manual básico de gestalt terapia

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8/12/2019 Manual Básico de Gestalt Terapia http://slidepdf.com/reader/full/manual-basico-de-gestalt-terapia 1/24 Gestalt-terapia Apostila inicial Patrícia Albuquerque Lima – Ticha CRP 10.90 A Gestalt Terapia é uma abordagem psicológica que teve seu início oficial na década de 50 do século passado, nos Estados Unidos !oi criada por !rederic" #alomon $erls % mais con&ecido como !rit' $erls % sua esposa (aura $erls e alguns colaboradores )vale destacar o nome do intelectual americano $aul Goodman* $erls era +udeu alemo, tendo partido da Europa -cidental por ocasio da invaso na'ista, indo viver na .frica do #ul onde residiu por mais de de' anos Enquanto viveu na Europa freq/entou institui1es de psican2lise e ligou%se a profissionais vinculados 3 Escola do Gestaltismo $erls e (aura partiram para a .frica do #ul com a incumb4ncia de criar uma #ociedade de $sican2lise naquele país, convite este feito por Ernest ones 6urante o período no qual e7erceram a pr2tica do ensino e da clínica psicanalítica em o&annesburgo, !rit' e (aura comearam a repensar alguns aspectos da teoria da psican2lise, o que gerou um artigo sobre as resist4ncias orais, artigo este que $erls levou para ser apresentado em um 8ongresso 9nternacional de $sican2lise em :;<= em $raga Este artigo foi duramente criticado pela comunidade psicanalítica da época, o que dei7ou $erls bastante desiludido pessoalmente com nomes importantes desta escola, principalmente com o próprio !reud >oltando 3 .frica do #ul ele e (aura desenvolveram este artigo o que implicou no lanamento do livro ?Ego, @unger and Aggression ):;BC* que propun&a novos arcabouos teóricos para a pr2tica psicoter2pica que seriam adotados  posteriormente para a criao da Gestalt Terapia - paralelismo psicofísico vigente na teoria  psicanalítica da época era criticado nesta obra, sendo o &olismo apresentado como uma nova  perspectiva teórica para o estudo do ser &umano -s con&ecimentos advindos do Gestaltismo so resgatados para apoiar uma viso de todo, integrado )D&ole*, na qual o &omem deve ser compreendido como uma estrutura conte7tuali'ada, opondo%se ao reducionismo presente no pensamento médico da época - conceito de organismo proposto pelo neurologista urt Goldstein é adotado, conceito este que trata do &omem como um ser integrado entre mente e corpo e o contato com o seu meio e7terno A teoria de campo de urt (eDin é valori'ada pois, tra' em si, também uma viso estruturante e conte7tuali'adora do fenFmeno &umano 6urante o período em que $erls fe' sua formao did2tica em psican2lise na Europa foi cliente do  psicanalita il&elm Heic&, que vin&a pensando as bases de uma nova perspectiva de an2lise do car2ter $erls impregna%se desta noo de car2ter na qual &2 uma coer4ncia entre os encouraamentos que se :

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Gestalt-terapia

Apostila inicial

Patrícia Albuquerque Lima – Ticha CRP 10.90

A Gestalt Terapia é uma abordagem psicológica que teve seu início oficial na década de 50 doséculo passado, nos Estados Unidos !oi criada por !rederic" #alomon $erls % mais con&ecido como

!rit' $erls % sua esposa (aura $erls e alguns colaboradores )vale destacar o nome do intelectual

americano $aul Goodman* $erls era +udeu alemo, tendo partido da Europa -cidental por ocasio da

invaso na'ista, indo viver na .frica do #ul onde residiu por mais de de' anos Enquanto viveu na

Europa freq/entou institui1es de psican2lise e ligou%se a profissionais vinculados 3 Escola do

Gestaltismo $erls e (aura partiram para a .frica do #ul com a incumb4ncia de criar uma #ociedade

de $sican2lise naquele país, convite este feito por Ernest ones

6urante o período no qual e7erceram a pr2tica do ensino e da clínica psicanalítica em

o&annesburgo, !rit' e (aura comearam a repensar alguns aspectos da teoria da psican2lise, o que

gerou um artigo sobre as resist4ncias orais, artigo este que $erls levou para ser apresentado em um

8ongresso 9nternacional de $sican2lise em :;<= em $raga Este artigo foi duramente criticado pela

comunidade psicanalítica da época, o que dei7ou $erls bastante desiludido pessoalmente com nomes

importantes desta escola, principalmente com o próprio !reud >oltando 3 .frica do #ul ele e (aura

desenvolveram este artigo o que implicou no lanamento do livro ?Ego, @unger and Aggression

):;BC* que propun&a novos arcabouos teóricos para a pr2tica psicoter2pica que seriam adotados posteriormente para a criao da Gestalt Terapia - paralelismo psicofísico vigente na teoria

 psicanalítica da época era criticado nesta obra, sendo o &olismo apresentado como uma nova

 perspectiva teórica para o estudo do ser &umano -s con&ecimentos advindos do Gestaltismo so

resgatados para apoiar uma viso de todo, integrado )D&ole*, na qual o &omem deve ser compreendido

como uma estrutura conte7tuali'ada, opondo%se ao reducionismo presente no pensamento médico da

época - conceito de organismo proposto pelo neurologista urt Goldstein é adotado, conceito este

que trata do &omem como um ser integrado entre mente e corpo e o contato com o seu meio e7terno Ateoria de campo de urt (eDin é valori'ada pois, tra' em si, também uma viso estruturante e

conte7tuali'adora do fenFmeno &umano

6urante o período em que $erls fe' sua formao did2tica em psican2lise na Europa foi cliente do

 psicanalita il&elm Heic&, que vin&a pensando as bases de uma nova perspectiva de an2lise do car2ter

$erls impregna%se desta noo de car2ter na qual &2 uma coer4ncia entre os encouraamentos que se

:

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e7pressam no corpo físico e as coer1es que foram vividas na vida social deste indivíduo Tra' do seu

 passado uma influ4ncia marcante de sua passagem pela escola teatral do e7pressionismo alemo que

valori'ava a leitura corporal como um veículo de acesso da e7presso total do ser #eus con&ecimentos

sobre a !ilosofia -riental, principalmente de Ien Judismo, também contribuíram para esta viso

integrativa do mundo que é apresentado neste livro de :;BC6o desenvolvimento destas idéias iniciais, +2 nos Estados Unidos, surge a proposta da criao de

uma nova escola psicológica, a Gestalt Terapia - primeiro livro de Gestalt Terapia é lanado em :;5C

Esta abordagem se propun&a a abandonar o enfoque &istórico%arqueológico da $sican2lise para centrar%

se no método fenomenológico, que valori'ava o fenFmeno como aquilo que acontece no momento

 presente A Gestalt Terapia dei7a de lado a viso médica causalista de doena, a qual a psican2lise se

subordinava em busca de previsibilidade diagnóstica e possibilidade de determinao de

comportamentos A Gestalt Terapia encarava o ?adoecimento como uma tentativa saud2vel do ser em

 busca de um equilíbrio, sempre dinKmico, necess2rio para que &a+a um contato adequado com o meio

A doena é ento um camin&o para a saLde, ela tem uma funo e uma sabedoria em si mesma A

Gestalt Terapia surgiu como uma busca de estudar o fenFmeno &umano dentro de uma ótica no linear,

no determinista, no causalista, no mecanicista e, principalmente no paralelista e sim unicista

