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Jorge Manuel Martins Revisto em Agosto de 2010 @ ESTSetúbal SISTEMAS DE AQUISIÇÃO E PROCESSAMENTO DE S INAIS

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Sistemas de aquisição e processamento de sinais

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  • Jorge Manuel Martins

    Revisto em Agosto de 2010 @ ESTSetbal

    SISTEMAS DE AQUISIO E

    PROCESSAMENTO DE SINAIS

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - ii -

    NDICE

    PREFCIO ................................................................................................................................. III

    NOTAS SOBRE O AUTOR............................................................................................................... III

    GLOSSRIO DE ABREVIATURAS ...................................................................................................... IV

    1. INTRODUO AOS SISTEMAS DE AQUISIO E PROCESSAMENTO DE SINAIS ..................................................................... 1.1 1.1 Introduo............................................................................................................................................ 1.2 1.2 Arquitectura de um Sistema de Aquisio e Processamento de Sinais ................................................ 1.2 1.3 Tipos de Processadores de Sinais......................................................................................................... 1.3 1.4 Amostragem de Sinais ......................................................................................................................... 1.5 1.5 Diagrama de Blocos de um SAPS........................................................................................................ 1.9

    1.5.1 Multiplexer Analgico (ANALOG MUX) ............................................................................. 1.11 1.5.2 Amplificador de Ganho Programvel (PGA).......................................................................... 1.12 1.5.3 Filtro de Anti-Sobreposio e de Reconstruo ...................................................................... 1.13 1.5.4 Amostrador/Retentor de Tenso (S/H) ................................................................................... 1.13 1.5.5 Conversor Analgico/Digital (ADC) ...................................................................................... 1.14 1.5.6 Conversor Digital/Analgico (DAC) ...................................................................................... 1.16 1.5.7 Processador............................................................................................................................. 1.17

    2. O AMPLIFICADOR OPERACIONAL (AMPOP) ........................................... 2.1 2.1 Introduo............................................................................................................................................ 2.2 2.2 O AMPOP Ideal: Modelo e Propriedades ............................................................................................ 2.3 2.3 Circuitos Bsicos ................................................................................................................................. 2.4

    2.3.1 Amplificador Inversor .............................................................................................................. 2.4 2.3.2 Amplificador No-Inversor....................................................................................................... 2.6 2.3.3 Seguidor de Tenso................................................................................................................... 2.7

    2.4 No-Idealidades ................................................................................................................................. 2.10 2.4.1 Introduo............................................................................................................................... 2.10 2.4.2 No-Idealidades Dinmicas: Saturao da Sada e Slew-Rate................................................ 2.10 2.4.3 No-Idealidades Estticas: Tenso de Desvio e Corrente de Entrada ..................................... 2.14

    3. CIRCUITOS COM AMPOPS UTILIZADOS NOS SAPS ............................... 3.1 3.1 Introduo............................................................................................................................................ 3.2 3.2 Somador No-Inversor......................................................................................................................... 3.2 3.3 Somador Inversor................................................................................................................................. 3.3 3.4 Subtractor ............................................................................................................................................ 3.4 3.5 Amplificador de Instrumentao.......................................................................................................... 3.7 3.6 Integrador............................................................................................................................................. 3.8 3.7 Comparadores .................................................................................................................................... 3.10

    4. FILTROS TIPO PASSA-BAIXO COM AMPOPS .......................................... 4.1 4.1 Introduo............................................................................................................................................ 4.2 4.2 Configurao com Impedncias Genricas .......................................................................................... 4.2 4.3 Filtro Passa-Baixo de 1 Ordem........................................................................................................... 4.3 4.4 Filtro Passa-Baixo de 2 Ordem........................................................................................................... 4.5 4.5 Seco Sallen-Key Tipo Passa-baixo de Segunda Ordem.................................................................... 4.6 4.6 MAX 270: Seco Passa-Baixo Programvel de 2 Ordem ................................................................. 4.9

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - iii -

    5. MULTIPLEXER ANALGICO (ANALOG MUX) ....................................... 5.1 5.1 Introduo............................................................................................................................................ 5.2 5.2 Interruptor baseado num transstor NMOS .......................................................................................... 5.3 5.3 Interruptor baseado num transstor PMOS........................................................................................... 5.6 5.4 Porta de Passagem ............................................................................................................................... 5.8 5.5 Quadrupla Porta de Passagem: CD4066 ............................................................................................ 5.11 5.6 Multiplexers Analgicos: CD4051, CD4052 e CD4053................................................................... 5.12 5.7 Amplificador de Ganho Programvel ................................................................................................ 5.12

    6. AMOSTRADOR/RETENTOR DE TENSO ..................................................... 6.1 6.1 Introduo............................................................................................................................................ 6.2 6.2 Circuito Elctrico Tpico...................................................................................................................... 6.2 6.3 Erro de Amostragem............................................................................................................................ 6.3 6.4 Erro de Reteno.................................................................................................................................. 6.5 6.5 S/H Monoltico: LF398 ........................................................................................................................ 6.6

    7. CONVERSORES DIGITAL/ANALGICO (DACS) ....................................... 7.1 7.1 Introduo............................................................................................................................................ 7.2 7.2 Equao Caracterstica de um DAC..................................................................................................... 7.2 7.3 DAC de Ganhos Ponderados................................................................................................................ 7.3 7.4 DAC de Malha R-2R ........................................................................................................................... 7.5

    8. CONVERSORES ANALGICO/ DIGITAL (ADCS) ...................................... 8.1 8.1 Introduo............................................................................................................................................ 8.2 8.2 ADC Paralelo....................................................................................................................................... 8.2 8.3 ADC de Aproximaes Sucessivas...................................................................................................... 8.5 8.4 ADC de Rampa Dupla ......................................................................................................................... 8.7 8.5 Comparao das Diversas Famlias de ADCs................................................................................... 8.10

    9. ESTUDO INTRODUTRIO AOS SENSORES .................................................. 9.1 9.1 Introduo............................................................................................................................................ 9.2 9.2 Tipos de Sensores ................................................................................................................................ 9.3 9.3 Sensores de Temperatura Inteligentes.................................................................................................. 9.5 9.4 Termopar ............................................................................................................................................. 9.6 9.5 Resistance Temperature Dependent (RTDs) .................................................................................... 9.11

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - iv -

    PREFCIO

    As indstrias que realizam testes ou monitorizao de sinais, utilizam um conjunto, por

    vezes muito vasto, de sensores destinados a transformar as grandezas fsicas em sinais

    elctricos. Depois de as diversas grandezas fsicas estarem sob a forma de grandezas

    elctricas (tenso ou corrente), necessrio adquirir e processar esses sinais.

