maçons ritual e política t_silva

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Revista de Estudos da Religião março / 2008 / pp. 75-91 ISSN 1677-1222 Ritual e Política: Excerto * Wellington Teodoro da Silva ** [wteodoro pucminas.br] Resumo Este artigo busca analisar a dimensão ritual da política, ou, ainda, as liturgias políticas, como sítios hermenêuticos fundamentais para análises com vistas à compreensão da politicidade num arco mais amplo de sentidos. A discussão que elaboramos funda-se em três momentos: 1) Ritos – apontamentos de uma compreensão; 2) O político e seus lugares e 3) O ritual político. Além da Introdução e da Conclusão. Palavras-Chave: Ritos, Ritos Políticos, Liturgias Políticas, “Religião Civil” Abstract This article seeks to analyze the ritualistic dimension of politics, or rather, political liturgies, as hermeneutical sites which are fundamental to a more comprehensive analysis of politics in the broadest sense. Our discussion is based on three main points: (1) Rites – Notes on comprehension; (2) Political space (3) The political ritual. Beyond Introduction and Conclusion. Keywords: Rites, Political Rites, Political Liturgies, "Civil Religion" Introdução Buscamos apresentar, neste trabalho, alguns elementos para a análise do ritual no ambiente político. Nosso esforço teórico caminhará no sentido de encontrar algumas luzes, nesse ainda obscuro ambiente, que nos possibilite compreender o rito, ato cultural e societário, como um elemento fundamental na construção do político. Esse empreendimento apenas será possível se dialogarmos com autores que se dedicam ao estudo dos ritos religiosos. Seguiremos essa orientação porque concordarmos com Claude Rivière que afirma que o * Para Luciana, Pedrinho e Clarinha. ** Professor de Cultura Religiosa da PUC Minas, graduado em História pela UFMG e doutorando Ciência da Religião na UFJF. www.pucsp.br/rever/rv1_2008/t_silva.pdf 75

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  • Revista de Estudos da Religio maro / 2008 / pp. 75-91ISSN 1677-1222

    Ritual e Poltica: Excerto*Wellington Teodoro da Silva** [wteodoro pucminas.br]

    ResumoEste artigo busca analisar a dimenso ritual da poltica, ou, ainda, as liturgias polticas, como stios hermenuticos fundamentais para anlises com vistas compreenso da politicidade num arco mais amplo de sentidos. A discusso que elaboramos funda-se em trs momentos: 1) Ritos apontamentos de uma compreenso; 2) O poltico e seus lugares e 3) O ritual poltico. Alm da Introduo e da Concluso.

    Palavras-Chave: Ritos, Ritos Polticos, Liturgias Polticas, Religio Civil

    AbstractThis article seeks to analyze the ritualistic dimension of politics, or rather, political liturgies, as hermeneutical sites which are fundamental to a more comprehensive analysis of politics in the broadest sense. Our discussion is based on three main points: (1) Rites Notes on comprehension; (2) Political space (3) The political ritual. Beyond Introduction and Conclusion.

    Keywords: Rites, Political Rites, Political Liturgies, "Civil Religion"

    IntroduoBuscamos apresentar, neste trabalho, alguns elementos para a anlise do ritual no ambiente poltico. Nosso esforo terico caminhar no sentido de encontrar algumas luzes, nesse ainda obscuro ambiente, que nos possibilite compreender o rito, ato cultural e societrio, como um elemento fundamental na construo do poltico. Esse empreendimento apenas ser possvel se dialogarmos com autores que se dedicam ao estudo dos ritos religiosos. Seguiremos essa orientao porque concordarmos com Claude Rivire que afirma que o * Para Luciana, Pedrinho e Clarinha.

    ** Professor de Cultura Religiosa da PUC Minas, graduado em Histria pela UFMG e doutorando Cincia da Religio na UFJF.

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    estudo desse ato encontra-se de maneira mais densa e elaborada entre os estudiosos da religio.

    Segundo Rivire (1989), a cincia poltica quase chegou a negligenciar esse tema. Talvez porque no o tenha considerado essencial para a compreenso de seu objeto ou, talvez, porque no disponha, em seu arsenal, de conceitos tericos suficientes para analis-lo. Isso no significa que nosso texto se resumir num esforo de encontrar uma estrutura religiosa no poltico. Religio e poltica so duas realidades humanas diferentes e irredutveis entre si. Entretanto, so experienciadas pelo humano. nico sujeito de histria e nico animal poltico e religioso em seu ato existencial.

