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Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da República

Gilberto GilMinistro da Cultura

Juca FerreiraSecretário-Executivo

Célio TurinoSecretário de Programas e Projetos Culturais

Orlando SennaSecretário do Audiovisual

Sérgio MambertiSecretário da Identidade e Diversidade Cultural

Paulo MiguezSecretário de Políticas Culturais

Sérgio XavierSecretário de Fomento e Incentivo à Cultura

Márcio MeiraSecretário de Articulação Institucional

Letícia SchwarzDiretora de Gestão Estratégica

Elaine Rodrigues SantosDiretora de Gestão Interna

Luiz Artur ToribioAssessor de Comunicação

Nossos agradecimentos à Comissão de

Educação e Cultura da Câmara dos Deputados,

à Comissão Mista de Orçamento do Congresso

Nacional e aos demais Parlamentares, represen-

tantes das duas Casas, por colaborar com a am-

pliação e o fortalecimento do Programa Cultura

Viva, por meio de emendas que propiciaram

maiores recursos aos Pontos de Cultura.

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A verdadeira cultura transcende fronteiras (Luiz Inácio Lula da Silva), 6

Que acontece quando se liberta um pássaro? (Gilberto Gil), 8

Oportunidades de voz, de comunicação e de vida (Juca Ferreira), 10

Desescondendo o Brasil profundo (Célio Turino), 14

O que é o Cultura Viva?, 18

Ponto de Cultura, 20Para ser um ponto de cultura, 21Após esses passos o ponto recebe, 21Os Pontões, 21Governos estaduais e prefeituras, 22Pontos de Cultura no exterior, 22

Outras Ações, 24Agente Cultura Viva, 24Cultura Digital, 24Escola Viva, 26Griôs – mestres dos saberes, 28Investimentos Federais no Programa Cultura Viva, 29

Avaliação e construção do programa, 30Meios de difusão e comunicação, 30Conselho Consultivo do Programa Cultura Viva, 31Revista Cultura Viva, 31Expedições Cultura Viva, 31

Gestão compartilhada e transformadora, 32Potencialização e encantamento social, 32Compartilhar e transformar, 33Tradição, memória e ruptura, 36Gestão em rede, 37A dimensão do desenvolvimento na cultura, 38Algo de novo é possível, 39

Experimentação, memória e invenção (Gilberto Gil), 40

Portaria de criação do Programa Cultura Viva, 46

Edital de Divulgação nº 1, 48

Pontos de Cultura selecionados, 52

Sumário

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“Que acontece quandose solta uma mola

comprimida, quando seliberta um pássaro,

quando se abrem ascomportas de uma

represa? Veremos...”

Gilberto Gil

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A verdadeira culturatranscende fronteiras*

* Trechos do discurso proferido na cerimônia deentrega da Ordem do Mérito Cultural.Palácio do Planalto, 09 de novembro de 2004.

“O que estamos celebrando hoje é,

acima de tudo, o reconhecimento

ao que temos de mais caro na

alma nacional: nossa cultura -

presente na grande arte do futebol,

aqui representada pelo rei Pelé, na

encantadora música de Caetano e

no imenso legado de Orlando Villas

Bôas, Fernando Sabino, Rachel de

Queiroz e, ainda, de nosso querido

Renato Russo.

A alma brasileira também está impressa nosgibis de Maurício de Sousa, nos quais nossos filhoslêem algumas de suas primeiras palavras - inclusiveaprendendo errado, com o Chico Bento, algumasdelas – e na forma pela qual cada uma das quaren-ta personalidades e dos grupos que hoje recebem aOrdem do Mérito Cultural reinventam e transfigu-ram o mundo com sua imaginação criadora.

E aqui incluo os homenageados e homenagea-das que, embora tenham trabalhado com afinco etalento durante toda a sua vida, ainda não merece-

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ram o devido reconhecimento nos grandes teatros,nas livrarias, no rádio ou na televisão.É o caso daMaria, da Regina e da Conceição das Neves,deficientes visuais que vieram de Campina Grande,lá na Paraíba, para nos brindar com a luz de suasvozes. Ou do Povo do Açude, da Serra do Cipó,em Minas, que mantém viva a dança doCandombe desde o tempo dos escravos.

Juntos, essas personalidades e esses gruposevidenciam a força de nossa identidade cultural.Uma identidade plural, nascida em meio à riquezaartística e imaginativa dos povos que deram origemà nação brasileira. E que sempre manteve fértildiálogo entre a arte popular e a erudita, entre asexpressões genuinamente brasileiras e aquelasrecebidas de outros países.

E nós sabemos que tudo isso só é possívelporque a verdadeira cultura transcende fronteiras,sejam elas entre países, etnias, classes sociais ereligiões.

Meus amigos e minhas amigas, estamos empe-nhados, governo e sociedade, em criar o máximode possibilidades para expressar, cada vez mais,nossa criatividade.Uma política cultural contem-porânea precisa ampliar o acesso aos bens emanifestações culturais, ao mesmo tempoexpandindo a possibilidade de as pessoasdarem vazão a seu espírito criador. Com osPontos de Cultura, por exemplo, o compa-nheiro Gilberto Gil e sua equipe começa-rão, em breve, a repassar às comunida-des organizadas não só verba paraseus projetos, mas também câmerasde vídeo e computadores.

Nosso objetivo é que os artistaspopulares consigam materiali-zar sua criatividade tam-bém em produtosaudiovisuais e digitais,usando a tecnologiacomo forma de divulga-ção. Duzentos e sessentae dois Pontos já foramselecionados por meiode edital e os primeiroscontratos estão sendoassinados. O quepropiciará, não sóàs comunidadesurbanas, mastambém às

indígenas e quilombolas, acesso aos meios deprodução e expressão de sua riqueza cultural. Em2005, mil comunidades terão sido selecionadas.

Ao mesmo tempo, fortalecemos nossa políticade incentivo à produção cultural, para que novostalentos tenham acesso a financiamentos, enquantotrabalhamos nos aperfeiçoamentos legislativos quetêm por objetivo valorizar e apoiar a livre difusãocultural (...).

Com toda a sua autonomia, com liberdade esem nenhuma obrigação propagandística, a artetem uma capacidade quase mágica de falar àsmentes e aos corações de cidadãos e cidadãs dequalquer nacionalidade, compartilhando sensibili-dades. Por isso mesmo, constitui poderoso instru-mento de construção da paz.

Todos os que estão sendo homenageados aqui,hoje, têm um importante papel nesse processo deconstrução. E é por isso que desejo agradecer atodos vocês pelo que têm feito por nosso País edar-lhes os meus mais sinceros parabéns”.

Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente da República

Imagem:Grupo de Teatro Mamulengo Presepada

Projeto Oficina de Teatro Invenção Brasileira

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O Ministério da Cultura lança seu

programa mais abrangente e

profundo do campo da cidadania

cultural. Uma iniciativa de do in

antropológico - expressão que

utilizei em meu discurso de posse.

Nos primeiros dias de gestão, definimos que aação do MinC se daria a partir de um conceito comtrês dimensões articuladas: cultura como usina desímbolos, cultura como direito e cidadania, culturacomo economia. Este programa se inclui na primei-ra e na terceira dimensões, mas diz respeitosobretudo à segunda. Os Pontos de Cultura sãointervenções agudas nas profundezas do Brasilurbano e rural, para despertar, estimular e projetaro que há de singular e mais positivo nas comunida-des, nas periferias, nos quilombos, nas aldeias: acultura local.

Não falo de dar o peixe, nem de ensinar apescar. Falo de potencializar a “pesca” que se fazhá muito tempo, em especial nas áreas de riscosocial, nos territórios de invisibilidade, nos grotõese nos guetos das grandes cidades brasileiras, ondepulsa uma cultura e uma arte tão fortes, mas tãofortes, que não há miséria, não há indigência, nãohá descaso ou violência que as façam calar. Ao

Que acontece quandose liberta um pássaro?

Pronunciamento sobre o Programa Cultura Viva

Berlim, Alemanha, 2 de setembro de 2004.

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contrário, elas crescem, elasse consolidam, elas sedesdobram e interagemcom outras manifestações,influenciando diretamente acultura da esfera midiática enacional.

Cada Ponto de Cultura será umamplificador das expressões culturaisde sua comunidade. Onde se faz (ou sequer fazer) música, haverá um estúdio degravação digital, com capacidade paragravar, fazer uma pequena tiragem deCDs e botar na Internet o que foigravado. Onde se faz (ou se querfazer) vídeo, cinema ou televisãocomunitária, haverá um estúdio devídeo digital, com câmera, ilha deedição, microfones e mala de luz.E mais: dança, teatro, leitura,artes visuais, web, enfim, o que acomunidade quiser e puder, ousare fizer, sonhar e materializar.

O Ministério da Cultura entracom os conceitos, os recursos, o acompanhamento,o treinamento dos monitores, a articulação institu-cional e a rede - aspecto vital do programa. Todosos Pontos de Cultura estarão em rede, a fim detrocar informações, experiências e realizações. Osparceiros locais, por sua vez, entram com osespaços, a gestão e um punhado de compromissos:responsabilidade, transparência, fidelidade aosconceitos, inserção comunitária, democracia,intercâmbio. Os Pontos de Cultura terão a cara deseus usuários.

Em alguns lugares, haverá também um Pontode Cultura maior, a ser construído oureaproveitado, o qual servirá de base para asdemais intervenções em grandes regiões ou Capi-tais. Comunidades e criadores poderão escolheratividades, equipamentos, treinamentos. Serão, aomesmo tempo, usuários e gestores, por intermédiode conselhos e de parceiros - ONGs ou poderpúblico local.

Trata-se, pois, de um programa flexível, que semolda à realidade, em vez de moldar a realidade.Um programa que será não o que o governantepensa ser certo ou adequado, mas o que o cidadãodeseja e consegue tocar adiante. Nada de grandio-so, certamente. Mas sua multiplicação integrada,com banda larga e sites, emissoras de TV e rádiocomunitárias, programas na TV pública e jornais

comunitários, deve produziruma revolução silenciosa no País,

invertendo o fluxo do processohistórico. Agora será da periferia à

periferia: depois, ao centro.

Vale dizer que esperamos a adesão de parceirosempresariais - para, inclusive, viabilizar a criaçãode Pontos de Cultura no exterior, onde quer queexista expressivo número de brasileiros - e fecha-mos um acordo com o Ministério do Trabalho eoutros parceiros, a fim de que os jovens monitoresrecebam uma bolsa mensal e tenham, no Ponto,uma referência de capacitação profissional e deformação para a cidadania.

O programa Cultura Viva é, sobretudo, umapolítica pública de mobilização e encantamentosocial. Mais que um conjunto de obras físicas eequipamentos, implica a potencialização dasenergias criadoras do povo brasileiro. Não pode serconsiderado um simples “deixar fazer”, poisprovém de uma instigação, de uma emulação, queé o próprio do-in antropológico. Mas os rumos, asescolhas, as definições ao longo do processo, sãolivres. E os resultados, imprevisíveis. E, provavel-mente, surpreendentes. Seu sucesso depende deinteração, de troca de informações e de ampladistribuição de conhecimento e de realizações.

Que acontece quando se solta uma molacomprimida, quando se liberta um pássaro, quandose abrem as comportas de uma represa? Veremos...

Gilberto GilMinistro da Cultura

Imagem:Grupo Cultural Afro

Reggae ProjetoLevantando a Lona

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Diversas razões guiaram o

Ministério da Cultura no objetivo de

dotar o Brasil de um programa de

cidadania realmente abrangente,

ousado, do tamanho do País.

Ao fazer um exame cuidadoso da cena culturalbrasileira, não poderíamos deixar de considerar oimpacto, em todas as dimensões da experiêncianacional, especialmente a cultural, da enormedívida do Estado com as populações de baixarenda, desprovidas de acesso e usufruto de direitoselementares - especialmente as gerações maisjovens, mais claramente vulneráveis à violência. Poroutro lado, não poderíamos deixar de considerar asignificativa resistência, por meio de sistemas,práticas e valores culturais, destas comunidades.Iniciativas que fortaleceram, em vez de dissolver, oslaços sociais de crianças, jovens e adultos.

Deslocando o MinC da posição marginal a quefoi relegado em governos anteriores e ao colocarem prática a robusta – e necessariamente trans-versal - ação de inclusão social ora em curso, oGoverno Lula optou por reconhecer acentralidade da cultura no impulso de um desen-volvimento sustentável e, em especial, a impor-tância da cultura.

Oportunidades de voz,de comunicação e de vida

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Ao tomar posse, o Ministro da Cultura, GilbertoGil, anunciou que haveria – como, de fato, houve– genuína transformação e ampliação do conceitode cultura nas ações de fomento e reconhecimentodo Estado brasileiro. O intenso processo deredemocratização do País exigiu o abandono dehistórica visão elitizada e concentradora. Visão quedesembocava numa política cultural voltada paramanifestações consagradas - atividades de pequenaparcela da população. Ao formular programasinéditos, como o Cultura Viva, passou-sea incluir a diversidade cultural brasileirano escopo das ações de fomento,incluindo o complexo índio e onegro-mestiço e envolvendo todasas linguagens e formações.

O Ministério reconheceu apluridimensionalidade da experiênciacultural. De modo geral, são três asdimensões interdependentes. Adimensão simbólica, relaciona-da ao imaginário, às expres-sões artísticas e práticasculturais; a cultura comocidadania, direito asseguradona Carta Magna, nas Declara-ções universais, condiçãoindispensável do desenvolvi-mento humano; finalmente, a culturacomo economia, geradora de crescimento,emprego e renda. O Programa Cultura Viva, assimcomo os Pontos de Cultura, atua nestas trêsdimensões.

Por meio do programa Cultura Viva, o MinCestará envolvendo milhões de jovens no desenvol-vimento de aptidões culturais e artísticas. Investi-mento que, certamente, reverterá em benefício detoda a sociedade brasileira, eis que atuando emfavelas e ajudando a cicatrizar nossas explosivasferidas sociais. Justamente por isso, um processo deinclusão social pela cultura não poderia ser progra-mado no vazio – ou estaria condenado de antemãoao fracasso, em conseqüência do seudesenraizamento comunitário.

Conforme Milton Santos, em sua inovadorageografia crítica, “a utopia deve ser construída apartir das possibilidades, a partir do que já existecomo germe e, por isso, se apresenta como algofactível”. Esta foi a direção da construção doprograma: criar ampla linha de ação a partir doque já existe e já atua, com legitimidade comunitá-ria. Refiro-me a entidades, órgãos locais e mecanis-

mos já existentes, que poderão ser fortalecidos,aperfeiçoados e continuamente avaliados.

O programa Cultura Viva traz, implícito, ummovimento estratégico de interação e repactuaçãosocial e política. O programa promove e possibilita,em larga escala, o encontro entre a população debaixa renda e outra parcela que, acuada pela insegu-rança, filha da enorme desigualdade social, tem hojemais acesso à Universidade, a serviços e bens

culturais. Por meio de oficinas e outros meios,será possível restabelecer parte do que foi

rompido, projetando um Brasil que nãoseja integrado apenas pela circulação -ainda que precária e não universal - demercadorias, mas também pela circula-ção de valores, produções simbólicas ediálogo, acentuando o trânsito dacultura popular nos mercados de massa eo diálogo criativo entre a cultura local e a

estrangeira. Uma redistribuição quetambém seja filha de efetiva

interação, permeada de trocasreais e afetivas entre os brasilei-ros. O Cultura Viva pavimenta ocaminho de reaproximação erepactuação entre os vários Brasis.

Muitos dos jovens que, aolongo dos anos, serão beneficiados

pelo programa Cultura Viva hoje seencontram fora dos ambientes da educaçãopública ou privada, apartados do mundo dotrabalho e, em muitos casos, já excluídos do tecidofamiliar. As linguagens artísticas podem desempe-nhar papel fundamental nesse processo de reinte-gração crítica, de recuperação da auto-estima e dosentimento de pertencimento comunitário dessascrianças e adolescentes, propiciando umreordenamento pessoal capaz de fazer frente àexperiência desagregadora da rua.

Considero, nesse sentido, que o significado doprograma está muito bem sintetizado. “CulturaViva”. Com este foco bem nítido, trata-se de incluirno circuito de trocas simbólicas uma população que,sobrevivendo em meio a violentas contrariedades,oferece imprescindível contribuição à formaçãocultural de todos os brasileiros. Uma cultura viva,porque diminui a segregação social do País, multipli-ca os espaços e as chances reais de cada um.Oportunidades de voz, de comunicação e de vida.

Juca FerreiraSecretário-Executivo do Ministério da Cultura

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13Imagem:

Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga - AGUAProjeto ECOS - Escola de Comunicação da Serra

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1. Verso extraído do poema Hino Nacional, de Carlos Drummond de Andrade.

2. “Águas são muitas”, da Carta do Descobrimento, de Pero Vaz de Caminha.

3. “O sociólogo que quiser compreender o Brasil não raro precisa transformar-se em poeta”, conclusão de Roger Bastide, sociólogofrancês e um dos primeiros professores da Universidade de São Paulo, in. Prefácio ao livro Brasil, país de contrastes.

Precisamos descobrir o Brasil!1 Precisamosdesesconder o Brasil, mostrá-lo para nós mesmos epara o mundo. Precisamos entender o Brasil: emlugar de conceitos rígidos, noções líquidas; emlugar da reta, a curva. Precisamos fundir-nos com oBrasil, tomar um banho em suas águas, que sãomuitas2. Precisamos conhecer mais os fenômenosem ebulição e construir conceitos que se modelemem contato com a realidade viva. Para compreen-der o Brasil, precisamos nos transformar empoetas3. Precisamos transformar o Brasil!

O Programa Nacional de Cultura, Educação eCidadania – Cultura Viva, nasce desse desejo. Porenquanto, o Cultura Viva é um programa doMinistério da Cultura, do Governo do Brasil, noentanto, nosso objetivo é consolidá-lo comopolítica de Estado, desenvolvendo ações transver-sais entre os Ministérios, estados e municípios. Aprimeira ação foi assinada com o Ministério doTrabalho e Emprego e vai garantir 50.000 bolsasanuais para jovens do Primeiro Emprego. Naseqüência, parcerias com os Ministérios das Comu-nicações e a Empresa Brasileira de Correios e

Telégrafos: ligação por internet em Banda Largapelo Governo Eletrônico – Serviço de Atendimentoao Cidadão (G-Sac) e distribuição de produtosculturais produzidos pelas comunidades; Ministériodo Meio Ambiente (Salas Verdes); Ministério daEducação (Escola Viva); Ministério do Desenvolvi-mento Social (erradicação do trabalho infantil e oFome Zero); Ministério da Ciência e Tecnologia(Casa Brasil e Telecentros) e todos os outros progra-mas e ações onde a cultura couber (e a culturacabe em todo lugar).

