LUIZ ROMERO

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PRIMEIRA GERAÇÃO DO MODERNISMO: MÁRIO DE

ANDRADE E MANUEL BANDEIRA

LITERATURA ... 17/08/2020

LITERATURA BRASILEIRAMODERNISMO

Luiz Romero Lima2

AULA 2: MÁRIO DE ANDRADE (1893-1945)

• Rapsódia primitivista: “herói sem nenhum caráter”• Sátira à linguagem usual• Valorização do folclore e das lendas nacionais• Adoção de uma linguagem “oral”• Tentativa de “redefinição do brasileiro”

• Identificação com o Primitivo

• Intertextualiza com vários estilos

FICÇÃO – Macunaíma (1928)

POESIA : Paulicéia Desvairada (1922)Lira paulistana (1946)

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Descobrimento• Abancado à escrivaninha em São Paulo

• Na minha casa da rua Lopes Chaves

• De supetão senti um friúme por dentro.

• Fiquei trêmulo, muito comovido

• Com o livro palerma olhando pra mim.

• Não vê que me lembrei que lá no norte, meu Deus!

• [muito longe de mim,

• Na escuridão ativa da noite que caiu,

• Um homem pálido, magro de cabelo escorrendo nos olhos

• Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,

• Faz pouco se deitou, está dormindo.

• Esse homem é brasileiro que nem eu...

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(ENEM) O poema Descobrimento, de Mário de Andrade, marca a posturanacionalista manifestada pelos escritores modernistas. Recuperando o fatohistórico do “descobrimento”, a construção poética problematiza arepresentação nacional a fim de

a) Resgatar o passado indígena brasileiro.

b) Criticar a colonização portuguesa no Brasil.

c) Defender a diversidade social e cultural brasileira

d) Promover a integração das diferentes regiões do pais.

e) Valorizar a Região Norte, pouco conhecida pelos brasileiros

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02. NO POEMA DESCOBRIMENTO, O EU LÍRICO OU EU POÉTICO

A) EVIDENCIA UM APEGO À RELIGIOSIDADE.

B) SURPREENSDE-SE DIANTE DE UMA REALIDADE INCOMUM.

C) EXPRESSA UM MOMENTO DE REFLEXÃO E DE PREOCUPAÇÃO SOCIALCOM O OUTRO.

D) REVELA-SE CONTRADITÓRIO, AO IGULAR-SE A UM HOMEMADORMECIDO.

E) REVELA-SE EUFÓRICO COM E DESPREOCUPADO COM A SITUAÇÃOSOCIAL DO OUTRO.

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Macunaíma: a redefinição do herói nacional

• No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Erapreto retinto e filho da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tãogrande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumaspariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram Macunaíma.• Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seisanos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:• – Ai! Que preguiça!...•******************************

“Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceuIracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos maisnegros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favoda jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha rescendia nobosque como seu hálito perfumado” (Iracema – José de Alencar)

FICÇÃO:

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AULA 3: MANUEL BANDEIRA (1886-1968)

•A cinza das horas (1917)•Carnaval (1919) – “Os sapos”•Ritmo dissoluto (1924)• Libertinagem (1930) – “Poética”• Estrela da manhã •Lira dos cinquent’anos

OBRAS PRINCIPAIS:

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• Tom confessional (poesia do EU)• Valorização do cotidiano• Enfoque à doença (tuberculose) e à morte• Valorização das coisas mais simples da vida• A temática do desejo insatisfeito• A simplicidade expressiva• Recordações de Recife: família, infância …• Poesia social

TEMAS E CARACTERÍSTICAS

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Poema Tirado de uma Notícia de Jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número

Uma noite ele chegou no bar Vinte de NovembroBebeuCantouDançou

Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

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01. Manuel Bandeira vale-se, nesse poema, de uma específica proposição poética do Modernismo de 22:

(A) transcrever matérias de jornal, confiando em que a linguagem deste dispense toda e qualquer interferência do poeta.

(B) revestir as notícias de jornal da retórica característica da linguagem literária mais burilada.

(C) surpreender no cotidiano, em linguagem despojada, a poesia direta, bruta e desconcertante da vida.

(D) ironizar os defensores do verso livre, que acreditavam ser possível fazer poesia abdicando da regularidade da métrica.

(E) reconhecer os fatos da realidade como fonte de produção no campo da ficção.

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02. O fato jornalístico que está na base do poema

(A) não apresenta, em si mesmo, nada que possa provocar o interesse do público.

(B) funciona como uma denúncia da discriminação social sofrida por certa classe de trabalhadores.

(C) ganha repercussão ao apontar para a tragédia amorosa de que João Gostoso foi protagonista.

(D) é representado como uma cadeia de ações com final insólito, aparentemente injustificável.

(E) manifesta a insatisfação do poeta em abordar a temática do cotidiano.

