentada no

levantamento de registros jornalísticos sobre a presença cigana no Brasil, especificamente em

Minas Gerais busca identificar as formas de representação do sujeito cigano. Utilizando

periódicos mineiros produzidos durante o século XIX, até meados do XX, pretende-se entender

as condições de vida dos ciganos na época: como o tratamento dispensado a eles pelas

autoridades e instituições sociais, a convivência entre ciganos e não-ciganos, as atividades que

os ciganos realizavam e, principalmente, a forma como eles foram representados por esses

periódicos. Baseado em uma análise de conteúdo nota-se uma alteração dessas

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representações; no século XIX as notícias sobre ciganos eram predominantemente

ocorrências policiais, ou seja, eram retratados, sobretudo, como criminosos e indesejados

sociais. No século XX, esse contexto se altera, não mais predominam as ocorrências, mas

emerge uma variedade de assuntos relacionados a eles, tem-se curiosidades, compilações de

sua história e cultura, sua inserção em novelas e outras obras artísticas, notícias internacionais

sobre outras comunidades ciganas, etc. Então, além de analisar estas representações, propõe-

se investigar essa mudança no teor das notícias, buscando comprovar qualitativamente e

quantitativamente se, primeiro, houve de fato uma mudança (como indicado pela análise

preliminar), segundo, se essa suposta mudança foi consciente ou inconsciente e terceiro, por

que ela teria ocorrido, teria a rejeição aos ciganos diminuído na passagem do século e eles

deixaram de ser vistos apenas como criminosos ou seres exóticos no país, e

consequentemente sua presença naturalizada tendo o estranhamento para com eles

diminuído ou apenas os periódicos estariam preocupados com novos indesejados sociais e

outras questões que surgiram com a passagem do século e com a transição de monarquia a

república, com um novo contexto político, social e econômico brasileiro. Teria a imagem

cigana sido alterada nessa nova fase da história do Brasil?

17 - A palavra, a ameaça e a vítima: o terror nas notícias sobre ciganos em Minas Gerais

Gilberto Cézar de Noronha

A comunicação tem como objetivo analisar as “políticas simbólicas” de disseminação do medo

em relação ao cigano, na imprensa de Minas Gerais. Tomamos como fonte as notícias sobre

ciganos nos jornais mineiros da passagem do século XIX e XX, que reproduzem e reafirmam

estereótipos de sua condição transitória, registrando os atos de violência praticados pelos e

contra os ciganos em Minas Gerais. Num ambiente paranoico, os povos ciganos são

representados como estranhos suspeitos que tomam o lugar dos culpados e sua presença

vivenciada como ato de terror primário, denunciando não apenas a violência com foram

tratados em Minas Gerais, mas também a sensibilidade dos sujeitos estabelecidos, marcada

pelo estado psíquico do medo e do pavor compartilhado. Perscrutaremos os sentidos políticos

das práticas discursivas da imprensa que consideram os ciganos uma ameaça vagamente

percebida, a desnudar a instabilidade das estruturas do poder estatal constituído no período,

para as quais o discurso do “terror” parece funcionar como estratégia para mobilizar e se

impor, estabelecer-se e se legitimar.

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ST 14: Ruralidades contemporâneas: história, agentes e práticas culturais (XX e XXI)

1 - As Sementes Crioulas: História e Cultura a Beira do Esquecimento

Pedro Emanoel Peres Diani

O presente resumo discute alguns resultados obtidos pelo projeto de extensão: “Formação

em Agroecologia e Educação do Campo na Região da Campanha Gaúcha” desenvolvido na

Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Campus Itaqui. Esse projeto busca enfatizar a

cultura regionalista dos povos do campo, já que vossa herança cultural e histórica,

principalmente na Agricultura Familiar Camponesa está caminhando para um processo de

desconstrução no âmbito social, por conta do desinteresse das novas gerações. Diversas

instituições de pesquisa na área de sementes como: Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (EMBRAPA), Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (FEPAGRO) e

Empresa Brasileira de Extensão Rural (EMATER) têm mantido e reproduzido diversas

variedades de sementes, no entanto não é o suficiente para a solução do problema, segundo

Brush (2000), o crescente valor atribuído aos cultivos tradicionais tem resultado na criação de

programas de conservação de tais recursos. Desse modo, buscamos colaborar com a criação

e difusão da riqueza histórica das sementes crioulas para a comunidade acadêmica. A

realização do projeto em questão colabora para isto e também para o resgate de variedades

de sementes crioulas ainda não conhecidas. Sendo assim, foi desenvolvida a oficina “quadro

de sementes”, no Campus de Itaqui, para que se indagasse e interagisse com a comunidade

acadêmica, possibilitando diálogo e intensificando o resguarde das sementes para reuso e

conhecimento prévio de futuras gerações camponesas que venham a se inserir na

Universidade ou para novas produções que tenham como objetivo a formação em

agroecologia com ênfase em sementes crioulas. Consequentemente, através das sementes

crioulas cultivadas por pequenos produtores rurais da região centro-oeste do estado gaúcho,

foi confeccionado um quadro ilustrativo. Ademais, podemos ressaltar a interação resultante

que propiciou a indagação sociocultural e até mesmo artística. Com ênfase na demonstração

de beleza histórica das sementes o quadro confeccionado destacou a variedade de sementes

herdadas das comunidades rurais e indígenas que as desenvolveram na agricultura familiar

vivenciada ainda hoje. Observou-se uma significativa dificuldade na obtenção de sementes

crioulas para a elaboração do quadro, já que poucos são aqueles que ainda resguardam este

modo de cultivo na região. Dado este motivo, durante a oficina e a elaboração do quadro, foi

enfatizada a necessidade de perdurar o resgate do plantio de sementes crioulas e a expansão

desse trabalho na Universidade. Durante as atividades desenvolvidas pelo projeto no meio

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acadêmico entendemos que foi possível por intermédio da participação dos estudantes o

resgate cultural e histórico do plantio no campo, além de uma valorização das sementes

crioulas, antes depreciadas obtiveram grande interesse acadêmico pelos discentes e docentes

da universidade através da produção do quadro de sementes.

2 - O AGRONEGOCIO CANAVIEIRO E A PRECARIZAÇÃO DOS TRABALHADORES NO CORTE DE

CANA NO MUNICÍPIO DE ITUIUTABA/MG

Daniel Féo Castro de Araújo

Este artigo tem como objetivo principal analisar a precarização dos trabalhadores sazonais

contratados temporariamente pela usina Trialcool para o corte de cana manual na

microrregião de Ituiutaba, MG. A partir de uma compreensão dos elementos das presentes

condições de vida e trabalho dos trabalhadores dos canaviais que configurando um processo

de inclusão-exclusão preconizado pela mobilidade sócio espacial, conforme Martins (2008)

configura um quadro de destruição de relações de trabalho que se manifestam sob a forma

de angústia. As tarefas dos cortadores de cana-de-açúcar podem ser assinaladas como uma

das atividades mais exploradas. Jornadas e condições de trabalho desumanas são apenas

algumas das constantes nesse meio. A ambição patronal atrelada à mão-de-obra

desqualificada e desenganada, que busca tão somente sobreviver, tem como produto uma

violência sem tamanho. O Estado, por sua vez, é um conceito ausente nos longínquos canaviais

na maioria dos casos, seja por incapacidade ou desinteresse, se desfazendo de sua fantasia de

Democracia de Direito. A metodologia utilizada para desenvolver este trabalho se inicia com

uma revisão bibliográfica para o entendimento da dinâmica do fenômeno a ser estudado e

também para construir um referencial teórico. Esse levantamento se realiza através da

pesquisa em livros, teses, dissertações, periódicos, jornais, sites de entidades e demais

documentos que se fizerem pertinentes à temática. Outra etapa da metodologia refere-se a

levantamento de dados de fonte primária, através da realização de trabalho de campo, cujo

objetivo é identificar os sujeitos sociais que por ora figuram esse relatório, nesse momento

nos pautamos em entrevistas junto aos trabalhadores migrantes, principalmente nos finais de

semanas e feriados. Também serão realizados levantamento de informações secundárias

junto ao Serviço Pastoral do Migrante (SPM), Centros de Direitos Humanos, ONG’s, Centros

de Pesquisa, Centros de Documentação, bem como visitação dos locais de abrigo dos

trabalhadores migrantes (pensões, hotéis, casas alugadas nas periferias, barracões entre

outros.).

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

3 - Educando os homens de “mãos desarmadas”: a ABCAR como aparelho ideológico

Wallace Lucas Magalhães

Qual o papel da extensão rural no Brasil a partir dos anos de 1940? Quais as decorrências do

processo de nacionalização da extensão rural institucionalizado pelo governo brasileiro na

década de 1950? Quais os grupos e interesses ligados a este processo? Como e por quais

agências do Estado estes interesses eram operacionalizados? De forma a responder tais

indagações, o presente trabalho tem como objetivo analisar a atuação da Associação Brasileira

de Crédito e Assistência Rural (ABCAR) como aparelho de ideologia na construção do consenso

quanto ao modelo de modernização agrária a partir da década de 1950. Partindo do

referencial teórico de Nicos Poulantzas e suas reflexões sobre o Estado capitalista, buscou-se

demonstrar o importante papel da associação na construção e consolidação dos interesses

dos grupos dominantes ligados ao campo, destacando-se nesse processo o papel da ideologia.

Pautada na perspectiva de que a modernização do setor agrícola era um projeto inviável sem

a transformação do homem, tendo na educação seu principal instrumento, a ABCAR

nacionalizou um modelo educativo acrítico e apolítico, que se ancorava na ruptura do “antigo”

e na aplicação do “moderno” sem questionar aspectos estruturais das desigualdades sociais,

como a estrutura fundiária. Implementado pelo Ministério da Agricultura, cabia aos seus

intelectuais a disseminação de métodos de assistência aos produtores rurais que integrassem

o aprimoramento, mediante conhecimentos referentes a diferentes métodos de produção, à

aquisição e uso de máquinas agrícolas e à utilização de sementes de boa qualidade para

obtenção de melhores safras, além da melhoraria, por meio de um trabalho educativo, do

nível de vida das populações rurais. Nesse sentido, o discurso modernizante da extensão rural

atuava como elemento de uma ruptura histórica, deixando para trás o atraso e trazendo para

o campo a própria idéia de civilização. É nesse quadro que identificamos o papel da ideologia

e a atuação da ABCAR como seu aparelho. A atuação da classe dominante estava organizada

na proposta de uma “reforma agrária” que ocultasse a distribuição de terras como uma de

suas premissas. A “reforma” estaria relacionada a outros aspectos estruturais do espaço rural

brasileiro, como a ausência de mecanização, planejamento e incentivos para o campo, êxodo

rural e o baixo nível educacional das populações rurais. Como metodologia, recorremos à

análise dos periódicos Informação Agrícola, Revista da ABCAR, Relatórios e Boletins do

Ministério da Agricultura, publicações do Ministério da Agricultura e responsáveis pela

divulgação das atividades, ações e idéias relacionadas ao campo brasileiro e à sua

transformação por meio da modernização, demonstrando seu processo de inculcação

destituído de aspectos críticos quanto à realidade das populações rurais.

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4 - Do “arraial da curva torta” ao teatro circense de periferia: a trajetória da música

sertaneja raiz e suas novas significações.

Jaqueline Souza Gutemberg

Pensado no tema da Semana de História o seguinte trabalho tem como objetivo refletir sobre

o papel da música para trabalho do historiador. Nos seus diferentes gêneros e ritmos, a música

se inscreve como importante instrumento de análise de determinado contexto histórico. A

partir de sua temática e melodia, bem como de seu processo de produção e circulação, ela

nos permite compor um quadro mais amplo do momento que se pretende estudar, atentando

para as suas complexidades. Assim, é possível que o historiador entenda – por meio de uma

metodologia detalhada e de problemática definida - o seu movimento mais amplo de

profunda conexão com o tempo e o espaço em que é produzida e como repercute e ganha

sentido para aqueles que a escuta. Por isso, interessa-nos aqui o papel que a música sertaneja

raiz ocupa no entendimento da construção do ideal de Brasil moderno dos anos de 1950.

Como seus artistas, produtores e ouvintes a significaram como um reduto de proteção da

tradição caipira no momento mais inclemente do êxodo rural. Pensando nisso, elegemos

como objeto a produção do artista José Fortuna (1929-1983) como um elemento reenraizador

para aqueles que saíram do campo e chegaram aos grandes centros urbanos, permitindo que

estes se conectassem ao campo, ainda que simbolicamente. Entretanto, essa produção

designada raiz seguiu um caminho peculiar. Produzida na cidade, ela corroborou com a

idealização do campo como também caiu no gosto do público citadino, se reformulando, se

misturando a cidade e ganhando novos sentidos e espaços de circulação como o circo teatro

de periferia, o rádio, o disco, as revistas do segmento sertanejo, os palcos dos festivais e, mais

tarde, a televisão.Vasculhando a produção desse artista, suas composições, discos, cartazes

de circo teatro e agendas de shows, percebemos que esse momento histórico de

transformação do Brasil pode ser analisado sob a perspectiva da fronteira, do entre-lugar, que

a cultura rural (e suas expressões) passa a ocupar, superando a cisão tradição e modernidade,

campo e cidade e compreendendo a dinamicidade, que a própria noção de cultura carrega, da

cultura rústica, que também se “atualiza” e sofre transformações, ganhando novos usos no

espaço urbano.

5 - Mutirões: “Traição” e “Derrubada” na zona rural de Patos de Minas – MG (1940 -1980)

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João Otávio de Oliveira Coêlho

O presente trabalho consiste em uma reflexão crítica acerca da importância do trabalho

voluntário presente nos mutirões da zona rural de Patos de Minas. O mutirão é um evento

onde relações e experiências sociais realizam-se permeadas pelas solidariedades vicinais dos

integrantes da zona rural. Ao longo dos anos, o mutirão, foi a essencial maneira de organizar

a economia rural. Devido à escassez da mão de obra nas fazendas, ocorria a união de vizinhos

e amigos para exercer funções dos mais variados gêneros. Além do aspecto econômico, não

se pode esquecer o aspecto social do mutirão. Esses encontros representavam o ajuntamento

e troca de experiências do povo rural. Nesse sentido, propõe-se dar visibilidade a importância

do mutirão e seu aspecto social para a sociedade patense, como uma das principais

fomentadoras do desenvolvimento agrícola regional. As relações sociais que se processam no

campo, devem ser compreendidas como rede complexa e abrangente, envolvendo práticas

ligadas à economia, à religião, ao político, ao cultural e ao social, por exemplo. Esse evento

também chamado de “traição” (mutirão realizado em forma de surpresa para o beneficiário)

é o principal meio de trabalho e sociabilidade entre o povo da roça. Nesse acontecimento

ocorre a realização de diferentes trabalhos, como: capina, construção de casa, fiação e outras

funções conforme a necessidade do indivíduo. O principal objetivo dessa pesquisa é analisar

o papel do mutirão como processo sociocultural da sociedade caipira e discutir suas

características econômicas, culturais e sociais; identificando nas perspectivas da antropologia,

da sociologia e da história, as principais mudanças culturais ocorridas no meio rural do Alto

Paranaíba, em especial no que se refere ao mutirão e ao trabalho do homem interiorano. Além

do trabalho exercido, ocorre também a “derrubada”, ou seja, um canto de trabalho entoado

durante a execução da função exercida. Esse canto serve de aglutinador dos trabalhadores. A

investigação que se propõe acerca dos mutirões, traições e derrubada é fundamentada numa

ampla pesquisa bibliográfica, constituída por livros, revistas, artigos acadêmicos, publicações

via internet e outros meios digitais etc. Entre as referências bibliográficas, destaca-se “Os

parceiros do Rio Bonito: estudo sobre o caipira paulista e as transformações de seu meio de

vida” do escritor Antônio Cândido e o trabalho regionalista “Minha terra: suas lendas e seu

folclore” do folclorista Oliveira Mello. Essas e outras referências pretendem recuperar

cronologicamente os mutirões e a sociedade caipira com os seus respectivos desdobramentos

e influências na região do Alto Paranaíba, de forma a compreender a sua transformação ao

longo dos anos. Nesse sentido, buscar-se-á fundamentação teórica e metodológica

especialmente nos conceitos de cultura e tradição oriundos da antropologia, da modernidade

estudada pela sociologia e de circularidade cultural e método indiciário. Este trabalho é de

grande relevância para o meio histórico e cultural, pois seu intuito é a identificação de

mudanças e permanências ocorridas no meio rural de Patos de Minas-MG, em especial com o

povo interiorano. O foco da pesquisa é levantar eventuais situações de estranhamento entre

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o tradicional e o moderno, o rural e o urbano ou entre o científico e o empírico. Tendo em

vista que o presente estudo trata-se de uma discussão sobre mutirões e traições e as devidas

transformações ocorridas pela mesma. Propõe-se com essa pesquisa a realização de uma

leitura interdisciplinar do objeto de estudo a partir do repertório de conhecimento da história,

sociologia e antropologia; com esse intuito ocorre um intercâmbio com outras áreas do

conhecimento e da consolidação dos pressupostos conceituais, teóricos e metodológicos da

pesquisa.

ST 17: História, Linguagens & Ficções

1 - A HISTÓRIA DO RISO: LIBERTAÇÃO E OPRESSÃO ATRAVÉS DO HUMOR.

Cassia Magaly Batista

O ato de rir, e os fatores que provocam o riso, têm sido objetos de intensa investigação por

parte de profissionais das mais diversas áreas do conhecimento. Uma revisão historiográfica

do riso demonstra que os estudiosos deste assunto geralmente concordam em que o ato de

rir coloca o animal humano em algum lugar intermediário entre seriedade cerimoniosa dos

seres divinos e a irracionalidade dos animais não humanos. (ALBERTI, 2002 e VIVEIROS, 2005).

Este trabalho se propõe a fazer um estudo que visa estabelecer uma diferenciação entre o riso

como ferramenta de subversão e de propulsão de liberdade de pensamento e ação, e o riso

como instrumento de opressão, ou seja, que reforça preconceitos que alimentam o status

quo. Busca ainda, tangenciando os limites tênues entre um riso libertador e um riso opressor,

entender como se dá a relação dos “profissionais do riso” e das diversas camadas da

população com esta ferramenta de comunicação. Temos vasto material para pesquisa neste

campo. A começar por tentar entender o inacreditável crescimento nas pesquisas eleitorais

deste ano de um candidato à presidência do Brasil, que ao ser questionado sobre declarações

consideradas por muitos como discurso de ódio, se justifica dizendo que estava “brincando”

quando as emitiu. Em uma sociedade mergulhada hoje nas intrincadas redes sociais que

possibilitam a expressão pública de ideias e ideais, mas que de forma alguma garantem uma

real comunicação entre os indivíduos, o riso é revelador das idiossincrasias de cada navegante,

e costuma ter papel unificador em grupos que se (re) conhecem através dele e dos

posicionamentos políticos explícitos ou implícitos que ele contém. Temos então vivenciado o

crescente surgimento de interessantes questões: existe uma ética a ser seguida quando o

objetivo é o humor? É lícito se utilizar deste recurso para disseminar preconceitos? Até bem

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pouco tempo era considerado normal que artistas cênicos utilizassem em seu repertório

piadas com claro conteúdo homofóbico, racista, misógino, etc. Muitos ainda se utilizam deste

recurso de atacar minorias para provocar o riso, mas cada vez mais, um número maior de

pessoas não acha mais “graça” neste tipo de humor. Mesmo que conscientemente a plateia

não tenha clara a própria mudança de pensamento em relação a certos grupos considerados

risíveis no passado, inconscientemente alguma coisa soa bem lá no fundo, causando um ruído

que influencia na recepção da piada, e dificulta que o riso flua com a mesma naturalidade de

quando estes grupos formados por minorias eram cotidianamente usados como mote para o

humor. Esta ampliação de consciência tem se tornado cada vez maior e de alguma forma tem

repercutido na arte do riso e tornado obrigatória uma profunda reflexão sobre os limites entre

o que é brincadeira bem humorada que subverte saudavelmente a ordem vigente e areja

mentes e ambientes, e o que é ofensa que oprime, e reforça as barreiras que dificultam a livre

expressão dos indivíduos e coletivos. O que será que pode influenciar na reverberação positiva

ou negativa de uma piada? Talvez a resposta esteja em uma pergunta: “Com” quem se ri? E

não “de” quem se ri. Rir “com” é muito melhor e muito mais saudável que rir “de”.

