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MAPEAMENTO DAS PERDAS ECONÔMICAS POTENCIAIS DOS PONTOS DE ALAGAMENTO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 2008-2012 Eliane Teixeira Eduardo A. Haddad TD Nereus 14-2013 São Paulo 2013

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MAPEAMENTO DAS PERDAS ECONÔMICAS POTENCIAIS

DOS PONTOS DE ALAGAMENTO DO MUNICÍPIO DE SÃO

PAULO, 2008-2012

Eliane Teixeira

Eduardo A. Haddad

TD Nereus 14-2013

São Paulo

2013

1

Mapeamento das Perdas Econômicas Potenciais dos Pontos de Alagamento

do Município de São Paulo, 2008-2012

Eliane Teixeira e Eduardo A. Haddad

Resumo. Este artigo apresenta uma extensão do trabalho de Haddad e Teixeira (2013) em que

se avaliaram os impactos econômicos dos alagamentos em São Paulo considerando-se um

conceito mais amplo de prejuízo, que inclui não só as perdas diretas tradicionais relacionadas

à interrupção da produção, mas também os custos indiretos avaliados por meio das ligações

das cadeias produtivas em que a cidade se insere. Os resultados globais foram decompostos

possibilitando a identificação das perdas potenciais por ponto de alagamento, ampliando o

escopo de análise. Com esse novo conjunto de informações, foram identificados os hotspots

econômicos, ou seja, os pontos que causaram as maiores perdas econômicas potenciais à

cidade de São Paulo e ao Brasil. Ademais, a técnica de decomposição utilizada proporciona

uma ferramenta auxiliar para análise de custo-benefício de projetos locais para redução de

alagamentos.

1. Introdução

Os alagamentos na cidade de São Paulo já fazem parte do cotidiano de seus habitantes. Todos

os anos, principalmente durante o verão, famílias, empregados e empresários têm suas rotinas

alteradas em função dos transtornos e inconvenientes provocados pelas chuvas excessivas.

Apesar das incertezas que permeiam as projeções climáticas de longo prazo, evidências

recentes já apontam o aumento na frequência e na intensidade das chuvas na capital paulista.

Os efeitos das mudanças do clima, associados às mudanças no uso do solo promovidas pelo

intenso processo de urbanização da cidade, que não foi articulado a um planejamento urbano

adequado, torna a sociedade exposta e vulnerável, aumentando o risco a desastres naturais.

Este artigo apresenta uma extensão do trabalho de Haddad e Teixeira (2013) onde se

avaliaram os impactos econômicos dos alagamentos em São Paulo considerando-se um

conceito mais amplo de prejuízo, que inclui não só as perdas diretas tradicionais relacionadas

à interrupção da produção, mas também os custos indiretos avaliados por meio das ligações

das cadeias produtivas em que a cidade se insere. Esse trabalho representou uma primeira

tentativa de se analisar a questão mediante uma abordagem de modelagem integrada.

2

As perdas diretas foram estimadas pela interrupção das atividades econômicas nos locais

afetados pelos alagamentos. Com a sobreposição de camadas de informação dos alagamentos

e dos perfis de trabalho das firmas em sistema de informação geográfica, foram identificadas

as empresas potencialmente afetadas em um raio de impacto pré-determinado. Os prejuízos

indiretos foram avaliados por um modelo Espacial de Equilíbrio Geral Computável (EEGC),

fundamentado em otimizações simultâneas do comportamento dos consumidores e das firmas

em uma estrutura multi-regional que capta a distribuição espacial, ou seja, geográfica, dos

impactos. A solução do modelo identificou qual teria sido o crescimento do produto se os

alagamentos não tivessem ocorrido. Os resultados indicaram que os alagamentos na cidade de

São Paulo teriam reduzido o Produto Interno Bruto (PIB), o bem-estar dos consumidores e as

receitas fiscais da cidade, da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), do resto do Estado

de São Paulo e do País, evidenciando que o problema aparentemente local ultrapassa as

fronteiras da cidade. Além disso, estimou-se perda de competividade da cidade, tanto no

mercado doméstico como no mercado internacional.

Além desses impactos macroeconômicos, a estratégia de modelagem integrada desenvolvida

em Haddad e Teixeira (2013) permite a identificação dos hotspots econômicos da cidade, ou

seja, dos pontos de alagamento que geram, potencialmente, as maiores perdas econômicas

para a cidade de São Paulo e para o Brasil. As estimativas de prejuízos diretos e indiretos por

ponto de alagamento, objeto deste artigo, fornecem uma ferramenta útil para uma avaliação de

custo-benefício de obras estruturais para redução de alagamentos, de forma a auxiliar a

tomada de decisão do planejador urbano.

