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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO MANEJO CONSULTORIA AGROPECUÁRIA: Qualidade do leite e manejo de ordenha Ricardo Martins Morini Orientadora: Profª Drª. Carla Afonso da Silva Bitencourt Braga JATAÍ 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CAMPUS JATAÍ

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO

MANEJO CONSULTORIA AGROPECUÁRIA: Qualidade do leite e manejo de ordenha

Ricardo Martins Morini

Orientadora: Profª Drª. Carla Afonso da Silva Bitencourt Braga

JATAÍ 2009

i

RICARDO MARTINS MORINI

QUALIDADE DO LEITE E MANEJO DE ORDENHA

Supervisor: Méd. Veterinário Fernando Baraldi Lopes

Orientador(a): Profª Drª Carla Afonso da Silva Bitencourt Braga

JATAÍ 2009

Trabalho de conclusão do curso de

Graduação em Medicina Veterinária

apresentado para a obtenção do título de

Médico Veterinário junto à Universidade

Federal de Goiás, Campus Jataí.

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(BSCAJ/UFG)

M859q

Morini, Ricardo Martins.

Qualidade do leite e manejo de ordenha [manuscrito] / Ricardo

Martins Morini. - 2009.

46 f. : il.

Orientadora: Prof. Dra. Carla Afonso da Silva Bitencourt Braga.

Monografia (Graduação) – Universidade Federal de Goiás,

Campus Jataí, 2009.

Bibliografia.

Inclui lista de figuras.

1. Qualidade do leite. 2. Manejo de ordenha. I. Título.

CDU: 637.112

ii

RICARDO MARTINS MORINI

Trabalho de conclusão do curso de graduação em Medicina Veterinária, defendido

e aprovado em 27 de Novembro de 2009, pela seguinte Banca Examinadora:

Profª Drª Carla Afonso da Silva Bitencourt Braga Universidade Federal de Goiás/IPTSP

(Presidente da Banca)

Profª Drª Maria Cláudia Dantas Porfírio Borges André Universidade Federal de Goiás/IPTSP

(Membro da Banca)

Doutorando em Ciência Animal – UFG. Henrique Trevizoli Ferraz, M.V., MSc. (Membro da Banca)

iii

Dedico essa conquista aos meus pais e ao meu irmão

pelo incentivo, apoio, dedicação e paciência. À minha namorada e

companheira Suzane pelo apoio e incentivo nos momentos difíceis,

aos meus professores, à minha orientadora pelos conhecimentos

transmitidos e paciência dentro e fora da sala de aula e aos meus

amigos pela força que me deram durante a faculdade.

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente a Deus pela saúde e sabedoria para concretizar

essa formação em Medicina Veterinária, além de outros sonhos.

Aos meus pais pelos conhecimentos e confiança em mim depositados

para alcançar esta conquista.

Ao meu irmão pelo companheirismo e incentivo durante o período de

faculdade.

À minha Orientadora Profª. Drª Carla Afonso da Silva Bitencourt Braga,

pela dedicação e esforço na correção e modificações deste relatório.

Ao meu supervisor de estágio e amigo Fernando Baraldi Lopes pela

paciência, dedicação e pelos conhecimentos transmitidos.

A todos os Médicos Veterinários com quem estagiei durante a

faculdade pela paciência e esforço em me ensinar. E a todos os professores, que

sem eles não teria o conhecimento que hoje tenho.

À minha família por sempre me incentivar, apoiar e me ajudar durante a

faculdade.

Aos meus companheiros da República SKOLinha, Biano, Ig, Nanico,

Caçu, Agrônomo, Bruno, Piriguet, Lumbriga, Suzin, André, Alexandre, Dobson,

Bambi, Paulo Ricardo e Marco Antônio por serem minha família em Jataí.

Aos meus amigos de sala Negão, Fred, Digão, Scheren, Neném,

Samuel, Bacate, Apolo, Cabeça, Cascudinho, Niquinha, Tião, Renatinho,

Barnabé, e todos os amigos pelo companheirismo e pelos momentos de

descontração e alegria.

v

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 1

2 DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO................................................................. 2

3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO................................. 4

4 QUALIDADE DO LEITE....................................................................... 7

4.1 Produção leiteira de qualidade............................................................. 7

4.2 Programa de boas práticas na fazenda............................................. 8

4.3 Contaminação do leite........................................................................ 9

5 RELATO DE CASO.............................................................................. 10

5.1 Manejo na sala de ordenha da propriedade......................................... 10

5.1.1 Condução dos animais para a sala de ordenha................................... 10

5.2 Tipo de ordenha................................................................................... 11

5.3 Linha de ordenha................................................................................. 12

5.4 Número de ordenhas............................................................................ 13

5.5 Higiene do ordenhador......................................................................... 15

5.6 Ambiente da sala de ordenha.............................................................. 16

5.7 Manejo durante a ordenha................................................................... 17

5.7.1 Teste da caneca do fundo preto........................................................... 18

5.7.2 Lavagem dos tetos............................................................................... 19

5.7.3 Pré-dipping........................................................................................... 21

5.7.4 Colocação e retirada das teteiras......................................................... 24

5.7.5 Pós-dipping.......................................................................................... 26

5.8 Desinfecção de teteiras entre ordenhas............................................... 28

5.9 Limpeza do equipamento de ordenha e tanque de expansão............. 29

5.9.1 Equipamento de ordenha..................................................................... 29

5.9.1.1 Enxágue com água.............................................................................. 30

5.9.1.2 Detergente alcalino.............................................................................. 31

5.9.1.3 Enxágue ácido...................................................................................... 32

5.9.1.4 Sanitização........................................................................................... 32

5.9.2 Tanque de expansão............................................................................ 33

5.10 Contagem bacteriana total................................................................... 34

5.11 Contagem de células somáticas.......................................................... 35

5.12 Controle da qualidade da água............................................................ 37

vi

5.13 Refrigeração......................................................................................... 39

5.14 Resultados observados........................................................................ 40

6 CONCLUSÃO....................................................................................... 41

REFERÊNCIAS.................................................................................... 42

vii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Requerimento de contagem bacteriana total (CBT) segundo a

Instrução Normativa Nº 51 para as Regiões Sul (S), Sudeste

(SE), Centro Oeste (CO), Norte (N) e Nordeste (NE)..................... 35

Quadro 2 Requerimento máximo de contagem de células somáticas (CCS)

segundo a Instrução Normativa Nº 51 para as Regiões Sul (S),

Sudeste (SE), Centro Oeste (CO), Norte (N) e Nordeste (NE)....... 37

Quadro 3 Classificação da dureza da água conforme os teores de cálcio e

magnésio, expresso em miligrama por litro (mg/L) de

CaCO3.............................................................................................. 38

viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Casos cirúrgicos, reprodutivos, exames laboratoriais, manejo

sanitário e visitas de consultoria agropecuária

acompanhados durante o estágio curricular obrigatório

realizado na empresa Manejo Consultoria Agropecuária, no

período de 13 de julho a 21 de setembro de 2009, Jataí –

Goiás........................................................................................

4

Tabela 2 Resultado das análises de leite coletadas no tanque de

expansão nos meses de agosto e setembro de

2009.........................................................................................

33

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Sala de ordenha da propriedade.................................................. 12

Figura 2 Teste da caneca do fundo preto realizado na propriedade

durante a ordenha........................................................................ 18

Figura 3 Lavagem dos tetos com água de baixa pressão antes do início

da ordenha................................................................................... 20

Figura 4 Tetos molhados com solução antisséptica à base de iodo antes

da ordenha (pré-dipping).............................................................. 22

Figura 5 Secagem dos tetos com papel toalha descartável após a

realização do pré-dipping............................................................. 23

Figura 6 Colocação das teteiras estrangulando a teteira no momento da

colocação..................................................................................... 25

Figura 7 Pós-dipping feito imergindo todo o teto em solução antisséptica

à base de iodo a 1%.................................................................... 27

1 INTRODUÇÃO

A atividade leiteira é um sistema agro-industrial de grande importância

econômica e social no país, gerando empregos, renda e tributos.

A produção de leite acontece praticamente em todo o território

brasileiro, embora haja regiões mais intensificadas e outras com menor

quantidade de tecnologia envolvida na produção.

De modo geral a atividade leiteira está sofrendo um processo de

intensificação e evolução no ciclo de produção, com aumento de volume

produzido por área.

Os consumidores também ficaram mais exigentes quanto à qualidade

dos produtos consumidos, dando preferência àqueles de melhor qualidade e com

maior segurança no processo de fabricação e beneficiamento.

As empresas compradores de leite também se tornaram mais rigorosas

na aquisição do produto, exigindo que o leite seja produzido com melhores

padrões de qualidade, para que o produto final seja de melhor qualidade para

agradar às exigências dos consumidores.

Com a publicação da Instrução Normativa n°51 do Ministério da

Agricultura Pecuária e Abastecimento, foram estabelecidos limites máximos para

as características físico/químicas e microbiológicas do leite, visando melhorar a

sua qualidade.

No intuito de incentivar o produtor a melhorar a qualidade do leite,

algumas empresas compradoras estabeleceram programas de bonificação sobre

a qualidade do produto, beneficiando assim os produtores, através do aumento da

renda por litro; as empresas compradoras, pela aquisição de um produto de

melhor qualidade; e por fim os consumidores, pelo acesso a um alimento com

melhores características sensoriais, maior valor nutritivo e seguro, quanto à

contaminação microbiana.

