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1 Um terço das organizações nacionais já implementaram serviços e Software-as-a-Service (SaaS) Menos de um terço utiliza serviços de Infrastructure-as-a-Service Apenas 12% utiliza serviços de Plataform-as-a-Service N.º 2 | Março 2016 | www.ntech.news n Textos escritos abrigo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 em vigor desde 2009 Uma nuvem de oportunidades para as empresas portuguesas

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Page 1: Março 2016 n Uma nuvem de oportunidades para as empresas ... · que as soluções de cloud computing são fatores críticos para a agilidade de negócio e para a eficácia das ope-

1Um terço das organizações nacionaisjá implementaram serviços e Software-as-a-Service (SaaS)

Menos de um terço utiliza serviçosde Infrastructure-as-a-Service

Apenas 12% utiliza serviçosde Plataform-as-a-Service

N.º 2 | Março 2016 | www.ntech.news n Textos escritos abrigo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 em vigor desde 2009

Uma nuvem de oportunidadespara as empresas portuguesas

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Aadoção de serviços cloudpela larga maioria dasempresas nacionais dei-xou há muito de ser um

bicho de sete cabeças. E, se é bem verdade que nem todos

os empresários lusos estarão 100 porcento preparados para fazer esta tran-sição, não será menos verdade que«a generalidade dos responsáveis denegócio e de TI estão conscientes deque as soluções de cloud computing

são fatores críticos para a agilidadede negócio e para a eficácia das ope-rações de TI».

É esta, pelo menos, uma das conclu-sões de um recente estudo sobre a

Uma viagem rumo à nuvem…estará Portugal preparado?

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nuvem levado a cabo pela IDC a nívelmundial e no qual se analisa tambémo mercado português.

No entanto, no caso concreto dePortugal, e em comparação com aEuropa Ocidental, os dados recolhidosevidenciam que «as médias e grandesorganizações encontram-se atrasadas,na medida em que apenas 14% estãonos níveis mais altos de maturidade(nível gerido e otimizado), face aos33% na Europa Ocidental».

Atualmente, estamos perante duas fa-ses na adoção dos serviços de cloudcomputing em Portugal, segundo con-tas da IDC. Teremos, por um lado, asorganizações que já iniciaram o cami-nho de consolidação e de normaliza-ção há cerca de cinco ou seis anos ehoje «já estão perto das fases finais damaturidade dos serviços de cloud com-puting» começando, por isso, «a obterganhos significativos para o negócio».

Por outro lado, temos as organizações«que iniciaram este caminho há cercade um ou dois anos» e que, sendo as-sim, «estão ainda nas fases iniciaisdeste modelo».

Por seu turno, outra realidade a terem conta diz respeito ao facto de que«a maioria das organizações nacionaistem vindo a optar pela implementaçãode modelos híbridos de cloud compu-ting» segundo defende a IDC Portugal.

Outros dados revelam que «mais de41% das organizações nacionais jáprocederam à contratação de serviçospúblicos de cloud computing» enquan-to cerca de 51% das organizações na-

cionais «procederam à implementaçãode serviços privados» na nuvem.

Feitas as contas, as organizações na-cionais selecionam os diferentes mo-delos de serviços de cloud computingde acordo com objetivos vários.

No caso da adoção de serviços priva-dos, contam-se metas como «disponi-bilizar maior controlo das TI pelasáreas de negócio, melhorar a distri-buição e serviços de TI e aumentar arapidez de acesso a novas funcionali-dades tecnológicas».

Em contrapartida, «a redução do or-çamento de TI, aumentar a agilidadedo negócio e a reafetação de recursoshumanos das TI a outros processosde negócio» são os principais objetivospara a adoção de serviços públicos decloud computing, segundo refere o es-tudo da IDC.

No entanto, e na generalidade dos es-tudos feitos pela IDC Portugal é pos-sível perceber que a implementaçãode ambientes cloud «é um caminho e

não um simples projeto de TI», emboraa maioria das organizações inicie «estecaminho com investimentos ad hocou oportunistas desenhados com oobjetivo de testar ou comprovar o va-lor destes serviços e para acelerar oaprovisionamento e melhorar a pro-dutividade de determinados gruposde utilizadores».

Importa perceber que «os serviços decloud computing são mais do que umambiente virtualizado» e também que«os serviços híbridos são definidos co-mo a mistura de recursos públicos eprivados de cloud computing ou comoa mistura de recursos cloud e recursostradicionais», diz a IDC.

A distribuição destes serviços combinaum catálogo de serviços, um brokerde serviços e um portal de serviçosque disponibilizam acesso a recursosinternos e externos de TI com umacompreensão clara do custo, valor eníveis de serviço.

Nos ambientes híbridos de TI, «o ca-tálogo de serviços é criado e atualiza-do, o broker de serviços identifica, es-tabelece o preço e racionaliza novosserviços e os utilizadores acedem àsfuncionalidades de TI através de umportal self-service».

A terceira plataformachegou

Nos dias que correm, vive-se em tornode um novo paradigma tecnológicocom a indústria de tecnologias de in-formação na emergência da terceiraplataforma.

Sabia que…

…segundo a IDC Portugal,mais de 18% das organizaçõesinquiridas vão colocar mais demetade das cargas de trabalhoem serviços privados de cloud

computing e cerca de 14%das organizações já contrata-

ram serviços públicos de cloudcomputing para mais de 50%das cargas de trabalho do de-

partamento de TI?

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Esta surge suportada pelas tecnologiasmóveis, pelas aplicações sociais, pelassoluções de big data e de analítica denegócio e, naturalmente, pelos serviçosna nuvem.

A terceira plataforma será, sem sombrade duvida, «o motor do crescimentoe da inovação da indústria de TI nospróximos 20 anos e vai alterar signi-ficativamente o modo como as orga-nizações a nível mundial disponibili-zam serviços de TI aos seusuti liza dores», defende a IDC.

Face a esta realidade, exige-se das TIempresariais a capacidade de suportea milhares de milhões de utilizadorese de aplicações. A esta realidade, jun-tam-se muitos outros sistemas inteli-gentes (como a Internet of Things)«conectados a esta nova infraestruturade comunicação e de partilha de in-formação».

A IDC designa este novo paradigmacomo economia inteligente e acreditaque o mesmo «terá um impacto pro-fundo na generalidade dos setores deatividade».

Esta economia inteligente faz-se tam-bém do efeito conjugado da globali-zação das atividades económicas, docrescimento da concorrência a nívelmundial ou do abrandamento do cres-cimento económico nos países maisdesenvolvidos, sendo que tudo con-jugado acaba por alterar o cenáriocompetitivo da generalidade das or-ganizações.

Nesse sentido, surge a imperativa ob-rigatoriedade de reduzir custos e de,em simultâneo, «encontrar novas fon-

tes de receitas e de tornar a inovaçãosustentável».

Motivos mais do que suficientes paraa migração para a cloud se assumircomo uma hipótese bem viável paraa larga maioria das empresas. ONtech.news quis sentir o pulso ao mer-cado e tentar perceber de que formaeste tipo de projetos poderá evoluir aolongo de 2016.

Será que vamos finalmente assistir auma efetiva descolagem da cloud doGoverno e, a partir daí, incentivar ain-da mais as empresas a avançarem?

A cloud híbrida tem vindo a seduzircada vez mais gestores, mas será queo futuro da nuvem passa, efetivamen-te, por este modelo?

A resposta é dada pelos fornecedoresde TI a atuar em Portugal que apon-tam ainda caminhos para a gestão dainteroperabilidade e para a criação demecanismos out-of-the-box que garan-tem um eficaz e efetivo funcionamentodas nuvens pública e privada.

