manual de controlo de custos na restauração - final

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Manual de Controlo de Custos Na Restauração - Final

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    Formao Registo

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    R 14.06v00

    MANUAL DE CONTROLO DE

    CUSTOS NA RESTAURAO

    (RUI MANUEL ARAJO FARIA)

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    NDICE

    ESTRUTURA ................................................................................................ 3

    Objectivo geral ........................................................................................ 3

    Objectivos especficos ............................................................................. 3

    Destinatrios ........................................................................................... 4

    Programa ................................................................................................ 5

    DESENVOLVIMENTO ................................................................................... 6

    BIBLIOGRAFIA ........................................................................................... 78

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    Estrutura

    Objetivo geral

    Aplicar os procedimentos relacionados com o controlo de custos e

    gesto do inventrio;

    Fixar os preos de venda na ementa;

    Proceder ao controlo das vendas;

    Calcular proveitos, custos e resultados das vendas.

    Objetivos especficos

    Distinguir os vrios tipos de stocks existentes e identificar a gesto

    de cada um;

    Gerir stoks pela anlise ABC;

    Identificar e caracterizar as diferenas existentes nos vrios

    documentos utilizados no economato;

    Analisar os documentos dos fornecedores e emitir notas de

    encomenda, requisies e outra documentao necessria;

    Classificar os vrios gneros no economato e identificar a sua

    compatibilidade na armazenagem.

    Destinatrios

    Jovens procura do primeiro emprego;

    Possuir o 3 Ciclo do Ensino Bsico;

    Ter idade compreendida entre os 15 e os 25 anos de idade.

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    Programa

    Controlo de Stocks

    Valorizao de Existncias

    Fixao de Preo de Ementa

    MARK-UP Custo Padro

    Investimento (mtodo Hubbard)

    Controlo de Vendas

    Oramentos

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    Desenvolvimento

    Controlo de Stocks

    Definio dos diferentes tipos de stocks

    Os bens adquiridos pela empresa so em geral encaminhados para os armazns da empresa

    onde ficam depositados at serem posteriormente utilizados, quer pelos servios da empresa

    quer pelos seus clientes. o conjunto destes bens que constitui o seu stock.

    O que um stock?

    Costuma-se dizer que o stock um mal necessrio. um mal, dado que representa um

    encargo para a empresa e, como todos os encargos devero ser evitados na medida do possvel.

    Necessrio dado que, para satisfazer a necessidade de determinado artigo, quando no

    possvel cumprir com os prazos de entrega adequados a essas mesmas necessidades, ou quando

    se verificam oscilaes na procura, a nica forma dispor desse artigo em stock.

    Gerir um stock fazer com que ele esteja constantemente apto a responder procura, gerindo

    a prpria expectativa do cliente. Na contabilidade de stocks o cuidado fundamental o

    permanente lanamento de entregas e sadas de forma a saber-se sempre quais as existncias.

    Define-se stock como sendo toda a matria, produto ou mercadoria que se encontra

    armazenado na empresa espera de uma futura utilizao pelos seus servidores.

    A utilidade da manuteno de stocks elevados manifesta para:

    Fazer face penria, geralmente resultante das irregularidades de entrega;

    Assegurar o consumo regular de um produto, embora a sua produo seja irregular;

    Usufruir benefcios econmicos pela compra de grandes quantidades;

    Evitar compras demasiado frequentes;

    Finalidades especulativas.

    Mas deter pequenas quantidades de stock tem tambm a vantagem de:

    Economizar espao de armazenagem;

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    Evitar a deteriorao de certos produtos;

    Menor possibilidade de se constiturem monos;

    Menor capital investido.

    A manuteno da quantidade adequada de stocks por uma empresa tem de ser objeto de uma

    deciso altamente ponderada, j que stocks em excesso ou falta traduzem sempre falta de

    planeamento por parte de quem toma decises.

    Utilidade dos stocks

    Poder-se- afirmar que existe sempre um desfasamento entre o ritmo das entregas e o das

    utilizaes das mercadorias, assim, o stock serve de regulador entre as entregas e as utilizaes

    que fazem a ritmos diferentes. Mas pode dizer-se, que todo o stock que ultrapasse o

    estritamente necessrio para ter esse papel regulador, torna-se intil e fonte de gastos

    escusados.

    Quatro razes fundamentais para a existncia de stocks:

    Transao: so necessrios que existam produtos em armazm para que a empresa os

    possa transacionar, atingindo os seus objetivos econmicos e financeiros;

    Precauo: A constituio de stocks de segurana uma forma de as empresas se

    precaverem contra flutuaes da procura ou contra qualquer imprevisto que possa

    surgir no fornecimento de matrias-primas;

    Processamento: Nas empresas industriais com processos produtivos mais ou menos

    complexos necessria a constituio de diversos stocks intermdios, quer de matrias-

    primas quer dos produtos em curso de fabrico. A correta gesto destes diferentes stocks

    importantssima, j que a rutura de qualquer pode pr em causa todo um processo

    produtivo;

    Especulao: Muitas vezes so constitudos stocks com vista a aproveitar flutuaes

    futuras da procura. Acontece frequentemente em empresas ligadas aos mercados de

    capitais, onde os produtos stockados so financeiros.

    Inconvenientes dos stocks

    Um dos principais inconvenientes dos stocks perecibilidade ou a fragilidade de certos

    produtos. Produtos com curto tempo de vida, normalmente produtos alimentares, so

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    particularmente vulnerveis, pelo que no so alvo de stock, ou so processados e embalados

    de forma a aumentar o tempo de vida.

    Um stock excessivo muito caro, uma vez que, para alm do imobilizado, provoca custos de

    manuteno, de armazenamento e, naturalmente, custos financeiros.

    Um outro inconveniente diz respeito obsolescncia, o facto de se constituir stocks de artigos

    que, por qualquer razo, deixam de escoar, agravar o custo de imobilizao de capital, estes

    artigos so comummente designados por monos. Uma soluo para eliminar este problema

    ser a venda em saldo, mas esta soluo permite apenas a recuperao de uma pequena parte

    do capital. No entanto ela a melhor soluo, dado que, conversar esses artigos em stock

    apenas faria congelar o capital, alm de ocuparem espao e fazerem perder tempo a quem faz

    o seu inventrio.

    A rutura outro inconveniente de relevo. A falta de artigo no momento em que o cliente o

    pretende, pode conduzir perda da venda, e se ocorrer com frequncia, conduz perda de

    clientes sucessivamente.

    Nesta perspetiva, fundamental na gesto de stocks:

    Escolher criteriosamente quais os artigos a constituir stock;

    Fixar e ajustar nveis de stock e dos seus reaprovisionamentos.

    Classificao dos stocks

    Tipos de stock Descrio Exemplo

    Matrias-primas Materiais utilizados na fabricao de

    componentes dos produtos acabados

    Chapa de ao destinada a

    fazer lamina para moinho

    de caf

    Componentes

    Partes que no sofrem qualquer

    transformao na empresa e que se

    destinam a montagem nos produtos

    acabados

    Amndoa destinada a

    fazer biscoitos

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    Produtos

    acabados

    Artigos finais, destinados ao

    consumidor final ou utilizao por

    outra empresa

    Biscoitos destinados a

    reposio ou preparao

    de pacotes de biscoitos

    Subprodutos

    Produtos resultantes do processo de

    transformao, mas que no so

    incorporados no produto final

    Clara dos ovos que

    sobraram no fabrico de

    po-de-l de ovar que

    sero usadas para fazer

    suspiros

    Materiais de

    consumo corrente

    ou subsidirios

    Materiais que no entram

    diretamente no processo de

    transformao

    Combustvel para

    lubrificao das

    batedeiras. Impressos

    administrativos

    Material de

    embalagem e de

    acondicionamento

    Materiais necessrios ao transporte

    e acondicionamento adequados de

    produtos

    Palete para transporte

    interno de produtos em

    curso de fabricao. Caixas

    de transporte dos bolos

    Taxa de Rotao de Stocks Inventory turn-over

    Toda a problemtica de stocks implica como pressuposto, o seu controlo, ou seja, a capacidade

    de medir e lanar permanentemente todas as entradas e sadas de stock de forma a ter o

    conhecimento permanente da sua existncia.

    Produtos em

    curso de

    fabricao

    Materiais e componentes que se

    encontram em fases intermdias do

    processo de transformao, entre

    operaes consecutivas

    Bolos sados do forno e a

    aguardar a decorao

    Produtos

    semiacabados

    Partes que j sofreram vrias

    operaes de transformao e

    aguardam a montagem no produto

    acabado

    Placa de circuito impresso

    e a aguardar montagem na

    batedeira

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    Este controlo pode ser feito, tanto no ato de entrega ou sada (pela fatura ou pleo documento

    equivalente que reporta a entrada ou sada), como por antecipao, (pela encomenda colocada

    ao fornecedor, no caso das entradas e no caso das sadas pelas vendas firmadas).

    Ambas as opes tm vantagens e desvantagens muito embora a mais generalizada seja a

    primeira.

    Por renovao de stocks entende-se o ato de, por meio de aprovisionamento, recolocar os

    stocks no seu ponto timo.

    Para renovar stocks, necessrio ter em conta dois aspetos:

    As quantidades existentes por produto;

    A rotao de cada um dos produtos.

    No sentido de poder comparar com facilidade e eficincia da gesto de stocks entre diferentes

    produtos existem duas medidas comerciais de utilizao corrente que so:

    Rotao

    Cobertura

    A rotao define-se como o nmero de vezes que o stock se renova num determinado perodo

    de tempo.

    Este valor de rotao assume especial importncia no comrcio, em que o jogo entre rotao

    de produtos e os seus prazos de pagamento pode levar a vantagens financeiras interessantes

    que, em ltima anlise, podem gerar proveitos sem qualquer imobilizao de capital (em termos

    de stock).

    A cobertura ou rotao previsional entende-se como o clculo com base na previso de vendas

    e no stock mdio previsto.

    Assim, conhecendo-se a previso de vendas de um produto para um determinado perodo de

    tempo e tendo em conta os stocks e os compromissos de encomendas, possvel calcular

    facilmente a rotao previsional para o perodo em anlise.

    Podemos pois, se assim o entendermos, interferir na rotao previsional, intervindo nas

    encomendas j colocadas (ou a colocar), aumentando-as, diminuindo-as, atrasando-as ou

    antecipando-as.

