lupus eritematoso sistemico em caes - alessandra de moura palha mondego

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Artigo sobre Lúpus Eritematoso Sistêmico Canino

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  • UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

    CENTRO DE CINCIAS DA SADE

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM CLNICA MDICA

    E CIRRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS

    LPUS ERITEMATOSO SISTMICO EM CES

    REVISO DE LITERATURA

    Alessandra de Moura Palha Mondego

    Rio de Janeiro, mar. 2007

  • I

    ALESSANDRA DE MOURA PALHA MONDEGO

    Aluna do curso Especialisao em Clinica Mdica e

    Cirurgia em Pequenos Animaisdo da UCB

    LPUS ERITEMATOSO SISTMICO EM CES

    REVISO DE LITERATURA Trabalho monografico de concluso de curso de Especialisao em Medicina Veterinria , apresentado a USB como requisito parcial para obteno de ttulo de especializao em Clnica Mdica e Cirurgica em Pequenos Animais sob orientao do Dr. _________________

    Rio de Janeiro, mar. 2007.

  • II

    LPUS ERITEMATOSO SISTMICO EM CES

    REVISO DE LITERATURA

    Elaborado por Alessandra Moura Palha Mondego

    Aluna do Curso de Especializao em Medicina Vetrinria da UCB

    Foi analizado e aprovado com grau:_____________

    Rio de Janeiro, _________de_______________de_________

    ___________________________________ Membro

    ___________________________________ Membro

    ____________________________________ Orientador

    Rio de Janeiro, mar. 2007.

  • III

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ANN Teste de Anticorpo Nuclear

    H Hora

    LE Lupus Eritematoso

    LES Lupus Eritematoso Sistmico

    LED Lupus Eritematoso Dicide

    Mg Miligramas

    Kg Kilogramas

    PO Via Oral

  • IV

    SUMRIO

    Introduo ............................................................................................................. 1

    1. Reviso de Literatura ........................................................................................ 4

    1.1. Etiologia e Patogenia .............................................................................. 4

    1.2. Epidemiologia ......................................................................................... 6

    1.3. Sinais Clnicos ........................................................................................ 7

    1.4. Diagnstico ............................................................................................. 9

    1.5. Tratamento ............................................................................................. 14

    1.6. Prognstico ............................................................................................. 17

    2. Concluso ........................................................................................................ 18

    Bibliografia ............................................................................................................. 19

  • 1

    INTRODUO

    O Lupus Eritematoso (LE) uma doena imunomediada e apresenta-se em

    duas formas clnicas: O Lupus Eritematoso Sistmico (LES) e o Lupus Eritematoso

    Discide (LED) (ROSENKRANTZ S. W., 2005).

    O LED a forma benigna do LE observando-se despigmentao, eritema,

    descamao do focinho e regio distal dos membros, genitais e cavidade bucal.

    (IBICT).

    Os achados histolgicos do LED caracterizam-se por dermatite de interface e

    degenerao das clulas epidrmicas basais. (KENNETH P. D.; KWOCHKA K. W.,

    2003).

    As manifestaes clnicas para o Lupus Eritematoso Sistmico so

    claudicao, poliartrite, polimiosite, sees cutneas, mal-estar, anorexia, fraqueza,

    piroxia, glomerulonefrite, lceras orais e desordens neurolgicas. (HOGENESCH

    HARM, 2005).

  • 2

    O diagnstico definitivo do LES ocorre pelo teste de anticorpo

    antinuclear (ANN) positivo ou teste celular para lpus eritematoso ou ambos. Deve-

    se fazer diagnstico diferencial de doenas neoplasicas (IBICT).

    Quando o diagnstico for positivo o hemograma demonstrar valores

    correspondentes a um processo inflamatrio crnico e anemia regenerativa ou no-

    regenerativa. A radiografia de articulaes revela artrite no erosiva sendo que na

    artrocentese destas articulaes ocorre elevada contagem nuclear, com neutrfilos e

    moncitos no degenerados. (ESCH H. H., 2003).

    Nos casos de LES e LED deve-se evitar a exposio luz solar intensa

    utilizando filtros solares tpicos e glicorticides tpicos ou sistmicos. Estes ltimos

    devem ser usados em altas doses at as leses regredirem completamente e ento,

    so lentamente reduzidas menor dose que mantenha a doena em remisso. Em

    casos mais graves e refratrios, outras drogas citotxicas podem ser usadas como o

    clorambucil. Pode-se administrar cidos graxos, vitamina E ou combinao com

    niacinamida e tetraciclina (HALLIWELL, 1993; SCOTT et al, 1996).

