manual do pastor fase filoteia

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA INTRODUÇÃO Continuando o mesmo caminho espiritual, entramos em uma nova fase, que possui a mesma metodologia da fase anterior, englobando as Dimensões: Espiritual, Biblica, Humana, Doutrinária e Missionária, porém de forma nova, levando em conta o crescimento espiritual apartir da experiência com o amor de Deus e com o Espirito Santo que ovelha viveu na fase anterior. Na fase Kerigma as ovelhas são conduzidas para um aprofundamento da descoberta de Deus e do seu amor. Também a um batismo no Espírito Santo e no uso dos seus dons carismáticos. Na fase Filotéia, que agora iniciamos, o mais essencial é a descoberta e mergulho na intimidade com esse Deus Amor por meio da vida de oração, vida sacramental, serviço na obra e uma decisão livre de trilhar um caminho de radicalidade evangélica. O grande objetivo dessa fase é o amadurecimento espiritual. Tudo nessa fase (formações dos grupos de oração, dinâmicas, acompanhamentos) leva ao mergulho na intimidade com Deus. Essa intimidade é profundamente pessoal, mas também comunitária. Pedimos ao Senhor que este manual lhe sirva de instrumento para condução e crescimento das ovelhas no caminho da Paz. Assistência Apostólica, Equipe do caminho da Paz

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA DIMENSÕES DIMENSÃO ESPIRITUAL A fase filotéia tem como princiapal objetivo o amadurecimento espiritual, daí o crescimento do tempo de oração e as formações que auxiliarão a ovelha na sua vida espiritual, livrando de possíveis enganos na oração, incentivando a vida sacramental, a devoção mariana e a vida de louvor. • Retiro do Grupo de Oração O retiro do grupo é realizado ao final da fase (a fase inteira tem média de 06 meses). O início desta fase começa no término do retiro na fase anterior (kergima) e com a celebração. O próximo retiro será no final da fase e marcará a passagem desta fase para a seguinte (metanóia). Como deve ser: � Deve ser fechado1 de 2 dias (Iniciando na sexta-feira a noite e terminando no domingo a

tarde). � De acordo com o esquema (no fim do Manual) � O Local deve ser visto com antecedência, assim como marcar a data para as ovelhas se

programarem com uma certa antecedência. DIMENSÃO BÍBLICA Daremos um forte incentivo à oração com a Palavra de Deus no método da Lectio Divina, como na fase anterior, agora, com o Estudo Biblico “Felizes os que ouvem a Palavra”, onde enfocaremos não mais uma dimensão kerigmática, mas desceremos no conhecimento de Deus através da sua Palavra e o incio de uma amizade madura. Por isto é importante um feedback constante do acompanhador. DIMENSÃO HUMANA: Usaremos de alguns instrumentos para o crescimento humano das ovelhas. Tais como: • Grupo de Partilha: Deve se mensal, no horário do grupo. Segundo a orientações abaixo, o pastor com seu núcleo devem ver um dia para que o grupo de partilha aconteça, neste dia, não haverá a partilha após a oração e o tempo de oração e formação, não devem exceder 90 minutos, a fim de reservar 30 minutos para isto que será feito após a formação. Orientações para o grupo de partilha mês a mês � 1º mês (entre a 1º e a 4º Semana): Partilhar a expectativa para esta nova fase, a leitura

do Livro “Louvor Brasa-Vida” e como anda sua vida de oração. � 2º mês (entre a 5º e a 8º Semana): Partilhar a leitura do Livro “Louvor Brasa-Vida”, os

frutos a partir da leitura, o crescimento espiritual, as dificuldades na vida de oração e como estão sendo superadas (a partir da formação do grupo)

� 3º mês (entre a 9º e a 12º Semana): Partilhar sobre o serviço em seu ministério que foi discernido. O seu crecimento na vida fraterna. Partilhar também como foi a leitura do livro “Louvor, Brasa-Vida”

� 4º mês (entre a 13º e a 16º Semana): Partilhar como anda a sua vida sacramental (principalmente eucaristia e reconciliação). Como anda a sua vida de oração. (estimular a ajuda uns aos outros). Deixar livre para partilhar também suas realidade humanas (Familia, estudos, amizades, trabalho...).

� 5º mês (entre a 17º e a 21º Semana): Partilhar as graças de Deus neste tempo na sua vida. Partilhar sobre a Comunhão de Bens, o que você entende por esta realidade, o que para

1 Entendemos retiro fechado aquele em que o grupo de oração se retira para aprofundar a sua experiência de Deus;

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você ficou mais forte, como você pode fazer a comunhão dos seus bens na Obra? (espirituais, intectuais e materiais)

� 6º mês (até o fim da fase): Partilha geral do Grupo2 – Partilhar o crescimento espiritual nestes 6 meses, a formação que mais te ajudou nesta fase e as espectativas para a próxima fase. O Pastor deve estar atento para que a partilha seja de tal forma que todos possam patilhar.

• Acompanhamento Pessoal : Para o bom acompanhamento das ovelhas e cooperação da

nossa parte como pastores faz-se necessário acompanhar a ovelha de forma mensal. Deve ser sempre inciado com a oração pela ovelha, aberta aos dons do Espirito Santo. A importância do acompanhamento se dá devido a necessidade da ovelha de firmar-se na vida de oração (Estudo Bilblico e Oração Pessoal), na fidelidade ao Grupo de Oração e à Comunhão de Bens e de discernir seu ministério. O Acompanhador deverá seguir as orientações para cada mês, devendo estar aberto ao que o Espirito conduzirá além das orientações. Nunca se deve ter uma postura de cobrança pesada, mas de incentivo, de pastoreio. A cobrança ela é importante e eficaz quando ela é feita como uma postura de incentivo.

Orientações para o acompanhamento mês a mês � 1º mês: Explicar o objetivo principal desta fase, que é o amadurecimento espiritual (para isto

a necessidade de crescimento no tempo de oração, OP e EB – segundo a orientação da fase) Formar na mentalidade do serviço. Mostrar que antes de entrar em um ministério a ovelha deve ter sempre o desejo se servir, como tranbordamento da graça que Deus tem lhe dado. “De graça recebestes, de graça deveis dar” Inciar o discernimento do ministério a partir do curso de engajamento que a ovelha irá fazer conforme abaixo em: DISCERNIMENTO DOS MINISTÉRIOS. (É importante saber que quem discerne o ministério é a ovelha, não o acompanhador ou pastor. Aqui o acompanhador irá ajudá-la a discernir, perceber onde pode servir mais, etc.)

� 2º mês: Dentre outras coisas deve-se acompanhá-lo na vida de oração, na sua intimidade com Deus. Ajudá-lo nas dúvidas que ainda possa ter. Fechar com a ovelha um tempo para a oração pessoal e para o EB durante o seu dia. Ver como anda a leitura do livro. Fechar o discernimento do seu ministério, mesmo que seja a ovelha quem o discernirá, não o acompanhador nem o pastor. (Aqui é importante que o acompanhador sonde da ovelha as motivações, porque aquele ministério, etc.) Orientá-la a cerca do serviço na Obra e do compromisso no seu ministério.

� 3º mês: Acompanhar as realidades humanas da ovelha, a sua vida de conversão em todos os aspectos. Se for oportunuo deve-se entar em sua vida como um todo, nos relacionamento com os irmãos de grupo, em casa, amigos, faculdade, trabalho, etc. É importante nunca esquecer de ajudá-lo em sua vida de Oração. - Ver onde a ovelha se encontra tanto no EB bem como no seu caderno de oração.

� 4º mês: Deve-se incentivar aspectos fundamentais na vida de intimidade com Deus (eucaristia, confissão, a oração diária do terço...) e como amigo, dar exemplos desta vivência em sua vida. É também importante ajudar a ovelhas nas possíveis dificuldades que ainda existam na sua oração. - Ver onde a ovelha se encontra tanto no EB bem como no seu caderno de oração.

� 5º mês: Dentre outras coisas deve-se acompanhar o serviço no ministério, a fidelidade ao seu EB e OP e os frutos na sua vida e incentivar a Comunhão de Bens como meio de gratidão a Deus. Ajudá-lo na intimidade com a Virgem Maria. Mostrá-la como modelo. Se for preciso ensiná-lo a rezar o terço, etc. - Ver onde a ovelha se encontra tanto no EB bem como no seu caderno de oração.

� 6º mês: Neste acompanhamento deve-se focar especialmente na decisão pessoal da ovelha, empolgá-la para a proxima fase, ajudá-la a tomar uma decisão mais firme no seguimento de

2 Ser realizado com todo o grupo de oração.

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Cristo e preparar a ovelha para a próxima fase, dentre outras coisa que surgiram a partir dos acompanhamentos que aconteceram. - Ver onde a ovelha se encontra tanto no EB bem como no seu caderno de oração.

DISCERNIMENTO DOS MINISTÉRIOS

Nessa fase o membro do grupo deve discernir o seu ministério na Obra Shalom e viver os determinados serviços a ele confiados. � No primeiro mês do grupo o Pastor deve solicitar ao coordenador apostólico o CURSO DE

ENGAJAMENTO. Esse curso deve ser dado em um dia inteiro ou em um turno (manhã ou tarde) – conforme o tamanho da Obra. (Cf. Manual do Curso de Engajamento)

� O celeiro de engajamento não deve mais existir, pois a mentalidade é que no primeiro mês dessa fase todos os membros do grupo se engajem na Obra.

� No caderno de oração da ovelha haverá uma semana especifica para o discernimento dos ministérios (sétima semana).

� Esse discernimento deve ser feito pela própria ovelha no serviço em que ela desejar se dar. No entanto, após a sua escolha ela deve expor ao seu acompanhador que o apresentará ao coordenador do ministério.

� A ovelha deve viver um caminho constante em seu novo ministério, mas sempre livre e aberta a possíveis mudanças.

• Lazer: O lazer deve ser feito com o objetivo de fazer crescer os laços amor fraterno e de

amizade no grupo. O grupo de oração deveria ter pelo menos um dia de lazer ao longo dessa fase.

Orientações acerca do lazer � O lazer precisa ser de um dia, não se deve promover o lazer durante todo um final de semana. � Escolher para fazer o lazer um ambiente agradável que promova a convivência sadia e

fraterna. � Selecionar músicas que não firam a doutrina e a moral. De preferência só se escute músicas

católicas. � Não levar para o lazer bebida alcoólica. � Deve-se fazer uma programação para o lazer. DIMENSÃO DOUTRINÁRIA Nesta dimensão durante toda a fase faremos um forte incentivo à Palavra de Deus, aos sacramento da Igreja (principalmente eucaristia e reconciliação) e à Vigem Maria Sugerimos ao pastor que ao término da fase no retiro do grupo, enfoque-se fortemente a palavra de Deus, que pode ser até mesmo o tema no retiro. DIMENSÃO MISSIONÁRIA Nesta fase a ovelha fará o discernimento do seu ministério, que deve ser incentivado pelo pastor como um meio também de crescimento e tranbordamento do crecimento espiritual, próprio da fase. A vivência do serviço deve ir além das estruturas, sendo assim formado pelo pastor a servir onde houver necessidade.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA ORIENTAÇÕES GERAIS TEMPO DE ORAÇÃO PARA ESSA FASE � 30 MINUTOS DE ORAÇÃO PESSOAL – Caderno de oração da 2º Fase: “Amizade com Deus”

o Deve-se recordar que apenas nessa fase a ovelha começa a realizar um momento de oração pessoal;

� 30 MINUTOS DE ESTUDO BÍBLICO – “Felizes o que ouvem a Palavra” � KIT DA FASE:

o Caderno de Oração – Amizade com Deus o EB – “Felizes os que ouvem a palavra de Deus” o Livro: “Louvor Brasa-Vida” o Bíblia Jerusalém3 (sugestão) o Livro de Cânticos – “Cantai a Deus com alegria”

ESTRUTURA DO GRUPO DE ORAÇÃO � Sala, ministro de música, icone, núcleo. � O icone desta fase deve ser o Ícone do Discípulo Amado. Sugerimos que em todas as

reuniões do grupo a sala seja preparada com antecedência, um altar com pano, vela e o ícone. FORMAÇÃO DO GRUPO A formação do grupo deve seguir a grade e será complementada na oração pessoal da ovelha através do “Caderno de Oração – Amizade com Deus”. Contando com possíveis imprevistos (Semana Santa, Carnaval, Natal, Ano Novo, convocações, etc.) e com necessidades que o grupo possa vir a ter, dispomos de “semanas livres”. Essas semanas são opcionais para que o pastor possa dar “formações extras” que sentir necessidade, ou para compensar possíveis imprevistos. Não precisando nem de uma coisa e nem de outra essas semanas poderão ser omitidas4. Uma novidade do Caminho da Paz nesta fase são os DVD´s para o pastor. Entendemos que na mentalidade do Caminho da Paz, o principal pregador do grupo deve ser o pastor (“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem” Jo, 10,27) o que não impossibilita de forma nenhuma que o pastor convide outras pessoas para pregarem no seu grupo. Assim, por inspiração de Deus, disponibilizamos dentro do Caminho da Paz os DVD´s para o pastor. Esses DVD´s não deverão ser vistos pelas ovelhas, mas o será visto pelo pastor/pregador e será um subsídio para que ele possa dar a formação do grupo. Eles ajudarão também o pastor a aprender a pregar segundo o carisma shalom e não se desviar do fundamental naquela formação. DURAÇÃO DA FASE A fase FILOTÉIA tem como duraração média 6 meses. Por isto, pedimos ao pastor que tenha uma grande atenção e sabedoria para não permitir mais de duas semanas sem a reunião do grupo de oração; se necessário, deve trasnfir a reunião do grupo de oração para outro dia da semana para que o grupo aconteça sem muitas quebras.

3 Sugerimos a Bíblia Jerusalém, porque é essa tradução que foi usada nos estudos bíblicos, mas se não houver possibilidade de adquiri-la pode-se usar outra tradução. 4 Pula-se a semana livre e vai para a formação da semana seguinte, mas o caderno de oração segue o seu ritmo ordinário.

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MANUAL DO PASTOR - FASE FILOTÉIA GRADE FORMATIVA

TEMA

RECURSO A SER UTILIZADO

LEITURA

ESTUDO BIBLICO

1. A vida espiritual Pregação Felizes os que ouvem a Palavra.

2. A intimidade com Deus através da Palavra

Pregação Livro - Introdução e Capítulo 1

Felizes os que ouvem a Palavra.

3. Palavra de Deus – Lugar de encontrar a Cristo

Pregação e Lectio Comunitária

Livro - Capítulo 2 e 3

Felizes os que ouvem a Palavra.

4. Exercicios da vida de oração Pregação Livro - Capítulo 4 e

5 Felizes os que ouvem a Palavra.

5. Ensinamentos fundamentais sobra a vida de oração

Pregação Livro - Capítulo 6 e 7

Felizes os que ouvem a Palavra.

6. Dificuldades e enganos que podem acontecer na vida de oração.

Leitura individual e Partilha

Livro - Capítulo 8 e 9

Felizes os que ouvem a Palavra.

7. LIVRE Esse dia será livre para que o pastor possa dar formações às ovelhas que achar necessário. Esse dia pode ser omitido se não houver essa necessidade.

8. Partilha sobre a vida de Oração Mesa Redonda Livro - Capítulo 10

e 11 Felizes os que ouvem a Palavra.

9. A vida na graça Leitura em Grupos e Partilha

Livro - Capítulo 13 e Anexos

Felizes os que ouvem a Palavra.

10. A intimidade com Deus através da vida comunitária.

Pregação Felizes os que ouvem a Palavra.

11. Intimidade com Deus através do Irmão Pregação Felizes os que ouvem

a Palavra.

12. Vida Fraterna Pregação

13. A intimidade com Deus através do Sacramento da Eucaristia.

Pregação Felizes os que ouvem a Palavra.

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14. LIVRE Esse dia será livre para que o pastor possa dar formações às ovelhas que achar necessário. Esse dia pode ser omitido se não houver essa necessidade.

15. A intimidade com Deus através do Sacramento da Reconciliação.

DVD “ Sacramento da Reconciliação” Felizes os que ouvem

a Palavra.

16. Intimidade com Deus e Partilha dos Bens Pregação Felizes os que ouvem

a Palavra.

17. Comunhão de Bens – Comunhão de Amor Pregação Felizes os que ouvem

a Palavra.

18. Vida de Louvor Pregação Felizes os que ouvem a Palavra.

19. Nosso alvo é a Santidade Pregação Felizes os que ouvem

a Palavra.

20. Obra Nova – Caminho de escolha pessoal Pregação Felizes os que ouvem

a Palavra.

21. LIVRE Esse dia será livre para que o pastor possa dar formações às ovelhas que achar necessário. Esse dia pode ser omitido se não houver essa necessidade.

22. A intimidade com Deus através de Maria Pregação Felizes os que ouvem

a Palavra.

23. Maria, mestra do amor Pregação Felizes os que ouvem

a Palavra.

24. Metanóia Data Show Felizes os que ouvem a Palavra.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 1ª SEMANA TEMA A vida espiritual OBJETIVO Introduzir o grupo em uma experiência de amizade/intimidade com Deus. MATERIAL: Texto Amizade com Deus - Anexo I Texto Oração Vocal – Anexo II Texto Um diálogo de amor – Anexo III Catecismo nos seguintes parágrafos: 2558 / 2567 / 2598 / 2619 / 2697 / 2719 Biblia METODOLOGIA Pregação Ensinar como utilizar o caderno de oração – Pode-se pegar a introdução desse caderno de oração, pois ele contém ensinamentos ricos quanto a vivência prática da oração. ESQUEMA DA PREGAÇÃO: Sugerimos que a formação seja dada pelo pastor, se não, pode ser dada por alguém que tenha experiência na vida espiritual e possa passar o conteúdo de forma que as ovelhas desejem viver o que será falado, mas o pastor deve retomar os ponto 3 e 4 após a pregação. O pregador deve-se a partir do material em mãos, seguir a linha: 1. O que é oração – levá-los a entender o que é uma vida de oração 2. Como trilhar um caminho de amizade com Deus no seu dia a dia 3. Como rezar com o caderno de oração (Se for o Pastor a dar esta pregação deve entregar

o caderno de oração para cada ovelha e explicar a importância e o caminho a ser percorrido pelo caderno de oração. Caso não seja o Pastor, o mesmo deverá passar antecipadamente para o pregador o que é o caderno de oração e como ele deverá ensinar na pregação o caminho a ser percorrido através dele). É importante ressaltar que este ponto “como rezar com o caderno de oração” faz parte da pregação.

4. Como crescer na intimidade concretamente – Orientar tempo de oração: 30 minutos diários a partir do caderno de oração e continuar vivendo os 30 minutos do estudo bíblico agora com o EB “Felizes os que ouvem a Palavra”.

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA É de suma importancia que o Pastor e seu núcleo organizem a sala onde irá acontecer o grupo de oração, tendo toda atenção e diligencia em proporcionar um ambiente para favorecer a oração. Arrume o altar da sala com toalha apropriada, ícone da fase e vela, evitando improvisações. Lembrando que nesta fase o Ícone para ser usado como pano de fundo será o do Díscipulo Amado. 1. Fraternidade – 10 minutos 2. Oração e Louvor – 35 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação: 45 minutos 5. Todos deverão ter o kit da 2ª FASE (Caderno de oração- Fase Filotéia - Amizade com Deus/

Estudo Bíblico – Felizes os que ouvem a Palavra / Livro – Louvor Brasa-Vida) 6. Orientar que o Estudo Bíblico para esta fase será o “Felizes os que ouvem a Palavra” 7. Orientar que a partir da próxima semana iremos ler o livro “Louvor Brasa-Vida” 8. Orientar trazer sempre a Bíblia, livro de cânticos e o caderno de oração para o encontro do

grupo.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 2ª SEMANA TEMA A intimidade com Deus através da Palavra OBJETIVO Levar cada membro do grupo a intimidade com Deus através da sua Palavra. MATERIAL Bíblia DVD para o pastor - “Intimidade com Deus pela Palavra” METODOLOGIA Pregação ESQUEMA DA PREGAÇÃO Tendo como base o DVD deve-se pregar na seguinte linha: • A Palavra de Deus no dia a dia de cada pessoa (remeter ao Sïnodo) • A força e a beleza dos estudos bíblicos • O exercício da Lectio Divina • Estatutos da comunidade ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação: 45 minutos 5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos 6. Orientar capítulos do livro “Louvor Brasa-Vida” a serem lidos (ver na grade formativa). 7. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico. 8. Pastor lembrar as ovelhas de trazerem a Bíblia, o EB, o caderno de oração/folha em branco e

caneta para o próximo grupo.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 3ª SEMANA TEMA Palavra de Deus – Lugar de encontrar Cristo OBJETIVO Complementando a formação anterior, levar as ovelhas a perceberem na Palavra o lugar de encontrar Cristo e de maneira prática, como encontrá-lo todos os dias e encontrando-o encontrar a Sua santa Vontade. MATERIAL Biblia Caderno de Oração ou Folha em branco Caneta EB – Felizes os que ouvem a Palavra de Deus METODOLOGIA Pregação Lectio Comunitária ESQUEMA DA PEGAÇÃO • O pregador deve relembrar o tema anterior que é “Intimidade com Deus pela Palavra”. • Na pregação deve mostrar que a Palavra de Deus é um lugar para encontrar Cristo

verdadeiramente, nos livrando de possiveis enganos que podemos ter sem o auxilio dela. • “Conhecê-la, é conhecer o próprio Cristo e desconhecê-la é ignorá-LO” São Jerônimo • Explicação da Lectio (Sugerimos para auxiliar o pregador a introdução do EB – Felizes os que

ouvem a Palavra de Deus) • Deve-se uma breve explanação buscando tirar todas as dúvidas sobre a Lectio Divina,

percebendo como as ovelhas fazem e ajudando-as a fazê-la da melhor forma. (É importante lembrar que na fase kerigma, as ovelhas aprenderam a fazer a lectio divina, por isto ela não será uma novidade, mas com certeza terão dúvidas a partir da prática cotidiana da mesma. O objetivo maior do pregador é reforçar a importância da prática da oração com a Palavra de Deus e tirar as dúvidas, para encontrar a Cristo e sua Vontade, de forma concreta sem enganos.)

