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LUIZ CARLOS CORREARD TUBARÕES Esses Desconhecidos

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LUIZ CARLOS CORREARD

TUBARÕES

Esses Desconhecidos

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LUIZ CARLOS CORREARD

Tubarões Esses Desconhecidos

PESQUISA

EDIÇÃO DO AUTOR __________________________________________________________________________

Título

Tubarões, esses Desconhecidos © 2009 – Luiz Carlos Correard Pereira

Direitos de edição pertencentes ao autor. Todas as fotos foram obtidas na internet.

Revisão LCCP

Capa Great Hammerhead shark Sphyrna mokarran

Foto de domínio público __________________________________________________________________________________

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A meus filhos Luiz Eduardo, Heitor, Julia, Luísa e Thaïs; A todos que se encantam com esses tão desconhecidos e incompreendidos seres.

Amicus Deo, sed magis amica veritas

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO .................................................................................... 5 2. O QUE SÃO “TUBARÕES”? ............................................................ 6 3. EVOLUÇÃO ......................................................................................... 8 4. CLASSIFICAÇÃO .............................................................................. 11 5. TUBARÕES! ....................................................................................... 14 6. OUTROS PEIXES CARTILAGINOSOS ......................................... 53 7. CURIOSIDADES E INFORMAÇÕES .............................................. 61 8. GLOSSÁRIO ........................................................................................ 63 9. REFERÊNCIAS ................................................................................... 65 10. IT’S YOUR OCEAN. DO SOMETHING ABOUT THIS .............. 66

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1. INTRODUÇÃO Desde que me conheço por gente (e já faz tempo...) sou fascinado pela Natureza, pela biodiversidade cuja importância e necessidade de preservação estamos hoje ainda aprendendo, mas especialmente por pássaros e peixes. Peixes... nesse extremamente imenso e rico universo biológico, um grande grupo nunca deixa de me encantar à medida que mais conheço e pesquiso sua existência: os representantes do que conhecemos como “tubarões”. Quando se fala em “tubarão”, a primeira imagem que nos surge à cabeça é aquela bocarra cheia de dentes arreganhados, de um animal enorme e terrível, capaz de arrancar as pernas de um surfista desligado, de devorar pobres náufragos perdidos na imensidão azul do mar, ou ainda de destroçar turistas que ousem banhar-se em qualquer praia de qualquer litoral do mundo. Ou seja, sempre se associa a esse grupo de animais uma periculosidade (conforme muitos filmes que ainda passam na TV) que está longe de corresponder à realidade (Gente, nenhum animal é “malvado”, isso non ecziste!). Tento evidenciar aqui que a imagem de "assassino implacável" esconde o real fato de que estão sendo dizimados pelo mais terrível dos inimigos - o Homem – além de trazer imagens para mostrar que o que denominamos “tubarão” é muito mais (mesmo) do que o “terrível” tubarão-branco. Para se ter uma idéia, falamos de espécies numa faixa que vai do gigante tubarão-baleia (até 20 m de comprimento, o maior peixe conhecido) ao pequenino tubarão-anão (no máximo 20 cm de comprimento) e ao menorzinho ainda dwarf lantern shark (tubarão-anão lanterna), os menores tubarões conhecidos. Assim, sendo os tubarões a “bola da vez” de meus escritos e lembrando que, como leigos, sabemos muito pouco sobre os tubarões (na verdade quase nada), procuro trazer a quem tiver a paciência de ler estas linhas um pouco de informação interessante e divertida, cientificamente embasada e atualizada através de fontes confiáveis (ver as referências, ao longo do trabalho e no final), deixando implicitamente presente a admiração que tenho pela maravilhosa explosão de vida que a Natureza ainda nos dá. Como em outras ocasiões, observo também que não tenho a pretensão de fazer nenhum tratado científico ou enfocar tudo o que se estudou e publicou a respeito desses peixes fantásticos e de incrível diversidade. Assim, mesmo que não exista como fugir de textos relativamente longos, meu único objetivo é um pouco de entretenimento. Boa leitura!