    O prognstico para LES depende do envolvimento orgnico e da

    gravidade das anormalidades hematolgicas. O tratamento se faz necessrio por

    toda vida, sendo que existem casos onde a evoluo das leses tornam-se fatais

    (GERONYMO V. V.; TOFANIN A.; ALMEIDA R. M. A.; et al, 2005).

  • 3

    Tendo em vista a importncia do LES, o objetivo deste trabalho foi

    realizar uma reviso bibliogrfica sobre o assunto visto que, na literatura nacional

    praticamente no trabalhos publicados sobre a doena em ces (IBICT).

  • 4

    1 REVISO DA LITERATURA

    1.1 Etiologia e Patogenia

    Existem duas formas de Lpus (LEC), o Lpus Eritemaoso Discide e o Lpus

    Eritematoso Sistmico (LES) (ROSENKRANTZ S. W., 2005)..

    O Lpus Eritematoso Discode, considerado uma variante benigna de

    LES, envolvendo predominantemente o plano nasal, face, orelhas e mucosas;

    raramente ocorre em outras reas. (GROOTERS, A., 2003).

    O Lpus eritematoso sistmico de etiologia desconhecida. A LES

    uma doena imunolgica rara, que ocorre tanto em ces como em gatos.

    (WILKINSON, HARVEY, 1997).

    O LES uma doena polimorfa, multifatorial e de limites clnicos

    bruxuleantes, a que se dirigem diversas abordagens etiopatognicas. uma doena

    que se opera por imunocomplexos, envolvendo crioglobulinas e anormalidades do

    sistema do complemento, induzindo leses na dependncia do depsito de

    imunocomplexos de diversas propriedades biolgicas e fsico-quimicas; assestando-

    se em possveis gentipos permissivos, cursando com eventos imunolgicos

    imbricados como anormalidades da imunidade humoral e da mediada por clulas,

  • 5

    inclusive anticorpos antiflamatrios; guardando relao com fatores endcrinos

    admitindo indutores exgenos (HOULI JACQUES 1984).

    A etiologia do lpus eritematoso sistmico parece ser um distrbio

    imunolgico (deficincia de clulas T supressoras; hiperatividade das clulas B;

    deficincias de componentes do complemento) multifatorial, com predileo

    gentica, desempenhando um papel a infeco viral a modulao hormonal e luz

    ultravioleta. A hiperatividade das clulas B resulta em uma pletora de auto-

    anticorpos formados contra inmeros constituintes corpreos (MULLER & KIRK,

    1996).

    Uma caracterstica tpica do LES o desenvolvimento de auto

    anticorpos contra antgenos no ncleo celular (ANN), sendo o mais importante as

    histosinas (TIZARDI. R. IAN, 1998).

    Esses ANN formam imunocomplexos, que se depositam na membrana

    basal glomerular, membrana sinovial, pele, vasos sanguneos e outros locais

    (HOGENESCH HARM, 2005).

    Os ANN tambm se conjugam com numerosas clulas de degenerao

    produzindo corpsculos de DNA conjugados com anticorpos, conhecidos como

    corpsculos de hematoxilina. Dentro da medula ssea, esses ncleos opsonizados

    podem ser fagocitados, dando origem s clulas de lpus eritematoso (LE). As

    clulas de LE so encontradas predominantemente na medula ssea e, menos

    comumente no sangue (TIZARDI. R. IAN, 1998).

  • 6

    Em humanos relatado que a presena de imunocomplexos nos

    pacientes com LES em atividade e fora de atividade e uma diminuio da fagocitose

    por neutrfilos no grupo de pacientes com LES em atividade ocorrendo altas taxas

    de mortalidade nestes pacientes (VOLTARELLI J. C.; STRACIERI B. P. L.;

    OLIVEIRA M. C. B. ET AL, 2005).

    A imunopatologia do LES est ligada presena de complexos

    antgenos anticorpo circulante e/ou presena de molculas de anticorpo com

    especificidade pelas clulas hematopoticas (eritrcitos, leuccitos ou

    trombcitos)(IBICT).