• Após isto deve-se fazer a Lectio Comunitária, seguindo os passos, com o 1º dia do EB “Felizes os que ouvem a Palavra de Deus”.

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA Deve-se fazer uma breve oração incial, após ela, deve-se dar a Formação e a Lectio Comunitária. 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor (breve) – 20 a 30 minutos 3. Formação e Lectio Comunitária: 80 minutos 4. Partilha sobre a Lectio Comunitária – 15 minutos 5. Orientar capítulos do livro “Louvor Brasa-Vida” a serem lidos (ver na grade formativa). 6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico. 7. Pastor lembrar as ovelhas da importancia de trazerem sempre a Bíblia e o caderno de oração

para o grupo.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 4ª SEMANA TEMA Exercícios da vida de oração MATERIAL Texto Oração escola da verdade – Anexo IV Livro da Vida – Santa Teresa de Jesus (Edições Paulus) METODOLOGIA Pregação ESQUEMA DA PREGAÇÃO Sugerimos como base para a pregação o livro chamado “A chave de leitura Oficina da Vida” (Meyr Andrade) – Em anexo • É importante deixar claro nesse momento que se inicia um caminho de amizade, entre Jesus

que nos conhece por inteiro e nós que nem nos conhecemos em profundidade e nem conhecemos a Jesus como ele é. Estamos nos relacionando com Alguém, que é vivo e que por isso nos escuta.

• O ambiente que escolhemos para esse momento de oração é muito importante, deve-se orientar que seja reservado e silencioso, porém sabemos que como para muitos isso não será possível, de qualquer forma que eles tentem dar o melhor para Deus.

• O clamor do Espírito é fundamental, porque sem ele nada podemos fazer. É bom lembrar que isso pode ser feito de diversas formas, cantando, fazendo uma oração espontânea, mas o mais importante será o clamor do Espírito.

• A pessoa que ora deve tomar consciência da presença de Deus e se voltar para ele com um olhar de amor usando assim as suas faculdades, memória, imaginação, afetividade, inteligência e principalmente a vontade. Sem a nossa vontade fortalecida pelo desejo de rezar podemos ter muita dificuldade na oração.

• Ensine que para orar é preciso falar com Deus, ele é um amigo que escuta tudo que temos para falar, a nossa oração é espontânea e carregada de fé, mas como em um dialogo se fala e se escuta. Na oração o mais importante é saber o que o Senhor tem a nos dizer sobre o que nós apresentamos a Ele. A escuta não é feita com o ouvido, mas com o coração, é no nosso interior que escutamos a sua voz.

• O uso dos dons do Espírito se faz necessário, explique que o uso deve ser abundante, que mesmo pessoalmente escutamos profecias e temos sabedoria e ciência e que nos abrimos as curas e milagres que Deus deseja realizar em nós.

• Pode parecer que estamos dando passos mecânicos, por isso não esqueça sempre de enfatizar que é uma conversa com Deus, com um amigo, com seu amigo.

• É importante lembrá-los que estamos iniciando um caminho, e que por isso requer um esforço da nossa parte. São os primeiros degraus da vida espiritual. Dê exemplos desse primeiro passo. Santa Teresa nos diz que o nosso interior é um belo jardim que no primeiro momento regamos as flores tirando água de um poço com baldes.

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. Fraternidade – 10 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação : 45 minutos 5. Orientar que a partir desta semana deverão ler o livro “Louvor Brasa-Vida” (ver na grade

formativa os capítulos indicados para esta primeira semana). 6. Pedir feedback do caderno de oração

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 5ª SEMANA TEMA Ensinamentos fundamentais sobre a vida de oração OBJETIVO Favorecer uma base para uma saudável vida de oração. MATERIAL DVD para o pastor - “O essencial na vida de Oração” (Gleidson Bezerra) METODOLOGIA Pregação ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação: 45 minutos 5. Orientar capítulos do livro “Louvor Brasa-Vida” a serem lidos (ver na grade formativa). 6. Pastor pedir feed back do caderno de oração

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 6ª SEMANA TEMA Dificuldades e enganos que podem acontecer na vida de oração OBJETIVO Iluminar a caminhada diante dos possíveis enganos sobre a vida de oração e incentivá-los a rezar melhor.

MATERIAL Texto “As distrações da oração” – Anexo V METODOLOGIA Leitura individual do texto (cada ovelha com um texto) Partilha livre sobre a leitura com uma palavra do Pastor do grupo sobre alguns pontos fundamentais; ESQUEMA DA FORMAÇÃO • O Pastor deve dizer qual o objetivo da formação. • Distribuir o texto para cada ovelha e pedir para que cada uma leia silenciosamente e em

oração. 5 minutos para leitura individual • Após acabar o tempo orientado abrir para partilha livre. 40 minutos para partilha e colocação

do pastor. • Pontos que não podem deixar de ser dados pelo Pastor na partilha final:

- Evitar atender celular ou ler/passar mensagens quando estiver rezando. - Evitar rezar com o computador ligado na internet. - Dizer que a oração não é o lugar onde Deus vai solucionar todos os nossos problemas. - Partilhar que as pessoas que rezam não significa que nunca mais vão pecar – um engano que pode fazer a pessoa desistir quando não encontrar uma mudança imediata em si ou nos outros. - Partilhar que às vezes faz parte da oração a ARIDEZ, ou seja, a dificuldade de rezar, o não ter vontade de rezar. Buscar se esforçar para superar esta vontade.

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação : 45 minutos 5. Orientar capítulos do livro “Louvor Brasa-Vida” a serem lidos (ver na grade formativa). 6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 7ª SEMANA LIVRE – segue apenas as orientações da estrutura do grupo de oração (ícone da fase e tempo de fraternidade, etc.) MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 8ª SEMANA TEMA Partilha sobre a vida de oração OBJETIVO Tirar possiveis dúvidas sobre a vida de oração. MATERIAL Mesa com 4 cadeiras ou somente cadeiras Papel Caneta METODOLOGIA Mesa redonda ESQUEMA DA MESA REDONDA: • Organizar o ambiente com uma mesa com quatro cadeiras ou estilo um ambiente de sala de

estar. • Convidar pessoas da comunidade de vida, de aliança e da obra que já tenham um certo tempo

na obra e uma vida séria de oração. • O pastor faz a abertura da mesa redonda, diz qual o objetivo da mesma, como será o

procedimento e apresenta as pessoas convidadas. Logo após, abre para perguntas e dúvidas. • As perguntas/dúvidas deverão ser feitas por escrito, por isto cada ovelha deverá ter em mãos

papel e caneta. (sugiro dar um tempo inicial para que as pessoas possam anotar suas perguntas mesmo que depois elas fiquem livres para continuar mandando mais ou perguntar em alta voz)

• Escolha-se uma pessoa do núcleo do grupo para ficar recolhendo os papéis e passando para os membros da mesa.

• Pastor estar atento ao horário do grupo para não estrapolar. ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação : 45 minutos 5. Orientar capítulos do livro “Louvor Brasa-Vida” a serem lidos (ver na grade formativa). 6. Pastor pedir feed back do Caderno de Oração e Estudo Bíblico.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 9ª SEMANA TEMA: A vida na graça OBJETIVO: Animar e favorecer que todas as ovelhas tenham uma vida dependente da graça de Deus. MATERIAL: Texto “Tempo de graça” – Anexo VI METODOLOGIA: Leitura de texto em grupo Partilha de cada grupo ESQUEMA DA FORMAÇÃO • O pastor deve apresentar o tema da formação e dizer qual o objetivo • Divide o grupo em grupos menores e orienta que se escolha um representante para cada

grupo. Orienta a leitura do texto e pede que se destaque os pontos mais importantes. O grupo terá 15 minutos para leitura.

• Após a leitura em grupo o representante de cada grupo terá um tempo para partilhar os pontos destacados pelo seu grupo. O tempo total para a partilha deve ser 40 minutos.

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação (leitura e partilha) : 50 minutos 5. Orientar capítulos do livro “Louvor Brasa-Vida” a serem lidos (ver na grade formativa). 6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico. Obs.: Pastor ter atenção para não extrapolar o tempo da oração para não comprometer o tempo da formação.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 10ª SEMANA TEMA A intimidade com Deus através da oração comunitária OBJETIVO Levar cada membro do grupo de oração a intimidade com Deus por meio da oração comunitária. MATERIAL DVD para o pastor - “Intimidade com Deus na oração comunitária” (Gleidson Bezerra/Emmir Nogueira) METODOLOGIA Pregação ESQUEMA DA PREGAÇÃO • Estatutos da comunidade • Vida carismática de louvor • A importância do grupo de oração, dos dons, etc. • Deus vivo e ressuscitado que está ne meio de nós ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação: 45 minutos 5. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 11ª SEMANA TEMA Intimidade com Deus através do Irmão OBJETIVO Fazer os membros do grupo de oração perceberem que o caminho de santidade é pessoal, mas nunca sozinho. Mostrar o irmão como algo necessário e que faz parte do crescimento na Intimidade com Deus e um meio eficaz de amá-Lo. MATERIAL Texto “Amar o não amável” – ANEXO VII Biblia METODOLOGIA Pregação ESQUEMA DA PREGAÇÃO Com base no texto em anexo, o pregador deve dar a formação enfocando que é da Vontade de Deus que vivamos como família. Por isto o amor ao irmão (primeiramente do meu grupo de oração) é fundamental para o crescimento na intimidade com Deus. • Por que a intimidade com Deus tem que passar pelo irmão? • O amor ao próximo como reflexo do amor trinitário • O amor ao próximo como forma de amar a Deus • 1Jo 4,20s • Amar o próximo (Mostrar a importância de amar aqueles que tenho afinidade, até de cutivar

amizades) • Amar o não amável, prova concreta de amor a Deus (estimulá-la a amar livremente aqueles

que são mais dificeis. Esse é o ápice do amor à Deus) ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação: 45 minutos 5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos 6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico. 7. Pastor lembrar as ovelhas da importancia de trazerem sempre a Bíblia e o caderno de oração

para o grupo.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 12ª SEMANA TEMA Vida Fraterna OBJETIVO Levar cada membro do grupo de oração a perceber que eles podem ajudar uns aos outros no seguimento de Cristo. Mostrá-los s a mentalidade no mundo do Individualismo. MATERIAL Texto “VOCÊ PODE VIVER SOZINHO?” – Anexo VIII METODOLOGIA Pregação ESQUEMA DA PALESTRA • Gn 2,18 • O homem tem necessidade de relacionar-se • Nos relacionando com os homens aprendemos a nos relacionar com Deus • A competitividade / Individualismo • A atenção ao próximo • Conclui-se com a importância da partilha uns com os outros. De apoiar o outro no seu caminho

para Deus e de contar com o irmão. ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA Sugerimos que o pastor marque com as ovelhas o Lazer do Grupo, se ele ainda não foi marcado. 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação: 45 minutos 5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos 6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico. 7. Pastor lembrar as ovelhas da importancia de trazerem sempre a Bíblia e o caderno de oração

para o grupo.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 13ª SEMANA TEMA A intimidade com Deus através do sacramento da Eucaristia (missa e adoração) OBJETIVO Levar cada membro do grupo a intimidade com Deus por meio da Eucaristia diária e adoração semanal. MATERIAL Texto “Vida Eucarística” - Anexo IX METODOLOGIA Pregação ESQUEMA DA PREGAÇÃO • Introduzir em uma vida de eucaristia celebrada, adorada e imitada (vida partida e entregue

para alimento do outro) • - Talvez um testemunho pessoal fosse enriquecedor (a cargo do pregador) • Um caminho por mais de uma missa por semana • Um caminho de uma vez por semana (no mínimo) adoração no Shalom • Uma certa explicação do mistério celebrado (missa) ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação: 45 minutos 5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos 6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico. 7. Pastor lembrar as ovelhas da importancia de trazerem sempre a Bíblia e o caderno de oração

para o grupo.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 14ª SEMANA LIVRE – segue apenas as orientações da estrutura do grupo de oração (ícone da fase e tempo de fraternidade, etc.) MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 15ª SEMANA TEMA A intimidade com Deus através do Sacramento da Reconciliação OBJETIVO Levar cada membro do grupo a intimidade com Deus por meio do sacramento da reconciliação. MATERIAL DVD “Sacramento da penitência” (Pe. Antônio Furtado) – EXIBIÇÃO NO GRUPO METODOLOGIA • Apresentação do tema e objetivo da formação • Exibição do DVD “Sacramento da penitência” (Pe. Antônio Furtado) • Abrir para partilha sobre o DVD ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. É importante que o pastor veja o conteúdo do DVD antes do encontro do grupo, para não só

exibir o DVD mas para bem aplicá-lo, parando quando for necessário e fazendo um fechamento daquilo que se foi abordado.

2. É importante também que o pastor organize a sala, TV (no minimo 29 polegadas) e aparelho de DVD antes do horário do grupo.

3. Fraternidade – 5 minutos 4. Oração e Louvor – 40 minutos 5. Partilha sobre a oração – 10 minutos 6. Formação(DVD): 50 minutos 7. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 16ª SEMANA TEMA Intimidade com Deus e Partilha dos Bens OBJETIVO Levar as ovelhas a perceberem na partilha de bens, o crescimento nas vitrtudes. MATERIAL Texto “Administração de Bens” – Anexo X METODOLOGIA Pregação ESQUEMA DA PREGAÇÃO • O que são os bens (espirituais e materiais) • Egoísmo / Temperança • Partilha dos Bens – Segundo os Atos dos Apostólos ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação: 45 minutos 5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos 6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 17ª SEMANA TEMA Comunhão de Bens – Comunhão de Amor OBJETIVO Levar as ovelhas a perceberem que a Comunhão de Bens é mais que uma partilha de bens materiais, mas também espirituais e expressa autentica conversão. MATERIAL DVD para o pastor - “Comunhão de Bens” Texto “Comunhão de Amor” - Anexo XI METODOLOGIA Pregação ESQUEMA DA PREGAÇÃO • O que é a Comunhão de Bens • A comunhão de bens não é uma mentalidade financeira nem econômica. • Comunhão de Bens aos moldes da Trindade • A comunhão de amor afetiva e efetiva • Se existe comunhão espiritual, existe também comunhão material • Comunhão de Bens na Palavra de Deus • Começar a implantar a mentalidade da devolução dos 10% para a obra – explicar o envelope • Se possível, um testemunho de um irmão da obra ou da CAl que faça a devolução com

fidelidade ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação: 45 minutos 5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos 6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico. 7. Pastor lembrar as ovelhas da importancia de trazerem sempre a Bíblia e o caderno de oração

para o grupo.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 18ª SEMANA TEMA Vida de louvor OBJETIVO Levar o grupo a desenvolver a virtude do louvor em qualquer situação MATERIAL Catecismo da Igreja Católica Livro - “Louvor Brasa-Vida” Texto “A promoção do Louvor” - Anexo XII METODOLOGIA Pregação Abrir à partilha em cima do que todos leram no Livro “Louvor Brasa-Vida” ESQUEMA DA PREGAÇÃO • O louvor como característica constitutiva do Carisma (e, portanto, da espiritualidade) Shalom

(recomendaria que o pastor e/ou pregador tenham lido o Livro “Louvor Brasa Vida”, pelo menos nos capítulos mais importantes para a pregação.

• Catecismo 2639-2643 • O louvor no dia a dia como ferramenta de alegria e de vida nova que faz tudo novo ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação: 45 minutos 5. Breve partilha em cima do que foi dado na Formação e do Livro “Louvor Brasa-Vida” que foi

lido por todos. – 10 minutos 6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 19ª SEMANA TEMA Nosso alvo é a santidade OBJETIVO Levar ao final da fase as ovelhas desejarem como meta a santidade e mostrá-la como algo possível. MATERIAL Texto “O que é e o que não é santidade” – Anexo XIII METODOLOGIA Pregação ESQUEMA DA PREGAÇÃO Deve-se deixar clara nesta pregação que a santidade é possivel de ser vivida hoje e tirar toda falsa idéia de uma santidade sentimental.

• O que é e o que não é santidade • A santidade é individual • O que fazem os santos • O que nós devemos fazer

ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação: 45 minutos 5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos 6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico. 7. Pastor lembrar as ovelhas da importancia de trazerem sempre a Bíblia e o caderno de oração

para o grupo.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 20ª SEMANA TEMA Obra Nova - caminho de escolha pessoal OBJETIVO Iniciar as ovelhar na mentalidade e no valor do deixar-se formar, educar, orientar como um sinal próprio dos que fazem uma autêntica experiência com Jesus e confiam mais nEle e nos seus intrumentos do que em si mesmo. Essa é uma oportunidade única de dar ênfase a esse aspecto da Obra Nova, iniciando as ovelhas nessa mentalidade uma vez que esta fase (FILOTÉIA) sugere um caminho amizade com Deus, de conhecê-lo mais e de deixar-se formar. MATERIAL DVD para o pastor - “Obra Nova – Caminho de Escolha Pessoal” Escritos da Comunidade Católica Shalom Livro “Obra Nova – Caminho de e para Felicidade” Bíblia METODOLOGIA Pregação ESQUEMA DA PREGAÇÃO • Is 43, 19-21 (falar da importância dessa passagem na nossa história, carisma e espiritualidade) • Falar do escrito Obra Nova, da dimensão do Shalom como Nova Comunidade, a ousadia, a fé

do fundador e de cada pessoa que deseja trilhar esse Caminho • Escrito Obra Nova como uma obra de Deus a nível de conversão pessoal e santificação na vida

de cada pessoa (“coragem, renúncia, disposição”, “eu desejo, eu quero, eu vou”, “sim Pai”, galhos secos, poda, vida transformada, etc.)

• Deixar claro que a escolha é pessoal – “eu quero viver” • Finalizar deixando claro a alegria de pertencer a Deus (nossa eleição) ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação: 45 minutos 5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos 6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 14ª SEMANA LIVRE – Segue apenas as orientações normais da estrutura do grupo de oração (ícone da fase e tempo de fraternidade, etc.) MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 22ª SEMANA TEMA A intimidade com Deus através de Maria OBJETIVO Levar cada membro do grupo a intimidade com Deus através de Maria. MATERIAL Texto “Três nomes de Mãe” – Anexo XIV Texto “Maria na Epiritualidade Shalom” – Anexo XV Terços para distribuir para o grupo – seria rico se o pastor com o seu núcleo fizesse esse esforço e/ou essa caridade Mini-folder ou folha com a explicação dos mistérios do terço e como rezá-lo METODOLOGIA Pregação Distribuir terço para cada membro com as explicações de cada mistério do rosário. ESQUEMA DA PREGAÇÃO • Explicar porque Nossa Senhora é um caminho seguro para Jesus. • O que consiste em uma verdadeira vida Mariana. • Porque rezamos o terço. • A meditação do terço nos favorece contemplar a Historia da salvação. ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação: 45 minutos 5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos 6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico. 7. Pastor lembrar as ovelhas da importancia de trazerem sempre a Bíblia e o caderno de oração

para o grupo. 8. Orientar a recitação do terço diário.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 23ª SEMANA TEMA Maria, mestra do amor OBJETIVO Apresentar Maria como modelo de seguimento de Cristo e como mestra que nos ensina a amar a Deus. MATERIAL Texto “Maria, mestra do amor” – Anexo XVI METODOLOGIA Pregação ESQUEMA DA PREGAÇÃO • Maria, mestra do amor • Amor a Deus • Amor filial • Amor esponsal • Amor fraterno • Amor fiel • Amor transcendente ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação: 45 minutos 5. Perguntas/dúvidas: 10 minutos 6. Pastor pedir feed back do caderno de oração e Estudo Bíblico. 7. Pastor lembrar as ovelhas da importancia de trazerem sempre a Bíblia e o caderno de oração

para o grupo.

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MANUAL DO PASTOR – FASE FILOTÉIA 24ª SEMANA TEMA Metanóia OBJETIVO Fazer as ovelhas conhcerem a próxima fase, optando de forma livre por continuar ou não a tilhar o Caminho. MATERIAL DVD / DataShow METODOLOGIA Onde não hover a possibilidade da utilização do Datashow damos a opção do DVD com os slides da formação que deverá ser apresentado junto com uma explicação do conteúdo mostrado. • Explicar o objetivo da formação • Apresentação ou Exibição do DVD • Abrir para perguntas (pode ser durante a apresentação também) ESQUEMA DA APRESENTAÇÃO Antes da apresentação, relembrar a mentalidade do Caminho da Paz, como um intinerário espiritual. Empolgá-los diante do crescimento espiritual e a da nova fase que irão começar • Explicação da Fase metanóia enfocando a escolha pessoal de continuar o caminho. ORIENTAÇÃO AO PASTOR - FASE FILOTÉIA Deve-se ver antes os slides e buscar tirar todas as duvidas com o Coord. do Pastoreio ou Coord. Apostólico da missão. 1. Fraternidade – 5 minutos 2. Oração e Louvor – 40 minutos 3. Partilha sobre a oração – 10 minutos 4. Formação: 45 minutos 5. Falar do KIT da fase METANÓIA estimulá-los a se programarem para comprar. 6. Dar as explicações para o Retiro do Grupo

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MANUAL DO PASTOR - FASE FILOTÉIA RELAÇÃO DE DVD´S PARA AS OVELHAS

DVD REFERÊNCIA

DVD – “Sacramento da Reconciliação” (Pe. Antônio)

DVD´S PARA O PASTOR

DVD REFERÊNCIA DVD – Ensinos fundamentais sobre a vida de oração

DVD – A intimidade com Deus através da Palavra

DVD – A intimidade com Deus através da vida Comunitária

DVD – Comunhão de Bens DVD – Obra nova – Caminho de escolha pessoal

Apresentação em Slides – Metanóia DVD´s disponíveis no site das Edições Shalom (www.edicoesshalom.com.br). Veja com o seu coordenador do pastoreio. A apresentação do Slide em PowerPoint (*.pps) estará disponível no conexão na área restrita aos coord. apostólicos, peça ao seu Coord. Apostólico ou Coord. do Pastoreio.

