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130
Marcos Aurélio da Silva Catalisadores para Produção de Hidrogênio por Reforma a Vapor do Etanol e seu uso em SOFC Dissertação apresentada como requisito à obtenção do Grau de Mestre em Química, Curso de Pós-Graduação em Química, Instituto de Química, Universidade Federal da Bahia. Aluno: Marcos Aurélio da Silva Orientadora: Soraia Teixeira Brandão Co-orientador: Jaime Soares Boaventura Filho Setembro – 2007 Salvador – Bahia

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  • Marcos Aurlio da Silva

    CatalisadoresparaProduode

    HidrognioporReformaaVapordo

    EtanoleseuusoemSOFC

    Dissertao apresentada como

    requisito obteno do Grau de Mestre

    em Qumica, Curso de Ps-Graduao

    em Qumica, Instituto de Qumica,

    Universidade Federal da Bahia.

    Aluno: Marcos Aurlio da Silva

    Orientadora: Soraia Teixeira Brando

    Co-orientador: Jaime Soares Boaventura Filho

    Setembro 2007

    Salvador Bahia

  • COMISSO EXAMINADORA

    __________________________________________________________ P r o f a . D r a . S o r a i a T e i x e i r a B r a n d o

    ( O r i e n t a d o r a I Q / U F B A )

    __________________________________________________________ P r o f . D r . J a i m e S . B o a v e n t u r a F i l h o

    ( C o - o r i e n t a d o r I Q / U F B A )

    __________________________________________________________ D r . L u i z A n t n io M a g a l h e s P o n t e s

    ( U N I F A C S )

    _________________________________________________________

    D r . E m e r s o n A n d r a d e S a l e s

    ( I Q / U F B A )

    Homologada pelo Colegiado dos Cursos de Ps-Graduao em Qumica em:

    ________/________/_______.

  • Tudo que uma pes soa

    pode imag inar , out ras

    podem to rnar r ea l .

    Ju l io Verne

  • iii

    Sumrio

    Dedicatria ................................................................................................. viii

    Agradecimentos ............................................................................................ ix

    Simbologia Utilizada ..................................................................................... x

    Lista de Figuras .......................................................................................... xiii

    Lista de Tabelas ....................................................................................... xviii

    RESUMO .................................................................................................... xix

    Abstract ....................................................................................................... xx

    Captulo 1 .......................................................................................- 21 -

    1.1. Introduo ............................................................................- 21 -

    1.2. Objetivos gerais ..................................................................- 24 -

    1.3. Objetivos especficos ..................................................................- 24 -

    Captulo 2 .......................................................................................- 36 -

    REVISO BIBLIOGRFICA .......................................................- 26 -

    2.1 Clula a combustvel .......................................................- 26 -

    2.1.1 Tipos de Clulas a Combustvel ............................................- 27 -

    2.1.1.1 Clula a combustvel de cido fosfrico (PAFC Phosforic

    Acid Fuel cell) ............................................................................- 28 -

    2.1.1.2 Clula a combustvel de membrana trocadora de prtons

    (PEMFC proton exchange membrane fuel cell) .......................- 28 -

    2.1.1.3 Clula a combustvel de eletrlito alcalino (AFC alkaline

    fuel cell) .......................................................................................- 29 -

    2.1.1.4 Clula a combustvel a metanol direto (DMFC Direct

    Methanol Fuel Cell) ............................................................................- 29 -

  • iv

    2.1.1.5 Clula a combustvel de carbonato fundido (MCFC molten

    carbonate fuel cell) ............................................................................- 29 -

    2.1.1.6 Clula a combustvel de xido slido (SOFC Solid Oxide

    Fuel Cell) .......................................................................................- 30 -

    2.1.2 Clulas a Combustvel de xido Slido (SOFC) ............- 31 -

    2.1.3 Operao de uma SOFC com reforma direta .......................- 32 -

    2.1.4 Componentes de uma SOFC ............................................- 33 -

    2.1.4.1 O Eletrlito ..................................................................- 34 -

    2.1.4.2 Catodo ..................................................................- 35 -

    2.1.4.3 Anodo............................................................................- 37 -

    2.1.4.4 Outros componentes para SOFC................................ ..- 40 -

    2.1.4.5 Interconectores .......................................................- 40 -

    2.1.4.6 Selantes ..................................................................- 42 -

    2.1.5 SOFC com reforma direta do etanol ..................................- 43 -

    2.2 Reforma a vapor do etanol ............................................- 44 -

    2.2.1 Catalisadores para reforma a vapor do etanol .......................- 47 -

    2.2.2 Catalisadores xidos .......................................................- 47 -

    2.2.3 Catalisadores de cobalto suportados ..................................- 48 -

    2.2.4 Catalisadores de nquel suportados ..................................- 49 -

    2.2.5 Catalisadores de metais nobres ............................................- 50 -

    2.2.6 Catalisadores bimetlicos Ni-Co ............................................- 51 -

    2.2.7 Preparao de catalisadores com cido ctrico .......................- 52 -

    Captulo 3 .......................................................................................- 54 -

    EXPERIMENTAL ............................................................................- 54 -

    3.1 Introduo ............................................................................- 54 -

  • v

    3.2 Preparao dos Catalisadores ............................................- 55 -

    3.3 Caracterizao dos Catalisadores ..................................- 55 -

    3.3.1 Anlise por Fluorescncia de Raios X ..................................- 56 -

    3.3.2 Anlise por Difrao de Raios X (DRX) ..................................- 56 -

    3.3.3 Reduo Termoprogramada com CO (TPR-CO) ....................- 56 -

    3.3.4 Dessoro termoprogramada com CO (TPD-CO) ..................- 56 -

    3.3.5 Estudo da deposio de carbono ............................................- 57 -

    3.3.6 Estudo da rea Superficial Especfica ..................................- 57 -

    3.3.7 Avaliao dos Catalisadores ............................................- 58 -

    3.4 Preparao da clula unitria SOFC ..................................- 60 -

    3.4.1 Preparao dos eletrocatalisadores para SOFC .....................- 60 -

    3.4.2 Reduo Termoprogramada com H2 TPR H2 .....................- 62 -

    3.4.3 Avaliao cataltica das Amostras CATA02 e CATY ............- 62 -

    3.4.4 Preparao do Prottipo SOFC ............................................- 63 -

    3.4.5 Avaliao dos Prottipos de SOFC ..................................- 64 -

    Captulo 4 .......................................................................................- 66 -

    RESULTADOS E DISCUSSES I ............................................- 66 -

    REFORMA A VAPOR DO ETANOL ............................................- 66 -

    4.1 Introduo ............................................................................- 66 -

    4.2 Caracterizao dos Catalisadores ..................................- 67 -

    4.2.1 Anlise por fluorescncia de raios X (XRF) .......................- 67 -

    4.2.2 Anlise por difrao de raios X (DRX) ..................................- 68 -

    4.2.3 Reduo Termoprogramada com CO (TPR-CO) ............- 70 -

    4.2.4 Dessoro termoprogramada com CO (TPD-CO) ............- 72 -

    4.2.5 Estudo da deposio de carbono ............................................- 76 -

  • vi

    4.2.6 Estudo da superfcie especfica total ..................................- 77 -

    4.3 Avaliao Cataltica .................................................................- 78 -

    4.3.1 Resumo dos resultados da avaliao cataltica ......................- 78 -

    4.3.2 Converso do etanol ...............................................................- 79 -

    4.3.3 Seletividade a hidrognio .......................................................- 81 -

    4.3.4 Produo de Hidrognio .......................................................- 83 -

    4.3.5 Distribuio dos produtos em funo do tempo ......................- 85 -

    4.3.6 Reforma do etanol em funo da temperatura .......................- 86 -

    4.4 Eletrocatalisadores para SOFC ............................................- 89 -

    4.4.1 Caracterizao dos eletrocatalisadores ..................................- 90 -

    4.4.2 Anlise de MEV e EDX .......................................................- 90 -

    4.4.3 Avaliao cataltica dos eletrocatalisadores .......................- 91 -

    Captulo 5 ......................................................................................- 96 -

    RESULTADOS E DISCUSSES II ............................................- 96 -

    PREPARAO E CARACTERIZAO DO PROTTIPO DE SOFC

    .................................................................................................- 96 -

    5.1 Introduo ............................................................................- 96 -

    5.1.1 Reduo Termoprogramada com H2 (TPR-H2) .....................- 97 -

    5.1.2 Avaliao Cataltica ................................................................- 98 -

    5.2 Caracterizao da clula unitria SOFC ..............................- 101 -

    5.2.1 Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV) .....................- 101-

    5.2.2 Avaliao de desempenho do prottipo de SOFC ..........- 103 -

    Captulo 6 .....................................................................................- 114 -

    6.1 Concluses ..........................................................................- 114 -

    6.2 Recomendaes ................................................................- 117 -

  • vii

    Referncias .....................................................................................- 118 -

  • viii

    Dedicatria

    Dedicada a:

    Ziggy e Selma

  • ix

    Agradecimentos

    Ao Doutor Jaime Soares Boaventura Filho e Doutora Soraia Teixeira

    Brando, pela inestimvel ajuda e orientao.

    Doutora Ndia Mamede Jos, pela sua preciosa colaborao.

    Aos colegas do curso de Ps-Graduao: Mrcio e Lenise.

    Ao Sr. Vilberto pelas anlises de DRX.

    Sra. Clia pelas anlises de XRF.

    Ao Sr. Raigenis Fiza pelas anlises de MEV e EDX.

    A todas as pessoas que contriburam, mesmo que indiretamente, para o

    sucesso deste trabalho.

    Aos colegas de laboratrio: Raildo, Daniele, Michel, Joo Paulo, Llian e

    Mrcio.

    Rede PaCOS por apoio financeiro em aquisio de reagentes.

    Petrobras por apoio financeiro na aquisio de equipamentos.

    CAPES pela bolsa de mestrado concedida.

    RECAT por apoios financeiros para execuo dos trabalhos,

    equipamentos, materiais e participao em eventos.

  • x

    Simbologia Utilizada

    AFC alkaline fuel cell - clula a combustvel de eletrlito alcalino

    Anodo Elctrodo de carga negativa do lado do hidrognio da clula

    de combustvel.

    BET Brunauer-Emmett-Teller, tcnica para medida de rea

    superficial especfica de slidos.

    Catodo Elctrodo de carga positiva do lado do oxignio da clula de

    combustvel.

    Cermet Anodo formado pelo eletrocatalizador sinterizado a 1400C

    com porosidade para permeao do combustvel. O mais

    com o Ni-YSZ.

    DMFC Clula a combustvel a metanol direto (DMFC Direct

    Methanol Fuel Cell).

    DRX Difrao de raios X.

    EDX Energia disperssiva de raios X.

    Eletrlito Meio onde os ies podem se mover. Na clula de

    combustvel do SOFC, um um xido slido que conduz

    ons oxignio.

    GDC xido de crio dopado com xido de gadolnio.

    Interconector Conecta eletronicamente o anodo clula unitria com o

  • xi

    ctodo de outra, formando o empilhamento ou stacks.

    LSM manganita de lantnio dopada com estrncio LaxSr1-xMnO3-.

    MCFC Clula a combustvel de carbonato fundido (MCFC - molten

    carbonate fuel cell).

