manual de trabalho em arquivos escolares

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  • Governador do Estado de So PauloGeraldo Alckmin

    Secretrio da EducaoGabriel Chalita

    Secretrio-AdjuntoPaulo Alexandre Barbosa

    Chefe de Gabinete da Secretaria da EducaoMarila Nunes Vianna

    Secretaria de Estado da Educao de So PauloPraa da Repblica, 53 - CentroTelefone: (11) 3218-2000www.educacao.sp.gov.br

    Centro de Referncia em Educao Mrio CovasAv. Rio Branco, 1260 - Campos ElseosTelefone: (11) 3334-0100 e (11)3334-0666www.crmariocovas.sp.gov.br

  • 1S239mSo Paulo (Estado) Secretaria da Educao

    Manual de trabalho em arquivos escolares / Secretaria daEducao; elaborao de Teresa Marcela Meza Baeza. - SoPaulo : CRE Mrio Covas, IMESP, 2003.

    p. : il.

    Parte integrante do conjunto de aes do Projeto Memorialda Educao Paulista do Centro de Referncia em EducaoMario Covas, de autoria de Maria Aparecida Ceravolo Magnanie Sidnei Sauerbronn. Coordenao geral do Projeto de MariaAparecida Ceravolo Magnani.

    Inclui bibliografia.

    1.Arquivos escolares 2. Conservao de documentos 3.Preservao do patrimnio 4. Patrimnio histrico 5.Arquivstica I. Meza Baeza, Teresa Marcela. II. Magnani, MariaAparecida Ceravolo. III. Ttulo.

    CDU: 025.7

    Catalogao na Fonte: Centro de Referncia em Educao Mrio Covas

  • 2Projeto Nossa Escola tem Histria

    Manual de Trabalho Em Arquivos Escolares

    2004

  • 3SUMRIO

    Pg.

    APRESENTAO .................................................................................... 4

    PREFCIO ............................................................................................... 6

    INTRODUO ......................................................................................... 8

    ARQUIVOS ESCOLARES ....................................................................... 11

    PROCESSAMENTO TCNICO ............................................................... 15

    IDENTIFICAO DE FUNDOS ..................................................... 19

    CLASSIFICAO .......................................................................... 20

    Separao por espcies e tipos documentais ..................... 20

    Registro e Definio conceitual ........................................... 22

    Elaborao do Quadro de Arranjo ....................................... 25

    ORDENAO E NOTAO .......................................................... 32

    HIGIENIZAO E ACONDICIONAMENTO .................................. 34

    INSTRUMENTO DE PESQUISA E DESCRIO ......................... 40

    ATENDIMENTO A CONSULENTES ............................................. 47

    VOCABULRIO ...................................................................................... 50

    BIBLIOGRAFIA ....................................................................................... 53

    ANEXOS .................................................................................................. 54

  • 4APRESENTAO

    ORGANIZANDO E DESCOBRINDO A HISTRIA DE CADA ESCOLA

    O mais fascinante do trabalho com a Educao a ampla possibilidade

    de abordagens que ele comporta. O limite deve ser o da imaginao, e a

    melhor imaginao aquela que no tem limites. Embora a relao professor-

    aluno dentro da sala de aula seja imprescindvel, ela deve ser cada vez mais

    emparelhada com outras propostas de trabalho, capazes de motivar os

    aprendizes a uma prtica mais atuante e participativa, j que crianas e jovens,

    estimulados pelos mltiplos apelos tecnolgicos da modernidade, mostram-se

    cada vez menos dispostos a sentar-se passivamente diante do professor e dele

    receber o conhecimento pronto. Uma das mais importantes contribuies que o

    professor pode oferecer a seus alunos nestes nossos tempos ensin-los a

    procurar, a produzir e a organizar o conhecimento.

    Este pequeno Manual de trabalho em arquivos escolares contm

    preciosa informao tcnica, til e necessria para qualquer tipo de unidade

    escolar, que tem a obrigao de guardar e zelar pelos documentos referentes

    s diversas geraes de estudantes que por ali passaram. Apresenta tambm

    uma proposta de trabalho que pode ser usada para transformar estudantes em

    arquelogos locais e historiadores da sua comunidade, num tipo de atividade

    capaz de agitar a imaginao dos jovens.

    Tendo este Manual como guia de trabalho, a direo e os professores

    podero interessar um grupo de alunos na tarefa de ajudar a organizar o

    arquivo de sua escola. Alm do trabalho material com o arquivo, em que a

    manipulao responsvel e cuidadosa dos documentos ter grande

    importncia, ser possvel lanar tambm a proposta de fazer um boletim

    informativo a partir dos dados levantados: falar sobre a fundao da escola,

    sua relao com a histria do bairro ou da cidade, as diferentes geraes que

    por ali passaram, o destaque obtido por alguns ex-alunos como profissionais,

    como artistas, como gente dedicada a alguma espcie de causa generosa.

    Talvez professores e estudantes fiquem surpresos com as coisas que vo

    descobrir, com a articulao pouco visvel mas muito enraizada entre a escola

  • 5e a comunidade. Se o trabalho ainda for complementado com entrevistas a ex-

    alunos, os jovens pesquisadores vero que todos tm uma histria, um

    episdio inesquecvel a contar a respeito dos seus tempos de estudante.

    Essa descoberta da escola em perspectiva histrica, a possibilidade de

    olhar para esse prdio como uma personagem que testemunhou

    acontecimentos, motivou descobertas e apontou caminhos, abenoou casais

    que ali se conheceram, recebeu os filhos dessas unies como antes j havia

    recebidos os pais, e tudo isso dar motivo a que se olhe com carinho renovado

    para algo que mais que um prdio ou uma instituio, porque ser sempre

    um importante foco aglutinador das melhores relaes humanas.

    Gabriel Chalita

    Secretrio de Estado da Educao

  • 6PREFCIO

    Nas visitas que realiza s escolas, a equipe do CRE tem encontrado

    acervos histricos preciosssimos, compostos por fotos, selos, moedas, livros,

    discos, jogos, pronturios de alunos e professores, livros de atas, de ponto,

    cadernos, publicaes da escola, hemerotecas, mveis, aparelhos,

    equipamentos, museus pedaggicos, laboratrios, etc.

    A organizao desses acervos, bem como a pesquisa e o registro da

    histria da escola, alm de terem o objetivo primeiro da preservao da

    memria e do nosso patrimnio cultural, podem proporcionar aos alunos

    situaes para exerccios tais como: observar, separar, contar, medir,

    classificar, catalogar, comparar, descrever, higienizar, restaurar, acondicionar,

    elaborar cadastros, tabelas, relatrios, etc, atividades que fazem parte das

    abordagens cientficas e podem ser apropriadas, segundo sua natureza, pelas

    diferentes disciplinas do currculo.

    Por trs dessas atividades, no entanto, o aluno encontrar muito mais: a

    iniciao ao conhecimento cientfico, o desenvolvimento do pensamento formal,

    a valorizao da memria, o desenvolvimento de uma conscincia histrica

    acerca da realidade, o fortalecimento da identidade e da auto-estima. Esses

    so apenas alguns exemplos de contribuies que um projeto pedaggico pode

    oferecer, alm dos conhecimentos especficos das reas nele envolvidas.

    Descobrir como, quando e por que foi criada a escola; que pessoas por

    ela passaram; que mudanas fsicas sofreu ao longo de sua existncia; a oferta

    de cursos no decorrer dos anos ou dcadas; os diferentes modelos de

    organizao de currculos e horrios; os mtodos e materiais pedaggicos que

    utilizou; a importncia que teve e tem para a comunidade; esses so alguns

    temas que possibilitariam uma explorao da histria da escola nas atividades

    pedaggicas.

    Para serem adequadamente iniciados nas habilidades necessrias ao

    trabalho de investigao cientfica, desejvel e importante que os estudantes

    tenham contato com documentos histricos, que saibam a diferena entre uma

    pesquisa a fontes primrias e uma pesquisa a fontes secundrias, que tenham

    oportunidade de preparar e realizar entrevistas, que possam se exercitar, por

  • 7exemplo, na construo de tabelas, na formulao de relatrios e textos de

    naturezas variadas.

    Este manual, ao orientar leigos na organizao do acervo histrico

    escolar, pretende ser um primeiro passo no suporte ao trabalho de preservao

    da memria dentro das escolas. Outras publicaes se seguiro, pois

    incentivar projetos dessa natureza constitui um dos objetivos do Memorial da

    Educao/Centro de Referncia em Educao Mario Covas/SEE, pois eles

    podem proporcionar aos jovens uma compreenso maior sobre seu meio, alm

    de elev-los condio de protagonistas de aes concretas para a

    preservao de parte da histria da educao paulista.

