luiz gama e josé do patrocínio: autobiografia, memória e ensino de … · 2013-11-19 · da...

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1 Luiz Gama e José do Patrocínio: autobiografia, memória e ensino de história CAROLINA VIANNA DANTAS * Esse trabalho é um desdobramento de um curso que ministrei para uma turma da graduação em História da Universidade Federal Fluminense – no primeiro semestre de 2011 - denominado “Intelectuais negros brasileiros: identidade, nação, projetos políticos e modernidade (séc. XIX e XX)”. Nesse curso, eu selecionei um grupo de intelectuais negrosque tiveram atuação destacada em sua época (Cruz e Souza, Luiz Gama, André Rebouças, Manoel Querino, José do Patrocínio, Evaristo de Moraes, Juliano Moreira, Lima Barreto, Carolina Maria de Jesus e Abdias Nascimento) com o objetivo de tratar das formas a partir das quais eles viveram a experiência do racismo, da integração à sociedade, da cidadania e da modernidade através de suas próprias obras e trajetórias. Debati com os alunos projetos políticos, nacionais e de intervenção eas críticas sociais de todo tipo. De modo mais específico, propus pensarmos acerca de algumas questões:Como lidaram com os dilemas da “dupla consciência”? (GILROY, 2001)Como queriam ser vistos naquela sociedade?Que embates político-raciais travaram?Que tipo de inclusão/integração propuseram para os negros? (GUIMARÃES, 2004) Como lidaram com as massas iletradas e com as diferenças/desigualdades de classe?Que relações estabeleceram com a “modernidade atlântica” (DOMINGUES, 2010) Mas como seria possível tentar responder a essas questões a partir do estudo de um grupo tão diverso de intelectuais negros e que viveram em tempos diferentes? Contudo, havia um elo entre eles. Podemos destacar dois elementos principais que uniam esse diverso grupo de intelectuais negros (além de serem brasileiros, negros e intelectuais, é claro): o fato de terem afirmado a existência da discriminação racial no Brasile de terem alcançado notoriedade como intelectual e/ou ativista político e, em função disso, conquistado reconhecimento público. Além disso, a reflexão sobre a ausência desses intelectuais negros tão atuantes (e de outros tantos) nos livros didáticos de história também permeou curso. Estávamos falando, portanto, de homens de mulheres negros envoltos em esquecimentos no campo do ensino de história. (MATTOS; ABREU; DANTAS; MORAES, 2009) * Doutorado e pós-doutorado em História na Universidade Federal Fluminense (UFF). Professora-pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), unidade técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).

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Luiz Gama e José do Patrocínio: autobiografia, memória e ensino de história

CAROLINA VIANNA DANTAS∗

Esse trabalho é um desdobramento de um curso que ministrei para uma turma da

graduação em História da Universidade Federal Fluminense – no primeiro semestre de 2011 -

denominado “Intelectuais negros brasileiros: identidade, nação, projetos políticos e

modernidade (séc. XIX e XX)”. Nesse curso, eu selecionei um grupo de intelectuais

negrosque tiveram atuação destacada em sua época (Cruz e Souza, Luiz Gama, André

Rebouças, Manoel Querino, José do Patrocínio, Evaristo de Moraes, Juliano Moreira, Lima

Barreto, Carolina Maria de Jesus e Abdias Nascimento) com o objetivo de tratar das formas a

partir das quais eles viveram a experiência do racismo, da integração à sociedade, da

cidadania e da modernidade através de suas próprias obras e trajetórias. Debati com os alunos

projetos políticos, nacionais e de intervenção eas críticas sociais de todo tipo. De modo mais

específico, propus pensarmos acerca de algumas questões:Como lidaram com os dilemas da

“dupla consciência”? (GILROY, 2001)Como queriam ser vistos naquela sociedade?Que

embates político-raciais travaram?Que tipo de inclusão/integração propuseram para os

negros? (GUIMARÃES, 2004) Como lidaram com as massas iletradas e com as

diferenças/desigualdades de classe?Que relações estabeleceram com a “modernidade

atlântica” (DOMINGUES, 2010) Mas como seria possível tentar responder a essas questões a

partir do estudo de um grupo tão diverso de intelectuais negros e que viveram em tempos

diferentes? Contudo, havia um elo entre eles. Podemos destacar dois elementos principais que

uniam esse diverso grupo de intelectuais negros (além de serem brasileiros, negros e

intelectuais, é claro): o fato de terem afirmado a existência da discriminação racial no Brasile

de terem alcançado notoriedade como intelectual e/ou ativista político e, em função disso,

conquistado reconhecimento público.