    MEV Microscopia eletrnica de varredura.

    Ni-YSZ Cermet de nquel e YSZ

    PAFC Clula a combustvel de cido fosfrico (PAFC Phosforic Acid

    Fuel cell).

    PEMFC Clula a combustvel de membrana trocadora de prtons

    (PEMFC proton exchange membrane fuel cell).

    ScSZ zircnia estabilizada com escandia

    Selantes Materiais selantes so responsveis pela estanqueidade de

    um empilhamento das clulas unitrias de uma SOFC.

    SOFC Clula a combustvel de xido slido (SOFC - Solid Oxide

    Fuel Cell).

    TPD Dessoro termoprogramada.

    TPD-CO Dessoro Termoprogramada com CO.

    TPR Reduo termoprogramada.

    TPR-CO Reduo Termoprogramada com CO.

    TPR-H2 Reduo Termoprogramada com H2.

    WGS Water gas shift

  • xii

    XPS Espectroscopia fotoeletrnica de raios X.

    XRF Fluorescncia de raios X.

    YSZ xido de zircnio (ZrO2) estabilizado por xido de trio (Y2O3).

  • xiii

    Lista de Figuras

    Figura Pgina

    Figura 2.1. Uma clula a combustvel operando com

    H2 e O2.

    26

    Figura 2.2. Princpio de funcionamento de uma clula

    a combustvel do tipo SOFC com reforma interna.

    32

    Figura 3.1. Diagrama do teste cataltico (aps seringa

    de injeo de lquido toda a tubulao e mantida a

    120C).

    58

    Figura 3.2. Fotos do teste cataltico a) viso geral; b)

    Forno de alta temperatura com o reator; c) reator de

    quartzo.

    59

    Figura 3.3. Esquema de prensagem e componentes

    da clula da SOFC.

    63

    Figura 3.4. Esquema de montagem da SOFC no

    sistema de alimentao de combustvel.

    64

    Figura 3.5. Circuito de teste de desempenho da clula. 65

    Figura 4.1. Difratograma de raios X do suporte e dos

    catalisadores.

    69

    Figura 4.2. Resultado TPR-CO; consumo de CO em

    funo da temperatura para diferentes amostras de

    70

  • xiv

    catalisadores.

    Figura 4.3. Dessoro de CO2 durante as anlises de

    TPR-CO.

    72

    Figura 4.4. Reduo termoprogramada com CO (TPR-

    CO); CO dessorvido em funo da temperatura para

    algumas amostras de catalisadores.

    73

    Figura 4.5. Dessoro de CO2 durante a anlise de

    TPD-CO; CO2 dessorvido em funo da temperatura

    para algumas amostras de catalisador.

    74

    Figura 4.6. Converso do etanol em funo do tempo

    de reao, sobre diferentes amostras de

    catalisadores.

    81

    Figura 4.7. Seletividade a hidrognio em funo do

    tempo de reao para a reforma a vapor do etanol

    sobre diferentes amostras de catalisadores.

    83

    Figura 4.8. Produo de hidrognio em funo do

    tempo de reao de reforma a vapor do etanol para

    diferentes amostras de catalisadores.

    85

    Figura 4.9. Distribuio dos produtos em funo do

    tempo de reao sobre os catalisadores Ni5Co5YSZ e

    Ni5Co5YSZca.

    86

    Figura 4.10. Converso do etanol e distribuio dos

    produtos em funo da temperatura de reao, para a

    reforma a vapor do etanol sobre o catalisador

    Ni10YSZ.

    87

  • xv

    Figura 4.11. EDX das amostras Ni10YSZ (A) e

    Ni32Co3YSZac (B).

    90

    Figura 4.12. Converso do etanol em funo da

    temperatura.

    92

    Figura 4.13. Produo de hidrognio em funo da

    temperatura, em composio percentual do hidrognio

    na sada do reator.

    93

    Figura 4.14. Produo de metano em funo da

    temperatura, em composio percentual do metano na

    sada do reator.

    94

    Figura 4.15. Produo de CO2 em funo da

    temperatura, composio percentual do CO2 na sada

    do reator.

    95

    Figura 5.1. Perfil de TPR para os catalisadores

    CATA02, Co/YSZ (CoOYSZ) e Ni/YSZ (NiOYSZ).

    97

    Figura 5.2. Formao de hidrognio em funo da

    temperatura sobre CATA02 e CATY.

    99

    Figura 5.3. Produo de H2, CO e CO2 na reforma do

    etanol, em funo da temperatura sobre CATA02. As

    curvas mostram a rea do pico cromatogrfico, para

    cada produto, sada do reator de reforma do etanol.

    100

    Figura 5.4. Micrografias dos componentes da clula,

    obtidas pormicroscopia eletrnica de varredura [A/E/C

    se refere estruturaanodo/eletrlito/catodo] (A)

    anodo/eletrlito/catodo, ampliao x60; (B) eletrlito,

  • xvi

    ampliao x6000; catodo, ampliao x240. 102

    Figura 5.5. Desempenho de SOFC operando com

    hidrognio em gs inerte a 850 e 950C (tenso

    versus corrente).

    105

    Figura 5.6. Desempenho de SOFC operando com

    hidrognio em gs inerte a 850 e 950C (potncia

    versus corrente).

    106

    Figura 5.7. Desempenho de SOFC unitria operando

    com etanol hidratado e em gs inerte em funo da

    temperatura.

    107

    Figura 5.8. Desempenho de SOFC unitria operando

    com etanol em gs inerte a 850 e 950C (tenso

    versus corrente).

    108

    Figura 5.9. Desempenho de SOFC unitria operando

    com etanol em gs inerte a 850 e 950C (Potncia

    versus corrente).

    109

    Figura 5.10. Curvas de desempenho (tenso versus

    corrente) para SOFC operando com mistura de etanol e

    hidrognio ou metano a 850C.

    111

    . Figura 5.11. Curvas de desempenho (tenso versus

    corrente) para SOFC operando com mistura de etanol e

    hidrognio ou metano a 950C.

    112

    Figura 5.12. Curvas de desempenho (potncia versus

    corrente) para SOFC operando com mistura de etanol e

    hidrognio ou metano a 850C.

    112

  • xvii

    Figura 5.13. Curvas de desempenho (potncia versus

    corrente) para SOFC operando com mistura de etanol e

    hidrognio ou metano a 950C.

    106

  • xviii

    Lista de Tabelas

    Tabela Pgina

    Tabela 3.1 Amostras de catalisadores e

    eletrocatalisadores preparadas neste trabalho. 61

    Tabela 4.1 Nomenclatura e composio qumica dos

    catalisadores em % mssica, determinada por XRF. 67

    Tabela 4.2 Deposio de carbono durante a reao

    de reforma a vapor do etanol a 450C durante 1 hora

    de rao.

    76

    Tabela 4.3 rea superficial especfica do suporte e

    das amostras calcinadas e rea obtida aps 1 hora de

    reao a 450C.

    78

    Tabela 4.4 Converso do etanol, rendimento em

    hidrognio e produo de hidrognio. Parmetros

    calculados sobre diferentes amostras de catalisadores

    a presso atmosfrica e 450C durante 1 hora de

    reao.

    79

  • xix

    RESUMO

    Catalisadores e eletrocatalisadores a base de nquel e cobalto suportado

    em YSZ foram preparados por impregnao mida com e sem a adio

    de cido ctrico. O teor metlico foi de 10 e 35% em massa para os

    catalisadores e eletrocatalisadores, respectivamente. As amostras

    foram avaliadas na reao de reforma a vapor do etanol (3mol de gua

    para 1 de etanol) a presso atmosfrica e 450C em funo do tempo e

    em funo da temperatura. A adio do cido ctrico aumentou a

    atividade para os catalisadores de nquel sem efeito significativo na

    seletividade. A atividade do catalisador de cobalto foi reduzida com a

    adio de cido ctrico enquanto a atividade aumento de 42 para 80%.

    Para uma amostra de eletrocatalisador foi preparada uma clula unitria

    de SOFC. A clula unitria foi operada com etano, metano, hidrognio

    ou mistura destes combustveis. O teste eletroqumico de desempenho

    da clula mostrou que a SOFC opera com maior eficincia a 950C e

    com uma mistura etanol e metano.

  • xx

    Abstract

    Catalysts and electrocatalysts of nickel and cobalt supported in YSZ has

    been prepared by humid impregnation with and without the acid citric

    addition. The metallic load was of 10 and 35% in mass for the catalysts

    and electrocatalysts, respectively. The samples has been evaluated in

    ethanol steam reform reaction (3 mol of water for 1 of ethanol) at

    atmospheric pressure and 450C in function of the time and function of

    the temperature. The citric acid addition increased the activity for the

    nickel catalysts without significant effect in the selectivity. The activity of

    the cobalt catalysts was reduced with citric acid addition of while the

    activity increase of 42 for 80%. For a sample of electrocatalyst a solid

    oxide fuel cell was prepared. The solid oxide fuel celll was operated with

    ethanol, methane, hydrogen or mixture of these fuels. The

    electrochemical test of performance of the cell showed that the SOFC

    operates with better efficiency at 950C and with a mixture ethanol and

    methane.

  • - 21 -

    Captulo 1

    1.1. INTRODUO

    As clulas a combustvel so dispositivos que convertem

    eletroquimicamente a energia qumica dos combustveis em eletricidade,

    com eficincia termodinmica no limitada pelo ciclo de Carnot [1-3]. Entre

    os vrios modelos, a clula a combustvel de xido slido (SOFC Solid

    Oxide Fuel Cell) atrai especial interesse [4]. A alta temperatura de operao

    da SOFC (acima de 600C) permite reformar diretamente o combustvel no

    anodo e oferece elevada flexibilidade na escolha do combustvel [5]. Vrias

    opes de combustvel, tais como gs natural, etanol e hidrocarbonetos

    podem ser utilizados na operao da SOFC, oferecendo uma dimenso

    ecolgica significativa no problema da converso eficaz da energia [6]. Um

    diferencial do etanol a possibilidade de sua produo por biomassa.

    Assim, o etanol pode ser considerado uma alternativa economicamente

    atraente como fonte de energia verde, apresentando baixas emisses e

    uma combusto controlada, com impactos positivos tanto na economia

    como no ambiente [7,8]. No Brasil, maior produtor mundial de etanol

    combustvel, h um forte interesse no desenvolvimento de sua utilizao em

    clulas a combustvel, porque o etanol um combustvel renovvel que no

    contribui para o aumento do efeito estufa [9,10].

  • De modo geral, as clulas a combustvel esto associadas

    produo transporte e armazenamento do hidrognio. Atualmente, a

    produo de hidrognio quase completamente obtida da reforma do gs

    natural estando assim sempre associada com a emisso de gases de efeito

    estufa. Em contraste, a produo de H2 da reforma a vapor do etanol seria

    menos agressiva ao meio ambiente e abriria oportunidades para a utilizao

    de novos recursos renovveis [11-13]. Alm do baixo impacto ambiental, o

    etanol tambm apresenta vantagens do ponto de vista de manipulao,

    estocagem e, particularmente no Brasil, apresenta facilidade de distribuio

    ao consumidor final, tendo em vista a ampla rede j instalada de pontos de

    distribuio do combustvel. Como vantagem adicional, pode-se citar que o

    processo de reforma a vapor opera com lcool hidratado, eliminando o

    custoso processo de separao etanol-gua, que empregado na

    produo do lcool anidro, atualmente utilizado em mistura com a gasolina

    [14].

