maconha uma perspectiva histórica, farmacológica e antropológica

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Centro de Ensino Superior do Serid Campus de Caic. Publicao do Departamento de Histria e Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte v.4 - n.7 - fev./mar. de 2003 Semestral ISSN -1518-3394 Disponvel em www.cerescaico.ufrn.br/mneme

Maconha: uma perspectiva histrica, farmacolgica e antropolgica.

Bernard Gontis

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Professor do Departamento de Psicologia, Programa de Ps-Graduao em Psicologia Social da UFPB, Coordenador do ncleo de pesquisa: Aspectos Psicossociais da Marginalizao, Doutor pela Universidade de Paris VII Frana, E-mail: [email protected] Ludgleydson Fernandes de Arajo Graduando em Psicologia, Bolsista PIBIC/CNPq/UFPB, E-mail: [email protected]

RESUMO

O uso de substncias psicoativas remonta h milhares de anos, sendo algo presente na histria da humanidade. O consumo de drogas insere-se no contexto mundial pelas propores acarretadas, no que se refere aos problemas sociais, econmicos e culturais. A maconha, droga que se caracteriza por seu cultivo milenar, utilizada nos diversos lugares e pocas, com aplicaes na medicina, indstria (confeco de papel, cordas e velas para navios), e at em rituais religiosos. O presente artigo objetiva enfocar a maconha perpassando pela histria, a antropologia e a farmacologia, propiciando melhor entendimento acerca do uso dessa droga pelas diversas sociedades.

Palavras-chave: maconha, histria, antropologia

1- O uso medicamentoso da maconha

O nome cientfico da maconha Cannabis sativa. Em latim, Cannabis significa cnhamo, que denomina o gnero da famlia da planta, e sativa que diz respeito plantada ou semeada, e indica a espcie e a natureza do desenvolvimento da planta. uma planta originria da sia Central, com extrema adaptao no que se refere ao clima, altitude, solo, apesar de haver uma 47

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variao quanto conservao das suas propriedades psicoativos, podendo variar de 1 a 15% dependendo da regio qual foi produzida a erva e a forma como foi ingerida, pois esta requer clima quente e seco, e umidade adequada do solo ( Bergeret & Leblanc, 1991; Costa & Gontis, 1997; Nahas, 1986). A principal substncia qumica com princpios alucingenos presentes na Cannabis o -9

THC (tetraidrocanabinol), do grupo dos canabinides, sendo identificado tambm o canabidiol (CBD), que no possui efeitos alucingenos, mas com algumas propriedades teraputicas. Bergeret e Leblanc (1991) colocam que o THC, quando administrado na forma oral, a absoro de 90% do produto, e os seus efeitos apresentam-se aps meia hora, atingindo o pice em torno de 3 horas, com difuso rpida pelo organismo quando acoplado s lipoprotenas, sendo eliminado na urina e fezes transcorrido alguns dias. Segundo Carlini (1980), na dcada de 1964, a maconha teve ateno especial dentre os estudiosos de diversas reas como: qumicos, botnicos, farmaclogos na intensificao de pesquisas com o intuito de catalogar as principais substncias presentes na Cannabis. No que concerne forma de utilizao da maconha, geralmente faz-se secagem e a triturao de suas folhas e flores na forma natural. Na ndia, este processo chamado de bhang ou gandja, no Mxico, grifa; na Amrica do Norte, marrijuana; na frica do Norte, kif ou takrousi. Podese utiliz-la atravs da resina em forma de placas ou bastes chamada de haxixe ou chira no Oriente Prximo ou norte da frica e na sia denominada charas; e tambm com o leo (hash oil) obtido das flores da planta feminina cujo teor de THC mais concentrado, podendo ser sorvido, e menos freqentemente injetado por via venosa (Bergeret & Leblanc, 1991; Costa & Gontis, 1997; Graeff,1989; Enciclopdia Barsa, 1997). A Nova Enciclopdia Barsa (1997), aponta que os efeitos da maconha variam conforme a experincia do usurio, a quantidade e o ambiente em que consumida, alm da potncia da droga. Quando fumada, os efeitos fisiolgicos se manifestam em minutos e incluem tontura, distrbios de coordenao e de movimento, sensao de peso nos braos e pernas, secura na boca e na garganta, vermelhido e irritao nos olhos, aumento da freqncia cardaca, sensao de apetite voraz (p.179). Quanto aos efeitos, o usurio ainda pode apresentar uma euforia leve, com alteraes da percepo como: distores do tempo, espao (distncia) e do senso de organizao do prprio corpo. No que tange aos processos mentais, encontram-se desorganizados, com distrbios de memria e falta de ateno, porm pode ocorrer fortalecimento do sentido do auto-valor, e da sua socializao (Nahas, 1986).

