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1 MANUAL DE TRIBUTAÇÃO - ICMS: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2016 - EM 20/06/2016 Introdução 1 - COMPOSIÇÃO DO PETRÓLEO O petróleo, em estado natural, é uma mistura de hidrocarbonetos que são compostos formados por átomos de carbono e hidrogênio. Além dos hidrocarbonetos, o petróleo contém, em proporções bem menores, compostos oxigenados, nitrogenados, sulfurados e metais pesados, conhecidos como “contaminantes”. A caracterização mais sumária do óleo bruto pode ser dada pela equação: ÓLEO BRUTO = MISTURA DE HIDROCARBONETOS + IMPUREZAS (CONTAMINANTES) Composição básica do petróleo bruto: a) Carbono: 84%; b) Hidrogênio: 14%; c) Enxofre: de 1 a 3% (sulfeto de hidrogênio, sulfetos, dissulfetos, enxofre elementar); d) Nitrogênio: menos de 1% (compostos básicos com grupos amina); e) Oxigênio: menos de 1% (encontrado em compostos orgânicos como dióxido de carbono, fenóis, cetonas e ácidos carboxílicos); f) Metais: menos de 1% (níquel, ferro, vanádio, cobre, arsênio); g) Sais: menos de 1% (cloreto de sódio, cloreto de magnésio, cloreto de cálcio). 1.1 OS HIDROCARBONETOS Os átomos de carbono podem estar conectados por ligações simples, duplas ou triplas e os arranjos moleculares são os mais diversos: estruturas lineares, ramificadas ou cíclicas; saturadas ou insaturadas; alifáticas ou aromáticas. As principais classes de hidrocarbonetos no petróleo são as seguintes: a) Parafínicos Normais (alcanos) ex.: metano (CH4), etano (C2H6), butano (C4H10); b) Parafínicos Ramificados (isoalcanos) ex. isobutano, isopentano;

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MANUAL DE TRIBUTAÇÃO - ICMS: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA

PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2016 - EM 20/06/2016

Introdução

1 - COMPOSIÇÃO DO PETRÓLEO

O petróleo, em estado natural, é uma

mistura de hidrocarbonetos que são

compostos formados por átomos de

carbono e hidrogênio. Além dos

hidrocarbonetos, o petróleo contém,

em proporções bem menores,

compostos oxigenados, nitrogenados,

sulfurados e metais pesados,

conhecidos como “contaminantes”.

A caracterização mais sumária do óleo

bruto pode ser dada pela equação:

ÓLEO BRUTO = MISTURA DE

HIDROCARBONETOS +

IMPUREZAS (CONTAMINANTES)

Composição básica do petróleo bruto:

a) Carbono: 84%;

b) Hidrogênio: 14%;

c) Enxofre: de 1 a 3% (sulfeto de hidrogênio, sulfetos, dissulfetos, enxofre elementar);

d) Nitrogênio: menos de 1% (compostos básicos com grupos amina);

e) Oxigênio: menos de 1% (encontrado em compostos orgânicos como dióxido de

carbono, fenóis, cetonas e ácidos carboxílicos);

f) Metais: menos de 1% (níquel, ferro, vanádio, cobre, arsênio);

g) Sais: menos de 1% (cloreto de sódio, cloreto de magnésio, cloreto de cálcio).

1.1 – OS HIDROCARBONETOS

Os átomos de carbono podem estar conectados por ligações simples, duplas ou triplas e os

arranjos moleculares são os mais diversos: estruturas lineares, ramificadas ou cíclicas;

saturadas ou insaturadas; alifáticas ou aromáticas.

As principais classes de hidrocarbonetos no petróleo são as seguintes:

a) Parafínicos Normais (alcanos) – ex.: metano (CH4), etano (C2H6), butano (C4H10);

b) Parafínicos Ramificados (isoalcanos) – ex. isobutano, isopentano;

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c) Parafínicos Cíclicos (cicloalcanos ou naftênicos) – ex.: ciclopentano, ciclohexano;

d) Aromáticos - ex: benzeno, tolueno, xilenos, naftaleno;

e) Olefinas – ex.: eteno, propeno, buteno, isobutenos.

Os principais constituintes do petróleo cru são os hidrocarbonetos saturados (parafinas,

isoparafinas e naftenos), os hidrocarbonetos aromáticos, as resinas e os asfaltenos. Nos óleos

são encontradas parafinas normais (não ramificadas) com 1 a 45 átomos de carbono. As

parafinas normais (cadeias de carbono sem ramificação) representam entre 15 a 20% do óleo. A

depender do óleo podem variar de 3 a 35%. As parafinas são menos reativas do que os outros

hidrocarbonetos.

As isoparafinas (alcanos ramificados) são importantes na formulação das misturas que

compõem a gasolina, óleo diesel, querosene e lubrificantes.

Os cicloalcanos ou hidrocarbonetos naftênicos apresentam estrutura de cadeia fechada, com

ligações saturadas (simples), e podem aparecer no óleo cru, de forma condensada ou associada a

cadeias de hidrocarbonetos saturados (parafinas ou isoparafinas), ou mesmo, a cadeias de

hidrocarbonetos aromáticos. Em vários tipos de petróleo são encontrados hidrocarbonetos

naftênicos com 1, 2 ou 3 ramificações parafínicas como constituintes principais. Pode-se

encontram ainda compostos naftênicos formados por dois ou mais anéis conjugados ou isolados.

São importantes na composição das misturas de derivados, a exemplo da gasolina, óleo diesel,

querosene e lubrificantes.

Os hidrocarbonetos aromáticos são aqueles que contêm um ou mais anéis benzênicos, com ou

sem ramificações laterais. Seu teor no petróleo pode variar muito, sendo cerca de 20% na nafta e

entre 20 a 50% no querosene. Pode atingir valores bastantes elevados nas frações mais pesadas.

Recebem as denominações de mono, di, tri ou poliaromáticos, dependendo do número de anéis

benzênicos (ou aromáticos) em sua estrutura. Os derivados intermediários de petróleo

(querosene e gasóleo) contêm compostos aromáticos com ramificações na forma de cadeias

parafínicas, a exemplo do metil-tolueno. Podem ser encontrados ainda compostos mistos, que

apresentam núcleos aromáticos e naftênicos, a exemplo do cicloexilbenzeno.

As olefinas, por sua vez, possuem uma ou mais ligações duplas entre átomos de carbono, o que

lhe confere alta instabilidade, pois são hidrocarbonetos mais reativos. Aparecem, com mais

frequência nos derivados e em alguns deles é comum se encontrarem duas duplas ligações,

quando então são designados diolefinas ou dienos. Sua origem vem dos processos físico-

químicos realizados durante o refino, como o craqueamento (quebra de moléculas maiores para

a formação de compostos com moléculas menores). Possuem características e propriedades

diferentes dos hidrocarbonetos saturados (alcanos). Os hidrocarbonetos insaturados com ligação

tripla são chamados de alcinos e não são comuns no petróleo.

Quanto maior o número de carbonos na cadeia, maior será a temperatura de ebulição.

C1 – C4: hidrocarbonetos gasosos – ex.: metano; etano, propano, butano.

C5 – C17: hidrocarbonetos líquidos – ex.: pentano, hexano, heptano, octano etc.;

> C18: hidrocarbonetos. – ex.: n-tricontano (composto com 30 átomos de carbono)

Os cortes de petróleo referentes à nafta apresentam uma pequena proporção de compostos

aromáticos de baixo peso molecular (benzeno, tolueno e xileno).

Dependendo da proporção dos vários tipos de hidrocarbonetos na sua composição, o óleo se

mostra mais adequado para a produção de um ou outro derivado (produto final do uma

refinaria). Por exemplo: a Refinaria REDUC (localizada no município de Duque de Caxias-RJ),

que produz lubrificantes para todo o mercado nacional, importa o petróleo Árabe Leve, que é

um óleo de base parafínica.

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1.3 - OS NÃO HIDROCARBONETOS

Além dos hidrocarbonetos o petróleo contém os chamados não hidrocarbonetos, que abrangem:

- substâncias constituídas predominantemente de carbono e hidrogênio, mas que contêm

heteroátomos em suas estruturas. Estas são consideradas contaminantes, em vista dos

efeitos indesejáveis que podem causar: exemplo - emissão de poluentes; redução de

desempenho dos derivados; corrosão nas unidades de processo de refino;

- frações denominadas de asfaltenos e resinas, constituídas de agregados moleculares de

elevada massa molecular, alta complexidade estrutural e teores elevados de heteroátomos

(enxofre, nitrogênio, oxigênio e metais). Essas frações são os principais constituintes do

asfalto e dos óleos combustíveis pesados.

- contaminantes inorgânicos – água, sais, sulfeto de hidrogênio (H2S). Embora a água e

os sais não sejam componentes intrínsecos do petróleo, sempre o acompanham no

processo de produção.

1.4 - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CONTAMINANTES

Os chamados “contaminantes” são impurezas dissolvidas no óleo (ou parte integrante do

mesmo), sendo formado por compostos com a presença enxofre, nitrogênio, oxigênio e metais.

O enxofre (S) é o contaminante de maior predominância no óleo (3º elemento mais abundante),

variando entre 0,5% e 4,0% em massa. Ocorre na forma de mercaptans, sulfetos, polissulfetos,

ácido sulfídrico (H2S), enxofre elementar (muito raro) entre outros compostos.

Os contaminantes sulfurados causam problemas no manuseio (redução de eficiência dos

catalisadores nas refinarias), transporte (corrosão de oleodutos e gasodutos) e no uso dos

derivados (causam poluição ambiental – emissão de gases SOX - óxidos de enxofre), e,

determinam cor e cheiro de produtos finais.

De acordo com o teor de enxofre o óleo é classificado em:

a) óleos doces: apresentam baixo teor de enxofre (menos de 1,0% de sua massa);

b) óleos meio ácidos ou azedos: teor de enxofre entre 1 e 2,5%;

c) óleos ácidos ou azedos: apresentam elevado teor de enxofre (acima de 2,5% de sua

massa).

Os compostos sulfurados se concentram nas frações mais pesadas do petróleo.

Contaminantes nitrogenados - Os óleos têm teor médio de 0,17%, em base mássica, de

compostos nitrogenados (que contêm Nitrogênio - N). Consideram-se como altos os teores

acima de 0,25% em peso. Os compostos nitrogenados se apresentam em sua totalidade na forma

orgânica (piridinas, quinilinas, pirróis, compostos policíclicos etc.). São responsáveis pelo

“envenenamento” dos catalisadores nos processos de refino. Aumentam a capacidade de o óleo

reter água em emulsão. Tornam instáveis os produtos do refino, formando gomas e alterando a

sua coloração. São responsáveis também pela emissão de gases poluentes – NOX. (óxidos de

nitrogênio).

Contaminantes oxigenados - Os compostos oxigenados aparecem na forma complexa, como

ácidos carboxílicos, ácidos naftênicos, fenóis, cresóis, ésteres, aminas, cetonas e

benzofuranos. Tendem também a se concentrar nas frações mais pesadas do petróleo, afetando

a acidez, o odor e a corrosividade dessas frações. Participam em menos de 1% em massa do

peso do óleo bruto.

Contaminantes metálicos - Os compostos metálicos se apresentam sob duas formas básicas:

como compostos organometálicos (integrantes da composição do óleo) ou como sais

inorgânicos de Na (sódio), Ca (cálcio), Mg (magnésio). Estes últimos não fazem parte do

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petróleo, mas encontram-se dissolvidos ou dispersos na água emulsionada (água misturada ao

óleo). Os sais são facilmente removidos no processo de dessalgação, a que o óleo é submetido

antes de entrar nas torres de destilação.

