magnetismo rev. 1
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Resumo sobre Magnetismo - Ensino Médio.TRANSCRIPT
MAGNETISMO
Macaé, 2009
Sumário
1. HISTÓRIA ................................................................................................................... 3
2. FUNDAMENTOS FÍSICOS ....................................................................................... 6
3. TIPOS DE MAGNETISMO ....................................................................................... 8
3.1. LEI DE AMPÈRE ................................................................................................... 9
3.2. LEI DE BIOT-SAVART ....................................................................................... 10
3.3. LEI DA INDUÇÃO ............................................................................................... 12
4. PROPRIEDADES MAGNÉTICAS ......................................................................... 13
4.1. ÍMÃS ...................................................................................................................... 14
4.1.1. Ímãs naturais e artificiais ................................................................................. 14
4.1.2. Ímãs permanentes e temporais ......................................................................... 14
4.1.3. Regiões polares .................................................................................................. 15
4.1.4. Atração e repulsão ............................................................................................. 15
4.1.5. Massa magnética ............................................................................................... 15
4.1.6. Leis de atração e repulsão entre massas magnéticas puntiformes ................ 15
4.1.7. Pólo de um ímã .................................................................................................. 15
4.1.8. Inseparabilidade dos pólos ............................................................................... 15
4.1.9. Sistemas de unidades em magnetismo e eletromagnetismo ........................... 16
4.1.10. Momento magnético de um imã ....................................................................... 16
4.1.11. Imantação ou intensidade de imantação ou intensidade de magnetização .. 16
4.1.12. Densidade magnética ......................................................................................... 16
4.2. A FORÇA ELETROMAGNÉTICA ................................................................................ 16
4.3. O ELETROMAGNETISMO CLÁSSICO ........................................................................ 17
5. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 19
1. HISTÓRIA
O atual estágio de desenvolvimento científico e tecnológico que foi alcançado
pela humanidade, embora não compartilhado por todas as pessoas, é fruto do
conhecimento acumulando ao longo de séculos. Ao compreender os fenômenos da
Natureza, o Homem conseguiu aplicá-los a seu favor. Em particular, um dos mais
antigos fenômenos naturais, e que atualmente tem uma enorme importância, é o
magnético. Existem evidências de que os chineses, há 3.500 anos, descobriram que
determinado tipo de material, quando deixado livre, se movia para uma direção
particular.
Essa descoberta transformou-se no que chamamos de bússola. Esse instrumento
é mencionado na Europa, pela primeira vez, por Alexandre Neckma em 1187. Duzentos
anos depois, esse instrumento tornou-se indispensável para as grandes navegações
realizadas por países como Portugal, Espanha, Holanda e Itália, permitindo as primeiras
explorações em escala planetária e o primeiro ciclo de globalização da humanidade.
A difusão da utilização da bússola decorreu da simplicidade de seu
funcionamento, baseado no fato de que nosso planeta é um gigantesco ímã com dois
pólos magnéticos. A bússola também é um ímã, e ao interagir com o campo da Terra, os
pólos opostos se atraem. Dessa forma, se deixarmos um ímã mover-se livremente, ele
tende a se alinhar com o campo magnético da Terra.
A origem desse campo está associada ao movimento do magma que existe no
interior do planeta. Há evidências de que em determinados períodos os pólos
magnéticos terrestres se invertem, embora esse mecanismo ainda não seja totalmente
compreendido. Entretanto, qual é a origem da força magnética?
No ano de 800 a.C., Thales de Mileto acreditava que a magnetita (um ímã
natural – FeO.Fe2O3) possuía as propriedades de atração e repulsão devido ao fato de
ela ter “uma alma própria”. Posteriormente, Platão tenta explicar os fenômenos
magnéticos admitindo que a atração e a repulsão ocorriam devido à “umidade” e à
“secura” da magnetita. Entretanto, essas idéias eram apenas especulações e não
revelaram a verdadeira origem do magnetismo.