Para transformar o Brasil é preciso ir além deuma política de Estado, afinal, o Estado ainda é detão poucos. É preciso transformar o Cultura Vivaem política pública efetivamente apropriada porseu povo. “A sociedade é produzida por nossasnecessidades, o governo por nossa perversidade”(Thomas Paine, O Bom Senso). Mais que oferecerserviços públicos “para” o povo, é preciso compar-tilhar, unir afeições, promover felicidade. “A alegriaé a prova dos nove” (Oswald de Andrade, Manifes-to Antropofágico). Qualidades que o povo brasilei-ro tem de sobra. Porém, o caminho não é fácil.

Desescondendoo Brasil profundo

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Ao mesmo tempo em que olhamos para oBrasil e encontramos criatividade e solidariedade,defrontamo-nos com iniqüidade, injustiças, mauscheiros, maus tratos... Milhões habitando periferi-as, favelas e cortiços; outros tantos em municípiosdesasistidos; trabalhadores sem emprego; campo-neses sem terra; famílias sem teto; jovens semperspectiva de futuro; estudantes sem ensino dequalidade; índios sem direitos; um povo mestiçomas sem igualdade racial; os esquecidos; osdesvalidos... Os sem Estado.

Mesmo assim, o País resiste na solidariedadepopular. Mães sem emprego cuidam das criançasde mães que encontram trabalho. Aos domingos,amigos fazem mutirão para construir casas. Aofinal da jornada, churrasco, samba e cerveja. Osbrasileiros são inventivos, empreendedores ealegres. “Serão os atenienses da América se nãoforem comprimidos e desanimados pelo despotis-mo” (José Bonifácio de Andrada e Silva, Patriarcada Independência do Brasil). Precisamos moldar oEstado brasileiro à imagem de seu povo.

O Cultura Viva deseja contribuir para essaaproximação, em busca de um Estado ampliado. Éum programa de acesso aos meios de formação,criação, difusão e fruição cultural, cujos parceirosimediatos são agentes culturais, artistas, professo-res e militantes sociais que percebem a culturanão somente como linguagens artísticas, mastambém como direitos, comportamento e econo-mia. Há muitas ações de combate à exclusãosocial, cultural e digital já acontecendo. Fala-se dacriminalidade e do tráfico de drogas nas favelasdo Rio de Janeiro (e em todas as outras grandescidades), mas as pessoas envolvidas com isso sãominoria. Muito mais gente se mobiliza pararecuperar os morros, desenvolver música, dança,teatro... E com estética inovadora! Quem assistiuao filme Cidade de Deus, se impressiona com anarrativa ágil e atores vibrantes. Gente das favelas.Na maior favela de São Paulo, Heliópolis, as casasestão sendo pintadas com cores vivas. Unindo acomunidade, um conceituado arquiteto e empre-sas. No campo, trabalhadores sem terra criamsuas próprias escolas educando mais de 120.000

Imagem:Associação Casa das Artes de Educação e Cultura

Projeto Oficina de Arte da Casa da Mangueira

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A rede Cultura Vivadeve ser maleável,

menos impositiva nasua forma de

interagir com arealidade e, por isso,ágil e tolerante comoum organismo vivo.

crianças, além de alfabetizar jovens, adultos eidosos. Em um lixão de Maceió há um circo-escola e valentes guerreiras lutando contra aexclusão social. Uma nova postura vem sendoconstruída em um Brasil escondido.

Por isso potenciar o que já existe. Acreditar nopovo, firmar pactos e parcerias com o que o Brasiltem de melhor: o brasileiro. “O melhor do Brasil éo brasileiro” (Câmara Cascudo, folclorista). Masisso não significa um simples “deixar fazer”,porque, neste caso, os gostos e imposições daindústria cultural acabariam por prevale-cer. Da mesma forma, querer levar“luzes”, selecionar cursos eespetáculos que julgamos maisadequados e sofisticados,também continuariareproduzindo a mesmarelação de dependênciae subordinação eapenas trocaríamos odirigismo de mercadopelo de Estado.

Com o Cultura Vivavamos experimentaruma outra alternativa, odesenvolvimentoaproximal entre os Pontosde Cultura. Nossa idéia é ade que a troca, a instigação e oquestionamento, elementosessenciais para o desenvolvimento dacultura, aconteçam num contato horizontalentre os Pontos, sem relação de hierarquia ousuperioridade entre culturas. Um Ponto auxiliandooutro Ponto. Alguns oferecem uma experiênciamais avançada em teatro, outros em dança; açõessócio-educativas aprendem com a vanguardaestética que se encontra com a tradição e ajudama construir o novo. Uma troca entre iguais queaprendem entre si e se respeitam na diferença.

O papel da coordenação do programa é o delocalizar e formar mediadores na relação entreEstado e sociedade, aproximando as diferentesformas de expressão e representação artística,bem como diferentes visões de mundo. O progra-ma Cultura Viva ainda não tem uma respostaacabada a todo esse processo que apenas seinicia, mas, tenta identificar caminhos. Ou, pelomenos, identificar aqueles caminhos que nãodevem ser trilhados.

Na partida, evitamos uma estrutura fortementeinstitucionalizada e hierarquizada, pesada naforma de gestão e controle, muito comum naburocracia pública. Menos consensos fabricados(e sonhos roubados) e mais conexões de trabalhoque respeitem a diversidade e a busca de micro-soluções para o fortalecimento de redes sociais.Para sedimentar a rede, os Pontos de Cultura.

O nome Ponto de Cultura surge do discursode posse do ministro Gilberto Gil, “um do-inantropológico, um massageamento de pontos vitais

da Nação”. E que Nação é essa? De certonão é uma massa compacta e

estática e muito menos umconjunto de estereótipos e

tradições inventadas. ANação para a qual

olhamos precisa servista como um organis-mo vivo, pulsante,envolvido em contra-dições e que necessi-ta ser constantementeenergizado e equili-brado. Umaacupuntura social que

vai direto ao Ponto.“Quando há vida, há

inacabamento” (PauloFreire, educador), mais

processo e menos estruturaspré-definidas, menos fossilização

e mais vida.

A rede Cultura Viva deve ser maleável, menosimpositiva na sua forma de interagir com a reali-dade, e por isso, ágil e tolerante como um orga-nismo vivo. O objetivo é fazer uma integração dosPontos em uma rede global que aconteça a partirdas necessidades e ações locais. A interação entreo global e o local deve respeitar o crescimento dasações desenvolvidas em cada Ponto de Cultura,de modo que eles ganhem musculatura e estrutu-ra óssea e conquistem sua sustentabilidade eemancipação. Tal modo de pactuar com a socie-dade foi definido como Gestão Compartilhada eTransformadora e envolve os conceitos deempoderamento, autonomia e protagonismosocial. Enquanto nos afastamos das velhas “neo”cartilhas, clareamos os conceitos, à medida que aexperiência social avança e os fenômenos tornam-se explicitados. Menos receitadores e mais educa-dores, este parece ser um bom caminho.

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Nesta publicação estão algumas idéias, concei-tos e ações que nos permitiram iniciar a caminha-da: o Ponto de Cultura como espaço de sedimen-tação da macro rede Cultura Viva - de organizaçãoda cultura em nível local e de mediação na relaçãoentre Estado e sociedade e entre os outros Pontos,constituindo redes por afinidade; a Cultura Digitalcomo um instrumento de aproximação entre osPontos, que desencadeia um novo modo de pensara tecnologia, envolvendo generosidade intelectuale trabalho colaborativo (por isso, o software livre,adotado como opção tecnológica e filosófica); osAgentes Cultura Viva como protagonistas de umprocesso que integra inclusão social, econômica,cultural, digital e política na construção de umacidadania emancipatória; a Escola Viva comouma ação que integra o Ponto de Cultura à escola,apontando para um outro modelo de envolvimentosocial com a educação, que vai além dos murosescolares e ganha a cidade.

Definidas estas quatro ações (Ponto de Cultura,Cultura Digital, Agentes Cultura Viva e Escola Viva)observamos que faltava uma integração dialéticaentre tradição, memória e ruptura. Tradiçãoenquanto ponto de partida, memória enquantoreinterpretação do passado e ruptura enquantoinvenção do futuro. Assim, incluímos uma quintaação, o Griô, que será lançada até o final de 2005e oferecerá bolsas para os velhos mestres do saberpopular: os organizadores de quadrilhas, de foliasde reis, congadeiros, artesãos, paneleiras, rendei-ras, repentistas, rabequeiros, contadores de históri-as, construtores de brinquedos, baianas do acarajé,

mestres de capoeira... Velhos brasileiros que tantasabedoria têm a nos oferecer. Cada um receberáum salário mínimo por mês para formar jovensaprendizes e continuar fazendo exatamente o quejá fazem. Griô foi a forma abrasileirada queencontramos para a expressão em francês Griot,que designa artistas e narradores de história daÁfrica Ocidental, homens que caminhavam (ecaminham) de aldeia em aldeia repassando ahistória de seu povo. Ao transformarmos o Griô emuma ação do Programa Cultura Viva, pretende-mos nos aproximar ainda mais do saber popular enos encontrar com a África.

Unindo o conjunto de ações, um programa natelevisão, uma revista, cartazes murais e portal pelainternet, efetivando a integração em rede e oprotagonismo dos Pontos de Cultura. Assim,mergulhamos em um Brasil profundo, escondido.“Um outro mundo é possível” (Fórum SocialMundial). Esse é o caminho que escolhemos e parao qual convidamos todos aqueles, brasileiros ounão, a caminhar conosco, por uma Cultura Viva.

Célio TurinoSecretário de Programas e Projetos Culturais

Coordenador do Programa Cultura Viva

Imagem:Associação Casa das Artesde Educação e CulturaProjeto Oficina de Arte daCasa da Mangueira

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O programa Cultura Viva é concebido comouma rede orgânica de criação e gestão cultural,mediado pelos Pontos de Cultura, sua principalação. A implantação do programa prevê umprocesso contínuo e dinâmico e seu desenvolvi-mento é semelhante ao de um organismo vivo,que se articula com atores pré-existentes. Emlugar de determinar (ou impor) ações e condutaslocais, o programa estimula a criatividade,potencializando desejos e criando situações deencantamento social.

Encantamento social pressupõe envolvimentointelectual e afetivo, criando uma mágicamotivadora em que as pessoas cada vez mais sãoestimuladas a criar e participar. No entanto, “...se opovo sabe o que quer, ele também quer o que nãosabe”*. Para saber é preciso conhecer, formargosto, ganhar competência para interpretar signos ecódigos. O papel da coordenação do programaserá o de fomentar o processo de reinterpretaçãocultural, estimulando a aproximação entre diferen-tes formas de representação artística e visões demundo.

“Aqui se faz cultura” pode ser um dos lemas dosPontos de Cultura, que, ao serem reconhecidoscomo sujeitos, também reconhecem os outros,intensificando a troca entre si. O papel do Ministé-rio da Cultura é o de agregar recursos e novascapacidades a projetos e instalações já existentes,oferecendo equipamentos que amplifiquem aspossibilidades do fazer artístico e recursos para

uma ação contínua junto às comunidades. Sãoobjetivos do Cultura Viva:

• ampliar e garantir o acesso aos meios defruição, produção e difusão cultural;

• identificar parceiros e promover pactos comdiversos atores sociais governamentais e não-governamentais, nacionais e estrangeiros,visando um desenvolvimento humano sustentá-vel, tendo na cultura “a principal forma deconstrução e de expressão da identidade nacio-nal, a forma como o povo se reinventa e pensacriticamente”;

• incorporar referências simbólicas e linguagensartísticas no processo de construção da cidada-nia, ampliando a capacidade de apropriaçãocriativa do patrimônio cultural pelas comunida-des e pela sociedade brasileira como um todo;

• potencializar energias sociais e culturais, dandovazão à dinâmica própria das comunidades eentrelaçando ações e suportes dirigidos aodesenvolvimento de uma cultura cooperativa,solidária e transformadora;

• fomentar uma rede horizontal de “transforma-ção, de invenção, de fazer e refazer, no sentidoda geração de uma teia de significações que nosenvolve a todos”;

• estimular a exploração, o uso e a apropriaçãodos códigos de diferentes meios e linguagens

O que é o Cultura Viva?

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artísticas e lúdicas nos processos educacionais,bem como a utilização de museus, centrosculturais e espaços públicos em diferentessituações de aprendizagem e desenvolvendouma reflexão crítica sobre a realidade em queem que os cidadãos se inserem;

• promover a cultura enquanto expressão erepresentação simbólica, direitos e economia

QUAL O PÚBLICO PRIORITÁRIO DO CULTURA VIVA?

• Populações de baixa renda, habitando áreascom precária oferta de serviços públicos, tantonos grandes centros urbanos como nos peque-nos municípios;

• adolescentes e jovens adultos em situação devulnerabilidade social;

• estudantes da rede básica de ensino público;

• habitantes de regiões e municípios com granderelevância para a preservação do patrimôniohistórico, cultural e ambiental brasileiro;

• comunidades indígenas, rurais e remanescentesde quilombos;

• agentes culturais, artistas e produtores, professo-res e coordenadores pedagógicos da educaçãobásica e militantes sociais que desenvolvemações de combate à exclusão social e cultural;

• e todo brasileiro que sonha com uma culturaviva.

O Programa Cultura Viva é constituido de cincoações, descritas a seguir.

* Todas as expressões entre aspas pertencem ao discursode posse do Ministro Gilberto Gil (constante no anexo).

Imagem:Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga - AGUA

Projeto ECOS - Escola de Comunicação da Serra

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“Dê-me uma alavanca e um ponto

de apoio, e eu moverei o mundo”.

Arquimedes (matemático grego –

supostamente entre 287 a.C. e

212 a.C.)

O Ponto de Cultura é a ação prioritária doPrograma Cultura Viva e articula todas as suasdemais ações. Ele é a referência de uma redehorizontal de articulação, recepção e disseminaçãode iniciativas e vontades criadoras. Uma pequenamarca, um sinal, um ponto sem gradação hierár-quica, um ponto de apoio, uma alavanca para umnovo processo social e cultural. Como um media-dor na relação entre Estado e sociedade, e dentroda rede, o Ponto de Cultura agrega agentesculturais que articulam e impulsionam um conjuntode ações em suas comunidades, e destas entre si.

O Ponto de Cultura não tem um modeloúnico, nem de instalações físicas, nem de progra-mação ou atividade. Um aspecto comum a todosé a transversalidade da cultura e a gestão com-partilhada entre poder público e comunidade.Por comunidade entendemos não somente osagentes estritamente ligados à produção artística,como também usuários e agentes sociais em umsentido amplo.

A adesão à rede de Pontos de Cultura évoluntária e dá-se a partir de chamamento público,por edital. O Ponto pode ser instalado em umapequena casa, ou barracão, em um grande centrocultural, ou museu... Basta que os agentes dacultura viva se apresentem e se ofereçam. A partirdo Ponto, desencadeia-se um processo orgânicoagregando novos agentes e parceiros e identifican-do novos pontos de apoio: a escola mais próximaque mantém suas instalações e recursos fechados àcomunidade do entorno, o salão da igreja, a sededa sociedade amigos do bairro, a garagem dealgum voluntário que sonhou com (e fez) umabiblioteca comunitária. Até – por que não? – asombra de uma árvore.

São inúmeras as possibilidades de combinaçãode ações a partir das disponibilidades vinculadas àdinâmica própria de cada comunidade. A partirdessa dinâmica, serão definidas as necessidades deinstalação física e de equipamentos de cada Pontode Cultura. Em um deles, o eixo pode ser acapoeira; em outro, um estúdio de gravação dehip-hop; em outro ainda, uma oficina de restaura-ção, grupo de teatro ou de mímica, oficina deprodução de textos e roteiros, atividades circences,coral, círculo de leitura, cineclube, produção deprogramas para radiodifusão, balé moderno ouclássico, pólo de produção de vídeo digital, breakou danças regionais, oficina de escultura oudesenho, aula de violão ou percussão. Quemescolhe é o povo. Às escolhas, o Ministério da

Ponto de Cultura

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Cultura agregará novas ações e circuitos culturais.Pontos de diferentes matizes estarão instigandoseus pares. Até que o eixo de cada Ponto passe aagregar novos eixos e a partir de um ponto surjauma espiral.

Enfim, o Ponto de Cultura será “uma espéciede ‘do-in’ antropológico, massageando pontosvitais, mas momentaneamente desprezados ouadormecidos, do corpo cultural do País (...)”; “seráo espaço da experimentação de rumos novos. Oespaço da abertura para a criatividade popular epara as novas linguagens. O espaço de disponibili-dade para a aventura e a ousadia. O espaço damemória e da invenção”*.

Para ser um

Ponto de Cultura:

• deve-se participar do edital de divulgação doMinistério da Cultura, enviando projeto paraanálise da Comissão Nacional de Avaliação,

composta por autoridades governamentais epersonalidades culturais;

• havendo a inclusão por seleção, será celebradoconvênio com o Ministério da Cultura.

Após esses passos,

o Ponto recebe:

• até 185 mil reais, em parcelas semestrais, parainvestir no prazo de dois anos e meio, conformeprojeto definido pelo próprio Ponto;

• 50 bolsas do Programa Primeiro Emprego doMinistério do Trabalho e Emprego, no valor de150 reais, para jovens de 16 a 24 anos. Cadabolsa tem a duração de seis meses. Findo oprazo, outro jovem é selecionado. O jovemganha para desenvolver o projeto do Ponto efrequentar cursos que o capacitem para gerarrenda própria a partir da cultura, e melhorexercer sua cidadania;

Parte do incentivo recebido na primeira parcela,no valor mínimo de 25 mil reais, deverá ser utiliza-do para aquisição de equipamento multimídia emsoftware livre (os programas serão oferecidos pelacoordenação), composto por microcomputador,mini-estúdio para gravar cd, câmera digital, ilha deimagem e o que seja importante para o Ponto. Osequipamentos conectam-se por meio de internetbanda larga, tecendo uma grande rede de Pontosespalhados pelo Brasil e pelo exterior, na qualcircularão imagens, sons e produtos – base de umsistema de produção material e imaterial comparti-lhada. Para o melhor desempenho dessa ação, háconversações em andamento entre o Ministério daCultura e o Programa G-sac, do Ministério dasComunicações.

Os Pontões

Quando em uma localidade houver certa“densidade” de Pontos de Cultura, o Ministérioda Cultura proporá a constituição de Pontões.Grupos de Pontos e governos locais tambémpoderão fazê-lo.

Os Pontões serão espaços culturais, aproveita-dos ou construídos, geridos em consórcio pelos

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Pontos de Cultura, que receberão recursos de até500 mil reais/ano para o desenvolvimento deprogramação integrada, aquisição de equipamen-tos e adequação de instalações físicas. Seu financia-mento se dará por meio de parcerias com empre-sas públicas e privadas e governos locais, e suamissão será a de constituir-se em espaços dearticulação entre os Pontos.