Abai7o passaremos a apresentar as principais influ4ncias filosóficas e teóricas que se fi'eram presentes

na criao desta abordagem

C

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Bases Filosóficas

Humanismo

  Movimento filosófico que tem suas sementes nos séculos N999ON9>, tendo &istoricamente tido seu

esplendor no pensamento dos séculos N>ON>9 Pa realidade, +2 no pensamento grego e romano

e7altava%se os valores &umanos da bele'a, virtude, fora, etc - que consideramos modernamente como

filosofia &umanista moderna di' respeito a uma corrente de pensamento que privilegia a sub+etividade

do &omem como ponto de partida para a construo de toda a realidade )6escartes, ant e @egel* Uma

doutrina só pode ser qualificada como &umanista se recon&ece o &omem como um ser superior a todos

os outros, sendo o ob+etivo e a meta de todas as atividades e de todas as institui1es

Fenomenologia

!ran" #rentano ):Q<Q%:;:R*

  !ilósofo, profundo con&ecedor do pensamento aristotélico, propun&a%se a reintegrar as tradi1es

metafísicas ao pensamento filosófico Moderno -pun&a%se ao pensamento dialético de @egel, por seu

car2ter mecanicista 6efendia como significativo o modo essencial das a1es &umanas Hedefiniu o

conceito de intencionalidade do fato psicológico, mostrando que todo fenFmeno psíquico é referente a

algo Acreditava ser possível c&egar 3 ess4ncia das coisas através da intuio

$%mun% &usserl ):Q5;%:;<Q*

  Matem2tico de formao, aluno de Jrentano, pretendia fundamentar cientificamente a filosofia

Acreditava que a filosofia poderia se tornar uma ci4ncia universal $arte de uma oposio 3s teorias

<

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científicas vigentes )racionalismo* colocando a sub+etividade em primeiro plano como veículo para o

estudo dos fenFmenos #istemati'a a noo de intencionalidade como o principal postulado da

!enomenologia A sua busca era c&egar a um modo puro e no%empírico de e7aminar a realidade tal

como ela se d2 na e7peri4ncia S pela intuio das ess4ncias que emerge a verdade S através desta

 possibilidade, de se apreender as significa1es universais pela e7peri4ncia contingente, que pode sedesenvolver a $sicologia -u se+a, considerando que as e7peri4ncias individuais no so nem física

)psicologismo*, nem socialmente determinadas )sociologismo* $ela reduo fenomenológica tenta%se

e7plicitar a fonte pura de todas as significa1es que constituem o mundo e que constituem o eu

 particular - mundo nada mais é do que um ob+eto intencional para o su+eito transcendental $ara

@usserl a $sicologia no é filosofia, nem pode ocupar o seu lugar A consci4ncia, enquanto ob+eto de

estudo para o psicólogo é uma coisa entre todas as coisas do mundo - psicólogo é sempre levado a

fa'er da consci4ncia um ob+eto de constatao A fenomenologia é que permite, através da reduo

fenomenológica, c&egar%se 3 intuio eidéitica A autonomia da psicologia se manifesta na sua tarefa

de investigar os fatos e as rela1es de fato mas a significao Lltima destes fatos e destas rela1es só

 pode ser fornecida por eidética fenomenológica, na qual distingui%se o sentido ou a ess4ncia da

 perceo, da imagem e da consci4ncia

9ntencionalidade é o que liga a consci4ncia )do su+eito* ao mundo S através da intencionalidade que

o su+eito se relaciona com o ob+eto, tornando%os insepar2veis A intencionalidade é a característica

fundamental da consci4ncia, pois toda a consci4ncia é consci4ncia de alguma coisa )implicao*

8onsci4ncia S o que confere significado para o mundo Ela no cria os fatos, nem é criada por

eles, mas é através da consci4ncia que os fatos gan&am significado - fenFmeno se ob+etiva, gan&a um

sentido, a partir da sub+etividade da consci4ncia A consci4ncia, para a !enomenologia, é sempre

consci4ncia de algo sendo seu trao essencial a intencionalidade

 Poema S o con+unto de características de que so investidos os ob+etos, a partir da e7peri4ncia, pela

consci4ncia )aspecto ob+etivo*

 Poesis S o aspecto sub+etivo da e7peri4ncia vivida advindo pela busca de compreenso do ob+eto

Ess4ncia S o que torna possível os fenFmenos, pois é o que os constitui As ess4ncias podem ser

captadas pela intuio

B

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'artin &ei%e((er  ):QQ;%:;R=*

!ilósofo alemo, aluno e assistente de @usserl $ropFs%se a elaborar uma teoria do #er, acreditando

que a tarefa principal do filósofo deveria ser buscar o sentido do ser ) no considerando%o como um serem particular* Hefere%se ao 6asein )da aí sein presena* como o ser singular, concreto é o ser aí

- 6asein é o &omem, o indivíduo, em sua e7ist4ncia cotidiana @eidegger defendia que o ser que

e7iste é o &omem, os ob+etos apenas esto #ó para o &omem tem sentido algo como o e7istir -

&omem aut4ntico é aquele que recon&ece a radical dualidade entre o &umano e o no%&umano A

inautenticidade se d2 neste no recon&ecimento $ara @eidegger a e7peri4ncia mais inquietante é a

consci4ncia da morte, característica do &umano - 6asein refugia%se em uma e7ist4ncia inaut4ntica

quando evita defrontar%se com esta e7peri4ncia fundamental Assumindo sua morte o 6asein alcana

sua autenticidade A angLstia ante o nada condu' o &omem 3 e7ist4ncia aut4ntica @eidegger aplicou

o método fenomenológico partindo do &omem de fato, centrando suas preocupa1es com as condi1es

emocionais da angLstia como um sinal da verdadeira situao do &omem%no%mundo $or sua

 preocupao com a questo da e7ist4ncia &umana @eidegger partiu da concepo fenomenológica para

abrir portas para uma viso e7istencialista do 6asein )o pensamento e7istencial%fenomenológico*

ξιστενχι λισµο  

Movimento filosófico bastante discutido nas décadas de quarenta e cinq/enta do século passado

$odemos considerar como e7istencialista toda doutrina filosófica que centra sua refle7o sobre a

e7ist4ncia &umana considerada em seu aspecto particular, individual e concreto, mas o e7istencialismo,

enquanto movimento filosófico em si, é bastante recente $odemos indicar seu nascimento como sendo

na !rana e seu ?pai o pensador dinamarqu4s #Vren ier"egaard

)*ren +ier,e(aar% ):Q:<%:Q55*

$rofundo estudioso da religio luterana, tendo sido criado de modo rigoroso dentro de seus

 preceitos !oi um veemente opositor das idéias de @egel, criticando a viso deste autor de que a

realidade pudesse ser e7plicada tal qual o funcionamento de um sistema 6efendia que a realidade só

 poderia ser entendida através da sub+etividade Todo con&ecimento deve ligar%se 3 e7ist4ncia, 3

5

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sub+etividade - &omem é a categoria central da e7ist4ncia $ara ierdegaard, ao &omem apenas resta

a liberdade de escol&er e decidir pelo que dever2 fa'er e ser - sentimento religioso é o que dota a