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Sonenreich (1982), apresenta uma das primeiras publicaes psiquitrica acerca da maconha, composta de oito fenmenos psicolgicos observados em usurios da Cannabis propostos por Moreau de Tours (1845), quais sejam:

1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8)

Sentimentos de felicidade; Excitao, dissociao de idias; Enganos na avaliao do tempo e do espao; Aumento de sensibilidade auditiva; Idias fixas, convices delirantes; Leses dos afetos; Impulsos irresistveis; Iluses e alucinaes. Segundo Bergeret e Leblanc (1991), a embriaguez canbica d-se em quatro fases: 1) fase de bem-estar eufrico; 2)fase de hiperestesia sensorial, com perturbao dos dados espao-temporais e euforia ou rapto ancioso; 3) fase exttica e 4) fase do sono e desperta. Estes autores ainda reportam as propriedades psicoativas da maconha, que um produto cujos efeitos em longo prazo no so todos conhecidos, tampouco o total de seus compostos qumicos, e que ela ainda utilizada nas formas primitivas (erva ou resina), como era o caso do pio no incio do sculo; ora sabemos que depois este produto foi refinado em morfina, depois em herona, e que tudo isto foi injetado no corpo, por via intravenosa (p.206). Para Inaba e Cohen (1991), a maconha, dentre outros efeitos fsicos, inclue o desequilbrio

da capacidade de localizao, aumento do ritmo cardaco, queda da presso arterial, hiperemia conjuntival com queda da presso intra-ocular (por isso que o THC foi indicado para o tratamento de glaucoma) e alvio de nuseas (com indicao para pacientes em tratamentos quimioterpicos). Por outro lado, a Cannabis compromete a memria de curto prazo e os fumantes crnicos demonstram apatia e falta de motivao. Estes autores ainda mencionam que os efeitos dos alucingenos (maconha) dependem particularmente da dose, da estrutura emocional do usurio, do seu estado de nimo por ocasio do uso e das circunstncias que os rodeiam (p.149). Carlini (1980), por sua vez, afirma que o usurio da maconha apresentar ntidas alteraes psquicas, com perdas da discriminao temporal e espacial, com sonolncia, apatia e desinteresse pelo meio, podendo ter crises alucinatrias e reaes de pnico.

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O uso moderado da maconha no leva tolerncia. No entanto, quando ingeridos em doses elevadas, pode-se constatar uma adaptao aos efeitos do THC, tanto mentais quanto fsicos, sendo a dependncia psquica a mais constante. Havendo tambm a possibilidade da ocorrncia de psicoses canbicas, e manifestaes por perturbaes do carter, ansiedade, anorexia e insnia (Bergeret & Leblanc, 1991). Graeff (1989) menciona que o uso freqente e em doses elevadas da maconha pode levar a tolerncia. No obstante o uso em condies normais, este fenmeno ocorre muito raramente, sendo mais provvel a ocorrncia da sensibilizao, porm isto pode levar o indivduo a fazer uso com freqncia da maconha. Sonenreich (1982), por sua vez, advoga que a Cannabis no causa dependncia fsica mesmo no fumante inveterado. No entanto, esta provoca um reduzido nmero de dependncia psquica, comparados a atividades hedonistas como: caf, televiso, dentre outros. O referido autor reportando-se aos sintomas das drogas coloca que devemos confessar que, a maioria dos casos de toxicomania que encontramos, no nos permite afirmar com certeza qual seria a droga responsvel pelos sintomas, e se se tratava de uma ou de vrias drogas. No conhecemos sintomas especficos para cada droga, e ao nvel de patologia, nem podemos separar com segurana as drogas inibidoras, excitantes e psicodlicas. Embora o diagnstico diferencial se imponha sempre, na base do simples registro de sintomas, a maioria das vezes no possvel fazer mais do que hipteses (p.18). Noto e Formigoni (2002), ao dissertarem sobre os efeitos prejudiciais da maconha em curto prazo, salientam que no so bem evidentes se comparados cocana. Mas, so freqentes problemas de concentrao e memria, dificultando a aprendizagem e a execuo de tarefas de dirigir ou operar mquinas, por exemplo. Como tambm o seu uso contnuo pode causar tosse crnica, alterao da imunidade, reduo dos nveis de testoterona e desencadear doenas mentais como a esquizofrenia, depresso e crises de pnico, Pode ocorrer, tambm, a reduo do interesse e de motivao pela vida com a observao da sndrome amotivacional. No que diz respeito aos efeitos psicolgicos ocasionados pela maconha Graeff (1989) advoga que podem ocorrer hipersensibilidade a estmulos sensoriais e principalmente alteraes da percepo temporal. Com doses mais elevadas surgem perturbaes da memria, alteraes do pensamento e sentimentos de estranheza. Somente em doses muito altas aparecem alucinaes e despersonalizao (p.121).

