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Manual Prático da nF-e e da nFc-e

entendendo a nota Fiscal eletrônica e a nota Fiscal de consuMidor eletrônica

Versão 1.0 - 9 de setembro de 2014

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sumário

Prefácio ................................................................................................ 15

1. Um PoUco da História dos Projetos da Nf-e e daNfc-e ................................................................................................... 19

1.1. Evolução do projeto da NF-e ...................................................... 20

1.2. Evolução do projeto da NFC-e .................................................... 48

1.3. NF-e, NFC-e e Sped .................................................................... 56

2. eNteNdeNdo a Nf-e e a Nfc-e .................................................... 67

2.1. Conceito da NF-e ........................................................................ 67

2.2. Benefícios da NF-e ....................................................................... 74

2.3. Conceito da NFC-e ...................................................................... 79

2.4. Benefícios da NFC-e .................................................................... 81

2.5. Comparativo NF-e versus NFC-e ................................................ 89

2.6. Entendendo a diferença da NF-e e da Nota Fiscal de Serviços Eletrônica .................................................................................... 93

2.7. Entendendo a diferença da NF-e e da Nota Fiscal Paulista ......... 97

3. sistemas de aUtorização de Nf-e e de Nfc-e ..................... 101

3.1. Estados com sistema próprio e Secretaria de Fazenda Virtual .... 101

3.2. Ambiente de testes e ambiente de produção ............................... 106

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10 Newton Oller de Mello

4. modelo de oPeração Nf-e e Nfc-e .......................................... 109

4.1. Processo de emissão da NF-e ...................................................... 109

4.2. Processo de emissão da NFC-e .................................................... 115

4.3. Quais são as validações efetuadas para autorizar uma NF-e ou NFC-e .......................................................................................... 118

4.4. Quais os resultados possíveis de um pedido de autorização de NF-e e de NFC-e? ........................................................................ 129

4.5. Cadastro Centralizado de Contribuintes (CCC) e denegação in-terestadual de NF-e ..................................................................... 135

4.6. Numeração da NF-e e da NFC-e ................................................. 139

4.7. Modelo de documento para a NF-e e para a NFC-e .................... 140

4.8. Chave de acesso da NF-e e da NFC-e.......................................... 140

4.9. Consulta pública da NF-e e da NFC-e ........................................ 144

4.10. Programa visualizador da NF-e ................................................... 151

4.11. Envio de NF-e e NFC-e pela empresa emitente .......................... 156

4.12. Recebimento de mercadorias com NF-e ...................................... 160

4.13. Escrituração da NF-e e da NFC-e ................................................ 166

4.14. Responsabilidade pela guarda da NF-e e da NFC-e .................... 168

5. eNteNdeNdo o daNfe e o daNfe Nfc-e ................................. 175

5.1. Conceito de documento auxiliar da NF-e ................................... 175

5.2. O que muda com o Danfe............................................................ 183

5.2.1. Tipos de formulários para impressão de Danfe ............. 184

5.3. Padrões técnicos exigidos para impressão do Danfe .................... 189

5.4. Código de barras da NF-e............................................................ 191

5.5. Comprovante de entrega de mercadorias no Danfe..................... 194

5.6. Conceito de documento auxiliar da NFC-e ................................ 195

5.7. QR Code do Danfe NFC-e ........................................................... 200

5.8. Código de Segurança do Contribuinte (CSC) e Hash do QR Code ................................................................................................ 202

6. PriNciPais asPectos técNicos Na Nf-e e Na Nfc-e ........... 205

6.1. Certificação digital para NF-e e NFC-e ....................................... 205

6.2. Formato de arquivo e leiaute da NF-e e da NFC-e ..................... 210

6.3. Padrão de comunicação ............................................................... 216

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Manual Prático da NF-e e da NFC-e 11

7. caNcelameNto e iNUtilização de Número de Nf-e e Nfc-e ................................................................................................... 219

