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1 Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas Integradas Área de Concentração em Odontologia MARTA ELOIZA ZANELLI ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL EM MATO GROSSO, BRASIL Cuiabá, 2015

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Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas Integradas Área de Concentração em Odontologia

MARTA ELOIZA ZANELLI

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL EM MATO GROSSO, BRASIL

Cuiabá, 2015

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MARTA ELOIZA ZANELLI

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL EM MATO GROSSO, BRASIL

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Odontológicas Integradas, da Universidade de Cuiabá – UNIC, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Ciências Odontológicas Integradas, Área de Concentração em Odontologia.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Evaristo Ricci Volpato

Cuiabá, 2015

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FICHA CATALOGRÁFICA

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MARTA ELOIZA ZANELLI

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL EM MATO GROSSO, BRASIL

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Odontológicas da Universidade de Cuiabá – UNIC como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Odontológicas Integradas – Área de Concentração em Odontologia.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Evaristo Ricci Volpato

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________

Orientador: Prof. Dr. Luiz Evaristo Ricci Volpato

________________________________________________________

Membro Titular: Prof. Dr. Orlando Aguirre Guedes

________________________________________________________

Membro Titular: Prof.ª Dr.ª Gisele Pedroso Moi

Cuiabá, 26 de março de 2015.

Conceito Final: ____________

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AGRADECIMENTOS

Ao Reitor da Universidade de Cuiabá – UNIC, Rui Fava.

Ao Pró Reitor Acadêmico da Universidade de Cuiabá – UNIC, José Cláudio Perecin.

À Pró Reitora Administrativa e Diretora de unidade da Universidade de Cuiabá – UNIC, Simone Cristina de Castro Wojcicki.

Ao Diretor de Pós-Graduação Stricto Sensu da Kroton, Prof. Dr. Hélio Suguimoto.

À Coordenadora de Pesquisa e Pós-Graduação - Stricto Sensu da Universidade de Cuiabá – UNIC, Lucélia de Oliveira Santos.

Ao Coordenador do Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas da Universidade de Cuiabá – UNIC, Prof. Dr. Álvaro Henrique Borges.

Ao Diretor da Faculdade de Odontologia da Universidade de Cuiabá – UNIC, Fábio Luis Miranda Pedro.

Às secretárias do Programa de Mestrado da Universidade de Cuiabá, Josieire Marques Missias e Cátia Balduíno Ferreira.

Ás colegas e amigas da Gerência de Saúde Bucal e aos outros técnicos da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso pela colaboração com a pesquisa.

Ao meu orientador Prof. Dr. Luiz Evaristo Ricci Volpato, sua sabedoria e serenidade foram importantes para o meu aprendizado acadêmico.

Aos meus pais e irmãos, que sempre me apoiaram na minha caminhada.

A Deus e aos espíritos benevolentes pela inspiração, tolerância e fé.

Muito obrigada!

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Os tesouros reais, de alto valor, são aqueles de ordem íntima, que ninguém toma, jamais se perdem e sempre seguem com a pessoa.

Divaldo Pereira Franco

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RESUMO

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RESUMO

ZANELLI ME. ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL EM MATO GROSSO, BRASIL. 2015. 61 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas) Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Universidade de Cuiabá - UNIC, Cuiabá, 2015.

A avaliação em saúde construída em bases lógicas, coerentes e racionais, utilizando mecanismos e instrumentos existentes, garante a sua consistência e validade, além de proporcionar confiabilidade aos atores envolvidos na utilização dos seus resultados e na tomada de decisão. O objetivo deste trabalho foi analisar a implantação da Política Nacional de Saúde Bucal no estado de Mato Grosso. A análise procedeu-se por meio de dados oficiais coletados junto ao Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso. Os resultados demonstraram que em Mato Grosso 23 municípios, cerca de 16,31%, ofertam água fluoretada à sua população e fazem o heterocontrole. A cobertura populacional de Equipe de Saúde da Família e Equipe de Saúde Bucal é de 70,47% e 48,56%, respectivamente. Mato Grosso apresenta 10 Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) distribuídos em 6 municípios (4,25%), destes, 9 são de gestão municipal e 1 estadual; 1 é do tipo I; 8 do tipo II, 1 do tipo III e 5 aderiram ao programa Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD). Mato Grosso apresenta 31 Laboratórios Regionais de Prótese Dentária (LRPD) em 31 municípios, cerca de 22%. Quanto ao Programa Saúde na Escola (PSE), o estado tem 98,58% de adesão. Concluiu-se que 16,31% dos municípios mato-grossenses fluoretam as águas de abastecimento público e fazem o heterocontrole. A atenção primária está mais consolidada em relação à média complexidade, entretanto, não existe relação ideal entre as ESF e ESB, demonstrando que em Mato Grosso ainda há muito a avançar em atenção à saúde bucal na atenção primária. Mato Grosso apresenta baixo número de CEO e LRPD credenciados junto ao Ministério da Saúde e, não apresenta um sistema de referenciamento e contrarreferenciamento nos municípios, à exceção do Centro de Odontologia para Pacientes Especiais (CEOPE). O estado de Mato Grosso apresenta alta adesão ao PSE.

Descritores: Atenção Primária à Saúde. Saúde Bucal. Avaliação em Saúde. Sistemas de Informação em Saúde.

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ABSTRACT

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ABSTRACT

ZANELLI ME. ANALYSIS OF IMPLANTATION OF THE NATIONAL ORAL HEALTH POLITICS IN MATO GROSSO, BRAZIL. 2015. 61 f. Dissertation (Master's Degree in Integrated Dental Clinic) Post-Graduate Program, University of Cuiabá – UNIC, Cuiabá, 2015.

Health evaluation built into logical, coherent and rational basis, using existing mechanisms and instruments of research, ensures their consistency and validity, and reliability provide the actors involved in the use of results and decision making. The objective of this study was to analyze the implementation of the National Oral Health Politics in the state of Mato Grosso. This analyze was conducted using data from national and state’s public health databases. The results showed that 23 municipalities in Mato Grosso, about 16,31%, they offer fluoridate water to its population and make the external control. The population coverage of the Family Health Team and Oral Health Team is 70,47% and 48,56%, respectively. Mato Grosso has 10 Specialized Dental Clinics in 6 municipalities, about 4,25%, of these, 9 are municipal management and 1 state; 1 is type I; 8 type II, 1 type III and 5 joined the Care Network Program for Persons with Disabilities. Mato Grosso has 31 Regional Laboratories of Dental Prosthesis distributed in 31 municipalities, about 22%. As for the School Health Program, the state has 98,58% participation. It was concluded the fluoridation of public water supplies is 16,31% of Mato Grosso municipalities that adopt this practice. Primary care is more consolidated from the average complexity, however, there is no ideal relationship between the Health Teams of Family and Oral Health Teams, demonstrating that in Mato Grosso there is still much to advance oral health care in primary care. Mato Grosso has a low number of specialized dental center and Regional Laboratory of Prosthodontics accredited with the Department of Health and does not present a referencing system and counter-referencing in the municipalities, except for the Dental Center for Special Patients. The state of Mato Grosso shows high adherence to the School Health Program.

Keywords: Primary Health Care. Oral Health. Health Evaluation. Health Information Systems.

