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João Vítor Rocha1
Gerson de Marco2
Resumo: O surgimento de problemas patológicos em uma edificação está relacionado a
diversos fatores, acabando por desencadear em anomalias na mesma. As patologias
ocasionadas pela presença de umidade são as mais frequentes nas edificações e, contribuem
consequentemente para a ocorrência de outras patologias. Para realização deste artigo foi
realizado um levantamento bibliográfico em banco de dados Scielo, Sites, Livros e Manuais
Técnicos. Conclui-se através do estudo que as patologias causadas pela umidade são de difícil
controle, pois, a umidade nos materiais construtivos origina e abre caminhos para outros tipos
de patologias na edificação. Desta forma, deve priorizar um maior estudo de medidas
preventivas em relação à umidade já na fase do pré-projeto, desde os matérias até os sistemas
de construção utilizados, para obtenção de uma maior durabilidade das edificações, evitando
que patologias de umidade venham a danificar todo o patrimônio. sendo a prevenção em fase
inicial do projeto o melhor método de controle e prevenção da umidade.
Palavras-chave: Patologia. Construção Civil. Umidade.
PATHOLOGY IN CIVIL CONSTRUCTION IN RELATION TO MOISTURE
Abstract: The appearance of pathological problems in a structure is related to several
factors, eventually triggering in building anomalies. The pathologies caused by the presence
of moisture are the most frequent in the buildings and, consequently contribute to the
occurrence of other pathologies. For the accomplishment of this article was carried out a
bibliographical survey in database of Scielo, Sites, Books and Technical Manuals. It is
concluded through the study that the pathologies caused by humidity are difficult to control,
because the moisture in the building materials originates and opens paths to other types of
pathologies in the building. In this way, it should prioritize a greater study of preventive
measures in relation to humidity already in the pre-design phase, from the materials to the
construction systems used, to obtain a greater durability of the buildings, avoiding that
humidity pathologies will damage all equity. being the prevention in the initial phase of the
project the best method of control and prevention of humidity.
Key-words: Pathology. Construction. Moisture.
1 Graduando do Curso de Engenharia Civil da Universidade de Araraquara- UNIARA. Araraquara-SP. E-mail:
2 Orientador. Docente Curso de Engenharia Civil da Universidade de Araraquara- UNIARA. Araraquara-SP. E-
mail: [email protected]
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM RELAÇÃO COM A
UMIDADE
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INTRODUÇÃO
A ciência da patologia das construções pode ser entendida como o ramo da engenharia
que estuda os sintomas, causas e origens dos vícios construtivos que ocorrem na construção,
visando prevenir a ocorrência de problemas patológicos.
De acordo com diversos estudos, as patologias ocasionadas pela presença de umidade
são as mais frequentes nas edificações e além dos problemas de umidade como as infiltrações,
tais patologias, contribuem consequentemente muitas vezes na ocorrência de outras
patologias.
Os problemas de umidade quando surgem nas edificações, sempre trazem um grande
desconforto e degradam a construção rapidamente, sendo suas soluções de reparo
consideradas caras.
Diversas são as prevenções que devem ser tomadas desde o início do projeto, como, a
escolha de materiais empregados e os tipos de sistemas construtivos utilizados, que podem
evitar o surgimento de patologias relacionadas à umidade.
Sendo assim, é primordial controlar todo o processo no canteiro de obras, afim de
priorizar a qualidade da matéria prima utilizada nas construções e os processos construtivos
em si, fazendo com que não se torne comum o surgimento de fenômenos patológicos nas
edificações.
Devido a importância do conhecimento de Patologias das Edificações ser
indispensável para todos que trabalham na construção, desde um operário até o engenheiro e o
arquiteto, este trabalho propõe realizar um estudo específico sobre as causas e origens das
patologias ocasionadas pela umidade, afim de identificar as suas formas de infiltração e quais
os métodos corretivos que devem ser empregados para solucioná-las.
É primordial a conscientização de medidas preventivas para que não ocorram esses
problemas, pois, além das prevenções protegerem e garantirem uma vida útil maior para a
estrutura, elas poupam muitos gastos desnecessários futuros, como os de reparos dos danos,
que chega a ser maior que o de uma prevenção planejada.
