manguesia - a poesia da lama jefferson f. wesolowski · homem, criança, caranguejo ou lama, não...

118
Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski 1

Upload: nguyenkhue

Post on 25-Jan-2019

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

1

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

2

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

3

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

4

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

5

Manguesia A Poesia da Lama

Jefferson Ferreira Wesolowski

2012

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

6

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

7

“Fui no Mangue pegar lixo, catar Caranguejo, conversar com

Urubu!” Chico Science & Nação Zumbi

“Maternidade, Salinidade, Diversidade, Fertilidade, Produtividade: Mangue,

Mangue, Mangue, Mangue, Mngue...”

Mundo Livre S/A

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

8

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

9

Á todos envolvidos no Projeto Manguebit, desde o

início até os dias de hoje.

Á Chico Science e Toda Nação Zumbi, ao mundo

livre S/A.

Á Jusciane Pereira de Andrade, musa e inspiração.

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

10

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

11

Índice

Caranguejos com Cérebro.....................................13

Geografia da Fome................................................17

Emergindo.............................................................21

M.A.N.G.U.E........................................................23

Mangue Sempre....................................................25

Na Sombra.............................................................27

Mesmice................................................................29

Alho.......................................................................31

Carapaça................................................................37

Um Passo a Frente.................................................41

Urubuservando......................................................47

Vigor.....................................................................49

Um Dia..................................................................51

Crescendo com Coração........................................55

Sinta......................................................................59

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

12

Voltando................................................................61

Manguesia.............................................................63

Nação em Festa.....................................................64

Folhas....................................................................65

Doceira..................................................................69

Pelas Ruas.............................................................71

Undreground.........................................................73

Vamos Dançar (Manguebit a Cena)......................75

Absoluto................................................................79

Otário....................................................................81

Abordado..............................................................85

Minha História......................................................89

Sampler’s (Trocando uma idéia com Chico)........95

Quanto Vale uma Vida?........................................99

O Autor...............................................................113

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

13

CARANGUEJOS COM

CÉREBRO

(MANIFESTO I)

FRED ZERO QUATRO

O primeiro manifesto do Mangue, na íntegra e em

sua versão original de 1992.

MANGUE, O CONCEITO.

Estuário. Parte terminal de rio ou lagoa.

Porção de rio com água salobra. Em suas margens

se encontram os manguezais, comunidades de

plantas tropicais ou subtropicais inundadas pelos

movimentos das marés. Pela troca de matéria

orgânica entre a água doce e a água salgada, os

mangues estão entre os ecossistemas mais

produtivos do mundo.

Estima-se que duas mil espécies de

microorganismos e animais vertebrados e

invertebrados estejam associados à vegetação do

mangue. Os estuários fornecem áreas de desova e

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

14

criação para dois terços da produção anual de

pescados do mundo inteiro. Pelo menos oitenta

espécies comercialmente importantes dependem do

alagadiço costeiro.

Não é por acaso que os mangues são

considerados um elo básico da cadeia alimentar

marinha. Apesar das muriçocas, mosquitos e

mutucas, inimigos das donas-de-casa, para os

cientistas são tidos como símbolos de fertilidade,

diversidade e riqueza.

MANGUETOWN, A CIDADE

A planície costeira onde a cidade do Recife

foi fundada é cortada por seis rios. Após a expulsão

dos holandeses, no século XVII, a (ex)cidade

*maurícia* passou desordenadamente às custas do

aterramento indiscriminado e da destruição de seus

manguezais.

Em contrapartida, o desvairo irresistível de

uma cínica noção de *progresso*, que elevou a

cidade ao posto de *metrópole* do Nordeste, não

tardou a revelar sua fragilidade.

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

15

Bastaram pequenas mudanças nos ventos da

história, para que os primeiros sinais de esclerose

econômica se manifestassem, no início dos anos

setenta. Nos últimos trinta anos, a síndrome da

estagnação, aliada a permanência do mito da

*metrópole* só tem levado ao agravamento

acelerado do quadro de miséria e caos urbano.

MANGUE, A CENA

Emergência! Um choque rápido ou o Recife

morre de infarto! Não é preciso ser médico para

saber que a maneira mais simples de parar o

coração de um sujeito é obstruindo as suas veias. O

modo mais rápido, também, de enfartar e esvaziar a

alma de uma cidade como o Recife é matar os seus

rios e aterrar os seus estuários. O que fazer para

não afundar na depressão crônica que paralisa os

cidadãos? Como devolver o ânimo, deslobotomizar

e recarregar as baterias da cidade? Simples! Basta

injetar um pouco de energia na lama e estimular o

que ainda resta de fertilidade nas veias do Recife.

Em meados de 91, começou a ser gerado e

articulado em vários pontos da cidade um núcleo de

pesquisa e produção de idéias pop. O objetivo era

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

16

engendrar um *circuito energético*, capaz de

conectar as boas vibrações dos mangues com a rede

mundial de circulação de conceitos pop. Imagem

símbolo: uma antena parabólica enfiada na lama.

Hoje, Os mangueboys e manguegirls são

indivíduos interessados em hip-hop, colapso da

modernidade, Caos, ataques de predadores

marítimos (principalmente tubarões), moda,

Jackson do Pandeiro, Josué de Castro, rádio, sexo

não-virtual, sabotagem, música de rua, conflitos

étnicos, midiotia, Malcom Maclaren, Os Simpsons

e todos os avanços da química aplicados no terreno

da alteração e expansão da consciência.

Bastaram poucos anos para os produtos da

fábrica mangue invadirem o Recife e começarem a

se espalhar pelos quatro cantos do mundo. A

descarga inicial de energia gerou uma cena musical

com mais de cem bandas. No rastro dela, surgiram

programas de rádio, desfiles de moda, vídeo clipes,

filmes e muito mais. Pouco a pouco, as artérias vão

sendo desbloqueadas e o sangue volta a circular

pelas veias da Manguetown.

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

17

Geografia da Fome

Saiu de casa á correr, por que na dispensa não

tinha nada pra comer,

Foi ver, a procissão, o batuque da lata, na rabeira

do caminhão

A fala acelerada daquele que pregava.

Mesmo novo, ainda chié, já se emocionava.

Calma, que a noite tem zuada, foi-se o tempo

que não pagava nada

Que não pagava nada,

Tempos outros, tempo amarelo, agarrado á foice

e o martelo

Pra poder entrar, eo eo...