A presença de metais (compostos organometálicos) é, em geral, maior nos petróleos com

maiores teores de asfaltenos. Os metais que usualmente contaminam o óleo são: Fe, Zn, Cu,

PB, Mo, As, Mn, Cr, Ni e V. Os dois últimos de maior incidência – os teores de níquel e

vanádio variam no petróleo entre 1mg/kg e 150 mg/kg e entre 1 mg/1.200 mg/kg,

respectivamente, sendo usuais os valores médios de 18 mg/kg para o níquel e de 63 mg/kg para

o vanádio. São responsáveis pelo “envenenamento” dos catalisadores e o vanádio além de

atacar os tubos dos fornos, catalisa a formação de H2SO4 (ácido sulfúrico) em meio aquoso.

1.5 - OUTROS CONTAMINANTES INORGÂNICOS

O petróleo cru, na fase de extração do poço produtor, apresenta também outras impurezas

(águas, argilas, areias, sedimentos), que acompanham o cru nas suas jazidas. Esses

contaminantes externos demandam um processo de separação primário do óleo cru, antes de sua

chegada à refinaria.

2 – ORIGEM DO PETRÓLEO

A origem do petróleo está ligada à decomposição dos

seres que compõem o plâncton – organismos em

suspensão encontrados nas águas doces e salgadas,

tais como: protozoários, celenterados e outros. A

decomposição é causada pela pouca oxigenação e

pela ação de bactérias.

Após a sua decomposição, ao longo de milhões de

anos, esses seres foram se acumulando no fundo de

mares e lagos, sucessivamente pressionados pelos

movimentos da crosta terrestre até se transformarem

nesta substância oleosa que é petróleo.

O petróleo, por sua vez, não permanece na rocha em que foi gerado, mas desloca-se da rocha

matriz até encontrar um terreno apropriado para se concentrar. Estes terrenos são denominados

bacias sedimentares e são formados por camadas ou lençóis porosos de areia, arenitos ou

calcários. O petróleo aloja-se ali, ocupando os poros rochosos na forma de “lagos”, as

conhecidas jazidas petrolíferas. Nesse local é encontrado o gás natural, na parte mais alta,

petróleo e água nas partes mais baixas.

Após a extração do petróleo bruto faz-se necessária à separação da água, óleo, gás e sólidos,

processo que ocorre em estações ou na própria unidade de produção. Em seguida ocorre o

processamento e refino da mistura de hidrocarbonetos com vistas à obtenção dos componentes

que serão utilizados nas mais diversas aplicações, tais como, combustíveis, lubrificantes,

plásticos, fertilizantes, medicamentos, tintas e tecidos.

3 - CLASSIFICAÇÃO DO PETRÓLEO E SUAS APLICAÇÕES:

a) Petróleos parafínicos: boa qualidade na produção de querosene, óleo diesel e

lubrificantes. Má qualidade para a produção de gasolina.

b) Petróleos aromáticos: boa qualidade na produção de gasolina e solventes. Má

qualidade para a produção de querosene e óleo diesel.

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c) Petróleos naftênicos: boa qualidade na produção de gasolina, lubrificantes e asfalto.

Má qualidade para a produção de querosene e óleo diesel.

Petróleo por origem

a) Petróleo baiano – base parafínica;

b) Petróleo árabe – base mista (mistura de hidrocarbonetos parafínicos e naftênicos, com

propriedades intermediárias);

c) Petróleo californiano – base naftênico;

d) Petróleo japonês – base aromática.

4 - REFINO DO PETRÓLEO

4.1 - INTRODUÇÃO - O petróleo, no estado

em que é extraído do solo, tem pouquíssimas

aplicações. Para o aproveitamento energético e

não energético adequado do petróleo deve-se

submetê-lo a processos de separação,

conversão e tratamentos.

Uma refinaria de petróleo pode destinar-se a

dois objetivos básicos:

- produção de combustíveis e

matérias-primas petroquímicas;

- produção de lubrificantes básicos e

parafinas.

O primeiro objetivo constitui a maioria dos casos, vez que a demanda de combustíveis é

muitíssimo maior que a de outros produtos, a exemplo de GLP, gasolina, diesel, querosene, óleo

combustível, entre outros. Todas as refinarias brasileiras encontram-se neste grupo.

O segundo objetivo, constitui-se num grupo minoritário, e visa maximizar a produção de frações

básicas de lubrificantes e parafinas. Estes produtos têm valores agregados cerca de duas a três

vezes maiores que os combustíveis, e conferem alta rentabilidade aos refinadores. No Brasil não

há nenhuma refinaria dedicada exclusivamente à produção de lubrificantes e parafinas. No

entanto, existem conjuntos dentro das refinarias brasileiras que funcionam dedicadas a produzir

esses produtos. É o caso da REDUC-RJ (Refinaria Duque de Caxias), RLAM-BA (Refinaria

Landulpho Alves – Mataripe) e LUBNOR-CE (Lubrificantes Nordeste).

As técnicas de refino mais utilizadas para obtenção dos derivados de petróleo são: a destilação

atmosférica; a destilação a vácuo; o craqueamento térmico; a alquilação; e, o

craqueamento catalítico.

Nas refinarias, o petróleo é submetido a diversos processos pelos quais se obtém grande

diversidade de derivados: GLP – Gás Liquefeito de Petróleo (gás de cozinha); nafta

petroquímica, gasolina, solventes, óleo diesel, querosene de aviação, óleo combustível,

lubrificantes e asfalto.

4.2 - TIPOS DE PROCESSOS DESENVOLVIDOS EM UMA REFINARIA

Os processos em uma Refinaria podem ser classificados em quatro grandes grupos:

a) processos de separação;

b) processos de conversão;

c) processos de tratamento;

d) processos auxiliares

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Passaremos a analisar a seguir cada um desses processos.

4.3 - PROCESSOS DE SEPARAÇÃO: têm por objetivo fracionar o petróleo ou outra corrente

intermediária empregando um processo físico de separação (temperatura, pressão e

solubilidade), escolhido de acordo com as propriedades da corrente que se deseja fracionar. A

propriedade mais comumente utilizada é a diferença nos ponto de ebulição dos componentes da

carga ou a diferença de solubilidade desses componentes em um solvente.

Não há reações químicas nesses processos. Todas as moléculas presentes na corrente de carga

da unidade estão presentes no somatório das correntes de saídas, sendo teoricamente possível

reconstituir a carga a partir dos produtos.

TIPOS DE PROCESSOS DE SEPARAÇÃO:

Destilação: é o processo básico de separação do petróleo. As frações presentes no petróleo são

separadas com base na diferença de suas temperaturas de ebulição. As operações de destilação

são realizadas em equipamentos específicos, designados por torres (ou colunas) de destilação.

Comumente, há dois tipos principais de unidades de destilação nas refinarias de petróleo.

Unidade de destilação atmosférica: fraciona o petróleo em correntes de GLP,

naftas, querosene, gasóleos atmosféricos e resíduo atmosférico (RAT). Estas

correntes, na maior das vezes, necessitam passar por processos adicionais de

tratamento e estabilização antes de serem enviadas aos tanques de

armazenamento.

Unidade de destilação a vácuo: fraciona a corrente menos volátil. Tem como

carga o RAT (Resíduo Atmosférico). Produz gasóleos de vácuo e o resíduo de

vácuo (RV).

Os agentes responsáveis pelas operações de destilação são físicos, por ação de energia (na forma

de modificações de temperatura e/ou pressão).

As primeiras refinarias construídas no mundo eram na verdade destilarias, porque as diferentes

propriedades do petróleo não eram conhecidas.

A destilação pode ser feita em várias etapas e em diferentes níveis de pressão, conforme o

objetivo que se deseje.

O petróleo cru, antes de ingressar na torre destilação atmosférica é pré-aquecido e passa por um

processo de dessalinização para a remoção de sais, água e suspensões de partículas sólidas. A

destilação atmosférica ocorre a uma temperatura máxima de 400 ºC para evitar a formação

indesejável de produtos de craqueamento térmico (quebra de moléculas constituintes do

petróleo cru).

Em condições de pressão próxima à atmosférica, obtém-se óleo diesel, querosene e nafta pesada

como produtos laterais de uma torre de destilação. Nafta leve e GLP são produtos de topo.

Como produto de fundo, obtém o resíduo atmosférico (RAT), que serve de carga para o

processo de destilação a vácuo, de onde se podem extrair frações importantes.

a) destilação;

b) desfaltação

c) extração de aromáticos;

d) desparafinação

e) adsorção de n-parafinas

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O RAT é um corte de alto peso molecular, que é usado como corrente de alimentação da seção

de destilação a vácuo, em que se trabalha a pressões subatmosféricas com o objetivo de gerar

óleos lubrificantes básicos e gasóleos para carga da unidade de craqueamento catalítico

(processo de conversão que será tratado abaixo, no item 4.5.4).

O produto de fundo da destilação a vácuo é composto de hidrocarbonetos de elevado peso

molecular e impurezas, podendo ser comercializado como óleo combustível ou asfalto.

Fluxograma simplificado dos processos destilação atmosférica e a vácuo que compõem o

esquema de refino do petróleo

Pe Petróleo Tratado

0

Torre de Destilação Atmosférica

Gás Combustível GLP Naftas Querosene Gasóleos Atmosféricos

RAT

Processos adicionais de tratamento e estabilização. Misturas (Blends) com outras correntes RAT – Resíduo Atmosférico

Tanques de

Armazenamento de combustíveis

Torre de Destilação a Vácuo

Petróleo Cru Tratado

Gasóleos de Vácuo: leve e pesado Resíduo de Vácuo

Petróleo Cru Tratado

Óleo + Pesado

Correntes de outros processos: desfaltação, UFCC (craqueamento catalítico), Hidrocraqueamento etc.

Óleo

Combustível

Asfalto

Corrente do processo da

Unidade de coqueamento

retardado (UCR)

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Outra representação ilustrativa do refino do petróleo via processo de destilação

atmosférica (destilação fracionada)

No esquema acima, o petróleo cru (ou bruto) entra em uma fornalha (caldeira), onde é aquecido.

A seguir passa para a torre de destilação à pressão atmosférica, onde são separadas as várias

frações (gases, nafta, gasolina, querosene, gasóleo ou diesel, óleo lubrificante, gasóleo pesado).

O resíduo da torre de destilação atmosférica (o RAT) é reaquecido e vai para uma segunda torre

de destilação a vácuo (destilação a pressão reduzida), de onde saem vários óleos lubrificantes

(frações mais pesadas) e o resíduo final, que é o asfalto (betume).

Representação ilustrativa do processo de refino por destilação a vácuo

No esquema acima os produtos resultantes da destilação a vácuo são o gasóleo leve de vácuo

(GLO), o gasóleo pesado de vácuo (GPO) e o resíduo de vácuo (RV). Em regra o GLO (gasóleo

leve) segue para hidrotratamento (para compor os pool’s de diesel e gasolina).

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O GPO (gasóleo pesado) segue para hidrotratamento, hidrocraqueamento ou para craqueamento

catalítico (processos de conversão).

O Resíduo de Vácuo (RV) é destinado para as unidades de viscorredução, de coqueamento, de

produção de betume ou para o pool de escuros da refinaria (óleo combustível, por exemplo).

4.4 - OUTROS PROCESSOS DE SEPARAÇÃO IMPORTANTES (ESQUEMAS

SIMPLIFICADOS)

4.4. 1 - Processo de Desfaltação a solvente

O objetivo desse processo é recuperar do RV (Resíduo de Vácuo) uma fração mais leve e com

menor teor de contaminantes – o óleo desfaltado (ODES). Neste processo é gerado também o

resíduo asfáltico (asfalto).