Além disso, a reflexão sobre a ausência desses intelectuais negros tão atuantes (e de

outros tantos) nos livros didáticos de história também permeou curso. Estávamos falando,

portanto, de homens de mulheres negros envoltos em esquecimentos no campo do ensino de

história. (MATTOS; ABREU; DANTAS; MORAES, 2009)

∗ Doutorado e pós-doutorado em História na Universidade Federal Fluminense (UFF). Professora-pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), unidade técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).

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Todavia, ao longo do curso, dois desses intelectuais chamaram, especialmente,a

atenção: Luiz Gama (Salvador, 1830 – São Paulo, 1882) e José do Patrocínio(Campos, 1853 –

Rio de Janeiro, 1905)Além de negros e abolicionistas e grandes oradores, nutriam admiração

mútua. Transitaram entre mundos distintos1, tecendo redes sociais de sustentação como

estratégia de sobrevivência e ascensão, cada qual criando e integrando seus circuitos de

amizades, favores e de proteção. Os dois souberam utilizar os mecanismos de dependência

característicos daquela sociedade a seu favor. (AZEVEDO, 1999; FERACIN,

2006;ALONSO, 2011) E chamaram a atenção não só porque tiveram trajetórias de vida épicas

e ascensionais, mas porquesentiram na pele a experiência da escravidão: Luiz Gama foi, ele

próprio, escravo dos 10 aos 18 anos e José do Patrocínio, filho de uma escrava. Contudo,

outro aspecto os individualiza e os torna mais singulares ainda (inclusive, de modo mais

amplo na história do Brasil): a partir de registros autobiográficos (FERREIRA, 2011:187-

188)2, assumiram publicamente suas origens africanas e escravas, exaltando a figura de suas

respectivas mães negras quitandeiras e considerando mal seus pais, ambos brancos e senhores

de escravos. O pai de Luiz Gama, um fildalgo de origem portuguesa, embora o filho tivesse

nascido livre, o teria vendido aos 10 anos de idade como escravo para quitar uma dívida de

jogo. Já o pai de José do Patrocínio - um vigário letrado e senhor de escravos -engravidou 1 Analisando a trajetória de José do Patrocínio, José Murilo de Carvalho menciona cinco dessas fronteiras: a étnica (filho mulato de um pai branco e mãe negra); a civil (mãe escrava, pai senhor de escravos e senhor de sua própria mãe); entre o mundo do interior e o mundo da corte (nasceu e viveu em Campos até os 15 anos, estabelecendo-se na Corte em seguida); a fronteira intelectual (formação superior em farmácia, mas de baixo prestígio; e a fronteira entre o reformismo e o radicalismo políticos). Embora, Luiz Gama não estivesse no horizonte de análise de Carvalho, podemos considerar que também transitou por esses mundos tão “(...) distintos, se não conflitivos” (CARVALHO, 1996:9). E mais do que fronteiras – que traz a ideia mais estanque de barreira - é interessante considerar que foi na dinâmica do trânsito entre esses mundos, que os dois abolicionistas negros fizeram suas escolhas, elaboraram e colocaram em práticas suas estratégias de sobrevivência e luta. 2Ligia Ferreira faz uma importante diferenciação entre Luiz Gama e José do Patrocínio, pois segundo ela, Luiz Gama, teria sido o único intelectual negro brasileiro que vivenciou a experiência de ser escravo, relatando-a a partir de uma narrativa autobiográfica. (FERREIRA, 2011:187-188). De fato, José do Patrocínio não chegou a ser exatamente escravo, embora, provavelmente, sua mãe (Justina do Espírito Santo) fosse escrava quando ele nasceu. Segundo Ana Carolina Feracin, no registro de batismo, Patrocínio aparece como exposto na Santa Casa de Misericórdia, ou seja, filho de pais desconhecidos acolhido por terceiros. Mas, há também uma anotação na margem da folha de registro do batismo (provavelmente feita depois) afirmando que José do Patrocínio era filho natural de Justina do Espírito Santo, sem menção à condição servil ou à cor da mãe, o que livraria a criança de qualquer dúvida sobre sua liberdade. Segundo Ana Carolina Feracin, ao analisar osregistros de batismo de Patrocínio:“(...)acredito que é possível inferir com uma margem razoável de segurança que o nome da mãe não foi registrado de imediato porque Justina era escrava. Desta forma, para “não seguir o ventre”, conforme o princípio vigente até então na escravidão ocidental, a criança foi assentada como exposta. Caso contrário seria natural e juridicamente “escrava”. Isto é, é bastante provável que Justina tenha sido alforriada depois do nascimento e batismo de Patrocínio. (FERACIN, 2006: 1)

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uma de suas escravas (Justina, que veio a se tornar a mãe de Patrocínio) quando a mesma

tinha por volta de 12,13 anos e jamais reconheceu legalmente Patrocínio como seu filho,

embora tenha sido tratado com algumas regalias que o distinguiam dos escravos do seu

pai(MAGALHÃES JUNIOR, 1969:8-11 e 16-17), experiência certamente marcada por

ambiguidades. (FERACIN, 2006:64)

Luiz Gama, além de afirmar positivamente sua origem africana em algumas poesias,

assumiu ser sua mãe uma insubmissa africana nagô, escravizada ilegalmente.José do

Patrocínio, assumiu ser filho de uma “pobre preta quitandeira” (PATROCÍNIO, 1884:1) e fez

do funeral de sua mãe liberta, no Rio de Janeiro, um grande evento abolicionista.