Tem que trabalhar, tem que trampar há há...

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

18

Tem que trampar há há...

Se diverte no baque virado, se diverte no baque

solto

Sobe o morro, quebrando o silêncio que precede

o esporro!

Camelou como camelô, anunciou

Gritando forte Macô.

Vai pro baile de periferia, com as asas de urubu

e seria agora um gabiru.

A volante persegue o macaco

Que se esconde no mocambo assustado

Vê a figura paterna do mulambo

Que sai na madrugada para o escambo

Agarra pela pata a cria, que as cinco acorda

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

19

E a corda sai de andada para suar sangue

Itacaré, Lagoinha ou qualquer outro mangue.

No final do dia, não imaginaria, não imaginaria.

Homem, criança, caranguejo ou lama,

Não sabe quem é quem, quem leva a fama

De alma sebosa, será agora

O homem caranguejo, patola

Carapaça, ficha na radiola

Uma idéia na cachola...

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

20

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

21

Emergindo

Encarei os fatos, afagos e afetos

Necessito estar perto, da eletricidade

Que ilumina a cidade.

Em bares, lugares, onde estarei plugado

Sintozinado, com a antena captando

Boas, novas, ótima bibes

No estilo livro, freestayle.

Chapeú de palha, sandália de couro.

Meu brilho não é ouro.

Meu brilho não é ouro.

Músicando a poesia suja de barro

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

22

Entoando alegria em meus lábios

Regando o que quer que a cultura plante

Vai emergindo vida lá do mangue.

Regando o que quer que a cultura plante

Vai emergindo vida lá do mangue.

Regando o que quer que a cultura plante

Vai emergindo vida lá do mangue.

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

23

M.A.N.G.U.E.

Maneira Memorial, modelar

Mistos, maracatu, muita música

Movimento, mangue, mesclar!

Mais!

Agora, ansioso, alfaia arranja

Arredondado, assim age

Aratu, alvitre. alto, astuto.

Aqui!

Ninguém nunca navegou

Na nascente

Nossa nação novo nível!

Negro!

Guerreiro, gente gentil

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

24

Guerreia geral, general

Guapo, Guadalupe.

Guararapes.

Gueto: grande gerador.

guerrilheiro!

Urgência, uma ultrapassagem

Um uivo, um urgido único

Umabrauna , ula-lá

Unha , urubu urge ungido

Ufa!

Emergência, emergindo

Eletricidade, Estado em eutanásia

Escapou, exílio

Ensinada, embolada

Escambo!

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

25

Mangue Sempre

Se no Mangue a lama escura

É suja, A cultura lava a alma

Plante semeNtes, cultive na lama

Pois ninGuém dúvida do fruto

que inflama

Mude seU critério

Diversão dEve ser levada a sério!

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

26

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

27

Na Sombra

Foi no Mangue

Foi no Mangue

Que a antena se enfiou

Que o satélite captou

Que a ciranda começou

Que o coco embolou

Foi no Mangue

Foi no Mangue

A Nação de Zumbi

Alimentou-se por aqui

Onde o homem caranguejo reside

Onde enfim o Mundo é Livre

O satélite captou?

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

28

Captou!

A guitarra se plugou?

Sim Senhor!

O satélite captou?

Já falei que sim meu senhor, captou!

Foi no Mangue

Foi no Mangue

Foi no Mangue

Foi no Mangue

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

29

Mesmice

Mesmice, mormaço, mesmice

Receptor ultrapassado, só capta tolices

Tudo igual atrasado, marasmo,

Parado.

Não tem direção, não tem direção

Se esconder em si, é correr parado

Estar longe sem sair daqui do lado

Mesmo mormaço,

Marasmo, mantém o mangue

Mantém o mangue

Sujo, mantém sujo o mangue

Sempre sujo.

Cujo deleite da mesmice das pessoas

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

30

Do mesmo pássaro que voa

Na mesmice do urubu

No mesmo salto de aratu

Mas em desejo, desejo a debandada do

caranguejo

A corda sai de andada

Com a face incrustada na lama

A chama arde na patola, a sede

De se libertar, de criar o que não existe

Insiste e muda o critério

O grupo de caranguejo com cérebro.

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

31

Alho

Faróis em oposto sentido, iluminam, quase

tiraram a visão

Seguro forte no volante com as duas mãos,

redobrando a atenção

Injúrias, ódio, abalo, sentimentos que apago

Não dirijo em contramão, a quarenta por hora

Ignora as buzinas que chamam-me agora

Sobe ladeira, verdadeira missão

Deixar o egoísmo, saio de primeira sem usar freio

de mão

Vou embora, vou voltar pensamentos alheios

São como o alho

Tempero de forte cheiro, e preço salgado

Por uma cabeça que nem sempre trará resultado

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

32

Do alto se vê a cidade e suas pequenas pessoas

Com suas luzes de emergência ou mesmo a toa

Pessoas com pensamentos inoportunos

Tramando planos futuros

Pensando em se dar bem!

Ninguém, quer viver sem

Ninguém quer viver sem

Ostentando num grande vai e vem

Se ele tem eu quero também

Vou vivendo no ostracismo

Surrealismo, com Cristo no espírito

E o tanque na reserva, a descida longa me espera

Mas na minha situação, vou na banguela

Na cidade trafego em mentes que não me

entendem

E muitas vezes até mentem

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

33

Bêbados, festeiros, putas e até trabalhadores

Mendigos, atletas, senhores

Vou embora, vou voltar pensamentos alheios

São como o alho

Tempero de forte cheiro, e preço salgado

Por uma cabeça que nem sempre trará resultado

Vale da Lama

E o dia chegou, solo fértil hostil!

Degradado, de bom grado, já sem agrado

Sai em disparada, e a jornada começa cedo

Tomado pelo medo se vai

Em nome do filho, em nome do pai

O rastro é de lama, anda em passos peculiares

Saindo sem seus familiares

Está só...

Na certeza que veio do barro e voltara ao pó!

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

34

Aonde tu vais Chié?

Cuidado com o Urubu!

Te cuidas e fique em pé...

... mas primeiro terá que ficar sentado

Pra poder ensinar no mangue degradado.

Aonde tu vais Chié?

- Eu vou ali buscar a minha antena

- Eu vou ali buscar a minha antena

E Aquela Dama como se chama?

E Aquela Dama como se chama?