Com o programa de bonificação por qualidade é possível, dependendo

do volume de produção, o produtor pagar a visita de um profissional para

melhorar a qualidade do leite produzido e adequar o sistema de produção, apenas

com a bonificação recebida, sem ter assim custos extras.

2

2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

O estágio curricular obrigatório foi realizado entre os dias 13 de julho

de 2009 e 21 de setembro de 2009, na empresa Manejo Consultoria

Agropecuária, situada à Rua José Geda, nº 125, Setor Central, no município de

Jataí – GO.

A empresa foi fundada no ano de 2003 e hoje conta com um corpo

técnico representado por seis Médicos Veterinários e um Engenheiro Agrônomo.

Possui convênio de assistência técnica com Dairy Partners Americas (DPA) /

Nestlé por meio do Núcleo de Assistência Técnica Autorizada (NATA), criado pela

DPA, empresa compradora de leite, trabalhando na implantação do programa de

Boas Práticas na Fazenda (BPF) criado pela DPA em parceria com o Serviço

Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Programa Alimento Seguro (PAS)

e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Possui também

convênio de assistência técnica com a Polenghi e assiste a cerca de 50 fazendas

mensalmente.

A empresa atua na área de consultoria em rebanhos leiteiros,

envolvendo as áreas de produção, reprodução, nutrição e gestão da propriedade

leiteira. Atua também em bovinocultura de corte, nas áreas de nutrição, manejo

em confinamentos e reprodução, com ênfase em inseminação artificial em tempo

fixo. É representante da SEMEX do Brasil, empresa vendedora de sêmen, nas

regiões sudoeste de Goiás e sudeste do Mato Grosso. Distribuidora da HYPRED,

produtos de ordenha, na região sudoeste de Goiás e dispõe de um laboratório

credenciado para realização de exames de brucelose e tuberculose em bovinos.

O estágio ocorreu sob supervisão do Médico Veterinário Fernando

Baraldi Lopes, graduado pela Universidade Federal de Goiás – Campus Jataí,

especialista em Produção de Ruminantes pela Escola Superior de Agricultura Luiz

de Queiroz (ESALQ) e especialista em Produção e Reprodução de Bovinos pelo

Instituto Qualittas.

A escolha desta empresa aconteceu devido ao conhecimento dos

profissionais que aí trabalham, pela idoneidade da empresa e do corpo técnico e

compromisso dos profissionais para com os produtores rurais, além do interesse

do Médico Veterinário em supervisionar o estágio.

3

Acompanhando o Veterinário foi possível aprender muito sobre

pecuária leiteira, desde convivência com os produtores rurais, funcionários das

propriedades e outras empresas até a aprendizagem técnica ensinada pelo

supervisor, que foi de grande importância para minha capacitação.

4

3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO

Durante o estágio curricular obrigatório foram desenvolvidas diversas

atividades compreendendo as áreas de manejo nutricional, reprodutivo, sanitário,

exames de brucelose e tuberculose, manejo de ordenha, casos clínicos e

cirúrgicos sumarizados na tabela 1.

TABELA 1 – Casos cirúrgicos, reprodutivos, exames laboratoriais, manejo

sanitário e visitas de consultoria agropecuária acompanhados

durante o estágio curricular obrigatório realizado na empresa

Manejo Consultoria Agropecuária, no período de 13 de julho a 21

de setembro de 2009, Jataí – Goiás

Caso/Procedimento Espécie Quantidade Frequência (%)

Casos Cirúrgicos

1. Amputação de

falange distal

Bovina 01 0,04

2. Casqueamento Bovina 28 1,22

3. Descorna Bovina 01 0,04

4. Enucleação de

globo ocular

Bovina 01 0,04

Casos Reprodutivos

1. Acasalamento

fenotípico em

rebanho leiteiro

Bovina 223 9,70

2. Diagnóstico de

gestação por

palpação retal

Bovina 137 5,96

3. Diagnóstico de

gestação por

ultrassonografia

Bovina 180 7,84

4. IATF* em rebanho

leiteiro

Bovina 84 3,66

5

Casos cirúrgicos, reprodutivos, exames laboratoriais, manejo sanitário e visitas de

consultoria agropecuária acompanhados durante o estágio curricular obrigatório

realizado na empresa Manejo Consultoria Agropecuária, no período de 13 de

julho a 21 de setembro de 2009, Jataí – Goiás (Continua)

Exames

1. Brucelose Bovina 1292 56,25

2. Tuberculose Bovina 155 6,75

Manejo Sanitário

1. Vacinação contra

botulismo

Bovina 112 4,88

2. Vacinação contra

IBR / BVD e

Leptospirose

Bovina 42 1,83

Casos Clínicos

1. Tristeza parasitária

bovina

Bovina 2 0,09

2. Mastite Clínica Bovina 2 0,09

Visitas de Consultoria

1. Visitas do

programa BPF**

14 0,61

2. Visitas de

Consultoria

Agropecuária

23 1,00

TOTAL 2297 100,00

*IATF: Inseminação Artificial em Tempo Fixo

**BPF: Boas Práticas na Fazenda

A seguir será apresentado o manejo desenvolvido em uma propriedade

leiteira assistida pela empresa Manejo Consultoria Agropecuária, a qual recebe

assistência técnica qualificada pelo NATA nas áreas de reprodução, nutrição,

gestão, produção e manejo geral. Esta propriedade também participa do

programa de BPF oferecido pela empresa.

6

O relatado será voltado apenas para as áreas de qualidade do leite e

manejo de ordenha, envolvendo contagem de células somáticas (CCS) e

contagem bacteriana total (CBT).

7

4 QUALIDADE DO LEITE

4.1 Produção leiteira de qualidade

A indústria leiteira mundial atravessa um período de transformação em

sua estrutura, com aumento de exigências em relação à qualidade do leite. Para

tanto, a diferenciação do pagamento ao produtor de acordo com a qualidade do

leite e a maior preocupação do consumidor com a segurança alimentar

(GUERREIRO et al., 2005) faz com que o produtor busque aprimoramento da

produção leiteira para que possa se adequar às mudanças que tem ocorrido.

A produção de leite acontece praticamente em todo o território

brasileiro, embora tenha regiões mais intensificadas e outras com menor

quantidade de tecnologia envolvida na produção. Com isso, o Brasil é o sexto

maior produtor de leite do mundo, e produzindo no ano de 2008 cerca de 27

bilhões de litros de leite, apresentando um crescimento anual de 3% e mostrando

uma superioridade de crescimento na produção em relação aos países

desenvolvidos (JATOBÁ, 2009).

No intuito de atender às novas exigências do mercado, o Ministério da

Agricultura Pecuária e Abastecimento, considerando a necessidade de

aperfeiçoamento e modernização da legislação sanitária federal sobre a produção

de leite, instituiu em 2002 a Instrução Normativa n° 51, que preconiza baixo

número de microrganismos saprófitas e ausência/baixo número de

microrganismos patogênicos no leite cru (BRITO et al., 2000).

O mercado está se tornando cada vez mais exigente, visto que os

alimentos tem um papel importante na saúde do consumidor. Com isso, o leite de

qualidade deve apresentar características físico-químicas, microbiológicas e

sensoriais satisfatórias (ZANELA et al., 2006).

Desta forma, para se ter uma boa qualidade do leite, várias medidas

devem ser tomadas durante o processo de ordenha mecânica com a finalidade de

impedir a transmissão de agentes patogênicos para o homem e diminuir o número

de microrganismos contaminantes, o que deprecia a qualidade microbiológica do

leite (AMARAL et al., 2004).

8

Para alcançar estes objetivos algumas empresas estabeleceram

programas de bonificação sobre a qualidade do produto comprado, o que

beneficia os produtores através do aumento da renda por litro de leite de melhor

qualidade. Por outro lado, a empresa compradora adquire um produto de melhor

qualidade e o consumidor, automaticamente, também adquire um alimento com

melhores características sensoriais, maior valor nutritivo e seguro quanto à

contaminação microbiológica.

Com o programa de bonificação por qualidade é possível, dependendo

do volume de produção, o produtor pagar a visita de um técnico para melhorar a

qualidade do leite produzido e adequar o sistema de produção apenas com a

bonificação recebida, sem ter assim custos adicionais.

Entretanto, o produtor rural necessita de ajuda técnica qualificada para

obter um leite de qualidade. É neste momento que a empresa Manejo Consultoria

Agropecuária ganha importância, pois a mesma assessora o produtor na

implantação do programa de Boas Práticas na Fazenda (BPF) desenvolvido na

região de Jataí - GO.

4.2 Programa de Boas Práticas na Fazenda

O Programa de BPF é composto por um conjunto de atividades,

procedimentos e ações adotadas na propriedade rural com a finalidade de obter

leite de qualidade e seguro ao consumidor, respeitando o meio ambiente. Essas

atividades englobam desde a organização da propriedade, suas instalações,

equipamentos e ações realizadas envolvendo o homem e os animais.

Os objetivos do programa são: garantir a saúde e a segurança do

consumidor; a saúde e a segurança dos trabalhadores rurais; a saúde e o bem

estar dos animais; a qualidade e segurança do leite; a rentabilidade na produção

do leite; e a sustentabilidade do meio ambiente (SINDILEITE, 2008).