2. Urbanização e Desastres Naturais

O problema dos alagamentos na cidade de São Paulo tem forte relação com as mudanças

climáticas, a urbanização e os desastres naturais. A relação entre urbanização de grandes

aglomerações e alagamentos tem recebido mais atenção recentemente em virtude das

projeções de mudança na frequência e intensidade dos eventos extremos relacionados às

mudanças climáticas (Nobre et al., 2011; Linnekamp et al., 2011; GU et al., 2011); e do

potencial de ocorrência de desastres naturais, dada a suscetibilidade das áreas urbanas (Suarez

et al., 2005).

3

Uma das principais preocupações da sociedade contemporânea em relação às projeções do

clima diz respeito às possíveis mudanças na frequência e intensidade dos eventos climáticos

extremos de curta duração. Entre os eventos extremos mais alarmantes para a cidade de São

Paulo estão aqueles relacionados à precipitação intensa. As projeções dos especialistas

indicam aumento no número de dias com fortes chuvas até o final do século (IPCC, 2012;

Shepherd et al., 2002; Marengo et al., 2009; Nobre et al., 2011; Silva Dias et al., 2012).

Estudos preliminares sugerem que, entre 2070 e 2100, uma elevação média na temperatura da

região de 2°C a 3°C poderá dobrar o número de dias com chuvas intensas na capital paulista

(Nobre et al., 2011).

Eventos de precipitação intensa têm importantes efeitos sobre a sociedade, visto que

alagamentos associados a chuvas excessivas, e frequentemente curtas, podem ser os mais

destrutivos dos eventos extremos para os grandes centros urbanos. As projeções feitas pelo

IPCC1 (2007, p. 53) para o final do século XXI sobre as alterações dos eventos extremos

devido às mudanças climáticas também evidenciam aumento na frequência dos eventos de

precipitação intensa sobre a maioria das regiões do planeta, considerando todos os cenários de

emissão.2

Apesar da limitada capacidade dos modelos climáticos globais em simular com acurácia as

variações do clima em escala local, especialmente de uma variável chave como a de

precipitações, estudos regionais também constatam o aumento na frequência de chuvas

intensas sobre diversas regiões da América do Sul até o final do século XXI, através da

utilização de sistemas de modelagem regional do clima (Marengo et al., 2009). E o sudeste da

América do Sul é uma das regiões cujas projeções apontam aumento na quantidade e na

amplitude dos eventos de precipitações intensas, indicando o potencial de crescimento das

1 Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (Intergovernmental Panel on Climate Change).

2 O IPCC considera quatro grupos de cenários de emissão (A1, A2, B1 e B2), que exploram diferentes trajetórias

de desenvolvimento, abrangendo uma ampla gama de forças demográficas, econômicas e tecnológicas, e suas

emissões de gases de efeito estufa resultantes. O cenário A1 assume um mundo em rápido crescimento

econômico, uma população global que chega ao pico na metade do século e a introdução de tecnologias mais

eficientes. B1 descreve um mundo em convergência, com a mesma população global que A1, mas com

alterações na estrutura econômica em direção a uma economia de serviços e informações. B2 representa um

mundo de crescimento econômico e população intermediários, enfatizando soluções locais de sustentabilidade

econômica, social e ambiental. Por fim, o cenário A2 descreve um mundo bastante heterogêneo, com grande

crescimento populacional, baixo desenvolvimento econômico e mudança tecnológica lenta.

4

perdas econômicas para as grandes cidades localizadas nessa região, entre elas a megacidade

de São Paulo.3

Mesmo com as incertezas que permeiam as projeções do clima, evidências recentes já

apontam para o aumento na intensidade a na frequência de chuvas na cidade de São Paulo.

Durante a maior parte do século XX, o número de dias com precipitações que excediam 80

milímetros por dia4 em São Paulo era muito pequeno – a média era de um evento por década,

a partir da década de 1930. Após o início da década de 1970, no entanto, o número de eventos

desse tipo aumentou, atingindo a marca de nove casos na primeira década deste século (Silva

Dias et al., 2012), como pode ser observado na Figura 1.

Ademais, a grande densidade urbana é uma fonte significativa de calor. As partes mais densas

da região metropolitana tendem a ser mais quentes; em contrapartida, a temperatura diminui à

medida que a densidade urbana declina (Shepherd et al., 2002), reforçando as projeções de

aumento na frequência e intensidade dos extremos diários de precipitação na cidade de São

Paulo (Silva Dias et al., 2012).