    Rito apontamentos de uma compreensoCompreendemos o rito como ato carregado de sentido que se elabora por uma lgica prpria, a lgica ritual. Ele portador de proposituras suficientemente convincentes na elaborao e manuteno de determinada realidade social num dado ambiente cultural. Embora elaborado pela razo, seu contedo comunicado na medida em que ele consegue dizer algo segundo uma lgica simblica eficiente. Os ritos so densos em smbolos, que so as vias privilegiadas da comunicao ritual. Eles comunicam por uma lgica diferenciada da lgica da razo discursiva. Constituem, portanto, uma realidade que se sustenta numa comunicao eficaz irracional. Entendendo o irracional, segundo Otto (1992), como uma dimenso da experincia de vida humana que no passvel de se compreender pelas categorias da razo. Dentro da dimenso irracional da vivncia humana encontramos o sentimento, a emoo e o valor, por exemplo. O irracional no se refere, portanto, ao ilusrio, ao ilgico, disforme e sem sentido.

    O rito sobretudo relao, uma vez que um ato exclusivamente humano. Relao dos sujeitos com uma realidade social que se constri ou que se busca garantir a sua manuteno. No possvel pens-lo sem as mediaes do societrio e do cultural. Nele produzimos sentidos para a histria. Ele situa os sujeitos numa realidade que os ultrapassa, ao mesmo tempo em que os situa num universo de referncia maior. Rito essencialmente valor e emoo. Produo de valor e emoo. Comunicao de valor de emoo. Ele dirige-se conscincia humana, que propomos ser constituda, em seu ncleo produtor de sentido,

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    seu ncleo denso, por emoo e valor (Alves, 1984), buscando nela e a partir dela o exerccio de convencimento acerca do contedo que ele se propem a comunicar. O rito se ope, portanto, ao caos e instaura, dialeticamente, o nomos.

    Os caminhos da compreenso dos ritos passam, essencialmente e portanto, pelos caminhos da compreenso da linguagem. H um debate denso na lingstica e na filosofia acerca da linguagem e da cultura. Citamos essa questo mas no aprofundaremos em sua lida com maior vagar, porque ela escapa ao interesse central desse artigo.

    A linguagem no se confunde com o rito. Entretanto, no ambiente da linguagem que o rito se torna possvel e inteligvel como ato simblico. E, por sua vez, o rito um evento que se manifesta pela linguagem, uma vez que seu caminho privilegiado de comunicao no acontece pela via da razo discursiva.

    O rito, numa perspectiva anloga, tambm no e nem contm em si a cultura. Ele situa-se num ambiente cultural que lhe oferece o substrato simblico que o constitui. Esse dado impede que o rito ganhe o estatuto de absoluto, mantendo sua condio dialtica.

    Como toda a realidade social, o rito conseguir garantir sua manuteno enquanto for capaz de produzir sentido e se o valor que ele comunica for compreendido como legtimo e necessrio para o grupo que o produz.

    Os ritos, tema clssico de investigao, devem ser pensados numa dupla perspectiva: por um lado, so refns do seu ambiente cultural, que lhes fornece todo o seu aparato de significaes; por outro, so necessrios para a constituio desses ambientes culturais, pela via ritual que as culturas garantem o no esquecimento de seus dados fundantes e, ainda, so o lcus privilegiado para a produo de sentido, de nomos. Como exemplo dessa afirmao, podemos citar os ritos brasileiros que co-memoram a independncia e a proclamao da repblica. So necessrios para garantir o no esquecimento de dois valores, em tese, fundamentais para a cultura poltica dessa nao, a saber, a soberania e a tradio republicana.