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Zaluar (2002), por sua vez argumenta que embora haja alguns usurios mltiplos de maconha e cocana, eles constituem grupos antagnicos quanto aos etos e as imagens associadas s drogas. No caso particular da maconha o seu uso estaria atrelado a atos buclicos, com referncias ao dia, ao campo, natureza, comida, sade, ao cio e a paz. J a cocana seria associada a um uso mais urbano e artificial, sada noturna para boates, ao viver agitado, degenerao do corpo, e guerra. Esta autora ainda apresenta pesquisa realizada no Rio de Janeiro entre 1998 e 2000 em trs bairros - Copacabana, Tijuca e Madureira. Os resultados assinalaram que entre os efeitos desejados pelos usurios esto a euforia, adrenalina, ligao e o ficar acesso da cocana; enquanto que os da maconha desejam estar chapado ou ficar lesado, desligado. Urge a necessidade de enfatizar que as pesquisas acerca das substncias psicoativas da cannabis atingiram um estgio considervel, que podero ser utilizados no tratamento medicamentoso, com suas propriedades de ao alucingena, anti-nausa, hipntica. Desta forma, faz necessrio salientar que o uso da maconha do ponto de vista medicinal, no sentido de contribuir para promoo de sade das pessoas, algo que merece ser apreciado e debatido nos diversos setores da sociedade; tendo como resultante a quebra de esteretipos e preconceitos acerca da maconha.

2 Maconha: sua presena na Histria e na Antropologia

A ligao do homem com as drogas algo que remonta h milhares de anos, nos mais diversos lugares e pocas, sejam em tratamento teraputico ou em rituais religiosos. O uso da Cannabis como droga teve incio h mais de 4.000 anos, na China. Sua descoberta foi atribuda ao imperador e farmacutico chins Shen Nieng, cujo trabalho em farmacologia advogava o uso da planta, no tratamento do reumatismo e apatia, e como sedativo (Carlini,1980; Costa & Gontis, 1997; Nahas,1986; Sonenreich,1982). Mandon (1991), ao dar enfoque antropolgico acerca do uso milenar das drogas, diz que a dimenso mtica da droga compatvel com um sistema de valores e representaes coletivas que fazem-se presente tanto na represso quanto no consumo. E que associado a este uso tem-se a transgresso, a evaso, a busca de uma nova identidade, que remetem-se diretamente ao imaginrio coletivo dentro de um aparato cultural. De forma que na unio do mito com o prazer