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LISTA DE TABELAS

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Evolução do número de Equipes de Saúde da Família (ESF), Equipes de Saúde Bucal (ESB), cobertura populacional de ESF e ESB, Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) e Laboratório Regional de Prótese Dentária (LRPD), no período de 2001 a 2013. Mato Grosso, 2014..........................................40

Tabela 2 – Relação dos municípios que possuem Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), sua quantidade e tipo, adesão à Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD) e a forma de gestão. Mato Grosso, 2014...........................41

Tabela 3 – Relação dos municípios que possuem Laboratório Regional de Prótese Dentária (LRPD) e suas faixas de produção mensal. Mato Grosso, 2014.................42

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LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Visualização dos municípios mato-grossenses que fluoretam a água de abastecimento público e fazem o heterocontrole.......................................................39

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LISTA DE ABREVIATURAS

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LISTA DE ABREVIATURAS

CEO – Centro de Especialidades Odontológicas

CGSB – Coordenação Geral de Saúde Bucal

COVAM – Coordenadoria de Vigilância Ambiental

CPO-D – Dentes cariados, perdidos e obturados

DAB – Departamento de Atenção Básica

DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

ESB – Equipe de Saúde Bucal

ESF – Equipe de Saúde da Família

IBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LRPD – Laboratório Regional de Prótese dentária

MS – Ministério da Saúde

MT – Mato Grosso

PMAQ – Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica

PNSB – Política Nacional de Saúde Bucal

PSE – Programa Saúde na Escola

RCPD – Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência

SAS – Secretaria de Atenção à Saúde

SES – Secretaria de Estado de Saúde

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SIAB – Sistema de Informação da Atenção Básica

SIS – Sistema de Informação em Saúde

SISVAN – Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional

SUS – Sistema Único de Saúde

VISAGUA – Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para

Consumo Humano

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SUMÁRIO

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SUMÁRIO

1 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................21

1.1 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL......................................................22

1.1.1 A Política Nacional de Saúde Bucal em Mato Grosso..............................25

1.2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE: OBJETIVOS...............................26

1.3 REFERÊNCIAS DA REVISÃO DE LITERATURA............................................28

2 CAPÍTULO 1: ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL EM MATO GROSSO, BRASIL....................................................32

2.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................34

2.2 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................36

2.3 RESULTADOS..................................................................................................39

2.4 DISCUSSÃO.....................................................................................................44

2.5 CONCLUSÃO....................................................................................................51

2.6 REFERÊNCIAS DO CAPÍTULO 1....................................................................53

3 ANEXOS..............................................................................................................57

ANEXO 1. PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA............................58

ANEXO 2. NORMAS DA REVISTA SAÚDE EM DEBATE.....................................61

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1 REVISÃO DE LITERATURA

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1 REVISÃO DE LITERATURA

Até o final dos anos 90, a saúde bucal na rede pública brasileira caracterizou-

se por apresentar um processo de trabalho individual, centrado no profissional,

apoiado em atos e tecnologias dependentes do equipamento instalado em

consultórios, priorizando as ações preventivas aos escolares da rede pública,

deixando a outra parcela da população desassistida (ROCHA; GOES, 2008).

Na primeira década do século XXI, esta forma de organização dos serviços de

saúde bucal tornou-se incômoda para os profissionais que se propuseram à

construção do Sistema Único de Saúde (SUS), nos níveis municipal e estadual

(ROCHA; GOES, 2008). O agravamento das condições de vida e de saúde das

pessoas, as limitações físicas e programáticas dos serviços, com baixo impacto

diante dos problemas prevalentes, bem como a formação profissional pouco

adequada, passaram a exigir esforços e ações de caráter transformador para o setor

de saúde bucal (PUCCA-Jr et al., 2009). No processo de descentralização, frente a

uma demanda acumulada, municípios e estados se viram diante da necessidade de

reestruturar os serviços, objetivando a criação de sistemas hierarquizados e

resolutivos (BRASIL, 2006).

Atender à população adulta implicou no surgimento de propostas gerenciais

que, de alguma forma, buscam a superação das tradicionais limitações de acesso

aos serviços de saúde bucal e a construção de novas práticas de agendamento e de

ampliação da oferta de serviços (ROCHA; GOES, 2008). Também, era necessária a

construção de novos indicadores de produção, de cobertura, de impacto e de

avaliação (BRASIL, 2006).

Desta forma, a busca pela qualidade dos serviços de assistência em saúde

bucal tem recebido grande destaque do Ministério da Saúde nos últimos anos, de

forma a provocar mudanças positivas, tendo em vista a sua importância para a

adequação das políticas públicas às necessidades da população e para o retorno

adequado dos investimentos, que se reflete na melhoria da situação de saúde do

país (ALMEIDA; GIOVANELLA, 2008).

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Nos últimos anos, a atenção básica à saúde passou por inovações

importantes, principalmente a partir da adoção da estratégia Saúde da Família como

modelo assistencial e do grande investimento na expansão da rede e dos recursos

humanos vinculados a esse nível de atenção (ALMEIDA; GIOVANELLA, 2008). A

inclusão da Equipe de Saúde Bucal (ESB) no processo de trabalho da estratégia

Saúde da Família propôs uma reorientação do modelo de atenção em saúde bucal

consonante com os princípios e diretrizes do SUS (BRASIL, 2004).

A inclusão das ações de saúde bucal na estratégia Saúde da Família visa

melhorar as condições de saúde bucal da população brasileira, orientar as práticas

de atenção à saúde bucal por meio da estratégia de organização da atenção básica,

assegurar o acesso progressivo de todas as famílias residentes nas áreas cobertas,

capacitar, formar e educar permanentemente os profissionais de saúde bucal, avaliar

os padrões de qualidade e o impacto das ações desenvolvidas (ROCHA; GOES,

2008).

As ações que compõem a atenção básica em saúde bucal subdividem-se

em ações de promoção e proteção de saúde, que podem ser realizadas em nível

individual ou coletivo e ações de recuperação, que estão vinculadas ao atendimento

clínico individual, constituindo-se no diagnóstico e tratamento de doenças (SOUZA;

RONCALLI, 2007). A fluoretação das águas e a educação em saúde são ações de

promoção e proteção previstas (SOUZA; RONCALLI, 2007). Nas ações de

recuperação, destaca-se a identificação precoce das lesões da mucosa bucal e o

tratamento a partir de procedimentos conservadores (BRASIL, 2004).

1.1 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL

No ano de 2004, o Ministério da Saúde publicou a Política Nacional de

Saúde Bucal (PNSB), intitulada Brasil Sorridente, com diretrizes que sugeriram a

reorganização da atenção em saúde bucal em todos os níveis de atenção (BRASIL,

2004). A PNSB compreende um conjunto de ações nos âmbitos individual e coletivo

que abrange a promoção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o

tratamento e a reabilitação. Essa política foi desenvolvida por meio do exercício de

práticas democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas

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a populações pelas quais se assume a responsabilidade com o cuidado em saúde

bucal, considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas

populações (MARTELLI, 2010).

Desta forma, para enfrentar o desafio de ampliar e qualificar a oferta de

serviços odontológicos e garantir a integralidade da atenção, a estratégia adotada

pelo Ministério da Saúde foi a implantação de uma rede de referência e

contrarreferência, por meio dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO); da

reabilitação protética, através dos Laboratórios Regionais de Prótese Dentária

(LRPD) e da expansão da cobertura da fluoretação da água de abastecimento

público (BRASIL, 2004), possibilitando desta forma, a estruturação da rede de saúde

bucal nos municípios (LUCENA; PUCCA-Jr; SOUSA, 2011).

Os CEO são unidades de saúde classificadas como Clínica Especializada ou

Ambulatório de Especialidade (BRASIL, 2012a). Esses estabelecimentos são

referência de atenção secundária e devem oferecer à população, no mínimo, os

seguintes serviços: diagnóstico bucal, com ênfase no diagnóstico e detecção do

câncer de boca; periodontia; cirurgia oral menor dos tecidos moles e duros;

endodontia e atendimento a pacientes especiais. Os CEO se dividem em: tipo I – 3

cadeiras odontológicas; tipo II – 4 a 6 cadeiras odontológicas e tipo III – 7 ou mais

cadeiras odontológica (BRASIL, 2012a).

Os LRPD são unidades próprias do município ou unidades terceirizadas

credenciadas para confecção de próteses totais ou próteses parciais removíveis.

Vale ressaltar que os procedimentos de moldagem e entrega da prótese estão

incluídos na atenção básica (BRASIL, 2012b).

