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  • 13

    1

    Introduo s Funes

    Exponenciais

    Sumrio

    12.1 Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

    12.2 Funes Polinomiais vs Polinmios . . . . . . . . . . 4

    12.3 Determinando um Polinmio a Partir de Seus Valores 6

    12.4 Grcos de Polinmios . . . . . . . . . . . . . . . . 8

    12.5 Exerccios Recomendados . . . . . . . . . . . . . . . 12

  • Unidade 13

    Introduo

    13.1 Introduo

    Nesta unidade, daremos incio ao estudo das funes exponenciais, introdu-

    zindo-as por meio de uma propriedade relativa sua variao. Nas unidades

    seguintes, veremos como essa propriedade caracteriza uma famlia de funes

    que sero estudadas.

    Como j foi discutido na Unidade 9, as funes ans podem ser caracteri-

    zadas como aquelas para as quais a variao da varivel dependente depende

    somente da variao da varivel independente. Assim, dada f : R R, temosque f am se, e somente se, existe a R tal que f(x + h) f(x) = a hpara qualquer variao h da varivel x. Dizemos que esta uma caracteriza-

    o das funes ans, pois todas as funes ans, e nenhuma outra, tm essa

    propriedade.

    Nesta unidade, comeamos a discutir uma caracterizao para a funo

    exponencial com base na ideia de variao como segue:

    Para cada variao da varivel independente h xada, a variao correspon-

    dente da varivel dependente f(x+h)f(x) proporcional ao valor da prpriavarivel dependente f(x), sendo a constante de proporcionalidade dependente

    de h.

    Equivalentemente, podemos dizer que a razo

    f(x+ h)

    f(x)depende apenas

    de h, e no de x. Uma importante consequncia para o clculo innitesimal

    que as funes exponenciais so aquelas para as quais a taxa de variao

    instantnea (isto , a derivada) proporcional ao valor da prpria funo.

    Essas propriedades podem ser percebidas intuitivamente em situaes em

    que uma grandeza varia em funo do tempo de tal forma que o acrscimo

    sofrido a partir de um determinado instante proporcional ao valor da prpria

    grandeza naquele instante este o caso, por exemplo, dos juros compostos

    e do decaimento radioativo, tratados nesta unidade. As demonstraes para

    essas propriedades sero dadas nas prximas unidades.

    Na Seo 3, discute-se a extenso da denio de exponenciao com ex-

    poente natural, que se baseia na ideia de multiplicao de fatores repetidos,

    para expoentes inteiros, em primeiro lugar, e depois expoentes racionais.

    Evidentemente, a denio de exponenciao com base na ideia de multi-

    plicao de fatores repetidos no pode ser generalizada nem para expoentes

    2

  • Unidade 13

    Introduo s Funes Exponenciais

    inteiros negativos, nem para expoentes racionais. Em ambos os casos, as

    denies generalizadas so as nicas possveis, de modo a preservar as pro-

    priedades fundamentais da exponenciao.

    No nal da Seo 3, demonstrado um Lema que ser importante para a

    extenso da exponencial para expoentes reais, que ser discutida na prxima

    unidade.

    Veremos que as extenses da exponenciao de N para Z e de Z para Qso baseadas em propriedades algbricas. Entretanto, a extenso de Q para Renvolve necessariamente alguma ideia de continuidade ou convergncia, o que

    torna este passo conceitualmente mais delicado.

    13.2 Dois Exemplos Fundamentais

    Vimos na Unidade 9 que se f : R R uma funo am, ento o acrscimof(x + h) f(x), sofrido por f , quando se passa de x para x + h, dependeapenas do acrscimo h dado a x mas no depende do prprio valor de x. Isto

    bvio, uma vez que f(x) = ax + b implica f(x + h) f(x) = ah. Omais importante, tendo em vista as aplicaes, que quando f montona

    crescente, ou decrescente, vale a recproca: se f(x + h) f(x) no dependede x, ento f am.

    O Exemplo 1 da Unidade 9 dizia respeito a uma quantia x, investida durante

    um prazo xo e determinado, gerando no nal desse perodo o valor f(x).

    Constatou-se ali que f(x) uma funo linear de x.

    Exemplo 1

    Consideraremos agora uma situao, mais vantajosa para o investidor do

    que a anterior, em que uma quantia c0 aplicada a juros xos, capitalizados

    continuamente.

    Se chamarmos de c(t) o capital gerado a partir daquela quantia inicial depois

    de decorrido o tempo t, claro que c(t) uma funo crescente de t.

    Notamos ainda que se t < t ento o acrscimo c(t+h) c(t), experimen-tado pelo capital aps o decurso de tempo h, a partir do momento t, maior

    do que o rendimento c(t+ h) c(t) depois de decorrido o mesmo tempo h, apartir do momento anterior t, pois o capital acumulado c(t), sendo maior do

    que c(t), deve produzir maior renda.