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afasta-se a angstia, e atravs da formao de imagens fantasiosas tranqiliza-se a frustrao imposta pela realidade. Na ndia em 1000 a.c., o cnhamo, cuja denominao era Changha, era usado de forma teraputica, sendo indicado para constipao intestinal, falta de concentrao, malria at para doenas ginecolgicas. No obstante, no territrio indiano, o uso religioso da cannabis antecedeu ao teraputico, com o intuito de libertar a mente das coisas mundanas e concentr-la no Ente Supremo (Graeff,1989, p.123). Para Nova Enciclopdia Barsa (1997), h mais de dois mil anos os chineses usavam a maconha como anestsico em cirurgias, prtica repetida no Renascimento por alguns cirurgies europeus (p.179). De Flice (1936/70) menciona o historiador Herdoto ao descreve que os citas, os traas utilizavam a maconha na confeco de roupas, como tambm em prticas religiosas. Por exemplo, numa tenda fechada, sobre pedras esquentadas colocavam-se sementes de cannabis, que com a fumaa cheirosa exalada embriagava estes povos, possibilitando-lhes uma comunicao com os mortos, provocando-lhes grandes gritos. Para Herdoto, o fato concerne a rituais funerrios, em banhos de vapor com o intuito de purificar os vivos do contato com a morte. Este autor ainda coloca que a origem da cannabis corresponderia aos arredores do mar Cspio e dos pases do Ir Oriental, E que o seu uso simbolizava o meio de uma embriaguez sagrada. Os assrios fazia uso da mesma como incenso, sobre o nome Qounnoubou ou Qounnabou (radical da cannabis). Costa e Gontis (1997) remetem a estudos de Remini(s/d) sobre a medicina oriental denominada Nei-Ching. O imperador da poca, Kwang-Ti, que viveu entre 2.698 e 2.599 a.c., fazia a indicao das flores ma-po para fins cicatrizantes e da resina para uso nas infeces cutneas e para o tratamento do sistema nervoso, como tambm as sementes em infuso combatiam vermes no homem e animais. Segundo Nahas (1986) a indicao da cannabis para alterar o estado mental e no estritamente como remdio tem incio no continente indiano, onde esta erva era considerada sagrada, com presena constante em rituais religiosos. Os sacerdotes cultivavam em seus jardins, e utilizavam as flores, folhas e caules cozidos com o intuito de fabricar um lquido potente denominado bhang. Este autor ainda coloca que este licor promovia supostamente uma unio mais ntima com Deus quando bebido antes de cerimnias religiosas. Os indianos chamavam o bhang de fonte de prazeres, voador-celestial e dissipador de pesares(p.28).

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H trs teses que versam acerca da origem da maconha: 1) Seriam os chineses os principiantes no uso da Cannabis como erva medicinal, e na utilizao de suas fibras para confeco de papel; 2) A origem da maconha estaria na ndia, tendo como embasamento textos escritos na era Vdica 2.500 a.c., 3) Existe outra tese de que a maconha teria origem na regio do mar Cspio e Prsia, que correspondem na atualidade aos pases do Paquisto, Ir e Afeganisto( Nahas, 1986; Barsa,1997; Costa & Gontis, 1997). Sonenreich (1982), por sua vez, relata que no sculo IX a.c. o rei assrio Teglathfalasar II estava ao lado de um homem adormecido com um ramalhete de papoulas. Nesta poca, comentase episdios sobre o haxixe, cuja denominao pelos assrios era qunubu, de onde deu origem o grego cannabis. Quando a maconha chegou ao Oriente Mdio, vinda da ndia, houve uma grande aceitao desta droga.Como o consumo de lcool era proibido pela religio muulmana, os povos passaram a fazer uso da maconha, tendo em vista a sua capacidade de produzir estado de euforia sem que levasse ao pecado mortal. De acordo com Nahas (1986), havia um monge na regio do Oriente Mdio, que habitava a montanha de Rama em 500 d.c., que em seus pronunciamentos dizia Deus todo poderoso vos concedeu como um favor especial as virtudes desta planta, que dissiparo as sombras que obscurecem vossas almas e iluminaro vossos espritos(p.29). Posto isto, durante as invases rabes dos sculos IX a XII, introduziu-se a Cannabis no norte da frica, atingindo desde o Egito at o leste da Tunsia, Arglia e o oeste de Marrocos. Porm, vlido destacar o amplo consumo que deu-se no Egito durante auge do desenvolvimento cultural, social e econmico. Inicialmente essa droga era consumida pelas classes privilegiadas, como forma de auto-indulgncia (Nahas,1986). No sculo XI fundada, por um fatimida, Hassan Ibn-Sabbah, a seita de drogados asssassinos, chamados Haxixins. Depois de conquistar a fortaleza de Alamout, ao sul do mar Cspio, Hassan Ibn-Sabbah torna-se chefe de uma organizao secreta sob o ttulo de Cheikh-alDjebel(prncipe da montanha),a qual seqestravam jovens bonitos entre 12 e 20 anos e, adormecidos com bebidas de cannabis, eram levados para o jardim das delcias, de onde esses prprios jovens, logo depois, no queriam sair. Caso quisessem obter bebida, submetiam-se s ordens do chefe de matar ou roubar, a posteriori estes sero conhecidos atravs das descries de Marco-Polo (De Flice, 1936/70; Sonenreich, 1982). Estes autores ainda enfatizam que os membros da seita Hassan lhe julgavam uma obedincia cega, os simples afiliados tinham apenas o papel de executar suas ordens, isto , matar seus inimigos pelo ferro ou pelo veneno. Chamavam-lhes Fidai, o que significa eles se auto-sacrificavam, no hesitavam a se exporem

