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Sem Opção Veículo: Folha de S. Paulo - Caderno: Poder - Seção: - Assunto: Política - Página: A10 - Publicação: 14/12/19 URL Original: Maioria dos eleitores de Bolsonaro aprova saída do PSL e criação da Aliança, diz Datafolha Maioria dos eleitores de Bolsonaro aprova saída do PSL e criação da Aliança, diz Datafolha Empreitada político-partidária do presidente tem apoio de 57% dos que declaram ter votado nele, enquanto 27% desaprovam A maioria dos eleitores que declaram voto em Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 aprova a decisão do presidente de sair do PSL, partido pelo qual foi eleito, e criar uma nova sigla, a Aliança pelo Brasil , aponta a mais recente pesquisa Datafolha. Segundo o levantamento, 57% dos entrevistados que declaram ter votado em Bolsonaro aprovam a empreitada político- partidária do presidente, enquanto 27% desaprovam. Nesse grupo, os indiferentes são 9% e os que não sabem, 7%. O aval à decisão de Bolsonaro também é maior entre os que consideram seu governo ótimo ou bom. Nessa fatia da população , 68% aprovam a investida do presidente. Segundo o instituto, a taxa de aprovação à sua administração oscilou de 29% para 30% na primeira semana de dezembro, dentro da margem de erro do levantamento, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Nas faixas de renda mais alta (cinco a dez salários mínimos e mais de dez salários), 43% dos entrevistados aprovam a saída de Bolsonaro do PSL. Entre os que têm renda familiar de até dois salários mínimos por mês, são 34%. Apesar de os números indicarem que Bolsonaro mantém uma base fiel, independentemente do partido a que esteja filiado, o Datafolha também mostra que grande parte dos brasileiros não está acompanhando o movimento político do presidente. De acordo com a sondagem, a maioria da população (55%) não tomou conhecimento da decisão de Bolsonaro de deixar o PSL e de seu plano de criar um novo partido. A pesquisa ouviu 2.948 pessoas nos últimos dias 5 e 6 em 176 municípios pelo país. A saída de Bolsonaro do partido que o alçou ao Palácio do Planalto aconteceu após semanas de embate dentro do PSL . Em meados de outubro, a sigla se dividiu entre os mais fiéis aliados de Bolsonaro e uma ala que apoia o presidente da legenda, deputado Luciano Bivar (PSL-PE). A crise dentro do partido foi escancarada por Bolsonaro no início daquele mês, ao dizer a um apoiador que Bivar estava "queimado pra caramba" . "Esquece o PSL, esquece o PSL, tá OK?", cochichou o presidente no ouvido do apoiador que momentos antes se disse do Recife e pré-candidato do PSL. As declarações registradas na saída do Palácio da Alvorada causaram reação imediata na legenda, que já passava por uma disputa interna de poder. O PSL está no centro de um escândalo, revelado pela Folha, que envolve o uso de verbas públicas por meio de candidaturas de laranjas em Minas Gerais e Pernambuco. Embora Bolsonaro sinalizasse a pessoas próximas que a situação no partido estava insustentável, a decisão de sair do PSL se arrastou por semanas. A possibilidade de ficar sem partido não era descartada pelo presidente, mas a avaliação de aliados sempre foi a de que o apoio formal de um grupo político é fundamental para o chefe do Executivo. Havia dúvidas, no entanto, se a criação de um novo partido não geraria desgaste a Bolsonaro —uma vez que o número excessivo de agremiações no país é alvo de críticas. Os dados do Datafolha indicam, entretanto, que no caso específico de Bolsonaro há uma divisão entre os brasileiros. Segundo o levantamento, 41% dos entrevistados desaprovam o movimento de Bolsonaro de sair do PSL e criar a Aliança, ante 38% que o aprovam. Disseram ser indiferentes 13%, e não saber 9%. Em meio a incertezas sobre a viabilidade política da Aliança pelo Brasil, o novo partido de Bolsonaro foi lançado oficialmente no dia 21 de novembro , em Brasília, com forte apelo ao discurso de cunho religioso, à defesa do porte de armas e de repúdio ao socialismo e ao comunismo. O documento que vai nortear a atuação da Aliança defende, por exemplo, "o lugar de Deus na história e na alma do povo brasileiro", e diz que a "laicidade do Estado jamais significou ateísmo obrigatório, como ocorre em regimes autoritários que perseguem a religião".

