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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA ROBERTO ALCANTARA GOMES
DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA
VIVIANE DA SILVA CRISTINO CORDEIRO
Mata Atlântica no Livro Didático:
Conhecer para Conservar
RIO DE JANEIRO
2009
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Viviane da Silva Cristino Cordeiro
Mata Atlântica no Livro Didático:
Conhecer para Conservar
Orientadora: Profª. Drª. Marilene de Sá Cadei
Rio de Janeiro
2009
Monografia apresentada ao Departamento de Ensino Ciências e Biologia, do Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, como requisito parcial para obtenção do título de licenciado em Ciências Biológicas.
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CORDEIRO, Viviane da Silva Cristino. MATA ATLÂNTICA NO LIVRO DIDÁTICO: CONHECER
PARA CONSERVAR / Viviane da Silva Cristino Cordeiro. – 2009.
Orientadora: Profª. Drª. Marilene de Sá Cadei Curso de Ciências Biológicas. Monografia de licenciatura
(Graduação) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, IBRAG, 2009.
1. Livro Didático; 2. Mata Atlântica; 3. Vertebrados em Extinção; 4. Ensino Fundamental.
I. CADEI, Marilene de Sá (orientadora). II. Universidade
do Estado do Rio de Janeiro, IBRAG. III. Título.
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VIVIANE DA SILVA CRISTINO CORDEIRO
MATA ATLÂNTICA NO LIVRO DIDÁTICO:
CONHECER PARA CONSERVAR
Monografia apresentada ao Departamento de Ensino Ciências e
Biologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como
requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em
Ciências Biológicas.
Aprovação em: _____/_____/_____
Banca examinadora:
Professor Dr. José Ricardo Mermudes
Professora Dra. Cibele Schwanke
Professor Dra. Marilene de Sá Cadei
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Dedico este trabalho...
Aos meus pais, Rosa e Euzenir, pelo
amor, carinho e dedicação dispensados à mim.
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AGRADECIMENTOS
“A Deus pelo cuidado, proteção e força concedidos durante toda caminhada feita até aqui e pela que ainda irá se seguir”.
“Aos meus pais, Rosa e Euzenir, por todo o amor, carinho, cuidado, conselhos, pelas
oportunidades de estudos, por me apoiarem nas minhas escolhas e pela vontade de me
ver crescer”.
“Aos meus irmãos, Vanessa e Matheus, pelas brincadeiras e momentos de
descontração”.
“Ao meu noivo, Jean, por todo carinho, compreensão, atenção, dedicação e palavras de
ânimo, demonstrados ao longo de minha graduação. Amo-te muito!”
“Aos amigos Clayton, Grazi e Amanda pelo entusiasmo e auxílio, pelas palavras de força e ânimo e principalmente pela amizade de vocês. Vocês tiveram um papel
fundamental para mim!” “Em todo tempo ama o amigo e na angústia nasce um irmão”
“Aos demais amigos de classe, pela vivência nestes últimos quatro anos, pelas alegrias
e tristezas compartilhadas. Sem vocês não teria graça”.
“À querida profª Lúcia Cristina da Costa Aguiar, do CAp-UERJ, pelo auxílio e dicas que
me ajudaram na elaboração deste trabalho”.
“À minha orientadora, Dra. Marilene de Sá Cadei, pela oportunidade, auxílio, paciência
e confiança. Muito obrigada!”
“Aos professores Drs. da Banca examinadora, José Ricardo e Cibele, por terem
atendido prontamente ao convite”.
“À todos, muito obrigada!!!”
Viviane da S. Cristino Cordeiro.
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“Posso todas as coisas naquele que me fortalece”
Bíblia Sagrada. Filipenses 4.13
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RESUMO
O livro didático é um dos materiais pedagógicos utilizados na mediação do conhecimento, tendo assumido um papel importante no processo de ensino e aprendizagem em escolas do Brasil. Ele pode ser decisivo para a qualidade do aprendizado e muitos temas importantes podem ser abordados. Uma abordagem importante que deve ser feita no Livro Didático é a excepcional diversidade biológica do Brasil. Um bioma brasileiro com grande biodiversidade é a Mata Atlântica, porém, com o seu desmatamento, muitas espécies de animais perderam parte ou completamente o seu habitat e correm o risco de extinguir. Deste modo, verifica-se uma urgência em demonstrar à população a necessidade de se conservar a Mata Atlântica. A introdução desta temática no início da vida escolar (no Ensino Fundamental) é muito proveitosa, pois estimularia procedimentos de conservação nos alunos desde os primeiros anos de escolaridade. O objetivo deste trabalho foi verificar se os capítulos que apresentam os biomas brasileiros e a classificação dos animais vertebrados nos livros didáticos de Ciências Naturais para o Ensino Fundamental contribuem para o conhecimento e a conservação de vertebrados da fauna da Mata Atlântica, principalmente aqueles ameaçados de extinção. Para isso, realizou-se uma pesquisa do tipo bibliográfica utilizando-se como objeto de estudo oito livros avaliados e recomendados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2008. Este estudo permitiu observar que apesar das falhas encontradas nos livros didáticos de Ciências Naturais para o Ensino Fundamental, como a não referência dos animais ameaçados, ou uma citação sem atualização, é possível afirmar que os livros didáticos contribuem para o aumento do conhecimento sobre os vertebrados, mas precisam dar mais atenção à fauna da Mata Atlântica, em especial, às medidas e ações que visam à conservação dos vertebrados de Mata Atlântica, principalmente os que estão ameaçados de extinção.
Palavras-chave: Livro Didático; Mata Atlântica; Vertebrados em Extinção; Ensino Fundamental.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Pág.
Figura 1: Mata Atlântica. Floresta da Tijuca, 2008.......................................... 20
Figura 2: Mata Atlântica. Ilha Grande, 2006................................................... 20
Figura 3: Mico-leão-dourado da Fundação RIOZOO, 2009............................ 24
Figura 4: Gavião-pomba da Fundação RIOZOO, 2009.................................. 26
Figura 5: Onça-pintada da Fundação RIOZOO, 2009.................................... 27
Figura 6: Anta da Fundação RIOZOO, 2009.................................................. 28
Figura 7: Jacutinga da Fundação RIOZOO, 2009.......................................... 30
Figura 8: Macaco-prego-do-peito-amarelo da Fundação RIOZOO, 2009...... 33
Figura 9: Livro Projeto Araribá – 6ª Série........................................................ 38
Figura 10: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007)................. 38
Figura 11: Livro Ciência e Interação – 6ª Série.............................................. 39
Figura 12: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007)................. 39
Figura 13: Livro Investigando a Natureza – 6ª Série...................................... 40
Figura 14: Livro Investigando a Natureza – 8ª Série...................................... 41
Figura 15: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007)................. 41
Figura 16: Livro Construindo Consciências – 6ª Série.................................... 42
Figura 17: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007)................. 42
Figura 18: Livro Ciência Novo Pensar – 6ª Série............................................ 43
Figura 19: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007)................. 43
Figura 20: Livro Ciências: O meio ambiente – 5ª Série.................................. 44
Figura 21: Livro Ciências: O meio ambiente – 6ª Série.................................. 45
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Figura 22: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007)................. 45
Figura 23: Papagaio-cara-roxa (Amazona brasiliensis).................................. 54
Figura 24: Sagui-da-serra (Callithrix flaviceps) e preguiça-de-coleira
(Bradypus torquatus).......................................................................................
55
Figura 25: Animais traficados da Mata Atlântica............................................. 56
Figura 26: Perfil do relevo da Mata Atlântica.................................................. 57
Figura 27: Animais da Mata Atlântica............................................................. 58
Figura 28: Lagartixa-da-areia (Liolaemus lutzae)........................................... 59
Figura 29: Tico-tico (Coryphaspiza melanotis) e Tiê-sangue (Ramphocelus
bresilius)..........................................................................................................
59
Figura 30: Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia).................................. 60
Figura 31: Cutia (Dasyprocta azarae) e Gavião-pega-macaco (Spizaetus
tyrannus).........................................................................................................
60
Figura 32: Jaguatirica (Leopardus pardalis) e Gato-macarajá (Leopardus
wiedii)..............................................................................................................
61
Figura 33: Notas de dinheiro e animais ameaçados....................................... 62
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LISTA DE ABREVIATURAS
CNLD = Comissão Nacional do Livro Didático
CR = Criticamente em Perigo
DD = Deficiente em Dados
EMBRAPA = Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EN = Em Perigo
EX = Espécie Extinta
FNDE = Fundo Nacional Desenvolvimento Escolar
IBAMA = Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IEF = Fundação Instituto Estadual de Florestas
LC = Não ameaçada
LD = Livro Didático
MEC = Ministério da Educação e Cultura
MMA = Ministério do Meio Ambiente
NT = Quase Ameaçada
OMS = Organização Mundial de Saúde
PCN = Parâmetros Curriculares Nacionais
PNLD = Plano Nacional do Livro Didático
RJ = Rio de Janeiro
USP = Universidade de São Paulo
VU = Vulnerável
WWF = World Wildlife Fund
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SUMÁRIO
Pág.
INTRODUÇÃO......................................................................................................... 12
1. LIVRO DIDÁTICO.............................................................................................. 16
1.1 – Breve Histórico................................................................................... 16
1.2 – Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)................................. 16
1.3 – Livro Didático no Ensino de Ciências.............................................. 17
2. MATA ATLÂNTICA............................................................................................ 20
2.1 – Características.................................................................................... 20
2.2 – Vertebrados da Mata Atlântica.......................................................... 26
2.3 – Por que Conservar?........................................................................... 35
3. VERTEBRADOS DA MATA ATLÂNTICA NO LIVRO DIDÁTICO.................... 37
3.1. Informações sobre os Vertebrados da Mata Atlântica...................... 46
3.2. Uso de Terminologia Científica........................................................... 53
3.3. Ilustrações............................................................................................. 54
3.4. Ocorrência de Visão Antropocêntrica................................................ 63
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 65
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 67
ANEXOS.................................................................................................................. 73
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12
INTRODUÇÃO
A criança não é cidadã do futuro, mas já é cidadã hoje, e, nesse sentido, conhecer ciência é ampliar a sua possibilidade presente de participação social e viabilizar sua capacidade plena de participação social no futuro. (SERAFIM, 200-).
A inclusão do Ensino de Ciências Naturais no Ensino Fundamental é
relativamente recente, tendo início após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação de 1961. Essa lei estendeu a obrigatoriedade do ensino da disciplina a todas
as séries ginasiais (do 6º ao 9º anos atuais), mas foi a partir de 1971, com nova versão
da Lei nº 5.692, que o Ensino de Ciências passou a ter caráter obrigatório nas séries do
Ensino Fundamental (BRASIL, 1998).
Segundo Quesado e Martins (2003), é durante a Educação Básica, no Ensino
Fundamental, o momento apropriado da escolarização em que se introduzem
formalmente os alunos no contexto científico, proporcionando uma grande oportunidade
de apropriação e resignificação de conhecimentos em e sobre ciências.
Esta inserção dos alunos nos discursos científicos nas séries iniciais é muito
importante para que eles reconheçam até onde suas necessidades podem ser supridas
pelo ambiente com o qual se relacionam. Isso é necessário, pois o ser humano
necessita dos recursos que existem no meio ambiente, como alimentos para obter
energia, água para saciar sua sede, de espaços/ambientes saudáveis para assegurar a
qualidade de vida e o bem-estar das pessoas, entre outros, sendo cada ponto
importante para a vivência do ser humano (BRASIL, 1998).
Entretanto, pela falta de conhecimento e de sensibilização para o cuidado com o
meio ambiente, o homem tem causado danos à natureza, como por exemplo, a
poluição de rios, o desmatamento de grandes florestas, a poluição do ar com a emissão
de gases tóxicos, as alterações nas camadas de ozônio, a produção de chuva ácida
etc. Essas ações dos seres humanos têm trazido, inclusive para si próprio, sérios
prejuízos, como os citados anteriormente.
Com esta visão antropocêntrica, o homem apropriou-se da natureza causando
uma crise ambiental que coloca em risco a vida de muitos seres vivos e, inclusive, a
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própria vida (MORALES e CORTESÃO, 2000), não se preocupando com o meio
ambiente e com o que poderia acontecer no futuro com o planeta Terra.