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ANEXOS

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ANEXO I Texto destinado ao pastor/pregador AMIZADE COM DEUS Buscar-me-eis e me encontrareis: procurar-me-eis do fundo do coração, e eu me deixarei encontrar por vós.”( Jer 29,13s )

Santa Teresa nos diz que “a oração é um trato de amizade com Deus”. Nossa motivação para a oração deve ser sempre o amor a Deus. É o amor a Deus que nos impulsiona aos desafios de tão grande bem. Orar é portanto um diálogo de amor. A oração é um Dom de Deus e não um esforço nosso e , podemos afirmar até mesmo que o primeiro passo é sempre Dele. É o Senhor que toma a iniciativa de se relacionar conosco. Por isso, a oração não só é um sadio desejo do nosso coração mas, mais do que isto, é um DESEJO DE DEUS.

Cada um de nós temos um coração de oração que precisa ser trabalhado, desenvolvido para crescer no Dom da oração. Este trabalho consiste num acolhimento da graça de Deus. O coração de oração não é algo que vamos comprar com os nossos esforços, mas que vamos acolher com a nossa liberdade. Este coração orante vai se realizando na nossa história. É um exercício, contínuo e assíduo. É um trato de fidelidade e sinceridade com Deus.

Na oração Deus é que inicia o diálogo. Nosso primeiro passo é pedir o Espírito Santo e abrir o coração para que agindo em nós Ele nos ensine a falar com Deus. Quando clamamos de coração sincero, o Espírito Santo começa a arrumar as coisas, pois nossa alma na maioria das vezes, se encontra bagunçada, e sem a ajuda do Espírito que vem para ordenar e silenciar o nosso ser é impossível agradar a Deus. Quando o Espírito Santo começa a agir eu esqueço de mim e das coisas a minha volta e me volto para Deus. Quando eu me disponho a ter uma vida de oração, Deus não vai permitir que eu continue a mesma pessoa, pois a cada encontro com o Senhor o Espírito vai com a sua luz me revelando QUEM É DEUS E QUEM SOU EU.

Este conhecimento de nós mesmos é essencial para percebermos que não somos perfeitos e que não precisamos ser perfeitos para nos relacionarmos com Deus. Na oração não temos que nos preocupar em não se distrair, em não ter pensamentos vãos, em multiplicar as palavras, em ser isso ou aquilo para Deus mas em AMARMOS MUITO, isto é o essencial.

Se vamos para junto de Deus usando uma máscara de bonzinhos e não vou com os meus pecados e a maldade que há no meu coração, eu já levo a casa arrumada, então eu já não preciso do Espírito para arrumar tudo e nem mesmo posso agradar a Deus na mentira, pois um relacionamento de amizade requer acima de tudo sinceridade e confiança para conhecer o outro e deixar-se conhecer.

Devemos ser como o publicano que batia no peito diante de Deus e rezava: “Tem piedade de mim que sou pecador” e não como fariseu que se justificava com as suas obras e negava a sua verdade. A humildade é uma virtude essencial. Ela nos leva a permitir que o Senhor dê o primeiro passo e inicie este diálogo de amor conforme Ele deseja.

No início de uma amizade são necessários alguns passos: - O primeiro deles é a escolha mútua: Ser escolhido sem que eu tenha escolhido esta pessoa, ou escolher e não ser aceito na escolha pelo outro não levam adiante uma amizade. Quando escolho e sou escolhido, a amizade acontece na alegria e na tristeza. Deus é o amigo que estará sempre escolhendo e acolhendo. Dele vem a possibilidade de acolhê-Lo. - O segundo passo é a abertura: a amizade é uma doação de igual para igual. Não posso pensar que não tenho nada para dar a Deus e me colocar somente como aquele que acolhe. Deus não é o amigo máximo, nem o amigo protetor mas, o amigo que eu amo, o qual, sou chamado a acolher. - O terceiro passo é a honestidade: para Santa Teresa a verdade é fundamental na oração. - O quarto é a fidelidade: sabemos que da parte de Deus isto nunca faltará e, será até mesmo Sua fidelidade para conosco que nos ensinará a sermos fiéis a Ele. Com certeza se marcamos com o Senhor às quatro horas para rezar, às três horas, Ele já estará ansioso esperando por nós. Então sentiremos impulsionado o nosso coração para não permitir que o nosso amigo fique a nos esperar. Quando nos elegeu o Senhor nos fez um convite para sermos seus amigos. A nós cabe responder com compromisso e interesse a divina proposta. Esta sem dúvida é uma resposta de

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amor e alguém que ama e se sabe amado por Aquele que com tanto zelo nos escolheu e nos amou primeiro.

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ANEXO II Texto destinado ao pastor/pregador ORAÇÃO VOCAL

(Frei Patrício Sciadini, OCD Se maravilhosa é a criatividade do ser humano em descobrir as mais belas formas de comunicação: escrita, rádio, TV, imagens, sinais, ainda mais impressionante é a ação criadora de Deus em ter-nos dotado da capacidade de falar. Nada de mais bonito que contemplar duas pessoas que sabem traduzir o que sentem, o que está escondido no coração, através de palavras ou, como é o caso dos nossos irmãos surdos, de sinais. A fala é uma propriedade exclusiva do ser humano. Somente os homens e as mulheres escrevem e deixam atrás de si sinais do próprio pensamento. O próprio Jesus, no Evangelho, recorre a tantas imagens que traduzem em palavras o que se passava no seu coração em relação a nós e ao Pai. Sem palavras não teríamos o Pai-nosso, o Evangelho nem a Bíblia. A oração vocal

Nunca é demais dizer que a oração é o nosso diálogo amoroso com Deus. É um estar diante dele manifestando-lhe os nossos sentimentos, que podemos expressar com o silêncio ou com as palavras. Quando revelamos a Deus ou aos santos o que se passa dentro de nós através de palavras, esta se chama oração vocal.

O povo simples ou as crianças – e se “não nos tornarmos como crianças não entraremos no reino dos céus” – gostam muito de falar. Por isso a oração vocal faz parte do primeiro passo dos orantes. Falar é uma necessidade que está dentro de nós. É verdade que um dia Jesus nos convidou a ser de poucas palavras nas nossas orações, a ir diretamente ao essencial sem nos perder em tantas aparências, mas sobre isso falaremos em outro momento. Aqui, queremos nos deter na oração vocal, a oração com o uso da voz, que aprendemos nos primeiros momentos de nossa fé. Pronunciar as palavras que queremos dirigir a Deus nos ajuda a perceber mais viva a presença divina e a ter a certeza de que as palavras pronunciadas são escutadas por alguém. Deus fala ao ser humano de muitas maneiras: por inspirações silenciosas dentro do coração, por sonhos ou visões, mas normalmente Ele fala através da palavra que nos é dirigida pelos seus profetas. E, na plenitude dos tempos, nos fala pela sua palavra que se faz carne: Jesus. “É por palavras mentais e vocais que a nossa oração cresce” (Cat, 2700). Como seriam as palavras mentais? O que pronunciamos, antes de ser pronunciado é pensado por nós e conhecido por Deus. O salmista nos diz: “A palavra não chegou à minha garganta e vós, Senhor, a conheceis toda”. É sempre muito importante, antes de falar, pensar, e muito. Não podemos dizer tudo o que se passa dentro de nós. É erro crer que por amor à verdade se deve dizer tudo. A virtude da prudência nos faz saber silenciar o que pode ser ofensivo, mal entendido ou agressivo, mesmo que seja verdade. É bom, portanto, mesmo na nossa oração, escolher palavras que possam ser agradáveis ao Senhor. Teresa, mestra da oração, diz que devemos pensar sempre a quem nos dirigimos e o que dizemos. Essas palavras mentais ou orais formam a nossa oração. Rezar com atenção e amor

As palavras pronunciadas “distraidamente, sem amor, sem atenção, jogadas de qualquer maneira”, dirigindo uma palavra a Deus e dez aos que estão perto de nós, olhando à direita e à esquerda, observando quem entra ou sai da igreja, ou a roupa que os outros vestem, diante de Deus não valem nada. Por isso Jesus nos recorda que não devemos ser “grupos de oração dos faladores”, pois “não são os que dizem Senhor, Senhor, que entrarão no reino do céu, mas os que fazem a vontade do meu Pai que está no céus”.

Portanto, nas nossas orações “vocais”, que cada palavra seja verdadeiramente a força do amor que está em nosso coração, quer seja louvor, súplica, grito, intercessão...Tudo deve nascer no coração. “A nossa oração é ouvida não pela quantidade de palavras, mas pelo fervor da nossa alma”, dizia São João Crisóstomo. Não raramente rezamos muito, mas rezamos mal, exatamente porque não estamos “atentos ao que estamos fazendo e como o fazemos”. Jesus rezou vocalmente

Os apóstolos, certamente, não tinham o dom do conhecimento dos pensamentos, portanto, não poderiam nos transmitir as orações de Jesus se Ele mesmo não as tivesse pronunciado em voz alta. Como é o caso do Pai-nosso ou da belíssima oração que sempre me enche de alegria e de medo; de alegria porque me diz que, na medida em que for pobre, simples, serei discípulo do

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Reino, e de medo porque o orgulho não tem cidadania no Evangelho: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11,25).

A oração vocal é indispensável na vida cristã. Não se pode ser somente “contemplativos mudos”, sem participar da oração das comunidades. Não somos espectadores, mas protagonistas das celebrações litúrgicas... Por isso é importantíssimo responder durante as celebrações, cantar, participar, viver os vários momentos da liturgia. Como é maravilhoso fazer parte viva da comunidade orante, ser voz que se une às outras vozes, cantar unido aos outros que cantam e, mesmo quando silenciamos, que o nosso silêncio seja “palavra viva de amor”! “Aos discípulos, atraídos pela oração silenciosa do Mestre, este ensina uma oração vocal: o “Pai-nosso”. Jesus não só rezou as orações litúrgicas da sinagoga; os Evangelhos o mostram elevando a voz para exprimir sua oração pessoal, da bênção exultante do Pai até a angústia do Getsêmani” (Cat, 2701). É bom usar livros de “orações dos outros”?

Considero os livros de orações – tanto a Bíblia, quanto os livros escritos pelos santos ou pelos simples mortais, como cada um de nós – muito importantes. Aliás, é sempre bom colocar no papel o que se passa no coração e depois, de vez em quando, voltar a ler para reviver com saudade os momentos de oração ou sofrimento, em que Cristo caminhou conosco. As orações dos outros são como “pronto-socorro” a que recorremos nos momentos difíceis ou de “aridez” em que não saberíamos dizer nada porque as palavras não vêm. Todos nós, quando queremos fazer uma novena, ou uma celebração, recorremos a livros já preparados para esta finalidade. Eu mesmo escrevi muitos livros de oração e que têm ajudado a mim e a outras pessoas também. Santa Teresa “recheou” de orações os seus livros. São João da Cruz, mais austero, quase reservado e ciumento dos seus sentimentos, também se revela com a bonita “Oração da alma enamorada”: “Senhor Deus, Amado meu! Se ainda te recordas dos meus pecados, para não fazeres o que ando pedindo, faze neles, Deus meu, a tua vontade, pois é o que eu mais quero: exerce neles a tua bondade e misericórdia, e serás neles conhecido... Não me tirarás, Deus meu, o que uma vez me deste em teu único Filho Jesus Cristo, em quem me deste tudo quanto quero; por isso folgarei, pois não tardarás, se eu confiar. Por que tardas em esperar, ó minha alma, se desde já podes amar a Deus em teu coração? O céu é meu e minha a terra, meus são os homens, os justos são meus e meus os pecadores. Os anjos são meus, e a Mãe de Deus e todas as coisas são minhas. O próprio Deus é meu e para mim, porque Cristo é meu e todo para mim. Que pedes, pois, e buscas, ó minha alma? Tudo isto é teu e tudo para ti. Não te rebaixes nem atentes nas migalhas caídas da mesa de teu Pai.”

“Sendo exterior e tão plenamente humana, a oração vocal é por excelência a oração das multidões. Mas também a oração mais interior não pode menosprezar a oração vocal. A oração se torna interior na medida em que tomamos consciência daquele “com quem falamos”. Então a oração vocal é uma primeira forma da oração contemplativa” (Cat, 2704). Alguns conselhos para rezar melhor - Preparar o coração para a oração, reavivar a nossa fé; - Rezar devagar, pronunciando todas as palavras, entendendo o que dizemos e a quem nos dirigimos: a Deus; - Assumir as orações, mesmo compostas por outros, como se fossem nossas. - Examinar se o que pedimos ao Senhor ou pela intercessão do santos é verdadeiramente necessário; - Fazer esforço para não nos distrair com coisas inúteis durante as orações; Depois de ter rezado passar alguns minutos em “silêncio”, agradecendo ao Senhor com as nossas palavras. FONTE Frei Patrício Sciadini, OCD - Todos podemos rezar

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ANEXO III Texto destinado ao pastor/pregador UM DIÁLOGO DE AMOR

Nicolas Buttet

Combate, alegria, diálogo, encontro... A oração é um pouco de tudo isso. Neste artigo nos deixaremos ensinar por Nicolas Buttet, eremita e fundador da Comunidade Eucharistein. A oração é essencialmente um diálogo Por ser um diálogo a oração não é uma meditação na qual eu reflito sobre algumas coisas, na qual tento esvaziar-me de mim mesmo ou discernir as paixões e estados da minha alma. Antes de tudo a oração é um diálogo com Alguém, um Outro que está em mim, Alguém que me olhe, me fala, me escuta. Ela é um face a face com o Deus que me criou, que me ama e me salva. O nosso mundo corre o risco de andar a deriva em relação a oração: o risco de confundi-la com práticas meditativas. O homem que é feito para Deus, quando é ferido por sua experiência de vida centraliza-se naturalmente em si mesmo, fecha-se. A oração corre então o risco de transformar-se em um diálogo consigo mesmo, entre duas partes de si: aquela que tem sede de algo mais, de libertar-se de suas preocupações e andar nos caminhos de Deus, e aquela que vive debaixo da influência das paixões desordenadas. Este tipo de diálogo não é ainda o contato com Deus, o qual exige uma saída de si mesmo. A oração é um olhar A verdadeira oração não fica somente no nível emocional. Apesar da oração implicar o corpo inteiro, a afetividade e as emoções que existem em mim, a oração fica, no entanto, essencialmente no nível da alma espiritual, ou seja, da inteligência e da vontade nas quais se encontram a fé, a esperança e a caridade. A fé nos permite conhecer a Deus na verdade. A esperança e a caridade aperfeiçoam a nossa vontade e a torna capaz de nos unir a Deus. Por isso, quando decido rezar, preciso ficar debaixo do olhar de Deus, tal como Ele se revela a mim na fé da Igreja e não tal como O imagino ou O sinto. Esta dimensão de fé é fundamental na oração. Só podemos tocar Deus através dos dons da fé, da esperança e da caridade, que são chamadas de virtudes teologais. O ato da fé é o coração da oração. Ele permite colocar em ordem as minhas emoções: posso ter a impressão de que o Senhor está ausente, posso sentir-me tal como um galho seco esquecido num lugar perdido, pouco importa. A fé me faz acreditar que Deus está presente, que Ele me olha e me ama. « Tu és precioso aos meus olhos, és honrado e eu te amo » me diz a Palavara de Deus. O escudo da fé e a espada da Palavra serão minha defesa contra todas as ataques do demônio na minha imaginação e memória. A oração é uma resposta de amor ao Deus que me espera Este Deus que me ama e sob o olhar do qual eu fico, eu quero amá-lO. Entro num diálogo de amor com Ele. Eu quero amar este Outro que está em mim e que ao mesmo tempo é mais íntimo de mim do que eu sou de mim mesmo. Por isso eu me decido a amá-lo. Por mais fraco que seja, não importa. Quando uma mãe se debruça sobre o seu filho e ele sorri balbuciando, isto basta para fazê-la feliz. Ela ficará a espera de uma outra resposta de amor quando ele tiver 5, 10 ou 20 anos. Deus também não espera de nós uma resposta perfeita, mas proporcional ao que eu possamos dar hoje. Aquela resposta de amor jorra da nossa vontade livre, não dos nossos sentimentos. Na oração, eu posso sentir uma grande paz, ou, ao contrário, ficar inquieto, disperso. Novamente, eu vou ter a certeza de que, apesar de minhas emoções, do que posso estar sentindo, Deus age no meu coração se eu digo « Sim » a Ele. Deus não fixa um encontro de amor sem operar uma transformação em nossa alma. Assim acontece a obra da sua graça. A oração é então este momento abençoado no qual Deus me transforma com a sua graça sobrenatural, libertando-me de mim mesmo e levando-me no seu coração. A oração é assim a linguagem da esperança.

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Alguns conselhos O início da oração é fundamental. É preciso tomar uma decisão livre: a decisão de voltar-se resolutamente para Deus e assim sair de si mesmo. Isto pode acontecer através do louvor e da ação de graças. Esta maneira de se colocar na presença de Deus é um ato de fé e constitue o « método » mais simples e imprecindível para comecar a rezar. Posso também colocar-me na presença de Deus através de um gesto ou atitude: beijar um crucifixo, venerar um ícone, ajoelhar-me. Todos os meus gestos devem demonstrar este ato de fé. Se o meu tempo de oração fosse somente tentativas para voltar a estar na presença de Deus, seria « perfeito ». A oração é geralmente um grande combate entre minhas dúvidas, culpas, escrúpulos e preocupações e o ato de fé que se fundamenta na Palavra de Deus tal como é ensinada na Igreja. Então, para ficar pacificado diante destas preocupações tal como nos pede São Paulo que nos disse: « não vos inquieteis com nada (Fl 4, 6) » preciso repetir e apoiar-me sempre nesta Palavra que fortaleçe minha confiança em Deus, que não pode enganar-se nem enganar-me.

O fim da oração é igualmente importante: quando termino minha oração, tudo recomeça! Devo continuar com Jesus (mesmo se dormi)… Devo ter esta determinação clara e audaciosa de sair com esta disposição interior e aquela vontade firme de continuar o diálogo com Deus ao longo do meu dia: « Eu sei que não estou sozinho. Alguém está presente, a todo instante, do meu lado e me sustenta com seu amor ». O momento de oração que eu dedico gratuitamente a Deus, deve continuar no quotidiano da minha vida, com o que se chama de « orações espontâneas ». Elas são tal como gritos que dou sem cessar para Deus. Teresa d’Ávila aconselha: « Diga cem vezes por dia a Jesus que você o ama ». Isto é a chave da vida interior, que é uma vida recolhida em Jesus no coração do mundo. Para lembrar-se destas orações espontâneas pode-se recorrer a pequenos truques tal como: cada vez que abro uma porta lembro-me de Jesus e digo: « Jesus, tu estás aqui comigo. Obrigado ». O bem-aventurado Frederico Ozanam, que dividia um apartamento com o físico Ampère, dizia que o que mais lhe chamava atenção no seu amigo era que, do seu laboratório jorravam regularmente exclamações como: « Meu Deus, Tu és grande ! Glória a Ti, Senhor! Maravilhosas são tuas obras! ». Perfeitamente concentrado no seu trabalho de pesquisa, Ampère mantinha esse olhar de louvor contemplativo sobre a beleza da criação. A vida quotidiana, as preocupações… me centralizam em mim mesmo fazendo-me viver no superficial. A vida interior, fruto da oração, se edifica graça a essas numerosas e constantes saídas de mim mesmo para voltar-me para Deus. No começo será somente uma ou duas vezes por dia, mais é preciso chegar até 50, 100 vezes. 100 vezes corresponde a 100 segundos, ou seja, menos de dos minutos, no entanto, isto transformará a minha vida. É o segredo da paz e da alegria, frutos do amor que me volta para Deus e para os meus irmãos e irmãs amados em Deus. FONTE Extraído da Revista Il est vivant nº 177

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ANEXO IV Texto destinado ao pastor/pregador ORAÇÃO ESCOLA DA VERDADE

Meyr Andrade Encontramos nos primeiros capítulos do Livro da Vida os primeiros anos da existência de

Teresa d’Avila, desde seu nascimento, passando pela infância, adolescência, juventude, primeiros passos e momentos vocacionais, com suas lutas, enfermidades até o grande marco da sua conversão diante do “Cristo muito chagado”5. Aqui, Teresa se mostra bastante consciente da Providência de Deus nos detalhes do seu contexto familiar, nos seus pais, irmãos, condição social, mas sobretudo da insistência da graça que a cercou de intervenções em cada fase.