    3

  • Unidade 13 Dois Exemplos Fundamentais

    Assim, c(t) no uma funo am de t, j que c(t + h) c(t) dependeno apenas de h mas de t tambm. Esta concluso negativa indica que se deve

    buscar outro instrumento matemtico, diferente da funo am, para modelar

    a presente situao.

    Analisando este problema mais detidamente, vemos que podemos considerar

    a diferena c(t + h) c(t) como o lucro obtido quando se investiu a quantiac(t) durante o prazo h. Portanto, como vimos acima, c(t + h) c(t) deve serproporcional quantia aplicada c(t), ou seja, c(t + h) c(t) = c(t), ondeo fator de proporcionalidade = (h) depende evidentemente do prazo h. A

    armao de que (h) = [c(t+ h) c(t)]/c(t) no depende de t a expressomatemtica do fato de que os juros so xos. Como [c(t + h) c(t)]/c(t) =[c(t+h)/c(t)]1, esta armao equivale a dizer que o quociente c(t+h)/c(t)no depende de t.

    Portanto, quando os juros so xos, se c(t1 + h)/c(t1) = 2, por exemplo,

    ento c(t2 + h)/c(t2) = 2 para qualquer t2 (e o mesmo h). Isto quer dizer que

    o tempo h necessrio para que um capital seja dobrado o mesmo em todas

    as ocasies e para qualquer valor desse capital, pequeno ou grande.

    Vemos ento que o modelo matemtico conveniente para descrever a vari-

    ao de um capital aplicado a juros xos, em funo do tempo, deve ser uma

    funo crescente c(t) tal que o acrscimo relativo [c(t+h)c(t)]/c(t) dependaapenas de h mas no de t.

    Conforme ser estabelecido futuramente, as nicas funes com estas pro-

    priedades so as da forma c(t) = c0 at.

    Uma situao anloga ocorre quando se estuda a desintegrao radioativa,

    conforme veremos no prximo exemplo.

    Exemplo 2

    Os tomos de uma substncia radioativa (como o rdio e o urnio, por ex-

    emplo) tendem a se desintegrar, emitindo partculas e transformando-se noutra

    substncia. As partculas emitidas no alteram consideravelmente a massa to-

    tal do corpo mas, com o passar do tempo, a quantidade da substncia original

    diminui (aumentando, consequentemente, a massa da nova substncia trans-

    formada). Isto ocorre de tal modo que, em cada instante, a quantidade de

    matria que se est desintegrando naquele momento proporcional massa da

    substncia original que ainda resta.

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  • Unidade 13

    Introduo s Funes Exponenciais

    Assim sendo, se chamarmos (como fazem os cientistas) de meia-vida de

    uma substncia radioativa o tempo necessrio para que se desintegre a metade

    da massa de um corpo formado por aquela substncia, constatamos que a meia-

    vida um nmero intrinsecamente associado a cada substncia radioativa: o

    tempo necessrio para reduzir metade a radioatividade de uma tonelada de

    urnio igual ao tempo que leva um grama da mesma substncia para ter sua

    metade desintegrada.

    A propsito: os vrios istopos do urnio tm meia-vida da ordem de 109

    anos. Enquanto isso, a meia-vida do rdio 224 de 3 dias e 15 horas.

    De um modo geral, se designarmos por m = m(t) a massa da substncia

    radioativa presente no corpo no instante t, veremos que m uma funo de-

    crescente de t e, alm disso, a perda relativa [m(t+ h)m(t)]/m(t), ocorridaaps o decurso do tempo h, depende apenas de h mas no do instante inicial

    t, ou seja, da massa m(t) existente naquela ocasio.

    Outra vez constatamos a necessidade de uma funo real de varivel real

    m : R R, que seja montona (desta vez, decrescente) e tal que a variaorelativa [m(t+ h)m(t)]/m(t) dependa apenas de h. Ou, equivalentemente,que a razo m(t+ h)/m(t) no dependa de t, mas somente de h.

    Mostraremos na prxima unidade que as nicas funes com essas pro-

    priedades so as do tipo m(t) = b.at (com 0 < a < 1). Os exemplos que

    acabamos de mencionar ilustram algumas das inmeras situaes em que ocor-

    rem as funes do tipo exponencial, que estudaremos agora.

    Comearemos nosso estudo com uma reviso das potncias com expoente

    racional.

    13.3 Potncias de Expoente Racional

    Seja a um nmero real positivo. Para todo n N, a potncia an, de base ae expoente n, denida como o produto de n fatores iguais a a. Para n = 1,

    como no h produto de um s fator, pe-se a1 = a, por denio.

