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Universidade Federal de Santa Catarina Luiza Gonçalves Normey Psicologia da cor aplicada a um livro infantil. Florianópolis 2012

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Luiza Normey Tcc a5 Final

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Universidade Federal de Santa Catarina Luiza Gonalves Normey Psicologia da cor aplicada a um livro infantil. Florianpolis 2012 LUIZA GONALVES NORMEY Curso de Design / Habilitao em Design Grfico Universidade Federal de Santa Catarina Psicologia da cor aplicada a um livro infantil. Trabalhoapresentadocomorequisitoparcial paraconclusodadisciplinadeTrabalhode Concluso de Curso [EGR 5010], do curso de graduaoemDesignHabilitaoemDe-signGrfico,do DepartamentodeExpresso GrficadaUniversidadeFederaldeSanta Catarina. Orientador: Prof. Clovis Geyer. Florianpolis 2012 Termo de Aprovao LUIZA GONALVES NORMEY PSICOLOGIA DA COR APLICADA A UM LIVRO INFANTIL Trabalho de Concluso de Curso [EGR 5010] aprovado como requisito parcial para obteno do grau de Bacharel em Design Grfico, Centro de Comunicao e Expresso da Universidade Federal de Santa Catarina. _______________________________________ Prof. Marlia Marques Guimares. Coordenadora do Curso _______________________________________ Prof. Berenice Gonalves, Dr. Departamento de Expresso Grfica UFSC _______________________________________ Prof. Mrio Csar Coelho, Dr. Departamento de Expresso Grfica UFSC _______________________________________ Prof. Clovis Geyer Pereira, Mestre. Orientador Departamento de Expresso Grfica UFSC Florianpolis, 20 de Julho de 2012. Agradecimentos Aos meus pais por acreditarem em mim e darem todo o apoio possvel para a realizao do meu projeto, assim como em todos os so-nhos que apresentei durante minha vida, obrigada mesmo. Ao meu ir-mo, por estar sempre ao meu lado me apoiando, ajudando, dando idias e opinies, assim como servindo de modelo para criao de um dos personagens da histria. Ao meu tio Alberto por se entusiasmar com o tema, pelas conversas e discusses mirabolantes e principalmente por ter me ajudado na construo da monografia. E minha famlia brasileira e uruguaia, que mesmo alguns estando perto e outros bem longe, sempre me apoiaram com visitas, telefonemas e emails. Ao professor Clovis, por aceitar meu projeto como tema de TCC, ajudando desde o incio quando tudo era apenas uma vaga ideia, assim como foi o culpado em me apresentar o maravilhoso mundo da ilustrao de livros infantis. professora Berenice por ter me apresen-tado o tema de psicologia das cores, cedendo bibliografias e aceitando fazer parte da banca. E ao professor Mrio, que me deu coragem de enfrentar a aquarela novamente na minha vida. Ao meu grande amigo e companheiro de faculdade Andr, por ter sido o maior contribuinte do projeto, principalmente na parte de ro-teiro. Mas que tambm me agentou nas crises criativas e ajudou em todo o processo sempre quando precisei, e que com certeza merece al-guma porcentagem do talvez futuro lucro das vendas do livro. minha eterna amiga Camila por me agentar em todos os momentos, escutando minhas ideias e ajudando com opinies. Yuki, Bella, Vivi, Bruna, Rafa, Lucas, Tas e Natalie pela amizade e ajuda mesmo alguns estando longe e ocupados. Natlia, Gregorio, Gobbi, Giovanni e Ferio pelas bibliografias e conselhos. Thalita pela inspira-o textual e ajuda na histria.E agradeo a todos aqueles que no citei, mas que influencia-ram na minha trajetria durante a faculdade e na realizao deste traba-lho. "Desculpe, voc viu um coelho de chapu? No. Por que est me perguntando? No vi no. No vi coelho nenhum em lugar nenhum. Eu jamais devoraria um coelho. No me pergunte mais nada. Tudo bem. Em todo caso, obrigado." Jon Klassen RESUMO Estetrabalhoprocuroucriarumlivroinfantilporcompleto texto,ilustraeseproduogrficaqueabordasseotemacientfico psicologia da cor de forma ldica. Para isso foi levantada uma pesquisa bibliogrficasobreolivroinfantil,seuhistricoetodassuasetapasde produo; e sobre a cor e psicologia da cor, dando nfase aos significa-dos associados s seis cores principais do crculo cromtico. Esses dados coletados serviram como embasamento terico suficiente para a concre-tizaodoprojetoemtodassuasetapas.Assim,estasforamdescritas durante o trabalho apresentando todo o processo prtico de produo do projeto-livro.Comoresultadofinal,logrou-seafinalizaodolivro infantil proposto e em formato impresso. Palavras-chave: livro infantil, ilustrao, produo grfica, cor, psico-logia da cor. ABSTRACT In this work I aimed at creating a childrens book in full- text, illustrations and graphic production. The book approached the scientific theme color psychology in a playful manner. In order to achieve that, it was raised a bibliographical research on childrens book, its history and all its stages of production, as well as about color and color psychology, focusingonthemeaningsassociatedwiththesixmaincolorsofthe colorwheel.Thesedatacollectedservedasthetheoreticalbasissuffi-cient to carry out the project in all its stages, which have been described bypresentingallthepracticalproductionprocessofthebook-project. Asaresult,Iwasabletofinalizetheproposedchildrensbookandin print. Keywords: Keywords: childrens book, illustration, graphic production, color, color psychology. SUMRIO 1 INTRODUO............................................................................... 09 1.1 Objeto de estudo....................................................................... 11 1.2 Objetivo geral ............................................................................ 11 1.3 Objetivos especficos................................................................ 12 1.4 Justificativas.............................................................................. 12 1.5 Metodologia.............................................................................. 12 1.6 Resultados esperados................................................................ 13 2 LIVRO INFANTIL......................................................................... 14 2.1 Breve histrico.......................................................................... 16 2.1.1 No Brasil ............................................................................ 19 2.2 Etapas de criao........................................................................ 20 2.2.1 A ideia ............................................................................... 21 2.2.2 O roteiro............................................................................. 22 2.2.3 O texto ............................................................................... 23 2.2.4 O storyboard ...................................................................... 25 2.2.5 Relao texto-imagem ....................................................... 26 2.2.6 Tcnicas ............................................................................. 29 2.2.7 Projeto grfico ................................................................... 30 2.2.7.1 Tipografia...............................................................31 2.2.7.2 Formato...................................................................32 2.2.7.3 Diagramao...........................................................34 2.2.7.4 Capa........................................................................36 2.2.7.5 Encadernao..........................................................37

3 COR.................................................................................................. 39 3.1 Conceituao............................................................................. 40 3.2 Propriedades da cor .................................................................... 43 3.3 Classificao das cores............................................................. 44 3.4 Psicologia das cores.................................................................. 46 3.4.1 Vermelho ........................................................................... 49 3.4.2 Laranja ............................................................................... 49 3.4.3 Amarelo ............................................................................. 50 3.4.4 Verde ................................................................................. 50 3.4.5 Azul ................................................................................... 51 3.4.6 Violeta ............................................................................... 51 4 PROJETO DE LIVRO INFANTIL ................................................ 53 4.1 A ideia....................................................................................... 53 4.2 A histria.................................................................................... 54 4.3 O roteiro.................................................................................... 55 4.4 O texto ....................................................................................... 56 4.5 Formato..................................................................................... 58 4.6 Ilustraes................................................................................. 60 4.6.1 Pesquisa e referncias ........................................................ 60 4.6.2 As personagens .................................................................. 62 4.6.3 Os painis .......................................................................... 71 4.6.4 Storyboard ......................................................................... 79 4.6.5 As cenas ............................................................................. 80 4.6.6 Tcnica .............................................................................. 85 4.7 Projeto grfico........................................................................... 85 4.7.1 Tipografia .......................................................................... 85 4.7.2 Diagramao ...................................................................... 87 4.7.3 Capa ................................................................................... 92 4.7.4 Encadernao ..................................................................... 95 5 CONCLUSO................................................................................. 96 6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.......................................... 99 7 APNDICE.................................................................................... 