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1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1. Patologias na Construção Civil
Os fenômenos patológicos geralmente apresentam uma manifestação externa
característica, a partir da natureza, da origem e dos mecanismos dos fenômenos envolvidos. E
dependendo da manifestação são frequentemente ignorados, seja no projeto, na execução ou
na utilização (HELENE, 2003)
Os problemas patológicos de maior gravidade nas estruturas em concreto armado são a
corrosão da armadura do concreto, as flechas excessivas das peças estruturais e as fissuras
patológicas nestas.
No que tange as fundações, existe falha de investigações geotécnicas adequadas,
interpretação equivocada de dados coletados por meio de ensaios, avaliação incorreta de
valores de esforços atuantes na estrutura, tensão admissível do solo inadequada, má execução
por imperícia e falta de treinamento da mão de obra, ocasionando danos em arquiteturas,
danos funcionais e danos estruturais (DO CARMO, 2003).
Quanto aos danos em revestimentos, de acordo com Do Carmo, são diversos fatores
dentre eles, a má proporção do traço, falta de técnica e cuidados na execução, e, má qualidade
dos materiais utilizados na argamassa.
Quanto às patologias nas impermeabilizações, podemos citar a corrosão de
componentes de aço da edificação, a degradação de elementos de gesso e forros, elementos de
argamassa desagregados devido à perda da característica aglomerante do cimento e
eflorescências causadas por gotas provenientes de acúmulos de água, crescimento de
vegetação e formação de vesículas.
Já as manifestações em alvenaria, à eflorescência é uma das maiores causas, porém,
não compromete a estrutura (CORRÊA, 2010).
2. RESULTADOS
2.1. Manifestações Patológicas em Relação à Umidade
2.1.1. Origens
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A umidade pode se manifestar em diversos elementos das edificações, como: paredes,
pisos, fachadas, elementos de concreto armado, entre outros, sendo considerados os defeitos
mais comuns na construção civil (SOUZA, 2008).
De acordo com Silva et. al. (2013), o fenómeno patológico de umidade mostra-se com
o aparecimento de um teor de água que excede o que é desejado em um revestimento.
ORIGEM
Umidade de construção
Umidade por Precipitação
oriunda das chuvas
Umidade trazida por
capilaridade
Umidade acidental resultante
de vazamento de redes de água
e esgotos
Umidade de condensação.
Figura 1. Origem de Umidade nas Edificações. Fonte: De Souza (2008)
A umidade proveniente da execução da construção são características provenientes das
águas utilizadas para concretos e argamassas, pinturas, entre outros (SOUZA, 2008).
De acordo com Souza (2008), quando a umidade é trazida por capilaridade, ela ocorre
nos baldrames das construções devido as condições do solo úmido em que a estrutura da
edificação foi construída, devido à ausência de obstáculos que impeçam a progressão da
umidade e de acordo com a utilização de materiais porosos (tijolos, concreto, argamassas,
madeiras, blocos cerâmicos) que apresentam canais capilares, permitindo que a água ascenda
do solo e penetre no interior das edificações conforme figura:
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Figura 2. Capilaridade. Fonte: Pozzobon, 2007.
Segundo Righi (2009), quando a umidade é trazida pela chuva, ela passa de uma área
para outra através de trincas em divisórias que as separam.
Figura 3. Ação das Águas da Chuva. Fonte: Ferraz (2016)
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Quando a umidade advém da condensação, ela ocorre através do de vapor d’água
presente no ambiente sobre a superfície de um elemento construtivo deste ambiente (SILVA,
ET. AL, 2013).
Figura 4. Umidade de condensação em janela. Fonte: Silva et. al (2013)
De acordo com os autores, a produção intensa de vapor faz com que ocorra
rapidamente atingido o limite de saturação, originando a condensação superficial nos
constituintes das estruturas.
De acordo com Silva et. al (2013), quanto as umidades acidentais, provenientes aos
vazamentos de redes de água e esgoto, destacam-se as que são o resultado de rupturas de
canalizações, nas redes de distribuição de água, nos esgotos ou devido a infiltrações nas
paredes de água proveniente da cobertura, como o entupimento de calhas.
2.1.2. Falta de Impermeabilização
De acordo com estudo realizado por Hussein (2013), afim de garantir a viabilidade
econômica e a durabilidade da construção, é necessário considerar o projeto de
impermeabilização da obra, quais produtos utilizar e em quais locais são importantes a
realização desse serviço.