    Esta sebenta desenvolve o tema da Aquisio e Processamento de Sinais. Tem como

    objectivo fundamental, o estudo dos sistemas de aquisio e processamento de sinais,

    focando-se nos sistemas digitais, os mais utilizados actualmente. Os sistemas so estudados,

    quer como um todo, quer a nvel de cada um dos seus blocos constituintes.

    NOTAS SOBRE O AUTOR

    Jorge Manuel Martins professor adjunto equiparado no Departamento de Engenharia

    Electrotcnica da Escola Superior de Tecnologia de Setbal. Nos ltimos anos tem leccionado

    diversas disciplinas nas reas da electrnica analgica, digital e microelectrnica.

    O autor licenciou-se e doutorou-se em Engenharia Electrotcnica e de Computadores no

    Instituto Superior Tcnico, em 1994 e 2000, respectivamente. autor de diversas publicaes

    em conferncias e revistas internacionais na rea da microelectrnica.

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - v -

    GLOSSRIO DE ABREVIATURAS

    ABREVIATURA TERMO POR EXTENSO

    C Microcontrolador

    P Microprocessador

    A/D Analgico/Digital

    ADC Conversor Analgico/Digital

    AMPOP Amplificador Operacional

    ANALOG MUX Multiplexer Analgico

    D/A Digital/Analgico

    DAC Conversor Digital/Analgico

    DSP Processador Digital de Sinal

    FIN Frequncia do Sinal de Entrada

    FIN_MAX Frequncia Mxima do Sinal de Entrada

    FS Frequncia de Amostragem

    FS_MIN Frequncia de Amostragem Mnima

    PC Computador Pessoal

    PGA Amplificador de Ganho Programvel

    S/H Amostrador/Retentor de Tenso

    SAPS Sistema de Aquisio e Processamento de Sinais

    SC Condensadores Comutados

    SNR Relao Sinal/Rudo

    VIN Tenso do Sinal de Entrada

    VOUT Tenso do Sinal de Sada

    Nota: Nas abreviaturas anglo-saxnicas, apenas se apresenta a sua traduo

    em portugus

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.1 -

    1 INTRODUO AOS SISTEMAS DE

    AQUISIO E PROCESSAMENTO

    DE SINAIS

    1. INTRODUO AOS SISTEMAS DE AQUISIO E PROCESSAMENTO DE SINAIS

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.2 -

    1.1 Introduo

    Neste Captulo vai se conhecer o que um Sistema de Aquisio e Processamento de

    Sinais (SAPS) e qual a sua arquitectura tpica. Apresenta-se a teoria da amostragem de sinais.

    Por fim, estuda-se a nvel funcional, a operao de cada um dos blocos constituintes de um

    Sistema de Aquisio e Processamento de Sinais.

    1.2 Arquitectura de um Sistema de Aquisio e Processamento de Sinais

    O desenvolvimento das tecnologias de computadores pessoais (PC's), dos autmatos e dos

    microprocessadores e microcontroladores em geral, conduziu a uma utilizao cada vez mais

    generalizada dos Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais (SAPS). Na figura 1.1

    pode-se ver um diagrama simplificado de um destes sistemas.

    Transdutores e/ou sensores

    Utilizador

    Processador

    Armazenamento de dados

    Actuadores, indicadores,

    etc

    Figura 1.1 - Diagrama Simplificado de um Sistema de Aquisio e

    Processamento de Sinais (SAPS).

    Como o nome indica, um SAPS um sistema que tem como funes fundamentais, a

    aquisio de diversas grandezas fsicas (utiliza-se sensores e transdutores para converter as

    grandezas fsicas em grandezas elctricas), efectuar o seu processamento, armazenamento e

    interaco com o utilizador, e colocar grandezas fsicas ou indicaes/aces na sada do

    sistema.

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.3 -

    H algumas dcadas atrs, os SAPS existentes, como por exemplo os sistemas de Radar,

    ocupavam bastantes metros cbicos e tinham um custo de milhes de Euros; actualmente,

    devido ao forte desenvolvimento da tecnologia dos semicondutores, possvel colocar um

    SAPS completo em alguns centmetros cbicos e com o custo de alguns Euros. Desta forma,

    a utilizao dos SAPS generalizou-se; os seus domnios de utilizao, vo deste a industria

    em geral (automvel, qumica, aeronutica, etc.) at electrnica de consumo (telemveis,

    sintetizadores de som, placas de som, etc.).

    Para o engenheiro electrotcnico que necessite de desenvolver o seu Sistema de Aquisio

    e Processamento de Sinais, actualmente, uma das solues mais interessantes, conjugando o

    custo final, o tempo de desenvolvimento e a facilidade de programao, o SAPS baseado

    num PC ligado a um sistema de aquisio de dados (ou com uma placa de aquisio de dados

    interna) e eventualmente algum hardware externo para condicionamento de sinal (figura 1.2).

    Figura 1.2 - SAPS baseado num PC.

    1.3 Tipos de Processadores de Sinais

    Para se realizar o processamento dos sinais tem de se obter amostras do sinal. Esta funo

    da obteno das amostras denomina-se de amostragem do sinal e simulada pelos

    interruptores da figura 1.3. Voltamos a este tpico na seco seguinte.

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.4 -

    Depois de obtidas as amostras do sinal discretas no tempo, que processar essas amostras.