ética &umana de sentido

ean- Paul )artre ):;05%:;Q0*

!oi um dos principais filósofos do e7istencialismo, tendo sido duramente criticado e atacado por

diversos autores que tanto o contestavam filosoficamente, quanto o criticavam pessoalmente A sua

 principal obra, que o pro+etou internacionalmente, foi ?- #er e o Pada ):;B<*, lanada no auge da

#egunda Guerra Mundial #artre foi quem sistemati'ou o princípio de que a e7ist4ncia precede a

ess4ncia como sendo o princípio b2sico unificador de todas as correntes e7istencialistas $ara ele,

 portanto, o &omem primeiramente e7iste, vive no mundo, e só posteriormente defini%se - &omem é o

Lnico ser livre, sendo respons2vel por tudo aquilo que escol&e e fa' $ara o e7istencialismo a liberdade

é a capacidade do indivíduo de decidir sobre sua vida, sendo que por mais livre que o &omem se+a, vive

limitado pela sociedade através de suas regras $ara #artre a sub+etividade é o ponto de partida de toda

doutrina filosófica S a sub+etividade que impede o &omem de se tornar ob+eto, fa'endo prevalecer sua

condio de su+eito $elo e7istencialismo a angLstia é condio da e7ist4ncia em liberdade do &omem

- indivíduo se angustia por que tem que escol&er sua vida, seu destino, por si próprio

=

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Influências Teóricas

Teoria de Campo

  As propostas de urt (eDin surgiram com o intuito de prover 3 $sicologia de um campo conceitual

adequado a ser aplicado em todas as 2reas de investigao que no só aos fatos e7plicados em campos

específicos como a psicologia da infKncia, a psicopatologia e a psicologia animal )etologia* (eDin

acreditava que apenas as pesquisas e7perimentais nas 2reas das percep1es e sensa1es, estivessem se

desenvolvendo da forma ideal - campo de estudos e7perimentais, relativo aos dese+os e necessidades

estava, naquela época )década de <0 do #éc NN* ainda bastante estagnado

6iante desta realidade, (eDin se prop1e a criar uma teoria empírica dos problemas &umanos que

utili'ava a topologia )ramo da ci4ncia matem2tica* para adequar 3 psicologia ao campo científico

e7perimental $ela topologia no se considerava apenas o problema do tempo, +2 presente no

 pensamento científico daquela época, mas também inseria a questo do espao na pauta das discuss1es

(eDin fe' uso de conceitos matem2ticos e físicos, tais como os conceitos de vetores, campos de fora

etc, para e7plicar os fenFmenos &umanos - sistema conceitual capa' de dar conta dos diferentes

campos da psicologia de modo empírico deveria, de acordo com (eDin, ser rico e fle7ível o suficiente

 para ser +usto com as enormes diferenas e7istentes entre os diversos eventos e realidades consideradas

no campo de aplica1es da psicologia

  $artindo das propostas da $sicologia da Gestalt de se considerar os fenFmenos como T-6-#

)D&oles*, (eDin defendia que as investiga1es e7perimentais sobre os dese+os, as necessidades, a1es eemo1es no poderiam ser condu'idas sem se levar em considerao 3s características individuais da

 pessoa e o meio ambiente que a circundava A psicologia só se desenvolveria cientificamente quando

fosse capa' de tratar das emo1es, dos pensamentos, dos valores e dos relacionamentos sociais de

forma no isolacionista e compreendendo%os como interligados e como e7press1es de uma situao

concreta que di'ia respeito a uma determinada pessoa em uma determinada condio

R

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- novo sistema conceitual proposto por (eDin propun&a%se aW

:* 8riar uma representao apropriada para os processos psicológicos que fosse logicamente

consistente e, ao mesmo tempo, adapt2vel 3s propriedades especiais da ?vida psicológica

espacialC* 9ncluir tanto as características do meio ambiente quanto as características particulares da pessoa

 para um estudo empírico

<* #urgir a partir de um método advindo de sucessivas tentativas de apro7imao com os fatos

#er, portanto, operacional para contribuir no campo de estudos que relacionam os conceitos

com os fatos observados

  (eDin destacava que, a partir da transio paradigm2tica que ocorrera no pensamento de

Aristóteles para o pensamento de Galileu, no seria mais possível buscar a causa para um evento na

nature'a de um ob+eto isolado, mas sim no relacionamento entre o ob+eto e suas cercanias Um

evento é, portanto, o resultado da interao entre v2rios fatores 9sto significava para a $sicologia

que, era necess2rio encontrar um novo método para se representar a pessoa e o meio ambiente em

termos comuns, vistos como as partes de uma mesma situao Peste sentido, (eDin prop1e a

e7presso ?>ida espacial para indicar a totalidade dos fatos que determinam o comportamento do

indivíduo em um determinado momento, entendendo que neste campo uma fora é considerada como

o resultado da interao de v2rios fatores(eDin criou o princípio da contemporaneidade para e7plicar a relao entre o evento e as

condi1es dinKmicas que o produ'iram undt tratava das causas finais )teleológicas* para

considerar que um fato passado pudesse ser a causa Lnica de um evento no presente $elo princípio

da contemporaneidade nem os fatos passados e nem os fatos futuros poderiam ser considerados

causadores do evento presente, mas apenas a situao presente pode influenciar os eventos no agora

  #em dLvida, no podemos desconsiderar que a estrutura emocional de uma pessoa e suas

características psicológicas so, em determinados aspectos, dependentes de sua &istória pregressa

6o ponto de vista da causalidade sistem2tica, fatos passados no podem influenciar os eventos no

 presente -s fatos passados possuem apenas um papel enquanto um elo &istórico causal cu+as

influ4ncias se fa'em presente no AG-HA

Todas as representa1es da vida espacial psicológica se baseiam na concepo fundamental de que

só se pode estudar uma pessoa em particular em seu meio ambiente particular As fronteiras entre a

Q

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 pessoa e o meio só podem ser visuali'adas em uma posio relativa, de interdepend4ncia, implicando

no uso de categorias espaciais

Holismo

  8onceito filosófico criado por an #muts, eminente estadista ingl4s que e7erceu o cargo de

$rimeiro Ministro na .frica do #ul A palavra &olismo é uma derivao da palavra grega @olos

)completo, inteiro, todo*, e este conceito é apresentado inicialmente no livro de #muts ?@olism and

Evolution, editado em :;C=

  $elo conceito de &olismo o &omem é visto como um ser integrado contrapondo%se a ciso entremente e corpo, evidente nas escolas tradicionais de psicologia e psiquiatria A medicina

 psicossom2tica surgiu como uma tentativa de apontar para a estreita relao entre a atividade mental e a

atividade física )paralelismo psicofísico* Po entanto, ainda adotava uma viso causal na qual a doena

é vista como um distLrbio físico causado pelo fato psíquico

 Pas ci4ncias biológicas o &olismo surge como uma possibilidade conceitual de se reunir corpo e

mente, tratando do indivíduo como um ser unificado 6esde o século N>99 o indivíduo vin&a sendo

encarado como um su+eito esfacelado, partindo da viso cartesiana de corpo e mente - conceito de&olismo foi assimilado por !rit' $erls para a elaborao do campo conceitual da Gestalt Terapia a partir

do contato direto que este teve com an #muts na .frica do #ul

Teoria Organísmica

  Um dos principais autores da teoria organísmica, urt Goldstein, foi professor de !rit' $erls em