Que encontraste no meio do caminho

Te vi, e não estavas sozinho

E Aquela Dama como se chama?

Não sei.

Só sei que teremos novidade no vale da lama.

E Aquela Dama como se chama?

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

35

Não sei.

Só sei que teremos novidade no vale da lama.

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

36

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

37

Carapaça

Cada passo que é dado

Tem sido com cuidado

As pedras evoluídas

Criam sombras, habitat das mentes poluídas

Mesmo mormaço, mesmice

Crendice ampla que não se altera

Nem no vale da lama, nem as bestas feras

Diferente de tudo e de todos

Em seus atos e modos

A cena melancólica

Transmitindo em UHF ou parabólica

A cidade é mais suja que a lama do manguezal

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

38

É a morada do mal, onde cada qual é o tal!

E a radiola? Sai a ficha da patola

Som na cachola, treme até lajota

A parabólica capta...

A parabólica Capta...

Para embolar camará, meu xará

No peito crachá, meu camará

Sotaque que vai do Pará, Paraná, Ceará

Rapá, é para embolar camará!

Camarada, tua antena não capta nada

Para embolar camará,

Para embolar camarada, bate na lata.

Hahaá!

Esperteza, realeza. Uma Antena na Cabeça!

Sai acelerado, como quem rouba. O Roubado!

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

39

Cigarro, carro, agito. Pra ganhar tem que ser no

grito!

Táxi, ônibus, metrô. Em qual desses eu vou?

Logo hoje, logo eu. Eu tenho sede isso é meu!

Tô atrasado para ser roubado. Para o coletivo

lotado!

Para o beco da fome. Pela Dona que não sei o

nome!

Música. Quântica? Quantas vezes vou reclamar?

Tem que acabar. Tem sim! Será logo, ou esse é o

fim?

A vida ainda é dura. Herança da ditadura!

Elétrons percorrem minha artéria.

É manchete da matéria!

Eletrecidade...

Alimenta a cidade

Alimenta a cidade

Alimenta o mangue

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

40

Alimenta o mangue

Alimenta o mangue

Alimenta o manguebit

Manguetown, this is it the city!

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

41

Um Passo a frente

O mangue ninguém vai aterrar

Eletrecidade de sobra pode acreditar

As rimas da lama vão enfetiçar

Ou abençoar, era hora de versar.

Os caras de Pernambuco fazem o som

Esse é o dom, eu vou rimando essa é minha

participação, sangue bom,

A unidade é o bit, o tema é o mangue

Segura o rojão, não se espante!

A cena urbana com o maracatu rural

É manifesto, é movimentação cultural

Manguestar, humildade 1000

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

42

Vamos acordar Brasil!

Metralhadora de rimas, se encontra em qualquer

esquina, seja Recife, seja Olinda

Viva a mesa de bar, tem que versar

Informática, ficção, animo, injeção

Alunos, discípulo aprendo com a internet

Mas os ensinamentos são de grandes mestre

Homenagem, camaradagem

Caranguejo sulista

Ou som da magia nordestina

Delegacia não me prende

Balas não matam pensamentos

Ascendem as mentes, a qualquer momento

Meteoro cai na terra e se incinera

O movimento incinera e ganha terra

Atrasa lado fala mal joga sapato

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

43

Mas o som ta no rádio, e mesmo anda ligado

Levou meu louvor, cântico ao irmão sol

Empesteia o ar como aerossol

Pego a caneta, correta a letra

Dj se adianta e escolhe o vinil

Logo menos um hino que surgiu

Suas notas na viola, o mangue não é moda

É cabuloso, som do terceiro mundo

Som nervoso!

Qual é a sua? Eu vou se Suassuna

No satand up cômico e inteligente

Irreverente, meu beat é contundente

Coleciono discos de heróis

Sons que sois colírio

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

44

Uso óculos de sol com quando saio da lama

Bebo água fria, porque senão a garganta inflama

Senão ia de cana, ou mesmo com uma bagana

Mas ai ainda é cana.

Mangue de mesa, manguebit se palco

No som do rádio no carro

Ta ligado?

Manguesia no sarau

Mangue cultural

Ta no cinema, no teatro, na capa do jornal

Na HQ, na moda, mas não é moda

Vai entender

Ta em todos lugares, só não se vê na TV

Pode crê

Toca no rádio, mas só na comunitária

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

45

Na internet, rede libertária

Liberta as bobagens que invadem a cena

Sem problema, o mangue ainda tem vários temas

Nessa constelação, a estrela que menos brilha é

que habito, sai como um tiro

A noticia ecoada, logo mais toda via láctea

também se apaga.

Cidadão normal ta no hospício, aqui fora cada

louco tem seu vicio

Eu escrevo, e mando regado recado

Como um regalo

Plugado, desplugado, rimático

Matemático, metafisico, quântico, ou engenheiro

De livros, arquiteto de rimas, maloqueiro

De alta classe, que toca violino

Bebe vinho tinto

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

46

E segue o mangue como instinto

Escreve a vida sua, ainda com olhos de menino!

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

47

Urubuservando

Vôo rasante, arrestante a beira do mangue

Nesse instante, o sangue ferve, o ódio cresce

O manguezal é a escapatória

No canavial a luta heróica

Foi-se mantê-lo

Com a foice e o martelo

No groove, bater palma a palmares

No lombo do bumba boi

Para o Quilombo se foi

Cordão de ouro, berimbau, ciranda e coco

Os macacos afoitos

Daruê Malungo, continua soltou

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

48

Dispara ajada, rapidamente

De repente

De rapente

O cano do fuzil incandescente

Parece até mesmo um lampião

Com ele a volante não tem vez não!

Pede ajuda ao conselheiro

Na fé de Zapata, de Corisco Cangaceiro

Da terra seca á terra preta

Com a força de uma pantera negra

Urubu observa e fica calado

Agora o Baile é Perfumado

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

49

Vigor

Vê-se a cidade iluminada

Pelas luzes do desespero

Sabe-se que a disputa está acirrada

Em algum lugar terá tempero?

Urge! Da Lama criaturas

Caranguejos com cérebro a loucura

Mangueboys e a vida ainda é dura

Manguetown, persiste, resiste

A cena ainda escura, aqui é manguebit

Vou na fé, vou a pé

É eu na parada

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

50

Tô na área, sai de cima do murro

Minha corda sai de andada

Com fome de tudo

Pluga, aumenta o som, não tem mute

É manguegroove!

