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MARoriGINAL

Talles azigon

“Se pelo menos meu coração não tivesse memória”

Cacaso

para as pessoas que formam o Mar Original da minha existência, minhas duas Mães Maria José e Rita de Cássia. para as pessoas que libertam meus sentimentos mais marginais, eterno jeito de amar, Matheus Magalhães, Elvis Freire, Lia Leite, Joana Woo, Taciane Filgueira, Liziane Menezes, Bruno Rafael, Jéssica Gabrielle, Vanessa Dantas, Isabel Costa, Josy Maria, Têtê Macambira, Bruno Couto. para as pessoas que fizeram o livro navegar e zarpar, Madjer de Souza Pontes, Nathan Matos, Keka.

© Substânsia, 2015© Talles Azigon, 2015

Coordenação editorialMadjer Pontes Nathan MatosTalles Azigon

RevisãoMadjer PontesBruno Couto

Projeto Gráfico e DiagramaçãoNathan Matos

CapaJéssica Gabrielle

1ª edição. Coleção BR Luz Km Único. Fortaleza. 2015.

Nesta edição, respeitou-se o novoAcordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Azigon, TallesO mar original | Talles Azigon

ISBN 978-85-919675-0-6 A995m

1. Poesia 2. Poesia Brasileira I. Título CDD B869.1

Índices para catálogo sistemático1. Poesia: Literatura Brasileira: B869.1 Editora Substânsia substansia.com.br | [email protected]

o

Biografia, 11Pausa, 12Resumo da novela, 13Sóneto, 14Desânimo, 15Zen Ocidental, 16Zen Oriental, 17Noite de São João, 18Maldade, 19Duvidema, 20Von Gloeden, 21Poética, 22The Wall, 23Poética II, 24Acidente de trânsito, 25Mini Ode à Fortaleza, 26Queda de internet, 27Depois da hora derradeira, 28Miopia, 29Existencialismo, 30

Sumário

Provérbio, 31Depois que ele vai embora, 32De nada, 33Cotidiano, 34Expedição geográfica, 35Filosofia, 36Senciente, 37Mapa, 38Tarde, 39Propaganda enganosa, 40Open Bar, 41Cinema francês, 42Ars de amar, 43Noticiário, 44Cabra da peste, 45Obras completas, 46Variação, 47Sucinto , 48Nu escuro, 49

11

A minha vida eu amarrei nas asas da poesia.

Biografia

12

Negar-se a escrever...

Escuta,nuvens já estão a dizer.

Pausa

13

Descobri ausenteo nome que me era parte.Faltoso meu peito tornae hoje eu sou metade.

Resumo da novela

14

Sou um poema de um verso

só.

Sóneto

15

Sem vocênada tem graçanem mesmo sofrer.

Desânimo

16

Talvez eu morraseja por fato, natureza ou teimosia,mas talvez,e não descarto essa possibilidade,eu viva pra sempre.

Zen Ocidental

17

Não tenho tudoque se exigemeu corpo fogoque nunca fingeespera calmoa hora mansado sono velho.

Zen Oriental

18

Eu todo vestido de sol.Ele todo vestido de lua.Fizemos um eclipse

deixamos a rua nua.

Noite de São João

19

Você fechou todas as portase me despejouno teu quintalde palavras mortas.

Maldade

20

Quando morre um poema na terranasce um poema no céu?

Duvidema

21

O menino que vipassar por minha ruaficara gravado, eternonuma moldura de ventocomo uma virgem nuadentro do meu pensamento.

Von Gloeden

22

Eu, poeta da ruagosto mesmo é de assistiro pôr-da-lua.

Poética

23

Ao invés de óculos escurosteu olhar usava um muro.

Ele me anoiteceu.

The Wall

24

A vida basta.Tudo é metáfora.

Poética II

25

Breque brusco na minha viagematé o infinito

esbarro em descuido no teu olhar de paralelepípedo.

Acidente de trânsito

26

Grande jardim de egos regado de ironias que as línguas de facas sejam cravadas no coração da inércia e que os anjos digam amém aos que falam amor. Quando fizerem, amor.

Mini ode à Fortaleza.

27

Uma formigasozinha na mesade mármore frianão faz verãonem restabelecea conexão.

Queda de internet

28

Os que partemlevam consigo um cofre sem chave,pedaço que não nos cabe,foragidos da eternidade.

Depois da hora derradeira

29

Quando chove um homem de óculosvê o mundo gotejado.

Miopia

30

As coisas partemou nós que partimos?

Sujeitos indefinidos.

Existencialismo

31

Nada é em vãosó um gatoque atravessao portão.

Provérbio

32

O cheiro persiste no corpoporque as horas IDEM...a memória IDEM...

O amor fica nas sobras.

Depois que ele vai embora

33

De que adiantafazer versos aos borbotõesse minha rede não tem teu corponem em meu chão tem teu calção

De nada

34

No cesto de frutasapodrecem as bananascomo os dias.

Cotidiano

35

Sob teu calçãoviajam minhas mãos.

Expedição geográfica

36

Meu coração não é covardemesmo amando doisnunca amará pela metade.

Filosofia

37

Morresporque nadono lago da tua ausência.

Estamos dando margens.

Senciente

38

Madrugada nuano céu

Vênus e Lua.

Mapa

39

Quero que,enfim, te afoguesdentro da rede

tudo em tiserá sede.

Tarde

40

Hoje encontrei teu nome na latinha de refrigerante.

Minha suspeita era real:teu nome faz mal.

Propaganda enganosa

41

Bebeu todas as garrafase o recipiente-coração também ficou vazio.

Open bar

42

Teu céu misturou-se ao meu mar...fizemos chover.

Cinema francês

43

É preciso ser afoitoser oito e dezoitoser oitentacoraçãofogo morre no geloque queima mas não esquenta.

Ars de amar

44

Caiu na chuva, desprevenido.Amigos recusaram convites.

A cidade não deixou de acontecer.

Noticiário

45

Puxa o facãodefendendo o patrão

depois morre de fome.

Cabra da peste

46

Terminada a biografia:as páginas estavam cheias

e a vida estava vazia.

Obras completas

47

Nada é em vãoNem o gatoque atravessa o portão.

Variação

48

não mintonão finjoassim sousó sinto.

Sucinto

49

Depois de fechado os olhosos corpos somemo que enxergará é o prazer insone.

Toda beleza é miragem.

Nu escuro

*A Editora Substânsia foi criada com o intuito de publicar livros de autores contemporâneos, dos mais variados gêneros, e perspectivar novas condições de diálogo entre os criadores brasi-leiros das mais variadas artes; abrindo novas possibilidades no mercado editorial brasileiro. A exemplo de outras editoras independentes, o que nos move é a paixão pela literatura, o pra-zer de editar livros e criar elos que fortifiquem a intelectualidade dos novos escritores, reconhe-cendo a contribuição dos que buscam firmar conteúdos de qualidade, abertos para o debate colaborativo.

Esta obra foi composta em Adobe Garamond Pro em papel pólen bold, enquanto uma tempestade silenciosa caía ao som da voz de Ney Matogrosso, para a Editora Substânsia em agosto de 2015. A tiragem inicial foi de 300 exemplares.