Sendo assim, é essencial que o Ensino de Ciências Naturais vá além da
descrição de suas teorias e experiências e passe a se preocupar com as questões
ambientais locais e globais. Ao mesmo tempo, deve refletir sobre seus aspectos éticos
e culturais, pois esta é uma área em que se pode reconstruir a relação ser humano-
natureza, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência social e planetária
(BRASIL, 1998).
Um ensino diferenciado, no qual desde cedo os alunos seriam sensibilizados a
cuidar da natureza, não apenas em palavras e propostas, mas também em atitudes,
pode contribuir para mudar o que se observa nos dias de hoje. Existem diversas formas
dessa sensibilização e desse conhecimento chegar até os alunos, como, por exemplo,
os materiais pedagógicos utilizados por professores e alunos. Estes materiais são
mediadores decisivos da cultura das escolas, e nestes está demonstrada a cultura real
do que se aprende (SACRISTÁN, 1999).
O livro didático é um desses materiais pedagógicos utilizados na mediação do
conhecimento, e atualmente tem assumido um papel importante no processo de ensino
e aprendizagem em escolas do Brasil. Devido à precariedade na situação educacional
do país, o livro didático tem ditado conteúdos e condicionado estratégias de ensino,
marcando, de forma decisiva, o que se ensina e como se ensina. Embora não seja o
único material de que professores e alunos irão utilizar no processo de ensino e
aprendizagem, ele pode ser decisivo para a qualidade do aprendizado resultante das
atividades escolares (NÚÑEZ et al., 2006; LAJOLO, 1996).
Uma vez que se conhece este poder de uso do livro didático, várias questões
podem ser trabalhadas com a sua utilização. Temas importantes que geram
curiosidades e dúvidas podem ser abordados e pontuados nele, de forma a esclarecer
o assunto, tratando-o de forma mais clara e explicada para a compreensão. Um tema
de grande relevância a ser tratado através do livro didático é a conservação do
ambiente natural.
A questão do cuidado com o meio ambiente tem levantado muitas discussões e
gerado muitos trabalhos de âmbito nacional para a sua melhoria, já que o ambiente
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está intimamente relacionado à saúde humana (BRASIL, 2007c). Esta perspectiva de
cuidado com meio ambiente pode ser apresentada para os alunos utilizando-se o livro
didático, a fim de maior esclarecimento e aproximação deles a este tema, assim como a
questão da preservação do patrimônio nacional, das riquezas tanto minerais quanto
culturais e biológicas do país.
Neste foco, uma das riquezas excepcionais do Brasil que pode ser tratada neste
ensino é a diversidade biológica, encontrada nos biomas ao longo de todo Brasil. Um
magnífico bioma brasileiro é a Mata Atlântica. Ela é uma floresta tropical que se estende
desde o Rio Grande do Norte até o sul do Brasil em montanhas e planícies litorâneas,
representando um dos biomas terrestres mais biodiversos do planeta e, ao mesmo
tempo, um dos mais ameaçados pela ação antrópica (MITTERMEIER et al.,1999 apud
FRANKE et al, 2005).
Com o desmatamento da Mata Atlântica, muitas espécies de animais perderam
parte ou completamente o seu habitat e correm o risco de extinguir. Espécies da fauna
e da flora utilizadas por estes animais como alimento, moradia e/ou esconderijo,
também estariam sujeitos à extinção. Por exemplo, espécies de plantas teriam sua
reprodução comprometida devido a sua não polinização pelos animais específicos,
comprometendo as demais espécies de seres vivos com as quais ela estabelece
relação.
Outro exemplo de interação entre animais e plantas, que poderia ser
desestabilizado, é o que ocorre entre o mico-leão-dourado e determinadas espécies
vegetais. Este pequeno primata é um importante dispersor de sementes, pois se
alimenta destas, engolindo-as sem mastigar, carregando para outro lugar onde a
semente será eliminada e poderá germinar (LAPENTA, 2009).
Segundo uma entrevista à TV Cultura com a bióloga Marina Lapenta, da USP,
que trabalha com dispersão de sementes e micos há oito e doze anos,
respectivamente, o mico-leão-dourado é considerado o melhor dispersor de sementes.
Ele é mais eficaz que roedores, morcegos e outros animais que também se alimentam
de sementes, porém o mico-leão-dourado come o fruto e engole a semente inteira, que
sai nas fezes de forma intacta (LAPENTA, 2009). No entanto, hoje ele é considerado
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como uma das espécies da Mata Atlântica ameaçada de extinção, devido,
principalmente, ao tráfico de animais e ao desmatamento.
Outros animais, como a anta (Tapirus terrestris), que já esteve ameaçada de
extinção, também é considerada um excelente dispersor das sementes de plantas
como da guabiroba, do araçá, do coquinho jerivá, do palmito, entre outras. Estes
animais, assim como outros, possuem grande importância para a subsistência da Mata
Atlântica, e hoje correm risco de extinção pelo desmatamento, realizado para produção
de móveis, artesanato ou construções, de forma que esses animais podem ficar sem
alimentos e abrigo. Também o tráfico dos animais (para domesticação, venda ou estudo
em lugares fora do Brasil) tem sido um importante fator para colocar sob ameaça de
extinção muitas espécies de animais.
Verifica-se então uma urgência em demonstrar à população a necessidade de se
conservar a Mata Atlântica. A introdução desta temática no início da vida escolar (no
Ensino Fundamental) seria muito proveitosa, pois estimularia procedimentos de
conservação nos alunos desde os primeiros anos de escolaridade. Além disso, toda a
comunidade escolar, assim como toda a comunidade em geral seriam envolvidas neste
contexto, uma vez que os alunos se tornam multiplicadores do saber e adquirem novas
posturas perante o ambiente em que vivem, transformando suas ações de modo
responsável.
Diante do exposto, o objetivo central deste trabalho foi verificar se os capítulos
que apresentam os biomas brasileiros e a classificação dos animais vertebrados nos
livros didáticos de Ciências Naturais para o Ensino Fundamental contribuem para o
conhecimento e a conservação de vertebrados da fauna da Mata Atlântica,
principalmente aqueles ameaçados de extinção. Para isso, realizou-se uma pesquisa
do tipo bibliográfica utilizando-se como objeto de estudo oito livros avaliados e
recomendados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2008.
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5. LIVRO DIDÁTICO
5.1 – Breve Histórico
No Brasil, o livro didático passou a ter uma atenção, em nível oficial, a partir da
Legislação do Livro Didático, criada em 1938 pelo Decreto-Lei 1006 (FRANCO, 1992).
Nesta época, já se considerava o livro didático como uma “ferramenta da educação
política e ideológica” (NÚÑEZ et al, 2006). Com base na regulamentação legal em que
o Estado era quem censurava e criticava o livro, os professores escolhiam os livros a
partir de uma lista pré-determinada pela Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD)
que examinava e julgava os livros didáticos, tendo um controle político-ideológico ao
invés de ter uma função didática (ALMEIDA, 2007).
A questão do livro didático é regulamentada legitimamente pelo Decreto 91 54/85
que propõe o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) (SANDRIN et al., 2005), e
que também determina uma contínua avaliação dos livros. Hoje, o processo que
organiza e regula o PNLD é a Resolução/CD/FNDE nº 603, de 21 de Fevereiro de 2001
(NÚÑEZ et al, 2006).
Para uma melhor qualidade dos livros didáticos foram formados vários grupos
para sua avaliação pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). Porém este processo
tem sido lento e, conforme Núñez et al. (2006), tem encontrado divergências entre os
interesses das editoras e as orientações para se trabalhar o Ensino de Ciências. Outro
fator que interfere na adequada avaliação é o limitado preparo dos professores que
participam nos processos de seleção dos livros. Geralmente são especialistas em
apenas uma área de Ciências, permitindo uma deficiência nas demais áreas.
5.2 – Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)
Atualmente estes programas de avaliação de livros didáticos, como o PNLD,
existem tanto para o Ensino Médio como para o Ensino Fundamental, onde são
observados vários aspectos, como: proposta pedagógica; conhecimentos e conceitos;
pesquisa, experimentação e prática; cidadania e ética; ilustrações, diagramas e figuras;
e manual do professor.
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Estes programas trazem um guia de auxílio ao professor no momento da escolha
do LD. O guia aponta os aspectos significativos de cada coleção de LD, buscando
orientar o professor quanto à escolha de uma ou outra obra. Ele também ressalta a
importância de se ter em vista a proposta pedagógica da escola, no qual o LD escolhido
deverá ser o que melhor se encaixa na realidade daquela comunidade escolar
(BRASIL, 2007a).
O PNLD não se resume apenas em descrever os tópicos encontrados nos livros
avaliados, mas ressalta outros pontos importantes para o professor na hora da escolha
do livro didático. Ele lembra ao professor que este processo de escolha é sua
responsabilidade e que este livro selecionado o acompanhará por três anos seguidos,
portanto esta escolha deve ser realizada por um conjunto de professores, de forma
reflexiva e consciente.
O PNLD traz dicas de como utilizar o livro, no qual o professor deve saber criticá-
lo e interpretá-lo. Demonstra também a importância da leitura dos alunos, pois eles
terão contato com palavras diferentes do seu dia-a-dia no livro e do cuidado com o qual
o livro deve ser manuseado para sua conservação (BRASIL, 2007a).
Conforme o PNLD – Ciências (BRASIL, 2007b), a educação em Ciências não
deve ser um mero armazenamento do conhecimento científico, mas sim uma
compreensão da natureza da ciência, sua essência, seu funcionamento. Em Ciências,
recomenda-se uma interação entre o contexto social do aluno e o seu dia-a-dia e as
descobertas científicas, que são geradas a partir da curiosidade humana ou mesmo na
tentativa de solução de problemas. O livro didático, assim como o professor, são
instrumentos que irão desafiar o aluno, levantando questões ou criando uma
problemática que permita ao aluno aguçar sua criatividade e curiosidade, auxiliando no
desenvolvimento de indivíduos críticos e pensantes.
5.3 – Livro Didático no Ensino de Ciências
O livro didático tem um papel informativo, de auxílio em sala de aula e referência
bibliográfica, pois é um recurso acessível tanto para o aluno como para o professor. Ele
muitas vezes é o único recurso utilizado na elaboração da aula e da prática educativa.
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Em uma entrevista feita pelo PNLD (2008) aos professores, foi registrado o
seguinte depoimento de um professor: “as imagens do livro didático são importantes
nas aulas de ciências uma vez que a maioria das escolas não dispõe de retroprojetor,
projetor de slides, multimídia e as cópias de xérox são racionadas” (BRASIL, 2007a. p.
10 e 11).
Apesar de todo avanço tecnológico, o livro didático ainda continua sendo a
ferramenta mais utilizada em sala de aula (CARNEIRO; SANTOS e MÓL, 2005). Em
certos momentos o livro didático pode apresentar novos temas ao professor uma vez
que, teoricamente, há uma atualização a cada triênio.
Essa atualização é muito importante, pois se tratando de Ciências no qual a
tecnologia está sempre inovando, o livro deve acompanhar as novas descobertas e
assim o professor pode vir a se guiar por ele. Mesmo assim, é importante ressaltar que
o professor não deve ficar apenas com o que o livro apresenta, mas sim buscar outras
fontes. O livro funcionaria, neste caso, mais como um referencial. O professor se
aprofundaria nas novas descobertas, buscando outras bibliografias, como livros
especializados e artigos científicos. Portanto, na prática de sala-de-aula, com um
professor atualizado e que saiba utilizar o livro didático, este recurso didático pode
aproximar o aluno da realidade de hoje.
Atualmente, a sociedade está sendo muito influenciada pela tecnologia e pelos
novos conhecimentos científicos que são noticiados a todo o momento, por isso, a
abordagem desses temas deve ser realizada em sala de aula. Como apoio para a
abordagem e a pesquisa destes novos temas, o professor tem o livro didático.
No entanto, muitas vezes o livro não chega a acompanhar as mudanças
tecnológicas e científicas, podendo conter capítulos desatualizados (LAJOLO, 1996).
Nesta situação, os professores necessitam buscar por si mesmos a sua atualização.
Apesar de ocorrer uma atualização a cada triênio, os livros didáticos apresentam
dificuldades em acompanhar o avanço da tecnologia. Além disso, muitos livros não têm
a preocupação de aproximar o aluno da realidade, buscando interesses próprios (da
editora) e não os conhecimentos necessários para a formação do estudante. Por isso é
tão importante que o professor escolha o livro que vai utilizar privilegiando o que se
aproxima mais da realidade do aluno (BRASIL, 2007a).
