maconha e thc

13
MACONHA E THC Dr o gas P e r t ur b a do ra s : nesse grande grupo temos as drogas que produzem uma mudança qualitativa no funcionamento do SNC. Assim, alterações mentais que não fazem parte da normalidade como, por exemplo, delírios, ilusões e alucinações, são produzidos por essas drogas. Por essa razão, são chamadas de psicoticomiméticas, ou seja, drogas que mimetizam psicoses. Entre meninos em situação de rua, as drogas perturbadoras mais usadas são: maconha e alguns medicamentos anticolinérgicos, dentre os quais o triexifenidil (Artane) é o mais consumido (CARLINI,1994). A maconha é o nome dado aqui no Brasil a uma planta chamada cientificamente de Cannabis sativa. Ela era conhecida pelo menos 5.000 anos, sendo utilizada quer para fins medicinais quer para "produzir risos". O THC (tetraidrocanabinol) é uma substância química fabricada pela própria maconha, sendo o principal responsável pelos efeitos da planta. Assim, dependendo da quantidade de THC presente (o que pode variar de acordo com o solo, clima, estação do ano, época de colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso), a maconha pode ter potência diferente, isto é, produzir mais ou menos efeitos (CARLINI, 1981). E f e i t o s n o SNC O mecanismo de ação da maconha ainda não está bem esclarecido. Recentemente foram descobertas substâncias endógenas (que o nosso próprio organismo produz) no SNC que atuam de forma semelhante à maconha. Elas foram denominadas anandamidas. É a partir dessa descoberta que o mecanismo de ação da maconha está começando a ser elucidado. Os efeitos no SNC dependerão da qualidade da maconha fumada e da sensibilidade de quem fuma. Para uma parte das pessoas, os efeitos são uma sensação de bem-estar acompanhada de calma e relaxamento, sentir-se menos fatigado, vontade de rir (hilariedade). Para outras pessoas, os efeitos são mais para o lado desagradável: sentem angústia, ficam aturdidas, temerosas de perder o controle da cabeça, trêmulas, suando. É o que comumente chamam de "má viagem" ou "bode". ainda evidente perturbação na capacidade da pessoa em calcular tempo e espaço, e um prejuízo na memória e atenção. Assim, sob a ação da maconha, a pessoa erra grosseiramente na discriminação do tempo, tendo a sensação de que se passaram horas, quando na realidade foram alguns minutos; um túnel com 10 metros de comprimento pode parecer ter 50 ou 100 metros. Quanto aos efeitos na memória, eles se manifestam principalmente na chamada memória a curto prazo, ou seja, aquela que nos é importante por alguns instantes. Um exemplo

Upload: grecocruz

Post on 09-Nov-2015

53 views

Category:

Documents


8 download

DESCRIPTION

Seleção de artigos sobre maconha

TRANSCRIPT

MACONHA E THC

Drogas Perturbadoras: nesse grande grupo temos as drogas que produzem uma mudana qualitativa no funcionamento do SNC. Assim, alteraes mentais que no fazem parte da normalidade como, por exemplo, delrios, iluses e alucinaes, so produzidos por essas drogas. Por essa razo, so chamadas de psicoticomimticas, ou seja, drogas que mimetizam psicoses. Entre meninos em situao de rua, as drogas perturbadoras mais usadas so: maconha e alguns medicamentos anticolinrgicos, dentre os quais o triexifenidil (Artane) o mais consumido (CARLINI,1994).

A maconha o nome dado aqui no Brasil a uma planta chamada cientificamente de Cannabis sativa. Ela j era conhecida h pelo menos 5.000 anos, sendo utilizada quer para fins medicinais quer para "produzir risos".

O THC (tetraidrocanabinol) uma substncia qumica fabricada pela prpria maconha, sendo o principal responsvel pelos efeitos da planta. Assim, dependendo da quantidade de THC presente (o que pode variar de acordo com o solo, clima, estao do ano, poca de colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso), a maconha pode ter potncia diferente, isto , produzir mais ou menos efeitos (CARLINI, 1981).

