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Mobilidade e Vulnerabilidade nos Espaços de Vida de Campinas  Eduardo Marandola Jr.  Palavras-chave: população e ambiente; vulnerabilidade; espaço de vida; metrópole Resumo A vida nas metrópoles brasileiras tem sofrido alterações significativas nos últimos 30 anos, produzindo novos padrões espaciais e sociodemográficos que incidem diretamente na qualidade e no padrão de vida das pessoas. Dois traços desta nova forma metropolitana são especialmente relevantes para compreender estas transformações e suas implicações: a mobilidade e a vulnerabilidade. Nos dois casos, a problemática ambiental está no cerne de toda a discussão. Tem aumentado a evidência de relação entre a mobilidade e a vulnerabilidade, seja em termos espaciais (lugar-fora do lugar) seja em termos sociais (comunidade-fora da comunidade). Os riscos aumentam à medida que aumenta a mobilidade, diminuindo a segurança e potencializando a vulnerabilidade, tanto de pessoas e grupos quanto de lugares e regiões. O cerne deste argumento está no esgarçamento do espaço de vida e das relações sociais oriundo do aumento da mobilidade, fazendo com que os mecanismos de proteção (lugar, família, comunidade), que têm alcance limitado, diminuam gradativamente a sua eficácia. A distribuição espacial da população, ordenada a partir de grandes corredores viários e da conexão por vias e meios de transporte, conecta por um lado e isola por outro, dotando o tecido metropolitano de fragmentos conectados por tênues fios. Investigar o desenho dos espaços de vida individuais e os riscos e perigos enfrentados quotidianamente pelas pessoas, revela facetas da tensão ambiental vivida nas metrópoles, bem como as implicações do padrão de distribuição espacial da população e as formas desta de elevar sua segurança, diminuindo a incerteza. Por outro lado, o olhar para a experiência cotidiana revela riscos insuspeitos, ao passo que outros, aparentemente tão evidentes, são descartados. Esta pesquisa procura delinear este caminho, a partir de trabalho de campo realizado na região Metropolitana de Campinas, metrópole do interior paulista que congrega as características do período mais recente da metropolização brasileira. Trabalho apresentado no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú - MG – Brasil, de 18 a 22 de setembro de 2006. Geógrafo, Doutorando em Geografia pelo Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (IG/UNICA MP). Colaborador do Núcleo de Estudos de População (NEPO/UNIC AMP). [email protected] .

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Mobilidade e Vulnerabilidade nos Espaços de Vida de Campinas∗ 

Eduardo Marandola Jr.♣ 

Palavras-chave: população e ambiente; vulnerabilidade; espaço de vida; metrópole

Resumo

A vida nas metrópoles brasileiras tem sofrido alterações significativas nos últimos 30 anos,

produzindo novos padrões espaciais e sociodemográficos que incidem diretamente naqualidade e no padrão de vida das pessoas. Dois traços desta nova forma metropolitana sãoespecialmente relevantes para compreender estas transformações e suas implicações: amobilidade e a vulnerabilidade. Nos dois casos, a problemática ambiental está no cerne detoda a discussão. Tem aumentado a evidência de relação entre a mobilidade e avulnerabilidade, seja em termos espaciais (lugar-fora do lugar) seja em termos sociais(comunidade-fora da comunidade). Os riscos aumentam à medida que aumenta amobilidade, diminuindo a segurança e potencializando a vulnerabilidade, tanto de pessoas egrupos quanto de lugares e regiões. O cerne deste argumento está no esgarçamento doespaço de vida e das relações sociais oriundo do aumento da mobilidade, fazendo com queos mecanismos de proteção (lugar, família, comunidade), que têm alcance limitado,

diminuam gradativamente a sua eficácia. A distribuição espacial da população, ordenada apartir de grandes corredores viários e da conexão por vias e meios de transporte, conecta porum lado e isola por outro, dotando o tecido metropolitano de fragmentos conectados portênues fios. Investigar o desenho dos espaços de vida individuais e os riscos e perigosenfrentados quotidianamente pelas pessoas, revela facetas da tensão ambiental vivida nasmetrópoles, bem como as implicações do padrão de distribuição espacial da população e asformas desta de elevar sua segurança, diminuindo a incerteza. Por outro lado, o olhar para aexperiência cotidiana revela riscos insuspeitos, ao passo que outros, aparentemente tãoevidentes, são descartados. Esta pesquisa procura delinear este caminho, a partir de trabalhode campo realizado na região Metropolitana de Campinas, metrópole do interior paulistaque congrega as características do período mais recente da metropolização brasileira.

∗ Trabalho apresentado no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú - MG –Brasil, de 18 a 22 de setembro de 2006.♣ Geógrafo, Doutorando em Geografia pelo Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas(IG/UNICAMP). Colaborador do Núcleo de Estudos de População (NEPO/UNICAMP). [email protected].

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Mobilidade e Vulnerabilidade nos Espaços de Vida de Campinas

Eduardo Marandola Jr.

População, Ambiente e Espaço

O debate ambiental no campo demográfico tem avançado rapidamente nos últimos anos.Incorporando questões novas ou consolidando campos já tradicionais, os temas pertinentes àrelação população-ambiente têm trazido resultados promissores tanto para os estudos de

população quanto para as demais ciências (sociais, ambientais e de saúde) e para as políticaspúblicas.