    A deposio de complexos imunes nos glomrulos renais resulta

    tipicamente numa glomerulonefrite membranosa e nos casos graves, pode progredir

    para a glomerulonefrite mesangioproliferativa (THOMPSON, J. P., 1997).

    1.2 Epidemiologia

    As raas Shetland Sheepdogs, Collies, Afghan Hounds, Beagles,

    Setters Irlandeses, Old English Sheepdogs, Poodles e Pastores Alemes podem

    estar mais significamente representados nos estudos publicados. A mdia de idade

    dos ces afetados de aproximadamente 6 anos (THOMPSON, J. P., 1997).

  • 7

    Segundo Shaw e Ihle (1999), o LES ocorre mais comumente em ces a

    partir dos 8 meses at 14 anos.

    1.3 Sinais Clnicos

    Os sinais clnicos associados ao LES so variados e mutveis. Por

    causa desta fenomenal variabilidade clnica e capacidade de mimetizar inmeras

    doenas, o lpus eritematoso sistmico foi denominado de o grande imitador

    (MULLER & KIRK 1996).

    Os sinais clnicos associados ao LES podem ser sbitos ou insidiosos,

    quanto ao surgimento. Freqentemente os sinais da molstia surgem e

    desaparecem, e um lapso de tempo considervel poder transcorrer, antes que o

    paciente seja apresentado para exame. Aproximadamente 75% dos ces exibiro

    poliarttrite em alguma ocasio durante a progresso da molstia (THOMPSON, J. P.,

    1997).

    Os achados clnicos so separados em: sinais maiores e sinais

    menores. Os sinais maiores so: Poliartrite no erosiva, polimiosite, dermatite

    bolhosa, proteinria, ou leucopenia.Os sinais menores so: febre de origem

    desconhecida, ulcerao oral, pleurite, miocardite, pericardite, linfadenopatia

    perifrica, demncia e convulses (THOMPSON J. P., 1997).

  • 8

    As manifestaes cutneas do lpus eritematoso canino mais comuns

    so de Piodermatite, seborria, ulceraes, prurido e eritema (BISTER; FORD,

    1997).

    Distrbios cutneos ou mucocutneos vesicobolhosos, hiperceratocose

    nos coxins, piodermites bacterianas secundrias refratrias, paniculite e dermatite

    nasal tambm so sinais clnicos de LES (MULLER & KIRK, 1995).

    Manifestaes clnicas comuns em ces com LES incluem claudicao

    causada por poliartrite, petquias e equimoses causadas por trombocetopenia ou

    vasculite, membranas mucosas ictricas resultantes de hemlise imunomediata, e

    edema ou ascite causadas por hipoalbuminemia (NELSON & COUTO, 2006). As

    leses cutneas so simtricas ou focais, caracterizadas por eritrema, descamao,

    ulceraes e alopecia; leses orais so freqentes, febre, linfadenopatia e

    hepatoesplenomegalia, letargia, anorexia, claudicao com alternncia de patas e

    comportamento alterado. As articulaes podem estar tumefeitas e dolorosas

    (HOGENESCH HARM, 2005).

    possvel observar desordens neurolgicas (SNC), miosites e

    pleurites, alm de urticria, erupes vesiculares e conjuntivite

    (www.ammvepe.com/articulos/dermatosis.html).

    Nos ces, o LES atinge o plano nasal com despigmentao, presena

    de eritrema e descamao (RHODES, 1998).

  • 9

    Entre 20% e 30% dos animais afetados pelo LES, apresentam leses

    cutneas que se caracterizam por eroses, lceras e crostas localizadas

    principalmente do rosto do animal, lbios, nas patas, pavilho auricular e plano nasal

    (http:www3.unileon.es/personal/wwdmvjrl/dermatopatias/lupus.htm).

    Alm disso, os ces com LES geralmente apresentam pirexia,

    linfadenopatia, esplenomegalia, gamopatias policlonais, ou a combinao dessas

    doenas (NELSON & COUTO, 2006).

    Outras caractersticas clnicas so: arritmias, sopros cardacos e atritos

    pleurais de frico (associados miocardite, pericardite ou pleurite) e perda

    muscular (HOGENESCH HARM, 2005).

    1.4 Diagnstico

    O diagnstico de LES estabelecido aps avaliao cuidadosa dos

    resultados clnicos, hematolgicos e bioqumicos do soro, assim como dos

    resultados dos testes imunolgicos (NELSON & COUTO, 1998).