7.1. Cancelamento de NF-e e de NFC-e ............................................. 219

7.2. Inutilização de número de NF-e e de NFC-e .............................. 222

8. obrigatoriedade da Nf-e e da Nfc-e ..................................... 223

8.1. Obrigatoriedade NF-e por setores econômicos ........................... 223

8.2. Obrigatoriedade NF-e pelo Cnae................................................. 228

8.3. Obrigatoriedade NF-e por tipo de operação ................................ 232

8.4. Exceções à obrigatoriedade de NF-e ........................................... 233

8.5. Obrigatoriedade de uso da NFC-e ............................................... 234

9. alterNativas de coNtiNgêNcia Para Nf-e e Nfc-e ........... 237

9.1. O que é e quando ocorre a contingência? ................................... 237

9.2. Alternativas de contingência disponíveis para NF-e ................... 242

9.2.1. Danfe em Formulário de Segurança (FS) ...................... 242

9.2.2. Formulário de Segurança para Documentos Auxiliares (FSDA) .......................................................................... 243

9.2.3. Scan (Sistema de Contingência do Ambiente Nacional) 246

9.2.4. SVC (Sefaz Virtual de Contingência) ............................ 247

9.2.5. Dpec (Declaração Prévia de Emissão em Contingência) 250

9.2.6. Epec (Evento Prévio de Emissão em Contingência) ..... 252

9.3. Alternativas de contingência disponíveis para NFC-e .................... 254

9.3.1. Danfe NFC-e em Formulário de Segurança para Docu-mentos Auxiliares (FSDA)............................................. 254

9.3.2. Contingência off-line NFC-e .......................................... 255

10. Programa emissor gratUito Para Nf-e e Nfc-e ................ 259

10.1. A quem se destina o Programa Emissor Gratuito de NF-e .......... 259

10.2. Principais características do Programa Emissor Gratuito NF-e .. 261

10.3. Vantagens e limitações do Programa Emissor Gratuito............... 264

10.4. Principais funcionalidades .......................................................... 268

10.4.1. Menu Emitente .............................................................. 268

10.4.2. Menu Cadastros ............................................................. 269

10.4.3. Menu Notas Fiscais ....................................................... 270

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12 Newton Oller de Mello

10.4.4. Menu Sistema ................................................................ 271

10.4.5. Menu Ajuda ................................................................... 272

10.5. Ciclo de vida padrão de emissão de NF-e pelo Programa Emissor 273

10.6. Existe Programa Emissor Gratuito para NFC-e? ......................... 275

11. eveNtos Na Nf-e e Nfc-e .............................................................. 277

11.1. Conceito de evento ...................................................................... 277

11.2. Características comuns aos eventos ............................................ 279

11.3. Modelo de comunicação dos eventos .......................................... 283

11.4. Eventos existentes na NF-e ......................................................... 284

11.4.1. Carta de Correção eletrônica ......................................... 286

11.4.2. Eventos de manifestação do destinatário ...................... 290

11.4.3. Outros eventos da NF-e implantados ............................ 300

11.5. Eventos existentes na NFC-e e futuros eventos na NFC-e .......... 302

12. dúvidas mais freqUeNtes da Nf-e e da Nfc-e .................... 305

12.1. Dúvidas mais frequentes da NF-e ................................................ 305

12.1.1. Conceito da NF-e .......................................................... 305

12.1.2. Credenciamento ............................................................ 309

12.1.3. Obrigatoriedade ............................................................. 311

12.1.4. Emissão NF-e ................................................................ 312

12.1.5. Cancelamento de NF-e .................................................. 314

12.1.6. Inutilização de número de NF-e .................................... 316

12.1.7. Danfe ............................................................................. 317

12.1.8. Leiaute NF-e .................................................................. 319

12.1.9. Certificação digital ........................................................ 322

12.1.10. Consulta de NF-e .......................................................... 323

12.1.11. Envio e recebimento NF-e ............................................. 325

12.1.12. Simples Nacional ........................................................... 326

12.1.13. Operações de comércio exterior .................................... 327

12.1.14. Escrituração ................................................................... 327

12.1.15. Guarda da NF-e ............................................................. 328

12.1.16. Contingência ................................................................. 329

12.1.17. Carta de Correção eletrônica ......................................... 330

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Manual Prático da NF-e e da NFC-e 13