Ao ler sua história, vendo a ação dessa força redentora presente na sua vida chamando, esperando, perdoando e confirmando-a, reconhece não ter estado toda inteira nos bons desejos nos quais começou na infância, de ter-se desviado nos devaneios da juventude dos quais a livrou o próprio Senhor6 até que, sem profundas motivações de amor, mas de temor, dá o passo à vida religiosa.

Passa os primeiros anos da vida religiosa em meio a fervores. Após essa primeira fase, Teresa cai novamente numa espécie de frieza espiritual, situação bastante agravada pelo contato com o mundo. Isso tornará muito conflictivo sua dedicação à oração, vai dificultar a entrega do seu coração, gastará suas poucas forças, a curto prazo minará suas disposições e a luta se tornará cada vez mais dramática, com resistências comparáveis aos frontões bélicos da sua amada Espanha contra a invasão árabe, a ponto de afirmar que não encontrava consolo sequer nos santos convertidos: “Vejo que depois de chamados pelo Senhor, não voltam a ofendê-lo. Eu, pelo contrário, piorava cada vez mais. Parecia estudar o modo de resistir às graças de Sua Majestade, como que temendo sentir-me obrigada a servi-lo com maior perfeição.”7

Teresa tem um profundo realismo sobre a fragilidade das suas motivações, confessa com profunda verdade a força do seu conflito, reconhecendo as instabilidades da sua vontade e a grande atração que exercia sobre si as vaidades do mundo. Estamos diante de um drama que se arrasta durante quase vinte anos de sua vida8, tempo no qual Teresa chega a abandonar a vida de oração convencida de que não poderia estar com Deus aquela que merecia estar com os demônios9. Mais tarde, tendo passado pela perigosa experiência de ter abandonado a vida de intimidade com Deus vai afirmar que “todos os males nos vem de abandonarmos a oração”10.

Assim, Deus responde ao conflito de Teresa suportando suas inconstâncias, esperando sua lentidão, tolerando suas quedas repetidas, reagindo aos seus “nãos” com confirmação, sem nunca revogar a eleição, provando que Sua pedagogia não depende da perfeição do homem, antes, é para ele sinal da liberdade do Seu amor como Deus. São anos de uma exaustiva guerra onde a percepção de um Deus Salvador desde os primeiros momentos favoreceu a experiência de conquista e rendição. A conquista foi um passo do Amigo desde o princípio, mas a rendição de Teresa foi um capítulo bem tardio, como veremos depois.

A graça triunfa em Teresa que, bastante decepcionada consigo mesma, rende-se ao domínio da caridade de Deus, reconhecendo o fracasso de confiar mais em si mesma do que em Deus: “Estava já muito desconfiada de mim e coloquei toda a minha confiança no Senhor”11 .A constatação de que sua pouca força não era a palavra final à sua conversão, tampouco à sua eleição, gera uma nova esperança, uma nova postura e saber-se muito amada e esperada torna-se agora sua grande força interior. O centro de gravidade não é mais Teresa e sua imperfeição, mas o Senhor e sua gratuidade. Esse novo foco desloca do centro aquela que é apenas o alvo da graça e devolve o protagonismo Aquele único capaz de erguer o homem fragilizado e inacabado. Deus alcança num segundo o que ela, por si mesma, não o pudera em tantos anos... 5 V 9,1 6 V 2,6 7 V Prólogo, 1 8 V 8,2 9 V 7,1 10

11 V 9,3

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Nesse primeiro bloco já fica claro que Teresa não quer apenas nos dar uma chave autobiográfica, mas indicar a pedagogia de Deus que passa obrigatoriamente pelo auto-conhecimento onde, enquanto revela o homem a si mesmo, sua dignidade e fragilidade, Deus também se revela em toda a sua gratuidade.

Teresa prova pessoalmente que apesar da sua fraqueza Deus segue sustentando com Sua mão o que ela por sua obstinação punha a perder a cada instante. O gozo da fé na infância fora perdendo-se pelas escolhas que se seguiram na adolescência e nos primeiros passos dentro da vida religiosa, mas Deus com absoluta lealdade guia a porto seguro esse coração desviado e, incansável como um Esposo, vai tratando as enfermidades de sua eleita, suas resistências, incoerências, instabilidades e carências. Essa luta dramática entre a graça incansável e o coração resistente é uma das imagens mais importantes que na intenção pastoral de Teresa quer ficar em evidencia: Deus é absoluto em protagonismo e esse amor incomparável reconquista o coração do homem que, apesar de desviado, fora destinado à perfeita felicidade da pertença e posse eterna de Deus. Teresa experimenta que Deus jamais desiste de atender o orante que, embora perdido, anseia: “dai-me a vida como é vossa decisão!”12

Para além das suas debilidades, Teresa possui um coração eleito e vê esse espaço preservado por pura decisão divina. O Divino Amigo não se cansa, apesar da real ingratidão de Teresa ainda nos tempos da sua divisão entre Deus e o mundo e ela percebe que já não pode unir esses dois contrários por natureza. Teria que optar. Sua debilidade, ainda mais forte, arrasta-a para onde ela mesma o não desejava por consciência da vontade de Deus, mas não tinha o coração suficientemente conquistado para renuncias mais constantes e profundas. O Senhor, por sua vez, permanecia espreitando o melhor momento para dar as provas necessárias do Seu amor poderoso, estável e irrevogável, características irresistíveis ao coração de sua Teresa. Essas provas provocarão luta e conflito13, mas serão a prova irrefutável de que o Amor que se mistura com as debilidades, sem preconceito, livre e leal.

Com certeza, se Teresa tivesse disfarçado sua verdade e debilidades não teria entrado na crise que tornou desconfortável sua vida durante tantos anos, mas também não teria comprovado por experiência que Deus é incapaz de abandonar, nem no Egito, nem no deserto, e que triunfa em cada uma dessas fases. A conversão de Teresa é uma profunda derrota pessoal no campo do seu protagonismo, mas é uma impressionante demonstração do poder de Deus contra sua obstinação de querer viver facilmente, tendo para ela uma vocação e uma missão pessoal. FONTE Chave de Leitura Oficina da Vida, Meyr Andrade - pp. 44-48

12 Sl 118,156

13 V 7

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ANEXO V Texto destinado às ovelhas leitura no Grupo de Oração AS DISTRAÇÕES DA ORAÇÃO

Frei Patrício Sciadini, OCD

O Papa João Paulo II, na carta "No início do novo milênio", convida toda a Igreja a tomar consciência de que não pode existir experiência de Deus, nem apostolado autêntico, nem amor fraterno, nem uma humanidade unida na construção da civilização do amor sem a oração. Para que possamos fazer algo bom dentro e fora de nós, para que possamos produzir frutos abundantes na videira que é Cristo, precisamos entrar na plena comunhão com Ele. Repetimos várias vezes que a oração não é uma imposição, uma lei que nos obriga e escraviza, mas uma necessidade, uma urgência do coração que, sentindo-se solitário, exilado, incompreendido, busca ansiosamente um amigo que o possa amar e escutar. Na oração, Deus e o homem se amam reciprocamente, e um fica feliz de se contemplar no outro. Deus se contempla no homem criado à sua imagem e semelhança, e o homem se contempla em Deus, vendo a que é chamado a ser.

A oração nos liberta de todos os nós permite-nos levantar vôo. Santa Teresa de Ávila diz que somos chamados, como a pombinha branca, a alçar vôo para Deus, a entrar, vencendo todos os obstáculos, no castelo interior; e a porta pela qual entramos neste castelo é a oração. Quando nos decidimos a rezar é porque nos encontramos em dificuldades e não sabemos como sair delas sozinhos, ou estamos tomados por uma alegria tão grande que não podemos fazer outra coisa senão gritar aos sete ventos: "Obrigado, Senhor". É algo maior do que nós. Os indiferentes, os insensíveis, os que se sentem bem com o "rastejar" e não desejam voar e ultrapassar o azul do céu para estar com o Senhor, nunca serão grandes orantes. Mas, se rezar é tão bom - como dizem os místicos, os santos, os homens e mulheres que gastaram a vida toda procurando o rosto do Amado -, por que para nós há momentos em que a oração se faz difícil? Quais são as dificuldades maiores que encontramos na oração e como superá-las? Para vencer as dificuldades é necessário, antes de mais nada, ter muita confiança em Deus e pouca em nós. É ter consciência de que o Senhor nos dará a alegria de estar com Ele. Ele, como Pai amoroso, alegra-se quando nos vê lutando contra os inimigos que nos impedem de amá-lo e adorá-lo.

Não ter medo do fracasso

Todas as coisas têm as cores com que nós as pintamos; dependem do olhar com que as contemplamos. Para o pessimista, tudo vai mal; para o otimista, quase tudo vai bem. Nossa oração é sempre atendida por Deus. Mesmo quando parece que não, Ele nos escuta e, na sua infinita sabedoria, nos dá o que necessitamos para o nosso crescimento. Somente Deus sabe do que realmente precisamos, e jamais Ele fecha o ouvido aos nossos gritos e súplicas. Quantas vezes na minha vida, quando era mais jovem, achei que Deus se "divertia", quase com um certo "sadismo", negando-me o que eu lhe pedia com tanta insistência. Mas, com o passar do tempo, sendo amadurecido ao sol do sofrimento e da experiência, fui vendo que Deus age de forma diferente. Fui me lembrando das palavras do profeta Isaías: "Os meus caminhos não são os vossos caminhos"; ou de Jesus: "O Pai sabe do que vocês necessitam antes que vocês peçam". Ser confiante no amor misericordioso de Deus é deixar a Ele a liberdade de agir em nossa vida. Uma liberdade que sempre é colocada a serviço do ser humano. A oração, recorda-nos o Catecismo, é um verdadeiro combate. Uma vigilância perene sobre nós mesmos para não deixarmos entrar no coração os sentimentos que impedem o nosso encontro filial com Deus. "Enfim, nosso combate deve enfrentar aquilo que sentimos como nossos fracassos na oração: desânimo diante de nossa aridez, tristeza por não ter dado tudo ao Senhor, por ter "muitos bens", decepção por não ser atendidos segundo nossa vontade própria, insulto ao nosso orgulho (o qual não aceita nossa indignidade de pecadores), alergia à gratuidade da oração etc. A conclusão é sempre a mesma: para que rezar? Para superar esses obstáculos é preciso lutar para ter a humildade, a confiança, a perseverança" (Cat, 2728).

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Diante de tudo isto é bom nos convencermos de que a oração exige esforço nosso. Todo diálogo, para ser construtivo, vai exigindo uma constante atenção ao que acontece dentro de nós. Orar é abrir o nosso humano para que o divino possa entrar. Nunca devemos destruir a nossa sensibilidade, a nossa humanidade, mas torná-la mais atenta e aberta à ação de Deus em nós. A alegria de ser distraído

Ensinaram-nos a considerar as distrações como a maior dificuldade da nossa vida de oração, a vê-las como "marimbondos" que não nos deixam tranqüilos quando queremos estar a sós com aquele que amamos, um empecilho no diálogo, no amor e na vida. Ser distraído foi considerado como algo desrespeitoso por aquilo que estamos fazendo. Diante desta dificuldade comum em todos nós devemos, sem dúvida, redimensionar a nossa atitude frente às distrações na vida de oração.

É preciso tomar consciência de que não somos distraídos somente na oração, mas em todas as atividades. Quantas vezes estamos diante da TV, mas o nosso coração, fantasia e pensamento estão tão distantes que perguntamos a alguém: "De que este programa está falando?" Ou quem de nós não se "pegou distraído" no trânsito a ponto de entrar numa rua errada? Ou ainda, durante o estudo leu cinco páginas e nada reteve na memória porque estava distraído... A distração, portanto, faz parte da nossa humanidade. Ninguém consegue pensar horas a fio no mesmo assunto e argumento. O ser humano é volúvel, tem necessidade de voar a tantos lugares, pensar em muitas coisas ao mesmo tempo... Como a abelha vai de flor em flor e, sem parar em nenhuma, vai sugando o néctar para sua vida pessoal e comunitária. Ser distraído pode ser considerado não como um mal, mas como uma forte intuição do amor. Às vezes, pode ser o Espírito Santo querendo recordar-nos algo importante. Quem sabe você está rezando e, de imediato, vem-lhe o pensamento de que se esqueceu de desligar o gás da cozinha... Santa distração, que leva a correr e a evitar o perigo! Ou se rezando se "distrai" pensando nos pais, nos trabalhos, nas dificuldades, na falta de amor, nas pessoas... É o momento para você colocar tudo no coração de Deus e transformar essas distrações em motivações orantes para sua vida.

Diante das distrações, temos duas opções: assumir a nossa situação e o que nos vem à mente, ao coração, e fazer de tudo isso oração a ser apresentada a Deus, que é o melhor caminho; ou "chamar de volta" a nossa memória, a nossa atenção ao que estamos meditando. Este constante esforço é agradável ao Senhor porque manifesta o nosso amor e a nossa decisão de estarmos atentos à voz do Espírito.

É bom não perder tempo com as distrações, não se deixar atrair por elas, mas saber administrá-las com paciência e alegria. Quanto menos importância lhes damos, menos elas nos perseguem. Esta sabedoria é própria dos santos e de quem quer ser santo. "Pensar", nos adverte Teresa de Ávila, "o que estamos dizendo e a quem o estamos dizendo. Não seria justo falar com uma pessoa pensando em outras coisas ou com o olhar distante, como quem está cansado da presença do amigo".

Esta sabedoria está presente na pedagogia da Igreja que, no Catecismo, nos recorda: "A dificuldade comum de nossa oração é a distração. Esta pode referir-se às palavras e ao seu sentido, na oração vocal. Pode, porém, referir-se mais profundamente àquele a quem oramos, na oração vocal (litúrgica ou pessoal), na meditação e na oração mental. Perseguir obsessivamente as distrações seria cair em suas armadilhas, já que é suficiente o voltar ao nosso coração: uma distração nos revela aquilo a que estamos amarrados, e essa tomada de consciência humilde diante do Senhor deve despertar nosso amor preferencial por Ele, oferecendo-lhe resolutamente nosso coração, para que Ele o purifique. Aí se situa o combate: a escolha do senhor a quem servir. Positivamente, o combate contra nosso "eu" possessivo e dominador é a vigilância, a sobriedade do coração" (Cat, 2729-2730).

Quando percebemos que estamos "voando por aí", devemos aprender a voltar "ao assunto" e não permitir que alguém nos distraia do amor que devemos doar ao Amado. "Eu dormia, mas meu coração velava"... Quem vive na tensão do amor será sempre como Maria, que "guardava todas estas coisas no seu coração e as meditava".

As distrações, as fantasias são as loucas da casa e por isso é preciso aprender a recolhê-las quando querem ir mais longe do que lhes é permitido. Superar as distrações é um exercício. Nunca chegaremos a evitá-las plenamente. Somente com uma graça especial do Senhor ou um

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êxtase ou uma visão, quando todas as nossas potências estão suspensas. Enquanto estivermos por aqui mesmo é preciso saber colocar, como nos diz o salmista, "freio e cabresto" às fantasias e distrações para que não nos levem longe do nosso Amado. É preciso dominar, administrar as distrações sem violência. O segredo é que, segundo a intensidade do amor que arde no nosso coração, estaremos mais atentos e fiéis ao amor do nosso Deus.

No passado eu ficava nervoso, inquieto, desanimado diante das distrações da minha vida. Hoje, quem desanima são as distrações, porque sabem que, quando batem à minha porta, na maioria das vezes, a encontram fechada.

É necessário vencer as distrações com a força do amor. Mas, se elas vierem, convém aproveitar o que trazem reciclar tudo isso e transformar em oração. Mesmo quando as distrações trazem à memória o pecado, que é como lixo, é preciso lembrar que o lixo reciclado gera energia e força. Reciclar as distrações é fazê-las passar pelo coração de Deus. Que o texto do apóstolo Paulo possa nos servir como exemplo: "Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada... Mas, em tudo isso vencemos por aquele que nos amou" (Rm 8,35-37). Nada pode nos separar do amor de Cristo. Nem as distrações, mágoas ou pensamentos inúteis; nada nem ninguém, porque Cristo é nosso e somos dele.

"O intelecto não se fixa em nada, parece frenético, de tal maneira está descontrolado. Quem assim está verá, devido ao sofrimento que lhe sobrevêm, que não é culpado por isso. Não deve afligir-se, porque é pior, nem se cansar em querer trazer à razão quem não a tem, isto é, seu próprio intelecto; reze como puder... De nossa parte, o que podemos fazer é procurar ficar a sós, e queira Deus que isso nos baste, como eu digo, para que entendamos com quem estamos e a resposta que o Senhor dá aos nossos pedidos. Pensais que Ele está calado? Mesmo que não o ouçamos, Ele nos fala ao coração quando de coração lhe pedimos." (Santa Teresa)

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ANEXO VI Texto destinado às ovelhas leitura no Grupo de Oração TEMPO DE GRAÇA

Moysés Azevedo Filho

“Iniciaremos a partir da grande graça que estamos vivendo neste ano jubilar. Ao longo da preparação para o jubileu fomos entendendo o quanto esta palavra significa júbilo, ação de graças pelas inúmeras, imensas, incontáveis graças que ele tem derramado e com certeza derramará sobre nós.

Gostaria de iniciar este retiro da única maneira adequada: elevando nosso coração e nosso pensamento a Deus dando-lhe o louvor e ação de graças que lhe são devidos. Fomos, de fato, envolvidos por uma graça tão grande, que nos ultrapassa tanto e cuja grandeza sequer conseguimos perceber. O próprio Espírito nos leva a contemplar a beleza de Deus e sua ação em nossa vida através de sua mão poderosa, santificadora e fecunda que se colocou sobre nós e nos abençoou durante estes 25 anos. Iniciarmos, portanto, dando graças, bendizendo, louvando, penetrando na nuvem da glória de Deus, na nuvem da presença de Deus que nos dirigiu e não nos afastou de nós. Entrando na coluna de fogo e nos deixando abrasar por ela, pois é inegável a presença condutora de Deus, doadora de todos os dons que temos recebido em nossos 25 anos de história.

O salmo de hoje nos convida de forma particular: Cantai a Deus, a Deus louvai, o seu nome é o Senhor, exultai diante Dele. Convido-os, portanto, a recordarmos os feitos do Senhor em nosso favor para louvá-lo e glorifica-lo. E porque fazemos isso? Em primeiro lugar, porque ele é Deus. Em segundo, porque ele muito fez em nosso favor e em terceiro para não roubar em nada a gloria de Deus: “Não a nós, Senhor, mas ao teu nome dar glória”. Desta forma, colocamos Deus no lugar que é devido em nossa vida e em nossa história, no coração da comunidade e no nosso coração, na obra e na humanidade. O lugar que lhe é devido é o absoluto, a glorificação, o reconhecimento de que só ele é Deus e que tudo o que somos e temos Dele recebemos.

O louvor é um ato de fé. Quando proclamamos a grandeza de Deus em nossa história crescemos na fé. O louvor é a atitude própria do homem de pé, erguido pela graça de Deus, que, apesar de suas fraquezas e dores, é erguido pela força de Deus e a Ele dá glória. O homem inteiro louva. O homem mutilado é voltado para si mesmo, fechado em si mesmo e é incapaz de louvar, pois perdeu sua relação com o seu Senhor, seu Pai, seu Deus. Só o homem inteiro o homem que louva tem conhecimento de quem é Deus e quem somos nós: criaturas, filhos eleitos e amados. O homem que louva conhece porque lhe é revelada a verdade a respeito de Deus e a respeito de si mesmo.

Começamos, portanto, este retiro, como homens e mulheres que louvam a Deus em espírito e verdade. O louvor gera a verdade do Evangelho e das leituras que hoje nos foram dadas: um coração humilde, grato. Ele arranca o orgulho, como diz a primeira leitura de hoje: “Para o mal do orgulhoso não existe remédio, pois a planta de pecado está enraizada nele e ele não o percebe.” O orgulho gera uma planta de pecado tão enraizado em nós que a própria pessoa não consegue ver. A cegueira é própria do orgulhoso, que não consegue ver seu orgulho e até não o reconhece.

Precisamos ler esta passagem com o olhar cristológico, a partir do Evangelho que nos diz que o Pai escondeu essas coisas aos sábios e entendidos e as revelou aos humildes. Em todos nós foi inoculado o veneno do orgulho, mas o Espírito, educador das almas, vai-nos curando e fazendo compreender onde é fincada a cruz de Cristo que destrói o orgulho: no coração humilde e pequeno, que louva a Deus e reconhece a Sua glória. Quanto mais louvamos, mais fazemos morrer o orgulho, mais arrancamos esta erva daninha, invisível e misteriosa que faz mutações tão impressionantes que engana nossa alma, mas sempre nos envenena e nos mata. Através do louvor vamos dando a Deus o que é de Deus, reconhecendo seus feitos em nossas vidas e reconhecendo quem somos: pequenos, criaturas, filhos amados, eleitos, a quem Deus tanto fez

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sem merecermos. Reconhecemos, então, a verdade. O louvor é um ato de fé que gera a verdade, pois a verdade é humildade.