Assim, a PNSB tem o objetivo de reorganizar o modelo de atenção à saúde

e ampliar o acesso às ações de saúde bucal, garantindo a atenção integral aos

indivíduos e às famílias. A implantação da PNSB funciona por meio de parcerias

entre os estados, municípios e o governo federal, com repasse financeiro mensal do

Ministério da Saúde aos municípios e estados que trabalham sob a orientação dessa

política (BRASIL, 2004).

Neste sentido, com o estabelecimento de uma política nacional norteadora

das ações a serem desenvolvidas por estados e municípios, aumentou a

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necessidade e o interesse em avaliar e monitorar os resultados alcançados em

relação à organização e provisão dos serviços públicos em saúde (ALMEIDA;

GIOVANELLA, 2008).

No ano de 2010, o Ministério da Saúde em parceria com os estados,

municípios e o distrito federal, realizou a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal – SB

BRASIL 2010, com objetivos de conhecer as condições de saúde bucal da

população brasileira em 2010, subsidiar o planejamento e avaliação das ações e

serviços junto ao Sistema Único de Saúde e manter uma base de dados eletrônica

para o componente de vigilância à saúde da Política Nacional de Saúde Bucal

(BRASIL, 2011).

Os resultados demonstraram que após seis anos de implantação da PNSB, a

proporção de crianças livres de cárie aos 12 anos cresceu de 31% em 2003 para

44% em 2010, fazendo com o que o Brasil passasse a integrar o grupo de países

com baixa prevalência de cárie, o índice de CPO (número de dentes cariados,

perdidos e obturados) para crianças aos 12 anos é de 2,1 (BRASIL, 2011).

Outro fato relevante demonstrado pela pesquisa foi a redução pela metade do

número de adolescentes que sofreram algum tipo de perda dentária. Verificou-se

aumento no acesso da população adulta ao tratamento da cárie, assim, menos

dentes foram extraídos por conta de doença. A necessidade de uso de prótese

dentária para idosos entre 65 a 74 anos também diminuiu (BRASIL, 2011).

O percentual de cirurgiões-dentistas trabalhando no SUS aumentou para

49%. Atualmente, 30% dos cirurgiões-dentistas do país trabalham na estratégia

Saúde da Família (BRASIL, 2011). Desta forma, a evolução apresentada após a

implantação do Brasil Sorridente, comprova a maior inserção da atenção em saúde

bucal no Sistema Único de Saúde, bem como a ampliação da oferta de ações e

serviços de saúde bucal em todo o Brasil (LUCENA; PUCCA-Jr; SOUSA, 2011).

Contudo, a alteração de quadros populacionais não será alcançada

exclusivamente dentro de consultórios odontológicos. Impactos epidemiológicos são

produtos de ações intersetoriais, onde a prática odontológica é parte integrante e

constituinte de um todo que agrega outras ações setoriais, educacionais, ambientais,

sociais, entre outras (LUCENA; PUCCA-Jr; SOUSA, 2011).

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1.1.1 A Política Nacional de Saúde Bucal em Mato Grosso

Mato Grosso é o estado de maior dimensão territorial da região Centro-Oeste,

localizado na porção norte-noroeste da região, formado por três dos grandes biomas

brasileiros – cerrado, pantanal e floresta amazônica. Apresenta uma área territorial

de 903.357,908 km² e é composto por 141 municípios (IBGE, 2013).

O estado tem uma grande importância geopolítica na formação da

nacionalidade brasileira tanto pela sua grande extensão territorial, quanto por ser

uma passagem natural entre as regiões Sudeste e Sul e a região Norte, além de ser

área de intenso comércio e relacionamento com os países andinos e platinos,

fazendo inclusive fronteira com a Bolívia e o Paraguai (MATO GROSSO, 2011b). Em

vista disto, Mato Grosso representa um papel significativo no Brasil, motivo pelo qual

tem se tornado parte integrante da estratégia socioeconômica, política, ambiental e

multinacional de integração de toda a região central sul-americana (MATO

GROSSO, 2011b).

O início do processo de implantação das equipes de saúde da família em

Mato Grosso se deu em 1997, aos moldes definidos pelas diretrizes do Ministério da

Saúde (MS), com sensibilização de gestores e comunidade. Buscando incluir ações

de promoção, prevenção e recuperação em atenção à saúde bucal, Mato Grosso,

em 2001, fez a inclusão da ESB na estratégia Saúde da Família (MATO GROSSO,

2009a).

Neste contexto, o fortalecimento da atenção básica nos últimos anos no

Brasil, tem exigido constantes esforços no sentido de dirigir ações, iniciativas e

projetos ao aperfeiçoamento de sua qualidade (SAMPAIO, 2011).

Os incentivos financeiros federais repassados pelo MS foram fundamentais

para a implantação de ESF e ESB no estado, entretanto não eram suficientes para a

interiorização e fixação de profissionais de nível superior, principalmente nos

municípios de pequeno porte localizados no noroeste do estado (GATTAS, 2010).

Contudo, a introdução do financiamento estadual a partir do ano de 2005, buscou a

correção da dificuldade apontada e auxiliou na ampliação do número de equipes em

atividade no estado de Mato Grosso (MATO GROSSO, 2014c). Atualmente, em

todos os municípios mato-grossenses existe ESB (MATO GROSSO, 2014c).

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O objetivo do incentivo financeiro estadual é estimular os municípios a

implementar os serviços e ações e capacitar as equipes, desta forma, elevar a

cobertura populacional do estado, também contribuem para a redução das

desigualdades regionais, principalmente nos municípios mais pobres, carentes de

infraestrutura assistencial (GATTAS, 2010).

Para Solla e colaboradores o repasse de incentivos financeiros do nível

federal e estadual aos municípios, garantiu forte expansão de cobertura da atenção

básica no país, através da implantação de Equipes de Saúde da Família e

incorporação dos profissionais de saúde bucal neste nível de assistência (SOLLA et

al., 2007).

Em 2004, a partir da instituição da Política Nacional de Saúde Bucal, os

municípios mato-grossenses iniciaram a adesão à política e passaram a oferecer à

sua população, além da atenção básica, as ações e serviços de média e alta

complexidade em saúde bucal (MATO GROSSO, 2014).

Entretanto, não há um estudo que apresente uma análise da implantação

dessa política em Mato Grosso, a fim de visualizar a forma de organização da

atenção à saúde bucal prestada pelo poder público.

1.2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE

O monitoramento, como instrumento de gestão, e a avaliação, como

julgamento de valor são importantes ferramentas utilizadas no planejamento e

formulação de políticas e programas, oferecendo aos gestores subsídios para uma

visão crítica da realidade e para a tomada de decisão baseada em evidências

(CONTANDRIOPOULUS et al., 1997; FELISBERTO, 2001). Além disso, tem

demonstrado ser um recurso indispensável na identificação dos horizontes a serem

conquistados e, com a descentralização do SUS, as secretarias estaduais e

municipais de saúde assumiram, também, essa competência (SAMPAIO, 2011).

A descentralização, uma das diretrizes que orienta o funcionamento do SUS,

gera a necessidade de pactuação entre as três esferas de governo e faz da área de

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saúde a política setorial que maior impacto vivencia entre as políticas públicas

(SAMPAIO, 2011).

Desta forma, o planejamento no setor saúde adquire maior importância, pois

se configura como um relevante mecanismo de gestão que visa proporcionar

direcionalidade ao processo de consolidação do SUS (SAMPAIO, 2011). Nesse

contexto, a avaliação torna-se fundamental, na medida em que possibilita um olhar

crítico sobre o que está sendo feito e uma comparação com o que deveria estar

ocorrendo, possibilitando correções e melhorias nos processos em busca de

melhores resultados (BRASIL, 2009).