:;C=, tendo criado as bases para o pensamento organísmico a partir de seu con&ecimento dos estudosde percepo reali'ados pelos pesquisadores da $sicologia da Gestalt Goldstein foi um eminente

neuropsiquiatra alemo, tendo e7ercido posi1es de destaque como médico, cientista e professor !oi

diretor do 9nstituto de Peurologia da Universidade de !ran"furt e foi diretor do @ospital Militar para

#oldados com (es1es 8erebrais Em :;<0 transferiu%se para a Universidade de Jerlim onde atuou

como professor de Peurologia e $siquiatra Em :;<< foi para Amsterd onde lanou seu mais

;

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importante livro onde e7pun&a a teoria organísmica Mudou%se para os Estados Unidos em :;<5,

indo trabal&ar no 9nstituto $siqui2trico de Pova Xor"

Goldstein foi e7tremamente influenciado pela sua pr2tica em neurologia desenvolvendo a teoria

organísmica a partir do contato com pacientes lesionados cerebralmente, em grande maioria vítimas

de acidentes ocorridos durante a 9 Guerra Mundial Goldstein comeou a perceber que as les1escerebrais geravam mudanas comportamentais mais vastas do que as que poderiam ser e7plicadas

como decorrentes das fun1es da 2rea afetada $arecia que o indivíduo como um todo tivesse que se

reorgani'ar em funo das limita1es impostas pelas les1es sofridas $erls trabal&ou como assistente

de urt Goldstein no 9nstituto para vítimas de leso cerebral que o neurologista dirigia, influ4ncia

fundamental no seu desenvolvimento profissional

  A teoria organísmica era um sistema teórico integrativo que creditava a relao entre figura e

fundo percebida no gestaltismo, como um princípio prim2rio organi'ativo do organismo de modo

geral A teoria organísmica de Goldstein ampliou as bases do gestaltismo, tomando por ob+eto no

mais apenas a percepo mas o organismo como um todo, considerando todas as suas fun1es e

a1es no mundo - conceito de organismo de Goldstein integrava os aspectos físicos, emocionais e

sociais de um indivíduo, defendendo a premissa de que o corpo e a mente no podem ser

diferenciados e que na verdade somos um todo, que inclui, inclusive, as rela1es que estabelecemos

com o meio que nos rodeia Goldstein acreditava que o organismo regulava%se por um processo

semel&ante 3 &omeostase, em busca de auto%reali'a%se e atuali'ar%se $ela formao médica de

Goldstein entende%se o modo como conceitos biológicos so transpostos para o estudo dos processos psicológicos Po entanto, sua tentativa de tra'er uma viso sist4mica para o estudo do ser &umano

foi fundamental para o intuito de romper com o modelo paralelista da psican2lise, que dominava o

universo da $sicologia em sua época

  -s principais postulados da teoria organísmica, conforme enunciados de Goldstein, soW

% - estado natural do organismo é de organi'ao, estando a pessoa normalmente integrada A

desorgani'ao é patológica e se d2, em grande parte, por dificuldades impostas pelo meio ambiente

Este princípio organi'ativo é inerente ao funcionamento sist4mico, onde a compreenso de um

distLrbio só é possível quando se estuda o mesmo como um todo integrado, e nunca pela an2lise das

 partes separadas do organismo

% E7iste um impulso de auto%reali'ao no &omem que o motiva a lutar através dos recursos que l&e

esto disponíveis pela mobili'ao de suas potencialidades Goldstein no via o &omem como um

sistema fec&ado, estudando%o sempre em relao com o meio e7terno - meio desequilibra o

:0

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funcionamento do organismo quando no l&e permite satisfa'er%se, sendo a patologia um estado de

cristali'ao deste desequilíbrio Uma forte ansiedade pode gerar desintegrao neste sistema

% - flu7o contínuo de tarefas que o organismo precisa e7ecutar para se manter atuali'ado é que gera a

formao de figuras e a inverso entre figuraOfundo Goldstein fa'ia uma distino entre figuras

naturais e no naturais As figuras no naturais so as que surgem a partir de e7peri4nciastraum2ticas vividas pelo organismo resultando em um comportamento mecKnico e rígido

% E7iste uma reserva de energia circulante no organismo e em estado de equilíbrio esta se distribui de

forma uniforme A pessoa normal busca equilibrar este flu7o energético sempre que ele é alterado,

&avendo um nível ótimo de tenso o qual o organismo procura sempre voltar Este nível ótimo,

&omeost2tico, é um estado &olístico ideal que raramente é conseguido, mas sempre procurado como

um parKmetro Toda necessidade surge como um estado deficit2rio ao qual o organismo deve buscar

o seu equilíbrio A busca de satisfao destas necessidades é o que podemos c&amar de princípio de

auto%reali'ao Este princípio é orgKnico e universal As potencialidades individuais so inatas mas

variam de indivíduo para indivíduo Além disto, os ambientes se apresentam como meios culturais

diversos, tra'endo aspectos peculiares para o desenvolvimento de cada indivíduo em particular

E7iste uma interao constante entre o organismo e o meio ambiente Goldstein defendia que o

organismo possui uma ess4ncia que se modela pelas influ4ncias ambientais

% Goldstein entendia os sintomas como tentativas de adaptao que o organismo estabelece diante das

e7ig4ncias do meio e que so coerentes com seu funcionamento global $acientes com les1es

cerebrais tendem a desenvolver comportamentos compensatórios que, de forma repetitiva, buscamsanar as defici4ncias ocasionadas pela leso Estes comportamentos, apesar de esteriotipados, so

adaptativos $ara compreendermos o significado de um sintoma temos sempre que estud2%lo levando

em considerao a maneira como o indivíduo funciona de forma mais ampla Goldstein se utili'ava

de testes quantitativos e do método qualitativo para o estudo e7austivo de cada paciente

individualmente

::

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Conceitos centrais na abor%a(em (estltica

Aqui-a(ora  é um conceito advindo de duas fontes diversas de pensamento a fenomenologia e uma

viso de mundo baseada na filosofia oriental !enomenologicamente, falar de aqui%agora é se referir ao

fenFmeno que emerge no momento presente de uma determinada situao Este fenFmeno pode estar

referido a acontecimentos passados, e7pectativas futuras mas, ele ocorre no momento atual do aqui%

agora A Gestalt terapia adota este conceito do aqui%agora fenomenológico e com isso, liberta%se dos

modelos de psicodiagnósticos nosogr2ficos através dos quais a sintomatologia apresentada pelo cliente

 possibilitaria enquadr2%lo dentro de um rótulo pré%determinado, um determinado quadro

 psicopatológico - modelo diagnóstico adotado seria, conforme v2rios autores atuais, o de diagnóstico

dialógico processual 9sto significa que as avalia1es vo sendo feitas e refeitas pelo profissional e seu

assistido )cliente, empresa, grupo* a cada momento Po e7iste um diagnóstico fi7o nem a

 possibilidade de se utili'ar técnicas previamente definidas para cada caso estudado S na relao

dialógica que se estabelece que vo emergindo as peculiaridades de cada momento e a relao profissional vai sendo pautada pelo que vai ocorrendo Esta viso é, em muitos aspectos, bastante

 pró7ima de determinadas particularidades da filosofia oriental 8onsiderando o 'en budismo e sua

afinidade com os conceitos de flu7o, de transformao e de no determinao dos acontecimentos seria,

a busca da iluminao se d2 no e7ercício das a1es do cotidiano através de um processo de auto%

conscienti'ao que ocorre no aqui%agora da situao vivida A e7peri4ncia de cada momento é o que

leva o &omem ao aperfeioamento e ao equilíbrio físico e mental

A/areness  este termo é usado na teoria da gestalt%terapia normalmente sem que se+a tradu'ido pela

dificuldade de encontrar uma palavra adequada para e7press2%lo Talve' a mel&or traduo se+a o dar%

se conta, o estar consciente da situao A aDareness é um estado de total conscienti'ao do ser onde

as emo1es, os pensamentos e as sensa1es que ocorrem no contato com o meio so plenamente

identificados de forma uníssona possibilitando uma viv4ncia de integrao A saLde mental equivaleria