A desfaltação é um processo baseado na diferença de solubilidade entre as frações ODES e

Resíduo Asfáltico. Utiliza como solvente principalmente o propano líquido a alta pressão como

agente de extração. São usados também o butano e o pentano.

O ODES pode ser carga da unidade de craqueamento catalítico fluido (FCC) ou do

hidrocraqueamento [que são processos de conversão], elevando a geração de combustíveis.

Pode ser também carga da unidade de lubrificantes, dando origem aos óleos básicos

lubrificantes, elevando assim a rentabilidade do refino.

O Resíduo Asfáltico (RASF) pode ser usado na formulação de cimento asfáltico de petróleo

(CAP) ou diluído com correntes mais leves para compor o óleo combustível.

Esquema representativo do processo de desfaltação que usa o propano com solvente.

4.4.2 - Processo de extração de aromáticos (desaromatização)

Este processo tem duas aplicações principais:

- A recuperação dos compostos aromáticos de uma corrente de nafta proveniente de uma

unidade de reforma catalítica (URC), rica em hidrocarbonetos aromáticos leves, ou seja,

benzeno, tolueno e xilenos (BTXs), os quais são importantes matérias-primas para

indústria de segunda geração petroquímica, podendo atingir preços de mercado superiores

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ao da nafta. A corrente desaromatizada, após remoção do solvente, pode ser

comercializado como nafta petroquímica; utilizada na formulação de gasolina; ou ainda

fracionada para a produção de solventes parafínicos (ex. o n-hexano).

- A remoção de aromáticos das frações lubrificantes (desaromatização), com o objetivo de

aumentar o índice de viscosidade do produto. Neste caso o produto principal do processo

é o óleo desaromatizado, sujeito ainda a posterior processamento. O subproduto é o

extrato aromático, um material viscoso, que pode ser usado como óleo extensor de

borracha sintética, ser adicionado ao óleo combustível ou ainda ser componente da carga

da unidade de coqueamento retardado (processo de conversão).

Neste processo são utilizados solventes. Na extração de aromáticos da nafta de reforma

catalítica (processo de conversão), os solventes mais utilizados são o tetraetilenoglicol, a n-

metilpirrolidona (NMP), o sulfonale ou a n-formilmorfolina (NMF). No processo de

desaromatização se emprega como solvente o furfural, a n-metilpirrolidona (NMP) ou o fenol,

esse último em desuso.

Esquema representando o processo de Desaromatização para a produção de óleos lubrificantes

Esquema representando o processo de recuperação de aromáticos visando à produção de

aromáticos leves (Benzeno, Tolueno e Xileno - BTX), destinados à indústria petroquímica.

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4.4.3 - Processo de desparafinação

Este processo visa à produção de óleos básicos lubrificantes via redução do teor de

hidrocarbonetos parafínicos de cadeia linear (n-parafinas), ou pouco ramificada e de alta mossa

molar. Conferem ao óleo lubrificante ponto de fluidez. A remoção é feita com o uso de

solventes a baixas temperaturas. O solvente mais utilizado, em nível mundial, é constituído de

uma mistura de metiletilcetona (MEC) e tolueno. No Brasil atualmente é utilizado um solvente

puro, metilisobutilcetona (MIBC).

O processo produz as seguintes correntes: o óleo desparafinado e a parafina oleosa.

O óleo desparafinado passa por um processo de recuperação do solvente e é enviado ao

processo de hidrotratamento. A parafina oleosa pode ter dois destinos:

- sofrer posterior processamento, com o propósito de produzir parafinas comerciais;

- ser adicionado ao gasóleo que será processado no craqueamento catalítico ou no

hidrocraqueamento (processos de conversão)

Esquema representando a desparafinação que tem como carga o Óleo Desaromatizado – integrante da Unidade de produção de lubrificantes. 4.4.4 - Processo de desoleificação

Este processo é empregado para a purificação da parafina oleosa. Consiste na remoção de:

- compostos parafínicos com pontos de fusão entre -3ºC e 30ºC, os quais não se

enquadram nem como óleo lubrificante nem como parafina dura;

- fração oleosa ocluída nos cristais de parafina.

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Esse processo é realizado a temperaturas positivas (em torno de 20ºC), visando especificar a

parafina quanto ao ponto de fusão, penetração e teor de óleo.

Os produtos obtidos na desoleificação são:

- a parafina dura, que, depois dessa operação, é processada na unidade de

hidrotratamento, onde, por fim, é especificada nos requisitos de cor e teores de

contaminantes, principalmente de compostos aromáticos (as parafinas duras são

utilizadas, por exemplo, na produção de velas);

- a parafina mole, produto mais nobre, que por se tratar de um gasóleo, normalmente é

enviada à unidade de craqueamento catalítico depois da remoção do solvente (MIBC).

Esta pode ainda ser aproveitada para a produção de óleos, geleias, vaselinas e outros

produtos farmacêuticos.

Esquema representando o processo de desoleificação a MIBC, que tem como carga a parafina

oleosa.

4.4.5 - Processo de adsorção de n-parafinas

É um processo de separação que visa, principalmente, a remoção de hidrocarbonetos parafínicos

lineares contidos na fração de querosene obtido na destilação. Tais hidrocarbonetos embora

configurem excelente qualidade ao querosene de iluminação, são prejudiciais ao querosene de

aviação, por elevarem seu ponto de congelamento, quando presentes em teores elevados.

O processo de baseia na adsorção das cadeias lineares presentes no querosene através de sua

passagem em fase gasosa por um leito de peneira molecular que captura as n-parafinas,

permitindo a passagens dos demais compostos presentes no querosene. Os hidrocarbonetos

adsorvidos são removidos do leito com auxílio de um diluente e passam pelas seguintes etapas:

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separação do diluente, hidrotratamento (para redução dos teores de aromáticos e de enxofre) e

fracionamento em uma coluna de destilação para a obtenção da fração de interesse.

As n-parafinas removidas são valiosas matérias-primas para a indústria petroquímica,

especificadamente para a produção de detergentes biodegradáveis.

As n-parafinas são hidrocarbonetos de 10 a 13 átomos de carbono que entram na fabricação do

produto conhecido como LAB (linear alquibenzeno), que é intermediário petroquímico básico

para a produção do LAS (linear alquibenzenossulfonado), o precursor do tensoativo mais

utilizado na formulação de detergentes (o LASNa - linear alquibenzenossulfonado de sódio).

* Fluxograma representando o processo de adsorção de n-parafinas.

Frações de querosene de destilação

*Processo de

Adsorção de n-parafinas

Querosene de aviação

de melhor qualidade

n-parafinas

Matéria-prima da

indústria de

detergentes

biodegradáveis

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4.5 - PROCESSOS DE CONVERSÃO NO REFINO DE PETRÓLEO

Esse grupo de processos se distingue dos processos físicos de

separação por temperatura, pressão e solubilidade, por promoverem

reações químicas com o objetivo de obter misturas de

hidrocarbonetos de possuam maior interesse econômico. As reações

químicas são promovidas mediante ação conjugada da temperatura e

da pressão, na presença do meio reacional conveniente. Em muitos

casos são empregados catalisadores específicos para cada tipo de

reação, que são substâncias que possuem ação determinante no

aumento da velocidade com que as reações ocorrem. Os processos

que fazem uso dos catalisadores são conhecidos como processos

catalíticos, em oposição aos não catalíticos ou térmicos, nos quais as

reações ocorrem sob efeito apenas das condições adequadas de

temperatura, pressão e tempo de reação.

Através do processo de craqueamento (cracking, em inglês), as frações mais pesadas (moléculas

maiores) do petróleo são transformadas (quebradas) em frações mais leves (moléculas menores),

por aquecimento (craqueamento térmico) e por aquecimento e catalisadores (craqueamento

catalítico).

O craqueamento é um processo complexo. A quebra de um alcano de molécula grande produz

vários compostos de moléculas menores – alcanos “leves” e “médios”, alcenos, inclusive

carbono e hidrogênio – que são separados posteriormente. Desse processo se originam inúmeros

produtos que servem como matéria-prima para outras indústrias. Por exemplo: com o C2H4

(eteno) é fabricado o polietileno, um dos plásticos mais usados no mundo.

Outro processo de refino aplicado sobre as frações mais pesadas do petróleo, originárias da

destilação atmosférica e da destilação a vácuo, é a reforma catalítica (reforming, em inglês).

Através da reforma catalítica (aquecimento das frações mais pesadas com catalisadores

apropriados), há a transformação de hidrocarbonetos de cadeia normal em hidrocarbonetos

ramificados, cíclicos e aromáticos, contendo em geral o mesmo número de átomos de carbono.

Esse processo é muito importante para melhorar, por exemplo, a qualidade da gasolina

automotiva, pois os hidrocarbonetos ramificados, cíclicos e aromáticos melhoram a desempenho

dessa fração do petróleo nos motores ciclo Otto (motores à gasolina e etanol).

Nos processos de craqueamento as reações podem produzir moléculas menores quando ocorre

quebra das moléculas da carga: este é o objetivo dos processos de coqueamento retardado e do

craqueamento catalítico fluido (FCC).

Pode ser, porém, que o interesse seja de criar moléculas maiores a partir da combinação de

moléculas menores, como é o caso da alquilação catalítica.

Além desses dois casos podem também ocorrer mudanças no arranjo interno da molécula, sem

quebra ou aumento da cadeia carbônica, como nas reações de isomerização.

Os processos de conversão são, geralmente, de elevada rentabilidade, principalmente quando

transformam frações de baixo valor comercial (gasóleos de vácuo e resíduos), em outras de

maior valor (GLP, naftas, querosene, óleo diesel, lubrificantes ou petroquímicos básicos). São

classificados como “processos de fundo de barril”, porque permitem maior aproveitamento do

petróleo, com mínima produção de óleo combustível e asfalto. Apesar da implantação de

unidades de conversão exigir investimentos elevados, o tempo de retorno do capital investido

nos processos de conversão é baixo comparativamente aos processos de separação física.

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Esquema representando os processos de conversão Térmicos e Catalíticos. Passaremos a analisar cada um dos principais processos de conversão nas linhas abaixo.

PROCESSOS TÉRMICOS DE CONVERSÃO

4.5.1 - Craqueamento térmico

É o mais antigo dos processos de conversão. Seu aparecimento data do início século XX quando

a indústria automobilística viveu a sua primeira fase de crescimento, tendo uma importância

relevante na produção de gasolina até o início dos anos de 1950, quando entrou em

obsolescência em virtude da substituição pelo processo de craqueamento catalítico fluido

(FCC). Esse processo tem por finalidade quebrar moléculas presentes no gasóleo de vácuo ou

no resíduo atmosférico por meio de elevadas temperaturas (até 500ºC) e pressões de 1,5 Mpa

(Megapascal) a 2,0 Mpa, visando produzir frações combustíveis líquidas, principalmente GLP,

gasolina e diesel. Gera os seguintes subprodutos: gás combustível e óleo residual, utilizado

como óleo combustível. Ocorre também a formação de coque (produto sólido de cor negra e

forma aproximadamente granular – que é composto essencialmente de carbono sólido com

teores variáveis de impurezas).

Uma variante desse processo de operação ainda hoje viável é o processo de craqueamento

térmico brando (CTB) cujo objetivo é maximizar diesel, em vez de gasolina e GLP. A formação

de coque é reduzida, possibilitando maiores ganhos.

Esquema representando o processo de craqueamento térmico

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4.5.2 - Viscorredução

Este processo tem por objetivo reduzir, através da ação térmica, a viscosidade de um resíduo

que será usado como óleo combustível, por meio da quebra de suas moléculas mais pesadas,

tornando desnecessária a adição de frações intermediárias para a redução da viscosidade.