    Atualmente, a maior parte do hidrognio produzido no mundo

    utilizada como matria-prima na fabricao de produtos como os

    fertilizantes, na converso de leo lquido em margarina, no processo de

    fabricao de plsticos e no resfriamento de geradores e motores [15].

    Atualmente, as pesquisas sobre hidrognio esto concentradas na gerao

    de energia eltrica atravs das clulas a combustvel [16].

    Embora a reforma a vapor do metano tenha sido amplamente

    estudada [17-19], apenas recentemente trabalhos foram dedicados

    - 22 -

  • reforma do etanol [20]. Estudos da termodinmica do processo tm

    mostrado que a reforma possvel em temperaturas superiores a 230C,

    tendo como principais produtos hidrognio, xidos de carbono e metano

    [21]. Outros produtos, tais como eteno, acetona, ter etlico, acetato de etila

    e acetaldedo, resultantes de reaes paralelas, podem ser gerados no

    processo. Em contraste, a reforma a vapor do metano necessita de

    elevadas temperaturas (~900C) para um rendimento aprecivel [22,23].

    Catalisadores a base de nquel, cobalto [24, 25] e metais nobres tm

    sido bastante estudados na reforma a vapor do etanol, mostrando elevada

    atividade e seletividade para formao de hidrognio. A maior barreira

    tecnolgica o desenvolvimento de catalisadores resistentes formao de

    coque [26]. As propriedades catalticas, inclusive formao de coque, so

    influenciadas pelos precursores metlicos, pelo suporte, pelo mtodo de

    preparao e pelas condies da reao como temperatura e relao

    etanol-gua [27].

    O cermet Ni-YSZ o mais utilizado como anodo para SOFC, sendo

    este material composto por elevada carga metlica (35% massa) [28-30].

    Para a produo deste material, inicialmente preparado o

    eletrocatalisador de alto teor metlico. A sinterizao pode ocorrer com os

    eletrocatalisadores devido a sua alta concentrao de metal na superfcie

    do suporte. O mtodo de preparao de catalisadores empregando o cido

    ctrico mostrou que a agregao do metal inibida, mesmo para elevadas

    - 23 -

  • concentraes de metal, pois o cido ctrico funciona como redutor e

    estabilizante da qumica nano-coloidal [31].

    1.2. OBJETIVOS GERAIS

    1.2.1. Preparar catalisadores e eletrocatalisadores a base de nquel

    e cobalto para a produo de hidrognio a partir da reforma a

    vapor do etanol.

    1.2.2. Produzir uma clula unitria de SOFC e avaliar seu

    desempenho com etanol e outros combustveis, operando com

    reforma direta no anodo.

    1.3. OBJETIVOS ESPECFICOS

    1.3.1 Preparar catalisadores e eletrocatalisadores baseados em nquel e

    cobalto suportados em YSZ, pela tcnica da impregnao mida, com e

    sem a adio de cido ctrico;

    1.3.2 Empregar as tcnicas de caracterizao usuais para determinar a

    composio qumica e a morfologia das amostras de catalisadores e

    eletrocatalisadores;

    1.3.3 Desenvolver tcnicas para a avaliao cataltica dos catalisadores e

    eletrocatalisadores na reforma a vapor do etanol;

    1.3.4 Comparar o efeito dos precursores metlicos e do mtodo de

    preparao nas propriedades catalticas das amostras;

    - 24 -

  • - 25 -

    1.3.5 Comparar o efeito do mtodo de preparao, teor metlico,

    precursores metlicos na deposio de carbono. Verificar qual efeito

    mais significativo na produo de catalisadores com maior resistncia a

    deposio de carbono;

    1.3.6 Desenvolver tcnicas de preparao de uma clula unitria de SOFC

    com seus trs componentes, anodo eletrlito e catado;

    1.3.7 Caracterizar a SOFC comparando a construo das interfaces e

    porosidade dos eletrodos com as tcnicas de preparao aplicadas;

    1.3.8 Avaliar o desempenho eletroqumico da SOFC operando com etanol

    direto no anodo;

    1.3.9 Comparar o efeito do tipo de combustvel, etanol, hidrognio e

    metano, no desempenho da SOFC unitria;

    1.3.10 Avaliar o efeito da temperatura de operao no desempenho

    eletroqumico da clula SOFC;

    1.3.11 Avaliar o efeito da utilizao de misturas de combustveis, etanol-

    metano, metano-hidrognio, etanol-hidrognio, no desempenho da

    SOFC unitria.

  • Captulo 2

    REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 Clula a combustvel

    A figura 2.1 mostra o exemplo de uma clula a combustvel operando

    com H2 e O2. Esta clula a combustvel consiste de dois eletrodos de

    platina imersos em uma soluo aquosa de cido sulfrico (um eletrlito

    cido).

    Figura 2.1. Uma clula a combustvel operando com H2 e O2. Figura adaptada da referncia [32].

    - 26 -

  • O hidrognio gasoso borbulhado no eletrodo esquerda (anodo),

    onde oxidado a ons H+ e produz dois eltrons atravs da reao:

    + + eHH 222 (2.1)

    Os eltrons produzidos no anodo percorrem o fio condutor at o eletrodo

    direita (catodo), enquanto os ons H+ se deslocam at o catodo atravs do

    eletrlito. No catodo o gs oxignio reduzido pelos eltrons provenientes

    do anodo atravs da reao:

    + 2221 2 OeO (2.2)

    Os prtons produzidos no anodo reagem com os ons oxignio formados no

    catodo, produzindo gua:

    OHOH 22212 + + (2.3)

    A reao global a combinao do gs hidrognio com o oxignio gasoso

    para a formao de gua.

    OHOH 22212 + (2.4)

    O fluxo de cargas gera uma corrente contnua, desde que sejam

    fornecidos o combustvel (H2) e o oxidante (O2) [32-34].

    2.1.1 Tipos de Clulas a Combustvel

    Muitos tipos de clulas a combustvel foram desenvolvidos, sendo as

    clulas classificadas geralmente de acordo com o tipo de eletrlito. Os seis

    principais tipos so:

    - 27 -

  • 2.1.1.1 Clula a combustvel de cido fosfrico (PAFC Phosforic

    Acid Fuel cell)

    A PAFC utiliza H3PO4 como eletrlito. Apresenta densidade de

    potncia entre 150 300 mW/cm, eficincia de 40% e faixa de potncia de

    50 a 1000 kW. O timo desempenho desta clula ocorre entre 180 a 210C.

    A PAFC emprega como eletrodos catalisadores de platina e nessa faixa de

    temperatura susceptvel ao envenenamento por CO e compostos de

    enxofre. A tolerncia a CO pode ser maior que 1,5% e a tolerncia a

    enxofre pode chegar a 50 ppm depedendo das condies de operao [32-

    34].

    2.1.1.2 Clula a combustvel de membrana trocadora de prtons

    (PEMFC proton exchange membrane fuel cell)

    A temperatura de operao PEMFC limitada a 90C, devido

    necessidade de hidratao da membrana. Nesta temperatura, apenas

    platina pode ser empregada como catalisador nos eletrodos. A PEMFC

    apresenta elevada densidade de potncia (300 1000 mW/cm) e opera na

    faixa de potncia entre 0,001 a 1000 kW, com eficincia de 40 a 50%. A

    principal desvantagem desta clula a sua operao que requer H2 de alta

    pureza (< 10 ppm de CO) devido ao envenenamento do catalisador [32-34].

    - 28 -

  • 2.1.1.3 Clula a combustvel de eletrlito alcalino (AFC alkaline

    fuel cell)

    A AFC emprega como eletrlito uma soluo aquosa de KOH.

    Dependendo da concentrao de KOH a AFC pode operar entre 60 a

    250C. Nestas condies platina ou nquel podem ser usados como

    eletrodos, pois a cintica de reduo do oxignio favorecida em meio

    alcalino. Este tipo de clula apresenta densidade de potncia entre 150 a

    400 mW/cm, operando com eficincia de 50% e faixa de potncia de 1 a

    100 kW. Como toda clula de baixa temperatura, apresenta baixa tolerncia

    a CO (< 50 ppm), alm de ser intolerante a CO2, devido formao de

    carbonato [32-35] .

    2.1.1.4 Clula a combustvel a metanol direto (DMFC Direct

    Methanol Fuel Cell)

    Este tipo clula similar a PEM j que ambas usam uma membrana

    de polmero como eletrlito. Entretanto, nas clulas DMFC obtm-se o

    hidrognio do metanol lquido, tipicamente operando entre 50 a 100C.

    Exibe densidade de potncia entre 30 e 100 mW/cm, apresenta tambm

    baixa tolerncia a CO [32-34, 36].

    2.1.1.5 Clula a combustvel de carbonato fundido (MCFC

    molten carbonate fuel cell)

    A MCFC emprega como eletrlito uma mistura de carbonatos

    alcalinos fundidos, Li2CO3 e K2CO3 imobilizados em uma matriz de LiOAlO2.

    - 29 -

  • Os eletrodos consistem de catalisadores a base de nquel e ligas

    nquel/cromo. A temperatura de operao relativamente elevada (650C)

    permite flexibilidade na escolha do combustvel, possibilidade de reforma

    interna, co-gerao e elevada tolerncia a CO. Neste caso o CO age como

    combustvel para a clula. Apresenta eficincia em torno de 50%, podendo

    chegar a 70% de eficincia quando combinada com outro sistema de

    gerao, como a turbina a gs. Apresenta densidade de potncia entre 100

    a 300 mW/cm e faixa de potncia de 100 a 100.000 kW [32-34,36].

    2.1.1.6 Clula a combustvel de xido slido (SOFC Solid Oxide

    Fuel Cell)

    A SOFC emprega como eletrlito uma cermica slida condutora de

    ons oxignio (O2-). O material mais comum utilizado como eletrlito o

    ZrO2 estabilizado com Y2O3 (YSZ). A SOFC apresenta elevada flexibilidade

    na escolha do combustvel por causa da alta temperatura de operao

    (inicialmente 1000 C e, mais recentemente 500-600 C) [37]. A alta

    temperara de operao da SOFC a chave para reforma interna indireta ou

    diretamente no anodo da clula dispensando um reformador de combustvel

    externo. Como no caso da MCFC o CO tambm combustvel para SOFC.

    A SOFC opera com eficincia de 50 a 60% podendo chegar a 75%

    combinada com outro sistema de gerao como turbina a gs e co-gerao

    de calor. A SOFC apresenta densidade de potncia moderada (250 350

    mW/cm), mas apresenta alta faixa de potncia (10 10.000 kW) ideal para

    pequena e moderadas aplicaes [5,32,38-41].

