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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Campus Universitário Trindade Florianópolis SC CEP 88040-900 Caixa Postal 476 Laboratóri o de Eficiência Energética em Edificações http://www.labeee.ufsc.br Telefones: (48) 3721-5184 / 3721-5185 MANUAL DE SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DE EDIFÍCIOS COM O USO DO OBJETO GROUND DOMAIN NO PROGRAMA ENERGYPLUS Leonardo Mazzaferro, Msc. Ana Paula Melo, Dra. Roberto Lamberts, PhD. Florianópolis, novembro de 2015.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Campus Universitário – Trindade Florianópolis – SC – CEP 88040-900

Caixa Postal 476

Laboratório de Eficiência Energética em Edificações

http://www.labeee.ufsc.br

Telefones: (48) 3721-5184 / 3721-5185

MANUAL DE SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DE

EDIFÍCIOS COM O USO DO OBJETO GROUND

DOMAIN NO PROGRAMA ENERGYPLUS

Leonardo Mazzaferro, Msc.

Ana Paula Melo, Dra.

Roberto Lamberts, PhD.

Florianópolis, novembro de 2015.

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INFORMAÇÕES GERAIS

Este manual foi elaborado com o objetivo de auxiliar o usuário do

programa EnergyPlus a inserir os parâmetros necessários para simular

edificações em contato com o solo. A elaboração do manual baseou-se nos

resultados de simulações computacionais e nos documentos Engineering

Reference, Auxiliary Programs e Input/Output Reference, fornecidos pelo

programa EnergyPlus. O manual descreve os dados de entrada necessários,

de forma clara e objetiva, para considerar a influência do contato com o solo

em simulações de edificações.

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SUMÁRIO

1. O programa computacional EnergyPlus .............................................. 5

2. Site:GroundTemperature ..................................................................... 7

2.1. Site:GroundDomain:Slab ............................................................... 7

2.1.1. Name ...................................................................................... 7

2.1.2. Ground Domain Depth ............................................................ 7

2.1.3. Aspect Ratio ........................................................................... 7

2.1.4. Perimeter Offset ...................................................................... 7

2.1.5. Soil Thermal Conductivity ....................................................... 7

2.1.6. Soil Density ............................................................................. 8

2.1.7. Soil Specific Heat .................................................................... 8

2.1.8. Soil Moisture Content Volume Fraction .................................. 8

2.1.9. Soil Moisture Content Volume Fraction at Saturation ............. 8

2.1.10. Type of Undisturbed Ground Temperature Object ................ 8

2.1.11. Name of Undisturbed Ground Temperature Object .............. 9

2.1.12. Evapotranspiration Ground Cover Parameter ....................... 9

2.1.13. Slab Boundary Condition Model Name ................................. 9

2.1.14. Slab Location ...................................................................... 10

2.1.15. Slab Material Name ............................................................ 10

2.1.16. Horizontal Insulation ........................................................... 10

2.1.17. Horizontal Insulation Material Name ................................... 10

2.1.18. Horizontal Insulation Extents .............................................. 10

2.1.19. Perimeter Insulation Width .................................................. 10

2.1.20. Vertical Insulation ............................................................... 10

2.1.21. Vertical Insulation Name ..................................................... 11

2.1.22. Vertical Insulation Depth ..................................................... 11

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2.1.23. Simulation Timestep ........................................................... 11

3. Exemplo ............................................................................................. 11

3.1. GroundTemperature:Slab ............................................................ 12

3.1. GroundTemperature:Shallow ...................................................... 13

3.3. Site:GroundTemperature:Undisturbed ........................................ 14

3.4. SurfaceProperty:OtherSideConditionsModel ............................... 15

3.5. Output:Variable ........................................................................... 15

3.6 Análises dos resultados ............................................................... 16

4. Considerações finais.......................................................................... 21

5. Referências ........................................................................................ 22

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1. O programa computacional EnergyPlus

Para a elaboração deste manual, foi utilizado o programa de simulação

computacional EnergyPlus versão 8.4 (DOE, 2015). O programa EnergyPlus foi

desenvolvido através da fusão dos programas DOE-2 e BLAST pelo Lawrence

Berkeley National Laboratory (LBNL), em sociedade com outros laboratórios.