    Na figura 1.3 apresenta-se a topologia dos dois tipos de processadores de sinal existentes: o

    processador analgico e o processador digital.

    DAC ADC

    y(t) x(t)

    FS

    PROCESSADOR

    ANALGICO

    (a)

    y(t) x(t) PROCESSADOR

    DIGITAL

    (b) FS

    Figura 1.3 - Tipos de Processadores de Sinal: (a) Analgico; e (b) Digital.

    O processador analgico trata as amostras sob a forma de uma tenso (ou corrente) no

    interior do circuito e volta a colocar o resultado na sada sob a forma de tenso (ou corrente).

    So exemplo deste tipo de processamento, os circuitos com Condensadores Comutados (SC,

    do ingls Switched Capacitors) utilizados para realizar filtros, Conversores

    Analgico/Digitais (ADC, do ingls Analog/Digital Converter) e Conversores

    Digital/Analgico (DAC, do ingls Digital/Analog Converters).

    Por outro lado, o processador digital, trata as amostras sob a forma de nmeros digitais;

    estes processadores de sinal so os microprocessadores e microcontroladores que

    conhecemos. Dado os grandes avanos que tm existido neste domnio, estes processadores

    so extremamente poderosos, rpidos e baratos. Os processadores digitais so assim os

    utilizados na quase totalidade dos SAPS existentes. O estudo desenvolvido nesta sebenta

    centra-se pois apenas neste tipo de processadores.

    Apesar de inmeras vantagens, os sistemas baseado nos processadores digitais, apresenta

    uma desvantagem: a necessidade de converso das amostras de tenso (ou corrente) para uma

    palavra digital, realizada por um circuito denominado de Conversor Analgico/Digital (ADC)

    (figura 1.3). Caso o SAPS tenha sadas analgicas existe tambm a necessidade da converso

    inversa, realizada por um circuito denominado de Conversor Digital/Analgico (DAC).

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.5 -

    Dado que um SAPS com processamento digital, tem no mnimo trs blocos distintos: o

    processador, o ADC e o DAC, faz com que o mesmo tenha um custo mnimo significativo.

    Em algumas aplicaes especficas, justifica-se pois a utilizao de processadores analgicos,

    como seja os circuitos com Condensadores Comutados (do ingls Switched Capacitors, SC).

    1.4 Amostragem de Sinais

    Uma das caractersticas que distingue um SAPS de outros circuitos que realizam funes

    sobre sinais, como sejam os amplificadores e os filtros contnuos, a operao da obteno

    de amostras discretas no tempo, denominada de amostragem.

    Frequncia de

    Amostragem, FS

    t

    VIN

    VIN VS

    Sinal de Entrada

    t

    VS Sinal Amostrado

    S

    SF

    T1

    =

    Figura 1.4 - Circuito Conceptual de Amostragem de um Sinal.

    Na figura 1.4 apresenta-se um diagrama conceptual da amostragem de um sinal. A

    amostragem pode ser "simulada" com a utilizao de um interruptor que se fecha durante um

    instante de tempo e actuada a um ritmo denominado de Frequncia de Amostragem, FS. A

    forma de onda do sinal amostrado pode ser vista tambm na figura 1.4. Esta onda tem a

    amplitude do sinal de entrada nos instantes de amostragem, e zero durante o restante intervalo

    de tempo.

    Uma das questes fundamentais que se coloca qual o valor da frequncia de amostragem

    que deve ser escolhido para cada aplicao. Este tema foi investigado por Harry Nyquist (ver

    bibliografia em seguida).

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.6 -

    Harry Nyquist was born on 7 February 1889 in Nilsby, Sweden. He attended the University of North Dakota, Grand Forks, from 1912 to 1915 and received the B.S. and M.S. degrees in electrical engineering in 1914 and 1915, respectively. He attended Yale University, New Haven, Conn., from 1915 to 1917, and was awarded the Ph.D. degree in 1917.

    From 1917 to 1934 Nyquist was employed by the American Telephone and Telegraph Company in the Department of Development and Research Transmission, where he was concerned with studies on telegraph picture and voice transmission. From 1934 to 1954 he was with the Bell Telephone Laboratories, Inc., where he continued in the work of communications engineering, especially in

    transmission engineering and systems engineering. At the time of his retirement from Bell Telephone Laboratories in 1954, Nyquist was Assistant Director of Systems Studies.

    During his 37 years of service with the Bell System, he received 138 U. S. patents and published twelve technical articles. His many important contributions to the radio art include the first quantitative explanation of thermal noise, signal transmission studies which laid the foundation for modern information theory and data transmission, the invention of the vestigial sideband transmission system now widely-used in television broadcasting, and the well-known Nyquist diagram for determining the stability of feedback systems.

    Before his death in 1976 Nyquist received many honors for his outstanding work in communications. He was the fourth person to receive the National Academy of Engineer's Founder's Medal, "in recognition of his many fundamental contributions to engineering." In 1960, he received and the IRE Medal of Honor for fundamental contributions to a quantitative understanding of thermal noise, data transmission and negative feedback." Nyquist was also awarded the Stuart Ballantine Medal of the Franklin Institute in 1960, and the Mervin J. Kelly award in 1961

    Retirado do Arquivo IEEE Historical Center

    Segundo o denominado teorema de Nyquist, a frequncia de amostragem mnima, FS_MIN

    igual a duas vezes a frequncia mxima do sinal de entrada, FIN_MAX, isto

    Teorema de Nyquist

    Desde que esta regra seja cumprida, toda a informao sobre o sinal guardada, e, assim

    possvel, voltar a reconstituir integralmente o sinal amostrada (a forma com feita a

    reconstruo vista em seguida).

    Na figura 1.5 pode-se ver os diagramas temporais de um sinal de entrada sinusoidal com

    uma frequncia de 1 kHz, amostrado a uma frequncia FS, respectivamente, de 2 e 10 kHz. O

    primeiro caso, onde apenas existe duas amostras por perodo da sinuside, a amostragem ao

    ritmo mnimo segundo o teorema de Nyquist. Como se ver em seguida, a amostragem ao

    ritmo mnimo acarreta inconvenientes muito fortes aquando da reconstruo do sinal. A

    segunda onda um caso mais tpico, onde a amostragem efectuada quatro vezes acima do

    ritmo mnimo de Nyquist.