(MAGALHÃES JUNIOR, 1969:195) Ou seja, os dois politizaram suas origens e trajetórias de

vida, utilizando-as como “arma discursiva” (ALONSO, 2011:5) e encarnaram as dores e

violência da experiência escrava, além de reivindicaremuma identidade negra (MATTOS,

2009) – que foi lembrada e politizada no seio do associativismo negro ao longo do século XX,

como veremos adiante.Também havia, contudo, algumas diferenças entre eles: Luiz Gama

destacou como a sua cor o aproximava daqueles homens e mulheres que defendia no tribunal.

(AZEVEDO, 2009). Já José do Patrocínio costumava se colocar em uma posição de maior

exterioridade em relação àqueles em prol dos quais lutava. (FERACIN, 2006:76)

O objetivo desse trabalho é problematizar a forma a partir da qual Luiz Gama e José

do Patrocínio assumiram e politizaram identidades negras através das quais queriam ser vistos

naquela sociedadee lutaram contra a escravidão; e dialogar com a hipótese de que tais

intelectuais, no período imediatamente após a abolição, ao frustraram-se com as limitadas

mudanças trazidas pela abolição e pela república - e com o ascensão do pensamento racista de

base científica e da racialização –, ficaram “sem lugar”, optando por um relativo

ostracismo.3Na verdade, Luiz Gama não viveria tais acontecimentos, pois morreu em 1882,

mas José do Patrocínio, passou por todos eles, tendo morrido melancolicamente e,

relativamente isolado, em 1905.(MAGALHÃES JUNIOR, 1969; SILVA, 2006; MATTOS,

2009) Se de fato, como afirma Hebe Mattos, intelectuais negros como Luiz Gama e José do

Patrocínio foram o “(...) fruto mais democrático da modernidade escravista brasileira (...)” e

“(...) com seu término, contraditoriamente, perderiam a antiga visibilidade.” (MATTOS,

2009:33),é possível considerar queparte dessa visibilidade se deveu à dimensão nacional, de

3 Idem, p. 32-33. A autora se refere a Luiz Gama, André Rebouças e José do Patrocínio. Somente os dois últimos viveram a abolição da escravidão e a proclamação da república.

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massas e aglutinadora que a luta pela abolição tomou naquele momento. E é certo que a

projeção alcançada por Luiz Gama e José do Patrocínio e a própria acolhida dos seus textos e

obras (e não alcançada por outros intelectuais negros que atuaram nas décadas posteriores)

também se deve a isso e não somente à ascensão do pensamento racista e dos processos de

racialização.Segundo Maria Helena P. T. Machado,

(...) o movimento abolicionista poderia ser recuperado como momento privilegiado para observarmos a entrada na cena política brasileira da arraia-miúda, dos deserdados da sorte, negros, pardos, mulatos e brancos, talvez não tão alvos, todos se fazendo notar material e concretamente, fazendo barulho e causando distúrbios, nas vias públicas de cidades como do Rio de Janeiro e SãoPaulo. Note-se que o movimento abolicionista foi o primeiro movimento político de massas na história do Brasil e o primeiro a congregar milhares de despossuídos em torno de lemas gerais emetas menos imediatistas que aquelas características dos riots urbanos que a historiografia tem descrito. (MACHADO, 2000:5)

Depois de 1888 – poderíamos dizer avant la lettre –talvez, o único grande movimento

político-reivindicatório de igual proporção tenha sido o “Diretas Já”, ocorrido entre 1983 e

1984. Pesquisas mais atuais têm mostrado o quanto foi ativa a atuação/participação política de

diversos intelectuais negros no pós-abolição - ao mesmo tempo e posteriormente ao tempo de

Gama e Patrocínio - a despeito dos processos de racialização, discriminação racial e da voga

do próprio pensamento racista. Aliás, questionado de modo formal no Brasil– inclusive, por

intelectuais negros - desde pelo menos a primeira década do século XX (GOMES, 2001;

DANTAS, 2009). Embora nenhum deles tenha atingido a notoriedade nacional conquistada

pelos dois abolicionistas negros em questão, e, talvez, exatamente por isso -isto é, sem esse

peso que as grandes lideranças carregam -não escolheram o ostracismo nem morreram

melancolicamente.Além disso, intelectuais e ativistas negros - fundadores e participantes de

associações e jornais negros – buscaram, ao longo do século XX, manter viva a memória e os

projetos de reforma, notadamente a igualdade civil de fato e ampliação da educação e do

sufrágio popular, defendidos por reformistas do século XIX, comoGama e Patrocínio. Uma

modernidade que incluísse os descendentes de africanos e escravos continuou na pauta do

associativismo negro e de lideranças políticas negras durante o século XX.

