márcia regina figueiredo luzia · detecção do grupo funcional fenol empregando-se o teste...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI Campus Alto Paraopeba PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL AVALIAÇÃO DA BIODEGRADAÇÃO DE FTALATOS PRESENTES EM FILMES DE PVC COMERCIAIS EMPREGANDO-SE MICRORGANISMOS SELECIONADOS NA BIOPROSPECÇÃO REALIZADA NO PARQUE ESTADUAL SERRA DE OURO BRANCO/MG Márcia Regina Figueiredo Luzia Ouro Branco/MG 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

Campus Alto Paraopeba

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS

PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

AVALIAÇÃO DA BIODEGRADAÇÃO DE FTALATOS PRESENTES EM FILMES DE

PVC COMERCIAIS EMPREGANDO-SE MICRORGANISMOS SELECIONADOS NA

BIOPROSPECÇÃO REALIZADA NO PARQUE ESTADUAL SERRA DE OURO

BRANCO/MG

Márcia Regina Figueiredo Luzia

Ouro Branco/MG

2015

___________________________________________________________________________

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

Campus Alto Paraopeba

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS

PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

AVALIAÇÃO DA BIODEGRADAÇÃO DE FTALATOS PRESENTES EM FILMES DE PVC

COMERCIAIS EMPREGANDO-SE MICRORGANISMOS SELECIONADOS NA

BIOPROSPECÇÃO REALIZADA NO PARQUE ESTADUAL SERRA DE OURO

BRANCO/MG

Márcia Regina Figueiredo Luzia

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Tecnologias para o

Desenvolvimento Sustentável da Universidade

Federal de São João Del-Rei como parte dos

requisitos necessários para obtenção do título de

Mestre.

Orientadora: Profa. Dr. Renata Carolina Z. Lofrano

Co-Orientador: Prof. Dr.Boutros Sarrouh

Ouro Branco/MG

2015

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS................................................................................................................08

LISTA DE TABELAS................................................................................................................11

RESUMO..............................................................................................................................14

ABSTRACT............................................................................................................................15

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................16

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................................19

Parque Estadual Serra de Ouro Branco..........................................................................19

Bioprospecção..............................................................................................................20

Polímeros e Plásticos....................................................................................................21

Policloreto de vinila (PVC).............................................................................................22

Plastificantes e ftalatos.................................................................................................24

Ação do plastificante ftalato na malha polimérica do PVC.............................................29

Toxicidade dos ftalatos.................................................................................................31

Processo de migração do ftalato...................................................................................34

Degradação de plastificantes........................................................................................37

Biodegradação dos ftalatos...........................................................................................38

Enzimas........................................................................................................................41

Esterases......................................................................................................................42

2. OBJETIVOS.......................................................................................................................45

Objetivo Geral.....................................................................................................................45

Objetivos Específicos...........................................................................................................45

3. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................................46

3.1. Condições estéreis.................................................................................................46

3.2. Reagentes químicos...............................................................................................46

3.3. Equipamentos........................................................................................................46

3.4. Licenciamento para coleta das amostras................................................................47

3.5. Coleta de amostras no Parque Estadual Serra de Ouro Branco...............................47

3.6. Manutenção e Isolamentos dos microrganismos....................................................48

3.6.1. Técnica do Imprinting................................................................................................48

3.6.2. Crescimento e isolamento dos microrganismos........................................................49

3.7. Caracterização morfológica dos microrganismos isolados.......................................49

3.8. Amostras do filme de PVC......................................................................................50

3.9. Seleção dos microrganismos isolados aptos a utilizar o ftalato presente no filme de

PVC como substrato......................................................................................................50

3.9.1. Seleção em meio sólido.............................................................................................50

3.9.2. Seleção em meio líquido – Degradação in vitro e cinética de crescimento dos micror-

ganismos..............................................................................................................................50

3.9.3. Preparação do inóculo...............................................................................................51

3.9.4. Degradação in vitro e cinética de crescimento..........................................................51

3.10. Detecção qualitativa de atividade enzimática em meio sólido..............................51

3.11. Ensaio de biodegradação do ftalato presente no filme de PVC usando-se o micror-

ganismo selecionado previamente................................................................................52

3.11.1. Preparação do inóculo para o ensaio de biodegradação........................................52

3.11.2. Ensaio de biodegradação........................................................................................52

3.12. Análise dos produtos obtidos no ensaio de biodegradação..................................53

3.12.1. Determinação do pH...............................................................................................53

3.12.2. Método titulométrico..............................................................................................53

3.12.3. Monitoramento das células viáveis.........................................................................53

3.12.4. Determinação da morte celular pelo método da concentração da amônia...........54

3.12.5. Curva analítica.........................................................................................................54

3.12.6. Determinação da perda de massa do PVC..............................................................54

3.13. Ensaio de migração do ftalato presente no PVC para o meio mineral...................55

3.14. Identificação qualitativa dos diferentes grupos funcionais obtidos nos ensaios de

biodegradação e de migração do ftalato......................................................................55

3.14.1. Detecção do grupo funcional carboxila (-COOH) empregando-se o Teste de conver-

são a Hidroxamato Férrico..................................................................................................55

3.14.2. Detecção do grupo funcional fenol (-ArOH) empregando-se o Teste do Cloreto

Férrico.................................................................................................................................56

4. RESULTADO E DISCUSSÃO.................................................................................................57

4.1. Caracterização morfológica dos microrganismos isolados.......................................57

4.2. Seleção dos microrganismos isolados aptos a utilizar o ftalato presente no filme de

PVC como substrato......................................................................................................59

4.2.1. Seleção em meio sólido.............................................................................................59

4.2.2. Seleção em meio líquido – Degradação in vitro e cinética de crescimento dos micror-

ganismos pré- selecionados.................................................................................................61

4.3. Detecção qualitativa de atividade enzimática em meio sólido pelos microrganismos

BB1, FF2, FF3.................................................................................................................62

4.4. Realização e Análises dos Ensaios de biodegradação do ftalato presente no filme de

PVC usando-se o microrganismo selecionado previamente...........................................63

4.4.1. Determinação do pH e método titulométrico...........................................................64

4.4.2. Monitoramento das células viáveis e determinação da morte celular pelo método da

concentração da amônia......................................................................................................65

4.4.3.Determinação da perda de massa do PVC.................................................................68

4.5. Migração do ftalato...............................................................................................70

4.6. Identificação qualitativa de diferentes grupos funcionais obtidos nos ensaios de

biodegradação e de migração do ftalato......................................................................71

4.6.1. Detecção do ácido carboxílico empregando-se o Teste de conversão a Hidroxamato

Férrico.................................................................................................................................72

4.6.2. Detecção do grupo funcional fenol empregando-se o Teste Cloreto Férrico............73

5. CONCLUSÕES...................................................................................................................76

6. PERSPECTIVAS FUTURAS..................................................................................................77

7. REFERÊNCIAS...................................................................................................................78

O maior de todos os projetos é tomar uma decisão”

(Autor desconhecido)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Gráfico ilustrativo da segmentação do mercado de transformados de plásticos por aplicações.

Figura 2. Estrutura química do monômero do cloreto de vinila.

Figura 3. Estrutura química do policloreto de vinila (PVC).

Figura 4. Estrutura química dos ftalatos.

Figura 5. Esquema ilustrativo da reação de esterificação para obtenção ésteres ftálicos.

Figura 6. Esquema ilustrativo da disposição do ftalato na estrutura polimérica do policloreto de vinila.

Figura 7. Diagrama ilustrativo do éster ftálico na malha do policloreto de vinila.

Figura 8. Esquema ilustrativo do mecanismo de atração do tipo dipolo-dipolo, entre duas cadeias do

policloreto de vinila

Figura 9. Ilustração do mecanismo de plastificação do policloreto de vinila.

Figura 10. Ilustração do mecanismo de interação policloreto de vinila/plastificante.

Figura 11. Esquema ilustrativo dos modelos de migração de massas.

Figura 12. Esquema representativo dos compostos obtidos na biodegradação de ftalato de dietilo (DEP).

Figura 13. Esquema ilustrativo das rotas metabólicas da biodegradação dos ésteres ftálicos em meio

aeróbio e anaeróbio

Figura 14. Esquema geral da degradação do ftalato. (A) no ácido ftálico (C), diretamente ou através do

monoéster (B)

Figura 15. Representação esquemática em 3D das hidrolases. Folhas-β circundadas pelas regiões em α-

hélices.

Figura 16. Representação esquemática das enzimas da família α/β hidrolases. As folhas β (1-8) são

indicadas por setas e a alfa- hélices são indicadas pelos cilindros. As posições dos aminoácidos estão

indicadas pelos círculos preenchidos.

Figura 17. Representação da estrutura molecular em 3D da hidrolase de Pseudomonas aeruginosa. (a)

Representação das conformações α e β. (b) Representação da superfície molecular, a “tampa” foi

destacada em verde e laranja. (c) Sítio catalítico visto de cima, com a serina catalítica em vermelho.

Figura 18. Esquema da reação de hidrólise e síntese de ésteres de ácidos carboxílicos.

Figura 19. Imagem de satélite indicando o local de coleta das amostras no Parque Estadual Serra de Ouro

Branco. Imagem fornecida pelo IEF – Ouro Branco

Figura 20. Exemplos de microrganismos isolados do Parque Estadual Serra de Ouro Branco. A primeira

foto (esquerda) se refere ao microrganismo BC19, segunda ao BC8 e a terceira ao BB6.

Figura 21. Distribuição de frequência dos microrganismos isolados.

Figura 22. Foto ilustrativa do crescimento do microrganismo FF5 em meio sólido, contendo filme de PVC

como substrato.

Figura 23. Fotos ilustrativas dos diferentes microrganismos selecionados para os estudos cinéticos, de

acordo com a codificação apresentada na Tabela 6.

Figura 24. Gráfico relativo à cinética de crescimento dos microrganismos BB1, FF2, FF3, BB4, FF5, BB6,

BC7 e BC8, sob mesmas condições de cultivo.

Figura 25. Fotos ilustrativas de halos produzidos por cepas de microrganismos após 10 dias de

crescimento em meio suplementado com Tween 80, a atividade esterásica foi apresentada pelo halo

opaco ao redor da colônia dos microrganismos BB1, FF2 e FF3.

Figura 26. Gráfico referente aos valores do pH, obtidos usando-se pHmetro em relação a concentração do

ácido (mol/L) nos ensaios de biodegradação do ftalato presente nos filmes de policloreto de vinila.

Figura 27. Gráfico da concentração de ácido (mol/L-1) monitorada, pelo método titulométrico durante 24

dias dos ensaios de biodegradação do ftalato presente nos filmes de policloreto de vinila

Figura 28. Gráfico referente ao monitoramento concentração de células viáveis através da contagem de

unidades formadoras de colônias por mL (UFC/mL).

Figura 29. Gráfico da curva padrão da amônia.

Figura 30. Gráfico da variação da concentração de amônia no ensaio de biodegradação do ftalato.

Figura 31. Gráfico da variação da concentração da amônia em relação à quantidade de células viáveis

durante o ensaio de biodegradação

Figura 32. Gráfico referente ao monitoramento da perda de massa do filme de PVC durante o ensaio de

biodegradação.

Figura 33. Gráfico referente à concentração de células viáveis e a perda de massa do filme de policloreto

de vinila no decorrer do ensaio de biodegração.

Figura 34. Gráfico dos valores de pH, obtidos usando-se pHmetro, no ensaio para verificação da migração

do ftalato presente no filme de PVC em meio mineral o mesmo utilizado nos ensaios de biodegradação.

Figura 35. Fotos ilustrativas dos experimentos realizados para a detecção da presença da função do ácido

carboxílico nos ensaios de migração (à esquerda) e nos ensaios de biodegradação (à direita). Nos dois

ensaios, da direita para a esquerda os tubos de ensaio representam os tempos 0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16,

18, 20, 24 e os dois últimos tubos de ensaio ilustram os resultados negativo e positivo usados para fins

comparativos.

Figura 36. Fotos ilustrativas dos experimentos realizados para a detecção da presença da função fenol nos

ensaios de migração (à esquerda) e nos ensaios de biodegradação (à direita). Nos dois ensaios, da direita

para a esquerda os tubos de ensaio representam os tempos 0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 24 e os dois

últimos tubos de ensaio ilustram os resultados negativo e positivo usados para fins comparativos.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Relação de isômeos dos di-ésteres ftálicos ou ftalatos.

Tabela 2. Relação de ftalatos comumente utilizados, seus nomes (IUPAC e comum), abreviações e

fórmulas moleculares.

Tabela 3. Relação de valores médios da concentração de ftalatos (mg.Kg-1) nas várias frações do Lixo

doméstico.

Tabela 4. Relação das principais propriedades físico-químicas de alguns ftalatos.

Tabela 5. Relação de amostras coletadas no Parque Estadual Serra de Ouro Branco e suas respectivas

localizações no Sistema de Posicionamento Global.

Tabela 6. Caracterização fenotípica dos microrganismos isolados.

Tabela 7. Relação de índices enzimáticos obtidos para os microrganismos isolados.

Tabela 8. Relação de ensaios químicos de ánalise funcional realizadosnos ensaios de biodegradação e

migração do ftalato.

Tabela 9. Resultados obtidos nos ensaios qualitativos de detecção da função orgânica ácido carboxílico

durante os ensaios de migração e de biodegradação do ftalato presente no filme de PVC.

Tabela 10. Resultados obtidos nos ensaios qualitativos de detecção da função orgânica fenol presentes

durante os ensaios de migração e de biodegradação do ftalato presente no filme de PVC.

Agradecimentos

Desafio tão grande quanto escrever essa dissertação, foi agradecer com carinho à todas as pessoas que

fizeram parte dessa trajetória.

Inicio meu agradecimento para aquele que tornou tudo possível, a Deus por me amparar nos momentos

difíceis, me dar força interior para superar as dificuldades, mostrar os caminhos nas horas incertas e me

suprir em todas as minhas necessidades. Por sempre atender a minhas preces, por me cobrir de luz e me

agraciar em sempre cruzar o caminho de pessoas maravilhosas.

A UFSJ e ao Programa de Programa de Pós-Graduação em Tecnologias para o Desenvolvimento

sustentável, pela oportunidade de realização do curso.

A minha querida Família, tios, tias, primos e avós, pela confiança, apoio e orações diárias.

Aos meus pais, por sempre me incentivarem perante os desafios, a fazer mais e melhor. À minha mãe.

porque a amo profundamente. Não caberia nesta dissertação, o que gostaria de registrar para

homenageá-la. Tudo o que vivemos juntas nesse tempo do mestrado, sob um amor incondicional. Forjou-

me a mulher que sou. Muito obrigada por você ser essa “fortaleza”, o meu porto seguro.

A minha irmã pelos lanches gostosos, pela paciência e principalmente por acreditar no meu sucesso.

Ao meu noivo Vitor, pelo companheirismo, força e carinho insubstituível, ouvinte atento de algumas

dúvidas, inquietações, desânimos e sucessos, pelo apoio, pela confiança e pela valorização sempre tão

entusiasta do meu trabalho, dando‐me, desta forma, coragem para ultrapassar todos os obstáculos. E

pelo seu dizer tranquilizante: “calma, tenho certeza que você vai conseguir! ”

Aos amigos “Lado A”, pelas descontrações nos finais de semana e pelas longas conversas em uma mesa

de bar.

À minha orientadora Profa. Renata Carolina e co-orientador prof. Boutros Sarrouh, pelas orientações,

compromisso e oportunidade de desenvolver este projeto, por acreditarem em mim. Por me mostrarem o

caminho da ciência, fazerem parte da minha vida nos momentos bons e ruins, por serem exemplos de

profissionais.

Ao técnico do laboratório Wesley, por sua ajuda nos momentos mais críticos e por acreditar no futuro

deste projeto. Sua participação foi fundamental para a realização deste trabalho. E tantos outros técnicos

do CAP que me ajudaram em diferentes etapas, seja, conseguindo um reagente que eu não tinha na hora

ou até mesmo, na coleta das amostras no Parque.

Aos meus amigos do Programa, Cássia, Camila e Bárbara Dutra que fizeram parte desses momentos,

sempre me incentivando e ajudando com palavras certas e na hora certa. Obrigada pelo otimismo de

sempre, momentos de descontrações e conversas alheias aos problemas. Posso falar que construí

amizades para a vida toda!

Aos colegas de curso e laboratório, por tudo que passamos juntos, pelas conversas nos corredores e pelas

orientações, pela disponibilidade de tempo, paciência em acompanhar e ensinar os trabalhos de bancada.

Ao LABICEM, BIOTEC e Laboratório de Microbiologia, por possibilitar o desenvolvimento desse trabalho.

A todos os professores do curso, pelos ensinamentos passados.

A Capes pelo apoio financeiro.

E as pessoas que me ajudaram diretamente ou indiretamente e que não foram mencionadas nesse texto,

o meu...

MUITO OBRIGADA !!!!

RESUMO ______________________________________________________________________________

Plastificantes são substâncias orgânicas sintéticas de baixa massa molar, adicionadas ao

polímero para aumentar sua flexibilidade e a resistência do produto final. Os ésteres ftálicos ou ftalatos,

são amplamente utilizados como plastificantes em indústrias químicas, principalmente como aditivo ao

policloreto de vinila (PVC). Estes ésteres têm sido encontrados no meio ambiente, como contaminantes

em solos e águas. Estudos afirmam que a quebra metabólica dos ésteres ftálicos através de

microrganismos é considerada uma das principais rotas de degradação ambiental destes poluentes. Esse

trabalho aborda a biodegradação dos ftalatos, presentes em filmes PVC comerciais. Para tal, foram

avaliados microrganismos epifíticos, isolados de amostras de água, briófitas, solo, terra de cupinzeiro,

folhas, caule de árvore e bromélias do Parque Estadual Serra de Ouro Branco/MG. Das 10 amostras

coletadas, 23 microrganismos foram isolados. Para a seleção dos microrganismos aptos a biodegradar o

ftalato foram realizados ensaios de crescimento em meio sólido e líquido, testes qualitativos de

atividade enzimática e ensaios de biodegradação utilizando-se meios de cultura, cuja única fonte de

carbono foi o ftalato presente no filme de PVC comercial. Por meio desses ensaios foram escolhidos os

microrganismos (BB1, FF2, FF3). Esses apresentaram maior capacidade de utilizar o ftalato como

substrato. A bactéria BB1 foi selecionada por apresentar o maior halo esterásico, no teste qualitativo de

atividade enzimática. Isso se justifica uma vez que estudos demonstram que essas enzimas catalisam a

clivagem de ligações ésteres presentes na estrutura dos ftalatos. A BB1 foi cultivada durante 24 dias, em

meio contendo sais e o filme PVC. Foram detectadas titulométricamente variações de 0,60 a 3,10 ± 0,07

mol/L na concentração de ácido no meio. Devido possivelmente à biodegradação do éster ftálico a ácido

ftálico. No monitoramento da perda de massa do filme de PVC, constatou-se uma diminuição de

aproximadamente 28% no valor de massa obtido. Visando-se esclarecer se a perda de massa foi

realmente devida à biodegradação do ftalado e não à simples transferência ou migração do mesmo para

o meio usado, foi feito um ensaio de migração. A partir da análise dos resultados obtidos observou-se

que o pH diminui gradualmente 89%, de 7,3 para 6,5 no decorrer dos 24 dias de ensaio, devido ao

aumento no da concentração do ácido ftálico no meio através do processo de migração do ftalato.Com

base no monitoramento da liberação de amônia no meio líquido e o crescimento celular constatou-se

que a partir do 10º dia do ensaio de biodegradação a quantidade de células viáveis e a concentração de

amônia não tiveram variações significativas, indicando que a manutenção da atividade celular ocorreu

devido ao consumo do ftalato e não em função da amônia provenientes das células mortas (consumo

endógeno). Foram feitos testes qualitativos para detecção de ácidos carboxílicos e fenol nos ensaios de

migração e biodegradação. Analisando os resultados da identificação do ácido carboxílico, percebeu-se

que a sua presença no ensaio de biodegração é provavelmente decorrente do processo de migração e

também da biodegradação dos ftalatos. A detecção de fenol comprova a efetividade do processo de

biodegradação, pois os fenóis são produtos exclusivos da biodegradação aeróbia dos ftalatos presentes

no filme PVC. A biodegradação do ftalato pela bactéria BB1 se mostrou promissora quanto a esse tipo

de plastificante.