3 Megacidade é o termo normalmente empregado para se definir uma cidade que sedia uma aglomeração urbana

com mais de 10 milhões de habitantes. 4 A Sociedade Americana de Meteorologia classifica a intensidade das chuvas conforme segue: (i) chuva leve –

taxa de precipitação menor que 2,5 mm/hora; (ii) chuva moderada – taxa de precipitação entre 2,5 e 7,6

mm/hora; (iii) chuva pesada – taxa de precipitação superior a 7,6 mm/hora; e (iv) chuva violenta – taxa de

precipitação superior a 50 mm/hora. As chuvas que provocam os maiores alagamentos na cidade de São Paulo

são, em geral, violentas, pois ultrapassam 50 mm em curtos períodos.

5

Figura 1. Número de Dias com Chuva acima de 80mm por Década na Cidade de São

Paulo

Fonte: Silva Dias et al., 2012

Existe uma correlação significante entre ocupação humana e sistemas de drenagem urbana.5 O

desenvolvimento urbano promove mudanças no uso da terra que aumentam o risco de

alagamentos, tais como (i) alterações no fluxo dos canais, que podem limitar o escoamento

durante as chuvas fortes (Konrad e Booth, 2002), (ii) excessiva impermeabilização do solo,

que interfere na dinâmica hidrológica da cidade, e (iii) ocupação do solo sobre rios e córregos

canalizados, intensificando processos de assoreamento, o que provoca alterações no fluxo de

vazão dos rios. Megacidades como São Paulo possuem numerosos problemas sociais e

ambientais associados aos padrões de desenvolvimento e transformação do espaço, que têm se

agravado pelo aumento na frequência e intensidade das chuvas.

Eventos climáticos extremos são frequentemente, mas nem sempre, associados aos desastres

naturais. Desastres implicam impactos sociais, econômicos ou ambientais que perturbam

gravemente o funcionamento normal das comunidades afetadas. Condições meteorológicas e

eventos climáticos extremos implicarão em desastres naturais se e somente se: (1) as

comunidades estiverem expostas a esses eventos, e (2) a exposição ao evento for

acompanhada por um alto nível de vulnerabilidade (IPCC, 2012). Dessa forma, desastres

naturais também podem ser desencadeados por eventos que não são extremos no sentido

5 O agravamento dos problemas de drenagem em São Paulo está relacionado à ocupação da bacia do Alto Tietê

(Ostrowsky, 1991; Nobre et al., 2011).

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verão [dez-jan-fev]

primavera [set-out-nov]

inverno [jun-jul-ago]

outono [mar-abr-mai]

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estatístico. Elevados níveis de exposição e vulnerabilidade transformarão até o menor dos

eventos em desastres para algumas sociedades.

Figura 2. Fatores que Definem um Desastre Natural

Fonte: IPCC, 2012

A cidade de São Paulo reúne todos os fatores que a tornam suscetível ao risco a desastres

naturais, definido como a ocorrência potencial de um evento físico natural ou induzido que

possa causar efeitos adversos sobre elementos expostos e vulneráveis, tais como perdas de

vidas, danos físicos, prejuízos a propriedades e infraestrutura (United Nations, 2010). O

acelerado processo de expansão urbana não foi acompanhado pela implementação de

infraestrutura adequada, provocando importantes problemas urbanos, tais como a ocupação

ilegal de áreas ambientais protegidas (no entorno de cursos d’água e encostas) e o rápido

crescimento do percentual de áreas impermeabilizadas na bacia do Alto Tietê, por onde corre

o principal rio da cidade. Como consequência, a frequência de alagamentos nessa bacia (o

desastre natural que abate a cidade todos os anos) também aumentou (Barros et al., 2005).

Esse conjunto de alterações que afetam o ambiente torna os assentamentos humanos cada vez

mais vulneráveis e expostos às mudanças climáticas, indicando a necessidade de se adaptar às

alterações registradas ao longo do tempo.

7

Entre os principais problemas atualmente enfrentados pela cidade estão aqueles relacionados

às mudanças climáticas. As chuvas intensas de verão provocam alagamentos em diversos

pontos da cidade. Além das perdas e transtornos sofridos pelas pessoas e empresas

diretamente atingidas, esses alagamentos produzem efeitos mais amplos que ultrapassam os

limites da cidade, refletindo em setores econômicos do estado e do país. Os impactos dos

alagamentos afetam as famílias, as atividades industriais e comerciais, serviços públicos e

privados, e o sistema de transporte urbano. Dada a crescente concentração de pessoas e

atividades econômicas na região nas últimas décadas, impactos e perdas econômicas devido a

desastres naturais têm aumentado substancialmente.