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morte para executar sua tarefa sinistra. Gengis Khan em 1218 extinguiu esta seita com a morte de 12.000 comedores de haxixe. Por volta 1379 baixou-se uma lei rgida contra o uso da cannabis. A pena para os usurios correspondia a terem as solas dos ps e os seus dentes arrancados. Segundo Costa e Gontis (1997), mencionando relatos de Remini(s/d), eram encontrados com freqncia nos livros de medicina no sculo XIII prescries da maconha por parte de feiticeiros e curandeiros em diversas enfermidades. Estes autores ainda dissertam sobre a chegada da Cannabis na Grcia com os rituais dionisacos. Durante os rituais ao heri micnico Dionsio, em celebraes pblicas e nos rituais da natureza, no terceiro dia de manifestaes, utilizava-se de uma bebida denominada panspermia, produzida de diversas ervas, incluindo-se a maconha. H registros do uso da Cannabis sativa nas celebraes em Mistrios de Eleusis na Grcia onde realizava-se reunies secretas para cerimnias iniciticas e orgisticas, em procisses e rituais de purificaes. As cruzadas correspondem ao momento histrico no qual houve a disseminao da maconha pela Europa. Nesta mesma poca, relata-se o uso por parte dos Aztecas em rituais religiosos. J em Cuba por volta de 1492, encontrou tambm o hbito de inalar a fumaa de folhas secas incandescentes para provocar um prazer singular(Sonenreich, 1982). Nos Estados Unidos, em 1720 a planta do tipo fibra era cultivada na regio litornea, e as fibras do caule eram utilizadas na confeco de cordas, barbantes, tapetes, velas, sacos e cintos. J das sementes extraia-se o leo para sabes, tintas, dentre outros( Nahas, 1986). Lewin (1970) enfatiza que em 8 de outubro de 1800, o general Napoleo Bonaparte, promulgou no Egito as seguintes proibies quanto ao uso da cannabis, quais sejam:

Art.I: Fica proibido em todo Egito fazer uso da bebida fabricada por certos muulmanos com a cannabis (haxixe), bem como fumar as sementes da cannabis, os bebedores e fumantes habituais desta planta perdem a razo e so acometidos de violentos delrios que lhes proporciona cometer abusos de todos tipos; Art.II: A preparao da bebida de haxixe fica proibida em todo Egito. As portas de todos os bares ou albergues onde servida sero fechadas com um muro e seus proprietrios colocados na cadeia por uma durao de trs meses;

Art.III: Todos os pacotes de haxixe que chegaro a alfndega sero confiscados e queimados publicamente.