O Louvor é também um ato de amor: porque fomos amados, podemos amar, porque fomos agraciados, podemos agradecer. Louvar é dilatar nosso coração e nossa alma para nos centrarmos em Deus reconhecendo-o como absoluto. Nós não somos absolutos, não somos o centro, a glória não nos pertence, pertence a Deus, que nos faz penetrar e participar dela. Ela não nos pertence. E quando ela nos atinge por este amor infinito e misericordioso de Deus, quando somos agraciados por Deus e quando reconhecemos com gratidão – e é preciso reconhecer com gratidão, pois o orgulhoso pode até reconhecer com a boca, mas ter o coração ingrato. Quando reconhecemos as obras misericordiosas, salvíficas de Deus em nossa vida, brota em nós a gratidão. As escamas do nossos olhos caem e percebemos sua grandeza, sua beleza, sua bondade, seu amor que é sempre presente, que não nos abandona, que nos sustenta, que nos fortifica. E o amamos, reconhecendo-o como único, como absoluto, derramando nosso ser em louvor, em gratidão, em amor. Isso, o louvor, é um ato de amor para com Deus que nos amou primeiro e é uma permissão para nos deixar amar mais profunda e intensamente, para receber torrentes maiores desse mesmo amor e acolher ainda mais as torrentes infinitas deste amor e assim sermos elevados ao seio da Trindade: “Quem se eleva, será humilhado, quem se humilha, será elevado”. Quando quebramos a casca que nos impede de ver a grandeza, a beleza, a magnificência de Deus em nossa vida e ao mesmo tempo nossa incapacidade, nosso pecado e a eleição que Deus nos fez, esta torrente de louvor nos introduz neste movimento de amor da Trindade que é a vida divina. O louvor nos leva, então, à plenitude da vida. Revela-nos a verdade, leva-nos à plenitude da vida e é um ato de esperança.

Quando louvamos e bendizemos a Deus crescemos em nossa fé, no amor, e reconhecemos que não somos nós quem estamos no comando, nem da nossa vida, nem da comunidade, nem da Igreja, nem da humanidade. Não sou eu quem está no comando. É Deus. E nele ponho toda a minha confiança. Por isso o louvo. Nele posso abandonar-me, pois Ele nunca me abandonará, mesmo se eu andar em um vale de sombra e de morte não temo mal algum, pois ele está comigo. Quem louva sabe que mesmo diante dos desafios da vida há um futuro que Deus lhe reservou, um futuro muito maior, muito mais belo, muito mais magnificente do que aquele que sozinho eu poderia construir. Quem louva entra no mistério da esperança e da confiança de que não sou eu, não são os meus planos, não os meus projetos, mas Deus que está no controle da situação. Eu confio e por isso me abandono. Mesmo que passe pelo vale da sombra, não temerei, pois Ele está comigo e me reserva um futuro, que é um projeto dele, não meu. O futuro que ele me reserva é um ato de esperança, um futuro muito mais belo e muito maior do que o futuro temível que eu poderia construir. É a atitude de alguém que não olha para trás, mas caminha para frente sem temor porque sabe quem alguém o conduz e caminha NO CAMINHO, não no seu caminho, não em qualquer caminho, mas no caminho seguro que é o próprio caminho do Senhor, “pois sei em quem coloquei minha confiança”.

Nestes dias gostaria de convidá-los a começarmos juntos este retiro de tempo de jubileu dando graças ao Senhor, louvando-o pelos imensos benefícios que tem realizado em nosso favor em toda a nossa história. Convido-o a fazer deste dia um dia de louvor e ação de graças a este Deus que sempre caminhou conosco e construiu conosco uma misteriosa história porque nos precede e nos ultrapassa. Nós vivemos um mistério! Caminhar na fé e numa Obra de Deus, essa é a experiência que temos. Recebemos um Carisma, um dom de Deus, somos instrumentos de geração de uma Obra Nova, Deus que através de nós gera um povo novo, isso nos encerra em um mistério muito maior que nós mesmos e nossos vãos raciocínios. Só podemos alcançá-lo através da fé, da esperança e da caridade, através de um coração pequeno e humilde. Este mistério que nos precede e ultrapassa, por enquanto está passando por nós (ou nós por ele) e nossa atitude deve ser uma atitude de ação de graças pelas imensas graças recebidas nestes 25 anos. Enumero algumas, pois sei que vou esquecer de muitas, mas vou contar com a memória de vocês para enumerá-las todas para dizermos diante do altar: “Bendito seja Deus que nos elegeu, que nos escolheu, que nos fez participar de algo que tantos olhos quiseram ver, que tantas mentes quiseram conhecer e nos foi dado contemplar.” Partimos, então, do princípio do louvor:

a. Graças a Deus pelo dom da vida de cada um de nós – podíamos não ter existido! – o dom da vida com toda a beleza que a vida traz, beleza escondida no coração de Deus e beleza

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já prevista para seus desígnios. O semeador não joga sementes ao léu. Cada semente jogada é pensada, é querida, é amada, traz segredos escondidos e só o desabrochar da árvore poderá revelar, só o sabor dos frutos irá demonstrar. Nossa vida foi pensada por Deus para este mistério, esta graça, esta vocação, este desígnio de Deus para a Igreja, para o mundo, para este tempo. Nossa vida foi pensada, gerada, querida, amada por Deus, ansiada por Deus, mesmo em meio a todos os possíveis conceitos que podemos trazer dele, em vista dos desígnios de amor que fazem parte do mistério da vocação e do carisma Shalom. Os dons que trazemos e a vida que vivemos não nos foram dados para serem vividos de forma egoísta, como um plano individual de sucesso ou de satisfação próprios. Nossa vida é muito mais do que isso e se torna bela quando assim é reconhecida, vivida, abraçada e doada. Pois a vida só é bela e só é plena quando é consumida, doada, entregue. Se o grão de trigo não cai na terra, não morre: fica só – a vida é retida – fica fechado em sua solidão, mas se morre, gera abundantes frutos.

b. Graças a Deus pelo Batismo que recebemos – do nosso batismo tudo brota. Dele, toda essa vida divina, toda a beleza da recriação de Deus, a fé, a esperança, a caridade, Deus como Pai, posso chamar Deus de Pai, posso conhecê-lo, posso amá-lo, a Igreja, minha casa, minha família, que me alimenta e me nutre com o leite materno dos sacramentos que continuamente nos alimentam. Dou graças a Deus porque no sacramento do Batismo, o Espírito nos foi dado e com ele o Carisma, os desígnios de Deus, os projetos de Deus, os planos pensados na criação que se efetivam, se tornam realidade pela graça de sermos filhos no Filho.

c. Graças a Deus pelo encontro com Jesus Cristo e pela efusão do Espírito em nossas vidas – que encontro decisivo! Que coisa determinante! Tudo mudou! Foi nosso encontro mais profundo e mais pessoal com Ele. Mudou nossa história, revolucionou nossa vida. Poderíamos entender nossa vida sem o encontro pessoal com Jesus Cristo que nos encheu de fogo, de amor, de desejo ardente de corresponder a este encontro decisivo, apaixonante, transformante, que nos colocou em um caminho que sequer conhecíamos ou pensávamos em trilhar? Sem este encontro nossa história não seria nada. Com ele, nossa história ganha todo um sentido. A efusão do Espírito nos capacitou, iluminou, ungiu, foi-nos atraindo para os desígnios misteriosos de Deus que é a vontade do Pai. Talvez neste primeiro encontro ainda não o percebêssemos, mas foi ali que ele nos colocou nos desígnios de Deus em nossa vocação, para nossa santificação, para doação de nossa vida pela Igreja e pela humanidade.

d. Graças a Deus pelo pontificado de João Paulo II – mais de 20 anos de pontificado desta figura excepcional. Foi diante dele que nós – e isso não é figura de linguagem, mas é sentido lato – nos encontramos naquele decisivo 9 de julho de 1980, encontro misterioso em que todos estávamos diante do papa ofertando as nossas vidas. Encontro misterioso que fez surgir uma inspiração que também misteriosamente nos soprava o coração. Essa inspiração não tem outra direção senão oferta de vida, consumir a vida, entregar a vida. De graça recebemos tudo, de graça dar muito, dar tudo, oferta de vida! Fruto da oferta de vidas: missão, dar de graça a Deus e aos homens, a Deus e a Igreja o que de graça recebemos. Nós que éramos tão distantes de Deus tão próximos nos tornamos. Somos eternamente devedores para buscar os que estão distantes para trazê-los para próximo. Anos, tempos, nos separam, mas estamos unidos no mesmo sopro do Espírito que é o Carisma e a vocação. Misteriosa inspiração: ofertar a vida a Cristo, a Deus, à Igreja, à humanidade e ir ao encontro dos que estão longe para dar de graça o que de graça recebemos.

e. Graças a Deus pela ousadia e fecundidade desta inspiração – quem não é capaz de pelas próprias forças tudo realizar, como pode tudo ofertar? Só o Espírito. Se formos pelo nosso raciocínio nada podemos fazer. Graças a Deus pela fé, a esperança e caridade que o Espírito gera em nos e nos faz ofertar a vida com ousadia e contemplar a fecundidade da oferta. A graça! Devemos dar graças pela graça. Louvar a Deus pela sua infinita graça. Aqui poderíamos parar, mas não podemos porque tudo é graça, graça, graça, graça, graça, graça, graça. Tudo é graça. Tudo temos por graça. Sem ela nada somos, nada podemos,

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sequer nos movemos, sequer respiramos, não podemos ter nem um desejo santo. Dela precisamos e sem ela nos esborrachamos. Só a graça pode nos fazer homens e mulheres de pé que louvam por inteiro a Deus não porque podem, mas porque são sustentados pela graça, que buscamos, que necessitamos. Nela queremos viver. Ela é o inicio de tudo, o meio de tudo, o fim de tudo. A graça, a graça, a graça e a graça de Deus. Se pudesse, continuaria dizendo: A Graça!

f. Graças a Deus por Sua providência – desde os primeiros passos ela foi e é presença de Deus em nossas vidas, não obstante nossa fragilidade, nossos limites, nossas infidelidades, mas essa providência de Deus a nível espiritual, humano, através das circunstancias e acontecimentos e também a nível econômico nos conduziu até aqui. Isso é um mistério, pois é esta providência que nos garante a liberdade. Sem ela, seriamos prisioneiros. Seriamos pesados. Sem ela, não haveria ousadia, sempre estaríamos dependendo de algo, de alguém, de alguma coisa, do Estado, de nós mesmos, de alguém muito poderoso ou influente, de nossas capacidades, nossas organizações. Com a providência de Deus, somos frágeis nas mãos de Deus e porque frágeis, dependentes dele e porque dependentes Dele e de mais ninguém, somos livres. Esta providência desde os primeiros passos nos guiou. A ela nos confiamos. Dela não cobramos. Com ela devemos operar, cooperar, refletir, mas sobretudo preservar, pois ela é a fonte de nossa liberdade.

g. Graças a Deus pela inauguração do primeiro centro de evangelização, um verdadeiro milagre que se repete a cada dia, a cada início, pois em algum lugar da obra em Fortaleza ou no mundo sempre se está começando alguma coisa: um novo seminário, novo serviço, novo ministério, novo, sempre. Sempre está acontecendo um novo e aquele primeiro passo para aquele primeiro inicio é um inicio contínuo que não podemos jamais parar.

h. Graças a Deus pelo povo que ele foi gerando e que ele sempre gera através de cada novo passo que damos, o povo que Deus sempre gera através da obra nova. Afinal, foi para isso que ele nos criou, para gerar um povo novo, uma obra nova. Este povo lhe dará um verdadeiro louvor. Foi para isso que nos criou. O povo que foi sendo gerado é sinal de um povo que precisa ser sempre gerado e sempre multiplicado em ritmo geométrico e não aritmético, pois este tem sido desde o inicio o ritmo que Deus nos tem dado como característica.

i. Graças a Deus pelas dores de parto do nascimento da comunidade – foram nossas primeiras provações e purificações. Sem a poda a vinha não pode dar novos e abundantes frutos. Pode até ter muitos galhos verdes, mas poucos frutos e frutos não saborosos. A poda, como diz nosso Escrito, tira os galhos inúteis e gera novos saborosos e abundantes frutos. É assim e sempre foi assim. No começo dos anos 80, quando nascemos, estávamos já no meio de uma sociedade profundamente materialista em suas duas vertentes: o marxismo e o materialismo niilista e liberal que proclamava a morte de Deus, da ética e da moral. No meio desta sociedade Deus nos foi gerando com todas as desconfianças que portávamos diante de uma mentalidade, como frutos de maio de 68. Em meio às criticas de setores ideologizados no meio da Igreja que nos classificavam como à margem da Igreja, de alienados. Críticas de fora, mas também de dentro. As primeiras discordâncias internas à comunidade sobre a vontade de Deus, o querer voltar atrás, o momento do PRH (uma visão deformada do homem). Não tínhamos noção de quem nós éramos e por pura graça, Deus levantou em nós um espírito de fidelidade à verdade de Deus e do homem. Em meio a uma sociedade materialista, de uma ideologia com verniz de teologia que muitas vezes nos combatia e criticava, em meio a discórdias internas e ameaças de uma visão deformada do homem, a comunidade nasce e vai clarificando seu carisma de paz que tem como fonte a primazia de Deus. Deus! Não eu, não um homem, não o Estado, não o dinheiro, não o poder, não o possuir, não o prazer, mas Deus, Deus, Deus! Essa primazia de Deus era manifestada de forma muito simples pelo amor à Palavra, pela oração, pela Eucaristia, pela adesão incondicional ao magistério da Igreja, amor e fidelidade ao Santo Padre. Tudo isso reflete Deus e por isso a contemplação do Ressuscitado, que é a fonte de tudo. O local, a vida fraterna, o não se por o sol sobre a nossa ira, a fraternidade, o espaço onde a paz se torna concreta, real, nossa vida comum e a missão e serviço à humanidade,

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anúncio, parresia, missão, jovem, pobres, transformação do mundo, evangelização. Sem percebermos, diante da situação que vivíamos, misteriosamente Deus nos ia dando e construindo um carisma e uma vocação.

j. Graças a Deus pelas primeiras consagrações da CV em 85 e CA em 86. As vocações que iam chegando pouco a pouco.

k. Graças a Deus pelo crescimento da obra em Fortaleza, os centros de evangelização, as primeiras missões, Uruóca, os primeiros seminários. Fortaleza vai-se tornando um berço, uma manjedoura.

l. Graças a Deus pelas primeiras missões onde Deus foi alargando nossos horizontes sem que entendêssemos ou percebêssemos. Deus nos dava uma direção de partirmos, uma direção missionária, que vai ultrapassando as fronteiras da Igreja local e começa a servir as outras igrejas sem que tivéssemos projetado, planejado ou nos oferecido, sem cavar, sem arquitetar, mas como um rio que vai descendo, caminhando, conduzido por uma graça.

m. Graças a Deus pelos 10 anos da comunidade e seus frutos. Sua preparação, o show Coração do Homem e o Cocó “lotado”. Missa dos 10 anos, vários bispos e cardeais presentes. Momento de graça, de reconhecimento, de contemplação, de ver o que Deus estava fazendo e, ao mesmo tempo, o início de novas purificações, já na celebração. No meio da alegria, já a poda. A própria celebração era já um consolo e um anúncio de um novo tempo de purificação.

n. Graças a Deus pela páscoa do Ronaldo, mistério de dor, de sofrimento comum, escondido, mistério que nos ultrapassa, algo sobrenatural. Cada vez que o tempo passa, mais a gente reconhece este mistério de dor em que todos fomos mergulhados e que nos trouxe todo um sentido de eternidade, de santidade, de fecundidade.

o. Graças a Deus pelas purificações deste tempo de “adolescência comunitária”. Fomos descobrindo que não éramos perfeitos nem isentos de erros. Fomos descobrindo que não somente os outros nos poderiam ferir, mas que nós poderíamos nos ferir uns aos outros. Foi uma provação que nos colocou em um caminho que precisamos percorrer: o bálsamo profundo de que só com a misericórdia com que fomos acolhidos e curados podemos curar e ser curados no seio da comunidade.

p. Graças a Deus pela fecundidade que este tempo nos trouxe – abundantes vocações, especialmente de jovens. Durante o doloroso tempo de provação houve uma grande difusão da vocação no Brasil e número de vocações proporcionais aos pedidos dos bispos. Até o final do ano 2000 estávamos já em todas as regiões do Brasil.

q. Graças a Deus pelo reconhecimento diocesano e por D. Cláudio, grande graça de Deus para nós, que nos trouxe o aconchego da Igreja, o envio da Igreja e o entendimento de que a cidade tem uma alma que precisa ser tocada e evangelizada.

r. Graças a Deus porque com o reconhecimento o carisma foi-se clarificando mais ainda. Os Estatutos nos fizeram ler, meditar, aprofundar, fazer as estruturações positivas e necessárias da comunidade que se organizou como um corpo para bem encarnar e dar forma ao carisma que o Senhor nos concedeu para bem servir a Igreja.

s. Graças a Deus porque este tempo foi o inicio da difusão internacional do Carisma, a partir dos primeiros anos do terceiro milênio: França, Suíça, Canadá, Israel.

t. Graças a Deus porque com este inicio da difusão internacional percebíamos que chegava a termo o pontificado de João Paulo II e tomamos a decisão de iniciar o processo de reconhecimento pontifício.

u. Graças a Deus pelo momento de grande provação e purificação que este reconhecimento iniciou. 2004, 2005, purificações tão recentes, tão dolorosas e tão duras que não precisamos nem recordá-las. Duras, mas ao mesmo tempo tão fecundas, a nos trazer um precioso fruto: a maturidade, a gente entender que a vida da comunidade é como a vida de Cristo: cruz e ressurreição, graça; purificação e graça. Por isso damos graças. Como foi

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dura e dolorosa a provação, foi também profundamente fecunda. Damos graças pela aurora que acolhemos, que recebemos, que contemplamos.

v. Graças a Deus pelo reconhecimento pontifício – uma comunidade nascida no nordeste do Brasil, no Ceará, por um punhado de jovens! Mas é assim que Deus faz, não para nossa glória, pois não podemos roubar nem um milímetro da glória de Deus. Deus dá sua graça a quem quer, como quer e da forma que quer e dentre muitas outras ele nos deu a graça de termos a felicidade, a alegria, o louvor de reconhecer, não somente nós, mas a Igreja reconhecer, por Pedro, que isso é obra de Deus, não é fruto de mão dos homens, como muitos muitas vezes pensaram. Não é uma aventura, como talvez vocês mesmos pensaram. Isso não é uma loucura e, se for, é do Espírito e, portanto, muito bem-vinda. Teremos oportunidade de aprofundar tudo o que a Igreja nos deu com o reconhecimento pontifício (já começamos a fazê-lo no CACV). Mons. Rylko, o Santo Padre, o show a Resposta, tudo isso é o que conseguimos ver, mas a graça que comporta não a vemos, não a compreendemos, não a vislumbramos inteiramente, mas nos alegramos e bendizemos a Deus e damos graças porque nos confiou um tesouro em vasos de barro , um tesouro em nossas pobres mãos.

w. Jubileu. Que grande graça! Tempo de graça. Jubileu celebrado em cada uma de nossas comunidades e juntos na casa mãe. Nova unidade, novo ânimo, novo tempo, visita de Deus, bênçãos particulares, tempo favorável em todos os sentidos, nova aurora, novo tempo, promessa de Deus que soprou já no encontro do Conselho Consultivo, no qual já se percebia a força com a qual o Espírito nos falava, nos reunia, nos unia para que, no centro da Igreja e chegando à maturidade dos nossos 25 anos começarmos a construir de uma maneira mais fecunda, mais eficaz a evangelização do mundo, pois fomos destinados ao mundo, à humanidade e Deus nos reúne como um povo em vista disso. Por isso está só começando. Nova aurora, maturidade, maior difusão, CELAM, renovação do ardor missionário da evangelização, novo crescimento nas vocações, fecundidade, um novo tempo. O Jubileu é a marca de uma nova aurora, que não significa somente provações e purificações, mas uma graça que nos acompanha sempre. A maneira de caminhar nesta graça é dando graças, em ato de fé, esperança e amor, caminhando consciente do futuro que não eu, com a força de minhas mãos, mas que o próprio Deus abriu e continuará a abrir e fazer percorrer com nova força.

Convido você a fazer memória deste tempo em sua vida na comunidade. Comecei a recordar de forma comunitária, mas gostaria que cada um pudesse fazer de forma individual. Vamos direcionar para que cada um possa ver como em sua historia cada um poderá fazer um ninho de louvor e ação de graças a Deus. Convido você a refazer este percurso de sua vida na comunidade para que, cheios de gratidão possamos dá-lo a Deus e à Igreja, desde o momento em que você foi e é misericordiosamente atraído para esta vocação, percorrendo todas as graças que Ele nos concedeu ao longo do caminho.

Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Teu nome dar glória!

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ANEXO VII Texto destinado ao pastor/pregador

AMAR O NÃO AMÁVEL Moysés Azevedo

“É anseio do Coração do Amado que nos dediquemos a dar provas de amor uns para com os

outros. O amor ao irmão é uma maneira concreta de mostrarmos o quanto amamos o nosso Amado, amando aquele a quem tanto Ele ama e por quem Ele deu a sua própria vida. Como não dar a vida por aqueles por quem o Amado a deu? É vontade do Senhor que transbordemos este amor sobre aqueles que Ele ama. O Senhor quer de nós para com eles o perdão, mansidão, paciência, generosidade, bondade, alegria, dedicação, amor, serviço. O Senhor deseja que demos aquilo que Ele nos dá e isto não nos empobrecerá, mas, pelo contrário, nos enriquecerá aos olhos Daquele que nos ama.

Devemos enxergar nos irmãos excelente oportunidade de darmos provas de amor a nosso Rei. Aceitando as suas ofensas, ouvindo os seus queixumes, amando os que não são amados, perdoando os que são difíceis de perdoar, vivendo o Seu Amor, de maneira especial com os que mais necessitam Dele, estaremos vivendo nossa vocação que é Vocação de amor, por amor e para o Amor” 1.

