marianna peres tassara manifestações …...universidade federal de goiÁs programa de...

114
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia GO, 2014 MARIANNA PERES TASSARA Manifestações neurológicas da dengue na Região Centro-Oeste do Brasil

Upload: others

Post on 03-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL

E SAÚDE PÚBLICA

Goiânia – GO,

2014

MARIANNA PERES TASSARA

Manifestações neurológicas da dengue na Região Centro-Oeste do Brasil

Page 2: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL

E SAÚDE PÚBLICA

Goiânia – GO,

2014

TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG

Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás (UFG) a disponibilizar,

gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG), sem ressarcimento dos direitos

autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura,

impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.

1. Identificação do material bibliográfico: [ ] Dissertação [ X ] Tese

2. Identificação da Tese ou Dissertação

Autor (a): MARIANNA PERES TASSARA

E-mail: [email protected]

Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [ X ]Sim [ ] Não

Vínculo empregatício do autor

Agência de fomento: Sigla:

País: BRASIL UF: GO CNPJ:

Título: MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS DA DENGUE NA REGIÃO CENTRO-OESTE DO BRASIL

Palavras-chave: DENGUE. NEUROLÓGICA. BRASIL.

Título em outra língua:

Palavras-chave em outra língua:DENGUE. NEUROLOGICAL. BRAZIL

Área de concentração: DOENÇAS INFECTO-PARASITÁRIAS

Data defesa:(28/02/2014)

Programa de Pós-Graduação:

Orientador (a): Profª Drª Celina Maria Turchi Martelli

E-mail: [email protected]

Co-orientador

(a):*

Prof.ª Dr.ª Adriana Oliveira Guilarde

E-mail: [email protected]

*Necessita do CPF quando não constar no SisPG

3. Informações de acesso ao documento:

Concorda com a liberação total do documento [ X ] SIM [ ] NÃO1

Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s)

em formato digital PDF ou DOC da tese ou dissertação.

O sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contendo

eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua disponibilização, receberão procedimentos de segurança,

criptografia (para não permitir cópia e extração de conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão do

Acrobat.

________________________________________ Data: 26 / 03 / 2014

Assinatura do (a) autor (a)

1Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita

justificativa junto à coordenação do curso. Os dados do documento não serão disponibilizados durante o período de

embargo.

Page 3: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL

E SAÚDE PÚBLICA

Goiânia – GO,

2014

MARIANNA PERES TASSARA

Manifestações neurológicas da dengue na Região Centro-Oeste do Brasil

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Medicina

Tropical e Saúde Pública da Universidade

Federal de Goiás como pré-requisito para

obtenção do Título de Mestre em Medicina

Tropical e Saúde Pública.

Área de concentração: Doenças Infecciosas

e Parasitárias.

Orientadora: Drª Celina M. T. Martelli

Page 4: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL

E SAÚDE PÚBLICA

Goiânia – GO,

2014

Co-orientadora: Drª Adriana O. Guilarde

Este trabalho foi realizado com o auxílio financeiro do

Programa de Apoio a Núcleos de Excelência - Edital PRONEX do Ministério da

Ciência e Tecnologia /CNPq/ SECTEC

Page 5: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

Goiânia – GO,

2014

Page 6: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL

E SAÚDE PÚBLICA

Goiânia – GO,

2014

Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública

da Universidade Federal de Goiás

BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Aluna: Marianna Peres Tassara

Orientadora: Profª Drª Celina Maria Turchi Martelli

Co-orientadora: Profª Dr.ª Adriana Oliveira Guilarde

Membros:

1. Prof.ª Dr.ª Adriana Oliveira Guilarde IPTSP-UFG

2. Prof. Dr. João Bosco Siqueira Júnior – IPTSP/UFG

3. Prof.ª Dr.ª Valéria Christina Rezende Féres – FF/UFG

4. Prof.ª Dr.ª Ledice Inácia de Araújo Pereira –IPTSP/UFG (suplente)

5. Prof. Dr. João Alves de Araújo Filho – IPTSP/UFG (suplente)

6. Prof.ª Drª Maríla Dalva Turchi – IPTSP/UFG (suplente)

Data: 27 de fevereiro de 2014.

Page 7: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

Dedico este trabalho aos meus pais

Waldemar e Cleide Tassara, que me

concederam o que há de mais

precioso na vida: a família, o amor e

a educação. Que me ensinaram que

sonhos são para serem vividos. Por

vocês cheguei até aqui, e sem vocês

nada disso teria sentido. Amo vocês

infinitamente!

Page 8: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me abençoar diariamente, iluminando meu caminho e, principalmente, por ter

colocado pessoas maravilhosas ao meu lado. Obrigada Senhor por mais esta conquista!

À minha orientadora Prof.ª Dr.ª Celina Maria T. Martelli, pela oportunidade de

desenvolver este trabalho, pelos ensinamentos e incentivos imprescindíveis para que esta

conquista fosse alcançada.

À minha co-orientadora, Prof.ª Dr.ª Adriana O. Guilarde, por ter acreditado em mim,

quando parecia que ninguém acreditava. Por ter sido amiga e orientadora em todos os

momentos. Da sua disponibilidade irrestrita, sua forma exigente, crítica e gentil de ensinar,

deram norte a este trabalho, facilitando o alcance dos meus objetivos.

Aos meus pais, Waldemar e Cleide Tassara, por estarem presentes em todos os momentos,

sempre me apoiando, me encorajando e me ensinando a não temer nenhum desafio.

Ao meu amor, Felipe Peres, pela infinita compreensão nesse período e por sempre me

apoiar e me incentivar a crescer.

Ao meu irmão Waldemar Jr., pelo carinho e apoio incondicional em todos os momentos. E

a minha cunhada Lorena, por ser minha irmã.

A toda minha família, pelo amor, pelas orações e pelos estímulos durante esse período da

minha vida. Em especial, a Ana Liz, meu bálsamo nos dias árduos.

Ao Prof. Dr. João Bosco Siqueira Jr, pela ajuda e ensinamentos preciosos para a realização

deste trabalho.

Page 9: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

À Dr.ª Aline Neto de Almeida Pereira, pela disponibilidade e contribuição imprescindível

para a composição desta dissertação.

Ao Prof. Dr. João Alves De Araújo Filho, por sua leitura detalhada e sugestões valiosas

durante a qualificação.

À Prof.ª Dr.ª Ledice Inácia, pela avaliação minuciosa da tese e sua contribuição na

qualificação.

À Prof.ª Valéria Christina de Rezende Féres, pelo exemplo de competência e

profissionalismo que sempre me inspiraram.

À Prof.ª Dr.ª Marília Dalva Turchi, como coordenadora da pós-graduação em Medicina

Tropical e Saúde Pública, sempre solícita a me ajudar nas dúvidas enfrentadas.

À doutoranda Angela Ferreira Lopes T. Argolo, pela ajuda irrestrita nos momentos que

precisei.

Ao doutorando Benigno Alberto M. da Rocha, pela contribuição no trabalho de campo.

Ao Sr. Tinoir Soares, pela amizade e ajuda ímpar nas atividades de campo.

Aos professores, com os quais cruzei nesta pós-graduação, que foi tão rica em informações

e aprendizados, que levarei por toda minha vida.

À coordenação do curso de pós-graduação em Medicina Tropical.

Page 10: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

À Diretoria e todos os funcionários do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública.

Aos funcionários do SAME do HDT/HAA, pela prestatividade durante o período de

revisão dos prontuários.

Aos colegas médicos plantonista do HDT/HAA, pela gentil colaboração durante o

recrutamento dos pacientes, e especialmente pelo carinho e amizade de vocês neste período

da minha vida.

A mestranda Cláudia Neto G. N. da Silva, pela amizade e companheirismo nesses dois

anos, pelo estímulo e principalmente seu apoio e carinho nos dias mais difíceis desta fase.

A doutoranda Sabrina Sgambati Andrade, pela amizade, impulso no ingresso à pesquisa e

ajuda constante nos dias de dúvidas e anseios.

À Dr.ª Ana Joaquina C. S. Pereira, pela amizade em todos os momentos da minha vida.

Aos amigos, que me encorajaram e me aguentaram durante estes dois anos de curso, e

sempre manifestaram apoio ou estiveram ao menos curiosos a respeito deste trabalho.

A todos os pacientes participantes deste trabalho, pela confiança em nós depositada para a

realização dos exames, acompanhamento e por aceitarem ser estudados em prol do avanço

da medicina.

Page 11: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

RESUMO

Contexto: O cenário epidemiológico atual da dengue representa uma ameaça de pandemia.

No Brasil a incidência de dengue vem crescendo ao longo da década de 2000 e

consequentemente houve um aumento das formas clínicas atípicas. Dentre as

manifestações não usuais da dengue, várias publicações têm demonstrado a relevância do

acometimento do vírus da dengue no sistema nervoso.

Objetivos: Descrever uma série de casos de manifestações neurológicas de dengue na

região Centro-Oeste do Brasil.

Métodos: Uma série de casos de manifestações neurológicas da dengue selecionados a

partir de uma coorte de pacientes com dengue confirmada laboratorialmente realizada na

cidade de Goiânia, no período de Janeiro de 2005 até Julho de 2006. Pacientes de qualquer

idade foram selecionados no hospital de referência em doenças infecciosas, Hospital de

Doenças Tropicais (HDT/HAA), em hospitais terciários da cidade de Goiânia e em

unidades de atenção primária à saúde. Os dados demográficos e clínicos de todos os

pacientes foram coletados utilizando um questionário padronizado. A classificação de

dengue foi feita de acordo com a Organização Mundial de Saúde de 1997 e 2009. Os casos

foram confirmados laboratorialmente por: (a) isolamento viral em cultivo celular ou

detecção de ácido nucléico por PCR-Multiplex ou PCR em tempo real (b) MAC-ELISA

IgM na primeira ou segunda amostra pareadas. Realizada uma revisão sistemática de

manifestações neurológicas de dengue em estudos brasileiros entre 2000 a 2013.

Resultados: De 710 casos suspeitos de dengue, 498 casos foram confirmados

laboratorialmente. A incidência de manifestações neurológicas foi de 5,6% (28 casos),

destes, 72% foram casos internados. A maioria foi do sexo feminino (78,6%), e a média de

idade foi de 34 (dp=15,5), variando de 14 a 71 anos. As manifestações neurológicas foram:

parestesia 19 (3,8%); encefalopatia 5 (1%); convulsão 4 (0,8%); meningoencefalite 2

(0,4%), paresia 2 (0,4%) e encefalite 1 (0,2%). A classificação final dos casos foram 21%

dos com FHD, 43% de dengue grave e 36% de dengue com sinal de alarme. Encefalopatia

3 (60%), parestesia 2 (9%) e convulsão 2 (50%) foram as manifestações mais frequentes na

FHD. O sorotipo circulante predominante foi o DENV-3 (93%). A taxa de letalidade foi de

7% (2/28), sendo os dois óbitos do sexo feminino. A manifestação mais frequente

encontrada na revisão sistemática brasileira foi encefalite com 64 casos, seguida de mielite

e Síndrome de Guillain-Barré com 37 relatos cada. Nove estudos identificaram o DENV-3

(7/9).

Conclusão: Evidenciamos a relevância de casos neurológicos em região endêmica de

dengue, durante epidemia onde preponderou o DENV-3 e a importância de incluir dengue

no diagnóstico diferencial de manifestações neurológicas no curso de doença viral ou pós-

viral.

Palavras-chaves: Dengue. Neurológica. Brasil

Page 12: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

ABSTRACT

Context: The current epidemiological situation of dengue represents a pandemic threat. In

Brazil, the incidence of dengue has grown throughout the 2000s; consequently there has

been an increase in atypical clinical forms. Among the unusual manifestations of dengue,

several studies have demonstrated the importance of the involvement of the dengue virus

in the nervous system.

Objectives: To describe a series of cases of neurological manifestations of dengue in the

Central-West region of Brazil.

Methods: A series of cases of neurological manifestations of dengue were selected from a

cohort of patients with laboratory-confirmed dengue. The study was conducted in the city

of Goiânia during the period of January 2005 to July 2006. Patients of all ages were

selected from a referral hospital for infectious diseases, the Hospital for Tropical Diseases

(HDT/HAA), tertiary hospitals in the city of Goiânia, and primary health care units.

Demographic and clinical data of all patients were collected by using a standardized

questionnaire. Dengue was classified according to the World Health Organization 1997

and 2009. The cases were laboratory confirmed through: (a) viral isolation in cell culture

or nucleic acid detection by performing PCR-Multiplex and real-time PCR (b) MAC-

ELISA IgM in the first or second paired sample. A systematic review was conducted of

neurological manifestations of dengue in Brazilian studies between 2000 and 2013.

Results: Of 710 suspected cases of dengue, 498 cases were confirmed with dengue

through laboratory investigations. The incidence of neurological events was 5.6% (28) and

72% were hospitalized. There were 22 (78.6%) women, and the mean age was 34 (SD =

15.5) years, range 14–71 years. The neurological manifestations were paresthesia in 19

(3.8%); encephalopathy in 5 (1%), seizures in 4 (0.8%), meningoencephalitis in 2 (0.4 %),

paresis in 2 (0.4%), and encephalitis in 1 (0.2%) patients. The final classification of cases

comprised 21% with DHF, 43% with severe dengue, 36% with dengue with warning signs.

The most frequent manifestations in DHF comprised 3 (60%) with encephalopathy, 2 (9%)

with paresthesia, and 2 (50%) with convulsions. The predominant circulating serotype was

DENV-3 (93%). The fatality rate was 7% (2/28), both of whom were women. The most

common manifestation found in the Brazilian systematic review was encephalitis with 64

cases, followed by myelitis and Guillain-Barré syndrome with 37 reports each. Nine

studies identified DENV-3 (7/9).

Conclusion: We demonstrated the relevance of neurological cases in an endemic area of

the dengue epidemic that prevailed during the DENV-3 as well as the importance of

including dengue in the differential diagnosis of neurological manifestations in the course

of viral or post-viral disease.

Key-words: Dengue. Neurological manifestations. Brazil.

Page 13: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

TABELAS

Tabela 1 - Manifestações Neurológicas da Dengue. .......................................................... 17

Tabela 2 - Manifestações neurológicas da dengue de uma série de casos de pacientes

recrutados na região Centro-Oeste do Brasil, 2005-2006. ................................ 32

Tabela 3 - Manifestações Neurológicas de Dengue no Brasil, 1990 até 2013. ................. 37

Page 14: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

FIGURAS

Figura 1 - Série histórica dos casos de dengue notificados e dos sorotipos virais em

Goiânia, de 2001 a 2014. .................................................................................... 6

Figura 2 - Série histórica dos casos notificados e internações por dengue em Goiânia,

2008 a 2013......................................................................................................... 7

Figura 3 - Casos de Dengue por sexo e faixa etária notificados em Goiânia em 2013. ...... 8

Figura 4 - Frequência dos sinais e sintomas, durante o quadro neurológico, entre os casos

de síndrome neurológica após histórico de dengue nos municípios de Cacoal,

Jaru, Ouro Preto do Oeste e São Francisco do Guaporé - RO, entre novembro

de 2004 e fevereiro de 2005................................................................................ 9

Figura 5 - Espectro Clínico da Dengue ............................................................................. 12

Figura 6 - Pacientes selecionados para o estudo. .............................................................. 29

Figura 7 - Revisão Sistemática de Estudos Brasileiros Publicados de Dengue com

Sintomas Neurológicos de 1990 até 2013. ....................................................... 35

Page 15: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

SIGLAS E ABREVIATURAS

µL .......................................................................................................................... Microlitros

ADE ................................................................................. Antibody Dependent Enhancement

ADEM ........................................................................... Encefalomielite Aguda Disseminada

Ae ................................................................................................................................... Aedes

ALT ....................................................................................................... Alanina transaminase

AST ..................................................................................................... Aspartato transaminase

AVCH ................................................................... Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico

BA ................................................................................................................................... Bahia

Bireme/BVS ............................................................................... Biblioteca Virtual em Saúde

CAA ........................................................................................ Complexo Antígeno Anticorpo

CE ................................................................................................................................... Ceará

CEP ............................................................................................ Comitê de Ética em Pesquisa

CIAMS .................................................. Centros Integrados de Assistência Médico Sanitária

CIVD ......................................................................... Coagulação Intravascular Disseminada

CNPq .............................. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CPK ....................................................................................................... Creatinofosfoquinase

d.C. .............................................................................................................. Depois de Cristo

DC .................................................................................................................. Dengue Clássica

DCC ............................................................................................... Dengue com Complicação

DENV .......................................................................................................... Vírus da Dengue

DENV-1 ....................................................................................... Vírus da Dengue sorotipo 1

DENV-2 ....................................................................................... Vírus da Dengue sorotipo 2

DENV-3 ....................................................................................... Vírus da Dengue sorotipo 3

DENV-4 ....................................................................................... Vírus da Dengue sorotipo 4

DF ...................................................................................................................... Dengue Fever

DG .................................................................................................................... Dengue Grave

DHF ............................................................................................ Dengue Hemorrhagic Fever

Page 16: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

DP ..................................................................................................................... Desvio padrão

DSA .......................................................................................... Dengue com Sinal de Alarme

DSS .................................................................................................. Dengue Shock Syndrome

ELISA ........................................................................ Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay

ES ...................................................................................................................... Espírito Santo

EUA ............................................................................................. Estados Unidos da América

F ................................................................................................................................ Feminino

FHD ........................................................................................ Febre Hemorrágica da Dengue

GO .................................................................................................................................. Goiás

HDT ............................................... Hospital de Doenças Tropicais de Goiás/Dr Anuar Auad

IBGE ................................................................ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IgG .............................................................................................................. Imunoglobulina G

IgM ............................................................................................................ Imunoglobulina M

LACEN - GO ................................................ Laboratório Central de Saúde Pública de Goiás

LCR ..................................................................................... Líquido cefalorraquidiano/líquor

LILACS .............................. Literatuta Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde

M ............................................................................................................................. Masculino

MEDLINE ..................................... Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica

MG......................................................................................................................Minas Gerais

mg/dL .............................................................................................. Miligramas por decilitros

MIE ................................................................................................ Membro inferior esquerdo

MMII ........................................................................................................ Membros inferiores

MMSS ...................................................................................................... Membros superiores

MS ........................................................................................................... Ministério da Saúde

NI ..................................................................................................................... Não Informado

NS1 ................................................. Proteína não estrutural 1 do genoma do vírus da dengue

OMS ...................................................................................... Organização Mundial de Saúde

PA ..................................................................................................................................... Pará

PAHO ............................................................................. Pan American Health Organization

Page 17: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

PCR .................................................................................. Reação em Cadeia pela Polimerase

PE ........................................................................................................................ Pernambuco

PRONEX .......................................................... Programa de Apoio a Núcleos de Excelência

RJ ...................................................................................................................... Rio de Janeiro

RN ........................................................................................................... Rio Grande do Norte

RNA ......................................................................................................... Ácido Ribonucleico

RO ............................................................................................................................. Rondônia

RT-PCR ..................................... Transcriptase reversa – Reação em Cadeia pela Polimerase

SCD ..................................................................................... Síndrome do Choque da Dengue

SD ............................................................................................................. Standard Deviation

SGB ............................................................................................. Síndrome de Guillain-Barré

SINAN ..................................................... Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SNC ................................................................................................. Sistema Nervoso Central

SPSS ................................................................Statistical Package for the Social Sciences

SUS ................................................................................................... Sistema Único de Saúde

SVS ................................................................................... Secretaria de Vigilância em Saúde

TCLE ............................................................... Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TNF ...................................................................................... Fator de Necrose Tumoral alfa

U/L .............................................................................................................. Unidade por Litro

WHO ............................................................................................ World Health Organization

Page 18: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1

1.1 Epidemiologia ............................................................................................................. 1

1.2 Epidemiologia da Dengue Neurológica no Brasil ........................................................ 8

1.3 Agente etiológico e preditores de gravidade .............................................................. 10

1.4 Quadro clínico ............................................................................................................ 12

1.5 Manifestações Neurológicas ...................................................................................... 14

1.6 Classificações ............................................................................................................ 17

1.7 Diagnóstico ................................................................................................................ 19

2 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 22

3 OBJETIVOS .............................................................................................................. 23

3.1 Geral ........................................................................................................................... 23

3.2 Específicos ................................................................................................................. 23

4 MÉTODOS ................................................................................................................ 24

4.1 Delineamento ............................................................................................................. 24

4.2 População ................................................................................................................... 24

4.3 Coleta de dados .......................................................................................................... 25

4.4 Definições .................................................................................................................. 25

4.4.1 Dengue ....................................................................................................................... 25

4.4.2 Classificação .............................................................................................................. 25

4.4.3 Diagnóstico laboratorial ............................................................................................. 26

4.4.4 Definições e Diagnóstico das Manifestações Neurológicas....................................... 26

4.5 Análise estatística ....................................................................................................... 28

4.6 Revisão Sistemática ................................................................................................... 28

5 RESULTADOS .......................................................................................................... 29

6 DISCUSSÃO ............................................................................................................. 43

7 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 49

8 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 50

9 ANEXOS.....................................................................................................................69

Page 19: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

9.1 Anexo 1- Manuscrito......................................................................................................69

9.2 Anexo 2 - Comprovante de submissão do manuscrito...................................................93

Page 20: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 EPIDEMIOLOGIA

A dengue é uma importante arbovirose que afeta o ser humano na atualidade, e

já se tornou endêmica com períodos epidêmicos em várias regiões tropicais e

subtropicais do mundo. No cenário epidemiológico atual a dengue representa uma

ameaça de pandemia pela dispersão dos quatro sorotipos virais na Ásia, Américas,

África e regiões orientais do Mediterrâneo (WORLD HEALTH ORGANIZATION,

2009; SIMMONS, FARRAR, VAN VINH CHAU et al., 2012). A Organização

Mundial da Saúde (OMS) estima 50 milhões de infecções com 20.000 mortes

relacionadas à dengue anualmente (SCIENTIFIC WORKING GROUP e WORLD

HEALTH ORGANIZATION, 2007; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013).

Um estudo recente utilizando um modelo baseado em uma abordagem cartográfica

estimou que haja 390 milhões de casos de dengue por ano (intervalo de confiança de

95% 284-528 milhões), dos quais 96 milhões são formas com manifestações clínicas

aparente. Essa estimativa foi três vezes maior que a da OMS (BHATT, GETHING,

BRADY et al., 2013).

Trata-se de uma doença infecciosa febril aguda, cujo agente etiológico é o vírus

da dengue, um Flavivirus da família Flaviridae, e seu principal vetor é o mosquito

Aedes (Stegomyia) aegypti (VAUGHN, BARRET e SOLOMON, 2010). Os diferentes

sorotipos dos vírus da dengue (DENV-1 a DENV-4) são transmitidos pela picada da

fêmea do mosquito Aedes (Stegomyia), principalmente o Ae. (Stegomyia) aegypti,

seguido do Ae. (Stegomyia) Albopictus (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009).

Criadouros de mosquitos que transmitem o vírus da dengue têm proliferado por fatores

bem conhecidos (o crescimento global da população e urbanização não planejada,

problemas com infraestrutura de saneamento básico, falhas no controle efetivo do

mosquito, aumento do uso de produtos não biodegradáveis, mudanças climáticas e o

aumento das viagens aéreas), os quais reconhecidamente contribuíram para a dispersão

do vetor e favoreceram o maior deslocamento da doença entre populações (GUBLER,

1998; MARTÍNEZ TORRES, 2005; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009).

Page 21: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

2

Outra forma de transmissão é a vertical (WADUGE, MALAVIGE, PRADEEPAN et

al., 2006; PHONGSAMART, YOKSAN, VANAPRAPA et al., 2008).

Historicamente, os primeiros relatos de epidemias semelhantes à dengue estão

registrados em uma enciclopédia chinesa durante a Dinastia de Chin de 265 a 420 d.C.

