a participação ritual

32
A Participação Ritual parte 1 Prof. Júlio Rocha Disciplina: Rádio e TV 1 Ano: 2013 Período de Publicidade e Propaganda Aulas: 43 e 44

Upload: julio-rocha

Post on 15-Dec-2014

151 views

Category:

Education


1 download

DESCRIPTION

O mito no rádio

TRANSCRIPT

Page 3: A participação ritual

• Entretanto, não nos interessa, por ora, a relação direta e explícita entre timing e capital. Escutamos, a contrapelo, o percurso circular que acompanha as indicações horárias.

A Participação Ritual

Page 4: A participação ritual

• Reduzida à desimportância, a repetição exaustiva do nome da emissora, das horas e dos minutos oralizados nas estações de rádio sugere-nos um tipo especial de recitação: narração com hora e local marcados.

A Participação Ritual

Page 6: A participação ritual

• Calendário, do latim calendarium, designa o “livro de contas”, pois os romanos pagavam seus juros nas calandae, o primeiro dia do tempo natural, social e o controle do poder sempre estiveram juntos:

A Participação Ritual

Page 9: A participação ritual

• Eles determinavam a liturgia, a conduta dos dias festivos, as comidas, a mímica, a gestualidade, em prazos que se repetiam ritmicamente (...) As festas servem à economia das forças da alma, posto que, em virtude de suas referências metafísicas, liberam o tormento da luta, diária, e, naturalmente, servem para a autopresentação de quem as organizam (Pross, 1989, p.78).

A Participação Ritual

Page 10: A participação ritual

• Por vezes, o calendário aproxima a ordenação simbólica à natureza; é o caso de alguns ritos, inseridos nos ritos do calendário, descritos por Pross (1980, p. 130), que seguem as trocas climáticas, a oposição claro/escuro, as mudanças de estação.

A Participação Ritual

Page 11: A participação ritual

• As reflexões de Pross assinalam o caráter de coesão e coação que o calendário imprime ao sujeito, proporcionando-lhe vantagens e sanções, em face da obrigatoriedade da participação, como sublinham suas palavras. Também o tempo biológico e subjetivo do homem fica a mercê da cronologia, ‘provavelmente a suprema força simbólica da vida cotidiana’ (Pross, 1989, p. 76).

A Participação Ritual

Page 15: A participação ritual

• Pross (1989) considera o tempo livre, os fins de semana e as grandes férias que acompanham o verão, ritos profanos do calendário, assim como o tempo fixo de trabalho.

A Participação Ritual

Page 17: A participação ritual

• O lazer moderno não é apenas o acesso democrático a um tempo livre que era o privilégio das classes dominantes. Ele saiu da própria organização do trabalho burocrático e industrial. O tempo de trabalho enquadrado em horários fixos, permanentes, independentes das estações s retraiu sob o impulso do movimento sindical e segundo a lógica de uma economia que, englobando lentamente os trabalhadores em seu mercado, encontra-se obrigada a lhes fornecer não mais apenas um tempo de repouso e de recuperação, mas um tempo de consumo (Morin, 1987, p. 67).

A Participação Ritual

Page 19: A participação ritual

• Morin (1987, p. 69) também nos diz que a ética do lazer toma corpo e se estrutura na cultura de massa:

que não faz outra coisa senão mobilizar o lazer (através dos espetáculos, das competições da televisão, do rádio, da leitura de jornais e revistas).

A Participação Ritual

Page 20: A participação ritual

• Menos apocalíptico que Morin, Pross elucida a questão das mídias considerada como sistema de sinais mobilizadores de energias psicofísicas do emissor e do receptor.

A Participação Ritual

Page 21: A participação ritual

• Valendo-se de um dos axiomas metacomunicacionais da pragmática da comunicação descritos por Watzlawick (1967, p. 47): “não se pode não comunicar”, Pross aponta a incapacidade dos sujeitos, mesmo que não diretamente interessados na comunicação, de negar seu envolvimento com os meios eletrônicos impressos. A participação do receptor no processo comunicacional vale como prova de status.

A Participação Ritual

Page 23: A participação ritual

• O princípio que rege esta inter-relação é o da economia do sinal. O desenvolvimento tecnológico, que torna desnecessária a presença física dos produtores da comunicação, reduz o gasto de sinais enviados pelos emissores e, consequentemente, promove aumento do esforço por parte do receptor.

A Participação Ritual

Page 24: A participação ritual

• Além do esforço real, o preço pago para a aquisição da informação, o receptor também participa com seu tempo subjetivo e biológico, assujeitado aos ritos modernos do calendário: ritos de trabalho e ritos de lazer.

A Participação Ritual

Page 25: A participação ritual

• A obrigatoriedade da comunicação e da participação no calendário produz o que Pross (1989) denomina carência psicofísica, traduzida em desconhecimento, e em carência emocional. Para suprimir o déficit gerado pelo desconhecimento, busca-se a informação, e, por sua vez, para superar a carência emocional, busca-se o entretenimento.

A Participação Ritual

Page 26: A participação ritual

• O ritual situa-se no eixo do entretenimento: relaxamento da consciência, perda da vigília, automatismo, eliminação da vida cotidiana. A participação nos atos comunicativos, incluídos nos ritos do calendário, enquadra também o receptor no rito:

A Participação Ritual

Page 27: A participação ritual

• Os ritos aligeiram a relação existente entre ordenação egocêntrica e supra-ordenação social, ativando a primeira em benefício da segunda (Pross, 1980, p. 134).

A Participação Ritual

Page 29: A participação ritual

• Os “déficits” emocionais que geram o entretenimento não são superados. Os meios de comunicação de massa mantêm esses “déficits” para continuar a procura do entretenimento (Baitello, 1989).

A Participação Ritual

Page 31: A participação ritual

• A atividade social precisa ser ordenada em um rito de calendário, que constitui o rito básico de toda sociedade (..) E aí vêm os veículos de comunicação de massa que naturalmente se aproveitam disto (Pross, 1992, p. 9).

A Participação Ritual

Page 32: A participação ritual

Fonte:

• NUNES, Mônica Rebecca Ferrari. O mito no rádio: a voz e os signos de renovação periódica. 3. ed. São Paulo: Annablume, 1999.