Entre estas preocupações, os demógrafos têm se dedicado especialmente a pelo menosdois grandes temas derivados da preocupação maior com a distribuição espacial da população:riscos e vulnerabilidades de populações/lugares e a migração. A partir destes dois temasestruturam-se as demais questões, sendo tratadas especialmente em duas escalas: da cidade e daregião. Em vista disso, o espaço tem desempenhado papel cada vez mais relevante nas análises,inclusive com a incorporação do uso de Sistemas de Informação Geográfica e técnicasgeomáticas em busca da uma melhor apreensão das relações entre os fenômenos demográficos eo ambiente. (Marandola Jr. e Hogan, 2005a)

Refletindo sobre este campo de investigação, alguns autores têm enfatizado a necessidadede abordagens em pequenas áreas e em diferentes escalas, visando a apreensão multidimensionaldos fenômenos. (Hogan, 2000; Torres, 2000) Estas interações ainda estão por serem melhordelineadas, embora o conjunto dos trabalhos estejam avançando nesta direção. Por outro lado,tem-se apontado a necessidade de avançar epistemologicamente, abordando a relação população-recursos para além de uma relação causal simples, lembrando que o impacto da populaçãohumana “está mediado por la cultura y la tecnología, por patrones de producción y de consumo.”(Leff, 2000, p.252) Neste sentido também há avanços, principalmente ao se compreender adimensão social e política da degradação ambiental e dos riscos vividos pelas populações.

A confluência de abordagens também tem sido relevante, pois a questão da distribuiçãoespacial da população é fundamental tanto no contexto urbano quanto no regional, recebendotratamentos metodológicos complementares. Assim, tanto a migração quanto o ambiente sãoabordados por diferentes ângulos, com ênfase nas interações sociedade-natureza e na produçãosocial do espaço urbano. Estes estudos têm revelado dimensões essenciais do binômio mobilidade-ambiente, além de apontar para relações sociais perversas em diferentes níveis. (Hogan, 1998)

Em um contexto metropolitano, como em Campinas, entre os fenômenos migratórios maisrelevantes está a mobilidade diária entre as cidades da região. Esta mobilidade ocorre nas duasescalas (urbana e regional) incrementando questões relevantes para o ambiente. A espacialidade

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destes fenômenos resulta num quadro particular de vulnerabilidade, diante de perigos específicosdecorrentes deste comportamento populacional.

O objetivo deste texto é discutir a relação mobilidade-vulnerabilidade no contextometropolitano de Campinas, a partir da operacionalização do conceito de espaço de vida. Esteapresenta-se como uma forma de objetivar os movimentos diários das populações na escalaindividual. O desenho destes espaços de vida reflete as tendências de mobilidade observadas nosdados secundários, mas não se limita a isso. Ele é animado pela informação qualitativa daexperiência da metrópole (a própria história de vida da pessoa), podendo revelar também aspectossubjetivos e circunstanciais (ligados ao lugar, à comunidade ou a outros círculos coletivos que apessoa está inserida) que interferem diretamente na vulnerabilidade da pessoa. Assim, fenômenosapreendidos na escala regional ou da cidade são complementados com um olhar da escala micro,permitindo incrementar as informações quantitativas com dados qualitativos, uma das fronteirasainda não enfrentadas pelo campo de estudos em População e Ambiente.

Primeiramente, procuramos traçar a ligação entre mobilidade e vulnerabilidade nocontexto metropolitano. Apesar de já termos indicações sobre tal relação, ela ainda está por sermelhor delineada. Em vista disso, este trabalho é preliminar no sentido de propor umametodologia de abordagem que contribua para demonstrar, empiricamente, a natureza destaconexão. A exposição de tal metodologia constitui a segunda parte do texto, seguido pela análisepreliminar de alguns espaços de vida exemplares da Região Metropolitana de Campinas (RMC).Tal discussão culmina com o apontamento da relevância de abordagens quanti-quali para ocampo de População e Ambiente, reforçando a natureza complexa e interdisciplinar dosfenômenos investigados.

Mobilidade e Vulnerabilidade na Metrópole

A mobilidade é fenômeno fundante da trama socioespacial da metrópole contemporânea,revelando dinâmicas globais, regionais e locais num mesmo plano. Está na base da estruturacausal da atual forma metropolitana (espraiada, dispersa), mas é também conseqüência destaforma. Por este ângulo, é possibilitada pelas novas tecnologias de comunicação e transporte,permitindo a dissociação residência-trabalho, um dos elementos fundamentais da alteração dospadrões de mobilidade diária que ocorria entre estes dois pólos. (Ascher, 1998) Este fato, somado àcrescente participação da mulher no mercado de trabalho, à flexibilização do mundo do trabalho e

ao aumento da escolaridade e da necessidade de educação (cursos diversos), têm contribuído para acomplexificação das viagens realizadas por um núcleo familiar ou por um indivíduo diariamente.A emergência de uma metáfora rizomática para compreender a metrópole e a sociedadecontemporânea é uma das manifestações deste pensamento em rede, expresso na morfologia urbanae no padrão de mobilidade das pessoas. (Castells, 1999; Cadaval e Gomide, 2002)

Campinas é uma metrópole que surge na emergência desta nova forma de metropolização,com a prevalência dos fluxos na organização regional, resultando na elevada fragmentação dotecido metropolitano e da importância dos corredores viários para a conexão entre os pedaços daregião metropolitana. A expansão, ao invés de ocorrer a partir de um núcleo central, se