2 - Orlando – Uma análise literária

Aguione Campos de Souza Borges

Orlando de Virginia Woolf, é uma obra atemporal. Publicado pela primeira vez em 1928

Orlando é uma personagem que transita entre os sexos feminino e masculino, abrindo o

questionamento sobre as disparidades construídas ao longo dos séculos e assim, desconstruir

as fronteiras de gênero. O enredo de Orlando retrata uma biografia ficcional de Orlando, um

nobre Inglês do século XVIII, que ao chegar na idade de 30 anos, adormece durante um

período e acorda como mulher, com corpo e consciência feminina. Enquanto homem,

Orlando tinha uma vida confortável na burguesia daquela época e ao acordar como mulher,

passa a entender as limitações e sujeições em que as mulheres estão submetidas. Dessa

forma, Lady Orlando acaba reconhecendo as diferenças comportamentais entre os gêneros

ao longo. Procurando abrir espaço para a reflexão sobre as formas de representação histórica

nas diferentes narrativas, a linguagem literária na escrita de Virginia Woolf traz à tona a

importância da interconexão entre os Estudos de Gênero e os Estudos Literários. O livro

Orlando, uma biografia, nos permite traçar pontos de convergência entre as considerações

sobre performatividade, mutabilidade dos sexos, não linearidade. Promovidas por Viginia

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Woolf, há 90 anos, essas reflexões se apresentam contemporâneas e de acordo com Sandra

Jatahy Pesavento, “Este pressuposto da ficção é crucial e remete a algumas considerações,

como a da oposição entre o real e a ficção ou a do debate entre o verdadeiro e o falso, que

inauguram, desta forma, os distanciamentos que existem entre a Literatura e a

História.”(PESAVENTO, 2003. p-33). Ao discorrer sobre ficção, Pesavento atenta para a

abordagem da História Cultural pela Literatura, que resgata os eventos e excitabilidades que

ocasionaram as representações sociais existentes em nossa civilização. Sendo assim, com essa

proposta de comunicação pretendo abrir o debate de como a ficção se inspira na realidade, a

construção social e suas facetas.

3 - Memória e esquecimento em Kadosh de Hilda Hilst

Sálua Francinele Ribeiro

Hilda Hilst e seus escritos formam, sem dúvida, um importante material para as discussões

históricas. Os estudos sobre a autora desenvolvem diversas temáticas, como: amor, morte,

Deus, feminismo e memória. Aqui nesse trabalho, viso trazer questões concernentes ao

estudo da linguagem da memória e do esquecimento em seu livro Kadosh, privilegiando a

análise da memória involuntária.Proponho aqui, uma reflexão sobre a interdisciplinaridade

entre a história e outros campos do saber, nesse caso, especificamente, a literatura. Sem

dúvida a literatura ainda é refém de abordagens teóricas-metodológicas totalmente

historiográficas, que vêem nela apenas uma fonte histórica, ou seja, tais análises se

preocupam apenas com o contexto histórico e social da obra e com as intenções do autor, e

percebem a linguagem literária em seu sentido fixo, nesse caso, a linguagem apenas reflete o

contexto. Resumindo, são análises que não se aprofundam no contexto psicológico, afetivo e

sensível do sujeito na obra literária, e que não percebem as possibilidades para o presente e

futuro da escrita, mas analisam o passado por ele mesmo, como se o mesmo pudesse ser

“resgatado” de alguma forma. Essa “fratura” que a própria disciplina historiográfica impõe a

escrita histórica deve ser problematizada, pois do que adianta falar tanto em

transdisciplinariedade, se a história ao trabalhar, por exemplo, com a literatura a reduz a um

único aspecto. Este trabalho, portanto, procura pensar a história juntamente com a literatura

no que diz respeito ao campo memória/esquecimento. Embora se fale muito em

memória/esquecimento, há o culto pela memória voluntária na pesquisa histórica, já que essa

é vista como memória/racional e do conhecimento, em detrimento da memória involuntária,

vista como irracional e ligada ao campo do sensível. A cultura histórica busca afastar a idéia

do esquecimento de sua disciplina vendo o mesmo como um perigo a manutenção da

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memória, uma idéia contraditória, pois, o estudo do homem no tempo, o sujeito não é

somente razão, mas é constituído por subjetividades, afetividades, sentimentos e

sensibilidades.

4 - “Quando coloco o vivido nas frases, inicia-se uma mudança fantasmagórica”: entre a

escrita da história e a literatura nos ensaios de Herta Müller

Manuel Batista de Sá Filho

Esta comunicação visa discutir as relações possíveis entre a escrita literária e a escrita da

história a partir de dois livros de ensaios da escritora romena Herta Müller, O rei se inclina e

mata (2003) e Sempre a mesma neve e sempre o mesmo tio (2011). Müller, nascida no vilarejo

de Nitzkydorf em 1953 e galardoada com o Prêmio Nobel de Literatura em 2009, tem como

fio condutor de suas obras as traumáticas experiências vivenciadas em seu país natal durante

o regime de Nicolau Ceausescu (1965-1989). Em seus ensaios, temáticas como o exílio, o

autoritarismo, a importância dos pequenos objetos cotidianos, a liberdade individual e

reflexões sobre o uso da linguagem são abordadas. Para Müller, escrever sobre o passado nao

significa abordar exatamante como os fatos se passaram, posto que ao serem colocados no

papel, as palavras exigem um modo de representação próprio. Cada nova tentativa de

aproximação com o já vivido esbarra em preocupações do presente, o que permite que apenas

certos aspectos do passado sejam conhecidos: um mesmo acontecimento, ao ser retomado

pela escrita, adquire novas formas, resultando em narrativas distintas e perpassadas pela

ficcionalidade. Para aproximar-se do vivido, segundo a autora, um trabalho com a linguagem

é necessário, trabalho este que envolve a criação de imagens inusitadas e neologismos, além

de uma análise de como ideologias e discursos politicos podem agir para minar as capacidades

inventivas dos sujeitos. Como aponta o historiador Roger Chartier, ao refletirem sobre seu

fazer literário, os escritores podem auxiliar os historiadores a pensarem metodologicamente

seu ofício: com objetivos distintos daqueles presentes em uma obra literária, os historiadores

também criam narrativas perpassadas por aspectos subjetivos do pesquisador, como a

intuição, os afetos e a sensibilidade. Ao voltar-se para o passado, o historiador realiza um

diálogo com olhares que muitas vezes lhe são inusitados, em um burilar constante entre as

questões colocadas no presente e os vestígios selecionados como fontes. A escrita é parte

fundamental deste processo, funcionando tanto como uma maneira de apresentar os

resultados quanto de nos situarmos em relação ao outro. Dessa forma, os ensaios müllerianos

serão o ponto de partida para analisarmos como a literatura pode auxiliar os historiadores a

pensar sobre os trabalhos que realizam na academia, sem separar estes campos em esferas

estanques. Tal discussão será realizada com o suporte teórico de autores como Paul Veyne,

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Michel de Certeau, Peter Gay e Durval Muniz de Albuquerque Júnior que, sob diferentes

vieses, colocam em evidência as aproximações existentes entre história e literatura.

5 - Brincando com o passado: as representações da história através das lentes da ficção

retrofuturista

Luis Otávio Canevazzi de Freitas

Este trabalho objetiva adentrar no campo da ficção científica, investigando o retrofuturismo

e a criação de cenários e personagens. Pretende-se entender esta estética artística sendo

utilizada para a criação de histórias ficcionais que se passam em um “passado futuro”.

Diferente do futurismo, que se baseia na criação de um futuro com base no tempo presente,

o retrofuturismo nos dá a possibilidade de criar um futuro a partir de um tempo passado,

como acontece por exemplo, no Steampunk e no Dieselpunk. Ambos subgêneros são advindos

do Cyberpunk e retratam um mundo desenvolvido a partir do vapor (steam) no século XIX e

do diesel na primeira metade do século XX respectivamente. Estes subgêneros surgiram no

final do século XX e são utilizados na criação de diversos livros, filmes, animações e games. O

retrofuturismo nos possibilita brincar com a escrita ficcional da história, criando cenários em

um século passado repleto de autômatos, máquinas voadoras e veículos automotivos antes

mesmo de terem sido inventadas no mundo real. Buscaremos compreender o surgimento

desta estética, bem como dos subgêneros de ficção científica que com ela coincidem, e o

porquê de terem surgido durante a segunda metade do século XX, em um momento em que

o mundo se encontrava bipolarizado e, posteriormente, vivenciando um grande processo de

abertura política.

6 - “Nos tempos do rebolado”: os musicais de Luís Antonio Martinez Corrêa

Cássia Abadia da Silva

Esse trabalho tem o objetivo de discutir e apresentar as contribuições do teatrólogo, Luís

Antonio Martinez Corrêa (1950-1987) no teatro brasileiro, em especial os musicais. Ao longo

da carreira do diretor (nas décadas de 1970 e 1980), o musical parece ter se destacado dentre

as demais encenações, o que leva a indagar sobre os desafios enfrentados, tendo em vista que

tal gênero esteve praticamente fora dos palcos, entre as décadas de 1960 e 1990. Assim, a

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finalidade é pensar os musicais dirigidos e produzidos por Luís Antonio, analisar como foram

produzidos, recebidos pela crítica e o lugar que ocupam dentro da história e da historiografia

do teatro brasileiro.

ST 18: – A construção da cidadania no Brasil: emancipações, pós-abolição e as muitas arenas de lutas por direitos no Brasil

1 - A liberdade a contrapelo: um estudo sobre o pós-abolição na Villa de Santo Antonio dos

Patos a partir de um processo criminal (1890 – 1892)

Arthur Willian Soares Alves

Março de 1890: o promotor da Comarca autua uma denúncia, encaminhando-a ao juiz

municipal e relatando por meio dela que, por volta das seis da tarde do dia 2 de fevereiro

daquele ano, na Villa de Santo Antonio dos Patos, a casa de Dona Delminda Angelica da Silva

teria sido arrombada por Victorino, um “ex-escravo” do Coronel Antonio Dias Maciel que teria

se dirigido à dispensa, onde foi encontrado furtando toucinho depois de penetrar na

residência. Tal encontro, descrito na denúncia como uma “interrupção casual do crime”, além

impedir Victorino de consumir o toucinho, resultou na denúncia que iniciou um longo

processo, ao fim do qual Victorino foi absolvido. Em si, porém, a absolvição não é o escopo do

trabalho que aqui se resume. Os condicionantes do acontecimento narrado e/ou os

condicionantes da narração do acontecimento se apresentam como um campo a ser

investigado, de modo que, se o discurso do processo de Victorino for interrogado, é possível

chegar a uma questão: o que significou a abolição da escravatura para os escravizados da Villa

de Santo Antonio dos Patos, no que diz respeito às suas relações com a Lei, com a Justiça e

com a sociedade? Com efeito, para responder a essa pergunta é necessária uma investigação

analítica, atenta ao que é dito e ao que fica por dizer. No caso, o que é dito, isto é, o discurso

das testemunhas, do escrivão e das demais autoridades precisa ser interrogado em busca do

não dito, aqui entendido enquanto o conjunto de aspectos sociais, culturais e simbólicos

passíveis de ser compreendidos a partir da análise dos autos. Esse processo de interrogação

parte da concepção de que a cultura e as condições sociais e políticas têm um vínculo

necessário, para, a partir disso, entregar-se à tarefa de interpretar o documento histórico com

um certo desvio: trata-se de subverter o processo de transmissão do acontecimento (nos

testemunhos do documento) para tentar revelar significados que são adjacentes ao que é

contado e de grande importância para a resolução do problema. Em outras palavras, o

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procedimento é de escovar os autos “a contrapelo”. Na prática, o trato qualitativo com o

documento primário (encontrado no Arquivo do Fórum Municipal de Patos de Minas – MG e

atualmente sob os cuidados do JUHIS - Grupo de Estudos e Pesquisas em Direito e História do

Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM) se faz mediante digitalização por meio de

fotografias, transcrição do texto e análise do discurso. Assim, pondera-se, a partir do discurso

jurídico, como a Villa de Santo Antonio dos Patos experienciou os efeitos da abolição da

escravatura e, principalmente, como a suposta noção de liberdade influiu no caso de

Victorino, ao mesmo passo em que sobre ele recaíram a acusação do crime, a suspeita do

processo e o estigma de “ex-escravo”. Até o presente momento, a pesquisa pode considerar

certa precariedade nas condições materiais da liberdade, já que se aceitou uma denúncia

segundo a qual um liberto estaria roubando para se alimentar. A investigação visa ainda

avançar para o esclarecimento da questão do estigma social, das relações de poder envolvidas

na Justiça local e das imagens que as testemunhas manifestavam ter sobre Victorino.

2 - Cor e conflito: os negros nos processos criminais da Villa de Santo Antônio dos Patos no

século XIX

Alison Luiz de Oliveira

A historiografia da escravidão passou por mudanças significativas a partir da nova

epistemologia surgida na década de 1980. A visão da instituição escravocrata presente nos

trabalhos produzidos até então, era a de um complexo repressor absoluto, onipresente e

onipotente. O escravizado, polo oposto de um sistema entendido como dicotômico, era

apenas força de trabalho, subtraído de racionalidade, de espírito coletivo, aceitando

resignadamente a sujeição de “seu senhor”. Autores como Fernando Henrique Cardoso e

Jacob Gorender baseiam seus estudos nessas premissas, pilares da “teoria do escravo-coisa”.

Tal teoria defende a ideia de que as condições duras da escravidão destituíram os escravos da

capacidade de pensar o mundo fora das categorias e significados sociais atribuídos pelos

senhores escravistas. (CHALHOUB, 2011). A nova historiografia da escravidão produzida a

partir da década de 1980 buscou ir contra essa visão simplista da instituição escravocrata. Com

novas fontes e novas metodologias, identificou-se o escravizado como um agente histórico,

capaz de tecer uma sociabilidade de resistência, formada não só por ações violentas, mas, na

maioria das vezes, de luta cotidiana, de articulações e negociações constantes. “As pequenas

lutas disseminadas pelo cotidiano, não organizadas num todo coerente e dotado de ideário

próprio, e quase sempre reprimidas e derrotadas, são deixadas de lado.” (DE AZEVEDO, 1987,

p. 179). Essas lutas, no entanto, tecidas através de habilidades de negociação e construção de

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sociabilidades, de “resistências silenciosas” e diárias, revelam a atuação decisiva dos

escravizados enquanto sujeitos de sua própria libertação. Com a descoberta e utilização de

diversos tipos de fontes colocou-se em questão a “teoria do escravo-coisa”. Os processos-

criminais, inserindo-se neste leque de novas possibilidades de investigação histórica,

oferecem um amplo panorama sobre a escravidão. O escravizado era “humanizado” apenas

quando cometia um crime, portanto, o crime era o primeiro e único ato do escravizado que o

humanizava na lei. (FLORENTINO; GÓES, 2017). Dessa forma, o escravizado, visto como

objeto-coisa, era provido de humanidade no momento que cometia um crime e precisava

responder pelo mesmo. Nesse sentido, o presente trabalho pretende analisar os conflitos

envolvendo negros escravizados e/ou forros na justiça da Villa de Santo Antônio dos Patos –

atual Patos de Minas/MG – no século XIX. Têm-se por objetivos identificar formas de

resistência através do crime, as diferentes aparições dos negros nos processos, bem como

analisar as representações e ações da justiça da época com relação aos escravizados e/ou

forros. Serão utilizados como fonte processos criminais do século XIX, localizados no Fórum

Municipal de Patos de Minas e sob cuidados do JUHIS – Grupo de Estudos e Pesquisas em

Direito e História do Centro Universitário de Patos de Minas/UNIPAM. Utilizando-se de

pesquisa documental com auxílio de uma bibliografia referente ao tema proposto, serão lidos

e transcritos os processos para posterior análise e discussão dos resultados.

3 - A luta de escravizados por justiça na Uberaba do fim do século XIX. Um olhar sobre o

protagonismo jurídico dos indivíduos escravizados, bem com das redes de solidariedade

evidenciadas nos processos criminais acionados na em favor de escravizados.

Flávio Junio Neres Muniz

Em que pese à escravidão fora formalmente abolida em 1888, passando a inexistir

juridicamente a condição de escravo, este ato jurídico normativo não foi o único de que se

valeram os escravizados na busca por justiça e, sobretudo liberdade. O período que antecedeu

a abolição da escravidão bem como o que o sucedeu, trouxe à tona a discussão que permeou

o século XX e chegou a nós: o que seria esta tal liberdade e em que termos ela pôde ser

exercitada? Para Hobbes, o homem livre é aquele que não é impedido de fazer as coisas que

tem vontade e o faz graças a sua força e “engenho” . Este estado de liberdade do sujeito, ainda

que aparentemente submisso, aciona mecanismos de decisão e deliberação, entre forças

voluntárias e involuntárias, pois o obstáculo é sempre exterior. Acima de tudo um direito

inalienável, pois o Direito da natureza é a “liberdade de cada homem em utilizar seu poder

como bem lhe aprouver, para preservar sua própria natureza, isto é, sua vida” assim podendo

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agir como lhe convier para “atingir essa liberdade” desde que não haja “empecilhos externos”

ao seu movimento. Uma sociedade hierarquizada é naturalmente dividida entre superiores e

subordinados. Vítimas de um poder opressor pedem liberdade. Mas as vítimas de um poder

arbitrário pedem Justiça. Para Bobbio liberdade é um estado inerente ao indivíduo. Se por um

lado haveria uma resposta aristocrática que considerava o povo indigno ou despreparado para

a liberdade, por outro lado dizia que o povo não estaria errado em abrir mão dela. E neste

contexto que nos debruçamos sobre processos criminais movidos por escravos ou pela justiça

em favor dos escravos, na comarca de Uberaba entre 1871 e 1888. Os escravos normalmente

aparecem nos documentos cartoriais por estarem envolvidos em questões relativas a

propriedades, como réu ou testemunha em processos criminais. Os processos cartoriais

demandam certo refinamento e crítica, pelas nuances próprias deste registro oficial e jurídico.

A narrativa dos escravizados é mediada pela leitura, releitura e escrita do oficial escrivão.

Tendo isto em conta, buscamos articular os diversos sujeitos históricos, conforme sua inserção

na narrativa dos processos selecionados, através de um exaustivo processo de cruzamento de

dados em busca da coordenação das informações relativas aos mesmos, disponíveis em

jornais e periódicos do período, anais das atas da câmara municipal de Uberaba, repositórios

on line de documentações oficiais do Governo Brasileiro, arquivos públicos, dentre outros.

Utilizando o “método de ligação nominativa de fontes” apresentado pelo professor Ricardo

Pirola da Unicamp, que através de análise de dados nominais busca as trajetórias possíveis na

(re)construção das biografias destes sujeitos históricos. Desta forma, foi empreendido um

esforço para evidenciar o protagonismo do escravizados como sujeitos históricos, bem como

sua luta pela justiça, através dos processos criminais nos quais são autores em desfavor de

seus “senhorios”. E no vórtice destes processos, alguns deles levados ao tribunal do júri, foi

percebido uma articulação de atores sociais, escravizados, libertos, imigrantes e outros, que

transcendiam o círculo proximal primário destes indivíduos. Formando de certa forma, redes

de solidariedade que tacitamente puderam ser identificadas ao longo das etapas processuais.

Entender o comportamento destas redes se intencionais ou não, bem como as derivações de

suas configurações, se estáticas ou elásticas, as informações ainda são inconclusivas, mas

negar suas ações é ignorar seu protagonismo e efetividade.