O SUS dispõe de sistemas de informações com finalidade de subsidiar as

ações de planejamento, programação, regulação, avaliação, controle e auditoria da

atenção à saúde (FERREIRA, 2001). Sistema de Informação em Saúde (SIS) é

definido como um conjunto de componentes atuantes de forma integrada, através de

mecanismos de coleta, processamento e análise de dados e transmissão da

informação. Assim, o objetivo do SIS é selecionar dados e transformá-los em

informação para implementar os processos de decisão, planejamento, financiamento

e avaliação do sistema de saúde (FERREIRA, 2001).

Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde (DAB/MS) é um

portal que apresenta inúmeras políticas, programas, informações, notícias de saúde,

legislações, publicações, além de, permite o acesso aos SIS da atenção básica

(BRASIL, 2012c). O DAB/MS apresenta como principal função a normatização e a

coordenação da implantação de políticas e programas estratégicos no âmbito do

Ministério da Saúde. Ressaltam-se os programas de maior relevância: Estratégia

Saúde da Família, Brasil Sorridente; Melhor em Casa; Política Nacional de

Alimentação e Nutrição; Política Nacional de Práticas Integrativas e

Complementares; Programa de Requalificação das Unidades Básicas de Saúde;

Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade na Atenção Básica (PMAQ-

AB); Programa Telessaúde Brasil Redes; Equipes de Consultórios na Rua;

Programa Saúde na Escola (PSE); Projeto de Expansão e Consolidação da

estratégia Saúde da Família (PROESF) (BRASIL, 2012c). Desta forma, o DAB

oferece uma grande quantidade de informações e de dados capazes de

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promoverem a cooperação técnica aos estados, aos municípios e ao Distrito

Federal, além de apoio ao gestor, ao profissional e ao cidadão (BRASIL, 2012c).

Dentre os principais SIS da atenção Básica, destacam-se: o Sistema de

Informação da Atenção Básica (SIAB), o seu objetivo centra-se em agregar,

armazenar e processar as informações relacionadas à atenção básica, usando como

estratégia central a estratégia de Saúde da Família e o Sistema de Vigilância

Alimentar Nutricional (SISVAN) seu objetivo principal é promover informação

contínua sobre as condições nutricionais da população e os fatores que as

influenciam (BRASIL, 2012c), entre outros.

Neste sentido, Mendes (2010) ressalta que um fator fundamental para a

melhoria dos sistemas de informação em saúde é a utilização dessas informações

como insumos na produção cotidiana das decisões dos gestores dos sistemas de

atenção à saúde, conforme sustenta a atenção à saúde baseada em evidência

(MENDES, 2010).

Neste contexto, a utilização de bancos de dados existentes nos estudos

avaliativos constitui uma vertente importante de análise, haja vista, a disponibilidade

de informações, de custo e de rapidez na obtenção de informações e de resultados

(TANAKA; TAMAKI, 2012).

Diante do exposto, esta pesquisa objetivou analisar a Política Nacional de

Saúde Bucal em Mato Grosso, utilizando dados do Departamento Nacional de

Atenção Básica do Ministério da Saúde (DAB/MS) e dados da Secretaria de Estado

de Saúde de Mato Grosso (SES/MT).

1.3 REFERÊNCIAS DA REVISÃO DE LITERATURA

ALMEIDA, P.F.; GIOVANELLA, L. Avaliação em Atenção Básica à Saúde no Brasil: mapeamento e análise das pesquisas realizadas e/ou financiadas pelo Ministério da Saúde entre os anos de 2000 e 2006. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.24, n.8, ago. 2008, p.1727-1742.

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2 CAPÍTULO 1

ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL

EM MATO GROSSO, BRASIL

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INTRODUÇÃO

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2.1 INTRODUÇÃO

Durante anos, a Odontologia esteve à margem das políticas públicas de saúde. O

acesso dos brasileiros à saúde bucal era extremamente difícil e limitado (SOUZA;

RONCALLI, 2007). Esta demora na procura ao atendimento aliada aos poucos serviços

odontológicos oferecidos faziam com que o principal tratamento oferecido pela rede pública

fosse a extração dentária, perpetuando a visão da odontologia mutiladora e do cirurgião-

dentista com atuação apenas clínica e curativa (PUCCA-Jr et al., 2009).

Na busca de mudanças para este cenário, em 2004 o Ministério da Saúde lançou a

Política Nacional de Saúde Bucal – Programa Brasil Sorridente (BRASIL, 2004). Esta política

constitui-se em uma série de medidas que visam garantir ações de promoção, prevenção e

recuperação da saúde bucal dos brasileiros, fundamental para a saúde geral e qualidade de

vida da população (PUCCA-Jr et al., 2009). Seu principal objetivo é a reorganização da

prática e a qualificação das ações e serviços oferecidos, reunindo uma série de ações em saúde

bucal voltada para os cidadãos de todas as idades, com ampliação do acesso ao tratamento

odontológico gratuito aos brasileiros por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) (LUCENA;

PUCCA-Jr; SOUSA, 2011).

As principais linhas de ação da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) são a

reorganização da atenção básica em saúde bucal, por meio da implantação de Equipes de

Saúde Bucal (ESB) na estratégia Saúde da Família, a ampliação e qualificação da atenção

secundária, especialmente com a implantação de Centros de Especialidades Odontológicas

(CEO) e Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias (LRPD) e a viabilização da adição de

flúor nas estações de tratamento de águas de abastecimento público (MARTELLI, 2010).

Esta pesquisa tem como objetivo analisar a implantação da Política Nacional de Saúde

Bucal em Mato Grosso, Brasil.

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2.2 MATERIAIS E MÉTODOS

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2.2 MATERIAIS E MÉTODOS

Para este estudo, optou-se pela utilização de dados oficiais.

2.2.1 Tipo de estudo

O presente trabalho caracterizou-se como um estudo exploratório, com a utilização de

bases de dados secundários.

2.2.2 Variáveis do estudo:

Nesta pesquisa, foram utilizadas as seguintes variáveis:

• Programa de fluoretação da água de abastecimento público: foram levantados os

municípios mato-grossenses que fluoretam as águas de abastecimento público e o

respectivo heterocontrole;

• Evolução anual do número de Equipes de Saúde da Família (ESF), Equipes de Saúde

Bucal (ESB), Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), Laboratório Regional

de Prótese Dentária (LRPD) e a cobertura populacional de ESF e ESB: apresentação

do histórico de credenciamento de ESF, ESB, CEO, LRPD junto ao Ministério da

Saúde e, a cobertura populacional alcançada pelas ESF e ESB.

• Número de CEO credenciados junto ao Ministério da Saúde: apresentação dos

municípios mato-grossenses que possuem CEO;

• Número de LRPD credenciados junto ao Ministério da Saúde: relação dos municípios

mato-grossenses que apresentam LRPD;

• Percentual de adesão dos municípios mato-grossenses ao Programa Saúde na Escola

(PSE): levantamento dos municípios que aderiram ao PSE.

2.2.3 Fonte dos dados

Todas as fontes de dados utilizadas nesse trabalho são oficiais e de livre acesso ao

público. São elas:

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• Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde (DAB/MS), as informações

coletadas junto ao DAB foram às relacionadas ao credenciamento de CEO, de LRPD e

à adesão dos municípios mato-grossense ao Programa Saúde na Escola (PSE).

• Coordenadoria de Atenção Básica da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso

(COAP/SES/MT), as informações coletadas correspondem à evolução anual do

número de Equipes de Saúde da Família (ESF), Equipes de Saúde Bucal (ESB) e a

cobertura populacional de ambas.

• Coordenadoria de Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde de Mato

Grosso (COVAM/SES/MT), esta fonte forneceu os dados sobre o programa de

fluoretação da água de abastecimento público.

2.2.4 Período de análise

O levantamento cobriu todos os dados já inseridos nos sistemas de informações de

janeiro de 2001 a dezembro de 2013. A coleta dos dados se deu em janeiro de 2014.