Fig. 2 – José do Patrocínio,

Provavelmente, esses foram

Fig. 1- Luiz Gama

ocínio, 1890 (aprox.)

Provavelmente, esses foram os últimos registros em foto feitos pelos dois antes de morrer.

5

Luiz Gama, 1880 (aprox.)

antes de morrer.

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“Quem sou eu?”

Esse é o título de um dos poemas mais conhecidos de Luiz Gama no qual assume uma

identidade negra, baseada em sua origem africana e escrava. Também conhecido como

“Bodarrada” foi publicado pela primeira vez em São Paulo, em 1859, no livro que se tornaria

a sua única obra publicada: Trovas burlescas de Getulino. Segundo Ligia Fonseca, Luiz

Gama foi o primeiro autor negro (ex-escravo) que se afirmou como tal a partir de uma obra

literária – uma espécie de “voz negra inaugural” até então ausente da literatura que se fazia no

país. (FERREIRA, 2009:39) De acordo com a mesma autora o termo Getulino vem de

Getúlia, nome que então se dava a uma parte do território atualmente ocupado pela Argélia,

no norte do continente africano, em função de um povo nômade chamado “getulos” ter

ocupado esse território na Antiguidade.Por um lado, já no título do livro, Gama faz questão de

enunciar, como autor e na sua estreia norestrito mundo letrado, sua identificação com uma

origem africana. Por outro lado, a afirmação de uma identidade negra aparece na maior parte

dos poemas, além de fazer escárnio das hierarquias sociorraciais e de utilizar vários

africanismose saudar musas negras (FERREIRA, 2009:39-43)e imagens referenciais de uma

África idealizada e homogeneizada, mas que poderia ser inteligível ao mundo letrado, de

maioria branca. (AZEVEDO, 1999: xx) Abaixo, alguns versos de algumas poesias – muitas

vezes satíricas, irônicas e em tom de denúncia - que são exemplos ilustrativos de como Luiz

Gama assumiu positivamente uma identidade negra referida a referenciais africanos; de como

fez sátira e crítica às hierarquias sociorraciais e de como buscava afirmar sua proximidade e

identificação com aqueles que defendia nos tribunais:

Lá vai verso! (...) Ó Musa da Guiné, cor de azeviche Estátua de granito denegrido, Ante quem o Leão se põe rendido, Despido do furor de atroz braveza; Empresta-me o cabaço d’urucungo, Ensina-me a brandir tua marimba, Inspira-me a ciência da candimba, Às vias me conduz d’alta grandeza. (...) Quero que o mundo me encarando veja, Um retumbante Orfeu de carapinha, Que a Lira desprezando, por mesquinha, Ao som decanta de Marimba augusta;

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E, qual outro Arion entre os Delfins, Os ávidos piratas embaindo – As ferrenhas palhetas vai brandindo, Com estilo que preza a Líbia adusta. (...) Nem eu próprio à festança escaparei; Com foros de Africano fidalgote, Montado num Barão com ar de zote – Ao rufo do tambor, e dos zabumbas, Ao som de mil aplausos retumbantes, Entre os netos de Gingam meus parentes, Pulando de prazer e de contentes – Nas danças entrarei d’altas caiumbas. (GAMA, 1859) --------------- No Álbum do meu amigo J. A. da Silva Sobral (...) Não borres um livro, Tão belo e tão fino; Não sejas pateta Sandeu e mofino Ciências e letras Não são para ti; Pretinho da Costa Não é gente aqui (GAMA, 1859) ---------------- Quem sou eu? Amo o pobre, deixo o rico, Vivo como o Tico-tico; Não em envolvo em torvelinho, Vivo só no meu cantinho: (...) Das manadas de Barões? Anjo Bento, antes trovões. Faço versos, não sou vate, Digo muito disparate, Mas só rendo obediência À virtude, à inteligência: Eis aqui o Getulino (...) Tem brasões, não – das Calendas. (...) Hão de chamar-me — tarelo, Bode, negro, mongibelo; Porém eu que não me abalo, (...) Pondo a trote muita gente.