É manguegroove!

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

51

Um Dia

Depois do doce balanço

Da brisa suave, repouso

Sol leve, leve sensação de descanso

No intuito oportuno de um dia manso

Depois das águas cristalinas do lago

Logo miro o horizonte, e apago

No mesmo instante, imagem mirabolante

Tijolos vermelhos empilhados

Moradia vertical, prédio inacabado

Em um sonho irreal, some da vista

Os montes que se esconde por detrás

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

52

Da paisagem urbana que jaz

A beleza do campo, que não se recupera jamais

Haverá de ver somente, da sacada

Em comemoração

A paz que não se tem na televisão

No encosto, o vento gostoso

Despenteia dos cabelos, refresca o rosto

Alegra o coração, sentimento bom

E quem ficou na margem oposta, insatisfação

Vera apenas as luzes da informação

Não verá as águas em seu bailado primordial

Lerá na placa Edifício Montreal

Sentado á grama, é questão de tempo

O saco plástico, trago pelo vento

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

53

Provindo de uma janela entreaberta

Em hora incerta, e hora do alerta!

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

54

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

55

Crescendo com Coração

E se na rua de trás

Você me esperar e não deixar jamais?

Singrando o destino, menino que tudo vê

Não tem nada a vê com os padrões da TV

Vai emigrar, vai se exilar

Vai buscar não se emocionar

Será o bem que não teve

Terá que estar onde nunca esteve

Vai se batizar, vai se exorcizar

Um dia fora lagarta, agora vai voar

Era carcaça, poste o motor pra arrancar

Pra arrancar

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

56

Desancorar, embarcar, decolar, lagar

Nascente, crescente, afluente

Recrutamento, treinamento, missão

Preparação, sofrimento sério

Medalha de honra ao mérito

Livro com leitura iniciada

Peça começada, poesia inacabada

Desfecho apenas de um trecho

Capitulo preferido ainda não definido

Empréstimo não devolvido

E se na rua de trás

Você me esperar e não deixar jamais?

Segue sentimento transcendental, milenar

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

57

Desde antes da cruz, testemunha ocular

Vai emigrar, vai se exilar

Vai buscar não se emocionar

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

58

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

59

Sinta

pague a luz, tire o capuz que

cobre a ignorância, sinta na pele a

beleza da dama, sinta na mente a

idéia do homem coerente, sinta nos dedos, na

ponta dos dedos a vida, que não quer, não atira.

Tire o sapato da arrogância, cubra-se

apenas com o lençol da perseverança, se encha de

desejo, aproveite, mas não goze de preconceito,

rejeite.

Mude, escute, não ilude, fale, não tecle

mute. Captarás um sonho, mas não será o seu,

mas realize, por que também é meu, o pão nosso

só será nosso se ficarmos de pé, pois quem reza

deitado não tem fé!

A

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

60

Quem reza deitado não tem fé!

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

61

Voltando

Vou voltar

Esteja a me esperar

Vou voltar

Quando sai, não me despedi

Não foi por erro não

Não foi por má educação

Não queria, que seus olhos belos se inchassem

Avermelhassem e transbordassem

De saudade! De meia culpa

A disputa é injusta e você sabe

Não fique triste, a vida não é filme

É verdade.

Mas estou voltando para ti

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

62

Pra ver o lindo rosto

Retomar meu posto

Em lua cheia, cheia de maré

Maduro, já não sou chié!

Na pedra a beira mar

Na praia em luar, espetacular

Eu voltaria que alegria

Estou aqui, para ti

Estou aqui, perto de ti.

Te carreguei em memória, ilusória

Foram as vezes que minha mente contraditória

Não permitiu recíproca oratória

Majoritário meu desejo, esbravejo

Vou voltar

Esteja a me esperar.

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

63

Manguesia

Música de

Atitude

Na base

Gera sempre

Ultra

Energia

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

64

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

65

Nação em Festa

Batuque de zabumba, toque de maracatu

Scratch, viola, sai de baixo

Bateria, percursão, festa para Nação

Nação Zumbi, Nação de Maracatu em festa

Rock, rap fusão, em festa estão, festão

E o Caldeirão, também em festa

Zona da mata, Serra da Barriga, Alto José do

Pinho, Peixinhos, Daruê Malungo

O Pernambuco em festa

Oasis, Abril é tempo de festa

Skate, quadrinhos, cinema

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

66

Na mídia os queridinhos em festa

Lamarca, Marighella, Lampião

Conselheiro , Panteras é festa

Festa na mata, no serrado, na seca, na lama, no

mangue, a periferia, na favela, na viela

No coletivo, no mocambo com mulambo

No boteco é festa

Festa da Nação

Nação em festa

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

67

Folhas

A próxima folha do caderno

Trás complexo eterno

Mesmo nova e inspiradora

Trás marcas de outrora

De escritas passadas

Antigas idéias registradas

Que mesmo apagadas, folhas rasgadas

Estão marcadas na nova página

E minha vida, a sua, aqui se encaixa

Nada apaga as falhas

Não da pra começar de novo

Recomeço, não mereço

Pago pelo mal

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

68

Mas posso escreve um novo final.

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

69

Doceira

Uma roda de crianças de cartola

Algumas com carapaças e patolas

Riem alto, na lama e no asfalto

Graças a doceira, que finamente

Finamente trouxera o doce

Hahaha doceira nunca fostes

Sem efeito escrevo

Mas vejo sem preconceito

Quem prefere o defeito

Brigadeiro, granulado deixa louco

Mas só não pode ser de coco

Não pode ser de coco

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

70

Senão perco o respeito

Bem feito

Apenas doce, deixa doce minha fala

Mas por favor, sem bala

Sem bala

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

71

Pelas Ruas

Observando as ruas por onde passo

Cada qual num entrelaço com outra

Assim como as pessoas, se conectam

Uma liga a outra, se anexam

A primeira não vê a terceira

Mas todas encontram a avenida inteira

A rua de trás não fala com a da frente

Não é diferente não, uma deu balão na outra

E agora? Nessa hora a rua um cruzou com a

quatro traindo a ordem dos fatos

Rua sem saída não agrega nada

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

72

Quebra molas é bulling entre ruas isoladas

Rua de terra é como proletário

Sempre falta algo, nesse caso é asfalto

Que pra rua trás dignidade

E pro pobre quem diria,

Trás cidadania.