4 - Identidade e violência no Rio de Janeiro dos anos 80 a partir do jornal Cidade do Rio–

século XIX

Geovan Souza Silva

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A pesquisa tem por objetivo pensar a temática de identidade e violência no século XIX. A fonte

a ser pensado é o Jornal Cidade do Rio, do abolicionista José do Patrocínio. Sabe-se dos

inúmeros casos de abusos policiais contra abolicionistas e seus meetings neste período e o

periódico em questão busca denunciar, tendo parte ativa em prisões, delegacias, questões

judiciárias e o governo político como um todo. A violência do Estado contra a cor negra já é

debatida em variados trabalhos acadêmicos. A polícia do Rio de Janeiro amparada por uma

lógica dura de repressão vai proliferar diversos excessos e abusos contra libertos, livres e

escravos. A proposta deste trabalho é analisar as notícias do Cidade do Rio e buscar perceber

quais identidades são possíveis para afrodescendentes diante destes abusos. Sendo este um

jornal abolicionista, e que está presente em diversos espaços políticos e de repressão, como

ele irá se posicionar? Quais os meios usados para defender afro-brasileiros de lógicas

repressivas policias? O governo se posiciona diante destes excessos? Estas são questões que

precisam ser pensadas e revisitadas com frequência, pois elas dizem muito do que vemos hoje

como justificativa para a morte de muitos negros e negras em situação de vulnerabilidade

social.

5 - História, imprensa e literatura: debates sobre cidadania, direitos fundamentais humanos

e recrutamentos ilegais no caso Castro Malta (1884-1885)

Pedro Henrique Rodrigues de Barros

No dia 18 de novembro de 1884, o Jornal do Commercio publicou a seguinte notícia:

“desordeiros – foram presos anteontem, por perturbarem o sossego público, os seguintes

indivíduos, João Castro Malta e Antonio Andrade, desordeiros conhecidos na Praça da

Constituição” . Seis dias depois, 24 de novembro, agora na sessão de obituários, o mesmo

jornal anunciava o sepultamento de João Alves Castro Mattos, vítima de congestão hepática.

Em 26 de novembro, o jornal O Paiz, recém fundado, indagava em sua primeira página onde

estaria João Castro de Malta . Este jornal alegava, então, ter sido procurado por amigos e

parentes da vítima, desaparecida há dias, que suspeitavam que Mattos e Malta fossem a

mesma pessoa. Se a hipótese fosse verdadeira, era necessário explicar se os nomes – nas

publicações do Jornal do Commercio – haviam sido trocados por engano ou com o intuito de

encobrir um crime. A partir destas interrogações sobre o caso, foi então aberto um inquérito

policial . Diante das divergências e contradições dos dois laudos oficiais, a dúvida sobre o

paradeiro de Castro Malta continuou nas páginas dos principais jornais cariocas. Tal como um

romance de mistério, cheio de reviravoltas, o caso tornou-se pauta jornalística da cidade. Se

o cadáver autopsiado não era de Castro Malta, onde estaria este, perguntava o repórter d’O

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Paiz. Baseado nestes primeiros acontecimentos que nasceu a grande polêmica, na qual vários

jornais produziram matérias bombásticas, denunciando o intrincado caso Castro Malta.

Periódicos como O Paiz, Gazeta de Notícias, Jornal do Commercio e Revista Illustrada se

entregaram à questão, em busca do real paradeiro de Malta. Diariamente eram publicados

boletins e artigos sobre o caso e a grande repercussão da história levou Aluízio Azevedo a

escrever um folhetim sobre o tema, intitulado Mattos, Malta ou Matta? Publicado na revista

A Semana, recém-fundada em janeiro de 1885, o folhetim acabou ajudando a alavancar as

vendas da nova publicação. A história, cheia de revezes e fatos controversos, mostrava seu

grande potencial para a ficção. A partir deste caso e sua repercussão na imprensa e na

literatura, está pesquisa teve como objetivos centrais: em primeiro lugar, analisar como os

principais periódicos da imprensa utilizaram o caso Castro Malta como um produto eficaz para

a venda de exemplares diários. Recorrendo a um tom sempre contundente e até

sensacionalista, os boletins e artigos publicados sobre Malta incitavam a curiosidade do leitor,

tornavam a história uma verdadeira comoção na cidade. Em segundo lugar, deseja-se

compreender como a imprensa, através do caso, colocou em pauta questões sobre polícia,

cidadania, Estado e recrutamento militar ilegal, num debate que versava, entre outras coisas,

sobre os direitos fundamentais do indivíduo. Partindo do pressuposto de que o que torna a

imprensa uma fonte importantíssima para a pesquisa histórica é o fato de que o jornal, por si

só, constitui-se como um espaço de tensão social – e não de reflexo objetivo do real –, palco

de disputas de vários projetos de país e de sociedade.

6 - Caminhos políticos após a abolição: uma luta pela igualdade de direitos.

Janaina Jácome dos Santos

De acordo com dados do ultimo censo do IBGE (2016) o Brasil é um país com

aproximadamente 50% da população se autodeclarando como sendo parda e/ou preta,

indicando em números uma ascendência negra em metade da população brasileira.

Entretanto, tais dados não expressam plenamente quais foram os caminhos e estratégias

políticas adotadas pelos movimentos sociais e raciais para que os direitos desse grupo fossem

reconhecidos no presente. Esse trabalho tem como tema refletir sobre esses percursos na luta

pela legalização e reconhecimentos dos direitos políticos da população negra. Legalmente, o

negro torna-se livre após a assinatura da Lei n° 3.353, de 13 de maio de 1888, conhecida como

Lei Áurea, que o libertava da condição de escravizado, tornando-o um trabalhador “livre”. A

garantia de liberdade não significava garantia de direitos, ao contrario foi deixado aqui à

própria sorte, sem preparo para se “integrar na sociedade de classes”, sendo excluído pelo

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seu passado, criticado pelo seu presente e desiludido frente ao seu futuro. (FERNANDES,

1964). A igualdade, ora imaginada que viria com a liberdade não aconteceu, ainda vivenciavam

uma desigualdade imensa, algo que ainda persiste na atualidade. A passagem do século XIX

para o século XX trouxe transformações que impactaram nos aspectos jurídicos, entre eles a

criação de leis que apontavam a existência do racismo, tais leis foram nosso foco de analise.

Por meio delas, percebemos como as transformações políticas “poderiam” melhorar a vida da

população negra. Afirmamos que “poderiam”, pois a criação e implementação de leis nem

sempre significa mudança na condição de vida dos grupos. Assim, leis como a de 1951,

conhecida como Afonso Arinos, e sua nova redação em 1985 definiam sobre a contravenção

penal resultante de preconceito de raça e cor. Já em 1988 a Carta Magna estabelece igualdade

entre todos os brasileiros, indicando que existe exclusão e que nem todos gozam dos mesmos

direitos sociais, políticos e econômicos. Mesmo com a Constituinte de 1988, garantindo a

cidadania plena, ainda sim foram necessários criação de outras tantas leis especificas para a

população negra, como a lei n° 7.716 de 1989, criminalizando o racismo, ou mesmo outras leis

como as que estabeleciam políticas afirmativas. Assim, temos como fonte de pesquisa a

analise das leis destinadas a população negra, especialmente no século XX e primeiras décadas

do século XXI. Objetivamos por meio da pesquisa nas leis compreender de que forma elas

impactaram na realidade dos negros, negras e pardos brasileiros no presente. Como

arcabouço teórico utilizamos as analises de Fernandes (1964) no intuito de compreender

como se formaram as classes após a abolição e de que forma elas atuavam no social,

pressionando as mudanças no Estado. As reflexões de Gramsci (2011) apontaram o Estado

como tendo significados e atores distintos, que vivem em uma relação conflituosa e que sua

ação esta para além de ser um aparato coercitivo. Outros autores foram de fundamental

importância, como Guimarães (2009) nas suas reflexões sobre políticas públicas para a

população negra. Enfim, o trabalho demonstra que mesmo com a criação e implementação

de políticas voltadas a esse grupo ainda sim população negra continua enfrentando

preconceitos e discriminação racial, além de vivenciar uma imensa segregação nos mais

diversos espaços.

ST 20: Pesquisas e Experiências em Ensino de História: formação de professores, práticas e saberes históricos escolares

1 - Aluno-professor: importância dos programas à docência para o ensino coletivo.

Márcio José Ribeiro da Silva Filho

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O recém-reformulado Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID) e nova

Residência Pedagógica são um dos exemplos de programas na área de ensino, que já entram

em vigor sofre a forte ameaça de não durarem até o fim previsto em seus editais. Notícias

sobre cortes na educação básica e superior, salários de professores atrasados, condições

insalubres de discentes e docentes têm estado cada vez mais presentes em matérias de

jornais, tornando comum um descaso que não haveria de existir. Em períodos nos quais a

formação enquanto professor sofre enormes cortes orçamentários e uma crescente

desvalorização, evidenciar e explorar a importância e significado dos diversos espaços de

aprendizado e aperfeiçoamento que um licenciando pode desfrutar torna-se uma tarefa

importante, para não dizer obrigatória. Sobre esta ótica, visa-se abordar algumas das diversas

atividades realizadas pelo PIBID – História da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

relatando o impacto destas nos diversos sujeitos aprendizes – alunos do ensino básico,

superior e professores. Em paralelo trabalhar toda a importância dessas ações

extracurriculares na formação e aperfeiçoamento de métodos didáticos pedagógicos.

2 - PIBID: a formação de professores entre desafios e transformações

Anderson Aparecido Gonçalves de Oliveira

A Educação brasileira hoje, tem deixado de ser a protagonista para tornar-se uma coadjuvante

de um processo que privilegia uma formação de mão de obra rápida e barata por intermédio

de cursos técnicos. Em paralelo, devemos nos ater que a tecnologia, se não usada de forma

coerente e construtiva, pode também tornar-se um problema. A escola de educação básica

parece ainda estar perdida em meio a tanta informação e transformação, afinal, o sistema de

educação vigente é obsoleto. O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência

(PIBID) demonstrou ser uma ferramenta capaz de romper essas barreiras por conseguir tornar

o ambiente escolar mais dinâmico e sedutor, além de auxiliar de forma direta na formação de

novos professores que possam olhar para a educação básica de uma forma crítica, além de

demonstrar que para além do conteúdo pragmático, o profissional da educação também

possui um papel social e de transformação. Transformar vidas é o que nós professores

fazemos todos os dias, ou pelo menos o deveríamos nos propor a fazer. Devemos nos recordar

que nossos alunos não são receptáculos para depositarmos "conhecimento". Eles, acima de

tudo, são sujeitos munidos de experiências e vivências múltiplas e que se encontram em um

caminho de descobertas. Portanto, nós professores trabalhamos com sujeitos aprendizes, nos

tornando mediadores de um processo formador que deve privilegiar o protagonismo do

educando. O PIBID consegue quebrar as barreiras físicas e psicopedagógicas do

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conhecimento. Não podemos relê-lo como "milagre", mas como uma ferramenta de diálogo

entre educação básica e ensino superior. E, nestes últimos quatro anos em que participamos

do programa essas transformações se tornaram cada vez mais visíveis. As escolas pelas quais

passamos e as atividades que realizamos, demonstraram que estamos no caminho certo, pois,

a equipe PIBID história sempre privilegiou a formação de um professor com novas

perspectivas de pensamento educacional e que estivessem afim de quebrar os paradigmas,

entendendo a grande responsabilidade de um profissional da educação no processo formador

de um sujeito aprendiz. Assim, minha participação como supervisor levou-me também a me

reinventar e entender que não importavam as dificuldades que iríamos encontrar a cada

escola, mas que iríamos, por meio de muito trabalho, conseguir plantar uma "sementinha" de

transformação. Entendendo esse papel transformador, elaboramos um vídeo documentário

cujo título dialoga diretamente com o que relatamos aqui: "Educação: transformando

realidades". Este vídeo foi gravado com os alunos da Educação de Jovens e Adultos da E. E.

Professor Ederlindo Lannes Bernardes, situada no Bairro Morumbi, uma região periférica do

município de Uberlândia-MG, e, naquela oportunidade, pudemos entender e reforçar a

relevância da educação, sobre tudo do educador, deixando claro que lhe damos diretamente

com vidas. Hoje posso afirmar que nenhuma escola por qual passamos foi a mesma. Tão pouco

nós somos os mesmos. Observou-se nestes quatro anos, um amadurecimento e uma troca de

experiências entre os bolsistas, alunos de educação básica, supervisão e coordenação, o que

reforça que o diálogo entre escola básica e universidade. Para tanto, a formação do professor

deve-se passar antes de mais nada por um processo de entender seu papel na sociedade

sobretudo para quem e onde ele está inserido. Dentre todos os programas educacionais o

PIBID é o único, até o momento, que consegue entender a dinamicidade e a necessidade de

romper as barreiras que insistem em tornar a educação brasileira como uma das mais

defasadas do mundo. Pois como já mencionado, a educação transforma vidas e realidades e

nós educadores temos por obrigação fazer a diferença, afinal ser professor não significa

despejar conteúdo por cinquenta minutos, mas fazer nossos sujeitos aprendizes entenderem

que eles tem um papel na sociedade, pois "se a educação sozinha não transforma a sociedade,

sem ela tampouco a sociedade muda" (FREIRE, 2000).

3 - História: escola, bairro e cidade. Propostas e proposições para a educação básica

Tamyris Cristina de Castro

O subprojeto interdisciplinar Santa Mônica, com início em 2014 e término 2018, teve como

objetivo o desafio de construir reflexões a cerca da educação básica a partir da inserção dos

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estudantes de licenciaturas de diferentes áreas do conhecimento no ambiente escolar.

Buscamos ainda romper com uma dicotomia ainda persistente entre ensino e pesquisa,

universidade e a educação básica. Nas metodologias das atividades, procuramos produzir

registros que evidenciavam a relação entre conhecimento/pesquisa, produzidos no âmbito da

escola pública, visando valorizar a atuação dos licenciandos (bolsistas), dos professores e

alunos da escola pública na construção deste conhecimento. Para esta comunicação a

proposta é apresentar o trabalho realizado “História: escola, bairro e cidade’, a partir deste

tema a equipe buscou apreender a escola como um espaço construído e constituído a partir

das diferentes relações dos diversos sujeitos que a compõe. Dentro desta proposta um dos

eixos e trabalhos apresentados, “projeto: entre-vistas e legendas livres’, buscava trazer a

percepção dos estudantes não apenas da escola, mas dos espaços de sociabilidades nos quais

eles transitam. Dessa forma, utilizamos como metodologia, fotografias e entrevistas

realizadas pelos próprios estudantes do ensino médio. Através de suas fotos, legendas e

entrevistas, desenvolvemos uma alternativa ao ensino tradicional e ao mesmo tempo nos foi

possível refletir a respeito da percepção dos estudantes ao enxergarem a escola inserida em

um contexto para além de seus muros.

4 - Por um ensino menos careta: a ressignificação de práticas fora do comum nas aulas de

história.

Mateus Ribeiro de Sant’Ana;

Kathleen Loureiro Santana dos Reis

Durante os primeiros anos da graduação, muitos alunos do curso de história da UFU

desenvolveram projetos dentro de escolas públicas da cidade a partir do Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), até o lançamento, nesse ano, da nova

portaria para o programa, constituindo novas normas para as atuações dos discentes da

graduação, os coordenadores dos subprojetos e os supervisores nas salas de aula. Esse projeto

tem o intuito de levantar discussão a partir de duas experiências com dinâmicas diferentes

que foram realizadas ao longo do segundo semestre do ano de 2017: o uso da Revista de

História da Biblioteca Nacional como fonte de pesquisa, realizada na Escola Estadual Honório

Guimarães, com alunos do ensino fundamental II e a construção de um museu temporário

sobre a vida e obra do ator Grande Otelo, na Escola Estadual João Rezende, com alunos do

fundamental II e ensino médio. Busca-se refletir de que maneira, a partir das possibilidades

usadas nos projetos, o professor de história pode incluir novas perspectivas da função e da

prática historiográfica para alunos da educação básica, incluindo-os em discussões sobre o

que é e que para que serve a história. Utilizando instrumentos didáticos para incluir os alunos

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em discussões que envolvem não apenas as matérias fixas postas em muitos livros didáticos,

mas que despertem o interesse dos alunos a partir de suas próprias experiências de vida, a

discussão do trabalho também propõe pensar na autonomia dos alunos. Refletir que além de

propor uma linguagem mais simples que pode ser compreendida por todos, de que forma o

uso da Revista e a construção do Museu podem ser caminhos para a aplicação das leis 10.639

e 11.645, que preveem o ensino da cultura e história afro-brasileira e indígena,

respectivamente, podendo ser um objeto de mudanças na sociedade, revelando temas

diferentes daqueles vistos comumente na educação básica. Tanto os artigos presentes na

Revista quanto a construção do Museu, podem remeter ao mesmo uso de práticas comuns

para fugir um pouco do livro didático. Contudo, o trabalho visa dar uma nova cara às essas

práticas comuns, trazendo para o Museu e para a Revista o novo, fugindo da burocracia

acadêmica, dando assim a oportunidade do uso do lúdico e da didática para chamar atenção

para temas que os alunos normalmente não se interessariam, além de darem também uma

visão historiográfica de temas já conhecidos dos alunos, como a Segunda Guerra Mundial,

fazendo-lhes perceber os tantos discursos que as pesquisas na história carregam. Ao tocar

diretamente nas vivências e escolhas próprias dos alunos e dos bolsistas que atuaram nesses

projetos, esse trabalho, ao relatar as duas experiências, propõe pensar sobre essas outras

maneiras de fazer os alunos tocarem a própria história, e se entenderem enquanto sujeito na

história.

5 - Os desafios e as práticas formadoras do professor de História: Sentidos e dimensões do

passado, uma experiência da região Central do Brasil.

Luiz Carlos do Carmo

O passado já foi pensado como um local distante. Longe da simples combinação da capacidade

de ver o que acontecera, bem como a consequência para o dia de hoje, o passado e sua

moldura de gestão do presente é um saudável desafio para os historiadores. A investigação,

a capacidade de inquirir, de combinar elementos e de extrair posições acerca de

acontecimentos históricos e de remeter lhes sentidos, a luz de preocupações do presente,

perfazem o trabalho do historiador, intelectualmente honesto. Este desafio torna-se ainda

maior, quando o processo de preparação profissional, amplia-se e galga o posto de ser um

formador de futuros profissionais, não apenas da ação propriamente, mas de combinar os

elementos formadores de profissionais que se voltarão para a formação das novas gerações.

O objetivo desta comunicação é problematizar aspectos da formação do profissional, que

tratará, em salas de aulas do ensino de História. As considerações deste empreendimento são

constitutivas do campo do ensino de História, centram-se, principalmente no esforço de

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

compreensão da análise dos movimentos, das ideias históricas e suas implicações na formação

da consciência dos sujeitos. Em linhas gerais, persegue-se a forma como alguns temas,

questões do passado nacional, envolvem os discentes e suas práticas de professores,

ingressantes das quatro primeiras turmas do Mestrado Profissional em História, Cultura e

Formação, da Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão, a partir do ano de 2014. A

estratégia de pesquisa inicial voltou-se para a análise de temas como: a) a dificuldade de

relacionar os estudos antigos, com a vida atual; b) o desinteresse/desconforto com o período

colonial brasileiro; c) a incompreensão do processo de formação da República, e sobretudo, a

sua relação com os dias atuais; d) a indiferença/solidariedade com a condição de grupos

explorados (populações indígenas, mulheres, grupos escravizados, dentre outros); e) a

incapacidade de concatenar os acontecimentos internacionais e sua lógica, com os impactos

na vida em geral, dentre outros que aparecem nos relatos dos estudantes, e que permitir

pensar na cultura histórica, na região Central do Brasil, notadamente nas cidades de Catalão

GO, e do seu entorno. Do ponto de vista do ensino de História, há anos os acontecimentos

traumáticos, avanços e estagnações sociais, ondas de violência, choques geracionais, medos

diversos, dentre outros marcam a sociedade, e são, não raros, entendidos como tributários

da qualidade da formação escolar das gerações passadas. A prática formadora pensada no

nascimento do Estado Nacional, com a família patriarcal, e clássica posição de ‘homem,

mulher e crianças’; a verdade estruturada pela Ciência e a Igreja, orientadoras das

consciências e sentidos, próprios de um tempo. Por sua vez, as dinâmicas são outras, assim

como o sentido de orientação histórica, contida nas formulações familiares, culturais e nas

práticas sociais tencionam os sentidos únicos, e permitem pensar, novamente, nas questões

da cultura histórica. De acordo com Rüsen (2009), a cultura histórica é um poderoso

instrumento de orientação histórica, que perpassa os diferentes elementos e estratégias da

vida. São elementos de orientação presentes na investigação acadêmica, nas escolhas que

articulam os fundamentos da estética, da política, do lazer, da educação escolar e não escolar

e de outros procedimentos da memória histórica pública. Segundo esse autor, "a cultura

histórica é a quintessência das atividades e instituições sociais, pelas quais e nas quais

acontece a consciência histórica" (Rüsen, 2014, p. 101). O passado humano, enquanto

fundamento intrínseco do presente, e objeto de perseguição do trabalho do historiador,

torna-se a razão dos questionamentos das dinâmicas formadoras, na disciplina de História.