Efeitos no SNC

O mecanismo de ao da maconha ainda no est bem esclarecido. Recentemente foram descobertas substncias endgenas (que o nosso prprio organismo produz) no SNC que atuam de forma semelhante maconha. Elas foram denominadas anandamidas. a partir dessa descoberta que o mecanismo de ao da maconha est comeando a ser elucidado.

Os efeitos no SNC dependero da qualidade da maconha fumada e da sensibilidade de quem fuma. Para uma parte das pessoas, os efeitos so uma sensao de bem-estar acompanhada de calma e relaxamento, sentir-se menos fatigado, vontade de rir (hilariedade). Para outras pessoas, os efeitos so mais para o lado desagradvel: sentem angstia, ficam aturdidas, temerosas de perder o controle da cabea, trmulas, suando. o que comumente chamam de "m viagem" ou "bode".

H ainda evidente perturbao na capacidade da pessoa em calcular tempo e espao, e um prejuzo na memria e ateno. Assim, sob a ao da maconha, a pessoa erra grosseiramente na discriminao do tempo, tendo a sensao de que se passaram horas, quando na realidade foram alguns minutos; um tnel com 10 metros de comprimento pode parecer ter 50 ou 100 metros.

Quanto aos efeitos na memria, eles se manifestam principalmente na chamada memria a curto prazo, ou seja, aquela que nos importante por alguns instantes. Um exemplo verdico auxilia a entender esse efeito: uma telefonista de PABX em um hotel (que ouvia um dado nmero pelo fone e no instante seguinte fazia a ligao) quando sob ao da maconha no era mais capaz de lembrar-se do nmero que acabara de ouvir.

Aumentando-se a dose e/ou dependendo da sensibilidade, os efeitos psquicos agudos podem chegar at a alteraes mais evidentes, com a predominncia de delrios e alucinaes. Delrio uma manifestao mental pela qual a pessoa faz um juzo errado do que v ou ouve; por exemplo, sob ao da maconha uma pessoa ouve a sirene de uma ambulncia e julga que a polcia que vem prend-la; ou v duas pessoas conversando e pensa que ambas esto falando mal ou mesmo tramando um atentado contra ela. Em ambos os casos, esta mania de perseguio (delrios persecutrios) pode levar ao pnico e, conseqentemente, a atitudes perigosas ("fugir pela janela", agredir as pessoas conversando, em "defesa" antecipada contra a agresso que julga estar

Revista IMESC n 3, 2001. pp. 9-35.

sendo tramada). J a alucinao uma percepo sem objeto, isto , a pessoa pode ouvir a sirene da polcia ou ver duas pessoas conversando quando no existe quer a sirene quer as pessoas. As alucinaes podem tambm ter fundo agradvel ou terrificante.

H ainda a considerar os efeitos psquicos crnicos (conseqncias que aparecem aps o uso continuado por semanas, ou meses, ou mesmo anos) produzidos pela maconha. Sabe-se que o uso continuado da maconha interfere na capacidade de aprendizagem e memorizao e pode induzir um estado de amotivao, isto , no sentir vontade de fazer mais nada, pois tudo fica sem graa e sem importncia. Esse efeito crnico da maconha chamado de sndrome amotivacional. Alm disso, a maconha pode levar algumas pessoas a um estado de dependncia, isto , elas passam a organizar suas vidas de maneira a facilitar o uso de maconha, sendo que tudo o mais perde o seu real valor.

Finalmente, h provas cientficas de que se a pessoa tem uma doena psquica qualquer, mas que ainda no est evidente (a pessoa consegue "se controlar"), ou a doena j apareceu, mas est controlada com medicamentos adequados, a maconha piora o quadro. Ou faz surgir a doena, isto , a pessoa no consegue mais "se controlar", ou neutraliza o efeito do medicamento e a pessoa passa a apresentar de novo os sintomas da doena. Esse fato tem sido descrito com freqncia na doena mental chamada esquizofrenia (CARLINI, 1981).