Cloud: números em Portugal➜ Mais de 41% das organizações nacionais já procederam à contratação de servi-

ços públicos de cloud computing;

➜ Mais de 51% das organizações nacionais já procederam à implementação deserviços privados de cloud computing;

➜ Cerca de 44% das organizações já procederam à contratação de serviços priva-dos de cloud computing em regime de hosting;

➜ A maioria das organizações tem vindo a optar pela implementação de modeloshíbridos de cloud computing;

➜ Apenas uma reduzida minoria dos inquiridos revelou que não tinha interesse naadoção destes serviços.

(Fonte: IDC Portugal)

Cloud computing é muito simplesmente definidocomo o acesso a recursos partilhados de TI a pedidoe através da Internet. A IDC define ainda os serviçosde cloud computing através de oito atributos a partir

da perspetiva dos utilizadores destes serviços:

➜ Partilhados, serviços normalizados; ➜ Solução embalada; ➜ Self-service; ➜ Escalabilidade de recursos elásticos; ➜ Utilização baseada no preço;➜ Acesso de rede ubíquo; ➜ Tecnologias de interface normalizadas (API) ➜ Interface de serviços publicados ou interface de programação

da aplicação (API).

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Em 2020, as categorias de ser-viços de cloud computingirão representar mais de 40%do orçamento corporativo

nas médias e grandes organizações por-tuguesas. A IDC apurou que o movi-mento «cloud first» é palavra de ordempara os fornecedores de hardware, soft-ware e serviços, e os ambientes dis-persos híbridos e multicloud vão seros grandes protagonistas. De acordo com os dados da consultora,em 2018, 65% dos ativos de TI utiliza-dos pelas organizações vão estar aloja-dos no exterior, estando a grande maio-ria da nova geração de aplicaçõescríticas de negócio a ser desenvolvidae executada na cloud. Nos próximostrês a cinco anos, a maioria das grandesorganizações vai ter mais dados nacloud do que nos seus centros de dados,prevê a IDC, sustentando este cenáriocom o facto de todas as organizaçõesse posicionarem para ser um fornecedorde serviços cloud computing nos mer-cados em que operam. «A cloud torna-se assim numa questão incontornávelpara as empresas e instituições», garanteJoão Ricardo Moreira, administradorda NOS Comunicações.Que a cloud é uma soma de benefícios,flexibilidade e poupanças, parece serclaro, mas a sua adoção ainda continuaa ser um desafio grande para muitasorganizações nacionais. A Fujitsu diz

Cultura de gestão e proteçãode investimentos travam

subida às nuvens

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que o maior desafio é essencialmentecultural, de mudança de atitude e dehábitos de utilização dos recursos dasTI, que curiosamente se desenvolve aduas velocidades, nos planos pessoal eprofissional. No plano pessoal, as tec-nologias de cloud são hoje usadas porgrande parte da população, sendo dissoexemplo o Facebook, o Instagram, oViber, o Skype, ou a Dropbox, entreoutros. Já no plano empresarial, a mu-dança está a ser mais lenta. José Pinto,diretor de Business Solutions na Fujitsu,afirma que não se trata só da adaptaçãocultural dos gestores, mas também dereceio do risco da mudança e da pro-teção de investimentos efetuados ante-riormente.Da mesma forma, Paulo Pereira, asso-ciate technical director da Mind Source,diz que os gestores de topo receiam co-locar numa única plataforma informa-ção de conteúdo sensível, uma vez queesta pode ser uma plataforma vulnerá-vel ao nível de garantia de proteção dedados. «Esta preocupação refere-se nãosó a informações que as próprias orga-nizações possuem, mas também ao fac-to de estas armazenarem informaçõesconfidenciais dos seus clientes, as quaisdevem ser garantidas por lei», alerta oresponsável.

Uma plataformade inovação

Mas como pode esta procura por ummodelo que os fornecedores defendemter como bandeira a flexibilidade na uti-lização das aplicações, a capacidade derapidamente evoluir para novas solu-ções, ter menor peso do que as soluçõeslegacy, e uma gestão de custos maispróxima e adequada à realidade do seunegócio demorar a impor-se no merca-

do nacional? João Martins, adminis-trador da Cilnet, defende que o proble-ma está no facto de a definição do go-to-market para a cloud não ter sido amelhor. «Tentou-se entrar em grandescontas inicialmente como o enterprise,a administração pública, e obviamenteos desafios são muito maiores em ter-mos de segurança e de proteção dedados. Devíamos ter começado pelasPME e a partir daí subir na cadeia atéàs grandes empresas», justifica esteresponsável.Todavia, muitas empresas em Portugaltêm vindo a revelar dois desafios nessaadoção. O primeiro, o peso de modelosde negócio com baixa variabilidade quepossam tirar partido dessa flexibilidadee, segundo, investimentos anterioresem ativos que ainda podem ser renta-bilizados. No entender da IBM, as em-presas que têm sido mais bem sucedi-das na adoção de modelos cloud têmconseguido tirar partido da proposta devalor global da cloud, não apenas naotimização dos seus custos, mas tam-bém como alavanca de crescimento pa-ra o seu negócio. «A cloud tem vindoa ganhar maturidade, uma vez que  estáa tornar-se gradualmente na plataformade inovação e de geração de valor porexcelência», sustenta Gonçalo CostaAndrade, diretor de Cloud da IBMPortugal.Provada a maior flexibilidade na adoçãodo modelo cloud, Pedro Gonçalves, ser-vices manager na Dell, diz que nemsempre a externalização dos serviçospara a cloud se torna num retorno deinvestimento imediato ou a médio pra-zo. «As questões da segurança, da ex-ternalização de dados críticos e aindaa gestão remota das infraestruturas pro-dutivas por prestadores de serviço ex-ternos geram muitas vezes desconfiança

e ainda algum conservadorismo», assi-nala o responsável.Artur Zegre, gestor de produto DataCenter & Cloud, na Dimension Data,concorda que a segurança ainda conti-nua a travar estes projetos, e que é na-tural, já que muitos clientes não se sen-tem confortáveis a imaginar que os seusdados andam a saltar de um lado parao outro na cloud. «Os clientes ainda nãoperceberam as mais-valias da utilizaçãoda cloud», sustenta este responsável.As próprias políticas e procedimentosda empresa também devem ser revistasno caminho para a cloud porque, se-gundo o services manager da Dell,estas são muitas vezes «inibidores» daexternalização de dados ou serviços,sustentando a utilização os modelos detradicionais de infraestruturas in-house.

Migração deveser pensada

Na opinião de António Ferreira, ma-naging director na Claranet, é maisfácil para uma startup a adoção dacloud, uma vez que este tipo de em-presas não tem uma arquitetura desistemas em utilização, um legadoque seja necessário migrar. Para a ge-neralidade das empresas, é necessáriopensar, decidir e iniciar um processode migração para a cloud. «Pode serum processo simples, mas em algunscasos é um processo mais complexo»,alerta este responsável. Segundo ele,a migração para a cloud pode ser feitatendo em conta os modelos de servi-ço IaaS, PaaS ou SaaS, cabendo a ca-da empresa «refletir sobre as suas ne-cessidades e escolher o parceiro quemelhor consiga fazer a transição doTI tradicional para a cloud», recomen-da o responsável.

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Também Vitor Baptista, senior ena-blement manager & EMEA CTOAmbassador na EMC EMEA, defendeque a mudança para a cloud, sobre-tudo pública, acarreta bastantes riscose requer uma análise «muito cuidada»sobre os benefícios a médio prazo. «Asorganizações nacionais estão bastantealinhadas com o que se vai passandonoutros países, preferem avaliar me-lhor para decidir bem», reconhece oresponsável.

