mariana trevisan rezende...ser tratadas, permitindo a redução nas taxas de incidência e...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FARMACEcircUTICAS
(CIPHARMA)
MARIANA TREVISAN REZENDE
COMPARACcedilAtildeO DOS EXAMES CITOPATOLOacuteGICOS DO COLO DO UacuteTERO DO
MUNICIacutePIO DE OURO PRETO MG SUBMETIDOS AO MONITORAMENTO
EXTERNO DA QUALIDADE
OURO PRETO - MG
2016
MARIANA TREVISAN REZENDE
COMPARACcedilAtildeO DOS EXAMES CITOPATOLOacuteGICOS DO COLO DO UacuteTERO DO
MUNICIacutePIO DE OURO PRETO MG SUBMETIDOS AO MONITORAMENTO
EXTERNO DA QUALIDADE
Dissertaccedilatildeo de mestrado apresentada ao
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Farmacecircuticas da Universidade Federal de Ouro
Preto como parte integrante dos requisitos para
obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias
Farmacecircuticas
Orientadora Profa Claacuteudia Martins Carneiro
Co-orientadora Drordf Alessandra Hermoacutegenes Gomes Tobias
OURO PRETO - MG
2016
Catalogaccedilatildeo fichasisbinufopbr
R467c Rezende Mariana Trevisan
Comparaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do municiacutepio de Ouro Preto-
MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade [manuscrito] Mariana Trevisan
Rezende ndash 2017
70p ilcolor tabs
Orientador Profordf Drordf Claacuteudia Martins Carneiro
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Farmaacutecia
Departamento de Anaacutelises CliacutenicasPrograma de poacutes- graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas
1Cacircncer do colo do uacutetero 2 Citopatologia-Controle de qualidade 3 Papanicolaou-
Teste I Carneiro Claacuteudia Martins II Tiacutetulo III Tiacutetulo
CDU 61814-006
Dedico este trabalho
Aos meus pais Maria Joseacute e Nivaldo pelo enorme apoio
Aos meus irmatildeos Juliana e Lucas pela amizade e cumplicidade
A todos que me incentivaram
AGRADECIMENTOS
Agrave Deus agradeccedilo pela forccedila coragem da caminhada mas principalmente pela
capacidade de pensarmos amarmos e lutarmos pela conquista de nossos ideais
Agrave Professora Claacuteudia Martins Carneiro sempre minha gratidatildeo Agradeccedilo pela
oportunidade que me deu por ter acreditado em mim e persistir apostando na minha
capacidade
A toda equipe do LAPAC principalmente agrave Renata Jennefer Karla e Cida pela ajuda
e aprendizado e em especial agrave Alessandra muito obrigada pela paciecircncia e auxiacutelio na
realizaccedilatildeo deste trabalho Sou grata a todos vocecircs
Ao Professor Wendel agradeccedilo pela grande colaboraccedilatildeo e paciecircncia na anaacutelise dos
dados
Aos meus pais Nivaldo e Maria Joseacute por estarem sempre ao meu lado pelo incentivo
em todos os momentos difiacuteceis Satildeo meus grandes exemplos
Aos meus irmatildeos Juliana e Lucas mesmo que distantes agradeccedilo pela valiosa
presenccedila na minha vida pela amizade e compreensatildeo
Aos meus amigos agradeccedilo em especial a Renatha pela presenccedila e apoio em todos os
momentos nessa conquista
REZENDE MT Resumo
Introduccedilatildeo A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico ou Papanicolaou eacute a
estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do cacircncer do colo do uacutetero poreacutem
resultados falso-negativos (RFN) e falso-positivos (RFP) podem ser observados O
monitoramento externo da qualidade (MEQ) tem sido implementado com o objetivo de
aperfeiccediloar o exame e compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio (Tipo
II) diferente daquele que realizou a primeira leitura (Tipo I) Objetivo Comparar os
resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do municiacutepio de Ouro Preto
MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade Meacutetodo O Laboratoacuterio Tipo
I enviou para o Laboratoacuterio Tipo II os exames com resultados positivos insatisfatoacuterios
e 10 dos negativos selecionados automaticamente pelo SISCOLO referente aos
meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 totalizando 321 esfregaccedilos
Para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final foi realizada uma Reuniatildeo de Consenso entre os dois
laboratoacuterios para discussatildeo dos casos discordantes A anaacutelise dos dados foi realizada
pelo pacote estatiacutestico Stata versatildeo 11 A avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os
diagnoacutesticos dos dois laboratoacuterios foi mensurada pelo coeficiente Kappa e a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) foi utilizada para comparar os valores de concordacircncia antes e
apoacutes consenso Resultado A concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou de 527 para 798 (VPR=+5142) apoacutes a realizaccedilatildeo do Consenso e o
Kappa de 029 para 066 (VPR=+12760) considerado como concordacircncia boa O
percentual de RFP foi reduzido para 184 (59) apoacutes consenso e natildeo foi constatado
nenhum RFN Entre os laboratoacuterios houve 7 casos de retardo de conduta (22) e apoacutes
a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero reduziu para 6 (19) O IP antes do consenso era
156 e passou para 120 mostrando reduccedilatildeo de aproximadamente 230 (VPR=-
2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor de 57 para 46 reduccedilatildeo por
volta de 190 (VPR=-1910) Os outros indicadores da qualidade apresentaram
valores que variaram dentro da faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia com os
resultados do Laboratoacuterio Tipo I Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso tiveram resultado citopatoloacutegico alterado Conclusatildeo Pode-se
concluir que a reuniatildeo de consenso realizada durante o monitoramento externo da
qualidade proporciona ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos e consequentemente auxilia
no aperfeiccediloamento do desempenho diagnoacutestico dos citopatologistas
REZENDE MT Abstract
Introduction Periodic evaluation of pap smear or pap smear is a strategy most
commonly used to screen for cervical cancer but also false-negative (RFN) and false-
positive (RFP) results External quality monitoring (MEQ) has been implemented for
the purpose of improving the examination and includes a review of the smears by a
laboratory (Type II) Objective To compare the results of cervical cytopathological
examinations of the city of Ouro Preto MG submitted to external quality monitoring
Method Type II laboratory for positive unsatisfactory and 10 negative tests
selected automatically by SISCOLO for the months of December2013 January 2014
and February 2014 totaling 321 smears To define the final diagnosis for the holding of
a consensus meeting between the two laboratories to discuss discordant cases The
concordance evaluation between the two laboratories diagnoses was measured by the
coefficient The concordance between the two laboratories diagnoses was measured by
the coefficient The concordance between the two laboratories diagnoses was measured
by the coefficient Results The agreement between the laboratories from 527 to
798 (PRD = + 5142) after the Consensus and the index from 029 to 066 (VPR = +
127 60) considered as good agreement The percentage of RFP was reduced to 184
(59) after the consensus and was not found in RFN The IP before the consensus was
156 and went to 120 showing a reduction of approximately 230 (PRD = -
2314) The ASCSat showed a decrease in value from 57 to 46 a decrease of
190 (VPR = -1910) The other indicators of quality presented values that varied
within the range recommended by the Ministry of Health Follow-up of the cases with
HSIL diagnosis showed greater agreement with the results of Type I Laboratory The
follow-up of nine RFPs agreed after a consensus meeting resulted altered
cytopathology Conclusion It can be concluded that a consensus meeting during the
external quality monitoring provided the adjustment of the cytomorphological criteria
and consequently helps to improve the diagnostic performance of cytopathologists
REZENDE MT Lista de Figuras
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I32
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia
cervical34
Figura 3 Seguimento das mulheres com resultado citopatoloacutegico alterado43
Figura 4 Seguimento das mulheres com resultados falso-positivos (RFP) acordados
apoacutes a reuniatildeo de consenso44
REZENDE MT Lista de Tabelas
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso38
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso39
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
apoacutes o Consenso40
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso41
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o
Consenso41
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso42
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade43
REZENDE MT Abreviaturas
AGC Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas
ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode excluir
lesatildeo de alto grau
CCU Cacircncer do colo do uacutetero
DST Doenccedila sexualmente transmissiacutevel
ER Escrutiacutenio de rotina
HPV Papiloma viacuterus humano
HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
INCA Instituto Nacional do Cacircncer
LAPAC Laboratoacuterio Piloto de Anaacutelises Cliacutenicas
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau
MIQ Monitoramento interno da qualidade
MEQ Monitoramento externo da qualidade
PER Preacute-escrutiacutenio raacutepido
RFN Resultado falso-negativo
RFP Resultado falso-positivo
RR100 Revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
VPR Variaccedilatildeo Percentual Relativa
REZENDE MT Sumaacuterio
1- Introduccedilatildeo 12
2- Revisatildeo da Literatura 14
21 Cacircncer do colo do uacutetero 14
22 Exame citopatoloacutegico 16
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais 18
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado 20
23 Controle de qualidade em citopatologia 21
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia 23
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero 24
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia 25
3- Justificativa 29
4- Objetivos 30
41 Objetivo Geral 30
42 Objetivos especiacuteficos 30
5- Metodologia 31
51 Local de estudo 31
511 Monitoramento interno da qualidade 31
52 Tipo de estudo 33
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica 33
54 Monitoramento externo da qualidade 33
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados 35
56 Anaacutelise dos dados 36
6- Resultados 38
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 38
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos 42
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado 43
7- Discussatildeo 45
9- Consideraccedilotildees finais 54
10- Referecircncias 55
Apecircndices 66
Anexos 70
REZENDE MT Introduccedilatildeo
12
1- Introduccedilatildeo
O CCU eacute considerado mundialmente um grave problema de sauacutede puacuteblica
sendo o quarto tipo de cacircncer mais frequente entre as mulheres e responsaacutevel pelo oacutebito
de 266 mil mulheres em 2012 (WHO 2012) No Brasil estima-se para o ano de
20162017 a ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585
casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a) A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero ou Papanicolaou eacute a estrateacutegia mais adotada para o
rastreamento desta neoplasia sendo efetivo para detectar lesotildees precursoras que podem
ser tratadas permitindo a reduccedilatildeo nas taxas de incidecircncia e mortalidade (MORIN et al
2000 TOMASI et al 2015)
Um dos grandes desafios a ser superado em relaccedilatildeo ao exame citopatoloacutegico eacute a
elevada taxa de resultados falso-negativos (RFN) que o meacutetodo apresenta que podem
chegar ateacute a 62 (ATTWOOD et al 1985 KOSS 1989 GIILL 2005 AMARAL et
al 2008) Assim muitas mulheres natildeo satildeo diagnosticadas e continuam em risco de
desenvolver lesotildees precursoras do cacircncer do colo do uacutetero uma vez que natildeo receberam o
devido acompanhamento Por outro lado os resultados falso-positivos (RFP) tambeacutem
causam transtornos na vida das mulheres que muitas vezes se submetem a
procedimentos desnecessaacuterios (MITCHELL MEDLEY 1995 KIRSCHNER et al
2011 GULLO et al 2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Com o objetivo de aperfeiccediloar o exame citopatoloacutegico algumas estrateacutegias
corretivas de melhoria da qualidade tecircm sido desenvolvidas como os programas de
monitoramento interno da qualidade (MIQ) e monitoramento externo da qualidade
(MEQ) que visam identificar corrigir e diminuir as falhas dentro do laboratoacuterio de
citopatologia Dessa forma eacute possiacutevel melhorar a sensibilidade do meacutetodo em detectar
alteraccedilotildees citopatoloacutegicas resultando na reduccedilatildeo dos percentuais de RFN e RFP
(TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) O Ministeacuterio da Sauacutede em 2013
regulamentou o MIQ e o MEQ instituindo a Qualificaccedilatildeo Nacional em Citopatologia na
Prevenccedilatildeo do CCU (BRASIL 2013a) que definiu padrotildees para avaliar a qualidade do
exame atraveacutes do acompanhamento dos laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam
serviccedilo para o SUS
O MEQ compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio diferente
daquele que realizou a primeira leitura e tem como principal objetivo avaliar o
REZENDE MT Introduccedilatildeo
13
desempenho dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do colo uterino e fornecer educaccedilatildeo
continuada aos citopatologistas com o intuito de aprimorar o diagnoacutestico citopatoloacutegico
(FREITAS THULER 2012 AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio e
contemplam entre outras o monitoramento do preparo das lacircminas o tempo de
escrutiacutenio a carga de trabalho do citologista a revisatildeo dos esfregaccedilos e a implantaccedilatildeo
de sistema de indicadores de qualidade Dentre os meacutetodos de MIQ mais eficientes na
detecccedilatildeo de RFN cita-se a revisatildeo raacutepida de 100 (RR100) dos esfregaccedilos negativos
e o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) de todos os esfregaccedilos (TAVARES et al 2011 2014
BRASIL 2016b) A implementaccedilatildeo dos indicadores de qualidade eacute fundamental pois
permite comparar a situaccedilatildeo atual com metas desejadas assim eacute possiacutevel acompanhar o
comportamento do indicador apoacutes a realizaccedilatildeo de alguma intervenccedilatildeo auxiliando na
tomada de decisatildeo (BORTOLON et al 2012 PLEWKA et al 2014 BRASIL 2016b)
Aleacutem do monitoramento da qualidade dos exames citopatoloacutegicos a eficiecircncia
do rastreamento do CCU depende do seguimento adequado das mulheres com
resultados alterados mantendo no programa aquelas que devem repetir o exame ou
serem encaminhadas adequadamente para a colposcopia e bioacutepsia (ZOLA et al 2007
ALBUQUERQUE et al 2012) O seguimento permite que seja feito a correlaccedilatildeo do
diagnoacutestico citoloacutegico com a histologia que eacute uma importante ferramenta usada como
medida da garantia da qualidade e do desempenho dos laboratoacuterios de citopatologia
(ANSCHAU GONCcedilALVES 2011 TURKMEN et al 2013)
Portanto eacute imprescindiacutevel a implantaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ na rotina
dos laboratoacuterios de citopatologia pois satildeo parte integrante da estrateacutegia de garantia e
melhoria contiacutenua da qualidade com a finalidade de reduzir as falhas do exame
citopatoloacutegico garantindo agraves mulheres a prestaccedilatildeo de um serviccedilo seguro
Um dos principais motivos da ocorrecircncia dos RFN e RFP satildeo problemas
relacionados agrave interpretaccedilatildeo diagnoacutestica (GAY NALDSON GOELLNER 1985
RENSHAW 2003 COLEMAN POZNANSKY 2006 BRANCA LONGATTO-
FILHO 2015) Sendo assim este trabalho teve como objetivo comparar os exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero submetidos ao MEQ com o intuito de minimizar
divergecircncias diagnoacutesticas a fim de reduzir os RFN e RFP que satildeo um dos maiores
problemas enfrentados pelos laboratoacuterios de citopatologia
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
14
2- Revisatildeo da Literatura
21 Cacircncer do colo do uacutetero
Estimativas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede apontaram o cacircncer do colo do
uacutetero (CCU) como o responsaacutevel pelo oacutebito de 266 mil mulheres em 2012 e
aproximadamente 87 ocorreram nas regiotildees menos desenvolvidas (WHO 2012) No
Brasil ocupa a terceira posiccedilatildeo entre os dez tipos de cacircncer mais incidentes estimados
para 2016 por sexo exceto pele natildeo melanoma Estima-se para o ano de 20162017 a
ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585 casos a cada
100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
A taxa de incidecircncia do CCU estimada para 20162017 por regiatildeo brasileira sem
considerar os tumores de pele natildeo melanoma eacute a mais alta na regiatildeo Norte
apresentando 2397 novos casos por 100 mil mulheres Eacute o segundo mais incidente nas
regiotildees Centro-Oeste e Nordeste com 2072 e 1949 novos casos a cada 100 mil
mulheres respectivamente E na regiatildeo Sudeste estaacute na terceira posiccedilatildeo com 1130
novos casos a cada 100 mil mulheres e na regiatildeo Sul na quarta com 1517 novos casos
a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
Define-se o CCU como a replicaccedilatildeo desordenada do epiteacutelio de revestimento
deste oacutergatildeo resultando em comprometimento do estroma e invasatildeo de estruturas e
oacutergatildeos contiacuteguos ou agrave distacircncia Na fase preacute-cliacutenica desta neoplasia natildeo se observam
sintomas de maneira que a detecccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees precursoras eacute realizada pelo
exame citoloacutegico por outro lado agrave medida que a doenccedila progride surgem sangramento
menorragias e metrorragias (HAMONT et al 2008 LIMBERGER et al 2012)
O CCU eacute uma doenccedila que possui evoluccedilatildeo lenta onde a progressatildeo de uma
lesatildeo inicial para a forma invasiva pode levar anos sendo entatildeo possiacutevel identificar suas
formas precursoras que satildeo trataacuteveis e curaacuteveis (MEDEIROS et al 2005 COLEMAN
POZNANSKY 2006 RAMA et al 2008) Assim trata-se de uma doenccedila evitaacutevel
podendo apresentar 100 de cura principalmente atraveacutes do diagnoacutestico precoce
realizado pelo exame citopatoloacutegico e tratamento adequado de lesotildees preacute-malignas
(ZEFERINO et al 1996 ELUF-NETO NASCIMENTO 2001 SANTOS et al 2013)
A infecccedilatildeo pelo papiloma viacuterus humano (HPV) eacute uma das doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis mais comuns em todo mundo em ambos os sexos sendo que a maioria
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
15
das pessoas adquirem o viacuterus no iniacutecio da atividade sexual A infecccedilatildeo tem iniacutecio nas
ceacutelulas basais da zona de transformaccedilatildeo do colo do uacutetero e a maioria eacute controlada pela
resposta imune celular ocorrendo sua eliminaccedilatildeo espontacircnea em torno de dois anos
sem causar lesotildees e sintomas (ALMONTE et al 2010 GRAVITT et al 2011)
O HPV eacute considerado o principal fator de risco associado ao desenvolvimento
do CCU e a infecccedilatildeo persistente no trato reprodutivo de mulheres pode levar ao
surgimento de lesotildees preacute-neoplaacutesicas (DE SANJOSE et al 2007 2010
GUDLEVICIENE et al 2010) Satildeo descritos hoje aproximadamente 130 genoacutetipos do
HPV sendo que desses 40 podem infectar a mucosa genital Os tipos de HPV satildeo
classificados em viacuterus de alto ou baixo risco oncogecircnico conforme a propensatildeo das
ceacutelulas infectadas agrave transformaccedilatildeo neoplaacutesica (WEISS ROSENTHAL ZIMET 2011
FERRAZ SANTOS DISCACCIATI 2012) Aproximadamente 15 tipos de HPV tecircm
potencial oncogecircnico e satildeo responsaacuteveis por praticamente todos os cacircnceres cervicais e
lesotildees precursoras desses os mais prevalentes satildeo os HPV 16 e 18 sendo associados
com aproximadamente 70 de todos os cacircnceres do colo do uacutetero (MAZARICO
GONZALEZ-BOSQUETE 2012 HOSTE VOSSAERT POPPE 2013)
Sabe-se que somente a infecccedilatildeo pelo HPV natildeo eacute suficiente para o
desenvolvimento do carcinoma pois haacute um periacuteodo de latecircncia entre a infecccedilatildeo e o
desenvolvimento das lesotildees preacute-neoplaacutesicas indicando que existem outros elementos
atuando como co-fatores na carcinogecircnese do colo do uacutetero dentre os quais cita-se o
iniacutecio precoce da vida sexual muacuteltiplos parceiros sexuais multiparidade histoacuteria de
doenccedila sexualmente transmitida imunossupressatildeo uso prolongado de anticoncepcional
oral e tabagismo (NATUNEN et al 2011 ZARDO et al 2014)
Desde a infecccedilatildeo pelo HPV ateacute o desenvolvimento do CCU transcorrem
aproximadamente quinze anos Considera-se esta progressatildeo lenta sendo possiacutevel nesse
tempo a identificaccedilatildeo precoce de lesotildees celulares associadas com a persistecircncia deste
viacuterus no trato genital por meio da citologia cervical Assim haacute tempo para que as
lesotildees possam ser tratadas adequadamente impedindo a progressatildeo para o cacircncer
(SNIJDERS et al 2006 DISCACCIATI et al 2011 FERRAZ SANTOS
DISCACCIATI 2012)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
16
22 Exame citopatoloacutegico
A estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do CCU desde sua introduccedilatildeo
em 1941 por George Papanicolaou eacute o exame citopatoloacutegico sendo responsaacutevel pela
reduccedilatildeo da incidecircncia e mortalidade desse cacircncer nas uacuteltimas cinco deacutecadas em paiacuteses
em que foi implantado de maneira eficiente (PAPANICOLAOU TRAUT 1977
ARBYN et al 2009 DIJKSTRA et al 2014) O rastreio utilizando a citologia
esfoliativa eacute considerado uma intervenccedilatildeo de sauacutede puacuteblica extremamente bem-
sucedida de forma que praticado de acordo com as diretrizes alcanccedila reduccedilotildees na
incidecircncia do CCU de ateacute 80 (FRANCO DUARTE-FRANCO FERENCZY 2001
OGILVIE et al 2010) Aleacutem disso mais de 60 de todos os casos de CCU satildeo
observados entre as mulheres que natildeo participam do rastreamento (STENVALL
WIKSTROM WILANDER 2007)
O exame citopatoloacutegico baseia-se no fato de que alteraccedilotildees nas ceacutelulas epiteliais
do colo uterino podem progredir ao longo do tempo permitindo o surgimento do
cacircncer Sendo assim o Papanicolaou eacute estrateacutegico para detecccedilatildeo dessas alteraccedilotildees nas
fases iniciais das lesotildees precursoras (CARVALHO QUEIROZ 2010) Eacute um exame
faacutecil raacutepido praacutetico seguro de baixo custo e eficaz na detecccedilatildeo de lesotildees cervicais e
por isso deve ser incentivado como meacutetodo de triagem (GREENWOOD MACHADO
SAMPAIO 2006 OLIVEIRA et al 2010 COBUCCI et al 2016)
Os procedimentos mais usados para a confecccedilatildeo dos esfregaccedilos para o exame
citopatoloacutegico satildeo a coleta convencional ou em meio liacutequido (ARBYN et al 2008
NANDINI et al 2012) A teacutecnica de citologia em meio liacutequido permite que as ceacutelulas
sejam suspensas em meio liacutequido e espalhadas em monocamada possibilitando assim
uma melhor avaliaccedilatildeo morfoloacutegica e tem sido introduzida nos paiacuteses desenvolvidos para
melhorar a sensibilidade do exame citopatoloacutegico (PAWAR et al 2014) Apesar deste
meacutetodo apresentar menos tempo de triagem fundo limpo e melhor distribuiccedilatildeo dos
elementos celulares os benefiacutecios natildeo justificam o alto custo assim a coleta
convencional deve ser a primeira escolha para os paiacuteses em desenvolvimento pois
quando realizado de maneira organizada e de acordo com os padrotildees de qualidade natildeo eacute
inferior a citologia em meio liacutequido (ILTER et al 2012 SHARMA et al 2016)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a coleta convencional Neste tipo de coleta o
espeacuteculo eacute introduzido no canal vaginal para expor o colo do uacutetero e satildeo utilizados a
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
17
espaacutetula de Ayre para a coleta de ceacutelulas da ectoceacutervice e a escova endocervical para
coleta de ceacutelulas da endoceacutervice (ARBYN et al 2008 VERMA JAIN KAUR 2014)
As ceacutelulas satildeo colocadas em uma lacircmina transparente de vidro com extremidade fosca
onde consta identificaccedilatildeo da paciente satildeo coradas e examinadas ao microscoacutepio pelos
profissionais habilitados que poderatildeo identificar ceacutelulas que apresentam alteraccedilotildees
indicativas de lesotildees preacute-malignas (ARBYN et al 2008 FERNANDES et al 2009
BRASIL 2011)
No Brasil a populaccedilatildeo alvo recomendada para a realizaccedilatildeo deste exame satildeo
mulheres na faixa etaacuteria de 25 ateacute os 64 anos de idade e agravequelas que jaacute iniciaram a vida
sexual Recomenda-se a realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico como ferramenta
de rastreamento sendo que deve ser repetido a cada trecircs anos apoacutes dois exames anuais
consecutivos normais A repeticcedilatildeo em um ano tem por objetivo diminuir a possibilidade
de RFN (RIBEIRO SANTOS TEIXEIRA 2011 BRASIL 2016c) Este
acompanhamento regular tem como base os programas de rastreamento organizados na
maioria dos paiacuteses desenvolvidos (FERLAY et al 2012)
Em estudo envolvendo oito paiacuteses realizado pela International Agency for
Research on Cancer (IARC) em 1986 servindo de suporte para normas ainda hoje
vigente mundialmente estimou-se que ao iniciar o rastreamento aos 25 anos de idade e
natildeo aos 20 anos perde-se apenas 1 de reduccedilatildeo da incidecircncia cumulativa do CCU
(IARC 1986 BRASIL 2011) Mulheres de ateacute 20 anos de idade natildeo estatildeo incluiacutedas na
faixa etaacuteria alvo do rastreamento pois possuem maior probabilidade de regressatildeo das
lesotildees preacute-invasivas o carcinoma invasor nesta parcela da populaccedilatildeo em geral eacute
extremamente raro e a maioria das infecccedilotildees pelo HPV se resolve espontaneamente em
cerca de dois anos sendo portanto de reduzida significacircncia cliacutenica (MOSCICKI
2008 MOSCICKI COX 2010) Os exames devem seguir ateacute os 64 anos e apoacutes essa
idade serem interrompidos quando resultarem em dois exames negativos consecutivos
nos uacuteltimos cinco anos (SASIENI CASTANtildeON CUZICK 2010 BRASIL 2011)
O rastreamento no Brasil eacute predominantemente oportuniacutestico ou seja as
mulheres tecircm realizado o exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero quando procuram os
serviccedilos de sauacutede geralmente devido a consulta meacutedica gravidez e diante de queixas
como prurido e leucorreacuteia Assim 20 a 25 dos exames tecircm sido realizados fora do
grupo etaacuterio recomendado e aproximadamente metade deles com intervalo de um ano
ou menos quando o recomendado satildeo trecircs anos Portanto haacute um contingente de
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
18
mulheres rastreadas e a exclusatildeo de outras (ZEFERINO 2008 NAVARRO et al 2015
BRASIL 2016c)
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais
George N Papanicolaou em 1941 criou a primeira terminologia de
classificaccedilatildeo citoloacutegica das lesotildees precursoras do CCU que procurava expressar se as
ceacutelulas observadas eram normais ou natildeo e desde entatildeo vaacuterios sistemas de classificaccedilatildeo
foram sugeridos (TRAUT PAPANICOLAOU 1943 AGUIAR et al 2011)
Nos Estados Unidos em 1988 foi realizada na cidade de Bethesda um workshop
que enfatizou a grande diversidade na comunicaccedilatildeo dos resultados em citologia
cervical e teve como objetivo determinar uma terminologia que daria limites evidentes
para a gestatildeo e dessa maneira reduziria a variabilidade interobservador Entatildeo nesse
ano foi aprovada a classificaccedilatildeo citoloacutegica conhecida como Terminologia do Sistema
Bethesda que introduziu os termos lesotildees intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e
alto grau (HSIL) (NAYAR WILBUR 2015a)
Apoacutes experiecircncia na praacutetica cliacutenica e novos avanccedilos no conhecimento
cientiacutefico esse sistema passou por revisatildeo em 1991 e 2001 que propocircs uniformizar as
terminologias assim como as condutas cliacutenicas para cada classificaccedilatildeo citoloacutegica
(AGUIAR et al 2011) O workshop de 1991 levou agrave produccedilatildeo do primeiro atlas
Bethesda em 1994 depois de sua publicaccedilatildeo tornou-se rapidamente uma referecircncia
mundial para a praacutetica da citologia cervical (SOLOMON et al 2002 NAYAR
WILBUR 2015a) Em 2001 aconteceu mudanccedilas marcantes em relaccedilatildeo agrave categoria de
Ceacutelulas Escamosas Atiacutepicas (ASC) A categoria ASC foi subdividida em ceacutelulas
escamosas atiacutepicas de significado indeterminado (ASC-US) e ceacutelulas escamosas
atiacutepicas quando natildeo se pode excluir lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
(WRIGHT et al 2002 MASSAD et al 2013) Nos Estados Unidos em 2013 855
dos laboratoacuterios de citologia haviam implementado a terminologia de 2001 e o
sistema de Bethesda produziu um impacto significativo na comunidade
internacional de citopatologia (DAVEY et al 2004)
Nos uacuteltimos anos vecircm acontecendo vaacuterias mudanccedilas nos processos de rastreio
do CCU como aumento do uso de citologia em meio liacutequido aprovaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de vacinas profilaacuteticas contra o HPV mudanccedilas na terminologia de
histopatologia e diretrizes atualizadas para o rastreio do CCU e gestatildeo cliacutenica Com
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
19
base em todas essas mudanccedilas o ano de 2014 era o momento adequado para uma
revisatildeo e atualizaccedilatildeo da terminologia Sistema de Bethesda 2001 Houve entatildeo o
refinamento de criteacuterios morfoloacutegicos e incorporaccedilatildeo de revisotildees e novas
informaccedilotildees adicionais na terceira ediccedilatildeo do atlas Bethesda para citologia cervical
(NAYAR WILBUR 2015b)
Em 2003 foi publicada a primeira ediccedilatildeo da Nomenclatura Brasileira para
Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais e Condutas Cliacutenicas Preconizadas baseada no
sistema de Bethesda contendo tambeacutem o MEQ com o objetivo de padronizar o laudo
citopatoloacutegico com as respectivas condutas cliacutenicas e manter o controle de qualidade
desses laudos emitidos pelos laboratoacuterios prestadores de serviccedilo ao Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SUS) No ano de 2006 houve a publicaccedilatildeo da segunda ediccedilatildeo dessa
nomenclatura e foi suprimido o capiacutetulo referente ao MEQ porque esse tema merecia
uma profunda revisatildeo No ano de 2010 optou-se por lanccedilar como publicaccedilotildees
independentes os trecircs capiacutetulos de Condutas Cliacutenicas Preconizadas MEQ e da
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais (BRASIL 2012)
Em 2012 foi publicada a terceira ediccedilatildeo revisada e atualizada da Nomenclatura
Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais que eacute a nomenclatura utilizada
atualmente no Brasil contemplando a seguinte classificaccedilatildeo
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (ASC-US)
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir
lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (AGC-SOE)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode afastar
lesatildeo intraepitelial de alto grau (AGC-NEO)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL)
bull Adenocarcinoma in situ (AIS)
bull Adenocarcinoma invasor (cervical endometrial e sem outras especificaccedilotildees)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau natildeo podendo excluir microinvasatildeo
bull Carcinoma epidermoacuteide invasor
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
20
A adoccedilatildeo do Sistema de Bethesda ainda que adaptado ao Brasil facilita a
comparaccedilatildeo de resultados nacionais com os encontrados em publicaccedilotildees estrangeiras
Poreacutem ainda haacute resistecircncia por parte dos citopatologistas no emprego da nomenclatura
brasileira para exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero Ressalta-se que aleacutem do
diagnoacutestico preciso tambeacutem eacute importante que o relatoacuterio de apresentaccedilatildeo dos resultados
seja de faacutecil compreensatildeo para que a paciente receba seguimento e conduta adequada
dessa forma maiores esforccedilos devem ser empregados no sentido de estimular o uso
dessa nomenclatura (AGUIAR et al 2011)
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado
Em 2011 houve atualizaccedilatildeo das Condutas Cliacutenicas Preconizadas de 2006 e entatildeo
foram lanccediladas as ldquoDiretrizes para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo que
buscaram orientar as condutas preconizadas em mulheres com alteraccedilotildees no exame
citopatoloacutegico cervical (BRASIL 2011)
De acordo com essas diretrizes diante de um resultado de exame citopatoloacutegico
de ASC-US a mulher com 30 anos ou mais deveraacute repetir o exame citopatoloacutegico em
um intervalo de 6 meses e com idade inferior a 30 anos no intervalo de 12 meses Para
os exames com resultados classificados como ASC-H as mulheres devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e se observado alteraccedilotildees
colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia jaacute aquelas sem alteraccedilotildees devem repetir nova
citologia em 6 meses Pacientes com diagnoacutestico citoloacutegico de AGC devem ser
encaminhadas para colposcopia realiza-se a bioacutepsia apenas quando satildeo observadas
alteraccedilotildees no colo caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia em 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de LSIL devem repetir o exame citopatoloacutegico em 6
meses se a citologia de repeticcedilatildeo for negativa em dois exames consecutivos a paciente
deve retornar agrave rotina de rastreamento citoloacutegico trienal Pacientes que apresentarem
diagnoacutestico de HSIL deveratildeo ser encaminhadas em ateacute trecircs meses agrave Unidade de
Referecircncia Secundaacuteria para realizaccedilatildeo da bioacutepsia se observada alteraccedilotildees no colo na
colposcopia (BRASIL 2011)
No ano de 2016 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a segunda ediccedilatildeo das ldquoDiretrizes
para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo atualizando as diretrizes publicadas em
2011 visando auxiliar os profissionais da sauacutede em suas praacuteticas assistenciais em todo o
paiacutes quanto ao seguimento de exames citopatoloacutegicos alterados e apoiar os gestores na
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
21
tomada de decisatildeo em relaccedilatildeo agrave estruturaccedilatildeo da linha de cuidados da mulher (BRASIL
2016c)
De acordo com as diretrizes mais recentes as mulheres com diagnoacutestico de ASC-
US abaixo de 25 anos de idade devem repetir o exame apoacutes 3 anos aquelas entre 25 e
29 anos devem repetir em 12 meses enquanto as mulheres acima de 30 anos devem
repetir a citologia apoacutes 6 meses Mulheres com diagnoacutestico de ASC-H devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e somente aquelas que
apresentam alteraccedilotildees colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia sendo que as demais
devem repetir a citologia apoacutes 6 meses Em mulheres com diagnoacutestico de ceacutelulas
glandulares atiacutepicas (AGC) ou ceacutelulas atiacutepicas de origem indefinida a paciente deve ser
imediatamente encaminhada para colposcopia onde faz-se a bioacutepsia apenas quando satildeo
observadas alteraccedilotildees caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia Na
presenccedila do diagnoacutestico LSIL em mulheres abaixo de 25 anos de idade sugere-se repetir
o exame citopatoloacutegico apoacutes 3 anos com indicaccedilatildeo de colposcopia caso a atipia se
mantenha E mulheres acima de 25 anos de idade devem repetir a citologia apoacutes 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de HSIL devem ser encaminhadas para realizaccedilatildeo de
colposcopia ateacute trecircs meses apoacutes o resultado e caso apresentem alteraccedilotildees visuais no
colo do uacutetero deveratildeo ser submetidas a bioacutepsia caso contraacuterio recomenda-se nova
citologia apoacutes trecircs meses a contar da data da coleta da citologia anterior (BRASIL
2016c)
Um dos maiores problemas enfrentado pelo programa de rastreamento e controle
do CCU eacute a falta de seguimento dado as mulheres depois que realizam o exame
citopatoloacutegico bem como a orientaccedilatildeo errocircnea por parte dos profissionais de sauacutede
Portanto para que o programa tenha sucesso eacute necessaacuterio garantir que seja organizado e
definido como um conjunto de accedilotildees programadas com populaccedilatildeo e periodicidade
especiacuteficas porque com o seguimento pode-se oferecer um tratamento adequado
interrompendo o desenvolvimento desse cacircncer (VALE et al 2010 ALBUQUERQUE
et al 2012 SANTOS et al 2013)
23 Controle de qualidade em citopatologia
O exame citopatoloacutegico necessita apresentar uma boa acuraacutecia diagnoacutestica
(MILLER et al 2000 KOSE NAKI 2014 ABUDUKADEER et al 2015) No
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
22
entanto questiona-se sua eficiecircncia pois certo nuacutemero de mulheres desenvolve esse
cacircncer apesar de realizarem o exame periodicamente em parte essa situaccedilatildeo pode ser
explicada pelas altas taxas de RFN (MITCHELL MEDLEY 1995 TAVARES et al
2008 KIRSCHNER et al 2011) Aleacutem disso os RFP tambeacutem satildeo alarmantes pois
geram danos agrave vida de mulheres na medida que se sujeitam a procedimentos
dispensaacuteveis (KOSS 1989 FRABLE 2007 GULLO et al 2012)
As principais causas dos RFN ocorrem devido a erros de coleta de escrutiacutenio e
de interpretaccedilatildeo do diagnoacutestico (BOSCH RIETVELD-SCHEFFERS BOON 1992
MITCHELL MEDLEY 1995 ORTIZ-VAacuteZQUEZ et al 2001 FRABLE et al 2007
MANRIQUE et al 2009) Erros na coleta do material citoloacutegico podem ser
responsaacuteveis por ateacute 62 dos RFN e ocorrem devido agrave falta de representatividade
celular ou escassez de ceacutelulas neoplaacutesicas e tambeacutem pela presenccedila de processo
inflamatoacuterio sangue e fundo necroacutetico nos esfregaccedilos que podem prejudicar a anaacutelise
(VAN DER et al 1987 EJERSBO DAHL HOLUND 2003 AMARAL et al 2006
AMARAL et al 2008 LONNBERG et al 2010) O erro de escrutiacutenio varia de 10 a
67 e ocorre quando as ceacutelulas atiacutepicas estatildeo presentes no esfregaccedilo mas natildeo satildeo
identificadas pelo escrutinador devido agrave falta de atenccedilatildeo e concentraccedilatildeo tempo
insuficiente e falta de experiecircncia (DEMAY 1997 PITTOLI et al 2003 PAJTLER et
al 2006 AMARAL et al 2008) O erro de interpretaccedilatildeo pode ser responsaacutevel por ateacute
22 dos RFN e ocorre quando as ceacutelulas neoplaacutesicas satildeo reconhecidas mas satildeo
identificadas como benignas ou ainda satildeo classificadas erroneamente isso eacute atribuiacutedo
principalmente agrave experiecircncia insuficiente do profissional e informaccedilotildees cliacutenicas
inadequadas (GAY NALDSON GOELLNER 1985 RENSHAW 2003 COLEMAN
POZNANSKY 2006 AMARAL et al 2008)
Dessa forma tem sido exigido a implementaccedilatildeo de programas de monitoramento
da qualidade em citopatologia com o objetivo de melhorar o desempenho do exame
citopatoloacutegico em detectar anormalidades escamosas e glandulares e
consequentemente diminuir os percentuais de RFN e RFP que satildeo resultados
preocupantes tanto para a mulher quanto para os custos dos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(PAJTLER et al 2006 TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) A fim de
minimizar as falhas deste exame vaacuterias estrateacutegias corretivas de garantia da qualidade
tecircm sido desenvolvidas como a implementaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ nos
laboratoacuterios de citopatologia (PEREIRA et al 2006 AacuteZARA et al 2014a)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
23
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio de
citopatologia contemplam na fase preacute-analiacutetica atividades realizadas antes do
escrutiacutenio e incluem o registro do material recebido a preparaccedilatildeo a coloraccedilatildeo e a
montagem das lacircminas a manutenccedilatildeo dos equipamentos e microscoacutepios aleacutem dos
registros da qualificaccedilatildeo e treinamento dos profissionais (BRASIL 2016b) Na fase
analiacutetica o objetivo eacute a reduccedilatildeo de erros de escrutiacutenio ou de erros de interpretaccedilatildeo do
resultado com o intuito de diminuir os iacutendices de RFN e RFP algumas das medidas
contemplam o tempo de escrutiacutenio carga de trabalho do citologista e revisatildeo dos
esfregaccedilos (TAVARES et al 2007) O monitoramento contiacutenuo da qualidade dos
resultados dos exames citopatoloacutegicos imprescindiacutevel para o laboratoacuterio faz parte da
fase poacutes-analiacutetica em que eacute avaliada o desempenho global e individual dos profissionais
(AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
Por muitos anos vaacuterias discussotildees ocorreram na tentativa de apontar o melhor
meacutetodo de MIQ para a citologia cervical (DUDDING RENSHAW ELLIS 2011)
Considerado como consenso entre os especialistas na aacuterea a repeticcedilatildeo da leitura de
todos os esfregaccedilos classificados como negativos no escrutiacutenio de rotina eacute o meacutetodo
mais preciso para evitar erros no rastreio poreacutem este meacutetodo eacute dispendioso exigindo
muito tempo para a leitura em duplicata (TAVARES et al 2011)
Dentre os meacutetodos de MIQ cita-se a revisatildeo aleatoacuteria de 10 dos esfregaccedilos
negativos pelo escrutiacutenio de rotina (R-10) a revisatildeo baseada em criteacuterios cliacutenicos de
risco (RCCR) a revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos (RR100) e o preacute-
escrutiacutenio raacutepido (PER) Os meacutetodos de PER e RR100 satildeo considerados os mais
eficazes na detecccedilatildeo de RFN (MANRIQUE et al 2007 2011 TAVARES et al 2011
BRASIL 2016b) O meacutetodo de revisatildeo de 10 dos esfregaccedilos negativos eacute criticado
pois detecta poucos casos RFN assim como a RCCR que tambeacutem tem produzido
resultados ruins em vaacuterios estudos (AMARAL et al 2005 TAVARES et al 2008
TAVARES et al 2011 CURRENS et al 2012)
A RR100 consiste em revisar rapidamente todos os esfregaccedilos classificados
como negativos e insatisfatoacuterios do escrutiacutenio de rotina poreacutem como o revisor possui
conhecimento do resultado pode tornar o meacutetodo tendencioso reduzindo sua
concentraccedilatildeo e aumentando a possibilidade de deixar passar erros (PAJTLER et al
2006 MANRIQUE et al 2007) O PER consiste no escrutiacutenio raacutepido de todos os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
24
esfregaccedilos sem influecircncia de marcaccedilotildees sobre a lacircmina durante um tempo limitado
antes do escrutiacutenio de rotina e eacute um meacutetodo que tende a prender a atenccedilatildeo do
citologista jaacute que eacute realizado anterior a leitura de rotina aleacutem de permitir que a
sensibilidade de ambos PER e ER seja estimada (DJEMLI KHETANI AUGER
2006 TAVARES et al 2008)
Portanto eacute de extrema importacircncia a implementaccedilatildeo de accedilotildees de garantia da
qualidade na rotina dos laboratoacuterios de citopatologia pois permitem aprimorar o exame
citopatoloacutegico assegurando resultados confiaacuteveis (FERRAZ et al 2005 SIEGL et al
2014)
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
O sistema de monitoramento da qualidade tambeacutem deve comtemplar o
desenvolvimento e implantaccedilatildeo de sistema de indicadores de qualidade pois permitem
avaliar o desempenho global do laboratoacuterio realizar anaacutelise estatiacutestica individual dos
profissionais bem como utilizar os dados obtidos para a realizaccedilatildeo de intervenccedilotildees para
aperfeiccediloamento das etapas laboratoriais (SIEGL et al 2014 AacuteZARA et al 2014b)
Os indicadores de qualidade em citopatologia cervical possuem caracteriacutesticas
que satildeo muito importantes para que possam ser uacuteteis como ferramentas de apoio para o
monitoramento e a avaliaccedilatildeo do desempenho do laboratoacuterio Entre elas destacam-se a
facilidade de compreensatildeo uso de dados de coleta disponiacutevel e faacutecil execuccedilatildeo
mensuram os resultados encontrados permitindo comparaccedilatildeo com valores de referecircncia
preacute-estabelecidos refletem exatamente o que se deseja quantificar viabilizando assim
uma anaacutelise comparativa dos resultados para uma melhoria contiacutenua dos processos
internos do laboratoacuterio (BRASIL 2016b)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda que a coleta dos dados deve ser realizada
pelos profissionais envolvidos nas diversas etapas do processo de trabalho pois a
responsabilizaccedilatildeo dos profissionais pela obtenccedilatildeo dos dados tende a gerar compromisso
deles com os resultados almejados assim os dados tendem a ser de melhor qualidade
(BRASIL 2016b) Portanto a construccedilatildeo de tais indicadores para auxiliar o programa
de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo uacutetero deve ser feita internamente no
laboratoacuterio e satildeo mundialmente conhecidos pelos profissionais dessa aacuterea (BRASIL
2016b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
25
Os indicadores de qualidade incluem o iacutendice de positividade (IP) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ASCSat) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt) razatildeo de ceacutelulas
escamosas atiacutepicas por lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) percentual de exames
compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSILSat) (BORTOLON et
al 2012 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b)
O IP expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares nos exames aleacutem da
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo examinada
e recomenda-se que esteja entre 3 e 10 O ASCSat deve ficar entre 4 e 5 e quando
elevado sugere problemas na amostra na anaacutelise laboratorial ou em ambas as fases e
representa um ocircnus para a mulher e para a rede assistencial pois acarreta a oferta de um
maior nuacutemero de exames destinados agrave repeticcedilatildeo para investigaccedilatildeo diagnoacutestica O
ASCAlt deve ser inferior a 60 e tem o objetivo de monitorar ao percentual de atipias
de significado indeterminado para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo continuada dos
citopatologistas A razatildeo ASCSIL permite identificar o baixo desempenho profissional
no rastreamento e valores muito altos devem ter a causa investigada pois podem mostrar
a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios citoloacutegicos utilizados sendo que este indicador
deve ser menor que 3 O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees
precursoras do CCU e recomenda-se que seja igual ou maior que 04 (PLEWKA et
al 2014 BRASIL 2016b)
Os documentos gerados na elaboraccedilatildeo e o registro perioacutedico dos indicadores de
qualidade devem ser armazenados para permitir o acompanhamento dos processos
analisados e devem fazer parte do conjunto de documentos que compotildeem o Sistema de
Monitoramento da Qualidade do laboratoacuterio Eacute importante que esse material seja
armazenado em local de faacutecil acesso com o objetivo de facilitar as consultas sempre
que for necessaacuterio Recomenda-se que sejam feitos mensalmente e impressos com
assinatura do profissional responsaacutevel (BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia
Haacute deacutecadas o Brasil tem adotado medidas para garantia da qualidade dos exames
citopatoloacutegicos Em 1998 foi instituiacutedo o Programa Nacional de Controle do Cacircncer de
Colo de Uacutetero pela portaria GMMS nordm 3040 que reconheceu que o exame
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
26
citopatoloacutegico do colo uterino eacute uma avaliaccedilatildeo qualitativa que dependente da
interpretaccedilatildeo do observador e que essa subjetividade precisa ser minimizada portanto o
monitoramento da qualidade eacute importante para a garantia do serviccedilo prestado agrave
populaccedilatildeo feminina (BRASIL 1998)
O Ministeacuterio da Sauacutede em 2001 por meio da Portaria SPSSAS nordm 92 preconizou
que todos os laboratoacuterios que realizam exames citopatoloacutegicos para o SUS deveriam
submeter-se ao Programa de Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ) poreacutem o
programa de responsabilidade das coordenaccedilotildees estaduais natildeo havia sido implantado
em todo paiacutes Esse programa foi regulamentado em 2013 atraveacutes da Qualificaccedilatildeo
Nacional em Citopatologia na Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2010
BRASIL 2013a)
A Portaria Qualicito definiu que os gestores estaduais e municipais devem
gerenciar o programa acompanhando o desempenho dos laboratoacuterios participantes que
foram classificados em Tipo I e Tipo II Satildeo considerados Laboratoacuterios Tipo I os
laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam serviccedilo ao SUS e que realizam exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero e os Laboratoacuterios Tipo II os laboratoacuterios puacuteblicos
responsaacuteveis por realizar os exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no acircmbito do
MEQ aleacutem de poderem realizar as accedilotildees dos Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2013a)
O MEQ eacute parte integrante da estrateacutegia de garantia da qualidade em citopatologia
e tem por finalidade avaliar o desempenho dos Laboratoacuterios Tipo I e a qualidade dos
exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero detectar as diferenccedilas de interpretaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos aumentar a eficiecircncia do processo de realizaccedilatildeo dos exames
citopatoloacutegicos aleacutem de reduzir o percentual de RFN RFP e insatisfatoacuterios (BRASIL
2016)
Em 1999 foi instituiacutedo o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero
(SISCOLO) com objetivo de armazenar dados sobre identificaccedilatildeo da mulher
informaccedilotildees demograacuteficas epidemioloacutegicas e dos exames citopatoloacutegicos e
histopatoloacutegicos realizados pelo SUS (GIRIANELLI THULER SILVA 2009
(BRASIL 2016c) Em 2011 foi lanccedilado o Plano Nacional de Fortalecimento da Rede de
Prevenccedilatildeo que permitiu o desenvolvimento do Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer
(SISCAN) substituindo o SISCOLO poreacutem a implementaccedilatildeo do sistema estaacute sendo
lenta e gradual (BRASIL 2013b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
27
Portanto eacute o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer (SISCAN) que seleciona do
Laboratoacuterio Tipo I todos os exames positivos e insatisfatoacuterios e 10 dos negativos para
serem enviados ao Laboratoacuterio Tipo II de acordo com o estabelecido na Portaria
Qualicito (BRASIL 2013a) A lista deve ser enviada com a relaccedilatildeo dos casos
selecionados pelo sistema juntamente com as lacircminas solicitadas e os respectivos
laudos servindo como recibo de transferecircncia de responsabilidade de guarda das
lacircminas para o Laboratoacuterio Tipo II e para controle de devoluccedilatildeo ao laboratoacuterio de
origem (BRASIL 2016b)
Entatildeo o conjunto de accedilotildees realizadas pelo Laboratoacuterio Tipo II visa agrave avaliaccedilatildeo da
qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero dos Laboratoacuterios Tipo I e
contemplam duas fases a preacute-analiacutetica e analiacutetica Na primeira o Laboratoacuterio Tipo II
verifica os procedimentos teacutecnicos e informa a qualidade da confecccedilatildeo do esfregaccedilo
fixaccedilatildeo coloraccedilatildeo montagem e contaminaccedilatildeo das amostras E a fase analiacutetica consiste
em uma revisatildeo dos esfregaccedilos citopatoloacutegicos por profissionais habilitados e o
diagnoacutestico final eacute firmado por consenso entre os citopatologistas do Laboratoacuterio Tipo
II (PEREIRA et al 2006 BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
Os exames discordantes seratildeo comunicados ao Laboratoacuterio Tipo I que poderaacute
recorrer da opiniatildeo do Laboratoacuterio Tipo II caso natildeo concorde com o parecer dos
revisores buscando o consenso Caso concorde caberaacute ao Laboratoacuterio Tipo I enviar o
laudo de revisatildeo agraves regionais ao municiacutepio ou agrave Unidade Baacutesica de Sauacutede (UBS)
mencionando que esse laudo foi realizado em conjunto com o Laboratoacuterio Tipo II de
referecircncia Caso natildeo haja consenso entre os Laboratoacuterios Tipos I e II poderaacute ser
solicitada a avaliaccedilatildeo por outro Laboratoacuterio Tipo II em acordo com a Coordenaccedilatildeo
Estadual eou Municipal (BRASIL 2016b)
A estatiacutestica para a avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo
II eacute o Kappa Ponderado devido a necessidade de se atribuiacuterem diferentes pesos para as
discordacircncias aleacutem da frequecircncia de RFN RFP e retardo de conduta Assim uma atipia
de significado indeterminado que recebeu equivocadamente um laudo de LSIL teraacute um
peso menor na construccedilatildeo do Kappa que uma HSIL que recebeu um laudo negativo
(BRASIL 2012) Os laboratoacuterios com iacutendices diagnoacutesticos abaixo de dois desvios
padrotildees da meacutedia estadual eou iacutendice Kappa de correlaccedilatildeo em niacutevel ruim seratildeo
considerados fora dos paracircmetros recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
28
Laboratoacuterios Tipo I nessa situaccedilatildeo seratildeo notificados e monitorados pelos Laboratoacuterios
Tipo II para alcanccedilar o iacutendice esperado (BRASIL 2016b)
Dessa forma os Laboratoacuterios Tipo I devem enviar regularmente todas as lacircminas e
laudos dos exames selecionados para o Laboratoacuterio Tipo II analisar os casos de
discordacircncia buscando o consenso com o Laboratoacuterio Tipo II promover educaccedilatildeo
continuada para uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos minimizar as natildeo
conformidades encontradas na rotina do laboratoacuterio diminuir os RFN e RFP e avaliar o
desempenho profissional da equipe Os Laboratoacuterios Tipo II devem fazer contato e dar
retorno aos Laboratoacuterios Tipo I comunicando o quanto antes sobre os resultados dos
exames citopatoloacutegicos discordantes e discutir caso a caso buscando o consenso apoiar
as coordenaccedilotildees estadual e municipal na interface com os laboratoacuterios que realizam
exames para o SUS e proporcionar educaccedilatildeo permanente por meio de sessotildees interativas
regulares para os Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2016b)
Diversos estudos tecircm considerado o MEQ um programa eficiente no
aperfeiccediloamento do exame citopatoloacutegico uma vez que a discussatildeo dos casos
discordantes para se chegar a um consenso dos resultados etapa fundamental do
programa possibilita a uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados na
detecccedilatildeo das lesotildees precursoras do CCU o que reflete na reduccedilatildeo dos RFN e RFP
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 FREITAS THULER 2012 AacuteZARA
et al 2013 2014a 2016 BRASIL 2016b)
REZENDE MT Justificativa
29
3- Justificativa
Um dos principais motivos da ocorrecircncia de RFN e RFP no exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero eacute a variabilidade inter e intra observador na
interpretaccedilatildeo dos diagnoacutesticos dessa forma para a garantia da qualidade se faz
necessaacuterio a implantaccedilatildeo de MIQ e MEQ nos laboratoacuterios de citopatologia (FRABLE
et al 2007 MANRIQUE et al 2009 AacuteZARA et al 2014a) Este estudo foi
realizado com o intuito de avaliar o impacto do MEQ em laboratoacuterio de citopatologia
para minimizar as divergecircncias diagnoacutesticas e erros dentro dos processos do laboratoacuterio
a fim de reduzir os RFN e RFP Investindo na identificaccedilatildeo e retificaccedilatildeo das falhas eacute
possiacutevel que seja assegurado o melhor serviccedilo possiacutevel agrave mulher que receberaacute
seguimento e tratamento adequado
REZENDE MT Objetivos
30
4- Objetivos
41 Objetivo Geral
Comparar os resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do
municiacutepio de Ouro Preto MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade
42 Objetivos especiacuteficos
- Verificar a frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
- Avaliar a concordacircncia diagnoacutestica frequecircncia de casos discordantes falso-negativos
falso-positivos e retardo de conduta entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar o resultado do seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
do monitoramento externo da qualidade incluindo os RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de
consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes o monitoramento externo da qualidade
REZENDE MT Metodologia
31
5- Metodologia
51 Local de estudo
Este trabalho foi desenvolvido no setor de citologia do Laboratoacuterio Piloto de
Anaacutelises Cliacutenicas (LAPAC) da Escola de Farmaacutecia da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP) Por se tratar de estudo baseado em resultados de exames coletados em
2013 e 2014 que estatildeo disponiacuteveis publicamente atraveacutes do SISCOLO natildeo foi
necessaacuterio a submissatildeo ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
O setor de citologia deste laboratoacuterio eacute composto por 5 citopatologistas 2
bolsistas 1 teacutecnica e 2 assistentes administrativos Neste laboratoacuterio estatildeo disponiacuteveis
microscoacutepios NiKon E 200 para escrutiacutenio dos esfregaccedilos bateria de coloraccedilatildeo e
material para montagem das lacircminas microscoacutepio de 5 cabeccedilas para discussatildeo de casos
e 3 computadores para parte administrativa O setor de citologia deste laboratoacuterio atende
uma rotina de exames citopatoloacutegicos colhidos nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS)
de Ouro Preto MG que desde 2013 eacute o uacutenico Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio que
presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
511 Monitoramento interno da qualidade
Os meacutetodos de monitoramento interno da qualidade utilizados na rotina pelo
Laboratoacuterio Tipo I satildeo o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) e a revisatildeo raacutepida de 100 dos
esfregaccedilos negativos (RR100) e cada etapa de leitura da lacircmina eacute realizada por
citopatologistas diferentes em um esquema de rodiacutezio (Figura 1) Inicialmente todos os
esfregaccedilos citopatoloacutegicos adequados para a anaacutelise microscoacutepica satildeo submetidos ao
PER e os resultados satildeo classificados como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio e
registrados na planilha de PER (Apecircndice A) Posteriormente eacute realizado o escrutiacutenio de
rotina (ER) pelo segundo citopatologista que apoacutes a leitura detalhada classifica os
resultados de acordo com a nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos baseada
no Sistema de Bethesda 2001 (SOLOMON NAYAR 2004) anotando o diagnoacutestico no
verso da requisiccedilatildeo (Anexo 1) Em seguida todas as lacircminas consideradas negativas
pelo escrutiacutenio de rotina satildeo encaminhadas para um terceiro citologista que realiza a
RR100 classificando-o como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio registrando na
planilha de RR100 (Apecircndice B)
REZENDE MT Metodologia
32
Os esfregaccedilos considerados positivos e insatisfatoacuterios pelo ER e os resultados
discordantes que foram aqueles onde PER ou a RR100 classificou como suspeito ou
insatisfatoacuterio e o escrutiacutenio de rotina considerou negativo satildeo encaminhados para a
revisatildeo detalhada para confirmaccedilatildeo ou natildeo da alteraccedilatildeo e definiccedilatildeo do diagnoacutestico final
e anotados nas planilhas correspondentes (Apecircndice C e D) Quando a revisatildeo detalhada
eacute discordante do ER haacute um consenso entre os citopatologistas para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I
REZENDE MT Metodologia
33
52 Tipo de estudo
Foi realizado estudo retrospectivo comparando os resultados dos exames
citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I da Escola de Farmaacutecia da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de exames
citopatoloacutegicos de rastreio do municiacutepio de Ouro Preto Minas Gerais com os
resultados emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo II de Belo Horizonte responsaacutevel pelo MEQ
dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero de Minas Gerais
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica
Os exames do Laboratoacuterio Tipo I foram selecionados automaticamente pelo
SISCOLO (Sistema de Informaccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero) incluindo os exames
positivos insatisfatoacuterios e 10 dos negativos conforme a Portaria QualiCito
33882013 referente aos meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 As
amostras foram provenientes de mulheres atendidas nas UBS do municiacutepio de Ouro
Preto MG usuaacuterias do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
54 Monitoramento externo da qualidade
O Laboratoacuterio Tipo I enviou ao Laboratoacuterio Tipo II juntamente com os laudos
correspondentes um total de 321 esfregaccedilos citopatoloacutegicos classificados como
negativos (84) insatisfatoacuterios (3) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas (ASC-US41) lesatildeo intraepitelial
escamosa de baixo grau (LSIL163) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado natildeo se pode excluir lesatildeo de alto grau (ASC-H12) lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau (HSIL16) e ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras
especificaccedilotildees (AGC-SOE2) (Figura 2)
REZENDE MT Metodologia
34
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia cervical
Os esfregaccedilos foram reavaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II que emitiu um relatoacuterio
com os resultados para o Laboratoacuterio Tipo I comunicando tambeacutem os resultados
discordantes Nos casos em que o Laboratoacuterio Tipo I natildeo concordou com o parecer
REZENDE MT Metodologia
35
emitido pelos revisores do Laboratoacuterio Tipo II os resultados dos exames discordantes
foram discutidos caso a caso com o Laboratoacuterio Tipo II buscando o consenso entre os
dois Laboratoacuterios para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final (BRASIL 2016b)
Apoacutes o consenso os resultados discordantes foram reemitidos pelo Laboratoacuterio
Tipo I e encaminhados agraves Unidades de Sauacutede que localizaram as mulheres e
reprogramaram a conduta baseada no diagnoacutestico final
Os esfregaccedilos que inicialmente foram classificados como negativos ou
inflamatoacuterios pelo Laboratoacuterio Tipo I e considerados como positivos pelo Laboratoacuterio
Tipo II foram denominados resultados falso-negativos (RFN) Aqueles considerados
inicialmente positivos pelo Laboratoacuterio Tipo I mas reclassificados como negativos pelo
Laboratoacuterio Tipo II foram denominados resultados falso-positivos (RFP) Foram
considerados casos discordantes aqueles que implicaram em mudanccedila de conduta
cliacutenica de acordo com as normas preconizadas pelas Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2011)
Os resultados diagnosticados inicialmente como ASC-US ou LSIL pelo
Laboratoacuterio Tipo I e que na revisatildeo o Laboratoacuterio Tipo II julgou como diagnoacutestico mais
grave (ASC-H HSIL Carcinoma de ceacutelulas escamosas AGC-SOE AGC-NEO
Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma invasor) foram considerados como retardo
de conduta cliacutenica
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados
Para levantamento do seguimento das pacientes em que os resultados dos
exames foram classificados como ASC-US ou LSIL foi realizada a busca do resultado
do novo exame citopatoloacutegico uma vez que a conduta preconizada eacute a repeticcedilatildeo do
exame no periacuteodo de seis meses a um ano Para aqueles classificados como ASC-H ou
pior diagnoacutestico foi realizado o levantamento do resultado do exame histopatoloacutegico
dado que a conduta preconizada eacute o encaminhamento para colposcopia e se visualizado
alguma alteraccedilatildeo no colo uterino realiza-se a bioacutepsia Os resultados insatisfatoacuterios natildeo
foram considerados nesta anaacutelise (BRASIL 2011)
Foram realizadas visitas previamente agendadas agraves UBS do municiacutepio para
realizaccedilatildeo do levantamento das pacientes previamente listadas daquela unidade que
haviam sido diagnosticadas com alguma alteraccedilatildeo citoloacutegica O profissional responsaacutevel
REZENDE MT Metodologia
36
pela coleta do exame citopatoloacutegico verificou nos prontuaacuterios das pacientes o
seguimento que foi adotado em cada caso Poreacutem as UBS tinham poucos registros do
seguimento dessas pacientes por isso foram adotadas outras estrateacutegias
Portanto com o objetivo de levantar os dados referentes ao seguimento das
pacientes encaminhadas para acompanhamento de ASC-H e pior diagnoacutestico foram
realizadas visitas ao Centro Viva Vida em Itabirito que eacute o centro de referecircncia para
atenccedilatildeo secundaacuteria do municiacutepio de Ouro Preto E para levantamento do novo exame
citopatoloacutegico foi realizada pesquisa nos registros do Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio
de Ouro Preto que presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos
do colo do uacutetero
56 Anaacutelise dos dados
Os dados dos exames citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I e
Laboratoacuterio Tipo II foram digitados no Excel (Microsoft Office Professional Plus 2013)
para elaboraccedilatildeo do banco de dados A anaacutelise dos dados foi realizada pelo pacote
estatiacutestico Stata versatildeo 11 foi calculada a concordacircncia dos resultados dos exames
citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e II e o Kappa antes a apoacutes o Consenso A
frequecircncia de esfregaccedilos discordantes incluindo RFP e retardo de conduta entre os
Laboratoacuterios Tipo I e II foi calculada antes e apoacutes a Reuniatildeo de Consenso no total de
321 esfregaccedilos O coeficiente Kappa eacute classificado em concordacircncia pobre (0ltKlt040)
concordacircncia moderada (040ltKlt060) concordacircncia boa (060ltKlt080) concordacircncia
excelente (080ltKlt1) o valor zero indica ausecircncia de concordacircncia e o valor 1
corresponde a concordacircncia perfeita (LANDIS KOCH 1977) Foi calculada a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) atraveacutes da seguinte foacutermula
VPR = [coeficiente final - coeficiente inicial]100
coeficiente inicial
O caacutelculo dos indicadores de qualidade foi realizado utilizando um banco de
dados do Laboratoacuterio Tipo I onde satildeo mantidos registros de todos os exames realizados
com seus respectivos resultados Para avaliaccedilatildeo pontual os indicadores de qualidade
foram calculados antes da reuniatildeo de consenso ano de 2013 e depois da reuniatildeo de
consenso ano de 2014 Para avaliaccedilatildeo temporal do efeito da reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Metodologia
37
proporcionada por um MEQ calculou-se os indicadores do Laboratoacuterio Tipo I dos anos
de 2012 2013 2014 e 2015 Foi utilizado para o caacutelculo as foacutermulas presentes no
Manual de Gestatildeo da Qualidade para Laboratoacuterio de Citopatologia (BRASIL 2016b)
Iacutendice de Positividade (IP) intervalo esperado 3-10
Nordm de exames alterados em determinado local e ano x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ACSSat)
intervalo esperado 4-5
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt)
intervalo esperado lt60
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames alterados
Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) intervalo
esperado lt3
Nordm de ex compatiacuteveis com ASC-US e ASC-H
No de exames com LSIL e HSIL
Percentual de exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
(HSILSat) intervalo esperado lt04
Ndeg de exames HSIL x 100
Total de exames satisfatoacuterios
REZENDE MT Resultados
38
6- Resultados
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
O Laboratoacuterio Tipo I enviou 321 esfregaccedilos para o Laboratoacuterio Tipo II
classificados como 3 (09) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 84 (262) negativos 41
(128) ASC-US 163 (508) LSIL 12 (37) ASC-H 16 (50) HSIL e 2 (06)
AGC-SOE Apoacutes a reuniatildeo de consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II chegou-
se no diagnoacutestico final de 3 (093) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 143 (446) negativos
44 ASC-US (137) 8 ASC-H (25)101 LSIL (315) 21 HSIL (65) e 1 AGC-
SOE (03) Foram considerados discordantes entre os laboratoacuterios 151 (470)
esfregaccedilos (Tabela 1)
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
Tipo I Tipo II Consenso
Diagnoacutestico n () n () n ()
Insatisfatoacuterio 3 09 4 13 3 09
Negativo 84 262 227 707 143 446
ASC-US 41 122 17 53 44 137
ASC-H 12 37 3 09 8 25
LSIL 163 508 54 168 101 315
HSIL 16 50 12 37 21 65
HSIL micro invasor 0 0 1 03 0 0
AGC-SOE 2 06 3 09 1 03
Total 321 100 321 100 321 100
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
Do total de exames revisados pelo Laboratoacuterio Tipo II foram concordantes 84
(262) esfregaccedilos negativos e 3 (093) classificados como insatisfatoacuterios pelo Tipo I
Dos 41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 6 (1463) foram
concordantes pelo Tipo II e os 35 (854) restantes foram reclassificados como
REZENDE MT Resultados
39
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 53
(325) foram considerados concordantes pelo Tipo II 92 (564) foram
reclassificados como negativos 11 (68) como ASC-US 2 (12) como ASC-H 4
(25) como HSIL e 1 (06) reclassificado como AGC-SOE Dos 12 (37)
esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo Tipo I 1 (83) foi considerado
concordante pelo Tipo II 9 (75) foram reclassificados como negativos 1 (83)
como insatisfatoacuterio 1 (83) como HSIL Dos 16 (50) esfregaccedilos classificados como
HSIL emitidos pelo Tipo I 7 (438) foram considerados concordantes pelo Tipo II 6
(375) foram reclassificados como negativos 1 (63) como LSIL 1 (63) como
HSIL micro invasor e 1(63) como AGC-SOE Dos 2 (06) esfregaccedilos classificados
como AGC-SOE pelo Tipo I 1 (500) foi considerado concordante pelo Tipo II Entre
o Laboratoacuterio Tipo I e o Tipo II houve 7 (22) casos de retardo de conduta sendo 4
(571) LSIL para HSIL 2 (286) LSIL para ASC-H e 1 (143) LSIL para AGC-
SOE (Tabela 2)
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso
Tipo II
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL HSIL micro
invasor AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 35 6 41
ASC-H 1 9 1 1 12
LSIL 92 11 2 53 4 1 163
HSIL 6 1 7 1 1 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 4 227 17 3 54 12 1 3 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa
de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas
sem outras especificaccedilotildees
Os resultados definidos apoacutes o Consenso estatildeo descritos na Tabela 3 Observou-
se 203 (65) de casos discordantes entre os 321 esfregaccedilos analisados Os esfregaccedilos
negativos insatisfatoacuterios e todos os classificados como HSIL foram concordantes Dos
REZENDE MT Resultados
40
41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 27 (659) foram
considerados concordantes pelo Tipo II e 14 (342) foram reclassificados como
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 101
(620) foram considerados concordantes 39 (239) foram reclassificados como
negativos pelo Tipo II 17 (104) como ASC-US 2 (12) como ASC-H e 4 (25)
reclassificados como HSIL Dos 12 (374) esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo
Tipo I 6 (500) foram concordantes 5 (417) esfregaccedilos foram reclassificados como
negativos e 1 (83) foi reclassificado como HSIL pelo Tipo II Dos 2 (06)
esfregaccedilos classificados como AGC-SOE pelo Tipo I somente 1 (500) foi
concordante Portanto apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de Consenso foram constatados 6
(19) casos de retardo de conduta sendo 4 (667) diagnoacutesticos iniciais de LSIL
reclassificados para HSIL e 2 (333) diagnoacutesticos iniciais de LSIL reclassificados para
ASC-H (Tabela 3)
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia diagnoacutestica entre o Laboratoacuterio Tipo I e o
Laboratoacuterio Tipo II apoacutes o Consenso
Consenso
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 14 27 41
ASC-H 5 6 1 12
LSIL 39 17 2 101 4 163
HSIL 16 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 3 143 44 8 101 21 1 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
REZENDE MT Resultados
41
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Foi avaliada a concordacircncia dos resultados dos Laboratoacuterios Tipo I e II antes e
apoacutes Consenso Observou-se concordacircncia antes do Consenso de 527 entre os
Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II com Kappa de 029 Apoacutes a Reuniatildeo de Consenso foi
observado 798 (VPR=+514) de concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
com aumento do Kappa para 066 (VPR=+1276) (Tabela 4)
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso
Tipo I x Tipo II Antes do consenso Apoacutes consenso VPR
Concordacircncia () 527 798 +514
Kappa 029 066 +1276
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Antes do consenso o total de esfregaccedilos discordantes foi de 151 (470) casos e
depois do consenso esse nuacutemero reduziu para 65 (203) casos Antes do consenso foi
observado um percentual de 449 (144) RFP entre os Laboratoacuterios Tipo I e II e apoacutes o
consenso esse nuacutemero diminuiu para 184 (59) Natildeo houve nenhum caso de RFN
Entre o Laboratoacuterio Tipo I e II antes do consenso houve 7 (22) casos de retardo de
conduta e depois do consenso esse nuacutemero caiu para 6 (19) casos (Tabela 5)
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o Consenso
Tipo I x Tipo II Discordantes
Antes do consenso Apoacutes consenso
n N
Falso-positivo 144 449 59 184
Retardo de conduta 7 22 6 19
Total 151 470 65 203
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II
REZENDE MT Resultados
42
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos
O IP era 156 e apoacutes consenso passou para 120 reduccedilatildeo de
aproximadamente 230 (VPR=-2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor
apoacutes o consenso de 57 para 46 reduccedilatildeo por volta de 190 (VPR=-1910) O
HSILSat diminuiu de 10 para 07 (VPR=-2647) apoacutes consenso A razatildeo ASCSIL
antes do consenso era de 06 e apoacutes sua realizaccedilatildeo aumentou para 06
(VPR=+1017) O mesmo ocorreu em relaccedilatildeo ao indicador ASCAlt que passou de
365 para 384 (VPR=+515) Houve diferenccedila significativa entre os valores dos
indicadores IP ASCSat e ASCAlt antes e apoacutes reuniatildeo de consenso valor de p foi
menor que 005 (Tabela 7)
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso
Indicadores Antes consenso Apoacutes consenso VPR p
IP (3-10) 156 120 -2314 lt 00001
ASCSat (4-5) 57 46 -1910 001
ASCSIL (lt3) 06 06 +1017 0053
ASCAlt (lt60) 365 384 +515 lt 00001
HSILSat (gt04) 10 07 -2647 00825
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
O IP no ano de 2012 foi de 1115 aumentou para 156 em 2013 apoacutes o
MEQ em 2014 reduziu para 120 e em 2015 este indicador passou para 99 O
ASCSat foi de 49 em 2012 um ano depois apresentou valor de 57 depois da
realizaccedilatildeo do MEQ em 2014 passou para 46 e em 2015 foi para 48 Os outros
indicadores da qualidade apresentaram valores que variaram dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (Tabela 8)
REZENDE MT Resultados
43
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade
Indicadores 2012 2013 2014 2015
IP (3-10) 111 156 120 99
ASCSat (4-5) 49 57 46 48
ASCSIL (lt3) 09 06 06 10
ASCAlt (lt60) 439 365 384 485
HSILSat (gt04) 09 10 07 05
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
Do total de 234 esfregaccedilos positivos foi possiacutevel obter o seguimento de 107
(457) casos em que 22 foram considerados inicialmente com diagnoacutestico de ASC-
US 76 LSIL 2 ASC-H 1 AGC-SOE e 6 HSIL Dos ASC-US iniciais somente 1 teve
resultado concordante no seguimento Dos 76 esfregaccedilos considerados como LSIL 23
tiveram resultado do seguimento concordante Os 2 resultados ASC-H foram negativos
no seguimento assim como o AGC-SOE Dos 6 resultados HSIL emitidos pelo Tipo I
5 foram confirmados pela bioacutepsia O seguimento de 127 (542) mulheres em que 77
(6063) deveriam ter repetido o exame citopatoloacutegico e 20 (158) deveriam ter sido
encaminhadas para a colposcopia e bioacutepsia natildeo foi resgatado (Figura 3)
Figura 3 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Resultados
44
Apoacutes a realizaccedilatildeo da Reuniatildeo de Consenso o percentual de RFP foi definido em
184 num total de 59 casos assim distribuiacutedos 14 ASC-US (238) 39 LSIL
(660) 5 ASC-H (85) e 1 AGC-SOE (17) sendo 898 lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 102 de alto grau Do total de 59 RFP foi possiacutevel obter 9
(152) resultados citopatoloacutegicos alterados no seguimento 8 de repeticcedilatildeo da citologia
e uma bioacutepsia inicialmente 6 diagnosticados como LSIL pelo Laboratoacuterio Tipo I no
seguimento tiveram resultado de 3 LSIL e 3 ASC-US Dos 3 ASC-US iniciais dados
pelo Tipo I no seguimento resultaram em 1 LSIL 1 ASC-US e 1 ASC-H (Figura 4)
Figura 4 Seguimento dos casos com resultados falso-positivos (RFP) acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Discussatildeo
45
7- Discussatildeo
Os resultados deste estudo mostraram que apoacutes reuniatildeo de Consenso onde
ocorreu discussatildeo dos resultados discordantes houve melhora na concordacircncia
diagnoacutestica entre os laboratoacuterios a concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou para 798 e o coeficiente Kappa foi alterado de 029 para 066 Estes
resultados estatildeo de acordo com estudo realizado por Freitas Thuler (2012) no Mato
Grosso do Sul analisando a concordacircncia diagnoacutestica entre Laboratoacuterio Tipo II e 15
Laboratoacuterios Tipo I entre 2002 e 2011 em que o valor miacutenimo do Kappa passou de 01
no primeiro ano para 08 em 2011 No uacuteltimo ano dos 8 laboratoacuterios avaliados 7
atingiram a concordacircncia perfeita ou excelente (coeficiente Kappagt080) e um
concordacircncia boa Aacutezara et al (2016) avaliaram os efeitos de um programa de
educaccedilatildeo continuada realizado por um Laboratoacuterio Tipo II no periacuteodo de 2007 a 2011
sobre os laboratoacuterios de citopatologia e verificaram que o coeficiente Kappa manteve-se
excelente em 3 laboratoacuterios (kappa gt 080 e lt10) e alterou de bom (kappa gt 060 e
lt080) a excelente em 7 Os resultados observados no presente estudo estatildeo de acordo
com os dados de Freitas Thuler (2012) e Aacutezara et al (2016) em que se observou
melhoria da concordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes MEQ
Enfatiza-se que nosso trabalho comparou o momento antes e depois da reuniatildeo
consenso durante um MEQ ou seja foi realizada uma avaliaccedilatildeo pontual diferentemente
dos estudos encontrados na literatura que fizeram uma anaacutelise ao longo do tempo apoacutes
vaacuterios MEQ mas mesmo assim na presente avaliaccedilatildeo foi observado aumento da
concordacircncia e do kappa Indicando que somente uma reuniatildeo de consenso foi
suficiente para mudanccedila de postura dos citopatologistas envonvidos no MEQ
O valor da discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes a
reuniatildeo de Consenso no presente estudo foi 2025 Em um estudo realizado em
Goiacircnia estado de Goiaacutes comparando a variabilidade dos diagnoacutesticos citoloacutegicos dos
Laboratoacuterios Tipo I avaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II 759 foram considerados
discordantes (AacuteZARA et al 2013) Etlinger et al (2012) no estado de Satildeo Paulo
observou que a discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e o Laboratoacuterio
Tipo II foi de 1348 Em Satildeo Paulo Pereira et al (2006) avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I de citologia da Rede Puacuteblica de Sauacutede do estado submetidos ao
MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e a discordacircncia foi de 142 Estes dados estatildeo
REZENDE MT Resultados
46
abaixo do valor de discordacircncia encontrado nesse estudo apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de
Consenso Observa-se que a maioria dos diagnoacutesticos que levaram a discordacircncia do
presente estudo foram esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de
baixo grau LSIL e ASC-US e que o Laboratoacuterio Tipo II reclassificou como negativo
portanto RFP Nesses casos a conduta cliacutenica que seria adotada no primeiro momento eacute
a repeticcedilatildeo da citologia em seis meses portanto natildeo causaria maiores transtornos a
mulher ou custos altos com os cuidados de sauacutede Outra parte dos diagnoacutesticos que
levaram a essa discordacircncia foram ajuste de criteacuterios os quais natildeo atrasam a conduta
cliacutenica da mulher e aleacutem disso durante a reuniatildeo de consenso permitem aos
citopatologistas ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final Ainda pode-se citar os resultados dos seguimentos dos casos com RFP
acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso em que foram encontrados 9 seguimentos e
todos com resultado citopatoloacutegico alterado Dessa forma dos resultados que o
Laboratoacuterio Tipo I voltou atraacutes na reuniatildeo de consenso nove deles mostraram
resultaram alterado ou seja natildeo necessariamente o Laboratoacuterio Tipo I precisaria ter
voltado atraacutes nesses disgnoacutesticos Isso ressalta a importacircncia da discussatildeo dos casos
discordantes durante a reuniatildeo de consenso para ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos
utilizados pelos citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II (PEREIRA et al
2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2013)
Entre os exames citopatoloacutegicos considerados discordantes natildeo foi identificado
nenhum RFN e apoacutes a reuniatildeo de Consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e II verificou-
se reduccedilatildeo dos RFP Sabe-se que os RFN satildeo mais preocupantes que os RFP visto que
mulheres natildeo diagnosticadas natildeo retornam para o acompanhamento e seguem em risco
da evoluccedilatildeo de lesotildees precursoras do CCU Por outro lado os RFP com diagnoacutestico
inicial de ASC-H ou pior diagnoacutestico em que a conduta preconizada eacute o
encaminhamento para colposcopia e bioacutepsia submetem as mulheres a procedimentos
desnecessaacuterios que podem modificar sua vida sexual e gerar danos psicoloacutegicos aleacutem
de gerar custos adicionais com os cuidados de sauacutede E os RFP com diagnoacutestico inicial
de ASC-US ou LSIL atrasam a repeticcedilatildeo da citologia (FRABLE 2007 GULLO et al
2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Inicialmente o Laboratoacuterio Tipo II classificou 144 (144) dos exames
citopatoloacutegicos como RFP e apoacutes a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero passou para
184 (59) Dos 59 RFP 14 (238) resultados foram classificados como ASC-US que
REZENDE MT Resultados
47
eacute diagnoacutestico limiacutetrofe que apresenta grande variabilidade interobservador Os RFP
acordados apoacutes o consenso foram distribuiacutedos em 53 (898) lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 6 (102) lesotildees intraepiteliais escamosas de alto grau
Dentre os resultados discordantes entre o Laboratoacuterio Tipo I e II houve 7 casos
considerados retardo de conduta (22) que apoacutes a reuniatildeo de consenso ficaram
definidos em 6 (19) nuacutemeros proacuteximos daqueles encontrados por Aacutezara et al (2013)
em que houve atraso no procedimento cliacutenico em relaccedilatildeo a 244 dos casos
Aacutezara et al (2016) verificaram que apoacutes a educaccedilatildeo continuada proporcionada
aos Laboratoacuterios Tipo I de 2007 a 2011 houve diminuiccedilatildeo dos casos de retardo de
conduta a taxa de RFN foi reduzida em oito laboratoacuterios e a taxa de RFP foi reduzida
em 5 deles Pereira et al (2006) no estado de Satildeo Paulo avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I do estado submetidos ao MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e
observaram um nuacutemero de RFP (166) maior do que os RFN (78) No primeiro ano
de MEQ os RFP foram 178 e nos anos seguintes esse nuacutemero foi reduzindo ateacute
chegar em 37 no ano de 2004 Os RFP foram distribuiacutedos em 933 de lesotildees de
baixo grau e 67 de lesotildees de alto grau no primeiro ano de estudo O valor de RFP e
a distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau apoacutes reuniatildeo de consenso do presente
estudo foram bem proacuteximos dos encontrados por Pereira et al (2006) no primeiro ano
de avaliaccedilatildeo Em estudo semelhante realizado no estado de Satildeo Paulo de 2000 a 2010
por Etlinger et al (2012) constatou-se o total de 206 de RFP um valor baixo
comparado com o encontrado nesse estudo assim como aqueles dos anos de 2001 a
2004 de Pereira et al (2006) Percebe-se que o tempo de avaliaccedilatildeo desses estudos
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2016) foi maior do que
o utilizado no presente trabalho em que foi realizada uma avaliaccedilatildeo antes e depois de
uma reuniatildeo de consenso indicando que a educaccedilatildeo continuada proporcionada pelo
MEQ nesses periacuteodos que os estudos ocorreram contribuiu para a uniformizaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos e melhoria da reprodutibilidade dos exames citopatoloacutegicos
Portanto ainda que no presente estudo tenha sido feita uma avaliaccedilatildeo pontual natildeo foram
encontrados RFN entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes consenso e houve reduccedilatildeo de
RFP e retardo de conduta Aleacutem disso a porcentagem de RFP observada estaacute
aproximada dos dados da literatura nos primeiros anos de estudo assim como
distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau
REZENDE MT Resultados
48
Com o intuito de aprofundar os criteacuterios utilizados na avaliaccedilatildeo buscou-se os
seguimentos das pacientes com diagnoacutestico citopatoloacutegico alterado Esses resultados
foram mais concordantes com os diagnoacutesticos do Laboratoacuterios Tipo II entretanto a
maior parte dos esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de baixo
grau ASC-US e LSIL no seguimento os resultados foram negativos ou seja essas
lesotildees regrediram entre o periacuteodo da primeira citologia ateacute a realizaccedilatildeo da nova
citologia E ainda quando analisamos as lesotildees verdadeiramente precursoras do CCU as
HSIL a concordacircncia do seguimento foi maior com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Estudo de Tobias et al (2016) analisando os laboratoacuterios citopatoloacutegicos do estado de
Minas Gerais que prestam serviccedilo para o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mostraram
que de uma forma geral estes laboratoacuterios detectam baixos iacutendices de lesotildees
precursoras do CCU Portanto se avaliarmos dessa forma o Laboratoacuterio Tipo I do
presente estudo vem cumprindo com o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo do CCU jaacute
que as lesotildees com verdadeiro potencial de progressatildeo para o cacircncer estatildeo sendo
detectadas confirmadas pela colposcopia e bioacutepsia permitindo assim que a paciente
seja tratada impedindo a evoluccedilatildeo para o cacircncer (BORTOLON et al 2012 BRASIL
2016b) Do total de 59 RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso foi possiacutevel obter 9
resultados citopatoloacutegicos no seguimento e todas tiveram resultado alterado Observa-
se que o resultado inicial do Laboratoacuterio Tipo I estava correto e que a discussatildeo dos
resultados discordantes como neste caso proporciona melhora tanto dos criteacuterios do
Tipo I quanto do Tipo II
Evidenciado por Bortolon et al (2012) grande parte dos laboratoacuterios brasileiros
apresentam indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos fora dos niacuteveis
preconizados isso pode levar a natildeo identificaccedilatildeo de casos positivos e consequentemente
a liberaccedilatildeo de RFN Plewka et al (2014) avaliando o desempenho de 13 laboratoacuterios
do Estado do Paranaacute prestadores de serviccedilo para o SUS mostraram que os indicadores
da maioria dos laboratoacuterios estavam abaixo do recomendado Tobias et al (2016)
apontou que a maioria dos laboratoacuterios que prestam serviccedilos ao SUS do estado de MG
apresentaram indicadores fora do intervalo recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Esses estudos demonstram a necessidade de implantaccedilatildeo de programas de garantia da
qualidade do exame citopatoloacutegico como o MIQ e MEQ aleacutem da avaliaccedilatildeo perioacutedica
de ambos (BRASIL 2013a BRASIL 2016b) O MIQ inclui a implantaccedilatildeo do sistema
REZENDE MT Resultados
49
de indicadores de qualidade que satildeo de faacutecil compreensatildeo execuccedilatildeo e anaacutelise Satildeo
instrumentos importantes para a garantia de qualidade em citopatologia cervical pois
satildeo reconhecidos como vaacutelidos para a avaliaccedilatildeo da qualidade do exame citopatoloacutegico
do colo do uacutetero (SIEGL et al 2014 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b) O MEQ
proporciona para os laboratoacuterios monitorados educaccedilatildeo continuada e discussatildeo dos
casos discordantes que contribui para melhoria da habilidade profissional dos
citopatologistas na medida que o treinamento e fornece maior acuraacutecia no diagnoacutestico
das lesotildees precursoras do CCU possibilitando maior certeza na emissatildeo do laudo
(AacuteZARA et al 2016)
O iacutendice de positividade (IP) expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares e a
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo alvo sendo
que nos paiacuteses em que houve diminuiccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade por
CCU nos Estados Unidos Noruega e Reino Unido o IP foi 68 (DAVEY et al
2004) 49 (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) e 64 (NHS 2011)
respectivamente Os resultados de IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais do
estudo realizado por Bortolon et al (2012) mostraram que 58 dos laboratoacuterios
apresentavam IP muito baixo 19 baixo e somente 23 dentro do esperado sendo
que esses foram responsaacuteveis por apenas 14 do total de exames realizados no estado
Ainda verificou que a meacutedia do IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais foi 22
em 2010 valor inferior ao recomendado Estudo mais recente realizado por Tobias et al
(2016) mostrou que a maioria dos laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam serviccedilo
para o SUS independentemente da escala de produccedilatildeo tem valores de IP bem abaixo da
faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Sendo assim o IP baixo pode indicar a presenccedila de RFN apontando que eacute
necessaacuterio a reavaliaccedilatildeo do MIQ do laboratoacuterio a fim de intervir nos meacutetodos utilizados
assim como na qualificaccedilatildeo profissional dos citopatologistas (PLEWKA et al 2014
BRASIL 2016b) Observou-se no estudo de Aacutezara et al (2014) que o IP foi inferior a
3 em aproximadamente 74 dos laboratoacuterios do Estado de Goiaacutes que natildeo
participaram do MEQ ressaltando a importacircncia da inclusatildeo dos laboratoacuterios
citopatoloacutegicos nesse programa
O IP verificado neste trabalho foi de 120 apoacutes a reuniatildeo de consenso que
apesar de ter melhorado apoacutes a discussatildeo dos casos discordantes ainda estaacute um pouco
acima do esperado que eacute de 3 a 10 (BRASIL 2016b) isso pode expressar uma alta
REZENDE MT Resultados
50
prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na populaccedilatildeo estudada Miranda et al
(2013) determinou a persistecircncia da infecccedilatildeo pelo HPV em 596 das mulheres do
municiacutepio de Ouro Preto MG e que os tipos virais de alto risco foram os mais
persistentes ainda comprovou ainda que a presenccedila de alteraccedilotildees citoloacutegicas que podem
evoluir para o CCU estaacute associada agrave infecccedilatildeo por HPV
As ceacutelulas escamosas atiacutepicas (ASC) sugerem duacutevida diagnoacutestica em que natildeo
haacute criteacuterios citomorfoloacutegicos suficientes para o diagnoacutestico de lesatildeo intraepitelial tendo
potencial para uso exagerado Um alto iacutendice da razatildeo ASCSat indica grande nuacutemero
de RFP implicando na oferta desnecessaacuteria de exames para a investigaccedilatildeo diagnoacutestica o
que representa um ocircnus para a mulher e para a rede de sauacutede (BRASIL 2016b)
Portanto eacute preciso assegurar o monitoramento de qualidade dos laboratoacuterios de
citopatologia do colo do uacutetero para que os iacutendices de positividade se enquadrem no
preconizado ao mesmo tempo sem que haja aumento de ASC (BORTOLON et al
2012) No estado de Minas Gerais em estudo realizado por Bortolon et al (2012) foi
averiguado que o indicador ASCSat dos laboratoacuterios do estado foi 11 em 2010 valor
inferior ao recomendado Enquanto que os outros estados da Regiatildeo Sudeste tambeacutem
estavam com o indicador fora dos paracircmetros sendo Espirito Santo com 12 Rio de
Janeiro com 19 e Satildeo Paulo com 27 e a meacutedia da Regiatildeo foi entatildeo de 21 o que
indica a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios utilizados na definiccedilatildeo de ASC No
presente estudo verificou-se que antes da reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat do
Laboratoacuterio Tipo I apresentava valor de 571 fora da faixa indicada como ideal de 4
a 5 de acordo com o Manual de Gestatildeo da Qualidade (BRASIL 2016b)
Posteriormente a reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat observado foi de 462
dentro da faixa recomendada
Os demais indicadores de qualidade permaneceram dentro do recomendado apoacutes
o consenso A relaccedilatildeo ASCSIL que deve ser inferior a trecircs teve valor de 06 apoacutes a
accedilatildeo O valor dessa razatildeo dentro do recomendado indica que os criteacuterios diagnoacutesticos de
SIL e ASC estatildeo precisos O valor estaacute de acordo com os outros laboratoacuterios dos
estados da Regiatildeo Sudeste de acordo com estudo realizado em 2010 por Bortolon et al
(2012) 12 para o Rio de Janeiro 20 para Satildeo Paulo 11 para Espiacuterito Santo e Minas
Gerais
O ASCAlt deve ser inferior a 60 sendo que o valor encontrado nesse estudo
apoacutes o consenso de 384 permaneceu dentro do proposto Esse indicador tem a
REZENDE MT Resultados
51
finalidade de monitorar os casos de ASC para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente
Ressalta-se que o percentual elevado de ASC indica que o laboratoacuterio apresenta
problemas na fase preacute-analiacutetica analiacutetica ou em ambas as fases (BRASIL 2016b
AacuteZARA et al 2014) No estudo de Aacutezara et al (2014) 29 dos laboratoacuterios que natildeo
eram monitorados tiveram o indicador ASCAlt fora dos paracircmetros Aleacutem disso
aqueles laboratoacuterios natildeo monitorados que apresentaram IP dentro da faixa
recomendada e ASCAlt fora do recomendado estavam relacionados a um alto
percentual de ASC e natildeo de lesotildees precursoras do CCU Assim recomenda-se que esses
dois indicadores devem ser analisados em conjunto pois um IP adequado pode conter
uma elevada percentagem de ASC (BRASIL 2016b BRASIL 2013a)
Dessa forma acredita-se que o valor de IP encontrado em 2014 esteja um pouco
fora do esperado devido agrave alta prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na
populaccedilatildeo do municiacutepio de Ouro Preto MG E quando analisa-se o indicador ASCAlt
observa-se que tanto antes da reuniatildeo de consenso valor de 365 quanto depois valor
de 384 ambos estatildeo dentro do recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede que eacute menor
de 60 (BRASIL 2016b) ou seja o Laboratoacuterios Tipo I vem usando adequadamente
os criteacuterios para classificaccedilatildeo das ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado a qual tem potencial para uso exagerado
O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente
precursoras do CCU e deve ser igual ou superior a 04 valor que foi baseado nos
obtidos em paiacuteses em que o rastreamento foi bem-sucedido na diminuiccedilatildeo das taxas de
incidecircncia e mortalidade por CCU como 05 nos Estados Unidos (EVERSOLE et al
2010) 11 no Reino Unido (NHS CANCER SCREENING PROGRAMMES 2011) e
114 na Noruega (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) Obteve-se tanto antes
quanto depois da reuniatildeo de consenso valor da razatildeo HSILSat maior de 04 dessa
maneira o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo secundaacuteria do CCU vem sendo alcanccedilado
jaacute que as HSIL lesotildees que podem evoluir para o cacircncer estatildeo sendo detectadas
(BRASIL 2016b) Portanto ressalta-se que as lesotildees intraepiteliais de alto grau satildeo o
foco dos programas de rastreio do CCU para diminuiccedilatildeo de sua incidecircncia e
mortalidade (BORTOLON et al 2012) Os laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam
serviccedilo para o SUS apresentaram em 2012 detecccedilatildeo baixa de lesotildees precursoras do
CCU destacando a necessidade de investir na garantia da qualidade do exame
citopatoloacutegico por meio do MIQ e MEQ (TOBIAS et al 2016)
REZENDE MT Resultados
52
Aacutezara et al (2014) avaliaram o impacto da educaccedilatildeo continuada fornecida por
Laboratoacuterio Tipo II sobre os indicadores de qualidade de 12 laboratoacuterios monitorados
do Estado de Goiaacutes verificou-se efeito direto sobre os indicadores IP e o HSILSat que
melhoraram apoacutes a intervenccedilatildeo A educaccedilatildeo continuada fornecida pelo MEQ ajudou na
padronizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos aprimorando as competecircncias dos
citopatologistas em detectar alteraccedilotildees celulares sugestivas de CCU Constatou-se ainda
que a maioria dos laboratoacuterios que apresentaram indicadores na faixa estabelecida
estavam participando do MEQ
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I calculados nesse estudo dois
anos apoacutes o MEQ do ano de 2015 mostram que todos estatildeo dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede inclusive o IP que passou de 120 para 99
indicando que a accedilatildeo foi positiva e duradoura com o passar do tempo
Os resultados deste estudo mostraram que os indicadores de qualidade do
Laboratoacuterio Tipo I melhoraram apoacutes reuniatildeo de consenso proporcionada pelo MEQ
dessa forma eacute crucial a participaccedilatildeo dos laboratoacuterios de citopatologia no programa para
identificaccedilatildeo dos erros diagnoacutesticos e padronizaccedilatildeo dos criteacuterios utilizados na
classificaccedilatildeo das alteraccedilotildees citoloacutegicas Isso possibilita a adequaccedilatildeo dos indicadores nos
paracircmetros ideais permitindo a detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente precursoras do
CCU o que refletiraacute na reduccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade deste cacircncer
REZENDE MT Conclusotildees
53
8- Conclusotildees
A concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e II foi boa apoacutes a reuniatildeo de
Consenso
Dentre os resultados discordantes natildeo foi identificado nenhum RFN Os RFP e os
casos de retardo de conduta foram reduzidos apoacutes a reuniatildeo de consenso
O IP e o ASCSat apoacutes o consenso atingiram a faixa estabelecida e os outros
indicadores da qualidade permaneceram dentro do recomendado tanto antes quanto apoacutes
a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de consenso
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I dois anos apoacutes o MEQ estatildeo
dentro da faixa recomendada
Os seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia
com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso tiveram
resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Referecircncias
54
9- Consideraccedilotildees finais
Com apenas uma participaccedilatildeo no MEQ observou-se a importacircncia da reuniatildeo de
consenso realizada entre os Laboratoacuterios Tipos I e Tipo II para a anaacutelise e discussatildeo
dos casos discordantes Eacute um momento crucial para o ajuste dos criteacuterios
citomorfoloacutegicos utilizados no diagnoacutestico de lesotildees preacute-neoplaacutesicas pelos
citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II proporcionando um aprimoramento
desses criteacuterios Dessa forma apenas com uma accedilatildeo pontual minimiza-se a divergecircncia
diagnoacutestica do exame citopatoloacutegico Portanto a reuniatildeo de consenso proporcionada
pelo MEQ deve ser vista como uma parceria e como um momento de aprendizado para
ambos os laboratoacuterios pois eacute uma praacutetica de aperfeiccediloamento diagnoacutestico essencial para
o rastreamento do CCU
A praacutetica contiacutenua do MEQ deve igualmente ser priorizada em um programa
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appropriateness Int J Gynecol Cancer v17 n6 p1186-1193 2007
REZENDE MT Apecircndices
66
Apecircndices
Apecircndice A Planilha do preacute-escrutiacutenio raacutepido
PLANILHA DO PREacute-ESCRUTIacuteNIO RAacutePIDO (PER)
DATA DE CHEGADA
DATA
REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA
RESULTADO DO PER
N= Negativo I= Insatisfatoacuterio S= Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
67
Apecircndice B Planilha da revisatildeo raacutepida de 100
PLANILHA DA REVISAtildeO RAacutePIDA DE 100 DOS NEGATIVOS (RR100)
DATA DE CHEGADA
DATA REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA RESULTADO DA RR100
FLORA
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
68
Apecircndice C Planilha dos resultados positivos e insatisfatoacuterios
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS POSITIVOS E INSATISFATOacuteRIOS
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO
ER
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
69
Apecircndice D Planilha de revisatildeo dos resultados discordantes
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS DISCORDANTES
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO ER
RESULTADO RR100
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Anexos
70
Anexos
Anexo 1 Requisiccedilatildeo de exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero
REZENDE MT Anexos
71
MARIANA TREVISAN REZENDE
COMPARACcedilAtildeO DOS EXAMES CITOPATOLOacuteGICOS DO COLO DO UacuteTERO DO
MUNICIacutePIO DE OURO PRETO MG SUBMETIDOS AO MONITORAMENTO
EXTERNO DA QUALIDADE
Dissertaccedilatildeo de mestrado apresentada ao
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Farmacecircuticas da Universidade Federal de Ouro
Preto como parte integrante dos requisitos para
obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias
Farmacecircuticas
Orientadora Profa Claacuteudia Martins Carneiro
Co-orientadora Drordf Alessandra Hermoacutegenes Gomes Tobias
OURO PRETO - MG
2016
Catalogaccedilatildeo fichasisbinufopbr
R467c Rezende Mariana Trevisan
Comparaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do municiacutepio de Ouro Preto-
MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade [manuscrito] Mariana Trevisan
Rezende ndash 2017
70p ilcolor tabs
Orientador Profordf Drordf Claacuteudia Martins Carneiro
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Farmaacutecia
Departamento de Anaacutelises CliacutenicasPrograma de poacutes- graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas
1Cacircncer do colo do uacutetero 2 Citopatologia-Controle de qualidade 3 Papanicolaou-
Teste I Carneiro Claacuteudia Martins II Tiacutetulo III Tiacutetulo
CDU 61814-006
Dedico este trabalho
Aos meus pais Maria Joseacute e Nivaldo pelo enorme apoio
Aos meus irmatildeos Juliana e Lucas pela amizade e cumplicidade
A todos que me incentivaram
AGRADECIMENTOS
Agrave Deus agradeccedilo pela forccedila coragem da caminhada mas principalmente pela
capacidade de pensarmos amarmos e lutarmos pela conquista de nossos ideais
Agrave Professora Claacuteudia Martins Carneiro sempre minha gratidatildeo Agradeccedilo pela
oportunidade que me deu por ter acreditado em mim e persistir apostando na minha
capacidade
A toda equipe do LAPAC principalmente agrave Renata Jennefer Karla e Cida pela ajuda
e aprendizado e em especial agrave Alessandra muito obrigada pela paciecircncia e auxiacutelio na
realizaccedilatildeo deste trabalho Sou grata a todos vocecircs
Ao Professor Wendel agradeccedilo pela grande colaboraccedilatildeo e paciecircncia na anaacutelise dos
dados
Aos meus pais Nivaldo e Maria Joseacute por estarem sempre ao meu lado pelo incentivo
em todos os momentos difiacuteceis Satildeo meus grandes exemplos
Aos meus irmatildeos Juliana e Lucas mesmo que distantes agradeccedilo pela valiosa
presenccedila na minha vida pela amizade e compreensatildeo
Aos meus amigos agradeccedilo em especial a Renatha pela presenccedila e apoio em todos os
momentos nessa conquista
REZENDE MT Resumo
Introduccedilatildeo A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico ou Papanicolaou eacute a
estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do cacircncer do colo do uacutetero poreacutem
resultados falso-negativos (RFN) e falso-positivos (RFP) podem ser observados O
monitoramento externo da qualidade (MEQ) tem sido implementado com o objetivo de
aperfeiccediloar o exame e compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio (Tipo
II) diferente daquele que realizou a primeira leitura (Tipo I) Objetivo Comparar os
resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do municiacutepio de Ouro Preto
MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade Meacutetodo O Laboratoacuterio Tipo
I enviou para o Laboratoacuterio Tipo II os exames com resultados positivos insatisfatoacuterios
e 10 dos negativos selecionados automaticamente pelo SISCOLO referente aos
meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 totalizando 321 esfregaccedilos
Para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final foi realizada uma Reuniatildeo de Consenso entre os dois
laboratoacuterios para discussatildeo dos casos discordantes A anaacutelise dos dados foi realizada
pelo pacote estatiacutestico Stata versatildeo 11 A avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os
diagnoacutesticos dos dois laboratoacuterios foi mensurada pelo coeficiente Kappa e a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) foi utilizada para comparar os valores de concordacircncia antes e
apoacutes consenso Resultado A concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou de 527 para 798 (VPR=+5142) apoacutes a realizaccedilatildeo do Consenso e o
Kappa de 029 para 066 (VPR=+12760) considerado como concordacircncia boa O
percentual de RFP foi reduzido para 184 (59) apoacutes consenso e natildeo foi constatado
nenhum RFN Entre os laboratoacuterios houve 7 casos de retardo de conduta (22) e apoacutes
a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero reduziu para 6 (19) O IP antes do consenso era
156 e passou para 120 mostrando reduccedilatildeo de aproximadamente 230 (VPR=-
2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor de 57 para 46 reduccedilatildeo por
volta de 190 (VPR=-1910) Os outros indicadores da qualidade apresentaram
valores que variaram dentro da faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia com os
resultados do Laboratoacuterio Tipo I Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso tiveram resultado citopatoloacutegico alterado Conclusatildeo Pode-se
concluir que a reuniatildeo de consenso realizada durante o monitoramento externo da
qualidade proporciona ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos e consequentemente auxilia
no aperfeiccediloamento do desempenho diagnoacutestico dos citopatologistas
REZENDE MT Abstract
Introduction Periodic evaluation of pap smear or pap smear is a strategy most
commonly used to screen for cervical cancer but also false-negative (RFN) and false-
positive (RFP) results External quality monitoring (MEQ) has been implemented for
the purpose of improving the examination and includes a review of the smears by a
laboratory (Type II) Objective To compare the results of cervical cytopathological
examinations of the city of Ouro Preto MG submitted to external quality monitoring
Method Type II laboratory for positive unsatisfactory and 10 negative tests
selected automatically by SISCOLO for the months of December2013 January 2014
and February 2014 totaling 321 smears To define the final diagnosis for the holding of
a consensus meeting between the two laboratories to discuss discordant cases The
concordance evaluation between the two laboratories diagnoses was measured by the
coefficient The concordance between the two laboratories diagnoses was measured by
the coefficient The concordance between the two laboratories diagnoses was measured
by the coefficient Results The agreement between the laboratories from 527 to
798 (PRD = + 5142) after the Consensus and the index from 029 to 066 (VPR = +
127 60) considered as good agreement The percentage of RFP was reduced to 184
(59) after the consensus and was not found in RFN The IP before the consensus was
156 and went to 120 showing a reduction of approximately 230 (PRD = -
2314) The ASCSat showed a decrease in value from 57 to 46 a decrease of
190 (VPR = -1910) The other indicators of quality presented values that varied
within the range recommended by the Ministry of Health Follow-up of the cases with
HSIL diagnosis showed greater agreement with the results of Type I Laboratory The
follow-up of nine RFPs agreed after a consensus meeting resulted altered
cytopathology Conclusion It can be concluded that a consensus meeting during the
external quality monitoring provided the adjustment of the cytomorphological criteria
and consequently helps to improve the diagnostic performance of cytopathologists
REZENDE MT Lista de Figuras
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I32
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia
cervical34
Figura 3 Seguimento das mulheres com resultado citopatoloacutegico alterado43
Figura 4 Seguimento das mulheres com resultados falso-positivos (RFP) acordados
apoacutes a reuniatildeo de consenso44
REZENDE MT Lista de Tabelas
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso38
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso39
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
apoacutes o Consenso40
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso41
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o
Consenso41
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso42
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade43
REZENDE MT Abreviaturas
AGC Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas
ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode excluir
lesatildeo de alto grau
CCU Cacircncer do colo do uacutetero
DST Doenccedila sexualmente transmissiacutevel
ER Escrutiacutenio de rotina
HPV Papiloma viacuterus humano
HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
INCA Instituto Nacional do Cacircncer
LAPAC Laboratoacuterio Piloto de Anaacutelises Cliacutenicas
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau
MIQ Monitoramento interno da qualidade
MEQ Monitoramento externo da qualidade
PER Preacute-escrutiacutenio raacutepido
RFN Resultado falso-negativo
RFP Resultado falso-positivo
RR100 Revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
VPR Variaccedilatildeo Percentual Relativa
REZENDE MT Sumaacuterio
1- Introduccedilatildeo 12
2- Revisatildeo da Literatura 14
21 Cacircncer do colo do uacutetero 14
22 Exame citopatoloacutegico 16
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais 18
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado 20
23 Controle de qualidade em citopatologia 21
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia 23
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero 24
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia 25
3- Justificativa 29
4- Objetivos 30
41 Objetivo Geral 30
42 Objetivos especiacuteficos 30
5- Metodologia 31
51 Local de estudo 31
511 Monitoramento interno da qualidade 31
52 Tipo de estudo 33
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica 33
54 Monitoramento externo da qualidade 33
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados 35
56 Anaacutelise dos dados 36
6- Resultados 38
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 38
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos 42
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado 43
7- Discussatildeo 45
9- Consideraccedilotildees finais 54
10- Referecircncias 55
Apecircndices 66
Anexos 70
REZENDE MT Introduccedilatildeo
12
1- Introduccedilatildeo
O CCU eacute considerado mundialmente um grave problema de sauacutede puacuteblica
sendo o quarto tipo de cacircncer mais frequente entre as mulheres e responsaacutevel pelo oacutebito
de 266 mil mulheres em 2012 (WHO 2012) No Brasil estima-se para o ano de
20162017 a ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585
casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a) A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero ou Papanicolaou eacute a estrateacutegia mais adotada para o
rastreamento desta neoplasia sendo efetivo para detectar lesotildees precursoras que podem
ser tratadas permitindo a reduccedilatildeo nas taxas de incidecircncia e mortalidade (MORIN et al
2000 TOMASI et al 2015)
Um dos grandes desafios a ser superado em relaccedilatildeo ao exame citopatoloacutegico eacute a
elevada taxa de resultados falso-negativos (RFN) que o meacutetodo apresenta que podem
chegar ateacute a 62 (ATTWOOD et al 1985 KOSS 1989 GIILL 2005 AMARAL et
al 2008) Assim muitas mulheres natildeo satildeo diagnosticadas e continuam em risco de
desenvolver lesotildees precursoras do cacircncer do colo do uacutetero uma vez que natildeo receberam o
devido acompanhamento Por outro lado os resultados falso-positivos (RFP) tambeacutem
causam transtornos na vida das mulheres que muitas vezes se submetem a
procedimentos desnecessaacuterios (MITCHELL MEDLEY 1995 KIRSCHNER et al
2011 GULLO et al 2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Com o objetivo de aperfeiccediloar o exame citopatoloacutegico algumas estrateacutegias
corretivas de melhoria da qualidade tecircm sido desenvolvidas como os programas de
monitoramento interno da qualidade (MIQ) e monitoramento externo da qualidade
(MEQ) que visam identificar corrigir e diminuir as falhas dentro do laboratoacuterio de
citopatologia Dessa forma eacute possiacutevel melhorar a sensibilidade do meacutetodo em detectar
alteraccedilotildees citopatoloacutegicas resultando na reduccedilatildeo dos percentuais de RFN e RFP
(TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) O Ministeacuterio da Sauacutede em 2013
regulamentou o MIQ e o MEQ instituindo a Qualificaccedilatildeo Nacional em Citopatologia na
Prevenccedilatildeo do CCU (BRASIL 2013a) que definiu padrotildees para avaliar a qualidade do
exame atraveacutes do acompanhamento dos laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam
serviccedilo para o SUS
O MEQ compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio diferente
daquele que realizou a primeira leitura e tem como principal objetivo avaliar o
REZENDE MT Introduccedilatildeo
13
desempenho dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do colo uterino e fornecer educaccedilatildeo
continuada aos citopatologistas com o intuito de aprimorar o diagnoacutestico citopatoloacutegico
(FREITAS THULER 2012 AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio e
contemplam entre outras o monitoramento do preparo das lacircminas o tempo de
escrutiacutenio a carga de trabalho do citologista a revisatildeo dos esfregaccedilos e a implantaccedilatildeo
de sistema de indicadores de qualidade Dentre os meacutetodos de MIQ mais eficientes na
detecccedilatildeo de RFN cita-se a revisatildeo raacutepida de 100 (RR100) dos esfregaccedilos negativos
e o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) de todos os esfregaccedilos (TAVARES et al 2011 2014
BRASIL 2016b) A implementaccedilatildeo dos indicadores de qualidade eacute fundamental pois
permite comparar a situaccedilatildeo atual com metas desejadas assim eacute possiacutevel acompanhar o
comportamento do indicador apoacutes a realizaccedilatildeo de alguma intervenccedilatildeo auxiliando na
tomada de decisatildeo (BORTOLON et al 2012 PLEWKA et al 2014 BRASIL 2016b)
Aleacutem do monitoramento da qualidade dos exames citopatoloacutegicos a eficiecircncia
do rastreamento do CCU depende do seguimento adequado das mulheres com
resultados alterados mantendo no programa aquelas que devem repetir o exame ou
serem encaminhadas adequadamente para a colposcopia e bioacutepsia (ZOLA et al 2007
ALBUQUERQUE et al 2012) O seguimento permite que seja feito a correlaccedilatildeo do
diagnoacutestico citoloacutegico com a histologia que eacute uma importante ferramenta usada como
medida da garantia da qualidade e do desempenho dos laboratoacuterios de citopatologia
(ANSCHAU GONCcedilALVES 2011 TURKMEN et al 2013)
Portanto eacute imprescindiacutevel a implantaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ na rotina
dos laboratoacuterios de citopatologia pois satildeo parte integrante da estrateacutegia de garantia e
melhoria contiacutenua da qualidade com a finalidade de reduzir as falhas do exame
citopatoloacutegico garantindo agraves mulheres a prestaccedilatildeo de um serviccedilo seguro
Um dos principais motivos da ocorrecircncia dos RFN e RFP satildeo problemas
relacionados agrave interpretaccedilatildeo diagnoacutestica (GAY NALDSON GOELLNER 1985
RENSHAW 2003 COLEMAN POZNANSKY 2006 BRANCA LONGATTO-
FILHO 2015) Sendo assim este trabalho teve como objetivo comparar os exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero submetidos ao MEQ com o intuito de minimizar
divergecircncias diagnoacutesticas a fim de reduzir os RFN e RFP que satildeo um dos maiores
problemas enfrentados pelos laboratoacuterios de citopatologia
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
14
2- Revisatildeo da Literatura
21 Cacircncer do colo do uacutetero
Estimativas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede apontaram o cacircncer do colo do
uacutetero (CCU) como o responsaacutevel pelo oacutebito de 266 mil mulheres em 2012 e
aproximadamente 87 ocorreram nas regiotildees menos desenvolvidas (WHO 2012) No
Brasil ocupa a terceira posiccedilatildeo entre os dez tipos de cacircncer mais incidentes estimados
para 2016 por sexo exceto pele natildeo melanoma Estima-se para o ano de 20162017 a
ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585 casos a cada
100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
A taxa de incidecircncia do CCU estimada para 20162017 por regiatildeo brasileira sem
considerar os tumores de pele natildeo melanoma eacute a mais alta na regiatildeo Norte
apresentando 2397 novos casos por 100 mil mulheres Eacute o segundo mais incidente nas
regiotildees Centro-Oeste e Nordeste com 2072 e 1949 novos casos a cada 100 mil
mulheres respectivamente E na regiatildeo Sudeste estaacute na terceira posiccedilatildeo com 1130
novos casos a cada 100 mil mulheres e na regiatildeo Sul na quarta com 1517 novos casos
a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
Define-se o CCU como a replicaccedilatildeo desordenada do epiteacutelio de revestimento
deste oacutergatildeo resultando em comprometimento do estroma e invasatildeo de estruturas e
oacutergatildeos contiacuteguos ou agrave distacircncia Na fase preacute-cliacutenica desta neoplasia natildeo se observam
sintomas de maneira que a detecccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees precursoras eacute realizada pelo
exame citoloacutegico por outro lado agrave medida que a doenccedila progride surgem sangramento
menorragias e metrorragias (HAMONT et al 2008 LIMBERGER et al 2012)
O CCU eacute uma doenccedila que possui evoluccedilatildeo lenta onde a progressatildeo de uma
lesatildeo inicial para a forma invasiva pode levar anos sendo entatildeo possiacutevel identificar suas
formas precursoras que satildeo trataacuteveis e curaacuteveis (MEDEIROS et al 2005 COLEMAN
POZNANSKY 2006 RAMA et al 2008) Assim trata-se de uma doenccedila evitaacutevel
podendo apresentar 100 de cura principalmente atraveacutes do diagnoacutestico precoce
realizado pelo exame citopatoloacutegico e tratamento adequado de lesotildees preacute-malignas
(ZEFERINO et al 1996 ELUF-NETO NASCIMENTO 2001 SANTOS et al 2013)
A infecccedilatildeo pelo papiloma viacuterus humano (HPV) eacute uma das doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis mais comuns em todo mundo em ambos os sexos sendo que a maioria
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
15
das pessoas adquirem o viacuterus no iniacutecio da atividade sexual A infecccedilatildeo tem iniacutecio nas
ceacutelulas basais da zona de transformaccedilatildeo do colo do uacutetero e a maioria eacute controlada pela
resposta imune celular ocorrendo sua eliminaccedilatildeo espontacircnea em torno de dois anos
sem causar lesotildees e sintomas (ALMONTE et al 2010 GRAVITT et al 2011)
O HPV eacute considerado o principal fator de risco associado ao desenvolvimento
do CCU e a infecccedilatildeo persistente no trato reprodutivo de mulheres pode levar ao
surgimento de lesotildees preacute-neoplaacutesicas (DE SANJOSE et al 2007 2010
GUDLEVICIENE et al 2010) Satildeo descritos hoje aproximadamente 130 genoacutetipos do
HPV sendo que desses 40 podem infectar a mucosa genital Os tipos de HPV satildeo
classificados em viacuterus de alto ou baixo risco oncogecircnico conforme a propensatildeo das
ceacutelulas infectadas agrave transformaccedilatildeo neoplaacutesica (WEISS ROSENTHAL ZIMET 2011
FERRAZ SANTOS DISCACCIATI 2012) Aproximadamente 15 tipos de HPV tecircm
potencial oncogecircnico e satildeo responsaacuteveis por praticamente todos os cacircnceres cervicais e
lesotildees precursoras desses os mais prevalentes satildeo os HPV 16 e 18 sendo associados
com aproximadamente 70 de todos os cacircnceres do colo do uacutetero (MAZARICO
GONZALEZ-BOSQUETE 2012 HOSTE VOSSAERT POPPE 2013)
Sabe-se que somente a infecccedilatildeo pelo HPV natildeo eacute suficiente para o
desenvolvimento do carcinoma pois haacute um periacuteodo de latecircncia entre a infecccedilatildeo e o
desenvolvimento das lesotildees preacute-neoplaacutesicas indicando que existem outros elementos
atuando como co-fatores na carcinogecircnese do colo do uacutetero dentre os quais cita-se o
iniacutecio precoce da vida sexual muacuteltiplos parceiros sexuais multiparidade histoacuteria de
doenccedila sexualmente transmitida imunossupressatildeo uso prolongado de anticoncepcional
oral e tabagismo (NATUNEN et al 2011 ZARDO et al 2014)
Desde a infecccedilatildeo pelo HPV ateacute o desenvolvimento do CCU transcorrem
aproximadamente quinze anos Considera-se esta progressatildeo lenta sendo possiacutevel nesse
tempo a identificaccedilatildeo precoce de lesotildees celulares associadas com a persistecircncia deste
viacuterus no trato genital por meio da citologia cervical Assim haacute tempo para que as
lesotildees possam ser tratadas adequadamente impedindo a progressatildeo para o cacircncer
(SNIJDERS et al 2006 DISCACCIATI et al 2011 FERRAZ SANTOS
DISCACCIATI 2012)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
16
22 Exame citopatoloacutegico
A estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do CCU desde sua introduccedilatildeo
em 1941 por George Papanicolaou eacute o exame citopatoloacutegico sendo responsaacutevel pela
reduccedilatildeo da incidecircncia e mortalidade desse cacircncer nas uacuteltimas cinco deacutecadas em paiacuteses
em que foi implantado de maneira eficiente (PAPANICOLAOU TRAUT 1977
ARBYN et al 2009 DIJKSTRA et al 2014) O rastreio utilizando a citologia
esfoliativa eacute considerado uma intervenccedilatildeo de sauacutede puacuteblica extremamente bem-
sucedida de forma que praticado de acordo com as diretrizes alcanccedila reduccedilotildees na
incidecircncia do CCU de ateacute 80 (FRANCO DUARTE-FRANCO FERENCZY 2001
OGILVIE et al 2010) Aleacutem disso mais de 60 de todos os casos de CCU satildeo
observados entre as mulheres que natildeo participam do rastreamento (STENVALL
WIKSTROM WILANDER 2007)
O exame citopatoloacutegico baseia-se no fato de que alteraccedilotildees nas ceacutelulas epiteliais
do colo uterino podem progredir ao longo do tempo permitindo o surgimento do
cacircncer Sendo assim o Papanicolaou eacute estrateacutegico para detecccedilatildeo dessas alteraccedilotildees nas
fases iniciais das lesotildees precursoras (CARVALHO QUEIROZ 2010) Eacute um exame
faacutecil raacutepido praacutetico seguro de baixo custo e eficaz na detecccedilatildeo de lesotildees cervicais e
por isso deve ser incentivado como meacutetodo de triagem (GREENWOOD MACHADO
SAMPAIO 2006 OLIVEIRA et al 2010 COBUCCI et al 2016)
Os procedimentos mais usados para a confecccedilatildeo dos esfregaccedilos para o exame
citopatoloacutegico satildeo a coleta convencional ou em meio liacutequido (ARBYN et al 2008
NANDINI et al 2012) A teacutecnica de citologia em meio liacutequido permite que as ceacutelulas
sejam suspensas em meio liacutequido e espalhadas em monocamada possibilitando assim
uma melhor avaliaccedilatildeo morfoloacutegica e tem sido introduzida nos paiacuteses desenvolvidos para
melhorar a sensibilidade do exame citopatoloacutegico (PAWAR et al 2014) Apesar deste
meacutetodo apresentar menos tempo de triagem fundo limpo e melhor distribuiccedilatildeo dos
elementos celulares os benefiacutecios natildeo justificam o alto custo assim a coleta
convencional deve ser a primeira escolha para os paiacuteses em desenvolvimento pois
quando realizado de maneira organizada e de acordo com os padrotildees de qualidade natildeo eacute
inferior a citologia em meio liacutequido (ILTER et al 2012 SHARMA et al 2016)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a coleta convencional Neste tipo de coleta o
espeacuteculo eacute introduzido no canal vaginal para expor o colo do uacutetero e satildeo utilizados a
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
17
espaacutetula de Ayre para a coleta de ceacutelulas da ectoceacutervice e a escova endocervical para
coleta de ceacutelulas da endoceacutervice (ARBYN et al 2008 VERMA JAIN KAUR 2014)
As ceacutelulas satildeo colocadas em uma lacircmina transparente de vidro com extremidade fosca
onde consta identificaccedilatildeo da paciente satildeo coradas e examinadas ao microscoacutepio pelos
profissionais habilitados que poderatildeo identificar ceacutelulas que apresentam alteraccedilotildees
indicativas de lesotildees preacute-malignas (ARBYN et al 2008 FERNANDES et al 2009
BRASIL 2011)
No Brasil a populaccedilatildeo alvo recomendada para a realizaccedilatildeo deste exame satildeo
mulheres na faixa etaacuteria de 25 ateacute os 64 anos de idade e agravequelas que jaacute iniciaram a vida
sexual Recomenda-se a realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico como ferramenta
de rastreamento sendo que deve ser repetido a cada trecircs anos apoacutes dois exames anuais
consecutivos normais A repeticcedilatildeo em um ano tem por objetivo diminuir a possibilidade
de RFN (RIBEIRO SANTOS TEIXEIRA 2011 BRASIL 2016c) Este
acompanhamento regular tem como base os programas de rastreamento organizados na
maioria dos paiacuteses desenvolvidos (FERLAY et al 2012)
Em estudo envolvendo oito paiacuteses realizado pela International Agency for
Research on Cancer (IARC) em 1986 servindo de suporte para normas ainda hoje
vigente mundialmente estimou-se que ao iniciar o rastreamento aos 25 anos de idade e
natildeo aos 20 anos perde-se apenas 1 de reduccedilatildeo da incidecircncia cumulativa do CCU
(IARC 1986 BRASIL 2011) Mulheres de ateacute 20 anos de idade natildeo estatildeo incluiacutedas na
faixa etaacuteria alvo do rastreamento pois possuem maior probabilidade de regressatildeo das
lesotildees preacute-invasivas o carcinoma invasor nesta parcela da populaccedilatildeo em geral eacute
extremamente raro e a maioria das infecccedilotildees pelo HPV se resolve espontaneamente em
cerca de dois anos sendo portanto de reduzida significacircncia cliacutenica (MOSCICKI
2008 MOSCICKI COX 2010) Os exames devem seguir ateacute os 64 anos e apoacutes essa
idade serem interrompidos quando resultarem em dois exames negativos consecutivos
nos uacuteltimos cinco anos (SASIENI CASTANtildeON CUZICK 2010 BRASIL 2011)
O rastreamento no Brasil eacute predominantemente oportuniacutestico ou seja as
mulheres tecircm realizado o exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero quando procuram os
serviccedilos de sauacutede geralmente devido a consulta meacutedica gravidez e diante de queixas
como prurido e leucorreacuteia Assim 20 a 25 dos exames tecircm sido realizados fora do
grupo etaacuterio recomendado e aproximadamente metade deles com intervalo de um ano
ou menos quando o recomendado satildeo trecircs anos Portanto haacute um contingente de
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
18
mulheres rastreadas e a exclusatildeo de outras (ZEFERINO 2008 NAVARRO et al 2015
BRASIL 2016c)
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais
George N Papanicolaou em 1941 criou a primeira terminologia de
classificaccedilatildeo citoloacutegica das lesotildees precursoras do CCU que procurava expressar se as
ceacutelulas observadas eram normais ou natildeo e desde entatildeo vaacuterios sistemas de classificaccedilatildeo
foram sugeridos (TRAUT PAPANICOLAOU 1943 AGUIAR et al 2011)
Nos Estados Unidos em 1988 foi realizada na cidade de Bethesda um workshop
que enfatizou a grande diversidade na comunicaccedilatildeo dos resultados em citologia
cervical e teve como objetivo determinar uma terminologia que daria limites evidentes
para a gestatildeo e dessa maneira reduziria a variabilidade interobservador Entatildeo nesse
ano foi aprovada a classificaccedilatildeo citoloacutegica conhecida como Terminologia do Sistema
Bethesda que introduziu os termos lesotildees intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e
alto grau (HSIL) (NAYAR WILBUR 2015a)
Apoacutes experiecircncia na praacutetica cliacutenica e novos avanccedilos no conhecimento
cientiacutefico esse sistema passou por revisatildeo em 1991 e 2001 que propocircs uniformizar as
terminologias assim como as condutas cliacutenicas para cada classificaccedilatildeo citoloacutegica
(AGUIAR et al 2011) O workshop de 1991 levou agrave produccedilatildeo do primeiro atlas
Bethesda em 1994 depois de sua publicaccedilatildeo tornou-se rapidamente uma referecircncia
mundial para a praacutetica da citologia cervical (SOLOMON et al 2002 NAYAR
WILBUR 2015a) Em 2001 aconteceu mudanccedilas marcantes em relaccedilatildeo agrave categoria de
Ceacutelulas Escamosas Atiacutepicas (ASC) A categoria ASC foi subdividida em ceacutelulas
escamosas atiacutepicas de significado indeterminado (ASC-US) e ceacutelulas escamosas
atiacutepicas quando natildeo se pode excluir lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
(WRIGHT et al 2002 MASSAD et al 2013) Nos Estados Unidos em 2013 855
dos laboratoacuterios de citologia haviam implementado a terminologia de 2001 e o
sistema de Bethesda produziu um impacto significativo na comunidade
internacional de citopatologia (DAVEY et al 2004)
Nos uacuteltimos anos vecircm acontecendo vaacuterias mudanccedilas nos processos de rastreio
do CCU como aumento do uso de citologia em meio liacutequido aprovaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de vacinas profilaacuteticas contra o HPV mudanccedilas na terminologia de
histopatologia e diretrizes atualizadas para o rastreio do CCU e gestatildeo cliacutenica Com
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
19
base em todas essas mudanccedilas o ano de 2014 era o momento adequado para uma
revisatildeo e atualizaccedilatildeo da terminologia Sistema de Bethesda 2001 Houve entatildeo o
refinamento de criteacuterios morfoloacutegicos e incorporaccedilatildeo de revisotildees e novas
informaccedilotildees adicionais na terceira ediccedilatildeo do atlas Bethesda para citologia cervical
(NAYAR WILBUR 2015b)
Em 2003 foi publicada a primeira ediccedilatildeo da Nomenclatura Brasileira para
Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais e Condutas Cliacutenicas Preconizadas baseada no
sistema de Bethesda contendo tambeacutem o MEQ com o objetivo de padronizar o laudo
citopatoloacutegico com as respectivas condutas cliacutenicas e manter o controle de qualidade
desses laudos emitidos pelos laboratoacuterios prestadores de serviccedilo ao Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SUS) No ano de 2006 houve a publicaccedilatildeo da segunda ediccedilatildeo dessa
nomenclatura e foi suprimido o capiacutetulo referente ao MEQ porque esse tema merecia
uma profunda revisatildeo No ano de 2010 optou-se por lanccedilar como publicaccedilotildees
independentes os trecircs capiacutetulos de Condutas Cliacutenicas Preconizadas MEQ e da
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais (BRASIL 2012)
Em 2012 foi publicada a terceira ediccedilatildeo revisada e atualizada da Nomenclatura
Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais que eacute a nomenclatura utilizada
atualmente no Brasil contemplando a seguinte classificaccedilatildeo
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (ASC-US)
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir
lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (AGC-SOE)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode afastar
lesatildeo intraepitelial de alto grau (AGC-NEO)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL)
bull Adenocarcinoma in situ (AIS)
bull Adenocarcinoma invasor (cervical endometrial e sem outras especificaccedilotildees)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau natildeo podendo excluir microinvasatildeo
bull Carcinoma epidermoacuteide invasor
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
20
A adoccedilatildeo do Sistema de Bethesda ainda que adaptado ao Brasil facilita a
comparaccedilatildeo de resultados nacionais com os encontrados em publicaccedilotildees estrangeiras
Poreacutem ainda haacute resistecircncia por parte dos citopatologistas no emprego da nomenclatura
brasileira para exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero Ressalta-se que aleacutem do
diagnoacutestico preciso tambeacutem eacute importante que o relatoacuterio de apresentaccedilatildeo dos resultados
seja de faacutecil compreensatildeo para que a paciente receba seguimento e conduta adequada
dessa forma maiores esforccedilos devem ser empregados no sentido de estimular o uso
dessa nomenclatura (AGUIAR et al 2011)
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado
Em 2011 houve atualizaccedilatildeo das Condutas Cliacutenicas Preconizadas de 2006 e entatildeo
foram lanccediladas as ldquoDiretrizes para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo que
buscaram orientar as condutas preconizadas em mulheres com alteraccedilotildees no exame
citopatoloacutegico cervical (BRASIL 2011)
De acordo com essas diretrizes diante de um resultado de exame citopatoloacutegico
de ASC-US a mulher com 30 anos ou mais deveraacute repetir o exame citopatoloacutegico em
um intervalo de 6 meses e com idade inferior a 30 anos no intervalo de 12 meses Para
os exames com resultados classificados como ASC-H as mulheres devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e se observado alteraccedilotildees
colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia jaacute aquelas sem alteraccedilotildees devem repetir nova
citologia em 6 meses Pacientes com diagnoacutestico citoloacutegico de AGC devem ser
encaminhadas para colposcopia realiza-se a bioacutepsia apenas quando satildeo observadas
alteraccedilotildees no colo caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia em 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de LSIL devem repetir o exame citopatoloacutegico em 6
meses se a citologia de repeticcedilatildeo for negativa em dois exames consecutivos a paciente
deve retornar agrave rotina de rastreamento citoloacutegico trienal Pacientes que apresentarem
diagnoacutestico de HSIL deveratildeo ser encaminhadas em ateacute trecircs meses agrave Unidade de
Referecircncia Secundaacuteria para realizaccedilatildeo da bioacutepsia se observada alteraccedilotildees no colo na
colposcopia (BRASIL 2011)
No ano de 2016 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a segunda ediccedilatildeo das ldquoDiretrizes
para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo atualizando as diretrizes publicadas em
2011 visando auxiliar os profissionais da sauacutede em suas praacuteticas assistenciais em todo o
paiacutes quanto ao seguimento de exames citopatoloacutegicos alterados e apoiar os gestores na
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
21
tomada de decisatildeo em relaccedilatildeo agrave estruturaccedilatildeo da linha de cuidados da mulher (BRASIL
2016c)
De acordo com as diretrizes mais recentes as mulheres com diagnoacutestico de ASC-
US abaixo de 25 anos de idade devem repetir o exame apoacutes 3 anos aquelas entre 25 e
29 anos devem repetir em 12 meses enquanto as mulheres acima de 30 anos devem
repetir a citologia apoacutes 6 meses Mulheres com diagnoacutestico de ASC-H devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e somente aquelas que
apresentam alteraccedilotildees colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia sendo que as demais
devem repetir a citologia apoacutes 6 meses Em mulheres com diagnoacutestico de ceacutelulas
glandulares atiacutepicas (AGC) ou ceacutelulas atiacutepicas de origem indefinida a paciente deve ser
imediatamente encaminhada para colposcopia onde faz-se a bioacutepsia apenas quando satildeo
observadas alteraccedilotildees caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia Na
presenccedila do diagnoacutestico LSIL em mulheres abaixo de 25 anos de idade sugere-se repetir
o exame citopatoloacutegico apoacutes 3 anos com indicaccedilatildeo de colposcopia caso a atipia se
mantenha E mulheres acima de 25 anos de idade devem repetir a citologia apoacutes 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de HSIL devem ser encaminhadas para realizaccedilatildeo de
colposcopia ateacute trecircs meses apoacutes o resultado e caso apresentem alteraccedilotildees visuais no
colo do uacutetero deveratildeo ser submetidas a bioacutepsia caso contraacuterio recomenda-se nova
citologia apoacutes trecircs meses a contar da data da coleta da citologia anterior (BRASIL
2016c)
Um dos maiores problemas enfrentado pelo programa de rastreamento e controle
do CCU eacute a falta de seguimento dado as mulheres depois que realizam o exame
citopatoloacutegico bem como a orientaccedilatildeo errocircnea por parte dos profissionais de sauacutede
Portanto para que o programa tenha sucesso eacute necessaacuterio garantir que seja organizado e
definido como um conjunto de accedilotildees programadas com populaccedilatildeo e periodicidade
especiacuteficas porque com o seguimento pode-se oferecer um tratamento adequado
interrompendo o desenvolvimento desse cacircncer (VALE et al 2010 ALBUQUERQUE
et al 2012 SANTOS et al 2013)
23 Controle de qualidade em citopatologia
O exame citopatoloacutegico necessita apresentar uma boa acuraacutecia diagnoacutestica
(MILLER et al 2000 KOSE NAKI 2014 ABUDUKADEER et al 2015) No
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
22
entanto questiona-se sua eficiecircncia pois certo nuacutemero de mulheres desenvolve esse
cacircncer apesar de realizarem o exame periodicamente em parte essa situaccedilatildeo pode ser
explicada pelas altas taxas de RFN (MITCHELL MEDLEY 1995 TAVARES et al
2008 KIRSCHNER et al 2011) Aleacutem disso os RFP tambeacutem satildeo alarmantes pois
geram danos agrave vida de mulheres na medida que se sujeitam a procedimentos
dispensaacuteveis (KOSS 1989 FRABLE 2007 GULLO et al 2012)
As principais causas dos RFN ocorrem devido a erros de coleta de escrutiacutenio e
de interpretaccedilatildeo do diagnoacutestico (BOSCH RIETVELD-SCHEFFERS BOON 1992
MITCHELL MEDLEY 1995 ORTIZ-VAacuteZQUEZ et al 2001 FRABLE et al 2007
MANRIQUE et al 2009) Erros na coleta do material citoloacutegico podem ser
responsaacuteveis por ateacute 62 dos RFN e ocorrem devido agrave falta de representatividade
celular ou escassez de ceacutelulas neoplaacutesicas e tambeacutem pela presenccedila de processo
inflamatoacuterio sangue e fundo necroacutetico nos esfregaccedilos que podem prejudicar a anaacutelise
(VAN DER et al 1987 EJERSBO DAHL HOLUND 2003 AMARAL et al 2006
AMARAL et al 2008 LONNBERG et al 2010) O erro de escrutiacutenio varia de 10 a
67 e ocorre quando as ceacutelulas atiacutepicas estatildeo presentes no esfregaccedilo mas natildeo satildeo
identificadas pelo escrutinador devido agrave falta de atenccedilatildeo e concentraccedilatildeo tempo
insuficiente e falta de experiecircncia (DEMAY 1997 PITTOLI et al 2003 PAJTLER et
al 2006 AMARAL et al 2008) O erro de interpretaccedilatildeo pode ser responsaacutevel por ateacute
22 dos RFN e ocorre quando as ceacutelulas neoplaacutesicas satildeo reconhecidas mas satildeo
identificadas como benignas ou ainda satildeo classificadas erroneamente isso eacute atribuiacutedo
principalmente agrave experiecircncia insuficiente do profissional e informaccedilotildees cliacutenicas
inadequadas (GAY NALDSON GOELLNER 1985 RENSHAW 2003 COLEMAN
POZNANSKY 2006 AMARAL et al 2008)
Dessa forma tem sido exigido a implementaccedilatildeo de programas de monitoramento
da qualidade em citopatologia com o objetivo de melhorar o desempenho do exame
citopatoloacutegico em detectar anormalidades escamosas e glandulares e
consequentemente diminuir os percentuais de RFN e RFP que satildeo resultados
preocupantes tanto para a mulher quanto para os custos dos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(PAJTLER et al 2006 TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) A fim de
minimizar as falhas deste exame vaacuterias estrateacutegias corretivas de garantia da qualidade
tecircm sido desenvolvidas como a implementaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ nos
laboratoacuterios de citopatologia (PEREIRA et al 2006 AacuteZARA et al 2014a)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
23
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio de
citopatologia contemplam na fase preacute-analiacutetica atividades realizadas antes do
escrutiacutenio e incluem o registro do material recebido a preparaccedilatildeo a coloraccedilatildeo e a
montagem das lacircminas a manutenccedilatildeo dos equipamentos e microscoacutepios aleacutem dos
registros da qualificaccedilatildeo e treinamento dos profissionais (BRASIL 2016b) Na fase
analiacutetica o objetivo eacute a reduccedilatildeo de erros de escrutiacutenio ou de erros de interpretaccedilatildeo do
resultado com o intuito de diminuir os iacutendices de RFN e RFP algumas das medidas
contemplam o tempo de escrutiacutenio carga de trabalho do citologista e revisatildeo dos
esfregaccedilos (TAVARES et al 2007) O monitoramento contiacutenuo da qualidade dos
resultados dos exames citopatoloacutegicos imprescindiacutevel para o laboratoacuterio faz parte da
fase poacutes-analiacutetica em que eacute avaliada o desempenho global e individual dos profissionais
(AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
Por muitos anos vaacuterias discussotildees ocorreram na tentativa de apontar o melhor
meacutetodo de MIQ para a citologia cervical (DUDDING RENSHAW ELLIS 2011)
Considerado como consenso entre os especialistas na aacuterea a repeticcedilatildeo da leitura de
todos os esfregaccedilos classificados como negativos no escrutiacutenio de rotina eacute o meacutetodo
mais preciso para evitar erros no rastreio poreacutem este meacutetodo eacute dispendioso exigindo
muito tempo para a leitura em duplicata (TAVARES et al 2011)
Dentre os meacutetodos de MIQ cita-se a revisatildeo aleatoacuteria de 10 dos esfregaccedilos
negativos pelo escrutiacutenio de rotina (R-10) a revisatildeo baseada em criteacuterios cliacutenicos de
risco (RCCR) a revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos (RR100) e o preacute-
escrutiacutenio raacutepido (PER) Os meacutetodos de PER e RR100 satildeo considerados os mais
eficazes na detecccedilatildeo de RFN (MANRIQUE et al 2007 2011 TAVARES et al 2011
BRASIL 2016b) O meacutetodo de revisatildeo de 10 dos esfregaccedilos negativos eacute criticado
pois detecta poucos casos RFN assim como a RCCR que tambeacutem tem produzido
resultados ruins em vaacuterios estudos (AMARAL et al 2005 TAVARES et al 2008
TAVARES et al 2011 CURRENS et al 2012)
A RR100 consiste em revisar rapidamente todos os esfregaccedilos classificados
como negativos e insatisfatoacuterios do escrutiacutenio de rotina poreacutem como o revisor possui
conhecimento do resultado pode tornar o meacutetodo tendencioso reduzindo sua
concentraccedilatildeo e aumentando a possibilidade de deixar passar erros (PAJTLER et al
2006 MANRIQUE et al 2007) O PER consiste no escrutiacutenio raacutepido de todos os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
24
esfregaccedilos sem influecircncia de marcaccedilotildees sobre a lacircmina durante um tempo limitado
antes do escrutiacutenio de rotina e eacute um meacutetodo que tende a prender a atenccedilatildeo do
citologista jaacute que eacute realizado anterior a leitura de rotina aleacutem de permitir que a
sensibilidade de ambos PER e ER seja estimada (DJEMLI KHETANI AUGER
2006 TAVARES et al 2008)
Portanto eacute de extrema importacircncia a implementaccedilatildeo de accedilotildees de garantia da
qualidade na rotina dos laboratoacuterios de citopatologia pois permitem aprimorar o exame
citopatoloacutegico assegurando resultados confiaacuteveis (FERRAZ et al 2005 SIEGL et al
2014)
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
O sistema de monitoramento da qualidade tambeacutem deve comtemplar o
desenvolvimento e implantaccedilatildeo de sistema de indicadores de qualidade pois permitem
avaliar o desempenho global do laboratoacuterio realizar anaacutelise estatiacutestica individual dos
profissionais bem como utilizar os dados obtidos para a realizaccedilatildeo de intervenccedilotildees para
aperfeiccediloamento das etapas laboratoriais (SIEGL et al 2014 AacuteZARA et al 2014b)
Os indicadores de qualidade em citopatologia cervical possuem caracteriacutesticas
que satildeo muito importantes para que possam ser uacuteteis como ferramentas de apoio para o
monitoramento e a avaliaccedilatildeo do desempenho do laboratoacuterio Entre elas destacam-se a
facilidade de compreensatildeo uso de dados de coleta disponiacutevel e faacutecil execuccedilatildeo
mensuram os resultados encontrados permitindo comparaccedilatildeo com valores de referecircncia
preacute-estabelecidos refletem exatamente o que se deseja quantificar viabilizando assim
uma anaacutelise comparativa dos resultados para uma melhoria contiacutenua dos processos
internos do laboratoacuterio (BRASIL 2016b)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda que a coleta dos dados deve ser realizada
pelos profissionais envolvidos nas diversas etapas do processo de trabalho pois a
responsabilizaccedilatildeo dos profissionais pela obtenccedilatildeo dos dados tende a gerar compromisso
deles com os resultados almejados assim os dados tendem a ser de melhor qualidade
(BRASIL 2016b) Portanto a construccedilatildeo de tais indicadores para auxiliar o programa
de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo uacutetero deve ser feita internamente no
laboratoacuterio e satildeo mundialmente conhecidos pelos profissionais dessa aacuterea (BRASIL
2016b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
25
Os indicadores de qualidade incluem o iacutendice de positividade (IP) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ASCSat) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt) razatildeo de ceacutelulas
escamosas atiacutepicas por lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) percentual de exames
compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSILSat) (BORTOLON et
al 2012 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b)
O IP expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares nos exames aleacutem da
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo examinada
e recomenda-se que esteja entre 3 e 10 O ASCSat deve ficar entre 4 e 5 e quando
elevado sugere problemas na amostra na anaacutelise laboratorial ou em ambas as fases e
representa um ocircnus para a mulher e para a rede assistencial pois acarreta a oferta de um
maior nuacutemero de exames destinados agrave repeticcedilatildeo para investigaccedilatildeo diagnoacutestica O
ASCAlt deve ser inferior a 60 e tem o objetivo de monitorar ao percentual de atipias
de significado indeterminado para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo continuada dos
citopatologistas A razatildeo ASCSIL permite identificar o baixo desempenho profissional
no rastreamento e valores muito altos devem ter a causa investigada pois podem mostrar
a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios citoloacutegicos utilizados sendo que este indicador
deve ser menor que 3 O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees
precursoras do CCU e recomenda-se que seja igual ou maior que 04 (PLEWKA et
al 2014 BRASIL 2016b)
Os documentos gerados na elaboraccedilatildeo e o registro perioacutedico dos indicadores de
qualidade devem ser armazenados para permitir o acompanhamento dos processos
analisados e devem fazer parte do conjunto de documentos que compotildeem o Sistema de
Monitoramento da Qualidade do laboratoacuterio Eacute importante que esse material seja
armazenado em local de faacutecil acesso com o objetivo de facilitar as consultas sempre
que for necessaacuterio Recomenda-se que sejam feitos mensalmente e impressos com
assinatura do profissional responsaacutevel (BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia
Haacute deacutecadas o Brasil tem adotado medidas para garantia da qualidade dos exames
citopatoloacutegicos Em 1998 foi instituiacutedo o Programa Nacional de Controle do Cacircncer de
Colo de Uacutetero pela portaria GMMS nordm 3040 que reconheceu que o exame
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
26
citopatoloacutegico do colo uterino eacute uma avaliaccedilatildeo qualitativa que dependente da
interpretaccedilatildeo do observador e que essa subjetividade precisa ser minimizada portanto o
monitoramento da qualidade eacute importante para a garantia do serviccedilo prestado agrave
populaccedilatildeo feminina (BRASIL 1998)
O Ministeacuterio da Sauacutede em 2001 por meio da Portaria SPSSAS nordm 92 preconizou
que todos os laboratoacuterios que realizam exames citopatoloacutegicos para o SUS deveriam
submeter-se ao Programa de Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ) poreacutem o
programa de responsabilidade das coordenaccedilotildees estaduais natildeo havia sido implantado
em todo paiacutes Esse programa foi regulamentado em 2013 atraveacutes da Qualificaccedilatildeo
Nacional em Citopatologia na Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2010
BRASIL 2013a)
A Portaria Qualicito definiu que os gestores estaduais e municipais devem
gerenciar o programa acompanhando o desempenho dos laboratoacuterios participantes que
foram classificados em Tipo I e Tipo II Satildeo considerados Laboratoacuterios Tipo I os
laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam serviccedilo ao SUS e que realizam exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero e os Laboratoacuterios Tipo II os laboratoacuterios puacuteblicos
responsaacuteveis por realizar os exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no acircmbito do
MEQ aleacutem de poderem realizar as accedilotildees dos Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2013a)
O MEQ eacute parte integrante da estrateacutegia de garantia da qualidade em citopatologia
e tem por finalidade avaliar o desempenho dos Laboratoacuterios Tipo I e a qualidade dos
exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero detectar as diferenccedilas de interpretaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos aumentar a eficiecircncia do processo de realizaccedilatildeo dos exames
citopatoloacutegicos aleacutem de reduzir o percentual de RFN RFP e insatisfatoacuterios (BRASIL
2016)
Em 1999 foi instituiacutedo o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero
(SISCOLO) com objetivo de armazenar dados sobre identificaccedilatildeo da mulher
informaccedilotildees demograacuteficas epidemioloacutegicas e dos exames citopatoloacutegicos e
histopatoloacutegicos realizados pelo SUS (GIRIANELLI THULER SILVA 2009
(BRASIL 2016c) Em 2011 foi lanccedilado o Plano Nacional de Fortalecimento da Rede de
Prevenccedilatildeo que permitiu o desenvolvimento do Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer
(SISCAN) substituindo o SISCOLO poreacutem a implementaccedilatildeo do sistema estaacute sendo
lenta e gradual (BRASIL 2013b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
27
Portanto eacute o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer (SISCAN) que seleciona do
Laboratoacuterio Tipo I todos os exames positivos e insatisfatoacuterios e 10 dos negativos para
serem enviados ao Laboratoacuterio Tipo II de acordo com o estabelecido na Portaria
Qualicito (BRASIL 2013a) A lista deve ser enviada com a relaccedilatildeo dos casos
selecionados pelo sistema juntamente com as lacircminas solicitadas e os respectivos
laudos servindo como recibo de transferecircncia de responsabilidade de guarda das
lacircminas para o Laboratoacuterio Tipo II e para controle de devoluccedilatildeo ao laboratoacuterio de
origem (BRASIL 2016b)
Entatildeo o conjunto de accedilotildees realizadas pelo Laboratoacuterio Tipo II visa agrave avaliaccedilatildeo da
qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero dos Laboratoacuterios Tipo I e
contemplam duas fases a preacute-analiacutetica e analiacutetica Na primeira o Laboratoacuterio Tipo II
verifica os procedimentos teacutecnicos e informa a qualidade da confecccedilatildeo do esfregaccedilo
fixaccedilatildeo coloraccedilatildeo montagem e contaminaccedilatildeo das amostras E a fase analiacutetica consiste
em uma revisatildeo dos esfregaccedilos citopatoloacutegicos por profissionais habilitados e o
diagnoacutestico final eacute firmado por consenso entre os citopatologistas do Laboratoacuterio Tipo
II (PEREIRA et al 2006 BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
Os exames discordantes seratildeo comunicados ao Laboratoacuterio Tipo I que poderaacute
recorrer da opiniatildeo do Laboratoacuterio Tipo II caso natildeo concorde com o parecer dos
revisores buscando o consenso Caso concorde caberaacute ao Laboratoacuterio Tipo I enviar o
laudo de revisatildeo agraves regionais ao municiacutepio ou agrave Unidade Baacutesica de Sauacutede (UBS)
mencionando que esse laudo foi realizado em conjunto com o Laboratoacuterio Tipo II de
referecircncia Caso natildeo haja consenso entre os Laboratoacuterios Tipos I e II poderaacute ser
solicitada a avaliaccedilatildeo por outro Laboratoacuterio Tipo II em acordo com a Coordenaccedilatildeo
Estadual eou Municipal (BRASIL 2016b)
A estatiacutestica para a avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo
II eacute o Kappa Ponderado devido a necessidade de se atribuiacuterem diferentes pesos para as
discordacircncias aleacutem da frequecircncia de RFN RFP e retardo de conduta Assim uma atipia
de significado indeterminado que recebeu equivocadamente um laudo de LSIL teraacute um
peso menor na construccedilatildeo do Kappa que uma HSIL que recebeu um laudo negativo
(BRASIL 2012) Os laboratoacuterios com iacutendices diagnoacutesticos abaixo de dois desvios
padrotildees da meacutedia estadual eou iacutendice Kappa de correlaccedilatildeo em niacutevel ruim seratildeo
considerados fora dos paracircmetros recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
28
Laboratoacuterios Tipo I nessa situaccedilatildeo seratildeo notificados e monitorados pelos Laboratoacuterios
Tipo II para alcanccedilar o iacutendice esperado (BRASIL 2016b)
Dessa forma os Laboratoacuterios Tipo I devem enviar regularmente todas as lacircminas e
laudos dos exames selecionados para o Laboratoacuterio Tipo II analisar os casos de
discordacircncia buscando o consenso com o Laboratoacuterio Tipo II promover educaccedilatildeo
continuada para uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos minimizar as natildeo
conformidades encontradas na rotina do laboratoacuterio diminuir os RFN e RFP e avaliar o
desempenho profissional da equipe Os Laboratoacuterios Tipo II devem fazer contato e dar
retorno aos Laboratoacuterios Tipo I comunicando o quanto antes sobre os resultados dos
exames citopatoloacutegicos discordantes e discutir caso a caso buscando o consenso apoiar
as coordenaccedilotildees estadual e municipal na interface com os laboratoacuterios que realizam
exames para o SUS e proporcionar educaccedilatildeo permanente por meio de sessotildees interativas
regulares para os Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2016b)
Diversos estudos tecircm considerado o MEQ um programa eficiente no
aperfeiccediloamento do exame citopatoloacutegico uma vez que a discussatildeo dos casos
discordantes para se chegar a um consenso dos resultados etapa fundamental do
programa possibilita a uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados na
detecccedilatildeo das lesotildees precursoras do CCU o que reflete na reduccedilatildeo dos RFN e RFP
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 FREITAS THULER 2012 AacuteZARA
et al 2013 2014a 2016 BRASIL 2016b)
REZENDE MT Justificativa
29
3- Justificativa
Um dos principais motivos da ocorrecircncia de RFN e RFP no exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero eacute a variabilidade inter e intra observador na
interpretaccedilatildeo dos diagnoacutesticos dessa forma para a garantia da qualidade se faz
necessaacuterio a implantaccedilatildeo de MIQ e MEQ nos laboratoacuterios de citopatologia (FRABLE
et al 2007 MANRIQUE et al 2009 AacuteZARA et al 2014a) Este estudo foi
realizado com o intuito de avaliar o impacto do MEQ em laboratoacuterio de citopatologia
para minimizar as divergecircncias diagnoacutesticas e erros dentro dos processos do laboratoacuterio
a fim de reduzir os RFN e RFP Investindo na identificaccedilatildeo e retificaccedilatildeo das falhas eacute
possiacutevel que seja assegurado o melhor serviccedilo possiacutevel agrave mulher que receberaacute
seguimento e tratamento adequado
REZENDE MT Objetivos
30
4- Objetivos
41 Objetivo Geral
Comparar os resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do
municiacutepio de Ouro Preto MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade
42 Objetivos especiacuteficos
- Verificar a frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
- Avaliar a concordacircncia diagnoacutestica frequecircncia de casos discordantes falso-negativos
falso-positivos e retardo de conduta entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar o resultado do seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
do monitoramento externo da qualidade incluindo os RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de
consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes o monitoramento externo da qualidade
REZENDE MT Metodologia
31
5- Metodologia
51 Local de estudo
Este trabalho foi desenvolvido no setor de citologia do Laboratoacuterio Piloto de
Anaacutelises Cliacutenicas (LAPAC) da Escola de Farmaacutecia da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP) Por se tratar de estudo baseado em resultados de exames coletados em
2013 e 2014 que estatildeo disponiacuteveis publicamente atraveacutes do SISCOLO natildeo foi
necessaacuterio a submissatildeo ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
O setor de citologia deste laboratoacuterio eacute composto por 5 citopatologistas 2
bolsistas 1 teacutecnica e 2 assistentes administrativos Neste laboratoacuterio estatildeo disponiacuteveis
microscoacutepios NiKon E 200 para escrutiacutenio dos esfregaccedilos bateria de coloraccedilatildeo e
material para montagem das lacircminas microscoacutepio de 5 cabeccedilas para discussatildeo de casos
e 3 computadores para parte administrativa O setor de citologia deste laboratoacuterio atende
uma rotina de exames citopatoloacutegicos colhidos nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS)
de Ouro Preto MG que desde 2013 eacute o uacutenico Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio que
presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
511 Monitoramento interno da qualidade
Os meacutetodos de monitoramento interno da qualidade utilizados na rotina pelo
Laboratoacuterio Tipo I satildeo o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) e a revisatildeo raacutepida de 100 dos
esfregaccedilos negativos (RR100) e cada etapa de leitura da lacircmina eacute realizada por
citopatologistas diferentes em um esquema de rodiacutezio (Figura 1) Inicialmente todos os
esfregaccedilos citopatoloacutegicos adequados para a anaacutelise microscoacutepica satildeo submetidos ao
PER e os resultados satildeo classificados como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio e
registrados na planilha de PER (Apecircndice A) Posteriormente eacute realizado o escrutiacutenio de
rotina (ER) pelo segundo citopatologista que apoacutes a leitura detalhada classifica os
resultados de acordo com a nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos baseada
no Sistema de Bethesda 2001 (SOLOMON NAYAR 2004) anotando o diagnoacutestico no
verso da requisiccedilatildeo (Anexo 1) Em seguida todas as lacircminas consideradas negativas
pelo escrutiacutenio de rotina satildeo encaminhadas para um terceiro citologista que realiza a
RR100 classificando-o como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio registrando na
planilha de RR100 (Apecircndice B)
REZENDE MT Metodologia
32
Os esfregaccedilos considerados positivos e insatisfatoacuterios pelo ER e os resultados
discordantes que foram aqueles onde PER ou a RR100 classificou como suspeito ou
insatisfatoacuterio e o escrutiacutenio de rotina considerou negativo satildeo encaminhados para a
revisatildeo detalhada para confirmaccedilatildeo ou natildeo da alteraccedilatildeo e definiccedilatildeo do diagnoacutestico final
e anotados nas planilhas correspondentes (Apecircndice C e D) Quando a revisatildeo detalhada
eacute discordante do ER haacute um consenso entre os citopatologistas para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I
REZENDE MT Metodologia
33
52 Tipo de estudo
Foi realizado estudo retrospectivo comparando os resultados dos exames
citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I da Escola de Farmaacutecia da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de exames
citopatoloacutegicos de rastreio do municiacutepio de Ouro Preto Minas Gerais com os
resultados emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo II de Belo Horizonte responsaacutevel pelo MEQ
dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero de Minas Gerais
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica
Os exames do Laboratoacuterio Tipo I foram selecionados automaticamente pelo
SISCOLO (Sistema de Informaccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero) incluindo os exames
positivos insatisfatoacuterios e 10 dos negativos conforme a Portaria QualiCito
33882013 referente aos meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 As
amostras foram provenientes de mulheres atendidas nas UBS do municiacutepio de Ouro
Preto MG usuaacuterias do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
54 Monitoramento externo da qualidade
O Laboratoacuterio Tipo I enviou ao Laboratoacuterio Tipo II juntamente com os laudos
correspondentes um total de 321 esfregaccedilos citopatoloacutegicos classificados como
negativos (84) insatisfatoacuterios (3) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas (ASC-US41) lesatildeo intraepitelial
escamosa de baixo grau (LSIL163) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado natildeo se pode excluir lesatildeo de alto grau (ASC-H12) lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau (HSIL16) e ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras
especificaccedilotildees (AGC-SOE2) (Figura 2)
REZENDE MT Metodologia
34
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia cervical
Os esfregaccedilos foram reavaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II que emitiu um relatoacuterio
com os resultados para o Laboratoacuterio Tipo I comunicando tambeacutem os resultados
discordantes Nos casos em que o Laboratoacuterio Tipo I natildeo concordou com o parecer
REZENDE MT Metodologia
35
emitido pelos revisores do Laboratoacuterio Tipo II os resultados dos exames discordantes
foram discutidos caso a caso com o Laboratoacuterio Tipo II buscando o consenso entre os
dois Laboratoacuterios para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final (BRASIL 2016b)
Apoacutes o consenso os resultados discordantes foram reemitidos pelo Laboratoacuterio
Tipo I e encaminhados agraves Unidades de Sauacutede que localizaram as mulheres e
reprogramaram a conduta baseada no diagnoacutestico final
Os esfregaccedilos que inicialmente foram classificados como negativos ou
inflamatoacuterios pelo Laboratoacuterio Tipo I e considerados como positivos pelo Laboratoacuterio
Tipo II foram denominados resultados falso-negativos (RFN) Aqueles considerados
inicialmente positivos pelo Laboratoacuterio Tipo I mas reclassificados como negativos pelo
Laboratoacuterio Tipo II foram denominados resultados falso-positivos (RFP) Foram
considerados casos discordantes aqueles que implicaram em mudanccedila de conduta
cliacutenica de acordo com as normas preconizadas pelas Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2011)
Os resultados diagnosticados inicialmente como ASC-US ou LSIL pelo
Laboratoacuterio Tipo I e que na revisatildeo o Laboratoacuterio Tipo II julgou como diagnoacutestico mais
grave (ASC-H HSIL Carcinoma de ceacutelulas escamosas AGC-SOE AGC-NEO
Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma invasor) foram considerados como retardo
de conduta cliacutenica
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados
Para levantamento do seguimento das pacientes em que os resultados dos
exames foram classificados como ASC-US ou LSIL foi realizada a busca do resultado
do novo exame citopatoloacutegico uma vez que a conduta preconizada eacute a repeticcedilatildeo do
exame no periacuteodo de seis meses a um ano Para aqueles classificados como ASC-H ou
pior diagnoacutestico foi realizado o levantamento do resultado do exame histopatoloacutegico
dado que a conduta preconizada eacute o encaminhamento para colposcopia e se visualizado
alguma alteraccedilatildeo no colo uterino realiza-se a bioacutepsia Os resultados insatisfatoacuterios natildeo
foram considerados nesta anaacutelise (BRASIL 2011)
Foram realizadas visitas previamente agendadas agraves UBS do municiacutepio para
realizaccedilatildeo do levantamento das pacientes previamente listadas daquela unidade que
haviam sido diagnosticadas com alguma alteraccedilatildeo citoloacutegica O profissional responsaacutevel
REZENDE MT Metodologia
36
pela coleta do exame citopatoloacutegico verificou nos prontuaacuterios das pacientes o
seguimento que foi adotado em cada caso Poreacutem as UBS tinham poucos registros do
seguimento dessas pacientes por isso foram adotadas outras estrateacutegias
Portanto com o objetivo de levantar os dados referentes ao seguimento das
pacientes encaminhadas para acompanhamento de ASC-H e pior diagnoacutestico foram
realizadas visitas ao Centro Viva Vida em Itabirito que eacute o centro de referecircncia para
atenccedilatildeo secundaacuteria do municiacutepio de Ouro Preto E para levantamento do novo exame
citopatoloacutegico foi realizada pesquisa nos registros do Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio
de Ouro Preto que presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos
do colo do uacutetero
56 Anaacutelise dos dados
Os dados dos exames citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I e
Laboratoacuterio Tipo II foram digitados no Excel (Microsoft Office Professional Plus 2013)
para elaboraccedilatildeo do banco de dados A anaacutelise dos dados foi realizada pelo pacote
estatiacutestico Stata versatildeo 11 foi calculada a concordacircncia dos resultados dos exames
citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e II e o Kappa antes a apoacutes o Consenso A
frequecircncia de esfregaccedilos discordantes incluindo RFP e retardo de conduta entre os
Laboratoacuterios Tipo I e II foi calculada antes e apoacutes a Reuniatildeo de Consenso no total de
321 esfregaccedilos O coeficiente Kappa eacute classificado em concordacircncia pobre (0ltKlt040)
concordacircncia moderada (040ltKlt060) concordacircncia boa (060ltKlt080) concordacircncia
excelente (080ltKlt1) o valor zero indica ausecircncia de concordacircncia e o valor 1
corresponde a concordacircncia perfeita (LANDIS KOCH 1977) Foi calculada a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) atraveacutes da seguinte foacutermula
VPR = [coeficiente final - coeficiente inicial]100
coeficiente inicial
O caacutelculo dos indicadores de qualidade foi realizado utilizando um banco de
dados do Laboratoacuterio Tipo I onde satildeo mantidos registros de todos os exames realizados
com seus respectivos resultados Para avaliaccedilatildeo pontual os indicadores de qualidade
foram calculados antes da reuniatildeo de consenso ano de 2013 e depois da reuniatildeo de
consenso ano de 2014 Para avaliaccedilatildeo temporal do efeito da reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Metodologia
37
proporcionada por um MEQ calculou-se os indicadores do Laboratoacuterio Tipo I dos anos
de 2012 2013 2014 e 2015 Foi utilizado para o caacutelculo as foacutermulas presentes no
Manual de Gestatildeo da Qualidade para Laboratoacuterio de Citopatologia (BRASIL 2016b)
Iacutendice de Positividade (IP) intervalo esperado 3-10
Nordm de exames alterados em determinado local e ano x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ACSSat)
intervalo esperado 4-5
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt)
intervalo esperado lt60
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames alterados
Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) intervalo
esperado lt3
Nordm de ex compatiacuteveis com ASC-US e ASC-H
No de exames com LSIL e HSIL
Percentual de exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
(HSILSat) intervalo esperado lt04
Ndeg de exames HSIL x 100
Total de exames satisfatoacuterios
REZENDE MT Resultados
38
6- Resultados
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
O Laboratoacuterio Tipo I enviou 321 esfregaccedilos para o Laboratoacuterio Tipo II
classificados como 3 (09) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 84 (262) negativos 41
(128) ASC-US 163 (508) LSIL 12 (37) ASC-H 16 (50) HSIL e 2 (06)
AGC-SOE Apoacutes a reuniatildeo de consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II chegou-
se no diagnoacutestico final de 3 (093) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 143 (446) negativos
44 ASC-US (137) 8 ASC-H (25)101 LSIL (315) 21 HSIL (65) e 1 AGC-
SOE (03) Foram considerados discordantes entre os laboratoacuterios 151 (470)
esfregaccedilos (Tabela 1)
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
Tipo I Tipo II Consenso
Diagnoacutestico n () n () n ()
Insatisfatoacuterio 3 09 4 13 3 09
Negativo 84 262 227 707 143 446
ASC-US 41 122 17 53 44 137
ASC-H 12 37 3 09 8 25
LSIL 163 508 54 168 101 315
HSIL 16 50 12 37 21 65
HSIL micro invasor 0 0 1 03 0 0
AGC-SOE 2 06 3 09 1 03
Total 321 100 321 100 321 100
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
Do total de exames revisados pelo Laboratoacuterio Tipo II foram concordantes 84
(262) esfregaccedilos negativos e 3 (093) classificados como insatisfatoacuterios pelo Tipo I
Dos 41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 6 (1463) foram
concordantes pelo Tipo II e os 35 (854) restantes foram reclassificados como
REZENDE MT Resultados
39
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 53
(325) foram considerados concordantes pelo Tipo II 92 (564) foram
reclassificados como negativos 11 (68) como ASC-US 2 (12) como ASC-H 4
(25) como HSIL e 1 (06) reclassificado como AGC-SOE Dos 12 (37)
esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo Tipo I 1 (83) foi considerado
concordante pelo Tipo II 9 (75) foram reclassificados como negativos 1 (83)
como insatisfatoacuterio 1 (83) como HSIL Dos 16 (50) esfregaccedilos classificados como
HSIL emitidos pelo Tipo I 7 (438) foram considerados concordantes pelo Tipo II 6
(375) foram reclassificados como negativos 1 (63) como LSIL 1 (63) como
HSIL micro invasor e 1(63) como AGC-SOE Dos 2 (06) esfregaccedilos classificados
como AGC-SOE pelo Tipo I 1 (500) foi considerado concordante pelo Tipo II Entre
o Laboratoacuterio Tipo I e o Tipo II houve 7 (22) casos de retardo de conduta sendo 4
(571) LSIL para HSIL 2 (286) LSIL para ASC-H e 1 (143) LSIL para AGC-
SOE (Tabela 2)
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso
Tipo II
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL HSIL micro
invasor AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 35 6 41
ASC-H 1 9 1 1 12
LSIL 92 11 2 53 4 1 163
HSIL 6 1 7 1 1 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 4 227 17 3 54 12 1 3 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa
de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas
sem outras especificaccedilotildees
Os resultados definidos apoacutes o Consenso estatildeo descritos na Tabela 3 Observou-
se 203 (65) de casos discordantes entre os 321 esfregaccedilos analisados Os esfregaccedilos
negativos insatisfatoacuterios e todos os classificados como HSIL foram concordantes Dos
REZENDE MT Resultados
40
41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 27 (659) foram
considerados concordantes pelo Tipo II e 14 (342) foram reclassificados como
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 101
(620) foram considerados concordantes 39 (239) foram reclassificados como
negativos pelo Tipo II 17 (104) como ASC-US 2 (12) como ASC-H e 4 (25)
reclassificados como HSIL Dos 12 (374) esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo
Tipo I 6 (500) foram concordantes 5 (417) esfregaccedilos foram reclassificados como
negativos e 1 (83) foi reclassificado como HSIL pelo Tipo II Dos 2 (06)
esfregaccedilos classificados como AGC-SOE pelo Tipo I somente 1 (500) foi
concordante Portanto apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de Consenso foram constatados 6
(19) casos de retardo de conduta sendo 4 (667) diagnoacutesticos iniciais de LSIL
reclassificados para HSIL e 2 (333) diagnoacutesticos iniciais de LSIL reclassificados para
ASC-H (Tabela 3)
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia diagnoacutestica entre o Laboratoacuterio Tipo I e o
Laboratoacuterio Tipo II apoacutes o Consenso
Consenso
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 14 27 41
ASC-H 5 6 1 12
LSIL 39 17 2 101 4 163
HSIL 16 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 3 143 44 8 101 21 1 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
REZENDE MT Resultados
41
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Foi avaliada a concordacircncia dos resultados dos Laboratoacuterios Tipo I e II antes e
apoacutes Consenso Observou-se concordacircncia antes do Consenso de 527 entre os
Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II com Kappa de 029 Apoacutes a Reuniatildeo de Consenso foi
observado 798 (VPR=+514) de concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
com aumento do Kappa para 066 (VPR=+1276) (Tabela 4)
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso
Tipo I x Tipo II Antes do consenso Apoacutes consenso VPR
Concordacircncia () 527 798 +514
Kappa 029 066 +1276
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Antes do consenso o total de esfregaccedilos discordantes foi de 151 (470) casos e
depois do consenso esse nuacutemero reduziu para 65 (203) casos Antes do consenso foi
observado um percentual de 449 (144) RFP entre os Laboratoacuterios Tipo I e II e apoacutes o
consenso esse nuacutemero diminuiu para 184 (59) Natildeo houve nenhum caso de RFN
Entre o Laboratoacuterio Tipo I e II antes do consenso houve 7 (22) casos de retardo de
conduta e depois do consenso esse nuacutemero caiu para 6 (19) casos (Tabela 5)
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o Consenso
Tipo I x Tipo II Discordantes
Antes do consenso Apoacutes consenso
n N
Falso-positivo 144 449 59 184
Retardo de conduta 7 22 6 19
Total 151 470 65 203
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II
REZENDE MT Resultados
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64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos
O IP era 156 e apoacutes consenso passou para 120 reduccedilatildeo de
aproximadamente 230 (VPR=-2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor
apoacutes o consenso de 57 para 46 reduccedilatildeo por volta de 190 (VPR=-1910) O
HSILSat diminuiu de 10 para 07 (VPR=-2647) apoacutes consenso A razatildeo ASCSIL
antes do consenso era de 06 e apoacutes sua realizaccedilatildeo aumentou para 06
(VPR=+1017) O mesmo ocorreu em relaccedilatildeo ao indicador ASCAlt que passou de
365 para 384 (VPR=+515) Houve diferenccedila significativa entre os valores dos
indicadores IP ASCSat e ASCAlt antes e apoacutes reuniatildeo de consenso valor de p foi
menor que 005 (Tabela 7)
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso
Indicadores Antes consenso Apoacutes consenso VPR p
IP (3-10) 156 120 -2314 lt 00001
ASCSat (4-5) 57 46 -1910 001
ASCSIL (lt3) 06 06 +1017 0053
ASCAlt (lt60) 365 384 +515 lt 00001
HSILSat (gt04) 10 07 -2647 00825
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
O IP no ano de 2012 foi de 1115 aumentou para 156 em 2013 apoacutes o
MEQ em 2014 reduziu para 120 e em 2015 este indicador passou para 99 O
ASCSat foi de 49 em 2012 um ano depois apresentou valor de 57 depois da
realizaccedilatildeo do MEQ em 2014 passou para 46 e em 2015 foi para 48 Os outros
indicadores da qualidade apresentaram valores que variaram dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (Tabela 8)
REZENDE MT Resultados
43
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade
Indicadores 2012 2013 2014 2015
IP (3-10) 111 156 120 99
ASCSat (4-5) 49 57 46 48
ASCSIL (lt3) 09 06 06 10
ASCAlt (lt60) 439 365 384 485
HSILSat (gt04) 09 10 07 05
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
Do total de 234 esfregaccedilos positivos foi possiacutevel obter o seguimento de 107
(457) casos em que 22 foram considerados inicialmente com diagnoacutestico de ASC-
US 76 LSIL 2 ASC-H 1 AGC-SOE e 6 HSIL Dos ASC-US iniciais somente 1 teve
resultado concordante no seguimento Dos 76 esfregaccedilos considerados como LSIL 23
tiveram resultado do seguimento concordante Os 2 resultados ASC-H foram negativos
no seguimento assim como o AGC-SOE Dos 6 resultados HSIL emitidos pelo Tipo I
5 foram confirmados pela bioacutepsia O seguimento de 127 (542) mulheres em que 77
(6063) deveriam ter repetido o exame citopatoloacutegico e 20 (158) deveriam ter sido
encaminhadas para a colposcopia e bioacutepsia natildeo foi resgatado (Figura 3)
Figura 3 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Resultados
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Apoacutes a realizaccedilatildeo da Reuniatildeo de Consenso o percentual de RFP foi definido em
184 num total de 59 casos assim distribuiacutedos 14 ASC-US (238) 39 LSIL
(660) 5 ASC-H (85) e 1 AGC-SOE (17) sendo 898 lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 102 de alto grau Do total de 59 RFP foi possiacutevel obter 9
(152) resultados citopatoloacutegicos alterados no seguimento 8 de repeticcedilatildeo da citologia
e uma bioacutepsia inicialmente 6 diagnosticados como LSIL pelo Laboratoacuterio Tipo I no
seguimento tiveram resultado de 3 LSIL e 3 ASC-US Dos 3 ASC-US iniciais dados
pelo Tipo I no seguimento resultaram em 1 LSIL 1 ASC-US e 1 ASC-H (Figura 4)
Figura 4 Seguimento dos casos com resultados falso-positivos (RFP) acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Discussatildeo
45
7- Discussatildeo
Os resultados deste estudo mostraram que apoacutes reuniatildeo de Consenso onde
ocorreu discussatildeo dos resultados discordantes houve melhora na concordacircncia