    FS_MIN = 2 FIN_MAX

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.7 -

    VIN

    t VS

    KHz 2=SF

    KHz 10=SF

    KHz 1=INF

    VIN

    t VS

    KHz 1=INF

    Figura 1.5 - Diagramas Temporais de Sinais Amostrados.

    A nvel espectral, um sinal amostrado, como o sinal VS da figura 1.5, tem a representao

    genrica apresentada na figura 1.6. Este espectro contm uma risca espectral em FIN, que a

    representao espectral do sinal que foi amostrado, e contm duas riscas em torno de FS, mais

    propriamente em FS+FIN e FS-FIN. Note-se que a amplitude destas componentes, denominadas

    de repeties espectrais, tm a mesma amplitude que a componente fundamental do sinal de

    entrada. As reticncias na figura 1.6 querem indicar que vo existir mais repeties

    espectrais, em torno de 2FS, 3FS, etc.; no entanto, como a repetio em torno de FS a mais

    importante para a reconstruo do sinal, normalmente apenas a nica considerada.

    f

    VS(f)

    INF INSFF INS FF +SF

    Figura 1.6 Representao Espectral de um Sinal Amostrado.

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.8 -

    Na figura 1.7 apresenta-se os espectros de ambos os sinais amostrados VS, cujo diagrama

    temporal foi apresentado na figura 1.5. Na figura 1.7(a) tem-se o espectro de um sinal

    sinusoidal com uma frequncia, FIN, de 1 kHz, amostrado a uma frequncia de amostragem,

    FS, de 2 kHz. Neste caso, verifica-se que a risca espectral de FIN e a de FS-FIN, esto

    coincidente; este fenmeno denominado de sobreposio espectral (ou aliasing, na literatura

    anglosaxnica) leva a que a reconstruo do sinal seja impossvel de realizar. Esta uma das

    razes que leva a que no se faa uma amostragem de sinal ao ritmo mnimo de Nyquist.

    Na figura 1.7(b) tem-se o espectro de um sinal sinusoidal com uma frequncia, FIN,

    tambm de 1 kHz, no entanto, agora amostrado a uma frequncia de amostragem, FS, de

    10 kHz. Neste caso, pode-se observar que a componente fundamental em 1 kHz, e as

    repeties espectrais, respectivamente em 9 e 11 kHz, esto bastante afastadas. Este facto

    vem facilitar a reconstruo do sinal, como se explica em seguida.

    f

    VS(f)

    KHz 1= INSIN FFF KHz 3=+ INS FFKHz 2=SF

    Sinais Coincidentes

    KHz 1=INF

    KHz 2=SF

    (a)

    f

    VS(f)

    KHz 1=INF

    KHz 11=+ INS FFKHz 10=SF

    KHz 1=INF

    KHz 10=SF

    KHz 9= INS FF (b)

    Figura 1.7 Espectro de Sinais Amostrados: (a) sinal de entrada sinusoidal com

    FIN =1 kHz, amostrado a uma frequncia, FS =2 kHz; e (b) sinal de entrada sinusoidal

    com FIN =1 kHz, amostrado a uma frequncia, FS =10 kHz.

    Para se efectuar a reconstruo de um sinal amostrado, como se indica na figura 1.8,

    utiliza-se um filtro passa-baixo, denominado de filtro de reconstruo. A funo deste filtro

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.9 -

    deixar passar integralmente a componente espectral fundamental do sinal amostrado, FIN, e

    eliminar tanto quanto possvel todas as repeties espectrais. Note-se que na prtica, as

    componentes no so totalmente eliminadas, condicionando assim a qualidade, mais

    concretamente a Relao Sinal/Rudo (SNR, do ingls Signal to Noise Ratio), do sinal

    reconstrudo.

    Os dois factores que pesam na SNR do sinal reconstrudo, so pois a ordem do filtro e a

    relao entre FS e FIN. Amostrar prximo do ritmo mnimo de Nyquist (FS=2FIN) implica que

    o filtro de reconstruo tenha de ter uma ordem muito elevada, para se garantir um

    determinada SNR. Para se utilizarem filtros de ordem comportvel (digamos at 4 ou 6

    ordem), deve-se amostrar a uma frequncia trs a quatro vezes superior frequncia mxima

    do sinal de entrada.

    f

    VS(f)

    INF INS FF +SFINS FF

    Filtro de Reconstruo (Ganho Unitrio)

    Figura 1.8 Ilustrao a Nvel Espectral da Reconstruo de um Sinal Amostrado.

    Para garantir que o sinal de entrada no passa acima da frequncia mxima para a qual o

    sistema foi projectado, deve-se colocar na entrada do sistema um filtro passa-baixo, com uma

    frequncia de corte um pouco acima da frequncia mxima do sinal. Este filtro denomina-se

    de filtro de anti-sobreposio.

    1.5 Diagrama de Blocos de um SAPS

    Nesta seco vai se analisar um SAPS, onde cada um dos seus blocos, vai ser visto por

    agora como uma caixa preta. O objectivo deste estudo conhecer os sinais de entrada e de

    sada dos diversos blocos, bem como os seus parmetros relevantes. Em captulos posteriores,

    ser estudada a implementao a nvel elctrico, de cada um dos blocos.