Palavras-chave: Ftalatos; filmes de PVC; biodegradação; bioprospecção; Parque Estadual Serra de Ouro

Branco/MG.

17

ABSTRACT ______________________________________________________________________________

Plasticizers are synthetic organic substances of low molecular weight, added to the polymer to increase

its flexibility and endurance of the final product. The phthalic esters or phthalates, are extensively used

as plasticizers in the chemical, mainly as an additive to polyvinyl chloride (PVC). These esters have been

found in the environment, as contaminants in soils and water. Studies claim that the metabolic

breakdown of phthalate esters by microorganisms is considered one of the main routes of

environmental degradation of these pollutants. This work addresses the biodegradation of phthalates

present in PVC commercial films. For this have been assessed epiphytic microorganisms isolated from

water samples, bryophytes, soil, earth mound, leaves, tree stem and bromeliads State Park Serra de

Ouro Branco/MG. Among 10 samples collected, 23 microorganisms were isolated. For the selection of

microorganisms able to biodegrading phthalate, growth assays were performed on solid and liquid

medium, qualitative tests of enzymatic activity and biodegradation tests using culture media, whose

sole carbon source was phthalate present in the PVC film comercial. Through these tests were chosen

microorganisms (BB1, FF2, FF3). These showed higher capacity to use as a substrate phthalate. The BB1

bacterium was selected to present the highest halo esterase, in the qualitative test of enzyme activity.

This is justified since studies show that these enzymes catalyze the cleavage of ester bonds present in

the structure of phthalates. The BB1 was cultivated for 24 days in culture medium containing salts and

the PVC film. Variations were detected between 0,6 and 3,10 ± 0,07 mol/L of acid concentration found

in the biodegradation medium.This fact is Possibly due to the biodegradation of the phthalic ester to

phthalic acid. In monitoring the weight loss of the PVC film, there was a decrease of approximately 28%

in the mass value obtained. This demonstrates phthalate consumption by BB1. By monitoring the

release of ammonia in the liquid medium and cell growth it was found that from 10th day of

biodegradation assay the amount of viable cells and the concentration of ammonia did not change

significantly, indicating that the maintenance of cellular activity was due to phthalate consumption and

not in function of the ammonia from dead cells (endogenous consumption). Qualitative tests were

performed for the detection of carboxylic acids and phenolic compunds in the migration and

biodegradation assays. Analyzing the result of carboxylic acid identification, it was noticed that its

presence is probably a result both of the migration process and biodegradation of phthalates. The

phenol detection proves the effectiveness of the biodegradation process, since phenols are unique

products of aerobic biodegradation and was not detected in the migration assays. Biodegradation of

phthalate by BB1 bacteria proved promising as this type of plasticizer.

Key-words: phthalates; PVC films; biodegradation; bioprospecting; State Park Serra de Ouro Branco/MG.

18

INTRODUÇÃO ______________________________________________________________________________

Nas décadas passadas, a grande maioria dos artefatos eram confeccionados com os denominados

materiais convencionais como madeiras, metais, rochas, cerâmica, vidro, entre outros. Esses foram

substituídos, com vantagens, pelos plásticos. Por esta razão, o emprego deste alcançou um papel

essencial em nosso cotidiano (MIODOVNIK et al., 2014; RODOLFO e MEI, 2006). Esse uso frequente dos

plásticos pela sociedade moderna foi possível devido a adição de aditivos, os quais são aplicados para a

melhoria de alguma propriedade desejada do polímero base.

Os plastificantes, ou aditivos como denominado por muitos autores, são moléculas relativamente

pequenas de baixa massa molar e volatilidade. São adicionados aos polímeros, com o propósito de

aumentar sua processabilidade e flexibilidade (FERREIRA e MIRITA, 2014). Atuam incrustando-se entre

as cadeias poliméricas espaçando-as (incrementando um "volume livre") e modificando de forma

significativa as propriedades físicas do material (BROWN et al., 1996). Sendo assim, um determinado

material polimérico pode e muitas vezes devem receber um aditivo, seja no momento de sua síntese ou

durante o seu processamento (RODOLFO et al, 2006).

Ésteres ou di-ésteres ftálicos ou ainda ftalatos estão entre os aditivos mais comumente utilizados

pelas industrias de polímeros, o que explica a sua ampla aplicabilidade em diferentes produtos. Dados

relatados por XU e colaboradores (2008) demonstram que produção mundial de plastificantes

aumentou de 1,8 milhões de toneladas em 1975 para 3 milhões de toneladas em 2001, sendo que 25%

dessa produção é de di-etilhexil ftalato. Em 2002, a produção dos plastificantes dibutil ftalato e di-

etilhexil ftalato atingiu 134 e 394 mil toneladas, respectivamente.

Estimativas mostram que cerca de 80% dos plastificantes estão voltados para a aplicação no

policloreto de vinila (PVC), que é um dos polímeros mais consumidos mundialmente. O PVC é

classificado como plástico rígido e possui elevada capacidade de aceitar grandes quantidades de aditivo,

o que é fundamental para aplicações nas quais a flexibilidade é requerida (GRISA et al., 2011). Os

ftalatos são os plastificantes mais adicionados ao PVC, destacando-se o ftalato de dioctila também

conhecido como di-etilhexil ftalato, que é o mais consumido dentre os ftalatos e é considerado como

plastificante padrão (WANG et al., 2014).

Os ésteres ftálicos, os plastificantes mais utilizados para a produção do PVC, são denominados

também com dialquil ou alquilaril éster do ácido 1,2- benzenodicarboxílico. São a utilizados também

como plastificantes em indústrias químicas como aditivo às resinas de poliuretano, resinas celulósicas e

outros, podem também ser empregados na produção de repelentes de insetos, de fibras sintéticas e de

cosméticos (BROWN et al., 1996).

Mesmo diante desta realidade de intenso uso, há um lado desfavorável relacionado aos ftalatos.

Estes têm sido encontrados em diversos meios devido a transferência desse plastificante para o meio

19

ambiente durante o processo de manufatura, uso, distribuição e disposição final inadequada dos

plastificantes e dos produtos que os contém (GRISA et al., 2011; MUCELIN e BELLINI, 2008). Os ésteres

ftálicos tendem a se acumular no solo e nas partículas de sedimentos, em razão do alto coeficiente de

partição octanol-água e da baixa solubilidade em água, o que causa a sua permanência no meio

ambiente e consequentemente a contaminação do mesmo (FERREIRA e MIRITA, 2012).

Diante desse contexto, a contaminação das águas e do solo produzida pelo descarte inadequado

de materiais plásticos, contendo plastificantes do tipo ftalato, tem gerado um grande impacto ambiental

e consequentemente uma grande preocupação para a humanidade. Estudos toxicológicos demonstram

que o contato com ftalatos de baixa massa molecular podem causar irritações nos olhos, nariz e

garganta e os ftalatos de alta massa molecular são considerados potencialmente carcinogênicos e

teratogênicos, causando danos ao fígado, rins e órgãos reprodutivos, bem como disfunções endócrinas

(PAGANETTO et al., 2000). Os ftalatos são também tóxicos para muitas espécies, incluindo algas,

protozoários, moluscos, crustáceos, peixes e invertebrados, o que interfere drasticamente no meio

ambiente (CHEN et al., 2004).

De acordo com GRISA (2011) a principal forma de reduzir o impacto sócio-ambiental causado pela

contaminação do ambiente por ftalatos é a descontaminação destes. Entre as técnicas de

descontaminação conhecidas atualmente, destaca-se a biodegradação, que consta com a presença de

microrganismos degradadores do contaminante (CHEN et al., 2004). Além da biodegradação de certos

poluentes e materiais orgânicos, os microrganismos também são responsáveis por processos-chave no

ciclismo geoquímico e proteção dos ecossistemas, o que torna a técnica sustentável (YUAN et al., 2010).

Muitos estudos envolvendo a descontaminação ambiental por plastificantes demonstram que a

ação microbiana é o recurso principal e mais eficiente para a sua degradação nos sistemas aquáticos e

terrestres, tais como solos, sedimentos e águas superficiais (YUAN et al., 2010; DI GENNARO et al.,

2005), uma vez que a degradação abiótica desses materiais por hidrólise e fotólise ocorrem de forma

mais lenta que a biodegradação (ABDEL-DAIEM et al., 2012, YAUN et al.,2010). Devido à demora da

biodegradação de plastificantes via abiótica, estudos afirmam que a via biológica é uma das principais

vias para a degradação de tais materiais. Vários tipos de organismos já são conhecidos por serem

capazes de degradar os plastificantes, e os seus metabolitos têm sido analisados (PSILLAKIS et al., 2004).

Medir as taxas de biodegradação é uma forma importante para avaliar o destino e os riscos destes

contaminantes, sendo o foco da maioria dos estudos in situ. Dessa forma, tornam-se viáveis estudos em

escala laboratorial, uma vez que são mais rápidos e controláveis (LIN et al., 2003).

Diante do exposto, pode-se citar que, nos últimos anos tem surgido um crescente interesse na

área de biodegradação de poluentes ambientais do tipo ftalato, e consequentemente o interesse em

microrganismos que o faz. Uma das técnicas possíveis em selecionar microrganismos degradadores de

poluentes do tipo ftalatos é a bioprospecção. Essa técnica torna possível a pesquisa de material

20

biológico com a finalidade de explorar os recursos genéticos garantindo seu uso de forma sustentável,

com a utilização de estratégias de conservação e consequentemente a bioremediação, garantindo a

distribuição justa e equitativa dos benefícios advindos de sua utilização e a promoção e regulamentação

de novas tecnologias, uma vez que este material biológico se tornou um recurso e a informação

genética tem valor de mercado (AZEVEDO, 2003).

Esse método torna-se uns dos principais alvos das pesquisas, visto que a utilização de

microrganismos pode apresentar resultados satisfatórios na degradação de poluentes (MUCELIN e

BELLINI, 2008). Pesquisas atuais são direcionadas para o desenvolvimento de métodos analíticos simples

e sensíveis, capazes de monitorar, com precisão, a remoção de traços de ftalatos, através da degradação

biológica, por meio de tecnologias inovadoras de tratamento (PSILLAKIS et al., 2004).

Todos estes fatores têm dispertado o interesse da comunidade científica na investigação da

presença, dos efeitos, controle e tratamento de ftalatos no ambiente. E uma vez que os filmes de

policloreto de vinila comerciais são largamente utilizados no nosso cotidiano, temos uma maior

possibilidade de contaminação de águas e solos com esses compostos orgânicos nocivos à saúde

humana. Dessa forma, o desenvolvimento de estudos de biodegradação de ftalatos aliado à

biopropospecção de novos microrganismos, que são os alvos desse trabalho, contemplam duas áreas de

suma importância socioeconômica e ambiental na atualidade, a biotecnologia e a sustentabilidade, mais

especificamente a preservação do meio ambiente, demonstrando a importância do trabalho aqui

apresentado.

21

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

__________________________________________________________________________________

Parque Estadual Serra de Ouro Branco

A região do Parque Estadual Serra de Ouro Branco está situada na borda limítrofe da Serra do

Espinhaço, sendo a primeira formação geológica considerada como marco nos municípios de Ouro

Branco e Ouro Preto (IEF, 2014). A Cadeia do Espinhaço foi uma fonte importante de riquezas minerais,

principalmente de pedras preciosas durante o período colonial. Com isso várias cidades se

estabeleceram em seu entorno, as quais controlavam a economia brasileira. A região central, onde se

localiza o Parque, foi o local das primeiras descobertas de riquezas minerais pelos paulistas, as

chamadas Minas Gerais. A região serviu de trajeto para aqueles que vinham de São Paulo, pelo caminho

velho, e depois do Rio de Janeiro pelo caminho novo ou Estrada Real (PINTO, 2011).

Desde setembro de 2009 pelo decreto 45.189, “a Serra”, como era denominada anteriormente,

foi transformada no Parque Estadual da Serra de Ouro Branco, administrado pelo Instituto Estadual de

Florestas (IEF). O Parque engloba uma área de aproximadamente 7.520 hectares, se iniciando como uma

elevação abrupta, formada por um paredão com cerca de 20 km de extensão a sudeste, que delimita um

planalto cuja altitude varia entre 1250 e 1568 metros (IEF, 2014; BRAGA, 2011).

A Cadeia do Espinhaço foi apontada como “Área de Importância Especial” para a conservação de

répteis e anfíbios em Minas Gerais devido a sua grande biodiversidade (DRUMMOND et al., 2005).

Considerada Unidade de Conservação pela Conservação Internacional de 2005, o Parque Estadual Serra

de Ouro Branco está localizado na área de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado, dois biomas

considerados áreas de relevância ecológica por possuir vegetação diferenciada da restante e,

consequentemente, abrigar espécies endêmicas (hot spots mundiais) (BRAGA, 2011). Essa é reconhecida

como uma das regiões com maior diversidade florística na América do Sul, com mais de 30% de espécies

endêmicas, sendo que a maioria destas estão associadas a ambientes de afloramentos rochosos. A alta

diversidade contrasta com as graves condições climáticas típicas de afloramentos em geral, tais como

elevada intensidade de raios ultravioleta (UV), variações térmicas diárias do substrato que podem

atingir 45°C, perda de água acelerada, cobertura do solo pouco desenvolvida e solo que apresenta um

elevado teor de metais pesados devido à presença de ferro. Devido à topografia irregular e ao solo

impróprio para agricultura, os campos rupestres dessa região não parecem sofrer pressão antrópica

acentuada (JACOBI e CARMO, 2008; RAPINI et al., 2008).

22

Bioprospecção

A bioprospecção para muitos pesquisadores é uma atividade de pesquisa que busca coletar e

descrever a triagem de um material biológico. A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) define

bioprospecção como, exploração da biodiversidade de recursos genéticos e bioquímicos de valor

comercial. Pela Medida Provisória nº 2.186-16/01, é definida como sendo a “atividade exploratória que

visa identificar componente do patrimônio genético e informação sobre conhecimento tradicional

associado, com potencial uso comercial” (art.7º, inc. VII). De acordo com ARTUSO (2002), a

bioprospecção consiste na identificação e avaliação de materiais biológicos encontrados na natureza,

para a obtenção de novos produtos ou processos. Como se pode perceber as explicações sobre

bioprospecção variam, algumas incluem apenas a busca por materiais genéticos valiosos, enquanto

outros abrangem o desenvolvimento e a aplicação de tais materiais (SYNNES, 2007).

Os microrganismos são essenciais para o meio ambiente, dado que, participam da ciclagem de

nutriente e contribuem para a estabilidade de ecossistemas, sendo também responsáveis pela

metabolização dos compostos químicos, incluindo a degradação de poluentes ambientais. Apesar de sua

grande importância na manutenção da biosfera, estima-se que menos de 10% dos microrganismos

existentes no planeta tenham sido caracterizados e descritos. O conhecimento da biodiversidade e

bioprospecção de novos microrganismos tornaram-se un dos focos principais da era biotecnológica,

visto que, a utilização destes organismos na busca de soluções nas áreas de alimento, saúde, meio

ambiente e indústria vêm crescendo de forma acelerada no cenário mundial (NASCIMENTO et al., 2012;

OLIVEIRA et al., 2006; STALEY, 1998).

O Brasil possui cerca de 20% da biodiversidade mundial e é fonte importante para diversos

setores. No entanto, pouco se conhece sobre sua diversidade biológica, as espécies que a compõem e

suas relações filogenéticas, inclusive dos microrganismos e suas interações com outros seres (MORAIS et

al., 2014; SOUZA et al., 2004).

A atividade de prospecção biológica tem crescido exponencialmente nos últimos anos por causa

dos progressos realizados na biotecnologia e ciências afins. Isso tem feito crescer consideravelmente o

interesse das indústrias e consequentemente ao aumento de empreendimentos em matéria de

bioprospecção. A utilização comercial dos descobrimentos das pesquisas biológicas é evidenciada em

diversos ramos da indústria farmacêutica, agricultura, bioremediação, horticultura, medicina, botânica,

cosmética, higiene pessoal, dentre outras. A propagação desta atividade tenderá a aumentar, na medida

em que novas técnicas e tecnologias sejam desenvolvidas. A bioprospecção de microrganismos quando

realizada com precaução e cuidados adequados torna-se sustentável (SYNNES, 2007; KOSKINEN et al.,

2008).

23

Polímeros e Plásticos

A palavra plástico teve origem na Grécia, a qual significa, capaz de moldar em diferentes formas.

Por força do rápido avanço da tecnologia e da progressão geométrica do crescimento da população

mundial, materiais plásticos têm encontrado aplicações versáteis em todos os aspectos da vida humana

moderna (BENJAMIN et al., 2015).

Os plásticos são denominados também como polímeros, os quais se definem como uma

macromolécula constituída por pequenas unidades químicas repetidas, os monômeros. Existem duas

classes principais de polímeros, os naturais ou biopolímeros, dos quais fazem parte, por exemplo as

proteínas e os polissacarídeos, e os polímeros sintéticos, como por exemplo, os plásticos e os adesivos

FRANCHETTI e MARCONATO, 2006).

A tecnologia permitiu grandes avanços na área de polímeros o que têm levado ao aparecimento

de inúmeros materiais plásticos com excelente desempenho e baixo custo de produção. No entanto,

além destes materiais serem majoritariamente derivados de fonte não renovável (petróleo), estes

materiais são ainda poluentes ambientais, não sendo biodegrados de forma fácil e rápida no ambiente.

Mais recentemente, pesquisas vêm sendo realizadas na tentativa de biodegradar os materiais que

contêm plastificantes, com o intuito de atribuir uma maior sustentabilidade ambiental aos processos de

descarte (PEDROZO, 2009).

O mercado e a indústria de plásticos no Brasil adquiriram importante posição em termos de

produção e expressão internacional em alguns setores, estando atualmente, presente nos setores de

calçados, resinas, tintas, embalagens, têxteis, tubos para conexões, entre outros. Desde o

desenvolvimento das primeiras aplicações nestas áreas, os polímeros vêm sendo utilizados com

inúmeras vantagens na fabricação de uma grande variedade de artefatos, conferindo-lhes propriedades

mecânicas, físicas e químicas muito superiores. Assim, os plásticos mantêm e garantem seu predomínio

perante outros tipos de materiais ditos convencionais (RODOLFO et al, 2006; PEDROZO, 2009).

Os materiais poliméricos podem muitas vezes receber aditivo, mediante suas necessidades, seja

no momento de sua síntese ou durante o seu processamento. Podem ser empregados diversos tipos de

aditivos, tais como: cargas minerais, plastificantes, antioxidantes, lubrificantes, corantes, estabilizantes

entre outros (RODOLFO e JOHN, 2006; RODOLFO et al, 2006).

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) um quarto (25,9%) das

aplicações dos aditivos está voltada para o setor alimentício. Enquanto a construção civil e as

embalagens diversas respondem por uma parcela considerável, os setores de brinquedos e

automobilísticos correspondem juntos a apenas 2% deste mercado (Figura 1).