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O livro didático também contribui com a organização curricular (GAYÁN e
GARCIA, 1997). É um importante objeto para o ensino e fundamental para a formação
dos “futuros cidadãos”.
Aproveitando que as Ciências Naturais tem se destacado como um componente
importante da educação básica (BRASIL, 2007a), pesquisas e questões como ética,
novas descobertas, conservação de espécies, biodiversidade, tecnologias, entre muitos
outros temas que geram curiosidade, podem ser trabalhados em sala de aula, tendo
como suporte o livro didático.
Neste caso, evidencia-se a importância da abordagem de temas sobre meio
ambiente nos livros didáticos, principalmente no que se refere aos cuidados com o meio
ambiente natural e a conservação da diversidade biológica brasileira, como por
exemplo, a fauna da Mata Atlântica, onde há uma grande diversidade de espécies,
sendo que muitos animais não são encontrados em outros ecossistemas (SOS MATA
ATLÂNTICA, 2008).
O livro didático pode oferecer informações sobre vertebrados e o ambiente em
que eles vivem, aproximando o aluno desta realidade. No caso do Ensino Fundamental
esta abordagem é importante, pois é durante a infância que ocorrem a construção de
valores e conceitos, pois as crianças estão em processo de formação da identidade.
Portanto, o livro didático pode contribuir com esta formação, influenciando na
transformação dos conhecimentos e das ações dos educandos em relação aos
vertebrados da Mata Atlântica.
Embora seja de conhecimento dos professores, vale ressaltar que, o LD é
apenas um instrumento para auxiliar o professor em sala de aula, não sendo um
material livre de erros. Portanto, uma atualização do professor deve ser feita além do
LD e, caso determinado assunto não esteja bem definido e explicado no livro
(justamente pela deficiência que pode ocorrer devido à especialização do autor daquele
livro e/ou coleção), o professor poderá ainda recorrer à livros paradidáticos específicos
do tema que o professor esteja trabalhando no momento, pois estes fazem uma
abordagem mais profunda.
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6. MATA ATLÂNTICA
2.1- Características
A Mata Atlântica (Figura 1 e 2) é um importante bioma brasileiro, possuindo uma
biodiversidade excepcional em seus ecossistemas. Os ecossistemas do bioma de Mata
Atlântica se dividem em: Formações Florísticas Associadas (Manguezal e Restinga),
Floresta Ombrófila (Densa, Aberta e Mista), Floresta Estacional (Decidual e
Semidecidual) e Campos de Altitude.1
Figura 1: Mata Atlântica. Floresta da Tijuca, 2008. Figura 2: Mata Atlântica. Ilha Grande, 2006.
Arquivo: Viviane da S. Cristino Cordeiro. Arquivo: Viviane da S. Cristino Cordeiro.
Esta grande variação vegetal deve-se ao fato de que a Mata Atlântica
originalmente percorria todo o litoral brasileiro. Estendia-se do Rio Grande do Norte ao
Rio Grande do Sul, ocupando uma área de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, sendo
a segunda maior floresta tropical úmida do Brasil (MARTINS, RÓZ e MACHADO, 2007).
Colocando em dados percentuais, esta extensão totalizava 15% do território brasileiro,
1 Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/ecossistemas/ecossistemasMata_atlantica.htm>. Acesso em:
19 ago. 2009.
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porém hoje está reduzida em aproximadamente 7% do que era antes (MORALES e
CORTESÃO, 2000).
Este bioma é considerado como o mais alterado bioma do Brasil e segundo o
Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2007), mais da metade (cerca de 60%) dos táxons
das espécies ameaçadas no Brasil se encontram neste bioma (MACHADO,
DRUMMOND e PAGLIA, 2008).
Atualmente, restam cerca de 7,3% de sua cobertura florestal original, tendo sido inclusive identificada como a quinta área mais ameaçada e rica em espécies endêmicas do mundo. Na Mata Atlântica existem 1.361 espécies da fauna brasileira, com 261 espécies de mamíferos, 620 de aves, 200 de répteis e 280 de anfíbios, sendo que 567 espécies só ocorrem nesse bioma. Possui, ainda, cerca de 20 mil espécies de plantas vasculares, das quais 8 mil delas também só ocorrem neste bioma. Várias espécies da fauna são bem conhecidas pela população, tais como mico-leões e muriquis, espécies de primatas dos gêneros Leontopithecus e Brachyteles, respectivamente (IBAMA, 2008).
O clima da Mata Atlântica é equatorial ao norte e quente temperado sempre
úmido ao sul. Sua temperatura média é elevada ao longo de todo ano e não apenas no
verão como em determinadas regiões. Este bioma possui uma alta pluviosidade devido
à barreira que a serra constitui para os ventos que sopram do mar. Seu solo é pobre e
com uma topografia bem irregular. No interior da mata a incidência de luz é reduzida
devido à densidade da vegetação, que caracteriza a mata fechada (MARTINS, RÓZ e
MACHADO, 2007).
Este bioma apresenta uma coleção de características especiais e formações
florestais, estendendo-se em faixas litorâneas, florestas de baixada, matas interioranas
e campos de altitude. Nessas regiões encontra-se 62% da população brasileira, sendo
aproximadamente 110 milhões de pessoas e, devido a este grande número, prova-se
que a maior ameaça ao equilíbrio da biodiversidade da Mata Atlântica é a ação
humana, com a pressão da sua ocupação e dos impactos causados pela sua atividade
(SOS MATA ATLÂNTICA, 2008).
Segundo os autores do “Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de
Extinção” (2008), o Brasil é o quinto maior país do mundo, possuidor de seis grandes
biomas terrestres, competindo assim com a Indonésia pelo primeiro lugar, em
biodiversidade, entre as nações do mundo. Diversidade esta na qual se estima a
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existência de aproximadamente 1,8 milhões de espécies, porém não se conhece nem
10% dessas espécies, pois ainda há muitas espécies desconhecidas pelo homem.
Esse número estimado de espécies deve-se ao fato de que em apenas 17 anos
foram descritas, no Brasil, 7.320 espécies de animais metazoários 2 . Não só este
exemplo, mas também outro no qual em apenas dois anos de estudos nos
remanescentes florestais de Mata Atlântica no sul da Bahia, pesquisadores descobriram
14 novas espécies de anfíbios (SILVANO e PIMENTA, 2003 apud PAGLIA; FONSECA;
SILVA, 2008).
Em outro estudo, num espaço de aproximadamente dez anos, 18 novas espécies
de mamíferos foram descritas, e este valor corresponde a aproximadamente 3,5% das
espécies de mamíferos conhecidas no Brasil. Em distinto estudo, entre os anos de 1990
e 2004, foram descritas 19 novas espécies de aves (MARINI e GARCIA, 2005 apud
PAGLIA; FONSECA e SILVA, 2008).
Uma parte considerável dessa diversidade encontra-se ameaçada de extinção,
tanto da já conhecida como a ainda desconhecida. Esta ameaça não está distribuída de
forma homogênea no território brasileiro. A partir dos estudos feitos para a formulação
do Livro Vermelho, se observou dois hotspots3 de áreas ameaçadas, a Mata Atlântica e
o Cerrado, que são locais que respondem por mais de 72% das espécies da lista feita
por este estudo, sendo um total de 458 táxons (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA,
2008).
Devido ao alto grau de endemismo, que é quando uma espécie é encontrada
apenas em uma determinada região, a acentuada devastação e a fragmentação
florestal na Mata Atlântica fazem com que ela apresente os mais elevados índices de
espécies ameaçadas sendo mais de 60% das espécies citadas na lista com a sua
distribuição nesse bioma. Em relação aos vertebrados terrestres, “considerando os
números de riqueza e endemismo na Mata Atlântica [...], afirma-se que cerca de 8,5%
das espécies deste bioma, e uma em cada quatro espécies endêmicas a ele, estão
2 Diz-se animais metazoários os organismos animais constituídos por muitas células, ou seja, pluricelulares. 3 Hotspots é uma expressão usada para se referir a lugares com grande riqueza biológica e mais ameaçados da Terra.
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ameaçadas de extinção” (PAGLIA, FONSECA e SILVA. In: MACHADO, DRUMMOND e
PAGLIA, 2008, p. 67).
Dentro dos biomas do Brasil, a Mata Atlântica e a Caatinga são os dois biomas
que apresentam a maior proporção de espécies que são consideradas como as que
estão “criticamente em perigo de extinção”, sendo mais de 22% quando comparadas
aos outros biomas. Enquanto que o Pantanal e o Cerrado são os biomas que possuem
maior número de espécies em situação considerada como “vulnerável” (PAGLIA,
FONSECA e SILVA. In: MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).
Diante do que foi demonstrado, não há dúvidas de que a Mata Atlântica é o
bioma brasileiro que mais sofreu modificações desde a época do Brasil colonial, tendo
efeitos irreversíveis sobre a sua biodiversidade. Um fator intrigante é que locais em que
ocorrem fragmentos desse tipo de bioma também coincidem com os locais de maior
concentração do conhecimento científico do país. Portanto, faz-se necessária a criação
e estruturação de centros difusores de conhecimento, distribuídos de maneira mais
uniforme nas demais regiões brasileiras, onde se alocam estes fragmentos
(MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).
Algumas espécies que estão ameaçadas de extinção só sobreviverão por meio
de intervenções, pois se forem deixadas na situação que estão encontradas hoje, elas
podem vir a desaparecer em um curto espaço de tempo. Além destas espécies, há uma
parte de espécies desconhecidas pela Ciência, que podem estar sendo perdidas sem
que se tome consciência de tal fato e que sejam conhecidas (PAGLIA, FONSECA e
SILVA. In: MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).
Segundo o Instituto Estadual de Florestas (IEF), “O Estado do Rio de Janeiro se
insere integralmente no bioma da Mata Atlântica”. Porém, desde o início da colonização
até os dias de hoje, a Mata Atlântica só tem diminuído a sua área total no estado do Rio
de Janeiro. Isso se deve ao desmatamento realizado para formação de lavouras de
cana-de-açúcar (em torno do litoral carioca) e posteriormente para lavoura cafeeira,
entre os séculos XVI e XVIII. Com o declínio do café pelo empobrecimento do solo e
com a libertação dos escravos, essas áreas passaram a ser utilizadas para pastagens
com a criação de gado. Com o passar do tempo, a população foi aumentando devido a
expansão das áreas de pecuária e pelo crescimento industrial, elevando-se também o
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desmatamento para ceder espaço para a urbanização, com a construção de casas e
para obtenção de material lenhoso, principalmente para fins energéticos.
Quanto mais cresciam as técnicas de trabalho no campo, as indústrias e a
urbanização, mais diminuíam as áreas de Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro,
devido ao desmatamento e às queimadas. Com a redução da Mata, espécies de
animais e vegetais foram extintos ou carregam até hoje a ameaça de extinção. Esses
fatores foram os responsáveis pelo que se observa hoje com relação à destruição da
Mata Atlântica (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).
Com o desmatamento, não só a flora fica ameaçada, mas também a fauna. Uma
das espécies de fauna encontradas em fragmentos de Mata Atlântica no Estado do Rio
de Janeiro é o mico-leão dourado (Figura 3), sendo ele uma das espécies mais
ameaçadas do mundo. Como plano para evitar sua extinção urge-se garantir habitat
suficiente para abrigar uma população de 2000 animais até o ano 2025 (MACHADO,
DRUMMOND e PAGLIA, 2008). Outra espécie encontrada no Estado do RJ que corre
grande risco de extinção é o mono-carvoeiro, o maior macaco do Brasil, proveniente da
Mata Atlântica. Restam poucos “exemplares” na mata atualmente. Outras espécies
também correm sérios riscos, podendo já estar em processo de extinção, que é quando
há ainda seres vivos de determinada espécies, porém eles não são capazes de se
reproduzir de forma a restabelecer a espécie.
Figura 3: Mico-leão-dourado da Fundação RIOZOO, 2009.
Arquivo: Fundação RIOZOO.
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Florestas tropicais como a Mata Atlântica, possuem uma fauna diversificada, e
como fonte de alimentação de alguns animais existem o néctar, o pólen, óleos e outros
recursos florais onde, a maioria das plantas possuem flores adaptadas à polinização
por animais, como aves, insetos e muitos mamíferos.