    Os diagnsticos diferenciais incluem outras enfermidades autoimunes,

    infecciosas, parasitrias, enfermidades neoplsicas e desordens metablicas

    (http://www.ammvepe.com/articulos/dermatosis.html).

  • 10

    Em ces, AAN demonstrado por imunoflorescncia usado

    principalmente como um indicador para o diagnstico principal para LES. O teste

    AAN por fluorescncia indireta menos temporrio, e a terapia com esterides

    tende a no influenciar os resultados dos testes (THOMPSON J. P., 1997).

    A clula do lpus eritematoso (LE) testada pode apresentar um

    resultado positivo em at 60 % dos pacientes, mas varivel de um dia para o outro,

    lbil aos esterides e possui falta de sensibilidade e de especificidade ( SCOTT, el

    al. , 1996).

    As clulas de LE se parecem com clulas binucleadas por serem

    neutrfilos polimorfonucleares e podem ser detectadas na medula ssea. No entanto

    geralmente necessrio produzi-las in vitro. Mas o diagnstico pela LE no constitu

    caracterstica confivel de LES, pois existe uma alta incidncia de resultados falso-

    positivos e falso-negativo (TIZARDI. R., 1998).

    O diagnstico definitivo ocorre se os testes de AAN ou de clula de LE

    forem positivos (ou ambos) e dois sinais principais ou um sinal principal e dois sinais

    secundrios. O diagnstico provvel ocorre quando os testes de AAN ou de clulas

    LE positivo (ou ambos) e um sinal principal ou dois sinais secundrios

    (HOGENESCH HARM, 2005).

    O diagnstico diferencial do Lpus eritematoso sistmico cutneo

    extenso, devido s manifestaes do distrbio (MULLER & KIRK, 1996).

  • 11

    A erliquiose canina, o mieloma mltiplo e a endocardite bacteriana so

    os principais diagnsticos diferenciais nos ces acometidos. O diagnstico de

    erliquiose canina pode ser excludo aps realizao de testes sorolgicos; e a

    excluso de mieloma mltiplo ocorre aps aspirao de medula ssea, radiografia

    esqueltica e eletroforese de protenas sricas (NELSON & COUTO, 2005).

    importante descartar doena infecciosa, porque LES tratado com

    medicamentos imunossupressores (HOGENESCH HARM, 2005).

    As articulaes podem estar distendidas e doloridas, podem estar

    evidentes as dores musculares e leses cutneas e sero observadas em

    aproximadamente 50% dos ces, podem apresentar distribuio simtrica ou focal

    de leses afetando qualquer parte do corpo, mas comumente afetando as junes

    mucocutneas e as cavidades orais (HALLIWEL REW, 1989).

    Se suspeitar de LES em um co, so indicados os seguintes testes e

    procedimentos: Radiografia de articulaes para excluir poliartrite erosiva;

    artrocentese para avaliao citolgica, teste de coombs direto (se a anemia estiver

    presente); aspirao de medula ssea (se o co tiver anemia no regenerativa,

    neutropenia ou trombocetopenia); aspirao de linfonodo ou esplnica (NELSON &

    COUTO, 2006).

    O hemograma completo geralmente revela anemia hemoltica,,

    trombocitopenia, neutropenia. Se houver glomerulonefrite grave, a nefropatia com

    perda de protena pode provocar hipoproteinemia. As mudanas no perfil bioqumico

  • 12

    srico so variveis e incluem hipoalbunemia, hiperglobunemia, hiperbolirrubinemia,

    azotemia e elevao nas atividades enzimticas do fgado. A urinlise pode revelar

    proteinria , com ou sem bilirrubinria ( NELSON; COUTO, 1994).

    Os testes de imunofluorencncia direta ou imunohistoqumico revelam

    depsito de imunoglobulinas ou de complemento ou de ambos na zona da

    membrana basal (TIZARD, 2002).

    Ocorre presena de imunocomplexos nos pacientes com LES em

    atividade e fora de atividade e uma diminuio da fagocitose por neutrfilos no grupo

    de pacientes com LES levando a alta mortalidade por infeces nesses pacientes

    (FORTE; ALMEIDA; BIZUTI; FORTE et al, 2003).

    A variabilidade nos resultados positivos reflete diferenas nas tcnicas

    de laboratrio, seleo da leso (idade e atividade da leso), tratamento prvio ou

    atual com glicocorticides e possivelmente outros fatores (SCOTT, et al., 1987).