Efeitos no resto do organismo

Os efeitos fsicos agudos (isto , quando decorrem apenas algumas horas aps fumar) so muito poucos: os olhos ficam meio avermelhados (o que em linguagem mdica chama-se hiperemia das conjuntivas), a boca fica seca (e l vai outra palavrinha mdica antiptica: xerostomia - o nome difcil que o mdico d para boca seca) e o corao dispara, de 60-80 batimentos por minuto pode chegar a 120-140 ou at mesmo mais ( o que o mdico chama de taquicardia).

Os efeitos fsicos crnicos da maconha j so de maior monta. De fato, com o continuar do uso, vrios rgos do nosso corpo so afetados. Os pulmes so um exemplo disso. No difcil imaginar como iro ficar esses rgos quando passam a receber cronicamente uma fumaa que muito irritante, dado ser proveniente de um vegetal que nem chega a ser tratado como o tabaco comum. Essa irritao constante leva a problemas respiratrios (bronquites), alis como ocorre tambm com o cigarro comum. Mas o pior que a fumaa de maconha contm alto teor de hidrocarbonetos (maior mesmo que na do cigarro comum) e entre eles existe uma substncia chamada benzopireno, conhecido agente cancergeno; ainda no est provado cientificamente que a pessoa que usa maconha cronicamente est sujeita a contrair cncer dos pulmes com maior facilidade, mas os indcios em animais de laboratrio de que assim pode ser so cada vez mais fortes.

Outro efeito fsico adverso (indesejvel) do uso crnico da maconha refere-se a uma baixa produo do hormnio masculino, a testosterona. Conseqentemente o homem apresenta um nmero bem reduzido de espermatozides no lquido espermtico, ou seja, o homem ter mais dificuldade de gerar filhos. Esse um efeito que desaparece quando a pessoa deixa de fumar a planta (CARLINI, 1981).

DefinioA maconha (haxixe, erva, baseado) o nome dado a uma planta conhecida cientificamente como Cannabis sativa. Em outros pases conhecida por diferentes nomes como: THC, Hashishi, Bangh, Ganja, Diamba, Marijuana, Marihiana. O THC uma substncia qumica produzida pela planta da maconha, sendo essa a principal responsvel pelos efeitos psquicos da droga no organismo. Atualmente, a quantidade de THC encontrada na maconha de aproximadamente 4,5%. A concentrao de THC na maconha pode variar de acordo com o solo, o clima, a estao do ano, poca de colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso (no Mxico existe uma variao gentica da maconha, a sinsemilla sem sementes que pode ter entre 7,5 e 24% de THC). Assim, a potncia da droga pode variar muito, produzindo mais ou menos efeitos. A variao dos efeitos tambm se d de acordo com a pessoa usuria, considerando que a reao droga depende da sensibilidade do organismo do usurio.As folhas e inflorescncias secas da planta podem ser fumadas (por meio de cigarros feitos artesanalmente) ou ingeridas (comumente misturadas em bolos e doces). A maconha tambm pode ser consumida por meio de uma pasta semi-slida conhecida como haxixe, obtida a partir de uma grande presso nas inflorescncias, sendo esta forma mais concentrada de THC (at 28%).Incio