    A denio indutiva de an : a1 = a e an+1 = a an.Para quaisquerm,n N tem-se aman = am+n, pois em ambos os membrosdesta igualdade temos o produto de m + n fatores iguais a a. Segue-se ento

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  • Unidade 13

    Potncias de Expoente Racional

    que, para m1,m2, . . . ,mk quaisquer em N, vale

    am1 am2 amk = am1+m2++mk .

    Em particular, se m1 = = mk = m, temos (am)k = amk.Se a > 1 ento, multiplicando ambos os membros desta desigualdade por

    an, obtemos an+1 > an. Portanto,

    a > 1 1 < a < a2 < < an < an+1 < .

    Alm disso,

    0 < a < 1 1 > a > a2 > > an > an+1 > ,

    como se v multiplicando ambos os membros da desigualdade a < 1 pelo

    nmero positivo an.

    Portanto, a sequncia cujo n-simo termo an crescente quando a > 1 e

    decrescente se 0 < a < 1. Para a = 1, esta sequncia constante, com todos

    os seus termos iguais a 1.

    Existem sequncias crescentes que so limitadas superiormente. Um exem-

    plo disso a sequncia

    1

    2,2

    3,3

    4, . . . ,

    n

    n+ 1, . . . ,

    onde se tem

    n

    n+ 1< 1, para todo n N.

    Entretanto, se a > 1, a sequncia formada pelas potncias an, n N, ilimitada superiormente, isto , nenhum nmero real c, por maior que seja, pode

    ser superior a todas as potncias an. Noutras palavras, dado arbitrariamente

    c R, pode-se sempre achar n N tal que an > c.Para provar isto, escrevemos a = 1 + d, d > 0. Pela desigualdade de

    Bernoulli

    1

    temos an > 1 + nd. Logo, se tomarmos n > (c 1)/d, teremos1 + nd > c e, com maior razo, an > c.

    1

    A desigualdade diz exatamente que se d > 0, ento (1+d)n > 1+nd para todo nmero

    natutal n > 2. Deixamos como exerccio a demonstrao por induo dessa desigualdade.

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  • Unidade 13

    Introduo s Funes Exponenciais

    Exemplo 3

    Seja a = 1, 000001 (um inteiro e um milionsimo). As potncias sucessivas

    a, a2, a3, . . ., a princpio prximas de 1, podem tornar-se to grandes quanto

    se deseje, desde que o expoente seja tomado sucientemente grande. Se us-

    armos o argumento acima para obter uma potncia de a que seja superior a 1

    bilho, devemos tomar um expoente da ordem de 1014. Na realidade, usando

    uma calculadora, vemos que para ter (1, 000001)n > um bilho, basta tomar

    n > 21 milhes. E que, ao demonstrarmos que as potncias sucessivas de um

    nmero maior do que 1 crescem acima de qualquer nmero real pr-xado, nos

    preocupamos mais em usar um raciocnio simples e claro do que obter o menor

    expoente possvel.

    Para exprimir que a sequncia crescente (an) ilimitada superiormente

    (supondo a > 1!), escrevemos

    limn

    an =

    e dizemos que an tende ao innito quando n cresce indenidamente.

    De modo anlogo, se 0 < a < 1 ento as potncias sucessivas a, a2, a3, . . .

    decrescem abaixo de qualquer cota positiva: xado arbitrariamente um nmero

    c > 0, por menor que seja, pode-se sempre achar um expoente n N tal quean < c.

    Com efeito, sendo 0 < a < 1, se escrevermos b = 1/a, teremos b > 1.

    Logo, pelo que acabamos de ver, podemos achar n N tal que bn > 1/c, ouseja,

    1an> 1

    c, donde an < c.

    Este resultado signica que, quando 0 < a < 1,

    limn

    an = 0

    (A expresso limn an = 0 l-se o limite de an, quando n tende ao innito,

    igual a zero).

    Procuremos agora atribuir um signicado potncia an, quando n um

    nmero inteiro (que pode ser negativo ou zero). Isto deve ser feito de modo

    que seja mantida a regra fundamental am an = am+n.Em primeiro lugar, qual deve ser o valor de a0 ? Como a igualdade a0 a1 =

    a0+1 deve ser vlida, teremos a0a = a. Logo a nica denio possvel a0 = 1.

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  • Unidade 13

    Potncias de Expoente Racional

    Em seguida, dado qualquer n N, devemos ter an an = an+n = a0 = 1,assim, an =

    1

    an.

    Portanto, se quisermos estender o conceito de potncia do nmero real

    a > 0, para admitir expoentes inteiros quaisquer e ainda preservar a igualdade

    am an = am+n, a nica denio possvel consiste em pr a0 = 1 e an = 1/anpara todo n N.A funo f : Z R, dada por f(n) = an, n Z, alm de cumprir aigualdade fundamental

    f(m+ n) = f(m) f(n),

    ainda crescente quando a > 1 e decrescente quando 0 < a < 1.