2.2.5 Base populacional

Para caracterizar a cobertura populacional das Equipes de Saúde Bucal e Equipes de

Saúde da Família em todos os municípios mato-grossenses, foi necessário conhecer a

população residente nos municípios no ano de 2014. Para isso, foram utilizados os dados

demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) disponibilizados pelo

Ministério da Saúde (DATASUS e DAB/2014).

2.2.6 Aspectos éticos

O projeto relacionado a esta pesquisa recebeu parecer favorável do Comitê de Ética

em Pesquisa da Universidade de Cuiabá (Parecer nº 560.993) (Anexo 1).

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2.3 RESULTADOS

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2.3 RESULTADOS

Os resultados serão apresentados na figura e tabelas a seguir.

A Figura 1 abaixo mostra a relação dos municípios do estado de Mato Grosso que

fluoretam a água de abastecimento público e fazem o heterocontrole.

Nota-se que são 23 municípios, são eles: Alta Floresta, Barra do Bugres, Barra do

Garças, Cláudia, Colíder, Comodoro, Conquista D’Oeste, Guarantã do Norte, Juara, Matupá,

Mirassol D’Oeste, Nobres, Nova Mutum, Nova Olímpia, Peixoto de Azevedo, Pontes e

Lacerda, Porto dos Gaúchos, Rio Branco, Santa Rita do Trivelato, Sinop, Sorriso, Tangará da

Serra e União do Sul.

Figura 1 – Visualização dos municípios mato-grossenses que fluoretam a água de

abastecimento público e fazem o heterocontrole.

Fonte: SES-MT/COVAM/VISÁGUA

Municípios que fluoretam a

água.

Municípios que não

fluoretam a água.

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A evolução anual do número de ESF, ESB, CEO e LRPD credenciados de 2001 a

2013 em Mato Grosso é apresentada na Tabela 1. Nota-se, que as ESF e ESB apresentaram

um grande número de credenciamentos em todos os anos analisados, diferentemente dos CEO

e LRPD que apresentaram uma menor evolução no período estudado.

Tabela 1 – Evolução anual do número de Equipes de Saúde da Família (ESF), Equipes de

Saúde Bucal (ESB), cobertura populacional de ESF e ESB, Centros de Especialidades

Odontológicas (CEO) e Laboratórios Regionais de Prótese Dentária (LRPD) no período de

2001 a 2013. Mato Grosso, 2014.

ANO Nº ESF % Cobertura*

ESF

Nº ESB % Cobertura*

ESB

Nº CEO Nº LRPD

2001 299 32,69 82 22,10 - -

2002 319 43,79 119 31,50 - -

2003 346 48,43 159 24,00 - -

2004 360 53,85 187 27,20 - -

2005 473 56,52 239 34,10 2 -

2006 483 60,16 281 39,30 3 -

2007 486 66,05 314 44,00 5 -

2008 532 61,41 345 46,52 5 -

2009 575 65,17 349 47,06 6 4

2010 636 68,94 357 47,14 6 7

2011 644 69,81 427 47,58 6 13

2012 644 69,81 436 48,28 10 26

2013 650 70,47 448 48,56 10 31 Fonte: SES/MT/COAP MS/DAB/CGSB

*Base populacional de cobertura para as equipes: 3.450 pessoas.

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Os municípios mato-grossenses com CEO credenciado, a forma de gestão, a

quantidade, o tipo deste estabelecimento de saúde e a adesão à RCPD são apresentados na

Tabela 2.

Tabela 2 - Relação dos municípios que possuem Centros de Especialidades Odontológicas

(CEO), forma de gestão, sua quantidade, tipo e adesão à Rede de Cuidados à Pessoa com

Deficiência (RCPD). Mato Grosso, 2014.

Fonte: MS/SAS/DAB/CGSB

Município Gestão Nº de CEO Tipo Adesão à RCPD

Água Boa Municipal 1 2 Não

Cuiabá Municipal 4 2 Sim

Cuiabá (CEOPE) Estadual 1 2 Sim

Guarantã do Norte Municipal 1 2 Não

Pontes e Lacerda Municipal 1 1 Não

Primavera do Leste Municipal 1 2 Não

Sinop Municipal 1 3 Não

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A relação dos municípios mato-grossenses que possuem LRPD e suas faixas de

produção pode ser vista na Tabela 3.

Tabela 3 - Relação dos municípios que possuem Laboratório Regional de Prótese Dentária

(LRPD) e suas faixas de produção mensal. Mato Grosso, 2014.

Município Faixa de produção mensal

Água Boa 20 – 50

Alta Floresta 20 – 50

Alto Araguaia 20 – 50

Alto Boa Vista 20 – 50

Apiacás 20 – 50

Barra do Bugres 20 – 50

Campo Verde 20 – 50

Canarana 20 – 50

Carlinda 20 – 50

Colíder 20 – 50

Cuiabá Acima de 120

Dom Aquino 20 – 50

Guarantã do Norte 20 – 50

Guiratinga 20 – 50

Itaúba 20 – 50

Jaciara 20 – 50

Nova Bandeirantes 20 – 50

Nova Santa Helena 20 – 50

Nova Ubiratã 20 – 50

Novo Mundo 20 – 50

Pedra Preta 20 – 50

Peixoto de Azevedo 20 – 50

Poconé 20 – 50

Pontes e Lacerda 81 – 120

Primavera do Leste 50 – 81

Querência 20 – 50

Ribeirãozinho 20 – 50

Rondonópolis 81 – 120

Sinop 20 – 50

Tabaporã 20 – 50

Terra Nova do Norte 20 – 50 Fonte: MS/SAS/DAB/CGSB

Em relação ao PSE, dos 141 municípios mato-grossenses, 138 aderiram ao programa,

cerca de 98,58% do estado. Apenas os municípios de Água Boa e Itaúba não aderiram ao PSE

(MS/DAB/Portaria Nº 2.608, de 31 de outubro de 2013).

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2.4 DISCUSSÃO

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2.4 DISCUSSÃO

A Política Nacional de Saúde Bucal é uma política do governo federal com o intuito

de ampliar o atendimento e melhorar as condições de saúde bucal da população brasileira

(ANTUNES; NARVAI, 2010). Do ponto de vista de políticas públicas, trata-se de uma

política com grande abrangência e não somente de incentivos isolados à saúde bucal, ou seja,

uma política estruturada (ANTUNES; NARVAI, 2010).

Assim, a avaliação das políticas públicas requer um monitoramento sistemático dos

resultados alcançados e, desta forma se estabelece como parte ativa do processo de

planejamento e programação do sistema de saúde (FELISBERTO, 2006).

Para auxiliar na avaliação da atenção básica, recentemente o Ministério da Saúde tem

utilizado o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica

(PMAQ), modelo de avaliação de desempenho cujo principal objetivo é induzir a ampliação

do acesso e a melhoria da qualidade da atenção básica (BRASIL, 2013). O PMAQ inclui

alguns indicadores específicos para avaliação da saúde bucal e, juntamente com o Programa

Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade dos Centros de Especialidades

Odontológicas (PMAQ-CEO), tem-se mostrado iniciativas interessantes de monitoramento

dos serviços odontológicos prestados à população (BRASIL, 2013). Entretanto tais programas

tem adesão facultativa e não abrangem a totalidade dos municípios e serviços de saúde bucal.

Esta pesquisa utilizou-se de dados secundários, o que impõe algumas limitações como

a dependência da disponibilidade dos dados ou a dificuldade em encontrar dados que se

ajustem perfeitamente às necessidades de determinada pesquisa; a variação entre o tempo

decorrido desde a coleta dos dados até a sua publicação e a dificuldade em avaliar a

confiabilidade dos dados em vista aos propósitos da pesquisa (DRUMOND, et al., 2009). Por

outro lado, apresenta as vantagens de ser um processo de coleta rápido e fácil, com custo

geralmente baixo e tempo de coleta curto (VOLPATO; SCATENA, 2006).