Os animais polinizadores são muito importantes na dispersão direcional de
pólen, sendo muito eficientes para a polinização de algumas plantas. A característica de
mata fechada em diversos pontos da Mata Atlântica cria barreiras físicas que impedem
o vento, outro agente polinizador, de levar o pólen para longe da sua planta mãe, não
sendo tão eficaz como um animal seria (ARCHIBOLD apud RAMALHO e BATISTA In:
FRANKE et al, 2005).
Assim como os animais são importantes para as plantas, estas plantas são
importantes para a alimentação de muitos animais e, para outros, serve como moradia
e abrigo. Por isso, quando se fala sobre a problemática que o desmatamento causa,
não são apenas as árvores e plantas que são as prejudicadas, mas sim os animais que
as utilizam.
2.2 – Vertebrados da Mata Atlântica.
De modo geral, mesmo sendo um grupo menos diverso, o conhecimento sobre
os vertebrados é proporcionalmente maior do que o conhecimento que se tem acerca
dos invertebrados. Deste modo, existe um maior conjunto de dados sobre os
vertebrados, permitindo uma avaliação de maior qualidade, podendo-se observar que
este possui mais da metade dos animais conhecidos em perigo de extinção
(MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).
Vários vertebrados encontrados no ambiente de Mata Atlântica são também
encontrados em outro bioma, principalmente em regiões de transição de biomas.
Entretanto, segundo o SOS Mata Atlântica (2008) “das 1.711 espécies de vertebrados
que vivem ali, 700 são endêmicas, sendo 55 espécies de mamíferos, 188 de aves, 60
de répteis, 90 de anfíbios e 133 de peixes”. Essa diferença que ocorre entre os valores
dos animais encontrados na Mata Atlântica deve-se ao fato de que existem diferentes
pesquisas sendo realizadas simultaneamente por diferentes grupos, e os números dos
animais estão sempre sendo alterados.
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Recentes descobertas foram feitas neste bioma, e foram descritas novas
espécies de animais, como é o caso da rã-de-alcatrazes e a rã-cachoeira, os pássaros
tapaculo-ferrerinho e bicudinho-do-brejo, os peixes listrura-boticário e o moenkhausia-
bonita, e um novo primata, o mico-leão-da-cara-preta, entre outros (SOS MATA
ATLÂNTICA, 2008).
Além destes animais recentemente descritos, existem aqueles que são
conhecidos como “cartão postal” da Mata Atlântica, que é o caso do mico-leão-dourado
(Leontopithecus rosalia) que como o nome popular já diz, apresenta uma bela pelagem
amarelo-dourada. O pássaro tiê-sangue (Ramphocelus bresilius) possui parte do corpo
coberto por uma plumagem vermelho-sangue e este também é encontrado na Mata
Atlântica, sendo bem representado. Outros exemplos de aves conhecidas que se
encontram na mata são, o papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis); a arara-azul-
pequena (Anodorhynchus glaucus); tucanos-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus);
harpias ou também conhecido como gavião real (Harpya harpya); o gavião-pomba
(Leucopternis lacernulata) (Figura 4) e o pica-pau-cara-amarela (Dryocopus galeatus).
Os macucos (Tinamus solitarius) também são aves típicas da Mata Atlântica.
Figura 4: Gavião-pomba da Fundação RIOZOO, 2009.
Arquivo: Viviane da S. Cristino Cordeiro.
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Como exemplo de mamíferos encontrados na Mata Atlântica tem-se a onça-
parda (Puma concolor); o saguí-da-cara-branca (Callithrix geoffroyi) além de outros
saguis; micos-leões; paca (Cuniculus paca); a onça-pintada (Panthera onça) (Figura 5);
vários tipos de tatus, como o tatu-canastra (Priodontes maximus); marsupiais, como o
gambá (Didelphis aurita) e a cuíca-d’água (Chironectes minimus); tamanduá-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla), ocorrendo também na mata os tamanduás-mirins
(Tamandua tetradactyla); lontra (Lutra longicaudis); antas (Tapirus terrestris) (Figura 6);
veados, como o veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus); quatis, como o quati-de-
cauda-anelada (Nasua nasua); vários morcegos. O muriqui (Brachyteles arachnoides)
também conhecido como mono-carvoeiro, é a maior forma encontrada de macaco
tropical. Outros exemplos ainda são observados, como o sauí-preto (Leontopithecus
chrysopygus), que é o mais raro dos símios brasileiros; os sauás (Callicebus
personatus); os macacos-prego (Cebus nigritus) e o guariba (Alouatta seniculus),
também conhecido como bugio e, que está sendo extinto (PROJETO CURUCUTU, 200-
; WWF, 2009; AMBIENTE BRASIL, 2009; EMBRAPA, 2009).
Figura 5: Onça-pintada da Fundação RIOZOO, 2009.
Arquivo: Viviane da S. Cristino Cordeiro.
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Figura 6: Anta da Fundação RIOZOO, 2009.
Arquivo: Viviane da S. Cristino Cordeiro.
Dos canídeos, o cachorro-do-mato (Speothos venaticus) é um dos predadores
mais comum, juntamente com os furões (Mustela putorius), a irara (Eira bárbara), o
cangambá (Mephitis mephitis). Felinos, como gatos-do-mato (Leopardus tigrinus) que
se alimentam de animais como o tapiti (Sylvilagus brasiliensis).
Outros animais observados são os ratos-do-mato (Kunsia fronto), caxinguelês
(Sciurus aestuans), cutia (Dasyprocta azarae), ouriço-cacheiro (Coendou villosus) e o
raro ouriço-preto (Chaetomys subspinosus) endêmico da Mata Atlântica. Também se
encontram preguiças, com destaque a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) que
atualmente está representada de forma insuficiente na natureza e, ameaçada de
extinção (WWF, 2009; MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).
Como representante dos anfíbios tem-se a perereca (Hypsiboas cymbalum), no
qual ainda se sabe pouco sobre esta espécie. Outra perereca é a perereca-de-
alcatrazes (Scinax alcatraz) conhecida da Mata Atlântica. Rãs e principalmente sapos
são grupos muito diversos encontrados na Mata Atlântica (MACHADO, DRUMMOND e
PAGLIA, 2008).
Dos animais encontrados na Mata Atlântica, muitos sofrem uma forte pressão
ambiental com relação à ação antrópica. Pegando como exemplo os anfíbios, os locais
de desova utilizados por este animal para sua procriação, que são geralmente áreas
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alagadiças e brejos, são muitas vezes utilizados como sumidouros ou então drenados e
aterrados para construção de casas, prédios entre outros.
Esses animais possuem um importante papel na natureza, mantendo o seu
equilíbrio, com relação aos insetos e outros invertebrados e eles também servem como
alimento para outros animais como répteis, aves e mamíferos. A redução do habitat de
um animal altera significativamente sua vida. Em pouco tempo, pode-se ocorrer à
extinção deste animal, principalmente se esta pressão continuar cada vez maior (SOS
MATA ATLÂNTICA, 2008).
Em relação às aves brasileiras, segundo a lista de animais ameaçados, quatro
aves já foram extintas na natureza. Esta afirmação se deve ao fato de que os
estudiosos não as registram há muito tempo, concluindo assim que elas provavelmente
já desapareceram por completo. Dentre elas estão duas espécies que ainda
sobrevivem em cativeiro, para reproduzirem, e mais tarde serem re-introduzidas na
natureza. Essas duas espécies são a ararinha-azul-de-spix (Cyanopsitta spixii) e o
mutum-de-alagoas (Mitu mitu) são endêmicas do Nordeste do Brasil, sendo exemplos
de dois biomas brasileiros, a Caatinga e a Mata Atlântica. Elas se encontram neste
estado vulnerável devido à caça e pela destruição absurda que sofreram nas últimas
décadas (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).
Outra ave da Mata Atlântica que se encontra em situação vulnerável no Rio de
Janeiro é o gavião-pomba ou gavião-pombo-pequeno (Leucopternis lacernulata).
Atualmente ele se restringe a remanescentes florestais e áreas adjacentes, devido à
perda de seu hábitat. Outra ave é a jacutinga (Aburria jacutinga) (Figura 7), sendo
considerada como um dos mais belos e emblemáticos endemismos da Mata Atlântica.
Acredita-se que tenha sido muito abundante neste bioma. Basicamente frugívora,
possui uma dieta ampla, incluindo frutos do palmito (Euterpe edulis). Ela regurgita as
sementes ingeridas ou as elimina juntamente com as fezes, sendo importantíssima para
a dispersão de sementes (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).
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Figura 7: Jacutinga da Fundação RIOZOO, 2009.
Arquivo: Viviane da S. Cristino Cordeiro.
Para a preservação destes animais, e outros que não chegaram a ser citados, é
necessária a conservação do seu habitat natural. Têm-se como medidas que visam à
preservação desses animais e seus ambientes: fiscalização da caça e da pesca;
combate ao tráfico de animais e comércio ilegal de espécies silvestres; controle da
ocupação do ambiente natural; combate ao desmatamento; impedir a construção de
sumidouros em lagos, rios e brejos. Além destes tipos de proteção, pode-se ainda
realizar programas de educação ambiental com a população, principalmente com
aquelas que moram em áreas fronteiriças com fragmentos de Mata Atlântica.
As maiores concentrações de remanescentes de Mata Atlântica encontram-se no Sudeste e no Sul do Brasil, regiões nas quais concentra-se grande parte dos centros de pesquisa brasileiros (universidades e institutos de pesquisa). Essa maior concentração de pesquisadores resulta em maior grau de conhecimento da fauna e de seu estado de conservação (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).
Já foi visto que há uma grande diversidade na Mata Atlântica e que a ação do
homem vem pressionando as espécies deste ambiente. Num total, a encontra-se hoje
na Mata Atlântica cerca de 2.180(1.711) espécies de vertebrados, mamíferos, anfíbios,
répteis, peixes e aves, sendo que 800 destas espécies são endêmicas. Conforme o
levantamento de dados da Conservation Internacional "Do total de 265 espécies de
vertebrados ameaçados, 185 ocorrem nesse bioma (69,8%), sendo 100 (37,7%) deles
endêmicos” (ANUÁRIO DA MATA ATLÂNTICA, 200-).
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Das 160 aves da relação, 118 (73,7%) ocorrem nesse bioma, sendo 49 endêmicas. Entre os anfíbios, as 16 espécies indicadas como ameaçadas são consideradas endêmicas da Mata Atlântica. Das 69 espécies de mamíferos ameaçados, 38 ocorrem nesse bioma (55%), sendo 25 endêmicas. Entre as 20 espécies de répteis, 13 ocorrem na Mata Atlântica (65%), sendo 10 endêmicas, a maioria com ocorrência restrita aos ambientes de restinga (APREMAVI, 2009).
Preocupados com esta situação dos animais em extinção, não só os da Mata
Atlântica como de todo país, o Ministério do Meio Ambiente publicou o “Livro Vermelho
da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção”, organizado por Machado, Drummond e
Paglia (2008) onde são colocadas espécies em extinção, áreas de preservação etc.
Nele encontra-se uma relação de espécies que são classificadas como:
v Espécie Extinta (EX) quando já não há mais organismos vivos daquela
espécie ou que não tem mais como se reproduzirem a ponto de
restabelecer a espécie;
v Criticamente em Perigo (CR) que é quando um táxon é considerado
Criticamente em Perigo de extinção extremamente, em um futuro
imediato;
v Em Perigo (EN) quando um táxon corre risco muito alto de extinção na
natureza em futuro próximo, mas não tão grave quanto o anterior;
v Vulnerável (VU) quando um táxon corre risco alto de extinção na natureza
em médio prazo, em menor grau de preocupação que os dois anteriores;
v Quase Ameaçada (NT) quando um táxon não chega ao critério ameaçado
ou vulnerável, mas está bem próximo dele, e caso ele não seja protegido,
correrá risco de ameaça rapidamente;
v Não ameaçada (LC) que significa que uma espécie que foi avaliada e não
se enquadra em uma das categorias de risco, segundo os critérios
adotados;
v Deficiente em Dados (DD) que é quando um táxon não possui dados
suficientes sobre ele que permitem saber se está ou não ameaçado
Dentro desta classificação organizada no livro, as espécies de anfíbios
consideradas como NT, VU, EN, CR e EX, e a maioria das espécies DD, encontram-se
no domínio da Mata Atlântica. Isto é justificável pelo alto endemismo da região unindo-
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se ao elevado índice de destruição do bioma pela ação antrópica. Frente ao fato da
Mata Atlântica encontra-se com cerca de apenas 7% de território original, esperava-se
um maior número de espécies ameaçadas de extinção ou extintas (MACHADO,
DRUMMOND e PAGLIA, 2008).