Além da geometria e dos materiais, o programa EnergyPlus permite modelar

diversos sistemas, como por exemplo: as rotinas de ocupação dos usuários, o

sistema de condicionamento de ar, o sistema de iluminação, o sistema de

ventilação natural, o contato com o solo, entre outros.

As edificações em contato com o solo, no programa EnergyPlus, podem

ser simuladas de diferentes maneiras: inserindo as temperaturas médias

mensais do solo no objeto Site:GroundTemperature:BuildingSurface; utilizando

o objeto Detailed Ground Heat Transfer que engloba dois pré-processadores:

Slab e Basement; ou ainda através do objeto Ground Domain.

Neste manual serão detalhados especificamente os parâmetros e os

procedimentos necessários para simular o contato com o solo através do objeto

Ground Domain. Este objeto é capaz de lidar com diferentes configurações de

placas de isolamento térmico, utilizando um modelo de diferenças finitas

implícito para obter as temperaturas do solo. O resultado da simulação pode

ser obtido para diferentes valores de timesteps e tamanhos de laje.

Superfícies horizontais múltiplas (lajes pertencentes a diferentes zonas

térmicas) podem ser acopladas em um mesmo domínio de solo. O domínio

consiste no conjunto dos elementos que são considerados na simulação de

superfícies em contato com o solo. São utilizadas iterações para alcançar a

convergência das temperaturas no domínio. O modelo estabelecido determina

uma superfície de área superficial equivalente dentro do domínio,

representando as superfícies horizontais acopladas ao domínio do solo. Esta

superfície interage com o solo, fornecendo temperaturas atualizadas para o

objeto OtherSideConditionsModel que são utilizadas nos cálculos de balanço

de calor da superfície.

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Este manual documenta o objeto de entrada Ground Domain, utilizado

para simular transferência de calor em superfícies horizontais em contato com

o solo, através do programa computacional EnergyPlus.

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2. Site:GroundTemperature

A classe de objetos Site:GroundTemperature no programa EnergyPlus

contém parâmetros que podem ser utilizados para a simulação de uma

edificação em contato com o solo. Um dos objetos desta classe é o

Site:GroundDomain:Slab, utilizado para edificações que possuem a laje em

contato com o solo.

2.1. Site:GroundDomain:Slab

As informações sobre os dados de entrada do objeto

Site:GroundDomain:Slab são detalhados abaixo.

2.1.1. Name

Define-se um nome para o objeto. Inserir somente letras.

2.1.2. Ground Domain Depth

Este campo define a profundidade adotada entre a superfície do solo e o

limite do domínio considerado.

2.1.3. Aspect Ratio

Este campo estabelece a razão entre a maior dimensão e a menor

dimensão da laje.

2.1.4. Perimeter Offset

Este campo define a distância entre a parede externa da edificação, que

está em contato com o solo, e o limite do domínio de solo.

2.1.5. Soil Thermal Conductivity

Este campo estabelece a condutividade térmica do solo. Deve ser

inserido um valor maior que zero. A unidade utilizada é W/(m².K).

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2.1.6. Soil Density

Este campo define a densidade do solo. Deve ser inserido um valor

maior que zero. A unidade utilizada é kg/m³.

2.1.7. Soil Specific Heat

Este campo estabelece o calor específico do solo. Deve ser um valor

maior que zero. A unidade utilizada é J/(kg.K).

2.1.8. Soil Moisture Content Volume Fraction

Este campo define um valor nominal de umidade para o solo, usado para

avaliar as propriedades térmicas do solo. A unidade utilizada é porcentagem.

2.1.9. Soil Moisture Content Volume Fraction at Saturation

Este campo estabelece um valor nominal de umidade para o solo,

quando o solo está saturado. A unidade utilizada é porcentagem.