    Na anlise dos ritos, necessrio no perder a perspectiva de seu carter dialtico. E, ainda, do carter dialtico de sua anlise. Da Matta atenta-nos para esse dado ao analisar o

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    mundo ritual nos carnavais, nas paradas militares e nas procisses religiosas. Vale dizer que em seu estudo, ele chama esses trs ritos de tringulo ritual brasileiro. Esse tringulo

    muito significativo, sobretudo nas implicaes polticas, uma vez que temos festas devotadas s vertentes mais institucionalizadas do Estado Nacional (suas foras armadas); festas controladas pela Igreja (outra corporao crtica na formao da sociedade brasileira) e, finalmente, as festas carnavalescas, consagradas vertente mais desorganizada da sociedade civil; ou melhor, a sociedade civil enquanto povo ou massa. (Da Matta, 1977: 7)

    Estas festividades compem um trip onde cada uma oferece um capital simblico de coeso ao entorno de um significado e sentido de nao. Esto no ncleo denso do ambiente cultural formulador das identidades de cidados e das relaes de poder. Da Matta (1977) assume uma perspectiva de anlise fundada no contraste, diante da qual possvel visualizar melhor as identidades de cada ato ritual e seu universo de significados, seu capital simblico e sua insero no ambiente cultural mais amplo da sociedade brasileira em si e diante dos poderes constitudos.

    Sua concluso de que existe o chamado aspecto combinatrio desses ritos que marcam essas grandes festas. Eles no so substantivamente diferentes do capital simblico encontrado no cotidiano. Defende, portanto que o clima ritual no opera com transformaes essenciais do cotidiano, mas por manipulaes dos dados da realidade encontrados nele. Os rituais so, portanto, instrumentos que permitem maior clareza das mensagens societrias. Ainda, afirma que ... no h ritualizao que esteja utilizando um mecanismo cujas intenes so neutralizar, reafirmar ou colocar tudo de cabea para baixo (Da Matta, 1977: 29)

    Encontramos, em Peirano, um ambiente terico que se aproxima de Velho. Essa autora cita um trabalho de Tambiah no qual ele indica que a linguagem da magia no se diferenciava qualitativamente da linguagem cotidiana, sendo uma forma intensificada e dramatizada dessa mesma linguagem. (Peirano, 2002). O rito, portanto, existe dialeticamente diante de um dado ambiente cultural e histrico no qual ele se constri. Ele apenas pode ser compreendido a partir dos cdigos dessa cultura, dos quais ele composto, aos mesmo

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    tempo que a cultura elabora os ritos para se auto estruturar e significar. Os ritos no so ingnuos e nem gratuitos: so atos privilegiados para a produo de sentidos dos ambientes culturais.

    Os ritos seculares possuem um poder de cosmificar as realidades sociais construdas. Parecem propor que determinada realidade ritualizada possui um significado para alm dela prpria. Situa-a numa idia absoluta de justia, de papel histrico, de poder que se manifesta por vias legtimas e necessrias. Rivre (1989) chega a tratar daquilo que ele chama de religio cvica ou religio poltica para referir, por exemplo, ao culto da democracia nos Estados Unidos ou do ento socialismo da URSS. Tais ambientes so densamente ritualizados em suas construes e manutenes.

    A condio de realidade dialtica das sociedades impe a todos o imperativo da relao com o outro. Ele pode ser um perigo, um risco, um lobo, ou, por outro lado, pode ser a pedra angular de uma realizao produtora de satisfaes e afetos. Em todo o caso as relaes so sempre ritualizadas. Pode ser, por exemplo, um rito sacrificial, que busca desviar a violncia num dado grupo cultural. O objeto desse rito pode, inclusive, ser morto ao receber simbolicamente toda a violncia de dada comunidade humana. Por outro lado, temos ritos como o batismo cristo que funda-se num sentimento de acolhida de um novo membro em uma comunidade de f.

    O poltico e seus lugaresA poltica, em seu sentido primeiro, cronologicamente, significa tudo o que se refere polis, portanto, tudo que pblico e social comum a todos. Segundo Bobbio (1995), a partir da obra de Aristteles intitulada Poltica, esta passa a se referir natureza do Estado suas divises e funes e natureza das vrias formas de poder. A partir de ento, a poltica refere-se a um nvel de atividade ou prxis humana.

    Ela postura ativa, orientada, com fins pr-determinados e estrategicamente pensados em ateno a interesses. Esta atividade humana, na modernidade, visa o locus onde seu poder existe de maneira mais densa: o Estado. Portador do mais formidvel de todos os monoplios, ou seja, o monoplio da deciso poltica (Schmitt, 1992:32), ele encontra-se voltado para a dominao de determinada(s) comunidade(s) humana(s) circunscrita(s) em

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    um determinado territrio e busca garantir para si o monoplio da legitimidade do uso da coao fsica, como afirma Weber:

    A uma associao de dominao denominamos associao poltica, quando e na medida em que sua subsistncia e a vigncia de suas ordens, dentro de determinado territrio geogrfico, estejam garantidas de modo contnuo mediante ameaa e a aplicao de coao fsica por parte do quadro administrativo. Uma empresa com carter de instituio poltica denominamos Estado, quando e na medida em que seu quadro administrativo reivindica com xito o monoplio legtimo da coao fsica para realizar as ordens vigentes (Weber, 1991: 189).