Rua sem iluminação

é como pobre de coração

não tem visão

é onde habita-se os maus elementos

sem luz, reinam os maus pensamentos

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

73

Underground

Gira a chave, inclina o banco

Automático o som explode

Vê se pode.

Dicção ruim, letra boa

Isso pra mim é o que soa

Letra, poesia marginal

Batidas, inclusão social, digital

Insira o pendrive, ou via Bluetooth

Sem preconceito, só respeito

Conceito de rua

Verdade pura

Rif’s, dedos mágicos

Nas guitarras, baterias ou baixos

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

74

Nas sombras dos prédios

Espantando o tédio

Na praça, antes sem graça

No boteco no sarau

Tem gente que passa mal

Outros pagam pau

Subterrâneo

Instantâneo como miojo

Mas não desce fácil, é som de criolo

Preconceito cibernético, imperial

Chega a rede social

Underground o lixo do mundo

Tudo injusto

Prefiro assim

Isso que é cultura para mim.

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

75

Vamos Dançar

(Manguebit a Cena)

Vamos dançar, vamos dançar

Vamos bailar, o baile perfumado

Quero você do meu lado

Vamos dançar, vamos dançar

Vamos bailar, o baile perfumado

Quero você do meu lado

Vem ao meu lado, vem comigo

Me provoca, sei que não é santa

E se despede do seu vestido amarelo manga

Angicos, Angelical, não resiste

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

76

Eu pequeno príncipe admiro

Reflito

Balada para uma serpente, eu contente

E você não diferente

Zambo

Eu não preciso, eu não preciso

Eu não preciso disso não.

Macô, Zambo!

Só quero teu calor, somente teu amor

Se não eu morro

Teu amor é meu cordão de ouro

Vamos andar na lama

Descalços, onde tu dirás que me ama

Amo teu jeito celestial

Anamauê, auêa aê

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

77

Vamos se envolver

Na lama do mangue no manguezal

Será primordial

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

78

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

79

Absoluto

As vezes na volta para casa

De onde quer que seja, ganho asas

Escolho trilhar o caminho mais demorado

Isso me dá tempo, para que meus pensamentos

Andem comigo lado a lado.

Do alto do precipício, inicio

Do pensamento

na brisa do vento

duas situações, contraditórias

que inspiram emoções

Se jogar e por fim na ambição de viver

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

80

Melhor que apenas sobreviver

Seria morrer?

Olhar a paisagem de posto privilegiado

E saber que Deus está ai do lado

Ver que o Espírito Santo o deixa aliviado

A estrofe anterior já não existe, é passado.

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

81

Otário

Eu?

Eu bato ponto em cima do horário

Trago no bolso o calendário

Marcado, dia 30 para receber o salário

E no pescoço

O crachá, que abaixo do meu rosto

O número de funcionário

Mas sabe como é, não é?

Não gostaria de estar nessa né?

Fazer o que Zé?

Precisa comprar café, né?

Então é, e se é!

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

82

Não falta fé, só disposição né?

Todo dia trabalho

Sou só o operário

Me sustento, meu salário

Sou um otário

Que me vendo por necessidade

Ganho uma ajuda, por caridade

É hilário.

Talvez é, né?

Pode ser que não

Quem detém o poder, nunca se sucumbirá para

sair dessa posição

É o orgasmo da dominação

Lucrar com sua situação

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

83

Pegar migalhas no chão

É direito seu, garantido pela nossa constituição.

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

84

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

85

Abordado

Abordado eu sou

E não importa onde estou

Logo vem a cigana, o de menor, o deficiente

Querendo meu dinheiro, dizem que são carente

Abordado, de novo, eu sou

E não importa onde estou

Pelo candidato a vereador

Pelo dentista, pelo vendedor

Tatuador, cirurgião, camelô

Sou abordado pelo logista

Te faço uma corrida, aborda o taxista

Não quero não, não quero não, não quero não

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

86

Mas e ai, eu lei tua mão

Vote em mim, sou o melhor para tua idade

O melhor preço da cidade

Vamos comprar, é liquidação

Promoção, começou o saldão

Abordado eu sou

E não importa como estou

Se é de carro é no sinal

Se no busão começa lá no terminal

E não para, não para

Dentro do ônibus me abordam do outro lado da

catraca

Se é a pé, me engolem que nem a maré

abordado eu sou

e não importa onde vou

abordado eu sou

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

87

e não importa como estou

vejo se aproximar o esquadrão

munidos com planfetos na mão

eu vou, eu vou

eu vou fugir

e fingir que eu não os vi

mas e ai, vão parar de me abordar?

Não vão não, não vão não

mas e ai, vão parar de me abordar?

Não vão não, não vão não

Logo mais continua a amolação

E vão me abordar pela televisão

Ligue já!

Compre agora!

Cabe no seu bolso!

Berto 24 horas!

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

88

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

89

Minha História

Sol aquece o corpo,

enquanto a lua me deixa morto

parece idéia certa, mas também pode servir de

alerta

parece simples, mas posso complicar

o que sinto não da pra explicar

Antes de falar que não tem nexo, sua capacidade

não entende o que é complexo, fique quieto e

ouça, como soa, as palavras elaboradas que

escoam nessa longa estrada

Fitando ditadores, que não estavam nos planos

Sem abaixar a cabeça, cortador de cana

Não esqueço, enquanto cresço

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

90

Da cultura, ideologia, abomino a repressão

Mas o que é mesmo liberdade de expressão?

Neo-liberalismo, não, prefiro realismo

Desço morro, e prancho asfalto

Vou baixo e ando alto

Real é só moeda, e colégio é purgatório

agradeço em meu oratório

in não foi meu preferido sufixo

no peito ando com meu crucifixo e espanto

bruxas, demônio e maus olhados

já se perguntou porque não to do seu lado?

A caminha inspira, a rima aparece e desaparece

Um voz dentro de mim dita as palavras

Hora sábias, hora mágicas

Mas quem nunca rimou, nunca foi feliz

Quem me criticou, disse o que quis

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

91

Se é verdade eu não sei, se é mentira não direi,

apenas continuarem com a caneta, que desliza no

papel, no racicionio rápido e cruel, que nem Bolt

Aqui urgem e 380 Wolts, para fora dos padrões

do Brasil, quem nunca me viu, não vai acreditar,

mas essa porra é de improviso, preciso respirar!