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Quanto a este episdio Nahas (1986) ainda acrescenta que Napoleo em seu discurso diz o consumo do forte licor feito por certos maometanos com a erva denominada haxixe, bem como o fumo das drogas copas florais do cnhamo, ficam proibidas em todo o territrio do Egito(p.30). Vale salientar que o imperador francs pouco influenciou no consumo da maconha no Egito. Em meados do sculo XIX, o homem ocidental tem acesso as substncias psicoativas da cannabis, por meio das experincias cientficas, e no necessariamente pelo desejo de encontrar o nirvana. Nahas (1986) coloca que na Frana, surgiu o grupo denominado de Clube dos comedores de haxixe, tendo como participantes os poetas Thophile Gautier e Charles Baudelaire, cujas experincias com o haxixe so descritas: os sons possuem cores e as cores so musicais. Os olhos penetram o infinito e os ouvidos percebem o som mais imperceptvel em meio aos rudos mais acentuados...Os objetos externos assumem aparncias monstruosas e se revelam em formas at ento desconhecidas(p.32).Com o reconhecimento do perigo a qual est exposto o usurio de drogas estes escrevem: como com todos os prazeres solitrios, o indivduo torna-se intil para os homens, e a sociedade suprflua para o indivduo. O haxixe nunca revela pessoa mais do que ela j . Alm disso, h um perigo fatal em tais hbitos. Aquele que faz uso do veneno para pensar, logo ser incapaz de pensar, logo ser incapaz de pensar sem tomar o veneno (p.33). Carlini (2002) elenca as principais convenes internacionais ocorridas para discusso acerca das drogas, quais sejam: a Conveno nica sobre Drogas Narcticas em Genebra na Sua, publicada em 1961, que relata as primeiras diretrizes de fiscalizao internacional das substncias narcticas, entre elas a morfina a mais relevante. Em 1971 foi realizada uma Segunda conveno em Viena, a de drogas psicotrpicas, que passaram a ser regulamentadas a fabricao, venda, importao e exportao das anfetaminas, barbitricos e benzodiazepnicos. E em 1988, saiu a terceira conveno internacional, a dos precursores de reagentes qumicos para a produo de drogas de abuso, da inclui-se a cocana que na sua fabricao utiliza-se de cido clordrico, pergamanganato e acetona. No entanto, sabe-se que a temtica drogas algo que se insere nos mais diversos interesses, sejam eles econmicos, polticos e sociais; e que muitos pases que participam dos acordos e discusses que foram implementadas durante as convenes, atuam de forma negligente, em favor dos seus interesses. Tudo isso torna cada vez mais difcil de por em prtica um programa eficaz acerca do uso das drogas.

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3 Maconha: perspectiva histrica e antropolgica na realidade brasileira.

A maconha, ao longo dos tempos, foi utilizada nos pases orientais como China, ndia na forma medicinal, e nas comunidades primitivas com o objetivo de sair da imanncia e atingir a transcendncia. Porm, pertinente explanar sobre a origem da maconha no Brasil, at para que se possa proporcionar um melhor entendimento no contexto atual. Mencionar sobre a origem da maconha na realidade brasileira algo que merece ateno, tendo em vista as hipteses desenvolvidas acerca da mesma. No que tange a chegada da maconha ao Brasil, no h um consenso entre os historiadores. Alguns argumentam o fato desta ter sido introduzida no Brasil pelos escravos. Inclusive defende-se que foi em 1549, perodo concomitante ao alvar concedido por D. Joo III que autorizava a importao de escravos para trabalhar nos engenhos de acar, dando direito a cada senhor ter at 1200 escravos. No h indcios que no incio o escravo tenha trazido a maconha com o intuito de esquecer as armaguras da escravido e saudades da terra dos ancestrais.(Bucher, 1992; Brando, 2002; MacRae & Simes, 2000; Moreno, 1958). Graeff (1989), ao dissertar acerca da introduo da maconha no Brasil, salienta que esta deu-se a partir dos escravos africanos, cuja denominao era fumo de Angola, e que logo houve uma aceitao do seu uso. Costa e Gontis (1997) enfatizam tambm estudos de Pio Correia (1931) que afirmam que as sementes do fumo da angola, tenham chegado ao territrio brasileiro no sculo XV vindas em bonecas de pano embrulhadas na ponta das tangas pelos escravos africanos. Estes autores ainda apontam que a maconha era bastante utilizada principalmente no Norte e Nordeste do Brasil, tendo em vista que esta desenvolvia-se nas lavouras de cana de acar. H uma outra hiptese acerca da origem da maconha que advoga sobre a existncia em populaes indgenas na Amaznia, e que estes j utilizavam na forma medicinal, no preparo de chs e ps pelos pajs, como tambm nas cerimnias religiosas com o intuito de manter contatos com as divindades (Monteiro, 1965). Este autor ainda coloca que a maconha ou dirijo era plantada em lugares no muito secos, aproveitando-se dos terrenos das queimadas, uma vez que a planta era adaptada a terrenos frescos e fertilizados a base de cinzas de animais e vegetais. Esta era utilizada nas festas