102 91 INTRODUOOatodeverumaimagemconstituimuitomaisdoqueapenas enxerg-la. Uma imagem pode ser lida, decifrada e questionada, pois assim como otexto escrito, ela um meio que pode servir para transmitir ideias e conhecimento (NECYK, 2007). No entanto, como esperar determinada postura diante das imagens, se no existe uma preparao para decifrar seus cdigos? O que ocorre na maioria das vezes que desde o incio da vida escolaracrianaconsideradaalfabetizadaapenascomoaprendizado letrado, no priorizando tambm o conhecimento da leitura de imagens, que deveria ser instruda antes mesmo das palavras (OLIVEIRA, 2008). Se a didtica visual recebesse sua devida importncia,Certamenteteramosnofuturomelhoresleitores eapreciadoresdasartesplsticas,docinemaeda TV, alm de cidados mais crticos e participativos diante de todo o universo icnico que nos cerca. A prpriaposterioralfabetizaoconvencionalseria muito mais agradvel s crianas. (ibid, p. 29). Umdosmeiosqueprocuraacadadiavalorizaraimagem, agregando-lhequalidadeemsuaexpressividadeenatransmissode signifcados, o livro infantil. Criado inicialmente apenas com o objetivo didtico,acadadiavemsurpreendendocomseustemas,linguagens, expressividade, signifcados, poeticidade, e na relao formada entre suas partes: texto, imagem e projeto grfco. A ilustrao, sendo um elemento secundrio nos outros ramos da literatura, no livro infantil, faz parte deste eessencialparaaexistnciadahistria(DAS,2007).Dessaforma, torna-se necessrio para o entendimento da narrao o conhecimento dos cdigosprpriosdaimagem,quenoexigemmenosdoqueoatoda leitura escrita (LINDEN, 2011). Diferente de outros meios que visam o aprendizado, como os livros diddicos, o livro infantil possui a vantagem de ser considerado um objeto ldico, onde muitas vezes a prpria criana escolhe seus livros, tornando a leitura uma atividade prazerosa (SMITH, 1990). Dessa forma, o livro infantil pode ser considerado em muitos casos um meio mais efciente de transmitir conhecimentos, no apenas no ato de ler e aprender com a histria, mas tambm na importncia de aprender a ver, entender suas imagens e aguar sua percepo visual.No s de textos e ilustraes, o livro infantil tambm composto deelementosgrfcosqueorganizamseucontedo,assimcomofazem 10partedaformaodeseusuporte.Suaexecuonormalmentefcaa serviododesignergrfco,ondeestepossuiatarefadedefnirtudo quecompeoprojetogrfcodolivro,comooformato,tipografa, diagramao,encadernao,tipodeimpresso,quantidadedetextoem cada pgina, etc. (MORAES, 2008). Por isso, Linden (2011) afrma que muito mais do que ler texto e imagem,Lerumlivroilustradotambmapreciarouso deumformato,deenquadramentos,darelao entre capa e guardas com seu contedo; tambm associarrepresentaes,optarporumaordemde leitura no espao da pgina, afnar a poesia do texto comapoesiadaimagem,apreciarossilncios deumarelaooutra...Lerumlivroilustrado depende certamente da formao do leitor (p. 9).Ao mesmo tempo que o entendimento das imagens presentes no cotidiano importante, existe outro elemento associado elas que a cada dia est mais presente em todos os cantos das cidades, a cor. Em nenhum outro momento da histria do homem a cor foi to utilizada como hoje. Isso se deve em causa da facilidade que adquiriu-se nos ltimos tempos emreproduzirascoresdanatureza,atravsdepigmentossintticose luzes coloridas. No entanto, esse excesso do uso da cor ocorre por causas sociaisenoestticas(PEDROSA,1989).PoisdeacordocomFarina (2006),[...] a cor est amplamente relacionada com nossos sentimentos (aspectospscicolgicos),aomesmotempoemquesofreinfunciada cultura tornando-se smbolo, alm dos aspectos puramente fsiolgicos (p.2).Porisso,cadacorquecompeouniversocromticourbanofoi escolhida, consciente ou inconscientemente, por algum que conhecia ou noseussignifcados,equeatravsdelesquisexpressardeterminadas ideias (PEDROSA, 1989). Cada cor, por vrios fatores, pode ser associada asentimentos,amateriais,aaspectospositivosenegativos,ecabeaos profssionaisqueatuamcomousodacor,eaquelesquepensamem utilizar-la para determinado propsito, conhecer esses signifcados dentro do mbito social onde est inserido seu pblico alvo. E segundo Farina (2006):Quinosejapossvelenunciarparesconcretos entreumacordeterminadaeumsentimento especfco,tantassoasinterfernciaspossveis, 11mas ao longo dos sculos muitas so as tentativas nesse sentido e numerosas as coincidncias (p. 2).Podendoentoserpossvelestabelceralgunspadresdeassociaes aplicadas as cores dentro de um mesmo mbito social.E a partir de defnies coletadas em publicaes cientfcas sobre apscicologiadascores,procurou-serealizarnesteprojeto,aexecuo deumlivroinfantilqueabordasseessetema,atravsdeumanarrativa literria e imagens que transmitissem os signifcados associados s cores. Para isso, os captulos foram divididos da seguinte maneira:Aprimeirapartetratadeconceituarotemalivroinfantile apresentarseupercursonahistria,comotambmapresentarpassoa passo as etapas de criao do livro infantil, desde a concepo da idia, at a produo da escrita, das imagens e da produo grfca.Asegundaparteabordaotemacor,suaspropriedadesesuas caractersticas. O tema pscicologia da cor apresentado e do-se exemplos de signifcados associados a determinas cores.E a terceira parte relata todas as etapas de execuo do projeto de livro infantil com o tema psicologia das cores, abrangendo as trs reas: textual, visual e de produo grfca.1.1 Objeto de estudoO objeto de estudo consiste na criao de um livro infantil que trate como tema principal a funo psicolgica das cores, tratando-se de umaproduoliterriaenodidtica.Optou-seporessasoluocomo um diferencial de passar conhecimentos cientfcos atravs da linguagem visualnarrativa,podendoalcanardiferentespblicos,desdecrianas noaprendizadodaleitura,atadultoscomensinosuperior.Almde educar na leitura de imagens, o projeto visa a valorizao do tema cores, queencontradonotrabalhodedesigners,artistas,arquitetoseoutros profssionais.1.2 Objetivo Geral:Desenvolverumprojetodelivroinfantililustradoenarrado conceitualmente a partir da teoria de psicologia das cor.121.3 Objetivos Especfcos:a)Coletardadosbibliogrfcossobreolivroinfantil,seu conceito,histricoeetapasdeproduo,apresentandoo mais relevante durante o captulo.b)Apresentarteoriasdevriosautores,dediferentes nacionalidades, sobre a cor e seus signifcados.c)Descreverodesenvolvimentodoprojeto-livropasso apasso,comimagens,justifcativasedetalhamentodo processo.1.4 JustifcativasA escolha do tema livro infantil se deu primeiramente pelo gosto de ilustrar desde a infncia. No entanto, apenas durante o curso de Design, queointeresseemilustrarlivrosinfantisapareceu,graasadisciplina de Criao de Personagens ministrada pelo professor Clovis Geyer em 2009.Sendoumtemaquasenoabordadonocurso,nemnareadas imagensemuitomenosnareaeditorial,apesquisaimpulsionou-sea serrealizadaforadauniversidadeetambmforadoBrasil.Nopasa produo nacional de livros tericos sobre o assunto recente, no possui muitos autores, e seu acervo bibliogrfco pobre e escasso. Com o sonho profssionaldetrabalharcomlivrosinfantis,esteprojetofoiescolhido comointuitodeserlanadoaomercadoeditorial,construirportflio eobtervisibilidadeautoral.Otemapsicologiadascoresfoiescolhido pelo interesse despertado em uma das atividades realizadas na disciplina Teoria da Luz e Cor ministrada pela professora Berenice Gonalves em 2008. O assunto j possui fundamentao terica nacional e internacional, porm seu conhecimento e reconhecimento cientfco por leigos e at para algunsprofssionaisdareagrfca/artsticaescasso.Transformarum tematcnicoecientfcoparaumalinguagemmaisldicaenarrativa, como o livro infantil, o desafo e diferencial deste projeto.1.5 Procedimentos metodolgicosParamaioradequaoaoobjetivodoprojeto,foirealizada apesquisaditacomobibliogrfca,sendoconsultadotodomaterial 13impressoeeletrnicodisponvelsobreoassunto(livros,revistas, teses,etc.). Apartirdosmtodoseteoriaspesquisadassedarincioa concepodoprojetoprtico,sendosuaexecuodivididaporetapas. Almdasjustifcativassobrecadaao,seroinseridasimagensdo desenvolvimentoedescriesdetalhadas,paraassimtornarotrabalho um meio de consulta para possveis leitores futuros que tenham interesse na rea projetual de livros infantis.1.6 Resultados esperadosEspera-se na fnalizao deste trabalhado concluir a criao de um livro infantil por completo, desde a histria e ilustraes, at a produo grfca e acabamento.142 LIVRO INFANTILOslivrosparacrianasso,sobmuitos aspectos,oslivrosmaisimportantesdomundo. Istoverdadenoapenasemrelaoaoslivros didticosparaoaprendizadoformalemsalasde aula,mastambmemrelaoaoslivrosqueas crianaslemparaseuprprioprazer.(SMITH, 1990, p. 160)Esseslivrosquesolidosporescolhadacriana,diferentedoslivros didticos, so os que se defnem como livros infantis, ou livro ilustrado [no caso de algumas bibliografas que sero citadas, como Linden (2011)]. Masoqueumlivroinfantil?Primeiramente,comojdiznonome, um ramo da literatura dedicado a criana. Por esse motivo, a construo desse tipo de material torna-se diferenciada, tanto na parte textual, visual e material. Alm da forma da linguagem ser mais simples e direta, e da narrativaabordartemasmaisadequadosparaosmenores,ogrande diferencial do livro infantil em comparao com outras publicaes, a importncia da imagem. Linden (2011, p.24) defne como livro ilustrado: Obras em que a imagem espacialmente preponderante em relao ao texto,quealispodeestarausente[[...]livro-imagem].Anarrativase fazdemaneiraarticuladaentretextoeimagens.Umverdadeirolibro lbum(comochamadoolivroinfantilemespanhol)aqueleemque otextoeaimagemseconstroemjuntos,sodependentes,sendoquea anulaodequalquerumadaslinguagens,fazcomqueahistriano seja compreendida (DAZ,2007). Apesar dessasdefnies,poucosso oslivrosquerealmenteseguemessarelao.Umdosmotivos,omais comum deles, a valorizao do texto perante a imagem, sendo que s aps a editora contratar um escritor e o texto estar pronto, que inicia-se a busca de um ilustrador. O livro infantil uma obra composta de diferentes cdigos,emuitasvezescadaumdesenvolvidoporumprofssional diferente.Porissoimportanteacomunicaoentreaspartes,entreo editor, escritor, ilustrador, designer grfco e demais colaboradores, para assim, construir o livro com unidade e coerncia (SMITH, 1990).Porsetratardeumaliteraturaparacrianas,muitosadultos desconsideram a importncia que se d a esse tipo de publicao.Alguns livros ilustrados para crianas so obra de pintores, fotgrafos, designers ou artistas plsticos, 15quer pertenam a um movimento artstico, quer se apresentemcomoartistasindependentes.Diante dessesobjetosraros,preciosos,diferentesou estranhos, os adultos, muitas vezes desconcertados, custamaacreditarquesetratedelivrospara criana.Demasiadobonitos,preciosos,difceis, hermticos,segundoeles.Seuscriadores,no entanto, os destinaram explicitamente s crianas, esvezesatodaacomunidadedeleitores. (DEFOURNY em LINDEN, 2011, p. 27) um fato muito recorrente o preconceito que se tem, por parte dos adultos, comaquestodaqualidadeecapacitaoqueexigeolivroilustrado. Pelas imagens se tratarem inicialmente de um meio de aprendizagem para osanalfabetos,paraaquelesquejestoacostumadoscomumaleitura mais complexa, a ilustrao vai perdendo sua importncia. Linden (2011, p. 8) afrma que:(...) raro que a leitura de imagens resulte de um aprendizado,umavezqueelairpaulatinamente desaparecerdanossatrajetriadeleitores.Ora, assimcomootexto,aimagemrequerateno, conhecimentodeseusrespectivoscdigoseuma verdadeira interpretao. Adedicaodadapelasescolasnaaprendizagemformaldaleitura,no se aplica s outras alfabetizaes, como a visual e a sonora. Estas, ento, alcanam o conhecimento das crianas atravs de maneiras informais, por mediadoresoumeiosvisuais,enocasodasimagens,essesmeiosso ateleviso,osflmes,quadrinhos,livros,etc.(NECYK,2007).Sendo omundomodernocadavezmaisrepletodeimagens,importantea formaodeleitorescrticosperanteaextrapolaovisualdocotidiano (OLIVEIRA, 2008). Prticas de leitura realizadas por Necyk (2007) com seu flho, demonstraram que as imagens tambm requerem decodifcao eexigemumaprendizadodeconceitosvisuais,provandotambmque apresenadeumadultointerferenoentendimentodaleitura.Numa infuncia que se inicia na prpria escolha ou aquisio do livro infantil, amediaoadultaparaleituraevisualizaodeimagensidentifcada comoumdosprocessospeloqualacrianaintroduzidanoscdigos delinguagemescritaevisual.