Se negro sou, ou sou bode

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Pouco importa. O que isto pode? Bodes há de toda a casta, Pois que a espécie é muito vasta. Há cinzentos, há rajados, Baios, pampas e malhados, Bodes negros, bodes brancos,

E, sejamos todos francos, Uns plebeus, e outros nobres, Bodes ricos, bodes pobres, Bodes sábios, importantes, E também alguns tratantes Aqui, nesta boa terra Marram todos, tudo berra; (...) Gentes pobres, nobres gentes Em todos há meus parentes. (...) Tudo marra, tudo berra — (...) Nos lundus e nas modinhas São cantadas as bodinhas: Pois se todos têm rabicho, Para que tanto capricho? Haja paz, haja alegria, Folgue e brinque a bodaria; Cesse pois a matinada, Porque tudo é bodarrada!(GAMA, 1859)

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Esses são fragmentos que evidenciam as imagens que Gama desejava construir sobre

si mesmo, valorizando algumas virtudes em detrimento da riqueza e das altas posições sociais.

Ao apresentar-se como negro e ex-escravo, desejou assumir publicamente que era alguém que

carregava as marcas da escravidão e, que, como letrado passava a ocupar um lugar que, em

princípio não seria o seu. Assim promovia, conforme mostrou Elciene Azevedo, a valorização

de sua ascendência para que ela pudesse ser aceita. E esta era uma estratégia discursiva

fundamental para Gama, uma vez que ao evocar um passado e uma origem africana comuns a

todos os brasileiros – afinal, depois de tanto anos de escravidão, quem poderia garantir que

não tinha ascendes africanos? – e que não estariam somente na cor da pele, Gama embasava o

seu ideal de igualdade entre brancos e negros.

Assim como nas poesias acima, Gamatambém assumiu sua origem escrava e africana,

a partir de um peculiar registro autobiográfico: uma carta a um amigo, ou seja, um texto de

natureza íntima que não fora intencionalmente produzido para se tornar público, como

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apontou Ligia Ferreira. A autora destaca ainda que essa carta não era conhecida pelos seus

contemporâneos, tendo vindo a público, pela primeira vez, somente em 1930 (FERREIRA,

2009:187-188) Na carta - datada de 25/07/1880 e endereçada ao amigo Lucio de Mendonça -

Luiz Gama também faz uso político de sua trajetória e identidade assumidas publicamente.

Assim, Gama diz que nascera em 1830, na cidade de Salvador (BA), filho de uma “africana

livre”, da “Costa da Mina (Nagô de nação) de nome Luiza Mahin, pagã, que sempre recusou o

batismo e a doutrina crista. Minha mãe era de baixa estatura, magra, bonita, a cor era de preto

retinto e sem lustro, tinha os dentes alvíssimos como a neve, era muito altiva, geniosa,

insofrida e vingativa.” Também acrescenta que ela era quintandeira, trabalhadeira e que por

vezes foi presa como suspeita de envolver-se em “plano de insurreições de escravos.” Seu pai

– Gama diz que não revelará seu nome para poupar a sua memória de uma “injúria dolorosa –

era branco, fidalgo, membro de uma tradicional família de origem portuguesa da Bahia

(GAMA, 1880) e rico, Em 1840, falido em função de dívidas de jogo, vendendo Gama como

escravo. Embora esteja implícito o mau caráter de um pai que vendo o seu filho como

escravo, Gama destaca que seu pai foi “muito extremoso” para ele, tendo-o criado “em seus

braços.” (GAMA, 1880) A partir daí, a narrativa da vida de Luiz Gama é uma grande epopeia:

em pouco tempo livra-se do cativeiro ilegal a que estava submetido, se alfabetiza, vira militar

e deixa de ser militar por insubordinação, passa a exercer o ofício de copista, depois

amunuense, rábula, poeta e articulista, abolicionista, republicano, maçom, tribuno ... e torna-

se uma figura pública popularíssima. Não deixou de destacar nominalmente as pessoas que o

ajudaram nessa trajetória incrivelmente ascensional.

Como afirma Hebe Mattos, não há comprovações sobre o pai, a mãe e a forma através

da qual Gama se livrou do cativeiro ilegal, o que também não suficiente para negar os

episódios e acontecimentos contados na carta. Essa comprovação em si não é o elemento

fundamental a ser destacado, mas sim a forma como Gama assume positivamente sua origem

africana e escrava, encarnando nele próprio a luta contra a escravização ilegal – algo que tanto

combatia. (MATTOS, 2009:26-27)

Ademais, assumir uma identificação com a África ancorada na positivação do negro

estava, para ele, atrelado ao argumento de que no Brasil todos tinham uma origem, uma

tradição em comum. O que pressupunha a integração de brancos e negros em pé de igualdade

na nação. Aí está, segundo Azevedo, a dimensão política dessa construção identitária de Luiz

Gama. (AZEVEDO, 1999) Mas Gama não seria o único a politizar suas origens e trajetória.