24

Figura 1. Segmentação do mercado de transformados de plásticos por aplicações. Fonte: Abiplast adaptação Anuário Indústria Química (ABIQUIM), 2010.

Policloreto de vinila (PVC)

Os registros na literatura sobre o policloreto de vinila começam a partir de 1835, quando Justus

Von Liebig descobriu o monômero cloreto de vinila (MCV), um gás de propriedades interessantes, cujo

ponto de ebulição foi determinado como sendo igual a -13,8oC. Em 1872 ocorrem a primeira citação da

polimerização do cloreto de vinila e da obtenção do policloreto de vinila, por Baumann, através do

detalhamento do estado físico do cloreto de vinila, induzida pela luz solar, para um produto sólido

branco, na época considerado um isômero do monômero (BRASKEM, 2006).

O policloreto de vinila começou a ser produzido comercialmente em 1927 nos Estados Unidos e

na Alemanha em 1930. Durante a Segunda Guerra Mundial, sua produção foi estimulada em

decorrência das necessidades da própria guerra. A partir daquele momento o PVC passou a ser

empregado nas mais diversas formas (FERNANDES et al., 1987).

Em 1932 ocorreu o primeiro avanço que viabilizaria seus diferentes usos, com a descoberta da

utilização de plastificantes, o que possibilitou a solução de problemas relacionados à estabilidade e ao

processamento térmico do policloreto de vinila (ENDO, 2002). A produção de PVC britânico teve início

apenas nos anos 40, e no Brasil, a produção comercial iniciou em 1954, em uma planta construída

mediante a associação dos Estados Unidos e das indústrias Químicas Matarazzo em São Paulo

(RODOLFO e JOHN, 2006).

25

O policloreto de vinila é um termoplástico vinílico obtido a partir da polimerização do

monômero cloreto de vinila (Figura 2) em dispersão aquosa, na presença de catalisador e agente de

dispersão. O polímero é isolado no final da reação por filtração (FERNANDES et.al., 1987). Após a

polimerização tem-se o policloreto de vinila sob a forma de um pó branco e poroso, semelhante à

semolina (CABRAL e FERNANDES, 1980).

De acordo com o Instituto do PVC, 57% do material produzido é obtido a partir do cloro e 43%

provem de insumos não renováveis como o petróleo e o gás natural. A partir do sal marinho é obtido o

cloro, enquanto a partir do petróleo é obtido o eteno. Em fase gasosa, o eteno e o cloro reagem para

formar o cloreto de vinila. As moléculas do cloreto de vinila são submetidas ao processo de

polimerização para formação do policloreto de vinila (RODOLFO e JOHN, 2006; RODOLFO et al., 2006).

A presença do cloro, como mostrado na Figura 3, torna o policloreto de vinila um material

resistente à propagação de chamas. Além disso, a grande quantidade de cloro na estrutura molecular do

policloreto de vinila faz com que ele se torne polar, aumentando ainda mais a vasta gama de aditivos

que podem ser incorporados a ele (RODOLFO et al., 2006).

Cl Figura 2. Estrutura química do monômero cloreto de vinila.

Figura 3. Estrutura química do policloreto de vinila (RODOLFO et al., 2006).

O policloreto de vinila é um dos polímeros mais usados por ser facilmente processado, as

matérias-primas envolvidas na sua formulação têm um custo baixo, e apresenta uma grande variedade

de propriedades. As principais características que fazem o policloreto de vinila ser amplamente utilizado

são: a rigidez, a transparência, boa resistência ao impacto, boas propriedades de barreira a gases e

vapor d’água, resistência química e flexibilidade (FERNANDES et al., 1987).

As reações de polimerização resultam usualmente em substâncias de alta massa molecular,

porém, como já foi mencionada, essa conversão não alcança 100% e o polímero pode reter na sua

estrutura monômeros residuais e oligômeros, decorrentes do tipo de tecnologia de fabricação

(BRISTOON e KATAM, 1974; GILBERT, 1980; ABRANTES, 1998). Para a transformação do policloreto de

vinila em produtos acabados, se faz necessário a incorporação de aditivos, tais como plastificantes,

26

estabilizantes térmicos, lubrificantes, modificadores de impacto e outros, que conferem ao produto as

características apropriadas a cada aplicação (FERNANDES et al., 1987).

O policloreto de vinila ocupa um lugar de destaque entre os termoplásticos e pode ser

considerado um dos mais versáteis dentre os plásticos, pois com a incorporação de aditivos, esse pode

ter suas características alteradas, modificando-se suas propriedades em função da aplicação final, desde

a sua forma rígida à extremamente flexível. Esta grande faixa de variação de propriedades permite que

o PVC seja utilizado em aplicações que vão desde tubos e perfis rígidos, para uso na construção civil, até

brinquedos e laminados flexíveis para acondicionamento de sangue e plasma (BRAUN et al., 2013). Para

diversas aplicações, o policloreto de vinila é totalmente atóxico e inerte, portanto, a escolha de aditivos

com essas mesmas características também permite a sua utilização em múltiplas aplicações (RODOLFO e

JOHN., 2006).

O PVC tem sido amplamente utilizado no segmento de embalagens, na forma de filme flexível,

para acondicionamento de alimentos in natura, tais como carnes, frango e frutas. Tais filmes são

utilizados em supermercados e vendidos para uso doméstico. O que viabiliza essa aplicação é a adição

de plastificantes ao seu polímero (BARROS et al., 2011).

Plastificantes e Ftalatos

Plastificantes são substâncias orgânicas sintéticas de baixa massa molar, adicionadas ao

polímero para aumentar sua flexibilidade e a resistência do produto final, facilitando a produção e a

processabilidade do material. Os plastificantes são aditivos que alteram propriedades tais como a

viscosidade, temperatura de amolecimento, temperatura de transição vítrea (Tg) e módulos de

elasticidade (SOUZA et al., 2012). Para fins práticos, a IUPAC (União Internacional de Química Pura e

Aplicada/International Union of Pure and Applied Chemistry) define os plastificantes como “substâncias

incorporadas aos plásticos ou elastômeros com a finalidade de aumentar sua flexibilidade,

processabilidade ou capacidade de alongamento”.

Os plastificantes normalmente utilizados são os adipatos, os ftalatos e o óleo de soja epoxidado.

A faixa de concentração dos plastificantes utilizada no plástico é de 20 a 40% (m/m), da massa do

polímero. A proporção com que esses plastificantes são utilizados é cuidadosamente escolhida para

fornecer a permeabilidade adequada ao oxigênio, ao dióxido de carbono e ao vapor de água

(FERNANDES et al., 1987).

Os ftalatos são ésteres de 1,2-benzeno-dicarboxílico (Figura.4). São compostos líquidos,

incolores, inodoros, cuja estrutura consiste em um anel aromático ligado a dois grupamentos éster na

posição orto. Essa estrutura varia dependendo do número de cadeias laterais ligadas a uma porção fenil

(Tabela 1). As três formas isoméricas (orto, meta e para) do ácido 1,2-benzeno-dicarboxílico

correspondem a uma grande categoria de plastificantes (Tabela 1). As configurações meta e para são

27

conhecidas como isoftalato e tereftalato respectivamente, enquanto que a orto é conhecida pelo nome

genérico de ftalato. (BANEGAS, 2011). O isômero orto dos ácidos ftálicos e ésteres ftálicos representam

a maior parte de todos os ftalatos produzidos globalmente, especialmente destinados, como

plastificantes na fabricação do policloreto de vinila. O isômero meta e seus ésteres, são utilizados

principalmente como monômeros para a síntese de vários poliésteres na indústria (SCAPIN, 2009).

OR

OR'

O

O

Figura 4. Estrutura química dos ftalatos.

Tabela 1. Relação de isômeros dos di-ésteres ftálicos ou ftalatos

Fonte: Adaptada SCAPIN, 2009.

Estes plastificantes foram sintetizados pela primeira vez no final do século XIX, mas só foram

empregados no mercado de materiais no início do século XX. Alguns tipos de ftalatos, como o di-metil

Isômeros do ftalato Exemplos

o-ftalato Di- metilftalato

p-ftalato Di- metiltetra ftalato

m-ftalato Di- isometilftalato

28

ftalato e o dibutil ftalato estão sendo amplamente usados como repelentes para insetos. Mesmo com

uma vasta aplicabilidade, a produção destes materiais aumentou significativamente quando o di-

etilhexil ftalato, foi testado com grande sucesso para tornar o PVC mais flexível (LOUREIRO, 2002;

SCAPIN, 2009).

Os diésteres ftálicos são produzidos industrialmente pela condensação de álcoois contendo 1 a

13 átomos de carbono com o anidrito ftálico, como indicado na Figura 5 (LOURENÇO, 2011).

O

O

O

+ ROHOR

OR

O

O

Anidrido Ftálico Álcool Éster Ftálico

Figura 5. Reação de esterificação para obtenção ésteres ftálicos.

Fonte: KLUWE, 1982 apud LOURENÇO, 2011.

A produção mundial de ftalatos é em torno de 2,7 milhões de toneladas por ano e um quarto dos

plastificantes produzidos é o ftalato de di-etilhexil ftalato, o DEHP (Instituto do PVC, 2010). Os ftalatos

são um grupo bem conhecido de plastificantes necessários para transformar o policloreto de vinila em

materiais flexíveis (VAN WEZEL et al., 2000; CHEN et al., 2014). Alguns dos ftalatos comumente

utilizados são descritos na Tabela 2.

29

Tabela 2. Relação de ftalatos comumente utilizados, seus nomes (IUPAC e comum), abreviações e fórmulas moleculares.

Nome IUPAC

Nome comum

Sigla Fórmula

molecular

Dimetil 1,2-benzenodicarboxílico Di-metil ftalato DMP C10H10O4

Dietil 1,2-benzenodicarboxílico Di-etil ftalato DEP C12H14O4

1,2-dipropil 1,2-benzenodicarboxílico Di-pentil ftalato DPP C12H18O4

Dibutil 1,2-benzenodicarboxílico Di-butil ftalato DBP C16H22O

Bis-(2-metilpropil) 1,2-benzenodicarboxílico Di-isobutil ftalato DIBP C16H22O4

Dipentil benzeno 1,2-benzenodicarboxílico Di-exil pentil ftalato DNPP C18H26O4

Benzil butil 1,2-benzenodicarboxílico Butil benzil ftalato BBP C19H20O4

Dihexil 1,2-benzenodicarboxílico Di-exil ftalato DNHP C20H30O4

Bis-(2 etilhezil) 1,2-benzenodicarboxílico Di-etilhexil ftalato DEHP C24H38O4

Dioctil 1,2-benzenodicarboxílico Octil ftalato DOP C24H38O4

Bis-(6-metilheptil) 1,2-benzenodicarboxílico Di-isooctil ftalato DIOP C24H38O4

Bis-(7-metiloctil) 1,2-benzenodicarboxílico Di-isononil ftalato DINP C26H42O4

Bis-(6-metilnonil) 1,2-benzenodicarboxílico Di-isodecil ftalato DIDP C28H46O4

Dimetil 1,3-benzenodicarboxílico Di-isometil ftalato DMIP C10H10O4

Dietil 1,3-benzenodicarboxílico Di-isoetil ftalato DEIP C12H14O4

Dimetil 1,4-benzenodicarboxílico Di-metiltetra ftalato DMTP C10H10O4

Dietil 1,4-benzenodicarboxílico Di-etiltetra ftalato DETP C12H14O4

Fonte: SARATH et al., 2014, apud BENJAMIN et al. 2015, JOSH et al, 2014.

Os ftalatos destacam-se no setor industrial mundial da borracha e do plástico e representa mais

de 80% de todos os plastificantes utilizados no policloreto de vinila. O di-etilhexil ftalato, representa

pelo menos 60% desse montante (COLTRO et al., 2013, BAZILIO, 2014). O destaque dos ftalatos se deve

as suas características desejáveis como plastificante, são elas: baixa volatilidade, ausência de odor e cor,

melhor relação entre custo e benefício (BARROS, 2010). Tais aditivos normalmente possuem uma

elevada mobilidade devido à massa molar relativamente baixa e a facilidade de se difundirem para os

meios nos quais estão em contato. Alguns estudos demonstram solos contaminados por plastificantes,

que migram do policloreto de vinila, como o di-etilhexil ftalato e o adipato de di-etilhexil (BARROS, 2010;

BARROS et al., 2011; BAZILIO, 2014).

Atuação do plastificante ftalato na malha polimérica do PVC

O policloreto de vinila (PVC) possui características que facilitam a inserção de plastificantes, pois

apresenta uma cadeia polihalogenada, com átomos de cloro covalentemente ligados a átomos de

carbono, gerando assim, muitos pontos de interação dipolar ao longo de sua cadeia. Essas ligações

30

químicas dão origem a interações fortes entre cadeias e consequente rigidez desse material polimérico.

A Figura 6 proposta por LEUCHS apud TITOW demostrada no estudo de MADALENO et al. (2009),

apresenta a molécula de ftalato (plastificante) presente entre as cadeias do PVC.

Figura 6. Esquema ilustrativo da disposição do ftalato na estrutura polimérica do policloreto de vinila (MADALENO et al., 2009).

Os plastificantes interagem com essas ligações quebrando a interação dipolo-dipolo intercadeias

proporcionando um material com mobilidade e flexibilidade características de um polímero com menor

número de interações. Assim, o uso de plastificantes possibilita a utilização do policloreto de vinila em

outras diversas aplicações, entre elas dispositivos médicos, material para embalagem e ainda produtos

infantis (VINHAS et al., 2003)

Diversas substâncias químicas podem ser utilizadas como plastificantes do policloreto de vinila,

dado que, é uma molécula relativamente polar que permite a sua mistura com uma gama de aditivos.

De maneira geral, os plastificantes com maior importância comercial, são líquidos inodoros, incolores,

insolúveis em água e de baixa volatilidade, sendo em sua grande maioria ésteres ou poliésteres

(MADALENO, 2013).

Segundo RETO (2007), os ftalatos fazem tanto sucesso talvez por terem iniciado a utilização dos

plastificantes como aditivos do policloreto de vinila e continuam ainda com o uso amplo na indústria

para a fabricação de filmes de PVC, porque constituem as substâncias que oferecem a melhor relação

custo/benefício associada à sua gama de propriedades.

A dureza do policloreto de vinila diminui com o aumento da proporção de plastificante a ele

misturado. Um aumento da quantidade do plastificante no plástico diminui a sua resistência à tração,

aumentando assim, a plasticidade do produto final.

Um significativo efeito negativo associado a estes produtos do policloreto de vinila/plastificante é

a lixiviação do ftalatos a partir da estrutura das cadeias polímericas para o meio que o contêm ou para o

meio ambiente . Isso é devido à ausência de ligação química entre as cadeias poliméricas e os moléculas

do plastificante, o que resulta na migração gradual do ftalato adsorvido ao policloreto de vinila para o

31

ambiente circundante, como mostrado na Figura 7. Os plastificantes formam ligações fortes do tipo

ligações de hidrogênio (ou pontes de hidrogênio) na malha polimérica do policloreto de vinila. Dessa

forma, os ftalatos ao longo do tempo podem ser lixiviados para o ambiente, especialmente se aquecidos

(PSILLAKIS et al., 2004), o que promove mudanças significativas nas propriedades físicas e mecânicas do

material policloreto de vinila/plastificante (BENJAMIN et al., 2015).

Figura 7. Diagrama ilustrativo do éster ftálico na malha do policloreto de vinila (BENJAMIN et al., 2015).

A Figura 8 mostra, esquematicamente, como interagem as cadeias poliméricas do policloreto de

vinila quando na ausência do plastificante. Este apresenta em sua estrutura ligações covalentes

Carbono-Cloro que devido à diferença de eletronegatividade entre esses átomos torna-se uma ligação

polar. Assim, em toda a estrutura polímerica estão presentes densidades de carga fortemente negativas

e positivas que promovem as interações fortes tipo dipolo-dipolo, responsáveis por conectar as cadeias

entre si na malha polimérica. Devido a essas interações, as cadeias do policloreto de vinila sofrem

intensa atração eletrostática umas pelas outras, resultando em um polímero rígido (ZAIONCZ, 2004).

Figura 8. Mecanismo de atração do tipo dipolo-dipolo, entre duas cadeias do policloreto de vinila

(ZAIONCZ,2004).

Malha do

POLICLORETO

DE VINILA

Éster Ftálico

32

Segundo a teoria do gel desenvolvida a partir do trabalho de DOOLITTLE apud RODOLFO et al.

(2006), os plastificantes atuam sobre as interações do tipo dipolo-dipolo, atenuando-as, e

conseqüentemente, reduzindo a rigidez do polímero. Isso ocorre uma vez que as moléculas de

plastificante, ao se posicionarem entre as cadeias poliméricas do policloreto de vinila, aumentam a

distância entre as mesmas, tornando-as mais distantes uma das outras, gerando assim, mais espaços na

malha polimérica (Figura 9).

A força de atração eletrostática é inversamente proporcional à distância entre as cargas

elétricas. Portanto, o aumento da distância intermolecular atenua a força de atração entre as cadeias,

tornando o polímero flexível. Em outras palavras, a presença das moléculas do plastificante em meio às

cadeias poliméricas do policloreto de vinila promove a “quebra” das interações do tipo dipolo-dipolo

entre as últimas, criando novos dipolos entre o policloreto de vinila e o plastificante, como representado

na Figura 9 (ZAIONCZ, 2004).

Figura 9. Mecanismo de plastificação do policloreto de vinila segundo Doolittle representado por

ZAIONCZ, 2004.

Figura 10. Mecanismo de interação policloreto de vinila/plastificante. (RODOLFO et al., 2006 – adaptado).

33

A Figura 10 representa esquematicamente a interação das cadeias poliméricas do policloreto de

vinila entre si e com a presença de um plastificante do tipo ftalato. Nesta ilustração, pode ser observado

o efeito de atenuação das interações dipolo-dipolo entre as cadeias poliméricas, devido à presença da

molécula de plastificante que, por sua vez, também interage com o polímero. Como conseqüência da

incorporação do plastificante ocorre um aumento na distância entre as cadeias, dando ao material um

caráter flexível cuja intensidade depende da quantidade de plastificante incorporado (RODOLFO et al.,

2006).

Toxicidade dos Ftalatos

Os ftalatos ou di-ésteres ftálicos são amplamente utilizados desde 1920 na fabricação e

transformação de produtos de plástico como plastificantes em uma gama muito ampla de aplicações

industriais (RODOLFO e JOHN, 2006). Os ftalatos têm sido detectados em todo o ambiente de todo o

mundo uma vez que podem migrar a partir do material inserido para o meio ambiente (FARAHAN et al.,

2007; WANG et al., 2014). Como o di-etilhexil ftalato não está quimicamente ligado, apenas adsorvido

ao plástico, ele é uma fonte de riscos e de perigos de contaminação pela simples difusão para os meios

ou fluidos em contato. Reconhecendo a toxicidade do di-etilhezil ftalato, a Agência de Proteção

Ambiental dos Estados Unidos da América (“Environmental Protection Agency”/USA - EPA) fixou a

concentração do mesmo, em 6 μg/L para águas acondicionadas em garrafas plásticas e o uso de

plastificantes tóxicos foi proibido em brinquedos, que vão à boca de crianças (CHEN et al., 2004).

Estudos relatam a presença desses estéres em resíduos sólidos urbanos, lamas, águas fluviais e

marinhas e sedimentos, águas residuais (NET et al., 2014) e água potável (LIN et al., 2003). As

concentrações individuais variam de acordo com a localização e as atividades nas proximidades (NET et

al., 2015).