Como a Mata Atlântica abrange diversos tipos de relevo, desde regiões costeiras
até regiões de cadeias de montanhas, há a formação de micro-habitats com regiões de
clima úmidos e ambientes pouco perturbados deste bioma, pois apresentam trechos de
solo irregulares, que não chamam atenção para práticas de agropecuárias. Isto permite
a sobrevivência de grande número de espécies e dentre elas encontram-se uma
altíssima diversidade de anfíbios (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).
Os estudos e pesquisas realizados para a formulação Livro Vermelho chegaram
a conclusão que algumas espécies que estavam ameaçadas de extinção na Mata
Atlântica foram retiradas da lista, pois se observou que elas encontram-se em outros
ecossistemas considerados ainda como preservados. Como exemplo, tem-se o gavião-
real (Harpya harpya) e o jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris) que também se
encontram em regiões de alta preservação na Amazônia e no Pantanal. Outros nomes
que foram retirados foram algumas espécies de primatas, como o bugio-ruivo (Alouatta
guariba clamitans), o macaco-prego (Cebus nigritus) e o guigó (Callicebus nigrifrons),
além de espécies de outras ordens, como o veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus) e
a anta (Tapirus terrestris) (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).
De acordo com o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do
MMA (2008), “o muriqui é o maior primata do continente americano, com ocorrência
restrita à Mata Atlântica, cujas populações se encontram ameaçadas principalmente
pela destruição e fragmentação do hábitat e pela caça”. Através de estudos genéticos e
morfológicos, atestou-se a existência de duas espécies distintas de Brachyteles, sendo
que antes acreditava-se haver apenas um gênero. Dessas espécies, uma ocorre em
Minas Gerais, Espírito Santo e sul da Bahia (Brachyteles hypoxanthus), e outra
ocorrente em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná (Brachyteles arachnoides). Esta
descoberta elevou a necessidade e urgência de ações para a conservação do muriqui,
com uma definição de estratégias especificas para cada uma das duas espécies.
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Outro exemplo de espécie ameaçada é o macaco-prego-do-peito-amarelo
(Cebus xanthosternos) (Figura 8), sendo considerado um dos primatas mais
ameaçados de extinção no mundo e tem envolvido diversas pesquisas para se
conhecer as maiores causas de sua ameaça.
Muitas espécies, como a citada anteriormente, são alvo de estudos diversos a
fim de se encontrar a melhor forma de preservação com o alvo de se retirar a espécie
do risco de extinção. Dentre estas espécies, pode-se citar: papagaio-da-cara-roxa ou
papagaio-chauá (Amazona brasiliensis); o rato-do-cacau (Callistomys pictus); a
preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus); o gravatazeiro (Rhopornis ardesiaca); o mico-
leão-da-cara-dourada (Leontopitheus chrysomelas); barbado (Alouatta belzebul); sagui-
da-serra-escuro (Callithrix aurita); guigó (Callicebus coimbrai); e o mico-leão-preto
(Leontopithecus chrysopygus), hoje considerado como espécie “bandeira” (que é
quando uma espécie simboliza uma região e podendo ser chamada também de
“espécie(s)-bandeira”) na conservação da biodiversidade de fragmentos de Mata
Atlântica no interior de São Paulo (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).
Figura 8: Macaco-prego-do-peito-amarelo da Fundação RIOZOO, 2009.
Arquivo: Viviane da S. Cristino Cordeiro.
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Cerca de 80% das quatorze espécies de primatas que ocorrem na Mata Atlântica
são consideradas ameaçadas de extinção. Para a reversão deste quadro, muitos
trabalhos e projetos estão sendo realizados e servirão para facilitar a formulação de
propostas de manejo adequado a fim de se manter resguardada a integridade gênica
das populações de primatas da Mata Atlântica, objetivando conseguir informações que
possam subsidiar programas voltados à sua preservação, contribuindo assim para a
conservação da natureza (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008).
Outras espécies também merecem atenção, como o tamanduá-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla) que corre risco de extinção, assim como, o tatu-canastra
(Priodontes maximus); a onça-pintada (Panthera onça) que é o maior felino das
Américas e o único representante atual do gênero Panthera no continente; o gato-
maracajá (Leopardus wiedii); a jaguatirica (Leopardus pardalis mitis); o morcego-beija-
flor (Lonchophylla bokermanni) que é uma espécie considerada em perigo de extinção,
entre outras.
Dos roedores de pequeno porte, apenas um é encontrado na lista nacional de
animais em extinção. É o ouriço-preto (Chaetomys subspinosus), um gênero monotípico
e endêmico da Mata Atlântica brasileira, e é classificado como espécie vulnerável. As
suas principais ameaças são a perda de hábitat (Mata Atlântica, de Sergipe ao norte do
Rio de Janeiro) e o isolamento das populações. A caça é outra ameaça, pois a espécie
é usada para o consumo sempre que encontrada (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA,
2008).
Répteis ocorrem em praticamente todos os ecossistemas brasileiros, sendo
principalmente encontrados em regiões mais quentes do país. Na Mata Atlântica são
encontradas quase 200 espécies (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA, 2008). Dentro
das que estão com quantidades de dados deficiente está a surucucu da Mata Atlântica
(Lachesis muta rhombeata). Outros exemplos de répteis que estão passando por algum
risco de extinção ou se encontram em situação vulnerável estão: a jararaca-de-
Alcatrazes (Bothrops alcatraz) e a jararaca-ilhoa (Bothrops insularis).
Conforme o MMA (2008):
A maior representação de espécies da Mata Atlântica na lista de espécies ameaçadas se deve principalmente ao fato de este bioma ser um dos mais ricos
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em espécies de répteis, e por ele ter perdido mais de 90% de sua vegetação original, desde a época do descobrimento.
Um grande número de espécies de peixes de pequeno porte que habitam riachos
e ribeirões de Mata Atlântica são ameaçados, como, por exemplo, as piabas/lambaris
Mimagoniates lateralis, M. sylvicola, Spintherobolus broccae, Hyphessobrycon
flammeus, Rachoviscus crassiceps e R. graciliceps, o Characidium grajahuensis
conhecido popularmente como canivete, a corredora Corydoras macropterus, o
bagrinho Taunayia bifasciata, a cambeva de água doce (Trichogenes longipinnis) e as
cambevas Listrura spp. e Microcambeva barbata. Estes peixes, assim como outros,
estão ameaçados devido à destruição de seus habitats, onde o ser humano tem
removido a cobertura florestal e deteriorando pequenos cursos d’água. A presença de
mata marginal é extremamente importante para a alimentação das espécies de peixes
encontrados em rios e riachos (ROSA e LIMA In: MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA,
2008).
Estes são apenas alguns exemplos de espécies da Mata Atlântica que estão
ameaçadas de extinção, sendo que muitas espécies de animais ainda não são
totalmente conhecidas. Neste caso, espécies de animais que podem estar ameaçadas
não possuem nenhuma ação contra a ameaça de extinção, já que não se têm dados
suficientes sobre estas espécies.
2.3 - Por Que Conservar?
Depois de conhecer sobre as características e importância da Mata Atlântica é
importante justificar a conservação deste bioma. Um dos motivos para preservar o que
restou da Mata Atlântica é a rica biodiversidade, ou seja, a grande variedade de animais
e plantas. Sabendo que a Mata Atlântica possui a maior concentração de
biodiversidade, pode-se explicar melhor o termo diversidade biológica da seguinte
maneira: “a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo os
ecossistemas terrestres, aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte,
compreendendo ainda a diversidade dentro das espécies, entre espécies e de
ecossistemas” (MAIA apud FRANKE et al., 2005).
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36
A diversidade biológica é extremamente importante para a sociedade brasileira e
para o mundo, tanto para aspectos culturais, sociais, econômico, de lazer, na produção
de bens e serviços ecológicos, fundamentais à espécie humana.
Através do conhecimento de plantas nativas e de estudos em busca de
compostos bioativos, muitos medicamentos derivados de plantas foram feitos,
resultando em um potencial sustentável para o Brasil. Embora haja estudos, apenas 8%
das espécies da flora brasileira foram estudadas com esta finalidade (MAIA apud
FRANKE et al, 2005).
A Mata Atlântica também é importante para o ecoturismo que é um fator que
beneficia a economia brasileira, mas é importante ressaltar que deve ser bem
administrado para não causar impactos sociais e ambientais.
Estes fatores já seriam suficientes o bastante para trazer à consciência da
importância da conservação da Mata Atlântica, mas há ainda muitos outros fatores.
Lévêque (1999) mostra a importância da biodiversidade na manutenção dos processos
evolutivos do planeta, regulação do equilíbrio químico e físico do planeta, regulação de
ciclos biogeoquímicos e hidrológicos, bem como fertilidade e proteção do solo,
produção e reciclagem do carbono e oxigênio, na decomposição de poluentes
orgânicos e minerais, contribuindo para a purificação da água e do ar (LÉVÊQUE apud
MAIA, 2005).
Embora já venha sendo realizado por muitas instituições, privadas ou não, todo
um trabalho de sensibilização em relação à conservação dos ecossistemas e da sua
biodiversidade, muitas pessoas ainda acreditam que os “serviços ecológicos” como
polinização, manutenção da estabilidade climática, da qualidade do ar e da água, entre
outros, estarão sempre lá, funcionando, sob qualquer condição antrópica e sistema de
exploração econômica da natureza.
Não é fácil imaginar que alguém pense, nos inúmeros processos ecológicos que asseguram a presença da água cada vez que se abre a torneira de sua casa e é mais difícil ainda em relação à ciclagem de nutrientes e a polinização (BENSUSAN, 2002. apud MAIA, 2005).
Com a perda da diversidade ecológica, haverá uma necessidade de substituir os
“serviços naturais” por atividades artificiais, diminuindo a qualidade de vida e
aumentando o valor dos produtos e serviços (BENSUSAN, 2002. apud MAIA, 2005).
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37
Hoje, muito animais considerados peçonhentos e venenosos estão sob estudo, onde as
propriedades de suas toxinas atuam como anti-hipertensivos, broncodilatador assim
como outras ações. A importância de tal estudo permite a criação de novos fármacos,
podendo talvez, atuar de forma menos tóxica ao organismo por se tratar de uma
molécula não-sintética, como muitos fármacos são.
Diante de tudo o que foi escrito anteriormente, fica explícita a importância da
inclusão de conteúdos sobre os vertebrados da Mata Atlântica, principalmente os que
correm risco de extinção, nos livros didáticos de Ciências Naturais.
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38
7. VERTEBRADOS DA MATA ATLÂNTICA NO LIVRO DIDÁTICO
Este estudo consiste em uma pesquisa do tipo bibliográfica. Segundo Ribas
(2004) uma pesquisa bibliográfica consiste no exame de bibliografias por levantamento
e análise do que já se produziu sobre determinado assunto onde esta pesquisa procura
explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos.
Para realizar esta pesquisa foram escolhidas, de forma aleatórias, seis coleções,
sendo um total de oito livros didáticos do Ensino de Ciências Naturais para o Ensino
Fundamental que foram avaliados e recomendados pelo Programa Nacional do Livro
Didático (PNLD) de 2008.
Nestes livros foram examinados os capítulos que continham os seguintes
conteúdos: ecossistemas ou biomas brasileiros e seres vivos (vertebrados).
Algumas coleções traziam uma distribuição dos conteúdos de forma diferenciada
do tradicional. Os conteúdos aparecem fragmentados nos livros de uma mesma coleção
e em todos os livros se observa um pouco sobre as partes do corpo humano, ecologia,
Terra e Universo, química e física, entre outros temas.
Mediante isto, em análise de determinadas coleções, buscou-se outro livro da
mesma coleção no qual, segundo a descrição do PNLD, falava sobre os ambientes
brasileiros e vertebrados terrestres.
Para compor o referencial teórico básico foram utilizados livros de graduação e
especialização da área de ecologia e zoologia, bem como artigos, teses, monografias e
textos de endereços eletrônicos de páginas da internet relacionados à esta área.