9

4.3 Contaminação do Leite

Durante a síntese do leite nas células epiteliais da glândula mamária,

dentro dos alvéolos, o leite é considerado estéril, mas o manejo inadequado do

gado no momento da ordenha ou a situação precária do ambiente onde vive a

vaca interferem na qualidade do leite e sanidade dos animais (PARMALAT, s.d.).

Depois de secretado no úbere, o leite pode ser contaminado por

microrganismos de três principais fontes: a) dentro da glândula mamária; b)

superfície exterior do úbere e tetos; e c) superfícies de equipamento e utensílios

de ordenha e tanque de resfriamento (BRITO et al., 2000). Outros fatores

importantes são lesões nos tetos e úbere, os quais expõem a superfície dos tetos

aos microrganismos patogênicos contagiosos, podendo ser transmitidos de

animais infectados para animais não infectados através de fômites durante o

processo de ordenha (AMARAL et al., 2004).

É na obtenção do leite que ocorre maior vulnerabilidade para

ocorrência de sujeiras, microrganismos, substâncias químicas que estão

presentes no local da ordenha e que podem ser incorporados ao leite in natura

(VENTURINI et al., 2007). A higienização dos tetos, das mãos dos ordenhadores,

dos fômites e do local de ordenha é de grande importância para reduzir, ou até

evitar a contaminação do leite no momento da ordenha (PALES et al., 2005;

MEDEIROS et al., 2009; MARTINS et al., s.d.).

Adicionalmente, são igualmente importantes a temperatura e o tempo de

armazenamento do leite, os quais estão diretamente ligados com a multiplicação

microbiológica presente no leite, afetando a CBT. Além destes, a água utilizada

no momento da ordenha, na limpeza dos equipamentos ou em outras tarefas,

também é considerada uma fonte ambiental de contaminação do leite de grande

importância (SANTOS & FONSECA, 2007).

No intuito de minimizar esta contaminação, o programa BPF trabalha

basicamente no manejo da propriedade, para que a obtenção do leite ocorra de

forma mais higiênica possível.

10

5 RELATO DE CASO

A propriedade leiteira acompanhada localiza-se no município de Jataí,

estado de Goiás, iniciando a atividade leiteira em fevereiro de 2008. No mês de

agosto do mesmo ano começou a ser assistida pela empresa Manejo Consultoria

Agropecuária e pelo NATA, sendo que somente em fevereiro de 2009 passou a

fazer parte do programa BPF.

A produção média diária de leite da propriedade era de 950 litros, com

média de 17 a 19 litros/vaca/dia. O número de vacas em lactação variava entre 50

e 60, dependendo do número de vacas que entravam em lactação e o número de

vacas que eram secas.

O rebanho era constituído em sua maioria por animais das raças

Holandesa e Girolando. A criação era feita em regime de confinamento a céu

aberto em cochos de concreto, com silagem de milho e ração nas épocas secas

do ano e em pastejo rotacionado com fornecimento de ração após as ordenhas

nas épocas chuvosas.

5.1 Manejo na sala de ordenha da propriedade

5.1.1 Condução dos animais para a sala de ordenha

Segundo ROSA et al. (2009), antes da condução dos animais para a

sala de ordenha ou espera é necessário certificar se as instalações estão prontas

para recebê-los e se está tudo em ordem para a realização da ordenha, como

energia elétrica, utensílios de limpeza, antissepsia e água. Na propriedade

assistida esta certificação era feita antes de cada ordenha, após o preparo da

ordenhadeira para a ordenha, para que não houvesse problemas e atraso da

ordenha.

É recomendado que as vacas sejam conduzidas sem atropelos e

agressões (SANTOS & FONSECA, 2007). Na propriedade a condução dos

animais para a sala de espera era feita como recomendado, sendo que os

11

animais chegavam à sala de ordenha de forma tranquila. Um dos ordenhadores

buscava as vacas caminhando, sem usar ferrões ou pedaços de pau, sem uso de

cavalos, sendo os animais conduzidos em lotes até a sala de espera.

Para SANTOS & FONSECA (2007) a condução dos animais em lotes é

o ideal, de forma que permaneçam no máximo uma hora na sala de espera,

sendo este tempo sempre respeitado na propriedade, onde não se excedia 30

minutos de espera por lote.

5.2 Tipo de ordenha

A ordenha das vacas é uma das atividades mais importantes em uma

propriedade leiteira, pois é nessa hora que o leite é coletado das mesmas,

gerando renda à propriedade (SANTOS & FONSECA, 2007). Esta pode ser

manual ou mecanizada, dependendo do interesse do proprietário.

Na propriedade assistida a ordenha era mecanizada, sendo o

equipamento de ordenha composto por seis conjuntos de teteiras com sistema

fechado. A sala de ordenha era do tipo fosso, com a contenção das vacas em

formato de “espinha de peixe”, com seis contenções de cada lado do fosso

(Figura 1).

12

5.3 Linha de ordenha

Segundo SILVA et al. (2002) e ROSA et al. (2009), para se evitar que

vacas que apresentem ou já apresentaram mastite contaminem os animais

sadios, através do uso de utensílios, do equipamento de ordenha e do próprio

ordenhador, recomenda-se a implantação da linha de ordenha, que é uma

sequência de ordenha da seguinte maneira: primeiro as vacas de primeira

lactação ou primíparas que nunca tiveram mastite; seguidas das vacas mais

velhas, que também nunca tiveram mastite; posteriormente, as vacas que tiveram

mastite, mas já foram curadas; e, por fim, as vacas com mastite.

Diferentemente, na propriedade assistida as vacas em lactação eram

divididas em lotes de acordo com a produção, dias de lactação, data de secagem,

presença de mastite e em período colostral. O lote um era composto de animais

de maior produção, com poucos dias em lactação e que não apresentavam

mastite. O lote dois era composto por animais de média produção e que não

apresentavam mastite. O lote três era composto por vacas de menor produção e

Figura 1 – Sala de ordenha da propriedade

13

que encontravam-se próximas da data de secagem programada e o quarto lote

composto por vacas em período colostral, animais com mastite e em carência

medicamentosa para leite.

O leite deste último lote não era colocado no tanque de expansão,

sendo o leite dos animais em período colostral fornecido aos bezerros em

aleitamento e o dos animais com mastite e em carência medicamentosa

descartado junto com os efluentes da sala de ordenha.

A causa do manejo da propriedade não ser da forma recomendada por

SILVA et al. (2002) e ROSA et al. (2009), deve-se ao fato que seria necessária a

construção de mais currais de confinamento, pois as vacas recebem uma

quantidade maior de alimento conforme a sua maior produção, por isso os lotes

eram divididos por produção. Por esses motivos optou-se por separar em lotes de

acordo com produção, dias em lactação, data de secagem e as vacas que

apresentam mastite. Quando estas últimas são curadas, voltam para os seus

respectivos lotes.

5.4 Número de ordenhas

As células secretoras presentes nos alvéolos produzem proteína de

baixo peso molecular, que de forma autócrina regula a secreção de leite. O efeito

da frequência de ordenhas sobre a produção de leite é promovido pela

quantidade dessa proteína inibidora no interior do alvéolo. Quando se aumenta o

número de ordenhas diárias, de uma para duas ou de duas para três, ocorre

maior esgotamento da glândula mamária, e com isso, menor concentração de

proteína inibidora no interior dos alvéolos, permitindo maior produção de leite.

Quando se reduz o número de ordenhas diárias, observa-se maior quantidade

dessa proteína no alvéolo, que irá determinar uma inibição na secreção de leite.

Esta proteína de baixo peso molecular é ativa no leite presente no tecido secretor,

mas não no leite presente na cisterna, com isso vacas que apresentam cisternas

com maior capacidade de armazenamento são mais tolerantes ao manejo com

menos ordenhas diárias. Acredita-se também que o aumento da pressão intra

14

alveolar, devido à produção de leite e ao não esgotamento da glândula mamária,

pode contribuir para a redução na produção (RUAS et al., 2006).

Para GARÇONE (2005), a produção de leite varia em função do

número de células secretoras presentes no úbere e de suas atividades

metabólicas, sendo que ambos os processos determinam o potencial de produção

de leite da glândula mamária e podem mudar durante o período de lactação. A

frequência e o intervalo entre ordenhas são ferramentas que o produtor tem para

manipular a produção de leite, melhorando a produtividade do rebanho. Segundo

RUAS et al. (2006), a produção de leite em vacas está positivamente

correlacionada com a frequência de ordenhas. Quando o número aumenta de

duas para três ordenhas diárias, a produção de leite aumenta de seis a 25%.

Além da frequência, preconiza-se que as vacas sejam ordenhadas em

intervalos iguais a 12 horas. Porém, pesquisas recentes tem evidenciado que a

taxa de secreção de leite é linear e constante até o intervalo de 16 horas e declina

com intervalos maiores (GARÇONE, 2005).

Na propriedade eram realizadas duas ordenhas diárias de todas as

vacas em lactação, sendo a primeira realizada às seis horas da manhã e a

segunda às cinco horas da tarde. Dois ordenhadores realizavam a ordenha da

manhã, sendo um deles o responsável pela condução dos animais até a sala de

espera e de ordenha. Três funcionários realizavam a ordenha da tarde, sendo um

deles o responsável pela condução dos animais para a sala de espera e ordenha.