    Maria Aparecida Ceravolo Magnani

  • 8INTRODUO

    Voc, aluno, que estuda a histria do Imprio Romano, a histria da

    Revoluo Francesa; voc, professor, que ensina sobre a abolio dos

    escravos e sobre a Independncia do Brasil: sabiam que suas escolas tambm

    tm histria e que muito importante conhec-la?

    importante conhecer a histria de nossas escolas para saber em que

    contexto elas foram criadas, como foram organizadas, que cursos vm

    ministrando, quais tm sido as comemoraes promovidas, os campeonatos

    disputados, quem foram seus diretores, etc. Mas... como podemos aprender

    sobre a histria de nossas escolas se essa histria no est escrita nos livros?

    Podemos aprender mais sobre a histria de nossas escolas conversando com

    os funcionrios mais antigos, com os professores ou com os alunos mais

    velhos, ou at, quem sabe, entrevistando o Diretor.

    H ainda uma outra maneira de conhecer essa histria: atravs dos

    documentos histricos. Os documentos so importantes porque registram o

    dia-a-dia das atividades da escola; so "pistas" para se compreender, por

  • 9exemplo, como sua estrutura, a que tipo de pblico atende, qual o perfil do

    corpo docente e dos funcionrios.

    Com o passar do tempo, os documentos tendem a envelhecer e a se

    deteriorar, e a maioria acaba indo parar no lixo; conseqentemente, algumas

    informaes histricas se perdem para sempre! Para que isso no acontea,

    necessrio tomar alguns cuidados importantes com esses documentos. Quem

    que pode fazer isso? Voc sabia que, assim como h os profissionais

    especializados em cuidar de bibliotecas (bibliotecrios) e de museus

    (muselogos), tambm h os especialistas em cuidar de arquivos? Esses so

    os arquivistas. Entretanto, no compete s aos arquivistas o cuidado com a

    documentao histrica; cabe a todos ns zelar pela sua conservao. Por

    isso, colabore sempre para preservar o patrimnio de sua escola: carteiras,

    lousas, livros e demais bens pertencem a todos e servem como documento de

    nossa prpria histria.

    Pensando nisso, o Ncleo de Referncia em Memria da Educao,

    vinculado ao Centro de Referncia em Educao Mrio Covas, sob a

    coordenao da Prof. Maria Aparecida Ceravolo Magnani, est desenvolvendo

    o projeto Nossa Escola tem Histria. Tendo como arquivo piloto o Arquivo da

    Escola Caetano de Campos (AECC), esse projeto pretende realizar a

    implantao de arquivos escolares na rede pblica do Estado de So Paulo,

    para disponibiliz-los consulta de pesquisadores, estudiosos e interessados

    em geral. Alm de preservar a memria da escola paulista, esse projeto busca

    conscientizar a sociedade sobre a importncia de zelar pelo patrimnio cultural,

    especificamente os acervos escolares, at agora pouco valorizados.

    Com esse fim, apresentamos este Manual de trabalho em arquivos

    escolares para orientar a tarefa de implantao desses arquivos. Elaborado em

    linguagem didtica, este manual est voltado para leigos na rea de

    Arquivologia e visa a atender, principalmente, aos professores e alunos

    interessados em preservar a memria de suas escolas.

    Procuramos inserir ao final deste trabalho um vocabulrio, com o

    propsito de facilitar a compreenso de alguns termos tcnicos da

    Arquivologia, alm de dicas, observaes, ilustraes e uma bibliografia que

    pode ser til a quem deseje ampliar seus conhecimentos nessa rea.

  • 10

    ARQUIVOS ESCOLARES

    Durante nossa vida, produzimos e guardamos uma srie de

    documentos que passam a fazer parte de nossos prprios arquivos. Esses

    arquivos recebem o nome de arquivos pessoais, por se referirem a pessoas

    fsicas. Mas... o que so documentos? Quando abrimos uma conta bancria ou

    nos matriculamos num curso, necessitamos apresentar nossos documentos:

    RG, CPF, certido de nascimento, ttulo de eleitor, etc. Esses e outros

    documentos servem para atestar nossos deveres e garantir nossos direitos.

    Entretanto, para os historiadores, tudo aquilo que servir como registro de

    informaes histricas tambm considerado documento: um decreto, uma

    carta, um artigo de peridico, uma fotografia, um dirio, um caderno, uma pea

    de vesturio, uma cadeira, etc.

    Da mesma maneira, as instituies produzem uma vasta documentao,

    que forma os arquivos de partidos polticos, de empresas, de bancos, de

    universidades, de associaes religiosas, e tambm de escolas. Logo,

    podemos definir arquivo como o conjunto de documentos reunidos, ao longo

    das atividades, por pessoas fsicas ou jurdicas, pblicas ou privadas.

    O arquivo corrente, tambm chamado de administrativo, aquele

    composto por documentos que fazem parte das rotinas administrativas,

    jurdicas e funcionais da instituio (considerados de primeira idade) e que

    esto intimamente ligados aos objetivos pelos quais foram gerados. Quando os

    documentos ultrapassam os prazos de validade, mas ainda podem ser

    consultados pelo produtor, so encaminhados a um arquivo intermedirio

    (segunda idade), onde ser feita uma avaliao com o auxlio de uma tabela

    de temporalidade, para determinar seu destino: guarda ou eliminao. Assim,

    os documentos considerados de valor histrico, cultural e probatrio, sero

    encaminhados para o arquivo permanente, tambm chamado de histrico

    (terceira idade); os demais, sero descartados. importante que as trs fases

    de "vida" dos documentos descritas acima sejam tratadas de maneira

    sistemtica, normalizada e integrada, para realizar a passagem de um arquivo a

  • 11

    outro e a eliminao de documentos de acordo com os procedimentos

    adequados.

    muito importante cuidar dos documentos desde o momento de sua

    gerao e gesto. Imprescindvel, tambm, que funcionrios, professores e

    alunos conheam os cuidados que devem ser dispensados aos documentos

    que fazem parte das atividades dirias da escola, j que muitos deles podem

    se tornar histricos!

    Os arquivos escolares so constitudos pelo conjunto de documentos

    produzidos e recebidos em decorrncia das atividades dirias de professores,

    funcionrios, alunos, pais de alunos e todos aqueles que de alguma forma

    participam do funcionamento da escola. Entre os documentos escolares,

    podemos citar: pronturios de alunos, cartilhas, discos de histrias infantis,

    trabalhos feitos pelos prprios alunos, etc. Todos esses documentos contam

    algo da histria da escola e, claro, da sua histria tambm!

    Aps todas estas explicaes, provavelmente voc j pode responder s

    seguintes perguntas: a sua escola tem um arquivo histrico? Voc j pensou

    em como seria interessante guardar no arquivo escolar as fotografias daquela

    divertida excurso que voc fez com seus colegas no final do ano passado? Ou

    ainda preservar a maquete feita por seus alunos e exibida na exposio do Dia

    dos Pais?

  • 12

    At aqui, voc j deve ter percebido que os acervos (ou fundos)

    escolares podem reunir uma grande variedade de documentos nos mais

    diversos materiais: papel, madeira, isopor, vidro, tecido, gesso, acrlico, etc. Os

    arquivistas do o nome de suporte ao material sobre o qual as informaes

    so registradas. Assim, podemos considerar como documento histrico tanto

    uma cadeira em madeira do sculo XIX como um calado em couro que

    pertenceu a um baro do caf, ou as dobraduras de papel feitas pelos alunos

    nas aulas de Educao Artstica. Esses exemplos nos trazem informaes

    histricas a respeito do mobilirio do sculo XIX, do vesturio dos bares do

    caf, e das prticas escolares no Brasil do sculo XX. Podemos perceber,

    ento, que documento no somente aquilo que registrado em papel. Assim

    como h vrios tipos de suporte, tambm devemos lembrar que os documentos

    podem pertencer a vrios gneros: udio, cinematografia, iconografia,

    multimdia e texto. Nesse sentido, os arquivos escolares guardam uma

    especificidade que os diferencia da maioria dos arquivos institucionais nos

    quais normalmente encontramos exemplares nicos de documentos

    manuscritos, impressos e audiovisuais. Os exemplares mltiplos (livros e

    revistas) so, geralmente, guardados em bibliotecas; e os objetos bi e

    tridimensionais (quadros, cadeiras, brinquedos, calados) conservam-se em

    museus. Bom, em nossa escola ns temos tudo isso!!!

    E agora, o que fazer?...

    Pronturio dealunos (AECC)

  • 13

    Trabalho deAluno (AECC)

    Discos(AECC)

    Cartilhas(AECC)

  • 14

    PROCESSAMENTO TCNICO

    Quando a escola possui um acervo histrico, necessrio agir

    rapidamente antes que a falta de conservao acabe com os documentos.

    Antes de mais nada, recomenda-se a escolha de um local adequado para

    guardar os documentos, onde eles possam ficar em segurana o maior tempo

    possvel. Dependendo das condies materiais e financeiras de que dispe a

    instituio responsvel pelo acervo, os arquivos podem ficar separados das

    demais dependncias do prdio, protegidos por portas corta-fogo, em salas

    equipadas com dispositivos contra incndio, controladores de umidade e

    temperatura, estantes deslizantes, etc.