Governos estaduais

e prefeituras

A participação do poder público local noCultura Viva poderá ser de três formas:

• como proponente de um ou mais Pontos deCultura. Neste caso, deve-se participar de editalespecífico para instituições governamentais;

• como parceiro de um ou mais projetos, ofere-cendo apoio e orientando projetos no âmbitode sua comunidade. Neste caso, o proponenteserá uma entidade;

• como co-gestor com o Ministério da Culturana seleção de projetos de Pontos de Culturano âmbito de sua área administrativa. Nestecaso, já não é proponente de projeto, nemparceiro de entidade: é concedente edisponibiliza parte de seus recursos para aimplementação dos projetos.

Pontos de Cultura

no exterior

Como parte integrante da política externatraçada pela Presidência da República e peloMinistério das Relações Exteriores, fundada nacooperação internacional e na afirmação do Paíscomo Nação soberana, o Cultura Viva planejalocalizar Pontos de Cultura nas comunidades debrasileiros residentes no exterior, nos Países doMercosul e na Comunidade de Países de LínguaPortuguesa (Portugal, África e Ásia).

Cada Ponto receberá 30 mil dólares/ano,que serão captados junto a empresas, organis-mos multilaterais e governos amigos. EssesPontos, conectados aos Pontos do territóriobrasileiro, formarão uma rede internacional deprodução compartilhada e de troca de produtossimbólicos, fortalecendo a relação sul-sul,horizontalizando a relação sul-norte e colabo-rando com a construção de uma correntesolidária e contra-hegemônica.

* Discurso de posse do Ministro da Cultura Gilberto Gil.

Imagem:Associação Casa das Artes de Educação e CulturaProjeto Oficina de Arte da Casa da Mangueira

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Outras ações

Agente Cultura Viva

O Agente Cultura Viva é a ação que searticula ao Ponto de Cultura para incitar nojovem o interesse em iniciar, futuramente, umaprofissão relacionada à cultura. Serão jovens de16 a 24 anos que, durante seis meses, receberãoum auxílio financeiro de 150 reais por mês paradesenvolver ações previstas no projeto de seuPonto de Cultura. Onde for Maracatu ou Escolade Samba: confecção de fantasias, oficinasmusicais...; com Hip Hop, grafitagem, DJ,organização de eventos; nos Pontos em quehouver uma ação com o audiovisual: capacitaçãoem roteiro, câmera... assim por diante. Acapacitação específica é definida pelo Ponto deCultura e a coordenação do programa contribuicom o acompanhamento em educação popular,empreendedorismo cultural e microcrédito. Oobjetivo é fomentar a geração de renda naspróprias comunidades, a partir de uma economiasolidária.

O Agente Cultura Viva é uma parceria com oprograma Primeiro Emprego, do Ministério doTrabalho e Emprego e beneficiará aproximadamen-te 100 mil jovens até 2006. Além das bolsas e doscursos, eles terão acesso aos mecanismos quefacilitem a emissão de carteira de trabalho eprevidência social e a outros programas e açõespromovidos pelo Governo Federal.

Cultura Digital

A ação Cultura Digital é o instrumento quepermitirá a apreensão do que existe de mais“palpável na cultura brasileira, o nosso patrimônioimaterial” (discurso no ato de entrega do PrêmioMérito Cultural – Ministro Gilberto Gil), dandovisibilidade e circulação à produção dos Pontos deCultura: os tambores do Tocantins, o samba doRecôncavo, a ciranda de Pernambuco, a viola doBrasil Central...

Com a Cultura Digital, as comunidadespoderão gravar sua própria imagem, comoacontece com o Ponto de Cultura Vídeo nasAldeias, com os índios Ashaninka e Kaxinawá, noestado do Acre, em que há uma inversão notradicional processo de registro da imagemaudiovisual das manifestações populares. Aoinvés de serem filmados por um olhar externo, osíndios são capacitados para utilizar uma câmerade filmagem, fazer roteiros e edição, e assim, seapresentam por eles mesmos. Outro Ponto deCultura, Thydewá – índios on line, apresentaum processo semelhante interligando em rede osíndios do nordeste brasileiro, principalmente nosestados da Bahia e Alagoas; as comunidadesestão sendo capacitadas para produzir a suapágina na internet, criando um sistema decomunicação próprio, fortalecendo o seuprotagonismo.

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Com a Cultura Digital, cada Ponto recebe umestúdio multimídia. Um equipamento nada sofisti-cado, quase caseiro (mesa em dois canais de áudio,filmadora, gravador digital e dois computadoresque funcionam como ilha de edição), mas permitegravar um CD, produzir um vídeo, colocar umarádio no ar e uma página na internet, tudo comprogramas em software livre. O equipamentodigital deixa de ser apenas um meio, uma ferra-menta e passa a ser entendido em sua dimensãofilosófica, por isso o tratamos como cultura. Destaforma, cada comunidade pode gravar sua música,registrar sua imagem e colocá-las no ar, exercitandoo processo de troca cultural entre os Pontos. Pelainternet será possível produzir um programa derádio com pessoas em diversas regiões do País (emesmo em outros Países), ou então compor umamúsica coletivamente, experimentar novos sons,ritmos, timbres...; juntar tambores japoneses, oTaykô, com percussão baiana.

A manipulação destas tecnologias em softwarelivre assume uma dimensão estratégica, não pelaquestão de custos dos programas, o que já seriajustificável, mas pelo conceito. Operar em SoftwareLivre significa que o código fonte dos programasestará aberto, podendo ser modificado e melhora-do por toda a comunidade que o utiliza. Isto éautonomia, poder. Ao contrário de capacitar aspessoas apenas para aprender a “mexer” nosprogramas, tornando-as escravas da máquina (edos donos dos programas), pretendemos que nosPontos de Cultura elas se desenvolvam comosujeitos de sua própria transformação. O software

livre traz consigo conceitos e práticas decompartilhamento tecnológico, generosidadeintelectual e trabalho colaborativo, estabelecendoum novo patamar de vida social.

Uma rede digital interligando todos os Pontosde Cultura viabilizará, em escala nacional, experi-ências de compartilhamento da gestão pública,inovando no processo de controle e participaçãoem políticas públicas. Trata-se de uma tentativa deadotar uma concepção ampliada de política naqual a sociedade civil deve ocupar espaçosparticipativos de deliberação pública, sem ter queassumir responsabilidades que deveriam serpróprias do Estado, preservando sua autonomia.

SOFTWARE LIVRE

A concentração dos meios de produção nuncaocorreu de forma tão impositiva e centralizadacomo nos tempos atuais. Concentração queacontece a partir do aprisionamento do conheci-mento e da transformação deste em instrumentopara a acumulação do capital. Conhecimentosmilenares são apropriados e patenteados porindivíduos e coorporações, com o objetivo únicode sua mercantilização, condenando, muitas vezes,milhões de pessoas à morte, como no caso daAIDS. A patente de sementes modificadas genetica-mente, por exemplo, em poucas décadas poderásubtrair um direito humano básico, que é o deplantar e colher o seu próprio alimento, obrigandonova compra a cada colheita. Assim tambémacontece com o código fonte da tecnologia da

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informação que é monopólio mundial de, pratica-mente, uma única empresa. Por isso o Cultura Vivadesenvolve o exercício de práticas intelectuaiscolaborativas e mais generosas. Por isso o softwarelivre, e o estímulo a um sistema de trocas maisequilibrado e feliz.

O saber científico e tecnológico é cumulativo eresulta de um conjunto de contribuições desenvol-vidas ao longo da história. Nossos índios sãoexcelentes farmacêuticos, mas o seu conhecimentosobre propriedades botânicas é continuamenteexpropriado por piratas da consciência humana.Entre os índios do norte da Amazônia, há o mitodo gigante Piaimã, o comedor de gente, talvez estaseja uma boa definição para aqueles que transfor-mam o acervo imaterial em mercadoria.

Copyleft. Assim, a Internet representa muito maisque uma nova possibilidade interativa, onde todospodem se comunicar com todos. Ela promoveprofundas transformações sociais. A difusão e oacesso aos novos conhecimentos gerados local eglobalmente se constituem práticas cada vez maisnecessárias à cidadania do novo século. Mas, comodissemos, esta é apenas uma possibilidade, poisantes disso é necessário que a sociedade escolhaqual o caminho ético que seguirá.

METARECICLAGEM

O processo de metareciclagem é um dos eixostemáticos da ação Cultura Digital. Seu principalobjetivo é transformar equipamentos tidos comoultrapassados em tecnologias apropriadas aodesenvolvimento social. Por meio da reutilizaçãode máquinas e componentes usados, várias comu-nidades podem se apropriar de forma criativa esoberana da tecnologia, decapando computadores,dominando seus códigos e fontes e até mesmopintando o seu invólucro. Além de representar umreaproveitamento de máquinas e redução decustos, a metareciclagem visa a criação de identida-de do usuário com a máquina, assegurandoautonomia tecnológica voltada para o êxito e acontinuidade dos Pontos de Cultura.

A Era digital coloca o mundo diante de umaencruzilhada que envolve paradigmas éticos esociais. Por um lado, podemos caminhar para ummodelo de concentração de poder e capital nuncaantes imaginados. Por outro, é possível fazer surgirnovos processos de produção cultural e econômicacada vez mais descentralizados, baseados nacolaboração e no compartilhamento veloz deinformação. Optamos pelo segundo caminho.

Um caminho a ser observado dá-se em relaçãoaos direitos autorais. No contexto digital, os direitosautorais concebidos sob a ótica de “todos osdireitos reservados” se flexibilizam, permitindo apassagem para “alguns direitos reservados” oumesmo “nenhum direito reservado” sobre as obrascriadas, protegidas agora sob novas licenças depropriedade intelectual como Creative Commons e

Sucata tecnológica transformada emferramenta de inserção cultural e social.

Aulas de música e de confecção de instrumentos. Uma dasformas encontradas pela Casa de Cultura Tainã parademocratizar a cultura e manter a tradição da comunidade.

Escola Viva

A ação Escola Viva tem como objetivo integraros Pontos à escola de modo a colaborar para aconstrução de um conhecimento reflexivo esensível por meio da cultura. Desta forma, oprograma estará contribuindo para a expansão do

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capital social brasileiro – primordial no processode sustentabilidade do desenvolvimento econômi-co, no qual o “saber-fazer” e o “saber-ser” decada canto do País possa ser alargado eaprofundado, mantendo-se aberto à chegada denovas linguagens, gerando capacidades de cria-ção, tolerância, autonomia e criatividade –imprescindíveis à construção da cidadania.

Com esta ação poderemos resgatar a interaçãoentre cultura e educação, sem que haja distinçãode valor e de atitude entre emoções, sentimentos,pensamento e conhecimento, de modo que, acultura seja praticada como uma forma deinteligibilidade da identidade nacional, da emoção.A cultura em suas diversas linguagens não serátratada apenas como representação, mas tambémcomo construção estética do ser brasileiro.

A intenção é atuar em duas frentes, transfor-mando as experiências inovadoras das escolas emPontos de Cultura ou transformando o Ponto emuma escola de cultura brasileira, lançando editalconjunto entre os Ministérios da Educação e daCultura para incentivar e convidar escolas que jádesenvolvem propostas inovadoras a apresentaremseus projetos pedagógicos, nos quais, a cultura sejaelemento estruturante. Em linhas gerais, os editaispoderão contemplar ações de:

• conhecimento da cultura brasileira – lingua-gens, arte, manifestações populares e deeducação patrimonial;

• integração artes, patrimônio, equipamentosculturais e escola, conformando a cidadeeducativa;

• criação do Prêmio Escola Viva, para ações deeducação cultural e lúdicas inovadoras, queestejam sendo desenvolvidas na comunidadeescolar, inclusive, abrindo-se à comunidade emgeral;

• escola Aberta aos finais de semana, podendopromover uma efetiva interligação com osPontos de Cultura, em um processo de troca eabertura para as expressões vivas da cultura doentorno escolar e de toda a sociedade;

• recreio nas Férias com foco em ações queenvolvem oficinas culturais e recreativas,brincadeiras, passeios a museus, parques,teatros e outros elementos de lazer, bem comoa apresentação, em cada pólo, de pelo menosum espetáculo artístico.

A outra frente será estabelecer parceria diretacom as escolas. Cada Ponto pode se transformarem um “Parque da Escola”, resgatando a propostaoriginal do educador Anísio Teixeira, em basesmais comunitárias, inclusive, fazendo umaintegração com outro programa governamental, oSegundo Tempo, do Ministério dos Esportes. Antesou depois do horário das aulas, em um segundoturno, crianças e jovens participarão de oficinas eatividades culturais diversas, integradas aocronograma escolar, a partir das diretrizes eparâmetros curriculares que já estabelecem otema transversal cultura. No Jardim São Luís, naZona Sul de São Paulo, ao lado do cemitério coma maior concentração de meninos assassinadosem todo o Brasil, já acontece uma experiênciasemelhante no Ponto de Cultura Casa dosMeninos. Depois do horário das aulas eles sedirigem à Casa e tem aulas de artes, fazem jornalcomunitário, mapeamento socio-econômico-cultural das ruas vizinhas em uma aprendizagemque interage com a realidade local.

Os Pontos que optarem por este tipo de ação,receberão preparo e acompanhamento pedagógi-co especializado. Desta forma, constituiremos umespaço de interação dialógica e vivencial, permi-tindo que a partir das experiências culturaisdesenvolvidas em cada Ponto, o aluno possaidentificar os signos e códigos da cultura local, ena troca de experiência com outros Pontos,apropriar-se do conhecimento estético e ético doque é a cultura brasileira e de como ela se relacio-na com as outras culturas.

A Casa dos Meninos oferece cursos profissionalizantes epráticas educativas – como esportes e artes plásticas - a

cerca de 400 jovens e crianças por mês.

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“Essa conversasobre os Griôsé cumpriiiida.

Dá para ler alguns livros,viajar para a África e pelo

Sertão da Bahia conhecendomuita coisa encantadora.”

Velho Griô (2005 – Pontode Cultura Grãos de Luz e

Griô – Lençóis, Bahia)

Griôs – mestres

dos saberes

Márcio, conhecido como “Velho Griô”, é umcontador de histórias, músico e poeta, que cami-nha pelos diversos vilarejos do sertãoda Bahia “aprendendo e ensinandocultura”. Dona Severiana, emTrucanhém, interior de Pernambuco,dá forma ao barro, criando bichos,santos e figuras que contam a suahistória e a de sua comunidade.Dona Noemiza é a mais conhe-cida paneleira do Vale doJequitinhonha e, apesar doreconhecimento artístico,vive isolada e em condiçõesfinanceiras difíceis. MestreDidi, conhecido como “oguardião dos segredos daBahia”, pinta as cores e adiversidade de seu povo.

Griô é o “abrasileiramento”da palavra francesa griot, usadapor jovens africanos que foramestudar em universidades francesas.Movidos pela preocupação com a preservação deseus contadores de histórias, que carregam consigoa tradição oral (“a morte de um griot representa umincêndio em uma biblioteca”, diziam), consolida-ram um conceito e uma atividade secular entre seupovo, também expressado na palavra dielis.

São pessoas que por diversas razões, circunstân-cias e habilidades, acumularam conhecimentos quepertencem às suas comunidades e que podemosentender como “patrimônio cultural imaterial”. Sãoas práticas, representações, expressões e técnicas -junto com os instrumentos, objetos, artefatos e

lugares que lhes são associados -que as comunidades, os grupose, em alguns casos, os indivídu-os reconhecem como parteintegrante de seu patrimôniocultural. Este patrimôniocultural imaterial é transmitido

de geração a geração.

Aproximando-se doPrograma “Living HumanTreasures”, literalmente:Tesouros HumanosVivos, da UNESCO, aação Griô – Mestresdos Saberes, visapreservar esses bens,

incentivando a transmis-são desses conhecimen-

tos acumulados, dashabilidades, do “saber fazer”.

Como forma de potencializaressas ações que já ocorrem, o programa buscaráparcerias com os Ministérios do Trabalho, daPrevidência Social e da Educação para dar apoiofinanceiro e material a esses Mestres dos Saberes,para que continuem, com menos dificuldades, apreservar e reinventar nossa cultura.

Imagem:União Nacional dos Estudantes

Projeto CUCA - Centro Universitário de Cultura e Arte - São Paulo

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Investimentos Federais no Programa Cultura Viva

Repasse direto para os Pontos de Cultura (entidades não governamentais)

2005 .......................................................... R$ 32.000.000,00 (500 Pontos de Cultura)

2006 ......................................................... R$ 54.000.000,00 (1000 Pontos de Cultura)

2007 ......................................................... R$ 65.000.000,00 (1000 Pontos de Cultura)

Repasse direto para estados e municípios fomentarem redes locais de Pontos de Cultura

2005 ................................................................................................ R$ 15.000.000,00

2006 ................................................................................................ R$ 20.000.000,00

2007 ................................................................................................ R$ 25.000.000,00

Gestão, capacitação e acompanhamento da rede Cultura Viva-Pontos de Cultura

2005 ................................................................................................ R$ 14.000.000.00

2006 ................................................................................................ R$ 14.000.000,00

2007 ................................................................................................ R$ 14.000.000,00

TOTAL

2005 ............................................................................................... R$ 61.000.000,00

2006 ............................................................................................... R$ 88.000.000,00

2007 ............................................................................................... R$104.000.000,00

TOTAL GERAL ................................................................................ R$253.000.000,00

1. O repasse para o segundo edital terá o valor máximo total de R$ 185.000,00, por Ponto deCultura, distribuídos em 5 parcelas semestrais, sendo R$ 50.000,00 para o 1º semestre (in-cluso repasse para compra de equipamentos de cultura digital), R$ 30.000,00 no 2º semestree R$ 35.000,00 para os 3º, 4º e 5º semestres.

2. Pontão de Cultura – R$ 500.000,00 por Pontão/ano

3. Ponto de Cultura no Exterior – US$ 30.000,00 por Ponto/ano

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“Ora, seres e objetos culturais

nunca são dados, são postos por

práticas sociais e históricas

determinadas, por formas de

sociabilidade, da relação

intersubjetiva, grupal, de classe, da

relação com o visível e o invisível,

com o tempo e o espaço, com o

possível e o impossível, com o

necessário e o contingente.”

Marilena Chauí (1985)

Está, entre os objetivos do programa CulturaViva, construir instrumentos de avaliação quecontribuam para mensurar os impactos sociais eeconômicos da cultura. A coleta dessas informa-ções terá a finalidade de mensurar o potencialmercadológico, ou, o retorno financeiro daprodução cultural dos Pontos. O interesse aocolher esse tipo de informação, é o de identificaro potencial da cultura para a formação humana ecrítica dos indivíduos e detectar em que medidaela pode ser capaz de mudar as condições de vidados sujeitos coletivos.