Resende, Abril de 2009 Luiz Carlos Correard Pereira

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2. O QUE SÃO “TUBARÕES” ? Tubarão ou Cação é o nome dado vulgarmente aos peixes de esqueleto cartilaginoso que existem em todos os mares do mundo e até em alguns rios. Os tubarões constituem um grupo de criaturas incrivelmente diversificado e defini-los não é tão fácil como parece. Embora todos sejam peixes, eles diferem enormemente no que se refere à forma do corpo, tamanho, hábitat, comportamento e dieta. Muitos deles não se parecem em nada com a imagem clássica que temos de um tubarão – alguns sobrevivem quase unicamente junto aos solos oceânicos, enquanto outros são criaturas de aspecto estranho, que vivem a enormes profundidades. Mas há certas características que são comuns a todos os tubarões: Contrariamente a outros peixes, os tubarões têm o esqueleto principal feito de cartilagens, no lugar de ossos. Seu esqueleto é reforçado em certos pontos por placas especiais, feitas de duros sais de cálcio. Com mandíbulas móveis, todos os tubarões têm dentes que são reproduzidos regularmente, sendo substituídos a intervalos habituais. Alguns tubarões conseguem produzir várias fileiras de dentes a cada ano. Os dentes antigos caem para serem substituídos por uma nova fileira. E até a pele do tubarão tem dentes! Uma das características que define os tubarões é a presença de escamas semelhantes a dentes que cobrem sua pele e são denominadas de “dentículos dérmicos”. São estes dentículos que fazem com que a pele do tubarão pareça uma lixa. Os tubarões têm pelo menos cinco pares de fendas branquiais verticais, que ficam quase sempre situadas nos lados da cabeça. Algumas espécies chegam a ter sete pares de fendas branquiais. Interessante também, nessa morfologia, é que a maioria dos outros peixes possui bexigas natatórias que os ajudam a flutuar. No entanto, os tubarões não apresentam qualquer traço deste órgão. Reprodução A reprodução dos tubarões ocorre por fecundação interna, através do órgão reprodutor masculino (clásper) inserido no correspondente órgão da fêmea (na cloaca, com ligação aos ovidutos). As fêmeas atingem, em geral, a sua maturidade sexual com maior tamanho do que os machos e normalmente procriam em anos alternados. Nas espécies ovíparas, que correspondem a cerca de 20% do total, a fêmea realiza a postura dos ovos retangulares, protegidos por uma membrana filamentosa, de modo a fixá-los ao substrato marinho. Nas espécies ovovivíparas - cerca de 70% -, o desenvolvimento dos ovos ocorre no oviduto da fêmea, sendo as crias expulsas já desenvolvidas. Nas espécies vivíparas - cerca de 10% -, o desenvolvimento do embrião realiza-se internamente, com ligações placentárias, sendo as crias também expulsas já desenvolvidas.

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Sentidos Visão: Numa luz brilhante a pupila pode ser apenas um pequeno círculo ou fenda, que pode ser vertical ou horizontal. O seu olho possui uma camada refletiva, a qual permite um aproveitamento da luminosidade em locais com pouca luz, como as águas turvas ou profundas e à noite. Algumas espécies apresentam uma pele protetora sobre os olhos (as membranas nictitantes), que aparece quando atacam as presas. Olfato: Extremamente apurado, permite identificar substâncias bastante diluídas na água, como concentrações de sangue. Os grandes tubarões, quando detectam o cheiro de sangue ou de corpos em decomposição, facilmente encontram o local de origem pelo olfato ( oi que também ocorre com várias outras espécies de peixes). Audição, Linhas Laterais e Ampolas de Lorenzini Do que se conhece, o ouvido interno, responsável pelo equilíbrio e detecção das vibrações de baixa freqüência, situa-se atrás dos olhos. Possui três canais semicirculares e detecta vibrações a longas distâncias, como um peixe a se debater. Em conjunto com o olfato, esta sensibilidade às vibrações são os primeiros mecanismos utilizados na detecção de potencial alimentação ou perigo. As suas linhas laterais são também capazes de captar vibrações de médias e baixas freqüências, correntes, mudanças na temperatura e pressão da água, assim como localizar obstáculos e alimentos em águas turvas. Em algumas espécies, a cabeça, especialmente ao redor do focinho, apresenta pequenos poros, denominados Ampolas de Lorenzini. Estes receptores são sensíveis à temperatura, salinidade e pressão da água, com uma especial capacidade para detectar campos elétricos muito sutis, gerados por outros animais. A capacidade de perceberem estas ligeiras mudanças do ambiente, além de facilitar a caça às suas presas, possibilita-lhes a navegação em mar aberto durante as grandes migrações, guiando-se através do campo eletromagnético da Terra. Respiração: A maioria dos tubarões, quando parados, não consegue bombear a água para as brânquias, de modo a respirar. Necessitam, portanto, de forçar a entrada da água pela boca, para que esta passe pelas brânquias e saia pelas fendas branquiais. A respiração é auxiliada por dois espiráculos. Por outro lado, a ausência de bexiga natatória dificulta a sua flutuação. Estas duas características são as responsáveis pela maioria dos tubarões nadar incessantemente, pois, se por algum motivo pararem, afundam e podem morrer por asfixia. No entanto, algumas espécies conseguem permanecer paradas e deitadas no fundo do mar.