(Necyk,2007,p.4).Comafaltade comprometimentodasociedadeperanteoaprendizadodaleiturade 16imagens,cabeaospais,oudemaismediadores,auxiliaremacrianano entendimento visual, alm da alfabetizao escrita.Sendo assim, mais do que ensinar, o livro infantil deve agradar, dar prazer criana na hora da leitura e permitir que ela leia por iniciativa prpria.Umlivrodeestriainfantilouumlivrodeinformaoque realmente desperte o interesse das crianas e cative-as em suas leituras, pode ser um dos menos caros e mais efetivos instrumentos de educao. (SMITH, 1990, p. 160) Desse modo, aqueles adultos que hoje se tornaram amantesdaleitura,soosquenasuainfnciaforamapresentadosao meioliterriodemaneiranoestrita,masporgosto,ondetiverama oportunidade de aceder fantsticas obras infantis.2.1 Breve histricoOlivroinfantilcomoexistehoje,passouporumaevoluo gradativaelentadesdeseusurgimento.SegundoDas(2007),tericos apontamqueumpossvelpioneirodaliteraturainfantilsejaolivro OrbisSensualiumPictusouOrbisPictusdomongetchecoJanAmos Komenski, publicado em 1658, pois foi o primeiro livro ilustrado criado especialmente para as crianas. Komenski acreditava que a imagem era um meio mais efciente no ato didtico. Indo mais longe, o primeiro livro ilustrado pode ter sido um papiro da poca do Egito Antigo, onde foram ilustradas cenas de caa, assim como animais fantsticos. O livro impresso jexistiadesdeosculoXV,masfoicomaRevoluoIndustrialque este se tornou acessvel a toda populao e novos gneros foram criados. Inglaterra, Frana e Alemanha foram os primeiros pases a desenvolver a rea editorial. No caso do gnero infantil, este s surgiu no sculo XVIII, no momento de ascenso da burguesia e das idias iluministas. A classe burguesaimplantouumnovomodelofamiliar,emquecadamembro eratratadodeacordocomsuasnecessidadesparticulares.Dessaforma, surge um novo conceito de infncia. At esse momento, as crianas eram tratadas como pequenos adultos em desenvolvimento, e j comeavam a trabalharapartirdosseisanosdeidade.ConformeLajoloeZilberman (1985), com a nova conscientizao, foram criadas reas exclusivas para o pblico infantil, como produtos industrializados: os brinquedos, os livros; e apareceram as cincias: pedagogia, pediatria e psicologia infantil. Alm da famlia,A segunda instituio convocada para solidifcao 17poltica e ideolgica da burguesia a escola. Tendo sido facultativa, e mesmo dispensvel at o sculo XVIII,aescolarizaoconverte-seaospoucosna atividadecompulsriadascrianas,bemcomoa freqnciassalasdeaula,seusdestinonatural. (LAJOLO; ZILBERMAN, 1985, p. 17)Osprimeiroslivroscriadosdestinadosascrianasforam entoosdidticosemoralistas.Livrosdealfabeto,deadvertncias,de histriasdofolcloreculturalqueeramcontadosoralmente,edemodos de comportamento, eram os mais produzidos na poca (DAS, 2007) . A importnciadadanaalfabetizaodopovoenaimposiodosvalores burguesesfaziacomqueraramentefossemproduzidoslivrosinfantis destinados ao entretenimento, como existem hoje.MuitoslivrosinfantisantecedempocaVitoriana(1837 1901),pormfoiapartirdesseperodoqueosmovimentossociaise econmicosqueocorriam naInglaterra, afetaramcommaisintensidade omeioeditorial.Oliveiraexpequenoaspectoindustrial,(...)olivro paracrianas,comoentendemoshojeemdia,querdopontodevista grfco, querdoconceitual, popularizou-se noperodo vitoriano,apesar dasnaturaislimitaesdeumgneroliterrioquegradualmentese estabelecia e se propagava. (2008, p.14) Tambm cita que sua difuso e comercializao se deram em causa das grandes navegaes comerciais e na extenso do imprio territorial. Mas foi com o surgimento da classe mdia, que a verdadeira expanso literria aconteceu, onde esses novos trabalhadoresassalariadosagoraexigiamumaofertamaiorderevistas, jornais, livros e produes prprias para seus flhos.Comodesenvolvimentodaindstria,astcnicasdeimpresso foram-se aprimorando, tornando o livro um produto de consumo popular. DeacordocomDas(2007),atentoasgravaessobrepapeleram feitasapartirdaxilogravura,tcnicaquefuncionacomoumcarimbo, em que a ilustrao entalhada na madeira, sendo que ao passar a tinta, apenas as reas em alto relevo so impressas no papel. No fm do sculo XVIII, o ingls Thomas Bewick aprimorou a tcnica usando um tipo de madeira mais resistente que acabou otimizando a produo. Um grande problemadessemeiodeimpressoeraqueasgravaessobremadeira eram feitas por diferentes artesos, ocorrendo frequentemente a perda do trao original da ilustrao. Em 1796 foi inventada a litografa, usando-seumapedracalcriacomomatrizeoprincpiodarepulsodaguae doleo,facilitandooprocessodeimpressofrentexilogravura.Com 18ainvenodacromolitografa,tornou-semaisacessvelareproduo delivroscoloridos,eem1842JohnBuffordaperfeioouatcnica permitindo o uso de mais de cinco cores. Outras tcnicas foram surgindo, e consequentemente a forma de concepo das imagens foram se adaptando aos novos meios. Com o aparecimento da fotografa (1839), as ilustraes passaram a ser menos realistas e mais imaginativas. J no sculo XX, veio a serigrafa, a impresso de meio tom e fnalmente a impresso digital.Os primeiros livros infantis e a maioria dos que foram produzidos nos sculos XVIII e XIX so de origem francesa, alem e inglesa; com maiordestaqueInglaterra,quegraasRevoluoIndustrial,tornou-se o bero da produo grfca (DAS, 2007). Como dito anteriormente, comocrescimentodaindstria,estabeleceu-seumanovaclassesocial, aclassemdia.Havendoummaiornmerodeassalariadosecrianas naescola,ademandadelivroscresceuprogressivamente.Segundo Das(2007),vendiam-senaruaoschapbooks,livrosparaasclasses populares onde abordavam de forma simples os ltimos acontecimentos, assassinatos e notcias em geral, um tipo de impresso barata semelhante aosjornaisdehoje.Obaixocustodeproduofezcomquefossem publicadashistriasorais,decontosclssicosereligiosos.Outrodos livros mais acessveis ao povo foi o Little Pretty Pocket Book de John Newbery, onde se ensinavam o alfabeto e os tempos verbais. Estes tipos de impressos didticos atravessaram a Europa e chegaram at as Amricas, comointuitodeeducarosindgenas.OsCautionaryBooks(contosde advertncia)tambmerammuitocomuns,possuampequenosfatosda vidacotidianaemqueacrianaquedesobedecesseasregrassociais, recebia um castigo. Com situaes e ilustraes exageradas, tem-se como exemploolivroStruwwelpeterdoalemoHeinrichHoffmann,onde retrata,porexemplo,ummeninoquechupaosdedos,ecomocastigo, um homem aparece e os corta fora. Dos contos clssicos que se recontam athoje,muitosestonasobrasdePerraultemContosdaMame Ganso (1697), Fbulas de La Fontaine (1668), nos contos dos irmos Grimm como: A Bela Adormecida, Branca de Neve e os Sete Anes, JooeMaria,OPequenoPolegar,entreoutros;enoContospara crianas (1844) de Hans Christian Andersen, da Dinamarca, que contm: APrincesaeaErvilha,OPatinhoFeio,ASereiazinha,ANova Roupa do Imperador, entre outros. Todas as histrias citadas provm de contosfolclricosdecadaregioqueeramcontadosoralmenteparaos adultosecrianas,nohavendocensuradostemasviolentosesexuais (ZIMMERMANN, 2008). Porm, os livros infantis mais revolucionrios 19dessapocaeramacessveisapenasparaascrianasburguesas.Destes inclui-se Alice no Pas das Maravilhas de Lewis Carrol, Peter Rabbit de Beatrix Potter e Book of Nonsense de Edward Lear. Dos ilustradores delivrosinfantismaisreconhecidosemarcantestem-seGustaveDor, Walter Crane (inovou na concepo do projeto grfco do livro), Eleanor Vere Boyle, Richard Doyle, entre outros (DAS, 2007).2.1.2 No BrasilNo Brasil a indstria grfca implantada apenas aps a chegada doreiDomJooVIem1808(ZIMMERMANN,2008apudLAJOLO eZILBERMA,2006).AssimcomonaEuropa,aliteraturainfantil estevediretamentemarcadaaosacontecimentossociais,econmicose polticosdapocaesuasideologias.Olivroinfantilbrasileiro(...) surge numa relao com a urbanizao, o comrcio, a industrializao e a propagao da escola como instituio, alm do desejo de modernizao e desenvolvimento do pas. (ZIMMERMANN, 2008,p. 21). Porm, at o fm do sculo XIX, no existiam obras infantis nacionais, apenas tradues delivrosestrangeiros.Comoaumentodademandaescolarporlivros nacionais,aospoucosessasproduesforamsurgindo,entreelas,cabe citar Contos infantis (1886) de Jlia Lopes de Almeida e Adelino Lopes Vieira; Contos Ptrios (1904) de Olavo Bilac e Coelho Neto; Histrias da Nossa Terra (1907) de Julia Lopes de Almeida e Alma Infantil (1912) com poemas de Francisca Jlia e Jlio da Silva. (ZIMMERMANN, 2008, p. 21).Em1920,MonteiroLobatopublicaseuprimeirolivroinfantilA Menina do Narizinho Arrebitado, o que d incio ao comprometimento do escritor e posteriormente editor, com o desenvolvimento do novo ramo literrionopas.Comoditoanteriormente,ostemasdoslivrosinfantis brasileirosestorelacionadosdiretamentecomasituaohistricado pas.NocomeodosculoXX,osassuntosmaisexploradospartiam dopatriotismo,natureza,brasilidade,folclore,moralismo,obedincia edisciplina.NapocadaDitadura,ondetambmocorreuaobrigao doEnsinoFundamental(1932-1934),priorizavam-selivrosde formao tcnica e de comportamento, para que as crianas se tornassem cidados corretos. Os anos de 1950 a 1960 so marcados pelos avanos tecnolgicoseoadventodosmeiosdecomunicaoaudiovisuais. Aconteceamassifcaodaimagem,levandoaumacrisedaleitura (ZIMMERMANN, 2008 apud RADINO, 2003, p. 107). A partir da dcada de 70, em que os movimentos sociais gritam pela liberdade de expresso, 20comeamasurgirlivrosinfantisquestionadores,humorsticos,ldicos, criativos e desvinculados da obrigatoriedade didtica. Esse o momento emquesurgemilustraesmaisdiferenciadas,comnovosmateriais, expresseseestilos(ZIMMERMANN,2008apudRADINO,2003). Em1980,causadaexpansodasmetrpoles,surgemtemaspoliciais etambmdeextraterrestres(ZIMMERMANN,2008apudLAJOLOe ZILBERMAN, 2006). J nos dias de hoje, os temas so variados, desde temas fantsticos, humorsticos, didticos, do cotidiano, livros sem textos, preto&branco, coloridos, com fotos, colagens, de pop-up, entre outros, e cada vez mais aparecem novas linguagens e conceitos.2.2 Etapas de criaoAsetapasdecriaodeumlivroinfantilpodemseragrupadas nasseguintesreas:escrita,ilustrao,produogrfca,impressoe comercializao. Neste trabalho sero apresentadas as etapas que cabem aosautoresdolivro:escritor,ilustradoredesignergrfco.Ocontato comosprofssionaisquevofazerpartedaproduopodeocorrerde vriasmaneiras.Schritter(2005)apresentaalgumaspossibilidades: hmuitosanosaformamaisusualeraoescritorapresentarseutexto para o editor, se este o aprovava, fcava ento encarregado de buscar um ilustrador que fosse pertinente ao projeto. Neste caso, o escritor s tomava conhecimento das ilustraes quando o livro j estava impresso e pronto para a venda. Porm, durante os ltimos anos os ilustradores perceberam que poderia haver diferentes formas de construir essa relao. Uma delas a comunicao prvia entre o escritor e o ilustrador, que executam em conjunto o livro para depois apresentarem para a editora. Ou at os casos em que o ilustrador e escritor so a mesma pessoa, em que este realiza todo o livro por sua conta. Tambm pode ocorrer vir da editora a idia do livro oucoleo,eposteriormenteosoutrosprofssionaisseremcontatados. Odesignergrfcotambmpodeatuaremdiferentesmomentosdo processo.Comonosprimeiroscasoscitados,depoisdasilustraeseo texto serem aprovados pelo