A maioria dos produtos contendo ftalato é propenso a ser descartada em aterros sanitários,

onde serão expostos ao ambiente físico e químico nesses locais. Deste modo, os ftalatos podem ser

liberados da composição original do produto que os contêm e lixiviar para o ambiente, uma vez que não

estão quimicamente ligados e sim adsorvidos à matriz polimérica dos produtos (JONSSON et al., 2003).

Despejos domésticos constituem uma ampla fonte do contaminante ftalato para o ambiente, já que

cada vez mais fazem parte de materiais e equipamentos, como pode ser visto na Tabela 3 (LOUREIRO,

2002).

34

Tabela 3. Relação de valores médios da concentração de ftalatos (mg.Kg-1) nas várias frações do Lixo doméstico.

FONTE: LOUREIRO, 2002.

A onipresença de plastificantes no ambiente originou uma maior consciência em relação aos

papéis bioquímicos e toxicológicos destes compostos na biosfera (NET, et al., 2015). Entre os impactos

ambientais negativos que podem ser originados a partir do uso constante desses plastificantes nos

materiais plásticos, estão os efeitos decorrentes da prática de disposição inadequada de resíduos

sólidos em fundos de vale, às margens de ruas e cursos d’água. Essas práticas habituais podem provocar

a contaminação de corpos d’água, assoreamento, enchentes, poluição visual e contaminação do

ambiente (MUCELIN e BELLINI, 2008). Além disso, esses plastificantes são nocivos á saúde humana

(FERREIRA e MIRITA, 2012).

Os ftalatos têm sido um dos poluentes mais freqüentemente encontrados no meio ambiente,

pois são compostos orgânicos amplamente utilizados pelas indústrias na produção de lubrificantes,

colas, repelentes de insetos e plásticos. Dentre os existentes, o ftalato di-etilhexil é um dos mais usados,

por ser uma das matérias-primas para manufatura do policloreto de vinila flexível (SOUZA et al., 2012).

Segundo FERREIRA e MIRITA (2012), esses compostos tendem a se acumular no solo e nas partículas de

sedimentos, em razão do alto coeficiente de partição octanol-água e da baixa solubilidade em água,

causando um grande impacto ambiental.

A contaminação do solo por plastificantes tem gerado uma preocupação para a humanidade.

Uma forma de reduzir esse impacto é a descontaminação desses solos. Nesse processo destaca-se a

biodegradação, na qual são usados microrganismos aptos à quebra das moléculas do contaminante. A

degradação biológica de plastificantes depende das propriedades dos plastificantes e das condições

físicas, químicas e ambientais do meio onde o polímero/plastificante encontra-se inserido (GRISA, 2011).

A Resolução do Conama no 420/09 estabeleceu valores orientadores para a concentação de

ftalatos em solos e águas subterrâneas no Brasil. O valor de prevenção, correspondente à concentração

que pode causar alterações no solo e na água subterrânea, para o di-etilhexil ftalato, é de 0,6 mg kg-1

solo seco. Os valores de intervenção – que representam as concentrações acima das quais existem

riscos potenciais à saúde humana – são de 10,0, 4,0 e 1,2 mg kg-1 solo seco para os usos industrial,

residencial e agrícola, respectivamente (BRASIL, 2009).

Frações Di-metil ftalato

Di-etil ftalato

Di-butil ftalato

Butil benzil ftalato

Di-etilhexil ftalato

Alimentos 0,8 0,9 5,6 1,4 64,3

Papel reciclável 0,4 1,5 15,2 0,9 29,7

Papel não reciclável 0,3 0,7 11,6 0,6 71,1

Filmes plásticos 0,3 1,2 36,2 7,8 444,9

Outros plásticos 0,5 3,7 181,2 26,8 1027,6

35

Numerosos estudos tiveram seu foco na ecotoxicologia dos plastificantes, incluindo os

organismos aquáticos e roedores. Dados mostram que o dibutil ftalalto e di-etilhexil ftalato podem ser

acumulados em altos níveis nos organismos aquaticos (STAPLES et al., 1997; NET et al., 2015). VETHAK e

colaboradoes (2002) relataram a contaminação de di-metil ftalato e di-etilhexil ftalato em espécies de

água doce e marinhas.

Em virtude da comprovação de sua ecotoxicidade, alguns plastificantes, foram adicionados à

lista de poluentes prioritários e tiveram seus valores de uso recomendado, assim sendo, a Agência de

Proteção Ambiental (EPA) dos EUA e a Administração Estatal de Proteção Ambiental da China (SEPA)

listaram o dibutil ftalato e o di-etilhexil ftalato como poluentes ambientais prioritários e o di-etilhexil

ftalato foi listado também pela Comunidade Europeia como uma das 33 substâncias mais perigosas na

água (YUAN et al., 2008).

Atualmente, o uso de plastificantes está sujeito a um controle mais rigoroso e alguns foram

proibidos, sendo que não existem soluções imediatas disponíveis para evitar a contaminação por eles

provocada ao meio ambiente. Os principais objetivos dessas ações são a proteção dos recursos naturais

e a saúde humana. Para uma melhor representação do nível de contaminação e condição

ecotoxicológica do ambiente, a compreensão do comportamento dos plastificantes em diferentes

poliméros é fundamental (NET et al., 2015).

Na Holanda, foram identificadas 400.000 áreas suspeitas de contaminação por plastificantes,

sendo confirmada a necessidade de descontaminação de 55.000 delas pelo Ministério da Habitação,

Planejamento e Meio Ambiente Holandês. Foram remediadas 5.188 áreas de 2000 a 2004 (TIKTAK, 2006

apud FERREIRA, 2009). Um diagnóstico feito no Brasil, em 2004, identificou 689 áreas, potenciais e

efetivas, com populações expostas ou sob risco de exposição a solos contaminados. No último

inventário de 2005, foram 703 áreas contaminadas (BRASIL, 2005).

Estudos laboratoriais revelam que a toxicidade dos ftalatos e a exposição à eles, afetam o

funcionamento dos ecossistemas (KOLENA et al., 2014). As principais preocupações relacionadas com a

exposição de animais selvagens à esses plastificantes são os danos causados na fertilidade, problemas

no desenvolvimento dos recém-nascidos, além do efeito do seu caráter cancerígeno nesses animais. Os

plastificantes são tóxicos para muitas espécies, incluindo algas, protozoários, moluscos, crustáceos,

peixes e invertebrados. Por exemplo, a exposição ao di-etilhexil ftalato pode afetar a reprodução em

anelídeos (tanto terrestres e aquáticos), moluscos, crustáceos, insetos, peixes e anfíbios, e prejudica o

desenvolvimento em crustáceos e anfíbios e também induz a aberrações genéticas (CHEN et al., 2014).

No estudo de FROMME e colaboradores (2002), certos xenoestrógenos, tais como o bisfenol-A

(BPA), bisfenol-F (BPF), butil benzil ftalato, dibutil ftalato e o di-etilhexil ftalato, foram quantificados em

vários ambientes diferentes da Alemanha, a fim de se contribuir para uma melhor compreensão da

exposição à esses compostos. Os ambientes analisados foram às águas de vários rios, lagos e canais, de

36

estações de tratamento de esgoto, de uma indústria química, de um hospital, de uma unidade de

tratamento de plantas aquáticas e de lamas de depuração. Tal amostragem foi selecionada visando-se

obter um panorama geral da contaminação do ambiente aquático desse país, promovida por esses

compostos. A presença de ftalatos foi detectada através de análises de cromatografia gasosa acoplada a

espectrometria de massa. Os resultados demonstraram que o principal poluente presente nas amostras

foi o di-etilhexil ftalato. Segundo os pesquisadores o resultado obtido foi satisfatório, devido à natureza

da interação química (adsorção) entre os ftalatos e o material polimérico dos produtos, que permite a

lixiviação desse plastificante, presente na composição do material, para a água e são os ftalatos os mais

utilizados comercialmente.

ORECCHIO e colaboradores (2014) demonstraram que o Bis-(n-butil)ftalato e o di-etilhexil ftalato

utilizados como amaciadores em pinturas sintéticas, à base de água, podem ser libertados para a

atmosfera a partir de superfícies pintadas. Isso ocorre em função da fotodegradação em superfícies

pintadas, sob irradiação de luz UV. Consequentemente os plastificantes e/ou seus produtos de

fotodegradação são liberados na atmosfera, causando a contaminação do ar, no ambiente no qual foi

realizado o uso desse material.

Nesse contexto, a biodegradação assume um importante papel no processo de remoção de

plastificantes tóxicos do meio ambiente A biodegradação dos plastificantes varia dependendo da

densidade e tipos de espécies dos microrganismos (YUAN et al., 2008).

Processo de Migração do Ftalato

A contaminação ambiental pelos plastificantes pode ocorrer de diferentes maneiras. As causas

mais relevantes incluem a contaminação durante o processo de fabricação do plastificante ou do

polímero, por lixiviação, por migração e ainda pela evaporação dos plastificantes (WANG et al., 2014,

ORECCHIO et al., 2014, CACHO et al.; 2015).

Os ftalatos devido a sua natureza fluídica, podem se difundir pelos materiais nos quais são

adicionados, sendo consequentemente lixiviados. Esse processo leva a sua presença em diversas

amostras ambientais, como no ambiente aquático pela descarga de resíduos industriais de unidades de

transformação, nos efluentes de esgotos doméstico e industrial, pela lixiviação de produtos plásticos, e

no ambiente terrestre incluindo a atmosfera, lamas, solos, aterros sanitários e nas plantas (SOUZA et al.,

2012).

Segundo MARCILLA e colaboradores (2004), em muitas de suas aplicações, pode ocorrer a

migração do plastificante do policloreto de vinila para os meios em contato com o mesmo (gás, líquido

ou sólido), através de catéteres, máscaras para nebulizações, bolsas de sangue, alimentos embalados

com PVC, brinquedos plásticos, sapatos e roupas, enfim, quaisquer materiais que tenham sido

37

produzidos utilizando o policloreto de vinila, podem apresentar a migração dos aditivos utilizados para

fornecer flexibilidade ao mesmo.

O termo migração é descrito na legislação brasileira como “ ... Transferência de componentes do

material em contato com alimentos para estes produtos, devido a fenômenos físico-químicos” (BRASIL,

2006).

São definidos dois tipos de migração: a total ou global e a específica. A migração global refere-se

à transferência total ou à quantidade de substâncias totais que migram da embalagem para o alimento;

a migração global, portanto, é a transferência de todas as substâncias para o alimento, sendo elas

tóxicas ou não. A migração específica relaciona a transferência de uma ou mais substâncias

identificáveis, reconhecidas ou consideradas como de risco para a saúde do homem, não levando em

consideração a quantidade total de outros migrantes que passam para o alimento (FERNANDES et al.,

1987, DARGNAT et al., 2009).

O processo de migração pode depender das propriedades do polímero, massa molecular, da

natureza e quantidade do plastificante, do processo de produção, da homogeneidade do composto, da

natureza e do tipo da área de contato com o plástico (compatibilidade com o plastificante), da

temperatura e da área de contato (MARCILLA et al., 2004).

Os ftalatos possuem propriedades específicas, como demonstrado na Tabela 4. A solubilidade

em água (Cw,) indica o quanto de uma determinada substância irá se dissolver na água. É expressa como

sendo a quantidade mínima de ftalato que irá se dissolver completamente em um mL de água. Quanto

maior esse valor, mais solúvel o ftalato será na água (PANNA, 2006).

O Coeficiente de Partição-Octanol-Água (log K) mede como uma substância química se distribui

entre dois solventes imiscíveis: água (solvente polar) e octanol (solvente apolar). É a proporção/razão

entre as concentrações de uma substância nas fases octanol e a água numa determinada temperatura.

Esse coeficiente é importante para definir o destino das moléculas no ambiente e suas interações com

outras substâncias. Substâncias lipofílicas (log K > 4, mais solúvel em octanol e menos solúvel em água),

tendem a se acumular em materiais lipídicos, como por exemplo, a fração orgânica do solo, enquanto

que as hidrofílicas (log K < 1, mais solúvel em água e menos solúveis em octanol), são relativamente

pouco absorvidas pelo solo e demais sedimentos nele presentes (REGITANO, 2002).

38

Tabela 4. Relação das principais propriedades físico-químicas de alguns ftalatos.

Substância Aspecto Pontos de ebulição

(°C)

Solubilidade em água

Log Koct/água

-Log Cw

sat ( #) µg.mL-1

Di-metil ftalato Líquido incolor viscoso 283,7 1,646 4,5x104* 1,53/1,83

Di-etil ftalato Líquido incolor viscoso 298 2,364 1,2x103* 2,35/2,76

Butil benzil ftalato Líquido incolor viscoso 370 5,180 <100 4,91/4,59

Di-butil ftalato Óleo incolor 340 4,402 1,01* 4,57/4,37

Di-etilhexil ftalato Óleo incolor 384 6,374 4,1x10-2* 9,64/7,06

Di-n-octil ftalato Óleo levemente colorido 220 6,137 <100 6,99

Di-hexil ftalato Líquido incolor viscoso 350 6,144 -- 6,30

Di-isobutil ftalato Líquido incolor viscoso 296 -- 6,2 4,11

Diciclohexil ftalato Sólido granular branco 220 2,630 -- 4,90

Di-metoxi etil ftalato Líquido incolor viscoso -- 1,860 -- 2,90

Di-etoxi etil ftalato Líquido incolor viscoso -- 3,090 -- 4,05

Dipentil ftalato Líquido incolor 342 5,836 -- 4,85

Dipropil ftalato Líquido incolor 304 3,401 -- 3,64

FONTE: THOMSEN,1999 apud LOUREIRO, 2002.

A migração dos plastificantes presentes na malha polimérica do PVC flexível pode ocorrer de

diferentes formas, são elas (MARCILLA,2008):

A volatilização a partir da superfície do PVC para o ar;

A extração promovida pelo contato de um meio líquido com o PVC flexível;

A migração do PVC para um estado sólido ou semi-sólido em contato com ele;

A exsudação sob pressão.

Os principais fatores que afetam a migração de plastificantes são:

O tipo de polímero, sua massa molar e sua compatibilidade com o plastificante;

O tipo e concentração do plastificante, sua massa molar, ramificações e polaridade;

O processo de produção empregado e a homogeneidade do produto;

As condições do teste de migração (tipo de contato, tempo de permanência, temperatura e

características do polímero).

A ocorrência da transferência de substâncias a partir do material polimérico pode ocorrer de

acordo com três modelos de transferência de massa (Figura 11), sendo estes: permeação, migração ou

dessorção e adsorção (ABRANTES, 1998; GILBERT et al., 1980). Este fenômeno é controlado pelo

39

mecanismo de difusão, sendo esta definida como a transferência de massa resultante de movimentos

moleculares naturais e espontâneos que ocorrem sem a ajuda de forças externas (FERNANDES et

al.,1987).

Figura 11. Esquema ilustrativo dos modelos de migração de massas.

Degradação de Plastificantes

Plastificantes podem ser degradados por diferentes caminhos bióticos e abióticos. O tempo de

meia-vida é o tempo (em dias, semanas ou anos) requerido para a concentração da substância ser

dissipada no ambiente em 50% de seu valor inicial. Esse decaimento é causado por processos biológicos

(biodegradação) e abióticos (causados por processos físico-químicos como hidrólise, fotólise e oxidação,

que abrangem os processos de mineralização, degradação, absorção e transporte).

O conhecimento científico atual mostra que a biodegradação diminui o tempo de meia-vida dos

plastificantes nos solos e sedimentos, com resultados que variam entre alguns dias a meses de acordo

com as condições ambientais (ABDEL-DAIEM et al.,2012, OKAMOTO et al., 2006).

A atividade de biodegradação parece ser maior do que degradação abiótica em águas

superficiais, sedimentos e solos. Ftalatos com baixa massa molar são mais facilmente biodegradados do

que aqueles com massas moleculares elevadas. Em ambientes naturais, as grandes variações de

degradação de plastificantes são causados pelas propriedades físico-químicas do aditivo, do tipo de

linhagens bacterianas, das variações de temperatura e das condições de alimentação do icrorganismo

degradador. Estudos relatam que é provável que a meia-vida dos ftalatos, em condições anaeróbias e

em ambientes pobres em nutrientes, seja maior (YUAN et al., 2010, YUAN et al., 2002).

Os ftalatos podem ser removidos do ambiente por alguns processos que incluem a

transformação microbiológica, à volatilização, foto-oxidação, fotólise, sorção e captação biológica

(ABDEL-DAIEM et al., 2012, STAPLES et al., 1997). Estudos laboratoriais têm mostrado que os

microrganismos aeróbios ou anaeróbios de vários habitats (água, sedimentos, solo) são capazes de

degradar plastificantes. No entanto, os tempos de meia-vida dos plastificantes dependem intensamente

de seu habitat, da densidade microbiana e da intensidade dos raios solares (NET et al., 2015).

Os estudos sobre a degradabilidade dos plastificantes demonstram que a cinética da degradação

anaeróbica ou aerobia em sedimento depende de vários fatores, incluindo o pH, a temperatura, os

tensoativos, os poluentes ou inibidores microbianos (NET et al., 2015). A ação microbiana é

40

deterninante na degradação de plastificantes em ambos os sistemas aquáticos e terrestres (por

exemplo, esgotos, solos, sedimentos, água) (STAPLES et al., 1997).

CHANG e colaboradores (2005) demonstraram que em sedimentos de mangue, sob condição

aeróbia, a biodegradação do bis-(n-butil)ftalato e do di-etilhexil ftalato foi considerada rápida.

Resultados similares foram encontrados para tempos de meia-vida do dietil ftalato, bis(n-butil)ftalato e

di-etilhexil ftalato em sedimentos de rio, sob condições anaeróbias à 30°C e pH neutro. As taxas de

biodegradação primária em sedimentos foram estimados de 3 á 4 semanas e 3 meses, respectivamente,

para bis-(n-butil)ftalato e di-etilhexil ftalato (TEGATZ el al,. 1986).

OTTON e colaboradores (2008) mediram a cinética de biodegradação de oito ftalatos

monoalquílicos em sedimentos marinhos e de água doce, coletados em três diferentes locais em

Vancouver. Os ésteres estudados foram biodegradados, em ambos os sedimentos, à 22 °C. Foram

obtidos tempos de meia vida que variaram entre 16 e 39 horas. Experiências de degradação abiótica do

bis-(n-butil)ftalato e di-etilhexil ftalato indicaram que apenas 2,91% em massa, foram degradadas

durante 30 dias. Esse resultado confirmou que a degradação abiotica é muito mais lenta do que a

biodegradação biótica desses compostos (XU et al., 2008).

Biodegradação dos Ftalatos

A biodegradação pode ser definida como a característica que algumas substâncias químicas

apresentam de atuarem como substrato para microrganismos, que as empregam para produzir energia

por respiração celular e criar outras substâncias como aminoácidos e novos tecidos organismos. Além da

biodegradação de certos poluentes e materiais orgânicos, os microrganismos também são responsáveis

por processos-chave no ciclismo geoquímico, bem como na proteção de biomas inteiros (AMANN et al.,

1995).

As taxas de degradação de ftalatos são dependentes do seu peso molecular; aqueles com

maiores cadeias laterais alquil tendem a ter maiores meias-vidas em um determinado ambiente

(ROGERS, 1996). Por isso, di-etilhexil ftalato, o mais prolífico ftalato em uso hoje em dia, é também um

dos mais persistentes no ambiente (FRANCHETTI et al., 2006).

