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Departamento de Engenharia Mecânica Área Científica de Mecânica dos Meios Sólidos
Eng. Produção Mecânica; Eng. Mecânica Térmica; Eng. Electromecânica; Eng. Mecânica Automóvel MG, MJC, CP, AS Ano lectivo 2005-2006
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Materiais / Materiais I
Guia para Trabalho Laboratorial
MICROGRAFIA
1. Introdução A metalografia microscópica ou micrografia trata do exame e descrição das características da
estrutura dos materiais à escala microscópica - microestrutura. Assim, o principal objectivo de um
ensaio metalográfico é a evidenciação da microestrutura e a identificação, através do uso do
microscópio óptico metalográfico, dos constituintes presentes e da sua morfologia (forma, tamanho e
distribuição)1. Nomeadamente, a metalografia fornece informações sobre a forma, tamanho e
distribuição dos grãos, presença de defeitos (segregação, fissuras, inclusões não metálicas),
natureza e distribuição de fases secundárias. A análise metalográfica pode ser utilizada no controlo
de qualidade, na previsão das propriedades mecânicas dos materiais, e também, a posteriori, na
explicação do comportamento mecânico de determinado componente2.
A obtenção de amostras adequadas ao estudo da estrutura e constituição dos materiais através de
microscopia implica a preparação da sua superfície, de modo a obter-se uma superfície especular,
plana, sem defeitos e em que a camada subjacente deformada seja a menor possível1,2,3. Com este
objectivo, as etapas de preparação da superfície são: 1. Amostragem. Consiste na selecção da zona da superfície a examinar e deve ter em conta o
objectivo da observação, ou seja, a amostragem deve ser representativa das características
microestruturais que a motivam. 2. Corte e marcação. As amostras são geralmente recolhidas por corte com discos refrigerados.
Deve evitar-se a introdução de deformações permanentes (por flexão, compressão ou choque) no
material. Por conseguinte, a identificação das amostras (através de gravador, punção ou outras)
deve ser efectuada numa zona afastada da zona a observar. 3. Montagem. Permite o manuseamento cómodo de amostras de pequena dimensão. A
montagem é habitualmente efectuada em resinas, a quente ou a frio. Esta operação só é
necessária no caso de amostras demasiado pequenas para serem manipuladas com comodidade
e segurança. 4. Desbaste. A operação de corte origina elevada rugosidade na superfície das amostras e deforma
plasticamente a sua camada superficial, conduzindo a alterações da microestrutura. A operação
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de desbaste é efectuada em várias etapas, com lixas de granulometria decrescente. Uma vez
que a profundidade da zona de deformação introduzida por cada lixa é directamente proporcional
à granulometria das partículas abrasivas que a constituem, a sequência das etapas de desbaste
resulta na redução gradual da espessura da camada deformada. Em cada etapa de desbaste, a
superfície da amostra é pressionada contra a lixa e movida em vaivém ao longo do seu raio. A
pressão sobre a amostra deve ser cuidadosamente aplicada de forma a não serem introduzidos
empenos e sulcos profundo. O desbaste deve ser efectuado sob água corrente, que arrasta as
partículas que se vão libertando (impedindo-as de danificar a amostra) e funciona como
lubrificante e meio de arrefecimento (evitando alterações na estrutura da amostra resultantes do
aumento de temperatura por atrito)3. Em cada lixa, o desbaste é efectuado segundo uma direcção
perpendicular à da anterior e até que os riscos resultantes dessa operação desapareçam (Fig. 1).
Fig. 1. Rotação da amostra na passagem para lixa de granulometria inferior2. AA:
direcção do desbaste numa etapa. BB: direcção do desbaste na etapa seguinte da
operação.
Na passagem de uma lixa para a seguinte é conveniente lavar a amostra em água corrente para
eliminar grãos de abrasivo que possam ter aderido. O resultado final desta operação deverá ser
uma superfície sem riscos e manchas visíveis a olho nu2.
5. Polimento. Esta operação é efectuada em panos macios (feltro, nylon, seda), sobre os quais é
espalhado um material abrasivo, de granulometria decrescente. Deve ser adicionado um óleo
lubrificante, que reduz o atrito e contribui para a distribuição das partículas de abrasivo no pano.