Em relação à fluoretação da água de abastecimento público, esta medida tem sido ao

longo do tempo uma alternativa comprovada e segura para a diminuição da incidência de

cárie dentária na população brasileira (NARVAI et al., 2006). Entende-se que o acesso à água

tratada e fluoretada é fundamental para as condições de saúde da população. Assim, garantir a

fluoretação das águas com sistemas de tratamento é a forma mais abrangente e socialmente

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justa de acesso ao flúor (NARVAI et al., 2006). Ademais, a fluoretação da água faz parte das

diretrizes da PNSB (BRASIL, 2004).

Neste sentido, Peres e colaboradores apontam elevada correlação negativa entre o

índice de cárie e a percentagem de domicílios ligados à rede de águas (PERES; ANTUNES;

PERES, 2010). Nas cidades que fluoretam água de abastecimento público, quanto maior a

cobertura do sistema de abastecimento de água, menor o índice CPO-D (dentes cariados,

perdidos e obturados) aos 12 anos (PERES; ANTUNES; PERES, 2010). Esses autores

ressaltam ainda que para garantir o acesso universal ao flúor, não basta adicioná-lo à água de

abastecimento, é também necessário garantir o acesso à água encanada em todos os

domicílios ou, pelo menos, acesso a alguma fonte comunitária e, realizar vigilância sobre a

medida (PERES; ANTUNES; PERES, 2010).

Dos 141 municípios mato-grossenses, 23 (16,31%) ofertam água fluoretada e fazem o

heterocontrole e 118 municípios (83,69%) não oferecem este benefício à sua população

(Figura 1). Na região Centro-Oeste apenas Cuiabá, capital de Mato Grosso, não fluoreta as

águas de abastecimento público (CESA; ABEGG; AERTS, 2011). Já no estado do Rio

Grande do Sul, 96,49% da água distribuída pela companhia de abastecimento público

(CORSAN) é fluoretada (CESA; ABEGG; AERTS, 2011). Assim, percebe-se, que o estado

de Mato Grosso precisa avançar neste setor.

A cobertura populacional das Equipes de Saúde Bucal (ESB) na estratégia Saúde da

Família possibilita averiguar o acesso da população aos serviços e ações de atenção em saúde

bucal na atenção primária (MENDES, 2012). As ESB atuando na estratégia Saúde da Família

representam a atuação odontológica em equipe interdisciplinar e multiprofissional e não mais

isoladamente (PUCCA-Jr et al., 2009). A inclusão da ESB na estratégia Saúde da Família no

ano de 2001 representou a possibilidade de criar um espaço de práticas e relações a serem

construídas para a reorientação do processo de trabalho e para a própria atuação da saúde

bucal no âmbito dos serviços de saúde (SOUZA; RONCALLI, 2007).

A Política Nacional de Atenção Básica recomenda que para cada Equipe de Saúde da

Família implantada haja uma Equipe de Saúde Bucal (BRASIL, 2011), fato que não ocorre

em cerca de um terço dos municípios de Mato Grosso (n = 47). Isso evidencia uma maior

dificuldade de acesso da população aos serviços de odontologia de atenção primária nesses

municípios e também uma deficiência na integração entre as ações da odontologia com as

demais áreas da saúde pública, caracterizando um sistema fragmentado, que não é capaz de

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ofertar uma atenção contínua, longitudinal e integral e funciona com ineficiência,

inefetividade e baixa qualidade (MENDES, 2012).

O estado de Mato Grosso aderiu à estratégia Saúde da Família no ano de 1997 com o

credenciamento das primeiras ESF, já as primeiras ESB foram credenciadas em 2001, quando

os profissionais de saúde bucal foram incluídos nesse modelo de atenção (MATO GROSSO,

2014a). Nota-se que ao longo do tempo, o credenciamento de ESB em Mato Grosso manteve-

se numa tendência de aumento bastante significativa, cerca de 446%, comparando a ano de

2001 com o ano de 2013 (Tabela 1). Da mesma forma ocorreu com as ESF, aumento de mais

de 117%, comparando o ano de 2001 com o ano de 2013.

A implantação da PNSB, até junho de 2011, o número de ESB na estratégia Saúde da

Família no Brasil passou de 4.261 para 20.763, um crescimento aproximadamente de 390%.

As ESB estão presentes em 4.843 municípios, o equivalente a 87% das cidades brasileiras

com no mínimo 1 ESB na estratégia Saúde da Família (LUCENA, PUCCA-Jr, SOUSA,

2011).

Quando se analisa a distribuição das ESB de acordo com porte populacional dos

municípios brasileiros, verifica-se que o maior número de equipe encontra-se nos municípios

de até 30 mil habitantes, seguido pelos municípios maiores de 100 mil habitantes, no período

entre dezembro de 2002 e junho de 2011 (LUCENA, PUCCA-Jr, SOUSA, 2011). Quanto à

média de cobertura populacional das ESB, os municípios de até 30 mil habitantes também

apresentam os melhores resultados, nos anos de 2002 a junho de 2011 (LUCENA, PUCCA-Jr,

SOUSA, 2011). Em Mato Grosso, dos 141 municípios que formam o estado, 122 (86,52%)

apresentam porte populacional de até 30 mil habitantes (IBGE, 2013) e também são nesses

municípios que se encontram o maior número de ESB e a melhor cobertura populacional em

saúde bucal (MATO GROSSO, 2014a), desta forma, Mato Grosso está dentro do contexto do

cenário nacional.

Ainda com base na Tabela 1, em relação à cobertura, em Mato Grosso sobressai a das

ESF em relação à das ESB, com 70,47% e 48,56%, respectivamente. Na grande maioria dos

estados brasileiros (96,15%), exceto o estado do Piauí, a cobertura da ESF é maior do que a

de ESB credenciadas junto ao MS (BRASIL, 2012a), fato que ocorre também em Mato

Grosso, o que demonstra dificuldade de acesso da população às ações e serviços de

Odontologia na atenção básica.

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Vale ressaltar que a implantação da PNSB funciona por meio de parcerias entre os

estados, municípios e o governo federal, com repasse financeiro mensal do Ministério da

Saúde aos municípios e estados que trabalham com esta política (BRASIL, 2012a). No estado

de Mato Grosso todos os municípios trabalham dentro da lógica da estratégia Saúde da

Família, assim, recebem repasse estadual de incentivo financeiro desde o ano de 2005

(MATO GROSSO, 2014b). Desta forma, pode-se dizer que os estímulos financeiros da

instância federal e estadual expandiram a PNSB no âmbito nacional e nos municípios de Mato

Grosso, incluindo os mais pobres, carentes em infraestrutura assistencial (MATO GROSSO,

2014b).

Os CEO são unidades de referência para a média complexidade em saúde bucal e,

integrados ao processo de planejamento locorregional, devem ofertar de acordo com a

realidade epidemiológica de cada região e município, procedimentos clínicos odontológicos

complementares aos realizados na atenção básica (LUCENA; PUCCA-Jr; SOUSA, 2011).

Percebe-se que o credenciamento de CEO em Mato Grosso manteve-se bastante variável

durante esse período de avaliação (Tabela 1). Vale ressaltar que Mato Grosso não oferece

incentivo financeiro aos municípios que têm CEO. A manutenção e o custeio desses

estabelecimentos são providos pelo recurso federal e contrapartida municipal, fato que talvez

ajude a justificar o baixo credenciamento desse serviço no estado, apenas 10 CEO em 6

municípios (Tabela 2). Desses, um é tipo I; oito são tipo II e um é tipo III. Importante

informar que todos os CEO de Mato Grosso são de gestão municipal e são referência para a

atenção primária municipal, não havendo o estabelecimento de referências locorregionais

formais. A exceção é o Centro de Odontologia para Pacientes Especiais (CEOPE) que está

localizado no município de Cuiabá, mas tem gestão estadual e é referência para todo o estado

(BRASIL, 2012b).