As consequências econômicas dos alagamentos em áreas urbanas são de grande relevância,

pois variam de impactos sobre a saúde humana (Huntingford et al., 2007) a efeitos sobre os

valores dos imóveis (Harrison et al., 2001), infraestrutura de transporte urbano (Suarez et al.,

2005), e outros efeitos prejudiciais tais como perda de um tempo que poderia ser despendido

em trabalho e estudo, danos à propriedade e estresse psicológico (Linnekamp et al., 2011).

Além disso, os custos financeiros também apresentam importância, através de efeitos

potenciais no setor de seguros e esquemas de compensação públicos (Botzen e Van Den

Bergh, 2008).

3. Hotspots Econômicos

A vulnerabilidade econômica dos alagamentos deve ser tratada como função da (i)

dependência – grau em que uma atividade se relaciona a outras atividades econômicas no

resto do país, (ii) resiliência – a habilidade de uma atividade (ou sistema) de superar a

dependência e responder a rupturas, usando substitutos ou até realocações, e (iii)

suscetibilidade – a probabilidade e extensão do alagamento (Van Der Veen e Logtmeijer,

2005). O entendimento desse tripé é essencial para identificar o risco relacionado aos

hotspots6 econômicos.

A operacionalização desse conceito no trabalho é realizada por meio de uma abordagem

metodológica alternativa. O foco inicial é direcionado para uma dimensão específica dos

impactos econômicos dos alagamentos em um sistema interregional integrado (Haddad e

6 Hotspots são medidas de intensidade de um fenômeno.

8

Teixeira, 2013). Inicialmente, são consideradas todas as ocorrências de alagamento na cidade

de São Paulo em 2008 (mesmo ano para o qual as bases de dados econômicas estão

disponíveis). Uma vez que todos os eventos de alagamento ocorridos naquele ano são

analisados, o tratamento da suscetibilidade torna-se menos importante. Do ponto de vista

econômico, uma vez que o alagamento já ocorreu em um ponto da cidade, basta verificar a

existência de firmas afetadas dentro da extensão territorial da área de influência desses

pontos. Os outros dois elementos são também explicitamente considerados. A dependência é

completamente capturada por meio das ligações espaciais associadas aos fluxos de renda e das

cadeias de valor incorporadas no sistema de insumo-produto metropolitano, utilizado para

calibrar o modelo EEGC; além de ser considerada em hipóteses de mobilidade interregional

de fatores. E a resiliência é contemplada na força dos efeitos substituição induzidos pelos

efeitos preço e pelas restrições de oferta do modelo.

De uma perspectiva econômica, três forças principais entram em ação: primeiro, as empresas

na área de influência dos pontos de alagamento podem ter que interromper temporariamente a

sua produção, impedindo o crescimento potencial do PIB através da interrupção em sua

cadeia de valor; segundo, danos em infraestrutura econômica podem gerar tanto uma redução

no estoque de capital disponível para a produção, como interrupções temporárias na

infraestrutura de serviços (por exemplo, interrupção de energia elétrica e bloqueio de

rodovias), ocorrências comuns durante os alagamentos; e, terceiro, esforços de reconstrução e

medidas adicionais de manutenção operam na direção oposta, estimulando atividades

orientadas ao investimento (por exemplo, o setor de construção civil), que se tornam mais

vigorosas após os períodos de alagamento.

Esse trabalho avalia os efeitos da primeira dessas três forças em ação – a paralisação

temporária da produção, e a sua consequente interrupção da cadeia de valor.

Complementando o trabalho de Haddad e Teixeira (2013), em que se estimou qual teria sido o

impacto sobre a economia se todos os pontos de alagamentos não tivessem ocorrido naquele

ano, identificamos aqui a contribuição de cada ponto para o impacto total.

Neste contexto, os hotspots econômicos são aqui referidos como os pontos de alagamento que

acometeram em maiores perdas econômicas potenciais para a cidade de São Paulo,

fornecendo uma medida de intensidade dos prejuízos no espaço geográfico.