As condições operacionais são brandas em relação às do craqueamento térmico convencional,

para evitar a formação excessiva de coque.

Ocorre formação de uma quantidade de hidrocarbonetos na faixa do diesel e do gasóleo que, não

sendo removidos, entrem como diluentes do resíduo processado, reduzindo sua viscosidade. Gás

combustível, GLP e nafta também são produzidos, porém em menor escala.

Trata-se também de um processo obsoleto, em função do alto custo operacional e baixa

rentabilidade.

Esquema representando a viscorredução, que hoje se encontra obsoleto.

4.5.3 - Coqueamento retardado (UCR)

A unidade de coqueamento retardado (UCR) tem como carga principal um resíduo,

normalmente de vácuo que, submetido à alta temperatura (485ºC) por um pequeno intervalo de

tempo, é craqueado, ou seja, sofre uma intensa quebra de moléculas de alta massa molecular,

produzindo gases (GLP e gás de refinaria), naftas, gasóleos e coque. O objetivo da unidade

UCR é converter resíduos de petróleo em unidades de maior valor agregado.

As principais vantagens desse processo são:

- aumento da conversão de petróleos pesados, agregando valor a petróleos nacionais;

- aumento da produção de óleo diesel;

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- consumo do resíduo de vácuo, base para a formulação do óleo combustível, cuja

demanda tende a se reduzir cada vez mais;

- aumento da margem de refino das refinarias;

- tecnologia em constante evolução, desde 1920.

O coque de petróleo é um produto que passou a ser do maior interesse, a dependendo de sua

qualidade, associada ao teor de asfaltenos e aromáticos da carga, a exemplo do coque agulha.

Esse produto encontra aplicação como combustível (na indústria de cimento e na indústria

siderúrgica), e como matéria-prima para a obtenção de eletrodos.

A crise do petróleo na década de 1970 trouxe uma crescente importância para esse processo,

uma vez que ele transforma uma fração de baixo valor agregado, o resíduo de vácuo (RV), em

outras, de maiores valores comerciais, como o GLP, a nafta e o óleo diesel.

Existem hoje várias unidades de coqueamento retardado (UCR) de médio e grande portes

instaladas nas refinarias brasileiras.

O projeto de uma unidade de coqueamento pode visar à produção máxima de determinado corte,

segundo a aplicação correta de níveis de pressão, temperatura e reciclos.

Esquema representando uma unidade de coqueamento retardado (UCR)

PROCESSOS DE CONVERSÃO CATALÍTICOS

4.5.4 - Craqueamento catalítico em leito fluidizado (FCC – Fluid Catalystic Cracking)

O FCC é considerado primordialmente um processo de quebra molecular, tendo como principal

carga gasóleos produzidos na unidade de destilação a vácuo. Pode-se ainda usar como carga

adicional o óleo desfaltado. Por meio de severas condições de temperatura, em presença de

catalisador, as moléculas da carga são descompostas em outras mais simples, produzindo gás

combustível, GLP, nafta, gasóleo leve e óleo decantado (fração residual). As reações geram

também coque, que se deposita no catalisador, e é queimado na etapa de regeneração do mesmo.

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O catalisador empregado nesse processo é constituído por um pó fino de alta área superficial, à

base de sílica (SiO2) e alumina (Al2O3).

Há projetos que contemplam a utilização do RAT (resíduo atmosférico) como carga, desde que

a carga combinada atenda aos limites do projeto da unidade quanto ao teor de asfaltenos e de

metais.

O desenvolvimento do FCC de seu um pouco antes da 2ª Guerra Mundial, devido à grande

necessidade dos aliados de suprir suas tropas com gasolina e produtos petroquímicos.

O FCC tem alto rendimento em GLP e gasolina, de melhor qualidade (alta octanagem), obtida

na faixa de 50% a 60% em volume da carga processada.

Apesar do alto investimento de instalação requerido, o FCC é extremamente atrativo, em face

do alto rendimento em frações leves, de alto valor comercial. Além disso, o tempo de retorno do

empreendimento é muito baixo.

Esquema representando o processo geral de tratamento catalítico, onde se destaca a produção de

GLP e Nafta de Craqueamento, destinada ao pool de gasolina. Há também produção de diesel (óleo

leve/LCO).

4.5.5 - Hidrocraqueamento catalítico (HCC - Hydrocatalytic Cracking)

O HCC é um processo que consiste na quebra de moléculas existentes na carga, em presença de

hidrogênio, por ação conjugada do catalisador, em altas temperaturas e pressões. Ao mesmo

tempo em que ocorrem quebras, acontecem reações de hidrogenação das moléculas.

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A presença do hidrogênio tem a finalidade de reduzir a deposição de coque sobre o catalisador,

hidrogenar os compostos aromáticos polinucleados, facilitando a sua decomposição e

hidrogenar olefinas e diolefinas que se formam no processo de craqueamento, aumentando a

estabilidade dos produtos finais.

As severas condições possibilitam também a hidrogenação dos compostos dos compostos de

enxofre e nitrogênio, os eliminado dos produtos finais.

O HCC é um processo que concorre com o FCC pela carga do gasóleo de vácuo. Sua grande

vantagem é a versatilidade do processo que permite operar com cargas que variam desde naftas

até gasóleos pesados, maximizando a fração que se deseja (nafta petroquímica, QAV –

querosene de aviação, óleo diesel, gasolina ou lubrificantes).

O processo tem alto rendimento na produção de gasolina de boa octanagem e óleo diesel.

Ocorre também a produção de uma quantidade volumosa da fração GLP. Além disso, o HCC

complementa o FCC, com a conversão de cargas que não podem ser tratadas neste processo

(resíduos de vácuo, gasóleos de reciclo, extratos aromáticos, dentre outras).

A grande desvantagem do processo consiste nas elevadas pressões e temperaturas reacionais que

obrigam a ter equipamentos de grande porte, com metalurgia dispendiosa. Também há a

necessidade de implantação, em paralelo, de uma unidade de geração de hidrogênio, capaz de

suprir as reações de hidrocraqueamento (processo intensivo em consumo de hidrogênio) e de

recuperação de enxofre. A unidade de HCC demanda um elevado investimento.

Os catalisadores empregados em HCC: óxido de níquel-molibdênio (NiO-MoO) ou óxidos de

níquel-tungstênio (NiO-WO3), sobre um suporte de sílica-alumina (SiO2-Al2O3).

Os processos são semelhantes entre si e podem funcionar segundo a natureza da carga e o

objetivo da produção. Pode-se trabalhar visando à maximização de cortes de GLP, gasolina,

querosene de jato ou diesel.

Esquema representando o processo de hidrocraqueamento catalítico (HCC), em duas etapas.

Como variante do processo de HCC temos o processo de Hidrocraqueamento Catalítico

Brando (MHC – Mild Hydrocatalytic Cracking), que opera em condições bem mais suaves,

principalmente em relação à pressão.

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O processo é vantajoso por permitir a produção de grandes volumes de óleo diesel sem gerar

grandes quantidades de gasolina, a partir de uma carga de gasóleo convencional. É um processo

também de elevado investimento, sendo um pouco mais barato que o HCC.

4.5.6 - Alquilação ou alcoilação catalítica

É um processo que se baseia na junção de duas moléculas leves para a formação de uma terceira

de maior cadeia. Na indústria do petróleo essa rota é usada desde 1932 para a produção de

gasolina de elevado número de octano, a partir de componentes presentes no GLP. O tipo de

catalisador utilizado depende da tecnologia empregada, e os mais utilizados são os catalisadores

de caráter ácido, como o ácido fluorídrico (HF) ou o ácido sulfúrico (H2SO4).

O processo envolve a utilização de uma isoparafina, geralmente o isobutano, presente no GLP,

combinado a olefinas, tais como o propeno, os butenos e os pentenos.

O produto principal (alquilado) é encaminhado para a formulação de gasolina de aviação ou da

gasolina automotiva de elevado número de octano. A unidade também produz em menor

quantidade, nafta pesada, propano e n-butano de alta pureza, que podem ser vendidos

separadamente para usos especiais ou incorporados ao GLP. No que se refere à produção de

gasolina de elevado número de octano, pode-se dizer que este é um processo largamente

utilizado em países cuja demanda por gasolina é elevada e, onde se tem disponibilidade de GLP,

matéria-prima essencial do processo.

Permite a síntese de compostos intermediários de grande importância petroquímica, como o etil-

benzeno (para a produção de poliestireno), o isopropil-benzeno (para produzir fenol e acetona) e

o dodecil-benzeno (matéria-prima de detergentes).

Esquema representando o processo de alquilação catalítica

4.5.7 - Reforma ou reformação catalítica

O processo tem por objetivo transformar uma nafta rica em hidrocarbonetos parafínicos ou

naftênicos em outra, rica em hidrocarbonetos aromáticos (nafta de reforma). O processo foi

desenvolvido em 1940 e emprega alta temperatura (em torno de 500ºC), pressões que variam

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dependendo da tecnologia empregada e um catalisador à base de metais nobres (ex. platina,

rênio, ródio ou germânico).

O processo pode ter dois objetivos: a produção de gasolina de elevado número de octano ou a

produção de hidrocarbonetos aromáticos leves (benzeno, tolueno e xilenos).

O principal produto do processo é a nafta rica em hidrocarbonetos aromáticos (nafta reformada),

mas o processo gera também em menores quantidades, gás combustível, GLP, coque e uma

corrente rica em hidrogênio (insumo para as unidades de hidrotratamento).

No cenário atual existe uma crescente necessidade de melhoria da gasolina, em termos de

redução do teor de enxofre e de olefinas. As naftas disponíveis para a formulação de gasolinas

com baixos teores desses componentes são:

- as naftas destiladas, dessulfurizadas, de baixo número de octano e baixo teor de

olefinas;

- a nafta oriunda da UFCC (nafta craqueada), que passa por um processo de

hidrodessulfurização seletiva, de forma a ter baixo teor de enxofre e elevado número de

octano (alto teor de olefinas);

- a nafta produzida na unidade de coqueamento retardado (nafta de coqueamento) que

depois de hidrotratada possui baixo teores de enxofre e olefinas e baixo número de

octano.

É nesse cenário que se justifica o investimento em unidades de reforma catalítica, pois a nafta

reformada, de alto número de octano, permite que a refinaria formule gasolina com baixo teores

de enxofre e de olefinas, mantendo-se o número de octano requerido para os motores do ciclo

Otto (motores a gasolina e etanol).

Esquema representando o processo de reforma catalítica

5 - PROCESSOS DE TRATAMENTO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO

INTRODUÇÃO - Esses processos são utilizados para melhorar a qualidade dos derivados. São

conhecidos também como processos de acabamento. Assim como os processos de conversão,

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eles são de natureza química, embora seus objetivos não sejam provocar profundas

modificações nas frações, mas sim eliminar os contaminantes presentes e estabilizar

quimicamente o produto acabado.

As quantidades e os tipos de impurezas existentes nos produtos são bastantes variáveis,

diferindo conforme o tipo de petróleo e o processo que os produziu. Pode-se se afirmar que a

quantidade de impurezas é significadamente maior nas frações mais pesadas do petróleo,

dificultando a sua remoção.

Para as frações mais leves são empregados processos de tratamento chamados de convencionais

que não requerem condições operacionais severas e são relativamente simples em termos de

equipamentos e de operação. Esses processos são usados principalmente para a redução do teor

de enxofre dessas frações e a consequente eliminação da corrosividade. Nessa categoria estão os

processos de tratamento com aminas e os tratamentos cáusticos, quando aplicados ao gás

combustível e ao GLP.