Para este tipo de avaliação os retornos econô-micos são importantes, mas não podem ser trata-dos como relação custo/benefício, inclusive,porque pela própria escala do projeto e da produ-ção cultural que dele resultar, seria pouco realistaestabelecer parâmetros de comparação com outrasformas de produção e disseminação de cultura,como as da indústria cultural. Assim sendo, emconsonância com o tratamento dado à cultura,pode-se dizer que espera-se, a partir dessesinstrumentos, captar o alcance dos objetivos doprograma em seus conceitos básicos: as trocasculturais, o fortalecimento de iniciativas culturaislocais, e o desenvolvimento, nos indivíduos, daconsciência crítica e do espírito solidário e coope-rativo, incluindo o respeito às diferenças.

Meios de difusão

e comunicação

O funcionamento da rede pressupõe, sobretu-do, motivação e encantamento social. Mais queum conjunto de obras físicas, o Cultura Vivaenvolve a potencialização das energias criadoras donosso povo. O sucesso do programa envolve ainteração, a troca de informações e a ampladistribuição de conhecimento que só pode serealizar plenamente por instrumentos de comuni-cação e difusão bastante eficazes.

Construção e avaliaçãodo programa

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Estes não podem ser confundidos com umamera divulgação institucional. São parte fundamen-tal e constitutiva do corpo de implantação doprograma. A ação necessitará dos seguintes meios:

• Programa de TV Cultura Viva – Programasemanal que irá apresentar experiências einiciativas das comunidades, debatesconceituais, produtos visuais elaborados nascomunidades e agenda de atividades;

• Programa de rádio Cultura Viva – O mesmoconteúdo da TV adaptado à linguagem dorádio. O programa também deverá serdisponibilizado para transmissão via internet eoferecido para retransmissão por rádios locaisou comunitárias;

• Spots televisivos Cultura Viva – transmitidos narede comercial;

• Portal Cultura Viva – para a apresentação detodas as iniciativas da rede, banco de dadossobre os projetos, esclarecimentos, discussãodireta entre os Pontos, notícias;

• Série de Cartazes Cultura Viva – serão convida-dos artistas gráficos para desenvolver cartazes apartir de temas de interesse comum, orientandodebates e ações integradas entre os diversosPontos. Combinado à produção de cartazes porartistas gráficos consagrados, poderão ser abertosconcursos de cartazes para talentos emergentes.

Pela especificidade, as ações exigem umdetalhamento próprio, bem como a formação deconselhos editoriais. A médio prazo, o financia-mento destas ações deverá ser garantido porcontratos de patrocínio. Inicialmente, serão assegu-radas pelo orçamento do programa.

lho identificar problemas e propor soluções aodesenvolvimento do programa, além de consolidarum suporte técnico e teórico para o Cultura Viva.

Revista Cultura Viva

A Revista Cultura Viva terá o caráter de ser, aomesmo tempo, um instrumento de divulgação dasações e da produção artística dos Pontos deCultura, e um instrumento de debate, crítica eformulação do conjunto das ações desenvolvidaspelo Programa Cultura Viva, interagindo direta-mente com o Conselho Consultivo, além de contermatérias de interesse geral sobre arte e cultura.

Expedições Cultura Viva

Sob a inspiração das Missões Folclóricas,organizadas sob a batuta de Mário de Andrade emmeados dos anos trinta, o programa Cultura Vivarealizará, ao longo de 2005 e 2006, cinco Expedi-ções Cultura Viva, divididas em roteiros quepermitam visitar todos os Pontos. A proposta visaum acompanhamento qualitativo dos Pontos, e omapeamento da cultura brasileira.

Conselho Consultivo

do Programa

Cultura Viva

O Cultura Viva prevê a formação de umConselho Consultivo, composto por intelectu-ais, acadêmicos e artistas, com o objetivo desistematizar e organizar conceitualmente osparâmetros de compreensão da culturabrasileira contemporânea a partir da experiên-cia dos Pontos de Cultura. Caberá ao Conse-

Imagem:Grupo de Teatro Mamulengo PresepadaProjeto Oficina de TeatroInvenção Brasileira

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O Cultura Viva é um programa em constru-ção, e sua própria definição metodológica econceitual irá se desenvolver no processo de suaaplicação, a partir da observação dos fenômenose da interação com a realidade. Desta forma, osconceitos podem ser modificados, ou apuradosdurante o processo. No entanto, é possívellevantar alguns aspectos essenciais para a constru-ção de um diálogo comum entre coordenação doprograma, Pontos de Cultura, Conselho Consultivoe todos os outros setores da sociedade quedesejem participar da discussão. São eles:

Potencialização e

encantamento social

“O Ponto de Cultura já é!” (Preto Ghoez –rapper). Esta afirmação, feita por um dos colaborado-res iniciais do programa Cultura Viva, referia-se aoprocesso desencadeado pelo primeiro edital dechamamento público para a escolha de projetos paraPontos de Cultura. Para ele, o que mais importavaera o processo de discussão que a idéia havia desen-cadeado, aglutinando energias, antes dispersas, e nãoo fato de uma proposta vir a ser aprovada, pois aação antecedia o Ponto. Preto Ghoez era um dosorganizadores do MHHOB – Movimento do HipHop Organizado do Brasil e vivia na periferia pobrede São Paulo. Ele procurava fundir o rap com as

expressões mais profundas de nosso povo, reencon-trando-se com o Bumba meu Boi do Maranhão, seuestado natal. Infelizmente, uma fatalidade fez comque ele nos deixasse mais cedo.

A principal contribuição do Cultura Viva talvez,seja exatamente essa: potenciar aquilo que “já é”.E fazê-lo numa perspectiva de repensar o Estado,ampliando suas definições e funções, escancarandoas portas para partilhar poder e conhecimento comtradicionais e novos sujeitos sociais, dividindoespaços e novas possibilidades. “Quando os todo-poderosos governam com a irrazão e sem limites, sóos que possuem nenhum poder são capazes deimaginar uma humanidade que um dia terá podere, com isto, mudará o próprio significado destapalavra” (Terry Eagleton - A Ideologia da Estética).Com o Edital Público de Divulgação criamos uminstrumento de aproximação e compartilhamentode responsabilidades entre Estado e sociedade,pelo qual, gestores públicos e movimentos sociaisestabelecem canais de diálogo e de aprendizadomútuos, e estes, apresentam suas propostas a partirde suas realidades e necessidades.

Quem diz que o povo brasileiro é poucoorganizado nunca viu uma escola de samba entrarna avenida. São centenas, milhares de pessoas (noRio de Janeiro há Escolas de Samba com 5.000integrantes) em um tumulto aparente. De repente,ao som de um apito, ao movimento de um únicobraço, elas se colocam em desfile, formando amaior ópera popular do mundo. Diversas alas,

Gestão Cultural Compartilhadae Transformadoraum conceito de política pública em construção

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alegorias, passistas, baianas, tudo em um movimen-to sincronizado, expressando a tradição e a memó-ria do povo na rua. Por isso, potenciar e reencantar.

Compartilhar

e transformar

Na busca por novos caminhos começamos adesenvolver a idéia de uma gestão compartilhadae transformadora para os Pontos de Cultura. Aintenção é estabelecer novos parâmetros de gestãoe democracia na relação entre Estado e sociedade.Esta, em lugar de ser chamada apenas para dizer oque quer, começa a dizer como quer. Esse proces-so tem início com o Edital para seleção dos Pontos,numa situação em que o Ministério da Cultura dizquanto pode oferecer e o movimento social dizcomo e em que utilizará os recursos.

A gestão do Ponto de Cultura começa a partirdo convênio que é assinado entre o Ministério daCultura e os proponentes, definindo responsabili-dades e direitos, firmando um pacto entre Estado esociedade. O modelo de gestão precisa ser flexívele moldável, respeitando a dinâmica própria domovimento social, que continuará existindoindependente de ser ou não um Ponto de Cultura.Durante o processo, sem dúvida, haverá umatensão: por um lado, o movimento social apropri-ando-se de mecanismos de gestão, de recursospúblicos - por outro lado, o Estado, com seuaparato burocrático, normas e regras rígidas.

A partir desta interação poderemos estarconstruindo um novo tipo de Estado, ampliado,que compartilha poder com novos sujeitos sociais,ouve quem nunca foi ouvido, conversa com quemnunca conversou. E o Estado não se enfraquece(como acontece quando da transferência deatribuições para o mercado), pelo contrário, sefortalece, se engrandece ao permitir que a socieda-de civil penetre em seu aparato.

Há o risco de que, neste processo, a sociedadevá se burocratizando, perdendo espontaneidade eaté mesmo sendo cooptada. Diante desta perspec-tiva, o elemento político surge como o único capazde evitar a cooptação das entidades que integram asociedade civil, preservando relativamente suaautonomia. Nesse caso, entende-se por cooptaçãoa contaminação do “mundo da vida” pelo “mundodos sistemas” (Estado e mercado). Para se contra-

por a isso, poderemos encorajar uma ação, quedesenvolva e fortaleça as estruturas que possampromover um melhor entendimento e uma melhorcomunicação entre esses “mundos”. Quem sabe oPonto de Cultura seja um elo de “Ação Comunica-tiva”, como na teoria de Jurgen Habermas?

AUTONOMIA

O Ponto de Cultura deve funcionar respeitan-do a dinâmica própria local, não importando setem ou não um Ponto de Cultura, de ter ou nãoinvestimento do Estado. Alguns movimentosculturais de Pernambuco, por exemplo, apresenta-ram suas propostas vinculadas ao Maracatu,enfatizando o funcionamento de suas orquestras,que continuarão saindo pelas ruas ou fazendas,com o grande chapéu-de-sol vermelho, lembrandoos reis da África, suas lantejoulas, tambores,

Imagem:Associação dos Amigos da Arte

de Guaramiranga - AGUAProjeto ECOS - Escola de

Comunicação da Serra

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chocalhos e gonguês. Outros movimentos propuse-ram a criação de oficinas de aprendizado e criaçãoda indumentária do Maracatu. São estas ações quegarantem a vitalidade de cada grupo e de suacultura. Com o Programa Cultura Viva, elesadquirem instrumentos mais estáveis para articularsuas atividades, dando continuidade aos seuspróprios saberes e fazeres.

Apenas este aspecto isolado não significa aconquista da uma autonomia plena. Nos últimosvinte anos, políticas públicas pensadas nos marcosdo ideário liberal, têm se apropriado do vocabulá-rio usado pelos movimentos sociais de resistência ecombate ao autoritarismo de governo e propõem aautonomia como uma simples transferência deresponsabilidades. Autonomia não se dá. Adquire-se no processo, na relação entre os pares (os outrosPontos de Cultura), na interação com a autoridade(sociedade-Estado) e na aquisição do conhecimen-to, incorporado ao patrimônio cultural.

Ao concebermos autonomia como práticas,como processos de modificação das relações depoder e como exercícios de liberdade, poderemostraduzi-la como trabalho social, político e cultural.

Nesse sentido, não é alguma prática futura, nemespontânea, nem mesmo uma técnica social,política ou cultural, mas a própria realização, osatos concretos de participação e afirmação social.

PROTAGONISMO

O protagonismo dos movimentos sociais apareceà medida que suas organizações são entendidascomo sujeitos de suas práticas, que intervêm naspolíticas de desenvolvimento social, nos hábitos dasociedade e na elaboração de políticas públicas.Entretanto, a gestão pública de cultura pensada nosmarcos do liberalismo (“cultura é um bom negócio!”)e do iluminismo (“levar luzes à inculta massa”) nãoretira dos movimentos sociais apenas a sua autono-mia, mas rouba-lhes o que talvez lhes seja aindamais caro: o protagonismo.

Quando as políticas não reconhecem a criaçãocultural da paneleira de Goiabeira do Espírito Santoou do mestre dos brinquedos do Vale doJequitinhonha, excluindo-os de pronto de seusobjetivos ou, no máximo, tratando como folclore(“Cultura em conserva”, segundo Roger Bastide), ecomo expressões “simples” da cultura, o

Imagem:Associação Casa das Artes de Educação e Cultura

Projeto Oficina de Arte da Casa da Mangueira

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protagonismo das comunidades é abafado. Essenão reconhecimento tem por matriz um conceitode cultura vinculado ao de civilização. Cultura é aípensada como o meio pelo qual se mede o “desen-volvimento” e o “progresso”, a modernização daNação. E “os simples” precisam ser escondidos,colocados “em seu devido lugar”: uma peça demuseu, um artesanato ingênuo.

Destas concepções, nasce o “dirigismo” nagestão pública de cultura. Quando são criadosparâmetros de reconhecimento e validade paraalgumas manifestações culturais e não para outras,o patrimônio cultural da sociedade fica incompleto,apartando a imensa maioria da população dopleno exercício do poder. Apresentar a elite comoúnica detentora de um saber e do bom gosto éuma forma de assegurar a sobrevivência de regimessociais e formas de dominação, de legitimação declasse. Aos “outros”, aos “simples”, é oferecida umacultura pasteurizada, feita para atender necessida-des e gostos medianos de um público que nãodeve questionar o que consome.

Por isso, o protagonismo se faz tão essencial noprocesso de construção dos Pontos de Cultura,registrando uma marca, erguendo uma bandeira a

ser exposta na frentede cada Ponto, e

lembrando atodos que “Aqui

se faz cultura”.

EMPODERAMENTO

“Revogai da intolerância a lei, devolvei o chãoa quem do chão foi tirado”. (Gilberto Gil - Ora-ção pela libertação da África do Sul). O Ponto deCultura da Associação Quilombola de Conceiçãodas Crioulas pode ser uma referência importantede empoderamento social. A comunidade foicriada por volta do século XVIII e viveu noisolamento, cercada por morros no interior dePernambuco, até meados do século XX. Ainda noséculo XVIII, as crioulas emancipadas da escravi-dão adquiriram as terras em que viviam, porém aluta pela posse da terra dura até os dias de hoje.Havendo conseguido, em 2000, o título deposse, os quilombolas ainda reivindicam melho-res terras, que foram tomadas por fazendeiros aolongo da história do quilombo, restando a elesapenas as encostas dos morros, impróprias parao cultivo agrícola. No final de 2004, sua sedesofreu uma tentativa de incêndio e seus mem-bros sofrem ameaças até hoje. Com seu projetointegrando o Programa Cultura Viva, cujoobjetivo é a capacitação de jovens quilombolaspara a radiodifusão e produção cultural, aentidade conta agora com mais um instrumentona sua luta política: a participação na rede dePontos de Cultura, alterando a relação com opoder local e reforçando a sua cidadania.

Entendido como um processo, oempoderamento social nos Pontos de Culturapode ser caracterizado como o instrumento peloqual podem se transformar as relações econômicase de poder. Como o programa visa potencializarações culturais já desenvolvidas por setores histori-camente alijados das políticas públicas, cria condi-ções de desenvolvimento econômico alternativo eautônomo para a sustentabilidade da comunidade.Da mesma forma, à medida que os movimentossociais são reconhecidos como sujeitos de manifes-tações culturais legítimas, os poderes locais passama respeitá-los e a reconhecê-los.

UNINDO OS CONCEITOS

Autonomia, protagonismo e empoderamentonão podem ser entendidos separadamente, demaneira estática ou como modelos. São concei-tos em construção e seus significados só ganhamrelevância na proporção em que se relacioname quando expressam as experiências dos própri-os Pontos de Cultura, contribuindo para aconstrução de uma gestão compartilhada etransformadora.

Imagem:Cooperativa

Educacional eAssitencial Casa

do ZezinhoProjeto Ateliês de

Arte da Casa doZezinho

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Tradição, memória

e ruptura

A integração das noções e conceitos para umagestão compartilhada e transformadora, não comoamarração, mas como o início de um processonovo, se expressa na relação dialética aquisubjacente e pressuposta entre tradição, memória eruptura. “Tradição enquanto ponto de partida,memória como reinterpretação do passado eruptura enquanto invenção do futuro”.

Estudiosos e especialistas, recorrentemente,dividem os movimentos sociais entre duas categori-as distintas. Os movimentos sociais definidos como“institucionalizados” abarcam os sindicatos, asassociações de moradores, as associações estudan-tis, etc., que se expressam em sistemas de poderhierarquizado em graus e escalões, atribuições depostos, definição rígida de papéis e fluxos derelacionamento pré-estabelecidos; segmentaçãosetorial e competitividade interna. Este modelo deorganização social sofreu sério desgaste a partir dosanos 90 e tem encontrado muita dificuldade emresponder às demandas dos próprios setores quepretendem representar.

Em uma outra categoria, são identificados oschamados “novos” movimentos sociais, cujareferência pode ser encontrada no movimento hiphop, nas rádios comunitárias, nas cooperativas; enos de caráter identitário, como os movimentos demulheres, de homossexuais, etc. Apesar de estaremenquadrados em uma mesma categoria, esses

movimentos têm origem social muito diferenciada,uns nasceram na periferia das grandes cidades embusca de conexões de solidariedade para um“mundo” excluído; outros nasceram na classemédia em busca de conexões de identidadesetorial. Ainda que possam ser vistos como mo-mentos diferentes que congregam sujeitos sociaisbem diferentes, podem ser referências importantespara a construção de novas relações entre Estado esociedade.

Uma outra parcela das organizações sociaisque, inclusive, tem respondido de forma original eimediata aos apelos do Cultura Viva, é vinculadaàs comunidades tradicionais e à iniciativas nãopropriamente de caráter reivindicatório definidas,como aquelas organizações das comunidadesquilombolas, indígenas, de ritmos e danças tradici-onais e populares como a capoeira, etc. Se por umlado, o “estar à margem” imunizou suas organiza-ções dos dilemas dos movimentos sociais tradicio-nais, preservando sua fluidez e agilidade, poroutro, guetizou-os e apartou-os de um movimentode mudanças mais largo.

Sem o diálogo com o entorno, muitos dessesmovimentos não se renovaram e permaneceramescondidos e ensimesmados. Convenientementeclassificados na categoria folclore ou, ainda, comomovimentos populares, permanecem inacessíveis eincompreensíveis a outros setores sociais, quemuito têm a aprender com a leveza e adescomplicação de suas formas organizativas e coma dialética tradição-invenção que caracteriza suasações. É, portanto, nesse sentido que o CulturaViva busca articular tradição, memória e ruptura.

Imagem: Casa de Cultura Candeeiro Aceso

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DESENVOLVIMENTO APROXIMAL

Na cultura, são velhas conhecidas as tentativas dedirigismo de Estado bem como as imposições domercado. Por isso a busca de outros caminhos. Aprincípio, Cultura Viva pode soar redundante, afinal,toda cultura deveria ser viva. Mas nem sempre éassim. A cultura também se fossiliza, burocratizando oprocesso criativo e reafirmando preconceitos esegregações. Por exemplo: até o século XIX, a escravi-dão era um dado da cultura nacional, e agora, noséculo XXI, a presença de crianças abandonadas nasruas é considerada natural. “Dar de ombros” a esta ea outras iniquidades é uma característica cultural deboa parte da elite brasileira, que só consegue seindignar com a pobreza quando esta se transformaem violência urbana. Por isso, faz-se tão necessáriobuscar uma cultura viva, pujante, que incorpore aidéia de mudança. Mudança que só será real seenvolver uma efetiva transformação de conceitos emétodos. Principalmente, se for resultado de umaefetiva consciência da sociedade. E consciência nãose impõe.