    As taxas de rotao e cobertura utilizam-se no s para anlise comparativa de eficincia de

    gesto de stocks entre diferentes produtos, como entre empresas concorrentes.

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    Exemplo:

    O produto A vende 2000 unidades/ms.

    Se o seu stock mdio mensal for de 500 unidades, a taxa de rotao ser igual a 4.

    Taxa de rotao = 2000 = 4

    500

    Par Stock

    Uma efetiva gesto de stocks no se b Seia apenas no conhecimento do mercado e das suas

    tendncias de consumo, mas tambm na analise fivel dos custos e proveitos com vista a

    alcanar maiores nveis de eficincia.

    O ndice de rotao de stocks um indicador indispensvel para a avaliao da gesto de stocks,

    portanto permite aperfeioar o nvel de stock, com um investimento racionalizado, contribuindo

    para uma maior eficincia operacional.

    Algumas tcnicas bsicas de controlo so muito uteis para reduzir o potencial de perda de

    receita ou manter o custo sob controlo. A primeira tcnica que utilizada para administrar o

    stock operacional dos produtos conhecida como o par stock.

    Dito de forma mais simples, o par stock o inventrio fixo de produtos que se estabelece

    como o mximo em determinado ponto de venda. O nmero fixo de produtos estabelecido

    tendo em considerao o histrico das vendas. Se esse stock estabelecido de forma errada,

    pode acontecer uma de duas coisas:

    Um stock menor do que o necessrio implica a possibilidade de no poder atender ao

    pedido dos clientes por falta de produtos;

    Um stock maior do que o necessrio significa recursos econmicos parados, que

    poderiam estar a ser aplicados noutras mercadorias com melhor sadas.

    O estabelecimento do par stock facilita o processo de requisio de produtos, pois permite

    facilmente determinar o volume adequado a solicitar. Para tal apenas preciso fazer um

    inventrio para apurar o stock atual.

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    Anlise ABC para a gesto de stocks

    Como no possvel, nem aconselhvel tratar todos os artigos da mesma forma, a anlise ABC

    uma ferramenta de gesto muito simples, mas com grande eficincia na classificao correta

    dos stocks, criando trs nveis de prioridade distintos na gesto dos mesmos.

    Assim, este mtodo classifica os stocks em trs grandes grupos, A, B ou C, de acordo com

    percentagem dos consumos anuais que cada grupo representa.

    A Analise ABC, permite implementar politicas diferenciadas a nvel de fornecedores, clientes e

    stocks e facilita o agrupamento das encomendas.

    Vrios critrios podem ser utilizados na Analise ABC: o consumo, a rotao e o stock mdio.

    A separao feita de acordo com a seguinte metodologia:

    Classe A Este o grupo de artigos com maior valor de consumo anula, embora seja

    representado por um pequeno nmero de artigos: 15% a 20% dos artigos correspondem a 75%

    a 80% do valor do consumo anual total.

    Classe B Este grupo intermedio: 20% a 25% do total de artigos representam 10% a 15%

    do valor do consumo anual de todos os artigos.

    Classe C Este grupo de artigos possui o menor valor de consumo anual, embora

    represente um elevado nmero de referncias: 60% a 65% do nmero total de artigos

    correspondem a 10% do valor do consumo anual de todos os artigos.

    A gesto de cada grupo deve ser realizada da seguinte forma:

    Classe A Os artigos devem ser controlados frequentemente de forma a manter

    existncias baixas e evitar ruturas.

    Classe B Os artigos devem ser controlados de forma mais automatizada.

    Classe C Os artigos devem possuir regras de deciso muito simples e totalmente

    automatizadas. Os nveis de stock de segurana podem ser elevados de forma a minimizar os

    inconvenientes de eventuais ruturas.

    Metodologia a seguir para a elaborao da Analise ABC:

    1 Passo

    Determinar o critrio a utilizar na classificao:

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    a) Consumo anual

    b) Stock mdio

    c) Rotao (ou frequncia)

    2 Passo

    Ordenar por ordem decrescente os artigos de acordo com o critrio utilizado.

    3 Passo

    Calcular o valor acumulado do consumo anual/stock mdio/rotao.

    4 Passo

    Calcular a percentagem de consumo anual/stock mdio/rotao de cada artigo relativamente

    ao total.

    5 Passo

    Calcular a percentagem acumulada do consumo anual/stock mdio/rotao.

    6 Passo

    Calcular a percentagem que cada artigo representa no total dos artigos.

    Exemplo:

    Total de artigos = 10

    Artigo A = 1/10 que representa 10%

    7 Passo

    Calcular a percentagem acumulada dos artigos (Nota: o 6 e 7 passo podem ser feitos num s)

    8 Passo

    Classificar os artigos em A, B e C de acordo com as regras definidas para as categorias tendo

    sempre em conta a percentagem acumulada do consumo anual/stock mdio/rotao e

    percentagem acumulada dos artigos.

    Exemplo:

    Considere a seguinte tabela com os oito produtos comercializados pela empresa

    Cozinha/Pastelaria SA

    Realize uma classificao ABC, com o objetivo de identificar os produtos com a maior

    importncia.

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    A proporo escolhida para o custo : 65/25/10

    Produtos Quantidade consumida Preo unitrio Valor Total

    1 613 13 7969

    2 1360 10 13600

    3 835 112 93520

    4 65 31 2015

    5 6000 80 480000

    6 225 620 139500

    7 230 15 3450

    8 2600 85 221000

    Total 961054

    Produtos Ordenados Valor Total Ordenado % % Acumulada ABC

    5 480000 49.94 49.94 A

    8 221000 22.99 72.93 B

    6 139500 14.51 87.44 B

    3 93520 9.73 97.17 C

    2 13600 1.41 98.58 C

    1 7969 0.82 99.40 C

    7 3450 0.35 99.75 C

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    FORMULRIO

    Valor Total = Quantidade x Valor unitrio

    % = Valor Total / Total x 100

    % Acumulada = % acumulada da linha anterior + % da linha

    As movimentaes das mercadorias facilmente deteriorveis

    A gesto de stocks , de forma simplificada, o conjunto de aes que visa manter o stock ao mais

    baixo nvel em termos quantitativos e de custos, garantindo simultaneamente o fornecimento

    regular da empresa e a melhor execuo das tarefas de aprovisionamento e armazenagem.

    A gesto de stocks um fator de relevncia na gesto atual das empresas, no constituindo uma

    clula isolada da empresa. Para alm de uma organizao prpria que responda ao conjunto de

    economias possveis de realizar, encontra-se, no seio da empresa, como um rgo integrado

    numa organizao global que, caso no seja suficientemente desenvolvida, bloqueia a sua ao

    e a concretizao dos seus objetivos.

    A gesto de stocks assume nas empresas modernas um papel fundamental, sendo uma das

    ferramentas mais importantes ao dispor da gesto para maximizar os seus resultados lquidos e

    permitir a movimentao das mercadorias facilmente deteriorveis.

    A manuteno de um nvel adequado do stock um desafio que colocado aos gestores, j que

    necessrio minimizar os custos do stock no pondo em risco a operacionalidade de toda a

    logstica das empresas.

    Os efeitos mais importantes que resultam da existncia de stock so:

    Os custos associados sua existncia;

    As influncias que no so evidenciados devido sua existncia.

    4 2015 0.20 100 C

    Total 961054 100

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    A problemtica relacionada com stocks pode, para efeitos de anlise, ser considerada em trs

    aspetos distintos, muito embora, na realidade, se inter-relacione em muitas outras facetas:

    A armazenagem Compreende todos os problemas relacionados com os layouts das zonas de

    armazenagem, sua lgicas, sistemas de receo, arrumao e aviamento, equipamentos,

    standarizao, sinaltica, segurana de pessoas, bens e equipamento, procedimentos

    operacionais e documentais, etc.

    A contabilidade de stocks controlo permanente de stocks, a sua contagem o lanamento

    permanente de entradas e sadas, a inventariao e a sua valorizao.

    A gesto de stocks processo dinmico de racionalizao dos elementos contabilsticos de

    stocks, de forma a rentabilizar o armazenamento, adequando permanentemente quantidades

    de produtos armazenados e timings, conseguindo para o mnimo de custos o mximo de

    rotao. Portanto, toda a gesto de stocks previsional.

    A gesto de stocks tem como objetivo determinar um ponto de equilbrio entre duas

    necessidades contraditrias:

    Evitar ruturas de modo a satisfazer as necessidades expressas pelos clientes;

    Minimizar as imobilizaes financeiras em stocks.

    Gerir um stock compreende a procura de uma soluo otimizada em termos:

    Fsicos;

    Administrativos;

    Econmicos.

    A gesto fsica envolve movimentar, ou seja, refere-se identificao e receo, movimentao

    e arrumao, estada em armazm e preparar e expedir.

    A gesto administrativa refere-se informao, ou seja a criar, manter e distribuir informao,

    nomeadamente nomenclatura de normalizao. A gesto administrativa envolve ainda, o

    controlo do inventrio em termos de quantidade e valor das existncias.

    A gesto econmica associa-se ao termo avaliar, incidindo a sua ao sobre o desenvolvimento

    de previses e analise do histrico e sobre a minimizao do custo total.

    De facto, com a expanso exponencial dos utilizadores da internet, cada vez mais as empresas

    de software associam vrios mdulos de gesto (financeira, contabilstica, recursos humanos,

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    etc.) possibilidade de se realizarem compras pela net, sendo depois integrado no sistema

    informtico da empresa fornecedora a encomenda.

    Clculo do Stock de Segurana

    Para muitos negcios, manter um stocks dos produtos fundamental. Imagine-se um

    supermercado sem stock?

    Eles precisam de manter em stock todos os produtos que os clientes possam desejar. Fora do

    retalho os stocks tambm tm um papel central: nas indstrias, preciso ter stock de matrias-

    primas para que a produo no seja interrompida.

    No entanto, a procura por menores custos, faz com que os stocks sejam baixos: o pretendido

    ter o mnimo possvel de stock, pois eles representam capital parado, em outras palavras,

    representam custos.

    Para encontrar o equilbrio perfeito, duas coisas so fundamentais:

    Uma boa previso da procura;

    Um clculo apropriado para os tamanhos dos stocks, entre eles, o stock de segurana.

    O stock de segurana uma quantidade de stock que se tem, mas no se deseja usar, como

    um seguro do carro, bom ter um, mas no se quer precisar de usar. Isto porque ele calculado

    apenas para suprir uma segurana em casos de variaes inesperados, algo que no se pode

    prever ou controlar como os problemas com o fornecedor, atrasos na entrega e uma procura

    que no foi prevista.