    Se sua escola no tem esses recursos, no faz mal. Nada impede que

    se tomem alguns cuidados que, por simples que paream, so necessrios

    para prolongar a vida dos documentos. Primeiramente, deve-se instalar o

    arquivo em local seguro: ao abrigo das goteiras de chuva, da umidade ou do

    calor em excesso. Esses fatores climticos podem trazer srios prejuzos

    documentao, j que so responsveis, inclusive, pelo desenvolvimento de

    microorganismos, insetos e roedores que costumam atacar os documentos.

  • 15

    O mofo provocado porfungos que sepropagamcausando manchasnos documentos,especialmente emambientes quentese midos onde faltacirculao de ar elimpeza.

    Livrodanificado pelaao deinsetos (AECC)

    Livro danificadopela ao deinsetos (AECC)

  • 16

    Os fungos (que provocam mofo), traas, brocas, cupins e baratas

    proliferam-se rapidamente, consumindo toda sorte de materiais: papis,

    tecidos, couro, madeira, etc. Se o arquivo se localiza numa regio que corre

    risco de alagamento, recomenda-se a guarda do acervo nos andares

    superiores do prdio. Tambm, d preferncia a ambientes arejados e sem

    poeira, onde o piso, as paredes e o mobilirio no sejam de madeira, j que a

    madeira atrai cupins. Confira com um tcnico toda a fiao eltrica para afastar

    o perigo de curto circuito, que pode provocar incndio. Por ltimo, h tambm o

    fator humano, que pode ameaar os arquivos histricos: isso quer dizer que as

    pessoas tambm podem, intencionalmente ou no, destruir irrecuperavelmente

    a documentao. Por isso, uma das primeiras medidas a ser tomada o

    estabelecimento de normas de conduta para orientar os procedimentos dos

    tcnicos que iro trabalhar no arquivo. Sugerimos as seguintes regras:

    Normas de conduta para arquivistas e auxiliares

    01) No entrar no arquivo portando alimentos e/ou lquidos (gua, refrigerante,

    suco, etc).

    02) Depositar sombrinhas e guarda-chuvas midos longe da documentao.

    03) No fumar no ambiente onde haja documentos.

    04) Usar luvas e mscaras quando estiver em contato com a documentao.

    05) Se fizer registros manuscritos, usar somente lpis ou lapiseira; jamais usar

    canetas.

    06) Ao fazer anotaes, deve-se depositar as folhas diretamente sobre a mesa;

    nunca escrever em cima de outros documentos.

    07) No dobrar, rasurar, recortar, grampear ou se debruar sobre os

    documentos.

    08) Ao consultar documentos avulsos, no tir-los da ordem em que se

    encontram.

    09) No utilizar como marcadores de pginas objetos de nenhuma espcie.

    10) No recolocar a documentao nas estantes aleatoriamente: respeitar a

    ordem em que se encontram os documentos no arquivo.

    11) Os documentos no devem ser fotocopiados, pois a luz das mquinas

    fotocopiadoras danifica os documentos.

  • 17

    12) No permitido o emprstimo de documentos, a no ser com prvia

    autorizao, por escrito, das instncias superiores.

    13) Em hiptese alguma se devem descartar documentos. Aquele que destruir

    documentos de valor permanente e de interesse pblico e social, ficar

    sujeito a responsabilidade administrativa, civil e penal, de acordo com a

    legislao em vigor.

    14) No conservar no arquivo vasos com plantas, pois as plantas atraem

    insetos e microorganismos que podem danificar a documentao.

    15) terminantemente proibida a entrada de animais no arquivo.

    16) Nunca deixar o recinto vazio. Em caso de ausncia, trancar a porta e deixar

    a chave com o responsvel.

    17) Em hiptese alguma permitida a circulao de pessoas estranhas nas

    dependncias de guarda do acervo.

    18) Seja responsvel e cuidadoso com seus materiais de trabalho: ao finalizar

    o expediente, guarde em local apropriado as escovas, os pincis e outros

    utenslios. No guarde materiais usados junto a materiais sem uso. Troque

    constantemente aqueles materiais que estiverem gastos por outros novos e

    fique atento para que estejam sempre limpos. Luvas, flanelas, pincis e

    escovas em mau estado de higiene, ao invs de proteger o documento,

    iro causar-lhe dano maior.

    19) Ao finalizar o expediente, tranque a porta com chave, desligue os

    equipamentos eltricos (ventiladores, computadores, impressoras, etc) e

    apague as luzes.

    20) Diante de qualquer problema ou dvida, comunique imediatamente s

    instncias superiores de sua escola (Direo, Coordenao, Secretaria,

    etc).

    21) Oriente os futuros pesquisadores e usurios do arquivo para que

    obedeam a estas ou outras normas que voc julgar convenientes. Aja

    sempre com responsabilidade e critrio. No adianta um grande

    empreendimento se ns mesmos podemos, por causa de nosso descuido,

    comprometer documentos de valor histrico e cultural.

  • 18

    Agora que ns j aprendemos o que documento, o que um arquivo,

    vimos que nossa escola tem uma riqussima documentao que precisa ser

    preservada, e definimos uma srie de normas para orientar os procedimentos

    daqueles que iro trabalhar no arquivo, devemos realizar um trabalho de

    processamento tcnico, em que uma srie de tarefas sero necessrias para

    organizar, preservar e disponibilizar nossos documentos para os consulentes.

    Ento... mos obra!

    Identificao de Fundos

    A primeira tarefa a ser realizada a identificao da massa documental,

    para fazer uma avaliao de suas condies gerais: os documentos seguem

    alguma organizao prvia ou se encontram totalmente misturados? Qual o

    estado geral de conservao dos documentos? Que gneros documentais

    compem o acervo? Qual o volume da massa documental? Os documentos

    pertencem todos a um nico fundo ou constituem mais de um fundo?

    Imaginemos, por exemplo, que estamos num grande depsito que contm mais

    de um fundo, provenientes de escolas diferentes. De acordo com o princpio

    da provenincia, cada fundo dever manter sua individualidade, sem ser

  • 19

    misturado aos outros. J que cada fundo pertence a uma escola, deve ser

    tratado separadamente dos demais.

    Esse primeiro exame nos permite fazer uma estimativa do tempo de

    durao do empreendimento, alm de prever os recursos materiais e humanos

    que sero necessrios.

    Classificao

    Separao por espcies e tipos documentais

    Nosso primeiro contato com o acervo pode nos apresentar uma

    documentao organizada de acordo com as necessidades administrativas da

    escola. Nesse caso, mantenha essa organizao at voc conhecer sua lgica.

    Uma organizao preexistente pode ser uma importante "pista" para se

    entender o contexto de produo da documentao. Por isso, recomenda-se

    proceder ao mapeamento, identificando e registrando os conjuntos

    documentais e sua localizao no arquivo. Mesmo que posteriormente voc

    decida organizar o acervo segundo outros critrios, voc poder recuperar as

    informaes sobre seu estado original atravs dos registros feitos.

    Por outro lado, voc pode se deparar com uma grande quantidade de

    documentos totalmente misturados, guardados sem nenhuma ordem em caixas

    de papelo, em sacos de lixo ou at mesmo amontoados em grandes pilhas.

    Nesse caso, procure confront-los e agrup-los de acordo com a espcie

    documental qual pertencem. Mas... olhando um documento, como saber a

    que espcie ele pertence? A espcie se define pela natureza das informaes

    e sua disposio nos documentos. Assim, como espcies documentais,

    podemos citar: convites, atestados, certides, boletins, relatrios, etc. Logo,

    voc ir identificar e agrupar separadamente os convites, os atestados, as

    certides, e assim por diante.

  • 20

    A seguir, voc ir fazer uma segunda separao, desta vez por tipos.

    Tomemos como exemplo a espcie documental "convites": se nos deparamos

    com muitos convites, devemos analis-los quanto sua funo. Aps observ-

    los atentamente, iremos reparar que, embora todos sejam convites, uns podem

    ser convites de formatura; outros, de casamento; e outros, ainda, convites de

    aniversrio. Logo, estaremos separando os convites de acordo com a funo

    para a qual eles foram elaborados: formatura, casamento ou aniversrio. O

    mesmo processo podemos fazer em relao aos atestados, aos relatrios e

    aos demais documentos do arquivo. O seguinte quadro pode ilustrar o que foi

    exposto acima:

  • 21

    ESPCIE TIPO (funo)

    Convite convite de casamento, convite de aniversrio, etc.

    Atestado atestado de matrcula, atestado de participao em evento, etc.

    Relatrio relatrio de estudo do meio, relatrio de avaliao mdica, etc.

    Boletim boletim de rendimento escolar, boletim de freqncia, etc.

    Assim, voc ter os documentos agrupados segundo a espcie e a

    funo. Percebe como agora se torna mais fcil identificar a massa documental

    que compe seu acervo?

    Registro e definio conceitual

    Voc j identificou e separou os documentos por espcies e por tipos.