“Sem dúvida nenhuma, este é o único caminho da Paz. Viver uma vida voltada para Deus e para os outros. Sem dúvida nenhuma este é o caminho da felicidade: Viver o Amor. Amor que é uma vida doada a Deus e aos outros, se necessário, até o sacrifício. Viver a verdade do Evangelho em toda a sua sadia novidade e radicalidade. Este amor, que gera unidade, convida-me a doar-me continuamente, partilhando o que sou e o que tenho, para configurar-me cada vez mais a Cristo:

‘Ele não considerou como presa a agarrar o ser igual a Deus. Mas despojou-se, tomando a condição de servo. Ele se rebaixou tornando-se obediente até a morte numa cruz. Foi por isto que Deus o exaltou soberanamente. ’ “2 FONTE Moysés Azevedo 1Escritos da Comunidade Católica Shalom, Amor Esponsal, Ed. Shalom, 2006, p.26 2Escritos da Comunidade Católica Shalom, Carta à Comunidade, , Ed. Shalom, 2006, p.98

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ANEXO VIII Texto destinado ao pastor/pregador

VOCÊ PODE VIVER SOZINHO?

"Deus disse: não é bom que o homem esteja só, vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada." (Gn 2,18)

“Você seria capaz de viver completamente sozinho, sem a ajuda de ninguém, sem precisar de outra pessoa? Pode ser que muitos de vocês tenham respondido que sim, entretanto, a verdade é bem diferente. Nós, homens, não fomos criados para vivermos sozinhos. [...]

“A pessoa humana tem necessidade de vida social, ou seja de se relacionar, isto é uma exigência de sua natureza.” ( Cat. 1879)

Todos nós fomos chamados para um único fim que é Deus. Há uma certa semelhança entre a união da Trindade e a fraternidade que nós, homens devemos estabelecer entre nós, na verdade e no amor. Não há como separarmos o amor a Deus do amor ao próximo. Se caso pudéssemos fazer isto, estaríamos indo completamente contra o que está na Palavra de Deus. Quando dialogamos com os irmãos, desenvolvemos as virtudes em nós. Fomos criados por Deus para nos relacionarmos. O eu jamais saberá quem é sem a presença de um tu. Você sabia que somente podemos nos descobrir como únicos, porque existem os outros?

Vivemos convivendo, ou seja, nos relacionando com os outros. É exatamente aqui que se encontra todo segredo de sermos felizes ou infelizes. De nos realizarmos como pessoa, ou não. O nosso maior desafio hoje, como cristãos, é construirmos vínculos que sejam resistentes e duradouros. Você sabe por quê? Infelizmente o amor não encontra condições para desenvolver-se. Por isso, afastamo-nos uns dos outros, não permitindo de forma alguma que as pessoas entrem em nossa vida. Não damos a menor possibilidade de aproximação. Criamos entre nós e os outros um imenso abismo e não estamos nem um pouco interessados em construirmos uma ponte. Permitimos que a palavra ódio faça parte do nosso vocabulário. Todos os dias milhares de pessoas morrem por causa do ódio, aqui podemos listar uma série de coisas: violência, guerra, fome...

A sociedade em que vivemos é extremamente competitiva e negociante, o outro é uma grande ameaça . Tornamo-nos escravos do medo, da solidão, da desconfiança, do ódio, da ganância, enfim, transformamo-nos numa ilha. Não entramos na vida de ninguém e conseqüentemente ninguém entra na minha. Pare um pouco e responda, você é capaz de viver sozinho?

Necessitamos construir uma ponte, pois não somos uma ilha. Precisamos reencontrar o que nos faz felizes. É nosso dever resgatar o outro como imagem e semelhança de Deus, como pessoa digna. Resgatar o amor, valorizando a diversidade que somos.

Encontrar-se com os outros

A nossa vida não é um monólogo no qual vamos vivê-lo sozinhos. Tampouco um trabalho solitário, mas é uma caminhada em equipe de irmãos unidos ao redor de Cristo. Valorizar o meu próximo é indispensável.

É preciso que cada um de nós faça o devido esforço de conhecermos o trabalho do outro, enfim sua vida, pois através deste conhecimento poderemos apreciarmos mutuamente.

Você é uma pessoa atenciosa? Vamos conhecer uma mulher muito atenciosa:

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" Três dias depois, celebravam-se bodas em Caná da Galiléia, e achava-se ali a mãe de Jesus. Também foram convidados Jesus e seus discípulos. Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: Eles já não tem mais vinho." ( Jo 2,1-3)

Não precisamos continuar a leitura porque você com certeza conhece o final. Entretanto, preste atenção num pequeno detalhe e responda: Quem disse a Maria que já não tinha vinho? Ninguém! Ela foi extremamente atenciosa ao ponto de perceber a necessidade daqueles noivos. Como está a sua atenção para com os que o rodeiam? Devemos ser atenciosos com todos. Não há diferença. Todos devem ser tratados com a mesma atenção, seja o diretor da empresa onde você trabalha, ou a lavadeira que é sua funcionária.

Deus em sua infinita bondade quis que nos relacionássemos não somente com Ele, mas com a toda a sua criação e com nossos semelhantes. Pois viu que sozinhos somos incompletos, que precisamos de outro para nos completar.

As três Pessoas da Santíssima Trindade, se doam, se amam e juntas formam uma comunidade de amor, de doação e serviço, na caridade e fraternidade. Ao contemplarmos isso na Trindade, deve brotar em nós um grande desejo de sermos um reflexo dela. Quando conhecemos somente nos realizamos à medida que nos doamos aos outros e isso faz-nos aproximar mais de Deus”

Fonte Portal Shalom http://www.comshalom.org/formacao/formacaohumana/form024a_viver_sozinho.html

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ANEXO IX Texto destinado ao pastor/pregador

VIDA EUCARÍSTICA

“A Eucaristia é o centro de toda a nossa vida comunitária e missionária, pois ela é o próprio Jesus.

Como uma Comunidade Eucarística, o amor à Celebração da Eucaristia e à adoração ao

Santíssimo Sacramento é algo em que o Senhor sempre nos chama a crescer em nossa vida pessoal e comunitária.

Lembro-me de quando, na minha caminhada espiritual, descobri o valor inestimável da Eucaristia. Atraído pela presença de Cristo e animado pelos irmãos, encontrava motivação de acordar-me bem mais cedo que o de costume para participar da celebração eucarística e nutrir a minha alma e o meu corpo com o corpo, o sangue, a alma e a divindade de Cristo. Um dia, não conseguindo acordar, perdi a hora da missa. Durante o dia recebi um cartão, com a imagem de Cristo crucificado e os seguintes dizeres: “o amor não se expressa só com palavras”. Aquele cartão ajudou-me a entender mais ainda que qualquer sacrifício que eu fizesse para participar da Eucaristia diária era pequeno diante da grande prova de amor que Ele me tinha dado e que diariamente se renovava no altar.

Com o tempo, fui compreendendo cada vez melhor que na Eucaristia diária eu encontrava força e vida e recebê-la é um grande privilégio que Deus reservou aos homens. Eu não queria, na medida do possível, perder esta graça nem por um só dia. Assim, como dádiva divina e necessidade da alma, a Eucaristia cotidiana começou a fazer parte da minha vida”14.

“De fato, na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja unir-Se conosco; a adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração eucarística, a qual, em si mesma, é o maior ato de adoração da Igreja: receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração d'Aquele que comungamos. Precisamente assim, e apenas assim, é que nos tornamos um só com Ele e, de algum modo, saboreamos antecipadamente a beleza da liturgia celeste. O ato de adoração fora da Santa Missa prolonga e intensifica aquilo que se fez na própria celebração litúrgica. Com efeito, « somente na adoração pode maturar um acolhimento profundo e verdadeiro” “A santíssima Eucaristia é a doação que Jesus Cristo faz de Si mesmo, revelando-nos o amor infinito de Deus por cada homem. Neste sacramento admirável, manifesta-se o amor « maior »: o amor que leva a « dar a vida pelos amigos » (Jo 15, 13). De fato, Jesus « amou-os até ao fim » (Jo 13, 1)” 15

“Na Eucaristia, revela-se o desígnio de amor que guia toda a história da salvação (Ef 1, 9-10;

3, 8-11). Nela, o Deus-Trindade (Deus Trinitas), que em Si mesmo é amor (1 Jo 4, 7-8), envolve-Se plenamente com a nossa condição humana. No pão e no vinho, sob cujas aparências Cristo Se nos dá na ceia pascal (Lc 22, 14-20; 1 Cor 11, 23-26), é toda a vida divina que nos alcança e se comunica a nós na forma do sacramento: Deus é comunhão perfeita de amor entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Já na criação, o homem fora chamado a partilhar, em certa medida, o sopro vital de Deus (Gn 2, 7). Mas, é em Cristo morto e ressuscitado e na efusão do Espírito Santo, dado sem medida (Jo 3, 34), que nos tornamos participantes da intimidade divina. Assim Jesus Cristo, que « pelo Espírito eterno Se ofereceu a Deus como vítima sem mancha » (Heb 9, 14), no dom eucarístico comunica-nos a própria vida divina. Trata-se de um dom absolutamente gratuito, devido apenas às promessas de Deus cumpridas para além de toda e qualquer medida. A Igreja acolhe, celebra e adora este dom, com fiel obediência. O « mistério da fé » é mistério de amor trinitário, no qual, por graça, somos chamados a participar. Por isso, também nós devemos exclamar com Santo Agostinho: « Se vês a caridade, vês a Trindade »”16.

Adoração ao Santíssimo

14 AZEVEDO Moysés, Carta à Comunidade, Páscoa 2005, Ed. Shalom, 2005, p. 36-37 15 Sacramento Caritatis, 66 16 Idem, 8

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“Como prolongamento da celebração deste mistério o Senhor nos chama à adoração ao Santíssimo Sacramento, um mergulho na contemplação de Sua Face. Pela celebração e pela adoração somos transformados n’Ele”17.

“Adorar o Santíssimo Sacramento é mergulhar no Coração de Cristo Ressuscitado e Transpassado e aí

encontrar a Paz para as nossas vidas e para a humanidade”18.

17 Estatutos da Comunidade Católica Shalom, 38 18 ECCSh, 39

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ANEXO X Texto destinado ao pastor/pregador A ADMINISTRAÇÃO DOS BENS

“Deus Trindade que nos ama, nos abençoa e nos concede dons, para que usemos da melhor forma em vista do bem do próximo, do nosso bem e para maior glória d’Ele. Esses dons são graças espirituais e até ‘materiais’ que Deus nos confia em vista do bem comum.

Os ‘bens materiais’ poucas vezes são acolhidos por nós como bênçãos ou dons de Deus, muitas vezes acolhemos os bens materiais com a mentalidade do ‘mundo’ atual, “eu conquistei esse bem...”, “... são meus”, “é fruto do meu suor...somente do meu esforço”, “eu trabalhei para tê-los”, “eu os ganhei e faço com eles o que bem entender”, etc, e nos esquecemos que tudo que temos e somos é graças a nosso Deus Trindade que nos mantém na existência, gera vida em nós, concede-nos, dons e talentos conforme Sua Vontade, Ele é quem providencia tudo.

A Trindade Santa – Comunidade Perfeita de amor, é modelo para nós de comunhão e unidade, seguindo seu modelo daremos verdadeiro sentido ao que temos, sendo gratos ao que temos, acolhendo antes de tudo como dons de Deus nossos bens terrenos e dispondo-o a partilha conforme a justiça, o amor, e as necessidades comuns... valores que precisam ser resgatados em um mundo marcado pelo egoísmo e a falta de amor, valores do Evangelho – então não daremos somente sentido ao que temos, mas, unidos a Jesus daremos sentido ao que somos: Filhos de Deus.

[...] Tudo que temos são dons que Deus nos concede, bençãos, oportunidades para que eu

exercite a comunhão a partilha, oportunidade para estarmos atentos as necessidades dos irmãos. O egoísmo é um mal no mundo, é incutido nas pessoas pelas propagandas, pela mídia em

geral, pela mentalidade pagã, pelo ritmo deste tempo: se poupa dinheiro não se sabe pra quê, se faz seguro de tudo, mas tudo isso em vista de um ‘eu’ que precisa garantir seu futuro, que precisa se proteger da violência, que precisa prevenir sua saúde, que precisa garantir moradia, etc, muitas vezes esses atos são até lícitos, como cuidar de si por exemplo, mas um pequeno detalhe fruto do egoísmo muda tudo, se pensa muito em si e pouco se importa com a necessidade do próximo, mesma espécie, mesmo gênero; se pensa tanto em si, no seu próprio bem, que se esquece do bem comum.

Esta realidade é tão grave que não se demora para que encontre aí outro mal: apego aos bens terrenos. É necessário estarmos sempre cientes que Deus nos confia bens em vista de um bem comum, para isso a Igreja nos convida a cultivarmos a virtude da temperança. ( cf. CAT 2407), auto-domínio para vencer nosso egoísmo.

Faz-se necessário também sairmos de nós mesmos, do nosso mundo egoísta e nos lançarmos ao próximo e tomarmos conhecimento de suas necessidades e segundo a caridade de Cristo Jesus buscar supri-las.

Não é tão difícil descobrir essas necessidades - estamos em um mundo marcado pelo pecado, há fome, violência, miséria de todo gênero, pobres de todas as formas: espirituais e materiais, um coração que busca seguir o modelo da Trindade – Comunidade Perfeita de Amor, jamais ficaria indiferente a esta realidade, aquele que quer viver o Evangelho, aqueles que querem chamar-se cristãos, com certeza, ofereceriam seus dons, não só espirituais, mas também materiais em vista do Reino de Deus. Um bom Cristão preserva os direitos do próximo e lhe dá o que lhe é devido ou necessário, para isso a Igreja nos convida a buscarmos a virtude da Justiça. (cf. CAT 2407).

Esvaziando-nos de nós mesmos, sejamos felizes, vivamos o Evangelho! A solidariedade também nos ensina a Mãe Igreja, deve ser buscada, por ela vivemos comunhão, partilha, doação, frutos do verdadeiro amor. Como bons Cristãos sigamos o Senhor que se fez carne, homem como nós: “se fez pobre, embora fosse rico, para nos enriquecer com sua pobreza”, Jesus, o solidário, nos deu seu grande bem: a Vida Divina. Graças a ele somos chamados a Vida Divina (cf. CAT 2407). Como não corresponder sendo solidário e partilhando os bens que Deus nos dá? Dons para o bem comum.

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Um belo exemplo de vivência do Evangelho que podemos citar é a própria Comunidade cristã primitiva, sua vivência da unidade, em um mesmo corpo, o de Cristo; a mesma mentalidade, a do Reino de Deus.

Deste ponto de vista fica fácil deduzirmos como se vivia a administração e comunhão de bens, a própria Palavra de Deus nos mostra esta realidade: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía: mas tudo era colocado em comum. Com grande coragem os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. Em todos eles eram grande a graça. Nem havia entre eles nenhum necessitado, porque todos os que possuíam terras ou casas vendiam-nas, e traziam o preço do que tinham vendido aos pés dos apóstolos. Repartiam-se então a cada um deles conforme a sua necessidade.” (At 4, 32-35).

Muitas pessoas nos dias de hoje se sentem incomodadas com esta citação das escrituras, e porque não dizer que até nós que buscamos viver uma vida Cristã autentica nos sentimos incomodados ou queremos diminuir seu significado, no entanto a Palavra de Deus é clara, há nesta citação um belo exemplo cristão de administração de bens: A comunhão dos bens.

Esta comunhão de bens é autentica não somente porque eles ‘vendiam tudo e traziam o que tinham aos pés dos apóstolos’, isso é muito pouco, isso é o exterior. A autentica vida cristã que vemos nestes que viviam a comunhão de seus bens é antes de tudo a conversão interior dos corações, que os faziam amar a Deus sobre todas as coisas e ao seu próximo como a si mesmo.

Seus olhos não estavam voltados para si, mas para o próximo, eles se sentiam um com seu próximo, é importante percebermos aí a mentalidade desta bendita comunidade, cada um deles possuíam um ‘sentido de pertença’, ou seja eles tinham identidade com sua comunidade, e tinham pelo Espírito Santo a revelação de seu fim : o Reino de Deus. Compreende-se então a radicalidade evangélica na Igreja primitiva, sobretudo na comunhão de bens, esta é a forma Cristã de administrar bens.

É nos espelhando nesta primeira comunidade cristã que seremos cristãos autênticos que trabalham pela causa do Reino, só assim viveremos unidos e teremos tudo em comum, somente assim partilharemos conforme a necessidade de cada um. (cf. At 3, 44-45).” FONTE Manual de Formação Geral dos Projetos e Ministérios 2, tema 11: Administração dos bens

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ANEXO XI Texto destinado ao pastor/pregador COMUNHÃO DE AMOR

Moysés Azevedo

A comunhão de bens não é uma mentalidade financeira nem econômica. É um assunto espiritual, evangélico, teológico e humano. O homem pode fazer a experiência com Deus, ter intimidade com Ele, conhecer a sabedoria de Deus. Deus é amor. Uma só natureza em três pessoas Divinas. Deus é uma comunhão de amor. O Pai, tudo deu ao Filho. Tudo o que o Filho é e tem, recebeu do Pai. No entanto, o Filho devolveu tudo o que recebeu ao Pai. Por amor foi se doando inteiramente ao Pai. Amar é doar-se, é comunicar-se, é entregar-se. Como um hino de louvor Ele entrega-se ao Pai. Existe um amor que circula entre o Pai e o Filho que é o Espírito Santo. A Trindade é uma comunhão e é tão forte que transborda na criação. Três pessoas que se amam intensamente. “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança”. “Não é bom que o homem esteja só”. Isto porque o homem é a imagem e semelhança de Deus. Deus criou o homem para viver uma comunhão de amor, mas o demônio, o diabo, aquele que divide, veio ferir o homem dividindo-o para afastá-lo de Deus, para dividi-lo de Deus, dos outros e de toda a natureza. O homem ficou voltado para si e esqueceu de olhar para Deus, para os irmãos e para a natureza. Seu coração encheu-se de egoísmo, de rivalidade, de fechamento, de medo. “O salário do pecado é a morte”. E o que é a morte senão a separação entre o corpo e a alma. Fomos criados para viver a comunhão de amor e o pecado torna-nos incapazes de viver esta comunhão, não mais voltado para Deus e para os homens, mas para si mesmo. Jesus veio ao mundo para dar a sua vida com a finalidade de reconciliar o homem com Deus e uns com os outros. Dar ao homem a capacidade perdida, de forma potencial, de amar a Deus e aos seus irmãos. A salvação que Jesus veio operar em nós é salvar-nos do pecado e levar-nos a viver o mistério da Trindade. Jesus ressuscitado, cheio do Espírito Santo, derrama o Seu Espírito, sopra o Seu Espírito sobre os discípulos. O fruto desse derramamento do Espírito Santo é a conversão dos discípulos concretizada através da fundação da primeira comunidade cristã, do surgimento da primeira comunidade cristã, que é a realização da salvação que Jesus realizou entre nós, é fruto concreto da oração de Jesus: “Pai que eles sejam perfeito no amor”. Jesus quer que os homens sejam perfeitos na unidade ( At 4, 32). Na comunidade cristã toma forma o desejo de Jesus, a comunhão de amor afetiva e efetiva. A comunhão de amor é concreta, é visível, não é só sentimentos, bons desejos. A comunhão espiritual de Cristo vem sobre nós pelos méritos da Sua Paixão, Morte e Ressurreição. Porém para ela ser real precisa tornar-se concreta através da unidade uns com os outros. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. A medida do amor é um amor sem medidas, é toda a graça espiritual que Ele derrama sobre nós e gera uma comunhão fraterna, doação aos outros também materialmente. Se existe comunhão espiritual, existe também comunhão material, se não a comunhão espiritual é fantasiosa. Viver a salvação é viver a comunhão de amor com Deus e os irmãos de forma espiritual e material, através da comunhão de bens espirituais e materiais. Façamos um estudo na Palavra de Deus sobre a Comunhão de bens: Lv 27, 30-31: No antigo testamento vive-se á sombra do que iria se viver nos Atos dos Apóstolos. Os judeus eram preparados para viver a comunhão de bens. Portanto, o dízimo é apenas um sinal daquilo que será vivido plenamente com a vinda de Jesus. Quando Jesus chega começa a mudar o relacionamento do homem com os bens. Jesus fala com clareza sobre a obra de comunhão de amor que ele tinha sido preparado para agora viver. Como Jesus deseja que o homem viva? Lc 12, 22-32:

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Através desta passagem do Evangelho, Jesus nos revela que Deus é Pai. Ele cuida de nós. Façamos a nossa parte e Ele nos dará o que necessitamos. Jesus começa a inaugurar o tempo da revelação de que Deus é Pai e cuida de seus filhos. Ele deu a capacidade, a inteligência, mas tudo vem Dele. Jesus faz-nos reconhecer quem é o “dono de tudo”, por isto não sejamos arrogantes e orgulhosos. Lc 16, 13: Neste texto, Jesus nos ensina que não podemos servir a Deus e ao dinheiro. Devemos centrar-nos no Pai não no dinheiro. Ou acreditamos que o Pai cuida de nós ou vivemos como o mundo, como o pagão, como o dinheiro sendo um ídolo. O discípulo de Jesus não pode ter o dinheiro como um ídolo. Lc 6, 36ss: O dinheiro não é um mau em si. Ele tem finalidade: a generosidade. O discípulo de Jesus deve ser generoso, vive aquilo para o qual foi criado. Os seus bens tem a finalidade de servir e o Pai está vendo e vai abençoa-lo. A medida que nós fizermos será a medida que Deus fará conosco. Se fizermos pouco pelo Pai e pelos irmãos, pouco o Senhor fará por nós. Se fizermos muito, muito o Senhor fará por nós. Quanto mais nos doamos, mais partilhamos, mais Deus nos abençoa. A característica do discípulo de Jesus é dividir, partilhar, libertar-se de sua insegurança. At 20, 35: Através destas palavras Jesus vem nos fazer entender que o caminho da felicidade não é ficar centrado em si mesmo, mas em dar. Jesus só se entrega, só se doa e Ele quer que os seus discípulos vivam isto com seus bens materiais. Há uma felicidade, uma benção, uma graça que brota do ato de partilhar, da vivência da comunhão de bens. Lc 12, 33-34: Com estas palavras Jesus grita para nós: Façam para vocês uma caderneta de poupança imperecível, tesouro inalterável no céu, porque esta atitude mostrará aonde está o seu coração. No medo? Na insegurança? Na incapacidade de amar com os seus bens? O seu tesouro deve está no outro não em você mesmo, deve está em Deus. Lc 21, 1-4: Jesus considera que a capacidade de amar com os bens não acontece somente quando sobra, mas também nos momentos de necessidades. A viúva deu tudo que ela tinha para viver. Se ela foi capaz de dar na penúria, o que ela seria capaz de dar na abundância. A partilha deve acontecer quando tudo está bem, mas também quando tudo está difícil. Lc 12, 16-21: Jesus censura a ambição desmedida, a busca simplesmente do enriquecimento. Ele é rico para si mesmo, mas não é rico para Deus. O rico para Deus é aquele que partilha, sabe socorrer, sabe que tudo o que tem é de Deus, sabe que é apenas administrador dos bens. Lc 16, 9-12: O administrador injusto faz amigos com o dinheiro injusto. Jesus não aprovou a injustiça que ele cometeu, mas quer nos dizer para fazermos amigos com os nossos bens, com o dinheiro que ele nos deu. Que o dinheiro de vocês sirva para socorrer, partilhar. Se fores fiel no pouco que tem Eu lhes darei muito. Se pegamos o nosso dinheiro somente para nós esse dinheiro é injusto, porque ele é todo de Deus. A maneira como os homens relacionam-se com os seus bens é sinal de que são ou não discípulos verdadeiros de Jesus. O verdadeiro discípulo de Jesus não ludibria o que é de Deus. I Tm 6, 17-19: A nossa esperança não deve estar nos bens, mas em Deus. Os bens devem ser usados como instrumentos para a nossa salvação.