A viragem está a acontecer e o focono entender de Manuel Piló, businessdevelopment – cloud and managed ser-vices na Cisco Portugal, começa a des-locar-se da otimização dos recursos,da redução de CAPEX/OPEX e da re-

dundância/estabilidade, para uma li-gação cada vez maior ao negócio e ànecessidade de ter as TI como um mo-tor da inovação e de desenvolvimento.Uma análise recente efetuada pelaCisco revela que uma empresa multi-nacional utiliza em média mais de1000 serviços de cloud pública e queesse número é 25 vezes superior aoestimado pelo departamento de TI.Neste caso existem óbvios riscos parao negócio, nomeadamente falhas a ní-vel de conformidade e de proteção dedados. Da mesma forma, questões co-mo compatibilidade, interoperabilida-de, segurança e processos terão de serconsideradas na hora de avançar paraas nuvens.O associate technical director da Mind

Source garante que é preciso criar re-gulamentos e assegurar o seu cumpri-mento, de forma a definir como sãosubscritos os serviços, por quem e co-mo, bem como quem pode aceder aosconteúdos que são disponibilizadosna cloud, criando um equilíbrio entreos benefícios da solução e os poten-ciais riscos que podem advir da mes-ma, relativamente à confidencialidadede dados, identidade, integridade dosacessos e viabilidade do sistema.«Não é direto que qualquer aplicaçãoou serviço possa ser transferido paraa cloud, o que leva a mudanças, mui-tas vezes radicais na arquitetura dasaplicações», alerta o business develop-ment – cloud and managed services naCisco Portugal.

Indicadores cloud no mercado nacional

● Maioria das organizações nacionais já utiliza os diferentes modelos de serviços cloud computing –públicos, privados e em hosting;

● O processo de adaptação do departamento de TI à contratação de serviços cloud computing emcurso nas organizações nacionais;

● Apenas 9% das empresas têm uma estratégia cloud first;

● Mais de 70% avaliam em circunstâncias idênticas serviços cloud e on-premise;

● Mais de 80% das organizações já colocaram mais de 10% das cargas em cloud computing;

● A despesa com serviços de cloud computing já representa 22% do orçamento de TI das organizaçõesnacionais;

● 5% para serviços públicos;

● 17% para serviços privados;

● Em 2020, a despesa vai representar mais de 43% do orçamento de TI.

(Fonte: IDC Portugal)

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Numa escala global, o trá-fego de cloud vai qua-druplicar entre 2014 e2019 com mais de 275

milhões de aplicações e workloads alo-jados na cloud no fim desse período.Estes dados avançados pela Ciscoapontam para um crescimento anualde 27% e impulsionado pela transfor-mação digital, que ocorre num númerosignificativo de empresas, não só a ní-vel mundial, mas também emPortugal. Os gestores estão expectantes e nomeio de muitas questões surgem dú-vidas quanto ao retorno deste modelo.Nuno Carvalho, CTO na KnowledgeInside, garante que não há razões parareceios, tendo em conta o valor acres-centado que estas soluções conseguemaportar ao negócio dos clientes. A pro-cura de valor existe por parte de queminveste nos projetos cloud, garantePedro Pereira, business unit managerna Rumos IT Services. Segundo ele,esse valor está implícito na maior efi-ciência e no menor custo sem com-prometer a segurança e a confidencia-lidade da informação. «Agora, a

eficiência operacional está acessível aqualquer empresa, de qualquer dimen-são e setor de atividade, gerando van-tagem competitiva, já que as equipasde TI podem concentrar-se mais nainovação e melhoria do negócio», sus-tenta David Afonso, senior vice-presi-dent da Primavera BSS.Os gestores portugueses estão alinha-dos com o mercado internacional, pro-curando inovação que diversifique mo-delos de negócio e crie fatores dediferenciação, disso não há dúvidas.Estas são características, cada vez

mais, procuradas na análise de forne-cedores de serviços cloud. Além da fa-cilidade de uso e da competitividadedo TCO analisadas num primeiro mo-mento, é necessário que a cloud ofe-reça capacidade de inovação pronta autilizar de acordo com o time-to-mar-ket das estratégias. «As aplicações cloud permitem-lhesde uma forma geral, experimentareme utilizarem as ferramentas, desistindoem qualquer momento sem terem feitograndes investimentos financeiros eisso é uma enorme mais-valia. A esta

Cinco passosa caminho da cloud…

1. Criar uma estratégia, arquitetura e plano;

2. Identificar e priorizar as workloads;

3. Determinar as opções de deployment na cloud;

4. Desenvolver um business case para cloud;

5. Preparar/planear a implementação.

(FONTE: IBM)

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junta-se o facto de poderem começara usá-las imediatamente, sem neces-sidade de esperar por implementações,instalações ou comprar hardware»,sustenta Francisco Caselli, researchdirector na PHC. Esta busca pela inovação é já um re-quisito dos gestores de empresas denova geração que procuram a globa-lização do seu negócio. «Tecnologiasemergentes como machine learning,Internet of Things ou integração daanálise de informação com a assistentedigital pessoal são disruptivas e muitoprocuradas para um amplo grupo desoluções e setores de atividade», sus-tenta Luís Carvalho, diretor da uni-dade de cloud e datacenter naMicrosoft Portugal.Citando um estudo próprio, realizadojunto de um grupo de gestores, a Sageidentificou que as aplicações de gestão,a mobilidade e o analytics avançadosão as soluções mais referenciadas pe-los gestores, pelo seu impacto na ino-vação empresarial, conduzindo à re-formulação de processos de negócioexistentes ou mesmo à criação de no-vos modelos que sustentem a compe-titividade em relação aos concorrentes.«A cloud é claramente reconhecida co-mo uma tecnologia facilitadora pelasua capacidade de induzir agilidadenos negócios, o chamado speed-to-market, e influir na criação de novosprodutos e serviços baseados na in-formação», esclarece Rui Nogueira,responsável de enterprise market naSage.De facto, os fornecedores reconhecemque os gestores portugueses acreditamno potencial da cloud para a disrupçãodigital das suas operações. A nuvem,ao permitir o acesso a partir de qual-quer dispositivo e em qualquer local,

abriu um novo espaço de oportunida-des para muitas empresas, que lhespermite oferecerem serviços aos seusclientes de forma simples e eficaz. Esteé um movimento que apenas irá ace-lerar ao longo dos próximos anos, umavez que as tecnologias associadas àcloud são plataformas que permitema implementação das soluções tecno-lógicas do futuro, em tempo real, comcurtos períodos de latência, e dispo-níveis numa lógica de serviço, quandonecessário. José Oliveira, CEO daBI4ALL, acredita que há um caminhoa percorrer, e quando olham para a si-tuação atual de muitos clientes, per-cebem que «existe a necessidade deidentificar um roadmap de adoção eintegração destas tecnologias, dadoque o seu impacto é profundo tambémem termos de segurança, privacidadee demais preocupações dos gestores». Simplicidade, elasticidade, segurança,são fatores que estão a guiar os ges-tores na procura de respostas na cloud,no entanto, a questão de fazer ou nãoa viagem tem de ser ponderada cau-telosamente. «Muitas das aplicaçõescom que nos deparamos no dia a diaforam alvo de várias customizaçõesao longo do tempo, e em alguns doscasos nem sequer houve acompanha-mento tecnológico. O caminho lógicopassa pela migração direta para novasversões ou novas/existentes aplicaçõesna cloud e não a simples migração pa-ra o modelo IaaS», justifica JoséFonseca, senior systems engineer in-formation management no SASPortugal.Está claro que é necessário existir umaadequação correta da aplicação ou ser-viço, o que leva a mudanças muitasvezes radicais na arquitetura das apli-cações. Manuel Piló, business deve-