    Em particular, para a > 1 e n N, tem-se an < 1 < an e, para 0 < a < 1,tem-se an < 1 < an, pois n < 0 < n e a0 = 1.De am an = am+n segue-se que (am)n = amn ainda quando m, n Z.Prosseguindo, vejamos que sentido pode ser dado potncia ar quando

    r = m/n um nmero racional (onde m Z e n N), de modo que continuevlida a regra ar as = ar+s, onde s tambm um nmero racional. Destaigualdade resulta, que se deve ter, para r = m/n:

    (ar)n = ar ar ar = ar+r++r = arn = am.

    Portanto ar o nmero real positivo cuja n-sima potncia igual a am. Por

    denio de raiz, este nmero

    nam, a raiz n-sima de am. Assim, a nica

    maneira de denir a potncia ar, com r = m/n, m Z, n N, consiste empr

    am/n = nam.

    Depois de dar esta denio, h alguns detalhes que devem ser examinados.

    Em primeiro lugar, como se tem m/n = mp/np para todo p N, precisomostrar que

    nm = np

    amp a m de que a denio no seja ambgua. Em

    segundo lugar, deve-se mostrar que a denio dada assegura a validez da

    regra ar as = ar+s para r, s Q. E nalmente, cumpre provar que a funof : Q R+, denida por f(r) = ar, crescente quando a > 1 e decrescentequando 0 < a < 1. Esses fatos so deixados como exerccios a cargo do leitor.

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  • Unidade 13

    Introduo s Funes Exponenciais

    Dado a > 0, a funo f : Q R+, denida por f(r) = ar, no sobre-jetiva. Noutras palavras, xado a > 0, nem todo nmero real positivo da

    forma ar com r racional. Isto ca evidente se observarmos que, como Q umconjunto enumervel, o mesmo deve ocorrer com sua imagem f(Q), porm R+

    no enumervel. De um modo mais elementar, este fato pode ser ilustrado

    mediante um exemplo. Tomemos a = 10 e indaguemos se existe algum nmero

    racional r = m/n tal que 10m/n = 11 ou seja, tal que 10m = 11n, onde m,

    n N. claro que, para qualquer m N, 10m se escreve como 1 seguido dem zeros enquanto 11n no pode ter esta forma. Logo o nmero real positivo

    11 no pertence imagem da funo r 7 10r, de Q em R+.As potncias ar, com expoente racional, embora no contenham todos os

    nmeros reais positivos, esto espalhadas por toda parte em R+, desde que sejaa 6= 1. Noutras palavras, {ar; r Q} denso em R+. Este o contedodo lema abaixo. A demonstrao do mesmo, embora elementar, um tanto

    tcnica e pode ser omitida numa primeira leitura.

    Lema 1

    Fixado o nmero real positivo a 6= 1, em todo intervalo no degenerado deR+ existe alguma potncia ar, com r Q.

    + Para Saber Mais - Demonstrao do Lema - Clique para ler

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  • Unidade 13

    Potncias de Expoente Racional

    Exerccios Recomendados

    1. Como voc explicaria a um aluno no Ensino Fundamental que a0 = 1? E

    que an =1

    an?

    2. Como voc explicaria a um aluno no Ensino Fundamental que a12 =a ?

    E que amn = m

    an = ( m

    a)

    n?

    3. Mostre que para todo p N, tem-se que nm = npamp.

    4. Mostre que a funo f : Q R denida por f(r) = ar crescente sea > 1 e decrescente se 0 < a < 1.

    5. Uma alga cresce de modo que, em cada dia, ela cobre uma superfcie

    de rea igual ao dobro da coberta no dia anterior. Se esta alga cobre a

    superfcie de um lago em 100 dias, qual o nmero de dias necessrios

    para que duas algas, da mesma espcie da anterior, cubram a superfcie

    do mesmo lago? E se forem quatro algas? Voc consegue responder a

    esta pergunta para 3 algas?

    10

  • Unidade 13

    Introduo s Funes Exponenciais

    13.4 Textos Complementares

    Para Saber MaisDemonstrao do Lema

    Dados 0 < < , devemos achar r Q tal que a potncia ar pertena aointervalo [, ], isto , 6 ar 6 . Por simplicidade, suporemos a e maioresdo que 1. Os demais casos podem ser tratados de modo anlogo. Como as

    potncias de expoente natural de nmeros maiores do que 1 crescem acima de

    qualquer cota pr-xada, podemos obter nmeros naturais M e n tais que

    < < aM e 1 < a