Aqui estamos tentando mais uma experimentaçãocom o Cultura Viva. O educador russo, Vygotsky, nolivro A Formação Social da Mente, propunha odesenvolvimento aproximal como uma novaabordagem para o processo de construção doconhecimento. Seu estudo original refere-se aoaprendizado infantil, mas pode ser transposto para asociedade. A idéia é a de que o desenvolvimento sejadesencadeado pela aproximação, pelo contato com arealidade a partir de experiências vivenciadas ecomparadas. Em nosso caso, nem dirigismo deEstado, nem imposições de mercado, mas aproxima-ção entre equivalentes; entre o povo, que produz,cria e transforma a cultura. O papel da coordenaçãoneste caso, será o de facilitador desta aproximação eo dos Pontos de Cultura, o de mediador.

Gestão em rede

O Cultura Viva é uma rede horizontal dearticulação, recepção e disseminação de iniciativasculturais inovadoras e o Ponto de Cultura é a pontadesta rede, um organizador da cultura em nívellocal, um centro de referência para novas conexõesem rede. Enquanto o Cultura Viva pode ser identifi-cado como uma macro-rede, o Ponto de Culturapode ser definido como uma micro-rede. A capaci-dade para buscar micro-soluções a partir da constru-ção de redes locais e a disposição para se conectar

em rede, foi um dos critérios para a escolha dosPontos de Cultura e pode dar materialidade àexpressão “pense globalmente, aja localmente”.

Concebido de modo orgânico e dinâmico, oPonto de Cultura pode acontecer em qualquerespaço, desde um pequeno espaço comunitárioaté um grande centro cultural, com cinema e salade espetáculos. Entre os primeiros Pontos, há umque funcionará em uma Oca, outro em um coretode uma Praça Pública, e até sob a sombra de umaárvore. Mas também entraram na rede, propostasinstaladas em imóveis tombados pelo patrimôniohistórico, que já dispõem de sala de cinema, salade espetáculos, telecentro... O importante é adisposição de incorporar aqueles que raramentesão lembrados. Por isso, as maiores favelas do Riode Janeiro já contam com pelo menos um Pontode Cultura em cada uma delas: na Mangueira umaOrquestra de Violinos, no Vidigal, teatro e cinema,em Padre Miguel, velhos sambistas se unem acrianças e jovens, na Rocinha, uma brinquedoteca.Também foram escolhidos Pontos na zona sul e noextremo leste de São Paulo, áreas mais pobres damais rica cidade do País, ou então, em assentamen-tos rurais de brasileiros sem terra. E para a regiãoAmazônica, em breve, estará funcionando umPontão em um barco, e seu objetivo será auxiliarna abertura de novos Pontos junto às comunidadesribeirinhas.

Formada a rede, a comunicação entre os Pontoscrescerá, pois todos eles recebem um equipamentode cultura digital e conexão por internet bandalarga, além do Portal Cultura Viva. Com isso aaproximação fica mais ágil e os Pontos podemconversar entre si, trocar experiências, definiridentidades. Um garoto do movimento Hip Hop nazona sul de São Paulo pode começar a perceberque não é só o rap que produz música com ritmo epoesia. Tem a palavra cantada dos repentistas dosertão nordestino, o coco de umbigada... Em suma,“as redes são veículo de um movimento dialéticoque, de uma parte, ao mundo opõe o território e olugar; e de outra parte, confronta o lugar ao territó-rio tomado como um todo” (Milton Santos, Anatureza do espaço. Técnica e tempo. Razão eemoção). E um novo tipo de troca se estabelece,tanto em redes locais a partir do Ponto, comoglobais por afinidade temática, territorial (redeestudantil, da terra, de percussão, de dança,literária). Por estados e regiões, como a baciahidrográfica do São Francisco, o Recôncavo Baianoe todas as outras múltiplas possibilidades a sereminventadas quando as pessoas se unem.

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Se os “dirigismos” de Estado e as imposições domercado são nossos velhos conhecidos, a formaçãode uma equipe de “gestores” do programa vem sesomar às possibilidades de reverter essas práticas.O referencial de trabalho dos gestores deve ser ademanda dos próprios Pontos de Cultura, inver-tendo o papel tradicional dos gestores comotutores de sujeitos coletivos, vistos como incapazesde realizar autonomamente suas ações.

O programa Cultura Viva procura apresentaruma abordagem de gestão que leve em conta os“pequenos” e localizados contextos sociais, ajudan-do a repensar os programas de políticas públicasque tendem a definir contextos preestabelecidos,fixos e de tendências anacrônicas. Um resultadocorrelato do programa é a experimentação de umprocesso que visa transformar o papel do Estado ede suas políticas públicas, quando este, paulatina-mente, deixa de ser um controlador dos processossociais para tornar-se um facilitador das demandasda sociedade civil.

GLOBAL/LOCAL

Da troca surge o novo. As culturas se desenvol-vem desta forma. O problema é que os modelosmais comuns são os que estabelecem a troca deum modo desigual, por imposição. A culturaeuropéia foi transposta para o continente queconhecemos por América pela força de umaocupação que destruiu culturas e matou milhõesde indígenas. Estados nacionais definiram objetivosque nem sempre foram ao encontro dos seuspovos. E o mercado continua impondo, com maisforça que os Estados, a uniformização e a pasteuri-zação de gostos e estilos artísticos, com o únicoobjetivo de maximizar lucros a partir da venda deprodutos culturais em escala. É a globalização. Oque se pretende, ao facilitar a aproximação entreos Pontos de Cultura é experimentar um modelonovo, em que a troca cultural se estabeleça comequilíbrio entre as partes.

A rede Cultura Viva possibilita (esse é o nossodesejo) o ensaio de um novo tipo de trocas simbó-licas, onde a conexão local se articula com a global.Quem sabe com isso não estamos criando umanova palavra, “glocal”, que poderia expressar umconceito diferente de globalização, estabelecido apartir das necessidades e particularidades locais enão por imposição de um centro único. Umaglobalização mais tolerante, onde o local definiriacomo e em que condições a conexão deve se dar.

A dimensão do

desenvolvimento

na Cultura

Num momento em que o combate à pobrezaestá ocupando o centro do debate político eeconômico nacional, depois de décadas em que oproblema permaneceu longe dos holofotes, oGoverno Federal, em seus programas sociais, vemchamando a atenção para a cultura como impor-tante fator de desenvolvimento social e econômico,como desenvolvimento humano. Esta preocupaçãose revela quando o Ministro Gilberto Gil chama aatenção para a “economia criativa” como sendo aque, conjugada à cultura, abre portas para novasperspectivas de desenvolvimento econômico, queleva em conta tanto o “capital humano”, gerandoemprego e renda, quanto as relações comerciais ede mercado, estabelecendo equilíbrio no conjunto.

É preciso rever o pensamento econômicoconvencional e avançar na idéia da construção do“capital social”, reexaminando as relações entrecultura e desenvolvimento. O Programa CulturaViva pretende discutir e encontrar alternativas dedesenvolvimento humano sustentável junto àscomunidades e movimentos sociais que visa atingir.O programa potencializa a criação e a produçãolocal, gerando produtos culturais que vão doartesanato à produção de moda, da montagem deuma peça de teatro à produção de um audiovisual.Todos os Pontos terão condições de produzir o seuCD ou DVD, produtos que geram valor social ecriam possibilidades de desenvolvimento econômi-co local. Caberá à rede colocar esses produtos emcirculação, em um primeiro momento criandoespaços de trocas desses bens e produtos culturaisentre os Pontos de Cultura.

Mas é possível ir além. Cada Ponto estarácapacitado para fazer a sua página na internet edivulgar a distribuição e venda de seus produtosculturais, materiais e imateriais; com a EmpresaBrasileira de Correios e Telégrafos fazendo aentrega direta, sem intermediações. Partindo desteprocesso, que envolve uma intensa circulação debens culturais, podemos estar formando ummercado comercial de novo tipo, nascido doencantamento social. Da ampliação da solidarieda-de e da cooperação entre os brasileiros.

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Algo de novo é possível

O Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania - Cultura Viva foi concebido com a idéiade que algo de novo é possível e que, a partir das experiências dos movimentos sociais, a novidadeestá em inventar, na prática, outras relações, outro jeito de olhar o mundo. Para alguns, isso podeparecer utópico, mas muitos outros ainda buscam a utopia e o fazem com a generosidade.

Nem é necessário que todos escolham um caminho único, porque os caminhos também sãomuitos, como nossas águas, conforme observou Pero Vaz de Caminha. E foi mergulhando naságuas de nosso Brasil que procuramos encontrar um jeito mais equilibrado e generoso de estabe-lecer a troca entre seres humanos, de se fazer uma Cultura Viva. Descobrimos esse jeito logo nacertidão de nascimento do que viria a ser esse imenso país. Sabemos que depois deste primeiro eluminoso momento muita coisa desandou (e como desandou), mas fica o registro do escrivão de ElRei de Portugal:

“Além do rio, andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante dosoutros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem. Passou-se então além do rio,Diogo Dias, almoxarife que foi de Sacavém, que é homem gracioso e de prazer; elevou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se com eles a dançar, to-mando-os pelas mãos; e eles folgavam e riam, e andavam com ele muito bem aosom da gaita. Depois de dançarem, fez-lhes ali, andando no chão, muitas voltasligeiras, e salto real, de que eles se espantavam e riam e folgavam muito” (Carta doDescobrimento, abril de 1500).

E assim se deu a primeira troca simbólica no Brasil...

Imagem:Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga - AGUA

Projeto ECOS - Escola de Comunicação da Serra

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A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva foi a maiseloqüente manifestação da Nação brasileira pelanecessidade e pela urgência da mudança. Não poruma mudança superficial ou meramente tática noxadrez de nossas possibilidades nacionais. Mas poruma mudança estratégica e essencial, que mergu-lhe fundo no corpo e no espírito do País. O Minis-tro da Cultura entende assim o recado enviadopelos brasileiros, através da consagração populardo nome de um trabalhador, do nome de umbrasileiro profundo, simples e direto, de umbrasileiro identificado por cada um de nós comoum seu igual, como um companheiro.

É também nesse horizonte que entendo o desejodo Presidente Lula, de que eu assuma o Ministérioda Cultura. Escolha prática, mas também simbólica,de um homem do povo como ele. De um homemque se engajou num sonho geracional de transfor-mação do País, de um negro mestiço empenhadonas movimentações de sua gente, de um artista quenasceu dos solos mais generosos de nossa culturapopular e que, como o seu povo, jamais abriu mãoda aventura, do fascínio e do desafio do novo.

Por isso mesmo, assumo, como uma das minhastarefas centrais, aqui, tirar o Ministério da Culturada distância em que se encontra, hoje, do dia-a-diados brasileiros. Porque quero o Ministério presenteem todos os cantos e recantos de nosso País.Porque quero que esta aqui seja a casa de todos osque pensam e fazem o Brasil. Que seja, realmente,a casa da cultura brasileira.

Experimentação,memória e invenção*(Discurso do Ministro Gilberto Gil na solenidade detransmissão do cargo, em Brasília, a 2 de janeiro de 2003.)

* Título elaborado pela equipe da SPPC.

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E o que entendo por cultura vai muito além doâmbito restrito e restritivo das concepções acadê-micas, ou dos ritos e da liturgia de uma suposta“classe artística e intelectual”. Cultura, comoalguém já disse, não é apenas “uma espécie deignorância que distingue os estudiosos”. Nemsomente o que se produz no âmbito das formascanonizadas pelos códigos ocidentais, com as suashierarquias suspeitas. Do mesmo modo, ninguémaqui vai me ouvir pronunciar a palavra “folclore”.Os vínculos entre o conceito erudito de “folclore” ea discriminação cultural são mais do que estreitos.São íntimos. “Folclore” é tudo aquilo que – não seenquadrando, por sua antiguidade, no panoramada cultura de massa – é produzido por genteinculta, por “primitivos contemporâneos”, comouma espécie de enclave simbólico, historicamenteatrasado, no mundo atual. Os ensinamentos deLina Bo Bardi me preveniram definitivamentecontra essa armadilha. Não existe “folclore” – oque existe é cultura. Cultura como tudo aquiloque, no uso de qualquer coisa, se manifesta paraalém do mero valor de uso. Cultura como aquiloque, em cada objeto que produzimos, transcendeo meramente técnico. Cultura, como usina de

símbolos de um povo. Cultura, como conjunto designos de cada comunidade e de toda a Nação.Cultura, como o sentido de nossos atos, a soma denossos gestos, o senso de nossos jeitos.

Desta perspectiva, as ações do Ministério daCultura deverão ser entendidas como exercíciosde antropologia aplicada. O Ministério deve sercomo uma luz que revela, no passado e nopresente, as coisas e os signos que fizeram efazem, do Brasil, o Brasil. Assim, o selo da cultura,o foco da cultura, será colocado em todos osaspectos que a revelem e expressem, para quepossamos tecer o fio que os unem.

Não cabe ao Estado fazer cultura, mas, sim,criar condições de acesso universal aos benssimbólicos. Não cabe ao Estado fazer cultura, mas,sim, proporcionar condições necessárias para acriação e a produção de bens culturais, sejam elesartefatos ou mentefatos. Não cabe ao Estado fazercultura, mas, sim, promover o desenvolvimentocultural geral da sociedade. Porque o acesso àcultura é um direito básico de cidadania, assimcomo o direito à educação, à saúde, à vida nummeio ambiente saudável. Porque, ao investir nascondições de criação e produção, estaremostomando uma iniciativa de conseqüênciasimprevisíveis, mas, certamente, brilhantes e profun-das – já que a criatividade popular brasileira, dos

primeiros tempos coloniais aos dias de hoje, foisempre muito além do que permitiam as

condições educacionais, sociais e econômicasde nossa existência. Na verdade, o Estado

nunca esteve à altura do fazer de nossopovo, nos mais variados ramos da grandeárvore da criação simbólica brasileira.

É preciso ter humildade, portanto.Mas, ao mesmo tempo, o Estado não deve

deixar de agir. Não deve optar pela omissão.Não deve atirar fora de seus ombros a responsabi-lidade pela formulação e execução de políticaspúblicas, apostando todas as suas fichas emmecanismos fiscais e assim entregando a políticacultural aos ventos, aos sabores e aos caprichos dodeus mercado. É claro que as leis e os mecanis-mos de incentivos fiscais são da maior importân-cia. Mas o mercado não é tudo. Não será nunca.Sabemos muito bem que em matéria de cultura,assim como em saúde e educação, é precisoexaminar e corrigir distorções inerentes à lógicado mercado – sempre regida, em última análise,pela lei do mais forte. Sabemos que é preciso, emmuitos casos, ir além do imediatismo, da visão de

Imagem:Cooperativa Educacional e

Assitencial Casa do ZezinhoProjeto Ateliês de Arte da

Casa do Zezinho

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curto alcance, da estreiteza, das insuficiências emesmo da ignorância dos agentes mercadológi-cos. Sabemos que é preciso suprir as nossasgrandes e fundamentais carências.

O Ministério não pode, portanto, ser apenasuma caixa de repasse de verbas para uma clientelapreferencial. Tenho, então, de fazer a ressalva: nãocabe ao Estado fazer cultura, a não ser num sentidomuito específico e inevitável. No sentido de queformular políticas públicas para a cultura é, tam-bém, produzir cultura. No sentido de que todapolítica cultural faz parte dacultura política de uma socieda-de e de um povo, num determi-nado momento de sua existên-cia. No sentido de que todapolítica cultural não podedeixar, nunca, de expressaraspectos essenciais da culturadesse mesmo povo. Mas, tam-bém, no sentido de que épreciso intervir. Não segundo acartilha do velho modeloestatizante, mas para clarearcaminhos, abrir clareiras,estimular, abrigar. Para fazeruma espécie de do-in antropo-lógico, massageando pontosvitais, mas momentaneamentedesprezados ou adormecidos,do corpo cultural do País.Enfim, para avivar o velho eatiçar o novo. Porque a cultura brasileira não podeser pensada fora desse jogo, dessa dialética perma-nente entre a tradição e a invenção, numa encruzi-lhada de matrizes milenares e informações etecnologias de ponta.

Logo, não se trata somente de expressar, refletir,espelhar. As políticas públicas para a cultura devemser encaradas, também, como intervenções, comoestradas reais e vicinais, como caminhos necessári-os, como atalhos urgentes. Em suma, como inter-venções criativas no campo do real histórico esocial. Daí que a política cultural deste Ministério,a política cultural do Governo Lula, a partir destemomento, deste instante, passa a ser vista comoparte do projeto geral de construção de uma novahegemonia em nosso País. Como parte do projetogeral de construção de uma Nação realmentedemocrática, plural e tolerante. Como parte eessência de um projeto consistente e criativo deradicalidade social. Como parte e essência daconstrução de um Brasil de todos.

Penso, aliás, que o presidente Lula está certoquando diz que a onda atual de violência, queameaça destruir valores essenciais da formação denosso povo, não deve ser creditada, automatica-mente, na conta da pobreza. Sempre tivemospobreza no Brasil, mas nunca a violência foi tantacomo hoje. E essa violência vem das desigualdadessociais. Mesmo porque sabemos que o que aumen-tou no Brasil, nessas últimas décadas, não foiexatamente a pobreza ou a miséria. A pobreza atéque diminuiu um pouco, como as estatísticas

mostram. Mas, ao mesmotempo, o Brasil tornou-se umdos Países mais desiguais domundo. Um País que possui,talvez, a pior distribuição derenda de todo o Planeta. E éesse escândalo social queexplica, basicamente, o caráterque a violência urbana assumiurecentemente entre nós,subvertendo, inclusive, osantigos valores da bandidagembrasileira.

Ou o Brasil acaba com aviolência, ou a violência acabacom o Brasil. O Brasil não podecontinuar sendo sinônimo deuma aventura generosa, massempre interrompida. Ou deuma aventura só nominalmen-te solidária. Não pode conti-

nuar sendo, como dizia Oswald de Andrade, umPaís de escravos que teimam em ser homens livres.Temos de completar a construção da Nação,incorporar os segmentos excluídos, reduzir asdesigualdades que nos atormentam. Ou nãoteremos como recuperar a nossa dignidade interna,nem como nos afirmar plenamente no mundo.Como sustentar a mensagem que temos a dar aoPlaneta, enquanto Nação que se prometeu o idealmais alto que uma coletividade pode propor a simesma: o ideal da convivência e da tolerância, dacoexistência de seres e linguagens múltiplos ediversos, do convívio com a diferença e, mesmo,com o contraditório. E o papel da cultura, nesseprocesso, não é apenas tático ou estratégico - écentral: o de contribuir objetivamente para asuperação dos desníveis sociais, mas apostandosempre na realização plena do humano.