(GUBLER, 1998). Considera-se que as ocorrências mais bem documentadas antes do

isolamento dos agentes etiológicos da doença são as da Filadélfia (1778) e do Egito, em

1779 (MARTÍNEZ TORRES, 1990). De 1779 até 1780 foram notificadas epidemias na

Ásia, África e América do Norte. A ocorrência simultânea dessas epidemias demostrou

que tanto o vírus quanto o vetor circulavam nesses continentes (HAMMON e SATHER,

1964; HALSTEAD, 2002; FAVIER, DEGALLIER, ROSA-FREITAS et al., 2006).

A dengue era considerada uma doença benigna até a Segunda Guerra Mundial e

apenas posteriormente a gravidade da doença passou a ser reconhecida. Acredita-se que,

naquele período, a circulação de vários sorotipos em uma mesma área geográfica

contribuiu para o aparecimento de formas de maior gravidade da dengue. Em Manila,

nas Filipinas, no ano de 1953, foi registrado o primeiro surto de Febre Hemorrágica da

Dengue (FHD), confundido inicialmente com outras febres hemorrágicas. A

confirmação de que se tratava de doença hemorrágica causada pelo vírus da dengue só

se deu em 1958, com a epidemia de Bangkok/Tailândia (MARTÍNEZ TORRES, 1990).

Na década de 1960 a FHD atingiu a Malásia, Cingapura e Vietnã. Em 1964, um

pequeno surto de dengue causado pelo DEN-3 foi diagnosticado no Taiti, ilha do

Pacífico Sul. Nos anos seguintes, epidemias de DEN-2 ocorreram em várias ilhas

próximas e, em 1975, o DEN-1 foi introduzido naquela região (GUBLER, 2002).

Na década de 70 países no Sudeste Asiático registraram cerca de 1,16 milhões

de casos de FHD, principalmente em crianças (HALSTEAD, 2006). Em 1980 houve

expansão geográfica da dengue para Índia, Sri Lanka, Maldivas e leste da China, entre

outros países, como também pela ocorrência de epidemias com milhares de casos graves

e óbitos especialmente em crianças menores de 10 anos (GUBLER e KUNO, 1997;

LEE, HWANG, CHEN et al., 2006). Em Cingapura, desde a década de 1990 tem sido

relatada uma redução de casos de dengue em menores de 15 anos e um aumento da

incidência nos adultos (CHOW, LIM, PHOON et al., 2005; OOI, GOH e GUBLER,

2006; KITTIGUL, PITAKARNJANAKUL, SUJIRARAT et al., 2007; CHATERJI,

ALLEN, CHOW et al., 2011). A Europa é o único continente onde a dengue não é

endêmica, e a maioria dos casos registrados são importados de viajantes, ou a partir de

Page 22: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

3

movimentos das forças armadas que retornaram de regiões endêmicas (LA RUCHE,

SOUARES, ARMENGAUD et al., 2010). A transmissão local foi relatada pela primeira

vez na França e na Croácia em 2010, e a ameaça de um possível surto de dengue na

Europa já existe (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009; SHEPARD,

COUDEVILLE, HALASA et al., 2011).

Nas Américas, há relatos de dengue desde o século XVIII, especialmente em

cidades portuárias. Do século XIX até as primeiras décadas do século XX, várias

epidemias de dengue foram descritas na América com a introdução do DENV-2, quando

então se observou um controle da doença pela erradicação do principal vetor, o

mosquito Aedes (Stegomyia) aegypti (GUBLER, 1998; GUZMAN e KOURI, 2003;

SHEPARD, COUDEVILLE, HALASA et al., 2011). Na década 1970, a combinação de

diversos fatores (interrupção da campanha de combate ao vetor, urbanização acelerada e

descontrolada, manejo inadequado dos resíduos, aumento das viagens aéreas

internacionais e a falta de um medicamento eficaz ou vacina) contribuiu para a

reemergência da dengue (SIQUEIRA JR, MARTELLI, COELHO et al., 2005).

A expansão geográfica da doença se deu em todas as áreas tropicais da América

Central e do Sul, sendo acompanhada do aumento da incidência de dengue e de FHD.

Assim, na década de 1980, a doença já tinha se tornado um dos principais problemas de

saúde pública nas Américas, situação que ainda persistente (GUZMÁN e KOURI, 2002;

WILSON e CHEN, 2002; GUZMAN e KOURI, 2003; MARTÍNEZ TORRES, 2005).

Em 2012, vários países da América relataram a ocorrência de surtos de dengue,

incluindo Bolívia, Colômbia, Brasil, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras,

Jamaica, México, Nicarágua, Paraguai, Peru, Porto Rico e República Dominicana. Em

alguns desses surtos foi registrada a circulação de vários sorotipos simultaneamente, o

que aumenta o risco de dengue hemorrágica e causa impacto nos serviços de saúde

(ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2012). Desde o início de

2013 até a semana epidemiológica 21, houve aproximadamente 870.000 casos de

dengue, com 8.406 casos de dengue grave e 346 mortes (taxa de letalidade de 0,04%)

em região das Américas. No primeiro semestre de 2013, os surtos de dengue foram

registrados no Brasil, Costa Rica, Colômbia, Paraguai e República Dominicana

(ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2013).

No Brasil, a primeira epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu

em 1981/1982, em Boa Vista, Roraima, causada pelos sorotipos DENV-1 e DENV-4

Page 23: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

4

com mais de 12 mil casos (OSANAI, ROSA, TANG et al., 1983). Em 1986, ocorreram

epidemias no Rio de Janeiro e áreas da região Sudeste e Nordeste, especialmente nas

capitais (FIGUEIREDO, 2000; NOGUEIRA, MIAGOSTOVICH e SCHATZMAYR,

2000; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002; SIQUEIRA JR, MARTELLI, COELHO et al.,

2005).

Desde então, a dengue vem ocorrendo no Brasil de forma continuada,

intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas com a introdução

de novos sorotipos em áreas anteriormente indenes ou alteração do sorotipo

predominante (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009; 2013b). Em 1990 houve a introdução

do DENV-2 e disseminação do DENV-1 para outros estados (NOGUEIRA,

MIAGOSTOVICH e SCHATZMAYR, 2000; FERES, MARTELLI, TURCHI et al.,

2006). Em 2000 o sorotipo DENV-3 chegou ao Brasil, e assim começou o período de

co-circulação dos três sorotipos virais no país (NOGUEIRA, SCHATZMAYR, DE

FILIPPIS et al., 2005; SIQUEIRA JR, MARTELLI, COELHO et al., 2005).

No Brasil, diferente da Ásia e de Cuba, as formas graves foram predominantes

em adultos jovens (20 a 40 anos) (DE SIMONE, NOGUEIRA, ARAÚJO et al., 2004;

NOGUEIRA, SCHATZMAYR, DE FILIPPIS et al., 2005; SIQUEIRA JR,

MARTELLI, COELHO et al., 2005). A partir de 2005 houve um aumento das formas

graves, especialmente em menores de 15 anos, devido à circulação dos três sorotipos

virais e da recrudescência do DENV-2, principalmente nos estados do Maranhão,

Alagoas, Piauí, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Rio de Janeiro (FAVIER,

DEGALLIER, ROSA-FREITAS et al., 2006; COELHO, BURATTINI, TEIXEIRA et

al., 2008; TEIXEIRA e MEDRONHO, 2008; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013b).

A partir da segunda metade da década de 2000 tem se observado tendência

crescente na transmissão de dengue no país, com a ocorrência de grandes epidemias e

aumento no dos casos graves, sendo Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia as áreas de

maior concentração da doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011; 2013b). Desde 2007

vários estados, incluindo Goiás, têm registrado um aumento da incidência de casos de

dengue com complicações, principalmente manifestações neurológicas (CASSEB e

NUNES, 2007; DOMINGUES, KUSTER, ONUKI-CASTRO et al., 2008). Após sua

reemergência em 2009, o sorotipo 1 se tornou predominante, e em 2010 levou à

ocorrência de grandes epidemias no Centro-Sul do país, quando pela primeira vez o país

registrou mais de um milhão de casos prováveis da doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

Page 24: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

5

2013b). Naquele ano, as áreas de maior concentração da doença foram Minas Gerais

(21,2%), São Paulo (20,3%) e Goiás (10,3%) e houve um aumento de óbitos em

pacientes com comorbidades (SIQUEIRA JR, VINHAL, SAID et al., 2011). Neste

mesmo ano foi confirmada a presença do DENV-4 em Boa Vista, mas já era sabido que

desde 1980 ele circulava nas Américas (TEMPORAO, PENNA, CARMO et al., 2011).

Neste cenário de alta transmissão da doença, ganha especial destaque o ano de

2013, com mais de 1,6 milhões de notificações somente durante o primeiro semestre do

ano, com concentração dos casos nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, e importante

circulação dos sorotipos 1 e 4 do vírus. Nessas epidemias foram observados aumento no

número de óbitos em pessoas com comorbidades. Além disso, a mediana de idade dos

óbitos pela doença aumentou de 47 anos em 2010 para quase 60 anos em 2013

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013b). Atualmente, circulam no país os quatro sorotipos

da doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013b; a). A dengue apresenta padrão sazonal

bem marcado no Brasil, com o período de maior transmissão ocorrendo nos meses de

janeiro a maio, embora os picos de transmissão apresentem variações entre as regiões do

país (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013b).

Em Goiás o primeiro caso de dengue foi documentado em 1994, na cidade de

Goiânia, a partir da introdução do DENV-1, quando ocorreu a primeira epidemia de

dengue na região, sem grande magnitude. Casos de FHD foram registrados a partir da

introdução do DENV-2 em 1999. O DENV-3 foi introduzido em Goiás em 2002. Desde

então, houve um aumento de casos de FHD e de hospitalizações, configurando uma

situação de endemia em Goiás (MACIEL, 1999; SIQUEIRA, MARTELLI, MACIEL et

al., 2004; FERES, MARTELLI, TURCHI et al., 2006). Em 2009 houve uma nova

mudança no sorotipo predominante com a recirculação importante do DENV-1. Em

novembro de 2011 foi confirmada a entrada do DENV-4 em Goiás.

A Figura 1 demonstra uma série histórica dos casos de dengue notificados e dos

sorotipos virais em Goiânia, de 2001 a 2014 (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

DE GOIÂNIA, 2014).

Page 25: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

6

Figura 1 - Série histórica dos casos de dengue notificados e dos sorotipos virais em Goiânia, de

2001 a 2014.

Fonte: Dados preliminares dos anos de 2013 e 2014 da Secretaria Municipal de Saúde (2014).

Em 2012 foram registradas 13.046 notificações de dengue no município de

Goiânia, com incidência de 978/100.000 habitantes. Foram notificados 51 óbitos.

Destes, 19 foram descartados, 15 foram fechados como FHD e 17 como Dengue com

Complicação (DCC) (DDT/DE/DVS/SMS, 2013b). Uma epidemia de dengue ocorreu

em Goiás no início de 2013, a qual cresceu em ritmo muito mais acelerado do que na

maior parte do Brasil. Na sétima semana epidemiológica (ainda em fevereiro daquele

ano) os números de casos de dengue já eram maiores que em todo ano de 2012. No ano

de 2013, Goiás notificou 160.298 casos suspeitos de dengue, o que representou um

aumento de 537,7% em relação a 2012. Foram confirmados 82 óbitos. Até a semana

epidemiológica 6 de 2014 foram notificados 12.738 casos suspeitos de dengue e 1 óbito

confirmado. Observou-se uma redução de 62,3% em relação a 2103 (SECRETARIA

DA SAÚDE DO ESTADO DE GOIÁS, 2014).

Page 26: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

7

A Figura 2 apresenta uma série histórica de 2008 até 2013 de casos notificados

de dengue por semana epidemiológica e internações em Goiânia (SECRETARIA

MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA, 2014).

Figura 2 - Série histórica dos casos notificados e internações por dengue em

Goiânia, 2008 a 2013.

Fonte: Dados preliminares dos anos de 2013 e 2014 da Secretaria Municipal de Saúde (2014)

Na Figura 3 notamos que a frequência de dengue foi maior na faixa etária

feminina de 20 a 64 anos em Goiânia no ano de 2013 até a semana epidemiológica 39

(DDT/DE/DVS/SMS, 2013a).

Page 27: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

8

Figura 3- Casos de Dengue por sexo e faixa etária notificados em Goiânia em 2013.

Fonte: DDT/DE/DVS/SMS (2013a)

1.2 EPIDEMIOLOGIA DA DENGUE NEUROLÓGICA NO BRASIL

Nos últimos vinte anos tem havido um reconhecimento maior sobre a

importância das manifestações neurológicas da dengue. Em janeiro de 2005 a Secretaria

de Saúde de Cacoal/RO notificou dois casos de síndrome neurológica pós-histórico de

dengue, e então iniciaram uma investigação dos casos de manifestações neurológicas

pós-histórico de dengue. Por meio de busca ativa retrospectiva de casos suspeitos,

entrevistas com casos e familiares, e entrevistas com profissionais de saúde, foram

identificados 28 casos suspeitos, distribuídos em quatro cidades: Cacoal, Jaru, Ouro

Preto do Oeste e São Francisco do Guaporé. Os sintomas neurológicos descritos foram:

dificuldade de deambulação, paresia, parestesia, retenção urinária, lombalgia,

obstipação e paralisia, principalmente em membros inferiores, mostrados na Figura 4

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005a; SOUSA, 2006; CASSEB e NUNES, 2007).

Page 28: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

9

Figura 4- Frequência dos sinais e sintomas, durante o quadro neurológico, entre os casos

de síndrome neurológica após histórico de dengue nos municípios de Cacoal, Jaru, Ouro

Preto do Oeste e São Francisco do Guaporé - RO, entre novembro de 2004 e fevereiro

de 2005.

Fonte: Ministério da Saúde (2005a).

No Brasil, desde o ano de 2007 a ficha de notificação de dengue permitiu

categorizar as manifestações neurológicas, dentre os casos de dengue com complicação.

Mas, ainda não é possível especificar qual é o sintoma neurológico. Em 2007 as

manifestações neurológicas tiveram especial destaque chegando a 10% dos casos de

DCC em idade maior ou igual 15 anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). Em 2012

foram notificados 3628 casos de DCC, destes, 76 foram complicações neurológicas.

Pelos dados do SINAN do ano de 2007 até 2013 foram notificados 845 casos de

complicações neurológicas de dengue em mulheres e 805 em homens. A faixa etária

mais acometida com este tipo de complicação foi de 40 a 59 anos com 821 casos de

1644. Neste mesmo período as manifestações neurológicas foram mais comuns nos

pacientes hospitalizados (n=1493) que nos casos ambulatoriais (n=89). Do ano de 2007

até 2009 a maioria dos casos de dengue com manifestações neurológicas tiveram

diagnóstico clínico-epidemiológico, e a partir de 2010 até o ano de 2013 a maior parte

dos casos foram diagnosticados por exame laboratorial. A evolução para a cura é o

desfecho mais comumente observado nos casos de dengue neurológica. Neste período

%

Page 29: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

10

de 2007 até 2013, foram confirmados 1347 casos que evoluíram para a cura e 146

óbitos relacionados à complicação neurológica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005b).

1.3 AGENTE ETIOLÓGICO E PREDITORES DE GRAVIDADE

O vírus da dengue é um arbovírus, da família Flaviviridae, do gênero Flavivirus,

que inclui quatro tipos imunológicos distintos, mas antigenicamente relacionados:

DENV 1-4. Cada um dos sorotipos é capaz de causar doença grave, e concentrações

virais altas no início da doença estão associadas a piores desfechos clínicos

(SIMMONS, HALSTEAD, ROTHMAN et al., 2007; GUILARDE, TURCHI,

SIQUEIRA JR et al., 2008; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009). O sorotipo

infectante induz imunidade ao longo da vida (HALSTEAD, 1974; SIMMONS,

FARRAR, VAN VINH CHAU et al., 2012). E há uma proteção cruzada após a infecção

por dengue por um período de 2 a 3 meses (WORLD HEALTH ORGANIZATION,

2009).

Existem lacunas/controvérsias na identificação dos fatores prognóstico de

dengue com complicação, FHD e Síndrome do Choque da Dengue (SCD). Assim,

temos diversas teorias para tentar explicar a patogenia da FHD. A teoria mais aceita

para explicar a FHD e a SCD é a dos anticorpos potencializadores da infecção (antibody

dependent enhancement, ADE). De acordo com essa hipótese, inicialmente sugerida por

Halstead em 1970, as infecções graves são decorrentes de infecções secundárias por

sorotipos diferentes. A teoria de ADE refere que pacientes com FHD possuem

anticorpos hetrotípicos, de infecção prévia por outro sorotipo viral, que interagem com o

novo sorotipo infectante. O complexo antígeno-anticorpo (CAA) interage com o

receptor Fc da célula apresentadora do antígeno, facilitando a entrada do vírus nos

monócitos, onde multiplica-se e invade os tecidos (HALSTEAD, NIMMANNITYA e

COHEN, 1970).

Uma segunda teoria (de sequência de sorotipos virais) considera que a infecção

secundária por determinado sorotipo estaria relacionada com maior risco de FHD, visto

que as evidências tem mostrado que o DENV-2 e DENV-3 estariam envolvidos na

maioria das epidemias mais importantes de FHD durante infecção secundária (HARRIS,

VIDEA, PÉREZ et al., 2000; MESSER, GUBLER, HARRIS et al., 2003; MARTÍNEZ

Page 30: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

11

TORRES, 2005; NOGUEIRA, SCHATZMAYR, DE FILIPPIS et al., 2005).Outra

teoria é a da imunidade mediada, que consiste na apresentação dos antígenos das células

T às células CD4 e CD8 de memória, sensibilizados por infecção prévia, aumentando a

proliferação celular e ativando citocinas pró-inflamatórias e fator de necrose tumoral

(TNF), as quais atuam no endotélio vascular, levando ao extravasamento plasmático

observado nas formas graves da doença (GUILARDE e TIMBÓ, 2013).

Alguns estudos, porém, evidenciaram que as infecções secundárias podem não

estar relacionadas à maior gravidade da doença (HARRIS, VIDEA, PÉREZ et al., 2000;

HAMMOND, BALMASEDA, PÉREZ et al., 2005; LAOPRASOPWATTANA,

LIBRATY, ENDY et al., 2005; GUILARDE, TURCHI, SIQUEIRA JR et al., 2008).

Um estudo na cidade de Iquitos no Peru demonstrou que anticorpos heterotípicos pré-

existentes reduzem mas não eliminam o risco da doença (OLKOWSKI, FORSHEY,

MORRISON et al., 2013). A doença mais grave está relacionada às cepas de maior

virulência (MARTÍNEZ TORRES, 2005).

Uma teoria integra fatores de risco individuais, virais e epidemiológicos às

teorias de infecções sequenciais para a ocorrência de FHD. Os fatores de risco

individuais seriam: extremos etários, raça branca, sexo feminino e doenças crônicas,

como asma brônquica, anemia falciforme e diabetes mellitus. Além disso, existência de

população suscetível, circulação de vários sorotipos virais, alta densidade vetorial e

sequência de infecções são fatores epidemiológicos que, somados à virulência das

cepas, explicam a teoria da multicausalidade (GUBLER e KUNO, 1997; GAMBLE,

BETHELL, DAY et al., 2000; MARTÍNEZ TORRES, 2005).

Alguns estudos relacionam a gravidade da dengue a fatores genéticos.

Sakuntabhai e cols (2005) observaram uma variação no CD209 associada a quadros

graves de dengue. Silva e cols (2010) demonstraram que polimorfismos localizados na

extremidade 5 do gene JAK1 estavam fortemente associado a casos de FHD. Porém,

neste mesmo estudo, os autores não encontraram associação entre FHD e CD209. Um

estudo realizado na cidade de Salvador/BA observou que ser afro-brasileiro ou ter

ancestralidade africana foram fatores protetores para FHD (BLANTON, SILVA,

MORATO et al., 2008). Mawson (2013) também publicou que a FHD é menos

prevalente entre indivíduos com ancestralidade africana.

Page 31: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

12

1.4 QUADRO CLÍNICO

A infecção por qualquer um dos quatro sorotipos da dengue pode cursar com um

amplo espectro de sintomas, desde formas assintomáticas e subclínicas até formas

graves, caracterizada pela SCD (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013a) (Figura 5).

Figura 5 - Espectro Clínico da Dengue

Subclínica Febre indiferenciada Dengue clássica FHD

Fonte: http://soespe.com.br/Portals/0/Aulas/15_03%20%20Dengue_Dr.%20Marco%20Aurelio.pdf.

No Brasil, o guia de manejo de dengue define como caso suspeito paciente que

apresente doença febril aguda, com duração máxima de sete dias, acompanhada de pelo

menos dois dos sinais ou sintomas como: cefaleia, dor retro-orbitária, mialgia, artralgia,

prostração ou exantema, associados ou não à presença de hemorragias. Criança

proveniente ou residente em área endêmica com quadro febril, sem sintomas

respiratórios ou foco definido considera-se caso suspeito. A FHD/SCD é caracterizada

pelo extravasamento de fluidos e proteínas para o terceiro espaço, com hemorragia

espontânea ou induzida (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013a).

O curso da doença pode ser dividido em três fases: febril, crítica e

convalescença. A fase febril é caracterizada pelo aparecimento de febre repentina

acompanhada de cefaleia, mialgia e artralgia. Outros sintomas menos frequentes são:

exantema, vômitos, diarreia e dor abdominal. Leucopenia e plaquetopenia, e (mais

raramente) aumento moderado das transaminases são as alterações laboratoriais dessa

fase. As manifestações clínicas da dengue nesta fase não se distinguem daquelas de

outras doenças febris agudas e não servem como preditores para quem evoluirá com

casos clássicos ou graves. Esta fase dura de 3 a 7 dias; a maioria dos pacientes se

recuperam sem complicações (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009).

Na fase de defervescência, uma menor parte dos pacientes evolui com aumento

da permeabilidade capilar, caracterizando a fase crítica. A transição da fase febril para a

Page 32: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

13

crítica ocorre entre o quarto e o sétimo dia de doença e clinicamente pode ser observada

pelo aparecimento dos sinais de alerta: dor abdominal, vômitos persistentes,

sangramento de mucosas, acúmulo de fluidos, agitação ou letargia, hepatomegalia maior

que 2 cm, aumento de hematócrito e queda abrupta de plaquetas (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2009). As hemorragias são mais comuns nesta fase; porém, o que

determina a evolução para o choque em pacientes com FHD é a permeabilidade

vascular aumentada (GUBLER e KUNO, 1997; MARTÍNEZ TORRES, 2005). Menos

frequentemente ocorrem manifestações graves (falência hepática, miocardite ou

encefalopatia) sem associação com extravasamento de plasma. Alguns pacientes podem

progredir para a fase crítica sem defervescência e, nestes doentes, as alterações no

hemograma devem ser utilizadas para orientar o início da fase crítica (WORLD

HEALTH ORGANIZATION, 2009; SIMMONS, FARRAR, VAN VINH CHAU et al.,

2012). Muitos casos de dengue com sinais de alerta provavelmente vão se recuperar

através da hidratação endovenosa precoce, mas alguns casos evoluem para óbito.

A alteração da permeabilidade vascular dura aproximadamente de 48 a 72 h e

após há uma gradual reabsorção dos fluidos extravasculares; o paciente começa a se

estabilizar hemodinamicamente e a apresentar sinais de melhora clínica. Na

convalescença, pode ocorrer um segundo exantema maculopapular e prurido. O

hematócrito se estabiliza, os leucócitos sobem logo após a defervescência e por último

as plaquetas se recuperam (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009). Adultos

podem evoluir com fadiga por várias semanas após a recuperação da doença

(SIMMONS, FARRAR, VAN VINH CHAU et al., 2012).

A literatura também descreve manifestações não usuais da dengue: encefalite,

colecistite acalculosa, pancreatite, Síndrome da Angústia Respiratória do Adulto

(SARA), manifestações otorrinolaringológicas e complicações oftalmológicas

(GUBLER e KUNO, 1997; DENIS, CAVALCANTI, MEIRELLES et al., 2003; WU,

CHANGCHIEN, KUO et al., 2003; CHAN, TEOH, TAN et al., 2006; FONTAL e

HENAO-MARTINEZ, 2011).