Para a adequação das frações leves e médias (naftas, querosene e diesel) ou pesadas (gasóleos,

lubrificantes, resíduos) os tratamentos convencionais mostram-se ineficazes para a remoção dos

contaminantes. É necessário lançar mão dos processos de hidrotratamento ou de

hidroacabamento, de maior eficiência, mas que operam em condições mais severas de

temperatura e pressão, apresentando custos operacionais mais elevados e necessitando de

maiores investimentos. Em função das exigências ambientais, que implicam em expressiva

redução dos contaminantes nos derivados, esses processos tornam-se imprescindíveis ao refino

moderno.

5.1 - TRATAMENTOS CONVENCIONAIS

5.1.1 - Tratamento com aminas

É um processo específico de remoção de H2S (gás sulfídrico) de frações leves do petróleo, como

o gás combustível e o GLP. Desenvolvido em 1930 é ainda largamente utilizado hoje.

Dependendo da amina é também removido o CO2 que eventualmente esteja presente na corrente

gasosa. As aminas de maior utilização são a monoetanolamina (MEA), a dietanolamina (DEA) e

a metildietanolamina (MDEA).

A grande vantagem desse processo consiste na capacidade de regenerar a amina e o produto

dessa regeneração é uma corrente de gás ácido, rica em H2S, aproveitada para a produção de

enxofre em uma unidade de recuperação de enxofre (URE).

A presença desse tipo de tratamento é obrigatório junto às unidades de FCC, coqueamento

retardado e hidroprocessamento, onde são geradas correntes gasosas com elevadas

concentrações de H2S, sendo imperiosa a sua redução.

Esquema representando o tratamento DEA de uma corrente de GLP ácido

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5.1.2 - Tratamento cáustico

O objetivo desse tratamento é a eliminação de compostos ácidos de enxofre, tais como o H2S e

os mercaptanos (RSH) de baixa massa molecular, presentes principalmente no gás combustível

e no GLP, utilizando uma solução aquosa de soda cáustica (NaOH). Compostos sulfurados

diferentes desses mencionados não podem ser removidos por esta rota.

Uma das desvantagens do processo é o elevado consumo de soda cáustica, que mesmo sendo

um insumo de baixo custo, a depender do teor de contaminantes e da vazão da carga processada,

pode se constituir num fator de elevado custo operacional. Por isso é utilizado apenas para as

frações leves pouco contaminadas ou como pré-tratamento de outros processos.

Para reduzir o consumo de soda e a geração de soda gasta, o tratamento cáustico regenerativo é

usado quando o teor de mercaptanos na carga é elevado. Nessa versão do tratamento, aplicado

ao GLP, à nafta e ao querosene, os mercaptanos (RSH) são transformados em dissulfetos,

regenerando a soda cáustica, que, então, é reutilizada no tratamento. O tratamento cáustico

regenerativo é também conhecido como tratamento MEROX. Utiliza um catalisador

organometálico (ftalcianina de cobalto) em leito fixo ou dissolvido na solução cáustica, de

forma a extrair as mercaptanas dos derivados e oxidá-las a dissulfetos.

Esquema representando o Tratamento Cáustico Regenerativo (Tratamento MEROX) a correntes

de GLP e Nafta

5.2 - PROCESSOS DE HIDROTRATAMENTO (HDT)

Além da redução do teor de enxofre, o hidrotratamento (HDT) pode ser utilizado para a redução

de hidrocarbonetos olefínicos (estabilização) e aromáticos (aumento do número de cetano no

óleo diesel) e para a redução de outros contaminantes como o nitrogênio, o oxigênio e os

metais, dependendo do tipo de carga e do objetivo do tratamento.

O processo foi desenvolvido na década de 1920, na Alemanha, mas sua viabilidade industrial

para tratamento de derivados de petróleo se tornou mais expressiva a partir de 1950, com a

disponibilidade de hidrogênio, subproduto da reforma catalítica.

O uso intensivo de processos de hidrotratamento foi impulsionado nos últimos anos devido a

três fatores:

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- primeiro fator, a pressão da sociedade para a melhoria da qualidade do ar, exigindo

derivados, principalmente gasolina e óleo diesel, com menores teores de enxofre, para

menor emissão de poluentes (SOX);

- segundo fator, a constatação da descoberta de petróleos cada vez mais pesados, com

teores mais elevados de contaminantes, que estão sendo processados nas refinarias

mundiais;

- terceiro fator, é o custo da geração do hidrogênio que se tornou menor nos dias de hoje

devido à maior escala das atuais plantas de geração de hidrogênio e ao uso do gás natural

como matéria-prima, em substituição à nafta.

O processo de HDT abaixo é descrito para óleos lubrificantes básicos, mas pode ser aplicado

aos demais derivados do petróleo, desde a nafta até as frações residuais.

Os catalisadores empregados no processo de HDT possuem alta atividade e vida útil, sendo

baseados principalmente em óxidos ou sulfetos de Ni, Co, Mo, W ou Fe. O suporte do

catalisador, geralmente a alumina, não deve apresentar característica ácida, a fim de se evitarem

as indesejáveis reações de craqueamento.

Esquema representando um processo de hidrotratamento de óleo desparafinado, gerando corrente de óleo

hidrotratado que se destinará a produção de óleos lubrificantes básicos.

6 - PROCESSOS AUXILIARES

São os que se destinam a fornecer insumos à

operação de outros processos, ou aqueles cujo

objetivo e o de tratar correntes efluentes das

operações industriais. Abaixo faremos um

descritivo desses processos de forma resumida.

6.1 - Processo de geração de hidrogênio

Processo que tem se tornado cada vez mais

presente nas refinarias na medida em que tem

crescido a importância das unidades de HDT

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(hidrotratamento). Sua missão e suprir de hidrogênio essas unidades, complementando o

hidrogênio gerado pela reforma catalítica. O processo mais usual consiste na reação química de

hidrocarbonetos com vapor d’água (processo denominado como reforma a vapor). Essa

reação ocorre à elevada temperatura (+ de 800ºC), com auxílio de catalisadores a base de níquel.

As correntes de hidrocarbonetos mais utilizadas são: gás natural, gás combustível, GLP ou nafta

(hidrocarbonetos leves), sendo preferível o gás natural por sua maior disponibilidade.

6.2 - Processo de recuperação de enxofre

O objetivo da unidade de recuperação de enxofre (URE) é produzir enxofre na sua forma

elementar (S), a partir de uma corrente de gás rica em gás sulfídrico (H2S). O processo consiste

na oxidação parcial do gás sulfídrico com o ar, gerando enxofre e água. A reação é feita em duas

etapas: uma térmica (temperatura maior que 1000 ºC) e outra catalítica (temperatura menor que

300 ºC). O gás ácido é oriundo de diversas fontes:

- gás combustível e GLP oriundos do craqueamento catalítico e do coqueamento

retardado, que possuem altos teores de H2S, o qual é removido pelo tratamento com

aminas, gerando gás ácido;

- as demais frações de petróleo, ao passarem pelo HDT (hidrotratamento), geram gás de

refinaria (por craqueamento), e também H2S, que depois de tratado com aminas, gera gás

ácido;

- a unidade de tratamento de águas ácidas gera como subproduto o gás ácido, neste caso

contaminado com amônia.

6.3 Unidade de águas ácidas

Numa refinaria de petróleo a água (na forma líquida ou a vapor) é muito utilizada para

purificação de alguma corrente e resfriamento. A água em contado com o petróleo, derivados e

seus contaminantes fica “poluída”, gerando as águas ácidas.

São exemplos de unidades geradoras águas ácidas: a destilação, o hidrotratamento, o FCC

(craqueamento catalítico em leito fluidizado) e o coqueamento retardado.

Nas unidades de águas ácidas faz-se a retificação da água com o uso de vapor d’água em

diferentes níveis de pressão, produzindo duas correntes gasosas: uma rica em amônia, que deve

ser queimada em um incinerador de amônia; outra rica em H2S, que contém contaminação

também de amônia (até 10% em volume), que é encaminhada diretamente à unidade de

recuperação de enxofre (URE). A água tratada pode ser reutilizada em novos processos.

7 – BREVE HISTÓRIA DO PETRÓLEO

Desde a antiguidade o petróleo já era

conhecido pelo homem. Mas a sua

exploração comercial e refino se tornou

comercialmente relevante no séc. XIX,

primeiramente com a produção de

querosene, em substituição ao óleo de

baleia, utilizado na iluminação e depois,

com o advento dos motores de combustão

interna (motores ciclo Otto), o produto

derivado de maior relevância passou a ser a

gasolina.

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Ao se produzir querosene e gasolina, descobriu-se utilidade também para as frações mais

pesadas do petróleo, então residual, como combustível para as caldeiras das indústrias e óleo de

combustão para embarcações. Assim surgiu o uso comercial do óleo combustível.

O óleo diesel só veio a encontrar mercado consumidor, a partir de 1919, com aperfeiçoamento,

nos Estados Unidos, dos motores que operavam no ciclo Diesel, inventado na Alemanha.

Em 1939, Hans von Ohain desenvolveu na Alemanha a primeira turbina de aviação que usava

gasolina como combustível. Todavia, em 1941, em vista da escassez desse derivado, em função

da 2ª guerra mundial, o inglês Frank Whittle, desenvolveu uma turbina de aviação que utilizava

querosene como combustível. Nasceu assim o querosene de aviação, que posteriormente sofreu

algumas alterações para atender às rígidas especificações de segurança de vôo.

No Brasil os primeiros automóveis chegaram logo no início do séc. XX e a distribuição de

derivados teve início em 1912, através de empresas multinacionais (Standart Oil, futura Esso,

seguida da Shell, Texaco e Atlantic).

Na década de 1930 a indústria de petróleo no Brasil passou por vários avanços: formulação de

lubrificantes pela Esso (1930); fundação da Companhia Brasileira de Petróleo (1931); início da

operação Destilaria RioGrandense (1934) e de sua sucessora a Refinaria Ipiranga (1937); a

partida da refinaria Matarazzo em São Caetano do Sul-SP (1936); a criação do Conselho

nacional de Petróleo – CNP (1938). Na década de 1940, duas pequenas unidades em Aratu e

Candeias produziam gasolina, óleo diesel e querosene de iluminação, a partir de petróleo

produzidos na Bahia. Em 1945 e 1946, respectivamente, foram dadas concessões para a

construção de suas refinarias, no Rio de Janeiro: Refinaria de Manguinhos e outra em Capuava-

SP (Refinaria União). Durante a gestão do CNP, iniciou a construção da refinaria de Mataripe,

que entrou em operação em 1950. Em 1952, foi concedida a licença para a construção de uma

refinaria em Manaus-AM.

Porém, foi na década de 1950, que a indústria de refino no Brasil experimentou maior impulso

com os seguintes eventos:

- ampliação da refinaria de Mataripe;

- construção da primeira refinaria de grande porte em Cubatão, que entrou em operação

em 1955;

- estabelecimento do monopólio da União Federal sobre as atividades integrantes da

indústria do petróleo, em 3 de outubro de 1953, sancionado pela Lei Federal nº 2.004,

com a previsão de criação de uma empresa estatal para a execução desse monopólio;

- nascimento da empresa Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobras, em 1954, que ao ser

constituída, recebeu do CNP os campos de petróleo do recôncavo baiano, as refinarias de

Mataripe-Ba e Cubatão-SP, a Frota Nacional de Petroleiros. E os bens da

Superintendência de Industrialização do Xisto.

Desde 1980, com o crescimento do mercado, o aumento das exigências em relação à qualidade

dos produtos e as descobertas de petróleos nacionais, as refinarias sofreram ampliações de

capacidade e cresceram em complexidade.