    Caso voc no possua nenhuma relao ou inventrio do que seu acervo

    contm, ser necessrio, ento, elaborar uma relao de tudo. O importante

    identificar, quantificar e mapear seu acervo para que voc saiba o que ele

    contm, as quantidades e a localizao. O resultado desse inventrio pode ser

    semelhante ao seguinte:

    ARMRIO 1Caixa 1BrinquedosData-limite: 1960-1970Total: 18

    ARMRIO 1Caixa 2Pronturios de alunosData-limite: 1955-1965Total: 20

    ARMRIO 2Caixas 1 a 5Relatrios de estudo do meioData-limite: 1960 a 1965Total: 180

  • 22

    muito importante sabermos as datas-limite de nosso acervo. Data-limite

    o perodo cronolgico compreendido entre a data mais antiga e a data mais

    recente de um dado conjunto de documentos como os de um processo, de uma

    srie ou um fundo. Por exemplo, imaginemos que temos dezoito relatrios

    cuja data-limite 1960-1985. Isso quer dizer que o relatrio mais antigo de

    1960 e o mais recente de 1985. O levantamento das datas-limite pode ser

    muito til para a elaborao do quadro de arranjo, do qual trataremos mais

    adiante.

    Ao registrar os documentos de nosso acervo, devemos tomar cuidado com

    a denominao que damos a eles. A etapa de registro dos documentos requer

    muita ateno, porque nesse momento voc ir atribuir nomes aos

    documentos. Alguns documentos j vm com nome, sabia? Por exemplo, a

    secretria da escola, ao escrever uma certa correspondncia, digita no

    cabealho da folha de papel: "Circular n ...". Pronto! Aqui ns sabemos que o

    nosso documento uma circular. Ao abrir aquele livro administrativo, lemos em

    letras bem grandes: "Registro de ponto". Aquela caixa na ltima prateleira

    contm listas onde se l: "Atestados de freqncia", etc. At aqui foi fcil.

    Porm, h documentos que "nasceram" sem o nome escrito. No significa que

    no tenham nome, apenas que este no foi registrado. Por exemplo, quando

    um colega lhe envia um bilhete para solicitar algo, dificilmente ele ir escrever

    assim:

    A documentaodeve serarmazenada emmobilirio prprioe em readestinadaespecificamentepara sua guarda.

  • 23

    "Bilhete de solicitao"

    Caro colega:

    Peo-lhe emprestado o livro de

    poesias que voc ganhou no Natal.

    Abril de 2003

    Paulo.

    Certamente ele ir escrever o vocativo, o texto, possivelmente datar e

    assinar. Entretanto, de acordo com a disposio e a natureza das

    informaes, voc perceber que se trata de um bilhete.

    Quando nos depararmos novamente com uma situao como essa,

    deveremos recorrer ajuda de um bom dicionrio, que poder nos auxiliar na

    definio dos conceitos mais difceis. Tambm a Diplomtica, disciplina que se

    ocupa da autenticidade e da forma dos documentos legais e administrativos,

    pode nos fornecer subsdios valiosos.

    Ateno!

    Ao nomear um conceito, cuidado com as sinonmias (palavras sinnimas).

    Redobre o cuidado se o trabalho estiver sendo realizado por mais de uma

    pessoa. Procure elaborar algum mecanismo de controle para a adoo de cada

    termo, sigla ou cdigo adotado. Sempre discuta e partilhe informaes. Nunca

    trabalhe sozinho!!!

  • 24

    Elaborao do quadro de arranjo

    Conforme afirmamos no incio, os documentos so produto das

    atividades dirias da instituio, so vestgios das funes escolares, pistas

    para se entender a histria. No basta organizar os documentos em sries;

    preciso classific-los de maneira que reflitam a estrutura e as funes da

    instituio. Por isso, conhecer a escola, sua organizao, estrutura e

    funcionamento extremamente importante para compreender o contexto de

    produo da massa documental.

  • 25

    Imaginemos que a escola um grande bolo dividido em vrias partes, que

    constituem a Direo, a Secretaria, a Coordenao, o Laboratrio, a Biblioteca,

    o Grmio estudantil, etc. Essas unidades inter-relacionadas formam a estrutura

    da instituio da mesma maneira que os vrios pedaos formam um bolo. Em

    cada uma dessas partes h pessoas (diretor, professores, secretria, alunos,

    etc) desempenhando funes que produzem documentos. Por exemplo,

    bibliotecria compete elaborar fichas de leituras de livros; os professores fazem

    registros das aulas, e a secretria envia e recebe correspondncias.

    Uma maneira fcil de compreender a estrutura de uma instituio atravs

    de um organograma, que a representao grfica indicadora dos arranjos e

    das inter-relaes das vrias unidades da organizao. Em geral, todas as

    escolas apresentam uma estrutura muito parecida, mas podem revelar

    especificidades de acordo com sua organizao. Propomos o seguinte

    organograma escolar, apresentado aqui de maneira simplificada, a ttulo de

    exemplo:

  • 27

    Organograma Escolar1

    1 Baseado no Decreto n 10.623, de 28 de outubro de 1977, complementado com as

    mudanas a partir da Lei n 444/85.

  • 28

    Para fazer a classificao dos documentos, os arquivistas

    desenvolveram o mtodo estrutural e o mtodo funcional. Segundo o mtodo

    estrutural, os documentos so classificados de acordo com a estrutura da

    instituio. Isso quer dizer que devemos identificar a qual "parte" do

    organograma (lembremos do bolo) nossos documentos pertencem, para ento

    classific-los, de modo que toda a documentao produzida ou guardada pela

    Direo ser classificada no setor referente Direo, valendo o mesmo

    princpio para a documentao produzida ou guardada pela Secretaria,

    Biblioteca, Museu escolar, etc.

    De acordo com o mtodo funcional, como o nome j diz, devemos

    classificar os documentos conforme as principais funes/atividades da

    instituio. Uma escola, assim como uma empresa, uma ONG ou qualquer

    outra organizao, possui uma srie de funes. Entre as principais, podemos

    citar: matrcula de alunos, controle de freqncia de funcionrios, finanas,

    concursos, festas comemorativas, distribuio de aulas, etc. Por exemplo, se

    pelo mtodo estrutural o documento Edital de Cobrana de Impostos seria

    classificado junto Secretaria (por ser de sua produo e/ou guarda), no

    mtodo funcional esse documento ser classificado no grupo referente

    funo de Finanas. Um segundo exemplo: se elaborarmos um quadro

    funcional onde uma das funes seja Discncia, toda a documentao discente

    ficar classificada nesse grupo; por outro lado, se o quadro for estrutural,

    deveremos distribuir a documentao discente nas vrias partes da estrutura

    que guardam ou produzem documentao de alunos: vamos encontrar sries

    documentais de trabalhos discentes tanto na Biblioteca como no Museu

    escolar.

    Podemos representar visualmente as relaes hierrquicas e orgnicas

    das classes de documentos atravs do j citado quadro de arranjo, (uma

    espcie de organograma) onde a documentao disposta em nveis

    hierrquicos.

    A seguir, apresentamos um esquema bem simples de um quadro de

    arranjo:

  • 29

    Quadro de Arranjo

    FUNDO

    G G G

    s.g s.g s s s

    s

    s s s.s. s.s. s.s. s.s.

    s.s. s.s.

    Legenda:

    G = grupo

    s.g. = subgrupo

    s = srie

    s.s. = subsrie

    Conforme podemos observar, o fundo divide-se em grupos definidos de

    acordo com o mtodo estrutural ou funcional. Cada grupo pode ser dividido,

    ainda, em subgrupos menores, compostos por sries documentais, que so a

    seqncia de unidades de um mesmo tipo documental. Por exemplo: dado

    arquivo constitudo pelo grupo de "trabalhos de alunos", que formado pelas

    sries "redaes", "desenhos" e "fichamentos de leitura". Cada uma dessas

    sries pode ou no ser dividida em subsries.

    Voc sabia?

    Os arquivistas convencionaram chamar de quadro de arranjo aquele

    aplicado a arquivos permanentes e de plano de classificao o destinado

    a arquivos correntes.

  • 30

    Podemos esboar, a ttulo de exemplo, um possvel Quadro de Arranjo

    de Classificao Estrutural e um Quadro de Arranjo de Classificao Funcional

    de um arquivo escolar hipottico. Apresentamos a seguir ambos os quadros, de

    maneira sinttica, para fins didticos:

    Quadro de Arranjo de Classificao Estrutural

    Direo (Grupo)Sries documentais

    Coordenao (Grupo)Sries documentais

    Docente (Subgrupo)Sries documentais

    Orientao Educacional (Grupo)Sries documentais

    Laboratrio (Grupo)Sries documentais

    Biblioteca (Grupo)Sries documentais

    Museu (Subgrupo)Sries documentais

    Secretaria (Grupo)Sries documentais

    Instituies Auxiliares (Grupo)APM (Subgrupo)Sries documentaisGrmio (Subgrupo)Sries documentaisCongregao (Subgrupo)Sries documentais

  • 31

    Quadro de Arranjo de Classificao Funcional

    Administrao (Grupo)Patrimnio (Subgrupo)Sries documentaisPessoal (Subgrupo)Sries documentais

    Finanas (Grupo)Oramento (Subgrupo)Sries documentaisContabilidade (Subgrupo)Sries documentaisTesouraria (Subgrupo)Sries documentais

    Pedaggico-cultural (Grupo)Cursos (Subgrupo)Sries documentaisEventos (Subgrupo)Sries documentaisPrograma (Subgrupo)Sries documentais

    A etapa de elaborao do quadro de arranjo e classificao dos

    documentos lenta, j que demanda um estudo aprofundado sobre a histria

    da instituio e sua legislao. um trabalho intelectual que requer muita

    leitura, observao e anlise. Uma boa dica consultar o Dirio Oficial para

    estudar a legislao. No se esquea de que a prpria documentao do

    arquivo pode trazer pistas muito teis para recuperar a estrutura e as principais

    funes da escola!