editor, este encarrega ao designer a produo grfca do material. Ou, o texto aprovado pelo editor e ento o designer defneformatosedisposiesdasilustraesantesdecontatarem comoilustrador.Eexisteocasododesignerseroprprioilustrador. Schritternocita,maspodeexistiraopodamesmapessoacumprir astrsfunes:escritor,ilustradoredesignergrfco.Comofoicitado atomomento,oeditorumprofssionalqueestsemprevinculado 21produo da literatura infantil, e deve-se levar em conta sua importncia na rea. Necyk (2007) explica:Oeditor,apesardenoserumcriador,interfere einfuenciadecisivamentenoprocessocriativo, oquedeterminaresultadosvisveis.Oeditor responsvelporgerirumaequipedeprofssionais quecobremetapascomoredao,reviso, ilustrao, layout e diagramao do miolo e da capa, produo grfca, impresso, divulgao e venda conseqentemente possui um controle da produo e do destino do livro muito maior do que qualquer outromembrodaequipe. Asuaparticipaode vitalimportnciaparaarealizaoeoresultado fnal do livro. (p. 83-84)Porm, neste trabalho a funo do editor no ser especifcada.No decorrer do captulo sero apresentadas algumas das etapas quecadaprofssionalexecutanahoradeconstruirumlivroinfantil. Nocasodoescritor,abordam-seaconcepodaidiaedahistria,a criao do roteiro e posteriormente do texto fnal. Na rea de ilustrao soapresentadasasseguintesetapas:storyboard,relaotexto-imagem e tcnica. E na atuao do designer grfco so descritas algumas partes que compem a produo grfca: tipografa, formato, diagramao, capa e acabamento.2.2.1 A ideiaA ideia para uma histria pode vir de qualquer lugar, de um flme, livro,imagem,notcia,TV,acontecimentopessoaloudeconhecidos, sonho, conversa de bar, foto, piada, etc. No existe uma frmula para se ter ideias, pois a inspirao pode aparecer em qualquer situao. A dica estaratentoatudo.Quandoseprocuraporumaideia,estardeolho nomundooprimeiropasso.Viverexperincias,observaraspessoas, conversarcomelasesaberoquepensam,comoagem,etc.,tudoserve para acrescentar ao repertrio imagtico de cada um.Pois quanto mais informaescoletarsobreavida,maisterparaescrevereinventar (FIELD,2001).ReafrmandoporVigotsky(1986),[...]aatividade criadoradaimaginaoseencontraemrelaodiretacomariquezae variedade da experincia acumulada pelo homem, porque esta experincia 22 o material com que se erguem os edifcios da fantasia. (p.17)Quando se trabalha constantemente com criao, no h tempo sufciente para fcar esperando o surgimento milagroso de uma ideia. Por isso, muitos autores resolvem suas crises criativas com truques inspirativos inventados para eles mesmos. Hiratsuka (na Revista Ilustrar, 2010) conta que Sempre que me sinto perdida, recorro minha infncia. [...] Reconto as lendas japonesas porque ainda me encantam e me intrigam. E, quando precisodemaisidias,voubuscarnamemriaerecorrotambm memria da minha famlia. (p. 6)Outradicasempreestarcomumcaderninhomo,para quando surgirem ideias nos momentos mais inesperados do dia, no ser necessrioconfarunicamentenamemria.Enocasodeaparecerem ideias que no podem ser executadas no momento, o caderno serve para deix-las guardadas, para poderem ser resgatadas e utilizadas num futuro.2.2.2 O roteiroOroteiroumahistriacontadaemimagens,dilogose descries, localizada no contexto da estrutura dramtica (FIELD, 2001, p.2).aestruturaodaspartesdotodo,ouseja,oquepermiteque ahistriasejacontempladadesdeseucomeo,meioefm.Oroteiro umdocumentoescritoondesedescrevemascenasesetranscrevemos dilogos da produo. Sua funo primordial determinar uma direo, porondeahistriaserconduzidaatalcanarsuaresoluo(FIELD, 2001). Normalmente usado para a criao de flmes, sries televisivas e animaes, o roteiro, segundo a defnio citada na primeira linha: [...] uma histria contada em imagens, e por isso acaba encaixando com o conceito de livro infantil. Por esse motivo, neste trabalho apresentada apossibilidadedeusaromtododeroteiro,comoumauxliono desenvolvimento da histria do livro ilustrado.1Field (2001) em seu Manual de Roteiro, ensina como estruturar uma boa histria, dividindo- a em trs atos:-AtoI:ondeocorreaapresentaodahistriaedos personagens. Principalmente onde se tem conhecimento do personagemprincipal,dequesetrataahistriaequala situao dramtica.1Traduo livre da autora.23- Ato II: O momento de confrontao, onde o personagem principal vai enfrentando os obstculos para chegar no seu objetivo. Qual a necessidade dramtica do personagem? O que ele pretende alcanar? Os obstculos so traados de acordo com essas respostas.- Ato III: Onde ocorre a resoluo da histria. O personagem alcana seu objetivo ou no? Sobrevive ou morre? Fica com a mocinha ou no? Etc. Alm disso, durante os Atos tambm existem os Plot Points. So os acontecimentos que fazem a histria passar do Ato I para o II e do II para o III. Field (2001) os defne como [...] insidente, episdio ou evento que enganchanaao eareverte noutra direo(p.3).Seriaento,a situao que faz o personagem comear a correr atrs de seu objetivo e enfrentar seus obstculos, o Plot Point I. E o grande acontecimento que interrompe a ao dos obstculos e leva a histria para sua resoluo o Plot Point II. Uma histria pode conter muito mais do que dois Plot Points, e a cada apario de um deles, a sequncia de acontecimentos sofre uma reviravolta, acrescentando dinamismo ao roteiro (FIELD, 2001).2.2.3 O textoPor se tratar de uma literatura destina crianas, no quer dizer queaescritadeseustextossejamaisfcilqueparaoslivrosadultos. Esquema de roteiro desenvolvido por Field (2001) 24Alguns autores at consideram o texto do livro ilustrado mais difcil de se conceber, como cita Saint-Dizier em seu depoimento em Linden (2011),Escrever o texto de um livro ilustrado me intimida mais do que escrever o texto de um romance. Nele noexistenenhumespaoparaadivagao,para apalavraaproximada;nele,tudoconta.Alis, nolivroilustradonootextoqueatrai,esima imagem que, de sada, impe o seu universo. Tudo depende, me parece, da forma como se entra. (p.50)O texto do livro infantil no chega a ser extenso, e sua linguagem deve ser direta e simples. Uma boa histria aquela que interessa do comeo ao fm, que possui ao e movimento. importante considerar a idade do leitor na hora de escolher o tema e no desenvolvimento de sua linguagem. Palavrasmaisdifceis,quepodemnoserdeconhecimentodacriana, devemsercompreendidasnocontextodafrase(SMITH,1990).Ou tambm, existem os casos de livros que possuem nas ltimas pginas um pequeno dicionrio para as novas palavras apresentadas na histria.2Outracaractersticadeextremaimportnciaquedifereolivro infantil dos livros adultos, que a imagem um componente igualitrio, que no pode ser ignorado. Por isso, por se tratar de um gnero literrio em que a imagem participa, ou deve participar, igualmente com o texto, sempre deve-se pensar em solues de complementaridades. A escrita no devedizertudo,formarblocosdetextosgigantesecriarummonlogo em que a imagem s consegue se encaixar como fgurante. Em casos de haver uma pessoa destinada criao do texto e outra ilustrao, ambos poderiamsecomunicarparaplanejarocasamentodasduaslinguagens, tornandoanarraotextualevisualmaiscompletaenica.Nocaso deumaspessoarealizarasduaspartes,emsuacabeaahistriavai sendoconstrudacomimagensetextosquevoformandoumacoisa s. H muitas maneiras de criar essa relao indissocivel entre as duas linguagens. Por exemplo, o texto no precisaria descrever o cenrio, pois a ilustrao pode fcar com esse papel, assim como descrever a fsionomia dospersonagens(LINDEN,2011).Dessaforma,Linden(2011)afrma que O texto do livro ilustrado , por natureza, elptico e incompleto (p. 48).Um texto, para chegar a ser vendido, deve primeiro passar pelos critriosestabelecidospelaeditora,eesta,porsuavez,deveseguiros 2Fbulas de La Fontaine (1968)25critrios estabelecidos pelas escolas, sua maior fonte de renda (NECYK, 2007).Aseditorasbrasileirasrecebemmensalmente grandequantidadedepropostasdecriaode livrosinfantisnaformadetextos.Dentretantas opes,aseditorasprecisamestabelecercritrios para seleo daqueles textos com maiores chances deseconcretizaremnumlivrointeressantepara ascrianasecomercialmentevivel.Amncio observaquedentreosdiversosfatoresque interferemeinfuenciamnaseleodetextose autores,destacam-seprincipalmente:aquesto do mercado; a qualidade do texto literrio; o tema tratado e sua capacidade de contribuir na formao do jovem e da criana. (NECYK, 2007, p. 86)Sendoassim,aseditorasenfrentamadifculdadedeproduziremobras queseexpressemartisticamenteeaomesmotempocondizamcomas exigncias didticas.2.2.4 StoryboardAps a criao do texto, entra o desenvolvimento das ilustraes. Estasinicialmentepassamporvriosrascunhosantesdechegarao produtofnal,sendodesenvolvidasvriasmaneirasdeserelacionarem com o texto fornecido. Um dos recursos usados para o planejamento do livro o Storyboard.Conceitualmente,oStoryboardsoquadrosilustradosque marcamascenasmaisrelevantesdahistria.Noscasosaudiovisuais, comoflmeseanimaes,cadaquadrodostoryboardpodeapresentar toda uma cena de vrios minutos, pois apenas uma marcao do que est acontecendonaquelemomento.Porexemplo,emumacenaemqueos personagens sentam-se mesa para tomar ch e conversar, no storyboard esse momento pode ser representado em apenas um quadro, pois no h outraaorelevante.Porm,nocasodoslivrosinfantis,ostoryboard contm todas as pginas que entraro na verso fnal, pois serve mesmo como um rascunho e planejamento do livro. Desenham-se em um papel todas as pginas do livro, no formato aberto em tamanho reduzido, uma do lado da outra e com numerao, assim possvel ter uma visualizao 26melhor da obra inteira. De maneira simples e sem se prender a detalhes, desenham-se todas as cenas do livro e se situam todos os blocos de texto, destamaneiranosecorreoriscodenofnaldaproduonohaver espao sufciente para a parte escrita (SCHRITTER, 2005).Exemplo de Storyboard fornecido por Schritter (2005)2.2.5 Relao texto-imagemArelaoentreimagemetextonaobra ilustradanodeveserdevassalagem,esimde associao. A analogia mais simples que me ocorre com a msica popular. A msica de Tom Jobim, porexemplo,temforaprpriaeindependente, assim como os versos de Vinicius de Moraes. Mas, quando se juntam, formam uma terceira coisa que diferedasduasanterioresequenoexistiriasem essaassociao.Omesmoacontececomolivro ilustrado. (VENEZA em OLIVEIRA, 2008, p.185)A relao texto-imagem o ponto principal que difere o livro infantil dos outroslivroscomimagens.Umtextonoserinterpretadodamesma formasesuasilustraesforemfeitaspordiferentesautores. Arelao queajunodessasduaslinguagensconstroe,sempresernica.No item 2 Livro Infantil, discorre-se sobre a importncia da dependncia que deveexistirentreotextoeaimagem,paracomporumlivroilustrado dequalidade.Porm,existemmuitoscasosemqueissonoocorre,e diz-sequeaimagemcopiaotexto,havendoredundnciaentreas 27duaslinguagens.Sobreesseaspecto, Azevedo(2004)defendequeuma imagem nunca seria capaz de copiar o texto e vice-versa, pois se tratam decdigostotalmentediferentes.Ailustraoporsis,repletade signifcados;Aenergia,aleitura(ilustrarinterpretar),oimaginrio, alinguagem,ascores,oclima,atcnica,asrefernciasicnicas,tudo oqueoilustradorfzer,vaialterar,acrescentarinformaoeinterferir na leitura e no signifcado do texto. (AZEVEDO, 1998, p. 3) Por isso, umailustraopodetantosalvarotexto,comotambmdestruir-lo. Sendoassim,muitoimportantequearelaodasduaslinguagensseja harmoniosa, e que estas atuem juntas na construo de novos