:C

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a um estado de aDareness fluida pela qual as transforma1es vo sendo acompan&adas e atuali'adas

 pela pessoa

Auto-re(ulao  é através deste mecanismo que a aDareness pode ir sendo alcanada pelo processo

de surgimento das necessidades e resoluo dos conflitos que ocorrem entre o &omem e o meio S um processo bastante semel&ante a &omeostase estudada pela Jiologia que fala de um mecanismo de

equilibrao espontKneo que visa uma busca de bem estar e de bom funcionamento do sistema sempre

que ocorre um desequilíbrio inerente ao contato sistema internoOsistema e7terno

Contato  é o processo pelo qual o ser se apercebe dos acontecimentos que ocorrem no meio e das

mudanas que se do no seu próprio ?organismo ) conceito emprestado da teoria organísmica de urt

Goldstein* #ó através de um permanente contato consigo mesmo e com o conte7to é que o &omem

 pode estabelecer quais sos suas prioridades, plane+ar a1es e mobili'ar o meio a fim de satisfa'4%las

 Po entanto, nem todo contato é, em si, saud2vel Muitas ve'es pela auto%regulao organísmica a

evitao do contato surge como o mecanismo adequado para interromper um processo que pudesse ser

danoso e pre+udicial ao pleno funcionamento do organismo Jusca de contato e retraimento imp1e%se

como possibilidades de a+uste entre o &omem e o seu meio que emergem na fronteira de intercKmbio

que transforma a realidade do &omem em um estar permanentemente no e com o conte7to

:<

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A Abor%a(em Gestltica  )te7to baseado no livro A Abordagem Gestáltica – A testemunha ocular

da terapia $erls, ! Hio de aneiroW Ia&ar, :;RR*

Premissas #sicas %a Abor%a(em GestlticaW

: ? A organi'ao de fatos, percep1es, comportamentos ou fenFmenos, e no os aspectos individuais

de que so compostos, é que os define e l&es d2 um significado específico e singular )p:Q*

  % - interesse é que organi'a a situao de modo significativo A medida em que os interessesvariam, muda a percepo do espao físico, das pessoas e ob+etos e, até a percepo de si próprio

$rimeiro e segundo planos so intercambi2veis e no permanecem est2ticos

C Todos os comportamentos so governados por um princípio &omeost2tico )adaptativo* - processo

&omeost2tico é aquele pelo qual o organismo mantém seu equilíbrio através de satisfao de

necessidades, que so também intercambi2veis - equilíbrio &omeost2tico é uma forma de equilíbrio

dinKmico e, quando o processo no funciona, o organismo adoece Este processo é auto%regulativoatravés do qual o organismo interage com o meio As necessidades fisiológicas surgem quando o

equilíbrio é alterado - correlato psicológico do processo &omeost2tico surge como uma necessidade

de contato Po entanto, no processo de auto%regulao organísmica, os processos psíquicos no podem

ser divorciados dos processos fisiológicos

  - conceito psicanalítico da neurose como resultado da represso de instintos é fal&o Pa realidade,

no podemos reprimir os instintos, mas só seus sintomas e sinais Po organismo e7istem mLltiplas

necessidades que podem se originar simultaneamente Uma escala de valores é que permitir2 que o

organismo a+a de um modo saud2vel, dando prioridades ao que é fundamental em cada momento ?A

necessidade dominante do organismo, em qualquer momento, se torna a figura de primeiro plano e as

outras necessidades recuam, pelo menos temporariamente, para o segundo plano $ara que o indivíduo

satisfaa suas necessidades, fec&e a gestalt, passe para outro assunto, deve ser capa' de manipular a si

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 próprio e ao seu meio, pois mesmo as necessidades puramente fisiológicas só podem ser satisfeitas

mediante a interao do organismo com o meio )pC<,CB*

< - &omem é capa' de funcionar em dois níveis qualitativamente diferentes, o nível do pensar e o

nível do agir - maior desenvolvimento da comple7idade do cérebro &umano l&e dotou da &abilidadede aprender e manipular símbolos e abstra1es Esta &abilidade l&e possibilita plane+a simbolicamente

o que poder2 fa'er fisicamente )funo mental* A mente &umana possui outras fun1es, além da do

 pensamento A ateno, a capacidade de conscienti'ao e a vontade so atividades mentais &umanas

que di'em respeito 3 íntima relao entre pensamento e ao $ela atividade da fantasia reprodu'%se a

realidade em uma escala redu'ida, através da utili'ao de símbolos A atividade da simboli'ao

reprodu', inicialmente, a realidade, podendo se distanciar desta posteriormente $ela atividade

simbólica )fantasia, imaginao* podemos antecipar acontecimentos, funcionando como uma economia

de tempo, energia e trabal&o para o indivíduo As atividades mentais e7igem menos disp4ndio de

energia corporal do que as atividades físicas ?A energia que o &omem economi'a pensando nos

 problemas em lugar de atuar em toda a situao pode agora ser investida em enriquecimento da sua

vida)pC;* -s aspectos físicos e os aspectos mentais do comportamento no so entidades

independentes que possuem e7ist4ncias separadas - ser &umano é um todo e o seu comportamento se

manifesta, tanto a nível e7plícito da atividade física, quanto ao nível implícito da atividade mental

Ambas as atividades física e mental so manifesta1es do ser do &omem A neurose é que leva o

&omem a no se perceber enquanto um ser total #ó a e7peri4ncia integrada da sua atividade física emental que poder2 levar o &omem ao sentido de totalidade natural

  -pondo%se a concepo do paralelismo psicofísico, nos utili'amos do conceito de campo unificado

como um conceito &olístico para o estudo do ser &umano - &omem no é apenas o que di' e pensa,

mas também o que fa'

B - &omem no é um ser auto%suficiente, só pode e7istir inserido em um campo A relao que se

estabelece entre o &omem e o meio é mutuamente determinante ?- estudo do modo que o ser &umano

funciona no seu meio é o estudo do que ocorre na fronteira de contato entre o indivíduo e o seu meio

#e, por alguma alterao no processo &omeost2tico, o indivíduo for incapa' de manipular seu meio a

fim de atingi%las, comportar%se%2 de modo desorgani'ado e inefica' )p <:,<<* - conflito neurótico

surge quando o indivíduo perde a &abilidade de organi'ar seu comportamento de acordo com uma

&ierarquia indispens2vel de necessidades e, com isso, perde a capacidade de se concentrar em qualquer