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03. Ao afirmar que seu poema foi tirado de uma notícia de jornal,Manuel Bandeira lembra-nos uma característica marcante de sua poesia:

A) a depuração, pela qual seus versos se limitam às palavras essenciais dapoesia mais simples.B) a sátira, pela qual se condena a banalidade do cotidiano em que os poetas

medíocres enxergam poesia.C) o confidencialismo, pelo qual o poeta pretende se tornar íntimo de seusleitores.D) o preciosismo, pelo qual o poeta recupera traços estilísticos do antigojornalismo literário.E) a ironia, pela qual o poeta critica os jornais que trazem matérias deconteúdo violento.

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Pneumotórax• Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.

• A vida inteira que podia ter sido e que não foi.

• Tosse, tosse, tosse.

• Mandou chamar um médico:

• – Diga trinta e três.

• – Trinta e três... trinta e três... trinta e três...

• – Respire.

• .....................................................................................

• – O Senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o

•[pulmão direitoinfiltrado.

• – Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?

• – Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

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01. Tendo em vista a estética modernista brasileira, é correto afirmar que, nopoema Pneumotórax,

a) incorporam-se elementos do cotidiano, o que era comum no Modernismobrasileiro.

b) verifica-se organização linguística própria do Simbolismo.

c) evocam-se solenemente imagens que representam o destino humano.

d) não se apresenta praticamente nenhum traço estético do Modernismo.

e) identifica-se organização linguística mais ligada ao Parnasianismo.

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Poética

Estou farto do lirismo comedidoDo lirismo bem-comportado[. . .]Estou farto do lirismo namoradorPolíticoRaquíticoSifilítico[. . .]Quero antes do lirismo dos loucosO lirismo dos bêbedosO lirismo difícil e pungente dos bêbedosO lirismo dos clowns de Shakespeare

– Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

(BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 2009, p.120)

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01. O poema de Manuel Bandeira pode ser visto como uma espécie de

manifesto à poesia modernista. Que tipo de lirismo reivindica o eu lírico?

a) o lirismo oportunista.

b) o lirismo autoflagelado.

c) o lirismo sofrência.

d) o lirismo fingimento.

e) o lirismo espontâneo.

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Evocação do Recife

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros

Vinha da boca do povo na língua errada do povo

Língua certa do povo

Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil

Ao passo que nós

O que fazemos

É macaquear

A sintaxe lusíada…

(BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.)

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02. (ENEM) Segundo o poema de Manuel Bandeira, as variações linguísticas originárias

das classes populares devem ser

a) satirizadas, pois as várias formas de se falar o português no Brasil ferem a língua

portuguesa autêntica.

b) questionadas, pois o povo brasileiro esquece a sintaxe da língua portuguesa.

c) subestimadas, pois o português “gostoso” de Portugal deve ser a referência de

correção linguística.

d) reconhecidas, pois a formação cultural brasileira é garantida por meio da fala do povo.

reelaboradas, pois o povo “macaqueia” a língua portuguesa original.

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Os sapos

Enfunando os papos,

Saem da penumbra,

Aos pulos, os sapos.

A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,

Berra o sapo-boi:

– “Meu pai foi à guerra”

– “Não foi” – “Foi” – “Não foi!”.

03. As duas estrofes são do poema Os sapos, de

Manuel Bandeira, e foi declamado por Ronald de

Carvalho no segundo sarau da Semana de Arte

Moderna (1922), sob vaias e gritarias. O público,

durante a leitura, gritava em uníssono: “Foi, não

foi!”. O deboche era endereçado aos poetas do

a) parnasianismo.

b) romantismo.

c) arcadismo.

d) barroco.

e) futurismo.

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O texto abaixo transcrito é parte de importante obra em prosa da primeira Geração do

Modernismo brasileiro (1922-1930):

“Nas conversas das mulheres no pino do dia o assunto era sempre as peraltagens do

herói. As mulheres se riam, muito simpatizadas, falando que “espinho que pinica, de

pequeno já traz ponta”, e numa pajelança Rei Nagô fez um discurso e avisou que o

herói era inteligente”.

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04. São marcantes as aventuras do “herói sem nenhum caráter”, do “herói de nossa

gente” que se encontram no romance:

a) Macunaíma.

b) Triste Fim de Policarpo Quaresma.

c) Serafim Ponte Grande.

d) Grande Sertão: veredas.

e) São Bernardo.

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05. Leia o texto a seguir e responda à questão proposta.

No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era

preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio

foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas

pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.

Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis

anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:

– Ai que preguiça!...(Macunaíma. Edição especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. P.15)

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A ausência de caráter do “herói”, sua preguiça e malícia, seu individualismo, tudo isso

pode ser visto como o resultado confuso da influência de várias culturas mal-assimiladas;

e, nesse sentido, Macunaíma passa a constituir uma espécie de personificação do Brasil.

Que característica de Macunaíma se evidencia no fragmento acima?

a)Mentiroso.

b)Malandragem.

c)Dorminhoco.

d)Sentimentalismo.

e)Desinteresse.