Pobre anda com calculadora, para não extrapolar

a matadora meta, do orçamento, não entendo

até quando que essa vida vai, morre um homem

nasce um pai, o ciclo se recicla e continuo vivo,

versando, ficando maduro, encantando, mas não

virando adulto, ainda assisto o Chaves, preciso

que se cale e continue prestando atenção, mesmo

que o verso não esteja bom, caricatura da vida

não, caranguejo da divida então, que vive

endividado, com a corda no pescoço, um dia

puxo a gravata, magnata fará festa,( foi mais que

não presta), Embriagado pelo vinho, tinto, o

padre reza a missa acende a vela, fumaça

sobe,Toca o som do Bob, como diria um

camarada, que brisa! E na praia, caranguejo

Alimenta turista, que não percebe que a lama

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

92

Que difama, energizou o crustáceo, estático

quando descobrir, eu não paro de sorrir, e nem de

rimar, para fechar a frase, pode acreditar

Uso verbo, mas não pretérito , mereço honra ao

mérito?

La vou eu de novo, num carro novo, e potente,

porém inexistente, que sou eu vejo, só os

verdadeiros, nota de três reais, aqui não têm, nem

capitalista atrás do óleo de Hussem, parabólica

capta imagem do terceiro mundo em destruição

os mutantes e Mum Ra em comemoração, mas a

toca dos gatos vem preparada pra retaliação

enquanto isso a ciência mistura rural com

urbano, e nasce caranguejo, parece estranho, por

que o desespero?

Conheça história e saberá, não tava lá, nunca fui

no beco da fome, nem ao menos no Recife, se

preferi, nunca fui na São Bento, mas tento te

trazer informação, das histórias que conheço, era

uma vez, esse sempre é o começo, mas nessa aqui

inicio diferente, com o final de algo, nasce o

sobrenatural, maracatu rural, de baque solto, de

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

93

baque virado, rock, rap plugado, se vai falar mal, e

insiste, conheça-te antes o Manguebit.

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

94

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

95

Sampler’s

(Trocando uma idéia com

Chico)

Fala Chico!

Eu vim com a Nação Zumbi, aos seus ouvidos

falar, somos todos juntos um miscigenação, vou

lembrando da Revolução, Vou lembrando da

Revolução, Samba que sai da favela acabada, é hip

hop, na minha embolada

Na minha embolada!

Onde é que você se meteu antes dessa roda

começar?

Nas ruas de Peixinhos, andar com meus amigos

Minha corda costuma sair de andada no meio da

rua, só queria matar a sede no canavial na beira

do rio.

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

96

Mais da Afrociberdelia, da nossa etnia!

Da lama ao caos, do caos a lama, mangue,

mangue, mangue, mangue, mangue, mangue,

mangue, mlticoloridos cérebros, sitonizam.

Minha cora costuma sair de andada no meio da

rua em cima da ponte, Rios pontes e Overdrives,

imprecionantes esculturas de lama, esse corpo de

lama que tu vê é a penas a imagem que sou.

Sou, sou, sou, mangueboy

São demôneos os que destroem

Macaxeira, Imbiribeira, Bom Pastor, é o Iburuna,

Ipseb, Torreão, Casa Amarela.

Onde é que você se meteu?

Onde é que você se meteu, antes desssa roda

começar?

Boa Viagem, Genipapo, Bonifacio, Santo Amaro

Madalena, Boa Vista, Dois Irmãos

É Cais do Porto, é Caxangá

É Brasilit, é o Centrão, eu falei

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

97

Vou pegar aquele capitão

Vou juntar a minha Nação

Na terra maracatu

O Maracatu atômico

Ananauê auêa aê

O Josué, eu corri sai no tombo senão ia me lascá

Desci na beira do rio fui parar na capitá

Quando vi numa parede o pinico anunciá

É liquidação total, o falante anunciou

Ih! To liquidado!

Frevo, samba

Samba que sai da favela acabada

O homem roubado nunca se engana

O Josué,

Eu não sabia o que fazer, morrer, viver, morrer

Viver!

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

98

Viva Zapata, Viva Sandino

Viva Zumbi

Antonio Conselheiro, Todos os Panteras Negras

Lampião, sua imagem e semelhança

Chico Science e Toda Nação Zumbi!

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

99

QUANTO VALE UMA VIDA (MANIFESTO)

FRED ZERO QUATRO

I - LONGA VIDA AO GROOVE!

Os alquimistas estão chorando. A indignação

ruidosa de Lúcio Maia com a ferocidade

carniceira da imprensa nos faz lembrar que

nem tudo tem que ser movido a cinismo e

oportunismo no - cada vez mais - cínico e

vulgar circuito pop.

Antes de mais nada, salve Lúcio, Jorge, Dengue,

Gilmar, Toca, Gira e Pupilo. Salve Paulo André

e longa vida ao Nação Zumbi, com seu groove

imbatível, mix epidêmico e urgente de química

e magia que cedo ou tarde vai varrer o mundo!

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

100

A primeira vez que vimos Chico juntando a

Loustal com o Lamento Negro (o embrião do

que seria a Nação Zumbi, ainda no início de 91),

comentamos arrepiados, eu e Renato L.:"não

importa que estejamos no fim do mundo e sem

dinheiro no bolso; não tem errada, não há nada

no mundo que possa deter esse som!" Na nossa

ficha, constava a produção de vários programas

de Rock na cidade, onde nos esforçávamos para

mostrar sons novos e interessantes de todos os

cantos do mundo. E não havia dúvida de que

naquele momento estávamos diante de algo

absurdamente novo e irresistível. Começamos

imediatamente a viajar num conceito capaz de

colocar o Recife no mapa. É claro que houve

momentos nos últimos anos em que chegamos

a pensar que talvez tivéssemos ajudado a criar

uma espécie de monstro incontrolável. Mas

hoje sabemos que agimos bem, não poderíamos

agir de outro modo.

- E agora, mangueboys?

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

101

Chico era referência e inspiração para muita

gente, talvez para toda uma geração de

recifenses. E a perda para a Nação Zumbi é

irreparável em termos de carisma, energia

vocal, gestual, etc. Ninguém questiona isso.