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aumentando com isso sua vulnerabilidade diante de diferentes riscos. Em vista disso, os ritossociais desempenham papel de fronteiras, ajudando a delimitar e ajudar a permanência de umterritório. “Disto se depreende que as comunidades conscientes da fragilidade do território

realizam constantes ritualizações, diuturnamente, para não se perderem nos fluxosdesterritorializantes que convergem para o lugar.” (Clemente, 2005, p.03)

A saída para estabelecer relações de proteção nestes casos é o reforço de relaçõessolidárias, como a amizade, a cultura e a família. Os sistemas de proteção ficam dispersos noespaço, mantendo conexões em redes de relacionamentos que, em geral, não possuem a figura dacomunidade. O indivíduo ainda possui alguns lugares de referência, pois esta é uma condiçãosine qua non da existência humana (Casey, 1997; Heidegger, 2002), mas a figura da comunidade,enquanto um coletivo espacialmente localizado que produz segurança, sentimento de pertença eidentidade (Bauman, 2003), dificilmente consegue ser restabelecido.

Enquanto fator demográfico mais significativo na distribuição populacional no espaço(Hogan, 1998), a mobilidade é também um dos fenômenos mais importantes na distribuição deperigos, bem como na configuração de diferentes vulnerabilidades, quando pensamos em termosde pessoas e famílias e na produção de riscos e perigos, ou quando pensamos em áreasespecíficas. O migrante já tende a ser vulnerável no novo lugar, por não estar adaptado aoambiente e à comunidade, faltando-lhe conhecimentos acumulados culturalmente. (Frémont,1980; McPhee, 1990) Por outro lado, a presença de grandes contingentes de migrantes pendularesnum lugar de elevada poluição ou vulnerabilidade ambiental pode contribuir para o agravamentoda questão, devido ao não compromisso ou mesmo a não permanência (estão sempre depassagem) no lugar de trabalho ou estudo. (Hogan, 1992, 1993) Entretanto, os lugares onde

moram muitos migrantes que passam pouco tempo em casa podem sofrer do mesmo tipo dedesagregação social, influindo na forma como a comunidade se engaja ou não no cuidado e noenfrentamento de perigos e tensões ambientais.

Por outro lado, nos trajetos entre os lugares, cresce o efeito “túnel” nas viagens diárias.(Ascher, 1998) As pessoas trafegam por grandes distâncias sem estabelecer nenhum contato como longo espaço metropolitano que fica entre os dois pontos. Às vezes, nem mesmo o contatovisual, pois cansados por acordar cedo ou por ter trabalhado o dia todo, viajam cochilandocabisbaixos até o ponto de parada. Todo este espaço indiscriminado que não faz parte daexperiência das pessoas é potencialmente perigoso, pois ali o homem não goza dos mecanismos deproteção ligados ao lugar e à comunidade. Ali o homem está “solto no mundo” (contraposição ao

enraizamento do lugar e da comunidade), potencialmente mais vulnerável. (Marandola Jr., 2005a)

A mobilidade, portanto, é um dos fenômenos que operacionaliza a fragmentação do eu eda comunidade, desagregando recursos (sociais, culturais, financeiros e espaciais) e contribuindosignificativamente para o aumento da vulnerabilidade não apenas diante de riscos ambientais,mas também dos demais perigos que atingem as populações metropolitanas. Não se trata deculpar a mobilidade pela vulnerabilidade, mas de identificar no padrão de mobilidade elementosque apontam relações específicas que resultam em diferentes formas de enfrentamento dos riscos.A mobilidade não é sinônimo de vulnerabilidade; diferentes populações, em diferentes contextos

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socioespaciais e demográficos terão situações específicas em relação aos riscos e perigos.(Marandola Jr. e Hogan, 2005b; Hogan e Marandola Jr., 2005)

Em vista disso, é importante conhecer os padrões de mobilidade, para além dasinformações origem-destino ou dos motivos de viagens. Estes são fundamentais para tecerquadros gerais dos padrões de mobilidade e de interações espaciais. No entanto, é necessárioolhar mais de perto, aproximando a escala de análise para poder detectar nuanças e detalhes quecaracterizam os padrões de mobilidade existentes numa região metropolitana. Com este intuito,resgatamos a noção de espaço de vida para poder objetivar os movimentos pessoais, abrindo apossibilidade de conectar os fenômenos da escala vivida à escala dos grupos demográficos.(Marandola Jr., 2005b)

Operacionalizando a Noção de Espaço de Vida

A noção de espaço de vida foi trazida à Demografia por Daniel Courgeau, em seuempenho de ultrapassar o lugar comum nas investigações sobre mobilidade. (Courgeau, 1988,1990) Courgeau intentava modificar as formas de mensuração dos movimentos, incorporando aosdados temporais os dados espaciais. Assim ele teria lugares e itinerários conectados pormovimentos com duração, distância e fluxos populacionais. Para permitir tal mensuração, o autorteve de abrir mão da informação qualitativa, encarando todos os lugares da mesma forma, semconsiderar a hierarquização que cada pessoa estabelece entre os lugares de seu espaço de vida,seja pela função, pelo envolvimento ou pelo subjetivo. (Frémont, 1980)

Antes de Courgeau dar este tratamento, espaço de vida foi utilizado enquanto componentesubjetivo do espaço social por Lewin (1951, apud Buttimer, 1980) e aplicado posteriormente deforma mais ampla na geografia do espaço vivido de Armand Frémont, na década de 1970. Frémont(1980) relaciona o espaço de vida à biografia da pessoa, como conseqüência de um inventário doslugares freqüentados por um homem no decorrer de sua vida, restituindo os valores que ele atribuiua cada um deles. A partir deste levantamento, procura (1) a hierarquização e as estruturas doterritório freqüentado, assim como (2) as imagens, motivações, alienações e impulsos. O primeiro éo espaço de vida, que descreve o conjunto de lugares e itinerários do homem, enquanto o espaçovivido é a dimensão subjetiva (qualitativa) da existência.