    O poder um elemento essencial ao poltico. Entendemos o poder como um nvel de relao existente entre dois sujeitos, onde o primeiro impe ao segundo a sua prpria vontade. Este nvel de relao assegurada pela posse dos meios que permitam alcanar uma vantagem sobre o outro.

    O terreno do poltico no um palco onde se encena a harmonizao de interesses. o campo onde so travadas batalhas entre interesses divergentes. espao de luta, de tenso. No um meio onde as idealizaes se hipostaziam. Portanto, os sujeitos polticos no caminham e nem brincam nus, sem vergonhas e sem pecados na relva paradisaca do Estado: realizando, de maneira total, seus sonhos e utopias.

    Uma vez posto que o terreno da poltica o da disputa de interesses conflitantes, a determinao conceitual do poltico deve fazer referncia aos sujeitos destes conflitos, aos agentes polticos.

    Uma determinao conceitual do poltico s pode ser obtida mediante a descoberta e identificao das categorias especificamente polticas. que o poltico tem seus critrios prprios, que de maneira peculiar se tornam eficazes diante dos domnios diversos e relativamente independentes do pensamento e do agir humano, especialmente o moral, o esttico e o econmico. O poltico precisa, pois situar-se em algumas distines ltimas, s quais pode reportar-se

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    toda ao especificamente poltica. Admitamos que as distines ltimas no mbito moral sejam bom e mau; no esttico, belo e feio; no econmico, til e prejudicial ou, por exemplo, rentvel e no rentvel. A questo, ento, se tambm existe uma distino peculiar no semelhante ou anloga s demais, porm independente delas, auto-suficiente, e como tal evidente, como critrio simples do poltico, e em que ela consiste. (Schmitt, 1992: 51)

    A seguir, Schmitt afirma que ... a distino especificamente poltica a que podem reportar-se a aes e os motivos polticos a discriminao entre amigo e inimigo (Schmitt, 1992,: 51)

    A diferenciao entre amigo e inimigo tem o sentido de designar o grau de intensidade de uma ligao ou separao, de uma associao ou dissociao; ela pode, terica ou praticamente, subsistir, sem a necessidade do emprego simultneo das distines morais, estticas, econmicas, ou outras. O inimigo poltico no precisa ser moralmente mau, no precisa ser esteticamente feio; no tem que surgir como concorrente econmico, podendo talvez at mostrar-se proveitoso fazer negcio com ele (Schmitt, 1992: 52).

    Assim apreendido o poltico na modernidade. O centro de sua existncia habitado pela razo, seu veculo de realizao dos interesses. Maquiavel inaugurou a poltica moderna ao separ-la da moral. Ela deveria exercer-se com o estrito amparo da razo para a conquista e manuteno do poder. O agente poltico da modernidade deve, portanto, forjar-se interventor societrio sob amparo exclusivo da razo. Tcnico. Metdico. Planejador. Elaborador de seus prprios planos de ao.

    O ritual polticoO ambiente poltico densamente ritualizado. Por essa via, o poltico encontra condies de se objetivar em seus prprios termos. Ganha historicidade. Salta do mundo das idias para o ambiente societrio, elaborando-o ao mesmo tempo que por ele elaborado, dialeticamente. A anlise da lgica ritual, por sua vez, uma via epistemolgica privilegiada para pensar o poltico. E, ainda, pelo poltico podemos pensar a lgica ritual. Terreno frtil para todos que possam assumir estudos acerca da politicidade em todas as suas dimenses. Terreno

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    profundo que permite que tal anlise leve em considerao as dimenses irracionais e simblicas das lides societrias.