    - 30 -

  • 2.1.2 Clulas a Combustvel de xido Slido (SOFC)

    A SOFC foi primeiramente desenvolvida em 1937 por Baur e por

    Preis, que baseou sua pesquisa em compostos slidos desenvolvidos por

    Wilhelm Nernst em 1899. Baur e Preis testaram uma srie de materiais

    cermicos para o uso como o eletrlito. Os dois cientistas decidiram

    finalmente que uma combinao de 30% zirconato de ltio, 10% argila de

    60% da massa de Nernst (85% ZrO2 e 15% Y2O3), material desenvolvido

    por Nernst) que foi o eletrlito o mais eficaz. Entretanto, os componentes

    requeridos para a produo deste material eram demasiado caros para uso

    prtico. Apesar deste fato, Bauer e Preis concluram que os eletrlitos

    slidos poderiam ser manufaturados se materiais mais baratos fossem

    usados no lugar da zirconia e da tria. Em 1962, Weissbart e Ruka, na

    Westinghouse, desenvolveram um clula a combustvel que usava 85%

    ZrO2 e 15% CaO como o eletrlito, uma variao da massa de Nernst. No

    sistema, a platina porosa foi usada como eletrodos. A pilha passou por

    rigorosos testes primeiramente com oxignio puro e hidrognio ou metano

    como combustveis e mais tarde com uma mistura de 3,8% metano, 2,1%

    gua e 94,1% nitrognio fornecida como combustvel ao anodo. O teste

    ocorreu entre 800 e 1.100C. A Westinghouse continuou a desenvolver

    sistemas de SOFC e em 1998 juntou-se com a Siemens e fundou a

    Siemens-Westinghouse Power Corporation, focalizando os conceitos

    tubular e planar de SOFC [5,32,40,41].

    - 31 -

  • 2.1.3 Operao de uma SOFC com reforma direta

    Uma SOFC consiste essencialmente de dois eletrodos porosos

    separados por um eletrlito denso, condutor de ons oxignio. A figura 2.2

    mostra o esquema de funcionamento de uma clula a combustvel do tipo

    SOFC com reforma direta.

    Figura 2.2. Princpio de funcionamento de uma clula a combustvel do tipo

    SOFC com reforma interna (figura obtida de Crawley [41]).

    Quando o hidrognio usado como combustvel, o princpio de

    operao parecido com o mostrado da figura 2.1, exceto pelo eletrlito

    que conduz os ons oxignio at o anodo, onde gua o produto da reao

    [38]. Devido elevada temperatura de operao, a produo de hidrognio

    pode ser efetuada diretamente no anodo a partir de uma variedade de

    combustveis. Em seguida o hidrognio oxidado produzindo dois eltrons

    (reao 2.1) [42]. A reforma direta do combustvel no anodo da SOFC

    permite projetos mais simples e de baixo custo, em princpio oferece maior

    - 32 -

  • eficincia na converso da energia. Entretanto, a reforma interna resulta na

    deposio de carbono, levando perda de desempenho e baixa

    durabilidade da clula [40,43].

    A deposio de carbono ocorre pela pirlise do hidrocarboneto,

    especialmente quando se usa anodo baseado em nquel (Ni/YSZ). A

    formao de carbono pode ser inibida pela adio de vapor. Por outro lado,

    baixo teor de vapor desejvel devido aos custos e complexidade

    associada a um excesso de vapor. Adicionalmente, elevado teor de vapor

    pode levar sinterizao das partculas de nquel [44,45].

    2.1.4 Componentes de uma SOFC

    Alguns modelos diferentes para a SOFC tm sido desenvolvidos;

    estes incluem as geometrias planar e tubular. A SOFC com geometria

    planar os componentes da clula so dispostos na forma de placas planas,

    permitindo uma construo mais simples, enquanto que o formato tubular

    os componentes esto dispostos na forma de tubos. A vantagem do

    formato tubular que dispensa o uso de materiais selantes, porm sua

    construo mais complexa. Os materiais para os componentes destes

    deferentes modelos so os mesmos ou de natureza similar para ambos. Os

    materiais para os diferentes componentes da clula so selecionados

    baseados nos seguintes critrios [5,40,46]:

    a) Apropriada condutividade eltrica ou inica, propriedades requeridas

    para os diferentes componentes da clula.

    - 33 -

  • b) Adequada estabilidade qumica e estrutural em elevadas

    temperaturas durante a operao da clula.

    c) Mnima reatividade e interdifuso entre os diferentes componentes

    da clula.

    d) Expanso trmica similar entre os diferentes componentes.

    2.1.4.1 O Eletrlito

    O eletrlito para clula a combustvel SOFC deve conduzir

    adequadamente ons oxignio na temperatura de operao. O eletrlito

    deve ser tambm no-condutor de eltrons e impermevel ao combustvel e

    ao oxignio molecular. Materiais baseados em zircnio dopado oferecem as

    melhores propriedades e esto em maior estgio de desenvolvimento. Os

    dopantes so selecionados entre um grande nmero de xidos metlicos

    divalentes ou trivalentes (Y2O3, Yb2Os, Sc2O3, CaO, MgO, etc.), que

    apresentam estabilidade de fase tetragonal ou cbica em elevadas

    temperaturas. No sistema ZrO2-Y2O3, 2,5 mol% Y2O3 estabiliza a fase

    tetragonal (t) e 8,5 mol% Y2O3 (YSZ) estabiliza a fase cbica(c), at

    1000C. A fase tetragonal um material de gros pequenos (0,5 m) com

    elevada resistncia mecnica e condutividade inica de 0,055 Scm-1 a

    1000C. Em comparao, os gros maiores da fase cbica apresentam

    baixa resistncia mecnica, mas uma condutividade inica de 0,15 Scm-1 a

    1000C. [3,34,36,47,48].

    - 34 -

  • O xido de crio dopado com gadolnio (GDC) tem se mostrado o

    material mais promissor para substituir o YSZ como o eletrlito para SOFC

    que opera em temperaturas mais baixas. Os dados da literatura indicam

    que GDC pode ser usado tanto como eletrlito como suporte para a fase

    ativa do eletrocatalisador, responsvel pela oxidao do combustvel

    diretamente no anodo [49]. Dentre os compostos de crio, o GDC parece

    ser o mais apropriado, mas pode tambm ser um condutor eletrnico

    devido reduo do Ce4+ a baixas presses parciais de oxignio [50]. Esta

    reao redox pode ser evitada adicionando um co-dopante para estabilizar

    sua estrutura [51,52] ou reduzindo sua espessura [53]. No ltimo caso, uma

    camada ultrafina de YSZ poderia agir como uma barreira eletrnica [6, 54].

    A combinao do uso de GDC com uma fina camada de YSZ uma

    tecnologia que tem sido aplicada com muita eficincia para baixar a

    resistncia hmica do eletrlito [55].

    2.1.4.2 Catodo

    O catodo de uma clula a combustvel a interface entre o ar (ou

    oxignio) e o eletrlito; suas principais funes so catalisar a reao de

    reduo do oxignio e conduzir os eltrons do circuito externo at o stio da

    reao de reduo. O catodo opera em ambiente oxidante de oxignio ou

    ar em alta temperatura (800-1000C) e participa na reduo do oxignio

    atravs da reao: + 22)(221 OegO . O oxignio na fase gasosa

    reduzido a ons oxignio consumindo dois eltrons no processo. O catodo

    - 35 -

  • para SOFC deve apresentar tambm as seguintes caractersticas

    [2,38,56,57].

    a) Alta condutividade eletrnica;

    b) Estabilidade qumica e dimensional no ambiente e condies de

    operao da clula;

    c) Expanso trmica compatvel com os outros componentes da clula;

    d) Compatibilidade e mnima reatividade com o eletrlito e os outros

    componentes da clula com que esteja em contato;

    e) Porosidade suficiente para facilitar o transporte do oxignio molecular

    na interface catodo/eletrlito.

    Para satisfazer estas necessidades, o catodo confeccionado com

    materiais cermicos com estrutura cristalina do tipo perovskita e com ons

    lantandeos na sua composio, uma vez que esses materiais apresentam

    alta condutividade eletrnica e alta atividade cataltica para reduo do

    oxignio [47,58]. Dessa classe de materiais destacam-se as manganitas,

    cobaltitas ou ferritas de latnio dopadas. A dopagem nesses materiais

    feita com o objetivo de otimizar as propriedades de conduo eletrnica e

    inica, minimizar a reatividade com o eletrlito (geralmente YSZ) e melhorar

    a compatibilidade do coeficiente de expanso trmica com os outros

    componentes da clula [59-61]. Os materiais, perovskitas do tipo ABO3,

    mais utilizados como ctodos em clulas a combustvel de xido slido, so

    as cermicas base de manganita de lantnio (LaMnO3) com substituies

    - 36 -

  • dos ons dos stios A por estrncio. Este material preenche a maior parte

    dos requisitos para sua utilizao como catodos de clulas a combustvel

    cermicas, operando em temperaturas prximas de 1000 C. As

    manganitas de lantnio so semicondutores intrnsecos do tipo p e sua

    condutividade eltrica pode ser aumentada pela dopagem tanto dos stios A

    quanto dos stios B [2]. As propriedades eltricas dos compostos LaxSr1-

    xMnO3- (LSM) so determinadas pela estrutura cristalina e pela

    composio qumica [62]. Freqentemente, os ps cermicos do catodo

    so misturados aos do eletrlito para aumentar a adeso e o nmero de

    stios reativos. Os compsitos base de zircnia-tria/perovskita

    apresentam uma alta atividade cataltica [63].

    2.1.4.3 Anodo

    O anodo para SOFC com reforma direta responsvel pelas reaes

    de reforma do combustvel (ex. 22252 263 COHOHOHHC ++ ) e pela

    oxidao do hidrognio ( ). O material do anodo deve

    possuir, nas condies de operao [2,56]:

    ++ e2 HH 22

    a) Boa estabilidade fsica e qumica;

    b) Compatibilidade qumica e estrutural com o eletrlito e com

    interconector;

    c) Alta condutividade eletrnica

    d) Elevada condutividade inica; e

    e) atividade cataltica para reforma e oxidao do combustvel.

    - 37 -

  • O cermet Ni-YSZ tem excelentes propriedades catalticas para

    reforma de hidrocarbonetos e estabilidade para a oxidao H2 nas

    condies da operao de SOFC [28-30]. Entretanto, o nquel tambm

    um bom catalisador para a reao de craqueamento de hidrocarbonetos,

    resultando em deposio irreversvel de carbono, levando a degradao da

    clula [38,57,64,65]. A estrutura do anodo fabricada com uma porosidade

    de 20-40% para facilitar o transporte de massa dos reagentes e produtos

    gasosos. Normalmente, a porosidade do anodo obtida pela adio de

    formadores de poros como grafite, pois apenas a reduo do NiO no

    garante a porosidade final necessria do compsito [41,66]. O cermet Ni-

    YSZ o material convencional das clulas a combustvel que utilizam a 40

    anos a zircnia estabilizada com tria como eletrlito [2]. Nquel utilizado

    porque alm do baixo custo possui boas propriedades eltricas, mecnicas

    e catalticas [67-69]. Em termos microestruturais, o compsito deve ter uma

    disperso homognea de partculas finas das fases, especialmente do

    metal, com alta superfcie especfica e alta porosidade (~ 40 vol%) [2]. A

    concentrao relativa de Ni deve ser maior que o limite de percolao (~ 40

    vol%) para conduo eletrnica, tornando possvel o transporte dos eltrons

    resultantes da reao eletroqumica para o circuito externo [70]. Neste

    compsito, a zircnia estabilizada com tria tem trs funes principais

    [40,68]:

    - 38 -

  • a) Evitar a sinterizao das partculas metlicas durante a operao da

    clula a combustvel, garantindo sua disperso e preservando a distribuio

    de tamanhos das partculas metlicas na temperatura de operao;

    b) Contribuir para minimizar a diferena dos coeficientes de expanso

    trmica do Ni e do eletrlito; e

    c) Fornecer trajetrias condutoras de ons oxignio para estender a regio

    de contorno de fase tripla [2].

