maria nos dogmas: maternidade e virgindade

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Maria nos dogmas: Mãe e Virgem Afonso Murad www.maenossa.blogspot.com Curso de Mariologia (7)

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Curso de Mariologia: introdução aos dogmas, Maria mãe de Deus e Maria Virgem.

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Page 1: Maria nos dogmas: Maternidade e virgindade

Maria nos dogmas: Mãe

e Virgem

Afonso Muradwww.maenossa.blogspot.com

Curso de Mariologia (7)

Page 2: Maria nos dogmas: Maternidade e virgindade

Dogmas: Por que e para quê?• Normalmente, o termo

“dogma” está associado a: - algo incompreensível, - colocado de forma

autoritária pelo magistério, - verdade congelada e

inflexível, - você é obrigado a aceitar

sem questionar.Os dogmas marianos são um

problema para o diálogo ecumênico

Page 3: Maria nos dogmas: Maternidade e virgindade

Início dos dogmas• Os dogmas nascem nos primeiros séculos

do cristianismo, para superar conflitos de interpretação na fé.

• Um confronto é resolvido através de Concílio.

• Os principais dogmas respondem às perguntas: quem é Deus para nós, quem é Jesus.

Page 4: Maria nos dogmas: Maternidade e virgindade

Dogmas na história

• Depois da Reforma Protestante, a Igreja católica valoriza demais os dogmas, como base da teologia e do catecismo.

• Dogmatismo: tudo o que vem da hierarquia deve ser aceito sem questionamento.

• Reação: considera a opinião de cada um e relativiza as verdades.

Page 5: Maria nos dogmas: Maternidade e virgindade

Dogmas hoje

• Há dogmas centrais e periféricos.• Dogmas marianos centrais: maternidade de

Maria e concepção virginal. • Dogmas mais longe do centro: virgindade

perpétua, Imaculada e Assunção.

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Dogma da Theotókos: Maria, mãe do Filho de Deus

encarnado

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História do dogma• Pode uma criatura ser mãe do

criador?• Fonte bíblica: Maria é mãe de Jesus. • Correntes espiritualistas: se Jesus é

divino, não teria uma mãe humana.• Patrística: afirma a real encarnação

de Jesus em Maria e sua importância para a humanidade.

• Final do século III: surge a oração do Sub Tuum. Maria é parturiente de Deus (theotókos).

• Santo Agostinho: a maternidade de Maria é consequência e expressão da sua fé.

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Um prodígio é a tua mãe! O Senhor entrou nela e se tornou um servo. Entrou nela aquele que é a eloqüência mesma e nela se tornou mudo. Entrou nela o tom e forçou a sua voz ao silêncio. Entrou o pastor de todos e nela se tornou cordeiro (..) O seio da tua mãe subverteu a ordem das coisas. O criador de tudo nele entrou rico e dele saiu mendicante, nele entrou excelso e dele saiu humilde. Entrou como herói e no ventre tomou consigo a veste do temor. Nele entrou aquele que nutre a todos e aprendeu a ter fome, o que sacia a todos e aprendeu a ter sede. O que veste a todos, deste seio saiu nu e privado de vestes (Efrém)

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Contexto do dogma• Nestório considera a

humanidade e a divindade de Jesus como dois compartimentos separados.

• O Concílio de Éfeso (431) defende a unidade da pessoa de Jesus. Tudo o que se diz de sua humanidade vale para o Filho de Deus.

• Consequência: Maria não é mãe somente do homem de Nazaré, mas do Filho de Deus encarnado, da sua pessoa inteira.

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Sentido teológico da Theotokos• Deus é comunidade: Pai-

materno, Filho e Espírito.• Maria é a mãe do filho de Deus

encarnado. • Maria é uma criatura especial,

não uma deusa. • Relação especial de Maria com

a Trindade: filha predileta e agraciada pelo

Pai; mãe, educadora e discípula do

Filho, templo do Espírito

Page 11: Maria nos dogmas: Maternidade e virgindade

Sentido eclesialMaria é a imagem da Igreja-mãe: • Comunidade que gera novos

filhos pela fé, pelo batismo e pelo testemunho.

• Alimenta-os com a eucaristia, a oração, a fraternidade e solidariedade.

• Acolhe os mais fracos (opção preferencial pelos pobres).

Page 12: Maria nos dogmas: Maternidade e virgindade

Sentido espiritual

• O cristão, como Maria, gera Cristo em si e nos outros (Cf. Santo Ambrósio).

• Cada ser humano tem traços maternos: ternura, calor, intuição, cuidado, acolhida.

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Sentido Existencial• Maria vive uma relação

materna com Jesus: espera, amamenta, nutre e protege. Dá a Jesus as condições para formar uma personalidade madura e livre.

• Maria é mãe-educadora de Jesus. Sabe pontuar os limites do filho e o respeita. Ama sem reter.