O fato do intervalo de ordenhas ser de 11 horas entre a primeira e a

segunda ordenha e de 13 horas entre a segunda ordenha e a primeira ordenha do

dia seguinte era uma questão de escolha do produtor pelos horários mais

propícios, de forma a ordenhar as vacas em horários mais frescos do dia. Outro

ponto analisado era que os trabalhadores não precisavam acordar muito cedo

para realizar a ordenha e não precisavam trabalhar até a noite para realizar a

segunda ordenha.

Segundo GARÇONE (2005), para manter um intervalo de ordenhas de

12 horas na propriedade, seria necessário que os funcionários começassem o

expediente mais cedo caso fosse alterada a ordenha da manhã ou encerrassem o

expediente mais tarde, caso fosse alterado o horário da ordenha da tarde. Uma

outra solução, que não foi levantada no dia da visita, mas que também pode ser

15

aplicada, é o adiantamento de 30 minutos na ordenha da manhã e atraso de 30

minutos na ordenha da tarde.

O fato de se realizar duas ordenhas e não três para aumentar a

produção, como relatam RUAS et al. (2006), era devido ao número de vacas em

lactação, que ainda estava relativamente pequeno (cerca de 50 a 60) e também

devido ao fato que os animais que dariam uma resposta satisfatória a três

ordenhas seria os de maior produção, e estes animais eram aproximadamente 20

a 25. Além disso, para a realização de três ordenhas, seria necessário aumentar a

mão de obra, para não desgastar aquela já existente, gerando custos, além da

propriedade não ter estrutura para acomodar mais mão de obra, como casa para

funcionários.

A prática de três ordenhas não está descartada pelo produtor, mas ele

prefere esperar aumentar o rebanho, para justificar o aumento da mão de obra e

os investimentos em estrutura.

5.5 Higiene do ordenhador

Para o estabelecimento de um programa eficiente de controle da

qualidade do leite é essencial o treinamento de pessoal, principalmente dos

ordenhadores, sobre princípios de higiene, fisiologia da lactação e manutenção do

equipamento de ordenha e tanque de resfriamento (MÜLLER, 2002).

As mãos dos ordenhadores podem ser fontes de contaminação do leite

e transmissão de patógenos causadores de mastite. Portanto, é recomendado

que as mãos sejam lavadas com água corrente e sabão, seguida,

preferencialmente, de antissepsia com soluções à base de iodo, cloro ou

clorexidina, antes da ordenha. Além da lavagem das mãos, outra prática que pode

ser implantada é a utilização de luvas de látex durante a ordenha, que além de

reduzir a transmissão de bactérias causadoras de mastite, contribui para a

integridade da pele das mãos dos ordenhadores (SANTOS & FONSECA, 2007).

O ordenhador deve usar roupas limpas, de preferência botas de

borracha e avental, ter as unhas aparadas e limpas (SILVA et al., 2002).

16

A propriedade disponibilizava condições suficientes para os

ordenhadores manterem bons hábitos de higiene, como banheiro com vaso

sanitário com tampa, sabão líquido, álcool 70%, papel toalha para secagem das

mãos e lixeiras. Os ordenhadores eram treinados para a utilização dos itens de

higiene disponibilizados pela propriedade, como recomendado por MÜLLER

(2002). Entretanto, não utilizam luvas de látex e avental, como recomendado por

SILVA et al., (2002) e SANTOS & FONSECA (2007), mas conseguiam realizar

uma ordenha higiênica. O uso da luva somente acontecia quando havia algum

ferimento nas mãos dos ordenhadores.

5.6 Ambiente da sala de ordenha

Durante o processo de ordenha existe uma contribuição fisiológica do

animal para facilitar a descida do leite, sendo essa contribuição ligada a fatores

hormonais (TRONCO, 1996), os quais são ativados quando o animal entra na

sala de ordenha e recebe estímulos positivos. Dentre estes pode-se destacar os

auditivos (barulho do equipamento de ordenha, músicas na sala de ordenha e

berros de bezerros), visuais (ração nos cochos quando se alimenta os animais

durante a ordenha, presença do bezerro, e visualização da sala de ordenha) e

tácteis (mamada do bezerro quando é ordenha com bezerro ao pé e preparação

para a ordenha com teste da caneca e pré-dipping). Estes estímulos positivos

atuam no sistema nervoso central, mais precisamente na hipófise do animal,

promovendo a liberação de um hormônio chamado ocitocina, que através da

corrente sanguínea chega às células mioepiteliais do úbere fazendo com que as

mesmas se contraiam e liberem o leite, esvaziando os alvéolos. A ação desse

hormônio é relativamente rápida, durando cerca de quatro a sete minutos, tempo

este que deve ser aproveitado para fazer a ordenha completa da vaca (TRONCO,

1996; SILVA et al., 2002).

Quando existe um estímulo negativo como gritos, mudanças de

ordenhador ou de rotina de ordenha e maus tratos, estes irão atuar na hipófise e

provocar a liberação de um hormônio chamado adrenalina ao invés de ocitocina,

cujo efeito é impedir a liberação de leite dos alvéolos. Esse hormônio tem um

17

tempo de ação em torno de 15 a 30 minutos, fazendo com que a ordenha seja

incompleta (TRONCO, 1996).

Na propriedade a ordenha acontecia em um período de tempo de cerca de

10 minutos desde o primeiro estímulo do animal, que era o teste da caneca do

fundo preto, até a retirada das teteiras, para aproveitar a ação da ocitocina na

glândula mamária, como relatado por TRONCO (1996) e SILVA et al. (2002).

Durante a ordenha os animais permaneciam tranquilos, não ocorrendo estímulos

negativos como os citados por TRONCO (1996), justamente para que a ordenha

seja completa e ininterrupta, o que garante uma maior qualidade do leite obtido.

5.7 Manejo durante a ordenha

Não existe um modelo de manejo de ordenha que sirva para todas as

propriedades, pois cada uma apresenta uma particularidade quanto ao tipo de

mão de obra, número de animais, conformação da sala de ordenha e padrões

genéticos dos animais. No entanto, é possível aplicar os princípios de manejo

correto de ordenha em todas as propriedades e em todos os rebanhos (SANTOS

& FONSECA, 2007).

O manejo correto de ordenha requer alguns princípios como ordenhar

somente tetos limpos e secos, fazer a antissepsia dos tetos antes de cada

ordenha, utilizar teteiras limpas e evitar seu deslizamento e quedas durante a

ordenha, estimular a ejeção do leite, extrair o leite de forma eficiente e rápida,

diminuir a quantidade de leite residual e fazer a antissepsia dos tetos após a

ordenha. Além desses procedimentos, é de fundamental importância enfatizar o

papel decisivo do ordenhador para implantação adequada dos procedimentos

corretos de ordenha (SANTOS & FONSECA, 2007).

Na propriedade assistida a rotina de ordenha era a seguinte: teste da

caneca do fundo preto; lavagem dos tetos se houvesse acúmulo visível de

sujeiras, com posterior secagem dos mesmos; pré-dipping; secagem dos tetos;

colocação das teteiras; retirada das teteiras; e pós-dipping.

18

5.7.1 Teste da caneca do fundo preto

A retirada dos primeiros três a quatros jatos de leite de cada teto

(ROSA et al., 2009) deve ser feita com o objetivo de diagnosticar casos de mastite

clínica, estimular a “descida” do leite e retirar a contaminação microbiana presente

no canal dos tetos (SANTOS & FONSECA, 2007). Essa microbiota pode

contaminar o leite e influenciar negativamente na sua qualidade (SILVA et al.,

2002). O diagnóstico deve ser feito teto a teto (ROSA et al., 2009), em todas as

ordenhas e em todos os animais (EMBRAPA, 2008).

Estas recomendações eram seguidas na propriedade descrita, sendo o

teste da caneca feito retirando-se os primeiros jatos de leite em todos os animais,

em todos os tetos e em todas as ordenhas, inclusive nos animais com mastite e

que estavam em tratamento (Figura 2). O teste era feito com muita atenção, e

quando era identificada mastite clínica, o animal era separado para ser ordenhado

no final junto com as outras vacas em tratamento, sendo este procedimento

recomendado por CANI & FRANGILO (2008).

Figura 2 – Teste da caneca do fundo preto realizado na propriedade durante a ordenha

19

Para SANTOS & FONSECA (2007), o teste da caneca telada ou de

fundo preto deve sempre preceder a limpeza e antissepsia dos tetos antes da

ordenha, para que depois da antissepsia não ocorra mais o contado da mão do

ordenhador com o teto. Este procedimento também era adotado na propriedade, a

qual realizava o teste da caneca também antes da lavagem dos tetos ou

simplesmente do pré-dipping.

5.7.2 Lavagem dos tetos

A pele do úbere e, principalmente, a pele dos tetos é um local que pode

abrigar grande quantidade de microrganismos, se tornando uma fonte de

contaminação do leite durante o processo de ordenha. Esses microrganismos

podem ser da microbiota indígena da pele dos tetos ou de origem do ambiente

onde as vacas ficam entre as ordenhas. Os microrganismos que colonizam

normalmente a pele dos tetos são considerados de menor importância, pois não

se multiplicam bem no leite resfriado. Já as bactérias aderidas à pele dos tetos,

que são originárias do esterco, lama, solo e do ambiente em geral, tem grande

importância na contaminação do leite (SANTOS, s.d.).

