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Oração: Pai de toda a misericórdia, tem piedade de todos nós. A sua misericórdia vai de geração em geração. Amém.

FALHAR NÃO É UMA OPÇÃO Vivemos em um mundo sem misericórdia. Aprendemos que “falhar nunca é uma opção”. Vivemos como se estivéssemos sendo vigiados, como se cada erro, cada tropeço estivessem sendo anotados. Vivemos em um mundo carente de misericórdia, carente de piedade. O mundo é extremamente cruel com a fraqueza humana, com os defeitos físicos e os desvios de conduta. É por essa razão que as clínicas de cirurgia plástica vivem lotadas de pessoas que não conseguem suportar seus supostos defeitos. É por essa razão que os consultórios psiquiátricos estão lotados de pessoas que sucumbiram diante da pressão insuportável imposta pela sociedade moderna. Vivemos à beira do caminho, abandonados à margem da vida. Nós só conseguimos paz e misericórdia quando somos encontrados por Deus e quando percebemos que o coração de Cristo bate por nós. O CEGO BARTIMEU Marcos relata em seu evangelho a cura do cego Bartimeu. Outro que vivia sem misericórdia, em completo desespero. Bartimeu, filho de Timeu, era um miserável cego que mendigava para sobreviver. Vivia à margem do caminho, fora dos muros da cidade de Jericó. Na época de Jesus, dificilmente um deficiente físico recebia misericórdia de alguém. Deficiência era vista como a reprovação de Deus. Assim sendo, o coitado do Bartimeu, qualquer que tenha sido o motivo de sua cegueira, era visto como um reles pecador, uma pessoa que havia cometido algum erro terrível. Cegos e aleijados dificilmente eram permitidos no templo, pois

Jesus tem misericórdia de nós Marcos 10.46-52

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também eram vistos como “potencialmente impuros”. A lógica era cruel e sem compaixão: Bartimeu é cego porque pecou; e se pecou, está impuro. Talvez o nome “Bartimeu” fosse só um apelido, pois “Bartimeu” pode ser traduzido como “filho de Timeu”, mas é também um trocadilho para “filho da impureza”. Bartimeu vivia miseravelmente, pois cegos dificilmente conseguiam emprego por serem vistos como impuros. Não restava a ele senão viver fora da cidade, mendigando pela beira do caminho. NÓS: VIVEMOS À MARGEM Não acontece a mesma coisa hoje? Não vivemos como Bartimeu: jogados à margem da vida, longe de onde gostaríamos de estar? Em nossa sociedade não há espaço para fraqueza, medo, erros e falhas. Somos pressionados dia após dia. Requerem de nós a perfeição em tudo. Filhos cobram seus pais, pais querem filhos perfeitos, patrões exigem funcionários irrepreensíveis, e assim por diante. Mas, olhemos para nós mesmos. Não somos todos falhos e fracos em certo sentido? Afinal, somos feitos de carne e sangue. Não somos máquinas. Não somos perfeitos. Todos, sem exceção, precisamos de misericórdia. E sem ela é impossível ter paz. Mas, onde encontrar misericórdia? O ENCONTRO DO ‘FILHO DA POBREZA’ COM O FILHO DE DAVI Antes de chegar a Jerusalém, Jesus passou por Jericó. E foi diante dos muros da cidade, do lado de fora, que Jesus encontra Bartimeu. “Quando ouviu alguém dizer que era Jesus que passava por ali, Bartimeu começou a gritar: ‘Jesus, FILHO DE DAVI, tem misericórdia de mim!’” (10.47) Interessante notar que o desprezado Bartimeu é o único que chama Jesus de “Filho da Davi” no evangelho de Marcos. Ao chamar Jesus com esse título (Filho de Davi), o cego mostrou que enxergava mais do que todos ali. Era o único que via que Cristo era o Messias, o Salvador, o Filho de Davi. Sua visão perfeita incomodou a muitos – tanto que “muitos o repreenderam e mandaram ele calar a boca” (10.48). Mas, Bartimeu não se calou. Ao contrário, passou a grita ainda mais alto: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” Então, Jesus parou e mandou chamar Bartimeu. Eles chamaram e lhe disseram: “Coragem! Levante-se porque Jesus está te chamando!”

A alegria de Bartimeu foi tanta que ele não quis ajuda! Ele simplesmente jogou sua capa para o lado, levantou-se e correu para Jesus. Naquele

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momento, o filho da impureza encontrava-se com o Filho de Davi. O filho de Timeu colocava-se diante do Filho de Deus.