Utilizamos espaço de vida no mesmo sentido: “o espaço da vida da pessoa, por onde eladesenvolve seu cotidiano.” (Marandola Jr., 2005a, p.08) Ela é uma noção chave que tem servidode ensejo para uma aproximação profícua entre Geografia e Demografia, tanto na discussão sobreo planejamento e a participação (Marandola Jr. e Mello, 2005) quanto no contexto da mobilidademetropolitana. (Marandola Jr., 2005c; Mello e Marandola Jr., 2005) Esta investigação tem sedesenvolvido no sentido de, por um lado, manter a noção de espaço de vida estritamente objetivaenquanto incorporamos, por outro lado, uma dimensão qualitativa, procurando hierarquizar oslugares a partir da experiência do próprio indivíduo. Para isso nos utilizamos de metodologiasqualitativas como a história de vida e a entrevista não-diretiva, além da arqueologiafenomenológica (método de busca das essências), enquanto pressuposto teórico-metodológicopara leitura e análise das biografias. (Marandola Jr., 2004; 2005b)

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Esta proposta está alicerçada na tradição dos estudos humanistas e culturais em Geografia,que se inspira numa abordagem fenomenológico-existencialista de pesquisa, partindo dasexperiências pessoais, do espaço vivido, em direção ao significado do relacionamento do homem

com o espaço. Esta tradição incorpora a existência humana às análises acadêmicas, procurandocomplexificar a realidade em foco com a perspectiva oblíqua da realidade. (Buttimer, 1976;Marandola Jr., 2005d; Bellavance, 1999)

A partir deste marco teórico, utilizamos algumas categorias consagradas na Geografia ena Antropologia, utilizadas de forma mais ou menos aproximada em uma ou na outra:

1.  Lugar: é a menor célula espacial onde se estabelece a relação orgânica homem-meio,tal como a casa, o bairro, a vizinhança. Possui gradações de envolvimento, não sendomonolítico. (Buttimer, 1980) É a “pausa no movimento”, como diz Tuan (1983,

p.153), pois é quando o homem de-mora-se (Heidegger, 2001), permitindo assim oenvolvimento. Pode ter diversos tamanhos, mas mantém-se em geral na escala docorpo, ou seja, é construído na experiência imediata.

2.  Território: adotado a partir de uma leitura culturalista, é entendido como o conjuntoarticulado de lugares e itinerários sobre os quais exercemos algum tipo de domínio,como, por exemplo, o conhecimento e a segurança existencial. (Bonnameison, 2002;Marandola Jr., 2006)

3.  Umwelt: utilizamos esta noção a partir da leitura de Giddens (2002, p.120) que aplicao conceito de Goffman ao contexto da Sociedade de Risco. Este seria “um núcleo denormalidade (realizada) com que os indivíduos e os grupos se cercam.” O Umwelt temportanto uma função de proteção, proveniente do hábito e do costume estabelecidospor porções indeterminadas do tempo e do espaço. Agrega-se ao casulo protetorformado pelas relações sociais e espaciais mais elementares, proporcionandosegurança e identidade.

4.  Comunidade: nosso entendimento de comunidade está ligado à leitura da sociedadecontemporânea feita por Bauman (2003), que tem neste ideal uma impossibilidadevirtual e uma busca efetiva. A comunidade é o elo antropológico e espacial doUmwelt , estabelecido coletivamente num lugar e num território. Promove a segurança

e a auto-identidade tanto quanto o sentimento de pertença, aproximando-se assim danoção de local de Bourdin (2001). É um fenômeno de localização definida, emboracresçam hoje as comunidades espalhadas no tecido metropolitano, marcadas pelasconexões em rede e não pela vizinhança ou proximidade espacial.

5.  Habitar: noção trabalhada a partir da fenomenologia existencialista de Heidegger(2001a, 2001b), que traz o sentido do próprio modo do homem ser e estar no mundo.Longe de indicar a habitação, revela a essência dos modos próprios da vida dohomem. Abrange desde as funções primeiras de espacializar e socializar, até asescolhas dos modos de vida e a experiência. É uma noção chave que permiteincorporar toda a dimensão da biografia da pessoa (incluindo o espaço de vida, o

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lugar, o território, o Umwelt  e a comunidade) em uma só, expressando uma formaprópria de ser e estar na metrópole.

É a partir deste arcabouço teórico-metodológico que procuramos operacionalizar a noçãode espaço de vida: mantendo-a objetiva enquanto conjunto de lugares e itinerários que umapessoa percorre em sua história de vida, mas qualificando-a a partir da hierarquização subjetivados lugares, o desenho de territórios e de comunidades e o estabelecimento e fortificação doUmwelt . O habitar é a expressão de todo este ser e estar na metrópole, permitindo-nos analisar osfenômenos de maneira integrada.