Embora tenha havido alguns avanços na compreensão do magnetismo com
Petrus Peregrinus, em 1269, e com Gilbert, em 1600, somente no século XIX os seus
mistérios começaram a ser desvendados por cientistas como Ampère, Oersted, Henry e
Faraday. Eles descobriam que tanto os fenômenos magnéticos como os elétricos tinham
uma origem comum. Em 1845, de maneira independente, Faraday e Henry descobriram
que era possível produzir uma corrente elétrica fazendo com que um ímã se movesse no
interior de um enrolamento de fios (bobina), ou que o ato de passar uma corrente
elétrica através de uma bobina geraria um campo magnético.
Essa é a lei da indução eletromagnética, que se transformou em uma das mais
importantes descobertas do século XIX, pois a partir da sua aplicação foi possível
desenvolver formas de produção de energia elétrica em larga escala.
Uma síntese desses conhecimentos foi feita por James Clark Maxwell,
demonstrando que a eletricidade e o magnetismo são diferentes manifestações do
mesmo fenômeno físico. Ele mostrou também que a luz é uma combinação de campos
elétricos e magnéticos se propagando através do espaço. Alguns anos depois, Hertz
observou as ondas eletromagnéticas comprovando essa hipótese.
A origem do magnetismo da matéria somente foi compreendida nas primeiras
décadas do século XX. O magnetismo está associado ao movimento dos elétrons ao
redor do núcleo atômico e a uma propriedade intrínseca dos elétrons e prótons (e outras
partículas atômicas) que denominamos de spin (como se fosse a rotação das partículas
em torno de si mesmo, mas essa idéia é uma aproximação grosseira).
Dentre as inúmeras aplicações dos fenômenos magnéticos, destaca-se a gravação
magnética de informações em computadores. Cada informação gravada no disco rígido
é feita por meio da aplicação de campos magnéticos sobre o material magnético que o
compõe. As informações são gravadas na forma de um código binário, como uma
seqüência de “0” e “1”. Pode-se representar, por exemplo, o “0” como um pequeno ímã
com o pólo norte apontando para cima e o “1” com o pólo sul apontando para baixo.
Com o conhecimento mais profundo dos mecanismos responsáveis pelos
fenômenos magnéticos da matéria e os avanços na produção de materiais na escala
atômica, tornou-se possível construir artificialmente novos materiais que apresentam
propriedades magnéticas inusitadas. Um exemplo disso é a utilização de um fenômeno
físico, descoberto em 1988, chamado de “magnetorresistência gigante”, com a
participação de um pesquisador brasileiro, o Prof. Mário Baibich, da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Naquela época, ele trabalhava em um
laboratório em Orsay, na França, liderado pelo Prof. Albert Fert. Esse fenômeno ocorre
quando se produzem finas camadas de átomos alternando-se materiais magnéticos e não
magnéticos.
Quando se aplica um campo magnético, a resistência à passagem da corrente
elétrica desta estrutura varia dezenas de vezes. Isso permite a sua utilização como um
sensor magnético. Nos últimos 10 anos, praticamente todos os computadores utilizam
esse tipo de dispositivo em seus discos rígidos. Isso permitiu que as capacidades dos
discos rígidos, que eram na ordem de 2 gigabytes, fosse aumentada para 200 gigabytes.
Talvez em toda a história da Ciência não houve outra descoberta de um fenômeno físico
que se transformasse em uma aplicação tecnológica de grande importância tão
rapidamente.
Quando os navegadores portugueses e espanhóis cruzavam o Atlântico, há mais
de 500 anos, não imaginavam que o princípio de funcionamento daquele pequeno
instrumento, fundamental para guiá-los através de mares nunca antes navegados,
poderia ser utilizado de tantas formas diferentes. Da mesma maneira que eles
conseguiram descobrir novos mundos, seguindo a firme indicação da bússola, hoje
utilizamos o mesmo fenômeno (magnetismo) para navegar por oceanos de informações,
permitindo a descoberta de novas idéias e transformando o nosso Mundo.