diagnoacutestica entre os laboratoacuterios a concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou para 798 e o coeficiente Kappa foi alterado de 029 para 066 Estes
resultados estatildeo de acordo com estudo realizado por Freitas Thuler (2012) no Mato
Grosso do Sul analisando a concordacircncia diagnoacutestica entre Laboratoacuterio Tipo II e 15
Laboratoacuterios Tipo I entre 2002 e 2011 em que o valor miacutenimo do Kappa passou de 01
no primeiro ano para 08 em 2011 No uacuteltimo ano dos 8 laboratoacuterios avaliados 7
atingiram a concordacircncia perfeita ou excelente (coeficiente Kappagt080) e um
concordacircncia boa Aacutezara et al (2016) avaliaram os efeitos de um programa de
educaccedilatildeo continuada realizado por um Laboratoacuterio Tipo II no periacuteodo de 2007 a 2011
sobre os laboratoacuterios de citopatologia e verificaram que o coeficiente Kappa manteve-se
excelente em 3 laboratoacuterios (kappa gt 080 e lt10) e alterou de bom (kappa gt 060 e
lt080) a excelente em 7 Os resultados observados no presente estudo estatildeo de acordo
com os dados de Freitas Thuler (2012) e Aacutezara et al (2016) em que se observou
melhoria da concordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes MEQ
Enfatiza-se que nosso trabalho comparou o momento antes e depois da reuniatildeo
consenso durante um MEQ ou seja foi realizada uma avaliaccedilatildeo pontual diferentemente
dos estudos encontrados na literatura que fizeram uma anaacutelise ao longo do tempo apoacutes
vaacuterios MEQ mas mesmo assim na presente avaliaccedilatildeo foi observado aumento da
concordacircncia e do kappa Indicando que somente uma reuniatildeo de consenso foi
suficiente para mudanccedila de postura dos citopatologistas envonvidos no MEQ
O valor da discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes a
reuniatildeo de Consenso no presente estudo foi 2025 Em um estudo realizado em
Goiacircnia estado de Goiaacutes comparando a variabilidade dos diagnoacutesticos citoloacutegicos dos
Laboratoacuterios Tipo I avaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II 759 foram considerados
discordantes (AacuteZARA et al 2013) Etlinger et al (2012) no estado de Satildeo Paulo
observou que a discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e o Laboratoacuterio
Tipo II foi de 1348 Em Satildeo Paulo Pereira et al (2006) avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I de citologia da Rede Puacuteblica de Sauacutede do estado submetidos ao
MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e a discordacircncia foi de 142 Estes dados estatildeo
REZENDE MT Resultados
46
abaixo do valor de discordacircncia encontrado nesse estudo apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de
Consenso Observa-se que a maioria dos diagnoacutesticos que levaram a discordacircncia do
presente estudo foram esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de
baixo grau LSIL e ASC-US e que o Laboratoacuterio Tipo II reclassificou como negativo
portanto RFP Nesses casos a conduta cliacutenica que seria adotada no primeiro momento eacute
a repeticcedilatildeo da citologia em seis meses portanto natildeo causaria maiores transtornos a
mulher ou custos altos com os cuidados de sauacutede Outra parte dos diagnoacutesticos que
levaram a essa discordacircncia foram ajuste de criteacuterios os quais natildeo atrasam a conduta
cliacutenica da mulher e aleacutem disso durante a reuniatildeo de consenso permitem aos
citopatologistas ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final Ainda pode-se citar os resultados dos seguimentos dos casos com RFP
acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso em que foram encontrados 9 seguimentos e
todos com resultado citopatoloacutegico alterado Dessa forma dos resultados que o
Laboratoacuterio Tipo I voltou atraacutes na reuniatildeo de consenso nove deles mostraram
resultaram alterado ou seja natildeo necessariamente o Laboratoacuterio Tipo I precisaria ter
voltado atraacutes nesses disgnoacutesticos Isso ressalta a importacircncia da discussatildeo dos casos
discordantes durante a reuniatildeo de consenso para ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos
utilizados pelos citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II (PEREIRA et al
2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2013)
Entre os exames citopatoloacutegicos considerados discordantes natildeo foi identificado
nenhum RFN e apoacutes a reuniatildeo de Consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e II verificou-
se reduccedilatildeo dos RFP Sabe-se que os RFN satildeo mais preocupantes que os RFP visto que
mulheres natildeo diagnosticadas natildeo retornam para o acompanhamento e seguem em risco
da evoluccedilatildeo de lesotildees precursoras do CCU Por outro lado os RFP com diagnoacutestico
inicial de ASC-H ou pior diagnoacutestico em que a conduta preconizada eacute o
encaminhamento para colposcopia e bioacutepsia submetem as mulheres a procedimentos
desnecessaacuterios que podem modificar sua vida sexual e gerar danos psicoloacutegicos aleacutem
de gerar custos adicionais com os cuidados de sauacutede E os RFP com diagnoacutestico inicial
de ASC-US ou LSIL atrasam a repeticcedilatildeo da citologia (FRABLE 2007 GULLO et al
2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Inicialmente o Laboratoacuterio Tipo II classificou 144 (144) dos exames
citopatoloacutegicos como RFP e apoacutes a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero passou para
184 (59) Dos 59 RFP 14 (238) resultados foram classificados como ASC-US que
REZENDE MT Resultados
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eacute diagnoacutestico limiacutetrofe que apresenta grande variabilidade interobservador Os RFP
acordados apoacutes o consenso foram distribuiacutedos em 53 (898) lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 6 (102) lesotildees intraepiteliais escamosas de alto grau
Dentre os resultados discordantes entre o Laboratoacuterio Tipo I e II houve 7 casos
considerados retardo de conduta (22) que apoacutes a reuniatildeo de consenso ficaram
definidos em 6 (19) nuacutemeros proacuteximos daqueles encontrados por Aacutezara et al (2013)
em que houve atraso no procedimento cliacutenico em relaccedilatildeo a 244 dos casos
Aacutezara et al (2016) verificaram que apoacutes a educaccedilatildeo continuada proporcionada
aos Laboratoacuterios Tipo I de 2007 a 2011 houve diminuiccedilatildeo dos casos de retardo de
conduta a taxa de RFN foi reduzida em oito laboratoacuterios e a taxa de RFP foi reduzida
em 5 deles Pereira et al (2006) no estado de Satildeo Paulo avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I do estado submetidos ao MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e
observaram um nuacutemero de RFP (166) maior do que os RFN (78) No primeiro ano
de MEQ os RFP foram 178 e nos anos seguintes esse nuacutemero foi reduzindo ateacute
chegar em 37 no ano de 2004 Os RFP foram distribuiacutedos em 933 de lesotildees de
baixo grau e 67 de lesotildees de alto grau no primeiro ano de estudo O valor de RFP e
a distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau apoacutes reuniatildeo de consenso do presente
estudo foram bem proacuteximos dos encontrados por Pereira et al (2006) no primeiro ano
de avaliaccedilatildeo Em estudo semelhante realizado no estado de Satildeo Paulo de 2000 a 2010
por Etlinger et al (2012) constatou-se o total de 206 de RFP um valor baixo
comparado com o encontrado nesse estudo assim como aqueles dos anos de 2001 a
2004 de Pereira et al (2006) Percebe-se que o tempo de avaliaccedilatildeo desses estudos
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2016) foi maior do que
o utilizado no presente trabalho em que foi realizada uma avaliaccedilatildeo antes e depois de
uma reuniatildeo de consenso indicando que a educaccedilatildeo continuada proporcionada pelo
MEQ nesses periacuteodos que os estudos ocorreram contribuiu para a uniformizaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos e melhoria da reprodutibilidade dos exames citopatoloacutegicos
Portanto ainda que no presente estudo tenha sido feita uma avaliaccedilatildeo pontual natildeo foram
encontrados RFN entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes consenso e houve reduccedilatildeo de
RFP e retardo de conduta Aleacutem disso a porcentagem de RFP observada estaacute
aproximada dos dados da literatura nos primeiros anos de estudo assim como
distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau
REZENDE MT Resultados
48
Com o intuito de aprofundar os criteacuterios utilizados na avaliaccedilatildeo buscou-se os
seguimentos das pacientes com diagnoacutestico citopatoloacutegico alterado Esses resultados
foram mais concordantes com os diagnoacutesticos do Laboratoacuterios Tipo II entretanto a
maior parte dos esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de baixo
grau ASC-US e LSIL no seguimento os resultados foram negativos ou seja essas
lesotildees regrediram entre o periacuteodo da primeira citologia ateacute a realizaccedilatildeo da nova
citologia E ainda quando analisamos as lesotildees verdadeiramente precursoras do CCU as
HSIL a concordacircncia do seguimento foi maior com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Estudo de Tobias et al (2016) analisando os laboratoacuterios citopatoloacutegicos do estado de
Minas Gerais que prestam serviccedilo para o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mostraram
que de uma forma geral estes laboratoacuterios detectam baixos iacutendices de lesotildees
precursoras do CCU Portanto se avaliarmos dessa forma o Laboratoacuterio Tipo I do
presente estudo vem cumprindo com o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo do CCU jaacute
que as lesotildees com verdadeiro potencial de progressatildeo para o cacircncer estatildeo sendo
detectadas confirmadas pela colposcopia e bioacutepsia permitindo assim que a paciente
seja tratada impedindo a evoluccedilatildeo para o cacircncer (BORTOLON et al 2012 BRASIL
2016b) Do total de 59 RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso foi possiacutevel obter 9
resultados citopatoloacutegicos no seguimento e todas tiveram resultado alterado Observa-
se que o resultado inicial do Laboratoacuterio Tipo I estava correto e que a discussatildeo dos
resultados discordantes como neste caso proporciona melhora tanto dos criteacuterios do
Tipo I quanto do Tipo II
Evidenciado por Bortolon et al (2012) grande parte dos laboratoacuterios brasileiros
apresentam indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos fora dos niacuteveis
preconizados isso pode levar a natildeo identificaccedilatildeo de casos positivos e consequentemente
a liberaccedilatildeo de RFN Plewka et al (2014) avaliando o desempenho de 13 laboratoacuterios
do Estado do Paranaacute prestadores de serviccedilo para o SUS mostraram que os indicadores
da maioria dos laboratoacuterios estavam abaixo do recomendado Tobias et al (2016)
apontou que a maioria dos laboratoacuterios que prestam serviccedilos ao SUS do estado de MG
apresentaram indicadores fora do intervalo recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Esses estudos demonstram a necessidade de implantaccedilatildeo de programas de garantia da
qualidade do exame citopatoloacutegico como o MIQ e MEQ aleacutem da avaliaccedilatildeo perioacutedica
de ambos (BRASIL 2013a BRASIL 2016b) O MIQ inclui a implantaccedilatildeo do sistema
REZENDE MT Resultados
49
de indicadores de qualidade que satildeo de faacutecil compreensatildeo execuccedilatildeo e anaacutelise Satildeo
instrumentos importantes para a garantia de qualidade em citopatologia cervical pois
satildeo reconhecidos como vaacutelidos para a avaliaccedilatildeo da qualidade do exame citopatoloacutegico
do colo do uacutetero (SIEGL et al 2014 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b) O MEQ
proporciona para os laboratoacuterios monitorados educaccedilatildeo continuada e discussatildeo dos
casos discordantes que contribui para melhoria da habilidade profissional dos
citopatologistas na medida que o treinamento e fornece maior acuraacutecia no diagnoacutestico
das lesotildees precursoras do CCU possibilitando maior certeza na emissatildeo do laudo
(AacuteZARA et al 2016)
O iacutendice de positividade (IP) expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares e a
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo alvo sendo
que nos paiacuteses em que houve diminuiccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade por
CCU nos Estados Unidos Noruega e Reino Unido o IP foi 68 (DAVEY et al
2004) 49 (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) e 64 (NHS 2011)
respectivamente Os resultados de IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais do
estudo realizado por Bortolon et al (2012) mostraram que 58 dos laboratoacuterios
apresentavam IP muito baixo 19 baixo e somente 23 dentro do esperado sendo
que esses foram responsaacuteveis por apenas 14 do total de exames realizados no estado
Ainda verificou que a meacutedia do IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais foi 22
em 2010 valor inferior ao recomendado Estudo mais recente realizado por Tobias et al
(2016) mostrou que a maioria dos laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam serviccedilo
para o SUS independentemente da escala de produccedilatildeo tem valores de IP bem abaixo da
faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Sendo assim o IP baixo pode indicar a presenccedila de RFN apontando que eacute
necessaacuterio a reavaliaccedilatildeo do MIQ do laboratoacuterio a fim de intervir nos meacutetodos utilizados
assim como na qualificaccedilatildeo profissional dos citopatologistas (PLEWKA et al 2014
BRASIL 2016b) Observou-se no estudo de Aacutezara et al (2014) que o IP foi inferior a
3 em aproximadamente 74 dos laboratoacuterios do Estado de Goiaacutes que natildeo
participaram do MEQ ressaltando a importacircncia da inclusatildeo dos laboratoacuterios
citopatoloacutegicos nesse programa
O IP verificado neste trabalho foi de 120 apoacutes a reuniatildeo de consenso que
apesar de ter melhorado apoacutes a discussatildeo dos casos discordantes ainda estaacute um pouco
acima do esperado que eacute de 3 a 10 (BRASIL 2016b) isso pode expressar uma alta
REZENDE MT Resultados
50
prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na populaccedilatildeo estudada Miranda et al
(2013) determinou a persistecircncia da infecccedilatildeo pelo HPV em 596 das mulheres do
municiacutepio de Ouro Preto MG e que os tipos virais de alto risco foram os mais
persistentes ainda comprovou ainda que a presenccedila de alteraccedilotildees citoloacutegicas que podem
evoluir para o CCU estaacute associada agrave infecccedilatildeo por HPV
As ceacutelulas escamosas atiacutepicas (ASC) sugerem duacutevida diagnoacutestica em que natildeo
haacute criteacuterios citomorfoloacutegicos suficientes para o diagnoacutestico de lesatildeo intraepitelial tendo
potencial para uso exagerado Um alto iacutendice da razatildeo ASCSat indica grande nuacutemero
de RFP implicando na oferta desnecessaacuteria de exames para a investigaccedilatildeo diagnoacutestica o
que representa um ocircnus para a mulher e para a rede de sauacutede (BRASIL 2016b)
Portanto eacute preciso assegurar o monitoramento de qualidade dos laboratoacuterios de
citopatologia do colo do uacutetero para que os iacutendices de positividade se enquadrem no
preconizado ao mesmo tempo sem que haja aumento de ASC (BORTOLON et al
2012) No estado de Minas Gerais em estudo realizado por Bortolon et al (2012) foi
averiguado que o indicador ASCSat dos laboratoacuterios do estado foi 11 em 2010 valor
inferior ao recomendado Enquanto que os outros estados da Regiatildeo Sudeste tambeacutem
estavam com o indicador fora dos paracircmetros sendo Espirito Santo com 12 Rio de
Janeiro com 19 e Satildeo Paulo com 27 e a meacutedia da Regiatildeo foi entatildeo de 21 o que
indica a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios utilizados na definiccedilatildeo de ASC No
presente estudo verificou-se que antes da reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat do
Laboratoacuterio Tipo I apresentava valor de 571 fora da faixa indicada como ideal de 4
a 5 de acordo com o Manual de Gestatildeo da Qualidade (BRASIL 2016b)
Posteriormente a reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat observado foi de 462
dentro da faixa recomendada
Os demais indicadores de qualidade permaneceram dentro do recomendado apoacutes
o consenso A relaccedilatildeo ASCSIL que deve ser inferior a trecircs teve valor de 06 apoacutes a
accedilatildeo O valor dessa razatildeo dentro do recomendado indica que os criteacuterios diagnoacutesticos de
SIL e ASC estatildeo precisos O valor estaacute de acordo com os outros laboratoacuterios dos
estados da Regiatildeo Sudeste de acordo com estudo realizado em 2010 por Bortolon et al
(2012) 12 para o Rio de Janeiro 20 para Satildeo Paulo 11 para Espiacuterito Santo e Minas
Gerais
O ASCAlt deve ser inferior a 60 sendo que o valor encontrado nesse estudo
apoacutes o consenso de 384 permaneceu dentro do proposto Esse indicador tem a
REZENDE MT Resultados
51
finalidade de monitorar os casos de ASC para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente
Ressalta-se que o percentual elevado de ASC indica que o laboratoacuterio apresenta
problemas na fase preacute-analiacutetica analiacutetica ou em ambas as fases (BRASIL 2016b
AacuteZARA et al 2014) No estudo de Aacutezara et al (2014) 29 dos laboratoacuterios que natildeo
eram monitorados tiveram o indicador ASCAlt fora dos paracircmetros Aleacutem disso
aqueles laboratoacuterios natildeo monitorados que apresentaram IP dentro da faixa
recomendada e ASCAlt fora do recomendado estavam relacionados a um alto
percentual de ASC e natildeo de lesotildees precursoras do CCU Assim recomenda-se que esses
dois indicadores devem ser analisados em conjunto pois um IP adequado pode conter
uma elevada percentagem de ASC (BRASIL 2016b BRASIL 2013a)
Dessa forma acredita-se que o valor de IP encontrado em 2014 esteja um pouco
fora do esperado devido agrave alta prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na
populaccedilatildeo do municiacutepio de Ouro Preto MG E quando analisa-se o indicador ASCAlt
observa-se que tanto antes da reuniatildeo de consenso valor de 365 quanto depois valor
de 384 ambos estatildeo dentro do recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede que eacute menor
de 60 (BRASIL 2016b) ou seja o Laboratoacuterios Tipo I vem usando adequadamente
os criteacuterios para classificaccedilatildeo das ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado a qual tem potencial para uso exagerado
O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente
precursoras do CCU e deve ser igual ou superior a 04 valor que foi baseado nos
obtidos em paiacuteses em que o rastreamento foi bem-sucedido na diminuiccedilatildeo das taxas de
incidecircncia e mortalidade por CCU como 05 nos Estados Unidos (EVERSOLE et al
2010) 11 no Reino Unido (NHS CANCER SCREENING PROGRAMMES 2011) e
114 na Noruega (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) Obteve-se tanto antes
quanto depois da reuniatildeo de consenso valor da razatildeo HSILSat maior de 04 dessa
maneira o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo secundaacuteria do CCU vem sendo alcanccedilado
jaacute que as HSIL lesotildees que podem evoluir para o cacircncer estatildeo sendo detectadas
(BRASIL 2016b) Portanto ressalta-se que as lesotildees intraepiteliais de alto grau satildeo o
foco dos programas de rastreio do CCU para diminuiccedilatildeo de sua incidecircncia e
mortalidade (BORTOLON et al 2012) Os laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam
serviccedilo para o SUS apresentaram em 2012 detecccedilatildeo baixa de lesotildees precursoras do
CCU destacando a necessidade de investir na garantia da qualidade do exame
citopatoloacutegico por meio do MIQ e MEQ (TOBIAS et al 2016)
REZENDE MT Resultados
52
Aacutezara et al (2014) avaliaram o impacto da educaccedilatildeo continuada fornecida por
Laboratoacuterio Tipo II sobre os indicadores de qualidade de 12 laboratoacuterios monitorados
do Estado de Goiaacutes verificou-se efeito direto sobre os indicadores IP e o HSILSat que
melhoraram apoacutes a intervenccedilatildeo A educaccedilatildeo continuada fornecida pelo MEQ ajudou na
padronizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos aprimorando as competecircncias dos
citopatologistas em detectar alteraccedilotildees celulares sugestivas de CCU Constatou-se ainda
que a maioria dos laboratoacuterios que apresentaram indicadores na faixa estabelecida
estavam participando do MEQ
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I calculados nesse estudo dois
anos apoacutes o MEQ do ano de 2015 mostram que todos estatildeo dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede inclusive o IP que passou de 120 para 99
indicando que a accedilatildeo foi positiva e duradoura com o passar do tempo
Os resultados deste estudo mostraram que os indicadores de qualidade do
Laboratoacuterio Tipo I melhoraram apoacutes reuniatildeo de consenso proporcionada pelo MEQ
dessa forma eacute crucial a participaccedilatildeo dos laboratoacuterios de citopatologia no programa para
identificaccedilatildeo dos erros diagnoacutesticos e padronizaccedilatildeo dos criteacuterios utilizados na
classificaccedilatildeo das alteraccedilotildees citoloacutegicas Isso possibilita a adequaccedilatildeo dos indicadores nos
paracircmetros ideais permitindo a detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente precursoras do
CCU o que refletiraacute na reduccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade deste cacircncer
REZENDE MT Conclusotildees
53
8- Conclusotildees
A concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e II foi boa apoacutes a reuniatildeo de
Consenso
Dentre os resultados discordantes natildeo foi identificado nenhum RFN Os RFP e os
casos de retardo de conduta foram reduzidos apoacutes a reuniatildeo de consenso
O IP e o ASCSat apoacutes o consenso atingiram a faixa estabelecida e os outros
indicadores da qualidade permaneceram dentro do recomendado tanto antes quanto apoacutes
a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de consenso
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I dois anos apoacutes o MEQ estatildeo
dentro da faixa recomendada
Os seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia
com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso tiveram
resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Referecircncias
54
9- Consideraccedilotildees finais
Com apenas uma participaccedilatildeo no MEQ observou-se a importacircncia da reuniatildeo de
consenso realizada entre os Laboratoacuterios Tipos I e Tipo II para a anaacutelise e discussatildeo
dos casos discordantes Eacute um momento crucial para o ajuste dos criteacuterios
citomorfoloacutegicos utilizados no diagnoacutestico de lesotildees preacute-neoplaacutesicas pelos
citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II proporcionando um aprimoramento
desses criteacuterios Dessa forma apenas com uma accedilatildeo pontual minimiza-se a divergecircncia
diagnoacutestica do exame citopatoloacutegico Portanto a reuniatildeo de consenso proporcionada
pelo MEQ deve ser vista como uma parceria e como um momento de aprendizado para
ambos os laboratoacuterios pois eacute uma praacutetica de aperfeiccediloamento diagnoacutestico essencial para
o rastreamento do CCU
A praacutetica contiacutenua do MEQ deve igualmente ser priorizada em um programa
organizado de rastreamento do CCU pois o regular monitoramento dos laboratoacuterios
garante a produccedilatildeo de exames citopatoloacutegicos de qualidade e que contribuem
significativamente na detecccedilatildeo de lesotildees precursoras desta neoplasia
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REZENDE MT Apecircndices
66
Apecircndices
Apecircndice A Planilha do preacute-escrutiacutenio raacutepido
PLANILHA DO PREacute-ESCRUTIacuteNIO RAacutePIDO (PER)
DATA DE CHEGADA
DATA
REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA
RESULTADO DO PER
N= Negativo I= Insatisfatoacuterio S= Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
67
Apecircndice B Planilha da revisatildeo raacutepida de 100
PLANILHA DA REVISAtildeO RAacutePIDA DE 100 DOS NEGATIVOS (RR100)
DATA DE CHEGADA
DATA REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA RESULTADO DA RR100
FLORA
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
68
Apecircndice C Planilha dos resultados positivos e insatisfatoacuterios
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS POSITIVOS E INSATISFATOacuteRIOS
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO
ER
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
69
Apecircndice D Planilha de revisatildeo dos resultados discordantes
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS DISCORDANTES
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO ER
RESULTADO RR100
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Anexos
70
Anexos
Anexo 1 Requisiccedilatildeo de exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero
REZENDE MT Anexos
71
Catalogaccedilatildeo fichasisbinufopbr
R467c Rezende Mariana Trevisan
Comparaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do municiacutepio de Ouro Preto-
MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade [manuscrito] Mariana Trevisan
Rezende ndash 2017
70p ilcolor tabs
Orientador Profordf Drordf Claacuteudia Martins Carneiro
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Farmaacutecia
Departamento de Anaacutelises CliacutenicasPrograma de poacutes- graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas
1Cacircncer do colo do uacutetero 2 Citopatologia-Controle de qualidade 3 Papanicolaou-
Teste I Carneiro Claacuteudia Martins II Tiacutetulo III Tiacutetulo
CDU 61814-006
Dedico este trabalho
Aos meus pais Maria Joseacute e Nivaldo pelo enorme apoio
Aos meus irmatildeos Juliana e Lucas pela amizade e cumplicidade
A todos que me incentivaram
AGRADECIMENTOS
Agrave Deus agradeccedilo pela forccedila coragem da caminhada mas principalmente pela
capacidade de pensarmos amarmos e lutarmos pela conquista de nossos ideais
Agrave Professora Claacuteudia Martins Carneiro sempre minha gratidatildeo Agradeccedilo pela
oportunidade que me deu por ter acreditado em mim e persistir apostando na minha
capacidade
A toda equipe do LAPAC principalmente agrave Renata Jennefer Karla e Cida pela ajuda
e aprendizado e em especial agrave Alessandra muito obrigada pela paciecircncia e auxiacutelio na
realizaccedilatildeo deste trabalho Sou grata a todos vocecircs
Ao Professor Wendel agradeccedilo pela grande colaboraccedilatildeo e paciecircncia na anaacutelise dos
dados
Aos meus pais Nivaldo e Maria Joseacute por estarem sempre ao meu lado pelo incentivo
em todos os momentos difiacuteceis Satildeo meus grandes exemplos
Aos meus irmatildeos Juliana e Lucas mesmo que distantes agradeccedilo pela valiosa
presenccedila na minha vida pela amizade e compreensatildeo
Aos meus amigos agradeccedilo em especial a Renatha pela presenccedila e apoio em todos os
momentos nessa conquista
REZENDE MT Resumo
Introduccedilatildeo A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico ou Papanicolaou eacute a
estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do cacircncer do colo do uacutetero poreacutem
resultados falso-negativos (RFN) e falso-positivos (RFP) podem ser observados O
monitoramento externo da qualidade (MEQ) tem sido implementado com o objetivo de
aperfeiccediloar o exame e compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio (Tipo
II) diferente daquele que realizou a primeira leitura (Tipo I) Objetivo Comparar os
resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do municiacutepio de Ouro Preto
MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade Meacutetodo O Laboratoacuterio Tipo
I enviou para o Laboratoacuterio Tipo II os exames com resultados positivos insatisfatoacuterios
e 10 dos negativos selecionados automaticamente pelo SISCOLO referente aos
meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 totalizando 321 esfregaccedilos
Para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final foi realizada uma Reuniatildeo de Consenso entre os dois
laboratoacuterios para discussatildeo dos casos discordantes A anaacutelise dos dados foi realizada
pelo pacote estatiacutestico Stata versatildeo 11 A avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os
diagnoacutesticos dos dois laboratoacuterios foi mensurada pelo coeficiente Kappa e a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) foi utilizada para comparar os valores de concordacircncia antes e
apoacutes consenso Resultado A concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou de 527 para 798 (VPR=+5142) apoacutes a realizaccedilatildeo do Consenso e o
Kappa de 029 para 066 (VPR=+12760) considerado como concordacircncia boa O
percentual de RFP foi reduzido para 184 (59) apoacutes consenso e natildeo foi constatado
nenhum RFN Entre os laboratoacuterios houve 7 casos de retardo de conduta (22) e apoacutes
a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero reduziu para 6 (19) O IP antes do consenso era
156 e passou para 120 mostrando reduccedilatildeo de aproximadamente 230 (VPR=-
2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor de 57 para 46 reduccedilatildeo por
volta de 190 (VPR=-1910) Os outros indicadores da qualidade apresentaram
valores que variaram dentro da faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia com os
resultados do Laboratoacuterio Tipo I Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso tiveram resultado citopatoloacutegico alterado Conclusatildeo Pode-se
concluir que a reuniatildeo de consenso realizada durante o monitoramento externo da
qualidade proporciona ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos e consequentemente auxilia
no aperfeiccediloamento do desempenho diagnoacutestico dos citopatologistas
REZENDE MT Abstract
Introduction Periodic evaluation of pap smear or pap smear is a strategy most
commonly used to screen for cervical cancer but also false-negative (RFN) and false-
positive (RFP) results External quality monitoring (MEQ) has been implemented for
the purpose of improving the examination and includes a review of the smears by a
laboratory (Type II) Objective To compare the results of cervical cytopathological
examinations of the city of Ouro Preto MG submitted to external quality monitoring
Method Type II laboratory for positive unsatisfactory and 10 negative tests
selected automatically by SISCOLO for the months of December2013 January 2014
and February 2014 totaling 321 smears To define the final diagnosis for the holding of
a consensus meeting between the two laboratories to discuss discordant cases The
concordance evaluation between the two laboratories diagnoses was measured by the
coefficient The concordance between the two laboratories diagnoses was measured by
the coefficient The concordance between the two laboratories diagnoses was measured
by the coefficient Results The agreement between the laboratories from 527 to
798 (PRD = + 5142) after the Consensus and the index from 029 to 066 (VPR = +
127 60) considered as good agreement The percentage of RFP was reduced to 184
(59) after the consensus and was not found in RFN The IP before the consensus was
156 and went to 120 showing a reduction of approximately 230 (PRD = -
2314) The ASCSat showed a decrease in value from 57 to 46 a decrease of
190 (VPR = -1910) The other indicators of quality presented values that varied
within the range recommended by the Ministry of Health Follow-up of the cases with
HSIL diagnosis showed greater agreement with the results of Type I Laboratory The
follow-up of nine RFPs agreed after a consensus meeting resulted altered
cytopathology Conclusion It can be concluded that a consensus meeting during the
external quality monitoring provided the adjustment of the cytomorphological criteria
and consequently helps to improve the diagnostic performance of cytopathologists
REZENDE MT Lista de Figuras
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I32
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia
cervical34
Figura 3 Seguimento das mulheres com resultado citopatoloacutegico alterado43
Figura 4 Seguimento das mulheres com resultados falso-positivos (RFP) acordados
apoacutes a reuniatildeo de consenso44
REZENDE MT Lista de Tabelas
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso38
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso39
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
apoacutes o Consenso40
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso41
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o
Consenso41
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso42
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade43
REZENDE MT Abreviaturas
AGC Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas
ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode excluir
lesatildeo de alto grau
CCU Cacircncer do colo do uacutetero
DST Doenccedila sexualmente transmissiacutevel
ER Escrutiacutenio de rotina
HPV Papiloma viacuterus humano
HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
INCA Instituto Nacional do Cacircncer
LAPAC Laboratoacuterio Piloto de Anaacutelises Cliacutenicas
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau
MIQ Monitoramento interno da qualidade
MEQ Monitoramento externo da qualidade
PER Preacute-escrutiacutenio raacutepido
RFN Resultado falso-negativo
RFP Resultado falso-positivo
RR100 Revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
VPR Variaccedilatildeo Percentual Relativa
REZENDE MT Sumaacuterio
1- Introduccedilatildeo 12
2- Revisatildeo da Literatura 14
21 Cacircncer do colo do uacutetero 14
22 Exame citopatoloacutegico 16
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais 18
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado 20
23 Controle de qualidade em citopatologia 21
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia 23
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero 24
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia 25
3- Justificativa 29
4- Objetivos 30
41 Objetivo Geral 30
42 Objetivos especiacuteficos 30
5- Metodologia 31
51 Local de estudo 31
511 Monitoramento interno da qualidade 31
52 Tipo de estudo 33
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica 33
54 Monitoramento externo da qualidade 33
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados 35
56 Anaacutelise dos dados 36
6- Resultados 38
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 38
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos 42
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado 43
7- Discussatildeo 45
9- Consideraccedilotildees finais 54
10- Referecircncias 55
Apecircndices 66
Anexos 70
REZENDE MT Introduccedilatildeo
12
1- Introduccedilatildeo
O CCU eacute considerado mundialmente um grave problema de sauacutede puacuteblica
sendo o quarto tipo de cacircncer mais frequente entre as mulheres e responsaacutevel pelo oacutebito
de 266 mil mulheres em 2012 (WHO 2012) No Brasil estima-se para o ano de
20162017 a ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585
casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a) A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero ou Papanicolaou eacute a estrateacutegia mais adotada para o
rastreamento desta neoplasia sendo efetivo para detectar lesotildees precursoras que podem
ser tratadas permitindo a reduccedilatildeo nas taxas de incidecircncia e mortalidade (MORIN et al
2000 TOMASI et al 2015)
Um dos grandes desafios a ser superado em relaccedilatildeo ao exame citopatoloacutegico eacute a
elevada taxa de resultados falso-negativos (RFN) que o meacutetodo apresenta que podem
chegar ateacute a 62 (ATTWOOD et al 1985 KOSS 1989 GIILL 2005 AMARAL et
al 2008) Assim muitas mulheres natildeo satildeo diagnosticadas e continuam em risco de
desenvolver lesotildees precursoras do cacircncer do colo do uacutetero uma vez que natildeo receberam o
devido acompanhamento Por outro lado os resultados falso-positivos (RFP) tambeacutem
causam transtornos na vida das mulheres que muitas vezes se submetem a
procedimentos desnecessaacuterios (MITCHELL MEDLEY 1995 KIRSCHNER et al
2011 GULLO et al 2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Com o objetivo de aperfeiccediloar o exame citopatoloacutegico algumas estrateacutegias
corretivas de melhoria da qualidade tecircm sido desenvolvidas como os programas de
monitoramento interno da qualidade (MIQ) e monitoramento externo da qualidade
(MEQ) que visam identificar corrigir e diminuir as falhas dentro do laboratoacuterio de
citopatologia Dessa forma eacute possiacutevel melhorar a sensibilidade do meacutetodo em detectar
alteraccedilotildees citopatoloacutegicas resultando na reduccedilatildeo dos percentuais de RFN e RFP
(TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) O Ministeacuterio da Sauacutede em 2013
regulamentou o MIQ e o MEQ instituindo a Qualificaccedilatildeo Nacional em Citopatologia na
Prevenccedilatildeo do CCU (BRASIL 2013a) que definiu padrotildees para avaliar a qualidade do
exame atraveacutes do acompanhamento dos laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam
serviccedilo para o SUS
O MEQ compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio diferente
daquele que realizou a primeira leitura e tem como principal objetivo avaliar o
REZENDE MT Introduccedilatildeo
13
desempenho dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do colo uterino e fornecer educaccedilatildeo
continuada aos citopatologistas com o intuito de aprimorar o diagnoacutestico citopatoloacutegico
(FREITAS THULER 2012 AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio e
contemplam entre outras o monitoramento do preparo das lacircminas o tempo de
escrutiacutenio a carga de trabalho do citologista a revisatildeo dos esfregaccedilos e a implantaccedilatildeo
de sistema de indicadores de qualidade Dentre os meacutetodos de MIQ mais eficientes na
detecccedilatildeo de RFN cita-se a revisatildeo raacutepida de 100 (RR100) dos esfregaccedilos negativos
e o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) de todos os esfregaccedilos (TAVARES et al 2011 2014
BRASIL 2016b) A implementaccedilatildeo dos indicadores de qualidade eacute fundamental pois
permite comparar a situaccedilatildeo atual com metas desejadas assim eacute possiacutevel acompanhar o
comportamento do indicador apoacutes a realizaccedilatildeo de alguma intervenccedilatildeo auxiliando na
tomada de decisatildeo (BORTOLON et al 2012 PLEWKA et al 2014 BRASIL 2016b)
Aleacutem do monitoramento da qualidade dos exames citopatoloacutegicos a eficiecircncia
do rastreamento do CCU depende do seguimento adequado das mulheres com
resultados alterados mantendo no programa aquelas que devem repetir o exame ou
serem encaminhadas adequadamente para a colposcopia e bioacutepsia (ZOLA et al 2007
ALBUQUERQUE et al 2012) O seguimento permite que seja feito a correlaccedilatildeo do
diagnoacutestico citoloacutegico com a histologia que eacute uma importante ferramenta usada como
medida da garantia da qualidade e do desempenho dos laboratoacuterios de citopatologia
(ANSCHAU GONCcedilALVES 2011 TURKMEN et al 2013)
Portanto eacute imprescindiacutevel a implantaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ na rotina
dos laboratoacuterios de citopatologia pois satildeo parte integrante da estrateacutegia de garantia e
melhoria contiacutenua da qualidade com a finalidade de reduzir as falhas do exame
citopatoloacutegico garantindo agraves mulheres a prestaccedilatildeo de um serviccedilo seguro
Um dos principais motivos da ocorrecircncia dos RFN e RFP satildeo problemas
relacionados agrave interpretaccedilatildeo diagnoacutestica (GAY NALDSON GOELLNER 1985
RENSHAW 2003 COLEMAN POZNANSKY 2006 BRANCA LONGATTO-
FILHO 2015) Sendo assim este trabalho teve como objetivo comparar os exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero submetidos ao MEQ com o intuito de minimizar
divergecircncias diagnoacutesticas a fim de reduzir os RFN e RFP que satildeo um dos maiores
problemas enfrentados pelos laboratoacuterios de citopatologia
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
14
2- Revisatildeo da Literatura
21 Cacircncer do colo do uacutetero
Estimativas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede apontaram o cacircncer do colo do
uacutetero (CCU) como o responsaacutevel pelo oacutebito de 266 mil mulheres em 2012 e
aproximadamente 87 ocorreram nas regiotildees menos desenvolvidas (WHO 2012) No
Brasil ocupa a terceira posiccedilatildeo entre os dez tipos de cacircncer mais incidentes estimados
para 2016 por sexo exceto pele natildeo melanoma Estima-se para o ano de 20162017 a
ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585 casos a cada
100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
A taxa de incidecircncia do CCU estimada para 20162017 por regiatildeo brasileira sem
considerar os tumores de pele natildeo melanoma eacute a mais alta na regiatildeo Norte
apresentando 2397 novos casos por 100 mil mulheres Eacute o segundo mais incidente nas
regiotildees Centro-Oeste e Nordeste com 2072 e 1949 novos casos a cada 100 mil
mulheres respectivamente E na regiatildeo Sudeste estaacute na terceira posiccedilatildeo com 1130
novos casos a cada 100 mil mulheres e na regiatildeo Sul na quarta com 1517 novos casos
a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
Define-se o CCU como a replicaccedilatildeo desordenada do epiteacutelio de revestimento
deste oacutergatildeo resultando em comprometimento do estroma e invasatildeo de estruturas e
oacutergatildeos contiacuteguos ou agrave distacircncia Na fase preacute-cliacutenica desta neoplasia natildeo se observam
sintomas de maneira que a detecccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees precursoras eacute realizada pelo
exame citoloacutegico por outro lado agrave medida que a doenccedila progride surgem sangramento
menorragias e metrorragias (HAMONT et al 2008 LIMBERGER et al 2012)
O CCU eacute uma doenccedila que possui evoluccedilatildeo lenta onde a progressatildeo de uma
lesatildeo inicial para a forma invasiva pode levar anos sendo entatildeo possiacutevel identificar suas
formas precursoras que satildeo trataacuteveis e curaacuteveis (MEDEIROS et al 2005 COLEMAN
POZNANSKY 2006 RAMA et al 2008) Assim trata-se de uma doenccedila evitaacutevel
podendo apresentar 100 de cura principalmente atraveacutes do diagnoacutestico precoce
realizado pelo exame citopatoloacutegico e tratamento adequado de lesotildees preacute-malignas
(ZEFERINO et al 1996 ELUF-NETO NASCIMENTO 2001 SANTOS et al 2013)
A infecccedilatildeo pelo papiloma viacuterus humano (HPV) eacute uma das doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis mais comuns em todo mundo em ambos os sexos sendo que a maioria
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
15
das pessoas adquirem o viacuterus no iniacutecio da atividade sexual A infecccedilatildeo tem iniacutecio nas
ceacutelulas basais da zona de transformaccedilatildeo do colo do uacutetero e a maioria eacute controlada pela
resposta imune celular ocorrendo sua eliminaccedilatildeo espontacircnea em torno de dois anos
sem causar lesotildees e sintomas (ALMONTE et al 2010 GRAVITT et al 2011)
O HPV eacute considerado o principal fator de risco associado ao desenvolvimento
do CCU e a infecccedilatildeo persistente no trato reprodutivo de mulheres pode levar ao
surgimento de lesotildees preacute-neoplaacutesicas (DE SANJOSE et al 2007 2010
GUDLEVICIENE et al 2010) Satildeo descritos hoje aproximadamente 130 genoacutetipos do
HPV sendo que desses 40 podem infectar a mucosa genital Os tipos de HPV satildeo
classificados em viacuterus de alto ou baixo risco oncogecircnico conforme a propensatildeo das
ceacutelulas infectadas agrave transformaccedilatildeo neoplaacutesica (WEISS ROSENTHAL ZIMET 2011
FERRAZ SANTOS DISCACCIATI 2012) Aproximadamente 15 tipos de HPV tecircm
potencial oncogecircnico e satildeo responsaacuteveis por praticamente todos os cacircnceres cervicais e
lesotildees precursoras desses os mais prevalentes satildeo os HPV 16 e 18 sendo associados
com aproximadamente 70 de todos os cacircnceres do colo do uacutetero (MAZARICO
GONZALEZ-BOSQUETE 2012 HOSTE VOSSAERT POPPE 2013)
Sabe-se que somente a infecccedilatildeo pelo HPV natildeo eacute suficiente para o
desenvolvimento do carcinoma pois haacute um periacuteodo de latecircncia entre a infecccedilatildeo e o
desenvolvimento das lesotildees preacute-neoplaacutesicas indicando que existem outros elementos
atuando como co-fatores na carcinogecircnese do colo do uacutetero dentre os quais cita-se o
iniacutecio precoce da vida sexual muacuteltiplos parceiros sexuais multiparidade histoacuteria de
doenccedila sexualmente transmitida imunossupressatildeo uso prolongado de anticoncepcional
oral e tabagismo (NATUNEN et al 2011 ZARDO et al 2014)
Desde a infecccedilatildeo pelo HPV ateacute o desenvolvimento do CCU transcorrem
aproximadamente quinze anos Considera-se esta progressatildeo lenta sendo possiacutevel nesse
tempo a identificaccedilatildeo precoce de lesotildees celulares associadas com a persistecircncia deste
viacuterus no trato genital por meio da citologia cervical Assim haacute tempo para que as
lesotildees possam ser tratadas adequadamente impedindo a progressatildeo para o cacircncer
(SNIJDERS et al 2006 DISCACCIATI et al 2011 FERRAZ SANTOS
DISCACCIATI 2012)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
16
22 Exame citopatoloacutegico
A estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do CCU desde sua introduccedilatildeo
em 1941 por George Papanicolaou eacute o exame citopatoloacutegico sendo responsaacutevel pela
reduccedilatildeo da incidecircncia e mortalidade desse cacircncer nas uacuteltimas cinco deacutecadas em paiacuteses
em que foi implantado de maneira eficiente (PAPANICOLAOU TRAUT 1977
ARBYN et al 2009 DIJKSTRA et al 2014) O rastreio utilizando a citologia
esfoliativa eacute considerado uma intervenccedilatildeo de sauacutede puacuteblica extremamente bem-
sucedida de forma que praticado de acordo com as diretrizes alcanccedila reduccedilotildees na
incidecircncia do CCU de ateacute 80 (FRANCO DUARTE-FRANCO FERENCZY 2001
OGILVIE et al 2010) Aleacutem disso mais de 60 de todos os casos de CCU satildeo
observados entre as mulheres que natildeo participam do rastreamento (STENVALL
WIKSTROM WILANDER 2007)
O exame citopatoloacutegico baseia-se no fato de que alteraccedilotildees nas ceacutelulas epiteliais
do colo uterino podem progredir ao longo do tempo permitindo o surgimento do
cacircncer Sendo assim o Papanicolaou eacute estrateacutegico para detecccedilatildeo dessas alteraccedilotildees nas
fases iniciais das lesotildees precursoras (CARVALHO QUEIROZ 2010) Eacute um exame
faacutecil raacutepido praacutetico seguro de baixo custo e eficaz na detecccedilatildeo de lesotildees cervicais e
por isso deve ser incentivado como meacutetodo de triagem (GREENWOOD MACHADO
SAMPAIO 2006 OLIVEIRA et al 2010 COBUCCI et al 2016)
Os procedimentos mais usados para a confecccedilatildeo dos esfregaccedilos para o exame
citopatoloacutegico satildeo a coleta convencional ou em meio liacutequido (ARBYN et al 2008
NANDINI et al 2012) A teacutecnica de citologia em meio liacutequido permite que as ceacutelulas
sejam suspensas em meio liacutequido e espalhadas em monocamada possibilitando assim
uma melhor avaliaccedilatildeo morfoloacutegica e tem sido introduzida nos paiacuteses desenvolvidos para
melhorar a sensibilidade do exame citopatoloacutegico (PAWAR et al 2014) Apesar deste
meacutetodo apresentar menos tempo de triagem fundo limpo e melhor distribuiccedilatildeo dos
elementos celulares os benefiacutecios natildeo justificam o alto custo assim a coleta
convencional deve ser a primeira escolha para os paiacuteses em desenvolvimento pois
quando realizado de maneira organizada e de acordo com os padrotildees de qualidade natildeo eacute
inferior a citologia em meio liacutequido (ILTER et al 2012 SHARMA et al 2016)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a coleta convencional Neste tipo de coleta o
espeacuteculo eacute introduzido no canal vaginal para expor o colo do uacutetero e satildeo utilizados a
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
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espaacutetula de Ayre para a coleta de ceacutelulas da ectoceacutervice e a escova endocervical para
coleta de ceacutelulas da endoceacutervice (ARBYN et al 2008 VERMA JAIN KAUR 2014)
As ceacutelulas satildeo colocadas em uma lacircmina transparente de vidro com extremidade fosca
onde consta identificaccedilatildeo da paciente satildeo coradas e examinadas ao microscoacutepio pelos
profissionais habilitados que poderatildeo identificar ceacutelulas que apresentam alteraccedilotildees
indicativas de lesotildees preacute-malignas (ARBYN et al 2008 FERNANDES et al 2009
BRASIL 2011)
No Brasil a populaccedilatildeo alvo recomendada para a realizaccedilatildeo deste exame satildeo
mulheres na faixa etaacuteria de 25 ateacute os 64 anos de idade e agravequelas que jaacute iniciaram a vida
sexual Recomenda-se a realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico como ferramenta
de rastreamento sendo que deve ser repetido a cada trecircs anos apoacutes dois exames anuais
consecutivos normais A repeticcedilatildeo em um ano tem por objetivo diminuir a possibilidade
de RFN (RIBEIRO SANTOS TEIXEIRA 2011 BRASIL 2016c) Este
acompanhamento regular tem como base os programas de rastreamento organizados na
maioria dos paiacuteses desenvolvidos (FERLAY et al 2012)
Em estudo envolvendo oito paiacuteses realizado pela International Agency for
Research on Cancer (IARC) em 1986 servindo de suporte para normas ainda hoje
vigente mundialmente estimou-se que ao iniciar o rastreamento aos 25 anos de idade e
natildeo aos 20 anos perde-se apenas 1 de reduccedilatildeo da incidecircncia cumulativa do CCU
(IARC 1986 BRASIL 2011) Mulheres de ateacute 20 anos de idade natildeo estatildeo incluiacutedas na
faixa etaacuteria alvo do rastreamento pois possuem maior probabilidade de regressatildeo das
lesotildees preacute-invasivas o carcinoma invasor nesta parcela da populaccedilatildeo em geral eacute
extremamente raro e a maioria das infecccedilotildees pelo HPV se resolve espontaneamente em
cerca de dois anos sendo portanto de reduzida significacircncia cliacutenica (MOSCICKI
2008 MOSCICKI COX 2010) Os exames devem seguir ateacute os 64 anos e apoacutes essa
idade serem interrompidos quando resultarem em dois exames negativos consecutivos
nos uacuteltimos cinco anos (SASIENI CASTANtildeON CUZICK 2010 BRASIL 2011)
O rastreamento no Brasil eacute predominantemente oportuniacutestico ou seja as
mulheres tecircm realizado o exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero quando procuram os
serviccedilos de sauacutede geralmente devido a consulta meacutedica gravidez e diante de queixas
como prurido e leucorreacuteia Assim 20 a 25 dos exames tecircm sido realizados fora do
grupo etaacuterio recomendado e aproximadamente metade deles com intervalo de um ano
ou menos quando o recomendado satildeo trecircs anos Portanto haacute um contingente de
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
18
mulheres rastreadas e a exclusatildeo de outras (ZEFERINO 2008 NAVARRO et al 2015
BRASIL 2016c)
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais
George N Papanicolaou em 1941 criou a primeira terminologia de
classificaccedilatildeo citoloacutegica das lesotildees precursoras do CCU que procurava expressar se as
ceacutelulas observadas eram normais ou natildeo e desde entatildeo vaacuterios sistemas de classificaccedilatildeo
foram sugeridos (TRAUT PAPANICOLAOU 1943 AGUIAR et al 2011)
Nos Estados Unidos em 1988 foi realizada na cidade de Bethesda um workshop
que enfatizou a grande diversidade na comunicaccedilatildeo dos resultados em citologia
cervical e teve como objetivo determinar uma terminologia que daria limites evidentes
para a gestatildeo e dessa maneira reduziria a variabilidade interobservador Entatildeo nesse
ano foi aprovada a classificaccedilatildeo citoloacutegica conhecida como Terminologia do Sistema
Bethesda que introduziu os termos lesotildees intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e
alto grau (HSIL) (NAYAR WILBUR 2015a)
Apoacutes experiecircncia na praacutetica cliacutenica e novos avanccedilos no conhecimento
cientiacutefico esse sistema passou por revisatildeo em 1991 e 2001 que propocircs uniformizar as
terminologias assim como as condutas cliacutenicas para cada classificaccedilatildeo citoloacutegica
(AGUIAR et al 2011) O workshop de 1991 levou agrave produccedilatildeo do primeiro atlas
Bethesda em 1994 depois de sua publicaccedilatildeo tornou-se rapidamente uma referecircncia
mundial para a praacutetica da citologia cervical (SOLOMON et al 2002 NAYAR
WILBUR 2015a) Em 2001 aconteceu mudanccedilas marcantes em relaccedilatildeo agrave categoria de
Ceacutelulas Escamosas Atiacutepicas (ASC) A categoria ASC foi subdividida em ceacutelulas
escamosas atiacutepicas de significado indeterminado (ASC-US) e ceacutelulas escamosas
atiacutepicas quando natildeo se pode excluir lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
(WRIGHT et al 2002 MASSAD et al 2013) Nos Estados Unidos em 2013 855
dos laboratoacuterios de citologia haviam implementado a terminologia de 2001 e o
sistema de Bethesda produziu um impacto significativo na comunidade
internacional de citopatologia (DAVEY et al 2004)
Nos uacuteltimos anos vecircm acontecendo vaacuterias mudanccedilas nos processos de rastreio
do CCU como aumento do uso de citologia em meio liacutequido aprovaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de vacinas profilaacuteticas contra o HPV mudanccedilas na terminologia de
histopatologia e diretrizes atualizadas para o rastreio do CCU e gestatildeo cliacutenica Com
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
19
base em todas essas mudanccedilas o ano de 2014 era o momento adequado para uma
revisatildeo e atualizaccedilatildeo da terminologia Sistema de Bethesda 2001 Houve entatildeo o
refinamento de criteacuterios morfoloacutegicos e incorporaccedilatildeo de revisotildees e novas
informaccedilotildees adicionais na terceira ediccedilatildeo do atlas Bethesda para citologia cervical
(NAYAR WILBUR 2015b)
Em 2003 foi publicada a primeira ediccedilatildeo da Nomenclatura Brasileira para
Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais e Condutas Cliacutenicas Preconizadas baseada no
sistema de Bethesda contendo tambeacutem o MEQ com o objetivo de padronizar o laudo
citopatoloacutegico com as respectivas condutas cliacutenicas e manter o controle de qualidade
desses laudos emitidos pelos laboratoacuterios prestadores de serviccedilo ao Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SUS) No ano de 2006 houve a publicaccedilatildeo da segunda ediccedilatildeo dessa
nomenclatura e foi suprimido o capiacutetulo referente ao MEQ porque esse tema merecia
uma profunda revisatildeo No ano de 2010 optou-se por lanccedilar como publicaccedilotildees
independentes os trecircs capiacutetulos de Condutas Cliacutenicas Preconizadas MEQ e da
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais (BRASIL 2012)
Em 2012 foi publicada a terceira ediccedilatildeo revisada e atualizada da Nomenclatura
Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais que eacute a nomenclatura utilizada
atualmente no Brasil contemplando a seguinte classificaccedilatildeo
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (ASC-US)
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir
lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (AGC-SOE)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode afastar
lesatildeo intraepitelial de alto grau (AGC-NEO)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL)
bull Adenocarcinoma in situ (AIS)
bull Adenocarcinoma invasor (cervical endometrial e sem outras especificaccedilotildees)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau natildeo podendo excluir microinvasatildeo
bull Carcinoma epidermoacuteide invasor
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
20
A adoccedilatildeo do Sistema de Bethesda ainda que adaptado ao Brasil facilita a
comparaccedilatildeo de resultados nacionais com os encontrados em publicaccedilotildees estrangeiras
Poreacutem ainda haacute resistecircncia por parte dos citopatologistas no emprego da nomenclatura
brasileira para exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero Ressalta-se que aleacutem do
diagnoacutestico preciso tambeacutem eacute importante que o relatoacuterio de apresentaccedilatildeo dos resultados
seja de faacutecil compreensatildeo para que a paciente receba seguimento e conduta adequada
dessa forma maiores esforccedilos devem ser empregados no sentido de estimular o uso
dessa nomenclatura (AGUIAR et al 2011)
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado
Em 2011 houve atualizaccedilatildeo das Condutas Cliacutenicas Preconizadas de 2006 e entatildeo
foram lanccediladas as ldquoDiretrizes para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo que
buscaram orientar as condutas preconizadas em mulheres com alteraccedilotildees no exame
citopatoloacutegico cervical (BRASIL 2011)
De acordo com essas diretrizes diante de um resultado de exame citopatoloacutegico
de ASC-US a mulher com 30 anos ou mais deveraacute repetir o exame citopatoloacutegico em
um intervalo de 6 meses e com idade inferior a 30 anos no intervalo de 12 meses Para
os exames com resultados classificados como ASC-H as mulheres devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e se observado alteraccedilotildees
colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia jaacute aquelas sem alteraccedilotildees devem repetir nova
citologia em 6 meses Pacientes com diagnoacutestico citoloacutegico de AGC devem ser
encaminhadas para colposcopia realiza-se a bioacutepsia apenas quando satildeo observadas
alteraccedilotildees no colo caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia em 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de LSIL devem repetir o exame citopatoloacutegico em 6
meses se a citologia de repeticcedilatildeo for negativa em dois exames consecutivos a paciente
deve retornar agrave rotina de rastreamento citoloacutegico trienal Pacientes que apresentarem
diagnoacutestico de HSIL deveratildeo ser encaminhadas em ateacute trecircs meses agrave Unidade de
Referecircncia Secundaacuteria para realizaccedilatildeo da bioacutepsia se observada alteraccedilotildees no colo na
colposcopia (BRASIL 2011)
No ano de 2016 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a segunda ediccedilatildeo das ldquoDiretrizes
para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo atualizando as diretrizes publicadas em
2011 visando auxiliar os profissionais da sauacutede em suas praacuteticas assistenciais em todo o
paiacutes quanto ao seguimento de exames citopatoloacutegicos alterados e apoiar os gestores na
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
21
tomada de decisatildeo em relaccedilatildeo agrave estruturaccedilatildeo da linha de cuidados da mulher (BRASIL
2016c)
De acordo com as diretrizes mais recentes as mulheres com diagnoacutestico de ASC-
US abaixo de 25 anos de idade devem repetir o exame apoacutes 3 anos aquelas entre 25 e
29 anos devem repetir em 12 meses enquanto as mulheres acima de 30 anos devem
repetir a citologia apoacutes 6 meses Mulheres com diagnoacutestico de ASC-H devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e somente aquelas que
apresentam alteraccedilotildees colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia sendo que as demais
devem repetir a citologia apoacutes 6 meses Em mulheres com diagnoacutestico de ceacutelulas
glandulares atiacutepicas (AGC) ou ceacutelulas atiacutepicas de origem indefinida a paciente deve ser
imediatamente encaminhada para colposcopia onde faz-se a bioacutepsia apenas quando satildeo
observadas alteraccedilotildees caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia Na
presenccedila do diagnoacutestico LSIL em mulheres abaixo de 25 anos de idade sugere-se repetir
o exame citopatoloacutegico apoacutes 3 anos com indicaccedilatildeo de colposcopia caso a atipia se
mantenha E mulheres acima de 25 anos de idade devem repetir a citologia apoacutes 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de HSIL devem ser encaminhadas para realizaccedilatildeo de
colposcopia ateacute trecircs meses apoacutes o resultado e caso apresentem alteraccedilotildees visuais no
colo do uacutetero deveratildeo ser submetidas a bioacutepsia caso contraacuterio recomenda-se nova
citologia apoacutes trecircs meses a contar da data da coleta da citologia anterior (BRASIL
2016c)
Um dos maiores problemas enfrentado pelo programa de rastreamento e controle
do CCU eacute a falta de seguimento dado as mulheres depois que realizam o exame
citopatoloacutegico bem como a orientaccedilatildeo errocircnea por parte dos profissionais de sauacutede
Portanto para que o programa tenha sucesso eacute necessaacuterio garantir que seja organizado e
definido como um conjunto de accedilotildees programadas com populaccedilatildeo e periodicidade
especiacuteficas porque com o seguimento pode-se oferecer um tratamento adequado
interrompendo o desenvolvimento desse cacircncer (VALE et al 2010 ALBUQUERQUE
et al 2012 SANTOS et al 2013)
23 Controle de qualidade em citopatologia
O exame citopatoloacutegico necessita apresentar uma boa acuraacutecia diagnoacutestica
(MILLER et al 2000 KOSE NAKI 2014 ABUDUKADEER et al 2015) No
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
22
entanto questiona-se sua eficiecircncia pois certo nuacutemero de mulheres desenvolve esse
cacircncer apesar de realizarem o exame periodicamente em parte essa situaccedilatildeo pode ser
explicada pelas altas taxas de RFN (MITCHELL MEDLEY 1995 TAVARES et al
2008 KIRSCHNER et al 2011) Aleacutem disso os RFP tambeacutem satildeo alarmantes pois
geram danos agrave vida de mulheres na medida que se sujeitam a procedimentos
dispensaacuteveis (KOSS 1989 FRABLE 2007 GULLO et al 2012)
As principais causas dos RFN ocorrem devido a erros de coleta de escrutiacutenio e
de interpretaccedilatildeo do diagnoacutestico (BOSCH RIETVELD-SCHEFFERS BOON 1992
MITCHELL MEDLEY 1995 ORTIZ-VAacuteZQUEZ et al 2001 FRABLE et al 2007
MANRIQUE et al 2009) Erros na coleta do material citoloacutegico podem ser
responsaacuteveis por ateacute 62 dos RFN e ocorrem devido agrave falta de representatividade
celular ou escassez de ceacutelulas neoplaacutesicas e tambeacutem pela presenccedila de processo
inflamatoacuterio sangue e fundo necroacutetico nos esfregaccedilos que podem prejudicar a anaacutelise
(VAN DER et al 1987 EJERSBO DAHL HOLUND 2003 AMARAL et al 2006
AMARAL et al 2008 LONNBERG et al 2010) O erro de escrutiacutenio varia de 10 a
67 e ocorre quando as ceacutelulas atiacutepicas estatildeo presentes no esfregaccedilo mas natildeo satildeo
identificadas pelo escrutinador devido agrave falta de atenccedilatildeo e concentraccedilatildeo tempo
insuficiente e falta de experiecircncia (DEMAY 1997 PITTOLI et al 2003 PAJTLER et
al 2006 AMARAL et al 2008) O erro de interpretaccedilatildeo pode ser responsaacutevel por ateacute
22 dos RFN e ocorre quando as ceacutelulas neoplaacutesicas satildeo reconhecidas mas satildeo
identificadas como benignas ou ainda satildeo classificadas erroneamente isso eacute atribuiacutedo
principalmente agrave experiecircncia insuficiente do profissional e informaccedilotildees cliacutenicas
inadequadas (GAY NALDSON GOELLNER 1985 RENSHAW 2003 COLEMAN
POZNANSKY 2006 AMARAL et al 2008)
Dessa forma tem sido exigido a implementaccedilatildeo de programas de monitoramento
da qualidade em citopatologia com o objetivo de melhorar o desempenho do exame
citopatoloacutegico em detectar anormalidades escamosas e glandulares e
consequentemente diminuir os percentuais de RFN e RFP que satildeo resultados
preocupantes tanto para a mulher quanto para os custos dos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(PAJTLER et al 2006 TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) A fim de
minimizar as falhas deste exame vaacuterias estrateacutegias corretivas de garantia da qualidade
tecircm sido desenvolvidas como a implementaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ nos
laboratoacuterios de citopatologia (PEREIRA et al 2006 AacuteZARA et al 2014a)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
23
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio de
citopatologia contemplam na fase preacute-analiacutetica atividades realizadas antes do
escrutiacutenio e incluem o registro do material recebido a preparaccedilatildeo a coloraccedilatildeo e a
montagem das lacircminas a manutenccedilatildeo dos equipamentos e microscoacutepios aleacutem dos
registros da qualificaccedilatildeo e treinamento dos profissionais (BRASIL 2016b) Na fase
analiacutetica o objetivo eacute a reduccedilatildeo de erros de escrutiacutenio ou de erros de interpretaccedilatildeo do
resultado com o intuito de diminuir os iacutendices de RFN e RFP algumas das medidas
contemplam o tempo de escrutiacutenio carga de trabalho do citologista e revisatildeo dos
esfregaccedilos (TAVARES et al 2007) O monitoramento contiacutenuo da qualidade dos
resultados dos exames citopatoloacutegicos imprescindiacutevel para o laboratoacuterio faz parte da
fase poacutes-analiacutetica em que eacute avaliada o desempenho global e individual dos profissionais
(AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
Por muitos anos vaacuterias discussotildees ocorreram na tentativa de apontar o melhor
meacutetodo de MIQ para a citologia cervical (DUDDING RENSHAW ELLIS 2011)
Considerado como consenso entre os especialistas na aacuterea a repeticcedilatildeo da leitura de
todos os esfregaccedilos classificados como negativos no escrutiacutenio de rotina eacute o meacutetodo
mais preciso para evitar erros no rastreio poreacutem este meacutetodo eacute dispendioso exigindo
muito tempo para a leitura em duplicata (TAVARES et al 2011)
Dentre os meacutetodos de MIQ cita-se a revisatildeo aleatoacuteria de 10 dos esfregaccedilos
negativos pelo escrutiacutenio de rotina (R-10) a revisatildeo baseada em criteacuterios cliacutenicos de
risco (RCCR) a revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos (RR100) e o preacute-
escrutiacutenio raacutepido (PER) Os meacutetodos de PER e RR100 satildeo considerados os mais
eficazes na detecccedilatildeo de RFN (MANRIQUE et al 2007 2011 TAVARES et al 2011
BRASIL 2016b) O meacutetodo de revisatildeo de 10 dos esfregaccedilos negativos eacute criticado
pois detecta poucos casos RFN assim como a RCCR que tambeacutem tem produzido
resultados ruins em vaacuterios estudos (AMARAL et al 2005 TAVARES et al 2008
TAVARES et al 2011 CURRENS et al 2012)
A RR100 consiste em revisar rapidamente todos os esfregaccedilos classificados
como negativos e insatisfatoacuterios do escrutiacutenio de rotina poreacutem como o revisor possui
conhecimento do resultado pode tornar o meacutetodo tendencioso reduzindo sua
concentraccedilatildeo e aumentando a possibilidade de deixar passar erros (PAJTLER et al
2006 MANRIQUE et al 2007) O PER consiste no escrutiacutenio raacutepido de todos os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
24
esfregaccedilos sem influecircncia de marcaccedilotildees sobre a lacircmina durante um tempo limitado
antes do escrutiacutenio de rotina e eacute um meacutetodo que tende a prender a atenccedilatildeo do
citologista jaacute que eacute realizado anterior a leitura de rotina aleacutem de permitir que a
sensibilidade de ambos PER e ER seja estimada (DJEMLI KHETANI AUGER
2006 TAVARES et al 2008)
Portanto eacute de extrema importacircncia a implementaccedilatildeo de accedilotildees de garantia da
qualidade na rotina dos laboratoacuterios de citopatologia pois permitem aprimorar o exame
citopatoloacutegico assegurando resultados confiaacuteveis (FERRAZ et al 2005 SIEGL et al
2014)
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
O sistema de monitoramento da qualidade tambeacutem deve comtemplar o
desenvolvimento e implantaccedilatildeo de sistema de indicadores de qualidade pois permitem
avaliar o desempenho global do laboratoacuterio realizar anaacutelise estatiacutestica individual dos
profissionais bem como utilizar os dados obtidos para a realizaccedilatildeo de intervenccedilotildees para
aperfeiccediloamento das etapas laboratoriais (SIEGL et al 2014 AacuteZARA et al 2014b)
Os indicadores de qualidade em citopatologia cervical possuem caracteriacutesticas
que satildeo muito importantes para que possam ser uacuteteis como ferramentas de apoio para o
monitoramento e a avaliaccedilatildeo do desempenho do laboratoacuterio Entre elas destacam-se a
facilidade de compreensatildeo uso de dados de coleta disponiacutevel e faacutecil execuccedilatildeo
mensuram os resultados encontrados permitindo comparaccedilatildeo com valores de referecircncia
preacute-estabelecidos refletem exatamente o que se deseja quantificar viabilizando assim
uma anaacutelise comparativa dos resultados para uma melhoria contiacutenua dos processos
internos do laboratoacuterio (BRASIL 2016b)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda que a coleta dos dados deve ser realizada
pelos profissionais envolvidos nas diversas etapas do processo de trabalho pois a
responsabilizaccedilatildeo dos profissionais pela obtenccedilatildeo dos dados tende a gerar compromisso
deles com os resultados almejados assim os dados tendem a ser de melhor qualidade
(BRASIL 2016b) Portanto a construccedilatildeo de tais indicadores para auxiliar o programa
de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo uacutetero deve ser feita internamente no
laboratoacuterio e satildeo mundialmente conhecidos pelos profissionais dessa aacuterea (BRASIL
2016b)
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25
Os indicadores de qualidade incluem o iacutendice de positividade (IP) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ASCSat) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt) razatildeo de ceacutelulas
escamosas atiacutepicas por lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) percentual de exames
compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSILSat) (BORTOLON et
al 2012 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b)
O IP expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares nos exames aleacutem da
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo examinada
e recomenda-se que esteja entre 3 e 10 O ASCSat deve ficar entre 4 e 5 e quando
elevado sugere problemas na amostra na anaacutelise laboratorial ou em ambas as fases e
representa um ocircnus para a mulher e para a rede assistencial pois acarreta a oferta de um
maior nuacutemero de exames destinados agrave repeticcedilatildeo para investigaccedilatildeo diagnoacutestica O
ASCAlt deve ser inferior a 60 e tem o objetivo de monitorar ao percentual de atipias
de significado indeterminado para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo continuada dos
citopatologistas A razatildeo ASCSIL permite identificar o baixo desempenho profissional
no rastreamento e valores muito altos devem ter a causa investigada pois podem mostrar
a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios citoloacutegicos utilizados sendo que este indicador
deve ser menor que 3 O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees
precursoras do CCU e recomenda-se que seja igual ou maior que 04 (PLEWKA et
al 2014 BRASIL 2016b)
Os documentos gerados na elaboraccedilatildeo e o registro perioacutedico dos indicadores de
qualidade devem ser armazenados para permitir o acompanhamento dos processos
analisados e devem fazer parte do conjunto de documentos que compotildeem o Sistema de
Monitoramento da Qualidade do laboratoacuterio Eacute importante que esse material seja
armazenado em local de faacutecil acesso com o objetivo de facilitar as consultas sempre
que for necessaacuterio Recomenda-se que sejam feitos mensalmente e impressos com
assinatura do profissional responsaacutevel (BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia
Haacute deacutecadas o Brasil tem adotado medidas para garantia da qualidade dos exames
citopatoloacutegicos Em 1998 foi instituiacutedo o Programa Nacional de Controle do Cacircncer de
Colo de Uacutetero pela portaria GMMS nordm 3040 que reconheceu que o exame
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
26
citopatoloacutegico do colo uterino eacute uma avaliaccedilatildeo qualitativa que dependente da
interpretaccedilatildeo do observador e que essa subjetividade precisa ser minimizada portanto o
monitoramento da qualidade eacute importante para a garantia do serviccedilo prestado agrave
populaccedilatildeo feminina (BRASIL 1998)
O Ministeacuterio da Sauacutede em 2001 por meio da Portaria SPSSAS nordm 92 preconizou
que todos os laboratoacuterios que realizam exames citopatoloacutegicos para o SUS deveriam
submeter-se ao Programa de Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ) poreacutem o
programa de responsabilidade das coordenaccedilotildees estaduais natildeo havia sido implantado
em todo paiacutes Esse programa foi regulamentado em 2013 atraveacutes da Qualificaccedilatildeo
Nacional em Citopatologia na Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2010
BRASIL 2013a)
A Portaria Qualicito definiu que os gestores estaduais e municipais devem
gerenciar o programa acompanhando o desempenho dos laboratoacuterios participantes que
foram classificados em Tipo I e Tipo II Satildeo considerados Laboratoacuterios Tipo I os
laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam serviccedilo ao SUS e que realizam exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero e os Laboratoacuterios Tipo II os laboratoacuterios puacuteblicos
responsaacuteveis por realizar os exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no acircmbito do
MEQ aleacutem de poderem realizar as accedilotildees dos Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2013a)
O MEQ eacute parte integrante da estrateacutegia de garantia da qualidade em citopatologia
e tem por finalidade avaliar o desempenho dos Laboratoacuterios Tipo I e a qualidade dos
exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero detectar as diferenccedilas de interpretaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos aumentar a eficiecircncia do processo de realizaccedilatildeo dos exames
citopatoloacutegicos aleacutem de reduzir o percentual de RFN RFP e insatisfatoacuterios (BRASIL
2016)
Em 1999 foi instituiacutedo o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero
(SISCOLO) com objetivo de armazenar dados sobre identificaccedilatildeo da mulher
informaccedilotildees demograacuteficas epidemioloacutegicas e dos exames citopatoloacutegicos e
histopatoloacutegicos realizados pelo SUS (GIRIANELLI THULER SILVA 2009
(BRASIL 2016c) Em 2011 foi lanccedilado o Plano Nacional de Fortalecimento da Rede de
Prevenccedilatildeo que permitiu o desenvolvimento do Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer
(SISCAN) substituindo o SISCOLO poreacutem a implementaccedilatildeo do sistema estaacute sendo
lenta e gradual (BRASIL 2013b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
27
Portanto eacute o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer (SISCAN) que seleciona do
Laboratoacuterio Tipo I todos os exames positivos e insatisfatoacuterios e 10 dos negativos para
serem enviados ao Laboratoacuterio Tipo II de acordo com o estabelecido na Portaria
Qualicito (BRASIL 2013a) A lista deve ser enviada com a relaccedilatildeo dos casos
selecionados pelo sistema juntamente com as lacircminas solicitadas e os respectivos
laudos servindo como recibo de transferecircncia de responsabilidade de guarda das
lacircminas para o Laboratoacuterio Tipo II e para controle de devoluccedilatildeo ao laboratoacuterio de
origem (BRASIL 2016b)
Entatildeo o conjunto de accedilotildees realizadas pelo Laboratoacuterio Tipo II visa agrave avaliaccedilatildeo da
qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero dos Laboratoacuterios Tipo I e
contemplam duas fases a preacute-analiacutetica e analiacutetica Na primeira o Laboratoacuterio Tipo II
verifica os procedimentos teacutecnicos e informa a qualidade da confecccedilatildeo do esfregaccedilo
fixaccedilatildeo coloraccedilatildeo montagem e contaminaccedilatildeo das amostras E a fase analiacutetica consiste
em uma revisatildeo dos esfregaccedilos citopatoloacutegicos por profissionais habilitados e o
diagnoacutestico final eacute firmado por consenso entre os citopatologistas do Laboratoacuterio Tipo
II (PEREIRA et al 2006 BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
Os exames discordantes seratildeo comunicados ao Laboratoacuterio Tipo I que poderaacute
recorrer da opiniatildeo do Laboratoacuterio Tipo II caso natildeo concorde com o parecer dos
revisores buscando o consenso Caso concorde caberaacute ao Laboratoacuterio Tipo I enviar o
laudo de revisatildeo agraves regionais ao municiacutepio ou agrave Unidade Baacutesica de Sauacutede (UBS)
mencionando que esse laudo foi realizado em conjunto com o Laboratoacuterio Tipo II de
referecircncia Caso natildeo haja consenso entre os Laboratoacuterios Tipos I e II poderaacute ser
solicitada a avaliaccedilatildeo por outro Laboratoacuterio Tipo II em acordo com a Coordenaccedilatildeo
Estadual eou Municipal (BRASIL 2016b)
A estatiacutestica para a avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo
II eacute o Kappa Ponderado devido a necessidade de se atribuiacuterem diferentes pesos para as
discordacircncias aleacutem da frequecircncia de RFN RFP e retardo de conduta Assim uma atipia
de significado indeterminado que recebeu equivocadamente um laudo de LSIL teraacute um
peso menor na construccedilatildeo do Kappa que uma HSIL que recebeu um laudo negativo
(BRASIL 2012) Os laboratoacuterios com iacutendices diagnoacutesticos abaixo de dois desvios
padrotildees da meacutedia estadual eou iacutendice Kappa de correlaccedilatildeo em niacutevel ruim seratildeo
considerados fora dos paracircmetros recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
28
Laboratoacuterios Tipo I nessa situaccedilatildeo seratildeo notificados e monitorados pelos Laboratoacuterios
Tipo II para alcanccedilar o iacutendice esperado (BRASIL 2016b)
Dessa forma os Laboratoacuterios Tipo I devem enviar regularmente todas as lacircminas e
laudos dos exames selecionados para o Laboratoacuterio Tipo II analisar os casos de
discordacircncia buscando o consenso com o Laboratoacuterio Tipo II promover educaccedilatildeo
continuada para uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos minimizar as natildeo
conformidades encontradas na rotina do laboratoacuterio diminuir os RFN e RFP e avaliar o
desempenho profissional da equipe Os Laboratoacuterios Tipo II devem fazer contato e dar
retorno aos Laboratoacuterios Tipo I comunicando o quanto antes sobre os resultados dos
exames citopatoloacutegicos discordantes e discutir caso a caso buscando o consenso apoiar
as coordenaccedilotildees estadual e municipal na interface com os laboratoacuterios que realizam
exames para o SUS e proporcionar educaccedilatildeo permanente por meio de sessotildees interativas
regulares para os Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2016b)
Diversos estudos tecircm considerado o MEQ um programa eficiente no
aperfeiccediloamento do exame citopatoloacutegico uma vez que a discussatildeo dos casos
discordantes para se chegar a um consenso dos resultados etapa fundamental do
programa possibilita a uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados na
detecccedilatildeo das lesotildees precursoras do CCU o que reflete na reduccedilatildeo dos RFN e RFP
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 FREITAS THULER 2012 AacuteZARA
et al 2013 2014a 2016 BRASIL 2016b)
REZENDE MT Justificativa
29
3- Justificativa
Um dos principais motivos da ocorrecircncia de RFN e RFP no exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero eacute a variabilidade inter e intra observador na
interpretaccedilatildeo dos diagnoacutesticos dessa forma para a garantia da qualidade se faz
necessaacuterio a implantaccedilatildeo de MIQ e MEQ nos laboratoacuterios de citopatologia (FRABLE
et al 2007 MANRIQUE et al 2009 AacuteZARA et al 2014a) Este estudo foi
realizado com o intuito de avaliar o impacto do MEQ em laboratoacuterio de citopatologia
para minimizar as divergecircncias diagnoacutesticas e erros dentro dos processos do laboratoacuterio
a fim de reduzir os RFN e RFP Investindo na identificaccedilatildeo e retificaccedilatildeo das falhas eacute
possiacutevel que seja assegurado o melhor serviccedilo possiacutevel agrave mulher que receberaacute
seguimento e tratamento adequado
REZENDE MT Objetivos
30
4- Objetivos
41 Objetivo Geral
Comparar os resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do
municiacutepio de Ouro Preto MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade
42 Objetivos especiacuteficos
- Verificar a frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
- Avaliar a concordacircncia diagnoacutestica frequecircncia de casos discordantes falso-negativos
falso-positivos e retardo de conduta entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar o resultado do seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
do monitoramento externo da qualidade incluindo os RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de
consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes o monitoramento externo da qualidade
REZENDE MT Metodologia
31
5- Metodologia
51 Local de estudo
Este trabalho foi desenvolvido no setor de citologia do Laboratoacuterio Piloto de
Anaacutelises Cliacutenicas (LAPAC) da Escola de Farmaacutecia da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP) Por se tratar de estudo baseado em resultados de exames coletados em
2013 e 2014 que estatildeo disponiacuteveis publicamente atraveacutes do SISCOLO natildeo foi
necessaacuterio a submissatildeo ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
O setor de citologia deste laboratoacuterio eacute composto por 5 citopatologistas 2
bolsistas 1 teacutecnica e 2 assistentes administrativos Neste laboratoacuterio estatildeo disponiacuteveis
microscoacutepios NiKon E 200 para escrutiacutenio dos esfregaccedilos bateria de coloraccedilatildeo e
material para montagem das lacircminas microscoacutepio de 5 cabeccedilas para discussatildeo de casos
e 3 computadores para parte administrativa O setor de citologia deste laboratoacuterio atende
uma rotina de exames citopatoloacutegicos colhidos nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS)
de Ouro Preto MG que desde 2013 eacute o uacutenico Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio que
presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
511 Monitoramento interno da qualidade
Os meacutetodos de monitoramento interno da qualidade utilizados na rotina pelo
Laboratoacuterio Tipo I satildeo o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) e a revisatildeo raacutepida de 100 dos
esfregaccedilos negativos (RR100) e cada etapa de leitura da lacircmina eacute realizada por
citopatologistas diferentes em um esquema de rodiacutezio (Figura 1) Inicialmente todos os
esfregaccedilos citopatoloacutegicos adequados para a anaacutelise microscoacutepica satildeo submetidos ao
PER e os resultados satildeo classificados como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio e
registrados na planilha de PER (Apecircndice A) Posteriormente eacute realizado o escrutiacutenio de
rotina (ER) pelo segundo citopatologista que apoacutes a leitura detalhada classifica os
resultados de acordo com a nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos baseada
no Sistema de Bethesda 2001 (SOLOMON NAYAR 2004) anotando o diagnoacutestico no
verso da requisiccedilatildeo (Anexo 1) Em seguida todas as lacircminas consideradas negativas
pelo escrutiacutenio de rotina satildeo encaminhadas para um terceiro citologista que realiza a
RR100 classificando-o como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio registrando na
planilha de RR100 (Apecircndice B)
REZENDE MT Metodologia
32
Os esfregaccedilos considerados positivos e insatisfatoacuterios pelo ER e os resultados
discordantes que foram aqueles onde PER ou a RR100 classificou como suspeito ou
insatisfatoacuterio e o escrutiacutenio de rotina considerou negativo satildeo encaminhados para a
revisatildeo detalhada para confirmaccedilatildeo ou natildeo da alteraccedilatildeo e definiccedilatildeo do diagnoacutestico final
e anotados nas planilhas correspondentes (Apecircndice C e D) Quando a revisatildeo detalhada
eacute discordante do ER haacute um consenso entre os citopatologistas para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I
REZENDE MT Metodologia
33
52 Tipo de estudo
Foi realizado estudo retrospectivo comparando os resultados dos exames
citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I da Escola de Farmaacutecia da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de exames
citopatoloacutegicos de rastreio do municiacutepio de Ouro Preto Minas Gerais com os
resultados emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo II de Belo Horizonte responsaacutevel pelo MEQ
dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero de Minas Gerais
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica
Os exames do Laboratoacuterio Tipo I foram selecionados automaticamente pelo
SISCOLO (Sistema de Informaccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero) incluindo os exames
positivos insatisfatoacuterios e 10 dos negativos conforme a Portaria QualiCito
33882013 referente aos meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 As
amostras foram provenientes de mulheres atendidas nas UBS do municiacutepio de Ouro
Preto MG usuaacuterias do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
54 Monitoramento externo da qualidade
O Laboratoacuterio Tipo I enviou ao Laboratoacuterio Tipo II juntamente com os laudos
correspondentes um total de 321 esfregaccedilos citopatoloacutegicos classificados como
negativos (84) insatisfatoacuterios (3) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas (ASC-US41) lesatildeo intraepitelial
escamosa de baixo grau (LSIL163) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado natildeo se pode excluir lesatildeo de alto grau (ASC-H12) lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau (HSIL16) e ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras
especificaccedilotildees (AGC-SOE2) (Figura 2)
REZENDE MT Metodologia
34
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia cervical
Os esfregaccedilos foram reavaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II que emitiu um relatoacuterio
com os resultados para o Laboratoacuterio Tipo I comunicando tambeacutem os resultados
discordantes Nos casos em que o Laboratoacuterio Tipo I natildeo concordou com o parecer
REZENDE MT Metodologia
35
emitido pelos revisores do Laboratoacuterio Tipo II os resultados dos exames discordantes
foram discutidos caso a caso com o Laboratoacuterio Tipo II buscando o consenso entre os
dois Laboratoacuterios para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final (BRASIL 2016b)
Apoacutes o consenso os resultados discordantes foram reemitidos pelo Laboratoacuterio
Tipo I e encaminhados agraves Unidades de Sauacutede que localizaram as mulheres e
reprogramaram a conduta baseada no diagnoacutestico final
Os esfregaccedilos que inicialmente foram classificados como negativos ou
inflamatoacuterios pelo Laboratoacuterio Tipo I e considerados como positivos pelo Laboratoacuterio
Tipo II foram denominados resultados falso-negativos (RFN) Aqueles considerados
inicialmente positivos pelo Laboratoacuterio Tipo I mas reclassificados como negativos pelo
Laboratoacuterio Tipo II foram denominados resultados falso-positivos (RFP) Foram
considerados casos discordantes aqueles que implicaram em mudanccedila de conduta
cliacutenica de acordo com as normas preconizadas pelas Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2011)
Os resultados diagnosticados inicialmente como ASC-US ou LSIL pelo
Laboratoacuterio Tipo I e que na revisatildeo o Laboratoacuterio Tipo II julgou como diagnoacutestico mais
grave (ASC-H HSIL Carcinoma de ceacutelulas escamosas AGC-SOE AGC-NEO
Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma invasor) foram considerados como retardo
de conduta cliacutenica
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados
Para levantamento do seguimento das pacientes em que os resultados dos
exames foram classificados como ASC-US ou LSIL foi realizada a busca do resultado
do novo exame citopatoloacutegico uma vez que a conduta preconizada eacute a repeticcedilatildeo do
exame no periacuteodo de seis meses a um ano Para aqueles classificados como ASC-H ou
pior diagnoacutestico foi realizado o levantamento do resultado do exame histopatoloacutegico
dado que a conduta preconizada eacute o encaminhamento para colposcopia e se visualizado
alguma alteraccedilatildeo no colo uterino realiza-se a bioacutepsia Os resultados insatisfatoacuterios natildeo
foram considerados nesta anaacutelise (BRASIL 2011)
Foram realizadas visitas previamente agendadas agraves UBS do municiacutepio para
realizaccedilatildeo do levantamento das pacientes previamente listadas daquela unidade que
haviam sido diagnosticadas com alguma alteraccedilatildeo citoloacutegica O profissional responsaacutevel
REZENDE MT Metodologia
36
pela coleta do exame citopatoloacutegico verificou nos prontuaacuterios das pacientes o
seguimento que foi adotado em cada caso Poreacutem as UBS tinham poucos registros do
seguimento dessas pacientes por isso foram adotadas outras estrateacutegias
Portanto com o objetivo de levantar os dados referentes ao seguimento das
pacientes encaminhadas para acompanhamento de ASC-H e pior diagnoacutestico foram
realizadas visitas ao Centro Viva Vida em Itabirito que eacute o centro de referecircncia para
atenccedilatildeo secundaacuteria do municiacutepio de Ouro Preto E para levantamento do novo exame
citopatoloacutegico foi realizada pesquisa nos registros do Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio
de Ouro Preto que presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos
do colo do uacutetero
56 Anaacutelise dos dados
Os dados dos exames citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I e
Laboratoacuterio Tipo II foram digitados no Excel (Microsoft Office Professional Plus 2013)
para elaboraccedilatildeo do banco de dados A anaacutelise dos dados foi realizada pelo pacote
estatiacutestico Stata versatildeo 11 foi calculada a concordacircncia dos resultados dos exames
citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e II e o Kappa antes a apoacutes o Consenso A
frequecircncia de esfregaccedilos discordantes incluindo RFP e retardo de conduta entre os
Laboratoacuterios Tipo I e II foi calculada antes e apoacutes a Reuniatildeo de Consenso no total de
321 esfregaccedilos O coeficiente Kappa eacute classificado em concordacircncia pobre (0ltKlt040)
concordacircncia moderada (040ltKlt060) concordacircncia boa (060ltKlt080) concordacircncia
excelente (080ltKlt1) o valor zero indica ausecircncia de concordacircncia e o valor 1
corresponde a concordacircncia perfeita (LANDIS KOCH 1977) Foi calculada a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) atraveacutes da seguinte foacutermula
VPR = [coeficiente final - coeficiente inicial]100
coeficiente inicial
O caacutelculo dos indicadores de qualidade foi realizado utilizando um banco de
dados do Laboratoacuterio Tipo I onde satildeo mantidos registros de todos os exames realizados
com seus respectivos resultados Para avaliaccedilatildeo pontual os indicadores de qualidade
foram calculados antes da reuniatildeo de consenso ano de 2013 e depois da reuniatildeo de
consenso ano de 2014 Para avaliaccedilatildeo temporal do efeito da reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Metodologia
37
proporcionada por um MEQ calculou-se os indicadores do Laboratoacuterio Tipo I dos anos
de 2012 2013 2014 e 2015 Foi utilizado para o caacutelculo as foacutermulas presentes no
Manual de Gestatildeo da Qualidade para Laboratoacuterio de Citopatologia (BRASIL 2016b)
Iacutendice de Positividade (IP) intervalo esperado 3-10
Nordm de exames alterados em determinado local e ano x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ACSSat)
intervalo esperado 4-5
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt)
intervalo esperado lt60
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames alterados
Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) intervalo
esperado lt3
Nordm de ex compatiacuteveis com ASC-US e ASC-H
No de exames com LSIL e HSIL
Percentual de exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
(HSILSat) intervalo esperado lt04
Ndeg de exames HSIL x 100
Total de exames satisfatoacuterios
REZENDE MT Resultados
38
6- Resultados
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
O Laboratoacuterio Tipo I enviou 321 esfregaccedilos para o Laboratoacuterio Tipo II
classificados como 3 (09) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 84 (262) negativos 41
(128) ASC-US 163 (508) LSIL 12 (37) ASC-H 16 (50) HSIL e 2 (06)
AGC-SOE Apoacutes a reuniatildeo de consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II chegou-
se no diagnoacutestico final de 3 (093) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 143 (446) negativos
44 ASC-US (137) 8 ASC-H (25)101 LSIL (315) 21 HSIL (65) e 1 AGC-
SOE (03) Foram considerados discordantes entre os laboratoacuterios 151 (470)
esfregaccedilos (Tabela 1)
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
Tipo I Tipo II Consenso
Diagnoacutestico n () n () n ()
Insatisfatoacuterio 3 09 4 13 3 09
Negativo 84 262 227 707 143 446
ASC-US 41 122 17 53 44 137
ASC-H 12 37 3 09 8 25
LSIL 163 508 54 168 101 315
HSIL 16 50 12 37 21 65
HSIL micro invasor 0 0 1 03 0 0
AGC-SOE 2 06 3 09 1 03
Total 321 100 321 100 321 100
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
Do total de exames revisados pelo Laboratoacuterio Tipo II foram concordantes 84
(262) esfregaccedilos negativos e 3 (093) classificados como insatisfatoacuterios pelo Tipo I
Dos 41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 6 (1463) foram
concordantes pelo Tipo II e os 35 (854) restantes foram reclassificados como
REZENDE MT Resultados
39
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 53
(325) foram considerados concordantes pelo Tipo II 92 (564) foram
reclassificados como negativos 11 (68) como ASC-US 2 (12) como ASC-H 4
(25) como HSIL e 1 (06) reclassificado como AGC-SOE Dos 12 (37)
esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo Tipo I 1 (83) foi considerado
concordante pelo Tipo II 9 (75) foram reclassificados como negativos 1 (83)
como insatisfatoacuterio 1 (83) como HSIL Dos 16 (50) esfregaccedilos classificados como
HSIL emitidos pelo Tipo I 7 (438) foram considerados concordantes pelo Tipo II 6
(375) foram reclassificados como negativos 1 (63) como LSIL 1 (63) como
HSIL micro invasor e 1(63) como AGC-SOE Dos 2 (06) esfregaccedilos classificados
como AGC-SOE pelo Tipo I 1 (500) foi considerado concordante pelo Tipo II Entre
o Laboratoacuterio Tipo I e o Tipo II houve 7 (22) casos de retardo de conduta sendo 4
(571) LSIL para HSIL 2 (286) LSIL para ASC-H e 1 (143) LSIL para AGC-
SOE (Tabela 2)
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso
Tipo II
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL HSIL micro
invasor AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 35 6 41
ASC-H 1 9 1 1 12
LSIL 92 11 2 53 4 1 163
HSIL 6 1 7 1 1 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 4 227 17 3 54 12 1 3 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa
de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas
sem outras especificaccedilotildees
Os resultados definidos apoacutes o Consenso estatildeo descritos na Tabela 3 Observou-
se 203 (65) de casos discordantes entre os 321 esfregaccedilos analisados Os esfregaccedilos
negativos insatisfatoacuterios e todos os classificados como HSIL foram concordantes Dos
REZENDE MT Resultados
40
41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 27 (659) foram
considerados concordantes pelo Tipo II e 14 (342) foram reclassificados como
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 101
(620) foram considerados concordantes 39 (239) foram reclassificados como
negativos pelo Tipo II 17 (104) como ASC-US 2 (12) como ASC-H e 4 (25)
reclassificados como HSIL Dos 12 (374) esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo
Tipo I 6 (500) foram concordantes 5 (417) esfregaccedilos foram reclassificados como
negativos e 1 (83) foi reclassificado como HSIL pelo Tipo II Dos 2 (06)
esfregaccedilos classificados como AGC-SOE pelo Tipo I somente 1 (500) foi
concordante Portanto apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de Consenso foram constatados 6
(19) casos de retardo de conduta sendo 4 (667) diagnoacutesticos iniciais de LSIL
reclassificados para HSIL e 2 (333) diagnoacutesticos iniciais de LSIL reclassificados para
ASC-H (Tabela 3)
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia diagnoacutestica entre o Laboratoacuterio Tipo I e o
Laboratoacuterio Tipo II apoacutes o Consenso
Consenso
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 14 27 41
ASC-H 5 6 1 12
LSIL 39 17 2 101 4 163
HSIL 16 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 3 143 44 8 101 21 1 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
REZENDE MT Resultados
41
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Foi avaliada a concordacircncia dos resultados dos Laboratoacuterios Tipo I e II antes e
apoacutes Consenso Observou-se concordacircncia antes do Consenso de 527 entre os
Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II com Kappa de 029 Apoacutes a Reuniatildeo de Consenso foi
observado 798 (VPR=+514) de concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
com aumento do Kappa para 066 (VPR=+1276) (Tabela 4)
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso
Tipo I x Tipo II Antes do consenso Apoacutes consenso VPR
Concordacircncia () 527 798 +514
Kappa 029 066 +1276
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Antes do consenso o total de esfregaccedilos discordantes foi de 151 (470) casos e
depois do consenso esse nuacutemero reduziu para 65 (203) casos Antes do consenso foi
observado um percentual de 449 (144) RFP entre os Laboratoacuterios Tipo I e II e apoacutes o
consenso esse nuacutemero diminuiu para 184 (59) Natildeo houve nenhum caso de RFN
Entre o Laboratoacuterio Tipo I e II antes do consenso houve 7 (22) casos de retardo de
conduta e depois do consenso esse nuacutemero caiu para 6 (19) casos (Tabela 5)
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o Consenso
Tipo I x Tipo II Discordantes
Antes do consenso Apoacutes consenso
n N
Falso-positivo 144 449 59 184
Retardo de conduta 7 22 6 19
Total 151 470 65 203
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II
REZENDE MT Resultados
42
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos
O IP era 156 e apoacutes consenso passou para 120 reduccedilatildeo de
aproximadamente 230 (VPR=-2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor
apoacutes o consenso de 57 para 46 reduccedilatildeo por volta de 190 (VPR=-1910) O
HSILSat diminuiu de 10 para 07 (VPR=-2647) apoacutes consenso A razatildeo ASCSIL
antes do consenso era de 06 e apoacutes sua realizaccedilatildeo aumentou para 06
(VPR=+1017) O mesmo ocorreu em relaccedilatildeo ao indicador ASCAlt que passou de
365 para 384 (VPR=+515) Houve diferenccedila significativa entre os valores dos
indicadores IP ASCSat e ASCAlt antes e apoacutes reuniatildeo de consenso valor de p foi
menor que 005 (Tabela 7)
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso
Indicadores Antes consenso Apoacutes consenso VPR p
IP (3-10) 156 120 -2314 lt 00001
ASCSat (4-5) 57 46 -1910 001
ASCSIL (lt3) 06 06 +1017 0053
ASCAlt (lt60) 365 384 +515 lt 00001
HSILSat (gt04) 10 07 -2647 00825
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
O IP no ano de 2012 foi de 1115 aumentou para 156 em 2013 apoacutes o
MEQ em 2014 reduziu para 120 e em 2015 este indicador passou para 99 O
ASCSat foi de 49 em 2012 um ano depois apresentou valor de 57 depois da
realizaccedilatildeo do MEQ em 2014 passou para 46 e em 2015 foi para 48 Os outros
indicadores da qualidade apresentaram valores que variaram dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (Tabela 8)
REZENDE MT Resultados
43
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade
Indicadores 2012 2013 2014 2015
IP (3-10) 111 156 120 99
ASCSat (4-5) 49 57 46 48
ASCSIL (lt3) 09 06 06 10
ASCAlt (lt60) 439 365 384 485
HSILSat (gt04) 09 10 07 05
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
Do total de 234 esfregaccedilos positivos foi possiacutevel obter o seguimento de 107
(457) casos em que 22 foram considerados inicialmente com diagnoacutestico de ASC-
US 76 LSIL 2 ASC-H 1 AGC-SOE e 6 HSIL Dos ASC-US iniciais somente 1 teve
resultado concordante no seguimento Dos 76 esfregaccedilos considerados como LSIL 23
tiveram resultado do seguimento concordante Os 2 resultados ASC-H foram negativos
no seguimento assim como o AGC-SOE Dos 6 resultados HSIL emitidos pelo Tipo I
5 foram confirmados pela bioacutepsia O seguimento de 127 (542) mulheres em que 77
(6063) deveriam ter repetido o exame citopatoloacutegico e 20 (158) deveriam ter sido
encaminhadas para a colposcopia e bioacutepsia natildeo foi resgatado (Figura 3)
Figura 3 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Resultados
44
Apoacutes a realizaccedilatildeo da Reuniatildeo de Consenso o percentual de RFP foi definido em
184 num total de 59 casos assim distribuiacutedos 14 ASC-US (238) 39 LSIL
(660) 5 ASC-H (85) e 1 AGC-SOE (17) sendo 898 lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 102 de alto grau Do total de 59 RFP foi possiacutevel obter 9
(152) resultados citopatoloacutegicos alterados no seguimento 8 de repeticcedilatildeo da citologia
e uma bioacutepsia inicialmente 6 diagnosticados como LSIL pelo Laboratoacuterio Tipo I no
seguimento tiveram resultado de 3 LSIL e 3 ASC-US Dos 3 ASC-US iniciais dados
pelo Tipo I no seguimento resultaram em 1 LSIL 1 ASC-US e 1 ASC-H (Figura 4)
Figura 4 Seguimento dos casos com resultados falso-positivos (RFP) acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Discussatildeo
45
7- Discussatildeo
Os resultados deste estudo mostraram que apoacutes reuniatildeo de Consenso onde
ocorreu discussatildeo dos resultados discordantes houve melhora na concordacircncia
diagnoacutestica entre os laboratoacuterios a concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou para 798 e o coeficiente Kappa foi alterado de 029 para 066 Estes
resultados estatildeo de acordo com estudo realizado por Freitas Thuler (2012) no Mato
Grosso do Sul analisando a concordacircncia diagnoacutestica entre Laboratoacuterio Tipo II e 15
Laboratoacuterios Tipo I entre 2002 e 2011 em que o valor miacutenimo do Kappa passou de 01
no primeiro ano para 08 em 2011 No uacuteltimo ano dos 8 laboratoacuterios avaliados 7
atingiram a concordacircncia perfeita ou excelente (coeficiente Kappagt080) e um
concordacircncia boa Aacutezara et al (2016) avaliaram os efeitos de um programa de
educaccedilatildeo continuada realizado por um Laboratoacuterio Tipo II no periacuteodo de 2007 a 2011
sobre os laboratoacuterios de citopatologia e verificaram que o coeficiente Kappa manteve-se
excelente em 3 laboratoacuterios (kappa gt 080 e lt10) e alterou de bom (kappa gt 060 e
lt080) a excelente em 7 Os resultados observados no presente estudo estatildeo de acordo
com os dados de Freitas Thuler (2012) e Aacutezara et al (2016) em que se observou
melhoria da concordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes MEQ
Enfatiza-se que nosso trabalho comparou o momento antes e depois da reuniatildeo
consenso durante um MEQ ou seja foi realizada uma avaliaccedilatildeo pontual diferentemente
dos estudos encontrados na literatura que fizeram uma anaacutelise ao longo do tempo apoacutes
vaacuterios MEQ mas mesmo assim na presente avaliaccedilatildeo foi observado aumento da
concordacircncia e do kappa Indicando que somente uma reuniatildeo de consenso foi
suficiente para mudanccedila de postura dos citopatologistas envonvidos no MEQ
O valor da discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes a
reuniatildeo de Consenso no presente estudo foi 2025 Em um estudo realizado em
Goiacircnia estado de Goiaacutes comparando a variabilidade dos diagnoacutesticos citoloacutegicos dos
Laboratoacuterios Tipo I avaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II 759 foram considerados
discordantes (AacuteZARA et al 2013) Etlinger et al (2012) no estado de Satildeo Paulo
observou que a discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e o Laboratoacuterio
Tipo II foi de 1348 Em Satildeo Paulo Pereira et al (2006) avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I de citologia da Rede Puacuteblica de Sauacutede do estado submetidos ao
MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e a discordacircncia foi de 142 Estes dados estatildeo
REZENDE MT Resultados
46
abaixo do valor de discordacircncia encontrado nesse estudo apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de
Consenso Observa-se que a maioria dos diagnoacutesticos que levaram a discordacircncia do
presente estudo foram esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de
baixo grau LSIL e ASC-US e que o Laboratoacuterio Tipo II reclassificou como negativo
portanto RFP Nesses casos a conduta cliacutenica que seria adotada no primeiro momento eacute
a repeticcedilatildeo da citologia em seis meses portanto natildeo causaria maiores transtornos a
mulher ou custos altos com os cuidados de sauacutede Outra parte dos diagnoacutesticos que
levaram a essa discordacircncia foram ajuste de criteacuterios os quais natildeo atrasam a conduta
cliacutenica da mulher e aleacutem disso durante a reuniatildeo de consenso permitem aos
citopatologistas ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final Ainda pode-se citar os resultados dos seguimentos dos casos com RFP
acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso em que foram encontrados 9 seguimentos e
todos com resultado citopatoloacutegico alterado Dessa forma dos resultados que o
Laboratoacuterio Tipo I voltou atraacutes na reuniatildeo de consenso nove deles mostraram
resultaram alterado ou seja natildeo necessariamente o Laboratoacuterio Tipo I precisaria ter
voltado atraacutes nesses disgnoacutesticos Isso ressalta a importacircncia da discussatildeo dos casos
discordantes durante a reuniatildeo de consenso para ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos
utilizados pelos citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II (PEREIRA et al
2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2013)
Entre os exames citopatoloacutegicos considerados discordantes natildeo foi identificado
nenhum RFN e apoacutes a reuniatildeo de Consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e II verificou-
se reduccedilatildeo dos RFP Sabe-se que os RFN satildeo mais preocupantes que os RFP visto que
mulheres natildeo diagnosticadas natildeo retornam para o acompanhamento e seguem em risco
da evoluccedilatildeo de lesotildees precursoras do CCU Por outro lado os RFP com diagnoacutestico
inicial de ASC-H ou pior diagnoacutestico em que a conduta preconizada eacute o
encaminhamento para colposcopia e bioacutepsia submetem as mulheres a procedimentos
desnecessaacuterios que podem modificar sua vida sexual e gerar danos psicoloacutegicos aleacutem
de gerar custos adicionais com os cuidados de sauacutede E os RFP com diagnoacutestico inicial
de ASC-US ou LSIL atrasam a repeticcedilatildeo da citologia (FRABLE 2007 GULLO et al
2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Inicialmente o Laboratoacuterio Tipo II classificou 144 (144) dos exames
citopatoloacutegicos como RFP e apoacutes a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero passou para
184 (59) Dos 59 RFP 14 (238) resultados foram classificados como ASC-US que
REZENDE MT Resultados
47
eacute diagnoacutestico limiacutetrofe que apresenta grande variabilidade interobservador Os RFP
acordados apoacutes o consenso foram distribuiacutedos em 53 (898) lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 6 (102) lesotildees intraepiteliais escamosas de alto grau
Dentre os resultados discordantes entre o Laboratoacuterio Tipo I e II houve 7 casos
considerados retardo de conduta (22) que apoacutes a reuniatildeo de consenso ficaram
definidos em 6 (19) nuacutemeros proacuteximos daqueles encontrados por Aacutezara et al (2013)
em que houve atraso no procedimento cliacutenico em relaccedilatildeo a 244 dos casos
Aacutezara et al (2016) verificaram que apoacutes a educaccedilatildeo continuada proporcionada
aos Laboratoacuterios Tipo I de 2007 a 2011 houve diminuiccedilatildeo dos casos de retardo de
conduta a taxa de RFN foi reduzida em oito laboratoacuterios e a taxa de RFP foi reduzida
em 5 deles Pereira et al (2006) no estado de Satildeo Paulo avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I do estado submetidos ao MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e
observaram um nuacutemero de RFP (166) maior do que os RFN (78) No primeiro ano
de MEQ os RFP foram 178 e nos anos seguintes esse nuacutemero foi reduzindo ateacute
chegar em 37 no ano de 2004 Os RFP foram distribuiacutedos em 933 de lesotildees de
baixo grau e 67 de lesotildees de alto grau no primeiro ano de estudo O valor de RFP e
a distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau apoacutes reuniatildeo de consenso do presente
estudo foram bem proacuteximos dos encontrados por Pereira et al (2006) no primeiro ano
de avaliaccedilatildeo Em estudo semelhante realizado no estado de Satildeo Paulo de 2000 a 2010
por Etlinger et al (2012) constatou-se o total de 206 de RFP um valor baixo
comparado com o encontrado nesse estudo assim como aqueles dos anos de 2001 a
2004 de Pereira et al (2006) Percebe-se que o tempo de avaliaccedilatildeo desses estudos
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2016) foi maior do que
o utilizado no presente trabalho em que foi realizada uma avaliaccedilatildeo antes e depois de
uma reuniatildeo de consenso indicando que a educaccedilatildeo continuada proporcionada pelo
MEQ nesses periacuteodos que os estudos ocorreram contribuiu para a uniformizaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos e melhoria da reprodutibilidade dos exames citopatoloacutegicos
Portanto ainda que no presente estudo tenha sido feita uma avaliaccedilatildeo pontual natildeo foram
encontrados RFN entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes consenso e houve reduccedilatildeo de
RFP e retardo de conduta Aleacutem disso a porcentagem de RFP observada estaacute
aproximada dos dados da literatura nos primeiros anos de estudo assim como
distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau
REZENDE MT Resultados
48
Com o intuito de aprofundar os criteacuterios utilizados na avaliaccedilatildeo buscou-se os
seguimentos das pacientes com diagnoacutestico citopatoloacutegico alterado Esses resultados
foram mais concordantes com os diagnoacutesticos do Laboratoacuterios Tipo II entretanto a
maior parte dos esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de baixo
grau ASC-US e LSIL no seguimento os resultados foram negativos ou seja essas
lesotildees regrediram entre o periacuteodo da primeira citologia ateacute a realizaccedilatildeo da nova
citologia E ainda quando analisamos as lesotildees verdadeiramente precursoras do CCU as
HSIL a concordacircncia do seguimento foi maior com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Estudo de Tobias et al (2016) analisando os laboratoacuterios citopatoloacutegicos do estado de
Minas Gerais que prestam serviccedilo para o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mostraram
que de uma forma geral estes laboratoacuterios detectam baixos iacutendices de lesotildees
precursoras do CCU Portanto se avaliarmos dessa forma o Laboratoacuterio Tipo I do
presente estudo vem cumprindo com o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo do CCU jaacute
que as lesotildees com verdadeiro potencial de progressatildeo para o cacircncer estatildeo sendo
detectadas confirmadas pela colposcopia e bioacutepsia permitindo assim que a paciente
seja tratada impedindo a evoluccedilatildeo para o cacircncer (BORTOLON et al 2012 BRASIL
2016b) Do total de 59 RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso foi possiacutevel obter 9
resultados citopatoloacutegicos no seguimento e todas tiveram resultado alterado Observa-
se que o resultado inicial do Laboratoacuterio Tipo I estava correto e que a discussatildeo dos
resultados discordantes como neste caso proporciona melhora tanto dos criteacuterios do
Tipo I quanto do Tipo II
Evidenciado por Bortolon et al (2012) grande parte dos laboratoacuterios brasileiros
apresentam indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos fora dos niacuteveis
preconizados isso pode levar a natildeo identificaccedilatildeo de casos positivos e consequentemente
a liberaccedilatildeo de RFN Plewka et al (2014) avaliando o desempenho de 13 laboratoacuterios
do Estado do Paranaacute prestadores de serviccedilo para o SUS mostraram que os indicadores
da maioria dos laboratoacuterios estavam abaixo do recomendado Tobias et al (2016)
apontou que a maioria dos laboratoacuterios que prestam serviccedilos ao SUS do estado de MG
apresentaram indicadores fora do intervalo recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Esses estudos demonstram a necessidade de implantaccedilatildeo de programas de garantia da
qualidade do exame citopatoloacutegico como o MIQ e MEQ aleacutem da avaliaccedilatildeo perioacutedica
de ambos (BRASIL 2013a BRASIL 2016b) O MIQ inclui a implantaccedilatildeo do sistema
REZENDE MT Resultados
49
de indicadores de qualidade que satildeo de faacutecil compreensatildeo execuccedilatildeo e anaacutelise Satildeo
instrumentos importantes para a garantia de qualidade em citopatologia cervical pois
satildeo reconhecidos como vaacutelidos para a avaliaccedilatildeo da qualidade do exame citopatoloacutegico
do colo do uacutetero (SIEGL et al 2014 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b) O MEQ
proporciona para os laboratoacuterios monitorados educaccedilatildeo continuada e discussatildeo dos
casos discordantes que contribui para melhoria da habilidade profissional dos
citopatologistas na medida que o treinamento e fornece maior acuraacutecia no diagnoacutestico
das lesotildees precursoras do CCU possibilitando maior certeza na emissatildeo do laudo
(AacuteZARA et al 2016)
O iacutendice de positividade (IP) expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares e a
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo alvo sendo
que nos paiacuteses em que houve diminuiccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade por
CCU nos Estados Unidos Noruega e Reino Unido o IP foi 68 (DAVEY et al
2004) 49 (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) e 64 (NHS 2011)
respectivamente Os resultados de IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais do
estudo realizado por Bortolon et al (2012) mostraram que 58 dos laboratoacuterios
apresentavam IP muito baixo 19 baixo e somente 23 dentro do esperado sendo
que esses foram responsaacuteveis por apenas 14 do total de exames realizados no estado
Ainda verificou que a meacutedia do IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais foi 22
em 2010 valor inferior ao recomendado Estudo mais recente realizado por Tobias et al
(2016) mostrou que a maioria dos laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam serviccedilo
para o SUS independentemente da escala de produccedilatildeo tem valores de IP bem abaixo da
faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Sendo assim o IP baixo pode indicar a presenccedila de RFN apontando que eacute
necessaacuterio a reavaliaccedilatildeo do MIQ do laboratoacuterio a fim de intervir nos meacutetodos utilizados
assim como na qualificaccedilatildeo profissional dos citopatologistas (PLEWKA et al 2014
BRASIL 2016b) Observou-se no estudo de Aacutezara et al (2014) que o IP foi inferior a
3 em aproximadamente 74 dos laboratoacuterios do Estado de Goiaacutes que natildeo
participaram do MEQ ressaltando a importacircncia da inclusatildeo dos laboratoacuterios
citopatoloacutegicos nesse programa
O IP verificado neste trabalho foi de 120 apoacutes a reuniatildeo de consenso que
apesar de ter melhorado apoacutes a discussatildeo dos casos discordantes ainda estaacute um pouco
acima do esperado que eacute de 3 a 10 (BRASIL 2016b) isso pode expressar uma alta
REZENDE MT Resultados
50
prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na populaccedilatildeo estudada Miranda et al
(2013) determinou a persistecircncia da infecccedilatildeo pelo HPV em 596 das mulheres do
municiacutepio de Ouro Preto MG e que os tipos virais de alto risco foram os mais
persistentes ainda comprovou ainda que a presenccedila de alteraccedilotildees citoloacutegicas que podem
evoluir para o CCU estaacute associada agrave infecccedilatildeo por HPV
As ceacutelulas escamosas atiacutepicas (ASC) sugerem duacutevida diagnoacutestica em que natildeo
haacute criteacuterios citomorfoloacutegicos suficientes para o diagnoacutestico de lesatildeo intraepitelial tendo
potencial para uso exagerado Um alto iacutendice da razatildeo ASCSat indica grande nuacutemero
de RFP implicando na oferta desnecessaacuteria de exames para a investigaccedilatildeo diagnoacutestica o
que representa um ocircnus para a mulher e para a rede de sauacutede (BRASIL 2016b)
Portanto eacute preciso assegurar o monitoramento de qualidade dos laboratoacuterios de
citopatologia do colo do uacutetero para que os iacutendices de positividade se enquadrem no
preconizado ao mesmo tempo sem que haja aumento de ASC (BORTOLON et al
2012) No estado de Minas Gerais em estudo realizado por Bortolon et al (2012) foi
averiguado que o indicador ASCSat dos laboratoacuterios do estado foi 11 em 2010 valor
inferior ao recomendado Enquanto que os outros estados da Regiatildeo Sudeste tambeacutem
estavam com o indicador fora dos paracircmetros sendo Espirito Santo com 12 Rio de
Janeiro com 19 e Satildeo Paulo com 27 e a meacutedia da Regiatildeo foi entatildeo de 21 o que
indica a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios utilizados na definiccedilatildeo de ASC No
presente estudo verificou-se que antes da reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat do
Laboratoacuterio Tipo I apresentava valor de 571 fora da faixa indicada como ideal de 4
a 5 de acordo com o Manual de Gestatildeo da Qualidade (BRASIL 2016b)
Posteriormente a reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat observado foi de 462
dentro da faixa recomendada
Os demais indicadores de qualidade permaneceram dentro do recomendado apoacutes
o consenso A relaccedilatildeo ASCSIL que deve ser inferior a trecircs teve valor de 06 apoacutes a
accedilatildeo O valor dessa razatildeo dentro do recomendado indica que os criteacuterios diagnoacutesticos de
SIL e ASC estatildeo precisos O valor estaacute de acordo com os outros laboratoacuterios dos
estados da Regiatildeo Sudeste de acordo com estudo realizado em 2010 por Bortolon et al
(2012) 12 para o Rio de Janeiro 20 para Satildeo Paulo 11 para Espiacuterito Santo e Minas
Gerais
O ASCAlt deve ser inferior a 60 sendo que o valor encontrado nesse estudo
apoacutes o consenso de 384 permaneceu dentro do proposto Esse indicador tem a
REZENDE MT Resultados
51
finalidade de monitorar os casos de ASC para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente
Ressalta-se que o percentual elevado de ASC indica que o laboratoacuterio apresenta
problemas na fase preacute-analiacutetica analiacutetica ou em ambas as fases (BRASIL 2016b
AacuteZARA et al 2014) No estudo de Aacutezara et al (2014) 29 dos laboratoacuterios que natildeo
eram monitorados tiveram o indicador ASCAlt fora dos paracircmetros Aleacutem disso
aqueles laboratoacuterios natildeo monitorados que apresentaram IP dentro da faixa
recomendada e ASCAlt fora do recomendado estavam relacionados a um alto
percentual de ASC e natildeo de lesotildees precursoras do CCU Assim recomenda-se que esses
dois indicadores devem ser analisados em conjunto pois um IP adequado pode conter
uma elevada percentagem de ASC (BRASIL 2016b BRASIL 2013a)
Dessa forma acredita-se que o valor de IP encontrado em 2014 esteja um pouco
fora do esperado devido agrave alta prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na
populaccedilatildeo do municiacutepio de Ouro Preto MG E quando analisa-se o indicador ASCAlt
observa-se que tanto antes da reuniatildeo de consenso valor de 365 quanto depois valor
de 384 ambos estatildeo dentro do recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede que eacute menor
de 60 (BRASIL 2016b) ou seja o Laboratoacuterios Tipo I vem usando adequadamente
os criteacuterios para classificaccedilatildeo das ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado a qual tem potencial para uso exagerado
O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente
precursoras do CCU e deve ser igual ou superior a 04 valor que foi baseado nos
obtidos em paiacuteses em que o rastreamento foi bem-sucedido na diminuiccedilatildeo das taxas de
incidecircncia e mortalidade por CCU como 05 nos Estados Unidos (EVERSOLE et al
2010) 11 no Reino Unido (NHS CANCER SCREENING PROGRAMMES 2011) e
114 na Noruega (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) Obteve-se tanto antes
quanto depois da reuniatildeo de consenso valor da razatildeo HSILSat maior de 04 dessa
maneira o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo secundaacuteria do CCU vem sendo alcanccedilado
jaacute que as HSIL lesotildees que podem evoluir para o cacircncer estatildeo sendo detectadas
(BRASIL 2016b) Portanto ressalta-se que as lesotildees intraepiteliais de alto grau satildeo o
foco dos programas de rastreio do CCU para diminuiccedilatildeo de sua incidecircncia e
mortalidade (BORTOLON et al 2012) Os laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam
serviccedilo para o SUS apresentaram em 2012 detecccedilatildeo baixa de lesotildees precursoras do
CCU destacando a necessidade de investir na garantia da qualidade do exame
citopatoloacutegico por meio do MIQ e MEQ (TOBIAS et al 2016)
REZENDE MT Resultados
52
Aacutezara et al (2014) avaliaram o impacto da educaccedilatildeo continuada fornecida por
Laboratoacuterio Tipo II sobre os indicadores de qualidade de 12 laboratoacuterios monitorados
do Estado de Goiaacutes verificou-se efeito direto sobre os indicadores IP e o HSILSat que
melhoraram apoacutes a intervenccedilatildeo A educaccedilatildeo continuada fornecida pelo MEQ ajudou na
padronizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos aprimorando as competecircncias dos
citopatologistas em detectar alteraccedilotildees celulares sugestivas de CCU Constatou-se ainda
que a maioria dos laboratoacuterios que apresentaram indicadores na faixa estabelecida
estavam participando do MEQ
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I calculados nesse estudo dois
anos apoacutes o MEQ do ano de 2015 mostram que todos estatildeo dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede inclusive o IP que passou de 120 para 99
indicando que a accedilatildeo foi positiva e duradoura com o passar do tempo
Os resultados deste estudo mostraram que os indicadores de qualidade do
Laboratoacuterio Tipo I melhoraram apoacutes reuniatildeo de consenso proporcionada pelo MEQ
dessa forma eacute crucial a participaccedilatildeo dos laboratoacuterios de citopatologia no programa para
identificaccedilatildeo dos erros diagnoacutesticos e padronizaccedilatildeo dos criteacuterios utilizados na
classificaccedilatildeo das alteraccedilotildees citoloacutegicas Isso possibilita a adequaccedilatildeo dos indicadores nos
paracircmetros ideais permitindo a detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente precursoras do
CCU o que refletiraacute na reduccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade deste cacircncer
REZENDE MT Conclusotildees
53
8- Conclusotildees
A concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e II foi boa apoacutes a reuniatildeo de
Consenso
Dentre os resultados discordantes natildeo foi identificado nenhum RFN Os RFP e os
casos de retardo de conduta foram reduzidos apoacutes a reuniatildeo de consenso
O IP e o ASCSat apoacutes o consenso atingiram a faixa estabelecida e os outros
indicadores da qualidade permaneceram dentro do recomendado tanto antes quanto apoacutes
a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de consenso
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I dois anos apoacutes o MEQ estatildeo
dentro da faixa recomendada
Os seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia
com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso tiveram
resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Referecircncias
54
9- Consideraccedilotildees finais
Com apenas uma participaccedilatildeo no MEQ observou-se a importacircncia da reuniatildeo de
consenso realizada entre os Laboratoacuterios Tipos I e Tipo II para a anaacutelise e discussatildeo
dos casos discordantes Eacute um momento crucial para o ajuste dos criteacuterios
citomorfoloacutegicos utilizados no diagnoacutestico de lesotildees preacute-neoplaacutesicas pelos
citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II proporcionando um aprimoramento
desses criteacuterios Dessa forma apenas com uma accedilatildeo pontual minimiza-se a divergecircncia
diagnoacutestica do exame citopatoloacutegico Portanto a reuniatildeo de consenso proporcionada
pelo MEQ deve ser vista como uma parceria e como um momento de aprendizado para
ambos os laboratoacuterios pois eacute uma praacutetica de aperfeiccediloamento diagnoacutestico essencial para
o rastreamento do CCU
A praacutetica contiacutenua do MEQ deve igualmente ser priorizada em um programa
organizado de rastreamento do CCU pois o regular monitoramento dos laboratoacuterios
garante a produccedilatildeo de exames citopatoloacutegicos de qualidade e que contribuem
significativamente na detecccedilatildeo de lesotildees precursoras desta neoplasia
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REZENDE MT Apecircndices
66
Apecircndices
Apecircndice A Planilha do preacute-escrutiacutenio raacutepido
PLANILHA DO PREacute-ESCRUTIacuteNIO RAacutePIDO (PER)
DATA DE CHEGADA
DATA
REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA
RESULTADO DO PER
N= Negativo I= Insatisfatoacuterio S= Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
67
Apecircndice B Planilha da revisatildeo raacutepida de 100
PLANILHA DA REVISAtildeO RAacutePIDA DE 100 DOS NEGATIVOS (RR100)
DATA DE CHEGADA
DATA REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA RESULTADO DA RR100
FLORA
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
68
Apecircndice C Planilha dos resultados positivos e insatisfatoacuterios
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS POSITIVOS E INSATISFATOacuteRIOS
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO
ER
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
69
Apecircndice D Planilha de revisatildeo dos resultados discordantes
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS DISCORDANTES
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO ER
RESULTADO RR100
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Anexos
70
Anexos
Anexo 1 Requisiccedilatildeo de exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero
REZENDE MT Anexos
71
Dedico este trabalho
Aos meus pais Maria Joseacute e Nivaldo pelo enorme apoio
Aos meus irmatildeos Juliana e Lucas pela amizade e cumplicidade
A todos que me incentivaram
AGRADECIMENTOS
Agrave Deus agradeccedilo pela forccedila coragem da caminhada mas principalmente pela
capacidade de pensarmos amarmos e lutarmos pela conquista de nossos ideais
Agrave Professora Claacuteudia Martins Carneiro sempre minha gratidatildeo Agradeccedilo pela
oportunidade que me deu por ter acreditado em mim e persistir apostando na minha
capacidade
A toda equipe do LAPAC principalmente agrave Renata Jennefer Karla e Cida pela ajuda
e aprendizado e em especial agrave Alessandra muito obrigada pela paciecircncia e auxiacutelio na
realizaccedilatildeo deste trabalho Sou grata a todos vocecircs
Ao Professor Wendel agradeccedilo pela grande colaboraccedilatildeo e paciecircncia na anaacutelise dos
dados
Aos meus pais Nivaldo e Maria Joseacute por estarem sempre ao meu lado pelo incentivo
em todos os momentos difiacuteceis Satildeo meus grandes exemplos
Aos meus irmatildeos Juliana e Lucas mesmo que distantes agradeccedilo pela valiosa
presenccedila na minha vida pela amizade e compreensatildeo
Aos meus amigos agradeccedilo em especial a Renatha pela presenccedila e apoio em todos os
momentos nessa conquista
REZENDE MT Resumo
Introduccedilatildeo A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico ou Papanicolaou eacute a
estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do cacircncer do colo do uacutetero poreacutem
resultados falso-negativos (RFN) e falso-positivos (RFP) podem ser observados O
monitoramento externo da qualidade (MEQ) tem sido implementado com o objetivo de
aperfeiccediloar o exame e compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio (Tipo
II) diferente daquele que realizou a primeira leitura (Tipo I) Objetivo Comparar os
resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do municiacutepio de Ouro Preto
MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade Meacutetodo O Laboratoacuterio Tipo
I enviou para o Laboratoacuterio Tipo II os exames com resultados positivos insatisfatoacuterios
e 10 dos negativos selecionados automaticamente pelo SISCOLO referente aos
meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 totalizando 321 esfregaccedilos
Para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final foi realizada uma Reuniatildeo de Consenso entre os dois
laboratoacuterios para discussatildeo dos casos discordantes A anaacutelise dos dados foi realizada
pelo pacote estatiacutestico Stata versatildeo 11 A avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os
diagnoacutesticos dos dois laboratoacuterios foi mensurada pelo coeficiente Kappa e a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) foi utilizada para comparar os valores de concordacircncia antes e
apoacutes consenso Resultado A concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou de 527 para 798 (VPR=+5142) apoacutes a realizaccedilatildeo do Consenso e o
Kappa de 029 para 066 (VPR=+12760) considerado como concordacircncia boa O
percentual de RFP foi reduzido para 184 (59) apoacutes consenso e natildeo foi constatado
nenhum RFN Entre os laboratoacuterios houve 7 casos de retardo de conduta (22) e apoacutes
a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero reduziu para 6 (19) O IP antes do consenso era
156 e passou para 120 mostrando reduccedilatildeo de aproximadamente 230 (VPR=-
2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor de 57 para 46 reduccedilatildeo por
volta de 190 (VPR=-1910) Os outros indicadores da qualidade apresentaram
valores que variaram dentro da faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia com os
resultados do Laboratoacuterio Tipo I Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso tiveram resultado citopatoloacutegico alterado Conclusatildeo Pode-se
concluir que a reuniatildeo de consenso realizada durante o monitoramento externo da
qualidade proporciona ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos e consequentemente auxilia
no aperfeiccediloamento do desempenho diagnoacutestico dos citopatologistas
REZENDE MT Abstract
Introduction Periodic evaluation of pap smear or pap smear is a strategy most
commonly used to screen for cervical cancer but also false-negative (RFN) and false-
positive (RFP) results External quality monitoring (MEQ) has been implemented for
the purpose of improving the examination and includes a review of the smears by a
laboratory (Type II) Objective To compare the results of cervical cytopathological
examinations of the city of Ouro Preto MG submitted to external quality monitoring
Method Type II laboratory for positive unsatisfactory and 10 negative tests
selected automatically by SISCOLO for the months of December2013 January 2014
and February 2014 totaling 321 smears To define the final diagnosis for the holding of
a consensus meeting between the two laboratories to discuss discordant cases The
concordance evaluation between the two laboratories diagnoses was measured by the
coefficient The concordance between the two laboratories diagnoses was measured by
the coefficient The concordance between the two laboratories diagnoses was measured
by the coefficient Results The agreement between the laboratories from 527 to
798 (PRD = + 5142) after the Consensus and the index from 029 to 066 (VPR = +
127 60) considered as good agreement The percentage of RFP was reduced to 184
(59) after the consensus and was not found in RFN The IP before the consensus was
156 and went to 120 showing a reduction of approximately 230 (PRD = -
2314) The ASCSat showed a decrease in value from 57 to 46 a decrease of
190 (VPR = -1910) The other indicators of quality presented values that varied
within the range recommended by the Ministry of Health Follow-up of the cases with
HSIL diagnosis showed greater agreement with the results of Type I Laboratory The
follow-up of nine RFPs agreed after a consensus meeting resulted altered
cytopathology Conclusion It can be concluded that a consensus meeting during the
external quality monitoring provided the adjustment of the cytomorphological criteria
and consequently helps to improve the diagnostic performance of cytopathologists
REZENDE MT Lista de Figuras
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I32
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia
cervical34
Figura 3 Seguimento das mulheres com resultado citopatoloacutegico alterado43
Figura 4 Seguimento das mulheres com resultados falso-positivos (RFP) acordados
apoacutes a reuniatildeo de consenso44
REZENDE MT Lista de Tabelas
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso38
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso39
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
apoacutes o Consenso40
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso41
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o
Consenso41
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso42
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade43
REZENDE MT Abreviaturas
AGC Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas
ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode excluir
lesatildeo de alto grau
CCU Cacircncer do colo do uacutetero
DST Doenccedila sexualmente transmissiacutevel
ER Escrutiacutenio de rotina
HPV Papiloma viacuterus humano
HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
INCA Instituto Nacional do Cacircncer
LAPAC Laboratoacuterio Piloto de Anaacutelises Cliacutenicas
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau
MIQ Monitoramento interno da qualidade
MEQ Monitoramento externo da qualidade
PER Preacute-escrutiacutenio raacutepido
RFN Resultado falso-negativo
RFP Resultado falso-positivo
RR100 Revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
VPR Variaccedilatildeo Percentual Relativa
REZENDE MT Sumaacuterio
1- Introduccedilatildeo 12
2- Revisatildeo da Literatura 14
21 Cacircncer do colo do uacutetero 14
22 Exame citopatoloacutegico 16
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais 18
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado 20
23 Controle de qualidade em citopatologia 21
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia 23
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero 24
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia 25
3- Justificativa 29
4- Objetivos 30
41 Objetivo Geral 30
42 Objetivos especiacuteficos 30
5- Metodologia 31
51 Local de estudo 31
511 Monitoramento interno da qualidade 31
52 Tipo de estudo 33
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica 33
54 Monitoramento externo da qualidade 33
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados 35
56 Anaacutelise dos dados 36
6- Resultados 38
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 38
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos 42
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado 43
7- Discussatildeo 45
9- Consideraccedilotildees finais 54
10- Referecircncias 55
Apecircndices 66
Anexos 70
REZENDE MT Introduccedilatildeo
12
1- Introduccedilatildeo
O CCU eacute considerado mundialmente um grave problema de sauacutede puacuteblica
sendo o quarto tipo de cacircncer mais frequente entre as mulheres e responsaacutevel pelo oacutebito
de 266 mil mulheres em 2012 (WHO 2012) No Brasil estima-se para o ano de
20162017 a ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585
casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a) A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero ou Papanicolaou eacute a estrateacutegia mais adotada para o
rastreamento desta neoplasia sendo efetivo para detectar lesotildees precursoras que podem
ser tratadas permitindo a reduccedilatildeo nas taxas de incidecircncia e mortalidade (MORIN et al
2000 TOMASI et al 2015)
Um dos grandes desafios a ser superado em relaccedilatildeo ao exame citopatoloacutegico eacute a
elevada taxa de resultados falso-negativos (RFN) que o meacutetodo apresenta que podem
chegar ateacute a 62 (ATTWOOD et al 1985 KOSS 1989 GIILL 2005 AMARAL et
al 2008) Assim muitas mulheres natildeo satildeo diagnosticadas e continuam em risco de
desenvolver lesotildees precursoras do cacircncer do colo do uacutetero uma vez que natildeo receberam o
devido acompanhamento Por outro lado os resultados falso-positivos (RFP) tambeacutem
causam transtornos na vida das mulheres que muitas vezes se submetem a
procedimentos desnecessaacuterios (MITCHELL MEDLEY 1995 KIRSCHNER et al
2011 GULLO et al 2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Com o objetivo de aperfeiccediloar o exame citopatoloacutegico algumas estrateacutegias
corretivas de melhoria da qualidade tecircm sido desenvolvidas como os programas de
monitoramento interno da qualidade (MIQ) e monitoramento externo da qualidade
(MEQ) que visam identificar corrigir e diminuir as falhas dentro do laboratoacuterio de
citopatologia Dessa forma eacute possiacutevel melhorar a sensibilidade do meacutetodo em detectar
alteraccedilotildees citopatoloacutegicas resultando na reduccedilatildeo dos percentuais de RFN e RFP
(TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) O Ministeacuterio da Sauacutede em 2013
regulamentou o MIQ e o MEQ instituindo a Qualificaccedilatildeo Nacional em Citopatologia na
Prevenccedilatildeo do CCU (BRASIL 2013a) que definiu padrotildees para avaliar a qualidade do
exame atraveacutes do acompanhamento dos laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam
serviccedilo para o SUS
O MEQ compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio diferente
daquele que realizou a primeira leitura e tem como principal objetivo avaliar o
REZENDE MT Introduccedilatildeo
13
desempenho dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do colo uterino e fornecer educaccedilatildeo
continuada aos citopatologistas com o intuito de aprimorar o diagnoacutestico citopatoloacutegico
(FREITAS THULER 2012 AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio e
contemplam entre outras o monitoramento do preparo das lacircminas o tempo de
escrutiacutenio a carga de trabalho do citologista a revisatildeo dos esfregaccedilos e a implantaccedilatildeo
de sistema de indicadores de qualidade Dentre os meacutetodos de MIQ mais eficientes na
detecccedilatildeo de RFN cita-se a revisatildeo raacutepida de 100 (RR100) dos esfregaccedilos negativos
e o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) de todos os esfregaccedilos (TAVARES et al 2011 2014
BRASIL 2016b) A implementaccedilatildeo dos indicadores de qualidade eacute fundamental pois
permite comparar a situaccedilatildeo atual com metas desejadas assim eacute possiacutevel acompanhar o
comportamento do indicador apoacutes a realizaccedilatildeo de alguma intervenccedilatildeo auxiliando na
tomada de decisatildeo (BORTOLON et al 2012 PLEWKA et al 2014 BRASIL 2016b)
Aleacutem do monitoramento da qualidade dos exames citopatoloacutegicos a eficiecircncia
do rastreamento do CCU depende do seguimento adequado das mulheres com
resultados alterados mantendo no programa aquelas que devem repetir o exame ou
serem encaminhadas adequadamente para a colposcopia e bioacutepsia (ZOLA et al 2007
ALBUQUERQUE et al 2012) O seguimento permite que seja feito a correlaccedilatildeo do
diagnoacutestico citoloacutegico com a histologia que eacute uma importante ferramenta usada como
medida da garantia da qualidade e do desempenho dos laboratoacuterios de citopatologia
(ANSCHAU GONCcedilALVES 2011 TURKMEN et al 2013)
Portanto eacute imprescindiacutevel a implantaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ na rotina
dos laboratoacuterios de citopatologia pois satildeo parte integrante da estrateacutegia de garantia e
melhoria contiacutenua da qualidade com a finalidade de reduzir as falhas do exame
citopatoloacutegico garantindo agraves mulheres a prestaccedilatildeo de um serviccedilo seguro
Um dos principais motivos da ocorrecircncia dos RFN e RFP satildeo problemas
relacionados agrave interpretaccedilatildeo diagnoacutestica (GAY NALDSON GOELLNER 1985
RENSHAW 2003 COLEMAN POZNANSKY 2006 BRANCA LONGATTO-
FILHO 2015) Sendo assim este trabalho teve como objetivo comparar os exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero submetidos ao MEQ com o intuito de minimizar
divergecircncias diagnoacutesticas a fim de reduzir os RFN e RFP que satildeo um dos maiores
problemas enfrentados pelos laboratoacuterios de citopatologia
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
14
2- Revisatildeo da Literatura
21 Cacircncer do colo do uacutetero
Estimativas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede apontaram o cacircncer do colo do
uacutetero (CCU) como o responsaacutevel pelo oacutebito de 266 mil mulheres em 2012 e
aproximadamente 87 ocorreram nas regiotildees menos desenvolvidas (WHO 2012) No
Brasil ocupa a terceira posiccedilatildeo entre os dez tipos de cacircncer mais incidentes estimados
para 2016 por sexo exceto pele natildeo melanoma Estima-se para o ano de 20162017 a
ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585 casos a cada
100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
A taxa de incidecircncia do CCU estimada para 20162017 por regiatildeo brasileira sem
considerar os tumores de pele natildeo melanoma eacute a mais alta na regiatildeo Norte
apresentando 2397 novos casos por 100 mil mulheres Eacute o segundo mais incidente nas
regiotildees Centro-Oeste e Nordeste com 2072 e 1949 novos casos a cada 100 mil
mulheres respectivamente E na regiatildeo Sudeste estaacute na terceira posiccedilatildeo com 1130
novos casos a cada 100 mil mulheres e na regiatildeo Sul na quarta com 1517 novos casos
a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
Define-se o CCU como a replicaccedilatildeo desordenada do epiteacutelio de revestimento
deste oacutergatildeo resultando em comprometimento do estroma e invasatildeo de estruturas e
oacutergatildeos contiacuteguos ou agrave distacircncia Na fase preacute-cliacutenica desta neoplasia natildeo se observam
sintomas de maneira que a detecccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees precursoras eacute realizada pelo
exame citoloacutegico por outro lado agrave medida que a doenccedila progride surgem sangramento
menorragias e metrorragias (HAMONT et al 2008 LIMBERGER et al 2012)
O CCU eacute uma doenccedila que possui evoluccedilatildeo lenta onde a progressatildeo de uma
lesatildeo inicial para a forma invasiva pode levar anos sendo entatildeo possiacutevel identificar suas
formas precursoras que satildeo trataacuteveis e curaacuteveis (MEDEIROS et al 2005 COLEMAN
POZNANSKY 2006 RAMA et al 2008) Assim trata-se de uma doenccedila evitaacutevel
podendo apresentar 100 de cura principalmente atraveacutes do diagnoacutestico precoce
realizado pelo exame citopatoloacutegico e tratamento adequado de lesotildees preacute-malignas
(ZEFERINO et al 1996 ELUF-NETO NASCIMENTO 2001 SANTOS et al 2013)
A infecccedilatildeo pelo papiloma viacuterus humano (HPV) eacute uma das doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis mais comuns em todo mundo em ambos os sexos sendo que a maioria
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
15
das pessoas adquirem o viacuterus no iniacutecio da atividade sexual A infecccedilatildeo tem iniacutecio nas
ceacutelulas basais da zona de transformaccedilatildeo do colo do uacutetero e a maioria eacute controlada pela
resposta imune celular ocorrendo sua eliminaccedilatildeo espontacircnea em torno de dois anos
sem causar lesotildees e sintomas (ALMONTE et al 2010 GRAVITT et al 2011)
O HPV eacute considerado o principal fator de risco associado ao desenvolvimento
do CCU e a infecccedilatildeo persistente no trato reprodutivo de mulheres pode levar ao
surgimento de lesotildees preacute-neoplaacutesicas (DE SANJOSE et al 2007 2010
GUDLEVICIENE et al 2010) Satildeo descritos hoje aproximadamente 130 genoacutetipos do
HPV sendo que desses 40 podem infectar a mucosa genital Os tipos de HPV satildeo
classificados em viacuterus de alto ou baixo risco oncogecircnico conforme a propensatildeo das
ceacutelulas infectadas agrave transformaccedilatildeo neoplaacutesica (WEISS ROSENTHAL ZIMET 2011
FERRAZ SANTOS DISCACCIATI 2012) Aproximadamente 15 tipos de HPV tecircm
potencial oncogecircnico e satildeo responsaacuteveis por praticamente todos os cacircnceres cervicais e
lesotildees precursoras desses os mais prevalentes satildeo os HPV 16 e 18 sendo associados
com aproximadamente 70 de todos os cacircnceres do colo do uacutetero (MAZARICO
GONZALEZ-BOSQUETE 2012 HOSTE VOSSAERT POPPE 2013)
Sabe-se que somente a infecccedilatildeo pelo HPV natildeo eacute suficiente para o
desenvolvimento do carcinoma pois haacute um periacuteodo de latecircncia entre a infecccedilatildeo e o
desenvolvimento das lesotildees preacute-neoplaacutesicas indicando que existem outros elementos
atuando como co-fatores na carcinogecircnese do colo do uacutetero dentre os quais cita-se o
iniacutecio precoce da vida sexual muacuteltiplos parceiros sexuais multiparidade histoacuteria de
doenccedila sexualmente transmitida imunossupressatildeo uso prolongado de anticoncepcional
oral e tabagismo (NATUNEN et al 2011 ZARDO et al 2014)
Desde a infecccedilatildeo pelo HPV ateacute o desenvolvimento do CCU transcorrem
aproximadamente quinze anos Considera-se esta progressatildeo lenta sendo possiacutevel nesse
tempo a identificaccedilatildeo precoce de lesotildees celulares associadas com a persistecircncia deste
viacuterus no trato genital por meio da citologia cervical Assim haacute tempo para que as
lesotildees possam ser tratadas adequadamente impedindo a progressatildeo para o cacircncer
(SNIJDERS et al 2006 DISCACCIATI et al 2011 FERRAZ SANTOS
DISCACCIATI 2012)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
16
22 Exame citopatoloacutegico
A estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do CCU desde sua introduccedilatildeo
em 1941 por George Papanicolaou eacute o exame citopatoloacutegico sendo responsaacutevel pela
reduccedilatildeo da incidecircncia e mortalidade desse cacircncer nas uacuteltimas cinco deacutecadas em paiacuteses
em que foi implantado de maneira eficiente (PAPANICOLAOU TRAUT 1977
ARBYN et al 2009 DIJKSTRA et al 2014) O rastreio utilizando a citologia
esfoliativa eacute considerado uma intervenccedilatildeo de sauacutede puacuteblica extremamente bem-
sucedida de forma que praticado de acordo com as diretrizes alcanccedila reduccedilotildees na
incidecircncia do CCU de ateacute 80 (FRANCO DUARTE-FRANCO FERENCZY 2001
OGILVIE et al 2010) Aleacutem disso mais de 60 de todos os casos de CCU satildeo
observados entre as mulheres que natildeo participam do rastreamento (STENVALL
WIKSTROM WILANDER 2007)
O exame citopatoloacutegico baseia-se no fato de que alteraccedilotildees nas ceacutelulas epiteliais
do colo uterino podem progredir ao longo do tempo permitindo o surgimento do
cacircncer Sendo assim o Papanicolaou eacute estrateacutegico para detecccedilatildeo dessas alteraccedilotildees nas
fases iniciais das lesotildees precursoras (CARVALHO QUEIROZ 2010) Eacute um exame
faacutecil raacutepido praacutetico seguro de baixo custo e eficaz na detecccedilatildeo de lesotildees cervicais e
por isso deve ser incentivado como meacutetodo de triagem (GREENWOOD MACHADO
SAMPAIO 2006 OLIVEIRA et al 2010 COBUCCI et al 2016)
Os procedimentos mais usados para a confecccedilatildeo dos esfregaccedilos para o exame
citopatoloacutegico satildeo a coleta convencional ou em meio liacutequido (ARBYN et al 2008
NANDINI et al 2012) A teacutecnica de citologia em meio liacutequido permite que as ceacutelulas
sejam suspensas em meio liacutequido e espalhadas em monocamada possibilitando assim
uma melhor avaliaccedilatildeo morfoloacutegica e tem sido introduzida nos paiacuteses desenvolvidos para
melhorar a sensibilidade do exame citopatoloacutegico (PAWAR et al 2014) Apesar deste
meacutetodo apresentar menos tempo de triagem fundo limpo e melhor distribuiccedilatildeo dos
elementos celulares os benefiacutecios natildeo justificam o alto custo assim a coleta
convencional deve ser a primeira escolha para os paiacuteses em desenvolvimento pois
quando realizado de maneira organizada e de acordo com os padrotildees de qualidade natildeo eacute
inferior a citologia em meio liacutequido (ILTER et al 2012 SHARMA et al 2016)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a coleta convencional Neste tipo de coleta o
espeacuteculo eacute introduzido no canal vaginal para expor o colo do uacutetero e satildeo utilizados a
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
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espaacutetula de Ayre para a coleta de ceacutelulas da ectoceacutervice e a escova endocervical para
coleta de ceacutelulas da endoceacutervice (ARBYN et al 2008 VERMA JAIN KAUR 2014)
As ceacutelulas satildeo colocadas em uma lacircmina transparente de vidro com extremidade fosca
onde consta identificaccedilatildeo da paciente satildeo coradas e examinadas ao microscoacutepio pelos
profissionais habilitados que poderatildeo identificar ceacutelulas que apresentam alteraccedilotildees
indicativas de lesotildees preacute-malignas (ARBYN et al 2008 FERNANDES et al 2009
BRASIL 2011)
No Brasil a populaccedilatildeo alvo recomendada para a realizaccedilatildeo deste exame satildeo
mulheres na faixa etaacuteria de 25 ateacute os 64 anos de idade e agravequelas que jaacute iniciaram a vida
sexual Recomenda-se a realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico como ferramenta
de rastreamento sendo que deve ser repetido a cada trecircs anos apoacutes dois exames anuais
consecutivos normais A repeticcedilatildeo em um ano tem por objetivo diminuir a possibilidade
de RFN (RIBEIRO SANTOS TEIXEIRA 2011 BRASIL 2016c) Este
acompanhamento regular tem como base os programas de rastreamento organizados na
maioria dos paiacuteses desenvolvidos (FERLAY et al 2012)
Em estudo envolvendo oito paiacuteses realizado pela International Agency for
Research on Cancer (IARC) em 1986 servindo de suporte para normas ainda hoje
vigente mundialmente estimou-se que ao iniciar o rastreamento aos 25 anos de idade e
natildeo aos 20 anos perde-se apenas 1 de reduccedilatildeo da incidecircncia cumulativa do CCU
(IARC 1986 BRASIL 2011) Mulheres de ateacute 20 anos de idade natildeo estatildeo incluiacutedas na
faixa etaacuteria alvo do rastreamento pois possuem maior probabilidade de regressatildeo das
lesotildees preacute-invasivas o carcinoma invasor nesta parcela da populaccedilatildeo em geral eacute
extremamente raro e a maioria das infecccedilotildees pelo HPV se resolve espontaneamente em
cerca de dois anos sendo portanto de reduzida significacircncia cliacutenica (MOSCICKI
2008 MOSCICKI COX 2010) Os exames devem seguir ateacute os 64 anos e apoacutes essa
idade serem interrompidos quando resultarem em dois exames negativos consecutivos
nos uacuteltimos cinco anos (SASIENI CASTANtildeON CUZICK 2010 BRASIL 2011)
O rastreamento no Brasil eacute predominantemente oportuniacutestico ou seja as
mulheres tecircm realizado o exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero quando procuram os
serviccedilos de sauacutede geralmente devido a consulta meacutedica gravidez e diante de queixas
como prurido e leucorreacuteia Assim 20 a 25 dos exames tecircm sido realizados fora do
grupo etaacuterio recomendado e aproximadamente metade deles com intervalo de um ano
ou menos quando o recomendado satildeo trecircs anos Portanto haacute um contingente de
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
18
mulheres rastreadas e a exclusatildeo de outras (ZEFERINO 2008 NAVARRO et al 2015
BRASIL 2016c)
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais
George N Papanicolaou em 1941 criou a primeira terminologia de
classificaccedilatildeo citoloacutegica das lesotildees precursoras do CCU que procurava expressar se as
ceacutelulas observadas eram normais ou natildeo e desde entatildeo vaacuterios sistemas de classificaccedilatildeo
foram sugeridos (TRAUT PAPANICOLAOU 1943 AGUIAR et al 2011)
Nos Estados Unidos em 1988 foi realizada na cidade de Bethesda um workshop
que enfatizou a grande diversidade na comunicaccedilatildeo dos resultados em citologia
cervical e teve como objetivo determinar uma terminologia que daria limites evidentes
para a gestatildeo e dessa maneira reduziria a variabilidade interobservador Entatildeo nesse
ano foi aprovada a classificaccedilatildeo citoloacutegica conhecida como Terminologia do Sistema
Bethesda que introduziu os termos lesotildees intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e
alto grau (HSIL) (NAYAR WILBUR 2015a)
Apoacutes experiecircncia na praacutetica cliacutenica e novos avanccedilos no conhecimento
cientiacutefico esse sistema passou por revisatildeo em 1991 e 2001 que propocircs uniformizar as
terminologias assim como as condutas cliacutenicas para cada classificaccedilatildeo citoloacutegica
(AGUIAR et al 2011) O workshop de 1991 levou agrave produccedilatildeo do primeiro atlas
Bethesda em 1994 depois de sua publicaccedilatildeo tornou-se rapidamente uma referecircncia
mundial para a praacutetica da citologia cervical (SOLOMON et al 2002 NAYAR
WILBUR 2015a) Em 2001 aconteceu mudanccedilas marcantes em relaccedilatildeo agrave categoria de
Ceacutelulas Escamosas Atiacutepicas (ASC) A categoria ASC foi subdividida em ceacutelulas
escamosas atiacutepicas de significado indeterminado (ASC-US) e ceacutelulas escamosas
atiacutepicas quando natildeo se pode excluir lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
(WRIGHT et al 2002 MASSAD et al 2013) Nos Estados Unidos em 2013 855
dos laboratoacuterios de citologia haviam implementado a terminologia de 2001 e o
sistema de Bethesda produziu um impacto significativo na comunidade
internacional de citopatologia (DAVEY et al 2004)
Nos uacuteltimos anos vecircm acontecendo vaacuterias mudanccedilas nos processos de rastreio
do CCU como aumento do uso de citologia em meio liacutequido aprovaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de vacinas profilaacuteticas contra o HPV mudanccedilas na terminologia de
histopatologia e diretrizes atualizadas para o rastreio do CCU e gestatildeo cliacutenica Com
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
19
base em todas essas mudanccedilas o ano de 2014 era o momento adequado para uma
revisatildeo e atualizaccedilatildeo da terminologia Sistema de Bethesda 2001 Houve entatildeo o
refinamento de criteacuterios morfoloacutegicos e incorporaccedilatildeo de revisotildees e novas
informaccedilotildees adicionais na terceira ediccedilatildeo do atlas Bethesda para citologia cervical
(NAYAR WILBUR 2015b)
Em 2003 foi publicada a primeira ediccedilatildeo da Nomenclatura Brasileira para
Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais e Condutas Cliacutenicas Preconizadas baseada no
sistema de Bethesda contendo tambeacutem o MEQ com o objetivo de padronizar o laudo
citopatoloacutegico com as respectivas condutas cliacutenicas e manter o controle de qualidade
desses laudos emitidos pelos laboratoacuterios prestadores de serviccedilo ao Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SUS) No ano de 2006 houve a publicaccedilatildeo da segunda ediccedilatildeo dessa
nomenclatura e foi suprimido o capiacutetulo referente ao MEQ porque esse tema merecia
uma profunda revisatildeo No ano de 2010 optou-se por lanccedilar como publicaccedilotildees
independentes os trecircs capiacutetulos de Condutas Cliacutenicas Preconizadas MEQ e da
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais (BRASIL 2012)
Em 2012 foi publicada a terceira ediccedilatildeo revisada e atualizada da Nomenclatura
Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais que eacute a nomenclatura utilizada
atualmente no Brasil contemplando a seguinte classificaccedilatildeo
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (ASC-US)
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir
lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (AGC-SOE)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode afastar
lesatildeo intraepitelial de alto grau (AGC-NEO)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL)
bull Adenocarcinoma in situ (AIS)
bull Adenocarcinoma invasor (cervical endometrial e sem outras especificaccedilotildees)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau natildeo podendo excluir microinvasatildeo
bull Carcinoma epidermoacuteide invasor
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
20
A adoccedilatildeo do Sistema de Bethesda ainda que adaptado ao Brasil facilita a
comparaccedilatildeo de resultados nacionais com os encontrados em publicaccedilotildees estrangeiras
Poreacutem ainda haacute resistecircncia por parte dos citopatologistas no emprego da nomenclatura
brasileira para exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero Ressalta-se que aleacutem do
diagnoacutestico preciso tambeacutem eacute importante que o relatoacuterio de apresentaccedilatildeo dos resultados
seja de faacutecil compreensatildeo para que a paciente receba seguimento e conduta adequada
dessa forma maiores esforccedilos devem ser empregados no sentido de estimular o uso
dessa nomenclatura (AGUIAR et al 2011)
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado
Em 2011 houve atualizaccedilatildeo das Condutas Cliacutenicas Preconizadas de 2006 e entatildeo
foram lanccediladas as ldquoDiretrizes para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo que
buscaram orientar as condutas preconizadas em mulheres com alteraccedilotildees no exame
citopatoloacutegico cervical (BRASIL 2011)
De acordo com essas diretrizes diante de um resultado de exame citopatoloacutegico
de ASC-US a mulher com 30 anos ou mais deveraacute repetir o exame citopatoloacutegico em
um intervalo de 6 meses e com idade inferior a 30 anos no intervalo de 12 meses Para
os exames com resultados classificados como ASC-H as mulheres devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e se observado alteraccedilotildees
colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia jaacute aquelas sem alteraccedilotildees devem repetir nova
citologia em 6 meses Pacientes com diagnoacutestico citoloacutegico de AGC devem ser
encaminhadas para colposcopia realiza-se a bioacutepsia apenas quando satildeo observadas
alteraccedilotildees no colo caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia em 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de LSIL devem repetir o exame citopatoloacutegico em 6
meses se a citologia de repeticcedilatildeo for negativa em dois exames consecutivos a paciente
deve retornar agrave rotina de rastreamento citoloacutegico trienal Pacientes que apresentarem
diagnoacutestico de HSIL deveratildeo ser encaminhadas em ateacute trecircs meses agrave Unidade de
Referecircncia Secundaacuteria para realizaccedilatildeo da bioacutepsia se observada alteraccedilotildees no colo na
colposcopia (BRASIL 2011)
No ano de 2016 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a segunda ediccedilatildeo das ldquoDiretrizes
para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo atualizando as diretrizes publicadas em
2011 visando auxiliar os profissionais da sauacutede em suas praacuteticas assistenciais em todo o
paiacutes quanto ao seguimento de exames citopatoloacutegicos alterados e apoiar os gestores na
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
21
tomada de decisatildeo em relaccedilatildeo agrave estruturaccedilatildeo da linha de cuidados da mulher (BRASIL
2016c)
De acordo com as diretrizes mais recentes as mulheres com diagnoacutestico de ASC-
US abaixo de 25 anos de idade devem repetir o exame apoacutes 3 anos aquelas entre 25 e
29 anos devem repetir em 12 meses enquanto as mulheres acima de 30 anos devem
repetir a citologia apoacutes 6 meses Mulheres com diagnoacutestico de ASC-H devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e somente aquelas que
apresentam alteraccedilotildees colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia sendo que as demais
devem repetir a citologia apoacutes 6 meses Em mulheres com diagnoacutestico de ceacutelulas
glandulares atiacutepicas (AGC) ou ceacutelulas atiacutepicas de origem indefinida a paciente deve ser
imediatamente encaminhada para colposcopia onde faz-se a bioacutepsia apenas quando satildeo
observadas alteraccedilotildees caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia Na
presenccedila do diagnoacutestico LSIL em mulheres abaixo de 25 anos de idade sugere-se repetir
o exame citopatoloacutegico apoacutes 3 anos com indicaccedilatildeo de colposcopia caso a atipia se
mantenha E mulheres acima de 25 anos de idade devem repetir a citologia apoacutes 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de HSIL devem ser encaminhadas para realizaccedilatildeo de
colposcopia ateacute trecircs meses apoacutes o resultado e caso apresentem alteraccedilotildees visuais no
colo do uacutetero deveratildeo ser submetidas a bioacutepsia caso contraacuterio recomenda-se nova
citologia apoacutes trecircs meses a contar da data da coleta da citologia anterior (BRASIL
2016c)
Um dos maiores problemas enfrentado pelo programa de rastreamento e controle
do CCU eacute a falta de seguimento dado as mulheres depois que realizam o exame
citopatoloacutegico bem como a orientaccedilatildeo errocircnea por parte dos profissionais de sauacutede
Portanto para que o programa tenha sucesso eacute necessaacuterio garantir que seja organizado e
definido como um conjunto de accedilotildees programadas com populaccedilatildeo e periodicidade
especiacuteficas porque com o seguimento pode-se oferecer um tratamento adequado
interrompendo o desenvolvimento desse cacircncer (VALE et al 2010 ALBUQUERQUE
et al 2012 SANTOS et al 2013)
23 Controle de qualidade em citopatologia
O exame citopatoloacutegico necessita apresentar uma boa acuraacutecia diagnoacutestica
(MILLER et al 2000 KOSE NAKI 2014 ABUDUKADEER et al 2015) No
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
22
entanto questiona-se sua eficiecircncia pois certo nuacutemero de mulheres desenvolve esse
cacircncer apesar de realizarem o exame periodicamente em parte essa situaccedilatildeo pode ser
explicada pelas altas taxas de RFN (MITCHELL MEDLEY 1995 TAVARES et al
2008 KIRSCHNER et al 2011) Aleacutem disso os RFP tambeacutem satildeo alarmantes pois
geram danos agrave vida de mulheres na medida que se sujeitam a procedimentos
dispensaacuteveis (KOSS 1989 FRABLE 2007 GULLO et al 2012)
As principais causas dos RFN ocorrem devido a erros de coleta de escrutiacutenio e
de interpretaccedilatildeo do diagnoacutestico (BOSCH RIETVELD-SCHEFFERS BOON 1992
MITCHELL MEDLEY 1995 ORTIZ-VAacuteZQUEZ et al 2001 FRABLE et al 2007
MANRIQUE et al 2009) Erros na coleta do material citoloacutegico podem ser
responsaacuteveis por ateacute 62 dos RFN e ocorrem devido agrave falta de representatividade
celular ou escassez de ceacutelulas neoplaacutesicas e tambeacutem pela presenccedila de processo
inflamatoacuterio sangue e fundo necroacutetico nos esfregaccedilos que podem prejudicar a anaacutelise
(VAN DER et al 1987 EJERSBO DAHL HOLUND 2003 AMARAL et al 2006
AMARAL et al 2008 LONNBERG et al 2010) O erro de escrutiacutenio varia de 10 a
67 e ocorre quando as ceacutelulas atiacutepicas estatildeo presentes no esfregaccedilo mas natildeo satildeo
identificadas pelo escrutinador devido agrave falta de atenccedilatildeo e concentraccedilatildeo tempo
insuficiente e falta de experiecircncia (DEMAY 1997 PITTOLI et al 2003 PAJTLER et
al 2006 AMARAL et al 2008) O erro de interpretaccedilatildeo pode ser responsaacutevel por ateacute
22 dos RFN e ocorre quando as ceacutelulas neoplaacutesicas satildeo reconhecidas mas satildeo
identificadas como benignas ou ainda satildeo classificadas erroneamente isso eacute atribuiacutedo
principalmente agrave experiecircncia insuficiente do profissional e informaccedilotildees cliacutenicas
inadequadas (GAY NALDSON GOELLNER 1985 RENSHAW 2003 COLEMAN
POZNANSKY 2006 AMARAL et al 2008)
Dessa forma tem sido exigido a implementaccedilatildeo de programas de monitoramento
da qualidade em citopatologia com o objetivo de melhorar o desempenho do exame
citopatoloacutegico em detectar anormalidades escamosas e glandulares e
consequentemente diminuir os percentuais de RFN e RFP que satildeo resultados
preocupantes tanto para a mulher quanto para os custos dos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(PAJTLER et al 2006 TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) A fim de
minimizar as falhas deste exame vaacuterias estrateacutegias corretivas de garantia da qualidade
tecircm sido desenvolvidas como a implementaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ nos
laboratoacuterios de citopatologia (PEREIRA et al 2006 AacuteZARA et al 2014a)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
23
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio de
citopatologia contemplam na fase preacute-analiacutetica atividades realizadas antes do
escrutiacutenio e incluem o registro do material recebido a preparaccedilatildeo a coloraccedilatildeo e a
montagem das lacircminas a manutenccedilatildeo dos equipamentos e microscoacutepios aleacutem dos
registros da qualificaccedilatildeo e treinamento dos profissionais (BRASIL 2016b) Na fase
analiacutetica o objetivo eacute a reduccedilatildeo de erros de escrutiacutenio ou de erros de interpretaccedilatildeo do
resultado com o intuito de diminuir os iacutendices de RFN e RFP algumas das medidas
contemplam o tempo de escrutiacutenio carga de trabalho do citologista e revisatildeo dos
esfregaccedilos (TAVARES et al 2007) O monitoramento contiacutenuo da qualidade dos
resultados dos exames citopatoloacutegicos imprescindiacutevel para o laboratoacuterio faz parte da
fase poacutes-analiacutetica em que eacute avaliada o desempenho global e individual dos profissionais
(AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
Por muitos anos vaacuterias discussotildees ocorreram na tentativa de apontar o melhor
meacutetodo de MIQ para a citologia cervical (DUDDING RENSHAW ELLIS 2011)
Considerado como consenso entre os especialistas na aacuterea a repeticcedilatildeo da leitura de
todos os esfregaccedilos classificados como negativos no escrutiacutenio de rotina eacute o meacutetodo
mais preciso para evitar erros no rastreio poreacutem este meacutetodo eacute dispendioso exigindo
muito tempo para a leitura em duplicata (TAVARES et al 2011)
Dentre os meacutetodos de MIQ cita-se a revisatildeo aleatoacuteria de 10 dos esfregaccedilos
negativos pelo escrutiacutenio de rotina (R-10) a revisatildeo baseada em criteacuterios cliacutenicos de
risco (RCCR) a revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos (RR100) e o preacute-
escrutiacutenio raacutepido (PER) Os meacutetodos de PER e RR100 satildeo considerados os mais
eficazes na detecccedilatildeo de RFN (MANRIQUE et al 2007 2011 TAVARES et al 2011
BRASIL 2016b) O meacutetodo de revisatildeo de 10 dos esfregaccedilos negativos eacute criticado
pois detecta poucos casos RFN assim como a RCCR que tambeacutem tem produzido
resultados ruins em vaacuterios estudos (AMARAL et al 2005 TAVARES et al 2008
TAVARES et al 2011 CURRENS et al 2012)
A RR100 consiste em revisar rapidamente todos os esfregaccedilos classificados
como negativos e insatisfatoacuterios do escrutiacutenio de rotina poreacutem como o revisor possui
conhecimento do resultado pode tornar o meacutetodo tendencioso reduzindo sua
concentraccedilatildeo e aumentando a possibilidade de deixar passar erros (PAJTLER et al
2006 MANRIQUE et al 2007) O PER consiste no escrutiacutenio raacutepido de todos os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
24
esfregaccedilos sem influecircncia de marcaccedilotildees sobre a lacircmina durante um tempo limitado
antes do escrutiacutenio de rotina e eacute um meacutetodo que tende a prender a atenccedilatildeo do
citologista jaacute que eacute realizado anterior a leitura de rotina aleacutem de permitir que a
sensibilidade de ambos PER e ER seja estimada (DJEMLI KHETANI AUGER
2006 TAVARES et al 2008)
Portanto eacute de extrema importacircncia a implementaccedilatildeo de accedilotildees de garantia da
qualidade na rotina dos laboratoacuterios de citopatologia pois permitem aprimorar o exame
citopatoloacutegico assegurando resultados confiaacuteveis (FERRAZ et al 2005 SIEGL et al
2014)
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
O sistema de monitoramento da qualidade tambeacutem deve comtemplar o
desenvolvimento e implantaccedilatildeo de sistema de indicadores de qualidade pois permitem
avaliar o desempenho global do laboratoacuterio realizar anaacutelise estatiacutestica individual dos
profissionais bem como utilizar os dados obtidos para a realizaccedilatildeo de intervenccedilotildees para
aperfeiccediloamento das etapas laboratoriais (SIEGL et al 2014 AacuteZARA et al 2014b)
Os indicadores de qualidade em citopatologia cervical possuem caracteriacutesticas
que satildeo muito importantes para que possam ser uacuteteis como ferramentas de apoio para o
monitoramento e a avaliaccedilatildeo do desempenho do laboratoacuterio Entre elas destacam-se a
facilidade de compreensatildeo uso de dados de coleta disponiacutevel e faacutecil execuccedilatildeo
mensuram os resultados encontrados permitindo comparaccedilatildeo com valores de referecircncia
preacute-estabelecidos refletem exatamente o que se deseja quantificar viabilizando assim
uma anaacutelise comparativa dos resultados para uma melhoria contiacutenua dos processos
internos do laboratoacuterio (BRASIL 2016b)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda que a coleta dos dados deve ser realizada
pelos profissionais envolvidos nas diversas etapas do processo de trabalho pois a
responsabilizaccedilatildeo dos profissionais pela obtenccedilatildeo dos dados tende a gerar compromisso
deles com os resultados almejados assim os dados tendem a ser de melhor qualidade
(BRASIL 2016b) Portanto a construccedilatildeo de tais indicadores para auxiliar o programa
de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo uacutetero deve ser feita internamente no
laboratoacuterio e satildeo mundialmente conhecidos pelos profissionais dessa aacuterea (BRASIL
2016b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
25
Os indicadores de qualidade incluem o iacutendice de positividade (IP) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ASCSat) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt) razatildeo de ceacutelulas
escamosas atiacutepicas por lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) percentual de exames
compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSILSat) (BORTOLON et
al 2012 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b)
O IP expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares nos exames aleacutem da
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo examinada
e recomenda-se que esteja entre 3 e 10 O ASCSat deve ficar entre 4 e 5 e quando
elevado sugere problemas na amostra na anaacutelise laboratorial ou em ambas as fases e
representa um ocircnus para a mulher e para a rede assistencial pois acarreta a oferta de um
maior nuacutemero de exames destinados agrave repeticcedilatildeo para investigaccedilatildeo diagnoacutestica O
ASCAlt deve ser inferior a 60 e tem o objetivo de monitorar ao percentual de atipias
de significado indeterminado para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo continuada dos
citopatologistas A razatildeo ASCSIL permite identificar o baixo desempenho profissional
no rastreamento e valores muito altos devem ter a causa investigada pois podem mostrar
a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios citoloacutegicos utilizados sendo que este indicador
deve ser menor que 3 O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees
precursoras do CCU e recomenda-se que seja igual ou maior que 04 (PLEWKA et
al 2014 BRASIL 2016b)
Os documentos gerados na elaboraccedilatildeo e o registro perioacutedico dos indicadores de
qualidade devem ser armazenados para permitir o acompanhamento dos processos
analisados e devem fazer parte do conjunto de documentos que compotildeem o Sistema de
Monitoramento da Qualidade do laboratoacuterio Eacute importante que esse material seja
armazenado em local de faacutecil acesso com o objetivo de facilitar as consultas sempre
que for necessaacuterio Recomenda-se que sejam feitos mensalmente e impressos com
assinatura do profissional responsaacutevel (BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia
Haacute deacutecadas o Brasil tem adotado medidas para garantia da qualidade dos exames
citopatoloacutegicos Em 1998 foi instituiacutedo o Programa Nacional de Controle do Cacircncer de
Colo de Uacutetero pela portaria GMMS nordm 3040 que reconheceu que o exame
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
26
citopatoloacutegico do colo uterino eacute uma avaliaccedilatildeo qualitativa que dependente da
interpretaccedilatildeo do observador e que essa subjetividade precisa ser minimizada portanto o
monitoramento da qualidade eacute importante para a garantia do serviccedilo prestado agrave
populaccedilatildeo feminina (BRASIL 1998)
O Ministeacuterio da Sauacutede em 2001 por meio da Portaria SPSSAS nordm 92 preconizou
que todos os laboratoacuterios que realizam exames citopatoloacutegicos para o SUS deveriam
submeter-se ao Programa de Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ) poreacutem o
programa de responsabilidade das coordenaccedilotildees estaduais natildeo havia sido implantado
em todo paiacutes Esse programa foi regulamentado em 2013 atraveacutes da Qualificaccedilatildeo
Nacional em Citopatologia na Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2010
BRASIL 2013a)
A Portaria Qualicito definiu que os gestores estaduais e municipais devem
gerenciar o programa acompanhando o desempenho dos laboratoacuterios participantes que
foram classificados em Tipo I e Tipo II Satildeo considerados Laboratoacuterios Tipo I os
laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam serviccedilo ao SUS e que realizam exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero e os Laboratoacuterios Tipo II os laboratoacuterios puacuteblicos
responsaacuteveis por realizar os exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no acircmbito do
MEQ aleacutem de poderem realizar as accedilotildees dos Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2013a)
O MEQ eacute parte integrante da estrateacutegia de garantia da qualidade em citopatologia
e tem por finalidade avaliar o desempenho dos Laboratoacuterios Tipo I e a qualidade dos
exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero detectar as diferenccedilas de interpretaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos aumentar a eficiecircncia do processo de realizaccedilatildeo dos exames
citopatoloacutegicos aleacutem de reduzir o percentual de RFN RFP e insatisfatoacuterios (BRASIL
2016)
Em 1999 foi instituiacutedo o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero
(SISCOLO) com objetivo de armazenar dados sobre identificaccedilatildeo da mulher
informaccedilotildees demograacuteficas epidemioloacutegicas e dos exames citopatoloacutegicos e
histopatoloacutegicos realizados pelo SUS (GIRIANELLI THULER SILVA 2009
(BRASIL 2016c) Em 2011 foi lanccedilado o Plano Nacional de Fortalecimento da Rede de
Prevenccedilatildeo que permitiu o desenvolvimento do Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer
(SISCAN) substituindo o SISCOLO poreacutem a implementaccedilatildeo do sistema estaacute sendo
lenta e gradual (BRASIL 2013b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
27
Portanto eacute o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer (SISCAN) que seleciona do
Laboratoacuterio Tipo I todos os exames positivos e insatisfatoacuterios e 10 dos negativos para
serem enviados ao Laboratoacuterio Tipo II de acordo com o estabelecido na Portaria
Qualicito (BRASIL 2013a) A lista deve ser enviada com a relaccedilatildeo dos casos
selecionados pelo sistema juntamente com as lacircminas solicitadas e os respectivos
laudos servindo como recibo de transferecircncia de responsabilidade de guarda das
lacircminas para o Laboratoacuterio Tipo II e para controle de devoluccedilatildeo ao laboratoacuterio de
origem (BRASIL 2016b)
Entatildeo o conjunto de accedilotildees realizadas pelo Laboratoacuterio Tipo II visa agrave avaliaccedilatildeo da
qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero dos Laboratoacuterios Tipo I e
contemplam duas fases a preacute-analiacutetica e analiacutetica Na primeira o Laboratoacuterio Tipo II
verifica os procedimentos teacutecnicos e informa a qualidade da confecccedilatildeo do esfregaccedilo
fixaccedilatildeo coloraccedilatildeo montagem e contaminaccedilatildeo das amostras E a fase analiacutetica consiste
em uma revisatildeo dos esfregaccedilos citopatoloacutegicos por profissionais habilitados e o
diagnoacutestico final eacute firmado por consenso entre os citopatologistas do Laboratoacuterio Tipo
II (PEREIRA et al 2006 BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
Os exames discordantes seratildeo comunicados ao Laboratoacuterio Tipo I que poderaacute
recorrer da opiniatildeo do Laboratoacuterio Tipo II caso natildeo concorde com o parecer dos
revisores buscando o consenso Caso concorde caberaacute ao Laboratoacuterio Tipo I enviar o
laudo de revisatildeo agraves regionais ao municiacutepio ou agrave Unidade Baacutesica de Sauacutede (UBS)
mencionando que esse laudo foi realizado em conjunto com o Laboratoacuterio Tipo II de
referecircncia Caso natildeo haja consenso entre os Laboratoacuterios Tipos I e II poderaacute ser
solicitada a avaliaccedilatildeo por outro Laboratoacuterio Tipo II em acordo com a Coordenaccedilatildeo
Estadual eou Municipal (BRASIL 2016b)
A estatiacutestica para a avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo
II eacute o Kappa Ponderado devido a necessidade de se atribuiacuterem diferentes pesos para as
discordacircncias aleacutem da frequecircncia de RFN RFP e retardo de conduta Assim uma atipia
de significado indeterminado que recebeu equivocadamente um laudo de LSIL teraacute um
peso menor na construccedilatildeo do Kappa que uma HSIL que recebeu um laudo negativo
(BRASIL 2012) Os laboratoacuterios com iacutendices diagnoacutesticos abaixo de dois desvios
padrotildees da meacutedia estadual eou iacutendice Kappa de correlaccedilatildeo em niacutevel ruim seratildeo
considerados fora dos paracircmetros recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
28
Laboratoacuterios Tipo I nessa situaccedilatildeo seratildeo notificados e monitorados pelos Laboratoacuterios
Tipo II para alcanccedilar o iacutendice esperado (BRASIL 2016b)
Dessa forma os Laboratoacuterios Tipo I devem enviar regularmente todas as lacircminas e
laudos dos exames selecionados para o Laboratoacuterio Tipo II analisar os casos de
discordacircncia buscando o consenso com o Laboratoacuterio Tipo II promover educaccedilatildeo
continuada para uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos minimizar as natildeo
conformidades encontradas na rotina do laboratoacuterio diminuir os RFN e RFP e avaliar o
desempenho profissional da equipe Os Laboratoacuterios Tipo II devem fazer contato e dar
retorno aos Laboratoacuterios Tipo I comunicando o quanto antes sobre os resultados dos
exames citopatoloacutegicos discordantes e discutir caso a caso buscando o consenso apoiar
as coordenaccedilotildees estadual e municipal na interface com os laboratoacuterios que realizam
exames para o SUS e proporcionar educaccedilatildeo permanente por meio de sessotildees interativas
regulares para os Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2016b)
Diversos estudos tecircm considerado o MEQ um programa eficiente no
aperfeiccediloamento do exame citopatoloacutegico uma vez que a discussatildeo dos casos
discordantes para se chegar a um consenso dos resultados etapa fundamental do
programa possibilita a uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados na