Como as histórias de vida estão vinculadas ao próprio espaço de vida (Pinçon e Pinçon-Charlot, 1988), procuramos através de entrevistas com pessoas que moram em diferentessituações na região metropolitana (diferentes formas de habitar), reconstituir sua história de vida

mapeando numa base cartográfica regional o seu espaço de vida, nas diferentes faixas etárias. Areconstituição envolve a pontuação de todos os lugares e trajetos componentes do espaço de vida.Adicionalmente, procuramos qualificar esta informação cartografada, através da revelação daprópria pessoa do seu envolvimento com os lugares, os hábitos e os costumes, bem como osmedos, insegurança e angústia referentes a certos lugares ou situações. Os “comos” sãoenfatizados em relação aos “por quês” (Turra Neto, 2004), priorizando a descrição do espaço e dahistória de vida enquanto portadores de significado.

O resultado são descrições de diferentes formas de habitar que compõem o mosaico defragmentos holográficos que em sua projeção dão forma à metrópole. Estes parecem variar aoinfinito, mas não há o intuito de esgotá-los. Antes, a descrição e investigação de alguns deles já

nos fornecem elementos essenciais para pensar como se desenham padrões de mobilidade e osmecanismos de proteção e risco que concorrem na delimitação da vulnerabilidade das populaçõese seus lugares.

O que segue é um ensaio preliminar dos resultados obtidos nas pesquisas-piloto operadascom o objetivo de testar a abordagem. Os resultados apontam para a possibilidade de ampliaçãoda pesquisa, baseada no aumento da amostragem e do universo analisado.

Espaços de Vida do Habitar Metropolitano de Campinas

A partir dos trabalhos de campo exploratórios e de outros operacionais, a primeira fasedesta pesquisa objetivou o delineamento de uma descrição de algumas das principais formas dehabitar na Região Metropolitana de Campinas. Este delineamento parte da experiênciadifusamente colhida, compondo-se de depoimentos e observação de campo desenvolvida aolongo dos últimos 36 meses. O que vamos expor, portanto, não são espaços de vida ligados ahistórias de vida específicas (apenas o último, a título de ilustração), mas modelos aproximativosde espaços de vida que referem-se a algumas formas de habitar presentes na RMC. Esteprocedimento auxilia a visualização da proposta num quadro modelado, permitindo consideraçãocrítica sobre as formulações.

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O primeiro modelo de espaço de vida metropolitano foi elaborado no contexto do trabalho  Life spaces, mobility and the metropolis: dialogue with Geography, apresentado em Tous, noencontro da IUSSP (  International Union for the Scientific Study of Population). (Mello e

Marandola Jr., 2005) Contudo, aquele modelo se aplicava melhor a uma metrópole industrial,como São Paulo, onde a centralidade da cidade sede é preponderante, sendo comum(principalmente nos anos de consolidação da região metropolitana) a migração de pessoas dascidades vizinhas para o polo da região.

Já no caso de Campinas, há uma fragmentação maior tanto do tecido quanto da populaçãometropolitana. As próprias análises demográficas reforçam este entendimento. (Baeninger, 2001,2002) Além de ter menor participação relativa em termos de população, economia e indústria, omunicípio de Campinas recebe um contingente muito baixo de migrantes das demais cidades daregião, possuindo nesta relação um elevado saldo migratório negativo. Os dados referentes àpendularidade, conforme mostra Baeninger (2002), no entanto, sustentam a prevalência deCampinas, embora também tenha um elevado contingente de pessoas que se dirijam do municípiosede para trabalhar ou estudar em outras cidades da região.

Na Figura 01, observamos este primeiro modelo, que retrata o espaço de vida dametrópole industrial. A faixa etária foi mantida, partindo-se das definições de Courgeau (1988),que utiliza estes quatro estágios (infância, juventude, idade adulta e terceira idade) em suasanálises dos espaços de vida.

A infância representa o momento do início da construção de seu espaço de vida, sendoeste bastante limitado espacialmente. Seu espaço de vida está basicamente ligado aos laços

familiares, compostos pela casa, a escola, casa de amigos e familiares e, em alguns casos, algunslugares de lazer. Espaço de vida, comunidade e território possuem as mesmas dimensões.Courgeau afirma que este primeiro espaço de vida simplificado corresponde “[...] au logement etau lieu de travail ou de scolarité d’un même individu [...] ” ou a casa, o trabalho ou o lugar deestudo da pessoa. (Courgeau, 1988, p.17)

No modelo, podemos observar que vivendo numa cidade da região metropolitana, acriança tem seu espaço de vida e território limitados à comunidade ou ao Umwelt . Na verdade,nesta faixa etária, não há diferença significativa entre eles. Os lugares a que vai sozinho sãopoucos e limitados à sua capacidade motora, enquanto lugares fora da comunidade pressupõem oacompanhamento dos pais. Mesmo que haja alguma visita a lugares mais distantes, estes não

fazem parte do espaço de vida da criança.

Na juventude, observamos a expansão do espaço de vida, em geral impulsionado pormaior independência dos pais e constituição de novos amigos e lugares a estes associados, comosua casa, lugares de lazer que praticam em comum, escola (ensino médio ou ensino técnico forado bairro) e faculdade. As relações familiares e os lugares da infância, no entanto, permanecemem geral intactos, talvez com a exclusão da casa de algum amigo de infância ou lugar quefreqüentava com os pais. Nesta idade, o espaço de vida se desprende da comunidade e doterritório, expondo em primeira mão o jovem ao perigo. Segundo Courgeau (1988, p.18), esteespaço de vida corresponde à “[...] glissement dans l’espace.”