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3. EVOLUÇÃO Existem evidências de tubarões de 450-420 milhões de anos atrás (no período Ordoviciano, antes da existência de vertebrados terrestres). Os primeiros “proto-tubarões”, como os gêneros Squatinactis, Orodus, Ctenoptychius e outros, não eram nada parecidos com os atuais.

Squatinactis caudispinatus (conceito)

Conforme alguns fósseis, o Squatinactis era achatado (como as atuais raias), com mandíbulas armadas com longos dentes cladodônticos (dentes em grupo, com pontas e laterais afiadas) e algumas escamas placóides, com uma cauda terminada em espinhos (daí o nome adotado para a espécie). Na seqüência evolutiva, no período Devoniano (400-350 milhões de anos atrás), havia o Cladoselache. Este gênero é um dos mais conhecidos e estudados ancestrais dos tubarões, em função da descoberta de fósseis muito bem preservados (crânio, mandíbulas, dentes, vértebras e até fibras musculares). Atualmente, já foram identificadas oito espécies (ver http://en.wikipedia.org/wiki/Cladoselache).

Cladoselache sp (conceito)

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Observação: As evidências encontradas muitas vezes são apenas dentes fossilizados (os dentes são facilmente fossilizáveis por serem constituídos de fosfato de cálcio). Por outro lado, por terem estrutura cartilaginosa, os esqueletos somente são preservados quando a fossilização ocorre em determinados tipos de sedimentação (como o caso do Cladoselache).

Fóssil de Cladoselache

Provavelmente de linhagem par ao Cladoselache, os grupos Ctenacanthiformes e Hybodontiformes também são ancestrais devonianos dos atuais tubarões. A maioria dos fósseis de tubarão provenientes de 300-150 milhões de anos atrás está ligada aos Hybodontiformes.

Detalhes gerais dos Ctenacanthiformes

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Fóssil de Hybodon (Hybodontiformes)

Os atuais tubarões começaram a aparecer há 150 milhões de anos. O mais famoso dos tubarões, o Grande Branco, surgiu por volta de 65-60 milhões de anos atrás, no período Cretáceo (justamente na época da extinção dos grandes dinossauros). O famoso tubarão gigante Megalodon (Carcharodon megalodon) é considerado ancestral direto do tubarão-branco por alguns estudiosos, embora não haja unanimidade científica sobre essa questão.

Mandíbulas do Carcharodon megalodon

Para conhecer mais: http://www.palaeos.com/Vertebrates/Units/070Chondrichthyes/070.100.html http://www.elasmo-research.org/education/evolution/ancient.htm http://www.devoniantimes.org/who/pages/ctenacanthus.html http://www.palaeos.com/Vertebrates/Units/070Chondrichthyes/070.600.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Carcharodon_megalodon http://school.discoveryeducation.com/schooladventures/prehistoricsharks/gallery12.html

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4. CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA A classificação taxonômica dos tubarões é a mesma de todos os seres vivos: segue basicamente o modelo do sueco Linneu (Carl Von Linné, latinizado Carolus Linnaeus, 1707-1778) criador do “Sistema de Classificação Binária” ou “Nomenclatura Binominal”, que lança as bases da Biologia moderna): Domínio, Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie, com subdivisões, quando necessário. As classificações são dinâmicas, sendo atualizadas/modificadas constantemente, baseando-se em critérios de biologia molecular e em estudos de hibridização de DNA, além de muitas características morfológico-evolutivas. Para uma classificação completa, ver: http://sn2000.taxonomy.nl/Main/Classification/41695.htm Todos os tubarões e seus aparentados próximos (quimeras e raias – ou arraias) são agrupados numa Classe denominada Chondrichthyes (“peixes cartilaginosos” - do grego Chondros, cartilagem, + ichthys, peixe), dividida conforme figura abaixo:

As ORDENS são agrupamentos um pouco mais específicos, reunindo determinadas características comuns às espécies contidas, razão pela qual utilizaremos essa nomenclatura como base da apresentação. Falaremos aqui das espécies incluídas nas Divisões Galeomorphii e Squalea (veja quadro), fazendo parte de um grande grupo chamado de seláquios ou elasmobrânquios. As demais classificações não serão detalhadas neste presente trabalho (embora os Squatiniformes e os Pristiophoriformes também sejam tubarões), mas apresentamos um resumo ao final. Para facilitar o entendimento de alguns critérios de classificação, é necessário conhecer a anatomia externa dos tubarões, usando como exemplo as figuras abaixo (um tubarão fictício, com todas as características possíveis e tabelas explicativas, algumas em inglês, pois não tenho referências completas em português):

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Partindo do princípio das características físicas, podemos chegar a uma classificação simplificada:

Ver http://www.elasmo-research.org/education/ecology/id-guide.htm#Key A figura mostrada acima pode ser completada utilizando-se uma tabela:

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A classificação das Ordens que falamos pode ser vista no quadro a seguir:

Gêneros Espécies

Carcharhiniformes Carcharhinidae 12 50 Requiem sharks

(Ground sharks) Hemigaleidae 4 8 Weasel sharks

Triakidae 9 39 Houndsharks

8 f, 48 g, 231sp Sphyrnidae 2 9 Hammerhead sharks

Leptochariidae 1 1 Barbeled houndsharks

Proscyliidae 3 5 Finback catsharks

Pseudotriakidae 2 2 False catsharks

Scyliorhinidae 15 117 Catsharks

Heterodontiformes Heterodontidae 1 8 Bullhead and horn sharks

(Bullhead sharks)

Lamniformes Alopiidae 1 3 Thresher sharks

(Mackerel sharks) Cetorhinidae 1 1 Basking sharks

Lamnidae 3 5 Mackerel sharks

7 f, 10 g, 16 sp Megachasmidae 1 1 Megamouth sharks

Mitsukurinidae 1 1 Goblin shark

Odontaspididae 2 4 Sand tiger sharks;ragged-tooth sharks

Pseudocarchariidae 1 1 Crocodile shark

Orectolobiformes Brachaeluridae 2 2 Blind sharks

(Carpet sharks) Ginglymostomatidae 2 3 Nurse charks

Hemyscillidae 2 13 Bamboo sharks

7 f, 13 g, 34 sp Orectolobidae 3 6 Wobbegongs

Parascyllidae 2 8 Collared carpet sharks

Rhiniodontidae 1 1 Whale shark

Stegostomatidae 1 1 Zebra sharks

Echinorhiniformes Echinorhinidae 1 2 Bramble shark/ Prickly shark

(Bramble sharks)

Hexanchiformes Hexanchidae 3 4 Cow sharks

(Cow sharks) Chlamydoselachidae 1 1 Frilled shark

Squaliformes Centrophoridae 2 15 Longnose dogfish / gulper sharks

(Dogfish sharks) Dalatiidae 7 10 Dogfish shark

Etmoperidae/nae 5 44 Black dogfish / Lantern sharks

6f, 21 g, 102 sp Oxynotidae/nae 1 5 Dogfish shark

Somnosidae/nae 4 17 Sleeper sharks

Squalidae 2 11 Spiny dogfish sharks

98 398

ObservaçõesOrdemNúmero

Famílias

Obs: Falamos de 398 espécies de tubarões de um total de 1.014 conhecidas de Chondrichthyes.

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5. TUBARÕES! Bem, finalmente vamos ao que todos queremos ver: figuras de tubarão (os que atualmente ainda existem). Conforme já citei, utilizarei a classificação por Ordem taxonômica como base de apresentação, agregando uma certa cronologia evolutiva de acordo com o que atualmente se conhece. Como não há como mostrar figuras das 398 espécies citadas, procurarei mostrar os tubarões mais curiosos e interessantes. 5.1 – Ordem Hexanchiformes O primeiro a ser mostrado é um tubarão primitivo, extremamente raro e estranho, só recentemente filmado. É comprido, com a cauda muito longa, lembrando uma enguia ao nadar. Como todos gêneros dessa Ordem, possui uma única e pequena barbatana dorsal, bem para trás.