Mas o que muita gente esquece é que a fórmula

criada por Chico tinha uma base muito sólida

em termos de cozinha, acompanhamento,

groove. A maioria das pessoas desconhece

alguns fatos. Quando eu conheci Francisco

França, ele era o lado mais extrovertido da mais

nova dupla do barulho da cidade. Chico e Jorge

eram inseparáveis como unha e carne, egressos

da "Legião Hip Hop", que reunia no final dos

anos 80, alguns dos melhores dançarinos e djs

que o Recife já conheceu ( alguém aí já viu

Jorge Du Peixe dançando "street"? A galera que

hoje em dia ensina funk nas academias de

dança não daria nem pro caldo...).

Jorge sempre foi um pouco mais tímido, mas

não menos engraçado, e os dois se

completavam em termos de gosto, idéias, visão

e criatividade. Chico sempre teve mais

iniciativa e era, como todos sabemos, um

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

102

letrista formidável. Mas alguém aí se lembra

quem é o autor da letra do clássico "Maracatu

de Tiro Certeiro"? Isso mesmo, Jorge Du Peixe...

Quanto a Lúcio Maia, qualquer um que

acompanhe a Guitar Player, sabe que é cada vez

maior o número de pessoas que o consideram

um dos mais talentosos e ecléticos guitarristas

brasileiros, uma verdadeira revelação dos

últimos tempos. Dengue, então, é aquele

baixista contido, discreto, mas super-eficiente.

Desde os tempos do Loustal, ele sempre

conseguiu encaixar a levada perfeita para o

estilo fragmentado dos versos de Chico. E

quanto aos tambores e à bateria, nem é preciso

comentar. Não se via, no rock and roll, uma

engrenagem tão potente e envenenada desde a

morte de John Bonham.

Quando toda a crítica brasileira caiu de quatro

sob o impacto avassalador do "Da Lama ao

Caos", houve no Recife quem apostasse que

Chico despontaria em carreira solo já no

segundo disco. Argumentavam que, por um

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

103

lado Chico tinha luz própria de sobra e por

outro a fórmula do Nação Zumbi não renderia

mais nada interessante, pois já teria se

esgotado. Eu e Renato torcemos para que

acontecesse o contrário, para que Chico não se

rendesse à vaidade pessoal e injetasse todo gás

possível no fortalecimento da banda. Ele não

decepcionou, mostrou que não era nem um

pouco ingênuo ou deslumbrado e que sabia

muito bem do que precisava para se manter no

topo. O resultado foi o brilhante

"Afrociberdelia", um trabalho coletivo - com

Lúcio mais ativo do que nunca do que nunca na

produção.

Portanto, se existe uma banda que tem total

autoridade e potencial para ocupar

condignamente o lugar que o inesquecível

Chico Science deixou vago no topo, essa banda

é sem dúvida a Nação Zumbi. Por sinal, o

próprio Chico nem cogitava em dar por

esgotado o formato da banda, tanto que já

planejava entrar com os brothers no estúdio

ainda este ano para gravar o terceiro disco.

LONGA VIDA AO GROOVE!!!

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

104

II- BUSCANDO RESPOSTAS

"Something is happening here, but you don't

know what it is. Do you, Mr Jones?" Essa frase

de Bob Dylan me vem à mente sempre que eu

penso no tom de alguns comentários

publicados nos maiores jornais do país a

respeito da morte de Chico. Talvez com

intenção de pintar o fato com as cores mais

chocantes, expurgando, assim, a dor e a revolta

da perda, as matérias acabavam

invariavelmente emitindo um tom derrotista ou

até desolador.

Se o caso é especular sobre o que pode

acontecer daqui em diante, o mais oportuno

seria tentar identificar na história do Pop, fatos

ou situações semelhantes que possam servir de

exemplos. Em se tratando de movimentos de

cultura Pop; gerados em focos isolados;

situados na periferia do mercado; e com

reconhecimento mundial, os fenômenos mais

correlatos ao Mangue Beat que se tem notícia -

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

105

ainda que os estágios de desenvolvimentos

sejam distintos - são a Jamaica pós-Bob Marley

e Salvador pós-Tropicalismo.

Sobre Salvador, minha experiência como

mangueboy me diz que o Tropicalismo não

surgiu lá por acaso. Nada no mundo poderia ter

impedido o caldo cultural da cidade de gerar

posteriormente (e na sequência) os Novos

Baianos, A Cor do Som, os trios elétricos, a Axé

Music, o Samba - Reggae, a Timbalada, etc.

Também não foi por milagre que a Jamaica se

tornou berço do Calipso, do Ska, do Reggae, do

Dub, do Raggamuffin e de todas as variantes do

Dancehall que hoje, quase 20 anos depois da

morte de Marley, contaminam as paradas de

sucesso de todo o mundo.

Esses dois fenômenos foram condicionados por

combinações específicas de fatores geográficos,

econômicos, políticos, sociológicos,

antropológicos, enfim, culturais, cuja história

eu não seria capaz de analisar. Mas em se

tratando de focos isolados que a partir de um

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

106

determinado estímulo geram uma reação em

cadeia capaz de contaminar toda a história

futura de uma comunidade, meu depoimento

talvez possa ser útil.

III- UMA VISITA MUITO ESPECIAL

Lembro-me muito bem do nervosismo que

tomou conta da cidade quando, em 93 (logo

após o primeiro Abril Pro Rock), a diretoria da

Sony anunciou que mandaria um representante

ao Recife para contratar Chico Science... Fun!

Fun! Zoeira Total! Diversão a qualquer custo, e

a mais barulhenta possível! Esse havia sido o

nosso lema quando, dois anos antes, sentindo o

descompasso - o fundo do poço, o infarto

iminente - , resolvêramos tentar de tudo para

detonar adrenalina no coração deprimido da

cidade. Depois de vários shows e eventos muito

bem sucedidos, e do manifesto "Caranguejos

com Cérebro" ( que transformou, de uma hora

para outra centenas de arruaceiros inocentes

em "mangueboys" militantes ), parecia que a

cidade realmente começava a despertar do

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

107

coma profundo em que esteve mergulhada

desde o início da guerra dos 80.

Parêntese: não é exagero. Segundo os

levantamentos mensais do DIEESE, Recife

conseguiu manter sem muito esforço a

impressionante e isolada posição de campeã

nacional do desemprego e da inflação por nada

menos que dez anos seguidos!!! Imaginem o

efeito devastador que uma situação como essa

pode provocar na alma de uma comunidade

com mais de 400 anos de história e que só neste

século havia gerado nomes da dimensão de

Manuel Bandeira, Gilberto Freyre, Josué de

Castro e João Cabral de Melo Neto. Para nós,

que mal havíamos saído da adolescência só

restavam duas saídas: tentar uma bolsa na

Europa ou ganhar as ruas...