detecccedilatildeo das lesotildees precursoras do CCU o que reflete na reduccedilatildeo dos RFN e RFP
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 FREITAS THULER 2012 AacuteZARA
et al 2013 2014a 2016 BRASIL 2016b)
REZENDE MT Justificativa
29
3- Justificativa
Um dos principais motivos da ocorrecircncia de RFN e RFP no exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero eacute a variabilidade inter e intra observador na
interpretaccedilatildeo dos diagnoacutesticos dessa forma para a garantia da qualidade se faz
necessaacuterio a implantaccedilatildeo de MIQ e MEQ nos laboratoacuterios de citopatologia (FRABLE
et al 2007 MANRIQUE et al 2009 AacuteZARA et al 2014a) Este estudo foi
realizado com o intuito de avaliar o impacto do MEQ em laboratoacuterio de citopatologia
para minimizar as divergecircncias diagnoacutesticas e erros dentro dos processos do laboratoacuterio
a fim de reduzir os RFN e RFP Investindo na identificaccedilatildeo e retificaccedilatildeo das falhas eacute
possiacutevel que seja assegurado o melhor serviccedilo possiacutevel agrave mulher que receberaacute
seguimento e tratamento adequado
REZENDE MT Objetivos
30
4- Objetivos
41 Objetivo Geral
Comparar os resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do
municiacutepio de Ouro Preto MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade
42 Objetivos especiacuteficos
- Verificar a frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
- Avaliar a concordacircncia diagnoacutestica frequecircncia de casos discordantes falso-negativos
falso-positivos e retardo de conduta entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar o resultado do seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
do monitoramento externo da qualidade incluindo os RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de
consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes o monitoramento externo da qualidade
REZENDE MT Metodologia
31
5- Metodologia
51 Local de estudo
Este trabalho foi desenvolvido no setor de citologia do Laboratoacuterio Piloto de
Anaacutelises Cliacutenicas (LAPAC) da Escola de Farmaacutecia da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP) Por se tratar de estudo baseado em resultados de exames coletados em
2013 e 2014 que estatildeo disponiacuteveis publicamente atraveacutes do SISCOLO natildeo foi
necessaacuterio a submissatildeo ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
O setor de citologia deste laboratoacuterio eacute composto por 5 citopatologistas 2
bolsistas 1 teacutecnica e 2 assistentes administrativos Neste laboratoacuterio estatildeo disponiacuteveis
microscoacutepios NiKon E 200 para escrutiacutenio dos esfregaccedilos bateria de coloraccedilatildeo e
material para montagem das lacircminas microscoacutepio de 5 cabeccedilas para discussatildeo de casos
e 3 computadores para parte administrativa O setor de citologia deste laboratoacuterio atende
uma rotina de exames citopatoloacutegicos colhidos nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS)
de Ouro Preto MG que desde 2013 eacute o uacutenico Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio que
presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
511 Monitoramento interno da qualidade
Os meacutetodos de monitoramento interno da qualidade utilizados na rotina pelo
Laboratoacuterio Tipo I satildeo o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) e a revisatildeo raacutepida de 100 dos
esfregaccedilos negativos (RR100) e cada etapa de leitura da lacircmina eacute realizada por
citopatologistas diferentes em um esquema de rodiacutezio (Figura 1) Inicialmente todos os
esfregaccedilos citopatoloacutegicos adequados para a anaacutelise microscoacutepica satildeo submetidos ao
PER e os resultados satildeo classificados como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio e
registrados na planilha de PER (Apecircndice A) Posteriormente eacute realizado o escrutiacutenio de
rotina (ER) pelo segundo citopatologista que apoacutes a leitura detalhada classifica os
resultados de acordo com a nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos baseada
no Sistema de Bethesda 2001 (SOLOMON NAYAR 2004) anotando o diagnoacutestico no
verso da requisiccedilatildeo (Anexo 1) Em seguida todas as lacircminas consideradas negativas
pelo escrutiacutenio de rotina satildeo encaminhadas para um terceiro citologista que realiza a
RR100 classificando-o como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio registrando na
planilha de RR100 (Apecircndice B)
REZENDE MT Metodologia
32
Os esfregaccedilos considerados positivos e insatisfatoacuterios pelo ER e os resultados
discordantes que foram aqueles onde PER ou a RR100 classificou como suspeito ou
insatisfatoacuterio e o escrutiacutenio de rotina considerou negativo satildeo encaminhados para a
revisatildeo detalhada para confirmaccedilatildeo ou natildeo da alteraccedilatildeo e definiccedilatildeo do diagnoacutestico final
e anotados nas planilhas correspondentes (Apecircndice C e D) Quando a revisatildeo detalhada
eacute discordante do ER haacute um consenso entre os citopatologistas para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I
REZENDE MT Metodologia
33
52 Tipo de estudo
Foi realizado estudo retrospectivo comparando os resultados dos exames
citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I da Escola de Farmaacutecia da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de exames
citopatoloacutegicos de rastreio do municiacutepio de Ouro Preto Minas Gerais com os
resultados emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo II de Belo Horizonte responsaacutevel pelo MEQ
dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero de Minas Gerais
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica
Os exames do Laboratoacuterio Tipo I foram selecionados automaticamente pelo
SISCOLO (Sistema de Informaccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero) incluindo os exames
positivos insatisfatoacuterios e 10 dos negativos conforme a Portaria QualiCito
33882013 referente aos meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 As
amostras foram provenientes de mulheres atendidas nas UBS do municiacutepio de Ouro
Preto MG usuaacuterias do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
54 Monitoramento externo da qualidade
O Laboratoacuterio Tipo I enviou ao Laboratoacuterio Tipo II juntamente com os laudos
correspondentes um total de 321 esfregaccedilos citopatoloacutegicos classificados como
negativos (84) insatisfatoacuterios (3) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas (ASC-US41) lesatildeo intraepitelial
escamosa de baixo grau (LSIL163) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado natildeo se pode excluir lesatildeo de alto grau (ASC-H12) lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau (HSIL16) e ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras
especificaccedilotildees (AGC-SOE2) (Figura 2)
REZENDE MT Metodologia
34
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia cervical
Os esfregaccedilos foram reavaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II que emitiu um relatoacuterio
com os resultados para o Laboratoacuterio Tipo I comunicando tambeacutem os resultados
discordantes Nos casos em que o Laboratoacuterio Tipo I natildeo concordou com o parecer
REZENDE MT Metodologia
35
emitido pelos revisores do Laboratoacuterio Tipo II os resultados dos exames discordantes
foram discutidos caso a caso com o Laboratoacuterio Tipo II buscando o consenso entre os
dois Laboratoacuterios para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final (BRASIL 2016b)
Apoacutes o consenso os resultados discordantes foram reemitidos pelo Laboratoacuterio
Tipo I e encaminhados agraves Unidades de Sauacutede que localizaram as mulheres e
reprogramaram a conduta baseada no diagnoacutestico final
Os esfregaccedilos que inicialmente foram classificados como negativos ou
inflamatoacuterios pelo Laboratoacuterio Tipo I e considerados como positivos pelo Laboratoacuterio
Tipo II foram denominados resultados falso-negativos (RFN) Aqueles considerados
inicialmente positivos pelo Laboratoacuterio Tipo I mas reclassificados como negativos pelo
Laboratoacuterio Tipo II foram denominados resultados falso-positivos (RFP) Foram
considerados casos discordantes aqueles que implicaram em mudanccedila de conduta
cliacutenica de acordo com as normas preconizadas pelas Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2011)
Os resultados diagnosticados inicialmente como ASC-US ou LSIL pelo
Laboratoacuterio Tipo I e que na revisatildeo o Laboratoacuterio Tipo II julgou como diagnoacutestico mais
grave (ASC-H HSIL Carcinoma de ceacutelulas escamosas AGC-SOE AGC-NEO
Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma invasor) foram considerados como retardo
de conduta cliacutenica
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados
Para levantamento do seguimento das pacientes em que os resultados dos
exames foram classificados como ASC-US ou LSIL foi realizada a busca do resultado
do novo exame citopatoloacutegico uma vez que a conduta preconizada eacute a repeticcedilatildeo do
exame no periacuteodo de seis meses a um ano Para aqueles classificados como ASC-H ou
pior diagnoacutestico foi realizado o levantamento do resultado do exame histopatoloacutegico
dado que a conduta preconizada eacute o encaminhamento para colposcopia e se visualizado
alguma alteraccedilatildeo no colo uterino realiza-se a bioacutepsia Os resultados insatisfatoacuterios natildeo
foram considerados nesta anaacutelise (BRASIL 2011)
Foram realizadas visitas previamente agendadas agraves UBS do municiacutepio para
realizaccedilatildeo do levantamento das pacientes previamente listadas daquela unidade que
haviam sido diagnosticadas com alguma alteraccedilatildeo citoloacutegica O profissional responsaacutevel
REZENDE MT Metodologia
36
pela coleta do exame citopatoloacutegico verificou nos prontuaacuterios das pacientes o
seguimento que foi adotado em cada caso Poreacutem as UBS tinham poucos registros do
seguimento dessas pacientes por isso foram adotadas outras estrateacutegias
Portanto com o objetivo de levantar os dados referentes ao seguimento das
pacientes encaminhadas para acompanhamento de ASC-H e pior diagnoacutestico foram
realizadas visitas ao Centro Viva Vida em Itabirito que eacute o centro de referecircncia para
atenccedilatildeo secundaacuteria do municiacutepio de Ouro Preto E para levantamento do novo exame
citopatoloacutegico foi realizada pesquisa nos registros do Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio
de Ouro Preto que presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos
do colo do uacutetero
56 Anaacutelise dos dados
Os dados dos exames citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I e
Laboratoacuterio Tipo II foram digitados no Excel (Microsoft Office Professional Plus 2013)
para elaboraccedilatildeo do banco de dados A anaacutelise dos dados foi realizada pelo pacote
estatiacutestico Stata versatildeo 11 foi calculada a concordacircncia dos resultados dos exames
citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e II e o Kappa antes a apoacutes o Consenso A
frequecircncia de esfregaccedilos discordantes incluindo RFP e retardo de conduta entre os
Laboratoacuterios Tipo I e II foi calculada antes e apoacutes a Reuniatildeo de Consenso no total de
321 esfregaccedilos O coeficiente Kappa eacute classificado em concordacircncia pobre (0ltKlt040)
concordacircncia moderada (040ltKlt060) concordacircncia boa (060ltKlt080) concordacircncia
excelente (080ltKlt1) o valor zero indica ausecircncia de concordacircncia e o valor 1
corresponde a concordacircncia perfeita (LANDIS KOCH 1977) Foi calculada a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) atraveacutes da seguinte foacutermula
VPR = [coeficiente final - coeficiente inicial]100
coeficiente inicial
O caacutelculo dos indicadores de qualidade foi realizado utilizando um banco de
dados do Laboratoacuterio Tipo I onde satildeo mantidos registros de todos os exames realizados
com seus respectivos resultados Para avaliaccedilatildeo pontual os indicadores de qualidade
foram calculados antes da reuniatildeo de consenso ano de 2013 e depois da reuniatildeo de
consenso ano de 2014 Para avaliaccedilatildeo temporal do efeito da reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Metodologia
37
proporcionada por um MEQ calculou-se os indicadores do Laboratoacuterio Tipo I dos anos
de 2012 2013 2014 e 2015 Foi utilizado para o caacutelculo as foacutermulas presentes no
Manual de Gestatildeo da Qualidade para Laboratoacuterio de Citopatologia (BRASIL 2016b)
Iacutendice de Positividade (IP) intervalo esperado 3-10
Nordm de exames alterados em determinado local e ano x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ACSSat)
intervalo esperado 4-5
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt)
intervalo esperado lt60
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames alterados
Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) intervalo
esperado lt3
Nordm de ex compatiacuteveis com ASC-US e ASC-H
No de exames com LSIL e HSIL
Percentual de exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
(HSILSat) intervalo esperado lt04
Ndeg de exames HSIL x 100
Total de exames satisfatoacuterios
REZENDE MT Resultados
38
6- Resultados
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
O Laboratoacuterio Tipo I enviou 321 esfregaccedilos para o Laboratoacuterio Tipo II
classificados como 3 (09) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 84 (262) negativos 41
(128) ASC-US 163 (508) LSIL 12 (37) ASC-H 16 (50) HSIL e 2 (06)
AGC-SOE Apoacutes a reuniatildeo de consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II chegou-
se no diagnoacutestico final de 3 (093) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 143 (446) negativos
44 ASC-US (137) 8 ASC-H (25)101 LSIL (315) 21 HSIL (65) e 1 AGC-
SOE (03) Foram considerados discordantes entre os laboratoacuterios 151 (470)
esfregaccedilos (Tabela 1)
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
Tipo I Tipo II Consenso
Diagnoacutestico n () n () n ()
Insatisfatoacuterio 3 09 4 13 3 09
Negativo 84 262 227 707 143 446
ASC-US 41 122 17 53 44 137
ASC-H 12 37 3 09 8 25
LSIL 163 508 54 168 101 315
HSIL 16 50 12 37 21 65
HSIL micro invasor 0 0 1 03 0 0
AGC-SOE 2 06 3 09 1 03
Total 321 100 321 100 321 100
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
Do total de exames revisados pelo Laboratoacuterio Tipo II foram concordantes 84
(262) esfregaccedilos negativos e 3 (093) classificados como insatisfatoacuterios pelo Tipo I
Dos 41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 6 (1463) foram
concordantes pelo Tipo II e os 35 (854) restantes foram reclassificados como
REZENDE MT Resultados
39
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 53
(325) foram considerados concordantes pelo Tipo II 92 (564) foram
reclassificados como negativos 11 (68) como ASC-US 2 (12) como ASC-H 4
(25) como HSIL e 1 (06) reclassificado como AGC-SOE Dos 12 (37)
esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo Tipo I 1 (83) foi considerado
concordante pelo Tipo II 9 (75) foram reclassificados como negativos 1 (83)
como insatisfatoacuterio 1 (83) como HSIL Dos 16 (50) esfregaccedilos classificados como
HSIL emitidos pelo Tipo I 7 (438) foram considerados concordantes pelo Tipo II 6
(375) foram reclassificados como negativos 1 (63) como LSIL 1 (63) como
HSIL micro invasor e 1(63) como AGC-SOE Dos 2 (06) esfregaccedilos classificados
como AGC-SOE pelo Tipo I 1 (500) foi considerado concordante pelo Tipo II Entre
o Laboratoacuterio Tipo I e o Tipo II houve 7 (22) casos de retardo de conduta sendo 4
(571) LSIL para HSIL 2 (286) LSIL para ASC-H e 1 (143) LSIL para AGC-
SOE (Tabela 2)
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso
Tipo II
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL HSIL micro
invasor AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 35 6 41
ASC-H 1 9 1 1 12
LSIL 92 11 2 53 4 1 163
HSIL 6 1 7 1 1 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 4 227 17 3 54 12 1 3 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa
de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas
sem outras especificaccedilotildees
Os resultados definidos apoacutes o Consenso estatildeo descritos na Tabela 3 Observou-
se 203 (65) de casos discordantes entre os 321 esfregaccedilos analisados Os esfregaccedilos
negativos insatisfatoacuterios e todos os classificados como HSIL foram concordantes Dos
REZENDE MT Resultados
40
41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 27 (659) foram
considerados concordantes pelo Tipo II e 14 (342) foram reclassificados como
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 101
(620) foram considerados concordantes 39 (239) foram reclassificados como
negativos pelo Tipo II 17 (104) como ASC-US 2 (12) como ASC-H e 4 (25)
reclassificados como HSIL Dos 12 (374) esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo
Tipo I 6 (500) foram concordantes 5 (417) esfregaccedilos foram reclassificados como
negativos e 1 (83) foi reclassificado como HSIL pelo Tipo II Dos 2 (06)
esfregaccedilos classificados como AGC-SOE pelo Tipo I somente 1 (500) foi
concordante Portanto apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de Consenso foram constatados 6
(19) casos de retardo de conduta sendo 4 (667) diagnoacutesticos iniciais de LSIL
reclassificados para HSIL e 2 (333) diagnoacutesticos iniciais de LSIL reclassificados para
ASC-H (Tabela 3)
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia diagnoacutestica entre o Laboratoacuterio Tipo I e o
Laboratoacuterio Tipo II apoacutes o Consenso
Consenso
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 14 27 41
ASC-H 5 6 1 12
LSIL 39 17 2 101 4 163
HSIL 16 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 3 143 44 8 101 21 1 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
REZENDE MT Resultados
41
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Foi avaliada a concordacircncia dos resultados dos Laboratoacuterios Tipo I e II antes e
apoacutes Consenso Observou-se concordacircncia antes do Consenso de 527 entre os
Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II com Kappa de 029 Apoacutes a Reuniatildeo de Consenso foi
observado 798 (VPR=+514) de concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
com aumento do Kappa para 066 (VPR=+1276) (Tabela 4)
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso
Tipo I x Tipo II Antes do consenso Apoacutes consenso VPR
Concordacircncia () 527 798 +514
Kappa 029 066 +1276
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Antes do consenso o total de esfregaccedilos discordantes foi de 151 (470) casos e
depois do consenso esse nuacutemero reduziu para 65 (203) casos Antes do consenso foi
observado um percentual de 449 (144) RFP entre os Laboratoacuterios Tipo I e II e apoacutes o
consenso esse nuacutemero diminuiu para 184 (59) Natildeo houve nenhum caso de RFN
Entre o Laboratoacuterio Tipo I e II antes do consenso houve 7 (22) casos de retardo de
conduta e depois do consenso esse nuacutemero caiu para 6 (19) casos (Tabela 5)
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o Consenso
Tipo I x Tipo II Discordantes
Antes do consenso Apoacutes consenso
n N
Falso-positivo 144 449 59 184
Retardo de conduta 7 22 6 19
Total 151 470 65 203
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II
REZENDE MT Resultados
42
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos
O IP era 156 e apoacutes consenso passou para 120 reduccedilatildeo de
aproximadamente 230 (VPR=-2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor
apoacutes o consenso de 57 para 46 reduccedilatildeo por volta de 190 (VPR=-1910) O
HSILSat diminuiu de 10 para 07 (VPR=-2647) apoacutes consenso A razatildeo ASCSIL
antes do consenso era de 06 e apoacutes sua realizaccedilatildeo aumentou para 06
(VPR=+1017) O mesmo ocorreu em relaccedilatildeo ao indicador ASCAlt que passou de
365 para 384 (VPR=+515) Houve diferenccedila significativa entre os valores dos
indicadores IP ASCSat e ASCAlt antes e apoacutes reuniatildeo de consenso valor de p foi
menor que 005 (Tabela 7)
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso
Indicadores Antes consenso Apoacutes consenso VPR p
IP (3-10) 156 120 -2314 lt 00001
ASCSat (4-5) 57 46 -1910 001
ASCSIL (lt3) 06 06 +1017 0053
ASCAlt (lt60) 365 384 +515 lt 00001
HSILSat (gt04) 10 07 -2647 00825
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
O IP no ano de 2012 foi de 1115 aumentou para 156 em 2013 apoacutes o
MEQ em 2014 reduziu para 120 e em 2015 este indicador passou para 99 O
ASCSat foi de 49 em 2012 um ano depois apresentou valor de 57 depois da
realizaccedilatildeo do MEQ em 2014 passou para 46 e em 2015 foi para 48 Os outros
indicadores da qualidade apresentaram valores que variaram dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (Tabela 8)
REZENDE MT Resultados
43
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade
Indicadores 2012 2013 2014 2015
IP (3-10) 111 156 120 99
ASCSat (4-5) 49 57 46 48
ASCSIL (lt3) 09 06 06 10
ASCAlt (lt60) 439 365 384 485
HSILSat (gt04) 09 10 07 05
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
Do total de 234 esfregaccedilos positivos foi possiacutevel obter o seguimento de 107
(457) casos em que 22 foram considerados inicialmente com diagnoacutestico de ASC-
US 76 LSIL 2 ASC-H 1 AGC-SOE e 6 HSIL Dos ASC-US iniciais somente 1 teve
resultado concordante no seguimento Dos 76 esfregaccedilos considerados como LSIL 23
tiveram resultado do seguimento concordante Os 2 resultados ASC-H foram negativos
no seguimento assim como o AGC-SOE Dos 6 resultados HSIL emitidos pelo Tipo I
5 foram confirmados pela bioacutepsia O seguimento de 127 (542) mulheres em que 77
(6063) deveriam ter repetido o exame citopatoloacutegico e 20 (158) deveriam ter sido
encaminhadas para a colposcopia e bioacutepsia natildeo foi resgatado (Figura 3)
Figura 3 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Resultados
44
Apoacutes a realizaccedilatildeo da Reuniatildeo de Consenso o percentual de RFP foi definido em
184 num total de 59 casos assim distribuiacutedos 14 ASC-US (238) 39 LSIL
(660) 5 ASC-H (85) e 1 AGC-SOE (17) sendo 898 lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 102 de alto grau Do total de 59 RFP foi possiacutevel obter 9
(152) resultados citopatoloacutegicos alterados no seguimento 8 de repeticcedilatildeo da citologia
e uma bioacutepsia inicialmente 6 diagnosticados como LSIL pelo Laboratoacuterio Tipo I no
seguimento tiveram resultado de 3 LSIL e 3 ASC-US Dos 3 ASC-US iniciais dados
pelo Tipo I no seguimento resultaram em 1 LSIL 1 ASC-US e 1 ASC-H (Figura 4)
Figura 4 Seguimento dos casos com resultados falso-positivos (RFP) acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Discussatildeo
45
7- Discussatildeo
Os resultados deste estudo mostraram que apoacutes reuniatildeo de Consenso onde
ocorreu discussatildeo dos resultados discordantes houve melhora na concordacircncia
diagnoacutestica entre os laboratoacuterios a concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou para 798 e o coeficiente Kappa foi alterado de 029 para 066 Estes
resultados estatildeo de acordo com estudo realizado por Freitas Thuler (2012) no Mato
Grosso do Sul analisando a concordacircncia diagnoacutestica entre Laboratoacuterio Tipo II e 15
Laboratoacuterios Tipo I entre 2002 e 2011 em que o valor miacutenimo do Kappa passou de 01
no primeiro ano para 08 em 2011 No uacuteltimo ano dos 8 laboratoacuterios avaliados 7
atingiram a concordacircncia perfeita ou excelente (coeficiente Kappagt080) e um
concordacircncia boa Aacutezara et al (2016) avaliaram os efeitos de um programa de
educaccedilatildeo continuada realizado por um Laboratoacuterio Tipo II no periacuteodo de 2007 a 2011
sobre os laboratoacuterios de citopatologia e verificaram que o coeficiente Kappa manteve-se
excelente em 3 laboratoacuterios (kappa gt 080 e lt10) e alterou de bom (kappa gt 060 e
lt080) a excelente em 7 Os resultados observados no presente estudo estatildeo de acordo
com os dados de Freitas Thuler (2012) e Aacutezara et al (2016) em que se observou
melhoria da concordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes MEQ
Enfatiza-se que nosso trabalho comparou o momento antes e depois da reuniatildeo
consenso durante um MEQ ou seja foi realizada uma avaliaccedilatildeo pontual diferentemente
dos estudos encontrados na literatura que fizeram uma anaacutelise ao longo do tempo apoacutes
vaacuterios MEQ mas mesmo assim na presente avaliaccedilatildeo foi observado aumento da
concordacircncia e do kappa Indicando que somente uma reuniatildeo de consenso foi
suficiente para mudanccedila de postura dos citopatologistas envonvidos no MEQ
O valor da discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes a
reuniatildeo de Consenso no presente estudo foi 2025 Em um estudo realizado em
Goiacircnia estado de Goiaacutes comparando a variabilidade dos diagnoacutesticos citoloacutegicos dos
Laboratoacuterios Tipo I avaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II 759 foram considerados
discordantes (AacuteZARA et al 2013) Etlinger et al (2012) no estado de Satildeo Paulo
observou que a discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e o Laboratoacuterio
Tipo II foi de 1348 Em Satildeo Paulo Pereira et al (2006) avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I de citologia da Rede Puacuteblica de Sauacutede do estado submetidos ao
MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e a discordacircncia foi de 142 Estes dados estatildeo
REZENDE MT Resultados
46
abaixo do valor de discordacircncia encontrado nesse estudo apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de
Consenso Observa-se que a maioria dos diagnoacutesticos que levaram a discordacircncia do
presente estudo foram esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de
baixo grau LSIL e ASC-US e que o Laboratoacuterio Tipo II reclassificou como negativo
portanto RFP Nesses casos a conduta cliacutenica que seria adotada no primeiro momento eacute
a repeticcedilatildeo da citologia em seis meses portanto natildeo causaria maiores transtornos a
mulher ou custos altos com os cuidados de sauacutede Outra parte dos diagnoacutesticos que
levaram a essa discordacircncia foram ajuste de criteacuterios os quais natildeo atrasam a conduta
cliacutenica da mulher e aleacutem disso durante a reuniatildeo de consenso permitem aos
citopatologistas ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final Ainda pode-se citar os resultados dos seguimentos dos casos com RFP
acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso em que foram encontrados 9 seguimentos e
todos com resultado citopatoloacutegico alterado Dessa forma dos resultados que o
Laboratoacuterio Tipo I voltou atraacutes na reuniatildeo de consenso nove deles mostraram
resultaram alterado ou seja natildeo necessariamente o Laboratoacuterio Tipo I precisaria ter
voltado atraacutes nesses disgnoacutesticos Isso ressalta a importacircncia da discussatildeo dos casos
discordantes durante a reuniatildeo de consenso para ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos
utilizados pelos citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II (PEREIRA et al
2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2013)
Entre os exames citopatoloacutegicos considerados discordantes natildeo foi identificado
nenhum RFN e apoacutes a reuniatildeo de Consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e II verificou-
se reduccedilatildeo dos RFP Sabe-se que os RFN satildeo mais preocupantes que os RFP visto que
mulheres natildeo diagnosticadas natildeo retornam para o acompanhamento e seguem em risco
da evoluccedilatildeo de lesotildees precursoras do CCU Por outro lado os RFP com diagnoacutestico
inicial de ASC-H ou pior diagnoacutestico em que a conduta preconizada eacute o
encaminhamento para colposcopia e bioacutepsia submetem as mulheres a procedimentos
desnecessaacuterios que podem modificar sua vida sexual e gerar danos psicoloacutegicos aleacutem
de gerar custos adicionais com os cuidados de sauacutede E os RFP com diagnoacutestico inicial
de ASC-US ou LSIL atrasam a repeticcedilatildeo da citologia (FRABLE 2007 GULLO et al
2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Inicialmente o Laboratoacuterio Tipo II classificou 144 (144) dos exames
citopatoloacutegicos como RFP e apoacutes a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero passou para
184 (59) Dos 59 RFP 14 (238) resultados foram classificados como ASC-US que
REZENDE MT Resultados
47
eacute diagnoacutestico limiacutetrofe que apresenta grande variabilidade interobservador Os RFP
acordados apoacutes o consenso foram distribuiacutedos em 53 (898) lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 6 (102) lesotildees intraepiteliais escamosas de alto grau
Dentre os resultados discordantes entre o Laboratoacuterio Tipo I e II houve 7 casos
considerados retardo de conduta (22) que apoacutes a reuniatildeo de consenso ficaram
definidos em 6 (19) nuacutemeros proacuteximos daqueles encontrados por Aacutezara et al (2013)
em que houve atraso no procedimento cliacutenico em relaccedilatildeo a 244 dos casos
Aacutezara et al (2016) verificaram que apoacutes a educaccedilatildeo continuada proporcionada
aos Laboratoacuterios Tipo I de 2007 a 2011 houve diminuiccedilatildeo dos casos de retardo de
conduta a taxa de RFN foi reduzida em oito laboratoacuterios e a taxa de RFP foi reduzida
em 5 deles Pereira et al (2006) no estado de Satildeo Paulo avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I do estado submetidos ao MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e
observaram um nuacutemero de RFP (166) maior do que os RFN (78) No primeiro ano
de MEQ os RFP foram 178 e nos anos seguintes esse nuacutemero foi reduzindo ateacute
chegar em 37 no ano de 2004 Os RFP foram distribuiacutedos em 933 de lesotildees de
baixo grau e 67 de lesotildees de alto grau no primeiro ano de estudo O valor de RFP e
a distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau apoacutes reuniatildeo de consenso do presente
estudo foram bem proacuteximos dos encontrados por Pereira et al (2006) no primeiro ano
de avaliaccedilatildeo Em estudo semelhante realizado no estado de Satildeo Paulo de 2000 a 2010
por Etlinger et al (2012) constatou-se o total de 206 de RFP um valor baixo
comparado com o encontrado nesse estudo assim como aqueles dos anos de 2001 a
2004 de Pereira et al (2006) Percebe-se que o tempo de avaliaccedilatildeo desses estudos
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2016) foi maior do que
o utilizado no presente trabalho em que foi realizada uma avaliaccedilatildeo antes e depois de
uma reuniatildeo de consenso indicando que a educaccedilatildeo continuada proporcionada pelo
MEQ nesses periacuteodos que os estudos ocorreram contribuiu para a uniformizaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos e melhoria da reprodutibilidade dos exames citopatoloacutegicos
Portanto ainda que no presente estudo tenha sido feita uma avaliaccedilatildeo pontual natildeo foram
encontrados RFN entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes consenso e houve reduccedilatildeo de
RFP e retardo de conduta Aleacutem disso a porcentagem de RFP observada estaacute
aproximada dos dados da literatura nos primeiros anos de estudo assim como
distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau
REZENDE MT Resultados
48
Com o intuito de aprofundar os criteacuterios utilizados na avaliaccedilatildeo buscou-se os
seguimentos das pacientes com diagnoacutestico citopatoloacutegico alterado Esses resultados
foram mais concordantes com os diagnoacutesticos do Laboratoacuterios Tipo II entretanto a
maior parte dos esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de baixo
grau ASC-US e LSIL no seguimento os resultados foram negativos ou seja essas
lesotildees regrediram entre o periacuteodo da primeira citologia ateacute a realizaccedilatildeo da nova
citologia E ainda quando analisamos as lesotildees verdadeiramente precursoras do CCU as
HSIL a concordacircncia do seguimento foi maior com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Estudo de Tobias et al (2016) analisando os laboratoacuterios citopatoloacutegicos do estado de
Minas Gerais que prestam serviccedilo para o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mostraram
que de uma forma geral estes laboratoacuterios detectam baixos iacutendices de lesotildees
precursoras do CCU Portanto se avaliarmos dessa forma o Laboratoacuterio Tipo I do
presente estudo vem cumprindo com o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo do CCU jaacute
que as lesotildees com verdadeiro potencial de progressatildeo para o cacircncer estatildeo sendo
detectadas confirmadas pela colposcopia e bioacutepsia permitindo assim que a paciente
seja tratada impedindo a evoluccedilatildeo para o cacircncer (BORTOLON et al 2012 BRASIL
2016b) Do total de 59 RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso foi possiacutevel obter 9
resultados citopatoloacutegicos no seguimento e todas tiveram resultado alterado Observa-
se que o resultado inicial do Laboratoacuterio Tipo I estava correto e que a discussatildeo dos
resultados discordantes como neste caso proporciona melhora tanto dos criteacuterios do
Tipo I quanto do Tipo II
Evidenciado por Bortolon et al (2012) grande parte dos laboratoacuterios brasileiros
apresentam indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos fora dos niacuteveis
preconizados isso pode levar a natildeo identificaccedilatildeo de casos positivos e consequentemente
a liberaccedilatildeo de RFN Plewka et al (2014) avaliando o desempenho de 13 laboratoacuterios
do Estado do Paranaacute prestadores de serviccedilo para o SUS mostraram que os indicadores
da maioria dos laboratoacuterios estavam abaixo do recomendado Tobias et al (2016)
apontou que a maioria dos laboratoacuterios que prestam serviccedilos ao SUS do estado de MG
apresentaram indicadores fora do intervalo recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Esses estudos demonstram a necessidade de implantaccedilatildeo de programas de garantia da
qualidade do exame citopatoloacutegico como o MIQ e MEQ aleacutem da avaliaccedilatildeo perioacutedica
de ambos (BRASIL 2013a BRASIL 2016b) O MIQ inclui a implantaccedilatildeo do sistema
REZENDE MT Resultados
49
de indicadores de qualidade que satildeo de faacutecil compreensatildeo execuccedilatildeo e anaacutelise Satildeo
instrumentos importantes para a garantia de qualidade em citopatologia cervical pois
satildeo reconhecidos como vaacutelidos para a avaliaccedilatildeo da qualidade do exame citopatoloacutegico
do colo do uacutetero (SIEGL et al 2014 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b) O MEQ
proporciona para os laboratoacuterios monitorados educaccedilatildeo continuada e discussatildeo dos
casos discordantes que contribui para melhoria da habilidade profissional dos
citopatologistas na medida que o treinamento e fornece maior acuraacutecia no diagnoacutestico
das lesotildees precursoras do CCU possibilitando maior certeza na emissatildeo do laudo
(AacuteZARA et al 2016)
O iacutendice de positividade (IP) expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares e a
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo alvo sendo
que nos paiacuteses em que houve diminuiccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade por
CCU nos Estados Unidos Noruega e Reino Unido o IP foi 68 (DAVEY et al
2004) 49 (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) e 64 (NHS 2011)
respectivamente Os resultados de IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais do
estudo realizado por Bortolon et al (2012) mostraram que 58 dos laboratoacuterios
apresentavam IP muito baixo 19 baixo e somente 23 dentro do esperado sendo
que esses foram responsaacuteveis por apenas 14 do total de exames realizados no estado
Ainda verificou que a meacutedia do IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais foi 22
em 2010 valor inferior ao recomendado Estudo mais recente realizado por Tobias et al
(2016) mostrou que a maioria dos laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam serviccedilo
para o SUS independentemente da escala de produccedilatildeo tem valores de IP bem abaixo da
faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Sendo assim o IP baixo pode indicar a presenccedila de RFN apontando que eacute
necessaacuterio a reavaliaccedilatildeo do MIQ do laboratoacuterio a fim de intervir nos meacutetodos utilizados
assim como na qualificaccedilatildeo profissional dos citopatologistas (PLEWKA et al 2014
BRASIL 2016b) Observou-se no estudo de Aacutezara et al (2014) que o IP foi inferior a
3 em aproximadamente 74 dos laboratoacuterios do Estado de Goiaacutes que natildeo
participaram do MEQ ressaltando a importacircncia da inclusatildeo dos laboratoacuterios
citopatoloacutegicos nesse programa
O IP verificado neste trabalho foi de 120 apoacutes a reuniatildeo de consenso que
apesar de ter melhorado apoacutes a discussatildeo dos casos discordantes ainda estaacute um pouco
acima do esperado que eacute de 3 a 10 (BRASIL 2016b) isso pode expressar uma alta
REZENDE MT Resultados
50
prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na populaccedilatildeo estudada Miranda et al
(2013) determinou a persistecircncia da infecccedilatildeo pelo HPV em 596 das mulheres do
municiacutepio de Ouro Preto MG e que os tipos virais de alto risco foram os mais
persistentes ainda comprovou ainda que a presenccedila de alteraccedilotildees citoloacutegicas que podem
evoluir para o CCU estaacute associada agrave infecccedilatildeo por HPV
As ceacutelulas escamosas atiacutepicas (ASC) sugerem duacutevida diagnoacutestica em que natildeo
haacute criteacuterios citomorfoloacutegicos suficientes para o diagnoacutestico de lesatildeo intraepitelial tendo
potencial para uso exagerado Um alto iacutendice da razatildeo ASCSat indica grande nuacutemero
de RFP implicando na oferta desnecessaacuteria de exames para a investigaccedilatildeo diagnoacutestica o
que representa um ocircnus para a mulher e para a rede de sauacutede (BRASIL 2016b)
Portanto eacute preciso assegurar o monitoramento de qualidade dos laboratoacuterios de
citopatologia do colo do uacutetero para que os iacutendices de positividade se enquadrem no
preconizado ao mesmo tempo sem que haja aumento de ASC (BORTOLON et al
2012) No estado de Minas Gerais em estudo realizado por Bortolon et al (2012) foi
averiguado que o indicador ASCSat dos laboratoacuterios do estado foi 11 em 2010 valor
inferior ao recomendado Enquanto que os outros estados da Regiatildeo Sudeste tambeacutem
estavam com o indicador fora dos paracircmetros sendo Espirito Santo com 12 Rio de
Janeiro com 19 e Satildeo Paulo com 27 e a meacutedia da Regiatildeo foi entatildeo de 21 o que
indica a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios utilizados na definiccedilatildeo de ASC No
presente estudo verificou-se que antes da reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat do
Laboratoacuterio Tipo I apresentava valor de 571 fora da faixa indicada como ideal de 4
a 5 de acordo com o Manual de Gestatildeo da Qualidade (BRASIL 2016b)
Posteriormente a reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat observado foi de 462
dentro da faixa recomendada
Os demais indicadores de qualidade permaneceram dentro do recomendado apoacutes
o consenso A relaccedilatildeo ASCSIL que deve ser inferior a trecircs teve valor de 06 apoacutes a
accedilatildeo O valor dessa razatildeo dentro do recomendado indica que os criteacuterios diagnoacutesticos de
SIL e ASC estatildeo precisos O valor estaacute de acordo com os outros laboratoacuterios dos
estados da Regiatildeo Sudeste de acordo com estudo realizado em 2010 por Bortolon et al
(2012) 12 para o Rio de Janeiro 20 para Satildeo Paulo 11 para Espiacuterito Santo e Minas
Gerais
O ASCAlt deve ser inferior a 60 sendo que o valor encontrado nesse estudo
apoacutes o consenso de 384 permaneceu dentro do proposto Esse indicador tem a
REZENDE MT Resultados
51
finalidade de monitorar os casos de ASC para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente
Ressalta-se que o percentual elevado de ASC indica que o laboratoacuterio apresenta
problemas na fase preacute-analiacutetica analiacutetica ou em ambas as fases (BRASIL 2016b
AacuteZARA et al 2014) No estudo de Aacutezara et al (2014) 29 dos laboratoacuterios que natildeo
eram monitorados tiveram o indicador ASCAlt fora dos paracircmetros Aleacutem disso
aqueles laboratoacuterios natildeo monitorados que apresentaram IP dentro da faixa
recomendada e ASCAlt fora do recomendado estavam relacionados a um alto
percentual de ASC e natildeo de lesotildees precursoras do CCU Assim recomenda-se que esses
dois indicadores devem ser analisados em conjunto pois um IP adequado pode conter
uma elevada percentagem de ASC (BRASIL 2016b BRASIL 2013a)
Dessa forma acredita-se que o valor de IP encontrado em 2014 esteja um pouco
fora do esperado devido agrave alta prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na
populaccedilatildeo do municiacutepio de Ouro Preto MG E quando analisa-se o indicador ASCAlt
observa-se que tanto antes da reuniatildeo de consenso valor de 365 quanto depois valor
de 384 ambos estatildeo dentro do recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede que eacute menor
de 60 (BRASIL 2016b) ou seja o Laboratoacuterios Tipo I vem usando adequadamente
os criteacuterios para classificaccedilatildeo das ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado a qual tem potencial para uso exagerado
O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente
precursoras do CCU e deve ser igual ou superior a 04 valor que foi baseado nos
obtidos em paiacuteses em que o rastreamento foi bem-sucedido na diminuiccedilatildeo das taxas de
incidecircncia e mortalidade por CCU como 05 nos Estados Unidos (EVERSOLE et al
2010) 11 no Reino Unido (NHS CANCER SCREENING PROGRAMMES 2011) e
114 na Noruega (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) Obteve-se tanto antes
quanto depois da reuniatildeo de consenso valor da razatildeo HSILSat maior de 04 dessa
maneira o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo secundaacuteria do CCU vem sendo alcanccedilado
jaacute que as HSIL lesotildees que podem evoluir para o cacircncer estatildeo sendo detectadas
(BRASIL 2016b) Portanto ressalta-se que as lesotildees intraepiteliais de alto grau satildeo o
foco dos programas de rastreio do CCU para diminuiccedilatildeo de sua incidecircncia e
mortalidade (BORTOLON et al 2012) Os laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam
serviccedilo para o SUS apresentaram em 2012 detecccedilatildeo baixa de lesotildees precursoras do
CCU destacando a necessidade de investir na garantia da qualidade do exame
citopatoloacutegico por meio do MIQ e MEQ (TOBIAS et al 2016)
REZENDE MT Resultados
52
Aacutezara et al (2014) avaliaram o impacto da educaccedilatildeo continuada fornecida por
Laboratoacuterio Tipo II sobre os indicadores de qualidade de 12 laboratoacuterios monitorados
do Estado de Goiaacutes verificou-se efeito direto sobre os indicadores IP e o HSILSat que
melhoraram apoacutes a intervenccedilatildeo A educaccedilatildeo continuada fornecida pelo MEQ ajudou na
padronizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos aprimorando as competecircncias dos
citopatologistas em detectar alteraccedilotildees celulares sugestivas de CCU Constatou-se ainda
que a maioria dos laboratoacuterios que apresentaram indicadores na faixa estabelecida
estavam participando do MEQ
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I calculados nesse estudo dois
anos apoacutes o MEQ do ano de 2015 mostram que todos estatildeo dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede inclusive o IP que passou de 120 para 99
indicando que a accedilatildeo foi positiva e duradoura com o passar do tempo
Os resultados deste estudo mostraram que os indicadores de qualidade do
Laboratoacuterio Tipo I melhoraram apoacutes reuniatildeo de consenso proporcionada pelo MEQ
dessa forma eacute crucial a participaccedilatildeo dos laboratoacuterios de citopatologia no programa para
identificaccedilatildeo dos erros diagnoacutesticos e padronizaccedilatildeo dos criteacuterios utilizados na
classificaccedilatildeo das alteraccedilotildees citoloacutegicas Isso possibilita a adequaccedilatildeo dos indicadores nos
paracircmetros ideais permitindo a detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente precursoras do
CCU o que refletiraacute na reduccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade deste cacircncer
REZENDE MT Conclusotildees
53
8- Conclusotildees
A concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e II foi boa apoacutes a reuniatildeo de
Consenso
Dentre os resultados discordantes natildeo foi identificado nenhum RFN Os RFP e os
casos de retardo de conduta foram reduzidos apoacutes a reuniatildeo de consenso
O IP e o ASCSat apoacutes o consenso atingiram a faixa estabelecida e os outros
indicadores da qualidade permaneceram dentro do recomendado tanto antes quanto apoacutes
a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de consenso
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I dois anos apoacutes o MEQ estatildeo
dentro da faixa recomendada
Os seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia
com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso tiveram
resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Referecircncias
54
9- Consideraccedilotildees finais
Com apenas uma participaccedilatildeo no MEQ observou-se a importacircncia da reuniatildeo de
consenso realizada entre os Laboratoacuterios Tipos I e Tipo II para a anaacutelise e discussatildeo
dos casos discordantes Eacute um momento crucial para o ajuste dos criteacuterios
citomorfoloacutegicos utilizados no diagnoacutestico de lesotildees preacute-neoplaacutesicas pelos
citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II proporcionando um aprimoramento
desses criteacuterios Dessa forma apenas com uma accedilatildeo pontual minimiza-se a divergecircncia
diagnoacutestica do exame citopatoloacutegico Portanto a reuniatildeo de consenso proporcionada
pelo MEQ deve ser vista como uma parceria e como um momento de aprendizado para
ambos os laboratoacuterios pois eacute uma praacutetica de aperfeiccediloamento diagnoacutestico essencial para
o rastreamento do CCU
A praacutetica contiacutenua do MEQ deve igualmente ser priorizada em um programa
organizado de rastreamento do CCU pois o regular monitoramento dos laboratoacuterios
garante a produccedilatildeo de exames citopatoloacutegicos de qualidade e que contribuem
significativamente na detecccedilatildeo de lesotildees precursoras desta neoplasia
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REZENDE MT Apecircndices
66
Apecircndices
Apecircndice A Planilha do preacute-escrutiacutenio raacutepido
PLANILHA DO PREacute-ESCRUTIacuteNIO RAacutePIDO (PER)
DATA DE CHEGADA
DATA
REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA
RESULTADO DO PER
N= Negativo I= Insatisfatoacuterio S= Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
67
Apecircndice B Planilha da revisatildeo raacutepida de 100
PLANILHA DA REVISAtildeO RAacutePIDA DE 100 DOS NEGATIVOS (RR100)
DATA DE CHEGADA
DATA REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA RESULTADO DA RR100
FLORA
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
68
Apecircndice C Planilha dos resultados positivos e insatisfatoacuterios
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS POSITIVOS E INSATISFATOacuteRIOS
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO
ER
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
69
Apecircndice D Planilha de revisatildeo dos resultados discordantes
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS DISCORDANTES
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO ER
RESULTADO RR100
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Anexos
70
Anexos
Anexo 1 Requisiccedilatildeo de exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero
REZENDE MT Anexos
71
AGRADECIMENTOS
Agrave Deus agradeccedilo pela forccedila coragem da caminhada mas principalmente pela
capacidade de pensarmos amarmos e lutarmos pela conquista de nossos ideais
Agrave Professora Claacuteudia Martins Carneiro sempre minha gratidatildeo Agradeccedilo pela
oportunidade que me deu por ter acreditado em mim e persistir apostando na minha
capacidade
A toda equipe do LAPAC principalmente agrave Renata Jennefer Karla e Cida pela ajuda
e aprendizado e em especial agrave Alessandra muito obrigada pela paciecircncia e auxiacutelio na
realizaccedilatildeo deste trabalho Sou grata a todos vocecircs
Ao Professor Wendel agradeccedilo pela grande colaboraccedilatildeo e paciecircncia na anaacutelise dos
dados
Aos meus pais Nivaldo e Maria Joseacute por estarem sempre ao meu lado pelo incentivo
em todos os momentos difiacuteceis Satildeo meus grandes exemplos
Aos meus irmatildeos Juliana e Lucas mesmo que distantes agradeccedilo pela valiosa
presenccedila na minha vida pela amizade e compreensatildeo
Aos meus amigos agradeccedilo em especial a Renatha pela presenccedila e apoio em todos os
momentos nessa conquista
REZENDE MT Resumo
Introduccedilatildeo A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico ou Papanicolaou eacute a
estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do cacircncer do colo do uacutetero poreacutem
resultados falso-negativos (RFN) e falso-positivos (RFP) podem ser observados O
monitoramento externo da qualidade (MEQ) tem sido implementado com o objetivo de
aperfeiccediloar o exame e compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio (Tipo
II) diferente daquele que realizou a primeira leitura (Tipo I) Objetivo Comparar os
resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do municiacutepio de Ouro Preto
MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade Meacutetodo O Laboratoacuterio Tipo
I enviou para o Laboratoacuterio Tipo II os exames com resultados positivos insatisfatoacuterios
e 10 dos negativos selecionados automaticamente pelo SISCOLO referente aos
meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 totalizando 321 esfregaccedilos
Para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final foi realizada uma Reuniatildeo de Consenso entre os dois
laboratoacuterios para discussatildeo dos casos discordantes A anaacutelise dos dados foi realizada
pelo pacote estatiacutestico Stata versatildeo 11 A avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os
diagnoacutesticos dos dois laboratoacuterios foi mensurada pelo coeficiente Kappa e a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) foi utilizada para comparar os valores de concordacircncia antes e
apoacutes consenso Resultado A concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou de 527 para 798 (VPR=+5142) apoacutes a realizaccedilatildeo do Consenso e o
Kappa de 029 para 066 (VPR=+12760) considerado como concordacircncia boa O
percentual de RFP foi reduzido para 184 (59) apoacutes consenso e natildeo foi constatado
nenhum RFN Entre os laboratoacuterios houve 7 casos de retardo de conduta (22) e apoacutes
a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero reduziu para 6 (19) O IP antes do consenso era
156 e passou para 120 mostrando reduccedilatildeo de aproximadamente 230 (VPR=-
2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor de 57 para 46 reduccedilatildeo por
volta de 190 (VPR=-1910) Os outros indicadores da qualidade apresentaram
valores que variaram dentro da faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia com os
resultados do Laboratoacuterio Tipo I Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso tiveram resultado citopatoloacutegico alterado Conclusatildeo Pode-se
concluir que a reuniatildeo de consenso realizada durante o monitoramento externo da
qualidade proporciona ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos e consequentemente auxilia
no aperfeiccediloamento do desempenho diagnoacutestico dos citopatologistas
REZENDE MT Abstract
Introduction Periodic evaluation of pap smear or pap smear is a strategy most
commonly used to screen for cervical cancer but also false-negative (RFN) and false-
positive (RFP) results External quality monitoring (MEQ) has been implemented for
the purpose of improving the examination and includes a review of the smears by a
laboratory (Type II) Objective To compare the results of cervical cytopathological
examinations of the city of Ouro Preto MG submitted to external quality monitoring
Method Type II laboratory for positive unsatisfactory and 10 negative tests
selected automatically by SISCOLO for the months of December2013 January 2014
and February 2014 totaling 321 smears To define the final diagnosis for the holding of
a consensus meeting between the two laboratories to discuss discordant cases The
concordance evaluation between the two laboratories diagnoses was measured by the
coefficient The concordance between the two laboratories diagnoses was measured by
the coefficient The concordance between the two laboratories diagnoses was measured
by the coefficient Results The agreement between the laboratories from 527 to
798 (PRD = + 5142) after the Consensus and the index from 029 to 066 (VPR = +
127 60) considered as good agreement The percentage of RFP was reduced to 184
(59) after the consensus and was not found in RFN The IP before the consensus was
156 and went to 120 showing a reduction of approximately 230 (PRD = -
2314) The ASCSat showed a decrease in value from 57 to 46 a decrease of
190 (VPR = -1910) The other indicators of quality presented values that varied
within the range recommended by the Ministry of Health Follow-up of the cases with
HSIL diagnosis showed greater agreement with the results of Type I Laboratory The
follow-up of nine RFPs agreed after a consensus meeting resulted altered
cytopathology Conclusion It can be concluded that a consensus meeting during the
external quality monitoring provided the adjustment of the cytomorphological criteria
and consequently helps to improve the diagnostic performance of cytopathologists
REZENDE MT Lista de Figuras
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I32
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia
cervical34
Figura 3 Seguimento das mulheres com resultado citopatoloacutegico alterado43
Figura 4 Seguimento das mulheres com resultados falso-positivos (RFP) acordados
apoacutes a reuniatildeo de consenso44
REZENDE MT Lista de Tabelas
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso38
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso39
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
apoacutes o Consenso40
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso41
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o
Consenso41
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso42
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade43
REZENDE MT Abreviaturas
AGC Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas
ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode excluir
lesatildeo de alto grau
CCU Cacircncer do colo do uacutetero
DST Doenccedila sexualmente transmissiacutevel
ER Escrutiacutenio de rotina
HPV Papiloma viacuterus humano
HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
INCA Instituto Nacional do Cacircncer
LAPAC Laboratoacuterio Piloto de Anaacutelises Cliacutenicas
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau
MIQ Monitoramento interno da qualidade
MEQ Monitoramento externo da qualidade
PER Preacute-escrutiacutenio raacutepido
RFN Resultado falso-negativo
RFP Resultado falso-positivo
RR100 Revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
VPR Variaccedilatildeo Percentual Relativa
REZENDE MT Sumaacuterio
1- Introduccedilatildeo 12
2- Revisatildeo da Literatura 14
21 Cacircncer do colo do uacutetero 14
22 Exame citopatoloacutegico 16
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais 18
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado 20
23 Controle de qualidade em citopatologia 21
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia 23
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero 24
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia 25
3- Justificativa 29
4- Objetivos 30
41 Objetivo Geral 30
42 Objetivos especiacuteficos 30
5- Metodologia 31
51 Local de estudo 31
511 Monitoramento interno da qualidade 31
52 Tipo de estudo 33
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica 33
54 Monitoramento externo da qualidade 33
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados 35
56 Anaacutelise dos dados 36
6- Resultados 38
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 38
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos 42
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado 43
7- Discussatildeo 45
9- Consideraccedilotildees finais 54
10- Referecircncias 55
Apecircndices 66
Anexos 70
REZENDE MT Introduccedilatildeo
12
1- Introduccedilatildeo
O CCU eacute considerado mundialmente um grave problema de sauacutede puacuteblica
sendo o quarto tipo de cacircncer mais frequente entre as mulheres e responsaacutevel pelo oacutebito
de 266 mil mulheres em 2012 (WHO 2012) No Brasil estima-se para o ano de
20162017 a ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585
casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a) A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero ou Papanicolaou eacute a estrateacutegia mais adotada para o
rastreamento desta neoplasia sendo efetivo para detectar lesotildees precursoras que podem
ser tratadas permitindo a reduccedilatildeo nas taxas de incidecircncia e mortalidade (MORIN et al
2000 TOMASI et al 2015)
Um dos grandes desafios a ser superado em relaccedilatildeo ao exame citopatoloacutegico eacute a
elevada taxa de resultados falso-negativos (RFN) que o meacutetodo apresenta que podem
chegar ateacute a 62 (ATTWOOD et al 1985 KOSS 1989 GIILL 2005 AMARAL et
al 2008) Assim muitas mulheres natildeo satildeo diagnosticadas e continuam em risco de
desenvolver lesotildees precursoras do cacircncer do colo do uacutetero uma vez que natildeo receberam o
devido acompanhamento Por outro lado os resultados falso-positivos (RFP) tambeacutem
causam transtornos na vida das mulheres que muitas vezes se submetem a
procedimentos desnecessaacuterios (MITCHELL MEDLEY 1995 KIRSCHNER et al
2011 GULLO et al 2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Com o objetivo de aperfeiccediloar o exame citopatoloacutegico algumas estrateacutegias
corretivas de melhoria da qualidade tecircm sido desenvolvidas como os programas de
monitoramento interno da qualidade (MIQ) e monitoramento externo da qualidade
(MEQ) que visam identificar corrigir e diminuir as falhas dentro do laboratoacuterio de
citopatologia Dessa forma eacute possiacutevel melhorar a sensibilidade do meacutetodo em detectar
alteraccedilotildees citopatoloacutegicas resultando na reduccedilatildeo dos percentuais de RFN e RFP
(TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) O Ministeacuterio da Sauacutede em 2013
regulamentou o MIQ e o MEQ instituindo a Qualificaccedilatildeo Nacional em Citopatologia na
Prevenccedilatildeo do CCU (BRASIL 2013a) que definiu padrotildees para avaliar a qualidade do
exame atraveacutes do acompanhamento dos laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam
serviccedilo para o SUS
O MEQ compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio diferente
daquele que realizou a primeira leitura e tem como principal objetivo avaliar o
REZENDE MT Introduccedilatildeo
13
desempenho dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do colo uterino e fornecer educaccedilatildeo
continuada aos citopatologistas com o intuito de aprimorar o diagnoacutestico citopatoloacutegico
(FREITAS THULER 2012 AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio e
contemplam entre outras o monitoramento do preparo das lacircminas o tempo de
escrutiacutenio a carga de trabalho do citologista a revisatildeo dos esfregaccedilos e a implantaccedilatildeo
de sistema de indicadores de qualidade Dentre os meacutetodos de MIQ mais eficientes na
detecccedilatildeo de RFN cita-se a revisatildeo raacutepida de 100 (RR100) dos esfregaccedilos negativos
e o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) de todos os esfregaccedilos (TAVARES et al 2011 2014
BRASIL 2016b) A implementaccedilatildeo dos indicadores de qualidade eacute fundamental pois
permite comparar a situaccedilatildeo atual com metas desejadas assim eacute possiacutevel acompanhar o
comportamento do indicador apoacutes a realizaccedilatildeo de alguma intervenccedilatildeo auxiliando na
tomada de decisatildeo (BORTOLON et al 2012 PLEWKA et al 2014 BRASIL 2016b)
Aleacutem do monitoramento da qualidade dos exames citopatoloacutegicos a eficiecircncia
do rastreamento do CCU depende do seguimento adequado das mulheres com
resultados alterados mantendo no programa aquelas que devem repetir o exame ou
serem encaminhadas adequadamente para a colposcopia e bioacutepsia (ZOLA et al 2007
ALBUQUERQUE et al 2012) O seguimento permite que seja feito a correlaccedilatildeo do
diagnoacutestico citoloacutegico com a histologia que eacute uma importante ferramenta usada como
medida da garantia da qualidade e do desempenho dos laboratoacuterios de citopatologia
(ANSCHAU GONCcedilALVES 2011 TURKMEN et al 2013)
Portanto eacute imprescindiacutevel a implantaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ na rotina
dos laboratoacuterios de citopatologia pois satildeo parte integrante da estrateacutegia de garantia e
melhoria contiacutenua da qualidade com a finalidade de reduzir as falhas do exame
citopatoloacutegico garantindo agraves mulheres a prestaccedilatildeo de um serviccedilo seguro
Um dos principais motivos da ocorrecircncia dos RFN e RFP satildeo problemas
relacionados agrave interpretaccedilatildeo diagnoacutestica (GAY NALDSON GOELLNER 1985
RENSHAW 2003 COLEMAN POZNANSKY 2006 BRANCA LONGATTO-
FILHO 2015) Sendo assim este trabalho teve como objetivo comparar os exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero submetidos ao MEQ com o intuito de minimizar
divergecircncias diagnoacutesticas a fim de reduzir os RFN e RFP que satildeo um dos maiores
problemas enfrentados pelos laboratoacuterios de citopatologia
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
14
2- Revisatildeo da Literatura
21 Cacircncer do colo do uacutetero
Estimativas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede apontaram o cacircncer do colo do
uacutetero (CCU) como o responsaacutevel pelo oacutebito de 266 mil mulheres em 2012 e
aproximadamente 87 ocorreram nas regiotildees menos desenvolvidas (WHO 2012) No
Brasil ocupa a terceira posiccedilatildeo entre os dez tipos de cacircncer mais incidentes estimados
para 2016 por sexo exceto pele natildeo melanoma Estima-se para o ano de 20162017 a
ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585 casos a cada
100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
A taxa de incidecircncia do CCU estimada para 20162017 por regiatildeo brasileira sem
considerar os tumores de pele natildeo melanoma eacute a mais alta na regiatildeo Norte
apresentando 2397 novos casos por 100 mil mulheres Eacute o segundo mais incidente nas
regiotildees Centro-Oeste e Nordeste com 2072 e 1949 novos casos a cada 100 mil
mulheres respectivamente E na regiatildeo Sudeste estaacute na terceira posiccedilatildeo com 1130
novos casos a cada 100 mil mulheres e na regiatildeo Sul na quarta com 1517 novos casos
a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
Define-se o CCU como a replicaccedilatildeo desordenada do epiteacutelio de revestimento
deste oacutergatildeo resultando em comprometimento do estroma e invasatildeo de estruturas e
oacutergatildeos contiacuteguos ou agrave distacircncia Na fase preacute-cliacutenica desta neoplasia natildeo se observam
sintomas de maneira que a detecccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees precursoras eacute realizada pelo
exame citoloacutegico por outro lado agrave medida que a doenccedila progride surgem sangramento
menorragias e metrorragias (HAMONT et al 2008 LIMBERGER et al 2012)
O CCU eacute uma doenccedila que possui evoluccedilatildeo lenta onde a progressatildeo de uma
lesatildeo inicial para a forma invasiva pode levar anos sendo entatildeo possiacutevel identificar suas
formas precursoras que satildeo trataacuteveis e curaacuteveis (MEDEIROS et al 2005 COLEMAN
POZNANSKY 2006 RAMA et al 2008) Assim trata-se de uma doenccedila evitaacutevel
podendo apresentar 100 de cura principalmente atraveacutes do diagnoacutestico precoce
realizado pelo exame citopatoloacutegico e tratamento adequado de lesotildees preacute-malignas
(ZEFERINO et al 1996 ELUF-NETO NASCIMENTO 2001 SANTOS et al 2013)
A infecccedilatildeo pelo papiloma viacuterus humano (HPV) eacute uma das doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis mais comuns em todo mundo em ambos os sexos sendo que a maioria
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
15
das pessoas adquirem o viacuterus no iniacutecio da atividade sexual A infecccedilatildeo tem iniacutecio nas
ceacutelulas basais da zona de transformaccedilatildeo do colo do uacutetero e a maioria eacute controlada pela
resposta imune celular ocorrendo sua eliminaccedilatildeo espontacircnea em torno de dois anos
sem causar lesotildees e sintomas (ALMONTE et al 2010 GRAVITT et al 2011)
O HPV eacute considerado o principal fator de risco associado ao desenvolvimento
do CCU e a infecccedilatildeo persistente no trato reprodutivo de mulheres pode levar ao
surgimento de lesotildees preacute-neoplaacutesicas (DE SANJOSE et al 2007 2010
GUDLEVICIENE et al 2010) Satildeo descritos hoje aproximadamente 130 genoacutetipos do
HPV sendo que desses 40 podem infectar a mucosa genital Os tipos de HPV satildeo
classificados em viacuterus de alto ou baixo risco oncogecircnico conforme a propensatildeo das
ceacutelulas infectadas agrave transformaccedilatildeo neoplaacutesica (WEISS ROSENTHAL ZIMET 2011
FERRAZ SANTOS DISCACCIATI 2012) Aproximadamente 15 tipos de HPV tecircm
potencial oncogecircnico e satildeo responsaacuteveis por praticamente todos os cacircnceres cervicais e
lesotildees precursoras desses os mais prevalentes satildeo os HPV 16 e 18 sendo associados
com aproximadamente 70 de todos os cacircnceres do colo do uacutetero (MAZARICO
GONZALEZ-BOSQUETE 2012 HOSTE VOSSAERT POPPE 2013)
Sabe-se que somente a infecccedilatildeo pelo HPV natildeo eacute suficiente para o
desenvolvimento do carcinoma pois haacute um periacuteodo de latecircncia entre a infecccedilatildeo e o
desenvolvimento das lesotildees preacute-neoplaacutesicas indicando que existem outros elementos
atuando como co-fatores na carcinogecircnese do colo do uacutetero dentre os quais cita-se o
iniacutecio precoce da vida sexual muacuteltiplos parceiros sexuais multiparidade histoacuteria de
doenccedila sexualmente transmitida imunossupressatildeo uso prolongado de anticoncepcional
oral e tabagismo (NATUNEN et al 2011 ZARDO et al 2014)
Desde a infecccedilatildeo pelo HPV ateacute o desenvolvimento do CCU transcorrem
aproximadamente quinze anos Considera-se esta progressatildeo lenta sendo possiacutevel nesse
tempo a identificaccedilatildeo precoce de lesotildees celulares associadas com a persistecircncia deste
viacuterus no trato genital por meio da citologia cervical Assim haacute tempo para que as
lesotildees possam ser tratadas adequadamente impedindo a progressatildeo para o cacircncer
(SNIJDERS et al 2006 DISCACCIATI et al 2011 FERRAZ SANTOS
DISCACCIATI 2012)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
16
22 Exame citopatoloacutegico
A estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do CCU desde sua introduccedilatildeo
em 1941 por George Papanicolaou eacute o exame citopatoloacutegico sendo responsaacutevel pela
reduccedilatildeo da incidecircncia e mortalidade desse cacircncer nas uacuteltimas cinco deacutecadas em paiacuteses
em que foi implantado de maneira eficiente (PAPANICOLAOU TRAUT 1977
ARBYN et al 2009 DIJKSTRA et al 2014) O rastreio utilizando a citologia
esfoliativa eacute considerado uma intervenccedilatildeo de sauacutede puacuteblica extremamente bem-
sucedida de forma que praticado de acordo com as diretrizes alcanccedila reduccedilotildees na
incidecircncia do CCU de ateacute 80 (FRANCO DUARTE-FRANCO FERENCZY 2001
OGILVIE et al 2010) Aleacutem disso mais de 60 de todos os casos de CCU satildeo
observados entre as mulheres que natildeo participam do rastreamento (STENVALL
WIKSTROM WILANDER 2007)
O exame citopatoloacutegico baseia-se no fato de que alteraccedilotildees nas ceacutelulas epiteliais
do colo uterino podem progredir ao longo do tempo permitindo o surgimento do
cacircncer Sendo assim o Papanicolaou eacute estrateacutegico para detecccedilatildeo dessas alteraccedilotildees nas
fases iniciais das lesotildees precursoras (CARVALHO QUEIROZ 2010) Eacute um exame
faacutecil raacutepido praacutetico seguro de baixo custo e eficaz na detecccedilatildeo de lesotildees cervicais e
por isso deve ser incentivado como meacutetodo de triagem (GREENWOOD MACHADO
SAMPAIO 2006 OLIVEIRA et al 2010 COBUCCI et al 2016)
Os procedimentos mais usados para a confecccedilatildeo dos esfregaccedilos para o exame
citopatoloacutegico satildeo a coleta convencional ou em meio liacutequido (ARBYN et al 2008
NANDINI et al 2012) A teacutecnica de citologia em meio liacutequido permite que as ceacutelulas
sejam suspensas em meio liacutequido e espalhadas em monocamada possibilitando assim
uma melhor avaliaccedilatildeo morfoloacutegica e tem sido introduzida nos paiacuteses desenvolvidos para
melhorar a sensibilidade do exame citopatoloacutegico (PAWAR et al 2014) Apesar deste
meacutetodo apresentar menos tempo de triagem fundo limpo e melhor distribuiccedilatildeo dos
elementos celulares os benefiacutecios natildeo justificam o alto custo assim a coleta
convencional deve ser a primeira escolha para os paiacuteses em desenvolvimento pois
quando realizado de maneira organizada e de acordo com os padrotildees de qualidade natildeo eacute
inferior a citologia em meio liacutequido (ILTER et al 2012 SHARMA et al 2016)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a coleta convencional Neste tipo de coleta o
espeacuteculo eacute introduzido no canal vaginal para expor o colo do uacutetero e satildeo utilizados a
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
17
espaacutetula de Ayre para a coleta de ceacutelulas da ectoceacutervice e a escova endocervical para
coleta de ceacutelulas da endoceacutervice (ARBYN et al 2008 VERMA JAIN KAUR 2014)
As ceacutelulas satildeo colocadas em uma lacircmina transparente de vidro com extremidade fosca
onde consta identificaccedilatildeo da paciente satildeo coradas e examinadas ao microscoacutepio pelos
profissionais habilitados que poderatildeo identificar ceacutelulas que apresentam alteraccedilotildees
indicativas de lesotildees preacute-malignas (ARBYN et al 2008 FERNANDES et al 2009
BRASIL 2011)
No Brasil a populaccedilatildeo alvo recomendada para a realizaccedilatildeo deste exame satildeo
mulheres na faixa etaacuteria de 25 ateacute os 64 anos de idade e agravequelas que jaacute iniciaram a vida
sexual Recomenda-se a realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico como ferramenta
de rastreamento sendo que deve ser repetido a cada trecircs anos apoacutes dois exames anuais
consecutivos normais A repeticcedilatildeo em um ano tem por objetivo diminuir a possibilidade
de RFN (RIBEIRO SANTOS TEIXEIRA 2011 BRASIL 2016c) Este
acompanhamento regular tem como base os programas de rastreamento organizados na
maioria dos paiacuteses desenvolvidos (FERLAY et al 2012)
Em estudo envolvendo oito paiacuteses realizado pela International Agency for
Research on Cancer (IARC) em 1986 servindo de suporte para normas ainda hoje
vigente mundialmente estimou-se que ao iniciar o rastreamento aos 25 anos de idade e
natildeo aos 20 anos perde-se apenas 1 de reduccedilatildeo da incidecircncia cumulativa do CCU
(IARC 1986 BRASIL 2011) Mulheres de ateacute 20 anos de idade natildeo estatildeo incluiacutedas na
faixa etaacuteria alvo do rastreamento pois possuem maior probabilidade de regressatildeo das
lesotildees preacute-invasivas o carcinoma invasor nesta parcela da populaccedilatildeo em geral eacute
extremamente raro e a maioria das infecccedilotildees pelo HPV se resolve espontaneamente em
cerca de dois anos sendo portanto de reduzida significacircncia cliacutenica (MOSCICKI
2008 MOSCICKI COX 2010) Os exames devem seguir ateacute os 64 anos e apoacutes essa
idade serem interrompidos quando resultarem em dois exames negativos consecutivos
nos uacuteltimos cinco anos (SASIENI CASTANtildeON CUZICK 2010 BRASIL 2011)
O rastreamento no Brasil eacute predominantemente oportuniacutestico ou seja as
mulheres tecircm realizado o exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero quando procuram os
serviccedilos de sauacutede geralmente devido a consulta meacutedica gravidez e diante de queixas
como prurido e leucorreacuteia Assim 20 a 25 dos exames tecircm sido realizados fora do
grupo etaacuterio recomendado e aproximadamente metade deles com intervalo de um ano
ou menos quando o recomendado satildeo trecircs anos Portanto haacute um contingente de
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
18
mulheres rastreadas e a exclusatildeo de outras (ZEFERINO 2008 NAVARRO et al 2015
BRASIL 2016c)
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais
George N Papanicolaou em 1941 criou a primeira terminologia de
classificaccedilatildeo citoloacutegica das lesotildees precursoras do CCU que procurava expressar se as
ceacutelulas observadas eram normais ou natildeo e desde entatildeo vaacuterios sistemas de classificaccedilatildeo
foram sugeridos (TRAUT PAPANICOLAOU 1943 AGUIAR et al 2011)
Nos Estados Unidos em 1988 foi realizada na cidade de Bethesda um workshop
que enfatizou a grande diversidade na comunicaccedilatildeo dos resultados em citologia
cervical e teve como objetivo determinar uma terminologia que daria limites evidentes
para a gestatildeo e dessa maneira reduziria a variabilidade interobservador Entatildeo nesse
ano foi aprovada a classificaccedilatildeo citoloacutegica conhecida como Terminologia do Sistema
Bethesda que introduziu os termos lesotildees intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e
alto grau (HSIL) (NAYAR WILBUR 2015a)
Apoacutes experiecircncia na praacutetica cliacutenica e novos avanccedilos no conhecimento
cientiacutefico esse sistema passou por revisatildeo em 1991 e 2001 que propocircs uniformizar as
terminologias assim como as condutas cliacutenicas para cada classificaccedilatildeo citoloacutegica
(AGUIAR et al 2011) O workshop de 1991 levou agrave produccedilatildeo do primeiro atlas
Bethesda em 1994 depois de sua publicaccedilatildeo tornou-se rapidamente uma referecircncia
mundial para a praacutetica da citologia cervical (SOLOMON et al 2002 NAYAR
WILBUR 2015a) Em 2001 aconteceu mudanccedilas marcantes em relaccedilatildeo agrave categoria de
Ceacutelulas Escamosas Atiacutepicas (ASC) A categoria ASC foi subdividida em ceacutelulas
escamosas atiacutepicas de significado indeterminado (ASC-US) e ceacutelulas escamosas
atiacutepicas quando natildeo se pode excluir lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
(WRIGHT et al 2002 MASSAD et al 2013) Nos Estados Unidos em 2013 855
dos laboratoacuterios de citologia haviam implementado a terminologia de 2001 e o
sistema de Bethesda produziu um impacto significativo na comunidade
internacional de citopatologia (DAVEY et al 2004)
Nos uacuteltimos anos vecircm acontecendo vaacuterias mudanccedilas nos processos de rastreio
do CCU como aumento do uso de citologia em meio liacutequido aprovaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de vacinas profilaacuteticas contra o HPV mudanccedilas na terminologia de
histopatologia e diretrizes atualizadas para o rastreio do CCU e gestatildeo cliacutenica Com
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
19
base em todas essas mudanccedilas o ano de 2014 era o momento adequado para uma
revisatildeo e atualizaccedilatildeo da terminologia Sistema de Bethesda 2001 Houve entatildeo o
refinamento de criteacuterios morfoloacutegicos e incorporaccedilatildeo de revisotildees e novas
informaccedilotildees adicionais na terceira ediccedilatildeo do atlas Bethesda para citologia cervical
(NAYAR WILBUR 2015b)
Em 2003 foi publicada a primeira ediccedilatildeo da Nomenclatura Brasileira para
Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais e Condutas Cliacutenicas Preconizadas baseada no
sistema de Bethesda contendo tambeacutem o MEQ com o objetivo de padronizar o laudo
citopatoloacutegico com as respectivas condutas cliacutenicas e manter o controle de qualidade
desses laudos emitidos pelos laboratoacuterios prestadores de serviccedilo ao Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SUS) No ano de 2006 houve a publicaccedilatildeo da segunda ediccedilatildeo dessa
nomenclatura e foi suprimido o capiacutetulo referente ao MEQ porque esse tema merecia
uma profunda revisatildeo No ano de 2010 optou-se por lanccedilar como publicaccedilotildees
independentes os trecircs capiacutetulos de Condutas Cliacutenicas Preconizadas MEQ e da
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais (BRASIL 2012)
Em 2012 foi publicada a terceira ediccedilatildeo revisada e atualizada da Nomenclatura
Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais que eacute a nomenclatura utilizada
atualmente no Brasil contemplando a seguinte classificaccedilatildeo
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (ASC-US)
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir
lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (AGC-SOE)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode afastar
lesatildeo intraepitelial de alto grau (AGC-NEO)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL)
bull Adenocarcinoma in situ (AIS)
bull Adenocarcinoma invasor (cervical endometrial e sem outras especificaccedilotildees)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau natildeo podendo excluir microinvasatildeo
bull Carcinoma epidermoacuteide invasor
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
20
A adoccedilatildeo do Sistema de Bethesda ainda que adaptado ao Brasil facilita a
comparaccedilatildeo de resultados nacionais com os encontrados em publicaccedilotildees estrangeiras
Poreacutem ainda haacute resistecircncia por parte dos citopatologistas no emprego da nomenclatura
brasileira para exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero Ressalta-se que aleacutem do
diagnoacutestico preciso tambeacutem eacute importante que o relatoacuterio de apresentaccedilatildeo dos resultados
seja de faacutecil compreensatildeo para que a paciente receba seguimento e conduta adequada
dessa forma maiores esforccedilos devem ser empregados no sentido de estimular o uso
dessa nomenclatura (AGUIAR et al 2011)
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado
Em 2011 houve atualizaccedilatildeo das Condutas Cliacutenicas Preconizadas de 2006 e entatildeo
foram lanccediladas as ldquoDiretrizes para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo que
buscaram orientar as condutas preconizadas em mulheres com alteraccedilotildees no exame
citopatoloacutegico cervical (BRASIL 2011)
De acordo com essas diretrizes diante de um resultado de exame citopatoloacutegico
de ASC-US a mulher com 30 anos ou mais deveraacute repetir o exame citopatoloacutegico em
um intervalo de 6 meses e com idade inferior a 30 anos no intervalo de 12 meses Para
os exames com resultados classificados como ASC-H as mulheres devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e se observado alteraccedilotildees
colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia jaacute aquelas sem alteraccedilotildees devem repetir nova
citologia em 6 meses Pacientes com diagnoacutestico citoloacutegico de AGC devem ser
encaminhadas para colposcopia realiza-se a bioacutepsia apenas quando satildeo observadas
alteraccedilotildees no colo caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia em 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de LSIL devem repetir o exame citopatoloacutegico em 6
meses se a citologia de repeticcedilatildeo for negativa em dois exames consecutivos a paciente
deve retornar agrave rotina de rastreamento citoloacutegico trienal Pacientes que apresentarem
diagnoacutestico de HSIL deveratildeo ser encaminhadas em ateacute trecircs meses agrave Unidade de
Referecircncia Secundaacuteria para realizaccedilatildeo da bioacutepsia se observada alteraccedilotildees no colo na
colposcopia (BRASIL 2011)
No ano de 2016 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a segunda ediccedilatildeo das ldquoDiretrizes
para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo atualizando as diretrizes publicadas em
2011 visando auxiliar os profissionais da sauacutede em suas praacuteticas assistenciais em todo o
paiacutes quanto ao seguimento de exames citopatoloacutegicos alterados e apoiar os gestores na
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
21
tomada de decisatildeo em relaccedilatildeo agrave estruturaccedilatildeo da linha de cuidados da mulher (BRASIL
2016c)
De acordo com as diretrizes mais recentes as mulheres com diagnoacutestico de ASC-
US abaixo de 25 anos de idade devem repetir o exame apoacutes 3 anos aquelas entre 25 e
29 anos devem repetir em 12 meses enquanto as mulheres acima de 30 anos devem
repetir a citologia apoacutes 6 meses Mulheres com diagnoacutestico de ASC-H devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e somente aquelas que
apresentam alteraccedilotildees colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia sendo que as demais
devem repetir a citologia apoacutes 6 meses Em mulheres com diagnoacutestico de ceacutelulas
glandulares atiacutepicas (AGC) ou ceacutelulas atiacutepicas de origem indefinida a paciente deve ser
imediatamente encaminhada para colposcopia onde faz-se a bioacutepsia apenas quando satildeo
observadas alteraccedilotildees caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia Na
presenccedila do diagnoacutestico LSIL em mulheres abaixo de 25 anos de idade sugere-se repetir
o exame citopatoloacutegico apoacutes 3 anos com indicaccedilatildeo de colposcopia caso a atipia se
mantenha E mulheres acima de 25 anos de idade devem repetir a citologia apoacutes 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de HSIL devem ser encaminhadas para realizaccedilatildeo de
colposcopia ateacute trecircs meses apoacutes o resultado e caso apresentem alteraccedilotildees visuais no
colo do uacutetero deveratildeo ser submetidas a bioacutepsia caso contraacuterio recomenda-se nova
citologia apoacutes trecircs meses a contar da data da coleta da citologia anterior (BRASIL
2016c)
Um dos maiores problemas enfrentado pelo programa de rastreamento e controle
do CCU eacute a falta de seguimento dado as mulheres depois que realizam o exame
citopatoloacutegico bem como a orientaccedilatildeo errocircnea por parte dos profissionais de sauacutede
Portanto para que o programa tenha sucesso eacute necessaacuterio garantir que seja organizado e
definido como um conjunto de accedilotildees programadas com populaccedilatildeo e periodicidade
especiacuteficas porque com o seguimento pode-se oferecer um tratamento adequado
interrompendo o desenvolvimento desse cacircncer (VALE et al 2010 ALBUQUERQUE
et al 2012 SANTOS et al 2013)
23 Controle de qualidade em citopatologia
O exame citopatoloacutegico necessita apresentar uma boa acuraacutecia diagnoacutestica
(MILLER et al 2000 KOSE NAKI 2014 ABUDUKADEER et al 2015) No
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
22
entanto questiona-se sua eficiecircncia pois certo nuacutemero de mulheres desenvolve esse
cacircncer apesar de realizarem o exame periodicamente em parte essa situaccedilatildeo pode ser
explicada pelas altas taxas de RFN (MITCHELL MEDLEY 1995 TAVARES et al
2008 KIRSCHNER et al 2011) Aleacutem disso os RFP tambeacutem satildeo alarmantes pois
geram danos agrave vida de mulheres na medida que se sujeitam a procedimentos
dispensaacuteveis (KOSS 1989 FRABLE 2007 GULLO et al 2012)
As principais causas dos RFN ocorrem devido a erros de coleta de escrutiacutenio e
de interpretaccedilatildeo do diagnoacutestico (BOSCH RIETVELD-SCHEFFERS BOON 1992
MITCHELL MEDLEY 1995 ORTIZ-VAacuteZQUEZ et al 2001 FRABLE et al 2007
MANRIQUE et al 2009) Erros na coleta do material citoloacutegico podem ser
responsaacuteveis por ateacute 62 dos RFN e ocorrem devido agrave falta de representatividade
celular ou escassez de ceacutelulas neoplaacutesicas e tambeacutem pela presenccedila de processo
inflamatoacuterio sangue e fundo necroacutetico nos esfregaccedilos que podem prejudicar a anaacutelise
(VAN DER et al 1987 EJERSBO DAHL HOLUND 2003 AMARAL et al 2006
AMARAL et al 2008 LONNBERG et al 2010) O erro de escrutiacutenio varia de 10 a
67 e ocorre quando as ceacutelulas atiacutepicas estatildeo presentes no esfregaccedilo mas natildeo satildeo
identificadas pelo escrutinador devido agrave falta de atenccedilatildeo e concentraccedilatildeo tempo
insuficiente e falta de experiecircncia (DEMAY 1997 PITTOLI et al 2003 PAJTLER et
al 2006 AMARAL et al 2008) O erro de interpretaccedilatildeo pode ser responsaacutevel por ateacute
22 dos RFN e ocorre quando as ceacutelulas neoplaacutesicas satildeo reconhecidas mas satildeo
identificadas como benignas ou ainda satildeo classificadas erroneamente isso eacute atribuiacutedo
principalmente agrave experiecircncia insuficiente do profissional e informaccedilotildees cliacutenicas
inadequadas (GAY NALDSON GOELLNER 1985 RENSHAW 2003 COLEMAN
POZNANSKY 2006 AMARAL et al 2008)
Dessa forma tem sido exigido a implementaccedilatildeo de programas de monitoramento
da qualidade em citopatologia com o objetivo de melhorar o desempenho do exame
citopatoloacutegico em detectar anormalidades escamosas e glandulares e
consequentemente diminuir os percentuais de RFN e RFP que satildeo resultados
preocupantes tanto para a mulher quanto para os custos dos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(PAJTLER et al 2006 TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) A fim de
minimizar as falhas deste exame vaacuterias estrateacutegias corretivas de garantia da qualidade
tecircm sido desenvolvidas como a implementaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ nos
laboratoacuterios de citopatologia (PEREIRA et al 2006 AacuteZARA et al 2014a)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
23
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio de
citopatologia contemplam na fase preacute-analiacutetica atividades realizadas antes do
escrutiacutenio e incluem o registro do material recebido a preparaccedilatildeo a coloraccedilatildeo e a
montagem das lacircminas a manutenccedilatildeo dos equipamentos e microscoacutepios aleacutem dos
registros da qualificaccedilatildeo e treinamento dos profissionais (BRASIL 2016b) Na fase
analiacutetica o objetivo eacute a reduccedilatildeo de erros de escrutiacutenio ou de erros de interpretaccedilatildeo do
resultado com o intuito de diminuir os iacutendices de RFN e RFP algumas das medidas
contemplam o tempo de escrutiacutenio carga de trabalho do citologista e revisatildeo dos
esfregaccedilos (TAVARES et al 2007) O monitoramento contiacutenuo da qualidade dos
resultados dos exames citopatoloacutegicos imprescindiacutevel para o laboratoacuterio faz parte da
fase poacutes-analiacutetica em que eacute avaliada o desempenho global e individual dos profissionais
(AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
Por muitos anos vaacuterias discussotildees ocorreram na tentativa de apontar o melhor
meacutetodo de MIQ para a citologia cervical (DUDDING RENSHAW ELLIS 2011)
Considerado como consenso entre os especialistas na aacuterea a repeticcedilatildeo da leitura de
todos os esfregaccedilos classificados como negativos no escrutiacutenio de rotina eacute o meacutetodo
mais preciso para evitar erros no rastreio poreacutem este meacutetodo eacute dispendioso exigindo
muito tempo para a leitura em duplicata (TAVARES et al 2011)
Dentre os meacutetodos de MIQ cita-se a revisatildeo aleatoacuteria de 10 dos esfregaccedilos
negativos pelo escrutiacutenio de rotina (R-10) a revisatildeo baseada em criteacuterios cliacutenicos de
risco (RCCR) a revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos (RR100) e o preacute-
escrutiacutenio raacutepido (PER) Os meacutetodos de PER e RR100 satildeo considerados os mais
eficazes na detecccedilatildeo de RFN (MANRIQUE et al 2007 2011 TAVARES et al 2011
BRASIL 2016b) O meacutetodo de revisatildeo de 10 dos esfregaccedilos negativos eacute criticado
pois detecta poucos casos RFN assim como a RCCR que tambeacutem tem produzido
resultados ruins em vaacuterios estudos (AMARAL et al 2005 TAVARES et al 2008
TAVARES et al 2011 CURRENS et al 2012)
A RR100 consiste em revisar rapidamente todos os esfregaccedilos classificados
como negativos e insatisfatoacuterios do escrutiacutenio de rotina poreacutem como o revisor possui
conhecimento do resultado pode tornar o meacutetodo tendencioso reduzindo sua
concentraccedilatildeo e aumentando a possibilidade de deixar passar erros (PAJTLER et al
2006 MANRIQUE et al 2007) O PER consiste no escrutiacutenio raacutepido de todos os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
24
esfregaccedilos sem influecircncia de marcaccedilotildees sobre a lacircmina durante um tempo limitado
antes do escrutiacutenio de rotina e eacute um meacutetodo que tende a prender a atenccedilatildeo do
citologista jaacute que eacute realizado anterior a leitura de rotina aleacutem de permitir que a
sensibilidade de ambos PER e ER seja estimada (DJEMLI KHETANI AUGER
2006 TAVARES et al 2008)
Portanto eacute de extrema importacircncia a implementaccedilatildeo de accedilotildees de garantia da
qualidade na rotina dos laboratoacuterios de citopatologia pois permitem aprimorar o exame
citopatoloacutegico assegurando resultados confiaacuteveis (FERRAZ et al 2005 SIEGL et al
2014)
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
O sistema de monitoramento da qualidade tambeacutem deve comtemplar o
desenvolvimento e implantaccedilatildeo de sistema de indicadores de qualidade pois permitem
avaliar o desempenho global do laboratoacuterio realizar anaacutelise estatiacutestica individual dos
profissionais bem como utilizar os dados obtidos para a realizaccedilatildeo de intervenccedilotildees para
aperfeiccediloamento das etapas laboratoriais (SIEGL et al 2014 AacuteZARA et al 2014b)
Os indicadores de qualidade em citopatologia cervical possuem caracteriacutesticas
que satildeo muito importantes para que possam ser uacuteteis como ferramentas de apoio para o
monitoramento e a avaliaccedilatildeo do desempenho do laboratoacuterio Entre elas destacam-se a
facilidade de compreensatildeo uso de dados de coleta disponiacutevel e faacutecil execuccedilatildeo
mensuram os resultados encontrados permitindo comparaccedilatildeo com valores de referecircncia
preacute-estabelecidos refletem exatamente o que se deseja quantificar viabilizando assim
uma anaacutelise comparativa dos resultados para uma melhoria contiacutenua dos processos
internos do laboratoacuterio (BRASIL 2016b)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda que a coleta dos dados deve ser realizada
pelos profissionais envolvidos nas diversas etapas do processo de trabalho pois a
responsabilizaccedilatildeo dos profissionais pela obtenccedilatildeo dos dados tende a gerar compromisso
deles com os resultados almejados assim os dados tendem a ser de melhor qualidade
(BRASIL 2016b) Portanto a construccedilatildeo de tais indicadores para auxiliar o programa
de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo uacutetero deve ser feita internamente no
laboratoacuterio e satildeo mundialmente conhecidos pelos profissionais dessa aacuterea (BRASIL
2016b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
25
Os indicadores de qualidade incluem o iacutendice de positividade (IP) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ASCSat) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt) razatildeo de ceacutelulas
escamosas atiacutepicas por lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) percentual de exames
compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSILSat) (BORTOLON et
al 2012 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b)
O IP expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares nos exames aleacutem da
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo examinada
e recomenda-se que esteja entre 3 e 10 O ASCSat deve ficar entre 4 e 5 e quando
elevado sugere problemas na amostra na anaacutelise laboratorial ou em ambas as fases e
representa um ocircnus para a mulher e para a rede assistencial pois acarreta a oferta de um
maior nuacutemero de exames destinados agrave repeticcedilatildeo para investigaccedilatildeo diagnoacutestica O
ASCAlt deve ser inferior a 60 e tem o objetivo de monitorar ao percentual de atipias
de significado indeterminado para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo continuada dos
citopatologistas A razatildeo ASCSIL permite identificar o baixo desempenho profissional
no rastreamento e valores muito altos devem ter a causa investigada pois podem mostrar
a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios citoloacutegicos utilizados sendo que este indicador
deve ser menor que 3 O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees
precursoras do CCU e recomenda-se que seja igual ou maior que 04 (PLEWKA et
al 2014 BRASIL 2016b)
Os documentos gerados na elaboraccedilatildeo e o registro perioacutedico dos indicadores de
qualidade devem ser armazenados para permitir o acompanhamento dos processos
analisados e devem fazer parte do conjunto de documentos que compotildeem o Sistema de
Monitoramento da Qualidade do laboratoacuterio Eacute importante que esse material seja
armazenado em local de faacutecil acesso com o objetivo de facilitar as consultas sempre
que for necessaacuterio Recomenda-se que sejam feitos mensalmente e impressos com
assinatura do profissional responsaacutevel (BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia
Haacute deacutecadas o Brasil tem adotado medidas para garantia da qualidade dos exames
citopatoloacutegicos Em 1998 foi instituiacutedo o Programa Nacional de Controle do Cacircncer de
Colo de Uacutetero pela portaria GMMS nordm 3040 que reconheceu que o exame
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
26
citopatoloacutegico do colo uterino eacute uma avaliaccedilatildeo qualitativa que dependente da
interpretaccedilatildeo do observador e que essa subjetividade precisa ser minimizada portanto o
monitoramento da qualidade eacute importante para a garantia do serviccedilo prestado agrave
populaccedilatildeo feminina (BRASIL 1998)
O Ministeacuterio da Sauacutede em 2001 por meio da Portaria SPSSAS nordm 92 preconizou
que todos os laboratoacuterios que realizam exames citopatoloacutegicos para o SUS deveriam
submeter-se ao Programa de Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ) poreacutem o
programa de responsabilidade das coordenaccedilotildees estaduais natildeo havia sido implantado
em todo paiacutes Esse programa foi regulamentado em 2013 atraveacutes da Qualificaccedilatildeo
Nacional em Citopatologia na Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2010
BRASIL 2013a)
A Portaria Qualicito definiu que os gestores estaduais e municipais devem
gerenciar o programa acompanhando o desempenho dos laboratoacuterios participantes que
foram classificados em Tipo I e Tipo II Satildeo considerados Laboratoacuterios Tipo I os
laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam serviccedilo ao SUS e que realizam exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero e os Laboratoacuterios Tipo II os laboratoacuterios puacuteblicos
responsaacuteveis por realizar os exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no acircmbito do
MEQ aleacutem de poderem realizar as accedilotildees dos Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2013a)
O MEQ eacute parte integrante da estrateacutegia de garantia da qualidade em citopatologia
e tem por finalidade avaliar o desempenho dos Laboratoacuterios Tipo I e a qualidade dos
exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero detectar as diferenccedilas de interpretaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos aumentar a eficiecircncia do processo de realizaccedilatildeo dos exames
citopatoloacutegicos aleacutem de reduzir o percentual de RFN RFP e insatisfatoacuterios (BRASIL
2016)
Em 1999 foi instituiacutedo o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero
(SISCOLO) com objetivo de armazenar dados sobre identificaccedilatildeo da mulher
informaccedilotildees demograacuteficas epidemioloacutegicas e dos exames citopatoloacutegicos e
histopatoloacutegicos realizados pelo SUS (GIRIANELLI THULER SILVA 2009
(BRASIL 2016c) Em 2011 foi lanccedilado o Plano Nacional de Fortalecimento da Rede de
Prevenccedilatildeo que permitiu o desenvolvimento do Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer
(SISCAN) substituindo o SISCOLO poreacutem a implementaccedilatildeo do sistema estaacute sendo
lenta e gradual (BRASIL 2013b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
27
Portanto eacute o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer (SISCAN) que seleciona do
Laboratoacuterio Tipo I todos os exames positivos e insatisfatoacuterios e 10 dos negativos para
serem enviados ao Laboratoacuterio Tipo II de acordo com o estabelecido na Portaria
Qualicito (BRASIL 2013a) A lista deve ser enviada com a relaccedilatildeo dos casos
selecionados pelo sistema juntamente com as lacircminas solicitadas e os respectivos
laudos servindo como recibo de transferecircncia de responsabilidade de guarda das
lacircminas para o Laboratoacuterio Tipo II e para controle de devoluccedilatildeo ao laboratoacuterio de
origem (BRASIL 2016b)
Entatildeo o conjunto de accedilotildees realizadas pelo Laboratoacuterio Tipo II visa agrave avaliaccedilatildeo da
qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero dos Laboratoacuterios Tipo I e
contemplam duas fases a preacute-analiacutetica e analiacutetica Na primeira o Laboratoacuterio Tipo II
verifica os procedimentos teacutecnicos e informa a qualidade da confecccedilatildeo do esfregaccedilo
fixaccedilatildeo coloraccedilatildeo montagem e contaminaccedilatildeo das amostras E a fase analiacutetica consiste
em uma revisatildeo dos esfregaccedilos citopatoloacutegicos por profissionais habilitados e o
diagnoacutestico final eacute firmado por consenso entre os citopatologistas do Laboratoacuterio Tipo
II (PEREIRA et al 2006 BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
Os exames discordantes seratildeo comunicados ao Laboratoacuterio Tipo I que poderaacute
recorrer da opiniatildeo do Laboratoacuterio Tipo II caso natildeo concorde com o parecer dos
revisores buscando o consenso Caso concorde caberaacute ao Laboratoacuterio Tipo I enviar o
laudo de revisatildeo agraves regionais ao municiacutepio ou agrave Unidade Baacutesica de Sauacutede (UBS)
mencionando que esse laudo foi realizado em conjunto com o Laboratoacuterio Tipo II de
referecircncia Caso natildeo haja consenso entre os Laboratoacuterios Tipos I e II poderaacute ser
solicitada a avaliaccedilatildeo por outro Laboratoacuterio Tipo II em acordo com a Coordenaccedilatildeo
Estadual eou Municipal (BRASIL 2016b)
A estatiacutestica para a avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo
II eacute o Kappa Ponderado devido a necessidade de se atribuiacuterem diferentes pesos para as
discordacircncias aleacutem da frequecircncia de RFN RFP e retardo de conduta Assim uma atipia
de significado indeterminado que recebeu equivocadamente um laudo de LSIL teraacute um
peso menor na construccedilatildeo do Kappa que uma HSIL que recebeu um laudo negativo
(BRASIL 2012) Os laboratoacuterios com iacutendices diagnoacutesticos abaixo de dois desvios
padrotildees da meacutedia estadual eou iacutendice Kappa de correlaccedilatildeo em niacutevel ruim seratildeo
considerados fora dos paracircmetros recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
28
Laboratoacuterios Tipo I nessa situaccedilatildeo seratildeo notificados e monitorados pelos Laboratoacuterios
Tipo II para alcanccedilar o iacutendice esperado (BRASIL 2016b)
Dessa forma os Laboratoacuterios Tipo I devem enviar regularmente todas as lacircminas e
laudos dos exames selecionados para o Laboratoacuterio Tipo II analisar os casos de
discordacircncia buscando o consenso com o Laboratoacuterio Tipo II promover educaccedilatildeo
continuada para uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos minimizar as natildeo
conformidades encontradas na rotina do laboratoacuterio diminuir os RFN e RFP e avaliar o
desempenho profissional da equipe Os Laboratoacuterios Tipo II devem fazer contato e dar
retorno aos Laboratoacuterios Tipo I comunicando o quanto antes sobre os resultados dos
exames citopatoloacutegicos discordantes e discutir caso a caso buscando o consenso apoiar
as coordenaccedilotildees estadual e municipal na interface com os laboratoacuterios que realizam
exames para o SUS e proporcionar educaccedilatildeo permanente por meio de sessotildees interativas
regulares para os Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2016b)
Diversos estudos tecircm considerado o MEQ um programa eficiente no
aperfeiccediloamento do exame citopatoloacutegico uma vez que a discussatildeo dos casos
discordantes para se chegar a um consenso dos resultados etapa fundamental do
programa possibilita a uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados na
detecccedilatildeo das lesotildees precursoras do CCU o que reflete na reduccedilatildeo dos RFN e RFP
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 FREITAS THULER 2012 AacuteZARA
et al 2013 2014a 2016 BRASIL 2016b)
REZENDE MT Justificativa
29
3- Justificativa
Um dos principais motivos da ocorrecircncia de RFN e RFP no exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero eacute a variabilidade inter e intra observador na
interpretaccedilatildeo dos diagnoacutesticos dessa forma para a garantia da qualidade se faz
necessaacuterio a implantaccedilatildeo de MIQ e MEQ nos laboratoacuterios de citopatologia (FRABLE
et al 2007 MANRIQUE et al 2009 AacuteZARA et al 2014a) Este estudo foi
realizado com o intuito de avaliar o impacto do MEQ em laboratoacuterio de citopatologia
para minimizar as divergecircncias diagnoacutesticas e erros dentro dos processos do laboratoacuterio
a fim de reduzir os RFN e RFP Investindo na identificaccedilatildeo e retificaccedilatildeo das falhas eacute
possiacutevel que seja assegurado o melhor serviccedilo possiacutevel agrave mulher que receberaacute
seguimento e tratamento adequado
REZENDE MT Objetivos
30
4- Objetivos
41 Objetivo Geral
Comparar os resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do
municiacutepio de Ouro Preto MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade
42 Objetivos especiacuteficos
- Verificar a frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
- Avaliar a concordacircncia diagnoacutestica frequecircncia de casos discordantes falso-negativos
falso-positivos e retardo de conduta entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar o resultado do seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
do monitoramento externo da qualidade incluindo os RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de
consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes o monitoramento externo da qualidade
REZENDE MT Metodologia
31
5- Metodologia
51 Local de estudo
Este trabalho foi desenvolvido no setor de citologia do Laboratoacuterio Piloto de
Anaacutelises Cliacutenicas (LAPAC) da Escola de Farmaacutecia da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP) Por se tratar de estudo baseado em resultados de exames coletados em
2013 e 2014 que estatildeo disponiacuteveis publicamente atraveacutes do SISCOLO natildeo foi
necessaacuterio a submissatildeo ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
O setor de citologia deste laboratoacuterio eacute composto por 5 citopatologistas 2
bolsistas 1 teacutecnica e 2 assistentes administrativos Neste laboratoacuterio estatildeo disponiacuteveis
microscoacutepios NiKon E 200 para escrutiacutenio dos esfregaccedilos bateria de coloraccedilatildeo e
material para montagem das lacircminas microscoacutepio de 5 cabeccedilas para discussatildeo de casos
e 3 computadores para parte administrativa O setor de citologia deste laboratoacuterio atende
uma rotina de exames citopatoloacutegicos colhidos nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS)
de Ouro Preto MG que desde 2013 eacute o uacutenico Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio que
presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
511 Monitoramento interno da qualidade
Os meacutetodos de monitoramento interno da qualidade utilizados na rotina pelo
Laboratoacuterio Tipo I satildeo o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) e a revisatildeo raacutepida de 100 dos
esfregaccedilos negativos (RR100) e cada etapa de leitura da lacircmina eacute realizada por
citopatologistas diferentes em um esquema de rodiacutezio (Figura 1) Inicialmente todos os
esfregaccedilos citopatoloacutegicos adequados para a anaacutelise microscoacutepica satildeo submetidos ao
PER e os resultados satildeo classificados como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio e
registrados na planilha de PER (Apecircndice A) Posteriormente eacute realizado o escrutiacutenio de
rotina (ER) pelo segundo citopatologista que apoacutes a leitura detalhada classifica os
resultados de acordo com a nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos baseada
no Sistema de Bethesda 2001 (SOLOMON NAYAR 2004) anotando o diagnoacutestico no
verso da requisiccedilatildeo (Anexo 1) Em seguida todas as lacircminas consideradas negativas
pelo escrutiacutenio de rotina satildeo encaminhadas para um terceiro citologista que realiza a
RR100 classificando-o como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio registrando na
planilha de RR100 (Apecircndice B)
REZENDE MT Metodologia
32
Os esfregaccedilos considerados positivos e insatisfatoacuterios pelo ER e os resultados
discordantes que foram aqueles onde PER ou a RR100 classificou como suspeito ou
insatisfatoacuterio e o escrutiacutenio de rotina considerou negativo satildeo encaminhados para a
revisatildeo detalhada para confirmaccedilatildeo ou natildeo da alteraccedilatildeo e definiccedilatildeo do diagnoacutestico final
e anotados nas planilhas correspondentes (Apecircndice C e D) Quando a revisatildeo detalhada
eacute discordante do ER haacute um consenso entre os citopatologistas para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I
REZENDE MT Metodologia
33
52 Tipo de estudo
Foi realizado estudo retrospectivo comparando os resultados dos exames
citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I da Escola de Farmaacutecia da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de exames
citopatoloacutegicos de rastreio do municiacutepio de Ouro Preto Minas Gerais com os
resultados emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo II de Belo Horizonte responsaacutevel pelo MEQ
dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero de Minas Gerais
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica
Os exames do Laboratoacuterio Tipo I foram selecionados automaticamente pelo
SISCOLO (Sistema de Informaccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero) incluindo os exames
positivos insatisfatoacuterios e 10 dos negativos conforme a Portaria QualiCito
33882013 referente aos meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 As
amostras foram provenientes de mulheres atendidas nas UBS do municiacutepio de Ouro
Preto MG usuaacuterias do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
54 Monitoramento externo da qualidade
O Laboratoacuterio Tipo I enviou ao Laboratoacuterio Tipo II juntamente com os laudos
correspondentes um total de 321 esfregaccedilos citopatoloacutegicos classificados como
negativos (84) insatisfatoacuterios (3) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas (ASC-US41) lesatildeo intraepitelial
escamosa de baixo grau (LSIL163) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado natildeo se pode excluir lesatildeo de alto grau (ASC-H12) lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau (HSIL16) e ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras
especificaccedilotildees (AGC-SOE2) (Figura 2)
REZENDE MT Metodologia
34
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia cervical
Os esfregaccedilos foram reavaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II que emitiu um relatoacuterio
com os resultados para o Laboratoacuterio Tipo I comunicando tambeacutem os resultados
discordantes Nos casos em que o Laboratoacuterio Tipo I natildeo concordou com o parecer
REZENDE MT Metodologia
35
emitido pelos revisores do Laboratoacuterio Tipo II os resultados dos exames discordantes
foram discutidos caso a caso com o Laboratoacuterio Tipo II buscando o consenso entre os
dois Laboratoacuterios para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final (BRASIL 2016b)
Apoacutes o consenso os resultados discordantes foram reemitidos pelo Laboratoacuterio
Tipo I e encaminhados agraves Unidades de Sauacutede que localizaram as mulheres e
reprogramaram a conduta baseada no diagnoacutestico final
Os esfregaccedilos que inicialmente foram classificados como negativos ou
inflamatoacuterios pelo Laboratoacuterio Tipo I e considerados como positivos pelo Laboratoacuterio
Tipo II foram denominados resultados falso-negativos (RFN) Aqueles considerados
inicialmente positivos pelo Laboratoacuterio Tipo I mas reclassificados como negativos pelo
Laboratoacuterio Tipo II foram denominados resultados falso-positivos (RFP) Foram
considerados casos discordantes aqueles que implicaram em mudanccedila de conduta
cliacutenica de acordo com as normas preconizadas pelas Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2011)
Os resultados diagnosticados inicialmente como ASC-US ou LSIL pelo
Laboratoacuterio Tipo I e que na revisatildeo o Laboratoacuterio Tipo II julgou como diagnoacutestico mais
grave (ASC-H HSIL Carcinoma de ceacutelulas escamosas AGC-SOE AGC-NEO
Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma invasor) foram considerados como retardo
de conduta cliacutenica
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados
Para levantamento do seguimento das pacientes em que os resultados dos
exames foram classificados como ASC-US ou LSIL foi realizada a busca do resultado
do novo exame citopatoloacutegico uma vez que a conduta preconizada eacute a repeticcedilatildeo do
exame no periacuteodo de seis meses a um ano Para aqueles classificados como ASC-H ou
pior diagnoacutestico foi realizado o levantamento do resultado do exame histopatoloacutegico
dado que a conduta preconizada eacute o encaminhamento para colposcopia e se visualizado
alguma alteraccedilatildeo no colo uterino realiza-se a bioacutepsia Os resultados insatisfatoacuterios natildeo
foram considerados nesta anaacutelise (BRASIL 2011)
Foram realizadas visitas previamente agendadas agraves UBS do municiacutepio para
realizaccedilatildeo do levantamento das pacientes previamente listadas daquela unidade que
haviam sido diagnosticadas com alguma alteraccedilatildeo citoloacutegica O profissional responsaacutevel
REZENDE MT Metodologia
36
pela coleta do exame citopatoloacutegico verificou nos prontuaacuterios das pacientes o
seguimento que foi adotado em cada caso Poreacutem as UBS tinham poucos registros do
seguimento dessas pacientes por isso foram adotadas outras estrateacutegias
Portanto com o objetivo de levantar os dados referentes ao seguimento das
pacientes encaminhadas para acompanhamento de ASC-H e pior diagnoacutestico foram
realizadas visitas ao Centro Viva Vida em Itabirito que eacute o centro de referecircncia para
atenccedilatildeo secundaacuteria do municiacutepio de Ouro Preto E para levantamento do novo exame
citopatoloacutegico foi realizada pesquisa nos registros do Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio
de Ouro Preto que presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos
do colo do uacutetero
56 Anaacutelise dos dados
Os dados dos exames citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I e
Laboratoacuterio Tipo II foram digitados no Excel (Microsoft Office Professional Plus 2013)
para elaboraccedilatildeo do banco de dados A anaacutelise dos dados foi realizada pelo pacote
estatiacutestico Stata versatildeo 11 foi calculada a concordacircncia dos resultados dos exames
citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e II e o Kappa antes a apoacutes o Consenso A
frequecircncia de esfregaccedilos discordantes incluindo RFP e retardo de conduta entre os
Laboratoacuterios Tipo I e II foi calculada antes e apoacutes a Reuniatildeo de Consenso no total de
321 esfregaccedilos O coeficiente Kappa eacute classificado em concordacircncia pobre (0ltKlt040)
concordacircncia moderada (040ltKlt060) concordacircncia boa (060ltKlt080) concordacircncia
excelente (080ltKlt1) o valor zero indica ausecircncia de concordacircncia e o valor 1
corresponde a concordacircncia perfeita (LANDIS KOCH 1977) Foi calculada a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) atraveacutes da seguinte foacutermula
VPR = [coeficiente final - coeficiente inicial]100
coeficiente inicial
O caacutelculo dos indicadores de qualidade foi realizado utilizando um banco de
dados do Laboratoacuterio Tipo I onde satildeo mantidos registros de todos os exames realizados
com seus respectivos resultados Para avaliaccedilatildeo pontual os indicadores de qualidade
foram calculados antes da reuniatildeo de consenso ano de 2013 e depois da reuniatildeo de
consenso ano de 2014 Para avaliaccedilatildeo temporal do efeito da reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Metodologia
37
proporcionada por um MEQ calculou-se os indicadores do Laboratoacuterio Tipo I dos anos
de 2012 2013 2014 e 2015 Foi utilizado para o caacutelculo as foacutermulas presentes no
Manual de Gestatildeo da Qualidade para Laboratoacuterio de Citopatologia (BRASIL 2016b)
Iacutendice de Positividade (IP) intervalo esperado 3-10
Nordm de exames alterados em determinado local e ano x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ACSSat)
intervalo esperado 4-5
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt)
intervalo esperado lt60
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames alterados
Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) intervalo
esperado lt3
Nordm de ex compatiacuteveis com ASC-US e ASC-H
No de exames com LSIL e HSIL
Percentual de exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
(HSILSat) intervalo esperado lt04
Ndeg de exames HSIL x 100
Total de exames satisfatoacuterios
REZENDE MT Resultados
38
6- Resultados
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
O Laboratoacuterio Tipo I enviou 321 esfregaccedilos para o Laboratoacuterio Tipo II
classificados como 3 (09) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 84 (262) negativos 41
(128) ASC-US 163 (508) LSIL 12 (37) ASC-H 16 (50) HSIL e 2 (06)
AGC-SOE Apoacutes a reuniatildeo de consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II chegou-
se no diagnoacutestico final de 3 (093) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 143 (446) negativos
44 ASC-US (137) 8 ASC-H (25)101 LSIL (315) 21 HSIL (65) e 1 AGC-
SOE (03) Foram considerados discordantes entre os laboratoacuterios 151 (470)
esfregaccedilos (Tabela 1)
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
Tipo I Tipo II Consenso
Diagnoacutestico n () n () n ()
Insatisfatoacuterio 3 09 4 13 3 09
Negativo 84 262 227 707 143 446
ASC-US 41 122 17 53 44 137
ASC-H 12 37 3 09 8 25
LSIL 163 508 54 168 101 315
HSIL 16 50 12 37 21 65
HSIL micro invasor 0 0 1 03 0 0
AGC-SOE 2 06 3 09 1 03
Total 321 100 321 100 321 100
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
Do total de exames revisados pelo Laboratoacuterio Tipo II foram concordantes 84
(262) esfregaccedilos negativos e 3 (093) classificados como insatisfatoacuterios pelo Tipo I
Dos 41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 6 (1463) foram
concordantes pelo Tipo II e os 35 (854) restantes foram reclassificados como
REZENDE MT Resultados
39
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 53
(325) foram considerados concordantes pelo Tipo II 92 (564) foram
reclassificados como negativos 11 (68) como ASC-US 2 (12) como ASC-H 4
(25) como HSIL e 1 (06) reclassificado como AGC-SOE Dos 12 (37)
esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo Tipo I 1 (83) foi considerado
concordante pelo Tipo II 9 (75) foram reclassificados como negativos 1 (83)
como insatisfatoacuterio 1 (83) como HSIL Dos 16 (50) esfregaccedilos classificados como
HSIL emitidos pelo Tipo I 7 (438) foram considerados concordantes pelo Tipo II 6
(375) foram reclassificados como negativos 1 (63) como LSIL 1 (63) como
HSIL micro invasor e 1(63) como AGC-SOE Dos 2 (06) esfregaccedilos classificados
como AGC-SOE pelo Tipo I 1 (500) foi considerado concordante pelo Tipo II Entre
o Laboratoacuterio Tipo I e o Tipo II houve 7 (22) casos de retardo de conduta sendo 4
(571) LSIL para HSIL 2 (286) LSIL para ASC-H e 1 (143) LSIL para AGC-
SOE (Tabela 2)
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso
Tipo II
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL HSIL micro
invasor AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 35 6 41
ASC-H 1 9 1 1 12
LSIL 92 11 2 53 4 1 163
HSIL 6 1 7 1 1 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 4 227 17 3 54 12 1 3 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa
de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas
sem outras especificaccedilotildees
Os resultados definidos apoacutes o Consenso estatildeo descritos na Tabela 3 Observou-
se 203 (65) de casos discordantes entre os 321 esfregaccedilos analisados Os esfregaccedilos
negativos insatisfatoacuterios e todos os classificados como HSIL foram concordantes Dos
REZENDE MT Resultados
40
41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 27 (659) foram
considerados concordantes pelo Tipo II e 14 (342) foram reclassificados como
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 101
(620) foram considerados concordantes 39 (239) foram reclassificados como
negativos pelo Tipo II 17 (104) como ASC-US 2 (12) como ASC-H e 4 (25)
reclassificados como HSIL Dos 12 (374) esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo
Tipo I 6 (500) foram concordantes 5 (417) esfregaccedilos foram reclassificados como
negativos e 1 (83) foi reclassificado como HSIL pelo Tipo II Dos 2 (06)
esfregaccedilos classificados como AGC-SOE pelo Tipo I somente 1 (500) foi
concordante Portanto apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de Consenso foram constatados 6
(19) casos de retardo de conduta sendo 4 (667) diagnoacutesticos iniciais de LSIL
reclassificados para HSIL e 2 (333) diagnoacutesticos iniciais de LSIL reclassificados para
ASC-H (Tabela 3)
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia diagnoacutestica entre o Laboratoacuterio Tipo I e o
Laboratoacuterio Tipo II apoacutes o Consenso
Consenso
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 14 27 41
ASC-H 5 6 1 12
LSIL 39 17 2 101 4 163
HSIL 16 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 3 143 44 8 101 21 1 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
REZENDE MT Resultados
41
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Foi avaliada a concordacircncia dos resultados dos Laboratoacuterios Tipo I e II antes e
apoacutes Consenso Observou-se concordacircncia antes do Consenso de 527 entre os
Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II com Kappa de 029 Apoacutes a Reuniatildeo de Consenso foi
observado 798 (VPR=+514) de concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
com aumento do Kappa para 066 (VPR=+1276) (Tabela 4)
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso
Tipo I x Tipo II Antes do consenso Apoacutes consenso VPR
Concordacircncia () 527 798 +514
Kappa 029 066 +1276
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Antes do consenso o total de esfregaccedilos discordantes foi de 151 (470) casos e
depois do consenso esse nuacutemero reduziu para 65 (203) casos Antes do consenso foi
observado um percentual de 449 (144) RFP entre os Laboratoacuterios Tipo I e II e apoacutes o
consenso esse nuacutemero diminuiu para 184 (59) Natildeo houve nenhum caso de RFN
Entre o Laboratoacuterio Tipo I e II antes do consenso houve 7 (22) casos de retardo de
conduta e depois do consenso esse nuacutemero caiu para 6 (19) casos (Tabela 5)
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o Consenso
Tipo I x Tipo II Discordantes
Antes do consenso Apoacutes consenso
n N
Falso-positivo 144 449 59 184
Retardo de conduta 7 22 6 19
Total 151 470 65 203
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II
REZENDE MT Resultados
42
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos
O IP era 156 e apoacutes consenso passou para 120 reduccedilatildeo de
aproximadamente 230 (VPR=-2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor
apoacutes o consenso de 57 para 46 reduccedilatildeo por volta de 190 (VPR=-1910) O
HSILSat diminuiu de 10 para 07 (VPR=-2647) apoacutes consenso A razatildeo ASCSIL
antes do consenso era de 06 e apoacutes sua realizaccedilatildeo aumentou para 06
(VPR=+1017) O mesmo ocorreu em relaccedilatildeo ao indicador ASCAlt que passou de
365 para 384 (VPR=+515) Houve diferenccedila significativa entre os valores dos
indicadores IP ASCSat e ASCAlt antes e apoacutes reuniatildeo de consenso valor de p foi
menor que 005 (Tabela 7)
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso
Indicadores Antes consenso Apoacutes consenso VPR p
IP (3-10) 156 120 -2314 lt 00001
ASCSat (4-5) 57 46 -1910 001
ASCSIL (lt3) 06 06 +1017 0053
ASCAlt (lt60) 365 384 +515 lt 00001
HSILSat (gt04) 10 07 -2647 00825
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
O IP no ano de 2012 foi de 1115 aumentou para 156 em 2013 apoacutes o
MEQ em 2014 reduziu para 120 e em 2015 este indicador passou para 99 O
ASCSat foi de 49 em 2012 um ano depois apresentou valor de 57 depois da
realizaccedilatildeo do MEQ em 2014 passou para 46 e em 2015 foi para 48 Os outros
indicadores da qualidade apresentaram valores que variaram dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (Tabela 8)
REZENDE MT Resultados
43
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade
Indicadores 2012 2013 2014 2015
IP (3-10) 111 156 120 99
ASCSat (4-5) 49 57 46 48
ASCSIL (lt3) 09 06 06 10
ASCAlt (lt60) 439 365 384 485
HSILSat (gt04) 09 10 07 05
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
Do total de 234 esfregaccedilos positivos foi possiacutevel obter o seguimento de 107
(457) casos em que 22 foram considerados inicialmente com diagnoacutestico de ASC-
US 76 LSIL 2 ASC-H 1 AGC-SOE e 6 HSIL Dos ASC-US iniciais somente 1 teve
resultado concordante no seguimento Dos 76 esfregaccedilos considerados como LSIL 23
tiveram resultado do seguimento concordante Os 2 resultados ASC-H foram negativos
no seguimento assim como o AGC-SOE Dos 6 resultados HSIL emitidos pelo Tipo I
5 foram confirmados pela bioacutepsia O seguimento de 127 (542) mulheres em que 77
(6063) deveriam ter repetido o exame citopatoloacutegico e 20 (158) deveriam ter sido
encaminhadas para a colposcopia e bioacutepsia natildeo foi resgatado (Figura 3)
Figura 3 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Resultados
44
Apoacutes a realizaccedilatildeo da Reuniatildeo de Consenso o percentual de RFP foi definido em
184 num total de 59 casos assim distribuiacutedos 14 ASC-US (238) 39 LSIL
(660) 5 ASC-H (85) e 1 AGC-SOE (17) sendo 898 lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 102 de alto grau Do total de 59 RFP foi possiacutevel obter 9
(152) resultados citopatoloacutegicos alterados no seguimento 8 de repeticcedilatildeo da citologia
e uma bioacutepsia inicialmente 6 diagnosticados como LSIL pelo Laboratoacuterio Tipo I no
seguimento tiveram resultado de 3 LSIL e 3 ASC-US Dos 3 ASC-US iniciais dados
pelo Tipo I no seguimento resultaram em 1 LSIL 1 ASC-US e 1 ASC-H (Figura 4)
Figura 4 Seguimento dos casos com resultados falso-positivos (RFP) acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Discussatildeo
45
7- Discussatildeo
Os resultados deste estudo mostraram que apoacutes reuniatildeo de Consenso onde
ocorreu discussatildeo dos resultados discordantes houve melhora na concordacircncia
diagnoacutestica entre os laboratoacuterios a concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou para 798 e o coeficiente Kappa foi alterado de 029 para 066 Estes
resultados estatildeo de acordo com estudo realizado por Freitas Thuler (2012) no Mato
Grosso do Sul analisando a concordacircncia diagnoacutestica entre Laboratoacuterio Tipo II e 15
Laboratoacuterios Tipo I entre 2002 e 2011 em que o valor miacutenimo do Kappa passou de 01
no primeiro ano para 08 em 2011 No uacuteltimo ano dos 8 laboratoacuterios avaliados 7
atingiram a concordacircncia perfeita ou excelente (coeficiente Kappagt080) e um
concordacircncia boa Aacutezara et al (2016) avaliaram os efeitos de um programa de
educaccedilatildeo continuada realizado por um Laboratoacuterio Tipo II no periacuteodo de 2007 a 2011
sobre os laboratoacuterios de citopatologia e verificaram que o coeficiente Kappa manteve-se
excelente em 3 laboratoacuterios (kappa gt 080 e lt10) e alterou de bom (kappa gt 060 e
lt080) a excelente em 7 Os resultados observados no presente estudo estatildeo de acordo
com os dados de Freitas Thuler (2012) e Aacutezara et al (2016) em que se observou
melhoria da concordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes MEQ
Enfatiza-se que nosso trabalho comparou o momento antes e depois da reuniatildeo
consenso durante um MEQ ou seja foi realizada uma avaliaccedilatildeo pontual diferentemente
dos estudos encontrados na literatura que fizeram uma anaacutelise ao longo do tempo apoacutes
vaacuterios MEQ mas mesmo assim na presente avaliaccedilatildeo foi observado aumento da
concordacircncia e do kappa Indicando que somente uma reuniatildeo de consenso foi
suficiente para mudanccedila de postura dos citopatologistas envonvidos no MEQ
O valor da discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes a
reuniatildeo de Consenso no presente estudo foi 2025 Em um estudo realizado em
Goiacircnia estado de Goiaacutes comparando a variabilidade dos diagnoacutesticos citoloacutegicos dos
Laboratoacuterios Tipo I avaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II 759 foram considerados
discordantes (AacuteZARA et al 2013) Etlinger et al (2012) no estado de Satildeo Paulo
observou que a discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e o Laboratoacuterio
Tipo II foi de 1348 Em Satildeo Paulo Pereira et al (2006) avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I de citologia da Rede Puacuteblica de Sauacutede do estado submetidos ao
MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e a discordacircncia foi de 142 Estes dados estatildeo
REZENDE MT Resultados
46
abaixo do valor de discordacircncia encontrado nesse estudo apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de
Consenso Observa-se que a maioria dos diagnoacutesticos que levaram a discordacircncia do
presente estudo foram esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de
baixo grau LSIL e ASC-US e que o Laboratoacuterio Tipo II reclassificou como negativo
portanto RFP Nesses casos a conduta cliacutenica que seria adotada no primeiro momento eacute
a repeticcedilatildeo da citologia em seis meses portanto natildeo causaria maiores transtornos a
mulher ou custos altos com os cuidados de sauacutede Outra parte dos diagnoacutesticos que
levaram a essa discordacircncia foram ajuste de criteacuterios os quais natildeo atrasam a conduta
cliacutenica da mulher e aleacutem disso durante a reuniatildeo de consenso permitem aos
citopatologistas ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final Ainda pode-se citar os resultados dos seguimentos dos casos com RFP
acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso em que foram encontrados 9 seguimentos e
todos com resultado citopatoloacutegico alterado Dessa forma dos resultados que o
Laboratoacuterio Tipo I voltou atraacutes na reuniatildeo de consenso nove deles mostraram
resultaram alterado ou seja natildeo necessariamente o Laboratoacuterio Tipo I precisaria ter
voltado atraacutes nesses disgnoacutesticos Isso ressalta a importacircncia da discussatildeo dos casos
discordantes durante a reuniatildeo de consenso para ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos
utilizados pelos citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II (PEREIRA et al
2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2013)
Entre os exames citopatoloacutegicos considerados discordantes natildeo foi identificado
nenhum RFN e apoacutes a reuniatildeo de Consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e II verificou-
se reduccedilatildeo dos RFP Sabe-se que os RFN satildeo mais preocupantes que os RFP visto que
mulheres natildeo diagnosticadas natildeo retornam para o acompanhamento e seguem em risco
da evoluccedilatildeo de lesotildees precursoras do CCU Por outro lado os RFP com diagnoacutestico
inicial de ASC-H ou pior diagnoacutestico em que a conduta preconizada eacute o
encaminhamento para colposcopia e bioacutepsia submetem as mulheres a procedimentos
desnecessaacuterios que podem modificar sua vida sexual e gerar danos psicoloacutegicos aleacutem
de gerar custos adicionais com os cuidados de sauacutede E os RFP com diagnoacutestico inicial
de ASC-US ou LSIL atrasam a repeticcedilatildeo da citologia (FRABLE 2007 GULLO et al
2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Inicialmente o Laboratoacuterio Tipo II classificou 144 (144) dos exames
citopatoloacutegicos como RFP e apoacutes a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero passou para
184 (59) Dos 59 RFP 14 (238) resultados foram classificados como ASC-US que
REZENDE MT Resultados
47
eacute diagnoacutestico limiacutetrofe que apresenta grande variabilidade interobservador Os RFP
acordados apoacutes o consenso foram distribuiacutedos em 53 (898) lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 6 (102) lesotildees intraepiteliais escamosas de alto grau
Dentre os resultados discordantes entre o Laboratoacuterio Tipo I e II houve 7 casos
considerados retardo de conduta (22) que apoacutes a reuniatildeo de consenso ficaram
definidos em 6 (19) nuacutemeros proacuteximos daqueles encontrados por Aacutezara et al (2013)
em que houve atraso no procedimento cliacutenico em relaccedilatildeo a 244 dos casos
Aacutezara et al (2016) verificaram que apoacutes a educaccedilatildeo continuada proporcionada
aos Laboratoacuterios Tipo I de 2007 a 2011 houve diminuiccedilatildeo dos casos de retardo de
conduta a taxa de RFN foi reduzida em oito laboratoacuterios e a taxa de RFP foi reduzida
em 5 deles Pereira et al (2006) no estado de Satildeo Paulo avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I do estado submetidos ao MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e
observaram um nuacutemero de RFP (166) maior do que os RFN (78) No primeiro ano
de MEQ os RFP foram 178 e nos anos seguintes esse nuacutemero foi reduzindo ateacute
chegar em 37 no ano de 2004 Os RFP foram distribuiacutedos em 933 de lesotildees de
baixo grau e 67 de lesotildees de alto grau no primeiro ano de estudo O valor de RFP e
a distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau apoacutes reuniatildeo de consenso do presente
estudo foram bem proacuteximos dos encontrados por Pereira et al (2006) no primeiro ano
de avaliaccedilatildeo Em estudo semelhante realizado no estado de Satildeo Paulo de 2000 a 2010
por Etlinger et al (2012) constatou-se o total de 206 de RFP um valor baixo
comparado com o encontrado nesse estudo assim como aqueles dos anos de 2001 a
2004 de Pereira et al (2006) Percebe-se que o tempo de avaliaccedilatildeo desses estudos
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2016) foi maior do que
o utilizado no presente trabalho em que foi realizada uma avaliaccedilatildeo antes e depois de
uma reuniatildeo de consenso indicando que a educaccedilatildeo continuada proporcionada pelo
MEQ nesses periacuteodos que os estudos ocorreram contribuiu para a uniformizaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos e melhoria da reprodutibilidade dos exames citopatoloacutegicos
Portanto ainda que no presente estudo tenha sido feita uma avaliaccedilatildeo pontual natildeo foram
encontrados RFN entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes consenso e houve reduccedilatildeo de
RFP e retardo de conduta Aleacutem disso a porcentagem de RFP observada estaacute
aproximada dos dados da literatura nos primeiros anos de estudo assim como
distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau
REZENDE MT Resultados
48
Com o intuito de aprofundar os criteacuterios utilizados na avaliaccedilatildeo buscou-se os
seguimentos das pacientes com diagnoacutestico citopatoloacutegico alterado Esses resultados
foram mais concordantes com os diagnoacutesticos do Laboratoacuterios Tipo II entretanto a
maior parte dos esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de baixo
grau ASC-US e LSIL no seguimento os resultados foram negativos ou seja essas
lesotildees regrediram entre o periacuteodo da primeira citologia ateacute a realizaccedilatildeo da nova
citologia E ainda quando analisamos as lesotildees verdadeiramente precursoras do CCU as
HSIL a concordacircncia do seguimento foi maior com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Estudo de Tobias et al (2016) analisando os laboratoacuterios citopatoloacutegicos do estado de
Minas Gerais que prestam serviccedilo para o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mostraram
que de uma forma geral estes laboratoacuterios detectam baixos iacutendices de lesotildees
precursoras do CCU Portanto se avaliarmos dessa forma o Laboratoacuterio Tipo I do
presente estudo vem cumprindo com o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo do CCU jaacute
que as lesotildees com verdadeiro potencial de progressatildeo para o cacircncer estatildeo sendo
detectadas confirmadas pela colposcopia e bioacutepsia permitindo assim que a paciente
seja tratada impedindo a evoluccedilatildeo para o cacircncer (BORTOLON et al 2012 BRASIL
2016b) Do total de 59 RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso foi possiacutevel obter 9
resultados citopatoloacutegicos no seguimento e todas tiveram resultado alterado Observa-
se que o resultado inicial do Laboratoacuterio Tipo I estava correto e que a discussatildeo dos
resultados discordantes como neste caso proporciona melhora tanto dos criteacuterios do
Tipo I quanto do Tipo II
Evidenciado por Bortolon et al (2012) grande parte dos laboratoacuterios brasileiros
apresentam indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos fora dos niacuteveis
preconizados isso pode levar a natildeo identificaccedilatildeo de casos positivos e consequentemente
a liberaccedilatildeo de RFN Plewka et al (2014) avaliando o desempenho de 13 laboratoacuterios
do Estado do Paranaacute prestadores de serviccedilo para o SUS mostraram que os indicadores
da maioria dos laboratoacuterios estavam abaixo do recomendado Tobias et al (2016)
apontou que a maioria dos laboratoacuterios que prestam serviccedilos ao SUS do estado de MG
apresentaram indicadores fora do intervalo recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Esses estudos demonstram a necessidade de implantaccedilatildeo de programas de garantia da
qualidade do exame citopatoloacutegico como o MIQ e MEQ aleacutem da avaliaccedilatildeo perioacutedica
de ambos (BRASIL 2013a BRASIL 2016b) O MIQ inclui a implantaccedilatildeo do sistema
REZENDE MT Resultados
49
de indicadores de qualidade que satildeo de faacutecil compreensatildeo execuccedilatildeo e anaacutelise Satildeo
instrumentos importantes para a garantia de qualidade em citopatologia cervical pois
satildeo reconhecidos como vaacutelidos para a avaliaccedilatildeo da qualidade do exame citopatoloacutegico
do colo do uacutetero (SIEGL et al 2014 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b) O MEQ
proporciona para os laboratoacuterios monitorados educaccedilatildeo continuada e discussatildeo dos
casos discordantes que contribui para melhoria da habilidade profissional dos
citopatologistas na medida que o treinamento e fornece maior acuraacutecia no diagnoacutestico
das lesotildees precursoras do CCU possibilitando maior certeza na emissatildeo do laudo
(AacuteZARA et al 2016)
O iacutendice de positividade (IP) expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares e a
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo alvo sendo
que nos paiacuteses em que houve diminuiccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade por
CCU nos Estados Unidos Noruega e Reino Unido o IP foi 68 (DAVEY et al
2004) 49 (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) e 64 (NHS 2011)
respectivamente Os resultados de IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais do
estudo realizado por Bortolon et al (2012) mostraram que 58 dos laboratoacuterios
apresentavam IP muito baixo 19 baixo e somente 23 dentro do esperado sendo
que esses foram responsaacuteveis por apenas 14 do total de exames realizados no estado
Ainda verificou que a meacutedia do IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais foi 22
em 2010 valor inferior ao recomendado Estudo mais recente realizado por Tobias et al
(2016) mostrou que a maioria dos laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam serviccedilo
para o SUS independentemente da escala de produccedilatildeo tem valores de IP bem abaixo da
faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Sendo assim o IP baixo pode indicar a presenccedila de RFN apontando que eacute
necessaacuterio a reavaliaccedilatildeo do MIQ do laboratoacuterio a fim de intervir nos meacutetodos utilizados
assim como na qualificaccedilatildeo profissional dos citopatologistas (PLEWKA et al 2014
BRASIL 2016b) Observou-se no estudo de Aacutezara et al (2014) que o IP foi inferior a
3 em aproximadamente 74 dos laboratoacuterios do Estado de Goiaacutes que natildeo
participaram do MEQ ressaltando a importacircncia da inclusatildeo dos laboratoacuterios
citopatoloacutegicos nesse programa
O IP verificado neste trabalho foi de 120 apoacutes a reuniatildeo de consenso que
apesar de ter melhorado apoacutes a discussatildeo dos casos discordantes ainda estaacute um pouco
acima do esperado que eacute de 3 a 10 (BRASIL 2016b) isso pode expressar uma alta
REZENDE MT Resultados
50
prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na populaccedilatildeo estudada Miranda et al
(2013) determinou a persistecircncia da infecccedilatildeo pelo HPV em 596 das mulheres do
municiacutepio de Ouro Preto MG e que os tipos virais de alto risco foram os mais
persistentes ainda comprovou ainda que a presenccedila de alteraccedilotildees citoloacutegicas que podem
evoluir para o CCU estaacute associada agrave infecccedilatildeo por HPV
As ceacutelulas escamosas atiacutepicas (ASC) sugerem duacutevida diagnoacutestica em que natildeo
haacute criteacuterios citomorfoloacutegicos suficientes para o diagnoacutestico de lesatildeo intraepitelial tendo
potencial para uso exagerado Um alto iacutendice da razatildeo ASCSat indica grande nuacutemero
de RFP implicando na oferta desnecessaacuteria de exames para a investigaccedilatildeo diagnoacutestica o
que representa um ocircnus para a mulher e para a rede de sauacutede (BRASIL 2016b)
Portanto eacute preciso assegurar o monitoramento de qualidade dos laboratoacuterios de
citopatologia do colo do uacutetero para que os iacutendices de positividade se enquadrem no
preconizado ao mesmo tempo sem que haja aumento de ASC (BORTOLON et al
2012) No estado de Minas Gerais em estudo realizado por Bortolon et al (2012) foi
averiguado que o indicador ASCSat dos laboratoacuterios do estado foi 11 em 2010 valor
inferior ao recomendado Enquanto que os outros estados da Regiatildeo Sudeste tambeacutem
estavam com o indicador fora dos paracircmetros sendo Espirito Santo com 12 Rio de
Janeiro com 19 e Satildeo Paulo com 27 e a meacutedia da Regiatildeo foi entatildeo de 21 o que
indica a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios utilizados na definiccedilatildeo de ASC No
presente estudo verificou-se que antes da reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat do
Laboratoacuterio Tipo I apresentava valor de 571 fora da faixa indicada como ideal de 4
a 5 de acordo com o Manual de Gestatildeo da Qualidade (BRASIL 2016b)
Posteriormente a reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat observado foi de 462
dentro da faixa recomendada
Os demais indicadores de qualidade permaneceram dentro do recomendado apoacutes
o consenso A relaccedilatildeo ASCSIL que deve ser inferior a trecircs teve valor de 06 apoacutes a
accedilatildeo O valor dessa razatildeo dentro do recomendado indica que os criteacuterios diagnoacutesticos de
SIL e ASC estatildeo precisos O valor estaacute de acordo com os outros laboratoacuterios dos
estados da Regiatildeo Sudeste de acordo com estudo realizado em 2010 por Bortolon et al
(2012) 12 para o Rio de Janeiro 20 para Satildeo Paulo 11 para Espiacuterito Santo e Minas
Gerais
O ASCAlt deve ser inferior a 60 sendo que o valor encontrado nesse estudo
apoacutes o consenso de 384 permaneceu dentro do proposto Esse indicador tem a
REZENDE MT Resultados
51
finalidade de monitorar os casos de ASC para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente
Ressalta-se que o percentual elevado de ASC indica que o laboratoacuterio apresenta
problemas na fase preacute-analiacutetica analiacutetica ou em ambas as fases (BRASIL 2016b
AacuteZARA et al 2014) No estudo de Aacutezara et al (2014) 29 dos laboratoacuterios que natildeo
eram monitorados tiveram o indicador ASCAlt fora dos paracircmetros Aleacutem disso
aqueles laboratoacuterios natildeo monitorados que apresentaram IP dentro da faixa
recomendada e ASCAlt fora do recomendado estavam relacionados a um alto
percentual de ASC e natildeo de lesotildees precursoras do CCU Assim recomenda-se que esses
dois indicadores devem ser analisados em conjunto pois um IP adequado pode conter
uma elevada percentagem de ASC (BRASIL 2016b BRASIL 2013a)
Dessa forma acredita-se que o valor de IP encontrado em 2014 esteja um pouco
fora do esperado devido agrave alta prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na
populaccedilatildeo do municiacutepio de Ouro Preto MG E quando analisa-se o indicador ASCAlt
observa-se que tanto antes da reuniatildeo de consenso valor de 365 quanto depois valor
de 384 ambos estatildeo dentro do recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede que eacute menor
de 60 (BRASIL 2016b) ou seja o Laboratoacuterios Tipo I vem usando adequadamente
os criteacuterios para classificaccedilatildeo das ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado a qual tem potencial para uso exagerado
O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente
precursoras do CCU e deve ser igual ou superior a 04 valor que foi baseado nos
obtidos em paiacuteses em que o rastreamento foi bem-sucedido na diminuiccedilatildeo das taxas de
incidecircncia e mortalidade por CCU como 05 nos Estados Unidos (EVERSOLE et al
2010) 11 no Reino Unido (NHS CANCER SCREENING PROGRAMMES 2011) e
114 na Noruega (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) Obteve-se tanto antes
quanto depois da reuniatildeo de consenso valor da razatildeo HSILSat maior de 04 dessa
maneira o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo secundaacuteria do CCU vem sendo alcanccedilado
jaacute que as HSIL lesotildees que podem evoluir para o cacircncer estatildeo sendo detectadas
(BRASIL 2016b) Portanto ressalta-se que as lesotildees intraepiteliais de alto grau satildeo o
foco dos programas de rastreio do CCU para diminuiccedilatildeo de sua incidecircncia e
mortalidade (BORTOLON et al 2012) Os laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam
serviccedilo para o SUS apresentaram em 2012 detecccedilatildeo baixa de lesotildees precursoras do
CCU destacando a necessidade de investir na garantia da qualidade do exame
citopatoloacutegico por meio do MIQ e MEQ (TOBIAS et al 2016)
REZENDE MT Resultados
52
Aacutezara et al (2014) avaliaram o impacto da educaccedilatildeo continuada fornecida por
Laboratoacuterio Tipo II sobre os indicadores de qualidade de 12 laboratoacuterios monitorados
do Estado de Goiaacutes verificou-se efeito direto sobre os indicadores IP e o HSILSat que
melhoraram apoacutes a intervenccedilatildeo A educaccedilatildeo continuada fornecida pelo MEQ ajudou na
padronizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos aprimorando as competecircncias dos
citopatologistas em detectar alteraccedilotildees celulares sugestivas de CCU Constatou-se ainda
que a maioria dos laboratoacuterios que apresentaram indicadores na faixa estabelecida
estavam participando do MEQ
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I calculados nesse estudo dois
anos apoacutes o MEQ do ano de 2015 mostram que todos estatildeo dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede inclusive o IP que passou de 120 para 99
indicando que a accedilatildeo foi positiva e duradoura com o passar do tempo
Os resultados deste estudo mostraram que os indicadores de qualidade do
Laboratoacuterio Tipo I melhoraram apoacutes reuniatildeo de consenso proporcionada pelo MEQ
dessa forma eacute crucial a participaccedilatildeo dos laboratoacuterios de citopatologia no programa para
identificaccedilatildeo dos erros diagnoacutesticos e padronizaccedilatildeo dos criteacuterios utilizados na
classificaccedilatildeo das alteraccedilotildees citoloacutegicas Isso possibilita a adequaccedilatildeo dos indicadores nos
paracircmetros ideais permitindo a detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente precursoras do
CCU o que refletiraacute na reduccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade deste cacircncer
REZENDE MT Conclusotildees
53
8- Conclusotildees
A concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e II foi boa apoacutes a reuniatildeo de
Consenso
Dentre os resultados discordantes natildeo foi identificado nenhum RFN Os RFP e os
casos de retardo de conduta foram reduzidos apoacutes a reuniatildeo de consenso
O IP e o ASCSat apoacutes o consenso atingiram a faixa estabelecida e os outros
indicadores da qualidade permaneceram dentro do recomendado tanto antes quanto apoacutes
a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de consenso
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I dois anos apoacutes o MEQ estatildeo
dentro da faixa recomendada
Os seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia
com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso tiveram
resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Referecircncias
54
9- Consideraccedilotildees finais
Com apenas uma participaccedilatildeo no MEQ observou-se a importacircncia da reuniatildeo de
consenso realizada entre os Laboratoacuterios Tipos I e Tipo II para a anaacutelise e discussatildeo
dos casos discordantes Eacute um momento crucial para o ajuste dos criteacuterios
citomorfoloacutegicos utilizados no diagnoacutestico de lesotildees preacute-neoplaacutesicas pelos
citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II proporcionando um aprimoramento
desses criteacuterios Dessa forma apenas com uma accedilatildeo pontual minimiza-se a divergecircncia
diagnoacutestica do exame citopatoloacutegico Portanto a reuniatildeo de consenso proporcionada
pelo MEQ deve ser vista como uma parceria e como um momento de aprendizado para
ambos os laboratoacuterios pois eacute uma praacutetica de aperfeiccediloamento diagnoacutestico essencial para
o rastreamento do CCU
A praacutetica contiacutenua do MEQ deve igualmente ser priorizada em um programa
organizado de rastreamento do CCU pois o regular monitoramento dos laboratoacuterios
garante a produccedilatildeo de exames citopatoloacutegicos de qualidade e que contribuem
significativamente na detecccedilatildeo de lesotildees precursoras desta neoplasia
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REZENDE MT Apecircndices
66
Apecircndices
Apecircndice A Planilha do preacute-escrutiacutenio raacutepido
PLANILHA DO PREacute-ESCRUTIacuteNIO RAacutePIDO (PER)
DATA DE CHEGADA
DATA
REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA
RESULTADO DO PER
N= Negativo I= Insatisfatoacuterio S= Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
67
Apecircndice B Planilha da revisatildeo raacutepida de 100
PLANILHA DA REVISAtildeO RAacutePIDA DE 100 DOS NEGATIVOS (RR100)
DATA DE CHEGADA
DATA REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA RESULTADO DA RR100
FLORA
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
68
Apecircndice C Planilha dos resultados positivos e insatisfatoacuterios
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS POSITIVOS E INSATISFATOacuteRIOS
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO
ER
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
69
Apecircndice D Planilha de revisatildeo dos resultados discordantes
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS DISCORDANTES
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO ER
RESULTADO RR100
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Anexos
70
Anexos
Anexo 1 Requisiccedilatildeo de exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero
REZENDE MT Anexos
71
REZENDE MT Resumo
Introduccedilatildeo A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico ou Papanicolaou eacute a
estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do cacircncer do colo do uacutetero poreacutem
resultados falso-negativos (RFN) e falso-positivos (RFP) podem ser observados O
monitoramento externo da qualidade (MEQ) tem sido implementado com o objetivo de
aperfeiccediloar o exame e compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio (Tipo
II) diferente daquele que realizou a primeira leitura (Tipo I) Objetivo Comparar os
resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do municiacutepio de Ouro Preto
MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade Meacutetodo O Laboratoacuterio Tipo
I enviou para o Laboratoacuterio Tipo II os exames com resultados positivos insatisfatoacuterios
e 10 dos negativos selecionados automaticamente pelo SISCOLO referente aos
meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 totalizando 321 esfregaccedilos
Para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final foi realizada uma Reuniatildeo de Consenso entre os dois
laboratoacuterios para discussatildeo dos casos discordantes A anaacutelise dos dados foi realizada
pelo pacote estatiacutestico Stata versatildeo 11 A avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os
diagnoacutesticos dos dois laboratoacuterios foi mensurada pelo coeficiente Kappa e a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) foi utilizada para comparar os valores de concordacircncia antes e
apoacutes consenso Resultado A concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou de 527 para 798 (VPR=+5142) apoacutes a realizaccedilatildeo do Consenso e o
Kappa de 029 para 066 (VPR=+12760) considerado como concordacircncia boa O
percentual de RFP foi reduzido para 184 (59) apoacutes consenso e natildeo foi constatado
nenhum RFN Entre os laboratoacuterios houve 7 casos de retardo de conduta (22) e apoacutes
a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero reduziu para 6 (19) O IP antes do consenso era
156 e passou para 120 mostrando reduccedilatildeo de aproximadamente 230 (VPR=-
2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor de 57 para 46 reduccedilatildeo por
volta de 190 (VPR=-1910) Os outros indicadores da qualidade apresentaram
valores que variaram dentro da faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia com os
resultados do Laboratoacuterio Tipo I Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso tiveram resultado citopatoloacutegico alterado Conclusatildeo Pode-se
concluir que a reuniatildeo de consenso realizada durante o monitoramento externo da
qualidade proporciona ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos e consequentemente auxilia
no aperfeiccediloamento do desempenho diagnoacutestico dos citopatologistas
REZENDE MT Abstract
Introduction Periodic evaluation of pap smear or pap smear is a strategy most
commonly used to screen for cervical cancer but also false-negative (RFN) and false-
positive (RFP) results External quality monitoring (MEQ) has been implemented for
the purpose of improving the examination and includes a review of the smears by a
laboratory (Type II) Objective To compare the results of cervical cytopathological
examinations of the city of Ouro Preto MG submitted to external quality monitoring
Method Type II laboratory for positive unsatisfactory and 10 negative tests
selected automatically by SISCOLO for the months of December2013 January 2014
and February 2014 totaling 321 smears To define the final diagnosis for the holding of
a consensus meeting between the two laboratories to discuss discordant cases The
concordance evaluation between the two laboratories diagnoses was measured by the
coefficient The concordance between the two laboratories diagnoses was measured by
the coefficient The concordance between the two laboratories diagnoses was measured
by the coefficient Results The agreement between the laboratories from 527 to
798 (PRD = + 5142) after the Consensus and the index from 029 to 066 (VPR = +
127 60) considered as good agreement The percentage of RFP was reduced to 184
(59) after the consensus and was not found in RFN The IP before the consensus was
156 and went to 120 showing a reduction of approximately 230 (PRD = -
2314) The ASCSat showed a decrease in value from 57 to 46 a decrease of
190 (VPR = -1910) The other indicators of quality presented values that varied
within the range recommended by the Ministry of Health Follow-up of the cases with
HSIL diagnosis showed greater agreement with the results of Type I Laboratory The
follow-up of nine RFPs agreed after a consensus meeting resulted altered
cytopathology Conclusion It can be concluded that a consensus meeting during the
external quality monitoring provided the adjustment of the cytomorphological criteria
and consequently helps to improve the diagnostic performance of cytopathologists
REZENDE MT Lista de Figuras
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I32
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia
cervical34
Figura 3 Seguimento das mulheres com resultado citopatoloacutegico alterado43
Figura 4 Seguimento das mulheres com resultados falso-positivos (RFP) acordados
apoacutes a reuniatildeo de consenso44
REZENDE MT Lista de Tabelas
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso38
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso39
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
apoacutes o Consenso40
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso41
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o
Consenso41
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso42
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade43
REZENDE MT Abreviaturas
AGC Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas
ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode excluir
lesatildeo de alto grau
CCU Cacircncer do colo do uacutetero
DST Doenccedila sexualmente transmissiacutevel
ER Escrutiacutenio de rotina
HPV Papiloma viacuterus humano
HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
INCA Instituto Nacional do Cacircncer
LAPAC Laboratoacuterio Piloto de Anaacutelises Cliacutenicas
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau
MIQ Monitoramento interno da qualidade
MEQ Monitoramento externo da qualidade
PER Preacute-escrutiacutenio raacutepido
RFN Resultado falso-negativo
RFP Resultado falso-positivo
RR100 Revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
VPR Variaccedilatildeo Percentual Relativa
REZENDE MT Sumaacuterio
1- Introduccedilatildeo 12
2- Revisatildeo da Literatura 14
21 Cacircncer do colo do uacutetero 14
22 Exame citopatoloacutegico 16
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais 18
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado 20
23 Controle de qualidade em citopatologia 21
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia 23
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero 24
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia 25
3- Justificativa 29
4- Objetivos 30
41 Objetivo Geral 30
42 Objetivos especiacuteficos 30
5- Metodologia 31
51 Local de estudo 31
511 Monitoramento interno da qualidade 31
52 Tipo de estudo 33
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica 33
54 Monitoramento externo da qualidade 33
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados 35
56 Anaacutelise dos dados 36
6- Resultados 38
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 38
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos 42
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado 43
7- Discussatildeo 45
9- Consideraccedilotildees finais 54
10- Referecircncias 55
Apecircndices 66
Anexos 70
REZENDE MT Introduccedilatildeo
12
1- Introduccedilatildeo
O CCU eacute considerado mundialmente um grave problema de sauacutede puacuteblica
sendo o quarto tipo de cacircncer mais frequente entre as mulheres e responsaacutevel pelo oacutebito
de 266 mil mulheres em 2012 (WHO 2012) No Brasil estima-se para o ano de
20162017 a ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585
casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a) A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero ou Papanicolaou eacute a estrateacutegia mais adotada para o
rastreamento desta neoplasia sendo efetivo para detectar lesotildees precursoras que podem
ser tratadas permitindo a reduccedilatildeo nas taxas de incidecircncia e mortalidade (MORIN et al
2000 TOMASI et al 2015)
Um dos grandes desafios a ser superado em relaccedilatildeo ao exame citopatoloacutegico eacute a
elevada taxa de resultados falso-negativos (RFN) que o meacutetodo apresenta que podem
chegar ateacute a 62 (ATTWOOD et al 1985 KOSS 1989 GIILL 2005 AMARAL et
al 2008) Assim muitas mulheres natildeo satildeo diagnosticadas e continuam em risco de
desenvolver lesotildees precursoras do cacircncer do colo do uacutetero uma vez que natildeo receberam o
devido acompanhamento Por outro lado os resultados falso-positivos (RFP) tambeacutem
causam transtornos na vida das mulheres que muitas vezes se submetem a
procedimentos desnecessaacuterios (MITCHELL MEDLEY 1995 KIRSCHNER et al
2011 GULLO et al 2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Com o objetivo de aperfeiccediloar o exame citopatoloacutegico algumas estrateacutegias
corretivas de melhoria da qualidade tecircm sido desenvolvidas como os programas de
monitoramento interno da qualidade (MIQ) e monitoramento externo da qualidade
(MEQ) que visam identificar corrigir e diminuir as falhas dentro do laboratoacuterio de
citopatologia Dessa forma eacute possiacutevel melhorar a sensibilidade do meacutetodo em detectar
alteraccedilotildees citopatoloacutegicas resultando na reduccedilatildeo dos percentuais de RFN e RFP
(TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) O Ministeacuterio da Sauacutede em 2013
regulamentou o MIQ e o MEQ instituindo a Qualificaccedilatildeo Nacional em Citopatologia na
Prevenccedilatildeo do CCU (BRASIL 2013a) que definiu padrotildees para avaliar a qualidade do
exame atraveacutes do acompanhamento dos laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam
serviccedilo para o SUS
O MEQ compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio diferente
daquele que realizou a primeira leitura e tem como principal objetivo avaliar o
REZENDE MT Introduccedilatildeo
13
desempenho dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do colo uterino e fornecer educaccedilatildeo
continuada aos citopatologistas com o intuito de aprimorar o diagnoacutestico citopatoloacutegico
(FREITAS THULER 2012 AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio e
contemplam entre outras o monitoramento do preparo das lacircminas o tempo de
escrutiacutenio a carga de trabalho do citologista a revisatildeo dos esfregaccedilos e a implantaccedilatildeo
de sistema de indicadores de qualidade Dentre os meacutetodos de MIQ mais eficientes na
detecccedilatildeo de RFN cita-se a revisatildeo raacutepida de 100 (RR100) dos esfregaccedilos negativos
e o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) de todos os esfregaccedilos (TAVARES et al 2011 2014
BRASIL 2016b) A implementaccedilatildeo dos indicadores de qualidade eacute fundamental pois
permite comparar a situaccedilatildeo atual com metas desejadas assim eacute possiacutevel acompanhar o
comportamento do indicador apoacutes a realizaccedilatildeo de alguma intervenccedilatildeo auxiliando na
tomada de decisatildeo (BORTOLON et al 2012 PLEWKA et al 2014 BRASIL 2016b)
Aleacutem do monitoramento da qualidade dos exames citopatoloacutegicos a eficiecircncia
do rastreamento do CCU depende do seguimento adequado das mulheres com
resultados alterados mantendo no programa aquelas que devem repetir o exame ou
serem encaminhadas adequadamente para a colposcopia e bioacutepsia (ZOLA et al 2007
ALBUQUERQUE et al 2012) O seguimento permite que seja feito a correlaccedilatildeo do
diagnoacutestico citoloacutegico com a histologia que eacute uma importante ferramenta usada como
medida da garantia da qualidade e do desempenho dos laboratoacuterios de citopatologia
(ANSCHAU GONCcedilALVES 2011 TURKMEN et al 2013)
Portanto eacute imprescindiacutevel a implantaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ na rotina
dos laboratoacuterios de citopatologia pois satildeo parte integrante da estrateacutegia de garantia e
melhoria contiacutenua da qualidade com a finalidade de reduzir as falhas do exame
citopatoloacutegico garantindo agraves mulheres a prestaccedilatildeo de um serviccedilo seguro
Um dos principais motivos da ocorrecircncia dos RFN e RFP satildeo problemas
relacionados agrave interpretaccedilatildeo diagnoacutestica (GAY NALDSON GOELLNER 1985
RENSHAW 2003 COLEMAN POZNANSKY 2006 BRANCA LONGATTO-
FILHO 2015) Sendo assim este trabalho teve como objetivo comparar os exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero submetidos ao MEQ com o intuito de minimizar
divergecircncias diagnoacutesticas a fim de reduzir os RFN e RFP que satildeo um dos maiores
problemas enfrentados pelos laboratoacuterios de citopatologia
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
14
2- Revisatildeo da Literatura
21 Cacircncer do colo do uacutetero
Estimativas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede apontaram o cacircncer do colo do
uacutetero (CCU) como o responsaacutevel pelo oacutebito de 266 mil mulheres em 2012 e
aproximadamente 87 ocorreram nas regiotildees menos desenvolvidas (WHO 2012) No
Brasil ocupa a terceira posiccedilatildeo entre os dez tipos de cacircncer mais incidentes estimados
para 2016 por sexo exceto pele natildeo melanoma Estima-se para o ano de 20162017 a
ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585 casos a cada
100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
A taxa de incidecircncia do CCU estimada para 20162017 por regiatildeo brasileira sem
considerar os tumores de pele natildeo melanoma eacute a mais alta na regiatildeo Norte
apresentando 2397 novos casos por 100 mil mulheres Eacute o segundo mais incidente nas
regiotildees Centro-Oeste e Nordeste com 2072 e 1949 novos casos a cada 100 mil
mulheres respectivamente E na regiatildeo Sudeste estaacute na terceira posiccedilatildeo com 1130
novos casos a cada 100 mil mulheres e na regiatildeo Sul na quarta com 1517 novos casos
a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
Define-se o CCU como a replicaccedilatildeo desordenada do epiteacutelio de revestimento
deste oacutergatildeo resultando em comprometimento do estroma e invasatildeo de estruturas e
oacutergatildeos contiacuteguos ou agrave distacircncia Na fase preacute-cliacutenica desta neoplasia natildeo se observam
sintomas de maneira que a detecccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees precursoras eacute realizada pelo
exame citoloacutegico por outro lado agrave medida que a doenccedila progride surgem sangramento
menorragias e metrorragias (HAMONT et al 2008 LIMBERGER et al 2012)
O CCU eacute uma doenccedila que possui evoluccedilatildeo lenta onde a progressatildeo de uma
lesatildeo inicial para a forma invasiva pode levar anos sendo entatildeo possiacutevel identificar suas
formas precursoras que satildeo trataacuteveis e curaacuteveis (MEDEIROS et al 2005 COLEMAN
POZNANSKY 2006 RAMA et al 2008) Assim trata-se de uma doenccedila evitaacutevel
podendo apresentar 100 de cura principalmente atraveacutes do diagnoacutestico precoce
realizado pelo exame citopatoloacutegico e tratamento adequado de lesotildees preacute-malignas
(ZEFERINO et al 1996 ELUF-NETO NASCIMENTO 2001 SANTOS et al 2013)
A infecccedilatildeo pelo papiloma viacuterus humano (HPV) eacute uma das doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis mais comuns em todo mundo em ambos os sexos sendo que a maioria
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
15
das pessoas adquirem o viacuterus no iniacutecio da atividade sexual A infecccedilatildeo tem iniacutecio nas
ceacutelulas basais da zona de transformaccedilatildeo do colo do uacutetero e a maioria eacute controlada pela
resposta imune celular ocorrendo sua eliminaccedilatildeo espontacircnea em torno de dois anos
sem causar lesotildees e sintomas (ALMONTE et al 2010 GRAVITT et al 2011)
O HPV eacute considerado o principal fator de risco associado ao desenvolvimento
do CCU e a infecccedilatildeo persistente no trato reprodutivo de mulheres pode levar ao
surgimento de lesotildees preacute-neoplaacutesicas (DE SANJOSE et al 2007 2010
GUDLEVICIENE et al 2010) Satildeo descritos hoje aproximadamente 130 genoacutetipos do
HPV sendo que desses 40 podem infectar a mucosa genital Os tipos de HPV satildeo
classificados em viacuterus de alto ou baixo risco oncogecircnico conforme a propensatildeo das
ceacutelulas infectadas agrave transformaccedilatildeo neoplaacutesica (WEISS ROSENTHAL ZIMET 2011
FERRAZ SANTOS DISCACCIATI 2012) Aproximadamente 15 tipos de HPV tecircm
potencial oncogecircnico e satildeo responsaacuteveis por praticamente todos os cacircnceres cervicais e
lesotildees precursoras desses os mais prevalentes satildeo os HPV 16 e 18 sendo associados
com aproximadamente 70 de todos os cacircnceres do colo do uacutetero (MAZARICO
GONZALEZ-BOSQUETE 2012 HOSTE VOSSAERT POPPE 2013)
Sabe-se que somente a infecccedilatildeo pelo HPV natildeo eacute suficiente para o
desenvolvimento do carcinoma pois haacute um periacuteodo de latecircncia entre a infecccedilatildeo e o
desenvolvimento das lesotildees preacute-neoplaacutesicas indicando que existem outros elementos
atuando como co-fatores na carcinogecircnese do colo do uacutetero dentre os quais cita-se o
iniacutecio precoce da vida sexual muacuteltiplos parceiros sexuais multiparidade histoacuteria de
doenccedila sexualmente transmitida imunossupressatildeo uso prolongado de anticoncepcional
oral e tabagismo (NATUNEN et al 2011 ZARDO et al 2014)
Desde a infecccedilatildeo pelo HPV ateacute o desenvolvimento do CCU transcorrem
aproximadamente quinze anos Considera-se esta progressatildeo lenta sendo possiacutevel nesse
tempo a identificaccedilatildeo precoce de lesotildees celulares associadas com a persistecircncia deste
viacuterus no trato genital por meio da citologia cervical Assim haacute tempo para que as
lesotildees possam ser tratadas adequadamente impedindo a progressatildeo para o cacircncer
(SNIJDERS et al 2006 DISCACCIATI et al 2011 FERRAZ SANTOS
DISCACCIATI 2012)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
16
22 Exame citopatoloacutegico
A estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do CCU desde sua introduccedilatildeo
em 1941 por George Papanicolaou eacute o exame citopatoloacutegico sendo responsaacutevel pela
reduccedilatildeo da incidecircncia e mortalidade desse cacircncer nas uacuteltimas cinco deacutecadas em paiacuteses
em que foi implantado de maneira eficiente (PAPANICOLAOU TRAUT 1977
ARBYN et al 2009 DIJKSTRA et al 2014) O rastreio utilizando a citologia
esfoliativa eacute considerado uma intervenccedilatildeo de sauacutede puacuteblica extremamente bem-
sucedida de forma que praticado de acordo com as diretrizes alcanccedila reduccedilotildees na
incidecircncia do CCU de ateacute 80 (FRANCO DUARTE-FRANCO FERENCZY 2001
OGILVIE et al 2010) Aleacutem disso mais de 60 de todos os casos de CCU satildeo
observados entre as mulheres que natildeo participam do rastreamento (STENVALL
WIKSTROM WILANDER 2007)
O exame citopatoloacutegico baseia-se no fato de que alteraccedilotildees nas ceacutelulas epiteliais
do colo uterino podem progredir ao longo do tempo permitindo o surgimento do
cacircncer Sendo assim o Papanicolaou eacute estrateacutegico para detecccedilatildeo dessas alteraccedilotildees nas
fases iniciais das lesotildees precursoras (CARVALHO QUEIROZ 2010) Eacute um exame
faacutecil raacutepido praacutetico seguro de baixo custo e eficaz na detecccedilatildeo de lesotildees cervicais e
por isso deve ser incentivado como meacutetodo de triagem (GREENWOOD MACHADO
SAMPAIO 2006 OLIVEIRA et al 2010 COBUCCI et al 2016)
Os procedimentos mais usados para a confecccedilatildeo dos esfregaccedilos para o exame
citopatoloacutegico satildeo a coleta convencional ou em meio liacutequido (ARBYN et al 2008
NANDINI et al 2012) A teacutecnica de citologia em meio liacutequido permite que as ceacutelulas
sejam suspensas em meio liacutequido e espalhadas em monocamada possibilitando assim
uma melhor avaliaccedilatildeo morfoloacutegica e tem sido introduzida nos paiacuteses desenvolvidos para
melhorar a sensibilidade do exame citopatoloacutegico (PAWAR et al 2014) Apesar deste
meacutetodo apresentar menos tempo de triagem fundo limpo e melhor distribuiccedilatildeo dos
elementos celulares os benefiacutecios natildeo justificam o alto custo assim a coleta
convencional deve ser a primeira escolha para os paiacuteses em desenvolvimento pois
quando realizado de maneira organizada e de acordo com os padrotildees de qualidade natildeo eacute
inferior a citologia em meio liacutequido (ILTER et al 2012 SHARMA et al 2016)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a coleta convencional Neste tipo de coleta o
espeacuteculo eacute introduzido no canal vaginal para expor o colo do uacutetero e satildeo utilizados a
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
17
espaacutetula de Ayre para a coleta de ceacutelulas da ectoceacutervice e a escova endocervical para
coleta de ceacutelulas da endoceacutervice (ARBYN et al 2008 VERMA JAIN KAUR 2014)
As ceacutelulas satildeo colocadas em uma lacircmina transparente de vidro com extremidade fosca
onde consta identificaccedilatildeo da paciente satildeo coradas e examinadas ao microscoacutepio pelos
profissionais habilitados que poderatildeo identificar ceacutelulas que apresentam alteraccedilotildees
indicativas de lesotildees preacute-malignas (ARBYN et al 2008 FERNANDES et al 2009
BRASIL 2011)
No Brasil a populaccedilatildeo alvo recomendada para a realizaccedilatildeo deste exame satildeo
mulheres na faixa etaacuteria de 25 ateacute os 64 anos de idade e agravequelas que jaacute iniciaram a vida
sexual Recomenda-se a realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico como ferramenta
de rastreamento sendo que deve ser repetido a cada trecircs anos apoacutes dois exames anuais
consecutivos normais A repeticcedilatildeo em um ano tem por objetivo diminuir a possibilidade
de RFN (RIBEIRO SANTOS TEIXEIRA 2011 BRASIL 2016c) Este
acompanhamento regular tem como base os programas de rastreamento organizados na
maioria dos paiacuteses desenvolvidos (FERLAY et al 2012)
Em estudo envolvendo oito paiacuteses realizado pela International Agency for
Research on Cancer (IARC) em 1986 servindo de suporte para normas ainda hoje
vigente mundialmente estimou-se que ao iniciar o rastreamento aos 25 anos de idade e
natildeo aos 20 anos perde-se apenas 1 de reduccedilatildeo da incidecircncia cumulativa do CCU
(IARC 1986 BRASIL 2011) Mulheres de ateacute 20 anos de idade natildeo estatildeo incluiacutedas na
faixa etaacuteria alvo do rastreamento pois possuem maior probabilidade de regressatildeo das
lesotildees preacute-invasivas o carcinoma invasor nesta parcela da populaccedilatildeo em geral eacute
extremamente raro e a maioria das infecccedilotildees pelo HPV se resolve espontaneamente em
cerca de dois anos sendo portanto de reduzida significacircncia cliacutenica (MOSCICKI
2008 MOSCICKI COX 2010) Os exames devem seguir ateacute os 64 anos e apoacutes essa
idade serem interrompidos quando resultarem em dois exames negativos consecutivos
nos uacuteltimos cinco anos (SASIENI CASTANtildeON CUZICK 2010 BRASIL 2011)
O rastreamento no Brasil eacute predominantemente oportuniacutestico ou seja as
mulheres tecircm realizado o exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero quando procuram os
serviccedilos de sauacutede geralmente devido a consulta meacutedica gravidez e diante de queixas
como prurido e leucorreacuteia Assim 20 a 25 dos exames tecircm sido realizados fora do
grupo etaacuterio recomendado e aproximadamente metade deles com intervalo de um ano
ou menos quando o recomendado satildeo trecircs anos Portanto haacute um contingente de
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
18
mulheres rastreadas e a exclusatildeo de outras (ZEFERINO 2008 NAVARRO et al 2015
BRASIL 2016c)
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais
George N Papanicolaou em 1941 criou a primeira terminologia de
classificaccedilatildeo citoloacutegica das lesotildees precursoras do CCU que procurava expressar se as
ceacutelulas observadas eram normais ou natildeo e desde entatildeo vaacuterios sistemas de classificaccedilatildeo
foram sugeridos (TRAUT PAPANICOLAOU 1943 AGUIAR et al 2011)
Nos Estados Unidos em 1988 foi realizada na cidade de Bethesda um workshop
que enfatizou a grande diversidade na comunicaccedilatildeo dos resultados em citologia
cervical e teve como objetivo determinar uma terminologia que daria limites evidentes
para a gestatildeo e dessa maneira reduziria a variabilidade interobservador Entatildeo nesse
ano foi aprovada a classificaccedilatildeo citoloacutegica conhecida como Terminologia do Sistema
Bethesda que introduziu os termos lesotildees intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e
alto grau (HSIL) (NAYAR WILBUR 2015a)
Apoacutes experiecircncia na praacutetica cliacutenica e novos avanccedilos no conhecimento
cientiacutefico esse sistema passou por revisatildeo em 1991 e 2001 que propocircs uniformizar as
terminologias assim como as condutas cliacutenicas para cada classificaccedilatildeo citoloacutegica
(AGUIAR et al 2011) O workshop de 1991 levou agrave produccedilatildeo do primeiro atlas
Bethesda em 1994 depois de sua publicaccedilatildeo tornou-se rapidamente uma referecircncia
mundial para a praacutetica da citologia cervical (SOLOMON et al 2002 NAYAR
WILBUR 2015a) Em 2001 aconteceu mudanccedilas marcantes em relaccedilatildeo agrave categoria de
Ceacutelulas Escamosas Atiacutepicas (ASC) A categoria ASC foi subdividida em ceacutelulas
escamosas atiacutepicas de significado indeterminado (ASC-US) e ceacutelulas escamosas
atiacutepicas quando natildeo se pode excluir lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
(WRIGHT et al 2002 MASSAD et al 2013) Nos Estados Unidos em 2013 855
dos laboratoacuterios de citologia haviam implementado a terminologia de 2001 e o
sistema de Bethesda produziu um impacto significativo na comunidade
internacional de citopatologia (DAVEY et al 2004)
Nos uacuteltimos anos vecircm acontecendo vaacuterias mudanccedilas nos processos de rastreio
do CCU como aumento do uso de citologia em meio liacutequido aprovaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de vacinas profilaacuteticas contra o HPV mudanccedilas na terminologia de
histopatologia e diretrizes atualizadas para o rastreio do CCU e gestatildeo cliacutenica Com
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
19
base em todas essas mudanccedilas o ano de 2014 era o momento adequado para uma
revisatildeo e atualizaccedilatildeo da terminologia Sistema de Bethesda 2001 Houve entatildeo o
refinamento de criteacuterios morfoloacutegicos e incorporaccedilatildeo de revisotildees e novas
informaccedilotildees adicionais na terceira ediccedilatildeo do atlas Bethesda para citologia cervical
(NAYAR WILBUR 2015b)
Em 2003 foi publicada a primeira ediccedilatildeo da Nomenclatura Brasileira para
Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais e Condutas Cliacutenicas Preconizadas baseada no
sistema de Bethesda contendo tambeacutem o MEQ com o objetivo de padronizar o laudo
citopatoloacutegico com as respectivas condutas cliacutenicas e manter o controle de qualidade
desses laudos emitidos pelos laboratoacuterios prestadores de serviccedilo ao Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SUS) No ano de 2006 houve a publicaccedilatildeo da segunda ediccedilatildeo dessa
nomenclatura e foi suprimido o capiacutetulo referente ao MEQ porque esse tema merecia
uma profunda revisatildeo No ano de 2010 optou-se por lanccedilar como publicaccedilotildees
independentes os trecircs capiacutetulos de Condutas Cliacutenicas Preconizadas MEQ e da
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais (BRASIL 2012)
Em 2012 foi publicada a terceira ediccedilatildeo revisada e atualizada da Nomenclatura
Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais que eacute a nomenclatura utilizada
atualmente no Brasil contemplando a seguinte classificaccedilatildeo
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (ASC-US)
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir
lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (AGC-SOE)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode afastar
lesatildeo intraepitelial de alto grau (AGC-NEO)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL)
bull Adenocarcinoma in situ (AIS)
bull Adenocarcinoma invasor (cervical endometrial e sem outras especificaccedilotildees)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau natildeo podendo excluir microinvasatildeo
bull Carcinoma epidermoacuteide invasor
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
20
A adoccedilatildeo do Sistema de Bethesda ainda que adaptado ao Brasil facilita a
comparaccedilatildeo de resultados nacionais com os encontrados em publicaccedilotildees estrangeiras
Poreacutem ainda haacute resistecircncia por parte dos citopatologistas no emprego da nomenclatura
brasileira para exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero Ressalta-se que aleacutem do
diagnoacutestico preciso tambeacutem eacute importante que o relatoacuterio de apresentaccedilatildeo dos resultados
seja de faacutecil compreensatildeo para que a paciente receba seguimento e conduta adequada
dessa forma maiores esforccedilos devem ser empregados no sentido de estimular o uso
dessa nomenclatura (AGUIAR et al 2011)
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado
Em 2011 houve atualizaccedilatildeo das Condutas Cliacutenicas Preconizadas de 2006 e entatildeo
foram lanccediladas as ldquoDiretrizes para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo que
buscaram orientar as condutas preconizadas em mulheres com alteraccedilotildees no exame
citopatoloacutegico cervical (BRASIL 2011)
De acordo com essas diretrizes diante de um resultado de exame citopatoloacutegico
de ASC-US a mulher com 30 anos ou mais deveraacute repetir o exame citopatoloacutegico em
um intervalo de 6 meses e com idade inferior a 30 anos no intervalo de 12 meses Para
os exames com resultados classificados como ASC-H as mulheres devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e se observado alteraccedilotildees
colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia jaacute aquelas sem alteraccedilotildees devem repetir nova
citologia em 6 meses Pacientes com diagnoacutestico citoloacutegico de AGC devem ser
encaminhadas para colposcopia realiza-se a bioacutepsia apenas quando satildeo observadas
alteraccedilotildees no colo caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia em 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de LSIL devem repetir o exame citopatoloacutegico em 6
meses se a citologia de repeticcedilatildeo for negativa em dois exames consecutivos a paciente
deve retornar agrave rotina de rastreamento citoloacutegico trienal Pacientes que apresentarem
diagnoacutestico de HSIL deveratildeo ser encaminhadas em ateacute trecircs meses agrave Unidade de
Referecircncia Secundaacuteria para realizaccedilatildeo da bioacutepsia se observada alteraccedilotildees no colo na
colposcopia (BRASIL 2011)
No ano de 2016 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a segunda ediccedilatildeo das ldquoDiretrizes
para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo atualizando as diretrizes publicadas em
2011 visando auxiliar os profissionais da sauacutede em suas praacuteticas assistenciais em todo o