O efeito final da contaminação da pele do úbere e tetos na contagem

bacteriana total depende da intensidade de contaminação da superfície dos tetos

e dos procedimentos de limpeza e antissepsia dos tetos adotados no manejo pré

ordenha (SANTOS & FONSECA, 2007).

Quando havia necessidade da lavagem dos tetos, os ordenhadores

ficavam atentos para molhar apenas os tetos que realmente necessitavam, sendo

apenas uma pequena quantidade de água clorada utilizada (Figura 3). Após a

lavagem, os tetos eram secos com papel toalha para, posteriormente, ser feito o

pré-dipping.

20

Para SILVA et al. (2002) e SANTOS & FONSECA (2007), a lavagem

dos tetos deve ser evitada ao máximo, sendo aconselhável lavá-los quando

houver um acúmulo visual de sujeiras como barro e esterco. O uso de água deve

ser o menor possível para a preparação das vacas para a ordenha, mas, caso

haja necessidade da utilização da água para lavagem, esta deve ser clorada

(EMBRAPA, 2008), de baixa pressão, e apenas os tetos devem ser molhados,

evitando ao máximo molhar a parte do úbere que não entra em contato com a

teteira e com as mãos do ordenhador (SILVA et al., 2002; SANTOS & FONSECA,

2007).

Na propriedade, a lavagem dos tetos era feita com água clorada

conforme recomenda a EMBRAPA (2008) e o procedimento de lavagem segue as

orientações de SILVA et al. (2002) e SANTOS & FONSECA (2007), que

orientavam que apenas os tetos sejam lavados e com a menor quantidade de

água possível.

Figura 3 – Lavagem dos tetos com água de baixa pressão antes do início da ordenha.

21

5.7.3 Pré-dipping

A função básica do pré-dipping durante a preparação da vaca para a

ordenha é reduzir o máximo possível de bactérias e outros microrganismos da

pele dos tetos antes da colocação das teteiras. Essa redução na contaminação

dos tetos tem a vantagem de diminuir o número de bactérias no leite, diminuindo

a CBT e a ocorrência de novas infecções intramamárias. Além disso, o pré-

dipping melhora a estimulação da liberação do leite e o tempo de ordenha

(SANTOS & FONSECA, 2007). Essa prática deve ser feita em todas as vacas,

inclusive nas que apresentam mastite clínica, mas neste caso devem ser tomados

cuidados especiais para evitar transmissão, trocando a solução antisséptica

(ROSA et al., 2009).

Para que o resultado do pré-dipping seja satisfatório é necessário

considerar as condições dos tetos no momento da aplicação do produto

(SANTOS & FONSECA, 2007), pois os antissépticos podem apresentar pouca ou

nenhuma eficiência quando na presença de matéria orgânica, sujidades ou urina,

dificultando a atuação eficaz do produto (ROSA et al., 2009). Nesses casos, é

recomendada a lavagem dos tetos com água corrente antes de realizar o pré-

dipping.

Segundo BRITO et al. (2000) o uso de água corrente para lavagem dos

tetos e secagem com papel toalha reduz o número de bactérias na pele dos tetos,

mas uma redução significativa se dá quando utiliza-se algum produto antisséptico,

como iodo ou clorexidina, com redução da contaminação bacteriana dos tetos de

aproximadamente 90%.

Tal antissepsia é um procedimento que reduz em até 50% a taxa de

novas infecções causadas por patógenos ambientais e diminui a contaminação

dos tetos antes da ordenha. Essa imersão completa dos tetos pode ser feita com

soluções antissépticas à base de iodo, clorexidina ou cloro (SANTOS &

FONSECA, 2007). Segundo SILVA et al. (2002) a concentração de produto

utilizado no pré-dipping é de 2% para hipoclorito de sódio, 0,3% para iodo e 0,3%

para clorexidina.

Na propriedade assistida, o pré-dipping era feito com solução á base

de iodo a 0,5%, procurando-se molhar todo o teto na solução antisséptica (Figura

22

4), mas alguns animais só recebiam a solução em dois terços do teto, devido à

falta de produto na caneca, em algumas aplicações. A caneca utilizada para

realizar o pré-dipping era do tipo sem retorno, estando todo o procedimento

realizado de acordo com o preconizado por SANTOS & FONSECA (2007).

Apesar da concentração de iodo recomendada por SILVA et al. (2002)

ser 0,3%, utilizava-se na propriedade uma solução de 0,5%, que é resultado da

diluição de uma certa quantidade do produto em uma mesma quantidade de

água, conforme recomenda o fabricante, não tendo sido observado irritação da

pele nem qualquer lesão em decorrência do uso deste produto nesta

concentração.

Após o pré-dipping é necessário que os tetos sejam secados para

evitar o risco de contaminação do leite com antisséptico. Além desse motivo, a

secagem dos tetos evita o deslizamento das teteiras, que pode ser considerada

uma possível causa de novas infecções intramamárias. O uso de papel toalha

descartável individual para cada vaca reduz o risco de transmissão de bactérias

de uma vaca para outra (SANTOS & FONSECA, 2007). Quando da utilização do

Figura 4 – Tetos molhados com solução antisséptica à base de iodo antes da ordenha (pré-dipping).

23

pré-dipping e não da lavagem dos tetos, os mesmos também devem ser secos

com papel toalha visando a retirada do antisséptico (MÜLLER, 2002).

A secagem dos tetos é um dos fatores mais importante na rotina de

ordenha e que contribui para a qualidade do leite e saúde da glândula mamária

(SILVA et al., 2002)

O intervalo de tempo entre a antissepsia e secagem dos tetos deve ser

de, pelo menos, 30 segundos, pois é esse tempo de ação que a maior parte dos

produtos exige (SANTOS & FONSECA, 2007).

Na propriedade assistida, após o pré-dipping os ordenhadores

aguardavam um tempo para secar os tetos, sendo este de aproximadamente 50

segundos. O tempo esperado entre o pré-dipping e a secagem dos tetos utilizado

na propriedade era superior ao tempo sugerido por SANTOS & FONSECA (2007)

podendo ser diminuído, visto que com 30 segundo a antissepsia ocorre de forma

satisfatória. A secagem dos tetos era feita com papel toalha, sendo utilizada uma

folha de papel para cada teto (Figura 5).

O uso de toalhas de papel descartável para secagem dos tetos

também está de acordo com SANTOS & FONSECA (2007), ação que pode evitar

Figura 5 – Secagem dos tetos com papel toalha descartável após a realização do pré-dipping.

24

a transmissão de bactérias de um teto para outro e de uma vaca para outra. Ainda

segundo os autores, esta prática reduz a contaminação bacteriana do teto,

reduzindo também a contagem bacteriana total do leite.

5.7.4 Colocação e retirada das teteiras

Para SILVA et al. (2002) e SANTOS & FONSECA (2007), as teteiras

devem ser colocadas em aproximadamente um minuto após o primeiro contato do

ordenhador com o teto da vaca. Dessa maneira é possível aproveitar ao máximo

a ação da ocitocina, proporcionando uma ordenha mais rápida e completa.

Na propriedade assistida a colocação das teteiras se dava, no máximo,

dois minutos após o primeiro estímulo tátil que o animal recebia. Este tempo está

superior ao sugerido por SILVA et al. (2002) e SANTOS & FONSECA (2007), pois

o tempo gasto entre o teste da caneca e a colocação das teteiras está excedendo

o tempo preconizado pelos autores. Tal demora na colocação das teteiras se

dava por causa do tempo de preparação das vacas para ordenha, uma vez que

eram colocadas seis vacas de cada lado do fosso, sendo todas preparadas

primeiro para só depois proceder a colocação dos conjuntos de teteiras. Uma

alternativa para reduzir esse tempo, que foi proposto no dia da visita, era fazer a

preparação de três vacas de cada vez.

No momento de colocar as teteiras os ordenhadores as mantém

estranguladas para evitar a entrada de ar (Figura 6), sendo este procedimento

recomendado por SANTOS & FONSECA (2007). Segundo estes autores, com a

entrada de ar nas teteiras ocorrem flutuações no nível de vácuo, que promove um

fluxo reverso de leite para o interior da glândula mamária e aumenta o risco de

entrada de microrganismos causadores de infecções. Para reduzir a entrada de ar

no sistema de ordenha durante a colocação das teteiras, os autores ainda

sugerem que o registro de vácuo só deve ser aberto quando o conjunto de

teteiras estiver embaixo do animal, procedimento este também adotado na

propriedade.

25

Durante a ordenha os funcionários ficavam atentos ao possível

deslizamento dos conjuntos Assim que este era percebido, os ordenhadores

ajustavam os conjuntos para evitar novos deslizamentos. Segundo SANTOS &

FONSECA (2007), o deslizamento pode aspirar toda sujidade acumulada na

entrada da teteira para dentro, o que aumenta a contaminação do leite.

O tempo entre os primeiros estímulos recebidos pela vaca até a

retirada das teteiras variava de seis a 10 minutos. A retirada das teteiras era feita

logo após a ordenha, evitando assim a sobre ordenha. O vácuo era fechado no

momento da retirada das teteiras para evitar entrada de ar nos conjuntos e lesões

nas pontas dos tetos, sendo estes cuidados recomendados por SANTOS &

FONSECA (2007) e ROSA et al. (2009).

Antes de retirar as teteiras de algumas vacas que já eram conhecidas

pelos ordenhadores como “vacas duras”, ou seja, vacas que demoram mais

tempo para serem ordenhadas, era adotada a prática de pressionar o conjunto de

teteiras para baixo com finalidade de fazer uma esgota completa.