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Figura 01 – Espaço de vida da metrópole industrial

INFÂNCIA JUVENTUDE

IDADE ADULTA TERCEIRA IDADE

Legenda

 

O jovem pode ir estudar em uma outra cidade, conforme o modelo, lá estabelecendorelações que ampliam o seu Umwelt . No entanto, estas relações em geral se limitariam aostrajetos e a alguns poucos lugares envolvidos em suas atividades escolares (um bar, umrestaurante, uma casa de jogos etc). O trajeto até a outra cidade dificilmente se tornaria umterritório, pois o efeito túnel e o trajeto feito como fluxo dificilmente estabeleceria as condiçõespara a pausa necessária ao envolvimento ou ao conhecimento. Os longos trajetos metropolitanos,

em geral, permanecem indiferenciados, portadores de perigos potenciais.

Na idade adulta, Courgeau (1988, p.18) aponta que “Dans le second type, l’espace de viegagne de nouvelles positions, en perd d’anciennes, tout en gardant certaines. On peut alors parlerde glissement dans l’espace.“ O nível de complexidade do espaço de vida chega a seu ápice, comrelações diversas entre os municípios, envolvendo a nova residência após o casamento, os lugaresque envolvem a vida dos filhos, a casa de familiares do cônjuge, lugares relacionados ao trabalho,novos lugares relacionados ao lazer e aos serviços demandados pela família e assim por diante. Ohabitar é caracterizado pelas constantes viagens, pela centralidade do local de trabalho e deresidência enquanto proteção e referência identitária, ao passo que a casa dos pais e dos sogrosdividem de certa forma a atenção enquanto portadores de tais referências.

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Se por um lado aumenta a proteção pela constituição de numerosos lugares, por outro avulnerabilidade pode manifestar-se a partir de quadros específicos, como a ansiedade em relaçãoà educação dos filhos, a busca de segurança no local de moradia, para si, o cônjuge e os filhos,

longos trajetos para ter acesso a serviços e ao mercado de trabalho ou mesmo para obter lazer ecultivar os laços comunitários elementares.

Na terceira idade, vemos o espaço de vida involuir, quase voltando a ter as dimensões dainfância. Muitos lugares ficam no passado, estando presentes apenas na memória da pessoa,fazendo parte de sua experiência, mas não mais de seu espaço de vida. A comunidade retrai-sefortemente, voltando a compreender apenas poucos lugares na vizinhança e alguns parentes.Novos lugares podem ser adicionados, principalmente ligados a atividades e serviços antes nãonecessários. Segundo Courgeau (1988, p.18), “[...] L’espace de vie peut connaître une contractionou un repli dans l’espace, en perdant des implantations antérieures. C’est souvent ce qui seproduit lorsqu’un individu prend sa retraite et s’éloigne de son milieu de travail antérieur, tout engardant ses autres positions.”

Além da vulnerabilidade óbvia que se desenvolve nesta faixa etária (relacionada à saúde),é significativa a dificuldade de locomoção e de acessibilidade aos lugares. Esta dificuldade àsvezes pode contribuir para a fragilização de vínculos solidários, dispersos no espaçometropolitano. Por outro lado, a fixidez favorece o fortalecimento de relações mais próximas,principalmente relacionadas à vizinhança e a círculos elementares locais.

Embora muitos elementos discutidos a partir deste espaço de vida possam ser válidos parao habitar na RMC, o que não corresponde à dinâmica regional de forma mais significativa é a

migração entre as cidades ao longo da história de vida. De fato, na RMC, com a importânciarelativa que todas as cidades da região possuem e a acessibilidade entre elas, este fenômeno é aexceção na região. As pessoas nascidas e criadas em uma cidade, mesmo que não trabalhem nemestudem nela, dificilmente mudam-se para Campinas ou Americana, os dois maiores centros daregião. O que observamos é o uso da mobilidade pendular para estabelecer estes nexos, muitomais do que a mudança de residência. Esta é muito mais comum entre os migrantes, que chegamna região, em grande parte em Campinas, e nos anos seguintes mudam-se em definitivo paraoutra cidade. (Baeninger, 2002)

Assim, procuramos descrever duas formas de habitar em relação a este tempo deexperiência na região. Os primeiros são aqueles que tem um habitar de-morado, ou seja, que

vivem desde a infância ou no início da juventude, constituindo seus laços elementares aqui. Aestes, chamaremos de Lares.2 O segundo grupo são daqueles migrantes que chegam aqui na idadeadulta, em busca de trabalho, moradia ou instrução, e por aqui ficam. Estes têm raízes fora da

2 Utilizamos os Lares como uma metáfora, a partir da descrição de uma das cidades invisíveis de Italo Calvino. Estessimbolizam os moradores mais antigos, que já estão enraizados com profundo envolvimento com o lugar e a região.(Calvino, 1990)

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região, com suas relações elementares distantes, tendo um habitar des-enraizado. Chamaremosa estes de Penates.3 (Marandola Jr., 2006)

No entanto, há muitas nuanças e possibilidades em ambos os casos. A título de reflexão,nos limitaremos a descrever duas situações análogas vividas por Lares e Penates: aqueles quemoram na metrópole (Campinas) e aqueles que moram na região metropolitana (nas demaiscidades).