2. FUNDAMENTOS FÍSICOS
Tradicionalmente, em física estudam-se dois tipos de fontes de fenômenos
magnéticos: os ímãs e as cargas livres nos condutores, que transmitem uma corrente
elétrica. Denomina-se campo magnético à perturbação sofrida pelo espaço próximo a
uma dessas fontes magnéticas. A magnitude fundamental do campo magnético é a
indução de campo, representada habitualmente pelo símbolo B e dotada de caráter
vetorial, já que depende tanto de seu valor numérico como da direção e sentido de
máxima variação do campo. O vetor intensidade de campo magnético B é definido
como uma derivação da indução magnética, e a razão pela qual possui a denominação
reservada normalmente aos vetores básicos de campo é puramente histórica.
A detecção de um campo magnético em um meio é feita pela influência que
exerce sobre uma bússola ou carga elétrica em movimento. Assim, pode-se definir a
indução de campo magnético como a força que este exerce perpendicularmente sobre
uma carga unitária de velocidade, também igual a um. A expressão matemática desta
relação, chamada de Lorentz, é
F = q v x B
Em que a força F, a velocidade v e a indução B possuem caráter vetorial, a carga
q é um número positivo ou negativo, e o símbolo x representa um produto vetorial que
significa que a força resultante é perpendicular tanto à velocidade da partícula carregada
como ao campo magnético visto como um conjunto de linhas na direção do vetor B em
cada ponto do espaço.
A unidade fundamental de indução magnética no sistema internacional é o tesla,
equivalente à unidade de força definida por unidade de carga e de velocidade. O gauss
representa um dez mil avos do tesla e constitui a unidade básica no sistema CGS
(centímetro, grama, segundo).
Também relevante no estudo do magnetismo é o chamado fluxo magnético,
representado graficamente por linhas de indução através das quais se define a unidade
de fluxo. Assim, um campo magnético de indução B de um tesla é representado como
uma linha de indução por metro quadrado, denominada weber. A indução corresponde
ao fluxo por unidade de superfície perpendicular ao campo e é também chamada
densidade de fluxo. Além do weber, unidade internacional, emprega-se também como
unidade de fluxo do sistema eletromagnético o maxwell, segundo a relação 1 weber =
108 maxwells.
A estrutura elétrica mais simples que se pode conceber é uma carga isolada, de
modo que duas cargas de sinais contrários formam um dipolo elétrico, caracterizado por
um momento de força ou magnitude física equivalente à que provoca o giro de uma
barra rígida apoiada em um ponto fixo. Por analogia, definem-se os dipolos magnéticos,
formados por dois pólos (norte e sul) que geram perturbações específicas acentuadas a
seu redor, as quais se transmitem ininterruptamente entre ambos. A inexistência, porém,
desses pólos magnéticos isolados constitui um dos aspectos fundamentais da ciência do
magnetismo.
Em escala microscópica, o campo magnético mais simples é o produzido pelo
movimento de rotação dos elétrons em torno de si mesmos. Esse fenômeno, conhecido
como spin, é representado na física quântica pelos números +1/2 e -1/2, de acordo com
o sentido do giro do elétron.
3. TIPOS DE MAGNETISMO
A física considera a existência de três tipos de material, segundo seu
comportamento em presença de campos magnéticos: (1) substâncias ferromagnéticas,
como o ferro, o cobalto, o níquel, o gadolínio, o disprósio e as ligas, minerais e
derivados desses elementos, que ficam permanentemente imantadas ainda que se retire o
agente do campo; (2) substâncias paramagnéticas, que apresentam uma imantação
temporária e tênue, que desaparece ao eliminar-se o campo; (3) substâncias
diamagnéticas, que são repelidas pelos ímãs de forma indiscriminada.