As grandes alterações pelas quais passou o setor energético nacional, a partir da década de 1980,

foram as seguintes:

- o petróleo e seus derivados representam atualmente no Brasil a maior fonte primária de

energia, em torno de 50,6%;

- os petróleos importados foram sendo substituídos por petróleo nacionais, tendo o Brasil

atingindo a autossuficiência na produção em 2005;

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- no setor de transportes brasileiro, o óleo diesel se fixou como o principal combustível,

em função da maior participação do modal rodoviário, com redução, em termos

comparativos da gasolina, que passou a ser substituída parcialmente por combustíveis

alternativos (etanol e gás natural veicular – GNV);

- o gás liquefeito de petróleo (GLP) substitui em grande parte o consumo de lenha como

combustível doméstico e acompanhou o crescimento da população brasileira.

Atualmente o Brasil dispõe 13 (treze) refinarias, sendo 10 (dez) pertencentes à Petrobras e 3

(três) privadas.

As refinarias sob controle da Petrobras são as seguintes: REPLAN – Refinaria Paulínea-SP;

RLAM – Refinaria Landulpho Alves-BA; REVAP – Refinaria Henrique Lage-SP; REDUC –

Refinaria Duque de Caxias-RJ; REPAR – Refinaria Presidente Getúlio Vargas-PR; REFAP –

Refinaria Alberto Pasqualini-RS; RPBC – Refinaria Presidente Bernardes-SP; REGAP –

Refinaria Gabriel Passos-MG; RECAP – Refinaria de Capuava-SP; REMAN – Refinaria Isaac

Sabbá-AM; RPCC – Refinaria Potiguar Clara Camarão-RN; LUBNOR – Lubrificantes

Nordeste-CE.

A RLAM – Refinaria Landulpho Alves, localizada no município de São Francisco do Conde-

BA, entrou em operação em 17 de setembro de 1950, voltada para o processamento do óleo

altamente parafínico recém-descoberto no Recôncavo Baiano. Foi incorporada à Petrobras em

1954. Sua capacidade de processamento seria ainda duplicada em 1954, ampliada em 1959 e

novamente em 1960, quando entraram em operação as unidades de produção de lubrificantes e

parafinas. Essa refinaria, em 2010, possuía capacidade de processamento de cerca de 44.000

m3/d. É a segunda maior brasileira e a principal unidade da região Nordeste, abastecendo o

mercado com combustíveis e suprindo o pólo petroquímico de Camaçari como matérias-primas.

Destaca-se também com a principal produtora de parafinas do país.

Refinarias privadas: Refinaria de Petróleo Riograndense-RS, sob controle acionário da

Petrobras, Ultrapar e Brasken; Refinaria de Manguinhos-RJ; Univen Refinaria-SP.

Em construção: RNEST (Refinaria do Nordeste, posteriormente batizada de Refinaria Abreu

Lima), no estado de Pernambuco; COMPERJ (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).

Em fase de projeto: Refinaria Premium I, no estado do Maranhão e Refinaria Premium II, no

estado do Ceará.

8 – MAIORES PRODUTORES MUNDIAIS DE PETRÓLEO

Em 2012, a produção mundial de óleo aumentou em 1,9 milhão de barris diários, mais que o

dobro do crescimento do consumo. Décimo terceiro colocado, o Brasil foi responsável por 2,7%

de todo o petróleo produzido no período. Veja, a seguir, quem lidera, no ano 2012, e os números

comparativos com o ano de 2011.

PAIS

PARTICIPAÇÃO 2012

(MILHÕES POR DIA) 2011

(MILHÕES POR DIA VARIAÇÃO (2011-2012)

1º Arábia Saudita 13,3% 11,530 11,144 3,7%

2º Rússia 12,8% 10,643 10,510 1,2%

3º Estados Unidos 9,6% 8,905 7,868 13,9%

4º China 5,0% 4,155 4,074 2,0%

5º Canadá 4,4% 3,741 3.526 6,8%

6º Irã 4,2% 3,680 4,358 -16,2%

7º Emirados Árabes Unidos

3,7% 3,380 3,319 1,6%

8º Kuwait 3,7% 3,127 2,880 8,9%

9º Iraque 3,7% 3,115 2,801 11,2%

10º México 3,5% 2,911 2,940 -0,7%

11º Venezuela 3,4% 2,725 2,766 -1,5%

12º Nigéria 2,8% 2,417 2,460 -1,9%

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13º Brasil 2,7% 2,149 2,193 -2,0%

14º Noruega 2,1% 1,916 2,040 -7,0%

15º Angola 2,1% 1,784 1,726 3,4%

16º Catar 2,0% 1,966 1,836 6,3%

17º Cazaquistão 2,0% 1,728 1,758 -1,6%

18º Argélia 1,8% 1,667 1,684 -0,9%

19º Líbia 1,7% 1,509 0,479 215,1%

20º Colômbia 1,2% 0,944 0,920 3,2%

Fonte: http://exame.abril.com.br/

9 – PRODUÇÃO DE PETRÓLEO NO BRASIL POR UNIDADE FEDERADA

Na tabela abaixo estão listados, por unidade federada, os 9 maiores produtores de petróleo do

Brasil e a produção em barris, para o ano de 2012 (petróleo extraído de terra e mar):

Unidade Federada Produção (em milhões de

barris/ano)

1º) Rio de Janeiro 561,5

2º) Espírito Santo 113,1

3º) Rio Grande do Norte 21,7

4º) Bahia 16,0

5º) Sergipe 17,7

6º) Amazonas 12,3

7º) São Paulo 10,9

8º) Ceará 2,4

9º) Alagoas 1,7

Fonte: ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.

10 – OUTROS DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE O PETRÓLEO

10.1 - OS 5 (CINCO) MAIORES EXPORTADORES DE PETRÓLEO, EM MILHÕES DE

BARRIS/DIA (ANO DE 2009).

PAÍSES MILHÕES DE BARRIS/DIA

(2009)

Arábia Saudita 7,322

Rússia 7,194

Irã 2,486

Emirados Árabes 2,303

Noruega 2,132 Fonte: Departamento de Estatística dos E.U.A

10.2 – OS 5 (CINCO) MAIORES CONSUMIDORES DE PETRÓLEO, EM MILHÕES DE

BARRIS/DIA (ANO DE 2010)

PAÍSES MILHÕES DE BARRIS/DIA

(2010)

Estados Unidos 19,180

China 9,392

Japão 4,452

Índia 3,116

Rússia 3,038

Fonte: Departamento de Estatística dos E.U.A

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Observação: O Brasil é o 7º maior consumidor de petróleo do mundo, com 2,560 milhões de

barris/dia.

10.3 – OS 5 (CINCO) MAIORES IMPORTADORES DE PETRÓLEO, EM MILHÕES DE

BARRIS/ANO (ANO DE 2009)

PAÍSES MILHÕES DE BARRIS/DIA

(2009)

Estados Unidos 9,631

China 4,328

Japão 4,235

Alemanha 2,323

Índia 2,235 Fonte: Departamento de Estatística dos E.U.A

10.4 – AS 5 (CINCO) MAIORES RESERVAS DE PETRÓLEO, EM BILHÕES DE BARRIS

DE ÓLEO EQUIVALENTE (ANO DE 2011)

PAÍSES BILHÕES DE BARRIS DE

ÓLEO EQUIVALENTE (2011)

Venezuela 296,5

Arábia Saudita 265,4

Canadá 175,2

Irã 151,2

Iraque 153,1

Fonte: Departamento de Estatística dos E.U.A

Observação: O Brasil apresenta a 14ª maior reserva do mundo de petróleo, com 15,1 bilhões de

barris equivalentes de óleo em 2011.

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RESUMO TRIBUTAÇÃO DE COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES –

DERIVADOS E NÃO DERIVADOS DE PETRÓLEO.

UM POUCO DA HISTÓRIA DA TRIBUTAÇÃO DO PETRÓLEO E

COMBUSTÍVEIS DERIVADOS NO BRASIL Remonta à Constituição de 1934, o primeiro

regramento atinente à tributação específica de

combustíveis. No art. 6º da Carta Magna de 34

foi expressamente conferida competência à

União para instituir imposto sobre consumo de

quaisquer mercadorias, exceto combustíveis de

motor à explosão. Aos Estados foi outorgada a

competência privativa de instituição do imposto

de consumo sobre combustíveis destinados a uso

em motores à explosão.

A Constituição de 10 de novembro de 1937, também denominada de Constituição Polaca, pois

institucionalizou o regime de exceção implantado por Getúlio Vargas, pouco modificou o

sistema estabelecido na Carta de 34, mas foi retirada dos Estados a competência privativa para

tributar o consumo de combustíveis de motor à explosão, ficando na esfera de atribuição de

União instituir imposto de consumo sobre quaisquer mercadorias.

Com a redemocratização do país, após a segunda guerra mundial, foi promulgada a Constituição

de 1946. No art. 15, inc. III, da referida Carta Magna, foi estabelecida a seguinte regra:

“Art. 15 - Compete à União decretar impostos sobre:

III – produção, comércio, distribuição e consumo, e bem assim importação e

exportação de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos de qualquer origem ou

natureza”.

No parágrafo segundo do citado dispositivo da Lei Maior de 46 ficou estabelecido que o tributo

ali previsto teria a forma de imposto único, que incidiria sobre cada espécie de produto, sendo

que da renda resultante, 60% (sessenta por cento) seriam entregues aos Estados, Distrito Federal

(DF) e Municípios, proporcionalmente à sua superfície, população, consumo e produção, nos

termos e para os fins estabelecidos em lei federal.

Ainda na vigência da CF/46, e após o golpe militar de 1964, foi aprovada a Emenda

Constitucional nº 18/65, que promoveu alterações significativas no sistema tributário nacional.

Os impostos foram classificados em função da base econômica sob a qual incidiam: comércio

exterior, patrimônio e renda, produção e circulação e os impostos especiais.

A tributação das operações sobre produção, importação, circulação, distribuição ou consumo de

combustíveis e lubrificantes líquidos e gasosos de qualquer origem ou natureza foi inserido no

rol dos impostos especiais, juntamente com energia elétrica e minerais do País, de competência

da União, sendo adotada a sistemática de incidência única sobre uma dentre as operações

previstas na Emenda Constitucional (Art. 16, inc. I e o correspondente parágrafo único). Ficou

mantida a distribuição de 60% do imposto arrecadado sobre combustíveis e lubrificantes para

distribuição aos Estados, DF e Municípios.

Na vigência da CF de 1967 foi prevista, no art. 22, inc. VIII, a competência da União para

decretar impostos sobre produção, importação, circulação, distribuição ou consumo de

lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos, na sistemática também de incidência única

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sobre uma dentre as operações ali listadas e com a exclusão de taxação das mesmas operações

por quaisquer outros tributos. No tocante ao ICM estadual, foi criada a incidência tão somente

nas operações de distribuição ao consumidor final de lubrificantes e combustíveis líquidos

utilizados por veículos rodoviários, cuja receita seria aplicada exclusivamente em investimentos

rodoviários, tendo sido esta a primeira tentativa do Governo em destinar recursos da tributação

de combustíveis e lubrificantes para rodovias. Todavia, o Ato Complementar nº 40/1968,

revogou esta previsão de incidência do ICM estadual.

Na divisão do bolo do imposto de competência da União, previsto na CF de 1967, incidente

sobre operações com combustíveis e lubrificantes, quarenta por cento (40%) foi destinado à

distribuição entre Estados, DF e Municípios.

A referida sistemática de tributação dos combustíveis e lubrificantes, contida na Carta de 1967,

foi mantida na Constituição de 1969, com a menção expressa de não incidência de qualquer

outro tributo sobre as operações com os referidos produtos.