Interessa inquirir os problemas pensados, a construção social, as práticas pedagógicas que

encerravam aquelas pesquisas à luz das respostas humanas às diversas situações do cotidiano

dos espaços em que nasceram. Apoiamo-nos nos apontamentos que circundam a teoria da

consciência histórica (Rüsen, 2001: Lee, 2006), que os autores pontuam, sempre haver uma

interlocução orgânica entre a ciência da história (no caso, de sala de aula) e a vida prática, e é

nesta última que são produzidas e detectadas as carências e interesses que podem ser

explicitados pelas ideias métodos e formas de representação da disciplina História, que parece

afetar os fundamentos do ensino de História na região Central do Brasil.

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6 - A Iniciação Científica em História no Ensino Médio Integrado: experiências, resultados e

dificuldades

Estefany Amorim Viana de Castro

O presente trabalho aborda o desenvolvimento da Iniciação Científica (IC) no Ensino Médio

Integrado, seus desafios, resultados e as consequências dessa prática no processo de

aprendizagem e crescimento pessoal do aluno. A IC no Ensino Médio ainda é pouco realizada

em comparação ao que ocorre no Ensino Superior, apesar de serem notáveis seus benefícios

nos processos de aprendizagem. A falta de recursos financeiros, infraestrutura, apoio da

instituição, profissionais envolvidos e capacitados, são alguns dos possíveis motivos para a

pouca quantidade de projetos de IC realizados por alunos do Ensino Médio em todo o país,

tanto na rede pública quanto na rede privada. Assim, diante da necessidade de se oferecer

um Ensino Médio de qualidade e que prepare os alunos para o mundo profissional e/ou o

mundo acadêmico, a IC pode auxiliar esse aluno a alcançar ambas as metas. A pesquisa

científica se mostra importante porque consegue relacionar teoria e prática, sendo essa

conexão ainda mais importante no Ensino Médio Integrado aplicado pelo Institutos Federais

e CEFETs, onde os alunos cursam a grade curricular comum integrada a um curso técnico,

revelando de maneira mais acentuada a dificuldade constante da interação entre essas duas

áreas que deveriam ser complementares. Logo, a prática da IC ganhou espaço na rede federal,

na qual existe um maior incentivo por meio de bolsas para os alunos e professores envolvidos

no meio científico. Partindo dessa oportunidade de realização de IC no Ensino Médio

Integrado à educação profissional, esse projeto objetivou identificar suas contribuições para

o desenvolvimento do aluno/pesquisador no que toca à sua formação. Desta forma, a ideia

de desenvolver projetos de IC surgiu junto ao orientador, professor da disciplina de História,

como uma tentativa de colaborar com a proposta de ensino integrado que os Institutos

Federais apresentam, buscando solucionar a constante dificuldade de relacionar o curso

técnico com as disciplinas da área básica. Então, os resultados dessa pesquisa são frutos de

duas iniciações científicas realizadas no Instituto Federal do Triângulo Mineiro, campus Patos

de Minas, sendo elas “A logística militar na Grécia Antiga: um estudo da obra de Tucídides”

(2016) e “Aspectos logísticos nos caminhos do Brasil colonial: a logística histórica na obra de

Sérgio Buarque de Holanda” (2017). Tais projetos buscavam relacionar a Logística com a

História, de forma a contribuir com ambas disciplinas e a expandir a visão do pesquisador

quanto à aplicabilidade dos conceitos dessas áreas. Após a realização desses projetos foi

possível perceber um grande crescimento do aluno e de sua autonomia intelectual ao

comparar, deduzir e tirar suas próprias conclusão sobre o assunto tratado. Ademais, a prática

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da IC consegue formar um aluno mais ativo e crítico, além de prepará-lo para a graduação,

pois o deixa mais familiarizado com a realização de pesquisas, participação em núcleos de

estudo, simpósios, congressos e, inclusive, na própria elaboração da monografia e de artigos

científicos. Quanto ao ambiente técnico e profissional, a pesquisa o auxilia a alcançar o

objetivo de um Ensino Médio que rompa com o paradigma de que teoria e prática, ciência e

mercado de trabalho, ou mesmo disciplinas aparentemente tão distantes como História e

Logística são contrárias e que não se complementam. Portanto, percebemos que a IC no

Ensino Médio é uma oportunidade de formar alunos com um diferencial no que toca à sua

formação, tanto pessoal, quanto profissional e acadêmica, que possam assim contribuir de

maneira mais substancial para a produção do conhecimento.

7 - A experiência com fóruns interdisciplinares em Caldas Novas (GO) como forma de reação

ao ensino tradicional.

Israel Carneiro de Aquino

Segundo GUIMARÃES, “a História nos ensina a ter respeito pela diferença, contribuindo para

o entendimento do mundo em que vivemos e também do mundo em que gostaríamos de

viver”. Comungamos com essa concepção, apesar de saber que nem sempre o espaço escolar

oportuniza a discussão de temas polêmicos e relevantes para nossos alunos e para a sociedade

como um todo. Acontecimentos políticos, culturais, científicos, econômicos e sociais são

constantemente noticiados, mas pouco debatidos. A escola, que acaba sendo referência para

alunos e comunidade, não consegue, em muitos casos, aprofundar-se nesses assuntos em

decorrência dos conteúdos programáticos a serem cumpridos. Por isso a criação do Fórum

Interdisciplinar é fundamental para resolver essa lacuna provocada pelo cotidiano escolar. A

proposta do Fórum é apresentar aos alunos, pais e comunidade as várias ideias sobre os

assuntos a serem problematizados, oportunizando também a participação. Nossos principais

objetivos são: problematizar assuntos e temas polêmicos de forma acadêmica, demonstrar

aos alunos, pais e comunidades que as diversidades de ideias são responsáveis pelo processo

de construção do conhecimento, estimular a criticidade e a atenção dos alunos para temas

sociais relevantes, aproximar escola e comunidade e estreitar relações com os círculos

acadêmicos. O Fórum sempre é moderado por um professor da instituição que abrirá espaço

para os convidados. Sua consolidação se faz em forma de uma mesa redonda para que as

diversas ideias sobre o tema central possam ser melhores trabalhadas e debatidas. Os

responsáveis pelos fóruns convidam pessoas da comunidade e região, preferencialmente

professores universitários e lideranças de grupos sociais, com posicionamentos diversos sobre

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os temas, para a composição da mesa. Cada convidado desfruta, na “primeira rodada”, de um

tempo (determinado pelo mediador do Fórum, que irá estabelecer de acordo com o tema e

número de convidados) para exposição de suas ideias e argumentações. Na “segunda rodada”,

o público poderá questionar os convidados através de perguntas feitas diretamente aos

convidados da mesa. O Fórum Interdisciplinar já está em sua terceira edição. Na primeira

edição, realizada em 2016, o tema escolhido foi o “Escola Sem Partido”. O tema surgiu a partir

do crescimento do “projeto” pelo país e pela tentativa de nossa Câmara Municipal em aprová-

lo na nossa cidade. Na segunda edição, em 2017, o tema foi “Gênero na Escola”. Para 2018, o

tema escolhido é “Legalização e descriminalização do Aborto”. A experiência do Fórum tenta

fazer da nossa escola uma escola inovadora, capaz de observar e interferir em temas externos

e não voltar-se a mera transmissão de saberes estabelecidos por materiais didáticos.

8 - ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA DE COMBATE AO BULLYING

Alinne Grazielle Neves Costa

Educar em tempos de Escola “sem” Partido, discursos políticos e midiáticos que

compreendem direitos humanos como “direitos dos manos” não é uma tarefa fácil,

sobretudo, para educadores(as) que optam por uma metodologia pautada na Educação em e

para os Direitos Humanos na efetivação do currículo formal e oculto. Nos ensinamentos de

Benevides (2007) entende-se a Educação em Direitos Humanos (EDH) como uma educação

permanente, continuada e global voltada para a mudança cultural e por isso, é uma educação

em valores que visa à formação do cidadão participante, crítico, responsável e comprometido

com a mudança daquelas praticas que desrespeitam a dignidade humana. Neste sentido,

considerando como Monteiro e Pimenta (2013) a EDH como uma plataforma ética, ideológica

e política a partir da qual pode ser articulada uma estratégia pedagógica de intervenção e

prevenção, pretende-se com essa proposta de comunicação apresentar a importância da EDH

com interface no Programa de combate à intimidação sistemática (bullying) no ambiente

escolar projeto desenvolvido em uma escola do município de Uberlândia para alunos e alunas

do ensino médio. Assim, a discussão dessa temática contará com uma metodologia expositiva

que apresentará o desenvolvimento, os resultados, os alcances e a repercussão dessa

atividade dentro e fora do ambiente escolar. Ademais, possibilitará a reflexão das motivações

para realizar um projeto desta dimensão nas aulas de História e a necessidade de repensarmos

as práticas educacionais em termos de ética e de cidadania na perspectiva da construção de

uma sociedade mais humana e menos violenta, pois segundo as palavras de Paulo Freire

(1996), a prática docente deve ter uma dimensão social, deve ser favorável a autonomia do

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aluno e da aluna, assim como deve promover a cultura da paz dentro e fora do ambiente

escolar.

9 - COMO TRABALHAR DE FORMA INCLUSIVA?: Diálogo de experiências e problematizações

Isadora Damasceno Ribeiro de Oliveira Leite

Esta proposta de trabalho objetiva pensar a Educação Inclusiva através do diálogo de

experiências da autora enquanto professora de História, e das problematizações –

encontradas não apenas na leitura bibliográfica mas, principalmente, no âmbito institucional

da educação pública - acerca do tema “Como trabalhar de forma inclusiva?”. O trabalho parte

da análise de vivências no âmbito escolar de uma instituição da cidade de Uberlândia que

atende apenas à alunos com deficiências e/ou necessidades específicas. Para além este

diálogo, a autora apresenta uma Avaliação de Atendimento Educacional Especializado (AEE)

realizado com uma criança de 9 (nove) anos de idade com dificuldades de aprendizagem,

comunicacionais e físicas pós trauma causado por acidente de trânsito, tendo em vista

dialogar acerca do processo de ensino-aprendizado de História. Para este empreendimento, é

pontuado no trabalho: avaliação individual; cronograma de atividades e relatório de

observação e desenvolvimento. Ademais, objetiva problematizar, através da proposta teórico-

metodológica do campo da investigação-acção, a perspectiva da Educação Inclusiva, levando

em consideração uma proposta de desenvolvimento de plano de intervenção pedagógica que

possibilite à pessoa com dificuldades no ensino-aprendizagem e/ou portador de deficiência

com necessidades específicas, sua construção enquanto sujeito histórico e agente social.

10 - Currículo de história em debate: a história oral como fonte

Artur Nogueira Santos e Costa

Esta proposta de comunicação apresenta resultados parciais de pesquisa realizada durante o

Mestrado em História, entre 2015 e 2017, quando interessei-me por investigar a organização

curricular da área de História, em escolas públicas estaduais de ensino fundamental, em

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Uberlândia-MG, no período de 2010 a 2016. Parte do princípio de que currículo é um

movimento histórico operado por sujeitos concretos – professores/as, alunos/as, especialistas

– e que é um campo em permanente disputa, porque permeado por interesses conflitantes,

valores que se chocam e sentidos que podem ou não se complementar. Nesse mote, situa seu

foco em perscrutar como a organização curricular perpassa diferentes cadeias de saberes e

poderes, formulados por múltiplos agentes. Como procedimento metodológico utilizado para

apreender o currículo em suas múltiplas faces, fiz uso da História Oral, com entrevistas com

professoras de história e com supervisoras escolares. Para esse espaço, a proposição é refletir

sobre os sentidos e os significados imprimidos à construção curricular na área de história, com

base em duas dessas entrevistas.

11 - Educação para as Relações Étnico-raciais como possibilidade para o cumprimento da Lei

11.645/08 – História, Política e Perspectivas.

Régis Rodrigues Elisio

Este trabalho tem por objetivo compartilhar a experiência enquanto professor regente da

disciplina de Educação para as Relações Étnico-raciais (ERER), do Programa de Ações

Formativas Integradas de Apoio ao Ingresso no Ensino Superior (AFIN), da Escola de Extensão

(ESEX), da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEXC), da Universidade Federal de

Uberlândia (UFU), com foco em apresentar possibilidades para aplicação da Lei 11.645/08

que, garante a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura dos povos indígenas nos

estabelecimentos de ensino. O projeto AFIN visa atender alunos que estejam cursando o 3º

ano do Ensino Médio ou que tenham concluído a formação básica e, almejam ingressar no

Ensino Superior por meio de processos vestibulares como, por exemplo, o Exame Nacional do

Ensino Médio (ENEM). O projeto prioriza alunos em situação de vulnerabilidade

socioeconômica que, possivelmente não teriam acesso a um curso preparatório para os

exames de seleção. Atualmente, o AFIN trabalha com todas as disciplinas do currículo comum,

além de oferecer dois cursos de idiomas e estudos sobre Literatura e Redação. Todavia, o

maior diferencial do programa está no esforço em fazer cumprir a Lei 10.639 de 09 de janeiro

de 2003, percursora na implementação do curso de Educação para as Relações Étnico-Raciais,

no Brasil. Assim, tendo como referência os trabalhos dos pesquisadores Boris Fausto (1996),

John Manuel Monteiro (2001), Gersem dos Santos Luciano – Baniwa (2006) e Maria do Rosário

de Carvalho (2011), apontaremos estudos que desmistificam a ideia estereotipada do “índio

brasileiro”, por vezes reforçada e elencada no imaginário social que, no geral, esteve no cerne

das discussões realizadas ao longo da disciplina supracitada, no Programa AFIN. Sobre a

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prática docente, destacaremos os materiais disponibilizados em plataforma virtual sendo, o

“Portal Povos Indígenas no Brasil” e o vídeo-documentário intitulado “Índio Somos Nós”, o

qual trata-se de uma produção da TV Brasil, gravado em 2015, durante a primeira edição dos

Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, realizado na cidade de Palmas/TO. Ao longo do

calendário letivo do programa AFIN, ambos materiais se revelaram enquanto potentes

ferramentas didáticas para o estudo das comunidades indígenas, no Brasil. Por fim,

discutiremos a realidade do município de Uberlândia/MG que, em julho de 2017, foi a primeira

cidade brasileira condenada pela justiça devido ao não cumprimento do ensino da disciplina

de Educação para as Relações Étnico-raciais nas escolas de educação básica da rede pública,

explorando, principalmente, o fato de os povos indígenas, bem como a Lei 11.645/08, não

serem citados na referida decisão que, condenou, tanto a Secretaria Municipal de Educação,

como também, a Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais, pela não-inclusão dos

estudos das relações étnico-raciais nos currículos da educação básica.

12 - A História e Cultura afro-brasileira e africana no Ensino de História

Viviane Pereira Ribeiro Oliveira

Por um, longo período o Brasil, manteve a permissividade para com as postura racistas e a

discriminatórias, ainda muito presentes na nossa sociedade, em relação a população

afrodescendente impedindo que, essa parcela da população tivesse acesso a sua história, e as

condições de vida dignas, exclusão que se refletia na educação e cultura. Entendemos que as

culturas afro-brasileira e africana como valores fundamentais da identidade dos afro-

brasileiros, por isso, é necessário para que se conheça e valorize essas culturas, como meio de

reconhecimento do seu papel na formação do Estado brasileiro e caminho para a eliminação

da discriminação racial em nosso país. Esta comunicação apresenta os resultados de uma

pesquisa que buscou analisar as mudanças e permanências no ensino de História de duas

escolas públicas do município de Ituiutaba mediante a Lei 10.639/03 que alterou dispositivos

da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 (LDBEN), trazendo a

obrigatoriedade do ensino de História da África e da cultura afro-brasileira para todas as

escolas de ensino fundamental e médio do Brasil, posteriormente, modificada pela lei

11645/08 que amplia dá a mesma orientação quanto à temática indígena. Dessa forma,

procurou-se compreender os processos de implementação da legislação referida, as práticas

escolares em torno dos temas propostos, as condições de trabalho, as resistências. Utilizando

como metodologia a História Oral com entrevistas semiestruturadas com professoras das

escolas pesquisadas, que ministram a disciplina de História, com objetivo de percebermos

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como a lei tem influenciado suas práticas pedagógicas, se houve transformações nos seus

modos de ensinar a História ou se consideram que somente mais uma exigência curricular a

ser implementada.

13 - Saberes e Vivências da Cultura Africana em Itumbiara.

Recírio José Guerino

O trabalho “Vivências da Cultura africana em Itumbiara”, desenvolvido com alunos das

primeiras séries do Ensino Médio da Escola Estadual da Polícia Militar, Unidade Dionária

Rocha, Itumbiara, Estado de Goiás, com metodologia orientada pelo professor da disciplina

de História, foi apresentado como uma das ações do projeto “Consciência e Educação não tem

cor”, com vistas à celebração, em novembro de 2017, da Semana da Consciência Negra que,

por sua vez, se encontra inserida no Projeto Político Pedagógico da escola. A Semana da

Consciência Negra foi organizada com atividades orientadas por professores das disciplinas de

História, Geografia, Cidadania, Artes e Literatura, objetivando expressar as vivências, saberes

e apropriações da cultura africana na atualidade. A Lei Nº 10.639 de 2003 que dispõe sobre a

obrigatoriedade do ensino da Cultura Afro-brasileira nas escolas, as práticas das diretrizes

educacionais voltadas para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino das Culturas

e vivências Africanas e Afro-Brasileiras foram os objetos que nortearam o projeto. No decorrer

do início do segundo semestre, utilizando entrevistas orais, registros de relatos, descrição das

atividades em diário de bordo e registros de imagens por meio de fotos, os alunos das

primeiras séries vivenciaram uma rica experiência com o grupo de Congada “Congo Beira Mar”

e o grupo quilombola urbano “Raízes do Congo”. A metodologia aplicada propiciou visitas ao

espaço de vivências do grupo de quilombolas, propiciando os alunos a percepção de

identidades de culturas negras que resistiram e que perpassaram pela contemporaneidade,

compreendendo também a importância do espaço urbano para a construção dessa identidade

e a sobrevivência do grupo. O trabalho com o grupo de Congada trouxe o conhecimento das

raízes africanas desta atividade festiva que data do período colonial no Brasil. No trabalho

com registros orais e relatos, percebeu-se a apropriação sobre a memória histórica relatada

por membros mais velhos do grupo que enfatizaram lembranças e fatos sobre os primeiros

membros, as primeiras festas e as dificuldades enfrentadas pelo grupo na vivência desta

prática cultural. Os alunos puderam reconhecer o valor das mulheres negras no cotidiano do

quilombo “Raízes do Congo”, a força ativa de suas opiniões e a continuidade da sua

identidade. É relevante destacar a problemática percebida e apontada pelos alunos no

contato com esses grupos, em relação a o “lugar” e o “sentido” da cultura africana

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atualmente. Nas entrevistas e em seus relatos, os grupos ressaltaram que apesar do

reconhecimento como culturas africanas e dos esforços e interesse das políticas públicas em

valorizar e manter a vivência dessas identidades e culturas, ainda existe separação,

desvalorização das culturas negras em relação à cultura erudita e à cultura de massa

objetificada pelo capitalismo. São poucos os que valorizam e se interessam em manter contato

com esses grupos. Essas vivências, saberes e identidades continuam ainda marginalizados e

reconhecidos somente no mundo acadêmico, nos projetos políticos, nas escolas e lembradas

nas datas que celebram a consciência negra. Este trabalho se encontra em desenvolvimento

como um dossiê sobre as vivências e saberes da cultura de matiz africana em Itumbiara,

Estado de Goiás. Importa dizer que este feito conseguiu articular ações educacionais com as

relações raciais e suas práticas culturais, permitindo identificar a apropriação de saberes,

significados e sentidos desses grupos.