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OraçãoNós te agradecemos Maria, por teres ensinado

Jesus a falar, a caminhar e especialmente, a amar.

Tu és a mãe e a educadora do Filho de Deus encarnado, Jesus Cristo. O teu olhar amoroso, o teu sorriso, o teu colo, e a presença de qualidade marcaram a personalidade e a missão de Jesus.

Obrigado Maria, porque amas sem reter o teu Filho.

Ensina-nos a viver os traços da maternidade, como o afeto, a ternura, o cuidado e a intuição. Amém.

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Dogma da Virgindade de Maria

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Dificuldades em aceitar este dogma

• Valorização da sexualidade e questionamento de moral tradicional,

• Exegese e gêneros literários: o relato da anunciação não seria somente simbólico?

• Mentalidade científica: seria impossível uma concepção virginal.

Page 17: Maria nos dogmas: Maternidade e virgindade

Este dogma tem três componentes, por ordem de importância

concepção virginal,

opção celibatária,

virgindade no parto.

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Interpretações da Concepção Virginal

• Literal: aconteceu conforme está contado na bíblia

• Metafórica: o importante é a mensagem, o fato não interessa. A concepção de Jesus é um presente de Deus para a humanidade.

• Real Simbólica: A concepção de Jesus e seu nascimento são uma nova criação, fruto do dom de Deus e da resposta humana. A concepção virginal vai além da questão sexual, mas é real.

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Opção celibatária de Maria• Mc 6,3s: cita seis irmãos de Jesus. Mas Tiago e

Joset são filhos de outra Maria (Mc 15,40; 16,1).• Gal 1,18s: Paulo diz que não viu nenhum outro

apóstolo, senão Tiago, o irmão do Senhor.• 1 Cor 9,5: “os irmãos do Senhor”. Paulo escreve

para uma comunidade de cultura grega, que conhece palavras como “primo” ou “parente”. Por que fala em “irmãos”?

• At 1,14: “Maria a mãe de Jesus e os irmãos de Jesus”.

• A primeira geração da patrística (Inácio de Antioquia e Ireneu de Lion) parece desconhecer a virgindade perpétua.

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Opção pela virgindade no Proto-evangelho de Tiago

• Maria nasce de maneira extraordinária, pois Joaquim e Ana eram estéreis. Ela é uma menina inteligente e prococe.

• Maria é levada para o templo aos 8 anos.

• Ao se aproximar sua puberdade, deve ser afastada do templo, para não manchá-lo com sangue da menstruação.

• Os sacerdotes escolhem um homem idoso para zelar de sua castidade.

• Viúvo com seis filhos, José é o escolhido, depois de um sinal maravilhoso.

Page 21: Maria nos dogmas: Maternidade e virgindade

Uma tradição que se consolida• Para Jerônimo, os “irmãos de Jesus”

seriam seus primos.• Agostinho afirma que José e Maria

optaram pelo celibato, antes da anunciação.

• A opção celibatária de Maria não se fundamenta na bíblia, mas em testemunhos da Tradição, influenciada pela valorização da castidade consagrada.

• A expressão “sempre virgem maria” foi incorporada no Credo.

Page 22: Maria nos dogmas: Maternidade e virgindade

Virgindade no parto?• Origem: narração mágica do Protoevangelho de

Tiago. • Jesus não nasce, simplesmente aparece. A parteira

vê que ela permanece virgem.• Salomé não acredita nisso, toca em Maria e seu

dedo cai. Pede perdão pela falta de fé e fica curada.

• Nos primeiros séculos não se discute sobre o “como” do parto de Maria. Crê-se somente que o nascimento de Jesus não altera sua opção de vida.

• Sentido metafórico: no nascimento do Jesus se supera a maldição do Gênesis, do parto doloroso (Gn 3,16).

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Sentido teológico-espiritual

• O ser humano é como terra virgem, que pode ser muito fértil, quando fecundado pela Palavra.

• A virgindade é uma forma legítima de consagrar-se integralmente a Deus (não a única).

• Mãe e Virgem: para Deus tudo é possível

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OraçãoMaria, terra virgem, aberta e disponível para

Deus.Guia a todos nós, quer sejamos homens ou

mulheres; enamorados, casados ou celibatários, para fazermos de nosso corpo um templo de Deus, uma manifestação carnal da Divindade.

Dá-nos um coração generoso e criativo, que como terra virgem, acolhe e faz germinar as sementes de Deus. Amém.

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Para saber mais

Afonso Murad, Maria. Toda de Deus e tão humana. Compêndio de Mariologia. Paulinas/Santuário. 2012, cap 7-8, p. 117-160.

www.maenossa.blogspot.com

Dogma Maria mãe de Deus. Vídeo da série Trem da mariologia no Youtube