Page 33: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

14

1.5 MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS

Diversas são as publicações mostrando a relevância do acometimento do vírus

da dengue no sistema nervoso, também observadas em outras infecções por Flavivírus,

tais como a Encefalite Japonesa, Encefalite de Saint Louis, Encefalite do Oeste do Nilo,

Encefalite por carrapatos, o vírus Loupingill e o vírus Powassan (MISRA e KALITA,

2006; SOARES, FARIA, PERALTA et al., 2006; SIPS, WILSCHUT e SMIT, 2012).

Sanguansermsri, Ponepraser e Phornphutkul (1976) foram os primeiros autores a

descrever a associação entre dengue e sintomas neurológicos. Várias manifestações

neurológicas foram relatadas na literatura: encefalites/encefalopatias, Síndrome de

Guillain-Barré (SGB), mielite, meningites, Encefalomielite Aguda Disseminada

(ADEM), mononeuropatia facial e ulnar, polineuropatia, hemorragia subaracnóidea,

paralisia facial periférica, cefaleia persistente, neurite óptica, convulsão, coma, paresia,

parestesia, disfunção sexual, depressão e distúrbio do comportamento.

Sua fisiopatologia pode ser explicada pelos seguintes eventos, isolados ou

associados: invasão do vírus no SNC, edema cerebral, hemorragia cerebral,

hiponatremia, falência hepática fulminante com encefalopatia, anóxia cerebral,

hemorragia microcapilar e liberação de toxinas (NIMMANNITYA, THISYAKORN e

HEMSRICHART, 1987; LUM, LAM, CHOY et al., 1996; CAM, FONSMARK, HUE

et al., 2001; FERREIRA, CAVALCANTI, COELHO et al., 2005; DOMINGUES,

KUSTER, ONUKI-CASTRO et al., 2008; CAROD-ARTAL, WICHMANN, FARRAR

et al., 2013).

No guia da OMS de 2009 não há descrição sobre as complicações neurológicas

da dengue. Numa recente revisão sistemática sobre o tema, os autores definem

manifestação neurológica como: dengue confirmada ou com teste altamente sugestivo

de dengue com pelo menos um dos seguintes achados: alteração do nível de consciência

(Glasgow ≤ 14), rigidez de nuca, sinais neurológicos focais ou convulsão. As

manifestações neurológicas são divididas em: encefalopatia, encefalite, síndromes

imunomediadas, complicações cerebrovasculares, disfunção muscular e afecções neuro-

oftalmológicas (CAROD-ARTAL, WICHMANN, FARRAR et al., 2013).

A encefalopatia aguda por dengue é o rebaixamento do nível de consciência

provocado por vários fatores como falência hepática ou renal, anóxia, edema cerebral,

acidose metabólica, hiponatremia grave, choque prolongado, coagulação intravascular

Page 34: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

15

disseminada (CIVD) ou hemorragia cerebral (HENDARTO e HADINEGORO, 1992;

MISRA e KALITA, 2006). O exame de líquor é habitualmente normal ou pode ter

aumento de hemácias nos casos de hemorragia cerebral. Em uma série de casos na Sri

Lanka, de 15 pacientes com encefalopatia por dengue, sete foram a óbito (MALAVIGE,

RANATUNGA, JAYARATNE et al., 2007). A mortalidade é alta quando não há

tratamento ou suporte adequado (CAROD-ARTAL, WICHMANN, FARRAR et al.,

2013).

Encefalite por dengue é causada pela invasão do vírus no SNC e seus efeitos

neurotrópicos. As manifestações clínicas são cefaleia, convulsão, desorientação,

rebaixamento do nível de consciência, sintomas comportamentais e tonturas, associado

ao líquor com isolamento do vírus ou detecção de antígenos virais (PCR, IgM ou NS1)

(DOMINGUES, KUSTER, ONUKI-CASTRO et al., 2008; ARAÚJO, NOGUEIRA,

ARAÚJO et al., 2012). Também no exame de líquor tem pleocitose, sem a identificação

de outros patógenos causadores de neuroinfecção. Na prática clínica diferenciar

encefalopatia de encefalite é muito difícil, pois os sinais e sintomas podem se sobrepor,

e em muitos casos há contra indicação de fazer o exame de líquor. Além de que, na

encefalite, o líquor pode apresentar-se sem pleocitose (CAROD-ARTAL,

WICHMANN, FARRAR et al., 2013).

As síndromes imunomediadas pós-dengue são manifestações neurológicas que

não se enquadram em encefalopatia e nem em encefalite e são inespecíficas como a

mielite aguda transversa, Síndrome de Guillain-Barré, ADEM, neuromielite óptica,

Síndrome de Miller-Fisher e mono/polineuropatias. Como ocorrem após a infecção por

dengue o diagnóstico é feito por uma relação causal e, em geral, se resolvem em

algumas semanas ou em poucos meses (SANTOS, AZOUBEL, LOPES et al., 2004;

SULEKHA, KUMAR e PHILIP, 2004; SUDHIR e SUBHASHINI, 2005;

RATNAYAKE, SHIVANTHAN e WIJESIRIWARDENA, 2012; SHIVANTHAN,

RATNAYAKE, WIJESIRIWARDENA et al., 2012).

As hemorragias intracranianas da dengue são mais relatadas durante a fase de

convalescença, e o acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH) é mais comum do

que o acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI) (FERREIRA, CAVALCANTI,

COELHO et al., 2005; SUDHIR e SUBHASHINI, 2005). Hemorragias cerebrais podem

surgir sem a presença de outras manifestações hemorrágicas, e são mais relatadas

envolvendo gânglios da base ou múltiplos focos hemorrágicos cerebrais. A frequência

Page 35: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

16

de dengue associada a complicações cerebrovasculares é desconhecida, e mesmo em

áreas endêmicas não há rotina de fazer testes pra dengue após AVCH ou AVCI

(CAROD-ARTAL, WICHMANN, FARRAR et al., 2013).

A disfunção muscular pode ser caracterizada por mialgia, miosite, fraqueza

muscular proximal, hiporeflexia e creatinofosfoquinase (CPK) elevado. A disfunção

muscular da dengue se diferencia da miopatia inflamatória típica pela escassez de

achados na eletromiografia e a ausência de atividade espontânea (RAJAJEE,

EZHILARASI e RAJARAJAN, 2005; MISRA, KALITA, SYAM et al., 2006). Na

maioria das vezes, esta disfunção é benigna e a remissão ocorre espontaneamente em

uma a duas semanas (CAROD-ARTAL, WICHMANN, FARRAR et al., 2013).

As manifestações neuro-oftalmológicas incluem: maculopatia, edema retiniano,

hemorragia retiniana, ingurgitamento do disco óptico, neuropatia óptica e vitreíte

(CAROD-ARTAL, WICHMANN, FARRAR et al., 2013). A frequência dessas

desordens provavelmente é subestimada, e vasculopatia retiniana é a manifestação

ocular mais frequente (BACSAL, CHEE, CHENG et al., 2007). Em um estudo, no qual

o desenho foi uma de série de casos restrospectiva juntamente com uma revisão da

literatura, observou-se que as complicações neuro-oftalmológicas da dengue geralmente

se desenvolvem durante a fase de convalescença, e a maior parte dos pacientes com

estas complicações têm dengue clássica com plaquetas normais (LIM, MATHUR, KOH

et al., 2004).

Na Tabela 1 tem-se a divisão das manifestações neurológicas em pára-

infecciosas, que são os sinais e sintomas que surgem durante o período febril, e as pós-

infecciosa, frequentemente utilizada por muitos autores. Algumas manifestações

neurológicas podem ocorrem tanto durante a fase aguda como no período pós-viral.

(GUBLER, KUNO e WATERMAN, 1983; ZAGNE, ALVES, NOGUEIRA et al.,

1994; LUM, LAM, CHOY et al., 1996; THISYAKORN, THISYAKORN,

LIMPITIKUL et al., 1999; HARITOGLOU, SCHOLZ, BIALASIEWICZ et al., 2000;

SOLOMON, DUNG, VAUGHN et al., 2000; CAM, FONSMARK, HUE et al., 2001;

FERREIRA, CAVALCANTI, COELHO et al., 2005; CHAN, TEOH, TAN et al., 2006;

MUZAFFAR, VENKATA KRISHNAN, GUPTA et al., 2006; GUILARDE, TURCHI,

SIQUEIRA JR et al., 2008; MATHEW e PANDIAN, 2010; MURTHY, 2010; ASSIR,

JAWA e AHMED, 2012; AZMIN, SAHATHEVAN, SUEHAZLYN et al., 2013).

Page 36: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

17

Tabela 1 - Manifestações Neurológicas da Dengue.

Pára-infecciosas Pós- infecciosas

Encefalite Encefalite

Hemorragias Cerebrais Hemorragias Cerebrais

Encefalopatia Síndrome Guillain-Barré / Mielites

Meningite Neuromielite Óptica

Meningoencefalites Disfunção Sexual

Tremores Encefalomielite Aguda Disseminada

Mononeuropatias / Polineuropatias / Parestesias Mononeuropatias / Polineuropatias / Parestesias

Letargia Paralisia de Bell

Irritabilidade Síndrome de Miller-Fisher

Distúrbios neuropsiquiátricos Epilepsia

Disfunção neuromuscular Disfunção Neuromuscular

Convulsão Amnésia

Delírio Síndrome de Reye

Insônia Doença de Parkinson

1.6 CLASSIFICAÇÕES

Pelos critérios da OMS de 1997, a dengue é classificada em três categorias:

Febre Indiferenciada, Febre da Dengue e Febre Hemorrágica da Dengue, que é descrita

como a presença de quatro critérios: febre, plaquetopenia ≤ 100.000, hemorragia

espontânea ou induzida e extravasamento de plasma, que pode ser documentado pela

presença de derrames cavitários, hipoalbuminemia e/ou hemoconcentração (WORLD

HEALTH ORGANIZATION, 1997; 2009). Entretanto, o Ministério da Saúde do Brasil,

além de adotar as definições da OMS adotou desde o início dos anos 2000 uma

classificação intermediária, denominada “dengue com complicações” (DCC) para

Page 37: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

18

classificar aquelas manifestações que não se enquadram no conceito de DC e nem de

FHD, conhecidas como formas não usuais ou atípicas da dengue (ORGANIZACIÓN

PANAMERICANA DE LA SALUD, 1995; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Esta

padronização brasileira da classificação dos casos de dengue visa permitir a comparação

da situação epidemiológica entre as diferentes regiões. É uma classificação feita

retrospectivamente, a partir de informações clínicas, laboratoriais e epidemiológicas do

paciente. Portanto, não tem finalidade para definir o manejo clínico (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2013a).

Em 2009 a OMS propôs uma nova classificação da dengue, para aumentar a

sensibilidade na identificação de casos graves da doença, uma vez que, na classificação

usual de DC e FHD vários casos com prognóstico desfavorável não se enquadravam nos

critérios de FHD e não podem ser considerados simplesmente como DC (DEEN,

HARRIS, WILLS et al., 2006; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009). Essa

classificação mais recente propõe três categorias da doença: dengue, dengue com sinais

de alarme e dengue grave, que compreende a presença de significativo extravasamento

plasmático ou sangramentos importantes com repercussões clínicas ou ainda, o

comprometimento grave de órgãos (transaminases ≥ 1000, envolvimento do SNC,

coração ou outros órgãos) (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009). O Ministério

da Saúde do Brasil passou a adotar essa nova classificação para os casos de dengue

desde primeiro de janeiro de 2014 (Nova classificação de caso de dengue – OMS,

2014; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).

Comparada com a classificação tradicional, esta nova classificação mantém a

sensibilidade e aumenta a especificidade para diagnosticar casos graves (NARVAEZ,

GUTIERREZ, PÉREZ et al., 2011). A divisão em níveis de gravidade, da nova

classificação, tem o objetivo de facilitar na prática clínica a decisão médica a respeito de

onde e como hidratar o paciente. Porém, deve-se ter em mente que os pacientes com

dengue, mesmo sem a presença de sinais de alerta, podem desenvolver dengue grave

(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009).

Page 38: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

19

1.7 DIAGNÓSTICO

Laboratorialmente o diagnóstico da infecção por dengue pode ser realizado

diretamente pela detecção de componentes virais ou indiretamente por testes

sorológicos. A sensibilidade para cada teste é influenciada pelas fases da doença: fase

febril, fase crítica (defervescência) e fase de recuperação (PEELING, ARTSOB,

PELEGRINO et al., 2010; SIMMONS, FARRAR, VAN VINH CHAU et al., 2012).

Até o quinto dia de doença pode-se fazer o isolamento viral no sangue, que identifica o

sorotipo viral e tem uma sensibilidade em torno 40% dependendo da técnica utilizada,

como cultivo celular ou inoculação em camundongos ou mosquitos (GUBLER e

KUNO, 1997; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009; SIMMONS, FARRAR,

VAN VINH CHAU et al., 2012). A reação em cadeia pela polimerase (PCR) é um teste

molecular que apresenta maior sensibilidade que a cultura viral, além de poder

identificar o sorotipo e quantificar a carga viral. Ambos, isolamento viral e PCR, tem

custo elevado e devem ser colhidos até o quinto dia de doença ( e ,

2004; WANG, CHEN, YANG et al., 2006; WORLD HEALTH ORGANIZATION,

2009).

Um teste sorológico é o antígeno NS1 - uma glicoproteína produzida e secretada

durante a replicação viral e aparece precocemente depois de um dia do início da febre e

declina depois de 5 a 6 dias de doença. O método de detecção de antígeno NS1 tem

custo mais barato que os o isolamento viral e a PCR, e pode ser feito do primeiro até o

quinto dia de doença. Em infecções primárias o NS1 tem uma sensibilidade que pode

exceder 90% na fase febril e a antigenemia pode persistir por vários dias após a

resolução da fase febril. Já em infecções secundárias a sensibilidade é menor, em torno

de 60 -80%, refletindo uma provável resposta sorológica prévia pelo vírus da dengue ou

outro flavivírus através da formação de imunocomplexos (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2009; SIMMONS, FARRAR, VAN VINH CHAU et al., 2012).

O método sorológico MAC-ELISA é o mais utilizado pela Secretaria de

Vigilância em Saúde (SVS) e permite a captura de IgM. Apenas uma amostra positiva já

é considerado diagnóstico, a necessidade de amostras pareadas. A imunocromatografia é

outro método sorológico, conhecido como o teste rápido para dengue, pois fica pronto

em 30 minutos. Tem a vantagem de detectar simultaneamente IgM e IgG, mas com

sensibilidade inferior ao MAC-ELISA. Outros métodos sorológicos são: inibição da

Page 39: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

20

hemaglutinação, reação de neutralização, fixação do complemento e o ELISA, que

necessitam de amostras pareadas, com quadriplicação dos títulos para confirmar a

infecção aguda. Porém, em caso de apenas uma amostra positiva e paciente com quadro

clínico compatível é aceito o diagnóstico presuntivo de dengue. (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2009; SIMMONS, FARRAR, VAN VINH CHAU et al., 2012).

Anticorpos IgM para dengue podem estar presentes no soro de três a dez dias após o

início dos sintomas, e resultados falso positivos ocorrem caso o paciente tenha

recentemente se infectado por um flavivírus ou foi vacinado com uma vacina

antigenicamente relacionada aos flavivírus (vacina febre amarela) (HUNSPERGER,

YOKSAN, BUCHY et al., 2009; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009).

Já foi demonstrado o efeito neurotrópico do vírus e sua capacidade de

ultrapassar a barreira hemato-encefálica (GARCÍA-RIVERA e RIGAU-PÉREZ, 2002;

MUZAFFAR, VENKATA KRISHNAN, GUPTA et al., 2006; PUCCIONI-SOHLER,

ORSINI e SOARES, 2012). O comprometimento do sistema nervoso pelo vírus da

dengue pode ser confirmado pela detecção do vírus em tecido neural, através de testes

moleculares ou isolamento viral em cultura de tecidos, e imuno-histoquímica. Quando

não houver contra indicações coletar líquor em busca de anormalidades, e sempre

solicitar PCR, antígeno NS1 e anticorpos IgM para dengue. Entretanto, a detecção do

vírus no líquor é dificultada pelos resultados com baixa sensibilidade destas técnicas no

líquido cefaloraquidiano quando comparada com o soro, pois no líquor temos

concentrações virais mais baixas (KAO, KING, CHAO et al., 2005; VARATHARAJ,

2010; CAROD-ARTAL, WICHMANN, FARRAR et al., 2013). Líquor com pleocitose

linfocítica sugere encefalite por dengue, mas nem sempre está alteração esta presente

(KANKIRAWATANA, CHOKEPHAIBULKIT, PUTHAVATHANA et al., 2000). Em

alguns relatos/série de casos um pequeno aumento de proteínas no líquor pode estar

presente (SOARES, FARIA, PERALTA et al., 2006). Assim, um exame de líquor

normal não exclui encefalite por dengue.

Exames de imagem podem fornecer pistas adicionais no diagnóstico de

complicações neurológicas da dengue. Podemos ter inúmeras alterações radiológicas,

mas nenhum achado é específico de encefalite por dengue, que inclusive pode

apresentar uma Ressonância Nuclear Magnética (RNM) normal (CAROD-ARTAL,

WICHMANN, FARRAR et al., 2013). O edema cerebral é a alteração mais relatada

relacionada às manifestações neurológicas da dengue (WASAY, CHANNA, JUMANI

Page 40: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

21

et al., 2008). Lentificações no eletroencefalograma (EEG) podem aparecer, mas são

achados inespecíficos, da própria infecção viral, ou por convulsões, hemorragia

intracraniana ou encefalopatia (WASAY, CHANNA, JUMANI et al., 2008).

As alterações neurológicas pós-infecciosas geralmente são atribuídas a dengue

através da correlação entre o quadro viral prévio, associado ao teste laboratorial positivo

para o vírus (RATNAYAKE, SHIVANTHAN e WIJESIRIWARDENA, 2012;

CAROD-ARTAL, WICHMANN, FARRAR et al., 2013).

Page 41: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

22

2 JUSTIFICATIVA

No Brasil, a incidência de dengue vem aumentando ao longo da década de 2000

e com aumento das manifestações clínicas mais raras, como por exemplo, manifestações

neurológicas durante e após o episódio de dengue. Ainda sabemos pouco sobre a

frequência, diagnóstico, classificação e prognóstico dessas manifestações. Considerando

a magnitude da dengue na saúde pública no Brasil e na região Centro-Oeste, bem como,

poucas pesquisas envolvendo manifestações neurológicas da dengue e somando-se ao

fato de que não há trabalho sobre o tema na região Centro-Oeste, acreditamos que este

estudo possa dimensionar as evidências sobre os eventos neurológicos durante epidemia

de dengue nos anos de 2005/2006.

Esta série de casos selecionados de uma coorte prospectiva bem estabelecida de

498 pacientes laboratorialmente confirmados de dengue, no período de Janeiro de 2005

até Julho de 2006, detalha os sintomas neurológicos da dengue e exames laboratoriais e

de imagem. A intenção é auxiliar os profissionais da área médica a pensarem na

possibilidade de ocorrências destes eventos para fazerem o diagnóstico correto o mais

precoce possível.

A comparação entre as classificações propostas pela OMS em 1997 e 2009 e

pelo do Ministério da Saúde do Brasil para as manifestações neurológicas tenta concluir

qual teria uma maior sensibilidade, já que, a classificação tem impacto direto no manejo

dos casos clínicos.

Visto que só apenas recentemente as manifestações neurológicas da dengue

começaram a serem estudadas, o presente trabalho acrescenta dados úteis para a escassa

evidência disponível. Nesse sentido, este estudo contribui como um alerta das

ocorrências neurológicas em diferentes contextos epidemiológicos do país. Reforçando

a necessidade de incluir dengue no diagnóstico diferencial de manifestações

neurológicas no curso de doenças virais ou pós-virais, e dimensiona a frequência desses

eventos. A vigilância das manifestações atípicas da dengue, com notificação e

investigação clínica/ epidemiológica, é necessária para o adequado manejo dos

pacientes e prevenção de sequelas e desfechos desfavoráveis.

Page 42: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

23

3 OBJETIVOS

3.1 GERAL

Descrever uma série de casos de manifestações neurológicas selecionados de

uma coorte de pacientes com dengue confirmada laboratorialmente na epidemia de

2005/2006 na região centro-oeste do Brasil.

3.2 ESPECÍFICOS

— Determinar a frequência e a gravidade das manifestações neurológicas da

dengue, em pacientes com diagnóstico de dengue confirmada

laboratorialmente, selecionados de ambulatórios e hospitais, na cidade de

Goiânia/GO.

— Analisar a categorização dos pacientes na classificação de dengue

convencional e na mais recente proposta pela OMS.

— Avaliar a letalidade associada aos casos neurológicos.

— Realizar Revisão Sistemática de manifestações neurológicas da dengue no

Brasil.

Page 43: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

24

4 MÉTODOS

4.1 DELINEAMENTO

Este estudo é uma série de casos selecionados a partir de uma coorte de dengue

realizada na cidade de Goiânia (~1.3 milhões de habitantes), na região Centro-Oeste do

Brasil, no período de Janeiro de 2005 até Julho de 2006 (INSTITUTO BRASILEIRO

DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2013).

4.2 POPULAÇÃO

Pacientes de qualquer idade com suspeita de dengue foram recrutados no

hospital de referência em doenças infecciosas, Hospital de Doenças Tropicais

(HDT/HAA), e em hospitais terciários da cidade de Goiânia (Hospital Santa Isabel,

Hospital Santa Helena, Hospital São Francisco de Assis, Hospital Neurológico, Hospital

Santa Lúcia, Hospital Geral de Goiânia/HGG, Hospital das Clínicas/HC/UFG e

Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO). Além de unidades de atenção primária à

saúde (Duo Clínica, Climipi, CIAMS Jardim Curitiba, CIAMS Jardim América e

CIAMS Amendoeiras). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética institucional

(Anexo 1). O termo de consentimento foi obtido de todos os participantes ou seu

responsável (Anexo 2).

Critérios de inclusão: Pacientes com dengue confirmada e a presença de pelo

menos uma manifestação neurológica durante o curso da doença.

Critério de exclusão: História de doença neurológica prévia, uso de drogas

ilícitas, doença psiquiátrica pré-existente e dengue não confirmada laboratorialmente.

Page 44: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

25

4.3 COLETA DE DADOS

Os dados demográficos e clínicos foram coletados prospectivamente utilizando

um questionário padronizado e a ficha do SINAN (Anexo 3 e 4). As informações sobre

idade, sexo, episódio de dengue pregressa e sinais de alerta (hipotensão, dor abdominal

intensa e sangramentos) foram registrados em questionário estruturado. Os dados

clínicos e laboratoriais foram registrados a partir das evoluções diárias feita pelo médico

assistente e verificado pelo coordenador clínico no final do seguimento. A duração do

seguimento para pacientes hospitalizados ficou definida como a primeira consulta até a

alta hospitalar. Para pacientes ambulatoriais a duração foi o intervalo entre a primeira e

segunda coleta de sangue, durante a fase de convalescença (aproximadamente 15 dias).

4.4 DEFINIÇÕES

4.4.1 Dengue

Doença febril aguda e dois ou mais sintomas: náusea, vômito, exantema, dores,

prova laço positiva, leucopenia e algum sinal de alerta (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2009).

4.4.2 Classificação

- Dengue Clássica: Doença febril aguda e dois ou mais sintomas: náusea,

vômito, exantema, dores, prova laço positiva, leucopenia e algum sinal de alerta,

confirmada laboratorialmente (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009;

MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013a).