    O anodo da clula a combustvel de xido slido est exposto a uma

    atmosfera redutora que pode conter, por exemplo, H2, CO, CH4, CO2 e H2O.

    Dependendo do combustvel utilizado, o anodo est sujeito presena, em

    diferentes concentraes, de materiais particulados, hidrocarbonetos e

    compostos de enxofre [71]. A escolha e as propriedades do anodo de uma

    clula a combustvel de xido slido esto diretamente relacionadas com o

    combustvel utilizado [72]. O cobre tem alta condutividade eletrnica e baixa

    atividade cataltica para a formao de carbono e por isso escolhido para

    substituir o nquel. No entanto, o cobre apresenta algumas limitaes como,

    por exemplo, a baixa atividade cataltica para a oxidao de

    hidrocarbonetos e os baixos pontos de fuso do xido de cobre e do cobre,

    que torna mais difcil a produo de compsitos com cobre e limita a

    operao da clula a combustvel em temperaturas intermedirias,

    respectivamente [73,74].

    - 39 -

  • 2.1.4.4 Outros componentes para SOFC

    Alm dos componentes da clula unitria (anodo, eletrlito e catodo),

    dois componentes fundamentais para o funcionamento da SOFC so os

    materiais interconectores e os selantes. Estes materiais desempenham

    importantes funes e tm de atender rgidas especificaes. Para se obter

    potncias elevadas necessrio um empilhamento de clulas unitrias que

    devem estar eletricamente conectadas por um material interconector. No

    projeto de SOFC planar, existem as placas bipolares (interconectores) e os

    fluxos dos gases combustvel e oxidante. Neste projeto necessria uma

    selagem estanque ao longo das extremidades de cada clula unitria, e

    entre o empilhamento e os distribuidores de gases [3,47].

    2.1.4.5 Interconectores

    Nos projetos de SOFC planar ou tubular, as principais funes dos

    interconectores so [40,71]:

    a) Conectar eletricamente o anodo de uma clula unitria ao catodo da

    clula subseqente de um empilhamento

    b) Separar o anodo da atmosfera oxidante do catodo e, do mesmo

    modo, evitar o contato do catodo com atmosfera redutora do anodo;

    c) Fazer a distribuio dos fluxos de gases nas superfcies dos

    eletrodos (anodo e catodo).

    Os interconectores esto sujeitos a severas condies de operao

    estando entre os materiais que devem atender aos requisitos mais

    - 40 -

  • rigorosos entre os componentes de uma clula do tipo SOFC [75]. As

    caractersticas principais desejveis aos materiais interconectores so [40]:

    a) Alta condutividade eltrica;

    b) Estabilidade qumica e dimensional sob atmosferas oxidantes,

    redutoras, gradientes de presso e elevadas temperaturas;

    c) No apresentar interdifuso ou reaes com os materiais do anodo e

    do catodo deve ocorrer nas condies de operao;

    d) Alta condutividade trmica, especialmente para SOFC tipo planar;

    e) Possuir valores de coeficiente de expanso trmica, compatveis com

    os demais componentes da clula;

    f) Possuir resistncia mecnica e ao escoamento em altas

    temperaturas.

    Os materiais interconectores so baseados em materiais cermicos,

    ligas metlicas e cermets. As ligas metlicas apresentam a vantagem de

    possurem elevada condutividade eltrica e trmica, mas geralmente

    apresentam baixa resistncia corroso e alto coeficiente de expanso

    trmica, incompatveis com os outros componentes da clula. Ligas

    metlicas baseadas em cromo tm sido desenvolvidas, mas com

    temperatura de operao limitada a 700C [3]. A cromita de lantnio (Lai1-

    x(Sr, Mg)xCrO3) atualmente o mais adequado material para interconector

    [75]. Esta cermica um semicondutor tipo p e se torna no-

    estequiomtrica pela formao de vacncias catinicas [76]. O valor efetivo

    - 41 -

  • da condutividade eltrica do LaCrO3 dopado suficientemente alto para a

    operao de clula a combustvel de xido slido a temperaturas maiores

    que 800C [77].

    2.1.4.6 Selantes

    Nas clulas a combustvel do tipo planar os materiais selantes so

    responsveis pela estanqueidade de um empilhamento das clulas

    unitrias de uma SOFC. Os materiais selantes devem obedecer a requisitos

    extremos na temperatura de operao da clula. As principais propriedades

    exigidas dos materiais selantes so [3]:

    a) Coeficiente de expanso trmica prximo aos demais componentes

    das clulas;

    b) Compatibilidade qumica com os demais componentes e com as

    espcies gasosas dos compartimentos redutores e oxidantes;

    c) Bom isolante eltrico para prevenir curto-circuitos em um

    empilhamento;

    d) Presso de vapor baixa e elevada impermeabilidade aos gases

    durante a vida til de uma clula a combustvel de xido slido (> 50.000 h)

    [70].

    Alguns tipos de matrias tm sido explorados para uso como

    selantes em SOFC, sendo os principais os vidros e vitrocermicas [3]. Os

    materiais comumente citados so base de vidros soda-clcia, de outros

    - 42 -

  • silicatos alcalinos, de silicatos alcalinos terrosos e de borosilicatos alcalinos

    [78].

    A principal vantagem dos materiais selantes vtreos que a

    composio do vidro pode ser controlada para otimizar as propriedades do

    material. Entretanto, alguns problemas so associados aos vidros como sua

    natureza frgil e a reatividade com os demais componentes nas condies

    de operao da clula a combustvel de xido slido [47].

    2.1.5 SOFC com reforma direta do etanol

    A alta temperatura de operao da SOFC oferece elevada

    flexibilidade na escolha do combustvel, alm de permitir sua reforma

    diretamente no anodo da clula [79,80]. A SOFC alimentada com etanol

    alcana eficincia terica na faixa de 84 a 93%, operando em condies

    livre de carbono entre 800 a 1200 K. Essa eficincia classifica o etanol

    como a opo de combustvel mais vivel para SOFC que a gasolina e o

    metanol, perdendo apenas para o gs natural [81,82].

    Tsiakara e Demin [83] apresentaram uma anlise termodinmica

    sobre a utilizao do etanol como combustvel em SOFC. A mxima

    eficincia da SOFC, entre 950 e 1100 K, conseguida com produtos da

    reforma do etanol com dixido de carbono; fora dessa faixa, a mxima

    eficincia obtida com produtos da reforma do etanol com vapor de gua.

    O cermet Ni-YSZ o mais aplicado para anodo de SOFC porque

    apresenta boa atividade para oxidao do hidrognio nas condies de

    - 43 -

  • operao da clula [49,50]. Entretanto, a utilizao de catalisadores de

    nquel, para SOFC com reforma interna de hidrocarbonetos, resulta na

    degradao da clula devido deposio de carbono no anodo [64].

    Conseqentemente, o desenvolvimento de materiais andicos resistentes

    deposio de carbono um importante objetivo tecnolgico. Huang et al.

    [84] mostraram que catalisadores anodicos compostos de Ni-Fe/ScSZ

    (zircnia estabilizada com escndia) operando com etanol a 700C por 12

    horas a deposio de carbono fortemente suprimida. Gupta et al. [85]

    exploraram a cintica de reao do etanol e do butano em fase gasosa. As

    temperaturas de converso total do etanol e do butano foram 750 e 800C,

    respectivamente; a deposio de carbono foi muito maior para o butano.

    2.2 Reforma a vapor do etanol

    A reforma a vapor a tecnologia mais utilizada para produzir H2 a

    partir do gs natural, carvo, metanol e fraes leves do petrleo. A

    gaseificao e os processos de pirlise so empregados quando se usam

    cargas slidas (como carvo, madeira e outras biomassas) ou semi-slidas

    (como leos pesados ou resduos). A reforma a vapor do etanol consiste na

    associao deste reagente com gua para a produo de hidrognio e

    dixido carbono. A reao de reforma a vapor do etanol muito complexa e

    pode ocorrer por diversas rotas. Algumas destas rotas so favorecidas

    dependendo do catalisador utilizado [26]. Estequiometricamente, a reao

    global pode ser representada como segue:

    - 44 -

  • 22252 263 COHOHOHHC ++ (2.5)

    O equilbrio termodinmico da reforma a vapor do etanol para

    produzir hidrognio foi estudado na faixa de presso entre 1-9 atmosferas,

    temperaturas entre 400-800 K e relao molar de gua para etanol na

    alimentao variando de 0 a 10 [86,87]. A melhor condio para a produo

    do hidrognio ocorre em temperaturas superiores a 650 K, a presso

    atmosfrica e excesso de gua na alimentao. Nesta circunstncia, a

    produo do metano minimizada e a formao do carbono

    termodinamicamente inibida. Os mecanismos principais envolvem as

    reaes de desidratao ou desidrogenao. A reao de desidratao

    produz como intermedirio o etileno que facilmente convertido em

    carbono, envenenando a fase ativa do catalisador. Um conjunto de reaes

    que podem ocorrer na reforma do etanol mostrado a seguir [26]:

    1) Desidratao do etanol para formar eteno (C2H4) e gua seguida da

    formao de coque:

    a) Desidratao (2.6) 2 5 2 4 2C H OH C H H O +

    b) Formao de coque: (2.7) 2 4C H Coque

    2) Decomposio do etanol para formar metano (CH4), seguido da reforma a

    vapor do metano:

    a) Decomposio: (2.8) 2 5 4 2C H OH CH CO H + +

    b) Reforma a vapor do CH4: 4 2 2 24 2CH H O H CO+ + (2.9)

    - 45 -

  • 3) Desidrogenao do etanol para formar o acetaldedo (C2H4O), seguido da

    descarboxilao ou reforma a vapor:

    a) Desidrogenao: (2.10) 2 5 2 4 2C H OH C H O H +

    b) Descarboxilao: (2.11) 2 4 4C H O CH CO +

    c) Reforma a vapor do C2H4O: 2 4 2 23 2C H O H O H CO+ + (2.12)

    4) Decomposio do etanol para formar a acetona (CH3COCH3), seguido da

    reforma a vapor da acetona:

    a) Decomposio: (2.13) 2 5 2 3 22 3C H OH CH COCH CO H + +

    b) Reforma a vapor da acetona:

    2 3 2 22 5 3CH COCH H O H CO+ + 2 (2.10)

    5) Reforma a vapor do etanol para a produo de gs de sntese (CO + H2):

    a) Gs de sntese: 2 2 2 22 4C H OH H O CO H+ + (2.11)

    6) Reao de shift (Water gas shift - WGS):

    a) Reao de shift (WGS): 222 HCOOHCO ++ (2.12)

    7) Metanao:

    a) Metanao: 2 4 23CO H CH H O+ + (2.13)

    b) Metanao: OHCHHCO 2422 24 ++ (2.14)

    8) Decomposio do metano gerando coque:

    - 46 -

  • a) Decomposio do metano: (2.15) 4 22CH H C +

    O teor de gua na reao de reforma do etanol importante na

    reao de deslocamento de gua (WGS) para aumentar a formao de

    hidrognio, assim como o excesso de gua tambm previne a formao de

    coque [12,88].