A degradação de ftalatos em monoésteres pode ser biótica ou abiótica. Sendo a degradação

biótica considerada como a capacidade de degradação do diéster no ambiente (JONSSON et al., 2003). A

meia-vida da degradação abiótica (hidrólise de diésteres para monoésteres) varia, para o dimetil ftalato

e o di-etilhexil ftalato em milhares de anos a pH neutro (STAPLES et al., 1997).

Lixiviados de 17 diferentes aterros da Europa foram analisados por JONSSON e colaboradores

(2003) quanto à presença de ftalatos e seus produtos de degradação, monoésteres ftálicos e ácido

ftálico. Os resultados mostraram que os diésteres estavam presentes na maioria dos lixiviados

investigados. Os monoésteres foram detectados na concentração de 1 a 20 mg/L e ácido ftálico 2 a 880

41

mg/L. Diante desses resultados os autores verificaram que os plastificantes estudados foram

degradados nas condições em que esses se encontravam nos aterros. Fica evidente também, que os

microrganismos presentes nesses aterros atuam na degradação dos ftalatos liberados a partir de uma

variedade de produtos, incluindo o policloreto de vinila.

XU e colaboradores (2008) analisaram os tipos de poluição e de degradação de duas qualidades

de ftalatos, dibutil ftalato e o di-etilhexilftalato, em dois tipos de solos, cultivados e não-cultivados

adquiridos nos distritos de Harbin (solos negros) e de Handan (solos úmidos/ fluvo-hidromorfia) na

China. Observaram que as amostras dos solos não cultivados contém menores teores de plastificantes,

sugerindo que os tipos de poluentes neles presentes, são em grande parte derivados de atividades

agrícolas humanas. Experimentos confirmaram que as degradações de ambos os plastificantes ocorrem

principalmente via processos microbianos. Os produtos da degradação foram analisados através da

técnica de cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa e demostraram que o

metabolismo dos plastificantes se iniciou com a hidrólise do di-éster em monobutil ftalato e em seguida,

o correspondente álcool. O monobutil ftalato foi degradado em ácido ftálico ou benzoato de butilo, cuja

obtenção possivelmente foi causada por descarboxilação microbiana. E finalmente ambos os derivados

de monobutil ftalato foram degradados formando protocatecato através da clivagem do anel e

consecutiva mineralização.

Outros estudos sobre a biodegradação de plastificantes, como o de KAREGOUDAR e PUJAR

(1984) e ZHANG e REARDON (1990) apud Xu (2008) propõem que a detecção de butil-benzoato e

dióxido de carbono sugere a existência de uma via de degradação especial, como mostrado na Figura.

12.

Figura 12. Esquema representativo dos compostos obtidos na biodegradação de ftalato de dietil (DEP).

42

STAPLES e colaboradores (1997) descreveram que a rota metabólica de biodegradação dos

ftalatos, em condições aeróbicas e anaeróbias, é iniciada pela hidrólise do ftalato, formando monoéster,

álcool e posteriormente, ácido ftálico, sendo esta denominada biodegradação primária. Esse processo

de degradação é apresentado na Figura 13. A etapa seguinte, denominada como biodegradação última,

resulta na completa mineralização do ácido ftálico e depende do meio. Em condições aeróbias, a

degradação enzimática do monoéster ocorre via ácido ftálico, obtendo-se o ácido 3,4-dihidroxiftalato

e/ou o ácido 4,5-dihidroxiftalato até o protocatecato. A degradação continua através da clivagem desses

compostos formados até a formação de acetato, succinato, piruvato e gás carbônico. Sob condições

anaeróbias, o monoéster é degradado a ácido ftálico e segue pela rota de degradação do benzoato, que

é biodegradado nestas condições (Figura 13).

Figura 13. Rotas metabólicas da biodegradação dos ésteres ftálicos em meio aeróbio e anaeróbio

(STAPLES et al., 1997 apud FERREIRA, 2009).

43

De acordo com a revisão bibliográfica realizada por IEDA e colaboradores (2012), esses

concluíram que a rota aeróbia citada (Figura 13) é a descrita pela maioria dos pesquisadores.

JONSSON e colaboradores (2003) forneceram informações adicionais sobre a dinâmica de

transformação dos ftalatos e seus metabólitos devido à presença destas substâncias em lixiviados de

reatores de simulação, sendo as amostras estudadas provenientes de aterros. Mais precisamente,

verificaram que a concentração dos ftalatos diminuía simultaneamente ao aumento da concentração

dos monoésteres, e que estas mudanças ocorreram durante a transformação do ftalato em ácido ftálico

diretamente ou por intermediação do monoéster (Figura 14).

Figura 14. Esquema geral da degradação do ftalato (A), no ácido ftálico (C), diretamente ou através do monoéster (B)(EJLERTSSON et al., 1996 apud JONSSON et al., 2003).

Estudos realizados por ZENG et al., (2002) demonstraram uma nova rota de degradação do di-

etilhexil ftalato pelas bactérias Pseudomonas Fluoresences, isoladas a partir lodos ativados de indústrias

petroquímicas. Tais bactérias foram identificadas como degradadoras de ftalatos, sendo esses

compostos a única fonte de carbono e energia. A alteração da rota metabólica via hidrólise do ftalato,

ocorreu a partir do monoéster, onde a degradação enzimática produziu ácido ftálico, ácido benzoico,

fenol e finalmente dióxido de carbono e água, sob condições aeróbias.

Enzimas

A nomenclatura “enzima” vem do grego en, (em) + zyme, (levedura), nome este que visa

enfatizar que tal substância se encontra na levedura. As enzimas são conhecidas pela humanidade

desde o final do século XVII, quando estudos começaram a abordar e explicar a relação das secreções do

estômago com a digestão de carne em seres humanos. Esse termo enzima foi usado pela primeira vez

pelo fisiologista alemão Wilhelm Künhe (SAYALI et al., 2013, SAID e PIETRO, 2004).

As enzimas constituem a maior e mais altamente especializada classe de proteínas. Elas

catalisam várias reações químicas, que conjuntamente constituem o metabolismo intermediário das

células (LEHNINGER, 1977).

As enzimas são produzidas por todos os seres vivos, em concentrações diferentes, podendo ser

de origem vegetal, animal ou microbiana. Diferentemente das enzimas vegetais e animais, a produção

44

de enzimas microbianas não depende diretamente de fatores climáticos, que muitas vezes são

incontroláveis. Além disso, somam-se a esses fatores a enorme biodiversidade dos microrganismos em

variados habitats, até mesmo aqueles que vivem em condições extremas (SAID e PIETRO, 2004).

Essas proteínas atuam como catalisadores biológicos que participam das reações metabólicas

energeticamente possíveis às quais elas aceleram por ativação específica. São as enzimas que permitem

atingir rapidamente o estado de equilíbrio da reação, sem modificá-lo. Sua complexa estrutura é

majoritariamente constituída por uma parte proteica, podendo também estar associada a outras

moléculas, como carboidratos e lipídeos.

Algumas enzimas para apresentarem atividade catalítica exigem a participação de moléculas

menores, de natureza não proteica, que são chamados de cofatores. Esses podem ser íons ou moléculas

orgânicas. A vantagem da utilização de enzimas como catalisadores em processos é que estas tornam

geralmente, os processos mais rápidos, eficientes e ambientalmente sustentáveis (MONTEIRO e SILVA,

2009).

Sendo assim, são cruciais em áreas como biotecnologia, bioindústria e engenharia

microbiológica, pois catalisam as reações metabólicas e asseguram a sua regulação. Permitem também

à engenharia genética realizar modificações no material enzimático de alguns microrganismos, com

vistas a torná-los aptos à biossíntese de metabólitos de interesse (SCRIBAN, 1985).

Esterases

As esterases compreendem um grupo diverso de hidrolases que catalisam a clivagem e a

formação de ligações ésteres. Estas são largamente encontradas em animais, plantas e microrganismos

(LOPES, 2011). A análise da estrutura tridimensional das esterases revela uma característica conhecida

como uma dobra α/β das hidrolases, que consiste de uma folha β-central, rodeado por um número

variável de α-hélices, e acomoda uma tríade catalítica formada pelos aminoácidos serina (Ser), histidina

(His) e aspartato (Asp) e um ácido carboxílico. O resíduo aspartato é em alguns casos substituído por

glutamato (Glu) (BORNSCHEUER, 2002) (Figuras 15 e 16). Devido a sua estrutura são classificadas como

enzimas da família α/β hidrolases. Além disso, as esterases são inibidas pelo composto dietil-p-nitrofenil

fosfato, o que as classifica como serina hidrolases (NARDINI et al., 1999). Muitas esterases têm seu sítio

ativo envolvido por elementos estruturais secundários que deve mudar a conformação para permitir o

acesso do substrato ao sítio ativo. Estes elementos da estrutura secundária foram chamados de tampas

ou abas, e têm um papel importante na regulação da acessibilidade de substratos para o dispositivo

catalítico, como evidenciado pela Figura 17. As esterases microbianas possuem massa molecular entre

20 e 60 kDa (MALA e TAKEUCHI, 2008).

45

Figura 15. Representação esquemática em 3D das hidrolases. Folhas-β circundadas pelas regiões em α-hélices (NARDINI et al., 2000 apud GLOGAUER, 2011).

Figura 16. Representação esquemática das enzimas da família α/β hidrolases. As folhas β (1-8) são indicadas por setas e a alfa- hélices são indicadas pelos cilindros. As posições dos aminoácidos estão

indicadas pelos círculos preenchidos (NARDINI et al., 2000 apud GLOGAUER, 2011)

A B C

Figura 17. Representação da estrutura molecular em 3D da hidrolase de Pseudomonas aeruginosa. (a) Representação das conformações α e β. (b) Representação da superfície molecular, a “tampa” foi

destacada em verde e laranja. (c) Sítio catalítico visto de cima, com a serina catalítica em vermelho (NARDINI et al., 2000 apud GLOGAUER, 2011).

No início do processo de biodegradação, as esterases especificamente agem sobre as ligações

éster (-RCOOR) do ftalato, resultando na formação de monoéster e seu respectivo álcool (BENJAMIN et

al., 2015).

46

O mecanismo da hidrólise de uma ligação éster é composto por quatro etapas. Na primeira, o

substrato está ligado à serina ativa, dando origem a um intermediário tetraédrico que é estabilizado por

seus resíduos histidina e aspartato. Na etapa seguinte, uma molécula de álcool é liberada e um

complexo de acil-enzima é formado. Na terceira etapa, o ataque do nucleófilo (água no caso da

hidrólise, álcool ou éster em reações de esterificação) forma novamente um intermediário tetraédrico,

que após sua estabilização produz o produto (um ácido ou um éster) e a enzima fica livre para outro

substrato. A liberação da enzima é conhecida como quarta ou ultima etapa. (BORNSCHEUER, 2002). A

Figura 18 apresenta os reagentes e produtos da hidrólise do éster.

R

O

OR1

+ H2O

Hidrólise de ésteres

Síntese de ésteres

R

O

OH+ R1OH

Éster Água Ácido Carboxílico Álcool

Meio aquoso Meio orgânico

Figura 18. Esquema da reação de hidrólise e síntese de ésteres de ácidos carboxílicos (LOPES, 2011).

47

2. OBJETIVOS

_____________________________________________________________________________________

Objetivo Geral

Diante do abordado até o momento, o objetivo dessa dissertação foi investigar a biodegração do

plastificante ftalato presente no filme de PVC comercial, utilizando-se microrganismos selecionados na

bioprospecção realizada no Parque Estadual Serra de Ouro Branco/MG.

Objetivos Específicos

Isolamento de microrganismos presentes em diferentes amostras coletadas no Parque Estadual

Serra de Ouro Branco;

Seleção dos microrganismos capazes de crescer em meio sólido contendo o filme de PVC e das

cepas microbianas produtoras de esterases utilizando-se testes de halo de hidrólise;

No processo de biodegradação, estudar a cinética de crescimento celular, a perda de massa do

filme de PVC, determinar a acidez e liberação da amônia no meio líquido utilizado.

Caracterização qualitativa dos compostos presentes no meio líquido estudado, no decorrer dos

ensaios de migração e biodegradação do ftalato, para determinar a eficiência da biodegradação e

detectar a migração do ftalato presente na malha polimérica do filme de PVC para o meio líquido

utilizado.

Caracterização qualitativa dos compostos obtidos na biodegradação do ftalato presente no filme de

PVC;

48

3. MATERIAL E MÉTODOS

__________________________________________________________________________________

3.1. Condições estéreis

Para certificar condições estéreis de crescimento dos microrganismos, nos meios sólidos e

líquidos de inoculação, bem como todos os materiais utilizados foram esterilizados em autoclave a

121°C, durante 20 minutos. A esterilização do filme de policloreto de vinila (PVC) começou com a

limpeza do filme com água esterilizada em autoclave e depois foram colocados em erlemeyers de 250

mL previamente esterilizados e vedados com tampas de gases e algodão. Posteriormente foram

submetidos a irradiação com luz ultravioleta (UV) a 230λ no fluxo laminar laboratorial durante 5

minutos, conforme descrito por KUNICHIKA e colaboradores (2004). Com o objetivo de assegurar uma

esterilização eficiente após o tratamento com radiação os filmes foram colocados em micro-ondas e

submetidos à três ciclos de 3 minutos, a cada ciclo finalizado esperava-se 1 minuto para o resfriamento

do filme. Utilizou-se 3 watts de potêcia (SILBAR et al., 1990; SABORN et al., 1982).

Todos os materiais manuseados durante o ensaio e para o tratamento da amostra foram

utensílios de vidro ou de prolipropileno, a fim de minimizar a contaminação das amostras. Toda a

vidraria utilizada foi lavada com um solvente orgânico apropriado, o n-hexano para evitar contaminação

por plastificantes que não são de interesse no estudo (DARGNAT et al., 2009; MOUSA et al., 2013)

3.2. Reagentes Quimicos

Cloreto de amônio (98%), fosfato de potássio (99,5%), Sulfato de magnésio (98%) Ágar base

(93,8%) peptona (95,5%), cloreto de sódio (99%), cloreto de cálcio (98,9%), corante safrinha (99%),

todos marca Synth; Tween 80 (99%), azul de bromotimol (95,9%), hidróxido de sódio (97%), e

nitroprussiato de sódio (97,5%), hipoclorito de sódio (98%), verde malaquita (98%), todos da marca

Merck; Cloreto de cálcio anidro (97%), etanol (95%), iodeto de Potássio (98%), amido P.A. (99%),

cloridrato de hidroxilamina., etanol 95% , ácido clorídrico (99,8%), cloreto férrico (96%), ciclo-hexona

(99%), butanoato de etila (99%), todos da marca Sigma Aldrich; Cloreto de zinco (97%), álcool sec-

butílico (99%) fenol (98,9%), todos da marca Proquimios.

3.3. Equipamentos

Banho Maria, Novatecnica NT 268; pHmetro, DEL LABDLA-PH; Fluxo laminar Buzattos; Estufa de

Secagem e Esterilização SLABMA 1351100; Agitador e aquecedor magnético.Nova ética 114; Balança

analítica Marte AY220; Estufa Bacteriológica, SOLAB 101/150; Centrífuga, Hettich zentrifugen Rotina

38R; Espectrofotômetro, Biospectro SP-220; shaker Multitec 430, paquímetro Kingtools 500.150.

49

3.4. Licenciamento para coleta das amostras

A coleta das amostras no Parque Estadual Serra de Ouro Branco/MG foi condicionada ao

licenciamento junto à Diretoria de Pesquisa e Proteção à Biodiversidade da Secretaria de Estado de

Meio-Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais – SEMAD. Sendo o número da

autorização: COL: 006/13 e o número do Processo SIGED – IEF/DPBIO/GPROP: 0000003821012013-15.

3.5. Coleta de Amostras no Parque Estadual Serra de Ouro Branco

A escolha do Parque Estadual Serra de Ouro Branco, localizado no município de Ouro

Branco/MG, como área de bioprospecção se deu pelo fato do mesmo apresentar características

ambientais bastante peculiares e ainda uma grande diversidade de espécies vegetais, com elevado

potencial biotecnológico em relação aos seus microrganismos.

Na coleta das amostras, realizada no dia 02 de agosto de 2014, foram estabelecidos cinco

diferentes pontos de coleta, perfazendo uma grande área de abrangência do Parque, visando-se uma

maior diversidade de espécies coletadas. Para tal, foram escolhidas regiões com maior diversidade de

habitats e vegetação bastante densa. Foram coletadas 10 amostras distintas em 9 locais diferentes.

Sendo elas amostras de água de nascente, briófitas, solo coberto por densa vegetação, terra de

cupinzeiro, folhas de árvores de pequeno porte I e II, bromélia I e II e caule de árvore de grante porte.

(Tabela 5).

As amostras coletadas tiveram sua localização definida pelos técnicos do Instituto Estadual de

Florestas (IEF) utilizando-se um aparelho de localização no Sistema de Posicionamento Global (GPS)

(Figura 19). As localizações para cada uma das diferentes amostras coletadas podem ser observada na

(Tabela 5).

Tabela 5. Relação de amostras coletadas no Parque Estadual Serra de Ouro Branco e suas respectivas localizações no Sistema de Posicionamento Global.

Amostras Localização georreferenciada

Água S20°28'51,7'' / W043°43'00,8''

Briófita S20°28'49,4'' / W043°43'04,3''

Solo S20°28'49'' / W043°13'04,4''

Terra de cupinzeiro S20°28'48,7'' / W043°43'04,7''

Folha I S20°28'50,6'' / W043°43'04,8''

Caule S20°28'50'' / W043°43'03,8''

Folha II S20°28'49,8'' / W043°43'04,0''

Bromélia I S520°28'51,7'' /W043°43'00,3''

Bromélia II S520°28'52'' / W043°43'00,3''

50

Figura 19. Imagem de satélite indicando o local de coleta das amostras no Parque Estadual Serra de Ouro Branco. Imagem fornecida pelo IEF – Ouro Branco.

__ Delimitações do Parque Estadual Serra de Ouro Branco.

3.6. Isolamento e manutenção dos microrganismos

As amostras coletadas foram acondicionadas em béqueres de 1 L de polipropileno previamente

esterilizados, devido a facilidade de manuseio desses béqueres nas áreas de coleta no Parque Estadual

Serra de Ouro Branco. Essas amostras foram mantidas refrigeradas, em caixas térmicas, até sua chegada

ao laboratório, sendo processadas num período de até 5 h após sua coleta.

O isolamento dos microrganismos colonizadores das amostras foram realizadas pela técnica do

imprinting em meio de cultura Yest Malt Ágar (YMA) (g/L-1): extrato de malte, 3; extrato de levedura, 3;

peptona, 5; glicose, 10; ágar, 17.

3.6.1. Técnica do Imprinting

Para o isolamento da população de microrganismos presentes nas briófitas, folhas, caule de

árvore e bromélias, foram retirados pequenos fragmentos das amostras, estas foram colocadas em

contato direto com o meio de cultura em dois tempos de contato: 0h (as amostras foram retiradas

imediatamente após o contato com o meio de cultura) e 24 h (de contato da amostra com o meio). Logo

51

em seguida as placas foram incubadas a 28 oC até o crescimento das colônias (FUENTEFRIA e VALENTE,

2004).

Para a incubação da água foi retirada uma alíquota de 1 mL da amostra e esta foi colocada

diretamente no meio sólido; já as amostras de solo e de terra de cupinzeiro foram inoculadas

colocando-se uma pequena quantidade das mesmas nas placas contendo o meio. Todas as placas foram

incubadas a 28°C. Para essas amostras, no tempo 0h, as placas foram totalmente invertidas a fim de que

todo resquício da amostra fosse retirado imediatamente após o contato com o meio de cultura. Alguns

remanescentes foram retirados com uma espátula de vidro previamente esterilizada.