    Como exemplo de ritualizao do Estado e de seus aparelhos podemos citar o caso das foras armadas. Elas representam sempre um perigo, para a sociedade civil e para o prprio Estado. So homens que se ocupam da guerra. Da violncia pensada, calculada cientificamente. Possuem o uso irresistvel da fora armada e a dominam como ningum, uma vez que a tm por ofcio. necessrio construir e manter nessas pessoas um sentido controlado de sua existncia. preciso manter um rgido ambiente de discilplina. Esse sentido no poderia ser mantido sem o uso do modo ritual. Aqui vale a mxima o rito mantm e atualiza o mito. Todos os dias h uma liturgia pela qual impede-se que haja fissuras na estrutura de sentido e plausibilidade nas proposituras devidas a esse meio. Eles existem, em tese, para defender a ptria. Defendem a soberania nacional. Defendem a sociedade civil. Colocam-se como servidores, obedientes. Possuem um mandato constitucional e, em tese, o seguem em fidelidade. Essa liturgia da obedincia comea pela manh com marchas sincronizadas. Obedincia de todo o grupo a uma voz superior. Cantam-se os hinos nacional, da bandeira e do soldado bravo e acima de tudo obediente a uma realidade que o supera e o inclui: a ptria. Suas roupas os diferenciam do restante da sociedade civil. Os smbolos contidos em suas roupas os diferenciam entre si, hierarquicamente, por mrito e bravura, no caso das medalhas. Viram para a direita e para a esquerda imediatamente aps uma ordem. Cumprimentam-se pela continncia. Ela evita os contatos interpessoais estreitos, diluindo-os no sentido nico de todo o corpo. A continncia lembra que o poder est fora daquela relao impessoalizada que se (des)constri,. Infelizmente a histria tem nos mostrado que os militares so capazes de voltar as armas, confiadas a eles pela nao, para defende-la, contra a prpria nao. Como foi o evento das ditaduras militares latino-americanas no seu alinhamento aos interesses do capital, em sua lgica de inimigo interno.

    A sociedade civil tambm ritualiza-se quando se coloca diante do Estado para exigir direitos assumidos como legtimos e necessrios. Um exemplo o Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Tal movimento consegue eliminar o tempo comum e colocar em suspenso o cotidiano. Sua liturgia constri o tempo da poltica. Elabora um outro cotidiano

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    que, ainda que no elimine efetivamente o tempo comum, modifica profundamente seu jeito de operar. Esse novo tempo construdo pelo modo ritual (Palmeira; Heredia, 1997).

    Chaves (2002) elaborou um estudo acerca da marcha nacional dos Sem-Terra como um ritual poltico de longa durao. Tendo chegado em Braslia no dia 17 de abril de 1997, essa marcha significou um dos maiores atos polticos da capital federal brasileira. A Marcha atravessou diversos Estados brasileiros dividida em trs colunas. Ao longo de toda a trajetria da marcha, com seus atos pblicos realizados por todos os lugares que passava, seus jejuns coletivos e suas montagens de acampamentos provisrios, so manifestaes rituais que compem o grande ato Marcha Nacional dos Sem Terra. O dia 17 de abril foi escolhido para a chegada em Braslia por ter sido o dia do massacre de Eldorado dos Carajs, data simblica.

    Segundo Chaves (2002), o ato da caminhada continua sendo um grande evento de agregao do simblico e pelo simblico, como as romarias e peregrinaes religiosas e as passeatas urbanas. H, nesse ambiente, um iderio sacrifical e mstico que se localiza no ncleo denso da idia-fora do evento e das proposituras fundamentais do MST. O capital poltico desse ato foi elaborado e construdo por esse movimento. Em atos como esse consegue-se converter uma massa que a esquerda clssica reputava como lupemproletariado em agentes polticos de primeira grandeza no cenrio poltico nacional e internacional.

    Desse modo, a autora demonstra que a tradio antropolgica na linhagem de Durkheim demonstra os profundos, inextrincveis e instituintes nexos entre os atos e as representaes sociais. Assim, o ambiente de anlise ritual revela-se como um locus privilegiado de anlise poltica uma vez que contm em si e de maneira densa o aparelho simblico e estratgico de determinado segmento societrio em disputa poltica diante do Estado.

    Kertzer, quando analisa o ritual poltico das festas comunistas da Itlia afirma que ... o controle dos ritos de uma comunidade pode ser um importante aspecto da competio poltica ao nvel local (Kertzer, 1998:3). Esse artigo analisa a competio estabelecida entre o Partido Comunista Italiano e a Igreja Catlica pela hegemonia da comunidade de Albora.