A multiplicidade cultural brasileira é um fato.Paradoxalmente, a nossa unidade de cultura -unidade básica, abrangente e profunda - também.

Somos umpovo mestiço

que vemcriando, aolongo dos

séculos, umacultura

essencialmentesincrética.

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Em verdade, podemos mesmo dizer que a diversi-dade interna é, hoje, um dos nossos traçosidentitários mais nítidos. É o que faz com que umhabitante da favela carioca, vinculado ao samba e àmacumba, e um caboclo amazônico, cultivandocarimbós e encantados, sintam-se - e, de fato,sejam - igualmente brasileiros. Como bem disseAgostinho da Silva, “o Brasil não é o País do isto ouaquilo, mas o País do isto e aquilo”. Somos umpovo mestiço que vem criando, ao longo dosséculos, uma cultura essencialmente sincrética.Uma cultura diversificada, plural, mas que é comoum verbo conjugado por pessoas diversas, emtempos e modos distintos. Porque, ao mesmotempo, essa cultura é una: cultura tropical sincréti-ca tecida ao abrigo e à luz da língua portuguesa.

E não por acaso eu me referi, antes, ao planointernacional. Tenho para mim que a políticacultural deve permear todo o Governo, como umaespécie de argamassa de nosso novo projetonacional. Desse modo, teremos de atuar transver-salmente, em sintonia e em sincronia com osdemais Ministérios. Algumas dessas parcerias sedesenham de forma quase automática, imediata,em casos como os dos Ministérios da Educação, doTurismo, do Meio Ambiente, do Trabalho, dosEsportes, da Integração Nacional. Mas nem todosse lembram logo de uma parceria lógica e natural,no contexto em que estamos vivendo e em funçãodo projeto que temos em mãos: a parceria com oMinistério das Relações Exteriores.

Se há duas coisas que hoje atraemirresistivelmente a atenção, a inteli-gência e a sensibilidade internacio-nais para o Brasil, uma é a Amazônia,com a sua biodiversidade - e a outraé a cultura brasileira, com a suasemiodiversidade. O Brasil apareceaqui, com as suas diásporas e as suasmisturas, como um emissor demensagens novas, no contexto daglobalização. Juntamente com oMinistério das Relações Exteriores,temos de pensar, modelar e inserir aimagem do Brasil no mundo. Temosde nos posicionar estrategicamenteno campo magnético do GovernoLula, com a sua ênfase na afirmaçãosoberana do Brasil no cenário inter-nacional. E, sobretudo, temos desaber que recado o Brasil - enquantoexemplo de convivência de opostos ede paciência com o diferente - devedar ao mundo, num momento em

que discursos ferozes e estandartes bélicos seouriçam planetariamente. Sabemos que asguerras são movidas, quase sempre, por interes-ses econômicos. Mas não só. Elas se desenham,também, nas esferas da intolerância e do fanatis-mo. E, aqui, o Brasil tem lições a dar - apesar doque querem dizer certos representantes deinstituições internacionais e seus porta-vozesinternos, que, a fim de tentar expiar suas culpasraciais, esforçam-se para nos enquadrar numamoldura de hipocrisia e discórdia, compondo denossa gente um retrato interessado e interesseiro,capaz de convencer apenas a eles mesmos. Sim:o Brasil tem lições a dar, no campo da paz e emoutros, com as suas disposições permanentemen-te sincréticas e transculturativas. E não vamosabrir mão disso.

Em resumo, é com esta compreensão de nossasnecessidades internas e da procura de uma novainserção do Brasil no mundo que o Ministério daCultura vai atuar, dentro dos princípios, dosroteiros e das balizas do projeto de mudança deque o Presidente Lula é, hoje, a encarnação maisverdadeira e mais profunda. Aqui será o espaço daexperimentação de rumos novos. O espaço daabertura para a criatividade popular e para asnovas linguagens. O espaço da disponibilidadepara a aventura e a ousadia. O espaço da memóriae da invenção.

Muito obrigado.

Imagem:Associação dos Amigos da Arte de

Guaramiranga - AGUAProjeto ECOS - Escola de Comunicação da Serra

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45Imagem:

União Nacional dos EstudantesProjeto Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA) São Paulo

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PORTARIAN.º 156 DE

06 DE JULHODE 2004 que

constitui oPrograma

Cultura Viva

PORTARIAN.º 156 DE

06 DE JULHODE 2004 que

constitui oPrograma

Cultura Viva

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O Ministro de Estado da Cultura Interino, no uso de suas atribuiçõeslegais, resolve:

Art. 1º Criar o Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania –CULTURA VIVA, com o objetivo de promover o acesso aos meiosde fruição, produção e difusão cultural, assim como de potencializarenergias sociais e culturais, visando a construção de novos valoresde cooperação e solidariedade.

Art. 2º O Programa estimulará a exploração, o uso e a apropriação doscódigos, linguagens artísticas e espaços públicos e privados quepossam ser disponibilizados para a ação cultural.

Art. 3º O Programa CULTURA VIVA se destina à populações de baixarenda; estudantes da rede básica de ensino; comunidadesindígenas, rurais e quilombolas; agentes culturais, artistas,professores e militantes que desenvolvem ações no combate àexclusão social e cultural.

Art. 4º A execução do Programa se procederá mediante editais convidandoorganizações privadas e instituições públicas, legalmenteconstituídas, de caráter cultural e social, sendo as nãogovernamentais sem fins lucrativos, a apresentarem propostas paraparticipação e parceria nas diferentes ações do mesmo.

Art. 5º Os recursos para implementação das ações do Programa serãoadvindos da Lei Orçamentária e de parcerias agregadas aoPrograma.

Parágrafo Único - Ao Ministério da Cultura caberá o repasse de recursos, etambém sob a forma de kits de cultura digital às organizações/instituições selecionadas.

Art. 6º A coordenação das ações do Programa será objeto de competênciada Secretaria de Programas e Projetos Culturais.

Art. 7º Fica revogada a Portaria nº 525 de 18/12/2003.

Art. 8º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

JOÃO LUIZ SILVA FERREIRA

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A União Federal, por intermédio do Ministérioda Cultura, através da Secretaria de Programa e Pro-jetos Culturais, torna público, para conhecimentodos interessados, que está convidando todas as or-ganizações/instituições que desenvolvam ações decaráter cultural e social, sem fins lucrativos, legal-mente constituídas a apresentarem propostas paraparticipação e parceria no Programa Nacional “Cul-tura, Educação e Cidadania – CULTURA VIVA”, vi-sando a implantação de Pontos de Cultura, nos ter-mos, da Lei nº 8.666/93, no que couber, Lei 8.313/91, IN/STN 01/97, e nas condições e exigênciasestabelecidas neste Edital.

1. DA AUTORIZAÇÃO

1.1. O Programa foi criado pela Portaria MinCnº 156, de 06 de julho de 2004, do Ministério daCultura, publicada no Diário Oficial da União de07 de julho de 2004.

2. DO OBJETO

2.1. Constitui objeto do presente Edital o apoioà ampliação e garantia do acesso aos meios defruição, produção e formação cultural, através dorepasse de recurso em dinheiro e equipamentos.

2.1.1. A temática utilizada para o desenvolvimen-to do Programa objeto deste edital deverá ter comoreferência o estímulo à exploração de diferentesmeios e linguagens artísticas e lúdicas, bem como à

inclusão digital, percebendo a cultura em suas di-mensões de construção simbólica, de cidadania edireitos e de geração e distribuição de renda.

2.1.2. Para um melhor conhecimento do pro-grama do Ministério da Cultura, sugere-se a leiturado documento CULTURA VIVA, disponibilizado noPortal do Ministério da Cultura.

3. DO PRAZO, FORMA ECONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO

3.1. O encaminhamento das propostas deveráser efetuado mediante requerimento dirigido àSPPC, conforme modelo constante do anexo I a esteEdital, acompanhado das seguintes documentações:cópia do termo de posse do representante legal,acompanhada da respectiva cópia da Ata que o ele-geu, devidamente registradas em cartório, bemcomo do comprovante do endereço da instituição,CPF, cédula de identidade do representante; cópiado estatuto/regimento interno e CNPJ da institui-ção/organização proponente e suas alterações, sehouver, devidamente averbadas.

3.2. A solicitação de inclusão no Programa so-mente poderá se feita através dos serviços depostagem de correspondência da Empresa Brasileirade Correios e Telégrafos – ECT, para a Caixa Postal nº8775 – SHS – Qd. 02 – bloco B – CEP: 70.312-970 –Brasília/DF -Programa Cultura Viva, no período de20 de julho a 16 de agosto de 2004, fazendo constar

EDITAL DE DIVULGAÇÃO Nº 1,DE 16 DE JULHO DE 2004

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no endereçamento: Participação no Programa Naci-onal CULTURA VIVA/Ponto de Cultura–2004.

3.3. Para participar deste edital, as organizaçõesde natureza privada e as instituições públicas, de-vem comprovar ação relacionada à área cultural esocial.

3.3.1. No caso das instituições de natureza pú-blica, será respeitada a legislação no que diz respei-to ao firmamento de convênio no período eleitoral.

3.4. Instituições e organizações de abrangêncianacional, estadual ou regional poderão apresentarpropostas e assumir a gestão de mais de um Pontode Cultura.

3.5. A proposta postada após o período estabe-lecido no subitem 3.2 deste Edital será automatica-mente invalidada.

3.6. A proposta encaminhada implica na préviae integral concordância com as normas deste Edital.

4. DO PROJETO TÉCNICO

4.1. O projeto apresentado deverá conter os ele-mentos abaixo relacionados:

a) Plano de trabalho, com descrição detalhada, ob-jetiva, clara e precisa do projeto que integrará oconvênio;

b) Justificativa do projeto, enfocando significativascontribuições para a implantação do programa;

c) Plano e cronograma de aplicação dos recursos aserem desembolsados pelo concedente e con-trapartida do proponente;

d) Declaração do proponente de que dispõe de es-paço físico para implementação do projeto;

e) Portfólio com apresentação de atividades e açõesanteriores. O meio de apresentação pode ser porvídeo, fotografias, material jornalístico ou publi-cações que comprovem a experiência do propo-nente no desenvolvimento das ações propostas;

f) Cronograma de metas a serem alcançadas den-tro do prazo previsto neste Edital.

4.2. A falta de apresentação de qualquer dositens elencados no subitem 4.1, ou em desacordocom o estabelecido, implicará no imediatoindeferimento do requerimento, independentemen-te de notificação.

5. DA SELEÇÃO E DO JULGAMENTO

5.1. A seleção das propostas será realizada poruma Comissão de Avaliação constituída porpareceristas ad hoc e por técnicos e dirigentes doMinC, designada pelo Secretário da SPPC, a quemcaberá a presidência e voto de qualidade.

5.2. Na avaliação dos projetos, a Comissão leva-rá em conta propostas que atendam, ao menos, umdos seguintes públicos ou ações:

a) estudantes da rede Pública de Ensino;

b) adolescentes e jovens adultos em situação devulnerabilidade social;

c) populações de baixa renda, habitando áreas comprecária oferta de serviços públicos e de cultu-ra, tanto nos grandes centros urbanos, comonos pequenos municípios;

d) integração entre universidade e comunidade;

e) habitantes de regiões e municípios com granderelevância para a preservação do patrimônio;histórico cultural e ambiental;

f) habitantes de comunidades indígenas,quilombolas e rurais;

g) portadores de necessidades especiais.

5.2.1–Também serão adotados critérios que iden-tifiquem projetos que apresentem propostas inova-doras em relação aos seguintes aspectos:

a) processos criativos continuados;

b) interface com a cultura digital em software livre;

c) ações de formação cultural, documentação e re-gistro nas comunidades em que atuam;

d) geração de renda através da cultura;

e) capacidade em agregar outros atores sociais eparceiros públicos ou privados, garantindo asustentabilidade futura da proposta;

f) comprovação do espaço físico onde funcionarácomo sede e referência para o Ponto de Cultura.

5.3. Os projetos serão avaliados individualmentepor membros da Comissão, enquadrando os seustermos nos quesitos dispostos no subitens 5.2 e 5.2.1.

5.3.1. Serão selecionados até 100 (cem) proje-tos dos que obtiverem, em ordem decrescente, a

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maior pontuação. Esse quantitativo poderá ser am-pliado caso haja disponibilidade de recursos.

5.3.2. Caberá à Comissão Julgadora promoveruma equilibrada distribuição dos projetos contem-plados pelas diversas regiões do território nacional.

5.3.3. Será invalidada a proposta da instituiçãoque tiver pendência, inadimplência ou falta de pres-tação de contas junto a qualquer órgão público, oudeixar de cumprir total ou parcialmente o dispostono item 3.1.

5.4. A Secretaria de Programas e Projetos Cultu-rais relacionará os projetos indicados para recebi-mento do apoio e procederá a sua publicação nodiário Oficial da União, com o nome da entidadeselecionada, da cidade e unidade federada, do res-pectivo projeto e do valor do apoio.

6. DO APOIO FINANCEIRO E EM EQUIPAMENTOS

6.1. O repasse dos recursos às instituições/orga-nizações que tiverem seus projetos selecionados seráefetuado em cinco parcelas semestrais que perfa-zem o valor total de R$ 150.000,00 (cento e cin-qüenta mil reais), após assinatura do convênio paraa realização do projeto.

6.2. O cronograma de distribuição dos recursosdar-se-á da seguinte maneira:

Após a assinatura do convênio ......... R$ 25.000,00

Primeiro Semestre de 2005 .............. R$ 30.000,00

Segundo Semestre de 2005 ............. R$ 30.000,00

Primeiro Semestre de 2006 .............. R$ 30.000,00

Segundo Semestre de 2006 ............. R$ 35.000,00

6.3. O apoio destinar-se-á exclusivamente à rea-lização do projeto, conforme objeto deste Edital.

6.4. No plano de aplicação de recursos, de quetrata a alinea c do subitem 4.1, a aplicação dos re-cursos será de acordo com as necessidades do pro-ponente, devendo destinar-se, no mínimo, 75% paraoficinas de criação e formação cultural ou investi-mentos em obras e equipamentos necessários àmelhoria da intervenção cultural local. Os outros 25%poderão ser destinados a custeio e manutenção.

6.5. O valor correspondente à contrapartida mí-nima, definida pela Lei 8.313/91, que trata de pro-jetos atendidos pelo Fundo Nacional de Cultura,mencionada na alínea c do subitem 4.1 deste Edital,

será de 20% (vinte por cento) do valor monetáriorepassado pelo Ministério.

6.5.1. A contrapartida dada como participaçãofinanceira, poderá ser em bens ou serviços, desdeque possam ser medidos/avaliados economicamen-te, excetuando-se as instituições públicas.

6.6. Além de proceder ao repasse financeiro, oMinistério da Cultura doará equipamentos de cul-tura digital, quais sejam: computador com progra-ma em software livre, microfones e amplificador paragravação musical e câmara de filmagem digital.

6.6.1. Os equipamentos doados serão adquiri-dos diretamente pelo Ministério da Cultura e as suasespecificações detalhadas apresentadas posterior-mente.

6.6.2. A utilização do equipamento será exclu-siva para as atividades previamente previstas na pro-posta de cada proponente, sendo que a caracteri-zação de desvio ou inutilização implicará na devo-lução do equipamento e no descredenciamentopara os repasses monetários futuros.

6.7. A falta de assinatura do Convênio para arealização do projeto, no prazo de 20 dias úteis, dadata da publicação do resultado final da seleçãopublicada no Diário Oficial, implicará na renúnciaao apoio.

6.8. As despesas deverão ser comprovadas me-diante relatório detalhado das atividades realizadas,acompanhada de documentos fiscais (cópia auten-ticada em cartório) ou equivalentes, devendo as fa-turas, recibos e quaisquer outros documentoscomprobatórios serem emitidos em nome daConvenente, devidamente identificados com o tí-tulo do projeto e o número do Convênio.

6.9. A liberação das parcelas subseqüentes sóacontecerá após a efetiva comprovação de gastos eatividades da etapa anterior.

6.10. O não cumprimento das exigências cons-tantes dos itens da obrigatoriedade de execução im-plicará na devolução dos recursos com os acrésci-mos legais e demais penalidades previstas na legis-lação vigente.

6.11. Os recursos, enquanto não empregados nasua finalidade, serão obrigatoriamente aplicados nomercado financeiro e a receita adicional deverá serrevertida integralmente para as atividades no o Pontode Cultura.

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7. DA OBRIGAÇÃO DA CONVENENTE

7.1. Divulgar o nome do Ministério da Cultura/Governo Federal e do Programa Nacional CulturaViva em todos os seus atos de promoção e divulga-ção do projeto, objeto do convênio, em destaque,no local do Ponto de Cultura e dos eventos e açõesdele decorrentes.

7.1.1. As marcas do Ministério da Cultura/Go-verno Federal e do programa, deverão ser feitas deacordo com os padrões de identidade visual forne-cidos pela Secretaria de Programas e Projetos Cul-turais, no ato da assinatura do Convênio, sendo ve-dada às partes a utilização de nomes, símbolos ouimagens que caracterizem promoção pessoal deautoridades ou servidores públicos.

7.2. Cumprir fielmente a proposta aprovada, deacordo com as cláusulas pactuadas e a legislaçãopertinente, respondendo, pelas conseqüências desua inexecução total ou parcial, de acordo com alegislação vigente.

7.3. Executar os projetos dentro da vigência doinstrumento, conforme proposto no Plano de Tra-balho apresentado, que será parte integrante doconvênio.

8. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

8.1. É expressamente vedada alteração que im-plique modificação dos documentos que compõemo item 4.

8.2. Os projetos não selecionados ficarão a dis-posição das Instituições Organizações, para retira-da às suas expensas, por um prazo máximo de 30(trinta) dias, a partir da data de publicação do re-sultado final da seleção, sendo inutilizados depoisde vencido este prazo.

8.3. O presente Edital ficará à disposição dosinteressados na Secretaria de Programas e ProjetosCulturais do Ministério da Cultura ou no portalwww.cultura.gov.br.

8.4. Posteriormente, será aberto um novo edital,quando as propostas não contempladas por quais-quer motivos poderão ser reapresentadas em suaforma original ou com eventuais correções que sefaçam necessárias.

8.5. Maiores informações poderão ser obtidasatravés dos telefones (61) 316-2282, 316 –2284 e316-2219.

8.6. A Administração Pública não podedescumprir as normas e condições do edital, aoqual se acha estritamente vinculada (art. 41 da Leinº 8666/93).