A operação de polimento consta habitualmente das etapas de polimento fino e polimento
grosseiro1,2. O polimento grosseiro permite a eliminação dos riscos finos resultantes do
desbaste. No final da etapa de polimento fino, a superfície do material deve ser perfeitamente
espelhada e a observação microscópica com uma ampliação de 100x não deve mostrar riscos ou
“caudas de cometa”. A introdução destes defeitos e pode ser evitada rodando a amostra na
direcção contrária à da rotação dos panos (Fig. 2).
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Fig. 2. Manipulação da amostra durante o polimento2.
6. Contrastação por ataque químico. A observação no microscópio da superfície de uma amostra
especular não mostra qualquer detalhe, uma vez que a luz proveniente da fonte de luz incide
perpendicularmente à superfície e é reflectida na mesma direcção (Figura 3). É portanto,
necessário tornar visíveis as características microestruturais do material, de forma a permitir a
sua observação. A contrastação química (ou ataque) é efectuada por um agente químico
escolhido de acordo com a natureza do metal ou liga, de maneira a obter dissolução desigual das
diversas fases, constituintes ou heterogeneidades existentes1. Deste modo, é originado contraste
óptico entre os diferentes constituintes da microestrutura. Em metais e ligas monofásicas a
contrastação resulta de dois mecanismos diferentes: (i) dissolução preferencial dos limites de
grão, conduzindo à formação de um sulco; (ii) variação da velocidade de dissolução com a
orientação do grão. No caso de ligas polifásicas, a contrastação resulta da diferente solubilidade
das fases nos reagentes químicos. Como tal, os metais puros e as ligas monofásicas requerem
tempos de contrastação mais longos e reagentes químicos mais activos para que a sua
microestrutura se revele.
(a) (b)
Fig. 3. Observação microscópica com luz reflectida1. (a) Superfície polida sem contrastação: toda a luz é reflectida na mesma direcção. (b) Superfície contrastada: a luz
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é reflectida em várias direcções, permitindo a observação de pormenores da microestrutura como inclusões e limites de grão.
2. Procedimento Experimental
2.1. Objectivo Preparação metalográfica da superfície de uma amostra de aço CK45. Observação da microestrutura
da amostra por microscopia óptica.
2.2. Material e Equipamento
− Lixas de Carboneto de Silício (SiC) de120, 320, 600, 800 e 1000 mesh.
− Panos de feltro.
− Suspensões abrasivas de diamante (6 e 3µm).
− Solução de Nital a 2%.
− Lixadeira/polideira rotativa.
− Secador.
− Microscópio óptico metalográfico.
2.3. Método Experimental O aço em estudo é fornecido na forma de amostras cilíndricas com dimensões facilmente
manuseáveis, pelo que não são necessárias as etapas de amostragem, corte e montagem. Para a
realização deste trabalho deve ter em conta os manuais de utilização dos equipamentos.
3. Questionário No final deste Trabalho descrever e fazer um desenho esquemático da superfície metálica em estudo.
Responda às seguintes questões:
Quais são os objectivos da análise metalográfica microscópica?
1. Porque é que a operação de desbaste e a operação de polimento são efectuadas por etapas?
2. Qual o objectivo da lavagem da amostra no final de cada etapa de desbaste ou polimento?
3. Porque é que o desbaste não é efectuado a seco?
4. Qual o objectivo da adição de um óleo durante a operação de polimento?
5. Qual o objectivo da lavagem com álcool após o polimento?
6. Qual o objectivo da operação de contrastação?
7. Em que casos é necessário proceder à montagem das amostras?
8. Quais lhe parecem ser os inconvenientes de trabalhar com amostras demasiado grandes?
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9. Observe a microestrutura obtida e imprima-a utilizando o software disponível no laboratório.
10. Identifique os limites de grão e as fases presentes.
11. Determine aproximadamente o tamanho de grão.
12. Determine aproximadamente a percentagem de fases presentes.
4. Bibliografia
1. SEABRA, A. V. – Metalurgia Geral, Vol. III: Metalografia. Lisboa: Laboratório Nacional de
Engenharia Civil, 1995.
2. EL WALIL, S. – Materials Science and Engineering Lab Manual. Boston: PWS Publishing
Company, 1994.
3. FORTES, M. A. [et al.] - Curso de Introdução à Metalografia. Sacavém: Laboratório de Física
e Engenharia Nucleares, 1973.