12.1.18. Manifestação do destinatário ......................................... 330

12.1.19. Download do arquivo da NF-e ....................................... 332

12.1.20. Programa Emissor Gratuito NF-e .................................. 332

12.2. Dúvidas mais frequentes da NFC-e ............................................. 333

12.2.1. Conceito da NFC-e ........................................................ 333

12.2.2. Credenciamento NFC-e ................................................. 334

12.2.3. Obrigatoriedade NFC-e ................................................. 334

12.2.4. Emissão NFC-e .............................................................. 335

12.2.5. Cancelamento de NFC-e ............................................... 336

12.2.6. Inutilização de número de NFC-e ................................. 336

12.2.7. Danfe NFC-e.................................................................. 336

12.2.8. QR Code NFC-e ............................................................. 337

12.2.9. Código de Segurança do Contribuinte (CSC) para NFC-e ............................................................................ 337

12.2.10. Grupo de formas de pagamento e cartões NFC-e ......... 338

12.2.11. Lei nº 12.741/2012 - Imposto na nota para NFC-e ....... 338

12.2.12. ECF versus NFC-e ......................................................... 338

12.2.13. PAF-ECF versus NFC-e ................................................. 338

12.2.14. Consulta de NFC-e ........................................................ 339

12.2.15. Disponibilização de arquivo NFC-e ao consumidor ..... 339

12.2.16. Delivery com NFC-e ...................................................... 339

12.2.17. Venda a estrangeiro com NFC-e .................................... 339

12.2.18. Guarda da NFC-e .......................................................... 340

12.2.19. Contingência para NFC-e .............................................. 340

12.2.20. Obrigações acessórias com NFC-e ................................ 341

12.2.21. Abertura e encerramento de ponto de venda com NFC-e ............................................................................ 341

12.2.22. Programa Emissor Gratuito para NFC-e ....................... 342

13. aNexo - legislação NacioNal da Nf-e e Nfc-e .................. 343

aNexo i - ajUste siNief Nº 7/2005 ............................................... 375

aNexo ii - ajUste siNief Nº 7/2005 .............................................. 379

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A Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) faz parte hoje do dia a dia de mais de 1 milhão de empresas brasileiras e já foram autorizadas mais de 10 bi-lhões de NF-e desde a primeira em 15.09.2006 até início de setembro de 2014. A NF-e passou a ser de adoção obrigatória por todas as indústrias e atacadistas do país em substituição às tradicionais notas fiscais em papel desde o final de 2010.

No contexto mundial, o Brasil disputa, de forma acirrada, com o México, a posição de maior emissor mundial de documentos fiscais eletrônicos.

Muitos já não se lembram de que, em um passado recente, a nota fiscal (modelo 1) era emitida para documentar as operações comerciais entre empresas, em formulário contínuo, em várias vias, utilizando-se um papel copiativo, ou com o uso de papel carbono. Também quase não recordamos que a 2ª via da nota fiscal em papel devia ser arma-zenada, pela empresa emitente, pelo prazo decadencial(1), e a 1ª via acompanhar o transporte da mercadoria e ser guardada pela empresa destinatária, por este mesmo prazo de apresentação de documentos ao Fisco. Com a NF-e e o Danfe, desaparece o próprio conceito de vias de documentos fiscais.

1. O prazo decadencial corresponde ao período previsto na legislação tributária (em regra, de 5 anos) que a empresa deve manter a guarda de documentos e livros fiscais para a apresentação ao Fisco.

um Pouco dA HistóriA dos Projetos dA nf-e e dA nfc-e1

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20 Newton Oller de Mello

A substituição da velha nota fiscal em papel por um documento eletrônico com validade jurídica para todos os fins e de existência apenas digital foi uma das principais quebras de paradigma da NF-e.