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II Cor 9, 6-12 Jesus vem nos falar que devemos viver como a Trindade vive, em santidade, assim seremos abençoados por Deus. Estamos vivendo como Deus quer quanto aos bens. Não viver a comunhão de bens é não ser feliz. A comunhão de bens é uma dimensão indispensável da comunhão de amor. Se temos a missão de levar os irmãos a fidelidade na oração, no Estudo Bíblico, também é uma missão nossa levar os irmãos a comunhão de bens.

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ANEXO XII Texto destinado ao pastor/pregador A PROMOÇÃO DO LOUVOR

No Escrito Carta à Comunidade 2005, o fundador faz uma síntese dos principais aspectos do louvor que Deus quer de nos e fala dele na visão geral da vocação e baseado no número 33 da Novo Millenium Ineunte, de João Paulo II, que afirma, como nossos Estatutos e Escrito Amor Esponsal, que a ação de graças, o louvor a adoração a contemplação, a escuta, os afetos de alma conduzem a um coração verdadeiramente apaixonado por Deus. Com alegria, constatamos mais uma vez que nosso Carisma não somente é profético enquanto tal, mas oferece visões proféticas de inúmeros aspectos da vida espiritual e apostólica que, um dia, serão reafirmados pela Igreja. Vejamos o texto do Moysés:

Oração em Comum Dentro da nossa via, a oração comunitária tem um lugar todo particular. A nossa oração

comum é um momento de arrependimento, louvor, adoração, escuta e intercessão. Como uma comunidade carismática de louvor, este marcará de maneira especial o tom da nossa oração, assim como a abertura à ação e unção do Espírito por meio do livre uso dos Seus carismas.

As nossas comunidades, amados irmãos e irmãs, devem tronar-se autênticas escolas de

oração, onde o encontro com Cristo não se exprima apenas em pedidos de ajuda, mas também em ação de graças, louvor, adoração, contemplação, escuta, afetos de alma, até se chegar a um coração verdadeiramente apaixonado. (NMI 33)

Além do aspecto ressaltado acima, o fundador coloca claramente aspectos antes apenas

subtendidos nos Estatutos:

1. O louvor sempre foi uma das características que melhor definiram nossa forma de orar

2. Isso tem fundamento na tradição da Igreja e na assistência do Espírito, que jamais nos faltou

3. o louvor foi sendo vivido por nós como um exercício e sua vivência nos fez descobrir que como dizem os Salmos, é bom e agradável louvar o Senhor

Eis o texto: O louvor sempre foi uma das características que mais definiram nossa forma de orar, pois

o Espírito e a Igreja nos ensinaram que é nosso dever dar graças, é a nossa salvação darmos glória, em todo tempo e lugar. Com o exercício do louvor fomos descobrindo como é bom e agradável louvar o Senhor.

Sua ultima recomendação, neste sentido, é pastoral – como, aliás, é pastoral o tom de toda esta Carta. Interessante é que aqui ele coloca algo em que sempre insiste quando faz suas exortações oralmente: a beleza e a harmonia como sustento e incentivo ao louvor e fervor. Não se poderia falar do louvor na vocação Shalom sem citar-se a boa, bela e harmônica música como sustentadora e incentivadora deste dom. Embora tal só vá estar escrito neste último documento, o fundador é incansável em sua recomendação quase “davídica” sobre o papel do ministro de música e da influência fundamental da boa e adequada música e ambientação nas diversas celebrações e orações.

Sendo assim, incentivamos os Formadores Comunitários a, sempre mais abertos ao Espírito, animarem as casas e células comunitárias na beleza e harmonia do louvor. Empenhem-se para que com instrumentos e músicas bem ministradas sustente-se o louvor e favoreça-se o crescimento dos irmãos em uma oração com fervor e harmonia. Procurem delegar a condução da oração a irmãos que tenham um visível carisma para isto. Estes, por sua vez, procurem ensinar este serviço a outros irmãos.

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Ao encerrar o assunto, não se contem em enfatizar nem que seja em um pequeno

parágrafo a relação estreita entre o louvor, a unção e os carismas como portas que abrem à ação de Deus.

Desta forma, a qualidade da nossa oração comum crescerá, as manifestações carismáticas serão mais ungidas, a ação de Deus mais perceptível e eficaz. Antes de começar a leitura da Carta, nosso fundador clama, mais uma vez, o louvor como essencial à nossa vocação. Com sua oração terminamos este capítulo, ressaltando mais uma vez como, para nosso fundador, o louvor é arma de combate espiritual, ascese, conquista do Reino e destruição do pecado: ...que esta carta seja instrumento para gerar em nosso coração a boa obra de louvor, de conversão. Conversão, Senhor, te pedimos para nós. Seja instrumento de conversão e submissão ao Teu senhorio. Que toda idolatria caia por terra e seja destruída e toda rebeldia seja expulsa e que a vontade do Pai reine sobre nós e em cada um de nós. (Moysés, quando do lançamento do Escrito Carta à Comunidade 2005, na Páscoa deste mesmo ano).

FONTE NOGUEIRA Emmir, Louvor Brasa Vida, Ed Shalom

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ANEXO XIII Texto destinado ao pastor/pregador

O QUE É E O QUE NÃO É SANTIDADE Hubert von Zeller

“Mais do que mirabolantes façanhas místicas ou heroísmos de faquir, a santidade consiste numa correspondência de amor. Trata-se de descobrir a presença de Deus em tudo, dando-lhe glória através das mais corriqueiras realidades do dia a dia. Se alguém pensa que santidade pessoal significa ter o nome no topo de um ranking, está enganado. Se pensa que é algo que dá direito a ter uma data comemorativa no calendário da Igreja, está enganado. Se pensa que é algo que traz consigo o poder de fazer milagres, está enganado. Se pensa que é ter o olhar embevecido, num estado de piedoso contentamento (ou de doce êxtase, ou de nobre e virtuosa distração), está enganado. Santidade não tem nada a ver com estar acima dos outros, como que pairando sobre eles. O melhor é pensar na santidade como a atitude de quem, sendo generoso e fiel à graça, devolve a Deus o amor que Ele lhe depositou na alma. Por isso, se podemos querer ser santos, é mais por causa de Deus do que por iniciativa própria. Não buscamos a santidade por sermos ambiciosos nem por querermos subir numa espécie de carreira fantástica, mas porque Deus quer-nos santos e nós o louvamos quando lutamos para alcançar a santidade. Qualquer um pode ser santo – ou melhor, fingir que é santo – e ouvir elogios das pessoas: “Nossa, como você é um santo”. Cedo ou tarde, porém, essa santidade acaba dando em nada. Ou a pessoa percebe a armadilha em que caiu, faz-se humilde, e tenta encaminhar-se para uma santidade real, ou então o esforço por manter as aparências torna-se insustentável, provocando uma reação que a faz voltar-se para o mundanismo e talvez até para um estado final de maldade. Todo o segredo da santidade está em que ela depende da graça e por isso nunca pode ser considerada um simples papel a representar. Isso significa que mesmo que você esteja decidido a ser santo, não o será se confiar só na sua força de vontade. A única coisa que pode levá-lo à santidade é a graça de Deus. Você precisará de toda a sua força de vontade para trabalhar junto com a graça de Deus, mas não imagine que para chegar ao final do caminho basta tomar umas resoluções suficientemente firmes. Deus permitirá que você falhe em cumprir alguns dos seus melhores propósitos antes mesmo de começar a caminhada, para que você se ponha no seu devido lugar e veja que nada pode fazer sem Ele. Estando humildemente convencido de que sozinho não se pode cumprir nem mesmo aquilo que mais se quer, você estará então pronto para ser um instrumento de Deus. Primeiro você vai ser amaciado como um bife. Quando toda a altivez, todo o orgulho e todas as idealizações da santidade tiverem sido arrancados pela ação da verdade, e você tiver os pés no chão, Deus terá matéria com que trabalhar. Sem falsas noções e sem projetos fantasiosos, você começa a perceber o que é a verdadeira santidade e quais são os planos que Deus tem em mente a seu respeito. A razão disso é que Deus não está premiando o trabalho de outrem, mas o dEle próprio. Não se pode esperar que Ele reconheça uma santidade para a qual não tenha contribuído. A única perfeição, a única santidade é a de Deus. Deus permite que o homem invente a sua própria idéia de santidade. Mas Deus não o ajuda a realizá-la simplesmente porque ela não existe; é uma perda de tempo. É como procurar a luz do luar numa noite sem Lua. Quando você percebe que a luz do luar emana de um determinado lugar, e que só existe nele, já terá aprendido alguma coisa. A SANTIDADE É INDIVIDUAL

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Outra coisa a respeito da santidade que é preciso ter em conta desde o início é que ela não segue nenhum padrão pré definido: será a que Deus queira, e como você não é exatamente igual a nenhum outro, sua santidade não será exatamente igual a nenhuma outra. O modelo de todos os santos é Nosso Senhor e somente procurando imitá-lo é que se pode ir a alguma parte no caminho da santidade. Mas isso não significa que todos os que o sigam terminarão sendo iguais: Nosso Senhor dirige a cada um de nós um chamado específico, e cada um responde à sua maneira. Se pedirmos um quadro da Crucifixão a vinte artistas diferentes, teremos em todos a mesma cena, mas em vinte maneiras distintas. Haverá vinte pinturas diferentes. É assim que Deus quer que lhe respondamos: cada um do seu jeito. Seria uma tolice que um dos artistas se dedicasse a copiar exatamente o que seu vizinho estivesse pintando, da mesma forma seria uma tolice um seguidor de Cristo dedicar-se a copiar exatamente a santidade particular de um outro. O que deve fazer, já desde o início, é concentrar-se em seguir a Cristo. Considerar o modo como outros seguiram Nosso Senhor pode ser uma ótima ajuda, assim como ver como os outros pintam, mas Cristo – que é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14, 6)– quer que você dê algo seu, pessoal, algo que não seja simplesmente uma cópia. Os santos fazem obras primas por serem parecidos com Cristo, não por serem parecidos com os outros. Imitemos, sem dúvida, o modo de caminhar dos santos, mas de modo algum copiemos os resultados. Deus quer um retrato original: não uma falsificação. O QUE FAZEM OS SANTOS Pois bem, mas o que é que os santos fazem para chegar à santidade? Duas coisas. Por um lado, ficam longe de tudo o que os impede de entrar pelos caminhos da graça e, por outro, dirigem-se diretamente para Deus. Mas fazem tudo isso pela glória de Deus, não por algum proveito que possam obter. Eles são os que “buscam antes o reino de Deus” – mais pelo Rei do que por eles próprios – e estão dispostos a esperar o tempo que Deus quiser até o dia em que “todo o resto lhes será dado por acréscimo” (cfr. Mt 6, 33). Os santos, portanto, não tratam de fazer coisas especialmente santas (como ferozes penitências, passar noites inteiras ajoelhados, milagres, profecias, êxtases na oração); tratam de fazer tudo de um modo especialmente santo: exatamente do modo como Deus quer que o façam. Para eles, a única coisa do mundo que importa é a vontade de Deus. Sabem que cumprindo a vontade de Deus estarão imitando Nosso Senhor, manifestando a caridade e sendo fiéis ao que há de melhor em si mesmos. Tudo isso pode ser um grande estímulo para nós, pois mostra que o nosso serviço a Deus não depende de como nos sentimos, mas de como Deus olha para o que fazemos; não depende de que os nossos atos pareçam heróicos, mas da nossa disposição em deixar que Deus tire heroísmo de nós; não depende de que conquistemos à nossa maneira uma meta que nos faça merecedores do título de “santo”, mas de que sigamos com total confiança o rumo marcado pela vontade de Deus. A santidade – como tudo na vida – deve ser encarada do ponto de vista de Deus, e não do ponto de vista do homem. Viemos de Deus. Existimos por Ele. A nossa santidade também deve vir dEle e existir para Ele. Cremos que a finalidade do homem, da vida, da Criação, de tudo, é a glória de Deus. Mas o que isso significa para nós? O que é “glória” afinal? Santo Agostinho diz que a glória é um “claro conhecimento, unido ao louvor”. De fato, mais do que simplesmente explicar o que a glória é, essa expressão nos diz o que temos que fazer em relação a ela: a maneira de dar glória. Louvar a Deus na oração é dar-lhe glória; servir ao próximo na caridade, também. Querer seguir a Cristo é dar-lhe glória; desejar cumprir a vontade de Deus é dar-lhe glória. De forma que o ponto central da santidade é que ela dá glória a Deus.

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Cristo Nosso Senhor, que é a Santidade em pessoa, mostrou-nos como deu glória ao Pai durante a sua vida terrena: Eu glorifiquei-te na Terra, consumando a obra que Me deste a fazer (Jo 17, 4). Que obra era essa? Muito simples: a vontade do Pai. É claro que isso implicou fazer muitas coisas específicas – como pregar, fazer milagres, fundar a Igreja, sofrer a Paixão –, mas todas se resumem no cumprimento fiel da vontade do Pai. Quando, próximo do fim, Jesus disse na Cruz: Tudo está consumado (Jo 19, 30), não estava querendo dizer que a sua vida chegava ao fim, mas que a obra que o Pai tinha-lhe encomendado, a tarefa de cumprir em tudo a divina vontade, estava agora perfeitamente concluída e já não restava mais nada por fazer. O QUE NÓS DEVEMOS FAZER Fazendo-se obediente – até à morte – à vontade do Pai, Cristo deu-nos uma lição sobre a glória. Sua obediência no dia-a-dia, em coisas que ninguém notou exceto sua Mãe e os seus amigos mais próximos, deu tanta glória ao Pai quanto os seus muitos milagres, orações e ensinamentos. Agora, como cristãos, o nosso principal dever é reviver a vida de Cristo neste nosso mundo, mas não realizando as grandes ações de Cristo e sim as pequenas. Assim como as pequenas coisas que Jesus fez não eram pequenas aos olhos do Pai – porque estavam sendo perfeitamente cumpridas pelo Filho –, também as pequenas coisas que façamos não serão pequenas para o Pai porque nós, junto com o Seu Filho, estaremos tentando cumpri las perfeitamente. Um dever bem simples e corriqueiro, como escrever uma carta de agradecimento ou levantar pontualmente de manhã, pode dar grande glória a Deus: é a resposta que damos ao que Ele nos pede. A pequenez da tarefa é engrandecida por participar da obediência de Cristo. Da ponta da caneta (se estamos escrevendo a tal carta) a glória flui até Deus; o esforço por sair da cama (se o nosso dever é levantar-nos pontualmente) produz um efeito imediato de glória de Deus. Em cada instante do dia, ao fazer o que temos de fazer por ser essa a vontade de Deus, lidamos com a glória. Basta soprar de volta a Deus o ar da sua glória que inspiramos e chegaremos a santidade. Assim como os peixes nadam no mar e os pássaros voam pelo ar, nós nos movemos no que conviria chamar de “espaço de glória”. Não é como se tivéssemos de ir a outro planeta para achar a santidade e dar glória a Deus, ou mesmo mudar de posição neste nosso (se for, é claro, o lugar onde Deus quer que estejamos). Deus está presente em toda parte, e tudo o que temos de fazer é viver e louvá-lo, seja onde for. Deus é glorificado por toda a sua Criação e não somente pelos seres humanos, que podem usar as suas mentes para expressar em palavras o seu louvor. A Natureza louva-o porque dEle recebe a sua existência e porque funciona de acordo com as leis por Ele estabelecidas. É fácil ver que um pôr-do-sol, uma rosa, ou um cume nevado dão glória a Deus, porque refletem algo da Beleza divina; mas também as coisas grosseiras, como uma pedra, um repolho ou a chuva, dão glória a Deus. Subindo um degrau acima, não temos muita dificuldade em ver que dão glória a Deus os pintinhos, os cachorrinhos ou os filhotes recém-nascidos de urso polar que se vêem no zoológico, porque essas criaturas são adoráveis e muito simpáticas; mas também as cobras, os sapos e os ratos dão-lhe glória. Cada um dos elementos da Criação divina, tomado isoladamente, dá glória a Deus por existir conforme o tipo de existência que Deus quis que tivesse. Essa idéia de que tudo traz em si um certo fulgor divino – como aquelas ondas de calor provocadas pelo sol na superfície da água – parece evidente quando nos damos ao trabalho de pensar nisso. Para os santos, essa visão da Criação é algo já consolidado em suas mentes. Os objetos exteriores são vistos e amados como seres que refletem Aquele que os fez. Isso é o que São Paulo dizia quando afirmava que os seres visíveis estão aí para levar-nos ao conhecimento do Criador invisível. É por isso que São Francisco de Assis chamava as coisas naturais como o céu, o sol e a lua, de irmão ou irmã: todos eles são da família, todos têm os traços do Pai. Imagine a diferença que faria em sua vida se em todo lugar você enxergasse à sua volta placas de sinalização indicando a presença de Deus. Não somente a Natureza e os seres humanos

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anunciariam a glória de Deus, mas até os acontecimentos de todos os dias e de todas as horas você os acolheria como manifestações da vontade de Deus. Isso o levaria a mostrar-se agradecido pelas coisas agradáveis que acontecem, e a aceitar as coisas desagradáveis como ocasiões para poder participar da Paixão de Cristo. Ou seja: você poderia viver o resto dos seus dias sob aquilo que Santo Agostinho chamava de céu estrelado da vontade de Deus. Isso é o que a santidade faz. Primeiro glorifica a Deus, fonte de tudo o que é santo; e depois faz-nos descobrir mais e mais material com que expressar essa glória. Enquanto alguns só vêem em suas obrigações deveres aborrecidos que é preciso cumprir de qualquer jeito, o santo enxerga maravilhosas oportunidades. Para aqueles, parece haver poucos sinais do amor de Deus neste mundo tão injusto e conturbado; para o santo, pelo contrário, há sinais do amor divino por toda parte, inclusive na confusão e nas desilusões. Para aqueles, existem apenas pessoas: umas boas e outras detestáveis; para o santo, existem almas: todas elas de algum modo amáveis e todas refletindo o amor de Deus. Para aqueles, existem certas urgências e necessidades que devem causar-nos preocupação; para o santo, nada nos deve preocupar, pois todas as urgências e necessidades estão sob os cuidados de Deus. Aqueles temem muitas espécies de males; o santo só teme um único mal: o pecado.” Hubert von Zeller Monge Beneditino da Abadia de Downside (Inglaterra), autor de numerosos livros sobre a Sagrada Escritura e sobre temas de espiritualidade FONTE Catholic Answers Link: http://www.catholic.com Tradução: Quadrante

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ANEXO XIV Texto destinado ao pastor/pregador TRÊS NOMES DE MÃE

Maria Emmir Nogueira Nossa Senhora é invocada, na Comunidade Shalom, como Esposa do Espírito, Rainha da Paz e Porta do Céu.

No entanto, acima de toda invocação, o sentimento que temos para com ela é o sentimento de filhos de uma Mãe única, incomparável, que o Senhor desejou nos deixar como precioso dom, ela que é a Perfeita Discípula e Primeira Igreja.