lopment – cloud and managed servicesna Cisco Portugal, explica que naperspetiva do desenvolvimento apli-cacional, as tecnologias de cloud estãomuitas vezes associadas aos processosde DevOps e Agile, que são tambémeles mudanças transformacionais nostradicionais modelos de desenvolvi-mento (conhecidos por Waterfall). Deacordo com este responsável, estes no-vos modelos permitem um desenvol-vimento contínuo e rápido de formaa dar resposta às necessidades ime-diatas do mercado. «Exemplos comoo Facebook ou o Google estão conti-nuamente a fazer evoluções às plata-formas disponibilizadas, tirando par-tido destes modelos de Agile», sustentao especialista.No entanto, a renovação da aplicaçãocom serviços mais ágeis como PaaSou SaaS está, por vezes, alinhada comos ciclos de investimento do clienteque aguarda que a aplicação atinja ofinal da sua vida útil para então fazersentido renovar ou redesenhar.Exceções a este padrão são aquelasaplicações que, por imperativos decompetitividade, regulatórios ou revi-são de estratégia, necessitam de alte-rações mais urgentes. Também assis-timos a exemplos em que existe umautilização combinada de PaaS/SaaS eIaaS. No entender do diretor da uni-dade de cloud e datacenter naMicrosoft Portugal, as componentescom menor dificuldade «mudam ra-pidamente para os novos modelos en-quanto o legacy pode ficar em IaaS,não exigindo alterações na aplicação».[

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Os modelos cloud são di-versos, desde o Infras -tructure as a Service(IaaS) até ao Software as

a Service (SaaS) ou Platform as aService (PaaS). No entanto, e mais im-portante do que analisar se um é maispredominante do que outro, é analisarqual deles irá subsistir à luz das novastendências tecnológicas, como o big da-ta, a IoT, ou a mobilidade, entre outras. Gustavo Brito, managing director daIFS Ibérica, diz que o IaaS foi, até aomomento, a componente mais utili-zada na cloud. «Este é um aspeto in-teressante já que, apesar de não tersido inicialmente desenvolvida paraeste fim, foi a que mais rápida e me-lhor adesão colheu junto das empre-sas», justifica o responsável. Atual -mente, com o desenvolvimento denovas tendências e inova-ções tecnológicas,

surgem dois modelos que estão a su-perar a procura. O SaaS e o PaaS estãoa ganhar terreno fruto da própria evo-lução tecnológica que permite a rea-lização deste shift quer da parte dosintegradores, como da parte das em-presas. «Estas novas plataformas têm,entre outros benefícios, maior dedica-ção à cloud com resultados mais rá-pidos e eficazes permitindo acessomais fácil e rápido a qualquer infor-mação que eventualmente necessite-mos», garante o gestor.   Francisco Caselli, research director daPHC, reconhece que as empresas maio-res têm ainda um grande investimentopor amortizar em instalações e imple-mentações de aplicações degestão de negócio

on-premise, sendo que algumas evoluí-ram, entretanto, para a instalação dessasmesmas aplicações em serviços de hos-ting, que lhes resolveram os problemasde manutenção e know-how de hard-ware e sistemas. Os serviços de IaaS ti-veram por isso um papel importante.De acordo com este responsável, as apli-

Cloud, sim. Mas qual omodelo mais procurado?

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cações de maior porte e complexidadee usadas por empresas maiores estãoainda a percorrer o caminho para acloud, enquanto as aplicações para em-presas menores foram as primeiras achegar a este novo mundo.«À medida que vamos atingindo umestado de maturidade razoável das tec-nologias cloud é natural que os mo-delos SaaS e PaaS tomem a dianteira.O IaaS já se tornou mainstream e éapenas uma questão de tempo paraque a totalidade das empresas façama sua adoção. As soluções e opçõesIaaS que hoje existem já permitem quese faça uma transição gradual paramodelos SaaS/PaaS e, para isto, aabordagem híbrida das nossas solu-ções tem contribuído bastante», cons-tata Rui Nogueira, responsável de en-terprise market na Sage.Todos estes modelos são potencial-mente relevantes para as organizações,dependendo do seu interesse especí-fico e dos objetivos pretendidos, e têmvindo a registar uma crescente adesão.Nelson Pereira, CTO da Noesis, ad-mite que os próprios fornecedores deserviços cloud têm vindo a evoluir asua oferta, alargando-a e tornando-acada vez mais abrangente, do IaaS aoSaaS e ao PaaS. «Basicamente, permi-tem que a escolha da solução a adotarpor cada cliente seja resultado do seunível de maturidade tecnológico, da

realidade do seunegócio (maior sazonalidade, frequen-tes picos de utilização de recursos, porexemplo)», explica o CTO.Há, contudo, outros aspetos que de-vem ser tidos em conta e que são maistecnológicos, como a robustez da so-lução a implementar, a sua escalabi-lidade e a possibilidade de incluir umgrande número de utilizadores quepossam aceder à informação. NunoFigueiredo, sócio diretor da ÁbacoConsultores, acredita que em 2016 ofoco dos fornecedores irá estar no de-senvolvimento de soluções centradasna mobilidade já que a tendência deexportação, das empresas nacionais,está a crescer a cada dia que passa. A confiança dos gestores também deveser um alvo dos fornecedores, até por-que na opinião de Pedro Pereira, bu-siness unit manager na Rumos ITServices, a confiança na experiênciaanterior com a marca ou solução tam-bém facilita a adesão, mais aindaquando existem incentivos financeirosassociados. Nesse sentido, a evoluçãoque se prevê existir deverá ser naturaldada a mais-valia incontornável queestas soluções trazem às organizações.«Acreditamos que as soluções 100%

cloud são o futuro e que as geraçõesde gestores que estão neste momentoa iniciar o seu percurso profissionalirão certamente ser muito exigentes aeste nível. São gerações que cresceramno advento da Internet e estão acos-tumadas a ter a informação de quenecessitam à distância de um equipa-mento com acesso à Internet», susten-ta David Afonso, senior vice-presidentna Primavera BSS.Neste ecossistema de vantagens as aservice, há também quem acredite nacoexistência dos três modelos de cloud.Na opinião de Nuno Carvalho, CTOna Knowledge Inside, é isso mesmoque deverá acontecer. Tendo presenteque o modelo SaaS pode ter por basesoluções PaaS e IaaS, e que a utilizaçãode cada modelo dependerá muito dequem compra o serviço, este respon-sável entende que a tendência ao lon-go do tempo será para que o clientefinal ou a empresa apenas pensem emSaaS. Já os fornecedores de soluçõestecnológicas ou com forte cariz tecno-lógico, por exemplo, uma companhiaaérea, bilhetes online, vão consumirPaaS e IaaS para construírem as suassoluções.