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recreativas, nas danas desfeiteira ou gamb, em que todas as paixes recalcadas vm tona, e declamaes so feitas sob o efeito da erva como, por exemplo: Home qui arripuna macunha, mulh qui foge de macho, num tem parncia de home; de fme s tem o macho(p.290)

Porm, faz-se necessrio salientar posio de Jarbas Pernambucano. Segundo o pesquisador, nos terreiros do Recife, os barbalirixas fazem objeo ao fato de considerar-se a maconha como droga dos negros, e que a expresso fumo de caboclo refere-se aos aztecas existentes entre os indgenas brasileiros. (Moreno 1958). Carlini (1980) aponta dilogo de Garcia Orca (1891), escrito aps a descoberta do Brasil, que faz meno ao Solto Baduar que, em conversa com Martim Afonso de Souza, relatava que noite quando queria ir a Portugal, ao Brasil, Turquia, Arbia e Prsia, no fazia outra coisa seno comer um pouco de bangue ou maconha. Por outro lado, Bucher (1992) apresenta um ensaio de como a maconha foi apresentada na literatura brasileira, este aponta o socilogo Gilberto Freyre como sendo um dos poucos que comentaram acerca do uso da maconha em seus escritos, falando sobre o maconhismo nos escravos. Segundo Gilberto Freyre, ao fim do dia de trabalho os escravos utilizavam-se do fumo da angola. Este autor ainda aponta para fato histrico importante, que diz respeito ao decreto do cdigo de postura feita pela Cmara Municipal do Rio de Janeiro que, em 04 de outubro de 1930 probe a compra e venda em estabelecimentos pblicos da erva. Ao reportar ainda sobre escritos de Gilberto Freyre, Moreno (1958) argumenta que o uso da maconha por parte de seus escravos assegurava a estabilidade dos senhores: ao passo que os brancos usavam charutos cheirosos, o negro fumava para os sonhos. No que tange a plantao desta erva, dava-se ao meio dos canaviais. Outro fato histrico que merece devido destaque diz respeito ao uso da maconha por parte da princesa Carlota Joaquina de Bourbon. Seu escravo Filisbino, companheiro da princesa at a morte desta, foi seu principal fornecedor. Comenta-se que ao morrer intoxicada pelo arsnico, esta dizia: traga-me um ch com as fibras de diamba do Amazonas, com que despedimos para o inferno tantos inimigos (Dria, 1958, p.245). O cdigo Penal da Repblica, em 1890, mesmo proibindo a comercializao de coisas venenosas, no se referia diretamente a proibio da venda da maconha. Porm, faz-se