8.7. Os casos omissos serão dirimidos pela Co-missão de Avaliação.

Ministério da CulturaBrasília , 16 de julho de 2004

CÉLIO ROBERTO TURINO DE MIRANDASECRETÁRIO DE PROGRAMAS

E PROJETOS CULTURAIS

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Nº de Título do Projeto Entidade Proponente Cidade/UFOrdem

016/2004 Centro de formação e produção Vídeo nas Aldeias Olinda/PEaudiovisual dos Povos Indígenas do Acre

446/2004 Inter-Arte-Ação - Inclusão e Cidadania Federação de Taetro Amador do Acre Rio Branco/AC

544/2004 Oficina Som da Floresta Associação Vertente Rio Branco/AC

726/2004 Joga Capoeira Camarada! Associação Recreativa e Cultural Mameluco Rio Branco/AC

773/2004 Lumiar Associação Candeeiro Aceso Arapiraca/AL

379/2004 Circo-Escola Guerreiros da Vila Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu-CEASB Maceió/AL

472/2004 Circo-Escola de Incentivo às Artes (C.E.I.A.) Companhia Teatro da Meia-Noite Artistas Associados Maceió/AL

509/2004 Cultura Viva nos Quilombos Instituto de Pesquisas Etnicas-IPE Maceió/AL

538/2004 Poleiro dos Anjos Casa da Arte Maceió/AL

744/2004 Ponto de Cultura Ideário Ideário Comunicação, Cultura e Educação Popular Maceió/AL

768/2004 Boi de Carnaval - Inclusão Social Através da Cultura Círculo Cultural Anima Alagoana Maceió/AL

770/2004 Ecomuseu Comunitário Graciliano é um Graça Projeto Graciliano é um Graça Maceió/AL

468/2004 Caminhos de São Francisco Associação Amigos de Piaçabucu - Olha o Chico Piaçabuçu/AL

416/2004 Cinema e Vídeo na Educação AM Filmes Digitais Manaus/AM

464/2004 Ponto de Cultura Pé na Taba Centro de Defesa dos Direitos da Manaus/AMCriança e do Adolescente (CEDECA-Pé na Taba)

829/2004 Voz para Comunidades da Floresta Grupo de Trabalho Amazônico Brasília/DF

136/2004 Preservação do Patrimônio: inclusão social CEFET-BA/Unidade de Ensino Salvador/BAmediante produção e utilização de multimídia Descentralizada de Barreiras

598/2004 Programa Cultura Viva Sociedade Litero Musical Minerva Cachoeirana Cachoeira/BA

791/2004 Terreiro Cultural Centro de Estudos, Pesquisa e Ação Sócio-Cultural Cachoeira/BA(CineClube & Cine Teatro Cachoeira)

373/2004 Preservação do Patrimônio: inclusão social CEFET-BA/Unidade Metropolitana de Eunápolis Eunápolis/BAmediante produção e utilização de multimídia

201/2004 Arte e Cultura Cidadã Fundação Antonio Almeida e Silva - FUNDAL Ipirá/BA

771/2004 Conexões: Ciberparque Anísio Teixeira - Irecê/BA Fundação ADM Salvador/BA

311/2004 Grãos de Luz e Griô: a Tradição Viva Associação Grãos de Luz Lençóis/BA

385/2004 Índios On-line Thydêwá Salvador/BA

386/2004 Agência Mandacaru de Comunicação e Arte Movimento de Organização Comunitária-MOC Feira de Santana/BA

024/2004 Eletrocooperativa: Inclusão Digital Musical Instituto Eletrocooperativa São Paulo/SP

039/2004 Arte Talento e Cidadania Liceu de Artes e Ofícios da Bahia Salvador/BA

078/2004 Telecentro de Protagonismo Juvenil e seu Teatro Centro de Estudos Socioambientais Pangea Salvador/BA Ambulante - Ponto Múltiplo de Cultura

247/2004 Estúdio Mix Comunicação Interativa - CIPÓ Salvador/BA

Pontos de Cultura selecionados no 1º Edital

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Nº de Título do Projeto Entidade Proponente Cidade/UFOrdem

255/2004 Pierre Verger: no CENTRO Fundação Pierre Verger Salvador/BAda Cutura Afro - Brasileira

269/2004 Projeto Ubuntu na Federação Instituto Casa Via Magia Salvador/BA- Novas Tecnologias, Arte e Educação

341/2004 Centro de Cultura Liberdade Centro de Cultura Liberdade é Barra Salvador/BA

353/2004 Jovem Artista ACAT - Associação de Comunitária de Apoio, Salvador/BA Qualificação e Cultura dos Trabalhadores da Bahia

415/2004 Enter - Uma Proposta de Centro Projeto Axé de Defesa e de Salvador/BAInclusão Sócio-Digital proteção à Crança e ao Adolescente

498/2004 Espaço CUCA - Salvador - Centro União Nacional dos Estudantes - UNE São Paulo/SPUniversitário de Cultura e Arte

654/2004 Arte Viva APAE - Associação de Pais e Amigos Salvador/BAdos Excepcionais - Salvador/BA

720/2004 Preservação do Patrimônio: Inclusão Social CEFET - BA / Sede Salvador/BAMediante Produção e Utilização de Multimídia

740/2004 Centro Cultural Parque Pituaçu Escologia Salvador/BA

826/2004 SER-TÃO Brasil - Redes de Artes e Sentidos Centro de Referência Integral de Adolescentes Salvador/BA

372/2004 Preservação do Patrimônio: inclusão social CEFET-BA/Unidade Metropolitana Simões Filho/BAmediante produção e utilização de multimídia de Simões Filho

741/2004 Cultura: Direito de Todos Fundação Terra Mirim Simões Filho/BA

573/2004 Preservação do Patrimônio: inclusão social CEFET-BA/Unidade de Ensino Valença/BAmediante produção e utilização de multimídia Descentralizada de Valença

254/2004 Preservação do Patrimônio: inclução social CEFET - BA/ Unidade de Ensino Vitória da Conquista/BAmediante produção e utilização de multimídia Descentralizada de Vitória da Conquista

686/2004 música para todos casa da cultura de vitória da conquista Vitória da Conquista/BA

687/2004 abrindo velas, pescando culturas associação dos pequenos agricultores e Amontada/CE- caetanos de cima pescadores assentados do imóvel sabiaguaba

114/2004 Diversão e Arte Escola de Dança Integração Social para Fortaleza/CECriança e Adolescente - EDISCA

177/2004 Artes de Verdes Mares - Ponto de Cultura de Encine Núcleo Sócio-Cultural de Arte Audiovisual - ENCINE Fortaleza/CE

273/2004 Centro Itinerante de Referência Federação de Entidades de Bairros e Fortaleza/CECultural e Criação Coletiva Favelas de Fortaleza - FBFF

354/2004 Projeto Escola de Artes Academia de Ciências e Artes Fortaleza/CE

424/2004 Reis Assentados Associação Educativa Cultural Teatro da Boca Rica Fortaleza/CE

439/2004 Curso Profissionalizante de Desenho e Aminação AMANDA - Associação Mundo Animado das Artes Fortaleza/CE

660/2004 Circuito NoAr NoAr Alpendre - Casa de Cultura e Cidadania Fortaleza/CE

682/2004 Mercado Alternativo e Centros de Movimento HIP HOP Organizado Fortaleza/CEEmpreendorismo e Referência Cultural do Brasil - MH2O do Brasil

745/2004 Casa de Cultura Popular “Fala Favela” Fundação Cultural Educacional Popular em Fortaleza/CEDefesa do Meio Ambiente - Fundação CEPEMA

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Nº de Título do Projeto Entidade Proponente Cidade/UFOrdem

507/2004 Projeto Arte na Praça (PAP) Associação Cultural Arte na Praça-ACAP Guaraciaba do Norte/CE

737/2004 ECOS - Escola de Comunicação da Serra Associação dos Amigos da Guaramiranga/CEArte de Guaramiranga-AGUA

238/2004 Produção de Vídeo e Formação de Platéia Fundação Casa Grande - Memorial Nova Olinda/CEdo Homem do Kariri

465/2004 Som das Carnaubeiras de Arte-Educação Associação Carnaubeira de Arte-Educação Russas/CE

595/2004 Abrindo Velas, Pescando Culturas - Flecheiras Associação do Desenvolvimento Trairi/CEComunitário de Flecheiras - ADCF

590/2004 Construção do Centro Cultural para fortalecimento Associação Nacional de Cooperação Agrícola-ANCA São Paulo/SPda produção artística das comunidades camponesase democratização da cultura brasileira

068/2004 Atitude Jovem Organização Atitude Ceilândia Sul/DF

099/2004 Espaço Cultural 100 Dimensão Cooperativa Seletiva e Reciclagem de Riacho Fundo II/DFResíduos Sólidos com Formaçãoe Educação Ambiental

014/2004 Oficina de Teatro Invenção Brasileira Grupo de Teatro Mamulengo Taguatinga/DFPresepada - Invenção Brasileira

382/2004 Ponto de Cultura do Varjão Associação Olhos D’Água Varjão do Torto/DFde Proteção Ambiental - AOPA

245/2004 Ponto de Cultura na Associação Salvamar Associação Salvamar de Assistência à Guarapari/ESCriança e ao Adolescente

585/2004 Centros de Formação e Cultura Associação Nacional de Cooperação São Paulo/SPnas Áreas de Reforma Agrária Agrícola-ANCA

539/2004 Projeto Manguerê Centro Cultural Caieiras Vitória/ES

735/2004 Projeto CUCA (Centros Universitários União Nacional dos Estudantes - UNE São Paulo/SPEspírito Santo de Cultura e Artes)

017/2004 Ver e Ser Visto - Um pólo de Centro de Formação Integral - CENFI Aparecida de Goânia/GOprodução de vídeo digital

038/2004 Abrindo Janelas Centro Cultural Eldorado dos Carajás Goiânia/GO

579/2004 Protagonistas de cultura: sensibilização, participação Associação Nacional de Cooperação Agrícola-ANCA São Paulo/SPparticipação e protagonismo cultural brasileiro, comassentados e acampados do Movimento Sem Terra em Goiás

220/2004 Incrementação do Núcleo de Arte e Comunidade Educacional de Pirenópolis (COEPI) Pirenópolis/GOInformática da COEPI em Pirenópolis

542/2004 Projeto Calu Universidade Federal do Maranhão São Luís/MA

583/2004 Estruturação do anfiteatro do Centro Associação Nacional de Cooperação Agrícola-ANCA São Paulo/SPde Capacitação e Formação Padre Josimo Tavares

521/2004 Cultura da Gente Instituto Sinergia: Gestão & Cidadania (OSCIP) Imperatriz/MA

625/2004 Tambores do Quilombo Frechal Associação das Comunidades Negras Rurais São Luís/MAQuilombolas do Maranhão - ACONERUQ

828/2004 Ponto na Quebrada - Ponto de Cultura Associação Estação da Arte, Cultura e Educação São Paulo/SP/MHHOB/ Fome de Livro na Quebrada

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Nº de Título do Projeto Entidade Proponente Cidade/UFOrdem

432/2004 Casa de Arte & Ofício Ponto de Partida Associação Cultural Ponto de Partida Barbacena/MGe Bituca - Universidade de Música Popular

015/2004 Cinema Meninos de Araçuaí Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento Belo Horizonte/MG

241/2004 Centro de Convergência de Fundação de Desenvolvimento da Belo Horizonte/MGNovas Mídias- REDE.LE Pesquisa-FUNDEP

277/2004 A Fábrica - Reforma e Implantação SeráQuê?Cultura Belo Horizonte/MG

340/2004 Cine Aberto e Laboratório de Filmes CONTATO - Centro de Belo Horizonte/MGdo Aglomerado da Serra Referência da Juventude

425/2004 De Gutemberg a Bill Gates Memória Gráfica-typographia Belo Horizonte/MGescola de gravura

019/2004 “Folclore nas Barrancas do São Francisco”: O movimento do Graal no Brasil Belo Horizonte/MGretomando, refazendo e percebendoos caminhos da cultura

471/2004 Fábrica do Futuro Instituto Cidade de Cataguases Cataguases/MG

185/2004 Casa da Juventude FUMCULT Congonhas/MG

618/2004 Você é Cultura Fundação Tijuco para o Desenvolvimento da Diamantina/MGCultura, Educação, Esporte e Ação Comunitária

691/2004 Ponto de Cultura - Nas Trilhas da Cidadania cultural Fundação Educaional do Vale do Jetiquinhonha Diamantina/MG

356/2004 Fiação e tecelagem em algodão Associação dos Artesãos de Francisco Badaró Francisco Badaró/MG

750/2004 Aquisição de Mobiliário e Equipamentos para a Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade Itabira/MGCasa de Drummond - Centro de Inclusão Digital

817/2004 Música e Artesanato: Cultura Associação Cultural de Amigos do Museu Rio de Janeiro/RJTradicional no Norte de Minas do Folclore Edison Carneiro

275/2004 Ponto Volante de Cultura Serviço Social Da Indústria - SESI Mariana/MG

483/2004 Centro Cultural Conscienciarte Fundação Conscienciarte Paracatu/MG

244/2004 CriAção Associação Pró-Desenvolvimento Santa Rita do Sapucaí/MGatravés da Arte -PRODARTE

576/2004 Ponto Cultural e ambientalda Serra do Cipó Associação Projeto Presente Santana do Riacho/MG

271/2004 Raízes do Sertão Associação de Desenvolvimento comunitário e Ação Serro/MGSocial do Clube de Mães de São Gonçalo do Rio das Pedras

125/2004 Moinho Cultural Sul Americano Instituto Homem Pantaneiro Corumbá/MS

192/2004 Casa da Cultura “Nãnderetã” Associação “Amigo do Índio” Dourados/MS

581/2004 Arte, Cultura, Cidadania e Geração de Renda Associação Nacional de Cooperação Agrícola-ANCA São Paulo/SP

184/2004 AVE - Arte, Vida e Esperança Associação Popular de Cultura Cacerense - APCUCA Cáceres/MT

035/2004 Ciranda Digital Projeto Ciranda - Música e Cidadania Cuiabá/MT

190/2004 Ponto de Cultura Norte de Mato Grosso Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Lucas do Rio Verde/MTRio Verde e Coletivo Regional da Rede GTANorte Mato-grossense (Grupo de Trabalho Amazônico)

084/2004 Rio Pela Arte União de Mulheres de Belém Belém/PA

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Nº de Título do Projeto Entidade Proponente Cidade/UFOrdem

754/2004 Laboratório de MDB - Música Digital Brasileira Sociedade Visconde Inhauma Belém/PA

473/2004 COMVIDA Ponto de Cultura CONVIDA - Associação Cultural Caminho de Vida Rondon do Pará/PA

436/2004 Espaço Cultural na Amazônia - Investindo na Grupo de Ação Ambiental Vila Viva Santarém/PACultura e no Conhecimento para Preservar a Floresta

442/2004 Cultur Ribeirinha de Santarám Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém Santarém/PA

350/2004 Multivisual.NET - Bananeiras Brejo da Paraíba Paraiwa - Coletivo de Assessoria e Documentação João Pessoa/PB

345/2004 Espaço CUCA - Centro Universitário de Cultura União Nacional dos Estudantes - UNE São Paulo/SPe Arte / Campina Grande

257/2004 Oficina Escola - Patrmônio Histórico e Cultura Oficina Escola de Revitalização do João Pessoa/PBPatrimônio Cultural de João Pessoa

351/2004 PARA’IWA - Multivisual Net Paraiwa - Coletivo de Assessoria e Documentação João Pessoa/PB

649/2004 Centro de Cultura Popular Piollin Escola Piollin João Pessoa/PB

651/2004 Urbe Audiovisual Associação Brasileira de Documentaristas, João Pessoa/PBSeção Paraíba (ABD-PB)

790/2004 Rede de Comunicação e Cultura do Semi-árido Centro de Cultura Luiz Freire/TV Viva Olinda/PE

315/2004 Ponto de Cultura - Estrela de Ouro Grupo Cultural Maracatu Estrela de Ouro Recife/PE

532/2004 Estação da Cultura Associação Estação da Cultura Arcoverde/PE

204/2004 Cultura Viva: Jovens Comunicadores Centro de Mulheres do Cabo Cabo de Santo Agostinho/PEna Era da Inclusão Digital

592/2004 Centro de Cultura e da Cultura Camponesa e Associação Nacional de Cooperação Agrícola-ANCA São Paulo/SPde Reforma Agrária do Agreste Pernambucano

679/2004 Arte Afro Menina Mulher Casa Menina Mulher Recife/PE

701/2004 Encontro Cultural - Jovem Cidadão Associação Musical e Cultural de Cavaleiro Jaboatão dos Guararapes/PE

066/2004 Carnaval da Ala Alafin Mimi Associação Recreativa Carnavalesca Afoxé Alafin Oyó Olinda/PE

074/2004 Projeto Memorial Severina Associação dos Amigos do Arquivo Público Recife/PE Paraíso da Silva - Mãe Biu Estadual Jordão Emerenciano

098/2004 Nossos Patrimônios Vivos Associação Veredas: cidadania, cultura e patrimônio Olinda/PE

408/2004 De Antena Ligada C.A.I.S. do Parto: Centro Ativo de Integração do Ser Olinda/PE

534/2004 Núcleo de Memória e Produção de Cultura Direitos Humanos e Recife/PEPopular Coco de Umbigada - Djumbay Desenvolvimento Local Sustentável

545/2004 Cinema de Animação Centro de Cultura Popular Viva Arte Olinda/PE

591/2004 Centro de Cultura da Reforma Agrária e Associação Nacional de Cooperação Agrícola-ANCA São Paulo/SPCidadania do Centor Francisco Julião - Olinda-PE

695/2004 OCAS - Oficinas Culturais de Artes e Saúde GRAÚNA - Juventude, Gênero, Arte e Desenvolvimento Olinda/PE

147/2004 Implantação do Centro Cultural Instituto de Planejamento e Apoio Recife/PEForte de Pau Amarelo ao Desenvolvimento Tecnológico e Científico

112/2004 Versos do Semi-Árido Associação Programa 1 Milhão de Cisternas (AP1MC) Recife/PE

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Nº de Título do Projeto Entidade Proponente Cidade/UFOrdem

249/2004 Projeto CUCA (Centro Universitários de União Nacional dos Estudantes - UNE São Paulo/SPCultura e Arte) Pernambuco

258/2004 Pilares de Um Recife Centro de Diversidade Cultural Teatro Armazém Recife/PE

280/2004 Protagonizando o Espetáculo da Vida! Grande Circo Arraial - Escola Pernambucana de Circo Recife/PE

398/2004 Auto-estima ONG Alto Falante Recife/PE

418/2004 Voz da Criança pelo Maracatu Maracatu de Baque Virado Encanto da Alegria Recife/PE

627/2004 Núcleo de Comunicação Comunitária do Recife Associação das Entidades Coordenadoras e Usuárias do Recife/PECanal Comunitário do Grande Recife - Canal Capibaribe

784/2004 Jovens Quilombolas: Voz e Resistência Associação Quilombola de Conceição das Crioulas Olinda/PE