Então, a chegada da Sony representava uma

espécie de prêmio coletivo. O significado

simbólico era que finalmente podia estar se

abrindo um canal de comunicação direta com o

mercado mundial, como os caranguejos do

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

108

asfalto haviam almejado em seu primeiro

manifesto. Para todos os agentes e operadores

culturais que viam seu talento e potencial

atrofiados pela desmotivação, era o estímulo

concreto que faltava. Afinal, queiram ou não,

discos pop lançados por multinacionais

movimentam várias áreas de expressão ao

mesmo tempo: moda, fotografia, design,

produção gráfica, vídeos, relações públicas,

assessoria, imprensa, marketing, música, etc.

Daí em diante, pode-se dizer que teve início um

efetivo "renascimento" recifense. Todo mundo

gritou mãos à obra! e partiu para o ataque. As

ruas viraram passarelas de estilistas

independentes; bandas pipocaram em cada

esquina; palcos foram improvisados em todos

os bares; fitas demo e clipes novos eram

lançados toda semana, e assim por diante,

gerando uma verdadeira cooperativa

multimídia autônoma e explosiva, que não

parava de crescer e mobilizar toda a cidade. De

headbangers a mauricinhos, de punks a líderes

comunitários, de surfistas a professores

acadêmicos, ninguém ficou de fora. Para se ter

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

109

uma idéia, a frase " computadores fazem arte,

artistas fazem dinheiro" ( Mundo Livre SA )

virou tema de redação de vestibular de uma

faculdade local.

IV - MANGUETOWN, 5 ANOS DEPOIS

O renascimento segue de vento em popa. A

noite mais concorrida do último Abril Pro Rock

foi a que reuniu três bandas locais. Mais de

cinco mil pessoas pagaram ingresso e

enfrentaram uma chuva intensa para aplaudir e

cantar junto com Mundo Livre SA, Mestre

Ambrósio e Chico Science e Nação Zumbi. O

festival "Viva a Música", realizado em setembro

passado, reuniu mais de 50 novas bandas. O

disco de estréia da campeã, Dona Margarida

Pereira e os Fulanos, está em fase de gravação.

O programa Mangue Beat (Caetés FM 99.1)

ocupa há 2 anos os primeiros lugares de

audiência, tocando fitas demo e lançamentos

locais, além de novidades de todos os cantos do

planeta. O "Manguetronic", um programa de

rádio idealizado especialmente para a Internet,

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

110

vem se firmando como um dos sites mais

acessados do Universo on Line. Os últimos cds

do Chico Science e Nação Zumbi e do Mundo

Livre SA e a estréia do Mestre Ambrósio

figuraram na lista dos dez melhores do ano da

revista Showbizz. Estão em fase de finalização

os aguardados álbuns de estréia das bandas

Eddie e Devotos do Ódio. O Abril pro Rock 97

entrou pela primeira vez no calendário de

eventos oficiais do Estado, ganhando assim

uma ampla divulgação nacional e uma infra-

estrutura mais organizada. A estréia em longa-

metragem dos cineastas pernambucanos Lírio

Ferreira e Paulo Caldas - o filme "O Baile

Perfumado", cuja trilha é assinada por Chico

Science, Siba (do Mestre Ambrósio) e Zero

Quatro - ganhou vários prêmios, entre eles o de

melhor filme, no último Festival de Cinema de

Brasília. O estilista Eduardo Ferreira já recebeu

vários prêmios nas últimas edições do

Phytoervas Fashion. O Mundo Livre S.A. acaba

de fazer 4 shows e um clipe no México,

devendo participar de vários festivais europeus

no segundo semestre...

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

111

(Pausa para respirar)

Temos como objetivo imediato pressionar a

Prefeitura do Recife para tirar do papel e

colocar no ar a rádio Frei Caneca FM, uma

emissora sem fins lucrativos cujo orçamento

para 97, ao que parece, já foi aprovado pela

Câmara Municipal. Afinal, o único e mais difícil

obstáculo que ainda não superamos foi o das

rádios comerciais. Sabemos que na Jamaica e

em Salvador foi preciso o uso até de ações

violentas para pressionar os disc - jóckeis. No

estágio atual, não achamos que recursos sejam

necessários. O Popspace não é invulnerável e a

história está do nosso lado.

Quem acompanhou no Recife as últimas

homenagens a Chico, sentiu a força de um

compromisso coletivo. Hoje cada recifense tem

no olhar um pouco de guerrilheiro da Frente

Pop de Libertação. E o recado que queremos

enviar para o mundo não é muito diferente

daquele que nos mandam as comunidades

indígenas de Chiapas- que têm no

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

112

subcomandante Marcos o seu porta-voz. VIVA

SANDINO! VIVA ZAPATA! VIVA ZUMBI! A

utopia continua...

"- Quanto vale a vida de um homem, em

quanto cada um avalia a sua própria vida, a

troco de quê está disposto a mudá - la? Nós

avaliamos muito alto o preço de nossas vidas.

Valem um mundo melhor, nada menos.

Homens e mulheres, dispostos a dar suas vidas,

têm direito a pedir tanto quanto valem. Há os

que avaliam suas vidas por uma quantidade de

dinheiro, mas nós a avaliamos pelo mundo, esse

é o custo do nosso sangue..." (Subcomandante

Marcos)

Ass: Zero Quatro, com a colaboração de Renato L.

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

113

O Autor

Nascido em Umuarama- PR, em 1988,

veio ainda cedo para São Paulo, em

Jaguariúna, no interior. É estudante de

Engenharia de Controle e automação.

Escreveu dois livros: Que Diferença Faz?

De poesias, de 2011 e o humor de E

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

114

Agora? De 2012, malungo, mangueboy, fã

de rap, rock, e com influências explicitas

no manguebit, em Mundo Livre S/A, e a

Lendária Chico Science e Nação Zumbi,

foi com a terceira obra Manguesia,

trazendo ao público a continuação da

Poesia da Lama.

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

115

Chila, relé, Domilindró!

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

116

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

117

Manguesia - A Poesia da Lama Jefferson F. Wesolowski

118