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“Uma explicação” José do Patrocínio também politizou suas origens, a partir de um relato autobiográfico,

ao assumir ser filho de uma escrava, ou em suas próprias palavras de uma “pobre preta

quitandeira em um artigo publicado na Gazeta da Tarde, em 29/05/1884. Diferente da

narrativa de Gama, a de Patrocínio tinha exatamente o sentido contrário: ser um texto para

conhecimento amplo do público, já que seu objetivo principal, diante das acusações de estar

utilizando verbas da Gazeta da Tarde e dinheiro arrecadado pela Confederação Abolicionista

em benefício próprio, era se defender e explicar como um filho de uma “preta quitandeira”

ascendeu socialmente a ponto de conquistar o lugar de destaque que conquistou na corte

(FERACIN, 2006) Assim, Patrocínio deu uma certa ordenação às fases e momentos de sua

vida e destacando suas virtudes, a fim de convencer o público de que sua ascensão social foi

conquistada honestamente, às custas do seu próprio esforço e da ajuda de amigos. Relatou

também as enormes dificuldade pelas passou até então.

Há já muito tempo sou continuamente alvo das mais dolorosas calúnias e das mais cruciantes injúrias. Os meus adversários, em cuja vida privada nunca penetrei, muitas vezes só em respeito à compostura da imprensa, divertem-se em pintar-me como chaga mais cancerosa da nossa sociedade. (...)Não quero, porém, deixar que por mais tempo o povo brasileiro acredite, sob palavra dos meus amigos, na minha honra e no desinteresse com que tenho servido à causa da abolição, que eu entendo ser a da reorganização moral e econômica da minha pátria. Passo a citar fatos. Perguntam-me como vivo e de que vivo e têm razão. Quem sabe que eu sou filho de uma pobre preta

quitandeira de Campos deve admirar-se de me ver hoje proprietário de um jornal e de que eu pudesse fazer uma viagem à Europa. Vamos a explicações. Comecei minha vida como quase servente, aprendiz extranumerário da farmácia da Santa Casa de Misericórdia, em 1868. (...)Fui sempre trabalhador, mas sempre altivo. Desde 1868 comecei a estudar. (...)Não é possível dar minuciosamente todas as informações uma a uma. Devo, porém, ao público, o nome das pessoas com que tive relações: são estes cavaleiros, os meus amigos Dr. José Américo dos Santos, Manoel ribeiro, Antônio Justianiano Esteves Jr. Dr. André Rebouças, Dr. Ubaldino do Amaral, comendadores Moreira Filho, Martins Pinho, João José dos Reis & Comp., Luís ribeiro Gomes, visconde de Figueiredo, Luiz A. F. de Almeida e a diretoria do Banco do Comércio. A todos estes recorri, pedindo crédito e obtendo-o, satisfiz os meus compromissos, de modo que se evidenciava o meu trabalho e o meu sacrifício. (...)Eu sinto realmente não ter podido dar a meus inimigos a satisfação de me verem pálido e morto. Desculpem-me esses senhores, se eu vivo com a cabeça alta e curado do meu fígado. O pecúlio que eu como é o do trabalho e da honra, a Kermesse que me sustentou na Europa foi o tino e a dedicação dos meus companheiros de trabalho e dos meus amigos do comércio a quem abraço

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daqui afirmando-lhes que sempre fui, sou e que serei digno deles. (PATROCÍNIO, 1884:1) (grifos meus)

Nota-se o esforço de Patrocínio para reverter os estigmas negativos associado à cor da

sua pele, encarnando em si próprio o exemplo de superação de barreiras sociorraciais que

destinavam, quase que naturalmente, um lugar de subalternidade/inferioridade naquela

sociedade. É interessante notar, contudo, que Patrocínio faz uso de uma estratégia

argumentativa bem parecida com a de Luiz Gama, com muitos elementos coincidentes. As

conexões entre os dois ainda precisam ser melhor investigadas.

Em algumas ocasiões, ainda que de maneira não intencional como na narrativa cima,

Patrocínio também mencionou elementos estratégicos de sua trajetória naquele momento de

luta pela abolição, no qual recebia tanto ataques, muitos, inclusive, exatamente por ser negro.

E em alguns outros momentos, de modo não menos contundente, assumiu-se positivamente

como negro e descendente de escravos.