2.1.10. Type of Undisturbed Ground Temperature Object

Para calcular a transferência de calor de superfícies horizontais da

edificação em contato com o solo, o EnergyPlus adota 3 modelos de

temperaturas do solo não perturbadas. As temperaturas não perturbadas

equivalem às temperaturas que o solo apresentaria caso não estivesse sendo

"perturbado" por algo, como por exemplo, uma edificação. Os modelos de

temperaturas do solo não perturbadas são:

FiniteDifference: o objeto utiliza modelo de diferenças finitas para

transferência de calor que utiliza o arquivo climático para obter as

condições de contorno da superfície. No começo, é executada a

simulação anual do modelo, até que o perfil de temperatura do

solo anual alcance um comportamento periódico constante. Uma

vez que, o comportamento de equilíbrio é atingido, as

temperaturas do solo são armazenadas para serem utilizadas

durante o resto da simulação.

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KusudaAchenbach: fornece temperaturas do solo não perturbado

com base na correlação desenvolvida por Kusuda e Achenbach

(1965). A correlação utiliza três parâmetros para a temperatura do

solo na superfície, para definir uma correlação para as

temperaturas do solo não perturbadas com função da

profundidade e do tempo.

Xing: fornece uma temperatura do solo não perturbada baseada

na correlação desenvolvida por Xing (2014). A correlação é

composta por cinco parâmetros e dois modelos harmônicos. O

conjunto de dados necessários para realizar a simulação é mais

complexo.

2.1.11. Name of Undisturbed Ground Temperature Object

Neste campo deve-se inserir o nome do modelo de temperaturas do solo

não perturbadas. O nome é referente ao objeto criado a partir do modelo

escolhido de temperaturas do solo não perturbadas.

2.1.12. Evapotranspiration Ground Cover Parameter

Este campo especifica os efeitos de cobertura do solo utilizados no

modelo de evapotranspiração no balanço de calor da superfície do solo. Os

valores podem variar de 0 (superfície do solo sólida/impermeável) a 1.5

(superfície do solo altamente permeável).

2.1.13. Slab Boundary Condition Model Name

Neste campo deve-se escolher o nome do modelo de condição de

contorno. O EnergyPlus define quatro possíveis condições de contorno no

objeto SurfaceProperty:OtherSideConditionsModel, que também deve ser

criado. O tipo de modelagem a ser definido no objeto

SurfaceProperty:OtherSideConditionsModel é a GroundCoupledSurface.

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2.1.14. Slab Location

Este campo possibilita definir a laje "INGRADE" (superfície superior da

laje no mesmo nível da superfície do solo) ou "ONGRADE" (superfície inferior

da laje no mesmo nível da superfície do solo).

2.1.15. Slab Material Name

Inserir o nome do material utilizado para a construção da laje. Aplicável

somente em situações INGRADE.

2.1.16. Horizontal Insulation

Este campo determina a presença ou não de isolamento térmico

horizontal na laje. Inserir "YES" neste campo caso haja presença de isolamento

térmico horizontal na laje ou inserir "NO" em caso contrário.

2.1.17. Horizontal Insulation Material Name

Inserir o nome do material utilizado para representar o isolamento

térmico horizontal da laje.

2.1.18. Horizontal Insulation Extents

Este campo indica se o isolamento térmico horizontal da laje cobre a

totalidade da área da laje (FULL) ou somente seu perímetro (PERIMETER).

2.1.19. Perimeter Insulation Width

Este campo indica a largura do isolante térmico presente no perímetro

da laje, medido a partir da borda da laje. O intervalo de valores válido é de zero

até a metade da menor dimensão da laje.

2.1.20. Vertical Insulation

Este campo determina a presença ou não de isolamento térmico vertical

na laje. Inserir "YES" neste campo caso haja presença de isolamento térmico

vertical na laje ou inserir "NO" em caso contrário.

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2.1.21. Vertical Insulation Name

Inserir o nome do material utilizado para representar o isolamento

térmico vertical da laje. Este campo só é necessário em caso de isolamento

térmico vertical.