signifcados (SZLIGA em OLIVEIRA, 2008).A funo do ilustrador ento, no livro infantil, to importante quanto a do escritor e outros agentes que fazem parte da produo. Alarco (em Revista Ilustrar, 2010) defende que:Muitomaisqueummerodesenhista,oilustrador tempormissocriarnapginaembranco mundosegentes,personagenscativantes, indumentria,orquestrarcoadjuvantes,compor cenrios,padronagens,texturas,iluminao, enquadramentos,expressesfaciais,estabelecer paletadecores,pensarnodesign...Temosenfm que ser vrios artistas em um! (p.36). Emaisalm,oilustradordevebuscarsempreacrescentareenriquecer a histria, nunca repetir. Por isso, Oliveira (2008) afrma que:A leitura narrativasempreumacompreensodossignifcadosantecedentese consequentesdaimagem.Comrelaoaotexto,sempreumprisma, jamais um espelho (p. 32).Nem sempre existe uma abertura fcil no texto para dialogar com a imagem, sendo uma das tarefas mais complicadas para o ilustrador criar umarelaoquefujadaredundncia.Porissoexistemdiferentescasos desetratardarelaotexto-imagem,sendomuitasvezesdiretamente relacionadoscomamaneiraemqueocorreacomunicaoentreos agentesatuantesnaproduodolivro:escritor,ilustradoredesigner grfco - citando apenas os principais.Defato,omodoidealdeprepararumlivropara criana atravs da estreita colaborao do autor, do ilustrador, do designer e do impressor. A consulta 28do ilustrador ao designer e ao impressor deveria, se possvel, acontecer desde o comeo do trabalho, no estgio em que as pinturas foram planejadas mas aindanoexecutadas.Apartirdassugestesdo designer, o ilustrador pode ser capaz de empregar mtodos que, sem sacrifcar o interesse dos leitores jovens,podemreduzirconsideravelmenteocusto do livro. (SMITH, 1990, p. 164)Schritter (2005) descreve seis maneiras de interao entre texto-imagem que podem ocorrer dependendo de quais agentes esto atuando em parceria. No caso do ilustrador receber tudo pronto, texto e formato defnidos,devetomarmuitocuidadoparanotornarredundantea ilustrao com o texto, pois so os casos mais propcios para isso ocorrer. Segundo as classifcaes do autor, tm-se as opes:-Ostextospoderosos3:quandoumtextomuito detalhado, o ilustrador pode optar em sintetizar a imagem, escolhendo o que acha mais interessante representar;- A imagem fala: no caso do texto ser simples, pode se optar por acrescentar outros elementos na imagem que no so ditos, enriquecendo a composio como um todo;-Aleituramultiplicada:interpretarotextodeforma diferentedopensamentocomum,etraduziraspalavras comoutrossentidosnailustrao.Muitasvezesocorreda imagem contradizer o texto, de forma irnica.No caso de haver uma cooperao entre escritor e ilustrador, existem milhares de opes de misturar as duas linguagens e relacionar-las de maneira que dependam uma da outra.-Oleitorenganchado:aopoquemaisenriquece olivroinfantil.Articulados,textoseimagensconstroem um discurso nico. Numa relao de colaborao, o sentido noestnemnaimagemnemnotexto:eleemergeda relaoentreosdois(LINDEN,2011,p.121).Schritter defnecomoleitorenganchado,poisnoexisteaopo de entender a histria sem ser obrigado a observar todo seu contedo (texto e imagens).Equandoilustrador,escritoreeditorgrfcotrabalham juntos,almdasrelaesdetexto-imagem,possvel brincar com o projeto grfco.3Traduo livre da autora.29-Opapeldojogo:possibilidadedetrabalharcomo suporte bsico do livro, ou seja, criar um formato de pgina, encadernao, cortes e modos de leitura, diferenciados, que acrescentam signifcado e enriquecem a histria;- O livro-objeto: o caso do livro sendo transformado em objeto.Osuportejnonecessariamenteolivrobsico, com papel e pginas, ele pode ser de outro material, ou ter a forma diferenciada (Design industrial). Neste caso, o livro fca no limite entre a literatura e o brinquedo.2.2.6 TcnicasDosanos1990parahoje,avariedadedetnicasusadasnos livrosinfantissofreuumadiversifcaosemlimites(LINDEN,2011). No entanto, possvel categorizr-las em determinados grupos. Schritter (2005 apud Ventura, 2003) divide as tcnicas resumidamente como puras ou mistas. Entre as puras existem os procedimentos secos, como: lpis, grafte, carvo, giz pastel, pastel oleoso, giz de cera, pintura de madeira, sangunea, caneta, canetinha hidrogrfca e marcador; e os procedimentos molhados, que seriam aqueles que so aplicados atravs de algum material, como pincel, algodo, esponja, bico-de-pena, spray, etc., eles seriam, dos mais conhecidos, as tintas: leo, acrlica, aquarela e guache. J as tcnicas mistas,caracterizam-sepelajustaposiodemaisdeumadastcnicas citadasanteriormente,acrescentandotambmascolagensefotografas quenoseenquadramnosgrupos. Almdastcnicasmanuais,apartir das ltimas dcadas surgiu a opo da arte digital, onde possvel simular todososmateriaisdescritosanteriormente,assimcomocriarestilos totalmente computadorizados, como as ilustraes vetoriais, por exemplo. Mesmoaquelesqueexecutamtodoseutrabalhodeformamanual,aos digitalizarem ou fotografarem suas ilustraes, estas so transferidas para os programas de edies, como o Adobe Photoshop, para editar as cores, luz e outros erros que podem haver ocorrido ao digitalizar a imagem.Ementrevistasdadaspeloilustrador-escritorIsrvanSchritter (2005),muitosilustradoresargentinosderamseudepoimentosobre aescolhadatcnicaparaseustrabalhos.Entreelesestailustradora-escritora-designer-arquitetaMnicaWeiss,queafrmausartodasas tcnicas que conhece, pois defende que cada histria tem um estilo, um clima, uma potica diferente, sendo importante a escolha da tcnica que se ajuste melhor obra. Como exemplos cita um livro sobre aniversrio 30queilustrou,Cumpleaosdedinosaurio(2001),emqueporsetratar de uma histria com muito bolo de chocolate por todos os lados, achou melhor pintar com tinta leopara dar mais viscosidade e doura; e outro exemplo, tratava-se de um livrinho de poesia para crianas menores, onde ela optou pela suavidade da aquarela. Porm, nem todos os ilustradores fazemisso,comooutrodosentrevistados,ailustradoraNoraHilb,em que prefere se ater a uma ou poucas tcnicas e ir aperfeioando-as com o tempo.2.2.7 Projeto GrfcoPartedestinadanormalmenteaodesignergrfco,oprojeto grfcotambmpodeserfeitopeloprprioilustrador.Basicamenteseu trabalhoconsisteemjuntarasduaslinguagensjcriadas,aescritaea imagem, projetando o suporte onde sero impressas. No s a organizao do contedo, o design acrescenta muitos signifcados histria e ao objeto livro.No passar das pginas, o projeto grfco nos indica umaidiadeler,isto,umaidiadeumtempo paraseolharcadapgina,deumritmodeleitura pormeiodoconjuntodepginas,deumbalano entreotextoescritoeaimagem,para quejuntos, componham e conduzam a narrativa. A escolha do papel, formato, dimenso, letra, tipo de impresso, encadernao, quantidade de texto em cada pgina -itensquemuitasvezesfogempercepoda maioriadosleitores(enoserparticularmente notadoummritodoprojeto)-sodegrande importncia por interferirem no modo de construir umtodo,essapropostadeleiturachamadalivro. (MORAES em OLIVEIRA, 2008, p.49 - 50)Oprojetogrfcopodeserentendidocomoaembalagemdo livro, ou seja, a primeira impresso visual e ttil que o comprador tem sobre o produto. Pois, uma mesma histria numa confgurao diferente, podetrazernovosolharessobreaobra.Tamanho,textura,nmerosde cores,forma,peso,cadaelementoescolhidopropiciadeterminadas expectativas. Estas podem abranger todo tipo de percepo, dependendo daconfguraodecadaelementodoprojetogrfco,ocomprador pode estimar um preo, a idade a qual se destina, o estilo de narrao, a 31qualidade, etc. (NECYK, 2007 apud NODELMAN, 1988).A seguir, sero tratados os elementos principais que compem o projeto grfco do livro infantil.2.2.7.1 TipografaO livro infantil, ao contrrio de outros impressos, muitas vezes fogedaregralogocentrista,estaemquedefendequeatipografadeve apresentarneutralidade,paraevitartransmissodesentido. Aliberdade tipogrfca,detrabalharaletraemsuaformaevalorsimblico,surgiu na poca da Art Nouveau e das vanguardas artsticas, como o futurismo, surrealismoedadasmo.Apartirdeento,ousotipogrfcosofreu diversas mudanas e liberdade nas regras, capacitando as letras a atuarem como imagens (NECYK, 2007).Autilizaodosrecursostipogrfcosnoslivrosinfantispode serrealizadadediversasmaneiras.Porexemplo,existemoscasosdos dilogos,emquecadapersonagemapresentaumafontediferente; dessaformapossvelreduzirtextosexplicativosqueapontemaqual personagem pertence determinada fala. Necyk (2007) cita tambm o caso detextosrimados,emqueatipografapodeapresentaralteraespara conduzirumadeterminadamaneiradeleitura.Nosendotocomum, existemoscasosemquedependendodacomposio,otextopode representar uma imagem, como quando usado para compor a capa do livro, tomando o lugar da ilustrao. Indo mais alm, h livros em que as letras se transformam em personagens ou parte do cenrio, apresentando movimentos e at dilogos. E, rompendo com a tipografa digital, tambm existe o uso da escrita a punho, que agrega mais expresso e singularidade narrativa.Dequalquerforma,algunscuidadosdevemsertomadosna horademudarotamanhoeformadasletras,assimcomodecidirentre determinadosespaamentoseordemdeleitura.Assis(2007apud Coutinho,2006)apontadeterminadosfatoresquepodeminfuenciar naleiturabilidade,aspectoimportanteaserconsiderado,aindamaisno casodetratarcomopblicoinfantil,queaindaestsefamiliarizando com o universo escrito. Por isso, recomenda-se o uso de fontes que no apresentem dvidas no reconhecimento dos caracteres, e que estes possam ser diferenciados entre si, especialmente nos casos dos 1, l (i) e l(L); 0, OeQ;6eb;beh.Joagrupamentodedeterminadasletrastambm pode apresentar confuso, como o rn que pode ser visto como um m, ou 32clquepodeserentendidocomoumd.Nahoradeescolherocorpoda fonte e outros parmetros tipogrfcos, Assis (2007 apud Coutinho, 2006) apresentaumatabeladesenvolvidaapartirdepesquisasretratadasno artigo Linguagem visual em livros didticos infantis sobre a escolha do corpo da fonte,nmero de letras por linha, coluna e entrelinhas de acordo com a idade da criana. Tabela retira do artigo de Assis, fornecida por Burt (apud. Coutinho, 2006)Nosendoumaobrigaoeditorial,essatabelaajudanoauxliode determinadas escolhas, e na reconsiderao sobre as primeiras decises.Olivroinfantilmaisumavezestnocaminhoentreaarteea didtica,ondedevemsetomaremcontatodosessesaspectos,desdea liberdadeartsticatipogrfcaatosparmetrosdeleiturabilidadee entendimento por parte do leitor infantil.2.2.7.2 FormatoCom relao ao formato, Liden (2011) expeOlivroilustradocontemporneooferecegrande variedadedeformatos.Aorganizaodas mensagensaserviodapginaoudadupla,bem comootamanhoealocalizaodasimagense dotexto,estosolidamentearticuladoscomas dimenses do livro. Por essa perspectiva, o formato setornadeterminanteparaaexpresso.Assim como o pintor escolhe a sua tela, o criador do livro ilustradocompeemfunodasdimensesdo livro. (p. 52)33Porm,existeocasodoformatoserimpostopeloeditor,emcausade custos, padro ou o livro fazer parte de uma coleo. Quando o designer ouilustradortemaescolha, Assis(2007apudFlexor,2006)determina trsaspectosparaseremconsideradosnahoradedefniroformato:o fnanceiro, o cultural e o ergonmico. O fnanceiro refere-se ao clculo de aproveitamento de papel, em que se deve tomar conhecimento prvio dos formatosdisponibilizadosnasgrfcas,assimcomocalcularasmarcas de corte, sangria, e o que houver de cortes especiais no projeto fnal. Em impresses de grande escala, modifcar alguns centmetros pode