A seguir, segue a relação dos oito livros, sendo que alguns fazem parte da
mesma coleção bibliográfica, pois o conteúdo havia sido distribuído em mais de um livro
da coleção. O quadro de avaliação pelo PNLD/2008 de cada livro encontra-se junto às
informações básicas de cada livro.
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Livro 1: • Coleção: Projeto Araribá • Ciências 6ª série • Organizadora: Editora Moderna – obra coletiva concebida, desenvolvida e
produzida pela Editora Moderna. • Editor responsável: José Luis Carvalho da Cruz • Ilustrações: Adilson Secco, Alessandro P. da Costa, Cecília Iwashita, Érika
Onodera, Fernando Monteiro, Hiroe Sasaki, Jurandir Ribeiro, Paulo Manzi, Rodrigo C. Moutinho, Vicente Mendonça, Wilma Marilsa Chiarelli Monteiro.
• 1ª edição – São Paulo, 2006. • Código do livro: 00068C0406 tipo: L
Figura 9: Livro Projeto Araribá – 6ª Série.
Fonte: CRUZ, 2006.
Figura 10: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007).
Fonte: Brasil. PNLD Ciências, 2007.
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Livro 2: • Coleção: Ciências e Interação • Ciências – 6ª série • Autora: Alice Costa • Ilustrações: Angela Giseli de Souza; Luis Moura • Editora: Positivo • 1ª edição – Curitiba, 2006. • Código PNLD 2008: 00086 COL 04
Figura 11: Livro Ciência e Interação – 6ª Série
Fonte: COSTA, 2006.
Figura 12: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007).
Fonte: Brasil. PNLD Ciências, 2007.
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Livro 3: • Coleção: Investigando a Natureza – Ciências para o Ensino Fundamental • Ciências Naturais – 6ª série • Autora: Mônica Jackievicius; Ana Paula Hermanson • Ilustrações: Ulhôa Cintra • Editora: IBEP • 1ª edição – São Paulo, 2006. • Código da Coleção 00119COL 04
Figura 13: Livro Investigando a Natureza – 6ª Série
Fonte: JACKIEVICIUS & HERMANSON, 2006a.
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Livro 4: • Coleção: Investigando a Natureza – Ciências para o Ensino Fundamental • Ciências Naturais – 8ª série • Autora: Mônica Jackievicius; Ana Paula Hermanson • Ilustrações: Ulhôa Cintra • Editora: IBEP • 1ª edição – São Paulo, 2006. • Código da Coleção 00119COL 04
Figura 14: Livro Investigando a Natureza – 8ª Série
Fonte: JACKIEVICIUS & HERMANSON, 2006b.
Figura 15: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007).
Fonte: Brasil. PNLD Ciências, 2007.
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Livro 5: • Coleção: Construindo Consciências • Ciências 6ª série • Autores: Carmem Maria de Caro; Helder de F. e Paula; Mairy B. L. dos Santos;
Maria Emília C. de C. Lima; Nilma Soares da Silva; Orlando Aguiar Jr.; Ruth Schmitz de Castro; Selma Ambrozina de Moura Braga.
• Ilustrações: Antonio Robson; Camila de G. Teixeira; Cassiano Röda; Franscisco de B. L. de Prado; Gabriella T. Lima; Jurandir Ribeiro; Luiz Maia; Marisa I. Martim; MW Editora e ilustrações Ltda; Osni de Oliveira; Paulo César Pereira; Ricardo Girotto; Sthar-Mar de V. Silva; Walmir da S. S. e Allmaps.
• Editora: Scipione • 1ª edição – São Paulo, 2007. • Código da coleção: 00098 COL 04
Figura 16: Livro Construindo Consciências – 6ª Série
Fonte: CARO et al., 2006.
Figura 17: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007).
Fonte: Brasil. PNLD Ciências, 2007.
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Livro 6: • Coleção: Ciências Novo Pensar. Edição renovada • Ciências – 6ª série – 7º ano • Autores: Demétrio Gowdak; Eduardo Martins. • Ilustrações: Alex argosino; Arthur Kenji; Fábio Marra; Paulo César Pereira; Paulo
Nilson. • Editora: FTD • 2ª edição – São Paulo, 2006. • Código da Coleção 00056COL 04
Figura 18: Livro Ciência Novo Pensar – 6ª Série
Fonte: GOWDAK & MARTINS, 2006.
Figura 19: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007).
Fonte: Brasil. PNLD Ciências, 2007.
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Livro 7:
• Coleção: Ciências – O meio ambiente • Ciências 5ª série • Autores: Carlos Barros e Wilson Paulino • Ilustrações: Carlos Avalone, Hiroe Sasaki, Ingeborg Asbach, Joel Bueno, Luís A.
Moura, Osvaldo Sequetin e Paulo Manzi. • Editora: Ática • 3ª edição – São Paulo, 2007. • Código da Coleção 00023 COL 04
Figura 20: Livro Ciências: O meio ambiente – 5ª Série
Fonte: BARROS & PAULINO, 2007.
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Livro 8: • Coleção: Ciências – Os seres vivos • Ciências 6ª série • Autores: Carlos Barros e Wilson Paulino • Ilustrações: Avelino Guedes, Hiroe Sasaki, Ingeborg Asbach, Joel Bueno, Luís A.
Moura, Noemi de Carvalho, Osvaldo Sequetin e Rioberto Rosário Jr. • Editora: Ática • 3ª edição – São Paulo, 2007. • Código da Coleção 00023 COL 04
Figura 21: Livro Ciências: O meio ambiente – 6ª Série
Fonte: BARROS & PAULINO, 2007.
Figura 22: Avaliação do livro segundo o PNLD – Ciências (2007).
Fonte: Brasil. PNLD Ciências, 2007.
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Nestes livros, foram analisados os capítulos que continham os conteúdos
relativos aos ecossistemas e seres vivos. Nestes capítulos foi observado se os
vertebrados da fauna da Mata Atlântica eram citados e os contextos em que eles se
encontravam.
Os conteúdos destes livros foram comparados aos conteúdos de textos
encontrados em sites do governo e livros científicos que descrevem os vertebrados e a
Mata Atlântica.
Esta pesquisa também verificou se os vertebrados da Mata Atlântica,
principalmente os que se encontram em perigo de extinção, eram citados nos livros
selecionados.
Para o levantamento de dados dos animais em extinção, recorreu-se aos
endereços eletrônicos de órgãos ambientais, como o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Ministério do Meio Ambiente
(MMA) e o World Wildlife Fund (WWF).
Para a análise dos livros foram considerados:
• as informações sobre os vertebrados da Mata Atlântica, com destaque
para animais os ameaçados de extinção;
• o uso de terminologia científica;
• a presença e a adequação das ilustrações;
• a ocorrência de visão antropocêntrica.
3.1. Informações sobre os Vertebrados da Mata Atlântica.
Este tópico objetivou verificar a presença de informações sobre os vertebrados
da Mata Atlântica, em especial os animais ameaçados de extinção nos Livros Didáticos
escolhidos. Este foi o ponto principal desta análise, uma vez que são os animais que
mais sofrem risco de desaparecer e, portanto, observa-se a necessidade de melhor
conhecê-los para saber como se deve proceder para sua conservação.
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48
a) Livro 1
O livro traz um capítulo que aborda “A ação humana nos ecossistemas” e dentre
estas ações ele cita: introdução de espécies exóticas, desmatamento, caça e pesca
indiscriminada, tráfico de animais e poluição.
Entre os animais ameaçados pelo tráfico, o livro cita como exemplo o papagaio-
de-cara-roxa.
Embora o livro apresente vertebrados ameaçados de extinção da Mata Atlântica,
ele não relaciona estes com a mata.
b) Livro 2
No capítulo que trata sobre os vertebrados, são descritas algumas espécies que
nas listagens dos órgãos ambientais aparecem como espécies ameaçadas de extinção.
Esses animais são apresentados em fotos ou em citação no texto, porém, nem sempre
existe uma observação da autora informando se o animal está ameaçado ou não. Um
exemplo é a tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), citada pelo livro didático como um
exemplo de tartaruga marinha que ocorre no litoral do Brasil. Segundo o Livro Vermelho
da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (2008), esta espécie está considerada em
situação vulnerável de extinção. Embora seja um animal aquático, ela se relaciona com
a parte terrestre no litoral do Brasil, onde são encontrados ecossistemas de Mata
Atlântica.
Um exemplo de animal ameaçado e a referência a tal situação é: “tartaruga-de-
pente – quelônio marinho [...]. Espécie ameaçada de extinção devido à caça
indiscriminada” (COSTA, 2006). Segundo o Livro Vermelho, esta espécie chega a
ocorrer em todo Brasil, mas principalmente em regiões com presença do bioma de Mata
Atlântica.
Em outro capítulo, fora do contexto de ecossistemas ou vertebrados, é
demonstrado outro exemplo, que é o papagaio-de-peito-roxo, informando que ele é uma
espécie de “ave ameaçada de extinção” (COSTA, 2006).
O capítulo sobre os biomas brasileiros apresenta vários animais ameaçados de
extinção, mas o LD não chega a informar a ameaça que estão sofrendo. Dentro do
subtítulo “Mata Atlântica”, encontram-se os seguintes exemplos: bugio, mico-leões,
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saguis, onça-pintada, jaguatirica, preguiça-de-coleira, queixada (porco-do-mato),
jacutinga, beija-flores, araras, papagaios, tucanos, periquitos e sapos.
Outros animais que não estão sofrendo ameaças também são citados como
exemplos de animais encontrados na Mata Atlântica, como: o caxinguelê, o quati, a
anta, o macuco e o tiê-sangue.
O LD relacionar pouco os animais representados nele com o possível risco ou
ameaça de extinção, limitando-se a trazer as características do bioma.
c) Livro 3
O livro traz uma relação de animais que são encontrados no Brasil e dentre estes
pode-se destacar alguns que são encontrados na Mata Atlântica, como: a onça-pintada,
o tamanduá-bandeira, a garça, o jacaré-de-papo-amarelo, a sinta, o salmão, o boto, a
rã, o sagui, o tico-tico e a arara-azul. Embora ocorra a utilização destes animais como
exemplo de fauna encontrada no Brasil, o livro não chega a especificar em qual bioma
estes animais podem ser encontrados. Portanto, este livro não faz menção se os
vertebrados apresentados ocorrem na Mata Atlântica, embora possam ser encontrados
nela.
Entre estes animais citados, a onça-pintada, o tamanduá-bandeira, o boto, o
sagui, o tico-tico e a arara-azul, estão ameaçados de extinção, porém, o LD não faz
relação com o perigo de extinção.
d) Livro 4
Neste livro, que faz parte da mesma coleção que o livro 3, pode-se observar a
citação de diversos animais que são encontrados na Mata Atlântica no capítulo sobre a
classificação dos seres vivos, como: sapo-cururu, jararaca, jabuti, calango, tamanduá-
bandeira, macaco-aranha entre outros. Embora ocorra a utilização destes animais como
exemplo, o LD não chega a mencionar se estão ou não ameaçados e, em qual bioma
brasileiro se apresentam. Assim sendo, não ocorre a especificação ou exemplificação
de quais animais são encontrados na Mata Atlântica.
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50
No capítulo sobre os biomas, quando se refere à Mata Atlântica, o LD apresenta
mais os números das espécies ameaçadas, quantos animais são endêmicos etc, não
trazendo muitos exemplos de animais ameaçados.
Como exemplo de citação encontrada no livro tem-se:
Essa grande diversificação ambiental proporcionou à Mata Atlântica uma enorme diversidade biológica. O total de mamíferos, aves, répteis e anfíbios que ali ocorrem alcança 1361 espécies, sendo 567 endêmicas (só ocorrem ali), representando 2% de todas as espécies do planeta, somente para esses grupos de vertebrados. [...] Apesar dessa grande biodiversidade, a situação é extremamente grave, pois das 202 espécies animais ameaçadas de extinção no Brasil, 171 são da Mata Atlântica (JACKIEVICIUS & HERMANSON, 2006b).
Os únicos exemplos de animais demonstrados que se apresentam na Mata
Atlântica são os encontrados em um texto extra do livro “Governo lança campanha
contra trafico de animais” (p. 75 e 76). Nele observa-se, como exemplos de animais
traficados presentes na mata, o mico-leão-dourado, a arara-azul e o papagaio-de-cara-
roxa, mostrando os valores monetários pelos quais geralmente são vendidos.
e) Livro 5
Logo na primeira unidade, o livro, trabalha com o seguinte tema “A diversidade
de ambientes” que possui como seu primeiro capítulo “A vida nos ambientes: fatores
que favorecem a diversidade”.