Na tentativa de verificar a situação de estado diante do cenário nacional em relação ao

número de CEO, compara-se Mato Grosso com demais estados da região Centro-Oeste, e

observa-se que Goiás tem 34 CEO e Mato Grosso do Sul possui 17 CEO (BRASIL, 2012b).

Percebe-se então, que dentre os estados que compõem a região Centro-Oeste, Mato Grosso é

o que apresenta menor número de CEO credenciado junto ao MS. Assim, fica evidente a

baixa oferta dos serviços de atenção secundária em Mato Grosso e a desorganização de

sistemas de referência e contrarreferência em saúde bucal.

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A Portaria Nº 793/2012 (BRASIL, 2012c), instituiu a Rede de Cuidados à Pessoa com

Deficiência (RCPD) no âmbito do SUS. Este programa se relaciona diretamente com a PNSB,

haja vista que proporciona atenção integral e contínua às pessoas com deficiência, inclusive

atenção em saúde bucal. Sendo assim, os municípios que possuem CEO podem aderir ao

programa RCPD e promover atendimento ao portador de deficiência, para tal, recebem

incentivo financeiro mensal do Ministério da Saúde (BRASIL, 2012c). No entanto, apenas um

CEO, o CEOPE de gestão estadual, aderiu à RCPD, pode-se dizer então que, a pessoa com

deficiência, encontra dificuldade de acesso à atenção secundária no estado, fato que contraria

os princípios de universalização, integralidade e de humanização do SUS.

A população mundial vem apresentando aumento na fração de idosos, com idade

equivalente ou superior a 60 anos, sendo que essa estimativa, no Brasil, demonstra um

crescimento 15 vezes superior do número de idosos em relação à população geral

(BEZERRA; ESPÍRITO SANTO, BATISTA FILHO, 2005). Neste contexto, a PNSB que

contempla a maioria das ações de saúde bucal, operacionalizou a atenção ao idoso, já que

mais de 3 milhões de idosos necessitam de prótese total e outros 4 milhões precisam usar

prótese parcial (VENÂNCIO et al., 2013). A perda dos dentes implica tanto questões

psicológicas, comprometendo a autoestima, quanto questões de ordem de saúde geral,

podendo este quadro ser ainda mais grave nos idosos totalmente desdentados (MEDAGLIA,

2012).

Em Mato Grosso, os primeiros 4 LRPD foram credenciados em 2009 (Tabela 1). No

ano de 2010 e 2011 foram credenciados 6 novos LRPD. Já em 2012, ano com maior número

de credenciamentos, 13 novos LRPD. Nesse ano, o Ministério da Saúde aumentou o valor do

repasse financeiro, motivo que poderia ajudar a justificar o aumento de unidades credenciadas

nesse ano. Em 2013 houve o credenciamento de 8 LRPD. Da mesma forma que o CEO, o

LRPD não é financiado pelo governo estadual, assim, os incentivos financeiros para esse

serviço são oriundos do Ministério da Saúde e da contrapartida municipal. Já a Tabela 3

mostra que dos 141 municípios do estado, 31 (22%) possuem LRPD. Destes, 27 (87,10%)

confeccionam na faixa de 20 a 50 próteses mensais.

No que se refere ao credenciamento de LRPD, comparando Mato Grosso com os

demais estados da região Centro-oeste, nota-se que Goiás apresenta 44 LRPD e Mato Grosso

do Sul tem 27 LRPD (BRASIL, 2012d). Nesse setor, Mato Grosso é o segundo estado da

região Centro-Oeste com maior número de LRPD credenciado junto ao MS. Contudo, fica

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claro que alcançar um nível satisfatório de saúde bucal nos idosos através da reabilitação

protética, ainda está distante, já que não basta identificar o problema, como o governo tem

feito nos últimos anos por meios de inquéritos e dados lançados pelo MS, deve-se realizar um

adequado planejamento das ações em saúde bucal visando um atendimento integral e

equânime (VENÂNCIO et al., 2013).

A escola, que tem como missão primordial desenvolver processos de ensino-

aprendizagem, desempenha papel fundamental na formação e atuação das pessoas em todas as

arenas da vida social (DEMARZO; AQUILANTE, 2008). Juntamente com outros espaços

sociais, ela cumpre papel decisivo na formação dos estudantes, na percepção e construção da

cidadania e no acesso às políticas públicas (DEMARZO; AQUILANTE, 2008). A escola é

espaço de grande relevância para promoção da saúde, principalmente quando exerce papel

fundamental na formação do cidadão crítico, estimulando a autonomia, o exercício de direitos

e deveres, o controle das condições de saúde e qualidade de vida, com opção por atitudes mais

saudáveis (DEMARZO; AQUILANTE, 2008). As iniciativas de promoção da saúde escolar

constituem ações que podem ser potencializadas pela participação ativa das Equipes de Saúde

da Família, sempre em associação com as equipes de educação (DEMARZO; AQUILANTE,

2008).

Nesse sentido, o Programa Saúde na Escola (PSE) representa um espaço para as

práticas de promoção de saúde e de prevenção de agravos e de doenças, (DEMARZO;

AQUILANTE, 2008), no qual a saúde bucal está inserida. A promoção da saúde escolar deve,

pela sua potencialidade em evitar agravos e promover a saúde e qualidade de vida, constituir

um espaço privilegiado de atuação das Equipes de Saúde da Família (DEMARZO;

AQUILANTE, 2008). O PSE não faz parte da PNSB, contudo ele inclui a atenção à saúde

bucal, através das ações de promoção e de prevenção, tratamento e reabilitação, os quais são

propostos e realizados pela ESB da estratégia Saúde da Família (DEMARZO; AQUILANTE,

2008) motivo pelo qual foi contemplado nesta pesquisa. Trata-se, portanto, de ação

intersetorial entre a saúde e a educação, propiciando à comunidade escolar o enfrentamento

das vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças, adolescentes e

jovens (BRASIL, 2012f).

Em Mato Grosso, 98,58% dos municípios aderiram ao PSE, apenas os municípios de

Água Boa e Itaúba não fizeram a adesão.

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2.5 CONCLUSÃO

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2.5 CONCLUSÃO

Este estudo concluiu que:

1 - 16,31% dos municípios mato-grossenses fluoretam as águas de abastecimento

público e fazem o heterocontrole.

2 - A atenção primária está mais consolidada em relação à média complexidade,

entretanto, não existe relação ideal entre as ESF e ESB, demonstrando que em Mato

Grosso ainda há muito a avançar em atenção à saúde bucal na atenção primária.

3 - Mato Grosso apresenta baixo número de CEO e LRPD credenciados junto ao

Ministério da Saúde e, não apresenta um sistema de referenciamento e

contrarreferenciamento nos municípios, à exceção do CEOPE.

4 - O estado de Mato Grosso apresenta alta adesão ao PSE.

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2.6 REFERÊNCIAS DO CAPÍTULO 1

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2.6 REFERÊNCIAS

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Diretrizes da Política

Nacional de Saúde Bucal. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica. Brasília:

Ministério da Saúde, 2011.

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012a. Disponível em <

http://dab.saude.gov.br/portaldab/historico_cobertura_sf.php>. Acesso em: 29 jan.

2014.

4. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Brasil Sorridente. Centro de

Especialidades Odontológicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2012b. Disponível em

<http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_brasil_sorridente.php>. Acesso em: 15 jan.

2014.

5. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 793 de 24 de abril de 2012 – Institui a Rede

de Cuidados à Pessoa com Deficiência. Brasília: Ministério da Saúde, 2012c.

6. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Brasil Sorridente.

Laboratório Regional de Prótese Dentária. Brasília: Ministério da Saúde, 2012d.

Disponível em <http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_brasil_sorridente.php>. Acesso

em: 15 jan. 2014.