HistricoExistem referncias ao uso da maconha h mais de 12.000 anos. Ao longo do tempo, foi utilizada com fins medicinais, pelo seu efeito de produzir risos e suas fibras utilizadas para confeco de cordas e roupas. Entre 2.000 e 1.400 a.C. foi descoberto seu efeito euforizante na ndia, onde foi utilizado com fins medicinais como: estimular apetite, curar doenas venreas e induzir o sono. A cannabis foi introduzida na Medicina Ocidental no sculo XIX, chegando ao seu pice em sua ltima dcada. Porm, no incio do sculo XX esse uso diminuiu, especialmente pela variedade de potenciais da droga, sendo difcil o controle de sua dosagem.A partir de 1965, o interesse cientfico pela maconha ressurgiu por terem conseguido identificar a estrutura qumica dos componentes da droga, possibilitando a obteno dos mesmos puros. Nos anos 90, comeou a ser identificado usos teraputicos os quais esto sendo comprovados por estudos cientficos. A maconha foi trazida ao Brasil pelos escravos como uma forma de ligao com a terra natal. Foi cultivada com finalidade txtil, inicialmente, sendo logo descoberto seus efeitos perturbadores e usados para tal. Na dcada de 1930, iniciou-se uma fase de represso contra o uso da maconha no Brasil, sendo em 1933 feitos os primeiros registros de prises pelo comrcio ilegal de maconha. Em 1938, o Decreto-Lei n. 891 do Governo Federal proibiu totalmente o plantio, cultivo, colheita e explorao por particulares da maconha, em todo territrio nacional. Ao longo dos anos, foram sendo feitas selees das espcies de plantas de maconha com maior concentrao de THC: em 1960 o teor mdio de THC era 1,5%; em 1980 variava de 3 a 3,5%; e em 1990 a mdia chegou a 4,5%.Atualmente, graas s pesquisas recentes, a maconha, ou substncias dela extradas, reconhecida como medicamento em pelo menos duas condies clnicas: reduz ou elimina nuseas e vmitos produzidos por medicamentos anticncer e tem efeito benfico em alguns casos de epilepsia (doena que se caracteriza por convulses ou ataques). Entretanto, bom lembrar que a maconha (ou as substncias extradas da planta) tem tambm efeitos indesejveis que podem ser prejudiciais.Incio

Mecanismo de AoO THC metabolizado no fgado gerando um metablito (produto da metabolizao da substncia) mais potente que ele prprio. Alm disso, o THC muito lipossolvel (solvel em lipdios gordura, e no em gua) ficando armazenado no tecido adiposo. Essas caractersticas do THC levam a um prolongamento do efeito deste no organismo. Quando fumada, a maconha atinge seu efeito entre zero e dez minutos e tem seu pico de ao aps 30 minutos do consumo por se concentrar no crebro. Aps 45 a 60 minutos do consumo da substncia seus efeitos so atenuados. Pela liberao do THC por meio do tecido adiposo ser lenta, ele aparece na urina de semanas h meses aps o ltimo uso.Incio

Efeitos no OrganismoOs efeitos provocados pelo THC no sistema nervoso central dependem da dose consumida, da experincia, da expectativa e do ambiente. Os efeitos esperados so: leve estado de euforia, relaxamento, melhora da percepo para msica, paladar e sexo, prolonga a percepo de tempo, risos imotivados, devaneios e fica mais falante. No resto do corpo os efeitos so: vermelhido nos olhos (hiperemia conjuntival), diminuio da produo de saliva (boca seca) e taquicardia (freqncia superior ou igual a 140 batimentos por minuto).O THC tem um efeito orexgeno no apetite, ou seja, aumento de apetite. No h registro de morte por intoxicao por consumo de maconha, visto que sua dose letal 1.000 vezes maior que a usual. Incio