A explicação desses comportamentos é dada pela física microscópica, segundo a
qual a maioria das substâncias apresenta diamagnetismo ou atividade magnética nula na
ausência de perturbações externas. O ferromagnetismo e o paramagnetismo são
fenômenos determinados pela existência prévia de uma orientação generalizada dos
campos magnéticos eletrônicos ou spins, que se reforça temporária ou permanentemente
sob a influência dos ímãs.
O campo magnético terrestre, detectável por uma simples bússola, possui duas
peculiaridades: sua irregularidade, dependente da latitude; e sua mudança gradual no
tempo, conseqüência da variação contínua do eixo magnético. Segundo a teoria
dinâmico-magnética, a origem do magnetismo terrestre está nas correntes elétricas do
núcleo metálico do planeta, e sua variabilidade indica que esse núcleo encontra-se em
movimento, de modo que os rios de metal fundido assumem o papel de espirais
condutoras que criam campos magnéticos.
3.1. LEI DE AMPÈRE
Lei de Ampère é a lei que relaciona o campo magnético sobre um laço com a
corrente elétrica que passa através do laço. É o equivalente magnético da lei de Gauss;
foi proposta originalmente por André-Marie Ampère e modificada por James Clerk
Maxwell (por isso é chamada também de lei de Ampère-Maxwell).
Pode-se calcular o campo magnético resultante em um ponto devido a qualquer
distribuição de correntes através da lei de Biot-Savart. Entretanto, se essa distribuição
apresentar um certo grau de simetria, é possível aplicar a Lei de Ampère para
determinar o campo magnético com um esforço consideravelmente menor.
A Lei de Ampère pode ser expressa matematicamente por:
O círculo no símbolo da integral significa que o produto escalar deve ser
integrado ao redor de um laço, chamado laço de Ampère. Onde:
é a integral de caminho ao redor do percurso fechado C;
é o campo magnético ou senão densidade de fluxo magnético;
é um elemento infinitesimal do contorno C;
é a permeabilidade magnética do vácuo;
é a densidade de corrente (em Ampères por metro quadrado no SI)
através da supefície S englobada pelo contorno C;
é um vetor referente a unidade de área S, com magnitude
infinitesimal e direção normal à superfície S;
é siplesmente a corrente elétrica envolvida pela curva C.
Além da forma integral a Lei de Ampère expressa-se também pela forma diferencial:
Onde é chamado de rotacional.
3.2. LEI DE BIOT-SAVART
A lei de Biot-Savart é uma lei no eletromagnetismo que descreve o vetor
indução magnética em termos de magnitude e direção de uma fonte de corrente, da
distância da fonte de corrente elétrica e a permeabilidade do meio. A lei de Biot-Savart
pode ser usada para derivar a lei de Ampère e vice-versa. A lei recebe esse nome em
homenagem aos físicos franceses Jean-Baptiste Biot e Félix Savart.
Em particular, se definimos um elemento infinitesimal de corrente , então o
elemento infinitesimal de campo magnético é:
Onde:
μ é a permeabilidade magnética do meio
é a corrente elétrica, medida em ampères
é o vetor diferencial do comprimento do elemento de corrente
é o vetor unitário que dá a direção e o sentido do vetor que liga o
elemento de corrente até o ponto onde se quer calcular o campo
é o vetor que liga o elemento de corrente até o ponto onde se quer
calcular o campo
Campo magnético gerado por fio retilineo
A lei de Biot-Savart descreve com precisão o campo magnético gerado nas mais
diversas distribuições de corrente elétrica. O caso do fio retilíneo condutor infinito é de
particular interesse, pois foi de grande aplicação nos experimentos do sec XIX.
Experimentalmente, tinha-se descoberto que o campo magnético gerado por tal
distribuição devia ser:
onde R é a distância do fio ao ponto que se deseja calcular o campo.