paiacutes quanto ao seguimento de exames citopatoloacutegicos alterados e apoiar os gestores na
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
21
tomada de decisatildeo em relaccedilatildeo agrave estruturaccedilatildeo da linha de cuidados da mulher (BRASIL
2016c)
De acordo com as diretrizes mais recentes as mulheres com diagnoacutestico de ASC-
US abaixo de 25 anos de idade devem repetir o exame apoacutes 3 anos aquelas entre 25 e
29 anos devem repetir em 12 meses enquanto as mulheres acima de 30 anos devem
repetir a citologia apoacutes 6 meses Mulheres com diagnoacutestico de ASC-H devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e somente aquelas que
apresentam alteraccedilotildees colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia sendo que as demais
devem repetir a citologia apoacutes 6 meses Em mulheres com diagnoacutestico de ceacutelulas
glandulares atiacutepicas (AGC) ou ceacutelulas atiacutepicas de origem indefinida a paciente deve ser
imediatamente encaminhada para colposcopia onde faz-se a bioacutepsia apenas quando satildeo
observadas alteraccedilotildees caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia Na
presenccedila do diagnoacutestico LSIL em mulheres abaixo de 25 anos de idade sugere-se repetir
o exame citopatoloacutegico apoacutes 3 anos com indicaccedilatildeo de colposcopia caso a atipia se
mantenha E mulheres acima de 25 anos de idade devem repetir a citologia apoacutes 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de HSIL devem ser encaminhadas para realizaccedilatildeo de
colposcopia ateacute trecircs meses apoacutes o resultado e caso apresentem alteraccedilotildees visuais no
colo do uacutetero deveratildeo ser submetidas a bioacutepsia caso contraacuterio recomenda-se nova
citologia apoacutes trecircs meses a contar da data da coleta da citologia anterior (BRASIL
2016c)
Um dos maiores problemas enfrentado pelo programa de rastreamento e controle
do CCU eacute a falta de seguimento dado as mulheres depois que realizam o exame
citopatoloacutegico bem como a orientaccedilatildeo errocircnea por parte dos profissionais de sauacutede
Portanto para que o programa tenha sucesso eacute necessaacuterio garantir que seja organizado e
definido como um conjunto de accedilotildees programadas com populaccedilatildeo e periodicidade
especiacuteficas porque com o seguimento pode-se oferecer um tratamento adequado
interrompendo o desenvolvimento desse cacircncer (VALE et al 2010 ALBUQUERQUE
et al 2012 SANTOS et al 2013)
23 Controle de qualidade em citopatologia
O exame citopatoloacutegico necessita apresentar uma boa acuraacutecia diagnoacutestica
(MILLER et al 2000 KOSE NAKI 2014 ABUDUKADEER et al 2015) No
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
22
entanto questiona-se sua eficiecircncia pois certo nuacutemero de mulheres desenvolve esse
cacircncer apesar de realizarem o exame periodicamente em parte essa situaccedilatildeo pode ser
explicada pelas altas taxas de RFN (MITCHELL MEDLEY 1995 TAVARES et al
2008 KIRSCHNER et al 2011) Aleacutem disso os RFP tambeacutem satildeo alarmantes pois
geram danos agrave vida de mulheres na medida que se sujeitam a procedimentos
dispensaacuteveis (KOSS 1989 FRABLE 2007 GULLO et al 2012)
As principais causas dos RFN ocorrem devido a erros de coleta de escrutiacutenio e
de interpretaccedilatildeo do diagnoacutestico (BOSCH RIETVELD-SCHEFFERS BOON 1992
MITCHELL MEDLEY 1995 ORTIZ-VAacuteZQUEZ et al 2001 FRABLE et al 2007
MANRIQUE et al 2009) Erros na coleta do material citoloacutegico podem ser
responsaacuteveis por ateacute 62 dos RFN e ocorrem devido agrave falta de representatividade
celular ou escassez de ceacutelulas neoplaacutesicas e tambeacutem pela presenccedila de processo
inflamatoacuterio sangue e fundo necroacutetico nos esfregaccedilos que podem prejudicar a anaacutelise
(VAN DER et al 1987 EJERSBO DAHL HOLUND 2003 AMARAL et al 2006
AMARAL et al 2008 LONNBERG et al 2010) O erro de escrutiacutenio varia de 10 a
67 e ocorre quando as ceacutelulas atiacutepicas estatildeo presentes no esfregaccedilo mas natildeo satildeo
identificadas pelo escrutinador devido agrave falta de atenccedilatildeo e concentraccedilatildeo tempo
insuficiente e falta de experiecircncia (DEMAY 1997 PITTOLI et al 2003 PAJTLER et
al 2006 AMARAL et al 2008) O erro de interpretaccedilatildeo pode ser responsaacutevel por ateacute
22 dos RFN e ocorre quando as ceacutelulas neoplaacutesicas satildeo reconhecidas mas satildeo
identificadas como benignas ou ainda satildeo classificadas erroneamente isso eacute atribuiacutedo
principalmente agrave experiecircncia insuficiente do profissional e informaccedilotildees cliacutenicas
inadequadas (GAY NALDSON GOELLNER 1985 RENSHAW 2003 COLEMAN
POZNANSKY 2006 AMARAL et al 2008)
Dessa forma tem sido exigido a implementaccedilatildeo de programas de monitoramento
da qualidade em citopatologia com o objetivo de melhorar o desempenho do exame
citopatoloacutegico em detectar anormalidades escamosas e glandulares e
consequentemente diminuir os percentuais de RFN e RFP que satildeo resultados
preocupantes tanto para a mulher quanto para os custos dos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(PAJTLER et al 2006 TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) A fim de
minimizar as falhas deste exame vaacuterias estrateacutegias corretivas de garantia da qualidade
tecircm sido desenvolvidas como a implementaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ nos
laboratoacuterios de citopatologia (PEREIRA et al 2006 AacuteZARA et al 2014a)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
23
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio de
citopatologia contemplam na fase preacute-analiacutetica atividades realizadas antes do
escrutiacutenio e incluem o registro do material recebido a preparaccedilatildeo a coloraccedilatildeo e a
montagem das lacircminas a manutenccedilatildeo dos equipamentos e microscoacutepios aleacutem dos
registros da qualificaccedilatildeo e treinamento dos profissionais (BRASIL 2016b) Na fase
analiacutetica o objetivo eacute a reduccedilatildeo de erros de escrutiacutenio ou de erros de interpretaccedilatildeo do
resultado com o intuito de diminuir os iacutendices de RFN e RFP algumas das medidas
contemplam o tempo de escrutiacutenio carga de trabalho do citologista e revisatildeo dos
esfregaccedilos (TAVARES et al 2007) O monitoramento contiacutenuo da qualidade dos
resultados dos exames citopatoloacutegicos imprescindiacutevel para o laboratoacuterio faz parte da
fase poacutes-analiacutetica em que eacute avaliada o desempenho global e individual dos profissionais
(AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
Por muitos anos vaacuterias discussotildees ocorreram na tentativa de apontar o melhor
meacutetodo de MIQ para a citologia cervical (DUDDING RENSHAW ELLIS 2011)
Considerado como consenso entre os especialistas na aacuterea a repeticcedilatildeo da leitura de
todos os esfregaccedilos classificados como negativos no escrutiacutenio de rotina eacute o meacutetodo
mais preciso para evitar erros no rastreio poreacutem este meacutetodo eacute dispendioso exigindo
muito tempo para a leitura em duplicata (TAVARES et al 2011)
Dentre os meacutetodos de MIQ cita-se a revisatildeo aleatoacuteria de 10 dos esfregaccedilos
negativos pelo escrutiacutenio de rotina (R-10) a revisatildeo baseada em criteacuterios cliacutenicos de
risco (RCCR) a revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos (RR100) e o preacute-
escrutiacutenio raacutepido (PER) Os meacutetodos de PER e RR100 satildeo considerados os mais
eficazes na detecccedilatildeo de RFN (MANRIQUE et al 2007 2011 TAVARES et al 2011
BRASIL 2016b) O meacutetodo de revisatildeo de 10 dos esfregaccedilos negativos eacute criticado
pois detecta poucos casos RFN assim como a RCCR que tambeacutem tem produzido
resultados ruins em vaacuterios estudos (AMARAL et al 2005 TAVARES et al 2008
TAVARES et al 2011 CURRENS et al 2012)
A RR100 consiste em revisar rapidamente todos os esfregaccedilos classificados
como negativos e insatisfatoacuterios do escrutiacutenio de rotina poreacutem como o revisor possui
conhecimento do resultado pode tornar o meacutetodo tendencioso reduzindo sua
concentraccedilatildeo e aumentando a possibilidade de deixar passar erros (PAJTLER et al
2006 MANRIQUE et al 2007) O PER consiste no escrutiacutenio raacutepido de todos os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
24
esfregaccedilos sem influecircncia de marcaccedilotildees sobre a lacircmina durante um tempo limitado
antes do escrutiacutenio de rotina e eacute um meacutetodo que tende a prender a atenccedilatildeo do
citologista jaacute que eacute realizado anterior a leitura de rotina aleacutem de permitir que a
sensibilidade de ambos PER e ER seja estimada (DJEMLI KHETANI AUGER
2006 TAVARES et al 2008)
Portanto eacute de extrema importacircncia a implementaccedilatildeo de accedilotildees de garantia da
qualidade na rotina dos laboratoacuterios de citopatologia pois permitem aprimorar o exame
citopatoloacutegico assegurando resultados confiaacuteveis (FERRAZ et al 2005 SIEGL et al
2014)
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
O sistema de monitoramento da qualidade tambeacutem deve comtemplar o
desenvolvimento e implantaccedilatildeo de sistema de indicadores de qualidade pois permitem
avaliar o desempenho global do laboratoacuterio realizar anaacutelise estatiacutestica individual dos
profissionais bem como utilizar os dados obtidos para a realizaccedilatildeo de intervenccedilotildees para
aperfeiccediloamento das etapas laboratoriais (SIEGL et al 2014 AacuteZARA et al 2014b)
Os indicadores de qualidade em citopatologia cervical possuem caracteriacutesticas
que satildeo muito importantes para que possam ser uacuteteis como ferramentas de apoio para o
monitoramento e a avaliaccedilatildeo do desempenho do laboratoacuterio Entre elas destacam-se a
facilidade de compreensatildeo uso de dados de coleta disponiacutevel e faacutecil execuccedilatildeo
mensuram os resultados encontrados permitindo comparaccedilatildeo com valores de referecircncia
preacute-estabelecidos refletem exatamente o que se deseja quantificar viabilizando assim
uma anaacutelise comparativa dos resultados para uma melhoria contiacutenua dos processos
internos do laboratoacuterio (BRASIL 2016b)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda que a coleta dos dados deve ser realizada
pelos profissionais envolvidos nas diversas etapas do processo de trabalho pois a
responsabilizaccedilatildeo dos profissionais pela obtenccedilatildeo dos dados tende a gerar compromisso
deles com os resultados almejados assim os dados tendem a ser de melhor qualidade
(BRASIL 2016b) Portanto a construccedilatildeo de tais indicadores para auxiliar o programa
de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo uacutetero deve ser feita internamente no
laboratoacuterio e satildeo mundialmente conhecidos pelos profissionais dessa aacuterea (BRASIL
2016b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
25
Os indicadores de qualidade incluem o iacutendice de positividade (IP) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ASCSat) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt) razatildeo de ceacutelulas
escamosas atiacutepicas por lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) percentual de exames
compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSILSat) (BORTOLON et
al 2012 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b)
O IP expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares nos exames aleacutem da
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo examinada
e recomenda-se que esteja entre 3 e 10 O ASCSat deve ficar entre 4 e 5 e quando
elevado sugere problemas na amostra na anaacutelise laboratorial ou em ambas as fases e
representa um ocircnus para a mulher e para a rede assistencial pois acarreta a oferta de um
maior nuacutemero de exames destinados agrave repeticcedilatildeo para investigaccedilatildeo diagnoacutestica O
ASCAlt deve ser inferior a 60 e tem o objetivo de monitorar ao percentual de atipias
de significado indeterminado para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo continuada dos
citopatologistas A razatildeo ASCSIL permite identificar o baixo desempenho profissional
no rastreamento e valores muito altos devem ter a causa investigada pois podem mostrar
a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios citoloacutegicos utilizados sendo que este indicador
deve ser menor que 3 O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees
precursoras do CCU e recomenda-se que seja igual ou maior que 04 (PLEWKA et
al 2014 BRASIL 2016b)
Os documentos gerados na elaboraccedilatildeo e o registro perioacutedico dos indicadores de
qualidade devem ser armazenados para permitir o acompanhamento dos processos
analisados e devem fazer parte do conjunto de documentos que compotildeem o Sistema de
Monitoramento da Qualidade do laboratoacuterio Eacute importante que esse material seja
armazenado em local de faacutecil acesso com o objetivo de facilitar as consultas sempre
que for necessaacuterio Recomenda-se que sejam feitos mensalmente e impressos com
assinatura do profissional responsaacutevel (BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia
Haacute deacutecadas o Brasil tem adotado medidas para garantia da qualidade dos exames
citopatoloacutegicos Em 1998 foi instituiacutedo o Programa Nacional de Controle do Cacircncer de
Colo de Uacutetero pela portaria GMMS nordm 3040 que reconheceu que o exame
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
26
citopatoloacutegico do colo uterino eacute uma avaliaccedilatildeo qualitativa que dependente da
interpretaccedilatildeo do observador e que essa subjetividade precisa ser minimizada portanto o
monitoramento da qualidade eacute importante para a garantia do serviccedilo prestado agrave
populaccedilatildeo feminina (BRASIL 1998)
O Ministeacuterio da Sauacutede em 2001 por meio da Portaria SPSSAS nordm 92 preconizou
que todos os laboratoacuterios que realizam exames citopatoloacutegicos para o SUS deveriam
submeter-se ao Programa de Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ) poreacutem o
programa de responsabilidade das coordenaccedilotildees estaduais natildeo havia sido implantado
em todo paiacutes Esse programa foi regulamentado em 2013 atraveacutes da Qualificaccedilatildeo
Nacional em Citopatologia na Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2010
BRASIL 2013a)
A Portaria Qualicito definiu que os gestores estaduais e municipais devem
gerenciar o programa acompanhando o desempenho dos laboratoacuterios participantes que
foram classificados em Tipo I e Tipo II Satildeo considerados Laboratoacuterios Tipo I os
laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam serviccedilo ao SUS e que realizam exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero e os Laboratoacuterios Tipo II os laboratoacuterios puacuteblicos
responsaacuteveis por realizar os exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no acircmbito do
MEQ aleacutem de poderem realizar as accedilotildees dos Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2013a)
O MEQ eacute parte integrante da estrateacutegia de garantia da qualidade em citopatologia
e tem por finalidade avaliar o desempenho dos Laboratoacuterios Tipo I e a qualidade dos
exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero detectar as diferenccedilas de interpretaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos aumentar a eficiecircncia do processo de realizaccedilatildeo dos exames
citopatoloacutegicos aleacutem de reduzir o percentual de RFN RFP e insatisfatoacuterios (BRASIL
2016)
Em 1999 foi instituiacutedo o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero
(SISCOLO) com objetivo de armazenar dados sobre identificaccedilatildeo da mulher
informaccedilotildees demograacuteficas epidemioloacutegicas e dos exames citopatoloacutegicos e
histopatoloacutegicos realizados pelo SUS (GIRIANELLI THULER SILVA 2009
(BRASIL 2016c) Em 2011 foi lanccedilado o Plano Nacional de Fortalecimento da Rede de
Prevenccedilatildeo que permitiu o desenvolvimento do Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer
(SISCAN) substituindo o SISCOLO poreacutem a implementaccedilatildeo do sistema estaacute sendo
lenta e gradual (BRASIL 2013b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
27
Portanto eacute o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer (SISCAN) que seleciona do
Laboratoacuterio Tipo I todos os exames positivos e insatisfatoacuterios e 10 dos negativos para
serem enviados ao Laboratoacuterio Tipo II de acordo com o estabelecido na Portaria
Qualicito (BRASIL 2013a) A lista deve ser enviada com a relaccedilatildeo dos casos
selecionados pelo sistema juntamente com as lacircminas solicitadas e os respectivos
laudos servindo como recibo de transferecircncia de responsabilidade de guarda das
lacircminas para o Laboratoacuterio Tipo II e para controle de devoluccedilatildeo ao laboratoacuterio de
origem (BRASIL 2016b)
Entatildeo o conjunto de accedilotildees realizadas pelo Laboratoacuterio Tipo II visa agrave avaliaccedilatildeo da
qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero dos Laboratoacuterios Tipo I e
contemplam duas fases a preacute-analiacutetica e analiacutetica Na primeira o Laboratoacuterio Tipo II
verifica os procedimentos teacutecnicos e informa a qualidade da confecccedilatildeo do esfregaccedilo
fixaccedilatildeo coloraccedilatildeo montagem e contaminaccedilatildeo das amostras E a fase analiacutetica consiste
em uma revisatildeo dos esfregaccedilos citopatoloacutegicos por profissionais habilitados e o
diagnoacutestico final eacute firmado por consenso entre os citopatologistas do Laboratoacuterio Tipo
II (PEREIRA et al 2006 BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
Os exames discordantes seratildeo comunicados ao Laboratoacuterio Tipo I que poderaacute
recorrer da opiniatildeo do Laboratoacuterio Tipo II caso natildeo concorde com o parecer dos
revisores buscando o consenso Caso concorde caberaacute ao Laboratoacuterio Tipo I enviar o
laudo de revisatildeo agraves regionais ao municiacutepio ou agrave Unidade Baacutesica de Sauacutede (UBS)
mencionando que esse laudo foi realizado em conjunto com o Laboratoacuterio Tipo II de
referecircncia Caso natildeo haja consenso entre os Laboratoacuterios Tipos I e II poderaacute ser
solicitada a avaliaccedilatildeo por outro Laboratoacuterio Tipo II em acordo com a Coordenaccedilatildeo
Estadual eou Municipal (BRASIL 2016b)
A estatiacutestica para a avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo
II eacute o Kappa Ponderado devido a necessidade de se atribuiacuterem diferentes pesos para as
discordacircncias aleacutem da frequecircncia de RFN RFP e retardo de conduta Assim uma atipia
de significado indeterminado que recebeu equivocadamente um laudo de LSIL teraacute um
peso menor na construccedilatildeo do Kappa que uma HSIL que recebeu um laudo negativo
(BRASIL 2012) Os laboratoacuterios com iacutendices diagnoacutesticos abaixo de dois desvios
padrotildees da meacutedia estadual eou iacutendice Kappa de correlaccedilatildeo em niacutevel ruim seratildeo
considerados fora dos paracircmetros recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
28
Laboratoacuterios Tipo I nessa situaccedilatildeo seratildeo notificados e monitorados pelos Laboratoacuterios
Tipo II para alcanccedilar o iacutendice esperado (BRASIL 2016b)
Dessa forma os Laboratoacuterios Tipo I devem enviar regularmente todas as lacircminas e
laudos dos exames selecionados para o Laboratoacuterio Tipo II analisar os casos de
discordacircncia buscando o consenso com o Laboratoacuterio Tipo II promover educaccedilatildeo
continuada para uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos minimizar as natildeo
conformidades encontradas na rotina do laboratoacuterio diminuir os RFN e RFP e avaliar o
desempenho profissional da equipe Os Laboratoacuterios Tipo II devem fazer contato e dar
retorno aos Laboratoacuterios Tipo I comunicando o quanto antes sobre os resultados dos
exames citopatoloacutegicos discordantes e discutir caso a caso buscando o consenso apoiar
as coordenaccedilotildees estadual e municipal na interface com os laboratoacuterios que realizam
exames para o SUS e proporcionar educaccedilatildeo permanente por meio de sessotildees interativas
regulares para os Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2016b)
Diversos estudos tecircm considerado o MEQ um programa eficiente no
aperfeiccediloamento do exame citopatoloacutegico uma vez que a discussatildeo dos casos
discordantes para se chegar a um consenso dos resultados etapa fundamental do
programa possibilita a uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados na
detecccedilatildeo das lesotildees precursoras do CCU o que reflete na reduccedilatildeo dos RFN e RFP
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 FREITAS THULER 2012 AacuteZARA
et al 2013 2014a 2016 BRASIL 2016b)
REZENDE MT Justificativa
29
3- Justificativa
Um dos principais motivos da ocorrecircncia de RFN e RFP no exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero eacute a variabilidade inter e intra observador na
interpretaccedilatildeo dos diagnoacutesticos dessa forma para a garantia da qualidade se faz
necessaacuterio a implantaccedilatildeo de MIQ e MEQ nos laboratoacuterios de citopatologia (FRABLE
et al 2007 MANRIQUE et al 2009 AacuteZARA et al 2014a) Este estudo foi
realizado com o intuito de avaliar o impacto do MEQ em laboratoacuterio de citopatologia
para minimizar as divergecircncias diagnoacutesticas e erros dentro dos processos do laboratoacuterio
a fim de reduzir os RFN e RFP Investindo na identificaccedilatildeo e retificaccedilatildeo das falhas eacute
possiacutevel que seja assegurado o melhor serviccedilo possiacutevel agrave mulher que receberaacute
seguimento e tratamento adequado
REZENDE MT Objetivos
30
4- Objetivos
41 Objetivo Geral
Comparar os resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do
municiacutepio de Ouro Preto MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade
42 Objetivos especiacuteficos
- Verificar a frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
- Avaliar a concordacircncia diagnoacutestica frequecircncia de casos discordantes falso-negativos
falso-positivos e retardo de conduta entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar o resultado do seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
do monitoramento externo da qualidade incluindo os RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de
consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes o monitoramento externo da qualidade
REZENDE MT Metodologia
31
5- Metodologia
51 Local de estudo
Este trabalho foi desenvolvido no setor de citologia do Laboratoacuterio Piloto de
Anaacutelises Cliacutenicas (LAPAC) da Escola de Farmaacutecia da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP) Por se tratar de estudo baseado em resultados de exames coletados em
2013 e 2014 que estatildeo disponiacuteveis publicamente atraveacutes do SISCOLO natildeo foi
necessaacuterio a submissatildeo ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
O setor de citologia deste laboratoacuterio eacute composto por 5 citopatologistas 2
bolsistas 1 teacutecnica e 2 assistentes administrativos Neste laboratoacuterio estatildeo disponiacuteveis
microscoacutepios NiKon E 200 para escrutiacutenio dos esfregaccedilos bateria de coloraccedilatildeo e
material para montagem das lacircminas microscoacutepio de 5 cabeccedilas para discussatildeo de casos
e 3 computadores para parte administrativa O setor de citologia deste laboratoacuterio atende
uma rotina de exames citopatoloacutegicos colhidos nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS)
de Ouro Preto MG que desde 2013 eacute o uacutenico Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio que
presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
511 Monitoramento interno da qualidade
Os meacutetodos de monitoramento interno da qualidade utilizados na rotina pelo
Laboratoacuterio Tipo I satildeo o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) e a revisatildeo raacutepida de 100 dos
esfregaccedilos negativos (RR100) e cada etapa de leitura da lacircmina eacute realizada por
citopatologistas diferentes em um esquema de rodiacutezio (Figura 1) Inicialmente todos os
esfregaccedilos citopatoloacutegicos adequados para a anaacutelise microscoacutepica satildeo submetidos ao
PER e os resultados satildeo classificados como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio e
registrados na planilha de PER (Apecircndice A) Posteriormente eacute realizado o escrutiacutenio de
rotina (ER) pelo segundo citopatologista que apoacutes a leitura detalhada classifica os
resultados de acordo com a nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos baseada
no Sistema de Bethesda 2001 (SOLOMON NAYAR 2004) anotando o diagnoacutestico no
verso da requisiccedilatildeo (Anexo 1) Em seguida todas as lacircminas consideradas negativas
pelo escrutiacutenio de rotina satildeo encaminhadas para um terceiro citologista que realiza a
RR100 classificando-o como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio registrando na
planilha de RR100 (Apecircndice B)
REZENDE MT Metodologia
32
Os esfregaccedilos considerados positivos e insatisfatoacuterios pelo ER e os resultados
discordantes que foram aqueles onde PER ou a RR100 classificou como suspeito ou
insatisfatoacuterio e o escrutiacutenio de rotina considerou negativo satildeo encaminhados para a
revisatildeo detalhada para confirmaccedilatildeo ou natildeo da alteraccedilatildeo e definiccedilatildeo do diagnoacutestico final
e anotados nas planilhas correspondentes (Apecircndice C e D) Quando a revisatildeo detalhada
eacute discordante do ER haacute um consenso entre os citopatologistas para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I
REZENDE MT Metodologia
33
52 Tipo de estudo
Foi realizado estudo retrospectivo comparando os resultados dos exames
citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I da Escola de Farmaacutecia da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de exames
citopatoloacutegicos de rastreio do municiacutepio de Ouro Preto Minas Gerais com os
resultados emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo II de Belo Horizonte responsaacutevel pelo MEQ
dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero de Minas Gerais
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica
Os exames do Laboratoacuterio Tipo I foram selecionados automaticamente pelo
SISCOLO (Sistema de Informaccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero) incluindo os exames
positivos insatisfatoacuterios e 10 dos negativos conforme a Portaria QualiCito
33882013 referente aos meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 As
amostras foram provenientes de mulheres atendidas nas UBS do municiacutepio de Ouro
Preto MG usuaacuterias do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
54 Monitoramento externo da qualidade
O Laboratoacuterio Tipo I enviou ao Laboratoacuterio Tipo II juntamente com os laudos
correspondentes um total de 321 esfregaccedilos citopatoloacutegicos classificados como
negativos (84) insatisfatoacuterios (3) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas (ASC-US41) lesatildeo intraepitelial
escamosa de baixo grau (LSIL163) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado natildeo se pode excluir lesatildeo de alto grau (ASC-H12) lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau (HSIL16) e ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras
especificaccedilotildees (AGC-SOE2) (Figura 2)
REZENDE MT Metodologia
34
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia cervical
Os esfregaccedilos foram reavaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II que emitiu um relatoacuterio
com os resultados para o Laboratoacuterio Tipo I comunicando tambeacutem os resultados
discordantes Nos casos em que o Laboratoacuterio Tipo I natildeo concordou com o parecer
REZENDE MT Metodologia
35
emitido pelos revisores do Laboratoacuterio Tipo II os resultados dos exames discordantes
foram discutidos caso a caso com o Laboratoacuterio Tipo II buscando o consenso entre os
dois Laboratoacuterios para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final (BRASIL 2016b)
Apoacutes o consenso os resultados discordantes foram reemitidos pelo Laboratoacuterio
Tipo I e encaminhados agraves Unidades de Sauacutede que localizaram as mulheres e
reprogramaram a conduta baseada no diagnoacutestico final
Os esfregaccedilos que inicialmente foram classificados como negativos ou
inflamatoacuterios pelo Laboratoacuterio Tipo I e considerados como positivos pelo Laboratoacuterio
Tipo II foram denominados resultados falso-negativos (RFN) Aqueles considerados
inicialmente positivos pelo Laboratoacuterio Tipo I mas reclassificados como negativos pelo
Laboratoacuterio Tipo II foram denominados resultados falso-positivos (RFP) Foram
considerados casos discordantes aqueles que implicaram em mudanccedila de conduta
cliacutenica de acordo com as normas preconizadas pelas Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2011)
Os resultados diagnosticados inicialmente como ASC-US ou LSIL pelo
Laboratoacuterio Tipo I e que na revisatildeo o Laboratoacuterio Tipo II julgou como diagnoacutestico mais
grave (ASC-H HSIL Carcinoma de ceacutelulas escamosas AGC-SOE AGC-NEO
Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma invasor) foram considerados como retardo
de conduta cliacutenica
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados
Para levantamento do seguimento das pacientes em que os resultados dos
exames foram classificados como ASC-US ou LSIL foi realizada a busca do resultado
do novo exame citopatoloacutegico uma vez que a conduta preconizada eacute a repeticcedilatildeo do
exame no periacuteodo de seis meses a um ano Para aqueles classificados como ASC-H ou
pior diagnoacutestico foi realizado o levantamento do resultado do exame histopatoloacutegico
dado que a conduta preconizada eacute o encaminhamento para colposcopia e se visualizado
alguma alteraccedilatildeo no colo uterino realiza-se a bioacutepsia Os resultados insatisfatoacuterios natildeo
foram considerados nesta anaacutelise (BRASIL 2011)
Foram realizadas visitas previamente agendadas agraves UBS do municiacutepio para
realizaccedilatildeo do levantamento das pacientes previamente listadas daquela unidade que
haviam sido diagnosticadas com alguma alteraccedilatildeo citoloacutegica O profissional responsaacutevel
REZENDE MT Metodologia
36
pela coleta do exame citopatoloacutegico verificou nos prontuaacuterios das pacientes o
seguimento que foi adotado em cada caso Poreacutem as UBS tinham poucos registros do
seguimento dessas pacientes por isso foram adotadas outras estrateacutegias
Portanto com o objetivo de levantar os dados referentes ao seguimento das
pacientes encaminhadas para acompanhamento de ASC-H e pior diagnoacutestico foram
realizadas visitas ao Centro Viva Vida em Itabirito que eacute o centro de referecircncia para
atenccedilatildeo secundaacuteria do municiacutepio de Ouro Preto E para levantamento do novo exame
citopatoloacutegico foi realizada pesquisa nos registros do Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio
de Ouro Preto que presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos
do colo do uacutetero
56 Anaacutelise dos dados
Os dados dos exames citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I e
Laboratoacuterio Tipo II foram digitados no Excel (Microsoft Office Professional Plus 2013)
para elaboraccedilatildeo do banco de dados A anaacutelise dos dados foi realizada pelo pacote
estatiacutestico Stata versatildeo 11 foi calculada a concordacircncia dos resultados dos exames
citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e II e o Kappa antes a apoacutes o Consenso A
frequecircncia de esfregaccedilos discordantes incluindo RFP e retardo de conduta entre os
Laboratoacuterios Tipo I e II foi calculada antes e apoacutes a Reuniatildeo de Consenso no total de
321 esfregaccedilos O coeficiente Kappa eacute classificado em concordacircncia pobre (0ltKlt040)
concordacircncia moderada (040ltKlt060) concordacircncia boa (060ltKlt080) concordacircncia
excelente (080ltKlt1) o valor zero indica ausecircncia de concordacircncia e o valor 1
corresponde a concordacircncia perfeita (LANDIS KOCH 1977) Foi calculada a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) atraveacutes da seguinte foacutermula
VPR = [coeficiente final - coeficiente inicial]100
coeficiente inicial
O caacutelculo dos indicadores de qualidade foi realizado utilizando um banco de
dados do Laboratoacuterio Tipo I onde satildeo mantidos registros de todos os exames realizados
com seus respectivos resultados Para avaliaccedilatildeo pontual os indicadores de qualidade
foram calculados antes da reuniatildeo de consenso ano de 2013 e depois da reuniatildeo de
consenso ano de 2014 Para avaliaccedilatildeo temporal do efeito da reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Metodologia
37
proporcionada por um MEQ calculou-se os indicadores do Laboratoacuterio Tipo I dos anos
de 2012 2013 2014 e 2015 Foi utilizado para o caacutelculo as foacutermulas presentes no
Manual de Gestatildeo da Qualidade para Laboratoacuterio de Citopatologia (BRASIL 2016b)
Iacutendice de Positividade (IP) intervalo esperado 3-10
Nordm de exames alterados em determinado local e ano x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ACSSat)
intervalo esperado 4-5
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt)
intervalo esperado lt60
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames alterados
Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) intervalo
esperado lt3
Nordm de ex compatiacuteveis com ASC-US e ASC-H
No de exames com LSIL e HSIL
Percentual de exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
(HSILSat) intervalo esperado lt04
Ndeg de exames HSIL x 100
Total de exames satisfatoacuterios
REZENDE MT Resultados
38
6- Resultados
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
O Laboratoacuterio Tipo I enviou 321 esfregaccedilos para o Laboratoacuterio Tipo II
classificados como 3 (09) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 84 (262) negativos 41
(128) ASC-US 163 (508) LSIL 12 (37) ASC-H 16 (50) HSIL e 2 (06)
AGC-SOE Apoacutes a reuniatildeo de consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II chegou-
se no diagnoacutestico final de 3 (093) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 143 (446) negativos
44 ASC-US (137) 8 ASC-H (25)101 LSIL (315) 21 HSIL (65) e 1 AGC-
SOE (03) Foram considerados discordantes entre os laboratoacuterios 151 (470)
esfregaccedilos (Tabela 1)
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
Tipo I Tipo II Consenso
Diagnoacutestico n () n () n ()
Insatisfatoacuterio 3 09 4 13 3 09
Negativo 84 262 227 707 143 446
ASC-US 41 122 17 53 44 137
ASC-H 12 37 3 09 8 25
LSIL 163 508 54 168 101 315
HSIL 16 50 12 37 21 65
HSIL micro invasor 0 0 1 03 0 0
AGC-SOE 2 06 3 09 1 03
Total 321 100 321 100 321 100
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
Do total de exames revisados pelo Laboratoacuterio Tipo II foram concordantes 84
(262) esfregaccedilos negativos e 3 (093) classificados como insatisfatoacuterios pelo Tipo I
Dos 41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 6 (1463) foram
concordantes pelo Tipo II e os 35 (854) restantes foram reclassificados como
REZENDE MT Resultados
39
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 53
(325) foram considerados concordantes pelo Tipo II 92 (564) foram
reclassificados como negativos 11 (68) como ASC-US 2 (12) como ASC-H 4
(25) como HSIL e 1 (06) reclassificado como AGC-SOE Dos 12 (37)
esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo Tipo I 1 (83) foi considerado
concordante pelo Tipo II 9 (75) foram reclassificados como negativos 1 (83)
como insatisfatoacuterio 1 (83) como HSIL Dos 16 (50) esfregaccedilos classificados como
HSIL emitidos pelo Tipo I 7 (438) foram considerados concordantes pelo Tipo II 6
(375) foram reclassificados como negativos 1 (63) como LSIL 1 (63) como
HSIL micro invasor e 1(63) como AGC-SOE Dos 2 (06) esfregaccedilos classificados
como AGC-SOE pelo Tipo I 1 (500) foi considerado concordante pelo Tipo II Entre
o Laboratoacuterio Tipo I e o Tipo II houve 7 (22) casos de retardo de conduta sendo 4
(571) LSIL para HSIL 2 (286) LSIL para ASC-H e 1 (143) LSIL para AGC-
SOE (Tabela 2)
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso
Tipo II
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL HSIL micro
invasor AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 35 6 41
ASC-H 1 9 1 1 12
LSIL 92 11 2 53 4 1 163
HSIL 6 1 7 1 1 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 4 227 17 3 54 12 1 3 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa
de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas
sem outras especificaccedilotildees
Os resultados definidos apoacutes o Consenso estatildeo descritos na Tabela 3 Observou-
se 203 (65) de casos discordantes entre os 321 esfregaccedilos analisados Os esfregaccedilos
negativos insatisfatoacuterios e todos os classificados como HSIL foram concordantes Dos
REZENDE MT Resultados
40
41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 27 (659) foram
considerados concordantes pelo Tipo II e 14 (342) foram reclassificados como
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 101
(620) foram considerados concordantes 39 (239) foram reclassificados como
negativos pelo Tipo II 17 (104) como ASC-US 2 (12) como ASC-H e 4 (25)
reclassificados como HSIL Dos 12 (374) esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo
Tipo I 6 (500) foram concordantes 5 (417) esfregaccedilos foram reclassificados como
negativos e 1 (83) foi reclassificado como HSIL pelo Tipo II Dos 2 (06)
esfregaccedilos classificados como AGC-SOE pelo Tipo I somente 1 (500) foi
concordante Portanto apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de Consenso foram constatados 6
(19) casos de retardo de conduta sendo 4 (667) diagnoacutesticos iniciais de LSIL
reclassificados para HSIL e 2 (333) diagnoacutesticos iniciais de LSIL reclassificados para
ASC-H (Tabela 3)
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia diagnoacutestica entre o Laboratoacuterio Tipo I e o
Laboratoacuterio Tipo II apoacutes o Consenso
Consenso
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 14 27 41
ASC-H 5 6 1 12
LSIL 39 17 2 101 4 163
HSIL 16 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 3 143 44 8 101 21 1 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
REZENDE MT Resultados
41
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Foi avaliada a concordacircncia dos resultados dos Laboratoacuterios Tipo I e II antes e
apoacutes Consenso Observou-se concordacircncia antes do Consenso de 527 entre os
Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II com Kappa de 029 Apoacutes a Reuniatildeo de Consenso foi
observado 798 (VPR=+514) de concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
com aumento do Kappa para 066 (VPR=+1276) (Tabela 4)
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso
Tipo I x Tipo II Antes do consenso Apoacutes consenso VPR
Concordacircncia () 527 798 +514
Kappa 029 066 +1276
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Antes do consenso o total de esfregaccedilos discordantes foi de 151 (470) casos e
depois do consenso esse nuacutemero reduziu para 65 (203) casos Antes do consenso foi
observado um percentual de 449 (144) RFP entre os Laboratoacuterios Tipo I e II e apoacutes o
consenso esse nuacutemero diminuiu para 184 (59) Natildeo houve nenhum caso de RFN
Entre o Laboratoacuterio Tipo I e II antes do consenso houve 7 (22) casos de retardo de
conduta e depois do consenso esse nuacutemero caiu para 6 (19) casos (Tabela 5)
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o Consenso
Tipo I x Tipo II Discordantes
Antes do consenso Apoacutes consenso
n N
Falso-positivo 144 449 59 184
Retardo de conduta 7 22 6 19
Total 151 470 65 203
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II
REZENDE MT Resultados
42
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos
O IP era 156 e apoacutes consenso passou para 120 reduccedilatildeo de
aproximadamente 230 (VPR=-2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor
apoacutes o consenso de 57 para 46 reduccedilatildeo por volta de 190 (VPR=-1910) O
HSILSat diminuiu de 10 para 07 (VPR=-2647) apoacutes consenso A razatildeo ASCSIL
antes do consenso era de 06 e apoacutes sua realizaccedilatildeo aumentou para 06
(VPR=+1017) O mesmo ocorreu em relaccedilatildeo ao indicador ASCAlt que passou de
365 para 384 (VPR=+515) Houve diferenccedila significativa entre os valores dos
indicadores IP ASCSat e ASCAlt antes e apoacutes reuniatildeo de consenso valor de p foi
menor que 005 (Tabela 7)
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso
Indicadores Antes consenso Apoacutes consenso VPR p
IP (3-10) 156 120 -2314 lt 00001
ASCSat (4-5) 57 46 -1910 001
ASCSIL (lt3) 06 06 +1017 0053
ASCAlt (lt60) 365 384 +515 lt 00001
HSILSat (gt04) 10 07 -2647 00825
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
O IP no ano de 2012 foi de 1115 aumentou para 156 em 2013 apoacutes o
MEQ em 2014 reduziu para 120 e em 2015 este indicador passou para 99 O
ASCSat foi de 49 em 2012 um ano depois apresentou valor de 57 depois da
realizaccedilatildeo do MEQ em 2014 passou para 46 e em 2015 foi para 48 Os outros
indicadores da qualidade apresentaram valores que variaram dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (Tabela 8)
REZENDE MT Resultados
43
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade
Indicadores 2012 2013 2014 2015
IP (3-10) 111 156 120 99
ASCSat (4-5) 49 57 46 48
ASCSIL (lt3) 09 06 06 10
ASCAlt (lt60) 439 365 384 485
HSILSat (gt04) 09 10 07 05
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
Do total de 234 esfregaccedilos positivos foi possiacutevel obter o seguimento de 107
(457) casos em que 22 foram considerados inicialmente com diagnoacutestico de ASC-
US 76 LSIL 2 ASC-H 1 AGC-SOE e 6 HSIL Dos ASC-US iniciais somente 1 teve
resultado concordante no seguimento Dos 76 esfregaccedilos considerados como LSIL 23
tiveram resultado do seguimento concordante Os 2 resultados ASC-H foram negativos
no seguimento assim como o AGC-SOE Dos 6 resultados HSIL emitidos pelo Tipo I
5 foram confirmados pela bioacutepsia O seguimento de 127 (542) mulheres em que 77
(6063) deveriam ter repetido o exame citopatoloacutegico e 20 (158) deveriam ter sido
encaminhadas para a colposcopia e bioacutepsia natildeo foi resgatado (Figura 3)
Figura 3 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Resultados
44
Apoacutes a realizaccedilatildeo da Reuniatildeo de Consenso o percentual de RFP foi definido em
184 num total de 59 casos assim distribuiacutedos 14 ASC-US (238) 39 LSIL
(660) 5 ASC-H (85) e 1 AGC-SOE (17) sendo 898 lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 102 de alto grau Do total de 59 RFP foi possiacutevel obter 9
(152) resultados citopatoloacutegicos alterados no seguimento 8 de repeticcedilatildeo da citologia
e uma bioacutepsia inicialmente 6 diagnosticados como LSIL pelo Laboratoacuterio Tipo I no
seguimento tiveram resultado de 3 LSIL e 3 ASC-US Dos 3 ASC-US iniciais dados
pelo Tipo I no seguimento resultaram em 1 LSIL 1 ASC-US e 1 ASC-H (Figura 4)
Figura 4 Seguimento dos casos com resultados falso-positivos (RFP) acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Discussatildeo
45
7- Discussatildeo
Os resultados deste estudo mostraram que apoacutes reuniatildeo de Consenso onde
ocorreu discussatildeo dos resultados discordantes houve melhora na concordacircncia
diagnoacutestica entre os laboratoacuterios a concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou para 798 e o coeficiente Kappa foi alterado de 029 para 066 Estes
resultados estatildeo de acordo com estudo realizado por Freitas Thuler (2012) no Mato
Grosso do Sul analisando a concordacircncia diagnoacutestica entre Laboratoacuterio Tipo II e 15
Laboratoacuterios Tipo I entre 2002 e 2011 em que o valor miacutenimo do Kappa passou de 01
no primeiro ano para 08 em 2011 No uacuteltimo ano dos 8 laboratoacuterios avaliados 7
atingiram a concordacircncia perfeita ou excelente (coeficiente Kappagt080) e um
concordacircncia boa Aacutezara et al (2016) avaliaram os efeitos de um programa de
educaccedilatildeo continuada realizado por um Laboratoacuterio Tipo II no periacuteodo de 2007 a 2011
sobre os laboratoacuterios de citopatologia e verificaram que o coeficiente Kappa manteve-se
excelente em 3 laboratoacuterios (kappa gt 080 e lt10) e alterou de bom (kappa gt 060 e
lt080) a excelente em 7 Os resultados observados no presente estudo estatildeo de acordo
com os dados de Freitas Thuler (2012) e Aacutezara et al (2016) em que se observou
melhoria da concordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes MEQ
Enfatiza-se que nosso trabalho comparou o momento antes e depois da reuniatildeo
consenso durante um MEQ ou seja foi realizada uma avaliaccedilatildeo pontual diferentemente
dos estudos encontrados na literatura que fizeram uma anaacutelise ao longo do tempo apoacutes
vaacuterios MEQ mas mesmo assim na presente avaliaccedilatildeo foi observado aumento da
concordacircncia e do kappa Indicando que somente uma reuniatildeo de consenso foi
suficiente para mudanccedila de postura dos citopatologistas envonvidos no MEQ
O valor da discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes a
reuniatildeo de Consenso no presente estudo foi 2025 Em um estudo realizado em
Goiacircnia estado de Goiaacutes comparando a variabilidade dos diagnoacutesticos citoloacutegicos dos
Laboratoacuterios Tipo I avaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II 759 foram considerados
discordantes (AacuteZARA et al 2013) Etlinger et al (2012) no estado de Satildeo Paulo
observou que a discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e o Laboratoacuterio
Tipo II foi de 1348 Em Satildeo Paulo Pereira et al (2006) avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I de citologia da Rede Puacuteblica de Sauacutede do estado submetidos ao
MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e a discordacircncia foi de 142 Estes dados estatildeo
REZENDE MT Resultados
46
abaixo do valor de discordacircncia encontrado nesse estudo apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de
Consenso Observa-se que a maioria dos diagnoacutesticos que levaram a discordacircncia do
presente estudo foram esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de
baixo grau LSIL e ASC-US e que o Laboratoacuterio Tipo II reclassificou como negativo
portanto RFP Nesses casos a conduta cliacutenica que seria adotada no primeiro momento eacute
a repeticcedilatildeo da citologia em seis meses portanto natildeo causaria maiores transtornos a
mulher ou custos altos com os cuidados de sauacutede Outra parte dos diagnoacutesticos que
levaram a essa discordacircncia foram ajuste de criteacuterios os quais natildeo atrasam a conduta
cliacutenica da mulher e aleacutem disso durante a reuniatildeo de consenso permitem aos
citopatologistas ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final Ainda pode-se citar os resultados dos seguimentos dos casos com RFP
acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso em que foram encontrados 9 seguimentos e
todos com resultado citopatoloacutegico alterado Dessa forma dos resultados que o
Laboratoacuterio Tipo I voltou atraacutes na reuniatildeo de consenso nove deles mostraram
resultaram alterado ou seja natildeo necessariamente o Laboratoacuterio Tipo I precisaria ter
voltado atraacutes nesses disgnoacutesticos Isso ressalta a importacircncia da discussatildeo dos casos
discordantes durante a reuniatildeo de consenso para ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos
utilizados pelos citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II (PEREIRA et al
2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2013)
Entre os exames citopatoloacutegicos considerados discordantes natildeo foi identificado
nenhum RFN e apoacutes a reuniatildeo de Consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e II verificou-
se reduccedilatildeo dos RFP Sabe-se que os RFN satildeo mais preocupantes que os RFP visto que
mulheres natildeo diagnosticadas natildeo retornam para o acompanhamento e seguem em risco
da evoluccedilatildeo de lesotildees precursoras do CCU Por outro lado os RFP com diagnoacutestico
inicial de ASC-H ou pior diagnoacutestico em que a conduta preconizada eacute o
encaminhamento para colposcopia e bioacutepsia submetem as mulheres a procedimentos
desnecessaacuterios que podem modificar sua vida sexual e gerar danos psicoloacutegicos aleacutem
de gerar custos adicionais com os cuidados de sauacutede E os RFP com diagnoacutestico inicial
de ASC-US ou LSIL atrasam a repeticcedilatildeo da citologia (FRABLE 2007 GULLO et al
2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Inicialmente o Laboratoacuterio Tipo II classificou 144 (144) dos exames
citopatoloacutegicos como RFP e apoacutes a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero passou para
184 (59) Dos 59 RFP 14 (238) resultados foram classificados como ASC-US que
REZENDE MT Resultados
47
eacute diagnoacutestico limiacutetrofe que apresenta grande variabilidade interobservador Os RFP
acordados apoacutes o consenso foram distribuiacutedos em 53 (898) lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 6 (102) lesotildees intraepiteliais escamosas de alto grau
Dentre os resultados discordantes entre o Laboratoacuterio Tipo I e II houve 7 casos
considerados retardo de conduta (22) que apoacutes a reuniatildeo de consenso ficaram
definidos em 6 (19) nuacutemeros proacuteximos daqueles encontrados por Aacutezara et al (2013)
em que houve atraso no procedimento cliacutenico em relaccedilatildeo a 244 dos casos
Aacutezara et al (2016) verificaram que apoacutes a educaccedilatildeo continuada proporcionada
aos Laboratoacuterios Tipo I de 2007 a 2011 houve diminuiccedilatildeo dos casos de retardo de
conduta a taxa de RFN foi reduzida em oito laboratoacuterios e a taxa de RFP foi reduzida
em 5 deles Pereira et al (2006) no estado de Satildeo Paulo avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I do estado submetidos ao MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e
observaram um nuacutemero de RFP (166) maior do que os RFN (78) No primeiro ano
de MEQ os RFP foram 178 e nos anos seguintes esse nuacutemero foi reduzindo ateacute
chegar em 37 no ano de 2004 Os RFP foram distribuiacutedos em 933 de lesotildees de
baixo grau e 67 de lesotildees de alto grau no primeiro ano de estudo O valor de RFP e
a distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau apoacutes reuniatildeo de consenso do presente
estudo foram bem proacuteximos dos encontrados por Pereira et al (2006) no primeiro ano
de avaliaccedilatildeo Em estudo semelhante realizado no estado de Satildeo Paulo de 2000 a 2010
por Etlinger et al (2012) constatou-se o total de 206 de RFP um valor baixo
comparado com o encontrado nesse estudo assim como aqueles dos anos de 2001 a
2004 de Pereira et al (2006) Percebe-se que o tempo de avaliaccedilatildeo desses estudos
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2016) foi maior do que
o utilizado no presente trabalho em que foi realizada uma avaliaccedilatildeo antes e depois de
uma reuniatildeo de consenso indicando que a educaccedilatildeo continuada proporcionada pelo
MEQ nesses periacuteodos que os estudos ocorreram contribuiu para a uniformizaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos e melhoria da reprodutibilidade dos exames citopatoloacutegicos
Portanto ainda que no presente estudo tenha sido feita uma avaliaccedilatildeo pontual natildeo foram
encontrados RFN entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes consenso e houve reduccedilatildeo de
RFP e retardo de conduta Aleacutem disso a porcentagem de RFP observada estaacute
aproximada dos dados da literatura nos primeiros anos de estudo assim como
distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau
REZENDE MT Resultados
48
Com o intuito de aprofundar os criteacuterios utilizados na avaliaccedilatildeo buscou-se os
seguimentos das pacientes com diagnoacutestico citopatoloacutegico alterado Esses resultados
foram mais concordantes com os diagnoacutesticos do Laboratoacuterios Tipo II entretanto a
maior parte dos esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de baixo
grau ASC-US e LSIL no seguimento os resultados foram negativos ou seja essas
lesotildees regrediram entre o periacuteodo da primeira citologia ateacute a realizaccedilatildeo da nova
citologia E ainda quando analisamos as lesotildees verdadeiramente precursoras do CCU as
HSIL a concordacircncia do seguimento foi maior com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Estudo de Tobias et al (2016) analisando os laboratoacuterios citopatoloacutegicos do estado de
Minas Gerais que prestam serviccedilo para o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mostraram
que de uma forma geral estes laboratoacuterios detectam baixos iacutendices de lesotildees
precursoras do CCU Portanto se avaliarmos dessa forma o Laboratoacuterio Tipo I do
presente estudo vem cumprindo com o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo do CCU jaacute
que as lesotildees com verdadeiro potencial de progressatildeo para o cacircncer estatildeo sendo
detectadas confirmadas pela colposcopia e bioacutepsia permitindo assim que a paciente
seja tratada impedindo a evoluccedilatildeo para o cacircncer (BORTOLON et al 2012 BRASIL
2016b) Do total de 59 RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso foi possiacutevel obter 9
resultados citopatoloacutegicos no seguimento e todas tiveram resultado alterado Observa-
se que o resultado inicial do Laboratoacuterio Tipo I estava correto e que a discussatildeo dos
resultados discordantes como neste caso proporciona melhora tanto dos criteacuterios do
Tipo I quanto do Tipo II
Evidenciado por Bortolon et al (2012) grande parte dos laboratoacuterios brasileiros
apresentam indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos fora dos niacuteveis
preconizados isso pode levar a natildeo identificaccedilatildeo de casos positivos e consequentemente
a liberaccedilatildeo de RFN Plewka et al (2014) avaliando o desempenho de 13 laboratoacuterios
do Estado do Paranaacute prestadores de serviccedilo para o SUS mostraram que os indicadores
da maioria dos laboratoacuterios estavam abaixo do recomendado Tobias et al (2016)
apontou que a maioria dos laboratoacuterios que prestam serviccedilos ao SUS do estado de MG
apresentaram indicadores fora do intervalo recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Esses estudos demonstram a necessidade de implantaccedilatildeo de programas de garantia da
qualidade do exame citopatoloacutegico como o MIQ e MEQ aleacutem da avaliaccedilatildeo perioacutedica
de ambos (BRASIL 2013a BRASIL 2016b) O MIQ inclui a implantaccedilatildeo do sistema
REZENDE MT Resultados
49
de indicadores de qualidade que satildeo de faacutecil compreensatildeo execuccedilatildeo e anaacutelise Satildeo
instrumentos importantes para a garantia de qualidade em citopatologia cervical pois
satildeo reconhecidos como vaacutelidos para a avaliaccedilatildeo da qualidade do exame citopatoloacutegico
do colo do uacutetero (SIEGL et al 2014 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b) O MEQ
proporciona para os laboratoacuterios monitorados educaccedilatildeo continuada e discussatildeo dos
casos discordantes que contribui para melhoria da habilidade profissional dos
citopatologistas na medida que o treinamento e fornece maior acuraacutecia no diagnoacutestico
das lesotildees precursoras do CCU possibilitando maior certeza na emissatildeo do laudo
(AacuteZARA et al 2016)
O iacutendice de positividade (IP) expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares e a
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo alvo sendo
que nos paiacuteses em que houve diminuiccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade por
CCU nos Estados Unidos Noruega e Reino Unido o IP foi 68 (DAVEY et al
2004) 49 (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) e 64 (NHS 2011)
respectivamente Os resultados de IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais do
estudo realizado por Bortolon et al (2012) mostraram que 58 dos laboratoacuterios
apresentavam IP muito baixo 19 baixo e somente 23 dentro do esperado sendo
que esses foram responsaacuteveis por apenas 14 do total de exames realizados no estado
Ainda verificou que a meacutedia do IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais foi 22
em 2010 valor inferior ao recomendado Estudo mais recente realizado por Tobias et al
(2016) mostrou que a maioria dos laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam serviccedilo
para o SUS independentemente da escala de produccedilatildeo tem valores de IP bem abaixo da
faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Sendo assim o IP baixo pode indicar a presenccedila de RFN apontando que eacute
necessaacuterio a reavaliaccedilatildeo do MIQ do laboratoacuterio a fim de intervir nos meacutetodos utilizados
assim como na qualificaccedilatildeo profissional dos citopatologistas (PLEWKA et al 2014
BRASIL 2016b) Observou-se no estudo de Aacutezara et al (2014) que o IP foi inferior a
3 em aproximadamente 74 dos laboratoacuterios do Estado de Goiaacutes que natildeo
participaram do MEQ ressaltando a importacircncia da inclusatildeo dos laboratoacuterios
citopatoloacutegicos nesse programa
O IP verificado neste trabalho foi de 120 apoacutes a reuniatildeo de consenso que
apesar de ter melhorado apoacutes a discussatildeo dos casos discordantes ainda estaacute um pouco
acima do esperado que eacute de 3 a 10 (BRASIL 2016b) isso pode expressar uma alta
REZENDE MT Resultados
50
prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na populaccedilatildeo estudada Miranda et al
(2013) determinou a persistecircncia da infecccedilatildeo pelo HPV em 596 das mulheres do
municiacutepio de Ouro Preto MG e que os tipos virais de alto risco foram os mais
persistentes ainda comprovou ainda que a presenccedila de alteraccedilotildees citoloacutegicas que podem
evoluir para o CCU estaacute associada agrave infecccedilatildeo por HPV
As ceacutelulas escamosas atiacutepicas (ASC) sugerem duacutevida diagnoacutestica em que natildeo
haacute criteacuterios citomorfoloacutegicos suficientes para o diagnoacutestico de lesatildeo intraepitelial tendo
potencial para uso exagerado Um alto iacutendice da razatildeo ASCSat indica grande nuacutemero
de RFP implicando na oferta desnecessaacuteria de exames para a investigaccedilatildeo diagnoacutestica o
que representa um ocircnus para a mulher e para a rede de sauacutede (BRASIL 2016b)
Portanto eacute preciso assegurar o monitoramento de qualidade dos laboratoacuterios de
citopatologia do colo do uacutetero para que os iacutendices de positividade se enquadrem no
preconizado ao mesmo tempo sem que haja aumento de ASC (BORTOLON et al
2012) No estado de Minas Gerais em estudo realizado por Bortolon et al (2012) foi
averiguado que o indicador ASCSat dos laboratoacuterios do estado foi 11 em 2010 valor
inferior ao recomendado Enquanto que os outros estados da Regiatildeo Sudeste tambeacutem
estavam com o indicador fora dos paracircmetros sendo Espirito Santo com 12 Rio de
Janeiro com 19 e Satildeo Paulo com 27 e a meacutedia da Regiatildeo foi entatildeo de 21 o que
indica a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios utilizados na definiccedilatildeo de ASC No
presente estudo verificou-se que antes da reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat do
Laboratoacuterio Tipo I apresentava valor de 571 fora da faixa indicada como ideal de 4
a 5 de acordo com o Manual de Gestatildeo da Qualidade (BRASIL 2016b)
Posteriormente a reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat observado foi de 462
dentro da faixa recomendada
Os demais indicadores de qualidade permaneceram dentro do recomendado apoacutes
o consenso A relaccedilatildeo ASCSIL que deve ser inferior a trecircs teve valor de 06 apoacutes a
accedilatildeo O valor dessa razatildeo dentro do recomendado indica que os criteacuterios diagnoacutesticos de
SIL e ASC estatildeo precisos O valor estaacute de acordo com os outros laboratoacuterios dos
estados da Regiatildeo Sudeste de acordo com estudo realizado em 2010 por Bortolon et al
(2012) 12 para o Rio de Janeiro 20 para Satildeo Paulo 11 para Espiacuterito Santo e Minas
Gerais
O ASCAlt deve ser inferior a 60 sendo que o valor encontrado nesse estudo
apoacutes o consenso de 384 permaneceu dentro do proposto Esse indicador tem a
REZENDE MT Resultados
51
finalidade de monitorar os casos de ASC para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente
Ressalta-se que o percentual elevado de ASC indica que o laboratoacuterio apresenta
problemas na fase preacute-analiacutetica analiacutetica ou em ambas as fases (BRASIL 2016b
AacuteZARA et al 2014) No estudo de Aacutezara et al (2014) 29 dos laboratoacuterios que natildeo
eram monitorados tiveram o indicador ASCAlt fora dos paracircmetros Aleacutem disso
aqueles laboratoacuterios natildeo monitorados que apresentaram IP dentro da faixa
recomendada e ASCAlt fora do recomendado estavam relacionados a um alto
percentual de ASC e natildeo de lesotildees precursoras do CCU Assim recomenda-se que esses
dois indicadores devem ser analisados em conjunto pois um IP adequado pode conter
uma elevada percentagem de ASC (BRASIL 2016b BRASIL 2013a)
Dessa forma acredita-se que o valor de IP encontrado em 2014 esteja um pouco
fora do esperado devido agrave alta prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na
populaccedilatildeo do municiacutepio de Ouro Preto MG E quando analisa-se o indicador ASCAlt
observa-se que tanto antes da reuniatildeo de consenso valor de 365 quanto depois valor
de 384 ambos estatildeo dentro do recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede que eacute menor
de 60 (BRASIL 2016b) ou seja o Laboratoacuterios Tipo I vem usando adequadamente
os criteacuterios para classificaccedilatildeo das ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado a qual tem potencial para uso exagerado
O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente
precursoras do CCU e deve ser igual ou superior a 04 valor que foi baseado nos
obtidos em paiacuteses em que o rastreamento foi bem-sucedido na diminuiccedilatildeo das taxas de
incidecircncia e mortalidade por CCU como 05 nos Estados Unidos (EVERSOLE et al
2010) 11 no Reino Unido (NHS CANCER SCREENING PROGRAMMES 2011) e
114 na Noruega (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) Obteve-se tanto antes
quanto depois da reuniatildeo de consenso valor da razatildeo HSILSat maior de 04 dessa
maneira o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo secundaacuteria do CCU vem sendo alcanccedilado
jaacute que as HSIL lesotildees que podem evoluir para o cacircncer estatildeo sendo detectadas
(BRASIL 2016b) Portanto ressalta-se que as lesotildees intraepiteliais de alto grau satildeo o
foco dos programas de rastreio do CCU para diminuiccedilatildeo de sua incidecircncia e
mortalidade (BORTOLON et al 2012) Os laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam
serviccedilo para o SUS apresentaram em 2012 detecccedilatildeo baixa de lesotildees precursoras do
CCU destacando a necessidade de investir na garantia da qualidade do exame
citopatoloacutegico por meio do MIQ e MEQ (TOBIAS et al 2016)
REZENDE MT Resultados
52
Aacutezara et al (2014) avaliaram o impacto da educaccedilatildeo continuada fornecida por
Laboratoacuterio Tipo II sobre os indicadores de qualidade de 12 laboratoacuterios monitorados
do Estado de Goiaacutes verificou-se efeito direto sobre os indicadores IP e o HSILSat que
melhoraram apoacutes a intervenccedilatildeo A educaccedilatildeo continuada fornecida pelo MEQ ajudou na
padronizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos aprimorando as competecircncias dos
citopatologistas em detectar alteraccedilotildees celulares sugestivas de CCU Constatou-se ainda
que a maioria dos laboratoacuterios que apresentaram indicadores na faixa estabelecida
estavam participando do MEQ
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I calculados nesse estudo dois
anos apoacutes o MEQ do ano de 2015 mostram que todos estatildeo dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede inclusive o IP que passou de 120 para 99
indicando que a accedilatildeo foi positiva e duradoura com o passar do tempo
Os resultados deste estudo mostraram que os indicadores de qualidade do
Laboratoacuterio Tipo I melhoraram apoacutes reuniatildeo de consenso proporcionada pelo MEQ
dessa forma eacute crucial a participaccedilatildeo dos laboratoacuterios de citopatologia no programa para
identificaccedilatildeo dos erros diagnoacutesticos e padronizaccedilatildeo dos criteacuterios utilizados na
classificaccedilatildeo das alteraccedilotildees citoloacutegicas Isso possibilita a adequaccedilatildeo dos indicadores nos
paracircmetros ideais permitindo a detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente precursoras do
CCU o que refletiraacute na reduccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade deste cacircncer
REZENDE MT Conclusotildees
53
8- Conclusotildees
A concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e II foi boa apoacutes a reuniatildeo de
Consenso
Dentre os resultados discordantes natildeo foi identificado nenhum RFN Os RFP e os
casos de retardo de conduta foram reduzidos apoacutes a reuniatildeo de consenso
O IP e o ASCSat apoacutes o consenso atingiram a faixa estabelecida e os outros
indicadores da qualidade permaneceram dentro do recomendado tanto antes quanto apoacutes
a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de consenso
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I dois anos apoacutes o MEQ estatildeo
dentro da faixa recomendada
Os seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia
com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso tiveram
resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Referecircncias
54
9- Consideraccedilotildees finais
Com apenas uma participaccedilatildeo no MEQ observou-se a importacircncia da reuniatildeo de
consenso realizada entre os Laboratoacuterios Tipos I e Tipo II para a anaacutelise e discussatildeo
dos casos discordantes Eacute um momento crucial para o ajuste dos criteacuterios
citomorfoloacutegicos utilizados no diagnoacutestico de lesotildees preacute-neoplaacutesicas pelos
citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II proporcionando um aprimoramento
desses criteacuterios Dessa forma apenas com uma accedilatildeo pontual minimiza-se a divergecircncia
diagnoacutestica do exame citopatoloacutegico Portanto a reuniatildeo de consenso proporcionada
pelo MEQ deve ser vista como uma parceria e como um momento de aprendizado para
ambos os laboratoacuterios pois eacute uma praacutetica de aperfeiccediloamento diagnoacutestico essencial para
o rastreamento do CCU
A praacutetica contiacutenua do MEQ deve igualmente ser priorizada em um programa
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appropriateness Int J Gynecol Cancer v17 n6 p1186-1193 2007
REZENDE MT Apecircndices
66
Apecircndices
Apecircndice A Planilha do preacute-escrutiacutenio raacutepido
PLANILHA DO PREacute-ESCRUTIacuteNIO RAacutePIDO (PER)
DATA DE CHEGADA
DATA
REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA
RESULTADO DO PER
N= Negativo I= Insatisfatoacuterio S= Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
67
Apecircndice B Planilha da revisatildeo raacutepida de 100
PLANILHA DA REVISAtildeO RAacutePIDA DE 100 DOS NEGATIVOS (RR100)
DATA DE CHEGADA
DATA REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA RESULTADO DA RR100
FLORA
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
68
Apecircndice C Planilha dos resultados positivos e insatisfatoacuterios
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS POSITIVOS E INSATISFATOacuteRIOS
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO
ER
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
69
Apecircndice D Planilha de revisatildeo dos resultados discordantes
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS DISCORDANTES
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO ER
RESULTADO RR100
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Anexos
70
Anexos
Anexo 1 Requisiccedilatildeo de exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero
REZENDE MT Anexos
71
REZENDE MT Abstract
Introduction Periodic evaluation of pap smear or pap smear is a strategy most
commonly used to screen for cervical cancer but also false-negative (RFN) and false-
positive (RFP) results External quality monitoring (MEQ) has been implemented for
the purpose of improving the examination and includes a review of the smears by a
laboratory (Type II) Objective To compare the results of cervical cytopathological
examinations of the city of Ouro Preto MG submitted to external quality monitoring
Method Type II laboratory for positive unsatisfactory and 10 negative tests
selected automatically by SISCOLO for the months of December2013 January 2014
and February 2014 totaling 321 smears To define the final diagnosis for the holding of
a consensus meeting between the two laboratories to discuss discordant cases The
concordance evaluation between the two laboratories diagnoses was measured by the
coefficient The concordance between the two laboratories diagnoses was measured by
the coefficient The concordance between the two laboratories diagnoses was measured
by the coefficient Results The agreement between the laboratories from 527 to
798 (PRD = + 5142) after the Consensus and the index from 029 to 066 (VPR = +
127 60) considered as good agreement The percentage of RFP was reduced to 184
(59) after the consensus and was not found in RFN The IP before the consensus was
156 and went to 120 showing a reduction of approximately 230 (PRD = -
2314) The ASCSat showed a decrease in value from 57 to 46 a decrease of
190 (VPR = -1910) The other indicators of quality presented values that varied
within the range recommended by the Ministry of Health Follow-up of the cases with
HSIL diagnosis showed greater agreement with the results of Type I Laboratory The
follow-up of nine RFPs agreed after a consensus meeting resulted altered
cytopathology Conclusion It can be concluded that a consensus meeting during the
external quality monitoring provided the adjustment of the cytomorphological criteria
and consequently helps to improve the diagnostic performance of cytopathologists
REZENDE MT Lista de Figuras
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I32
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia
cervical34
Figura 3 Seguimento das mulheres com resultado citopatoloacutegico alterado43
Figura 4 Seguimento das mulheres com resultados falso-positivos (RFP) acordados
apoacutes a reuniatildeo de consenso44
REZENDE MT Lista de Tabelas
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso38
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso39
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
apoacutes o Consenso40
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso41
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o
Consenso41
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso42
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade43
REZENDE MT Abreviaturas
AGC Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas
ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode excluir
lesatildeo de alto grau
CCU Cacircncer do colo do uacutetero
DST Doenccedila sexualmente transmissiacutevel
ER Escrutiacutenio de rotina
HPV Papiloma viacuterus humano
HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
INCA Instituto Nacional do Cacircncer
LAPAC Laboratoacuterio Piloto de Anaacutelises Cliacutenicas
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau
MIQ Monitoramento interno da qualidade
MEQ Monitoramento externo da qualidade
PER Preacute-escrutiacutenio raacutepido
RFN Resultado falso-negativo
RFP Resultado falso-positivo
RR100 Revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
VPR Variaccedilatildeo Percentual Relativa
REZENDE MT Sumaacuterio
1- Introduccedilatildeo 12
2- Revisatildeo da Literatura 14
21 Cacircncer do colo do uacutetero 14
22 Exame citopatoloacutegico 16
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais 18
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado 20
23 Controle de qualidade em citopatologia 21
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia 23
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero 24
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia 25
3- Justificativa 29
4- Objetivos 30
41 Objetivo Geral 30
42 Objetivos especiacuteficos 30
5- Metodologia 31
51 Local de estudo 31
511 Monitoramento interno da qualidade 31
52 Tipo de estudo 33
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica 33
54 Monitoramento externo da qualidade 33
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados 35
56 Anaacutelise dos dados 36
6- Resultados 38
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 38
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos 42
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado 43
7- Discussatildeo 45
9- Consideraccedilotildees finais 54
10- Referecircncias 55
Apecircndices 66
Anexos 70
REZENDE MT Introduccedilatildeo
12
1- Introduccedilatildeo
O CCU eacute considerado mundialmente um grave problema de sauacutede puacuteblica
sendo o quarto tipo de cacircncer mais frequente entre as mulheres e responsaacutevel pelo oacutebito
de 266 mil mulheres em 2012 (WHO 2012) No Brasil estima-se para o ano de
20162017 a ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585
casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a) A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero ou Papanicolaou eacute a estrateacutegia mais adotada para o
rastreamento desta neoplasia sendo efetivo para detectar lesotildees precursoras que podem
ser tratadas permitindo a reduccedilatildeo nas taxas de incidecircncia e mortalidade (MORIN et al
2000 TOMASI et al 2015)
Um dos grandes desafios a ser superado em relaccedilatildeo ao exame citopatoloacutegico eacute a
elevada taxa de resultados falso-negativos (RFN) que o meacutetodo apresenta que podem
chegar ateacute a 62 (ATTWOOD et al 1985 KOSS 1989 GIILL 2005 AMARAL et
al 2008) Assim muitas mulheres natildeo satildeo diagnosticadas e continuam em risco de
desenvolver lesotildees precursoras do cacircncer do colo do uacutetero uma vez que natildeo receberam o
devido acompanhamento Por outro lado os resultados falso-positivos (RFP) tambeacutem
causam transtornos na vida das mulheres que muitas vezes se submetem a
procedimentos desnecessaacuterios (MITCHELL MEDLEY 1995 KIRSCHNER et al
2011 GULLO et al 2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Com o objetivo de aperfeiccediloar o exame citopatoloacutegico algumas estrateacutegias
corretivas de melhoria da qualidade tecircm sido desenvolvidas como os programas de
monitoramento interno da qualidade (MIQ) e monitoramento externo da qualidade
(MEQ) que visam identificar corrigir e diminuir as falhas dentro do laboratoacuterio de
citopatologia Dessa forma eacute possiacutevel melhorar a sensibilidade do meacutetodo em detectar
alteraccedilotildees citopatoloacutegicas resultando na reduccedilatildeo dos percentuais de RFN e RFP
(TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) O Ministeacuterio da Sauacutede em 2013
regulamentou o MIQ e o MEQ instituindo a Qualificaccedilatildeo Nacional em Citopatologia na
Prevenccedilatildeo do CCU (BRASIL 2013a) que definiu padrotildees para avaliar a qualidade do
exame atraveacutes do acompanhamento dos laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam
serviccedilo para o SUS
O MEQ compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio diferente
daquele que realizou a primeira leitura e tem como principal objetivo avaliar o
REZENDE MT Introduccedilatildeo
13
desempenho dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do colo uterino e fornecer educaccedilatildeo
continuada aos citopatologistas com o intuito de aprimorar o diagnoacutestico citopatoloacutegico
(FREITAS THULER 2012 AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio e
contemplam entre outras o monitoramento do preparo das lacircminas o tempo de
escrutiacutenio a carga de trabalho do citologista a revisatildeo dos esfregaccedilos e a implantaccedilatildeo
de sistema de indicadores de qualidade Dentre os meacutetodos de MIQ mais eficientes na
detecccedilatildeo de RFN cita-se a revisatildeo raacutepida de 100 (RR100) dos esfregaccedilos negativos
e o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) de todos os esfregaccedilos (TAVARES et al 2011 2014
BRASIL 2016b) A implementaccedilatildeo dos indicadores de qualidade eacute fundamental pois
permite comparar a situaccedilatildeo atual com metas desejadas assim eacute possiacutevel acompanhar o
comportamento do indicador apoacutes a realizaccedilatildeo de alguma intervenccedilatildeo auxiliando na
tomada de decisatildeo (BORTOLON et al 2012 PLEWKA et al 2014 BRASIL 2016b)
Aleacutem do monitoramento da qualidade dos exames citopatoloacutegicos a eficiecircncia
do rastreamento do CCU depende do seguimento adequado das mulheres com
resultados alterados mantendo no programa aquelas que devem repetir o exame ou
serem encaminhadas adequadamente para a colposcopia e bioacutepsia (ZOLA et al 2007
ALBUQUERQUE et al 2012) O seguimento permite que seja feito a correlaccedilatildeo do
diagnoacutestico citoloacutegico com a histologia que eacute uma importante ferramenta usada como
medida da garantia da qualidade e do desempenho dos laboratoacuterios de citopatologia
(ANSCHAU GONCcedilALVES 2011 TURKMEN et al 2013)
Portanto eacute imprescindiacutevel a implantaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ na rotina
dos laboratoacuterios de citopatologia pois satildeo parte integrante da estrateacutegia de garantia e
melhoria contiacutenua da qualidade com a finalidade de reduzir as falhas do exame
citopatoloacutegico garantindo agraves mulheres a prestaccedilatildeo de um serviccedilo seguro
Um dos principais motivos da ocorrecircncia dos RFN e RFP satildeo problemas
relacionados agrave interpretaccedilatildeo diagnoacutestica (GAY NALDSON GOELLNER 1985
RENSHAW 2003 COLEMAN POZNANSKY 2006 BRANCA LONGATTO-
FILHO 2015) Sendo assim este trabalho teve como objetivo comparar os exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero submetidos ao MEQ com o intuito de minimizar
divergecircncias diagnoacutesticas a fim de reduzir os RFN e RFP que satildeo um dos maiores
problemas enfrentados pelos laboratoacuterios de citopatologia
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
14
2- Revisatildeo da Literatura
21 Cacircncer do colo do uacutetero
Estimativas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede apontaram o cacircncer do colo do
uacutetero (CCU) como o responsaacutevel pelo oacutebito de 266 mil mulheres em 2012 e
aproximadamente 87 ocorreram nas regiotildees menos desenvolvidas (WHO 2012) No
Brasil ocupa a terceira posiccedilatildeo entre os dez tipos de cacircncer mais incidentes estimados
para 2016 por sexo exceto pele natildeo melanoma Estima-se para o ano de 20162017 a
ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585 casos a cada
100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
A taxa de incidecircncia do CCU estimada para 20162017 por regiatildeo brasileira sem
considerar os tumores de pele natildeo melanoma eacute a mais alta na regiatildeo Norte
apresentando 2397 novos casos por 100 mil mulheres Eacute o segundo mais incidente nas
regiotildees Centro-Oeste e Nordeste com 2072 e 1949 novos casos a cada 100 mil
mulheres respectivamente E na regiatildeo Sudeste estaacute na terceira posiccedilatildeo com 1130
novos casos a cada 100 mil mulheres e na regiatildeo Sul na quarta com 1517 novos casos
a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
Define-se o CCU como a replicaccedilatildeo desordenada do epiteacutelio de revestimento
deste oacutergatildeo resultando em comprometimento do estroma e invasatildeo de estruturas e
oacutergatildeos contiacuteguos ou agrave distacircncia Na fase preacute-cliacutenica desta neoplasia natildeo se observam
sintomas de maneira que a detecccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees precursoras eacute realizada pelo
exame citoloacutegico por outro lado agrave medida que a doenccedila progride surgem sangramento
menorragias e metrorragias (HAMONT et al 2008 LIMBERGER et al 2012)
O CCU eacute uma doenccedila que possui evoluccedilatildeo lenta onde a progressatildeo de uma
lesatildeo inicial para a forma invasiva pode levar anos sendo entatildeo possiacutevel identificar suas
formas precursoras que satildeo trataacuteveis e curaacuteveis (MEDEIROS et al 2005 COLEMAN
POZNANSKY 2006 RAMA et al 2008) Assim trata-se de uma doenccedila evitaacutevel
podendo apresentar 100 de cura principalmente atraveacutes do diagnoacutestico precoce
realizado pelo exame citopatoloacutegico e tratamento adequado de lesotildees preacute-malignas
(ZEFERINO et al 1996 ELUF-NETO NASCIMENTO 2001 SANTOS et al 2013)
A infecccedilatildeo pelo papiloma viacuterus humano (HPV) eacute uma das doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis mais comuns em todo mundo em ambos os sexos sendo que a maioria
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
15
das pessoas adquirem o viacuterus no iniacutecio da atividade sexual A infecccedilatildeo tem iniacutecio nas
ceacutelulas basais da zona de transformaccedilatildeo do colo do uacutetero e a maioria eacute controlada pela
resposta imune celular ocorrendo sua eliminaccedilatildeo espontacircnea em torno de dois anos
sem causar lesotildees e sintomas (ALMONTE et al 2010 GRAVITT et al 2011)
O HPV eacute considerado o principal fator de risco associado ao desenvolvimento
do CCU e a infecccedilatildeo persistente no trato reprodutivo de mulheres pode levar ao
surgimento de lesotildees preacute-neoplaacutesicas (DE SANJOSE et al 2007 2010
GUDLEVICIENE et al 2010) Satildeo descritos hoje aproximadamente 130 genoacutetipos do
HPV sendo que desses 40 podem infectar a mucosa genital Os tipos de HPV satildeo
classificados em viacuterus de alto ou baixo risco oncogecircnico conforme a propensatildeo das
ceacutelulas infectadas agrave transformaccedilatildeo neoplaacutesica (WEISS ROSENTHAL ZIMET 2011
FERRAZ SANTOS DISCACCIATI 2012) Aproximadamente 15 tipos de HPV tecircm
potencial oncogecircnico e satildeo responsaacuteveis por praticamente todos os cacircnceres cervicais e
lesotildees precursoras desses os mais prevalentes satildeo os HPV 16 e 18 sendo associados
com aproximadamente 70 de todos os cacircnceres do colo do uacutetero (MAZARICO
GONZALEZ-BOSQUETE 2012 HOSTE VOSSAERT POPPE 2013)
Sabe-se que somente a infecccedilatildeo pelo HPV natildeo eacute suficiente para o
desenvolvimento do carcinoma pois haacute um periacuteodo de latecircncia entre a infecccedilatildeo e o
desenvolvimento das lesotildees preacute-neoplaacutesicas indicando que existem outros elementos
atuando como co-fatores na carcinogecircnese do colo do uacutetero dentre os quais cita-se o
iniacutecio precoce da vida sexual muacuteltiplos parceiros sexuais multiparidade histoacuteria de
doenccedila sexualmente transmitida imunossupressatildeo uso prolongado de anticoncepcional
oral e tabagismo (NATUNEN et al 2011 ZARDO et al 2014)
Desde a infecccedilatildeo pelo HPV ateacute o desenvolvimento do CCU transcorrem
aproximadamente quinze anos Considera-se esta progressatildeo lenta sendo possiacutevel nesse
tempo a identificaccedilatildeo precoce de lesotildees celulares associadas com a persistecircncia deste
viacuterus no trato genital por meio da citologia cervical Assim haacute tempo para que as
lesotildees possam ser tratadas adequadamente impedindo a progressatildeo para o cacircncer
(SNIJDERS et al 2006 DISCACCIATI et al 2011 FERRAZ SANTOS
DISCACCIATI 2012)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
16
22 Exame citopatoloacutegico
A estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do CCU desde sua introduccedilatildeo
em 1941 por George Papanicolaou eacute o exame citopatoloacutegico sendo responsaacutevel pela
reduccedilatildeo da incidecircncia e mortalidade desse cacircncer nas uacuteltimas cinco deacutecadas em paiacuteses
em que foi implantado de maneira eficiente (PAPANICOLAOU TRAUT 1977
ARBYN et al 2009 DIJKSTRA et al 2014) O rastreio utilizando a citologia
esfoliativa eacute considerado uma intervenccedilatildeo de sauacutede puacuteblica extremamente bem-
sucedida de forma que praticado de acordo com as diretrizes alcanccedila reduccedilotildees na
incidecircncia do CCU de ateacute 80 (FRANCO DUARTE-FRANCO FERENCZY 2001
OGILVIE et al 2010) Aleacutem disso mais de 60 de todos os casos de CCU satildeo
observados entre as mulheres que natildeo participam do rastreamento (STENVALL
WIKSTROM WILANDER 2007)
O exame citopatoloacutegico baseia-se no fato de que alteraccedilotildees nas ceacutelulas epiteliais
do colo uterino podem progredir ao longo do tempo permitindo o surgimento do
cacircncer Sendo assim o Papanicolaou eacute estrateacutegico para detecccedilatildeo dessas alteraccedilotildees nas
fases iniciais das lesotildees precursoras (CARVALHO QUEIROZ 2010) Eacute um exame
faacutecil raacutepido praacutetico seguro de baixo custo e eficaz na detecccedilatildeo de lesotildees cervicais e
por isso deve ser incentivado como meacutetodo de triagem (GREENWOOD MACHADO
SAMPAIO 2006 OLIVEIRA et al 2010 COBUCCI et al 2016)
Os procedimentos mais usados para a confecccedilatildeo dos esfregaccedilos para o exame
citopatoloacutegico satildeo a coleta convencional ou em meio liacutequido (ARBYN et al 2008
NANDINI et al 2012) A teacutecnica de citologia em meio liacutequido permite que as ceacutelulas
sejam suspensas em meio liacutequido e espalhadas em monocamada possibilitando assim
uma melhor avaliaccedilatildeo morfoloacutegica e tem sido introduzida nos paiacuteses desenvolvidos para
melhorar a sensibilidade do exame citopatoloacutegico (PAWAR et al 2014) Apesar deste
meacutetodo apresentar menos tempo de triagem fundo limpo e melhor distribuiccedilatildeo dos
elementos celulares os benefiacutecios natildeo justificam o alto custo assim a coleta
convencional deve ser a primeira escolha para os paiacuteses em desenvolvimento pois
quando realizado de maneira organizada e de acordo com os padrotildees de qualidade natildeo eacute
inferior a citologia em meio liacutequido (ILTER et al 2012 SHARMA et al 2016)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a coleta convencional Neste tipo de coleta o
espeacuteculo eacute introduzido no canal vaginal para expor o colo do uacutetero e satildeo utilizados a
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
17
espaacutetula de Ayre para a coleta de ceacutelulas da ectoceacutervice e a escova endocervical para
coleta de ceacutelulas da endoceacutervice (ARBYN et al 2008 VERMA JAIN KAUR 2014)
As ceacutelulas satildeo colocadas em uma lacircmina transparente de vidro com extremidade fosca
onde consta identificaccedilatildeo da paciente satildeo coradas e examinadas ao microscoacutepio pelos
profissionais habilitados que poderatildeo identificar ceacutelulas que apresentam alteraccedilotildees
indicativas de lesotildees preacute-malignas (ARBYN et al 2008 FERNANDES et al 2009
BRASIL 2011)
No Brasil a populaccedilatildeo alvo recomendada para a realizaccedilatildeo deste exame satildeo
mulheres na faixa etaacuteria de 25 ateacute os 64 anos de idade e agravequelas que jaacute iniciaram a vida
sexual Recomenda-se a realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico como ferramenta
de rastreamento sendo que deve ser repetido a cada trecircs anos apoacutes dois exames anuais
consecutivos normais A repeticcedilatildeo em um ano tem por objetivo diminuir a possibilidade
de RFN (RIBEIRO SANTOS TEIXEIRA 2011 BRASIL 2016c) Este
acompanhamento regular tem como base os programas de rastreamento organizados na
maioria dos paiacuteses desenvolvidos (FERLAY et al 2012)
Em estudo envolvendo oito paiacuteses realizado pela International Agency for
Research on Cancer (IARC) em 1986 servindo de suporte para normas ainda hoje
vigente mundialmente estimou-se que ao iniciar o rastreamento aos 25 anos de idade e
natildeo aos 20 anos perde-se apenas 1 de reduccedilatildeo da incidecircncia cumulativa do CCU
(IARC 1986 BRASIL 2011) Mulheres de ateacute 20 anos de idade natildeo estatildeo incluiacutedas na
faixa etaacuteria alvo do rastreamento pois possuem maior probabilidade de regressatildeo das
lesotildees preacute-invasivas o carcinoma invasor nesta parcela da populaccedilatildeo em geral eacute
extremamente raro e a maioria das infecccedilotildees pelo HPV se resolve espontaneamente em
cerca de dois anos sendo portanto de reduzida significacircncia cliacutenica (MOSCICKI
2008 MOSCICKI COX 2010) Os exames devem seguir ateacute os 64 anos e apoacutes essa
idade serem interrompidos quando resultarem em dois exames negativos consecutivos
nos uacuteltimos cinco anos (SASIENI CASTANtildeON CUZICK 2010 BRASIL 2011)
O rastreamento no Brasil eacute predominantemente oportuniacutestico ou seja as
mulheres tecircm realizado o exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero quando procuram os
serviccedilos de sauacutede geralmente devido a consulta meacutedica gravidez e diante de queixas
como prurido e leucorreacuteia Assim 20 a 25 dos exames tecircm sido realizados fora do
grupo etaacuterio recomendado e aproximadamente metade deles com intervalo de um ano
ou menos quando o recomendado satildeo trecircs anos Portanto haacute um contingente de
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
18
mulheres rastreadas e a exclusatildeo de outras (ZEFERINO 2008 NAVARRO et al 2015
BRASIL 2016c)
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais
George N Papanicolaou em 1941 criou a primeira terminologia de
classificaccedilatildeo citoloacutegica das lesotildees precursoras do CCU que procurava expressar se as
ceacutelulas observadas eram normais ou natildeo e desde entatildeo vaacuterios sistemas de classificaccedilatildeo
foram sugeridos (TRAUT PAPANICOLAOU 1943 AGUIAR et al 2011)
Nos Estados Unidos em 1988 foi realizada na cidade de Bethesda um workshop
que enfatizou a grande diversidade na comunicaccedilatildeo dos resultados em citologia
cervical e teve como objetivo determinar uma terminologia que daria limites evidentes
para a gestatildeo e dessa maneira reduziria a variabilidade interobservador Entatildeo nesse
ano foi aprovada a classificaccedilatildeo citoloacutegica conhecida como Terminologia do Sistema
Bethesda que introduziu os termos lesotildees intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e
alto grau (HSIL) (NAYAR WILBUR 2015a)
Apoacutes experiecircncia na praacutetica cliacutenica e novos avanccedilos no conhecimento
cientiacutefico esse sistema passou por revisatildeo em 1991 e 2001 que propocircs uniformizar as
terminologias assim como as condutas cliacutenicas para cada classificaccedilatildeo citoloacutegica
(AGUIAR et al 2011) O workshop de 1991 levou agrave produccedilatildeo do primeiro atlas
Bethesda em 1994 depois de sua publicaccedilatildeo tornou-se rapidamente uma referecircncia
mundial para a praacutetica da citologia cervical (SOLOMON et al 2002 NAYAR
WILBUR 2015a) Em 2001 aconteceu mudanccedilas marcantes em relaccedilatildeo agrave categoria de
Ceacutelulas Escamosas Atiacutepicas (ASC) A categoria ASC foi subdividida em ceacutelulas
escamosas atiacutepicas de significado indeterminado (ASC-US) e ceacutelulas escamosas
atiacutepicas quando natildeo se pode excluir lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
(WRIGHT et al 2002 MASSAD et al 2013) Nos Estados Unidos em 2013 855
dos laboratoacuterios de citologia haviam implementado a terminologia de 2001 e o
sistema de Bethesda produziu um impacto significativo na comunidade
internacional de citopatologia (DAVEY et al 2004)
Nos uacuteltimos anos vecircm acontecendo vaacuterias mudanccedilas nos processos de rastreio
do CCU como aumento do uso de citologia em meio liacutequido aprovaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de vacinas profilaacuteticas contra o HPV mudanccedilas na terminologia de
histopatologia e diretrizes atualizadas para o rastreio do CCU e gestatildeo cliacutenica Com
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
19
base em todas essas mudanccedilas o ano de 2014 era o momento adequado para uma
revisatildeo e atualizaccedilatildeo da terminologia Sistema de Bethesda 2001 Houve entatildeo o
refinamento de criteacuterios morfoloacutegicos e incorporaccedilatildeo de revisotildees e novas
informaccedilotildees adicionais na terceira ediccedilatildeo do atlas Bethesda para citologia cervical
(NAYAR WILBUR 2015b)
Em 2003 foi publicada a primeira ediccedilatildeo da Nomenclatura Brasileira para
Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais e Condutas Cliacutenicas Preconizadas baseada no
sistema de Bethesda contendo tambeacutem o MEQ com o objetivo de padronizar o laudo
citopatoloacutegico com as respectivas condutas cliacutenicas e manter o controle de qualidade
desses laudos emitidos pelos laboratoacuterios prestadores de serviccedilo ao Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SUS) No ano de 2006 houve a publicaccedilatildeo da segunda ediccedilatildeo dessa
nomenclatura e foi suprimido o capiacutetulo referente ao MEQ porque esse tema merecia
uma profunda revisatildeo No ano de 2010 optou-se por lanccedilar como publicaccedilotildees
independentes os trecircs capiacutetulos de Condutas Cliacutenicas Preconizadas MEQ e da
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais (BRASIL 2012)
Em 2012 foi publicada a terceira ediccedilatildeo revisada e atualizada da Nomenclatura
Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais que eacute a nomenclatura utilizada
atualmente no Brasil contemplando a seguinte classificaccedilatildeo
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (ASC-US)
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir
lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (AGC-SOE)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode afastar
lesatildeo intraepitelial de alto grau (AGC-NEO)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL)
bull Adenocarcinoma in situ (AIS)
bull Adenocarcinoma invasor (cervical endometrial e sem outras especificaccedilotildees)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau natildeo podendo excluir microinvasatildeo
bull Carcinoma epidermoacuteide invasor
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
20
A adoccedilatildeo do Sistema de Bethesda ainda que adaptado ao Brasil facilita a
comparaccedilatildeo de resultados nacionais com os encontrados em publicaccedilotildees estrangeiras
Poreacutem ainda haacute resistecircncia por parte dos citopatologistas no emprego da nomenclatura
brasileira para exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero Ressalta-se que aleacutem do
diagnoacutestico preciso tambeacutem eacute importante que o relatoacuterio de apresentaccedilatildeo dos resultados
seja de faacutecil compreensatildeo para que a paciente receba seguimento e conduta adequada
dessa forma maiores esforccedilos devem ser empregados no sentido de estimular o uso
dessa nomenclatura (AGUIAR et al 2011)
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado
Em 2011 houve atualizaccedilatildeo das Condutas Cliacutenicas Preconizadas de 2006 e entatildeo
foram lanccediladas as ldquoDiretrizes para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo que
buscaram orientar as condutas preconizadas em mulheres com alteraccedilotildees no exame
citopatoloacutegico cervical (BRASIL 2011)
De acordo com essas diretrizes diante de um resultado de exame citopatoloacutegico
de ASC-US a mulher com 30 anos ou mais deveraacute repetir o exame citopatoloacutegico em
um intervalo de 6 meses e com idade inferior a 30 anos no intervalo de 12 meses Para
os exames com resultados classificados como ASC-H as mulheres devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e se observado alteraccedilotildees
colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia jaacute aquelas sem alteraccedilotildees devem repetir nova
citologia em 6 meses Pacientes com diagnoacutestico citoloacutegico de AGC devem ser
encaminhadas para colposcopia realiza-se a bioacutepsia apenas quando satildeo observadas
alteraccedilotildees no colo caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia em 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de LSIL devem repetir o exame citopatoloacutegico em 6
meses se a citologia de repeticcedilatildeo for negativa em dois exames consecutivos a paciente
deve retornar agrave rotina de rastreamento citoloacutegico trienal Pacientes que apresentarem
diagnoacutestico de HSIL deveratildeo ser encaminhadas em ateacute trecircs meses agrave Unidade de
Referecircncia Secundaacuteria para realizaccedilatildeo da bioacutepsia se observada alteraccedilotildees no colo na
colposcopia (BRASIL 2011)
No ano de 2016 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a segunda ediccedilatildeo das ldquoDiretrizes
para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo atualizando as diretrizes publicadas em
2011 visando auxiliar os profissionais da sauacutede em suas praacuteticas assistenciais em todo o
paiacutes quanto ao seguimento de exames citopatoloacutegicos alterados e apoiar os gestores na
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
21
tomada de decisatildeo em relaccedilatildeo agrave estruturaccedilatildeo da linha de cuidados da mulher (BRASIL
2016c)
De acordo com as diretrizes mais recentes as mulheres com diagnoacutestico de ASC-
US abaixo de 25 anos de idade devem repetir o exame apoacutes 3 anos aquelas entre 25 e
29 anos devem repetir em 12 meses enquanto as mulheres acima de 30 anos devem
repetir a citologia apoacutes 6 meses Mulheres com diagnoacutestico de ASC-H devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e somente aquelas que
apresentam alteraccedilotildees colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia sendo que as demais
devem repetir a citologia apoacutes 6 meses Em mulheres com diagnoacutestico de ceacutelulas
glandulares atiacutepicas (AGC) ou ceacutelulas atiacutepicas de origem indefinida a paciente deve ser
imediatamente encaminhada para colposcopia onde faz-se a bioacutepsia apenas quando satildeo
observadas alteraccedilotildees caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia Na
presenccedila do diagnoacutestico LSIL em mulheres abaixo de 25 anos de idade sugere-se repetir
o exame citopatoloacutegico apoacutes 3 anos com indicaccedilatildeo de colposcopia caso a atipia se
mantenha E mulheres acima de 25 anos de idade devem repetir a citologia apoacutes 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de HSIL devem ser encaminhadas para realizaccedilatildeo de
colposcopia ateacute trecircs meses apoacutes o resultado e caso apresentem alteraccedilotildees visuais no
colo do uacutetero deveratildeo ser submetidas a bioacutepsia caso contraacuterio recomenda-se nova
citologia apoacutes trecircs meses a contar da data da coleta da citologia anterior (BRASIL
2016c)
Um dos maiores problemas enfrentado pelo programa de rastreamento e controle
do CCU eacute a falta de seguimento dado as mulheres depois que realizam o exame
citopatoloacutegico bem como a orientaccedilatildeo errocircnea por parte dos profissionais de sauacutede
Portanto para que o programa tenha sucesso eacute necessaacuterio garantir que seja organizado e
definido como um conjunto de accedilotildees programadas com populaccedilatildeo e periodicidade
especiacuteficas porque com o seguimento pode-se oferecer um tratamento adequado
interrompendo o desenvolvimento desse cacircncer (VALE et al 2010 ALBUQUERQUE
et al 2012 SANTOS et al 2013)
23 Controle de qualidade em citopatologia
O exame citopatoloacutegico necessita apresentar uma boa acuraacutecia diagnoacutestica
(MILLER et al 2000 KOSE NAKI 2014 ABUDUKADEER et al 2015) No
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
22
entanto questiona-se sua eficiecircncia pois certo nuacutemero de mulheres desenvolve esse
cacircncer apesar de realizarem o exame periodicamente em parte essa situaccedilatildeo pode ser
explicada pelas altas taxas de RFN (MITCHELL MEDLEY 1995 TAVARES et al
2008 KIRSCHNER et al 2011) Aleacutem disso os RFP tambeacutem satildeo alarmantes pois
geram danos agrave vida de mulheres na medida que se sujeitam a procedimentos
dispensaacuteveis (KOSS 1989 FRABLE 2007 GULLO et al 2012)
As principais causas dos RFN ocorrem devido a erros de coleta de escrutiacutenio e
de interpretaccedilatildeo do diagnoacutestico (BOSCH RIETVELD-SCHEFFERS BOON 1992
MITCHELL MEDLEY 1995 ORTIZ-VAacuteZQUEZ et al 2001 FRABLE et al 2007
MANRIQUE et al 2009) Erros na coleta do material citoloacutegico podem ser
responsaacuteveis por ateacute 62 dos RFN e ocorrem devido agrave falta de representatividade
celular ou escassez de ceacutelulas neoplaacutesicas e tambeacutem pela presenccedila de processo
inflamatoacuterio sangue e fundo necroacutetico nos esfregaccedilos que podem prejudicar a anaacutelise
(VAN DER et al 1987 EJERSBO DAHL HOLUND 2003 AMARAL et al 2006
AMARAL et al 2008 LONNBERG et al 2010) O erro de escrutiacutenio varia de 10 a
67 e ocorre quando as ceacutelulas atiacutepicas estatildeo presentes no esfregaccedilo mas natildeo satildeo
identificadas pelo escrutinador devido agrave falta de atenccedilatildeo e concentraccedilatildeo tempo
insuficiente e falta de experiecircncia (DEMAY 1997 PITTOLI et al 2003 PAJTLER et
al 2006 AMARAL et al 2008) O erro de interpretaccedilatildeo pode ser responsaacutevel por ateacute
22 dos RFN e ocorre quando as ceacutelulas neoplaacutesicas satildeo reconhecidas mas satildeo
identificadas como benignas ou ainda satildeo classificadas erroneamente isso eacute atribuiacutedo
principalmente agrave experiecircncia insuficiente do profissional e informaccedilotildees cliacutenicas
inadequadas (GAY NALDSON GOELLNER 1985 RENSHAW 2003 COLEMAN
POZNANSKY 2006 AMARAL et al 2008)
Dessa forma tem sido exigido a implementaccedilatildeo de programas de monitoramento
da qualidade em citopatologia com o objetivo de melhorar o desempenho do exame
citopatoloacutegico em detectar anormalidades escamosas e glandulares e
consequentemente diminuir os percentuais de RFN e RFP que satildeo resultados
preocupantes tanto para a mulher quanto para os custos dos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(PAJTLER et al 2006 TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) A fim de
minimizar as falhas deste exame vaacuterias estrateacutegias corretivas de garantia da qualidade
tecircm sido desenvolvidas como a implementaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ nos
laboratoacuterios de citopatologia (PEREIRA et al 2006 AacuteZARA et al 2014a)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
23
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio de
citopatologia contemplam na fase preacute-analiacutetica atividades realizadas antes do
escrutiacutenio e incluem o registro do material recebido a preparaccedilatildeo a coloraccedilatildeo e a
montagem das lacircminas a manutenccedilatildeo dos equipamentos e microscoacutepios aleacutem dos
registros da qualificaccedilatildeo e treinamento dos profissionais (BRASIL 2016b) Na fase
analiacutetica o objetivo eacute a reduccedilatildeo de erros de escrutiacutenio ou de erros de interpretaccedilatildeo do
resultado com o intuito de diminuir os iacutendices de RFN e RFP algumas das medidas
contemplam o tempo de escrutiacutenio carga de trabalho do citologista e revisatildeo dos
esfregaccedilos (TAVARES et al 2007) O monitoramento contiacutenuo da qualidade dos
resultados dos exames citopatoloacutegicos imprescindiacutevel para o laboratoacuterio faz parte da
fase poacutes-analiacutetica em que eacute avaliada o desempenho global e individual dos profissionais
(AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
Por muitos anos vaacuterias discussotildees ocorreram na tentativa de apontar o melhor
meacutetodo de MIQ para a citologia cervical (DUDDING RENSHAW ELLIS 2011)
Considerado como consenso entre os especialistas na aacuterea a repeticcedilatildeo da leitura de
todos os esfregaccedilos classificados como negativos no escrutiacutenio de rotina eacute o meacutetodo
mais preciso para evitar erros no rastreio poreacutem este meacutetodo eacute dispendioso exigindo
muito tempo para a leitura em duplicata (TAVARES et al 2011)
Dentre os meacutetodos de MIQ cita-se a revisatildeo aleatoacuteria de 10 dos esfregaccedilos
negativos pelo escrutiacutenio de rotina (R-10) a revisatildeo baseada em criteacuterios cliacutenicos de
risco (RCCR) a revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos (RR100) e o preacute-
escrutiacutenio raacutepido (PER) Os meacutetodos de PER e RR100 satildeo considerados os mais
eficazes na detecccedilatildeo de RFN (MANRIQUE et al 2007 2011 TAVARES et al 2011
BRASIL 2016b) O meacutetodo de revisatildeo de 10 dos esfregaccedilos negativos eacute criticado
pois detecta poucos casos RFN assim como a RCCR que tambeacutem tem produzido
resultados ruins em vaacuterios estudos (AMARAL et al 2005 TAVARES et al 2008
TAVARES et al 2011 CURRENS et al 2012)
A RR100 consiste em revisar rapidamente todos os esfregaccedilos classificados
como negativos e insatisfatoacuterios do escrutiacutenio de rotina poreacutem como o revisor possui
conhecimento do resultado pode tornar o meacutetodo tendencioso reduzindo sua
concentraccedilatildeo e aumentando a possibilidade de deixar passar erros (PAJTLER et al
2006 MANRIQUE et al 2007) O PER consiste no escrutiacutenio raacutepido de todos os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
24
esfregaccedilos sem influecircncia de marcaccedilotildees sobre a lacircmina durante um tempo limitado
antes do escrutiacutenio de rotina e eacute um meacutetodo que tende a prender a atenccedilatildeo do
citologista jaacute que eacute realizado anterior a leitura de rotina aleacutem de permitir que a
sensibilidade de ambos PER e ER seja estimada (DJEMLI KHETANI AUGER
2006 TAVARES et al 2008)
Portanto eacute de extrema importacircncia a implementaccedilatildeo de accedilotildees de garantia da
qualidade na rotina dos laboratoacuterios de citopatologia pois permitem aprimorar o exame
citopatoloacutegico assegurando resultados confiaacuteveis (FERRAZ et al 2005 SIEGL et al
2014)
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
O sistema de monitoramento da qualidade tambeacutem deve comtemplar o
desenvolvimento e implantaccedilatildeo de sistema de indicadores de qualidade pois permitem
avaliar o desempenho global do laboratoacuterio realizar anaacutelise estatiacutestica individual dos
profissionais bem como utilizar os dados obtidos para a realizaccedilatildeo de intervenccedilotildees para
aperfeiccediloamento das etapas laboratoriais (SIEGL et al 2014 AacuteZARA et al 2014b)
Os indicadores de qualidade em citopatologia cervical possuem caracteriacutesticas
que satildeo muito importantes para que possam ser uacuteteis como ferramentas de apoio para o
monitoramento e a avaliaccedilatildeo do desempenho do laboratoacuterio Entre elas destacam-se a
facilidade de compreensatildeo uso de dados de coleta disponiacutevel e faacutecil execuccedilatildeo
mensuram os resultados encontrados permitindo comparaccedilatildeo com valores de referecircncia
preacute-estabelecidos refletem exatamente o que se deseja quantificar viabilizando assim
uma anaacutelise comparativa dos resultados para uma melhoria contiacutenua dos processos
internos do laboratoacuterio (BRASIL 2016b)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda que a coleta dos dados deve ser realizada
pelos profissionais envolvidos nas diversas etapas do processo de trabalho pois a
responsabilizaccedilatildeo dos profissionais pela obtenccedilatildeo dos dados tende a gerar compromisso
deles com os resultados almejados assim os dados tendem a ser de melhor qualidade
(BRASIL 2016b) Portanto a construccedilatildeo de tais indicadores para auxiliar o programa
de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo uacutetero deve ser feita internamente no
laboratoacuterio e satildeo mundialmente conhecidos pelos profissionais dessa aacuterea (BRASIL
2016b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
25
Os indicadores de qualidade incluem o iacutendice de positividade (IP) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ASCSat) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt) razatildeo de ceacutelulas
escamosas atiacutepicas por lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) percentual de exames
compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSILSat) (BORTOLON et
al 2012 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b)
O IP expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares nos exames aleacutem da
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo examinada
e recomenda-se que esteja entre 3 e 10 O ASCSat deve ficar entre 4 e 5 e quando
elevado sugere problemas na amostra na anaacutelise laboratorial ou em ambas as fases e
representa um ocircnus para a mulher e para a rede assistencial pois acarreta a oferta de um
maior nuacutemero de exames destinados agrave repeticcedilatildeo para investigaccedilatildeo diagnoacutestica O
ASCAlt deve ser inferior a 60 e tem o objetivo de monitorar ao percentual de atipias
de significado indeterminado para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo continuada dos
citopatologistas A razatildeo ASCSIL permite identificar o baixo desempenho profissional
no rastreamento e valores muito altos devem ter a causa investigada pois podem mostrar
a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios citoloacutegicos utilizados sendo que este indicador
deve ser menor que 3 O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees
precursoras do CCU e recomenda-se que seja igual ou maior que 04 (PLEWKA et
al 2014 BRASIL 2016b)
Os documentos gerados na elaboraccedilatildeo e o registro perioacutedico dos indicadores de
qualidade devem ser armazenados para permitir o acompanhamento dos processos
analisados e devem fazer parte do conjunto de documentos que compotildeem o Sistema de
Monitoramento da Qualidade do laboratoacuterio Eacute importante que esse material seja
armazenado em local de faacutecil acesso com o objetivo de facilitar as consultas sempre
que for necessaacuterio Recomenda-se que sejam feitos mensalmente e impressos com
assinatura do profissional responsaacutevel (BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia
Haacute deacutecadas o Brasil tem adotado medidas para garantia da qualidade dos exames
citopatoloacutegicos Em 1998 foi instituiacutedo o Programa Nacional de Controle do Cacircncer de
Colo de Uacutetero pela portaria GMMS nordm 3040 que reconheceu que o exame
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
26
citopatoloacutegico do colo uterino eacute uma avaliaccedilatildeo qualitativa que dependente da
interpretaccedilatildeo do observador e que essa subjetividade precisa ser minimizada portanto o
monitoramento da qualidade eacute importante para a garantia do serviccedilo prestado agrave
populaccedilatildeo feminina (BRASIL 1998)
O Ministeacuterio da Sauacutede em 2001 por meio da Portaria SPSSAS nordm 92 preconizou
que todos os laboratoacuterios que realizam exames citopatoloacutegicos para o SUS deveriam
submeter-se ao Programa de Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ) poreacutem o
programa de responsabilidade das coordenaccedilotildees estaduais natildeo havia sido implantado
em todo paiacutes Esse programa foi regulamentado em 2013 atraveacutes da Qualificaccedilatildeo
Nacional em Citopatologia na Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2010
BRASIL 2013a)
A Portaria Qualicito definiu que os gestores estaduais e municipais devem
gerenciar o programa acompanhando o desempenho dos laboratoacuterios participantes que
foram classificados em Tipo I e Tipo II Satildeo considerados Laboratoacuterios Tipo I os
laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam serviccedilo ao SUS e que realizam exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero e os Laboratoacuterios Tipo II os laboratoacuterios puacuteblicos
responsaacuteveis por realizar os exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no acircmbito do
MEQ aleacutem de poderem realizar as accedilotildees dos Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2013a)
O MEQ eacute parte integrante da estrateacutegia de garantia da qualidade em citopatologia
e tem por finalidade avaliar o desempenho dos Laboratoacuterios Tipo I e a qualidade dos
exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero detectar as diferenccedilas de interpretaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos aumentar a eficiecircncia do processo de realizaccedilatildeo dos exames
citopatoloacutegicos aleacutem de reduzir o percentual de RFN RFP e insatisfatoacuterios (BRASIL
2016)
Em 1999 foi instituiacutedo o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero
(SISCOLO) com objetivo de armazenar dados sobre identificaccedilatildeo da mulher
informaccedilotildees demograacuteficas epidemioloacutegicas e dos exames citopatoloacutegicos e
histopatoloacutegicos realizados pelo SUS (GIRIANELLI THULER SILVA 2009
(BRASIL 2016c) Em 2011 foi lanccedilado o Plano Nacional de Fortalecimento da Rede de
Prevenccedilatildeo que permitiu o desenvolvimento do Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer
(SISCAN) substituindo o SISCOLO poreacutem a implementaccedilatildeo do sistema estaacute sendo
lenta e gradual (BRASIL 2013b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
27
Portanto eacute o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer (SISCAN) que seleciona do
Laboratoacuterio Tipo I todos os exames positivos e insatisfatoacuterios e 10 dos negativos para
serem enviados ao Laboratoacuterio Tipo II de acordo com o estabelecido na Portaria
Qualicito (BRASIL 2013a) A lista deve ser enviada com a relaccedilatildeo dos casos
selecionados pelo sistema juntamente com as lacircminas solicitadas e os respectivos
laudos servindo como recibo de transferecircncia de responsabilidade de guarda das
lacircminas para o Laboratoacuterio Tipo II e para controle de devoluccedilatildeo ao laboratoacuterio de
origem (BRASIL 2016b)
Entatildeo o conjunto de accedilotildees realizadas pelo Laboratoacuterio Tipo II visa agrave avaliaccedilatildeo da
qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero dos Laboratoacuterios Tipo I e
contemplam duas fases a preacute-analiacutetica e analiacutetica Na primeira o Laboratoacuterio Tipo II
verifica os procedimentos teacutecnicos e informa a qualidade da confecccedilatildeo do esfregaccedilo
fixaccedilatildeo coloraccedilatildeo montagem e contaminaccedilatildeo das amostras E a fase analiacutetica consiste
em uma revisatildeo dos esfregaccedilos citopatoloacutegicos por profissionais habilitados e o
diagnoacutestico final eacute firmado por consenso entre os citopatologistas do Laboratoacuterio Tipo
II (PEREIRA et al 2006 BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
Os exames discordantes seratildeo comunicados ao Laboratoacuterio Tipo I que poderaacute
recorrer da opiniatildeo do Laboratoacuterio Tipo II caso natildeo concorde com o parecer dos
revisores buscando o consenso Caso concorde caberaacute ao Laboratoacuterio Tipo I enviar o
laudo de revisatildeo agraves regionais ao municiacutepio ou agrave Unidade Baacutesica de Sauacutede (UBS)
mencionando que esse laudo foi realizado em conjunto com o Laboratoacuterio Tipo II de
referecircncia Caso natildeo haja consenso entre os Laboratoacuterios Tipos I e II poderaacute ser
solicitada a avaliaccedilatildeo por outro Laboratoacuterio Tipo II em acordo com a Coordenaccedilatildeo
Estadual eou Municipal (BRASIL 2016b)
A estatiacutestica para a avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo
II eacute o Kappa Ponderado devido a necessidade de se atribuiacuterem diferentes pesos para as
discordacircncias aleacutem da frequecircncia de RFN RFP e retardo de conduta Assim uma atipia
de significado indeterminado que recebeu equivocadamente um laudo de LSIL teraacute um
peso menor na construccedilatildeo do Kappa que uma HSIL que recebeu um laudo negativo
(BRASIL 2012) Os laboratoacuterios com iacutendices diagnoacutesticos abaixo de dois desvios
padrotildees da meacutedia estadual eou iacutendice Kappa de correlaccedilatildeo em niacutevel ruim seratildeo
considerados fora dos paracircmetros recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
28
Laboratoacuterios Tipo I nessa situaccedilatildeo seratildeo notificados e monitorados pelos Laboratoacuterios
Tipo II para alcanccedilar o iacutendice esperado (BRASIL 2016b)
Dessa forma os Laboratoacuterios Tipo I devem enviar regularmente todas as lacircminas e
laudos dos exames selecionados para o Laboratoacuterio Tipo II analisar os casos de
discordacircncia buscando o consenso com o Laboratoacuterio Tipo II promover educaccedilatildeo
continuada para uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos minimizar as natildeo
conformidades encontradas na rotina do laboratoacuterio diminuir os RFN e RFP e avaliar o
desempenho profissional da equipe Os Laboratoacuterios Tipo II devem fazer contato e dar
retorno aos Laboratoacuterios Tipo I comunicando o quanto antes sobre os resultados dos
exames citopatoloacutegicos discordantes e discutir caso a caso buscando o consenso apoiar
as coordenaccedilotildees estadual e municipal na interface com os laboratoacuterios que realizam
exames para o SUS e proporcionar educaccedilatildeo permanente por meio de sessotildees interativas
regulares para os Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2016b)
Diversos estudos tecircm considerado o MEQ um programa eficiente no
aperfeiccediloamento do exame citopatoloacutegico uma vez que a discussatildeo dos casos
discordantes para se chegar a um consenso dos resultados etapa fundamental do
programa possibilita a uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados na
detecccedilatildeo das lesotildees precursoras do CCU o que reflete na reduccedilatildeo dos RFN e RFP
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 FREITAS THULER 2012 AacuteZARA
et al 2013 2014a 2016 BRASIL 2016b)
REZENDE MT Justificativa
29
3- Justificativa
Um dos principais motivos da ocorrecircncia de RFN e RFP no exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero eacute a variabilidade inter e intra observador na
interpretaccedilatildeo dos diagnoacutesticos dessa forma para a garantia da qualidade se faz
necessaacuterio a implantaccedilatildeo de MIQ e MEQ nos laboratoacuterios de citopatologia (FRABLE
et al 2007 MANRIQUE et al 2009 AacuteZARA et al 2014a) Este estudo foi
realizado com o intuito de avaliar o impacto do MEQ em laboratoacuterio de citopatologia
para minimizar as divergecircncias diagnoacutesticas e erros dentro dos processos do laboratoacuterio
a fim de reduzir os RFN e RFP Investindo na identificaccedilatildeo e retificaccedilatildeo das falhas eacute
possiacutevel que seja assegurado o melhor serviccedilo possiacutevel agrave mulher que receberaacute
seguimento e tratamento adequado
REZENDE MT Objetivos
30
4- Objetivos
41 Objetivo Geral
Comparar os resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do
municiacutepio de Ouro Preto MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade
42 Objetivos especiacuteficos
- Verificar a frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
- Avaliar a concordacircncia diagnoacutestica frequecircncia de casos discordantes falso-negativos
falso-positivos e retardo de conduta entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar o resultado do seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
do monitoramento externo da qualidade incluindo os RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de
consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes o monitoramento externo da qualidade
REZENDE MT Metodologia
31
5- Metodologia
51 Local de estudo
Este trabalho foi desenvolvido no setor de citologia do Laboratoacuterio Piloto de
Anaacutelises Cliacutenicas (LAPAC) da Escola de Farmaacutecia da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP) Por se tratar de estudo baseado em resultados de exames coletados em
2013 e 2014 que estatildeo disponiacuteveis publicamente atraveacutes do SISCOLO natildeo foi
necessaacuterio a submissatildeo ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
O setor de citologia deste laboratoacuterio eacute composto por 5 citopatologistas 2
bolsistas 1 teacutecnica e 2 assistentes administrativos Neste laboratoacuterio estatildeo disponiacuteveis
microscoacutepios NiKon E 200 para escrutiacutenio dos esfregaccedilos bateria de coloraccedilatildeo e
material para montagem das lacircminas microscoacutepio de 5 cabeccedilas para discussatildeo de casos
e 3 computadores para parte administrativa O setor de citologia deste laboratoacuterio atende
uma rotina de exames citopatoloacutegicos colhidos nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS)
de Ouro Preto MG que desde 2013 eacute o uacutenico Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio que
presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
511 Monitoramento interno da qualidade
Os meacutetodos de monitoramento interno da qualidade utilizados na rotina pelo
Laboratoacuterio Tipo I satildeo o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) e a revisatildeo raacutepida de 100 dos
esfregaccedilos negativos (RR100) e cada etapa de leitura da lacircmina eacute realizada por
citopatologistas diferentes em um esquema de rodiacutezio (Figura 1) Inicialmente todos os
esfregaccedilos citopatoloacutegicos adequados para a anaacutelise microscoacutepica satildeo submetidos ao
PER e os resultados satildeo classificados como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio e
registrados na planilha de PER (Apecircndice A) Posteriormente eacute realizado o escrutiacutenio de
rotina (ER) pelo segundo citopatologista que apoacutes a leitura detalhada classifica os
resultados de acordo com a nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos baseada
no Sistema de Bethesda 2001 (SOLOMON NAYAR 2004) anotando o diagnoacutestico no
verso da requisiccedilatildeo (Anexo 1) Em seguida todas as lacircminas consideradas negativas
pelo escrutiacutenio de rotina satildeo encaminhadas para um terceiro citologista que realiza a
RR100 classificando-o como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio registrando na
planilha de RR100 (Apecircndice B)
REZENDE MT Metodologia
32
Os esfregaccedilos considerados positivos e insatisfatoacuterios pelo ER e os resultados
discordantes que foram aqueles onde PER ou a RR100 classificou como suspeito ou
insatisfatoacuterio e o escrutiacutenio de rotina considerou negativo satildeo encaminhados para a
revisatildeo detalhada para confirmaccedilatildeo ou natildeo da alteraccedilatildeo e definiccedilatildeo do diagnoacutestico final
e anotados nas planilhas correspondentes (Apecircndice C e D) Quando a revisatildeo detalhada
eacute discordante do ER haacute um consenso entre os citopatologistas para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I
REZENDE MT Metodologia
33
52 Tipo de estudo
Foi realizado estudo retrospectivo comparando os resultados dos exames
citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I da Escola de Farmaacutecia da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de exames
citopatoloacutegicos de rastreio do municiacutepio de Ouro Preto Minas Gerais com os
resultados emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo II de Belo Horizonte responsaacutevel pelo MEQ
dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero de Minas Gerais
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica
Os exames do Laboratoacuterio Tipo I foram selecionados automaticamente pelo
SISCOLO (Sistema de Informaccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero) incluindo os exames
positivos insatisfatoacuterios e 10 dos negativos conforme a Portaria QualiCito
33882013 referente aos meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 As
amostras foram provenientes de mulheres atendidas nas UBS do municiacutepio de Ouro
Preto MG usuaacuterias do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
54 Monitoramento externo da qualidade
O Laboratoacuterio Tipo I enviou ao Laboratoacuterio Tipo II juntamente com os laudos
correspondentes um total de 321 esfregaccedilos citopatoloacutegicos classificados como
negativos (84) insatisfatoacuterios (3) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas (ASC-US41) lesatildeo intraepitelial
escamosa de baixo grau (LSIL163) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado natildeo se pode excluir lesatildeo de alto grau (ASC-H12) lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau (HSIL16) e ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras
especificaccedilotildees (AGC-SOE2) (Figura 2)
REZENDE MT Metodologia
34
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia cervical
Os esfregaccedilos foram reavaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II que emitiu um relatoacuterio
com os resultados para o Laboratoacuterio Tipo I comunicando tambeacutem os resultados
discordantes Nos casos em que o Laboratoacuterio Tipo I natildeo concordou com o parecer
REZENDE MT Metodologia
35
emitido pelos revisores do Laboratoacuterio Tipo II os resultados dos exames discordantes
foram discutidos caso a caso com o Laboratoacuterio Tipo II buscando o consenso entre os
dois Laboratoacuterios para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final (BRASIL 2016b)
Apoacutes o consenso os resultados discordantes foram reemitidos pelo Laboratoacuterio
Tipo I e encaminhados agraves Unidades de Sauacutede que localizaram as mulheres e
reprogramaram a conduta baseada no diagnoacutestico final
Os esfregaccedilos que inicialmente foram classificados como negativos ou
inflamatoacuterios pelo Laboratoacuterio Tipo I e considerados como positivos pelo Laboratoacuterio
Tipo II foram denominados resultados falso-negativos (RFN) Aqueles considerados
inicialmente positivos pelo Laboratoacuterio Tipo I mas reclassificados como negativos pelo
Laboratoacuterio Tipo II foram denominados resultados falso-positivos (RFP) Foram
considerados casos discordantes aqueles que implicaram em mudanccedila de conduta
cliacutenica de acordo com as normas preconizadas pelas Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2011)
Os resultados diagnosticados inicialmente como ASC-US ou LSIL pelo
Laboratoacuterio Tipo I e que na revisatildeo o Laboratoacuterio Tipo II julgou como diagnoacutestico mais
grave (ASC-H HSIL Carcinoma de ceacutelulas escamosas AGC-SOE AGC-NEO
Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma invasor) foram considerados como retardo
de conduta cliacutenica
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados
Para levantamento do seguimento das pacientes em que os resultados dos
exames foram classificados como ASC-US ou LSIL foi realizada a busca do resultado
do novo exame citopatoloacutegico uma vez que a conduta preconizada eacute a repeticcedilatildeo do
exame no periacuteodo de seis meses a um ano Para aqueles classificados como ASC-H ou
pior diagnoacutestico foi realizado o levantamento do resultado do exame histopatoloacutegico
dado que a conduta preconizada eacute o encaminhamento para colposcopia e se visualizado
alguma alteraccedilatildeo no colo uterino realiza-se a bioacutepsia Os resultados insatisfatoacuterios natildeo
foram considerados nesta anaacutelise (BRASIL 2011)
Foram realizadas visitas previamente agendadas agraves UBS do municiacutepio para
realizaccedilatildeo do levantamento das pacientes previamente listadas daquela unidade que
haviam sido diagnosticadas com alguma alteraccedilatildeo citoloacutegica O profissional responsaacutevel
REZENDE MT Metodologia
36
pela coleta do exame citopatoloacutegico verificou nos prontuaacuterios das pacientes o
seguimento que foi adotado em cada caso Poreacutem as UBS tinham poucos registros do
seguimento dessas pacientes por isso foram adotadas outras estrateacutegias
Portanto com o objetivo de levantar os dados referentes ao seguimento das
pacientes encaminhadas para acompanhamento de ASC-H e pior diagnoacutestico foram
realizadas visitas ao Centro Viva Vida em Itabirito que eacute o centro de referecircncia para
atenccedilatildeo secundaacuteria do municiacutepio de Ouro Preto E para levantamento do novo exame
citopatoloacutegico foi realizada pesquisa nos registros do Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio
de Ouro Preto que presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos
do colo do uacutetero
56 Anaacutelise dos dados
Os dados dos exames citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I e
Laboratoacuterio Tipo II foram digitados no Excel (Microsoft Office Professional Plus 2013)
para elaboraccedilatildeo do banco de dados A anaacutelise dos dados foi realizada pelo pacote
estatiacutestico Stata versatildeo 11 foi calculada a concordacircncia dos resultados dos exames
citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e II e o Kappa antes a apoacutes o Consenso A
frequecircncia de esfregaccedilos discordantes incluindo RFP e retardo de conduta entre os
Laboratoacuterios Tipo I e II foi calculada antes e apoacutes a Reuniatildeo de Consenso no total de
321 esfregaccedilos O coeficiente Kappa eacute classificado em concordacircncia pobre (0ltKlt040)
concordacircncia moderada (040ltKlt060) concordacircncia boa (060ltKlt080) concordacircncia
excelente (080ltKlt1) o valor zero indica ausecircncia de concordacircncia e o valor 1
corresponde a concordacircncia perfeita (LANDIS KOCH 1977) Foi calculada a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) atraveacutes da seguinte foacutermula
VPR = [coeficiente final - coeficiente inicial]100
coeficiente inicial
O caacutelculo dos indicadores de qualidade foi realizado utilizando um banco de
dados do Laboratoacuterio Tipo I onde satildeo mantidos registros de todos os exames realizados
com seus respectivos resultados Para avaliaccedilatildeo pontual os indicadores de qualidade
foram calculados antes da reuniatildeo de consenso ano de 2013 e depois da reuniatildeo de
consenso ano de 2014 Para avaliaccedilatildeo temporal do efeito da reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Metodologia
37
proporcionada por um MEQ calculou-se os indicadores do Laboratoacuterio Tipo I dos anos
de 2012 2013 2014 e 2015 Foi utilizado para o caacutelculo as foacutermulas presentes no
Manual de Gestatildeo da Qualidade para Laboratoacuterio de Citopatologia (BRASIL 2016b)
Iacutendice de Positividade (IP) intervalo esperado 3-10
Nordm de exames alterados em determinado local e ano x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ACSSat)
intervalo esperado 4-5
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt)
intervalo esperado lt60
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames alterados
Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) intervalo
esperado lt3
Nordm de ex compatiacuteveis com ASC-US e ASC-H
No de exames com LSIL e HSIL
Percentual de exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
(HSILSat) intervalo esperado lt04
Ndeg de exames HSIL x 100
Total de exames satisfatoacuterios
REZENDE MT Resultados
38
6- Resultados
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
O Laboratoacuterio Tipo I enviou 321 esfregaccedilos para o Laboratoacuterio Tipo II
classificados como 3 (09) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 84 (262) negativos 41
(128) ASC-US 163 (508) LSIL 12 (37) ASC-H 16 (50) HSIL e 2 (06)
AGC-SOE Apoacutes a reuniatildeo de consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II chegou-
se no diagnoacutestico final de 3 (093) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 143 (446) negativos
44 ASC-US (137) 8 ASC-H (25)101 LSIL (315) 21 HSIL (65) e 1 AGC-
SOE (03) Foram considerados discordantes entre os laboratoacuterios 151 (470)
esfregaccedilos (Tabela 1)
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
Tipo I Tipo II Consenso
Diagnoacutestico n () n () n ()
Insatisfatoacuterio 3 09 4 13 3 09
Negativo 84 262 227 707 143 446
ASC-US 41 122 17 53 44 137
ASC-H 12 37 3 09 8 25
LSIL 163 508 54 168 101 315
HSIL 16 50 12 37 21 65
HSIL micro invasor 0 0 1 03 0 0
AGC-SOE 2 06 3 09 1 03
Total 321 100 321 100 321 100
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
Do total de exames revisados pelo Laboratoacuterio Tipo II foram concordantes 84
(262) esfregaccedilos negativos e 3 (093) classificados como insatisfatoacuterios pelo Tipo I
Dos 41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 6 (1463) foram
concordantes pelo Tipo II e os 35 (854) restantes foram reclassificados como
REZENDE MT Resultados
39
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 53
(325) foram considerados concordantes pelo Tipo II 92 (564) foram
reclassificados como negativos 11 (68) como ASC-US 2 (12) como ASC-H 4
(25) como HSIL e 1 (06) reclassificado como AGC-SOE Dos 12 (37)
esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo Tipo I 1 (83) foi considerado
concordante pelo Tipo II 9 (75) foram reclassificados como negativos 1 (83)
como insatisfatoacuterio 1 (83) como HSIL Dos 16 (50) esfregaccedilos classificados como
HSIL emitidos pelo Tipo I 7 (438) foram considerados concordantes pelo Tipo II 6
(375) foram reclassificados como negativos 1 (63) como LSIL 1 (63) como
HSIL micro invasor e 1(63) como AGC-SOE Dos 2 (06) esfregaccedilos classificados
como AGC-SOE pelo Tipo I 1 (500) foi considerado concordante pelo Tipo II Entre
o Laboratoacuterio Tipo I e o Tipo II houve 7 (22) casos de retardo de conduta sendo 4
(571) LSIL para HSIL 2 (286) LSIL para ASC-H e 1 (143) LSIL para AGC-
SOE (Tabela 2)
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso
Tipo II
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL HSIL micro
invasor AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 35 6 41
ASC-H 1 9 1 1 12
LSIL 92 11 2 53 4 1 163
HSIL 6 1 7 1 1 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 4 227 17 3 54 12 1 3 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa
de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas
sem outras especificaccedilotildees
Os resultados definidos apoacutes o Consenso estatildeo descritos na Tabela 3 Observou-
se 203 (65) de casos discordantes entre os 321 esfregaccedilos analisados Os esfregaccedilos
negativos insatisfatoacuterios e todos os classificados como HSIL foram concordantes Dos
REZENDE MT Resultados
40
41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 27 (659) foram
considerados concordantes pelo Tipo II e 14 (342) foram reclassificados como
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 101
(620) foram considerados concordantes 39 (239) foram reclassificados como
negativos pelo Tipo II 17 (104) como ASC-US 2 (12) como ASC-H e 4 (25)
reclassificados como HSIL Dos 12 (374) esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo
Tipo I 6 (500) foram concordantes 5 (417) esfregaccedilos foram reclassificados como
negativos e 1 (83) foi reclassificado como HSIL pelo Tipo II Dos 2 (06)
esfregaccedilos classificados como AGC-SOE pelo Tipo I somente 1 (500) foi
concordante Portanto apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de Consenso foram constatados 6
(19) casos de retardo de conduta sendo 4 (667) diagnoacutesticos iniciais de LSIL
reclassificados para HSIL e 2 (333) diagnoacutesticos iniciais de LSIL reclassificados para
ASC-H (Tabela 3)
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia diagnoacutestica entre o Laboratoacuterio Tipo I e o
Laboratoacuterio Tipo II apoacutes o Consenso
Consenso
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 14 27 41
ASC-H 5 6 1 12
LSIL 39 17 2 101 4 163
HSIL 16 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 3 143 44 8 101 21 1 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
REZENDE MT Resultados
41
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Foi avaliada a concordacircncia dos resultados dos Laboratoacuterios Tipo I e II antes e
apoacutes Consenso Observou-se concordacircncia antes do Consenso de 527 entre os
Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II com Kappa de 029 Apoacutes a Reuniatildeo de Consenso foi
observado 798 (VPR=+514) de concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
com aumento do Kappa para 066 (VPR=+1276) (Tabela 4)
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso
Tipo I x Tipo II Antes do consenso Apoacutes consenso VPR
Concordacircncia () 527 798 +514
Kappa 029 066 +1276
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Antes do consenso o total de esfregaccedilos discordantes foi de 151 (470) casos e
depois do consenso esse nuacutemero reduziu para 65 (203) casos Antes do consenso foi
observado um percentual de 449 (144) RFP entre os Laboratoacuterios Tipo I e II e apoacutes o
consenso esse nuacutemero diminuiu para 184 (59) Natildeo houve nenhum caso de RFN
Entre o Laboratoacuterio Tipo I e II antes do consenso houve 7 (22) casos de retardo de
conduta e depois do consenso esse nuacutemero caiu para 6 (19) casos (Tabela 5)
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o Consenso
Tipo I x Tipo II Discordantes
Antes do consenso Apoacutes consenso
n N
Falso-positivo 144 449 59 184
Retardo de conduta 7 22 6 19
Total 151 470 65 203
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II
REZENDE MT Resultados
42
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos
O IP era 156 e apoacutes consenso passou para 120 reduccedilatildeo de
aproximadamente 230 (VPR=-2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor
apoacutes o consenso de 57 para 46 reduccedilatildeo por volta de 190 (VPR=-1910) O
HSILSat diminuiu de 10 para 07 (VPR=-2647) apoacutes consenso A razatildeo ASCSIL
antes do consenso era de 06 e apoacutes sua realizaccedilatildeo aumentou para 06
(VPR=+1017) O mesmo ocorreu em relaccedilatildeo ao indicador ASCAlt que passou de
365 para 384 (VPR=+515) Houve diferenccedila significativa entre os valores dos
indicadores IP ASCSat e ASCAlt antes e apoacutes reuniatildeo de consenso valor de p foi
menor que 005 (Tabela 7)
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso
Indicadores Antes consenso Apoacutes consenso VPR p
IP (3-10) 156 120 -2314 lt 00001
ASCSat (4-5) 57 46 -1910 001
ASCSIL (lt3) 06 06 +1017 0053
ASCAlt (lt60) 365 384 +515 lt 00001
HSILSat (gt04) 10 07 -2647 00825
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
O IP no ano de 2012 foi de 1115 aumentou para 156 em 2013 apoacutes o
MEQ em 2014 reduziu para 120 e em 2015 este indicador passou para 99 O
ASCSat foi de 49 em 2012 um ano depois apresentou valor de 57 depois da
realizaccedilatildeo do MEQ em 2014 passou para 46 e em 2015 foi para 48 Os outros
indicadores da qualidade apresentaram valores que variaram dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (Tabela 8)
REZENDE MT Resultados
43
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade
Indicadores 2012 2013 2014 2015
IP (3-10) 111 156 120 99
ASCSat (4-5) 49 57 46 48
ASCSIL (lt3) 09 06 06 10
ASCAlt (lt60) 439 365 384 485
HSILSat (gt04) 09 10 07 05
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
Do total de 234 esfregaccedilos positivos foi possiacutevel obter o seguimento de 107
(457) casos em que 22 foram considerados inicialmente com diagnoacutestico de ASC-
US 76 LSIL 2 ASC-H 1 AGC-SOE e 6 HSIL Dos ASC-US iniciais somente 1 teve
resultado concordante no seguimento Dos 76 esfregaccedilos considerados como LSIL 23
tiveram resultado do seguimento concordante Os 2 resultados ASC-H foram negativos
no seguimento assim como o AGC-SOE Dos 6 resultados HSIL emitidos pelo Tipo I
5 foram confirmados pela bioacutepsia O seguimento de 127 (542) mulheres em que 77
(6063) deveriam ter repetido o exame citopatoloacutegico e 20 (158) deveriam ter sido
encaminhadas para a colposcopia e bioacutepsia natildeo foi resgatado (Figura 3)
Figura 3 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Resultados
44
Apoacutes a realizaccedilatildeo da Reuniatildeo de Consenso o percentual de RFP foi definido em
184 num total de 59 casos assim distribuiacutedos 14 ASC-US (238) 39 LSIL
(660) 5 ASC-H (85) e 1 AGC-SOE (17) sendo 898 lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 102 de alto grau Do total de 59 RFP foi possiacutevel obter 9
(152) resultados citopatoloacutegicos alterados no seguimento 8 de repeticcedilatildeo da citologia
e uma bioacutepsia inicialmente 6 diagnosticados como LSIL pelo Laboratoacuterio Tipo I no
seguimento tiveram resultado de 3 LSIL e 3 ASC-US Dos 3 ASC-US iniciais dados
pelo Tipo I no seguimento resultaram em 1 LSIL 1 ASC-US e 1 ASC-H (Figura 4)
Figura 4 Seguimento dos casos com resultados falso-positivos (RFP) acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Discussatildeo
45
7- Discussatildeo
Os resultados deste estudo mostraram que apoacutes reuniatildeo de Consenso onde
ocorreu discussatildeo dos resultados discordantes houve melhora na concordacircncia
diagnoacutestica entre os laboratoacuterios a concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou para 798 e o coeficiente Kappa foi alterado de 029 para 066 Estes
resultados estatildeo de acordo com estudo realizado por Freitas Thuler (2012) no Mato
Grosso do Sul analisando a concordacircncia diagnoacutestica entre Laboratoacuterio Tipo II e 15
Laboratoacuterios Tipo I entre 2002 e 2011 em que o valor miacutenimo do Kappa passou de 01
no primeiro ano para 08 em 2011 No uacuteltimo ano dos 8 laboratoacuterios avaliados 7
atingiram a concordacircncia perfeita ou excelente (coeficiente Kappagt080) e um
concordacircncia boa Aacutezara et al (2016) avaliaram os efeitos de um programa de
educaccedilatildeo continuada realizado por um Laboratoacuterio Tipo II no periacuteodo de 2007 a 2011
sobre os laboratoacuterios de citopatologia e verificaram que o coeficiente Kappa manteve-se
excelente em 3 laboratoacuterios (kappa gt 080 e lt10) e alterou de bom (kappa gt 060 e
lt080) a excelente em 7 Os resultados observados no presente estudo estatildeo de acordo
com os dados de Freitas Thuler (2012) e Aacutezara et al (2016) em que se observou
melhoria da concordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes MEQ
Enfatiza-se que nosso trabalho comparou o momento antes e depois da reuniatildeo
consenso durante um MEQ ou seja foi realizada uma avaliaccedilatildeo pontual diferentemente
dos estudos encontrados na literatura que fizeram uma anaacutelise ao longo do tempo apoacutes
vaacuterios MEQ mas mesmo assim na presente avaliaccedilatildeo foi observado aumento da
concordacircncia e do kappa Indicando que somente uma reuniatildeo de consenso foi
suficiente para mudanccedila de postura dos citopatologistas envonvidos no MEQ
O valor da discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes a
reuniatildeo de Consenso no presente estudo foi 2025 Em um estudo realizado em
Goiacircnia estado de Goiaacutes comparando a variabilidade dos diagnoacutesticos citoloacutegicos dos
Laboratoacuterios Tipo I avaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II 759 foram considerados
discordantes (AacuteZARA et al 2013) Etlinger et al (2012) no estado de Satildeo Paulo
observou que a discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e o Laboratoacuterio
Tipo II foi de 1348 Em Satildeo Paulo Pereira et al (2006) avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I de citologia da Rede Puacuteblica de Sauacutede do estado submetidos ao
MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e a discordacircncia foi de 142 Estes dados estatildeo
REZENDE MT Resultados
46
abaixo do valor de discordacircncia encontrado nesse estudo apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de
Consenso Observa-se que a maioria dos diagnoacutesticos que levaram a discordacircncia do
presente estudo foram esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de
baixo grau LSIL e ASC-US e que o Laboratoacuterio Tipo II reclassificou como negativo
portanto RFP Nesses casos a conduta cliacutenica que seria adotada no primeiro momento eacute
a repeticcedilatildeo da citologia em seis meses portanto natildeo causaria maiores transtornos a
mulher ou custos altos com os cuidados de sauacutede Outra parte dos diagnoacutesticos que
levaram a essa discordacircncia foram ajuste de criteacuterios os quais natildeo atrasam a conduta
cliacutenica da mulher e aleacutem disso durante a reuniatildeo de consenso permitem aos
citopatologistas ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final Ainda pode-se citar os resultados dos seguimentos dos casos com RFP
acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso em que foram encontrados 9 seguimentos e
todos com resultado citopatoloacutegico alterado Dessa forma dos resultados que o
Laboratoacuterio Tipo I voltou atraacutes na reuniatildeo de consenso nove deles mostraram
resultaram alterado ou seja natildeo necessariamente o Laboratoacuterio Tipo I precisaria ter
voltado atraacutes nesses disgnoacutesticos Isso ressalta a importacircncia da discussatildeo dos casos
discordantes durante a reuniatildeo de consenso para ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos
utilizados pelos citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II (PEREIRA et al
2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2013)
Entre os exames citopatoloacutegicos considerados discordantes natildeo foi identificado
nenhum RFN e apoacutes a reuniatildeo de Consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e II verificou-
se reduccedilatildeo dos RFP Sabe-se que os RFN satildeo mais preocupantes que os RFP visto que
mulheres natildeo diagnosticadas natildeo retornam para o acompanhamento e seguem em risco
da evoluccedilatildeo de lesotildees precursoras do CCU Por outro lado os RFP com diagnoacutestico
inicial de ASC-H ou pior diagnoacutestico em que a conduta preconizada eacute o
encaminhamento para colposcopia e bioacutepsia submetem as mulheres a procedimentos
desnecessaacuterios que podem modificar sua vida sexual e gerar danos psicoloacutegicos aleacutem
de gerar custos adicionais com os cuidados de sauacutede E os RFP com diagnoacutestico inicial
de ASC-US ou LSIL atrasam a repeticcedilatildeo da citologia (FRABLE 2007 GULLO et al
2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Inicialmente o Laboratoacuterio Tipo II classificou 144 (144) dos exames
citopatoloacutegicos como RFP e apoacutes a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero passou para
184 (59) Dos 59 RFP 14 (238) resultados foram classificados como ASC-US que
REZENDE MT Resultados
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eacute diagnoacutestico limiacutetrofe que apresenta grande variabilidade interobservador Os RFP
acordados apoacutes o consenso foram distribuiacutedos em 53 (898) lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 6 (102) lesotildees intraepiteliais escamosas de alto grau
Dentre os resultados discordantes entre o Laboratoacuterio Tipo I e II houve 7 casos
considerados retardo de conduta (22) que apoacutes a reuniatildeo de consenso ficaram
definidos em 6 (19) nuacutemeros proacuteximos daqueles encontrados por Aacutezara et al (2013)
em que houve atraso no procedimento cliacutenico em relaccedilatildeo a 244 dos casos
Aacutezara et al (2016) verificaram que apoacutes a educaccedilatildeo continuada proporcionada
aos Laboratoacuterios Tipo I de 2007 a 2011 houve diminuiccedilatildeo dos casos de retardo de
conduta a taxa de RFN foi reduzida em oito laboratoacuterios e a taxa de RFP foi reduzida
em 5 deles Pereira et al (2006) no estado de Satildeo Paulo avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I do estado submetidos ao MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e
observaram um nuacutemero de RFP (166) maior do que os RFN (78) No primeiro ano
de MEQ os RFP foram 178 e nos anos seguintes esse nuacutemero foi reduzindo ateacute
chegar em 37 no ano de 2004 Os RFP foram distribuiacutedos em 933 de lesotildees de
baixo grau e 67 de lesotildees de alto grau no primeiro ano de estudo O valor de RFP e
a distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau apoacutes reuniatildeo de consenso do presente
estudo foram bem proacuteximos dos encontrados por Pereira et al (2006) no primeiro ano
de avaliaccedilatildeo Em estudo semelhante realizado no estado de Satildeo Paulo de 2000 a 2010
por Etlinger et al (2012) constatou-se o total de 206 de RFP um valor baixo
comparado com o encontrado nesse estudo assim como aqueles dos anos de 2001 a
2004 de Pereira et al (2006) Percebe-se que o tempo de avaliaccedilatildeo desses estudos
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2016) foi maior do que
o utilizado no presente trabalho em que foi realizada uma avaliaccedilatildeo antes e depois de
uma reuniatildeo de consenso indicando que a educaccedilatildeo continuada proporcionada pelo
MEQ nesses periacuteodos que os estudos ocorreram contribuiu para a uniformizaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos e melhoria da reprodutibilidade dos exames citopatoloacutegicos
Portanto ainda que no presente estudo tenha sido feita uma avaliaccedilatildeo pontual natildeo foram
encontrados RFN entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes consenso e houve reduccedilatildeo de
RFP e retardo de conduta Aleacutem disso a porcentagem de RFP observada estaacute
aproximada dos dados da literatura nos primeiros anos de estudo assim como
distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau
REZENDE MT Resultados
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Com o intuito de aprofundar os criteacuterios utilizados na avaliaccedilatildeo buscou-se os
seguimentos das pacientes com diagnoacutestico citopatoloacutegico alterado Esses resultados
foram mais concordantes com os diagnoacutesticos do Laboratoacuterios Tipo II entretanto a
maior parte dos esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de baixo
grau ASC-US e LSIL no seguimento os resultados foram negativos ou seja essas
lesotildees regrediram entre o periacuteodo da primeira citologia ateacute a realizaccedilatildeo da nova
citologia E ainda quando analisamos as lesotildees verdadeiramente precursoras do CCU as
HSIL a concordacircncia do seguimento foi maior com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Estudo de Tobias et al (2016) analisando os laboratoacuterios citopatoloacutegicos do estado de
Minas Gerais que prestam serviccedilo para o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mostraram
que de uma forma geral estes laboratoacuterios detectam baixos iacutendices de lesotildees
precursoras do CCU Portanto se avaliarmos dessa forma o Laboratoacuterio Tipo I do
presente estudo vem cumprindo com o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo do CCU jaacute
que as lesotildees com verdadeiro potencial de progressatildeo para o cacircncer estatildeo sendo
detectadas confirmadas pela colposcopia e bioacutepsia permitindo assim que a paciente
seja tratada impedindo a evoluccedilatildeo para o cacircncer (BORTOLON et al 2012 BRASIL
2016b) Do total de 59 RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso foi possiacutevel obter 9
resultados citopatoloacutegicos no seguimento e todas tiveram resultado alterado Observa-
se que o resultado inicial do Laboratoacuterio Tipo I estava correto e que a discussatildeo dos
resultados discordantes como neste caso proporciona melhora tanto dos criteacuterios do
Tipo I quanto do Tipo II
Evidenciado por Bortolon et al (2012) grande parte dos laboratoacuterios brasileiros
apresentam indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos fora dos niacuteveis
preconizados isso pode levar a natildeo identificaccedilatildeo de casos positivos e consequentemente
a liberaccedilatildeo de RFN Plewka et al (2014) avaliando o desempenho de 13 laboratoacuterios
do Estado do Paranaacute prestadores de serviccedilo para o SUS mostraram que os indicadores
da maioria dos laboratoacuterios estavam abaixo do recomendado Tobias et al (2016)
apontou que a maioria dos laboratoacuterios que prestam serviccedilos ao SUS do estado de MG
apresentaram indicadores fora do intervalo recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Esses estudos demonstram a necessidade de implantaccedilatildeo de programas de garantia da
qualidade do exame citopatoloacutegico como o MIQ e MEQ aleacutem da avaliaccedilatildeo perioacutedica
de ambos (BRASIL 2013a BRASIL 2016b) O MIQ inclui a implantaccedilatildeo do sistema
REZENDE MT Resultados
49
de indicadores de qualidade que satildeo de faacutecil compreensatildeo execuccedilatildeo e anaacutelise Satildeo
instrumentos importantes para a garantia de qualidade em citopatologia cervical pois
satildeo reconhecidos como vaacutelidos para a avaliaccedilatildeo da qualidade do exame citopatoloacutegico
do colo do uacutetero (SIEGL et al 2014 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b) O MEQ
proporciona para os laboratoacuterios monitorados educaccedilatildeo continuada e discussatildeo dos
casos discordantes que contribui para melhoria da habilidade profissional dos
citopatologistas na medida que o treinamento e fornece maior acuraacutecia no diagnoacutestico
das lesotildees precursoras do CCU possibilitando maior certeza na emissatildeo do laudo
(AacuteZARA et al 2016)
O iacutendice de positividade (IP) expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares e a
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo alvo sendo
que nos paiacuteses em que houve diminuiccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade por
CCU nos Estados Unidos Noruega e Reino Unido o IP foi 68 (DAVEY et al
2004) 49 (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) e 64 (NHS 2011)
respectivamente Os resultados de IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais do
estudo realizado por Bortolon et al (2012) mostraram que 58 dos laboratoacuterios
apresentavam IP muito baixo 19 baixo e somente 23 dentro do esperado sendo
que esses foram responsaacuteveis por apenas 14 do total de exames realizados no estado
Ainda verificou que a meacutedia do IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais foi 22
em 2010 valor inferior ao recomendado Estudo mais recente realizado por Tobias et al
(2016) mostrou que a maioria dos laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam serviccedilo
para o SUS independentemente da escala de produccedilatildeo tem valores de IP bem abaixo da
faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Sendo assim o IP baixo pode indicar a presenccedila de RFN apontando que eacute
necessaacuterio a reavaliaccedilatildeo do MIQ do laboratoacuterio a fim de intervir nos meacutetodos utilizados
assim como na qualificaccedilatildeo profissional dos citopatologistas (PLEWKA et al 2014
BRASIL 2016b) Observou-se no estudo de Aacutezara et al (2014) que o IP foi inferior a
3 em aproximadamente 74 dos laboratoacuterios do Estado de Goiaacutes que natildeo
participaram do MEQ ressaltando a importacircncia da inclusatildeo dos laboratoacuterios
citopatoloacutegicos nesse programa
O IP verificado neste trabalho foi de 120 apoacutes a reuniatildeo de consenso que
apesar de ter melhorado apoacutes a discussatildeo dos casos discordantes ainda estaacute um pouco
acima do esperado que eacute de 3 a 10 (BRASIL 2016b) isso pode expressar uma alta
REZENDE MT Resultados
50
prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na populaccedilatildeo estudada Miranda et al
(2013) determinou a persistecircncia da infecccedilatildeo pelo HPV em 596 das mulheres do
municiacutepio de Ouro Preto MG e que os tipos virais de alto risco foram os mais
persistentes ainda comprovou ainda que a presenccedila de alteraccedilotildees citoloacutegicas que podem
evoluir para o CCU estaacute associada agrave infecccedilatildeo por HPV
As ceacutelulas escamosas atiacutepicas (ASC) sugerem duacutevida diagnoacutestica em que natildeo
haacute criteacuterios citomorfoloacutegicos suficientes para o diagnoacutestico de lesatildeo intraepitelial tendo
potencial para uso exagerado Um alto iacutendice da razatildeo ASCSat indica grande nuacutemero
de RFP implicando na oferta desnecessaacuteria de exames para a investigaccedilatildeo diagnoacutestica o
que representa um ocircnus para a mulher e para a rede de sauacutede (BRASIL 2016b)
Portanto eacute preciso assegurar o monitoramento de qualidade dos laboratoacuterios de
citopatologia do colo do uacutetero para que os iacutendices de positividade se enquadrem no
preconizado ao mesmo tempo sem que haja aumento de ASC (BORTOLON et al
2012) No estado de Minas Gerais em estudo realizado por Bortolon et al (2012) foi
averiguado que o indicador ASCSat dos laboratoacuterios do estado foi 11 em 2010 valor
inferior ao recomendado Enquanto que os outros estados da Regiatildeo Sudeste tambeacutem
estavam com o indicador fora dos paracircmetros sendo Espirito Santo com 12 Rio de
Janeiro com 19 e Satildeo Paulo com 27 e a meacutedia da Regiatildeo foi entatildeo de 21 o que
indica a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios utilizados na definiccedilatildeo de ASC No
presente estudo verificou-se que antes da reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat do
Laboratoacuterio Tipo I apresentava valor de 571 fora da faixa indicada como ideal de 4
a 5 de acordo com o Manual de Gestatildeo da Qualidade (BRASIL 2016b)
Posteriormente a reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat observado foi de 462
dentro da faixa recomendada
Os demais indicadores de qualidade permaneceram dentro do recomendado apoacutes
o consenso A relaccedilatildeo ASCSIL que deve ser inferior a trecircs teve valor de 06 apoacutes a
accedilatildeo O valor dessa razatildeo dentro do recomendado indica que os criteacuterios diagnoacutesticos de
SIL e ASC estatildeo precisos O valor estaacute de acordo com os outros laboratoacuterios dos
estados da Regiatildeo Sudeste de acordo com estudo realizado em 2010 por Bortolon et al
(2012) 12 para o Rio de Janeiro 20 para Satildeo Paulo 11 para Espiacuterito Santo e Minas
Gerais
O ASCAlt deve ser inferior a 60 sendo que o valor encontrado nesse estudo
apoacutes o consenso de 384 permaneceu dentro do proposto Esse indicador tem a
REZENDE MT Resultados
51
finalidade de monitorar os casos de ASC para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente
Ressalta-se que o percentual elevado de ASC indica que o laboratoacuterio apresenta
problemas na fase preacute-analiacutetica analiacutetica ou em ambas as fases (BRASIL 2016b
AacuteZARA et al 2014) No estudo de Aacutezara et al (2014) 29 dos laboratoacuterios que natildeo
eram monitorados tiveram o indicador ASCAlt fora dos paracircmetros Aleacutem disso
aqueles laboratoacuterios natildeo monitorados que apresentaram IP dentro da faixa
recomendada e ASCAlt fora do recomendado estavam relacionados a um alto
percentual de ASC e natildeo de lesotildees precursoras do CCU Assim recomenda-se que esses
dois indicadores devem ser analisados em conjunto pois um IP adequado pode conter
uma elevada percentagem de ASC (BRASIL 2016b BRASIL 2013a)
Dessa forma acredita-se que o valor de IP encontrado em 2014 esteja um pouco
fora do esperado devido agrave alta prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na
populaccedilatildeo do municiacutepio de Ouro Preto MG E quando analisa-se o indicador ASCAlt
observa-se que tanto antes da reuniatildeo de consenso valor de 365 quanto depois valor
de 384 ambos estatildeo dentro do recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede que eacute menor
de 60 (BRASIL 2016b) ou seja o Laboratoacuterios Tipo I vem usando adequadamente
os criteacuterios para classificaccedilatildeo das ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado a qual tem potencial para uso exagerado
O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente
precursoras do CCU e deve ser igual ou superior a 04 valor que foi baseado nos
obtidos em paiacuteses em que o rastreamento foi bem-sucedido na diminuiccedilatildeo das taxas de
incidecircncia e mortalidade por CCU como 05 nos Estados Unidos (EVERSOLE et al
2010) 11 no Reino Unido (NHS CANCER SCREENING PROGRAMMES 2011) e
114 na Noruega (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) Obteve-se tanto antes
quanto depois da reuniatildeo de consenso valor da razatildeo HSILSat maior de 04 dessa
maneira o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo secundaacuteria do CCU vem sendo alcanccedilado
jaacute que as HSIL lesotildees que podem evoluir para o cacircncer estatildeo sendo detectadas
(BRASIL 2016b) Portanto ressalta-se que as lesotildees intraepiteliais de alto grau satildeo o
foco dos programas de rastreio do CCU para diminuiccedilatildeo de sua incidecircncia e
mortalidade (BORTOLON et al 2012) Os laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam
serviccedilo para o SUS apresentaram em 2012 detecccedilatildeo baixa de lesotildees precursoras do
CCU destacando a necessidade de investir na garantia da qualidade do exame
citopatoloacutegico por meio do MIQ e MEQ (TOBIAS et al 2016)
REZENDE MT Resultados
52
Aacutezara et al (2014) avaliaram o impacto da educaccedilatildeo continuada fornecida por
Laboratoacuterio Tipo II sobre os indicadores de qualidade de 12 laboratoacuterios monitorados
do Estado de Goiaacutes verificou-se efeito direto sobre os indicadores IP e o HSILSat que
melhoraram apoacutes a intervenccedilatildeo A educaccedilatildeo continuada fornecida pelo MEQ ajudou na
padronizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos aprimorando as competecircncias dos
citopatologistas em detectar alteraccedilotildees celulares sugestivas de CCU Constatou-se ainda
que a maioria dos laboratoacuterios que apresentaram indicadores na faixa estabelecida
estavam participando do MEQ
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I calculados nesse estudo dois
anos apoacutes o MEQ do ano de 2015 mostram que todos estatildeo dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede inclusive o IP que passou de 120 para 99
indicando que a accedilatildeo foi positiva e duradoura com o passar do tempo
Os resultados deste estudo mostraram que os indicadores de qualidade do
Laboratoacuterio Tipo I melhoraram apoacutes reuniatildeo de consenso proporcionada pelo MEQ
dessa forma eacute crucial a participaccedilatildeo dos laboratoacuterios de citopatologia no programa para
identificaccedilatildeo dos erros diagnoacutesticos e padronizaccedilatildeo dos criteacuterios utilizados na
classificaccedilatildeo das alteraccedilotildees citoloacutegicas Isso possibilita a adequaccedilatildeo dos indicadores nos
paracircmetros ideais permitindo a detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente precursoras do
CCU o que refletiraacute na reduccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade deste cacircncer
REZENDE MT Conclusotildees
53
8- Conclusotildees
A concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e II foi boa apoacutes a reuniatildeo de
Consenso
Dentre os resultados discordantes natildeo foi identificado nenhum RFN Os RFP e os
casos de retardo de conduta foram reduzidos apoacutes a reuniatildeo de consenso
O IP e o ASCSat apoacutes o consenso atingiram a faixa estabelecida e os outros
indicadores da qualidade permaneceram dentro do recomendado tanto antes quanto apoacutes
a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de consenso
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I dois anos apoacutes o MEQ estatildeo
dentro da faixa recomendada
Os seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia
com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso tiveram
resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Referecircncias
54
9- Consideraccedilotildees finais
Com apenas uma participaccedilatildeo no MEQ observou-se a importacircncia da reuniatildeo de
consenso realizada entre os Laboratoacuterios Tipos I e Tipo II para a anaacutelise e discussatildeo
dos casos discordantes Eacute um momento crucial para o ajuste dos criteacuterios
citomorfoloacutegicos utilizados no diagnoacutestico de lesotildees preacute-neoplaacutesicas pelos
citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II proporcionando um aprimoramento
desses criteacuterios Dessa forma apenas com uma accedilatildeo pontual minimiza-se a divergecircncia
diagnoacutestica do exame citopatoloacutegico Portanto a reuniatildeo de consenso proporcionada
pelo MEQ deve ser vista como uma parceria e como um momento de aprendizado para
ambos os laboratoacuterios pois eacute uma praacutetica de aperfeiccediloamento diagnoacutestico essencial para
o rastreamento do CCU
A praacutetica contiacutenua do MEQ deve igualmente ser priorizada em um programa
organizado de rastreamento do CCU pois o regular monitoramento dos laboratoacuterios
garante a produccedilatildeo de exames citopatoloacutegicos de qualidade e que contribuem
significativamente na detecccedilatildeo de lesotildees precursoras desta neoplasia
REZENDE MT Referecircncias
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executivo Rio de Janeiro INCA 2010 40p
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Cacircncer Coordenaccedilatildeo Geral de
Accedilotildees Estrateacutegicas Divisatildeo de Apoio agrave Rede Oncoloacutegica Diretrizes brasileiras para
o rastreamento do cacircncer do colo do uacutetero 1 ed Rio de Janeiro INCA 2011104p
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Cacircncer Joseacute Alencar Gomes da
Silva Coordenaccedilatildeo-Geral de Prevenccedilatildeo e Vigilacircncia Divisatildeo de Detecccedilatildeo Precoce e
Apoio agrave Organizaccedilatildeo de Rede Nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos
cervicais 3 ed Rio de Janeiro INCA 2012 23p
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Organizaccedilatildeo de Rede Manual de gestatildeo da qualidade para laboratoacuterio de
citopatologia 2 ed Rio de Janeiro INCA 2016b 160p
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Cacircncer Coordenaccedilatildeo Geral de
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REZENDE MT Apecircndices
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Apecircndices
Apecircndice A Planilha do preacute-escrutiacutenio raacutepido
PLANILHA DO PREacute-ESCRUTIacuteNIO RAacutePIDO (PER)
DATA DE CHEGADA
DATA
REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA
RESULTADO DO PER
N= Negativo I= Insatisfatoacuterio S= Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
67
Apecircndice B Planilha da revisatildeo raacutepida de 100
PLANILHA DA REVISAtildeO RAacutePIDA DE 100 DOS NEGATIVOS (RR100)
DATA DE CHEGADA
DATA REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA RESULTADO DA RR100
FLORA
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
68
Apecircndice C Planilha dos resultados positivos e insatisfatoacuterios
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS POSITIVOS E INSATISFATOacuteRIOS
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO
ER
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
69
Apecircndice D Planilha de revisatildeo dos resultados discordantes
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS DISCORDANTES
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO ER
RESULTADO RR100
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Anexos
70
Anexos
Anexo 1 Requisiccedilatildeo de exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero
REZENDE MT Anexos
71
REZENDE MT Lista de Figuras
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I32
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia
cervical34
Figura 3 Seguimento das mulheres com resultado citopatoloacutegico alterado43
Figura 4 Seguimento das mulheres com resultados falso-positivos (RFP) acordados
apoacutes a reuniatildeo de consenso44
REZENDE MT Lista de Tabelas
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso38
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso39
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
apoacutes o Consenso40
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso41
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o
Consenso41
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso42
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade43
REZENDE MT Abreviaturas
AGC Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas
ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode excluir
lesatildeo de alto grau
CCU Cacircncer do colo do uacutetero
DST Doenccedila sexualmente transmissiacutevel
ER Escrutiacutenio de rotina
HPV Papiloma viacuterus humano
HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
INCA Instituto Nacional do Cacircncer
LAPAC Laboratoacuterio Piloto de Anaacutelises Cliacutenicas
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau
MIQ Monitoramento interno da qualidade
MEQ Monitoramento externo da qualidade
PER Preacute-escrutiacutenio raacutepido
RFN Resultado falso-negativo
RFP Resultado falso-positivo
RR100 Revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
VPR Variaccedilatildeo Percentual Relativa
REZENDE MT Sumaacuterio
1- Introduccedilatildeo 12
2- Revisatildeo da Literatura 14
21 Cacircncer do colo do uacutetero 14
22 Exame citopatoloacutegico 16
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais 18
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado 20
23 Controle de qualidade em citopatologia 21
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia 23
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero 24
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia 25
3- Justificativa 29
4- Objetivos 30
41 Objetivo Geral 30
42 Objetivos especiacuteficos 30
5- Metodologia 31
51 Local de estudo 31
511 Monitoramento interno da qualidade 31
52 Tipo de estudo 33
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica 33
54 Monitoramento externo da qualidade 33
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados 35
56 Anaacutelise dos dados 36
6- Resultados 38
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 38
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos 42
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado 43
7- Discussatildeo 45
9- Consideraccedilotildees finais 54
10- Referecircncias 55
Apecircndices 66
Anexos 70
REZENDE MT Introduccedilatildeo
12
1- Introduccedilatildeo
O CCU eacute considerado mundialmente um grave problema de sauacutede puacuteblica
sendo o quarto tipo de cacircncer mais frequente entre as mulheres e responsaacutevel pelo oacutebito
de 266 mil mulheres em 2012 (WHO 2012) No Brasil estima-se para o ano de
20162017 a ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585
casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a) A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero ou Papanicolaou eacute a estrateacutegia mais adotada para o
rastreamento desta neoplasia sendo efetivo para detectar lesotildees precursoras que podem
ser tratadas permitindo a reduccedilatildeo nas taxas de incidecircncia e mortalidade (MORIN et al
2000 TOMASI et al 2015)
Um dos grandes desafios a ser superado em relaccedilatildeo ao exame citopatoloacutegico eacute a
elevada taxa de resultados falso-negativos (RFN) que o meacutetodo apresenta que podem
chegar ateacute a 62 (ATTWOOD et al 1985 KOSS 1989 GIILL 2005 AMARAL et
al 2008) Assim muitas mulheres natildeo satildeo diagnosticadas e continuam em risco de
desenvolver lesotildees precursoras do cacircncer do colo do uacutetero uma vez que natildeo receberam o
devido acompanhamento Por outro lado os resultados falso-positivos (RFP) tambeacutem
causam transtornos na vida das mulheres que muitas vezes se submetem a
procedimentos desnecessaacuterios (MITCHELL MEDLEY 1995 KIRSCHNER et al
2011 GULLO et al 2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Com o objetivo de aperfeiccediloar o exame citopatoloacutegico algumas estrateacutegias
corretivas de melhoria da qualidade tecircm sido desenvolvidas como os programas de
monitoramento interno da qualidade (MIQ) e monitoramento externo da qualidade
(MEQ) que visam identificar corrigir e diminuir as falhas dentro do laboratoacuterio de
citopatologia Dessa forma eacute possiacutevel melhorar a sensibilidade do meacutetodo em detectar
alteraccedilotildees citopatoloacutegicas resultando na reduccedilatildeo dos percentuais de RFN e RFP
(TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) O Ministeacuterio da Sauacutede em 2013
regulamentou o MIQ e o MEQ instituindo a Qualificaccedilatildeo Nacional em Citopatologia na
Prevenccedilatildeo do CCU (BRASIL 2013a) que definiu padrotildees para avaliar a qualidade do
exame atraveacutes do acompanhamento dos laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam
serviccedilo para o SUS
O MEQ compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio diferente
daquele que realizou a primeira leitura e tem como principal objetivo avaliar o
REZENDE MT Introduccedilatildeo
13
desempenho dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do colo uterino e fornecer educaccedilatildeo
continuada aos citopatologistas com o intuito de aprimorar o diagnoacutestico citopatoloacutegico
(FREITAS THULER 2012 AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio e
contemplam entre outras o monitoramento do preparo das lacircminas o tempo de
escrutiacutenio a carga de trabalho do citologista a revisatildeo dos esfregaccedilos e a implantaccedilatildeo
de sistema de indicadores de qualidade Dentre os meacutetodos de MIQ mais eficientes na
detecccedilatildeo de RFN cita-se a revisatildeo raacutepida de 100 (RR100) dos esfregaccedilos negativos
e o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) de todos os esfregaccedilos (TAVARES et al 2011 2014
BRASIL 2016b) A implementaccedilatildeo dos indicadores de qualidade eacute fundamental pois
permite comparar a situaccedilatildeo atual com metas desejadas assim eacute possiacutevel acompanhar o
comportamento do indicador apoacutes a realizaccedilatildeo de alguma intervenccedilatildeo auxiliando na
tomada de decisatildeo (BORTOLON et al 2012 PLEWKA et al 2014 BRASIL 2016b)
Aleacutem do monitoramento da qualidade dos exames citopatoloacutegicos a eficiecircncia
do rastreamento do CCU depende do seguimento adequado das mulheres com
resultados alterados mantendo no programa aquelas que devem repetir o exame ou
serem encaminhadas adequadamente para a colposcopia e bioacutepsia (ZOLA et al 2007
ALBUQUERQUE et al 2012) O seguimento permite que seja feito a correlaccedilatildeo do
diagnoacutestico citoloacutegico com a histologia que eacute uma importante ferramenta usada como
medida da garantia da qualidade e do desempenho dos laboratoacuterios de citopatologia
(ANSCHAU GONCcedilALVES 2011 TURKMEN et al 2013)
Portanto eacute imprescindiacutevel a implantaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ na rotina
dos laboratoacuterios de citopatologia pois satildeo parte integrante da estrateacutegia de garantia e
melhoria contiacutenua da qualidade com a finalidade de reduzir as falhas do exame
citopatoloacutegico garantindo agraves mulheres a prestaccedilatildeo de um serviccedilo seguro
Um dos principais motivos da ocorrecircncia dos RFN e RFP satildeo problemas
relacionados agrave interpretaccedilatildeo diagnoacutestica (GAY NALDSON GOELLNER 1985
RENSHAW 2003 COLEMAN POZNANSKY 2006 BRANCA LONGATTO-
FILHO 2015) Sendo assim este trabalho teve como objetivo comparar os exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero submetidos ao MEQ com o intuito de minimizar
divergecircncias diagnoacutesticas a fim de reduzir os RFN e RFP que satildeo um dos maiores
problemas enfrentados pelos laboratoacuterios de citopatologia
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
14
2- Revisatildeo da Literatura
21 Cacircncer do colo do uacutetero
Estimativas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede apontaram o cacircncer do colo do
uacutetero (CCU) como o responsaacutevel pelo oacutebito de 266 mil mulheres em 2012 e
aproximadamente 87 ocorreram nas regiotildees menos desenvolvidas (WHO 2012) No
Brasil ocupa a terceira posiccedilatildeo entre os dez tipos de cacircncer mais incidentes estimados
para 2016 por sexo exceto pele natildeo melanoma Estima-se para o ano de 20162017 a
ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585 casos a cada
100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
A taxa de incidecircncia do CCU estimada para 20162017 por regiatildeo brasileira sem
considerar os tumores de pele natildeo melanoma eacute a mais alta na regiatildeo Norte
apresentando 2397 novos casos por 100 mil mulheres Eacute o segundo mais incidente nas
regiotildees Centro-Oeste e Nordeste com 2072 e 1949 novos casos a cada 100 mil
mulheres respectivamente E na regiatildeo Sudeste estaacute na terceira posiccedilatildeo com 1130
novos casos a cada 100 mil mulheres e na regiatildeo Sul na quarta com 1517 novos casos
a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
Define-se o CCU como a replicaccedilatildeo desordenada do epiteacutelio de revestimento
deste oacutergatildeo resultando em comprometimento do estroma e invasatildeo de estruturas e
oacutergatildeos contiacuteguos ou agrave distacircncia Na fase preacute-cliacutenica desta neoplasia natildeo se observam
sintomas de maneira que a detecccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees precursoras eacute realizada pelo
exame citoloacutegico por outro lado agrave medida que a doenccedila progride surgem sangramento
menorragias e metrorragias (HAMONT et al 2008 LIMBERGER et al 2012)
O CCU eacute uma doenccedila que possui evoluccedilatildeo lenta onde a progressatildeo de uma
lesatildeo inicial para a forma invasiva pode levar anos sendo entatildeo possiacutevel identificar suas
formas precursoras que satildeo trataacuteveis e curaacuteveis (MEDEIROS et al 2005 COLEMAN
POZNANSKY 2006 RAMA et al 2008) Assim trata-se de uma doenccedila evitaacutevel
podendo apresentar 100 de cura principalmente atraveacutes do diagnoacutestico precoce
realizado pelo exame citopatoloacutegico e tratamento adequado de lesotildees preacute-malignas
(ZEFERINO et al 1996 ELUF-NETO NASCIMENTO 2001 SANTOS et al 2013)
A infecccedilatildeo pelo papiloma viacuterus humano (HPV) eacute uma das doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis mais comuns em todo mundo em ambos os sexos sendo que a maioria
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
15
das pessoas adquirem o viacuterus no iniacutecio da atividade sexual A infecccedilatildeo tem iniacutecio nas
ceacutelulas basais da zona de transformaccedilatildeo do colo do uacutetero e a maioria eacute controlada pela
resposta imune celular ocorrendo sua eliminaccedilatildeo espontacircnea em torno de dois anos
sem causar lesotildees e sintomas (ALMONTE et al 2010 GRAVITT et al 2011)
O HPV eacute considerado o principal fator de risco associado ao desenvolvimento
do CCU e a infecccedilatildeo persistente no trato reprodutivo de mulheres pode levar ao
surgimento de lesotildees preacute-neoplaacutesicas (DE SANJOSE et al 2007 2010
GUDLEVICIENE et al 2010) Satildeo descritos hoje aproximadamente 130 genoacutetipos do
HPV sendo que desses 40 podem infectar a mucosa genital Os tipos de HPV satildeo
classificados em viacuterus de alto ou baixo risco oncogecircnico conforme a propensatildeo das
ceacutelulas infectadas agrave transformaccedilatildeo neoplaacutesica (WEISS ROSENTHAL ZIMET 2011
FERRAZ SANTOS DISCACCIATI 2012) Aproximadamente 15 tipos de HPV tecircm
potencial oncogecircnico e satildeo responsaacuteveis por praticamente todos os cacircnceres cervicais e
lesotildees precursoras desses os mais prevalentes satildeo os HPV 16 e 18 sendo associados
com aproximadamente 70 de todos os cacircnceres do colo do uacutetero (MAZARICO
GONZALEZ-BOSQUETE 2012 HOSTE VOSSAERT POPPE 2013)
Sabe-se que somente a infecccedilatildeo pelo HPV natildeo eacute suficiente para o
desenvolvimento do carcinoma pois haacute um periacuteodo de latecircncia entre a infecccedilatildeo e o
desenvolvimento das lesotildees preacute-neoplaacutesicas indicando que existem outros elementos
atuando como co-fatores na carcinogecircnese do colo do uacutetero dentre os quais cita-se o
iniacutecio precoce da vida sexual muacuteltiplos parceiros sexuais multiparidade histoacuteria de
doenccedila sexualmente transmitida imunossupressatildeo uso prolongado de anticoncepcional
oral e tabagismo (NATUNEN et al 2011 ZARDO et al 2014)
Desde a infecccedilatildeo pelo HPV ateacute o desenvolvimento do CCU transcorrem
aproximadamente quinze anos Considera-se esta progressatildeo lenta sendo possiacutevel nesse
tempo a identificaccedilatildeo precoce de lesotildees celulares associadas com a persistecircncia deste
viacuterus no trato genital por meio da citologia cervical Assim haacute tempo para que as
lesotildees possam ser tratadas adequadamente impedindo a progressatildeo para o cacircncer
(SNIJDERS et al 2006 DISCACCIATI et al 2011 FERRAZ SANTOS
DISCACCIATI 2012)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
16
22 Exame citopatoloacutegico
A estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do CCU desde sua introduccedilatildeo
em 1941 por George Papanicolaou eacute o exame citopatoloacutegico sendo responsaacutevel pela
reduccedilatildeo da incidecircncia e mortalidade desse cacircncer nas uacuteltimas cinco deacutecadas em paiacuteses
em que foi implantado de maneira eficiente (PAPANICOLAOU TRAUT 1977
ARBYN et al 2009 DIJKSTRA et al 2014) O rastreio utilizando a citologia