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Atransformação digital estáa acontecer e há três ve-tores-chave que são in-contornáveis nesta via-

gem transformacional e que são amobilidade, a conetividade e a inte-roperabilidade. Assim sendo, uma es-tratégia bem delineada para a clouddeverá ter em atenção este trinómio,sempre interligado, pois só assim asempresas poderão tirar partido destanova forma de acesso aos dados embenefício da eficiência e da competi-tividade. «A chave está na procura desoluções de gestão inovadoras que per-mitam às empresas serem mais com-petitivas no mercado em que atuam»,

confirma David Afonso, senior vice-president na Primavera BSS.É por isso que a definição de uma es-tratégia de evolução para a cloud é im-portante e não deve ser desprezadapelos gestores, sob pena de caírem emengodos ou terminarem em encruzi-lhadas tecnológicas que em nada seadequam às suas necessidades reais.«A existência de uma estratégia cloudé obrigatória para o sucesso na suaadoção, permitindo mitigar todas asmás experiências conhecidas e dar aosgestores uma ideia muito concreta dasdiversas etapas necessárias, minimi-zando a resistência e garantindo umapassagem ao ritmo adequado à orga-

nização», sustenta Pedro Pereira, bu-siness unit manager na Rumos ITServices.Saber onde estamos e para onde va-mos é por isso um passo natural. Amudança para a cloud poderá trazergrandes otimizações para as empresas,mas José Fonseca, senior systems en-gineer information management noSAS Portugal, diz que é necessário«validar requisitos de negócio, regu-lamentares, comunicação e segurançaque podem de alguma forma limitarou mesmo impedir a mudança de al-gum dos workloads existentes».Neste processo, Mariana Hostalácio,responsável da Unidade de Arquite -

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turas e Consultoria Tecnológica naIndra, explica que uma empresa quenão tenha nascido na cloud deve levarem consideração toda a sua herançatecnológica. «É natural que dentro deuma empresa tenham sido implemen-tados processos e soluções intrinseca-mente ligados às tecnologias disponí-veis e adotadas ao longo dos anos.Este legado mantém a máquina a fun-cionar nos dias de hoje, e uma decisãode alterar a equipa que está a ganhar(ou nem por isso!) nem sempre é dasmais fáceis», alerta a responsável.Mariana Hostalácio defende que a es-tratégia é por isso um passo impor-tante para identificar quick wins, riscose principalmente definir um roadmapque caiba no orçamento, sem inter-romper nenhum processo crítico den-tro da empresa. Segundo ela, o sucessoou o fracasso da adoção de um modelo

cloud depende da qualidade no seudesenho e na capacidade da sua exe-cução, pelo que o processo deve sergradual e, portanto, a convivência en-tre o velho e o novo é algo que deveser levado em conta na definição daestratégia».É por isso que é essencial que se definauma estratégia que permita identificaros objetivos do cliente, quais as suasnecessidades tecnológicas, se existealgum enquadramento regulatório quepossa constituir um óbice à disponi-bilização da informação da organiza-ção, o desempenho pretendido dasaplicações que estão a migrar para acloud, qual o modelo de cloud maisadequado (se híbrida, se inteiramentena cloud), os investimentos existentesem infraestruturas, entre muitos outrosaspetos. Ou seja, Nelson Pereira, CTOda Noesis, diz que é «fundamental de-

finir uma estratégia e um plano deevolução step-by-step, a chamada jor-nada para a cloud».

Cada projetono seu galho

E nesta jornada todos os fornecedoresconcordam que não faz sentido umaabordagem one size fits all. «É funda-mental desenvolver soluções persona-lizadas e que respondam especifica-mente às necessidades, tecnológicase de negócio, da organização», acres-centa este responsável.Os pontos fundamentais a ter em con-sideração pelas empresas na definiçãoda sua estratégia cloud são relativa-mente simples, podendo naturalmenteevoluir para cenários mais complexos,dependendo das necessidades ineren-tes a cada projeto. José Oliveira, CEOna BI4ALL, explica que em primeirolugar, é fundamental conhecer e ana-lisar de forma aprofundada os proces-sos de negócio da organização. Destaforma, será possível perceber quais asáreas em que se pretende evoluir nosentido da utilização de uma soluçãocloud. Em seguida, esta perspetiva in-terna deverá ser enquadrada no queseja o quadro regulatório da atividade,o qual pode condicionar esta utilização.O passo seguinte passará pela pesquisade um fornecedor ou parceiro para aimplementação do projeto e, com ele,a decisão por um modelo de IaaS, PaaSou SaaS. «Este passo é fundamental,pelo impacto potencial nos prazos e es-tratégia de implementação, segurançada integridade da informação, etc.», des-taca o responsável. Os passos seguintessão a definição do plano de migraçãopara a cloud e começar de forma gra-

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dual, testando o modelo e a sua eficácia face aos objetivospretendidos, o que permite também fazer os necessáriosajustes para garantir uma eficácia máxima. «Estar na cloud não é sinónimo de sucesso, está, aliás,bem longe disso. A cloud é uma tecnologia diferenciadae que implica um conhecimento aprofundado do que real-mente a empresa necessita», sustenta, Nuno Figueiredo,sócio diretor na Ábaco Consultores.

A redução de custosnão é tudo

No entanto, a economia baseada na cloud está a colocar sobpressão as empresas no que respeita à gestão dos seus ne-gócios, e perante esta pressão, muitos entendem a adoçãoda cloud como uma obsessão, algo que Rui Nogueira, res-ponsável de Enterprise Market na Sage, lembra que nãopode acontecer, sob pena de se menosprezar tudo o resto.

Outra assunção que este responsável identifica é a da su-premacia da redução de custos sobre tudo o resto. «Não as-sumam que as soluções cloud são apenas sobre como eco-nomizar recursos. Os preços cloud têm os seus benefícios enão devem ser esquecidos. Mas se a redução de custos é ofoco número um, então devem verificar tudo corretamente.Nem todos os preços e serviços são comparáveis e não deveser a única razão pela qual se deve escolher uma soluçãocloud», alerta o responsável de Enterprise Market na Sage.A segurança e privacidade dos dados é, e continuará a ser,uma questão sensível em todas as implementações ou mi-grações cloud e Gustavo Brito, managing director da IFSIbérica, diz que deverá obrigatoriamente estar bem assegu-rada na estratégia a definir pelos clientes.As empresas deverão conhecer-se internamente a 100% eperceber que a estratégia de evolução para a cloud é essencial,mas que não tem de ser encarada como um exercício com-plexo ou longo, incompatível com os seus deadlines de gestãoou reporting. Na opinião de Luís Carvalho, diretor da unidadede cloud e datacenter na Microsoft Portugal, por exemplo,os serviços PaaS, como a colaboração, são muitas vezestransparentes para o utilizador final e podem representarapenas cuidados simples de formação dos técnicos de sis-temas da organização para que o uso do serviço tenha omáximo valor para a organização. Por outro lado, a adoçãocontinuada de serviços cloud «requer que o fornecedor tenhacapacidade de ajudar o cliente na integração em modeloshíbridos entre o existente e os novos serviços para que nãose criem desarticulações», avisa o especialista.

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Que pontos não podem ser menosprezadosnuma estratégia cloud?Presença multicanal: a captação da atenção do cliente exigeque as empresas estendam a sua presença tradicional (marketinge vendas) aos canais digitais: sites orientados à venda, presençanas redes sociais, usando os canais móveis para comunicar, iniciar,completar os processos de venda ou de suporte;

Visão holística: as empresas precisam de ter muito mais infor-mação sobre os seus clientes, as suas preferências, as necessi-dades de suporte, a frequência com que usam os produtos ecomo os usam;

Resposta imediata: a chave do sucesso está na capacidade deresponder de imediato às necessidades dos clientes, aos seusdesejos;

Personalização: as empresas precisam de se preparar não sópara responder às necessidades dos clientes, mas também delhes entregar os produtos ou os serviços num formato que osmesmos vejam como único, personalizado. Com tanta oferta, comtanta informação que o cliente tem, com os meios de que o clientedispõe para comprar, é preciso ser-se rápido e único na oferta.

Fonte: Primavera BSS)

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De acordo com aIDC, o termo serviços de cloud híbrida é uti-lizado para descrever a «coordenação/ gestãoconsolidada de múltiplos serviços de cloud.