458/2004 Cultura ao Alcance de Todos Escandalo Legalizado Teatro Floriano/PI

664/2004 Projeto Cultural “O Grito do Ipiranga” Fundação Cultural Enéas de Carvalho Ipiranga do Piauí/PI

404/2004 Ponto de Cultura Quilombo Rosário Oeiras Piauí Fundação Dom Edilberto Dinkelborg Oeiras/PI

157/2004 Cordel nas Escolas Fundação Nordestina do Cordel Teresina/PI

587/2004 Resgate e Conhecimento da Cultura do Meio Rural Associação Nacional de Cooperação Agrícola-ANCA São Paulo/SP

037/2004 Estúdio Livre Comitê para Democratização da Informática no Paraná Curitiba/PR

512/2004 Projeto CUCA União Nacional dos Estudantes - UNE São Paulo/SP(Centros Universitários de Cultura e Arte) Paraná

548/2004 Caranava da Alevria - 2ª Etapa Companhia de Teatro Amadeus Foz do Iguaçu/PR

079/2004 Vivenciando a Cultura Centro de Produtores Independentes de Arte e Cultura - CEPIAC Londrina/PR

588/2004 Resgate e Conhecimento da Cultura Camponesa Associação Nacional de Cooperação Agrícola-ANCA São Paulo/SP

589/2004 Resgate e Conhecimento da Cultura Camponesa Associação Nacional de Cooperação Agrícola-ANCA São Paulo/SP

113/2004 Pólo APAC de Artes Visuais e Música Associação de Proteção à Arte e à Cultura de Sertanópolis Sertanópolis/PR

380/2004 Instituto Cultural Martinho da Vila Instituto Cultural Martinho da Vila Duas Barras/RJ- Inclusão Social e Cidadania Cultural

025/2004 América: Arte e Cultura na Baixada Associação dos Amigos do América-Baixada - AMAB Mesquita/RJ

108/2004 Programa de Inclusão Audiovisual Oficina do Parque Niterói/RJe Digital na Oficina do Parque

535/2004 Oficina de Comunicação Comunitária Associação de Formação Social, Cultural Niterói/RJCultural e Ambiental do Barreto e Ambiental do Barreto

205/2004 Oficina Permanente de Teatro e Circo Casa do Menor de São Miguel Arcanjo Nova Iguaçu/RJ

675/2004 Vídeo - Cultura e Trabalho Centro de Integração Social Amigos de Nova Era Nova Iguaçu/RJ

450/2004 Patrimônio Imaterial e Geração de Renda em Paraty Instituto Tannus Assistencial Educacional Paraty/RJ

519/2004 Projeto Cultural Manoel Martins Associação de Moradores de Campinho Paraty/RJ

072/2004 Ponto de Cultura Estação Barão de Mauá Serviço Social das Estradas de Ferro- Sesef Rio de Janeiro/RJ

110/2004 Centro de Cultura e Educação Lúdica da Rocinha Centro Internacional de Estudos Rio de Janeiro/RJe Pesquisas sobre a Infância - CIESPI

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Nº de Título do Projeto Entidade Proponente Cidade/UFOrdem

128/2004 Casa da Música Associação de Moradores do Jacarezinho Rio de Janeiro/RJ

137/2004 Tá na Rua Brasil - Escola Carioca de Espetáculo Instituto Tá Na Rua, para Artes, Educação e Cidadania Rio de Janeiro/RJ

141/2004 Oficina de Arte da Casa das Artes de Vila Isabel Associação Casa das Artes de Educação e Cultura Rio de Janeiro/RJ

180/2004 Ponto de Cultura Memória de Santa Viva Santa Rio de Janeiro/RJ

181/2004 Projeto CUCA (Centros Universitários de União Nacional dos Estudantes - UNE São Paulo/SPCultura e Arte) Rio de Janeiro

216/2004 Ponto de Cultura Papo Cabeça Viva Rio Rio de Janeiro/RJ

217/2004 Projeto As Novas Ondas da Maré Ação Comunitária do Brasil do Rio de Janeiro - ACB/RJ Rio de Janeiro/RJ

225/2004 Arte Ponto a Ponto em Padre Miguel Centro Integrado de Estudos e Programas Rio de Janeiro/RJde Desenvolvimento Sustentável

235/2004 Casa do Teatro do Oprimido Centro de Teatro do Oprimido-CTO-RIO Rio de Janeiro/RJ

343/2004 Centro Interativo de Circo Centro Interativo de Circo Rio de Janeiro/RJ

433/2004 Oficinas de Arte da Casa das Artes da Mangueira Associação Casa das Artes de Educação e Cultura Rio de Janeiro/RJ

449/2004 Pólo de Cultura Centro Cultural Roda Viva Associação Projeto Roda Viva Rio de Janeiro/RJ

463/2004 Central Única das Favelas - CUFA Rio de Janeiro/RJ

470/2004 Espaço de Construção da Cultura Associação Comitê da Ação da Cidadania Rio de Janeiro/RJ

493/2004 Orquestra de Violinos Centro Cultural Cartola Rio de Janeiro/RJ

502/2004 Oficina de Samba Escola da Vida ONG Projeto Liberdade Rio de Janeiro/RJ

533/2004 Ponto de Cultura Sinval Silva de Memória Instituto Trabalho e Cidadania Rio de Janeiro/RJe Criação Musical da Tijuca

594/2004 Ponto de Cultura CIDS-VG Ação Social Frei Gaspar Rio de Janeiro/RJ

626/2004 Damas da Camélia AMOCAVIM - Associação de Moradores do Rio de Janeiro/RJCondomínio e Amigos da Vila Mimosa

655/2004 O Som das Comunidades Grupo de Formação de Educadores Populares - GEFEP Rio de Janeiro/RJ

671/2004 Escola de Jongo da Serrinha Grupo Cultural Jongo da Serrinha Rio de Janeiro/RJ

760/2004 Núcleo de Produção Audiovisual Grupo Nós do Morro Rio de Janeiro/RJdo Grupo Nós do Morro

763/2004 Museu da Maré: Identidade e Cultura Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré Rio de Janeiro/RJ

819/2004 Levantando a Lona Grupo Cultural Afro Reggae Rio de Janeiro/RJ

279/2004 Arte Educação no Ponto Centro Ativo de Programas Sociais São Gonçalo/RJ

307/2004 Juventude Viva - Protagonismo, Casa da Cultura Centro de Formação Artítica São João de Meriti/RJArte e Cultura da Paz e Cultura da Baixada Fluminense

823/2004 Casa do Compositor Faculdades Católicas Rio de Janeiro/RJ

248/2004 Projeto Integração pela Música - PIM Sociedade Musical Nossa Senhora da Conceição Vassouras/RJ

100/2004 Fotografia e Identidade Galeria ZooN de Fotografia Natal/RN

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Nº de Título do Projeto Entidade Proponente Cidade/UFOrdem

506/2004 Sons da Vila Centro de Cultura da Vila de Ponta Negra Natal/RN

602/2004 Ruas da Memória - Diversidade Cultural das Rocas/RN Espaço Cultural Casa da Ribeira Natal/RN

639/2004 A Arte Transformando Vidas Casa Renascer Natal/RN

499/2004 Art Total Associação de pais e professores da Escola Ariquemes/ROEstadual de Ensino fundamental Jardim das Pedras

792/2004 Voz para Comunidades da Floresta Grupo de Trabalho Amazônico Brasília/DF

090/2004 De Olho na Cultura Associação Integração de Radiodifusão Comunitária Alvorada/RS

176/2004 Chibarro Universidade Federal de Pelotas Capão do Leão/RS

676/2004 Rede de Pontos de Cultura do Município de Pelotas Universidade Católica de Pelotas Pelotas/RS

056/2004 Ponto de Cultura Campo da Tuca Associação Comunitária do Campo da Tuca Porto Alegre/RS

065/2004 Jovem Comunicador Fundação de Atendimento Sócio-educativo Porto Alegre/RS

196/2004 CUCA/UNE (Centro Universitários de União Nacional dos Estudantes - UNE São Paulo/SPCultura e Arte) Rio Grande do Sul

355/2004 Espelho da Comunidade Oficina de Vídeo - TV OVO Santa Maria/RS

624/2004 Ponto a Ponto Tecendo Cidadania Programa de Apoio a Meninos e Meninas São Leopoldo/RS- Centro de Defesa Bertoldo Weber

580/2004 Partilhando Arte e Cultura Associação Nacional de Cooperação Agrícola-ANCA São Paulo/SP

582/2004 Biblioteca do Centro de Formação Associação Nacional de Cooperação São Paulo/SPde Trabalhadores do MST Agrícola-ANCA

616/2004 Circo-Escola de Barra Velha Grupo Circo escola e Teatro de Lona Barra Velha/SCCultural de Santa Catarina

666/2004 Portal Cultural O Contestado Agência de Desenvolvimento Regional Integrado Canoinhas/SCdo Planalto Norte Catarinense-ADR-PLAN

659/2004 Se Essa Mídia Fosse Minha... Cia. de Cultura Florianópolis/SC

010/2004 Cultura Nativa no Caminho das Tropas Centro de Tradições Gaúchas Anita Garibaldi Lages/SC

229/2004 Loja de Artesanato- Museu nacional do Mar Associação Amigos do Museu Nacional São Francisco do Sul/SCdo Mar - Embarcações Brasileiras

376/2004 Escolinha de Artes Infantil Fundação Cultural Ilha de São Francisco do Sul/SCSão Francisco do Sul

412/2004 Nosso Palco é a Rua Imbuaça Produções e Artísticas Aracaju/SE

520/2004 Figuras em Trânsito Centro de Estudos Casa CURTA-SE Aracaju/SE

586/2004 Valorização e Conhecimento Associação Nacional de São Paulo/SPda Cultura no Meio Rural Cooperação Agrícola-ANCA

497/2004 Centro Cultural Pioneiros de Instituto Cultural Orensy Andradina/SPAndradina - Ponto de Cultura de Todos Nós! Rodrigues da Silva - ICOROS

126/2004 Tradição e Tecnologia no Vale do Ribeira Instituto Arte Sustento - Planejamento São Paulo/SP- uma alternativa para a inclusão Sócio-Artístico Cultural

105/2004 Casa da Ecologia: Ponto de Cultura Ambiental Instituto Pau Brasil de História Natural Arujá/SP

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Nº de Título do Projeto Entidade Proponente Cidade/UFOrdem

063/2004 Casa de Cultura Tainã -Projeto Mocambos Casa de Cultura Tainã Campinas/SP

620/2004 Cinema em Palavras Centro Cultural Louis Braille de Campinas Campinas/SP

076/2004 Culturando Instituto Casa da Gente Carapicuíba/SP

400/2004 Cineclube - Diversão e Arte para qualquer parte Centro de Educação e Formação de Carapicuíba Carapicuíba/SP

712/2004 OCA - Escola Cultural OCA - Associação da Aldeia de Carapicuíba Carapicuíba/SP

584/2004 Equipamentos Pedagógicos-Escola Associação Nacional de São Paulo/SPNacional Florestan Fernandes Cooperação Agrícola-ANCA

467/2004 Centro de Cultura Caiçara Associação dos Jovens de Juréia - AJJ Iguape/SPda barra do Riberia (Juréia)

023/2004 Arquitetando Idéias Sociedade Olimpiense de Educação e Olímpia/SPCultura LTDA - Faculdade Ernesto Riscali

155/2004 Conexão Planeta Piracicaba Centro Comunitário do Parque Piracicaba Piracicaba/SP

234/2004 Dança Cida Associação Dança Vida Ribeirão Preto/SP

647/2004 Resgate da Cultura Camponesa como Associação Nacional de São Paulo/SPInstrumento de Identidade do Homem do Campo Cooperação Agrícola-ANCA

095/2004 Rio Claro Cidade Viva Centro Voluntariado de Rio Claro Rio Claro/SP

077/2004 Santo André Cultura Viva Escola Sindical São Paulo - CUT São Paulo/SP

619/2004 Laboratório de Produção Audiovisual Ação Jovem de Apoio a Eduação, Santo André/SPCultura e Pesquisa - AJA

096/2004 Arte no Dique Instituto Elos - Brasil Santos/SP

441/2004 Ponto de Cultura - São José dos Campos Associação Cultural e Ecológica São José dos Campos/SPao Renascimento das Artes

044/2004 Galpão Arte em Construção Instituto Pombas Urbanas São Paulo/SP

051/2004 Ponto de Cultura UNEGRO/SP União de Negros pela Igualdade - UNEGRO São Paulo/SP

092/2004 Sementeira Cultural Clube Desportivo Municipal do Parque América São Paulo/SP

131/2004 Ateliês de Arte da Casa do Zezinho Cooperativa Educacional e São Paulo/SPAssistencial Casa do Zezinho

138/2004 Policultural Instituto do Grêmio Politécnico para o São Paulo/SPDesenvolvimento da Educação Cursinho da Poli - USP

164/2004 Projeto CUCA (Centro Universitários União Nacional dos Estudantes - UNE São Paulo/SPde Cultura e Arte) São Paulo

182/2004 Oficina de Sonhos Fundação Projeto Travessia São Paulo/SP

237/2004 Atuação do Parque CienTec Universidade de São Paulo - USP São Paulo/SPno Projeto Ciência Móvel

239/2004 Cultura na Vila G.R.C.S.E.S. Unidos da Vila Maria São Paulo/SP

319/2004 Ponto de Cultura na UMES União Municipal dos Estudantes São Paulo/SPSecundaristas de São Paulo-UMES

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Nº de Título do Projeto Entidade Proponente Cidade/UFOrdem

389/2004 Ponto de Cultura da Vila Buarque Instituto de Pesquisa e Projetos São Paulo/SPSociais e Tecnológicos-IPSO

422/2004 Escola de Samba e Choro da Zona Leste Grêmio Recreativo e Cultural Bloco Carnavalesco São Paulo/SPMocidade Independente da Zona Leste

438/2004 Núcleo de Ação Cultural CEDECA Interlagos CEDECA Interlagos - Centro de Defesa dos São Paulo/SPDiretos da Criança e do Adolescente

516/2004 Núcleo de Cultura Chico Mendes Sampa.org São Paulo/SP

528/2004 Núcleo de Cultura Biboca Sampa.org São Paulo/SP

615/2004 Formação de agente Associação Cultural e Educativa Ética São Paulo/SPcomunitário de comunicação e Arte na Educação

631/2004 De Olho na Tela - Projeto Casulo ICE - Instituto de Cidadania Empresarial São Paulo/SP

685/2004 centro de formação campo cidade Associação Nacional de Cooperação Agrícola-ANCA São Paulo/SP- preservando a identidade cultural

713/2004 Rede de Cultura Sem Teto Instituto Sincronicidade para a Interação Social São Paulo/SP

719/2004 A Margem de Sampa Cultural UNAS - União de Núcleos Ass. Soc. Heliópolis São Paulo/SPHeliópolis Meio&intrameios

721/2004 TO AÍ (Time de Oficinas Artíticas Integradas) Associação Comunitária Cultural Constelação - ACCCSão Paulo/SP

725/2004 Formação de Educadores Brincantes Teatro Escola Brincante São Paulo/SP

764/2004 Brincando na Universidade: LABRIMP FAFE - Fundação Apoio a Faculdade de Educação São Paulo/SPe MEB como Espaços de Cultura

789/2004 Projeto Multiplicação e Cultura CaSa dos Meninos São Paulo/SP

825/2004 Produtora Junior Novolhar Associação Novolhar São Paulo/SP

827/2004 Agência Cultural Templo da Cidadania Cineclube Cauim São Paulo/SP

047/2004 Núcleo de Cultura e Educação dos Povos do Mar Centro Cultural São Sebastião Tem Alma São Sebastião/SP

454/2004 CulturAtiva Camará Centro Camará de Pesquisa e São Vicente/SPApoio à Inflância e Adolescência

013/2004 Ponto de Cultura Gaivota Ubatuba Associação Cultural Comunitária Gaivota Ubatuba/SP

678/2004 Tambores do Tocantins COMSAUDE - Comunidade de Saúde Porto Nacional/TODesenvolvimento e Educação

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Comissão Julgadora

do Primeiro Edital

Célio Roberto Turino de MirandaPresidente da Comissão

Elder Vieira dos SantosChefe de Gabinete da SPPC

Álvaro Pontes de MagalhãesGerente de Projetos da SID

Ranulfo Alfredo ManevyAssessor Especial da SE

Ana Paula Dourado SantanaCoordenadora de Mostras e Festivais/SAV

Maristela DebenesteGerente de Documentação e Informação da SPC

Miguel Ribeiro NetoGerente da SAI

Adair Leonardo RochaAssessor Especial do Ministro da Cultura

Marta Rosa Figueira QueirozChefe de Gabinete da Fundação Cultural Palmares

Participações

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Equipe da Secretaria

de Programas e

Projetos Culturais

Elder VieiraChefe de Gabinete

EQUIPE

Eric Meireles de Andrade

Ana Paula Palamartchuk

Elisiário Palermo Júnior

Antônio de Pádua de Lima Brito

Marianne Nassuno

Aldo de Miranda Rocha

Cláudio Prado

Marcos Verlaine da Silva Pinto

Eliete do Carmo Braga

Fabiana Teixeira Barbosa

Danielle dos Santos Miranda

Regina Célia Rodrigues Neto

Danielle Rodrigues de Sousa

Gicelda Ferreira da Silva

Oswaldo Henrique Pinto de Farias

Ana Maria Moreira de Alvarenga Nascimento

Célia Maria Santos Moreira Barbosa

Maria Irislene Marques da Silva

Paulo de Queiroz Maia

Anete Vidal

Antônio Carlos Ziza

Fátima Aparecida de Mello

Vitor Cheregati

Leandro Carneiro Fossá

Uiraporã Maia do Carmo

Ananias Pereira Batista Filho

Fernando Rodrigues Paiva

Leonardo Mattos

Ralf Rodrigues

Luciana Oliveira Alves de Souza

Juliana Oliveira

Sheila Soares Santana

Terezinha Nobre da Silva

Paula Sabrina de Oliveira Souza

Flávia Novaes

Daniel Ilirian de Carvalho

EQUIPE DE COMUNICAÇÃO

Fábia Galvão Costa MachadoMariana Alencar Dornelles

Representantes

Regionais

Mirane Girão AlbuquerqueRepresentante Regional doRio de Janeiro e Espírito Santo

Simone Maria Barbosa Silva AraújoRepresentante Regional de Minas Gerais

Tarciana Gomes PortellaRepresentante Regional do Nordeste

José Roberto AguilarRepresentante Regional de São Paulo

Rozane Maria DalsassoRepresentante Regional do Rio Grande do Sul

Imagem:Grupo Cultural

Afro ReggaeProjeto Levantando

a Lona

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Coordenação editorialDMF Congressos, Planejamento e Assessoria Ltda

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ImpressãoEstação Gráfica Ltda

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FotografiasArquivo do Ministério da Cultura e Banco de Imagens Royalty Free