2.1.22. Vertical Insulation Depth

Este campo indica a profundidade do isolamento térmico vertical, medida

em metros, a partir da superfície do solo. Este valor deve ser superior à

espessura da laje e inferior à profundidade do domínio considerado.

2.1.23. Simulation Timestep

Este campo define o timestep da simulação referente ao contato com o

solo, ou seja, indica se as temperaturas do domínio são atualizadas a cada

timestep (definido no IDF) ou em intervalos horários.

3. Exemplo

Para a aplicação do objeto Ground Domain no programa EnergyPlus, foi

utilizada uma edificação residencial unifamiliar (Figura 01), de um pavimento

tipo, com as seguintes características:

- Dimensões: 6 m x 6 m x 4,32 m (pé direito de 2,80 m)

- Cinco zonas térmicas: sala, banheiro, quarto 01, quarto 02, ático

- Clima: arquivo climático de Florianópolis (TRY 1963)

- Ventilação: ventilada de acordo com a temperatura de setpoint

- Temperatura de setpoint da ventilação: 20ºC

- Piso: laje maciça de concreto 100 mm e piso cerâmico

- Parede externa e interna: argamassa 25 mm, tijolo 8 furos cerâmico

100 mm, argamassa 25 mm

- Cobertura: telha cerâmica 10 mm

- Vidro: simples 3mm

- Orientação: quartos com orientação norte e sala com orientação sul

- Sombreamento: beiral de 50 cm

- Ocupação: 4 pessoas, 2 em cada quarto

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- Atividade metabólica: no quarto 80 Watts/pessoa; na sala 110

Watts/pessoa)

- Schedules de ocupação quartos:

- Dias de semana: 23h00 às 7h00

- Finais de semana: 24h00 às 8h00

- Schedules de ocupação sala:

- Dias de semana: 08h00 às 12h00

- Finais de semana: 09h00 às 23h00

- Iluminação: 44 Watts nos quartos e 29 Watts na sala

- Equipamentos: 161 Watts nos quartos e 90 Watts na sala

Figura 01. Modelo 3D da edificação unifamiliar adotada.

No estudo de caso, duas simulações foram realizadas para analisar a

influência da temperatura do solo na edificação, de acordo com o objeto

Ground Domain. Na primeira simulação, foi utilizado o método de

FiniteDifference. Na segunda simulação, foi adotado o método de

KusudaAchenbach. O método de Xing não foi utilizado neste exemplo pois

necessita de um maior detalhamento nas propriedades do solo e modelagem.

3.1. GroundTemperature:Slab

Este objeto engloba os parâmetros detalhados acima (Figura 02).

Primeiramente, define-se um nome para o objeto. Em seguida, devem ser

inseridas as características geométricas da laje e as propriedades referentes

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ao solo. Nos campos destacados em azul, deve-se definir o modelo de

temperaturas não perturbadas do solo e as condições de contorno da laje em

contato com o solo.

Figura 02. Site:GroundTemperature:Slab

3.1. GroundTemperature:Shallow

Os dados de entrada referentes às temperaturas do solo foram inseridos

de acordo com os valores de temperaturas mensais do solo a 0,5 metros de

profundidade (selecionados a partir do arquivo climático de Florianópolis), no

objeto Site:GroundTemperature:Shallow. Estas temperaturas são utilizadas

pelos modelos de temperaturas não perturbadas para a realização dos cálculos

de transferência de calor entre a laje e solo. A Figura 03 abaixo apresenta os

valores de temperatura do solo utilizados no exemplo.

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Figura 03. Site:GroundTemperature:Shallow.

3.3. Site:GroundTemperature:Undisturbed

Neste objeto é definido o modelo de temperaturas não perturbadas do

solo para a simulação. As principais propriedades termo físicas (densidade,

calor específico e condutividade) do solo são definidas neste objeto. Foram

adotados os valores default sugeridos pelo programa EnergyPlus para

caracterizar o solo. Pode-se escolher entre três modelos: FiniteDifference,

KusudaAchenbach e Xing. Neste exemplo, são abordados os dois primeiros

modelos, de acordo com a Figura 04 e a Figura 05 abaixo.