- Febre Hemorrágica da Dengue (FHD): Febre com plaquetopenia menor ou

igual a 100.000, presença de manifestação hemorrágica ou prova do laço positiva e

evidência de extravasamento plasmático: aumento do hematócrito maior que 20% do

basal ou derrame pleural ou ascite ou hipoalbuminemia (< 3,5 g/dl). FHD foi

classificada em quarto graus de acordo com a gravidade: Grau I- prova do laço positiva

como única manifestação hemorrágica, Grau II- sangramento espontâneo, Grau III -

hipotensão, pulso fino ou com pressão arterial diferencial ≤ que 20mmhg, inquietação e

pulso fraco e rápido, e Grau IV: choque com pressão ou pulso indetectável, de acordo

com a OMS (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1997).

Page 45: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

26

-Dengue com sinais de alerta (DAS): dor abdominal, vômitos persistentes,

derrames cavitários, hemorragias importantes, letargia ou agitação, hepatomegalia,

aumento do hematócrito e queda abrupta das plaquetas.

-Dengue Grave (DG): (a) extravasamento capilar com: choque e/ou

insuficiência respiratória; (b) hemorragia grave: segundo critério clínico; e (c) disfunção

orgânica grave: hepática (AST ou ALT ≥ 1000), alteração do nível de consciência e

disfunção cardíaca ou de outros órgãos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009;

MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013a).

4.4.3 Diagnóstico laboratorial

Os casos foram confirmados laboratorialmente por: (a) isolamento viral

(IGARASHI, 1978) ou detecção de RNA por PCR-Multiplex ou PCR em tempo real

colhidas na primeira amostra (HARRIS, ROBERTS, SMITH et al., 1998; LEVI,

TATENO, MACHADO et al., 2007) ou (b) MAC-ELISA IgM que foi coletado na

primeira e segunda amostra pareadas (GUBLER, KUNO, SATHER et al., 1984;

KUNO, GÓMEZ e GUBLER, 1991; HARRIS, ROBERTS, SMITH et al., 1998; LEVI,

TATENO, MACHADO et al., 2007)Os exames sorológicos foram realizados no

Laboratório Central de Saúde Pública de Goiás (LACEN) e os de biologia molecular no

Laboratório de Virologia, do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São

Paulo.

4.4.4 Definições e Diagnóstico das Manifestações Neurológicas

Alteração neurológica foi definida como a presença de qualquer sinal e/ou

sintoma neurológico: parestesia, paresia, plegia, neurites, tremores, alteração do nível de

consciência (quantitativa ou qualitativa), síndrome de hipertensão intracraniana,

síndrome de irritação meníngea, convulsões, encefalopatia, encefalite e hemorragia

cerebral. A análise do líquor foi realizada quando houve indicação clínica, sem

contraindicação para o procedimento (SOLOMON, DUNG, VAUGHN et al., 2000;

KNEEN, SOLOMON e APPLETON, 2002). Testes de IgM e de biologia molecular

(Multiplex RT-PCR ou RT-PCR em tempo real) para dengue foram realizados quando

coletado líquor de casos suspeitos. Pacientes que foram a óbito tiveram tecido cerebral

encaminhado para biologia molecular e imunohistoquímica. Dividimos as

manifestações em:

Page 46: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

27

(1) Parestesia: sensações anormais espontâneas de “formigamento”,

“queimação”, “agulhadas” (ROPPER e SAMUELS, 2009; BRADLEY, DAROFF,

FENICHEL et al., 2012).

(2) Paresia: diminuição da função motora dos membros (ROPPER e

SAMUELS, 2009)

(3) Plegia: perda total da função motora dos membros (ROPPER e SAMUELS,

2009)

(4) Convulsão: contrações involuntárias da musculatura, com movimentos

desordenados e repetitivos, ou outras reações anormais como desvio dos olhos e

tremores, liberação ou não dos esfíncteres, com ou sem alterações do estado mental

(ROPPER e SAMUELS, 2009).

(5) Encefalopatia: confusão mental por comprometimento qualitativo do nível

de consciência: desorientação no tempo e/ou no espaço, incoerência no curso do

pensamento, transtorno do ciclo sono-vigília e distúrbios do comportamento, ou

quantitativo (obnubilação ou coma), sem sinais/sintomas neurológicos focais.

Consideramos como causas de encefalopatia, insuficiência hepática, choque, anóxia

cerebral, edema cerebral e hemorragia cerebral, excluímos hipotensão e distúrbios

eletrolíticos com líquor normal (ROPPER e SAMUELS, 2009; CAROD-ARTAL,

WICHMANN, FARRAR et al., 2013).

(6) Encefalite: envolvimento focal do SNC: deficit motor ou de nervo craniano,

afasia, ataxia, podendo ter ou não alteração qualitativa e quantitativa do sensório, e

ausência de meningismo (rigidez de nuca, sinal de Kerning, sinal de Brudzinski, sinal

de Lasegue). É causada pela invasão direta do vírus da dengue no SNC, podendo ter

líquor normal ou alterado (DOMINGUES, TSANACLIS, PANNUTI et al., 1997;

DOMINGUES, KUSTER, ONUKI-CASTRO et al., 2008; TUNKEL, GLASER,

BLOCH et al., 2008; BRADLEY, DAROFF, FENICHEL et al., 2012).

(7) Meningite: sinais de irritação meníngea (rigidez de nuca, sinal de Kerning,

sinal de Brudzinski) sem nenhuma alteração do nível de consciência e pleocitose no

líquor (DOMINGUES, KUSTER, ONUKI-CASTRO et al., 2008; ROPPER e

SAMUELS, 2009; BRADLEY, DAROFF, FENICHEL et al., 2012).

Page 47: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

28

(8) Meningoencefalite: sinais de irritação meníngea somado a qualquer

alteração do SNC, qualitativa ou quantitativa e pleocitose no líquor (BRADLEY,

DAROFF, FENICHEL et al., 2012).

4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Neste estudo foram estimadas as medidas de tendência central e de dispersão

para variáveis contínuas e distribuição percentual para variáveis categóricas. A análise

estatística foi feita utilizando o software Statistical Package for the Social

Sciences (SPSS) para windows (SPSS versão 16.0).

4.6 REVISÃO SISTEMÁTICA

Foi realizada uma revisão sistemática de estudos brasileiros publicados que

citam manifestações neurológicas de dengue. Utilizadas as seguintes bases de dados:

Medline e LILACS, com os termos “dengue and”: “neurological”, ou “ meningitis”, ou

“encephalitis”, ou “encephalopathy” ou “central nervous system” ou “acute

disseminated encephalomyelitis”, ou “neuritis”, ou “ uillain-Barre Syndrome”, ou

“neuroretinitis” ou “mononeuritis” ou “polineuritis” ou ‘stroke” ou “brain hemorrhage”

ou “paresthesia” ou “unusual”; incluindo os idiomas: inglês, espanhol e português, no

período de Janeiro de 1990 a Dezembro de 2013. Em seguida, analisamos todos os

títulos e resumos. Foram excluídos artigos fora do escopo, comentários, casos de

manifestações neurológicas de outros países e estudos de autópsias de pacientes que

tinham sintomas de dengue neurológica. Dentre os artigos brasileiros selecionados

entraram na revisão os que preencheram nosso critério de descrição de manifestações

neurológicas da dengue. Por busca manual incluímos à revisão sistemática uma

dissertação de mestrado e um relato de caso de Síndrome de Guillain-Barré pós-dengue

(SOUSA, 2006; ORSINI, FREITAS, NASCIMENTO et al., 2010). Não incluímos

manifestações oculares exclusivas sem associação com sintoma neurológico.

Analisamos o texto completo de todos os artigos incluídos e abstraímos os dados

relevantes descritos na tabela 2.

Page 48: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

29

5 RESULTADOS

No período de Janeiro de 2005 a Julho de 2006 foram avaliados 710 pacientes

suspeitos de dengue, sendo 498 casos confirmados laboratorialmente, dos quais 30

apresentaram alguma manifestação neurológica. Foram excluídos dois pacientes: um

paciente de seis anos com encefalopatia sequelar e o outro por ser usuário de drogas.

Dentre os 28 casos neurológicos, vinte (72%) eram pacientes hospitalizados (Figura 6).

Figura 6- Pacientes selecionados para o estudo

.

A frequência de manifestações neurológicas foi de 5,6% (28 casos). A maioria

dos pacientes foi do sexo feminino 22 (78,6%). A média de idade foi de 34 anos

(dp=15,5), variando de 14 a 71 anos. Já a duração do período febril variou de 1 dia até

16 dias de febre, com uma média de 6,2 dias (dp= 3,5). O sorotipo foi identificado em

70 pacientes da coorte (70/498). O DENV-3 predominou, correspondendo a 93% dos

casos (65/70), 6% dos casos foram DENV-2 (4/70) e um paciente teve co-infecção

Page 49: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

30

DENV-2 e DENV-3 (1/70). Neste estudo de casos neurológicos foi possível identificar

o sorotipo viral em 5 pacientes (5/28), e o DENV-3 foi o isolado em todos os 5 casos.

As manifestações neurológicas foram: parestesia 19 (3,8%); encefalopatia 5

(1%), convulsão 4 (0,8%); meningoencefalite 2 (0,4%), paresia 2 (0,4%) e encefalite 1

(0,2%). Parestesia foi o sintoma mais frequente, sendo mais comum em membros 12

(54,5%), principalmente membros inferiores 8 (36,4%). A parestesia de mãos também

foi comum, com 6 (27,3%) casos. A parestesia menos encontrada foi nos pés 1 (4,5%).

Foi encontrado 3 (15,8%) pacientes que apresentaram parestesia em membros inferiores

e superiores.

Dentre os cinco casos de encefalopatia, 2 apresentaram confusão mental com

alteração apenas qualitativa do sensório; uma paciente teve insuficiência hepática; um,

sangramento de SNC que evolui com coma (RNM crânio com hematoma subdural

laminar no hemisfério cerebral esquerdo e líquor normal: 1 leucócito por campo, 100%

mononucleares, 81 mg/dl glicose, 30 mg/dl proteínas) e uma, manifestação

neuropsiquiátrica, caracterizada por distúrbio de comportamento durante a fase aguda

da doença, com líquor normal (1 leucócito por campo, 100% mononucleares, 20 mg/dl

glicose, 45 mg/dl proteínas) e PCR para dengue negativo no mesmo.

O único caso de encefalite foi em paciente do sexo masculino de 71 anos, que

evoluiu com quadro de alteração qualitativa e quantitativa do sensório, febre e paresia

em membro inferior esquerdo após 15 dias de quadro clínico compatível com dengue

clássica. O líquor era normal (2 leucócitos por campo, 100% mononucleares, 69 mg/dl

glicose, 24 mg/dl proteínas) e o MAC-ELISA foi positivo no sangue, mas no líquor os

testes de IgM e de PCR foram negativos para dengue. A tomografia de crânio sem

contraste era normal e o eletroencefalograma teve alteração de disfunção córtico-

subcortical fronto-temporal à direita, contínua, severa e focal.

A classificação final dos casos neurológicos foram: 21% com FHD, 43% de

dengue grave e 36% de dengue com sinal de alarme. As manifestações mais frequentes

na FHD foram: encefalopatia 60% (n=3), parestesia 9% (n=2) e convulsão 50% (n=2).

Porém, houve encefalopatia nos casos de dengue clássica 40% (n=2); e um caso de

meningoencefalite que foi a óbito ocorreu em paciente com dengue clássica.

A letalidade foi de 7% (2/28); os dois óbitos foram em pacientes do sexo

feminino. Um dos óbitos ocorreu em paciente de 15 anos com menigoencefalite,

Page 50: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

31

apresentando líquor com 76 leucócitos por campo, 80% de mononucleares, glicose de

64mg/dL e proteínas de 127mg/dL. A paciente teve o MAC-ELISA reagente para

dengue e a PCR de fragmento de encéfalo demonstrou DENV-3. A paciente tinha como

alterações na tomografia de crânio apagamento dos sulcos e hipertensão intracraniana.

O outro óbito ocorreu em paciente de 41 anos com história de febre alta repentina,

mialgia, prostração, cefaleia e náuseas, que evoluiu com melena e hematêmese, e no

décimo dia foi internada com crise convulsiva tônico-clônica e insuficiência hepática

aguda. A paciente estava ictérica, confusa e com hemorragia conjuntival, tinha

hematócrito de 34.4%, leucopenia de 2.900/µl, plaquetopenia de 14.000/µL, TGO de

3.635 U/L, TGP de 265 U/L, TAP de 22.2%, uréia de 116 mg/dL, creatinina de 2,1

mg/dL e um infiltrado interstício-alveolar na radiografia de tórax. Dois dias depois a

paciente foi a óbito e exames de PCR de sangue e vísceras foram positivos para DENV-

3. Não foi realizado exame de líquor devido à contra indicação pela plaquetopenia;

também não foram realizados exames de imagem do SNC devida à falta de condições

clínicas da paciente para fazer exames fora da instituição.

A Tabela 2 apresenta a distribuição dos pacientes por sexo, idade, duração do

período febril, classificação dos casos conforme os critérios convencionais e a proposta

mais recente da OMS. As manifestações neurológicas detectadas, resultados de exames

sorológicos e virológicos e o desfecho clínico também estão incluídos na tabela.

Page 51: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

32

Tabela 2 - Manifestações neurológicas da dengue de uma série de casos de pacientes recrutados na região Centro-Oeste do Brasil, 2005-2006.

Paciente n° Sexo/ Idade

(anos)

Duração

da febre (dias)

Classificação

OMS 1997

Classificação

OMS 2009 Manifestação Neurológica MAC-ELISA

Isolamento

viral Teste Molecular Desfecho

1 F/52 4 DC Dengue Parestesia mãos Positivo Negativo Positivo/ DENV-3 Cura

2 F/32 5 DC Dengue Parestesia face Positivo Negativo _ Cura

3 F/35 6 DC DAS Parestesia MMII e MMSS Positivo Negativo _ Cura

4 M/36 3 DC DG Parestesia mãos Positivo DENV-3 Positivo Cura

5 F/17 5 DC DAS Parestesia labial Positivo Negativo _ Cura

6 F/56 8 DC DG Encefalopatia Positivo Negativo _ Cura

7 F/24 5 DC DG Parestesia MMII e MMSS Indeterminado DENV-3 Positivo/ DENV-3 Cura

8 F/20 6 DC DAS Parestesia MMII Positivo _ _ Cura

9 F/31 9 DC DAS Parestesia MMII Positivo _ _ Cura

10 F/36 7 DC DAS Parestesia mãos Positivo Negativo _ Cura

11 F/29 7 DC Dengue Parestesia mãos Positivo Negativo _ Cura

12 F/47 6 DC Dengue Parestesia mãos Positivo _ _ Cura

13 F/41 10 FHD 3 DG Encefalopatia/ Convulsão Positivo _ Positivo/ DENV-3 Óbito

14 F/45 6 DC Dengue Parestesia MMII Positivo _ _ Cura

Page 52: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

33

Paciente n° Sexo/ Idade

(anos)

Duração da febre

(dias)

Classificação

OMS 1997

Classificação

OMS 2009 Manifestação Neurológica MAC-ELISA

Isolamento

viral Teste Molecular Desfecho

15 F/25 7 FHD 2 DG Parestesia MMII Positivo _ _ Cura

16 M/17 8 FHD 2 DG Meningoencefalite/ Convulsão Positivo Negativo _ Cura

17 F/19 1 FHD 2 DAS Parestesia Pés Positivo _ _ Cura

18 F/54 7 DC Dengue Parestesia/ Paresia MMSS Positivo _ _ Cura

19 F/27 6 DC DAS Parestesia mandíbula Positivo _ _ Cura

20 F/34 7 DC DAS Parestesia MMSS Positivo _ _ Cura

21 M/68 10 FHD 2 DG Encefalopatia Positivo _ _ Cura

22 F/39 3 DC DAS Parestesia MMSS/MMII Positivo _ _ Cura

23 M/14 5 DC DG Encefalopatia Positivo _ _ Cura

24 M/71 15 DC DG Encefalite/ Paresia MIE Positivo _ _ _ Cura

25 F/38 7 DC DAS Parestesia mãos Positivo _ _ Cura

26 F/15 16 DC DG Meningoencefalite Positivo Negativo Positivo/ DENV-3 Óbito

27 M/24 1 FHD 1 DG Encefalopatia/ Convulsão Positivo Negativo - Cura

28 F/18 3 DC DG Convulsão Positivo - - Cura

Page 53: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

34

Legenda:

DC – Dengue Clássica

DCC - Dengue com Complicação

DG – Dengue Grave

DSA - Dengue com sinal de alarme

F – Feminino

FHD – Febre Hemorrágica da Dengue

M – Masculino

MIE – Membro inferior esquerdo

MMII – Membros inferiores

MMSS – Membros superiores

Page 54: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

35

Na revisão sistemática encontramos 25 estudos brasileiros sobre o tema

manifestações neurológicas da dengue (Figura 7): 21 relatos/séries de casos, 3 coortes e

1 estudo caso controle. A maior parte dos estudos foram realizados no Rio de Janeiro

(n=9), Pernambuco (n=4) e Ceará (n=4), dois estudos no Rio Grande do Norte e em

Rondônia, e um estudo no Pará, Bahia, Espírito Santo e em Minas Gerais.

Figura 7- Revisão Sistemática de estudos brasileiros de dengue com sintomas

neurológicos publicados de 1990 até 2013.

1.711 Publicações relacionando os termos citados

1.688

Publicações

excluídas

23 Publicações selecionadas

2 Estudos por busca manual

25 Publicações Brasileiras com

Descrição de Manifestações

Neurológicas da Dengue

1.629 Publicações

fora do escopo

59 Publicações

duplicadas

Page 55: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

36

Na Tabela 3 resumimos os achados dos 25 estudos brasileiros da revisão

sistemática. Citamos o primeiro autor e ano da publicação, delineamento, cidade

(quando citada) e estado do estudo, número de pacientes (com denominador, no caso de

estudos coortes e caso-controle), idade, sorotipo viral (quando existente) e, por fim,

caracterização do sintoma e da frequência da manifestação neurológica.

Page 56: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

37

Tabela 3 - Manifestações Neurológicas de Dengue no Brasil, 1990 até 2013.

Autor/Ano/Ref. Tipo de estudo/ Cidade/Estado Número de

pacientes

Idade

(anos)

Sorotipos

virais Sintoma Neurológico (n)

VASCONCELOS,

TRAVASSOS DA ROSA,

COELHO et al. (1998)

Relato de Casos/ Fortaleza/ Ceará 3 17, 67 e 86

Rigidez de nuca (2)

Encefalopatia (1)

Meningismo (1)

Distúrbios neuropsiquiátricos (1)

Tremores de extremidades (1)

LEÃO, OIKAWA, ROSA

et al. (2002) Relato de caso / Belém/PA 1 58 DENV-2 Mielite transversa (1)

NOGUEIRA, FILIPPIS,

COELHO et al. (2002) Relato de caso/Rio Grande do Norte 1 67 DENV-2 Encefalite (1)

DE AMORIM GARCIA,

GOMES e DE OLIVEIRA

(2006)

Relato de Caso/Natal/RN 1 42 Neuroretinite bilateral estelar (1)

MATTA, SOARES

MORENO, CARDOSO

DE ALMEIDA et al.

(2004)

Série de Casos/Rio de Janeiro/RJ 2 10 e 14 ADEM (1)

SGB (1)

Page 57: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

38

Autor/Ano/Ref. Tipo de estudo/ Cidade/Estado Número de

pacientes

Idade

(anos)

Sorotipos

virais Sintoma Neurológico (n)

MOURA, CORDEIRO,

BRITO et al. (2004) Série de Casos/ Pernambuco 31 10 a 71 DENV-3

SGB (7)

Mielite (3)

Encefalite (3)

AVCH (3)

Convulsão (7)

Encefalopatia (1)

Espasmo facial (1)

Paralisias (4)

Meningoencefalite (1)

Perda da consciência (1)

SANTOS, AZOUBEL,

LOPES et al. (2004) Relato de Caso/ Salvador/BA 1 45 SGB (1)

FERREIRA,

CAVALCANTI,

COELHO et al. (2005)

Série de casos/ Recife/ PE 41 NI

Convulsão (8)

Encefalite (7)

Meningoencefalite (3)

Cefaleia persistente (1)

ADEM (1)

AVCH (3)

Hemorragia subaracnóidea (2)

Mielite transversa (2)

Polirradiculoneurite aguda (2)

SGB (7)

Polineuropatia (1)

Neurite óptica (1)

Agravamento de espasmo facial (1)

Paralisia facial periférica (2)

Page 58: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

39

Autor/Ano/Ref. Tipo de estudo/ Cidade/Estado Número de

pacientes

Idade

(anos)

Sorotipos

virais Sintoma Neurológico (n)

SOUZA, MARTINS,

PARAVIDINI et al.

(2005)

Relato de caso/ Campo dos

Goytacazes/RJ 1 21 DENV-3 Encefalopatia hemorrágica (1)

NOGUEIRA,

SCHATZMAYR, DE

FILIPPIS et al. (2005)

Relato de casos/ Rio de Janeiro/RJ 1 NI DENV-3 Encefalite (1)

SOARES, FARIA,

PERALTA et al. (2006) Série de casos / Rio de Janeiro/RJ 13 11 a 79

Encefalite (6)

Meningoencefalite (1)

Mielite (2)

SGB (4)

MIRANDA DE SOUSA,

PUCCIONI-SOHLER,

DIAS BORGES et al.

(2006)

Relato de Caso/ Porto Velho/RO 1 11 Neuromielite óptica (1)

SOUSA (2006) Série de casos / Porto Velho/RO 26 NI Mielite transversa (26)

BRITO, SOBREIRA,

CORDEIRO et al. (2007) Relato de Caso / Recife/PE 1 37 DENV-3 ADEM (1)

CORDEIRO,

SCHATZMAYR,

NOGUEIRA et al. (2007)

Coorte/ Pernambuco 32/378.374 NI

SGB (3)

Meningoencefalite (4)

Encefalite (6)

Não descreveu (19)

DOMINGUES, KUSTER,

ONUKI-CASTRO et al.

(2008)

Coorte/ Vitória/ES 18/ 85 14 a 49 DENV-3

(predominou)

Encefalite (11)

Encefalopatia (6)

Meningite (1)

Page 59: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

40

Autor/Ano/Ref. Tipo de estudo/ Cidade/Estado Número de

pacientes

Idade

(anos)

Sorotipos

virais Sintoma Neurológico (n)

SOARES, CABRAL-

CASTRO, OLIVEIRA et

al. (2008)

Caso Controle/ Rio de Janeiro/RJ 7/ 15 2 a 93 SGB (7)

PUCCIONI-SOHLER,

SOARES, PAPAIZ-

ALVARENGA et al.

(2009)

Série de Casos / Rio de Janeiro/ RJ 10 71

Mielite (3)

Encefalite (1)

SGB (5)

Neuromielite óptica (1)

ORSINI, FREITAS,

NASCIMENTO et al.

(2010)

Relato de Caso/Niterói Rio de Janeiro 1 47 SGB (1)

SOARES, CABRAL-

CASTRO, PERALTA et

al. (2010)

Relato de Caso/ Rio de Janeiro/ RJ 1 24 DENV-3 Meningite (1)

ARAGÃO, BARREIRA,

LIMA et al. (2010)0 Relato de Casos/Fortaleza/CE 2 14 e 31 Neurite óptica bilateral (2)

SOARES, CABRAL-

CASTRO, PERALTA et

al. (2011)

Série de Casos/ Rio de Janeiro/RJ 10 16 a 76 DENV-3 Encefalite (8)

Meningite (2)

GONÇALVES (2011) Relato de caso/ Montes Claros/ MG 1 6 SGB (1)

ARAÚJO, NOGUEIRA,

ARAÚJO et al. (2012) Série de Casos/Fortaleza/CE 41

2 meses a 86

anos

Encefalite (19)

Meningoencefalite (14)

Meningite (8)

ARAUJO, ARAUJO,

NOGUEIRA et al. (2012) Coorte/ Fortaleza/ CE 8/ 209 1 a 58

Meningite (5)

Meningoencefalite (3)

Page 60: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

41

Legenda:

ADEM - Encefalomielite Aguda Disseminada

AVCH – Acidente Vascular Cerebral

Hemorrágico

BA- Bahia

CE- Ceará

ES- Espírito Santo

MG- Minas Gerais

NI – Não informado

PA- Pará

PE- Pernambuco

RJ- Rio de Janeiro

RO- Rondônia

RN- Rio Grande do Norte

SGB - Síndrome de Guillain-Barré

Page 61: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

42

A manifestação neurológica mais frequente no Brasil foi a encefalite com 64 casos

descritos, seguida de mielite e Síndrome de Guillain-Barré com 37 relatos cada. A

meningoencefalite foi descrita em 26 pacientes, e a meningite em 17 casos de dengue

neurológica. Em 15 pacientes brasileiros foram relatados convulsão relacionada à dengue, e a

encefalopatia foi vista em 9 casos de dengue.