reduzir muitos custos. O segundo aspecto refere-se a(..)formatos,oriundosdepropores,tidas enquanto cognitivas, j que so relaes derivadas de propores geomtricas, ou orgnicas, e que so verifcveisemestruturasnaturaiseconstrudas pelohomem,taiscomooprpriocorpohumano, asespciesanimais,asbotnicas,amsica,a arquitetura, etc. Isso parece justifcar o fato do olho humanoreconhecerestaspropores,enquanto harmoniosas, fundamentando, inclusive, o uso das mesmas em objetos grfcos como o prprio livro. (ASSIS, 2007, p. 3-4)Essesformatos,porseguiremospadresdanatureza,transmitemmais confortonahoradaleitura.Eporltimo,existeoaspectoergonmico. Porsetrataremdecrianasquevomanusearolivro,deve-seterem conta o tamanho e peso deste, para no difcultar na hora da leitura.Necyk (2007) tambm cita a impresso que o tamanho do livro podecausarnoconsumidor.Livrosgrandesparecemconterimagens impactantes,enquantoospequenostratariamdetemasmaisdelicados. Estestambmsoadequados,comocitadoanteriormente,nomanuseio pormospequenas,enquantoosdemaiortamanhosofavorveis navisualizaoporolhosmenosexperientes. Almdomais,existeno inconscientedaspessoasaexpectativadequelivrosmuitopequenose muito grandes so destinados ao pblico infantil, e que aportam contedo mais simplifcado, enquanto os livros de tamanho mdio apresentam uma confgurao mais complexa (NECYK, 2007 apud Nobelman, 1988).342.2.7.3 DiagramaoNecyk (2007) cita quatro formas principais de compor a imagem e o texto na diagramao das pginas. A primeira delas, e a mais usada na maioria das publicaes do sculo XIX, a aplicao da imagem numa rea separada do texto. Nos primrdios do livro infantil, essa composio era predominante por causa dos limites tcnicos de impresso, assim, o texto e a imagem eram impressos separadamente. Apenas aps a inveno da litografa, que novas formas puderam ser aplicadas.Pgina dupla do livro Quero meu chapu de volta de Jon KlassenA segunda composio seria a aplicao parcial da imagem com o texto. Os dois elementos dividem a mesma pgina, estando normalmente a imagem dentro de um espao limitado.Pgina simples de Fbulas de La Fontaine,ilustrado por Gustavo Dor 35A terceira quando o texto se relaciona com a forma da imagem. Ambos se transformam em uma nica mancha visual, modifcando a confgurao bsicaestticaeformaldosblocosdetexto.Otextopodeintermediar ailustrao,isto,podeaparecerentrepartesdailustrao,criaruma forma para circundar a ilustrao ou ainda acompanh-la como uma linha que reproduz sua forma. (Necyk, 2007, p. 102)Pgina dupla de O fantstico mistrio de Feiurinha de Pedro BandeiraE a quarta opo, e a mais encontrada nos livros infantis atuais, otextodentrodaimagem,estaqueocupatodaapgina,geralmente havendosangria.Outrasimagensmenorespodemestarsobrepostasao fundo, assim como o texto pode ser apresentado de vrias maneiras, em blocos,linhassoltas,contornandoformasdaimagem(comocitadono item anterior), etc. Pgina simples de Orelhas de Mariposa de Luisa Aguilar, ilustrado porAndr Neves36Noslivrosinfantiscontemporneospossvelencontrartodas as composies citadas, e muitas vezes o uso de mais de uma delas numa nica publicao. Como principal diferena aos primeiros livros infantis publicados, tem-se o crescimento da predominncia da imagem em todo o campo visual das pginas. J raramente se encontram livros com blocos de textos solitrios, como era bastante comum no sculo XIX (NECYK, 2007).Naatualidade,pode-sedizerqueexisteexpectativaprviaa respeitodecomodeveserumlivroinfantil,eailustraoeodesign representam um dos seus principais aspectos. (Necyk, 2007, p. 104)2.2.7.4 CapaOprimeirocontato,oprimeiroolhar,oprimeiromotivo quefazapessoapegaraquelelivroentretantosoutros,capapodeser considerada o principal marketing de venda das publicaes infantis, que diferentedoslivrosadultos,podeapresentarmuitaspistasintrodutrias dascaractersticasdolivro.Elapodetransmitir[...]informaes quepermitemapreenderotipodediscurso,oestilodeilustrao,o gnero... situando assim o leitor numa certa expectativa. Tais indicaes podemtantointroduziroleitoraocontedocomolev-loparauma pistafalsa.(Linden,2011,p.57)Nosapresentarahistria,acapa tambmcategorizaotipodepublicaocomosendoliteraturainfantil. Acostumadosaesperarumamaterialididadediferente,opblicoleitor atradopelosformatosdiferenciados,texturas,cortesespeciais,cores, verniz, entre outros elementos, estes que representam o universo do livro ilustrado, e que so investimentos realizados na produo para aumentar as chances de vendas. Por isso, as capas apresentam uma [...]importnciamercadolgica[...]enorme,pelo fatodeproduziremimpactovisualinstantneo e,conseqentemente,gerarematrao.Acapa deve destacar o livro entre tantos outros, criar sua identidade e incitar leitura; geralmente avaliada peloeditorquantosuacapacidadedevenda. (Necyk, 2007, p. 107-108) Sua importncia ainda maior nos casos de comercializao por internet, poisnormalmente anicaimagem disponibilizadadolivro(NECYK, 2007).Acapaconstituiaprimeiraequartacapadolivro.Elaspodem 37estarrelacionadas,sendomuitasvezesumanicailustraoquefoi dobradaaomeio;ouindependentes,ondeaimagemdacapadafrente no coincide com a de trs. Esta, muitas vezes cede seu espao para um bloco de texto que apresenta uma sinopse ou introduo histria. Outros elementos,quepodemestarcontidosnapartedafrenteounadetrs, so, alm do ttulo da obra, o nome dos autores (ilustrador e escritor), a editora, o ISBN e o cdigo de barras (LINDEN, 2011).Existem vrias maneiras de constituir a capa. Uma delas criar uma imagem especialmente para isso, que transmita o tema da histria, criecuriosidadeouchameateno.Dessaforma,Anarrativapode terincionacapaeiralmdaltimapgina,atacontracapa,ondeas imagens e os textos [ttulo e textos da contracapa] convertem informao (NECYK,2007,p.110apudNIKOLAJEVAeSCOTT,2006).Mas tambm,acapapodesecontradizercomottuloeanarraodolivro. Este caso muito encontrado em adaptaes de contos clssicos, em que oleitorjpossuiexpectativassobreorumodahistria,tendoacapaa funo de surpreender com um diferente ponto de vista. E um outro tipo de capa muito usada aquela em que a imagem utilizada uma que j faz parte do miolo do livro, antecipando o enredo (NECYK, 2007).2.2.7.5 EncadernaoAencadernaoaformaemqueasfolhasdolivrosero agrupadas junto capa, para constituir um nico volume. Oliveira (2002) apresenta cinco tipos de encadernao:a. Canoa (ou dobra-e-grampo, ou encadernao a cavalo) - a de menor custo. Encaixam-se as folhas no formato aberto umaemcimadaoutraesegrampeianapartedobrvel. Utilizada normalmente em revistas e livros de baixo custo, o nmero de pginas deve ser mltiplo de quatro.b.Lombadaquadrada(oubrochurasemcostura)- Utilizando adesivo trmico (hot melt), d uma aparncia um pouco mais sofsticada, por criar uma lombada. O processo em geral aplicado em equipamento com uma fresa que faz pequenas incises no dorso da publicao, nas quais penetra acoladerretida.Nalombadaquadrada,soeliminadasas dobras do formato aberto, fcando as folhas soltas (por isso, basta que o nmero total de pginas seja par). (OLIVEIRA, 2002, p. 109)38c.Comcosturaecola- Asfolhasemformatoabertoso agrupadasformandocadernos,emcadaumdelesaborda costurada para unir as folhas, posteriormente os cadernos soempilhadosesounidospassandocolanalateraldas dobras.umprocedimentomaiscaro,geralmenteusado paraimpressosdemaisde200pginas,ouemcasos ondeprocura-seporumacabamentomaissofsticadoou resistente. O nmero de pginas deve ser mltiplo de quatro.d.Comtela-Procedimentoigualaoanterior,pormnas bordas,almdacola,inclui-seumatelaquefornecemais resistncia no manuseio do impresso. Raramente utilizado, apenas em edies de luxo ou livros muito volumosos como dicionrios e a Bblia.e.Mecnica-Encadernaoumpoucomaisbarata, aquela em as folhas so unidas por acessrios plsticos ou metlicosqueperfuramopapel.Sooswire-o,espirais, garra-dupla, etc. Normalmente usado em apostilas.Consideraes fnais do captulo.O livro infantil por se tratar de uma obra literria que traz alm da escrita, a imagem e o projeto grfco como componentes determinantes para a narrao da histria, importante conhecer e considerar todas suas etapasdecriao.Ocaptuloabordou,sementraremgrandesdetalhes, como se d a execuo da parte textual, as ilustraes e por fm o projeto grfco do livro infantil. No seguinte captulo ser apresentado o tema que foi escolhido paraacriaodahistria:acor,maisespecifcamenteaPsicologiada cor. Assim, o texto, as ilustraes e a diagramao desde projeto de livro infantilseguiroosconceitospesquisadossobreossignifcadosdacor, que sero demonstrados a seguir.393. CORAinfunciadacornavidahumanaexistehmuitotempo. SegundoTiski-Franckwiak(1991apudFRANKLIN,1976),ohomem dascavernas,aprincpio,apenasenxergavapreto,brancoecinza.Por viverrefugiadocontraosperigosdanaturezaemlugaresescuros,o desenvolvimentosensveldoolhonavisualizaodascores,tornou-se lentoegradativo.Somenteapsadominaodofogo,queohomem comeouaseaventurarcommaisfrequnciaemambientesexternose iluminados,propiciandooaperfeioamentodosneurnioschamados cones, que so os responsveis pela viso das cores.Apartirdeento,surgiuanecessidadehumanadedominaras cores da natureza e reproduzir-las em suas criaes, que perdura at hoje.Isso compreende um profundo sentido psicolgico e tambm cultural. Parece ser exatamente uma das necessidades bsicas do ser humano, que se integra nascorescomomisteriosocatalisador,doqual brotaenergiaparaumdinamismosempremais crescente e satisfatrio (FARINA, 2006, p.3).A cor ento, no apenas produz reaes fsicas e fsiolgicas no corpo, ela tambm atua fortemente no campo psicolgico,[...]criandoalegriaoutristeza,exaltaoou depresso, atividade ou passividade, calor ou frio, equilbrio ou desequilbrio, ordem ou desordem etc. As cores podem produzir impresses, sensaes e refexossensoriaisdegrandeimportncia,porque cada uma delas tem uma vibrao determinada em nossos sentidos e pode atuar como estimulante ou perturbador na emoo, na conscincia e em nossos impulsos e desejos (FARINA, 2006, p.2).Acinciadacor,acadadiarevelanovosmecanismosda percepo das cores, demonstrando que se trata de um assunto muito mais complexo do que se pensava sculos atrs (FRASER e BANKS, 2007). Seu estudo no s relevante no meio cientfco e tcnico, como tambm de extrema importncia para as profsses que utilizam-se da cor para suas produes, como artistas, designers, publicitrios, arquitetos, etc.403.1 ConceituaoSegundoPedrosa(1989,p.17),Acornotemexistncia material: apenas sensao produzida por certas organizaes nervosas sob a ao da luz - mais precisamente, a sensao provocada pela ao da luz sobre o rgo da viso. Dessa forma, a cor no um elemento fxo do material, pois sua confgurao depende de quem a observa. Sendo que o processo de recepo dos raios luminosos, ou seja, o ato de ver, ocorre antes do ato de reagir ao estmulo provocado, a maioria das pessoas, com exceodasquepossuemosistemafsiolgicodavisodiferenciado (como os daltnicos), recebem a cor da mesma maneira. Porm, a forma que esta percebida diferente, pois cada pessoa a associa a signifcados prprios(FRASEReBANKS,2007).Porissovaleacrescentarmais umadefniodecorapresentadaporGuimares(2004):Acoruma informaovisual,causadaporestmulofsico,percebidapelosolhose decodifcada pelo crebro (p. 12).Para Pedrosa (1989), os estmulos cromticos que so provocados na viso pertencem a dois grupos: o das cores-luz e o das cores-pigmentos.Cor-luz, ou luz colorida, a radiao luminosa visvel que tem comosnteseaditivaaluzbranca.