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.10 -

    DA

    C

    P

    C

    D

    SP

    outr

    o

    AD

    C

    S/H

    Am

    plif

    icad

    or

    de G

    anho

    P

    rogr

    amv

    el

    PG

    A

    AN

    AL

    OG

    MU

    X

    Mul

    tipl

    exer

    A

    nal

    gico

    F

    iltr

    o A

    nti-

    Sob

    repo

    si

    o

    Con

    dici

    onad

    ores

    de

    Sin

    al

    Ent

    rada

    s de

    Sin

    al

    v 1

    v 2

    v n

    Am

    ostr

    ador

    /R

    eten

    tor

    de T

    ens

    o

    Con

    vers

    or

    Ana

    lgi

    co/

    Dig

    ital

    P

    roce

    ssad

    or

    Sad

    a de

    Si

    nal

    Con

    vers

    or

    Dig

    ital

    / A

    nal

    gico

    Fil

    tro

    de

    Rec

    onst

    ru

    o

    Figura 1.9 - Diagrama de blocos de um SAPS genrico.

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.11 -

    Na figura 1.9 apresenta-se os diversos blocos constituintes de um SAPS genrico. Note

    que, consoante a aplicao particular, diversos blocos podem ser omitidos. Em seguida vai-se

    se analisar cada bloco separadamente.

    1.5.1 Multiplexer Analgico (ANALOG MUX)

    O Multiplexer Analgico (Analog MUX) utilizado para ligar uma (e apenas uma) das

    linhas de entrada para a sua sada. Este circuito tem uma funo semelhante aos comutadores

    rotativos mecnicos e utilizado sempre que o sistema tem diversas entradas e se pretende

    processar uma da cada vez.

    Na figura 1.10 apresenta-se um Analog MUX de 4 entradas para 1 sada (por exemplo, 1/2

    do CD4052). A linha que est ligada para a sada escolhida pelas entradas de controlo, S0 e

    S1.

    Analog MUX

    V0

    V1

    V2

    V3

    Vo

    S0 S1

    Figura 1.10 - Multiplexer Analgico de 4 entradas para uma sada (1/2 do CD4052).

    Como se pode ver na figura 1.11, consoante a palavra de controlo, assim se altera a entrada

    que se encontra ligada para a sada. Nesta anlise simplificada, estamos a desprezar a

    resistncia elctrica entre a entrada seleccionada e a sada; como se ver no captulo 5, esta

    resistncia no nula, e o projecto tem de ser feito tendo em conta este facto.

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.12 -

    Analog MUX 4053

    V0

    V1

    V2

    V3

    Vo

    S0 S1

    0 0

    V0

    V1

    V2

    V3

    Vo

    S0 S1

    1 1

    Analog MUX 4053

    Figura 1.11 - Ilustrao do Funcionamento de ANALOG MUX CD4052.

    1.5.2 Amplificador de Ganho Programvel (PGA)

    Como o nome indica, um Amplificador de Ganho Programvel (PGA) um amplificador

    em que o seu ganho pode ser escolhido atravs de linhas de controlo. Na figura 1.12

    apresenta-se um PGA comercial de Burr-Brown com a referncia PGA103. Este amplificador

    tem duas linhas digitais de controlo que podem ser utilizadas para escolher um ganho de 1, 10

    ou 100.

    vi vo

    Controlo Ganho de Tenso A1 A0 |vo/vi| _________ _________________ 0 0 1 0 1 10

    1 0 --- 1 1 100

    PGA103

    A0 A1

    Figura 1.12 - Amplificador de Ganho Programvel PGA103.

    Nos SAPS, o PGA utilizado para amplificar o sinal, sempre que se utilizam sensores cuja

    amplitude , por exemplo da ordem do mV's. A amplificao necessria para que a

    converso A/D seja feita utilizando toda a gama de tenso de entrada do A/D e reduzir assim

    o erro cometido na digitalizao.

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.13 -

    1.5.3 Filtro de Anti-Sobreposio e de Reconstruo

    Os filtros de Anti-sobreposio e de Reconstruo so filtros do tipo passa-baixo,

    tipicamente com ganho unitrio. Como de pode ver na figura 1.13, at frequncia de corte,

    c, o sinal no atenuado; para frequncias acima de c o sinal atenuado com um declive

    que depende da ordem do filtro. Os parmetros relevantes nestes filtros so a frequncia de

    corte, c, a qual deve ser um pouco acima de frequncia mxima do sinal amostrado e a

    ordem do filtro, a qual depende da SNR desejada para o sinal reconstrudo.

    C

    1

    ( )jH

    Figura 1.13 - Resposta em Frequncia dos Filtros de Anti-Sobreposio

    e de Reconstruo.

    Nos sistemas desenhados por ns, em vez de se utilizar um filtro de anti-sobreposio com

    ganho unitrio e um PGA para dar ganho ao sinal, pode-se eliminar o PGA e colocar o filtro

    com o ganho desejado.

    1.5.4 Amostrador/Retentor de Tenso (S/H)

    A funo de um Amostrador/Retentor de Tenso (S/H, do ingls Sample/Hold)

    (figura 1.14), descrita em seguida. A funo de amostragem ou reteno seleccionada pelo

    nvel lgico da linha de controlo. Durante um intervalo de tempo, o circuito um seguidor de

    tenso do sinal de entrada (amostrador). No outro intervalo de tempo, a tenso de sada fica

    fixa (reteno) no valor igual ao presente na entrada, no final do perodo da amostragem. Esta

    funo de manter o sinal fixo necessria para alguns Conversores Analgico/Digital.

    (ADCs).

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.14 -

    S/H V0 VI

    t

    VI CTR

    CTR

    VO

    Amostragem

    Retenco

    Figura 1.14 - Amostrador/Retentor de Tenso (S/H): Smbolo e Diagrama Temporal.

    ADC

    D0

    D1

    D2

    DN-1

    VI

    Figura 1.15 - Conversos Analgico/Digital (ADC) de n bits.

    1.5.5 Conversor Analgico/Digital (ADC)

    Um Conversor Analgico/Digital (ADC, do ingls Analog/Digital Converter) (ver figura

    1.15) um bloco com uma entrada analgica e uma sada digital de n bit. A sua funo,

    normalmente denominada de digitalizao do sinal, e consiste na obteno de uma palavra

    binria proporcional ao valor da tenso de entrada. Por exemplo, se a tenso de entrada for

    zero, a palavra de sada tem todos os bits a "0", se a tenso de entrada for a mxima, todos os

    bits de sada tm de ser colocados a "1", para os valores intermdios da tenso de entrada, a

    palavra digital de sada ter bits a "1" e a "0".