Primeiro, faz-se uma transformação de variáveis:
Assim:
3.3. LEI DA INDUÇÃO
A lei de Faraday-Neumann-Lenz, ou lei da indução eletromagnética, é uma lei
da física que quantifica a indução eletromagnética, que é o efeito da produção de
corrente elétrica em um circuito colocado sob efeito de um campo magnético variável
ou por um circuito em movimento em um campo magnético constante. É a base do
funcionamento dos alternadores, dínamos e transformadores.
Tal lei é derivada da união de diversos princípios. A lei da indução de Faraday,
elaborada por Michael Faraday a partir de 1831, afirma que a corrente elétrica induzida
em um circuito fechado por um campo magnético, é proporcional ao número de linhas
do fluxo que atravessa a área envolvida do circuito, na unidade de tempo.
Sendo E o campo elétrico induzido, ds é um elemento infinitesimal do circuito e
dΦB/dt é a variação do fluxo magnético. Uma maneira alternativa de se representar é na
forma da diferença na função do campo magnético B:
Portanto:
e a lei, expressa matematicamente na forma elaborada por Franz Ernst Neumann em
1845 em termos da força eletromotriz, é:
4. PROPRIEDADES MAGNÉTICAS
Toda matéria exibe propriedades magnéticas quando submetida a um campo
magnético externo . Até mesmo substâncias como cobre e alumínio, que normalmente
são livres de propriedades magnéticas, são afetadas pela presença de um campo
magnético produzido por qualquer pólo de um imã de barra. Dependendo se há uma
atração ou repulsão pelo pólo de um ímã, a matéria é classificada como sendo
paramagnética ou diamagnética, respectivamente. Alguns materiais, notavelmente o
ferro, mostram uma atração muito grande para o pólo de uma barra permanente de ímã;
materiais deste são chamados ferromagnéticos.
Em 1845, Faraday se tornou o primeiro a classificar substâncias como
diamagnéticas ou paramagnéticas. Ele fundamentou esta classificação na observação da
força exercida sobre uma substância num campo magnético não-homogênio. Sobre
forças de campo moderadas, a magnetização M de uma substância é linearmente
proporcional a força do campo aplicado H. A magnetização é especificada pela
suscetibilidade magnética, e definida pela relação M=H. Uma amostra de volume V,
colocada num campo H dirigido na direção do eixo X, e aumentando nessa direção
segundo a taxa dH/dx, sofrerá uma força na direção X de F = VH (dH/dx). Se a
suscetibilidade magnética for positiva, essa força sofrida estará na direção onde a força
do campo é crescente, e se for negativa estará na direção onde a força do campo é
decrescente.
Substâncias para as quais a suscetibilidade magnética é negativa (por exemplo,
cobre e prata) são classificadas como diamagnéticas. A suscetibilidade é pequena, na
ordem de -10-5
para sólidos e líquidos e -10-8
para gases. Uma característica marcante do
diamagnetismo é que o momento magnético por unidade de massa, em um determinado
campo, é virtualmente constante para uma substância sobre uma ampla região de
temperaturas, ele muda pouco entre sólido, líquido, e gás. A variação na suscetibilidade
entre sólido ou líquido e gás, é quase que completamente devido à mudança no número
de moléculas por unidade de volume. Isto indica que o momento magnético induzido
em cada molécula, num determinado campo, é primariamente uma propriedade
característica da molécula.
Substâncias para as quais a suscetibilidade magnética é positiva são classificadas
como paramagnéticas. Em alguns casos ( maioria dos metais), a suscetibilidade é
independente da temperatura, mas medidas feitas pelo físico francês Pierre Curie, em
1895, mostraram que para muitas substâncias, a suscetibilidade é inversamente
proporcional a temperatura absoluta T, quer dizer, igual a C/T. Este relação aproximada,
é conhecida como a lei de Curie e a constante C, como a constante de Curie. Uma
equação mais precisa é obtida, em muitos casos, modificando a equação acima para
C/(T -), chamada de Lei de Curie-Weiss. Analisando esta última equação, fica evidente
que para a temperatura T , o valor da suscetibilidade fica infinito. Abaixo desta
temperatura, os materiais exibem magnetização espontânea, isto é, tornam-se
ferromagnéticos.