Em 1880, diante de uma injúria que o inferiorizava em função de sua origem,

respondeu, assumindo e politizando a sua origem escrava:

(...) A resposta é fácil de ser dada. O folhetinista não tem vexame da consanguinidade com os escravos; pelo contrário, faz desse fato a inspiração santa do seu ardor pela causa da abolição. Apela desassombradamente para as suas faces, onde mais do que a cor da sua raça, vê-se a escuridão do destino dela. Tem mesmo orgulho quando pode encarar de frente um senhor de escravos. É o orgulho do descendente do roubado diante do ladrão: é o orgulho do homem do trabalho diante do que vive a chupar o sangue dos seus irmãos. (PATROCÍNIO, 1880)

Nesse momento, a sua origem aparece como fonte de inspiração para sua luta e não

razão para constrangimentos. (FERACIN, 2006:121). Em outro ataque, vindo de um

fazendeiro em meio às batalhas pela abolição, quem o defendeu foi Luiz Gama, em artigo

publicado na Gazeta do Povo, de São Paulo. Ao referir-se a Patrocínio, Gama evoca a

solidariedade racial que existia entre eles e denuncia a discriminação que compartilhavam:

“Em nós até a cor é um defeito, um vício imperdoável de origem, o estigma de um crime; e

vão ao ponto de esquecer que essa cor é a origem da riqueza de milhares de salteadores, que

nos insultam; (...)” (GAMA, 1880)

Em 1885, fez menção à vergonha que sentia de seu pai por ser ele um escravocrata

(PATROCÍNIO, 1885). Dois anos depois, em meio a um comício, ao responder a um insulto

racial, retrucou: “Quando Deus me deu a cor de Otelo foi para que eu tivesse ciúmes da minha

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Raça!” (Mariano, 1927). Já no século XX, voltaria a mencionar o seu pai e o fato de todos

saberem que o vigário de Campos era seu mais, mas que jamais o reconheceu legalmente

(PATROCÍNIO, 1901).Assim como Gama, “Patrocínio (...) fez da cor de sua pele o próprio

dispositivo que dava sentido a sua luta contra as diferenças que se impunham contra ele”

(FERACIN, 2006: 200)

A memória de Gama e Patrocínio e o ensino de história

A despeito da derrota do reformismo defendido por Gama e Patrocínio e do fato de

terem ficado “sem lugar” na modernidade republicana não significou o fim da adesão ou

visibilidade dos projetos de poder que defendiam.

Estudos recentes sobre oassociativismo negro e imprensa negrae sobre a atuação de

artistas negros têm demonstrado que a despeito da forma truculenta com que os negros foram

tratados pelo regime republicano, encaminharam suas próprias demandas e reinvindicações no

espaço público. E ainda que essas iniciativas políticas não tenham resultado em grandes

conquistas em termos de cidadania, há que se investigar as lutas e o acúmulo que elas

proporcionaram ao que se constituiu posteriormente como como movimento negro.

As demandas reivindicadas no fim do século XIX por Gama e Patrocínio continuaram

sendo lembradas por intelectuais e ativistas negros ao longo do século XX. Mas não só elas.

No seio do associativismo negro a própria memória de Gama e Patrocínio foi guardada e

cultuada, imediatamente após a morte de um e, depois, do outro. Assim, é possível encontrar

jornais e entidades fundados e lidos/frequentas por negros, cujos nomes faziam homenagens a

ambos: O Patrocínio, SP, 1913 (jornal); Getulino, SP 1923 (jornal); O Patrocínio, SP, 1928

(jornal); Luiz Gama, SP, 1926 (jornal); Sociedade Beneficente Luiz Gama, Campinas, 1888

(associação); Grêmio Recreativo José do Patrocínio, Campinas, 1917(associação); Grêmio

Dramático Luiz Gama, Campinas, 1919(associação);Dentro Dramático Luiz Gama, SP,

década de 1920 (associação);Centro Humanitário José do Patrocínio Campinas,

1920(associação); Clube José do Patrocínio, Pelotas, 1905 (associação); Liga José do

Patrocínio, Pelotas 1919(Liga de futebol só para times de negros); S. B. União Operária José

do Patrocínio, Pelotas, 1934 (associação). Do mesmo modo, também é possível localizar

homenagens (romarias, discursos e etc.) feitas nos túmulos de Gama e Patrocínio e ao busto

de Gama. Segundo Petrônio Domingues, os periódicos da imprensa negra manifestavam

constantemente uma preocupação em construir heróis negros, no sentido de funcionarem

como exemplos positivos e como motivo de orgulho para os negros. Luiz Gama e José do

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Patrocínio estavam entre os mais exaltados nesse sentido. Henrique Dias, Cruz e Souza e

André Rebouças também apareciam como exemplos positivos que esses intelectuais negros

desejavam construir. E tais escolhas estão permeadas dos sentidos políticos do seu próprio

tempo. (DOMINGUES, 2004; 2009) Além disso, também era comum lideranças negras nas

primeiras década do século XX invocarem o nome de Gama e Patrocínio em seus discursos

como prova do valor e da capacidade dos negros e como motivo para que eles se orgulhassem

de seu passado e sentissem que pertenciam à nação, já que ambos seriam exemplos de

patriotismo e abnegação pelo Brasil. (DANTAS, 2009;ABREU e DANTAS, 2011) Portanto,

seus sonhos, lutas e reivindicações continuavam vivos, pelo menos, para parte da população

negra.