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7. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Programa Saúde na Escola. Brasília: Ministério da Saúde, 2012e.

Disponível em <http://dab.saude.gov.br/portaldab/pse.php>. Acesso em: 11 jan. 2014.

8. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade dos

Centros de Especialidades Odontológicas (PMAQ-CEO): Manual Instrutivo. Brasília:

Ministério da Saúde, 2013.

9. BEZERRA, A.F.B; ESPÍRITO SANTO, A.C.G; BATISTA FILHO, M.B.

Concepções e práticas do agente comunitário na atenção à saúde do idoso. Rev Saúde

Pública, Rio de Janeiro, v.39, n.5, 2005, p.809-15.

10. CARVALHO, R.W. Estudo da prevalência de fluorose dentária em Aracaju. Ciência

& Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.15, supl.1, jun.2010.

11. CESA, K; ABEGG, C; AERTS, D. A Vigilância da fluoretação de águas nas capitais

brasileiras. Rev Epidemiol e Serviços de Saúde, v.20, n.4, out./dez. 2011, p.547-55.

12. DEMARZO, M. M. P; AQUILANTE, A. G. Saúde Escolar e Escolas Promotoras de

Saúde. In: Programa de Atualização em Medicina de Família e Comunidade. Porto

Alegre, RS: Artmed: Pan-Americana, v.3, 2008, p.49-76.

13. DRUMOND, E.F; MACHADO, C.J; VASCONCELOS, M.R; FRANÇA, E.

Utilização de dados secundários do SIM, Sinasc e SIH na produção científica

brasileira 1999 a 2006. R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v.26, n.1, jan./jun. 2009, p.7-

19.

14. FELISBERTO, E. Da teoria à formulação de uma Política Nacional de Avaliação em

Saúde: reabrindo o debate. Ciência e Saúde Coletiva, v.11, n.3, 2006, p.553-563.

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15. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: Estado de Mato Grosso

Disponível em: <www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=mt>. Acesso em: 20 jan.

2014.

16. LUCENA, E.H.G; PUCCA-Jr, G.A; SOUSA, M.F. A Política Nacional de Saúde

Bucal no contexto do Sistema Único de Saúde. Revista Tempus Actas de Saúde

Coletiva, v.5, n.3, 2011, p.53-63.

17. MARTELLI, P.J.L. Política Nacional de Saúde Bucal, da teoria à prática: um estudo

de caso acerca de sua implantação em Recife-PE no período 2000 a 2007. Tese

(Doutorado em Saúde Pública) - Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação

Oswaldo Cruz, 2010.

18. MATO GROSSO. Secretaria de Estado de Saúde. Superintendência de Atenção à

Saúde. Coordenadoria de Atenção Primária. Histórico de cobertura das Equipes de

Saúde da Família. Cuiabá: Secretaria de Estado de Saúde, 2014a.

19. MATO GROSSO. Secretaria de Estado de Saúde. Superintendência de Atenção à

Saúde. Coordenadoria de Atenção Primária. Repasse financeiro às ESF, ESB e ao

PASCAR. Cuiabá: Secretaria de Estado de Saúde, 2014b.

20. MEDAGLIA, G.M.V; MELLO, A.L.S.F. Educação em saúde bucal como tecnologia

social para o envelhecimento saudável. Revista S&TS/H&SC, v.3, n.3, 2012, p.36-43.

21. MENDES, E.V. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o

imperativo da consolidação da estratégia saúde da família. Brasília: Organização Pan-

Americana da Saúde, 2012. 512p.

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22. NARVAI, P.C; FRAZÃO P; RONCALLI A; ANTUNES J. Cárie dentária no Brasil:

declínio, polarização, iniquidade e exclusão social. Rev Panam Salud Publica, v.1, n.6,

p. 385-93, 2006.

23. PERES, M.A; ANTUNES, J.L.F; PERES, K.G. Is water fluoridation effective in

reducing inequalities in dental caries distribution in developing countries? Recent

findings from Brazil. Soz Praventivmed. V.51, n.5, 2010, p.302-10.

24. PUCCA-Jr, G.A; COSTA, J.F.R; CHAGAS, L.D; SILVESTRE, R.M. Oral Health

Policies in Brazil. Braz Oral Res., v.23, 2009, p. 9-16.

25. SOUZA, T.M.S; RONCALLI, A. G. Saúde Bucal no Programa Saúde da Família:

uma avaliação do modelo assistencial. Cad Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.11,

2007, p. 2727-739.

26. VENÂNCIO, G.N; SOUZA, M.S; LIMA, T.M; SALINO, A.V; MEIRA, J.F;

GONÇALVES, M.J.F. Uso e necessidade de prótese em idosos da região Norte do

Brasil: Estudo reflexivo dos resultados do Projeto Saúde Bucal Brasil 2003 e 2010.

Sau. & Transf. Soc., Florianópolis, v.4, n.4, 2013, p.78-82.

27. VOLPATO, L.E.R; SCATENA, J.H. Análise da política de saúde bucal do Município

de Cuiabá, Estado de Mato Grosso, Brasil, a partir do banco de dados do Sistema de

Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA-SUS). Epidemiologia e

Serviços de Saúde, v.15, n.2, 2006, p. 47-55.

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3 ANEXOS

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ANEXO 1. PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

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ANEXO 2. NORMAS DA REVISTA SAÚDE EM DEBATE

Formatação do trabalho

O texto deve ser digitado no programa Microsoft® Word ou compatível, gravado em formato doc ou docx. Padrão A4 (210 X 297mm), margem de 2,5 cm em cada um dos quatro lados, fonte Times New Roman tamanho 12, espaçamento entre linhas de 1,5. O corpo de texto não deve conter qualquer informação que possibilite identificar os autores ou instituições. O texto pode ser escrito em português, espanhol ou inglês. Respeita-se o estilo e a criatividade dos autores para a composição do texto, no entanto, deve contemplar elementos convencionais como: • Introdução com definição clara do problema investigado e justificativa. • Métodos descritos de forma objetiva. • Resultados e discussão podem ser apresentados juntos ou em itens separados. • Conclusão. • Evitar repetições de dados ou informações nas diferentes partes do texto. • O texto completo deve conter: • Folha de apresentação com o título, que deve expressar clara e sucintamente o conteúdo do texto, contendo no máximo 15 palavras. • Os textos em português e espanhol devem ter título na língua original e em inglês. Os textos em inglês devem ter título em inglês e português. • Nome completo do(s) autor(es). Em nota de rodapé colocar as informações sobre filiação institucional e titulação, endereço, telefone e e-mail para contato. • No caso de resultado de pesquisa com financiamento, citar a agência financiadora e o número do processo. • Ao final do resumo, de três a cinco palavras-chave, utilizando os termos apresentados no vocabulário estruturado (DeCS). Documentação obrigatória 1. Declaração de autoria e responsabilidade. 2. Conflitos de interesse Os trabalhos encaminhados para publicação deverão conter informação sobre a existência ou não de conflitos de interesse. Os conflitos de interesse financeiros, por exemplo, não estão relacionados apenas ao financiamento direto da pesquisa, mas também ao próprio vínculo empregatício. Caso não haja conflito, inserir a informação “Declaro que não houve conflito de interesses na concepção deste trabalho” na folha de apresentação do artigo será suficiente. 3. Ética em pesquisa. No caso de pesquisa que envolva seres humanos nos termos do inciso II da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde – pesquisa que, individual ou coletivamente, envolva o ser humano de forma direta ou indireta, em sua totalidade ou partes dele, incluindo o manejo de informações ou materiais, deverá ser encaminhado o documento de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) que a aprovou. Endereço para correspondência Avenida Brasil, 4.036, sala 802 CEP 21040-361 – Manguinhos, Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Tel.: (21) 3882-9140/9140 Fax: (21) 2260-3782. E-mail: [email protected].