14 - Relações raciais e sua abordagem no espaço escolar

Rosyane de Oliveira Abreu

Esta comunicação versa sobre as relações raciais no Brasil, o ensino de História na educação

básica e a possibilidade de práticas significativas a partir da apropriação do currículo escolar.

Para isso partimos da análise de uma série de ações desenvolvidas com alunos de 7º anos em

uma escola municipal da cidade de Uberlândia MG, onde se buscou promover atividades que

estimulassem esses jovens estudantes a discutir a temática da questão racial, mestiçagem e

discriminação, mas também a pensar sobre a construção de noções relacionadas à identidade

e diferença em seu aspecto histórico e político, em correlação ao conteúdo curricular em

estudo, no caso, colonização do Brasil. Cremos ser importante (re)avaliar constantemente a

metodologia de instrução desenvolvida dentro das salas de aula e as funções e uso da história

na vida pública. A abordagem metodológica utilizada se baseou nas propostas defendidas por

Jorn Rusen que entende que, é preciso legitimar de fato, sob o recorte do ensino escolar, a

necessidade do conhecimento histórico e, para isso, faz-se necessário uma mudança de

paradigmas, onde se considere a experiência histórica como condição prévia dos estudantes,

um ponto de partida a partir do qual os professores de história devem desenvolver suas aulas.

A abordagem da temática da negritude, preconceito e discriminação racial e da identidade, se

justifica considerando a proposição curricular que aborda a História da formação do Brasil, a

implementação da lei 10.639/2003 e também a partir do reconhecimento do fenótipo da

maioria dos estudantes com os quais convivemos que é da raça negra . Neste sentido,

abordou-se a questão da escravidão do povo africano no Brasil e, procurando partir do

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conhecimento prévio dos estudantes se elaborou uma série de atividades, onde o objetivo era

levar o estudante não só a estudar a temática mas também se posicionar perante o assunto

de forma significativa.

15 - A inserção do tema Reforma Protestante na Educação brasileira: Importação de

currículo ou Influência Política?

Rychard Rodrigues de Oliveira

O interesse por pesquisas dos livros didáticos de história ficou evidente pós-segunda guerra,

principalmente em países europeus. A princípio surge o Instituto alemão Georg Eckert, no qual

seus objetivos foram revisar manuais escolares, encontrando erros, preconceitos e realizando

estudos comparativos em escala internacional (Bittencourt, 2011). No Brasil, houve

desenvolvimento considerável nas pesquisas acadêmicas sobre os didáticos a partir da década

de 1980. Constataram que os manuais didáticos não são imparciais em suas produções e

conteúdo. Evidentemente os didáticos comportam ideologias, métodos, conteúdos. O

currículo escolar não é algo natural e muito menos neutro, pois contém ideologias no qual

obtém atender interesses de grupos específicos. Passaram-se a abordar os didáticos como

fonte “Recusou-se, portanto, um certo idealismo ingênuo que abordava o livro (didático)

como um simples conjunto de ideias e valores que deveriam ser condenados (ou aprovados)

segundo uma certa ortodoxia” (MUNAKATA, 2012 p.37). Por não se tratar de livros neutros é

fundamental questionar sua composição e projeção. Permear os interesses ocultos em sua

formação, em síntese é de suma importância analisar o currículo de forma crítica, pois sua

influência na educação ocorre de forma direta e irreversível. O presente trabalho pretende

analisar os manuais curriculares brasileiro especificamente sobre o tema “Reforma Religiosa”,

visto que a chegada de protestantes no Brasil antecede o período Imperial com a chegada do

anglicanismo recentemente instalado, com o tratado feito em 1810 por D. João VI com os

ingleses. Os anglicanos vieram para o Brasil, construíram templos no Rio de Janeiro, onde

passaram a realizar cultos e posteriormente em outras regiões do país, especialmente em São

Paulo através dos funcionários da estrada de ferro que construía para ligar as cidades de

Santos à Jundiaí (MENDONÇA, 2005). Gradativamente emigraram para o Brasil vários

protestantes e outros grupos evangélicos que carregam princípios reformados pertencentes

as diversas denominações. Entretanto, desde o início da história do Brasil temos um ensino

influenciado e conduzido em determinados períodos pelo catolicismo, a princípio através da

companhia de Jesus fundada por Inácio de Loyola em 1534.O projeto político/pedagógico da

Companhia de Jesus se resumia em garantir a expansão do catolicismo e combater as igrejas

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oriundas da Reforma Protestante. Desta forma os Jesuítas obtinham o monopólio religioso e

educacional no Brasil, no qual perderam sua posição privilegiada somente em 1759, quando

foram expulsos do Brasil através das reformas: política, econômica, religiosa e educacional

realizadas pelo déspota esclarecido Marques de Pombal (1699-1782). A reforma educacional

a que nos interessa proporcionou o início do processo de laicização e estatização dos seus

conteúdos, agentes e instituições. Mas, foi no período Regencial que se inicia a discussão

sobre a necessidade de se estabelecer uma educação nacional, é nesse contexto que, em

1834, surge o Ato Adicional que encarregou a elas a responsabilidade de agenciar o ensino

primário e secundário (NEVES, 2015). Com a criação do Imperial Collégio de Pedro II através

do Decreto de 2 de dezembro de 1837, com a finalidade de formar a elite intelectual,

econômica e religiosa brasileira, surge também um plano educacional secundário público,

segundo Vechia: “Os Estatutos do Imperial Collegio de Pedro II, aprovados pelo Regulamento

nº 8 de 31 de janeiro de 1838, foram organizados com base nos estatutos dos liceus

franceses”. O que nos interessa compreender é quando e como o tema “Reforma Religiosa”

foi inserido no currículo escolar brasileiro? Quais suas motivações para se ensinar o tema?

Porque ensinar Reforma Religiosa? Sua inserção no currículo foi através de ato político ou

influência protestante no Brasil? Ou conforme aponta Vechia, o Brasil ao se espelhar na

educação europeia também se inspirou no currículo ao ponto de importar conteúdo,

ideologia?

16 - Abordagens e práticas educativas na educação infantil: questões de gênero e

pensamento hegemônico

Rúbia Cristina Duarte Garcia Dias

Lilian Marta Grisolio Mendes

O presente texto integra uma pesquisa em andamento no Programa de Pós-Graduação em

História-Mestrado Profissional da Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão, e tem

como objetivo refletir sobre história, gênero e práticas educativas, buscando perceber como

a sua abordagem, reforçam representações de gênero no interior das escolas e como este

possui um papel significativo na constituição/manutenção do pensamento hegemônico na

sociedade capitalista. Desenvolvemos nossa pesquisa especialmente em uma escola do

sudeste de Goiás. Para investigar acerca da realização das práticas educativas no interior da

escola, fundamentadas em uma perspectiva da didática da história, realizamos uma pesquisa

de cunho documental, perscrutando o Projeto Político Pedagógico (PPP) e Projetos

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desenvolvidos na escola, como por exemplo: “a hora da historia”, tomando conhecimento do

modo de desenvolvimento destas práticas e as abordagens utilizadas. A pesquisa em

andamento no PPGH-MP da UFG/RC refere-se à produção de materiais didáticos, que

abordam sobre as questões de gênero e diversidade, deste modo, esta pesquisa documental

dialoga com as perspectivas didáticas e literárias da produção em andamento, enfatizando a

importância de reflexão e auto-reflexão sobre este tema. Conclui-se que é fundamental

debater estas questões a fim de desnaturalizar os processos históricos de internalização e nos

contrapormos ao modelo de educação liberal propiciando mudanças quanto às

representações de gênero.

17 - DE “GRANDE OTELO PARA SEBASTIÃO”: O VÍDEO DOCUMENTÁRIO COMO FERRAMENTA

PEDAGÓGICA NO ENSINO DE HISTÓRIA

Tadeu Pereira dos Santos

Na contemporaneidade, são plurais os instrumentos pedagógicos que dinamizam o diálogo

dos docentes com os discentes, na sala de aula e fora dela. Desse modo, recorrem às TICs e às

novas linguagens, qualificando as mediações e os processos de ensino aprendizagem no

âmbito educacional. Tal proposição nos conduz à seara da interlocução e da

interdisciplinaridade, em razão de que tem sido comum o uso de mídias e imagens por

diferentes profissionais no âmbito das humanidades, com vista a dinamizar as práticas

socioeducativas que impulsionam à construção de novos saberes escolares, uma vez que é

impossível dissociar tecnologia e espaço educacional. No âmbito das humanidades, as

técnicas de ensino, métodos e instrumentos didáticos e pedagógicos têm sido concebidos à

luz de imagens, sons, internet, cinema, os quais nos fazem lembrar que o cotidiano se

fundamenta numa intrínseca configuração tecnológica. O Vídeo-documentário se apresenta

como expressivo desse processo social, cuja utilização é perceptível, ao perscrutamos áreas

do conhecimento/humanidades e outras que recorrem ao mesmo para diversas finalidades,

quer seja relacionadas ao campo educacional, quer como instrumentador da produção de

conhecimento em suas respectivas áreas. A proposta consiste em problematizar a recepção

das representações sobre o conteúdo da narrativa sobre Sebastião/Grande Otelo, a partir da

utilização do vídeo-documentário “De Grande Otelo para Sebastião” como recurso didático-

pedagógico no processo de ensino/aprendizagem, articulada ao processo integral da película

construída, refletindo sobre os limites e possibilidades de seu uso na sala de aula. Tendo em

vista à formação de discentes críticos da realidade em que vivem, permite proporcionar aos

docentes interessados a metodologia para o bom uso de documentários na disciplina História

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ministrada nas escolas no Município de Uberlândia. A proposição metodológica desta

pesquisa leva em consideração a dinâmica dos processos instituidores das práticas educativas

relacionadas às novas tecnologias presente no Ensino de História e, neste sentido, aliamos

teoria e prática, uma vez que visamos construir novos horizontes sugestivos que alicercem

práticas de ensino/aprendizagem de modo a ampliar o debate no que tange aos usos de

linguagens, em especial do vídeo-documentário.

18 - Tempo histórico e consciência histórica para crianças em processo de alfabetização em

escola rural

Rafael Vinícius da Costa

Através do projeto de extensão “Interações e Saberes: Ensino de História, Alfabetização e

Letramento em escola rural” do qual participei de agosto de 2016 a março de 2017, na UFU,

algumas questões acerca do tempo histórico e consciência histórica foram suscitadas. O

objetivo inicial que gerou essa pesquisa foi buscar entender como as crianças dos primeiros

anos do ensino fundamental compreendem o tempo em seus vários significados. A partir

disso, buscamos pensar maneiras didáticas de começar a apresentar para essas crianças

conceitos como os de tempo histórico ou consciência histórica. Assim, nesta comunicação

lidaremos com problemas surgidos durante a participação no projeto de extensão no Centro

Municipal de Nucleação Educacional Rural “José Barbosa de Miranda”, no município de

Indianápolis, tendo como ponto de partida a verificação das possibilidades de ensino e

aprendizado diante das dificuldades encontradas.

19 - Educação histórica e histórias de vida: abordagens e experiências no processo de

alfabetização e letramento

Maria Andréa Angelotti Carmo

O ensino de História nos anos iniciais da Educação Básica tem se constituído uma

problemática, especialmente ao tentarmos observar suas marcas no processo de construção

da identidade das crianças em fase de alfabetização e letramento. Este trabalho tem como

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objetivo apresentar uma experiência realizada a partir de um projeto de extensão em

interface com a pesquisa, desenvolvido com crianças do 3º e 4º anos do Ensino Fundamental

no Centro Municipal de Nucleação Educacional Rural “José Barbosa de Miranda”, escola

localizada no bairro rural de Angico no município de Indianópolis-MG. O projeto intitulado

Interações e Saberes: ensino de História, alfabetização e letramento em escola rural

apresentava entre os principais objetivos dialogar com as diferentes experiências humanas e

suas temporalidades de modo a contribuir para o ensino/aprendizagem em história de modo

que pudéssemos considerar as histórias individuais como parte integrante de histórias

coletivas. Buscava-se, ainda, refletir acerca das especificidades da condição de vida das

crianças enquanto moradoras e trabalhadoras do campo de modo a ressaltar e valorizar suas

histórias e compreendê-los enquanto sujeitos em um contexto social mais amplo. As

atividades desenvolvidas contaram com uma equipe composta pela Coordenadora do projeto

e três estudantes de graduação em História na condição de bolsistas de Iniciação Científica e

bolsista extensionista, além da equipe pedagógica da escola que nos inspirou com suas

experiências e práticas em sala de aula. Para tanto, discutimos a partir de suas realidades a

categoria patrimônio para, em seguida, pensarmos atividades que pudessem possibilitar à

criança a valorização de sua própria história, compreendendo-se como parte do processo

histórico de formação da sociedade, em que se destacassem suas experiências e as de seus

familiares. A realização de uma atividade denominada Museu Temporário: história contada

por objetos nos possibilitou refletir acerca do papel do ensino de História no processo de

constituição das identidades, mas também, oportunizou que trabalhássemos com as crianças

noções sobre o tempo histórico, reconhecer “narrativas” sobre o passado e contadas por meio

de construções narrativas que se utilizavam de objetos pessoais diversos, além de refletir

sobre os locais e objetos que contam a história de um tempo ou de um grupo e, ainda,

identificar características próprias de alguns objetos que sofreram alterações ao longo do

tempo. Como parte do processo de formação docente, os estudantes de graduação também

tiveram a oportunidade de tensionar os conceitos, as abordagens, os métodos interpretativos

dos temas tratados ao ter que decidir as possibilidades para confeccionar os melhores

estímulos educativos, a partir da história de vida e dos dados coletados junto às crianças e

seus pais.

ST 21: Imagens em movimento e História: diálogos interdisciplinares sobre o audiovisual

1 - História, memória e representações indígenas na minissérie Caramuru, a invenção do

Brasil (2000)

Jean Carlos Ramos Ribeiro

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Lançada na Rede Globo em abril do ano 2000, a minissérie Caramuru, a invenção do Brasil

visava a construção de novas ideias, nas quais estavam imersas releituras dos discursos do

“descobrimento”, integrando a gama de produções artísticas comemorativas do

quicentenário do Brasil. Produzida pelos roteiristas Guel Arraes e Jorge Furtado, a narrativa

nasceu ancorada em produções literárias dos séculos anteriores – em especial o poema épico

de Frei José de Santa Rita Durão, publicado na segunda metade do séc. XVIII –, e alcançou

considerável expressão nessa gênese do séc. XXI. A obra narra a interação do náufrago

português Diogo Álvares Correa “Caramuru” com povos indígenas Tupinambás que habitam a

região costeira dos trópicos na gênese do séc. XVI. Na presente comunicação utilizaremos a

película para estabelecer diálogos entre cinema e história, afim de entender como os

produtores abordam questões de gênero, identidades e memória. Objetivamos tecer algumas

reflexões acerca da construção dos perfis dos sujeitos indígenas, problematizando as

caracterizações e os discursos promovidos pelos autores ao tentarem conceber com essa

obra, mitos e ideias de fundação da nação. A presente leitura se alicerça nos pressupostos

teóricos de Ella Shohat e Robert Stam (2006).

2 - Dissecando Tarantino: as consequências do Estados Unidos pós-abolição no cinema

contemporâneo de Hollywood.

Eduardo Antonio da Silva

O cinema de Quentin Tarantino é popularmente conhecido pelo fato de ser polêmico e

acessível às mais diversas classes. Pelo mesmo motivo, toda a representação feita por ele tem

um grande impacto na população que consome esse material cinematográfico. Por isso, a

análise da filmografia do diretor é cara aos estudos de História e Cinema e História Cultural.

Dessa forma, o objetivo deste estudo é fazer uma análise historiográfica da obra Django Livre

do cineasta Quentin Tarantino, pautando-se nos estudos de raça, estereótipo e

representatividade. Trazendo à tona a importância do cinema na construção (ou

reconstrução) de ideias nos âmbitos sociais e políticos quanto as questões raciais nos Estados

Unidos atual. Tendo como propósito investigar a ambiguidade da construção da narrativa e

do discurso fílmico acerca da imagem do negro no cinema hollywoodiano. Para tal o foco da

análise será o cinema de Tarantino, e a suposta permanência de uma tradição imagética que

remete ao período em que surgem as primeiras representações do negro na mídia

estadunidense, na segunda metade do século XIX. Colocando como principal objetivo

compreender a participação do cinema nas disputas políticas e sociais acerca das questões

raciais nos Estados Unidos na história recente. Interessa examinar, neste trabalho, não apenas

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a construção da imagem do negro no filme, mas também as formas na qual a

representatividade é exercida neste, partindo dos estereótipos e suas ressignificações. Para

tal, cabe aqui o longa-metragem, Django Livre, por ter como protagonista um personagem

negro escravo. Propõe-se investigar como a construção dos personagens negros por Quentin

Tarantino dialogam com o surgimento dos estereótipos no pós-abolição, tentando entender

até que ponto pode ser representativo da inserção social dos negros na sociedade

estadunidense e até onde pode ser um perpetuador de uma cultura racista. Para isso, foi

necessário se aprofundar nos métodos e teorias de análise fílmica e da imagem, além dos

estudos de representação visual, para o melhor entendimento da fonte cinematográfica.

Apropriando-se de obras Crítica da imagem eurocêntrica (SHOHAT e STAM, 2006) e Entre a

representação e a visualidade (SANTIAGO JR., 2008). Para que seja compreendido com maior

êxito a construção imagética dos personagens e de suas relações. Dessa forma, analisando os

estudos feitos acerca dos estereótipos do negro na mídia norte-americana (HUGHEY, 2009 e

LEMONS, 1977), contextualizando-os com os períodos históricos (FONER, 1988; GERSTLE,

2008; ABREU e VIANNA, 2011) que lhes deram origem, com o intuito de entender como a

imagem do negro no cinema estadunidense foi concebido. E também compreender de onde

surge a maneira que Tarantino representa seus personagens e o que pode ser lido a partir

disso. Por último, discute-se como o diretor constrói seus personagens a partir das

semelhanças e diferenças dos estereótipos originais do negro estadunidense, perpassando

levemente por suas outras obras para tentar compreender o padrão contido nas construções

desse como responsáveis pela ambiguidade presente na representatividade da obra

cinematográfica. Além de uma análise de cunho comparativo com a obra homônima de Sergio

Corbucci, da qual a obra de Tarantino foi inspirada, para que seja possível visualizar e debater

como a adaptação foi feita, trazendo a temática racial para a trama.

3 - "Red white, blue's in the skies": a mobilização de símbolos americanos nos videoclipes

de Lana del Rey.

João Pedro Rezende Marto;

Mariana Rezende Machado

O audiovisual é uma forma de comunicação que tem se expandido exponencialmente nas

últimas décadas, com variados propósitos e atingindo diversos públicos. Nesse contexto, o

videoclipe tem se tornado um formato amplamente consumido e influente. Buscamos, no

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presente trabalho, construir uma reflexão sobre a mobilização de símbolos nacionais

estadunidenses realizada em videoclipes da artista Lana del Rey. Tais símbolos, com destaque

para a bandeira americana e as cores nacionais, são frequentemente utilizados na composição

da videografia e das capas de álbuns da cantora. O objetivo é realizar uma análise dessas capas

e de três videoclipes, produzidos em diferentes momentos: "Born to Die" (dir: Yoann Lemoine,

2011), "Ride" (dir: Anthony Mandler, 2012), e "Love" (dir: Rich Lee, 2017). Examinaremos

elementos como roteiro, cinematografia, sonoridade e letras, refletindo sobre os possíveis

significados políticos e mercadológicos no modo como esses elementos foram utilizados. São

referenciadas tanto obras e ideias americanas tradicionais quanto obras e ideias relacionadas

à contracultura e a contestação da tradição, sugerindo ambiguidade e pluralidade de leitura

desses significados.