Os serviços de cloud híbrida integram combinações comopúblico/público, público/privado e privado/privado.»É este o conceito que está a abanar a transformação digitalnas empresas e a seduzir os gestores que preferem ganharvantagem competitiva e agilidade, combinando o melhorde dois. Os especialistas dão conta de um aumento expo-

nencial de intenções de projeto na área da cloud híbrida.A EMC considera-a uma forma de «suportar as necessi-dades das TIC de um modo equilibrado». De acordo comVitor Baptista, senior enablement manager & EMEA CTOambassador na EMC, «nunca nas TIC houve uma soluçãomaravilhosa e redentora, nem com mainframes ou arqui-tetura cliente/servidor, nem com bases de dados ou lin-guagens de programação».Assim sendo, o futuro da cloud passa por ambos os modelos,pela cloud pública, que está a crescer a velocidades vertigi-nosas, e pelas clouds privadas e ambientes híbridos que,apesar de não terem o maior ritmo de crescimento, são asolução ótima para muitas empresas e representa uma gran-de parte do potencial da cloud. «A maioria dos clientes,

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por razões de arquitetura, localização dos dados, custo-mização ou compliance, tem ambientes híbridos», confirmaAntónio Miguel Ferreira, managing director na ClaranetPortugal.Para que as organizações possam ter a garantia de umacloud híbrida é fundamental dominar as capacidades destemodelo de cloud, porque só desta forma pode ser assegu-rada a rapidez, o domínio e a previsibilidade do serviçoque resulta de um alargamento das fronteiras da organi-zação. Quando se fala de clouds híbridas não se trataapenas de ligar uma cloud aos sistemas on-premisses, tra-ta-se, de ligar clouds entre si dado que alguns dos processose aplicações correrão transversalmente em distintos am-bientes de cloud. Gonçalo Costa Andrade, diretor de cloudda IBM Portugal, explica que se podem encontrar fre-quentemente seis pontos de ligação, que podem constituirdesafios importantes a ter em conta. O primeiro é a inte-gração. Qual a facilidade de desenvolvimento de aplicaçõesque precisam de dados que existem em diferentes sistemasou de serviços que estão a correr noutra cloud? O segundoponto engloba a visibilidade e o controlo. Há que conhecero que se passa. É necessário tirar partido de ferramentasde automatização e de instrumentalização, uma vez queas interações que ocorrem podem criar dados valiosos quese podem transformar em informação para melhorar aindamais os processos de negócio. Sem esquecer a monitori-zação, não só ao nível da infraestrutura, mas do processoem si. E ainda a segurança, o tema mais questionado detodos. Os ambientes de cloud são geralmente mais segurosdo que a infraestrutura tradicional existente, porque assimforam desenhados. É necessária uma visão completa dasegurança em cada ponto de interação. Um impulso adi-cional é o tema de DevOps. O mundo está em constantemutação. As exigências de automação, de atualização, denovas features e de novas aplicações são crescentes. Os de-velopers têm de dispor de ferramentas que suportem estenovo mundo. Outro desafio apontado por este responsávelé a portabilidade. Segundo ele, nem todas as clouds são cria-das de forma igual e, por isso, devemos trabalhar sobre stan-dards abertos de forma a poder ter a liberdade de movimentar

os workloads de acordo com a produtividade e onde tragamais valor. Por último, a localização dos dados e a sua gestão.«Quando lidamos com volumes de dados significativos criadospelas aplicações que já existem temos de ter a capacidadede os gerir e de os movimentar», sustenta o diretor de cloudda IBM Portugal.

Integração: uma questão de gestão

Quaisquer que sejam os desafios, o cliente é quem maisordena, uma vez que estão em causa as suas necessidades,mas Pedro Gonçalves, da Dell Portugal, assume que aextensão da atual infraestrutura interna com recursos com-putacionais externos poderá ser, numa primeira fase, sem-pre a melhor opção. «Consideramos que a migração para a cloud é uma jornadacontínua, com avanços e também alguns recuos ou expe-riências menos positivas, mas que no final terá sempreum resultado positivo, quer em termos de racionalizaçãodo investimento, quer em termos de flexibilidade e capa-cidade de recursos, pelo que adotar uma posição extremistanunca será o melhor caminho», justifica o responsável. No entanto, Artur Zegre, gestor de produto Data Center& Cloud na Dimension Data, afirma que as aplicaçõestambém têm uma palavra a dizer nos processos de evoluçãopara ambientes híbridos, uma vez que algumas aplicaçõesestarão a funcionar de uma forma eficiente na cloud, outrasnecessitarão de estar on-premises. «Depende de como aaplicação se comportará nos diferentes ambientes e deacordo com as necessidades dos utilizadores», aponta esteresponsável.Por sua vez, José Pinto, business director na FujitsuSolutions, admite que se a tecnologia tradicional for muitoantiga, assegurar a conectividade entre dois sistemas podeser demasiado caro para a constituição de alternativas ren-táveis. Todavia, este responsável avança que poderá nãohaver problema para sistemas assentes em linguagens deprogramação e arquiteturas dos últimos sete a oito anos. «Agestão, operação e manutenção dos sistemas híbridos é subs-tancialmente mais cara e complexa do que a dos sistemas

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de cloud com arquiteturas desenhadasde base para a cloud e não adaptadasdos sistemas anteriormente existentes»,diz José Pinto.Com desafios mais ou menos prepon-derantes, o facto é que a cloud híbridaintegra as estratégias dos fornecedoresde uma forma vincada. O senior ena-blement manager & EMEA CTO am-bassador na EMC considera que amaior questão neste momento passapor compreender o que deve ser po-sicionado em cada tipo de cloud, queaplicações e utilizadores devem residire trabalhar numa cloud pública ou pri-vada. «O aconselhamento, durante es-te processo de decisão, é mais do quenunca crucial, uma vez que custos deregresso de uma cloud pública podemser devastadores para uma organiza-ção, e a manutenção de um determi-nado serviço de suporte ao negóciona cloud privada, um erro muito caro»,justifica Vitor Batista. Porém João Martins, administrador daCilnet, considera que a infraestruturaprópria tradicional como a conhecemosé o menor problema. «Essa integraçãoentre a cloud pública e a cloud privadaao nível da camada aplicacional é emquase tudo possível, portanto, não meparece sinceramente que aí esteja umgrande desafio», sustenta o responsável,considerando que a haver um grandedesafio, este poderá estar no facto de ainfraestrutura ser multi-tenant, poderservir mais do que uma empresa. «Integrar uma combinação da cloud pú-blica e privada é um modelo mais re-levante para as empresas, permitindouma vasta melhoria da segurança e agi-lidade dos processos. Permite uma tran-sição suave, segura, controlada entre o

legado e o futuro das arquiteturas com-plexas e exigentes dos nossos clientes»,sustenta João Ricardo Moreira, ad-ministrador na NOS Comunicações.De acordo com a Cisco, até ao final de2017 quase 50% das empresas terãoum ambiente de cloud híbrido imple-mentado. Mas essa expansão é aindalimitada no controlo desse mesmo am-biente, no tipo de aplicações e work-loads que podem ser portados entre ascloud privadas e públicas, na segurançae na conformidade com normas em-presariais.A utilização de cloud híbrida contem-pla mais do que apenas dois ecossis-temas (a visão tradicional entre cloudprivada e pública), originando um ce-nário complexo com múltiplas opçõesde diversos fornecedores nos modelosprivado/público e ainda nos modelosde serviço IaaS/PaaS/SaaS. Neste con-texto será necessário adotar processose ferramentas que, ao serem integradoscom várias plataformas de cloud, pro-porcionem uma visibilidade e orques-

tração abrangentes, criando um nívelde abstração que simplifique a gestãoda complexidade. Com efeito, apesar da estandardizaçãoproporcionada pela cloud, a crescenteaplicabilidade das TI às necessidadesdas organizações leva a um crescimen-to da complexidade associada a novossistemas e soluções, que precisam deser geridos tanto a um nível maior deabstração, como a uma industrializa-ção da gestão do serviço. Outra problemática que o diretor decloud da IBM Portugal recomenda sal-vaguardar é a interoperabilidade, evi-tando-se os lock-in dos fornecedores eadotando-se standards de mercado, co-mo o OpenStack para o modelo de ser-viço IaaS, e a Cloud Foundry para omodelo de serviço PaaS. «Há necessidade de oferecer aos clien-tes um nível de orquestração e auto-mação semelhante, qualquer que sejaa infraestrutura em que correm as suasaplicações», justifica o managing di-rector na Claranet Portugal.