3.6.2. Crescimento e isolamento dos microrganismos

Após o período de incubação, os microrganismos foram isolados, levando-se em conta as

características macromorfológicas das colônias, como a cor e aspecto das colônias. Posteriormente

foram purificados pela técnica de esgotamento por estrias em meio sólido YMA. Este procedimento foi

repetido quantas vezes foram necessárias, visando à obtenção de colônias puras. As colônias isoladas

sofreram repiques em meio sólido a cada 30 dias e foram mantidas em meio YMA, a 4°C.

3.7. Caracterização morfológica dos microrganismos isolados

Para uma identificação prévia dos microrganismos isolados e crescidos em meio YMA os mesmos

foram submetidos à preparação de lâminas a fresco aliadas à técnica de Coloração de Gram.

Para a identificação dos gêneros fúngicos, realizou-se a técnica de microcultivo, de acordo com o

método descrito pela ANVISA (2004). Foram autoclavados kits de microcultivo contendo os seguintes

elementos: uma placa de Petri, uma lâmina de microscopia, uma lamínula, um palito e um pedaço

pequeno de algodão comum. Os elementos foram esterilizados dentro de cada placa de Petri, e esta

embrulhada individualmente. Os elementos esterilizados foram organizados da seguinte forma: cada

placa continha em seu interior um pedaço de algodão umidificado com água destilada estéril e uma

lâmina suspensa por dois palitos. Um cubo de aproximadamente 1 cm³ de meio de cultura YMA foi

cortado com o auxílio de uma espátula e colocado sobre a lâmina contida no interior da placa. Em

seguida inoculou-se o fungo, com auxílio de uma alça de platina, esterilizada em bico de Bunsen, nas

bordas do ágar e sobre este foi colocada uma lamínula esterilizada. A placa foi incubada por 10 dias a

28°C. Após o período de incubação, inativou-se a esporulação, adicionando 1 ml de formol ao algodão

estéril contido no interior da placa e a vedou com fita adesiva durante 48h. O vapor de formol, além de

inativar o fungo, auxilia na fixação das estruturas microscópicas. Após o tempo determinado, a lamínula

foi então colocada sobre uma gota do corante azul de metileno presente na superfície de uma lâmina

limpa. Todo esse processo foi realizado em fluxo laminar. As lâminas preparadas foram fixadas com

esmalte nas suas laterais e posteriormente observadas em microscópio óptico.

52

3.8. Amostra do filme de PVC

O filme de PVC utilizado nos estudos foi de uso comercial, em bobina, medindo 1.600 m. X 40

cm x 11 μm, respectivamente, comprimento, largura e espessura, com o prazo de validade próprio para

o uso e com o lote nº 32280 para a rastreabilidade do produto estampados no rótulo da embalagem de

papelão. A bobina do filme de PVC foi comprada em estabelecimento comercial, varejista, do município

de Ouro Branco/MG em agosto de 2013. Foi utilizado uma massa de aproximadamente 1 g desse filme

para os ensaios decritos a seguir.

3.9. Seleção dos microrganismos isolados aptos a utilizar o ftalato presente no filme de PVC

como substrato.

3.9.1. Seleção em meio sólido

Os microrganismos foram selecionados conforme a técnica descrita por CHANG e ORIEL (1994).

Esse procedimento se baseia na inoculação dos microrganismos isolados nas etapas anteriores em meio

mineral (1,0 g/L NH4Cl, 0,5g/L K2HPO4, 20mg/L MgSO4.7H20 adicionando 17g/L de Ágar) contendo o

substrato de interesse como única fonte de carbono e energia. O substrato utilizado foi o filme PVC, o

qual foi previamente esterilizado, conforme descrito no item 3.1. e cortado em pedaços de

aproximadamente 0,10g cada. Para verificar a metabolização da fonte de carbono foi montado um

sistema de três placas, sendo que uma placa continha a fonte de carbono a ser testada (pedaços de

filme PVC), a outra continha glicose como fonte de carbono (controle positivo), e a terceira placa não

continha nenhuma fonte de carbono (controle negativo). A semeadura dos microrganismos nas placas

contendo o meio mineral foi realizada com auxílio de uma alça de platina previamente flambada no bico

de Bunsen e os microrganismos foram inoculados na forma de estrias. Posteriormente, as placas foram

incubadas a temperatura de 28°C por no máximo 15 dias. Para análise dos resultados foi avaliado o

consumo da fonte de carbono comparando-se o crescimento das bactérias nas 3 placas estudadas. Com

incubação em estufa bacteriológica, as bactérias podem ser capazes de utilizar diferentes fontes de

carbono e energia (NIAZI et al., 2001). Essa técnica permite a seleção direta de microrganismos com

potencial para degradar o ftalato contido no filme de policloreto de vinila.

3.9.2. Seleção em meio líquido - Degradação in vitro e cinética de crescimento dos microrganismos

pré-selecionados

Os oito microrganismos que apresentaram melhor adaptação à fonte de carbono adicionada ao

meio sólido foram selecionados para as próximas etapas do estudo. Assim, realizou-se um ensaio em

meio líquido. Utilizou-se a mesma metodologia descrita para o ensaio em meio sólido (item 3.9.1.),

53

ressaltando que, em meio líquido não há necessidade de acrescentar o componente Ágar ao meio

mineral.

3.9.3. Preparação do inóculo

Para obtenção do pré-inóculo, uma colônia de cada microrganismo foi retirada da placa de Petri

e semeada em erlenmeyer de 250 mL contendo 100 mL de meio líquido YMA e mantida a 28°C mantida

a 30 oC, sob agitação de 150 rpm por 24h. Logo após esse período alíquotas de 25 mL do meio

fermentado foram transferidas para Erlenmeyers previamente esterilizados contendo 75 mL de meio

mineral e foram submetidas às mesmas condições de incubação descrita acima, a fim de se obter o

inóculo que será utilizado nas etapas posteriores.

3.9.4. Degradação in vitro e cinética de crescimento

Com base nas técnicas utilizadas por CHATTERJEE e DUTTA (2003), alíquotas de 1mL do inoculo

(item 3.9.3.) foram transferidos para 8 erlenmeyers de 250mL contendo cada um deles 149 ml de meio

mineral líquido (1,0g/L NH4Cl, 0,5g/L K2HPO4,20mg/L MgSO4.7H20) e suplementados individualmente

com 0,25g de filme PVC, previamente preparados como única fonte de carbono. O inóculo e os pedaços

de filme PVC foram preparados conforme o item 3.9.3 e 3.1., respectivamente. O tubo de controle foi

preparado sem o filme PVC (controle endógeno). Durante os experimentos foi observado o crescimento

de contaminantes. Os Erlenmeyers contendo o inóculo, o PVC e o controle foram tampados e

submetidos a uma incubadora “shaker” com agitação de 180 rpm na temperatura de 28°C. Diariamente

amostras de 10 mL de extrato foram coletadas no mesmo horário da inoculação durante 10 dias.

Para o monitoramento do crescimento celular foram retiradas nos tempos alíquotas de 1 mL dos

cultivos. Estas alíquotas foram centrifugadas a 13.000 rpm durante 10 minutos para precipitação das

células. O sobrenadante foi descartado e o precipitado de células depositado no fundo do tubo foi

ressuspendido em 1mL de água destilada. Logo em seguida, tomou-se 500μL dessa suspensão aos quais

foram adicionados 2,5 mL de água destilada para monitoramento da densidade óptica (600nm) em

cubeta de 3 mL em espectrofotômetro (GOMIDE, 2012).

3.10. Detecção qualitativa de atividade enzimática em meio sólido

As esterases foram detectadas pela realização do teste qualitativo de método de difusão em

ágar. A capacidade de hidrolisar ésteres foi testada em placas de Petri contendo 10,0g de peptona, 5,0g

de NaCl, 0,1g de CaCl2, 15g de Ágar e 1,0 L de água destilada. Posteriormente o meio foi autoclavado por

20 minutos a 121°C. Foram autoclavados também 5 ml de Tween 80 e adicionados ao meio. As placas de

Petri foram preenchidas com 25ml do meio descrito acima. Os microrganismos de interesse foram

54

cultivados durante 24h em meio YMA. Esses microrganismos previamente cultivados foram transferidos

para o meio de Tween 80 através do toque no centro do meio de Ágar usando-se hastes flexíveis

previamente esterilizadas, de modo a preparar um local de inoculação circular de 10 mm de diâmetro.

Os testes foram realizados em triplicatas. As placas de Ágar inoculadas foram incubadas a 30°C e foram

examinadas diariamente por 10 dias (MARCIELLE, 2011). A atividade esterásica foi revelada pela

presença de um precipitado visível (halo opaco) ao redor da colônia (CARISSIMI et al., 2007). Foi

calculado para cada microrganismo o índice enzimático (IE) considerado como a razão entre os

diâmetros médios dos halos de degradação dos substratos e os diâmetros médios das respectivas

colônias (HANKIN e ANAGNOSTAKIS, 1975). As medições dos diâmetros dos halos de hidrólise e das

colônias foram realizadas usando-se um paquímetro (HUBBELL et al., 1978).

3.11. Ensaio de biodegradação do ftalato presente no filme de PVC usando-se o

microrganismo selecionado previamente.

O microrganismo que apresentou maior atividade esterásica em meio sólido suplementado por

Tween 80 foi selecionado para as posteriores etapas desse estudo.

3.11.1. Preparação do inóculo para o ensaio de biodegradação

Para obtenção do pré-inóculo, uma colônia do microrganismo foi retirada da placa de Petri e

semeada em erlenmeyer de 500mL contendo 300 mL de meio líquido (10,0g de peptona, 5,0g de NaCl,

0,1g de CaCl2, 15g de Ágar em 1,0 L de água destilada) mantida a 28oC, sob agitação de 150 rpm por 24

horas. Logo após esse período alíquotas de 25 mL do meio fermentado foram transferidas para

Erlenmeyers previamente esterilizados contendo 225 mL de meio mineral (1,0g/L NH4Cl, 0,5g/L K2HPO4,

20mg/L MgSO4.7H20 em 1L de água destilada) e foram submetidas as mesmas condições de incubação

descrita no item 3.9.3., a fim de se obter o inóculo utilizado nas etapas poeteriores

3.11.2. Ensaio de biodegradação

Com base nas técnicas utilizadas por CHATTERJEE e DUTRA (2008), alíquotas de 25mL do inoculo

foram distribuídas em 12 erlenmeyers de 250 mL contendo 125 mL de meio mineral líquido (1,0g/L

NH4Cl, 0,5g/L K2PO4, 20mg/L MgSO4.7H20) e suplementado com aproximadamente 1,0g de PVC

previamente esterilizados conforme o item 3.1, como única fonte de carbono. Todo o experimento foi

feito em duplicata e dois tubos de controle foram montados, um sem PVC (controle negativo) e outro

com o PVC (controle positivo), para detectar possíveis contaminações. Os Erlenmeyers contendo o

inóculo e o PVC, as duplicatas e os controles foram tampados e submetidos a uma incubadora shaker

com agitação de 180 rpm na temperatura de 28°C. O ensaio de biodegradação foi conduzido durante 24

55

dias, sendo que, a cada 2 dias (48 h) um erlenmeyer e sua respectiva duplicata eram retirados do shaker

para análise da mistura formada nesse ensaio.

3.12. Análises dos produtos obtidos no ensaio de biodegradação

As análises foram feitas na mistura formada no ensaio de biodegradação e na sua respectiva

duplicata.

3.12.2. Determinação do índice de acidez

Em um erlenmeyer de 100 ml foram adicionados uma alíquota de 40 mL da mistura na qual a

biodegradação estava ocorrendo (item 3.11.2.) e 2 gotas do indicador solução alcoólica de azul de

bromotimol (50 mg de azul de bromotimol dissolvidos na mistura composta por 4 mL de hidróxido de

sódio a 0,02 mol/L-1, 20 mL de álcool e 100 mL de água destilada). A titulação foi realizada em bureta de

10 ml usando-se uma solução aquosa padrão 0,0075 mol-1 de NaOH (titulante), a qual foi padronizada

com biftalato de potássio. Através do volume da solução de NaOH usada na titulação, calculou-se o

índice de acidez (expresso em mol/L-1) da amostra, mediante emprego da equação 1:

Equação 1

Sendo:

C: concentração do ácido, mol/L;

M: molaridade do titulante, mol;

V: volume titulado, L.

Essa análise tem como finalidade determinar a concentração total de H+ na mistura em questão.

3.12.3. Monitoramento das células viáveis

Foi realizada através da contagem de colônias em placas ou Unidade formadoras de Colônias

(UFC), que determina somente o número de células viáveis e indica possíveis contaminações. As células

foram colhidas logo após a retirada de cada amostra. Diluições decimais seriadas da suspensão de

células foram feitas em solução estéril de peptona a 0,1% (1g/L peptona, 8,5g/L NaCl). Um ml de cada

diluição foi inoculado em placas duplicadas de Petri e misturada com o meio Agar (10,0g de peptona,

5,0g de NaCl, 0,1g de CaCl2, 15g de Ágar em 1,0 L de água destilada) (por espalhamento na superfície do

meio). As placas de Petri foram incubadas 24 h a 30 °C antes da contagem. A diluição utilizada foi de

56

1x10-8, pois foi a qual apresentou uma média de 130 a 280 colônias, estando dentro da faixa

recomendada pela literatura, que é entre 30 e 300 colônias. Em seguida foram feitos os cálculos para

padronização do inóculo segundo a Equação 2 abaixo.

Equação 2:

Sendo:

C: Unidade Formadoras de Colônias, UFC/mL;

D: diluição invertida, mL;

M: média de colônias contadas, UFC;

Fc: fator de correção do plaqueamento determinado na literatura.

3.12.4. Determinação da morte celular pelo método da concentração da amônia

A cada 24h alíquotas de 50 µl da mistura na qual a biodegradação estava ocorrendo (item

3.11.2.) foram retiradas e tratadas com 3,0 ml de Reagente Fenol (11,68 ml de fenol e 0,0625g de

nitroprussiato de sódio) e 3 ml de Reagente Hipoclorito de Sódio (6,25g de NaOH e 3,67 ml de

hipoclorito de sódio). As amostras foram agitadas após a adição de cada reagente. Em seguida foram

incubadas a 39°C por 20 minutos em banho Maria. As amostras foram novamente agitadas e analisadas

a 630 nm em cubeta de vidro A quantidade de amônia produzida pelas bactérias foi estimada usando

coeficientes obtidos a partir da curva padrão da amônia.

A confecção da curva analítica foi realizada de acordo com o procedimento operacional padrão

(POP) n0 65.3120.064 (INCQS/FIOCRUZ, 2004), modificado da seguinte forma: A curva padrão foi

confeccionada com cinco pontos, obtidos através da solução estoque genuínas do padrão de sulfato de

amônia e os reagentes descritos no item anterior (Item 3.12.4). A partir desta solução foram feitas

diluições, em cada caso, foi medida a absorbância a 630 nm.

3.12.5. Determinação da perda da massa do filme PVC

Os pedaços de PVC residuais foram removidos a cada intervalo de 48 h, concomitante à coleta

feita da mistura de biodegradação no item 3.11.2 Esses PVCs foram lavados com água Mili-Q e secos

sobre cloreto de cálcio anidro em estufa a 45°C por 48 horas. Já à temperatura ambiente foram

novamente pesados. Valores de perda de massa foram calculados a partir da Equação 3 (SEARPE e

WOODRO, 1971):

Equação 3:

57

Sendo:

M R: Massa resultante do PVC, g;

M F: Massa final do PVC, g;

M I: Massa inicial do PVC, g.

3.13. Ensaio de migração do ftalato presente no PVC para o meio mineral

O filme de PVC foi cortado em pequenos pedaços de aproximadamente 1g cada e esterilizou-se

conforme descrito no item 3.1. Os filmes de PVC foram colocados erlenmeyer com capacidade de

500mL, contendo 400mL de meio mineral líquido (1,0g/L NH4Cl, 0,5g/L K2PO4,20mg/L MgSO4.7H20). Os

frascos foram tampados e submetidos a um shaker com agitação de 180 rpm na temperatura de 28°C,

sob as mesmas condições do ensaio de biodegradação descrito no item 3.11.2. Em intervalos de tempo

de 48 h, alíquotas foram retiradas para a determinação do ídice de acidez. Todos os experimentos foram

realizados em duplicata.

3.14. Identificação qualitativa dos diferentes grupos funcionais obtidos nos ensaio de

biodegradação e de migração do ftalato.

3.14.1. Detecção do grupo funcional carboxila (-COOH) empregando-se o Teste de conversão a

Hidroxamato Férrico.

Inicialmente foi preparada a seguinte mistura: 1 mL de cloridrato de hidroxilamina 0,5 mol/L-1

em etanol a 95% e 0,4 mL de hidróxido de sódio (6 mol/ L-1).

Em um tubo de ensaio foram adicionadas 300 µl da mistura na qual a biodegradação estava

ocorrendo (item 3.11.2.) e 1mL da mistura recém preparada de cloridrato de hidroxilamina. Em seguida,

o tubo foi aquecido por 30 segundos em banho-maria à 40°C e, posteriormente resfriado em banho de

gelo. Foram então adicionados 2 mL de ácido clorídrico (1 mol/L-1) e uma gota da solução aquosa de

cloreto férrico 5% (v/v). Esse foi agitado lentamente. O aparecimento da cor vinho/marrom

avermelhado é indicativo da presença do grupo funcional ácido carboxílico no meio testado.

Procedimento idêntico foi adotado usando-se amostras retiradas do ensaio de migração do ftalato (item

3.13.). Ambos os procedimentos foram acompanhados da realização do ensaio “branco” (ENGEU, 2012).

O composto utilizado para o teste positivo foi o butanoato de etila.

58

3.14.2. Detecção do grupo funcional fenol (ArOH) empregando-se o teste do cloreto férrico.

Em um béquer de 50 mL contendo 1 mL de água destilada foram adicionadas cinco gotas da

amostra proveniente dos ensaios de biodegradação (item 3.11.2) e sete gotas de solução aquosa de

cloreto férrico a 2,5%. O aparecimento da coloração violeta, azul ou verde intensa é indicativo da

presença do grupo funcional fenol na amostra testada. Procedimento idêntico foi adotado usando-se

amostras retiradas do ensaio de migração do ftalato (item 3.13.). Ambos os procedimentos foram

acompanhados da realização do ensaio “branco” (ENGEU, 2012). O composto utilizado para o teste

positivo foi o fenol.

59

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

____________________________________________________________________________________

4.1. Caracterização morfológica dos microrganismos isolados

Foram isolados 23 microrganismos das amostras selecionadas no Parque Estadual Serra de Ouro

Branco/MG, sendo todos esses classificados de acordo com suas características fenotípicas.

Os microrganismos selecionados foram codificados de acordo com sua morfologia celular e

foram nomeados da seguinte forma: FF no caso de fungos filamentosos, BC para bactérias do tipo cocos

e BB para bactérias do tipo bastonetes. Os resultados obtidos quanto à morfologia, coloração, aspectos

da superfície das colônias, segundo os códigos estabelecidos, foram apresentados na Tabela 6.

Tabela 6. Caracterização morfológica dos microrganismos isolados.