Todavia, outras quebras de paradigmas se fazem presentes quando do estudo detalhado da NF-e. Dentre as quais podemos citar: a participa-ção da iniciativa privada como parceira do Fisco na construção da NF-e, e a integração e a cooperação fiscal de fato entre os Fiscos Estaduais e Fisco Federal, verificado no projeto da NF-e.

Entretanto, faltava ainda ao Brasil avançar também na substituição dos documentos fiscais em papel do varejo por documentos eletrônicos. Somente mais recentemente, em decorrência do sucesso alcançado pela NF-e, não só para a modernização das Administrações Tributárias do país, mas também com a redução de custos de obrigações acessórias e a melhora do ambiente de negócios para as empresas, é que no final de 2011 teve início o projeto da Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica (NFC-e). A NFC-e surgiu como uma alternativa aos tradicionais con-troles fiscais do varejo brasileiro, baseados na emissão de cupons fiscais por equipamentos especializados e autorizados pelo Fisco chamados de ECF (Equipamentos Emissores de Cupom Fiscal), as tradicionais im-pressoras fiscais.

Neste primeiro capítulo, conheceremos um pouco de como foi a his-tória do projeto NF-e, saberemos como se deu sua evolução e seus prin-cipais marcos e, em seguida, a história ainda em construção do projeto da NFC-e, bem como a relação da NF-e e da NFC-e com o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), o que facilitará a compreensão das premis-sas adotadas na concepção dos seus modelos operacionais, das decisões tomadas e de suas perspectivas futuras.

1.1. EvOLuçãO DO PROjEtO DA NF-E

Com o advento da Emenda Constitucional nº 42, de 19 de dezem-bro de 2003, foi inserido, no artigo 37 da Constituição Federal, o inciso XXII estabelecendo o comando constitucional para que as administrações tributárias das diferentes esferas atuassem de forma integrada.

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Manual Prático da NF-e e da NFC-e 21

“XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servido-res de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas ativi-dades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.” (grifos nossos)

Para atender a esta diretriz foi realizado, de 15 a 17 de julho de 2004, o 1º Encontro Nacional de Administradores Tributários (Enat), reunindo, em um mesmo fórum de cooperação fiscal, os Secretários de Fazenda dos Estados e DF e o Secretário da Receita Federal.

A partir das propostas que surgiram das discussões do 1º Enat, fo-ram formalizados dois protocolos de cooperação fiscal(2), sendo que o Protocolo Enat nº 1 tratou do projeto da construção de um Cadastro Sin-cronizado entre as Administrações Tributárias e o Protocolo Enat nº 2, de um conjunto de quatorze iniciativas para o desenvolvimento de métodos e instrumentos de Administração Tributária, dentre as quais surge, pela primeira vez, a temática relativa à Nota Fiscal Eletrônica.

Segundo dispôs o Protocolo Enat nº 2/2004 “a administração tributá-ria está assentada sobre três pilares básicos, a saber, o cadastro de contribuintes, que permita a perfeita identificação e individualização das pessoas, o documen-to básico de comércio, Nota Fiscal, que registre a atividade comercial com suas particularidades e a codificação das mercadorias e serviços”. (grifos nossos)

Dentre as quatorze propostas constantes da cláusula primeira do Protocolo Enat nº 2, algumas, como as a seguir transcritas, faziam refe-rência direta aos documentos fiscais ou traziam as premissas que viriam, posteriormente, nortear o projeto da NF-e:

“II - estabelecer as regras de negócio para o compartilhamento, entre os signatários, das informações contidas em suas bases de dados coorporativas, especialmente os dados relativos às operações de comércio exterior;

III - definir as adequações que se façam necessárias para incluir no PASSE SINTEGRA as informações e funcionalidades da Nota Fiscal Eletrônica, abrangendo as operações interestaduais e de comércio exterior;

2. Os Protocolos de Cooperação, bem como informações adicionais sobre o Enat estão dis-poníveis no seguinte endereço eletrônico: <www19.receita.fazenda.gov.br/enat/>.