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atividade $ara a Gestalt Terapia, um ponto cego surge quando um indivíduo perde totalmente o

contato com alguns assuntos que di'em respeito ao seu relacionamento com o meio, aniquilando%os

diante da sua incapacidade de lidar com estes Pem todo contato é saud2vel, nem toda fuga é doentia,

como apontava $erls - contato e a fuga so as possibilidades que temos para lidar como as situa1es

que se apresentam pela relao com o meio Yuando &2 uma soluo para esta necessidade que surgiua partir do contato entre o &omem o meio e7terno, di'emos que &ouve um ?fec&amento de gestalt

Yuando est2 soluo no foi vi2vel falamos que surgiu uma ?gestalt inacabada ?Este contato com o

meio e a fuga dele, esta aceitao e re+eio do meio, so as fun1es mais importantes da personalidade

global, so os aspectos positivos e negativos dos processos psicológicos pelos quais vivemos #o

opostos dialéticos, parte da mesma coisa, a personalidade total )p<=*

:=

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Mecanismos neuróticos

$ara a Gestalt Terapia, os mecanismos neuróticos surgem como tentativas de evitao de contato,

tentativa esta que buscava ser adaptativa 3 situao apresentada no passado mas, que pela repetio e

cristali'ao, vai se tornando disfuncional no presente A meta da psicoterapia seria fornecer a este

indivíduo a possibilidade de poder se apoiar em seus próprios suportes para buscar alternativas criativasde lidar com as situa1es ansiog4nicas Este é um trabal&o inicialmente de revitali'ao da auto%estima

da pessoa e, principalmente, de descoberta e valori'ao dos seus próprios potenciais -s mecanismos

neuróticos no so, em si, nem bons nem maus - mau uso dos mesmos é que os torna nocivos como

repeti1es rígidas dos mesmos padr1es de funcionamento diante das circunstKncias do meio >ale

destacar que aqui fica evidente a importante contribuio da noo de car2ter conforme desenvolvida

 pelo psicanalista il&elm Heic&, que foi pessoalmente analista de $erls no momento em que repensava

este conceito Este conceito de car2ter valori'a no só os aspectos psicológicos, mas também os

aspectos físicos )tens1es, formas de adoecimento, posturas corporais* e o modo b2sico de

relacionamento que o indivíduo desenvolve no contato com os outros e com o meio e7terno

$erls enumerou inicialmente cinco mecanismos neuróticos b2sicos -utros autores posteriormente

reformulam estas no1es iniciais e citam outros mecanismos neuróticos S importante ter em mente

que estes mecanismos surgem como interrup1es de um ciclo b2sico que surge a partir da percepo de

uma sensao que deflagrar2 um processo de recon&ecimento de uma necessidade pelo funcionamento

da aDareness do indivíduo que, busca através de uma ao no meio, satisfa'er esta necessidade pelo

contato que se estabelece entre o ser e o conte7to 8omo nem sempre esta satisfao é possível a

frustrao é um dado inevit2vel, sendo importante para o pleno funcionamento deste ciclo de contato a

 possibilidade de lidar com a frustrao de modo a buscar outras solu1es para a satisfao desta

necessidade que surgiu como figura pregnante - e7cesso de processos frustrantes no ciclo de contato

do indivíduo com o meio é que leva ao aparecimento de uma forma de sofrimento físico eOou mental A

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frustrao em si é inevit2vel, sendo saud2vel para o indivíduo ter ?+ogo de cintura o suficiente para

transcender esta situao frustrante - e7cesso de frustra1es ou a rigide' do indivíduo na busca de

novas possibilidades de ao no meio é que levam ao mau funcionamento deste ciclo e, portanto, ao

surgimento de processos de adoecimento

$erls e (aura, observando o desenvolvimento de seus fil&os nos primeiros anos de vida, refletiram

sobre a importKncia da alimentao como, talve' o primeiro mecanismo pelo qual o ser entra em

contato com o mundo % assimilando ob+etos e7ternos, transformando o alimento em parte de si mesmo

e re+eitando aquilo que no l&e interessa Esta refle7o sobre a importKncia do modelo da alimentao

como padro b2sico para as posteriores formas de contato com o meio, fica evidente também na forma

como $erls descreveu sua teoria sobre a neurose e a formao dos mecanismos neuróticos A seguir

citaremos os principais mecanismos neuróticos destacando algumas de suas característicasW

Introjeção % $ensando na alimentao enquanto uma met2fora para o processo de contato do ser

&umano com o meio ambiente fa' parte deste processo a discriminao daquilo que deve ser assimilado

 para o bem estar do indivíduo e aquilo que deve ser eliminado por ser desnecess2rio ou pernicioso para

este mesmo indivíduo - alimento é processado pela mastigao e partes dele so ento assimiladas,

digeridas e passam a fa'er parte do organismo do próprio indivíduo A intro+eo ocorre como algo

que é engolido, sem ser devidamente destruído e descriminado, ficando como um ob+eto estran&o

dentro do organismo deste indivíduo !a'endo paralelos para tudo 3quilo que assimilamos do meioincluindo aqui regras, leis, dogmas e o que é aprendido de modo mais amplo, um intro+eto é algo que é

assumido como parte deste indivíduo antes mesmo de ser discriminado se seria necess2rio para o bom

funcionamento do mesmo A intro+eo se transforma em um mecanismo neurótico pernicioso a partir

do momento que este indivíduo passa a assumir como verdade coisas ?engolidas e mal digeridas e

 passa a funcionar como um mero repetidor de regras e padr1es sociais impostos Este su+eito assume

uma postura diante da vida de ?engolidor de sapos e +2 no consegue disting/ir entre aquilo que

acredita e aquilo que l&e impFs como verdade

 Po entanto, nem toda a intro+eo é pre+udicial em si !a' parte do processo educacional o

aprendi'ado de conven1es sociais e de regras b2sicas que devem ser rapidamente aprendidas quando

se entra em contato com os dados de um novo meio social Alguns aprendi'ados no precisam de uma

elaborao mais profunda e so simplesmente engolidos da forma mais r2pida, no tendo que

necessariamente fa'er parte do código mais amplo de valores e crenas deste su+eito $or e7emplo,

:Q

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 podemos pensar em alguns assuntos que precisamos ?decorar por situa1es da vida uma prova, um

concurso mas que so informa1es passageiras das quais no pretendemos nos apoderar de modo

mais amplo A intro+eo é indício de funcionamento neurótico quando o indivíduo no mais se d2

conta de que apenas repete o que engole, no tendo idéias próprias e assumindo como verdades regras

que no l&e servem de fato S interessante observar que estas pessoas usam, com freq/4nciae7press1es do tipoW ?6evemos, é necess2rio, é verdade que, As coisas so assim, etc Estas pessoas

 podem desenvolver um processo digestivo ruim, tendo tend4ncia a reter alimentos )priso de ventre,

indigest1es* e tendo dificuldade de vomitar e colocar para fora o que l&e fa' mal