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    Ele tambm prope uma perspectiva dialtica do relacionamento rito-poltica, j que os ritos podem garantir a manuteno de determinadas realidades polticas e religiosas e, ainda, a dinmica da mudana de uma determinada realidade para outra que a negue ou supere. Essa mudana tambm gera em si, em sua heterognese, ritos produtores de sentido para a ao. O ambiente ritual situa-se, portanto, na complexa dialtica entre a manuteno e a mudana:

    Dessa forma, mudanas no ritual comunitrio no so apresentados como meros reflexos de mudanas polticas, mas sim como parte da prpria luta poltica, com efeitos potencialmente importantes sobre o processo poltico. (...) Enquanto as festas da Igreja so tidas como tributos aos santos padroeiros, ou a outros santos, uma ocasio de elevao espiritual, as festas comunistas so organizadas para glorificar o Partido, politizar o povo e para levantar dinheiro para a imprensa partidria. Enquanto as festas da Igreja se caracterizam pelas cruzes, pelas imagens da Madona etc., as festas comunistas so decoradas com bandeiras vermelhas e estandartes anti-capitalistas e anti-imperialistas. (Sic) (Kertzer, 1988:4)

    O ritual institui ao mesmo tempo uma via e um modo de constituio do poltico. Deve, portanto, ser pensado em seus prprios termos numa perspectiva dialtica para compreenso de seu capital heurstico, para a compreenso do poltico. E o poltico, por sua vez, til para a compreenso do ritual.

    Devemos notar que, na disputa entre o Partido Comunista Italiano e a Igreja Catlica em Albora, o ambiente festivo chamava pessoas que pareciam se interessar mais, a maioria, segundo o autor, pelo ambiente festivo em si. Dado percebido diante da pouca ateno atribuda ao discurso do militante graduado do Partido, que falava para um grupo muito pequeno de pessoas, enquanto a grande maioria se ocupava das diverses disponveis. Do mesmo modo, o discurso do clero era pouco recebido. As pessoas pareciam se relacionar mais com o aparato simblico do rito religioso do que com discurso racional dos clrigos. O rito ultrapassa o discurso racional.

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    Ritos totalitriosH um outro ambiente privilegiado para observao dos ritos polticos: os chamados Estados Totalitrio. Nesse lugar, percebemos o poltico no seu mximo decantamento ritual. A fabricao dos carismas dos chefes totalitrios passa por essa via de maneira necessria e densa. Notemos que, nos dois grandes paradigmas totalitrios, o nazismo e o estalinismo, a propaganda poltica feita acerca de si era uma pedra angular de todo o regime. Tal propaganda constituiu-se numa inteligncia produtora de sentidos para todo o sistema. Formulava, de maneira privilegiada, processos rituais que situavam a todos num lugar legtimo e necessrio diante do Estado Total. Incluam a todos na histria humana. Todos e cada um eram includos num papel histrico cujo sentido e significado os ultrapassava.

    Sem temeridades, podemos afirmar que as ideologias dos sistemas totalitrios no buscaram abolir a religio. Pelo contrrio, esforaram-se em construir uma religio do Estado e da nao fundada no exerccio do xtase. A descrio a seguir do ambiente ritual feita por Rivire parece sugerir nossa afirmao:

    A maior parte das reunies nazistas geralmente ocorre em espaos limitados: Sportpalast de Berlim, Frum de Nuremberg, praa de Munique... que aparecem como lugares sagrados onde s se penetra depurando todo o individual existente na conscincia, para se afogar numa coletividade uniformizada, projetar suas aspiraes e seu superego para a pessoa de um chefe. Atordoado pelo rufar dos tambores, o compasso das botas, o tinido das armas e a escanso dos slogans, fascinado pelas cores das flmulas e emblemas, excitado por uma msica de metais estridentes, o povo meio em sono hipntico est ento pronto, em unanimidade exttica, para deixar-se enfeitiar pelo mgico supremo. (Rivire, 1989:93)

    A ordem disciplinar dos corpos mantida com total zelo. A multido marcha e assiste marchas de corpos vigorosos que caminham para a misso ltima que, seguramente, exigir sacrifcios de sangue. Essa exigncia assumida por fora de uma vontade extasiante da realizao da grande vitria. H um projeto maior que ultrapassa e inclui a todos. O lder anuncia novos tempos onde o povo alemo, embalado pela Valquria do moderno, mstico e

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    rebelde Wagner (Rivire, 1989), cavalgaria por sobre toda a Europa e para alm dela. A potncia do homem elevada. Isso a modernidade: a potncia divina diminuda e em seu lugar surge o humano portentoso. Construtor, edificador e mantenedor do mundo e de si. As estruturas religiosas mantm-se. Apenas retira-se Deus do seu centro de sentido e adorao e o substitui pelo lder, pelo Estado, pelo Partido, pela nao... edifica-se uma lgica milenarista secularizada.