  • denao e Notao

    Aps a classifica

    consiste em organiza

    localizao dos docum

    Dicionrio de terminolo

    Para proceder o

    disposio fsica dos d

    cronolgicos: por onomsticos: por geogrficos: por

    2 BELLOTTO, Helosa Lterminologia arquivstica. Sde So Paulo: Secretaria d

    Dica:No h uma receita nica para organizar a documentao de uma escola.Cada arquivista deve seguir o mtodo que mais lhe convier, de acordo com ascaractersticas da instituio e da documentao disponvel no acervo. Omtodo estrutural conveniente se voc conseguir recuperar a estrutura dainstituio. Entretanto, esta tarefa se torna mais difcil ao lidarmos comdocumentos que cobrem um perodo muito longo (lembre-se de que asestruturas mudam). Por outro lado, ao classificar segundo o mtodo funcional,tome cuidado porque alguns documentos podem apresentar funes nomuito claras. Neste caso, procure definir qual era a principal funo que deuorigem ao documento.Or32

    o, necessrio ordenar os documentos. A ordenao

    r fisicamente as sries documentais para facilitar a

    entos. O conceito de ordenao definido, segundo o

    gia arquivstica2, da seguinte maneira:

    rdenao, devemos definir critrios que determinem a

    ocumentos. So os principais critrios de ordenao:

    ordem de data;

    ordem de nomes de pessoas;

    ordem de lugares;

    iberalli & CAMARGO, Maria de Almeida (orgs). Dicionrio deo Paulo: Associao dos Arquivistas Brasileiros - Ncleo Regionale Estado da Cultura, 1996.

    "Disposio dos documentos de

    uma srie a partir de

    elemento convencionado

    para sua recuperao."

  • 33

    numricos: por ordem de nmeros. Vamos fazer um exerccio deordenao? Imaginemos que em nosso arquivo h uma grande quantidade de

    cartas de diversos remetentes, 30 das quais redigidas por um certo Jos

    Pereira em datas diferentes. Primeiro, vamos ordenar toda a correspondncia

    em ordem alfabtica por sobrenome de remetente. A seguir, as cartas do Jos

    Pereira sero ordenadas cronologicamente. Assim, quando voc desejar

    localizar as cartas desse remetente, voc dever busc-las junto queles

    remetentes cujos sobrenomes comecem com a letra P. Feito isso, voc ter

    acesso a todas as cartas do Jos Pereira ordenadas de acordo com a data de

    origem, da mais antiga mais recente. No ficou fcil?

    Aps a ordenao, no se esquea de dar um "endereo" a cada

    documento, para facilitar sua localizao no arquivo. Esse "endereo" em

    forma de cdigo o que os arquivistas chamam de notao. Segundo o

    dicionrio, notao a "Identificao das unidades de arquivamento, feita

    atravs de nmeros, letras ou combinao de nmeros e letras, para permitir

    sua localizao (...)"3.

    Imagine que voc est diante de uma carta do Arquivo da Escola Caetano

    de Campos, classificada junto ao grupo Correspondncia Passiva, arquivada

    na caixa 22, sob o nmero 50. Voc ir escrever essas informaes num canto

    do documento, conforme o seguinte exemplo:

    3 BELLOTTO, Helosa Liberalli & CAMARGO, Maria de Almeida (orgs). Dicionrio determinologia arquivstica. Op. cit., p. 55.

    Ateno!

    Ao criar siglas e abreviaturas, estabelea um critrio para evitar confuses.Registre e comunique s demais pessoas envolvidas na elaborao dotrabalho para que cada sigla, abreviatura e/ou cdigo seja empregadouniformemente por todos.

  • 34

    AECC, Cp. - Cx. 22, 50So Paulo, 12 de maio de 1944

    Senhor Diretor:

    Parabenizo pelo sucesso das festas comemorativas

    promovidas por sua escola.

    Atenciosamente,

    Prof. Paulo.

    H documentos que podem constituir-se de folhas avulsas (cartas) ou

    conter documentos agregados (dossis e pronturios). Nesse caso, o

    documento recebe uma notao que deve ser registrada em todas as folhas,

    alm de uma numerao seqencial conferida a cada folha. Isso lhe permitir

    perceber mais facilmente possveis extravios de folhas. Assim, a notao ficar

    da seguinte maneira:

    AECC, Cp. - Cx. 22, 50,2

    AECC = Arquivo Escola Caetano de Campos

    Cp = Correspondncia Passiva

    Cx. = Caixa n 22

    50 = Documento n 50

    2 = Folha n 2

    Ateno!

    Jamais se esquea: ao registrar qualquer informao diretamente no

    documento, somente use lpis de ponta macia. terminantemente proibido

    usar caneta!!

  • 35

    Higienizao e Acondicionamento

    Conforme vimos, com o decorrer do tempo os documentos vo se

    deteriorando, devido ao de microorganismos, do clima, de insetos, de

    roedores, etc. Por isso, necessrio proceder a uma atividade denominada

    higienizao, a fim de preservar os documentos.

    A higienizao uma etapa muito importante do processamento

    tcnico, pois alm de se preocupar com a conservao do documento,

    emprega procedimentos destinados a proteger a sade daqueles que tero

    contato com a documentao. Para realiz-la, o tcnico deve se prevenir

    usando mscaras, luvas, toucas, aventais e culos de proteo. Mesmo assim,

    h outros cuidados que so necessrios. Conserve o hbito de tomar leite ou

    fazer gargarejo com um pouco de gua com sal e limo. A higienizao no

    deve ser um trabalho contnuo e ininterrupto: faa pequenos intervalos a cada

    duas horas de trabalho.

  • 36

    Principais instrumentosutilizados para

    higienizar e fazernotao nosdocumentos.

    O tratamento dehigienizao extremamente

    importante paraconservar os acervos.

    Para realizar essatarefa, o tcnico deve

    se proteger usando osequipamentos

    adequados, j quemuitos

    microorganismospodem ser absorvidos

    pela pele ou pelasvias respiratrias,

    provocandoenfermidades.

  • 37

    H duas maneiras de se proceder higienizao: a manual e a qumica.

    A higienizao manual feita com escovas, pincis, flanelas, pinas,

    borracha, cotonetes, etc. Primeiramente, retire os materiais oxidantes

    (grampos, clipes, alfinetes). A seguir, limpe com um pincel a superfcie do

    documento, fazendo movimentos suaves na direo contrria ao seu corpo.

    Repare que o p e o mofo normalmente no se acumulam de maneira uniforme

    na superfcie, mas deixam manchas desiguais. Nesses casos, troque de pincel

    se for necessrio e limpe com maior cuidado cada concentrao de sujeira.

    Nos livros, costuma-se higienizar as dez primeiras e as dez ltimas folhas.

    claro, entretanto, que se o centro do livro apresentar sujeira, deve ser

    completamente limpo. Superfcies planas (gravuras, impressos, partituras, etc)

    podem ser limpas, tambm, com p de borracha, fazendo movimentos

    circulares com a ajuda de algodo envolto em gaze.

    A higienizao qumica pode ser feita em fotografias, fitas, materiais de

    couro, madeira, metal, vinil, etc. Solventes especiais podem ser utilizados para

    remover restos de cola, fitas adesivas, etiquetas, excrementos de insetos, etc.

    Recomenda-se fazer um teste antes de utilizar produtos qumicos sobre os

    documentos. Tambm, informe-se com um especialista a respeito de cada

    produto a ser utilizado e preste muita ateno quando estiver manipulando os

    produtos. Lembre-se de que um descuido pode causar danos irreversveis ao

    documento.

    Aps higienizados, os documentos j esto prontos para serem

    acondicionados. Cada suporte requer um acondicionamento apropriado:

    caixas de arquivo, pastas de papelo, pastas de polionda, envelopes de papel

    com PH neutro, plsticos de polister ou polipropileno (para fotografias), etc.

    Ateno!

    Documentos com cupins, brocas ou outros microrganismos devem ser

    imediatamente separados do restante da documentao e receber tratamento

    especial, para que no se transformem em veculo de contaminao.