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22 Newton Oller de Mello

IX - investir no desenvolvimento de modelo de dados único e padronizado para todos os Fiscos, relativamente às demais ferramentas de Administração Tributária;

X - investir na regulamentação do uso da certificação digital em todos os documentos fiscais, utilizado (sic) o programa de Transmissão Eletrônica de Documentos - TED, como padrão nacional;

XI - investir na harmonização da legislação das Unidades da Federação e, na padro-nização da escrituração fiscal e das informações econômico-fiscais;

XIII - desenvolver e disponibilizar aos contribuintes programa que permita a captura e transmissão on-line dos documentos fiscais emitidos para as administrações fiscais;

XIV - buscar soluções para a simplificação das obrigações acessórias e melhoria da qualidade de suas informações, inicialmente por meio da vinculação da Declaração Mensal mediante a importação das informações do Sintegra.” (grifos nossos)

Da leitura atenta do Protocolo Enat nº 2/2004 percebe-se que não havia ainda, naquele momento, o delineamento claro de um verdadeiro projeto de Nota Fiscal Eletrônica nacional, mas sim a indicação de uma relação de tópicos que deveriam ser endereçados e estudados pelas admi-nistrações tributárias de forma cooperada, dentre os quais um dos temas era da nota fiscal.

Por outro lado, algumas das principais premissas que posteriormen-te passariam a ser a base do projeto nacional da Nota Fiscal Eletrônica já constam do texto do protocolo:

ücompartilhamento de informações;

ümodelo de dados único e padronizado para todos os Fiscos;

üuso da certificação digital em todos os documentos fiscais;

üharmonização da legislação tributária;

üdesenvolvimento e disponibilização de programas aos contri-buintes;

ütransmissão on-line dos documentos fiscais emitidos para as ad-ministrações fiscais;

übusca de soluções para a simplificação das obrigações acessórias e melhoria da qualidade de suas informações.

Em decorrência do Protocolo Enat nº 2, foi criado um grupo técni-co específico para a Nota Fiscal Eletrônica. Este grupo era composto por

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cerca de 8 técnicos, representantes de algumas Secretarias de Fazenda e também da Receita Federal. Os representantes das Secretarias de Fazen-da no grupo eram, em geral, também participantes, por seus Estados, do Grupo Técnico de Processamento de Dados da Comissão Técnica Perma-nente do ICMS (Cotepe) do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz)(3).

Este grupo técnico da NF-e realizou algumas reuniões no 2º semes-tre de 2004 e no início de 2005, mas o tema pouco avançou. Faltava clare-za de quais eram os objetivos do grupo e o que se esperava com o projeto. Também não havia uma estratégia de condução de projeto. As reuniões do grupo eram, em geral, eminentemente técnicas, voltadas para o desenho do modelo operacional da NF-e.

Em paralelo com os trabalhos do grupo técnico do Enat, também começava, no início de 2005, o projeto paulista da Nota Fiscal Eletrô-nica, inserido no âmbito do programa de modernização da Secretaria da Fazenda (Proffis), contando com recursos do tesouro estadual e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Originariamente, a Nota Fiscal Eletrônica não fazia parte do rol de projetos do Programa de Modernização da Fazenda Paulista (Proffis) que havia sido contratado com o BID. Todavia, na revisão do Proffis no início de 2005, o Secretário da Fazenda do Estado de São Paulo determinou a inclusão da NF-e no programa, pois havia participado da discussão do tema da NF-e no 1º Enat e porque havia ficado bastante impressionado, em uma visita que realizará a Secretaria da Fazenda da Bahia, com o pro-jeto da Nota Fiscal Eletrônica de Compras Públicas, intitulado Compra Legal(4), que aquele Estado acabará de implantar.

3. Informações adicionais sobre a Cotepe e sobre o Confaz podem ser obtidas no endereço eletrônico <http://www.fazenda.gov.br/confaz>.