Suas propriedades magnéticas são muito diferentes daqueles nas fase
paramagnética ou de alta-temperatura. Em particular, embora seu momento magnético
possa ser mudado pela aplicação de um campo magnético, o valor do momento num
determinado campo, não é sempre o mesmo; ele depende do tratamento magnético,
térmico, e mecânico da amostra.
4.1. ÍMÃS
Há muito tempo se observou que certos corpos tem a propriedade de atrair o ferro.
Esses corpos foram chamados ímãs. Essa propriedade dos ímãs foi observada pela
primeira vez com o tetróxido de triferro , numa região da Ásia, chamada Magnésia. Por
causa desse fato esse minério de ferro é chamado magnetita, e os ímãs também são
chamados magnetos.
4.1.1. Ímãs naturais e artificiais
A magnetita é o ímã que se encontra na natureza: é o ímã natural. Chamamos
corpo neutro àquele que não tem propriedade magnética: corpo imantado àquele que se
tornou ímã. Os corpos que se imantam com grande facilidade são o ferro e certas ligas
de ferro usadas na fabricação de ímãs permanentes. Uma dessa ligas é o ALNICO,
composta de ferro, alumínio, níquel, cobre e cobalto.
4.1.2. Ímãs permanentes e temporais
De acordo com a constituição química do ímã artificial, ele pode manter a
propriedade magnética por muito tempo, até por muitos anos, ou perdê-la logo depois
que cesse a causa da imantação. No primeiro caso o ímã é chamado permanente; no
segundo, ímã temporal, ou transitório. Os eletroímãs são sempre ímãs temporais. Os
ímãs naturais são permanentes.
4.1.3. Regiões polares
Um ímã não apresenta propriedades magnéticas em toda a sua extensão, mas só em
certas regiões, chamadas regiões polares.
4.1.4. Atração e repulsão
Consideremos dois ímãs suspensos pelos centros de gravidade. Aproximando as suas
regiões polares de todas as maneiras possíveis, concluímos o seguinte princípio,
demonstrado exclusivamente pela experiência: “duas regiões polares de mesmo nome se
repelem, e de nomes contrários se atraem”
4.1.5. Massa magnética
Assim como em Eletrostática introduzimos o conceito de carga elétrica para podermos
medir a força entre corpos eletrizados, em magnetismo introduzimos o conceito de
massa magnética para que possamos medir a força entre corpos imantados.
4.1.6. Leis de atração e repulsão entre massas magnéticas puntiformes
“A intensidade da força de atração ou repulsão entre duas massas magnéticas
puntiformes é proporcional ao produto das massas magnéticas.”
4.1.7. Pólo de um ímã
Já vimos que um ímã só possui propriedades magnéticas em certas regiões, que
chamamos regiões polares norte e sul, que elas possuem massas magnéticas de iguais
valores absolutos. Essas regiões polares de um ímã não são pontos, mas são superfícies.
4.1.8. Inseparabilidade dos pólos
Os polos de um ímã são inseparáveis. Se cortamos um ímã, os polos norte e sul não
ficam isolados. Na parte correspondente ao polo norte aparece um novo polo sul; e na
parte correspondente ao polo sul primitivo aparece um novo polo norte.
4.1.9. Sistemas de unidades em magnetismo e eletromagnetismo
Vimos, no tópico "Unidades de Carga Elétrica" , que o sistema MKS contém unidades
em toda a Eletricidade, isto é, em Eletrostática, Eletrodinâmica, Magnetismo e
Eletromagnetismo. E que o sistema CGSES contém unidades só em Eletrostática e
Eletrodinâmica.
4.1.10. Momento magnético de um imã
Chama-se momento magnético do ímã ao produto do vetor pelo valor absoluto da massa
magnética de um dos polos. Pela própria definição vemos que é uma grandeza vetorial.