Esposa do Espírito

Certo é que muitos relacionam o título de Esposa do Espírito ao momento da Anunciação. Embora sem desconsiderar em nada esta leitura, para nós o título sempre foi mais ligado ao derramamento do Espírito Santo em Pentecostes e em João 20. Ela é a Cheia do Espírito, a Plena do Espírito Santo porque é a Plena de Graça, a Kekaritomene, não somente na Anunciação, mas durante toda a sua vida.

É belo acompanhar o itinerário de Maria – como diz Raniero Cantalamessa, a direção espiritual de Jesus para com Sua Mãe – e perceber como ela teve tal intimidade com o Espírito e foi de tal forma por Ele favorecida e assistida que cada reação, conduta, postura e palavra foram absolutamente regidas por Ele.

É esta Mulher cheia do Espírito e, ao mesmo tempo, instrumento do Espírito Santo na vida da Igreja, seja como Mãe, genitora, intercessora, seja como fidelíssima discípula de Jesus Cristo o modelo que somos chamados a seguir como almas esposas de Jesus sempre disponíveis ao Espírito Santo e por Ele conduzidas, vivenciando Seus frutos e carismas para implantar no mundo o Shalom do Pai.

Rainha da Paz

Para nós, Maria, além de Esposa do Espírito, é a Rainha da Paz. Este título de Maria evoca as aparições de Medjugorje. Tais aparições tenham sido de grande importância no início de nossa caminhada, como afirma nosso fundador:

“Junto a eles está a Rainha da Paz, como Maria se intitula nas aparições de Medjugorje, na Iugoslávia. Antes mesmo de conhecer o conteúdo de sua mensagem nestas aparições, Deus já colocava em meu coração que a Rainha da Paz tinha muito a nos falar. Foi grata a surpresa de ver enunciado em sua mensagem o muito que Deus já colocara em nossa vocação. Apeguemo-nos profunda e verdadeiramente Àquela que é a Esposa do Espírito Santo e imploremos sua intercessão para que Ele gere em nossos corações o Amor Esponsal a seu Filho Jesus.” (Escrito Obra Nova, 9)

Por outro lado, o título de Rainha da Paz na tradição da Igreja ultrapassa em muito as aparições da Iugoslávia.

Para nós, tornou-se o símbolo da Mãe que exorta à oração:

Não haverá novo se não houver uma profunda vida de oração em cada um de nós! A cada dia isto se torna mais real para mim. A Rainha da Paz (Medjugorje) que fale por nós! (Escrito Obra Nova, 5).

Além do inequívoco apelo à vida de intensa oração, a Rainha da Paz foi, nos inícios de nossa caminhada, indicação de que poderíamos servir a Deus em qualquer estado de vida e que nosso chamado ao Amor Esponsal independia deste estado, como o fundador expressa no Escrito Estados de Vida :

“Abertos a outros caminhos, à vocação (= estado de vida) que o Senhor tem para nós, querendo buscar a verdade para a qual Ele nos criou e não aquilo que já colocamos em nossa cabeça e não temos a coragem de entregar em Suas mãos, estaremos no rumo

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certo da felicidade. Consola-me ouvir a este respeito as declarações da Rainha da Paz, em Medjugorje.”

Como sabemos, ao ser interpelada pelos videntes acerca de seus estados de vida, a Rainha da Paz aconselhou-os a fazerem eles mesmos o discernimento, não exigindo que eles abraçassem esta ou aquela forma de vida.

Os títulos de Rainha da Paz e Esposa do Espírito se unem quando a Mãe é apresentada pelo fundador como aquela que, inteiramente guiada pelo Espírito, é para nós exemplo de que a Paz é um fruto da vida no Espírito, da experiência com Jesus Ressuscitado e não fruto de nossos esforços meramente humanos:

A paz é fruto do Espírito Santo e somente por uma união profunda no Espírito de Deus podemos ser embebidos dela. Não existe paz senão como fruto do Espírito Santo, e nunca poderemos usufruir deste fruto se não o cultivarmos através da oração e da renúncia de si mesmo (mortificação de que a Rainha da Paz nos falou). É este caminho seguro que o Evangelho nos dá. É por ele que queremos seguir. A ele desejamos abraçar, vivenciar e proclamar. (Escrito Shalom, 9).

Também se confundem a Rainha da Paz e a Esposa do Espírito quando se fala da proclamação da Paz como fruto da vida no Espírito, como algo que Ele nos dá pessoalmente quando nos deixamos, como a Esposa do Espírito, possuir por Jesus Cristo, Senhor.

Para proclamarmos a paz, temos, acima de tudo, que vivê-la, tê-la em nosso coração. Temos que ser portadores desta paz pois não podemos dar o que não possuímos, e a única maneira de possuir esta paz é deixar-se possuir por Jesus Cristo, Senhor nosso. Como a Rainha da Paz disse, é no caminho da oração, do mergulho no coração de Deus, no deixar-se encharcar do Seu Santo Espírito que nós poderemos viver a Paz. (Escrito Shalom, 8)

A Rainha da Paz nos vem lembrar, enfim, que a Paz é fruto da conversão, da oração e da mortificação, exatamente o caminho que nosso fundador nos apresenta em Obra Nova e Amor Esponsal, escritos basilares de nossa vocação:

Quando N.Sra. em Medjugorje, onde se intitula Rainha da Paz, fala de paz, "não se refere apenas à paz no sentido político, na ausência de conflitos entre as nações, e sim à paz que é dom do

Porta do Céu

É evidente, por esses textos, que a Rainha da Paz e a Esposa do Espírito se entrelaçam em nossa missão de anúncio da Paz.

A mesma coisa ocorre com a Porta do Céu. Introduzida em nossa vocação através do ícone da Portaïtissa no final de 1994, pelas mãos do Pe. Daniel Ange, os acontecimentos viriam a nos ensinar que para ser discípulo e ministro da paz o Senhor pede de nós não somente a oração profunda e a vida no Espírito, não somente a entrega total a Ele na intimidade profunda de almas esposas, não somente a consciência de que a Paz é antes de tudo dom e fruto do Espírito a ser levado ao mundo através da conversão, da oração e da mortificação, mas também, quando necessário, através do martírio.

O ícone da Porta do Céu e o óleo colhido do ícone original em Toulouse foram confiados ao nosso irmão Ronaldo Pereira pelo Pe. Daniel Ange. Ronaldo passou a administrar o ícone que ficou na casa comunitária onde morava, a Casa Mãe.

Este irmão passou a dedicar devoção extraordinariamente intensa ao ícone e à Imaculada através da consagração aos moldes de São Luis Grignon de Montfort.

Esta devoção misteriosa passou a ser positivamente notada pelos que moravam em sua casa comunitária e a influenciar a todos com relação à devoção mariana.

Tendo recebido o ícone por volta de novembro de 94, Ronaldo veio a falecer em acidente de carro em 17 de fevereiro de 1995.

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Através da páscoa do Ronaldo Pereira, ocorrida no retorno de uma viagem missionária, a Porta do Céu nos introduziu no mistério profundo da missionariedade e do martírio do Filho e, Nele de todos os santos mártires, que deram sua vida para que o Shalom do Pai fosse implantado nos corações.

Maria, nossa Mãe, é o modelo que queremos seguir, não por imitação presunçosa, mas por imitação de amor. Ao imitá-la como Esposa do Espírito, Rainha da Paz e Porta do Céu, estamos dando a Ela e ao seu Filho bela prova de amor. Tornamo-nos discípulos Dela e de Cristo, uma vez que Ela é sua Perfeita Discípula. Imitar Maria em seu amor e serviço ao Filho e à Igreja é a melhor forma de provar-lhe que a amamos e veneramos tanto que queremos ser como ela em relação a Jesus e a todos os homens. Que nossa vida seja sempre “sim” a Jesus e aos homens, como foi sempre “sim” a vida desta que nós amamos como Mãe.

FONTE

Revista Shalom Maná, Maria Emmir Oquendo Nogueira

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ANEXO XV Texto destinado ao pastor/pregador MARIA NA ESPIRITUALIDADE SHALOM

85. A dimensão Mariana da nossa espiritualidade nos conduz a uma relação com Nossa

Senhora sempre centralizada no mistério de Cristo. Para contemplarmos em plenitude o rosto de Cristo, é indispensável fazê-lo por meio do olhar e do coração de Maria. Na nossa vocação temos Maria como Mãe e Mestra espiritual no caminho da Paz 19. 86. Já tendo tantas vezes falado sobre este dom que é Nossa Senhora em nossa vida, gostaria de partilhar minha última experiência com ela, que me faz com mais gratidão a ela me confiar. 87. Em maio de 2004, aprofundou-se para mim um período de grande desafio. Posso dizer que este último ano, em especial, foi de grande prova. Nestes momentos sempre busco no Senhor sustento espiritual específico onde possa apoiar-me diante de cada tempo ou desafio particular. Em oração, procurei perceber o recurso que o Senhor me inspirava. Naquela situação, percebi claramente, que o Senhor me convidava a ir além da recitação do meu terço diário, convidando-me a meditar diariamente os vinte mistérios do santo rosário. Imediatamente, decidi aumentar a minha freqüência à escola de Maria para deixar-me, mais intensamente, introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor20. 88. Posso sinceramente testemunhar os inúmeros frutos que recebi com a recitação diária do santo rosário, tanto na minha vida espiritual, como nas intenções nele encomendadas. O rosário diário transformou-se para mim em refrigério e fortíssimo recurso de intercessão pela Comunidade e por todos os irmãos necessitados. Pude contemplar grandes intervenções de Deus pelas mãos de Maria, a ponto da famosa oração de S. Bernardo tomar um novo sabor em meus lábios: Nunca se ouviu dizer que quem a vós tenha recorrido tenha sido por vós desamparado. 89. Não é a minha intenção com este testemunho aumentar o nosso compromisso do terço diário, mas sim incentivar todos a renovar o seu relacionamento amoroso e confiante com Nossa Senhora. Como filhos que precisam do afeto e cuidados da Mãe, a ela recorramos cada dia da nossa vida. Por meio dela mergulhemos mais intensamente no mistério de Cristo, recebendo a graça de, por meio do caminho de Maria, encontrar o caminho da Paz. 90. Ao mesmo tempo, agradeço a todos os irmãos que livremente atendem ao apelo de unirem-se a mim por meio da recitação do rosário, em favor das minhas intenções. Ao contar com a generosa e contínua intercessão de vocês, tenho a certeza de que também vocês usufruem de grandes graças. FONTE Moysés Azevedo Escritos da Comunidade Católica Shalom - Carta à comunidade 2005

19 ECCSh, 82 – 86 e 189

20 RVM, 1

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ANEXO XVI Texto destinado ao pastor/pregador Maria, mestra do amor Todos nós necessitamos de pontos de referência, de pessoas que nos ensinem a caminhar diante do novo de nossa vida, diante dos desafios que surgem no caminho. Em nossa infância tivemos nossos mestres, nossa primeira professora que nos ensinou a escrever as primeiras palavras, nossos mestres que nos prepararam para alcançar uma cultura que nos capacitasse a nos integrarmos na sociedade. Mas foram nossos pais, com certeza, os nossos primeiros mestres. Eles nos formaram desde antes que nascêssemos e, desde o seio materno, já começamos a aprender lições de vida. Que bom seria se só tivéssemos aprendido boas lições e ensinamentos edificantes! Mas, infelizmente, não é assim, trazemos também fatores dolorosos e marcas que muitas vezes nos arrastam para trás em nosso processo de crescimento pessoal. Contudo, aprendemos com Jesus a transformar o mal em bem e a fazer da necessidade virtude. Ou seja, aprendemos e tiramos proveito também dos acontecimentos tristes e desagradáveis, transformando-os em degraus em nossa escalada até o céu. Temos uma grande mestra em nossa vida, se queremos trilhar os caminhos de Deus, que não pode ser esquecida um dia sequer. É Maria, aquela que Jesus nos entregou como mãe quando morria na cruz. É ela quem nos toma pela mão - como o fez com Jesus menino - e nos ensina a dar os passos em nossa vida humana e em nossa vida de fé. Podemos nos entregar sem reservas a ela, pois sua mão é firme e seu ensinamento é seguro e muito atual. Em Mt 7,15-20, Jesus nos diz que a árvore boa produz bons frutos. Olhando para toda a vida do Senhor sobre esta terra vemos apenas gestos que revelam amor. Até nos momentos de dor, de ira - como na expulsão dos vendilhões do templo -, de cansaço etc., Jesus soube apenas expressar amor. Sua ternura para com os enfermos e sofredores fazem-nos pensar em Maria que, em Nazaré, acolhia a todos que a buscavam para prestar-lhes algum pequeno serviço. É natural que Jesus aprendesse gestos humanos de amor com sua Mãe, pois o próprio Evangelho diz que Ele 'crescia em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens'. Jesus é amor, pois é filho de Deus e Deus é amor, como nos diz São João. Maria, por participação, também se torna amor e gerou seu "fruto", Jesus - amor. Ela é a árvore boa que produziu este excelente fruto. Contemplando mais de perto essa árvore, podemos perceber alguns aspectos que se destacam e que podem ser para nós uma verdadeira 'escola de amor':

Amor a Deus Maria foi preservada do pecado em vista da concepção de Jesus. O pecado é nosso grande "não" aos planos de Deus sobre nós. Como Maria estava isenta desse risco, toda a sua vida foi um 'sim' constante à vontade de Deus. Seu amor a Ele foi tão grande e puro que, conforme nos dizem os Padres da Igreja, Deus a encontrou sobre a face da terra tão aberta à sua graça que a escolheu para ser a mãe de seu Filho Unigênito. Amor gera amor, diz São João da Cruz, e isto se cumpriu na vida de Maria.

Amor filial Detendo-nos um pouco sobre o amor de Maria para com seus pais, que a tradição chama de "Joaquim e Ana", embora os Evangelhos nada digam a respeito, podemos encontrar uma referência nas palavras que ela diz nas bodas de Caná: "Fazei tudo o que ele vos disser". Maria foi aquela filha que soube acolher as palavras de seus pais e deixar-se formar por eles. Hoje existem formas diferentes de relacionamento entre pais e filhos e conhecemos histórias muito bonitas de amor dentro das famílias. Há mais diálogo e partilha de vida, criou-se uma maior participação dos filhos nos problemas e resoluções familiares. Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido por várias famílias e o respeito e a submissão dos filhos aos pais, como o diálogo e compreensão dos pais para com seus filhos continuam sendo valores para se preservar em todos os tempos e lugares.

Amor esponsal Este aspecto do amor na vida de Nossa Senhora é muito profundo. Ela é chamada pela Igreja de "esposa do Espírito Santo" e, como sabemos, também foi acolhida e protegida por José, seu

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esposo. Maria soube viver o amor humano com todas as suas expressões de ternura feminina, de entrega de si pela felicidade do lar, de atenção às necessidades de cada ente querido que lhe foi entregue, sendo, portanto, verdadeira esposa de José. Embora o amor entre eles fosse tão grande e forte, souberam oferecer a Deus - para que o Filho de Deus encontrasse total disponibilidade da parte de seus pais aqui na terra - a expressão da intimidade conjugal, tão importante na vida de todo casal que se ama. Maria, conforme a tradição, oferecera-se a Deus pelo voto de castidade. Deus acolheu sua oferta e a preservou em sua virgindade "antes, durante e depois do parto", e teve a delicadeza de lhe entregar como esposo José, homem justo, homem conforme o coração de Deus, que acolheu este plano sobre a vida de sua família. Era uma família especial e ao mesmo tempo simples como qualquer outra. Maria soube ser esposa que se coloca ao lado de seu esposo em todos os momentos. Partiu com ele para Belém, depois para o Egito, retornando a Nazaré, com toda lealdade e sem dramas. Soube esquecer-se para ver seu lar feliz e em segurança. Apesar da pobreza em que viviam, soube cuidar dos seus e das coisas que, com sacrifício, conseguiam para sua casa. A vida familiar é muito simples e bela, e os problemas que enfrentamos são desafios que a fé nos ensina a superar. Maria, sendo esposa de José, soube também ser fiel ao Espírito Santo que "veio sobre ela, cobrindo-a com sua sombra". Diz São João da Cruz que "Maria jamais se deixou mover por criatura alguma, mas somente se deixou mover pelo Espírito Santo em sua vida". Nela o Espírito Santo encontrou morada e plena acolhida a suas moções.

Amor fraterno É próprio do amor tomar a iniciativa, não esperar que o outro peça ajuda, mas simplesmente se doar, gratuitamente. Quando o anjo anunciou a Maria que ela seria a mãe do Salvador, ele apenas fez referência à gravidez de Isabel sua prima. Isabel não enviou um pedido de ajuda a Maria, mas esta logo se pôs a caminho 'às pressas'. O mesmo nas bodas de Caná, quando da falta do vinho, não foi necessário que os noivos pedissem socorro, Maria percebeu a necessidade e agiu. Nossa vida de comunidade - quer na vida religiosa, quer na vida laical ou familiar - é rica em ocasiões para se fazer o bem. Nós vemos o bem a ser feito e, pergunto, por que não o fazemos? Por que esperar que nos peçam, mandem ou obriguem? É tão mais consolador quando podemos fazer algo em pura gratuidade, por que não nos damos esta felicidade então? É fácil notar que vivemos num mundo de muita informação, muitas palavras, muitos cursos, capacitação, reuniões, congressos etc., mas me parece que existe uma distância que precisa ser vencida entre a palavra e a ação. É bom que nos reunamos e possamos discutir os problemas e soluções, mas é preciso a decisão de colocar em prática o que se disse. A impressão que se tem é de que basta dizer e chegar a conclusões e pronto. Porém, isso não foi o que Maria, como nossa mestra, nos ensinou com sua vida. São poucas suas palavras registradas nos evangelhos, mas muita foi sua ação. Ela fez e fez muito. Sua maior ação foi acolher o Verbo de Deus em seu seio e gerá-lo para o mundo. Fez-se serva não só em palavras, mas soube se colocar disponível a Deus e a todos que dela precisavam. Talvez o axioma de São João da Cruz "calar e agir" esteja muito atual ainda hoje e carecendo de ser vivido em nosso amor fraterno. A vida fraterna também é feita de gestos de ternura que se repetem e se multiplicam, em sua simplicidade, dando novo sentido e tornando concreto o amor fraterno. Não basta dizer que nos amamos, não basta rezar juntos, comer juntos, dormir sob o mesmo teto, é preciso expressar amor em gestos concretos, cuidando do outro, olhando em seus olhos, sentindo 'com' ele, dando-lhe tempo para que partilhe sua vida, ou seja, ouvindo-o e buscando conhecê-lo melhor, também deixando-se amar e conhecer. É um círculo de vida que se vai criando e tornando felizes aqueles com quem convivemos. Olhando a ternura com que Maria esteve no cenáculo com os apóstolos em oração, sua vida em Nazaré ou na comunidade primitiva, é impossível não tirar lições de vida fraterna que sustentem nossa caminhada comunitária...

Amor fiel O amor se prova nos momentos de crise. Amar uma pessoa que está bem, que é bem-sucedida, tem saúde, está de bem com você e com a vida é fácil, até os ateus fazem. Agora, amar quem está mal, perdeu todos os seus bens, ou está doente e precisa de sua presença amiga, ou mesmo que, por algum motivo, não correspondeu à sua expectativa, isto sim é amor de verdade. Amar um viciado, um alcoólatra, uma pessoa que está destruindo sua vida, um condenado... aí está o

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amor em toda a sua gratuidade. Maria amou seu Filho até o fim. Quando todos o abandonaram, quando Ele era tido como malfeitor e ia ser executado por isso, quando ela corria risco por estar do lado dele naquele momento, Maria estava lá, de pé, com dignidade e força. Sofria mas não se desesperava, e sua presença ali, com certeza, foi uma grande força para Jesus. Quem ama não tem medo de nada nem de ninguém. Está disposto a dar a vida pela pessoa amada.

Amor transcendente Finalmente vejo Maria como mestra de um amor transcendente, um amor que ultrapassa os limites do tempo e do espaço. São Paulo já dizia que "a caridade jamais passará", e vemos o amor de Maria tão imensamente profundo que transbordou pelos dois milênios de história e chega até nós, com perspectiva de chegar até o fim dos tempos, quando o Senhor voltar em glória. Se amamos, temos esta convicção de não nos limitarmos a este determinado lugar ou espaço, o amor nos dá asas e nos faz voar, nos dá condições de sermos um com a pessoa amada ainda que esta esteja distante. O amor é unitivo e esta unidade transcende o nosso ser e a própria razão para chegar ao outro. Este amor vemos em Maria, orante. Ela viveu uma profunda comunhão de amor com Deus na oração. Como nossa Mestra, olhemos para a intimidade de seu coração, todo aberto ao Espírito Santo, todo atento ao menor toque de Deus sobre si e sobre os que a rodeiam. Só uma comunhão constante com o Senhor poderia capacitá-la para viver sua missão de Mãe do Redentor e Mãe da Igreja. Quando Deus nos entrega uma missão Ele nos prepara, nos educa a ela, e isto se dá primeiramente na oração, e numa oração de total entrega e atenção amorosa a Ele.

Conclusão Contemplando Maria como nossa mestra de amor, vemos como ainda estamos longe de amar como o Senhor quer que amemos, mas ao mesmo tempo temos a segurança de não caminharmos sozinhos nesta aventura. A vida adquire novo sentido quando nos decidimos a amar e a deixar-nos amar. Nunca nos esqueçamos desta mestra que pode nos ensinar muito a amar de forma concreta e eficaz a quem se aproxima de nós. FONTE Portal Shalom http://www.comshalom.org/formacao/maria/maria_mestra_amor.html