4. O projeto Compra Legal, desenvolvido pela Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia em 2004, corresponde ao estabelecimento de uma obrigação acessória adicional obrigatória para todos os contribuintes do ICMS pessoa jurídica do Estado da Bahia ou de outros Estados, que façam venda de mercadorias para órgãos ou entidades da Administração Pública Estadual ou Municipal, direta ou indireta, localizados naquele Estado (Órgãos do Estado, Prefeituras, Fundações e Autarquias Públicas). A empresa deve enviar uma informação eletrônica com os dados da nota fiscal emitida para o ente de governo. Desta

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24 Newton Oller de Mello

Assim, a NF-e passou a ser considerada como um dos projetos es-tratégicos do Governo do Estado de São Paulo e ter um acompanhamento de perto pelo Secretário da Fazenda. Importante registrar que apesar da Nota Fiscal Eletrônica ser um projeto que tem sua base calcada no uso da tecnologia da informação, a condução do projeto em SP foi atribuída à Deat (Diretoria Executiva da Administração Tributária), área-fim, ou seja, a área de Fiscalização Tributária e não a área de Tecnologia.

O ponto de partida dos estudos do projeto paulista foi conhecer di-ferentes experiências nacionais similares ou com algum grau de analogia com uma possível nota fiscal eletrônica.

Assim seguiram-se uma série de visitas e apresentações para se co-nhecer as experiências do Sistema Brasileiro de Pagamentos (SBP), da operação de empresas de cartão de crédito, do projeto do ICMS Eletrônico da Secretaria de Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul, da Nota Fiscal Eletrônica de Serviços da Prefeitura do Município de Angra dos Reis, da Nota Fiscal Eletrônica de compras públicas da Secretaria da Fazenda da Bahia e do projeto do Livro Eletrônico da Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco.

O Estado do Rio Grande do Sul também tinha, àquela altura, uma iniciativa que, de alguma forma, se relacionava com a Nota Fiscal Eletrô-nica. Era o projeto do chamado ICMS Eletrônico(5). O principal objetivo do ICMS Eletrônico do RS era criar uma espécie de câmara de compensa-ção, de forma que um contribuinte do ICMS do Estado somente pudesse se creditar do montante de ICMS que estivesse registrado pelo emitente da nota fiscal na base de dados da Secretaria da Fazenda do RS, evitando ou minimizando, desta forma, a possibilidade de créditos inidôneos baseados em notas fiscais falsas (“notas frias”). Para que a Secretaria da Fazenda do RS pudesse ter esta câmara de compensação seria necessário que as em-

forma, a Compra Legal não pode ser considerada uma Nota Fiscal eletrônica, mas apenas o registro eletrônico junto à Sefaz das informações de uma nota fiscal emitida em papel. Informações adicionais sobre o projeto Compra Legal podem ser obtidas no endereço eletrônico <http://www.sefaz.ba.gov.br>.

5. Para conhecer mais sobre o projeto ICMS Eletrônico da Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul acesse o endereço eletrônico <http://www.sefaz.rs.gov.br/ASP/IcmsEletro-nico/html/index.asp?origem=sefaz>.

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presas emissoras registrassem as informações de suas notas fiscais para o banco de dados da Sefaz. Assim, apesar do foco do projeto ICMS Eletrôni-co ser a questão da compensação dos créditos, o projeto trazia a reboque a transmissão das notas fiscais, que naquele momento se desenhava com informações resumidas por nota fiscal e enviadas em um período de até 3 horas da sua emissão.

Em março de 2005, uma comitiva composta por representantes das equipes do projeto da NF-e das Secretarias da Fazenda dos Estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul(6) estiveram em visita ao Chile para conhe-cer a experiência daquele país que havia implantado desde 2003 a cha-mada Factura Electrónica(7). A experiência da Factura Electrónica chilena, especialmente no tocante aos padrões tecnológicos adotados e a estratégia de implantação do projeto, que contou com a participação da iniciativa privada desde a sua concepção, foram fundamentais na construção do modelo brasileiro de Nota Fiscal eletrônica (NF-e).