Conseqncias NegativasO uso crnico de maconha est associado a problemas respiratrios, visto que a fumaa muito irritante, seu teor de alcatro muito alto (maior que do tabaco) e contm benzopireno, substncia cancergena. Outras conseqncias do fumo, semelhantes ao tabaco, so: hipertenso, asma, bronquite, cnceres, doenas cardacas e doenas crnicas obstrutivas areas. H conseqncias tambm na fertilidade do homem por haver uma queda de 50 a 60% na produo de testosterona. A maconha tem como efeito mais comum o bem-estar, porm, ocasionalmente traz um desconforto acompanhado de uma ansiedade intensa e idias de perseguio. Mais raramente pode haver alucinaes. H tambm, os ocasionais flashbacks que consistem em sintomas da intoxicao aps a interrupo do uso.Pode haver tambm, no caso de pessoas com transtornos psicticos pr-existentes uma exacerbao do quadro, como a esquizofrenia, exigindo mudanas no tratamento da doena psiquitrica.Esse psicotrpico, quando usado regularmente, traz problemas cognitivos como o prejuzo na memria e na habilidade de resolver problemas, comprometendo seu rendimento intelectual. Pode gerar a sndrome amotivacional, caracterizada por problemas de ateno e motivao.A tolerncia observada apenas em casos de consumo elevado da substncia. Quanto dependncia, 10% dos usurios crnicos apresentam a fissura (desejo intenso pela droga) e centralidade na droga. J a abstinncia, tambm observada em usurios crnicos e em altas doses, caracterizada por: ansiedade, insnia, perda de apetite, tremor das mos, sudorese, reflexos aumentados, bocejos e humor deprimido.Sistema de Recompensa Cerebral Vrios estudos tm mostrado ao longo do tempo que existe uma cadeia de reaes, envolvendo os diversos neurotransmissores citados nos mecanismos de ao das diferentes drogas de abuso, que culmina com a liberao da dopamina na poro ventral do ncleo estriado chamada de ncleo accumbens (NA). O NA recebe projees de neurnios dopaminrgicos localizados na rea tegmental ventral, local de convergncia para estmulos procedentes da amgdala, hipocampo, crtex entorrinal, giro do cngulo anterior e parte do lobo temporal. Do ncleo accumbens partem eferncias para o septo hipocampal, hipotlamo, rea cingulada anterior e lobos frontais. Devido s suas conexes aferentes e eferentes o NA desempenha importante papel na regulao da atribuio de salincia (relevncia) das emoes, da motivao e da cognio. O sistema mesocorticolmbico de recompensa como comentado, estende-se a partir da rea tegmental ventral at o NA, passando para diferentes reas, como o sistema lmbico e o crtex rbito-frontal. Alteraes no sistema dopaminrgico, como por exemplo, a diminuio dos receptores D2 de dopamina, poderiam ser responsveis por alteraes neste sistema recompensa quando da utilizao de drogas de abuso. Este sistema est ativado quando sentimos prazer, satisfao, ou seja, sensao de bem-estar. Esta circuitaria do sistema recompensa alimentada por estas sensaes. Quando se utiliza drogas de abuso, por exemplo, que proporcionem sensaes de prazer, o sistema ativado, sempre mediado pela dopamina. Interessante perceber que pessoas com deficincia no sistema recompensa sempre esto buscando externamente (atravs de substncias de abuso, por exemplo) uma maneira de ativar o sistema que pode ser deficiente de maneira inata. Assim, por meio da memria neuronal, esse sistema estaria marcado pelo prazer obtido pela droga, o que acarreta o comportamento de procura pela substncia. Como o circuito de recompensa mediado pela liberao de dopamina, alm de alteraes na quantidade do neurotransmissor ou na sensibilidade dos receptores D2 podem provocar, naqueles que apresentam estas alteraes, uma falta de controle nos impulsos, buscando sempre uma maior intensidade nas sensaes prazerosas, ou seja, impulsividade. Inicialmente, o impulso que perfeitamente controlvel para a maioria das pessoas conduzido de forma diferente por uma minoria. Este controle est localizado em uma regio cerebral chamada de crtex rbito-frontal. Pessoas com leses funcionais nesta circuitaria podem apresentar dificuldades de controlar seus impulsos, aspecto determinante no processo de dependncia. Foi demonstrado que, mesmo drogas que no esto diretamente relacionadas ao sistema dopamingico, so capazes de promover a ativao dopaminrgica indiretamente pela sensao de conforto e prazer. Essa ativao pode gerar um circuito reverberativo, acarretando na busca incessante pelo objeto de prazer: a droga

Esta figura representa um corte sagital do crebro de um rato onde esto representados as estruturas que compreendem sistema lmbico, incluindo amgdala, hipocampo, crtex pr-frontal (PFC), nucleus accumbens (N. Acc.), Globo plido ventral (VP) e rea tegmental ventral (VTA). Os neurnios dopaminrgicos da rea tegmental ventral modulam as informaes atravs do circuito lmbico via projees para o nucleus accumbens, amgdala, hipocampo, crtex pr-frontal e globo plido ventral. O aumento da transmisso dopaminrgica no sistema lmbico, particularmente no nucleus accumbens, sustenta o efeito reforador provocado pelas drogas de abuso no chamado sistema recompensa. Esta figura representa a ao de psicoestimulantes aumentando a transmisso dopaminrgica em reas que recebem projees da rea tegmental ventral via interao com o transportador de dopamina. Copyrights 2008 Sigma-Aldrich Co. All Rights Reserved. Reproduction of any materials from the site is strictly forbidden without permission. Sigma-Aldrich brand products are sold exclusively through Sigma-Aldrich, IncMecanismo de ao