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.15 -

    Para se descrever a funcionalidade de um ADC utiliza-se tipicamente a caracterstica

    esttica, isto , um grfico que no eixo das abcissas tem a tenso de entrada, vi, e no eixo das

    ordenadas tem a palavra digital de sada. Na figura 1.16 apresenta-se a caracterstica esttica

    de um ADC de 3 bit e uma tenso de entrada mxima de 8 V.

    D

    000

    001

    010

    011

    100

    101

    110

    111

    vi [V] 1 8 4 0

    Figura 1.16 - Caracterstica esttica de um ADC de 3 bit.

    Um termo utilizado para caracterizar um ADC o seu nmero de bits, que coincide com

    nmero de bits da palavra digital de sada, n.

    O nmero de intervalos de quantificao, um nmero de intervalos uniformes em que se

    divide a gama do sinal de entrada, e dado por

    nmero de intervalos de quantificao: 2n (1.1)

    A resoluo de ADC, R, ou seja a largura (em V) de cada um dos intervalos de

    quantificao, vale

    n

    SGR2oquantifica de intervalos de Nmeros

    entrada de tensode Gama== (1.2)

    A resoluo do conversor um parmetro extremamente relevante num ADC pois o seu

    valor coincidente com o erro mximo que se comete na digitalizao do sinal.

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.16 -

    No exemplo anterior, o nmero de intervalos de quantificao 23=8, e a resoluo de

    ADC vale, R = GS/2n = 8/23 = 1 V. Considerando um exemplo mais real, um conversor de

    12 bit (4.096 intervalos de quantificao) com uma gama de tenso de entrada de 10 V,

    apresenta uma resoluo de 2,44 mV. Num conversor de 16 bit (65.536 intervalos de

    quantificao) com a mesma gama de tenso de entrada, a resoluo passa para 153 V.

    Um outro parmetro importante no ADC (este pertencente caracterizao dinmica) a

    velocidade de operao, ou seja, o nmero de converses que realiza por segundo. Como

    veremos no captulo 8, existe um compromisso de fundo entre a velocidade de converso e a

    resoluo do conversor. Logo, nos extremos, temos conversores rpidos (centenas de MHz's)

    com resolues at 8 bit, e temos conversores de elevada resoluo (24 bits) com um ritmo de

    converso de algumas dezenas de kHz.

    DAC

    D0

    D1

    D2

    DN-1

    Vo

    Figura 1.17 - Conversor Digital/Analgico (DAC) de n bit.

    1.5.6 Conversor Digital/Analgico (DAC)

    A funo de um Conversor Digital/Analgico (DAC, do ingls Digital/Analog Converter)

    (ver figura 1.17) a inversa da de um ADC, isto , a tenso de sada, vo, proporcional ao

    nmero binrio de entrada.

    No caso do DAC possvel representar vo por uma equao explicita

    ( )n2

    entrada de binrio nmero DVv REFo = (1.3)

    semelhana dos ADCs, os parmetros relevantes nos DACs so: a resoluo, a gama

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 1.17 -

    da tenso de sada e a velocidade de operao.

    1.5.7 Processador

    Por ltimo, mas no menos importante, o processador do sistema. Este componente pode

    ser um microprocessador (P), um microcontrolador (C), ou um processador dedicado para

    o processamento de sinais, denominado de Processador Digital de Sinal (DSP, do ingls

    Digital Signal Processor).

    Este bloco tem a cargo todo o processamento e armazenamento de dados. Tem tambm de

    controlar os diversos blocos do sistema. Entre as tarefas de controlo dos diversos blocos, est,

    por exemplo, a seleo do canal de entrada da ANALOG MUX, a ordem de incio de

    converso do ADC, etc.

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 2.1 -

    2 O AMPLIFICADOR

    OPERACIONAL

    (AMPOP)

    2. O AMPLIFICADOR OPERACIONAL (AMPOP)

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 2.2 -

    2.1 Introduo

    O primeiro amplificador operacional (AMPOP) comercial, cujo smbolo se pode ver na

    figura 2.1, surgiu em 1960, com a referncia A709. Apesar de o seu desempenho ser muito

    fraco e de o seu custo ser elevado ser elevado, este circuito foi um marco no projecto dos

    circuitos electrnicos.

    vo

    VSS

    v-

    v+

    VDD

    DIP8

    (a)

    (c)

    vo v-

    v+

    (b)

    v- - Entrada inversora v+ - Entrada no-inversora vo Sada VDD Tenso de alimentao positiva VSS - Tenso de alimentao negativa

    Figura 2.1 O AMPOP; (a) encapsulamento mais comum; (b) smbolo sem alimentao; e (c) smbolo com alimentao.

    Passados cinco anos sobre o lanamento do A709, e basicamente devido ao facto de

    comear a ser utilizado em larga escala, o preo dos AMPOPs baixou significativamente e a

    sua variedade j ultrapassava o milhar.

    Em geral, o maior trunfo de um AMPOP a sua VERSATILIDADE. Em particular,

    destaca-se:

    consegue implementar um leque muito vasto de circuitos: amplificadores,

    comparadores, filtros, conversores A/D, conversores D/A, etc.;

    as caractersticas de um AMPOP real no se afastam muito de um AMPOP ideal;

    o projecto de circuitos relativamente simples.

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 2.3 -

    2.2 O AMPOP Ideal: Modelo e Propriedades

    Como se pode observar na figura 2.2, o AMPOP ideal constitudo por uma fonte de

    tenso controlada pela diferena da tenso de entrada (v+ - v-) e com um ganho, A, muito

    elevado (idealmente infinito, na prtica entre 105 e 106).

    vo

    v+

    v-

    ( )+ vvA

    i1

    i2

    Figura 2.2 Modelo do um AMPOP ideal.