Neste capítulo, explica-se o que é biodiversidade e extinção. Nele existe um
texto que apresenta algumas leis existentes no Brasil e que regulamentam a pesca e a
caça, assim como o uso do solo, ar e água.
O livro relata ainda que nem sempre essas leis são cumpridas e que, por isso,
muitas espécies de animais estão em risco de extinção.
Dentro deste contexto, o livro cita os seguintes animais que estão em risco de
extinção:
Animais como lobo-guará, jaguatirica, onça-pintada, baleia-jubarte, bugio, tatu-bola, jacutinga, pato-mergulhão, pixoxó, gravatazeiro, cocoruta, papagaio-de-cara-roxa, tartaruga-de-couro, [...] diversos tipos de pererecas [...] podem não fazer mais parte de nossa biodiversidade muito brevemente (CARO et al., 2006).
Embora esses animais estejam representados na Mata Atlântica, no momento
em que o livro faz esta citação, ele não chega a pontuar o(s) bioma(s) brasileiro(s) em
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51
que esses animais são encontrados, nem mesmo os animais endêmicos, como é o
caso da jacutinga, que é uma ave endêmica da Mata Atlântica, segundo o Livro
Vermelho.
Como exemplo de citação de animal e da localidade em que é encontrado tem-
se a lagartixa-da-areia:
Existem animais muito sensíveis à degradação do ambiente. Eles são considerados indicadores de ambientes não degradados. A lagartixa-da-areia é um deles. A poluição das areias das praias do Rio de Janeiro está pondo em perigo esta espécie (CARO et al., 2006; p. 17)
Neste caso, não se faz referência ao bioma de Mata Atlântica, porém fala-se no
Rio de Janeiro, que é um Estado do Brasil com predomínio deste tipo de mata.
No capítulo seguinte, onde trabalha-se o seguinte tema “Os ambientes da Terra”
o LD traz o seguinte comentário: “Você sabia que o ambiente natural do pinguim é a
Antártida e que os dos micos-leões-dourados é a Mata Atlântica?” (p. 21). Neste caso
ele traz um exemplo de animal encontrado na Mata Atlântica, apesar não dar
continuidade com exemplos e características da mata.
Quando o LD demonstra os diferentes biomas, em seu segundo capítulo, a Mata
Atlântica é caracterizada juntamente com as florestas tropicais. Ao se tratar
especificamente da mata, o LD traz uma abordagem voltada para o desmatamento que
este bioma vem sofrendo e a consequente diminuição do mesmo, sem mostrar
exemplos de animais presentes na Mata Atlântica. Somente em uma figura que
acompanha este texto é que há fotos de animais encontrados na Mata Atlântica, como
micos-leões-dourados, porcos-do-mato, cachorros-do-mato, lagartos, jabutis, gambás e
jararaca-de-alcatrazes.
f) Livro 6
No capítulo em que o livro trata dos “Os animais vertebrados: peixes, anfíbios e
répteis”; é apresentado um pequeno texto, trazendo as principais causas da extinção de
animais encontrados na Mata Atlântica.
Como exemplo, o LD traz o seguinte trecho:
Sapos estão morrendo, pois respiram ar poluído com inseticidas [...], sendo no Brasil o país com o maior número de espécies de sapos, e o maior número de
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sapos que correm risco, estando nos ecossistemas de Mata Atlântica (GOWDAK & MARTINS, 2006; p. 62)
Ao longo do capítulo, o LD mostra animais, destacando o risco de extinção que
correm e fazendo comentários do tipo: “Ararajuba (30 cm) – ave símbolo do Brasil
(GOWDAK & MARTINS, 2006)”.
Dentro do contexto de extinção, o LD apresenta os seguintes mamíferos
encontrados no Brasil que estão em risco: macaco-prego (75 cm), macaco-aranha (90
cm), micos, porcos-selvagens (cateto e queixada), rato, serelepe ou caxinguelê, ratão-
do-banhado, paca (40 cm), cutia, mocó, ouriço-cacheiro, preá, tapiti, lobo-guará
(encontrado do norte ao sul do Brasil e hoje está ameaçado de extinção), cachorro-do-
mato, quati (70 cm), guaxinim ou mão-pelada (65 cm), jupará (45 cm), lontra ou
arariranha, irara, onça-pintada ou jaguar, jaguatirica, gato-maracajá e veado-campeiro.
Alguns destes animais citados não são mais considerados em extinção pelo Livro
Vermelho. Isto significa que o livro encontra-se desatualizado necessitando de uma
atualização.
Um exemplo dessa necessidade de atualização pode ser verificada na
informação constante em uma legenda sobre a anta: “Anta (1,60 m) é o maior mamífero
terrestre da fauna brasileira. Sua carne é muito apreciada e por isso corre risco de
extinção (GOWDAK & MARTINS, 2006)”.
Apesar de a anta ser um animal considerado em extinção a nível mundial, no
Brasil ela é bem representada, não sendo considerada em perigo de extinção, segundo
o Livro Vermelho.
Em um contexto geral, este livro trabalha mais acerca da parte fisiológica dos
seres vivos e sua relação com o ambiente. Não relaciona os exemplos de vertebrados
citados com a Mata Atlântica.
g) Livro 7
Logo no primeiro capítulo do livro, o autor trabalha com a Mata Atlântica,
mostrando espécies animais encontradas nela, como o canário-da-terra e a jacutinga,
porém não chega a tratar sobre extinção neste contexto. Outros animais também são
citados como o mico-leão-dourado, a cutia, tico-tico, tiê-sangue, gavião-pega-macaco,
catita e o muriqui.
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No capítulo sexto, onde são demonstrados os biomas brasileiros, são
apresentados como animais encontrados na Mata Atlântica o macaco muriqui (ou
mono-carvoeiro), micos, tamanduás, macucos, jaguatirica, tucanos, araponga, jibóia,
corais-verdadeiras e rãs.
Neste livro a Mata Atlântica é bem comentada, com muitos exemplos animais
demonstrados através de fotos e dos textos. Porém, este livro não relaciona os animais
apresentados com o perigo de extinção que eles sofrem. Na maioria das vezes apenas
apresenta o animal, o bioma onde é encontrado, suas características e o nome
científico.
h) Livro 8
Este livro trata mais sobre a biodiversidade dos animais e por isso traz uma
abordagem voltada para apresentação de diversos animais, demonstrando as
diferentes espécies. Neste contexto, os autores trabalham com o tema de extinção de
animais. Este tema não é tratado de forma isolada, sendo exposto ao longo do livro.
Quando ocorre a demonstração de um animal, geralmente é dito se ele está ameaçado
de extinção, caso ele esteja.
Como exemplo de animal em perigo de extinção apresentado pelo LD, tem-se a
arara-azul-de-lear. Sobre este animal é feita uma relação entre o seu perigo de extinção
e o tráfico de animais. Na legenda da foto, observa-se o seguinte texto:
Arara-azul-de-lear. Essa ave pode ser extinta das matas brasileiras, pois vem sendo intensamente capturada pelos contrabandistas. Ela é vendida principalmente para a Europa e os Estados Unidos (BARROS & PAULINO, 2007b; p. 78).
Outro exemplo de animal citado como em perigo de extinção é o tamanduá-
bandeira. No capítulo sobre os vertebrados, observa-se a seguinte legenda da foto
deste animal:
Tamanduá-bandeira, um desdentado. Encontrado em ambientes brasileiros, como o cerrado e a mata Atlântica, esse animal é outro exemplo de mamífero ameaçado de extinção no Brasil (BARROS & PAULINO, 2007b; p. 248).
Outros animais ameaçados de extinção são mencionados neste LD, como:
veado-campeiro, anta, tartaruga-de-pente, mico-leão-dourado e onça-pintada.
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Neste livro, os autores trabalham mais a questão da classificação dos animais.
Ainda assim, o LD aborda um pouco sobre a biodiversidade dos animais, explicando os
princípios básicos de espécie e vertebrados. Dentro destes contextos, ele cita os
animais: gato-do-mato ou maracajá, a jaguatirica, gato-do-mato-pequeno, suçuarana,
onça-pintada, cachorro-do-mato, a capivara, a cutia-preta, o macaco-muriqui, paca e o
gavião-pega-macaco, sempre relacionando-os com a Mata Atlântica.
3.2. Uso de Terminologia Científica
A importância da observação deste ponto deve-se ao fato de que diferentes
nomes populares são dados a um mesmo animal. Isso pode ocorrer até mesmo dentro
de uma nação. O uso de nomenclatura científica faz com que não haja dúvidas sobre
qual animal se está falando, pois o nome será o mesmo tanto em âmbito nacional ou
internacional.
Outro problema que ocorre, devido à variação do nome popular, é o que
acontece com muitos peixes, onde vários peixes diferentes são chamados pelo mesmo
nome, devido a sua semelhança na aparência.
Como exemplo de local onde ocorre a variação do nome popular do animal é no
Brasil. Embora em todo seu território se utilize a Língua Portuguesa, há uma grande
variação do nome da maioria dos animais. Para exemplificar este fato, tem-se o
Brachyteles arachnoides, conhecido popularmente como mono-carvoeiro (SP, PR),
muriqui (RJ) ou muriqui-do-sul, onde o mesmo animal recebe vários nomes diferentes.
O outro exemplo é o que ocorre com os peixes Rachoviscus graciliceps,
Hyphessobrycon duragenys e o Mimagoniates rheocharis, no qual os três são
conhecidos popularmente por lambari ou piaba (MACHADO, DRUMMOND e PAGLIA,
2008).
Estes fatos levantaram a importância da análise dos nomes científicos dos
animais nos livro didáticos, observando se essa abordagem era realizada. A valorização
deste ponto no Ensino Fundamental permite que o aluno tenha um contato com o nome
científico do animal logo no início da sua educação formal, não com intuito de que este
dado fosse decorado pelo aluno, mas que servisse como documento de informação
para ele.
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Neste ponto da Análise, observou-se que os livros 1, 2, 7 e 8 apresentaram o
nome científico da maioria dos animais apresentados, principalmente na legenda das
fotos. Isto é importante, pois o aluno pode, ao mesmo tempo em que visualiza o animal,
conhecer o nome popular e o científico do animal.
No caso dos livros 3, 4, 5 e 6 foi observada pouca demonstração dos nomes
científicos dos animais, sendo utilizada geralmente em apenas alguns exemplos.
Erros na terminologia científica não foram observados.
3.3. Ilustrações
Na análise dos livros também foram observados as ilustrações e esquemas,
relacionando-os com o texto que estava sendo apresentado e o contexto em que
aquela figura se encontrava.
a) Livro 1
O livro demonstra muitas ilustrações de animais vertebrados, acompanhadas por
legendas que trazem o nome científico dos animais, o tamanho real do animal além de
algumas características. Como exemplo de animal ameaçado apresentado pelo livro
com presença de foto, tem-se o papagaio-cara-roxa (Figura 23).
Figura 23: Papagaio-cara-roxa (Amazona brasiliensis).
Fonte: CRUZ, 2006.
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b) Livro 2
Logo no início do livro ele fala sobre a grande diversidade de seres vivos no
Brasil e demonstra fotos de diversos animais. Alguns animais com foto e características
– sagui-da-serra ou sagui-taquara, preguiça-de-coleira (Figura 24), anta, jacutinga e
bugio.
Este livro possui muitas fotos que sempre estão acompanhadas de legendas que
geralmente dizem o nome popular do animal, o nome científico, fazendo referência ao
tamanho real do animal e características básicas. Embora algumas legendas
apresentem a situação de ameaça que o animal se encontra, as ilustrações que
apresentam animais de Mata Atlântica, como, por exemplo, sagui-da-serra e a preguiça-
de-coleira, não fazem menção acerca do perigo de extinção que esses animais correm.
Figura 24: Sagui-da-serra (Callithrix flaviceps) e preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus).
Fonte: COSTA, 2006.
c) Livro 3
Neste livro são apresentadas algumas fotos de animais de Mata Atlântica,
porém, não existe uma legenda ou citação mencionando se os animais pertencem a
este ecossistema.