    2.2.1 Catalisadores para reforma a vapor do etanol

    Na literatura so encontradas referncias a catalisadores xidos e

    metais suportados [89,90]. Entre os catalisadores metlicos nquel, cobalto,

    cobre e metais nobres, como platina, rutnio e paldio [91], so os mais

    estudados. Geralmente, as propriedades dos catalisadores de metais

    suportados so influenciadas pelo suporte, pelo precursor metlico, pelo

    mtodo de preparao [92] e pelas condies da reao, por exemplo,

    temperatura e razo etanol/gua [55,93].

    2.2.2 Catalisadores xidos

    A alumina (Al2O3) apresenta elevada atividade para a reforma a

    vapor do etanol, apresentando converso de 100% do etanol a 400C.

    Entretanto, este catalisador apresenta baixa seletividade para a produo

    de hidrognio, produzindo grandes quantidades de eteno e acetaldedo. A

    elevada atividade do catalisador Al2O3 foi atribuda a sua alta capacidade

    de adsorver o etanol, enquanto sua baixa seletividade est associada rota

    de desidratao do etanol a eteno seguida da formao de coque. A reao

    de desidratao do etanol a eteno sobre a alumina foi atribuda a stios

    - 47 -

  • cidos caractersticos deste catalisador [90,93]. Entre os catalisadores

    xidos, o xido de zinco (ZnO) o que apresentou o melhor desempenho.

    Este catalisador no s converte completamente o etanol como tambm

    apresenta elevada seletividade a produo de hidrognio (97,7%) [91]. Na

    literatura encontram-se referncias para outros catalisadores xidos, tais

    como MgO, V2O5, TiO2, La2O3, CeO2, La2O3-Al2O3; CeO2-Al2O3; MgO-Al2O3,

    Fe2O3 [89,90,94].

    2.2.3 Catalisadores de cobalto suportados

    Haga et al. [26] investigaram a reforma do etanol a 400C em

    catalisadores suportados de vrios metais de transio, concluindo que

    Co/Al2O3 foi o catalisador mais efetivo para a reforma total, com 8 e 6%

    molar de CO e CH4, respectivamente. A mesma reao foi estudada por

    meio de um catalisador de cobalto sobre ZrO2, MgO, SiO2 e Al2O3 [95]; o

    ltimo sistema foi tambm preparado usando diversos precursores do

    cobalto [96]. Observou-se que, enquanto a atividade para a converso do

    etanol era independente dos materiais de partida, a seletividade a

    hidrognio era relacionada ao tamanho do cristalito de cobalto. Trabalhos

    complementares mostraram que suportes com propriedades cidas e

    baixas cargas de cobalto promovem a desidratao do etanol para eteno

    [97]. Por outro lado, os catalisadores de Co/SiO2 ou Co/MgO impedem a

    formao de eteno, mas a distribuio de produtos (H2, CO, CO2 e CH4)

    depende das condies da reao [27]. Batista et al. estudaram a reforma

    do etanol com Co/Al2O3 e Co/SiO2, teor de cobalto entre 8 a 18 % em

    - 48 -

  • massa, mostrando uma converso maior do que 70% a 400C, a qual

    aumentava com o teor de cobalto [14]. Kaddouri e Mazzocchia [98]

    utilizaram xidos do cobalto suportados em SiO2 e Al2O3; atividade

    cataltica elevada foi obtida para a reforma do etanol com 8% em massa do

    metal. A distribuio dos produtos da reao foi dependente da natureza do

    suporte e do mtodo de preparao dos catalisadores. Llorca et al. [99],

    utilizando ZnO e Co/ZnO preparado por impregnao de Co2(CO)8,

    mostraram que acetaldedo era o produto inicial da reforma do etanol; o

    cobalto favorece a reforma do acetaldedo, atravs da quebra de ligaes

    C-C. A adio de sdio a esses catalisadores reduziu a deposio de

    carbono [100]. A respeito do mecanismo da reao, Cavallaro et al. [101]

    observaram que o acetaldedo, formado pela dehidrogenao do etanol, era

    descarbonilado produzindo CH4 e CO, enquanto o eteno, produzido pela

    desidratao, era convertido a metano.

    2.2.4 Catalisadores de nquel suportados

    Sun et al. [102] estudaram nquel suportado em Y2O3, apresentando

    elevada atividade para a reforma do etanol, com converso constante de

    98% e seletividade a hidrognio de 38% e 55%, a 300 e 380C,

    respectivamente. A 600C, a converso atinge 100%, com seletividade em

    hidrognio de 58%. Sun et al. [103] compararam a atividade cataltica de

    Ni/Y2O3, NiLa2O3 e Ni/Al2O3 para a produo de hidrognio a partir da

    reforma a vapor do etanol. Os catalisadores foram preparados usando

    como precursor metlico o oxalato de nquel. Operando a presso ambiente

    - 49 -

  • e a 593 K, a converso do etanol usando Ni/Y2O3 e Ni/La2O3 foi de 93,1% e

    99,5%, respectivamente, enquanto que a seletividade a hidrognio foi 93,1

    e 99,5%, respectivamente. A alta atividade e estabilidade do Ni/La2O3 foi

    devido formao de oxicarbonato de lantnio (La2O2CO3), o qual reage com

    o carbono depositado na superfcie, prevenindo da desativao do

    catalisador.

    Yang et al. [104] avaliaram o efeito do suporte para a reforma a

    vapor de etanol sobre catalisadores a base de nquel. A 700C e com

    carga de 10% de Ni, 100% de converso do etanol foi observada para

    todos os catalisadores. A seletividade a hidrognio decresceu na seguinte

    ordem: Ni/ZnO Ni/La2O3 > Ni/MgO> Ni/-Al2O3. Frusteri et al. [105]

    avaliaram o efeito da adio de (Li, Na e K) sobre o desempenho de

    catalisadores de Ni/MgO. A adio de potssio aumentou a estabilidade do

    catalisador pela diminuio da sinterizao do nquel.

    2.2.5 Catalisadores de metais nobres

    Goula et al. [106] investigaram a reforma a vapor do etanol para a

    produo de um gs rico em hidrognio, catalisada por paldio suportado

    em alumina, encontrando que a seletividade a hidrognio foi proporcional

    relao gua/etanol, sendo o etanol completamente convertido a baixas

    temperaturas. Seletividades a hidrognio de 95% foram obtidas prximo a

    650C; a concentrao do monxido de carbono exibiu um mnimo prximo

    a 450C. A formao de carbono insignificante para relaes gua/etanol

    maiores que a estequiomtrica. Liguras et al. [91] estudaram catalisadores

    - 50 -

  • suportados de rdio, rutnio, platina e paldio para a reforma do etanol

    entre 600 a 800C, observando que o Rh significativamente mais ativo e

    seletivo para a formao de H2 e CO. Cavallaro et al. [16] notaram a

    converso total do etanol sobre Rh/Al2O3 a 650C, com produo de 40 e

    10% de CO e CH4, respectivamente. Em concordncia com as predies de

    equilbrio, o aumento da temperatura resultou no aumento da quantidade do

    CO no gs reformado [87]. Frusteri et al. [107] estudaram a reforma a vapor

    do etanol sobre catalisadores de Ni, Rh e Pd sobre MgO. O catalisador

    Rh/MgO apresentou o melhor desempenho em termos de atividade e

    estabilidade, entretanto, no apresentou boa seletividade para a produo

    de hidrognio. O desempenho dos catalisadores de Ni e Pd afetado pela

    desativao, principalmente pela sinterizao do metal. Ni/MgO apresentou

    melhor seletividade para a produo de hidrognio (>95%), enquanto

    Rh/MgO foi o mais resistente a formao de coque.

    2.2.6 Catalisadores bimetlicos Ni-Co

    Opoku e Tafreshi [24] mostraram que cobalto e nquel suportados em

    alumina exibiram efeitos sinrgicos na reforma auto-trmica do metano. O

    catalisador Co-Ni bimetlico mostrou tambm maior resistncia deposio

    de carbono, comparado com nquel monometlico, e desempenho

    comparvel com o catalisador bimetlico de Pt-Ni. Choudhary e Mamman

    [108] empregaram o sistema Co-Ni para a produo do hidrognio para

    oxidao parcial e reforma do metano com CO2. Esses autores tambm

    observaram uma reduo na deposio de carbono e aumento na

    - 51 -

  • seletividade para a produo de hidrognio. Catalisadores baseados em

    xidos de crio, zircnio ou cobalto foram usados para a produo de

    hidrognio a partir da reforma a vapor do etanol. A converso do etanol

    diminuiu gradualmente aps dez horas; entretanto, a desativao do

    catalisador no afetou a produo do hidrognio. Fierro et al. [12]

    estudaram um catalisador bimetlico de cobre e nquel suportado em slica

    para a reforma a vapor do etanol; o catalisador apresentou uma atividade

    moderada, mas baixa formao de carbono. A combinao do cobalto e

    nquel exibiu propriedades catalticas acentuadas para a ativao da

    ligao carbono-carbono [109].

    2.2.7 Preparao de catalisadores com cido ctrico

    Os cermets para os anodos de SOFC requerem uma carga do metal

    acima de 35% em massa a fim de proporcionar uma adequada

    condutividade eltrica do material [73]. Takahashi et al. [110,111]

    concluram que o uso de nitrato de nquel e cido ctrico inibiu eficazmente

    a agregao do nquel sobre a slica; sob aquecimento, o citrato de nquel

    decompe-se em partculas de xido de nquel, deixando uma distribuio

    homognea sobre a matriz de slica. Assim, os cermets de nquel podem

    ser preparados com partculas pequenas e rea superficial elevada, mesmo

    em concentraes elevadas de nquel. Alm disso, uma dupla funo do

    cido ctrico bem descrita na literatura [31]; o cido ctrico funciona tanto

    como agente redutor, como estabilizante na qumica nano-coloidal. Sato e

    Yoshimura [112,113] prepararam catalisadores de nquel usando cido

    - 52 -

  • - 53 -

    ctrico. Este produto promoveu o aumento de rea superficial, produzindo

    catalisadores muito ativos para a hidrogenlise do cicloexeno, bem como a

    coordenao do nquel em torno de cristalitos, em catalisadores muito

    ativos para a hidrogenao do difenilmetano [113].

    Um dos aspectos desse trabalho a investigao do uso da mistura

    etanol-gua como um combustvel alternativo para as clulas de

    combustvel de xido slido. Os grandes desafios esto voltados a

    solucionar questes que envolvem tanto os materiais como tambm os

    processos de fabricao e projeto das SOFC. A operao de uma SOFC

    com reforma do etanol diretamente no anodo apresenta um desafia

    adicional devido a formao de carbono que reduz a vida til da clula.