De acordo com o autor, as patologias consequentes da falha ou ausência da
impermeabilização são resultado do excesso de umidade em edifícios, podendo causar:
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Umidade de infiltração, Umidade ascensional; Umidade por condensação; Umidade de obra e
Umidade acidental.
Apesar dos estudos realizados, do surgimento de tecnologias
que inovaram os produtos que são utilizados e da obrigatoriedade do
projeto de impermeabilização, pode-se afirmar que a
impermeabilização não está presente em todas as obras, pois não é
vista como viável economicamente, já que na maioria das vezes,
recebe algum tipo de revestimento, até por questão de estética, o que
a torna invisível depois do término da execução da obra. Além disso,
por não ter função estrutural, acaba sendo menosprezada, e, na visão
comum do consumidor, se torna algo dispensável (HUSSEIN, 2013,
PAG 10).
Em estudo realizado por Hussein (2013), a fim de analisar algumas das causas dos
problemas relacionados a falta de impermeabilização, foi constatado que a falta de
impermeabilização em alguns banheiros causaram patologias em torno dos ralos, onde os
mesmos sofrem exposição frequente à umidade e contato com o piso ou contra-piso, o que,
sem uma adequada proteção, acabam se deteriorando.
Figura 5. Região em torno do ralo apresentando problemas por falta de impermeabilização.
Fonte: Houssein (2013)
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Segundo Baroni (2015) a impermeabilização de áreas molhadas dos imóveis
representa de 1% a 3% do orçamento total da obra, embora o custo possa chegar a dobrar ou
até mesmo triplicar quando há necessidade de correções ao fim da construção.
2.2. Danos
De acordo com Dourado (2019), quanto aos danos causados por umidade, de acordo
com estudos, podemos identificar mofo e bolor, manchas, fissura, eflorescência, deterioração
de estrutura, conforme figura:
Figura 6. Danos da Umidade em edificações. Fonte: (Dourado, 2019)
2.2.1. Eflorescência
Quanto a umidade trazida pela eflorescência, está relacionada com 3 fatores que
devem ocorrer em conjunto para que aconteça como, o teor de sais solúveis presentes nos
materiais ou componentes, com a presença de água ou umidade e com a pressão hidrostática
que faz com que a migração da solução ocorra, indo para a superfície (SOUZA, 2008).
Quando a presença de água é causada pela eflorescência, é devida a utilização de
blocos, placas e argamassas que possuem vazios e cavidades.
Em estudo realizado por Zucheti (2015), apontou a ocorrência de eflorescências na
pintura interna e externa do edifício estudado, com o aparecimento de manchas
esbranquiçadas na superfície da pintura, que ocorrem quando a estrutura é submetida a
elevados teores de umidade externa e interna, fazendo o concreto reagir liberando álcalis e
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consequentemente aumentando os níveis de alcalinidade na peça, gerando assim a formação
das manchas.
2.2.2. Manchas
As manchas podem se apresentar com colorações diferenciadas, como marrom, verde
e preta, entre outras, conforme a causa. Os revestimentos frequentemente estão sujeitos à ação
da umidade e de microrganismos, os quais provocam o surgimento de algas e mofo, e o
consequente aparecimento de manchas pretas ou verdes. As manchas marrons, geralmente,
ocorrem devido à ferrugem. (BAUER, 2008).
2.2.3. Fissuras
Segundo Gonçalves (2015), fissuras podem ser definidas como aberturas que afetam a
superfície do elemento estrutural, facilitando a entrada e ação de agentes agressivos. Esse tipo
de patologia pode surgir após anos de uso, dias, ou até mesmo horas, e suas causas são das
mais variadas, assim como seus diagnósticos
Em estudo realizado por Zucheti (2015), com o objetivo descrever os problemas
patológicos mais comuns em um edifício corporativo de administração pública no Vale do
Taquari, Rio Grande do Sul, foi constatado a umidade como principal fator de patologia do
edifício estudado, na maioria em forma de fissura.
De acordo com os estudos de Zucheti, as patologias da edificação investigada se
apresentaram em sua grande maioria na forma de fissuras e causadas pela umidade excessiva
à umidade excessiva existente no solo e das águas pluviais presentes no edifício estudado,
conforme visitas técnicas e relato do responsável técnico pela execução da obra, foi
ocasionado pela falta de manutenção adequada e limpeza frequente das áreas atingidas pela
chuva ou pelas próprias características de implantação da edificação (orientação solar, teor de
umidade do solo etc.).