4.1.11. Imantação ou intensidade de imantação ou intensidade de
magnetização
Chama-se imantação, ou intensidade de imantação ou intensidade de magnetização do
ímã à grandeza vetorial obtida pelo quociente do momento magnético pelo volume do
ímã.
4.1.12. Densidade magnética
Chama-se densidade magnética de uma região polar ao quociente da massa magnética,
pela área da região.
4.2. A FORÇA ELETROMAGNÉTICA
A força que um campo eletromagnético exerce sobre cargas elétricas, chamada
força eletromagnética, é uma das quatro forças fundamentais. Tem a ver com
praticamente todos os fenômenos físicos que se encontram no cotidiano, com exceção
da gravidade. Isso porque as interações entre os átomos são regidas pelo
eletromagnetismo, já que são compostos por prótons, elétrons, ou seja, por cargas
elétricas.
Do mesmo modo as forças eletromagnéticas interferem nas relações
intermoleculares, ou seja, entre nós e quaisquer outros objetos. Assim podem-se incluir
fenômenos químicos e biológicos como conseqüência do eletromagnetismo. Cabe
ressaltar que, conforme à eletrodinâmica quântica, a força eletromagnética é resultado
da interação de cargas elétricas com fótons.
4.3. O ELETROMAGNETISMO CLÁSSICO
O cientista William Gilbert propôs que a eletricidade e o magnetismo, apesar de
ambos causarem efeitos de atração e repulsão, seriam efeitos distintos. Entretanto
marinheiros percebiam que raios causavam perturbações nas agulhas das bússolas, mas
a ligação entre os raios e a eletricidade ainda não estava traçada até os experimentos que
Benjamin Franklin propôs em 1752. Um dos primeiros a descobrir e publicar as
relações entre corrente elétrica e o magnetismo foi Romagnosi, que em 1802 afirmou
que um fio conectado a uma pilha provocava um desvio na agulha de uma bússola que
estivesse próxima. No entanto essa notícia não recebeu o crédito que lhe era devido até
que, em 1820, Hans Christian Ørsted montou um experimento similar.
A teoria do eletromagnetismo foi desenvolvida por vários físicos durante o
século XIX, culminando finalmente no trabalho de James Clerk Maxwell, o qual
unificou as pesquisas anteriores em uma única teoria e descobriu a natureza
eletromagnética da luz. No eletromagnetismo clássico, o campo eletromagnético
obedece a uma série de equações conhecidas como equações de Maxwell, e a força
eletromagnética pela lei de Lorentz.
Uma das características do eletromagnetismo clássico é a dificuldade em
associar com a mecânica clássica, compatível, porém com a relatividade especial.
Conforme as equações de Maxwell, a velocidade da luz é uma constante, depende
apenas da permissividade elétrica e permeabilidade magnética do vácuo. Isso porém
viola a invariância de Galileu, a qual já era há muito tempo base da mecânica clássica.
Um caminho para reconciliar as duas teorias era assumir a existência de éter luminífero
através do qual a luz propagaria. No entanto, os experimentos seguintes falharam em
detectar a presença do éter. Em 1905, Albert Einstein resolveu o problema com a teoria
da relatividade especial, a qual abandonava as antigas leis da cinemática para seguir as
transformações de Lorentz as quais eram compatíveis com o eletromagnetismo clássico.
A teoria da relatividade mostrou também que se adotando um referencial em
movimento em relação a um campo magnético, tem-se então um campo elétrico gerado.
Assim como também o contrário era válido, então de fato foi confirmada a relação entre
eletricidade e magnetismo. Portanto o termo "eletromagnetismo" estava consolidado.
5. REFERÊNCIAS
RAMALHO JUNIOR, Francisco; FERRARO, Nicolau Gilberto; SOARES, Paulo
Antônio de Toledo. Os Fundamentos da Física-volume 3: eletricidade, introdução à
física moderna, análise dimensional. 2003.