esfoliativa eacute considerado uma intervenccedilatildeo de sauacutede puacuteblica extremamente bem-
sucedida de forma que praticado de acordo com as diretrizes alcanccedila reduccedilotildees na
incidecircncia do CCU de ateacute 80 (FRANCO DUARTE-FRANCO FERENCZY 2001
OGILVIE et al 2010) Aleacutem disso mais de 60 de todos os casos de CCU satildeo
observados entre as mulheres que natildeo participam do rastreamento (STENVALL
WIKSTROM WILANDER 2007)
O exame citopatoloacutegico baseia-se no fato de que alteraccedilotildees nas ceacutelulas epiteliais
do colo uterino podem progredir ao longo do tempo permitindo o surgimento do
cacircncer Sendo assim o Papanicolaou eacute estrateacutegico para detecccedilatildeo dessas alteraccedilotildees nas
fases iniciais das lesotildees precursoras (CARVALHO QUEIROZ 2010) Eacute um exame
faacutecil raacutepido praacutetico seguro de baixo custo e eficaz na detecccedilatildeo de lesotildees cervicais e
por isso deve ser incentivado como meacutetodo de triagem (GREENWOOD MACHADO
SAMPAIO 2006 OLIVEIRA et al 2010 COBUCCI et al 2016)
Os procedimentos mais usados para a confecccedilatildeo dos esfregaccedilos para o exame
citopatoloacutegico satildeo a coleta convencional ou em meio liacutequido (ARBYN et al 2008
NANDINI et al 2012) A teacutecnica de citologia em meio liacutequido permite que as ceacutelulas
sejam suspensas em meio liacutequido e espalhadas em monocamada possibilitando assim
uma melhor avaliaccedilatildeo morfoloacutegica e tem sido introduzida nos paiacuteses desenvolvidos para
melhorar a sensibilidade do exame citopatoloacutegico (PAWAR et al 2014) Apesar deste
meacutetodo apresentar menos tempo de triagem fundo limpo e melhor distribuiccedilatildeo dos
elementos celulares os benefiacutecios natildeo justificam o alto custo assim a coleta
convencional deve ser a primeira escolha para os paiacuteses em desenvolvimento pois
quando realizado de maneira organizada e de acordo com os padrotildees de qualidade natildeo eacute
inferior a citologia em meio liacutequido (ILTER et al 2012 SHARMA et al 2016)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a coleta convencional Neste tipo de coleta o
espeacuteculo eacute introduzido no canal vaginal para expor o colo do uacutetero e satildeo utilizados a
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
17
espaacutetula de Ayre para a coleta de ceacutelulas da ectoceacutervice e a escova endocervical para
coleta de ceacutelulas da endoceacutervice (ARBYN et al 2008 VERMA JAIN KAUR 2014)
As ceacutelulas satildeo colocadas em uma lacircmina transparente de vidro com extremidade fosca
onde consta identificaccedilatildeo da paciente satildeo coradas e examinadas ao microscoacutepio pelos
profissionais habilitados que poderatildeo identificar ceacutelulas que apresentam alteraccedilotildees
indicativas de lesotildees preacute-malignas (ARBYN et al 2008 FERNANDES et al 2009
BRASIL 2011)
No Brasil a populaccedilatildeo alvo recomendada para a realizaccedilatildeo deste exame satildeo
mulheres na faixa etaacuteria de 25 ateacute os 64 anos de idade e agravequelas que jaacute iniciaram a vida
sexual Recomenda-se a realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico como ferramenta
de rastreamento sendo que deve ser repetido a cada trecircs anos apoacutes dois exames anuais
consecutivos normais A repeticcedilatildeo em um ano tem por objetivo diminuir a possibilidade
de RFN (RIBEIRO SANTOS TEIXEIRA 2011 BRASIL 2016c) Este
acompanhamento regular tem como base os programas de rastreamento organizados na
maioria dos paiacuteses desenvolvidos (FERLAY et al 2012)
Em estudo envolvendo oito paiacuteses realizado pela International Agency for
Research on Cancer (IARC) em 1986 servindo de suporte para normas ainda hoje
vigente mundialmente estimou-se que ao iniciar o rastreamento aos 25 anos de idade e
natildeo aos 20 anos perde-se apenas 1 de reduccedilatildeo da incidecircncia cumulativa do CCU
(IARC 1986 BRASIL 2011) Mulheres de ateacute 20 anos de idade natildeo estatildeo incluiacutedas na
faixa etaacuteria alvo do rastreamento pois possuem maior probabilidade de regressatildeo das
lesotildees preacute-invasivas o carcinoma invasor nesta parcela da populaccedilatildeo em geral eacute
extremamente raro e a maioria das infecccedilotildees pelo HPV se resolve espontaneamente em
cerca de dois anos sendo portanto de reduzida significacircncia cliacutenica (MOSCICKI
2008 MOSCICKI COX 2010) Os exames devem seguir ateacute os 64 anos e apoacutes essa
idade serem interrompidos quando resultarem em dois exames negativos consecutivos
nos uacuteltimos cinco anos (SASIENI CASTANtildeON CUZICK 2010 BRASIL 2011)
O rastreamento no Brasil eacute predominantemente oportuniacutestico ou seja as
mulheres tecircm realizado o exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero quando procuram os
serviccedilos de sauacutede geralmente devido a consulta meacutedica gravidez e diante de queixas
como prurido e leucorreacuteia Assim 20 a 25 dos exames tecircm sido realizados fora do
grupo etaacuterio recomendado e aproximadamente metade deles com intervalo de um ano
ou menos quando o recomendado satildeo trecircs anos Portanto haacute um contingente de
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
18
mulheres rastreadas e a exclusatildeo de outras (ZEFERINO 2008 NAVARRO et al 2015
BRASIL 2016c)
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais
George N Papanicolaou em 1941 criou a primeira terminologia de
classificaccedilatildeo citoloacutegica das lesotildees precursoras do CCU que procurava expressar se as
ceacutelulas observadas eram normais ou natildeo e desde entatildeo vaacuterios sistemas de classificaccedilatildeo
foram sugeridos (TRAUT PAPANICOLAOU 1943 AGUIAR et al 2011)
Nos Estados Unidos em 1988 foi realizada na cidade de Bethesda um workshop
que enfatizou a grande diversidade na comunicaccedilatildeo dos resultados em citologia
cervical e teve como objetivo determinar uma terminologia que daria limites evidentes
para a gestatildeo e dessa maneira reduziria a variabilidade interobservador Entatildeo nesse
ano foi aprovada a classificaccedilatildeo citoloacutegica conhecida como Terminologia do Sistema
Bethesda que introduziu os termos lesotildees intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e
alto grau (HSIL) (NAYAR WILBUR 2015a)
Apoacutes experiecircncia na praacutetica cliacutenica e novos avanccedilos no conhecimento
cientiacutefico esse sistema passou por revisatildeo em 1991 e 2001 que propocircs uniformizar as
terminologias assim como as condutas cliacutenicas para cada classificaccedilatildeo citoloacutegica
(AGUIAR et al 2011) O workshop de 1991 levou agrave produccedilatildeo do primeiro atlas
Bethesda em 1994 depois de sua publicaccedilatildeo tornou-se rapidamente uma referecircncia
mundial para a praacutetica da citologia cervical (SOLOMON et al 2002 NAYAR
WILBUR 2015a) Em 2001 aconteceu mudanccedilas marcantes em relaccedilatildeo agrave categoria de
Ceacutelulas Escamosas Atiacutepicas (ASC) A categoria ASC foi subdividida em ceacutelulas
escamosas atiacutepicas de significado indeterminado (ASC-US) e ceacutelulas escamosas
atiacutepicas quando natildeo se pode excluir lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
(WRIGHT et al 2002 MASSAD et al 2013) Nos Estados Unidos em 2013 855
dos laboratoacuterios de citologia haviam implementado a terminologia de 2001 e o
sistema de Bethesda produziu um impacto significativo na comunidade
internacional de citopatologia (DAVEY et al 2004)
Nos uacuteltimos anos vecircm acontecendo vaacuterias mudanccedilas nos processos de rastreio
do CCU como aumento do uso de citologia em meio liacutequido aprovaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de vacinas profilaacuteticas contra o HPV mudanccedilas na terminologia de
histopatologia e diretrizes atualizadas para o rastreio do CCU e gestatildeo cliacutenica Com
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
19
base em todas essas mudanccedilas o ano de 2014 era o momento adequado para uma
revisatildeo e atualizaccedilatildeo da terminologia Sistema de Bethesda 2001 Houve entatildeo o
refinamento de criteacuterios morfoloacutegicos e incorporaccedilatildeo de revisotildees e novas
informaccedilotildees adicionais na terceira ediccedilatildeo do atlas Bethesda para citologia cervical
(NAYAR WILBUR 2015b)
Em 2003 foi publicada a primeira ediccedilatildeo da Nomenclatura Brasileira para
Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais e Condutas Cliacutenicas Preconizadas baseada no
sistema de Bethesda contendo tambeacutem o MEQ com o objetivo de padronizar o laudo
citopatoloacutegico com as respectivas condutas cliacutenicas e manter o controle de qualidade
desses laudos emitidos pelos laboratoacuterios prestadores de serviccedilo ao Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SUS) No ano de 2006 houve a publicaccedilatildeo da segunda ediccedilatildeo dessa
nomenclatura e foi suprimido o capiacutetulo referente ao MEQ porque esse tema merecia
uma profunda revisatildeo No ano de 2010 optou-se por lanccedilar como publicaccedilotildees
independentes os trecircs capiacutetulos de Condutas Cliacutenicas Preconizadas MEQ e da
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais (BRASIL 2012)
Em 2012 foi publicada a terceira ediccedilatildeo revisada e atualizada da Nomenclatura
Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais que eacute a nomenclatura utilizada
atualmente no Brasil contemplando a seguinte classificaccedilatildeo
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (ASC-US)
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir
lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (AGC-SOE)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode afastar
lesatildeo intraepitelial de alto grau (AGC-NEO)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL)
bull Adenocarcinoma in situ (AIS)
bull Adenocarcinoma invasor (cervical endometrial e sem outras especificaccedilotildees)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau natildeo podendo excluir microinvasatildeo
bull Carcinoma epidermoacuteide invasor
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
20
A adoccedilatildeo do Sistema de Bethesda ainda que adaptado ao Brasil facilita a
comparaccedilatildeo de resultados nacionais com os encontrados em publicaccedilotildees estrangeiras
Poreacutem ainda haacute resistecircncia por parte dos citopatologistas no emprego da nomenclatura
brasileira para exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero Ressalta-se que aleacutem do
diagnoacutestico preciso tambeacutem eacute importante que o relatoacuterio de apresentaccedilatildeo dos resultados
seja de faacutecil compreensatildeo para que a paciente receba seguimento e conduta adequada
dessa forma maiores esforccedilos devem ser empregados no sentido de estimular o uso
dessa nomenclatura (AGUIAR et al 2011)
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado
Em 2011 houve atualizaccedilatildeo das Condutas Cliacutenicas Preconizadas de 2006 e entatildeo
foram lanccediladas as ldquoDiretrizes para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo que
buscaram orientar as condutas preconizadas em mulheres com alteraccedilotildees no exame
citopatoloacutegico cervical (BRASIL 2011)
De acordo com essas diretrizes diante de um resultado de exame citopatoloacutegico
de ASC-US a mulher com 30 anos ou mais deveraacute repetir o exame citopatoloacutegico em
um intervalo de 6 meses e com idade inferior a 30 anos no intervalo de 12 meses Para
os exames com resultados classificados como ASC-H as mulheres devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e se observado alteraccedilotildees
colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia jaacute aquelas sem alteraccedilotildees devem repetir nova
citologia em 6 meses Pacientes com diagnoacutestico citoloacutegico de AGC devem ser
encaminhadas para colposcopia realiza-se a bioacutepsia apenas quando satildeo observadas
alteraccedilotildees no colo caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia em 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de LSIL devem repetir o exame citopatoloacutegico em 6
meses se a citologia de repeticcedilatildeo for negativa em dois exames consecutivos a paciente
deve retornar agrave rotina de rastreamento citoloacutegico trienal Pacientes que apresentarem
diagnoacutestico de HSIL deveratildeo ser encaminhadas em ateacute trecircs meses agrave Unidade de
Referecircncia Secundaacuteria para realizaccedilatildeo da bioacutepsia se observada alteraccedilotildees no colo na
colposcopia (BRASIL 2011)
No ano de 2016 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a segunda ediccedilatildeo das ldquoDiretrizes
para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo atualizando as diretrizes publicadas em
2011 visando auxiliar os profissionais da sauacutede em suas praacuteticas assistenciais em todo o
paiacutes quanto ao seguimento de exames citopatoloacutegicos alterados e apoiar os gestores na
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
21
tomada de decisatildeo em relaccedilatildeo agrave estruturaccedilatildeo da linha de cuidados da mulher (BRASIL
2016c)
De acordo com as diretrizes mais recentes as mulheres com diagnoacutestico de ASC-
US abaixo de 25 anos de idade devem repetir o exame apoacutes 3 anos aquelas entre 25 e
29 anos devem repetir em 12 meses enquanto as mulheres acima de 30 anos devem
repetir a citologia apoacutes 6 meses Mulheres com diagnoacutestico de ASC-H devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e somente aquelas que
apresentam alteraccedilotildees colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia sendo que as demais
devem repetir a citologia apoacutes 6 meses Em mulheres com diagnoacutestico de ceacutelulas
glandulares atiacutepicas (AGC) ou ceacutelulas atiacutepicas de origem indefinida a paciente deve ser
imediatamente encaminhada para colposcopia onde faz-se a bioacutepsia apenas quando satildeo
observadas alteraccedilotildees caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia Na
presenccedila do diagnoacutestico LSIL em mulheres abaixo de 25 anos de idade sugere-se repetir
o exame citopatoloacutegico apoacutes 3 anos com indicaccedilatildeo de colposcopia caso a atipia se
mantenha E mulheres acima de 25 anos de idade devem repetir a citologia apoacutes 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de HSIL devem ser encaminhadas para realizaccedilatildeo de
colposcopia ateacute trecircs meses apoacutes o resultado e caso apresentem alteraccedilotildees visuais no
colo do uacutetero deveratildeo ser submetidas a bioacutepsia caso contraacuterio recomenda-se nova
citologia apoacutes trecircs meses a contar da data da coleta da citologia anterior (BRASIL
2016c)
Um dos maiores problemas enfrentado pelo programa de rastreamento e controle
do CCU eacute a falta de seguimento dado as mulheres depois que realizam o exame
citopatoloacutegico bem como a orientaccedilatildeo errocircnea por parte dos profissionais de sauacutede
Portanto para que o programa tenha sucesso eacute necessaacuterio garantir que seja organizado e
definido como um conjunto de accedilotildees programadas com populaccedilatildeo e periodicidade
especiacuteficas porque com o seguimento pode-se oferecer um tratamento adequado
interrompendo o desenvolvimento desse cacircncer (VALE et al 2010 ALBUQUERQUE
et al 2012 SANTOS et al 2013)
23 Controle de qualidade em citopatologia
O exame citopatoloacutegico necessita apresentar uma boa acuraacutecia diagnoacutestica
(MILLER et al 2000 KOSE NAKI 2014 ABUDUKADEER et al 2015) No
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
22
entanto questiona-se sua eficiecircncia pois certo nuacutemero de mulheres desenvolve esse
cacircncer apesar de realizarem o exame periodicamente em parte essa situaccedilatildeo pode ser
explicada pelas altas taxas de RFN (MITCHELL MEDLEY 1995 TAVARES et al
2008 KIRSCHNER et al 2011) Aleacutem disso os RFP tambeacutem satildeo alarmantes pois
geram danos agrave vida de mulheres na medida que se sujeitam a procedimentos
dispensaacuteveis (KOSS 1989 FRABLE 2007 GULLO et al 2012)
As principais causas dos RFN ocorrem devido a erros de coleta de escrutiacutenio e
de interpretaccedilatildeo do diagnoacutestico (BOSCH RIETVELD-SCHEFFERS BOON 1992
MITCHELL MEDLEY 1995 ORTIZ-VAacuteZQUEZ et al 2001 FRABLE et al 2007
MANRIQUE et al 2009) Erros na coleta do material citoloacutegico podem ser
responsaacuteveis por ateacute 62 dos RFN e ocorrem devido agrave falta de representatividade
celular ou escassez de ceacutelulas neoplaacutesicas e tambeacutem pela presenccedila de processo
inflamatoacuterio sangue e fundo necroacutetico nos esfregaccedilos que podem prejudicar a anaacutelise
(VAN DER et al 1987 EJERSBO DAHL HOLUND 2003 AMARAL et al 2006
AMARAL et al 2008 LONNBERG et al 2010) O erro de escrutiacutenio varia de 10 a
67 e ocorre quando as ceacutelulas atiacutepicas estatildeo presentes no esfregaccedilo mas natildeo satildeo
identificadas pelo escrutinador devido agrave falta de atenccedilatildeo e concentraccedilatildeo tempo
insuficiente e falta de experiecircncia (DEMAY 1997 PITTOLI et al 2003 PAJTLER et
al 2006 AMARAL et al 2008) O erro de interpretaccedilatildeo pode ser responsaacutevel por ateacute
22 dos RFN e ocorre quando as ceacutelulas neoplaacutesicas satildeo reconhecidas mas satildeo
identificadas como benignas ou ainda satildeo classificadas erroneamente isso eacute atribuiacutedo
principalmente agrave experiecircncia insuficiente do profissional e informaccedilotildees cliacutenicas
inadequadas (GAY NALDSON GOELLNER 1985 RENSHAW 2003 COLEMAN
POZNANSKY 2006 AMARAL et al 2008)
Dessa forma tem sido exigido a implementaccedilatildeo de programas de monitoramento
da qualidade em citopatologia com o objetivo de melhorar o desempenho do exame
citopatoloacutegico em detectar anormalidades escamosas e glandulares e
consequentemente diminuir os percentuais de RFN e RFP que satildeo resultados
preocupantes tanto para a mulher quanto para os custos dos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(PAJTLER et al 2006 TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) A fim de
minimizar as falhas deste exame vaacuterias estrateacutegias corretivas de garantia da qualidade
tecircm sido desenvolvidas como a implementaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ nos
laboratoacuterios de citopatologia (PEREIRA et al 2006 AacuteZARA et al 2014a)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
23
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio de
citopatologia contemplam na fase preacute-analiacutetica atividades realizadas antes do
escrutiacutenio e incluem o registro do material recebido a preparaccedilatildeo a coloraccedilatildeo e a
montagem das lacircminas a manutenccedilatildeo dos equipamentos e microscoacutepios aleacutem dos
registros da qualificaccedilatildeo e treinamento dos profissionais (BRASIL 2016b) Na fase
analiacutetica o objetivo eacute a reduccedilatildeo de erros de escrutiacutenio ou de erros de interpretaccedilatildeo do
resultado com o intuito de diminuir os iacutendices de RFN e RFP algumas das medidas
contemplam o tempo de escrutiacutenio carga de trabalho do citologista e revisatildeo dos
esfregaccedilos (TAVARES et al 2007) O monitoramento contiacutenuo da qualidade dos
resultados dos exames citopatoloacutegicos imprescindiacutevel para o laboratoacuterio faz parte da
fase poacutes-analiacutetica em que eacute avaliada o desempenho global e individual dos profissionais
(AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
Por muitos anos vaacuterias discussotildees ocorreram na tentativa de apontar o melhor
meacutetodo de MIQ para a citologia cervical (DUDDING RENSHAW ELLIS 2011)
Considerado como consenso entre os especialistas na aacuterea a repeticcedilatildeo da leitura de
todos os esfregaccedilos classificados como negativos no escrutiacutenio de rotina eacute o meacutetodo
mais preciso para evitar erros no rastreio poreacutem este meacutetodo eacute dispendioso exigindo
muito tempo para a leitura em duplicata (TAVARES et al 2011)
Dentre os meacutetodos de MIQ cita-se a revisatildeo aleatoacuteria de 10 dos esfregaccedilos
negativos pelo escrutiacutenio de rotina (R-10) a revisatildeo baseada em criteacuterios cliacutenicos de
risco (RCCR) a revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos (RR100) e o preacute-
escrutiacutenio raacutepido (PER) Os meacutetodos de PER e RR100 satildeo considerados os mais
eficazes na detecccedilatildeo de RFN (MANRIQUE et al 2007 2011 TAVARES et al 2011
BRASIL 2016b) O meacutetodo de revisatildeo de 10 dos esfregaccedilos negativos eacute criticado
pois detecta poucos casos RFN assim como a RCCR que tambeacutem tem produzido
resultados ruins em vaacuterios estudos (AMARAL et al 2005 TAVARES et al 2008
TAVARES et al 2011 CURRENS et al 2012)
A RR100 consiste em revisar rapidamente todos os esfregaccedilos classificados
como negativos e insatisfatoacuterios do escrutiacutenio de rotina poreacutem como o revisor possui
conhecimento do resultado pode tornar o meacutetodo tendencioso reduzindo sua
concentraccedilatildeo e aumentando a possibilidade de deixar passar erros (PAJTLER et al
2006 MANRIQUE et al 2007) O PER consiste no escrutiacutenio raacutepido de todos os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
24
esfregaccedilos sem influecircncia de marcaccedilotildees sobre a lacircmina durante um tempo limitado
antes do escrutiacutenio de rotina e eacute um meacutetodo que tende a prender a atenccedilatildeo do
citologista jaacute que eacute realizado anterior a leitura de rotina aleacutem de permitir que a
sensibilidade de ambos PER e ER seja estimada (DJEMLI KHETANI AUGER
2006 TAVARES et al 2008)
Portanto eacute de extrema importacircncia a implementaccedilatildeo de accedilotildees de garantia da
qualidade na rotina dos laboratoacuterios de citopatologia pois permitem aprimorar o exame
citopatoloacutegico assegurando resultados confiaacuteveis (FERRAZ et al 2005 SIEGL et al
2014)
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
O sistema de monitoramento da qualidade tambeacutem deve comtemplar o
desenvolvimento e implantaccedilatildeo de sistema de indicadores de qualidade pois permitem
avaliar o desempenho global do laboratoacuterio realizar anaacutelise estatiacutestica individual dos
profissionais bem como utilizar os dados obtidos para a realizaccedilatildeo de intervenccedilotildees para
aperfeiccediloamento das etapas laboratoriais (SIEGL et al 2014 AacuteZARA et al 2014b)
Os indicadores de qualidade em citopatologia cervical possuem caracteriacutesticas
que satildeo muito importantes para que possam ser uacuteteis como ferramentas de apoio para o
monitoramento e a avaliaccedilatildeo do desempenho do laboratoacuterio Entre elas destacam-se a
facilidade de compreensatildeo uso de dados de coleta disponiacutevel e faacutecil execuccedilatildeo
mensuram os resultados encontrados permitindo comparaccedilatildeo com valores de referecircncia
preacute-estabelecidos refletem exatamente o que se deseja quantificar viabilizando assim
uma anaacutelise comparativa dos resultados para uma melhoria contiacutenua dos processos
internos do laboratoacuterio (BRASIL 2016b)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda que a coleta dos dados deve ser realizada
pelos profissionais envolvidos nas diversas etapas do processo de trabalho pois a
responsabilizaccedilatildeo dos profissionais pela obtenccedilatildeo dos dados tende a gerar compromisso
deles com os resultados almejados assim os dados tendem a ser de melhor qualidade
(BRASIL 2016b) Portanto a construccedilatildeo de tais indicadores para auxiliar o programa
de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo uacutetero deve ser feita internamente no
laboratoacuterio e satildeo mundialmente conhecidos pelos profissionais dessa aacuterea (BRASIL
2016b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
25
Os indicadores de qualidade incluem o iacutendice de positividade (IP) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ASCSat) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt) razatildeo de ceacutelulas
escamosas atiacutepicas por lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) percentual de exames
compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSILSat) (BORTOLON et
al 2012 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b)
O IP expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares nos exames aleacutem da
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo examinada
e recomenda-se que esteja entre 3 e 10 O ASCSat deve ficar entre 4 e 5 e quando
elevado sugere problemas na amostra na anaacutelise laboratorial ou em ambas as fases e
representa um ocircnus para a mulher e para a rede assistencial pois acarreta a oferta de um
maior nuacutemero de exames destinados agrave repeticcedilatildeo para investigaccedilatildeo diagnoacutestica O
ASCAlt deve ser inferior a 60 e tem o objetivo de monitorar ao percentual de atipias
de significado indeterminado para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo continuada dos
citopatologistas A razatildeo ASCSIL permite identificar o baixo desempenho profissional
no rastreamento e valores muito altos devem ter a causa investigada pois podem mostrar
a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios citoloacutegicos utilizados sendo que este indicador
deve ser menor que 3 O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees
precursoras do CCU e recomenda-se que seja igual ou maior que 04 (PLEWKA et
al 2014 BRASIL 2016b)
Os documentos gerados na elaboraccedilatildeo e o registro perioacutedico dos indicadores de
qualidade devem ser armazenados para permitir o acompanhamento dos processos
analisados e devem fazer parte do conjunto de documentos que compotildeem o Sistema de
Monitoramento da Qualidade do laboratoacuterio Eacute importante que esse material seja
armazenado em local de faacutecil acesso com o objetivo de facilitar as consultas sempre
que for necessaacuterio Recomenda-se que sejam feitos mensalmente e impressos com
assinatura do profissional responsaacutevel (BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia
Haacute deacutecadas o Brasil tem adotado medidas para garantia da qualidade dos exames
citopatoloacutegicos Em 1998 foi instituiacutedo o Programa Nacional de Controle do Cacircncer de
Colo de Uacutetero pela portaria GMMS nordm 3040 que reconheceu que o exame
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
26
citopatoloacutegico do colo uterino eacute uma avaliaccedilatildeo qualitativa que dependente da
interpretaccedilatildeo do observador e que essa subjetividade precisa ser minimizada portanto o
monitoramento da qualidade eacute importante para a garantia do serviccedilo prestado agrave
populaccedilatildeo feminina (BRASIL 1998)
O Ministeacuterio da Sauacutede em 2001 por meio da Portaria SPSSAS nordm 92 preconizou
que todos os laboratoacuterios que realizam exames citopatoloacutegicos para o SUS deveriam
submeter-se ao Programa de Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ) poreacutem o
programa de responsabilidade das coordenaccedilotildees estaduais natildeo havia sido implantado
em todo paiacutes Esse programa foi regulamentado em 2013 atraveacutes da Qualificaccedilatildeo
Nacional em Citopatologia na Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2010
BRASIL 2013a)
A Portaria Qualicito definiu que os gestores estaduais e municipais devem
gerenciar o programa acompanhando o desempenho dos laboratoacuterios participantes que
foram classificados em Tipo I e Tipo II Satildeo considerados Laboratoacuterios Tipo I os
laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam serviccedilo ao SUS e que realizam exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero e os Laboratoacuterios Tipo II os laboratoacuterios puacuteblicos
responsaacuteveis por realizar os exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no acircmbito do
MEQ aleacutem de poderem realizar as accedilotildees dos Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2013a)
O MEQ eacute parte integrante da estrateacutegia de garantia da qualidade em citopatologia
e tem por finalidade avaliar o desempenho dos Laboratoacuterios Tipo I e a qualidade dos
exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero detectar as diferenccedilas de interpretaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos aumentar a eficiecircncia do processo de realizaccedilatildeo dos exames
citopatoloacutegicos aleacutem de reduzir o percentual de RFN RFP e insatisfatoacuterios (BRASIL
2016)
Em 1999 foi instituiacutedo o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero
(SISCOLO) com objetivo de armazenar dados sobre identificaccedilatildeo da mulher
informaccedilotildees demograacuteficas epidemioloacutegicas e dos exames citopatoloacutegicos e
histopatoloacutegicos realizados pelo SUS (GIRIANELLI THULER SILVA 2009
(BRASIL 2016c) Em 2011 foi lanccedilado o Plano Nacional de Fortalecimento da Rede de
Prevenccedilatildeo que permitiu o desenvolvimento do Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer
(SISCAN) substituindo o SISCOLO poreacutem a implementaccedilatildeo do sistema estaacute sendo
lenta e gradual (BRASIL 2013b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
27
Portanto eacute o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer (SISCAN) que seleciona do
Laboratoacuterio Tipo I todos os exames positivos e insatisfatoacuterios e 10 dos negativos para
serem enviados ao Laboratoacuterio Tipo II de acordo com o estabelecido na Portaria
Qualicito (BRASIL 2013a) A lista deve ser enviada com a relaccedilatildeo dos casos
selecionados pelo sistema juntamente com as lacircminas solicitadas e os respectivos
laudos servindo como recibo de transferecircncia de responsabilidade de guarda das
lacircminas para o Laboratoacuterio Tipo II e para controle de devoluccedilatildeo ao laboratoacuterio de
origem (BRASIL 2016b)
Entatildeo o conjunto de accedilotildees realizadas pelo Laboratoacuterio Tipo II visa agrave avaliaccedilatildeo da
qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero dos Laboratoacuterios Tipo I e
contemplam duas fases a preacute-analiacutetica e analiacutetica Na primeira o Laboratoacuterio Tipo II
verifica os procedimentos teacutecnicos e informa a qualidade da confecccedilatildeo do esfregaccedilo
fixaccedilatildeo coloraccedilatildeo montagem e contaminaccedilatildeo das amostras E a fase analiacutetica consiste
em uma revisatildeo dos esfregaccedilos citopatoloacutegicos por profissionais habilitados e o
diagnoacutestico final eacute firmado por consenso entre os citopatologistas do Laboratoacuterio Tipo
II (PEREIRA et al 2006 BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
Os exames discordantes seratildeo comunicados ao Laboratoacuterio Tipo I que poderaacute
recorrer da opiniatildeo do Laboratoacuterio Tipo II caso natildeo concorde com o parecer dos
revisores buscando o consenso Caso concorde caberaacute ao Laboratoacuterio Tipo I enviar o
laudo de revisatildeo agraves regionais ao municiacutepio ou agrave Unidade Baacutesica de Sauacutede (UBS)
mencionando que esse laudo foi realizado em conjunto com o Laboratoacuterio Tipo II de
referecircncia Caso natildeo haja consenso entre os Laboratoacuterios Tipos I e II poderaacute ser
solicitada a avaliaccedilatildeo por outro Laboratoacuterio Tipo II em acordo com a Coordenaccedilatildeo
Estadual eou Municipal (BRASIL 2016b)
A estatiacutestica para a avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo
II eacute o Kappa Ponderado devido a necessidade de se atribuiacuterem diferentes pesos para as
discordacircncias aleacutem da frequecircncia de RFN RFP e retardo de conduta Assim uma atipia
de significado indeterminado que recebeu equivocadamente um laudo de LSIL teraacute um
peso menor na construccedilatildeo do Kappa que uma HSIL que recebeu um laudo negativo
(BRASIL 2012) Os laboratoacuterios com iacutendices diagnoacutesticos abaixo de dois desvios
padrotildees da meacutedia estadual eou iacutendice Kappa de correlaccedilatildeo em niacutevel ruim seratildeo
considerados fora dos paracircmetros recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
28
Laboratoacuterios Tipo I nessa situaccedilatildeo seratildeo notificados e monitorados pelos Laboratoacuterios
Tipo II para alcanccedilar o iacutendice esperado (BRASIL 2016b)
Dessa forma os Laboratoacuterios Tipo I devem enviar regularmente todas as lacircminas e
laudos dos exames selecionados para o Laboratoacuterio Tipo II analisar os casos de
discordacircncia buscando o consenso com o Laboratoacuterio Tipo II promover educaccedilatildeo
continuada para uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos minimizar as natildeo
conformidades encontradas na rotina do laboratoacuterio diminuir os RFN e RFP e avaliar o
desempenho profissional da equipe Os Laboratoacuterios Tipo II devem fazer contato e dar
retorno aos Laboratoacuterios Tipo I comunicando o quanto antes sobre os resultados dos
exames citopatoloacutegicos discordantes e discutir caso a caso buscando o consenso apoiar
as coordenaccedilotildees estadual e municipal na interface com os laboratoacuterios que realizam
exames para o SUS e proporcionar educaccedilatildeo permanente por meio de sessotildees interativas
regulares para os Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2016b)
Diversos estudos tecircm considerado o MEQ um programa eficiente no
aperfeiccediloamento do exame citopatoloacutegico uma vez que a discussatildeo dos casos
discordantes para se chegar a um consenso dos resultados etapa fundamental do
programa possibilita a uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados na
detecccedilatildeo das lesotildees precursoras do CCU o que reflete na reduccedilatildeo dos RFN e RFP
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 FREITAS THULER 2012 AacuteZARA
et al 2013 2014a 2016 BRASIL 2016b)
REZENDE MT Justificativa
29
3- Justificativa
Um dos principais motivos da ocorrecircncia de RFN e RFP no exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero eacute a variabilidade inter e intra observador na
interpretaccedilatildeo dos diagnoacutesticos dessa forma para a garantia da qualidade se faz
necessaacuterio a implantaccedilatildeo de MIQ e MEQ nos laboratoacuterios de citopatologia (FRABLE
et al 2007 MANRIQUE et al 2009 AacuteZARA et al 2014a) Este estudo foi
realizado com o intuito de avaliar o impacto do MEQ em laboratoacuterio de citopatologia
para minimizar as divergecircncias diagnoacutesticas e erros dentro dos processos do laboratoacuterio
a fim de reduzir os RFN e RFP Investindo na identificaccedilatildeo e retificaccedilatildeo das falhas eacute
possiacutevel que seja assegurado o melhor serviccedilo possiacutevel agrave mulher que receberaacute
seguimento e tratamento adequado
REZENDE MT Objetivos
30
4- Objetivos
41 Objetivo Geral
Comparar os resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do
municiacutepio de Ouro Preto MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade
42 Objetivos especiacuteficos
- Verificar a frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
- Avaliar a concordacircncia diagnoacutestica frequecircncia de casos discordantes falso-negativos
falso-positivos e retardo de conduta entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar o resultado do seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
do monitoramento externo da qualidade incluindo os RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de
consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes o monitoramento externo da qualidade
REZENDE MT Metodologia
31
5- Metodologia
51 Local de estudo
Este trabalho foi desenvolvido no setor de citologia do Laboratoacuterio Piloto de
Anaacutelises Cliacutenicas (LAPAC) da Escola de Farmaacutecia da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP) Por se tratar de estudo baseado em resultados de exames coletados em
2013 e 2014 que estatildeo disponiacuteveis publicamente atraveacutes do SISCOLO natildeo foi
necessaacuterio a submissatildeo ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
O setor de citologia deste laboratoacuterio eacute composto por 5 citopatologistas 2
bolsistas 1 teacutecnica e 2 assistentes administrativos Neste laboratoacuterio estatildeo disponiacuteveis
microscoacutepios NiKon E 200 para escrutiacutenio dos esfregaccedilos bateria de coloraccedilatildeo e
material para montagem das lacircminas microscoacutepio de 5 cabeccedilas para discussatildeo de casos
e 3 computadores para parte administrativa O setor de citologia deste laboratoacuterio atende
uma rotina de exames citopatoloacutegicos colhidos nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS)
de Ouro Preto MG que desde 2013 eacute o uacutenico Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio que
presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
511 Monitoramento interno da qualidade
Os meacutetodos de monitoramento interno da qualidade utilizados na rotina pelo
Laboratoacuterio Tipo I satildeo o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) e a revisatildeo raacutepida de 100 dos
esfregaccedilos negativos (RR100) e cada etapa de leitura da lacircmina eacute realizada por
citopatologistas diferentes em um esquema de rodiacutezio (Figura 1) Inicialmente todos os
esfregaccedilos citopatoloacutegicos adequados para a anaacutelise microscoacutepica satildeo submetidos ao
PER e os resultados satildeo classificados como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio e
registrados na planilha de PER (Apecircndice A) Posteriormente eacute realizado o escrutiacutenio de
rotina (ER) pelo segundo citopatologista que apoacutes a leitura detalhada classifica os
resultados de acordo com a nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos baseada
no Sistema de Bethesda 2001 (SOLOMON NAYAR 2004) anotando o diagnoacutestico no
verso da requisiccedilatildeo (Anexo 1) Em seguida todas as lacircminas consideradas negativas
pelo escrutiacutenio de rotina satildeo encaminhadas para um terceiro citologista que realiza a
RR100 classificando-o como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio registrando na
planilha de RR100 (Apecircndice B)
REZENDE MT Metodologia
32
Os esfregaccedilos considerados positivos e insatisfatoacuterios pelo ER e os resultados
discordantes que foram aqueles onde PER ou a RR100 classificou como suspeito ou
insatisfatoacuterio e o escrutiacutenio de rotina considerou negativo satildeo encaminhados para a
revisatildeo detalhada para confirmaccedilatildeo ou natildeo da alteraccedilatildeo e definiccedilatildeo do diagnoacutestico final
e anotados nas planilhas correspondentes (Apecircndice C e D) Quando a revisatildeo detalhada
eacute discordante do ER haacute um consenso entre os citopatologistas para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I
REZENDE MT Metodologia
33
52 Tipo de estudo
Foi realizado estudo retrospectivo comparando os resultados dos exames
citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I da Escola de Farmaacutecia da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de exames
citopatoloacutegicos de rastreio do municiacutepio de Ouro Preto Minas Gerais com os
resultados emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo II de Belo Horizonte responsaacutevel pelo MEQ
dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero de Minas Gerais
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica
Os exames do Laboratoacuterio Tipo I foram selecionados automaticamente pelo
SISCOLO (Sistema de Informaccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero) incluindo os exames
positivos insatisfatoacuterios e 10 dos negativos conforme a Portaria QualiCito
33882013 referente aos meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 As
amostras foram provenientes de mulheres atendidas nas UBS do municiacutepio de Ouro
Preto MG usuaacuterias do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
54 Monitoramento externo da qualidade
O Laboratoacuterio Tipo I enviou ao Laboratoacuterio Tipo II juntamente com os laudos
correspondentes um total de 321 esfregaccedilos citopatoloacutegicos classificados como
negativos (84) insatisfatoacuterios (3) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas (ASC-US41) lesatildeo intraepitelial
escamosa de baixo grau (LSIL163) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado natildeo se pode excluir lesatildeo de alto grau (ASC-H12) lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau (HSIL16) e ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras
especificaccedilotildees (AGC-SOE2) (Figura 2)
REZENDE MT Metodologia
34
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia cervical
Os esfregaccedilos foram reavaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II que emitiu um relatoacuterio
com os resultados para o Laboratoacuterio Tipo I comunicando tambeacutem os resultados
discordantes Nos casos em que o Laboratoacuterio Tipo I natildeo concordou com o parecer
REZENDE MT Metodologia
35
emitido pelos revisores do Laboratoacuterio Tipo II os resultados dos exames discordantes
foram discutidos caso a caso com o Laboratoacuterio Tipo II buscando o consenso entre os
dois Laboratoacuterios para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final (BRASIL 2016b)
Apoacutes o consenso os resultados discordantes foram reemitidos pelo Laboratoacuterio
Tipo I e encaminhados agraves Unidades de Sauacutede que localizaram as mulheres e
reprogramaram a conduta baseada no diagnoacutestico final
Os esfregaccedilos que inicialmente foram classificados como negativos ou
inflamatoacuterios pelo Laboratoacuterio Tipo I e considerados como positivos pelo Laboratoacuterio
Tipo II foram denominados resultados falso-negativos (RFN) Aqueles considerados
inicialmente positivos pelo Laboratoacuterio Tipo I mas reclassificados como negativos pelo
Laboratoacuterio Tipo II foram denominados resultados falso-positivos (RFP) Foram
considerados casos discordantes aqueles que implicaram em mudanccedila de conduta
cliacutenica de acordo com as normas preconizadas pelas Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2011)
Os resultados diagnosticados inicialmente como ASC-US ou LSIL pelo
Laboratoacuterio Tipo I e que na revisatildeo o Laboratoacuterio Tipo II julgou como diagnoacutestico mais
grave (ASC-H HSIL Carcinoma de ceacutelulas escamosas AGC-SOE AGC-NEO
Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma invasor) foram considerados como retardo
de conduta cliacutenica
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados
Para levantamento do seguimento das pacientes em que os resultados dos
exames foram classificados como ASC-US ou LSIL foi realizada a busca do resultado
do novo exame citopatoloacutegico uma vez que a conduta preconizada eacute a repeticcedilatildeo do
exame no periacuteodo de seis meses a um ano Para aqueles classificados como ASC-H ou
pior diagnoacutestico foi realizado o levantamento do resultado do exame histopatoloacutegico
dado que a conduta preconizada eacute o encaminhamento para colposcopia e se visualizado
alguma alteraccedilatildeo no colo uterino realiza-se a bioacutepsia Os resultados insatisfatoacuterios natildeo
foram considerados nesta anaacutelise (BRASIL 2011)
Foram realizadas visitas previamente agendadas agraves UBS do municiacutepio para
realizaccedilatildeo do levantamento das pacientes previamente listadas daquela unidade que
haviam sido diagnosticadas com alguma alteraccedilatildeo citoloacutegica O profissional responsaacutevel
REZENDE MT Metodologia
36
pela coleta do exame citopatoloacutegico verificou nos prontuaacuterios das pacientes o
seguimento que foi adotado em cada caso Poreacutem as UBS tinham poucos registros do
seguimento dessas pacientes por isso foram adotadas outras estrateacutegias
Portanto com o objetivo de levantar os dados referentes ao seguimento das
pacientes encaminhadas para acompanhamento de ASC-H e pior diagnoacutestico foram
realizadas visitas ao Centro Viva Vida em Itabirito que eacute o centro de referecircncia para
atenccedilatildeo secundaacuteria do municiacutepio de Ouro Preto E para levantamento do novo exame
citopatoloacutegico foi realizada pesquisa nos registros do Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio
de Ouro Preto que presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos
do colo do uacutetero
56 Anaacutelise dos dados
Os dados dos exames citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I e
Laboratoacuterio Tipo II foram digitados no Excel (Microsoft Office Professional Plus 2013)
para elaboraccedilatildeo do banco de dados A anaacutelise dos dados foi realizada pelo pacote
estatiacutestico Stata versatildeo 11 foi calculada a concordacircncia dos resultados dos exames
citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e II e o Kappa antes a apoacutes o Consenso A
frequecircncia de esfregaccedilos discordantes incluindo RFP e retardo de conduta entre os
Laboratoacuterios Tipo I e II foi calculada antes e apoacutes a Reuniatildeo de Consenso no total de
321 esfregaccedilos O coeficiente Kappa eacute classificado em concordacircncia pobre (0ltKlt040)
concordacircncia moderada (040ltKlt060) concordacircncia boa (060ltKlt080) concordacircncia
excelente (080ltKlt1) o valor zero indica ausecircncia de concordacircncia e o valor 1
corresponde a concordacircncia perfeita (LANDIS KOCH 1977) Foi calculada a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) atraveacutes da seguinte foacutermula
VPR = [coeficiente final - coeficiente inicial]100
coeficiente inicial
O caacutelculo dos indicadores de qualidade foi realizado utilizando um banco de
dados do Laboratoacuterio Tipo I onde satildeo mantidos registros de todos os exames realizados
com seus respectivos resultados Para avaliaccedilatildeo pontual os indicadores de qualidade
foram calculados antes da reuniatildeo de consenso ano de 2013 e depois da reuniatildeo de
consenso ano de 2014 Para avaliaccedilatildeo temporal do efeito da reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Metodologia
37
proporcionada por um MEQ calculou-se os indicadores do Laboratoacuterio Tipo I dos anos
de 2012 2013 2014 e 2015 Foi utilizado para o caacutelculo as foacutermulas presentes no
Manual de Gestatildeo da Qualidade para Laboratoacuterio de Citopatologia (BRASIL 2016b)
Iacutendice de Positividade (IP) intervalo esperado 3-10
Nordm de exames alterados em determinado local e ano x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ACSSat)
intervalo esperado 4-5
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt)
intervalo esperado lt60
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames alterados
Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) intervalo
esperado lt3
Nordm de ex compatiacuteveis com ASC-US e ASC-H
No de exames com LSIL e HSIL
Percentual de exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
(HSILSat) intervalo esperado lt04
Ndeg de exames HSIL x 100
Total de exames satisfatoacuterios
REZENDE MT Resultados
38
6- Resultados
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
O Laboratoacuterio Tipo I enviou 321 esfregaccedilos para o Laboratoacuterio Tipo II
classificados como 3 (09) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 84 (262) negativos 41
(128) ASC-US 163 (508) LSIL 12 (37) ASC-H 16 (50) HSIL e 2 (06)
AGC-SOE Apoacutes a reuniatildeo de consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II chegou-
se no diagnoacutestico final de 3 (093) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 143 (446) negativos
44 ASC-US (137) 8 ASC-H (25)101 LSIL (315) 21 HSIL (65) e 1 AGC-
SOE (03) Foram considerados discordantes entre os laboratoacuterios 151 (470)
esfregaccedilos (Tabela 1)
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
Tipo I Tipo II Consenso
Diagnoacutestico n () n () n ()
Insatisfatoacuterio 3 09 4 13 3 09
Negativo 84 262 227 707 143 446
ASC-US 41 122 17 53 44 137
ASC-H 12 37 3 09 8 25
LSIL 163 508 54 168 101 315
HSIL 16 50 12 37 21 65
HSIL micro invasor 0 0 1 03 0 0
AGC-SOE 2 06 3 09 1 03
Total 321 100 321 100 321 100
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
Do total de exames revisados pelo Laboratoacuterio Tipo II foram concordantes 84
(262) esfregaccedilos negativos e 3 (093) classificados como insatisfatoacuterios pelo Tipo I
Dos 41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 6 (1463) foram
concordantes pelo Tipo II e os 35 (854) restantes foram reclassificados como
REZENDE MT Resultados
39
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 53
(325) foram considerados concordantes pelo Tipo II 92 (564) foram
reclassificados como negativos 11 (68) como ASC-US 2 (12) como ASC-H 4
(25) como HSIL e 1 (06) reclassificado como AGC-SOE Dos 12 (37)
esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo Tipo I 1 (83) foi considerado
concordante pelo Tipo II 9 (75) foram reclassificados como negativos 1 (83)
como insatisfatoacuterio 1 (83) como HSIL Dos 16 (50) esfregaccedilos classificados como
HSIL emitidos pelo Tipo I 7 (438) foram considerados concordantes pelo Tipo II 6
(375) foram reclassificados como negativos 1 (63) como LSIL 1 (63) como
HSIL micro invasor e 1(63) como AGC-SOE Dos 2 (06) esfregaccedilos classificados
como AGC-SOE pelo Tipo I 1 (500) foi considerado concordante pelo Tipo II Entre
o Laboratoacuterio Tipo I e o Tipo II houve 7 (22) casos de retardo de conduta sendo 4
(571) LSIL para HSIL 2 (286) LSIL para ASC-H e 1 (143) LSIL para AGC-
SOE (Tabela 2)
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso
Tipo II
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL HSIL micro
invasor AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 35 6 41
ASC-H 1 9 1 1 12
LSIL 92 11 2 53 4 1 163
HSIL 6 1 7 1 1 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 4 227 17 3 54 12 1 3 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa
de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas
sem outras especificaccedilotildees
Os resultados definidos apoacutes o Consenso estatildeo descritos na Tabela 3 Observou-
se 203 (65) de casos discordantes entre os 321 esfregaccedilos analisados Os esfregaccedilos
negativos insatisfatoacuterios e todos os classificados como HSIL foram concordantes Dos
REZENDE MT Resultados
40
41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 27 (659) foram
considerados concordantes pelo Tipo II e 14 (342) foram reclassificados como
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 101
(620) foram considerados concordantes 39 (239) foram reclassificados como
negativos pelo Tipo II 17 (104) como ASC-US 2 (12) como ASC-H e 4 (25)
reclassificados como HSIL Dos 12 (374) esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo
Tipo I 6 (500) foram concordantes 5 (417) esfregaccedilos foram reclassificados como
negativos e 1 (83) foi reclassificado como HSIL pelo Tipo II Dos 2 (06)
esfregaccedilos classificados como AGC-SOE pelo Tipo I somente 1 (500) foi
concordante Portanto apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de Consenso foram constatados 6
(19) casos de retardo de conduta sendo 4 (667) diagnoacutesticos iniciais de LSIL
reclassificados para HSIL e 2 (333) diagnoacutesticos iniciais de LSIL reclassificados para
ASC-H (Tabela 3)
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia diagnoacutestica entre o Laboratoacuterio Tipo I e o
Laboratoacuterio Tipo II apoacutes o Consenso
Consenso
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 14 27 41
ASC-H 5 6 1 12
LSIL 39 17 2 101 4 163
HSIL 16 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 3 143 44 8 101 21 1 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
REZENDE MT Resultados
41
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Foi avaliada a concordacircncia dos resultados dos Laboratoacuterios Tipo I e II antes e
apoacutes Consenso Observou-se concordacircncia antes do Consenso de 527 entre os
Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II com Kappa de 029 Apoacutes a Reuniatildeo de Consenso foi
observado 798 (VPR=+514) de concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
com aumento do Kappa para 066 (VPR=+1276) (Tabela 4)
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso
Tipo I x Tipo II Antes do consenso Apoacutes consenso VPR
Concordacircncia () 527 798 +514
Kappa 029 066 +1276
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Antes do consenso o total de esfregaccedilos discordantes foi de 151 (470) casos e
depois do consenso esse nuacutemero reduziu para 65 (203) casos Antes do consenso foi
observado um percentual de 449 (144) RFP entre os Laboratoacuterios Tipo I e II e apoacutes o
consenso esse nuacutemero diminuiu para 184 (59) Natildeo houve nenhum caso de RFN
Entre o Laboratoacuterio Tipo I e II antes do consenso houve 7 (22) casos de retardo de
conduta e depois do consenso esse nuacutemero caiu para 6 (19) casos (Tabela 5)
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o Consenso
Tipo I x Tipo II Discordantes
Antes do consenso Apoacutes consenso
n N
Falso-positivo 144 449 59 184
Retardo de conduta 7 22 6 19
Total 151 470 65 203
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II
REZENDE MT Resultados
42
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos
O IP era 156 e apoacutes consenso passou para 120 reduccedilatildeo de
aproximadamente 230 (VPR=-2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor
apoacutes o consenso de 57 para 46 reduccedilatildeo por volta de 190 (VPR=-1910) O
HSILSat diminuiu de 10 para 07 (VPR=-2647) apoacutes consenso A razatildeo ASCSIL
antes do consenso era de 06 e apoacutes sua realizaccedilatildeo aumentou para 06
(VPR=+1017) O mesmo ocorreu em relaccedilatildeo ao indicador ASCAlt que passou de
365 para 384 (VPR=+515) Houve diferenccedila significativa entre os valores dos
indicadores IP ASCSat e ASCAlt antes e apoacutes reuniatildeo de consenso valor de p foi
menor que 005 (Tabela 7)
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso
Indicadores Antes consenso Apoacutes consenso VPR p
IP (3-10) 156 120 -2314 lt 00001
ASCSat (4-5) 57 46 -1910 001
ASCSIL (lt3) 06 06 +1017 0053
ASCAlt (lt60) 365 384 +515 lt 00001
HSILSat (gt04) 10 07 -2647 00825
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
O IP no ano de 2012 foi de 1115 aumentou para 156 em 2013 apoacutes o
MEQ em 2014 reduziu para 120 e em 2015 este indicador passou para 99 O
ASCSat foi de 49 em 2012 um ano depois apresentou valor de 57 depois da
realizaccedilatildeo do MEQ em 2014 passou para 46 e em 2015 foi para 48 Os outros
indicadores da qualidade apresentaram valores que variaram dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (Tabela 8)
REZENDE MT Resultados
43
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade
Indicadores 2012 2013 2014 2015
IP (3-10) 111 156 120 99
ASCSat (4-5) 49 57 46 48
ASCSIL (lt3) 09 06 06 10
ASCAlt (lt60) 439 365 384 485
HSILSat (gt04) 09 10 07 05
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
Do total de 234 esfregaccedilos positivos foi possiacutevel obter o seguimento de 107
(457) casos em que 22 foram considerados inicialmente com diagnoacutestico de ASC-
US 76 LSIL 2 ASC-H 1 AGC-SOE e 6 HSIL Dos ASC-US iniciais somente 1 teve
resultado concordante no seguimento Dos 76 esfregaccedilos considerados como LSIL 23
tiveram resultado do seguimento concordante Os 2 resultados ASC-H foram negativos
no seguimento assim como o AGC-SOE Dos 6 resultados HSIL emitidos pelo Tipo I
5 foram confirmados pela bioacutepsia O seguimento de 127 (542) mulheres em que 77
(6063) deveriam ter repetido o exame citopatoloacutegico e 20 (158) deveriam ter sido
encaminhadas para a colposcopia e bioacutepsia natildeo foi resgatado (Figura 3)
Figura 3 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Resultados
44
Apoacutes a realizaccedilatildeo da Reuniatildeo de Consenso o percentual de RFP foi definido em
184 num total de 59 casos assim distribuiacutedos 14 ASC-US (238) 39 LSIL
(660) 5 ASC-H (85) e 1 AGC-SOE (17) sendo 898 lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 102 de alto grau Do total de 59 RFP foi possiacutevel obter 9
(152) resultados citopatoloacutegicos alterados no seguimento 8 de repeticcedilatildeo da citologia
e uma bioacutepsia inicialmente 6 diagnosticados como LSIL pelo Laboratoacuterio Tipo I no
seguimento tiveram resultado de 3 LSIL e 3 ASC-US Dos 3 ASC-US iniciais dados
pelo Tipo I no seguimento resultaram em 1 LSIL 1 ASC-US e 1 ASC-H (Figura 4)
Figura 4 Seguimento dos casos com resultados falso-positivos (RFP) acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Discussatildeo
45
7- Discussatildeo
Os resultados deste estudo mostraram que apoacutes reuniatildeo de Consenso onde
ocorreu discussatildeo dos resultados discordantes houve melhora na concordacircncia
diagnoacutestica entre os laboratoacuterios a concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou para 798 e o coeficiente Kappa foi alterado de 029 para 066 Estes
resultados estatildeo de acordo com estudo realizado por Freitas Thuler (2012) no Mato
Grosso do Sul analisando a concordacircncia diagnoacutestica entre Laboratoacuterio Tipo II e 15
Laboratoacuterios Tipo I entre 2002 e 2011 em que o valor miacutenimo do Kappa passou de 01
no primeiro ano para 08 em 2011 No uacuteltimo ano dos 8 laboratoacuterios avaliados 7
atingiram a concordacircncia perfeita ou excelente (coeficiente Kappagt080) e um
concordacircncia boa Aacutezara et al (2016) avaliaram os efeitos de um programa de
educaccedilatildeo continuada realizado por um Laboratoacuterio Tipo II no periacuteodo de 2007 a 2011
sobre os laboratoacuterios de citopatologia e verificaram que o coeficiente Kappa manteve-se
excelente em 3 laboratoacuterios (kappa gt 080 e lt10) e alterou de bom (kappa gt 060 e
lt080) a excelente em 7 Os resultados observados no presente estudo estatildeo de acordo
com os dados de Freitas Thuler (2012) e Aacutezara et al (2016) em que se observou
melhoria da concordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes MEQ
Enfatiza-se que nosso trabalho comparou o momento antes e depois da reuniatildeo
consenso durante um MEQ ou seja foi realizada uma avaliaccedilatildeo pontual diferentemente
dos estudos encontrados na literatura que fizeram uma anaacutelise ao longo do tempo apoacutes
vaacuterios MEQ mas mesmo assim na presente avaliaccedilatildeo foi observado aumento da
concordacircncia e do kappa Indicando que somente uma reuniatildeo de consenso foi
suficiente para mudanccedila de postura dos citopatologistas envonvidos no MEQ
O valor da discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes a
reuniatildeo de Consenso no presente estudo foi 2025 Em um estudo realizado em
Goiacircnia estado de Goiaacutes comparando a variabilidade dos diagnoacutesticos citoloacutegicos dos
Laboratoacuterios Tipo I avaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II 759 foram considerados
discordantes (AacuteZARA et al 2013) Etlinger et al (2012) no estado de Satildeo Paulo
observou que a discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e o Laboratoacuterio
Tipo II foi de 1348 Em Satildeo Paulo Pereira et al (2006) avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I de citologia da Rede Puacuteblica de Sauacutede do estado submetidos ao
MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e a discordacircncia foi de 142 Estes dados estatildeo
REZENDE MT Resultados
46
abaixo do valor de discordacircncia encontrado nesse estudo apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de
Consenso Observa-se que a maioria dos diagnoacutesticos que levaram a discordacircncia do
presente estudo foram esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de
baixo grau LSIL e ASC-US e que o Laboratoacuterio Tipo II reclassificou como negativo
portanto RFP Nesses casos a conduta cliacutenica que seria adotada no primeiro momento eacute
a repeticcedilatildeo da citologia em seis meses portanto natildeo causaria maiores transtornos a
mulher ou custos altos com os cuidados de sauacutede Outra parte dos diagnoacutesticos que
levaram a essa discordacircncia foram ajuste de criteacuterios os quais natildeo atrasam a conduta
cliacutenica da mulher e aleacutem disso durante a reuniatildeo de consenso permitem aos
citopatologistas ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final Ainda pode-se citar os resultados dos seguimentos dos casos com RFP
acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso em que foram encontrados 9 seguimentos e
todos com resultado citopatoloacutegico alterado Dessa forma dos resultados que o
Laboratoacuterio Tipo I voltou atraacutes na reuniatildeo de consenso nove deles mostraram
resultaram alterado ou seja natildeo necessariamente o Laboratoacuterio Tipo I precisaria ter
voltado atraacutes nesses disgnoacutesticos Isso ressalta a importacircncia da discussatildeo dos casos
discordantes durante a reuniatildeo de consenso para ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos
utilizados pelos citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II (PEREIRA et al
2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2013)
Entre os exames citopatoloacutegicos considerados discordantes natildeo foi identificado
nenhum RFN e apoacutes a reuniatildeo de Consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e II verificou-
se reduccedilatildeo dos RFP Sabe-se que os RFN satildeo mais preocupantes que os RFP visto que
mulheres natildeo diagnosticadas natildeo retornam para o acompanhamento e seguem em risco
da evoluccedilatildeo de lesotildees precursoras do CCU Por outro lado os RFP com diagnoacutestico
inicial de ASC-H ou pior diagnoacutestico em que a conduta preconizada eacute o
encaminhamento para colposcopia e bioacutepsia submetem as mulheres a procedimentos
desnecessaacuterios que podem modificar sua vida sexual e gerar danos psicoloacutegicos aleacutem
de gerar custos adicionais com os cuidados de sauacutede E os RFP com diagnoacutestico inicial
de ASC-US ou LSIL atrasam a repeticcedilatildeo da citologia (FRABLE 2007 GULLO et al
2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Inicialmente o Laboratoacuterio Tipo II classificou 144 (144) dos exames
citopatoloacutegicos como RFP e apoacutes a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero passou para
184 (59) Dos 59 RFP 14 (238) resultados foram classificados como ASC-US que
REZENDE MT Resultados
47
eacute diagnoacutestico limiacutetrofe que apresenta grande variabilidade interobservador Os RFP
acordados apoacutes o consenso foram distribuiacutedos em 53 (898) lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 6 (102) lesotildees intraepiteliais escamosas de alto grau
Dentre os resultados discordantes entre o Laboratoacuterio Tipo I e II houve 7 casos
considerados retardo de conduta (22) que apoacutes a reuniatildeo de consenso ficaram
definidos em 6 (19) nuacutemeros proacuteximos daqueles encontrados por Aacutezara et al (2013)
em que houve atraso no procedimento cliacutenico em relaccedilatildeo a 244 dos casos
Aacutezara et al (2016) verificaram que apoacutes a educaccedilatildeo continuada proporcionada
aos Laboratoacuterios Tipo I de 2007 a 2011 houve diminuiccedilatildeo dos casos de retardo de
conduta a taxa de RFN foi reduzida em oito laboratoacuterios e a taxa de RFP foi reduzida
em 5 deles Pereira et al (2006) no estado de Satildeo Paulo avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I do estado submetidos ao MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e
observaram um nuacutemero de RFP (166) maior do que os RFN (78) No primeiro ano
de MEQ os RFP foram 178 e nos anos seguintes esse nuacutemero foi reduzindo ateacute
chegar em 37 no ano de 2004 Os RFP foram distribuiacutedos em 933 de lesotildees de
baixo grau e 67 de lesotildees de alto grau no primeiro ano de estudo O valor de RFP e
a distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau apoacutes reuniatildeo de consenso do presente
estudo foram bem proacuteximos dos encontrados por Pereira et al (2006) no primeiro ano
de avaliaccedilatildeo Em estudo semelhante realizado no estado de Satildeo Paulo de 2000 a 2010
por Etlinger et al (2012) constatou-se o total de 206 de RFP um valor baixo
comparado com o encontrado nesse estudo assim como aqueles dos anos de 2001 a
2004 de Pereira et al (2006) Percebe-se que o tempo de avaliaccedilatildeo desses estudos
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2016) foi maior do que
o utilizado no presente trabalho em que foi realizada uma avaliaccedilatildeo antes e depois de
uma reuniatildeo de consenso indicando que a educaccedilatildeo continuada proporcionada pelo
MEQ nesses periacuteodos que os estudos ocorreram contribuiu para a uniformizaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos e melhoria da reprodutibilidade dos exames citopatoloacutegicos
Portanto ainda que no presente estudo tenha sido feita uma avaliaccedilatildeo pontual natildeo foram
encontrados RFN entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes consenso e houve reduccedilatildeo de
RFP e retardo de conduta Aleacutem disso a porcentagem de RFP observada estaacute
aproximada dos dados da literatura nos primeiros anos de estudo assim como
distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau
REZENDE MT Resultados
48
Com o intuito de aprofundar os criteacuterios utilizados na avaliaccedilatildeo buscou-se os
seguimentos das pacientes com diagnoacutestico citopatoloacutegico alterado Esses resultados
foram mais concordantes com os diagnoacutesticos do Laboratoacuterios Tipo II entretanto a
maior parte dos esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de baixo
grau ASC-US e LSIL no seguimento os resultados foram negativos ou seja essas
lesotildees regrediram entre o periacuteodo da primeira citologia ateacute a realizaccedilatildeo da nova
citologia E ainda quando analisamos as lesotildees verdadeiramente precursoras do CCU as
HSIL a concordacircncia do seguimento foi maior com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Estudo de Tobias et al (2016) analisando os laboratoacuterios citopatoloacutegicos do estado de
Minas Gerais que prestam serviccedilo para o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mostraram
que de uma forma geral estes laboratoacuterios detectam baixos iacutendices de lesotildees
precursoras do CCU Portanto se avaliarmos dessa forma o Laboratoacuterio Tipo I do
presente estudo vem cumprindo com o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo do CCU jaacute
que as lesotildees com verdadeiro potencial de progressatildeo para o cacircncer estatildeo sendo
detectadas confirmadas pela colposcopia e bioacutepsia permitindo assim que a paciente
seja tratada impedindo a evoluccedilatildeo para o cacircncer (BORTOLON et al 2012 BRASIL
2016b) Do total de 59 RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso foi possiacutevel obter 9
resultados citopatoloacutegicos no seguimento e todas tiveram resultado alterado Observa-
se que o resultado inicial do Laboratoacuterio Tipo I estava correto e que a discussatildeo dos
resultados discordantes como neste caso proporciona melhora tanto dos criteacuterios do
Tipo I quanto do Tipo II
Evidenciado por Bortolon et al (2012) grande parte dos laboratoacuterios brasileiros
apresentam indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos fora dos niacuteveis
preconizados isso pode levar a natildeo identificaccedilatildeo de casos positivos e consequentemente
a liberaccedilatildeo de RFN Plewka et al (2014) avaliando o desempenho de 13 laboratoacuterios
do Estado do Paranaacute prestadores de serviccedilo para o SUS mostraram que os indicadores
da maioria dos laboratoacuterios estavam abaixo do recomendado Tobias et al (2016)
apontou que a maioria dos laboratoacuterios que prestam serviccedilos ao SUS do estado de MG
apresentaram indicadores fora do intervalo recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Esses estudos demonstram a necessidade de implantaccedilatildeo de programas de garantia da
qualidade do exame citopatoloacutegico como o MIQ e MEQ aleacutem da avaliaccedilatildeo perioacutedica
de ambos (BRASIL 2013a BRASIL 2016b) O MIQ inclui a implantaccedilatildeo do sistema
REZENDE MT Resultados
49
de indicadores de qualidade que satildeo de faacutecil compreensatildeo execuccedilatildeo e anaacutelise Satildeo
instrumentos importantes para a garantia de qualidade em citopatologia cervical pois
satildeo reconhecidos como vaacutelidos para a avaliaccedilatildeo da qualidade do exame citopatoloacutegico
do colo do uacutetero (SIEGL et al 2014 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b) O MEQ
proporciona para os laboratoacuterios monitorados educaccedilatildeo continuada e discussatildeo dos
casos discordantes que contribui para melhoria da habilidade profissional dos
citopatologistas na medida que o treinamento e fornece maior acuraacutecia no diagnoacutestico
das lesotildees precursoras do CCU possibilitando maior certeza na emissatildeo do laudo
(AacuteZARA et al 2016)
O iacutendice de positividade (IP) expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares e a
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo alvo sendo
que nos paiacuteses em que houve diminuiccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade por
CCU nos Estados Unidos Noruega e Reino Unido o IP foi 68 (DAVEY et al
2004) 49 (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) e 64 (NHS 2011)
respectivamente Os resultados de IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais do
estudo realizado por Bortolon et al (2012) mostraram que 58 dos laboratoacuterios
apresentavam IP muito baixo 19 baixo e somente 23 dentro do esperado sendo
que esses foram responsaacuteveis por apenas 14 do total de exames realizados no estado
Ainda verificou que a meacutedia do IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais foi 22
em 2010 valor inferior ao recomendado Estudo mais recente realizado por Tobias et al
(2016) mostrou que a maioria dos laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam serviccedilo
para o SUS independentemente da escala de produccedilatildeo tem valores de IP bem abaixo da
faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Sendo assim o IP baixo pode indicar a presenccedila de RFN apontando que eacute
necessaacuterio a reavaliaccedilatildeo do MIQ do laboratoacuterio a fim de intervir nos meacutetodos utilizados
assim como na qualificaccedilatildeo profissional dos citopatologistas (PLEWKA et al 2014
BRASIL 2016b) Observou-se no estudo de Aacutezara et al (2014) que o IP foi inferior a
3 em aproximadamente 74 dos laboratoacuterios do Estado de Goiaacutes que natildeo
participaram do MEQ ressaltando a importacircncia da inclusatildeo dos laboratoacuterios
citopatoloacutegicos nesse programa
O IP verificado neste trabalho foi de 120 apoacutes a reuniatildeo de consenso que
apesar de ter melhorado apoacutes a discussatildeo dos casos discordantes ainda estaacute um pouco
acima do esperado que eacute de 3 a 10 (BRASIL 2016b) isso pode expressar uma alta
REZENDE MT Resultados
50
prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na populaccedilatildeo estudada Miranda et al
(2013) determinou a persistecircncia da infecccedilatildeo pelo HPV em 596 das mulheres do
municiacutepio de Ouro Preto MG e que os tipos virais de alto risco foram os mais
persistentes ainda comprovou ainda que a presenccedila de alteraccedilotildees citoloacutegicas que podem
evoluir para o CCU estaacute associada agrave infecccedilatildeo por HPV
As ceacutelulas escamosas atiacutepicas (ASC) sugerem duacutevida diagnoacutestica em que natildeo
haacute criteacuterios citomorfoloacutegicos suficientes para o diagnoacutestico de lesatildeo intraepitelial tendo
potencial para uso exagerado Um alto iacutendice da razatildeo ASCSat indica grande nuacutemero
de RFP implicando na oferta desnecessaacuteria de exames para a investigaccedilatildeo diagnoacutestica o
que representa um ocircnus para a mulher e para a rede de sauacutede (BRASIL 2016b)
Portanto eacute preciso assegurar o monitoramento de qualidade dos laboratoacuterios de
citopatologia do colo do uacutetero para que os iacutendices de positividade se enquadrem no
preconizado ao mesmo tempo sem que haja aumento de ASC (BORTOLON et al
2012) No estado de Minas Gerais em estudo realizado por Bortolon et al (2012) foi
averiguado que o indicador ASCSat dos laboratoacuterios do estado foi 11 em 2010 valor
inferior ao recomendado Enquanto que os outros estados da Regiatildeo Sudeste tambeacutem
estavam com o indicador fora dos paracircmetros sendo Espirito Santo com 12 Rio de
Janeiro com 19 e Satildeo Paulo com 27 e a meacutedia da Regiatildeo foi entatildeo de 21 o que
indica a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios utilizados na definiccedilatildeo de ASC No
presente estudo verificou-se que antes da reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat do
Laboratoacuterio Tipo I apresentava valor de 571 fora da faixa indicada como ideal de 4
a 5 de acordo com o Manual de Gestatildeo da Qualidade (BRASIL 2016b)
Posteriormente a reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat observado foi de 462
dentro da faixa recomendada
Os demais indicadores de qualidade permaneceram dentro do recomendado apoacutes
o consenso A relaccedilatildeo ASCSIL que deve ser inferior a trecircs teve valor de 06 apoacutes a
accedilatildeo O valor dessa razatildeo dentro do recomendado indica que os criteacuterios diagnoacutesticos de
SIL e ASC estatildeo precisos O valor estaacute de acordo com os outros laboratoacuterios dos
estados da Regiatildeo Sudeste de acordo com estudo realizado em 2010 por Bortolon et al
(2012) 12 para o Rio de Janeiro 20 para Satildeo Paulo 11 para Espiacuterito Santo e Minas
Gerais
O ASCAlt deve ser inferior a 60 sendo que o valor encontrado nesse estudo
apoacutes o consenso de 384 permaneceu dentro do proposto Esse indicador tem a
REZENDE MT Resultados
51
finalidade de monitorar os casos de ASC para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente
Ressalta-se que o percentual elevado de ASC indica que o laboratoacuterio apresenta
problemas na fase preacute-analiacutetica analiacutetica ou em ambas as fases (BRASIL 2016b
AacuteZARA et al 2014) No estudo de Aacutezara et al (2014) 29 dos laboratoacuterios que natildeo
eram monitorados tiveram o indicador ASCAlt fora dos paracircmetros Aleacutem disso
aqueles laboratoacuterios natildeo monitorados que apresentaram IP dentro da faixa
recomendada e ASCAlt fora do recomendado estavam relacionados a um alto
percentual de ASC e natildeo de lesotildees precursoras do CCU Assim recomenda-se que esses
dois indicadores devem ser analisados em conjunto pois um IP adequado pode conter
uma elevada percentagem de ASC (BRASIL 2016b BRASIL 2013a)
Dessa forma acredita-se que o valor de IP encontrado em 2014 esteja um pouco
fora do esperado devido agrave alta prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na
populaccedilatildeo do municiacutepio de Ouro Preto MG E quando analisa-se o indicador ASCAlt
observa-se que tanto antes da reuniatildeo de consenso valor de 365 quanto depois valor
de 384 ambos estatildeo dentro do recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede que eacute menor
de 60 (BRASIL 2016b) ou seja o Laboratoacuterios Tipo I vem usando adequadamente
os criteacuterios para classificaccedilatildeo das ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado a qual tem potencial para uso exagerado
O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente
precursoras do CCU e deve ser igual ou superior a 04 valor que foi baseado nos
obtidos em paiacuteses em que o rastreamento foi bem-sucedido na diminuiccedilatildeo das taxas de
incidecircncia e mortalidade por CCU como 05 nos Estados Unidos (EVERSOLE et al
2010) 11 no Reino Unido (NHS CANCER SCREENING PROGRAMMES 2011) e
114 na Noruega (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) Obteve-se tanto antes
quanto depois da reuniatildeo de consenso valor da razatildeo HSILSat maior de 04 dessa
maneira o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo secundaacuteria do CCU vem sendo alcanccedilado
jaacute que as HSIL lesotildees que podem evoluir para o cacircncer estatildeo sendo detectadas
(BRASIL 2016b) Portanto ressalta-se que as lesotildees intraepiteliais de alto grau satildeo o
foco dos programas de rastreio do CCU para diminuiccedilatildeo de sua incidecircncia e
mortalidade (BORTOLON et al 2012) Os laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam
serviccedilo para o SUS apresentaram em 2012 detecccedilatildeo baixa de lesotildees precursoras do
CCU destacando a necessidade de investir na garantia da qualidade do exame
citopatoloacutegico por meio do MIQ e MEQ (TOBIAS et al 2016)
REZENDE MT Resultados
52
Aacutezara et al (2014) avaliaram o impacto da educaccedilatildeo continuada fornecida por
Laboratoacuterio Tipo II sobre os indicadores de qualidade de 12 laboratoacuterios monitorados
do Estado de Goiaacutes verificou-se efeito direto sobre os indicadores IP e o HSILSat que
melhoraram apoacutes a intervenccedilatildeo A educaccedilatildeo continuada fornecida pelo MEQ ajudou na
padronizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos aprimorando as competecircncias dos
citopatologistas em detectar alteraccedilotildees celulares sugestivas de CCU Constatou-se ainda
que a maioria dos laboratoacuterios que apresentaram indicadores na faixa estabelecida
estavam participando do MEQ
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I calculados nesse estudo dois
anos apoacutes o MEQ do ano de 2015 mostram que todos estatildeo dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede inclusive o IP que passou de 120 para 99
indicando que a accedilatildeo foi positiva e duradoura com o passar do tempo
Os resultados deste estudo mostraram que os indicadores de qualidade do
Laboratoacuterio Tipo I melhoraram apoacutes reuniatildeo de consenso proporcionada pelo MEQ
dessa forma eacute crucial a participaccedilatildeo dos laboratoacuterios de citopatologia no programa para
identificaccedilatildeo dos erros diagnoacutesticos e padronizaccedilatildeo dos criteacuterios utilizados na
classificaccedilatildeo das alteraccedilotildees citoloacutegicas Isso possibilita a adequaccedilatildeo dos indicadores nos
paracircmetros ideais permitindo a detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente precursoras do
CCU o que refletiraacute na reduccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade deste cacircncer
REZENDE MT Conclusotildees
53
8- Conclusotildees
A concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e II foi boa apoacutes a reuniatildeo de
Consenso
Dentre os resultados discordantes natildeo foi identificado nenhum RFN Os RFP e os
casos de retardo de conduta foram reduzidos apoacutes a reuniatildeo de consenso
O IP e o ASCSat apoacutes o consenso atingiram a faixa estabelecida e os outros
indicadores da qualidade permaneceram dentro do recomendado tanto antes quanto apoacutes
a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de consenso
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I dois anos apoacutes o MEQ estatildeo
dentro da faixa recomendada
Os seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia
com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso tiveram
resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Referecircncias
54
9- Consideraccedilotildees finais
Com apenas uma participaccedilatildeo no MEQ observou-se a importacircncia da reuniatildeo de
consenso realizada entre os Laboratoacuterios Tipos I e Tipo II para a anaacutelise e discussatildeo
dos casos discordantes Eacute um momento crucial para o ajuste dos criteacuterios
citomorfoloacutegicos utilizados no diagnoacutestico de lesotildees preacute-neoplaacutesicas pelos
citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II proporcionando um aprimoramento
desses criteacuterios Dessa forma apenas com uma accedilatildeo pontual minimiza-se a divergecircncia
diagnoacutestica do exame citopatoloacutegico Portanto a reuniatildeo de consenso proporcionada
pelo MEQ deve ser vista como uma parceria e como um momento de aprendizado para
ambos os laboratoacuterios pois eacute uma praacutetica de aperfeiccediloamento diagnoacutestico essencial para
o rastreamento do CCU
A praacutetica contiacutenua do MEQ deve igualmente ser priorizada em um programa
organizado de rastreamento do CCU pois o regular monitoramento dos laboratoacuterios
garante a produccedilatildeo de exames citopatoloacutegicos de qualidade e que contribuem
significativamente na detecccedilatildeo de lesotildees precursoras desta neoplasia
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REZENDE MT Apecircndices
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Apecircndices
Apecircndice A Planilha do preacute-escrutiacutenio raacutepido
PLANILHA DO PREacute-ESCRUTIacuteNIO RAacutePIDO (PER)
DATA DE CHEGADA
DATA
REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA
RESULTADO DO PER
N= Negativo I= Insatisfatoacuterio S= Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
67
Apecircndice B Planilha da revisatildeo raacutepida de 100
PLANILHA DA REVISAtildeO RAacutePIDA DE 100 DOS NEGATIVOS (RR100)
DATA DE CHEGADA
DATA REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA RESULTADO DA RR100
FLORA
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
68
Apecircndice C Planilha dos resultados positivos e insatisfatoacuterios
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS POSITIVOS E INSATISFATOacuteRIOS
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO
ER
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
69
Apecircndice D Planilha de revisatildeo dos resultados discordantes
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS DISCORDANTES
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO ER
RESULTADO RR100
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Anexos
70
Anexos
Anexo 1 Requisiccedilatildeo de exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero
REZENDE MT Anexos
71
REZENDE MT Lista de Tabelas
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso38
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso39
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
apoacutes o Consenso40
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso41
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o
Consenso41
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso42
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade43
REZENDE MT Abreviaturas
AGC Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas
ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode excluir
lesatildeo de alto grau
CCU Cacircncer do colo do uacutetero
DST Doenccedila sexualmente transmissiacutevel
ER Escrutiacutenio de rotina
HPV Papiloma viacuterus humano
HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
INCA Instituto Nacional do Cacircncer
LAPAC Laboratoacuterio Piloto de Anaacutelises Cliacutenicas
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau
MIQ Monitoramento interno da qualidade
MEQ Monitoramento externo da qualidade
PER Preacute-escrutiacutenio raacutepido
RFN Resultado falso-negativo
RFP Resultado falso-positivo
RR100 Revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
VPR Variaccedilatildeo Percentual Relativa
REZENDE MT Sumaacuterio
1- Introduccedilatildeo 12
2- Revisatildeo da Literatura 14
21 Cacircncer do colo do uacutetero 14
22 Exame citopatoloacutegico 16
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais 18
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado 20
23 Controle de qualidade em citopatologia 21
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia 23
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero 24
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia 25
3- Justificativa 29
4- Objetivos 30
41 Objetivo Geral 30
42 Objetivos especiacuteficos 30
5- Metodologia 31
51 Local de estudo 31
511 Monitoramento interno da qualidade 31
52 Tipo de estudo 33
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica 33
54 Monitoramento externo da qualidade 33
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados 35
56 Anaacutelise dos dados 36
6- Resultados 38
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 38
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos 42
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado 43
7- Discussatildeo 45
9- Consideraccedilotildees finais 54
10- Referecircncias 55
Apecircndices 66
Anexos 70
REZENDE MT Introduccedilatildeo
12
1- Introduccedilatildeo
O CCU eacute considerado mundialmente um grave problema de sauacutede puacuteblica
sendo o quarto tipo de cacircncer mais frequente entre as mulheres e responsaacutevel pelo oacutebito
de 266 mil mulheres em 2012 (WHO 2012) No Brasil estima-se para o ano de
20162017 a ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585
casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a) A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero ou Papanicolaou eacute a estrateacutegia mais adotada para o
rastreamento desta neoplasia sendo efetivo para detectar lesotildees precursoras que podem
ser tratadas permitindo a reduccedilatildeo nas taxas de incidecircncia e mortalidade (MORIN et al
2000 TOMASI et al 2015)
Um dos grandes desafios a ser superado em relaccedilatildeo ao exame citopatoloacutegico eacute a
elevada taxa de resultados falso-negativos (RFN) que o meacutetodo apresenta que podem
chegar ateacute a 62 (ATTWOOD et al 1985 KOSS 1989 GIILL 2005 AMARAL et
al 2008) Assim muitas mulheres natildeo satildeo diagnosticadas e continuam em risco de
desenvolver lesotildees precursoras do cacircncer do colo do uacutetero uma vez que natildeo receberam o
devido acompanhamento Por outro lado os resultados falso-positivos (RFP) tambeacutem
causam transtornos na vida das mulheres que muitas vezes se submetem a
procedimentos desnecessaacuterios (MITCHELL MEDLEY 1995 KIRSCHNER et al
2011 GULLO et al 2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Com o objetivo de aperfeiccediloar o exame citopatoloacutegico algumas estrateacutegias
corretivas de melhoria da qualidade tecircm sido desenvolvidas como os programas de
monitoramento interno da qualidade (MIQ) e monitoramento externo da qualidade
(MEQ) que visam identificar corrigir e diminuir as falhas dentro do laboratoacuterio de
citopatologia Dessa forma eacute possiacutevel melhorar a sensibilidade do meacutetodo em detectar
alteraccedilotildees citopatoloacutegicas resultando na reduccedilatildeo dos percentuais de RFN e RFP
(TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) O Ministeacuterio da Sauacutede em 2013
regulamentou o MIQ e o MEQ instituindo a Qualificaccedilatildeo Nacional em Citopatologia na
Prevenccedilatildeo do CCU (BRASIL 2013a) que definiu padrotildees para avaliar a qualidade do
exame atraveacutes do acompanhamento dos laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam
serviccedilo para o SUS
O MEQ compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio diferente
daquele que realizou a primeira leitura e tem como principal objetivo avaliar o
REZENDE MT Introduccedilatildeo
13
desempenho dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do colo uterino e fornecer educaccedilatildeo
continuada aos citopatologistas com o intuito de aprimorar o diagnoacutestico citopatoloacutegico
(FREITAS THULER 2012 AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio e
contemplam entre outras o monitoramento do preparo das lacircminas o tempo de
escrutiacutenio a carga de trabalho do citologista a revisatildeo dos esfregaccedilos e a implantaccedilatildeo
de sistema de indicadores de qualidade Dentre os meacutetodos de MIQ mais eficientes na
detecccedilatildeo de RFN cita-se a revisatildeo raacutepida de 100 (RR100) dos esfregaccedilos negativos
e o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) de todos os esfregaccedilos (TAVARES et al 2011 2014
BRASIL 2016b) A implementaccedilatildeo dos indicadores de qualidade eacute fundamental pois
permite comparar a situaccedilatildeo atual com metas desejadas assim eacute possiacutevel acompanhar o
comportamento do indicador apoacutes a realizaccedilatildeo de alguma intervenccedilatildeo auxiliando na
tomada de decisatildeo (BORTOLON et al 2012 PLEWKA et al 2014 BRASIL 2016b)
Aleacutem do monitoramento da qualidade dos exames citopatoloacutegicos a eficiecircncia
do rastreamento do CCU depende do seguimento adequado das mulheres com
resultados alterados mantendo no programa aquelas que devem repetir o exame ou
serem encaminhadas adequadamente para a colposcopia e bioacutepsia (ZOLA et al 2007
ALBUQUERQUE et al 2012) O seguimento permite que seja feito a correlaccedilatildeo do
diagnoacutestico citoloacutegico com a histologia que eacute uma importante ferramenta usada como
medida da garantia da qualidade e do desempenho dos laboratoacuterios de citopatologia
(ANSCHAU GONCcedilALVES 2011 TURKMEN et al 2013)
Portanto eacute imprescindiacutevel a implantaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ na rotina
dos laboratoacuterios de citopatologia pois satildeo parte integrante da estrateacutegia de garantia e
melhoria contiacutenua da qualidade com a finalidade de reduzir as falhas do exame
citopatoloacutegico garantindo agraves mulheres a prestaccedilatildeo de um serviccedilo seguro
Um dos principais motivos da ocorrecircncia dos RFN e RFP satildeo problemas
relacionados agrave interpretaccedilatildeo diagnoacutestica (GAY NALDSON GOELLNER 1985
RENSHAW 2003 COLEMAN POZNANSKY 2006 BRANCA LONGATTO-
FILHO 2015) Sendo assim este trabalho teve como objetivo comparar os exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero submetidos ao MEQ com o intuito de minimizar
divergecircncias diagnoacutesticas a fim de reduzir os RFN e RFP que satildeo um dos maiores
problemas enfrentados pelos laboratoacuterios de citopatologia
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
14
2- Revisatildeo da Literatura
21 Cacircncer do colo do uacutetero
Estimativas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede apontaram o cacircncer do colo do
uacutetero (CCU) como o responsaacutevel pelo oacutebito de 266 mil mulheres em 2012 e
aproximadamente 87 ocorreram nas regiotildees menos desenvolvidas (WHO 2012) No
Brasil ocupa a terceira posiccedilatildeo entre os dez tipos de cacircncer mais incidentes estimados
para 2016 por sexo exceto pele natildeo melanoma Estima-se para o ano de 20162017 a
ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585 casos a cada
100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
A taxa de incidecircncia do CCU estimada para 20162017 por regiatildeo brasileira sem
considerar os tumores de pele natildeo melanoma eacute a mais alta na regiatildeo Norte
apresentando 2397 novos casos por 100 mil mulheres Eacute o segundo mais incidente nas
regiotildees Centro-Oeste e Nordeste com 2072 e 1949 novos casos a cada 100 mil
mulheres respectivamente E na regiatildeo Sudeste estaacute na terceira posiccedilatildeo com 1130
novos casos a cada 100 mil mulheres e na regiatildeo Sul na quarta com 1517 novos casos
a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
Define-se o CCU como a replicaccedilatildeo desordenada do epiteacutelio de revestimento
deste oacutergatildeo resultando em comprometimento do estroma e invasatildeo de estruturas e
oacutergatildeos contiacuteguos ou agrave distacircncia Na fase preacute-cliacutenica desta neoplasia natildeo se observam
sintomas de maneira que a detecccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees precursoras eacute realizada pelo
exame citoloacutegico por outro lado agrave medida que a doenccedila progride surgem sangramento
menorragias e metrorragias (HAMONT et al 2008 LIMBERGER et al 2012)
O CCU eacute uma doenccedila que possui evoluccedilatildeo lenta onde a progressatildeo de uma
lesatildeo inicial para a forma invasiva pode levar anos sendo entatildeo possiacutevel identificar suas
formas precursoras que satildeo trataacuteveis e curaacuteveis (MEDEIROS et al 2005 COLEMAN
POZNANSKY 2006 RAMA et al 2008) Assim trata-se de uma doenccedila evitaacutevel
podendo apresentar 100 de cura principalmente atraveacutes do diagnoacutestico precoce
realizado pelo exame citopatoloacutegico e tratamento adequado de lesotildees preacute-malignas
(ZEFERINO et al 1996 ELUF-NETO NASCIMENTO 2001 SANTOS et al 2013)
A infecccedilatildeo pelo papiloma viacuterus humano (HPV) eacute uma das doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis mais comuns em todo mundo em ambos os sexos sendo que a maioria
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
15
das pessoas adquirem o viacuterus no iniacutecio da atividade sexual A infecccedilatildeo tem iniacutecio nas
ceacutelulas basais da zona de transformaccedilatildeo do colo do uacutetero e a maioria eacute controlada pela
resposta imune celular ocorrendo sua eliminaccedilatildeo espontacircnea em torno de dois anos
sem causar lesotildees e sintomas (ALMONTE et al 2010 GRAVITT et al 2011)
O HPV eacute considerado o principal fator de risco associado ao desenvolvimento
do CCU e a infecccedilatildeo persistente no trato reprodutivo de mulheres pode levar ao
surgimento de lesotildees preacute-neoplaacutesicas (DE SANJOSE et al 2007 2010
GUDLEVICIENE et al 2010) Satildeo descritos hoje aproximadamente 130 genoacutetipos do
HPV sendo que desses 40 podem infectar a mucosa genital Os tipos de HPV satildeo
classificados em viacuterus de alto ou baixo risco oncogecircnico conforme a propensatildeo das
ceacutelulas infectadas agrave transformaccedilatildeo neoplaacutesica (WEISS ROSENTHAL ZIMET 2011
FERRAZ SANTOS DISCACCIATI 2012) Aproximadamente 15 tipos de HPV tecircm
potencial oncogecircnico e satildeo responsaacuteveis por praticamente todos os cacircnceres cervicais e
lesotildees precursoras desses os mais prevalentes satildeo os HPV 16 e 18 sendo associados
com aproximadamente 70 de todos os cacircnceres do colo do uacutetero (MAZARICO
GONZALEZ-BOSQUETE 2012 HOSTE VOSSAERT POPPE 2013)
Sabe-se que somente a infecccedilatildeo pelo HPV natildeo eacute suficiente para o
desenvolvimento do carcinoma pois haacute um periacuteodo de latecircncia entre a infecccedilatildeo e o
desenvolvimento das lesotildees preacute-neoplaacutesicas indicando que existem outros elementos
atuando como co-fatores na carcinogecircnese do colo do uacutetero dentre os quais cita-se o
iniacutecio precoce da vida sexual muacuteltiplos parceiros sexuais multiparidade histoacuteria de
doenccedila sexualmente transmitida imunossupressatildeo uso prolongado de anticoncepcional
oral e tabagismo (NATUNEN et al 2011 ZARDO et al 2014)
Desde a infecccedilatildeo pelo HPV ateacute o desenvolvimento do CCU transcorrem
aproximadamente quinze anos Considera-se esta progressatildeo lenta sendo possiacutevel nesse
tempo a identificaccedilatildeo precoce de lesotildees celulares associadas com a persistecircncia deste
viacuterus no trato genital por meio da citologia cervical Assim haacute tempo para que as
lesotildees possam ser tratadas adequadamente impedindo a progressatildeo para o cacircncer
(SNIJDERS et al 2006 DISCACCIATI et al 2011 FERRAZ SANTOS
DISCACCIATI 2012)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
16
22 Exame citopatoloacutegico
A estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do CCU desde sua introduccedilatildeo
em 1941 por George Papanicolaou eacute o exame citopatoloacutegico sendo responsaacutevel pela
reduccedilatildeo da incidecircncia e mortalidade desse cacircncer nas uacuteltimas cinco deacutecadas em paiacuteses
em que foi implantado de maneira eficiente (PAPANICOLAOU TRAUT 1977
ARBYN et al 2009 DIJKSTRA et al 2014) O rastreio utilizando a citologia
esfoliativa eacute considerado uma intervenccedilatildeo de sauacutede puacuteblica extremamente bem-
sucedida de forma que praticado de acordo com as diretrizes alcanccedila reduccedilotildees na
incidecircncia do CCU de ateacute 80 (FRANCO DUARTE-FRANCO FERENCZY 2001
OGILVIE et al 2010) Aleacutem disso mais de 60 de todos os casos de CCU satildeo
observados entre as mulheres que natildeo participam do rastreamento (STENVALL
WIKSTROM WILANDER 2007)
O exame citopatoloacutegico baseia-se no fato de que alteraccedilotildees nas ceacutelulas epiteliais
do colo uterino podem progredir ao longo do tempo permitindo o surgimento do
cacircncer Sendo assim o Papanicolaou eacute estrateacutegico para detecccedilatildeo dessas alteraccedilotildees nas
fases iniciais das lesotildees precursoras (CARVALHO QUEIROZ 2010) Eacute um exame
faacutecil raacutepido praacutetico seguro de baixo custo e eficaz na detecccedilatildeo de lesotildees cervicais e
por isso deve ser incentivado como meacutetodo de triagem (GREENWOOD MACHADO
SAMPAIO 2006 OLIVEIRA et al 2010 COBUCCI et al 2016)
Os procedimentos mais usados para a confecccedilatildeo dos esfregaccedilos para o exame
citopatoloacutegico satildeo a coleta convencional ou em meio liacutequido (ARBYN et al 2008
NANDINI et al 2012) A teacutecnica de citologia em meio liacutequido permite que as ceacutelulas
sejam suspensas em meio liacutequido e espalhadas em monocamada possibilitando assim
uma melhor avaliaccedilatildeo morfoloacutegica e tem sido introduzida nos paiacuteses desenvolvidos para
melhorar a sensibilidade do exame citopatoloacutegico (PAWAR et al 2014) Apesar deste
meacutetodo apresentar menos tempo de triagem fundo limpo e melhor distribuiccedilatildeo dos
elementos celulares os benefiacutecios natildeo justificam o alto custo assim a coleta
convencional deve ser a primeira escolha para os paiacuteses em desenvolvimento pois
quando realizado de maneira organizada e de acordo com os padrotildees de qualidade natildeo eacute
inferior a citologia em meio liacutequido (ILTER et al 2012 SHARMA et al 2016)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a coleta convencional Neste tipo de coleta o
espeacuteculo eacute introduzido no canal vaginal para expor o colo do uacutetero e satildeo utilizados a
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
17
espaacutetula de Ayre para a coleta de ceacutelulas da ectoceacutervice e a escova endocervical para
coleta de ceacutelulas da endoceacutervice (ARBYN et al 2008 VERMA JAIN KAUR 2014)
As ceacutelulas satildeo colocadas em uma lacircmina transparente de vidro com extremidade fosca
onde consta identificaccedilatildeo da paciente satildeo coradas e examinadas ao microscoacutepio pelos
profissionais habilitados que poderatildeo identificar ceacutelulas que apresentam alteraccedilotildees
indicativas de lesotildees preacute-malignas (ARBYN et al 2008 FERNANDES et al 2009
BRASIL 2011)
No Brasil a populaccedilatildeo alvo recomendada para a realizaccedilatildeo deste exame satildeo
mulheres na faixa etaacuteria de 25 ateacute os 64 anos de idade e agravequelas que jaacute iniciaram a vida
sexual Recomenda-se a realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico como ferramenta
de rastreamento sendo que deve ser repetido a cada trecircs anos apoacutes dois exames anuais
consecutivos normais A repeticcedilatildeo em um ano tem por objetivo diminuir a possibilidade
de RFN (RIBEIRO SANTOS TEIXEIRA 2011 BRASIL 2016c) Este
acompanhamento regular tem como base os programas de rastreamento organizados na
maioria dos paiacuteses desenvolvidos (FERLAY et al 2012)
Em estudo envolvendo oito paiacuteses realizado pela International Agency for
Research on Cancer (IARC) em 1986 servindo de suporte para normas ainda hoje
vigente mundialmente estimou-se que ao iniciar o rastreamento aos 25 anos de idade e
natildeo aos 20 anos perde-se apenas 1 de reduccedilatildeo da incidecircncia cumulativa do CCU
(IARC 1986 BRASIL 2011) Mulheres de ateacute 20 anos de idade natildeo estatildeo incluiacutedas na
faixa etaacuteria alvo do rastreamento pois possuem maior probabilidade de regressatildeo das
lesotildees preacute-invasivas o carcinoma invasor nesta parcela da populaccedilatildeo em geral eacute
extremamente raro e a maioria das infecccedilotildees pelo HPV se resolve espontaneamente em
cerca de dois anos sendo portanto de reduzida significacircncia cliacutenica (MOSCICKI
2008 MOSCICKI COX 2010) Os exames devem seguir ateacute os 64 anos e apoacutes essa
idade serem interrompidos quando resultarem em dois exames negativos consecutivos
nos uacuteltimos cinco anos (SASIENI CASTANtildeON CUZICK 2010 BRASIL 2011)
O rastreamento no Brasil eacute predominantemente oportuniacutestico ou seja as
mulheres tecircm realizado o exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero quando procuram os
serviccedilos de sauacutede geralmente devido a consulta meacutedica gravidez e diante de queixas
como prurido e leucorreacuteia Assim 20 a 25 dos exames tecircm sido realizados fora do
grupo etaacuterio recomendado e aproximadamente metade deles com intervalo de um ano
ou menos quando o recomendado satildeo trecircs anos Portanto haacute um contingente de
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
18
mulheres rastreadas e a exclusatildeo de outras (ZEFERINO 2008 NAVARRO et al 2015
BRASIL 2016c)
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais
George N Papanicolaou em 1941 criou a primeira terminologia de
classificaccedilatildeo citoloacutegica das lesotildees precursoras do CCU que procurava expressar se as
ceacutelulas observadas eram normais ou natildeo e desde entatildeo vaacuterios sistemas de classificaccedilatildeo
foram sugeridos (TRAUT PAPANICOLAOU 1943 AGUIAR et al 2011)
Nos Estados Unidos em 1988 foi realizada na cidade de Bethesda um workshop
que enfatizou a grande diversidade na comunicaccedilatildeo dos resultados em citologia
cervical e teve como objetivo determinar uma terminologia que daria limites evidentes
para a gestatildeo e dessa maneira reduziria a variabilidade interobservador Entatildeo nesse
ano foi aprovada a classificaccedilatildeo citoloacutegica conhecida como Terminologia do Sistema
Bethesda que introduziu os termos lesotildees intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e
alto grau (HSIL) (NAYAR WILBUR 2015a)
Apoacutes experiecircncia na praacutetica cliacutenica e novos avanccedilos no conhecimento
cientiacutefico esse sistema passou por revisatildeo em 1991 e 2001 que propocircs uniformizar as
terminologias assim como as condutas cliacutenicas para cada classificaccedilatildeo citoloacutegica
(AGUIAR et al 2011) O workshop de 1991 levou agrave produccedilatildeo do primeiro atlas
Bethesda em 1994 depois de sua publicaccedilatildeo tornou-se rapidamente uma referecircncia
mundial para a praacutetica da citologia cervical (SOLOMON et al 2002 NAYAR
WILBUR 2015a) Em 2001 aconteceu mudanccedilas marcantes em relaccedilatildeo agrave categoria de
Ceacutelulas Escamosas Atiacutepicas (ASC) A categoria ASC foi subdividida em ceacutelulas
escamosas atiacutepicas de significado indeterminado (ASC-US) e ceacutelulas escamosas
atiacutepicas quando natildeo se pode excluir lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
(WRIGHT et al 2002 MASSAD et al 2013) Nos Estados Unidos em 2013 855
dos laboratoacuterios de citologia haviam implementado a terminologia de 2001 e o
sistema de Bethesda produziu um impacto significativo na comunidade
internacional de citopatologia (DAVEY et al 2004)
Nos uacuteltimos anos vecircm acontecendo vaacuterias mudanccedilas nos processos de rastreio
do CCU como aumento do uso de citologia em meio liacutequido aprovaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de vacinas profilaacuteticas contra o HPV mudanccedilas na terminologia de
histopatologia e diretrizes atualizadas para o rastreio do CCU e gestatildeo cliacutenica Com
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
19
base em todas essas mudanccedilas o ano de 2014 era o momento adequado para uma
revisatildeo e atualizaccedilatildeo da terminologia Sistema de Bethesda 2001 Houve entatildeo o
refinamento de criteacuterios morfoloacutegicos e incorporaccedilatildeo de revisotildees e novas
informaccedilotildees adicionais na terceira ediccedilatildeo do atlas Bethesda para citologia cervical
(NAYAR WILBUR 2015b)
Em 2003 foi publicada a primeira ediccedilatildeo da Nomenclatura Brasileira para
Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais e Condutas Cliacutenicas Preconizadas baseada no
sistema de Bethesda contendo tambeacutem o MEQ com o objetivo de padronizar o laudo
citopatoloacutegico com as respectivas condutas cliacutenicas e manter o controle de qualidade
desses laudos emitidos pelos laboratoacuterios prestadores de serviccedilo ao Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SUS) No ano de 2006 houve a publicaccedilatildeo da segunda ediccedilatildeo dessa
nomenclatura e foi suprimido o capiacutetulo referente ao MEQ porque esse tema merecia
uma profunda revisatildeo No ano de 2010 optou-se por lanccedilar como publicaccedilotildees
independentes os trecircs capiacutetulos de Condutas Cliacutenicas Preconizadas MEQ e da
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais (BRASIL 2012)
Em 2012 foi publicada a terceira ediccedilatildeo revisada e atualizada da Nomenclatura
Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais que eacute a nomenclatura utilizada
atualmente no Brasil contemplando a seguinte classificaccedilatildeo
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (ASC-US)
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir
lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (AGC-SOE)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode afastar
lesatildeo intraepitelial de alto grau (AGC-NEO)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL)
bull Adenocarcinoma in situ (AIS)
bull Adenocarcinoma invasor (cervical endometrial e sem outras especificaccedilotildees)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau natildeo podendo excluir microinvasatildeo
bull Carcinoma epidermoacuteide invasor
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
20
A adoccedilatildeo do Sistema de Bethesda ainda que adaptado ao Brasil facilita a
comparaccedilatildeo de resultados nacionais com os encontrados em publicaccedilotildees estrangeiras
Poreacutem ainda haacute resistecircncia por parte dos citopatologistas no emprego da nomenclatura
brasileira para exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero Ressalta-se que aleacutem do
diagnoacutestico preciso tambeacutem eacute importante que o relatoacuterio de apresentaccedilatildeo dos resultados
seja de faacutecil compreensatildeo para que a paciente receba seguimento e conduta adequada
dessa forma maiores esforccedilos devem ser empregados no sentido de estimular o uso
dessa nomenclatura (AGUIAR et al 2011)
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado
Em 2011 houve atualizaccedilatildeo das Condutas Cliacutenicas Preconizadas de 2006 e entatildeo
foram lanccediladas as ldquoDiretrizes para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo que
buscaram orientar as condutas preconizadas em mulheres com alteraccedilotildees no exame
citopatoloacutegico cervical (BRASIL 2011)
De acordo com essas diretrizes diante de um resultado de exame citopatoloacutegico
de ASC-US a mulher com 30 anos ou mais deveraacute repetir o exame citopatoloacutegico em
um intervalo de 6 meses e com idade inferior a 30 anos no intervalo de 12 meses Para
os exames com resultados classificados como ASC-H as mulheres devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e se observado alteraccedilotildees
colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia jaacute aquelas sem alteraccedilotildees devem repetir nova
citologia em 6 meses Pacientes com diagnoacutestico citoloacutegico de AGC devem ser
encaminhadas para colposcopia realiza-se a bioacutepsia apenas quando satildeo observadas
alteraccedilotildees no colo caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia em 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de LSIL devem repetir o exame citopatoloacutegico em 6
meses se a citologia de repeticcedilatildeo for negativa em dois exames consecutivos a paciente
deve retornar agrave rotina de rastreamento citoloacutegico trienal Pacientes que apresentarem
diagnoacutestico de HSIL deveratildeo ser encaminhadas em ateacute trecircs meses agrave Unidade de
Referecircncia Secundaacuteria para realizaccedilatildeo da bioacutepsia se observada alteraccedilotildees no colo na
colposcopia (BRASIL 2011)
No ano de 2016 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a segunda ediccedilatildeo das ldquoDiretrizes
para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo atualizando as diretrizes publicadas em
2011 visando auxiliar os profissionais da sauacutede em suas praacuteticas assistenciais em todo o
paiacutes quanto ao seguimento de exames citopatoloacutegicos alterados e apoiar os gestores na
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
21
tomada de decisatildeo em relaccedilatildeo agrave estruturaccedilatildeo da linha de cuidados da mulher (BRASIL
2016c)
De acordo com as diretrizes mais recentes as mulheres com diagnoacutestico de ASC-
US abaixo de 25 anos de idade devem repetir o exame apoacutes 3 anos aquelas entre 25 e
29 anos devem repetir em 12 meses enquanto as mulheres acima de 30 anos devem
repetir a citologia apoacutes 6 meses Mulheres com diagnoacutestico de ASC-H devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e somente aquelas que
apresentam alteraccedilotildees colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia sendo que as demais
devem repetir a citologia apoacutes 6 meses Em mulheres com diagnoacutestico de ceacutelulas
glandulares atiacutepicas (AGC) ou ceacutelulas atiacutepicas de origem indefinida a paciente deve ser
imediatamente encaminhada para colposcopia onde faz-se a bioacutepsia apenas quando satildeo
observadas alteraccedilotildees caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia Na
presenccedila do diagnoacutestico LSIL em mulheres abaixo de 25 anos de idade sugere-se repetir
o exame citopatoloacutegico apoacutes 3 anos com indicaccedilatildeo de colposcopia caso a atipia se
mantenha E mulheres acima de 25 anos de idade devem repetir a citologia apoacutes 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de HSIL devem ser encaminhadas para realizaccedilatildeo de
colposcopia ateacute trecircs meses apoacutes o resultado e caso apresentem alteraccedilotildees visuais no
colo do uacutetero deveratildeo ser submetidas a bioacutepsia caso contraacuterio recomenda-se nova
citologia apoacutes trecircs meses a contar da data da coleta da citologia anterior (BRASIL
2016c)
Um dos maiores problemas enfrentado pelo programa de rastreamento e controle
do CCU eacute a falta de seguimento dado as mulheres depois que realizam o exame
citopatoloacutegico bem como a orientaccedilatildeo errocircnea por parte dos profissionais de sauacutede
Portanto para que o programa tenha sucesso eacute necessaacuterio garantir que seja organizado e
definido como um conjunto de accedilotildees programadas com populaccedilatildeo e periodicidade
especiacuteficas porque com o seguimento pode-se oferecer um tratamento adequado
interrompendo o desenvolvimento desse cacircncer (VALE et al 2010 ALBUQUERQUE
et al 2012 SANTOS et al 2013)
23 Controle de qualidade em citopatologia
O exame citopatoloacutegico necessita apresentar uma boa acuraacutecia diagnoacutestica
(MILLER et al 2000 KOSE NAKI 2014 ABUDUKADEER et al 2015) No
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
22
entanto questiona-se sua eficiecircncia pois certo nuacutemero de mulheres desenvolve esse
cacircncer apesar de realizarem o exame periodicamente em parte essa situaccedilatildeo pode ser
explicada pelas altas taxas de RFN (MITCHELL MEDLEY 1995 TAVARES et al
2008 KIRSCHNER et al 2011) Aleacutem disso os RFP tambeacutem satildeo alarmantes pois
geram danos agrave vida de mulheres na medida que se sujeitam a procedimentos
dispensaacuteveis (KOSS 1989 FRABLE 2007 GULLO et al 2012)
As principais causas dos RFN ocorrem devido a erros de coleta de escrutiacutenio e
de interpretaccedilatildeo do diagnoacutestico (BOSCH RIETVELD-SCHEFFERS BOON 1992
MITCHELL MEDLEY 1995 ORTIZ-VAacuteZQUEZ et al 2001 FRABLE et al 2007
MANRIQUE et al 2009) Erros na coleta do material citoloacutegico podem ser
responsaacuteveis por ateacute 62 dos RFN e ocorrem devido agrave falta de representatividade
celular ou escassez de ceacutelulas neoplaacutesicas e tambeacutem pela presenccedila de processo
inflamatoacuterio sangue e fundo necroacutetico nos esfregaccedilos que podem prejudicar a anaacutelise
(VAN DER et al 1987 EJERSBO DAHL HOLUND 2003 AMARAL et al 2006
AMARAL et al 2008 LONNBERG et al 2010) O erro de escrutiacutenio varia de 10 a
67 e ocorre quando as ceacutelulas atiacutepicas estatildeo presentes no esfregaccedilo mas natildeo satildeo
identificadas pelo escrutinador devido agrave falta de atenccedilatildeo e concentraccedilatildeo tempo
insuficiente e falta de experiecircncia (DEMAY 1997 PITTOLI et al 2003 PAJTLER et
al 2006 AMARAL et al 2008) O erro de interpretaccedilatildeo pode ser responsaacutevel por ateacute
22 dos RFN e ocorre quando as ceacutelulas neoplaacutesicas satildeo reconhecidas mas satildeo
identificadas como benignas ou ainda satildeo classificadas erroneamente isso eacute atribuiacutedo
principalmente agrave experiecircncia insuficiente do profissional e informaccedilotildees cliacutenicas
inadequadas (GAY NALDSON GOELLNER 1985 RENSHAW 2003 COLEMAN
POZNANSKY 2006 AMARAL et al 2008)
Dessa forma tem sido exigido a implementaccedilatildeo de programas de monitoramento
da qualidade em citopatologia com o objetivo de melhorar o desempenho do exame
citopatoloacutegico em detectar anormalidades escamosas e glandulares e
consequentemente diminuir os percentuais de RFN e RFP que satildeo resultados
preocupantes tanto para a mulher quanto para os custos dos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(PAJTLER et al 2006 TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) A fim de
minimizar as falhas deste exame vaacuterias estrateacutegias corretivas de garantia da qualidade
tecircm sido desenvolvidas como a implementaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ nos
laboratoacuterios de citopatologia (PEREIRA et al 2006 AacuteZARA et al 2014a)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
23
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio de
citopatologia contemplam na fase preacute-analiacutetica atividades realizadas antes do
escrutiacutenio e incluem o registro do material recebido a preparaccedilatildeo a coloraccedilatildeo e a
montagem das lacircminas a manutenccedilatildeo dos equipamentos e microscoacutepios aleacutem dos
registros da qualificaccedilatildeo e treinamento dos profissionais (BRASIL 2016b) Na fase
analiacutetica o objetivo eacute a reduccedilatildeo de erros de escrutiacutenio ou de erros de interpretaccedilatildeo do
resultado com o intuito de diminuir os iacutendices de RFN e RFP algumas das medidas
contemplam o tempo de escrutiacutenio carga de trabalho do citologista e revisatildeo dos
esfregaccedilos (TAVARES et al 2007) O monitoramento contiacutenuo da qualidade dos
resultados dos exames citopatoloacutegicos imprescindiacutevel para o laboratoacuterio faz parte da
fase poacutes-analiacutetica em que eacute avaliada o desempenho global e individual dos profissionais
(AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
Por muitos anos vaacuterias discussotildees ocorreram na tentativa de apontar o melhor
meacutetodo de MIQ para a citologia cervical (DUDDING RENSHAW ELLIS 2011)
Considerado como consenso entre os especialistas na aacuterea a repeticcedilatildeo da leitura de
todos os esfregaccedilos classificados como negativos no escrutiacutenio de rotina eacute o meacutetodo
mais preciso para evitar erros no rastreio poreacutem este meacutetodo eacute dispendioso exigindo
muito tempo para a leitura em duplicata (TAVARES et al 2011)
Dentre os meacutetodos de MIQ cita-se a revisatildeo aleatoacuteria de 10 dos esfregaccedilos
negativos pelo escrutiacutenio de rotina (R-10) a revisatildeo baseada em criteacuterios cliacutenicos de
risco (RCCR) a revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos (RR100) e o preacute-
escrutiacutenio raacutepido (PER) Os meacutetodos de PER e RR100 satildeo considerados os mais
eficazes na detecccedilatildeo de RFN (MANRIQUE et al 2007 2011 TAVARES et al 2011
BRASIL 2016b) O meacutetodo de revisatildeo de 10 dos esfregaccedilos negativos eacute criticado
pois detecta poucos casos RFN assim como a RCCR que tambeacutem tem produzido
resultados ruins em vaacuterios estudos (AMARAL et al 2005 TAVARES et al 2008
TAVARES et al 2011 CURRENS et al 2012)
A RR100 consiste em revisar rapidamente todos os esfregaccedilos classificados
como negativos e insatisfatoacuterios do escrutiacutenio de rotina poreacutem como o revisor possui
conhecimento do resultado pode tornar o meacutetodo tendencioso reduzindo sua
concentraccedilatildeo e aumentando a possibilidade de deixar passar erros (PAJTLER et al
2006 MANRIQUE et al 2007) O PER consiste no escrutiacutenio raacutepido de todos os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
24
esfregaccedilos sem influecircncia de marcaccedilotildees sobre a lacircmina durante um tempo limitado
antes do escrutiacutenio de rotina e eacute um meacutetodo que tende a prender a atenccedilatildeo do
citologista jaacute que eacute realizado anterior a leitura de rotina aleacutem de permitir que a
sensibilidade de ambos PER e ER seja estimada (DJEMLI KHETANI AUGER
2006 TAVARES et al 2008)
Portanto eacute de extrema importacircncia a implementaccedilatildeo de accedilotildees de garantia da
qualidade na rotina dos laboratoacuterios de citopatologia pois permitem aprimorar o exame
citopatoloacutegico assegurando resultados confiaacuteveis (FERRAZ et al 2005 SIEGL et al
2014)
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
O sistema de monitoramento da qualidade tambeacutem deve comtemplar o
desenvolvimento e implantaccedilatildeo de sistema de indicadores de qualidade pois permitem
avaliar o desempenho global do laboratoacuterio realizar anaacutelise estatiacutestica individual dos
profissionais bem como utilizar os dados obtidos para a realizaccedilatildeo de intervenccedilotildees para
aperfeiccediloamento das etapas laboratoriais (SIEGL et al 2014 AacuteZARA et al 2014b)
Os indicadores de qualidade em citopatologia cervical possuem caracteriacutesticas
que satildeo muito importantes para que possam ser uacuteteis como ferramentas de apoio para o
monitoramento e a avaliaccedilatildeo do desempenho do laboratoacuterio Entre elas destacam-se a
facilidade de compreensatildeo uso de dados de coleta disponiacutevel e faacutecil execuccedilatildeo
mensuram os resultados encontrados permitindo comparaccedilatildeo com valores de referecircncia
preacute-estabelecidos refletem exatamente o que se deseja quantificar viabilizando assim
uma anaacutelise comparativa dos resultados para uma melhoria contiacutenua dos processos
internos do laboratoacuterio (BRASIL 2016b)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda que a coleta dos dados deve ser realizada
pelos profissionais envolvidos nas diversas etapas do processo de trabalho pois a
responsabilizaccedilatildeo dos profissionais pela obtenccedilatildeo dos dados tende a gerar compromisso
deles com os resultados almejados assim os dados tendem a ser de melhor qualidade
(BRASIL 2016b) Portanto a construccedilatildeo de tais indicadores para auxiliar o programa
de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo uacutetero deve ser feita internamente no
laboratoacuterio e satildeo mundialmente conhecidos pelos profissionais dessa aacuterea (BRASIL
2016b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
25
Os indicadores de qualidade incluem o iacutendice de positividade (IP) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ASCSat) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt) razatildeo de ceacutelulas
escamosas atiacutepicas por lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) percentual de exames
compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSILSat) (BORTOLON et
al 2012 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b)
O IP expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares nos exames aleacutem da
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo examinada
e recomenda-se que esteja entre 3 e 10 O ASCSat deve ficar entre 4 e 5 e quando
elevado sugere problemas na amostra na anaacutelise laboratorial ou em ambas as fases e
representa um ocircnus para a mulher e para a rede assistencial pois acarreta a oferta de um
maior nuacutemero de exames destinados agrave repeticcedilatildeo para investigaccedilatildeo diagnoacutestica O
ASCAlt deve ser inferior a 60 e tem o objetivo de monitorar ao percentual de atipias
de significado indeterminado para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo continuada dos
citopatologistas A razatildeo ASCSIL permite identificar o baixo desempenho profissional
no rastreamento e valores muito altos devem ter a causa investigada pois podem mostrar
a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios citoloacutegicos utilizados sendo que este indicador
deve ser menor que 3 O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees
precursoras do CCU e recomenda-se que seja igual ou maior que 04 (PLEWKA et
al 2014 BRASIL 2016b)
Os documentos gerados na elaboraccedilatildeo e o registro perioacutedico dos indicadores de
qualidade devem ser armazenados para permitir o acompanhamento dos processos
analisados e devem fazer parte do conjunto de documentos que compotildeem o Sistema de
Monitoramento da Qualidade do laboratoacuterio Eacute importante que esse material seja
armazenado em local de faacutecil acesso com o objetivo de facilitar as consultas sempre
que for necessaacuterio Recomenda-se que sejam feitos mensalmente e impressos com
assinatura do profissional responsaacutevel (BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia
Haacute deacutecadas o Brasil tem adotado medidas para garantia da qualidade dos exames
citopatoloacutegicos Em 1998 foi instituiacutedo o Programa Nacional de Controle do Cacircncer de
Colo de Uacutetero pela portaria GMMS nordm 3040 que reconheceu que o exame
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
26
citopatoloacutegico do colo uterino eacute uma avaliaccedilatildeo qualitativa que dependente da
interpretaccedilatildeo do observador e que essa subjetividade precisa ser minimizada portanto o
monitoramento da qualidade eacute importante para a garantia do serviccedilo prestado agrave
populaccedilatildeo feminina (BRASIL 1998)
O Ministeacuterio da Sauacutede em 2001 por meio da Portaria SPSSAS nordm 92 preconizou
que todos os laboratoacuterios que realizam exames citopatoloacutegicos para o SUS deveriam
submeter-se ao Programa de Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ) poreacutem o
programa de responsabilidade das coordenaccedilotildees estaduais natildeo havia sido implantado
em todo paiacutes Esse programa foi regulamentado em 2013 atraveacutes da Qualificaccedilatildeo
Nacional em Citopatologia na Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2010
BRASIL 2013a)
A Portaria Qualicito definiu que os gestores estaduais e municipais devem
gerenciar o programa acompanhando o desempenho dos laboratoacuterios participantes que
foram classificados em Tipo I e Tipo II Satildeo considerados Laboratoacuterios Tipo I os
laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam serviccedilo ao SUS e que realizam exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero e os Laboratoacuterios Tipo II os laboratoacuterios puacuteblicos
responsaacuteveis por realizar os exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no acircmbito do
MEQ aleacutem de poderem realizar as accedilotildees dos Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2013a)
O MEQ eacute parte integrante da estrateacutegia de garantia da qualidade em citopatologia
e tem por finalidade avaliar o desempenho dos Laboratoacuterios Tipo I e a qualidade dos
exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero detectar as diferenccedilas de interpretaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos aumentar a eficiecircncia do processo de realizaccedilatildeo dos exames
citopatoloacutegicos aleacutem de reduzir o percentual de RFN RFP e insatisfatoacuterios (BRASIL
2016)
Em 1999 foi instituiacutedo o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero
(SISCOLO) com objetivo de armazenar dados sobre identificaccedilatildeo da mulher
informaccedilotildees demograacuteficas epidemioloacutegicas e dos exames citopatoloacutegicos e
histopatoloacutegicos realizados pelo SUS (GIRIANELLI THULER SILVA 2009
(BRASIL 2016c) Em 2011 foi lanccedilado o Plano Nacional de Fortalecimento da Rede de
Prevenccedilatildeo que permitiu o desenvolvimento do Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer
(SISCAN) substituindo o SISCOLO poreacutem a implementaccedilatildeo do sistema estaacute sendo
lenta e gradual (BRASIL 2013b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
27
Portanto eacute o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer (SISCAN) que seleciona do
Laboratoacuterio Tipo I todos os exames positivos e insatisfatoacuterios e 10 dos negativos para
serem enviados ao Laboratoacuterio Tipo II de acordo com o estabelecido na Portaria
Qualicito (BRASIL 2013a) A lista deve ser enviada com a relaccedilatildeo dos casos
selecionados pelo sistema juntamente com as lacircminas solicitadas e os respectivos
laudos servindo como recibo de transferecircncia de responsabilidade de guarda das
lacircminas para o Laboratoacuterio Tipo II e para controle de devoluccedilatildeo ao laboratoacuterio de
origem (BRASIL 2016b)
Entatildeo o conjunto de accedilotildees realizadas pelo Laboratoacuterio Tipo II visa agrave avaliaccedilatildeo da
qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero dos Laboratoacuterios Tipo I e
contemplam duas fases a preacute-analiacutetica e analiacutetica Na primeira o Laboratoacuterio Tipo II
verifica os procedimentos teacutecnicos e informa a qualidade da confecccedilatildeo do esfregaccedilo
fixaccedilatildeo coloraccedilatildeo montagem e contaminaccedilatildeo das amostras E a fase analiacutetica consiste
em uma revisatildeo dos esfregaccedilos citopatoloacutegicos por profissionais habilitados e o
diagnoacutestico final eacute firmado por consenso entre os citopatologistas do Laboratoacuterio Tipo
II (PEREIRA et al 2006 BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
Os exames discordantes seratildeo comunicados ao Laboratoacuterio Tipo I que poderaacute
recorrer da opiniatildeo do Laboratoacuterio Tipo II caso natildeo concorde com o parecer dos
revisores buscando o consenso Caso concorde caberaacute ao Laboratoacuterio Tipo I enviar o
laudo de revisatildeo agraves regionais ao municiacutepio ou agrave Unidade Baacutesica de Sauacutede (UBS)
mencionando que esse laudo foi realizado em conjunto com o Laboratoacuterio Tipo II de
referecircncia Caso natildeo haja consenso entre os Laboratoacuterios Tipos I e II poderaacute ser
solicitada a avaliaccedilatildeo por outro Laboratoacuterio Tipo II em acordo com a Coordenaccedilatildeo
Estadual eou Municipal (BRASIL 2016b)
A estatiacutestica para a avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo
II eacute o Kappa Ponderado devido a necessidade de se atribuiacuterem diferentes pesos para as
discordacircncias aleacutem da frequecircncia de RFN RFP e retardo de conduta Assim uma atipia
de significado indeterminado que recebeu equivocadamente um laudo de LSIL teraacute um
peso menor na construccedilatildeo do Kappa que uma HSIL que recebeu um laudo negativo
(BRASIL 2012) Os laboratoacuterios com iacutendices diagnoacutesticos abaixo de dois desvios
padrotildees da meacutedia estadual eou iacutendice Kappa de correlaccedilatildeo em niacutevel ruim seratildeo
considerados fora dos paracircmetros recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
28
Laboratoacuterios Tipo I nessa situaccedilatildeo seratildeo notificados e monitorados pelos Laboratoacuterios
Tipo II para alcanccedilar o iacutendice esperado (BRASIL 2016b)
Dessa forma os Laboratoacuterios Tipo I devem enviar regularmente todas as lacircminas e
laudos dos exames selecionados para o Laboratoacuterio Tipo II analisar os casos de
discordacircncia buscando o consenso com o Laboratoacuterio Tipo II promover educaccedilatildeo
continuada para uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos minimizar as natildeo
conformidades encontradas na rotina do laboratoacuterio diminuir os RFN e RFP e avaliar o
desempenho profissional da equipe Os Laboratoacuterios Tipo II devem fazer contato e dar
retorno aos Laboratoacuterios Tipo I comunicando o quanto antes sobre os resultados dos
exames citopatoloacutegicos discordantes e discutir caso a caso buscando o consenso apoiar
as coordenaccedilotildees estadual e municipal na interface com os laboratoacuterios que realizam
exames para o SUS e proporcionar educaccedilatildeo permanente por meio de sessotildees interativas
regulares para os Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2016b)
Diversos estudos tecircm considerado o MEQ um programa eficiente no
aperfeiccediloamento do exame citopatoloacutegico uma vez que a discussatildeo dos casos
discordantes para se chegar a um consenso dos resultados etapa fundamental do
programa possibilita a uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados na
detecccedilatildeo das lesotildees precursoras do CCU o que reflete na reduccedilatildeo dos RFN e RFP
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 FREITAS THULER 2012 AacuteZARA
et al 2013 2014a 2016 BRASIL 2016b)
REZENDE MT Justificativa
29
3- Justificativa
Um dos principais motivos da ocorrecircncia de RFN e RFP no exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero eacute a variabilidade inter e intra observador na
interpretaccedilatildeo dos diagnoacutesticos dessa forma para a garantia da qualidade se faz
necessaacuterio a implantaccedilatildeo de MIQ e MEQ nos laboratoacuterios de citopatologia (FRABLE
et al 2007 MANRIQUE et al 2009 AacuteZARA et al 2014a) Este estudo foi
realizado com o intuito de avaliar o impacto do MEQ em laboratoacuterio de citopatologia
para minimizar as divergecircncias diagnoacutesticas e erros dentro dos processos do laboratoacuterio
a fim de reduzir os RFN e RFP Investindo na identificaccedilatildeo e retificaccedilatildeo das falhas eacute
possiacutevel que seja assegurado o melhor serviccedilo possiacutevel agrave mulher que receberaacute
seguimento e tratamento adequado
REZENDE MT Objetivos
30
4- Objetivos
41 Objetivo Geral
Comparar os resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do
municiacutepio de Ouro Preto MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade
42 Objetivos especiacuteficos
- Verificar a frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
- Avaliar a concordacircncia diagnoacutestica frequecircncia de casos discordantes falso-negativos
falso-positivos e retardo de conduta entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar o resultado do seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
do monitoramento externo da qualidade incluindo os RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de
consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes o monitoramento externo da qualidade
REZENDE MT Metodologia
31
5- Metodologia
51 Local de estudo
Este trabalho foi desenvolvido no setor de citologia do Laboratoacuterio Piloto de
Anaacutelises Cliacutenicas (LAPAC) da Escola de Farmaacutecia da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP) Por se tratar de estudo baseado em resultados de exames coletados em
2013 e 2014 que estatildeo disponiacuteveis publicamente atraveacutes do SISCOLO natildeo foi
necessaacuterio a submissatildeo ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
O setor de citologia deste laboratoacuterio eacute composto por 5 citopatologistas 2
bolsistas 1 teacutecnica e 2 assistentes administrativos Neste laboratoacuterio estatildeo disponiacuteveis
microscoacutepios NiKon E 200 para escrutiacutenio dos esfregaccedilos bateria de coloraccedilatildeo e
material para montagem das lacircminas microscoacutepio de 5 cabeccedilas para discussatildeo de casos
e 3 computadores para parte administrativa O setor de citologia deste laboratoacuterio atende
uma rotina de exames citopatoloacutegicos colhidos nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS)
de Ouro Preto MG que desde 2013 eacute o uacutenico Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio que
presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
511 Monitoramento interno da qualidade
Os meacutetodos de monitoramento interno da qualidade utilizados na rotina pelo
Laboratoacuterio Tipo I satildeo o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) e a revisatildeo raacutepida de 100 dos
esfregaccedilos negativos (RR100) e cada etapa de leitura da lacircmina eacute realizada por
citopatologistas diferentes em um esquema de rodiacutezio (Figura 1) Inicialmente todos os
esfregaccedilos citopatoloacutegicos adequados para a anaacutelise microscoacutepica satildeo submetidos ao
PER e os resultados satildeo classificados como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio e
registrados na planilha de PER (Apecircndice A) Posteriormente eacute realizado o escrutiacutenio de
rotina (ER) pelo segundo citopatologista que apoacutes a leitura detalhada classifica os
resultados de acordo com a nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos baseada
no Sistema de Bethesda 2001 (SOLOMON NAYAR 2004) anotando o diagnoacutestico no
verso da requisiccedilatildeo (Anexo 1) Em seguida todas as lacircminas consideradas negativas
pelo escrutiacutenio de rotina satildeo encaminhadas para um terceiro citologista que realiza a
RR100 classificando-o como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio registrando na
planilha de RR100 (Apecircndice B)
REZENDE MT Metodologia
32
Os esfregaccedilos considerados positivos e insatisfatoacuterios pelo ER e os resultados
discordantes que foram aqueles onde PER ou a RR100 classificou como suspeito ou
insatisfatoacuterio e o escrutiacutenio de rotina considerou negativo satildeo encaminhados para a
revisatildeo detalhada para confirmaccedilatildeo ou natildeo da alteraccedilatildeo e definiccedilatildeo do diagnoacutestico final
e anotados nas planilhas correspondentes (Apecircndice C e D) Quando a revisatildeo detalhada
eacute discordante do ER haacute um consenso entre os citopatologistas para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I
REZENDE MT Metodologia
33
52 Tipo de estudo
Foi realizado estudo retrospectivo comparando os resultados dos exames
citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I da Escola de Farmaacutecia da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de exames
citopatoloacutegicos de rastreio do municiacutepio de Ouro Preto Minas Gerais com os
resultados emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo II de Belo Horizonte responsaacutevel pelo MEQ
dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero de Minas Gerais
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica
Os exames do Laboratoacuterio Tipo I foram selecionados automaticamente pelo
SISCOLO (Sistema de Informaccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero) incluindo os exames
positivos insatisfatoacuterios e 10 dos negativos conforme a Portaria QualiCito
33882013 referente aos meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 As
amostras foram provenientes de mulheres atendidas nas UBS do municiacutepio de Ouro
Preto MG usuaacuterias do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
54 Monitoramento externo da qualidade
O Laboratoacuterio Tipo I enviou ao Laboratoacuterio Tipo II juntamente com os laudos
correspondentes um total de 321 esfregaccedilos citopatoloacutegicos classificados como
negativos (84) insatisfatoacuterios (3) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas (ASC-US41) lesatildeo intraepitelial
escamosa de baixo grau (LSIL163) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado natildeo se pode excluir lesatildeo de alto grau (ASC-H12) lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau (HSIL16) e ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras
especificaccedilotildees (AGC-SOE2) (Figura 2)
REZENDE MT Metodologia
34
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia cervical
Os esfregaccedilos foram reavaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II que emitiu um relatoacuterio
com os resultados para o Laboratoacuterio Tipo I comunicando tambeacutem os resultados
discordantes Nos casos em que o Laboratoacuterio Tipo I natildeo concordou com o parecer
REZENDE MT Metodologia
35
emitido pelos revisores do Laboratoacuterio Tipo II os resultados dos exames discordantes
foram discutidos caso a caso com o Laboratoacuterio Tipo II buscando o consenso entre os
dois Laboratoacuterios para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final (BRASIL 2016b)
Apoacutes o consenso os resultados discordantes foram reemitidos pelo Laboratoacuterio
Tipo I e encaminhados agraves Unidades de Sauacutede que localizaram as mulheres e
reprogramaram a conduta baseada no diagnoacutestico final
Os esfregaccedilos que inicialmente foram classificados como negativos ou
inflamatoacuterios pelo Laboratoacuterio Tipo I e considerados como positivos pelo Laboratoacuterio
Tipo II foram denominados resultados falso-negativos (RFN) Aqueles considerados
inicialmente positivos pelo Laboratoacuterio Tipo I mas reclassificados como negativos pelo
Laboratoacuterio Tipo II foram denominados resultados falso-positivos (RFP) Foram
considerados casos discordantes aqueles que implicaram em mudanccedila de conduta
cliacutenica de acordo com as normas preconizadas pelas Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2011)
Os resultados diagnosticados inicialmente como ASC-US ou LSIL pelo
Laboratoacuterio Tipo I e que na revisatildeo o Laboratoacuterio Tipo II julgou como diagnoacutestico mais
grave (ASC-H HSIL Carcinoma de ceacutelulas escamosas AGC-SOE AGC-NEO
Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma invasor) foram considerados como retardo
de conduta cliacutenica
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados
Para levantamento do seguimento das pacientes em que os resultados dos
exames foram classificados como ASC-US ou LSIL foi realizada a busca do resultado
do novo exame citopatoloacutegico uma vez que a conduta preconizada eacute a repeticcedilatildeo do
exame no periacuteodo de seis meses a um ano Para aqueles classificados como ASC-H ou
pior diagnoacutestico foi realizado o levantamento do resultado do exame histopatoloacutegico
dado que a conduta preconizada eacute o encaminhamento para colposcopia e se visualizado
alguma alteraccedilatildeo no colo uterino realiza-se a bioacutepsia Os resultados insatisfatoacuterios natildeo
foram considerados nesta anaacutelise (BRASIL 2011)
Foram realizadas visitas previamente agendadas agraves UBS do municiacutepio para
realizaccedilatildeo do levantamento das pacientes previamente listadas daquela unidade que
haviam sido diagnosticadas com alguma alteraccedilatildeo citoloacutegica O profissional responsaacutevel
REZENDE MT Metodologia
36
pela coleta do exame citopatoloacutegico verificou nos prontuaacuterios das pacientes o
seguimento que foi adotado em cada caso Poreacutem as UBS tinham poucos registros do
seguimento dessas pacientes por isso foram adotadas outras estrateacutegias
Portanto com o objetivo de levantar os dados referentes ao seguimento das
pacientes encaminhadas para acompanhamento de ASC-H e pior diagnoacutestico foram
realizadas visitas ao Centro Viva Vida em Itabirito que eacute o centro de referecircncia para
atenccedilatildeo secundaacuteria do municiacutepio de Ouro Preto E para levantamento do novo exame
citopatoloacutegico foi realizada pesquisa nos registros do Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio
de Ouro Preto que presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos
do colo do uacutetero
56 Anaacutelise dos dados
Os dados dos exames citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I e
Laboratoacuterio Tipo II foram digitados no Excel (Microsoft Office Professional Plus 2013)
para elaboraccedilatildeo do banco de dados A anaacutelise dos dados foi realizada pelo pacote
estatiacutestico Stata versatildeo 11 foi calculada a concordacircncia dos resultados dos exames
citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e II e o Kappa antes a apoacutes o Consenso A
frequecircncia de esfregaccedilos discordantes incluindo RFP e retardo de conduta entre os
Laboratoacuterios Tipo I e II foi calculada antes e apoacutes a Reuniatildeo de Consenso no total de
321 esfregaccedilos O coeficiente Kappa eacute classificado em concordacircncia pobre (0ltKlt040)
concordacircncia moderada (040ltKlt060) concordacircncia boa (060ltKlt080) concordacircncia
excelente (080ltKlt1) o valor zero indica ausecircncia de concordacircncia e o valor 1
corresponde a concordacircncia perfeita (LANDIS KOCH 1977) Foi calculada a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) atraveacutes da seguinte foacutermula
VPR = [coeficiente final - coeficiente inicial]100
coeficiente inicial
O caacutelculo dos indicadores de qualidade foi realizado utilizando um banco de
dados do Laboratoacuterio Tipo I onde satildeo mantidos registros de todos os exames realizados
com seus respectivos resultados Para avaliaccedilatildeo pontual os indicadores de qualidade
foram calculados antes da reuniatildeo de consenso ano de 2013 e depois da reuniatildeo de
consenso ano de 2014 Para avaliaccedilatildeo temporal do efeito da reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Metodologia
37
proporcionada por um MEQ calculou-se os indicadores do Laboratoacuterio Tipo I dos anos
de 2012 2013 2014 e 2015 Foi utilizado para o caacutelculo as foacutermulas presentes no
Manual de Gestatildeo da Qualidade para Laboratoacuterio de Citopatologia (BRASIL 2016b)
Iacutendice de Positividade (IP) intervalo esperado 3-10
Nordm de exames alterados em determinado local e ano x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ACSSat)
intervalo esperado 4-5
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt)
intervalo esperado lt60
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames alterados
Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) intervalo
esperado lt3
Nordm de ex compatiacuteveis com ASC-US e ASC-H
No de exames com LSIL e HSIL
Percentual de exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
(HSILSat) intervalo esperado lt04
Ndeg de exames HSIL x 100
Total de exames satisfatoacuterios
REZENDE MT Resultados
38
6- Resultados
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
O Laboratoacuterio Tipo I enviou 321 esfregaccedilos para o Laboratoacuterio Tipo II
classificados como 3 (09) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 84 (262) negativos 41
(128) ASC-US 163 (508) LSIL 12 (37) ASC-H 16 (50) HSIL e 2 (06)
AGC-SOE Apoacutes a reuniatildeo de consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II chegou-
se no diagnoacutestico final de 3 (093) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 143 (446) negativos
44 ASC-US (137) 8 ASC-H (25)101 LSIL (315) 21 HSIL (65) e 1 AGC-
SOE (03) Foram considerados discordantes entre os laboratoacuterios 151 (470)
esfregaccedilos (Tabela 1)
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
Tipo I Tipo II Consenso
Diagnoacutestico n () n () n ()
Insatisfatoacuterio 3 09 4 13 3 09
Negativo 84 262 227 707 143 446
ASC-US 41 122 17 53 44 137
ASC-H 12 37 3 09 8 25
LSIL 163 508 54 168 101 315
HSIL 16 50 12 37 21 65
HSIL micro invasor 0 0 1 03 0 0
AGC-SOE 2 06 3 09 1 03
Total 321 100 321 100 321 100
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
Do total de exames revisados pelo Laboratoacuterio Tipo II foram concordantes 84
(262) esfregaccedilos negativos e 3 (093) classificados como insatisfatoacuterios pelo Tipo I
Dos 41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 6 (1463) foram
concordantes pelo Tipo II e os 35 (854) restantes foram reclassificados como
REZENDE MT Resultados
39
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 53
(325) foram considerados concordantes pelo Tipo II 92 (564) foram
reclassificados como negativos 11 (68) como ASC-US 2 (12) como ASC-H 4
(25) como HSIL e 1 (06) reclassificado como AGC-SOE Dos 12 (37)
esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo Tipo I 1 (83) foi considerado
concordante pelo Tipo II 9 (75) foram reclassificados como negativos 1 (83)
como insatisfatoacuterio 1 (83) como HSIL Dos 16 (50) esfregaccedilos classificados como
HSIL emitidos pelo Tipo I 7 (438) foram considerados concordantes pelo Tipo II 6
(375) foram reclassificados como negativos 1 (63) como LSIL 1 (63) como
HSIL micro invasor e 1(63) como AGC-SOE Dos 2 (06) esfregaccedilos classificados
como AGC-SOE pelo Tipo I 1 (500) foi considerado concordante pelo Tipo II Entre
o Laboratoacuterio Tipo I e o Tipo II houve 7 (22) casos de retardo de conduta sendo 4
(571) LSIL para HSIL 2 (286) LSIL para ASC-H e 1 (143) LSIL para AGC-
SOE (Tabela 2)
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso
Tipo II
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL HSIL micro
invasor AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 35 6 41
ASC-H 1 9 1 1 12
LSIL 92 11 2 53 4 1 163
HSIL 6 1 7 1 1 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 4 227 17 3 54 12 1 3 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa
de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas
sem outras especificaccedilotildees
Os resultados definidos apoacutes o Consenso estatildeo descritos na Tabela 3 Observou-
se 203 (65) de casos discordantes entre os 321 esfregaccedilos analisados Os esfregaccedilos
negativos insatisfatoacuterios e todos os classificados como HSIL foram concordantes Dos
REZENDE MT Resultados
40
41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 27 (659) foram
considerados concordantes pelo Tipo II e 14 (342) foram reclassificados como
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 101
(620) foram considerados concordantes 39 (239) foram reclassificados como
negativos pelo Tipo II 17 (104) como ASC-US 2 (12) como ASC-H e 4 (25)
reclassificados como HSIL Dos 12 (374) esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo
Tipo I 6 (500) foram concordantes 5 (417) esfregaccedilos foram reclassificados como
negativos e 1 (83) foi reclassificado como HSIL pelo Tipo II Dos 2 (06)
esfregaccedilos classificados como AGC-SOE pelo Tipo I somente 1 (500) foi
concordante Portanto apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de Consenso foram constatados 6
(19) casos de retardo de conduta sendo 4 (667) diagnoacutesticos iniciais de LSIL
reclassificados para HSIL e 2 (333) diagnoacutesticos iniciais de LSIL reclassificados para
ASC-H (Tabela 3)
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia diagnoacutestica entre o Laboratoacuterio Tipo I e o
Laboratoacuterio Tipo II apoacutes o Consenso
Consenso
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 14 27 41
ASC-H 5 6 1 12
LSIL 39 17 2 101 4 163
HSIL 16 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 3 143 44 8 101 21 1 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
REZENDE MT Resultados
41
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Foi avaliada a concordacircncia dos resultados dos Laboratoacuterios Tipo I e II antes e
apoacutes Consenso Observou-se concordacircncia antes do Consenso de 527 entre os
Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II com Kappa de 029 Apoacutes a Reuniatildeo de Consenso foi
observado 798 (VPR=+514) de concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
com aumento do Kappa para 066 (VPR=+1276) (Tabela 4)
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso
Tipo I x Tipo II Antes do consenso Apoacutes consenso VPR
Concordacircncia () 527 798 +514
Kappa 029 066 +1276
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Antes do consenso o total de esfregaccedilos discordantes foi de 151 (470) casos e
depois do consenso esse nuacutemero reduziu para 65 (203) casos Antes do consenso foi
observado um percentual de 449 (144) RFP entre os Laboratoacuterios Tipo I e II e apoacutes o
consenso esse nuacutemero diminuiu para 184 (59) Natildeo houve nenhum caso de RFN
Entre o Laboratoacuterio Tipo I e II antes do consenso houve 7 (22) casos de retardo de
conduta e depois do consenso esse nuacutemero caiu para 6 (19) casos (Tabela 5)
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o Consenso
Tipo I x Tipo II Discordantes
Antes do consenso Apoacutes consenso
n N
Falso-positivo 144 449 59 184
Retardo de conduta 7 22 6 19
Total 151 470 65 203
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II
REZENDE MT Resultados
42
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos
O IP era 156 e apoacutes consenso passou para 120 reduccedilatildeo de
aproximadamente 230 (VPR=-2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor
apoacutes o consenso de 57 para 46 reduccedilatildeo por volta de 190 (VPR=-1910) O
HSILSat diminuiu de 10 para 07 (VPR=-2647) apoacutes consenso A razatildeo ASCSIL
antes do consenso era de 06 e apoacutes sua realizaccedilatildeo aumentou para 06
(VPR=+1017) O mesmo ocorreu em relaccedilatildeo ao indicador ASCAlt que passou de
365 para 384 (VPR=+515) Houve diferenccedila significativa entre os valores dos
indicadores IP ASCSat e ASCAlt antes e apoacutes reuniatildeo de consenso valor de p foi
menor que 005 (Tabela 7)
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso
Indicadores Antes consenso Apoacutes consenso VPR p
IP (3-10) 156 120 -2314 lt 00001
ASCSat (4-5) 57 46 -1910 001
ASCSIL (lt3) 06 06 +1017 0053
ASCAlt (lt60) 365 384 +515 lt 00001
HSILSat (gt04) 10 07 -2647 00825
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
O IP no ano de 2012 foi de 1115 aumentou para 156 em 2013 apoacutes o
MEQ em 2014 reduziu para 120 e em 2015 este indicador passou para 99 O
ASCSat foi de 49 em 2012 um ano depois apresentou valor de 57 depois da
realizaccedilatildeo do MEQ em 2014 passou para 46 e em 2015 foi para 48 Os outros
indicadores da qualidade apresentaram valores que variaram dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (Tabela 8)
REZENDE MT Resultados
43
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade
Indicadores 2012 2013 2014 2015
IP (3-10) 111 156 120 99
ASCSat (4-5) 49 57 46 48
ASCSIL (lt3) 09 06 06 10
ASCAlt (lt60) 439 365 384 485
HSILSat (gt04) 09 10 07 05
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
Do total de 234 esfregaccedilos positivos foi possiacutevel obter o seguimento de 107
(457) casos em que 22 foram considerados inicialmente com diagnoacutestico de ASC-
US 76 LSIL 2 ASC-H 1 AGC-SOE e 6 HSIL Dos ASC-US iniciais somente 1 teve
resultado concordante no seguimento Dos 76 esfregaccedilos considerados como LSIL 23
tiveram resultado do seguimento concordante Os 2 resultados ASC-H foram negativos
no seguimento assim como o AGC-SOE Dos 6 resultados HSIL emitidos pelo Tipo I
5 foram confirmados pela bioacutepsia O seguimento de 127 (542) mulheres em que 77
(6063) deveriam ter repetido o exame citopatoloacutegico e 20 (158) deveriam ter sido
encaminhadas para a colposcopia e bioacutepsia natildeo foi resgatado (Figura 3)
Figura 3 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Resultados
44
Apoacutes a realizaccedilatildeo da Reuniatildeo de Consenso o percentual de RFP foi definido em
184 num total de 59 casos assim distribuiacutedos 14 ASC-US (238) 39 LSIL
(660) 5 ASC-H (85) e 1 AGC-SOE (17) sendo 898 lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 102 de alto grau Do total de 59 RFP foi possiacutevel obter 9
(152) resultados citopatoloacutegicos alterados no seguimento 8 de repeticcedilatildeo da citologia
e uma bioacutepsia inicialmente 6 diagnosticados como LSIL pelo Laboratoacuterio Tipo I no
seguimento tiveram resultado de 3 LSIL e 3 ASC-US Dos 3 ASC-US iniciais dados
pelo Tipo I no seguimento resultaram em 1 LSIL 1 ASC-US e 1 ASC-H (Figura 4)
Figura 4 Seguimento dos casos com resultados falso-positivos (RFP) acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Discussatildeo
45
7- Discussatildeo
Os resultados deste estudo mostraram que apoacutes reuniatildeo de Consenso onde
ocorreu discussatildeo dos resultados discordantes houve melhora na concordacircncia
diagnoacutestica entre os laboratoacuterios a concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou para 798 e o coeficiente Kappa foi alterado de 029 para 066 Estes
resultados estatildeo de acordo com estudo realizado por Freitas Thuler (2012) no Mato
Grosso do Sul analisando a concordacircncia diagnoacutestica entre Laboratoacuterio Tipo II e 15
Laboratoacuterios Tipo I entre 2002 e 2011 em que o valor miacutenimo do Kappa passou de 01
no primeiro ano para 08 em 2011 No uacuteltimo ano dos 8 laboratoacuterios avaliados 7
atingiram a concordacircncia perfeita ou excelente (coeficiente Kappagt080) e um
concordacircncia boa Aacutezara et al (2016) avaliaram os efeitos de um programa de
educaccedilatildeo continuada realizado por um Laboratoacuterio Tipo II no periacuteodo de 2007 a 2011
sobre os laboratoacuterios de citopatologia e verificaram que o coeficiente Kappa manteve-se
excelente em 3 laboratoacuterios (kappa gt 080 e lt10) e alterou de bom (kappa gt 060 e
lt080) a excelente em 7 Os resultados observados no presente estudo estatildeo de acordo
com os dados de Freitas Thuler (2012) e Aacutezara et al (2016) em que se observou
melhoria da concordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes MEQ
Enfatiza-se que nosso trabalho comparou o momento antes e depois da reuniatildeo
consenso durante um MEQ ou seja foi realizada uma avaliaccedilatildeo pontual diferentemente
dos estudos encontrados na literatura que fizeram uma anaacutelise ao longo do tempo apoacutes
vaacuterios MEQ mas mesmo assim na presente avaliaccedilatildeo foi observado aumento da
concordacircncia e do kappa Indicando que somente uma reuniatildeo de consenso foi
suficiente para mudanccedila de postura dos citopatologistas envonvidos no MEQ
O valor da discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes a
reuniatildeo de Consenso no presente estudo foi 2025 Em um estudo realizado em
Goiacircnia estado de Goiaacutes comparando a variabilidade dos diagnoacutesticos citoloacutegicos dos
Laboratoacuterios Tipo I avaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II 759 foram considerados
discordantes (AacuteZARA et al 2013) Etlinger et al (2012) no estado de Satildeo Paulo
observou que a discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e o Laboratoacuterio
Tipo II foi de 1348 Em Satildeo Paulo Pereira et al (2006) avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I de citologia da Rede Puacuteblica de Sauacutede do estado submetidos ao
MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e a discordacircncia foi de 142 Estes dados estatildeo
REZENDE MT Resultados
46
abaixo do valor de discordacircncia encontrado nesse estudo apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de
Consenso Observa-se que a maioria dos diagnoacutesticos que levaram a discordacircncia do
presente estudo foram esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de
baixo grau LSIL e ASC-US e que o Laboratoacuterio Tipo II reclassificou como negativo
portanto RFP Nesses casos a conduta cliacutenica que seria adotada no primeiro momento eacute
a repeticcedilatildeo da citologia em seis meses portanto natildeo causaria maiores transtornos a
mulher ou custos altos com os cuidados de sauacutede Outra parte dos diagnoacutesticos que
levaram a essa discordacircncia foram ajuste de criteacuterios os quais natildeo atrasam a conduta
cliacutenica da mulher e aleacutem disso durante a reuniatildeo de consenso permitem aos
citopatologistas ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final Ainda pode-se citar os resultados dos seguimentos dos casos com RFP
acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso em que foram encontrados 9 seguimentos e
todos com resultado citopatoloacutegico alterado Dessa forma dos resultados que o
Laboratoacuterio Tipo I voltou atraacutes na reuniatildeo de consenso nove deles mostraram
resultaram alterado ou seja natildeo necessariamente o Laboratoacuterio Tipo I precisaria ter
voltado atraacutes nesses disgnoacutesticos Isso ressalta a importacircncia da discussatildeo dos casos
discordantes durante a reuniatildeo de consenso para ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos
utilizados pelos citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II (PEREIRA et al
2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2013)
Entre os exames citopatoloacutegicos considerados discordantes natildeo foi identificado
nenhum RFN e apoacutes a reuniatildeo de Consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e II verificou-
se reduccedilatildeo dos RFP Sabe-se que os RFN satildeo mais preocupantes que os RFP visto que
mulheres natildeo diagnosticadas natildeo retornam para o acompanhamento e seguem em risco
da evoluccedilatildeo de lesotildees precursoras do CCU Por outro lado os RFP com diagnoacutestico
inicial de ASC-H ou pior diagnoacutestico em que a conduta preconizada eacute o
encaminhamento para colposcopia e bioacutepsia submetem as mulheres a procedimentos
desnecessaacuterios que podem modificar sua vida sexual e gerar danos psicoloacutegicos aleacutem
de gerar custos adicionais com os cuidados de sauacutede E os RFP com diagnoacutestico inicial
de ASC-US ou LSIL atrasam a repeticcedilatildeo da citologia (FRABLE 2007 GULLO et al
2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Inicialmente o Laboratoacuterio Tipo II classificou 144 (144) dos exames
citopatoloacutegicos como RFP e apoacutes a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero passou para
184 (59) Dos 59 RFP 14 (238) resultados foram classificados como ASC-US que
REZENDE MT Resultados
47
eacute diagnoacutestico limiacutetrofe que apresenta grande variabilidade interobservador Os RFP
acordados apoacutes o consenso foram distribuiacutedos em 53 (898) lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 6 (102) lesotildees intraepiteliais escamosas de alto grau
Dentre os resultados discordantes entre o Laboratoacuterio Tipo I e II houve 7 casos
considerados retardo de conduta (22) que apoacutes a reuniatildeo de consenso ficaram
definidos em 6 (19) nuacutemeros proacuteximos daqueles encontrados por Aacutezara et al (2013)
em que houve atraso no procedimento cliacutenico em relaccedilatildeo a 244 dos casos
Aacutezara et al (2016) verificaram que apoacutes a educaccedilatildeo continuada proporcionada
aos Laboratoacuterios Tipo I de 2007 a 2011 houve diminuiccedilatildeo dos casos de retardo de
conduta a taxa de RFN foi reduzida em oito laboratoacuterios e a taxa de RFP foi reduzida
em 5 deles Pereira et al (2006) no estado de Satildeo Paulo avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I do estado submetidos ao MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e
observaram um nuacutemero de RFP (166) maior do que os RFN (78) No primeiro ano
de MEQ os RFP foram 178 e nos anos seguintes esse nuacutemero foi reduzindo ateacute
chegar em 37 no ano de 2004 Os RFP foram distribuiacutedos em 933 de lesotildees de
baixo grau e 67 de lesotildees de alto grau no primeiro ano de estudo O valor de RFP e
a distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau apoacutes reuniatildeo de consenso do presente
estudo foram bem proacuteximos dos encontrados por Pereira et al (2006) no primeiro ano
de avaliaccedilatildeo Em estudo semelhante realizado no estado de Satildeo Paulo de 2000 a 2010
por Etlinger et al (2012) constatou-se o total de 206 de RFP um valor baixo
comparado com o encontrado nesse estudo assim como aqueles dos anos de 2001 a
2004 de Pereira et al (2006) Percebe-se que o tempo de avaliaccedilatildeo desses estudos
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2016) foi maior do que
o utilizado no presente trabalho em que foi realizada uma avaliaccedilatildeo antes e depois de
uma reuniatildeo de consenso indicando que a educaccedilatildeo continuada proporcionada pelo
MEQ nesses periacuteodos que os estudos ocorreram contribuiu para a uniformizaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos e melhoria da reprodutibilidade dos exames citopatoloacutegicos
Portanto ainda que no presente estudo tenha sido feita uma avaliaccedilatildeo pontual natildeo foram
encontrados RFN entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes consenso e houve reduccedilatildeo de
RFP e retardo de conduta Aleacutem disso a porcentagem de RFP observada estaacute
aproximada dos dados da literatura nos primeiros anos de estudo assim como
distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau
REZENDE MT Resultados
48
Com o intuito de aprofundar os criteacuterios utilizados na avaliaccedilatildeo buscou-se os
seguimentos das pacientes com diagnoacutestico citopatoloacutegico alterado Esses resultados
foram mais concordantes com os diagnoacutesticos do Laboratoacuterios Tipo II entretanto a
maior parte dos esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de baixo
grau ASC-US e LSIL no seguimento os resultados foram negativos ou seja essas
lesotildees regrediram entre o periacuteodo da primeira citologia ateacute a realizaccedilatildeo da nova
citologia E ainda quando analisamos as lesotildees verdadeiramente precursoras do CCU as
HSIL a concordacircncia do seguimento foi maior com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Estudo de Tobias et al (2016) analisando os laboratoacuterios citopatoloacutegicos do estado de
Minas Gerais que prestam serviccedilo para o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mostraram
que de uma forma geral estes laboratoacuterios detectam baixos iacutendices de lesotildees
precursoras do CCU Portanto se avaliarmos dessa forma o Laboratoacuterio Tipo I do
presente estudo vem cumprindo com o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo do CCU jaacute
que as lesotildees com verdadeiro potencial de progressatildeo para o cacircncer estatildeo sendo
detectadas confirmadas pela colposcopia e bioacutepsia permitindo assim que a paciente
seja tratada impedindo a evoluccedilatildeo para o cacircncer (BORTOLON et al 2012 BRASIL
2016b) Do total de 59 RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso foi possiacutevel obter 9
resultados citopatoloacutegicos no seguimento e todas tiveram resultado alterado Observa-
se que o resultado inicial do Laboratoacuterio Tipo I estava correto e que a discussatildeo dos
resultados discordantes como neste caso proporciona melhora tanto dos criteacuterios do
Tipo I quanto do Tipo II
Evidenciado por Bortolon et al (2012) grande parte dos laboratoacuterios brasileiros
apresentam indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos fora dos niacuteveis
preconizados isso pode levar a natildeo identificaccedilatildeo de casos positivos e consequentemente
a liberaccedilatildeo de RFN Plewka et al (2014) avaliando o desempenho de 13 laboratoacuterios
do Estado do Paranaacute prestadores de serviccedilo para o SUS mostraram que os indicadores
da maioria dos laboratoacuterios estavam abaixo do recomendado Tobias et al (2016)
apontou que a maioria dos laboratoacuterios que prestam serviccedilos ao SUS do estado de MG
apresentaram indicadores fora do intervalo recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Esses estudos demonstram a necessidade de implantaccedilatildeo de programas de garantia da
qualidade do exame citopatoloacutegico como o MIQ e MEQ aleacutem da avaliaccedilatildeo perioacutedica
de ambos (BRASIL 2013a BRASIL 2016b) O MIQ inclui a implantaccedilatildeo do sistema
REZENDE MT Resultados
49
de indicadores de qualidade que satildeo de faacutecil compreensatildeo execuccedilatildeo e anaacutelise Satildeo
instrumentos importantes para a garantia de qualidade em citopatologia cervical pois
satildeo reconhecidos como vaacutelidos para a avaliaccedilatildeo da qualidade do exame citopatoloacutegico
do colo do uacutetero (SIEGL et al 2014 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b) O MEQ
proporciona para os laboratoacuterios monitorados educaccedilatildeo continuada e discussatildeo dos
casos discordantes que contribui para melhoria da habilidade profissional dos
citopatologistas na medida que o treinamento e fornece maior acuraacutecia no diagnoacutestico
das lesotildees precursoras do CCU possibilitando maior certeza na emissatildeo do laudo
(AacuteZARA et al 2016)
O iacutendice de positividade (IP) expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares e a
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo alvo sendo
que nos paiacuteses em que houve diminuiccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade por
CCU nos Estados Unidos Noruega e Reino Unido o IP foi 68 (DAVEY et al
2004) 49 (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) e 64 (NHS 2011)
respectivamente Os resultados de IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais do
estudo realizado por Bortolon et al (2012) mostraram que 58 dos laboratoacuterios
apresentavam IP muito baixo 19 baixo e somente 23 dentro do esperado sendo
que esses foram responsaacuteveis por apenas 14 do total de exames realizados no estado
Ainda verificou que a meacutedia do IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais foi 22
em 2010 valor inferior ao recomendado Estudo mais recente realizado por Tobias et al
(2016) mostrou que a maioria dos laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam serviccedilo
para o SUS independentemente da escala de produccedilatildeo tem valores de IP bem abaixo da
faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Sendo assim o IP baixo pode indicar a presenccedila de RFN apontando que eacute
necessaacuterio a reavaliaccedilatildeo do MIQ do laboratoacuterio a fim de intervir nos meacutetodos utilizados
assim como na qualificaccedilatildeo profissional dos citopatologistas (PLEWKA et al 2014
BRASIL 2016b) Observou-se no estudo de Aacutezara et al (2014) que o IP foi inferior a
3 em aproximadamente 74 dos laboratoacuterios do Estado de Goiaacutes que natildeo
participaram do MEQ ressaltando a importacircncia da inclusatildeo dos laboratoacuterios
citopatoloacutegicos nesse programa
O IP verificado neste trabalho foi de 120 apoacutes a reuniatildeo de consenso que
apesar de ter melhorado apoacutes a discussatildeo dos casos discordantes ainda estaacute um pouco
acima do esperado que eacute de 3 a 10 (BRASIL 2016b) isso pode expressar uma alta
REZENDE MT Resultados
50
prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na populaccedilatildeo estudada Miranda et al
(2013) determinou a persistecircncia da infecccedilatildeo pelo HPV em 596 das mulheres do
municiacutepio de Ouro Preto MG e que os tipos virais de alto risco foram os mais
persistentes ainda comprovou ainda que a presenccedila de alteraccedilotildees citoloacutegicas que podem
evoluir para o CCU estaacute associada agrave infecccedilatildeo por HPV
As ceacutelulas escamosas atiacutepicas (ASC) sugerem duacutevida diagnoacutestica em que natildeo
haacute criteacuterios citomorfoloacutegicos suficientes para o diagnoacutestico de lesatildeo intraepitelial tendo
potencial para uso exagerado Um alto iacutendice da razatildeo ASCSat indica grande nuacutemero
de RFP implicando na oferta desnecessaacuteria de exames para a investigaccedilatildeo diagnoacutestica o
que representa um ocircnus para a mulher e para a rede de sauacutede (BRASIL 2016b)
Portanto eacute preciso assegurar o monitoramento de qualidade dos laboratoacuterios de
citopatologia do colo do uacutetero para que os iacutendices de positividade se enquadrem no
preconizado ao mesmo tempo sem que haja aumento de ASC (BORTOLON et al
2012) No estado de Minas Gerais em estudo realizado por Bortolon et al (2012) foi
averiguado que o indicador ASCSat dos laboratoacuterios do estado foi 11 em 2010 valor
inferior ao recomendado Enquanto que os outros estados da Regiatildeo Sudeste tambeacutem
estavam com o indicador fora dos paracircmetros sendo Espirito Santo com 12 Rio de
Janeiro com 19 e Satildeo Paulo com 27 e a meacutedia da Regiatildeo foi entatildeo de 21 o que
indica a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios utilizados na definiccedilatildeo de ASC No
presente estudo verificou-se que antes da reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat do
Laboratoacuterio Tipo I apresentava valor de 571 fora da faixa indicada como ideal de 4
a 5 de acordo com o Manual de Gestatildeo da Qualidade (BRASIL 2016b)
Posteriormente a reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat observado foi de 462
dentro da faixa recomendada
Os demais indicadores de qualidade permaneceram dentro do recomendado apoacutes
o consenso A relaccedilatildeo ASCSIL que deve ser inferior a trecircs teve valor de 06 apoacutes a
accedilatildeo O valor dessa razatildeo dentro do recomendado indica que os criteacuterios diagnoacutesticos de
SIL e ASC estatildeo precisos O valor estaacute de acordo com os outros laboratoacuterios dos
estados da Regiatildeo Sudeste de acordo com estudo realizado em 2010 por Bortolon et al
(2012) 12 para o Rio de Janeiro 20 para Satildeo Paulo 11 para Espiacuterito Santo e Minas
Gerais
O ASCAlt deve ser inferior a 60 sendo que o valor encontrado nesse estudo
apoacutes o consenso de 384 permaneceu dentro do proposto Esse indicador tem a
REZENDE MT Resultados
51
finalidade de monitorar os casos de ASC para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente
Ressalta-se que o percentual elevado de ASC indica que o laboratoacuterio apresenta
problemas na fase preacute-analiacutetica analiacutetica ou em ambas as fases (BRASIL 2016b
AacuteZARA et al 2014) No estudo de Aacutezara et al (2014) 29 dos laboratoacuterios que natildeo
eram monitorados tiveram o indicador ASCAlt fora dos paracircmetros Aleacutem disso
aqueles laboratoacuterios natildeo monitorados que apresentaram IP dentro da faixa
recomendada e ASCAlt fora do recomendado estavam relacionados a um alto
percentual de ASC e natildeo de lesotildees precursoras do CCU Assim recomenda-se que esses
dois indicadores devem ser analisados em conjunto pois um IP adequado pode conter
uma elevada percentagem de ASC (BRASIL 2016b BRASIL 2013a)
Dessa forma acredita-se que o valor de IP encontrado em 2014 esteja um pouco
fora do esperado devido agrave alta prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na
populaccedilatildeo do municiacutepio de Ouro Preto MG E quando analisa-se o indicador ASCAlt
observa-se que tanto antes da reuniatildeo de consenso valor de 365 quanto depois valor
de 384 ambos estatildeo dentro do recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede que eacute menor
de 60 (BRASIL 2016b) ou seja o Laboratoacuterios Tipo I vem usando adequadamente
os criteacuterios para classificaccedilatildeo das ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado a qual tem potencial para uso exagerado
O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente
precursoras do CCU e deve ser igual ou superior a 04 valor que foi baseado nos
obtidos em paiacuteses em que o rastreamento foi bem-sucedido na diminuiccedilatildeo das taxas de
incidecircncia e mortalidade por CCU como 05 nos Estados Unidos (EVERSOLE et al
2010) 11 no Reino Unido (NHS CANCER SCREENING PROGRAMMES 2011) e
114 na Noruega (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) Obteve-se tanto antes
quanto depois da reuniatildeo de consenso valor da razatildeo HSILSat maior de 04 dessa
maneira o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo secundaacuteria do CCU vem sendo alcanccedilado
jaacute que as HSIL lesotildees que podem evoluir para o cacircncer estatildeo sendo detectadas
(BRASIL 2016b) Portanto ressalta-se que as lesotildees intraepiteliais de alto grau satildeo o
foco dos programas de rastreio do CCU para diminuiccedilatildeo de sua incidecircncia e
mortalidade (BORTOLON et al 2012) Os laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam
serviccedilo para o SUS apresentaram em 2012 detecccedilatildeo baixa de lesotildees precursoras do
CCU destacando a necessidade de investir na garantia da qualidade do exame
citopatoloacutegico por meio do MIQ e MEQ (TOBIAS et al 2016)
REZENDE MT Resultados
52
Aacutezara et al (2014) avaliaram o impacto da educaccedilatildeo continuada fornecida por
Laboratoacuterio Tipo II sobre os indicadores de qualidade de 12 laboratoacuterios monitorados
do Estado de Goiaacutes verificou-se efeito direto sobre os indicadores IP e o HSILSat que
melhoraram apoacutes a intervenccedilatildeo A educaccedilatildeo continuada fornecida pelo MEQ ajudou na
padronizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos aprimorando as competecircncias dos
citopatologistas em detectar alteraccedilotildees celulares sugestivas de CCU Constatou-se ainda
que a maioria dos laboratoacuterios que apresentaram indicadores na faixa estabelecida
estavam participando do MEQ
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I calculados nesse estudo dois
anos apoacutes o MEQ do ano de 2015 mostram que todos estatildeo dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede inclusive o IP que passou de 120 para 99
indicando que a accedilatildeo foi positiva e duradoura com o passar do tempo
Os resultados deste estudo mostraram que os indicadores de qualidade do
Laboratoacuterio Tipo I melhoraram apoacutes reuniatildeo de consenso proporcionada pelo MEQ
dessa forma eacute crucial a participaccedilatildeo dos laboratoacuterios de citopatologia no programa para
identificaccedilatildeo dos erros diagnoacutesticos e padronizaccedilatildeo dos criteacuterios utilizados na
classificaccedilatildeo das alteraccedilotildees citoloacutegicas Isso possibilita a adequaccedilatildeo dos indicadores nos
paracircmetros ideais permitindo a detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente precursoras do
CCU o que refletiraacute na reduccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade deste cacircncer
REZENDE MT Conclusotildees
53
8- Conclusotildees
A concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e II foi boa apoacutes a reuniatildeo de
Consenso
Dentre os resultados discordantes natildeo foi identificado nenhum RFN Os RFP e os
casos de retardo de conduta foram reduzidos apoacutes a reuniatildeo de consenso
O IP e o ASCSat apoacutes o consenso atingiram a faixa estabelecida e os outros
indicadores da qualidade permaneceram dentro do recomendado tanto antes quanto apoacutes
a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de consenso
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I dois anos apoacutes o MEQ estatildeo
dentro da faixa recomendada
Os seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia
com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso tiveram
resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Referecircncias
54
9- Consideraccedilotildees finais
Com apenas uma participaccedilatildeo no MEQ observou-se a importacircncia da reuniatildeo de
consenso realizada entre os Laboratoacuterios Tipos I e Tipo II para a anaacutelise e discussatildeo
dos casos discordantes Eacute um momento crucial para o ajuste dos criteacuterios
citomorfoloacutegicos utilizados no diagnoacutestico de lesotildees preacute-neoplaacutesicas pelos
citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II proporcionando um aprimoramento
desses criteacuterios Dessa forma apenas com uma accedilatildeo pontual minimiza-se a divergecircncia
diagnoacutestica do exame citopatoloacutegico Portanto a reuniatildeo de consenso proporcionada
pelo MEQ deve ser vista como uma parceria e como um momento de aprendizado para
ambos os laboratoacuterios pois eacute uma praacutetica de aperfeiccediloamento diagnoacutestico essencial para
o rastreamento do CCU
A praacutetica contiacutenua do MEQ deve igualmente ser priorizada em um programa
organizado de rastreamento do CCU pois o regular monitoramento dos laboratoacuterios
garante a produccedilatildeo de exames citopatoloacutegicos de qualidade e que contribuem
significativamente na detecccedilatildeo de lesotildees precursoras desta neoplasia
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REZENDE MT Apecircndices
66
Apecircndices
Apecircndice A Planilha do preacute-escrutiacutenio raacutepido
PLANILHA DO PREacute-ESCRUTIacuteNIO RAacutePIDO (PER)
DATA DE CHEGADA
DATA
REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA
RESULTADO DO PER
N= Negativo I= Insatisfatoacuterio S= Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
67
Apecircndice B Planilha da revisatildeo raacutepida de 100
PLANILHA DA REVISAtildeO RAacutePIDA DE 100 DOS NEGATIVOS (RR100)
DATA DE CHEGADA
DATA REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA RESULTADO DA RR100
FLORA
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
68
Apecircndice C Planilha dos resultados positivos e insatisfatoacuterios
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS POSITIVOS E INSATISFATOacuteRIOS
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO
ER
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
69
Apecircndice D Planilha de revisatildeo dos resultados discordantes
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS DISCORDANTES
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO ER
RESULTADO RR100
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Anexos
70
Anexos
Anexo 1 Requisiccedilatildeo de exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero
REZENDE MT Anexos
71
REZENDE MT Abreviaturas
AGC Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas
ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode excluir
lesatildeo de alto grau
CCU Cacircncer do colo do uacutetero
DST Doenccedila sexualmente transmissiacutevel
ER Escrutiacutenio de rotina
HPV Papiloma viacuterus humano
HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
INCA Instituto Nacional do Cacircncer
LAPAC Laboratoacuterio Piloto de Anaacutelises Cliacutenicas
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau
MIQ Monitoramento interno da qualidade
MEQ Monitoramento externo da qualidade
PER Preacute-escrutiacutenio raacutepido
RFN Resultado falso-negativo
RFP Resultado falso-positivo
RR100 Revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
VPR Variaccedilatildeo Percentual Relativa
REZENDE MT Sumaacuterio
1- Introduccedilatildeo 12
2- Revisatildeo da Literatura 14
21 Cacircncer do colo do uacutetero 14
22 Exame citopatoloacutegico 16
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais 18
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado 20
23 Controle de qualidade em citopatologia 21
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia 23
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero 24
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia 25
3- Justificativa 29
4- Objetivos 30
41 Objetivo Geral 30
42 Objetivos especiacuteficos 30
5- Metodologia 31
51 Local de estudo 31
511 Monitoramento interno da qualidade 31
52 Tipo de estudo 33
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica 33
54 Monitoramento externo da qualidade 33
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados 35
56 Anaacutelise dos dados 36
6- Resultados 38
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 38
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos 42
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado 43
7- Discussatildeo 45
9- Consideraccedilotildees finais 54
10- Referecircncias 55
Apecircndices 66
Anexos 70
REZENDE MT Introduccedilatildeo
12
1- Introduccedilatildeo
O CCU eacute considerado mundialmente um grave problema de sauacutede puacuteblica
sendo o quarto tipo de cacircncer mais frequente entre as mulheres e responsaacutevel pelo oacutebito
de 266 mil mulheres em 2012 (WHO 2012) No Brasil estima-se para o ano de
20162017 a ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585
casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a) A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero ou Papanicolaou eacute a estrateacutegia mais adotada para o
rastreamento desta neoplasia sendo efetivo para detectar lesotildees precursoras que podem
ser tratadas permitindo a reduccedilatildeo nas taxas de incidecircncia e mortalidade (MORIN et al
2000 TOMASI et al 2015)
Um dos grandes desafios a ser superado em relaccedilatildeo ao exame citopatoloacutegico eacute a
elevada taxa de resultados falso-negativos (RFN) que o meacutetodo apresenta que podem
chegar ateacute a 62 (ATTWOOD et al 1985 KOSS 1989 GIILL 2005 AMARAL et
al 2008) Assim muitas mulheres natildeo satildeo diagnosticadas e continuam em risco de
desenvolver lesotildees precursoras do cacircncer do colo do uacutetero uma vez que natildeo receberam o
devido acompanhamento Por outro lado os resultados falso-positivos (RFP) tambeacutem
causam transtornos na vida das mulheres que muitas vezes se submetem a
procedimentos desnecessaacuterios (MITCHELL MEDLEY 1995 KIRSCHNER et al
2011 GULLO et al 2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Com o objetivo de aperfeiccediloar o exame citopatoloacutegico algumas estrateacutegias
corretivas de melhoria da qualidade tecircm sido desenvolvidas como os programas de
monitoramento interno da qualidade (MIQ) e monitoramento externo da qualidade
(MEQ) que visam identificar corrigir e diminuir as falhas dentro do laboratoacuterio de
citopatologia Dessa forma eacute possiacutevel melhorar a sensibilidade do meacutetodo em detectar
alteraccedilotildees citopatoloacutegicas resultando na reduccedilatildeo dos percentuais de RFN e RFP
(TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) O Ministeacuterio da Sauacutede em 2013
regulamentou o MIQ e o MEQ instituindo a Qualificaccedilatildeo Nacional em Citopatologia na
Prevenccedilatildeo do CCU (BRASIL 2013a) que definiu padrotildees para avaliar a qualidade do
exame atraveacutes do acompanhamento dos laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam
serviccedilo para o SUS
O MEQ compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio diferente