De acordo com o estudo, a desagregação do concreto da cinta de amarração da
alvenaria causou a exposição das barras de aço da armadura, sendo apontada como a principal
causa, a penetração de água pelas fissuras deixando o nível de fissuração bastante acentuado.
2.2.4. Mofo e Bolor
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Segundo Ferraz (2016), o mofo e o bolor são patologias causadas por fungos que
deterioram os locais afetados, ocorrendo, geralmente, em ambientes úmidos e sujeitos a
infiltração.
De acordo com estudos realizados por Andrade (2016) como objetivo de analisar
manifestações patológicas causadas pela umidade em uma edificação na cidade de Palmas –
TO foram identificados inúmeros pontos de manchas de água no forro provenientes de
instalações hidráulicas como podemos observar na figura:
Figura 7. 1- Mancha d'água; 2 - Bolsão de acúmulo de água, 3- Destacamento de revestimento.
2.3. Prevenção e Correção
De acordo com estudo realizado por Placeres (2017), referente a três imóveis
residenciais, possuidores de problemas ocasionados através da umidade, observou-se que as
prevenções que poderiam ter sido tomadas como:
• O estudo do solo;
• Aplicado os sistemas de impermeabilização;
• Aplicado os sistemas de drenagem;
• Realizar um projeto hidráulico, obtendo os dimensionamentos adequados das
peças da tubulação para cada ambiente;
• Realizar uma projeção correta do telhado; uma atenção maior com as telhas e
suas interfaces (quando houver) e com o uso de materiais construtivos pouco permeáveis.
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Quanto a correção de Eflorescência ou bolores, deve-se:
• Usar uma escova de aço para limpar o local, lavando com bastante água
abundante. O tratamento de bolores, em casos mais graves, para se retirar o mofo das paredes:
• Verificar vazamentos ou infiltrações. Caso não houver infiltrações é preciso
retirar apenas a camada de pintura e passar produto impermeabilizante;
• Em lugares com surgência de mofos é preciso lavar o local e tratá-lo com
produtos desinfetantes, impedindo a proliferação desses fungos (ANDRADE ET. AL. 2016,
Apud UEMOTO,1988)
Segundo Soares (2014), o sistema de impermeabilização é de extrema importância
para a durabilidade da edificação, já que a água é sabiamente dos agentes mais agressivos
para as estruturas.
Roque (2006), destaca a umidade ascendente trazida por capilaridade presente nas
alvenarias, sendo esta originada na absorção da água existente no solo através de elementos
construtivos, como fundações, vigas de baldrame e lajes térreas. De acordo com o autor, é
importante que se escolha adequadamente os materiais que serão utilizados e as técnicas de
drenagem.
De acordo com Salomão (2012), existem diferentes métodos para o tratamento da
umidade ascendente, nas quais o autor destaca como mais importante:
• Impedir a ascensão da água nas paredes visando rebaixar o nível freático, isso
pode ser conseguido com diferentes métodos;
• Retirar a água em excesso das paredes através de eletrodos magnéticos;
• Realizar a criação de barreiras físicas ou químicas, nas paredes, entre outros.
De acordo com estudo de Andrade et. al (2016), as figuras abaixo demonstram várias
fissuras na edificação em estudo.
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Figura 8. 1- Fissura no forro e parede; 2 - Preenchimento de fissuras; Figura 3 - Fissura no forro, Figura 4
- Fissura radial na parede.
Algumas figuras com manchas de água indicam infiltração no forro, percorrendo toda
a fissura vertical na parede. Para os autores, a correção deve ser realizada da seguinte forma:
• O uso da tela metálica, para auxiliar a argamassa. Apesar das origens das
fissuras serem diversas, geralmente elas são recuperadas do mesmo modo, que inclui a
abertura das mesmas;
• Verificação de vazamentos em tubulações hidráulicas próximo ao local. A
abertura deve ser limpa com material que estanqueie o revestimento em volta da mesma,
deve-se esperar a secagem total da região;
• Aplicar argamassa flexível, recuperando o local e prevenindo problemas
semelhantes.