A Figura 02 representa o habitar de-morado dos lares da metrópole, ou seja, de Campinas.Na infância, pouca diferença haverá em qualquer um dos casos. Talvez os Lares da metrópoletenham hoje uma mobilidade mais acentuada do que em outros tempos, já desde cedo utilizandotransporte escolar para ir estudar a longas distâncias. Nestes casos, no entanto, o seu espaço devida pode ser maior, mas não a sua hierarquia de lugares nem seu Umwelt .

Na adolescência já podemos encontrar situações um pouco diferentes, comestabelecimento de alguns lugares em outras cidades da região a título de lazer ou de visitas aamigos ou parentes. Os lugares na metrópole podem ser mais numerosos devido às oportunidadesde vida que ela oferece. Como sua mobilidade não enfrenta longos trajetos em caminhosrodoviários em direção a outras cidades, a densidade da vivência da metrópole pode alcançarníveis bastante razoáveis, ampliando grandemente o território dentro do espaço da própria cidade.Por outro lado, todos os riscos e tensões ambientais concentradas na área de maior densidadeatingirão a pessoa desde a juventude; as relações elementares fortes, no entanto, agirão no sentidode manter a vulnerabilidade em grau aceitável.

Na idade adulta, os Lares da metrópole também têm o ápice de seu espaço de vida, com oestabelecimento de novas relações elementares (família do cônjuge) e a mudança de comunidade(casar em geral resulta em mudar seu espaço de vida). As relações de proteção estabelecidas nainfância e juventude são acrescentadas àquelas que o adulto irá desenvolver no novo local demoradia, fornecendo aos filhos o casulo protetor e o Umwelt necessário, tal qual ele teve em suaprópria infância, na casa dos pais. As relações com outros municípios permanecem apenasfuncionais e esporádicas, como visitas a trabalho ou a algum ponto de turismo ou lazer. O espaçode vida, embora amplo e diversificado, está fortemente concentrado em Campinas, na própriametrópole.

Por fim, tal qual no primeiro modelo, a terceira idade traz a redução do espaço de vida àcomunidade e aos laços elementares em torno dos lugares primários. Morando na metrópole,ainda pode-se gozar de certas acessibilidades a serviços e comércio, talvez até mantendo certosníveis de mobilidade. No entanto, a maior parte dos lugares que configuraram o espaço de vidaao longo da história de vida da pessoa, agora fazem parte apenas de sua memória.

3 Para Calvino (1990), os Penates representam os novos moradores, os migrantes, aqueles des-enraizados queprocuram as mudanças, o desenvolvimento e o novo, não raro entrando em conflito com os Lares por causa destadiferença de perspectiva.

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Figura 02 – Habitar de-morado: Lares da metrópole

INFÂNCIA JUVENTUDE

IDADE ADULTA TERCEIRA I DADE

Legenda

 

Ao contrário do que se supõem com freqüência, a dinâmica dos Lares da regiãometropolitana não difere tanto daqueles da metrópole. Diferente do modelo para a metrópoleindustrial (Figura 01), onde prevalecia a dependência em relação à cidade sede, o que se observana RMC é uma forte vinculação com a própria cidade natal. Quando é necessário, busca-setrabalho ou estudo em outras cidades, como a Figura 03 mostra, na Juventude e na Idade Adulta,com o estabelecimento de lugares na metrópole. Contudo, nota-se em ambos os casos que a

concentração do espaço de vida está na cidade natal. A gravitação em torno de Campinas ocorrede forma bastante fragmentada e seletiva, não prevalecendo o modelo da metrópole industrial queobrigava a população a recorrer à cidade sede em busca de bens, serviços e lazer. É evidente quea hierarquização da rede urbana organiza as cidades e muitas coisas só serão encontradas emCampinas. Contudo, é menor o grau de dependência orgânica (ou seja, para as tarefas do dia-a-dia) do que se costuma atribuir.

Algumas formas de habitar de-morado na região metropolitana têm mais relações entre ascidades da região do que expresso na Figura 03. Os próprios dados de pendularidade e dapesquisa Origem-Destino, realizada em 2003, apontam para estas relações significativas entre as

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cidades da região. (Jacob e Sobreira, 2005) Estes possuem seus lugares e referências culturais ehistóricas bem estabelecidas, até mesmo em cidades pequenas como Jaguariúna, Holambra ePedreira. Cidades maiores como Valinhos, Sumaré e Indaiatuba, apesar de apresentar números

significativos de pendularidade (em especial Sumaré), possuem serviços e mercado de trabalhoamplo que absorve boa parte de sua mão de obra. Em vista disso, estes Lares de-moram-se emsua própria cidade, mantendo relações específicas e funcionais com o município sede.

Figura 03 – Habitar de-morado: Lares da região metropolitana

INFÂNCIAINFÂNCIA JUVENTUDEJUVENTUDE

IDADE ADULTA TERCEIRA I DADE

Legenda

 

Quanto aos Penates, de habitar des-enraizado na metrópole (Figura 04), mudaram-se hápouco tempo para cá, por vários motivos que poderão ser discutidos em outra ocasião. (Antico,1997) Portanto, seu espaço de vida na RMC estabelece-se a partir da Idade Adulta, faltando-lhesos vínculos elementares do Umwelt  e a memória para protegê-los. Em vista disso, realizamconstantes viagens para fora da região, em direção à terra natal, onde familiares e antigos amigosestão. Lá revisitam lugares e pessoas, gozando de proteção e aconchego.