    O stock de segurana depende de alguns fatores chave:

    O prprio consumo;

    O lead time (tempo de entrega) do produto;

    O nvel servio desejado.

    A frmula de stock de segurana

    No h um clculo perfeito para o stock de segurana aplicvel a todas as situaes. Segundo

    alguns especialistas, o nvel de stock de segurana depende da importncia de cada item para o

    processo, do valor do investimento e da disponibilidade de substitutos. Um clculo plausvel

    para o nvel de stock de segurana o seguinte:

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    NSS Mximo = UHDM x (TEHM TEM)

    Em que,

    UHDM = Utilizao Histrica Diria Mxima

    TEHM = Tempo de Entrega Historio Mximo

    TEM = Tempo de Entrega Mdio

    A teoria subjacente a este clculo do nvel de stock de segurana sugere que teremos apenas

    em stock o inventrio suficiente se acontecerem simultaneamente dois eventos catastrficos:

    O tempo de entrega do fornecedor o mximo que alguma vez esse mesmo fornecedor

    demorou;

    Nos dias em que se espera pela entrega do fornecedor, a empresa utiliza o inventrio

    ao nvel do seu mximo histrico.

    Clculo do Ponto de Encomenda

    Este mtodo consiste em fazer uma nova encomenda sempre que o stock atingir um

    determinado nvel, chamado Ponto de Encomenda, que foi determinado previamente.

    Normalmente a quantidade a encomendar fixa. Para determinar o Ponto de Encomenda

    utiliza-se a seguinte frmula:

    PE = UHDM x TEM + NSS

    Em que,

    UHDM = Utilizao Histrica Diria Mxima

    TEM = Tempo Mdio de Entrega

    NSS = Nvel de Stock de Segurana

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    Este mtodo apresenta a vantagem de se revestir de um certo automatismo, pois, uma vez

    determinado o Ponto de Encomenda, tudo se processa de forma automtica, dado que

    sempre que o stock atinge o Ponto de Encomenda, efetua-se a encomenda de uma nova

    quantidade.

    Uma das desvantagens deste mtodo a sua difcil utilizao quando surgem importantes e

    frequentes variaes de consumo, pois, assim, torna-se necessrio alterar constantemente o

    Ponto de Encomenda.

    Outra desvantagem, que se apresenta com utilizao deste mtodo, no permitir um facil,

    agrupamento de artigos numa mesma encomenda, porque s por acaso artigos que possam ser

    encomendados a um mesmo fornecedor atingem o Ponto de Encomenda na mesma data.

    Interessa referir que se o prazo de entrega de um artigo for superior ao perodo que separa dois

    pontos de encomenda sucessivos, as unidades que j foram anteriormente encomendadas s

    sero entregues depois de uma nova encomenda.

    Assim, em armazm, temos um stock terico igual ao stock real mais a soma das encomendas

    em curso.

    Valorizao das existncias

    Diferentes mtodos de clculo

    Valorizao de stocks

    A valorizao dos stocks determina-se pelo inventrio permanente que segue a evoluo das

    existncias em quantidade, (seguir os fluxos de entrada e sada dos bens armazenados). O

    controlo faz-se em quantidade e em valor.

    Valorizao de entradas

    Para os elementos comprados, a avaliao faz-se tendo em conta o custo de compra ou custo

    de produo.

    O imposto que figura na fatura de compra (sem IVA)

    + Gastos externos de compra: segurana, alfndega, transporte.

    + Gastos internos de armazenamento: gastos de receo, armazenagem.

    Para os elementos, componentes e bens produzidos, a avaliao faz-se segundo o custo de

    produo.

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    Os custos financeiros e os custos de armazenagem e manuteno no so tomadas em conta.

    O stock inicial em quantidade e em valor, corresponde ao stock final do perodo precedente.

    A valorizao de sadas

    Os elementos armazenados iro saindo segundo o custo ao qual entraram. Este tipo de

    valorao no constitui nenhum problema para bens que sejam perfeitamente individualizados

    (peas nicas) ou individualizveis (peas idnticas, isolveis). No entanto, esta tcnica de

    difcil aplicao nos bens fungveis (trigo, vinho, azeite, etc.), o qual acontece em uma parte

    importante da indstria.

    Os mtodos de clculo de valorizao de Stock:

    Custo padro

    Nos termos do POC, as existncias podero ser valorizadas a custos padres, se estes forem

    apurados de acordo com os princpios tcnicos e contabilsticos adequados. Os custos padres

    constituem um dos principais tipos de custos bsicos e so custos definidos a partir de normas

    tcnicas de matrias-primas, mo-de-obra e gastos gerais de fabrico. Os objetivos dos custos

    bsicos so fundamentalmente o controlo de gesto, o isolamento de responsabilidades e a

    simplificao e rapidez na produo de informao contabilstica, sem prejuzo que aps

    apuramento dos custos reais globais se efetue o reconhecimento dos desvios e eventual

    correo dos custos padres.

    Este critrio utilizado basicamente nas empresas industriais, em particular nas que

    apresentam uma produo muito diversificada, em que no econmico adotar mtodos de

    apuramento do custo industrial dos produtos reais.

    Resumindo:

    O custo padro um custo terico que definido partida, luz da experincia da empresa.

    Para definir um custo padro nada melhor que dar uma olhadela ao que diz quem sabe:

    So custos tericos, sucessivamente retificados luz da experincia, cuidadosamente

    expurgados de todas as verbas anormais, que se utilizam como norma ou modelo durante prazos

    mais ou menos longos.

    Gonalves da Silva in Contabilidade Industrial p 434

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    A adoo do custo padro visa melhor a gesto oramental da empresa, podendo antever

    resultados e outras informaes relevantes para a empresa.

    Por exemplo: Ao definir o custo padro da matria y de 10 euros a unidade (o custo padro

    sempre expresso em unidades) todas as compras da matria y contabilizada a 10 mesmo que

    no real se esteja a comprar a 11, a diferena de 1 Euro o desvio.

    O mtodo de custo unitrio mdio ponderado (CUMP)

    CUMP: existncias no perecveis (as mercadorias que podem ser armazenadas por largas

    temporadas), o mtodo CUMP tem duas variantes:

    O mtodo CUMP peridico: As sadas so avaliadas com um custo unitrio mdio ponderado das

    entradas de mercadoria + depsito inicial, calculado sobre um perodo mensal, trimestral ou

    anual, segundo a eleio da imprensa.

    O mtodo CUMP depois de cada entrada: as sadas so avaliadas no ltimo custo unitrio mdio

    ponderado, calculado depois de cada entrada de mercadoria.

    Resumindo:

    A utilizao deste critrio de valorimetria bastante simples pois basta fazer uma mdia

    aritmtica ponderada para apurar o custo do recurso.

    Como exemplo para a utilizao deste critrio de valorimetria CMP temos seguintes elementos.

    1: Compra de 10 unidades custaram 100 Euros

    2: Compra de 20 unidades custaram 400 Euros

    O custo total das matrias adquiridas ou compradas de 500 Euros, dividindo os 500 por 30

    unidades temos um custo unitrio de 16,66/unidade.

    Compra 1: 10/unidade

    Compra 2: 20/unidade

    Custo mdio das compras: 16,67/unidade

    Esta forma de custeio das mais fceis de registar.

    Mtodo FIFO, Frst In First Out (primeiro em entrar, primeiro a sair)

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    O mtodo FIFO fundamenta-se em um consumo sequencial e cronolgico dos lotes introduzidos

    nas reas de armazenamento. O lote introduzido em primeiro lugar ser o primeiro a ser

    consumido.

    O mtodo FIFO o mas utilizado par a valorizao das sadas de produtos perecveis cuja

    conservao em largas temporadas, pouco recomendvel devido a causa, de perda de valor

    ou qualidade (lcteos, agro alimentar...).

    Resumindo:

    FIFO significa First in, First out; traduzindo: o primeiro a entrar o primeiro a sair. conhecido

    como custo cronolgico direto.

    A utilizao deste critrio de valorimetria pressupe a utilizao de lotes para diferenciar as

    diferentes entradas.

    Como exemplo para a utilizao deste critrio de valorimetria FIFO podemos considerar 2 lotes

    de matrias-primas:

    O primeiro lote 10 unidades custaram 100 Euros

    O segundo lote 20 unidades custaram 400 Euros

    Custo de cada unidade por lote:

    Lote 1: 10/unidade

    Lote 2: 20/unidade

    Ao utilizar as 15 unidades de matria-prima apura-se o custo de 200 Euros, 100 de 10 unidades

    do 1 lote e 5 unidades do 2 lote 100.

    Mtodo LIFO, Last In First Out (ultimo a entrar, primeiro a sair)

    Contrariamente ao mtodo FIFO, o mtodo LIFO, ultimo a entrar primeiro a sair, consiste em

    calcular o valor dos consumos supondo que os ltimos lotes entrados foram os primeiros a sair.

    Fazendo referncia funo tcnica das existncias, evidente que a utilizao de este mtodo

    de valorao no ir alternando a escritura contabilstica como fim de proteger-se das variaes

    dos preos.

    O armazenamento de certas categorias de mercadorias obedece estritamente a esta regra:

    Quando mais larga a estncia em armazenamento, mais qualidade e valor obtm o produto.

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    O Mtodo LIFO tema vantagem de sustentar a variao dos preos Em perodos inflacionistas,

    permite mitigar as perdas aplicando o preo atual de mercado.

    Resumindo:

    LIFO significa Last in, First out; traduzindo: o ltimo a entrar o primeiro a sair. conhecido

    como custo cronolgico inverso.

    A utilizao deste critrio de valorimetria pressupe a utilizao de lotes para diferenciar as

    diferentes entradas.

    Como exemplo para a utilizao deste critrio de valorimetria LIFO podemos considerar 2 lotes

    de matrias-primas:

    O primeiro lote 10 unidades custaram 100 Euros

    O segundo lote 20 unidades custaram 400 Euros

    Custo de cada unidade por lote:

    Lote 1: 10/unidade

    Lote 2: 20/unidade

    Ao utilizar as 15 unidades de matria-prima apura-se o custo de 300 Euros, ou seja todas as

    unidades foram retiradas do segundo lote.