    Das propriedades do AMPOP ideal, destaca-se:

    a impedncia de entrada infinita, logo i1=i2=0;

    a impedncia de sada nula. Qualquer que seja a corrente fornecida carga, a

    tenso de sada sempre A(v+-v-).

    Exerccio

    Considere que na figura 2.3, o AMPOP ideal, com excepo do ganho de tenso, A, que

    finito. Sabendo que vo= vi=3.5 V, determine o ganho de tenso A.

    Resoluo

    A tenso no n v1, dada por

    V 355.3

    10 M 10 1

    21

    21 +

    =+

    = ivRRRv

    (2.1)

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 2.4 -

    Logo, atendendo a que

    ( ) 000.100 35

    3.501

    1 ==== vv

    AvAv oo (2.2)

    Deste exerccio pode-se salientar j um ponto fundamental, a tenso diferencial de entrada

    do AMPOP, (v1-0), praticamente nula; este pormenor pode conferir propriedades muito

    importantes aos circuitos com AMPOPs, e pode simplificar muito a anlise dos mesmos.

    R1

    vo vi v11 M

    R210

    Figura 2.3 Circuito didctico com um AMPOP.

    2.3 Circuitos Bsicos

    Em seguida vai-se estudar os trs circuito bsicos com AMPOPs, a saber: o amplificador

    inversor, o amplificador no-inversor e o seguidor de tenso.

    2.3.1 Amplificador Inversor

    Este amplificador, como se pode ver na figura 2.4, composto por um AMPOP e por duas

    resistncias. Como se ver nesta seco, este circuito utilizado para amplificar o sinal de

    entrada.

    R1

    vo

    R2

    vi

    Figura 1.4 - Amplificador inversor.

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    - 2.5 -

    Determinao do ganho de tenso

    O ganho de tenso define-se como sendo a relao entre a tenso de sada, vo e a tenso de

    entrada, vi:

    i

    o

    vv

    G = Tenso, de Ganho (2.3)

    Considere o amplificador inversor da figura 2.5, no qual nomeamos diversas correntes e

    tenses internas.

    R1

    vo

    R2

    vi

    i1

    i2

    v1

    massa virtual curto-circuito virtual

    Figura 2.5 - Amplificador inversor com identificao de diversas corrente e tenses internas.

    Considerando que a tenso de sada do amplificador em funcionamento normal, de

    alguns Volt, e que o ganho de tenso do AMPOP, A, muito elevado (por exemplo de

    100.000), a tenso em v1

    Av

    v o=1 (2.4)

    da ordem dos Volt. Como a tenso diferencial da entrada do AMPOP (v+-v-) muito

    baixa, pode-se tipicamente considerar nula; diz-se neste caso que existe um curto-circuito

    virtual entre as entradas inversora e no-inversora do AMPOP. Devido a este curto-circuito

    virtual, a tenso v1 praticamente nula, logo este n denomina-se de massa virtual.

    Atendendo a que o n de v1 uma massa virtual, pode-se ento escrever que

    11

    11 R

    vR

    vvi ii

    = (2.5)

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 2.6 -

    e que

    22

    12 R

    vR

    vvi oo

    = (2.6)

    Por outro lado, atendendo a que no existe corrente na entrada inversora do AMPOP

    21

    21 Rv

    Rv

    ii oi == (2.7)

    o que conduz a

    1

    2

    RR

    vv

    Gi

    o == (2.8)

    O facto de o ganho de tenso ser negativo d o nome de amplificador inversor a este

    circuito. Pode-se dimensionar o valor do ganho de tenso atravs da escolha adequada do

    quociente R2/R1.

    2.3.2 Amplificador No-Inversor

    Na figura 2.6 apresenta-se o esquema elctrico do amplificador no-inversor. Este circuito,

    semelhana do anterior, serve para amplificar sinais, no entanto, ao contrrio do anterior, o

    seu ganho de tenso positivo.

    R1

    vo

    (a)

    R2

    vi

    R1

    vo

    (b)

    R2

    vi

    v1

    i1

    i2

    Figura 2.6 - Amplificador no-inversor; (a) esquema elctrico e (b) identificao de diversas correntes e tenses internas.

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 2.7 -

    Determinao do ganho de tenso

    Atendendo a curto-circuito virtual na entrada do AMPOP, a tenso v1, vale

    ivv =1 (2.9)

    Por outro lado,

    1

    11 R

    vi = (2.10)

    e

    2

    12 R

    vvi o

    = (2.11)

    Atendendo a que i1=i2, vem

    21 Rvv

    Rv ioi = (2.12)

    Logo, o ganho de tenso, G=vo/vi, vale

    1

    21RR

    vv

    Gi

    o +== (2.13)

    Conclui-se pois, que se trata de um amplificador no-inversor. O ganho mnimo que se

    consegue com este amplificador 1, para R2=0 .

    2.3.3 Seguidor de Tenso

    Um caso particular do amplificador no-inversor o seguidor de tenso (figura 2.7).

    Considere que se faz R1= e R2=0.

    vovi

    Figura 2.7 - Seguidor de tenso.

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    - 2.8 -

    Considerando R2=0, a equao (2.13), conduz a um ganho de tenso unitrio, isto

    1==i

    o

    vv

    G (2.14)

    Este circuito apesar de muito simples, tem diversas propriedades interessantes:

    a sua impedncia de entrada infinita, logo, no consome nenhuma corrente do

    circuito a jusante;

    a impedncia de sada nula, logo, independemente da corrente fornecida carga,

    vo sempre igual a vi.

    Exemplo de Aplicao 1

    Considere que se utiliza um divisor de tenso como o da figura 2.8, para gerar uma tenso

    de referncia, definida atravs do ajuste da resistncia R1.

    R2

    VDD

    R1

    RL

    vo

    ( )( ) DDL

    Lo VRRR

    RRv

    ////

    21

    2

    +=

    Figura 2.8 - Gerador de tenso de referncia: Soluo 1.