Os prós e os contrasda oferta e da procura

Perante este cenário, os fabricantes de hardware e os distribuidorestêm um desafio acrescido, que ainda não venceram, que é o de lu-tarem contra a redução do seu mercado natural. Os especialistas naimplementação e gestão de serviços em cloud são os fornecedores

de que as empresas hoje em dia necessitam. Quanto às empresas/clientes, estas têm menos investimento à ca-beça, pagando o que realmente consomem e não um novo equipa-

mento que, no modelo tradicional, é normalmente dimensionadocom uma capacidade para, pelo menos, três anos de vida útil.

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Adescolagem da Govcloudpoderá ser um incentivomaior para as organiza-ções se soltarem na cloud,

principalmente para os organismos doEstado e para a racionalização e par-tilha dos seus recursos na área das co-municações e data centers. Pedro

Gonçalves, services manager da DellPortugal, explica que esta iniciativa éum trabalho conjunto das diversas en-tidades e organismos públicos envol-vidos, onde o setor da segurança é umdos pontos fortes da discussão e pos-terior regulamentação, a cargo doCentro Nacional de Cibersegurança,

e que irá ser o pontapé definitivo parauma melhor racionalização dos recur-sos existentes e evolução futura nasredes de TI, partilhadas pelo Estado.«Tudo irá depender da nossa capaci-dade de associativismo, de partilha ede confiança no próximo», sustenta oresponsável.

uma questão de partilha

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Na prática, pretende-se ter um grandeecossistema com recursos partilhadospelos vários ministérios e direções go-vernamentais. Isso faz todo o sentidopara João Martins, administrador daCilnet.«As entidades públicas têm sempremuitas questões relacionadas com asoberania dos dados, ao adotarem ser-viços cloud», alerta, no entanto, ArturZegre, gestor de produto Data Center& Cloud na Dimension Data.O facto é que o setor público começaa ganhar consciencialização de que agovernação eletrónica irá avançar parauma outra era, aquilo que a Fujitsudesigna de segunda geração de cloud.«As funcionalidades inovadoras demulti-tenant permitem que “N” orga-nizações possam partilhar entre si comtoda a segurança e independência osmesmos meios, beneficiando das van-tagens de interoperabilidade e sinergiaentre recursos», destaca José Pinto,business director na Fujitsu Solutions.Está aqui em causa uma mudança cul-tural que é necessário realizar, umavez que o individualismo das organi-zações ainda impera em território na-cional, embora existam já condiçõesfinanceiras e técnicas para a realizaçãode infraestruturas de TI partilhadas.«As organizações preferem continuara concorrer individualmente a fundosde financiamento, e à implementaçãodas suas próprias plataformas, não aspartilhando com terceiros. O caso dosclusters de computação (HPCC) dospolos universitários e a forma comoeles crescem departamento a depar-tamento, universidade a universidade,são a maior prova de que esse indivi-dualismo ainda impera nos dias de

hoje», sustenta o services manager daDell Portugal.O certo é que a centralização de re-cursos acessível aos vários departa-mentos diminui cada vez mais os cus-tos de manutenção, uma vez quereduz a manutenção dos recursos, ea necessidade de alteração de hard-ware também será fácil e rapidamentegerida numa cloud ampla, por traba-lhadores especializados, sem a neces-sidade de contratação por parte dosdepartamentos públicos. Este conceitopode ajudar alguns setores, gerandoum ambiente de colaboração que su-porta serviços partilhados, flexibilidadedo local de trabalho e capacidades es-caláveis on demand, porém o uso dacloud não está feito para todos. PauloPereira, associate technical director naMind Source, diz que é preciso re-pensar algumas formas de trabalhotradicionais e alterações às normas derecursos humanos atuais. «A necessi-dade de o setor público ter mais rigore segurança na sua organização pararesponder aos desafios do futuro deforma mais ágil, aliado aos conceitosbastante eficazes já implementados,pode transmitir a confiança que faltaao setor privado para enveredar pelomesmo caminho», afirma este respon-sável.Se esta adesão do Estado à cloud par-tilhada é uma boa forma de incentivaroutros setores a partilhar recursos ounão, é outra questão. Há quem acre-dite que noutros setores esta partilhaserá sempre mais complicada, depen-dendo esse ecossistema partilhado dedecisões estratégicas de longo prazoe de análises financeiras complexas.«Quantos casos conhecemos de em-

presas de retalho que partilhem arma-zéns ou empresas de aluguer de au-tomóveis que partilhem viaturas? Nãoé impossível, e em Portugal temosexemplos relevantes e positivos resul-tantes da partilha de recursos por en-tidades privadas, por exemplo, nas tel-co com a infraestrutura de fibra ótica»,afirma Vitor Baptista, senior enable-ment manager & EMEA CTO ambas-sador na EMC EMEA.A adoção de modelos cloud partilha-dos por determinados setores poderáfazer sentido, sempre e quando existaum conjunto de requisitos que sejadeterminante na sua definição e umfator de escala que permita tirar par-tido das sinergias operacionais dacloud a criar. O importante é que a es-colha do modelo seja consistente. Nemtodos os workloads são iguais, nemos modelos de prestação são comunsem todas as situações. O importanteé pensar nos workloads específicos eno que se pretende cumprir com essesworkloads. Gonçalo Costa Andrade,diretor de Cloud na IBM Portugal, ex-plica que esta é a componente que de-ve determinar o modelo de serviçomais adequado. «Da nossa experiên-cia, são necessárias opções abertas econsistentes ao longo do espetro decloud para as diversas necessidadesdas aplicações e dos dados.» Sem dúvida que muitos setores cominteresses, regras e regulamentaçõesem comum poderão começar a desen-volver a sua própria cloud para ofertade serviços partilhados. «Poderá serum ponto de viragem na adoção porparte das empresas», refere o gestorde produto Data Center & Cloud naDimension Data.

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Optar pela ado-ção de serviçoscloud poderá não ser tãolinear como se julga à

partida. É que, no final das contas,são vários os desafios que se colocam,a nível legal, e aos quais é preciso estaratento sob pena de a experiência tertudo para dar errado.

Luís Neto Galvão, sócio da SRSAdvogados na área de TMT, apontadois importantes desafios no campoda cloud: desde logo «o de avaliar osconstrangimentos legais e contratuaisda informação que a empresa alojapara permitir à sua administração de-cidir que informações e/ou processosde negócio devem ser mantidos na

empresa e quais devem ser transferidospara a cloud».

Esta avaliação «é também essencial»para a escolha do(s) tipo(s) de servi-ço(s) cloud a contratar. E, na realidade,«trata-se de um processo com algumasdificuldades, sobretudo porque estetrabalho de inventariação de cons tran -

gi mentos legais nem sempre é levadoa cabo nas empresas de uma formasistemática», refere Luís Neto Galvãoque não deixa de apontar um segundodesafio.

Trata-se da definição do contrato e suascláusulas: «Em geral, existe alguma in-flexibilidade por parte dos prestadores

Os desafios legaisda entrada na nuvem

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de serviços cloud na sua negociação,quer pela rigidez nos seus processos in-ternos de decisão, quer pela própria ló-gica destes serviços, que implica umacerta normalização do conteúdo con-tratual», lembra o sócio da SRSAdvogados.