Figura 04. Site:GroundTemperature:Undisturbed:FiniteDifference

Figura 05. Site:GroundTemperature:Undisturbed:KusudaAchenbach

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3.4. SurfaceProperty:OtherSideConditionsModel

Neste objeto é definida a modelagem das condições de contorno válidas

para a superfície de contato entre a laje e o solo (Figura 6).

Figura 06. SurfaceProperty:OtherSideConditionsModel

É importante destacar que os dados de entrada de cada superfície

(objeto BuildingSurface:Detailed) estejam vinculados com o método de

modelagem adotado, conforme demonstrado na Figura 07.

Figura 07. BuildingSurface:Detailed

3.5. Output:Variable

Para a análise dos resultados, foram solicitadas quatro variáveis (Figura

8). As variáveis escolhidas no exemplo foram: Site Outdoor Air Drybuld

Temperature (temperatura de bulbo seco do ar externo), Zone Operative

Temperature (temperatura operativa da zona analisada), Zone Coupled Surface

Temperature (temperatura da superfície acoplada a zona) e Zone Coupled

Surface Heat Flux (fluxo de calor da superfície acoplada a zona).

Figura 08. Output:Variable

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3.6 Análises dos resultados

A simulação foi realizada para o ano inteiro e depois foram analisados

especificamente três dias no verão (07/02 a 09/02), e três dias no inverno

(15/06 a 17/06). Estes períodos foram selecionados, pois apresentam os

maiores e menores valores de temperatura da superfície de contato entre a laje

e o solo. As simulações foram executadas através de dois métodos:

FiniteDifference e KusudaAchenbach.

Para cada método, estão expostos os resultados obtidos através da

adoção de dados de entrada default do objeto GroundDomain ou através da

utilização de dados de entrada recomendados para o solo (inclusive utilizados

como default pelo pré-processador Slab do EnergyPlus). Os resultados do

método FiniteDifference serão apresentados abaixo, seguidos dos resultados

referentes ao método KusudaAchenbach. Primeiramente, foram obtidas as

temperaturas externas de bulbo seco e as temperaturas operativas da sala.

Figura 09. Temperatura externa de bulbo seco e temperatura operativa interna da sala - Verão

- Método FiniteDifference.

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Figura 10. Temperatura externa de bulbo seco e temperatura operativa interna da sala -

Inverno - Método FiniteDifference.

Pode-se observar que, através da utilização dos valores default, são

obtidos resultados de temperatura ligeiramente inferiores no verão e

praticamente equivalentes no inverno, quando comparados aos resultados

obtidos com a utilização de valores recomendados (Slab). A mesma tendência

é encontrada na Figura 11 e na Figura 12.

Figura 11. Temperatura externa de bulbo seco e temperatura operativa interna da sala - Verão

- Método KusudaAchenbach.

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Figura 12. Temperatura externa de bulbo seco e temperatura operativa interna da sala -

Inverno - Método KusudaAchenbach.

O fluxo de calor através do piso e as temperaturas da superfície de

contato entre o solo e laje também foram analisados para o período de verão e

para o período de inverno. Os resultados podem ser observados na Figura 13 e

na Figura 14, respectivamente.

Figura 13. Fluxo de calor e temperatura da superfície de contato - Verão - Método

FiniteDifference.

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Figura 14. Fluxo de calor e temperatura da superfície de contato - Inverno - Método

FiniteDifference.

Pode-se observar que, através da adoção dos valores default, foram

obtidos resultados de temperatura menores para a superfície de contato entre

solo e laje no verão, quando comparados aos resultados obtidos com a

utilização de valores recomendados (Slab), e resultados praticamente

equivalentes no inverno. No verão, temperaturas menores da superfície de

contato (entre solo e laje) acarretam em uma maior diferença de temperatura

entre a edificação e o domínio do solo, resultando em maiores valores de fluxo

de calor entre os mesmos.