A pressão sobre o conjunto de teteiras em alguns casos está de acordo

com MÜLLER (2002) que diz proporcionar uma esgota mais completa, mas está

Figura 6 – Colocação das teteiras estrangulando a teteira no momento da colocação.

26

contra o que dizem ROSA et al. (2009), os quais não aconselham essa prática

pelo fato de poder provocar lesões nas extremidades dos tetos.

SANTOS & FONSECA (2007) também não aconselham fazer o

repasse manual após a retirada das teteiras. Caso haja leite residual, deve-se

procurar as causas do problema, que pode estar tanto no equipamento de

ordenha, quanto no manejo pré-ordenha. Na propriedade os funcionários não

faziam o repasse manual e a incidência de leite residual não foi observada na

visita, sendo que a observação do copo coletor dos conjuntos de teteiras

mostrava que a esgota era completa na maioria dos animais.

5.7.5 Pós-dipping.

O pós-dipping é uma medida direcionada principalmente para o

controle de mastite contagiosa, especialmente as causadas por Staphylococcus

aureus e Streptococcus agalactiae. O S. aureus não se desenvolve muito bem na

pele íntegra e saudável dos tetos, mas pode colonizar o canal do teto se houver

alguma lesão próxima ao esfíncter do teto (SANTOS & FONSECA, 2007).

Mesmo que a ordenha seja feita da forma mais higiênica possível,

sempre há a possibilidade de ocorrer transferência de microrganismos entre os

animais ordenhados durante o processo de ordenha. Com isso, após a ordenha, a

pele dos tetos fica contaminada e os microrganismos podem adentrar na glândula

mamária e provocar novas infecções (SANTOS & FONSECA, 2007).

Para uma boa antissepsia é necessário que toda a superfície do teto

entre em contato com a solução. Um dos melhores métodos de aplicação do pós-

dipping é o uso de canecas para imersão dos tetos sem retorno, pois evita a

contaminação da solução antisséptica (MÜLLER, 2002). O uso de spray na

maioria das vezes não promove uma cobertura completa dos tetos com solução

antisséptica, tornando o processo ineficaz (SANTOS & FONSECA, 2007).

O pós-dipping realizado na propriedade é feito em todas as vacas após

todas as ordenhas, inclusive nas vacas em tratamento. O produto utilizado é à

base de iodo. Toda superfície dos tetos recebe o produto (Figura 7) e a caneca

utilizada é do tipo sem retorno.

27

Geralmente utiliza-se concentrações de 0,5% para iodo, 0,3% a 0,5%

para clorexidina e 3% a 5% para hipoclorito (ROSA et al., 2009). A concentração

de iodo utilizada na propriedade era de 1%. Essa concentração está acima do que

indicam ROSA et al. (2009), mas está de acordo com as recomendações do

fabricante do produto.

Na propriedade assistida, o pós-dipping era feito conforme preconiza

MÜLLER (2002), devendo toda a superfície do teto entrar em contato com a

solução antisséptica e ser utilizada caneca do tipo sem retorno.

Após a ordenha os animais eram arraçoados em curral calçado para

evitar que deitassem antes do esfíncter do teto fechar, evitando assim a entrada

de bactérias no canal do teto.

O esfíncter do teto permanece aberto por cerca de 01h 30min após o

término da ordenha (SILVA et al., 2002). Por isso é aconselhável que após a

ordenha os animais permaneçam em pé para que dê tempo do esfíncter do teto

fechar completamente, evitando a contaminação do ambiente sobre a glândula

mamária. Uma forma de fazer com que os animais permaneçam em pé é o

Figura 7 – Pós-dipping feito imergindo todo o teto em solução antisséptica à base de iodo a 1%.

28

fornecimento de alimento fresco (SANTOS & FONSECA, 2007), como era

realizado na propriedade descrita.

5.8 Desinfecção de teteiras entre ordenhas

A imersão das teteiras em solução desinfetante entre a ordenha de

uma vaca para outra pode ajudar muito no controle e prevenção da mastite

contagiosa em rebanhos com esse problema. Uma das limitações dessa prática é

o comprometimento da sequência de manejo e aumento no tempo de ordenha,

visto que é uma prática adicional a ser realizada pelo ordenhador (SANTOS &

FONSECA, 2007).

A prática consiste em mergulhar completamente as teteiras em um

balde com solução desinfetante, preferencialmente duas teteiras de cada vez.

Não devem ser imersas as quatro teteiras ao mesmo tempo (MÜLLER, 2002).

Opcionalmente podem ser utilizados dois baldes, um com água para fazer o pré

enxágue e outro com a solução desinfetante. Para que esta medida seja eficaz é

necessário que a solução seja trocada quando estiver turva (SANTOS &

FONSECA, 2007).

Segundo QUEIROGA et al. (1997), citado por AMARAL et al. (2004),

medidas de higiene como a desinfecção das teteiras, entre vacas, aplicadas

durante a ordenha em propriedade com grande incidência de mastite subclínica

em vacas lactantes, reduz a incidência da enfermidade de 96% para 47%.

Na propriedade não era utilizada essa prática de desinfecção das

teteiras entre as ordenhas, pois os casos de mastite subclínica e clínica estavam

bem controlados. Mas segundo o proprietário, essa prática foi utilizada há algum

tempo atrás, com a intenção de diminuir os casos de mastite clínica, que estava

sendo um problema na propriedade, obtendo sucesso com essa prática,

reduzindo significativamente os casos.

29

5.9 Limpeza do equipamento de ordenha e tanque de expansão

Os equipamentos de ordenha como baldes, latões, tubos, mangueiras,

filtros, depósitos e agitadores constituem uma das principais fontes de

contaminação do leite. O resto de leite que fica na superfície dos mesmos depois

de uma limpeza pouco exaustiva proporciona inúmeros nutrientes para o

crescimento de microrganismos, o que também é favorecido pela temperatura

ambiental e a superfície molhada ou úmida dos utensílios (NEIVA & NEIVA,

2006). Após determinado tempo, as bactérias se multiplicam e se aderem às

paredes dos equipamentos de ordenha, formando um biofilme, que constitui uma

importante fonte de contaminação e é de difícil remoção pela limpeza normal

(SANTOS & FONSECA, 2007).

As partes do equipamento de ordenha que não entram em contato com

o leite, e com isso não sofrem o processo de limpeza e sanitização, como a linha

de vácuo, também podem ser fonte de contaminação bacteriana. Se os testes de

qualidade de leite indicarem problemas de limpeza e sanitização no equipamento

e a fonte não puder ser identificada na unidade de ordenha, mangueiras,

tubulações, linha do leite e unidade final, é recomendado que se faça uma

inspeção visual das linhas de ar e equipamento auxiliar (REINEMANN et al.,

2008).

Na propriedade descrita a limpeza das linhas de ar e equipamento

auxiliar não eram feitas devido aos resultados encontrados na contagem

bacteriana, a qual sempre esteve dentro do padrão estabelecido.

Esporadicamente a empresa responsável pela manutenção do equipamento de

ordenha, fazia manutenção das linhas de ar do equipamento.

5.9.1 Equipamento de ordenha

A limpeza do equipamento é tão importante quanto o manejo e higiene

da ordenha, sendo fundamental para a qualidade do leite. As principais etapas da

limpeza do equipamento são o enxágue com água morna, com temperatura entre

30

32 e 41°C, enxágue com detergente alcalino clorado, com temperatura entre 71 e

74°C, enxágüe com ácido e sanitização pré ordenha (MÜLLER, 2002).

A higienização pode ser dividida em duas etapas: a limpeza e a

sanitização (SINDILEITE, 2008). O objetivo de se fazer a limpeza é remover

resíduos orgânicos e minerais que podem estar aderidos às superfícies. Estes

resíduos são compostos de gorduras, proteínas e sais minerais. Após a limpeza,

realiza-se a sanitização das superfícies limpas visando eliminar totalmente os

microrganismos patogênicos e reduzir, até níveis seguros, os microrganismos

alteradores/deterioradores (NEIVA & NEIVA, 2006).

Os componentes das soluções de limpeza e sanitização promovem a

ação de limpeza química. O aquecimento das soluções de limpeza ou sanitização

antes da circulação propiciam a energia térmica e o fluxo turbulento das soluções

dentro das tubulações promove a energia mecânica de limpeza (REINEMANN et

al., 2008). Além das energias envolvidas no processo de limpeza, deve-se levar

em consideração o tempo de contato entre as soluções de limpeza e sanitização

com o equipamento. Este tempo é estabelecido de acordo com o programa de

limpeza de cada fabricante de produtos de limpeza e sanitização (NEIVA &

NEIVA, 2006).

Na propriedade assistida a limpeza do equipamento de ordenha e

utensílios utilizados começava logo após o término da ordenha. A limpeza dos

equipamentos era feita de acordo com as instruções do fabricante dos produtos. A

dosagem, temperatura das soluções de limpeza e o tempo de cada etapa de

limpeza também obedeciam às instruções do fabricante. O processo de limpeza

era realizado automaticamente por um aparelho que faz toda a rotina de pré

enxágue, limpeza alcalina e ácida.