    A artrocentese em pacientes com claudicao ou articulaes

    tumefeitas; contagem de clulas alta, com neutrfilos e moncitos no degenerados

    e baixa viscosidade, um achado caracterstico (HOGENESCH HARM, 2005).

    A urinlise pode revelar proteinria, com ou sem sedimento benigno.

    At 50% dos casos exibiro evidncia de glomerulonefrite, detectada pela presena

    de proteinria no elimina a possibilidade de LES (THOMPSON, 1998).

  • 13

    A bipsia em pacientes com leses de pele deve-se conservar a

    amostra em formalina tamponada a 10% (para exame histopatolgico) e soluo de

    Michel (para prova de imunofluorencncia) (LEWIS & PICUT, 1989).

    Bipsia de medula ssea em pacientes com anemia no regenerativa

    revela excesso de deposio de ferro, anemia de doena crnica (FELSBURG,

    1986).

    Os resultados das anlises bioqumicas variam amplamente

    dependendo dos rgos afetados. A relao protena urinria; creatinina urinria alta

    (>1) indica proteinria verdadeira, que pode ser provocada por glomerulonefrite.

    Pacientes com anemia hemoltica podem ter bilirrubinria (HOGENESCH HARM,

    2005).

    O paciente canino com duas ou mais das seguintes manifestaes

    deve ser considerado portador de LES e tratado adequadamente: citopenia no

    sangue perifrico, oligoartrite ou poliartrite, glomerulonefrite, sinais focais ou

    multifocais de comprometimento do sistema nervoso central dermatite, polimiosite,

    miastenia gravis, ou vasculite, juntos com teste AAN positivo (NELSON; COUTO,

    1994).

    Portanto, um ttulo AAN positivo deve sempre ser interpretado luz de

    outros dados histricos, fsicos e laboratoriais crticos (MULLER & KIRK, 1996).

  • 14

    O veterinrio deve confiar na identificao da doena multissistmica

    (especialmente articulao, pele, rim, mucoso bucal e sistema hematopotico).

    Resultados de AAN positivos e achados confirmatrios histopatolgico e

    imunopatolgicos da pele ou na mucosa bucal envolvidas, ou em ambas (SCOTT, et

    al., 1987).

    1.5 Tratamento

    Para manejo inicial, pode ser necessria hospitalizao (pacientes com

    crises hemolticas); o manejo ambulatorial geralmente possvel. Indica-se repouso

    forado durante episdios de poliartrite aguda (HOGENESCH HARM, 2005).

    O tratamento do lpus eritematoso sistmico deve ser individualizado.

    O agente inicial de escolha provavelmente compe-se de grandes doses de

    glicocorticides sistmicos (MULLER, et al., 1989; SCOTT, et al., 1987; SCOTT, et

    al., 1983).

    O objetivo consiste em reduzir a inflamao tecidual. Tambm

    importante o tratamento da insuficincia orgnica associada, para que sejam

    evitadas infeces bacterianas, e tambm o tratamento de qualquer infeco

    identificada por procedimento especfico e agressivo (THOMPSON, 1997).

    Deve-se evitar a exposio luz solar intensa utilizando filtros solares

    tpicos e glicorticides tpicos ou sistmicos em doses altas at as leses

  • 15

    regredirem completamente reduzindo ento o glicorticide para uma menor dose

    que mantenha a doena em remisso (GERONYMO V. V.; TOFANIN A.; ALMEIDA

    R. M. A.; et al, 2005).

    Corticosterides visam os objetivos, so base do tratamento

    (prednisona, na dose 1-2 mg/kg PO a cada 12 h). Medicamentos citotxicos

    imunossupressores devem-se adicionar, quando a prednisona fracassar como

    Azatioprina, administrada via oral, na dose de 2,2 mg/kg cada 24 horas, em seguida

    a cada 48 horas (LORENZ, 1996; HOGENESCH HARM, 2005).

    Pode-se reduzir a prednisona para 0,5- 0,1 mg/kg PO q 12 h; usar

    azatioprina (ces, 2 mg/kg PO q 24 h) ciclofosfamida ( ces, 50 mg/m2 PO , por 4

    dias consecutivos, interrompendo a administrao por 3 dias; repetir semanalmente

    (HOGENESCH HARM, 2005).