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d) Livro 4
O livro apresenta apenas três fotos de animais da Mata Atlântica, que
acompanham o texto extra, observado no livro, onde se fala sobre o tráfico de animais
(Figura 25). Uma das fotos apresentadas é a do mico-leão-dourado. Na legenda desta
foto, faz-se referência ao animal como “símbolo da luta pela preservação da Mata
Atlântica” (p. 76). Neste mesmo contexto são apresentadas outras fotos, sendo uma do
papagaio-de-cara-roxa e outra da arara-azul.
Figura 25: Animais traficados da Mata Atlântica.
Fonte: JACKIEVICIUS & HERMANSON, 2006b.
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Observou-se que neste contexto de bioma, houve uma preocupação maior em
demonstrar o porquê, a razão da Mata Atlântica apresentar uma grande diversidade
biologia, mostrando que ela é encontrada em diversas regiões, com diferentes relevos e
altitudes, e com este objetivo, a demonstração da diversidade encontrada nela ficou em
segundo plano (Figura 26). Como exemplo de uma atenção maior para o tipo de relevo
da mata, o LD apresenta a seguinte ilustração:
Figura 26: Perfil do relevo da Mata Atlântica.
Fonte: JACKIEVICIUS & HERMANSON, 2006b.
e) Livro 5
No capítulo 2, o livro apresenta fotos sobre animais da Mata Atlântica, sendo
eles: micos-leões-dourados, cachorro-do-mato, lagartos, jabutis, gambás, jararacuçu,
jararaca-de-alcatrazes, micos e cobras.
Vale ressaltar que é somente nesta ilustração (Figura 27) que há demonstração
de animais presentes na Mata Atlântica com sua devida referência a este bioma.
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Figura 27: Animais da Mata Atlântica.
Fonte: CARO et al., 2006.
Outra citação de vertebrado, que é encontrado na Mata Atlântica, ocorre quando
apresenta-se a lagartixa-da-praia, onde pontua que este réptil corre perigo de extinção,
indicando que ela é encontrada nas praias do Rio de Janeiro (Figura 28). Neste caso o
livro não a apresenta de forma direta que é uma espécie encontrada em ecossistemas
de Mata Atlântica, porém, sabe-se que no Estado do Rio de Janeiro ocorre este tipo de
bioma.
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Figura 28: Lagartixa-da-areia (Liolaemus lutzae).
Fonte: CARO et al., 2006.
f) Livro 6
Ao longo do capítulo sobre vertebrados, há várias fotos dos animais, sempre
estão acompanhadas por legenda, onde estão descritas as características dos animais
e o tamanho real médio do animal.
i) Livro 7
O livro traz a foto da maioria dos animais citados nos textos. Estas vêm acompanhadas por legendas, onde estão descritas, na maioria das vezes, o ambiente que o animal é encontrado, explicando o que o animal está fazendo ou em que contexto ele está inserido. É importante destacar que as fotos do livro apresentam escala (Figuras 29, 30 e 31).
Figura 29: Tico-tico (Coryphaspiza melanotis) e Tiê-sangue (Ramphocelus bresilius)
Fonte: BARROS & PAULINO, 2007a.
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Figura 30: Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia).
Fonte: BARROS & PAULINO, 2007a.
Figura 31: Cutia (Dasyprocta azarae) e Gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus).
Fonte: BARROS & PAULINO, 2007a.
j) Livro 8
Nos capítulos analisados, ocorre a ilustração da maioria dos animais que são
citados ao longo de sua parte escrita. Estas fotos vêm acompanhadas por legendas, e
estas geralmente apresentam o nome científico do animal.
No capítulo 5 deste livro, onde se aborda o tema “Biodiversidade e classificação”,
ocorre a utilização de duas fotos de animais que pertencem ao mesmo gênero, onde
suas características são comparadas. Ainda dentro deste assunto, o autor comenta
onde é encontrado cada tipo de animal ao longo do texto que precede a ilustração.
Como exemplo, há uma foto da Jaguatirica (Leopardus pardalis) ao lado da foto
de um gato-do-mato (Leopardus wiedii), os quais ambos são de florestas brasileiras,
sendo o gato-do-mato encontrado em todas elas e a jaguatirica na Mata Atlântica
(Figura 32).
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Figura 32: Jaguatirica (Leopardus pardalis) e Gato-macarajá (Leopardus wiedii).
Fonte: BARROS & PAULINO, 2007b.
Um fato muito interessante é que este livro traz a foto de notas de dinheiro da
moeda corrente do Brasil, o Real, ao lado da foto dos animais que estão representados
nelas. Apresenta uma legenda bem explicativa sobre as espécies que são
representadas nas notas e que estão correndo risco de extinção (Figura 33). Vale
ressaltar que, algumas dessas espécies não são encontradas na Mata Atlântica.
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Figura 33: Notas de dinheiro e animais ameaçados.
Fonte: BARROS & PAULINO, 2007b.
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3.4. Ocorrência de Visão Antropocêntrica.
Considerou-se como “visão antropocêntrica” nos textos, as descrições em que a
natureza foi considerada como algo que existe para beneficiar o homem e a figura do
ser humano foi considerado o ponto de maior importância. A natureza, neste caso, seria
apenas “objeto de uso” para benefício do homem.
a) Livro 1
Este livro não chega citar os animais de forma antropocêntrica. O livro traz uma
parte chamada “Por uma nova atitude” que se apresenta ao final de cada unidade.
Nestes blocos, encontra-se temas como “Tráfico de Animais” e “Animais de Estimação”,
onde são citadas a necessidade de cuidar dos animais. No primeiro, apresenta a
questão do uso de animais traficados para fins científicos, como a utilização do veneno
da jararaca (Bothrops jararaca) para a produção de anti-hipertensivos. No segundo,
mostra o mal cuidado de animais domésticos, que são abandonados nas ruas. Ainda
neste contexto, traz-se o perigo que animais abandonados podem causar, pois atacam
pessoas na rua, ou, por não estarem bem cuidados, transmitir doenças, como a raiva.
Nestes contextos, o livro traz uma preocupação para o cuidado destes animais e
mostra a importância de se combater ao tráfico de animais.
b) Livros 2, 3, 4, 5 e 7
Estes livros não chegam a trazer nenhuma relação entre o homem e os animais
no caso de possíveis utilizações dos mesmos pelo e para o homem. No caso do livro 3,
observou-se este livro não possuía um capítulo que abordasse a parte de ecologia e
meio ambiente, devido à distribuição diferenciada desta coleção, limitando-se apenas
em mostrar a fisiologia dos animais. Neste caso, não faz relação entre o homem e o
animal em relação à interação que ocorre entre eles.
b) Livro 6
O livro traz no final da unidade sobre Ecologia um texto com o seguinte subtítulo:
“O humano e os outros mamíferos”. Nele é demonstrada a relação do homem e do
animal no qual o animal serviria como alimento, vestimenta, meio de transporte,
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modelos para experimentos, produção de vacinas, remédios, transmissão de doenças
por parte dos animais domésticos, etc.
Neste caso, ocorre uma visão antropocêntrica, pois em nenhum momento é
levantada a questão do bem estar do animal, mas sim de sua utilização em benefício
humano.
c) Livro 8
Embora não tenha nenhum capítulo específico ou uma parte de algum capítulo
que trate os animais de forma antropocêntrica, o LD apresenta um texto extra do livro
(após o capítulo em que se trata sobre os anfíbios) onde demonstram-se os anfíbios,
pontuando a importância de sua preservação. Isto por que estes atuam no ecossistema,
se alimentando de insetos que podem estar prejudicando lavouras e plantações. Neste
caso, há uma relação entre homem e animal, em um ponto de vista de preservação das
espécies em benefício humano e não apenas para a preservação da biodiversidade.
No livro também se observa uma parte em que se apresenta a rã como
possuindo uma carne muito apreciada. Além deste comentário, há também uma
correlação entre estes animais com a produção de fungicidas e bactericidas, a partir da
secreção da pele.
Neste caso, embora o texto não seja do autor do livro, traz uma abordagem mais
voltada para a importância destes animais para o ser humano do que com relação ao
cuidado e conservação da espécie.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a analise de todo o material obtido no estudo é interessante pontuar que:
• os animais em perigo de extinção quando eram apresentados em alguns
dos Livros Didáticos, geralmente estavam acompanhados por textos
sobre o tráfico de animais ou desmatamento. Esta associação é
importante, pois mostra ao aluno que a razão do perigo de extinção que
muitos animais estão sofrendo, deve-se principalmente a ação humana,
seja retirando esses animais do seu habitat natural para fins lucrativos ou
criando uma situação em que o animal não consegue mais sobreviver,
como por exemplo, quando seu ambiente natural é destruído;
• em muitos momentos, os livros apresentaram os animais com as suas
classificações e fisiologias, mas não mostravam se os animais citados ou
representados em foto estavam ameaçados de extinção;
• alguns livros apresentavam estavam desatualizados, apresentando
animais que já não são mais considerados como ameaçados de extinção
como se ainda estivessem ameaçados ou então não citavam animais
ameaçados;
• a terminologia científica foi utilizada em todos os livros analisados, sendo
que alguns a utilizavam de forma insuficiente. É importante que esta
abordagem seja feita, mesmo que não venha a ser cobrada pelo
professor, para que desde cedo os alunos tenham contato com essa
nomenclatura.
• a grande maioria dos livros demonstrou dificuldade em relacionar os
animais aos seus biomas correspondentes. Muitas vezes foi observado
que os livros referiam-se aos animais em geral, porém não era
especificado o bioma brasileiro no qual ele se encontrava.
• observou-se, repetidas vezes que os animais presentes na Mata
Atlântica, até mesmo os animais endêmicos, eram representados nos
textos, por meio de exemplificação e fotos, porém não havia um
apontamento de que aqueles animais eram provenientes da Mata
Atlântica.
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• a minoria dos livros que apresentou os animais indicando-os como
animais presentes na Mata Atlântica. Quando isso ocorria, geralmente era
feito de forma bem completa, onde ainda era feita uma relação entre o
animal e a sua ameaça de extinção.
• todos os livros apresentavam boas imagens, sempre acompanhadas por
legendas adequadas, traziam o tamanho real dos animais ou tinham
escalas nas fotos. Ocasionalmente ocorria a presença dos nomes
científicos nas legendas e a referência ao tipo de ambiente onde os
animais eram observados, entre outros.
• os livros analisados não chegaram a apresentar capítulos com uma visão
completamente antropocêntrica. Neste ponto, somente em alguns trechos
(de uma pequena parte dos livros analisados), observou-se a exposição
de alguns animais dando-se ênfase que esses são muito importantes
para os seres humanos, para produção de fármacos, alimentação etc.
Embora o objetivo deste trabalho não tenha sido de verificar qual o livro mais
adequado conforme os critérios desta avaliação, o que mais demonstrou exemplos de
animais encontrados na Mata atlântica, fazendo menção ao perigo de extinção que eles
sofrem, é o Livro 8, de Carlos Barros e Wilson Paulino para a 6ª série (2007).
Concluindo, é relevante dizer que, embora os programas de avaliação do Livro
Didático sejam importantes, pois impulsionam para que haja uma rápida atualização e
contextualização entre a teoria e a realidade do aluno, ainda ocorre uma defasagem na
atualização dos livros didáticos e a necessidade de correção dos mesmos.
Apesar das falhas encontradas nos capítulos que apresentam os biomas
brasileiros e a classificação dos animais vertebrados nos livros didáticos de Ciências
Naturais para o Ensino Fundamental é possível afirmar que os livros didáticos
contribuem para o aumento do conhecimento sobre os vertebrados, mas precisam dar
mais atenção à fauna da Mata Atlântica, em especial, às medidas e ações que visam a
conservação dos vertebrados de Mata Atlântica, principalmente os que estão
ameaçados de extinção.
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Portanto, mais uma vez, mostra-se necessário que o professor saiba escolher os
livros didáticos que adotará, assim como trabalhar adequadamente as informações
científicas que serão ensinadas aos alunos.
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ANEXOS
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75
ANEXO I
Tabela de avaliação do PNLD
Abaixo se pode observar um quadro geral que foi produzido para facilitar aos
professores a ter uma visão ampla e sintética do conjunto das coleções dos livros aprovados
para o uso em escolas públicas. Quanto mais intensa a cor azul, mais a coleção atende aos
critérios solicitados no edital do PNLD, de acordo com a avaliação da equipe de consultores.
(PNLD ciências 2008, 2007. p. 24)
Fonte: Brasil. PNLD Ciências, 2007.
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