Apesar disso, é possível negociar aspe-tos importantes «como níveis de res-ponsabilidade contratual, SLA ou ga-rantias quanto à localização deinformação, entre outros». Sempre quepossível, «é aconselhável ter desenvol-vido um bom trabalho de avaliação demodo a escolher o prestador de serviçoscujo modelo contratual melhor se ade-qúe aos riscos identificados».

Também Daniel Reis fala na impor-tância de uma boa definição contra-tual. O sócio coordenador da área deTMT – Telecomunicações, Media eTecnologias de Informação da PLMJdefende que «o principal desafio, deum ponto de vista legal, é assegurarque a celebração e o cumprimento deum contrato de prestação de ser -viços cloud não violam as obrigaçõeslegais do cliente e, especialmente, assuas obrigações relacionadas com aproteção de dados pessoais».

Os dados pessoais são igualmente umadas preocupações deixadas por JoãoLuís Traça. O sócio da Miranda &Associados lembra que «nos dias dehoje, e por motivos que ultrapassam asquestões meramente tecnológicas, o te-ma da ordem do dia envolve questõessobre o cumprimento da legislação deproteção de dados».

Na verdade, «nem sempre os clientesdestes serviços», que, na realidade, sãoquem se deve «preocupar em cumprircom a legislação de proteção de dados»,efetivamente «se preocupam em saberquanto aos países em que se encontramlocalizados os data centres».  

Já David Silva Ramalho, advogado daSérvulo & Associados, recorda que oconceito de serviços cloud «não se re-sume, como é comummente entendido,a meros serviços de armazenamentode informação».

Na realidade, os serviços cloud podemincluir «a utilização de software na cloudpor parte dos colaboradores ou clientesda empresa, bem como a criação deplataformas de comércio eletrónico,através das quais consumidores de vá-rias áreas do globo podem celebrar con-tratos com a empresa», refere DavidSilva Ramalho.

Tendo em conta esta realidade, «facil-mente se compreende que são váriosos níveis em que se colocam os desafioslegais na aquisição e prestação de ser-viços em cloud» e que vão «desde pro-blemas em matéria puramente contra-tual, designadamente no modo e nostermos da vinculação das partes, a ques-tões mais amplas em matéria de direitodo consumo, como prazos de garantiae modo de exercício dos direitos do con-sumidor, aos abundantemente conhe-cidos problemas em matéria de trans-ferência de dados pessoais e segurançada informação», diz ainda o advogadoda Sérvulo & Associados.

E, numa altura em que a iniciativa eu-

ropeia para a cloud está em marcha evárias das suas componentes já estãono terreno, a verdade é que continua afaltar algum trabalho no âmbito da de-finição das questões relacionadas como tratamento de dados, uma área queainda está por regular.   

Neste campo, a proteção de dados é,mais uma vez, questão na ordem dodia tendo em conta a necessidade desaber gerir, legalmente, a possibilidadede a informação ficar alojada fora dePortugal ou mesmo da UE.

Neste campo, João Luís Traça explicaque «o contrato tem de ser muito claro»já que «não se trata de uma mera ques-tão de tecnologia ou de preço – em prin-cípio o serviço será o mesmo quer setrate de um data center em Portugal ouno estrangeiro –, mas antes de neces-sidade de cumprir com a legislação por-tuguesa».

Já Daniel Reis, da PLMJ, faz questãode sublinhar que a legislação relativa àproteção de dados pessoais «é clara so-bre transferências internacionais» nestecampo. Na verdade, «as transferênciasdentro do Espaço Económico Europeu(EEE) são livres» ao passo que «as trans-ferências para países fora do EEE sóserão permitidas se o país em questãoassegurar um nível de proteção ade -quado». Assim sendo, «há soluçõescontratuais disponíveis para garantira legalidade de transferências para paí-ses fora do EEE», diz ainda este res-ponsável.

David Silva Ramalho, da Sérvulo &Associados, defende que, neste caso,

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«é importante que as empresas optem,sempre que possível, pela conservaçãoda informação no território da UniãoEuropeia».

Quando tal não seja possível, e em par-ticular sempre que estejam em causadados pessoais, «é importante que a in-formação seja conservada em Estadosque assegurem um nível de proteçãoadequado».

Diz o advogado que sempre que a in-formação for «armazenada em qualqueroutro Estado, a gravidade dos problemasdaí decorrentes estará em grande medidadependente da legislação do Estado emcausa» sendo que «quando esteja emcausa a transferência de dados pessoaispara países terceiros, entre outras con-figurações jurídicas possíveis, poderá sernecessário um nível adicional de vincu-lação contratual que compense a poten-cial insegurança gerada pela legislaçãodo Estado no qual os dados sejam ar-mazenados, como sucede com a utili-zação de cláusulas contratuais modelo».

Por seu turno, Luís Neto Galvão da SRSAdvogados acredita que, neste caso, oproblema se coloca «sobretudo quantoà informação pessoal», já que atualmente«o alojamento desta informação pelosprestadores de serviços cloud é um gran-de desafio, tendo em conta os riscosquanto à segurança revelados porSnowden e o fim do Safe Harbour di-tado pelo recente Acórdão Schrems, doTribunal de Justiça da UE».

Dentro da UE/Espaço EconómicoEuropeu, a informação «deve poder fluircom um mínimo de restrições e o mer-

Questões legais a ter em conta quandoopta por aderir aos serviços cloud

João Luís Traça, Miranda & Advogados➜ Questões relacionadas com o cumprimento da legislação de proteção de dados, na

suas várias vertentes (eliminação de informação, localização dos dados, níveis desegurança), devem ser asseguradas.

➜ Embora não exigido na lei portuguesa, devem ser assegurados mecanismos de ob-rigação de prestação de informação por parte do fornecedor no caso de ser identifi-cada uma falha de segurança ou de determinada informação ter sido objeto deacesso não autorizado.

Daniel Reis, PLMJ➜ Regras sobre proteção de dados pessoais.➜ Responsabilidade do prestador de serviços.➜ Níveis de serviço.

David Silva Ramalho, Sérvulo & Associados➜ É fundamental que as empresas definam não só os níveis de serviço e os demais

elementos que integram o objeto do contrato, mas também outros elementos fre-quentemente esquecidos ou abordados de forma leviana, como sejam as condiçõesde cessação do serviço e as respetivas consequências no processamento da infor-mação, a imposição de deveres de confidencialidade, a implementação de uma es-trutura de segurança de informação em condições técnicas adequadas a evitar ata-ques e fugas de outra natureza, o destino a ser dado à informação em caso deinsolvência, fusão ou aquisição da entidade prestadora de serviços na cloud, a ga-rantia de portabilidade dos dados após o termo da relação contratual, a lei e jurisdi-ção aplicáveis, e, naturalmente, a definição de limites territoriais para a transferênciade informação.

Luís Neto Galvão, SRS Advogados➜ Na perspetiva do cliente, destaque para a importância de uma adequada responsa-

bilidade do prestador por falhas contratuais, os níveis e créditos de serviço a constardo SLA,  as garantias quanto à segurança e integridade dos dados, a portabilidadedos dados do antigo para um novo prestador cloud findo o contrato, incluindo o graude colaboração do prestador antigo nesse processo, entre outros.

cado interno deve funcionar», refereLuís Neto Galvão. No entanto, parafora deste espaço, «o prestador de ser-viços cloud deve oferecer garantiasquanto ao respeito dos direitos funda-mentais dos titulares dos dados e doregime legal da proteção de dados pes-

soais». Neste âmbito, «as garantias ofe-recidas pelo contrato de serviçoscloud assumem um papel determinan-te», defende.