4 - “Knee-Deep in the Dead”: A Violência no Video Game da década de 1990 e a criação do

ESRB

João Gabriel Maia

O seguinte trabalho tem o intuito de resgatar e discutir o video game e a violência na década

de 1990, investigando a repercussão midiática e política do lançamento dos jogos Mortal

Kombat (Midway Games Inc, Arcade, 1992), Night Trap (Digital Pictures, Sega CD, 1992) e

Doom (Id. Software, MS DOS, 1993) em território norte-americano. A primeira metade da

década supracitada foi marcada por inúmeras propostas legais e audiências públicas acerca

da violência retratada em mídias como a televisão, o cinema e o video game. Em conjunto, o

debate da forte presença da mesma na sociedade estadounidense no que diz respeito à

criminalidade e acesso a armas de fogo permeava os noticiários, discursos oficiais e

argumentos em prol de regulamentação de tais produtos e obras. Amparando-me

especialmente na interpretação de Douglas Kelnner sobre o conceito de cultura de mídia na

sociedade contemporânea e em trabalhos complementares como Karlsen (2014) e Hadzinsky

(2014), busco constituir um repertório teórico metodológico para discutir de forma minuciosa

as audiências conjuntas do judiciário e o comitê de assuntos governamentais do senado sobre

tema da violência no video game em 1993 e 1994, documento que instiga o presente trabalho

e gerou como produto o órgão ESRB. Tal debate inicial busca elencar e problematizar as

questões levantadas pelos encontros públicos e suas razões, compreender quais são as vozes

propagadas na mesma, quais as demandas exigidas, porquê os jogos inspiraram esta e o que

a indústria em foco representava para a sociedade estadounidense até o presente momento,

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trabalhando assim, duas questões primordiais: O que é o video game na década de 1990 e

como se constitui a violência em tal mídia.

5 - La ciudad que huye: expressões da cidadela no curta-documentário de Lucrecia Martel

Suelen Caldas de Sousa Simião

“La ciudad que huye” é um curta-documentário de cerca de cinco minutos, elaborado pela

renomada diretora argentina, Lucrecia Martel. O curta, realizado para uma mostra de cinema

itinerante e resultado de uma investigação realizada em 2006, ligada ao projeto La ciudad en

ciernes, que contava com uma série de análises e intervenções para pensar o direito à cidade

e a relação entre urbanismo e direitos humanos, tem sua força na antítese ao ser um curta-

documentário sobre condomínios fechados que sequer entra em um. Nesse sentido, o

objetivo dessa proposta é discutir, a partir do curta-documentário, a formação de

condomínios fechados na Região Metropolitana de Buenos Aires a partir da transmutação da

cidade em cidadela e criação de um urbanismo de afinidades, expresso também na

cinematografia argentina com o impacto das políticas neoliberais no país, sobretudo a partir

dos anos 1990.

6 - Um olhar cinematográfico da regência Jango e a aplicabilidade histórica nos dias atuais.

Rodrigo Sousa Gonçalves

Com a chegada da cinematografia no Brasil, os conceitos artísticos foram revisados de tal

forma, que despertaram os olhares dos historiadores a partir da década de 60. Ao analisarmos

a narrativa do cinema nacional com sua posição no cenário contemporâneo, a abordagem

cinematográfica passou a destacar os acontecimentos das organizações políticas e

econômicas do país. Nesse sentido, o presente ensaio refere-se a realizar uma análise do

documentário “Jango: como, quando e porque se depõe um presidente”; tendo em vista o

estudo dos acontecimentos que levaram o ex-presidente João Belchior Marques Goulart a

deteriorar de sua regência. Para tanto, procurou-se identificar os fatos que antecederam o

chamado “golpe militar de 1964” em seu governo, com o propósito de observar os

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fundamentos oposicionistas que levaram o Brasil à uma grande vulnerabilidade democrática.

Tudo isso, interpondo com o conturbado cenário político atual, no qual houvera o

impeachment da primeira mulher presidente no país. Foram utilizados como referências

teóricas a película “Jango: como, quando e porque se depõe um presidente” (Silvio Tendler,

1984) e a canção “Coração de estudante” (Milton Nascimento, 1983). Para qualificar o cenário

político a partir de suas especificidades da época, considerando o período organizacional; “Em

Guarda contra o perigo vermelho” (Motta, 2000), para representar o atual cenário; “10 anos

de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma”, (Sader, 2013) e “A política fiscal do

governo Dilma e a crise econômica”, (Dweck & Teixeira, 2017). A historiografia do

desenvolvimento político de João Goulart e o avanço da democracia brasileira nos faz refletir

em um período de acertos e incertezas econômicas de uma sociedade que o esqueceu. Assim,

foi possível observar que as duas regências do presente trabalho entrelaçam-se,

acompanhado por ideias oposicionistas conservadores que querem o poder.

ST 23: A Escrita da História e as Linguagens Artísticas

1 - Os arquétipos das máscaras da Commedia Dell´Arte e a Contemporaneidade: da história

para a cena

Emanuelle Anne da Silva Dantas

A comunicação aqui apresentada é o compartilhamento da pesquisa que está sendo realizada

no PPGAC - Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal de

Uberlândia, onde o objetivo desta é relacionar a Commedia Dell´Arte do século XVII com a

atualização dos seus arquétipos nos dias atuais. Como base para essa pesquisa, serão

utilizados análises e resultados obtidos com o espetáculo “Do Fundo do Baú”, do grupo teatral

Os Mascaratis, pertencentes à mesma instituição de ensino, no qual sou atriz/pesquisadora.

O grupo busca dialogar teoria e prática desta linguagem através da historicidade

desenvolvendo resultados artísticos (espetáculos, cenas, oficinas, palestras e outros). Os

arquétipos criam mitos e religiões que caracterizam e influenciam épocas e nações inteiras.

Assim como os arquétipos, as máscaras e suas simbologias estão presentes em nossas vidas,

desde a nossa criação. Para Jung (1980, p.57), “trata-se da manifestação da camada mais

profunda do inconsciente, onde jazem adormecidas as imagens humanas universais e

originárias”. As máscaras da Commedia Dell´Arte trazem em si toda uma herança arquetípica.

As máscaras mais conhecidas dessa linguagem foram moldadas para retratar os tipos sociais,

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juntamente como as características físicas e econômicas do século XVII, entretanto, todas

essas especificidades são encontradas na contemporaneidade. Percebi a necessidade de falar

dos arquétipos das máscaras Dell´Arte e o porquê a atualização desses arquétipos são

importantes para a continuidade durante séculos dessa modalidade teatral. Para isso realizei

uma pesquisa histórica e iconográfica a partir das imagens de Jacques Callot (1622) e do filme

“A viagem do Capitão Tornado” (1990). A partir do resultado obtido, relacioná-lo-ei com

entrevistas com integrantes do grupo Os Mascaratis e com público específico (desenvolverei

um questionário pré-estabelecido); diário de bordo dos atores do grupo; vídeos de criação e

do espetáculo (objeto de pesquisa); referencial teórico e pesquisadores desta linguagem, tais

como: Flamínio Scala, Dario Fo, Roberto Tessari, Tiche Vianna, Vilma Campos, Amleto Sartori,

Donato Sartori e outros. Diante disso, buscarei desenvolver um pensamento complexo sobre

esse fazer teatral, de como a Commedia Dell´Arte do século XVII pode ser atualizada, sem

perder a sua história e potencializando seus arquétipos. Busco, através disso, novas visões,

concepções, reflexões, narrativas, memórias e quem sabe até mesmo novas descobertas,

partindo da experiência de quem vivenciou e vivencia esse processo de construção do

espetáculo, da cena, da troca com os integrantes do grupo, com as máscaras e claro com a

experiência com o público. Segundo Larrosa apud Heidegger (2014, 27) descreve “fazer uma

experiência com algo significa que algo nos acontece, nos alcança; que se apodera de nós, que

nos tomba e nos transforma”. Concluo que a experiência e o exercício de refletir nas artes têm

chegado a vários patamares, novas epistemologias, levantando posicionamentos e

questionamentos, possibilitando os diálogos entre os artistas/pesquisadores. E isso é o que

proponho a realizar através da minha pesquisa: fazer com que os relatos das minhas

experiências possibilitem a comunhão com outros artistas, estudantes, pesquisadores e

interessados nessa vertente do teatro.

2 - Comedia e narrativa histórica em O Quinto dos Infernos.

André Luis Bertelli Duarte

Esta proposta de comunicação busca apresentar alguns resultados do projeto “Narrativas

históricas nas minisséries do ‘descobrimento’ (A Muralha, 2000; A Invenção do Brasil, 2000; O

Quinto dos Infernos, 2002): diálogos entre história e ficção na televisão”, com foco na análise

sobre o papel discursivo e ideológico da comedia na minissérie O Quinto dos Infernos. O

objetivo é aprofundar o entendimento de como se dá o processo de atribuição de sentido ao

discurso histórico e ficcional na televisão como meio de representação da identidade nacional

no início do século XXI.

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

3 - A micro - história do teatro brasileiro - Uberaba: memória a partir dos sentidos

Luana Rodrigues de Araújo

Venho através desta comunicação partilhar alguns caminhos percorridos da minha pesquisa

de mestrado O Teatro no Interior das Gerais – Uberaba: ruptura, persistência e suas memórias

realizada no PPGAC - Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal

de Uberlândia e tem como finalidade refletir sobre como estou contando a micro história do

teatro de uma cidade, a história interna do teatro de Uberaba, que persiste em manter

esquecidas suas práticas teatrais, deixando a margem sua relevância, porém, com um

movimento que nunca deixou de existir. A cidade de Uberaba - MG está muito bem

desenhada geograficamente, entre 7 colinas há um córrego abaixo do concreto da avenida

central que, em dias de chuva, insiste em lembrar a todos que reside ali. Quero falar das linhas

traçadas no cotidiano dos atores da cidade, de grupos que nascem da necessidade de fazer do

teatro um acontecimento. Tomo para mim a Cartografia de Deleuze (1995) que busca

diagramar as relações, os jogos de objetivação e subjetivação, que tenta entender as

produções e estetizações de si mesmo, e, por que não, compartilhar a do próximo. Por isso

vou à busca de pesquisas que norteiam uma historiografia dos grupos teatrais da cidade e me

deparo que quase nenhum material significativo, parte daí minha necessidade de falar sobre

teatro em Uberaba, sobre essa relação que se estabelece entre cidade e fazedores teatrais,

uma relação que caminha para o sentido rizomático de Deleuze e Guattari (1995, p.14), “um

rizoma não cessaria de conectar cadeias semióticas, organizações de poder, ocorrências que

remetem às artes, às ciências, às lutas sociais”. A partir do pensamento de Henri Bergson

(1990) convido aos palcos os artistas uberabenses para contarem suas memórias e narrativas

envoltos de estímulos sensoriais (olfato, paladar, visual, sonoros e táteis), e através desses

signos ativarem suas lembranças para compartilharem seu depoimento pessoal dentro da

história do teatro da cidade. Também me coloco em cena, não apenas como condutora desses

estados de recriação e recordação, mas como participante, ora como espectadora, ora em

meu lugar de fala. O interesse aqui está no que foi lembrado, no que foi verdadeiramente

vivido e se encontra inteiro na memória e não na segregação historiográfica. Esse projeto será

um espaço de atravessamento de não lugares que têm a “beleza do que poderá vir a ser. Do

que ainda não é. Do que, um dia, talvez, terá lugar” (AUGÉ apud SÁ, 2003, p.135). Esses lugares

e não lugares se entrecruzarão entre riscos e rabiscos de uma Cartografia alicerçada por uma

relação rizomática entre materiais iconográficos, autores, pesquisadores e a relação

afetividade através da arte. Será uma memória coletiva construída não só como um arquivo,

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

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mas como poética. Assim, esvazio minha mala, pego minha câmera e vou ao encontro dessas

experiências e trocas com essas vozes de diferentes tempos que interpretam a história

cotidiana do teatro no interior de Minas Gerais, em especial Uberaba. Será o primeiro passo

para uma reflexão que possa vir a somar na compreensão dessa pluralidade de produções

teatrais na região e no reconhecimento de uma produção artística local.

4 - Considerações sobre o conto “Diante da Lei”, de Franz Kafka.

Mariana Rezende Machado

Quando nos debruçamos sobre a obra de um autor como Franz Kafka, nos deparamos com

uma infinidade de temas e possíveis interpretações. As análises de sua obra transitam por

diversos assuntos, desde os mais evidentes e palpáveis, como a alienação, a burocracia, o

antissemitismo e o autoritarismo; bem como por temas filosóficos, encaixados na corrente

existencialista de pensamento, como a culpa, a solidão e a impotência. No presente trabalho,

pretende-se tecer algumas considerações sobre o conto “Diante da Lei”, que aparece no

capítulo 9 de “O Processo”, escrito entre 1914 e 1915, e novamente publicado em um livro de

contos intitulado “O Médico Rural”, de 1919. O trabalho pretende analisar o conto em suas

múltiplas camadas, demonstrando o porquê de nele estar contido o núcleo de significado de

“O Processo”, e, ainda, apontar o modo como as diversas correntes interpretativas podem

dialogar entre si. Nesse sentido, serão discutidas questões como estruturas hierárquicas e

autoritarismo, situando conto e autor artística e historicamente. Para tanto, as reflexões

estarão baseadas tanto na vasta bibliografia que se dedica a analisar a obra de Kafka, quanto

em reflexões do próprio autor, contidas em seus diários publicados.

5 - Jean-Claude Bernardet, uma ficção historiográfica

Guilherme de Souza Zufelato

Jean-Claude Bernardet (1936) é belga de família francesa radicado há mais de meio século no

Brasil. Aos 82 anos, mora na cidade de São Paulo, no famoso Edifício Copan, e naturalmente

já é fluente em português embora sua fala seja, ainda, carregada de um estranho, mas familiar

sotaque francês. Foi crítico, ensaísta e historiador sobretudo do cinema brasileiro com obras

que se tornaram referências nesse campo de linguagem artística, além de já ter sido docente

da ECA-USP/SP e da UnB/Brasília. Trabalhou como roteirista, cineasta e, desde 1968, até hoje,

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atuou em diversos filmes. Como se já não fosse o bastante, Jean-Claude escreveu e publicou

romances e alguns livros de autobiografia (ou autoficção). Sua obra é extensa e ainda

inacabada. É bissexual. Já foi casado, teve uma filha e, hoje, mantém relações afetivo-sexuais

apenas com homens. Uma de suas obras literárias é uma narrativa de autoficção sobre a

experiência de vida como soropositivo. Por uma sorte do destino, descobriu-se portador de

uma doença degenerativa da retina que o está cegando irreversivelmente. Mesmo diante das

vicissitudes kafkianas da vida, Bernardet não cansa de reinventar-se. Parece uma personagem

de ficção que, ao longo do tempo, vai se inscrevendo no mundo por sucessivos gestos, atos e

metamorfoses. Da pena do crítico, ensaísta, historiador, roteirista e do olhar do cineasta que,

de todas essas formas, tecia uma história do cinema, aos filmes em suas (des)construções

imaginárias e fantasmagóricas de personagens que são “outros” e, muitas vezes, um “si

mesmo” estranhamente familiar, há muito o que narrar de uma vida que não cessa de não se

inscrever completamente. Portanto, como um historiador, preocupado com as questões

subjetivas de um sujeito histórico como Bernardet, poderia pensar uma bio-grafia (a escrita

de uma vida) que pudesse ser realizada diferentemente, trabalhando esteticamente

sensibilidades invisíveis, ficcionalizando-a como espaço literário (im)próprio de produção de

uma escrita da história? Uma hipótese de saída para esse problema parece ter sido

encontrada numa espécie não de fronteira nem só de interlocução, mas de litoral

historiográfico com a psicanálise, lugar esse onde o mar e a praia são uma coisa só e algo difícil

de distinguir. É trabalho não adequado a dualismos, mas implicado em ambivalências. Diante

desse desafio intelectual, esta comunicação tem como objetivo principal expor o trabalho de

estudos teórico-metodológicos sobre essa hipótese litorânea, à escrita de uma Tese a ser

defendida, em breve, sobre Jean-Claude Bernardet como uma ficção historiográfica.

6 - No Singular (2012): nas páginas de jornal e no registro fílmico.

Samuel Nogueira Mazza

A diversificação das fontes de pesquisa para trabalhos historiográficos foi um processo

intensificado com a Escola dos Annales no século XX. E foi a partir desse processo que se

tornou possível a análise de registros fílmicos de espetáculos por parte do historiador, para o

entendimento de contextos históricos. Nessa pesquisa iremos abordar o registro fílmico digital

do espetáculo No Singular (2012), da Quasar cia de Dança, companhia que surge nos anos de

1988 em Goiânia – Go. Esse espetáculo estreou no dia 07 de outubro de 2012 e foi bastante

comentado pelo principal jornal goiano, O Popular, assim como todas as suas reapresentações

também foram acompanhadas de ampla divulgação jornalística. As notícias de jornais que

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comentaram o espetáculo sempre traziam para primeiro plano um dos temas do espetáculo,

a dizer, as relações humanas estabelecidas nas redes sociais digitais. Esse tema é um dos

principais motivos que caracterizam a coreografia, segundo as publicações, como “dança

contemporânea”. Nosso objetivo, então, nesse momento da pesquisa, é analisar alguns

quadros do espetáculo, através do registo fílmico digital, para pensar como esse tema aparece

e quais são os outros temas colocados em debate pela Quasar Cia. de Dança em 2012. Temos

em mente que estamos lidando com um objeto que sofreu uma transposição intersemiótica

(CLÜVER, 2006) para o registro fílmico digital e, por isso, possui certas características

específicas à sua linguagem. Essas características da linguagem fílmica acabam por reforçar

determinados significados da obra encenada, mas, por outro lado, também suprime outros

que estavam colocados no palco no momento da gravação. Nesse sentido, nossa análise deve

ser conjunta: do registro e da coreografia. Dessa forma, quais são os signos coreográficos que

ligam o espetáculo às redes sociais? Eles são reforçados pelo registo em filme? E quais são os

outros temas possíveis de perceber, pelo registro, que estão colocados no espetáculo, mas

não são discutidos nas notícias de jornais?

7 - Ensaio Teatro-Político: Propostas contemporâneas para um quadro que parece e/ou

tenta se repetir

Felipe Augusto Lemes

O texto aqui apresentado é resultado da disciplina Escritas Cênicas e Dramatúrgicas dos

séculos XX e XXI, ofertada pelo curso de Teatro da UFU, no semestre letivo 2018/1. Tem como

objetivo pensar a prática artística, sobretudo teatral, inserida em um contexto histórico, social

e político a partir de fatos de agora e de fatos passados. Um pensamento guia a escrita: será

que nós, artistas e seres políticos que somos, percebemos ou não os fatos históricos e teatrais

que são contemporâneos á nós e ao nosso contexto? E como a produção artística se

desenvolve em relação a isso? Em um momento de greve dos caminhoneiros, de pedidos por

outra intervenção militar, este ensaio vem abordar como enxergamos fatos que aconteceram

com a geração anterior e nos posicionamos politicamente e, principalmente, artisticamente

em relação á tudo isso, no tempo de agora. Como resultado: uma costur(ação) de

depoimentos de torturados pela intervenção de 64 com depoimentos de pessoas que veem

em 2018, outra intervenção militar como solução para os problemas do país. Daí surge um

texto-base para criação performática a partir de um conceito brasileiro, criado por Augusto

Boal, de se fazer teatro.

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8 - Os autorretratos de Vivian Maier: percepções sobre a situação da mulher nos anos 1950

e 1960

Gabriela da Silva Chaves

O presente trabalho busca recuperar a fotografia de Vivian Maier em seu contexto histórico.