    Mtodo de valor de reposio Next-in, First-out (NIFO)

    Este mtodo est adaptado para a valorizao de existncias especulativas. Este mtodo

    consiste em avaliar as sadas nos valores de reposio. Para valorizar as sadas e as existncias

    armazenadas, o valor de referncia ser, por exemplo, o preo de ultima fatura, no decorrer dos

    dias.

    O inventrio

    O inventrio uma atividade bastante importante para as empresas. Compreende o valor total

    dos bens dessa empresa ou de um setor especfico da mesma, e o processo de os contabilizar.

    Muitas empresas fazem verificaes de inventrio peridicas para garantir que no haja rutura

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    de stocks, enquanto outras coincidem a quantidade total de produtos encomendados com

    contagem fsica.

    O inventrio alerta para problemas da atividade da empresa como a falta ou excesso de um ou

    vrios produtos, bem como o controlo de stock de forma incorreta.

    Tipos de Inventrio

    Sistema de inventrio permanente

    Este sistema permite determinar permanentemente o valor dos stocks armazenados e apurar

    os resultados obtidos na venda ou produo.

    Caractersticas:

    Permite conhecer, a todo o momento, o valor das existncias em armazm e,

    consequentemente, o custo das mercadorias vendidas. Para que tal seja possvel, necessrio

    que todas as entradas e sadas de armazm sejam diariamente registadas aos respetivos custos.

    Vantagens do Sistema de inventrio permanente:

    Conhecer a margem bruta obtida em cada venda, pois para cada venda regista-se o

    custo e proveito;

    O saldo final da conta Mercadorias corresponde ao valor das mercadorias em armazm,

    avaliadas ao preo de custo, pois as entradas e sadas so sempre registadas ao preo

    de custo;

    O custo das mercadorias vendidas durante o exerccio fornecido pelo saldo da conta

    de Custo das mercadorias vendidas;

    A margem bruta das vendas obtm-se por diferena entre os saldos das contas de

    Vendas e de Custo das mercadorias vendidas, aps a sua transferncia para a conta de

    Resultados operacionais. No final do exerccio estas contas ficam saldadas;

    A conta de Compras permite-nos saber a cada momento o valor das compras de

    mercadorias, de matrias-primas ou de matrias subsidirias. No final do exerccio esta

    conta fica saldada.

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    Sistema de inventrio intermitente

    Caractersticas:

    Utilizando este sistema de movimentao das mercadorias, s periodicamente (em regra no fim

    do exerccio econmico) se conhece o valor das mercadorias em armazm por inventrio direto,

    e so depois possvel determinar o custo global das sadas durante o perodo. este o processo

    mais utilizado pelas empresas.

    Objetivos do inventrio

    Para verificar a qualidade do estado dos stocks (diferena entre o stock real e o registo

    informtico do stock), necessrio efetuar inventrios e eventualmente atualizar o registo

    informtico.

    Um inventrio consiste numa operao de contagem fsica dos artigos nas prateleiras do

    armazm.

    O controlo fsico das existncias faz-se atravs da sua inventariao ou contagem. Esta deve

    merecer a maior ateno por parte das empresas j que fundamental para a determinao

    dos resultados e posterior anlise financeira. Na hora de fazer as contas, as empresas deparam-

    se com menos lucros do que os esperados, face ao stock em inventrio. Seja fruto de roubo

    externo, interno ou erros de gesto, a perda desconhecida na cadeia de abastecimento tem

    forte impacto nas finanas das empresas. Identificar as fontes de risco e causas da quebra uma

    necessidade para todas as empresas.

    As quebras de inventrio so diminuies verificadas nas quantidades dos inventrios existentes

    na empresa num determinado momento. Consideram-se quebras anormais as de caracter

    imprevisvel e extraordinrio, resultando de factos alheios atividade da empresa, por exemplo

    acidentes, roubos, incndios, inundaes, etc.

    Muitas vezes os acontecimentos anormais constituem sinistros, segurveis e reclamveis em

    termos de indeminizao s seguradoras. Assim um roubo, acontecimento ocorrido identificado

    numa determinada data, constitui um sinistro. Mas se tal inventrio foi desaparecendo ao

    longo do tempo, sem ser identificvel a ocorrncia pontual, ento constituir uma quebra

    anormal.

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    A quebra desconhecida consiste na parte dos lucros esperados que, de acordo com o nvel de

    stocks nos inventrios, no chegam a ser realizados. A quebra desconhecida a diferena

    entre os stocks tericos, de acordo com a atividade da empresa, e os stocks reais.

    Causas:

    Furto externo pessoas alheiras empresa;

    Furto interno empregados da prpria empresa ou pessoas com atividades ligadas

    empresa;

    Erros de gesto resultado de falhas de gesto no intencionadas, como por exemplo

    registo de entradas e sadas erradas.

    Para medir o alcance da quebra desconhecida, calcula-se a diferena de inventrios ou seja a

    diferena entre o inventrio terico e o real. Utilizando as seguintes frmulas:

    Stock inicial sadas de produtos + entradas de produtos = Stock terico

    Stock terico stock real = Diferena de inventrio

    O clculo da diferena de inventrio vai ajudar na tomada de decises a nveis vrios:

    Reviso ou estabelecimento de novos procedimentos internos;

    Adoo de medidas de segurana pontuais sobre determinados produtos.

    Sempre que se efetua um inventariao fsica anual das existncias, deve emitir-se instrues

    escritas sobre a forma da sua realizao. As instrues devem ser bastante detalhadas e rgidas

    de forma acessvel.

    Alguns aspetos importantes que devem constar nas instrues:

    Data e locais da contagem;

    Existncias a serem inventariadas;

    Procedimentos de pr-inventrio (trabalhos que devem ser efetuados antes do

    inventrio como sejam a limpeza dos armazns, etc.)

    Constituio de equipas de contagem;

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    Forma de realizao do inventrio;

    Anotao das contagens;

    Procedimentos relativos ao corte de operaes (h determinados acontecimentos

    que podem falsear os inventrios e assim distorcer os resultados e a situao financeira

    da empresa. Ex: artigos recebidos dos fornecedores antes da data do inventrio, artigos

    contabilizados data do inventrio, transferncias entre seces ou fases da produo,

    vendas contabilizadas antes da data do inventrio, artigos expedidos antes da data do

    inventrio);

    Procedimentos ps-inventrios (Ex: Conferncias das contagens);

    Reunio preparatria para realizao das instrues escritas do inventrio;

    Aes de formao com os colaboradores envolvidos na realizao do inventrio fsico

    so aconselhveis.

    Controlo das contagens

    Aps o termo do inventrio necessrio desenvolver alguns procedimentos ps-inventrio,

    nomeadamente o controlo, ou conferencia das contagens. Esse controlo deve ser efetuado por

    pessoas diferentes das que efetuaram a contagem inicia.

    O controlo de contagens deve servir para:

    Diminuir erros de contagem;

    Responsabilizar os operadores responsveis pela contagem.

    A reconciliao de inventrios em armazm

    Entende-se por inventrio a contagem fsica de todas as mercadorias armazenadas num

    determinado armazm, sendo o seu principal objetivo apuar eventuais desvios relativamente

    aos registos contabilsticos, isto dados resultantes dos lanamentos das entradas (compras) e

    das sadas de armazm (requisies).

    Igualmente, fornece dados objetivos e corretos contabilidade da empresa, de forma a tornar

    credveis os seus relatrios contabilsticos. um tarefa geralmente efetuada mensalmente pelo

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    ecnomo e pelo controlador que em conjunto procedem contagem, ao registo e valorizao

    de todas as existncias em armazm.

    A reconciliao dos inventrios visa sobretudo corrigir os registos contabilsticos de entradas e

    sadas de mercadorias para os valores obtidos no inventrio fsico do armazm.

    Assim, a reconciliao dos inventrios obtida atravs da seguinte frmula:

    Inventrio Inicial (fsico)

    +

    Entradas em armazm (registo de compras)

    -

    Sadas de armazm (registo das requisies)

    =

    Existncias contabilsticas

    -

    Inventrio final (fsico)

    =

    Diferena de inventrio

    Naturalmente que o inventrio inicial de um determinado ms dever sempre corresponder ao

    inventrio final fsico do ms anterior.

    Teoricamente, as existncias contabilsticas devem sempre corresponder s existncias fsicas

    em armazm, o que raramente sucede.

    Um dos fatores que influencia as diferenas de inventrio o fato de serem aplicados critrios

    diferentes na valorizao das mercadorias. Nos inventrios a valorizao resulta da aplicao do

    preo mdio das mercadorias, enquanto, que nos registos das entradas, os produtos so

    lanados ao seu preo de custo real (o que vai posteriormente influenciar o clculo do preo

    mdio).

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    Mas se for apenas esta razo, as diferenas no sero certamente assustadoras, pelo menos

    enquanto os nveis de inflao se mantiverem estveis.

    O fator determinante que resulta em diferenas de inventrio, aquele que diz respeito a

    enganos nos registos, a quebras ou cedncias no contabilizadas, a esquecimentos diversos

    ou mesmo roubos.

    Em termos de gesto do armazm, dever ser convencionado um desvio de padro, considerado

    aceitvel, o qual dever ser excedido.

    Caso as diferenas convencionadas sejam ultrapassadas, devero ser tomadas medidas

    corretivas, designadamente ao nvel da verificao dos inventrios e dos registos contabilsticos

    bem como da verificao da segurana dos armazns.

    % Diferena = (Diferena de inventrio: Inventrio final contabilstico) x 100

    Exemplo:

    Inventrio Inicial 1000

    Entradas 9000

    Sadas 8500

    Existncias contabilsticas 1500

    Inventrio final (fsico) 1450

    Diferena de inventrio (50)

    % Diferena (3.33%)

    Reconciliao de stocks

    Atualmente, a contagem fsica de existncias em stock encontra-se bastante facilitada pois os

    sistemas de informao do uma ajuda preciosa. Praticamente todos os programas informticos

    de gesto profissional, corretamente parametrizados e configurados, efetuam o registo das

    existncias em armazm baseados nos documentos de compra e venda da empresa.

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    No entanto, e como os processos no so perfeitos necessrio no final do perodo

    (normalmente, o final do exerccio econmico, para quem usa o sistema contabilstico designado

    por inventrio intermitente) efetuar a contagem fsica das existncias para apurar

    regularizaes a realizar.

    Trata-se de conformar o registo das existncias em stock com a sua existncia fsica em

    armazm. A regularizao espelha a reconciliao do stock.