    Em casos mais graves e refratrios, outras drogas citotxicas podem

    ser usadas como o clorambucil PO, na base 0,2 mg/kg a cada 24 horas ( SCOTT et

    al., 1996).

    Ciclofosfamida pode induzir cistite hemorrgica e supresso de medula

    ssea. Tratamentos com imunossupressores aumentam o risco de infeco grave

    (LEWIS, PICUT, 1989).

  • 16

    Uma vez alcanada remisso, reduzir a dosagem imunossupressora

    at a mais baixa dose possvel, que controle clinicamente a molstia (THOMPSON,

    1997).

    Para articulaes doloridas, pode administrar aspirina (para ces, 10-

    25 mg/kg PO q 12 horas) (HOGENESCH HARM, 2005).

    A aspirina pode ser administrada, com o objetivo de proporcionar alvio

    analgsico, antipirtico, e antiinflamatrio adicional. Contudo, o clnico deve lembrar

    que o tratamento com aspirina est contra-indicado na presena de trombocitopenia

    e ulcerao gastrointestinal (THOMPSON, 1997).

    A terapia tpica com piomecrolimus em humanos mostrou ser eficiente

    para o tratamento de inflamaes cutneas em caso de LES refratria a esterides

    sistmico e tpico. O Piomecrolimus um prottipo da classe dos agentes

    imunosupressores, sendo uma opo de uso em caso de uso prolongado de

    corticosterides tpicos causando efeitos adversos cutneos (RANGEL; SANTIAGO

    J.M.; SOUZA; NASCIMENTO; SANTIAGO).

    O transplante de clulas-tronco hematopoiticas foi utilizado em

    humanos tendo como resultado remisses prolongadas no LE justificando o nicio de

    estudos prospectivos comparando-o com a terapia convencional otimizada

    (VOLTARELLI J. C.; STRACIERI A.B. P. L.; OLIVEIRA M. C. B.; et al, 2005).

  • 17

    1.6 Prognstico

    O prognstico para LES depende do envolvimento orgnico e da

    gravidade das anormalidades hematolgicas. No caso do LES, as leses cutneas,

    por vezes mltiplas com comprometimento visceral, com intensidade e evolues

    variveis (aguda, subaguda ou crnica) e esporadicamente at fatais (LARSSON,

    OTSUKA, 2000).

    O prognstico reservado; aproximadamente 40 % dos ces morrem

    dentro de um ano, de broncopneumonia, septicemia, e pancreatite induzida por

    esteride. Grave disfuno orgnica torna pior o prognstico, e a presena de

    infeco grave justifica o prognstico sombrio (THOMPSON, 1997).

  • 18

    2. CONCLUSO

    Pode-se concluir que o Lupus Eritematoso Sistmico uma doena

    crnica imunomediada, na qual o diagnstico principal feito pela associao dos

    sinais

    clnicos ao exame de ANN por imunoflorescncia positivo.

    O tratamento feito basicamente com uso de corticosterides com

    doses rerdutoras at a remisso da doena obtendo-se, altas taxas de mortalidade

    por infeces graves e por imunodeficincias, causadas pelo uso crnico de

    corticides .

  • 19

    BIBLIOGRAFIA

    BISTNER; FORD. Manual de Procedimentos Veterinrios e Tratamento de

    Emergncias. 6 ed. So Paulo: Roca, p.534, 1997.

    FELSBURG PJ. Imunodeficiency. In: KIRK R. W. Current Veterinary Therapy

    Small A nimal Practice 9. Philadelphia, WB Saunders, 1986, p. 439-444.

    FORTE W. C. N.; ALMEIDA, R.M.; BIZUTI, G. S. C.; FORTE, D. N. et al. Fagocitose

    por Neutrfilos no Lpus Eritematoso Sistmico. Revista da Associao Mdica

    Brasileira. So Paulo, V. 49 n.1, jan./mar., 2003.

    GERONYMO, V. V.; TOFANIN. A.; ALMEIDA, R. M. A.; et al. Ocorrncia de Lupus

    Eritematoso em Ces atendidos no Hospital Veterinrio do Centro Regional

    Universitrio de Esprito Santo do Pinhal, no perodo de 1999 a 2003. Boletim

    Mdico Veterinrio. Esprito Santo do Pinhal SP, v.01, n. 01, jan/dez., 2005, p.

    63-70.

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