Procuramos entender e interpretar a transformação do espaço urbano e as relações de gênero

a partir da obra de Maier. Utilizamos então dos seus autorretratos para o contexto feminino

no período de 1950 e 1960. A fotógrafa que nasceu nos Estados Unidos no ano de 1926, viveu

sua juventude na França e em seu retorno ao país de origem, sem registro de datas, Maier

produziu mais de 100.000. Seu trabalho não foi revelado e nem publicado, fazendo com que

sua obra se mantivesse oculta até o ano de 2007. Nesse período até o seu falecimento em

2009, trabalhou como babá de crianças e cuidadora de idosos. Dentro os mais de 100.000

negativos, ela produziu vários autorretratos utilizando de espelhos e sombras, fazendo com

que além de autora ela fizesse parte de sua obra como objeto de sua narrativa. Buscamos

entender a partir da percepção de Vivian Maier sobre seu próprio tempo e da mesma como

individuo dessa história, utilizando dos seus autorretratos como fonte. Além disso, utilizando

dessa mesma fonte, aprofundamos no debate sobre o uso da fotografia como linguagem

artística e seu uso como fonte histórica. Nesse caminho, o trabalho busca valorizar o objeto

histórico. Para tanto, o autorretrato de Vivian torna-se o objeto principal da análise, onde

questionaremos o sentido dos elementos fotografados, utilizando da desconstrução do signo

fotográfico para ultrapassar a analise iconográfica e enriquece-la com a interpretação

iconológica para entender o olhar que aciona a câmera. Buscamos a partir disso, entender o

uso da imagem para a construção da narrativa histórica, bem como avaliar as formas de

montagem de uma visão política. Em suma, o presente trabalho, usa a fotografia como fonte

histórica, dentro da noção de representação, trabalhada pelo historiador Roger Chartier e

utiliza dos métodos propostos por Boris Kossoy, para a análise das fontes visuais. Após isso,

buscamos uma análise sobre a situação das mulheres por meio do contexto histórico presente

em seus autorretratos, buscando entender assim a construção de sua identidade nos Estados

Unidos da metade do século XX e fazer disso uma análise para a situação feminina no período

de 1950 e 1960.

9 - O Mercado da Personalidade: Transfigurações da Nova Classe Média (White Collar) nos

elementos estéticos-históricos de Tudo Bem (Arnaldo Jabor, 1978).

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Gabriel Marques Fernandes

O Mercado da Personalidade (MILLS, 1976, p. 200), uma das características que determinam

as propriedades da Nova Classe Média (White Collar) analisada pelo sociólogo estadunidense

C. Wright Mills (1951). Em 1962, o cineasta carioca Arnaldo Jabor cita diretamente Mills em

seu primeiro longa-metragem: A Opinião Pública; um Cinema-Verdade que apresenta o

cotidiano da Classe Média Carioca pós-Golpe de 1964. Tudo Bem (1978), quinto longa-

metragem de Jabor, retoma o argumento de autoria do diretor, com um olhar ficcional,

utilizando de estratégias alegóricas em sua narrativa sobre a Classe Média Carioca: a trama

central da narrativa parte da necessidade de reformar o apartamento da família Barata (Juarez

– Paulo Gracindo -, Elvira – Fernanda Montenegro -, Vera Lúcia – Regina Casé – e Zé Roberto

– Luís Fernando Guimarães -) que é obrigada a lidar com outros agentes além das empregadas

(Zezé – Zezé Motta – e Aparecida de Fátima – Maria Sílvia -) que circundavam a periferia de

seus quartos (ou ausência deles), os operários (Zeca Maluco - Stênio Garcia -, Washington -

Anselmo Vasconsellos - e Piauí - José Dumont -); a luta de classes do final do “Milagre

econômico” Brasileiro no microcosmo de um apartamento. Considerando a análise estética-

histórica (RAMOS, 2006, p.2) desenvolvida ao longo de 12 meses de pesquisa no Programa de

Institucional de bolsa de Iniciação Cientifica (Pibic), financiada pelo Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq - Edital Nº 02/2017), orientada pelo

Professor Doutor do Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia, Alcides

Freire Ramos: esta comunicação tem como objetivo identificar e compreender a existência da

transfiguração (TRINDADE. LAPLANTINE, 2003, p.9) teórica que Jabor fez de Mills no processo

de construção do universo de Tudo Bem, analisando, através do produto fílmico, a

sensibilidade artística singular de Jabor a respeito do fenômeno da Classe Média Brasileira.

Para fundamentação teórico-metodológica deste trabalho foram utilizadas as seguintes obras:

Cinema e História do Brasil (1992), Jean-Claude Bernardet e Alcides Freire Ramos; Canibalismo

dos Fracos: cinema e história do Brasil (2002), Alcides Freire Ramos; “Terra em Transe (1967,

Glauber Rocha): Estética da recepção e as novas perspectivas de interpretação” (2006),

Alcides Freire Ramos; “Os novos rumos do Cinema Brasileiro” (1987), Fernão Ramos; “O filme:

uma contra-análise da sociedade?” (1976), Marc Ferro; A Nova Classe Média (1976), C. Wright

Mills; A ideologia da sociedade industrial: O homem unidimensional (1973), Herbert Marcuse;

O que é imaginário? (2003), Liana Trindade e François Laplantine; “Classe, Status, Partido”

(1977), Max Weber; “Capitalismo Tardio e Sociabilidade Moderna” (1998), Fernando A. Novais

e João Cardoso de Mello; “Carro-zero e Pau de Arara: O Cotidiano da oposição de classe média

ao regime militar” (1998), Maria Hermínia Tavares Almeida e Luiz Weis; dentre outras.

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10 - Pesquisar a canção? Recomendações téoricas e metodológicas para o(a) historiador(a)

iniciante.

Aluísio Brandão;

Vitor Sergio de Almeida.

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise metodológica e com certos

fundamentos ou prerrogativas iniciais acerca do uso da canção como uma fonte-histórica ou

documento para o ofício dos historiadores. Para isso procuraremos examinar determinadas

recomendações metodológicas de dois pesquisadores brasileiros, especialistas nesses campo

de estudos (que relaciona a História e a Música): o historiador professor Dr. Marcos

Napolitano(USP) e sociólogo professor Dr. Adalberto Paranhos(UFU). A partir dessa reflexão

inicial compreenderemos que determinados elementos contidos na canção podem interferir

na interpretação do historiador e estão presentes além da letra da canção tais como:

aceleração, a desaceleração rítmica da voz e dos instrumentos musicais, o andamento, na

execução no cantar e no tocar uma mesma canção associada à performance

vocal/instrumental. Esses elementos são capazes de transformá-la deslocando-a para outro

sentido, que se afasta do sentido inicial registrado em sua gravação inaugural. A partir da

audição de uma canção popular em duas gravações distintas (sem alteração de uma única

sílaba de sua letra), refletiremos sobre esses elementos e características dispostos na canção

que, por vezes são ignorados quando a análise do historiador se restringe apenas à letra da

canção. Seguindo a advertência metodológica que é necessário considerar os

desdobramentos e os diferentes sentidos que uma canção popular pode assumir, a partir das

alterações de elementos que compõem sua musicalidade ou sonoridade, propomos valorizar

então uma abordagem metodológica que pode auxiliar os historiadores na maneira de

analisar e pesquisar historicamente o documento-canção com as especificidades

metodológicas e ferramentas, adequadas, que essa fonte (a canção) exige. Disso se pode

concluir que a canção popular não deve ser analisada, pelo historiador, como se fosse

portadora de um significado único, indiferente às implicações do contexto histórico, musical

e performático em que ela ressurge. Pelo contrário, através desse contexto amplo ela carrega

outras significações que podem ser reconhecidas, resgatadas e exploradas pelo pesquisador

atento aos sons e sentidos.

11 - Populismo, Autoritarismo e Modernização: a defesa da Democracia na dramaturgia

engajada de Vianinha em Papa Highirte.

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Danilo Henrique Faria Mota

Populismo, Autoritarismo e Modernização como pressupostos para pensar a experiência

latino-americana no pós-golpe de 1964 no Brasil. A dramaturgia engajada de Oduvaldo Vianna

Filho (1936-1974), o Vianinha, deve ser analisada sobre a ótica da resistência democrática

frente à produção político-cultural dos intelectuais de esquerda no processo de organização

da cultura. A produção artística de Vianinha em 1968 foi estudada a partir do Teatro Político

Brasileiro como procedimento de escrita para avaliação do passado recente do país no

contexto de uma complexidade política e histórica de estruturação do poder dominante. A

peça teatral Papa Highirte, escrita em 1968, é um painel político-histórico da América Latina,

trazendo para a dramaturgia discussões de temas contemporâneos. A temática política da

peça versa sobre a importância histórica do texto ao fundir o universo cultural do autor com

o pensamento da ação revolucionária. O dramaturgo se utilizou de técnicas dramatúrgicas, os

flash-backs, recursos dramáticos e poéticos para construir uma representação arquetípica,

uma imagem real e mística da soberania do Estado sobre o conjunto da sociedade e do

controle das funções políticas pela classe dominante. O tema da peça nos obriga a examinar

as bases de formação social do capitalismo na América Latina, observando as velhas estruturas

e as novas forças sociais para verificar o enraizamento de uma ordem social autoritária. Para

Yan Michalski, “a peça permanece inconfundivelmente latino-americana, porque num golpe

de grande maestria dramatúrgica Vianinha conseguiu fazer com que os seus personagens

fossem não apenas sínteses didáticas das forças políticas, mas também seres humanos em

carne e osso, dotados de características psicológicas magnificamente plausíveis.” (MICHALSKI,

1979, p. 01). A peça surgiu como uma “obra síntese” da história latino-americana sobre a

discussão do processo de colonização na presença do capital estrangeiro, das principais

tendências da resistência armada, do autoritarismo institucional da ditadura civil-militar e

autoritarismo paternalista ou carismático dos lideres de massas da democracia do após-guerra

(1945-64). Vianinha demonstrou o jogo das forças existentes entre o sistema e o individuo sob

o impacto das questões levantadas durante sua época, como a Censura, a perspectiva da luta

armada no período embrionário entre 1965- 1968, as formas de organização pacífica e a

expansão do processo revolucionário. Papa Highirte pode ser considerada como exercício de

reflexão sobre os temas do impasse do populismo em seu declínio e da insuficiência da

vanguarda armada no processo de luta. O dramaturgo aborda os conflitos latino-americanos

num contexto de subdesenvolvimento, de organização da luta armada e de um modo

determinado e concreto de manipulação das classes trabalhadoras. Para construção de um

painel histórico da dramaturgia de Vianinha, a metodologia adotada foi à análise dramatúrgica

do texto teatral Papa Highirte e da entrevista do autor para o Jornal do Brasil, Um teatro para

quem não tem medo da verdade, em abril de 1968. Para isso, a associação da ficção com a

realidade histórica do país após golpe de 1964, sugere as seguintes hipóteses: a peça produziu

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uma visão crítica do fenômeno do populismo? O dramaturgo tomou uma posição engajada e

revolucionária em defesa das liberdades democráticas? O Estado Brasileiro nos pós-golpe de

1964, teve um papel fundamental na expansão capitalista? Vianinha teve uma visão do novo

modelo econômico implantado com o regime militar? Desta maneira, o trabalho apresenta

observações para corroborar sobre a visão da História Política Brasileira e do Teatro Brasileiro

com o objetivo de analisar as estruturas políticas, culturais, sociais e estéticas de organização

das esquerdas na luta e resistência à ditadura civil-militar.

12 - Transições incomodas e a linguagem fílmica de Veias e Vinhos: uma história brasileira

(2006).

Sabrina Alves da Silva

As obras de linguagens expressam a sensibilidade daqueles que vivenciam os acontecimentos

no interior da sociedade, e que através de seu ato criador registram, de modo privilegiado,

hábitos, visões de mundo e dão acesso a uma percepção do arranjo pelo qual, os diversos

elementos do corpo social, político e econômico, foram organizados e o respectivo

funcionamento em dada temporalidade. Deste modo, considerando a construção fílmica de

João Batista de Andrade em Veias e Vinhos: uma história brasileira (2006), se objetiva

compreender a organicidade das práticas captadas pela sua releitura da obra literária Veias e

Vinhos (1981) de Miguel Jorge, a partir da abordagem dada pelo cineasta, segundo o qual se

vê “a política entrando porta adentro das casas simples, com suas incertezas, ameaças,

esperanças e, principalmente, violências, muitas violências.” (CAETANO, 2004, p.400), em

momentos de transições políticas, considerando o enredo da obra literária que romanceou na

década de 1980 a violência política, social e do Estado, presente nos eventos em torno da

chacina da Rua 74, ocorrida no ano de 1957 na cidade de Goiânia.

13 - A percepção e construção de teatro moderno: encenação de Seis Personagens à procura

de um autor de Luigi Pirandello pelo Teatro Brasileiro de Comédia em 1951.

Elisa Maura Ferreira de Mello Cesar

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Neste trabalho almejamos analisar os índices de modernidade na encenação de Seis

Personagens à procura de um autor de Luigi Pirandello pelo Teatro Brasileiro de Comédia

(situado na cidade de São Paulo) em 1951, pensando na transição da cena teatral paulista e

na maneira como os críticos estabelecem este momento como um divisor de águas no teatro.

Na medida em que em 1943 já havia a construção do “marco da modernidade teatral” pela

crítica especializada que toma a encenação realizada por Zbigniew Ziembinski do Vestido de

Noiva de Nelson Rodrigues na cidade do Rio de Janeiro como o ponto de nascimento desse

marco. O problema do estabelecimento de tal marco, segundo Rosangela Patriota e Jacó

Guinsburg, está na ideia de que ele delimita índices para pontuar o que é ou não moderno,

deixando de contextualizar o momento da produção teatral. De modo que a historicidade fica

limitada ao antes e depois em relação ao “marco” forjado na encenação do Vestido de Noiva.

Isso fica evidente, por exemplo, na interpretação ofertada por Décio de Almeida Prado em O

Teatro Brasileiro Moderno, no qual o autor determina o que é Teatro e o que deve ser

considerado para a história do teatro. A mesma cidade que em 1922 havia discutido a questão

do moderno na perspectiva do modernismo, ou seja, pensando produção cultural como

instrumento para a afirmação da Cultura e valorização do nacional, como indica Maria

Arminda do Nascimento Arruda, quase trinta anos depois, vai voltar-se para a questão do

moderno pela ótica da modernidade, onde questões sociais, econômicas e culturais são

utilizadas como baliza para a determinação do termo. Assim, no entendimento da autora, há

uma importante diferença entre modernismo e modernidade, na medida em que o primeiro

versa sobre a produção cultural e o segundo faz-se pela leitura urbano-industrial da cidade e

sua relação com a cultura. Nesse sentido, pretendemos nos debruçar sobre o debate da

modernidade e seus índices na metade do século XX em São Paulo, observando os aspectos e

agentes sociais pela encenação de Seis Personagens à procura de um autor pelo TBC. Assim,

nessa comunicação pretendemos fazer uma análise através das críticas teatrais, pensar a

montagem da peça, a cena teatral paulista e a formulação do marco de modernidade teatral.

ST 24: Ensino de História e as Novas Tecnologias da Informação e comunicação (NTICs) possibilidades para a prática pedagógica

1 - O Contexto Histórico da Robótica e Suas Influências em Sala de Aula

Hutson Roger Silva

O uso da Robótica em sala de aula se tornou uma ferramenta pedagógica comum entre

professores de diversas disciplinas. Por ser uma ferramenta multi e interdisciplinar, a robótica

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2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

pode ser trabalhada facilmente em conjunto a todas matérias do currículo básico. Para

entender como se deu o processo da introdução da robótica educacional em sala de aula, cabe

o professor levar o debate histórico para seus alunos entenderem como se deu o processo da

robotização, tanto em sala de aula, quando no cotidiano. A presente proposta, que se tramita

por uma pesquisa bibliográfica, aborda a importância do uso da Robótica em sala de aula e

tem por objetivo investigar e apresentar algumas temáticas histórica e os impactos sócias que

robótica resultou com sua evolução até a sala de aula. Espera se que esta discussão possa

abrir portas para outros pesquisadores abordem mais a esta temática.

2 - Ferramentas digitais no ensino de História

Aline Silva de Paula

O ensino de História vem recebendo novas contribuições com as NTICs, ferramentas digitais

como o Kahoot podem propiciar o desenvolvimento das competências de aprendizagem em

História, memorização, noção de processo, interação e motivação dos alunos. O Kahoot é uma

ferramenta desenvolvida na Noruega em 2009, utilizada nos Estados Unidos e Finlândia, e

permite que o conhecimento passe pelo processo de avaliação formativa, o aluno receberá

uma correção automática da pergunta feita pelo professor, terá de ter foco e gestão de tempo

para concluir a atividade. O professor poderá utilizar em revisões, atividades gerais, a própria

ferramenta extraí um relatório de erros e acertos, propiciando uma visão geral da

compreensão dos alunos, facilitando o processo de correção e distribuição de notas. O Kahoot

pode ser utilizado também pelo aplicativo no celular onde o aluno estiver, é permitido

estabelecer um prazo para que o aluno faça as suas tarefas. Imagens e vídeos são permitidos

o que abre um leque imenso de possibilidades em todos os conteúdos históricos. A ferramenta

foi testada e excelentes resultados foram obtidos, além do Kahoot recursos do Google

Education podem apoiar os educadores em seu dia dia, como a produção de textos e

apresentações coletivas, criação de formulários.

3 - Uso do App Inventor para ensino de Historia

Nathália Vieira Kamimura

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Com o grande avanço tecnológico, o App Inventor pode ser uma ferramenta inovadora para o

ensino aprendizagem de História. A proposta é que os educadores utilizem o desenvolvimento

de aplicativo para criar uma forma interessante de passar um determinado conteúdo a seus

educandos. Desta forma o App Inventor se torna uma ferramenta tecnológica educacional,

aliada ao conteúdo desta disciplina amplia possibilidades, onde o aluno pode criar seu próprio

conhecimento a partir da teoria que o professor explicou, ele pode pesquisar e criar jogos com

datas e fatos. O App Inventor permite o alunos intervir e se interessar mais pelo conteúdo.

ST 25 - História e Literatura: produção, circulação e consumo de textos literários

1 - A construção do papel social da mulher republicana na série “Chronica livre” de Olavo

Bilac (1893-1894)

Mirella Ribeiro Pinto

Após a Proclamação da República, os intelectuais assumiram o papel de discutir o processo de

consolidação do sistema republicano no Brasil, na tentativa de construir uma identidade

brasileira. Diante das inúmeras configurações sociais e o esforço de modernização em que o

país passava, a imprensa foi um importante veículo para discussão do papel social da

população, dentre elas a mulher brasileira. Havia uma necessidade de modernizar os hábitos

e controlar os corpos dessas mulheres, pois o futuro da nação dependia do bom

comportamento dessas futuras mães. Desse modo, Olavo Bilac revela em suas crônicas a

partir de suas experiências, os pensamentos, visões sobre os projetos políticos, e as relações

sociais daquele período, servindo-se como observador privilegiado do papel social da mulher

brasileira. Sendo assim, o objetivo do nosso trabalho é o de analisar o modo como Bilac aborda

as questões femininas, diante das novas configurações sociais vindas com a República. Essa

análise será feita a partir das crônicas bilaqueanas da série “Chronica livre” publicadas no

Gazeta de Notícias, periódico popular do Rio de Janeiro, entre os anos de 1893-1894. Vale

destacar que nesse período Machado de Assis também colabora no mesmo periódico com a

série de crônicas “A Semana”, que cumpria o papel de editorial do Gazeta de Notícias. Sendo

assim, visamos estabelecer um diálogo e cruzar opiniões entre Olavo Bilac e Machado de Assis

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acerca dos temas envolvendo as mulheres daquela época, como o divórcio, prostituição,

matrimônio, maternidade, trabalho e entre outros assuntos.

2 - Os Sentinelas da Moral - O crime de defloramento em Clara dos Anjos e na imprensa na

virada do século XIX.