9

A estratégia de modelagem integrada permitiu identificar as empresas afetadas por cada ponto

de alagamento em um pré-determinado raio de impacto e, a partir das informações de perdas

diretas, estimar as perdas totais por meio da utilização do modelo EEGC. Com isso, o impacto

total sobre a produção foi avaliado não só a partir das perdas diretas, mas também dos

prejuízos indiretos provocados pela interrupção das longas cadeias produtivas que interligam

a cidade de São Paulo à região metropolitana, ao estado de São Paulo e ao restante do país.

Utilizando-se técnicas de decomposição é possível obter as estimativas de perda potencial

para cada ponto de alagamento, por meio da aplicação de multiplicadores de impacto

setoriais. A aplicação desses multiplicadores às perdas diretas individuais fornece estimativas

dos prejuízos econômicos totais de cada ponto. Os multiplicadores de impacto são obtidos

conforme segue:

(1)

Em que:

é a estimativa de perda potencial total resultante do

modelo EEGC para o ano , região , e setor ;

é o vetor de choque, que representa as perdas diretas em termos

de diminuição de valor adicionado para o ano e setor .

Os setores ( ) considerados na análise são os oito setores do modelo EEGC7, e o período em

investigação ( ) está compreendido entre 2008 e 2012.

Assim, aplicando-se os multiplicadores de impacto setoriais às perdas diretas associadas a

cada ponto de alagamento é possível obter os hotspots de 2008, representados na Figura 3. A

distribuição espacial dos pontos de alagamento de acordo com sua contribuição para as perdas

potenciais de PIB concentra-se no entorno dos rios Tietê e Pinheiros, e ao longo do corredor

Norte-Sul.

7 (1) Primários, (2) Manufaturados, (3) SIUP, (4) Construção, (5) Comércio, (6) Transporte, (7) Serviços e (8)

Administração Pública.

10

Figura 3. Hotspots de 2008

Esse padrão espacial dos hotspots sugere que as áreas que concentram os pontos de

alagamento que causam os maiores prejuízos à cidade estão associados aos principais

corredores de escoamento de sua indústria de exportação. Na Figura 4, obtida do “Atlas de

Uso e Ocupação do Solo do Município de São Paulo” produzido pela EMPLASA8, o território

em vermelho representa as áreas urbanizadas, e a superfície em amarelo representa as

indústrias, concentradas principalmente ao redor do sistema viário macro metropolitano, que

compreende as vias que configuram a interface das ligações externas da metrópole com a

articulação principal do viário metropolitano (que abrange a malha formada pelas ligações

intrametropolitanas, estabelecendo relações de acessibilidade entre áreas centrais dos

municípios, polos e núcleos de assentamento urbano dentro das regiões metropolitanas). Ou

seja, os hotspots estão localizados ao longo das principais artérias urbanas da cidade de São

Paulo (o entorno dos rios Tietê e Pinheiros, e ao longo do corredor Norte-Sul), ocupada

principalmente pela indústria de exportação e o comércio varejista.

8 Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano SA. É um órgão vinculado à Secretaria Estadual de

Desenvolvimento Metropolitano.

11

Figura 4. Uso e Ocupação do Solo no Município de São Paulo

Fonte: EMPLASA, 2006

Considerando-se a estrutura produtiva da economia de São Paulo de 20089, é possível

extrapolar os resultados e estimar a perda potencial de produto por ponto de alagamento para

os anos de 2009 a 2012. Essas estimativas permitirão não apenas observar possíveis mudanças

no padrão geográfico da distribuição dos alagamentos, como também ampliar o escopo para

uma análise de custo-benefício das obras “antienchente” que começaram a ser implementadas

pela nova gestão da Prefeitura de São Paulo.10

9 A informação de estrutura econômica e produtiva no nível de desagregação utilizado está disponível até o ano

de 2008. Mas a informação de salário está disponível até o ano-base vigente. 10

Em 1 de janeiro de 2013 Fernando Haddad foi empossado prefeito da cidade de São Paulo.

12

Dessa forma, utilizando a estrutura produtiva da economia de São Paulo de 2008 e alterando a

estrutura de salários11

, foram estimadas as perdas potenciais de produto por ponto de

alagamento também para o período de 2009 a 2012. Os hotspots referentes a esse período são

exibidos no Anexo 1, e apresentam um padrão espacial similar ao observado para o ano de

2008.

A relação de hotspots que podem ter provocado prejuízos acima de R$ 20 milhões ao ano, nos

últimos cinco anos, pode ser observada na Tabela 1. Vale destacar que as informações de

alagamentos disponibilizadas pelo CGE da Prefeitura de São Paulo são fornecidas pelos

agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que monitoram com maior

expressividade o centro expandido e os principais corredores de tráfego da capital. Assim, a

concentração de pontos nessa região não significa que somente essa área possui problemas

com alagamentos, mas sim que não existem informações para as demais regiões pela falta de

monitoramento.