  • 38

    Recomenda-se, tambm, intercalar documentos em folhas de papel

    neutro antes de acondicion-los. Ao guardar documentos de papel, no

    sobrecarregue demais a embalagem; deixe um espao de aproximadamente

    dois dedos entre os documentos e a tampa da caixa, j que, devido s

    mudanas de a temperatura, as fibras do papel sofrem alteraes. Ao

    acondicionar plantas, mapas ou cartazes, deixe-os abertos e em posio

    vertical. Os documentos nunca devem ser dobrados ou enrolados. Se

    necessrio, confeccione pastas, envelopes e caixas do tamanho que julgar

    adequado. No se esquea de identificar a embalagem. Por exemplo, a caixa

    de n 22 que contm a correspondncia passiva do Arquivo da Escola Caetano

    de Campos de ns 1 a 50, pode ser indicada da seguinte maneira:

    Arquivo da Escola Caetano de CamposCp - Correspondncia Passiva

    Caixa 22Documentos n 1 a 50

    Datas-limite: 1930 a 1940

    Embalagens usadas noacondicionamento dadocumentao.

  • 39

    A seguir, relacionamos os principais materiais utilizados para a

    conservao de documentos:

    Agulha mdia e grossa Aspirador de p Avental Borracha macia Caixa Arquivo (comum) Caixa Arquivo (reforada) Cotonetes Clipes de plstico Envelope Escova tipo bigode Estilete Etiquetas auto-adesivas (diversos tamanhos) Extrator de grampos Flanela Flanela anti-esttica Lpis 6B (ponta macia) Linha urso n 1 ou linha grossa forte (Percalux)

  • 40

    Lupa Luvas descartveis (tamanhos P, M ou G) Mscara cirrgica com elstico culos de segurana (Leal) Papel com PH neutro (vrias gramaturas) Papel craft Pasta polionda de cor branca (vrios tamanhos) Pina Pincel 1 Pinctore 188 Pincel bomba mdio ref. 10653-5 Pincel chato da Tigre ref. 815/20 Pincel tipo trincha macia n. 2 Polister Rgua de 30 cm transparente Rgua de 100 cm metlica Tecido 100% de polipropileno branco Tesoura Touca de proteo

    Alm desses, no se esquea dos materiais para as atividades de

    carter mais administrativo: apontadores, cadernos, barbante, cola para papel,

    corretivos, disquetes, fitas adesivas, grampeador, papel sulfite A4, pastas com

    elstico, com furos e suspensas, visores, pranchetas, etc. E, finalmente, dos

    seguintes equipamentos: estantes (comuns ou deslizantes), arquivos, fichrios,

    mapoteca, mesa de higienizao, computadores, impressora, controlador de

    temperatura, etc.

    Elabore um registro dos materiais, das marcas e dos fornecedores.

    Controle os gastos e cuide do seu material: material em bom estado de

    conservao indispensvel para realizar um bom trabalho.

  • 41

    Instrumento de pesquisa e descrio

    Cumpridas essas etapas, nossa documentao se encontra quase

    pronta para ser consultada. Lembremos que todo esse trabalho tem como fim

    servir pesquisa. Imaginemos que um usurio tenha interesse em consultar

    determinado documento. Como localiz-lo de forma rpida em meio a tantos

    outros? Para isso necessrio elaborar um instrumento de pesquisa, que

    uma ferramenta utilizada para descrever o acervo e informar o local exato onde

    os documentos esto guardados, com o fim de disponibiliz-los para a

    consulta.

    H trs tipos de instrumentos de pesquisa, que podem ser impressos ou

    virtuais:

    Guia - contm dados gerais sobre a instituio guardadora do arquivo,como: endereo, telefones, web site, dias e horrios de atendimento, etc.

    Inventrio - trata especificamente de um fundo ou coleo. O inventrioinforma a respeito das datas-limite do fundo, a quantidade de

    documentos, sua origem e estado de organizao, se h restries ao

    acesso, quais so as sries, etc. Poder, inclusive, trazer palavras-

    chave e uma breve descrio do fundo/coleo.

    Catlogo - aborda especificamente unidades documentais (como sries,subsries, etc), tratando documento por documento. Por exemplo, se

    voc quer descrever determinada srie de correspondncia, seu

    catlogo poder indicar os nomes do emissor e do destinatrio, os tipos

    documentais, as datas tpicas, as datas cronolgicas e as notaes

    de cada documento. Seu catlogo pode ser enriquecido, inclusive, com

    palavras-chave e verbetes da correspondncia.

    O Ncleo de Referncia em Memria da Educao est implantando um

    Banco de Dados virtual que compila todos esses instrumentos, buscando,

    inclusive, atuar na gesto de exposies escolares.

  • 42

    Para atender vasta gama de gneros documentais dos acervos

    escolares, o Banco de Dados foi configurado de modo a utilizar pginas

    especficas para cada gnero documental. Foram acrescentadas, ainda, duas

    pginas para livros e peridicos. Em geral, as pginas apresentam estrutura

    idntica, diferindo apenas em relao aos campos especficos a cada gnero.

    Para inserir as informaes dos documentos no Banco de Dados, primeiro

    temos que definir a qual gnero os documentos pertencem. Essa atividade, que

    chamada de descrio, constitui um conjunto de procedimentos pautados

    por normas tcnicas para transcrever e resumir as informaes dos

    documentos nos instrumentos de pesquisa.

    Vamos fazer um exerccio? Imagine que temos uma srie de relatrios

    de alunos, pertencentes ao arquivo de uma Escola X, que precisam ser

    descritos no Banco de Dados. O primeiro passo definir o gnero desses

    documentos. Se concebermos os relatrios como conjuntos de palavras e

    frases escritas, ento eles pertencem ao gnero textual. A seguir, deve-se

    proceder a uma leitura atenta de cada documento. Suponhamos que um dos

    relatrios apresenta as seguintes informaes: o ttulo "Estudos geogrficos

    da cidade de Paranapiacaba"; foi escrito pelos alunos Pedro e Paulo Santos,

    na cidade e no Estado de So Paulo, em 20 de fevereiro de 1979, solicitado

  • 43

    pelo Prof. Jos Pereira, que ministra a disciplina de Geografia do Brasil. O

    documento foi elaborado em folhas de papel, cuja conservao, apesar do

    tempo, boa. Imaginemos, tambm, que no documento constem os nomes de

    alguns professores e colegas dos alunos e que, graas leitura cuidadosa,

    percebemos que se trata de trabalho de aluno, relativo a estudo do meio,

    elaborado por ocasio da visita cidade de Paranapiacaba. No esqueamos,

    ainda, que o documento pertence ao Arquivo da Escola X, foi classificado no

    Grupo "Discncia" e no Subgrupo "Trabalhos de alunos", e recebeu a notao

    "AX, D, Ta, 10, 25". Veja como ficaria a descrio desse documento em nosso

    banco de dados:

    Banco de Dados

    TEXTO

    LocalizaoFundo: Escola XGrupo: DiscnciaSrie: Trabalhos de alunos

    Cdigo: AX, D, Ta, 10, 25

    Ttulo"Estudos geogrficos da cidade de Paranapiacaba"

    Tipo documentalRelatrio de estudo do meio

    IdiomaPortugus

    Autorias Tipo de ParticipaoSANTOS, Pedro Redator

    SANTOS, Paulo Redator

    ProduoPas: BrasilCidade: So PauloEstado: SPData identificada (x) Data presumida ( ) Sem data ( )20/02/1979

    Perodo de referncia

  • 44

    20/01/1979 a 20/03/1979

    Descrio FsicaSuporte: papelConservao: boa (x) regular ( ) m ( )

    Descrio4Relatrio dos alunos Pedro e Paulo Santos, referente visita de estudo domeio realizada na cidade de Paranapiacaba, em 19 de fevereiro de 1979, comotarefa da disciplina de Geografia do Brasil, ministrada pelo Professor JosPereira.

    ObservaesOs alunos Pedro e Paulo Santos pertencem 8 srie do Ginsio.

    OnomsticoPEREIRA, Jos (x) inserir ( ) buscar ( ) excluir

    Lista de nomesPEREIRA, EliasPEREIRA, LuizPEREIRA, Marcos

    PEREIRA, JosSILVA, Antonio

    Palavras-chaveEstudo do meio (x) inserir ( ) alterar ( ) excluir

    Lista de palavras-chaveEscotismoEnsino distnciaEnsino domstico

    GeografiaEstudo do meioTrabalho de aluno

    Alguns campos merecem comentrios:

    Localizao: serve, como o nome diz, para localizar o documento noarquivo, de acordo com a notao (cdigo). O documento indexado

    seguindo os nveis hierrquicos do quadro de arranjo (grupo, srie, etc) ao

    qual pertence.

    4 Serve como verbete.

  • 45

    Ttulo: o campo destinado ao ttulo do documento. Lembremos que hdocumentos que no tm ttulo; nesses casos, o campo deve permanecer

    em branco.

    Autorias: campo que identifica os autores do documento. Se o documentono apresentar autoria, o campo permanecer sem registro. No se

    esquea de que h regras especficas para a indexao de nomes prprios.

    Tipo de participao: informa-nos qual a participao que cada pessoa tevena elaborao do documento, conforme foi ilustrado no exemplo.