5.9.1.1 Enxágue com água

Um pré enxágue pode ser utilizado para remover o leite residual preso

às superfícies e outros depósitos facilmente solúveis ou em suspensão. A água

do pré enxágue não deve circular no sistema, sendo descartada após uma única

passagem. De modo geral, a temperatura do pré enxágue fica entre 35°C e 55°C.

31

Um dos benefícios do pré enxágue é aquecer o equipamento para reduzir a

queda de temperatura nos ciclos seguintes (REINEMANN et al., 2008).

Na propriedade o pré enxágue era feito com água a uma temperatura

entre 45 e 55°C. Esse processo da limpeza era feito pelo programador de limpeza

automático. A água não circulava no equipamento e a quantidade de água

utilizada era suficiente para retirar toda a sobra de leite do equipamento, saindo

transparente a água.

5.9.1.2 Detergente alcalino

Os detergentes alcalinos são usados para remover resíduos orgânicos

como gordura e proteína do leite. Os detergentes reduzem a tensão superficial da

água de forma que a solução possa molhar com mais eficiência e penetrar nos

resíduos que aderiram às superfícies. Os detergentes possuem compostos para

reduzir a tensão superficial da solução, saponificar gorduras, peptizar proteínas e

dispersar e suspender estas sujidades na solução. A maioria dos detergentes tem

uma faixa de temperatura de trabalho entre 43ºC e 77°C (REINEMANN et al.,

2008).

O cloro é muitas vezes adicionado aos detergentes alcalinos como

agente peptizante, para auxiliar na remoção de proteína e para melhorar a

capacidade de enxágue do detergente. O teor de cloro varia entre 75 e 200 ppm

de NaOCl (REINEMANN et al., 2008).

A limpeza alcalina do equipamento de ordenha na propriedade era feita

com detergente alcalino clorado, seguindo as recomendações dos autores

supracitados. A solução de limpeza tinha uma temperatura aproximada de 70 a

75°C, sendo essa temperatura conferida com um termômetro que ficava dentro da

cuba onde colocava água. A limpeza alcalina era feita todo dia após cada

ordenha. A dosagem do produto era de 4 mL para cada litro de água.

32

5.9.1.3 Enxágue ácido

Um ciclo de enxágue ácido deve ser realizado para remover os

resíduos de minerais do leite. Pode ser um enxágue frio ou quente, dependendo

da instrução de uso do fabricante. A frequência do enxágue ácido depende da

qualidade da água usada para limpeza. As soluções para enxágue ácido

geralmente tem um pH igual ou inferior a 3,5 (REINEMANN et al., 2008).

O enxágue ácido na propriedade era feito todo dia após cada ordenha.

A concentração da solução era de 0,75 mL do produto para cada litro de água,

conforme recomendações do fabricante. O pH da solução não era medido pelos

funcionários. Essa medição era feita apenas pela empresa fornecedora dos

produtos de limpeza, esporadicamente.

5.9.1.4 Sanitização

A sanitização difere da esterilização, que implica na destruição de

todas as formas de vida microbiana. Os sanitizantes são aplicados em superfícies

que já foram limpas para matar os microrganismos que sobreviveram à limpeza

e/ou ao processo de armazenagem do equipamento. Os produtos à base de cloro

são os mais usados para sanitização de equipamento de ordenha e refrigeração

do leite (REINEMANN et al., 2008).

Na propriedade não era feita a sanitização do equipamento de

ordenha, nem do tanque de expansão, por uma questão econômica e pelo fato

dos índices de qualidade como CBT e CCS estarem bem abaixo dos limites

recomendados pela Instrução Normativa Nº 51.

Tanto a limpeza como a sanitização inadequadas, ou ambas, podem

permitir que grande quantidade de bactérias localizadas no interior do

equipamento de ordenha entre em contato com o leite durante a ordenha,

contaminando-o (SANTOS, s.d.).

Para que sejam alcançados níveis satisfatórios de higienização é

fundamental a escolha correta dos agentes de limpeza e sanitização. Para isso,

devem ser avaliados os seguintes critérios: tipo e grau de adesão dos resíduos;

33

qualidade da água de limpeza; natureza das superfícies escolhidas; métodos de

higienização; e tipos e níveis de contaminação envolvidos (NEIVA & NEIVA,

2006).

5.9.2 Tanque de expansão

Na propriedade descrita, o tanque de expansão era do tipo aberto, com

limpeza manual e capacidade de armazenagem de 4.000 litros de leite. Segundo

PALES et al. (2005), a limpeza do tanque de resfriamento deve ser feita

imediatamente após a retirada do leite, para evitar a proliferação de colônias

bacterianas nos resíduos de leite. Na propriedade era feito o procedimento de

limpeza do tanque com pré enxágue, limpeza alcalina e ácida, logo após a coleta

do leite, mas não é feita a sanitização do tanque de expansão. O motivo para não

realizar esse procedimento de limpeza eram o custo para essa prática e os bons

resultados na qualidade microbiológica do leite.

Na Tabela 2 são demonstrados os resultados das análises coletadas

no tanque de expansão pela empresa compradora de leite nos meses de agosto

e setembro de 2009.

TABELA 2 – Resultado das análises de leite coletadas no tanque de expansão

nos meses de agosto e setembro de 2009

Data da análise 11/08/09 24/28/09 08/09/09 10/09/09 Média

CBT1 (UFC/mL2) 5.000 4.000 3.000 2.000 3.500

CCS3 (cel/mL4) 155.000 212.000 114.000 181.000 165.500

Fonte: MANEJO CONSULTORIA AGROPECUÁRIA (2009)

1 CBT: Contagem bacteriana total; 2 UFC/mL: Unidade formadora de colônia por mililitro; 3 CCS:

Contagem de células somáticas; 4 Cel/mL: Células por mililitro

34

5.10 Contagem bacteriana total

A CBT é um dos métodos de referência empregado para avaliar a

qualidade do leite cru (RUEGG et al., 2008) e indica a contaminação

microbiológica do leite, sendo expressa em unidade formadora de colônia por

mililitro (UFC/ml) (SENAR, 2007; SINDILEITE, 2008).

Por meio deste método pode-se avaliar também as condições

higiênicas gerais da fazenda, o estado de saúde do rebanho, a limpeza do

equipamento de ordenha e a temperatura de estocagem do leite (RUEGG et al.,

2008).

A redução da CBT depende de dois fatores, limpeza e higienização, os

quais devem estar presentes no processo de ordenha, limpeza de utensílios e

equipamentos, mãos do ordenhador e do ambiente, além do resfriamento rápido

do leite para diminuir a multiplicação das bactérias já presentes no leite

(SINDILEITE, 2008).

A redução da CBT visa atender a Instrução Normativa nº 51 de

18/09/2002, que entrou em vigor em Julho de 2005 nas regiões Sul, Sudeste e

Centro-Oeste, e em Julho de 2007 nas regiões Norte e Nordeste, a qual

estabelece limites máximos (Quadro 1) para a CBT do leite nas diversas regiões

do Brasil (BRASIL, 2002).

35

QUADRO 1 - Requerimento de contagem bacteriana total (CBT) segundo a

Instrução Normativa nº 51 para as Regiões Sul (S), Sudeste (SE),

Centro-Oeste (CO), Norte (N) e Nordeste (NE)

Índice Medido

De 01/07/2005 a

01/07/2008.

Regiões

S/SE/CO.

De 01/07/2007 a

01/07/2010.

Regiões N/NE.

A partir de

01/07/2008 até

01/07/2011.

Regiões

S/SE/CO.

A partir de

01/07/2010 até

01/07/2012.

Regiões N/NE.

A partir de

01/07/2011.

Regiões

S/SE/CO.

A partir de

01/07/2012.

Regiões N/NE.

CBT (UFC/ml) 1.000.000 750.000

100.000

(individual).

300.000 (leite em

conjunto).

Fonte: BRASIL (2002)

Comparando o Quadro 1 com a Tabela 2 é possível observar que o

leite produzido na propriedade estudada está dentro dos limites máximos de CBT

estipulados pela Instrução Normativa nº 51. No final do período de adaptação

desta instrução que será em julho de 2011 na região onde esta localizada a

propriedade, quando os limites máximos de CBT serão 100.000 UFC/ml, se o

nível de qualidade da propriedade continuar como está, ainda estará de acordo

com a instrução.

5.11 Contagem de células somáticas

As células somáticas do leite compreendem o conjunto de células do

sangue como linfócitos, neutrófilos e macrófagos, além de células epiteliais de

descamação da própria glândula mamária. Essas células podem ser um indicativo

36

de inflamação intramamária e ajuda na diferenciação de uma glândula mamária

infectada para uma não infectada (SANTOS & FONSECA, 2007).

A presença de células epiteliais no leite é o resultado da descamação

normal do epitélio secretor da glândula mamária. Cerca de 70% a 80% do total de

células somáticas é de origem epitelial em vacas sadias. Já em animais com

infecção intramamária ocorre inversão e a maioria das células somáticas é

originada dos leucócitos (SANTOS & FONSECA, 2007).

Rebanhos com baixas CCS apresentam menores perdas na produção

e produzem leite de melhor qualidade composicional. Além disso, rebanhos com

baixas CCS usam menos antibióticos para tratamento de mastite durante a

lactação, apresentando menor risco de contaminação do leite com resíduos

(BRITO & BRITO, s.d.)