De acordo com Andrade (2016), para correção de vazamentos das instalações
hidráulicas, é preciso:
• Identificar os pontos das instalações hidrossanitárias que estão ocorrendo
vazamentos;
• Identificar o motivo do problema e estudar métodos para solucioná-lo;
• Reparar o local com a patologia.
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De acordo com, a autora, o reparo são muito trabalhosos e de difícil manutenção, pois
se a instalação for interna será preciso cortar os pontos atingidos para recuperar.
Em estudo realizado por Belém (2011) afim de identificar patologias referente a
umidade em uma residência em Juazeiro do Norte- CE, constatou que a residência
apresentava patologias de umidade resultantes de três fatores:
• Grande concentração de água presente no solo e ausência de um sistema de
impermeabilização;
De acordo com o autor, a umidade do terreno é absorvida pela fundação da residência
e repassada por capilaridade para um nível acima do piso.
De acordo com a figura, a patologia causada pela umidade pode ser vista em quase
todo o perímetro horizontal na parte inferior da alvenaria lateral, tendo como consequência a
destruição do reboco:
Figura 9. Estufamento da pintura e a desagregação dos materiais empregados na edificação.
Fonte: (Belém, 2011).
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• Vazamento na rede hidráulica;
De acordo com o autor, a umidade acidental é decorrente de umidade de infiltração
resultante de um vazamento na tubulação de água, uma vez que existe no referido local a
presença do registro geral da residência.
Figura 10. Manchas na Alvenaria Recorrente ao Vazamento da rede hidráulica. Fonte: (Belém, 2011)
• Existência de goteira no telhado; provocando, desta forma, infiltrações no forro e
produzindo manchas na pintura de acordo com figura.
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Figura 10. Manchas Recorrente a infiltração no forro. Fonte: (Belém, 2011)
Segundo o autor, foi descartada a existência de alguma tubulação embutida da rede
hidráulica, uma vez que esta poderia ocasionar um vazamento acidental danificando o forro e
a alvenaria, eliminando desta forma a hipótese de a umidade ser decorrente de um vazamento
no sistema de abastecimento que distribui água para toda a residência.
Como medidas preventivas em relação à umidade proveniente ao vazamento de rede
hidráulica, o autor sugere a utilização de materiais de maior resistência e durabilidade, mesmo
que eles tenham um valor oneroso em relação aos demais, e a contratação de profissionais
capacitados para garantir uma melhor execução do projeto.
Quanto a prevenção de infiltrações recorrente ao vazamento de cobertura, o autor
relata a importância de observar no telhado a necessidade e o dimensionamento correto da
calha, seja ela confeccionada de zinco, PVC ou qualquer outro material empregado para o
escoamento de água das precipitações pluviométricas.
De acordo com o estudo, o autor pontua a necessidade da aplicação de um sistema de
impermeabilização, a fim de evitar a passagem de umidade para as alvenarias de tijolos,
podendo ser utilizado um impermeabilizante a base de primer e manta asfáltica; e em seguida,
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o selecionar o material a ser empregado na execução das fundações e das cintas de
impermeabilização.
Estudo realizado por Schönardie (2009) relata outra manifestação importante, o
desagregamento (lixiviação) da pintura, causando além de sujeira e manchas, prováveis riscos
à saúde, já que o problema ocorre em um dormitório.
De acordo com o autor, esta manifestação tem origem pela reação química nos sais
presentes na alvenaria, provocada pela umidade ascendente do solo, por causa do contato da
viga de fundação com o solo, como pode ser visto na figura:
Figura 11. Desagregamento do reboco. Fonte: (Schönardie, 2009)
De acordo com o autor, os tratamentos indicados podem ser realizados conforme a
atuação da infiltração ou umidade, no quais o autor cita:
• Aditivo Hidrófugo: Vigas de fundação, paredes, contrapisos, argamassa de
assentamento (evita umidade ascendente), reservatórios.
• Aditivo Hidrorepelente: Fachadas, paredes externas.
• Argamassa Polimérica (Impermeabilizante): Reservatórios, piscinas, subsolos,
paredes internas e externas, pisos, pedras naturais antes do assentamento (evita
eflorescências).
• Cristalizante: Rodapés (evita umidade ascendente), paredes em subsolo (evita
infiltração por lençol freático-pressão negativa).
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• Manta Asfáltica de alta performance – Lajes, coberturas, piscinas.