daquele que realizou a primeira leitura e tem como principal objetivo avaliar o
REZENDE MT Introduccedilatildeo
13
desempenho dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do colo uterino e fornecer educaccedilatildeo
continuada aos citopatologistas com o intuito de aprimorar o diagnoacutestico citopatoloacutegico
(FREITAS THULER 2012 AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio e
contemplam entre outras o monitoramento do preparo das lacircminas o tempo de
escrutiacutenio a carga de trabalho do citologista a revisatildeo dos esfregaccedilos e a implantaccedilatildeo
de sistema de indicadores de qualidade Dentre os meacutetodos de MIQ mais eficientes na
detecccedilatildeo de RFN cita-se a revisatildeo raacutepida de 100 (RR100) dos esfregaccedilos negativos
e o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) de todos os esfregaccedilos (TAVARES et al 2011 2014
BRASIL 2016b) A implementaccedilatildeo dos indicadores de qualidade eacute fundamental pois
permite comparar a situaccedilatildeo atual com metas desejadas assim eacute possiacutevel acompanhar o
comportamento do indicador apoacutes a realizaccedilatildeo de alguma intervenccedilatildeo auxiliando na
tomada de decisatildeo (BORTOLON et al 2012 PLEWKA et al 2014 BRASIL 2016b)
Aleacutem do monitoramento da qualidade dos exames citopatoloacutegicos a eficiecircncia
do rastreamento do CCU depende do seguimento adequado das mulheres com
resultados alterados mantendo no programa aquelas que devem repetir o exame ou
serem encaminhadas adequadamente para a colposcopia e bioacutepsia (ZOLA et al 2007
ALBUQUERQUE et al 2012) O seguimento permite que seja feito a correlaccedilatildeo do
diagnoacutestico citoloacutegico com a histologia que eacute uma importante ferramenta usada como
medida da garantia da qualidade e do desempenho dos laboratoacuterios de citopatologia
(ANSCHAU GONCcedilALVES 2011 TURKMEN et al 2013)
Portanto eacute imprescindiacutevel a implantaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ na rotina
dos laboratoacuterios de citopatologia pois satildeo parte integrante da estrateacutegia de garantia e
melhoria contiacutenua da qualidade com a finalidade de reduzir as falhas do exame
citopatoloacutegico garantindo agraves mulheres a prestaccedilatildeo de um serviccedilo seguro
Um dos principais motivos da ocorrecircncia dos RFN e RFP satildeo problemas
relacionados agrave interpretaccedilatildeo diagnoacutestica (GAY NALDSON GOELLNER 1985
RENSHAW 2003 COLEMAN POZNANSKY 2006 BRANCA LONGATTO-
FILHO 2015) Sendo assim este trabalho teve como objetivo comparar os exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero submetidos ao MEQ com o intuito de minimizar
divergecircncias diagnoacutesticas a fim de reduzir os RFN e RFP que satildeo um dos maiores
problemas enfrentados pelos laboratoacuterios de citopatologia
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
14
2- Revisatildeo da Literatura
21 Cacircncer do colo do uacutetero
Estimativas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede apontaram o cacircncer do colo do
uacutetero (CCU) como o responsaacutevel pelo oacutebito de 266 mil mulheres em 2012 e
aproximadamente 87 ocorreram nas regiotildees menos desenvolvidas (WHO 2012) No
Brasil ocupa a terceira posiccedilatildeo entre os dez tipos de cacircncer mais incidentes estimados
para 2016 por sexo exceto pele natildeo melanoma Estima-se para o ano de 20162017 a
ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585 casos a cada
100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
A taxa de incidecircncia do CCU estimada para 20162017 por regiatildeo brasileira sem
considerar os tumores de pele natildeo melanoma eacute a mais alta na regiatildeo Norte
apresentando 2397 novos casos por 100 mil mulheres Eacute o segundo mais incidente nas
regiotildees Centro-Oeste e Nordeste com 2072 e 1949 novos casos a cada 100 mil
mulheres respectivamente E na regiatildeo Sudeste estaacute na terceira posiccedilatildeo com 1130
novos casos a cada 100 mil mulheres e na regiatildeo Sul na quarta com 1517 novos casos
a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
Define-se o CCU como a replicaccedilatildeo desordenada do epiteacutelio de revestimento
deste oacutergatildeo resultando em comprometimento do estroma e invasatildeo de estruturas e
oacutergatildeos contiacuteguos ou agrave distacircncia Na fase preacute-cliacutenica desta neoplasia natildeo se observam
sintomas de maneira que a detecccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees precursoras eacute realizada pelo
exame citoloacutegico por outro lado agrave medida que a doenccedila progride surgem sangramento
menorragias e metrorragias (HAMONT et al 2008 LIMBERGER et al 2012)
O CCU eacute uma doenccedila que possui evoluccedilatildeo lenta onde a progressatildeo de uma
lesatildeo inicial para a forma invasiva pode levar anos sendo entatildeo possiacutevel identificar suas
formas precursoras que satildeo trataacuteveis e curaacuteveis (MEDEIROS et al 2005 COLEMAN
POZNANSKY 2006 RAMA et al 2008) Assim trata-se de uma doenccedila evitaacutevel
podendo apresentar 100 de cura principalmente atraveacutes do diagnoacutestico precoce
realizado pelo exame citopatoloacutegico e tratamento adequado de lesotildees preacute-malignas
(ZEFERINO et al 1996 ELUF-NETO NASCIMENTO 2001 SANTOS et al 2013)
A infecccedilatildeo pelo papiloma viacuterus humano (HPV) eacute uma das doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis mais comuns em todo mundo em ambos os sexos sendo que a maioria
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
15
das pessoas adquirem o viacuterus no iniacutecio da atividade sexual A infecccedilatildeo tem iniacutecio nas
ceacutelulas basais da zona de transformaccedilatildeo do colo do uacutetero e a maioria eacute controlada pela
resposta imune celular ocorrendo sua eliminaccedilatildeo espontacircnea em torno de dois anos
sem causar lesotildees e sintomas (ALMONTE et al 2010 GRAVITT et al 2011)
O HPV eacute considerado o principal fator de risco associado ao desenvolvimento
do CCU e a infecccedilatildeo persistente no trato reprodutivo de mulheres pode levar ao
surgimento de lesotildees preacute-neoplaacutesicas (DE SANJOSE et al 2007 2010
GUDLEVICIENE et al 2010) Satildeo descritos hoje aproximadamente 130 genoacutetipos do
HPV sendo que desses 40 podem infectar a mucosa genital Os tipos de HPV satildeo
classificados em viacuterus de alto ou baixo risco oncogecircnico conforme a propensatildeo das
ceacutelulas infectadas agrave transformaccedilatildeo neoplaacutesica (WEISS ROSENTHAL ZIMET 2011
FERRAZ SANTOS DISCACCIATI 2012) Aproximadamente 15 tipos de HPV tecircm
potencial oncogecircnico e satildeo responsaacuteveis por praticamente todos os cacircnceres cervicais e
lesotildees precursoras desses os mais prevalentes satildeo os HPV 16 e 18 sendo associados
com aproximadamente 70 de todos os cacircnceres do colo do uacutetero (MAZARICO
GONZALEZ-BOSQUETE 2012 HOSTE VOSSAERT POPPE 2013)
Sabe-se que somente a infecccedilatildeo pelo HPV natildeo eacute suficiente para o
desenvolvimento do carcinoma pois haacute um periacuteodo de latecircncia entre a infecccedilatildeo e o
desenvolvimento das lesotildees preacute-neoplaacutesicas indicando que existem outros elementos
atuando como co-fatores na carcinogecircnese do colo do uacutetero dentre os quais cita-se o
iniacutecio precoce da vida sexual muacuteltiplos parceiros sexuais multiparidade histoacuteria de
doenccedila sexualmente transmitida imunossupressatildeo uso prolongado de anticoncepcional
oral e tabagismo (NATUNEN et al 2011 ZARDO et al 2014)
Desde a infecccedilatildeo pelo HPV ateacute o desenvolvimento do CCU transcorrem
aproximadamente quinze anos Considera-se esta progressatildeo lenta sendo possiacutevel nesse
tempo a identificaccedilatildeo precoce de lesotildees celulares associadas com a persistecircncia deste
viacuterus no trato genital por meio da citologia cervical Assim haacute tempo para que as
lesotildees possam ser tratadas adequadamente impedindo a progressatildeo para o cacircncer
(SNIJDERS et al 2006 DISCACCIATI et al 2011 FERRAZ SANTOS
DISCACCIATI 2012)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
16
22 Exame citopatoloacutegico
A estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do CCU desde sua introduccedilatildeo
em 1941 por George Papanicolaou eacute o exame citopatoloacutegico sendo responsaacutevel pela
reduccedilatildeo da incidecircncia e mortalidade desse cacircncer nas uacuteltimas cinco deacutecadas em paiacuteses
em que foi implantado de maneira eficiente (PAPANICOLAOU TRAUT 1977
ARBYN et al 2009 DIJKSTRA et al 2014) O rastreio utilizando a citologia
esfoliativa eacute considerado uma intervenccedilatildeo de sauacutede puacuteblica extremamente bem-
sucedida de forma que praticado de acordo com as diretrizes alcanccedila reduccedilotildees na
incidecircncia do CCU de ateacute 80 (FRANCO DUARTE-FRANCO FERENCZY 2001
OGILVIE et al 2010) Aleacutem disso mais de 60 de todos os casos de CCU satildeo
observados entre as mulheres que natildeo participam do rastreamento (STENVALL
WIKSTROM WILANDER 2007)
O exame citopatoloacutegico baseia-se no fato de que alteraccedilotildees nas ceacutelulas epiteliais
do colo uterino podem progredir ao longo do tempo permitindo o surgimento do
cacircncer Sendo assim o Papanicolaou eacute estrateacutegico para detecccedilatildeo dessas alteraccedilotildees nas
fases iniciais das lesotildees precursoras (CARVALHO QUEIROZ 2010) Eacute um exame
faacutecil raacutepido praacutetico seguro de baixo custo e eficaz na detecccedilatildeo de lesotildees cervicais e
por isso deve ser incentivado como meacutetodo de triagem (GREENWOOD MACHADO
SAMPAIO 2006 OLIVEIRA et al 2010 COBUCCI et al 2016)
Os procedimentos mais usados para a confecccedilatildeo dos esfregaccedilos para o exame
citopatoloacutegico satildeo a coleta convencional ou em meio liacutequido (ARBYN et al 2008
NANDINI et al 2012) A teacutecnica de citologia em meio liacutequido permite que as ceacutelulas
sejam suspensas em meio liacutequido e espalhadas em monocamada possibilitando assim
uma melhor avaliaccedilatildeo morfoloacutegica e tem sido introduzida nos paiacuteses desenvolvidos para
melhorar a sensibilidade do exame citopatoloacutegico (PAWAR et al 2014) Apesar deste
meacutetodo apresentar menos tempo de triagem fundo limpo e melhor distribuiccedilatildeo dos
elementos celulares os benefiacutecios natildeo justificam o alto custo assim a coleta
convencional deve ser a primeira escolha para os paiacuteses em desenvolvimento pois
quando realizado de maneira organizada e de acordo com os padrotildees de qualidade natildeo eacute
inferior a citologia em meio liacutequido (ILTER et al 2012 SHARMA et al 2016)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a coleta convencional Neste tipo de coleta o
espeacuteculo eacute introduzido no canal vaginal para expor o colo do uacutetero e satildeo utilizados a
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
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espaacutetula de Ayre para a coleta de ceacutelulas da ectoceacutervice e a escova endocervical para
coleta de ceacutelulas da endoceacutervice (ARBYN et al 2008 VERMA JAIN KAUR 2014)
As ceacutelulas satildeo colocadas em uma lacircmina transparente de vidro com extremidade fosca
onde consta identificaccedilatildeo da paciente satildeo coradas e examinadas ao microscoacutepio pelos
profissionais habilitados que poderatildeo identificar ceacutelulas que apresentam alteraccedilotildees
indicativas de lesotildees preacute-malignas (ARBYN et al 2008 FERNANDES et al 2009
BRASIL 2011)
No Brasil a populaccedilatildeo alvo recomendada para a realizaccedilatildeo deste exame satildeo
mulheres na faixa etaacuteria de 25 ateacute os 64 anos de idade e agravequelas que jaacute iniciaram a vida
sexual Recomenda-se a realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico como ferramenta
de rastreamento sendo que deve ser repetido a cada trecircs anos apoacutes dois exames anuais
consecutivos normais A repeticcedilatildeo em um ano tem por objetivo diminuir a possibilidade
de RFN (RIBEIRO SANTOS TEIXEIRA 2011 BRASIL 2016c) Este
acompanhamento regular tem como base os programas de rastreamento organizados na
maioria dos paiacuteses desenvolvidos (FERLAY et al 2012)
Em estudo envolvendo oito paiacuteses realizado pela International Agency for
Research on Cancer (IARC) em 1986 servindo de suporte para normas ainda hoje
vigente mundialmente estimou-se que ao iniciar o rastreamento aos 25 anos de idade e
natildeo aos 20 anos perde-se apenas 1 de reduccedilatildeo da incidecircncia cumulativa do CCU
(IARC 1986 BRASIL 2011) Mulheres de ateacute 20 anos de idade natildeo estatildeo incluiacutedas na
faixa etaacuteria alvo do rastreamento pois possuem maior probabilidade de regressatildeo das
lesotildees preacute-invasivas o carcinoma invasor nesta parcela da populaccedilatildeo em geral eacute
extremamente raro e a maioria das infecccedilotildees pelo HPV se resolve espontaneamente em
cerca de dois anos sendo portanto de reduzida significacircncia cliacutenica (MOSCICKI
2008 MOSCICKI COX 2010) Os exames devem seguir ateacute os 64 anos e apoacutes essa
idade serem interrompidos quando resultarem em dois exames negativos consecutivos
nos uacuteltimos cinco anos (SASIENI CASTANtildeON CUZICK 2010 BRASIL 2011)
O rastreamento no Brasil eacute predominantemente oportuniacutestico ou seja as
mulheres tecircm realizado o exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero quando procuram os
serviccedilos de sauacutede geralmente devido a consulta meacutedica gravidez e diante de queixas
como prurido e leucorreacuteia Assim 20 a 25 dos exames tecircm sido realizados fora do
grupo etaacuterio recomendado e aproximadamente metade deles com intervalo de um ano
ou menos quando o recomendado satildeo trecircs anos Portanto haacute um contingente de
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
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mulheres rastreadas e a exclusatildeo de outras (ZEFERINO 2008 NAVARRO et al 2015
BRASIL 2016c)
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais
George N Papanicolaou em 1941 criou a primeira terminologia de
classificaccedilatildeo citoloacutegica das lesotildees precursoras do CCU que procurava expressar se as
ceacutelulas observadas eram normais ou natildeo e desde entatildeo vaacuterios sistemas de classificaccedilatildeo
foram sugeridos (TRAUT PAPANICOLAOU 1943 AGUIAR et al 2011)
Nos Estados Unidos em 1988 foi realizada na cidade de Bethesda um workshop
que enfatizou a grande diversidade na comunicaccedilatildeo dos resultados em citologia
cervical e teve como objetivo determinar uma terminologia que daria limites evidentes
para a gestatildeo e dessa maneira reduziria a variabilidade interobservador Entatildeo nesse
ano foi aprovada a classificaccedilatildeo citoloacutegica conhecida como Terminologia do Sistema
Bethesda que introduziu os termos lesotildees intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e
alto grau (HSIL) (NAYAR WILBUR 2015a)
Apoacutes experiecircncia na praacutetica cliacutenica e novos avanccedilos no conhecimento
cientiacutefico esse sistema passou por revisatildeo em 1991 e 2001 que propocircs uniformizar as
terminologias assim como as condutas cliacutenicas para cada classificaccedilatildeo citoloacutegica
(AGUIAR et al 2011) O workshop de 1991 levou agrave produccedilatildeo do primeiro atlas
Bethesda em 1994 depois de sua publicaccedilatildeo tornou-se rapidamente uma referecircncia
mundial para a praacutetica da citologia cervical (SOLOMON et al 2002 NAYAR
WILBUR 2015a) Em 2001 aconteceu mudanccedilas marcantes em relaccedilatildeo agrave categoria de
Ceacutelulas Escamosas Atiacutepicas (ASC) A categoria ASC foi subdividida em ceacutelulas
escamosas atiacutepicas de significado indeterminado (ASC-US) e ceacutelulas escamosas
atiacutepicas quando natildeo se pode excluir lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
(WRIGHT et al 2002 MASSAD et al 2013) Nos Estados Unidos em 2013 855
dos laboratoacuterios de citologia haviam implementado a terminologia de 2001 e o
sistema de Bethesda produziu um impacto significativo na comunidade
internacional de citopatologia (DAVEY et al 2004)
Nos uacuteltimos anos vecircm acontecendo vaacuterias mudanccedilas nos processos de rastreio
do CCU como aumento do uso de citologia em meio liacutequido aprovaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de vacinas profilaacuteticas contra o HPV mudanccedilas na terminologia de
histopatologia e diretrizes atualizadas para o rastreio do CCU e gestatildeo cliacutenica Com
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
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base em todas essas mudanccedilas o ano de 2014 era o momento adequado para uma
revisatildeo e atualizaccedilatildeo da terminologia Sistema de Bethesda 2001 Houve entatildeo o
refinamento de criteacuterios morfoloacutegicos e incorporaccedilatildeo de revisotildees e novas
informaccedilotildees adicionais na terceira ediccedilatildeo do atlas Bethesda para citologia cervical
(NAYAR WILBUR 2015b)
Em 2003 foi publicada a primeira ediccedilatildeo da Nomenclatura Brasileira para
Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais e Condutas Cliacutenicas Preconizadas baseada no
sistema de Bethesda contendo tambeacutem o MEQ com o objetivo de padronizar o laudo
citopatoloacutegico com as respectivas condutas cliacutenicas e manter o controle de qualidade
desses laudos emitidos pelos laboratoacuterios prestadores de serviccedilo ao Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SUS) No ano de 2006 houve a publicaccedilatildeo da segunda ediccedilatildeo dessa
nomenclatura e foi suprimido o capiacutetulo referente ao MEQ porque esse tema merecia
uma profunda revisatildeo No ano de 2010 optou-se por lanccedilar como publicaccedilotildees
independentes os trecircs capiacutetulos de Condutas Cliacutenicas Preconizadas MEQ e da
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais (BRASIL 2012)
Em 2012 foi publicada a terceira ediccedilatildeo revisada e atualizada da Nomenclatura
Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais que eacute a nomenclatura utilizada
atualmente no Brasil contemplando a seguinte classificaccedilatildeo
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (ASC-US)
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir
lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (AGC-SOE)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode afastar
lesatildeo intraepitelial de alto grau (AGC-NEO)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL)
bull Adenocarcinoma in situ (AIS)
bull Adenocarcinoma invasor (cervical endometrial e sem outras especificaccedilotildees)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau natildeo podendo excluir microinvasatildeo
bull Carcinoma epidermoacuteide invasor
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
20
A adoccedilatildeo do Sistema de Bethesda ainda que adaptado ao Brasil facilita a
comparaccedilatildeo de resultados nacionais com os encontrados em publicaccedilotildees estrangeiras
Poreacutem ainda haacute resistecircncia por parte dos citopatologistas no emprego da nomenclatura
brasileira para exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero Ressalta-se que aleacutem do
diagnoacutestico preciso tambeacutem eacute importante que o relatoacuterio de apresentaccedilatildeo dos resultados
seja de faacutecil compreensatildeo para que a paciente receba seguimento e conduta adequada
dessa forma maiores esforccedilos devem ser empregados no sentido de estimular o uso
dessa nomenclatura (AGUIAR et al 2011)
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado
Em 2011 houve atualizaccedilatildeo das Condutas Cliacutenicas Preconizadas de 2006 e entatildeo
foram lanccediladas as ldquoDiretrizes para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo que
buscaram orientar as condutas preconizadas em mulheres com alteraccedilotildees no exame
citopatoloacutegico cervical (BRASIL 2011)
De acordo com essas diretrizes diante de um resultado de exame citopatoloacutegico
de ASC-US a mulher com 30 anos ou mais deveraacute repetir o exame citopatoloacutegico em
um intervalo de 6 meses e com idade inferior a 30 anos no intervalo de 12 meses Para
os exames com resultados classificados como ASC-H as mulheres devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e se observado alteraccedilotildees
colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia jaacute aquelas sem alteraccedilotildees devem repetir nova
citologia em 6 meses Pacientes com diagnoacutestico citoloacutegico de AGC devem ser
encaminhadas para colposcopia realiza-se a bioacutepsia apenas quando satildeo observadas
alteraccedilotildees no colo caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia em 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de LSIL devem repetir o exame citopatoloacutegico em 6
meses se a citologia de repeticcedilatildeo for negativa em dois exames consecutivos a paciente
deve retornar agrave rotina de rastreamento citoloacutegico trienal Pacientes que apresentarem
diagnoacutestico de HSIL deveratildeo ser encaminhadas em ateacute trecircs meses agrave Unidade de
Referecircncia Secundaacuteria para realizaccedilatildeo da bioacutepsia se observada alteraccedilotildees no colo na
colposcopia (BRASIL 2011)
No ano de 2016 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a segunda ediccedilatildeo das ldquoDiretrizes
para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo atualizando as diretrizes publicadas em
2011 visando auxiliar os profissionais da sauacutede em suas praacuteticas assistenciais em todo o
paiacutes quanto ao seguimento de exames citopatoloacutegicos alterados e apoiar os gestores na
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
21
tomada de decisatildeo em relaccedilatildeo agrave estruturaccedilatildeo da linha de cuidados da mulher (BRASIL
2016c)
De acordo com as diretrizes mais recentes as mulheres com diagnoacutestico de ASC-
US abaixo de 25 anos de idade devem repetir o exame apoacutes 3 anos aquelas entre 25 e
29 anos devem repetir em 12 meses enquanto as mulheres acima de 30 anos devem
repetir a citologia apoacutes 6 meses Mulheres com diagnoacutestico de ASC-H devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e somente aquelas que
apresentam alteraccedilotildees colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia sendo que as demais
devem repetir a citologia apoacutes 6 meses Em mulheres com diagnoacutestico de ceacutelulas
glandulares atiacutepicas (AGC) ou ceacutelulas atiacutepicas de origem indefinida a paciente deve ser
imediatamente encaminhada para colposcopia onde faz-se a bioacutepsia apenas quando satildeo
observadas alteraccedilotildees caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia Na
presenccedila do diagnoacutestico LSIL em mulheres abaixo de 25 anos de idade sugere-se repetir
o exame citopatoloacutegico apoacutes 3 anos com indicaccedilatildeo de colposcopia caso a atipia se
mantenha E mulheres acima de 25 anos de idade devem repetir a citologia apoacutes 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de HSIL devem ser encaminhadas para realizaccedilatildeo de
colposcopia ateacute trecircs meses apoacutes o resultado e caso apresentem alteraccedilotildees visuais no
colo do uacutetero deveratildeo ser submetidas a bioacutepsia caso contraacuterio recomenda-se nova
citologia apoacutes trecircs meses a contar da data da coleta da citologia anterior (BRASIL
2016c)
Um dos maiores problemas enfrentado pelo programa de rastreamento e controle
do CCU eacute a falta de seguimento dado as mulheres depois que realizam o exame
citopatoloacutegico bem como a orientaccedilatildeo errocircnea por parte dos profissionais de sauacutede
Portanto para que o programa tenha sucesso eacute necessaacuterio garantir que seja organizado e
definido como um conjunto de accedilotildees programadas com populaccedilatildeo e periodicidade
especiacuteficas porque com o seguimento pode-se oferecer um tratamento adequado
interrompendo o desenvolvimento desse cacircncer (VALE et al 2010 ALBUQUERQUE
et al 2012 SANTOS et al 2013)
23 Controle de qualidade em citopatologia
O exame citopatoloacutegico necessita apresentar uma boa acuraacutecia diagnoacutestica
(MILLER et al 2000 KOSE NAKI 2014 ABUDUKADEER et al 2015) No
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
22
entanto questiona-se sua eficiecircncia pois certo nuacutemero de mulheres desenvolve esse
cacircncer apesar de realizarem o exame periodicamente em parte essa situaccedilatildeo pode ser
explicada pelas altas taxas de RFN (MITCHELL MEDLEY 1995 TAVARES et al
2008 KIRSCHNER et al 2011) Aleacutem disso os RFP tambeacutem satildeo alarmantes pois
geram danos agrave vida de mulheres na medida que se sujeitam a procedimentos
dispensaacuteveis (KOSS 1989 FRABLE 2007 GULLO et al 2012)
As principais causas dos RFN ocorrem devido a erros de coleta de escrutiacutenio e
de interpretaccedilatildeo do diagnoacutestico (BOSCH RIETVELD-SCHEFFERS BOON 1992
MITCHELL MEDLEY 1995 ORTIZ-VAacuteZQUEZ et al 2001 FRABLE et al 2007
MANRIQUE et al 2009) Erros na coleta do material citoloacutegico podem ser
responsaacuteveis por ateacute 62 dos RFN e ocorrem devido agrave falta de representatividade
celular ou escassez de ceacutelulas neoplaacutesicas e tambeacutem pela presenccedila de processo
inflamatoacuterio sangue e fundo necroacutetico nos esfregaccedilos que podem prejudicar a anaacutelise
(VAN DER et al 1987 EJERSBO DAHL HOLUND 2003 AMARAL et al 2006
AMARAL et al 2008 LONNBERG et al 2010) O erro de escrutiacutenio varia de 10 a
67 e ocorre quando as ceacutelulas atiacutepicas estatildeo presentes no esfregaccedilo mas natildeo satildeo
identificadas pelo escrutinador devido agrave falta de atenccedilatildeo e concentraccedilatildeo tempo
insuficiente e falta de experiecircncia (DEMAY 1997 PITTOLI et al 2003 PAJTLER et
al 2006 AMARAL et al 2008) O erro de interpretaccedilatildeo pode ser responsaacutevel por ateacute
22 dos RFN e ocorre quando as ceacutelulas neoplaacutesicas satildeo reconhecidas mas satildeo
identificadas como benignas ou ainda satildeo classificadas erroneamente isso eacute atribuiacutedo
principalmente agrave experiecircncia insuficiente do profissional e informaccedilotildees cliacutenicas
inadequadas (GAY NALDSON GOELLNER 1985 RENSHAW 2003 COLEMAN
POZNANSKY 2006 AMARAL et al 2008)
Dessa forma tem sido exigido a implementaccedilatildeo de programas de monitoramento
da qualidade em citopatologia com o objetivo de melhorar o desempenho do exame
citopatoloacutegico em detectar anormalidades escamosas e glandulares e
consequentemente diminuir os percentuais de RFN e RFP que satildeo resultados
preocupantes tanto para a mulher quanto para os custos dos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(PAJTLER et al 2006 TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) A fim de
minimizar as falhas deste exame vaacuterias estrateacutegias corretivas de garantia da qualidade
tecircm sido desenvolvidas como a implementaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ nos
laboratoacuterios de citopatologia (PEREIRA et al 2006 AacuteZARA et al 2014a)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
23
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio de
citopatologia contemplam na fase preacute-analiacutetica atividades realizadas antes do
escrutiacutenio e incluem o registro do material recebido a preparaccedilatildeo a coloraccedilatildeo e a
montagem das lacircminas a manutenccedilatildeo dos equipamentos e microscoacutepios aleacutem dos
registros da qualificaccedilatildeo e treinamento dos profissionais (BRASIL 2016b) Na fase
analiacutetica o objetivo eacute a reduccedilatildeo de erros de escrutiacutenio ou de erros de interpretaccedilatildeo do
resultado com o intuito de diminuir os iacutendices de RFN e RFP algumas das medidas
contemplam o tempo de escrutiacutenio carga de trabalho do citologista e revisatildeo dos
esfregaccedilos (TAVARES et al 2007) O monitoramento contiacutenuo da qualidade dos
resultados dos exames citopatoloacutegicos imprescindiacutevel para o laboratoacuterio faz parte da
fase poacutes-analiacutetica em que eacute avaliada o desempenho global e individual dos profissionais
(AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
Por muitos anos vaacuterias discussotildees ocorreram na tentativa de apontar o melhor
meacutetodo de MIQ para a citologia cervical (DUDDING RENSHAW ELLIS 2011)
Considerado como consenso entre os especialistas na aacuterea a repeticcedilatildeo da leitura de
todos os esfregaccedilos classificados como negativos no escrutiacutenio de rotina eacute o meacutetodo
mais preciso para evitar erros no rastreio poreacutem este meacutetodo eacute dispendioso exigindo
muito tempo para a leitura em duplicata (TAVARES et al 2011)
Dentre os meacutetodos de MIQ cita-se a revisatildeo aleatoacuteria de 10 dos esfregaccedilos
negativos pelo escrutiacutenio de rotina (R-10) a revisatildeo baseada em criteacuterios cliacutenicos de
risco (RCCR) a revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos (RR100) e o preacute-
escrutiacutenio raacutepido (PER) Os meacutetodos de PER e RR100 satildeo considerados os mais
eficazes na detecccedilatildeo de RFN (MANRIQUE et al 2007 2011 TAVARES et al 2011
BRASIL 2016b) O meacutetodo de revisatildeo de 10 dos esfregaccedilos negativos eacute criticado
pois detecta poucos casos RFN assim como a RCCR que tambeacutem tem produzido
resultados ruins em vaacuterios estudos (AMARAL et al 2005 TAVARES et al 2008
TAVARES et al 2011 CURRENS et al 2012)
A RR100 consiste em revisar rapidamente todos os esfregaccedilos classificados
como negativos e insatisfatoacuterios do escrutiacutenio de rotina poreacutem como o revisor possui
conhecimento do resultado pode tornar o meacutetodo tendencioso reduzindo sua
concentraccedilatildeo e aumentando a possibilidade de deixar passar erros (PAJTLER et al
2006 MANRIQUE et al 2007) O PER consiste no escrutiacutenio raacutepido de todos os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
24
esfregaccedilos sem influecircncia de marcaccedilotildees sobre a lacircmina durante um tempo limitado
antes do escrutiacutenio de rotina e eacute um meacutetodo que tende a prender a atenccedilatildeo do
citologista jaacute que eacute realizado anterior a leitura de rotina aleacutem de permitir que a
sensibilidade de ambos PER e ER seja estimada (DJEMLI KHETANI AUGER
2006 TAVARES et al 2008)
Portanto eacute de extrema importacircncia a implementaccedilatildeo de accedilotildees de garantia da
qualidade na rotina dos laboratoacuterios de citopatologia pois permitem aprimorar o exame
citopatoloacutegico assegurando resultados confiaacuteveis (FERRAZ et al 2005 SIEGL et al
2014)
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
O sistema de monitoramento da qualidade tambeacutem deve comtemplar o
desenvolvimento e implantaccedilatildeo de sistema de indicadores de qualidade pois permitem
avaliar o desempenho global do laboratoacuterio realizar anaacutelise estatiacutestica individual dos
profissionais bem como utilizar os dados obtidos para a realizaccedilatildeo de intervenccedilotildees para
aperfeiccediloamento das etapas laboratoriais (SIEGL et al 2014 AacuteZARA et al 2014b)
Os indicadores de qualidade em citopatologia cervical possuem caracteriacutesticas
que satildeo muito importantes para que possam ser uacuteteis como ferramentas de apoio para o
monitoramento e a avaliaccedilatildeo do desempenho do laboratoacuterio Entre elas destacam-se a
facilidade de compreensatildeo uso de dados de coleta disponiacutevel e faacutecil execuccedilatildeo
mensuram os resultados encontrados permitindo comparaccedilatildeo com valores de referecircncia
preacute-estabelecidos refletem exatamente o que se deseja quantificar viabilizando assim
uma anaacutelise comparativa dos resultados para uma melhoria contiacutenua dos processos
internos do laboratoacuterio (BRASIL 2016b)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda que a coleta dos dados deve ser realizada
pelos profissionais envolvidos nas diversas etapas do processo de trabalho pois a
responsabilizaccedilatildeo dos profissionais pela obtenccedilatildeo dos dados tende a gerar compromisso
deles com os resultados almejados assim os dados tendem a ser de melhor qualidade
(BRASIL 2016b) Portanto a construccedilatildeo de tais indicadores para auxiliar o programa
de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo uacutetero deve ser feita internamente no
laboratoacuterio e satildeo mundialmente conhecidos pelos profissionais dessa aacuterea (BRASIL
2016b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
25
Os indicadores de qualidade incluem o iacutendice de positividade (IP) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ASCSat) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt) razatildeo de ceacutelulas
escamosas atiacutepicas por lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) percentual de exames
compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSILSat) (BORTOLON et
al 2012 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b)
O IP expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares nos exames aleacutem da
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo examinada
e recomenda-se que esteja entre 3 e 10 O ASCSat deve ficar entre 4 e 5 e quando
elevado sugere problemas na amostra na anaacutelise laboratorial ou em ambas as fases e
representa um ocircnus para a mulher e para a rede assistencial pois acarreta a oferta de um
maior nuacutemero de exames destinados agrave repeticcedilatildeo para investigaccedilatildeo diagnoacutestica O
ASCAlt deve ser inferior a 60 e tem o objetivo de monitorar ao percentual de atipias
de significado indeterminado para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo continuada dos
citopatologistas A razatildeo ASCSIL permite identificar o baixo desempenho profissional
no rastreamento e valores muito altos devem ter a causa investigada pois podem mostrar
a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios citoloacutegicos utilizados sendo que este indicador
deve ser menor que 3 O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees
precursoras do CCU e recomenda-se que seja igual ou maior que 04 (PLEWKA et
al 2014 BRASIL 2016b)
Os documentos gerados na elaboraccedilatildeo e o registro perioacutedico dos indicadores de
qualidade devem ser armazenados para permitir o acompanhamento dos processos
analisados e devem fazer parte do conjunto de documentos que compotildeem o Sistema de
Monitoramento da Qualidade do laboratoacuterio Eacute importante que esse material seja
armazenado em local de faacutecil acesso com o objetivo de facilitar as consultas sempre
que for necessaacuterio Recomenda-se que sejam feitos mensalmente e impressos com
assinatura do profissional responsaacutevel (BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia
Haacute deacutecadas o Brasil tem adotado medidas para garantia da qualidade dos exames
citopatoloacutegicos Em 1998 foi instituiacutedo o Programa Nacional de Controle do Cacircncer de
Colo de Uacutetero pela portaria GMMS nordm 3040 que reconheceu que o exame
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
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citopatoloacutegico do colo uterino eacute uma avaliaccedilatildeo qualitativa que dependente da
interpretaccedilatildeo do observador e que essa subjetividade precisa ser minimizada portanto o
monitoramento da qualidade eacute importante para a garantia do serviccedilo prestado agrave
populaccedilatildeo feminina (BRASIL 1998)
O Ministeacuterio da Sauacutede em 2001 por meio da Portaria SPSSAS nordm 92 preconizou
que todos os laboratoacuterios que realizam exames citopatoloacutegicos para o SUS deveriam
submeter-se ao Programa de Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ) poreacutem o
programa de responsabilidade das coordenaccedilotildees estaduais natildeo havia sido implantado
em todo paiacutes Esse programa foi regulamentado em 2013 atraveacutes da Qualificaccedilatildeo
Nacional em Citopatologia na Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2010
BRASIL 2013a)
A Portaria Qualicito definiu que os gestores estaduais e municipais devem
gerenciar o programa acompanhando o desempenho dos laboratoacuterios participantes que
foram classificados em Tipo I e Tipo II Satildeo considerados Laboratoacuterios Tipo I os
laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam serviccedilo ao SUS e que realizam exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero e os Laboratoacuterios Tipo II os laboratoacuterios puacuteblicos
responsaacuteveis por realizar os exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no acircmbito do
MEQ aleacutem de poderem realizar as accedilotildees dos Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2013a)
O MEQ eacute parte integrante da estrateacutegia de garantia da qualidade em citopatologia
e tem por finalidade avaliar o desempenho dos Laboratoacuterios Tipo I e a qualidade dos
exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero detectar as diferenccedilas de interpretaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos aumentar a eficiecircncia do processo de realizaccedilatildeo dos exames
citopatoloacutegicos aleacutem de reduzir o percentual de RFN RFP e insatisfatoacuterios (BRASIL
2016)
Em 1999 foi instituiacutedo o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero
(SISCOLO) com objetivo de armazenar dados sobre identificaccedilatildeo da mulher
informaccedilotildees demograacuteficas epidemioloacutegicas e dos exames citopatoloacutegicos e
histopatoloacutegicos realizados pelo SUS (GIRIANELLI THULER SILVA 2009
(BRASIL 2016c) Em 2011 foi lanccedilado o Plano Nacional de Fortalecimento da Rede de
Prevenccedilatildeo que permitiu o desenvolvimento do Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer
(SISCAN) substituindo o SISCOLO poreacutem a implementaccedilatildeo do sistema estaacute sendo
lenta e gradual (BRASIL 2013b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
27
Portanto eacute o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer (SISCAN) que seleciona do
Laboratoacuterio Tipo I todos os exames positivos e insatisfatoacuterios e 10 dos negativos para
serem enviados ao Laboratoacuterio Tipo II de acordo com o estabelecido na Portaria
Qualicito (BRASIL 2013a) A lista deve ser enviada com a relaccedilatildeo dos casos
selecionados pelo sistema juntamente com as lacircminas solicitadas e os respectivos
laudos servindo como recibo de transferecircncia de responsabilidade de guarda das
lacircminas para o Laboratoacuterio Tipo II e para controle de devoluccedilatildeo ao laboratoacuterio de
origem (BRASIL 2016b)
Entatildeo o conjunto de accedilotildees realizadas pelo Laboratoacuterio Tipo II visa agrave avaliaccedilatildeo da
qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero dos Laboratoacuterios Tipo I e
contemplam duas fases a preacute-analiacutetica e analiacutetica Na primeira o Laboratoacuterio Tipo II
verifica os procedimentos teacutecnicos e informa a qualidade da confecccedilatildeo do esfregaccedilo
fixaccedilatildeo coloraccedilatildeo montagem e contaminaccedilatildeo das amostras E a fase analiacutetica consiste
em uma revisatildeo dos esfregaccedilos citopatoloacutegicos por profissionais habilitados e o
diagnoacutestico final eacute firmado por consenso entre os citopatologistas do Laboratoacuterio Tipo
II (PEREIRA et al 2006 BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
Os exames discordantes seratildeo comunicados ao Laboratoacuterio Tipo I que poderaacute
recorrer da opiniatildeo do Laboratoacuterio Tipo II caso natildeo concorde com o parecer dos
revisores buscando o consenso Caso concorde caberaacute ao Laboratoacuterio Tipo I enviar o
laudo de revisatildeo agraves regionais ao municiacutepio ou agrave Unidade Baacutesica de Sauacutede (UBS)
mencionando que esse laudo foi realizado em conjunto com o Laboratoacuterio Tipo II de
referecircncia Caso natildeo haja consenso entre os Laboratoacuterios Tipos I e II poderaacute ser
solicitada a avaliaccedilatildeo por outro Laboratoacuterio Tipo II em acordo com a Coordenaccedilatildeo
Estadual eou Municipal (BRASIL 2016b)
A estatiacutestica para a avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo
II eacute o Kappa Ponderado devido a necessidade de se atribuiacuterem diferentes pesos para as
discordacircncias aleacutem da frequecircncia de RFN RFP e retardo de conduta Assim uma atipia
de significado indeterminado que recebeu equivocadamente um laudo de LSIL teraacute um
peso menor na construccedilatildeo do Kappa que uma HSIL que recebeu um laudo negativo
(BRASIL 2012) Os laboratoacuterios com iacutendices diagnoacutesticos abaixo de dois desvios
padrotildees da meacutedia estadual eou iacutendice Kappa de correlaccedilatildeo em niacutevel ruim seratildeo
considerados fora dos paracircmetros recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
28
Laboratoacuterios Tipo I nessa situaccedilatildeo seratildeo notificados e monitorados pelos Laboratoacuterios
Tipo II para alcanccedilar o iacutendice esperado (BRASIL 2016b)
Dessa forma os Laboratoacuterios Tipo I devem enviar regularmente todas as lacircminas e
laudos dos exames selecionados para o Laboratoacuterio Tipo II analisar os casos de
discordacircncia buscando o consenso com o Laboratoacuterio Tipo II promover educaccedilatildeo
continuada para uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos minimizar as natildeo
conformidades encontradas na rotina do laboratoacuterio diminuir os RFN e RFP e avaliar o
desempenho profissional da equipe Os Laboratoacuterios Tipo II devem fazer contato e dar
retorno aos Laboratoacuterios Tipo I comunicando o quanto antes sobre os resultados dos
exames citopatoloacutegicos discordantes e discutir caso a caso buscando o consenso apoiar
as coordenaccedilotildees estadual e municipal na interface com os laboratoacuterios que realizam
exames para o SUS e proporcionar educaccedilatildeo permanente por meio de sessotildees interativas
regulares para os Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2016b)
Diversos estudos tecircm considerado o MEQ um programa eficiente no
aperfeiccediloamento do exame citopatoloacutegico uma vez que a discussatildeo dos casos
discordantes para se chegar a um consenso dos resultados etapa fundamental do
programa possibilita a uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados na
detecccedilatildeo das lesotildees precursoras do CCU o que reflete na reduccedilatildeo dos RFN e RFP
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 FREITAS THULER 2012 AacuteZARA
et al 2013 2014a 2016 BRASIL 2016b)
REZENDE MT Justificativa
29
3- Justificativa
Um dos principais motivos da ocorrecircncia de RFN e RFP no exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero eacute a variabilidade inter e intra observador na
interpretaccedilatildeo dos diagnoacutesticos dessa forma para a garantia da qualidade se faz
necessaacuterio a implantaccedilatildeo de MIQ e MEQ nos laboratoacuterios de citopatologia (FRABLE
et al 2007 MANRIQUE et al 2009 AacuteZARA et al 2014a) Este estudo foi
realizado com o intuito de avaliar o impacto do MEQ em laboratoacuterio de citopatologia
para minimizar as divergecircncias diagnoacutesticas e erros dentro dos processos do laboratoacuterio
a fim de reduzir os RFN e RFP Investindo na identificaccedilatildeo e retificaccedilatildeo das falhas eacute
possiacutevel que seja assegurado o melhor serviccedilo possiacutevel agrave mulher que receberaacute
seguimento e tratamento adequado
REZENDE MT Objetivos
30
4- Objetivos
41 Objetivo Geral
Comparar os resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do
municiacutepio de Ouro Preto MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade
42 Objetivos especiacuteficos
- Verificar a frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
- Avaliar a concordacircncia diagnoacutestica frequecircncia de casos discordantes falso-negativos
falso-positivos e retardo de conduta entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar o resultado do seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
do monitoramento externo da qualidade incluindo os RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de
consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes o monitoramento externo da qualidade
REZENDE MT Metodologia
31
5- Metodologia
51 Local de estudo
Este trabalho foi desenvolvido no setor de citologia do Laboratoacuterio Piloto de
Anaacutelises Cliacutenicas (LAPAC) da Escola de Farmaacutecia da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP) Por se tratar de estudo baseado em resultados de exames coletados em
2013 e 2014 que estatildeo disponiacuteveis publicamente atraveacutes do SISCOLO natildeo foi
necessaacuterio a submissatildeo ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
O setor de citologia deste laboratoacuterio eacute composto por 5 citopatologistas 2
bolsistas 1 teacutecnica e 2 assistentes administrativos Neste laboratoacuterio estatildeo disponiacuteveis
microscoacutepios NiKon E 200 para escrutiacutenio dos esfregaccedilos bateria de coloraccedilatildeo e
material para montagem das lacircminas microscoacutepio de 5 cabeccedilas para discussatildeo de casos
e 3 computadores para parte administrativa O setor de citologia deste laboratoacuterio atende
uma rotina de exames citopatoloacutegicos colhidos nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS)
de Ouro Preto MG que desde 2013 eacute o uacutenico Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio que
presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
511 Monitoramento interno da qualidade
Os meacutetodos de monitoramento interno da qualidade utilizados na rotina pelo
Laboratoacuterio Tipo I satildeo o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) e a revisatildeo raacutepida de 100 dos
esfregaccedilos negativos (RR100) e cada etapa de leitura da lacircmina eacute realizada por
citopatologistas diferentes em um esquema de rodiacutezio (Figura 1) Inicialmente todos os
esfregaccedilos citopatoloacutegicos adequados para a anaacutelise microscoacutepica satildeo submetidos ao
PER e os resultados satildeo classificados como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio e
registrados na planilha de PER (Apecircndice A) Posteriormente eacute realizado o escrutiacutenio de
rotina (ER) pelo segundo citopatologista que apoacutes a leitura detalhada classifica os
resultados de acordo com a nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos baseada
no Sistema de Bethesda 2001 (SOLOMON NAYAR 2004) anotando o diagnoacutestico no
verso da requisiccedilatildeo (Anexo 1) Em seguida todas as lacircminas consideradas negativas
pelo escrutiacutenio de rotina satildeo encaminhadas para um terceiro citologista que realiza a
RR100 classificando-o como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio registrando na
planilha de RR100 (Apecircndice B)
REZENDE MT Metodologia
32
Os esfregaccedilos considerados positivos e insatisfatoacuterios pelo ER e os resultados
discordantes que foram aqueles onde PER ou a RR100 classificou como suspeito ou
insatisfatoacuterio e o escrutiacutenio de rotina considerou negativo satildeo encaminhados para a
revisatildeo detalhada para confirmaccedilatildeo ou natildeo da alteraccedilatildeo e definiccedilatildeo do diagnoacutestico final
e anotados nas planilhas correspondentes (Apecircndice C e D) Quando a revisatildeo detalhada
eacute discordante do ER haacute um consenso entre os citopatologistas para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I
REZENDE MT Metodologia
33
52 Tipo de estudo
Foi realizado estudo retrospectivo comparando os resultados dos exames
citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I da Escola de Farmaacutecia da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de exames
citopatoloacutegicos de rastreio do municiacutepio de Ouro Preto Minas Gerais com os
resultados emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo II de Belo Horizonte responsaacutevel pelo MEQ
dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero de Minas Gerais
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica
Os exames do Laboratoacuterio Tipo I foram selecionados automaticamente pelo
SISCOLO (Sistema de Informaccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero) incluindo os exames
positivos insatisfatoacuterios e 10 dos negativos conforme a Portaria QualiCito
33882013 referente aos meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 As
amostras foram provenientes de mulheres atendidas nas UBS do municiacutepio de Ouro
Preto MG usuaacuterias do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
54 Monitoramento externo da qualidade
O Laboratoacuterio Tipo I enviou ao Laboratoacuterio Tipo II juntamente com os laudos
correspondentes um total de 321 esfregaccedilos citopatoloacutegicos classificados como
negativos (84) insatisfatoacuterios (3) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas (ASC-US41) lesatildeo intraepitelial
escamosa de baixo grau (LSIL163) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado natildeo se pode excluir lesatildeo de alto grau (ASC-H12) lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau (HSIL16) e ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras
especificaccedilotildees (AGC-SOE2) (Figura 2)
REZENDE MT Metodologia
34
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia cervical
Os esfregaccedilos foram reavaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II que emitiu um relatoacuterio
com os resultados para o Laboratoacuterio Tipo I comunicando tambeacutem os resultados
discordantes Nos casos em que o Laboratoacuterio Tipo I natildeo concordou com o parecer
REZENDE MT Metodologia
35
emitido pelos revisores do Laboratoacuterio Tipo II os resultados dos exames discordantes
foram discutidos caso a caso com o Laboratoacuterio Tipo II buscando o consenso entre os
dois Laboratoacuterios para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final (BRASIL 2016b)
Apoacutes o consenso os resultados discordantes foram reemitidos pelo Laboratoacuterio
Tipo I e encaminhados agraves Unidades de Sauacutede que localizaram as mulheres e
reprogramaram a conduta baseada no diagnoacutestico final
Os esfregaccedilos que inicialmente foram classificados como negativos ou
inflamatoacuterios pelo Laboratoacuterio Tipo I e considerados como positivos pelo Laboratoacuterio
Tipo II foram denominados resultados falso-negativos (RFN) Aqueles considerados
inicialmente positivos pelo Laboratoacuterio Tipo I mas reclassificados como negativos pelo
Laboratoacuterio Tipo II foram denominados resultados falso-positivos (RFP) Foram
considerados casos discordantes aqueles que implicaram em mudanccedila de conduta
cliacutenica de acordo com as normas preconizadas pelas Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2011)
Os resultados diagnosticados inicialmente como ASC-US ou LSIL pelo
Laboratoacuterio Tipo I e que na revisatildeo o Laboratoacuterio Tipo II julgou como diagnoacutestico mais
grave (ASC-H HSIL Carcinoma de ceacutelulas escamosas AGC-SOE AGC-NEO
Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma invasor) foram considerados como retardo
de conduta cliacutenica
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados
Para levantamento do seguimento das pacientes em que os resultados dos
exames foram classificados como ASC-US ou LSIL foi realizada a busca do resultado
do novo exame citopatoloacutegico uma vez que a conduta preconizada eacute a repeticcedilatildeo do
exame no periacuteodo de seis meses a um ano Para aqueles classificados como ASC-H ou
pior diagnoacutestico foi realizado o levantamento do resultado do exame histopatoloacutegico
dado que a conduta preconizada eacute o encaminhamento para colposcopia e se visualizado
alguma alteraccedilatildeo no colo uterino realiza-se a bioacutepsia Os resultados insatisfatoacuterios natildeo
foram considerados nesta anaacutelise (BRASIL 2011)
Foram realizadas visitas previamente agendadas agraves UBS do municiacutepio para
realizaccedilatildeo do levantamento das pacientes previamente listadas daquela unidade que
haviam sido diagnosticadas com alguma alteraccedilatildeo citoloacutegica O profissional responsaacutevel
REZENDE MT Metodologia
36
pela coleta do exame citopatoloacutegico verificou nos prontuaacuterios das pacientes o
seguimento que foi adotado em cada caso Poreacutem as UBS tinham poucos registros do
seguimento dessas pacientes por isso foram adotadas outras estrateacutegias
Portanto com o objetivo de levantar os dados referentes ao seguimento das
pacientes encaminhadas para acompanhamento de ASC-H e pior diagnoacutestico foram
realizadas visitas ao Centro Viva Vida em Itabirito que eacute o centro de referecircncia para
atenccedilatildeo secundaacuteria do municiacutepio de Ouro Preto E para levantamento do novo exame
citopatoloacutegico foi realizada pesquisa nos registros do Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio
de Ouro Preto que presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos
do colo do uacutetero
56 Anaacutelise dos dados
Os dados dos exames citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I e
Laboratoacuterio Tipo II foram digitados no Excel (Microsoft Office Professional Plus 2013)
para elaboraccedilatildeo do banco de dados A anaacutelise dos dados foi realizada pelo pacote
estatiacutestico Stata versatildeo 11 foi calculada a concordacircncia dos resultados dos exames
citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e II e o Kappa antes a apoacutes o Consenso A
frequecircncia de esfregaccedilos discordantes incluindo RFP e retardo de conduta entre os
Laboratoacuterios Tipo I e II foi calculada antes e apoacutes a Reuniatildeo de Consenso no total de
321 esfregaccedilos O coeficiente Kappa eacute classificado em concordacircncia pobre (0ltKlt040)
concordacircncia moderada (040ltKlt060) concordacircncia boa (060ltKlt080) concordacircncia
excelente (080ltKlt1) o valor zero indica ausecircncia de concordacircncia e o valor 1
corresponde a concordacircncia perfeita (LANDIS KOCH 1977) Foi calculada a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) atraveacutes da seguinte foacutermula
VPR = [coeficiente final - coeficiente inicial]100
coeficiente inicial
O caacutelculo dos indicadores de qualidade foi realizado utilizando um banco de
dados do Laboratoacuterio Tipo I onde satildeo mantidos registros de todos os exames realizados
com seus respectivos resultados Para avaliaccedilatildeo pontual os indicadores de qualidade
foram calculados antes da reuniatildeo de consenso ano de 2013 e depois da reuniatildeo de
consenso ano de 2014 Para avaliaccedilatildeo temporal do efeito da reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Metodologia
37
proporcionada por um MEQ calculou-se os indicadores do Laboratoacuterio Tipo I dos anos
de 2012 2013 2014 e 2015 Foi utilizado para o caacutelculo as foacutermulas presentes no
Manual de Gestatildeo da Qualidade para Laboratoacuterio de Citopatologia (BRASIL 2016b)
Iacutendice de Positividade (IP) intervalo esperado 3-10
Nordm de exames alterados em determinado local e ano x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ACSSat)
intervalo esperado 4-5
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt)
intervalo esperado lt60
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames alterados
Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) intervalo
esperado lt3
Nordm de ex compatiacuteveis com ASC-US e ASC-H
No de exames com LSIL e HSIL
Percentual de exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
(HSILSat) intervalo esperado lt04
Ndeg de exames HSIL x 100
Total de exames satisfatoacuterios
REZENDE MT Resultados
38
6- Resultados
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
O Laboratoacuterio Tipo I enviou 321 esfregaccedilos para o Laboratoacuterio Tipo II
classificados como 3 (09) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 84 (262) negativos 41
(128) ASC-US 163 (508) LSIL 12 (37) ASC-H 16 (50) HSIL e 2 (06)
AGC-SOE Apoacutes a reuniatildeo de consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II chegou-
se no diagnoacutestico final de 3 (093) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 143 (446) negativos
44 ASC-US (137) 8 ASC-H (25)101 LSIL (315) 21 HSIL (65) e 1 AGC-
SOE (03) Foram considerados discordantes entre os laboratoacuterios 151 (470)
esfregaccedilos (Tabela 1)
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
Tipo I Tipo II Consenso
Diagnoacutestico n () n () n ()
Insatisfatoacuterio 3 09 4 13 3 09
Negativo 84 262 227 707 143 446
ASC-US 41 122 17 53 44 137
ASC-H 12 37 3 09 8 25
LSIL 163 508 54 168 101 315
HSIL 16 50 12 37 21 65
HSIL micro invasor 0 0 1 03 0 0
AGC-SOE 2 06 3 09 1 03
Total 321 100 321 100 321 100
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
Do total de exames revisados pelo Laboratoacuterio Tipo II foram concordantes 84
(262) esfregaccedilos negativos e 3 (093) classificados como insatisfatoacuterios pelo Tipo I
Dos 41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 6 (1463) foram
concordantes pelo Tipo II e os 35 (854) restantes foram reclassificados como
REZENDE MT Resultados
39
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 53
(325) foram considerados concordantes pelo Tipo II 92 (564) foram
reclassificados como negativos 11 (68) como ASC-US 2 (12) como ASC-H 4
(25) como HSIL e 1 (06) reclassificado como AGC-SOE Dos 12 (37)
esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo Tipo I 1 (83) foi considerado
concordante pelo Tipo II 9 (75) foram reclassificados como negativos 1 (83)
como insatisfatoacuterio 1 (83) como HSIL Dos 16 (50) esfregaccedilos classificados como
HSIL emitidos pelo Tipo I 7 (438) foram considerados concordantes pelo Tipo II 6
(375) foram reclassificados como negativos 1 (63) como LSIL 1 (63) como
HSIL micro invasor e 1(63) como AGC-SOE Dos 2 (06) esfregaccedilos classificados
como AGC-SOE pelo Tipo I 1 (500) foi considerado concordante pelo Tipo II Entre
o Laboratoacuterio Tipo I e o Tipo II houve 7 (22) casos de retardo de conduta sendo 4
(571) LSIL para HSIL 2 (286) LSIL para ASC-H e 1 (143) LSIL para AGC-
SOE (Tabela 2)
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso
Tipo II
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL HSIL micro
invasor AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 35 6 41
ASC-H 1 9 1 1 12
LSIL 92 11 2 53 4 1 163
HSIL 6 1 7 1 1 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 4 227 17 3 54 12 1 3 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa
de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas
sem outras especificaccedilotildees
Os resultados definidos apoacutes o Consenso estatildeo descritos na Tabela 3 Observou-
se 203 (65) de casos discordantes entre os 321 esfregaccedilos analisados Os esfregaccedilos
negativos insatisfatoacuterios e todos os classificados como HSIL foram concordantes Dos
REZENDE MT Resultados
40
41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 27 (659) foram
considerados concordantes pelo Tipo II e 14 (342) foram reclassificados como
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 101
(620) foram considerados concordantes 39 (239) foram reclassificados como
negativos pelo Tipo II 17 (104) como ASC-US 2 (12) como ASC-H e 4 (25)
reclassificados como HSIL Dos 12 (374) esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo
Tipo I 6 (500) foram concordantes 5 (417) esfregaccedilos foram reclassificados como
negativos e 1 (83) foi reclassificado como HSIL pelo Tipo II Dos 2 (06)
esfregaccedilos classificados como AGC-SOE pelo Tipo I somente 1 (500) foi
concordante Portanto apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de Consenso foram constatados 6
(19) casos de retardo de conduta sendo 4 (667) diagnoacutesticos iniciais de LSIL
reclassificados para HSIL e 2 (333) diagnoacutesticos iniciais de LSIL reclassificados para
ASC-H (Tabela 3)
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia diagnoacutestica entre o Laboratoacuterio Tipo I e o
Laboratoacuterio Tipo II apoacutes o Consenso
Consenso
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 14 27 41
ASC-H 5 6 1 12
LSIL 39 17 2 101 4 163
HSIL 16 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 3 143 44 8 101 21 1 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
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62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Foi avaliada a concordacircncia dos resultados dos Laboratoacuterios Tipo I e II antes e
apoacutes Consenso Observou-se concordacircncia antes do Consenso de 527 entre os
Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II com Kappa de 029 Apoacutes a Reuniatildeo de Consenso foi
observado 798 (VPR=+514) de concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
com aumento do Kappa para 066 (VPR=+1276) (Tabela 4)
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso
Tipo I x Tipo II Antes do consenso Apoacutes consenso VPR
Concordacircncia () 527 798 +514
Kappa 029 066 +1276
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Antes do consenso o total de esfregaccedilos discordantes foi de 151 (470) casos e
depois do consenso esse nuacutemero reduziu para 65 (203) casos Antes do consenso foi
observado um percentual de 449 (144) RFP entre os Laboratoacuterios Tipo I e II e apoacutes o
consenso esse nuacutemero diminuiu para 184 (59) Natildeo houve nenhum caso de RFN
Entre o Laboratoacuterio Tipo I e II antes do consenso houve 7 (22) casos de retardo de
conduta e depois do consenso esse nuacutemero caiu para 6 (19) casos (Tabela 5)
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o Consenso
Tipo I x Tipo II Discordantes
Antes do consenso Apoacutes consenso
n N
Falso-positivo 144 449 59 184
Retardo de conduta 7 22 6 19
Total 151 470 65 203
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II
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64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos
O IP era 156 e apoacutes consenso passou para 120 reduccedilatildeo de
aproximadamente 230 (VPR=-2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor
apoacutes o consenso de 57 para 46 reduccedilatildeo por volta de 190 (VPR=-1910) O
HSILSat diminuiu de 10 para 07 (VPR=-2647) apoacutes consenso A razatildeo ASCSIL
antes do consenso era de 06 e apoacutes sua realizaccedilatildeo aumentou para 06
(VPR=+1017) O mesmo ocorreu em relaccedilatildeo ao indicador ASCAlt que passou de
365 para 384 (VPR=+515) Houve diferenccedila significativa entre os valores dos
indicadores IP ASCSat e ASCAlt antes e apoacutes reuniatildeo de consenso valor de p foi
menor que 005 (Tabela 7)
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso
Indicadores Antes consenso Apoacutes consenso VPR p
IP (3-10) 156 120 -2314 lt 00001
ASCSat (4-5) 57 46 -1910 001
ASCSIL (lt3) 06 06 +1017 0053
ASCAlt (lt60) 365 384 +515 lt 00001
HSILSat (gt04) 10 07 -2647 00825
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
O IP no ano de 2012 foi de 1115 aumentou para 156 em 2013 apoacutes o
MEQ em 2014 reduziu para 120 e em 2015 este indicador passou para 99 O
ASCSat foi de 49 em 2012 um ano depois apresentou valor de 57 depois da
realizaccedilatildeo do MEQ em 2014 passou para 46 e em 2015 foi para 48 Os outros
indicadores da qualidade apresentaram valores que variaram dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (Tabela 8)
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Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade
Indicadores 2012 2013 2014 2015
IP (3-10) 111 156 120 99
ASCSat (4-5) 49 57 46 48
ASCSIL (lt3) 09 06 06 10
ASCAlt (lt60) 439 365 384 485
HSILSat (gt04) 09 10 07 05
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
Do total de 234 esfregaccedilos positivos foi possiacutevel obter o seguimento de 107
(457) casos em que 22 foram considerados inicialmente com diagnoacutestico de ASC-
US 76 LSIL 2 ASC-H 1 AGC-SOE e 6 HSIL Dos ASC-US iniciais somente 1 teve
resultado concordante no seguimento Dos 76 esfregaccedilos considerados como LSIL 23
tiveram resultado do seguimento concordante Os 2 resultados ASC-H foram negativos
no seguimento assim como o AGC-SOE Dos 6 resultados HSIL emitidos pelo Tipo I
5 foram confirmados pela bioacutepsia O seguimento de 127 (542) mulheres em que 77
(6063) deveriam ter repetido o exame citopatoloacutegico e 20 (158) deveriam ter sido
encaminhadas para a colposcopia e bioacutepsia natildeo foi resgatado (Figura 3)
Figura 3 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Resultados
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Apoacutes a realizaccedilatildeo da Reuniatildeo de Consenso o percentual de RFP foi definido em
184 num total de 59 casos assim distribuiacutedos 14 ASC-US (238) 39 LSIL
(660) 5 ASC-H (85) e 1 AGC-SOE (17) sendo 898 lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 102 de alto grau Do total de 59 RFP foi possiacutevel obter 9
(152) resultados citopatoloacutegicos alterados no seguimento 8 de repeticcedilatildeo da citologia
e uma bioacutepsia inicialmente 6 diagnosticados como LSIL pelo Laboratoacuterio Tipo I no
seguimento tiveram resultado de 3 LSIL e 3 ASC-US Dos 3 ASC-US iniciais dados
pelo Tipo I no seguimento resultaram em 1 LSIL 1 ASC-US e 1 ASC-H (Figura 4)
Figura 4 Seguimento dos casos com resultados falso-positivos (RFP) acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Discussatildeo
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7- Discussatildeo
Os resultados deste estudo mostraram que apoacutes reuniatildeo de Consenso onde
ocorreu discussatildeo dos resultados discordantes houve melhora na concordacircncia
diagnoacutestica entre os laboratoacuterios a concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou para 798 e o coeficiente Kappa foi alterado de 029 para 066 Estes
resultados estatildeo de acordo com estudo realizado por Freitas Thuler (2012) no Mato
Grosso do Sul analisando a concordacircncia diagnoacutestica entre Laboratoacuterio Tipo II e 15
Laboratoacuterios Tipo I entre 2002 e 2011 em que o valor miacutenimo do Kappa passou de 01
no primeiro ano para 08 em 2011 No uacuteltimo ano dos 8 laboratoacuterios avaliados 7
atingiram a concordacircncia perfeita ou excelente (coeficiente Kappagt080) e um
concordacircncia boa Aacutezara et al (2016) avaliaram os efeitos de um programa de
educaccedilatildeo continuada realizado por um Laboratoacuterio Tipo II no periacuteodo de 2007 a 2011
sobre os laboratoacuterios de citopatologia e verificaram que o coeficiente Kappa manteve-se
excelente em 3 laboratoacuterios (kappa gt 080 e lt10) e alterou de bom (kappa gt 060 e
lt080) a excelente em 7 Os resultados observados no presente estudo estatildeo de acordo
com os dados de Freitas Thuler (2012) e Aacutezara et al (2016) em que se observou
melhoria da concordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes MEQ
Enfatiza-se que nosso trabalho comparou o momento antes e depois da reuniatildeo
consenso durante um MEQ ou seja foi realizada uma avaliaccedilatildeo pontual diferentemente
dos estudos encontrados na literatura que fizeram uma anaacutelise ao longo do tempo apoacutes
vaacuterios MEQ mas mesmo assim na presente avaliaccedilatildeo foi observado aumento da
concordacircncia e do kappa Indicando que somente uma reuniatildeo de consenso foi
suficiente para mudanccedila de postura dos citopatologistas envonvidos no MEQ
O valor da discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes a
reuniatildeo de Consenso no presente estudo foi 2025 Em um estudo realizado em
Goiacircnia estado de Goiaacutes comparando a variabilidade dos diagnoacutesticos citoloacutegicos dos
Laboratoacuterios Tipo I avaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II 759 foram considerados
discordantes (AacuteZARA et al 2013) Etlinger et al (2012) no estado de Satildeo Paulo
observou que a discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e o Laboratoacuterio
Tipo II foi de 1348 Em Satildeo Paulo Pereira et al (2006) avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I de citologia da Rede Puacuteblica de Sauacutede do estado submetidos ao
MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e a discordacircncia foi de 142 Estes dados estatildeo
REZENDE MT Resultados
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abaixo do valor de discordacircncia encontrado nesse estudo apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de
Consenso Observa-se que a maioria dos diagnoacutesticos que levaram a discordacircncia do
presente estudo foram esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de
baixo grau LSIL e ASC-US e que o Laboratoacuterio Tipo II reclassificou como negativo
portanto RFP Nesses casos a conduta cliacutenica que seria adotada no primeiro momento eacute
a repeticcedilatildeo da citologia em seis meses portanto natildeo causaria maiores transtornos a
mulher ou custos altos com os cuidados de sauacutede Outra parte dos diagnoacutesticos que
levaram a essa discordacircncia foram ajuste de criteacuterios os quais natildeo atrasam a conduta
cliacutenica da mulher e aleacutem disso durante a reuniatildeo de consenso permitem aos
citopatologistas ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final Ainda pode-se citar os resultados dos seguimentos dos casos com RFP
acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso em que foram encontrados 9 seguimentos e
todos com resultado citopatoloacutegico alterado Dessa forma dos resultados que o
Laboratoacuterio Tipo I voltou atraacutes na reuniatildeo de consenso nove deles mostraram
resultaram alterado ou seja natildeo necessariamente o Laboratoacuterio Tipo I precisaria ter
voltado atraacutes nesses disgnoacutesticos Isso ressalta a importacircncia da discussatildeo dos casos
discordantes durante a reuniatildeo de consenso para ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos
utilizados pelos citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II (PEREIRA et al
2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2013)
Entre os exames citopatoloacutegicos considerados discordantes natildeo foi identificado
nenhum RFN e apoacutes a reuniatildeo de Consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e II verificou-
se reduccedilatildeo dos RFP Sabe-se que os RFN satildeo mais preocupantes que os RFP visto que
mulheres natildeo diagnosticadas natildeo retornam para o acompanhamento e seguem em risco
da evoluccedilatildeo de lesotildees precursoras do CCU Por outro lado os RFP com diagnoacutestico
inicial de ASC-H ou pior diagnoacutestico em que a conduta preconizada eacute o
encaminhamento para colposcopia e bioacutepsia submetem as mulheres a procedimentos
desnecessaacuterios que podem modificar sua vida sexual e gerar danos psicoloacutegicos aleacutem
de gerar custos adicionais com os cuidados de sauacutede E os RFP com diagnoacutestico inicial
de ASC-US ou LSIL atrasam a repeticcedilatildeo da citologia (FRABLE 2007 GULLO et al
2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Inicialmente o Laboratoacuterio Tipo II classificou 144 (144) dos exames
citopatoloacutegicos como RFP e apoacutes a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero passou para
184 (59) Dos 59 RFP 14 (238) resultados foram classificados como ASC-US que
REZENDE MT Resultados
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eacute diagnoacutestico limiacutetrofe que apresenta grande variabilidade interobservador Os RFP
acordados apoacutes o consenso foram distribuiacutedos em 53 (898) lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 6 (102) lesotildees intraepiteliais escamosas de alto grau
Dentre os resultados discordantes entre o Laboratoacuterio Tipo I e II houve 7 casos
considerados retardo de conduta (22) que apoacutes a reuniatildeo de consenso ficaram
definidos em 6 (19) nuacutemeros proacuteximos daqueles encontrados por Aacutezara et al (2013)
em que houve atraso no procedimento cliacutenico em relaccedilatildeo a 244 dos casos
Aacutezara et al (2016) verificaram que apoacutes a educaccedilatildeo continuada proporcionada
aos Laboratoacuterios Tipo I de 2007 a 2011 houve diminuiccedilatildeo dos casos de retardo de
conduta a taxa de RFN foi reduzida em oito laboratoacuterios e a taxa de RFP foi reduzida
em 5 deles Pereira et al (2006) no estado de Satildeo Paulo avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I do estado submetidos ao MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e
observaram um nuacutemero de RFP (166) maior do que os RFN (78) No primeiro ano
de MEQ os RFP foram 178 e nos anos seguintes esse nuacutemero foi reduzindo ateacute
chegar em 37 no ano de 2004 Os RFP foram distribuiacutedos em 933 de lesotildees de
baixo grau e 67 de lesotildees de alto grau no primeiro ano de estudo O valor de RFP e
a distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau apoacutes reuniatildeo de consenso do presente
estudo foram bem proacuteximos dos encontrados por Pereira et al (2006) no primeiro ano
de avaliaccedilatildeo Em estudo semelhante realizado no estado de Satildeo Paulo de 2000 a 2010
por Etlinger et al (2012) constatou-se o total de 206 de RFP um valor baixo
comparado com o encontrado nesse estudo assim como aqueles dos anos de 2001 a
2004 de Pereira et al (2006) Percebe-se que o tempo de avaliaccedilatildeo desses estudos
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2016) foi maior do que
o utilizado no presente trabalho em que foi realizada uma avaliaccedilatildeo antes e depois de
uma reuniatildeo de consenso indicando que a educaccedilatildeo continuada proporcionada pelo
MEQ nesses periacuteodos que os estudos ocorreram contribuiu para a uniformizaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos e melhoria da reprodutibilidade dos exames citopatoloacutegicos
Portanto ainda que no presente estudo tenha sido feita uma avaliaccedilatildeo pontual natildeo foram
encontrados RFN entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes consenso e houve reduccedilatildeo de
RFP e retardo de conduta Aleacutem disso a porcentagem de RFP observada estaacute
aproximada dos dados da literatura nos primeiros anos de estudo assim como
distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau
REZENDE MT Resultados
48
Com o intuito de aprofundar os criteacuterios utilizados na avaliaccedilatildeo buscou-se os
seguimentos das pacientes com diagnoacutestico citopatoloacutegico alterado Esses resultados
foram mais concordantes com os diagnoacutesticos do Laboratoacuterios Tipo II entretanto a
maior parte dos esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de baixo
grau ASC-US e LSIL no seguimento os resultados foram negativos ou seja essas
lesotildees regrediram entre o periacuteodo da primeira citologia ateacute a realizaccedilatildeo da nova
citologia E ainda quando analisamos as lesotildees verdadeiramente precursoras do CCU as
HSIL a concordacircncia do seguimento foi maior com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Estudo de Tobias et al (2016) analisando os laboratoacuterios citopatoloacutegicos do estado de
Minas Gerais que prestam serviccedilo para o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mostraram
que de uma forma geral estes laboratoacuterios detectam baixos iacutendices de lesotildees
precursoras do CCU Portanto se avaliarmos dessa forma o Laboratoacuterio Tipo I do
presente estudo vem cumprindo com o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo do CCU jaacute
que as lesotildees com verdadeiro potencial de progressatildeo para o cacircncer estatildeo sendo
detectadas confirmadas pela colposcopia e bioacutepsia permitindo assim que a paciente
seja tratada impedindo a evoluccedilatildeo para o cacircncer (BORTOLON et al 2012 BRASIL
2016b) Do total de 59 RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso foi possiacutevel obter 9
resultados citopatoloacutegicos no seguimento e todas tiveram resultado alterado Observa-
se que o resultado inicial do Laboratoacuterio Tipo I estava correto e que a discussatildeo dos
resultados discordantes como neste caso proporciona melhora tanto dos criteacuterios do
Tipo I quanto do Tipo II
Evidenciado por Bortolon et al (2012) grande parte dos laboratoacuterios brasileiros
apresentam indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos fora dos niacuteveis
preconizados isso pode levar a natildeo identificaccedilatildeo de casos positivos e consequentemente
a liberaccedilatildeo de RFN Plewka et al (2014) avaliando o desempenho de 13 laboratoacuterios
do Estado do Paranaacute prestadores de serviccedilo para o SUS mostraram que os indicadores
da maioria dos laboratoacuterios estavam abaixo do recomendado Tobias et al (2016)
apontou que a maioria dos laboratoacuterios que prestam serviccedilos ao SUS do estado de MG
apresentaram indicadores fora do intervalo recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Esses estudos demonstram a necessidade de implantaccedilatildeo de programas de garantia da
qualidade do exame citopatoloacutegico como o MIQ e MEQ aleacutem da avaliaccedilatildeo perioacutedica
de ambos (BRASIL 2013a BRASIL 2016b) O MIQ inclui a implantaccedilatildeo do sistema
REZENDE MT Resultados
49
de indicadores de qualidade que satildeo de faacutecil compreensatildeo execuccedilatildeo e anaacutelise Satildeo
instrumentos importantes para a garantia de qualidade em citopatologia cervical pois
satildeo reconhecidos como vaacutelidos para a avaliaccedilatildeo da qualidade do exame citopatoloacutegico
do colo do uacutetero (SIEGL et al 2014 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b) O MEQ
proporciona para os laboratoacuterios monitorados educaccedilatildeo continuada e discussatildeo dos
casos discordantes que contribui para melhoria da habilidade profissional dos
citopatologistas na medida que o treinamento e fornece maior acuraacutecia no diagnoacutestico
das lesotildees precursoras do CCU possibilitando maior certeza na emissatildeo do laudo
(AacuteZARA et al 2016)
O iacutendice de positividade (IP) expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares e a
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo alvo sendo
que nos paiacuteses em que houve diminuiccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade por
CCU nos Estados Unidos Noruega e Reino Unido o IP foi 68 (DAVEY et al
2004) 49 (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) e 64 (NHS 2011)
respectivamente Os resultados de IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais do
estudo realizado por Bortolon et al (2012) mostraram que 58 dos laboratoacuterios
apresentavam IP muito baixo 19 baixo e somente 23 dentro do esperado sendo
que esses foram responsaacuteveis por apenas 14 do total de exames realizados no estado
Ainda verificou que a meacutedia do IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais foi 22
em 2010 valor inferior ao recomendado Estudo mais recente realizado por Tobias et al
(2016) mostrou que a maioria dos laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam serviccedilo
para o SUS independentemente da escala de produccedilatildeo tem valores de IP bem abaixo da
faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Sendo assim o IP baixo pode indicar a presenccedila de RFN apontando que eacute
necessaacuterio a reavaliaccedilatildeo do MIQ do laboratoacuterio a fim de intervir nos meacutetodos utilizados
assim como na qualificaccedilatildeo profissional dos citopatologistas (PLEWKA et al 2014
BRASIL 2016b) Observou-se no estudo de Aacutezara et al (2014) que o IP foi inferior a
3 em aproximadamente 74 dos laboratoacuterios do Estado de Goiaacutes que natildeo
participaram do MEQ ressaltando a importacircncia da inclusatildeo dos laboratoacuterios
citopatoloacutegicos nesse programa
O IP verificado neste trabalho foi de 120 apoacutes a reuniatildeo de consenso que
apesar de ter melhorado apoacutes a discussatildeo dos casos discordantes ainda estaacute um pouco
acima do esperado que eacute de 3 a 10 (BRASIL 2016b) isso pode expressar uma alta
REZENDE MT Resultados
50
prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na populaccedilatildeo estudada Miranda et al
(2013) determinou a persistecircncia da infecccedilatildeo pelo HPV em 596 das mulheres do
municiacutepio de Ouro Preto MG e que os tipos virais de alto risco foram os mais
persistentes ainda comprovou ainda que a presenccedila de alteraccedilotildees citoloacutegicas que podem
evoluir para o CCU estaacute associada agrave infecccedilatildeo por HPV
As ceacutelulas escamosas atiacutepicas (ASC) sugerem duacutevida diagnoacutestica em que natildeo
haacute criteacuterios citomorfoloacutegicos suficientes para o diagnoacutestico de lesatildeo intraepitelial tendo
potencial para uso exagerado Um alto iacutendice da razatildeo ASCSat indica grande nuacutemero
de RFP implicando na oferta desnecessaacuteria de exames para a investigaccedilatildeo diagnoacutestica o
que representa um ocircnus para a mulher e para a rede de sauacutede (BRASIL 2016b)
Portanto eacute preciso assegurar o monitoramento de qualidade dos laboratoacuterios de
citopatologia do colo do uacutetero para que os iacutendices de positividade se enquadrem no
preconizado ao mesmo tempo sem que haja aumento de ASC (BORTOLON et al
2012) No estado de Minas Gerais em estudo realizado por Bortolon et al (2012) foi
averiguado que o indicador ASCSat dos laboratoacuterios do estado foi 11 em 2010 valor
inferior ao recomendado Enquanto que os outros estados da Regiatildeo Sudeste tambeacutem
estavam com o indicador fora dos paracircmetros sendo Espirito Santo com 12 Rio de
Janeiro com 19 e Satildeo Paulo com 27 e a meacutedia da Regiatildeo foi entatildeo de 21 o que
indica a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios utilizados na definiccedilatildeo de ASC No
presente estudo verificou-se que antes da reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat do
Laboratoacuterio Tipo I apresentava valor de 571 fora da faixa indicada como ideal de 4
a 5 de acordo com o Manual de Gestatildeo da Qualidade (BRASIL 2016b)
Posteriormente a reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat observado foi de 462
dentro da faixa recomendada
Os demais indicadores de qualidade permaneceram dentro do recomendado apoacutes
o consenso A relaccedilatildeo ASCSIL que deve ser inferior a trecircs teve valor de 06 apoacutes a
accedilatildeo O valor dessa razatildeo dentro do recomendado indica que os criteacuterios diagnoacutesticos de
SIL e ASC estatildeo precisos O valor estaacute de acordo com os outros laboratoacuterios dos
estados da Regiatildeo Sudeste de acordo com estudo realizado em 2010 por Bortolon et al
(2012) 12 para o Rio de Janeiro 20 para Satildeo Paulo 11 para Espiacuterito Santo e Minas
Gerais
O ASCAlt deve ser inferior a 60 sendo que o valor encontrado nesse estudo
apoacutes o consenso de 384 permaneceu dentro do proposto Esse indicador tem a
REZENDE MT Resultados
51
finalidade de monitorar os casos de ASC para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente
Ressalta-se que o percentual elevado de ASC indica que o laboratoacuterio apresenta
problemas na fase preacute-analiacutetica analiacutetica ou em ambas as fases (BRASIL 2016b
AacuteZARA et al 2014) No estudo de Aacutezara et al (2014) 29 dos laboratoacuterios que natildeo
eram monitorados tiveram o indicador ASCAlt fora dos paracircmetros Aleacutem disso
aqueles laboratoacuterios natildeo monitorados que apresentaram IP dentro da faixa
recomendada e ASCAlt fora do recomendado estavam relacionados a um alto
percentual de ASC e natildeo de lesotildees precursoras do CCU Assim recomenda-se que esses
dois indicadores devem ser analisados em conjunto pois um IP adequado pode conter
uma elevada percentagem de ASC (BRASIL 2016b BRASIL 2013a)
Dessa forma acredita-se que o valor de IP encontrado em 2014 esteja um pouco
fora do esperado devido agrave alta prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na
populaccedilatildeo do municiacutepio de Ouro Preto MG E quando analisa-se o indicador ASCAlt
observa-se que tanto antes da reuniatildeo de consenso valor de 365 quanto depois valor
de 384 ambos estatildeo dentro do recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede que eacute menor
de 60 (BRASIL 2016b) ou seja o Laboratoacuterios Tipo I vem usando adequadamente
os criteacuterios para classificaccedilatildeo das ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado a qual tem potencial para uso exagerado
O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente
precursoras do CCU e deve ser igual ou superior a 04 valor que foi baseado nos
obtidos em paiacuteses em que o rastreamento foi bem-sucedido na diminuiccedilatildeo das taxas de
incidecircncia e mortalidade por CCU como 05 nos Estados Unidos (EVERSOLE et al
2010) 11 no Reino Unido (NHS CANCER SCREENING PROGRAMMES 2011) e
114 na Noruega (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) Obteve-se tanto antes
quanto depois da reuniatildeo de consenso valor da razatildeo HSILSat maior de 04 dessa
maneira o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo secundaacuteria do CCU vem sendo alcanccedilado
jaacute que as HSIL lesotildees que podem evoluir para o cacircncer estatildeo sendo detectadas
(BRASIL 2016b) Portanto ressalta-se que as lesotildees intraepiteliais de alto grau satildeo o
foco dos programas de rastreio do CCU para diminuiccedilatildeo de sua incidecircncia e
mortalidade (BORTOLON et al 2012) Os laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam
serviccedilo para o SUS apresentaram em 2012 detecccedilatildeo baixa de lesotildees precursoras do
CCU destacando a necessidade de investir na garantia da qualidade do exame
citopatoloacutegico por meio do MIQ e MEQ (TOBIAS et al 2016)
REZENDE MT Resultados
52
Aacutezara et al (2014) avaliaram o impacto da educaccedilatildeo continuada fornecida por
Laboratoacuterio Tipo II sobre os indicadores de qualidade de 12 laboratoacuterios monitorados
do Estado de Goiaacutes verificou-se efeito direto sobre os indicadores IP e o HSILSat que
melhoraram apoacutes a intervenccedilatildeo A educaccedilatildeo continuada fornecida pelo MEQ ajudou na
padronizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos aprimorando as competecircncias dos
citopatologistas em detectar alteraccedilotildees celulares sugestivas de CCU Constatou-se ainda
que a maioria dos laboratoacuterios que apresentaram indicadores na faixa estabelecida
estavam participando do MEQ
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I calculados nesse estudo dois
anos apoacutes o MEQ do ano de 2015 mostram que todos estatildeo dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede inclusive o IP que passou de 120 para 99
indicando que a accedilatildeo foi positiva e duradoura com o passar do tempo
Os resultados deste estudo mostraram que os indicadores de qualidade do
Laboratoacuterio Tipo I melhoraram apoacutes reuniatildeo de consenso proporcionada pelo MEQ
dessa forma eacute crucial a participaccedilatildeo dos laboratoacuterios de citopatologia no programa para
identificaccedilatildeo dos erros diagnoacutesticos e padronizaccedilatildeo dos criteacuterios utilizados na
classificaccedilatildeo das alteraccedilotildees citoloacutegicas Isso possibilita a adequaccedilatildeo dos indicadores nos
paracircmetros ideais permitindo a detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente precursoras do
CCU o que refletiraacute na reduccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade deste cacircncer
REZENDE MT Conclusotildees
53
8- Conclusotildees
A concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e II foi boa apoacutes a reuniatildeo de
Consenso
Dentre os resultados discordantes natildeo foi identificado nenhum RFN Os RFP e os
casos de retardo de conduta foram reduzidos apoacutes a reuniatildeo de consenso
O IP e o ASCSat apoacutes o consenso atingiram a faixa estabelecida e os outros
indicadores da qualidade permaneceram dentro do recomendado tanto antes quanto apoacutes
a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de consenso
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I dois anos apoacutes o MEQ estatildeo
dentro da faixa recomendada
Os seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia
com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso tiveram
resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Referecircncias
54
9- Consideraccedilotildees finais
Com apenas uma participaccedilatildeo no MEQ observou-se a importacircncia da reuniatildeo de
consenso realizada entre os Laboratoacuterios Tipos I e Tipo II para a anaacutelise e discussatildeo
dos casos discordantes Eacute um momento crucial para o ajuste dos criteacuterios
citomorfoloacutegicos utilizados no diagnoacutestico de lesotildees preacute-neoplaacutesicas pelos
citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II proporcionando um aprimoramento
desses criteacuterios Dessa forma apenas com uma accedilatildeo pontual minimiza-se a divergecircncia
diagnoacutestica do exame citopatoloacutegico Portanto a reuniatildeo de consenso proporcionada
pelo MEQ deve ser vista como uma parceria e como um momento de aprendizado para
ambos os laboratoacuterios pois eacute uma praacutetica de aperfeiccediloamento diagnoacutestico essencial para
o rastreamento do CCU
A praacutetica contiacutenua do MEQ deve igualmente ser priorizada em um programa
organizado de rastreamento do CCU pois o regular monitoramento dos laboratoacuterios
garante a produccedilatildeo de exames citopatoloacutegicos de qualidade e que contribuem
significativamente na detecccedilatildeo de lesotildees precursoras desta neoplasia
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REZENDE MT Apecircndices
66
Apecircndices
Apecircndice A Planilha do preacute-escrutiacutenio raacutepido
PLANILHA DO PREacute-ESCRUTIacuteNIO RAacutePIDO (PER)
DATA DE CHEGADA
DATA
REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA
RESULTADO DO PER
N= Negativo I= Insatisfatoacuterio S= Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
67
Apecircndice B Planilha da revisatildeo raacutepida de 100
PLANILHA DA REVISAtildeO RAacutePIDA DE 100 DOS NEGATIVOS (RR100)
DATA DE CHEGADA
DATA REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA RESULTADO DA RR100
FLORA
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
68
Apecircndice C Planilha dos resultados positivos e insatisfatoacuterios
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS POSITIVOS E INSATISFATOacuteRIOS
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO
ER
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
69
Apecircndice D Planilha de revisatildeo dos resultados discordantes
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS DISCORDANTES
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO ER
RESULTADO RR100
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Anexos
70
Anexos
Anexo 1 Requisiccedilatildeo de exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero
REZENDE MT Anexos
71
REZENDE MT Sumaacuterio
1- Introduccedilatildeo 12
2- Revisatildeo da Literatura 14
21 Cacircncer do colo do uacutetero 14
22 Exame citopatoloacutegico 16
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais 18
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado 20
23 Controle de qualidade em citopatologia 21
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia 23
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero 24
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia 25
3- Justificativa 29
4- Objetivos 30
41 Objetivo Geral 30
42 Objetivos especiacuteficos 30
5- Metodologia 31
51 Local de estudo 31
511 Monitoramento interno da qualidade 31
52 Tipo de estudo 33
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica 33
54 Monitoramento externo da qualidade 33
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados 35
56 Anaacutelise dos dados 36
6- Resultados 38
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 38
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II 41
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos 42
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado 43
7- Discussatildeo 45
9- Consideraccedilotildees finais 54
10- Referecircncias 55
Apecircndices 66
Anexos 70
REZENDE MT Introduccedilatildeo
12
1- Introduccedilatildeo
O CCU eacute considerado mundialmente um grave problema de sauacutede puacuteblica
sendo o quarto tipo de cacircncer mais frequente entre as mulheres e responsaacutevel pelo oacutebito
de 266 mil mulheres em 2012 (WHO 2012) No Brasil estima-se para o ano de
20162017 a ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585
casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a) A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero ou Papanicolaou eacute a estrateacutegia mais adotada para o
rastreamento desta neoplasia sendo efetivo para detectar lesotildees precursoras que podem
ser tratadas permitindo a reduccedilatildeo nas taxas de incidecircncia e mortalidade (MORIN et al
2000 TOMASI et al 2015)
Um dos grandes desafios a ser superado em relaccedilatildeo ao exame citopatoloacutegico eacute a
elevada taxa de resultados falso-negativos (RFN) que o meacutetodo apresenta que podem
chegar ateacute a 62 (ATTWOOD et al 1985 KOSS 1989 GIILL 2005 AMARAL et
al 2008) Assim muitas mulheres natildeo satildeo diagnosticadas e continuam em risco de
desenvolver lesotildees precursoras do cacircncer do colo do uacutetero uma vez que natildeo receberam o
devido acompanhamento Por outro lado os resultados falso-positivos (RFP) tambeacutem
causam transtornos na vida das mulheres que muitas vezes se submetem a
procedimentos desnecessaacuterios (MITCHELL MEDLEY 1995 KIRSCHNER et al
2011 GULLO et al 2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Com o objetivo de aperfeiccediloar o exame citopatoloacutegico algumas estrateacutegias
corretivas de melhoria da qualidade tecircm sido desenvolvidas como os programas de
monitoramento interno da qualidade (MIQ) e monitoramento externo da qualidade
(MEQ) que visam identificar corrigir e diminuir as falhas dentro do laboratoacuterio de
citopatologia Dessa forma eacute possiacutevel melhorar a sensibilidade do meacutetodo em detectar
alteraccedilotildees citopatoloacutegicas resultando na reduccedilatildeo dos percentuais de RFN e RFP
(TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) O Ministeacuterio da Sauacutede em 2013
regulamentou o MIQ e o MEQ instituindo a Qualificaccedilatildeo Nacional em Citopatologia na
Prevenccedilatildeo do CCU (BRASIL 2013a) que definiu padrotildees para avaliar a qualidade do
exame atraveacutes do acompanhamento dos laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam
serviccedilo para o SUS
O MEQ compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio diferente
daquele que realizou a primeira leitura e tem como principal objetivo avaliar o
REZENDE MT Introduccedilatildeo
13
desempenho dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do colo uterino e fornecer educaccedilatildeo
continuada aos citopatologistas com o intuito de aprimorar o diagnoacutestico citopatoloacutegico
(FREITAS THULER 2012 AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio e
contemplam entre outras o monitoramento do preparo das lacircminas o tempo de
escrutiacutenio a carga de trabalho do citologista a revisatildeo dos esfregaccedilos e a implantaccedilatildeo
de sistema de indicadores de qualidade Dentre os meacutetodos de MIQ mais eficientes na
detecccedilatildeo de RFN cita-se a revisatildeo raacutepida de 100 (RR100) dos esfregaccedilos negativos
e o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) de todos os esfregaccedilos (TAVARES et al 2011 2014
BRASIL 2016b) A implementaccedilatildeo dos indicadores de qualidade eacute fundamental pois
permite comparar a situaccedilatildeo atual com metas desejadas assim eacute possiacutevel acompanhar o
comportamento do indicador apoacutes a realizaccedilatildeo de alguma intervenccedilatildeo auxiliando na
tomada de decisatildeo (BORTOLON et al 2012 PLEWKA et al 2014 BRASIL 2016b)
Aleacutem do monitoramento da qualidade dos exames citopatoloacutegicos a eficiecircncia
do rastreamento do CCU depende do seguimento adequado das mulheres com
resultados alterados mantendo no programa aquelas que devem repetir o exame ou
serem encaminhadas adequadamente para a colposcopia e bioacutepsia (ZOLA et al 2007
ALBUQUERQUE et al 2012) O seguimento permite que seja feito a correlaccedilatildeo do
diagnoacutestico citoloacutegico com a histologia que eacute uma importante ferramenta usada como
medida da garantia da qualidade e do desempenho dos laboratoacuterios de citopatologia
(ANSCHAU GONCcedilALVES 2011 TURKMEN et al 2013)
Portanto eacute imprescindiacutevel a implantaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ na rotina
dos laboratoacuterios de citopatologia pois satildeo parte integrante da estrateacutegia de garantia e
melhoria contiacutenua da qualidade com a finalidade de reduzir as falhas do exame
citopatoloacutegico garantindo agraves mulheres a prestaccedilatildeo de um serviccedilo seguro
Um dos principais motivos da ocorrecircncia dos RFN e RFP satildeo problemas
relacionados agrave interpretaccedilatildeo diagnoacutestica (GAY NALDSON GOELLNER 1985
RENSHAW 2003 COLEMAN POZNANSKY 2006 BRANCA LONGATTO-
FILHO 2015) Sendo assim este trabalho teve como objetivo comparar os exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero submetidos ao MEQ com o intuito de minimizar
divergecircncias diagnoacutesticas a fim de reduzir os RFN e RFP que satildeo um dos maiores
problemas enfrentados pelos laboratoacuterios de citopatologia
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
14
2- Revisatildeo da Literatura
21 Cacircncer do colo do uacutetero
Estimativas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede apontaram o cacircncer do colo do
uacutetero (CCU) como o responsaacutevel pelo oacutebito de 266 mil mulheres em 2012 e
aproximadamente 87 ocorreram nas regiotildees menos desenvolvidas (WHO 2012) No
Brasil ocupa a terceira posiccedilatildeo entre os dez tipos de cacircncer mais incidentes estimados
para 2016 por sexo exceto pele natildeo melanoma Estima-se para o ano de 20162017 a
ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585 casos a cada
100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
A taxa de incidecircncia do CCU estimada para 20162017 por regiatildeo brasileira sem
considerar os tumores de pele natildeo melanoma eacute a mais alta na regiatildeo Norte
apresentando 2397 novos casos por 100 mil mulheres Eacute o segundo mais incidente nas
regiotildees Centro-Oeste e Nordeste com 2072 e 1949 novos casos a cada 100 mil
mulheres respectivamente E na regiatildeo Sudeste estaacute na terceira posiccedilatildeo com 1130
novos casos a cada 100 mil mulheres e na regiatildeo Sul na quarta com 1517 novos casos
a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
Define-se o CCU como a replicaccedilatildeo desordenada do epiteacutelio de revestimento
deste oacutergatildeo resultando em comprometimento do estroma e invasatildeo de estruturas e
oacutergatildeos contiacuteguos ou agrave distacircncia Na fase preacute-cliacutenica desta neoplasia natildeo se observam
sintomas de maneira que a detecccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees precursoras eacute realizada pelo
exame citoloacutegico por outro lado agrave medida que a doenccedila progride surgem sangramento
menorragias e metrorragias (HAMONT et al 2008 LIMBERGER et al 2012)
O CCU eacute uma doenccedila que possui evoluccedilatildeo lenta onde a progressatildeo de uma
lesatildeo inicial para a forma invasiva pode levar anos sendo entatildeo possiacutevel identificar suas
formas precursoras que satildeo trataacuteveis e curaacuteveis (MEDEIROS et al 2005 COLEMAN
POZNANSKY 2006 RAMA et al 2008) Assim trata-se de uma doenccedila evitaacutevel
podendo apresentar 100 de cura principalmente atraveacutes do diagnoacutestico precoce
realizado pelo exame citopatoloacutegico e tratamento adequado de lesotildees preacute-malignas
(ZEFERINO et al 1996 ELUF-NETO NASCIMENTO 2001 SANTOS et al 2013)
A infecccedilatildeo pelo papiloma viacuterus humano (HPV) eacute uma das doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis mais comuns em todo mundo em ambos os sexos sendo que a maioria
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
15
das pessoas adquirem o viacuterus no iniacutecio da atividade sexual A infecccedilatildeo tem iniacutecio nas
ceacutelulas basais da zona de transformaccedilatildeo do colo do uacutetero e a maioria eacute controlada pela
resposta imune celular ocorrendo sua eliminaccedilatildeo espontacircnea em torno de dois anos
sem causar lesotildees e sintomas (ALMONTE et al 2010 GRAVITT et al 2011)
O HPV eacute considerado o principal fator de risco associado ao desenvolvimento
do CCU e a infecccedilatildeo persistente no trato reprodutivo de mulheres pode levar ao
surgimento de lesotildees preacute-neoplaacutesicas (DE SANJOSE et al 2007 2010
GUDLEVICIENE et al 2010) Satildeo descritos hoje aproximadamente 130 genoacutetipos do
HPV sendo que desses 40 podem infectar a mucosa genital Os tipos de HPV satildeo
classificados em viacuterus de alto ou baixo risco oncogecircnico conforme a propensatildeo das
ceacutelulas infectadas agrave transformaccedilatildeo neoplaacutesica (WEISS ROSENTHAL ZIMET 2011
FERRAZ SANTOS DISCACCIATI 2012) Aproximadamente 15 tipos de HPV tecircm
potencial oncogecircnico e satildeo responsaacuteveis por praticamente todos os cacircnceres cervicais e
lesotildees precursoras desses os mais prevalentes satildeo os HPV 16 e 18 sendo associados
com aproximadamente 70 de todos os cacircnceres do colo do uacutetero (MAZARICO
GONZALEZ-BOSQUETE 2012 HOSTE VOSSAERT POPPE 2013)
Sabe-se que somente a infecccedilatildeo pelo HPV natildeo eacute suficiente para o
desenvolvimento do carcinoma pois haacute um periacuteodo de latecircncia entre a infecccedilatildeo e o
desenvolvimento das lesotildees preacute-neoplaacutesicas indicando que existem outros elementos
atuando como co-fatores na carcinogecircnese do colo do uacutetero dentre os quais cita-se o
iniacutecio precoce da vida sexual muacuteltiplos parceiros sexuais multiparidade histoacuteria de
doenccedila sexualmente transmitida imunossupressatildeo uso prolongado de anticoncepcional
oral e tabagismo (NATUNEN et al 2011 ZARDO et al 2014)
Desde a infecccedilatildeo pelo HPV ateacute o desenvolvimento do CCU transcorrem
aproximadamente quinze anos Considera-se esta progressatildeo lenta sendo possiacutevel nesse
tempo a identificaccedilatildeo precoce de lesotildees celulares associadas com a persistecircncia deste
viacuterus no trato genital por meio da citologia cervical Assim haacute tempo para que as
lesotildees possam ser tratadas adequadamente impedindo a progressatildeo para o cacircncer
(SNIJDERS et al 2006 DISCACCIATI et al 2011 FERRAZ SANTOS
DISCACCIATI 2012)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
16
22 Exame citopatoloacutegico
A estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do CCU desde sua introduccedilatildeo
em 1941 por George Papanicolaou eacute o exame citopatoloacutegico sendo responsaacutevel pela
reduccedilatildeo da incidecircncia e mortalidade desse cacircncer nas uacuteltimas cinco deacutecadas em paiacuteses
em que foi implantado de maneira eficiente (PAPANICOLAOU TRAUT 1977
ARBYN et al 2009 DIJKSTRA et al 2014) O rastreio utilizando a citologia
esfoliativa eacute considerado uma intervenccedilatildeo de sauacutede puacuteblica extremamente bem-
sucedida de forma que praticado de acordo com as diretrizes alcanccedila reduccedilotildees na
incidecircncia do CCU de ateacute 80 (FRANCO DUARTE-FRANCO FERENCZY 2001
OGILVIE et al 2010) Aleacutem disso mais de 60 de todos os casos de CCU satildeo
observados entre as mulheres que natildeo participam do rastreamento (STENVALL
WIKSTROM WILANDER 2007)
O exame citopatoloacutegico baseia-se no fato de que alteraccedilotildees nas ceacutelulas epiteliais
do colo uterino podem progredir ao longo do tempo permitindo o surgimento do
cacircncer Sendo assim o Papanicolaou eacute estrateacutegico para detecccedilatildeo dessas alteraccedilotildees nas
fases iniciais das lesotildees precursoras (CARVALHO QUEIROZ 2010) Eacute um exame
faacutecil raacutepido praacutetico seguro de baixo custo e eficaz na detecccedilatildeo de lesotildees cervicais e
por isso deve ser incentivado como meacutetodo de triagem (GREENWOOD MACHADO
SAMPAIO 2006 OLIVEIRA et al 2010 COBUCCI et al 2016)
Os procedimentos mais usados para a confecccedilatildeo dos esfregaccedilos para o exame
citopatoloacutegico satildeo a coleta convencional ou em meio liacutequido (ARBYN et al 2008
NANDINI et al 2012) A teacutecnica de citologia em meio liacutequido permite que as ceacutelulas
sejam suspensas em meio liacutequido e espalhadas em monocamada possibilitando assim
uma melhor avaliaccedilatildeo morfoloacutegica e tem sido introduzida nos paiacuteses desenvolvidos para
melhorar a sensibilidade do exame citopatoloacutegico (PAWAR et al 2014) Apesar deste
meacutetodo apresentar menos tempo de triagem fundo limpo e melhor distribuiccedilatildeo dos
elementos celulares os benefiacutecios natildeo justificam o alto custo assim a coleta
convencional deve ser a primeira escolha para os paiacuteses em desenvolvimento pois
quando realizado de maneira organizada e de acordo com os padrotildees de qualidade natildeo eacute
inferior a citologia em meio liacutequido (ILTER et al 2012 SHARMA et al 2016)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a coleta convencional Neste tipo de coleta o
espeacuteculo eacute introduzido no canal vaginal para expor o colo do uacutetero e satildeo utilizados a
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
17
espaacutetula de Ayre para a coleta de ceacutelulas da ectoceacutervice e a escova endocervical para
coleta de ceacutelulas da endoceacutervice (ARBYN et al 2008 VERMA JAIN KAUR 2014)
As ceacutelulas satildeo colocadas em uma lacircmina transparente de vidro com extremidade fosca
onde consta identificaccedilatildeo da paciente satildeo coradas e examinadas ao microscoacutepio pelos
profissionais habilitados que poderatildeo identificar ceacutelulas que apresentam alteraccedilotildees
indicativas de lesotildees preacute-malignas (ARBYN et al 2008 FERNANDES et al 2009
BRASIL 2011)
No Brasil a populaccedilatildeo alvo recomendada para a realizaccedilatildeo deste exame satildeo
mulheres na faixa etaacuteria de 25 ateacute os 64 anos de idade e agravequelas que jaacute iniciaram a vida
sexual Recomenda-se a realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico como ferramenta
de rastreamento sendo que deve ser repetido a cada trecircs anos apoacutes dois exames anuais
consecutivos normais A repeticcedilatildeo em um ano tem por objetivo diminuir a possibilidade
de RFN (RIBEIRO SANTOS TEIXEIRA 2011 BRASIL 2016c) Este
acompanhamento regular tem como base os programas de rastreamento organizados na
maioria dos paiacuteses desenvolvidos (FERLAY et al 2012)
Em estudo envolvendo oito paiacuteses realizado pela International Agency for
Research on Cancer (IARC) em 1986 servindo de suporte para normas ainda hoje
vigente mundialmente estimou-se que ao iniciar o rastreamento aos 25 anos de idade e
natildeo aos 20 anos perde-se apenas 1 de reduccedilatildeo da incidecircncia cumulativa do CCU
(IARC 1986 BRASIL 2011) Mulheres de ateacute 20 anos de idade natildeo estatildeo incluiacutedas na
faixa etaacuteria alvo do rastreamento pois possuem maior probabilidade de regressatildeo das
lesotildees preacute-invasivas o carcinoma invasor nesta parcela da populaccedilatildeo em geral eacute
extremamente raro e a maioria das infecccedilotildees pelo HPV se resolve espontaneamente em
cerca de dois anos sendo portanto de reduzida significacircncia cliacutenica (MOSCICKI
2008 MOSCICKI COX 2010) Os exames devem seguir ateacute os 64 anos e apoacutes essa
idade serem interrompidos quando resultarem em dois exames negativos consecutivos
nos uacuteltimos cinco anos (SASIENI CASTANtildeON CUZICK 2010 BRASIL 2011)
O rastreamento no Brasil eacute predominantemente oportuniacutestico ou seja as
mulheres tecircm realizado o exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero quando procuram os
serviccedilos de sauacutede geralmente devido a consulta meacutedica gravidez e diante de queixas
como prurido e leucorreacuteia Assim 20 a 25 dos exames tecircm sido realizados fora do
grupo etaacuterio recomendado e aproximadamente metade deles com intervalo de um ano
ou menos quando o recomendado satildeo trecircs anos Portanto haacute um contingente de
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
18
mulheres rastreadas e a exclusatildeo de outras (ZEFERINO 2008 NAVARRO et al 2015
BRASIL 2016c)
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais
George N Papanicolaou em 1941 criou a primeira terminologia de
classificaccedilatildeo citoloacutegica das lesotildees precursoras do CCU que procurava expressar se as
ceacutelulas observadas eram normais ou natildeo e desde entatildeo vaacuterios sistemas de classificaccedilatildeo
foram sugeridos (TRAUT PAPANICOLAOU 1943 AGUIAR et al 2011)
Nos Estados Unidos em 1988 foi realizada na cidade de Bethesda um workshop
que enfatizou a grande diversidade na comunicaccedilatildeo dos resultados em citologia
cervical e teve como objetivo determinar uma terminologia que daria limites evidentes
para a gestatildeo e dessa maneira reduziria a variabilidade interobservador Entatildeo nesse
ano foi aprovada a classificaccedilatildeo citoloacutegica conhecida como Terminologia do Sistema
Bethesda que introduziu os termos lesotildees intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e
alto grau (HSIL) (NAYAR WILBUR 2015a)
Apoacutes experiecircncia na praacutetica cliacutenica e novos avanccedilos no conhecimento
cientiacutefico esse sistema passou por revisatildeo em 1991 e 2001 que propocircs uniformizar as
terminologias assim como as condutas cliacutenicas para cada classificaccedilatildeo citoloacutegica
(AGUIAR et al 2011) O workshop de 1991 levou agrave produccedilatildeo do primeiro atlas
Bethesda em 1994 depois de sua publicaccedilatildeo tornou-se rapidamente uma referecircncia
mundial para a praacutetica da citologia cervical (SOLOMON et al 2002 NAYAR
WILBUR 2015a) Em 2001 aconteceu mudanccedilas marcantes em relaccedilatildeo agrave categoria de
Ceacutelulas Escamosas Atiacutepicas (ASC) A categoria ASC foi subdividida em ceacutelulas
escamosas atiacutepicas de significado indeterminado (ASC-US) e ceacutelulas escamosas
atiacutepicas quando natildeo se pode excluir lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
(WRIGHT et al 2002 MASSAD et al 2013) Nos Estados Unidos em 2013 855
dos laboratoacuterios de citologia haviam implementado a terminologia de 2001 e o
sistema de Bethesda produziu um impacto significativo na comunidade
internacional de citopatologia (DAVEY et al 2004)
Nos uacuteltimos anos vecircm acontecendo vaacuterias mudanccedilas nos processos de rastreio
do CCU como aumento do uso de citologia em meio liacutequido aprovaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de vacinas profilaacuteticas contra o HPV mudanccedilas na terminologia de
histopatologia e diretrizes atualizadas para o rastreio do CCU e gestatildeo cliacutenica Com
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
19
base em todas essas mudanccedilas o ano de 2014 era o momento adequado para uma
revisatildeo e atualizaccedilatildeo da terminologia Sistema de Bethesda 2001 Houve entatildeo o
refinamento de criteacuterios morfoloacutegicos e incorporaccedilatildeo de revisotildees e novas
informaccedilotildees adicionais na terceira ediccedilatildeo do atlas Bethesda para citologia cervical
(NAYAR WILBUR 2015b)
Em 2003 foi publicada a primeira ediccedilatildeo da Nomenclatura Brasileira para
Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais e Condutas Cliacutenicas Preconizadas baseada no
sistema de Bethesda contendo tambeacutem o MEQ com o objetivo de padronizar o laudo
citopatoloacutegico com as respectivas condutas cliacutenicas e manter o controle de qualidade
desses laudos emitidos pelos laboratoacuterios prestadores de serviccedilo ao Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SUS) No ano de 2006 houve a publicaccedilatildeo da segunda ediccedilatildeo dessa
nomenclatura e foi suprimido o capiacutetulo referente ao MEQ porque esse tema merecia
uma profunda revisatildeo No ano de 2010 optou-se por lanccedilar como publicaccedilotildees
independentes os trecircs capiacutetulos de Condutas Cliacutenicas Preconizadas MEQ e da
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais (BRASIL 2012)
Em 2012 foi publicada a terceira ediccedilatildeo revisada e atualizada da Nomenclatura
Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais que eacute a nomenclatura utilizada
atualmente no Brasil contemplando a seguinte classificaccedilatildeo
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (ASC-US)
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir
lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (AGC-SOE)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode afastar
lesatildeo intraepitelial de alto grau (AGC-NEO)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL)
bull Adenocarcinoma in situ (AIS)
bull Adenocarcinoma invasor (cervical endometrial e sem outras especificaccedilotildees)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau natildeo podendo excluir microinvasatildeo
bull Carcinoma epidermoacuteide invasor
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
20
A adoccedilatildeo do Sistema de Bethesda ainda que adaptado ao Brasil facilita a
comparaccedilatildeo de resultados nacionais com os encontrados em publicaccedilotildees estrangeiras
Poreacutem ainda haacute resistecircncia por parte dos citopatologistas no emprego da nomenclatura
brasileira para exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero Ressalta-se que aleacutem do
diagnoacutestico preciso tambeacutem eacute importante que o relatoacuterio de apresentaccedilatildeo dos resultados
seja de faacutecil compreensatildeo para que a paciente receba seguimento e conduta adequada
dessa forma maiores esforccedilos devem ser empregados no sentido de estimular o uso
dessa nomenclatura (AGUIAR et al 2011)
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado
Em 2011 houve atualizaccedilatildeo das Condutas Cliacutenicas Preconizadas de 2006 e entatildeo
foram lanccediladas as ldquoDiretrizes para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo que
buscaram orientar as condutas preconizadas em mulheres com alteraccedilotildees no exame
citopatoloacutegico cervical (BRASIL 2011)
De acordo com essas diretrizes diante de um resultado de exame citopatoloacutegico
de ASC-US a mulher com 30 anos ou mais deveraacute repetir o exame citopatoloacutegico em
um intervalo de 6 meses e com idade inferior a 30 anos no intervalo de 12 meses Para
os exames com resultados classificados como ASC-H as mulheres devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e se observado alteraccedilotildees
colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia jaacute aquelas sem alteraccedilotildees devem repetir nova
citologia em 6 meses Pacientes com diagnoacutestico citoloacutegico de AGC devem ser
encaminhadas para colposcopia realiza-se a bioacutepsia apenas quando satildeo observadas
alteraccedilotildees no colo caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia em 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de LSIL devem repetir o exame citopatoloacutegico em 6
meses se a citologia de repeticcedilatildeo for negativa em dois exames consecutivos a paciente
deve retornar agrave rotina de rastreamento citoloacutegico trienal Pacientes que apresentarem
diagnoacutestico de HSIL deveratildeo ser encaminhadas em ateacute trecircs meses agrave Unidade de
Referecircncia Secundaacuteria para realizaccedilatildeo da bioacutepsia se observada alteraccedilotildees no colo na
colposcopia (BRASIL 2011)
No ano de 2016 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a segunda ediccedilatildeo das ldquoDiretrizes
para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo atualizando as diretrizes publicadas em
2011 visando auxiliar os profissionais da sauacutede em suas praacuteticas assistenciais em todo o
paiacutes quanto ao seguimento de exames citopatoloacutegicos alterados e apoiar os gestores na
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
21
tomada de decisatildeo em relaccedilatildeo agrave estruturaccedilatildeo da linha de cuidados da mulher (BRASIL
2016c)
De acordo com as diretrizes mais recentes as mulheres com diagnoacutestico de ASC-
US abaixo de 25 anos de idade devem repetir o exame apoacutes 3 anos aquelas entre 25 e
29 anos devem repetir em 12 meses enquanto as mulheres acima de 30 anos devem
repetir a citologia apoacutes 6 meses Mulheres com diagnoacutestico de ASC-H devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e somente aquelas que
apresentam alteraccedilotildees colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia sendo que as demais
devem repetir a citologia apoacutes 6 meses Em mulheres com diagnoacutestico de ceacutelulas
glandulares atiacutepicas (AGC) ou ceacutelulas atiacutepicas de origem indefinida a paciente deve ser
imediatamente encaminhada para colposcopia onde faz-se a bioacutepsia apenas quando satildeo
observadas alteraccedilotildees caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia Na
presenccedila do diagnoacutestico LSIL em mulheres abaixo de 25 anos de idade sugere-se repetir
o exame citopatoloacutegico apoacutes 3 anos com indicaccedilatildeo de colposcopia caso a atipia se
mantenha E mulheres acima de 25 anos de idade devem repetir a citologia apoacutes 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de HSIL devem ser encaminhadas para realizaccedilatildeo de
colposcopia ateacute trecircs meses apoacutes o resultado e caso apresentem alteraccedilotildees visuais no
colo do uacutetero deveratildeo ser submetidas a bioacutepsia caso contraacuterio recomenda-se nova
citologia apoacutes trecircs meses a contar da data da coleta da citologia anterior (BRASIL
2016c)
Um dos maiores problemas enfrentado pelo programa de rastreamento e controle
do CCU eacute a falta de seguimento dado as mulheres depois que realizam o exame
citopatoloacutegico bem como a orientaccedilatildeo errocircnea por parte dos profissionais de sauacutede
Portanto para que o programa tenha sucesso eacute necessaacuterio garantir que seja organizado e
definido como um conjunto de accedilotildees programadas com populaccedilatildeo e periodicidade
especiacuteficas porque com o seguimento pode-se oferecer um tratamento adequado
interrompendo o desenvolvimento desse cacircncer (VALE et al 2010 ALBUQUERQUE
et al 2012 SANTOS et al 2013)
23 Controle de qualidade em citopatologia
O exame citopatoloacutegico necessita apresentar uma boa acuraacutecia diagnoacutestica
(MILLER et al 2000 KOSE NAKI 2014 ABUDUKADEER et al 2015) No
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
22
entanto questiona-se sua eficiecircncia pois certo nuacutemero de mulheres desenvolve esse
cacircncer apesar de realizarem o exame periodicamente em parte essa situaccedilatildeo pode ser
explicada pelas altas taxas de RFN (MITCHELL MEDLEY 1995 TAVARES et al
2008 KIRSCHNER et al 2011) Aleacutem disso os RFP tambeacutem satildeo alarmantes pois
geram danos agrave vida de mulheres na medida que se sujeitam a procedimentos
dispensaacuteveis (KOSS 1989 FRABLE 2007 GULLO et al 2012)
As principais causas dos RFN ocorrem devido a erros de coleta de escrutiacutenio e
de interpretaccedilatildeo do diagnoacutestico (BOSCH RIETVELD-SCHEFFERS BOON 1992
MITCHELL MEDLEY 1995 ORTIZ-VAacuteZQUEZ et al 2001 FRABLE et al 2007
MANRIQUE et al 2009) Erros na coleta do material citoloacutegico podem ser
responsaacuteveis por ateacute 62 dos RFN e ocorrem devido agrave falta de representatividade
celular ou escassez de ceacutelulas neoplaacutesicas e tambeacutem pela presenccedila de processo
inflamatoacuterio sangue e fundo necroacutetico nos esfregaccedilos que podem prejudicar a anaacutelise
(VAN DER et al 1987 EJERSBO DAHL HOLUND 2003 AMARAL et al 2006
AMARAL et al 2008 LONNBERG et al 2010) O erro de escrutiacutenio varia de 10 a
67 e ocorre quando as ceacutelulas atiacutepicas estatildeo presentes no esfregaccedilo mas natildeo satildeo
identificadas pelo escrutinador devido agrave falta de atenccedilatildeo e concentraccedilatildeo tempo
insuficiente e falta de experiecircncia (DEMAY 1997 PITTOLI et al 2003 PAJTLER et
al 2006 AMARAL et al 2008) O erro de interpretaccedilatildeo pode ser responsaacutevel por ateacute
22 dos RFN e ocorre quando as ceacutelulas neoplaacutesicas satildeo reconhecidas mas satildeo
identificadas como benignas ou ainda satildeo classificadas erroneamente isso eacute atribuiacutedo
principalmente agrave experiecircncia insuficiente do profissional e informaccedilotildees cliacutenicas
inadequadas (GAY NALDSON GOELLNER 1985 RENSHAW 2003 COLEMAN
POZNANSKY 2006 AMARAL et al 2008)
Dessa forma tem sido exigido a implementaccedilatildeo de programas de monitoramento
da qualidade em citopatologia com o objetivo de melhorar o desempenho do exame
citopatoloacutegico em detectar anormalidades escamosas e glandulares e
consequentemente diminuir os percentuais de RFN e RFP que satildeo resultados
preocupantes tanto para a mulher quanto para os custos dos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(PAJTLER et al 2006 TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) A fim de
minimizar as falhas deste exame vaacuterias estrateacutegias corretivas de garantia da qualidade
tecircm sido desenvolvidas como a implementaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ nos
laboratoacuterios de citopatologia (PEREIRA et al 2006 AacuteZARA et al 2014a)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
23
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio de
citopatologia contemplam na fase preacute-analiacutetica atividades realizadas antes do
escrutiacutenio e incluem o registro do material recebido a preparaccedilatildeo a coloraccedilatildeo e a
montagem das lacircminas a manutenccedilatildeo dos equipamentos e microscoacutepios aleacutem dos
registros da qualificaccedilatildeo e treinamento dos profissionais (BRASIL 2016b) Na fase
analiacutetica o objetivo eacute a reduccedilatildeo de erros de escrutiacutenio ou de erros de interpretaccedilatildeo do
resultado com o intuito de diminuir os iacutendices de RFN e RFP algumas das medidas
contemplam o tempo de escrutiacutenio carga de trabalho do citologista e revisatildeo dos
esfregaccedilos (TAVARES et al 2007) O monitoramento contiacutenuo da qualidade dos
resultados dos exames citopatoloacutegicos imprescindiacutevel para o laboratoacuterio faz parte da
fase poacutes-analiacutetica em que eacute avaliada o desempenho global e individual dos profissionais
(AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
Por muitos anos vaacuterias discussotildees ocorreram na tentativa de apontar o melhor
meacutetodo de MIQ para a citologia cervical (DUDDING RENSHAW ELLIS 2011)
Considerado como consenso entre os especialistas na aacuterea a repeticcedilatildeo da leitura de
todos os esfregaccedilos classificados como negativos no escrutiacutenio de rotina eacute o meacutetodo
mais preciso para evitar erros no rastreio poreacutem este meacutetodo eacute dispendioso exigindo
muito tempo para a leitura em duplicata (TAVARES et al 2011)
Dentre os meacutetodos de MIQ cita-se a revisatildeo aleatoacuteria de 10 dos esfregaccedilos
negativos pelo escrutiacutenio de rotina (R-10) a revisatildeo baseada em criteacuterios cliacutenicos de
risco (RCCR) a revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos (RR100) e o preacute-
escrutiacutenio raacutepido (PER) Os meacutetodos de PER e RR100 satildeo considerados os mais
eficazes na detecccedilatildeo de RFN (MANRIQUE et al 2007 2011 TAVARES et al 2011
BRASIL 2016b) O meacutetodo de revisatildeo de 10 dos esfregaccedilos negativos eacute criticado
pois detecta poucos casos RFN assim como a RCCR que tambeacutem tem produzido
resultados ruins em vaacuterios estudos (AMARAL et al 2005 TAVARES et al 2008
TAVARES et al 2011 CURRENS et al 2012)
A RR100 consiste em revisar rapidamente todos os esfregaccedilos classificados
como negativos e insatisfatoacuterios do escrutiacutenio de rotina poreacutem como o revisor possui
conhecimento do resultado pode tornar o meacutetodo tendencioso reduzindo sua
concentraccedilatildeo e aumentando a possibilidade de deixar passar erros (PAJTLER et al
2006 MANRIQUE et al 2007) O PER consiste no escrutiacutenio raacutepido de todos os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
24
esfregaccedilos sem influecircncia de marcaccedilotildees sobre a lacircmina durante um tempo limitado
antes do escrutiacutenio de rotina e eacute um meacutetodo que tende a prender a atenccedilatildeo do
citologista jaacute que eacute realizado anterior a leitura de rotina aleacutem de permitir que a
sensibilidade de ambos PER e ER seja estimada (DJEMLI KHETANI AUGER
2006 TAVARES et al 2008)
Portanto eacute de extrema importacircncia a implementaccedilatildeo de accedilotildees de garantia da
qualidade na rotina dos laboratoacuterios de citopatologia pois permitem aprimorar o exame
citopatoloacutegico assegurando resultados confiaacuteveis (FERRAZ et al 2005 SIEGL et al
2014)
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
O sistema de monitoramento da qualidade tambeacutem deve comtemplar o
desenvolvimento e implantaccedilatildeo de sistema de indicadores de qualidade pois permitem
avaliar o desempenho global do laboratoacuterio realizar anaacutelise estatiacutestica individual dos
profissionais bem como utilizar os dados obtidos para a realizaccedilatildeo de intervenccedilotildees para
aperfeiccediloamento das etapas laboratoriais (SIEGL et al 2014 AacuteZARA et al 2014b)
Os indicadores de qualidade em citopatologia cervical possuem caracteriacutesticas
que satildeo muito importantes para que possam ser uacuteteis como ferramentas de apoio para o
monitoramento e a avaliaccedilatildeo do desempenho do laboratoacuterio Entre elas destacam-se a
facilidade de compreensatildeo uso de dados de coleta disponiacutevel e faacutecil execuccedilatildeo
mensuram os resultados encontrados permitindo comparaccedilatildeo com valores de referecircncia
preacute-estabelecidos refletem exatamente o que se deseja quantificar viabilizando assim
uma anaacutelise comparativa dos resultados para uma melhoria contiacutenua dos processos
internos do laboratoacuterio (BRASIL 2016b)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda que a coleta dos dados deve ser realizada
pelos profissionais envolvidos nas diversas etapas do processo de trabalho pois a
responsabilizaccedilatildeo dos profissionais pela obtenccedilatildeo dos dados tende a gerar compromisso
deles com os resultados almejados assim os dados tendem a ser de melhor qualidade
(BRASIL 2016b) Portanto a construccedilatildeo de tais indicadores para auxiliar o programa
de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo uacutetero deve ser feita internamente no
laboratoacuterio e satildeo mundialmente conhecidos pelos profissionais dessa aacuterea (BRASIL
2016b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
25
Os indicadores de qualidade incluem o iacutendice de positividade (IP) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ASCSat) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt) razatildeo de ceacutelulas
escamosas atiacutepicas por lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) percentual de exames
compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSILSat) (BORTOLON et
al 2012 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b)
O IP expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares nos exames aleacutem da
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo examinada
e recomenda-se que esteja entre 3 e 10 O ASCSat deve ficar entre 4 e 5 e quando
elevado sugere problemas na amostra na anaacutelise laboratorial ou em ambas as fases e
representa um ocircnus para a mulher e para a rede assistencial pois acarreta a oferta de um
maior nuacutemero de exames destinados agrave repeticcedilatildeo para investigaccedilatildeo diagnoacutestica O
ASCAlt deve ser inferior a 60 e tem o objetivo de monitorar ao percentual de atipias
de significado indeterminado para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo continuada dos
citopatologistas A razatildeo ASCSIL permite identificar o baixo desempenho profissional
no rastreamento e valores muito altos devem ter a causa investigada pois podem mostrar
a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios citoloacutegicos utilizados sendo que este indicador
deve ser menor que 3 O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees
precursoras do CCU e recomenda-se que seja igual ou maior que 04 (PLEWKA et
al 2014 BRASIL 2016b)
Os documentos gerados na elaboraccedilatildeo e o registro perioacutedico dos indicadores de
qualidade devem ser armazenados para permitir o acompanhamento dos processos
analisados e devem fazer parte do conjunto de documentos que compotildeem o Sistema de
Monitoramento da Qualidade do laboratoacuterio Eacute importante que esse material seja
armazenado em local de faacutecil acesso com o objetivo de facilitar as consultas sempre
que for necessaacuterio Recomenda-se que sejam feitos mensalmente e impressos com
assinatura do profissional responsaacutevel (BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia
Haacute deacutecadas o Brasil tem adotado medidas para garantia da qualidade dos exames
citopatoloacutegicos Em 1998 foi instituiacutedo o Programa Nacional de Controle do Cacircncer de
Colo de Uacutetero pela portaria GMMS nordm 3040 que reconheceu que o exame
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
26
citopatoloacutegico do colo uterino eacute uma avaliaccedilatildeo qualitativa que dependente da
interpretaccedilatildeo do observador e que essa subjetividade precisa ser minimizada portanto o
monitoramento da qualidade eacute importante para a garantia do serviccedilo prestado agrave
populaccedilatildeo feminina (BRASIL 1998)
O Ministeacuterio da Sauacutede em 2001 por meio da Portaria SPSSAS nordm 92 preconizou
que todos os laboratoacuterios que realizam exames citopatoloacutegicos para o SUS deveriam
submeter-se ao Programa de Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ) poreacutem o
programa de responsabilidade das coordenaccedilotildees estaduais natildeo havia sido implantado
em todo paiacutes Esse programa foi regulamentado em 2013 atraveacutes da Qualificaccedilatildeo
Nacional em Citopatologia na Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2010
BRASIL 2013a)
A Portaria Qualicito definiu que os gestores estaduais e municipais devem
gerenciar o programa acompanhando o desempenho dos laboratoacuterios participantes que
foram classificados em Tipo I e Tipo II Satildeo considerados Laboratoacuterios Tipo I os
laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam serviccedilo ao SUS e que realizam exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero e os Laboratoacuterios Tipo II os laboratoacuterios puacuteblicos
responsaacuteveis por realizar os exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no acircmbito do
MEQ aleacutem de poderem realizar as accedilotildees dos Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2013a)
O MEQ eacute parte integrante da estrateacutegia de garantia da qualidade em citopatologia
e tem por finalidade avaliar o desempenho dos Laboratoacuterios Tipo I e a qualidade dos
exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero detectar as diferenccedilas de interpretaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos aumentar a eficiecircncia do processo de realizaccedilatildeo dos exames
citopatoloacutegicos aleacutem de reduzir o percentual de RFN RFP e insatisfatoacuterios (BRASIL
2016)
Em 1999 foi instituiacutedo o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero
(SISCOLO) com objetivo de armazenar dados sobre identificaccedilatildeo da mulher
informaccedilotildees demograacuteficas epidemioloacutegicas e dos exames citopatoloacutegicos e
histopatoloacutegicos realizados pelo SUS (GIRIANELLI THULER SILVA 2009
(BRASIL 2016c) Em 2011 foi lanccedilado o Plano Nacional de Fortalecimento da Rede de
Prevenccedilatildeo que permitiu o desenvolvimento do Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer
(SISCAN) substituindo o SISCOLO poreacutem a implementaccedilatildeo do sistema estaacute sendo
lenta e gradual (BRASIL 2013b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
27
Portanto eacute o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer (SISCAN) que seleciona do
Laboratoacuterio Tipo I todos os exames positivos e insatisfatoacuterios e 10 dos negativos para
serem enviados ao Laboratoacuterio Tipo II de acordo com o estabelecido na Portaria
Qualicito (BRASIL 2013a) A lista deve ser enviada com a relaccedilatildeo dos casos
selecionados pelo sistema juntamente com as lacircminas solicitadas e os respectivos
laudos servindo como recibo de transferecircncia de responsabilidade de guarda das
lacircminas para o Laboratoacuterio Tipo II e para controle de devoluccedilatildeo ao laboratoacuterio de
origem (BRASIL 2016b)
Entatildeo o conjunto de accedilotildees realizadas pelo Laboratoacuterio Tipo II visa agrave avaliaccedilatildeo da
qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero dos Laboratoacuterios Tipo I e
contemplam duas fases a preacute-analiacutetica e analiacutetica Na primeira o Laboratoacuterio Tipo II
verifica os procedimentos teacutecnicos e informa a qualidade da confecccedilatildeo do esfregaccedilo
fixaccedilatildeo coloraccedilatildeo montagem e contaminaccedilatildeo das amostras E a fase analiacutetica consiste
em uma revisatildeo dos esfregaccedilos citopatoloacutegicos por profissionais habilitados e o
diagnoacutestico final eacute firmado por consenso entre os citopatologistas do Laboratoacuterio Tipo
II (PEREIRA et al 2006 BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
Os exames discordantes seratildeo comunicados ao Laboratoacuterio Tipo I que poderaacute
recorrer da opiniatildeo do Laboratoacuterio Tipo II caso natildeo concorde com o parecer dos
revisores buscando o consenso Caso concorde caberaacute ao Laboratoacuterio Tipo I enviar o
laudo de revisatildeo agraves regionais ao municiacutepio ou agrave Unidade Baacutesica de Sauacutede (UBS)
mencionando que esse laudo foi realizado em conjunto com o Laboratoacuterio Tipo II de
referecircncia Caso natildeo haja consenso entre os Laboratoacuterios Tipos I e II poderaacute ser
solicitada a avaliaccedilatildeo por outro Laboratoacuterio Tipo II em acordo com a Coordenaccedilatildeo
Estadual eou Municipal (BRASIL 2016b)
A estatiacutestica para a avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo
II eacute o Kappa Ponderado devido a necessidade de se atribuiacuterem diferentes pesos para as
discordacircncias aleacutem da frequecircncia de RFN RFP e retardo de conduta Assim uma atipia
de significado indeterminado que recebeu equivocadamente um laudo de LSIL teraacute um
peso menor na construccedilatildeo do Kappa que uma HSIL que recebeu um laudo negativo
(BRASIL 2012) Os laboratoacuterios com iacutendices diagnoacutesticos abaixo de dois desvios
padrotildees da meacutedia estadual eou iacutendice Kappa de correlaccedilatildeo em niacutevel ruim seratildeo
considerados fora dos paracircmetros recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
28
Laboratoacuterios Tipo I nessa situaccedilatildeo seratildeo notificados e monitorados pelos Laboratoacuterios
Tipo II para alcanccedilar o iacutendice esperado (BRASIL 2016b)
Dessa forma os Laboratoacuterios Tipo I devem enviar regularmente todas as lacircminas e
laudos dos exames selecionados para o Laboratoacuterio Tipo II analisar os casos de
discordacircncia buscando o consenso com o Laboratoacuterio Tipo II promover educaccedilatildeo
continuada para uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos minimizar as natildeo
conformidades encontradas na rotina do laboratoacuterio diminuir os RFN e RFP e avaliar o
desempenho profissional da equipe Os Laboratoacuterios Tipo II devem fazer contato e dar
retorno aos Laboratoacuterios Tipo I comunicando o quanto antes sobre os resultados dos
exames citopatoloacutegicos discordantes e discutir caso a caso buscando o consenso apoiar
as coordenaccedilotildees estadual e municipal na interface com os laboratoacuterios que realizam
exames para o SUS e proporcionar educaccedilatildeo permanente por meio de sessotildees interativas
regulares para os Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2016b)
Diversos estudos tecircm considerado o MEQ um programa eficiente no
aperfeiccediloamento do exame citopatoloacutegico uma vez que a discussatildeo dos casos
discordantes para se chegar a um consenso dos resultados etapa fundamental do
programa possibilita a uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados na
detecccedilatildeo das lesotildees precursoras do CCU o que reflete na reduccedilatildeo dos RFN e RFP
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 FREITAS THULER 2012 AacuteZARA
et al 2013 2014a 2016 BRASIL 2016b)
REZENDE MT Justificativa
29
3- Justificativa
Um dos principais motivos da ocorrecircncia de RFN e RFP no exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero eacute a variabilidade inter e intra observador na
interpretaccedilatildeo dos diagnoacutesticos dessa forma para a garantia da qualidade se faz
necessaacuterio a implantaccedilatildeo de MIQ e MEQ nos laboratoacuterios de citopatologia (FRABLE
et al 2007 MANRIQUE et al 2009 AacuteZARA et al 2014a) Este estudo foi
realizado com o intuito de avaliar o impacto do MEQ em laboratoacuterio de citopatologia
para minimizar as divergecircncias diagnoacutesticas e erros dentro dos processos do laboratoacuterio
a fim de reduzir os RFN e RFP Investindo na identificaccedilatildeo e retificaccedilatildeo das falhas eacute
possiacutevel que seja assegurado o melhor serviccedilo possiacutevel agrave mulher que receberaacute
seguimento e tratamento adequado
REZENDE MT Objetivos
30
4- Objetivos
41 Objetivo Geral
Comparar os resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do
municiacutepio de Ouro Preto MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade
42 Objetivos especiacuteficos
- Verificar a frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
- Avaliar a concordacircncia diagnoacutestica frequecircncia de casos discordantes falso-negativos
falso-positivos e retardo de conduta entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar o resultado do seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
do monitoramento externo da qualidade incluindo os RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de
consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes o monitoramento externo da qualidade
REZENDE MT Metodologia
31
5- Metodologia
51 Local de estudo
Este trabalho foi desenvolvido no setor de citologia do Laboratoacuterio Piloto de
Anaacutelises Cliacutenicas (LAPAC) da Escola de Farmaacutecia da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP) Por se tratar de estudo baseado em resultados de exames coletados em
2013 e 2014 que estatildeo disponiacuteveis publicamente atraveacutes do SISCOLO natildeo foi
necessaacuterio a submissatildeo ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
O setor de citologia deste laboratoacuterio eacute composto por 5 citopatologistas 2
bolsistas 1 teacutecnica e 2 assistentes administrativos Neste laboratoacuterio estatildeo disponiacuteveis
microscoacutepios NiKon E 200 para escrutiacutenio dos esfregaccedilos bateria de coloraccedilatildeo e
material para montagem das lacircminas microscoacutepio de 5 cabeccedilas para discussatildeo de casos
e 3 computadores para parte administrativa O setor de citologia deste laboratoacuterio atende
uma rotina de exames citopatoloacutegicos colhidos nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS)
de Ouro Preto MG que desde 2013 eacute o uacutenico Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio que
presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
511 Monitoramento interno da qualidade
Os meacutetodos de monitoramento interno da qualidade utilizados na rotina pelo
Laboratoacuterio Tipo I satildeo o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) e a revisatildeo raacutepida de 100 dos
esfregaccedilos negativos (RR100) e cada etapa de leitura da lacircmina eacute realizada por
citopatologistas diferentes em um esquema de rodiacutezio (Figura 1) Inicialmente todos os
esfregaccedilos citopatoloacutegicos adequados para a anaacutelise microscoacutepica satildeo submetidos ao
PER e os resultados satildeo classificados como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio e
registrados na planilha de PER (Apecircndice A) Posteriormente eacute realizado o escrutiacutenio de
rotina (ER) pelo segundo citopatologista que apoacutes a leitura detalhada classifica os
resultados de acordo com a nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos baseada
no Sistema de Bethesda 2001 (SOLOMON NAYAR 2004) anotando o diagnoacutestico no
verso da requisiccedilatildeo (Anexo 1) Em seguida todas as lacircminas consideradas negativas
pelo escrutiacutenio de rotina satildeo encaminhadas para um terceiro citologista que realiza a
RR100 classificando-o como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio registrando na
planilha de RR100 (Apecircndice B)
REZENDE MT Metodologia
32
Os esfregaccedilos considerados positivos e insatisfatoacuterios pelo ER e os resultados
discordantes que foram aqueles onde PER ou a RR100 classificou como suspeito ou
insatisfatoacuterio e o escrutiacutenio de rotina considerou negativo satildeo encaminhados para a
revisatildeo detalhada para confirmaccedilatildeo ou natildeo da alteraccedilatildeo e definiccedilatildeo do diagnoacutestico final
e anotados nas planilhas correspondentes (Apecircndice C e D) Quando a revisatildeo detalhada
eacute discordante do ER haacute um consenso entre os citopatologistas para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I
REZENDE MT Metodologia
33
52 Tipo de estudo
Foi realizado estudo retrospectivo comparando os resultados dos exames
citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I da Escola de Farmaacutecia da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de exames
citopatoloacutegicos de rastreio do municiacutepio de Ouro Preto Minas Gerais com os
resultados emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo II de Belo Horizonte responsaacutevel pelo MEQ
dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero de Minas Gerais
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica
Os exames do Laboratoacuterio Tipo I foram selecionados automaticamente pelo
SISCOLO (Sistema de Informaccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero) incluindo os exames
positivos insatisfatoacuterios e 10 dos negativos conforme a Portaria QualiCito
33882013 referente aos meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 As
amostras foram provenientes de mulheres atendidas nas UBS do municiacutepio de Ouro
Preto MG usuaacuterias do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
54 Monitoramento externo da qualidade
O Laboratoacuterio Tipo I enviou ao Laboratoacuterio Tipo II juntamente com os laudos
correspondentes um total de 321 esfregaccedilos citopatoloacutegicos classificados como
negativos (84) insatisfatoacuterios (3) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas (ASC-US41) lesatildeo intraepitelial
escamosa de baixo grau (LSIL163) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado natildeo se pode excluir lesatildeo de alto grau (ASC-H12) lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau (HSIL16) e ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras
especificaccedilotildees (AGC-SOE2) (Figura 2)
REZENDE MT Metodologia
34
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia cervical
Os esfregaccedilos foram reavaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II que emitiu um relatoacuterio
com os resultados para o Laboratoacuterio Tipo I comunicando tambeacutem os resultados
discordantes Nos casos em que o Laboratoacuterio Tipo I natildeo concordou com o parecer
REZENDE MT Metodologia
35
emitido pelos revisores do Laboratoacuterio Tipo II os resultados dos exames discordantes
foram discutidos caso a caso com o Laboratoacuterio Tipo II buscando o consenso entre os
dois Laboratoacuterios para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final (BRASIL 2016b)
Apoacutes o consenso os resultados discordantes foram reemitidos pelo Laboratoacuterio
Tipo I e encaminhados agraves Unidades de Sauacutede que localizaram as mulheres e
reprogramaram a conduta baseada no diagnoacutestico final
Os esfregaccedilos que inicialmente foram classificados como negativos ou
inflamatoacuterios pelo Laboratoacuterio Tipo I e considerados como positivos pelo Laboratoacuterio
Tipo II foram denominados resultados falso-negativos (RFN) Aqueles considerados
inicialmente positivos pelo Laboratoacuterio Tipo I mas reclassificados como negativos pelo
Laboratoacuterio Tipo II foram denominados resultados falso-positivos (RFP) Foram
considerados casos discordantes aqueles que implicaram em mudanccedila de conduta
cliacutenica de acordo com as normas preconizadas pelas Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2011)
Os resultados diagnosticados inicialmente como ASC-US ou LSIL pelo
Laboratoacuterio Tipo I e que na revisatildeo o Laboratoacuterio Tipo II julgou como diagnoacutestico mais
grave (ASC-H HSIL Carcinoma de ceacutelulas escamosas AGC-SOE AGC-NEO
Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma invasor) foram considerados como retardo
de conduta cliacutenica
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados
Para levantamento do seguimento das pacientes em que os resultados dos
exames foram classificados como ASC-US ou LSIL foi realizada a busca do resultado
do novo exame citopatoloacutegico uma vez que a conduta preconizada eacute a repeticcedilatildeo do
exame no periacuteodo de seis meses a um ano Para aqueles classificados como ASC-H ou
pior diagnoacutestico foi realizado o levantamento do resultado do exame histopatoloacutegico
dado que a conduta preconizada eacute o encaminhamento para colposcopia e se visualizado
alguma alteraccedilatildeo no colo uterino realiza-se a bioacutepsia Os resultados insatisfatoacuterios natildeo
foram considerados nesta anaacutelise (BRASIL 2011)
Foram realizadas visitas previamente agendadas agraves UBS do municiacutepio para
realizaccedilatildeo do levantamento das pacientes previamente listadas daquela unidade que
haviam sido diagnosticadas com alguma alteraccedilatildeo citoloacutegica O profissional responsaacutevel
REZENDE MT Metodologia
36
pela coleta do exame citopatoloacutegico verificou nos prontuaacuterios das pacientes o
seguimento que foi adotado em cada caso Poreacutem as UBS tinham poucos registros do
seguimento dessas pacientes por isso foram adotadas outras estrateacutegias
Portanto com o objetivo de levantar os dados referentes ao seguimento das
pacientes encaminhadas para acompanhamento de ASC-H e pior diagnoacutestico foram
realizadas visitas ao Centro Viva Vida em Itabirito que eacute o centro de referecircncia para
atenccedilatildeo secundaacuteria do municiacutepio de Ouro Preto E para levantamento do novo exame
citopatoloacutegico foi realizada pesquisa nos registros do Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio
de Ouro Preto que presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos
do colo do uacutetero
56 Anaacutelise dos dados
Os dados dos exames citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I e
Laboratoacuterio Tipo II foram digitados no Excel (Microsoft Office Professional Plus 2013)
para elaboraccedilatildeo do banco de dados A anaacutelise dos dados foi realizada pelo pacote
estatiacutestico Stata versatildeo 11 foi calculada a concordacircncia dos resultados dos exames
citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e II e o Kappa antes a apoacutes o Consenso A
frequecircncia de esfregaccedilos discordantes incluindo RFP e retardo de conduta entre os
Laboratoacuterios Tipo I e II foi calculada antes e apoacutes a Reuniatildeo de Consenso no total de
321 esfregaccedilos O coeficiente Kappa eacute classificado em concordacircncia pobre (0ltKlt040)
concordacircncia moderada (040ltKlt060) concordacircncia boa (060ltKlt080) concordacircncia
excelente (080ltKlt1) o valor zero indica ausecircncia de concordacircncia e o valor 1
corresponde a concordacircncia perfeita (LANDIS KOCH 1977) Foi calculada a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) atraveacutes da seguinte foacutermula
VPR = [coeficiente final - coeficiente inicial]100
coeficiente inicial
O caacutelculo dos indicadores de qualidade foi realizado utilizando um banco de
dados do Laboratoacuterio Tipo I onde satildeo mantidos registros de todos os exames realizados
com seus respectivos resultados Para avaliaccedilatildeo pontual os indicadores de qualidade
foram calculados antes da reuniatildeo de consenso ano de 2013 e depois da reuniatildeo de
consenso ano de 2014 Para avaliaccedilatildeo temporal do efeito da reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Metodologia
37
proporcionada por um MEQ calculou-se os indicadores do Laboratoacuterio Tipo I dos anos
de 2012 2013 2014 e 2015 Foi utilizado para o caacutelculo as foacutermulas presentes no
Manual de Gestatildeo da Qualidade para Laboratoacuterio de Citopatologia (BRASIL 2016b)
Iacutendice de Positividade (IP) intervalo esperado 3-10
Nordm de exames alterados em determinado local e ano x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ACSSat)
intervalo esperado 4-5
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt)
intervalo esperado lt60
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames alterados
Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) intervalo
esperado lt3
Nordm de ex compatiacuteveis com ASC-US e ASC-H
No de exames com LSIL e HSIL
Percentual de exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
(HSILSat) intervalo esperado lt04
Ndeg de exames HSIL x 100
Total de exames satisfatoacuterios
REZENDE MT Resultados
38
6- Resultados
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
O Laboratoacuterio Tipo I enviou 321 esfregaccedilos para o Laboratoacuterio Tipo II
classificados como 3 (09) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 84 (262) negativos 41
(128) ASC-US 163 (508) LSIL 12 (37) ASC-H 16 (50) HSIL e 2 (06)
AGC-SOE Apoacutes a reuniatildeo de consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II chegou-
se no diagnoacutestico final de 3 (093) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 143 (446) negativos
44 ASC-US (137) 8 ASC-H (25)101 LSIL (315) 21 HSIL (65) e 1 AGC-
SOE (03) Foram considerados discordantes entre os laboratoacuterios 151 (470)
esfregaccedilos (Tabela 1)
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
Tipo I Tipo II Consenso
Diagnoacutestico n () n () n ()
Insatisfatoacuterio 3 09 4 13 3 09
Negativo 84 262 227 707 143 446
ASC-US 41 122 17 53 44 137
ASC-H 12 37 3 09 8 25
LSIL 163 508 54 168 101 315
HSIL 16 50 12 37 21 65
HSIL micro invasor 0 0 1 03 0 0
AGC-SOE 2 06 3 09 1 03
Total 321 100 321 100 321 100
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
Do total de exames revisados pelo Laboratoacuterio Tipo II foram concordantes 84
(262) esfregaccedilos negativos e 3 (093) classificados como insatisfatoacuterios pelo Tipo I
Dos 41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 6 (1463) foram
concordantes pelo Tipo II e os 35 (854) restantes foram reclassificados como
REZENDE MT Resultados
39
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 53
(325) foram considerados concordantes pelo Tipo II 92 (564) foram
reclassificados como negativos 11 (68) como ASC-US 2 (12) como ASC-H 4
(25) como HSIL e 1 (06) reclassificado como AGC-SOE Dos 12 (37)
esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo Tipo I 1 (83) foi considerado
concordante pelo Tipo II 9 (75) foram reclassificados como negativos 1 (83)
como insatisfatoacuterio 1 (83) como HSIL Dos 16 (50) esfregaccedilos classificados como
HSIL emitidos pelo Tipo I 7 (438) foram considerados concordantes pelo Tipo II 6
(375) foram reclassificados como negativos 1 (63) como LSIL 1 (63) como
HSIL micro invasor e 1(63) como AGC-SOE Dos 2 (06) esfregaccedilos classificados
como AGC-SOE pelo Tipo I 1 (500) foi considerado concordante pelo Tipo II Entre
o Laboratoacuterio Tipo I e o Tipo II houve 7 (22) casos de retardo de conduta sendo 4
(571) LSIL para HSIL 2 (286) LSIL para ASC-H e 1 (143) LSIL para AGC-
SOE (Tabela 2)
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso
Tipo II
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL HSIL micro
invasor AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 35 6 41
ASC-H 1 9 1 1 12
LSIL 92 11 2 53 4 1 163
HSIL 6 1 7 1 1 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 4 227 17 3 54 12 1 3 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa
de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas
sem outras especificaccedilotildees
Os resultados definidos apoacutes o Consenso estatildeo descritos na Tabela 3 Observou-
se 203 (65) de casos discordantes entre os 321 esfregaccedilos analisados Os esfregaccedilos
negativos insatisfatoacuterios e todos os classificados como HSIL foram concordantes Dos
REZENDE MT Resultados
40
41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 27 (659) foram
considerados concordantes pelo Tipo II e 14 (342) foram reclassificados como
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 101
(620) foram considerados concordantes 39 (239) foram reclassificados como
negativos pelo Tipo II 17 (104) como ASC-US 2 (12) como ASC-H e 4 (25)
reclassificados como HSIL Dos 12 (374) esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo
Tipo I 6 (500) foram concordantes 5 (417) esfregaccedilos foram reclassificados como
negativos e 1 (83) foi reclassificado como HSIL pelo Tipo II Dos 2 (06)
esfregaccedilos classificados como AGC-SOE pelo Tipo I somente 1 (500) foi
concordante Portanto apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de Consenso foram constatados 6
(19) casos de retardo de conduta sendo 4 (667) diagnoacutesticos iniciais de LSIL
reclassificados para HSIL e 2 (333) diagnoacutesticos iniciais de LSIL reclassificados para
ASC-H (Tabela 3)
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia diagnoacutestica entre o Laboratoacuterio Tipo I e o
Laboratoacuterio Tipo II apoacutes o Consenso
Consenso
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 14 27 41
ASC-H 5 6 1 12
LSIL 39 17 2 101 4 163
HSIL 16 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 3 143 44 8 101 21 1 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
REZENDE MT Resultados
41
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Foi avaliada a concordacircncia dos resultados dos Laboratoacuterios Tipo I e II antes e
apoacutes Consenso Observou-se concordacircncia antes do Consenso de 527 entre os
Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II com Kappa de 029 Apoacutes a Reuniatildeo de Consenso foi
observado 798 (VPR=+514) de concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
com aumento do Kappa para 066 (VPR=+1276) (Tabela 4)
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso
Tipo I x Tipo II Antes do consenso Apoacutes consenso VPR
Concordacircncia () 527 798 +514
Kappa 029 066 +1276
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Antes do consenso o total de esfregaccedilos discordantes foi de 151 (470) casos e
depois do consenso esse nuacutemero reduziu para 65 (203) casos Antes do consenso foi
observado um percentual de 449 (144) RFP entre os Laboratoacuterios Tipo I e II e apoacutes o
consenso esse nuacutemero diminuiu para 184 (59) Natildeo houve nenhum caso de RFN
Entre o Laboratoacuterio Tipo I e II antes do consenso houve 7 (22) casos de retardo de
conduta e depois do consenso esse nuacutemero caiu para 6 (19) casos (Tabela 5)
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o Consenso
Tipo I x Tipo II Discordantes
Antes do consenso Apoacutes consenso
n N
Falso-positivo 144 449 59 184
Retardo de conduta 7 22 6 19
Total 151 470 65 203
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II
REZENDE MT Resultados
42
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos
O IP era 156 e apoacutes consenso passou para 120 reduccedilatildeo de
aproximadamente 230 (VPR=-2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor
apoacutes o consenso de 57 para 46 reduccedilatildeo por volta de 190 (VPR=-1910) O
HSILSat diminuiu de 10 para 07 (VPR=-2647) apoacutes consenso A razatildeo ASCSIL
antes do consenso era de 06 e apoacutes sua realizaccedilatildeo aumentou para 06
(VPR=+1017) O mesmo ocorreu em relaccedilatildeo ao indicador ASCAlt que passou de
365 para 384 (VPR=+515) Houve diferenccedila significativa entre os valores dos
indicadores IP ASCSat e ASCAlt antes e apoacutes reuniatildeo de consenso valor de p foi
menor que 005 (Tabela 7)
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso
Indicadores Antes consenso Apoacutes consenso VPR p
IP (3-10) 156 120 -2314 lt 00001
ASCSat (4-5) 57 46 -1910 001
ASCSIL (lt3) 06 06 +1017 0053
ASCAlt (lt60) 365 384 +515 lt 00001
HSILSat (gt04) 10 07 -2647 00825
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
O IP no ano de 2012 foi de 1115 aumentou para 156 em 2013 apoacutes o
MEQ em 2014 reduziu para 120 e em 2015 este indicador passou para 99 O
ASCSat foi de 49 em 2012 um ano depois apresentou valor de 57 depois da
realizaccedilatildeo do MEQ em 2014 passou para 46 e em 2015 foi para 48 Os outros
indicadores da qualidade apresentaram valores que variaram dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (Tabela 8)
REZENDE MT Resultados
43
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade
Indicadores 2012 2013 2014 2015
IP (3-10) 111 156 120 99
ASCSat (4-5) 49 57 46 48
ASCSIL (lt3) 09 06 06 10
ASCAlt (lt60) 439 365 384 485
HSILSat (gt04) 09 10 07 05
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
Do total de 234 esfregaccedilos positivos foi possiacutevel obter o seguimento de 107
(457) casos em que 22 foram considerados inicialmente com diagnoacutestico de ASC-
US 76 LSIL 2 ASC-H 1 AGC-SOE e 6 HSIL Dos ASC-US iniciais somente 1 teve
resultado concordante no seguimento Dos 76 esfregaccedilos considerados como LSIL 23
tiveram resultado do seguimento concordante Os 2 resultados ASC-H foram negativos
no seguimento assim como o AGC-SOE Dos 6 resultados HSIL emitidos pelo Tipo I
5 foram confirmados pela bioacutepsia O seguimento de 127 (542) mulheres em que 77
(6063) deveriam ter repetido o exame citopatoloacutegico e 20 (158) deveriam ter sido
encaminhadas para a colposcopia e bioacutepsia natildeo foi resgatado (Figura 3)
Figura 3 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Resultados
44
Apoacutes a realizaccedilatildeo da Reuniatildeo de Consenso o percentual de RFP foi definido em
184 num total de 59 casos assim distribuiacutedos 14 ASC-US (238) 39 LSIL
(660) 5 ASC-H (85) e 1 AGC-SOE (17) sendo 898 lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 102 de alto grau Do total de 59 RFP foi possiacutevel obter 9
(152) resultados citopatoloacutegicos alterados no seguimento 8 de repeticcedilatildeo da citologia
e uma bioacutepsia inicialmente 6 diagnosticados como LSIL pelo Laboratoacuterio Tipo I no
seguimento tiveram resultado de 3 LSIL e 3 ASC-US Dos 3 ASC-US iniciais dados
pelo Tipo I no seguimento resultaram em 1 LSIL 1 ASC-US e 1 ASC-H (Figura 4)
Figura 4 Seguimento dos casos com resultados falso-positivos (RFP) acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Discussatildeo
45
7- Discussatildeo
Os resultados deste estudo mostraram que apoacutes reuniatildeo de Consenso onde
ocorreu discussatildeo dos resultados discordantes houve melhora na concordacircncia
diagnoacutestica entre os laboratoacuterios a concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou para 798 e o coeficiente Kappa foi alterado de 029 para 066 Estes
resultados estatildeo de acordo com estudo realizado por Freitas Thuler (2012) no Mato
Grosso do Sul analisando a concordacircncia diagnoacutestica entre Laboratoacuterio Tipo II e 15
Laboratoacuterios Tipo I entre 2002 e 2011 em que o valor miacutenimo do Kappa passou de 01
no primeiro ano para 08 em 2011 No uacuteltimo ano dos 8 laboratoacuterios avaliados 7
atingiram a concordacircncia perfeita ou excelente (coeficiente Kappagt080) e um
concordacircncia boa Aacutezara et al (2016) avaliaram os efeitos de um programa de
educaccedilatildeo continuada realizado por um Laboratoacuterio Tipo II no periacuteodo de 2007 a 2011
sobre os laboratoacuterios de citopatologia e verificaram que o coeficiente Kappa manteve-se
excelente em 3 laboratoacuterios (kappa gt 080 e lt10) e alterou de bom (kappa gt 060 e
lt080) a excelente em 7 Os resultados observados no presente estudo estatildeo de acordo
com os dados de Freitas Thuler (2012) e Aacutezara et al (2016) em que se observou
melhoria da concordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes MEQ
Enfatiza-se que nosso trabalho comparou o momento antes e depois da reuniatildeo
consenso durante um MEQ ou seja foi realizada uma avaliaccedilatildeo pontual diferentemente
dos estudos encontrados na literatura que fizeram uma anaacutelise ao longo do tempo apoacutes
vaacuterios MEQ mas mesmo assim na presente avaliaccedilatildeo foi observado aumento da
concordacircncia e do kappa Indicando que somente uma reuniatildeo de consenso foi
suficiente para mudanccedila de postura dos citopatologistas envonvidos no MEQ
O valor da discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes a
reuniatildeo de Consenso no presente estudo foi 2025 Em um estudo realizado em
Goiacircnia estado de Goiaacutes comparando a variabilidade dos diagnoacutesticos citoloacutegicos dos
Laboratoacuterios Tipo I avaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II 759 foram considerados
discordantes (AacuteZARA et al 2013) Etlinger et al (2012) no estado de Satildeo Paulo
observou que a discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e o Laboratoacuterio
Tipo II foi de 1348 Em Satildeo Paulo Pereira et al (2006) avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I de citologia da Rede Puacuteblica de Sauacutede do estado submetidos ao
MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e a discordacircncia foi de 142 Estes dados estatildeo
REZENDE MT Resultados
46
abaixo do valor de discordacircncia encontrado nesse estudo apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de
Consenso Observa-se que a maioria dos diagnoacutesticos que levaram a discordacircncia do
presente estudo foram esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de
baixo grau LSIL e ASC-US e que o Laboratoacuterio Tipo II reclassificou como negativo
portanto RFP Nesses casos a conduta cliacutenica que seria adotada no primeiro momento eacute
a repeticcedilatildeo da citologia em seis meses portanto natildeo causaria maiores transtornos a
mulher ou custos altos com os cuidados de sauacutede Outra parte dos diagnoacutesticos que
levaram a essa discordacircncia foram ajuste de criteacuterios os quais natildeo atrasam a conduta
cliacutenica da mulher e aleacutem disso durante a reuniatildeo de consenso permitem aos
citopatologistas ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final Ainda pode-se citar os resultados dos seguimentos dos casos com RFP
acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso em que foram encontrados 9 seguimentos e
todos com resultado citopatoloacutegico alterado Dessa forma dos resultados que o
Laboratoacuterio Tipo I voltou atraacutes na reuniatildeo de consenso nove deles mostraram
resultaram alterado ou seja natildeo necessariamente o Laboratoacuterio Tipo I precisaria ter
voltado atraacutes nesses disgnoacutesticos Isso ressalta a importacircncia da discussatildeo dos casos
discordantes durante a reuniatildeo de consenso para ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos
utilizados pelos citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II (PEREIRA et al
2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2013)
Entre os exames citopatoloacutegicos considerados discordantes natildeo foi identificado
nenhum RFN e apoacutes a reuniatildeo de Consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e II verificou-
se reduccedilatildeo dos RFP Sabe-se que os RFN satildeo mais preocupantes que os RFP visto que
mulheres natildeo diagnosticadas natildeo retornam para o acompanhamento e seguem em risco
da evoluccedilatildeo de lesotildees precursoras do CCU Por outro lado os RFP com diagnoacutestico
inicial de ASC-H ou pior diagnoacutestico em que a conduta preconizada eacute o
encaminhamento para colposcopia e bioacutepsia submetem as mulheres a procedimentos
desnecessaacuterios que podem modificar sua vida sexual e gerar danos psicoloacutegicos aleacutem
de gerar custos adicionais com os cuidados de sauacutede E os RFP com diagnoacutestico inicial
de ASC-US ou LSIL atrasam a repeticcedilatildeo da citologia (FRABLE 2007 GULLO et al
2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Inicialmente o Laboratoacuterio Tipo II classificou 144 (144) dos exames
citopatoloacutegicos como RFP e apoacutes a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero passou para
184 (59) Dos 59 RFP 14 (238) resultados foram classificados como ASC-US que
REZENDE MT Resultados
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eacute diagnoacutestico limiacutetrofe que apresenta grande variabilidade interobservador Os RFP
acordados apoacutes o consenso foram distribuiacutedos em 53 (898) lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 6 (102) lesotildees intraepiteliais escamosas de alto grau
Dentre os resultados discordantes entre o Laboratoacuterio Tipo I e II houve 7 casos
considerados retardo de conduta (22) que apoacutes a reuniatildeo de consenso ficaram
definidos em 6 (19) nuacutemeros proacuteximos daqueles encontrados por Aacutezara et al (2013)
em que houve atraso no procedimento cliacutenico em relaccedilatildeo a 244 dos casos
Aacutezara et al (2016) verificaram que apoacutes a educaccedilatildeo continuada proporcionada
aos Laboratoacuterios Tipo I de 2007 a 2011 houve diminuiccedilatildeo dos casos de retardo de
conduta a taxa de RFN foi reduzida em oito laboratoacuterios e a taxa de RFP foi reduzida
em 5 deles Pereira et al (2006) no estado de Satildeo Paulo avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I do estado submetidos ao MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e
observaram um nuacutemero de RFP (166) maior do que os RFN (78) No primeiro ano
de MEQ os RFP foram 178 e nos anos seguintes esse nuacutemero foi reduzindo ateacute
chegar em 37 no ano de 2004 Os RFP foram distribuiacutedos em 933 de lesotildees de
baixo grau e 67 de lesotildees de alto grau no primeiro ano de estudo O valor de RFP e
a distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau apoacutes reuniatildeo de consenso do presente
estudo foram bem proacuteximos dos encontrados por Pereira et al (2006) no primeiro ano
de avaliaccedilatildeo Em estudo semelhante realizado no estado de Satildeo Paulo de 2000 a 2010
por Etlinger et al (2012) constatou-se o total de 206 de RFP um valor baixo
comparado com o encontrado nesse estudo assim como aqueles dos anos de 2001 a
2004 de Pereira et al (2006) Percebe-se que o tempo de avaliaccedilatildeo desses estudos
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2016) foi maior do que
o utilizado no presente trabalho em que foi realizada uma avaliaccedilatildeo antes e depois de
uma reuniatildeo de consenso indicando que a educaccedilatildeo continuada proporcionada pelo
MEQ nesses periacuteodos que os estudos ocorreram contribuiu para a uniformizaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos e melhoria da reprodutibilidade dos exames citopatoloacutegicos
Portanto ainda que no presente estudo tenha sido feita uma avaliaccedilatildeo pontual natildeo foram
encontrados RFN entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes consenso e houve reduccedilatildeo de
RFP e retardo de conduta Aleacutem disso a porcentagem de RFP observada estaacute
aproximada dos dados da literatura nos primeiros anos de estudo assim como
distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau
REZENDE MT Resultados
48
Com o intuito de aprofundar os criteacuterios utilizados na avaliaccedilatildeo buscou-se os
seguimentos das pacientes com diagnoacutestico citopatoloacutegico alterado Esses resultados
foram mais concordantes com os diagnoacutesticos do Laboratoacuterios Tipo II entretanto a
maior parte dos esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de baixo
grau ASC-US e LSIL no seguimento os resultados foram negativos ou seja essas
lesotildees regrediram entre o periacuteodo da primeira citologia ateacute a realizaccedilatildeo da nova
citologia E ainda quando analisamos as lesotildees verdadeiramente precursoras do CCU as
HSIL a concordacircncia do seguimento foi maior com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Estudo de Tobias et al (2016) analisando os laboratoacuterios citopatoloacutegicos do estado de
Minas Gerais que prestam serviccedilo para o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mostraram
que de uma forma geral estes laboratoacuterios detectam baixos iacutendices de lesotildees
precursoras do CCU Portanto se avaliarmos dessa forma o Laboratoacuterio Tipo I do
presente estudo vem cumprindo com o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo do CCU jaacute
que as lesotildees com verdadeiro potencial de progressatildeo para o cacircncer estatildeo sendo
detectadas confirmadas pela colposcopia e bioacutepsia permitindo assim que a paciente
seja tratada impedindo a evoluccedilatildeo para o cacircncer (BORTOLON et al 2012 BRASIL
2016b) Do total de 59 RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso foi possiacutevel obter 9
resultados citopatoloacutegicos no seguimento e todas tiveram resultado alterado Observa-
se que o resultado inicial do Laboratoacuterio Tipo I estava correto e que a discussatildeo dos
resultados discordantes como neste caso proporciona melhora tanto dos criteacuterios do
Tipo I quanto do Tipo II
Evidenciado por Bortolon et al (2012) grande parte dos laboratoacuterios brasileiros
apresentam indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos fora dos niacuteveis
preconizados isso pode levar a natildeo identificaccedilatildeo de casos positivos e consequentemente
a liberaccedilatildeo de RFN Plewka et al (2014) avaliando o desempenho de 13 laboratoacuterios
do Estado do Paranaacute prestadores de serviccedilo para o SUS mostraram que os indicadores
da maioria dos laboratoacuterios estavam abaixo do recomendado Tobias et al (2016)
apontou que a maioria dos laboratoacuterios que prestam serviccedilos ao SUS do estado de MG
apresentaram indicadores fora do intervalo recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Esses estudos demonstram a necessidade de implantaccedilatildeo de programas de garantia da
qualidade do exame citopatoloacutegico como o MIQ e MEQ aleacutem da avaliaccedilatildeo perioacutedica
de ambos (BRASIL 2013a BRASIL 2016b) O MIQ inclui a implantaccedilatildeo do sistema
REZENDE MT Resultados
49
de indicadores de qualidade que satildeo de faacutecil compreensatildeo execuccedilatildeo e anaacutelise Satildeo
instrumentos importantes para a garantia de qualidade em citopatologia cervical pois
satildeo reconhecidos como vaacutelidos para a avaliaccedilatildeo da qualidade do exame citopatoloacutegico
do colo do uacutetero (SIEGL et al 2014 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b) O MEQ
proporciona para os laboratoacuterios monitorados educaccedilatildeo continuada e discussatildeo dos
casos discordantes que contribui para melhoria da habilidade profissional dos
citopatologistas na medida que o treinamento e fornece maior acuraacutecia no diagnoacutestico
das lesotildees precursoras do CCU possibilitando maior certeza na emissatildeo do laudo
(AacuteZARA et al 2016)
O iacutendice de positividade (IP) expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares e a
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo alvo sendo
que nos paiacuteses em que houve diminuiccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade por
CCU nos Estados Unidos Noruega e Reino Unido o IP foi 68 (DAVEY et al
2004) 49 (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) e 64 (NHS 2011)
respectivamente Os resultados de IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais do
estudo realizado por Bortolon et al (2012) mostraram que 58 dos laboratoacuterios
apresentavam IP muito baixo 19 baixo e somente 23 dentro do esperado sendo
que esses foram responsaacuteveis por apenas 14 do total de exames realizados no estado
Ainda verificou que a meacutedia do IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais foi 22
em 2010 valor inferior ao recomendado Estudo mais recente realizado por Tobias et al
(2016) mostrou que a maioria dos laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam serviccedilo
para o SUS independentemente da escala de produccedilatildeo tem valores de IP bem abaixo da
faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Sendo assim o IP baixo pode indicar a presenccedila de RFN apontando que eacute
necessaacuterio a reavaliaccedilatildeo do MIQ do laboratoacuterio a fim de intervir nos meacutetodos utilizados
assim como na qualificaccedilatildeo profissional dos citopatologistas (PLEWKA et al 2014
BRASIL 2016b) Observou-se no estudo de Aacutezara et al (2014) que o IP foi inferior a
3 em aproximadamente 74 dos laboratoacuterios do Estado de Goiaacutes que natildeo
participaram do MEQ ressaltando a importacircncia da inclusatildeo dos laboratoacuterios
citopatoloacutegicos nesse programa
O IP verificado neste trabalho foi de 120 apoacutes a reuniatildeo de consenso que
apesar de ter melhorado apoacutes a discussatildeo dos casos discordantes ainda estaacute um pouco
acima do esperado que eacute de 3 a 10 (BRASIL 2016b) isso pode expressar uma alta
REZENDE MT Resultados
50
prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na populaccedilatildeo estudada Miranda et al
(2013) determinou a persistecircncia da infecccedilatildeo pelo HPV em 596 das mulheres do
municiacutepio de Ouro Preto MG e que os tipos virais de alto risco foram os mais
persistentes ainda comprovou ainda que a presenccedila de alteraccedilotildees citoloacutegicas que podem
evoluir para o CCU estaacute associada agrave infecccedilatildeo por HPV
As ceacutelulas escamosas atiacutepicas (ASC) sugerem duacutevida diagnoacutestica em que natildeo
haacute criteacuterios citomorfoloacutegicos suficientes para o diagnoacutestico de lesatildeo intraepitelial tendo
potencial para uso exagerado Um alto iacutendice da razatildeo ASCSat indica grande nuacutemero
de RFP implicando na oferta desnecessaacuteria de exames para a investigaccedilatildeo diagnoacutestica o
que representa um ocircnus para a mulher e para a rede de sauacutede (BRASIL 2016b)
Portanto eacute preciso assegurar o monitoramento de qualidade dos laboratoacuterios de
citopatologia do colo do uacutetero para que os iacutendices de positividade se enquadrem no
preconizado ao mesmo tempo sem que haja aumento de ASC (BORTOLON et al
2012) No estado de Minas Gerais em estudo realizado por Bortolon et al (2012) foi
averiguado que o indicador ASCSat dos laboratoacuterios do estado foi 11 em 2010 valor
inferior ao recomendado Enquanto que os outros estados da Regiatildeo Sudeste tambeacutem
estavam com o indicador fora dos paracircmetros sendo Espirito Santo com 12 Rio de
Janeiro com 19 e Satildeo Paulo com 27 e a meacutedia da Regiatildeo foi entatildeo de 21 o que
indica a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios utilizados na definiccedilatildeo de ASC No
presente estudo verificou-se que antes da reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat do
Laboratoacuterio Tipo I apresentava valor de 571 fora da faixa indicada como ideal de 4
a 5 de acordo com o Manual de Gestatildeo da Qualidade (BRASIL 2016b)
Posteriormente a reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat observado foi de 462
dentro da faixa recomendada
Os demais indicadores de qualidade permaneceram dentro do recomendado apoacutes
o consenso A relaccedilatildeo ASCSIL que deve ser inferior a trecircs teve valor de 06 apoacutes a
accedilatildeo O valor dessa razatildeo dentro do recomendado indica que os criteacuterios diagnoacutesticos de
SIL e ASC estatildeo precisos O valor estaacute de acordo com os outros laboratoacuterios dos
estados da Regiatildeo Sudeste de acordo com estudo realizado em 2010 por Bortolon et al
(2012) 12 para o Rio de Janeiro 20 para Satildeo Paulo 11 para Espiacuterito Santo e Minas
Gerais
O ASCAlt deve ser inferior a 60 sendo que o valor encontrado nesse estudo
apoacutes o consenso de 384 permaneceu dentro do proposto Esse indicador tem a
REZENDE MT Resultados
51
finalidade de monitorar os casos de ASC para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente
Ressalta-se que o percentual elevado de ASC indica que o laboratoacuterio apresenta
problemas na fase preacute-analiacutetica analiacutetica ou em ambas as fases (BRASIL 2016b
AacuteZARA et al 2014) No estudo de Aacutezara et al (2014) 29 dos laboratoacuterios que natildeo
eram monitorados tiveram o indicador ASCAlt fora dos paracircmetros Aleacutem disso
aqueles laboratoacuterios natildeo monitorados que apresentaram IP dentro da faixa
recomendada e ASCAlt fora do recomendado estavam relacionados a um alto
percentual de ASC e natildeo de lesotildees precursoras do CCU Assim recomenda-se que esses
dois indicadores devem ser analisados em conjunto pois um IP adequado pode conter
uma elevada percentagem de ASC (BRASIL 2016b BRASIL 2013a)
Dessa forma acredita-se que o valor de IP encontrado em 2014 esteja um pouco
fora do esperado devido agrave alta prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na
populaccedilatildeo do municiacutepio de Ouro Preto MG E quando analisa-se o indicador ASCAlt
observa-se que tanto antes da reuniatildeo de consenso valor de 365 quanto depois valor
de 384 ambos estatildeo dentro do recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede que eacute menor
de 60 (BRASIL 2016b) ou seja o Laboratoacuterios Tipo I vem usando adequadamente
os criteacuterios para classificaccedilatildeo das ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado a qual tem potencial para uso exagerado
O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente
precursoras do CCU e deve ser igual ou superior a 04 valor que foi baseado nos
obtidos em paiacuteses em que o rastreamento foi bem-sucedido na diminuiccedilatildeo das taxas de
incidecircncia e mortalidade por CCU como 05 nos Estados Unidos (EVERSOLE et al
2010) 11 no Reino Unido (NHS CANCER SCREENING PROGRAMMES 2011) e
114 na Noruega (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) Obteve-se tanto antes
quanto depois da reuniatildeo de consenso valor da razatildeo HSILSat maior de 04 dessa
maneira o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo secundaacuteria do CCU vem sendo alcanccedilado
jaacute que as HSIL lesotildees que podem evoluir para o cacircncer estatildeo sendo detectadas
(BRASIL 2016b) Portanto ressalta-se que as lesotildees intraepiteliais de alto grau satildeo o
foco dos programas de rastreio do CCU para diminuiccedilatildeo de sua incidecircncia e
mortalidade (BORTOLON et al 2012) Os laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam
serviccedilo para o SUS apresentaram em 2012 detecccedilatildeo baixa de lesotildees precursoras do
CCU destacando a necessidade de investir na garantia da qualidade do exame
citopatoloacutegico por meio do MIQ e MEQ (TOBIAS et al 2016)
REZENDE MT Resultados
52
Aacutezara et al (2014) avaliaram o impacto da educaccedilatildeo continuada fornecida por
Laboratoacuterio Tipo II sobre os indicadores de qualidade de 12 laboratoacuterios monitorados
do Estado de Goiaacutes verificou-se efeito direto sobre os indicadores IP e o HSILSat que
melhoraram apoacutes a intervenccedilatildeo A educaccedilatildeo continuada fornecida pelo MEQ ajudou na
padronizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos aprimorando as competecircncias dos
citopatologistas em detectar alteraccedilotildees celulares sugestivas de CCU Constatou-se ainda
que a maioria dos laboratoacuterios que apresentaram indicadores na faixa estabelecida
estavam participando do MEQ
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I calculados nesse estudo dois
anos apoacutes o MEQ do ano de 2015 mostram que todos estatildeo dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede inclusive o IP que passou de 120 para 99
indicando que a accedilatildeo foi positiva e duradoura com o passar do tempo
Os resultados deste estudo mostraram que os indicadores de qualidade do
Laboratoacuterio Tipo I melhoraram apoacutes reuniatildeo de consenso proporcionada pelo MEQ
dessa forma eacute crucial a participaccedilatildeo dos laboratoacuterios de citopatologia no programa para
identificaccedilatildeo dos erros diagnoacutesticos e padronizaccedilatildeo dos criteacuterios utilizados na
classificaccedilatildeo das alteraccedilotildees citoloacutegicas Isso possibilita a adequaccedilatildeo dos indicadores nos
paracircmetros ideais permitindo a detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente precursoras do
CCU o que refletiraacute na reduccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade deste cacircncer