    Rivire identifica a substituio de elementos religiosos do cristianismo nesse ambiente ritual. Cristo foi grande. Adolf Hitler maior... (Rivire, 1989:94). Houve a substituio dos crucifixos das casas pelas fotos de Hitler. Todos desejam um milagre? Hitler realiza o maior: a reconciliao da nao e a fundao do novo Reich. Um reino de promessas realizadas e por realizar por sobre a terra. o grande redentor do povo alemo. Por isso a ao de graas que se segue refeio dos pequenos rfos nazistas: Eu lhe agradeo pelo meu po quotidiano. Oh! Fique comigo. Oh! No me deixe nunca. Fhrer, meu Fhrer, minha f e minha luz. (Conway apud Rivire, 1989:89)

    Vrios ingredientes rituais de uma religio laica so encontrados: Hitler tocava com suas mos relquias sagradas e a seguir tocava a bandeira para comunicar-lhe sacralidade. Jurava-se sobre o Mein Kampf,. Exibia-se bandeiras com sangue de mrtires. Entoavam-se cnticos afirmando que a bandeira, smbolo fundamental de uma nao, era mais forte que a morte. Bem sabemos que todo discurso que supe uma realidade que supera a morte um dado religioso que no pode ser negligenciado. Ainda, sacraliza-se o tempo: ... o Fhrer levante a mo para uma saudao eterna (Sironneau apud Rivire, 1989:89).

    Segundo Rivire, Hitler, seduzido pela organizao hierrquica da Igreja Catlica Romana, fez a transposio para o partido do dogma da infalibilidade do chefe e promoveu o ndex-censura e a excomunho. Ainda,

    com emprstimos feitos ordem dos jesutas e ao exoterismo da franco maonaria, criou-se o crculo elitista dos melhores arianos, tambm iniciados por etapas. As seqncias rituais assemelham-se s de todas as iniciaes: testes de seleo, esporte, trabalho, aprendizado ideolgico das virtudes guerreiras:

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    obedincia, coragem e integrao final com o recebimento de um smbolo: o punhal. (Rivire, 1989:94)

    Esse ambiente poltico moderno em toda a sua profundidade. A poltica moderna no antagonista da religio. O que importa o lugar reservado para a religio pelo poder poltico. Para Maquiavel, o cristianismo canoniza somente os brandos e humildes, no os heris. Os pagos, por outro lado, s deificam os homens gloriosos, tais como os grandes comandantes e ilustres governadores de comunidades. (Maquiavel apud Cassirer, 2003: 170) A religio torna-se uma realidade que no deve ser autnoma em si, mas est para o uso dos governantes para a soluo dos dois problemas fundamentais do poltico: a tomada do poder e a sua manuteno nesse lugar.

    Vejamos, ainda, acerca do nazismo, a descrio de um de seus ritos:

    noite. O estdio imenso est iluminado apenas por alguns projetores que permitem imaginar os batalhes compactos das SA vestidos de castanho: no momento exato em que ele (o Fhrer) entrou no estdio, mil projetores em torno do recinto iluminaram-se, assestados verticalmente para o cu. So mil pilares azuis que agora o envolvem, como uma janela misteriosa. Sero vistos brilhar durante toda a noite, do campo, designam o lugar sagrado do mistrio nacional e os organizadores deram a essa assombrosa fantasia o nome de Lichtdom, a catedral da luz. Eis o homem agora de p em sua tribuna. Desfraldam-se ento as bandeiras. Nem um canto, nem um rufar de tambor... um silncio sobrenatural e mineral, como o de um espetculo para astrnomos, num outro planeta. Sob a abbada rajada de azul at as nuvens, as grandes vagas vermelhas esto apaziguadas. Acredito jamais ter visto em minha vida espetculo mais prodigioso. (Brasillhach apud Rivire, 1989:92)