• Manta Asfáltica à base de asfalto modificado – lajes, piscinas.
• Manta Asfáltica anti-raiz: floreiras, contra-piso e paredes em contato com o solo.
• Manta Asfáltica aluminizada: áreas expostas e sem trânsito: lajes inclinadas,
coberturas, marquises.
• Manta Asfáltica à base de asfalto modificado com polímeros: lajes, contra-piso,
terraços, varandas, baldrames, lavabos, banheiro, cozinha, lavanderia.
• Tinta betuminosa: proteção de superfícies de concreto, alvenaria, madeira e
metálicas, baldrames, fundações, paredes em contato com o solo.
• Membrana Polimérica: lajes de cobertura, marquises, sheds, lajes, terraços, calhas,
baldrames, paredes em contato com umidade, rodapés, floreiras, piscinas.
• Membrana asfáltica elastomérica: lajes, floreiras, marquises, pisos, terraços calhas,
baldrames, piscinas.
• Membrana acrílica: lajes, marquises.
• Membrana de poliuretano: lajes, floreiras, marquises, pisos, terraços, calhas,
baldrame.
• Resina termoplástica: piscina, reservatório,
• Emulsão Asfáltica: Lajes, pisos, baldrames.
• Emulsão acrílica: Lajes, pisos, paredes, calhas
De acordo com o autor, as soluções são apenas indicativas, ou seja, não é determinado
que esta seja a melhor ou única solução para o problema a ser tratado.
Quanto a impermeabilização de ralos, segundo Righi (2009), deve-se seguir as
seguintes etapas:
Rebaixar a região em torno do ralo para executar o reforço de impermeabilização,
devendo esta estar aderida à face interna do ralo afim de evitar que a água succionada por
capilaridade passe para baixo da camada impermeabilizante:
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Figura 12. Etapas de Impermeabilização em ralos. Fonte: Righi (2009)
Segundo Baroni (2015) a impermeabilização de sanitários tem um custo baixo, mas, se
malfeita, pode criar problemas bem maiores para os construtores. Para o autor, devem-se
atentar as etapas:
Certifique se a impermeabilização está sendo executada de acordo com o projeto.
b) Verifique se a regularização do piso com argamassa tem caimento em direção aos
ralos de, no mínimo, 1% de inclinação.
c) Veja se os ralos possuem os reforços de mantas de poliéster - Examine se o rodapé
possui camada impermeabilizante de, no mínimo, 20 cm ao redor das paredes, reforçados com
mantas de poliéster.
d) Averigue se as paredes do box tiveram impermeabilização até ao menos 1,60 m.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A água sempre foi um dos fatores principais de desgaste e depreciação das
construções, sendo as patologias causadas pela umidade, as de difícil controle, pois, a
umidade nos materiais construtivos origina e abre caminhos para outros tipos de patologias na
edificação.
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Segundo o estudo, problemas de infiltrações, umidade e vazamentos, tornam-se
condenáveis. Devido suas implicações aos usuários como o desconforto e problemas de
saúde, principalmente os de origem alérgica. Além do agravante estético ocasionado por essas
patologias, levando a depreciação da edificação.
Conclui-se que a construção civil ainda enfrenta diversos problemas referentes a
patologias nas edificações, mesmo tendo apoio a novas tecnologias e novas práticas e
conhecimentos. Desta forma, o melhor controle é a prevenção, com um bom
dimensionamento das tubulações, utilização de material de qualidade e mão de obra
especializada.
Cabe ressaltar que é imprescindível também que se dê atenção a impermeabilização,
deixando a obra mais segura de patologias futuras, verificando os detalhes construtivos afim
de que sejam executados perfeitamente.
Quanto a conduta de recuperação, deve-se levar em conta as causas do problema afim
de reduzir ou cessar a patologia detectada, sendo elas fundamentadas em medidas preventivas
e solução corretiva escolhida como fator chave.
Desta forma, o estudo presente alcançou o objetivo proposto, o de conhecer as
manifestações patológicas, as origens dos problemas; os agentes causadores dos problemas e
as medidas preventivas da patologia de umidade, afim de obter maior conscientização e
garantirem uma vida útil maior para a estrutura, poupando muitos gastos desnecessários
futuros, como os de reparos dos danos, que chega a ser maior que o de uma prevenção
planejada.
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