(PEDROSA,1989,p.17)OSolo exemplomaisclarodessaadio,poissualuzcompostadetodasas cores conhecidas pelo olho humano. Segundo Tiski-Franckowiak (1991), o arco-ris um fenmeno natural que permite ver todas as faixas de luz que compem o espectro solar, sua sequncia vermelho-laranja-amarelo-verde-anil-azul-violeta determinada pela diferena de comprimento de ondaqueexisteentreascores.Esteacontecimentoocorrepelomesmo motivodocuservistocomoazul,opr-do-solalaranjado,ocude meio-diaesbranquiado,etc.,tudoestrelacionadocomainterferncia que ocorre com a direo dos raios solares ao entrarem em contato com a atmosfera da Terra. Tiski-Franckowiak (1991) explica,Aluzconstitudaporondaseletromagnticas, oufuxodepartculasenergticasdesprovidasde massa:osftons,quesepropagamnovcuo velocidadede300.000km/s,aproximadamente. Masquandoencontramooxignio,nitrognio eoutraspartculasquefazemdaatmosferaum meiodensoetransparente,suavelocidade menor.Quandoadireodesviadadeseueixo central, a luz refratada em comprimentos de onda 41menores, os raios so tambm refetidos em direo aoespaoemumavariaodefrequncia.Essas modifcaesdosraiosdeluzsovistascomo cores se os centros de espalhamento forem maiores que os comprimentos de luz. (p. 78)Por esse motivo, quando ocorre com efccia o espalhamento de luz, os elementossovistoscomobrancos,queocasodealgumasnuvens; porm,senoexistissenenhumasubstnciaqueespalhasseosraios luminosos, o cu seria visto como negro, assim como espao (ibid).O crculo cromtico de Cor-luz possui uma confgurao diferente do esquema de mistura de cores, daquele conhecido desde a infncia que geradocomousodepigmento. Ascores(cor-luz)primrias,queso aquelas que misturadas podem gerar todas as outras cores, so: vermelho, verdeeazul(RGB,comassiglasemingls). Assim,umfeixedecor-luzverdecombinadocomumfeixevermelho,criaacor-luzamarela; sendoqueaadiodetodasasprimriasformaobranco,comocitado anteriormente.OmodeloRGBpodeserencontradonaconfgurao dascorestransmitidaspelatelevisoepelocomputador,porexemplo (FRASER e BANKS, 2007).Imagem retirada do livro O guia completo da cor de Fraser e Banks (2007) Cor-pigmento,asubstnciaque,conformesuanatureza, absorve,refrataerefeteosraiosluminososcomponentesdaluzque sedifundesobreela.(PEDROSA,1989,p.17)Acordeummaterial determinadadeacordocomacapacidadedesdedeabsorvercertos 42raios luminosos. Por exemplo, uma planta verde porque absorve todas asfaixasdeluzcoloridasqueincidemsobreela,menosaverde,que refetida para nossos olhos. Um objeto que refete todas as cores visto como branco, e aquele que absorve todas, visto como preto. Porm, o chamado preto da mistura das cores-pigmentos na verdade um cinza escuro, denominado cinza-neutro (PEDROSA, 1989).A mistura das cores-pigmentos chamada de sntese subtrativa. Existem dois tipos de crculo cromtico, aquele usado nos ltimos sculos por artistas, e o modelo CMYK. A diferena entre estas duas confguraes sedpormotivostcnicosepsicolgicos.Tcnicamentedescobriu-se que defnindo como cores primrias o ciano, magenta e amarelo (CMY, com as siglas em ingls), obtem-se uma variedade mais ampla de cores. Sendo assim, com a mistura de duas delas, criam-se as cores secundrias que so: vermelho (magenta + amarelo), verde (amarelo + ciano) e violeta (ciano+magenta).Sendoassim,amisturadetodasasprimriasforma o preto (K do CMYK, que faz referncia ao black), ou melhor, o cinza-neutro (FARINA, 2006).(ibid)O outro crculo cromtico aquele que ensinado na escola, e que segue sendousadonasreasartsticas.Suascoresprimriasso:vermelho, azuleamarelo;eassecundrias:laranja(vermelho+amarelo),verde (amarelo + azul) e violeta (azul + vermelho). Diferente do esquema CMY, ter o vermelho e o azul como cores primrias, torna-se mais condizente comoestudodascoresnapsicologia,poiselasprovocamsensaese signifcadosmaisfortesqueomagentaeociano.Porisso,adquiriu-se 43esteesquemacromticonaprticapublicitria,poislidacomestmulos reais (FARINA, 2006).(ibid)3.2 Propriedades da corPedrosa (1989) aponta que existe uma diferena entre percepo dacor,dofenmenodesensaodacor.Estaserelacionacomdois fatores: o fsico (luz) e o fsiolgico (o olho), enquanto que a percepo dependentedemaisumelemento,opsicolgico.Nestecaso,acor pode ser percebida atravs de trs caractersticas: matiz (comprimento de onda), saturao (pureza da cor) e valor (luminosidade). De acordo com Fraser e Banks (2007),Matiz o tom prprio da cor, identifcado pelo seu comprimento deonda.Noentanto,existeumadifculdadeemdefni-lo,quandoh tantas incertezas por parte da maioria das pessoas, por exemplo, em saber qual o tom puro de vermelho, que na maioria dos casos, associado com um tom mais alaranjado.Saturao o estato de maior pureza da cor, ou seja, onde no h presena de cinza. Sua confgurao visual pode ser descrita como mais forte, clara e vvida.Valor a variao de luminosidade da cor. Esta pode ser adquirida acrescentando branco; no caso de escurecer, acrescenta-se preto cor.44 Exemplos de Saturao e Valor fornecidos por Fraser e Banks (2007)3.3 Classifcao das coresDeacordocomestmulosprovocadospelacor,maisligados percepo do que a sensao, foram criadas determinadas classifcaes (PEDROSA,1989).Entreelas,estaseparaodascoresemcores primriasecoressecundrias,jcitadoanteriormente.Almdessas, existemoutrasnomenclaturascriadasqueseguemascaractersticas manifestadas pelas cores. Defnidas por Frases e Banks (2007), elas so:Corescomplementaressoaquelasquesecomplementam pornopossuremcorsemelhanteentresi.Porexemplo,oamarelo complementar do violeta, pois o violeta a cor que no possui amarelo. As complementares sempre esto dispostas em lados opostos do crculo cromtico, ou seja, que para encontrar-las s traar uma linha reta que divida o crculo. Esquema de cores complementares(FRASER E BANKS, 2007)45 Cores anlogas so o grupo de cores que esto lado a lado no crculo cromtico, sendo uma relao de pouco contraste. Por exemplo, o esquema vermelho-alaranjado - laranja - amarelo apresenta uma relao anloga.

Esquema de cores anlogasCorestridicassoastrscoresqueestoseparadaspor distnciasiguaisnocrculocromtico.Paraencontrar-lasbastatraar umtringuloequilterodentrodocrculo.Umexemplosoascores primrias, vermelho - amarelo - azul.

Esquema de cores tridicas46Coresmonocromticassoaquelasquesetratamdamesmacor, alterando apenas o valor e saturao. Por exemplo, um esquema de tons de verde, indo do claro para o escuro. Esquema de cores monocromticasCores quentes so o vermelho e o amarelo, e as demais cores predominadasporeles.(PEDROSA,1989,p.18)Elasdoasensao decalor,densidade,proximidade,securaesoestimulantes(FARINA, 2006).Coresfriassooazuleoverde,bemcomoasoutrascores predominadas por eles. (PEDROSA, 1989, p. 18) E estas do a sensao dedistncia,frio,leveza,transparncia,umidadeesocalmantes (FARINA, 2006).3.4 Psicologia da corApsicologiadacorareadoestudodascoresquemais infuencia na profsso do designer. Este que procura comunicar atravs de meios grfcos, normalmente coloridos, no pode ignorar os signifcados que cada cor escolhida pode acrescentar ao seu projeto fnal. Pois como explica Fraser e Banks (2007),Acorinfuenciatudo,modelando,acidental ouintencionalmente,nossapercepo.Pode comunicarcomplexasinteraesdeassociao esimbolismoouumasimplesmensagem,mais claraqueaspalavras.Sevocvaiaumestdio, certifque-sedequesuacamisanosejaanica 47vermelha em um mar de azul. A cor um assunto tosensvelquantoreligiooupoltica,eest frequentementevinculadoaambas.Hverdades universaissobrenossainterpretaodascoresou tudo relativo? Semitica, psicologia e misticismo contam histrias confitantes. (p. 7)O que sim verdade que transmitir ideias atravs das cores possui um alcance muito maior que a palavra, pois ela pode ser compreendida, em muitos casos, at por analfabetos e pessoas de outras culturas (FARINA, 2006).Cadasignifcadoassociadocomdeterminadacorpodevirde vrios fatores. Um deles a prpria natureza, que pode trazer avisos de perigo, atrao ou tranquilidade. Por exemplo, o vermelho que existe no sangue, e o laranja do fogo, acabam sendo associados a situaes de morte e perigo, sendo vistos como cores de alerta. O preto, encontrado em lugares escuros,ondeoperigodesconhecido,tambmrepresentaamortepor haver ausncia de luz. Por outro lado, o azul do cu e o verde das matas, onde encontra-se abrigo e comida, so cores que provocam tranquilidade eequilbrionosistemanervosodohomem(TISKI-FRANCKOWIAK, 1991).Essasassociaespodemservistascomouniversais,poiscomo afrmam muitos cientistas, h signifcados naturais das cores, que geram percepes sem estarem associados ao condicinamento social e cultural (FRASER e BANKS, 2007).Comosurgimentodascivilizaes,onmerodesignifcados relacionado as cores se expandiu e se diversifcou em cada nova cultura. Suas associaes podem ser encontradas nas diversas reas da sociedade, como na religio, poltica, costumes e tradies, nas sinalizaes tcnicas, na tecnologia, na publicidade, ou seja, em geral, atualmente est em todos os cantos das cidades (FRASER e BANKS, 2007).Nocasodasreligiesporexemplo,cadaculturapossuiuma hierarquia diferente para as cores. No cristianismo, Deus representado comacormaisimportante,overmelhoprpura,enquantoJesusveste vermelho luminoso e Maria de azul; na China a cor mais importante o amarelo, sendo a cor do Imperador; para os indianos, seu Deus Krishna tem pele azul; e o verde a cor sagrada no Isl. Por se tratarem de convenes antigas, em muitos dos casos, a importncia que cada cor recebia estava diretamente relacionada com a raridade do pigmento. Por isso no Imprio Romano, apenas o imperador Jlio Csar podia vestir a cor prpura, tida comoacordopoder,poiseraumtomvaliosodedifcilobteno,que 48nodesbotavaeeraextradodeummolusco.Nocasodaproduode pigmentoparapintura,acormaiscaraerao AzuldeUltramar,quese obtinhaatravsdeumapedrasemi-preciosachamadalapislzuli,vinda do mar Caspio e do mar Negro, muito alm do oceano ndico (HELLER, 2010). Esses exemplo so todos signifcados que foram sendo construdos de acordo com os acontecimentos histricos, e que vo se renovando com o tempo, sempre se adaptando s mudanas culturais.Nocasodareatcnicaedeutilidadeprticadacor,foram sendocriadas,comocrescimentodascidades,normasdeusodacor naseguranadotrabalho,nocampoindustrial,trnsito,entreoutros. Estas,soassociaesquevisamoentendimentorpidodaspessoas, gerandoreaesautomticaseinstantneas,paraevitaracidentese desentendimentos.Essessignosvisuaisrealmentespossuemvalor realquandopodemserfacilmentedecodifcadosporaquelesaquemse dirigem,seupblico-destino.Porissosoestudadosseuscomponentes psquicos, scio-culturais e fsiolgicos. (FARINA, 2006, p. 89)Eumareamuitomaisrecente,queutiliza-sedossentidos psicolgicosdacor,comotambmacrescentaassociaesnovas,a publicidade. No coincidncia que o uso mais forte da cor encontrado comfrequnciaondealgumesttentandolhevenderalgumacoisa. (FRASEReBANKS,2007,p.12).Apublicidadeestudaeutiliza-se das associaes que j existem sobre as cores, porm, ela tambm acaba criandonovosconceitosquesetornampregnantesnoinconscientedas pessoas. A fgura do Papai-Noel por exemplo, antes da Coca-Cola usar-lo comogaroto-propagandadesuamarca,suavestimentaeraretratada em diferentes tons aos tradicionais vermelho e branco. Porm, aps esse novo conceito visual ser implantando, ningum mais logra associar essa personagem com outro esquema cromtico (FRASER e BANKS, 2007).Apesar da percepo da cor