Tabela 1. Hotspots com Maiores Perdas Potenciais nos Últimos Cinco Anos (2008–2012)

11

Foram utilizados dados atualizados do produto e do salário mínimo vigente em cada ano considerado.

Subprefeitura

LA Viaduto Antártica X Rua Júlio Gonzalez

LA Rua Hugo D'antola X Rua Ricardo Cavatton

PI Marginal Pinheiros X Ponte do Morumbi

PI Rua Gomes de Carvalho X Rua Lourenço Marques

PI Av Paulista X Rua Haddock Lobo

PI Alameda Santos X Rua Augusta

PI Av Faria Lima X Rua Leopoldo Couto de Magalhães Jr.

PI Av Brasil X Rua Panamá

PI Alameda Santos X Rua Padre João Manuel

PI Marginal Pinheiros X Shopping Villa Lobos

SE Rua Augusta X Rua Caio Prado

SE Av Nove de Julho X Viaduto Plínio de Queiroz

VM Alameda Santos X Rua Padre Manoel da Nóbrega

13

4. Benefício Marginal das Obras “Antienchente”

Associada às adversidades dos alagamentos e às medidas para redução de perdas, está uma

circunstância que tende a dificultar o problema de lidar de forma eficaz com as perdas

provocadas por esses eventos. Medidas estruturais para redução de prejuízos causados por

alagamentos, como piscinões e obras de micro ou macrodrenagem, tendem a ter uma escala

mínima viável, devido às economias de escala na sua construção. E se tais medidas são

executadas, elas automaticamente fornecem redução de alagamentos para todos os ocupantes

da planície de inundação, independentemente de objetivar a diminuição de perdas para um

indivíduo, ou para um grupo de habitantes. Na linguagem da teoria das finanças públicas, as

melhorias concedidas não estão sujeitas ao princípio da exclusão, segundo o qual os

indivíduos que não querem, ou que não podem pagar o preço de um produto ou serviço,

podem ser excluídos do consumo dos mesmos.

O princípio da exclusão é uma condição necessária para o mercado convencional funcionar de

forma eficiente, e em condições nas quais esse princípio não é válido, o bem ou serviço

assume a característica de um bem público. O fornecimento de bens públicos pelo setor

privado é de difícil implementação, uma vez que a análise de custo-benefício é complexa e a

dificuldade em restringir a sua utilização (o que os tornaria exclusivos) torna seu

financiamento quase impossível. Dessa forma, devido à ausência de condições de exclusão, o

problema dos prejuízos causados pelos alagamentos requer uma intervenção pública (Krutilla,

1966).

Quanto à divisão da responsabilidade pela redução de perdas provocadas por alagamentos

entre as autoridades locais e federal, a mesma parece estar baseada em uma lógica errônea,

dada a natureza do problema dos alagamentos. Enquanto os governos locais são responsáveis

pela prevenção de alagamentos de volume moderado e de ocorrência relativamente regular, o

governo federal assume a responsabilidade de desastres associados a fluxos de grandes

magnitudes, e com ocorrência pouco frequente.

Apesar de um fenômeno aparentemente local, a análise de Haddad e Teixeira (2013)

evidencia que o impacto dos alagamentos na cidade de São Paulo (fenômenos de volume

moderado e de ocorrência regular) se expande para além das fronteiras da cidade. Mas a

necessidade do reconhecimento de que os efeitos econômicos dos alagamentos não são apenas

14

locais impõe um problema de governança no contexto do federalismo brasileiro. Uma vez que

as decisões (e o controle orçamentário) são feitos nos níveis municipal, estadual e federal,

problemas de coordenação deverão ser enfrentados. Como Biesbroek et al. (2009) apontaram,

não há solução inequívoca para os desafios das mudanças climáticas, pois estas exigirão uma

combinação de esforços no longo prazo e de tomada de decisões no curto prazo, em todos os

níveis governamentais. No contexto do problema dos alagamentos em São Paulo, um desafio

adicional surge. Além da estrutura administrativa tradicional com a qual os urbanistas estão

habituados – que favorece o tratamento de questões socioeconômicas – camadas espaciais

adicionais entram em cena (como a de bacias hidrográficas e clima) trazendo outras

dimensões que devem ser integradas na busca por soluções.