E Jesus, o Filho de Deus, perguntou ao filho de Timeu: ‘O que você quer que eu faça’. E ele respondeu: “Mestre, eu quero voltar a enxergar.”

“Vá! Você está curado porque teve fé!” – afirmou Jesus.

JESUS CURA NOSSO CORAÇÃO COM SUA MISERE-CORDIA Ao curar Bartimeu, Jesus revela e mostra sua misericórdia. Aliás, a palavra misericórdia significa “sentir com o coração a miséria de alguém”. Isto e, “ter misericórdia” é sentir com “seu coração a miséria do coração de outra pessoa”.

Foi isso que Jesus viveu com Bartimeu. O filho de Davi teve misericórdia do filho da impureza. Ele sentiu a miséria do coração de Bartimeu. Cristo sentiu todo o sofrimento, desespero e carência do pobre cego.

De certa forma, todos somos semelhantes a Bartimeu. De uma forma ou outra necessitamos da misericórdia de Jesus. Afinal, todos nós temos pecados escondidos no porão da vida e somos impuros. A boa notícia é que Jesus tem misericórdia de nós. Ao morrer na cruz Jesus “sentiu toda a miséria de nossos corações”, especialmente a miséria do pecado. Em Cristo somos perdoados de todos os nossos pecados! LUTERO E BARTIMEU: PERCORRENDO O CAMINHO DA MISERICÓRDIA

A história do reformador Martinho Lutero é semelhante à de Bartimeu. Lutero também sentia-se desprezado por todos, inclusive por Deus. Ele vivia verdadeiramente desesperado. Não era pra menos! Na época, a Igreja ensinava que “falhar nunca era uma opção”. Deus era visto como um juiz severo e sem misericórdia. Essa visão aterrorizante de Deus fazia Lutero viver desesperado. Diante de um Deus sem misericórdia, falhar nunca era uma opção! Para Lutero, Deus era incapaz de sentir a miséria do coração humano.

No entanto, após anos de estudos da bíblia, Lutero foi iluminado pelo Espírito Santo e percebeu que a Bíblia revelava um Deus misericordioso. Foi por meio da Palavra que Deus encontrou Lutero à margem do desespero e lhe deu vida e salvação. Foi esse resgate do evangelho que Lutero quis compartilhar com todos nas 95 teses. Ele queria mostrar o Deus de amor revelado na Bíblia.

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A caminhada de Lutero para pregar o evangelho foi um caminho árduo. Ele enfrentou poderes políticos e eclesiásticos para continuar pregando o puro evangelho da misericórdia de Deus.

Da mesma forma Bartimeu, após conhecer a graça de Deus, trilhou um caminho árduo: o “filho de Timeu” passou a seguir Jesus. Ele acompanhou o “filho de Davi” durante todo seu sofrimento, crucificação, morte e sepultamento em Jerusalém.

MISERICÓRDIA NUNCA FALHA!

A Bíblia não diz o que aconteceu com Bartimeu depois disso. Mas, o registro de seu nome no evangelho de Marcos pode indicar que Bartimeu tornou-se uma pessoa conhecida na igreja de Jerusalém, após a ascensão de Jesus ao Céu. Provavelmente, Bartimeu tornou-se um líder em Jerusalém.

Vejam que virada impressionante! De uma vida de desprezo e fracasso, o “filho da impureza” passa a ser filho de Deus e torna-se um cristão conhecido na igreja. A misericórdia de Deus transforma o fracasso em sucesso!

Foi exatamente isso que aconteceu com Lutero. Conforme alguns registros históricos, Lutero morreu pensando que a

Reforma havia sido um fracasso. Nos últimos meses de vida Lutero viu a desunião que começava a tomar conta da Igreja da Reforma. E, após resolver disputas de diversos magistrados da Igreja, Lutero preparou um belíssimo sermão, que viria a ser seu último. Para sua decepção, somente 05 pessoas foram ao culto ouvir a mensagem de Lutero. Dias depois disso, Lutero veio a falecer.

No entanto, a Reforma não foi um fracasso. Foi um sucesso do retorno da pregação do evangelho na Igreja. Não me refiro somente ao surgimento da Igreja Luterana, mas ao retorno do evangelho para toda a Cristandade.

Pastor Fukue

07/10/2012