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 foi extinto o imposto único da União

sobre operações com combustíveis e lubrificantes. Instituído nesta Carta o ICMS com

incidência sobre as operações relativas à circulação de mercadorias e serviços de transporte

interestadual e intermunicipal e comunicações. No conceito de operações com mercadorias se

encontram inseridas as operações com petróleo, combustíveis líquidos e gasosos e lubrificantes,

derivados ou não de petróleo.

Foi também inserida na Carta de 1988 a competência para os municípios instituírem o imposto

de vendas a varejo sobre combustíveis líquidos e gasosos, exceto óleo diesel (IVVC), regra que

vigorou de 1989 a 1995. Após a edição da Emenda Constitucional nº 03/93, esta competência

foi revogada, com efeitos a partir de 1º janeiro de 1996.

Atualmente, além do ICMS estadual, a Constituição da República autoriza, no que se refere à

tributação por via de impostos, a incidência sobre combustíveis e derivados de petróleo tão

somente dos impostos vinculados ao comércio exterior. Esses tributos são de competência da

União e incidem sobre as operações de exportação e de importação.

Além do ICMS somente o Imposto de Importação vem sem utilizado para incidência nas

operações com petróleo, combustíveis e lubrificantes dele derivados. O Imposto de Importação

tem por base de cálculo o valor aduaneiro, denominado CIF, que inclui os custos com seguro e

frete. A alíquota deste imposto pode ser alterada por meio de Decreto Presidencial, conforme

previsto no art. 153 da CF/88. A alíquota do imposto de importação é determinado no âmbito do

Mercosul, por meio da Tarifa Externa Comum - TEC, com a possibilidade dos países-membro

aplicarem alíquotas diferentes para alguns produtos. Em relação aos derivados de petróleo a

alíquota tem sido mantida em zero. O álcool por sua vez tem a alíquota provisoriamente zerada,

mas pode ser alterada para 20%, que é o valor previsto na TEC.

A Constituição, apesar de delimitar “numerus clausus” os impostos que podem incidir sobre

combustíveis e lubrificantes, não vedou, entretanto, a incidência de outros tributos sobre as

operações com os citados produtos, a exemplo do que ocorre com as contribuições federais.

Assim, no exercício desta competência, a União, através da Emenda Constitucional nº 33/2001,

inclui no texto da CF/88 as regras básicas que regulam a CIDE - Combustíveis, uma

contribuição de intervenção no domínio econômico, incidente sobre as atividades de importação

ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool

combustível. A CIDE - combustíveis foi instituída pela Lei nº 10.336/01, com as alíquotas

diferenciadas por produto e estabelecidas por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o

disposto no art. 150, III, “b” (princípio da anterioridade).

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Também incide sobre as operações com combustíveis e derivados de petróleo o PIS

(Contribuição do Programa de Integração Social) e a COFINS (Contribuição para o

Financiamento da Seguridade Social), que são contribuições sociais de competência da União

previstas, respectivamente, nos arts. 239 e 195, I, “b”, da Constituição.

As citadas contribuições foram inseridas no ordenamento pátrio pelas Leis Complementares nº

7/70 (PIS) e nº 70/91 (COFINS). Tiveram seus regramentos básicos unificados pela Lei nº

9.718/98.

A base de cálculo das duas contribuições é o faturamento.

Neste Manual abordaremos tão somente a tributação do petróleo e combustíveis à luz da

legislação do ICMS em vigor no Estado da Bahia nos últimos 5 (cinco) anos.

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TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DO PETRÓLEO NO ICMS

DA BAHIA

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 1009 A 2013 (últimos 05 anos).

Atualizado até a alteração nº 19 do RICMS/12 (Decreto nº 14.812/13).

Introdução: No texto das páginas acima fizemos uma breve abordagem dos aspectos técnicos

relacionados à composição, produção e refino do petróleo. Acrescentamos também algumas

informações históricas e dados econômicos da produção mundial e nacional para melhor ilustrar

a importância do petróleo na matriz energética contemporânea. A seguir passaremos a tratar das

principais regras de tributação do ICMS vigentes na legislação do Estado da Bahia, incidentes

sobre as operações com petróleo. Para o Auditor Fiscal, na condição de operador do Direito

Tributário, a compreensão do contexto técnico, social, político e econômico onde irá

desempenhar a sua atividade é fundamental para que as regras de tributação sejam

adequadamente interpretadas e aplicadas.

PRINCIPAIS DISPOSIÇÕES DA LEGISLAÇÃO DO ICMS VIGENTE NO

ESTADO DA BAHIA

1 – Da incidência Na entrada, no território do Estado, de petróleo, quando não destinado à comercialização,

industrialização, produção, geração ou extração

Base Legal: art. 1º, § 2º, inc. III, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na Lei do ICMS: art. 2º, inc. III (Lei nº 7.014/96).

Observação importante 1: Na operação interestadual com petróleo não há incidência do ICMS,

deslocando-se toda a tributação para a unidade federada de destino, por força de norma

constitucional contida no art. 155, § 2º, inc. X, letra “b” , conforme se verá no item 3, abaixo. A

LC 87/96 normatiza esta incidência no art. 2º, § 1º, inc. III

Observação importante 2: A não tributação, pelo ICMS, das remessas interestaduais de petróleo

contém um benefício fiscal para a unidade federada de destino e não para o consumidor ou

destinatário final da mercadoria. A não incidência prevista na norma é apenas parcial e alcança tão

somente a operação interestadual relativa ao petróleo. Toda a tributação, portanto, é deslocada para

a unidade federada de destino, onde se dará o consumo final do produto ou se seus derivados

(princípio da tributação no destino).

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2 – Do momento da ocorrência do fato gerador

Por ocasião da entrada, no território do Estado, de petróleo oriundo de outra unidade da

Federação, quando não destinado à comercialização, industrialização, produção, geração ou

extração.

Base Legal: art. 2º, inc. X, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, inc. VIII (Lei nº 7.014/96).

3 – Não Incidência

Operação interestadual quando o petróleo é destinado à comercialização, industrialização,

produção, geração ou extração, em outra unidade da Federação.

Base Legal: Art. 6º, inc. III, “b”, do RICMS/97(5). Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. III (Lei nº 7.014/96) (6).

Observação importante 1: As regras de não incidência nas operações interestaduais

com petróleo e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados têm por fonte

originária as disposições da Constituição Federal: art. 155, § 2º, inc. X, letra “b”.

Observação importante 2: A não tributação, pelo ICMS, das remessas interestaduais de

petróleo, conforme já frisado no item 1 acima, é apenas parcial. Toda a tributação é deslocada

para unidade federada de destino onde se verificará a comercialização ou industrialização

subseqüente do produto ou de seus derivados. Objetiva a norma em questão eliminar a

possibilidade de arrecadação do ICMS incidente sobre as operações interestaduais com petróleo

para as unidades onde se localizam os poços produtores. O legislador prestigiou a arrecadação

do imposto no(s) Estado(s) de destino em detrimento do Estado(s) produtor(es), dado ser grande

o número de unidades federadas consumidoras e poucas as unidades onde se localiza a

produção.

4 – Da importação

O ICMS importação é devido por ocasião da entrada do petróleo no estabelecimento importador

e não no desembaraço aduaneiro, como nas demais mercadorias. Aplica-se ao caso a regra do

diferimento, contida no art. 343, inc. XXXIII, do RICMS/97, efeitos até 31/03/2012, com a

seguinte redação:

Art. 343. É diferido o lançamento do ICMS incidente:

(...)

XXXIII - nas entradas decorrentes de importação do exterior de óleos

brutos de petróleo – NCM 2709.00.10, para o momento em que ocorrer a

entrada dos produtos no estabelecimento do importador neste estado;

IMPORTANTE: a partir de 01/04/2012, com a entrada em vigor do novo Regulamento do

ICMS (RICMS/12), o diferimento nas importações de petróleo passou a ser regido pelo art.

286, § 2º, II, com a seguinte redação:

Art. 286. É diferido o lançamento do ICMS:

(...)

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§ 2º As hipóteses de diferimento previstas neste artigo encerram na saída

subsequente da mercadoria ou do produto resultante de sua

industrialização, exceto em relação às hipóteses a seguir indicadas, cujo

encerramento ocorrerá na entrada dos produtos no estabelecimento:

(...)

II - nas entradas decorrentes de importação do exterior de óleos brutos de petróleo

- NCM 2709.00.10;

O tratamento dado pelo RICMS/97 às importações de petróleo foi mantido no RICMS/12.

Base legal: Art. 572 do RICMS/97. Art. 332, inc. IV, do RICMS/12. (Regras atinentes ao

momento do recolhimento do ICMS-importação, modificadas pelas regras referentes ao

diferimento na importação de petróleo – vide item 6).

5 – Da exportação

Não incide ICMS na operação que destine petróleo ao exterior.

Base Legal: Art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96) .

Observação importante: as regras de não incidências nas operações de exportação para o

exterior de mercadorias têm por fonte primária as disposições da Constituição Federal: 1art. 155,

§ 2º, inc. X, letra “a”.

6 – Do diferimento

6.1 - Ocorre diferimento do lançamento e do pagamento do ICMS nas sucessivas saídas internas

de petróleo em estado bruto do estabelecimento extrator para o estabelecimento refinador para o

momento em que ocorrer a saída a qualquer título. Este diferimento foi temporariamente

revogado, com a criação da regra de isenção, que vigorou entre 1º de janeiro de 2013 e 31

de março de 2013, por força do Decreto nº 14.209, de 14/11/12. O diferimento foi

restabelecido pelo Decreto nº 14.372, de 28/03/13, DOE de 29/03/13, efeitos a partir de 1º/04/13. Vide

observações abaixo.

Base Legal: art. 343, inc. XXIX c/c art. 511, inc. I, do RICMS/97. Art. 286, inc. XIII, do

RICMS/12.

Observação importante 1. O diferimento citado no item 6.1 foi revogado pelo Decreto nº

14.209, de 14 de novembro de 2012, com efeitos a partir de 1º janeiro de 2013. Trata-se do

diferimento nas operações internas de petróleo, do estabelecimento extrator para o

estabelecimento refinador. Essa operação passou a ser isenta – vide item 7, abaixo)

Observação importante 2. Caso a saída resultante do petróleo ou dos produtos resultantes

do refino seja isenta ou não tributada pelo ICMS, o contribuinte responsável deverá

1 Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: § 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: X - não incidirá: a)

sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o

aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores;

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efetuar o pagamento do imposto diferido, nas operações verificadas antes de 1º de janeiro

de 2013, referente à entrada do petróleo no estabelecimento, conforme determina a regra

contida no 2art. 347, I e § 2º, do RICMS/97 e o 3art. 286, § 12, do RICMS/12 . Ocorre a

dispensa do pagamento do imposto diferido se a saída subsequente for para exportação do

petróleo ou dos produtos resultantes do refino – 4art. 347, § 3º, I e II , do RICMS/97 e 5art.

286, § 13, I, do RICMS/12 (hipótese de manutenção de crédito do ICMS).

Observação importante 3 – A partir de 1º/04/13, foi restabelecida a regra de diferimento

nas sucessivas saídas internas de petróleo em estado bruto do estabelecimento extrator

para o estabelecimento refinador, por força do Decreto nº 14.372, de 28/03/13, DOE de 29/03/13.

6.2 – Ocorre diferimento do lançamento e do pagamento do ICMS nas entradas decorrentes de

importação de óleos brutos de petróleo NCM 2709.00.10, para o momento em que ocorrer a

entrada do produto no estabelecimento importador. Nesta hipótese o pagamento do imposto é

deslocado para o momento da entrada no estabelecimento importador e não no desembaraço

aduaneiro da mercadoria.

Base Legal: art. 343, inc. XXXIII, do RICMS/97. Art. 286, inc. XVIII c/c o respectivo § 2º, inc.

II, do RICMS/12.