Microrganismos Amostras Cor das

Colônias Aspectos

Morfologias

Celulares

BB1 Água Roxo Brilhante Bastonetes Gram -

BC19 Água Bege Brilhante Cocos Gram -

BC22 Água Bege Brilhante Cocos Gram -

BB23 Água Banco Brilhante Bastonetes Gram -

BC4 Bromélia I Branco Brilhante Cocos Gram-

BB21 Caule de árvore Bege/claro Brilhante Batonete Gram -

BC20 Cupinzeiro Branco Brilhante Cocos Gram -

FF5 Folha I Branco/verde Fosco Geotrichum sp

BB6 Folha I Amarelo Brilhante Batonetes Gram+

BC7 Folha I Marrom/claro Brilhante Cocos Gram -

BC8 Folha I Laranja Brilhante Cocos Gram -

BC9 Folha I Branco Brilhante Cocos Gram -

BC10 Folha I Branco Brilhante Cocos Gram -

BC11 Folha I Bege/claro Brilhante Cocos Gram -

BB12 Folha II Laranja Fosco Bastonetes Gram+

FF13 Folha II Amarelo Fosco Aspergillus sp

FF14 Folha II Bege/claro Fosco Aspergillus sp

FF2 Folha II Bege Fosco Aspergillus sp

FF3 Folha II Bege Fosco Aspergillus sp

BC15 Solo Bege Brilhante Cocos Gram -

BC16 Solo Laranja/claro Brilhante Cocos Gram -

BB17 Solo Bege Brilhante Bastonetes Gram -

BC18 Solo Bege Brilhante Cocos Gram -

A caracterização morfológica mostrou-se primordial, uma vez que, a coloração Gram é uma

técnica simples e seus custos são consideravelmente baixos diante da eficácia alcançada com os

resultados imediatos dos testes.

60

Nessa as bactérias são separadas em dois grandes grupos, o das bactérias Gram positivas e o das

Gram negativas, o que é importante para a caracterização e classificação dessas bactérias. Através dessa

técnica são obtidas informações sobre a morfologia celular e a constituição da parede celular das

bactérias a serem caracterizadas.

Dessa forma, a análise da coloração Gram das bactérias isoladas, demonstrou que 16 bactérias

são Gram-negativas e somente 2 Gram-positivas, quanto à morfologia bacteriana as bactérias isoladas

apresentaram forma de cocos e bastonetes. O fungos se diferenciam em 4 Aspergillus sp e 1 Geotrichum

sp. Foram 6 as bactérias que apresentaram a morfologia de bastonetes (BB1, BB6, BB12, BB17, BB21 e

BB23), sendo a BB6 e BB12 Gram positivas e a BB1, BB17, BB21 E BB23 Gram negativas. Essas foram

isoladas a partir de amostras de água, folhas, tronco e solo, e suas colônias apresentaram diferentes

cores (roxo, amarelo, laranja, bege e branco) e aspecto brilhante (Figura 20).

Todas as 12 bactérias BC4, BC7, BC8, BC9, BC10, BC11, BC15 BC16, BC18, BC19, BC20 e BC22 que

apresentaram morfologia bacteriana Cocos foram detectadas como Gram negativas. Sendo essas

provenientes de amostras de folhas, bromélia, água e solo. Verificou-se que todas essas colônias de

bactérias apresentaram aspecto brilhante com cores que variaram entre branco, bege, laranja e marrom

(Figura 20).

Figura 20. Exemplos de microrganismos isolados do Parque Estadual Serra de Ouro Branco. A primeira foto (esquerda) se refere ao microrganismo BC19, segunda ao BC8 e a terceira ao BB6.

A preparação microscópica para a observação dos fungos é de extrema importância, uma vez

que a identificação dos microrganismos isolados depende, em grande parte, do conhecimento das suas

características morfológicas, tais como as estruturas de reprodução, textura e tempo de

desenvolvimento da colônia. Foi utilizada a técnica do microcultivo para identificação dos gêneros de

fungos encontrados neste estudo. Assim foram identificados em diferentes amostras os gêneros

Aspergillus sp. e Geotrichum sp.

As amostras codificadas como FF2, FF3, FF13 e FF14, originárias exclusivamente de folhas II

foram classificados como Aspergillus sp, e suas colônias apresentaram aspecto fosco e coloração

BC19 BC8 BB6

61

amarela ou bege. Somente a amostra FF5, também de aspecto fosco e proveniente de folhas I, foi

caracterizada como Geotrichum sp.

Com base nas características macromorfológicas apresentadas pelos microrganismos observou-

se uma variedade de cores das colônias isoladas das amostras, como branco, verde, laranja, rosa, roxo,

amarelo, e bege, além dos aspectos fosco e brilhante. Essa metodologia de caracterização morfológica,

destaca-se nesse estudo, pois possibilitou conhecimento de vários microorganismos diferentes

presentes no Parque Estadual Serra de Ouro Branco ressaltando, consequentemente a importância da

técnica da bioprospecção.

A distribuição de frequência dos microrganismos isolados, segundo sua morfologia celular,

demonstrou que as bactérias do tipo cocos Gram negativos apresentaram maior frequência relativa

(52,2%), seguidos dos fungos (21,7%), do bastonetes Gram negativos (17,4%) e dos bastonetes Gram

positivos (8,7%). Tais resultados estão apresentados na Figura 21.

Figura 21. Distribuição de frequência dos microrganismos isolados.

4.2. Seleção dos microrganismos isolados aptos a utilizar o ftalato presente no filme de PVC como

substrato

4.2.1 Seleção em meio sólido

A Figura 22 apresenta uma foto ilustrativa da placa de Petri preparada para o ensaio de seleção

em meio sólido. Nesta fase do estudo foram selecionados oito microrganismos, BB1, FF2, FF3, BB4, FF5,

BB6, BC7 e BC8 (Tabela 6), os quais apresentaram melhor crescimento em meio sólido mineral

suplementado com filme policloreto de vinila como única fonte de carbono. Observou-se que os

microrganismos selecionados nessa etapa foram capazes de degradar o ftalato presente no filme PVC,

uma vez que esses não possuem meio aquoso para se difundirem.

62

Analisando-se a Figura 22, percebeu-se que o microrganismo coloniza e cresce na presença do

filme de PVC. Esse crescimento indica a metabolização do filme PVC como fonte de carbono, uma vez

que não há outra fonte de carbono e por ser meio sólido o ftalato presente no filme não difunde para o

meio. O filme PVC foi colocado na superfície do meio e não misturado ao meio.

A Figura 23 representa os oito microrganismos selecionados nessa etapa, ou seja,

microrganismos que utilizaram o ftalato do policloreto de vinila como fonte de energia e carbono.

Analisando a Figura 23 e a Tabela 6, pode-se percerber que os microrganismos que evidenciam a

utilização do ftalato em seu metabolismo são de diferentes formas e cores e seus habitats são variados,

como água, folha e bromélia.

Figura 22. Foto ilustrativa do crescimento do microrganismo FF5 em meio sólido, contendo filme de policloreto de vinila como substrato.

Figura 23. Fotos ilustrativas dos diferentes microrganismos selecionados para os estudos cinéticos, de acordo com a codificação apresentada na Tabela 6.

BB1 FF2 FF3 BB4

FF5 BB6 BC7 BC8

63

Estudo semelhante foi desenvolvido por KUNICHIKA e colaboradores (2005), no qual, foi

investigado a utilização de microrganismos para degradar e remover o di-etilhexil ftalato, a partir do

policloreto de vinila. Os possíveis microrganismos que degradam o di-etilhexil ftalato foram adquiridos a

partir do solo e de lodos de esgoto. Estes foram submetidos a ensaios contendo di-etilhexil ftalato

(0,3%) como a única fonte de carbono. A partir de mais de 100 amostras testadas, foram isolados quatro

microrganismos, dos quais apenas um deles foi capaz de degradar completamente o di-etilhexil ftalato.

Resultados semelhantes foram demostrados nesse trabalho, uma vez que selecionou em meio sólido

microrganismos capazes de metabolizar o ftalato presente no filme PVC. Sendo que no estudo de

KUNICHIKA e colaboradores (2005) a fonte de carbono foi o próprio plastificante, já nesse estudo o

plastificante estava inserido na estrutura polimérica do PVC.

4.2.2. Seleção em meio líquido - Degradação in vitro e cinética de crescimento dos

microrganismos pré-selecionados

Os estudos cinéticos de crescimento dos 8 microrganismos selecionados (BB1, FF2, FF3, BB4,

FF5, BB6, BC7e BC8) apresentados na Figura 23, foram realizados tendo como parâmetro o crescimento

celular analisado através da leitura da densidade óptica em 600 nm.

A Figura 24 mostra o perfil cinético do crescimento celular dos microrganismos selecionados

utilizando o ftalato presente no filme policloreto de vinila como única fonte de carbono.

De acordo com os resultados obtidos (Figura 24) verificou-se que, os microrganismos BB1, FF2,

FF3 demostraram elevado crescimento após 10 dias de fermentação, alcançando uma densidade óptica

superior a 1,0. Por outro lado, os microrganismos BB4, FF5, BB6, BC7 e BC8 obtiveram uma densidade

óptica inferior a 0,5 com o mesmo tempo de fermentação.

Figura 24. Gráfico relativo à cinética de crescimento dos microrganismos BB1, FF2, FF3, BB4, FF5, BB6, BC7 e BC8, sob mesmas condições de cultivo.

B

B

1

64

4.3. Detecção qualitativa de atividade enzimática em meio sólido pelos microrganismos BB1, FF2, FF3

Nessa fase de estudo foram utilizados os três microrganismos que apresentaram o melhor perfil

cinético de crescimento (BB1, FF2, FF3). Nessa etapa foi avaliada a capacidade de produção de esterase

pelos microrganismos BB1, FF2, FF3 a partir da formação de halos de hidrólise em meio sólido mineral

suplementado com o substrato Tween 80. A presença desses halos indicou a produção extracelular da

enzima esterase responsável pela degradação desse substrato. Estudos da colonização de fungos e

biodegradação do policloreto de vinila por WEBB et al. (2000) evidenciam que os fungos produzem

esterases extracelular que degradam os plastificantes que se encontram no policloreto de vinila.

Segundo VAZZOLLER (2001) apud GRISA et al. (2011), os microrganismos isolados de aterro sanitário

secretam as enzimas, que são responsáveis pelo metabolismo, transformação e quebra de uma

substância em outra. Sendo assim, as células microbianas possuem arsenais enzimáticos que são

capazes de atuar sobre substâncias químicas sintéticas oriundas das atividades antropogênicas. Através

desse estudo observou-se que bactérias e fungos produziram a enzima esterase.

A escolha do substrato para a determinação das atividades esterásicas foi direcionada para

Tween 80, pois o uso do mesmo é indicado para o estudo da especificidade das esterases que hidrolisam

ésteres de ácidos graxos de cadeias curtas (LAMBRECHTS et al., 1995).

A Figura 25 apresenta exemplos dos halos de hidrólise produzidos pelos microrganismos BB1, FF2,

FF3. Os halos indicativos da produção das enzimas esterase, podem ser vistos mesmo com a ausência da

solução reveladora e foram detectados pela presença de uma zona clara ao redor das colônias como

avaliado por GOPINATH e colaboradores (2005). Sendo assim, analisando-se a Figura 25 percebe-se que

a BB1 gerou o maior halo, possivelmente devido à sua maior capacidade de produção de enzimas do

tipo esterase. Nos casos demonstrados na Figura 25 (resultado positivo) foram medidos os diâmetros

dos halos de hidrólise e das colônias.

A atividade enzimática extracelular foi avaliada mediante a relação entre o diâmetro médio do

halo de degradação e o diâmetro médio da colônia e expressa como índice enzimático (IE). Desse modo,

quanto maior o índice maior é a atividade enzimática no meio (HUBBELL et al., 1978).

Figura 25. Fotos ilustrativas de halos produzidos por cepas de microrganismos após 10 dias de

crescimento em meio suplementado com Tween 80. A atividade esterásica foi apresentada pelo halo opaco ao redor da colônia dos microrganismos BB1, FF2 e FF3.

BB1 FF2 FF3

65

Os valores do índice enzimático (IE) dos microrganismos BB1, FF2, FF3 estão representados na

Tabela 7. Segundo os resultados obtidos observou-se que, o microrganismo BB1 apresentou o maior

halo de hidrólise com IE superior a 2. Entretanto, os microrganismos FF2, FF3 obtiveram um IE de 1,15 e

1,13 respectivamente. LEALEM e GASHE (1994) consideram um microrganismo como produtor potencial

de enzimas, quando este em meio sólido apresenta um índice enzimático ≥ 2,0.

Tabela 7. Relação de índices enzimáticos obtidos para os microrganismos isolados.

As esterases são enzimas que clivam as ligações éster, sendo assim, microrganismos que

sintetizam as mesmas podem degradar o ftalato. O estudo de GAVALA e colaboradores (2004)

investigou a degradação anaeróbia de três di-ésteres ftálicos, o dietil 1,2-benzenodicarboxílico, dibutil

1,2-benzenodicarboxílico, di-etilhexil ftalato, presentes em lodo gerados durante o tratamento de águas

residuais. A enzima esterase foi adicionada ao lodos contendo os ftalatos e submetidas a uma

incubadora, sob agitação á 28°C, por 20 dias. Diante dos resultados os autores concluiram que o

tratamento enzimático foi eficiente na remoção dos plastificantes. Além disso, observaram que o

tratamento enzimático resultou na meia-vida mais curta de di-etilhexil ftalato nas lamas relatado até

agora. Devido aos resultados dessa pesquisa pode-se considerar que microrganismos com potencial de

sintetizar a enzima esterase são provavelmente mais aptos a degradar os ftalatos presentes no filme de

PVC.

4.4. Realização e Análise dos Ensaios de biodegradação do ftalato presente no filme de PVC usando-se

o microrganismo selecionado previamente.

Para realização dos ensaios de biodegradação em meio líquido mineral, contendo o filme de PVC

como única fonte de carbono, durante 24 dias, foi escolhida a bactéria BB1, a qual produziu maior halo

enzimático frente ao teste com Tween 80. Para o monitoramento destes ensaios, amostras foram

retiradas a cada 48 horas (2 dias) e analisadas. Foram realizadas análises titulométricas, de detecção da

perda de massa, de contagem de células, monitoramento da amônia e testes qualitativos para a

detecção de diferentes funções orgânicas, tais como ácido carboxílico e fenol.

O método utilizado baseia-se nas definições de FEIGL. Esse método permite através de conceitos

de especificidade, seletividade e sensibilidade das reações usadas, a caracterização de Grupos

Funcionais.

Microrganismos Índices Enzimáticos (IE)

BB1 2,05 FF2 1,15 FF3 1,13

66

4.5. Migração do ftalato

Visando-se esclarecer se o aumento dos íons H+ dos ensaios foi realmente devida à

biodegradação do ftalado presente no filme PVC e não à simples transferência ou migração do ftalato

para o meio usado. Mantendo-se as mesmas condições do ensaio de biodegradação, exceto pela

ausência da bactéria BB1, no decorrer do mesmo tempo (24 dias), foram realizados estudos na tentativa

de identificar a presença do ftalato e seus metabólitos no meio.

4.5.1 Determinação do índice de acidez do ensaio de biodegradação e migração

O método titulométrico foi utilizado para detecção de possíveis variações na acidez do meio

devido à quebra metabólica dos di-ésteres ftálicos em ácidos ftálicos por microrganismos (ensaio

biótico) ou pela transferência ou migração (ensaio abiótico) do ftalato para o meio usado.

Esse método foi escolhido, pois através dele é possível verificar as variações na concentração de

íons H+ nas amostras retiradas do meio dos ensaios de biodegradação e migração. A partir dos

resultados obtidos observou-se que houve um aumento na concentração de íons H+ no decorrer de 24

dias, indicando a presença de substâncias ácidas nos meios de degradação biótica e abiótica (Figura 27).

Figura 26. Concentração do ácido (mol/L) nos ensaios de biodegradação ( ) e migração do ftalato ( )

presente no filme PVC, baseados no método titulométrico.

Observou-se que as maiores concentrações de ácidos foram alcançadas após o 12 dia do ensaio

de biodegradação, indicando que a bactéria BB1 provavelmente degradou o ftalato presente nos filmes

PVC, em ácidos ftálicos (Figura 27). Segundo os dados gráficos da Figura 26, foi possível observar

também que houve o aumento na concentração de ións H+ ao decorrer do tempo do ensaio de

migração. Tal resultado indica que a dessorção do plastificante ftalato é devida a hidrólise da ligação

éster, provocada pelo meio aquoso, em ácido ftálico e o respectivo álcool, de acordo com o que pode

ser visto na Figura 19. Concluiu-se então, que o aumento na concentração dos íons H+ no ensaio de

67

biodegradação não foi somente devido a degradação biótica, uma parte foi resultante do processo

abiótico, ou seja, da migração do ftalato para o meio mineral. Analisando a Figura 26 observou-se que a

maior liberação de íons H+ foi decorrente do metabolismo das bactérias, uma vez que demonstrou

concentrações de ácidos maiores que no ensaio abiótico.

Resultados similares aos encontrados neste estudo foram relatados por AL-SALEH e

colaboradores (2011) no estudo de determinação da presença de ftalatos em 10 marcas diferentes de

garrafas de água disponíveis nos mercados da Arábia Saudita. Os pesquisadores concluíram que os

plastificantes são transferidos a partir dos materiais poliméricos das embalagens para a água mineral

contida na garrafa. Sendo assim, pode-se constatar que o aumento da concentração do ácido do ensaio

de migração foi devido a transferência do ftalato em forma de ácidos ftálicos para o meio mineral.

Resultado semelhante foi relatado por JUNESON e colaboradores (2001) que avaliaram a

biodegradação do di-etilhexil ftalato em reatores. Eles observaram o aumento da concentração de

ácidos durante 30 dias de experimento. Com esses resultados eles concluíram que provavelmente esse

decaimento é devido a presença e natureza ácida dos produtos da biodegradação de ftalatos. Esse

resultado corrobora com os resultados obtidos pelo método titulométrico, uma vez que a concentração

de íons H+ aumentou, o que indica a provável presença de ácido ftálico no meio (Figura 26).

A partir da análise dos resultados obtidos, observou-se que até o quarto dia não houve

alterações significativas na concentração de ácido no ensaio abiótico. Resultados semelhantes foram

discutidos por KUNICHIKA e colaboradores (2005), no estudo da migração do DEHP presentes em folhas

finas de policloreto de vinila para meios como: água, tampão de soro fisiológico e saliva artificial. As

análises de cromatografia líquida de alto eficiência e cromatografia gasosa e espectrometria de massas

demonstraram que após 3 dias de ensaio, o DEHP não foi encontrado em tampão de soro fisiológico ou

em água. O que indica que não houve migração ou houve em taxas muito baixas do ftalato para o meio

estudado, como observado no resultado obtido na Figura 26.

4.5.2. Monitoramento das células viáveis e determinação da morte celular pelo método da

concentração da amônia.