Houve 6 casos de AVCH, 4 de paralisias e três de neurite óptica e ADEM cada.

Outras manifestações menos descritas foram: paralisia facial periférica (2), espasmo facial

(2), neuromielite óptica (2), hemorragia subaracnóeidea (2), rigidez de nuca (2),

polirradiculoneurite aguda (2), meningismo (1), distúrbio neuropsiquiátrico (1), tremores de

extremidade (1), neurorretinite (1), perda da consciência (1), cefaleia persistente (1) e

polineuropatia (1). O sorotipo viral predominante nos estudos brasileiros foi o DENV-3 com

77,8% (7/9), seguido de 22,3% (2/7) de DENV-2.

Page 62: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

43

6 DISCUSSÃO

Este estudo apresenta uma descrição detalhada de casos de dengue com manifestações

neurológicas em Goiânia. Detectamos uma proporção de casos neurológicos de dengue de

5,6% entre pacientes atendidos em unidade de referência, hospitais gerais e rede básica do

município. Outros estudos mostram que a incidência de manifestações neurológicas varia

conforme a situação epidemiológica da região, bem como, o tipo de instituição onde é

selecionada a população para o estudo. No sul da Ásia três estudos em crianças (dois na

Tailândia e um no Vietnam) encontraram proporções de sintomas neurológicos que variaram

entre 0.5% e 5,4% (THISYAKORN, THISYAKORN, LIMPITIKUL et al., 1999; CAM,

FONSMARK, HUE et al., 2001; PANCHAROEN e THISYAKORN, 2001). Solomon e cols

(2000) relataram prevalência de 1% de quadro neurológico em adultos e crianças no Vietnam,

e Nogueira e cols (2005) observaram 1,3% de sintomas neurológicos durante epidemia de

2002, no Rio de Janeiro. Já Domingues (2008) publicou uma proporção de 21% de

manifestações neurológicas em um estudo em Vitória/ES, no Brasil. O autor argumenta que

essa frequência foi maior que o observado em outros estudos, pois todos os pacientes foram

admitidos em um hospital terciário, onde normalmente chegam os casos mais graves. Porém,

essa justificativa não é totalmente convincente, uma vez que, o presente estudo teve a maior

parte dos pacientes internados 20 (72%) e no estudo de Solomon (2000) só foram

selecionados pacientes do Hospital de Referência em Doenças Tropicais de Ho Chi Minh

City e a frequência de sintomas neurológicos foi bem menor.

Neste estudo a maioria dos pacientes teve manifestações neurológicas leves, com

67,9% de parestesias. Em Rondônia, no ano de 2005, foi notificado um surto de sintomas

neurológicos de dengue com 28 casos, onde a segunda manifestação mais frequente foi a

parestesia, e a primeira foi dificuldade de deambular (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). Em

outros estudos a parestesia não foi uma manifestação neurológica descrita, talvez por ser um

sintoma e não uma entidade nosológica. Apesar da parestesia ser o sintoma clássico da

neuropatia, não consideramos neuropatia, pois nossos casos não foram confirmados por

exame físico neurológico detalhado e/ou eletroneuromiografia (ROSENBERG, PORTEGIES,

DE VISSER et al., 2001).

Page 63: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

44

A encefalopatia foi o segundo sintoma mais comum em nossos pacientes, com 5

(17,9%) casos, e foi relatada em 9 pacientes no Brasil (VASCONCELOS, TRAVASSOS DA

ROSA, COELHO et al., 1998; MOURA, CORDEIRO, BRITO et al., 2004; SOUZA,

MARTINS, PARAVIDINI et al., 2005; DOMINGUES, KUSTER, ONUKI-CASTRO et al.,

2008). Porém, no mundo a encefalopatia é a manifestação neurológica mais comumente

associada à dengue, provavelmente porque seu conceito é muito amplo e vários autores

incluem diversos sintomas nessa manifestação como: confusão mental, insuficiência hepática

ou renal, convulsão, sinais neurológicos focais, choque, anóxia cerebral, edema cerebral,

distúrbios eletrolíticos e até hemorragias focais (SOLOMON, DUNG, VAUGHN et al.,

2000; MATTA, SOARES MORENO, CARDOSO DE ALMEIDA et al., 2004; SOUZA,

MARTINS, PARAVIDINI et al., 2005; DOMINGUES, KUSTER, ONUKI-CASTRO et al.,

2008; CAROD-ARTAL, WICHMANN, FARRAR et al., 2013).

Convulsão ocorreu em 4 (14,3%) pacientes; os estudos incluídos na revisão da

literatura relatam convulsão em 15 pacientes (MOURA, CORDEIRO, BRITO et al., 2004;

FERREIRA, CAVALCANTI, COELHO et al., 2005). Alguns autores descrevem convulsão

como uma manifestação neurológica distinta da encefalopatia e da encefalite, como em nosso

estudo (MOURA, CORDEIRO, BRITO et al., 2004; FERREIRA, CAVALCANTI,

COELHO et al., 2005; JACKSON, MULLINGS, BENNETT et al., 2008). Porém, a maior

parte dos autores considera convulsão apenas um sintoma, e é mais relatado nos quadros de

encefalite do que de encefalopatia (SOLOMON, DUNG, VAUGHN et al., 2000; MISRA e

KALITA, 2006; DOMINGUES, KUSTER, ONUKI-CASTRO et al., 2008; CAROD-

ARTAL, WICHMANN, FARRAR et al., 2013).

A meningoencefalite foi encontrada em 2 pacientes e não tivemos nenhuma

meningite, o que concorda com os achados dos estudos brasileiros, na qual meningoencefalite

é mais relatada que meningite (NOGUEIRA, FILIPPIS, COELHO et al., 2002; MOURA,

CORDEIRO, BRITO et al., 2004; FERREIRA, CAVALCANTI, COELHO et al., 2005;

NOGUEIRA, SCHATZMAYR, DE FILIPPIS et al., 2005; SOARES, FARIA, PERALTA et

al., 2006; CORDEIRO, SCHATZMAYR, NOGUEIRA et al., 2007; DOMINGUES,

KUSTER, ONUKI-CASTRO et al., 2008; PUCCIONI-SOHLER, SOARES, PAPAIZ-

ALVARENGA et al., 2009; SOARES, CABRAL-CASTRO, PERALTA et al., 2011;

ARAUJO, ARAUJO, NOGUEIRA et al., 2012; ARAÚJO, NOGUEIRA, ARAÚJO et al.,

2012). Nos estudos internacionais o termo meningoencefalite não é citado, provavelmente

por estar incluído dentro das encefalites. Detectamos apenas um caso de encefalite, apesar

Page 64: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

45

dessa manifestação ser a mais comumente descrita em estudos brasileiros (NOGUEIRA,

FILIPPIS, COELHO et al., 2002; MOURA, CORDEIRO, BRITO et al., 2004; FERREIRA,

CAVALCANTI, COELHO et al., 2005; NOGUEIRA, SCHATZMAYR, DE FILIPPIS et al.,

2005; SOARES, FARIA, PERALTA et al., 2006; CORDEIRO, SCHATZMAYR,

NOGUEIRA et al., 2007; DOMINGUES, KUSTER, ONUKI-CASTRO et al., 2008;

PUCCIONI-SOHLER, SOARES, PAPAIZ-ALVARENGA et al., 2009; SOARES,

CABRAL-CASTRO, PERALTA et al., 2011; ARAÚJO, NOGUEIRA, ARAÚJO et al.,

2012). O líquor do paciente com encefalite foi normal, o que é observado em até 50% dos

pacientes com encefalite por dengue (SOARES, FARIA, PERALTA et al., 2006). A pesquisa

do vírus da dengue no líquor do paciente com encefalite foi negativa, apesar da sorologia ter

sido positiva, o que ocorre frequentemente em vários estudos. Duas hipóteses tentam

justificar este fato, a primeira porque a concentração viral no líquor é mais baixa que no soro

e a segunda porque os métodos utilizados no líquor, como IgM e NS1, na verdade são

padronizados e licenciados para diagnóstico no soro; e a PCR detecta o RNA viral apenas na

fase de viremia (PUCCIONI-SOHLER, RIOS, CARVALHO et al., 2001; DOMINGUES,

KUSTER, ONUKI-CASTRO et al., 2008; CAROD-ARTAL, WICHMANN, FARRAR et al.,

2013; PUCCIONI-SOHLER, ROSADAS e CABRAL-CASTRO, 2013).

Em recente revisão sistemática publicada, dentre 55 estudos de pacientes com

manifestações neurológicas da dengue, apenas 13 artigos relatavam sobre resultados do

exame de líquor (CAROD-ARTAL, WICHMANN, FARRAR et al., 2013). Sempre que

possível esse exame deve ser colhido em casos suspeitos para confirmação diagnóstica por

meio da realização de PCR, antígeno NS1 e anticorpos IgM para dengue (CAROD-ARTAL,

WICHMANN, FARRAR et al., 2013; PUCCIONI-SOHLER, ROSADAS e CABRAL-

CASTRO, 2013). Outros agentes virais fazem diagnóstico diferencial com dengue

neurológica: Herpes Simples, Herpes Vírus Humano 6, Vírus da Varicela Zoster,

Citomegalovírus, Enterovírus, Epstein-Barr, Febre do Oeste do Nilo, Encefalite Japonesa,

Encefalite de St. Louis (MATTA, SOARES MORENO, CARDOSO DE ALMEIDA et al.,

2004; TUNKEL, GLASER, BLOCH et al., 2008; SOARES, CABRAL-CASTRO,

PERALTA et al., 2011; CAROD-ARTAL, WICHMANN, FARRAR et al., 2013).

Temos poucos estudos na literatura que relacionam o sorotipo às complicações

neurológicas, provavelmente pelo fato de que muitas manifestações neurológicas são mais

tardias, e sendo a viremia curta, há, portanto, dificuldade na recuperação do tipo viral

(PUCCIONI-SOHLER, RIOS, CARVALHO et al., 2001). O DENV-3 predominou durante

Page 65: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

46

epidemia 2005/2006 e foi o mais envolvido nas manifestações neurológicas, apesar de nem

todos pacientes terem detecção viral positiva, já que as manifestações não foram observadas

na fase inicial da doença na maioria dos casos. O estudo está em consonância com a revisão

sistemática, que de 24 artigos brasileiros com sintomas neurológicas da dengue, relatou

apenas 9 estudos com identificação viral, sendo 7 casos com DENV-3 (LEÃO, OIKAWA,

ROSA et al., 2002; NOGUEIRA, FILIPPIS, COELHO et al., 2002; NOGUEIRA,

SCHATZMAYR, DE FILIPPIS et al., 2005; SOUZA, MARTINS, PARAVIDINI et al.,

2005; BRITO, SOBREIRA, CORDEIRO et al., 2007; DOMINGUES, KUSTER, ONUKI-

CASTRO et al., 2008; SOARES, CABRAL-CASTRO, PERALTA et al., 2011). O DENV-3

é o tipo mais relatado com neurovirulência no mundo (GUBLER e KUNO, 1997;

THISYAKORN, THISYAKORN, LIMPITIKUL et al., 1999; SOLOMON, DUNG,

VAUGHN et al., 2000; GUZMÁN e KOURI, 2002; NOGUEIRA, FILIPPIS, COELHO et

al., 2002; PEELING, ARTSOB, PELEGRINO et al., 2010). E infecção pelo sorotipo DENV-

3 já foi citado como provável preditor de manifestações clínicas graves (HARRIS, VIDEA,

PÉREZ et al., 2000; NOGUEIRA, SCHATZMAYR, DE FILIPPIS et al., 2005; GUILARDE,

TURCHI, SIQUEIRA JR et al., 2008; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009).

O envolvimento do sistema nervoso central na dengue tem sido descrito nas três

categorias da classificação tradicional, dengue clássica, febre hemorrágica da dengue e

síndrome do choque da dengue (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1997; CAROD-

ARTAL, WICHMANN, FARRAR et al., 2013). Na classificação final dos casos foram 21%

dos pacientes com FHD, 43% de dengue grave e 36% de dengue com sinal de alarme. Este

dado está de acordo com vários estudos da literatura. Solomon, Dung, Vaughn et al (2000),

no Vietnam, encontraram 33,4%, Misra e Kalita (2006), na Índia, 20,9% e Domingues,

Kuster, Onuki-Castro et al (2008) no Brasil, 27,8% de FHD dentre os pacientes com sintomas

neurológicos. A classificação utilizada por décadas permite englobar casos graves de dengue

neurológica como Dengue Clássica, e sabemos que a classificação da dengue tem impacto

direto no manejo clínico (BALMASEDA, HAMMOND, PÉREZ et al., 2005;

ALEXANDER, BALMASEDA, COELHO et al., 2011). Pela classificação de 2009 da OMS

os 5 (100%) casos de encefalopatia e os dois casos de meningoencefalite (100%) foram

classificados como dengue grave, sugerindo que esta classificação tem maior sensibilidade, o

que concorda com os achados de um estudo feito em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na

Nicarágua (NARVAEZ, GUTIERREZ, PÉREZ et al., 2011). O Brasil adota desde o ano

2000 a uma classificação de DCC para englobar os casos que não são FHD e nem se

Page 66: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

47

enquadram no conceito de DC. Por essa classificação eminentemente brasileira todos os

casos neurológicos que não preencheram os critérios para FHD (21%) foram classificados

como DCC (79%). O Brasil padronizou esta classificação para permitir uma comparação da

situação epidemiológica entra as diferentes regiões. Ela é feita retrospectivamente utilizando

informações clínicas, laboratoriais e epidemiológicas do paciente e não tem impacto no

manejo clinico dos pacientes (Ministério da Saúde, 2013). Entretanto, este ano o Ministério

da Saúde passou a adotar a classificação da OMS de 2009. Portanto, o Brasil, vive atualmente

um momento de transição, que consiste no desafio de abandonar o habitual uso do conceito

por décadas utilizado, FHD, para utilizar DSA ou DG.

Neste estudo não encontramos Síndrome de Guillain-Barré, apesar de termos vários

relatos dessa manifestação no Brasil (PUCCIONI-SOHLER, RIOS, CARVALHO et al.,

2001; PUCCIONI-SOHLER, SOARES, PAPAIZ-ALVARENGA et al., 2009; ORSINI,

FREITAS, NASCIMENTO et al., 2010; GONÇALVES, 2011). Isso pode ser explicado pelo

curto tempo de seguimento dos pacientes, restringindo a detecção de casos neurológicos pós-

virais, como Síndrome de Guillain-Barré e ADEM.

As limitações deste estudo foram: falta de exames complementares, como Tomografia

Computadorizada de Crânio, Ressonância Nuclear Magnética e Eletroneuromiografia, não

disponíveis na unidade de maior volume de pacientes recrutados, dependendo, portanto, de

marcação do exame conforme disponibilidade de vaga, serviço de condução (ambulância,

médico, equipe de enfermagem) e de condições clínicas do paciente para o transporte. Como

este estudo foi parte de uma coorte de casos de dengue, as manifestações neurológicos

poderiam ter sido melhor investigados com data do início do sintoma, duração do sintoma,

escala de Glasgow, exame clínico neurológico detalhado e maior tempo de seguimento, na

vigilância para detectar casos de manifestações tardias.

Em nossa casuística a letalidade foi de 7%, sendo um dos óbitos foi por

meningoencefalite com confirmação do vírus por PCR de fragmento de encéfalo e o outro por

encefalopatia, que pode ter sido por efeito direto do vírus, ou encefalopatia pela insuficiência

hepática. Excluindo os dois óbitos do estudo, não observamos desfechos desfavoráveis,

mesmo nos outros casos graves: convulsões, encefalopatias e meningoencefalite. Nos estudos

relacionados a taxa de letalidade é variável. Em uma coorte no Vietnam nenhum paciente

morreu (SOLOMON, DUNG, VAUGHN et al., 2000), em outro estudo na Jamaica a

Page 67: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

48

letalidade foi de 3,7% (JACKSON, MULLINGS, BENNETT et al., 2008), e por fim, em um

estudo na Índia observou-se uma taxa de letalidade de 17,6% e todos tiveram encefalopatia,

concluindo que a encefalopatia está associada à doença mais grave (MISRA, KALITA,

SYAM et al., 2006). Já Carod-Artal, Wichmann, Farrar et al (2013) sugerem que a gravidade

da encefalopatia depende do fator causal, e as principais causas são insuficiência hepática,

distúrbio eletrolítico e choque. A maioria dos pacientes se recupera da encefalite, porém são

observadas algumas mortes (GARCÍA-RIVERA e RIGAU-PÉREZ, 2002; MISRA,

KALITA, SYAM et al., 2006). Domingues publicou que a presença de envolvimento

neurológico não influenciou o prognóstico da doença (DOMINGUES, KUSTER, ONUKI-

CASTRO et al., 2008).

O envolvimento do SNC na dengue vem sendo cada dia mais descrito, mas sua real

frequência ainda não foi estimada (LUM, LAM, CHOY et al., 1996; VASCONCELOS,

TRAVASSOS DA ROSA, COELHO et al., 1998; KANKIRAWATANA,

CHOKEPHAIBULKIT, PUTHAVATHANA et al., 2000; SOLOMON, DUNG, VAUGHN

et al., 2000; PANCHAROEN e THISYAKORN, 2001). Soares e cols, (2011), em uma série

de casos brasileira de meningite e encefalite virais na cidade do Rio de Janeiro, observaram

que dengue foi a etiologia mais frequente de encefalite viral, superando o vírus do herpes; e

foi a terceira causa de meningite viral. Em regiões endêmicas, como a nossa, a pesquisa do

vírus da dengue deve ser realizada em todos os casos de manifestações neurológicas, no curso

de doença febril aguda.

Page 68: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

49

7 CONCLUSÕES

As complicações neurológicas da dengue tendem a se tornar mais importantes, uma

vez que as epidemias de dengue continuam a ocorrer, e em proporções cada vez maiores.

Evidenciamos a relevância de casos neurológicos em região endêmica de dengue, durante

epidemia onde preponderou o DENV-3 e a importância de incluir dengue no diagnóstico

diferencial de manifestações neurológicas no curso de doença viral ou pós-viral. É necessário

definir uma padronização para as manifestações neurológicas da dengue, como conceitos de

encefalite e encefalopatia, para que estudos futuros tenham mais uniformidade entre si.

Apesar da classificação da OMS de 2009 demonstrar maior sensibilidade, nem todos os casos

de sintomas neurológicos são graves, demonstrando que ainda há limitações na nova

classificação da dengue quanto ao espectro de gravidade das manifestações neurológicas.

Page 69: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

50

8 REFERÊNCIAS

ALEXANDER, N.; BALMASEDA, A.; COELHO, I. C. B.; DIMAANO, E. et al.

Multicentre prospective study on dengue classification in four South-east Asian and three

Latin American countries. Tropical Medicine & International Health, v. 16, n. 8, p. 936-

948, Aug, 2011. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-3156.2011.02793.x>.

ARAGÃO, R. E. M. D.; BARREIRA, I. M. A.; LIMA, L. N. C.; RABELO, L. P. et al.

Neurite óptica bilateral após infecção viral por dengue: relato de casos. Arquivos Brasileiros

de Oftalmologia, v. 73, n. 2, p. 175-178, Mar/Abr, 2010. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1590/S0004-27492010000200015>.

ARAUJO, F. M.; ARAUJO, M. S.; NOGUEIRA, R. M.; BRILHANTE, R. S. et al. Central

nervous system involvement in dengue: a study in fatal cases from a dengue endemic area.

Neurology, v. 78, n. 10, p. 736-42, Mar, 2012. Disponível em:

<http://www.neurology.org/content/78/10/736.long>.

ARAÚJO, F. M. C.; NOGUEIRA, R.; ARAÚJO, M. D. S.; PERDIGÃO, A. et al. Dengue in

patients with central nervous system manifestations, Brazil. Emerging Infectious Diseases,

v. 18, n. 4, p. 677-9, Apr, 2012. Disponível em: <http://wwwnc.cdc.gov/eid/article/18/4/11-

1522_article.htm>.

ASSIR, M. Z.; JAWA, A.; AHMED, H. Expanded dengue syndrome: subacute thyroiditis

and intracerebral hemorrhage. BMC Infectious Diseases, v. 12, n. 1, p. 240, Oct, 2012.

Disponível em: <http://www.biomedcentral.com/1471-2334/12/240>.

AZMIN, S.; SAHATHEVAN, R.; SUEHAZLYN, Z.; LAW, Z. K. et al. Post-dengue

parkinsonism. BMC Infectious Diseases, v. 13, n. 1, p. 179, Apr, 2013. Disponível em:

<http://www.biomedcentral.com/1471-2334/13/179>.

BACSAL, K.; CHEE, S.; CHENG, C.; FLORES, J. Dengue-associated maculopathy.

Archives of Ophthalmology, v. 125, n. 4, p. 501-510, Apr, 2007. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1001/archopht.125.4.501>.

BALMASEDA, A.; HAMMOND, S. N.; PÉREZ, M. A.; CUADRA, R. et al. Assessment of

the World Health Organization scheme for classification of dengue severity in Nicaragua.

The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 73, n. 6, p. 1059-1062, Dec,

2005. Disponível em: <http://www.ajtmh.org/content/73/6/1059.abstract>.

Page 70: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

51

BHATT, S.; GETHING, P. W.; BRADY, O. J.; MESSINA, J. P. et al. The global distribution

and burden of dengue. Nature, v. 496, n. 7446, p. 504-507, Apr, 2013. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1038/nature12060>.

BLANTON, R. E.; SILVA, L. K.; MORATO, V. G.; PARRADO, A. R. et al. Genetic

ancestry and income are associated with dengue hemorrhagic fever in a highly admixed

population. European Journal of Human Genetics, v. 16, n. 6, p. 762-765, Feb, 2008.

Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1038/ejhg.2008.4>.

BRADLEY, W. G.; DAROFF, R. B.; FENICHEL, G. M.; MARSDEN, C. Neurology in

Clinical Practice – Principles of Diagnosis and Management. Philadelphia, USA: Elsevier,

2012. 983 p. ISBN 978-0750694773.

BRITO, C. A. A.; SOBREIRA, S.; CORDEIRO, M. T.; LUCENA-SILVA, N. Acute

disseminated encephalomyelitis in classic dengue. Revista da Sociedade Brasileira de

Medicina Tropical, v. 40, n. 2, p. 236-238, Mar/Apr, 2007. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-

86822007000200019&nrm=iso>.

CAM, B. V.; FONSMARK, L.; HUE, N. B.; PHUONG, N. T. et al. Prospective case-control

study of encephalopathy in children with dengue hemorrhagic fever. The American Journal

of Tropical Medicine and Hygiene, v. 65, n. 6, p. 848-51, Dec, 2001. Disponível em:

<http://www.ajtmh.org/content/65/6/848.abstract>.

CAROD-ARTAL, F. J.; WICHMANN, O.; FARRAR, J.; GASCÓN, J. Neurological

complications of dengue virus infection. The Lancet Neurology, v. 12, n. 9, p. 906-919,

Sept, 2013. Disponível em:

<http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1474442213701509>.

CASSEB, S. M. M.; NUNES, M. R. T. Caracterização genética das cepas dos vírus dengue 3

associadas a casos de encefalomielite aguda humana ocorridas no Estado de Rondônia, 2005.