    Requisio de mercadorias

    Requisio de produtos ao economato

    A aquisio de gneros e mercadorias constitui uma das maiores preocupaes do hoteleiro,

    no s pela necessidade de manter o estabelecimento permanente abastecido, como, ainda,

    pelo fato de as referidas mercadorias deverem corresponder, em qualidade e preo, aos

    verdadeiros interesses e exigncias da explorao.

    Portanto, torna-se indispensvel a colaborao entre todas as seces envolvidas, com vista

    obteno das mercadorias necessrias, com a qualidade exigida, ao melhor preo e em tempo

    til.

    No entanto, no se trata apenas de uma questo organizacional em termos de polticas de

    gesto. Trata-se, pois, de criar infraestruturas materiais e humanas que sirvam os propsitos da

    gesto do aprovisionamento e por sequncia, os da empresa. Ou seja, devero ser criadas

    condies, desde o layout do economato, formao tica e profissional dos colaboradores aos

    sistemas de gesto e controlo, para que se efetive uma gesto eficaz.

    Economato

    Designa-se de economato as instalaes onde so armazenadas as mercadorias e outros artigos

    necessrios s atividades da empresa de restaurao.

    A sua implementao fsica deveria ser sempre objeto de estudo prvio aquando da projeo

    arquitetnica do edifcio com vista rentabilizao do espao, s acessibilidades e ao

    acondicionamento timo das mercadorias. Neste caso situar-se- na cave do edifcio, junto do

    local da receo de mercadorias, prximo da cozinha e das seces que mais afluem aos seus

    servios.

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    O economato dever ser constitudo de forma a prever qualquer situao que ponha em perigo

    o estado de conservao dos produtos armazenados e/ou os intervenientes que nele operam.

    O economato dever ser:

    Revestido de material lavvel e antiderrapante;

    Isolado contra pragas e humidades;

    Ter sistema de ventilao/renovao de ar;

    Ter sistema de saneamento e drenagem;

    Ter alarme contra incndios;

    Ter iluminao adequada.

    Tarefas administrativas do economato

    O ecnomo o trabalhador que realiza uma serie de atividades nomeadamente:

    Compra, quando devidamente autorizado, armazena, conserva e distribui as

    mercadorias e artigos diversos destinados explorao das cantinas, refeitrios e

    estabelecimentos similares;

    Recebe os produtos e verifica se coincidem, em quantidade, qualidade e preo, com o

    discriminado nas notas de encomenda ou simples requisies;

    Toma providncias para que os produtos sejam arrumados nos locais apropriados,

    consoante a sua natureza;

    o responsvel pela sua conservao e beneficiao, de acordo com a legislao

    sanitria e higiene, fornece as seces de produo, venda e manuteno dos produtos

    solicitados, mediante as requisies internas devidamente autorizadas;

    O ecnomo mantem sempre em ordem os ficheiros de preos de custo, fichas e mapas

    de entradas, sadas e devolues, quando este servio for da competncia do

    economato;

    Elabora as requisies para os fornecedores que lhe sejam determinadas, com vista a

    manter as existncias mnimas fixadas superiormente e tambm as dos artigos de

    consumo imediato;

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    Procede periodicamente a inventrios a inventrios das existncias, em que pode ser

    assistido pelos servios de controlo ou por quem a direo determinar;

    Fornece uma nota pormenorizada justificativa das eventuais diferenas entre o

    inventrio fsico e as existncias anotadas nas respetivas fichas e responsabiliza-se pelas

    existncias a seu cargo;

    Ordena e vigia a limpeza e higiene de todos os locais do economato.

    Transferncias de produtos

    Nenhuma mercadoria dever ser fornecida s seces sem a apresentao de um documento

    para o efeito, devidamente preenchido e assinado pela pessoa autorizada.

    Um dos documentos para uso interno a:

    Requisio interna

    Este documento, emitido em duplicado, destina-se ao registo dos pedidos de mercadorias das

    seces ao economato.

    Para que haja a correta imputao dos custos, o documento dever descriminar, para alm da

    seco requisitante, o fim a que as mercadorias se destinam: reposio de stocks, para

    produo, para promoo, para confeo ou cedncia.

    Original vai para a seco requisitada

    1 Cpia vai para a seco requisitante

    Informao contida na requisio:

    Requisio Interna n.:

    A seco:

    Requisita seco:

    Quant. Designao Preo u.

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    Reposio de stock

    P/ produo

    P/ promoo

    P/ confeo

    Cedncias Requisitante Data: Hora: Requisitado Data: Hora: Controlo Data: Hora: Transferncia interna

    Este documento serve para registar as transferncias entre seces e que os produtos em causa

    no existam no economato. Serve, fundamentalmente, para atualizar os stocks das seces

    envolvidas e, por conseguinte, a correta imputao dos custos.

    Original vai para o controlo

    1 Cpia fica na seco onde se verificou a quebra.

    Tratamento das devolues

    Por vezes, as mercadorias recebidas no correspondem s especificaes adotadas pela

    empresa (qualidade, quantidade, preo, etc.). Nestes casos o ecnomo dever proceder

    respetiva devoluo atravs da nota de devoluo e especificando o motivo da devoluo.

    A nota de devoluo em triplicado:

    Original destina-se ao fornecedor, depois de devidamente aprovada.

    1 Cpia agrafada nota de crdito emitida pelo fornecedor e segue para o controlo.

    2 Cpia fica em posse do armazm que a emitiu.

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    Valorizao das requisies

    As empresas de uma determinada dimenso possuem um servio de compras autnomo onde

    centralizam todas as atividades relativas ao processamento das compras e que responsvel,

    no s pela aquisio de bens de equipamento, existncias e servios, mas ainda pela obteno

    desses bens na melhor qualidade e ao melhor preo possvel.

    Fases de um processo de compra

    Deste modo, todo o processo de compra implica os seguintes passos:

    1 - Constatao da necessidade de compra

    O servio de compras no deve efetuar qualquer compra sem que para tal seja solicitado e

    autorizado.

    O trabalho de compra comea com a solicitao ao servio de compras de um determinado bem.

    Esta solicitao formalizada num documento, a requisio, emanada do servio que necessita

    do bem e donde constam, fundamentalmente, a quantidade e qualidade do bem a adquirir,

    devendo vir assinada quer pelo chefe do servio quer pela pessoa que o pediu.

    Exemplo de uma requisio:

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    2. - Pesquisa do fornecedor

    Na posse da requisio, o servio de compras pode saber de imediato onde adquirir os bens ou,

    pelo menos, onde procur-los. Para tal deve possuir:

    Um ficheiro de fornecedores, com a indicao da morada, nmero de telefone e e-mail,

    nome das pessoas a contactar, lista de artigos que fornece, prazos de entrega, condies

    de venda, qualidade dos seus produtos ou servios;

    Catlogos e lista de preos e outras informaes que v recebendo dos fornecedores.

    Exemplo de uma ficha de fornecedor:

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    3. -Escolha do fornecedor e efetivao do pedido

    Uma vez escolhido o fornecedor, a empresa compradora dever formalizar, por escrito, a

    encomenda num documento, a nota de encomenda, mesmo que tenha contactado verbalmente

    com o fornecedor.

    4. - Receo e controlo das entregas

    A receo e o controlo das entregas so efetuados por trs servios:

    O servio de receo - recebe e compara os bens chegados com os registos constantes da guia

    de remessa e da nota de encomenda. As anormalidades verificadas devero ser comunicadas ao

    servio de compras;

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    O servio de compras - que ao receber a guia de remessa dos servios de receo a agrafa

    juntamente com a nota de encomenda at chegada da fatura. Uma vez chegada a fatura,

    conferida com a guia de remessa e nota de encomenda e se no houver nada a opor envia-a ao

    servio de contabilidade;

    O servio de contabilidade - recebe a fatura j conferida pelo servio de compras e procede ao

    pagamento da importncia em dvida.

    Reconciliaes

    Com a utilizao de tecnologias mveis, possvel automatizar grande parte deste movimento

    de reconciliao que pode ser explicado da seguinte forma:

    necessrio um interface no programa informtico que permita visualizar o clculo inferido pela

    produo dos documentos de compra e venda (ou ordens de produo);

    necessrio um interface de recolha que permita a contagem fsica das existncias. Existem

    hoje dispositivos mveis terminais de recolha mveis, computadores de bolso ou mesmo

    organizers digitais (PDAs) compatveis com diversos programas informticos de gesto

    profissional que permitem efetuar o registo das existncias fsicas recorrendo, por exemplo,

    leitura de cdigos de barras das existncias em armazm, facilitando bastante as tarefas dos

    operadores que procedem contagem;

    Utilitrio que reconcilia os registos existentes no programa de gesto com os dados recolhidos

    na contagem fsica, efetuando automaticamente para todas as referncias registadas e os

    movimentos de regularizao necessrios reconciliao das existncias.

    A reconciliao de produtos uma fase fundamental no processo de inventrio, dado que

    permite detetar os erros e, no menos importante, as suas origens. Permite identificar os

    desvios, diferena entre stock terico e o stock real, e definir as medidas corretivas necessrias

    para corrigir tais situaes.

    Atravs da reconciliao dos produtos obtm-se uma manuteno informtica rigorosa dos

    mesmos.

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    Fixao de preo da ementa

    Preo lquido e preo de venda ao pblico

    Preo lquido Preo de um produto calculado sem a incluso dos impostos externos ou

    internos ao valor. A multiplicao de todas as quantidades vendidas pelos seus preos lquidos

    leva ao valor da receita lquida da empresa.

    Preo de venda ao pblico Preo de um produto calculado com a incluso dos impostos

    externos ou internos ao valor. (ex. IVA)

    IVA - Imposto sobre o Valor Acrescentado

    O imposto uma receita coativa do Estado, alis, a principal receita do Estado, que permite a

    realizao de despesas pblicas.

    Os sujeitos do imposto podem ser sujeitos ativos ou sujeitos passivos.

    O sujeito ativo do imposto sempre o Estado ou entidade pblica a quem a lei atribui a

    faculdade de cobrar o imposto, logo, o sujeito ativo aquele que recebe o valor do imposto.

    O sujeito passivo do imposto a pessoa singular ou coletiva a quem exigido o pagamento do

    imposto, logo, aquele que paga o imposto.

    O IVA o Imposto sobre o Valor Acrescentado, um imposto que incide sobre a despesa ou

    consumo e tributa o "valor acrescentado" das transaes efetuadas pelo contribuinte.