Projeção  – é o mecanismo oposto 3 intro+eo Enquanto na intro+eo conteLdos so engolidos sem

serem devidamente processados, na pro+eo conteLdos so pro+etados no meio e7terno, como uma tela

de cinema, assumindo que fa' parte do outro algo que na realidade é nosso Assim como a intro+eo, a

 pro+eo tem seu aspecto Ltil e v2lido Hela1es onde a empatia prevalece so rela1es que partiram de

uma pro+eo Muitas ve'es precisamos nos colocar no lugar do outro para termos acesso a algo que

no con&ecemos, funcionando como um ensaio, um fa' de conta - aspecto negativo aparece quando

 perdemos a noo de que estamos ensaiando algo e passamos a acreditar que os outros so do +eito que

 pensamos que so, ou que so atitudes do outro, características que na realidade, estamos l&es

imputando - e7agero da pro+eo é a própria paranóia, onde tudo o que é ruim é visto como sendo

algo vindo de fora A pro+eo aparece freq/entemente em rela1es filiais, nas quais pais e mes

assumem verdades para seus fil&os que so suas, assim comoW ?Ac&o que estamos cansados, ouestamos nervosos, precisamos nos acalmar, etc S compreensível que é muito mais cFmodo +ogar a

responsabilidade no outro por aquilo que no sabemos ou fa'emos errado - pro+etor acusa sempre o

meio e7terno por tudo o que de errado ocorre Usa com freq/4ncia frases do tipoW ? As pessoas fa'em,

Eles pensam que,etc Estas pessoas tem uma dificuldade enorme de assimilar o meio e podem

assumir atitudes inconseq/entes como o famoso % ?Eu no ten&o nada com isso $odem ser pessoas

muito reativas, daquelas que se vangloriam por no levar desaforo para casa e por responder a qualquer

estímulo como uma acusao Assumem uma postura de donos da verdade e pensam que sabem tudo o

que é bom ou correto para os outros A prepot4ncia é uma característica do pro+etor $odem ter

dificuldades na alimentao, no assimilando o alimento devidamente também S um processo inverso

ao da intro+eo pois nesta o su+eito ret4m, enquanto na pro+eo o su+eito repele, vomita, elimina sem

aproveitar o que l&e seria importante - pro+etor é um su+eito que no aprende com a vida e com a

e7peri4ncia dos outros, pois no en7erga o outro como ele é de fato oga seus defeitos para os outros

:;

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responsabili'ando%os por tudo o que est2 errado $odem assumir uma posio de vítima da sociedade

Estas pessoas precisam, antes de mais nada, se en7ergar #e identificar com seus aspectos bons e

também maus #aber quem so e se aceitar, pois dei7aro de +ogar para os outros a responsabilidade

 por suas atitudes sem um propósito Talve' precisassem se livrar de um e7cesso de culpa que tentaram

l&e impor !icaram ensaiando como ser alguém e aprisionaram o mundo como uma mera pro+eo dassuas suposi1es e verdades Enquanto na intro+eo o su+eito se dei7a invadir pelas demandas do

mundo, na pro+eo ele é que invade aos outros e ao meio $odem ser pessoas do tipo meio ?entro ou

folgadas 6aquelas que saem resolvendo pelos outros pois pensam que sabem tudo o que os outros

 precisam Pa realidade, estas pessoas nunca sabem o que elas mesmas sentem ou precisam ogam

 para fora a si mesmas esva'iando%se e tornando%se desidentificadas

Confluência % Pos mecanismos neuróticos vistos acima as fronteiras de contato entre o eu e o mundo

so estendidas, ora retraindo o limite do eu )intro+eo*, ora invadindo o limite para com o meio

e7terno )pro+eo* Peste outro mecanismo, os limites entre o mundo e7terno e o eu tendem a

desaparecer, so anulados S um mecanismo de fuso pelo qual duas pessoas ?embolam%se tornando%

se uma massa disforme onde fica difícil distinguir quem é um e quem é o outro A conflu4ncia é

freq/ente entre familiares, principalmente casais $essoas confluentes sempre falam na primeira pessoa

do plural )nós* e usam frases comeadas com a gente Enquanto o intro+etor tem dificuldade de se

 perceber e o pro+etor no percebe os outros, os confluentes nem se percebem, nem percebem o outro

separadamente S um mecanismo natural em momentos de intensa entrega afetiva, onde as barreiras podem ser momentaneamente rompidas Po orgasmo a conflu4ncia é natural Em momentos

transcendentais alcanados pela meditao ou por rituais religiosos de iluminao &2 uma fuso

esperada entre a realidade do su+eito e o conte7to Po entanto, a conflu4ncia é perniciosa pela

 prolongao que leva a perda de identidades separadas 9sto pode ocorrer em outros tipos de rela1es

doentias tais como os fanatismos religiosos ou políticos, onde no e7iste separao entre o que o

indivíduo sente ou pensa e os padr1es impostos >ai além da intro+eo pois o su+eito passa a viver a

vida do outro como sendo a sua própria ) vide os atentados terroristas recentes onde os su+eitos

aniquilam suas próprias vidas por uma causa* Todos nós passamos por uma etapa do

desenvolvimento psicológico de conflu4ncia, como recém%nascidos, onde ainda no discriminamos

entre o que é o eu e o que é o fora Talve' o processo de separao entre o beb4 e a me ten&a sido

vivido de um modo por demais doloroso para o confluente que ele busque construir outras rela1es na

vida onde possa e7perimentar este sentido de fuso novamente Po trabal&o terap4utico as etapas so

C0

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semel&antes as etapas naturais do processo de separao do beb4 Este indivíduo precisa construir uma

confiana total no outro para acreditar que no ser2 abandonado ou largado sem defesas no mundo

Em paralelo precisa solidificar seus próprios suportes para acreditar que é vi2vel manter%se so'in&o

sem maiores riscos de comprometimento A partir daí construir2 um senso de identidade, onde alterna

a sua percepo entre o que é seu e o que é o outro )ou o meio* 8omo todos os outros mecanismosneuróticos a conflu4ncia implica sempre em uma perda de discriminao - confluente precisa tornar%

se uma pessoa autFnoma e permitir que as pessoas que o rodeiam também o se+am, sem que para isto

 precise se desintegrar As fantasias do confluente so desta ordem fantasias de que ser2 aniquilado

com a separao do outro

Retroflexão % na retrofle7o o su+eito volta a ao, que seria para ser e7ercida no meio, para si

mesmo Ele fa' consigo mesmo aquilo que, na realidade, gostaria de estar fa'endo com alguém S um

mecanismo neurótico socialmente esperado pois, infeli'mente, nem sempre podemos agir do modo

como gostaríamos Muitas ve'es precisamos conter impulsos que surgem por no serem adequados

!a' parte do processo educacional saud2vel aprender a refrear a1es, vide o e7emplo da criana que

 precisa receber limites ao invés de bater, 7ingar, agredir aos outros sempre que tem vontade Po

entanto, quando o su+eito perde o controle deste mecanismo, ele passa a se auto%agredir

constantemente, sem que ten&a consci4ncia do que est2 fa'endo consigo mesmo Este mecanismo é

típico de pessoas com tend4ncia a apresentarem quadros psicog4nicos, as c&amadas ?somati'a1es

de que nos referimos popularmente Estas pessoas esto de fato adoecendo, causando viol4ncias aosseus próprios organismos por uma impossibilidade de e7presso do que sentiram em determinadas

situa1es onde o contato com o meio causou%l&es ansiedade S como se o corpo deste su+eito