A maior quantidade de colônias bacterianas foi identificada no sexto dia de cultivo,

apresentando 3,02x10-8 ± 0,07 UFC/mL, como demonstrado na Figura 28. Esse resultado se deve

possivelmente a aclimatização das bactérias BB1 ao novo meio e ao novo substrato, como enunciado

por alguns pesquisadores, como fase Log (JIANLONG et al.; 1997). Observou-se que no segundo e quarto

dias obteve-se as menores taxas de colônias, evidenciando a dificuldade das bactérias em utilizar o

ftalato como fonte de energia, uma vez que, o pré-inóculo continha o substrato ideal e disponível ao

acesso das bactérias. Foi observado também que no oitavo dia de ensaio houve um declínio nas

Unidades Formadoras de Colônias/mL. Esse declínio pode ser atribuído à seleção das bactérias aptas em

68

usar o ftalato presente no filme policloreto de vinila como fontes de carbono e energia para suprir seu

metabolismo. Essa justificativa se sustenta se considerarmos que após o oitavo dia de ensaio, as taxas

das colônias quase se mantiveram constantes, sem nenhum decaimento repentino. Esses resultados são

semelhantes aos demonstrados por CHANG e colaboradores (2004), no qual avaliaram através da

contagem de colônias taxas de degradação de plastificantes a partir de duas linhagens de bactérias

isoladas de lodo de rio e efluentes petroquímicos. Os mesmos obtiveram em 7 dias de ensaio uma

contagem de 8.0×106 para 1.40×108 UFC/mL, concluíram que devido ao aumento das bactérias isoladas,

estas tinham capacidade de utilizar o plastificante como fonte de carbono e fonte de energia. No nosso

estudo observou-se em 24 dias de ensaio uma contagem no segundo dia e no 24 dia, respectivamente,

de 2.32 x 10-8 para 2.94 x 10-8 UFC/mL.

Figura 28. Monitoramento concentração de células viáveis através da contagem de unidades formadoras de colônias por mL (UFC/mL), durante os 24 dias do ensaio de biodegradação.

A concentração de amônia presente no meio líquido, devido à morte celular no decorrer do

ensaio de biodegradação, tem relação direta com o consumo endógeno e com o crescimento das células

sobreviventes. A liberação de amônia resulta do consume endógeno no qual a bactéria utiliza proteína e

o RNA de algumas bactérias mortas como fonte de carbono e energia (WARREN et al., 1960 apud

SHARPE et al., 1971).

CAVETT e WOODROW (1968) indicaram que para a linhagem de Pseudomonas fluorescens a

utilização endógena (tal como medido pela libertação de CO2) foi inversamente correlacionado com a

capacidade das células de metabolizar os plastificantes presentes no policloreto de vinila quando estes

materiais foram à única fonte de carbono.

Para monitorar a concentração da amônia uma curva padrão foi estabelecida, a qual relaciona

os valores de absorbância e as concentrações conhecidas de sulfato de amônia. A partir da solução

aquosa padrão de amônia (0,004 mol/L) foram feitas diluições e em cada caso, foi medida a absorbância

69

a 630 nm. Os valores de absorbância obtidos e os valores das concentrações pré-estabelecidas foram

plotados para construção da curva padrão apresentada na Figura 29. A quantidade de amônia produzida

pelas bactérias foi estimada através de coeficientes obtidos a partir da referida curva padrão como

demonstrado na Figura 30.

Figura 29. Curvaa padrão da amônia obtida por padronização externa após análise por espectrofotometria.

Figura 30. Variação da concentração de amônia durante os 24 dias do ensaio de biodegradação do

ftalato.

70

Figura 31. Variação da concentração da amônia ( ) em relação à quantidade de células viáveis ( )durante os 24 dias do ensaio de biodegradação.

A Figura 31 apresenta a concentração da amônia (mol/L) em relação às células viáveis (UFC/mL).

Segundo os resultados obtidos observou-se que a partir do sexto dia do ensaio de biodegradação a

quantidade de células viáveis e a concentração de amônia não tiveram uma variação significativa

indicando que a sobrevivência das células da BB1 é independente do consumo da amônia presente no

meio líquido do ensaio de biogradação (consumo endógeno) e sim do consumo do ftalato presente nos

filmes de policloreto de vinila, utilizados como única fonte de carbono. Verificou-se também que no

segundo dia de ensaio a quantidade de amônia no meio aumentou e a quantidade de colônias viáveis

diminui, evidenciando a morte celular e consequentemente o consumo endógeno das bactérias.

Possivelmente esse resultado foi em consequência do estresse gerado nas bactérias devido à mudança

de substrato disponível a elas. Uma parte da amônia detectada no meio de biodegradação

possivelmente é proveniente da amônia (NH4) usada na preparação do meio mineral, o que afirma a

metabolização do ftalato e não o consumo endógeno pelas bactérias.

Resultados semelhantes aos encontrados nesse estudo foram relatados por SHARPE e

colaboradores (1971), num teste rápido de biodegradação envolvendo o policloreto de vinila por

Pseudomonas sp. No qual observaram que o número total de células e a concentração de amônia não

sofreram alterações significativas nos últimos dias do experimento. Diante dessa observação concluíram

que as necessidades energéticas das células foram, portanto, satisfeitas pelo metabolismo do

transferido do policloreto de vinila, uma vez que, as bactérias continuaram vivas e houve perda

significativa da massa do filme policloreto de vinila.

4.5.3. Determinação da perda da massa do PVC

Verificou-se que a perda de massa ocorre devido aos dois processos biodegradação e migração.

Em função disso, podemos atribuir apenas parte da diminuição da massa do filme à biodegradção. Isso

71

ocorre em função do consumo dos ftalatos presentes na estrutura dos filmes PVC pelo pela bactéria BB1

e consequentemente, a sua posterior transformação em ácidos ftálicos. A Figura 32 apresenta a perda

de massa dos filmes de policloreto de vinila em porcentagem. Os resultados observados mostraram que

houve a perda de 28% de massa do PVC contido no ensaio de biodegradação. Esse resultado indica que

a perda da massa observada foi decorrente do ftalato presente nos filmes PVC, uma vez que,

FERNANDES e colaboradores (1987) expõem em seu estudo que a faixa de concentração dos

plastificantes utilizada no plástico é de 20 a 40% (m/m), da massa do polímero. Essa perda de massa

pode ser atribuída a biodegradação e a migração do ftalato, uma vez, que pesquisas demostram que a

cadeia polimérica do PVC é homogênea e muito estável. Sendo assim, a transferência e a degradação da

cadeia polimérica do PVC são muito difícil, e a transferência do ftalato mais fácil por não ser ligado

quimicamente a malha polimérica do PVC (ALVES, 2009; BENJAMIN, 2015).

Figura 32. Monitoramento da perda de massa do filme de policloreto de vinila durante os 24 dias do ensaio de biodegradação.

Resultados semelhantes foram apresentados no estudo desenvolvido por KUNICHIKA e

colaboradores (2005), no qual foi cultivada a linhagem NK0301 juntamente com algumas folhas (finas de

0,2 e 0,3 mm de espessura) de cloreto de polivinila contendo cerca de 15% DEHP. Para cada espessura,

três diferentes massas (7, 14, 28 mg) foram testadas, e DEHP foi removida com sucesso a partir de

folhas do PVC em todos os tratamentos. A eficiência do processo foi inversamente relacionada com a

espessura e massa da folha do policloreto de vinila. Foram obtidos valores de 60% e a taxa de

biodegração chegou a 90% após 3 dias usando-se as folhas mais finas.

Observou-se uma porcentagem de perda de massa total de 28% e uma expressiva perda de

massa nos três últimos dias de ensaio, apresentando uma perda superior a 9 vezes em relação a perda

do segundo dia. Esse resultado possivelmente representa a escassez de substrato ideal e a necessidade

dos microrganismos utilizarem o ftalato como única fonte de carbono, a adaptação das bactérias ao

72

novo meio e seleção das bactérias aptas em consumir o ftalato presente nos filmes policloreto de vinila

em seu metabolismo (Figura 32).

Analisando o gráfico da Figura 33, observou-se que a quantidade de colônias a partir do décimo

dia não tiveram grandes variações, indicando que as bactérias selecionadas foram capazes de utilizar o

ftalato disponível no meio, como fonte de energia, uma vez que, não houve morte significativa dos

microrganismos, mas, houve perda da massa do filme em questão.

Analisando-se os resultados pode-se concluir que a bactéria BB1 foi capaz de degradar o ftalato,

fato que foi comprovado por parte da diminuição da massa dos filmes policloreto de vinila em

aproximadamente 28% após 24 dias de biodegradação. O resultado apresentado nesse estudo concorda

com os resultados demonstrados por FERREIRA E MORITA (2012), que avaliaram a biorremediação de

DHP por microrganismos presentes no solo pela adição de inóculo adaptado em reator em fase de lama.

Concluíram que a biodegradação foi eficiente uma vez que os teores iniciais de contaminantes do solo

foram de 18 mg kg-1 e após 120 dias de biorremediação, o teor de DEHP foi de 3 mg kg-1.

Figura 33. Concentração de células viáveis ( ) e a perda de massa do filme de policloreto de vinila ( ) no

decorrer dos 24 dias do ensaio de biodegração.

4.6. Identificação qualitativa de diferentes grupos funcionais obtidos no ensaio de biodegradação e de

migração do ftalato.

O método utilizado baseia-se nas definições de FEIGL. Esse método permite através de conceitos

de especificidade, seletividade e sensibilidade das reações usadas, a caracterização de Grupos

Funcionais. Os ensaios realizados nesse estudo são de natureza cromogênica, ou seja, implicam em

mudança de cor. São ensaios muito simples de serem realizados no laboratório, muito sensíveis, com

limite de identificação da ordem de micrograma e na maioria das vezes são bem específicos.

Numa tentativa de detectar e identificar os compostos obtidos nos processos de migração e

biodegradação foram realizados ensaios químicos de análise funcional, segundo o método de FEIGL.

73

Através desses ensaios espera-se caracterizar no caso da migração, o ftalato e/ou ácido ftálico e ainda o

corresponde álcool, para isso foram testadas as presenças dos grupos funcionais éster, ácido carboxílico

e álcool, respectivamente. A presença de tais compostos, resultantes do processo de migração se deve à

hidrólise do éster promovida pelo meio aquoso mineral empregado nesse ensaio, a ácido ftálico e o

respectivo álcool, segundo o que está descrito na Figura 18 (LOPES, 2011).

No caso da biodegradação, de acordo com a Figura 12, espera-se obter inicialmente o

monoéster, o respectivo álcool e posteriormente o ácido ftálico, produtos da degradação primária. Na

degradação última (aeróbia) esperava-se obter os compostos: ácido 3,4-dihidroxiftalato ou o ácido 4,5-

di-hidroxiftalato até o prototecato. Para a caracterização desses compostos foram feitos ensaios para

detecção do grupo funcional fenol. Na Tabela 8 abaixo estão descritos os ensaios químicos de análise

funcional realizados.

Tabela 8. Relação de ensaios químicos de análise funcional realizados nos ensaios de biodegradação e migração do ftalato.

Grupos funcionais Reações de caracterização

Ácido Carboxílico -(C=O)OH Conversão a Hidroxamato Férrico (cor marrom avermelhado)

Fenol Ar-OH Cloreto Férrico (Cores vermelha, azul, violeta ou verde)

4.6.1. Detecção do ácido carboxílico empregando-se o Teste de conversão a Hidroxamato

Férrico

A função orgânica ácido carboxílico foi detectada qualitativamente realizando-se inicialmente o

teste de Conversão a Hidroxamato Férrico (Tabela 8 e Figura 35).

Observando-se os resultados listados na Tabela 9, verificou-se que nos testes realizados nos

analitos durante a biodegradação foi detectada a função ácido carboxílico, pela presença da coloração

marrom avermelhada (Figura 35 (à direita)) indicando a presença do ácido ftálico a partir do oitavo dia

de reação. Tal resultado pode ser confirmado pela Figura 26, devido ao aumento da concentração dos

íons H+, e diminuição do pH, do meio durante a biodegração do ftalato. A ausência do ácido ftálico nos

primeiros seis dias de ensaio, uma vez que de acordo com a Figura 26, ocorre um aumento da

concentração dos íons H+, não pode ter sido detectada por estar abaixo do limite de detecção do

respectivo teste que é da ordem de microgramas.

No caso das análises feitas nos analitos obtidos no processo de migração, observou-se também

a presença do ácido ftálico, devido aos resultados positivos obtidos para a função ácido carboxílico do

segundo ao vigésimo quarto dia de ensaio. Esse resultado é confirmado pela Figura 34, na qual observou

a diminuição gradativa do pH, principalmente a partir do quarto dia de ensaio. Mais uma vez aqui, o

teste nos dois primeiros dias de estudo, pode não ter dado positivo, devido à concentração do ácido

ftálico estar abaixo do limite de detecção do teste realizado.

74

Tabela 9. Resultados obtidos nos ensaios qualitativos de detecção da função orgânica ácido carboxílico durante os ensaios de migração e de biodegradação do ftalato presente no filme de PVC.

Tempo (dias)

Presença da função ácido carboxílico

Biodegradação Migração

0 Não Não

2 Não Sim

4 Não Sim

6 Não Sim

8 Sim Sim

10 Sim Sim

12 Sim Sim

14 Sim Sim

16 Sim Sim

18 Sim Sim

20 Sim Sim

22 Sim Sim

24 Sim Sim

Figura 35. Fotos ilustrativas dos experimentos realizados para a detecção da presença da função do ácido carboxílico nos ensaios de migração (à esquerda) e nos ensaios de biodegradação (à direita). Nos dois ensaios, esquerda para direita os tubos de ensaio representam os tempos 0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 24 e os dois últimos tubos de ensaio ilustram os resultados negativo e positivo usados para fins comparativos.

4.6.2. Detecção do grupo funcional fenol empregando-se o Teste do Cloreto Férrico

As amostras contendo fenol quando submetidas ao teste com cloreto férrico, formam um

complexo dos fenóis com o íon Fe (III), resultando na coloração azul escuro como demostrado pelos

tubos de ensaios na Figura 36 (à direita). Esse teste foi necessário para comprovar a efetividade do

processo de biodegradação, pois os fenóis são produtos exclusivos da biodegradação aeróbia e sua

presença nos analitos desse ensaio, indicam que podem ter sido obtidos o ácido 3,4-dihidroxiftalato

e/ou o ácido 4,5-dihidroxiftalato ou ainda o protocatecato de acordo com a Figura 13. Os resultados

foram positivos para a presença de fenol a partir do décimo segundo dia de ensaio de biodegradação,

indicando que esse produto depende da formação do ácido ftálico, e dessa forma só pode ser detectado

dias depois da produção do mesmo (Tabela 10). Observando-se a Figura 27 verificou-se uma alteração

na concentração dos íons H+ 1,5. 10-2 para 1,8. 10-2mol/L, indicando um aumento de 20% do sexto para o

75

décimo segundo dia de ensaio de biodegradação. Já do décimo segundo dia ao vigésimo quarto dia,

detectou-se uma variação de 1,8. 10-2 para 3,1. 10-2mol/L, aproximadamente 58% de aumento na

concentração de íons H+ no meio de cultura usado. Tais aumentos coincidem com a formação inicial

exclusiva do ácido ftálico, somente com dois hidrogênios dissociáveis, seguida da formação dos

compostos fenólicos, ácido 3,4-dihidroxiftalato, ácido 4,5-dihidroxiftalato e protocatecato, com 4 e 3

hidrogênios dissociáveis respectivamente. Dessa forma, possivelmente podemos atribuir o aumento de

58% na concentração dos íons H+, ao aumento no número de hidrogênios dissociáveis, provenientes dos

compostos fenólicos formados, indicando a obtenção dos mesmos na biodegradação do ftalato

presente no filme comercial de policloreto de vinila de acordo com a literatura (STAPLES et al., 1997

apud FERREIRA, 2009).

Tabela 10. Resultados obtidos nos ensaios qualitativos de detecção da função orgânica fenol durante os

ensaios de migração e de biodegradação do ftalato presente no filme de PVC.

Tempo (dias)

Presença da função fenol

Biodegradação Migração

0 Não Não

2 Não Não

4 Não Não

6 Não Não

8 Não Não

10 Não Não

12 Sim Não

14 Sim Não

16 Sim Não

18 Sim Não

20 Sim Não

22 Sim Não

24 Sim Não

Figura 36. Fotos ilustrativas dos experimentos realizados para a detecção da presença da função fenol nos ensaios de migração (à esquerda) e nos ensaios de biodegradação (à direita). Nos dois ensaios, da esquerda para direita os tubos de ensaio representam os tempos 0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 24 e os dois últimos tubos de ensaio ilustram os resultados negativo e positivo usados para fins comparativos.

76

5. CONCLUSÕES

_____________________________________________________________________________________

Na bioprospecção realizada no Parque Estadual Serra de Ouro Branco/MG foram isolados 23

diferentes microrganismos de origens distintas (água, solo, folhas e bromélia). Isso demonstra que a

bioprospecção é uma técnica promissora para o isolamento de diferentes espécies de microrganismos.

Os testes de halo de hidrólise realizados demonstraram que os microrganismos BB1, FF2, FF3

foram capazes de produzir esterase. Sendo o microrganismo BB1 o que apresentou o maior halo.

Na determinação da concentração de ácidos presentes no meio estudado, realizada no decorrer

do ensaio de biodegração em meio líquido, verificou-se um aumento na concentração de ácidos de 0,60

para 3,10 ± 0,07 mol/L. Tal resultado é devido provavelmente à biodegradação do di-éster ftálico a

ácido ftálico, sendo a presença desse no meio estudado, a responsável pelo aumento na concentração

dos íons H + no meio.

Observou-se também, no decorrer dos 24 dias de ensaio de biodegradação, uma perda de

massa dos filmes de PVC de aproximadamente 28%. Tal resultado é devido tanto à biodegradação

quanto à migração do ftalato presente no filme de PVC estudado.

A partir do sexto dia do ensaio de biodegradação a quantidade de células viáveis e a

concentração de amônia no meio estudado, não tiveram uma variação significativa indicando que a

sobrevivência das células da BB1 não foi dependente do consumo da amônia presente no meio líquido

usado no ensaio de biogradação (consumo endógeno) e sim do consumo do ftalato presente nos filmes

de PVC, sendo esse a única fonte de carbono disponível.

A partir do ensaio de migração, foi possível observar que a concentração de iós H+ aumentou.

Tais resultados indicam que a dessorção do plastificante ftalato é devida a hidrólise da ligação éster,

provocada pelo meio aquoso, em ácido ftálico e o respectivo álcool, de acordo com a literatura.

Analisando o resultado da identificação qualitativa do grupo funcional, ácido carboxílico, percebe-se que

a sua presença no ensaio de biodegração é decorrente do processo de migração e da biodegradação dos

ftalatos. A detecção de fenol comprova a efetividade do processo de biodegradação, pois os fenóis são

produtos exclusivos da biodegradação aeróbia como mostrado na literatura.

Até o presente momento, a biodegradação do ftalato presente no filme de PVC comercial em

meio líquido pela bactéria estudada (BB1) se mostrou muito promissora quanto à biodegradação desse

tipo de plastificante

77

6. PERSPECTIVAS FUTURAS

____________________________________________________________________________________

Caracterizar quimicamente os analitos dos ensaios de biodegradação visando-se estabelecer a

rota metabólica adotada nesses estudos;

Comparar a rota metabólica encontrada com as rotas metabólicas descritas na literatura para

esse tipo de ensaio de biodegradação;

Determinar a taxonomia do microrganismo BB1;

Realizar a caraterização química, estrutural e morfológica do filme de policloreto de vinila, antes

e depois dos ensaios de biodegradação, através de análises de Espectroscopia na região do

Infravermelho (FTIR), Analise Termogravimétrica (TGA) /Calorimetria Diferencial de Varredura

(DSC) e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) respectivamente;

Determinar a toxicidade dos metabólitos obtidos no ensaio de biodegradação através de ensaios

de toxicidade com o microcrustáceo Artemia salina.

Estudar detalhadamente a biodegradação do ftalato em meio sólido;

Comparar os resultados obtidos nos ensaios de biodegração em meios sólido e líquido;

Fazer o depósito do microrganismo estudado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),

no Centro de Coleções Taxonômicas (CCT) localizado no Instituto de Ciências Biológicas (ICB).

78

7. REFERÊNCIAS

_____________________________________________________________________________________

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