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necessrio destacar que s no incio do sculo passado, passou-se a considerar a maconha como uma droga perigosa, tendo em vista sua utilizao por parte das camadas populares dos centros urbanos, cristalizando-se a idia entre autoridades mdicas e policiais a polissemia pobre-pretomaconheiro-marginal-bandido (MacRae & Simes,2000). Este autor, ainda enfatiza que, em 1916, Dr. Rodrigues Dria, professor na Faculdade de Medicina da Bahia, ao apresentar um estudo durante o II Congresso Cientfico Pan- Americano, realizado em Washington, relata sobre o uso da maconha em cidades do Vale do So Francisco, onde feirantes, aps o trabalho, fazem uso da cannabis em suas maricas ou cachimbos recitando as loas da maconha. E que na dcada de 1930, os E.U.A. aumentaram os investimentos em campanhas de represso ao uso da maconha, isto repercutiu no Brasil de forma que apareceu uma gama de estudos mdicos reforando a idia que a maconha vcio de negro, como tambm apontando efeitos do tipo: agressividade, violncia, delrios furiosos, loucura, taras degenerativas, degradao fsica, transmitindo uma imagem aterrorizante da maconha. No que tange a presena da maconha no folclore brasileiro, Cmara Cascudo (1954) reporta-se s vrias denominaes regionais que lhes so atribudas, quais sejam: diamba, liamba, riamba, marijuana, rafi, fininho, baseado, morro, cheio, fumo brabo, gongo, malva, fmea. E de acordo com a forma e quantidade que a mesma consumida podem ser chamadas de pio do pobre (as folhas secas em forma de cigarros), morro (com dois gramas), baseado (com um e setenta) e fininho (com um grama). Este autor ainda coloca que o leo da liamba era muito utilizado nos catimbs e candombls quando se tratava um trabalho difcil. H tambm o maricas que um cachimbo confeccionado com uma garrafa, um cabao ou feito de barro cozido, tendo um recipiente para fumaa ser lavada, comparando-se ao narguil turco, que no Maranho este cachimbo chamado de boi (Cmara Cascudo, 1954; Monteiro 1965). MacRae e Simes (2000) ao reportarem acerca do movimento que ocorreu em meados do sculo passado dizem que a fora reinvindicatria que exercia a revoluo cultutal dos anos 60 sobre o simbolismo do uso da maconha, em que quase todo o Ocidente, marcou a incluso do jovem num mundo at ento concebido quase exclusivamente como habitado pelos bandidos denunciados pela impresa. A partir dessa dcada, o costume de fumar maconha deixou de ser apangio das camadas mais pobres e marginalizadas e ganhou amplitude entre segmentos da classe mdia urbana. (p.04). Estes ainda dissertam que nos anos seguintes a este acontecimento, com a instalao da Ditadura Militar no Brasil, o uso da maconha teve uma conotao de necessidade por um estilo

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alternativo de vida, liberalizao das idias e sensaes exercidas, sobretudo pelos jovens que reivindicava uma sociedade mais justa e igualitria, e a liberdade de expresso. Noto e Formigoni (2002) salientam que na dcada de 1980 devido ao no conhecimento no que tange as substncias psicotrpicas por parte do Brasil, o pas a adotou um modelo de poltica de represso exportado dos E.U.A. no combate sobretudo da maconha e cocana. Posto isto, os dados da poca demonstravam que no havia correlao com os nmeros de usurios estadunidenses, gerando com isso uma exposio exagerada na mdia nacional, contribuindo assim na curiosidade em conhecer as substncias ilcitas. Estes autores ainda colocam que j na dcada de 1990 o nmero de usurios de maconha cresceu, correspondendo a 7,6% o uso entre estudantes, devido ao fato da maior tolerncia maconha, como tambm aos debates sobre seu uso teraputico e sua descriminalizao. No que diz respeito ao uso da maconha no Brasil na atualidade, Murad (2000) apresenta dados da organizao no-governamental ABRAO (Associao Brasileira Comunitria para Preveno do abuso de Drogas) com sede em Minas Gerais, que de 2.600 pessoas atendidas, cerca de 68,36% usam maconha, sendo a droga dita ilegal mais utilizada pelos usurios. E, de acordo com este autor, a Cannabis geralmente produzida em plantaes em pases como Mxico, Jamaica, Paraguai e Brasil. Neste ltimo, o estado de Pernambuco o de maior destaque. E em 11 de Janeiro de 2002, o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou nova lei n 10.409 que em seu texto versa sobre a preveno, o tratamento, a fiscalizao, o controle e a represso produo, ao uso e ao trfico ilcitos de produtos, substncias ou drogas ilcitas que causem dependncia fsica ou psquica. Contudo, ao passo em que o governo sanciona lei para as drogas, este ano ocorreu pela primeira vez no Rio de Janeiro, desde que foi criada em 1997, a Marcha Mundial da Maconha (Million Marijuana March), que acontece em 192 pases, sempre no primeiro sbado de maio, que reuniu cerca de 500 participantes reivindicando a legalizao e descriminalizao da maconha (ltimo Segundo 2002). Destarte, como bem aponta os fatos histricos e antropolgicos, um tanto quanto utpico abolir por completo o uso de drogas no pas, mas faz-se necessrio investir em polticas de melhoria nas condies sociais e de sade, com o intuito de agregar fatores que contribuam para melhoria na qualidade de vida das pessoas, em detrimento de leis repressoras sem o respaldo das reais necessidades da populao.o

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