Mas qual é o benefício marginal das obras “antienchente”12

executadas no município de São

Paulo? O benefício gerado por uma unidade monetária investida em obras de prevenção aos

alagamentos supera os seus custos marginais? As externalidades dessas obras para as

economias da cidade e do país são positivas ou negativas?

A perda potencial de produto acarretada pelos alagamentos seria de aproximadamente R$ 108

milhões ao ano para a própria cidade, e de R$ 226 milhões para e economia do país.13

Os

resultados obtidos para os últimos cinco anos são apresentados na Tabela 2.

12

Termo utilizado pela imprensa para se referir às obras de micro e macrodrenagem realizadas pela prefeitura do

município de São Paulo. 13

Perda potencial média dos últimos cinco anos, mantendo a estrutura produtiva de 2008 e alterando a estrutura

de salários.

15

Tabela 2. Perda Potencial de PIB (em R$ milhões) –

Cenário de 100 m de Raio de Impacto

A nova gestão da Prefeitura da cidade de São Paulo delegou à Secretaria Municipal de

Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB) a responsabilidade pelas obras “antienchente” de

microdrenagem. O orçamento aprovado para a execução das obras, que estão espalhadas por

toda a cidade, é de R$ 150 milhões. Tais obras visam contribuir para o escoamento mais

rápido de águas em setenta e nove pontos críticos da cidade, evitando a formação de pontos

de alagamentos intransitáveis, e o prazo para execução é de seis meses. Comparando a perda

potencial média para o Brasil em um único ano (de aproximadamente R$ 226 milhões) com o

custo do investimento a ser realizado nessas obras “antienchente”, já seria possível afirmar

que os seus benefícios superam os custos, tanto em termos estritamente econômicos quanto

em termos sociais, dado o ganho de bem estar proveniente da diminuição dos alagamentos.

Todavia, esses valores de perdas potenciais são relativos a todos os pontos de alagamento

ocorridos na cidade de São Paulo nos últimos cinco anos. Para uma análise de custo-benefício

mais criteriosa, é necessário levar a investigação a um nível local.

A título de exemplo, um exercício de análise local pode ser feito com as obras que serão

empreendidas no contexto da Operação Água Branca.14

Trata-se de uma obra estrutural, de

14

A Operação Água Branca (Lei 11.774 de 18 de maio de 1995) abrange parte dos bairros da Água Branca,

Perdizes e Barra Funda. Sua maior parte está inserida na várzea natural do rio Tietê, englobando inclusive

antigos meandros. É uma área suscetível a inundações naturais, mas devido a fatores como desmatamento,

impermeabilização do solo, canalização dos córregos contribuintes em galerias fechadas, e ocupação inadequada

2008 2009 2010 2011 2012 média

Perda direta

Cidade de São Paulo 35.5 69.2 52.1 40.7 63.7 52.3

Perda total

Cidade de São Paulo 75.3 130.3 86.5 97.5 149.0 107.7

Resto da RMSP 6.9 6.1 3.4 3.8 2.2 4.5

Resto do estado de São Paulo 15.2 19.3 13.7 13.4 22.5 16.8

Resto do Brasil 73.3 110.8 82.0 81.3 137.5 97.0

Brasil 170.6 266.5 185.5 196.0 311.2 226.0

Taxa de perda intra-cidade 2.1 1.9 1.7 2.4 2.3 2.1

Taxa de perda total 4.8 3.8 3.6 4.8 4.9 4.3

16

macrodrenagem, que abrange regiões de ocupação da várzea natural do Rio Tietê. O

investimento será de R$ 143 milhões, em um prazo de 33 meses, custeado por verba

arrecadada dos empreendimentos construídos na região entre 1995 e 2013. O objetivo dessas

obras é resolver o problema de um local que tradicionalmente acarreta perdas de produto em

uma região sob jurisdição da subprefeitura da Lapa.

A subprefeitura da Lapa está entre aquelas onde os pontos de alagamentos recorrentes geram

as maiores perdas potenciais de produto. No período de 2008 a 2012, as perdas potenciais

médias dessa subprefeitura podem ter atingido R$ 89 milhões por ano. O mapa de perdas por

subprefeitura para o ano de 2008 é apresentado na Figura 5, e os mapas de perdas por

subprefeitura para os demais anos são apresentados no Anexo 2. No contexto da análise de

custo-benefício das obras “antienchente” da Operação Água Branca, primeiro traçou-se o

perímetro da operação, com o uso de ferramentas de informação geográfica. Depois foram

identificados todos os pontos de alagamento ocorridos nessa área nos últimos anos, e

identificaram-se para cada ponto os seus prejuízos econômicos. A perda potencial de produto

pode ter atingido, em média, R$ 38 milhões por ano na região de abrangência desta operação.

das margens, tornou-se uma área sujeita a alagamentos pontuais disseminados (Portal da Prefeitura de São Paulo;

http://www.prefeitura.sp.gov.br. Acesso em 05/09/2013).