    Produo: o campo destinado a indexar informaes sobre o local e adata de produo do documento. Repare que o subcampo "data" apresenta

    trs opes de preenchimento. A "data identificada" se refere quela que

    aparece registrada no documento e sobre a qual no h dvida. A "data

    presumida" aquela que foi colhida atravs de pesquisa em outras fontes

    ou no prprio documento. Leia atentamente o documento, pois ele pode

    conter pistas sobre sua origem. A data identificada ou presumida deve ser

    registrada no espao adequado. Finalmente, se o documento no apresenta

    data e no conseguimos identific-la atravs da pesquisa, devemos indexar

    como "sem data".

    Perodo de referncia: um campo destinado a facilitar a busca dodocumento, no que diz respeito poca em que foi produzido.

    Descrio: nesse campo, deve constar um verbete sucinto, para que empoucas linhas o leitor possa saber o assunto do documento. importante

    ser claro e objetivo ao redigir o verbete. Se o documento tece comentrios

    crticos ou expe juzos de valor, deixe bem claro que se trata da viso do

    autor e no da sua. Uma boa dica ler o livro Arquivos permanentes:

    tratamento documental, da Prof Helosa Bellotto, pois alm de ser um

    clssico da Arquivologia essa obra discorre sobre a elaborao de verbetes.

    Observaes: o campo destinado indexao de todas as observaescomplementares colhidas atravs de pesquisa. Muitas vezes, os

    documentos no trazem as informaes de maneira clara, como

    gostaramos (especialmente se so de carter pessoal); h dados que vm

    luz somente aps uma pesquisa histrica. Entretanto, seja ponderado: a

  • 46

    pesquisa somente bem-vinda se for realmente necessria. No se devem

    indexar informaes redundantes ou obvias demais para o leitor.

    Onomstico e temtico: esses campos permitem indexar nomes de pessoase temas citados nos documentos. Os nomes de pessoas devem entrar

    sempre pelo sobrenome seguido do nome, obedecendo s regras da ABNT

    Associao Brasileira de Normas Tcnicas. Ao elaborar o TEMTICO,

    tome estes cuidados:

    Normalizao gramatical: padronize os termos. Pode-se optar pelaindexao de termos no masculino e no singular.

    Sinonmias: diante de duas possibilidades para a indexao, opte pelotermo mais procurado termos populares ou cientficos; estrangeiros ou

    traduzidos; siglas ou expresses por extenso; regionalismos, etc.

    Homonmias: acrescente uma qualificao que diferencie os termoshomnimos.

    Uma dica para realizar a descrio utilizar um bom tesauro. O tesauro

    um vocabulrio controlado de descritores especficos referentes a um ramo

    do conhecimento. Na rea de Educao, temos o Thesaurus de educao,

    publicado pela UNESCO em 1986, e o Thesaurus Brasileiro da Educao,

    virtual, que pode ser consultado atravs do site do INEP Instituto Nacional de

    Estudos e Pesquisas Educacionais.

    A atividade de descrio requer o mximo de cuidado e ateno. Tenha

    em conta que voc estar criando uma ferramenta para ajudar o pesquisador a

    localizar os documentos de que necessita. Informaes confusas,

    contraditrias ou ausentes, ao invs de facilitar a pesquisa, transformam-se em

    horas de trabalho perdidas, no s para o tcnico mas tambm para o

    pesquisador. Nunca se esquea de que voc est criando uma "chave" para

    permitir o acesso s informaes do arquivo, e no um labirinto.

  • 47

    Os instrumentos de pesquisa devem trazer campos destinados busca

    das informaes indexadas. Os principais so: notao, tipo documental, ttulo,

    autoria, onomstico, palavra-chave, data, cidade e pas. Isso quer dizer que

    voc pode localizar um ttulo, um autor, uma palavra-chave ou qualquer outro

    tipo de informao, apenas preenchendo o campo correspondente e solicitando

    a busca. Uma busca eficiente previne contra o desgaste dos documentos

    causado pelo manuseio desnecessrio, e permite acesso documentao de

    forma mais rpida para atender aos consulentes.

  • 48

    Atendimento a consulentes

    O atendimento a consulentes pode ficar a cargo de um ou mais

    auxiliares, dependendo das necessidades do acervo e da instituio

    guardadora. Esses auxiliares so responsveis por agendar as visitas, localizar

    e separar documentos, receber o pesquisador, e retornar ao arquivo a

    documentao consultada. Por isso, interessante que as funes sejam

    definidas prvia e claramente. A consulta, por outro lado, tambm deve

    obedecer a regras: a partir das normas elaboradas para tcnicos e arquivistas,

    mencionadas anteriormente, voc pode criar outras regras voltadas para o

    consulente.

    Se seu arquivo no possui um instrumento de pesquisa que permita

    localizar rapidamente os documentos, aconselhamos agendar a consulta com

    antecedncia (via telefone, e-mail, etc). Durante o agendamento, convm

    registrar em fichas (veja anexo 1) informaes sobre o consulente, o tema da

    pesquisa solicitada e a data de agendamento. Tambm podem ser

    relacionados nesse registro os documentos que voc localizou no arquivo,

    referentes pesquisa solicitada.

  • 49

    Por ocasio da primeira visita do consulente ao arquivo, sugerimos que

    voc elabore um cadastro onde sero registradas algumas informaes sobre o

    usurio (anexo 2).

    Se voc localizou um grande nmero de documentos que podem

    interessar ao pesquisador, no os entregue todos de uma vez. V oferecendo

    aos poucos para que no se acumulem na mesa do consulente e para que

    voc possa exercer um controle maior sobre a documentao entregue. No se

    esquea de anotar em ficha adequada os documentos em consulta (anexo 3).

    Aps a consulta, o responsvel pelo atendimento dever conferir

    cuidadosamente a documentao e retornar ao arquivo, em seguida, os

    documentos que no sero novamente consultados.

    Agora que estamos chegando ao fim do nosso processamento, podemos

    perceber a importncia de cada uma das etapas. Todas so igualmente

    necessrias: de nada vale uma boa classificao se no existe uma cuidadosa

    ordenao dos documentos; pouco adianta um excelente instrumento de

    pesquisa se no h uma eficiente descrio do acervo; no nos serve a

    elaborao de normas para orientar os procedimentos de tcnicos e

    consulentes no arquivo se no tratamos a documentao de maneira

    cuidadosa e responsvel.

    No se esquea de que todo esse trabalho prtico pode ser enriquecido

    com leituras sobre arquivstica, histria da educao no Brasil, sobre as

    prticas pedaggicas, etc. Esses estudos podem ser de grande ajuda, por

    exemplo, para quem que for elaborar o Plano de Classificao, e mesmo para

    aprimorar a qualidade do atendimento a pesquisadores e consulentes, uma vez

    que o auxiliar de arquivo no apenas aquele que separa e guarda

    documentos, mas tambm o profissional que deve conhecer o contexto

    histrico da documentao com a qual trabalha, para poder dominar sua

    gesto. O profissional de arquivo no pode trabalhar desvinculado da

    informao, j que seu trabalho deve se tornar um aprendizado a ser

    compartilhado.

  • 50

    Bonecas depapel (AECC)

  • 51

    VOCABULRIO

    Acervo: Todos os documentos de um arquivo.

    Acondicionamento: Embalagem utilizada para guardar documentos.

    Arquivo: Conjunto de documentos reunidos por acumulao por pessoas

    fsicas, jurdicas, pblicas ou privadas, no decorrer de suas atividades.

    Arquivo corrente: Conjunto de documentos conservados junto aos rgos

    produtores, cujo valor administrativo encontra-se vigente.

    Arquivo intermedirio: conjunto de documentos de uso no freqente,

    aguardando destinao final.

    Arquivo permanente: Conjunto de documentos que perderam o carter

    administrativo e passaram a ter valor histrico. Esses documentos

    normalmente passam a ser custodiados por instituies voltadas pesquisa.

    Arquivos pessoais: Conjunto de documentos produzidos ou acumulados por

    pessoas fsicas no decorrer de sua vida pessoal, familiar ou profissional. Esses

    arquivos incluem, tambm, documentos de terceiros. Comeam, oficialmente,

    com o nascimento do titular e finalizam com sua morte; h arquivos, porm,

    onde so acrescentados documentos pstumos.

    Avaliao: Processo para estabelecer a guarda ou o descarte dos documentos

    segundo seus valores.

    Classificao: Procedimento que permite distribuir os documentos de um

    arquivo de acordo com as estruturas, funes e atividades da entidade

    produtora.

    Coleo: Coleo de documentos reunidos artificialmente e que apresentam

    alguma caracterstica comum entre si.

    Conservao: Procedimentos voltados a proteger os arquivos da deteriorao.

    Consulente: Usurio, pesquisador.

    Data cronolgica: Refere-se ao dia, ms e ano de produo do documento.

    Data tpica: Refere-se ao local de produo do documento.

    Data-limite: Identificao cronolgica de um perodo atravs dos anos de incio

    e de trmino de processos, dossis, sries, fundos ou colees.