ser um evento individual, que pode serdeterminadoporvriosfatores,deconcordnciadospsiclogose agentes culturais, que existem signifcados das cores que so bsicos para todososindivduosdamesmacultura(FARINA,2006).Nesteprojeto, limitou-seoestudoparaasseiscoresprincipaisdocrculocromtico -apresentadocomoomaisrelevantenageraodesignifcados-que so:vermelho,laranja,amarelo,verde,azulevioleta.Aseguirso apresentados os conceitos que so mais associados a cada cor, de acordo com trs autores principais.493.3.1 VermelhoAcorvermelhadeacordocomFarina(2006)apresenta determinadasassociaesmateriais:cereja,guerra,sinaldeparada, perigo, fogo, sangue, combate, lbios, mulher, conquista e masculinidade. Esuasassociaesafetivasso:dinamismo,fora,energia,revolta, barbarismo,coragem,furor,intensidade,paixo,vigor,glria,calor, violncia, excitao, ira, emoo, alegria, extroverso e sensualidade.Nositewww.mariaclaudiacortes.comossignifcadosso divididosentrepositivosenegativosdacor.Almdasassociaesj citadas anteriormente, vale destacar dos signifcados positivos: ambio, romance, diverso, visvel, moda, beleza, velocidade, circulao, loucura, excentricidade,amizade,comunismoecompaixo.Edosnegativos: proibio, assassinato, luxria, pecado, vergonha e maldade.E Heller (2010), em seu livro Psicologia del Color, cita alm das palavrasacima,situaesefatosquesorelacionadoscorvermelha. Entre eles cabe citar: a cor vermelha foi a primeira a ser nomeada, e em algumalnguasvermelhoecorsoamesmapalavra;talvezsejaa primeira cor que o beb enxerga; usada exageradamente na publicidade e a primeira cor a incomodar a vista; o corpo fca vermelho de acordo comasemoes,comoraiva,paixoevergonha;Inferno;naChinase casa de vermelho, e a cor usada em outras festividades por representar afelicidade;Papai-Noel;oinsetojoaninhaumsmbolodefelicidade; Chapeuzinho-Vermelhousaessacorcomoproteoaolobomau; materialismo;nobresusavamcapasvermelhas;tapetevermelho,usado emvriascerimnias;Marte,deusdaguerra;prostitura;cabeloruivo; batom; Ferrari; boxe; anncios publicitrios; toreiro; e cortina do teatro.3.3.2 LaranjaAssociaomaterial:operacionalidade,Outono,laranja,fogo, pr-do-sol, calor e festa.Associaoafetiva:excitabilidade,luminosidade,euforia,energia, alegria, advertncia, tentao, prazer e senso de humor. (FARINA, 2006)Acrescentando os signifcados fornecidos por Cortes (2003) tem-se:Caractersticaspositivas:ao,emoo,exploso,extravagncia, exuberncia,sabor,apetite,abundncia,diverso,carisma,celebrao, comunicao,amizade,generosidade,sociedade,determinao, 50comodidade, inspirador, visibilidade, criatividade e transformao.Caractersticas negativas: exagerao e escndalo.E de acordo com Heller (2010), o laranja associado com: extico; laranjeiras; ndia; aromtico; tempero agridoce, temperos asiticos; gosto bom;chamativo;inadequado;original;botedesalva-vidas;agradvel; intenso; ilumina e aquece; Budismo; Dalai Lama e aafro.3.3.3 AmareloAssociaomaterial:foresgrandes,palha,luz,vero,limo, chins e calor de luz solar.Associaoafetiva:iluminao,conforto,alerta,gozo,cime,orgulho, idealismo,egsmo,inveja,adolescncia,espontaniedade,variabilidade, euforia e originalidade. (FARINA, 2006)Caractersticas positivas: atividade, energia, estimulao, extroverso, nutritivo, imaginao, inovao, inspirao, criativo, visvel, inteligncia, intuio,espontaniedade,alegria,risada,otimismo,conhecimento, flosofa,expanso,leve,covarde,comunicao,juventude,ldico, curioso, amizade e confana.Caractersticas negativas: doente e perigo (CORTES, 2003).Oamarelotemossignifcadosde:acormaisclara;ouro;cor instvel,poissetransformafacilmentecomoacrscimodeoutracor; contraditrio; diverso; agudo; Van Gogh; pequeno e rpido; Apolo, Deus doSol;homensbelosgregos;amaioriadasforessoamarelas;fruta madura;girassol;sorrizoamarelo;saborazedo;refrescanteeamargo; visvel;advertncia;rabe;paella;cordoimperadorchins;amarelo velho. que refere-se a livros com folhas amareladas (HELLER, 2010).3.3.4 VerdeAssociao material: umidade, frescor, primavera, bosque, guas claras, folhagem, tapete de jogos, plancie e natureza.Associaoafetiva:adolescncia,bem-estar,paz,sade,abundncia, tranquilidade,segurana,natureza,equilbrio,esperana,serenidade, juventude, suavidade, descanso, liberdade, tolerncia e cime. (FARINA, 2006)Caractersticaspositivas:aventura,cmodo,convencional, confvel,fdelidade,frtil,livre,harmonia,sorte,neutro,calmo, reprodutivo,relaxado,prspero,preguioso,saudvel,participativo, 51sincero, paciente e atltico.Caractersticasnegativas:imaduro,doente,indiferente,enjoadoe venenoso (CORTES, 2003).Etambm,overdeassociadocom:agradveletolerncia; tranquilidadeesegurana;vegetariano;trevodequatrofolhas;sapo; frutaverde(nomadura);amargo; Vnus;acorsagradadoIslamismo; verdedosmonstros;corburguesa;tedioso;irlandesesemesadejogos. (HELLER, 2010).3.3.5 AzulAssociao material: montanhas longquas, frio, mar, cu, gelo, feminilidade e guas tranquilas.Associaoafetiva:viagem,verdade,afeto,intelectualidade,paz, precauo,serenidade,infnito,meditao,confana,amizade,amore fdelidade. (FARINA, 2006)Caractersticaspositivas:equilbrio,calma,contemplao, autocontrole, autoridade, franqueza, ordem, rigidez, cultura, cooperao, tradio,proteo,segurana,lealdade,obedincia,responsabilidade, confana,maturidade,estabilidade,frescura,limpeza,transparncia, liberdade,paz,bondade,honestidade,ternura,inteligncia,lgica, tecnologia, f e infnito.Caractersticasnegativas:depressivo,lento,isolado,solitrio, melanclico e triste. (CORTES, 2003).O azul est ligado a: anti-alimentcio; longe e eterno; fdelidade; o azul est ligado ao tempo; fantasia; irreal; viagra; Matisse; Picasso; olho mgico; a cor mais fria; a cor da sombra no Impressionismo; vestimenta comum;cincia;masculinidade;razo;prtico,tcnicoefuncional; uniforme;jeans;relaxamento;sono;blues;paz;sangueazuleprncipe azul (HELLER, 2010).3.3.6 VioletaAssociao material: noite, janela, aurora, sonho e mar profundo.Associaoafetiva:fantasia,mistrio,dignidade,egosmo,grandeza, misticismo, espiritualidade, delicadeza e calma. (FARINA, 2006)Caractersticaspositivas:inteligente,artstico,luxuoso,real, vaidoso,feminino,fragante,aristocrtico,frio,criativo,dramtico, digno,encantado,extravagante,elegante,independente,individualista, 52inspirativo,lder,mgico,nostlgico,refnado,orgulhoso,rico,secreto, sensitivo, sbrio, espiritual, supersticioso, e sabio.Caractersticas negativas: indiferente, arrogante, solitrio e melanclico. (CORTES, 2003).E segundo Heller (2010), acrescentam-se as associaes: violetas (for); molusco (de onde se obtinha a cor prpura); mantos reais; cor do poder;JlioCsar;corimperial;cordodivino;pedraametista;pecado doce; magia; ltima cor a ser vista antes de escurecer; esoterismo; chakras; artifcial; Art Nouveau; ambguo e a cor das mulheres mais velhas.Consideraes fnais do captulo 3 Comoapresentadonestecaptulo,acorumelementoque infuenciaohomemdediversasmaneirasemsuavida. Almdeforma fsicaefsiolgica,ascoresinterferemtambmnosistemapsicolgico. Oserhumanoporsetratardeumsersimblico,duranteossculosfoi agregandodiversossignifcadosscoresqueorodeiam,enasltimas dcadas,essasassociaesfeitascomascoressopesquisadaspara serem usadas na transmisso de mensagens de maneira mais efetiva. Este temafoimaisaprofundadopoissetratadareadepesquisaquedar sentidocriaodahistria,textoeilustrao,dolivroinfantildeste projeto. A seguir, no prximo captulo ser apresentada de que forma as teorias sobre psicologia da cor foram agregadas ao livro, e como este foi construdo passo a passo de acordo com as etapas descritas no captulo 2.534 PROJETO DE LIVRO INFANTILOprojetoconsisteemestudareexecutartodasaspartesque compeolivroinfantil,desdeacriaodahistriaatailustrao eeditorao.Normalmente,comocitadonocaptulo2,noocorre damesmapessoacumprirastrsfunes,porm,estetrabalhovisaa experimentao de todas as etapas da produo, sendo sim possvel, com muitas horas de dedicao, a criao de um livro infantil por completo.O objetivo didtico desta obra a imerso da criana (ou adulto) notemaPsicologiadasCores.Porserumestudodacorraramente encontrado fora de livros tcnicos e cientfcos, pensou-se na possibilidade de transformar as teorias escritas em imagens. No se trata de um livro didtico, onde se torna explcita a inteno do aprendizado, mas sim, de umlivroldico,ondeseroapresentadosmuitossignifcadosdascores atravs de uma histria, com personagens e cenrios. Acredita-se, como afrmaSmith(1990),queolivroinfantilcativa,emocionaefornece aprendizadomuitasvezescommaisefcinciadoquelivrostcnicos sobre o mesmo assunto.O pblico alvo deste projeto, inicialmente consiste em crianas de 7 a 9 anos de idade. Porm, estima-se que o contedo do livro seja de interesse tambm dos adultos, pois trata-se de um tema tcnico-cientfco queutilizadoemvriasprofsses,comodesign,publicidade,arte, arquitetura, decorao, moda, ou seja, todas aquelas que trabalham com cores. No entanto, no se exclui a possiblidade de haver interesse sobre o tema, por pessoas de outras reas.Seguindoamaneiraquefoidivididooitem2.2Etapasde criao,estecaptuloapresentaodesenvolvimentodoprojeto-livroem cada uma de suas etapas: textual, visual e editorial.4.1 A ideiaAvontadedecriarumlivroinfantilexistia,sfaltavaaideia. Assim,rebuscou-senamemriaassuntosinteressantesereferncias quepoderiamservirparaumaboahistria. Ainspiraosurgiuatravs darecordaodositewww.mariaclaudiacortes.com,quehaviasido recomendadonocomeodafaculdade.OsiteconsisteemumMotion-designsobrePsicologiadasCores,desenvolvidoporCortescomoseu projeto de mestrado. Outro elemento que trouxe inspirao foi a leitura do livro Alice: Edio Comentada (2002), uma publicao especial que traz 54Aventurasde AlicenoPasdasMaravilhas& AtravsdoEspelhocom comentrios sobreossignifcados por trs danarraoerelatossobrea vida do autor, Lewis Carrol.Comauniodasduasreferncias,surgiuaidiadecriaros MundosdasCores,ondecadacorpossuiriaseuprprioMundo,que expressariatodosseussignifcadospsicolgicos.Eodesenvolvimento dessasilustraestevecomorefernciaolivroOndeestWally?de Martin Handford.4.2 A HistriaInicialmente o ponto principal da histria foi o desenvolvimento de um Mundo para cada cor. Foram escolhidas as 6 cores principais, as primrias e secundrias, com referncia ao esquema publicitrio segundo Farina (2006): vermelho, azul, amarelo, laranja, verde e violeta. Cada Cor Mundovisitadapelapersonagemprincipal,edentrodessarealidade paralela,ocenrio,asatividades,aspersonagens,absolutamentetudo estdeacordocomascaractersticaspsicolgicasrelacionadasaessa cor,descritaspelosautorespesquisados.Apartirdisso,ahistriacom comeo, meio e fm foi criada.Em resumo, trata-se de Matiza, uma menina de aproximadamente 10anosquenomuitodecidida,nopossuimuitosgostosenem amigos,enofazpartedenenhumgruponaescola.Suaformadeser aincomodaaindamaisquandoquestionadaemsalasobrequalsua cor favorita. Andando de volta para casa no meio da chuva, encontra um guarda-chuva preto que ao coloc-lo sobre a cabea ele se fecha em volta dela. Quando consegue se livrar, est em outro lugar, em um espao vazio com seis portas coloridas. A porta violeta se abre e sai dela um garoto. Ele o guia do Mundo Violeta e ir apresentar a Matiza todo o cenrio e Imagem do site www.mariaclaudiacortes.com55os personagens que transmitem os signifcados da cor. Matiza puxada ecarregadapeloMundo,enquantosoguiafalaeexpeasprincipais caractersticas de seu lugar. No fm do passeio o garoto a convida a fcar ali, sendo que se