Débora Cristina Sousa Oliveira

Segundo o artigo 267 do código penal de 1890, o crime de defloramento consiste no ato de

deflorar a mulher de menor idade, empregando sedução, engano ou fraude e possui pena de

prisão celular de um a quatro anos. Pensando no conceito de defloramento enquanto um

crime sexual pertencente a um contexto em que o corpo e a moral feminina eram

constantemente subjugados, é interessante perceber o caminho que a imprensa e a literatura

percorriam parar abordar tal assunto. Sendo assim, o trabalho tem como objetivo analisar

estudos historiográficos sobre gênero, acerca da literatura e da imprensa, com ênfase nas

questões relacionadas à honra feminina. Pretende-se observar qual a metodologia usada

nesses trabalhos, as fontes disponíveis e os diálogos com outras categorias como classe e raça.

Além desse exercício historiográfico, a apresentação tem como fundamento o estudo do

periódico Gazeta de Notícias (RJ), nas décadas de 1880 à 1899, com o intuito de perceber

como os casos de defloramento eram percebidos pela imprensa da época, em que frequência

essas notícias eram divulgadas, em que formato e por quê ocorria a divulgação, e como se

posicionava um dos jornais mais importantes do país no período. Bem como, a análise do livro

Clara dos anjos, de Lima Barreto, publicado em 1948 (concluído em 1922). Esse livro traz

personagens importantes, devido a forma como foram caracterizadas pelo literato. Portanto,

o estudo estará centrado nas histórias de defloramento contadas e as redes de solidariedade

criadas pelas vítimas após o crime, assim como foi apresentado pelo escritor em seu romance.

3 - A Nobreza Doutoral dos Bruzundangas e as Chicanas na República Velha

Amanda Figueiredo de Andrade

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Cada dia mais se faz necessária uma reflexão sobre a História que ultrapasse a ideia de que

esta desvenda-se apenas por meio das práticas oficiais documentadas. Isto porque a História

transpõe as relações estabelecidas pelo Estado, alcançando diferentes esferas concretizadas,

especialmente, nos traquejos sociais. Neste sentido, pode-se afirmar que o estudo da História,

em si, desapossa-se de sentido se não está conectado com a realidade social, e esta conexão

pode, por vezes, afastar-se dos documentos oficiais e adentrar na própria noção de cultura,

sendo a Literatura um dos meios possíveis para tal intersecção. Enquanto a Literatura aloca-

se na perspectiva da ficção, porém, a História, que busca a verdade factível, volta-se para o

aspecto da realidade. O uso da Literatura como fonte histórica, ao percorrer o caminho entre

a ficção e a realidade, viabiliza a análise das expressões culturais percebidas em

temporalidades passadas, de modo a fazer uma comparação quase que instantânea com a

realidade atual. Conforme leciona de Decca, o leitor “transfere o fato estético para o universo

da historicidade, uma vez que ele, como sujeito da ação, pode imprimir forças às imagens

literárias, traduzindo-as no sentido de sua própria vida” (DE DECCA, 1988, p.70). Desta forma,

este projeto de pesquisa é interdisciplinar, abarcando a perspectiva da História por meio da

Literatura. Tomando-se como referencial literário a obra “Os Bruzundangas” (1922), de Lima

Barreto, inquirir-se-á sobre o poder doutoral dos magistrados narrado no livro, analisando-se

a perspectiva histórica do poder judiciário à época da República Velha. Para tal, objetiva-se

questionar se ainda há resquícios das chicanas narradas por Barreto no Judiciário brasileiro

atual. A metodologia utilizada volta-se à pesquisa exploratória e bibliográfica, a ser examinada

por uma metodologia de trabalho de viés argumentativo. Ressalte-se, nesta linha de

intelecção, que inexiste relação de subordinação ou instrumentalização da História para com

a Literatura, mas de complementaridade. Isto porque o ato de reconhecimento da verdade

real perpassa pelo conhecimento do universo social, que a seu turno é bem retratado pela

Literatura. Tomando como premissa esta pressuposição, a presente pesquisa, por meio do

estudo da obra em questão, a partir de seu capítulo intitulado “A nobreza de Bruzundanga”,

intenta analisar se a história que vem trilhado a justiça brasileira na atualidade mostra-se

compassiva com a narrativa de Lima Barreto. Busca-se desvelar se as chicanas de hoje

diferenciam-se das narradas pelo autor no fictício país dos Bruzundangas, ou se apenas

apresentam uma mera roupagem diferenciadora, porém com a mesma essência voltada às

particularidades e ao decisionismo. Desta forma, importa encarar a obra em tela como

instrumento de estudo ao contexto da República Velha. Nicolau Sevcenko descreve este

momento histórico como ideal para a ironia de Lima Barreto, diante da “tibieza inelutável do

Judiciário” (SEVCENKO, 1999, p.170). Imprescindível, portanto, fazer da Literatura um artifício

para que as reflexões iniciadas por Barreto não só alcancem ponderações acadêmicas, mas

que sejam instrumentos aptos a modificar, em conjunto com o estudo da História, a realidade

social.

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4 - Uma breve análise de contos publicados pela escritora Maura Lopes Cançado em jornais

cariocas: possibilidades de estudos da escrita de si a história local (1958 – 1965)

Edivaldo Rafael de Souza

Esta comunicação pretende analisar contos que a escritora mineira Maura Lopes Cançado

(1929-1993) publicou em jornais cariocas entre os anos de 1958 a 1965 e que também fazem

parte do seu livro intitulado O sofredor do Ver (1968); ressalta-se que a autora possui outros

contos que foram publicados apenas em jornais. A pesquisa em questão justifica-se

principalmente no fato de que alguns contos de Maura Lopes Cançado ainda não receberam

a devida atenção no meio acadêmico. Os principais objetivos do trabalho consistem na

obtenção de um maior entendimento tanto da vida quanto da obra da escritora em foco, bem

como na ampliação de debates que valorizem a utilização da literatura por parte dos

historiadores. Quando se analisa os contos “No quadrado de Joana” (1958), “Introdução a

Alda” (1959) e “Espiral Ascendente” (1961), percebe-se que eles podem ser trabalhados

dentro da perspectiva da escrita de si, pois a autora comumente encontrava-se internada em

instituições psiquiátricas quando os escreveu, de maneira que, além de elementos ficcionais

é possível verificar que as experiências que a autora viveu dentro dos hospícios também fazem

parte da sua escrita. Assim, quando foram publicadas, tais obras acabaram servindo para

fomentar reflexões sobre o tratamento mental durante aquele período, que era cerceado em

torno dos maus tratos aos pacientes, utilizando altas doses de medicamentos e eletrochoque,

por exemplo. No conto de nome “O rosto” (1959), Maura Lopes Cançado relembra um período

em que morou juntamente com seu filho Cesarion Cançado Praxedes na cidade do Rio de

Janeiro; dito isso, é como se através do conto ela pedisse desculpas por ter abandonado o

filho quando ele era recém-nascido, além disso, ela dá ênfase a momentos vividos por ela na

companhia de sua família. Já no conto São Gonçalo do Abaeté (1965), a escritora rememora o

período em que morava em sua terra natal, retratando de forma detalhada o processo de

emancipação político-administrativa da localidade. Diante disso, é possível analisar o conto

utilizando-se da vertente historiográfica que discorre sobre a história local. É fundamental

destacar que quando são utilizados fragmentos literários em uma pesquisa biográfica ou

histórica, é necessário um amplo debate sobre a história e a ficção, já que as fronteiras entre

essas duas áreas das humanidades estão em constantes aproximações e distanciamentos

entre o fato e a fantasia, o real e o imaginário. Não obstante, a utilização da literatura na área

da história é muito importante, pois além do seu uso como fonte, ela também pode favorecer

para que sejam estudados novos temas, levantando-se teorias e métodos de abordagens para

que, posteriormente, seja feita a sua utilização em prática. Indubitavelmente, pode-se

concluir que através do estudo dos contos supracitados nesta comunicação faz-se possível

analisar e compreender diversas variáveis que auxiliam em um maior reconhecimento da vida

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de Maura Lopes Cançado. Nota-se, ainda, a viabilidade de utilizar-se da escrita da autora para

trabalhar em diferentes áreas de pesquisa.

5 - Moças Humildes: a honra, o matrimônio e o anonimato nos folhetos populares de Maria

das Neves.

Kathleen Loureiro Santana dos Reis

“A mulher é uma degenerada... só o óvulo a salva”, frase dita pelo psiquiatra Miguel de

Bombarda, homem que, como muitos outros de sua época, teorizava sobre a natureza

feminina e sua sociabilidade, tendo a intenção de comprovar a natureza frágil e ignorante da

mulher e seu destino certo de viver pela reprodução da espécie humana, a resumia pelo belo

funcionamento de seu útero, sendo a única coisa importante que ela tem em seu corpo: a

oportunidade de carregar no ventre uma nova geração de homens (e não mulheres). Dessa

forma, muitas outras oportunidades, aquelas para além do casamento e da maternidade,

eram quase que impossíveis, contudo, mesmo assim mulheres se aventuravam em escrever e

produzir ciência, artes, filosofias. Dentro da literatura, muitas mulheres se escondiam em

pseudônimos masculinos para publicar suas obras, grandes escritoras reconhecidas hoje no

início de suas carreiras não assinavam com seus próprios nomes, afinal, a tarefa árdua da

mulher deveria ser apenas de cuidar dos descendentes. A literatura de cordel no Brasil teve

majoritariamente homens como expoentes, porém, entre os louros masculinos, Maria das

Neves Batista Pimentel, era filha do paraibano Francisco das Chagas Batista, um dos principais

cordelistas da primeira metade do século XX, e talvez por essa aproximação com a cultura

popular e a editora que publicava folhetos de vários autores nordestinos, Maria das Neves

publicou alguns folhetos que traziam em suas páginas temas como o casamento, a honra

feminina e a maneira a qual a mulher deveria se portar em sociedade. O primeiro folheto foi

publicado no ano de 1938, contudo, o nome que estava no espaço de autoria era o de seu

marido Altino Alagoano. O presente trabalho tem o intuito de discutir de que forma esse

anonimato foi necessário, tendo em vista a oportunidade de Maria das Neves usar o nome de

seu pai, pela fama que ele tinha na literatura popular, de que forma esse anonimato

proporcionou a oportunidade para ela publicar os seus folhetos, mesmo sem se revelar,

discutir também quais eram os possíveis leitores e de que modo ocorria a circulação de suas

obras, levantar os padrões femininos expostos em suas narrativas, e se de alguma forma,

mesmo que sob pseudônimos, a publicação de seus folhetos podem ser considerados

subversivos a que entende que a produção literária das mulheres corresponde a parte

degenerada de seus corpos: o cérebro. Para esse feito, o trabalho analisará os três cordéis

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publicados por Maria das Neves e as representações que é escrita em suas folhas, além de

discutir sobre a posição que a editora responsável pela publicação desses cordéis ocupava e

sobre as circulações dos folhetos entre os leitores, para compreender as relações do público,

com os discursos da época sobre as mulheres e os temas dos cordéis.

6 - Reflexos da inquisição no campo literário: abordagens das mulheres hereges na literatura

luso-brasileira.

João Vitor Santos Gondim

Parafraseando Roland Barthes, importante filósofo e semiólogo francês, a disciplina literária

é tida como primordial e há em sua constituição a manifestação de todas as ciências, sendo

assim, torna-se dentre elas a mais notória. A história, dessa maneira, encontra-se também

representada nos diversos monumentos literários. Por meio de perspectivas distintas que

possibilitam uma ampla e necessária reflexão da sociedade, os fatos, objetos e

acontecimentos históricos possuem na literatura um local de fala. O presente trabalho, a

partir das perspectivas delineadas acima, tem por objetivo analisar o modo como um dos

períodos mais conturbados e discutidos da história da humanidade é abordado na literatura:

a inquisição. Tem-se como primordial intuito analisar de maneira mais específica o modo

como as “bruxas”, mulheres consideradas hereges por não seguirem o catolicismo pregado

pela igreja católica, foram representadas na literatura luso-brasileira. Como aportes teóricos

serão utilizados os livros A Bruxa de Monte Córdova, de Camilo Castelo Branco, A Estranha

Nação de Rafael Mendes, de Moacyr Scliar e o Santo Inquérito, de Dias Gomes.

7 - Influências da literatura europeia na formação da conduta feminina do século XVIII

Maria Teresa Santos Correia Lacerda

O presente trabalho tem por objetivo analisar a mulher europeia do século XVIII a partir das

inovações literárias que contribuíram para que estas rompessem com a sociedade patriarcal

da qual compunham. Analiso em específico as obras A Bela e a Fera de Madame de Villeneuve,

e Orgulho e Preconceito de Jane Austen, a fim de melhor compreender os romances

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produzidos no século XVIII e as contribuições desses para a libertação das vozes e direitos das

mulheres. Além disso, questiono de que modo tais obras literárias interferiram nas

transformações dos arranjos matrimoniais e nas lutas femininas para a escolha de seus

maridos e para a conquista dos direitos ao divórcio, a posse de seus bens e controle de seus

corpos. A pesquisa tem por objetivo geral colocar em interlocução e analisar as contribuições

políticas, culturais e sociais das obras A Bela e a Fera, de Madame de Villeneuve, e Orgulho e

Preconceito, de Jane Austen, para a formação da conduta de jovens do século XVIII a partir de

obras literárias produzidas por mulheres, assim como, compreender como se organizou a

implantação das ideias expressas nas obras por personagens femininas, para com a sociedade

em seus âmbitos gerais. O método utilizado será histórico, partindo do estudo analítico das

relações sociais estabelecidas entre as mulheres e a literatura como meio de influência de tais

composições, hipotético-dedutivo a partir da premissa de que as leituras do século XVIII

contribuíram para que as mulheres conquistassem sua emancipação em seus casamentos e

decisões pessoais, e interpretativo, centrado nos vestígios de dados não-canônicos, que

contribuem para a sustentação e levantamento de argumentos desta pesquisa.

8 - História, Literatura, realidade e ficção em O Conde de Monte-Cristo de Alexandre Dumas

Mateus Ribeiro de Sant’Ana

Esse trabalho propõe analisar o uso da história no romance “O Conde de Monte Cristo” do

literato francês Alexandre Dumas. Escritor do século XIX, Dumas produziu uma série de peças

e romances que têm em sua composição personagens e situações históricas “reais”, baseadas

principalmente na história francesa. Para isso, o trabalho visa utilizar a obra já citada do autor

em conjunto com a produção historiográfica que circulava simultaneamente com a literatura

de Dumas, tornando possível analisar as escolhas políticas feitas por Dumas. Ainda em

desenvolvimento, será apresentada uma leitura do romance e fonte principal “O Conde de

Monte-Cristo”, tendo em mente a bibliografia produzida por György Lukács sobre o romance

histórico e de Maria Lúcia Mendes sobre a história e a obra de Alexandre Dumas. O romance,

lançado no formato folhetim primeiramente em 1844 em Paris, se passa em três momentos

da história francesa: A Restauração Bourbon e o Governo dos 100 Dias, em 1815; em 1829,

pouco anterior aos momentos da Revolução de 1830; e em 1839, quase

contemporaneamente ao momento em que a obra é publicada. O romance cita também

vários outros momentos do passado não apenas da França, mas também de países vizinhos e

onde a narrativa tem espaço, como a Itália. Analisar a maneira como Dumas utiliza o passado

desses locais em seu romance, principalmente a respeito do momento de disputa entre a

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velha monarquia Bourbon e Napoleão Bonaparte ou o jacobinismo, nos mostra como o autor

busca construir uma memória da história francesa, como manipula esses heróis e vilões e

como esses se relacionam com a história de modo a negativar ou positivar determinados

pontos de vista.

9 - Personagens e perfis, entre a ficção e a História: uma análise das mulheres oitocentistas

em O primo Basílio.

Maria Fernanda Ribeiro Cunha

Em 1878, a publicação de O primo Basílio, no Brasil, gerou uma polêmica nos palcos da

literatura nacional. A obra do romancista português, Eça de Queiroz, mobilizou literatos e a

imprensa brasileira na confecção de uma crítica estética e de moralidade. Machado de Assis,

representante da literatura no país, levou a celeuma para as páginas d’O Cruzeiro, jornal de

grande circulação no Rio de Janeiro do século XIX. A narrativa que gerou a contenda no Brasil

do oitocentos contava a história de Luísa e Jorge, um jovem casal lisboeta. O retorno de

Basílio, primo de Luísa, a Lisboa movimenta o enredo do romance depois que os dois primos

se envolvem em um relacionamento adúltero durante uma viagem de Jorge. A obra leva o

subtítulo de “episódio doméstico” e o cenário em que se desenvolve justifica a escolha da

alcunha. A trama acontece em meio a um ambiente de domesticidade e de fronteiras estreitas

entre público e privado. A narrativa ficcional traz para as páginas do livro indícios sobre os

arranjos familiares oitocentistas, concepções de economia doméstica e noções de

feminilidade e masculinidade. A polêmica na imprensa do Brasil evidenciou que esses eram

tópicos que pertenciam à tônica de discussões do período também na sociedade patriarcal

brasileira. Assim, esse trabalho pretende analisar essas questões, por meio de uma

historiografia consolidada até o momento de sua confecção e de um estudo sobre a

construção das personagens femininas do romance. Dessa forma, pretende-se elaborar uma

discussão bibliográfica na área dos estudos de gênero e da sociedade brasileira do século XIX

para uma análise de possíveis perfis de feminilidade e masculinidade. A construção dessas

personagens ficcionais configura-se como substancial numa pesquisa que considera a

historicidade das obras literárias e o caráter de testemunho histórico que elas possuem, como

proposto por Sidney Chalhoub e Leonardo Afonso M. Pereira. A importância de pensar a

questão de gênero como “forma primeira de significar relações de poder”, como indica Joan

Scott, é também significativa para o desenvolvimento desse trabalho. Pensar perfis para esses

homens e mulheres oitocentistas é relevante para entender o jogo de poder direcionador do

patriarcalismo brasileiro. Portanto, o artigo a ser apresentado na comunicação tenciona trazer

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um duplo diálogo, com a fonte e com uma bibliografia calcada nos estudos de gênero e em

uma historiografia sobre o Brasil do XIX.

10 - Um milagre nada Divino: penicilina e seu impacto nas décadas de 40 e 50.

Márcio José Ribeiro da Silva Filho;

Letícia Leandro Batista

1928: o médico e microbiologista britânico Alexander Fleming descobre a penicilina. Já no ano

seguinte, após algumas tentativas de purificar esta substância e observar sua eficácia

enquanto antibiótico, o pesquisador publica seu primeiro artigo acerca do novo método de

tratamento de doenças bacterianas. Neste mesmo período, as páginas dos jornais traziam em

suas principais matérias notícias acerca da Crise de 29, comentando sobre o caos econômico

em diversos países do globo. Entre noticiar um medicamento recém-descoberto - alvo de

opiniões divergentes sobre sua eficácia principalmente entre os pesquisadores de saúde - e

fazer extensas matérias sobre a crise econômica de caráter mundial, a escolha pelo segundo

tópico parece fácil e de notável comprovação através das edições do Jornal do Brasil no

período. Após uma série de pesquisas e ações feitas por Fleming e outros pesquisadores, no

ano de 1940 o uso da penicilina é autorizado para a população no tratamento de infecções

bacterianas. Neste mesmo período as capas e principais matérias dos jornais noticiavam sobre

a Segunda Guerra Mundial e a calamidade em que a Europa se encontrava. Frente a esse fato,

as informações sobre o novo medicamento ficaram presentes apenas nos relatórios da

sociedade de medicina, publicados no Jornal do Brasil. Porém, as notícias sobre a penicilina

ficam pouco tempo apenas nas paginas de saúde. O sucesso do medicamento aumenta com

os passar das edições do jornal, chegando a ser mencionado como uma das principais armas

na corrida pela vitória na guerra. Assim, este trabalho visa abordar o impacto do medicamento

e a aceitação do público através das edições do Jornal do Brasil e, em paralelo, trabalhar quem

foi Alexander Fleming, seu contexto histórico e suas pesquisas.

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Caderno de Programação e Resumos – SDH UFU 2018 – Semana de História UFU 2018 – “Não serei historiador de um mundo caduco”: subversão, poder e os papéis da História. 24 a 28 de Setembro de

2018 – Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de História, 2018. www.sdhufu2018.wordpress.com

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