A CCS é influenciada por diversos fatores, mas especialmente pela

presença de infecção intramamária (PALES et al., 2005), se tornando um fator

confiável de sanidade da glândula mamária. Outros fatores que também podem

influenciar a CCS são época do ano, raça, estágio de lactação, produção de leite,

número de lactações, estresse causado por deficiências de manejo, problemas

nutricionais, condições climáticas e doenças intercorrentes (MÜLLER, 2002).

Sendo assim, a CCS do leite é um critério de qualidade mundialmente

utilizado por indústrias e produtores. Após o surgimento de técnicas

automatizadas de CCS, essa análise tem sido empregada para diagnóstico de

mastite e parâmetros de qualidade do leite (SANTOS & FONSECA, 2007).

Por este motivo, a Instrução Normativa nº 51 de 18 de setembro de

2002 estabeleceu padrões máximos de CCS no leite produzido nas diversas

regiões do Brasil, estando estes descritos no Quadro 2 (BRASIL, 2002).

37

QUADRO 02 - Requerimento máximo de contagem de células somáticas (CCS)

segundo a Instrução Normativa nº 51 para as Regiões Sul (S),

Sudeste (SE), Centro Oeste (CO), Norte (N) e Nordeste (NE)

Índice Medido

De 01/07/2005 a

01/07/2008.

Regiões

S/SE/CO.

De 01/07/2007 a

01/07/2010.

Regiões N/NE.

A partir de

01/07/2008 até

01/07/2011.

Regiões

S/SE/CO.

A partir de

01/07/2010 até

01/07/2012.

Regiões N/NE.

A partir de

01/07/2011.

Regiões

S/SE/CO.

A partir de

01/07/2012.

Regiões N/NE.

CCS (cel/ml) 1.000.000 750.000 400.000

Fonte: BRASIL (2002).

Os resultados de CCS da propriedade estudada durante o período de

estágio estão dentro dos padrões estabelecidos pela instrução, variando de

114.000 a 212.000 cel/ml, estando abaixo do limite máximo estabelecido que é de

750.000. Se continuar com esses valores até julho de 2011 a propriedade ainda

estará fornecendo um leite dentro dos padrões.

5.12 Controle da qualidade da água

A água é o principal ingrediente empregado na limpeza e desinfecção

do equipamento de ordenha e a sua qualidade tem impacto direto na eficiência

desses processos, além de poder ser uma fonte de contaminação e transmissão

de doenças e contribuir para a diminuição da vida útil do equipamento (SANTOS,

s.d.).

A presença de microrganismos na água compromete a qualidade do

leite. A água utilizada para limpeza dos tetos, do equipamento de ordenha e

utensílios empregados para obtenção do leite, deve ser de boa qualidade para

38

garantir que não ocorra contaminação proveniente da mesma (SINDILEITE, 2008;

JATOBÁ, 2009).

Várias características da água podem afetar a eficiência da limpeza,

sendo as físico-químicas as mais importantes, como dureza, pH e alcalinidade. A

água dura apresenta elevada concentração de cálcio e magnésio, que alteram a

concentração ideal dos detergentes nas soluções, o que resulta numa limpeza

ineficiente e incompleta. Além disso, o uso de água dura permite a formação de

filmes nas superfícies internas dos equipamentos, favorecendo assim a adesão e

multiplicação bacteriana. Para corrigir a dureza da água é importante quantificá-la

e fazer o ajuste da concentração do produto de limpeza de acordo com as

recomendações de cada fabricante (SANTOS & FONSECA, 2007).

Quanto às características microbiológicas, a qualidade da água

utilizada para limpeza de equipamentos deve ser semelhante à água utilizada

para consumo humano, na qual se recomenda a ausência de coliformes fecais em

100 ml de água, conforme a portaria nº 518/GM de 25 de março de 2004

(BRASIL, 2004). A “dureza” da água é determinada pela quantidade de sais de

cálcio e magnésio dissolvidos (Quadro 3) (NEIVA & NEIVA, 2006).

QUADRO 03 - Classificação da dureza da água conforme os teores de cálcio e

magnésio, expresso em miligrama por litro (mg/L) de CaCO3

Classificação Concentração de CaCO3 em mg/L

Água mole Até 50

Água moderadamente dura De 50 a 150

Água dura De 150 a 300

Água muito dura Acima de 300

Fonte: NEIVA & NEIVA (2006)

A água utilizada pela propriedade na limpeza dos equipamentos e na

lavagem dos tetos era clorada e estava dentro dos padrões exigidos pela Portaria

nº 518/GM (BRASIL, 2004), com ausência de coliformes fecais em 100 ml de

água analisada.

O controle da qualidade da água na propriedade é feito por meio de

analises físico/química e microbiológica a cada seis meses Além disso, os

39

reservatórios de água como caixas de água eram limpos a cada seis meses

também. A cloração da água era feita manualmente por meio de pastilhas de

cloro colocadas na caixa de água e a aferição do nível de cloro era feita

diariamente e anotada em um registro de nível de cloro. O cloro da água ficava

entre 0,2 e 2,0 ppm (partes por milhão). Todos esses cuidados com a água é um

requerimento do programa de BPF e visa o controle de contaminação dos

utensílios que irão entrar em contato com o leite, conforme sugerido por SANTOS

(s.d.), NEIVA & NEIVA (2006), SANTOS & FONSECA (2007), SINDILEITE, (2008)

e JATOBÁ (2009).

5.13 Refrigeração

A refrigeração é uma prática utilizada para prolongar o tempo de

armazenamento do leite, pois se trata de um alimento perecível e necessita de

procedimentos adequados para sua conservação. A refrigeração do leite não

melhora sua qualidade, apenas evita a proliferação de alguns tipos de

microrganismos (JATOBÁ, 2009).

Baixas temperaturas podem inibir ou reduzir a multiplicação de um

grande número de bactérias e também diminuir a atividade de enzimas

degradativas dos componentes do leite. A estocagem adequada associada aos

procedimentos de limpeza do equipamento de ordenha e tanque de refrigeração

contribuem para a redução da contagem de mesófilos no leite (JATOBÁ, 2009).

De acordo com a Instrução Normativa n° 51 (BRASIL, 2002), a

temperatura máxima de estocagem do leite é de 7°C na propriedade e tanque

comunitário, e 10°C no estabelecimento processador, sendo que o leite deve

atingir uma temperatura de 3°C a 4°C decorridos, no máximo, três horas após a

ordenha.

PALES et al. (2005) recomendam que a temperatura de

armazenamento seja de no máximo, 4°C dentro de duas horas após o término da

ordenha, e menor que 7°C durante a adição de leite da ordenha seguinte.

40

De acordo com o SENAR (2007), o tempo máximo de conservação do

leite na propriedade até seu transporte pela empresa compradora do leite deve

ser de 48 horas.

A temperatura do resfriador de leite deve ser conferida sempre, pois

caso ocorra um problema no resfriamento pode-se comprometer todo o leite

contido no tanque. Deve sempre se estar atento também para falhas no

fornecimento de energia elétrica, para evitar problemas no resfriamento do leite

(PALES et al., 2005).

O leite ordenhado na propriedade era colocado diretamente no tanque

de expansão através de tubulação de aço inox. Para garantir o funcionamento do

tanque, a propriedade disponibilizava um gerador de energia, para que a

temperatura do leite não aumentasse em casos de falta de energia elétrica. Além

disso, os ordenhadores conferiam a temperatura do leite antes de cada ordenha e

anotavam em um registro para controle da temperatura do leite, conferindo

também quanto tempo após o término da ordenha o leite atingia de 3 a 4°C.

Esses procedimentos são exigidos pelo programa de BPF. O leite produzido

permanecia estocado por no máximo dois dias na propriedade, geralmente o

tempo de armazenagem é de quatro a cinco ordenhas.

5.14 Resultados observados

Ao analisar resultados de amostras de leite coletadas no tanque de

expansão durante os meses de agosto e setembro de 2009 foi possível concluir

que as práticas de manejo da propriedade estudada estão de acordo com a

literatura quanto às práticas de manejo de ordenha para obtenção de um leite de

qualidade.

Além disso, o leite comercializado pela propriedade estava abaixo dos

limites máximos exigidos pela Instrução Normativa n° 51 para CBT e CCS. Caso

continue com essa qualidade a propriedade estará dentro dos limites exigidos a

partir de julho de 2011 (BRASIL, 2002).

41

6 CONCLUSÃO

O leite é um alimento consumido praticamente por todas as classes

sociais e por isso deve ser produzido com qualidade.

Não basta apenas produzir um leite sem padrões de qualidade, pois

dessa forma o leite pode se tornar uma fonte de contaminação para o

consumidor, diminuir o rendimento na indústria e comprometer a sanidade do

rebanho na propriedade, afetando assim toda a cadeia de produção e o

consumidor final.

Com um manejo correto de ordenha é possível produzir um leite de

qualidade e manter a sanidade das vacas em lactação Com isso é possível

agregar valor ao leite produzido através de programas de bonificação por

qualidade de leite e diminuir os custos com tratamentos de mastite. Assim pode-

se aumentar a renda da propriedade, promovendo sua sustentabilidade e a

qualidade do produto comercializado.

Com o estágio curricular também foi possível aprender muito sobre a

gestão da propriedade leiteira, os custos de produção e alternativas que podem

ser utilizadas para melhorar o manejo do rebanho leiteiro. Também foi possível

aprender como se comunicar melhor com os produtores e com os funcionários

das propriedades visitadas.

42

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