* * *

No campo do ensino de história, nos livros didáticos de história atuais, especialmente,

ainda que haja avanços, quando de aborda o período posterior à abolição da escravidão os

negros praticamente desaparecem da História do Brasil. Entre a abolição e o racismo na

atualidade, os negros não são mais destacados como portadores de alguma identidade especial

ou como atores políticos. Estão relegados ao “tempo do cativeiro”. (MATTOS, ABREU,

DANTAS, MORAES, 2009) Não se trata se trocar Joaquim Nabuco e Rui Barbosa por Luiz

Gama e José do Patrocínio, invertendo os polos da heroicização, mas de problematizar

experiência negra ao longo do tempo no Brasil que é complexa – entrecortada, inclusive, por

diferenças de classe - e vai além muito além da escravidão, da subalternidade, da apatia e de

uma perspectiva que apaga a cor, a raça e essa identidade negra a partir da qual Gama e

Patrocínio, intelectuais e ativistas negros das primeiras décadas do século XX estabeleceram

vínculos entre si.

No campo da pesquisa em história, se cristalizou-seuma abordagem, tanto de Gama

quanto de Patrocínio, que de detém apenas na face de militantes abolicionistas de ambos,

negligenciando que suas trajetórias foram muito mais amplas. Gama, afinal de contas, era

poeta e um grande conhecedor do direito – sobretudo em relação à escravidão - sendo, em seu

tempo, consultado constantemente por outros advogados e juízes. (FERREIRA, 2011)

Patrocínio, além de farmacêutico, escritor e jornalista, era um empresário do ramo da

tipográfico e da comercialização de jornais (FERACIN, 2006). O papel e a contribuição

desses homens negros - que racializaram suas identidades - nesses variados campos de saber e

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no próprio campo intelectual precisa ser aprofundado, inclusive a partir de uma ótica que os

dimensione no chamado “atlântico negro”.

Bibliografia ABREU, Martha; DANTAS, Carolina Vianna. É chegada "a ocasião da negrada bumbar": comemorações da abolição, música e política na Primeira República. Varia História, v. 27, p. 97-120, 2011. ALONSO, Angela. O triângulo negro da abolição: Rebouças, Patrocínio, Gama. Texto apresentado no “Seminário Classe, cultura e ação coletiva”, em 16 de junho de 2011, PPGS-USP. Disponível em http://moodle.stoa.usp.br/file.php/1416/o_triangulo_negro_da_abolicao.pdf DANTAS, Carolina Vianna. “Brasil café com leite”. Debates intelectuais sobre mestiçagem e ‘preconceito de cor’ na Primeira República.Tempo. Revista do Departamento de História da

UFF, v. 13, 2009. ____. Monteiro Lopes (1867-1910), um líder da raça negra na capital da república. Afro-Asia, v. 41, p. 168-209, 2011 DOMINGUES, Petrônio. A “Vênus negra”: Josephine Baker e a modernidade afro-atlântica. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, CPDOC-FGV, vol. 23, n° 45, jan-jun 2010. ____. Uma história não contada: negro, racismo e branqueamento em São Paulo no pós-

abolição. São Paulo, Ed. Senac, 2004. ____. A nova abolição. São Paulo, Selo Negro, 2008. ____.; GOMES, Flávio dos Santos (Orgs.). Experiências da emancipação: biografias,

instituições e movimentos sociais no pós-abolição (1890-1980). São Paulo, Summus Editorial, 2011 FERREIRA, Ligia Fonseca (org.) Com a palavra, Luiz Gama. Poemas, artigos, cartas

máximas. São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2011. GAMA, Luiz. Emancipação, Gazeta do Povo, São Paulo, 01/12/1880. ____. GAMA, Luís. Primeiras Trovas Burlescas e Outros Poemas (org. Lígia Ferreira). São Paulo: Martins Fontes, 2000 [1859] GILROY, Paul. O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. São Paulo, Rio de Janeiro, Editora 34/ UCAM, 2001. GOMES, A. M. C.. Gilberto Freyre: algumas considerações sobre o contexto historiográfico de Casa Grande e Senzala. Remate de Males, Campinas, n. 20, 2001. GUIMARÃES, Antônio Sergio. Intelectuais negros e formas de integração nacional. Estudos

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