    Nesta soluo, o facto da resistncia de carga ficar em paralelo com R2, faz com que a

    tenso de sada, vo, varie, sempre que o valor de RL variar. Este inconveniente bastante

    significativo, e de alguma forma deve ser eliminado. A soluo para este problema passa por

    colocar um seguidor de tenso na sada do divisor resistivo, como se pode ver na figura 2.9.

    Desta forma, as variaes no valor de RL, no acarretam qualquer variao na tenso de sada.

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 2.9 -

    R2

    VDD

    R1

    RL

    vo

    DDo VRRRv

    21

    2

    +=

    Figura 2.9 - Gerador de tenso de referncia: Soluo 2.

    Exemplo de Aplicao 2

    Em seguida pode-se ver um exemplo tpico da utilizao de seguidores de tenso nos

    SAPS. Considere que se pretende amplificar o sinal proveniente de um sensor, e se utiliza a

    soluo da figura 2.10.

    vx

    RS

    vS

    Sensor

    fsica grandeza= kvS

    R1

    vo1

    R2

    Figura 2.10 Amplificao do sinal de um sensor: Soluo 1.

    Neste caso, a tenso de sada vale

    SS

    o vRRR

    v+

    =1

    21 (2.15)

    Como se facilmente se constata em (2.15), a tenso de sada depende do valor de RS, um

    valor tipicamente conhecido de forma pouca precisa. pois imperativo eliminar a

    dependncia deste parmetro; a soluo neste caso pode passar pela utilizao de um

    seguidor de tenso, ligado como se pode ver na figura 2.11. Neste caso, a tenso de sada

    passa a ser dada por

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 2.10 -

    So vRR

    v1

    22 = (2.16)

    vx

    RS

    vS

    Sensor

    fsica grandeza= kvS

    R1

    vo2

    R2

    Figura 2.11 - Amplificao do sinal de um sensor: Soluo 2.

    Outra soluo, passa pela utilizao do amplificador no-inversor em vez do amplificador

    inversor. Neste caso, como a corrente de entrada nula, o efeito de RS tambm no se faz

    sentir (e poupa-se um AMPOP).

    2.4 No-Idealidades

    2.4.1 Introduo

    At agora analisaram-se alguns circuitos considerando que o AMPOP utilizado era ideal.

    Na prtica, os AMPOPs reais tm diversas limitaes, que devem ser muito bem conhecidas

    aquando do projecto destes circuitos. Em seguida vai-se estudar estas limitaes. As mesmas

    foram divididas em dois grandes grupos: no-idealicades dinmicas e no-idealidades

    estticas.

    2.4.2 No-Idealidades Dinmicas: Saturao da Sada e Slew-Rate

    Saturao da Sada

    A tenso mxima de sada de um circuito com AMPOPs est limitada pela tenso de

    alimentao utilizada. Tipicamente a 1 a 2 V abaixo da tenso positiva e 1 a 2 V acima da

    tenso de alimentao negativa.

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 2.11 -

    Esta tenso mxima e mnima que um AMPOP pode colocar na sua sada denomina-se,

    respectivamente, de tenso de saturao positiva, VSAT+, e tenso de saturao negativa, VSAT-.

    Na figura 2.12 pode-se ver o efeito da saturao na denominada caracterstica esttica

    (grfico de vo em funo de vi) do seguidor de tenso. Na zona inclinada da caracterstica

    esttica, o seguido de tenso funciona correctamente, e vo=vi. Acima de VSAT+ e abaixo de

    VSAT-, a curva fica horizontal, indicando que apesar da variao de vi, a tenso vo vai se

    manter constante.

    vovi

    vo

    VSAT+

    VSAT-

    vi

    Figura 2.12 Caracterstica esttica de um seguidor de tenso.

    Na figura 2.13 pode-se observar o efeito de saturao no diagrama temporal da tenso de

    sada de um amplificador inversor. A onda de entrada sinusoidal transformada numa

    espcie de onda quadrada. A soluo passa por escolher uma tenso de alimentao

    adequada, por forma a que o sinal de sada nuca atinja nem VSAT+ nem VSAT-.

    R1

    vo1 k

    R2

    100 k

    vi

    Tenso de Alimentao 15 V

    1 V

    13 V

    -13 V

    VSAT+

    VSAT-

    Figura 2.13 Diagrama temporal da sada de um amplificador inversor, no qual

    visvel a saturao do sinal de sada.

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 2.12 -

    Slew-Rate

    Uma outra limitao associada ao AMPOP a taxa mxima de variao da tenso de

    sada, denominada tipicamente pelo termo anglo-saxnico: slew-rate, SR

    MAX

    o

    dtdv

    =SR (2.17)

    e mede-se em V/s, ou tipicamente, V/s.

    O efeito do slew-rate na sada de um seguidor de tenso, quando se aplica um degrau na

    entrada, o que se pode ver na figura 2.14. Na prtica, tem-se que a entrada varia muito

    rapidamente, e a sada demora um determinado intervalo de tempo, T, a variar para o valor

    final. No projecto de circuitos, temos que garantir que escolhemos um AMPOP com um

    slew-rate tal, que este atraso no cause nenhum dano ao funcionamento do circuito.

    vovi

    vo

    t T

    vi v

    Figura 2.14 Efeito do slew-rate na sada de um seguidor de tenso.

    Caso se utilize um circuito com AMPOPs para amplificar sinais sinusoidais, tem de se

    garantir que o declive mximo do sinal de sada seja sempre inferior ao slew-rate do

    AMPOP. Caso esta regra no seja cumprida, a onda de sada fica distorcida, passando a ter

    uma forma triangular, como se pode ver na figura 2.15.

    vovi

    vi

    vo

    Figura 2.15 Efeito de um slew-rate reduzido na sada do seguidor de tenso.

  • Sistemas de Aquisio e Processamento de Sinais Jorge Martins

    - 2.13 -

    Vamos em seguida deduzir uma equao para calcular a frequncia mxima permitida nos

    circuitos com AMPOPs sem que haja distoro do sinal de sada. Como se referiu

    anteriormente, o declive mximo do sinal de sada tem de ser inferior ao slew-rate do

    AMPOP, logo

    ( )

    SR