XII Seminário interno do Programa de Iniciação Científica do Instituto Evandro Chagas, 3-4

de Julho, 2007, Belém. p.31 e 32. Disponível em:

<http://iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/pc/resumos/pibiciec2007/res2007-05.pdf>

CHAN, D. P. L.; TEOH, S. C. B.; TAN, C. S. H.; NAH, G. K. M. et al. Ophthalmic

complications of dengue. Emerging Infectious Diseases, v. 12, n. 2, p. 285–289, Feb, 2006.

Disponível em: <http://dx.doi.org/10.3201/eid1202.050274>.

CHATERJI, S.; ALLEN, J. C.; CHOW, A.; LEO, Y.-S. et al. Evaluation of the NS1 Rapid

Test and the WHO Dengue Classification Schemes for Use as Bedside Diagnosis of Acute

Dengue Fever in Adults. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 84,

Page 71: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

52

n. 2, p. 224-228, Feb, 2011. Disponível em:

<http://www.ajtmh.org/content/84/2/224.abstract>.

CHOW, V. T. K.; LIM, C. S.; PHOON, M. C.; TAN, H. C. A Seroprevalence Survey of

Dengue Virus Infection in Healthy Singapore University Undergraduates by Enzyme

Immunoassay and Plaque Reduction Neutralization Test. Dengue Bulletin, v. 29, p. 97-105,

Dec, 2005. Disponível em: <http://repository.searo.who.int/handle/123456789/15998>.

COELHO, G. E.; BURATTINI, M. N.; TEIXEIRA, M. D. G.; COUTINHO, F. A. B. et al.

Dynamics of the 2006/2007 dengue outbreak in Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo

Cruz, v. 103, n. 6, p. 535-539, Sept, 2008. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0074-

02762008000600004>.

CORDEIRO, M. T.; SCHATZMAYR, H. G.; NOGUEIRA, R. M. R.; OLIVEIRA, V. F. D.

et al. Dengue and dengue hemorrhagic fever in the State of Pernambuco, 1995-2006. Revista

da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 40, n. 6, p. 605-611, Nov/Dec, 2007.

Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0037-86822007000600001>.

DDT/DE/DVS/SMS. Informe Técnico Semanal da Dengue, n. 213, p. 1-7, Atualizado em

01/10, 2013a. Disponível em:

<http://www.saude.goiania.go.gov.br/docs/divulgacao/Informe%20dengue%2001%2010%20

13%20SE%2039.pdf>.

DDT/DE/DVS/SMS. Informe Técnico Semanal da Dengue, n. 205, p. 1-7, Atualizado em

05/08, 2013b. Disponível em:

<http://www.saude.goiania.go.gov.br/docs/divulgacao/Informe%20dengue%2005%2008%20

13%20SE%2031.pdf>.

DE AMORIM GARCIA, C. A.; GOMES, A. H. B.; DE OLIVEIRA, A. G. F. Bilateral stellar

neuroretinitis in a patient with dengue fever. Eye, v. 20, n. 12, p. 1382-1383, Jan, 2006.

Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1038/sj.eye.6702219>.

DE SIMONE, T. S.; NOGUEIRA, R. M. R.; ARAÚJO, E. S. M.; GUIMARÃES, F. R. et al.

Dengue virus surveillance: the co-circulation of DENV-1, DENV-2 and DENV-3 in the State

of Rio de Janeiro, Brazil. Transactions of The Royal Society of Tropical Medicine and

Hygiene, v. 98, n. 9, p. 553-562, Sept, 2004. Disponível em:

<http://trstmh.oxfordjournals.org/content/98/9/553.abstract>.

DEEN, J. L.; HARRIS, E.; WILLS, B.; BALMASEDA, A. et al. The WHO dengue

classification and case definitions: time for a reassessment. The Lancet, v. 368, n. 9530, p.

170-173, Jul, 2006. Disponível em:

<http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0140673606690065>.

Page 72: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

53

DENIS, C. K.; CAVALCANTI, K. M.; MEIRELLES, R. C.; MARTINELLI, B. et al.

Manifestações otorrinolaringológicas em pacientes com dengue. Revista Brasileira de

Otorrinolaringologia, v. 69, n. 5, p. 644-647, Sept/Oct, 2003. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-

72992003000500009&nrm=iso>.

DOMINGUES, R. B.; KUSTER, G. W.; ONUKI-CASTRO, F. L.; SOUZA, V. A. et al.

Involvement of the central nervous system in patients with dengue virus infection. Journal of

the neurological sciences, v. 267, n. 1, p. 36-40, Apr, 2008. Disponível em:

<http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0022510X07006582?showall=true>.

DOMINGUES, R. B.; TSANACLIS, A. M. C.; PANNUTI, C. S.; MAYO, M. S. et al.

Evaluation of the Range of Clinical Presentations of Herpes Simplex Encephalitis by Using

Polymerase Chain Reaction Assay of Cerebrospinal Fluid Samples. Clinical Infectious

Diseases, v. 25, n. 1, p. 86-91, Jul, 1997. Disponível em:

<http://cid.oxfordjournals.org/content/25/1/86.abstract>.

FAVIER, C.; DEGALLIER, N.; ROSA-FREITAS, M. G.; BOULANGER, J. P. et al. Early

determination of the reproductive number for vector-borne diseases: the case of dengue in

Brazil. Tropical Medicine & International Health, v. 11, n. 3, p. 332-340, Mar, 2006.

Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-3156.2006.01560.x>.

FERES, V. C. R.; MARTELLI, C. M. T.; TURCHI, M. D.; JUNIOR, J. B. S. et al.

Laboratory surveillance of dengue virus in Central Brazil, 1994–2003. Journal of Clinical

Virology, v. 37, n. 3, p. 179-183, Nov, 2006. Disponível em:

<http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1386653206002460?showall=true>.

FERREIRA, M. L. B.; CAVALCANTI, C. G.; COELHO, C. A.; MESQUITA, S. D.

Manifestações neurológicas de dengue: estudo de 41 casos. Arquivos de Neuro-Psiquiatria,

v. 63, n. 2b, p. 488-493, Jun, 2005. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0004-

282X2005000300023>.

FIGUEIREDO, L. T. M. The Brazilian flaviviruses. Microbes and Infection, v. 2, n. 13, p.

1643-1649, Nov, 2000. Disponível em:

<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1286457900013204>.

FONTAL, G. R.; HENAO-MARTINEZ, A. F. Dengue hemorrhagic fever complicated by

pancreatitis. The Brazilian journal of infectious diseases v. 15, n. 5, p. 490-2, Sept/Oct,

2011. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1413-86702011000500015>.

GAMBLE, J.; BETHELL, D.; DAY, N. P.; LOC, P. P. et al. Age-related changes in

microvascular permeability: a significant factor in the susceptibility of children to shock?

Page 73: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

54

Clinical science (London), v. 98, n. 2, p. 211-6, Feb, 2000. Disponível em:

<http://www.clinsci.org/cs/098/0211/cs0980211.htm>.

GARCÍA-RIVERA, E. J.; RIGAU-PÉREZ, J. G. Encephalitis and dengue. The Lancet, v.

360, n. 9328, p. 261, Jul, 2002. Disponível em:

<http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0140673602094813>.

GONÇALVES, E. Acute inflammatory demyelinating polyradiculoneuropathy (Guillain-

Barré syndrome) following dengue fever. Revista do Instituto de Medicina Tropical de

São Paulo, v. 53, n. 4, p. 223-225, Jul/Aug, 2011. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1590/S0036-46652011000400009>.

GUBLER, D. J. Dengue and Dengue Hemorrhagic Fever. Clinical Microbiology Reviews,

v. 11, n. 3, p. 480-496, Jul, 1998. Disponível em:

<http://cmr.asm.org/content/11/3/480.abstract>.

GUBLER, D. J. Epidemic dengue/dengue hemorrhagic fever as a public health, social and

economic problem in the 21st century. Trends in microbiology, v. 10, n. 2, p. 100-103, Feb,

2002. Disponível em: <http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0966842X01022880>.

GUBLER, D. J.; KUNO, G. Dengue and dengue hemorrhagic fever. Wallingford, UK:

CAB International, 1997. 478 p. ISBN 9780851991344. Disponível em:

<http://books.google.com.br/books?id=1XNrAAAAMAAJ>.

GUBLER, D. J.; KUNO, G.; SATHER, G. E.; VELEZ, M. et al. Mosquito Cell Cultures and

Specific Monoclonal Antibodies in Surveillance for Dengue Viruses. The American Journal

of Tropical Medicine and Hygiene, v. 33, n. 1, p. 158-165, Jan, 1984. Disponível em:

<http://www.ajtmh.org/content/33/1/158.short>.

GUBLER, D. J.; KUNO, G.; WATERMAN, S. H. Neurologic disorders associated with

Dengue infection. In: PANG, T. e PATHMANATHA, R., Proceedings of the International

Conference on Dengue: Dengue Haemorrhagic Fever, September 1-3, 1983, Kuala Lumpur,

Malaysia. University of Malaysia Press. p.290-306.

GUILARDE, A. O.; TIMBÓ, M. J. M. Dengue. In: DUNCAN, B. B.;SCHMIDT, M.

I.;GIUGLIANI, E. R. J., et al (Ed.). Medicina Ambulatorial: Condutas de Atenção

Primária Baseadas em Evidências. Porto Alegre: ArtMed, 2013. cap. 147, p.1556-1562.

ISBN 9788536326184.

GUILARDE, A. O.; TURCHI, M. D.; SIQUEIRA JR, J. B.; FERES, V. C. R. et al. Dengue

and Dengue Hemorrhagic Fever among Adults: Clinical Outcomes Related to Viremia,

Page 74: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

55

Serotypes, and Antibody Response. Journal of Infectious Diseases, v. 197, n. 6, p. 817-824,

Mar, 2008. Disponível em: <http://jid.oxfordjournals.org/content/197/6/817.abstract>.

, ; , Dengue diagnosis, ad ances and challenges International

journal of infectious diseases, v. 8, n. 2, p. 69-80, Mar, 2004. Disponível em:

<http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1201971203000390?showall=true>.

GUZMAN, M. G.; KOURI, G. Dengue and dengue hemorrhagic fever in the Americas:

lessons and challenges. Journal of Clinical Virology, v. 27, n. 1, p. 1-13, May, 2003.

Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1386653203000106>.

GUZMÁN, M. G.; KOURI, G. Dengue: an update. The Lancet Infectious Diseases, v. 2, n.

1, p. 33-42, Jan, 2002. Disponível em:

<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1473309901001712>.

HALSTEAD, S. B. Etiologies of the Experimental Dengues of Siler and Simmons. The

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 23, n. 5, p. 974-982, Sept, 1974.

Disponível em: <http://www.ajtmh.org/content/23/5/974.short>.

HALSTEAD, S. B. Dengue hemorrhagic fever: two infections and antibody dependent

enhancement, a brief history and personal memoir. Revista Cubana de Medicina Tropical,

v. 54, n. 3, p. 171-179, Sept/Dic, 2002. Disponível em:

<http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0375-

07602002000300002&nrm=iso>.

HALSTEAD, S. B. Dengue in the Americas and Southeast Asia: do they differ? Revista

Panamericana de Salud Pública, v. 20, n. 6, p. 407-415, Dez, 2006. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1590/S1020-49892006001100007>.

HALSTEAD, S. B.; NIMMANNITYA, S.; COHEN, S. N. Observations related to

pathogenesis of dengue hemorrhagic fever. IV. Relation of disease severity to antibody

response and virus recovered. The Yale journal of biology and medicine, v. 42, n. 5, p.

311-28, Apr, 1970.

HAMMON, W. M.; SATHER, G. E. Virological Findings in the 1960 Hemorrhagic Fever

Epidemic (Dengue) in Thailand. The American Journal of Tropical Medicine and

Hygiene, v. 13, n. 4, p. 629-641, Jul, 1964. Disponível em:

<http://www.ajtmh.org/content/13/4/629.short>.

HAMMOND, S. N.; BALMASEDA, A.; PÉREZ, L.; TELLEZ, Y. et al. Differences in

dengue severity in infants, children, and adults in a 3-year hospital-based study in Nicaragua.

Page 75: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

56

The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 73, n. 6, p. 1063-1070, Dec,

2005. Disponível em: <http://www.ajtmh.org/content/73/6/1063.abstract>.

HARITOGLOU, C.; SCHOLZ, F.; BIALASIEWICZ, A.; KLAUß, V. Okuläre Manifestation

bei Dengue-Fieber [Ocular manifestation in dengue fever]. Der Ophthalmologe, v. 97, n. 6,

p. 433-436, Jun, 2000. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1007/s003470070094>.

HARRIS, E.; ROBERTS, T. G.; SMITH, L.; SELLE, J. et al. Typing of Dengue Viruses in

Clinical Specimens and Mosquitoes by Single-Tube Multiplex Reverse Transcriptase PCR.

Journal of Clinical Microbiology, v. 36, n. 9, p. 2634-2639, Sept, 1998. Disponível em:

<http://jcm.asm.org/content/36/9/2634.abstract>.

HARRIS, E.; VIDEA, E.; PÉREZ, L.; SANDOVAL, E. et al. Clinical, epidemiologic, and

virologic features of dengue in the 1998 epidemic in Nicaragua. The American Journal of

Tropical Medicine and Hygiene, v. 63, n. 1, p. 5-11, Jul, 2000. Disponível em:

<http://www.ajtmh.org/content/63/1/5.abstract>.

HENDARTO, S. K.; HADINEGORO, R. Dengue Encephalopathy. Pediatrics

International, v. 34, n. 3, p. 350-357, Jun, 1992. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1111/j.1442-200X.1992.tb00971.x>.

HUNSPERGER, E. A.; YOKSAN, S.; BUCHY, P.; NGUYEN, V. C. et al. Evaluation of

commercially available anti-dengue virus immunoglobulin M tests. Emerging Infectious

Diseases, v. 15, n. 3, p. 436-40, Mar, 2009. Disponível em:

<http://wwwnc.cdc.gov/eid/article/15/3/08-0923_article.htm>.

IGARASHI, A. Isolation of a Singh's Aedes albopictus Cell Clone Sensitive to Dengue and

Chikungunya Viruses. Journal of General Virology, v. 40, n. 3, p. 531-544, September 1,

1978, 1978. Disponível em: <http://vir.sgmjournals.org/content/40/3/531.abstract>.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Informações Estatísticas

de Goiânia. Cidades, 2013. Disponível em:

<http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=520870>.

JACKSON, S.; MULLINGS, A.; BENNETT, F.; KHAN, C. et al. Dengue infection in

patients presenting with neurological manifestations in a dengue endemic population. West

Indian Medical Journal, v. 57, n. 4, p. 373-376, 2008. Disponível em:

<http://caribbean.scielo.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0043-

31442008000400012&nrm=iso>.

KANKIRAWATANA, P.; CHOKEPHAIBULKIT, K.; PUTHAVATHANA, P.; YOKSAN,

S. et al. Dengue Infection Presenting With Central Nervous System Manifestation. Journal

Page 76: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

57

of Child Neurology, v. 15, n. 8, p. 544-547, Aug, 2000. Disponível em:

<http://jcn.sagepub.com/content/15/8/544.abstract>.

KAO, C.-L.; KING, C.-C.; CHAO, D.-Y.; WU, H.-L. et al. Laboratory diagnosis of dengue

virus infection: current and future perspectives in clinical diagnosis and public health.

Journal of microbiology, immunology, and infection, v. 38, n. 1, p. 5-16, Feb, 2005.

KITTIGUL, L.; PITAKARNJANAKUL, P.; SUJIRARAT, D.; SIRIPANICHGON, K. The

differences of clinical manifestations and laboratory findings in children and adults with

dengue virus infection. Journal of Clinical Virology, v. 39, n. 2, p. 76-81, Jun, 2007.

Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1386653207001357>.

KNEEN, R.; SOLOMON, T.; APPLETON, R. The role of lumbar puncture in suspected CNS

infection—a disappearing skill? Archives of Disease in Childhood, v. 87, n. 3, p. 181-183,

Sept, 2002. Disponível em: <http://adc.bmj.com/content/87/3/181.short>.

KUNO, G.; GÓMEZ, I.; GUBLER, D. J. An ELISA procedure for the diagnosis of dengue

infections. Journal of Virological Methods, v. 33, n. 1–2, p. 101-113, Jun, 1991. Disponível

em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/016609349190011N>.

LA RUCHE, G.; SOUARES, Y.; ARMENGAUD, A.; PELOUX-PETIOT, F. et al. First two

autochthonous dengue virus infections in metropolitan France, September 2010.

Eurosurveillance, v. 15, n. 39, p. 19676, Sept, 2010. Disponível em:

<http://www.eurosurveillance.org/ViewArticle.aspx?ArticleId=19676>.

LAOPRASOPWATTANA, K.; LIBRATY, D. H.; ENDY, T. P.; NISALAK, A. et al. Dengue

Virus (DV) Enhancing Antibody Activity in Preillness Plasma Does Not Predict Subsequent

Disease Severity or Viremia in Secondary DV Infection. Journal of Infectious Diseases, v.

192, n. 3, p. 510-519, Aug, 2005. Disponível em:

<http://jid.oxfordjournals.org/content/192/3/510.abstract>.

LEÃO, R. N. Q.; OIKAWA, T.; ROSA, E. S. T.; YAMAKI, J. T. et al. Isolation of dengue 2

virus from a patient with central nervous system involvement (transverse myelitis). Revista

da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 35, n. 4, p. 401-404, Jul/Aug, 2002.

Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-

86822002000400018&nrm=iso>.

LEE, M. S.; HWANG, K. P.; CHEN, T. C.; LU, P. L. et al. Clinical characteristics of dengue

and dengue hemorrhagic fever in a medical center of southern Taiwan during the 2002

epidemic. Journal of microbiology, immunology, and infection, v. 39, n. 2, p. 121-9, Apr,

Page 77: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

58

2006. Disponível em:

<http://www.ejmii.com/issue_abstract.php?code=PDT4b0e90bfc0b92>.

LEVI, J. E.; TATENO, A. F.; MACHADO, A. F.; RAMALHO, D. C. et al. Evaluation of a

Commercial Real-Time PCR Kit for Detection of Dengue Virus in Samples Collected during

an Outbreak in Goiânia, Central Brazil, in 2005. Journal of Clinical Microbiology, v. 45, n.

6, p. 1893-1897, Jun, 2007. Disponível em: <http://jcm.asm.org/content/45/6/1893.abstract>.

LIM, W.-K.; MATHUR, R.; KOH, A.; YEOH, R. et al. Ocular manifestations of dengue

fever. Ophthalmology, v. 111, n. 11, p. 2057-2064, Nov, 2004. Disponível em:

<http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0161642004006748?showall=true>.

LUM, L. C. S.; LAM, S. K.; CHOY, Y. S.; GEORGE, R. et al. Dengue Encephalitis: A True

Entity? The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 54, n. 3, p. 256-259,

March 1, 1996, 1996. Disponível em: <http://www.ajtmh.org/content/54/3/256.short>.

MACIEL, I. J. Avaliação epidemiológica do dengue no município de Goiânia no período

de 1994 a 1997. Dissertação (Mestrado). Goiânia: Instituto de Patologia Tropical e Saúde

Pública, Universidade Federal de Goiás, 1999. 119 p.

MALAVIGE, G. N.; RANATUNGA, P. K.; JAYARATNE, S. D.; WIJESIRIWARDANA,

B. et al. Dengue viral infections as a cause of encephalopathy. Indian journal of medical

microbiology, v. 25, n. 2, p. 143-5, Apr, 2007. Disponível em:

<http://www.ijmm.org/article.asp?issn=0255-

0857;year=2007;volume=25;issue=2;spage=143;epage=145;aulast=Malavige>.

MARTÍNEZ TORRES, E. Dengue Hemorrágico em Crianças. Havana: Jose Marti, 1990.

180 p.

MARTÍNEZ TORRES, E. Dengue. Rio de Janeiro: Fiocruz e Prefeitura da Cidade do Rio de

Janeiro, 2005. 344 p. ISBN 85-7541-053-9.

MATHEW, S.; PANDIAN, J. D. Stroke in Patients with Dengue. Journal of stroke and

cerebrovascular diseases, v. 19, n. 3, p. 253-256, May, 2010. Disponível em:

<http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1052305709001141?showall=true>.

MATTA, A. P. D. C.; SOARES MORENO, S. A.; CARDOSO DE ALMEIDA, A.;

AQUILERA DE FREITAS, V. et al. Complicaciones neurológicas de la infección por el

virus del dengue. Revista Neurología, v. 39, n. 3, p. 233-237, Aug, 2004. Disponível em:

<http://www.revneurol.com/sec/resumen.php?or=web&i=e&id=2002540#>.

Page 78: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

59

MAWSON, A. R. Retinoids, race and the pathogenesis of dengue hemorrhagic fever.

Medical Hypotheses, v. 81, n. 6, p. 1069-1074, Dec, 2013. Disponível em:

<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0306987713003939>.

MESSER, W. B.; GUBLER, D. J.; HARRIS, E.; SIVANANTHAN, K. et al. Emergence and

global spread of a dengue serotype 3, subtype III virus. Emerging Infectious Diseases, v. 9,

n. 7, p. 800-9, Jul, 2003. Disponível em:

<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3023445/>.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD). Brasília:

Ministério da Saúde, 2002. 32 p.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Investigação de surto de Síndrome Neurológica pós-Histórico de

Dengue, em municípios do Estado de Rondônia -Novembro/2004 a março/2005. Nota

Técnica, 1º de março, 2005a. Disponível em:

<http://portalweb05.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=22055>.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Brasília,

[webpage], 2005b. Disponível em: <www.saude.gov.br/sinanweb>.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia de vigilância epidemiológica. 7ª ed. Série "A. Normas e

Manuais Técnicos". Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 816 p. ISBN 978-85-334-1632-1.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde Brasil 2010: Uma análise da situação de saúde e de

evidências selecionadas de impacto de ações de vigilância em saúde. 1ª ed. Série "G.

Estatística e Informação em Saúde". Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 372 p. ISBN 978-

85-334-1851-6.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Dengue: diagnóstico e manejo clínico – adulto e criança. 4ª

ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2013a. p. 14-48 ISBN 978-85-334-2001-4. Disponível em:

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/dengue_manejo_adulto_crianca__4ed_2011.pdf

>.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde Brasil 2012: uma análise da situação de saúde e dos 40

anos do Programa Nacional de Imunizações. 1ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2013b.

536 p. ISBN 978-85-334-2060-1.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Ficha de Investigação Dengue. SISTEMA DE INFORMAÇÃO

DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO. Série. Brasília: Ministério da Saúde: 2 p. 2014.

Page 79: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

60

Disponível em:

<http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/novo/Download/Ficha_Dengue_Online.pdf>.

MIRANDA DE SOUSA, A.; PUCCIONI-SOHLER, M.; DIAS BORGES, A.; FERNANDES

ADORNO, L. et al. Post-dengue neuromyelitis optica: case report of a Japanese-descendent

Brazilian child. Journal of Infection and Chemotherapy, v. 12, n. 6, p. 396-398, Dec, 2006.

Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1007/s10156-006-0475-6>.

MISRA, U. K.; KALITA, J. Spectrum of Neurological Manifestations of Dengue in India.

Dengue Bulletin, v. 30, p. 107-113, 2006. Disponível em:

<http://209.61.208.233/LinkFiles/Dengue_Bulletins_c13.pdf>.

MISRA, U. K.; KALITA, J.; SYAM, U. K.; DHOLE, T. N. Neurological manifestations of

dengue virus infection. Journal of the neurological sciences, v. 244, n. 1, p. 117-122, May,

2006. Disponível em:

<http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0022510X06000323?showall=true>.

MOURA, P.; CORDEIRO, M. T.; BRITO, C.; LIMA FILHO, J. L. D. et al. Neurological

aspects of the dengue infection in Brazilian patients during the DENV3 epidemics. Anais da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco, v. 49, n. 2, p. 115-118,

2004. Disponível em:

<http://www.anaisdemedicina.revistaonline.org/_Secao/3289/_Pagina/Revista/ArtigoVisualiz

ar.aspx?artigoId=84&ass=64750556>.