    Catalisadores ativos e seletivos para a reforma a vapor do etanol e

    principalmente resistentes a formao de coque constitui uma barreira

    tecnolgica que precisa ser superada para a produo de unidades de

    SOFC eficiente e estvel para a gerao de eletricidade utilizando como

    combustvel o etanol.

  • Captulo 3

    EXPERIMENTAL

    3.1 Introduo

    Este captulo apresenta os mtodos de preparao e caracterizao para

    catalisadores e eletrocatalisadores preparados neste trabalho. Descreve tambm

    as tcnicas de preparao avaliao e de desempenho do prottipo SOFC na

    produo de energia eltrica a partir do etanol, hidrognio, metano e misturas

    destes combustveis. Nos experimentos iniciais deste trabalho, os testes de

    avaliao cataltica utilizavam um saturador para a injeo da mistura etanol/gua,

    limitando as condies de teste mistura azeotrpica. Neste sistema foram

    testados os eletrocatalisadores CATA02 e CATY, enquanto que para os demais

    catalisadores e eltrocatalisadores foi utilizado o novo sistema de avaliao

    cataltica, equipado com controle eletrnico de fluxo e bomba de injeo de

    lquido. Esse sistema permitiu uma maior preciso analtica e uma maior

    reprodutibilidade dos resultados. Os catalisadores preparados com 10% de teor

    metlico foram empregados apenas na avaliao na reforma a vapor do etanol,

    enquanto que as amostras preparadas com 35% foram tambm empregadas na

    formulao do prottipo SOFC, sendo que devido ao mtodo de preparao do

    prottipo, o CATA02 forneceu a melhor clula unitria.

    - 54 -

  • 3.2 Preparao dos Catalisadores

    O YSZ, xido do zircnio estabilizado com xido do trio (8% molar de Y2O3

    em ZrO2) [NexTec], foi usado como suporte para a preparao dos catalisadores.

    Como precursores metlicos foram utilizados o nitrato de nquel [Ni(NO3)2.6H2O] e

    nitrato de cobalto [Co(NO3)2.6H2O] hexahidratado, ambos fornecidos pela

    MERCK. Na preparao dos catalisadores foi empregado o mtodo da

    impregnao mida, com e sem a adio de cido ctrico. O suporte foi

    mecanicamente misturado com os precursores metlicos e com o cido ctrico,

    com a adio subseqente de pequenas quantidades de gua para a melhor

    homogeneizao da mistura. O teor metlico estimado pelos clculos

    estequiomtricos foi em torno de 10% em massa de metal em relao a massa

    total de catalisador. Os catalisadores foram calcinados a 800C por duas horas na

    presena de ar.

    3.3 Caracterizao dos Catalisadores

    3.3.1 Anlise por Fluorescncia de Raios X

    A composio qumica dos catalisadores foi determinada por fluorescncia

    de raios X (XRF). As amostras para anlise foram preparadas pela mistura

    mecnica de 100 mg do catalisador com 150 mg de cido brico. A amostra foi

    prensada em um molde de metal a 150 kgf/cm2, obtendo uma pastilha slida. Para

    anlise da amostra foi usado o aparelho XRF 18000 da SHIMADZU.

    - 55 -

  • 3.3.2 Anlise por Difrao de Raios X (DRX)

    As amostras de catalisador foram estudadas por difrao de raios X (DRX),

    usando o difratmetro XRD-600 da SHIMADZU com fonte de cobre. As amostras

    foram analisadas na forma de p sobre um surte de alumnio. A faixa angular em

    todas as anlises de DRX foi de 5 a 80 com uma taxa de variao de dois graus

    por minuto.

    3.3.3 Reduo Termoprogramada com CO (TPR-CO)

    Um reator de leito fixo foi usado para as anlises de reduo

    termoprogramada com CO (TPR-CO); o reator foi montado em um forno com

    temperatura controlada e conectado a um espectrmetro de massa com detector

    quadrupolo. A vazo dos gases foi ajustada por um controlador de fluxo mssico.

    Inicialmente 200 mg de catalisador foi pr-tratado a 400C por duas horas sob

    fluxo de hlio puro (0,5 mLs-1). Aps o pr-tratamento, 0,5 mLs-1 de uma mistura

    5% molar de CO em nitrognio foi adicionada ao catalisador a temperatura

    ambiente. O forno foi ento aquecido de 30C at 850C com uma taxa de

    0,25Cs-1. Durante a anlise CO e CO2 foram monitorados simultaneamente pelo

    espectrmetro de massa.

    3.3.4 Dessoro termoprogramada com CO (TPD-CO)

    O mesmo sistema e amostras usadas no teste de TPR-CO foram tambm

    usadas na anlise de dssoro termoprogramada com CO (TPD-CO). Aps a

    anlise de TPR a amostra foi resfriada a temperatura ambiente sob o fluxo de 0,5

    mLs-1 de hlio puro. Em seguida, uma mistura 5% molar CO em nitrognio passou

    - 56 -

  • atravs da amostra de catalisador durante 30 minutos de catalisador,

    permanecendo a temperatura constante em 30C. O tempo de passagem da

    mistura foi estimado pela estabilidade do sinal do CO no espectrmetro de

    massas, sendo suficiente para que o CO adsorvesse sob toda a superfcie do

    catalisador. Aps esse tempo, o fluxo de gs foi mudado para hlio (0,5mLs-1) e a

    amostra foi aquecida de 30 a 850C a 0,25Cs-1. Durante a anlise CO e CO2

    foram monitorados simultaneamente pelo espectrmetro de massas.

    3.3.5 Estudo da deposio de carbono

    A massa de carbono depositada sobre a superfcie do catalisador foi

    determinada pesando-se o reator com a amostra reduzida, antes e depois de uma

    hora de reao a 450C. Na aferio do mtodo, amostras de catalisadores foram

    pesadas diretamente e tambm determinadas por diferena de massa do reator

    vazio e com amostra. A diferena da massa obtida nas duas formas de pesagem

    foi menor que 1%; esse resultado indica a boa preciso deste simples mtodo. A

    massa de amostra de catalisador foi determinada em trs etapas: antes e aps a

    reduo com H2/N2 5% molar, e depois da reao de reforma a vapor.

    3.3.6 Estudo da rea Superficial Especfica

    Os catalisadores foram caracterizados atravs de isotermas de adsoro-

    dessoro de N2 obtidas na temperatura do nitrognio lquido, em um instrumento

    automtico de fisissoro (ASAP 2020). Os valores de rea superficial especfica

    foram calculados a partir do ramo de adsoro conforme o mtodo descrito por

    Brunauer-Emmett-Teller (BET).

    - 57 -

  • 3.3.7 Avaliao dos Catalisadores

    A figura 3.1 mostra o diagrama do teste cataltico, que consiste dos

    seguintes componentes: suprimento de gs, controladores eletrnicos de fluxo,

    reguladores de presso, bomba injetora de lquido, controladores de temperatura,

    fornos, reator e sistema de anlise. O sistema foi completamente montado neste

    trabalho, a partir dos componentes citados. Aps o forno de vaporizao, toda a

    tubulao foi mantida, por controle automtico de temperatura, acima de 120C,

    para impedir a condensao dos reagentes na linha.

    mostra o diagrama do teste cataltico, que consiste dos

    seguintes componentes: suprimento de gs, controladores eletrnicos de fluxo,

    reguladores de presso, bomba injetora de lquido, controladores de temperatura,

    fornos, reator e sistema de anlise. O sistema foi completamente montado neste

    trabalho, a partir dos componentes citados. Aps o forno de vaporizao, toda a

    tubulao foi mantida, por controle automtico de temperatura, acima de 120C,

    para impedir a condensao dos reagentes na linha.

    MFCBV

    G&C

    TFilters

    Plug

    BVCV

    Reduction p/ 1/8

    Tube 1/4Tube 1/8

    GC

    Reduction-1/16

    Tube1/16

    Reduction -1/8 bulkhead

    Automatic Seringe

    MFCBV

    G&C

    TFilters

    Plug

    BVCV

    Reduction p/ 1/8

    Tube 1/4Tube 1/8

    GC

    Reduction-1/16

    Tube1/16

    Reduction -1/8 bulkhead

    MFCBV

    G&C

    TFilters

    Plug

    BVCV

    Reduction p/ 1/8

    Tube 1/4Tube 1/8

    GC

    Reduction-1/16

    Tube1/16

    Reduction -1/8 bulkhead

    Automatic Seringe

    Figura 3.1. Diagrama do teste cataltico (aps seringa de injeo de lquido toda a tubulao e mantida a 120C).

    Figura 3.1. Diagrama do teste cataltico (aps seringa de injeo de lquido toda a tubulao e mantida a 120C).

    Os gases foram fornecidos dos cilindros com o controle de presso manual.

    A presso dos gases na entrada do teste foi controlada por vlvulas de controle

    manuais (G&C, Swagelock). O fluxo dos gases foi controlado por controladores

    Os gases foram fornecidos dos cilindros com o controle de presso manual.

    A presso dos gases na entrada do teste foi controlada por vlvulas de controle

    manuais (G&C, Swagelock). O fluxo dos gases foi controlado por controladores

    - 58 -

  • eletrnicos de fluxo mssicos (MFC) com diferentes escalas do fluxo, foram

    fornecidos por MKS.

    A soluo lquida foi vaporizada em um tubo de ao inox em forma de T

    preenchido com as ls de quartzo e mantido em um forno a 130C. A reao

    ocorreu em um reator de leito fixo e fluxo contnuo, montado em um forno com

    controle de temperatura micro-processado. Os produtos da reao foram

    analisados por cromatografia gasosa, com o cromatgrafo modelo GC-17A da

    SHIMADZU, usando uma coluna Carboxen 1010 e um detector de

    condutividade trmica (TCD), em srie com um detector de ionizao por chama

    (FID).

    Figura 3.2. mostra uma viso geral do teste cataltico (A), do forno de alta

    temperatura com o reator (B) e do reator de quartzo, com conexes vidro-metal

    feita com anilhas de TEFLON.

    A B C

    Figura 3.2. Fotos do teste cataltico a) viso geral; b) Forno de alta temperatura com o reator; c) reator de quartzo.

    - 59 -

  • Os catalisadores foram testados na reao de reforma a vapor do etanol,

    em funo do tempo de reao, em uma temperatura constante de 450C. Para

    somente uma amostra, a atividade do catalisador foi medida em funo da

    temperatura de reao. Alm disso, a formao do coque e a deposio de

    carbono no catalisador foram examinadas durante a reao. Inicialmente, 100 mg

    de catalisador foram reduzidos in situ com uma mistura molar de 5% de hidrognio

    em nitrognio, entre 30 a 800C e com uma taxa de aquecimento de 10C por

    minuto. Aps a reduo o catalisador foi resfriado sob fluxo de nitrognio at a

    temperatura de reao. Uma soluo aquosa de etanol 3 para 1 molar foi

    preparada previamente e injetada no sistema usando uma seringa e uma bomba

    de injeo automtica, fornecida pela kd Scientific. A soluo de etanol foi

    injetada em um forno que permaneceu a 130C, fazendo com que a mistura fosse

    imediatamente vaporizada. O vapor aquecido foi arrastado por uma linha aquecida

    a 120C at o reator, por um fluxo de 0.67 mLs-1 de nitrognio. A vazo de N2 foi

    ajustada por um controlador de fluxo mssico. A vazo da soluo de etanol foi de

    0.83 Ls-1, ajustada de acordo com o dimetro da seringa e velocidade da bomba

    injetora, de forma que a vazo dos reagentes correspondesse a 2,25 e 6,75 mols-

    1 de etanol e gua, respectivamente.