    Cada um dos agentes econmicos (empresas) entregam ao Estado a diferena entre o IVA

    liquidado (valor de IVA que recebe dos clientes) e o IVA dedutvel (IVA entregue aos

    fornecedores).

    O mecanismo de funcionamento do IVA o seguinte:

    Iva Liquidado Iva Dedutvel = Iva Apuramento

    IVA liquidado IVA aplicado aos clientes nas vendas que a empresa efetua.

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    IVA dedutvel IVA aplicado s compras que a empresa efetua aos fornecedores.

    IVA apuramento IVA que a empresa apura aps as suas vendas e compras, donde ter a

    receber ou a pagar ao Estado.

    Taxas de Imposto

    As taxas legais de IVA entradas em vigor no ano de 2006 esto neste momento consagradas no

    artigo 18. do CIVA e so as seguintes:

    Portugal continental: a taxa reduzida de 6%; a taxa intermdia de 13% e a taxa normal

    de 23%;

    Regies autnomas da Madeira e dos Aores: a taxa reduzida de 5%; a taxa intermdia de

    10% e a taxa normal de 18%.

    A taxa reduzida de IVA em 2014 de 6% no Continente e 5% na Madeira e nos Aores.

    Apesar do aumento da taxa normal de IVA em 2015, o valor quer da taxa reduzida quer da taxa

    intermdia de IVA no sofrem alteraes.

    A lista de bens e servios sujeitos taxa reduzida de IVA em Portugal, a Lista I do CIVA, dita quais

    os produtos e atividades aos quais se aplicam esta taxa de IVA de 6% no Continente e 5% nas

    Ilhas.

    Se a sua atividade no estiver contemplada na lista da taxa reduzida ou na lista da taxa

    intermediria da Autoridade Tributria, ento ela est sujeita taxa normal de IVA (23% em

    2014 e 23,25% a partir de 2015).

    Principais atividades abrangidas pela taxa reduzida

    Entre as atividades que desfrutam de taxa reduzida de IVA destacam-se a hotelaria (preo do

    alojamento), a venda de produtos farmacuticos (medicamentos e produtos destinados

    unicamente a fins teraputicos), as publicaes peridicas, os bens de produo agrcola,

    transporte de passageiros e determinados produtos alimentares.

    A taxa intermdia de IVA em 2014 de 13% em Portugal Continental, 12% na Madeira e10%

    nos Aores. Tal como o nome indica, a taxa intermdia de IVA encontra-se entre a taxa normal

    de IVA (de 23% em 2014 e de23,25% de 2015 em diante) e a taxa reduzida de IVA (de 6%). Apesar

    do aumento da taxa normal de IVA em 2015, a taxa intermdia de IVA no sofre qualquer

    alterao (assim como a taxa reduzida).

    Quem est sujeito taxa intermdia de IVA?

    http://www.economias.pt/valor-do-iva-em-portugal-em-2015/http://info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/informacao_fiscal/codigos_tributarios/civa_rep/c_iva_listas.htmhttp://info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/informacao_fiscal/codigos_tributarios/civa_rep/c_iva_listas.htmhttp://info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/informacao_fiscal/codigos_tributarios/civa_rep/c_iva_listas.htmhttp://www.economias.pt/taxa-de-iva-na-agricultura/http://www.economias.pt/isencao-de-iva-na-agricultura/http://www.economias.pt/valor-do-iva-em-portugal-em-2014/http://www.economias.pt/valor-do-iva-em-portugal-em-2015/http://www.economias.pt/taxa-reduzida-de-iva-em-2014/

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    A lista II do CIVA indica quais os bens e servios que so tributadas taxa intermdia de IVA.

    Nesta lista encontram-se mltiplos produtos alimentares, assim como vrios eventos de

    entretenimento: entradas em espetculos de canto, dana, msica, teatro, cinema,

    tauromaquia e circo.

    Muitos destes bens e servios deixaram de beneficiar da taxa reduzida de IVA, passando a estar

    abrangidos pela taxa intermdia, com entrada em vigor das medidas do Oramento de Estado

    2012.

    Por outro lado, outros servios e transaes sofreram alteraes passando da taxa intermdia

    para a taxa normal. So disso exemplo os servios de restaurao e take-away, os leos

    alimentares e cafs, as conservas de frutas, os gasleos de aquecimento e os equipamentos

    relacionados com energias renovveis.

    A taxa do IVA normal, de 23%, entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2011. Todos os produtos

    considerados de luxo, ginsios, as plantas ornamentais, as flores de corte e os utenslios e outros

    equipamentos destinados ao combate e preveno de incndios tm uma taxa de IVA de 23%.

    A mudana de IVA para 23% foi uma das medidas do Oramento de Estado para 2011 aprovadas

    pelo conselho de ministros com vista a reduzir o dfice oramental portugus.

    Alguns produtos foram sujeitos a alterao da taxa do IVA, passando da taxa mnima/taxa

    reduzida (6%) e da taxa intermdia (13%) para a taxa normal (23%).

    Os Produtos sujeitos a alteraes de taxa de 6% para 23% so os utenslios e outros

    equipamentos exclusivos ou especialmente dirigidos ao combate e deteo de incndios e

    ginsios.

    Mtodos de fixao dos preos de venda

    Os preos de venda dos produtos, simples ou compostos, do departamento de F&B devem ser

    fixados com base em anlises e estudos aprofundados em duas vertentes:

    Anlise do mercado: concorrncia direta de unidades semelhantes;

    Anlise das variveis de custos inerentes produo e ao servio do produto final.

    Contudo, poder-se- tambm estabelecer um preo mdio de venda desejvel para uma

    refeio em funo do investimento efetuado e da remunerao do capital exigido pelo

    acionista.

    http://info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/informacao_fiscal/codigos_tributarios/civa_rep/c_iva_listas.htmhttp://www.economias.pt/as-10-piores-medidas-do-orcamento-de-estado-para-2012/http://www.economias.pt/as-10-piores-medidas-do-orcamento-de-estado-para-2012/http://www.economias.pt/taxa-reduzida-de-iva-em-2014/http://www.economias.pt/taxa-reduzida-de-iva-em-2014/http://www.economias.pt/taxa-intermedia-de-iva/

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    So estes dois modelos de clculo de preo de venda que veremos nos dois pontos seguintes,

    respetivamente.

    Modelo tradicional

    A fixao do preo de venda em funo do modelo tradicional assenta o seu clculo nos

    princpios seguintes:

    Rcio unitrio de custo versus margem unitria de contribuio

    O preo de venda ideal seria, assim, aquele que possibilitasse atingir o rcio unitrio de custo

    padro, utilizando a seguinte frmula:

    Preo de venda ideal = preo de custo unitrio / % rcio unitrio padro

    Para a fixao do preo de venda ideal ao pblico ter-se-ia de somar o valor do IVA,

    relativamente ao valor do preo de venda ideal calculado.

    No entanto, j vimos que a aplicao simples deste clculo daria origem a preos absolutamente

    desajustados em relao ao mercado, influenciando negativamente a procura, ora porque

    resultariam muito baratos sacrificando a margem unitria de contribuio ora pela razo

    inversa.

    Com efeito, este clculo til na medida em que nos permite obter uma primeira referncia em

    relao ao preo de venda a estipular para cada item.

    Concorrncia

    A anlise dos preos praticados pela concorrncia um fator determinante neste estudo.

    Uma consulta aos produtos de referncia dos vrios competidores atravs de uma matriz

    comparativa permitir estabelecer com algum rigor os preos de venda ao pblico.

    A partir daqui decidiremos qual o posicionamento que pretendemos em face da concorrncia.

    Popularidade / Grau de procura

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    Trata-se de reagir s leis naturais do mercado. A uma forte procura corresponde normalmente

    um aumento de preo e inversamente, uma quebra na procura dever dar lugar a uma reduo

    de preo.

    Porm, no caso da procura ser tendencialmente crescente, dever-se- ter em ateno o

    aumento de preo de forma a no produzir o efeito contrrio ao pretendido, ou seja, originar

    quebra das vendas.

    na conjugao das variveis preo e quantidade, as quais originam o volume de vendas, que

    dever residir a ateno do gestor na deciso de eventuais alteraes nos preos de venda.

    Coerncia e uniformizao

    A circunstncia de no mesmo estabelecimento hoteleiro existirem diversos outlets, obriga a que

    o gestor hoteleiro defina critrios uniformes, e sobretudo aceitveis sob o ponto de vista do

    cliente, para a fixao dos diversos preos de venda.

    So frequentes situaes em que o preo do mesmo produto varia consoante o outlet em que

    vendido. Nestes casos, embora possa haver uma justificao razovel para o hoteleiro, o

    cliente mais atento geralmente no compreende nem aceita.

    Deve portanto efetuar-se uma anlise exaustiva a todos os preos praticados de forma a

    evitarem-se situaes de incoerncia ou de difcil explicao.

    Tambm, dever-se- ter em conta, em determinadas famlias de produtos similares,

    estabelecer-se o mesmo preo de venda. Referimo-nos por exemplo a alguns produtos de bar,

    designadamente whiskies novos, cervejas, etc.

    Apesar de apresentarem custos diferentes, a uniformizao dos preos de venda destes

    produtos facilita a escolha do cliente e a operacionalidade do servio.

    Em funo do investimento

    Este ser um clculo porventura mais terico, uma vez que o seu objetivo calcular o preo

    mdio de venda de uma refeio, para uma determinada quantidade de refeies a servir, de

    forma a remunerar o capital investido pelo acionista.

    Consideremos um exemplo prtico para melhor compreendermos esta explicao:

    A Administrao de um Hotel situado no corao de Lisboa pretende implantar um coffee shop

    junto receo deste, com entrada direta para a rua.

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    Os diversos estudos de marketing, de arquitetura e de engenharia, bem como os necessrios

    pareceres camarrios, so favorveis ao referido projeto, no se prevendo, portanto, eventuais

    entraves de ordem tcnica ou burocrtica.

    Porm, antes ainda de tomar uma deciso final, a Administrao rene com a Direo do Hotel

    de forma a efetuar um estudo sobre a viabilidade do projeto, tendo em conta as suas variveis

    operacionais.

    Trata-se de conjugar vrios fatores em simultneo: o capital investido e os respetivos encargos,

    a remunerao exigida no final do 1 ano de operao, os custos operacionais fixos e variveis

    e a quantidade de refeies prevista.