6.3 – Também ocorre diferimento nas saídas internas de bens e mercadorias entre

estabelecimentos de empresa:

a) refinadora de petróleo;

b) fabricante de produtos petroquímicos básicos (central petroquímica).

A mencionada hipótese de diferimento, em relação ao petróleo, alcança as operações com o

produto já processado ou tratado, ou suas frações e derivados, nas saídas internas entre

estabelecimentos que operem na atividade de refino ou de fabricação de produtos petroquímicos

básicos, a exemplo da nafta petroquímica e aromáticos (benzeno, tolueno e xilenos).

Base Legal: art. 286, inc. LX, do RICMS/12. Decreto nº 14.550/13, de 19/06/13, DOE de

20/06/13, efeitos a partir de 01/07/13, para “saídas internas de bens e mercadorias de estabelecimento

refinador de petróleo para as bases de distribuição pertencentes à mesma empresa.” Decreto nº 14.681,

de 30/07/13, DOE de 31/07/13, efeitos a partir de 01/08/13, que incluiu as operações entre

estabelecimentos de centrais petroquímicas.

2 Art. 347. O ICMS será lançado pelo responsável: I - uma vez ocorrido o momento previsto como termo final do diferimento, ainda que a operação que

encerrar o diferimento seja isenta ou não tributada; § 2º Nas hipóteses em que o termo final do diferimento corresponda à operação de saída amparada por isenção ou não incidência, caberá ao contribuinte que promover esta saída efetuar o lançamento do imposto até então diferido, cuja base de cálculo equivalerá ao preço de aquisição da mercadoria entrada no estabelecimento, incluídas as despesas acessórias, ressalvada a hipótese do parágrafo seguinte. 3 Art. 286. É diferido o lançamento do ICMS: § 12. Nas hipóteses em que o termo final do diferimento corresponda à operação de saída amparada por isenção

ou não incidência, caberá ao contribuinte que promover esta saída efetuar o lançamento do imposto até então diferido, cuja base de cálculo equivalerá ao preço de aquisição da mercadoria entrada no estabelecimento, incluídas as despesas acessórias, ressalvada a hipótese do § 13 deste artigo. 4 Art. 347. O ICMS será lançado pelo responsável: § 3º É dispensado o lançamento do imposto cujo lançamento tenha sido diferido, relativamente às entradas:

I - quando o termo final do diferimento for o momento da saída subseqüente da mercadoria ou do produto dela resultante, no caso de: a) mercadoria que venha a ser exportada para o exterior com observância dos arts. 581, 582 e 583; b) mercadoria destinada à utilização como matéria-prima ou qualquer outro insumo a ser empregado diretamente na fabricação de produtos industrializados que venham a ser exportados para o exterior com não-incidência do imposto, nos termos dos arts. 581, 582 e 583; c) insumo empregado na fabricação de produto cuja operação de saída venha a ocorrer com isenção ou não-incidência, nas hipóteses em que houver expressa autorização de manutenção do crédito, no caso de a industrialização ser feita por conta do estabelecimento industrializador adquirente dos produtos com diferimento; d) mercadorias de que trata o inciso LXXIII do art. 343, quando a saída subseqüente for alcançada com isenção. e) mercadorias de que trata o inciso XIV do caput do art. 343, quando a saída subseqüente da mercadoria ou do produto resultante da industrialização for desonerada do ICMS; II - de leite no estabelecimento, nas hipóteses do § 1º do art. 466; 5 Art. 286. É diferido o lançamento do ICMS: § 13. É dispensado o lançamento do imposto diferido: I - quando a operação de saída subsequente venha a

ocorrer com não-incidência, isenção ou redução de base de cálculo, nas hipóteses em que houver expressa autorização de manutenção do crédito;

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7 – Da isenção

Isenção do ICMS, entre 1º de janeiro de 2013 e 31 de março de 2013, nas saídas internas de

petróleo, efetuadas por estabelecimento extrator com destino a estabelecimento refinador. A

isenção vigorou, portanto, por prazo determinado (efeitos temporários).

Base Legal: art. 265, inc. CIV, do RICMS/12 (Decreto nº 14.209, de 14 de novembro de 2012,

alteração nº 6 ao RICMS/12). Dispositivo revogado pela alteração nº 12, do RICMS/12,

através do Dec. nº 14.372, de 28/03/2013, com efeitos a partir de 01/04/2013 – DOE de

29/03/2013.

8 – Do estorno de crédito fiscal em relação às operações com petróleo

A legislação do ICMS do Estado da Bahia passou a exigir o estorno dos créditos fiscais, a partir

de 01/04/2011, em relação às entradas de petróleo, bem como de mercadorias e serviços

utilizados na sua produção (extração) ou embalagem, quando ocorresse operação de saída

daquele produto ou de seus derivados, para outra unidade da Federação, destinados à

comercialização, industrialização, produção, geração ou extração, com não-incidência do

imposto, nos termos das alíneas “b” e “c” do inciso III do art. 6º, do RICMS/97 Vide

observações abaixo quanto ao regime de estorno de crédito.

Observações importantes: evolução histórica da questão do estorno de crédito com

petróleo:

Observação 1: Até 31/03/11, o regime de diferimento vigente, no RICMS/97, admitia a

manutenção total dos créditos fiscais das mercadorias e serviços utilizados na extração do

petróleo, nas saídas subsequentes do produto ou de seus derivados sem incidência ou com

isenção do ICMS;

Observação 2: A partir do Decreto nº 12.537, de 30/12/10 (alteração nº 142, ao RICMS/97),

com efeitos a partir de 1º/04/2011, portanto, ainda na vigência do RICMS/97, foi abolida a

manutenção de crédito fiscal, mencionada na “Observação 1 acima, nas operações subseqüentes,

com petróleo ou seus derivados sem incidência ou com isenção do ICMS;

Observação 3: Com a entrada em vigor do RICMS/12 (Dec. nº 13.780/12), a regra que aboliu a

manutenção do crédito fiscal, contida no RICMS/97 a partir da edição do Decreto nº 12.537/10,

não foi reproduzida, mas a possibilidade de manutenção de créditos de ICMS conforme regime

anterior vigente até 31/03/11 não foi expressamente prevista no novo Regulamento.

Observação 4: A partir de 1º/01/2013, o RICMS/12, via Decreto nº 14.209/12 – alteração nº 6 –

estabeleceu a isenção nas saídas internas de petróleo, efetuadas por estabelecimento extrator

com destino a estabelecimento refinador (art. 265, inc. CIV, do RICMS/12), com a

correspondente vedação de manutenção dos créditos fiscais das mercadorias e serviços

utilizados na extração do petróleo, nas saídas subsequentes do produto ou de seus derivados sem

incidência ou com isenção do ICMS.

Observação 5: A isenção mencionada na “Observação 4” acima, vigorou entre 1º/01/2013 e

31/03/2013, sendo revogada pelo Dec. 14.372/13, de 28/03/13, DOE de 29/03/13. Foi

restabelecido o diferimento, pelo citado Decreto, mas sem previsão de manutenção de créditos

fiscais de ICMS nas operações com mercadorias e serviços utilizados na extração do petróleo,

com saídas subsequentes não tributadas pelo imposto.

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Base Legal: as mencionadas nas “Observações de 1 a 5” contidas no quadro acima.

9 – Da base de cálculo

9.1 – Entrada de petróleo de outro Estado (para consumo ou uso final): Quando o petróleo não

for destinado à comercialização, industrialização, produção, geração ou extração, a base de

cálculo, no Estado de destino, é o valor da operação, com a inclusão do ICMS na própria base

de cálculo da operação.

Em relação ao petróleo que é matéria-prima que serve à produção de diversos derivados, dentre

eles, gasolina, óleo diesel, querosene de aviação e nafta, a destinação direta para consumo ou

uso final é hipótese pouco provável de se verificar na prática.

Base legal: art. 56, inc. II, do RICMS/97 c/c com o art. 52. Sem correspondência no RICMS/12.

Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. V (Lei nº 7.014/96), c/c § 1º, inc. I.

9.2 – Entrada de petróleo de outro Estado (para fins de comercialização ou

industrialização/refino): O mais provável é ocorrer a remessa de petróleo de uma unidade

federada para outra, para fins de comercialização ou industrialização/refino no destino. Nesta

situação, a tributação é também integralmente deslocada para o Estado de destino, não havendo

incidência de ICMS na operação de origem. A base de cálculo é o valor da operação com a

inclusão do ICMS na própria base de cálculo da operação.

Base Legal: art. 56, inc. II, do RICMS/97 c/c com o art. 52. Sem correspondência no

RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. V (Lei nº 7.014/96), c/c o §

1º, inc. I.

9.3 - Base de cálculo na importação de petróleo do exterior: Nesta hipótese verifica-se o

diferimento do ICMS - importação para o momento da entrada no estabelecimento do

importador (art. 343, XXXIII, do RICMS/97 e art. 286, inc. XVIII c/c o respectivo § 2º, inc. II,

do RICMS/12).

A base de cálculo será o valor da operação com a inclusão nesta do montante do ICMS,

acrescido de todas as despesas que a tenham onerado, abrangendo aquelas relativas à

importação (valor do documento de importação + impostos federais incidentes + despesas

aduaneiras + demais tributos incidentes), somando-se também a estes as despesas até a entrada

no estabelecimento importador, com a inclusão do ICMS na própria base de cálculo.

Base Legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.

Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc. VI c/c o § 1º, inc. II e art. 23, inc. I, letra

“b” .

9.4 – Base de cálculo no encerramento do diferimento por ocasião da saída petróleo a qualquer

título, inclusive dos produtos dele derivados:

Trata-se da hipótese de diferimento contemplada no art. art. 343, inc. XXIX, do RICMS/97 e no

art. 286, inc. XIII, do RICMS/12. Esse diferimento, conforme já destacado acima, no item 6.1,

foi temporariamente revogado pelo Decreto nº 14.209, de 14 de novembro de 2012, com efeitos

entre 1º janeiro de 2013 a 31 março de 2013. O imposto diferido pago por ocasião da saída do

petróleo ou de seus derivados engloba tanto a operação anterior (alcançada pelo diferimento),

como as subseqüentes.

Base legal: Art. 56, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 23, inc. I, letra “a” (Lei nº 7.014/96).

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10 – Da alíquota

18% (dezoito por cento), nas operações interestaduais que destinem petróleo a este estado

(hipótese tributação no destino) e na importação. Observar que as operações de importação são

alcançadas pelo diferimento, com encerramento no momento da entrada no estabelecimento do

importador (itens 5.2, acima). Em relação ao petróleo extraído no território baiano (operações

internas), observar o período em que se deu a operação para se verificar a aplicabilidade da

regra de diferimento (item 6, acima) ou a regra da isenção (item 7, acima).

Base legal: art. 50, inc. I, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria tratada

na Lei Estadual do ICMS: art. 15, inc. I (Lei nº 7.014/96). A redação atual do inciso “I” do caput

do art. 15 foi dada pela Lei nº 13.461, de 10/12/15, DOE de 11/12/15, que alterou a alíquota de 17%

para 18%, mantida a redação de suas alíneas, efeitos a partir de 10/03/16.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS

1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,

processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]

André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA

/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –

Rio de Janeiro: Interciência, 2012;

3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,

especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e

Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:

http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).

5 – O PETRÓLEO – Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro / Daniel

Yergin – São Paulo; tradução de Leila Marina U. Di Natale Maria Christina e outros,

Ed. Paz e Terra, 2012

6 - www.anp.gov.br (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis);

7 - http://exame.abril.com.br/ (Revista Exame)

8 – www.petrobras.com.br (Petrobras S/A)

9 - pt.wikipedia.org/wiki/Petróleo (Wikipedia, a enciclopédia livre).