A ao do -9-THC no sistema nervoso central se traduz pela fixao sobre os receptores canabinides presentes no cerebelo, hipocampo e crtex, que pertencem famlia da protena G . Os efeitos psquicos so muito variveis, dependendo de expectativas individuais, estado de esprito etc. e os funcionais, mesmo cardiovasculares ou respiratrios, no chegam a ameaar a vida, mesmo em exposio a doses elevadas.

Toxicocintica

A absoro se d por via respiratria, em minutos, e oral, em 1 a 4h, e mais lentamente, por via digestiva, sobretudo quando h presena de alimentos no tubo gastrintestinal. A meia-vida de 28 h, nas pessoas dependentes, e de 57 h em no-dependentes, com um armazenamento em tecido adiposo. Aps metabolismo heptico e, secundariamente em outros tecidos, como os pulmes, o subproduto principal o 11-hidroxi-THC, que se encontra em quantidades significativas no sangue e pode ser detectado laboratorialmente em at 1 semana a mais de 3 meses. A excreo dos diferentes metablitos do TCH pode ser freada por uma provvel circulao entero-heptica.Quadro clnico

Sintomas cardiovasculares e respiratrios podem aparecer, com taquicardia relacionada dose, vasodilatao da conjuntiva ocular, hipotenso postural e lipotmia, complicaes agudas em portadores de cardiopatias e usurios muito jovens, irritao de vias areas superiores, bronquite e enfisema, cncer de orofaringe e pulmo.Os sinais psquicos dependem da expectativa do usurio, sua experincia prvia e "estado de esprito" no momento da absoro e incluem relaxamento, diminuio da ansiedade, euforia, hilaridade espontnea, aumento do apetite, prejuzo da memria de curto prazo, alterao da percepo espao-tempo, aumento subjetivo da percepo sensorial, exacerbao de transtornos "neurticos" e "psicticos" pr-existentes.

Fontes: http://ltc.nutes.ufrj.br/toxicologia/modV.htm http://www.obid.senad.gov.br/portais/OBID/conteudo/index.php?id_conteudo=11294&rastro=INFORMA%C3%87%C3%95ES+SOBRE+DROGAS%2FTipos+de+drogas/Maconha#inicio Neurocincia do Uso de Substncias - Ilza Rosa Batista, Priscila P Almeida, Gustavo Fadel, Rodrigo A. Bressan - LiNC - Lab Interdisciplinar de Neurocincias Clnicas Universidade Federal de So Paulo - UNIFESP Revista Mente e Crebro n 180 Revista IMESC n 3, 2001. pp. 9-35 DROGAS PSICOTRPICAS - O QUE SO E COMO AGEMElisaldo Araujo Carlini Mdico, professor titular do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de So Paulo (UNIFESP), diretor do Centro Brasileiro de Informaes sobre Drogas Psicotrpicas (CEBRID) e membro do International Narcotics Control BoardSolange Aparecida Nappo Farmacutica, doutora em Cincias pelo Departamento de Psicobiologia-UNIFESP, pesquisadora do CEBRID e Conselheira do CONEN-SP representando a Comunidade Acadmico-CientficaJos Carlos Fernandes Galdurz Mdico psiquiatra, doutor em Cincias pelo Departamento de Psicobiologia-UNIFESP e pesquisador do CEBRIDAna Regina Noto Farmacutica, psicloga, doutora em Cincias pelo Departamento de Psicobiologia-UNIFESP e pesquisadora do CEBRID Animaes em dependncia qumica Virtual Unifesp