    Mediante estes dados ser possvel ento calcular o preo mdio da refeio, a partir do qual

    valer a pena o investimento.

    Consideremos os seguintes valores:

    Estrutura do investimento

    Valor total do investimento 500 000 Capitais Prprios 250 000 Emprstimos Bancrios 250 000 Taxa de juro anual 10% Imposto sobre o lucro 40% Retorno exigido 10% (sobre capitais prprios) Estrutura operacional prevista Custos fixos operacionais 600 000 (pessoal, seguros, contratos) Custos variveis operacionais 28% (custos de F&B) Nmero de lugares sentados 90 ndice dirio de rotao 0.9 Dias de funcionamento por ano 313 (encerra um dia por semana)

    Pretende-se calcular, em funo do retorno de capital exigido e em funo da quantidade de

    refeies a servir, qual o volume de vendas a atingir e consequentemente o preo mdio de

    venda de cada refeio.

    Vejamos ento a resoluo no seguinte quadro:

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    1 Lucro pretendido 250 00 Capital Prprio Investido x Taxa de Retorno 2 Resultado antes de impostos 41 667 Lucro Pretendido : (100% - % imposto s/lucro) 3 Despesas financeiras 250 00 Emprstimo Bancrio x Taxa de Juro Ano 4 Custos fixos 600 000 Dado do Exerccio 5 Total 666 667 Col 2+Col 3+Col 4 6 Volume Total de Vendas 925 926 Col 5 : (100% - % Custos Variveis) 7 Total de refeies 25 353 ndice de Rotao x Lugares x Dias Ano 8 Preo mdio por refeio 37 Volume de Vendas : Total de Refeies

    Para comprovar a correo do clculo, vejamos a demonstrao dos resultados:

    1 Total de Vendas 925 926

    2 Custo das Vendas 259 259 Total de Vendas x % Custos Variveis

    3 Resultado Bruto 666 667 Total de vendas Custos das Vendas

    4 Custos Fixos 600 000

    5 Despesas Financeiras 25 000

    6 Resultados Antes de Imposto 41 667 Resul. Bruto Custos Fixos Desp. Financ.

    7 Impostos Sobre Lucro 16 667 Resultados antes de Impostos x % Imposto

    8 Lucro Lquido 25 000 Resultados antes de Impostos - Imposto

    Para viabilizar o investimento, ou seja, remunerar o acionista em 10% do capital investido

    (25.000), seria necessrio vender 25.353 refeies a um preo mdio de 37 cada e no

    ultrapassar as estimativas de custos fixos e variveis.

    Utilizando ainda o mesmo exemplo, vamos calcular qual o preo mdio do almoo e do jantar

    atendendo s seguintes reparties:

    Almoo Jantar Total Observaes

    Repartio das Vendas 0.4 0.6 1 Dado Rotao de lugares 0.4 0.5 0.9 Dado Volume de Vendas 370 370 555 556 925 926 Volume de Vendas x Repartio Refeies de Vendas 11 268 14 085 25 353 Total de Refeies x Rotao Preo mdio 33 39 37 Volume de Vendas : Refeies Servidas

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    A previso dos valores respeitantes repartio das vendas nos diferentes perodos de servio

    (almoos e jantares) permitir ao hoteleiro adequar a sua estrutura operacional realidade

    projetada.

    MARK-UP Custo padro

    O mark-up consiste basicamente em somar-se ao custo unitrio do produto uma margem fixa

    para obter-se o preo de venda. Esta margem, geralmente percentual, deve cobrir todos os

    outros custos e despesas e proporcionar um determinado nvel de lucro.

    Vale esclarecer que, para a adoo e utilizao deste mtodo tanto faz a empresa adotar em

    mark-up multiplicador sobre o custo ou um mark-up divisor do custo para formao do preo

    de venda dos seus produtos.

    De acordo com (LERE cit apud SANTOS, 1995. p.129) temos o seguinte conjunto de regras

    necessrias para o estabelecimento do preo com base no custo:

    a) Determinar o custo do produto;

    b) Determinar a percentagem de margem a ser usado;

    c) Multiplicar a percentagem de margem pelo custo do produto para obter a margem em

    unidades monetrias;

    d) Somar a margem monetria ao custo do produto para determinar o preo

    Logicamente, dependendo da base de custeio escolhida, a percentagem de margem a ser

    multiplicado pelo custo poder ser maior ou menor. As variaes possveis mais utilizadas em

    sua aplicabilidade so as seguintes:

    a) Mark-up com base no custo pleno;

    b) Mark-up com base no custeio por absoro;

    c) Mark-up com base no custo varivel;

    d) Mark-up com base no custo de transformao;

    e) Mark-up com base no custo oramentado e estimado;

    f) Mark-up com base no custo-padro.

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    a) No mtodo mark-up com base no custo pleno, aplica-se uma percentagem

    multiplicadora ou divisor sobre ou divisor sobre o custo unitrio do produto, obtido

    atravs do mtodo de custeio pleno ou integral, que composto por todos os custos de

    produo, vendas, distribuio e administrao. Vale lembrar que este custo unitrio do

    produto inclui tanto os custos diretos e indiretos rateados, segundo algum critrio, bem

    como os custos variveis e fixos, tambm alocados, dentro de uma expetativa do volume

    de produto a ser produzido e vendido pela empresa.

    b) No mtodo mark-up com base no custeio por absoro aplica-se uma percentagem

    multiplicadora ou divisora sobre o custo unitrio do produto, obtido atravs do mtodo

    de custeio por absoro, que inclui em sua composio somente os custos de produo

    diretos e variveis, indiretos e fixos, alocados de acordo com alguns critrios e segundo

    uma expetativa de produo e vendas. Portanto no inclui no custo unitrio as despesas

    de vendas, distribuio e administrao que devem ser cobertos pela percentagem de

    margem escolhida.

    c) No mtodo mark-up com base no custo varivel aplica-se uma percentagem

    multiplicadora ou divisora sobre o custo do produto, obtido atravs do mtodo de

    custeio varivel, que inclui em sua composio somente os custos de produo

    variveis, excluindo portanto os custos fixos, as despesas de vendas, distribuio que

    devem ser cobertas pela percentagem da margem escolhida.

    d) No mtodo mark-up com base no custo de transformao aplica-se uma percentagem

    multiplicadora ou divisora somente sobre o custo de converso incorrido pela empresa

    na transformao do material direto em produto acabado. Estes custos de converso

    geralmente so compostos pela mo-de-obra aplicada no produto e pelos custos

    indiretos de fabricao rateados segundo algum critrio.

    e) No mtodo mark-up com base no custo oramentado ou estimado aplica-se uma

    percentagem multiplicadora ou divisora sobre os custos estimados ou orados de um

    produto ou empreendimento. Este mtodo utilizado em empresas que trabalham sob

    o regime de encomenda, que so especficas para cada cliente, tais como:

    empreendimentos imobilirios, bens de capital, avies, barcos, etc, onde geralmente

    necessrio um oramento tcnico-financeiro que ser negociado junto do cliente. Os

    custos de cada encomenda podero ser calculados com base no custeio pleno, por

    absoro ou varivel.

    f) No mtodo mark-up com base no custo-padro aplica-se uma percentagem

    multiplicadora ou divisora sobre os custos previamente calculados de acordo com o

    conceito de padro, ou seja, custos cientificamente apurados, os custos deveriam ser,

    sem imputar ineficincias ou anormalidades de produo, venda ou distribuio.

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    Vale a pena lembrar que, a fixao da percentagem da margem sobre o custo para a

    gerao de um lucro razovel calculada, de acordo com (Dean cit apud Santos, 1995

    p.129), geralmente de maneira arbitrria, variando conforme o ramo de atividade da

    empresa e os seus produtos.

    Estas afirmaes so confirmadas por (Kotler, 1993, p.569) atravs da citao de

    algumas margens praticadas segundo publicao do Supermarket 1984 Sales Manual,

    em julho de 1984. Nos supermercados algumas margens comuns sobre o preo, e no

    sobre o custo, so de 9% para alimentos infantis, 14% para produtos de tabacaria, 20%

    para padaria, 27% para alimentos desidratados e vegetais, 37% para temperos e 50%

    para cartes de felicitaes.

    Finalmente vale ressaltar, que para os diferentes mtodos de custeio podem ser

    utilizados diferentes sistemas de valorizao dos custos, tais como os custos histricos

    ou reais, os custos orados ou os custos-padro.

    Exemplo:

    Uma empresa fabricante de cadeiras adiciona um mark-up padro aos seus custos operacionais

    com o objetivo de determinar o preo final do seu produto. Calcule o preo do produto:

    Custo varivel unitrio = 50

    Custos fixos = 500 000

    Previso de vendas (unidades) = 25 000

    Ento, o custo unitrio da empresa (por cadeira) ser:

    Custo unitrio = Custo varivel + Custo fixo =

    Unidades vendidas

    Custo unitrio = 50 + 500 000 = 70

    25 000

    Diante do valor encontrado como custo do produto, a empresa deseja ganhar uma margem de

    30% sobre as vendas. O preo desse produto ser:

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    Preo mark-up = Custo unitrio =

    (100% retorno sobre vendas desejado %)

    Preo mark-up = 70 = 100

    100% - 70%

    Assim, a empresa cobrar 100 (preo unitrio) e ter um lucro de 30 por cadeira vendida.

    Embora este mtodo seja bastante simples e de fcil aplicao, ele deixa muito a desejar pelo

    fato de no considerar alguns fatores que tm grande influncia sobre os preos. Um desses

    fatores a concorrncia, ou seja, no so levados em considerao os preos praticados pela

    concorrncia no mercado.

    Um outro ponto crucial a procura. Suponha que no exemplo anterior em que era estimada

    uma procura de 25 000 unidades, ocorre a venda de apenas 15 000 unidades. O custo unitrio

    de cada cadeira ficaria muito mais alto, pelo simples fato de que os custos fixos teriam que ser

    divididos por um nmero menor de cadeiras.

    Mesmo que este seja um mtodo popular e simples de determinao de preo, a facilidade de

    formar preos com tal mtodo no deve ser a justificativa para ignorar outros mtodos que

    consideram outros fatores que influenciam o processo de formao de preo.