Como não possuem lugares do passado em sua memória, têm de estabelecer relações deconfiança e cumplicidade a partir da própria relação, o que Giddens (2002) chama de relações

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e ao esgarçamento do espaço de vida, é frágil em estabelecimento de Umwelt  e comunidade.Contudo, beneficiam-se da proximidade maior entre os moradores das cidades da região, queapresentam quadros de coesão social mais expressivos que a metrópole. Na terceira idade, a

exemplo dos Penates da metrópole, vivem o dilema de voltar à terra natal ou acompanhar osfilhos, provavelmente genitores de uma nova geração de Lares.

Figura 05 – Habitar des-enraizado: Penates da região metropolitana

IDADE ADULTA TERCEIRA IDADE

Legenda

 

Por fim, a Figura 06 representa o espaço de vida de M.M., 26, morador do distrito deNova Veneza, em Sumaré, localizado na Rodovia Anhanguera, principal eixo rodoviário da

RMC, a 20 minutos do centro de Campinas. Bem integrado à dinâmica metropolitana, M.M. nãopassou de algumas idas ao centro de Sumaré em sua infância. Na Juventude, estudou emAmericana e Campinas, estabelecendo relações pontuais nas duas cidades. Com familiares emSão Paulo e São Bernardo do Campo, sempre viajou para lá, em busca da complementação doUmwelt .

Na Idade Adulta, vemos a complexidade que, apenas com esta idade, M.M. já alcançou naregião. Note-se que o aumento de lugares se concentra em Sumaré, com a casa da namoradatornando-se um novo “ponto zero” de onde partem deslocamentos. A partir desta relação, seuespaço de vida incorporou ainda a casa da sogra, o trabalho da namorada, além da casa deparentes dela, também localizados fora da RMC.

Atualmente trabalha em Itatiba, obrigando-o a longas horas de trânsito diárias. Contudo,esta alta mobilidade é vista como aceitável, pois já faz parte de seu modo de vida realizar taisviagens. Ir a Campinas ou a outra cidade da região para algum evento ou para o lazer é atividadecorriqueira, que implica em aumento da mobilidade e de suas conseqüências. M.M. possui umespaço de vida bastante esgarçado, embora com forte vinculação nos pontos do casulo protetor edo lugar original (laços familiares).

Este espaço de vida mostra que, quando traçamos a biografia da pessoa no espaço acomplexidade das relações é muito maior do que aquelas que vimos nos modelos anteriores. É

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por este motivo que é tão importante realizar esta descrição em várias situações, que são muitomais numerosas do que as expostas aqui. Há uma multiplicidade de formas de habitar querepercutem no espaço de formas diversas, produzindo rebatimentos no ambiente e na mobilidade.

Em outra palavras, cada biografia e seu respectivo espaço de vida pode revelar aspectosimportantes da vulnerabilidade que precisam ser trazidos à tona e analisado em conjunto comdiferentes fontes de dados e informações.

Figura 06 – Habitar de-morado: M.M.

INFÂNCIA JUVENTUDE

IDADE ADULTA

Legenda

 

Considerações Finais

A relação entre mobilidade e vulnerabilidade fica evidenciada na análise preliminar dosespaços de vida do habitar de-morado e des-enraizado de Campinas e dos municípios da regiãometropolitana. Enquanto modelização, tais espaços de vida são simplificações que indicamorientações e tendências. Contudo, como foram elaborados a partir de experiências e histórias de

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vida, apontam para questões pertinentes no contexto da distribuição espacial da população e suadimensão ambiental.

Em primeiro lugar, a estruturação do tecido metropolitano disperso, como é o caso daRMC, promove padrões de mobilidade complexos que envolvem diferentes cidades, trajetos,atividades e meios de transporte simultaneamente. Esta complexidade dificulta a ação demecanismos de proteção, favorecendo o risco em cada uma destas atividades, de forma setorial, ea vulnerabilidade das populações, de forma mais ampla.

Além disso, o habitar des-enraizado, seja na metrópole ou na região metropolitana,apresenta riscos específicos relacionados à insegurança existencial e a dificuldades de adaptação.Tais populações estão mais vulneráveis a certos riscos, ao passo que assumem outros (como osoriundos da Sociedade de Risco) de forma mais ampla. Os Penates da região metropolitana

enfrentam certos riscos associados aos longos trajetos, ao passo que os Penates da metrópolevivem situações de tensão ambiental mais intensa.

Em terceiro lugar, os Lares, em seu habitar de-morado, conseguem estabelecer conexõesentre lugares ao longo do tempo, desenvolvendo historicidade e geograficidade que reforçarão oUmwelt e a comunidade, favorecendo a proteção. Possuem conhecimentos que auxiliam a lidarcom o perigo, em especial aqueles já enfrentados de longa data. No entanto, mostram-se maisvulneráveis a riscos oriundos da Sociedade de Risco, provenientes de escalas superiores. Seusterritórios estão bem estabelecidos, mas são ameaçados pelas novas formas do tecidometropolitano.

Por fim, o espaço de vida é uma noção que permite operacionalizar o habitar,potencializando a descrição da mobilidade ao longo da biografia da pessoa. Permite associardados quantitativos e qualitativos, ao mesmo tempo que possibilita aprofundar no conhecimentodos mecanismos e elementos que interferem no desenho das diferentes vulnerabilidades.Aproximar-se destes mecanismos é um passo importante para poder auxiliar no gerenciamentodos riscos e na diminuição da vulnerabilidade oriundas da relação população-ambiente.

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