  • 52

    Descrio: Procedimentos voltados a identificar os documentos e elaborar

    instrumentos de pesquisa.

    Descritor: Ver: Palavra-chave.

    Documento: Unidade constituda de informao e o suporte.

    Eliminao: Destruio de documentos em fase prvia guarda permanente.

    Espcie documental: Forma assumida pelos documentos de acordo com a

    natureza e a disposio de suas informaes.

    Estante deslizante: Estante construda de modo a economizar espao e

    oferecer maior proteo aos documentos.

    Fundo: Conjunto de documentos reunidos por acumulao por pessoas fsicas,

    jurdicas, pblicas ou privadas, no decorrer de suas atividades e que, no

    arquivo permanente, so guardados junto a outros arquivos.

    Gnero: Forma assumida pelo documento de acordo com os signos utilizados

    para comunicar seu contedo.

    Grupo: Segmento ou diviso de um fundo, determinada de acordo com o

    mtodo estrutural ou funcional.

    Higienizao: Limpeza dos documentos por meio manual ou qumico.

    Instrumento de pesquisa: Referncia destinada identificao, localizao e

    resumo dos fundos, grupos, sries e unidades documentais, com o objetivo de

    facilitar o acesso ao acervo.

    Mesa de higienizao: Mesa utilizada para higienizar os documentos, dotada

    de um mecanismo de aspirao para suco da sujeira.

    Notao: Identificao dos documentos por meio de nmeros, letras ou

    combinao de ambos, para possibilitar sua localizao.

    Ordenao: Disposio fsica dos documentos, a partir de critrios

    preestabelecidos, com o objetivo de facilitar sua localizao.

    Organograma: Representao grfica da estrutura organizacional de uma

    entidade.

    Palavra-chave: Palavra ou expresso utilizada para expressar o contedo dos

    documentos e facilitar sua busca.

    Papel com PH neutro: Papel sem acidez, adequado para a conservao dos

    documentos, por no se deteriorar facilmente.

  • 53

    Plano de classificao: Esquema de classificao voltado para arquivos

    correntes.

    Princpio da provenincia: Os arquivos originrios de uma mesma entidade,

    seja fsica ou jurdica, devem manter sua individualidade sem serem

    misturados a outros de origem diversa.

    Quadro de arranjo: Esquema de classificao voltado para arquivos

    permanentes.

    Srie: Formada pela seqncia das unidades pertencentes a um mesmo tipo

    documental.

    Suporte: Material sobre o qual esto registradas as informaes do

    documento.

    Tabela de temporalidade: Instrumento que determina os prazos para a

    eliminao ou guarda dos documentos.

    Tesauro: Lista padronizada de termos, utilizada para permitir a localizao das

    informaes dos documentos.

    Tipo documental: Configurao assumida pela espcie documental de acordo

    com suas atividades.

    Verbete: Conjunto de informaes claras e concisas sobre o contedo do

    documento.

    Vocabulrio controlado: Ver: Tesauro.

  • 54

    BIBLIOGRAFIA

    BARLETTA, Jacy Machado. Manual de conservao de acervos documentais.

    s.n.t. Trabalho elaborado para o Projeto Memorial da Educao, coordenado

    pelo CRE "Mrio Covas".

    BELLOTTO, Helosa Liberalli; CAMARGO, Maria de Almeida (Orgs). Dicionrio

    de terminologia arquivstica. So Paulo : Associao dos Arquivistas

    Brasileiros/ Ncleo Regional de So Paulo, Secretaria de Estado da Cultura,

    1996.

    CASSARES, Norma Cianflone; MOI, Cludia. Como fazer conservao

    preventiva em arquivos e bibliotecas. So Paulo : Arquivo do Estado, Imprensa

    Oficial, 2000.

    FERREIRA, Aurlio Buarque de Hollanda. Novo Aurlio sculo XXI: o dicionrio

    da lngua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1999.

    FILIPPI, Patrcia de. Como tratar colees de fotografias. So Paulo : Arquivo

    do Estado, Imprensa Oficial, 2000.

    GONALVES, Janice. Como classificar e ordenar documentos de arquivo. So

    Paulo : Arquivo do Estado, 1998.

    ORGANIZAO de arquivos: processamento. So Paulo : Instituto de Estudos

    Brasileiros/USP, ECA/USP, 2001.

    SPINELLI, Jayme. Introduo conservao de acervos bibliogrficos:

    experincia da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro : Fundao Biblioteca

    Nacional, s.d. Apostila.

  • 55

    ANEXOS

  • 56

    Anexo 1

    SOLICITAO DE PESQUISAConsulente:_______________________________________________________________

    Fone:__________________________________E-mail:__________________

    Tema da Pesquisa: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    Visita agendada para: ___/___/___Atendente: ___________________ Data da solicitao: ____/____/____

    Documentos:Documento:_______________________________________________________________ Notao: __________________________ Obs.:_______________________Documento:_______________________________________________________________ Notao: ___________________________ Obs.:______________________Documento:_______________________________________________________________ Notao: ___________________________ Obs.:______________________Documento:_______________________________________________________________ Notao ____________________________ Obs.:_____________________Documento:_______________________________________________________________ Notao: ___________________________ Obs.:_____________________Documento:_______________________________________________________________ Notao ____________________________ Obs.:______________________

  • 57

    Anexo 2

    CADASTRO DE CONSULENTENome:____________________________________________________________Endereo residencial:Rua/Av.: _________________________________________________ n.____Apto.: ____________ Bairro:________________________________________Cidade: _____________________ Estado: ________ CEP:________________Telefone: ( )___________________ E-mail:________________________Formao:______________________________________________________RG: _____________________________ CPF:_________________________Tipo de pesquisa:Graduao ( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) Outro ( )Especificar:______________________________________________________

    Estou ciente e concordo com as Normas de Consulta do Acervo.

    Data: ___/___/___ Assinatura:

  • 58

    Anexo 3

    REQUISIO DE DOCUMENTOS PARA CONSULTA

    Consulente: _______________________________________________________

    Documento: _______________________________________________________

    Notao: _______________________ Obs.:_____________________ Documento: _______________________________________________________

    Notao: _______________________ Obs.:_____________________ Documento: _______________________________________________________

    Notao: _______________________ Obs.:_____________________

    Assinatura do consulente:________________________ Rubrica do atendente: ______________ Data:___/___/___

  • 59

    Centro de Referncia em Educao Mrio Covas - CRE

    CoordenadoraMaria Aparecida Ceravolo Magnani

    Ncleo de Memria da EducaoNorma Luciano Codani

    Pesquisa e autoria do textoTeresa Marcela Meza BaezaFotografiasPaulo Csar PereiraFernando Barletta SimesDesenhosAdriano Trotta Barbeiro Cruz

    Fundao para o Desenvolvimento da Educao - FDE

    Diretoria ExecutivaTirone Francisco Chahad Lanix

    Diretoria de Projetos EducacionaisLeila Rentroia IannoneGerncia de Projetos PedaggicosDevanil Aparecido Tozzi

    Diretoria Administrativa e FinanceiraLuiz Carlos QuadrelliDepartamento EditorialBrigitte AubertProjeto grfico e editorao eletrnicaGlauber de FoggiKelli FukuiPreparao de originais e reviso de textoLuiz Thomazi Filho

    Impresso e acabamentoRettec Artes GrficasTiragem15.000 exemplares

  • 60

    Visando a preservar a memria da escola paulista, o projeto Nossa Escolatem Histria busca conscientizar a sociedade sobre a importncia de zelarpelo patrimnio cultural, especificamente os acervos escolares, at agorapouco valorizados. Com esse fim, elaboramos este Manual de trabalho emarquivos escolares para orientar a tarefa de implantao desses arquivos.Redigido em linguagem didtica, est voltado para leigos na rea deArquivologia e visa a atender, principalmente, aos professores e alunosinteressados em preservar a memria de suas escolas.

    Separao por espcies e tipos documentais ................Maria Aparecida Ceravolo MagnaniINTRODUOARQUIVOS ESCOLARES

    Normas de conduta para arquivistas e auxiliaresIdentificao de FundosDatas-limite: 1930 a 1940

    Grupo: DiscnciaSrie: Trabalhos de alunosCdigo: AX, D, Ta, 10, 25Ttulo"Estudos geogrficos da cidade de Paranapiacaba"Tipo documentalPortugus

    Autorias Tipo de ParticipaoProduo

    Data identificada (x) Data presumida ( ) Sem data ( ) OnomsticoPalavras-chaveLista de palavras-chaveTrabalho de alunoVOCABULRIO

    Documento: _________________________________________________Documento: _________________________________________________Documento: _________________________________________________Documento: _________________________________________________Documento: _________________________________________________Documento: _________________________________________________Documento: _________________________________________________Documento: _________________________________________________Documento: _________________________________________________Documento: _________________________________________________CADASTRO DE CONSULENTETipo de pesquisa:Graduao ( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) Outro ( ) EspeREQUISIO DE DOCUMENTOS PARA CONSULTAConsulente: ________________________________________________