17

Figura 5. Perda Potencial de PIB nas Subprefeituras de São Paulo, 2008

18

Figura 6. Perímetro da Operação Água Branca

Supondo que os alagamentos na região da Operação Água Branca sejam reduzidos em 90%,

haveria uma economia de custos de R$ 35 milhões por ano após a execução das obras.

Calculando a perpetuidade15

dessa redução de perdas econômicas provocadas pelos

alagamentos, o prejuízo evitado seria de R$ 560 milhões, computados apenas os custos

incorridos pela própria cidade de São Paulo (desconsiderando o espraiamento dos efeitos

pelas longas cadeias de produção e renda). Ponderando ainda o benefício social promovido

pelo investimento, esse se justificaria tanto social quanto economicamente.

15

Perpetuidade (P) é uma série com infinitos pagamentos ou depósitos. No caso em questão, considera-se como

pagamento (R) o benefício marginal das obras “antienchente”, ou seja, a perda potencial que a cidade de São

Paulo deixará de incorrer anualmente. Calcula-se a perpetuidade como , onde é a taxa de juros real,

calculada com base na taxa de juros de longo prazo (TJLP) em setembro de 2013 (11%) e na meta de inflação da

autoridade monetária (4,5%).

19

5. Considerações Finais

A partir do início da década de 1970 o número de dias em que as precipitações excederam 80

mm/dia na cidade de São Paulo aumentou. E de acordo com as perspectivas, o número de

eventos de chuvas intensas nessa região deve continuar crescendo. A combinação da

localização dos pontos de alagamento e das firmas em sistema de informação geográfica

permitiu projetar os impactos econômicos dos alagamentos ocorridos na cidade em 2008

(Haddad e Teixeira, 2013). Estima-se que os alagamentos contribuíram para reduzir o

crescimento econômico da cidade e o bem-estar de seus residentes, bem como prejudicar a

competitividade nos mercados doméstico e internacional. Não só a economia da cidade foi

afetada, mas também outras economias regionais do Brasil.

Este trabalho complementa o estudo de Haddad e Teixeira (2013), permitindo decompor os

resultados globais e identificar as perdas potenciais por ponto de alagamento, ampliando o

escopo de análise. Com esse novo conjunto de informações foram identificados os hotspots

econômicos, ou seja, os pontos que causaram as maiores perdas econômicas potenciais à

cidade de São Paulo e ao Brasil. Ademais, a técnica de decomposição proporcionou uma

ferramenta para avaliar economicamente os benefícios de projetos locais para redução de

alagamentos. O exercício de análise da Operação Água Branca demonstrou que os benefícios

com medidas corretivas ou preventivas podem superar os custos dos investimentos. A

otimização dos gastos na área de infraestrutura, com o devido foco espacial, permitiria que os

recursos excedentes pudessem ser direcionados para outras áreas de interesse da sociedade,

tais como saúde, educação, mobilidade urbana e segurança.

A principal mensagem do trabalho é a necessidade de considerar as interações internas e

externas ao sistema urbano para avaliar as consequências de um fenômeno aparentemente

local. Medidas relacionadas ao planejamento e controle do uso da terra deveriam ser

executadas em paralelo com projetos de engenharia que aperfeiçoem o sistema de drenagem

urbano e previnam a emergência de novas áreas de risco, apesar do problema de governança

existente no contexto do federalismo brasileiro. Além da estrutura administrativa tradicional,

novas camadas de informação entram em cena, trazendo outras dimensões que devem ser

integradas na busca por soluções.

20

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23

Anexo 1. Hotspots Econômicos

Hotspots 2009

24

Hotspots 2010

25

Hotspots 2011

26

Hotspots 2012

27

Anexo 2. Perdas Potenciais de PIB por Subprefeitura

Perdas Potenciais de PIB por Subprefeitura, 2009

28

Perdas Potenciais de PIB por Subprefeitura, 2010

29

Perdas Potenciais de PIB por Subprefeitura, 2011

30

Perdas Potenciais de PIB por Subprefeitura, 2012