MURTHY, J. M. Neurological complication of dengue infection. Neurology India, v. 58, n.

4, p. 581-4, Jul-Aug, 2010. Disponível em:

<http://www.neurologyindia.com/text.asp?2010/58/4/581/68654>.

MUZAFFAR, J.; VENKATA KRISHNAN, P.; GUPTA, N.; KAR, P. Dengue encephalitis:

why we need to identify this entity in a dengue-prone region. Singapore medical journal, v.

47, n. 11, p. 975-7, Nov, 2006. Disponível em:

<http://www.sma.org.sg/smj/4711/4711cr2.pdf>.

NARVAEZ, F.; GUTIERREZ, G.; PÉREZ, M. A.; ELIZONDO, D. et al. Evaluation of the

Traditional and Revised WHO Classifications of Dengue Disease Severity. PLoS Neglected

Tropical Diseases, v. 5, n. 11, p. e1397, 2011. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1371%2Fjournal.pntd.0001397>.

NIMMANNITYA, S.; THISYAKORN, U.; HEMSRICHART, V. Dengue haemorrhagic

fever with unusual manifestations. The Southeast Asian journal of tropical medicine and

public health, v. 18, n. 3, p. 398-406, Sep, 1987.

Page 80: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

61

NOGUEIRA, R. M.; FILIPPIS, A. M.; COELHO, J. M.; SEQUEIRA, P. C. et al. Dengue

virus infection of the central nervous system (CNS): a case report from Brazil. The

Southeast Asian journal of tropical medicine and public health, v. 33, n. 1, p. 68-71, Mar,

2002. Disponível em: <http://www.tm.mahidol.ac.th/seameo/2002_33_1/14-2787.pdf>.

NOGUEIRA, R. M.; MIAGOSTOVICH, M. P.; SCHATZMAYR, H. G. Molecular

epidemiology of dengue viruses in Brazil. Cadernos de Saúde Pública, v. 16, n. 1, p. 205-

11, Jan/Mar, 2000. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-

311X2000000100021&lng=en&nrm=iso&tlng=en>.

NOGUEIRA, R. M.; SCHATZMAYR, H. G.; DE FILIPPIS, A. M.; DOS SANTOS, F. B. et

al. Dengue virus type 3, Brazil, 2002. Emerging Infectious Diseases, v. 11, n. 9, p. 1376-81,

Sep, 2005. Disponível em: <http://wwwnc.cdc.gov/eid/article/11/9/04-1043_article.htm>.

Nova classificação de caso de dengue – OMS. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE

AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO - SINAN. Série. Brasília: Ministério da Saúde 2014.

Disponível em:

<http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/novo/Download/Nova_classificacao_de_caso_de_den

gue_OMS.pdf>.

OLKOWSKI, S.; FORSHEY, B. M.; MORRISON, A. C.; ROCHA, C. et al. Reduced risk of

disease during post-secondary dengue virus infections. Journal of Infectious Diseases, v.

208, n. 6, p. 1026-1033, Sept, 2013. Disponível em:

<http://jid.oxfordjournals.org/content/early/2013/06/16/infdis.jit273.abstract>.

OOI, E. E.; GOH, K. T.; GUBLER, D. J. Dengue prevention and 35 years of vector control in

Singapore. Emerging Infectious Diseases, v. 12, n. 6, p. 887-93, Jun, 2006. Disponível em:

<http://wwwnc.cdc.gov/eid/article/12/6/05-1210_article.htm>.

ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. Dengue y dengue hemorrágico en

las Américas: guías para su prevención y control. Washington D.C.: OPS, 1995. 110 p.

ISBN 92 75 31548 5. Disponível em: <http://www1.paho.org/Spanish/HCP/HCT/VBD/arias-

dengue.htm>.

ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. Alerta Epidemiológica: Dengue,

p. 1-3, 13 de noviembre, 2012. Disponível em:

<http://new.paho.org/hq/index.php?option=com_content&view=article&id=1239&Itemid=22

91&lang=es>.

ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. Epidemiological Alert: Dengue,

21 June, 2013. Disponível em:

Page 81: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

62

<https://www.paho.org/hq./index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=2210

1&Itemid=270&lang=en>.

ORSINI, M.; FREITAS, M. R. D.; NASCIMENTO, O. J.; CATHARINO, A. M. D. S. et al.

Síndrome de Guillain-Barré pós infecção por Dengue: Relato de Caso. Revista

Neurociência, v. 18, n. 1, p. 24-27, 2010. Disponível em:

<http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2010/RN1801/280%20relato%20de%20cas

o.pdf>.

OSANAI, C. H.; ROSA, A. P.; TANG, A. T.; AMARAL, R. S. D. et al. Surto de dengue em

Boa Vista, Roraima Nota previa. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo,

v. 25, n. 1, p. 53-54, 1983.

PANCHAROEN, C.; THISYAKORN, U. Neurological manifestations in dengue patients.

The Southeast Asian journal of tropical medicine and public health, v. 32, n. 2, p. 341-5,

Jun, 2001. Disponível em: <http://www.tm.mahidol.ac.th/seameo/2001_32_2/21-2694.pdf>.

PEELING, R. W.; ARTSOB, H.; PELEGRINO, J. L.; BUCHY, P. et al. Evaluation of

diagnostic tests: dengue. Nature Reviews Microbiology, v. 8, n. Suppl 12, Dec, 2010.

PHONGSAMART, W.; YOKSAN, S.; VANAPRAPA, N.; CHOKEPHAIBULKIT, K.

Dengue Virus Infection in Late Pregnancy and Transmission to the Infants. The Pediatric

Infectious Disease Journal, v. 27, n. 6, p. 500-504, Jun, 2008. Disponível em:

<http://journals.lww.com/pidj/Fulltext/2008/06000/Dengue_Virus_Infection_in_Late_Pregna

ncy_and.4.aspx>.

PUCCIONI-SOHLER, M.; ORSINI, M.; SOARES, C. N. Dengue: a new challenge for

neurology. Neurology international, v. 4, n. 3, p. e15, Oct, 2012. Disponível em:

<http://www.pagepress.org/journals/index.php/ni/article/view/ni.2012.e15>.

PUCCIONI-SOHLER, M.; RIOS, M.; CARVALHO, S. M.; GONCALVES, R. R. et al.

Diagnosis of HAM/TSP based on CSF proviral HTLV-I DNA and HTLV-I antibody index.

Neurology, v. 57, n. 4, p. 725-7, Aug, 2001. Disponível em:

<http://www.neurology.org/content/57/4/725.full.pdf>.

PUCCIONI-SOHLER, M.; ROSADAS, C.; CABRAL-CASTRO, M. J. Neurological

complications in dengue infection: a review for clinical practice. Arquivos de Neuro-

Psiquiatria, v. 71, n. 9b, p. 667-671, Sept, 2013. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-

282X2013001000667&nrm=iso>.

Page 82: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

63

PUCCIONI-SOHLER, M.; SOARES, C. N.; PAPAIZ-ALVARENGA, R.; CASTRO, M. J. et

al. Neurologic dengue manifestations associated with intrathecal specific immune response.

Neurology, v. 73, n. 17, p. 1413-7, Oct, 2009. Disponível em:

<http://www.neurology.org/content/73/17/1413.long>.

RAJAJEE, S.; EZHILARASI, S.; RAJARAJAN, K. Benign acute childhood myositis. The

Indian Journal of Pediatrics, v. 72, n. 5, p. 399-400, May, 2005. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1007/BF02731735>.

RATNAYAKE, E.; SHIVANTHAN, C.; WIJESIRIWARDENA, B. Diaphragmatic paralysis:

a rare consequence of dengue fever. BMC Infectious Diseases, v. 12, n. 1, p. 46, 2012.

Disponível em: <http://www.biomedcentral.com/1471-2334/12/46>.

ROPPER, A.; SAMUELS, M. Adams and Victor's Principles of Neurology. 9th ed. New

York: Mcgraw-hill, 2009. p. 39, 118, 271, 633, 952 ISBN 978-0071499927. Disponível em:

<http://books.google.com.br/books?id=AKuJoETp2_UC>.

ROSENBERG, N. R.; PORTEGIES, P.; DE VISSER, M.; VERMEULEN, M. Diagnostic

investigation of patients with chronic polyneuropathy: evaluation of a clinical guideline.

Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, v. 71, n. 2, p. 205-209, Aug, 2001.

Disponível em: <http://jnnp.bmj.com/content/71/2/205.abstract>.

SAKUNTABHAI, A.; TURBPAIBOON, C.; CASADEMONT, I.; CHUANSUMRIT, A. et

al. A variant in the CD209 promoter is associated with severity of dengue disease. Nature

Genetics, v. 37, n. 5, p. 507-513, May, 2005. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1038/ng1550>.

SANGUANSERMSRI, T.; PONEPRASER, B.; PHORNPHUTKUL, B. Acute

encephalopathy associated with dengue infection. The Southeast Asian Journal of Tropical

Medicine and Public Health, p. 10-11, 1976.

SANTOS, N. Q.; AZOUBEL, A. C. B.; LOPES, A. A.; COSTA, G. et al. Guillain-Barré

syndrome in the course of dengue: case report. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v. 62, n. 1,

p. 144-146, Mar, 2004. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-

282X2004000100025&nrm=iso>.

SCIENTIFIC WORKING GROUP; WORLD HEALTH ORGANIZATION. Report of the

Scientific Working Group meeting on Dengue. Geneva, Switzeland: 1– 5 October 2006,

160 p., 2007.

Page 83: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

64

SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DE GOIÁS. Semana Epidemiológica 1 a 6

(29/12/2013 a 08/02/2014). Boletim Semanal de Dengue-Goiás, p. 1-3, 2014. Disponível

em: <http://www.sgc.goias.gov.br/upload/links/arq_944_BoletimASemanalASEA06.pdf>.

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA. Informe Técnico Semanal da

Dengue, n. 233, Atualizado em 18/02, 2014. Disponível em:

<http://www.saude.goiania.go.gov.br/docs/divulgacao/Informe%20dengue%2018%2002%20

2014%20SE%2007.pdf>.

SHEPARD, D. S.; COUDEVILLE, L.; HALASA, Y. A.; ZAMBRANO, B. et al. Economic

Impact of Dengue Illness in the Americas. The American Journal of Tropical Medicine

and Hygiene, v. 84, n. 2, p. 200-207, Feb, 2011. Disponível em:

<http://www.ajtmh.org/content/84/2/200.abstract>.

SHIVANTHAN, M.; RATNAYAKE, E.; WIJESIRIWARDENA, B.; SOMARATNA, K. et

al. Paralytic squint due to abducens nerve palsy : a rare consequence of dengue fever. BMC

Infectious Diseases, v. 12, n. 1, p. 156, 2012. Disponível em:

<http://www.biomedcentral.com/1471-2334/12/156>.

SILVA, L. K.; BLANTON, R. E.; PARRADO, A. R.; MELO, P. S. et al. Dengue

hemorrhagic fever is associated with polymorphisms in JAK1. European Journal of

Human Genetics, v. 18, n. 11, p. 1221-7, Nov, 2010. Disponível em:

<http://www.nature.com/ejhg/journal/v18/n11/full/ejhg201098a.html>.

SIMMONS, C. P.; FARRAR, J. J.; VAN VINH CHAU, N.; WILLS, B. Dengue. New

England Journal of Medicine, v. 366, n. 15, p. 1423-1432, Apr, 2012. Disponível em:

<http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMra1110265>.

SIMMONS, C. P.; HALSTEAD, S. B.; ROTHMAN, A.; HARRIS, E. et al. Understanding

pathogenesis, immune response and viral factors. Special Programme for Research and

Training in Tropical Diseases, 1-5 October 2006, 2007, Geneva. Tropical Diseases Research

to Foster Innovation & Knowledge Application. p.54-60.

SIPS, G. J.; WILSCHUT, J.; SMIT, J. M. Neuroinvasive flavivirus infections. Reviews in

Medical Virology, v. 22, n. 2, p. 69-87, Mar, 2012. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1002/rmv.712>.

SIQUEIRA JR, J. B.; MARTELLI, C. M. T.; MACIEL, I. J.; OLIVEIRA, R. M. et al.

Household survey of dengue infection in central Brazil: spatial point pattern analysis and risk

factors assessment. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 71, n. 5,

p. 646-651, Nov, 2004. Disponível em: <http://www.ajtmh.org/content/71/5/646.long>.

Page 84: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

65

SIQUEIRA JR, J. B.; MARTELLI, C. M.; COELHO, G. E.; SIMPLICIO, A. C. et al. Dengue

and dengue hemorrhagic fever, Brazil, 1981-2002. Emerging Infectious Diseases, v. 11, n.

1, p. 48-53, Jan, 2005. Disponível em: <http://wwwnc.cdc.gov/eid/article/11/1/03-

1091_article.htm>.

SOARES, C. N.; CABRAL-CASTRO, M.; OLIVEIRA, C.; FARIA, L. C. et al.

Oligosymptomatic dengue infection: a potential cause of Guillain Barré syndrome. Arquivos

de Neuro-Psiquiatria, v. 66, n. 2a, p. 234-237, Jun, 2008. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-

282X2008000200018&nrm=iso>.

SOARES, C. N.; CABRAL-CASTRO, M. J.; PERALTA, J. M.; DE FREITAS, M. R. G. et

al. Review of the etiologies of viral meningitis and encephalitis in a dengue endemic region.

Journal of the neurological sciences, v. 303, n. 1, p. 75-79, Apr, 2011. Disponível em:

<http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0022510X11000141?showall=true>.

SOARES, C. N.; CABRAL-CASTRO, M. J.; PERALTA, J. M.; FREITAS, M. R. G. et al.

Meningitis determined by oligosymptomatic dengue virus type 3 infection: Report of a case.

International journal of infectious diseases, v. 14, n. 2, p. e150-e152, Feb, 2010.

Disponível em:

<http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1201971209001520?showall=true>.

SOARES, C. N.; FARIA, L. C.; PERALTA, J. M.; DE FREITAS, M. R. G. et al. Dengue

infection: neurological manifestations and cerebrospinal fluid (CSF) analysis. Journal of the

neurological sciences, v. 249, n. 1, p. 19-24, Nov, 2006. Disponível em:

<http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0022510X06002784?showall=true>.

SOLOMON, T.; DUNG, N. M.; VAUGHN, D. W.; KNEEN, R. et al. Neurological

manifestations of dengue infection. The Lancet, v. 355, n. 9209, p. 1053-1059, Mar, 2000.

Disponível em: <http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0140673600020365>.

SOUSA, A. M. D. Manifestações neurológicas em surto de dengue no estado de

Rondônia. Dissertação (Mestrado). Rio de Janeiro: Centro de Ciências Biológicas e da

Saúde, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro 2006. 70 p.

SOUZA, L. J. D.; MARTINS, A. L. D. O.; PARAVIDINI, P. C. L.; NOGUEIRA, R. M. R. et

al. Hemorrhagic encephalopathy in dengue shock syndrome: a case report. The Brazilian

journal of infectious diseases, v. 9, n. 3, p. 257-261, Jun, 2005. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-

86702005000300009&nrm=iso>.

Page 85: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

66

SUDHIR, K.; SUBHASHINI, P. Guillain-Barre syndrome occurring in the course of dengue

fever. Neurology India, v. 53, n. 2, p. 250-251, 2005. Disponível em:

<http://www.neurologyindia.com/text.asp?2005/53/2/250/16437>.

SULEKHA, C.; KUMAR, S.; PHILIP, J. Guillain-Barre syndrome following dengue fever.

The Indian Journal of Pediatrics, v. 41, n. 9, p. 948-50, Sept, 2004. Disponível em:

<http://www.indianpediatrics.net/sep2004/sep-948-950.htm>.

TEIXEIRA, T. R. D. A.; MEDRONHO, R. D. A. Indicadores sócio-demográficos e a

epidemia de dengue em 2002 no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Saúde

Pública, v. 24, n. 9, p. 2160-2170, Sept, 2008. Disponível em:

<http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

311X2008000900022&nrm=iso>.

TEMPORAO, J. G.; PENNA, G. O.; CARMO, E. H.; COELHO, G. E. et al. Dengue virus

serotype 4, Roraima State, Brazil. Emerging Infectious Diseases, v. 17, n. 5, p. 938-40,

May, 2011. Disponível em: <http://wwwnc.cdc.gov/eid/article/17/5/10-1681_article.htm>.

THISYAKORN, U.; THISYAKORN, C.; LIMPITIKUL, W.; NISALAK, A. Dengue

infection with central nervous system manifestations. The Southeast Asian journal of

tropical medicine and public health, v. 30, n. 3, p. 504-6, Sep, 1999.

TUNKEL, A. R.; GLASER, C. A.; BLOCH, K. C.; SEJVAR, J. J. et al. The Management of

Encephalitis: Clinical Practice Guidelines by the Infectious Diseases Society of America.

Clinical Infectious Diseases, v. 47, n. 3, p. 303-327, August 1, 2008, 2008. Disponível em:

<http://cid.oxfordjournals.org/content/47/3/303.abstract>.

VARATHARAJ, A. Encephalitis in the clinical spectrum of dengue infection. Neurology

India, v. 58, n. 4, p. 585-91, Jul-Aug, 2010. Disponível em:

<http://www.neurologyindia.com/article.asp?issn=0028-

3886;year=2010;volume=58;issue=4;spage=585;epage=591;aulast=Varatharaj>.

VASCONCELOS, P. F. C.; TRAVASSOS DA ROSA, A. P. A.; COELHO, I. C. B.;

MENEZES, D. B. et al. Involvement of the central nervous system in dengue fever: three

serologically confirmed cases from Fortaleza, Ceará, Brazil. Revista do Instituto de

Medicina Tropical de São Paulo, v. 40, n. 1, p. 35-40, Jan/Feb, 1998. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0036-

46651998000100008&nrm=iso>.

VAUGHN, D. W.; BARRET, A.; SOLOMON, T. Flaviviruses. In: MANDELL, G.

L.;BENNETT, J. E. e DOLIN, R. (Ed.). Principles and practice of infectious diseases. 7th

Page 86: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

67

ed. Boston: Churchill Livingstone/Elsevier, 2010. cap. 153, p.2133-2156. ISBN 978-0-443-

06839-3.

WADUGE, R.; MALAVIGE, G. N.; PRADEEPAN, M.; WIJEYARATNE, C. N. et al.

Dengue infections during pregnancy: A case series from Sri Lanka and review of the

literature. Journal of Clinical Virology, v. 37, n. 1, p. 27-33, Sept, 2006. Disponível em:

<http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1386653206001946?showall=true>.

WANG, W.-K.; CHEN, H.-L.; YANG, C.-F.; HSIEH, S.-C. et al. Slower Rates of Clearance

of Viral Load and Virus-Containing Immune Complexes in Patients with Dengue

Hemorrhagic Fever. Clinical Infectious Diseases, v. 43, n. 8, p. 1023-1030, Oct, 2006.

Disponível em: <http://cid.oxfordjournals.org/content/43/8/1023.abstract>.

WASAY, M.; CHANNA, R.; JUMANI, M.; SHABBIR, G. et al. Encephalitis and myelitis

associated with dengue viral infection: Clinical and neuroimaging features. Clinical

neurology and neurosurgery, v. 110, n. 6, p. 635-640, Jun, 2008. Disponível em:

<http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0303846708001145?showall=true>.

WILSON, M. E.; CHEN, L. H. Dengue in the Americas. Dengue Bulletin, v. 26, p. 44-61,

2002. Disponível em:

<http://209.61.208.233/LinkFiles/Dengue_Bulletin_Volume_26_Chap06.pdf>.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Dengue haemorrhagic fever: diagnosis,

treatment, prevention and control. 2nd

ed. Geneva: WHO, 1997. 84 p.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Dengue: guidelines for diagnosis, treatment,

prevention and control - New edition. 2nd

ed. Geneva: WHO, 2009. p. 147 ISBN 978 92 4

154787 1.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Dengue and severe dengue. Fact sheet nº 17,

Geneva, 2013. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs117/en/>.

WU, K.-L.; CHANGCHIEN, C.-S.; KUO, C.-M.; CHUAH, S.-K. et al. Dengue fever with

acute acalculous cholecystitis. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene,

v. 68, n. 6, p. 657-660, June 1, 2003, 2003. Disponível em:

<http://www.ajtmh.org/content/68/6/657.abstract>.

Page 87: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

68

ZAGNE, S. M.; ALVES, V. G.; NOGUEIRA, R. M.; MIAGOSTOVICH, M. P. et al. Dengue

haemorrhagic fever in the state of Rio de Janeiro, Brazil: a study of 56 confirmed cases.

Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v. 88, n. 6, p. 677-

9, Nov/Dec, 1994. Disponível em:

<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0035920394902259>.

Page 88: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

69

ANEXO 1 – MANUSCRITO

Artigo submetido para revista The Brazilian Journal Infectious Diseases

Neurological Manifestations of Dengue in Central Brazil

Running title: Neurological dengue

M.P. Tassaraa

C.M.T. Martellia

V.C.R. Féresb

B. A. M. Rochaa

A.O. Guilardea*

aInstitute of Tropical Pathology and Public Health, Federal University of Goias, Brazil

School of Pharmacy, Federal University of Goias, Brazil

Corresponding author:

* Rua 227, Qd 67A, L. 3 e 4, Apto 1503.

Setor Leste Universitário- 74605-080, Goiânia-Goiás, Brazil.

Telephone number: (55 62) 9908-7646

Fax number: (55 62) 3269-8219; e-mail: [email protected]

Page 89: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

70

Acknowledgements: Martelli CMT received a research scholarship from

CNPq#306489/2010-4 and is a research member of the National Institute of Science and

Technology for Health Technology Assessment (IATS/Brazil).

Keywords: Dengue; neurological; Brazil.

Page 90: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

71

ABSTRACT

Dengue currently poses an epidemiological threat for a global pandemic. The

incidence of dengue has grown continuously throughout the 2000s in Brazil. Several studies

have demonstrated the seriousness of the disease when dengue virus (DENV) affects the

nervous system. OBJECTIVE: We describe a case series of patients with neurological

dengue complications. METHODS: We examined laboratory-confirmed dengue cases with

neurological manifestations that occurred in Goiânia, Brazil, from January 2005 to July 2006.

Classification was based on 1997 and 2009 World Health Organization guidelines. Cases

were confirmed by detection of viral RNA by polymerase chain reaction (PCR) or IgM

antibody capture enzyme-linked immunosorbent assay. RESULTS: Of 710 suspected dengue

cases, 498 were confirmed. Neurological symptoms occurred in 5.6% (28/498) of cases. Most

patients were female (22/28, 78.6%), and the average age was 34 years (standard deviation,

15.5). Neurological symptoms included paresthesia (19/498, 3.8%), encephalopathy (5/498,

1%), seizure (4/498, 0.8%), meningoencephalitis (2/498, 0.4%), paresis (2/498, 0.4%), and

encephalitis (1/498, 2%). Neurological symptoms occurred in 21% of patients with dengue

hemorrhagic fever and 43% of severe dengue cases. DENV-3 was the predominant

circulating serotype (93%). The fatality rate was 7% (2/28) in female patients. Death

occurred in one patient with meningoencephalitis and another with hepatic encephalopathy.

PCR analysis of blood and viscera samples yielded positive results for the presence of

DENV-3. We demonstrate the importance of including dengue in differential diagnosis of

neurological symptoms in viral disease.

Page 91: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

72

INTRODUCTION

In the current epidemiological scenario, dengue poses a threat of global

pandemic. The virus has already become endemic in several regions of the world, with

periodic epidemics.1,2

Dengue is an acute febrile infectious disease of viral etiology

that can progress to severe bleeding disorder and shock.3 The incidence of dengue has

increased throughout the 2000s with a consequent global increase in atypical clinical

forms.4-5

Several studies have described neurological symptoms among the unusual

virus manifestations.7,8

We previously reported clinical and laboratory findings related to dengue

severity and outcome in adult patients recruited during the epidemic period from 2005

to 2006 in Central Brazil.9 In the present study, we focused on neurological findings in

this large cohort of patients with confirmed dengue infections.