    Investimento (mtodo Hubbard)

    Racios e margens

    Analisemos agora o rcio de food cost unitrio e a margem de contribuio unitria, indicadores

    imprescindveis na gesto de F&B:

    Rcio food cost unitrio = Custo Total Unitrio : Preo de Venda Lquido X 100

    Margem de Contribuio Unitria = Preo de Venda Lquido Custo Total Unitrio

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    O custo total unitrio determinado pela soma dos custos parciais de cada ingrediente que

    compe o prato, calculado para uma unidade de venda.

    O preo de venda lquido significa que ao preo de venda ao pblico dever ser deduzido o

    respetivo IVA.

    A anlise destes indicadores numa perspetiva individual, til na medida em que permite avaliar

    o custo varivel de cada item bem como a sua margem unitria de lucro bruto.

    Se tivermos como referncia um rcio de custo padro para uma operao de F&B, podemos

    compar-lo com o racio de cada item e concluir se estamos ajustados ou desajustados com o

    referencial estabelecido e a partir da tomarmos as necessrias medidas para aproximar os

    valores obtidos em cada item com os valores projetados.

    Porm, esta anlise revela-se um pouco terica pois nem sempre as suas concluses so

    possveis de levar prtica.

    Consideremos o exemplo de um restaurante que na sua lista apenas tem dois produtos: creme

    de marisco e bife do lombo salteado.

    Vejamos as suas estruturas de custos e de vendas, as suas margens de contribuio e o rcio

    global projetado:

    Creme de Marisco Bife do Lombo salteado

    Preo de venda lquido 5 15

    Custo total unitrio 0.25 6

    Margem de contribuio unitria 4.75 9

    Rcio unitrio de custo 5% 40%

    Volume de vendas mensal 50000

    Rcio global de custo padro 30%

    Esta demonstrao permite tirar trs concluses interessantes:

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    1) Ambos os rcios unitrios apresentam desvios significativos em relao ao padro de custo

    fixado, mas no entanto os seus preos de venda so aceites pelo mercado;

    2) O prato que apresenta o rcio unitrio de custo mais reduzido aquele que tambm menos

    contribui para o lucro e vice-versa;

    3) Uma eventual alterao do preo de venda em funo do rcio global padro revelar-se-ia

    catastrfico! O Creme seria vendido a 0.83 originando um lucro mnimo em cada dose vendida

    e o preo de venda do Bife teria que subir para 20 provocando a muito provvel recusa do

    mercado;

    Ento pergunta-se: no cenrio apresentado no quadro acima, qual dos pratos temos mais

    convenincia em comercializar? O Creme que apresenta um custo abaixo do padro mas com

    reduzidas margens de contribuio, ou o Bife com um custo acima do padro mas com uma

    elevada margem de contribuio? Ou ambos?

    Antes de responder, importante salientar que a estrutura de custos da operao em anlise

    no permite que o rcio global de custo seja superior aos 30% determinados, sob pena de gerar

    resultados negativos.

    A venda exclusiva de Bifes originaria um custo padro de 40%, 10 pontos percentuais acima do

    valor fixado e, portanto, apesar dos aparentes elevados lucros das suas vendas, o resultado final

    seria negativo.

    Os Cremes apresentam um rcio unitrio reduzido (5%), mas no entanto, se vendssemos

    apenas este produto seria necessria a venda de 10.000 unidades para atingir os objetivos.

    E ser que teramos clientes s para este produto?

    Todavia, esta ltima, apresentando um rcio de custo inferior ao padro, seria o produto que

    permitiria manter vivel a operao.

    Naturalmente que foi apresentado um cenrio de extremos para melhor compreenso da

    anlise dos rcios unitrios de custo.

    A situao ideal nesta ou numa qualquer operao de F&B a existncia de um equilbrio

    perfeito entre os rcios unitrios de cada produto e as respetivas unidades vendidas.

    Imaginemos agora que estamos a gerir um restaurante especializado num s prato: Feijoada de

    Carnes e Mariscos.

    O restaurante possui uma clientela fixa e fiel, que vem procura de um produto de grande

    qualidade a um preo justo.

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    Acontece, porm, que o rcio de custo unitrio desta especialidade gastronmica tem registado

    consecutivamente valores superiores ao previsto e o restaurante, apesar do aparente sucesso,

    ser forado a repensar a sua estratgia ou simplesmente encerrar as suas portas.

    Ser necessrio atuar imediatamente e tomar medidas que visem a reduo do rcio para nveis

    desejveis.

    Perante o cenrio aqui desenvolvido, qual ou quais as decises de gesto a empreender para

    levar avante o objetivo de reduzir o rcio de food cost, prejudicando o mnimo possvel a

    clientela do restaurante?

    Sabendo que o rcio de food cost a relao existente entre o custo total do prato e o seu preo

    de venda lquido, resta-nos concluir que devemos tomar uma das seguintes opes:

    a) Reduzir o custo do prato;

    b) Aumentar o seu preo de venda;

    c) Mexer um pouco em ambos os fatores;

    No nos podemos esquecer que qualquer deciso que tenha impacto direto na qualidade do

    produto ou no seu preo vai necessariamente ter repercusses negativas na clientela.

    Com base neste pressuposto fundamental, as decises com vista reduo do rcio devero ser

    priorizadas de modo a causar o mnimo impacto na procura.

    Por essa ordem teremos ento:

    1) Comprar a mesma qualidade de produtos a preos mais baratos, negociando com os habituais

    ou outros fornecedores;

    2) Substituio de alguns ingredientes por outros semelhantes mas de inferior qualidade;

    3) Reduo e/ou aumento de capitaes das principais iguarias que compem o prato;

    4) Aumento do preo de venda, de acordo com o rcio estabelecido;

    Ilustrando em cenrios prticos o citado exemplo, temos o seguinte desenvolvimento:

    Ficha de cozinha - Feijoada de Carnes e Mariscos

    Cenrio Atual

    Quantidade Unidade Produtos Preo Un. Custo Preo Total

    0.1 Kg. Feijo encarnado 1 0.1

    0.12 Kg. Lombo de Vaca Fresco 15 1.8

    0.1 Kg. Lombo de Porco 10 1

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    R 14.06v00

    0.2 Kg. Camaro grande 30 6

    0.3 Kg. Lagosta fresca 45 13.5

    Qb Ingredientes 0.6

    Total custo (2 doses) 23

    Preo de venda lquido (2 Pax) 50

    Rcio unitrio de custo 46%

    Margem de contribuio unitria 27

    Rcio unitrio de custo padro 35%

    Em face da situao em que o rcio unitrio de custo de 46% e o objetivo reduzir para 35%,

    realizou-se uma nova negociao com os fornecedores de forma a obter os mesmos produtos a

    um preo mais econmico.

    Ficha de cozinha - Feijoada de Carnes e Mariscos Cenrio 1

    Quantidade Unidade Produtos Preo Un. Custo Preo Total

    0.1 Kg. Feijo encarnado 1 0.1

    0.12 Kg. Lombo de Vaca Fresco 13 1.56

    0.1 Kg. Lombo de Porco 9 0.9

    0.2 Kg. Camaro grande 28 5.6

    0.3 Kg. Lagosta fresca 41 12.3

    Qb Ingredientes 0.6

    Total custo (2 doses) 21.06

    Preo de venda lquido (2 Pax) 50

    Rcio unitrio de custo 42.1%

    Margem de contribuio unitria 28.94

    Rcio unitrio de custo padro 35%

    Conforme se pode constatar esta medida no foi suficiente, pelo que foi necessrio recorrer

    substituio de alguns ingredientes por outros de qualidade inferior.

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    Ficha de cozinha - Feijoada de Carnes e Mariscos

    Cenrio 2

    Quantidade Unidade Produtos Preo Un. Custo Preo Total

    0.1 Kg. Feijo encarnado 1 0.1

    0.12 Kg. Lombo de Vaca congelado

    ccongelado

    10.5 1.26

    0.1 Kg. Entrecosto de Porco 7 0.7

    0.2 Kg. Camaro mdio 21 4.2

    0.3 Kg. Lagosta fresca 41 12.3

    Qb Ingredientes 0.6

    Total custo (2 doses) 19.16

    Preo de venda lquido (2 Pax) 50

    Rcio unitrio de custo 38.3%

    Margem de contribuio unitria 30.84

    Rcio unitrio de custo padro 35%

    No tendo ainda atingido o objetivo, alteraram-se as capitaes dos principais produtos.

    Ficha de cozinha - Feijoada de Carnes e Mariscos

    Cenrio 3

    Quantidade Unidade Produtos Preo Un. Custo Preo Total

    0.1 Kg. Feijo encarnado 1 0.1

    0.1 Kg. Lombo de Vaca congelado

    ccongelado

    10.5 1.05

    0.13 Kg. Entrecosto de Porco 7 0.91

    0.19 Kg. Camaro mdio 21 3.99

    0.28 Kg. Lagosta fresca 41 11.48

    Qb Ingredientes 0.6

    Total custo (2 doses) 18.13

    Preo de venda lquido (2 Pax) 50

    Rcio unitrio de custo 36.3%

    Margem de contribuio unitria 31.87

    Rcio unitrio de custo padro 35%

    Finalmente, chega-se concluso que ser necessrio aumentar ligeiramente o preo de venda

    para atingir o rcio de 35%, utilizando para isso a frmula de clculo j mencionada:

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    Rcio = Preo de Custo : Preo de venda

    0.35 (rcio) = 18.13 (custo): Preo de venda

    Preo de venda = 18.13 : 0.35

    Preo de venda = 51.8

    Ficha de cozinha - Feijoada de Carnes e Mariscos

    Cenrio 4

    Quantidade Unidade Produtos Preo Un. Custo Preo Total

    0.1 Kg. Feijo encarnado 1 0.1

    0.1 Kg. Lombo de Vaca congelado

    ccongelado

    10.5 1.05

    0.13 Kg. Entrecosto de Porco 7 0.91

    0.19 Kg. Camaro mdio 21 3.99

    0.28 Kg. Lagosta fresca 41 11.48

    Qb Ingredientes 0.6

    Total custo (2 doses) 18.13

    Preo de venda lquido (2 Pax) 51.8

    Rcio unitrio de custo 35%

    Margem de contribuio unitria 33.67

    Rcio unitrio de custo padro 35%

    A utilizao dos quatro cenrios serviu para demonstrar as vrias opes de forma a atingir o

    rcio para um determinado produto, tentando na medida do possvel minimizar o impacto na

    expectativa do cliente.

    Concretamente neste exemplo acadmico, quase todas as medidas que se preconizaram,

    provocariam um efeito negativo na procura, mas provavelmente seria a nica opo, perante os

    d