Os fluxos de calor mais elevados durante o verão justificam as

temperaturas operativas ligeiramente inferiores (Figura 09 e Figura 11)

encontradas para a sala do modelo que utiliza os valores default.

Consequentemente, devido aos fluxos de calor inferiores entre solo e laje, o

modelo que adota os valores recomendados (Slab) apresenta temperaturas

operativas ligeiramente superiores durante os períodos quentes do ano.

Quando o fluxo de calor apresenta valores positivos, significa que a

superfície de contato entre laje e solo está recebendo calor proveniente da

edificação. Sendo assim, para o período de verão, ao longo dos três dias

analisados, pode-se observar que a edificação perde calor para o solo. Os

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valores máximos (picos) de fluxo de calor da edificação para o solo foram

encontrados no final da tarde, período em que a edificação ainda apresenta

temperaturas internas elevadas. Especialmente no período de verão (Figura

13), percebe-se que a temperatura da superfície de contato, entre a laje e o

solo, varia de acordo com o aumento ou diminuição do fluxo de calor

encontrado. Ao longo do inverno (Figura 14), a transferência de calor entre a

edificação e solo apresenta um comportamento diferente. Analisando os

resultados, percebe-se que o fluxo de calor teve seu sentido invertido. Por

apresentar fluxo de calor negativo durante o período analisado de inverno, a

edificação recebe calor do solo, ou seja, a superfície de contato cede calor para

a edificação. Apesar da utilização de métodos diferentes, a mesma tendência

explicada neste parágrafo é observada na Figura 15 e na Figura 16.

Figura 15. Fluxo de calor e temperatura da superfície de contato - Verão - Método

KusudaAchenbach.

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Figura 16. Fluxo de calor e temperatura da superfície de contato - Inverno - Método

KusudaAchenbach.

A análise dos resultados também permite perceber diferenças obtidas

entre os dois modelos de cálculo abordados pelo exemplo: FiniteDifference e

KusudaAchenbach. No verão, o método de KusudaAchenbach apresentou

valores superiores de fluxo de calor em relação ao método de FiniteDifference.

Esta diferença pode ser verificada comparando-se os valores de fluxo

apresentados pela Figura 13 (FiniteDifference) e na Figura 15

(KusudaAchenbach).

4. Considerações finais

Este manual foi desenvolvido com o objetivo de auxiliar o usuário do

programa EnergyPlus a inserir parâmetros para simular edificações em contato

com o solo através do objeto GroundDomain:Slab. Os dados de entrada

necessários foram detalhados através da aplicação de um exemplo para uma

edificação residencial. A análise dos resultados do exemplo possibilitou

verificar a influência da escolha dos métodos adotados (FiniteDifference ou

KusudaAchenbach) e a definição dos valores para os parâmetros referentes ao

solo (default ou slab) a serem utilizados na simulação.

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5. Referências

DOE – Departamento de Energia dos Estados Unidos. Programa de

simulação computacional EnergyPlus. Disponível em

http://apps1.eere.energy.gov/buildings/energyplus/ Acesso em: 21 de

Outubro de 2015.

ENERGYPLUS. Engineering Reference. Fórmulas e métodos de cálculo

adotados pelo programa EnergyPlus. Versão 8.4, 2015a.

ENERGYPLUS. Auxiliary Programs. Programas auxiliares para facilitar o

uso do programa EnergyPlus. Versão 8.4, 2015b.

ENERGYPLUS. Input/Output Reference. Dados de entrada e saída do

programa EnergyPlus. Versão 8.4, 2015c.

KUSUDA, T.; ACHENBACH, P. 1965. Earth Temperature and Thermal

Diffusivity at Selected Stations in the United States, ASHRAE Transactions

71(1): 61–75.

XING, L. 2014. Estimations of Undisturbed Ground Temperatures using

Numerical and Analytical Modeling. Ph.D. Diss. Oklahoma State University,

Stillwater, OK.