O desafio brasileiro na NF-e deixou de ser fundamentalmente tec-nológico como poderia parecer à primeira vista, uma vez que as grandes linhas em termos de padrões tecnológicos já estavam bem delineadas na experiência chilena. O obstáculo a ser superado era a construção de um único padrão nacional de NF-e que fosse aceito por todas as Administra-ções Tributárias Estaduais e pelo Fisco Federal.

Neste contexto, o Encontro Nacional de Coordenadores e Adminis-tradores Tributários Estaduais (Encat)(8), fórum de intercâmbio de melho-res práticas de administração tributária e que desde 2003 já trabalhava na construção de cooperação fiscal entre os Estados, passou a desempenhar papel fundamental na consolidação de um único projeto nacional de NF-e.

6. Participaram da comitiva que foi conhecer o projeto de Factura Electrónica do Chile: Sr. Ricardo Neves Pereira - Auditor da Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul e Líder do Projeto ICMS Eletrônico no RS; Sr. Newton Oller de Mello - Agente Fiscal de Rendas da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo e Líder do Projeto NF-e em SP; e o Sr. Roberto Ryiochi Asakura - Agente Fiscal de Rendas da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo e integrante da equipe do Projeto NF-e em SP;

7. Informações adicionais sobre o projeto Factura Electrónica Chileno podem ser encontra-das em <http://www.sii.cl>.

8. Para informações adicionais sobre o Encat, consultar <http://www.encat.org>.

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26 Newton Oller de Mello

O Encat realiza reuniões trimestrais onde são apresentadas e discutidas experiências de sucesso e melhores práticas adotadas nas administrações tributárias estaduais.

Na XV Reunião do Encat, ocorrida em Campo Grande-MS, no início de abril de 2005, foram apresentados, em um mesmo painel, o estágio do projeto da Nota Fiscal Eletrônica do grupo técnico do Enat e também do projeto paulista. O projeto da NF-e do Estado de São Paulo já incorpora-va, em grande medida, o modelo tecnológico da Fatura Eletrônica do Chile.

Durante a apresentação do projeto da NF-e do Estado de São Paulo, em um dos slides, a seguir transcrito, já se trazia o primeiro conceito da Nota Fiscal Eletrônica que depois caminhou com pequenos ajustes para o conceito legal atualmente existente para este documento fiscal eletrônico e que veremos mais adiante.

“Conceito da Nota Fiscal Eletrônica

É o documento, de existência apenas digital, emitido e armazenado eletronicamente, com o intuito de documentar, para fins fiscais, uma operação de circulação de merca-dorias ou uma prestação de serviços, ocorrida entre as partes, e cuja validade jurídica é garantida pela assinatura digital do remetente (garantia de autoria), pelo timbre eletrônico (garantia de integridade) e pela recepção, pela Fazenda, do documento eletrônico, antes da ocorrência do Fato Gerador, e sua disponibilização para Consulta Pública.”(9) (grifos do texto original)

Os administradores tributários ficaram bastante entusiasmados com as apresentações sobre a NF-e, todavia, também bastante preocupados que começassem a surgir projetos e padrões isolados de NF-e, como era o caso do projeto do Estado de São Paulo.

Como resultado da reunião do Encat, os administradores tributários deliberaram que deveria haver um projeto nacional de Nota Fiscal Eletrô-nica, que contasse com a coordenação da equipe técnica do Encat e que deveria ser constituído um grupo técnico com representantes de alguns Estados para a construção do modelo. Os Estados que se voluntariaram a

9. Primeiro conceito da Nota Fiscal eletrônica constante da apresentação do projeto da NF-e do Estado de São Paulo realizada pelo Líder do Projeto paulista Newton Oller de Mello na XV Reunião do Encat em Campo Grande-MS em 8 de abril de 2005.