?e7plodisse a partir de tantas conten1es que l&e foram impostas )esta e7ploso é, com freq/4ncia,

literal, ocasionando erup1es cutKneas, fortes en7aquecas, diarréias e outros quadros que sugerem um

e7trava'amento da energia física contida* Estas pessoas, durante o trabal&o terap4utico, comeam a

 perceber o grande medo que tem de e7plodirem psicologicamente caso comecem a dei7ar sair o que

contiveram durante toda a vida As fantasias so as de que seriam capa'es de matar alguém, espancar,

etc 9sto pode até acontecer de fato, caso os impulsos agressivos fiquem permanentemente contidos sem

que a pessoa tome consci4ncia de que tipo de viol4ncia causou a si mesma )ve+a os e7emplos, também

 bastante atuais, de matadores em série e de pessoas, aparentemente normais que um belo dia cometem

atrocidades inimagin2veis* 8om certe'a, esta represso e7agerada foi gerada a partir de uma demanda

inicial e7cessivamente rígida por parte dos outros $ode ser conseq/4ncia de um processo educacional

C:

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severo demais, onde a criana desde cedo aprendeu que no deve manifestar o que sente e se conter

Estas pessoas evidenciam fortes tens1es musculares )ombros e pescoos rígidos principalmente* e tem

uma profunda dificuldade de fa'er contato com as sensa1es de pra'er no seu corpo $ara se conter

 precisaram aprender a se segurar e a se des%sensibili'ar Muitas ve'es percebe%se uma fLria contida no

ol&ar destes su+eitos e uma mandíbula e7cessivamente presa, endurecida - trabal&o com estesindivíduos é um trabal&o de afrou7amento, tanto do corpo físico, quanto dos rígidos padr1es de

censura Esta pessoa precisa mostrar aos poucos sua insatisfao, sua discordKncia e ir liberando

vagarosamente esta enorme agressividade aprisionada, até gan&ar confiana de que no precisa ter uma

atitude de radical viol4ncia que possa ameaar a integridade física de outras pessoas ou a sua própria,

 para poder ento afrou7ar um pouco suas amarras - resgate do pra'er como um processo natural e

merecido do organismo é essencial para que o quantum de energia represada no se torne em uma

 bomba )auto ou &etero e7plosiva*

eflexão % apesar de no ter sido inicialmente comentado por $erls, este é um mecanismo neurótico

que muitos autores da abordagem gest2ltica do destaque Assim como todos os outros mecanismos

neuróticos acima descritos, a defle7o tem a inteno de interromper o contato entre o ser e o seu meio

S um mecanismo que busca esva'iar este contato, escapar dele através de a1es mecKnicas e

impensadas Também no podemos descrever a defle7o como pre+udicial em si, pois, como +2

afirmamos anteriormente, nem todo contato é saud2vel ou suport2vel em determinados momentos

6efletir um pouco fa' parte de um mecanismo de auto%proteo A defle7o permite que uma dosee7agerada de ansiedade possa ser um pouco liberada Uma boa camin&ada ou um pouco de e7ercício

físico em situa1es de e7trema tenso no so por si ruins Acender um cigarro, comer alguma coisa,

falar qualquer besteira meio sem sentido, so todas e7peri4ncias perfeitamente compreensíveis Po

entanto, a pessoa que apela para a defle7o e7ageradamente pode se tornar uma pessoa superficial ou

fLtil, que nunca mergul&a nas suas emo1es mais profundas e fica sempre na superfície nos

relacionamentos sociais S típico daquela pessoa que fala demais sem nada a di'er, ou daquela que no

 para quieta e est2 sempre fa'endo alguma coisa ou ento daquela que mergul&a em atitudes

compulsivas como o alcoolismo, a droga %adico, a glutonice ou até o se7o em e7agero -utra

modalidade de defle7o, bastante presente no momento atual, é o consumo desenfreado de bens

materiais S a cultura do fetic&e, +2 prevista e descrita por Mar7, onde o mundo é transformado em

enorme depósito de coisas que esto aí para nos satisfa'er e nos recompensar pelas vicissitudes do

e7ercício do cotidiano Todos os nossos contatos com o mundo so ef4meros e provisórios pois uma

CC

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insatisfao interna imensa nos fa', cada ve' mais, buscar mais e mais coisas para nos entupir e nos

livrar da angLstia Hemetendo%nos ao pensamento e7istencialista, lidar com a própria angLstia é o que

dignifica o ser e o possibilita evoluir e ir além dos limites impostos - defle7or no ousa correr o risco

de tentar romper os limites, ele sempre esva'ia o contato antes que a necessidade torne%se aDareness

$ensando no ciclo do contato proposto )que vai da sensao a satisfao da necessidade* esta pessoa parte da sensao direto para a ao, ela no permite que a aDareness acontea e que o flu7o de

equilibrao se instaure no organismo

! teoria "o self em #estalt

  $ensando nos mecanismos neuróticos apresentados acima, estar saud2vel é saber o que somos e o

que no somos a cada momento, é distinguir o eu do resto do campo $ara isto é necess2rio estar

&olisticamente integrado e aDare, tornando fluido e permanente o processo de auto%regulao

organísmica pelo qual a formao e destruio de gestalten é uma constante Peste processo, o self é

nossa ess4ncia - self é o processo em si, pelo qual avaliamos as possibilidades de contato no campo,

condu'indo a ao para a busca do fec&amento daquela necessidade do organismo que emergiu -s

níveis físico, emocional e cognitivo so manifesta1es diferentes da atividade do self A fronteira de

contato é o ponto onde a diferenciao ocorre S na fronteira de contato que o outro e o self se

encontram - self é um sistema que acontece através dos contatos que ocorrem entre o eu e o meio A

 principal atividade do self é, portanto, a+ustar as demandas do eu as possibilidades e7istentes no meio

 para satisfa'4%las - self no é uma instKncia fi7a, mas sim um sistema interacional euOmundo Po self

as fun1es perceptivas, motoras e cognitivas so integradas visando a &armonia do ser Pa neurose &2

uma inibio das fun1es do self e7emplificada pelos mecanismos neuróticos relacionados acima -

self é espontKneo, podendo funcionar de modo mais passivo ou mais ativo de acordo com as

características de cada situao específica $erls inicialmente descreveu o ego, o id e a personalidade

como fun1es do self @o+e em dia é muito rara a descrio do funcionamento do ser usando estas

categorias dentre os autores da Gestalt terapia $rivilegia%se a compreenso do self como um processode estabelecimento de contato, identificao de necessidades e ao no meio de modo uníssono e

&armFnico

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Page 24: Manual Básico de Gestalt Terapia

8/12/2019 Manual Básico de Gestalt Terapia

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Re2er3ncias #iblio(r2icas

JUH-, - #8@EH$$, Gestaltpedagogia um camin&o para a escola e a educao #o $auloW

  #ummus, :;Q:!AGAP, Z M Gestalt%Terapia Teoria, Técnicas e Aplica1es Hio de aneiroW Ia&ar, :;R:

G9PGEH, # Z A Gestalt Uma Terapia do 8ontato #o $auloW #ummus, :;QR

$-(#TEH, E Z M Gestalt Terapia 9ntegrada Jelo @ori'onteW 9nterlivros, :;R;

$EH(#, ! A Abordagem Gest2ltica e Testemun&a -cular da Terapia Hio de aneiroW Ia&ar, :;RR

$EH(#, ! @E!!EH(9PE, H G--6MAP, $ Gestalt Terapia #o $auloW #ummus, :;;R

$-P89AP-, Gestalt TerapiaW Hefa'endo um 8amin&o #o $auloW #ummus, :;Q5

H-6H9GUE#, @ 9ntroduo 3 Gestalt Terapia $etrópolisW >o'es, C00:

TE((EGEP, T Gestalt e Grupos #o $auloW #ummus, :;QB