REZENDE MT Conclusotildees
53
8- Conclusotildees
A concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e II foi boa apoacutes a reuniatildeo de
Consenso
Dentre os resultados discordantes natildeo foi identificado nenhum RFN Os RFP e os
casos de retardo de conduta foram reduzidos apoacutes a reuniatildeo de consenso
O IP e o ASCSat apoacutes o consenso atingiram a faixa estabelecida e os outros
indicadores da qualidade permaneceram dentro do recomendado tanto antes quanto apoacutes
a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de consenso
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I dois anos apoacutes o MEQ estatildeo
dentro da faixa recomendada
Os seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia
com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso tiveram
resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Referecircncias
54
9- Consideraccedilotildees finais
Com apenas uma participaccedilatildeo no MEQ observou-se a importacircncia da reuniatildeo de
consenso realizada entre os Laboratoacuterios Tipos I e Tipo II para a anaacutelise e discussatildeo
dos casos discordantes Eacute um momento crucial para o ajuste dos criteacuterios
citomorfoloacutegicos utilizados no diagnoacutestico de lesotildees preacute-neoplaacutesicas pelos
citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II proporcionando um aprimoramento
desses criteacuterios Dessa forma apenas com uma accedilatildeo pontual minimiza-se a divergecircncia
diagnoacutestica do exame citopatoloacutegico Portanto a reuniatildeo de consenso proporcionada
pelo MEQ deve ser vista como uma parceria e como um momento de aprendizado para
ambos os laboratoacuterios pois eacute uma praacutetica de aperfeiccediloamento diagnoacutestico essencial para
o rastreamento do CCU
A praacutetica contiacutenua do MEQ deve igualmente ser priorizada em um programa
organizado de rastreamento do CCU pois o regular monitoramento dos laboratoacuterios
garante a produccedilatildeo de exames citopatoloacutegicos de qualidade e que contribuem
significativamente na detecccedilatildeo de lesotildees precursoras desta neoplasia
REZENDE MT Referecircncias
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BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Cacircncer Coordenaccedilatildeo Geral de
Accedilotildees Estrateacutegicas Divisatildeo de Apoio agrave Rede Oncoloacutegica Diretrizes brasileiras para
o rastreamento do cacircncer do colo do uacutetero 1 ed Rio de Janeiro INCA 2011104p
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Cacircncer Joseacute Alencar Gomes da
Silva Coordenaccedilatildeo-Geral de Prevenccedilatildeo e Vigilacircncia Divisatildeo de Detecccedilatildeo Precoce e
Apoio agrave Organizaccedilatildeo de Rede Nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos
cervicais 3 ed Rio de Janeiro INCA 2012 23p
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Organizaccedilatildeo de Rede Manual de gestatildeo da qualidade para laboratoacuterio de
citopatologia 2 ed Rio de Janeiro INCA 2016b 160p
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REZENDE MT Apecircndices
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Apecircndices
Apecircndice A Planilha do preacute-escrutiacutenio raacutepido
PLANILHA DO PREacute-ESCRUTIacuteNIO RAacutePIDO (PER)
DATA DE CHEGADA
DATA
REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA
RESULTADO DO PER
N= Negativo I= Insatisfatoacuterio S= Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
67
Apecircndice B Planilha da revisatildeo raacutepida de 100
PLANILHA DA REVISAtildeO RAacutePIDA DE 100 DOS NEGATIVOS (RR100)
DATA DE CHEGADA
DATA REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA RESULTADO DA RR100
FLORA
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
68
Apecircndice C Planilha dos resultados positivos e insatisfatoacuterios
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS POSITIVOS E INSATISFATOacuteRIOS
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO
ER
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
69
Apecircndice D Planilha de revisatildeo dos resultados discordantes
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS DISCORDANTES
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO ER
RESULTADO RR100
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Anexos
70
Anexos
Anexo 1 Requisiccedilatildeo de exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero
REZENDE MT Anexos
71
REZENDE MT Introduccedilatildeo
12
1- Introduccedilatildeo
O CCU eacute considerado mundialmente um grave problema de sauacutede puacuteblica
sendo o quarto tipo de cacircncer mais frequente entre as mulheres e responsaacutevel pelo oacutebito
de 266 mil mulheres em 2012 (WHO 2012) No Brasil estima-se para o ano de
20162017 a ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585
casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a) A realizaccedilatildeo perioacutedica do exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero ou Papanicolaou eacute a estrateacutegia mais adotada para o
rastreamento desta neoplasia sendo efetivo para detectar lesotildees precursoras que podem
ser tratadas permitindo a reduccedilatildeo nas taxas de incidecircncia e mortalidade (MORIN et al
2000 TOMASI et al 2015)
Um dos grandes desafios a ser superado em relaccedilatildeo ao exame citopatoloacutegico eacute a
elevada taxa de resultados falso-negativos (RFN) que o meacutetodo apresenta que podem
chegar ateacute a 62 (ATTWOOD et al 1985 KOSS 1989 GIILL 2005 AMARAL et
al 2008) Assim muitas mulheres natildeo satildeo diagnosticadas e continuam em risco de
desenvolver lesotildees precursoras do cacircncer do colo do uacutetero uma vez que natildeo receberam o
devido acompanhamento Por outro lado os resultados falso-positivos (RFP) tambeacutem
causam transtornos na vida das mulheres que muitas vezes se submetem a
procedimentos desnecessaacuterios (MITCHELL MEDLEY 1995 KIRSCHNER et al
2011 GULLO et al 2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Com o objetivo de aperfeiccediloar o exame citopatoloacutegico algumas estrateacutegias
corretivas de melhoria da qualidade tecircm sido desenvolvidas como os programas de
monitoramento interno da qualidade (MIQ) e monitoramento externo da qualidade
(MEQ) que visam identificar corrigir e diminuir as falhas dentro do laboratoacuterio de
citopatologia Dessa forma eacute possiacutevel melhorar a sensibilidade do meacutetodo em detectar
alteraccedilotildees citopatoloacutegicas resultando na reduccedilatildeo dos percentuais de RFN e RFP
(TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) O Ministeacuterio da Sauacutede em 2013
regulamentou o MIQ e o MEQ instituindo a Qualificaccedilatildeo Nacional em Citopatologia na
Prevenccedilatildeo do CCU (BRASIL 2013a) que definiu padrotildees para avaliar a qualidade do
exame atraveacutes do acompanhamento dos laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam
serviccedilo para o SUS
O MEQ compreende a revisatildeo dos esfregaccedilos por um laboratoacuterio diferente
daquele que realizou a primeira leitura e tem como principal objetivo avaliar o
REZENDE MT Introduccedilatildeo
13
desempenho dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do colo uterino e fornecer educaccedilatildeo
continuada aos citopatologistas com o intuito de aprimorar o diagnoacutestico citopatoloacutegico
(FREITAS THULER 2012 AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio e
contemplam entre outras o monitoramento do preparo das lacircminas o tempo de
escrutiacutenio a carga de trabalho do citologista a revisatildeo dos esfregaccedilos e a implantaccedilatildeo
de sistema de indicadores de qualidade Dentre os meacutetodos de MIQ mais eficientes na
detecccedilatildeo de RFN cita-se a revisatildeo raacutepida de 100 (RR100) dos esfregaccedilos negativos
e o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) de todos os esfregaccedilos (TAVARES et al 2011 2014
BRASIL 2016b) A implementaccedilatildeo dos indicadores de qualidade eacute fundamental pois
permite comparar a situaccedilatildeo atual com metas desejadas assim eacute possiacutevel acompanhar o
comportamento do indicador apoacutes a realizaccedilatildeo de alguma intervenccedilatildeo auxiliando na
tomada de decisatildeo (BORTOLON et al 2012 PLEWKA et al 2014 BRASIL 2016b)
Aleacutem do monitoramento da qualidade dos exames citopatoloacutegicos a eficiecircncia
do rastreamento do CCU depende do seguimento adequado das mulheres com
resultados alterados mantendo no programa aquelas que devem repetir o exame ou
serem encaminhadas adequadamente para a colposcopia e bioacutepsia (ZOLA et al 2007
ALBUQUERQUE et al 2012) O seguimento permite que seja feito a correlaccedilatildeo do
diagnoacutestico citoloacutegico com a histologia que eacute uma importante ferramenta usada como
medida da garantia da qualidade e do desempenho dos laboratoacuterios de citopatologia
(ANSCHAU GONCcedilALVES 2011 TURKMEN et al 2013)
Portanto eacute imprescindiacutevel a implantaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ na rotina
dos laboratoacuterios de citopatologia pois satildeo parte integrante da estrateacutegia de garantia e
melhoria contiacutenua da qualidade com a finalidade de reduzir as falhas do exame
citopatoloacutegico garantindo agraves mulheres a prestaccedilatildeo de um serviccedilo seguro
Um dos principais motivos da ocorrecircncia dos RFN e RFP satildeo problemas
relacionados agrave interpretaccedilatildeo diagnoacutestica (GAY NALDSON GOELLNER 1985
RENSHAW 2003 COLEMAN POZNANSKY 2006 BRANCA LONGATTO-
FILHO 2015) Sendo assim este trabalho teve como objetivo comparar os exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero submetidos ao MEQ com o intuito de minimizar
divergecircncias diagnoacutesticas a fim de reduzir os RFN e RFP que satildeo um dos maiores
problemas enfrentados pelos laboratoacuterios de citopatologia
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
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2- Revisatildeo da Literatura
21 Cacircncer do colo do uacutetero
Estimativas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede apontaram o cacircncer do colo do
uacutetero (CCU) como o responsaacutevel pelo oacutebito de 266 mil mulheres em 2012 e
aproximadamente 87 ocorreram nas regiotildees menos desenvolvidas (WHO 2012) No
Brasil ocupa a terceira posiccedilatildeo entre os dez tipos de cacircncer mais incidentes estimados
para 2016 por sexo exceto pele natildeo melanoma Estima-se para o ano de 20162017 a
ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585 casos a cada
100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
A taxa de incidecircncia do CCU estimada para 20162017 por regiatildeo brasileira sem
considerar os tumores de pele natildeo melanoma eacute a mais alta na regiatildeo Norte
apresentando 2397 novos casos por 100 mil mulheres Eacute o segundo mais incidente nas
regiotildees Centro-Oeste e Nordeste com 2072 e 1949 novos casos a cada 100 mil
mulheres respectivamente E na regiatildeo Sudeste estaacute na terceira posiccedilatildeo com 1130
novos casos a cada 100 mil mulheres e na regiatildeo Sul na quarta com 1517 novos casos
a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
Define-se o CCU como a replicaccedilatildeo desordenada do epiteacutelio de revestimento
deste oacutergatildeo resultando em comprometimento do estroma e invasatildeo de estruturas e
oacutergatildeos contiacuteguos ou agrave distacircncia Na fase preacute-cliacutenica desta neoplasia natildeo se observam
sintomas de maneira que a detecccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees precursoras eacute realizada pelo
exame citoloacutegico por outro lado agrave medida que a doenccedila progride surgem sangramento
menorragias e metrorragias (HAMONT et al 2008 LIMBERGER et al 2012)
O CCU eacute uma doenccedila que possui evoluccedilatildeo lenta onde a progressatildeo de uma
lesatildeo inicial para a forma invasiva pode levar anos sendo entatildeo possiacutevel identificar suas
formas precursoras que satildeo trataacuteveis e curaacuteveis (MEDEIROS et al 2005 COLEMAN
POZNANSKY 2006 RAMA et al 2008) Assim trata-se de uma doenccedila evitaacutevel
podendo apresentar 100 de cura principalmente atraveacutes do diagnoacutestico precoce
realizado pelo exame citopatoloacutegico e tratamento adequado de lesotildees preacute-malignas
(ZEFERINO et al 1996 ELUF-NETO NASCIMENTO 2001 SANTOS et al 2013)
A infecccedilatildeo pelo papiloma viacuterus humano (HPV) eacute uma das doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis mais comuns em todo mundo em ambos os sexos sendo que a maioria
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
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das pessoas adquirem o viacuterus no iniacutecio da atividade sexual A infecccedilatildeo tem iniacutecio nas
ceacutelulas basais da zona de transformaccedilatildeo do colo do uacutetero e a maioria eacute controlada pela
resposta imune celular ocorrendo sua eliminaccedilatildeo espontacircnea em torno de dois anos
sem causar lesotildees e sintomas (ALMONTE et al 2010 GRAVITT et al 2011)
O HPV eacute considerado o principal fator de risco associado ao desenvolvimento
do CCU e a infecccedilatildeo persistente no trato reprodutivo de mulheres pode levar ao
surgimento de lesotildees preacute-neoplaacutesicas (DE SANJOSE et al 2007 2010
GUDLEVICIENE et al 2010) Satildeo descritos hoje aproximadamente 130 genoacutetipos do
HPV sendo que desses 40 podem infectar a mucosa genital Os tipos de HPV satildeo
classificados em viacuterus de alto ou baixo risco oncogecircnico conforme a propensatildeo das
ceacutelulas infectadas agrave transformaccedilatildeo neoplaacutesica (WEISS ROSENTHAL ZIMET 2011
FERRAZ SANTOS DISCACCIATI 2012) Aproximadamente 15 tipos de HPV tecircm
potencial oncogecircnico e satildeo responsaacuteveis por praticamente todos os cacircnceres cervicais e
lesotildees precursoras desses os mais prevalentes satildeo os HPV 16 e 18 sendo associados
com aproximadamente 70 de todos os cacircnceres do colo do uacutetero (MAZARICO
GONZALEZ-BOSQUETE 2012 HOSTE VOSSAERT POPPE 2013)
Sabe-se que somente a infecccedilatildeo pelo HPV natildeo eacute suficiente para o
desenvolvimento do carcinoma pois haacute um periacuteodo de latecircncia entre a infecccedilatildeo e o
desenvolvimento das lesotildees preacute-neoplaacutesicas indicando que existem outros elementos
atuando como co-fatores na carcinogecircnese do colo do uacutetero dentre os quais cita-se o
iniacutecio precoce da vida sexual muacuteltiplos parceiros sexuais multiparidade histoacuteria de
doenccedila sexualmente transmitida imunossupressatildeo uso prolongado de anticoncepcional
oral e tabagismo (NATUNEN et al 2011 ZARDO et al 2014)
Desde a infecccedilatildeo pelo HPV ateacute o desenvolvimento do CCU transcorrem
aproximadamente quinze anos Considera-se esta progressatildeo lenta sendo possiacutevel nesse
tempo a identificaccedilatildeo precoce de lesotildees celulares associadas com a persistecircncia deste
viacuterus no trato genital por meio da citologia cervical Assim haacute tempo para que as
lesotildees possam ser tratadas adequadamente impedindo a progressatildeo para o cacircncer
(SNIJDERS et al 2006 DISCACCIATI et al 2011 FERRAZ SANTOS
DISCACCIATI 2012)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
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22 Exame citopatoloacutegico
A estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do CCU desde sua introduccedilatildeo
em 1941 por George Papanicolaou eacute o exame citopatoloacutegico sendo responsaacutevel pela
reduccedilatildeo da incidecircncia e mortalidade desse cacircncer nas uacuteltimas cinco deacutecadas em paiacuteses
em que foi implantado de maneira eficiente (PAPANICOLAOU TRAUT 1977
ARBYN et al 2009 DIJKSTRA et al 2014) O rastreio utilizando a citologia
esfoliativa eacute considerado uma intervenccedilatildeo de sauacutede puacuteblica extremamente bem-
sucedida de forma que praticado de acordo com as diretrizes alcanccedila reduccedilotildees na
incidecircncia do CCU de ateacute 80 (FRANCO DUARTE-FRANCO FERENCZY 2001
OGILVIE et al 2010) Aleacutem disso mais de 60 de todos os casos de CCU satildeo
observados entre as mulheres que natildeo participam do rastreamento (STENVALL
WIKSTROM WILANDER 2007)
O exame citopatoloacutegico baseia-se no fato de que alteraccedilotildees nas ceacutelulas epiteliais
do colo uterino podem progredir ao longo do tempo permitindo o surgimento do
cacircncer Sendo assim o Papanicolaou eacute estrateacutegico para detecccedilatildeo dessas alteraccedilotildees nas
fases iniciais das lesotildees precursoras (CARVALHO QUEIROZ 2010) Eacute um exame
faacutecil raacutepido praacutetico seguro de baixo custo e eficaz na detecccedilatildeo de lesotildees cervicais e
por isso deve ser incentivado como meacutetodo de triagem (GREENWOOD MACHADO
SAMPAIO 2006 OLIVEIRA et al 2010 COBUCCI et al 2016)
Os procedimentos mais usados para a confecccedilatildeo dos esfregaccedilos para o exame
citopatoloacutegico satildeo a coleta convencional ou em meio liacutequido (ARBYN et al 2008
NANDINI et al 2012) A teacutecnica de citologia em meio liacutequido permite que as ceacutelulas
sejam suspensas em meio liacutequido e espalhadas em monocamada possibilitando assim
uma melhor avaliaccedilatildeo morfoloacutegica e tem sido introduzida nos paiacuteses desenvolvidos para
melhorar a sensibilidade do exame citopatoloacutegico (PAWAR et al 2014) Apesar deste
meacutetodo apresentar menos tempo de triagem fundo limpo e melhor distribuiccedilatildeo dos
elementos celulares os benefiacutecios natildeo justificam o alto custo assim a coleta
convencional deve ser a primeira escolha para os paiacuteses em desenvolvimento pois
quando realizado de maneira organizada e de acordo com os padrotildees de qualidade natildeo eacute
inferior a citologia em meio liacutequido (ILTER et al 2012 SHARMA et al 2016)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a coleta convencional Neste tipo de coleta o
espeacuteculo eacute introduzido no canal vaginal para expor o colo do uacutetero e satildeo utilizados a
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
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espaacutetula de Ayre para a coleta de ceacutelulas da ectoceacutervice e a escova endocervical para
coleta de ceacutelulas da endoceacutervice (ARBYN et al 2008 VERMA JAIN KAUR 2014)
As ceacutelulas satildeo colocadas em uma lacircmina transparente de vidro com extremidade fosca
onde consta identificaccedilatildeo da paciente satildeo coradas e examinadas ao microscoacutepio pelos
profissionais habilitados que poderatildeo identificar ceacutelulas que apresentam alteraccedilotildees
indicativas de lesotildees preacute-malignas (ARBYN et al 2008 FERNANDES et al 2009
BRASIL 2011)
No Brasil a populaccedilatildeo alvo recomendada para a realizaccedilatildeo deste exame satildeo
mulheres na faixa etaacuteria de 25 ateacute os 64 anos de idade e agravequelas que jaacute iniciaram a vida
sexual Recomenda-se a realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico como ferramenta
de rastreamento sendo que deve ser repetido a cada trecircs anos apoacutes dois exames anuais
consecutivos normais A repeticcedilatildeo em um ano tem por objetivo diminuir a possibilidade
de RFN (RIBEIRO SANTOS TEIXEIRA 2011 BRASIL 2016c) Este
acompanhamento regular tem como base os programas de rastreamento organizados na
maioria dos paiacuteses desenvolvidos (FERLAY et al 2012)
Em estudo envolvendo oito paiacuteses realizado pela International Agency for
Research on Cancer (IARC) em 1986 servindo de suporte para normas ainda hoje
vigente mundialmente estimou-se que ao iniciar o rastreamento aos 25 anos de idade e
natildeo aos 20 anos perde-se apenas 1 de reduccedilatildeo da incidecircncia cumulativa do CCU
(IARC 1986 BRASIL 2011) Mulheres de ateacute 20 anos de idade natildeo estatildeo incluiacutedas na
faixa etaacuteria alvo do rastreamento pois possuem maior probabilidade de regressatildeo das
lesotildees preacute-invasivas o carcinoma invasor nesta parcela da populaccedilatildeo em geral eacute
extremamente raro e a maioria das infecccedilotildees pelo HPV se resolve espontaneamente em
cerca de dois anos sendo portanto de reduzida significacircncia cliacutenica (MOSCICKI
2008 MOSCICKI COX 2010) Os exames devem seguir ateacute os 64 anos e apoacutes essa
idade serem interrompidos quando resultarem em dois exames negativos consecutivos
nos uacuteltimos cinco anos (SASIENI CASTANtildeON CUZICK 2010 BRASIL 2011)
O rastreamento no Brasil eacute predominantemente oportuniacutestico ou seja as
mulheres tecircm realizado o exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero quando procuram os
serviccedilos de sauacutede geralmente devido a consulta meacutedica gravidez e diante de queixas
como prurido e leucorreacuteia Assim 20 a 25 dos exames tecircm sido realizados fora do
grupo etaacuterio recomendado e aproximadamente metade deles com intervalo de um ano
ou menos quando o recomendado satildeo trecircs anos Portanto haacute um contingente de
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
18
mulheres rastreadas e a exclusatildeo de outras (ZEFERINO 2008 NAVARRO et al 2015
BRASIL 2016c)
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais
George N Papanicolaou em 1941 criou a primeira terminologia de
classificaccedilatildeo citoloacutegica das lesotildees precursoras do CCU que procurava expressar se as
ceacutelulas observadas eram normais ou natildeo e desde entatildeo vaacuterios sistemas de classificaccedilatildeo
foram sugeridos (TRAUT PAPANICOLAOU 1943 AGUIAR et al 2011)
Nos Estados Unidos em 1988 foi realizada na cidade de Bethesda um workshop
que enfatizou a grande diversidade na comunicaccedilatildeo dos resultados em citologia
cervical e teve como objetivo determinar uma terminologia que daria limites evidentes
para a gestatildeo e dessa maneira reduziria a variabilidade interobservador Entatildeo nesse
ano foi aprovada a classificaccedilatildeo citoloacutegica conhecida como Terminologia do Sistema
Bethesda que introduziu os termos lesotildees intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e
alto grau (HSIL) (NAYAR WILBUR 2015a)
Apoacutes experiecircncia na praacutetica cliacutenica e novos avanccedilos no conhecimento
cientiacutefico esse sistema passou por revisatildeo em 1991 e 2001 que propocircs uniformizar as
terminologias assim como as condutas cliacutenicas para cada classificaccedilatildeo citoloacutegica
(AGUIAR et al 2011) O workshop de 1991 levou agrave produccedilatildeo do primeiro atlas
Bethesda em 1994 depois de sua publicaccedilatildeo tornou-se rapidamente uma referecircncia
mundial para a praacutetica da citologia cervical (SOLOMON et al 2002 NAYAR
WILBUR 2015a) Em 2001 aconteceu mudanccedilas marcantes em relaccedilatildeo agrave categoria de
Ceacutelulas Escamosas Atiacutepicas (ASC) A categoria ASC foi subdividida em ceacutelulas
escamosas atiacutepicas de significado indeterminado (ASC-US) e ceacutelulas escamosas
atiacutepicas quando natildeo se pode excluir lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
(WRIGHT et al 2002 MASSAD et al 2013) Nos Estados Unidos em 2013 855
dos laboratoacuterios de citologia haviam implementado a terminologia de 2001 e o
sistema de Bethesda produziu um impacto significativo na comunidade
internacional de citopatologia (DAVEY et al 2004)
Nos uacuteltimos anos vecircm acontecendo vaacuterias mudanccedilas nos processos de rastreio
do CCU como aumento do uso de citologia em meio liacutequido aprovaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de vacinas profilaacuteticas contra o HPV mudanccedilas na terminologia de
histopatologia e diretrizes atualizadas para o rastreio do CCU e gestatildeo cliacutenica Com
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
19
base em todas essas mudanccedilas o ano de 2014 era o momento adequado para uma
revisatildeo e atualizaccedilatildeo da terminologia Sistema de Bethesda 2001 Houve entatildeo o
refinamento de criteacuterios morfoloacutegicos e incorporaccedilatildeo de revisotildees e novas
informaccedilotildees adicionais na terceira ediccedilatildeo do atlas Bethesda para citologia cervical
(NAYAR WILBUR 2015b)
Em 2003 foi publicada a primeira ediccedilatildeo da Nomenclatura Brasileira para
Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais e Condutas Cliacutenicas Preconizadas baseada no
sistema de Bethesda contendo tambeacutem o MEQ com o objetivo de padronizar o laudo
citopatoloacutegico com as respectivas condutas cliacutenicas e manter o controle de qualidade
desses laudos emitidos pelos laboratoacuterios prestadores de serviccedilo ao Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SUS) No ano de 2006 houve a publicaccedilatildeo da segunda ediccedilatildeo dessa
nomenclatura e foi suprimido o capiacutetulo referente ao MEQ porque esse tema merecia
uma profunda revisatildeo No ano de 2010 optou-se por lanccedilar como publicaccedilotildees
independentes os trecircs capiacutetulos de Condutas Cliacutenicas Preconizadas MEQ e da
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais (BRASIL 2012)
Em 2012 foi publicada a terceira ediccedilatildeo revisada e atualizada da Nomenclatura
Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais que eacute a nomenclatura utilizada
atualmente no Brasil contemplando a seguinte classificaccedilatildeo
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (ASC-US)
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir
lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (AGC-SOE)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode afastar
lesatildeo intraepitelial de alto grau (AGC-NEO)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL)
bull Adenocarcinoma in situ (AIS)
bull Adenocarcinoma invasor (cervical endometrial e sem outras especificaccedilotildees)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau natildeo podendo excluir microinvasatildeo
bull Carcinoma epidermoacuteide invasor
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
20
A adoccedilatildeo do Sistema de Bethesda ainda que adaptado ao Brasil facilita a
comparaccedilatildeo de resultados nacionais com os encontrados em publicaccedilotildees estrangeiras
Poreacutem ainda haacute resistecircncia por parte dos citopatologistas no emprego da nomenclatura
brasileira para exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero Ressalta-se que aleacutem do
diagnoacutestico preciso tambeacutem eacute importante que o relatoacuterio de apresentaccedilatildeo dos resultados
seja de faacutecil compreensatildeo para que a paciente receba seguimento e conduta adequada
dessa forma maiores esforccedilos devem ser empregados no sentido de estimular o uso
dessa nomenclatura (AGUIAR et al 2011)
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado
Em 2011 houve atualizaccedilatildeo das Condutas Cliacutenicas Preconizadas de 2006 e entatildeo
foram lanccediladas as ldquoDiretrizes para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo que
buscaram orientar as condutas preconizadas em mulheres com alteraccedilotildees no exame
citopatoloacutegico cervical (BRASIL 2011)
De acordo com essas diretrizes diante de um resultado de exame citopatoloacutegico
de ASC-US a mulher com 30 anos ou mais deveraacute repetir o exame citopatoloacutegico em
um intervalo de 6 meses e com idade inferior a 30 anos no intervalo de 12 meses Para
os exames com resultados classificados como ASC-H as mulheres devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e se observado alteraccedilotildees
colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia jaacute aquelas sem alteraccedilotildees devem repetir nova
citologia em 6 meses Pacientes com diagnoacutestico citoloacutegico de AGC devem ser
encaminhadas para colposcopia realiza-se a bioacutepsia apenas quando satildeo observadas
alteraccedilotildees no colo caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia em 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de LSIL devem repetir o exame citopatoloacutegico em 6
meses se a citologia de repeticcedilatildeo for negativa em dois exames consecutivos a paciente
deve retornar agrave rotina de rastreamento citoloacutegico trienal Pacientes que apresentarem
diagnoacutestico de HSIL deveratildeo ser encaminhadas em ateacute trecircs meses agrave Unidade de
Referecircncia Secundaacuteria para realizaccedilatildeo da bioacutepsia se observada alteraccedilotildees no colo na
colposcopia (BRASIL 2011)
No ano de 2016 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a segunda ediccedilatildeo das ldquoDiretrizes
para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo atualizando as diretrizes publicadas em
2011 visando auxiliar os profissionais da sauacutede em suas praacuteticas assistenciais em todo o
paiacutes quanto ao seguimento de exames citopatoloacutegicos alterados e apoiar os gestores na
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
21
tomada de decisatildeo em relaccedilatildeo agrave estruturaccedilatildeo da linha de cuidados da mulher (BRASIL
2016c)
De acordo com as diretrizes mais recentes as mulheres com diagnoacutestico de ASC-
US abaixo de 25 anos de idade devem repetir o exame apoacutes 3 anos aquelas entre 25 e
29 anos devem repetir em 12 meses enquanto as mulheres acima de 30 anos devem
repetir a citologia apoacutes 6 meses Mulheres com diagnoacutestico de ASC-H devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e somente aquelas que
apresentam alteraccedilotildees colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia sendo que as demais
devem repetir a citologia apoacutes 6 meses Em mulheres com diagnoacutestico de ceacutelulas
glandulares atiacutepicas (AGC) ou ceacutelulas atiacutepicas de origem indefinida a paciente deve ser
imediatamente encaminhada para colposcopia onde faz-se a bioacutepsia apenas quando satildeo
observadas alteraccedilotildees caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia Na
presenccedila do diagnoacutestico LSIL em mulheres abaixo de 25 anos de idade sugere-se repetir
o exame citopatoloacutegico apoacutes 3 anos com indicaccedilatildeo de colposcopia caso a atipia se
mantenha E mulheres acima de 25 anos de idade devem repetir a citologia apoacutes 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de HSIL devem ser encaminhadas para realizaccedilatildeo de
colposcopia ateacute trecircs meses apoacutes o resultado e caso apresentem alteraccedilotildees visuais no
colo do uacutetero deveratildeo ser submetidas a bioacutepsia caso contraacuterio recomenda-se nova
citologia apoacutes trecircs meses a contar da data da coleta da citologia anterior (BRASIL
2016c)
Um dos maiores problemas enfrentado pelo programa de rastreamento e controle
do CCU eacute a falta de seguimento dado as mulheres depois que realizam o exame
citopatoloacutegico bem como a orientaccedilatildeo errocircnea por parte dos profissionais de sauacutede
Portanto para que o programa tenha sucesso eacute necessaacuterio garantir que seja organizado e
definido como um conjunto de accedilotildees programadas com populaccedilatildeo e periodicidade
especiacuteficas porque com o seguimento pode-se oferecer um tratamento adequado
interrompendo o desenvolvimento desse cacircncer (VALE et al 2010 ALBUQUERQUE
et al 2012 SANTOS et al 2013)
23 Controle de qualidade em citopatologia
O exame citopatoloacutegico necessita apresentar uma boa acuraacutecia diagnoacutestica
(MILLER et al 2000 KOSE NAKI 2014 ABUDUKADEER et al 2015) No
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
22
entanto questiona-se sua eficiecircncia pois certo nuacutemero de mulheres desenvolve esse
cacircncer apesar de realizarem o exame periodicamente em parte essa situaccedilatildeo pode ser
explicada pelas altas taxas de RFN (MITCHELL MEDLEY 1995 TAVARES et al
2008 KIRSCHNER et al 2011) Aleacutem disso os RFP tambeacutem satildeo alarmantes pois
geram danos agrave vida de mulheres na medida que se sujeitam a procedimentos
dispensaacuteveis (KOSS 1989 FRABLE 2007 GULLO et al 2012)
As principais causas dos RFN ocorrem devido a erros de coleta de escrutiacutenio e
de interpretaccedilatildeo do diagnoacutestico (BOSCH RIETVELD-SCHEFFERS BOON 1992
MITCHELL MEDLEY 1995 ORTIZ-VAacuteZQUEZ et al 2001 FRABLE et al 2007
MANRIQUE et al 2009) Erros na coleta do material citoloacutegico podem ser
responsaacuteveis por ateacute 62 dos RFN e ocorrem devido agrave falta de representatividade
celular ou escassez de ceacutelulas neoplaacutesicas e tambeacutem pela presenccedila de processo
inflamatoacuterio sangue e fundo necroacutetico nos esfregaccedilos que podem prejudicar a anaacutelise
(VAN DER et al 1987 EJERSBO DAHL HOLUND 2003 AMARAL et al 2006
AMARAL et al 2008 LONNBERG et al 2010) O erro de escrutiacutenio varia de 10 a
67 e ocorre quando as ceacutelulas atiacutepicas estatildeo presentes no esfregaccedilo mas natildeo satildeo
identificadas pelo escrutinador devido agrave falta de atenccedilatildeo e concentraccedilatildeo tempo
insuficiente e falta de experiecircncia (DEMAY 1997 PITTOLI et al 2003 PAJTLER et
al 2006 AMARAL et al 2008) O erro de interpretaccedilatildeo pode ser responsaacutevel por ateacute
22 dos RFN e ocorre quando as ceacutelulas neoplaacutesicas satildeo reconhecidas mas satildeo
identificadas como benignas ou ainda satildeo classificadas erroneamente isso eacute atribuiacutedo
principalmente agrave experiecircncia insuficiente do profissional e informaccedilotildees cliacutenicas
inadequadas (GAY NALDSON GOELLNER 1985 RENSHAW 2003 COLEMAN
POZNANSKY 2006 AMARAL et al 2008)
Dessa forma tem sido exigido a implementaccedilatildeo de programas de monitoramento
da qualidade em citopatologia com o objetivo de melhorar o desempenho do exame
citopatoloacutegico em detectar anormalidades escamosas e glandulares e
consequentemente diminuir os percentuais de RFN e RFP que satildeo resultados
preocupantes tanto para a mulher quanto para os custos dos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(PAJTLER et al 2006 TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) A fim de
minimizar as falhas deste exame vaacuterias estrateacutegias corretivas de garantia da qualidade
tecircm sido desenvolvidas como a implementaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ nos
laboratoacuterios de citopatologia (PEREIRA et al 2006 AacuteZARA et al 2014a)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
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231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio de
citopatologia contemplam na fase preacute-analiacutetica atividades realizadas antes do
escrutiacutenio e incluem o registro do material recebido a preparaccedilatildeo a coloraccedilatildeo e a
montagem das lacircminas a manutenccedilatildeo dos equipamentos e microscoacutepios aleacutem dos
registros da qualificaccedilatildeo e treinamento dos profissionais (BRASIL 2016b) Na fase
analiacutetica o objetivo eacute a reduccedilatildeo de erros de escrutiacutenio ou de erros de interpretaccedilatildeo do
resultado com o intuito de diminuir os iacutendices de RFN e RFP algumas das medidas
contemplam o tempo de escrutiacutenio carga de trabalho do citologista e revisatildeo dos
esfregaccedilos (TAVARES et al 2007) O monitoramento contiacutenuo da qualidade dos
resultados dos exames citopatoloacutegicos imprescindiacutevel para o laboratoacuterio faz parte da
fase poacutes-analiacutetica em que eacute avaliada o desempenho global e individual dos profissionais
(AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
Por muitos anos vaacuterias discussotildees ocorreram na tentativa de apontar o melhor
meacutetodo de MIQ para a citologia cervical (DUDDING RENSHAW ELLIS 2011)
Considerado como consenso entre os especialistas na aacuterea a repeticcedilatildeo da leitura de
todos os esfregaccedilos classificados como negativos no escrutiacutenio de rotina eacute o meacutetodo
mais preciso para evitar erros no rastreio poreacutem este meacutetodo eacute dispendioso exigindo
muito tempo para a leitura em duplicata (TAVARES et al 2011)
Dentre os meacutetodos de MIQ cita-se a revisatildeo aleatoacuteria de 10 dos esfregaccedilos
negativos pelo escrutiacutenio de rotina (R-10) a revisatildeo baseada em criteacuterios cliacutenicos de
risco (RCCR) a revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos (RR100) e o preacute-
escrutiacutenio raacutepido (PER) Os meacutetodos de PER e RR100 satildeo considerados os mais
eficazes na detecccedilatildeo de RFN (MANRIQUE et al 2007 2011 TAVARES et al 2011
BRASIL 2016b) O meacutetodo de revisatildeo de 10 dos esfregaccedilos negativos eacute criticado
pois detecta poucos casos RFN assim como a RCCR que tambeacutem tem produzido
resultados ruins em vaacuterios estudos (AMARAL et al 2005 TAVARES et al 2008
TAVARES et al 2011 CURRENS et al 2012)
A RR100 consiste em revisar rapidamente todos os esfregaccedilos classificados
como negativos e insatisfatoacuterios do escrutiacutenio de rotina poreacutem como o revisor possui
conhecimento do resultado pode tornar o meacutetodo tendencioso reduzindo sua
concentraccedilatildeo e aumentando a possibilidade de deixar passar erros (PAJTLER et al
2006 MANRIQUE et al 2007) O PER consiste no escrutiacutenio raacutepido de todos os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
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esfregaccedilos sem influecircncia de marcaccedilotildees sobre a lacircmina durante um tempo limitado
antes do escrutiacutenio de rotina e eacute um meacutetodo que tende a prender a atenccedilatildeo do
citologista jaacute que eacute realizado anterior a leitura de rotina aleacutem de permitir que a
sensibilidade de ambos PER e ER seja estimada (DJEMLI KHETANI AUGER
2006 TAVARES et al 2008)
Portanto eacute de extrema importacircncia a implementaccedilatildeo de accedilotildees de garantia da
qualidade na rotina dos laboratoacuterios de citopatologia pois permitem aprimorar o exame
citopatoloacutegico assegurando resultados confiaacuteveis (FERRAZ et al 2005 SIEGL et al
2014)
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
O sistema de monitoramento da qualidade tambeacutem deve comtemplar o
desenvolvimento e implantaccedilatildeo de sistema de indicadores de qualidade pois permitem
avaliar o desempenho global do laboratoacuterio realizar anaacutelise estatiacutestica individual dos
profissionais bem como utilizar os dados obtidos para a realizaccedilatildeo de intervenccedilotildees para
aperfeiccediloamento das etapas laboratoriais (SIEGL et al 2014 AacuteZARA et al 2014b)
Os indicadores de qualidade em citopatologia cervical possuem caracteriacutesticas
que satildeo muito importantes para que possam ser uacuteteis como ferramentas de apoio para o
monitoramento e a avaliaccedilatildeo do desempenho do laboratoacuterio Entre elas destacam-se a
facilidade de compreensatildeo uso de dados de coleta disponiacutevel e faacutecil execuccedilatildeo
mensuram os resultados encontrados permitindo comparaccedilatildeo com valores de referecircncia
preacute-estabelecidos refletem exatamente o que se deseja quantificar viabilizando assim
uma anaacutelise comparativa dos resultados para uma melhoria contiacutenua dos processos
internos do laboratoacuterio (BRASIL 2016b)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda que a coleta dos dados deve ser realizada
pelos profissionais envolvidos nas diversas etapas do processo de trabalho pois a
responsabilizaccedilatildeo dos profissionais pela obtenccedilatildeo dos dados tende a gerar compromisso
deles com os resultados almejados assim os dados tendem a ser de melhor qualidade
(BRASIL 2016b) Portanto a construccedilatildeo de tais indicadores para auxiliar o programa
de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo uacutetero deve ser feita internamente no
laboratoacuterio e satildeo mundialmente conhecidos pelos profissionais dessa aacuterea (BRASIL
2016b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
25
Os indicadores de qualidade incluem o iacutendice de positividade (IP) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ASCSat) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt) razatildeo de ceacutelulas
escamosas atiacutepicas por lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) percentual de exames
compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSILSat) (BORTOLON et
al 2012 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b)
O IP expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares nos exames aleacutem da
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo examinada
e recomenda-se que esteja entre 3 e 10 O ASCSat deve ficar entre 4 e 5 e quando
elevado sugere problemas na amostra na anaacutelise laboratorial ou em ambas as fases e
representa um ocircnus para a mulher e para a rede assistencial pois acarreta a oferta de um
maior nuacutemero de exames destinados agrave repeticcedilatildeo para investigaccedilatildeo diagnoacutestica O
ASCAlt deve ser inferior a 60 e tem o objetivo de monitorar ao percentual de atipias
de significado indeterminado para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo continuada dos
citopatologistas A razatildeo ASCSIL permite identificar o baixo desempenho profissional
no rastreamento e valores muito altos devem ter a causa investigada pois podem mostrar
a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios citoloacutegicos utilizados sendo que este indicador
deve ser menor que 3 O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees
precursoras do CCU e recomenda-se que seja igual ou maior que 04 (PLEWKA et
al 2014 BRASIL 2016b)
Os documentos gerados na elaboraccedilatildeo e o registro perioacutedico dos indicadores de
qualidade devem ser armazenados para permitir o acompanhamento dos processos
analisados e devem fazer parte do conjunto de documentos que compotildeem o Sistema de
Monitoramento da Qualidade do laboratoacuterio Eacute importante que esse material seja
armazenado em local de faacutecil acesso com o objetivo de facilitar as consultas sempre
que for necessaacuterio Recomenda-se que sejam feitos mensalmente e impressos com
assinatura do profissional responsaacutevel (BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia
Haacute deacutecadas o Brasil tem adotado medidas para garantia da qualidade dos exames
citopatoloacutegicos Em 1998 foi instituiacutedo o Programa Nacional de Controle do Cacircncer de
Colo de Uacutetero pela portaria GMMS nordm 3040 que reconheceu que o exame
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
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citopatoloacutegico do colo uterino eacute uma avaliaccedilatildeo qualitativa que dependente da
interpretaccedilatildeo do observador e que essa subjetividade precisa ser minimizada portanto o
monitoramento da qualidade eacute importante para a garantia do serviccedilo prestado agrave
populaccedilatildeo feminina (BRASIL 1998)
O Ministeacuterio da Sauacutede em 2001 por meio da Portaria SPSSAS nordm 92 preconizou
que todos os laboratoacuterios que realizam exames citopatoloacutegicos para o SUS deveriam
submeter-se ao Programa de Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ) poreacutem o
programa de responsabilidade das coordenaccedilotildees estaduais natildeo havia sido implantado
em todo paiacutes Esse programa foi regulamentado em 2013 atraveacutes da Qualificaccedilatildeo
Nacional em Citopatologia na Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2010
BRASIL 2013a)
A Portaria Qualicito definiu que os gestores estaduais e municipais devem
gerenciar o programa acompanhando o desempenho dos laboratoacuterios participantes que
foram classificados em Tipo I e Tipo II Satildeo considerados Laboratoacuterios Tipo I os
laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam serviccedilo ao SUS e que realizam exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero e os Laboratoacuterios Tipo II os laboratoacuterios puacuteblicos
responsaacuteveis por realizar os exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no acircmbito do
MEQ aleacutem de poderem realizar as accedilotildees dos Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2013a)
O MEQ eacute parte integrante da estrateacutegia de garantia da qualidade em citopatologia
e tem por finalidade avaliar o desempenho dos Laboratoacuterios Tipo I e a qualidade dos
exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero detectar as diferenccedilas de interpretaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos aumentar a eficiecircncia do processo de realizaccedilatildeo dos exames
citopatoloacutegicos aleacutem de reduzir o percentual de RFN RFP e insatisfatoacuterios (BRASIL
2016)
Em 1999 foi instituiacutedo o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero
(SISCOLO) com objetivo de armazenar dados sobre identificaccedilatildeo da mulher
informaccedilotildees demograacuteficas epidemioloacutegicas e dos exames citopatoloacutegicos e
histopatoloacutegicos realizados pelo SUS (GIRIANELLI THULER SILVA 2009
(BRASIL 2016c) Em 2011 foi lanccedilado o Plano Nacional de Fortalecimento da Rede de
Prevenccedilatildeo que permitiu o desenvolvimento do Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer
(SISCAN) substituindo o SISCOLO poreacutem a implementaccedilatildeo do sistema estaacute sendo
lenta e gradual (BRASIL 2013b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
27
Portanto eacute o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer (SISCAN) que seleciona do
Laboratoacuterio Tipo I todos os exames positivos e insatisfatoacuterios e 10 dos negativos para
serem enviados ao Laboratoacuterio Tipo II de acordo com o estabelecido na Portaria
Qualicito (BRASIL 2013a) A lista deve ser enviada com a relaccedilatildeo dos casos
selecionados pelo sistema juntamente com as lacircminas solicitadas e os respectivos
laudos servindo como recibo de transferecircncia de responsabilidade de guarda das
lacircminas para o Laboratoacuterio Tipo II e para controle de devoluccedilatildeo ao laboratoacuterio de
origem (BRASIL 2016b)
Entatildeo o conjunto de accedilotildees realizadas pelo Laboratoacuterio Tipo II visa agrave avaliaccedilatildeo da
qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero dos Laboratoacuterios Tipo I e
contemplam duas fases a preacute-analiacutetica e analiacutetica Na primeira o Laboratoacuterio Tipo II
verifica os procedimentos teacutecnicos e informa a qualidade da confecccedilatildeo do esfregaccedilo
fixaccedilatildeo coloraccedilatildeo montagem e contaminaccedilatildeo das amostras E a fase analiacutetica consiste
em uma revisatildeo dos esfregaccedilos citopatoloacutegicos por profissionais habilitados e o
diagnoacutestico final eacute firmado por consenso entre os citopatologistas do Laboratoacuterio Tipo
II (PEREIRA et al 2006 BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
Os exames discordantes seratildeo comunicados ao Laboratoacuterio Tipo I que poderaacute
recorrer da opiniatildeo do Laboratoacuterio Tipo II caso natildeo concorde com o parecer dos
revisores buscando o consenso Caso concorde caberaacute ao Laboratoacuterio Tipo I enviar o
laudo de revisatildeo agraves regionais ao municiacutepio ou agrave Unidade Baacutesica de Sauacutede (UBS)
mencionando que esse laudo foi realizado em conjunto com o Laboratoacuterio Tipo II de
referecircncia Caso natildeo haja consenso entre os Laboratoacuterios Tipos I e II poderaacute ser
solicitada a avaliaccedilatildeo por outro Laboratoacuterio Tipo II em acordo com a Coordenaccedilatildeo
Estadual eou Municipal (BRASIL 2016b)
A estatiacutestica para a avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo
II eacute o Kappa Ponderado devido a necessidade de se atribuiacuterem diferentes pesos para as
discordacircncias aleacutem da frequecircncia de RFN RFP e retardo de conduta Assim uma atipia
de significado indeterminado que recebeu equivocadamente um laudo de LSIL teraacute um
peso menor na construccedilatildeo do Kappa que uma HSIL que recebeu um laudo negativo
(BRASIL 2012) Os laboratoacuterios com iacutendices diagnoacutesticos abaixo de dois desvios
padrotildees da meacutedia estadual eou iacutendice Kappa de correlaccedilatildeo em niacutevel ruim seratildeo
considerados fora dos paracircmetros recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
28
Laboratoacuterios Tipo I nessa situaccedilatildeo seratildeo notificados e monitorados pelos Laboratoacuterios
Tipo II para alcanccedilar o iacutendice esperado (BRASIL 2016b)
Dessa forma os Laboratoacuterios Tipo I devem enviar regularmente todas as lacircminas e
laudos dos exames selecionados para o Laboratoacuterio Tipo II analisar os casos de
discordacircncia buscando o consenso com o Laboratoacuterio Tipo II promover educaccedilatildeo
continuada para uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos minimizar as natildeo
conformidades encontradas na rotina do laboratoacuterio diminuir os RFN e RFP e avaliar o
desempenho profissional da equipe Os Laboratoacuterios Tipo II devem fazer contato e dar
retorno aos Laboratoacuterios Tipo I comunicando o quanto antes sobre os resultados dos
exames citopatoloacutegicos discordantes e discutir caso a caso buscando o consenso apoiar
as coordenaccedilotildees estadual e municipal na interface com os laboratoacuterios que realizam
exames para o SUS e proporcionar educaccedilatildeo permanente por meio de sessotildees interativas
regulares para os Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2016b)
Diversos estudos tecircm considerado o MEQ um programa eficiente no
aperfeiccediloamento do exame citopatoloacutegico uma vez que a discussatildeo dos casos
discordantes para se chegar a um consenso dos resultados etapa fundamental do
programa possibilita a uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados na
detecccedilatildeo das lesotildees precursoras do CCU o que reflete na reduccedilatildeo dos RFN e RFP
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 FREITAS THULER 2012 AacuteZARA
et al 2013 2014a 2016 BRASIL 2016b)
REZENDE MT Justificativa
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3- Justificativa
Um dos principais motivos da ocorrecircncia de RFN e RFP no exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero eacute a variabilidade inter e intra observador na
interpretaccedilatildeo dos diagnoacutesticos dessa forma para a garantia da qualidade se faz
necessaacuterio a implantaccedilatildeo de MIQ e MEQ nos laboratoacuterios de citopatologia (FRABLE
et al 2007 MANRIQUE et al 2009 AacuteZARA et al 2014a) Este estudo foi
realizado com o intuito de avaliar o impacto do MEQ em laboratoacuterio de citopatologia
para minimizar as divergecircncias diagnoacutesticas e erros dentro dos processos do laboratoacuterio
a fim de reduzir os RFN e RFP Investindo na identificaccedilatildeo e retificaccedilatildeo das falhas eacute
possiacutevel que seja assegurado o melhor serviccedilo possiacutevel agrave mulher que receberaacute
seguimento e tratamento adequado
REZENDE MT Objetivos
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4- Objetivos
41 Objetivo Geral
Comparar os resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do
municiacutepio de Ouro Preto MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade
42 Objetivos especiacuteficos
- Verificar a frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
- Avaliar a concordacircncia diagnoacutestica frequecircncia de casos discordantes falso-negativos
falso-positivos e retardo de conduta entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar o resultado do seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
do monitoramento externo da qualidade incluindo os RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de
consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes o monitoramento externo da qualidade
REZENDE MT Metodologia
31
5- Metodologia
51 Local de estudo
Este trabalho foi desenvolvido no setor de citologia do Laboratoacuterio Piloto de
Anaacutelises Cliacutenicas (LAPAC) da Escola de Farmaacutecia da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP) Por se tratar de estudo baseado em resultados de exames coletados em
2013 e 2014 que estatildeo disponiacuteveis publicamente atraveacutes do SISCOLO natildeo foi
necessaacuterio a submissatildeo ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
O setor de citologia deste laboratoacuterio eacute composto por 5 citopatologistas 2
bolsistas 1 teacutecnica e 2 assistentes administrativos Neste laboratoacuterio estatildeo disponiacuteveis
microscoacutepios NiKon E 200 para escrutiacutenio dos esfregaccedilos bateria de coloraccedilatildeo e
material para montagem das lacircminas microscoacutepio de 5 cabeccedilas para discussatildeo de casos
e 3 computadores para parte administrativa O setor de citologia deste laboratoacuterio atende
uma rotina de exames citopatoloacutegicos colhidos nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS)
de Ouro Preto MG que desde 2013 eacute o uacutenico Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio que
presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
511 Monitoramento interno da qualidade
Os meacutetodos de monitoramento interno da qualidade utilizados na rotina pelo
Laboratoacuterio Tipo I satildeo o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) e a revisatildeo raacutepida de 100 dos
esfregaccedilos negativos (RR100) e cada etapa de leitura da lacircmina eacute realizada por
citopatologistas diferentes em um esquema de rodiacutezio (Figura 1) Inicialmente todos os
esfregaccedilos citopatoloacutegicos adequados para a anaacutelise microscoacutepica satildeo submetidos ao
PER e os resultados satildeo classificados como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio e
registrados na planilha de PER (Apecircndice A) Posteriormente eacute realizado o escrutiacutenio de
rotina (ER) pelo segundo citopatologista que apoacutes a leitura detalhada classifica os
resultados de acordo com a nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos baseada
no Sistema de Bethesda 2001 (SOLOMON NAYAR 2004) anotando o diagnoacutestico no
verso da requisiccedilatildeo (Anexo 1) Em seguida todas as lacircminas consideradas negativas
pelo escrutiacutenio de rotina satildeo encaminhadas para um terceiro citologista que realiza a
RR100 classificando-o como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio registrando na
planilha de RR100 (Apecircndice B)
REZENDE MT Metodologia
32
Os esfregaccedilos considerados positivos e insatisfatoacuterios pelo ER e os resultados
discordantes que foram aqueles onde PER ou a RR100 classificou como suspeito ou
insatisfatoacuterio e o escrutiacutenio de rotina considerou negativo satildeo encaminhados para a
revisatildeo detalhada para confirmaccedilatildeo ou natildeo da alteraccedilatildeo e definiccedilatildeo do diagnoacutestico final
e anotados nas planilhas correspondentes (Apecircndice C e D) Quando a revisatildeo detalhada
eacute discordante do ER haacute um consenso entre os citopatologistas para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I
REZENDE MT Metodologia
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52 Tipo de estudo
Foi realizado estudo retrospectivo comparando os resultados dos exames
citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I da Escola de Farmaacutecia da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de exames
citopatoloacutegicos de rastreio do municiacutepio de Ouro Preto Minas Gerais com os
resultados emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo II de Belo Horizonte responsaacutevel pelo MEQ
dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero de Minas Gerais
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica
Os exames do Laboratoacuterio Tipo I foram selecionados automaticamente pelo
SISCOLO (Sistema de Informaccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero) incluindo os exames
positivos insatisfatoacuterios e 10 dos negativos conforme a Portaria QualiCito
33882013 referente aos meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 As
amostras foram provenientes de mulheres atendidas nas UBS do municiacutepio de Ouro
Preto MG usuaacuterias do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
54 Monitoramento externo da qualidade
O Laboratoacuterio Tipo I enviou ao Laboratoacuterio Tipo II juntamente com os laudos
correspondentes um total de 321 esfregaccedilos citopatoloacutegicos classificados como
negativos (84) insatisfatoacuterios (3) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas (ASC-US41) lesatildeo intraepitelial
escamosa de baixo grau (LSIL163) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado natildeo se pode excluir lesatildeo de alto grau (ASC-H12) lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau (HSIL16) e ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras
especificaccedilotildees (AGC-SOE2) (Figura 2)
REZENDE MT Metodologia
34
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia cervical
Os esfregaccedilos foram reavaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II que emitiu um relatoacuterio
com os resultados para o Laboratoacuterio Tipo I comunicando tambeacutem os resultados
discordantes Nos casos em que o Laboratoacuterio Tipo I natildeo concordou com o parecer
REZENDE MT Metodologia
35
emitido pelos revisores do Laboratoacuterio Tipo II os resultados dos exames discordantes
foram discutidos caso a caso com o Laboratoacuterio Tipo II buscando o consenso entre os
dois Laboratoacuterios para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final (BRASIL 2016b)
Apoacutes o consenso os resultados discordantes foram reemitidos pelo Laboratoacuterio
Tipo I e encaminhados agraves Unidades de Sauacutede que localizaram as mulheres e
reprogramaram a conduta baseada no diagnoacutestico final
Os esfregaccedilos que inicialmente foram classificados como negativos ou
inflamatoacuterios pelo Laboratoacuterio Tipo I e considerados como positivos pelo Laboratoacuterio
Tipo II foram denominados resultados falso-negativos (RFN) Aqueles considerados
inicialmente positivos pelo Laboratoacuterio Tipo I mas reclassificados como negativos pelo
Laboratoacuterio Tipo II foram denominados resultados falso-positivos (RFP) Foram
considerados casos discordantes aqueles que implicaram em mudanccedila de conduta
cliacutenica de acordo com as normas preconizadas pelas Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2011)
Os resultados diagnosticados inicialmente como ASC-US ou LSIL pelo
Laboratoacuterio Tipo I e que na revisatildeo o Laboratoacuterio Tipo II julgou como diagnoacutestico mais
grave (ASC-H HSIL Carcinoma de ceacutelulas escamosas AGC-SOE AGC-NEO
Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma invasor) foram considerados como retardo
de conduta cliacutenica
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados
Para levantamento do seguimento das pacientes em que os resultados dos
exames foram classificados como ASC-US ou LSIL foi realizada a busca do resultado
do novo exame citopatoloacutegico uma vez que a conduta preconizada eacute a repeticcedilatildeo do
exame no periacuteodo de seis meses a um ano Para aqueles classificados como ASC-H ou
pior diagnoacutestico foi realizado o levantamento do resultado do exame histopatoloacutegico
dado que a conduta preconizada eacute o encaminhamento para colposcopia e se visualizado
alguma alteraccedilatildeo no colo uterino realiza-se a bioacutepsia Os resultados insatisfatoacuterios natildeo
foram considerados nesta anaacutelise (BRASIL 2011)
Foram realizadas visitas previamente agendadas agraves UBS do municiacutepio para
realizaccedilatildeo do levantamento das pacientes previamente listadas daquela unidade que
haviam sido diagnosticadas com alguma alteraccedilatildeo citoloacutegica O profissional responsaacutevel
REZENDE MT Metodologia
36
pela coleta do exame citopatoloacutegico verificou nos prontuaacuterios das pacientes o
seguimento que foi adotado em cada caso Poreacutem as UBS tinham poucos registros do
seguimento dessas pacientes por isso foram adotadas outras estrateacutegias
Portanto com o objetivo de levantar os dados referentes ao seguimento das
pacientes encaminhadas para acompanhamento de ASC-H e pior diagnoacutestico foram
realizadas visitas ao Centro Viva Vida em Itabirito que eacute o centro de referecircncia para
atenccedilatildeo secundaacuteria do municiacutepio de Ouro Preto E para levantamento do novo exame
citopatoloacutegico foi realizada pesquisa nos registros do Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio
de Ouro Preto que presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos
do colo do uacutetero
56 Anaacutelise dos dados
Os dados dos exames citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I e
Laboratoacuterio Tipo II foram digitados no Excel (Microsoft Office Professional Plus 2013)
para elaboraccedilatildeo do banco de dados A anaacutelise dos dados foi realizada pelo pacote
estatiacutestico Stata versatildeo 11 foi calculada a concordacircncia dos resultados dos exames
citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e II e o Kappa antes a apoacutes o Consenso A
frequecircncia de esfregaccedilos discordantes incluindo RFP e retardo de conduta entre os
Laboratoacuterios Tipo I e II foi calculada antes e apoacutes a Reuniatildeo de Consenso no total de
321 esfregaccedilos O coeficiente Kappa eacute classificado em concordacircncia pobre (0ltKlt040)
concordacircncia moderada (040ltKlt060) concordacircncia boa (060ltKlt080) concordacircncia
excelente (080ltKlt1) o valor zero indica ausecircncia de concordacircncia e o valor 1
corresponde a concordacircncia perfeita (LANDIS KOCH 1977) Foi calculada a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) atraveacutes da seguinte foacutermula
VPR = [coeficiente final - coeficiente inicial]100
coeficiente inicial
O caacutelculo dos indicadores de qualidade foi realizado utilizando um banco de
dados do Laboratoacuterio Tipo I onde satildeo mantidos registros de todos os exames realizados
com seus respectivos resultados Para avaliaccedilatildeo pontual os indicadores de qualidade
foram calculados antes da reuniatildeo de consenso ano de 2013 e depois da reuniatildeo de
consenso ano de 2014 Para avaliaccedilatildeo temporal do efeito da reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Metodologia
37
proporcionada por um MEQ calculou-se os indicadores do Laboratoacuterio Tipo I dos anos
de 2012 2013 2014 e 2015 Foi utilizado para o caacutelculo as foacutermulas presentes no
Manual de Gestatildeo da Qualidade para Laboratoacuterio de Citopatologia (BRASIL 2016b)
Iacutendice de Positividade (IP) intervalo esperado 3-10
Nordm de exames alterados em determinado local e ano x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ACSSat)
intervalo esperado 4-5
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt)
intervalo esperado lt60
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames alterados
Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) intervalo
esperado lt3
Nordm de ex compatiacuteveis com ASC-US e ASC-H
No de exames com LSIL e HSIL
Percentual de exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
(HSILSat) intervalo esperado lt04
Ndeg de exames HSIL x 100
Total de exames satisfatoacuterios
REZENDE MT Resultados
38
6- Resultados
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
O Laboratoacuterio Tipo I enviou 321 esfregaccedilos para o Laboratoacuterio Tipo II
classificados como 3 (09) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 84 (262) negativos 41
(128) ASC-US 163 (508) LSIL 12 (37) ASC-H 16 (50) HSIL e 2 (06)
AGC-SOE Apoacutes a reuniatildeo de consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II chegou-
se no diagnoacutestico final de 3 (093) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 143 (446) negativos
44 ASC-US (137) 8 ASC-H (25)101 LSIL (315) 21 HSIL (65) e 1 AGC-
SOE (03) Foram considerados discordantes entre os laboratoacuterios 151 (470)
esfregaccedilos (Tabela 1)
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
Tipo I Tipo II Consenso
Diagnoacutestico n () n () n ()
Insatisfatoacuterio 3 09 4 13 3 09
Negativo 84 262 227 707 143 446
ASC-US 41 122 17 53 44 137
ASC-H 12 37 3 09 8 25
LSIL 163 508 54 168 101 315
HSIL 16 50 12 37 21 65
HSIL micro invasor 0 0 1 03 0 0
AGC-SOE 2 06 3 09 1 03
Total 321 100 321 100 321 100
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
Do total de exames revisados pelo Laboratoacuterio Tipo II foram concordantes 84
(262) esfregaccedilos negativos e 3 (093) classificados como insatisfatoacuterios pelo Tipo I
Dos 41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 6 (1463) foram
concordantes pelo Tipo II e os 35 (854) restantes foram reclassificados como
REZENDE MT Resultados
39
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 53
(325) foram considerados concordantes pelo Tipo II 92 (564) foram
reclassificados como negativos 11 (68) como ASC-US 2 (12) como ASC-H 4
(25) como HSIL e 1 (06) reclassificado como AGC-SOE Dos 12 (37)
esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo Tipo I 1 (83) foi considerado
concordante pelo Tipo II 9 (75) foram reclassificados como negativos 1 (83)
como insatisfatoacuterio 1 (83) como HSIL Dos 16 (50) esfregaccedilos classificados como
HSIL emitidos pelo Tipo I 7 (438) foram considerados concordantes pelo Tipo II 6
(375) foram reclassificados como negativos 1 (63) como LSIL 1 (63) como
HSIL micro invasor e 1(63) como AGC-SOE Dos 2 (06) esfregaccedilos classificados
como AGC-SOE pelo Tipo I 1 (500) foi considerado concordante pelo Tipo II Entre
o Laboratoacuterio Tipo I e o Tipo II houve 7 (22) casos de retardo de conduta sendo 4
(571) LSIL para HSIL 2 (286) LSIL para ASC-H e 1 (143) LSIL para AGC-
SOE (Tabela 2)
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso
Tipo II
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL HSIL micro
invasor AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 35 6 41
ASC-H 1 9 1 1 12
LSIL 92 11 2 53 4 1 163
HSIL 6 1 7 1 1 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 4 227 17 3 54 12 1 3 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa
de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas
sem outras especificaccedilotildees
Os resultados definidos apoacutes o Consenso estatildeo descritos na Tabela 3 Observou-
se 203 (65) de casos discordantes entre os 321 esfregaccedilos analisados Os esfregaccedilos
negativos insatisfatoacuterios e todos os classificados como HSIL foram concordantes Dos
REZENDE MT Resultados
40
41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 27 (659) foram
considerados concordantes pelo Tipo II e 14 (342) foram reclassificados como
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 101
(620) foram considerados concordantes 39 (239) foram reclassificados como
negativos pelo Tipo II 17 (104) como ASC-US 2 (12) como ASC-H e 4 (25)
reclassificados como HSIL Dos 12 (374) esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo
Tipo I 6 (500) foram concordantes 5 (417) esfregaccedilos foram reclassificados como
negativos e 1 (83) foi reclassificado como HSIL pelo Tipo II Dos 2 (06)
esfregaccedilos classificados como AGC-SOE pelo Tipo I somente 1 (500) foi
concordante Portanto apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de Consenso foram constatados 6
(19) casos de retardo de conduta sendo 4 (667) diagnoacutesticos iniciais de LSIL
reclassificados para HSIL e 2 (333) diagnoacutesticos iniciais de LSIL reclassificados para
ASC-H (Tabela 3)
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia diagnoacutestica entre o Laboratoacuterio Tipo I e o
Laboratoacuterio Tipo II apoacutes o Consenso
Consenso
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 14 27 41
ASC-H 5 6 1 12
LSIL 39 17 2 101 4 163
HSIL 16 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 3 143 44 8 101 21 1 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
REZENDE MT Resultados
41
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Foi avaliada a concordacircncia dos resultados dos Laboratoacuterios Tipo I e II antes e
apoacutes Consenso Observou-se concordacircncia antes do Consenso de 527 entre os
Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II com Kappa de 029 Apoacutes a Reuniatildeo de Consenso foi
observado 798 (VPR=+514) de concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
com aumento do Kappa para 066 (VPR=+1276) (Tabela 4)
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso
Tipo I x Tipo II Antes do consenso Apoacutes consenso VPR
Concordacircncia () 527 798 +514
Kappa 029 066 +1276
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Antes do consenso o total de esfregaccedilos discordantes foi de 151 (470) casos e
depois do consenso esse nuacutemero reduziu para 65 (203) casos Antes do consenso foi
observado um percentual de 449 (144) RFP entre os Laboratoacuterios Tipo I e II e apoacutes o
consenso esse nuacutemero diminuiu para 184 (59) Natildeo houve nenhum caso de RFN
Entre o Laboratoacuterio Tipo I e II antes do consenso houve 7 (22) casos de retardo de
conduta e depois do consenso esse nuacutemero caiu para 6 (19) casos (Tabela 5)
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o Consenso
Tipo I x Tipo II Discordantes
Antes do consenso Apoacutes consenso
n N
Falso-positivo 144 449 59 184
Retardo de conduta 7 22 6 19
Total 151 470 65 203
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II
REZENDE MT Resultados
42
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos
O IP era 156 e apoacutes consenso passou para 120 reduccedilatildeo de
aproximadamente 230 (VPR=-2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor
apoacutes o consenso de 57 para 46 reduccedilatildeo por volta de 190 (VPR=-1910) O
HSILSat diminuiu de 10 para 07 (VPR=-2647) apoacutes consenso A razatildeo ASCSIL
antes do consenso era de 06 e apoacutes sua realizaccedilatildeo aumentou para 06
(VPR=+1017) O mesmo ocorreu em relaccedilatildeo ao indicador ASCAlt que passou de
365 para 384 (VPR=+515) Houve diferenccedila significativa entre os valores dos
indicadores IP ASCSat e ASCAlt antes e apoacutes reuniatildeo de consenso valor de p foi
menor que 005 (Tabela 7)
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso
Indicadores Antes consenso Apoacutes consenso VPR p
IP (3-10) 156 120 -2314 lt 00001
ASCSat (4-5) 57 46 -1910 001
ASCSIL (lt3) 06 06 +1017 0053
ASCAlt (lt60) 365 384 +515 lt 00001
HSILSat (gt04) 10 07 -2647 00825
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
O IP no ano de 2012 foi de 1115 aumentou para 156 em 2013 apoacutes o
MEQ em 2014 reduziu para 120 e em 2015 este indicador passou para 99 O
ASCSat foi de 49 em 2012 um ano depois apresentou valor de 57 depois da
realizaccedilatildeo do MEQ em 2014 passou para 46 e em 2015 foi para 48 Os outros
indicadores da qualidade apresentaram valores que variaram dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (Tabela 8)
REZENDE MT Resultados
43
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade
Indicadores 2012 2013 2014 2015
IP (3-10) 111 156 120 99
ASCSat (4-5) 49 57 46 48
ASCSIL (lt3) 09 06 06 10
ASCAlt (lt60) 439 365 384 485
HSILSat (gt04) 09 10 07 05
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
Do total de 234 esfregaccedilos positivos foi possiacutevel obter o seguimento de 107
(457) casos em que 22 foram considerados inicialmente com diagnoacutestico de ASC-
US 76 LSIL 2 ASC-H 1 AGC-SOE e 6 HSIL Dos ASC-US iniciais somente 1 teve
resultado concordante no seguimento Dos 76 esfregaccedilos considerados como LSIL 23
tiveram resultado do seguimento concordante Os 2 resultados ASC-H foram negativos
no seguimento assim como o AGC-SOE Dos 6 resultados HSIL emitidos pelo Tipo I
5 foram confirmados pela bioacutepsia O seguimento de 127 (542) mulheres em que 77
(6063) deveriam ter repetido o exame citopatoloacutegico e 20 (158) deveriam ter sido
encaminhadas para a colposcopia e bioacutepsia natildeo foi resgatado (Figura 3)
Figura 3 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Resultados
44
Apoacutes a realizaccedilatildeo da Reuniatildeo de Consenso o percentual de RFP foi definido em
184 num total de 59 casos assim distribuiacutedos 14 ASC-US (238) 39 LSIL
(660) 5 ASC-H (85) e 1 AGC-SOE (17) sendo 898 lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 102 de alto grau Do total de 59 RFP foi possiacutevel obter 9
(152) resultados citopatoloacutegicos alterados no seguimento 8 de repeticcedilatildeo da citologia
e uma bioacutepsia inicialmente 6 diagnosticados como LSIL pelo Laboratoacuterio Tipo I no
seguimento tiveram resultado de 3 LSIL e 3 ASC-US Dos 3 ASC-US iniciais dados
pelo Tipo I no seguimento resultaram em 1 LSIL 1 ASC-US e 1 ASC-H (Figura 4)
Figura 4 Seguimento dos casos com resultados falso-positivos (RFP) acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Discussatildeo
45
7- Discussatildeo
Os resultados deste estudo mostraram que apoacutes reuniatildeo de Consenso onde
ocorreu discussatildeo dos resultados discordantes houve melhora na concordacircncia
diagnoacutestica entre os laboratoacuterios a concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou para 798 e o coeficiente Kappa foi alterado de 029 para 066 Estes
resultados estatildeo de acordo com estudo realizado por Freitas Thuler (2012) no Mato
Grosso do Sul analisando a concordacircncia diagnoacutestica entre Laboratoacuterio Tipo II e 15
Laboratoacuterios Tipo I entre 2002 e 2011 em que o valor miacutenimo do Kappa passou de 01
no primeiro ano para 08 em 2011 No uacuteltimo ano dos 8 laboratoacuterios avaliados 7
atingiram a concordacircncia perfeita ou excelente (coeficiente Kappagt080) e um
concordacircncia boa Aacutezara et al (2016) avaliaram os efeitos de um programa de
educaccedilatildeo continuada realizado por um Laboratoacuterio Tipo II no periacuteodo de 2007 a 2011
sobre os laboratoacuterios de citopatologia e verificaram que o coeficiente Kappa manteve-se
excelente em 3 laboratoacuterios (kappa gt 080 e lt10) e alterou de bom (kappa gt 060 e
lt080) a excelente em 7 Os resultados observados no presente estudo estatildeo de acordo
com os dados de Freitas Thuler (2012) e Aacutezara et al (2016) em que se observou
melhoria da concordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes MEQ
Enfatiza-se que nosso trabalho comparou o momento antes e depois da reuniatildeo
consenso durante um MEQ ou seja foi realizada uma avaliaccedilatildeo pontual diferentemente
dos estudos encontrados na literatura que fizeram uma anaacutelise ao longo do tempo apoacutes
vaacuterios MEQ mas mesmo assim na presente avaliaccedilatildeo foi observado aumento da
concordacircncia e do kappa Indicando que somente uma reuniatildeo de consenso foi
suficiente para mudanccedila de postura dos citopatologistas envonvidos no MEQ
O valor da discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes a
reuniatildeo de Consenso no presente estudo foi 2025 Em um estudo realizado em
Goiacircnia estado de Goiaacutes comparando a variabilidade dos diagnoacutesticos citoloacutegicos dos
Laboratoacuterios Tipo I avaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II 759 foram considerados
discordantes (AacuteZARA et al 2013) Etlinger et al (2012) no estado de Satildeo Paulo
observou que a discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e o Laboratoacuterio
Tipo II foi de 1348 Em Satildeo Paulo Pereira et al (2006) avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I de citologia da Rede Puacuteblica de Sauacutede do estado submetidos ao
MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e a discordacircncia foi de 142 Estes dados estatildeo
REZENDE MT Resultados
46
abaixo do valor de discordacircncia encontrado nesse estudo apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de
Consenso Observa-se que a maioria dos diagnoacutesticos que levaram a discordacircncia do
presente estudo foram esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de
baixo grau LSIL e ASC-US e que o Laboratoacuterio Tipo II reclassificou como negativo
portanto RFP Nesses casos a conduta cliacutenica que seria adotada no primeiro momento eacute
a repeticcedilatildeo da citologia em seis meses portanto natildeo causaria maiores transtornos a
mulher ou custos altos com os cuidados de sauacutede Outra parte dos diagnoacutesticos que
levaram a essa discordacircncia foram ajuste de criteacuterios os quais natildeo atrasam a conduta
cliacutenica da mulher e aleacutem disso durante a reuniatildeo de consenso permitem aos
citopatologistas ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final Ainda pode-se citar os resultados dos seguimentos dos casos com RFP
acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso em que foram encontrados 9 seguimentos e
todos com resultado citopatoloacutegico alterado Dessa forma dos resultados que o
Laboratoacuterio Tipo I voltou atraacutes na reuniatildeo de consenso nove deles mostraram
resultaram alterado ou seja natildeo necessariamente o Laboratoacuterio Tipo I precisaria ter
voltado atraacutes nesses disgnoacutesticos Isso ressalta a importacircncia da discussatildeo dos casos
discordantes durante a reuniatildeo de consenso para ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos
utilizados pelos citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II (PEREIRA et al
2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2013)
Entre os exames citopatoloacutegicos considerados discordantes natildeo foi identificado
nenhum RFN e apoacutes a reuniatildeo de Consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e II verificou-
se reduccedilatildeo dos RFP Sabe-se que os RFN satildeo mais preocupantes que os RFP visto que
mulheres natildeo diagnosticadas natildeo retornam para o acompanhamento e seguem em risco
da evoluccedilatildeo de lesotildees precursoras do CCU Por outro lado os RFP com diagnoacutestico
inicial de ASC-H ou pior diagnoacutestico em que a conduta preconizada eacute o
encaminhamento para colposcopia e bioacutepsia submetem as mulheres a procedimentos
desnecessaacuterios que podem modificar sua vida sexual e gerar danos psicoloacutegicos aleacutem
de gerar custos adicionais com os cuidados de sauacutede E os RFP com diagnoacutestico inicial
de ASC-US ou LSIL atrasam a repeticcedilatildeo da citologia (FRABLE 2007 GULLO et al
2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Inicialmente o Laboratoacuterio Tipo II classificou 144 (144) dos exames
citopatoloacutegicos como RFP e apoacutes a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero passou para
184 (59) Dos 59 RFP 14 (238) resultados foram classificados como ASC-US que
REZENDE MT Resultados
47
eacute diagnoacutestico limiacutetrofe que apresenta grande variabilidade interobservador Os RFP
acordados apoacutes o consenso foram distribuiacutedos em 53 (898) lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 6 (102) lesotildees intraepiteliais escamosas de alto grau
Dentre os resultados discordantes entre o Laboratoacuterio Tipo I e II houve 7 casos
considerados retardo de conduta (22) que apoacutes a reuniatildeo de consenso ficaram
definidos em 6 (19) nuacutemeros proacuteximos daqueles encontrados por Aacutezara et al (2013)
em que houve atraso no procedimento cliacutenico em relaccedilatildeo a 244 dos casos
Aacutezara et al (2016) verificaram que apoacutes a educaccedilatildeo continuada proporcionada
aos Laboratoacuterios Tipo I de 2007 a 2011 houve diminuiccedilatildeo dos casos de retardo de
conduta a taxa de RFN foi reduzida em oito laboratoacuterios e a taxa de RFP foi reduzida
em 5 deles Pereira et al (2006) no estado de Satildeo Paulo avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I do estado submetidos ao MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e
observaram um nuacutemero de RFP (166) maior do que os RFN (78) No primeiro ano
de MEQ os RFP foram 178 e nos anos seguintes esse nuacutemero foi reduzindo ateacute
chegar em 37 no ano de 2004 Os RFP foram distribuiacutedos em 933 de lesotildees de
baixo grau e 67 de lesotildees de alto grau no primeiro ano de estudo O valor de RFP e
a distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau apoacutes reuniatildeo de consenso do presente
estudo foram bem proacuteximos dos encontrados por Pereira et al (2006) no primeiro ano
de avaliaccedilatildeo Em estudo semelhante realizado no estado de Satildeo Paulo de 2000 a 2010
por Etlinger et al (2012) constatou-se o total de 206 de RFP um valor baixo
comparado com o encontrado nesse estudo assim como aqueles dos anos de 2001 a
2004 de Pereira et al (2006) Percebe-se que o tempo de avaliaccedilatildeo desses estudos
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2016) foi maior do que
o utilizado no presente trabalho em que foi realizada uma avaliaccedilatildeo antes e depois de
uma reuniatildeo de consenso indicando que a educaccedilatildeo continuada proporcionada pelo
MEQ nesses periacuteodos que os estudos ocorreram contribuiu para a uniformizaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos e melhoria da reprodutibilidade dos exames citopatoloacutegicos
Portanto ainda que no presente estudo tenha sido feita uma avaliaccedilatildeo pontual natildeo foram
encontrados RFN entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes consenso e houve reduccedilatildeo de
RFP e retardo de conduta Aleacutem disso a porcentagem de RFP observada estaacute
aproximada dos dados da literatura nos primeiros anos de estudo assim como
distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau
REZENDE MT Resultados
48
Com o intuito de aprofundar os criteacuterios utilizados na avaliaccedilatildeo buscou-se os
seguimentos das pacientes com diagnoacutestico citopatoloacutegico alterado Esses resultados
foram mais concordantes com os diagnoacutesticos do Laboratoacuterios Tipo II entretanto a
maior parte dos esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de baixo
grau ASC-US e LSIL no seguimento os resultados foram negativos ou seja essas
lesotildees regrediram entre o periacuteodo da primeira citologia ateacute a realizaccedilatildeo da nova
citologia E ainda quando analisamos as lesotildees verdadeiramente precursoras do CCU as
HSIL a concordacircncia do seguimento foi maior com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Estudo de Tobias et al (2016) analisando os laboratoacuterios citopatoloacutegicos do estado de
Minas Gerais que prestam serviccedilo para o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mostraram
que de uma forma geral estes laboratoacuterios detectam baixos iacutendices de lesotildees
precursoras do CCU Portanto se avaliarmos dessa forma o Laboratoacuterio Tipo I do
presente estudo vem cumprindo com o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo do CCU jaacute
que as lesotildees com verdadeiro potencial de progressatildeo para o cacircncer estatildeo sendo
detectadas confirmadas pela colposcopia e bioacutepsia permitindo assim que a paciente
seja tratada impedindo a evoluccedilatildeo para o cacircncer (BORTOLON et al 2012 BRASIL
2016b) Do total de 59 RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso foi possiacutevel obter 9
resultados citopatoloacutegicos no seguimento e todas tiveram resultado alterado Observa-
se que o resultado inicial do Laboratoacuterio Tipo I estava correto e que a discussatildeo dos
resultados discordantes como neste caso proporciona melhora tanto dos criteacuterios do
Tipo I quanto do Tipo II
Evidenciado por Bortolon et al (2012) grande parte dos laboratoacuterios brasileiros
apresentam indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos fora dos niacuteveis
preconizados isso pode levar a natildeo identificaccedilatildeo de casos positivos e consequentemente
a liberaccedilatildeo de RFN Plewka et al (2014) avaliando o desempenho de 13 laboratoacuterios
do Estado do Paranaacute prestadores de serviccedilo para o SUS mostraram que os indicadores
da maioria dos laboratoacuterios estavam abaixo do recomendado Tobias et al (2016)
apontou que a maioria dos laboratoacuterios que prestam serviccedilos ao SUS do estado de MG
apresentaram indicadores fora do intervalo recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Esses estudos demonstram a necessidade de implantaccedilatildeo de programas de garantia da
qualidade do exame citopatoloacutegico como o MIQ e MEQ aleacutem da avaliaccedilatildeo perioacutedica
de ambos (BRASIL 2013a BRASIL 2016b) O MIQ inclui a implantaccedilatildeo do sistema
REZENDE MT Resultados
49
de indicadores de qualidade que satildeo de faacutecil compreensatildeo execuccedilatildeo e anaacutelise Satildeo
instrumentos importantes para a garantia de qualidade em citopatologia cervical pois
satildeo reconhecidos como vaacutelidos para a avaliaccedilatildeo da qualidade do exame citopatoloacutegico
do colo do uacutetero (SIEGL et al 2014 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b) O MEQ
proporciona para os laboratoacuterios monitorados educaccedilatildeo continuada e discussatildeo dos
casos discordantes que contribui para melhoria da habilidade profissional dos
citopatologistas na medida que o treinamento e fornece maior acuraacutecia no diagnoacutestico
das lesotildees precursoras do CCU possibilitando maior certeza na emissatildeo do laudo
(AacuteZARA et al 2016)
O iacutendice de positividade (IP) expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares e a
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo alvo sendo
que nos paiacuteses em que houve diminuiccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade por
CCU nos Estados Unidos Noruega e Reino Unido o IP foi 68 (DAVEY et al
2004) 49 (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) e 64 (NHS 2011)
respectivamente Os resultados de IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais do
estudo realizado por Bortolon et al (2012) mostraram que 58 dos laboratoacuterios
apresentavam IP muito baixo 19 baixo e somente 23 dentro do esperado sendo
que esses foram responsaacuteveis por apenas 14 do total de exames realizados no estado
Ainda verificou que a meacutedia do IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais foi 22
em 2010 valor inferior ao recomendado Estudo mais recente realizado por Tobias et al
(2016) mostrou que a maioria dos laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam serviccedilo
para o SUS independentemente da escala de produccedilatildeo tem valores de IP bem abaixo da
faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Sendo assim o IP baixo pode indicar a presenccedila de RFN apontando que eacute
necessaacuterio a reavaliaccedilatildeo do MIQ do laboratoacuterio a fim de intervir nos meacutetodos utilizados
assim como na qualificaccedilatildeo profissional dos citopatologistas (PLEWKA et al 2014
BRASIL 2016b) Observou-se no estudo de Aacutezara et al (2014) que o IP foi inferior a
3 em aproximadamente 74 dos laboratoacuterios do Estado de Goiaacutes que natildeo
participaram do MEQ ressaltando a importacircncia da inclusatildeo dos laboratoacuterios
citopatoloacutegicos nesse programa
O IP verificado neste trabalho foi de 120 apoacutes a reuniatildeo de consenso que
apesar de ter melhorado apoacutes a discussatildeo dos casos discordantes ainda estaacute um pouco
acima do esperado que eacute de 3 a 10 (BRASIL 2016b) isso pode expressar uma alta
REZENDE MT Resultados
50
prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na populaccedilatildeo estudada Miranda et al
(2013) determinou a persistecircncia da infecccedilatildeo pelo HPV em 596 das mulheres do
municiacutepio de Ouro Preto MG e que os tipos virais de alto risco foram os mais
persistentes ainda comprovou ainda que a presenccedila de alteraccedilotildees citoloacutegicas que podem
evoluir para o CCU estaacute associada agrave infecccedilatildeo por HPV
As ceacutelulas escamosas atiacutepicas (ASC) sugerem duacutevida diagnoacutestica em que natildeo
haacute criteacuterios citomorfoloacutegicos suficientes para o diagnoacutestico de lesatildeo intraepitelial tendo
potencial para uso exagerado Um alto iacutendice da razatildeo ASCSat indica grande nuacutemero
de RFP implicando na oferta desnecessaacuteria de exames para a investigaccedilatildeo diagnoacutestica o
que representa um ocircnus para a mulher e para a rede de sauacutede (BRASIL 2016b)
Portanto eacute preciso assegurar o monitoramento de qualidade dos laboratoacuterios de
citopatologia do colo do uacutetero para que os iacutendices de positividade se enquadrem no
preconizado ao mesmo tempo sem que haja aumento de ASC (BORTOLON et al
2012) No estado de Minas Gerais em estudo realizado por Bortolon et al (2012) foi
averiguado que o indicador ASCSat dos laboratoacuterios do estado foi 11 em 2010 valor
inferior ao recomendado Enquanto que os outros estados da Regiatildeo Sudeste tambeacutem
estavam com o indicador fora dos paracircmetros sendo Espirito Santo com 12 Rio de
Janeiro com 19 e Satildeo Paulo com 27 e a meacutedia da Regiatildeo foi entatildeo de 21 o que
indica a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios utilizados na definiccedilatildeo de ASC No
presente estudo verificou-se que antes da reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat do
Laboratoacuterio Tipo I apresentava valor de 571 fora da faixa indicada como ideal de 4
a 5 de acordo com o Manual de Gestatildeo da Qualidade (BRASIL 2016b)
Posteriormente a reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat observado foi de 462
dentro da faixa recomendada
Os demais indicadores de qualidade permaneceram dentro do recomendado apoacutes
o consenso A relaccedilatildeo ASCSIL que deve ser inferior a trecircs teve valor de 06 apoacutes a
accedilatildeo O valor dessa razatildeo dentro do recomendado indica que os criteacuterios diagnoacutesticos de
SIL e ASC estatildeo precisos O valor estaacute de acordo com os outros laboratoacuterios dos
estados da Regiatildeo Sudeste de acordo com estudo realizado em 2010 por Bortolon et al
(2012) 12 para o Rio de Janeiro 20 para Satildeo Paulo 11 para Espiacuterito Santo e Minas
Gerais
O ASCAlt deve ser inferior a 60 sendo que o valor encontrado nesse estudo
apoacutes o consenso de 384 permaneceu dentro do proposto Esse indicador tem a
REZENDE MT Resultados
51
finalidade de monitorar os casos de ASC para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente
Ressalta-se que o percentual elevado de ASC indica que o laboratoacuterio apresenta
problemas na fase preacute-analiacutetica analiacutetica ou em ambas as fases (BRASIL 2016b
AacuteZARA et al 2014) No estudo de Aacutezara et al (2014) 29 dos laboratoacuterios que natildeo
eram monitorados tiveram o indicador ASCAlt fora dos paracircmetros Aleacutem disso
aqueles laboratoacuterios natildeo monitorados que apresentaram IP dentro da faixa
recomendada e ASCAlt fora do recomendado estavam relacionados a um alto
percentual de ASC e natildeo de lesotildees precursoras do CCU Assim recomenda-se que esses
dois indicadores devem ser analisados em conjunto pois um IP adequado pode conter
uma elevada percentagem de ASC (BRASIL 2016b BRASIL 2013a)
Dessa forma acredita-se que o valor de IP encontrado em 2014 esteja um pouco
fora do esperado devido agrave alta prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na
populaccedilatildeo do municiacutepio de Ouro Preto MG E quando analisa-se o indicador ASCAlt
observa-se que tanto antes da reuniatildeo de consenso valor de 365 quanto depois valor
de 384 ambos estatildeo dentro do recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede que eacute menor
de 60 (BRASIL 2016b) ou seja o Laboratoacuterios Tipo I vem usando adequadamente
os criteacuterios para classificaccedilatildeo das ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado a qual tem potencial para uso exagerado
O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente
precursoras do CCU e deve ser igual ou superior a 04 valor que foi baseado nos
obtidos em paiacuteses em que o rastreamento foi bem-sucedido na diminuiccedilatildeo das taxas de
incidecircncia e mortalidade por CCU como 05 nos Estados Unidos (EVERSOLE et al
2010) 11 no Reino Unido (NHS CANCER SCREENING PROGRAMMES 2011) e
114 na Noruega (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) Obteve-se tanto antes
quanto depois da reuniatildeo de consenso valor da razatildeo HSILSat maior de 04 dessa
maneira o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo secundaacuteria do CCU vem sendo alcanccedilado
jaacute que as HSIL lesotildees que podem evoluir para o cacircncer estatildeo sendo detectadas
(BRASIL 2016b) Portanto ressalta-se que as lesotildees intraepiteliais de alto grau satildeo o
foco dos programas de rastreio do CCU para diminuiccedilatildeo de sua incidecircncia e
mortalidade (BORTOLON et al 2012) Os laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam
serviccedilo para o SUS apresentaram em 2012 detecccedilatildeo baixa de lesotildees precursoras do
CCU destacando a necessidade de investir na garantia da qualidade do exame
citopatoloacutegico por meio do MIQ e MEQ (TOBIAS et al 2016)
REZENDE MT Resultados
52
Aacutezara et al (2014) avaliaram o impacto da educaccedilatildeo continuada fornecida por
Laboratoacuterio Tipo II sobre os indicadores de qualidade de 12 laboratoacuterios monitorados
do Estado de Goiaacutes verificou-se efeito direto sobre os indicadores IP e o HSILSat que
melhoraram apoacutes a intervenccedilatildeo A educaccedilatildeo continuada fornecida pelo MEQ ajudou na
padronizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos aprimorando as competecircncias dos
citopatologistas em detectar alteraccedilotildees celulares sugestivas de CCU Constatou-se ainda
que a maioria dos laboratoacuterios que apresentaram indicadores na faixa estabelecida
estavam participando do MEQ
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I calculados nesse estudo dois
anos apoacutes o MEQ do ano de 2015 mostram que todos estatildeo dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede inclusive o IP que passou de 120 para 99
indicando que a accedilatildeo foi positiva e duradoura com o passar do tempo
Os resultados deste estudo mostraram que os indicadores de qualidade do
Laboratoacuterio Tipo I melhoraram apoacutes reuniatildeo de consenso proporcionada pelo MEQ
dessa forma eacute crucial a participaccedilatildeo dos laboratoacuterios de citopatologia no programa para
identificaccedilatildeo dos erros diagnoacutesticos e padronizaccedilatildeo dos criteacuterios utilizados na
classificaccedilatildeo das alteraccedilotildees citoloacutegicas Isso possibilita a adequaccedilatildeo dos indicadores nos
paracircmetros ideais permitindo a detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente precursoras do
CCU o que refletiraacute na reduccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade deste cacircncer
REZENDE MT Conclusotildees
53
8- Conclusotildees
A concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e II foi boa apoacutes a reuniatildeo de
Consenso
Dentre os resultados discordantes natildeo foi identificado nenhum RFN Os RFP e os
casos de retardo de conduta foram reduzidos apoacutes a reuniatildeo de consenso
O IP e o ASCSat apoacutes o consenso atingiram a faixa estabelecida e os outros
indicadores da qualidade permaneceram dentro do recomendado tanto antes quanto apoacutes
a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de consenso
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I dois anos apoacutes o MEQ estatildeo
dentro da faixa recomendada
Os seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia
com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso tiveram
resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Referecircncias
54
9- Consideraccedilotildees finais
Com apenas uma participaccedilatildeo no MEQ observou-se a importacircncia da reuniatildeo de
consenso realizada entre os Laboratoacuterios Tipos I e Tipo II para a anaacutelise e discussatildeo
dos casos discordantes Eacute um momento crucial para o ajuste dos criteacuterios
citomorfoloacutegicos utilizados no diagnoacutestico de lesotildees preacute-neoplaacutesicas pelos
citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II proporcionando um aprimoramento
desses criteacuterios Dessa forma apenas com uma accedilatildeo pontual minimiza-se a divergecircncia
diagnoacutestica do exame citopatoloacutegico Portanto a reuniatildeo de consenso proporcionada
pelo MEQ deve ser vista como uma parceria e como um momento de aprendizado para
ambos os laboratoacuterios pois eacute uma praacutetica de aperfeiccediloamento diagnoacutestico essencial para
o rastreamento do CCU
A praacutetica contiacutenua do MEQ deve igualmente ser priorizada em um programa
organizado de rastreamento do CCU pois o regular monitoramento dos laboratoacuterios
garante a produccedilatildeo de exames citopatoloacutegicos de qualidade e que contribuem
significativamente na detecccedilatildeo de lesotildees precursoras desta neoplasia
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REZENDE MT Apecircndices
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Apecircndices
Apecircndice A Planilha do preacute-escrutiacutenio raacutepido
PLANILHA DO PREacute-ESCRUTIacuteNIO RAacutePIDO (PER)
DATA DE CHEGADA
DATA
REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA
RESULTADO DO PER
N= Negativo I= Insatisfatoacuterio S= Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
67
Apecircndice B Planilha da revisatildeo raacutepida de 100
PLANILHA DA REVISAtildeO RAacutePIDA DE 100 DOS NEGATIVOS (RR100)
DATA DE CHEGADA
DATA REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA RESULTADO DA RR100
FLORA
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
68
Apecircndice C Planilha dos resultados positivos e insatisfatoacuterios
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS POSITIVOS E INSATISFATOacuteRIOS
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO
ER
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
69
Apecircndice D Planilha de revisatildeo dos resultados discordantes
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS DISCORDANTES
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO ER
RESULTADO RR100
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Anexos
70
Anexos
Anexo 1 Requisiccedilatildeo de exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero
REZENDE MT Anexos
71
REZENDE MT Introduccedilatildeo
13
desempenho dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do colo uterino e fornecer educaccedilatildeo
continuada aos citopatologistas com o intuito de aprimorar o diagnoacutestico citopatoloacutegico
(FREITAS THULER 2012 AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio e
contemplam entre outras o monitoramento do preparo das lacircminas o tempo de
escrutiacutenio a carga de trabalho do citologista a revisatildeo dos esfregaccedilos e a implantaccedilatildeo
de sistema de indicadores de qualidade Dentre os meacutetodos de MIQ mais eficientes na
detecccedilatildeo de RFN cita-se a revisatildeo raacutepida de 100 (RR100) dos esfregaccedilos negativos
e o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) de todos os esfregaccedilos (TAVARES et al 2011 2014
BRASIL 2016b) A implementaccedilatildeo dos indicadores de qualidade eacute fundamental pois
permite comparar a situaccedilatildeo atual com metas desejadas assim eacute possiacutevel acompanhar o
comportamento do indicador apoacutes a realizaccedilatildeo de alguma intervenccedilatildeo auxiliando na
tomada de decisatildeo (BORTOLON et al 2012 PLEWKA et al 2014 BRASIL 2016b)
Aleacutem do monitoramento da qualidade dos exames citopatoloacutegicos a eficiecircncia
do rastreamento do CCU depende do seguimento adequado das mulheres com
resultados alterados mantendo no programa aquelas que devem repetir o exame ou
serem encaminhadas adequadamente para a colposcopia e bioacutepsia (ZOLA et al 2007
ALBUQUERQUE et al 2012) O seguimento permite que seja feito a correlaccedilatildeo do
diagnoacutestico citoloacutegico com a histologia que eacute uma importante ferramenta usada como
medida da garantia da qualidade e do desempenho dos laboratoacuterios de citopatologia
(ANSCHAU GONCcedilALVES 2011 TURKMEN et al 2013)
Portanto eacute imprescindiacutevel a implantaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ na rotina
dos laboratoacuterios de citopatologia pois satildeo parte integrante da estrateacutegia de garantia e
melhoria contiacutenua da qualidade com a finalidade de reduzir as falhas do exame
citopatoloacutegico garantindo agraves mulheres a prestaccedilatildeo de um serviccedilo seguro
Um dos principais motivos da ocorrecircncia dos RFN e RFP satildeo problemas
relacionados agrave interpretaccedilatildeo diagnoacutestica (GAY NALDSON GOELLNER 1985
RENSHAW 2003 COLEMAN POZNANSKY 2006 BRANCA LONGATTO-
FILHO 2015) Sendo assim este trabalho teve como objetivo comparar os exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero submetidos ao MEQ com o intuito de minimizar
divergecircncias diagnoacutesticas a fim de reduzir os RFN e RFP que satildeo um dos maiores
problemas enfrentados pelos laboratoacuterios de citopatologia
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
14
2- Revisatildeo da Literatura
21 Cacircncer do colo do uacutetero
Estimativas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede apontaram o cacircncer do colo do
uacutetero (CCU) como o responsaacutevel pelo oacutebito de 266 mil mulheres em 2012 e
aproximadamente 87 ocorreram nas regiotildees menos desenvolvidas (WHO 2012) No
Brasil ocupa a terceira posiccedilatildeo entre os dez tipos de cacircncer mais incidentes estimados
para 2016 por sexo exceto pele natildeo melanoma Estima-se para o ano de 20162017 a
ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585 casos a cada
100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
A taxa de incidecircncia do CCU estimada para 20162017 por regiatildeo brasileira sem
considerar os tumores de pele natildeo melanoma eacute a mais alta na regiatildeo Norte
apresentando 2397 novos casos por 100 mil mulheres Eacute o segundo mais incidente nas
regiotildees Centro-Oeste e Nordeste com 2072 e 1949 novos casos a cada 100 mil
mulheres respectivamente E na regiatildeo Sudeste estaacute na terceira posiccedilatildeo com 1130
novos casos a cada 100 mil mulheres e na regiatildeo Sul na quarta com 1517 novos casos
a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
Define-se o CCU como a replicaccedilatildeo desordenada do epiteacutelio de revestimento
deste oacutergatildeo resultando em comprometimento do estroma e invasatildeo de estruturas e
oacutergatildeos contiacuteguos ou agrave distacircncia Na fase preacute-cliacutenica desta neoplasia natildeo se observam
sintomas de maneira que a detecccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees precursoras eacute realizada pelo
exame citoloacutegico por outro lado agrave medida que a doenccedila progride surgem sangramento
menorragias e metrorragias (HAMONT et al 2008 LIMBERGER et al 2012)
O CCU eacute uma doenccedila que possui evoluccedilatildeo lenta onde a progressatildeo de uma
lesatildeo inicial para a forma invasiva pode levar anos sendo entatildeo possiacutevel identificar suas
formas precursoras que satildeo trataacuteveis e curaacuteveis (MEDEIROS et al 2005 COLEMAN
POZNANSKY 2006 RAMA et al 2008) Assim trata-se de uma doenccedila evitaacutevel
podendo apresentar 100 de cura principalmente atraveacutes do diagnoacutestico precoce
realizado pelo exame citopatoloacutegico e tratamento adequado de lesotildees preacute-malignas
(ZEFERINO et al 1996 ELUF-NETO NASCIMENTO 2001 SANTOS et al 2013)
A infecccedilatildeo pelo papiloma viacuterus humano (HPV) eacute uma das doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis mais comuns em todo mundo em ambos os sexos sendo que a maioria
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
15
das pessoas adquirem o viacuterus no iniacutecio da atividade sexual A infecccedilatildeo tem iniacutecio nas
ceacutelulas basais da zona de transformaccedilatildeo do colo do uacutetero e a maioria eacute controlada pela
resposta imune celular ocorrendo sua eliminaccedilatildeo espontacircnea em torno de dois anos
sem causar lesotildees e sintomas (ALMONTE et al 2010 GRAVITT et al 2011)
O HPV eacute considerado o principal fator de risco associado ao desenvolvimento
do CCU e a infecccedilatildeo persistente no trato reprodutivo de mulheres pode levar ao
surgimento de lesotildees preacute-neoplaacutesicas (DE SANJOSE et al 2007 2010
GUDLEVICIENE et al 2010) Satildeo descritos hoje aproximadamente 130 genoacutetipos do
HPV sendo que desses 40 podem infectar a mucosa genital Os tipos de HPV satildeo
classificados em viacuterus de alto ou baixo risco oncogecircnico conforme a propensatildeo das
ceacutelulas infectadas agrave transformaccedilatildeo neoplaacutesica (WEISS ROSENTHAL ZIMET 2011
FERRAZ SANTOS DISCACCIATI 2012) Aproximadamente 15 tipos de HPV tecircm
potencial oncogecircnico e satildeo responsaacuteveis por praticamente todos os cacircnceres cervicais e
lesotildees precursoras desses os mais prevalentes satildeo os HPV 16 e 18 sendo associados
com aproximadamente 70 de todos os cacircnceres do colo do uacutetero (MAZARICO
GONZALEZ-BOSQUETE 2012 HOSTE VOSSAERT POPPE 2013)
Sabe-se que somente a infecccedilatildeo pelo HPV natildeo eacute suficiente para o
desenvolvimento do carcinoma pois haacute um periacuteodo de latecircncia entre a infecccedilatildeo e o
desenvolvimento das lesotildees preacute-neoplaacutesicas indicando que existem outros elementos
atuando como co-fatores na carcinogecircnese do colo do uacutetero dentre os quais cita-se o
iniacutecio precoce da vida sexual muacuteltiplos parceiros sexuais multiparidade histoacuteria de
doenccedila sexualmente transmitida imunossupressatildeo uso prolongado de anticoncepcional
oral e tabagismo (NATUNEN et al 2011 ZARDO et al 2014)
Desde a infecccedilatildeo pelo HPV ateacute o desenvolvimento do CCU transcorrem
aproximadamente quinze anos Considera-se esta progressatildeo lenta sendo possiacutevel nesse
tempo a identificaccedilatildeo precoce de lesotildees celulares associadas com a persistecircncia deste
viacuterus no trato genital por meio da citologia cervical Assim haacute tempo para que as
lesotildees possam ser tratadas adequadamente impedindo a progressatildeo para o cacircncer
(SNIJDERS et al 2006 DISCACCIATI et al 2011 FERRAZ SANTOS
DISCACCIATI 2012)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
16
22 Exame citopatoloacutegico
A estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do CCU desde sua introduccedilatildeo
em 1941 por George Papanicolaou eacute o exame citopatoloacutegico sendo responsaacutevel pela
reduccedilatildeo da incidecircncia e mortalidade desse cacircncer nas uacuteltimas cinco deacutecadas em paiacuteses
em que foi implantado de maneira eficiente (PAPANICOLAOU TRAUT 1977
ARBYN et al 2009 DIJKSTRA et al 2014) O rastreio utilizando a citologia
esfoliativa eacute considerado uma intervenccedilatildeo de sauacutede puacuteblica extremamente bem-
sucedida de forma que praticado de acordo com as diretrizes alcanccedila reduccedilotildees na
incidecircncia do CCU de ateacute 80 (FRANCO DUARTE-FRANCO FERENCZY 2001
OGILVIE et al 2010) Aleacutem disso mais de 60 de todos os casos de CCU satildeo
observados entre as mulheres que natildeo participam do rastreamento (STENVALL
WIKSTROM WILANDER 2007)
O exame citopatoloacutegico baseia-se no fato de que alteraccedilotildees nas ceacutelulas epiteliais
do colo uterino podem progredir ao longo do tempo permitindo o surgimento do
cacircncer Sendo assim o Papanicolaou eacute estrateacutegico para detecccedilatildeo dessas alteraccedilotildees nas
fases iniciais das lesotildees precursoras (CARVALHO QUEIROZ 2010) Eacute um exame
faacutecil raacutepido praacutetico seguro de baixo custo e eficaz na detecccedilatildeo de lesotildees cervicais e
por isso deve ser incentivado como meacutetodo de triagem (GREENWOOD MACHADO
SAMPAIO 2006 OLIVEIRA et al 2010 COBUCCI et al 2016)
Os procedimentos mais usados para a confecccedilatildeo dos esfregaccedilos para o exame
citopatoloacutegico satildeo a coleta convencional ou em meio liacutequido (ARBYN et al 2008
NANDINI et al 2012) A teacutecnica de citologia em meio liacutequido permite que as ceacutelulas
sejam suspensas em meio liacutequido e espalhadas em monocamada possibilitando assim
uma melhor avaliaccedilatildeo morfoloacutegica e tem sido introduzida nos paiacuteses desenvolvidos para
melhorar a sensibilidade do exame citopatoloacutegico (PAWAR et al 2014) Apesar deste
meacutetodo apresentar menos tempo de triagem fundo limpo e melhor distribuiccedilatildeo dos
elementos celulares os benefiacutecios natildeo justificam o alto custo assim a coleta
convencional deve ser a primeira escolha para os paiacuteses em desenvolvimento pois
quando realizado de maneira organizada e de acordo com os padrotildees de qualidade natildeo eacute
inferior a citologia em meio liacutequido (ILTER et al 2012 SHARMA et al 2016)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a coleta convencional Neste tipo de coleta o
espeacuteculo eacute introduzido no canal vaginal para expor o colo do uacutetero e satildeo utilizados a
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
17
espaacutetula de Ayre para a coleta de ceacutelulas da ectoceacutervice e a escova endocervical para
coleta de ceacutelulas da endoceacutervice (ARBYN et al 2008 VERMA JAIN KAUR 2014)
As ceacutelulas satildeo colocadas em uma lacircmina transparente de vidro com extremidade fosca
onde consta identificaccedilatildeo da paciente satildeo coradas e examinadas ao microscoacutepio pelos
profissionais habilitados que poderatildeo identificar ceacutelulas que apresentam alteraccedilotildees
indicativas de lesotildees preacute-malignas (ARBYN et al 2008 FERNANDES et al 2009
BRASIL 2011)
No Brasil a populaccedilatildeo alvo recomendada para a realizaccedilatildeo deste exame satildeo
mulheres na faixa etaacuteria de 25 ateacute os 64 anos de idade e agravequelas que jaacute iniciaram a vida
sexual Recomenda-se a realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico como ferramenta
de rastreamento sendo que deve ser repetido a cada trecircs anos apoacutes dois exames anuais
consecutivos normais A repeticcedilatildeo em um ano tem por objetivo diminuir a possibilidade
de RFN (RIBEIRO SANTOS TEIXEIRA 2011 BRASIL 2016c) Este
acompanhamento regular tem como base os programas de rastreamento organizados na
maioria dos paiacuteses desenvolvidos (FERLAY et al 2012)
Em estudo envolvendo oito paiacuteses realizado pela International Agency for
Research on Cancer (IARC) em 1986 servindo de suporte para normas ainda hoje
vigente mundialmente estimou-se que ao iniciar o rastreamento aos 25 anos de idade e
natildeo aos 20 anos perde-se apenas 1 de reduccedilatildeo da incidecircncia cumulativa do CCU
(IARC 1986 BRASIL 2011) Mulheres de ateacute 20 anos de idade natildeo estatildeo incluiacutedas na
faixa etaacuteria alvo do rastreamento pois possuem maior probabilidade de regressatildeo das
lesotildees preacute-invasivas o carcinoma invasor nesta parcela da populaccedilatildeo em geral eacute
extremamente raro e a maioria das infecccedilotildees pelo HPV se resolve espontaneamente em
cerca de dois anos sendo portanto de reduzida significacircncia cliacutenica (MOSCICKI
2008 MOSCICKI COX 2010) Os exames devem seguir ateacute os 64 anos e apoacutes essa
idade serem interrompidos quando resultarem em dois exames negativos consecutivos
nos uacuteltimos cinco anos (SASIENI CASTANtildeON CUZICK 2010 BRASIL 2011)
O rastreamento no Brasil eacute predominantemente oportuniacutestico ou seja as
mulheres tecircm realizado o exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero quando procuram os
serviccedilos de sauacutede geralmente devido a consulta meacutedica gravidez e diante de queixas
como prurido e leucorreacuteia Assim 20 a 25 dos exames tecircm sido realizados fora do
grupo etaacuterio recomendado e aproximadamente metade deles com intervalo de um ano
ou menos quando o recomendado satildeo trecircs anos Portanto haacute um contingente de
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
18
mulheres rastreadas e a exclusatildeo de outras (ZEFERINO 2008 NAVARRO et al 2015
BRASIL 2016c)
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais
George N Papanicolaou em 1941 criou a primeira terminologia de
classificaccedilatildeo citoloacutegica das lesotildees precursoras do CCU que procurava expressar se as
ceacutelulas observadas eram normais ou natildeo e desde entatildeo vaacuterios sistemas de classificaccedilatildeo
foram sugeridos (TRAUT PAPANICOLAOU 1943 AGUIAR et al 2011)
Nos Estados Unidos em 1988 foi realizada na cidade de Bethesda um workshop
que enfatizou a grande diversidade na comunicaccedilatildeo dos resultados em citologia
cervical e teve como objetivo determinar uma terminologia que daria limites evidentes
para a gestatildeo e dessa maneira reduziria a variabilidade interobservador Entatildeo nesse
ano foi aprovada a classificaccedilatildeo citoloacutegica conhecida como Terminologia do Sistema
Bethesda que introduziu os termos lesotildees intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e
alto grau (HSIL) (NAYAR WILBUR 2015a)
Apoacutes experiecircncia na praacutetica cliacutenica e novos avanccedilos no conhecimento
cientiacutefico esse sistema passou por revisatildeo em 1991 e 2001 que propocircs uniformizar as
terminologias assim como as condutas cliacutenicas para cada classificaccedilatildeo citoloacutegica
(AGUIAR et al 2011) O workshop de 1991 levou agrave produccedilatildeo do primeiro atlas
Bethesda em 1994 depois de sua publicaccedilatildeo tornou-se rapidamente uma referecircncia
mundial para a praacutetica da citologia cervical (SOLOMON et al 2002 NAYAR
WILBUR 2015a) Em 2001 aconteceu mudanccedilas marcantes em relaccedilatildeo agrave categoria de
Ceacutelulas Escamosas Atiacutepicas (ASC) A categoria ASC foi subdividida em ceacutelulas
escamosas atiacutepicas de significado indeterminado (ASC-US) e ceacutelulas escamosas
atiacutepicas quando natildeo se pode excluir lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
(WRIGHT et al 2002 MASSAD et al 2013) Nos Estados Unidos em 2013 855
dos laboratoacuterios de citologia haviam implementado a terminologia de 2001 e o
sistema de Bethesda produziu um impacto significativo na comunidade
internacional de citopatologia (DAVEY et al 2004)
Nos uacuteltimos anos vecircm acontecendo vaacuterias mudanccedilas nos processos de rastreio
do CCU como aumento do uso de citologia em meio liacutequido aprovaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de vacinas profilaacuteticas contra o HPV mudanccedilas na terminologia de
histopatologia e diretrizes atualizadas para o rastreio do CCU e gestatildeo cliacutenica Com
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
19
base em todas essas mudanccedilas o ano de 2014 era o momento adequado para uma
revisatildeo e atualizaccedilatildeo da terminologia Sistema de Bethesda 2001 Houve entatildeo o
refinamento de criteacuterios morfoloacutegicos e incorporaccedilatildeo de revisotildees e novas
informaccedilotildees adicionais na terceira ediccedilatildeo do atlas Bethesda para citologia cervical
(NAYAR WILBUR 2015b)
Em 2003 foi publicada a primeira ediccedilatildeo da Nomenclatura Brasileira para
Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais e Condutas Cliacutenicas Preconizadas baseada no
sistema de Bethesda contendo tambeacutem o MEQ com o objetivo de padronizar o laudo
citopatoloacutegico com as respectivas condutas cliacutenicas e manter o controle de qualidade
desses laudos emitidos pelos laboratoacuterios prestadores de serviccedilo ao Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SUS) No ano de 2006 houve a publicaccedilatildeo da segunda ediccedilatildeo dessa
nomenclatura e foi suprimido o capiacutetulo referente ao MEQ porque esse tema merecia
uma profunda revisatildeo No ano de 2010 optou-se por lanccedilar como publicaccedilotildees
independentes os trecircs capiacutetulos de Condutas Cliacutenicas Preconizadas MEQ e da
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais (BRASIL 2012)
Em 2012 foi publicada a terceira ediccedilatildeo revisada e atualizada da Nomenclatura
Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais que eacute a nomenclatura utilizada
atualmente no Brasil contemplando a seguinte classificaccedilatildeo
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (ASC-US)
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir
lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (AGC-SOE)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode afastar
lesatildeo intraepitelial de alto grau (AGC-NEO)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL)
bull Adenocarcinoma in situ (AIS)
bull Adenocarcinoma invasor (cervical endometrial e sem outras especificaccedilotildees)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau natildeo podendo excluir microinvasatildeo
bull Carcinoma epidermoacuteide invasor
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
20
A adoccedilatildeo do Sistema de Bethesda ainda que adaptado ao Brasil facilita a
comparaccedilatildeo de resultados nacionais com os encontrados em publicaccedilotildees estrangeiras
Poreacutem ainda haacute resistecircncia por parte dos citopatologistas no emprego da nomenclatura
brasileira para exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero Ressalta-se que aleacutem do
diagnoacutestico preciso tambeacutem eacute importante que o relatoacuterio de apresentaccedilatildeo dos resultados
seja de faacutecil compreensatildeo para que a paciente receba seguimento e conduta adequada
dessa forma maiores esforccedilos devem ser empregados no sentido de estimular o uso
dessa nomenclatura (AGUIAR et al 2011)
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado
Em 2011 houve atualizaccedilatildeo das Condutas Cliacutenicas Preconizadas de 2006 e entatildeo
foram lanccediladas as ldquoDiretrizes para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo que
buscaram orientar as condutas preconizadas em mulheres com alteraccedilotildees no exame
citopatoloacutegico cervical (BRASIL 2011)
De acordo com essas diretrizes diante de um resultado de exame citopatoloacutegico
de ASC-US a mulher com 30 anos ou mais deveraacute repetir o exame citopatoloacutegico em
um intervalo de 6 meses e com idade inferior a 30 anos no intervalo de 12 meses Para
os exames com resultados classificados como ASC-H as mulheres devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e se observado alteraccedilotildees
colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia jaacute aquelas sem alteraccedilotildees devem repetir nova
citologia em 6 meses Pacientes com diagnoacutestico citoloacutegico de AGC devem ser
encaminhadas para colposcopia realiza-se a bioacutepsia apenas quando satildeo observadas
alteraccedilotildees no colo caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia em 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de LSIL devem repetir o exame citopatoloacutegico em 6
meses se a citologia de repeticcedilatildeo for negativa em dois exames consecutivos a paciente
deve retornar agrave rotina de rastreamento citoloacutegico trienal Pacientes que apresentarem
diagnoacutestico de HSIL deveratildeo ser encaminhadas em ateacute trecircs meses agrave Unidade de
Referecircncia Secundaacuteria para realizaccedilatildeo da bioacutepsia se observada alteraccedilotildees no colo na
colposcopia (BRASIL 2011)
No ano de 2016 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a segunda ediccedilatildeo das ldquoDiretrizes
para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo atualizando as diretrizes publicadas em
2011 visando auxiliar os profissionais da sauacutede em suas praacuteticas assistenciais em todo o
paiacutes quanto ao seguimento de exames citopatoloacutegicos alterados e apoiar os gestores na
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
21
tomada de decisatildeo em relaccedilatildeo agrave estruturaccedilatildeo da linha de cuidados da mulher (BRASIL
2016c)
De acordo com as diretrizes mais recentes as mulheres com diagnoacutestico de ASC-
US abaixo de 25 anos de idade devem repetir o exame apoacutes 3 anos aquelas entre 25 e
29 anos devem repetir em 12 meses enquanto as mulheres acima de 30 anos devem
repetir a citologia apoacutes 6 meses Mulheres com diagnoacutestico de ASC-H devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e somente aquelas que
apresentam alteraccedilotildees colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia sendo que as demais
devem repetir a citologia apoacutes 6 meses Em mulheres com diagnoacutestico de ceacutelulas
glandulares atiacutepicas (AGC) ou ceacutelulas atiacutepicas de origem indefinida a paciente deve ser
imediatamente encaminhada para colposcopia onde faz-se a bioacutepsia apenas quando satildeo
observadas alteraccedilotildees caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia Na
presenccedila do diagnoacutestico LSIL em mulheres abaixo de 25 anos de idade sugere-se repetir
o exame citopatoloacutegico apoacutes 3 anos com indicaccedilatildeo de colposcopia caso a atipia se
mantenha E mulheres acima de 25 anos de idade devem repetir a citologia apoacutes 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de HSIL devem ser encaminhadas para realizaccedilatildeo de
colposcopia ateacute trecircs meses apoacutes o resultado e caso apresentem alteraccedilotildees visuais no
colo do uacutetero deveratildeo ser submetidas a bioacutepsia caso contraacuterio recomenda-se nova
citologia apoacutes trecircs meses a contar da data da coleta da citologia anterior (BRASIL
2016c)
Um dos maiores problemas enfrentado pelo programa de rastreamento e controle
do CCU eacute a falta de seguimento dado as mulheres depois que realizam o exame
citopatoloacutegico bem como a orientaccedilatildeo errocircnea por parte dos profissionais de sauacutede
Portanto para que o programa tenha sucesso eacute necessaacuterio garantir que seja organizado e
definido como um conjunto de accedilotildees programadas com populaccedilatildeo e periodicidade
especiacuteficas porque com o seguimento pode-se oferecer um tratamento adequado
interrompendo o desenvolvimento desse cacircncer (VALE et al 2010 ALBUQUERQUE
et al 2012 SANTOS et al 2013)
23 Controle de qualidade em citopatologia
O exame citopatoloacutegico necessita apresentar uma boa acuraacutecia diagnoacutestica
(MILLER et al 2000 KOSE NAKI 2014 ABUDUKADEER et al 2015) No
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
22
entanto questiona-se sua eficiecircncia pois certo nuacutemero de mulheres desenvolve esse
cacircncer apesar de realizarem o exame periodicamente em parte essa situaccedilatildeo pode ser
explicada pelas altas taxas de RFN (MITCHELL MEDLEY 1995 TAVARES et al
2008 KIRSCHNER et al 2011) Aleacutem disso os RFP tambeacutem satildeo alarmantes pois
geram danos agrave vida de mulheres na medida que se sujeitam a procedimentos
dispensaacuteveis (KOSS 1989 FRABLE 2007 GULLO et al 2012)
As principais causas dos RFN ocorrem devido a erros de coleta de escrutiacutenio e
de interpretaccedilatildeo do diagnoacutestico (BOSCH RIETVELD-SCHEFFERS BOON 1992
MITCHELL MEDLEY 1995 ORTIZ-VAacuteZQUEZ et al 2001 FRABLE et al 2007
MANRIQUE et al 2009) Erros na coleta do material citoloacutegico podem ser
responsaacuteveis por ateacute 62 dos RFN e ocorrem devido agrave falta de representatividade
celular ou escassez de ceacutelulas neoplaacutesicas e tambeacutem pela presenccedila de processo
inflamatoacuterio sangue e fundo necroacutetico nos esfregaccedilos que podem prejudicar a anaacutelise
(VAN DER et al 1987 EJERSBO DAHL HOLUND 2003 AMARAL et al 2006
AMARAL et al 2008 LONNBERG et al 2010) O erro de escrutiacutenio varia de 10 a
67 e ocorre quando as ceacutelulas atiacutepicas estatildeo presentes no esfregaccedilo mas natildeo satildeo
identificadas pelo escrutinador devido agrave falta de atenccedilatildeo e concentraccedilatildeo tempo
insuficiente e falta de experiecircncia (DEMAY 1997 PITTOLI et al 2003 PAJTLER et
al 2006 AMARAL et al 2008) O erro de interpretaccedilatildeo pode ser responsaacutevel por ateacute
22 dos RFN e ocorre quando as ceacutelulas neoplaacutesicas satildeo reconhecidas mas satildeo
identificadas como benignas ou ainda satildeo classificadas erroneamente isso eacute atribuiacutedo
principalmente agrave experiecircncia insuficiente do profissional e informaccedilotildees cliacutenicas
inadequadas (GAY NALDSON GOELLNER 1985 RENSHAW 2003 COLEMAN
POZNANSKY 2006 AMARAL et al 2008)
Dessa forma tem sido exigido a implementaccedilatildeo de programas de monitoramento
da qualidade em citopatologia com o objetivo de melhorar o desempenho do exame
citopatoloacutegico em detectar anormalidades escamosas e glandulares e
consequentemente diminuir os percentuais de RFN e RFP que satildeo resultados
preocupantes tanto para a mulher quanto para os custos dos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(PAJTLER et al 2006 TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) A fim de
minimizar as falhas deste exame vaacuterias estrateacutegias corretivas de garantia da qualidade
tecircm sido desenvolvidas como a implementaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ nos
laboratoacuterios de citopatologia (PEREIRA et al 2006 AacuteZARA et al 2014a)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
23
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio de
citopatologia contemplam na fase preacute-analiacutetica atividades realizadas antes do
escrutiacutenio e incluem o registro do material recebido a preparaccedilatildeo a coloraccedilatildeo e a
montagem das lacircminas a manutenccedilatildeo dos equipamentos e microscoacutepios aleacutem dos
registros da qualificaccedilatildeo e treinamento dos profissionais (BRASIL 2016b) Na fase
analiacutetica o objetivo eacute a reduccedilatildeo de erros de escrutiacutenio ou de erros de interpretaccedilatildeo do
resultado com o intuito de diminuir os iacutendices de RFN e RFP algumas das medidas
contemplam o tempo de escrutiacutenio carga de trabalho do citologista e revisatildeo dos
esfregaccedilos (TAVARES et al 2007) O monitoramento contiacutenuo da qualidade dos
resultados dos exames citopatoloacutegicos imprescindiacutevel para o laboratoacuterio faz parte da
fase poacutes-analiacutetica em que eacute avaliada o desempenho global e individual dos profissionais
(AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
Por muitos anos vaacuterias discussotildees ocorreram na tentativa de apontar o melhor
meacutetodo de MIQ para a citologia cervical (DUDDING RENSHAW ELLIS 2011)
Considerado como consenso entre os especialistas na aacuterea a repeticcedilatildeo da leitura de
todos os esfregaccedilos classificados como negativos no escrutiacutenio de rotina eacute o meacutetodo
mais preciso para evitar erros no rastreio poreacutem este meacutetodo eacute dispendioso exigindo
muito tempo para a leitura em duplicata (TAVARES et al 2011)
Dentre os meacutetodos de MIQ cita-se a revisatildeo aleatoacuteria de 10 dos esfregaccedilos
negativos pelo escrutiacutenio de rotina (R-10) a revisatildeo baseada em criteacuterios cliacutenicos de
risco (RCCR) a revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos (RR100) e o preacute-
escrutiacutenio raacutepido (PER) Os meacutetodos de PER e RR100 satildeo considerados os mais
eficazes na detecccedilatildeo de RFN (MANRIQUE et al 2007 2011 TAVARES et al 2011
BRASIL 2016b) O meacutetodo de revisatildeo de 10 dos esfregaccedilos negativos eacute criticado
pois detecta poucos casos RFN assim como a RCCR que tambeacutem tem produzido
resultados ruins em vaacuterios estudos (AMARAL et al 2005 TAVARES et al 2008
TAVARES et al 2011 CURRENS et al 2012)
A RR100 consiste em revisar rapidamente todos os esfregaccedilos classificados
como negativos e insatisfatoacuterios do escrutiacutenio de rotina poreacutem como o revisor possui
conhecimento do resultado pode tornar o meacutetodo tendencioso reduzindo sua
concentraccedilatildeo e aumentando a possibilidade de deixar passar erros (PAJTLER et al
2006 MANRIQUE et al 2007) O PER consiste no escrutiacutenio raacutepido de todos os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
24
esfregaccedilos sem influecircncia de marcaccedilotildees sobre a lacircmina durante um tempo limitado
antes do escrutiacutenio de rotina e eacute um meacutetodo que tende a prender a atenccedilatildeo do
citologista jaacute que eacute realizado anterior a leitura de rotina aleacutem de permitir que a
sensibilidade de ambos PER e ER seja estimada (DJEMLI KHETANI AUGER
2006 TAVARES et al 2008)
Portanto eacute de extrema importacircncia a implementaccedilatildeo de accedilotildees de garantia da
qualidade na rotina dos laboratoacuterios de citopatologia pois permitem aprimorar o exame
citopatoloacutegico assegurando resultados confiaacuteveis (FERRAZ et al 2005 SIEGL et al
2014)
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
O sistema de monitoramento da qualidade tambeacutem deve comtemplar o
desenvolvimento e implantaccedilatildeo de sistema de indicadores de qualidade pois permitem
avaliar o desempenho global do laboratoacuterio realizar anaacutelise estatiacutestica individual dos
profissionais bem como utilizar os dados obtidos para a realizaccedilatildeo de intervenccedilotildees para
aperfeiccediloamento das etapas laboratoriais (SIEGL et al 2014 AacuteZARA et al 2014b)
Os indicadores de qualidade em citopatologia cervical possuem caracteriacutesticas
que satildeo muito importantes para que possam ser uacuteteis como ferramentas de apoio para o
monitoramento e a avaliaccedilatildeo do desempenho do laboratoacuterio Entre elas destacam-se a
facilidade de compreensatildeo uso de dados de coleta disponiacutevel e faacutecil execuccedilatildeo
mensuram os resultados encontrados permitindo comparaccedilatildeo com valores de referecircncia
preacute-estabelecidos refletem exatamente o que se deseja quantificar viabilizando assim
uma anaacutelise comparativa dos resultados para uma melhoria contiacutenua dos processos
internos do laboratoacuterio (BRASIL 2016b)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda que a coleta dos dados deve ser realizada
pelos profissionais envolvidos nas diversas etapas do processo de trabalho pois a
responsabilizaccedilatildeo dos profissionais pela obtenccedilatildeo dos dados tende a gerar compromisso
deles com os resultados almejados assim os dados tendem a ser de melhor qualidade
(BRASIL 2016b) Portanto a construccedilatildeo de tais indicadores para auxiliar o programa
de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo uacutetero deve ser feita internamente no
laboratoacuterio e satildeo mundialmente conhecidos pelos profissionais dessa aacuterea (BRASIL
2016b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
25
Os indicadores de qualidade incluem o iacutendice de positividade (IP) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ASCSat) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt) razatildeo de ceacutelulas
escamosas atiacutepicas por lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) percentual de exames
compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSILSat) (BORTOLON et
al 2012 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b)
O IP expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares nos exames aleacutem da
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo examinada
e recomenda-se que esteja entre 3 e 10 O ASCSat deve ficar entre 4 e 5 e quando
elevado sugere problemas na amostra na anaacutelise laboratorial ou em ambas as fases e
representa um ocircnus para a mulher e para a rede assistencial pois acarreta a oferta de um
maior nuacutemero de exames destinados agrave repeticcedilatildeo para investigaccedilatildeo diagnoacutestica O
ASCAlt deve ser inferior a 60 e tem o objetivo de monitorar ao percentual de atipias
de significado indeterminado para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo continuada dos
citopatologistas A razatildeo ASCSIL permite identificar o baixo desempenho profissional
no rastreamento e valores muito altos devem ter a causa investigada pois podem mostrar
a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios citoloacutegicos utilizados sendo que este indicador
deve ser menor que 3 O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees
precursoras do CCU e recomenda-se que seja igual ou maior que 04 (PLEWKA et
al 2014 BRASIL 2016b)
Os documentos gerados na elaboraccedilatildeo e o registro perioacutedico dos indicadores de
qualidade devem ser armazenados para permitir o acompanhamento dos processos
analisados e devem fazer parte do conjunto de documentos que compotildeem o Sistema de
Monitoramento da Qualidade do laboratoacuterio Eacute importante que esse material seja
armazenado em local de faacutecil acesso com o objetivo de facilitar as consultas sempre
que for necessaacuterio Recomenda-se que sejam feitos mensalmente e impressos com
assinatura do profissional responsaacutevel (BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia
Haacute deacutecadas o Brasil tem adotado medidas para garantia da qualidade dos exames
citopatoloacutegicos Em 1998 foi instituiacutedo o Programa Nacional de Controle do Cacircncer de
Colo de Uacutetero pela portaria GMMS nordm 3040 que reconheceu que o exame
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
26
citopatoloacutegico do colo uterino eacute uma avaliaccedilatildeo qualitativa que dependente da
interpretaccedilatildeo do observador e que essa subjetividade precisa ser minimizada portanto o
monitoramento da qualidade eacute importante para a garantia do serviccedilo prestado agrave
populaccedilatildeo feminina (BRASIL 1998)
O Ministeacuterio da Sauacutede em 2001 por meio da Portaria SPSSAS nordm 92 preconizou
que todos os laboratoacuterios que realizam exames citopatoloacutegicos para o SUS deveriam
submeter-se ao Programa de Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ) poreacutem o
programa de responsabilidade das coordenaccedilotildees estaduais natildeo havia sido implantado
em todo paiacutes Esse programa foi regulamentado em 2013 atraveacutes da Qualificaccedilatildeo
Nacional em Citopatologia na Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2010
BRASIL 2013a)
A Portaria Qualicito definiu que os gestores estaduais e municipais devem
gerenciar o programa acompanhando o desempenho dos laboratoacuterios participantes que
foram classificados em Tipo I e Tipo II Satildeo considerados Laboratoacuterios Tipo I os
laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam serviccedilo ao SUS e que realizam exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero e os Laboratoacuterios Tipo II os laboratoacuterios puacuteblicos
responsaacuteveis por realizar os exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no acircmbito do
MEQ aleacutem de poderem realizar as accedilotildees dos Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2013a)
O MEQ eacute parte integrante da estrateacutegia de garantia da qualidade em citopatologia
e tem por finalidade avaliar o desempenho dos Laboratoacuterios Tipo I e a qualidade dos
exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero detectar as diferenccedilas de interpretaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos aumentar a eficiecircncia do processo de realizaccedilatildeo dos exames
citopatoloacutegicos aleacutem de reduzir o percentual de RFN RFP e insatisfatoacuterios (BRASIL
2016)
Em 1999 foi instituiacutedo o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero
(SISCOLO) com objetivo de armazenar dados sobre identificaccedilatildeo da mulher
informaccedilotildees demograacuteficas epidemioloacutegicas e dos exames citopatoloacutegicos e
histopatoloacutegicos realizados pelo SUS (GIRIANELLI THULER SILVA 2009
(BRASIL 2016c) Em 2011 foi lanccedilado o Plano Nacional de Fortalecimento da Rede de
Prevenccedilatildeo que permitiu o desenvolvimento do Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer
(SISCAN) substituindo o SISCOLO poreacutem a implementaccedilatildeo do sistema estaacute sendo
lenta e gradual (BRASIL 2013b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
27
Portanto eacute o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer (SISCAN) que seleciona do
Laboratoacuterio Tipo I todos os exames positivos e insatisfatoacuterios e 10 dos negativos para
serem enviados ao Laboratoacuterio Tipo II de acordo com o estabelecido na Portaria
Qualicito (BRASIL 2013a) A lista deve ser enviada com a relaccedilatildeo dos casos
selecionados pelo sistema juntamente com as lacircminas solicitadas e os respectivos
laudos servindo como recibo de transferecircncia de responsabilidade de guarda das
lacircminas para o Laboratoacuterio Tipo II e para controle de devoluccedilatildeo ao laboratoacuterio de
origem (BRASIL 2016b)
Entatildeo o conjunto de accedilotildees realizadas pelo Laboratoacuterio Tipo II visa agrave avaliaccedilatildeo da
qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero dos Laboratoacuterios Tipo I e
contemplam duas fases a preacute-analiacutetica e analiacutetica Na primeira o Laboratoacuterio Tipo II
verifica os procedimentos teacutecnicos e informa a qualidade da confecccedilatildeo do esfregaccedilo
fixaccedilatildeo coloraccedilatildeo montagem e contaminaccedilatildeo das amostras E a fase analiacutetica consiste
em uma revisatildeo dos esfregaccedilos citopatoloacutegicos por profissionais habilitados e o
diagnoacutestico final eacute firmado por consenso entre os citopatologistas do Laboratoacuterio Tipo
II (PEREIRA et al 2006 BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
Os exames discordantes seratildeo comunicados ao Laboratoacuterio Tipo I que poderaacute
recorrer da opiniatildeo do Laboratoacuterio Tipo II caso natildeo concorde com o parecer dos
revisores buscando o consenso Caso concorde caberaacute ao Laboratoacuterio Tipo I enviar o
laudo de revisatildeo agraves regionais ao municiacutepio ou agrave Unidade Baacutesica de Sauacutede (UBS)
mencionando que esse laudo foi realizado em conjunto com o Laboratoacuterio Tipo II de
referecircncia Caso natildeo haja consenso entre os Laboratoacuterios Tipos I e II poderaacute ser
solicitada a avaliaccedilatildeo por outro Laboratoacuterio Tipo II em acordo com a Coordenaccedilatildeo
Estadual eou Municipal (BRASIL 2016b)
A estatiacutestica para a avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo
II eacute o Kappa Ponderado devido a necessidade de se atribuiacuterem diferentes pesos para as
discordacircncias aleacutem da frequecircncia de RFN RFP e retardo de conduta Assim uma atipia
de significado indeterminado que recebeu equivocadamente um laudo de LSIL teraacute um
peso menor na construccedilatildeo do Kappa que uma HSIL que recebeu um laudo negativo
(BRASIL 2012) Os laboratoacuterios com iacutendices diagnoacutesticos abaixo de dois desvios
padrotildees da meacutedia estadual eou iacutendice Kappa de correlaccedilatildeo em niacutevel ruim seratildeo
considerados fora dos paracircmetros recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
28
Laboratoacuterios Tipo I nessa situaccedilatildeo seratildeo notificados e monitorados pelos Laboratoacuterios
Tipo II para alcanccedilar o iacutendice esperado (BRASIL 2016b)
Dessa forma os Laboratoacuterios Tipo I devem enviar regularmente todas as lacircminas e
laudos dos exames selecionados para o Laboratoacuterio Tipo II analisar os casos de
discordacircncia buscando o consenso com o Laboratoacuterio Tipo II promover educaccedilatildeo
continuada para uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos minimizar as natildeo
conformidades encontradas na rotina do laboratoacuterio diminuir os RFN e RFP e avaliar o
desempenho profissional da equipe Os Laboratoacuterios Tipo II devem fazer contato e dar
retorno aos Laboratoacuterios Tipo I comunicando o quanto antes sobre os resultados dos
exames citopatoloacutegicos discordantes e discutir caso a caso buscando o consenso apoiar
as coordenaccedilotildees estadual e municipal na interface com os laboratoacuterios que realizam
exames para o SUS e proporcionar educaccedilatildeo permanente por meio de sessotildees interativas
regulares para os Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2016b)
Diversos estudos tecircm considerado o MEQ um programa eficiente no
aperfeiccediloamento do exame citopatoloacutegico uma vez que a discussatildeo dos casos
discordantes para se chegar a um consenso dos resultados etapa fundamental do
programa possibilita a uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados na
detecccedilatildeo das lesotildees precursoras do CCU o que reflete na reduccedilatildeo dos RFN e RFP
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 FREITAS THULER 2012 AacuteZARA
et al 2013 2014a 2016 BRASIL 2016b)
REZENDE MT Justificativa
29
3- Justificativa
Um dos principais motivos da ocorrecircncia de RFN e RFP no exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero eacute a variabilidade inter e intra observador na
interpretaccedilatildeo dos diagnoacutesticos dessa forma para a garantia da qualidade se faz
necessaacuterio a implantaccedilatildeo de MIQ e MEQ nos laboratoacuterios de citopatologia (FRABLE
et al 2007 MANRIQUE et al 2009 AacuteZARA et al 2014a) Este estudo foi
realizado com o intuito de avaliar o impacto do MEQ em laboratoacuterio de citopatologia
para minimizar as divergecircncias diagnoacutesticas e erros dentro dos processos do laboratoacuterio
a fim de reduzir os RFN e RFP Investindo na identificaccedilatildeo e retificaccedilatildeo das falhas eacute
possiacutevel que seja assegurado o melhor serviccedilo possiacutevel agrave mulher que receberaacute
seguimento e tratamento adequado
REZENDE MT Objetivos
30
4- Objetivos
41 Objetivo Geral
Comparar os resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do
municiacutepio de Ouro Preto MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade
42 Objetivos especiacuteficos
- Verificar a frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
- Avaliar a concordacircncia diagnoacutestica frequecircncia de casos discordantes falso-negativos
falso-positivos e retardo de conduta entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar o resultado do seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
do monitoramento externo da qualidade incluindo os RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de
consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes o monitoramento externo da qualidade
REZENDE MT Metodologia
31
5- Metodologia
51 Local de estudo
Este trabalho foi desenvolvido no setor de citologia do Laboratoacuterio Piloto de
Anaacutelises Cliacutenicas (LAPAC) da Escola de Farmaacutecia da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP) Por se tratar de estudo baseado em resultados de exames coletados em
2013 e 2014 que estatildeo disponiacuteveis publicamente atraveacutes do SISCOLO natildeo foi
necessaacuterio a submissatildeo ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
O setor de citologia deste laboratoacuterio eacute composto por 5 citopatologistas 2
bolsistas 1 teacutecnica e 2 assistentes administrativos Neste laboratoacuterio estatildeo disponiacuteveis
microscoacutepios NiKon E 200 para escrutiacutenio dos esfregaccedilos bateria de coloraccedilatildeo e
material para montagem das lacircminas microscoacutepio de 5 cabeccedilas para discussatildeo de casos
e 3 computadores para parte administrativa O setor de citologia deste laboratoacuterio atende
uma rotina de exames citopatoloacutegicos colhidos nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS)
de Ouro Preto MG que desde 2013 eacute o uacutenico Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio que
presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
511 Monitoramento interno da qualidade
Os meacutetodos de monitoramento interno da qualidade utilizados na rotina pelo
Laboratoacuterio Tipo I satildeo o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) e a revisatildeo raacutepida de 100 dos
esfregaccedilos negativos (RR100) e cada etapa de leitura da lacircmina eacute realizada por
citopatologistas diferentes em um esquema de rodiacutezio (Figura 1) Inicialmente todos os
esfregaccedilos citopatoloacutegicos adequados para a anaacutelise microscoacutepica satildeo submetidos ao
PER e os resultados satildeo classificados como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio e
registrados na planilha de PER (Apecircndice A) Posteriormente eacute realizado o escrutiacutenio de
rotina (ER) pelo segundo citopatologista que apoacutes a leitura detalhada classifica os
resultados de acordo com a nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos baseada
no Sistema de Bethesda 2001 (SOLOMON NAYAR 2004) anotando o diagnoacutestico no
verso da requisiccedilatildeo (Anexo 1) Em seguida todas as lacircminas consideradas negativas
pelo escrutiacutenio de rotina satildeo encaminhadas para um terceiro citologista que realiza a
RR100 classificando-o como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio registrando na
planilha de RR100 (Apecircndice B)
REZENDE MT Metodologia
32
Os esfregaccedilos considerados positivos e insatisfatoacuterios pelo ER e os resultados
discordantes que foram aqueles onde PER ou a RR100 classificou como suspeito ou
insatisfatoacuterio e o escrutiacutenio de rotina considerou negativo satildeo encaminhados para a
revisatildeo detalhada para confirmaccedilatildeo ou natildeo da alteraccedilatildeo e definiccedilatildeo do diagnoacutestico final
e anotados nas planilhas correspondentes (Apecircndice C e D) Quando a revisatildeo detalhada
eacute discordante do ER haacute um consenso entre os citopatologistas para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I
REZENDE MT Metodologia
33
52 Tipo de estudo
Foi realizado estudo retrospectivo comparando os resultados dos exames
citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I da Escola de Farmaacutecia da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de exames
citopatoloacutegicos de rastreio do municiacutepio de Ouro Preto Minas Gerais com os
resultados emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo II de Belo Horizonte responsaacutevel pelo MEQ
dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero de Minas Gerais
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica
Os exames do Laboratoacuterio Tipo I foram selecionados automaticamente pelo
SISCOLO (Sistema de Informaccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero) incluindo os exames
positivos insatisfatoacuterios e 10 dos negativos conforme a Portaria QualiCito
33882013 referente aos meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 As
amostras foram provenientes de mulheres atendidas nas UBS do municiacutepio de Ouro
Preto MG usuaacuterias do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
54 Monitoramento externo da qualidade
O Laboratoacuterio Tipo I enviou ao Laboratoacuterio Tipo II juntamente com os laudos
correspondentes um total de 321 esfregaccedilos citopatoloacutegicos classificados como
negativos (84) insatisfatoacuterios (3) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas (ASC-US41) lesatildeo intraepitelial
escamosa de baixo grau (LSIL163) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado natildeo se pode excluir lesatildeo de alto grau (ASC-H12) lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau (HSIL16) e ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras
especificaccedilotildees (AGC-SOE2) (Figura 2)
REZENDE MT Metodologia
34
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia cervical
Os esfregaccedilos foram reavaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II que emitiu um relatoacuterio
com os resultados para o Laboratoacuterio Tipo I comunicando tambeacutem os resultados
discordantes Nos casos em que o Laboratoacuterio Tipo I natildeo concordou com o parecer
REZENDE MT Metodologia
35
emitido pelos revisores do Laboratoacuterio Tipo II os resultados dos exames discordantes
foram discutidos caso a caso com o Laboratoacuterio Tipo II buscando o consenso entre os
dois Laboratoacuterios para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final (BRASIL 2016b)
Apoacutes o consenso os resultados discordantes foram reemitidos pelo Laboratoacuterio
Tipo I e encaminhados agraves Unidades de Sauacutede que localizaram as mulheres e
reprogramaram a conduta baseada no diagnoacutestico final
Os esfregaccedilos que inicialmente foram classificados como negativos ou
inflamatoacuterios pelo Laboratoacuterio Tipo I e considerados como positivos pelo Laboratoacuterio
Tipo II foram denominados resultados falso-negativos (RFN) Aqueles considerados
inicialmente positivos pelo Laboratoacuterio Tipo I mas reclassificados como negativos pelo
Laboratoacuterio Tipo II foram denominados resultados falso-positivos (RFP) Foram
considerados casos discordantes aqueles que implicaram em mudanccedila de conduta
cliacutenica de acordo com as normas preconizadas pelas Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2011)
Os resultados diagnosticados inicialmente como ASC-US ou LSIL pelo
Laboratoacuterio Tipo I e que na revisatildeo o Laboratoacuterio Tipo II julgou como diagnoacutestico mais
grave (ASC-H HSIL Carcinoma de ceacutelulas escamosas AGC-SOE AGC-NEO
Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma invasor) foram considerados como retardo
de conduta cliacutenica
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados
Para levantamento do seguimento das pacientes em que os resultados dos
exames foram classificados como ASC-US ou LSIL foi realizada a busca do resultado
do novo exame citopatoloacutegico uma vez que a conduta preconizada eacute a repeticcedilatildeo do
exame no periacuteodo de seis meses a um ano Para aqueles classificados como ASC-H ou
pior diagnoacutestico foi realizado o levantamento do resultado do exame histopatoloacutegico
dado que a conduta preconizada eacute o encaminhamento para colposcopia e se visualizado
alguma alteraccedilatildeo no colo uterino realiza-se a bioacutepsia Os resultados insatisfatoacuterios natildeo
foram considerados nesta anaacutelise (BRASIL 2011)
Foram realizadas visitas previamente agendadas agraves UBS do municiacutepio para
realizaccedilatildeo do levantamento das pacientes previamente listadas daquela unidade que
haviam sido diagnosticadas com alguma alteraccedilatildeo citoloacutegica O profissional responsaacutevel
REZENDE MT Metodologia
36
pela coleta do exame citopatoloacutegico verificou nos prontuaacuterios das pacientes o
seguimento que foi adotado em cada caso Poreacutem as UBS tinham poucos registros do
seguimento dessas pacientes por isso foram adotadas outras estrateacutegias
Portanto com o objetivo de levantar os dados referentes ao seguimento das
pacientes encaminhadas para acompanhamento de ASC-H e pior diagnoacutestico foram
realizadas visitas ao Centro Viva Vida em Itabirito que eacute o centro de referecircncia para
atenccedilatildeo secundaacuteria do municiacutepio de Ouro Preto E para levantamento do novo exame
citopatoloacutegico foi realizada pesquisa nos registros do Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio
de Ouro Preto que presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos
do colo do uacutetero
56 Anaacutelise dos dados
Os dados dos exames citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I e
Laboratoacuterio Tipo II foram digitados no Excel (Microsoft Office Professional Plus 2013)
para elaboraccedilatildeo do banco de dados A anaacutelise dos dados foi realizada pelo pacote
estatiacutestico Stata versatildeo 11 foi calculada a concordacircncia dos resultados dos exames
citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e II e o Kappa antes a apoacutes o Consenso A
frequecircncia de esfregaccedilos discordantes incluindo RFP e retardo de conduta entre os
Laboratoacuterios Tipo I e II foi calculada antes e apoacutes a Reuniatildeo de Consenso no total de
321 esfregaccedilos O coeficiente Kappa eacute classificado em concordacircncia pobre (0ltKlt040)
concordacircncia moderada (040ltKlt060) concordacircncia boa (060ltKlt080) concordacircncia
excelente (080ltKlt1) o valor zero indica ausecircncia de concordacircncia e o valor 1
corresponde a concordacircncia perfeita (LANDIS KOCH 1977) Foi calculada a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) atraveacutes da seguinte foacutermula
VPR = [coeficiente final - coeficiente inicial]100
coeficiente inicial
O caacutelculo dos indicadores de qualidade foi realizado utilizando um banco de
dados do Laboratoacuterio Tipo I onde satildeo mantidos registros de todos os exames realizados
com seus respectivos resultados Para avaliaccedilatildeo pontual os indicadores de qualidade
foram calculados antes da reuniatildeo de consenso ano de 2013 e depois da reuniatildeo de
consenso ano de 2014 Para avaliaccedilatildeo temporal do efeito da reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Metodologia
37
proporcionada por um MEQ calculou-se os indicadores do Laboratoacuterio Tipo I dos anos
de 2012 2013 2014 e 2015 Foi utilizado para o caacutelculo as foacutermulas presentes no
Manual de Gestatildeo da Qualidade para Laboratoacuterio de Citopatologia (BRASIL 2016b)
Iacutendice de Positividade (IP) intervalo esperado 3-10
Nordm de exames alterados em determinado local e ano x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ACSSat)
intervalo esperado 4-5
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt)
intervalo esperado lt60
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames alterados
Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) intervalo
esperado lt3
Nordm de ex compatiacuteveis com ASC-US e ASC-H
No de exames com LSIL e HSIL
Percentual de exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
(HSILSat) intervalo esperado lt04
Ndeg de exames HSIL x 100
Total de exames satisfatoacuterios
REZENDE MT Resultados
38
6- Resultados
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
O Laboratoacuterio Tipo I enviou 321 esfregaccedilos para o Laboratoacuterio Tipo II
classificados como 3 (09) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 84 (262) negativos 41
(128) ASC-US 163 (508) LSIL 12 (37) ASC-H 16 (50) HSIL e 2 (06)
AGC-SOE Apoacutes a reuniatildeo de consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II chegou-
se no diagnoacutestico final de 3 (093) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 143 (446) negativos
44 ASC-US (137) 8 ASC-H (25)101 LSIL (315) 21 HSIL (65) e 1 AGC-
SOE (03) Foram considerados discordantes entre os laboratoacuterios 151 (470)
esfregaccedilos (Tabela 1)
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
Tipo I Tipo II Consenso
Diagnoacutestico n () n () n ()
Insatisfatoacuterio 3 09 4 13 3 09
Negativo 84 262 227 707 143 446
ASC-US 41 122 17 53 44 137
ASC-H 12 37 3 09 8 25
LSIL 163 508 54 168 101 315
HSIL 16 50 12 37 21 65
HSIL micro invasor 0 0 1 03 0 0
AGC-SOE 2 06 3 09 1 03
Total 321 100 321 100 321 100
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
Do total de exames revisados pelo Laboratoacuterio Tipo II foram concordantes 84
(262) esfregaccedilos negativos e 3 (093) classificados como insatisfatoacuterios pelo Tipo I
Dos 41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 6 (1463) foram
concordantes pelo Tipo II e os 35 (854) restantes foram reclassificados como
REZENDE MT Resultados
39
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 53
(325) foram considerados concordantes pelo Tipo II 92 (564) foram
reclassificados como negativos 11 (68) como ASC-US 2 (12) como ASC-H 4
(25) como HSIL e 1 (06) reclassificado como AGC-SOE Dos 12 (37)
esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo Tipo I 1 (83) foi considerado
concordante pelo Tipo II 9 (75) foram reclassificados como negativos 1 (83)
como insatisfatoacuterio 1 (83) como HSIL Dos 16 (50) esfregaccedilos classificados como
HSIL emitidos pelo Tipo I 7 (438) foram considerados concordantes pelo Tipo II 6
(375) foram reclassificados como negativos 1 (63) como LSIL 1 (63) como
HSIL micro invasor e 1(63) como AGC-SOE Dos 2 (06) esfregaccedilos classificados
como AGC-SOE pelo Tipo I 1 (500) foi considerado concordante pelo Tipo II Entre
o Laboratoacuterio Tipo I e o Tipo II houve 7 (22) casos de retardo de conduta sendo 4
(571) LSIL para HSIL 2 (286) LSIL para ASC-H e 1 (143) LSIL para AGC-
SOE (Tabela 2)
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso
Tipo II
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL HSIL micro
invasor AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 35 6 41
ASC-H 1 9 1 1 12
LSIL 92 11 2 53 4 1 163
HSIL 6 1 7 1 1 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 4 227 17 3 54 12 1 3 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa
de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas
sem outras especificaccedilotildees
Os resultados definidos apoacutes o Consenso estatildeo descritos na Tabela 3 Observou-
se 203 (65) de casos discordantes entre os 321 esfregaccedilos analisados Os esfregaccedilos
negativos insatisfatoacuterios e todos os classificados como HSIL foram concordantes Dos
REZENDE MT Resultados
40
41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 27 (659) foram
considerados concordantes pelo Tipo II e 14 (342) foram reclassificados como
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 101
(620) foram considerados concordantes 39 (239) foram reclassificados como
negativos pelo Tipo II 17 (104) como ASC-US 2 (12) como ASC-H e 4 (25)
reclassificados como HSIL Dos 12 (374) esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo
Tipo I 6 (500) foram concordantes 5 (417) esfregaccedilos foram reclassificados como
negativos e 1 (83) foi reclassificado como HSIL pelo Tipo II Dos 2 (06)
esfregaccedilos classificados como AGC-SOE pelo Tipo I somente 1 (500) foi
concordante Portanto apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de Consenso foram constatados 6
(19) casos de retardo de conduta sendo 4 (667) diagnoacutesticos iniciais de LSIL
reclassificados para HSIL e 2 (333) diagnoacutesticos iniciais de LSIL reclassificados para
ASC-H (Tabela 3)
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia diagnoacutestica entre o Laboratoacuterio Tipo I e o
Laboratoacuterio Tipo II apoacutes o Consenso
Consenso
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 14 27 41
ASC-H 5 6 1 12
LSIL 39 17 2 101 4 163
HSIL 16 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 3 143 44 8 101 21 1 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
REZENDE MT Resultados
41
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Foi avaliada a concordacircncia dos resultados dos Laboratoacuterios Tipo I e II antes e
apoacutes Consenso Observou-se concordacircncia antes do Consenso de 527 entre os
Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II com Kappa de 029 Apoacutes a Reuniatildeo de Consenso foi
observado 798 (VPR=+514) de concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
com aumento do Kappa para 066 (VPR=+1276) (Tabela 4)
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso
Tipo I x Tipo II Antes do consenso Apoacutes consenso VPR
Concordacircncia () 527 798 +514
Kappa 029 066 +1276
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Antes do consenso o total de esfregaccedilos discordantes foi de 151 (470) casos e
depois do consenso esse nuacutemero reduziu para 65 (203) casos Antes do consenso foi
observado um percentual de 449 (144) RFP entre os Laboratoacuterios Tipo I e II e apoacutes o
consenso esse nuacutemero diminuiu para 184 (59) Natildeo houve nenhum caso de RFN
Entre o Laboratoacuterio Tipo I e II antes do consenso houve 7 (22) casos de retardo de
conduta e depois do consenso esse nuacutemero caiu para 6 (19) casos (Tabela 5)
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o Consenso
Tipo I x Tipo II Discordantes
Antes do consenso Apoacutes consenso
n N
Falso-positivo 144 449 59 184
Retardo de conduta 7 22 6 19
Total 151 470 65 203
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II
REZENDE MT Resultados
42
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos
O IP era 156 e apoacutes consenso passou para 120 reduccedilatildeo de
aproximadamente 230 (VPR=-2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor
apoacutes o consenso de 57 para 46 reduccedilatildeo por volta de 190 (VPR=-1910) O
HSILSat diminuiu de 10 para 07 (VPR=-2647) apoacutes consenso A razatildeo ASCSIL
antes do consenso era de 06 e apoacutes sua realizaccedilatildeo aumentou para 06
(VPR=+1017) O mesmo ocorreu em relaccedilatildeo ao indicador ASCAlt que passou de
365 para 384 (VPR=+515) Houve diferenccedila significativa entre os valores dos
indicadores IP ASCSat e ASCAlt antes e apoacutes reuniatildeo de consenso valor de p foi
menor que 005 (Tabela 7)
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso
Indicadores Antes consenso Apoacutes consenso VPR p
IP (3-10) 156 120 -2314 lt 00001
ASCSat (4-5) 57 46 -1910 001
ASCSIL (lt3) 06 06 +1017 0053
ASCAlt (lt60) 365 384 +515 lt 00001
HSILSat (gt04) 10 07 -2647 00825
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
O IP no ano de 2012 foi de 1115 aumentou para 156 em 2013 apoacutes o
MEQ em 2014 reduziu para 120 e em 2015 este indicador passou para 99 O
ASCSat foi de 49 em 2012 um ano depois apresentou valor de 57 depois da
realizaccedilatildeo do MEQ em 2014 passou para 46 e em 2015 foi para 48 Os outros
indicadores da qualidade apresentaram valores que variaram dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (Tabela 8)
REZENDE MT Resultados
43
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade
Indicadores 2012 2013 2014 2015
IP (3-10) 111 156 120 99
ASCSat (4-5) 49 57 46 48
ASCSIL (lt3) 09 06 06 10
ASCAlt (lt60) 439 365 384 485
HSILSat (gt04) 09 10 07 05
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
Do total de 234 esfregaccedilos positivos foi possiacutevel obter o seguimento de 107
(457) casos em que 22 foram considerados inicialmente com diagnoacutestico de ASC-
US 76 LSIL 2 ASC-H 1 AGC-SOE e 6 HSIL Dos ASC-US iniciais somente 1 teve
resultado concordante no seguimento Dos 76 esfregaccedilos considerados como LSIL 23
tiveram resultado do seguimento concordante Os 2 resultados ASC-H foram negativos
no seguimento assim como o AGC-SOE Dos 6 resultados HSIL emitidos pelo Tipo I
5 foram confirmados pela bioacutepsia O seguimento de 127 (542) mulheres em que 77
(6063) deveriam ter repetido o exame citopatoloacutegico e 20 (158) deveriam ter sido
encaminhadas para a colposcopia e bioacutepsia natildeo foi resgatado (Figura 3)
Figura 3 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Resultados
44
Apoacutes a realizaccedilatildeo da Reuniatildeo de Consenso o percentual de RFP foi definido em
184 num total de 59 casos assim distribuiacutedos 14 ASC-US (238) 39 LSIL
(660) 5 ASC-H (85) e 1 AGC-SOE (17) sendo 898 lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 102 de alto grau Do total de 59 RFP foi possiacutevel obter 9
(152) resultados citopatoloacutegicos alterados no seguimento 8 de repeticcedilatildeo da citologia
e uma bioacutepsia inicialmente 6 diagnosticados como LSIL pelo Laboratoacuterio Tipo I no
seguimento tiveram resultado de 3 LSIL e 3 ASC-US Dos 3 ASC-US iniciais dados
pelo Tipo I no seguimento resultaram em 1 LSIL 1 ASC-US e 1 ASC-H (Figura 4)
Figura 4 Seguimento dos casos com resultados falso-positivos (RFP) acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Discussatildeo
45
7- Discussatildeo
Os resultados deste estudo mostraram que apoacutes reuniatildeo de Consenso onde
ocorreu discussatildeo dos resultados discordantes houve melhora na concordacircncia
diagnoacutestica entre os laboratoacuterios a concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou para 798 e o coeficiente Kappa foi alterado de 029 para 066 Estes
resultados estatildeo de acordo com estudo realizado por Freitas Thuler (2012) no Mato
Grosso do Sul analisando a concordacircncia diagnoacutestica entre Laboratoacuterio Tipo II e 15
Laboratoacuterios Tipo I entre 2002 e 2011 em que o valor miacutenimo do Kappa passou de 01
no primeiro ano para 08 em 2011 No uacuteltimo ano dos 8 laboratoacuterios avaliados 7
atingiram a concordacircncia perfeita ou excelente (coeficiente Kappagt080) e um
concordacircncia boa Aacutezara et al (2016) avaliaram os efeitos de um programa de
educaccedilatildeo continuada realizado por um Laboratoacuterio Tipo II no periacuteodo de 2007 a 2011
sobre os laboratoacuterios de citopatologia e verificaram que o coeficiente Kappa manteve-se
excelente em 3 laboratoacuterios (kappa gt 080 e lt10) e alterou de bom (kappa gt 060 e
lt080) a excelente em 7 Os resultados observados no presente estudo estatildeo de acordo
com os dados de Freitas Thuler (2012) e Aacutezara et al (2016) em que se observou
melhoria da concordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes MEQ
Enfatiza-se que nosso trabalho comparou o momento antes e depois da reuniatildeo
consenso durante um MEQ ou seja foi realizada uma avaliaccedilatildeo pontual diferentemente
dos estudos encontrados na literatura que fizeram uma anaacutelise ao longo do tempo apoacutes
vaacuterios MEQ mas mesmo assim na presente avaliaccedilatildeo foi observado aumento da
concordacircncia e do kappa Indicando que somente uma reuniatildeo de consenso foi
suficiente para mudanccedila de postura dos citopatologistas envonvidos no MEQ
O valor da discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes a
reuniatildeo de Consenso no presente estudo foi 2025 Em um estudo realizado em
Goiacircnia estado de Goiaacutes comparando a variabilidade dos diagnoacutesticos citoloacutegicos dos
Laboratoacuterios Tipo I avaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II 759 foram considerados
discordantes (AacuteZARA et al 2013) Etlinger et al (2012) no estado de Satildeo Paulo
observou que a discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e o Laboratoacuterio
Tipo II foi de 1348 Em Satildeo Paulo Pereira et al (2006) avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I de citologia da Rede Puacuteblica de Sauacutede do estado submetidos ao
MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e a discordacircncia foi de 142 Estes dados estatildeo
REZENDE MT Resultados
46
abaixo do valor de discordacircncia encontrado nesse estudo apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de
Consenso Observa-se que a maioria dos diagnoacutesticos que levaram a discordacircncia do
presente estudo foram esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de
baixo grau LSIL e ASC-US e que o Laboratoacuterio Tipo II reclassificou como negativo
portanto RFP Nesses casos a conduta cliacutenica que seria adotada no primeiro momento eacute
a repeticcedilatildeo da citologia em seis meses portanto natildeo causaria maiores transtornos a
mulher ou custos altos com os cuidados de sauacutede Outra parte dos diagnoacutesticos que
levaram a essa discordacircncia foram ajuste de criteacuterios os quais natildeo atrasam a conduta
cliacutenica da mulher e aleacutem disso durante a reuniatildeo de consenso permitem aos
citopatologistas ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final Ainda pode-se citar os resultados dos seguimentos dos casos com RFP
acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso em que foram encontrados 9 seguimentos e
todos com resultado citopatoloacutegico alterado Dessa forma dos resultados que o
Laboratoacuterio Tipo I voltou atraacutes na reuniatildeo de consenso nove deles mostraram
resultaram alterado ou seja natildeo necessariamente o Laboratoacuterio Tipo I precisaria ter
voltado atraacutes nesses disgnoacutesticos Isso ressalta a importacircncia da discussatildeo dos casos
discordantes durante a reuniatildeo de consenso para ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos
utilizados pelos citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II (PEREIRA et al
2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2013)
Entre os exames citopatoloacutegicos considerados discordantes natildeo foi identificado
nenhum RFN e apoacutes a reuniatildeo de Consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e II verificou-
se reduccedilatildeo dos RFP Sabe-se que os RFN satildeo mais preocupantes que os RFP visto que
mulheres natildeo diagnosticadas natildeo retornam para o acompanhamento e seguem em risco
da evoluccedilatildeo de lesotildees precursoras do CCU Por outro lado os RFP com diagnoacutestico
inicial de ASC-H ou pior diagnoacutestico em que a conduta preconizada eacute o
encaminhamento para colposcopia e bioacutepsia submetem as mulheres a procedimentos
desnecessaacuterios que podem modificar sua vida sexual e gerar danos psicoloacutegicos aleacutem
de gerar custos adicionais com os cuidados de sauacutede E os RFP com diagnoacutestico inicial
de ASC-US ou LSIL atrasam a repeticcedilatildeo da citologia (FRABLE 2007 GULLO et al
2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Inicialmente o Laboratoacuterio Tipo II classificou 144 (144) dos exames
citopatoloacutegicos como RFP e apoacutes a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero passou para
184 (59) Dos 59 RFP 14 (238) resultados foram classificados como ASC-US que
REZENDE MT Resultados
47
eacute diagnoacutestico limiacutetrofe que apresenta grande variabilidade interobservador Os RFP
acordados apoacutes o consenso foram distribuiacutedos em 53 (898) lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 6 (102) lesotildees intraepiteliais escamosas de alto grau
Dentre os resultados discordantes entre o Laboratoacuterio Tipo I e II houve 7 casos
considerados retardo de conduta (22) que apoacutes a reuniatildeo de consenso ficaram
definidos em 6 (19) nuacutemeros proacuteximos daqueles encontrados por Aacutezara et al (2013)
em que houve atraso no procedimento cliacutenico em relaccedilatildeo a 244 dos casos
Aacutezara et al (2016) verificaram que apoacutes a educaccedilatildeo continuada proporcionada
aos Laboratoacuterios Tipo I de 2007 a 2011 houve diminuiccedilatildeo dos casos de retardo de
conduta a taxa de RFN foi reduzida em oito laboratoacuterios e a taxa de RFP foi reduzida
em 5 deles Pereira et al (2006) no estado de Satildeo Paulo avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I do estado submetidos ao MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e
observaram um nuacutemero de RFP (166) maior do que os RFN (78) No primeiro ano
de MEQ os RFP foram 178 e nos anos seguintes esse nuacutemero foi reduzindo ateacute
chegar em 37 no ano de 2004 Os RFP foram distribuiacutedos em 933 de lesotildees de
baixo grau e 67 de lesotildees de alto grau no primeiro ano de estudo O valor de RFP e
a distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau apoacutes reuniatildeo de consenso do presente
estudo foram bem proacuteximos dos encontrados por Pereira et al (2006) no primeiro ano
de avaliaccedilatildeo Em estudo semelhante realizado no estado de Satildeo Paulo de 2000 a 2010
por Etlinger et al (2012) constatou-se o total de 206 de RFP um valor baixo
comparado com o encontrado nesse estudo assim como aqueles dos anos de 2001 a
2004 de Pereira et al (2006) Percebe-se que o tempo de avaliaccedilatildeo desses estudos
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2016) foi maior do que
o utilizado no presente trabalho em que foi realizada uma avaliaccedilatildeo antes e depois de
uma reuniatildeo de consenso indicando que a educaccedilatildeo continuada proporcionada pelo
MEQ nesses periacuteodos que os estudos ocorreram contribuiu para a uniformizaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos e melhoria da reprodutibilidade dos exames citopatoloacutegicos
Portanto ainda que no presente estudo tenha sido feita uma avaliaccedilatildeo pontual natildeo foram
encontrados RFN entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes consenso e houve reduccedilatildeo de
RFP e retardo de conduta Aleacutem disso a porcentagem de RFP observada estaacute
aproximada dos dados da literatura nos primeiros anos de estudo assim como
distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau
REZENDE MT Resultados
48
Com o intuito de aprofundar os criteacuterios utilizados na avaliaccedilatildeo buscou-se os
seguimentos das pacientes com diagnoacutestico citopatoloacutegico alterado Esses resultados
foram mais concordantes com os diagnoacutesticos do Laboratoacuterios Tipo II entretanto a
maior parte dos esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de baixo
grau ASC-US e LSIL no seguimento os resultados foram negativos ou seja essas
lesotildees regrediram entre o periacuteodo da primeira citologia ateacute a realizaccedilatildeo da nova
citologia E ainda quando analisamos as lesotildees verdadeiramente precursoras do CCU as
HSIL a concordacircncia do seguimento foi maior com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Estudo de Tobias et al (2016) analisando os laboratoacuterios citopatoloacutegicos do estado de
Minas Gerais que prestam serviccedilo para o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mostraram
que de uma forma geral estes laboratoacuterios detectam baixos iacutendices de lesotildees
precursoras do CCU Portanto se avaliarmos dessa forma o Laboratoacuterio Tipo I do
presente estudo vem cumprindo com o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo do CCU jaacute
que as lesotildees com verdadeiro potencial de progressatildeo para o cacircncer estatildeo sendo
detectadas confirmadas pela colposcopia e bioacutepsia permitindo assim que a paciente
seja tratada impedindo a evoluccedilatildeo para o cacircncer (BORTOLON et al 2012 BRASIL
2016b) Do total de 59 RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso foi possiacutevel obter 9
resultados citopatoloacutegicos no seguimento e todas tiveram resultado alterado Observa-
se que o resultado inicial do Laboratoacuterio Tipo I estava correto e que a discussatildeo dos
resultados discordantes como neste caso proporciona melhora tanto dos criteacuterios do
Tipo I quanto do Tipo II
Evidenciado por Bortolon et al (2012) grande parte dos laboratoacuterios brasileiros
apresentam indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos fora dos niacuteveis
preconizados isso pode levar a natildeo identificaccedilatildeo de casos positivos e consequentemente
a liberaccedilatildeo de RFN Plewka et al (2014) avaliando o desempenho de 13 laboratoacuterios
do Estado do Paranaacute prestadores de serviccedilo para o SUS mostraram que os indicadores
da maioria dos laboratoacuterios estavam abaixo do recomendado Tobias et al (2016)
apontou que a maioria dos laboratoacuterios que prestam serviccedilos ao SUS do estado de MG
apresentaram indicadores fora do intervalo recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Esses estudos demonstram a necessidade de implantaccedilatildeo de programas de garantia da
qualidade do exame citopatoloacutegico como o MIQ e MEQ aleacutem da avaliaccedilatildeo perioacutedica
de ambos (BRASIL 2013a BRASIL 2016b) O MIQ inclui a implantaccedilatildeo do sistema
REZENDE MT Resultados
49
de indicadores de qualidade que satildeo de faacutecil compreensatildeo execuccedilatildeo e anaacutelise Satildeo
instrumentos importantes para a garantia de qualidade em citopatologia cervical pois
satildeo reconhecidos como vaacutelidos para a avaliaccedilatildeo da qualidade do exame citopatoloacutegico
do colo do uacutetero (SIEGL et al 2014 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b) O MEQ
proporciona para os laboratoacuterios monitorados educaccedilatildeo continuada e discussatildeo dos
casos discordantes que contribui para melhoria da habilidade profissional dos
citopatologistas na medida que o treinamento e fornece maior acuraacutecia no diagnoacutestico
das lesotildees precursoras do CCU possibilitando maior certeza na emissatildeo do laudo
(AacuteZARA et al 2016)
O iacutendice de positividade (IP) expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares e a
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo alvo sendo
que nos paiacuteses em que houve diminuiccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade por
CCU nos Estados Unidos Noruega e Reino Unido o IP foi 68 (DAVEY et al
2004) 49 (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) e 64 (NHS 2011)
respectivamente Os resultados de IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais do
estudo realizado por Bortolon et al (2012) mostraram que 58 dos laboratoacuterios
apresentavam IP muito baixo 19 baixo e somente 23 dentro do esperado sendo
que esses foram responsaacuteveis por apenas 14 do total de exames realizados no estado
Ainda verificou que a meacutedia do IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais foi 22
em 2010 valor inferior ao recomendado Estudo mais recente realizado por Tobias et al
(2016) mostrou que a maioria dos laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam serviccedilo
para o SUS independentemente da escala de produccedilatildeo tem valores de IP bem abaixo da
faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Sendo assim o IP baixo pode indicar a presenccedila de RFN apontando que eacute
necessaacuterio a reavaliaccedilatildeo do MIQ do laboratoacuterio a fim de intervir nos meacutetodos utilizados
assim como na qualificaccedilatildeo profissional dos citopatologistas (PLEWKA et al 2014
BRASIL 2016b) Observou-se no estudo de Aacutezara et al (2014) que o IP foi inferior a
3 em aproximadamente 74 dos laboratoacuterios do Estado de Goiaacutes que natildeo
participaram do MEQ ressaltando a importacircncia da inclusatildeo dos laboratoacuterios
citopatoloacutegicos nesse programa
O IP verificado neste trabalho foi de 120 apoacutes a reuniatildeo de consenso que
apesar de ter melhorado apoacutes a discussatildeo dos casos discordantes ainda estaacute um pouco
acima do esperado que eacute de 3 a 10 (BRASIL 2016b) isso pode expressar uma alta
REZENDE MT Resultados
50
prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na populaccedilatildeo estudada Miranda et al
(2013) determinou a persistecircncia da infecccedilatildeo pelo HPV em 596 das mulheres do
municiacutepio de Ouro Preto MG e que os tipos virais de alto risco foram os mais
persistentes ainda comprovou ainda que a presenccedila de alteraccedilotildees citoloacutegicas que podem
evoluir para o CCU estaacute associada agrave infecccedilatildeo por HPV
As ceacutelulas escamosas atiacutepicas (ASC) sugerem duacutevida diagnoacutestica em que natildeo
haacute criteacuterios citomorfoloacutegicos suficientes para o diagnoacutestico de lesatildeo intraepitelial tendo
potencial para uso exagerado Um alto iacutendice da razatildeo ASCSat indica grande nuacutemero
de RFP implicando na oferta desnecessaacuteria de exames para a investigaccedilatildeo diagnoacutestica o
que representa um ocircnus para a mulher e para a rede de sauacutede (BRASIL 2016b)
Portanto eacute preciso assegurar o monitoramento de qualidade dos laboratoacuterios de
citopatologia do colo do uacutetero para que os iacutendices de positividade se enquadrem no
preconizado ao mesmo tempo sem que haja aumento de ASC (BORTOLON et al
2012) No estado de Minas Gerais em estudo realizado por Bortolon et al (2012) foi
averiguado que o indicador ASCSat dos laboratoacuterios do estado foi 11 em 2010 valor
inferior ao recomendado Enquanto que os outros estados da Regiatildeo Sudeste tambeacutem
estavam com o indicador fora dos paracircmetros sendo Espirito Santo com 12 Rio de
Janeiro com 19 e Satildeo Paulo com 27 e a meacutedia da Regiatildeo foi entatildeo de 21 o que
indica a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios utilizados na definiccedilatildeo de ASC No
presente estudo verificou-se que antes da reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat do
Laboratoacuterio Tipo I apresentava valor de 571 fora da faixa indicada como ideal de 4
a 5 de acordo com o Manual de Gestatildeo da Qualidade (BRASIL 2016b)
Posteriormente a reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat observado foi de 462
dentro da faixa recomendada
Os demais indicadores de qualidade permaneceram dentro do recomendado apoacutes
o consenso A relaccedilatildeo ASCSIL que deve ser inferior a trecircs teve valor de 06 apoacutes a
accedilatildeo O valor dessa razatildeo dentro do recomendado indica que os criteacuterios diagnoacutesticos de
SIL e ASC estatildeo precisos O valor estaacute de acordo com os outros laboratoacuterios dos
estados da Regiatildeo Sudeste de acordo com estudo realizado em 2010 por Bortolon et al
(2012) 12 para o Rio de Janeiro 20 para Satildeo Paulo 11 para Espiacuterito Santo e Minas
Gerais
O ASCAlt deve ser inferior a 60 sendo que o valor encontrado nesse estudo
apoacutes o consenso de 384 permaneceu dentro do proposto Esse indicador tem a
REZENDE MT Resultados
51
finalidade de monitorar os casos de ASC para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente
Ressalta-se que o percentual elevado de ASC indica que o laboratoacuterio apresenta
problemas na fase preacute-analiacutetica analiacutetica ou em ambas as fases (BRASIL 2016b
AacuteZARA et al 2014) No estudo de Aacutezara et al (2014) 29 dos laboratoacuterios que natildeo
eram monitorados tiveram o indicador ASCAlt fora dos paracircmetros Aleacutem disso
aqueles laboratoacuterios natildeo monitorados que apresentaram IP dentro da faixa
recomendada e ASCAlt fora do recomendado estavam relacionados a um alto
percentual de ASC e natildeo de lesotildees precursoras do CCU Assim recomenda-se que esses
dois indicadores devem ser analisados em conjunto pois um IP adequado pode conter
uma elevada percentagem de ASC (BRASIL 2016b BRASIL 2013a)
Dessa forma acredita-se que o valor de IP encontrado em 2014 esteja um pouco
fora do esperado devido agrave alta prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na
populaccedilatildeo do municiacutepio de Ouro Preto MG E quando analisa-se o indicador ASCAlt
observa-se que tanto antes da reuniatildeo de consenso valor de 365 quanto depois valor
de 384 ambos estatildeo dentro do recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede que eacute menor
de 60 (BRASIL 2016b) ou seja o Laboratoacuterios Tipo I vem usando adequadamente