MATERIAL AND METHODS

Study population and setting

Series cases with neurological manifestations of dengue were selected from a

cohort from the city of Goiania (population ~1.3 million) in mid-western Brazil, from

January 2005 to July 2006. Patients were enrolled from the major referral center for

dengue, the Hospital of Tropical Diseases, as well as from private hospitals and primary

health care units. The study protocol was approved by the institutional ethical review

Page 92: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

73

board. Signed informed consent was obtained from all participants or their legal

guardians.

Design and data collection

We prospectively collected baseline demographic and clinical information from

all patients using a standard study protocol. Data on age, sex, previous dengue episodes,

and key clinical symptoms (hypotension, intense abdominal pain, and bleeding) were

recorded. Clinical data and laboratory tests were recorded daily in patient files and

reviewed by the clinical coordinator at the end of follow-up. The follow-up duration for

hospitalized patients was defined from the first medical visit to the discharge date.

Duration in outpatients was measured as the interval between the first and second blood

collections during the convalescent phase (~15 days).

Dengue classification

Dengue Fever

Dengue Fever (DF) was defined as an acute febrile illness with 2 or more of the

following symptoms: headache, retro-orbital pain, myalgia, arthralgia, rash, and

hemorrhagic manifestations.3

Page 93: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

74

Dengue hemorrhagic fever

Dengue hemorrhagic fever (DHF) was defined as fever with thrombocytopenia

(platelet count ≤ 100,000 cells/μL), any hemorrhagic manifestation or a positive

tourniquet test, and e idence of plasma leakage (hematocrit increase ≥ 20% from

baseline, pleural or abdominal effusion, or hypoalbuminemia [blood serum albumin ≤

3.5 mg/dL]).10

Patients were divided into 3 categories based on the World Health

Organization (WHO) guidelines for disease severity: dengue, dengue with warning

signs, and severe dengue, which is defined by significant plasma leakage or bleeding

with important clinical repercussions or se ere organ impairment (transaminase le els ≥

1,000 IU/L and involvement of the central nervous system [CNS], heart, or other

organs).3

Laboratory confirmation of Dengue

Dengue cases were confirmed by: (a) isolation of dengue virus (DENV)11

or

detection of viral RNA by multiplex- or real-time polymerase chain reaction (PCR);12,13

or (b) IgM antibody capture enzyme-linked immunosorbent assay (IgM MAC-ELISA)

of the first or second paired blood samples.14

Confirmatory tests were performed at the

State Central Laboratory and the University of São Paulo

Inclusion criteria

Patients with clinical symptoms compatible with a diagnosis of dengue and

neurological manifestations were included in this study. Neurological manifestations

were defined as the presence of the following signs or symptoms: paresthesia, paresis or

Page 94: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

75

plegia, altered level of consciousness (not attributable to hypotension or

electrolyte disturbance), intracranial hypertension syndrome or meningeal irritation, or

seizure. Cerebrospinal fluid (CSF) was analyzed when the procedure was not

contraindicated.15

IgM and molecular biology tests for dengue were performed on CSF

collected from suspected cases. Brain tissue from patients who died was sent for

immunohistochemistry and molecular biology analyses.

Exclusion criteria

Patients with a history of neurologic illness, use of illicit drugs, and pre-existing

psychiatric illness were not included in the study population.

Statistical analysis

Standard measures of central tendency and dispersion were applied to

continuous variables and percentage distributions were calculated for categorical

variables. All statistical analyses were performed using SPSS for Windows, version

16.0 (SPSS Inc., Chicago, IL, USA).

RESULTS

Of 710 suspected dengue cases during the epidemic period, 498 were confirmed

in the laboratory. Neurological symptoms were present in 5.6% (28/498) of cases. Of 28

neurological dengue cases, 20 (72%) were hospitalized. Most patients were female

(22/498, 78.6%), and the average age was 34 years (standard deviation [SD] = 15.5),

ranging from 14 to 71 years of age. The fever duration averaged 6.2 days (SD = 3.5),

Page 95: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

76

ranging from 1 to 16 days. DENV-3 was the predominant serotype circulating

during the peak season (93%, 60/65). The DENV-3 serotype was also isolated in

neurological cases (5/28). Neurological manifestations included paresthesia (19/498,

3.8%), encephalopathy (5/498, 1%), seizures (4/498, 0.8%), meningoencephalitis

(2/498, 0.4%), paresis (2/498, 0.4%), and encephalitis (1/498, 0.2%). Paresthesia,

occurring in 12 patients (54.5%), was the most frequent symptom among those patients

with neurological symptoms of dengue.

Among 5 patients with encephalopathy, 2 had symptoms including

confusion with only qualitative changes in sensorium, liver failure, and CNS bleeding;

nuclear magnetic resonance (NMR) examination showed a laminar subdural hematoma

in the left cerebral hemisphere. The results of CSF analysis were normal, with 1

leukocyte/μL, 100% mononuclear cells, 81 mg/dL glucose, and 30 mg/dL total proteins

A patient with neuropsychiatric symptoms was also observed, characterized by

behavioral disorder during the acute phase of the disease. Results of CSF analysis were

normal (1 leukocyte/μL, 100% mononuclear cells, 20 mg/dL glucose, and 45 mg/dL

total proteins) and PCR analysis of the CSF was negative for dengue. The single case of

encephalitis occurred in a 71-year-old male patient, who developed both qualitative and

quantitative changes in sensorium, fever, and paresis of the left lower limb after 15 days

of clinical symptoms consistent with classic DF. Analysis of the CSF was normal (2

leukocytes/μL, 100% mononuclear cells, 69 mg/dL glucose, 24 mg/dL total proteins);

MAC-ELISA of blood samples was positive for dengue, but CSF samples tested by IgM

and PCR were negative for the virus. The findings from computed tomography (CT)

without contrast were normal; electroneuromyography showed amended, continuous,

severe, and focal right frontotemporal cortical-subcortical dysfunction.

Page 96: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

77

Neurological cases were detected in 21% of patients diagnosed

with DHF, 43% of severe dengue cases, and 36% of cases of dengue with warning

signs. The most frequent symptoms among patients with DHF included encephalopathy

(60%), paresthesia (n =2; 9%), and seizure (n = 2; 50%). However, there were 2 cases

of encephalopathy and 1 of meningoencephalitis among the DF cases. The fatality rate

was 7% (2/28); both deaths occurred in female patients.

Table 1 shows the distribution of patients diagnosed with dengue by sex,

age, fever duration, classification of cases according to standard WHO criteria and the

recently proposed classification, neurological manifestations, results of serological and

virological tests, and clinical outcomes.

The mortality rate was 7% (2/28); both deaths occurred in female

patients. One patient was 15 years old and had meningoencephalitis; CSF analysis

showed 76 leukocytes/µL, 80% mononuclear cells, 64 mg/dL glucose, and 127 mg/dL

total protein. CT scans revealed sulci effacement and signs of intracranial hypertension.

MAC-ELISA and PCR analysis of brain tissues showed positive results for the DENV-3

serotype. The other death occurred in a 41-year-old female patient with a history of

sudden high fever, myalgia, prostration, headache, and nausea, who developed melena

and hematemesis; on the tenth day she was admitted to the hospital with tonic-clonic

seizures and acute liver failure. The patient was jaundiced, confused, and had

subconjunctival hemorrhages. Her hematocrit level was 34.4%, and further blood

analysis showed l2,900/uL leukocytes, 14,000/uL platelets, 3,635 U/L aspartate

aminotransferase, 265 U/L alanine aminotransferase, 22.2% TAP, 116 mg/dL urea, and

2.1 mg/dL creatinine. PCR tests of blood and viscera samples were positive for the

DENV-3 serotype. CSF analysis was contraindicated owing to thrombocytopenia.

Page 97: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

78

DISCUSSION

We detected neurological dengue in 5.6% of cases among patients recruited

from the major referral hospital unit for dengue, general hospitals, and basic health

units. Neurological manifestations are variable, depending on the epidemiological

situation in the region as well as the type of institution from which patients were

recruited. Domingues, et al. reported neurological symptoms in 21% of the cases in a

study in Vitória, in Espírito Santo, Brazil; the authors attributed this higher frequency to

an increased proportion of patients with more severe illness admitted to the tertiary

hospital where patients were enrolled in the study.16

However, Nogueira reported that

1.3% of dengue cases had neurological symptoms during the 2002 epidemic in Rio de

Janeiro (4). In South Asia, 3 studies in children––2 in Thailand and 1 in Vietnam––

found that the prevalence of neurological symptoms in dengue cases ranged between

0.5% and 5.4%.17-19

Solomon et al. reported 1% of dengue cases with neurological

symptoms in adults and children in Vietnam.7

In our study, most patients had mild neurological manifestations: 67.9% of cases

presented with paresthesias. Rondônia experienced an outbreak of dengue with

neurological symptoms in 2005; of 28 cases, the most frequent manifestation was

difficulty walking, followed by paresthesia.20

Other studies do not describe paresthesia

as a neurological manifestation, perhaps because it is a symptom and not a disease

entity. Although paresthesia is a classic symptom of neuropathy, we do not consider our

cases neuropathy because they were not confirmed by detailed neurological examination

or electromyography.21

Page 98: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

79

Few studies in the literature have claimed a relationship between

viral serotype and neurological complications, probably because many of these

manifestations occur late, and the relatively short viremia makes it difficult to recover

viral type from patient samples.22

The DENV-3 serotype prevailed during the epidemic

in 2005–2006 and is the serotype most often associated with neurological

manifestations, although not all patients had positive viral cultures, since symptoms are

not observed in the initial phase of the disease in most cases. The DENV-3 serotype is

globally associated with neurovirulence.7,16,18,23-25

Infection with the DENV-3 serotype

has been cited as a probable predictor of severe clinical manifestations.3,4,9,26

Dengue involvement of the CNS has been reported in the 3 traditional

classification categories: DF, DHF, and dengue shock syndrome. Among the

neurological cases in our study, 21.5% were diagnosed as DHF. This finding is

consistent with previous studies. Solomon et al. reported a 33.4% prevalence in

Vietnam; Misra et al., 20.9% in India; and Domingues et al. reported that 27.8% of

patients diagnosed with DHF in Brazil also had neurological symptoms. 7,16,27

This

classification system has been used for decades and categorizes severe cases of

neurological dengue as DF, and these dengue classifications have a direct impact on

clinical management.28,29

According to the revised guidelines for classification released

by the WHO in 2009, 5 cases of encephalopathy and 2 cases of meningoencephalitis

were classified as severe dengue in this study, suggesting that this classification has

greater sensitivity; this observation is concordant with the findings of a study performed

in the intensive care unit of a hospital in Nicaragua.

In our study we did not observe patients with Guillain–Barré syndrome,

although there have been several reports in Brazil and other regions.27,31-33

This can be

Page 99: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

80

explained by the short time for patient follow-ups in this study, which likely

reduced the detection of post-neurological viral cases, such as Guillain–Barré syndrome

and acute disseminated encephalomyelitis.

Limitations of this study included a lack of routine ancillary tests at most of the

hospitals in this study, such as cranial CT, NMR, and electroneuromyography. This

study was part of a cohort of dengue cases, and the neurological symptoms could have

been better recorded to include more information such as duration of neurological

symptoms, Glasgow scale, results of clinical neurological examinations, as well as

including longer follow-ups to detect cases with late manifestations.

The mortality rate was 7%. One death was due to meningoencephalitis, with

virus confirmation by immunohistochemistry examination of the CNS; the other death

was due to encephalopathy, which may have been a direct effect of the virus or from

liver failure. Excluding the 2 deaths in the study, no adverse outcomes were observed,

even in the other severe dengue cases that included seizures, encephalopathy, and

meningoencephalitis. Studies have reported variable fatality rates. A cohort in Vietnam

reported no fatalities,7 while a study in Jamaica reported a 3.7% mortality rate

31, and a

study in India observed a fatality rate of 17.6%; in this study, all patients had

encephalopathy, and the authors concluded that encephalopathy is associated with more

severe disease.34

Carod-Artal et al. suggest that the severity of encephalopathy depends

on its causative factors, including the main causes such as liver failure, electrolyte

imbalance, and shock.8 Domingues et al. reported that neurological involvement did not

influence disease prognosis.16

In endemic regions, dengue should be considered as a diagnosis in all cases with

neurological manifestations in the course of acute febrile illnesses.

Page 100: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

81

Conflicts of interest

The authors declare no conflicts of interest.

Acknowledgements

Martelli CMT received a research scholarship from CNPq#306489/2010-4 and is

a research member of the National Institute of Science and Technology for Health

Technology Assessment (IATS/Brazil).

REFERENCES

1. Simmons CP, Farrar JJ, Nguyen vV, Wills B. Dengue. N Engl J Med 2012; 366:

1423-1432, doi: 10.1056/NEJMra1110265.

Page 101: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

82

2. Bhatt S, Gething PW, Brady OJ, Messina JP, Farlow AW, Moyes CL, et

al. The global distribution and burden of dengue. Nature 2013; 496: 504-507,

doi: 10.1038/nature12060.

3. Dengue: Guidelines for Diagnosis, Treatment, Prevention and Control: New

Edition. WHO Guidelines Approved by the Guidelines Review Committee.

Geneva: World Health Organization; 2009.

4. Nogueira RMR, Schatzmayr HG, de Filippis AMB, dos Santos FB, da Cunha

RV, Coelho JO, et al. Dengue virus type 3, Brazil, 2002. Emerg Infect Dis 2005;

11: 1376-1381, doi: 10.3201/eid1109.041043.

5. Gulati S, Maheshwari A. Atypical manifestations of dengue. Trop Med Int

Health 2007; 12: 1087-1095.

6. Neeraja M, Lakshmi V, Teja VD, Lavanya V, Priyanka EN, Subhada K, et al.

Unusual and rare manifestations of dengue during a dengue outbreak in a tertiary

care hospital in South India. Arch Virol 2014 (in press).

7. Solomon T, Dung NM, Vaughn DW, Kneen R, Thao LT, Raengsakulrach B, et

al. Neurological manifestations of dengue infection. Lancet 2000; 355: 1053-

1059.

Page 102: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

83

8. Carod-Artal FJ, Wichmann O, Farrar J, Gascón J. Neurological complications of

dengue virus infection. Lancet Neurol 2013; 12: 906-919, doi: 10.1016/S1474-

4422(13)70150-9.

9. Guilarde AO, Turchi MD, Siqueira JB Jr, Feres VC, Rocha B, Levi JE, et al.

Dengue and dengue hemorrhagic fever among adults: clinical outcomes related

to viremia, serotypes, and antibody response. J Infect Dis 2008; 197: 817-824,

doi: 10.1086/528805.

10. WHO (World Health Organization). Dengue haemorrhagic fever: diagnosis,

treatment, prevention and control. Geneva: World Health Organization; 1997.

11. Igarashi Isolation of a Singh’s edes albopictus cell clone sensiti e to

Dengue and Chikungunya viruses. J Gen Virol 1978; 40: 531-544.

12. Levi JE, Tateno AF, Machado AF, Ramalho DC, de Souza VA, Guilarde AO, et

al. Evaluation of a commercial real-time PCR kit for detection of dengue virus in

samples collected during an outbreak in Goiania, Central Brazil, in 2005. J Clin

Microbiol 2007; 45: 1893-1897.

Page 103: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

84

13. Harris E, Roberts TG, Smith L, Selle J, Kramer LD, Valle S, et al.

Typing of dengue viruses in clinical specimens and mosquitoes by single-tube

multiplex reverse transcriptase PCR. J Clin Microbiol 1998; 36: 2634-2639.

14. Kuno G, Gómez I, Gubler DJ. An ELISA procedure for the diagnosis of dengue

infections. J Virol Methods 1991; 33: 101-113.

15. Kneen R, Solomon T, Appleton R. The role of lumbar puncture in suspected

CNS infection--a disappearing skill? Arch Dis Child 2002; 87: 181-183.

16. Domingues RB, Kuster GW, Onuki-Castro FL, Souza VA, Levi JE, Pannuti CS.

Involvement of the central nervous system in patients with dengue virus

infection. J Neurol Sci 2008; 267: 36-40.

17. Pancharoen C, Thisyakorn U. Neurological manifestations in dengue patients.

Southeast Asian J Trop Med Public Health 2001; 32: 341-345.

18. Thisyakorn U, Thisyakorn C, Limpitikul W, Nisalak A. Dengue infection with

central nervous system manifestations. Southeast Asian J Trop Med Public

Health 1999; 30: 504-506.

Page 104: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

85

19. Cam BV, Fonsmark L, Hue NB, Phuong NT, Poulsen A, Heegaard ED.

Prospective case-control study of encephalopathy in children with dengue

hemorrhagic fever. Am J Trop Med Hyg 2001; 65: 848-851.

20. Investigação de surto de Síndrome Neurológica pós-Histórico de Dengue, em

municípios do Estado de Rondônia -Novembro/2004 a março/2005. Nota

Técnica 1º de março; 2005.

21. Rosenberg NR, Portegies P, de Visser M, Vermeulen M. Diagnostic

investigation of patients with chronic polyneuropathy: evaluation of a clinical

guideline. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2001; 71: 205-209.

22. Puccioni-Sohler M, Rios M, Carvalho SM, Gonçalves RR, Oliveira C, Correa

RB, et al. Diagnosis of HAM/TSP based on CSF proviral HTLV-I DNA and

HTLV-I antibody index. Neurology 2001; 57: 725-727.

23. Gubler DJ, Kuno G. Dengue and dengue hemorrhagic fever. Wallingford, UK:

CAB International; 1997. p 478.

24. Guzmán MG, Kourí G. Dengue: an update. Lancet Infect Dis 2002; 2: 33-42.

Page 105: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

86

25. Nogueira RM, Filippis AM, Coelho JM, Sequeira PC, Schatzmayr HG,

Paiva FG, et al. Dengue virus infection of the central nervous system (CNS): a

case report from Brazil. Southeast Asian J Trop Med Public Health 2002; 33:

68-71.

26. Harris E, Videa E, Pérez L, Sandoval E, Téllez Y, Pérez ML, et al. Clinical,

epidemiologic, and virologic features of dengue in the 1998 epidemic in

Nicaragua. Am J Trop Med Hyg 2000; 63: 5-11.

27. Misra UK, Kalita J. Spectrum of Neurological Manifestations of Dengue in

India. Dengue Bulletin 2006; 30; 107-113

28. Balmaseda A, Hammond SN, Pérez MA, Cuadra R, Solano S, Rocha J, et al.

Short report: assessment of the World Health Organization scheme for

classification of dengue severity in Nicaragua. Am J Trop Med Hyg 2005; 73:

1059-1062.

29. Alexander N, Balmaseda A, Coelho IC, Dimaano E, Hien TT, Hung NT, et al.

Multicentre prospective study on dengue classification in four South-east Asian

and three Latin American countries. Trop Med Int Health 2011; 16: 936-948,

doi: 10.1111/j.1365-3156.2011.02793.x.

Page 106: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

87

30. Narvaez F, Gutierrez G, Pérez MA, Elizondo D, Nuñez A, Balmaseda

A, et al. Evaluation of the traditional and revised WHO classifications of Dengue

disease severity. PLoS Negl Trop Dis 2011; 5: e1397, doi:

10.1371/journal.pntd.0001397.

31. Jackson ST, Mullings A, Bennett F, Khan C, Gordon-Strachan G, Rhoden T.

Dengue infection in patients presenting with neurological manifestations in a

dengue endemic population. West Indian Med J 2008; 57: 373-376.

32. Puccioni-Sohler M, Soares CN, Papaiz-Alvarenga R, Castro MJ, Faria LC,

Peralta JM. Neurologic dengue manifestations associated with intrathecal

specific immune response. Neurology 2009; 73: 1413-1417, doi:

10.1212/WNL.0b013e3181bd8258.

33. Gonçalves E. Acute inflammatory demyelinating polyradiculoneuropathy

(Guillain-Barré syndrome) following dengue fever. Rev Inst Med Trop Sao

Paulo 2011; 53: 223-225.

34. Misra UK, Kalita J, Syam UK, Dhole TN. Neurological manifestations of

dengue virus infection. J Neurol Sci 2006; 244: 117-122.

Page 107: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

88

ANNEX 1

Table 1 - Neurological manifestations of dengue in a case series of patients recruited in

Central Brazil, 2005–2006.

Page 108: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

89

Patient

Numbe

r

Sex/Age

(years)

Fever

Duration

(days)

1997 WHO

Classificatio

n

2009 WHO

Classificatio

n

Neurological

Manifestation/Location

MAC-ELISA

Virus

Isolation

Molecular Test Outcom

e

1 F/52 4 DF Dengue Paresthesia/hands

Positive

positive

Neg. Positive/

DENV-3

Cured

2 F/32 5 DF Dengue Paresthesia/face Positive Neg. _ Cured

3 F/35 6

DF DWS Paresthesia/UL+LL

Positive

Neg. _ Cured

4 M/36 3 DF Severe Paresthesia/hands Positive

DENV-

3

Positive Cured

5 F/17 5 DF DWS Paresthesia/lips Positive

Neg. _ Cured

6 F/56 8 DF Severe Encephalopathy Positive

Neg. _ Cured

7 F/24 5 DF Severe Paresthesia/UL+LL

F

F

Undeterm. DENV-

3

Positive/

DENV-3

Cured

8 F/20 6 DF DWS Paresthesia/LL

Positive

_ _ Cured

Page 109: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

90

9 F/31 9 DF DWS Paresthesia/LL

Positive

_ _ Cured

10 F/36 7 DF DWS Paresthesia/hands Positive

Neg. _ Cured

11 F/29 7 DF Dengue Paresthesia/hands

Positive

Neg. _ Cured

12 F/47 6 DF Dengue Paresthesia/hands

Positive

_ _ Cured

13 F/41 10 DHF 3 Severe Encephalopathy+Seizures Positive

_ Positive/

DENV-3

Death

14 F/45 6 DF Dengue Paresthesia/LL Positive

_ _ Cured

15 F/25 7 DHF 2 Severe Paresthesia/LL Positive

_ _ Cured

16 F/17 8 DHF 2 Severe Meningoencephalitis

+Seizures

Positive

Neg. _ Cured

17 F/19 1 DHF 2 DWS Paresthesia/feet Positive

_ _ Cured

18 F/54 7 DF Dengue Paresthesia+Paresis/UL Positive

_ _ Cured

19

F/27 6 DF DWS Paresthesia/mandible

Positive

_ _

__

Cured

Page 110: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

91

20 F/34 7 DF DWS Paresthesia/LL Positive

_ _ Cured

21 M/68 10 DHF 2 Severe Encephalopathy Positive

_ _ Cured

22 F/39 3 DF DWS Paresthesia/UL+LL Positive

_ _ Cured

23 M/14 5 DF Severe Encephalopathy Positive

_ _ Cured

24 M/71 15 DF Severe Encephalitis+Paresis/LL

Positive

_

_

_ Cured

25 F/38 7 DF DWS Paresthesia/hands Positive

_ _ Cured

26 F/15 16 DF Severe Meningoencephalitis Positive

Neg. Positive/

DENV-3

Death

27 M/24 1 DHF 1 Severe Encephalopathy+Seizures

Positive

Neg. _ Cured

28 F/18 3 DF Severe Seizures Positive

_ _ Cured

Legend:

Page 111: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

92

DENV: Dengue virus, DF: Dengue Fever, DHF: Dengue Hemorrhagic

Fever, DWS: Dengue Warning Sign, LL: Lower limbs, Neg.: Negative

Severe: Severe Dengue, Undterm. : Undetermined, UL: Upper limbs, WHO: World

Health rganization, ‘–‘: no data a ailable

Anexo 2 – Comprovante de submissão do artigo

Page 112: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

93

Page 113: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

94

Page 114: MARIANNA PERES TASSARA Manifestações …...UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Goiânia – GO, 2014 MARIANNA PERES

95