    3.4 Preparao da clula unitria SOFC

    3.4.1 Preparao dos eletrocatalisadores para SOFC

    Os eletrocatalisadores foram preparados de forma semelhante aos

    catalisadores (10%) como descrito no item 3.1, exceto pela carga metlica que foi

    - 60 -

  • de 35% em massa de metal. Foram preparados trs eletrocatalisadores: Ni35YSZ,

    Ni35YSZac, Ni32Co3YSZac e CATA02 (32% Ni e 3 Co com cido ctrico), onde o

    ndice numrico indica o teor em percentagem mssica do metal e a notao ac

    indica que utilizado o cido ctrico. Foi tambm preparado um eletrocatalisador

    com 35% de Ni (CATY) utilizando o xido de nquel como precursor metlico, para

    efeito de comparao com os precursores derivados dos nitratos de nquel e

    cobalto. A amostra de eletrocatalisador CATA02 foi usada na preparao do

    prottipo SOFC, mas tanto esta quanto a amostra CATY foi caracterizada na

    reforma a vapor do etanol utilizando um saturador. A Tabela 3.1 mostra a

    nomenclatura, composio e mtodo de preparao das amostras preparadas

    neste trabalho.

    Tabela 3.1 Amostras de catalisadores e eletrocatalisadores preparadas neste

    trabalho.

    Amostras Ni (% massa) Co (% massa) Comentrios Ni10YSZ 10 0 Co10YSZ 0 10 Ni5Co5YSZ 5 5 Ni35YSZ 35 0

    Sem cido ctrico e precursor nitrato de nquel

    Ni10YSZac 10 0 Co10YSZac 0 10 Ni5Co5YSZac 5 5 Ni35YSZac 35 0 Ni32Co3YSZac 32 3 CATA02 32 3

    Com cido ctrico e precursor nitrato de nquel

    CATY 35 0 Sem ac e precursor NiO

    - 61 -

  • 3.4.2 Reduo Termoprogramada com H2 TPR H2

    Os eletrocatalisadores CATA02 e CATY (e outras amostras de xido de

    nquel e xido de cobalto misturados com YSZ) foram analisadas por TPR,

    utilizando-se uma mistura H2/N2 5% molar, entre 30 a 800C, com uma taxa de

    aquecimento de 10C por minuto. Antes do teste de TPR a amostra foi tratada em

    fluxo de N2 durante uma hora a 400C. Foi utilizado um reator de quartzo de leito

    fixo, o qual continha 200 mg do eletrocatalisador, e um forno com controlador de

    temperatura. A mistura gasosa efluente do reator foi analisada em linha por um

    detector de condutividade trmica (TCD).

    3.4.3 Avaliao cataltica das Amostras CATA02 e CATY

    O eletrocatalisador CATA02 foi testado na reao de reforma a vapor do

    metano, entre 700 e 850C, e na reforma a vapor do etanol entre 100 e 800C. Os

    testes foram executados em um microreator de quartzo de leito fixo e fluxo

    contnuo. Inicialmente 100 mg de catalisador foram reduzidos in situ com uma

    mistura 10% molar de H2/N2, entre 30 e 850C com taxa de aquecimento de 10C

    por minuto, permanecendo em 850C durante uma hora. Uma mistura 30% molar

    de CH4/N2 foi introduzida no reator usando um misturador de gases; a vazo da

    mistura foi ajustada para 60 mL por minuto, usando-se um medidor de fluxo do

    tipo bolhmetro. Na reforma a vapor do etanol, tanto o lcool quanto a gua foram

    adicionados atravs de um saturador com temperatura controlada, onde o vapor

    foi arrastado pelo nitrognio. Os produtos da reao foram analisados por

    cromatografia gasosa, utilizando-se uma coluna peneira molecular 5 angstron e

    detector de condutividade trmica (TCD), em srie com um detector de ionizao

    - 62 -

  • por chama (FID); o gs de arraste utilizado foi uma mistura de 60% molar de hlio

    em nitrognio. O etanol foi inicialmente misturado gua, formando uma mistura

    azeotrpica aproximadamente 10% molar em gua. A mistura azeotrpica foi

    usada para que a composio no variasse durante a vaporizao, sendo o

    saturador mantido a 60C.

    3.4.4 Preparao do Prottipo SOFC

    A Figura 3.3 mostra os componentes e o esquema de prensagem da clula.

    nodo(Ni-Co/YSZ)

    Eletrlito

    CtodoLSM

    Tela de platina

    Tela de platina

    Fio de platina

    Fio de platina

    [-]

    [+]Molde

    nodo(Ni-Co/YSZ)

    Eletrlito

    CtodoLSM

    Tela de platina

    Tela de platina

    Fio de platina

    Fio de platina

    [-]

    [+]Molde

    Figura 3.3. Esquema de prensagem e componentes da clula da SOFC.

    Na preparao do anodo foram usados 3 g do catalisador CATA02,

    mecanicamente misturados a 1,5 g de grafite [Synth] e 0,5 g de YSZ. A mistura foi

    controlada de forma tal que a composio de grafite fosse gradativamente menor

    prximo ao eletrlito da clula. Em contraste, a composio do YSZ foi aumentada

    - 63 -

  • gradativamente nas vizinhanas do eletrlito. O catodo foi preparado usando 3 g

    de LSM [NexTech], 1,5 g de grafite e 0,5 g de YSZ, o procedimento de mistura do

    LSM com grafite e YSZ foi semelhante preparao do anodo. Para o eletrlito foi

    usado 1 g de YSZ puro. A variao da composio da grafite e do YSZ no interior

    da clula permitiu uma melhor fixao do anodo e do catodo ao eletrlito. O

    conjunto anodo/eletrlito/catodo foi prensado juntamente com as telas de platina a

    uma presso de 165 kgf/cm. Em seguida a clula foi sinterizada a 1380C durante

    5 horas.

    3.4.5 Avaliao dos Prottipos de SOFC

    Aps a sinterizao foram colocados os contados eltricos (fios de platina)

    e a clula foi montada em um reator de alumina com o auxilio de uma cola

    cermica de alta temperatura [Arenco]. O reator foi acoplado em um sistema de

    alimentao de combustvel e a um forno com temperatura controlada. A Figura

    3.4 mostra o esquema de montagem para o teste de desempenho da SOFC.

    Figura 3.4. Esquema de montagem da SOFC no sistema de alimentao de combustvel.

    - 64 -

  • Para os testes de desempenho do prottipo da SOFC foram utilizados os

    seguintes combustveis: etanol, hidrognio e o metano. Uma mistura de etanol e

    gua foi adicionada ao sistema por meio de um saturador. Os

    combustveis,hidrognio ou metano. foram adicionados ao sistema diludo em um

    gs inerte (N2). Foram tambm testadas misturas de combustveis, ou seja, etanol

    com hidrognio e etanol com metano. Os terminais das clulas foram conectados

    a um voltmetro e a um ampermetro em paralelo. As medidas de corrente e

    voltagem foram feitas a 850 e 950C, variando-se a resistncia do circuito de

    teste. A Figura 3 mostra o circuito eltrico de teste de desempenho da clula.

    ddp

    Clu

    la

    A

    R

    V

    Volt

    met

    ro

    Ampe

    rmet

    roResistncia

    Varivel

    +

    _

    Figura 3.5. Circuito de teste de desempenho da clula.

    - 65 -

  • - 66 -

    Captulo 4

    RESULTADOS E DISCUSSO I

    REFORMA A VAPOR DO ETANOL

    4.1 Introduo

    Neste captulo so apresentados os resultados de caracterizao e os

    testes de avaliao cataltica para os catalisadores de nquel e cobalto

    suportados em YSZ, com carga metlica de 10% em massa, preparados neste

    trabalho. A caracterizao qumica e morfologia dos catalisadores foram

    determinadas por fluorescncia de raios X (XRF), difrao de raios X (XRD),

    reduo termoprogramada com CO (TPR-CO), dessoro termoprogramada

    com CO (TPD-CO) e determinao de rea superficial especfica utilizando o

    mtodo BET.

    Os catalisadores foram avaliados para a reforma a vapor do etanol em

    funo do tempo de reao. A reao foi conduzida em um reator de leito fixo e

    fluxo contnuo, sob presso atmosfrica e temperatura constate e 450C,

    durante uma hora de reao. A reao tambm foi conduzida em funo da

    temperatura para uma amostra de catalisador, onde se observou a converso

    do etanol e distribuio dos produtos da reao. A deposio de carbono foi

    determinada pesando-se a amostra de catalisador antes e depois da reao.

    No teste cataltico em funo do tempo, foi determinada a converso do etanol,

  • - 67 -

    a seletividade e a produo de hidrognio na reforma a vapor do etanol sobre

    as amostras de catalisadores. Neste mesmo captulo so apresentadas as

    caracterizaes dos eletrocatalisadores (35% em massa de metal) por

    MEVEDX e os testes de avaliao cataltica, para a reforma a vapor do etanol

    em funo da temperatura.

    4.2 Caracterizao dos Catalisadores

    4.2.1 Anlise por fluorescncia de raios X (XRF)

    A Tabela 4.1 mostra a nomenclatura e a composio das amostras de

    catalisadores; a notao ac indica a adio de 20% de cido ctrico em

    relao massa total de catalisador, durante a etapa de preparao do

    mesmo. O teor metlico da amostras foi determinado por fluorescncia de raios

    X (XRF), conforme descrito na parte experimental, e apresentado na tabela 4.1.

    Nesta mesma tabela listada a nomenclatura das amostras preparadas. Em

    geral, os resultados analticos mostram resultados concordantes com o teor

    nominal de metal adicionado ao catalisador.

    Tabela 4.1. Nomenclatura e composio qumica dos catalisadores em % mssica, determinada por XRF.

    Ni CoNi10YSZ 8,1 0,0Co10YSZ 0,0 9,1Ni5Co5YSZ 4,7 4,0Ni10YSZac 8,3 0,0Co10YSZac 0,0 10,1Ni5Co5YSZac 4,9 4,2

    Teor metlico, % massaAmostras

  • - 68 -

    4.2.2 Anlise por difrao de raios X (DRX)

    A Figura 4.1 mostra os difratogramas de raios X obtidos para os

    catalisadores aps a calcinao. O nquel, disperso sobre o suporte apresenta

    o estado de oxidao +2 (NiO), enquanto o cobalto encontra-se em estado de

    oxidao misto +2 e +3 (Co3O4). Essa anlise foi baseada comparando-se os

    difratogramas obtidos com a base dados do aparelho [JCPDS n 78-0643 para

    NiO e JCPDS n 42-1467 para Co3O4]. As amostras (Ni10YSZ e Ni10YSZca)

    mostraram os picos da fase cbica do xido de nquel; as amostras puras do

    cobalto (Co10YSZca e Co10YSZ) apresentaram equivalentemente a fase

    cbica do xido de cobalto. Entretanto, os difratogramas das amostras

    preparadas com os