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SemOpção

Veículo: Folha de S. Paulo - Caderno: Poder - Seção: - Assunto: Política -Página: A10 - Publicação: 14/12/19URL Original:

Maioria dos eleitores de Bolsonaro aprova saída doPSL e criação da Aliança, diz DatafolhaMaioria dos eleitores de Bolsonaro aprova saída do PSL ecriação da Aliança, diz DatafolhaEmpreitada político-partidária do presidente tem apoio de 57% dos quedeclaram ter votado nele, enquanto 27% desaprovamA maioria dos eleitores que declaram voto em Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 aprova a decisão do presidente de sair doPSL, partido pelo qual foi eleito, e criar uma nova sigla, a Aliança pelo Brasil, aponta a mais recente pesquisa Datafolha.Segundo o levantamento, 57% dos entrevistados que declaram ter votado em Bolsonaro aprovam a empreitada político-partidária do presidente, enquanto 27% desaprovam. Nesse grupo, os indiferentes são 9% e os que não sabem, 7%.O aval à decisão de Bolsonaro também é maior entre os que consideram seu governo ótimo ou bom. Nessa fatia da população,68% aprovam a investida do presidente.Segundo o instituto, a taxa de aprovação à sua administração oscilou de 29% para 30% na primeira semana de dezembro,dentro da margem de erro do levantamento, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.Nas faixas de renda mais alta (cinco a dez salários mínimos e mais de dez salários), 43% dos entrevistados aprovam a saída deBolsonaro do PSL. Entre os que têm renda familiar de até dois salários mínimos por mês, são 34%.Apesar de os números indicarem que Bolsonaro mantém uma base fiel, independentemente do partido a que esteja filiado, oDatafolha também mostra que grande parte dos brasileiros não está acompanhando o movimento político do presidente. De acordo com a sondagem, a maioria da população (55%) não tomou conhecimento da decisão de Bolsonaro de deixar o PSL ede seu plano de criar um novo partido. A pesquisa ouviu 2.948 pessoas nos últimos dias 5 e 6 em 176 municípios pelo país. A saída de Bolsonaro do partido que o alçou ao Palácio do Planalto aconteceu após semanas de embate dentro do PSL. Em meados de outubro, a sigla se dividiu entre os mais fiéis aliados de Bolsonaro e uma ala que apoia o presidente da legenda,deputado Luciano Bivar (PSL-PE).A crise dentro do partido foi escancarada por Bolsonaro no início daquele mês, ao dizer a um apoiador que Bivar estava"queimado pra caramba"."Esquece o PSL, esquece o PSL, tá OK?", cochichou o presidente no ouvido do apoiador que momentos antes se disse do Recife epré-candidato do PSL.As declarações registradas na saída do Palácio da Alvorada causaram reação imediata na legenda, que já passava por umadisputa interna de poder.O PSL está no centro de um escândalo, revelado pela Folha, que envolve o uso de verbas públicas por meio de candidaturas delaranjas em Minas Gerais e Pernambuco.Embora Bolsonaro sinalizasse a pessoas próximas que a situação no partido estava insustentável, a decisão de sair do PSL searrastou por semanas. A possibilidade de ficar sem partido não era descartada pelo presidente, mas a avaliação de aliados sempre foi a de que o apoioformal de um grupo político é fundamental para o chefe do Executivo. Havia dúvidas, no entanto, se a criação de um novo partido não geraria desgaste a Bolsonaro —uma vez que o númeroexcessivo de agremiações no país é alvo de críticas. Os dados do Datafolha indicam, entretanto, que no caso específico de Bolsonaro há uma divisão entre os brasileiros. Segundo o levantamento, 41% dos entrevistados desaprovam o movimento de Bolsonaro de sair do PSL e criar a Aliança, ante38% que o aprovam. Disseram ser indiferentes 13%, e não saber 9%.Em meio a incertezas sobre a viabilidade política da Aliança pelo Brasil, o novo partido de Bolsonaro foi lançado oficialmente nodia 21 de novembro, em Brasília, com forte apelo ao discurso de cunho religioso, à defesa do porte de armas e de repúdio aosocialismo e ao comunismo.O documento que vai nortear a atuação da Aliança defende, por exemplo, "o lugar de Deus na história e na alma do povobrasileiro", e diz que a "laicidade do Estado jamais significou ateísmo obrigatório, como ocorre em regimes autoritários queperseguem a religião".

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De acordo com o texto, o partido é "ciente de que o povo brasileiro acredita que Deus é o garantidor do verdadeirodesenvolvimento humano" e que "a relação entre a nação e Cristo é intrínseca, fundamental e inseparável".Segundo o Datafolha, 43% dos evangélicos aprovam a saída de Bolsonaro do PSL e a criação da Aliança. Entre os católicos, 37%apoiam. É justamente na fatia evangélica da população que o presidente aposta para conseguir tirar sua sigla do papel. São necessárias 491.967 assinaturas em ao menos 9 estados, todas validadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), para aAliança ser criada —tornando-se, assim, a nona sigla de Bolsonaro em sua carreira política.Líderes de igrejas pentecostais e neopentecostais alinhados à agenda de Bolsonaro já se colocaram à disposição da empreitadado presidente, que ainda busca brechas na Justiça Eleitoral para chegar às eleições com recursos dos fundos partidário eeleitoral e com tempo de rádio e TV.Nesse contexto, como mostrou a Folha, Bolsonaro aposta na atuação da PGR (Procuradoria-Geral da República) para garantirque um grupo de cerca de 20 deputados migrem do PSL para a nova legenda, mantendo os mandatos e as respectivas fatias daverba pública.

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