    O totalitarismo estalinista, por sua vez, tambm construiu uma mquina de propaganda colossal. H, entretanto, uma diferena entre a fabricao do carisma de Stlin: ele era um lder cujos contatos diretos com as massas eram muito raros. Isso demonstra a capacidade do rito de construir imagens que reificam idias acerca da pessoa do lder. Stlin representa um contra modelo dos lderes polticos de sua poca. No era um bom retrico, tinha uma

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    voz monocrdica alm de ter um forte sotaque georgiano que reduzia sobre maneira o impacto de suas palavras (Baczko, 1983). No se dispunha a contatos com grande nmero de pessoas. Relacionava-se na maior parte das vezes com grupos reduzidos.

    O estalinismo propunha-se universal em sua busca de fundar-se numa proposta revolucionria marxista. Seu rgo de propaganda constituiu-se, basicamente, na estruturas do Partido Bolchevique. Sob essa mquina de propaganda, o lder ganha a condio de pai, guia genial e infalvel no s da URSS mas de todos os povos. A palavra ocupa um dos fundamentos da construo da lgica ritual de produo do carisma e da manuteno do Estado Totalitrio sovitico. Stlin era sempre proclamado. Busca-se uma total simetria entre o que se diz e o ato do sujeito.

    Rivire identifica alguns modelos litrgicos do regime sovitico. Citaremos dois, a saber:

    1. O rito do batismo; esse rito, chamado de Oktyabriny, iniciou-se na dcada de 1920. Caiu em desuso e foi restaurado em 1963 na cidade de Leningrado. Nele o recm-nascido recebia um nome que constaria nos registros estatais. Seus padrinhos-honorrios tornavam-se responsveis pela sua futura educao poltica. Esse ato acontecia com a presena de oficiais do Partido e quase sempre terminava com o hino sovitico. Os catlicos e os muulmanos ofereceram fortes resistncias a esse ritual.

    2. Festas das Colheitas; festas tradicionais, secularizadas pelo Estado, que as incentivavam. Normalmente substituam as festas ortodoxas dos padroeiros locais e comportavam, inclusive, procisses cerimoniosas que ostentavam as colheitas. Essas festas buscavam valorizar o ideal do trabalho, como uma das maiores virtudes do homem e da mulher soviticos. (Rivire, 1989: 99-100)

    Seguindo com as citaes tomadas de emprstimo a Rivire, vejamos a seguir o que h de comum entre os ambientes rituais dos Estados Totalitrios nazista e estalinista:

    manuteno das pessoas em expectativa antes do meeting, atravs de rias populares de bravura, amplificadas por alto-falantes;

    lei de progresso crescente do dinamismo do auditrio, at o final da reunio;

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    dilogo entre speaker e a massa com questes que pedem respostas coletivas em sim ou no.

    alternncia de discursos relativamente breves, cantos executados de p, esquetes divertidos, poemas, coros falados;

    descanso pontual atravs de quadros vivos, cartazes, flashes luminosos; decorao da sala com slongans e smbolos em faixas de pano, estandartes,

    folhagens, servio de segurana assegurado por militantes com braadeiras; gritos de adeso lanados de vez em quando, gesto de apoio (Freiheit, punho

    erguido); encerramento do meeting com um hino popular de acento combativo. (Claude Rivire,

    1989:91)

    Esses dois eventos totalitrios co-existiram e, como toda realidade poltica, construram-se tambm pela via ritual. A fabricao do carisma dos lderes, a construo da legitimidade de um Estado muito intensa no cotidiano da nao, o sentido de todos e de cada um dentro do arco da histria, a identificao dos inimigos e de todos os demais ambientes da realidade proposta por esses regimes passaram pela via ritual de maneira extraordinariamente visvel. Tornando-se a anlise dos ritos polticos um stio hermenutico fundamental para a apreenso do poltico e de seus desdobramentos.

    Consideraes finaisOs ritos polticos so stios hermenuticos privilegiados para a anlise do poltico. Ao mesmo tempo que o poltico um ambiente de anlise e compreenso da lgica ritual. A perspectiva de tal campo de estudo fundamentalmente dialtica. Ritual e poltica co-existem sem confundirem-se entre si. Duas realidades autnomas se relacionam num constructo mtuo e necessrio. Pelo ritual o poltico opera e se constri e pelo poltico os ritos tornam-se realidades objetivadas, histricas.

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