os criteacuterios para classificaccedilatildeo das ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado a qual tem potencial para uso exagerado
O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente
precursoras do CCU e deve ser igual ou superior a 04 valor que foi baseado nos
obtidos em paiacuteses em que o rastreamento foi bem-sucedido na diminuiccedilatildeo das taxas de
incidecircncia e mortalidade por CCU como 05 nos Estados Unidos (EVERSOLE et al
2010) 11 no Reino Unido (NHS CANCER SCREENING PROGRAMMES 2011) e
114 na Noruega (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) Obteve-se tanto antes
quanto depois da reuniatildeo de consenso valor da razatildeo HSILSat maior de 04 dessa
maneira o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo secundaacuteria do CCU vem sendo alcanccedilado
jaacute que as HSIL lesotildees que podem evoluir para o cacircncer estatildeo sendo detectadas
(BRASIL 2016b) Portanto ressalta-se que as lesotildees intraepiteliais de alto grau satildeo o
foco dos programas de rastreio do CCU para diminuiccedilatildeo de sua incidecircncia e
mortalidade (BORTOLON et al 2012) Os laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam
serviccedilo para o SUS apresentaram em 2012 detecccedilatildeo baixa de lesotildees precursoras do
CCU destacando a necessidade de investir na garantia da qualidade do exame
citopatoloacutegico por meio do MIQ e MEQ (TOBIAS et al 2016)
REZENDE MT Resultados
52
Aacutezara et al (2014) avaliaram o impacto da educaccedilatildeo continuada fornecida por
Laboratoacuterio Tipo II sobre os indicadores de qualidade de 12 laboratoacuterios monitorados
do Estado de Goiaacutes verificou-se efeito direto sobre os indicadores IP e o HSILSat que
melhoraram apoacutes a intervenccedilatildeo A educaccedilatildeo continuada fornecida pelo MEQ ajudou na
padronizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos aprimorando as competecircncias dos
citopatologistas em detectar alteraccedilotildees celulares sugestivas de CCU Constatou-se ainda
que a maioria dos laboratoacuterios que apresentaram indicadores na faixa estabelecida
estavam participando do MEQ
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I calculados nesse estudo dois
anos apoacutes o MEQ do ano de 2015 mostram que todos estatildeo dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede inclusive o IP que passou de 120 para 99
indicando que a accedilatildeo foi positiva e duradoura com o passar do tempo
Os resultados deste estudo mostraram que os indicadores de qualidade do
Laboratoacuterio Tipo I melhoraram apoacutes reuniatildeo de consenso proporcionada pelo MEQ
dessa forma eacute crucial a participaccedilatildeo dos laboratoacuterios de citopatologia no programa para
identificaccedilatildeo dos erros diagnoacutesticos e padronizaccedilatildeo dos criteacuterios utilizados na
classificaccedilatildeo das alteraccedilotildees citoloacutegicas Isso possibilita a adequaccedilatildeo dos indicadores nos
paracircmetros ideais permitindo a detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente precursoras do
CCU o que refletiraacute na reduccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade deste cacircncer
REZENDE MT Conclusotildees
53
8- Conclusotildees
A concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e II foi boa apoacutes a reuniatildeo de
Consenso
Dentre os resultados discordantes natildeo foi identificado nenhum RFN Os RFP e os
casos de retardo de conduta foram reduzidos apoacutes a reuniatildeo de consenso
O IP e o ASCSat apoacutes o consenso atingiram a faixa estabelecida e os outros
indicadores da qualidade permaneceram dentro do recomendado tanto antes quanto apoacutes
a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de consenso
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I dois anos apoacutes o MEQ estatildeo
dentro da faixa recomendada
Os seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia
com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso tiveram
resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Referecircncias
54
9- Consideraccedilotildees finais
Com apenas uma participaccedilatildeo no MEQ observou-se a importacircncia da reuniatildeo de
consenso realizada entre os Laboratoacuterios Tipos I e Tipo II para a anaacutelise e discussatildeo
dos casos discordantes Eacute um momento crucial para o ajuste dos criteacuterios
citomorfoloacutegicos utilizados no diagnoacutestico de lesotildees preacute-neoplaacutesicas pelos
citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II proporcionando um aprimoramento
desses criteacuterios Dessa forma apenas com uma accedilatildeo pontual minimiza-se a divergecircncia
diagnoacutestica do exame citopatoloacutegico Portanto a reuniatildeo de consenso proporcionada
pelo MEQ deve ser vista como uma parceria e como um momento de aprendizado para
ambos os laboratoacuterios pois eacute uma praacutetica de aperfeiccediloamento diagnoacutestico essencial para
o rastreamento do CCU
A praacutetica contiacutenua do MEQ deve igualmente ser priorizada em um programa
organizado de rastreamento do CCU pois o regular monitoramento dos laboratoacuterios
garante a produccedilatildeo de exames citopatoloacutegicos de qualidade e que contribuem
significativamente na detecccedilatildeo de lesotildees precursoras desta neoplasia
REZENDE MT Referecircncias
55
10- Referecircncias
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Nordm DA CITOLOGIA
RESULTADO DO PER
N= Negativo I= Insatisfatoacuterio S= Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
67
Apecircndice B Planilha da revisatildeo raacutepida de 100
PLANILHA DA REVISAtildeO RAacutePIDA DE 100 DOS NEGATIVOS (RR100)
DATA DE CHEGADA
DATA REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA RESULTADO DA RR100
FLORA
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
68
Apecircndice C Planilha dos resultados positivos e insatisfatoacuterios
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS POSITIVOS E INSATISFATOacuteRIOS
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO
ER
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
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Apecircndice D Planilha de revisatildeo dos resultados discordantes
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS DISCORDANTES
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO ER
RESULTADO RR100
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Anexos
70
Anexos
Anexo 1 Requisiccedilatildeo de exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero
REZENDE MT Anexos
71
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
14
2- Revisatildeo da Literatura
21 Cacircncer do colo do uacutetero
Estimativas da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede apontaram o cacircncer do colo do
uacutetero (CCU) como o responsaacutevel pelo oacutebito de 266 mil mulheres em 2012 e
aproximadamente 87 ocorreram nas regiotildees menos desenvolvidas (WHO 2012) No
Brasil ocupa a terceira posiccedilatildeo entre os dez tipos de cacircncer mais incidentes estimados
para 2016 por sexo exceto pele natildeo melanoma Estima-se para o ano de 20162017 a
ocorrecircncia de 16340 novos casos de CCU com uma incidecircncia de 1585 casos a cada
100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
A taxa de incidecircncia do CCU estimada para 20162017 por regiatildeo brasileira sem
considerar os tumores de pele natildeo melanoma eacute a mais alta na regiatildeo Norte
apresentando 2397 novos casos por 100 mil mulheres Eacute o segundo mais incidente nas
regiotildees Centro-Oeste e Nordeste com 2072 e 1949 novos casos a cada 100 mil
mulheres respectivamente E na regiatildeo Sudeste estaacute na terceira posiccedilatildeo com 1130
novos casos a cada 100 mil mulheres e na regiatildeo Sul na quarta com 1517 novos casos
a cada 100 mil mulheres (BRASIL 2016a)
Define-se o CCU como a replicaccedilatildeo desordenada do epiteacutelio de revestimento
deste oacutergatildeo resultando em comprometimento do estroma e invasatildeo de estruturas e
oacutergatildeos contiacuteguos ou agrave distacircncia Na fase preacute-cliacutenica desta neoplasia natildeo se observam
sintomas de maneira que a detecccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees precursoras eacute realizada pelo
exame citoloacutegico por outro lado agrave medida que a doenccedila progride surgem sangramento
menorragias e metrorragias (HAMONT et al 2008 LIMBERGER et al 2012)
O CCU eacute uma doenccedila que possui evoluccedilatildeo lenta onde a progressatildeo de uma
lesatildeo inicial para a forma invasiva pode levar anos sendo entatildeo possiacutevel identificar suas
formas precursoras que satildeo trataacuteveis e curaacuteveis (MEDEIROS et al 2005 COLEMAN
POZNANSKY 2006 RAMA et al 2008) Assim trata-se de uma doenccedila evitaacutevel
podendo apresentar 100 de cura principalmente atraveacutes do diagnoacutestico precoce
realizado pelo exame citopatoloacutegico e tratamento adequado de lesotildees preacute-malignas
(ZEFERINO et al 1996 ELUF-NETO NASCIMENTO 2001 SANTOS et al 2013)
A infecccedilatildeo pelo papiloma viacuterus humano (HPV) eacute uma das doenccedilas sexualmente
transmissiacuteveis mais comuns em todo mundo em ambos os sexos sendo que a maioria
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
15
das pessoas adquirem o viacuterus no iniacutecio da atividade sexual A infecccedilatildeo tem iniacutecio nas
ceacutelulas basais da zona de transformaccedilatildeo do colo do uacutetero e a maioria eacute controlada pela
resposta imune celular ocorrendo sua eliminaccedilatildeo espontacircnea em torno de dois anos
sem causar lesotildees e sintomas (ALMONTE et al 2010 GRAVITT et al 2011)
O HPV eacute considerado o principal fator de risco associado ao desenvolvimento
do CCU e a infecccedilatildeo persistente no trato reprodutivo de mulheres pode levar ao
surgimento de lesotildees preacute-neoplaacutesicas (DE SANJOSE et al 2007 2010
GUDLEVICIENE et al 2010) Satildeo descritos hoje aproximadamente 130 genoacutetipos do
HPV sendo que desses 40 podem infectar a mucosa genital Os tipos de HPV satildeo
classificados em viacuterus de alto ou baixo risco oncogecircnico conforme a propensatildeo das
ceacutelulas infectadas agrave transformaccedilatildeo neoplaacutesica (WEISS ROSENTHAL ZIMET 2011
FERRAZ SANTOS DISCACCIATI 2012) Aproximadamente 15 tipos de HPV tecircm
potencial oncogecircnico e satildeo responsaacuteveis por praticamente todos os cacircnceres cervicais e
lesotildees precursoras desses os mais prevalentes satildeo os HPV 16 e 18 sendo associados
com aproximadamente 70 de todos os cacircnceres do colo do uacutetero (MAZARICO
GONZALEZ-BOSQUETE 2012 HOSTE VOSSAERT POPPE 2013)
Sabe-se que somente a infecccedilatildeo pelo HPV natildeo eacute suficiente para o
desenvolvimento do carcinoma pois haacute um periacuteodo de latecircncia entre a infecccedilatildeo e o
desenvolvimento das lesotildees preacute-neoplaacutesicas indicando que existem outros elementos
atuando como co-fatores na carcinogecircnese do colo do uacutetero dentre os quais cita-se o
iniacutecio precoce da vida sexual muacuteltiplos parceiros sexuais multiparidade histoacuteria de
doenccedila sexualmente transmitida imunossupressatildeo uso prolongado de anticoncepcional
oral e tabagismo (NATUNEN et al 2011 ZARDO et al 2014)
Desde a infecccedilatildeo pelo HPV ateacute o desenvolvimento do CCU transcorrem
aproximadamente quinze anos Considera-se esta progressatildeo lenta sendo possiacutevel nesse
tempo a identificaccedilatildeo precoce de lesotildees celulares associadas com a persistecircncia deste
viacuterus no trato genital por meio da citologia cervical Assim haacute tempo para que as
lesotildees possam ser tratadas adequadamente impedindo a progressatildeo para o cacircncer
(SNIJDERS et al 2006 DISCACCIATI et al 2011 FERRAZ SANTOS
DISCACCIATI 2012)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
16
22 Exame citopatoloacutegico
A estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do CCU desde sua introduccedilatildeo
em 1941 por George Papanicolaou eacute o exame citopatoloacutegico sendo responsaacutevel pela
reduccedilatildeo da incidecircncia e mortalidade desse cacircncer nas uacuteltimas cinco deacutecadas em paiacuteses
em que foi implantado de maneira eficiente (PAPANICOLAOU TRAUT 1977
ARBYN et al 2009 DIJKSTRA et al 2014) O rastreio utilizando a citologia
esfoliativa eacute considerado uma intervenccedilatildeo de sauacutede puacuteblica extremamente bem-
sucedida de forma que praticado de acordo com as diretrizes alcanccedila reduccedilotildees na
incidecircncia do CCU de ateacute 80 (FRANCO DUARTE-FRANCO FERENCZY 2001
OGILVIE et al 2010) Aleacutem disso mais de 60 de todos os casos de CCU satildeo
observados entre as mulheres que natildeo participam do rastreamento (STENVALL
WIKSTROM WILANDER 2007)
O exame citopatoloacutegico baseia-se no fato de que alteraccedilotildees nas ceacutelulas epiteliais
do colo uterino podem progredir ao longo do tempo permitindo o surgimento do
cacircncer Sendo assim o Papanicolaou eacute estrateacutegico para detecccedilatildeo dessas alteraccedilotildees nas
fases iniciais das lesotildees precursoras (CARVALHO QUEIROZ 2010) Eacute um exame
faacutecil raacutepido praacutetico seguro de baixo custo e eficaz na detecccedilatildeo de lesotildees cervicais e
por isso deve ser incentivado como meacutetodo de triagem (GREENWOOD MACHADO
SAMPAIO 2006 OLIVEIRA et al 2010 COBUCCI et al 2016)
Os procedimentos mais usados para a confecccedilatildeo dos esfregaccedilos para o exame
citopatoloacutegico satildeo a coleta convencional ou em meio liacutequido (ARBYN et al 2008
NANDINI et al 2012) A teacutecnica de citologia em meio liacutequido permite que as ceacutelulas
sejam suspensas em meio liacutequido e espalhadas em monocamada possibilitando assim
uma melhor avaliaccedilatildeo morfoloacutegica e tem sido introduzida nos paiacuteses desenvolvidos para
melhorar a sensibilidade do exame citopatoloacutegico (PAWAR et al 2014) Apesar deste
meacutetodo apresentar menos tempo de triagem fundo limpo e melhor distribuiccedilatildeo dos
elementos celulares os benefiacutecios natildeo justificam o alto custo assim a coleta
convencional deve ser a primeira escolha para os paiacuteses em desenvolvimento pois
quando realizado de maneira organizada e de acordo com os padrotildees de qualidade natildeo eacute
inferior a citologia em meio liacutequido (ILTER et al 2012 SHARMA et al 2016)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a coleta convencional Neste tipo de coleta o
espeacuteculo eacute introduzido no canal vaginal para expor o colo do uacutetero e satildeo utilizados a
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
17
espaacutetula de Ayre para a coleta de ceacutelulas da ectoceacutervice e a escova endocervical para
coleta de ceacutelulas da endoceacutervice (ARBYN et al 2008 VERMA JAIN KAUR 2014)
As ceacutelulas satildeo colocadas em uma lacircmina transparente de vidro com extremidade fosca
onde consta identificaccedilatildeo da paciente satildeo coradas e examinadas ao microscoacutepio pelos
profissionais habilitados que poderatildeo identificar ceacutelulas que apresentam alteraccedilotildees
indicativas de lesotildees preacute-malignas (ARBYN et al 2008 FERNANDES et al 2009
BRASIL 2011)
No Brasil a populaccedilatildeo alvo recomendada para a realizaccedilatildeo deste exame satildeo
mulheres na faixa etaacuteria de 25 ateacute os 64 anos de idade e agravequelas que jaacute iniciaram a vida
sexual Recomenda-se a realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico como ferramenta
de rastreamento sendo que deve ser repetido a cada trecircs anos apoacutes dois exames anuais
consecutivos normais A repeticcedilatildeo em um ano tem por objetivo diminuir a possibilidade
de RFN (RIBEIRO SANTOS TEIXEIRA 2011 BRASIL 2016c) Este
acompanhamento regular tem como base os programas de rastreamento organizados na
maioria dos paiacuteses desenvolvidos (FERLAY et al 2012)
Em estudo envolvendo oito paiacuteses realizado pela International Agency for
Research on Cancer (IARC) em 1986 servindo de suporte para normas ainda hoje
vigente mundialmente estimou-se que ao iniciar o rastreamento aos 25 anos de idade e
natildeo aos 20 anos perde-se apenas 1 de reduccedilatildeo da incidecircncia cumulativa do CCU
(IARC 1986 BRASIL 2011) Mulheres de ateacute 20 anos de idade natildeo estatildeo incluiacutedas na
faixa etaacuteria alvo do rastreamento pois possuem maior probabilidade de regressatildeo das
lesotildees preacute-invasivas o carcinoma invasor nesta parcela da populaccedilatildeo em geral eacute
extremamente raro e a maioria das infecccedilotildees pelo HPV se resolve espontaneamente em
cerca de dois anos sendo portanto de reduzida significacircncia cliacutenica (MOSCICKI
2008 MOSCICKI COX 2010) Os exames devem seguir ateacute os 64 anos e apoacutes essa
idade serem interrompidos quando resultarem em dois exames negativos consecutivos
nos uacuteltimos cinco anos (SASIENI CASTANtildeON CUZICK 2010 BRASIL 2011)
O rastreamento no Brasil eacute predominantemente oportuniacutestico ou seja as
mulheres tecircm realizado o exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero quando procuram os
serviccedilos de sauacutede geralmente devido a consulta meacutedica gravidez e diante de queixas
como prurido e leucorreacuteia Assim 20 a 25 dos exames tecircm sido realizados fora do
grupo etaacuterio recomendado e aproximadamente metade deles com intervalo de um ano
ou menos quando o recomendado satildeo trecircs anos Portanto haacute um contingente de
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
18
mulheres rastreadas e a exclusatildeo de outras (ZEFERINO 2008 NAVARRO et al 2015
BRASIL 2016c)
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais
George N Papanicolaou em 1941 criou a primeira terminologia de
classificaccedilatildeo citoloacutegica das lesotildees precursoras do CCU que procurava expressar se as
ceacutelulas observadas eram normais ou natildeo e desde entatildeo vaacuterios sistemas de classificaccedilatildeo
foram sugeridos (TRAUT PAPANICOLAOU 1943 AGUIAR et al 2011)
Nos Estados Unidos em 1988 foi realizada na cidade de Bethesda um workshop
que enfatizou a grande diversidade na comunicaccedilatildeo dos resultados em citologia
cervical e teve como objetivo determinar uma terminologia que daria limites evidentes
para a gestatildeo e dessa maneira reduziria a variabilidade interobservador Entatildeo nesse
ano foi aprovada a classificaccedilatildeo citoloacutegica conhecida como Terminologia do Sistema
Bethesda que introduziu os termos lesotildees intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e
alto grau (HSIL) (NAYAR WILBUR 2015a)
Apoacutes experiecircncia na praacutetica cliacutenica e novos avanccedilos no conhecimento
cientiacutefico esse sistema passou por revisatildeo em 1991 e 2001 que propocircs uniformizar as
terminologias assim como as condutas cliacutenicas para cada classificaccedilatildeo citoloacutegica
(AGUIAR et al 2011) O workshop de 1991 levou agrave produccedilatildeo do primeiro atlas
Bethesda em 1994 depois de sua publicaccedilatildeo tornou-se rapidamente uma referecircncia
mundial para a praacutetica da citologia cervical (SOLOMON et al 2002 NAYAR
WILBUR 2015a) Em 2001 aconteceu mudanccedilas marcantes em relaccedilatildeo agrave categoria de
Ceacutelulas Escamosas Atiacutepicas (ASC) A categoria ASC foi subdividida em ceacutelulas
escamosas atiacutepicas de significado indeterminado (ASC-US) e ceacutelulas escamosas
atiacutepicas quando natildeo se pode excluir lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
(WRIGHT et al 2002 MASSAD et al 2013) Nos Estados Unidos em 2013 855
dos laboratoacuterios de citologia haviam implementado a terminologia de 2001 e o
sistema de Bethesda produziu um impacto significativo na comunidade
internacional de citopatologia (DAVEY et al 2004)
Nos uacuteltimos anos vecircm acontecendo vaacuterias mudanccedilas nos processos de rastreio
do CCU como aumento do uso de citologia em meio liacutequido aprovaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de vacinas profilaacuteticas contra o HPV mudanccedilas na terminologia de
histopatologia e diretrizes atualizadas para o rastreio do CCU e gestatildeo cliacutenica Com
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
19
base em todas essas mudanccedilas o ano de 2014 era o momento adequado para uma
revisatildeo e atualizaccedilatildeo da terminologia Sistema de Bethesda 2001 Houve entatildeo o
refinamento de criteacuterios morfoloacutegicos e incorporaccedilatildeo de revisotildees e novas
informaccedilotildees adicionais na terceira ediccedilatildeo do atlas Bethesda para citologia cervical
(NAYAR WILBUR 2015b)
Em 2003 foi publicada a primeira ediccedilatildeo da Nomenclatura Brasileira para
Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais e Condutas Cliacutenicas Preconizadas baseada no
sistema de Bethesda contendo tambeacutem o MEQ com o objetivo de padronizar o laudo
citopatoloacutegico com as respectivas condutas cliacutenicas e manter o controle de qualidade
desses laudos emitidos pelos laboratoacuterios prestadores de serviccedilo ao Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SUS) No ano de 2006 houve a publicaccedilatildeo da segunda ediccedilatildeo dessa
nomenclatura e foi suprimido o capiacutetulo referente ao MEQ porque esse tema merecia
uma profunda revisatildeo No ano de 2010 optou-se por lanccedilar como publicaccedilotildees
independentes os trecircs capiacutetulos de Condutas Cliacutenicas Preconizadas MEQ e da
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais (BRASIL 2012)
Em 2012 foi publicada a terceira ediccedilatildeo revisada e atualizada da Nomenclatura
Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais que eacute a nomenclatura utilizada
atualmente no Brasil contemplando a seguinte classificaccedilatildeo
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (ASC-US)
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir
lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (AGC-SOE)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode afastar
lesatildeo intraepitelial de alto grau (AGC-NEO)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL)
bull Adenocarcinoma in situ (AIS)
bull Adenocarcinoma invasor (cervical endometrial e sem outras especificaccedilotildees)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau natildeo podendo excluir microinvasatildeo
bull Carcinoma epidermoacuteide invasor
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
20
A adoccedilatildeo do Sistema de Bethesda ainda que adaptado ao Brasil facilita a
comparaccedilatildeo de resultados nacionais com os encontrados em publicaccedilotildees estrangeiras
Poreacutem ainda haacute resistecircncia por parte dos citopatologistas no emprego da nomenclatura
brasileira para exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero Ressalta-se que aleacutem do
diagnoacutestico preciso tambeacutem eacute importante que o relatoacuterio de apresentaccedilatildeo dos resultados
seja de faacutecil compreensatildeo para que a paciente receba seguimento e conduta adequada
dessa forma maiores esforccedilos devem ser empregados no sentido de estimular o uso
dessa nomenclatura (AGUIAR et al 2011)
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado
Em 2011 houve atualizaccedilatildeo das Condutas Cliacutenicas Preconizadas de 2006 e entatildeo
foram lanccediladas as ldquoDiretrizes para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo que
buscaram orientar as condutas preconizadas em mulheres com alteraccedilotildees no exame
citopatoloacutegico cervical (BRASIL 2011)
De acordo com essas diretrizes diante de um resultado de exame citopatoloacutegico
de ASC-US a mulher com 30 anos ou mais deveraacute repetir o exame citopatoloacutegico em
um intervalo de 6 meses e com idade inferior a 30 anos no intervalo de 12 meses Para
os exames com resultados classificados como ASC-H as mulheres devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e se observado alteraccedilotildees
colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia jaacute aquelas sem alteraccedilotildees devem repetir nova
citologia em 6 meses Pacientes com diagnoacutestico citoloacutegico de AGC devem ser
encaminhadas para colposcopia realiza-se a bioacutepsia apenas quando satildeo observadas
alteraccedilotildees no colo caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia em 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de LSIL devem repetir o exame citopatoloacutegico em 6
meses se a citologia de repeticcedilatildeo for negativa em dois exames consecutivos a paciente
deve retornar agrave rotina de rastreamento citoloacutegico trienal Pacientes que apresentarem
diagnoacutestico de HSIL deveratildeo ser encaminhadas em ateacute trecircs meses agrave Unidade de
Referecircncia Secundaacuteria para realizaccedilatildeo da bioacutepsia se observada alteraccedilotildees no colo na
colposcopia (BRASIL 2011)
No ano de 2016 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a segunda ediccedilatildeo das ldquoDiretrizes
para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo atualizando as diretrizes publicadas em
2011 visando auxiliar os profissionais da sauacutede em suas praacuteticas assistenciais em todo o
paiacutes quanto ao seguimento de exames citopatoloacutegicos alterados e apoiar os gestores na
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
21
tomada de decisatildeo em relaccedilatildeo agrave estruturaccedilatildeo da linha de cuidados da mulher (BRASIL
2016c)
De acordo com as diretrizes mais recentes as mulheres com diagnoacutestico de ASC-
US abaixo de 25 anos de idade devem repetir o exame apoacutes 3 anos aquelas entre 25 e
29 anos devem repetir em 12 meses enquanto as mulheres acima de 30 anos devem
repetir a citologia apoacutes 6 meses Mulheres com diagnoacutestico de ASC-H devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e somente aquelas que
apresentam alteraccedilotildees colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia sendo que as demais
devem repetir a citologia apoacutes 6 meses Em mulheres com diagnoacutestico de ceacutelulas
glandulares atiacutepicas (AGC) ou ceacutelulas atiacutepicas de origem indefinida a paciente deve ser
imediatamente encaminhada para colposcopia onde faz-se a bioacutepsia apenas quando satildeo
observadas alteraccedilotildees caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia Na
presenccedila do diagnoacutestico LSIL em mulheres abaixo de 25 anos de idade sugere-se repetir
o exame citopatoloacutegico apoacutes 3 anos com indicaccedilatildeo de colposcopia caso a atipia se
mantenha E mulheres acima de 25 anos de idade devem repetir a citologia apoacutes 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de HSIL devem ser encaminhadas para realizaccedilatildeo de
colposcopia ateacute trecircs meses apoacutes o resultado e caso apresentem alteraccedilotildees visuais no
colo do uacutetero deveratildeo ser submetidas a bioacutepsia caso contraacuterio recomenda-se nova
citologia apoacutes trecircs meses a contar da data da coleta da citologia anterior (BRASIL
2016c)
Um dos maiores problemas enfrentado pelo programa de rastreamento e controle
do CCU eacute a falta de seguimento dado as mulheres depois que realizam o exame
citopatoloacutegico bem como a orientaccedilatildeo errocircnea por parte dos profissionais de sauacutede
Portanto para que o programa tenha sucesso eacute necessaacuterio garantir que seja organizado e
definido como um conjunto de accedilotildees programadas com populaccedilatildeo e periodicidade
especiacuteficas porque com o seguimento pode-se oferecer um tratamento adequado
interrompendo o desenvolvimento desse cacircncer (VALE et al 2010 ALBUQUERQUE
et al 2012 SANTOS et al 2013)
23 Controle de qualidade em citopatologia
O exame citopatoloacutegico necessita apresentar uma boa acuraacutecia diagnoacutestica
(MILLER et al 2000 KOSE NAKI 2014 ABUDUKADEER et al 2015) No
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
22
entanto questiona-se sua eficiecircncia pois certo nuacutemero de mulheres desenvolve esse
cacircncer apesar de realizarem o exame periodicamente em parte essa situaccedilatildeo pode ser
explicada pelas altas taxas de RFN (MITCHELL MEDLEY 1995 TAVARES et al
2008 KIRSCHNER et al 2011) Aleacutem disso os RFP tambeacutem satildeo alarmantes pois
geram danos agrave vida de mulheres na medida que se sujeitam a procedimentos
dispensaacuteveis (KOSS 1989 FRABLE 2007 GULLO et al 2012)
As principais causas dos RFN ocorrem devido a erros de coleta de escrutiacutenio e
de interpretaccedilatildeo do diagnoacutestico (BOSCH RIETVELD-SCHEFFERS BOON 1992
MITCHELL MEDLEY 1995 ORTIZ-VAacuteZQUEZ et al 2001 FRABLE et al 2007
MANRIQUE et al 2009) Erros na coleta do material citoloacutegico podem ser
responsaacuteveis por ateacute 62 dos RFN e ocorrem devido agrave falta de representatividade
celular ou escassez de ceacutelulas neoplaacutesicas e tambeacutem pela presenccedila de processo
inflamatoacuterio sangue e fundo necroacutetico nos esfregaccedilos que podem prejudicar a anaacutelise
(VAN DER et al 1987 EJERSBO DAHL HOLUND 2003 AMARAL et al 2006
AMARAL et al 2008 LONNBERG et al 2010) O erro de escrutiacutenio varia de 10 a
67 e ocorre quando as ceacutelulas atiacutepicas estatildeo presentes no esfregaccedilo mas natildeo satildeo
identificadas pelo escrutinador devido agrave falta de atenccedilatildeo e concentraccedilatildeo tempo
insuficiente e falta de experiecircncia (DEMAY 1997 PITTOLI et al 2003 PAJTLER et
al 2006 AMARAL et al 2008) O erro de interpretaccedilatildeo pode ser responsaacutevel por ateacute
22 dos RFN e ocorre quando as ceacutelulas neoplaacutesicas satildeo reconhecidas mas satildeo
identificadas como benignas ou ainda satildeo classificadas erroneamente isso eacute atribuiacutedo
principalmente agrave experiecircncia insuficiente do profissional e informaccedilotildees cliacutenicas
inadequadas (GAY NALDSON GOELLNER 1985 RENSHAW 2003 COLEMAN
POZNANSKY 2006 AMARAL et al 2008)
Dessa forma tem sido exigido a implementaccedilatildeo de programas de monitoramento
da qualidade em citopatologia com o objetivo de melhorar o desempenho do exame
citopatoloacutegico em detectar anormalidades escamosas e glandulares e
consequentemente diminuir os percentuais de RFN e RFP que satildeo resultados
preocupantes tanto para a mulher quanto para os custos dos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(PAJTLER et al 2006 TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) A fim de
minimizar as falhas deste exame vaacuterias estrateacutegias corretivas de garantia da qualidade
tecircm sido desenvolvidas como a implementaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ nos
laboratoacuterios de citopatologia (PEREIRA et al 2006 AacuteZARA et al 2014a)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
23
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio de
citopatologia contemplam na fase preacute-analiacutetica atividades realizadas antes do
escrutiacutenio e incluem o registro do material recebido a preparaccedilatildeo a coloraccedilatildeo e a
montagem das lacircminas a manutenccedilatildeo dos equipamentos e microscoacutepios aleacutem dos
registros da qualificaccedilatildeo e treinamento dos profissionais (BRASIL 2016b) Na fase
analiacutetica o objetivo eacute a reduccedilatildeo de erros de escrutiacutenio ou de erros de interpretaccedilatildeo do
resultado com o intuito de diminuir os iacutendices de RFN e RFP algumas das medidas
contemplam o tempo de escrutiacutenio carga de trabalho do citologista e revisatildeo dos
esfregaccedilos (TAVARES et al 2007) O monitoramento contiacutenuo da qualidade dos
resultados dos exames citopatoloacutegicos imprescindiacutevel para o laboratoacuterio faz parte da
fase poacutes-analiacutetica em que eacute avaliada o desempenho global e individual dos profissionais
(AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
Por muitos anos vaacuterias discussotildees ocorreram na tentativa de apontar o melhor
meacutetodo de MIQ para a citologia cervical (DUDDING RENSHAW ELLIS 2011)
Considerado como consenso entre os especialistas na aacuterea a repeticcedilatildeo da leitura de
todos os esfregaccedilos classificados como negativos no escrutiacutenio de rotina eacute o meacutetodo
mais preciso para evitar erros no rastreio poreacutem este meacutetodo eacute dispendioso exigindo
muito tempo para a leitura em duplicata (TAVARES et al 2011)
Dentre os meacutetodos de MIQ cita-se a revisatildeo aleatoacuteria de 10 dos esfregaccedilos
negativos pelo escrutiacutenio de rotina (R-10) a revisatildeo baseada em criteacuterios cliacutenicos de
risco (RCCR) a revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos (RR100) e o preacute-
escrutiacutenio raacutepido (PER) Os meacutetodos de PER e RR100 satildeo considerados os mais
eficazes na detecccedilatildeo de RFN (MANRIQUE et al 2007 2011 TAVARES et al 2011
BRASIL 2016b) O meacutetodo de revisatildeo de 10 dos esfregaccedilos negativos eacute criticado
pois detecta poucos casos RFN assim como a RCCR que tambeacutem tem produzido
resultados ruins em vaacuterios estudos (AMARAL et al 2005 TAVARES et al 2008
TAVARES et al 2011 CURRENS et al 2012)
A RR100 consiste em revisar rapidamente todos os esfregaccedilos classificados
como negativos e insatisfatoacuterios do escrutiacutenio de rotina poreacutem como o revisor possui
conhecimento do resultado pode tornar o meacutetodo tendencioso reduzindo sua
concentraccedilatildeo e aumentando a possibilidade de deixar passar erros (PAJTLER et al
2006 MANRIQUE et al 2007) O PER consiste no escrutiacutenio raacutepido de todos os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
24
esfregaccedilos sem influecircncia de marcaccedilotildees sobre a lacircmina durante um tempo limitado
antes do escrutiacutenio de rotina e eacute um meacutetodo que tende a prender a atenccedilatildeo do
citologista jaacute que eacute realizado anterior a leitura de rotina aleacutem de permitir que a
sensibilidade de ambos PER e ER seja estimada (DJEMLI KHETANI AUGER
2006 TAVARES et al 2008)
Portanto eacute de extrema importacircncia a implementaccedilatildeo de accedilotildees de garantia da
qualidade na rotina dos laboratoacuterios de citopatologia pois permitem aprimorar o exame
citopatoloacutegico assegurando resultados confiaacuteveis (FERRAZ et al 2005 SIEGL et al
2014)
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
O sistema de monitoramento da qualidade tambeacutem deve comtemplar o
desenvolvimento e implantaccedilatildeo de sistema de indicadores de qualidade pois permitem
avaliar o desempenho global do laboratoacuterio realizar anaacutelise estatiacutestica individual dos
profissionais bem como utilizar os dados obtidos para a realizaccedilatildeo de intervenccedilotildees para
aperfeiccediloamento das etapas laboratoriais (SIEGL et al 2014 AacuteZARA et al 2014b)
Os indicadores de qualidade em citopatologia cervical possuem caracteriacutesticas
que satildeo muito importantes para que possam ser uacuteteis como ferramentas de apoio para o
monitoramento e a avaliaccedilatildeo do desempenho do laboratoacuterio Entre elas destacam-se a
facilidade de compreensatildeo uso de dados de coleta disponiacutevel e faacutecil execuccedilatildeo
mensuram os resultados encontrados permitindo comparaccedilatildeo com valores de referecircncia
preacute-estabelecidos refletem exatamente o que se deseja quantificar viabilizando assim
uma anaacutelise comparativa dos resultados para uma melhoria contiacutenua dos processos
internos do laboratoacuterio (BRASIL 2016b)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda que a coleta dos dados deve ser realizada
pelos profissionais envolvidos nas diversas etapas do processo de trabalho pois a
responsabilizaccedilatildeo dos profissionais pela obtenccedilatildeo dos dados tende a gerar compromisso
deles com os resultados almejados assim os dados tendem a ser de melhor qualidade
(BRASIL 2016b) Portanto a construccedilatildeo de tais indicadores para auxiliar o programa
de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo uacutetero deve ser feita internamente no
laboratoacuterio e satildeo mundialmente conhecidos pelos profissionais dessa aacuterea (BRASIL
2016b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
25
Os indicadores de qualidade incluem o iacutendice de positividade (IP) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ASCSat) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt) razatildeo de ceacutelulas
escamosas atiacutepicas por lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) percentual de exames
compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSILSat) (BORTOLON et
al 2012 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b)
O IP expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares nos exames aleacutem da
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo examinada
e recomenda-se que esteja entre 3 e 10 O ASCSat deve ficar entre 4 e 5 e quando
elevado sugere problemas na amostra na anaacutelise laboratorial ou em ambas as fases e
representa um ocircnus para a mulher e para a rede assistencial pois acarreta a oferta de um
maior nuacutemero de exames destinados agrave repeticcedilatildeo para investigaccedilatildeo diagnoacutestica O
ASCAlt deve ser inferior a 60 e tem o objetivo de monitorar ao percentual de atipias
de significado indeterminado para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo continuada dos
citopatologistas A razatildeo ASCSIL permite identificar o baixo desempenho profissional
no rastreamento e valores muito altos devem ter a causa investigada pois podem mostrar
a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios citoloacutegicos utilizados sendo que este indicador
deve ser menor que 3 O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees
precursoras do CCU e recomenda-se que seja igual ou maior que 04 (PLEWKA et
al 2014 BRASIL 2016b)
Os documentos gerados na elaboraccedilatildeo e o registro perioacutedico dos indicadores de
qualidade devem ser armazenados para permitir o acompanhamento dos processos
analisados e devem fazer parte do conjunto de documentos que compotildeem o Sistema de
Monitoramento da Qualidade do laboratoacuterio Eacute importante que esse material seja
armazenado em local de faacutecil acesso com o objetivo de facilitar as consultas sempre
que for necessaacuterio Recomenda-se que sejam feitos mensalmente e impressos com
assinatura do profissional responsaacutevel (BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia
Haacute deacutecadas o Brasil tem adotado medidas para garantia da qualidade dos exames
citopatoloacutegicos Em 1998 foi instituiacutedo o Programa Nacional de Controle do Cacircncer de
Colo de Uacutetero pela portaria GMMS nordm 3040 que reconheceu que o exame
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
26
citopatoloacutegico do colo uterino eacute uma avaliaccedilatildeo qualitativa que dependente da
interpretaccedilatildeo do observador e que essa subjetividade precisa ser minimizada portanto o
monitoramento da qualidade eacute importante para a garantia do serviccedilo prestado agrave
populaccedilatildeo feminina (BRASIL 1998)
O Ministeacuterio da Sauacutede em 2001 por meio da Portaria SPSSAS nordm 92 preconizou
que todos os laboratoacuterios que realizam exames citopatoloacutegicos para o SUS deveriam
submeter-se ao Programa de Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ) poreacutem o
programa de responsabilidade das coordenaccedilotildees estaduais natildeo havia sido implantado
em todo paiacutes Esse programa foi regulamentado em 2013 atraveacutes da Qualificaccedilatildeo
Nacional em Citopatologia na Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2010
BRASIL 2013a)
A Portaria Qualicito definiu que os gestores estaduais e municipais devem
gerenciar o programa acompanhando o desempenho dos laboratoacuterios participantes que
foram classificados em Tipo I e Tipo II Satildeo considerados Laboratoacuterios Tipo I os
laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam serviccedilo ao SUS e que realizam exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero e os Laboratoacuterios Tipo II os laboratoacuterios puacuteblicos
responsaacuteveis por realizar os exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no acircmbito do
MEQ aleacutem de poderem realizar as accedilotildees dos Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2013a)
O MEQ eacute parte integrante da estrateacutegia de garantia da qualidade em citopatologia
e tem por finalidade avaliar o desempenho dos Laboratoacuterios Tipo I e a qualidade dos
exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero detectar as diferenccedilas de interpretaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos aumentar a eficiecircncia do processo de realizaccedilatildeo dos exames
citopatoloacutegicos aleacutem de reduzir o percentual de RFN RFP e insatisfatoacuterios (BRASIL
2016)
Em 1999 foi instituiacutedo o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero
(SISCOLO) com objetivo de armazenar dados sobre identificaccedilatildeo da mulher
informaccedilotildees demograacuteficas epidemioloacutegicas e dos exames citopatoloacutegicos e
histopatoloacutegicos realizados pelo SUS (GIRIANELLI THULER SILVA 2009
(BRASIL 2016c) Em 2011 foi lanccedilado o Plano Nacional de Fortalecimento da Rede de
Prevenccedilatildeo que permitiu o desenvolvimento do Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer
(SISCAN) substituindo o SISCOLO poreacutem a implementaccedilatildeo do sistema estaacute sendo
lenta e gradual (BRASIL 2013b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
27
Portanto eacute o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer (SISCAN) que seleciona do
Laboratoacuterio Tipo I todos os exames positivos e insatisfatoacuterios e 10 dos negativos para
serem enviados ao Laboratoacuterio Tipo II de acordo com o estabelecido na Portaria
Qualicito (BRASIL 2013a) A lista deve ser enviada com a relaccedilatildeo dos casos
selecionados pelo sistema juntamente com as lacircminas solicitadas e os respectivos
laudos servindo como recibo de transferecircncia de responsabilidade de guarda das
lacircminas para o Laboratoacuterio Tipo II e para controle de devoluccedilatildeo ao laboratoacuterio de
origem (BRASIL 2016b)
Entatildeo o conjunto de accedilotildees realizadas pelo Laboratoacuterio Tipo II visa agrave avaliaccedilatildeo da
qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero dos Laboratoacuterios Tipo I e
contemplam duas fases a preacute-analiacutetica e analiacutetica Na primeira o Laboratoacuterio Tipo II
verifica os procedimentos teacutecnicos e informa a qualidade da confecccedilatildeo do esfregaccedilo
fixaccedilatildeo coloraccedilatildeo montagem e contaminaccedilatildeo das amostras E a fase analiacutetica consiste
em uma revisatildeo dos esfregaccedilos citopatoloacutegicos por profissionais habilitados e o
diagnoacutestico final eacute firmado por consenso entre os citopatologistas do Laboratoacuterio Tipo
II (PEREIRA et al 2006 BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
Os exames discordantes seratildeo comunicados ao Laboratoacuterio Tipo I que poderaacute
recorrer da opiniatildeo do Laboratoacuterio Tipo II caso natildeo concorde com o parecer dos
revisores buscando o consenso Caso concorde caberaacute ao Laboratoacuterio Tipo I enviar o
laudo de revisatildeo agraves regionais ao municiacutepio ou agrave Unidade Baacutesica de Sauacutede (UBS)
mencionando que esse laudo foi realizado em conjunto com o Laboratoacuterio Tipo II de
referecircncia Caso natildeo haja consenso entre os Laboratoacuterios Tipos I e II poderaacute ser
solicitada a avaliaccedilatildeo por outro Laboratoacuterio Tipo II em acordo com a Coordenaccedilatildeo
Estadual eou Municipal (BRASIL 2016b)
A estatiacutestica para a avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo
II eacute o Kappa Ponderado devido a necessidade de se atribuiacuterem diferentes pesos para as
discordacircncias aleacutem da frequecircncia de RFN RFP e retardo de conduta Assim uma atipia
de significado indeterminado que recebeu equivocadamente um laudo de LSIL teraacute um
peso menor na construccedilatildeo do Kappa que uma HSIL que recebeu um laudo negativo
(BRASIL 2012) Os laboratoacuterios com iacutendices diagnoacutesticos abaixo de dois desvios
padrotildees da meacutedia estadual eou iacutendice Kappa de correlaccedilatildeo em niacutevel ruim seratildeo
considerados fora dos paracircmetros recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
28
Laboratoacuterios Tipo I nessa situaccedilatildeo seratildeo notificados e monitorados pelos Laboratoacuterios
Tipo II para alcanccedilar o iacutendice esperado (BRASIL 2016b)
Dessa forma os Laboratoacuterios Tipo I devem enviar regularmente todas as lacircminas e
laudos dos exames selecionados para o Laboratoacuterio Tipo II analisar os casos de
discordacircncia buscando o consenso com o Laboratoacuterio Tipo II promover educaccedilatildeo
continuada para uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos minimizar as natildeo
conformidades encontradas na rotina do laboratoacuterio diminuir os RFN e RFP e avaliar o
desempenho profissional da equipe Os Laboratoacuterios Tipo II devem fazer contato e dar
retorno aos Laboratoacuterios Tipo I comunicando o quanto antes sobre os resultados dos
exames citopatoloacutegicos discordantes e discutir caso a caso buscando o consenso apoiar
as coordenaccedilotildees estadual e municipal na interface com os laboratoacuterios que realizam
exames para o SUS e proporcionar educaccedilatildeo permanente por meio de sessotildees interativas
regulares para os Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2016b)
Diversos estudos tecircm considerado o MEQ um programa eficiente no
aperfeiccediloamento do exame citopatoloacutegico uma vez que a discussatildeo dos casos
discordantes para se chegar a um consenso dos resultados etapa fundamental do
programa possibilita a uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados na
detecccedilatildeo das lesotildees precursoras do CCU o que reflete na reduccedilatildeo dos RFN e RFP
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 FREITAS THULER 2012 AacuteZARA
et al 2013 2014a 2016 BRASIL 2016b)
REZENDE MT Justificativa
29
3- Justificativa
Um dos principais motivos da ocorrecircncia de RFN e RFP no exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero eacute a variabilidade inter e intra observador na
interpretaccedilatildeo dos diagnoacutesticos dessa forma para a garantia da qualidade se faz
necessaacuterio a implantaccedilatildeo de MIQ e MEQ nos laboratoacuterios de citopatologia (FRABLE
et al 2007 MANRIQUE et al 2009 AacuteZARA et al 2014a) Este estudo foi
realizado com o intuito de avaliar o impacto do MEQ em laboratoacuterio de citopatologia
para minimizar as divergecircncias diagnoacutesticas e erros dentro dos processos do laboratoacuterio
a fim de reduzir os RFN e RFP Investindo na identificaccedilatildeo e retificaccedilatildeo das falhas eacute
possiacutevel que seja assegurado o melhor serviccedilo possiacutevel agrave mulher que receberaacute
seguimento e tratamento adequado
REZENDE MT Objetivos
30
4- Objetivos
41 Objetivo Geral
Comparar os resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do
municiacutepio de Ouro Preto MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade
42 Objetivos especiacuteficos
- Verificar a frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
- Avaliar a concordacircncia diagnoacutestica frequecircncia de casos discordantes falso-negativos
falso-positivos e retardo de conduta entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar o resultado do seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
do monitoramento externo da qualidade incluindo os RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de
consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes o monitoramento externo da qualidade
REZENDE MT Metodologia
31
5- Metodologia
51 Local de estudo
Este trabalho foi desenvolvido no setor de citologia do Laboratoacuterio Piloto de
Anaacutelises Cliacutenicas (LAPAC) da Escola de Farmaacutecia da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP) Por se tratar de estudo baseado em resultados de exames coletados em
2013 e 2014 que estatildeo disponiacuteveis publicamente atraveacutes do SISCOLO natildeo foi
necessaacuterio a submissatildeo ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
O setor de citologia deste laboratoacuterio eacute composto por 5 citopatologistas 2
bolsistas 1 teacutecnica e 2 assistentes administrativos Neste laboratoacuterio estatildeo disponiacuteveis
microscoacutepios NiKon E 200 para escrutiacutenio dos esfregaccedilos bateria de coloraccedilatildeo e
material para montagem das lacircminas microscoacutepio de 5 cabeccedilas para discussatildeo de casos
e 3 computadores para parte administrativa O setor de citologia deste laboratoacuterio atende
uma rotina de exames citopatoloacutegicos colhidos nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS)
de Ouro Preto MG que desde 2013 eacute o uacutenico Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio que
presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
511 Monitoramento interno da qualidade
Os meacutetodos de monitoramento interno da qualidade utilizados na rotina pelo
Laboratoacuterio Tipo I satildeo o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) e a revisatildeo raacutepida de 100 dos
esfregaccedilos negativos (RR100) e cada etapa de leitura da lacircmina eacute realizada por
citopatologistas diferentes em um esquema de rodiacutezio (Figura 1) Inicialmente todos os
esfregaccedilos citopatoloacutegicos adequados para a anaacutelise microscoacutepica satildeo submetidos ao
PER e os resultados satildeo classificados como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio e
registrados na planilha de PER (Apecircndice A) Posteriormente eacute realizado o escrutiacutenio de
rotina (ER) pelo segundo citopatologista que apoacutes a leitura detalhada classifica os
resultados de acordo com a nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos baseada
no Sistema de Bethesda 2001 (SOLOMON NAYAR 2004) anotando o diagnoacutestico no
verso da requisiccedilatildeo (Anexo 1) Em seguida todas as lacircminas consideradas negativas
pelo escrutiacutenio de rotina satildeo encaminhadas para um terceiro citologista que realiza a
RR100 classificando-o como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio registrando na
planilha de RR100 (Apecircndice B)
REZENDE MT Metodologia
32
Os esfregaccedilos considerados positivos e insatisfatoacuterios pelo ER e os resultados
discordantes que foram aqueles onde PER ou a RR100 classificou como suspeito ou
insatisfatoacuterio e o escrutiacutenio de rotina considerou negativo satildeo encaminhados para a
revisatildeo detalhada para confirmaccedilatildeo ou natildeo da alteraccedilatildeo e definiccedilatildeo do diagnoacutestico final
e anotados nas planilhas correspondentes (Apecircndice C e D) Quando a revisatildeo detalhada
eacute discordante do ER haacute um consenso entre os citopatologistas para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I
REZENDE MT Metodologia
33
52 Tipo de estudo
Foi realizado estudo retrospectivo comparando os resultados dos exames
citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I da Escola de Farmaacutecia da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de exames
citopatoloacutegicos de rastreio do municiacutepio de Ouro Preto Minas Gerais com os
resultados emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo II de Belo Horizonte responsaacutevel pelo MEQ
dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero de Minas Gerais
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica
Os exames do Laboratoacuterio Tipo I foram selecionados automaticamente pelo
SISCOLO (Sistema de Informaccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero) incluindo os exames
positivos insatisfatoacuterios e 10 dos negativos conforme a Portaria QualiCito
33882013 referente aos meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 As
amostras foram provenientes de mulheres atendidas nas UBS do municiacutepio de Ouro
Preto MG usuaacuterias do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
54 Monitoramento externo da qualidade
O Laboratoacuterio Tipo I enviou ao Laboratoacuterio Tipo II juntamente com os laudos
correspondentes um total de 321 esfregaccedilos citopatoloacutegicos classificados como
negativos (84) insatisfatoacuterios (3) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas (ASC-US41) lesatildeo intraepitelial
escamosa de baixo grau (LSIL163) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado natildeo se pode excluir lesatildeo de alto grau (ASC-H12) lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau (HSIL16) e ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras
especificaccedilotildees (AGC-SOE2) (Figura 2)
REZENDE MT Metodologia
34
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia cervical
Os esfregaccedilos foram reavaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II que emitiu um relatoacuterio
com os resultados para o Laboratoacuterio Tipo I comunicando tambeacutem os resultados
discordantes Nos casos em que o Laboratoacuterio Tipo I natildeo concordou com o parecer
REZENDE MT Metodologia
35
emitido pelos revisores do Laboratoacuterio Tipo II os resultados dos exames discordantes
foram discutidos caso a caso com o Laboratoacuterio Tipo II buscando o consenso entre os
dois Laboratoacuterios para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final (BRASIL 2016b)
Apoacutes o consenso os resultados discordantes foram reemitidos pelo Laboratoacuterio
Tipo I e encaminhados agraves Unidades de Sauacutede que localizaram as mulheres e
reprogramaram a conduta baseada no diagnoacutestico final
Os esfregaccedilos que inicialmente foram classificados como negativos ou
inflamatoacuterios pelo Laboratoacuterio Tipo I e considerados como positivos pelo Laboratoacuterio
Tipo II foram denominados resultados falso-negativos (RFN) Aqueles considerados
inicialmente positivos pelo Laboratoacuterio Tipo I mas reclassificados como negativos pelo
Laboratoacuterio Tipo II foram denominados resultados falso-positivos (RFP) Foram
considerados casos discordantes aqueles que implicaram em mudanccedila de conduta
cliacutenica de acordo com as normas preconizadas pelas Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2011)
Os resultados diagnosticados inicialmente como ASC-US ou LSIL pelo
Laboratoacuterio Tipo I e que na revisatildeo o Laboratoacuterio Tipo II julgou como diagnoacutestico mais
grave (ASC-H HSIL Carcinoma de ceacutelulas escamosas AGC-SOE AGC-NEO
Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma invasor) foram considerados como retardo
de conduta cliacutenica
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados
Para levantamento do seguimento das pacientes em que os resultados dos
exames foram classificados como ASC-US ou LSIL foi realizada a busca do resultado
do novo exame citopatoloacutegico uma vez que a conduta preconizada eacute a repeticcedilatildeo do
exame no periacuteodo de seis meses a um ano Para aqueles classificados como ASC-H ou
pior diagnoacutestico foi realizado o levantamento do resultado do exame histopatoloacutegico
dado que a conduta preconizada eacute o encaminhamento para colposcopia e se visualizado
alguma alteraccedilatildeo no colo uterino realiza-se a bioacutepsia Os resultados insatisfatoacuterios natildeo
foram considerados nesta anaacutelise (BRASIL 2011)
Foram realizadas visitas previamente agendadas agraves UBS do municiacutepio para
realizaccedilatildeo do levantamento das pacientes previamente listadas daquela unidade que
haviam sido diagnosticadas com alguma alteraccedilatildeo citoloacutegica O profissional responsaacutevel
REZENDE MT Metodologia
36
pela coleta do exame citopatoloacutegico verificou nos prontuaacuterios das pacientes o
seguimento que foi adotado em cada caso Poreacutem as UBS tinham poucos registros do
seguimento dessas pacientes por isso foram adotadas outras estrateacutegias
Portanto com o objetivo de levantar os dados referentes ao seguimento das
pacientes encaminhadas para acompanhamento de ASC-H e pior diagnoacutestico foram
realizadas visitas ao Centro Viva Vida em Itabirito que eacute o centro de referecircncia para
atenccedilatildeo secundaacuteria do municiacutepio de Ouro Preto E para levantamento do novo exame
citopatoloacutegico foi realizada pesquisa nos registros do Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio
de Ouro Preto que presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos
do colo do uacutetero
56 Anaacutelise dos dados
Os dados dos exames citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I e
Laboratoacuterio Tipo II foram digitados no Excel (Microsoft Office Professional Plus 2013)
para elaboraccedilatildeo do banco de dados A anaacutelise dos dados foi realizada pelo pacote
estatiacutestico Stata versatildeo 11 foi calculada a concordacircncia dos resultados dos exames
citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e II e o Kappa antes a apoacutes o Consenso A
frequecircncia de esfregaccedilos discordantes incluindo RFP e retardo de conduta entre os
Laboratoacuterios Tipo I e II foi calculada antes e apoacutes a Reuniatildeo de Consenso no total de
321 esfregaccedilos O coeficiente Kappa eacute classificado em concordacircncia pobre (0ltKlt040)
concordacircncia moderada (040ltKlt060) concordacircncia boa (060ltKlt080) concordacircncia
excelente (080ltKlt1) o valor zero indica ausecircncia de concordacircncia e o valor 1
corresponde a concordacircncia perfeita (LANDIS KOCH 1977) Foi calculada a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) atraveacutes da seguinte foacutermula
VPR = [coeficiente final - coeficiente inicial]100
coeficiente inicial
O caacutelculo dos indicadores de qualidade foi realizado utilizando um banco de
dados do Laboratoacuterio Tipo I onde satildeo mantidos registros de todos os exames realizados
com seus respectivos resultados Para avaliaccedilatildeo pontual os indicadores de qualidade
foram calculados antes da reuniatildeo de consenso ano de 2013 e depois da reuniatildeo de
consenso ano de 2014 Para avaliaccedilatildeo temporal do efeito da reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Metodologia
37
proporcionada por um MEQ calculou-se os indicadores do Laboratoacuterio Tipo I dos anos
de 2012 2013 2014 e 2015 Foi utilizado para o caacutelculo as foacutermulas presentes no
Manual de Gestatildeo da Qualidade para Laboratoacuterio de Citopatologia (BRASIL 2016b)
Iacutendice de Positividade (IP) intervalo esperado 3-10
Nordm de exames alterados em determinado local e ano x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ACSSat)
intervalo esperado 4-5
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt)
intervalo esperado lt60
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames alterados
Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) intervalo
esperado lt3
Nordm de ex compatiacuteveis com ASC-US e ASC-H
No de exames com LSIL e HSIL
Percentual de exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
(HSILSat) intervalo esperado lt04
Ndeg de exames HSIL x 100
Total de exames satisfatoacuterios
REZENDE MT Resultados
38
6- Resultados
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
O Laboratoacuterio Tipo I enviou 321 esfregaccedilos para o Laboratoacuterio Tipo II
classificados como 3 (09) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 84 (262) negativos 41
(128) ASC-US 163 (508) LSIL 12 (37) ASC-H 16 (50) HSIL e 2 (06)
AGC-SOE Apoacutes a reuniatildeo de consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II chegou-
se no diagnoacutestico final de 3 (093) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 143 (446) negativos
44 ASC-US (137) 8 ASC-H (25)101 LSIL (315) 21 HSIL (65) e 1 AGC-
SOE (03) Foram considerados discordantes entre os laboratoacuterios 151 (470)
esfregaccedilos (Tabela 1)
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
Tipo I Tipo II Consenso
Diagnoacutestico n () n () n ()
Insatisfatoacuterio 3 09 4 13 3 09
Negativo 84 262 227 707 143 446
ASC-US 41 122 17 53 44 137
ASC-H 12 37 3 09 8 25
LSIL 163 508 54 168 101 315
HSIL 16 50 12 37 21 65
HSIL micro invasor 0 0 1 03 0 0
AGC-SOE 2 06 3 09 1 03
Total 321 100 321 100 321 100
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
Do total de exames revisados pelo Laboratoacuterio Tipo II foram concordantes 84
(262) esfregaccedilos negativos e 3 (093) classificados como insatisfatoacuterios pelo Tipo I
Dos 41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 6 (1463) foram
concordantes pelo Tipo II e os 35 (854) restantes foram reclassificados como
REZENDE MT Resultados
39
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 53
(325) foram considerados concordantes pelo Tipo II 92 (564) foram
reclassificados como negativos 11 (68) como ASC-US 2 (12) como ASC-H 4
(25) como HSIL e 1 (06) reclassificado como AGC-SOE Dos 12 (37)
esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo Tipo I 1 (83) foi considerado
concordante pelo Tipo II 9 (75) foram reclassificados como negativos 1 (83)
como insatisfatoacuterio 1 (83) como HSIL Dos 16 (50) esfregaccedilos classificados como
HSIL emitidos pelo Tipo I 7 (438) foram considerados concordantes pelo Tipo II 6
(375) foram reclassificados como negativos 1 (63) como LSIL 1 (63) como
HSIL micro invasor e 1(63) como AGC-SOE Dos 2 (06) esfregaccedilos classificados
como AGC-SOE pelo Tipo I 1 (500) foi considerado concordante pelo Tipo II Entre
o Laboratoacuterio Tipo I e o Tipo II houve 7 (22) casos de retardo de conduta sendo 4
(571) LSIL para HSIL 2 (286) LSIL para ASC-H e 1 (143) LSIL para AGC-
SOE (Tabela 2)
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso
Tipo II
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL HSIL micro
invasor AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 35 6 41
ASC-H 1 9 1 1 12
LSIL 92 11 2 53 4 1 163
HSIL 6 1 7 1 1 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 4 227 17 3 54 12 1 3 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa
de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas
sem outras especificaccedilotildees
Os resultados definidos apoacutes o Consenso estatildeo descritos na Tabela 3 Observou-
se 203 (65) de casos discordantes entre os 321 esfregaccedilos analisados Os esfregaccedilos
negativos insatisfatoacuterios e todos os classificados como HSIL foram concordantes Dos
REZENDE MT Resultados
40
41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 27 (659) foram
considerados concordantes pelo Tipo II e 14 (342) foram reclassificados como
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 101
(620) foram considerados concordantes 39 (239) foram reclassificados como
negativos pelo Tipo II 17 (104) como ASC-US 2 (12) como ASC-H e 4 (25)
reclassificados como HSIL Dos 12 (374) esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo
Tipo I 6 (500) foram concordantes 5 (417) esfregaccedilos foram reclassificados como
negativos e 1 (83) foi reclassificado como HSIL pelo Tipo II Dos 2 (06)
esfregaccedilos classificados como AGC-SOE pelo Tipo I somente 1 (500) foi
concordante Portanto apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de Consenso foram constatados 6
(19) casos de retardo de conduta sendo 4 (667) diagnoacutesticos iniciais de LSIL
reclassificados para HSIL e 2 (333) diagnoacutesticos iniciais de LSIL reclassificados para
ASC-H (Tabela 3)
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia diagnoacutestica entre o Laboratoacuterio Tipo I e o
Laboratoacuterio Tipo II apoacutes o Consenso
Consenso
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 14 27 41
ASC-H 5 6 1 12
LSIL 39 17 2 101 4 163
HSIL 16 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 3 143 44 8 101 21 1 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
REZENDE MT Resultados
41
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Foi avaliada a concordacircncia dos resultados dos Laboratoacuterios Tipo I e II antes e
apoacutes Consenso Observou-se concordacircncia antes do Consenso de 527 entre os
Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II com Kappa de 029 Apoacutes a Reuniatildeo de Consenso foi
observado 798 (VPR=+514) de concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
com aumento do Kappa para 066 (VPR=+1276) (Tabela 4)
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso
Tipo I x Tipo II Antes do consenso Apoacutes consenso VPR
Concordacircncia () 527 798 +514
Kappa 029 066 +1276
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Antes do consenso o total de esfregaccedilos discordantes foi de 151 (470) casos e
depois do consenso esse nuacutemero reduziu para 65 (203) casos Antes do consenso foi
observado um percentual de 449 (144) RFP entre os Laboratoacuterios Tipo I e II e apoacutes o
consenso esse nuacutemero diminuiu para 184 (59) Natildeo houve nenhum caso de RFN
Entre o Laboratoacuterio Tipo I e II antes do consenso houve 7 (22) casos de retardo de
conduta e depois do consenso esse nuacutemero caiu para 6 (19) casos (Tabela 5)
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o Consenso
Tipo I x Tipo II Discordantes
Antes do consenso Apoacutes consenso
n N
Falso-positivo 144 449 59 184
Retardo de conduta 7 22 6 19
Total 151 470 65 203
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II
REZENDE MT Resultados
42
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos
O IP era 156 e apoacutes consenso passou para 120 reduccedilatildeo de
aproximadamente 230 (VPR=-2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor
apoacutes o consenso de 57 para 46 reduccedilatildeo por volta de 190 (VPR=-1910) O
HSILSat diminuiu de 10 para 07 (VPR=-2647) apoacutes consenso A razatildeo ASCSIL
antes do consenso era de 06 e apoacutes sua realizaccedilatildeo aumentou para 06
(VPR=+1017) O mesmo ocorreu em relaccedilatildeo ao indicador ASCAlt que passou de
365 para 384 (VPR=+515) Houve diferenccedila significativa entre os valores dos
indicadores IP ASCSat e ASCAlt antes e apoacutes reuniatildeo de consenso valor de p foi
menor que 005 (Tabela 7)
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso
Indicadores Antes consenso Apoacutes consenso VPR p
IP (3-10) 156 120 -2314 lt 00001
ASCSat (4-5) 57 46 -1910 001
ASCSIL (lt3) 06 06 +1017 0053
ASCAlt (lt60) 365 384 +515 lt 00001
HSILSat (gt04) 10 07 -2647 00825
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
O IP no ano de 2012 foi de 1115 aumentou para 156 em 2013 apoacutes o
MEQ em 2014 reduziu para 120 e em 2015 este indicador passou para 99 O
ASCSat foi de 49 em 2012 um ano depois apresentou valor de 57 depois da
realizaccedilatildeo do MEQ em 2014 passou para 46 e em 2015 foi para 48 Os outros
indicadores da qualidade apresentaram valores que variaram dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (Tabela 8)
REZENDE MT Resultados
43
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade
Indicadores 2012 2013 2014 2015
IP (3-10) 111 156 120 99
ASCSat (4-5) 49 57 46 48
ASCSIL (lt3) 09 06 06 10
ASCAlt (lt60) 439 365 384 485
HSILSat (gt04) 09 10 07 05
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
Do total de 234 esfregaccedilos positivos foi possiacutevel obter o seguimento de 107
(457) casos em que 22 foram considerados inicialmente com diagnoacutestico de ASC-
US 76 LSIL 2 ASC-H 1 AGC-SOE e 6 HSIL Dos ASC-US iniciais somente 1 teve
resultado concordante no seguimento Dos 76 esfregaccedilos considerados como LSIL 23
tiveram resultado do seguimento concordante Os 2 resultados ASC-H foram negativos
no seguimento assim como o AGC-SOE Dos 6 resultados HSIL emitidos pelo Tipo I
5 foram confirmados pela bioacutepsia O seguimento de 127 (542) mulheres em que 77
(6063) deveriam ter repetido o exame citopatoloacutegico e 20 (158) deveriam ter sido
encaminhadas para a colposcopia e bioacutepsia natildeo foi resgatado (Figura 3)
Figura 3 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Resultados
44
Apoacutes a realizaccedilatildeo da Reuniatildeo de Consenso o percentual de RFP foi definido em
184 num total de 59 casos assim distribuiacutedos 14 ASC-US (238) 39 LSIL
(660) 5 ASC-H (85) e 1 AGC-SOE (17) sendo 898 lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 102 de alto grau Do total de 59 RFP foi possiacutevel obter 9
(152) resultados citopatoloacutegicos alterados no seguimento 8 de repeticcedilatildeo da citologia
e uma bioacutepsia inicialmente 6 diagnosticados como LSIL pelo Laboratoacuterio Tipo I no
seguimento tiveram resultado de 3 LSIL e 3 ASC-US Dos 3 ASC-US iniciais dados
pelo Tipo I no seguimento resultaram em 1 LSIL 1 ASC-US e 1 ASC-H (Figura 4)
Figura 4 Seguimento dos casos com resultados falso-positivos (RFP) acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Discussatildeo
45
7- Discussatildeo
Os resultados deste estudo mostraram que apoacutes reuniatildeo de Consenso onde
ocorreu discussatildeo dos resultados discordantes houve melhora na concordacircncia
diagnoacutestica entre os laboratoacuterios a concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou para 798 e o coeficiente Kappa foi alterado de 029 para 066 Estes
resultados estatildeo de acordo com estudo realizado por Freitas Thuler (2012) no Mato
Grosso do Sul analisando a concordacircncia diagnoacutestica entre Laboratoacuterio Tipo II e 15
Laboratoacuterios Tipo I entre 2002 e 2011 em que o valor miacutenimo do Kappa passou de 01
no primeiro ano para 08 em 2011 No uacuteltimo ano dos 8 laboratoacuterios avaliados 7
atingiram a concordacircncia perfeita ou excelente (coeficiente Kappagt080) e um
concordacircncia boa Aacutezara et al (2016) avaliaram os efeitos de um programa de
educaccedilatildeo continuada realizado por um Laboratoacuterio Tipo II no periacuteodo de 2007 a 2011
sobre os laboratoacuterios de citopatologia e verificaram que o coeficiente Kappa manteve-se
excelente em 3 laboratoacuterios (kappa gt 080 e lt10) e alterou de bom (kappa gt 060 e
lt080) a excelente em 7 Os resultados observados no presente estudo estatildeo de acordo
com os dados de Freitas Thuler (2012) e Aacutezara et al (2016) em que se observou
melhoria da concordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes MEQ
Enfatiza-se que nosso trabalho comparou o momento antes e depois da reuniatildeo
consenso durante um MEQ ou seja foi realizada uma avaliaccedilatildeo pontual diferentemente
dos estudos encontrados na literatura que fizeram uma anaacutelise ao longo do tempo apoacutes
vaacuterios MEQ mas mesmo assim na presente avaliaccedilatildeo foi observado aumento da
concordacircncia e do kappa Indicando que somente uma reuniatildeo de consenso foi
suficiente para mudanccedila de postura dos citopatologistas envonvidos no MEQ
O valor da discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes a
reuniatildeo de Consenso no presente estudo foi 2025 Em um estudo realizado em
Goiacircnia estado de Goiaacutes comparando a variabilidade dos diagnoacutesticos citoloacutegicos dos
Laboratoacuterios Tipo I avaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II 759 foram considerados
discordantes (AacuteZARA et al 2013) Etlinger et al (2012) no estado de Satildeo Paulo
observou que a discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e o Laboratoacuterio
Tipo II foi de 1348 Em Satildeo Paulo Pereira et al (2006) avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I de citologia da Rede Puacuteblica de Sauacutede do estado submetidos ao
MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e a discordacircncia foi de 142 Estes dados estatildeo
REZENDE MT Resultados
46
abaixo do valor de discordacircncia encontrado nesse estudo apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de
Consenso Observa-se que a maioria dos diagnoacutesticos que levaram a discordacircncia do
presente estudo foram esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de
baixo grau LSIL e ASC-US e que o Laboratoacuterio Tipo II reclassificou como negativo
portanto RFP Nesses casos a conduta cliacutenica que seria adotada no primeiro momento eacute
a repeticcedilatildeo da citologia em seis meses portanto natildeo causaria maiores transtornos a
mulher ou custos altos com os cuidados de sauacutede Outra parte dos diagnoacutesticos que
levaram a essa discordacircncia foram ajuste de criteacuterios os quais natildeo atrasam a conduta
cliacutenica da mulher e aleacutem disso durante a reuniatildeo de consenso permitem aos
citopatologistas ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final Ainda pode-se citar os resultados dos seguimentos dos casos com RFP
acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso em que foram encontrados 9 seguimentos e
todos com resultado citopatoloacutegico alterado Dessa forma dos resultados que o
Laboratoacuterio Tipo I voltou atraacutes na reuniatildeo de consenso nove deles mostraram
resultaram alterado ou seja natildeo necessariamente o Laboratoacuterio Tipo I precisaria ter
voltado atraacutes nesses disgnoacutesticos Isso ressalta a importacircncia da discussatildeo dos casos
discordantes durante a reuniatildeo de consenso para ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos
utilizados pelos citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II (PEREIRA et al
2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2013)
Entre os exames citopatoloacutegicos considerados discordantes natildeo foi identificado
nenhum RFN e apoacutes a reuniatildeo de Consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e II verificou-
se reduccedilatildeo dos RFP Sabe-se que os RFN satildeo mais preocupantes que os RFP visto que
mulheres natildeo diagnosticadas natildeo retornam para o acompanhamento e seguem em risco
da evoluccedilatildeo de lesotildees precursoras do CCU Por outro lado os RFP com diagnoacutestico
inicial de ASC-H ou pior diagnoacutestico em que a conduta preconizada eacute o
encaminhamento para colposcopia e bioacutepsia submetem as mulheres a procedimentos
desnecessaacuterios que podem modificar sua vida sexual e gerar danos psicoloacutegicos aleacutem
de gerar custos adicionais com os cuidados de sauacutede E os RFP com diagnoacutestico inicial
de ASC-US ou LSIL atrasam a repeticcedilatildeo da citologia (FRABLE 2007 GULLO et al
2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Inicialmente o Laboratoacuterio Tipo II classificou 144 (144) dos exames
citopatoloacutegicos como RFP e apoacutes a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero passou para
184 (59) Dos 59 RFP 14 (238) resultados foram classificados como ASC-US que
REZENDE MT Resultados
47
eacute diagnoacutestico limiacutetrofe que apresenta grande variabilidade interobservador Os RFP
acordados apoacutes o consenso foram distribuiacutedos em 53 (898) lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 6 (102) lesotildees intraepiteliais escamosas de alto grau
Dentre os resultados discordantes entre o Laboratoacuterio Tipo I e II houve 7 casos
considerados retardo de conduta (22) que apoacutes a reuniatildeo de consenso ficaram
definidos em 6 (19) nuacutemeros proacuteximos daqueles encontrados por Aacutezara et al (2013)
em que houve atraso no procedimento cliacutenico em relaccedilatildeo a 244 dos casos
Aacutezara et al (2016) verificaram que apoacutes a educaccedilatildeo continuada proporcionada
aos Laboratoacuterios Tipo I de 2007 a 2011 houve diminuiccedilatildeo dos casos de retardo de
conduta a taxa de RFN foi reduzida em oito laboratoacuterios e a taxa de RFP foi reduzida
em 5 deles Pereira et al (2006) no estado de Satildeo Paulo avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I do estado submetidos ao MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e
observaram um nuacutemero de RFP (166) maior do que os RFN (78) No primeiro ano
de MEQ os RFP foram 178 e nos anos seguintes esse nuacutemero foi reduzindo ateacute
chegar em 37 no ano de 2004 Os RFP foram distribuiacutedos em 933 de lesotildees de
baixo grau e 67 de lesotildees de alto grau no primeiro ano de estudo O valor de RFP e
a distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau apoacutes reuniatildeo de consenso do presente
estudo foram bem proacuteximos dos encontrados por Pereira et al (2006) no primeiro ano
de avaliaccedilatildeo Em estudo semelhante realizado no estado de Satildeo Paulo de 2000 a 2010
por Etlinger et al (2012) constatou-se o total de 206 de RFP um valor baixo
comparado com o encontrado nesse estudo assim como aqueles dos anos de 2001 a
2004 de Pereira et al (2006) Percebe-se que o tempo de avaliaccedilatildeo desses estudos
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2016) foi maior do que
o utilizado no presente trabalho em que foi realizada uma avaliaccedilatildeo antes e depois de
uma reuniatildeo de consenso indicando que a educaccedilatildeo continuada proporcionada pelo
MEQ nesses periacuteodos que os estudos ocorreram contribuiu para a uniformizaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos e melhoria da reprodutibilidade dos exames citopatoloacutegicos
Portanto ainda que no presente estudo tenha sido feita uma avaliaccedilatildeo pontual natildeo foram
encontrados RFN entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes consenso e houve reduccedilatildeo de
RFP e retardo de conduta Aleacutem disso a porcentagem de RFP observada estaacute
aproximada dos dados da literatura nos primeiros anos de estudo assim como
distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau
REZENDE MT Resultados
48
Com o intuito de aprofundar os criteacuterios utilizados na avaliaccedilatildeo buscou-se os
seguimentos das pacientes com diagnoacutestico citopatoloacutegico alterado Esses resultados
foram mais concordantes com os diagnoacutesticos do Laboratoacuterios Tipo II entretanto a
maior parte dos esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de baixo
grau ASC-US e LSIL no seguimento os resultados foram negativos ou seja essas
lesotildees regrediram entre o periacuteodo da primeira citologia ateacute a realizaccedilatildeo da nova
citologia E ainda quando analisamos as lesotildees verdadeiramente precursoras do CCU as
HSIL a concordacircncia do seguimento foi maior com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Estudo de Tobias et al (2016) analisando os laboratoacuterios citopatoloacutegicos do estado de
Minas Gerais que prestam serviccedilo para o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mostraram
que de uma forma geral estes laboratoacuterios detectam baixos iacutendices de lesotildees
precursoras do CCU Portanto se avaliarmos dessa forma o Laboratoacuterio Tipo I do
presente estudo vem cumprindo com o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo do CCU jaacute
que as lesotildees com verdadeiro potencial de progressatildeo para o cacircncer estatildeo sendo
detectadas confirmadas pela colposcopia e bioacutepsia permitindo assim que a paciente
seja tratada impedindo a evoluccedilatildeo para o cacircncer (BORTOLON et al 2012 BRASIL
2016b) Do total de 59 RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso foi possiacutevel obter 9
resultados citopatoloacutegicos no seguimento e todas tiveram resultado alterado Observa-
se que o resultado inicial do Laboratoacuterio Tipo I estava correto e que a discussatildeo dos
resultados discordantes como neste caso proporciona melhora tanto dos criteacuterios do
Tipo I quanto do Tipo II
Evidenciado por Bortolon et al (2012) grande parte dos laboratoacuterios brasileiros
apresentam indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos fora dos niacuteveis
preconizados isso pode levar a natildeo identificaccedilatildeo de casos positivos e consequentemente
a liberaccedilatildeo de RFN Plewka et al (2014) avaliando o desempenho de 13 laboratoacuterios
do Estado do Paranaacute prestadores de serviccedilo para o SUS mostraram que os indicadores
da maioria dos laboratoacuterios estavam abaixo do recomendado Tobias et al (2016)
apontou que a maioria dos laboratoacuterios que prestam serviccedilos ao SUS do estado de MG
apresentaram indicadores fora do intervalo recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Esses estudos demonstram a necessidade de implantaccedilatildeo de programas de garantia da
qualidade do exame citopatoloacutegico como o MIQ e MEQ aleacutem da avaliaccedilatildeo perioacutedica
de ambos (BRASIL 2013a BRASIL 2016b) O MIQ inclui a implantaccedilatildeo do sistema
REZENDE MT Resultados
49
de indicadores de qualidade que satildeo de faacutecil compreensatildeo execuccedilatildeo e anaacutelise Satildeo
instrumentos importantes para a garantia de qualidade em citopatologia cervical pois
satildeo reconhecidos como vaacutelidos para a avaliaccedilatildeo da qualidade do exame citopatoloacutegico
do colo do uacutetero (SIEGL et al 2014 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b) O MEQ
proporciona para os laboratoacuterios monitorados educaccedilatildeo continuada e discussatildeo dos
casos discordantes que contribui para melhoria da habilidade profissional dos
citopatologistas na medida que o treinamento e fornece maior acuraacutecia no diagnoacutestico
das lesotildees precursoras do CCU possibilitando maior certeza na emissatildeo do laudo
(AacuteZARA et al 2016)
O iacutendice de positividade (IP) expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares e a
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo alvo sendo
que nos paiacuteses em que houve diminuiccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade por
CCU nos Estados Unidos Noruega e Reino Unido o IP foi 68 (DAVEY et al
2004) 49 (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) e 64 (NHS 2011)
respectivamente Os resultados de IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais do
estudo realizado por Bortolon et al (2012) mostraram que 58 dos laboratoacuterios
apresentavam IP muito baixo 19 baixo e somente 23 dentro do esperado sendo
que esses foram responsaacuteveis por apenas 14 do total de exames realizados no estado
Ainda verificou que a meacutedia do IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais foi 22
em 2010 valor inferior ao recomendado Estudo mais recente realizado por Tobias et al
(2016) mostrou que a maioria dos laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam serviccedilo
para o SUS independentemente da escala de produccedilatildeo tem valores de IP bem abaixo da
faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Sendo assim o IP baixo pode indicar a presenccedila de RFN apontando que eacute
necessaacuterio a reavaliaccedilatildeo do MIQ do laboratoacuterio a fim de intervir nos meacutetodos utilizados
assim como na qualificaccedilatildeo profissional dos citopatologistas (PLEWKA et al 2014
BRASIL 2016b) Observou-se no estudo de Aacutezara et al (2014) que o IP foi inferior a
3 em aproximadamente 74 dos laboratoacuterios do Estado de Goiaacutes que natildeo
participaram do MEQ ressaltando a importacircncia da inclusatildeo dos laboratoacuterios
citopatoloacutegicos nesse programa
O IP verificado neste trabalho foi de 120 apoacutes a reuniatildeo de consenso que
apesar de ter melhorado apoacutes a discussatildeo dos casos discordantes ainda estaacute um pouco
acima do esperado que eacute de 3 a 10 (BRASIL 2016b) isso pode expressar uma alta
REZENDE MT Resultados
50
prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na populaccedilatildeo estudada Miranda et al
(2013) determinou a persistecircncia da infecccedilatildeo pelo HPV em 596 das mulheres do
municiacutepio de Ouro Preto MG e que os tipos virais de alto risco foram os mais
persistentes ainda comprovou ainda que a presenccedila de alteraccedilotildees citoloacutegicas que podem
evoluir para o CCU estaacute associada agrave infecccedilatildeo por HPV
As ceacutelulas escamosas atiacutepicas (ASC) sugerem duacutevida diagnoacutestica em que natildeo
haacute criteacuterios citomorfoloacutegicos suficientes para o diagnoacutestico de lesatildeo intraepitelial tendo
potencial para uso exagerado Um alto iacutendice da razatildeo ASCSat indica grande nuacutemero
de RFP implicando na oferta desnecessaacuteria de exames para a investigaccedilatildeo diagnoacutestica o
que representa um ocircnus para a mulher e para a rede de sauacutede (BRASIL 2016b)
Portanto eacute preciso assegurar o monitoramento de qualidade dos laboratoacuterios de
citopatologia do colo do uacutetero para que os iacutendices de positividade se enquadrem no
preconizado ao mesmo tempo sem que haja aumento de ASC (BORTOLON et al
2012) No estado de Minas Gerais em estudo realizado por Bortolon et al (2012) foi
averiguado que o indicador ASCSat dos laboratoacuterios do estado foi 11 em 2010 valor
inferior ao recomendado Enquanto que os outros estados da Regiatildeo Sudeste tambeacutem
estavam com o indicador fora dos paracircmetros sendo Espirito Santo com 12 Rio de
Janeiro com 19 e Satildeo Paulo com 27 e a meacutedia da Regiatildeo foi entatildeo de 21 o que
indica a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios utilizados na definiccedilatildeo de ASC No
presente estudo verificou-se que antes da reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat do
Laboratoacuterio Tipo I apresentava valor de 571 fora da faixa indicada como ideal de 4
a 5 de acordo com o Manual de Gestatildeo da Qualidade (BRASIL 2016b)
Posteriormente a reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat observado foi de 462
dentro da faixa recomendada
Os demais indicadores de qualidade permaneceram dentro do recomendado apoacutes
o consenso A relaccedilatildeo ASCSIL que deve ser inferior a trecircs teve valor de 06 apoacutes a
accedilatildeo O valor dessa razatildeo dentro do recomendado indica que os criteacuterios diagnoacutesticos de
SIL e ASC estatildeo precisos O valor estaacute de acordo com os outros laboratoacuterios dos
estados da Regiatildeo Sudeste de acordo com estudo realizado em 2010 por Bortolon et al
(2012) 12 para o Rio de Janeiro 20 para Satildeo Paulo 11 para Espiacuterito Santo e Minas
Gerais
O ASCAlt deve ser inferior a 60 sendo que o valor encontrado nesse estudo
apoacutes o consenso de 384 permaneceu dentro do proposto Esse indicador tem a
REZENDE MT Resultados
51
finalidade de monitorar os casos de ASC para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente
Ressalta-se que o percentual elevado de ASC indica que o laboratoacuterio apresenta
problemas na fase preacute-analiacutetica analiacutetica ou em ambas as fases (BRASIL 2016b
AacuteZARA et al 2014) No estudo de Aacutezara et al (2014) 29 dos laboratoacuterios que natildeo
eram monitorados tiveram o indicador ASCAlt fora dos paracircmetros Aleacutem disso
aqueles laboratoacuterios natildeo monitorados que apresentaram IP dentro da faixa
recomendada e ASCAlt fora do recomendado estavam relacionados a um alto
percentual de ASC e natildeo de lesotildees precursoras do CCU Assim recomenda-se que esses
dois indicadores devem ser analisados em conjunto pois um IP adequado pode conter
uma elevada percentagem de ASC (BRASIL 2016b BRASIL 2013a)
Dessa forma acredita-se que o valor de IP encontrado em 2014 esteja um pouco
fora do esperado devido agrave alta prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na
populaccedilatildeo do municiacutepio de Ouro Preto MG E quando analisa-se o indicador ASCAlt
observa-se que tanto antes da reuniatildeo de consenso valor de 365 quanto depois valor
de 384 ambos estatildeo dentro do recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede que eacute menor
de 60 (BRASIL 2016b) ou seja o Laboratoacuterios Tipo I vem usando adequadamente
os criteacuterios para classificaccedilatildeo das ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado a qual tem potencial para uso exagerado
O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente
precursoras do CCU e deve ser igual ou superior a 04 valor que foi baseado nos
obtidos em paiacuteses em que o rastreamento foi bem-sucedido na diminuiccedilatildeo das taxas de
incidecircncia e mortalidade por CCU como 05 nos Estados Unidos (EVERSOLE et al
2010) 11 no Reino Unido (NHS CANCER SCREENING PROGRAMMES 2011) e
114 na Noruega (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) Obteve-se tanto antes
quanto depois da reuniatildeo de consenso valor da razatildeo HSILSat maior de 04 dessa
maneira o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo secundaacuteria do CCU vem sendo alcanccedilado
jaacute que as HSIL lesotildees que podem evoluir para o cacircncer estatildeo sendo detectadas
(BRASIL 2016b) Portanto ressalta-se que as lesotildees intraepiteliais de alto grau satildeo o
foco dos programas de rastreio do CCU para diminuiccedilatildeo de sua incidecircncia e
mortalidade (BORTOLON et al 2012) Os laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam
serviccedilo para o SUS apresentaram em 2012 detecccedilatildeo baixa de lesotildees precursoras do
CCU destacando a necessidade de investir na garantia da qualidade do exame
citopatoloacutegico por meio do MIQ e MEQ (TOBIAS et al 2016)
REZENDE MT Resultados
52
Aacutezara et al (2014) avaliaram o impacto da educaccedilatildeo continuada fornecida por
Laboratoacuterio Tipo II sobre os indicadores de qualidade de 12 laboratoacuterios monitorados
do Estado de Goiaacutes verificou-se efeito direto sobre os indicadores IP e o HSILSat que
melhoraram apoacutes a intervenccedilatildeo A educaccedilatildeo continuada fornecida pelo MEQ ajudou na
padronizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos aprimorando as competecircncias dos
citopatologistas em detectar alteraccedilotildees celulares sugestivas de CCU Constatou-se ainda
que a maioria dos laboratoacuterios que apresentaram indicadores na faixa estabelecida
estavam participando do MEQ
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I calculados nesse estudo dois
anos apoacutes o MEQ do ano de 2015 mostram que todos estatildeo dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede inclusive o IP que passou de 120 para 99
indicando que a accedilatildeo foi positiva e duradoura com o passar do tempo
Os resultados deste estudo mostraram que os indicadores de qualidade do
Laboratoacuterio Tipo I melhoraram apoacutes reuniatildeo de consenso proporcionada pelo MEQ
dessa forma eacute crucial a participaccedilatildeo dos laboratoacuterios de citopatologia no programa para
identificaccedilatildeo dos erros diagnoacutesticos e padronizaccedilatildeo dos criteacuterios utilizados na
classificaccedilatildeo das alteraccedilotildees citoloacutegicas Isso possibilita a adequaccedilatildeo dos indicadores nos
paracircmetros ideais permitindo a detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente precursoras do
CCU o que refletiraacute na reduccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade deste cacircncer
REZENDE MT Conclusotildees
53
8- Conclusotildees
A concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e II foi boa apoacutes a reuniatildeo de
Consenso
Dentre os resultados discordantes natildeo foi identificado nenhum RFN Os RFP e os
casos de retardo de conduta foram reduzidos apoacutes a reuniatildeo de consenso
O IP e o ASCSat apoacutes o consenso atingiram a faixa estabelecida e os outros
indicadores da qualidade permaneceram dentro do recomendado tanto antes quanto apoacutes
a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de consenso
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I dois anos apoacutes o MEQ estatildeo
dentro da faixa recomendada
Os seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia
com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso tiveram
resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Referecircncias
54
9- Consideraccedilotildees finais
Com apenas uma participaccedilatildeo no MEQ observou-se a importacircncia da reuniatildeo de
consenso realizada entre os Laboratoacuterios Tipos I e Tipo II para a anaacutelise e discussatildeo
dos casos discordantes Eacute um momento crucial para o ajuste dos criteacuterios
citomorfoloacutegicos utilizados no diagnoacutestico de lesotildees preacute-neoplaacutesicas pelos
citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II proporcionando um aprimoramento
desses criteacuterios Dessa forma apenas com uma accedilatildeo pontual minimiza-se a divergecircncia
diagnoacutestica do exame citopatoloacutegico Portanto a reuniatildeo de consenso proporcionada
pelo MEQ deve ser vista como uma parceria e como um momento de aprendizado para
ambos os laboratoacuterios pois eacute uma praacutetica de aperfeiccediloamento diagnoacutestico essencial para
o rastreamento do CCU
A praacutetica contiacutenua do MEQ deve igualmente ser priorizada em um programa
organizado de rastreamento do CCU pois o regular monitoramento dos laboratoacuterios
garante a produccedilatildeo de exames citopatoloacutegicos de qualidade e que contribuem
significativamente na detecccedilatildeo de lesotildees precursoras desta neoplasia
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REZENDE MT Apecircndices
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Apecircndices
Apecircndice A Planilha do preacute-escrutiacutenio raacutepido
PLANILHA DO PREacute-ESCRUTIacuteNIO RAacutePIDO (PER)
DATA DE CHEGADA
DATA
REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA
RESULTADO DO PER
N= Negativo I= Insatisfatoacuterio S= Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
67
Apecircndice B Planilha da revisatildeo raacutepida de 100
PLANILHA DA REVISAtildeO RAacutePIDA DE 100 DOS NEGATIVOS (RR100)
DATA DE CHEGADA
DATA REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA RESULTADO DA RR100
FLORA
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
68
Apecircndice C Planilha dos resultados positivos e insatisfatoacuterios
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS POSITIVOS E INSATISFATOacuteRIOS
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO
ER
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
69
Apecircndice D Planilha de revisatildeo dos resultados discordantes
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS DISCORDANTES
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO ER
RESULTADO RR100
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Anexos
70
Anexos
Anexo 1 Requisiccedilatildeo de exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero
REZENDE MT Anexos
71
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
15
das pessoas adquirem o viacuterus no iniacutecio da atividade sexual A infecccedilatildeo tem iniacutecio nas
ceacutelulas basais da zona de transformaccedilatildeo do colo do uacutetero e a maioria eacute controlada pela
resposta imune celular ocorrendo sua eliminaccedilatildeo espontacircnea em torno de dois anos
sem causar lesotildees e sintomas (ALMONTE et al 2010 GRAVITT et al 2011)
O HPV eacute considerado o principal fator de risco associado ao desenvolvimento
do CCU e a infecccedilatildeo persistente no trato reprodutivo de mulheres pode levar ao
surgimento de lesotildees preacute-neoplaacutesicas (DE SANJOSE et al 2007 2010
GUDLEVICIENE et al 2010) Satildeo descritos hoje aproximadamente 130 genoacutetipos do
HPV sendo que desses 40 podem infectar a mucosa genital Os tipos de HPV satildeo
classificados em viacuterus de alto ou baixo risco oncogecircnico conforme a propensatildeo das
ceacutelulas infectadas agrave transformaccedilatildeo neoplaacutesica (WEISS ROSENTHAL ZIMET 2011
FERRAZ SANTOS DISCACCIATI 2012) Aproximadamente 15 tipos de HPV tecircm
potencial oncogecircnico e satildeo responsaacuteveis por praticamente todos os cacircnceres cervicais e
lesotildees precursoras desses os mais prevalentes satildeo os HPV 16 e 18 sendo associados
com aproximadamente 70 de todos os cacircnceres do colo do uacutetero (MAZARICO
GONZALEZ-BOSQUETE 2012 HOSTE VOSSAERT POPPE 2013)
Sabe-se que somente a infecccedilatildeo pelo HPV natildeo eacute suficiente para o
desenvolvimento do carcinoma pois haacute um periacuteodo de latecircncia entre a infecccedilatildeo e o
desenvolvimento das lesotildees preacute-neoplaacutesicas indicando que existem outros elementos
atuando como co-fatores na carcinogecircnese do colo do uacutetero dentre os quais cita-se o
iniacutecio precoce da vida sexual muacuteltiplos parceiros sexuais multiparidade histoacuteria de
doenccedila sexualmente transmitida imunossupressatildeo uso prolongado de anticoncepcional
oral e tabagismo (NATUNEN et al 2011 ZARDO et al 2014)
Desde a infecccedilatildeo pelo HPV ateacute o desenvolvimento do CCU transcorrem
aproximadamente quinze anos Considera-se esta progressatildeo lenta sendo possiacutevel nesse
tempo a identificaccedilatildeo precoce de lesotildees celulares associadas com a persistecircncia deste
viacuterus no trato genital por meio da citologia cervical Assim haacute tempo para que as
lesotildees possam ser tratadas adequadamente impedindo a progressatildeo para o cacircncer
(SNIJDERS et al 2006 DISCACCIATI et al 2011 FERRAZ SANTOS
DISCACCIATI 2012)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
16
22 Exame citopatoloacutegico
A estrateacutegia mais utilizada para o rastreamento do CCU desde sua introduccedilatildeo
em 1941 por George Papanicolaou eacute o exame citopatoloacutegico sendo responsaacutevel pela
reduccedilatildeo da incidecircncia e mortalidade desse cacircncer nas uacuteltimas cinco deacutecadas em paiacuteses
em que foi implantado de maneira eficiente (PAPANICOLAOU TRAUT 1977
ARBYN et al 2009 DIJKSTRA et al 2014) O rastreio utilizando a citologia
esfoliativa eacute considerado uma intervenccedilatildeo de sauacutede puacuteblica extremamente bem-
sucedida de forma que praticado de acordo com as diretrizes alcanccedila reduccedilotildees na
incidecircncia do CCU de ateacute 80 (FRANCO DUARTE-FRANCO FERENCZY 2001
OGILVIE et al 2010) Aleacutem disso mais de 60 de todos os casos de CCU satildeo
observados entre as mulheres que natildeo participam do rastreamento (STENVALL
WIKSTROM WILANDER 2007)
O exame citopatoloacutegico baseia-se no fato de que alteraccedilotildees nas ceacutelulas epiteliais
do colo uterino podem progredir ao longo do tempo permitindo o surgimento do
cacircncer Sendo assim o Papanicolaou eacute estrateacutegico para detecccedilatildeo dessas alteraccedilotildees nas
fases iniciais das lesotildees precursoras (CARVALHO QUEIROZ 2010) Eacute um exame
faacutecil raacutepido praacutetico seguro de baixo custo e eficaz na detecccedilatildeo de lesotildees cervicais e
por isso deve ser incentivado como meacutetodo de triagem (GREENWOOD MACHADO
SAMPAIO 2006 OLIVEIRA et al 2010 COBUCCI et al 2016)
Os procedimentos mais usados para a confecccedilatildeo dos esfregaccedilos para o exame
citopatoloacutegico satildeo a coleta convencional ou em meio liacutequido (ARBYN et al 2008
NANDINI et al 2012) A teacutecnica de citologia em meio liacutequido permite que as ceacutelulas
sejam suspensas em meio liacutequido e espalhadas em monocamada possibilitando assim
uma melhor avaliaccedilatildeo morfoloacutegica e tem sido introduzida nos paiacuteses desenvolvidos para
melhorar a sensibilidade do exame citopatoloacutegico (PAWAR et al 2014) Apesar deste
meacutetodo apresentar menos tempo de triagem fundo limpo e melhor distribuiccedilatildeo dos
elementos celulares os benefiacutecios natildeo justificam o alto custo assim a coleta
convencional deve ser a primeira escolha para os paiacuteses em desenvolvimento pois
quando realizado de maneira organizada e de acordo com os padrotildees de qualidade natildeo eacute
inferior a citologia em meio liacutequido (ILTER et al 2012 SHARMA et al 2016)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a coleta convencional Neste tipo de coleta o
espeacuteculo eacute introduzido no canal vaginal para expor o colo do uacutetero e satildeo utilizados a
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
17
espaacutetula de Ayre para a coleta de ceacutelulas da ectoceacutervice e a escova endocervical para
coleta de ceacutelulas da endoceacutervice (ARBYN et al 2008 VERMA JAIN KAUR 2014)
As ceacutelulas satildeo colocadas em uma lacircmina transparente de vidro com extremidade fosca
onde consta identificaccedilatildeo da paciente satildeo coradas e examinadas ao microscoacutepio pelos
profissionais habilitados que poderatildeo identificar ceacutelulas que apresentam alteraccedilotildees
indicativas de lesotildees preacute-malignas (ARBYN et al 2008 FERNANDES et al 2009
BRASIL 2011)
No Brasil a populaccedilatildeo alvo recomendada para a realizaccedilatildeo deste exame satildeo
mulheres na faixa etaacuteria de 25 ateacute os 64 anos de idade e agravequelas que jaacute iniciaram a vida
sexual Recomenda-se a realizaccedilatildeo perioacutedica do exame citopatoloacutegico como ferramenta
de rastreamento sendo que deve ser repetido a cada trecircs anos apoacutes dois exames anuais
consecutivos normais A repeticcedilatildeo em um ano tem por objetivo diminuir a possibilidade
de RFN (RIBEIRO SANTOS TEIXEIRA 2011 BRASIL 2016c) Este
acompanhamento regular tem como base os programas de rastreamento organizados na
maioria dos paiacuteses desenvolvidos (FERLAY et al 2012)
Em estudo envolvendo oito paiacuteses realizado pela International Agency for
Research on Cancer (IARC) em 1986 servindo de suporte para normas ainda hoje
vigente mundialmente estimou-se que ao iniciar o rastreamento aos 25 anos de idade e
natildeo aos 20 anos perde-se apenas 1 de reduccedilatildeo da incidecircncia cumulativa do CCU
(IARC 1986 BRASIL 2011) Mulheres de ateacute 20 anos de idade natildeo estatildeo incluiacutedas na
faixa etaacuteria alvo do rastreamento pois possuem maior probabilidade de regressatildeo das
lesotildees preacute-invasivas o carcinoma invasor nesta parcela da populaccedilatildeo em geral eacute
extremamente raro e a maioria das infecccedilotildees pelo HPV se resolve espontaneamente em
cerca de dois anos sendo portanto de reduzida significacircncia cliacutenica (MOSCICKI
2008 MOSCICKI COX 2010) Os exames devem seguir ateacute os 64 anos e apoacutes essa
idade serem interrompidos quando resultarem em dois exames negativos consecutivos
nos uacuteltimos cinco anos (SASIENI CASTANtildeON CUZICK 2010 BRASIL 2011)
O rastreamento no Brasil eacute predominantemente oportuniacutestico ou seja as
mulheres tecircm realizado o exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero quando procuram os
serviccedilos de sauacutede geralmente devido a consulta meacutedica gravidez e diante de queixas
como prurido e leucorreacuteia Assim 20 a 25 dos exames tecircm sido realizados fora do
grupo etaacuterio recomendado e aproximadamente metade deles com intervalo de um ano
ou menos quando o recomendado satildeo trecircs anos Portanto haacute um contingente de
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
18
mulheres rastreadas e a exclusatildeo de outras (ZEFERINO 2008 NAVARRO et al 2015
BRASIL 2016c)
221 Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais
George N Papanicolaou em 1941 criou a primeira terminologia de
classificaccedilatildeo citoloacutegica das lesotildees precursoras do CCU que procurava expressar se as
ceacutelulas observadas eram normais ou natildeo e desde entatildeo vaacuterios sistemas de classificaccedilatildeo
foram sugeridos (TRAUT PAPANICOLAOU 1943 AGUIAR et al 2011)
Nos Estados Unidos em 1988 foi realizada na cidade de Bethesda um workshop
que enfatizou a grande diversidade na comunicaccedilatildeo dos resultados em citologia
cervical e teve como objetivo determinar uma terminologia que daria limites evidentes
para a gestatildeo e dessa maneira reduziria a variabilidade interobservador Entatildeo nesse
ano foi aprovada a classificaccedilatildeo citoloacutegica conhecida como Terminologia do Sistema
Bethesda que introduziu os termos lesotildees intraepiteliais escamosas de baixo (LSIL) e
alto grau (HSIL) (NAYAR WILBUR 2015a)
Apoacutes experiecircncia na praacutetica cliacutenica e novos avanccedilos no conhecimento
cientiacutefico esse sistema passou por revisatildeo em 1991 e 2001 que propocircs uniformizar as
terminologias assim como as condutas cliacutenicas para cada classificaccedilatildeo citoloacutegica
(AGUIAR et al 2011) O workshop de 1991 levou agrave produccedilatildeo do primeiro atlas
Bethesda em 1994 depois de sua publicaccedilatildeo tornou-se rapidamente uma referecircncia
mundial para a praacutetica da citologia cervical (SOLOMON et al 2002 NAYAR
WILBUR 2015a) Em 2001 aconteceu mudanccedilas marcantes em relaccedilatildeo agrave categoria de
Ceacutelulas Escamosas Atiacutepicas (ASC) A categoria ASC foi subdividida em ceacutelulas
escamosas atiacutepicas de significado indeterminado (ASC-US) e ceacutelulas escamosas
atiacutepicas quando natildeo se pode excluir lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
(WRIGHT et al 2002 MASSAD et al 2013) Nos Estados Unidos em 2013 855
dos laboratoacuterios de citologia haviam implementado a terminologia de 2001 e o
sistema de Bethesda produziu um impacto significativo na comunidade
internacional de citopatologia (DAVEY et al 2004)
Nos uacuteltimos anos vecircm acontecendo vaacuterias mudanccedilas nos processos de rastreio
do CCU como aumento do uso de citologia em meio liacutequido aprovaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de vacinas profilaacuteticas contra o HPV mudanccedilas na terminologia de
histopatologia e diretrizes atualizadas para o rastreio do CCU e gestatildeo cliacutenica Com
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
19
base em todas essas mudanccedilas o ano de 2014 era o momento adequado para uma
revisatildeo e atualizaccedilatildeo da terminologia Sistema de Bethesda 2001 Houve entatildeo o
refinamento de criteacuterios morfoloacutegicos e incorporaccedilatildeo de revisotildees e novas
informaccedilotildees adicionais na terceira ediccedilatildeo do atlas Bethesda para citologia cervical
(NAYAR WILBUR 2015b)
Em 2003 foi publicada a primeira ediccedilatildeo da Nomenclatura Brasileira para
Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais e Condutas Cliacutenicas Preconizadas baseada no
sistema de Bethesda contendo tambeacutem o MEQ com o objetivo de padronizar o laudo
citopatoloacutegico com as respectivas condutas cliacutenicas e manter o controle de qualidade
desses laudos emitidos pelos laboratoacuterios prestadores de serviccedilo ao Sistema Uacutenico de
Sauacutede (SUS) No ano de 2006 houve a publicaccedilatildeo da segunda ediccedilatildeo dessa
nomenclatura e foi suprimido o capiacutetulo referente ao MEQ porque esse tema merecia
uma profunda revisatildeo No ano de 2010 optou-se por lanccedilar como publicaccedilotildees
independentes os trecircs capiacutetulos de Condutas Cliacutenicas Preconizadas MEQ e da
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais (BRASIL 2012)
Em 2012 foi publicada a terceira ediccedilatildeo revisada e atualizada da Nomenclatura
Brasileira para Laudos Citopatoloacutegicos Cervicais que eacute a nomenclatura utilizada
atualmente no Brasil contemplando a seguinte classificaccedilatildeo
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (ASC-US)
bull Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir
lesatildeo intraepitelial de alto grau (ASC-H)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo
neoplaacutesicas (AGC-SOE)
bull Ceacutelulas glandulares atiacutepicas de significado indeterminado natildeo se pode afastar
lesatildeo intraepitelial de alto grau (AGC-NEO)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL)
bull Adenocarcinoma in situ (AIS)
bull Adenocarcinoma invasor (cervical endometrial e sem outras especificaccedilotildees)
bull Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau natildeo podendo excluir microinvasatildeo
bull Carcinoma epidermoacuteide invasor
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
20
A adoccedilatildeo do Sistema de Bethesda ainda que adaptado ao Brasil facilita a
comparaccedilatildeo de resultados nacionais com os encontrados em publicaccedilotildees estrangeiras
Poreacutem ainda haacute resistecircncia por parte dos citopatologistas no emprego da nomenclatura
brasileira para exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero Ressalta-se que aleacutem do
diagnoacutestico preciso tambeacutem eacute importante que o relatoacuterio de apresentaccedilatildeo dos resultados
seja de faacutecil compreensatildeo para que a paciente receba seguimento e conduta adequada
dessa forma maiores esforccedilos devem ser empregados no sentido de estimular o uso
dessa nomenclatura (AGUIAR et al 2011)
222 Seguimento de pacientes com resultado citopatoloacutegico alterado
Em 2011 houve atualizaccedilatildeo das Condutas Cliacutenicas Preconizadas de 2006 e entatildeo
foram lanccediladas as ldquoDiretrizes para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo que
buscaram orientar as condutas preconizadas em mulheres com alteraccedilotildees no exame
citopatoloacutegico cervical (BRASIL 2011)
De acordo com essas diretrizes diante de um resultado de exame citopatoloacutegico
de ASC-US a mulher com 30 anos ou mais deveraacute repetir o exame citopatoloacutegico em
um intervalo de 6 meses e com idade inferior a 30 anos no intervalo de 12 meses Para
os exames com resultados classificados como ASC-H as mulheres devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e se observado alteraccedilotildees
colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia jaacute aquelas sem alteraccedilotildees devem repetir nova
citologia em 6 meses Pacientes com diagnoacutestico citoloacutegico de AGC devem ser
encaminhadas para colposcopia realiza-se a bioacutepsia apenas quando satildeo observadas
alteraccedilotildees no colo caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia em 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de LSIL devem repetir o exame citopatoloacutegico em 6
meses se a citologia de repeticcedilatildeo for negativa em dois exames consecutivos a paciente
deve retornar agrave rotina de rastreamento citoloacutegico trienal Pacientes que apresentarem
diagnoacutestico de HSIL deveratildeo ser encaminhadas em ateacute trecircs meses agrave Unidade de
Referecircncia Secundaacuteria para realizaccedilatildeo da bioacutepsia se observada alteraccedilotildees no colo na
colposcopia (BRASIL 2011)
No ano de 2016 o Ministeacuterio da Sauacutede publicou a segunda ediccedilatildeo das ldquoDiretrizes
para rastreamento do cacircncer do colo do uacuteterordquo atualizando as diretrizes publicadas em
2011 visando auxiliar os profissionais da sauacutede em suas praacuteticas assistenciais em todo o
paiacutes quanto ao seguimento de exames citopatoloacutegicos alterados e apoiar os gestores na
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
21
tomada de decisatildeo em relaccedilatildeo agrave estruturaccedilatildeo da linha de cuidados da mulher (BRASIL
2016c)
De acordo com as diretrizes mais recentes as mulheres com diagnoacutestico de ASC-
US abaixo de 25 anos de idade devem repetir o exame apoacutes 3 anos aquelas entre 25 e
29 anos devem repetir em 12 meses enquanto as mulheres acima de 30 anos devem
repetir a citologia apoacutes 6 meses Mulheres com diagnoacutestico de ASC-H devem ser
encaminhadas agraves unidades secundaacuterias para colposcopia e somente aquelas que
apresentam alteraccedilotildees colposcoacutepicas satildeo submetidas agrave bioacutepsia sendo que as demais
devem repetir a citologia apoacutes 6 meses Em mulheres com diagnoacutestico de ceacutelulas
glandulares atiacutepicas (AGC) ou ceacutelulas atiacutepicas de origem indefinida a paciente deve ser
imediatamente encaminhada para colposcopia onde faz-se a bioacutepsia apenas quando satildeo
observadas alteraccedilotildees caso natildeo sejam visualizadas alteraccedilotildees faz-se nova citologia Na
presenccedila do diagnoacutestico LSIL em mulheres abaixo de 25 anos de idade sugere-se repetir
o exame citopatoloacutegico apoacutes 3 anos com indicaccedilatildeo de colposcopia caso a atipia se
mantenha E mulheres acima de 25 anos de idade devem repetir a citologia apoacutes 6
meses Mulheres com diagnoacutestico de HSIL devem ser encaminhadas para realizaccedilatildeo de
colposcopia ateacute trecircs meses apoacutes o resultado e caso apresentem alteraccedilotildees visuais no
colo do uacutetero deveratildeo ser submetidas a bioacutepsia caso contraacuterio recomenda-se nova
citologia apoacutes trecircs meses a contar da data da coleta da citologia anterior (BRASIL
2016c)
Um dos maiores problemas enfrentado pelo programa de rastreamento e controle
do CCU eacute a falta de seguimento dado as mulheres depois que realizam o exame
citopatoloacutegico bem como a orientaccedilatildeo errocircnea por parte dos profissionais de sauacutede
Portanto para que o programa tenha sucesso eacute necessaacuterio garantir que seja organizado e
definido como um conjunto de accedilotildees programadas com populaccedilatildeo e periodicidade
especiacuteficas porque com o seguimento pode-se oferecer um tratamento adequado
interrompendo o desenvolvimento desse cacircncer (VALE et al 2010 ALBUQUERQUE
et al 2012 SANTOS et al 2013)
23 Controle de qualidade em citopatologia
O exame citopatoloacutegico necessita apresentar uma boa acuraacutecia diagnoacutestica
(MILLER et al 2000 KOSE NAKI 2014 ABUDUKADEER et al 2015) No
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
22
entanto questiona-se sua eficiecircncia pois certo nuacutemero de mulheres desenvolve esse
cacircncer apesar de realizarem o exame periodicamente em parte essa situaccedilatildeo pode ser
explicada pelas altas taxas de RFN (MITCHELL MEDLEY 1995 TAVARES et al
2008 KIRSCHNER et al 2011) Aleacutem disso os RFP tambeacutem satildeo alarmantes pois
geram danos agrave vida de mulheres na medida que se sujeitam a procedimentos
dispensaacuteveis (KOSS 1989 FRABLE 2007 GULLO et al 2012)
As principais causas dos RFN ocorrem devido a erros de coleta de escrutiacutenio e
de interpretaccedilatildeo do diagnoacutestico (BOSCH RIETVELD-SCHEFFERS BOON 1992
MITCHELL MEDLEY 1995 ORTIZ-VAacuteZQUEZ et al 2001 FRABLE et al 2007
MANRIQUE et al 2009) Erros na coleta do material citoloacutegico podem ser
responsaacuteveis por ateacute 62 dos RFN e ocorrem devido agrave falta de representatividade
celular ou escassez de ceacutelulas neoplaacutesicas e tambeacutem pela presenccedila de processo
inflamatoacuterio sangue e fundo necroacutetico nos esfregaccedilos que podem prejudicar a anaacutelise
(VAN DER et al 1987 EJERSBO DAHL HOLUND 2003 AMARAL et al 2006
AMARAL et al 2008 LONNBERG et al 2010) O erro de escrutiacutenio varia de 10 a
67 e ocorre quando as ceacutelulas atiacutepicas estatildeo presentes no esfregaccedilo mas natildeo satildeo
identificadas pelo escrutinador devido agrave falta de atenccedilatildeo e concentraccedilatildeo tempo
insuficiente e falta de experiecircncia (DEMAY 1997 PITTOLI et al 2003 PAJTLER et
al 2006 AMARAL et al 2008) O erro de interpretaccedilatildeo pode ser responsaacutevel por ateacute
22 dos RFN e ocorre quando as ceacutelulas neoplaacutesicas satildeo reconhecidas mas satildeo
identificadas como benignas ou ainda satildeo classificadas erroneamente isso eacute atribuiacutedo
principalmente agrave experiecircncia insuficiente do profissional e informaccedilotildees cliacutenicas
inadequadas (GAY NALDSON GOELLNER 1985 RENSHAW 2003 COLEMAN
POZNANSKY 2006 AMARAL et al 2008)
Dessa forma tem sido exigido a implementaccedilatildeo de programas de monitoramento
da qualidade em citopatologia com o objetivo de melhorar o desempenho do exame
citopatoloacutegico em detectar anormalidades escamosas e glandulares e
consequentemente diminuir os percentuais de RFN e RFP que satildeo resultados
preocupantes tanto para a mulher quanto para os custos dos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(PAJTLER et al 2006 TAVARES et al 2007 SIEGL et al 2014) A fim de
minimizar as falhas deste exame vaacuterias estrateacutegias corretivas de garantia da qualidade
tecircm sido desenvolvidas como a implementaccedilatildeo de programas de MIQ e MEQ nos
laboratoacuterios de citopatologia (PEREIRA et al 2006 AacuteZARA et al 2014a)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
23
231 Monitoramento Interno da Qualidade (MIQ) em citopatologia
O MIQ consiste em accedilotildees internas realizadas regularmente no laboratoacuterio de
citopatologia contemplam na fase preacute-analiacutetica atividades realizadas antes do
escrutiacutenio e incluem o registro do material recebido a preparaccedilatildeo a coloraccedilatildeo e a
montagem das lacircminas a manutenccedilatildeo dos equipamentos e microscoacutepios aleacutem dos
registros da qualificaccedilatildeo e treinamento dos profissionais (BRASIL 2016b) Na fase
analiacutetica o objetivo eacute a reduccedilatildeo de erros de escrutiacutenio ou de erros de interpretaccedilatildeo do
resultado com o intuito de diminuir os iacutendices de RFN e RFP algumas das medidas
contemplam o tempo de escrutiacutenio carga de trabalho do citologista e revisatildeo dos
esfregaccedilos (TAVARES et al 2007) O monitoramento contiacutenuo da qualidade dos
resultados dos exames citopatoloacutegicos imprescindiacutevel para o laboratoacuterio faz parte da
fase poacutes-analiacutetica em que eacute avaliada o desempenho global e individual dos profissionais
(AacuteZARA et al 2014a BRASIL 2016b)
Por muitos anos vaacuterias discussotildees ocorreram na tentativa de apontar o melhor
meacutetodo de MIQ para a citologia cervical (DUDDING RENSHAW ELLIS 2011)
Considerado como consenso entre os especialistas na aacuterea a repeticcedilatildeo da leitura de
todos os esfregaccedilos classificados como negativos no escrutiacutenio de rotina eacute o meacutetodo
mais preciso para evitar erros no rastreio poreacutem este meacutetodo eacute dispendioso exigindo
muito tempo para a leitura em duplicata (TAVARES et al 2011)
Dentre os meacutetodos de MIQ cita-se a revisatildeo aleatoacuteria de 10 dos esfregaccedilos
negativos pelo escrutiacutenio de rotina (R-10) a revisatildeo baseada em criteacuterios cliacutenicos de
risco (RCCR) a revisatildeo raacutepida de 100 dos esfregaccedilos negativos (RR100) e o preacute-
escrutiacutenio raacutepido (PER) Os meacutetodos de PER e RR100 satildeo considerados os mais
eficazes na detecccedilatildeo de RFN (MANRIQUE et al 2007 2011 TAVARES et al 2011
BRASIL 2016b) O meacutetodo de revisatildeo de 10 dos esfregaccedilos negativos eacute criticado
pois detecta poucos casos RFN assim como a RCCR que tambeacutem tem produzido
resultados ruins em vaacuterios estudos (AMARAL et al 2005 TAVARES et al 2008
TAVARES et al 2011 CURRENS et al 2012)
A RR100 consiste em revisar rapidamente todos os esfregaccedilos classificados
como negativos e insatisfatoacuterios do escrutiacutenio de rotina poreacutem como o revisor possui
conhecimento do resultado pode tornar o meacutetodo tendencioso reduzindo sua
concentraccedilatildeo e aumentando a possibilidade de deixar passar erros (PAJTLER et al
2006 MANRIQUE et al 2007) O PER consiste no escrutiacutenio raacutepido de todos os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
24
esfregaccedilos sem influecircncia de marcaccedilotildees sobre a lacircmina durante um tempo limitado
antes do escrutiacutenio de rotina e eacute um meacutetodo que tende a prender a atenccedilatildeo do
citologista jaacute que eacute realizado anterior a leitura de rotina aleacutem de permitir que a
sensibilidade de ambos PER e ER seja estimada (DJEMLI KHETANI AUGER
2006 TAVARES et al 2008)
Portanto eacute de extrema importacircncia a implementaccedilatildeo de accedilotildees de garantia da
qualidade na rotina dos laboratoacuterios de citopatologia pois permitem aprimorar o exame
citopatoloacutegico assegurando resultados confiaacuteveis (FERRAZ et al 2005 SIEGL et al
2014)
232 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
O sistema de monitoramento da qualidade tambeacutem deve comtemplar o
desenvolvimento e implantaccedilatildeo de sistema de indicadores de qualidade pois permitem
avaliar o desempenho global do laboratoacuterio realizar anaacutelise estatiacutestica individual dos
profissionais bem como utilizar os dados obtidos para a realizaccedilatildeo de intervenccedilotildees para
aperfeiccediloamento das etapas laboratoriais (SIEGL et al 2014 AacuteZARA et al 2014b)
Os indicadores de qualidade em citopatologia cervical possuem caracteriacutesticas
que satildeo muito importantes para que possam ser uacuteteis como ferramentas de apoio para o
monitoramento e a avaliaccedilatildeo do desempenho do laboratoacuterio Entre elas destacam-se a
facilidade de compreensatildeo uso de dados de coleta disponiacutevel e faacutecil execuccedilatildeo
mensuram os resultados encontrados permitindo comparaccedilatildeo com valores de referecircncia
preacute-estabelecidos refletem exatamente o que se deseja quantificar viabilizando assim
uma anaacutelise comparativa dos resultados para uma melhoria contiacutenua dos processos
internos do laboratoacuterio (BRASIL 2016b)
O Ministeacuterio da Sauacutede recomenda que a coleta dos dados deve ser realizada
pelos profissionais envolvidos nas diversas etapas do processo de trabalho pois a
responsabilizaccedilatildeo dos profissionais pela obtenccedilatildeo dos dados tende a gerar compromisso
deles com os resultados almejados assim os dados tendem a ser de melhor qualidade
(BRASIL 2016b) Portanto a construccedilatildeo de tais indicadores para auxiliar o programa
de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo uacutetero deve ser feita internamente no
laboratoacuterio e satildeo mundialmente conhecidos pelos profissionais dessa aacuterea (BRASIL
2016b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
25
Os indicadores de qualidade incluem o iacutendice de positividade (IP) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ASCSat) percentual de
exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt) razatildeo de ceacutelulas
escamosas atiacutepicas por lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) percentual de exames
compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau (HSILSat) (BORTOLON et
al 2012 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b)
O IP expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares nos exames aleacutem da
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo examinada
e recomenda-se que esteja entre 3 e 10 O ASCSat deve ficar entre 4 e 5 e quando
elevado sugere problemas na amostra na anaacutelise laboratorial ou em ambas as fases e
representa um ocircnus para a mulher e para a rede assistencial pois acarreta a oferta de um
maior nuacutemero de exames destinados agrave repeticcedilatildeo para investigaccedilatildeo diagnoacutestica O
ASCAlt deve ser inferior a 60 e tem o objetivo de monitorar ao percentual de atipias
de significado indeterminado para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo continuada dos
citopatologistas A razatildeo ASCSIL permite identificar o baixo desempenho profissional
no rastreamento e valores muito altos devem ter a causa investigada pois podem mostrar
a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios citoloacutegicos utilizados sendo que este indicador
deve ser menor que 3 O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees
precursoras do CCU e recomenda-se que seja igual ou maior que 04 (PLEWKA et
al 2014 BRASIL 2016b)
Os documentos gerados na elaboraccedilatildeo e o registro perioacutedico dos indicadores de
qualidade devem ser armazenados para permitir o acompanhamento dos processos
analisados e devem fazer parte do conjunto de documentos que compotildeem o Sistema de
Monitoramento da Qualidade do laboratoacuterio Eacute importante que esse material seja
armazenado em local de faacutecil acesso com o objetivo de facilitar as consultas sempre
que for necessaacuterio Recomenda-se que sejam feitos mensalmente e impressos com
assinatura do profissional responsaacutevel (BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
233 Monitoramento externo da qualidade (MEQ) em citopatologia
Haacute deacutecadas o Brasil tem adotado medidas para garantia da qualidade dos exames
citopatoloacutegicos Em 1998 foi instituiacutedo o Programa Nacional de Controle do Cacircncer de
Colo de Uacutetero pela portaria GMMS nordm 3040 que reconheceu que o exame
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
26
citopatoloacutegico do colo uterino eacute uma avaliaccedilatildeo qualitativa que dependente da
interpretaccedilatildeo do observador e que essa subjetividade precisa ser minimizada portanto o
monitoramento da qualidade eacute importante para a garantia do serviccedilo prestado agrave
populaccedilatildeo feminina (BRASIL 1998)
O Ministeacuterio da Sauacutede em 2001 por meio da Portaria SPSSAS nordm 92 preconizou
que todos os laboratoacuterios que realizam exames citopatoloacutegicos para o SUS deveriam
submeter-se ao Programa de Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ) poreacutem o
programa de responsabilidade das coordenaccedilotildees estaduais natildeo havia sido implantado
em todo paiacutes Esse programa foi regulamentado em 2013 atraveacutes da Qualificaccedilatildeo
Nacional em Citopatologia na Prevenccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2010
BRASIL 2013a)
A Portaria Qualicito definiu que os gestores estaduais e municipais devem
gerenciar o programa acompanhando o desempenho dos laboratoacuterios participantes que
foram classificados em Tipo I e Tipo II Satildeo considerados Laboratoacuterios Tipo I os
laboratoacuterios puacuteblicos e privados que prestam serviccedilo ao SUS e que realizam exames
citopatoloacutegicos do colo do uacutetero e os Laboratoacuterios Tipo II os laboratoacuterios puacuteblicos
responsaacuteveis por realizar os exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no acircmbito do
MEQ aleacutem de poderem realizar as accedilotildees dos Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2013a)
O MEQ eacute parte integrante da estrateacutegia de garantia da qualidade em citopatologia
e tem por finalidade avaliar o desempenho dos Laboratoacuterios Tipo I e a qualidade dos
exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero detectar as diferenccedilas de interpretaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos aumentar a eficiecircncia do processo de realizaccedilatildeo dos exames
citopatoloacutegicos aleacutem de reduzir o percentual de RFN RFP e insatisfatoacuterios (BRASIL
2016)
Em 1999 foi instituiacutedo o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer do Colo do Uacutetero
(SISCOLO) com objetivo de armazenar dados sobre identificaccedilatildeo da mulher
informaccedilotildees demograacuteficas epidemioloacutegicas e dos exames citopatoloacutegicos e
histopatoloacutegicos realizados pelo SUS (GIRIANELLI THULER SILVA 2009
(BRASIL 2016c) Em 2011 foi lanccedilado o Plano Nacional de Fortalecimento da Rede de
Prevenccedilatildeo que permitiu o desenvolvimento do Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer
(SISCAN) substituindo o SISCOLO poreacutem a implementaccedilatildeo do sistema estaacute sendo
lenta e gradual (BRASIL 2013b)
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
27
Portanto eacute o Sistema de Informaccedilatildeo do Cacircncer (SISCAN) que seleciona do
Laboratoacuterio Tipo I todos os exames positivos e insatisfatoacuterios e 10 dos negativos para
serem enviados ao Laboratoacuterio Tipo II de acordo com o estabelecido na Portaria
Qualicito (BRASIL 2013a) A lista deve ser enviada com a relaccedilatildeo dos casos
selecionados pelo sistema juntamente com as lacircminas solicitadas e os respectivos
laudos servindo como recibo de transferecircncia de responsabilidade de guarda das
lacircminas para o Laboratoacuterio Tipo II e para controle de devoluccedilatildeo ao laboratoacuterio de
origem (BRASIL 2016b)
Entatildeo o conjunto de accedilotildees realizadas pelo Laboratoacuterio Tipo II visa agrave avaliaccedilatildeo da
qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero dos Laboratoacuterios Tipo I e
contemplam duas fases a preacute-analiacutetica e analiacutetica Na primeira o Laboratoacuterio Tipo II
verifica os procedimentos teacutecnicos e informa a qualidade da confecccedilatildeo do esfregaccedilo
fixaccedilatildeo coloraccedilatildeo montagem e contaminaccedilatildeo das amostras E a fase analiacutetica consiste
em uma revisatildeo dos esfregaccedilos citopatoloacutegicos por profissionais habilitados e o
diagnoacutestico final eacute firmado por consenso entre os citopatologistas do Laboratoacuterio Tipo
II (PEREIRA et al 2006 BRASIL 2013a BRASIL 2016b)
Os exames discordantes seratildeo comunicados ao Laboratoacuterio Tipo I que poderaacute
recorrer da opiniatildeo do Laboratoacuterio Tipo II caso natildeo concorde com o parecer dos
revisores buscando o consenso Caso concorde caberaacute ao Laboratoacuterio Tipo I enviar o
laudo de revisatildeo agraves regionais ao municiacutepio ou agrave Unidade Baacutesica de Sauacutede (UBS)
mencionando que esse laudo foi realizado em conjunto com o Laboratoacuterio Tipo II de
referecircncia Caso natildeo haja consenso entre os Laboratoacuterios Tipos I e II poderaacute ser
solicitada a avaliaccedilatildeo por outro Laboratoacuterio Tipo II em acordo com a Coordenaccedilatildeo
Estadual eou Municipal (BRASIL 2016b)
A estatiacutestica para a avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo
II eacute o Kappa Ponderado devido a necessidade de se atribuiacuterem diferentes pesos para as
discordacircncias aleacutem da frequecircncia de RFN RFP e retardo de conduta Assim uma atipia
de significado indeterminado que recebeu equivocadamente um laudo de LSIL teraacute um
peso menor na construccedilatildeo do Kappa que uma HSIL que recebeu um laudo negativo
(BRASIL 2012) Os laboratoacuterios com iacutendices diagnoacutesticos abaixo de dois desvios
padrotildees da meacutedia estadual eou iacutendice Kappa de correlaccedilatildeo em niacutevel ruim seratildeo
considerados fora dos paracircmetros recomendados pelo Ministeacuterio da Sauacutede Os
REZENDE MT Revisatildeo da Literatura
28
Laboratoacuterios Tipo I nessa situaccedilatildeo seratildeo notificados e monitorados pelos Laboratoacuterios
Tipo II para alcanccedilar o iacutendice esperado (BRASIL 2016b)
Dessa forma os Laboratoacuterios Tipo I devem enviar regularmente todas as lacircminas e
laudos dos exames selecionados para o Laboratoacuterio Tipo II analisar os casos de
discordacircncia buscando o consenso com o Laboratoacuterio Tipo II promover educaccedilatildeo
continuada para uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos minimizar as natildeo
conformidades encontradas na rotina do laboratoacuterio diminuir os RFN e RFP e avaliar o
desempenho profissional da equipe Os Laboratoacuterios Tipo II devem fazer contato e dar
retorno aos Laboratoacuterios Tipo I comunicando o quanto antes sobre os resultados dos
exames citopatoloacutegicos discordantes e discutir caso a caso buscando o consenso apoiar
as coordenaccedilotildees estadual e municipal na interface com os laboratoacuterios que realizam
exames para o SUS e proporcionar educaccedilatildeo permanente por meio de sessotildees interativas
regulares para os Laboratoacuterios Tipo I (BRASIL 2016b)
Diversos estudos tecircm considerado o MEQ um programa eficiente no
aperfeiccediloamento do exame citopatoloacutegico uma vez que a discussatildeo dos casos
discordantes para se chegar a um consenso dos resultados etapa fundamental do
programa possibilita a uniformizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados na
detecccedilatildeo das lesotildees precursoras do CCU o que reflete na reduccedilatildeo dos RFN e RFP
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 FREITAS THULER 2012 AacuteZARA
et al 2013 2014a 2016 BRASIL 2016b)
REZENDE MT Justificativa
29
3- Justificativa
Um dos principais motivos da ocorrecircncia de RFN e RFP no exame
citopatoloacutegico do colo do uacutetero eacute a variabilidade inter e intra observador na
interpretaccedilatildeo dos diagnoacutesticos dessa forma para a garantia da qualidade se faz
necessaacuterio a implantaccedilatildeo de MIQ e MEQ nos laboratoacuterios de citopatologia (FRABLE
et al 2007 MANRIQUE et al 2009 AacuteZARA et al 2014a) Este estudo foi
realizado com o intuito de avaliar o impacto do MEQ em laboratoacuterio de citopatologia
para minimizar as divergecircncias diagnoacutesticas e erros dentro dos processos do laboratoacuterio
a fim de reduzir os RFN e RFP Investindo na identificaccedilatildeo e retificaccedilatildeo das falhas eacute
possiacutevel que seja assegurado o melhor serviccedilo possiacutevel agrave mulher que receberaacute
seguimento e tratamento adequado
REZENDE MT Objetivos
30
4- Objetivos
41 Objetivo Geral
Comparar os resultados dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero do
municiacutepio de Ouro Preto MG submetidos ao monitoramento externo da qualidade
42 Objetivos especiacuteficos
- Verificar a frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
- Avaliar a concordacircncia diagnoacutestica frequecircncia de casos discordantes falso-negativos
falso-positivos e retardo de conduta entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar o resultado do seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
do monitoramento externo da qualidade incluindo os RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de
consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes a reuniatildeo de consenso
- Verificar os indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
antes e apoacutes o monitoramento externo da qualidade
REZENDE MT Metodologia
31
5- Metodologia
51 Local de estudo
Este trabalho foi desenvolvido no setor de citologia do Laboratoacuterio Piloto de
Anaacutelises Cliacutenicas (LAPAC) da Escola de Farmaacutecia da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP) Por se tratar de estudo baseado em resultados de exames coletados em
2013 e 2014 que estatildeo disponiacuteveis publicamente atraveacutes do SISCOLO natildeo foi
necessaacuterio a submissatildeo ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
O setor de citologia deste laboratoacuterio eacute composto por 5 citopatologistas 2
bolsistas 1 teacutecnica e 2 assistentes administrativos Neste laboratoacuterio estatildeo disponiacuteveis
microscoacutepios NiKon E 200 para escrutiacutenio dos esfregaccedilos bateria de coloraccedilatildeo e
material para montagem das lacircminas microscoacutepio de 5 cabeccedilas para discussatildeo de casos
e 3 computadores para parte administrativa O setor de citologia deste laboratoacuterio atende
uma rotina de exames citopatoloacutegicos colhidos nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBS)
de Ouro Preto MG que desde 2013 eacute o uacutenico Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio que
presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero
511 Monitoramento interno da qualidade
Os meacutetodos de monitoramento interno da qualidade utilizados na rotina pelo
Laboratoacuterio Tipo I satildeo o preacute-escrutiacutenio raacutepido (PER) e a revisatildeo raacutepida de 100 dos
esfregaccedilos negativos (RR100) e cada etapa de leitura da lacircmina eacute realizada por
citopatologistas diferentes em um esquema de rodiacutezio (Figura 1) Inicialmente todos os
esfregaccedilos citopatoloacutegicos adequados para a anaacutelise microscoacutepica satildeo submetidos ao
PER e os resultados satildeo classificados como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio e
registrados na planilha de PER (Apecircndice A) Posteriormente eacute realizado o escrutiacutenio de
rotina (ER) pelo segundo citopatologista que apoacutes a leitura detalhada classifica os
resultados de acordo com a nomenclatura brasileira para laudos citopatoloacutegicos baseada
no Sistema de Bethesda 2001 (SOLOMON NAYAR 2004) anotando o diagnoacutestico no
verso da requisiccedilatildeo (Anexo 1) Em seguida todas as lacircminas consideradas negativas
pelo escrutiacutenio de rotina satildeo encaminhadas para um terceiro citologista que realiza a
RR100 classificando-o como suspeito negativo ou insatisfatoacuterio registrando na
planilha de RR100 (Apecircndice B)
REZENDE MT Metodologia
32
Os esfregaccedilos considerados positivos e insatisfatoacuterios pelo ER e os resultados
discordantes que foram aqueles onde PER ou a RR100 classificou como suspeito ou
insatisfatoacuterio e o escrutiacutenio de rotina considerou negativo satildeo encaminhados para a
revisatildeo detalhada para confirmaccedilatildeo ou natildeo da alteraccedilatildeo e definiccedilatildeo do diagnoacutestico final
e anotados nas planilhas correspondentes (Apecircndice C e D) Quando a revisatildeo detalhada
eacute discordante do ER haacute um consenso entre os citopatologistas para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final
Figura 1 Rotina de execuccedilatildeo de leitura (ER) e dos meacutetodos de monitoramento interno
da qualidade (PER e RR100) dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero no
Laboratoacuterio Tipo I
REZENDE MT Metodologia
33
52 Tipo de estudo
Foi realizado estudo retrospectivo comparando os resultados dos exames
citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I da Escola de Farmaacutecia da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de exames
citopatoloacutegicos de rastreio do municiacutepio de Ouro Preto Minas Gerais com os
resultados emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo II de Belo Horizonte responsaacutevel pelo MEQ
dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero de Minas Gerais
53 Seleccedilatildeo de casuiacutestica
Os exames do Laboratoacuterio Tipo I foram selecionados automaticamente pelo
SISCOLO (Sistema de Informaccedilatildeo do cacircncer do colo do uacutetero) incluindo os exames
positivos insatisfatoacuterios e 10 dos negativos conforme a Portaria QualiCito
33882013 referente aos meses de dezembro2013 janeiro2014 e fevereiro2014 As
amostras foram provenientes de mulheres atendidas nas UBS do municiacutepio de Ouro
Preto MG usuaacuterias do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS)
54 Monitoramento externo da qualidade
O Laboratoacuterio Tipo I enviou ao Laboratoacuterio Tipo II juntamente com os laudos
correspondentes um total de 321 esfregaccedilos citopatoloacutegicos classificados como
negativos (84) insatisfatoacuterios (3) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas (ASC-US41) lesatildeo intraepitelial
escamosa de baixo grau (LSIL163) ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado natildeo se pode excluir lesatildeo de alto grau (ASC-H12) lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau (HSIL16) e ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras
especificaccedilotildees (AGC-SOE2) (Figura 2)
REZENDE MT Metodologia
34
Figura 2 Fluxo do monitoramento externo da qualidade em citopatologia cervical
Os esfregaccedilos foram reavaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II que emitiu um relatoacuterio
com os resultados para o Laboratoacuterio Tipo I comunicando tambeacutem os resultados
discordantes Nos casos em que o Laboratoacuterio Tipo I natildeo concordou com o parecer
REZENDE MT Metodologia
35
emitido pelos revisores do Laboratoacuterio Tipo II os resultados dos exames discordantes
foram discutidos caso a caso com o Laboratoacuterio Tipo II buscando o consenso entre os
dois Laboratoacuterios para definiccedilatildeo do diagnoacutestico final (BRASIL 2016b)
Apoacutes o consenso os resultados discordantes foram reemitidos pelo Laboratoacuterio
Tipo I e encaminhados agraves Unidades de Sauacutede que localizaram as mulheres e
reprogramaram a conduta baseada no diagnoacutestico final
Os esfregaccedilos que inicialmente foram classificados como negativos ou
inflamatoacuterios pelo Laboratoacuterio Tipo I e considerados como positivos pelo Laboratoacuterio
Tipo II foram denominados resultados falso-negativos (RFN) Aqueles considerados
inicialmente positivos pelo Laboratoacuterio Tipo I mas reclassificados como negativos pelo
Laboratoacuterio Tipo II foram denominados resultados falso-positivos (RFP) Foram
considerados casos discordantes aqueles que implicaram em mudanccedila de conduta
cliacutenica de acordo com as normas preconizadas pelas Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Cacircncer do Colo do Uacutetero (BRASIL 2011)
Os resultados diagnosticados inicialmente como ASC-US ou LSIL pelo
Laboratoacuterio Tipo I e que na revisatildeo o Laboratoacuterio Tipo II julgou como diagnoacutestico mais
grave (ASC-H HSIL Carcinoma de ceacutelulas escamosas AGC-SOE AGC-NEO
Adenocarcinoma in situ e Adenocarcinoma invasor) foram considerados como retardo
de conduta cliacutenica
55 Seguimento dos casos com resultados citopatoloacutegicos alterados
Para levantamento do seguimento das pacientes em que os resultados dos
exames foram classificados como ASC-US ou LSIL foi realizada a busca do resultado
do novo exame citopatoloacutegico uma vez que a conduta preconizada eacute a repeticcedilatildeo do
exame no periacuteodo de seis meses a um ano Para aqueles classificados como ASC-H ou
pior diagnoacutestico foi realizado o levantamento do resultado do exame histopatoloacutegico
dado que a conduta preconizada eacute o encaminhamento para colposcopia e se visualizado
alguma alteraccedilatildeo no colo uterino realiza-se a bioacutepsia Os resultados insatisfatoacuterios natildeo
foram considerados nesta anaacutelise (BRASIL 2011)
Foram realizadas visitas previamente agendadas agraves UBS do municiacutepio para
realizaccedilatildeo do levantamento das pacientes previamente listadas daquela unidade que
haviam sido diagnosticadas com alguma alteraccedilatildeo citoloacutegica O profissional responsaacutevel
REZENDE MT Metodologia
36
pela coleta do exame citopatoloacutegico verificou nos prontuaacuterios das pacientes o
seguimento que foi adotado em cada caso Poreacutem as UBS tinham poucos registros do
seguimento dessas pacientes por isso foram adotadas outras estrateacutegias
Portanto com o objetivo de levantar os dados referentes ao seguimento das
pacientes encaminhadas para acompanhamento de ASC-H e pior diagnoacutestico foram
realizadas visitas ao Centro Viva Vida em Itabirito que eacute o centro de referecircncia para
atenccedilatildeo secundaacuteria do municiacutepio de Ouro Preto E para levantamento do novo exame
citopatoloacutegico foi realizada pesquisa nos registros do Laboratoacuterio Tipo I do municiacutepio
de Ouro Preto que presta serviccedilo para o SUS na realizaccedilatildeo dos exames citopatoloacutegicos
do colo do uacutetero
56 Anaacutelise dos dados
Os dados dos exames citopatoloacutegicos emitidos pelo Laboratoacuterio Tipo I e
Laboratoacuterio Tipo II foram digitados no Excel (Microsoft Office Professional Plus 2013)
para elaboraccedilatildeo do banco de dados A anaacutelise dos dados foi realizada pelo pacote
estatiacutestico Stata versatildeo 11 foi calculada a concordacircncia dos resultados dos exames
citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e II e o Kappa antes a apoacutes o Consenso A
frequecircncia de esfregaccedilos discordantes incluindo RFP e retardo de conduta entre os
Laboratoacuterios Tipo I e II foi calculada antes e apoacutes a Reuniatildeo de Consenso no total de
321 esfregaccedilos O coeficiente Kappa eacute classificado em concordacircncia pobre (0ltKlt040)
concordacircncia moderada (040ltKlt060) concordacircncia boa (060ltKlt080) concordacircncia
excelente (080ltKlt1) o valor zero indica ausecircncia de concordacircncia e o valor 1
corresponde a concordacircncia perfeita (LANDIS KOCH 1977) Foi calculada a variaccedilatildeo
percentual relativa (VPR) atraveacutes da seguinte foacutermula
VPR = [coeficiente final - coeficiente inicial]100
coeficiente inicial
O caacutelculo dos indicadores de qualidade foi realizado utilizando um banco de
dados do Laboratoacuterio Tipo I onde satildeo mantidos registros de todos os exames realizados
com seus respectivos resultados Para avaliaccedilatildeo pontual os indicadores de qualidade
foram calculados antes da reuniatildeo de consenso ano de 2013 e depois da reuniatildeo de
consenso ano de 2014 Para avaliaccedilatildeo temporal do efeito da reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Metodologia
37
proporcionada por um MEQ calculou-se os indicadores do Laboratoacuterio Tipo I dos anos
de 2012 2013 2014 e 2015 Foi utilizado para o caacutelculo as foacutermulas presentes no
Manual de Gestatildeo da Qualidade para Laboratoacuterio de Citopatologia (BRASIL 2016b)
Iacutendice de Positividade (IP) intervalo esperado 3-10
Nordm de exames alterados em determinado local e ano x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames satisfatoacuterios (ACSSat)
intervalo esperado 4-5
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames satisfatoacuterios
Percentual de exames compatiacuteveis com ASC entre os exames alterados (ASCAlt)
intervalo esperado lt60
Nordm de exames com ASC-US e ASC-H x 100
Total de exames alterados
Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa (ASCSIL) intervalo
esperado lt3
Nordm de ex compatiacuteveis com ASC-US e ASC-H
No de exames com LSIL e HSIL
Percentual de exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
(HSILSat) intervalo esperado lt04
Ndeg de exames HSIL x 100
Total de exames satisfatoacuterios
REZENDE MT Resultados
38
6- Resultados
61 Diagnoacutesticos dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
O Laboratoacuterio Tipo I enviou 321 esfregaccedilos para o Laboratoacuterio Tipo II
classificados como 3 (09) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 84 (262) negativos 41
(128) ASC-US 163 (508) LSIL 12 (37) ASC-H 16 (50) HSIL e 2 (06)
AGC-SOE Apoacutes a reuniatildeo de consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II chegou-
se no diagnoacutestico final de 3 (093) esfregaccedilos insatisfatoacuterios 143 (446) negativos
44 ASC-US (137) 8 ASC-H (25)101 LSIL (315) 21 HSIL (65) e 1 AGC-
SOE (03) Foram considerados discordantes entre os laboratoacuterios 151 (470)
esfregaccedilos (Tabela 1)
Tabela 1 Frequecircncia dos diagnoacutesticos citopatoloacutegicos do Laboratoacuterio Tipo I
Laboratoacuterio Tipo II e Consenso
Tipo I Tipo II Consenso
Diagnoacutestico n () n () n ()
Insatisfatoacuterio 3 09 4 13 3 09
Negativo 84 262 227 707 143 446
ASC-US 41 122 17 53 44 137
ASC-H 12 37 3 09 8 25
LSIL 163 508 54 168 101 315
HSIL 16 50 12 37 21 65
HSIL micro invasor 0 0 1 03 0 0
AGC-SOE 2 06 3 09 1 03
Total 321 100 321 100 321 100
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
Do total de exames revisados pelo Laboratoacuterio Tipo II foram concordantes 84
(262) esfregaccedilos negativos e 3 (093) classificados como insatisfatoacuterios pelo Tipo I
Dos 41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 6 (1463) foram
concordantes pelo Tipo II e os 35 (854) restantes foram reclassificados como
REZENDE MT Resultados
39
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 53
(325) foram considerados concordantes pelo Tipo II 92 (564) foram
reclassificados como negativos 11 (68) como ASC-US 2 (12) como ASC-H 4
(25) como HSIL e 1 (06) reclassificado como AGC-SOE Dos 12 (37)
esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo Tipo I 1 (83) foi considerado
concordante pelo Tipo II 9 (75) foram reclassificados como negativos 1 (83)
como insatisfatoacuterio 1 (83) como HSIL Dos 16 (50) esfregaccedilos classificados como
HSIL emitidos pelo Tipo I 7 (438) foram considerados concordantes pelo Tipo II 6
(375) foram reclassificados como negativos 1 (63) como LSIL 1 (63) como
HSIL micro invasor e 1(63) como AGC-SOE Dos 2 (06) esfregaccedilos classificados
como AGC-SOE pelo Tipo I 1 (500) foi considerado concordante pelo Tipo II Entre
o Laboratoacuterio Tipo I e o Tipo II houve 7 (22) casos de retardo de conduta sendo 4
(571) LSIL para HSIL 2 (286) LSIL para ASC-H e 1 (143) LSIL para AGC-
SOE (Tabela 2)
Tabela 2 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e o Laboratoacuterio Tipo II
antes do Consenso
Tipo II
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL HSIL micro
invasor AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 35 6 41
ASC-H 1 9 1 1 12
LSIL 92 11 2 53 4 1 163
HSIL 6 1 7 1 1 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 4 227 17 3 54 12 1 3 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de
significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa
de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau HSIL micro invasor Lesatildeo intraepitelial
escamosa de alto grau com caracteriacutesticas suspeitas de invasatildeo AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas
sem outras especificaccedilotildees
Os resultados definidos apoacutes o Consenso estatildeo descritos na Tabela 3 Observou-
se 203 (65) de casos discordantes entre os 321 esfregaccedilos analisados Os esfregaccedilos
negativos insatisfatoacuterios e todos os classificados como HSIL foram concordantes Dos
REZENDE MT Resultados
40
41 (128) esfregaccedilos classificados como ASC-US pelo Tipo I 27 (659) foram
considerados concordantes pelo Tipo II e 14 (342) foram reclassificados como
negativos Dos 163 (508) esfregaccedilos classificados como LSIL pelo Tipo I 101
(620) foram considerados concordantes 39 (239) foram reclassificados como
negativos pelo Tipo II 17 (104) como ASC-US 2 (12) como ASC-H e 4 (25)
reclassificados como HSIL Dos 12 (374) esfregaccedilos classificados como ASC-H pelo
Tipo I 6 (500) foram concordantes 5 (417) esfregaccedilos foram reclassificados como
negativos e 1 (83) foi reclassificado como HSIL pelo Tipo II Dos 2 (06)
esfregaccedilos classificados como AGC-SOE pelo Tipo I somente 1 (500) foi
concordante Portanto apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de Consenso foram constatados 6
(19) casos de retardo de conduta sendo 4 (667) diagnoacutesticos iniciais de LSIL
reclassificados para HSIL e 2 (333) diagnoacutesticos iniciais de LSIL reclassificados para
ASC-H (Tabela 3)
Tabela 3 Avaliaccedilatildeo da concordacircncia diagnoacutestica entre o Laboratoacuterio Tipo I e o
Laboratoacuterio Tipo II apoacutes o Consenso
Consenso
Tipo I Insatisfatoacuterio Negativo ASC-US ASC-H LSIL HSIL AGC-SOE Total
Insatisfatoacuterio 3 3
Negativo 84 84
ASC-US 14 27 41
ASC-H 5 6 1 12
LSIL 39 17 2 101 4 163
HSIL 16 16
AGC-SOE 1 1 2
Total 3 143 44 8 101 21 1 321
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II Consenso resultado apoacutes reuniatildeo de consenso
ASC-US Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado possivelmente natildeo neoplaacutesicas ASC-
H Ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado indeterminado natildeo podendo excluir lesatildeo de alto grau
LSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de baixo grau HSIL Lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
AGC-SOE ceacutelulas glandulares atiacutepicas sem outras especificaccedilotildees
REZENDE MT Resultados
41
62 Concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Foi avaliada a concordacircncia dos resultados dos Laboratoacuterios Tipo I e II antes e
apoacutes Consenso Observou-se concordacircncia antes do Consenso de 527 entre os
Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II com Kappa de 029 Apoacutes a Reuniatildeo de Consenso foi
observado 798 (VPR=+514) de concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
com aumento do Kappa para 066 (VPR=+1276) (Tabela 4)
Tabela 4 Concordacircncia entre os diagnoacutesticos citopatoloacutegicos dos Laboratoacuterios Tipo I e
Tipo II antes e apoacutes Consenso
Tipo I x Tipo II Antes do consenso Apoacutes consenso VPR
Concordacircncia () 527 798 +514
Kappa 029 066 +1276
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
63 Discordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
Antes do consenso o total de esfregaccedilos discordantes foi de 151 (470) casos e
depois do consenso esse nuacutemero reduziu para 65 (203) casos Antes do consenso foi
observado um percentual de 449 (144) RFP entre os Laboratoacuterios Tipo I e II e apoacutes o
consenso esse nuacutemero diminuiu para 184 (59) Natildeo houve nenhum caso de RFN
Entre o Laboratoacuterio Tipo I e II antes do consenso houve 7 (22) casos de retardo de
conduta e depois do consenso esse nuacutemero caiu para 6 (19) casos (Tabela 5)
Tabela 5 Avaliaccedilatildeo dos resultados discordantes incluindo falso-positivos e retardo de
conduta do Laboratoacuterio Tipo I e Laboratoacuterio Tipo II antes e apoacutes o Consenso
Tipo I x Tipo II Discordantes
Antes do consenso Apoacutes consenso
n N
Falso-positivo 144 449 59 184
Retardo de conduta 7 22 6 19
Total 151 470 65 203
Tipo I Laboratoacuterio Tipo I Tipo II Laboratoacuterio Tipo II
REZENDE MT Resultados
42
64 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos
O IP era 156 e apoacutes consenso passou para 120 reduccedilatildeo de
aproximadamente 230 (VPR=-2314) O ASCSat apresentou uma queda no valor
apoacutes o consenso de 57 para 46 reduccedilatildeo por volta de 190 (VPR=-1910) O
HSILSat diminuiu de 10 para 07 (VPR=-2647) apoacutes consenso A razatildeo ASCSIL
antes do consenso era de 06 e apoacutes sua realizaccedilatildeo aumentou para 06
(VPR=+1017) O mesmo ocorreu em relaccedilatildeo ao indicador ASCAlt que passou de
365 para 384 (VPR=+515) Houve diferenccedila significativa entre os valores dos
indicadores IP ASCSat e ASCAlt antes e apoacutes reuniatildeo de consenso valor de p foi
menor que 005 (Tabela 7)
Tabela 6 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos antes e apoacutes a reuniatildeo
de consenso
Indicadores Antes consenso Apoacutes consenso VPR p
IP (3-10) 156 120 -2314 lt 00001
ASCSat (4-5) 57 46 -1910 001
ASCSIL (lt3) 06 06 +1017 0053
ASCAlt (lt60) 365 384 +515 lt 00001
HSILSat (gt04) 10 07 -2647 00825
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau VPR Variaccedilatildeo percentual relativa
O IP no ano de 2012 foi de 1115 aumentou para 156 em 2013 apoacutes o
MEQ em 2014 reduziu para 120 e em 2015 este indicador passou para 99 O
ASCSat foi de 49 em 2012 um ano depois apresentou valor de 57 depois da
realizaccedilatildeo do MEQ em 2014 passou para 46 e em 2015 foi para 48 Os outros
indicadores da qualidade apresentaram valores que variaram dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (Tabela 8)
REZENDE MT Resultados
43
Tabela 7 Indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos do colo do uacutetero antes e
apoacutes monitoramento externo da qualidade
Indicadores 2012 2013 2014 2015
IP (3-10) 111 156 120 99
ASCSat (4-5) 49 57 46 48
ASCSIL (lt3) 09 06 06 10
ASCAlt (lt60) 439 365 384 485
HSILSat (gt04) 09 10 07 05
IP Iacutendice de positividade ASCSat Percentual de exames compatiacuteveis com ceacutelulas escamosas atiacutepicas
entre os exames satisfatoacuterios ASCSIL Razatildeo ceacutelulas escamosas atiacutepicas lesatildeo intraepitelial escamosa
ASCAlt Percentual de ceacutelulas escamosas atiacutepicas entre os exames alterados HSILSat Percentual de
exames compatiacuteveis com lesatildeo intraepitelial escamosa de alto grau
65 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
Do total de 234 esfregaccedilos positivos foi possiacutevel obter o seguimento de 107
(457) casos em que 22 foram considerados inicialmente com diagnoacutestico de ASC-
US 76 LSIL 2 ASC-H 1 AGC-SOE e 6 HSIL Dos ASC-US iniciais somente 1 teve
resultado concordante no seguimento Dos 76 esfregaccedilos considerados como LSIL 23
tiveram resultado do seguimento concordante Os 2 resultados ASC-H foram negativos
no seguimento assim como o AGC-SOE Dos 6 resultados HSIL emitidos pelo Tipo I
5 foram confirmados pela bioacutepsia O seguimento de 127 (542) mulheres em que 77
(6063) deveriam ter repetido o exame citopatoloacutegico e 20 (158) deveriam ter sido
encaminhadas para a colposcopia e bioacutepsia natildeo foi resgatado (Figura 3)
Figura 3 Seguimento dos casos com resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Resultados
44
Apoacutes a realizaccedilatildeo da Reuniatildeo de Consenso o percentual de RFP foi definido em
184 num total de 59 casos assim distribuiacutedos 14 ASC-US (238) 39 LSIL
(660) 5 ASC-H (85) e 1 AGC-SOE (17) sendo 898 lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 102 de alto grau Do total de 59 RFP foi possiacutevel obter 9
(152) resultados citopatoloacutegicos alterados no seguimento 8 de repeticcedilatildeo da citologia
e uma bioacutepsia inicialmente 6 diagnosticados como LSIL pelo Laboratoacuterio Tipo I no
seguimento tiveram resultado de 3 LSIL e 3 ASC-US Dos 3 ASC-US iniciais dados
pelo Tipo I no seguimento resultaram em 1 LSIL 1 ASC-US e 1 ASC-H (Figura 4)
Figura 4 Seguimento dos casos com resultados falso-positivos (RFP) acordados apoacutes a
reuniatildeo de consenso
REZENDE MT Discussatildeo
45
7- Discussatildeo
Os resultados deste estudo mostraram que apoacutes reuniatildeo de Consenso onde
ocorreu discussatildeo dos resultados discordantes houve melhora na concordacircncia
diagnoacutestica entre os laboratoacuterios a concordacircncia entre os Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II
aumentou para 798 e o coeficiente Kappa foi alterado de 029 para 066 Estes
resultados estatildeo de acordo com estudo realizado por Freitas Thuler (2012) no Mato
Grosso do Sul analisando a concordacircncia diagnoacutestica entre Laboratoacuterio Tipo II e 15
Laboratoacuterios Tipo I entre 2002 e 2011 em que o valor miacutenimo do Kappa passou de 01
no primeiro ano para 08 em 2011 No uacuteltimo ano dos 8 laboratoacuterios avaliados 7
atingiram a concordacircncia perfeita ou excelente (coeficiente Kappagt080) e um
concordacircncia boa Aacutezara et al (2016) avaliaram os efeitos de um programa de
educaccedilatildeo continuada realizado por um Laboratoacuterio Tipo II no periacuteodo de 2007 a 2011
sobre os laboratoacuterios de citopatologia e verificaram que o coeficiente Kappa manteve-se
excelente em 3 laboratoacuterios (kappa gt 080 e lt10) e alterou de bom (kappa gt 060 e
lt080) a excelente em 7 Os resultados observados no presente estudo estatildeo de acordo
com os dados de Freitas Thuler (2012) e Aacutezara et al (2016) em que se observou
melhoria da concordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes MEQ
Enfatiza-se que nosso trabalho comparou o momento antes e depois da reuniatildeo
consenso durante um MEQ ou seja foi realizada uma avaliaccedilatildeo pontual diferentemente
dos estudos encontrados na literatura que fizeram uma anaacutelise ao longo do tempo apoacutes
vaacuterios MEQ mas mesmo assim na presente avaliaccedilatildeo foi observado aumento da
concordacircncia e do kappa Indicando que somente uma reuniatildeo de consenso foi
suficiente para mudanccedila de postura dos citopatologistas envonvidos no MEQ
O valor da discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes a
reuniatildeo de Consenso no presente estudo foi 2025 Em um estudo realizado em
Goiacircnia estado de Goiaacutes comparando a variabilidade dos diagnoacutesticos citoloacutegicos dos
Laboratoacuterios Tipo I avaliados pelo Laboratoacuterio Tipo II 759 foram considerados
discordantes (AacuteZARA et al 2013) Etlinger et al (2012) no estado de Satildeo Paulo
observou que a discordacircncia diagnoacutestica entre os Laboratoacuterios Tipo I e o Laboratoacuterio
Tipo II foi de 1348 Em Satildeo Paulo Pereira et al (2006) avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I de citologia da Rede Puacuteblica de Sauacutede do estado submetidos ao
MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e a discordacircncia foi de 142 Estes dados estatildeo
REZENDE MT Resultados
46
abaixo do valor de discordacircncia encontrado nesse estudo apoacutes a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de
Consenso Observa-se que a maioria dos diagnoacutesticos que levaram a discordacircncia do
presente estudo foram esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de
baixo grau LSIL e ASC-US e que o Laboratoacuterio Tipo II reclassificou como negativo
portanto RFP Nesses casos a conduta cliacutenica que seria adotada no primeiro momento eacute
a repeticcedilatildeo da citologia em seis meses portanto natildeo causaria maiores transtornos a
mulher ou custos altos com os cuidados de sauacutede Outra parte dos diagnoacutesticos que
levaram a essa discordacircncia foram ajuste de criteacuterios os quais natildeo atrasam a conduta
cliacutenica da mulher e aleacutem disso durante a reuniatildeo de consenso permitem aos
citopatologistas ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos utilizados para a definiccedilatildeo do
diagnoacutestico final Ainda pode-se citar os resultados dos seguimentos dos casos com RFP
acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso em que foram encontrados 9 seguimentos e
todos com resultado citopatoloacutegico alterado Dessa forma dos resultados que o
Laboratoacuterio Tipo I voltou atraacutes na reuniatildeo de consenso nove deles mostraram
resultaram alterado ou seja natildeo necessariamente o Laboratoacuterio Tipo I precisaria ter
voltado atraacutes nesses disgnoacutesticos Isso ressalta a importacircncia da discussatildeo dos casos
discordantes durante a reuniatildeo de consenso para ajuste dos criteacuterios citomorfoloacutegicos
utilizados pelos citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II (PEREIRA et al
2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2013)
Entre os exames citopatoloacutegicos considerados discordantes natildeo foi identificado
nenhum RFN e apoacutes a reuniatildeo de Consenso entre os Laboratoacuterios Tipo I e II verificou-
se reduccedilatildeo dos RFP Sabe-se que os RFN satildeo mais preocupantes que os RFP visto que
mulheres natildeo diagnosticadas natildeo retornam para o acompanhamento e seguem em risco
da evoluccedilatildeo de lesotildees precursoras do CCU Por outro lado os RFP com diagnoacutestico
inicial de ASC-H ou pior diagnoacutestico em que a conduta preconizada eacute o
encaminhamento para colposcopia e bioacutepsia submetem as mulheres a procedimentos
desnecessaacuterios que podem modificar sua vida sexual e gerar danos psicoloacutegicos aleacutem
de gerar custos adicionais com os cuidados de sauacutede E os RFP com diagnoacutestico inicial
de ASC-US ou LSIL atrasam a repeticcedilatildeo da citologia (FRABLE 2007 GULLO et al
2012 BRANCA LONGATTO-FILHO 2015)
Inicialmente o Laboratoacuterio Tipo II classificou 144 (144) dos exames
citopatoloacutegicos como RFP e apoacutes a reuniatildeo de Consenso esse nuacutemero passou para
184 (59) Dos 59 RFP 14 (238) resultados foram classificados como ASC-US que
REZENDE MT Resultados
47
eacute diagnoacutestico limiacutetrofe que apresenta grande variabilidade interobservador Os RFP
acordados apoacutes o consenso foram distribuiacutedos em 53 (898) lesotildees intraepiteliais
escamosas de baixo grau e 6 (102) lesotildees intraepiteliais escamosas de alto grau
Dentre os resultados discordantes entre o Laboratoacuterio Tipo I e II houve 7 casos
considerados retardo de conduta (22) que apoacutes a reuniatildeo de consenso ficaram
definidos em 6 (19) nuacutemeros proacuteximos daqueles encontrados por Aacutezara et al (2013)
em que houve atraso no procedimento cliacutenico em relaccedilatildeo a 244 dos casos
Aacutezara et al (2016) verificaram que apoacutes a educaccedilatildeo continuada proporcionada
aos Laboratoacuterios Tipo I de 2007 a 2011 houve diminuiccedilatildeo dos casos de retardo de
conduta a taxa de RFN foi reduzida em oito laboratoacuterios e a taxa de RFP foi reduzida
em 5 deles Pereira et al (2006) no estado de Satildeo Paulo avaliaram o desempenho dos
Laboratoacuterios Tipo I do estado submetidos ao MEQ no periacuteodo de 2000 a 2004 e
observaram um nuacutemero de RFP (166) maior do que os RFN (78) No primeiro ano
de MEQ os RFP foram 178 e nos anos seguintes esse nuacutemero foi reduzindo ateacute
chegar em 37 no ano de 2004 Os RFP foram distribuiacutedos em 933 de lesotildees de
baixo grau e 67 de lesotildees de alto grau no primeiro ano de estudo O valor de RFP e
a distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau apoacutes reuniatildeo de consenso do presente
estudo foram bem proacuteximos dos encontrados por Pereira et al (2006) no primeiro ano
de avaliaccedilatildeo Em estudo semelhante realizado no estado de Satildeo Paulo de 2000 a 2010
por Etlinger et al (2012) constatou-se o total de 206 de RFP um valor baixo
comparado com o encontrado nesse estudo assim como aqueles dos anos de 2001 a
2004 de Pereira et al (2006) Percebe-se que o tempo de avaliaccedilatildeo desses estudos
(PEREIRA et al 2006 ETLINGER et al 2012 AacuteZARA et al 2016) foi maior do que
o utilizado no presente trabalho em que foi realizada uma avaliaccedilatildeo antes e depois de
uma reuniatildeo de consenso indicando que a educaccedilatildeo continuada proporcionada pelo
MEQ nesses periacuteodos que os estudos ocorreram contribuiu para a uniformizaccedilatildeo dos
criteacuterios citomorfoloacutegicos e melhoria da reprodutibilidade dos exames citopatoloacutegicos
Portanto ainda que no presente estudo tenha sido feita uma avaliaccedilatildeo pontual natildeo foram
encontrados RFN entre os Laboratoacuterios Tipo I e II apoacutes consenso e houve reduccedilatildeo de
RFP e retardo de conduta Aleacutem disso a porcentagem de RFP observada estaacute
aproximada dos dados da literatura nos primeiros anos de estudo assim como
distribuiccedilatildeo em lesotildees de alto e baixo grau
REZENDE MT Resultados
48
Com o intuito de aprofundar os criteacuterios utilizados na avaliaccedilatildeo buscou-se os
seguimentos das pacientes com diagnoacutestico citopatoloacutegico alterado Esses resultados
foram mais concordantes com os diagnoacutesticos do Laboratoacuterios Tipo II entretanto a
maior parte dos esfregaccedilos classificados pelo Laboratoacuterio Tipo I como lesotildees de baixo
grau ASC-US e LSIL no seguimento os resultados foram negativos ou seja essas
lesotildees regrediram entre o periacuteodo da primeira citologia ateacute a realizaccedilatildeo da nova
citologia E ainda quando analisamos as lesotildees verdadeiramente precursoras do CCU as
HSIL a concordacircncia do seguimento foi maior com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Estudo de Tobias et al (2016) analisando os laboratoacuterios citopatoloacutegicos do estado de
Minas Gerais que prestam serviccedilo para o Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mostraram
que de uma forma geral estes laboratoacuterios detectam baixos iacutendices de lesotildees
precursoras do CCU Portanto se avaliarmos dessa forma o Laboratoacuterio Tipo I do
presente estudo vem cumprindo com o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo do CCU jaacute
que as lesotildees com verdadeiro potencial de progressatildeo para o cacircncer estatildeo sendo
detectadas confirmadas pela colposcopia e bioacutepsia permitindo assim que a paciente
seja tratada impedindo a evoluccedilatildeo para o cacircncer (BORTOLON et al 2012 BRASIL
2016b) Do total de 59 RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso foi possiacutevel obter 9
resultados citopatoloacutegicos no seguimento e todas tiveram resultado alterado Observa-
se que o resultado inicial do Laboratoacuterio Tipo I estava correto e que a discussatildeo dos
resultados discordantes como neste caso proporciona melhora tanto dos criteacuterios do
Tipo I quanto do Tipo II
Evidenciado por Bortolon et al (2012) grande parte dos laboratoacuterios brasileiros
apresentam indicadores de qualidade dos exames citopatoloacutegicos fora dos niacuteveis
preconizados isso pode levar a natildeo identificaccedilatildeo de casos positivos e consequentemente
a liberaccedilatildeo de RFN Plewka et al (2014) avaliando o desempenho de 13 laboratoacuterios
do Estado do Paranaacute prestadores de serviccedilo para o SUS mostraram que os indicadores
da maioria dos laboratoacuterios estavam abaixo do recomendado Tobias et al (2016)
apontou que a maioria dos laboratoacuterios que prestam serviccedilos ao SUS do estado de MG
apresentaram indicadores fora do intervalo recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Esses estudos demonstram a necessidade de implantaccedilatildeo de programas de garantia da
qualidade do exame citopatoloacutegico como o MIQ e MEQ aleacutem da avaliaccedilatildeo perioacutedica
de ambos (BRASIL 2013a BRASIL 2016b) O MIQ inclui a implantaccedilatildeo do sistema
REZENDE MT Resultados
49
de indicadores de qualidade que satildeo de faacutecil compreensatildeo execuccedilatildeo e anaacutelise Satildeo
instrumentos importantes para a garantia de qualidade em citopatologia cervical pois
satildeo reconhecidos como vaacutelidos para a avaliaccedilatildeo da qualidade do exame citopatoloacutegico
do colo do uacutetero (SIEGL et al 2014 ARAUacuteJO et al 2015 BRASIL 2016b) O MEQ
proporciona para os laboratoacuterios monitorados educaccedilatildeo continuada e discussatildeo dos
casos discordantes que contribui para melhoria da habilidade profissional dos
citopatologistas na medida que o treinamento e fornece maior acuraacutecia no diagnoacutestico
das lesotildees precursoras do CCU possibilitando maior certeza na emissatildeo do laudo
(AacuteZARA et al 2016)
O iacutendice de positividade (IP) expressa a prevalecircncia de alteraccedilotildees celulares e a
sensibilidade do processo do rastreamento em detectar lesotildees na populaccedilatildeo alvo sendo
que nos paiacuteses em que houve diminuiccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade por
CCU nos Estados Unidos Noruega e Reino Unido o IP foi 68 (DAVEY et al
2004) 49 (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) e 64 (NHS 2011)
respectivamente Os resultados de IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais do
estudo realizado por Bortolon et al (2012) mostraram que 58 dos laboratoacuterios
apresentavam IP muito baixo 19 baixo e somente 23 dentro do esperado sendo
que esses foram responsaacuteveis por apenas 14 do total de exames realizados no estado
Ainda verificou que a meacutedia do IP dos laboratoacuterios do Estado de Minas Gerais foi 22
em 2010 valor inferior ao recomendado Estudo mais recente realizado por Tobias et al
(2016) mostrou que a maioria dos laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam serviccedilo
para o SUS independentemente da escala de produccedilatildeo tem valores de IP bem abaixo da
faixa recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede
Sendo assim o IP baixo pode indicar a presenccedila de RFN apontando que eacute
necessaacuterio a reavaliaccedilatildeo do MIQ do laboratoacuterio a fim de intervir nos meacutetodos utilizados
assim como na qualificaccedilatildeo profissional dos citopatologistas (PLEWKA et al 2014
BRASIL 2016b) Observou-se no estudo de Aacutezara et al (2014) que o IP foi inferior a
3 em aproximadamente 74 dos laboratoacuterios do Estado de Goiaacutes que natildeo
participaram do MEQ ressaltando a importacircncia da inclusatildeo dos laboratoacuterios
citopatoloacutegicos nesse programa
O IP verificado neste trabalho foi de 120 apoacutes a reuniatildeo de consenso que
apesar de ter melhorado apoacutes a discussatildeo dos casos discordantes ainda estaacute um pouco
acima do esperado que eacute de 3 a 10 (BRASIL 2016b) isso pode expressar uma alta
REZENDE MT Resultados
50
prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na populaccedilatildeo estudada Miranda et al
(2013) determinou a persistecircncia da infecccedilatildeo pelo HPV em 596 das mulheres do
municiacutepio de Ouro Preto MG e que os tipos virais de alto risco foram os mais
persistentes ainda comprovou ainda que a presenccedila de alteraccedilotildees citoloacutegicas que podem
evoluir para o CCU estaacute associada agrave infecccedilatildeo por HPV
As ceacutelulas escamosas atiacutepicas (ASC) sugerem duacutevida diagnoacutestica em que natildeo
haacute criteacuterios citomorfoloacutegicos suficientes para o diagnoacutestico de lesatildeo intraepitelial tendo
potencial para uso exagerado Um alto iacutendice da razatildeo ASCSat indica grande nuacutemero
de RFP implicando na oferta desnecessaacuteria de exames para a investigaccedilatildeo diagnoacutestica o
que representa um ocircnus para a mulher e para a rede de sauacutede (BRASIL 2016b)
Portanto eacute preciso assegurar o monitoramento de qualidade dos laboratoacuterios de
citopatologia do colo do uacutetero para que os iacutendices de positividade se enquadrem no
preconizado ao mesmo tempo sem que haja aumento de ASC (BORTOLON et al
2012) No estado de Minas Gerais em estudo realizado por Bortolon et al (2012) foi
averiguado que o indicador ASCSat dos laboratoacuterios do estado foi 11 em 2010 valor
inferior ao recomendado Enquanto que os outros estados da Regiatildeo Sudeste tambeacutem
estavam com o indicador fora dos paracircmetros sendo Espirito Santo com 12 Rio de
Janeiro com 19 e Satildeo Paulo com 27 e a meacutedia da Regiatildeo foi entatildeo de 21 o que
indica a necessidade de revisatildeo dos criteacuterios utilizados na definiccedilatildeo de ASC No
presente estudo verificou-se que antes da reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat do
Laboratoacuterio Tipo I apresentava valor de 571 fora da faixa indicada como ideal de 4
a 5 de acordo com o Manual de Gestatildeo da Qualidade (BRASIL 2016b)
Posteriormente a reuniatildeo de consenso o indicador ASCSat observado foi de 462
dentro da faixa recomendada
Os demais indicadores de qualidade permaneceram dentro do recomendado apoacutes
o consenso A relaccedilatildeo ASCSIL que deve ser inferior a trecircs teve valor de 06 apoacutes a
accedilatildeo O valor dessa razatildeo dentro do recomendado indica que os criteacuterios diagnoacutesticos de
SIL e ASC estatildeo precisos O valor estaacute de acordo com os outros laboratoacuterios dos
estados da Regiatildeo Sudeste de acordo com estudo realizado em 2010 por Bortolon et al
(2012) 12 para o Rio de Janeiro 20 para Satildeo Paulo 11 para Espiacuterito Santo e Minas
Gerais
O ASCAlt deve ser inferior a 60 sendo que o valor encontrado nesse estudo
apoacutes o consenso de 384 permaneceu dentro do proposto Esse indicador tem a
REZENDE MT Resultados
51
finalidade de monitorar os casos de ASC para implantaccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente
Ressalta-se que o percentual elevado de ASC indica que o laboratoacuterio apresenta
problemas na fase preacute-analiacutetica analiacutetica ou em ambas as fases (BRASIL 2016b
AacuteZARA et al 2014) No estudo de Aacutezara et al (2014) 29 dos laboratoacuterios que natildeo
eram monitorados tiveram o indicador ASCAlt fora dos paracircmetros Aleacutem disso
aqueles laboratoacuterios natildeo monitorados que apresentaram IP dentro da faixa
recomendada e ASCAlt fora do recomendado estavam relacionados a um alto
percentual de ASC e natildeo de lesotildees precursoras do CCU Assim recomenda-se que esses
dois indicadores devem ser analisados em conjunto pois um IP adequado pode conter
uma elevada percentagem de ASC (BRASIL 2016b BRASIL 2013a)
Dessa forma acredita-se que o valor de IP encontrado em 2014 esteja um pouco
fora do esperado devido agrave alta prevalecircncia de HPV de alto risco oncogecircnico na
populaccedilatildeo do municiacutepio de Ouro Preto MG E quando analisa-se o indicador ASCAlt
observa-se que tanto antes da reuniatildeo de consenso valor de 365 quanto depois valor
de 384 ambos estatildeo dentro do recomendado pelo Ministeacuterio da Sauacutede que eacute menor
de 60 (BRASIL 2016b) ou seja o Laboratoacuterios Tipo I vem usando adequadamente
os criteacuterios para classificaccedilatildeo das ceacutelulas escamosas atiacutepicas de significado
indeterminado a qual tem potencial para uso exagerado
O HSILSat mede a capacidade de detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente
precursoras do CCU e deve ser igual ou superior a 04 valor que foi baseado nos
obtidos em paiacuteses em que o rastreamento foi bem-sucedido na diminuiccedilatildeo das taxas de
incidecircncia e mortalidade por CCU como 05 nos Estados Unidos (EVERSOLE et al
2010) 11 no Reino Unido (NHS CANCER SCREENING PROGRAMMES 2011) e
114 na Noruega (NYGAringRD SKARE THORESEN 2002) Obteve-se tanto antes
quanto depois da reuniatildeo de consenso valor da razatildeo HSILSat maior de 04 dessa
maneira o objetivo fundamental da prevenccedilatildeo secundaacuteria do CCU vem sendo alcanccedilado
jaacute que as HSIL lesotildees que podem evoluir para o cacircncer estatildeo sendo detectadas
(BRASIL 2016b) Portanto ressalta-se que as lesotildees intraepiteliais de alto grau satildeo o
foco dos programas de rastreio do CCU para diminuiccedilatildeo de sua incidecircncia e
mortalidade (BORTOLON et al 2012) Os laboratoacuterios de Minas Gerais que prestam
serviccedilo para o SUS apresentaram em 2012 detecccedilatildeo baixa de lesotildees precursoras do
CCU destacando a necessidade de investir na garantia da qualidade do exame
citopatoloacutegico por meio do MIQ e MEQ (TOBIAS et al 2016)
REZENDE MT Resultados
52
Aacutezara et al (2014) avaliaram o impacto da educaccedilatildeo continuada fornecida por
Laboratoacuterio Tipo II sobre os indicadores de qualidade de 12 laboratoacuterios monitorados
do Estado de Goiaacutes verificou-se efeito direto sobre os indicadores IP e o HSILSat que
melhoraram apoacutes a intervenccedilatildeo A educaccedilatildeo continuada fornecida pelo MEQ ajudou na
padronizaccedilatildeo dos criteacuterios citomorfoloacutegicos aprimorando as competecircncias dos
citopatologistas em detectar alteraccedilotildees celulares sugestivas de CCU Constatou-se ainda
que a maioria dos laboratoacuterios que apresentaram indicadores na faixa estabelecida
estavam participando do MEQ
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I calculados nesse estudo dois
anos apoacutes o MEQ do ano de 2015 mostram que todos estatildeo dentro da faixa
recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede inclusive o IP que passou de 120 para 99
indicando que a accedilatildeo foi positiva e duradoura com o passar do tempo
Os resultados deste estudo mostraram que os indicadores de qualidade do
Laboratoacuterio Tipo I melhoraram apoacutes reuniatildeo de consenso proporcionada pelo MEQ
dessa forma eacute crucial a participaccedilatildeo dos laboratoacuterios de citopatologia no programa para
identificaccedilatildeo dos erros diagnoacutesticos e padronizaccedilatildeo dos criteacuterios utilizados na
classificaccedilatildeo das alteraccedilotildees citoloacutegicas Isso possibilita a adequaccedilatildeo dos indicadores nos
paracircmetros ideais permitindo a detecccedilatildeo de lesotildees verdadeiramente precursoras do
CCU o que refletiraacute na reduccedilatildeo das taxas de incidecircncia e mortalidade deste cacircncer
REZENDE MT Conclusotildees
53
8- Conclusotildees
A concordacircncia entre o Laboratoacuterio Tipo I e II foi boa apoacutes a reuniatildeo de
Consenso
Dentre os resultados discordantes natildeo foi identificado nenhum RFN Os RFP e os
casos de retardo de conduta foram reduzidos apoacutes a reuniatildeo de consenso
O IP e o ASCSat apoacutes o consenso atingiram a faixa estabelecida e os outros
indicadores da qualidade permaneceram dentro do recomendado tanto antes quanto apoacutes
a realizaccedilatildeo da reuniatildeo de consenso
Os indicadores de qualidade do Laboratoacuterio Tipo I dois anos apoacutes o MEQ estatildeo
dentro da faixa recomendada
Os seguimentos dos casos com diagnoacutestico de HSIL mostrou maior concordacircncia
com os resultados do Laboratoacuterio Tipo I
Os seguimentos de nove RFP acordados apoacutes a reuniatildeo de consenso tiveram
resultado citopatoloacutegico alterado
REZENDE MT Referecircncias
54
9- Consideraccedilotildees finais
Com apenas uma participaccedilatildeo no MEQ observou-se a importacircncia da reuniatildeo de
consenso realizada entre os Laboratoacuterios Tipos I e Tipo II para a anaacutelise e discussatildeo
dos casos discordantes Eacute um momento crucial para o ajuste dos criteacuterios
citomorfoloacutegicos utilizados no diagnoacutestico de lesotildees preacute-neoplaacutesicas pelos
citopatologistas dos Laboratoacuterios Tipo I e Tipo II proporcionando um aprimoramento
desses criteacuterios Dessa forma apenas com uma accedilatildeo pontual minimiza-se a divergecircncia
diagnoacutestica do exame citopatoloacutegico Portanto a reuniatildeo de consenso proporcionada
pelo MEQ deve ser vista como uma parceria e como um momento de aprendizado para
ambos os laboratoacuterios pois eacute uma praacutetica de aperfeiccediloamento diagnoacutestico essencial para
o rastreamento do CCU
A praacutetica contiacutenua do MEQ deve igualmente ser priorizada em um programa
organizado de rastreamento do CCU pois o regular monitoramento dos laboratoacuterios
garante a produccedilatildeo de exames citopatoloacutegicos de qualidade e que contribuem
significativamente na detecccedilatildeo de lesotildees precursoras desta neoplasia
REZENDE MT Referecircncias
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REZENDE MT Apecircndices
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Apecircndices
Apecircndice A Planilha do preacute-escrutiacutenio raacutepido
PLANILHA DO PREacute-ESCRUTIacuteNIO RAacutePIDO (PER)
DATA DE CHEGADA
DATA
REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA
RESULTADO DO PER
N= Negativo I= Insatisfatoacuterio S= Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
67
Apecircndice B Planilha da revisatildeo raacutepida de 100
PLANILHA DA REVISAtildeO RAacutePIDA DE 100 DOS NEGATIVOS (RR100)
DATA DE CHEGADA
DATA REVISOR
Nordm DA CITOLOGIA RESULTADO DA RR100
FLORA
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
68
Apecircndice C Planilha dos resultados positivos e insatisfatoacuterios
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS POSITIVOS E INSATISFATOacuteRIOS
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO
ER
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Apecircndices
69
Apecircndice D Planilha de revisatildeo dos resultados discordantes
PLANILHA DE REVISAtildeO DOS RESULTADOS DISCORDANTES
DATA NO DA CITOLOGIA
RESULTADO PER
RESULTADO ER
RESULTADO RR100
REVISOR DIAGNOacuteSTICO FINAL
N Negativo I Insatisfatoacuterio S Suspeito
REZENDE MT Anexos
70
Anexos
Anexo 1 Requisiccedilatildeo de exame citopatoloacutegico do colo do uacutetero
REZENDE MT Anexos
71