Frilled shark Chlamydoselachus anguineus, família Chlamydoselachidae

Apresenta uma formação cartilaginosa após a cabeça, antes dos opérculos (que são 6). A boca é rasgada e longa, com dentes tricúspides em ambas as mandíbulas. Chegando a 2 m de comprimento, está distribuído em águas profundas (mais de 1000 m) por todo o Atlântico e Pacífico Norte, com registros no Chile, na Califórnia e no Japão. Alimenta-se de peixes (inclusive outros tubarões) e lulas. É ovovivíparo.

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Frilled shark Chlamydoselachus anguineus

Obs: Bicho estranho, não? O nome "Chlamydoselachus" significa "tubarão de manto" ( do grego Chlamys + selachus). Se quiser ver mais fotos e vídeos sobre esse primitivo tubarão, experimente pesquisar no Google com o nome científico citado. Já na Família Hexanchidae, com 3 espécies, o maior é o Hexanchus griseus, chegando a 5 m. Essa família é muito pouco conhecida; estando distribuída em todos os oceanos, de águas tropicais a frias, onde vivem em grandes profundidades (abaixo dos 1000 m). Também são conhecidos como “Cação-Bruxa”. Curiosidade: todos dessa família apresentam apenas uma barbatana dorsal e 6 ou 7 fendas branquiais. O nome "Hexanchus" significa "Seis aberturas" (do grego Hexa + ankus)

Atlantic mudshark Hexanchus griseus, Família Hexanchidae

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5.2 – Ordem Echinorhiniformes Essa Ordem possui uma única Família (Echinorhinidae), com representantes raros e muito pouco conhecidos. Pelo que se sabe, vivem em águas frias do sul da Austrália, de razoavelmente rasas (40m) até grandes profundidades (900m). Alimentam-se de peixes, polvos, lulas e crustáceos. As nadadeiras dorsais são pequenas e encontram-se bem para trás, uma atrás da outra. Não possuem nadadeira anal; a cauda é forte, sem lobo inferior definido. Possuem 5 pares de opérculos e uma série de pequenos espiráculos na cabeça. São muito raros.

Bramble shark Echinorhinus brucus, Família Echinorhinidae

Diferente das maiorias dos tubarões, que possuem a pele áspera pela existência de micro-dentículos, a família Echinorhinidae apresenta a pele rugosa pelo tamanho desses dentículos que se espalham pelo corpo do peixe, dando a impressão de serem manchas da pele quando não vistos de perto. O nome "Echinorhinus" significa "Nariz de espinhos" (do grego echinos + rhinos).

Prickly shark Echinorhinus cookei, Família Echinorhinidae

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5.3 – Ordem Squaliformes Ainda na Divisão Squalea, na Squaliformes temos uma série de Famílias com bastante diversidade. São criaturas de extremos: em tamanho, do pequenino ao grande, habitando uma grande variedade de tipos de água, temperaturas e profundidades. Por essa diversidade, sua taxonomia é alvo de constantes revisões. No geral, possuem cinco aberturas branquiais, duas nadadeiras dorsais com espinhos e não possuem nadadeira anal. Algumas espécies habitantes de águas profundas apresentam bioluminescência A família Squalidae é composta de pequenos cações (não ultrapassando 1,5m), sendo encontrados em todos os mares, se alimentando de pequenos peixes, crustáceos e invertebrados. Alguns apresentam características diferenciadas, como o Cirrhigaleus barbifer, que possui barbilhos. O nome Squalus significa “esquálido, fino”.

Mandarin shark Cirrhigaleus barbifer, Família Squalidae

Shortnose spurdog shark Squalus megalops, Família Squalidae

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Já os tubarõezinhos da família Etmopteridae são chamados em inglês de Lantern Shark - Tubarões-Lanterna - porque apresentam bioluminescência em vários pontos sobre o corpo. São pequenos, chegando a no máximo 60 cm, vivendo abaixo dos 300 m de profundidade. Todos possuem as nadadeiras dorsais com espinhos e dentes com vértice central proeminente, ladeado por um ou dois dentículos. O nome Etmopterus significa "asa de osso”.

Dwarf Lantern shark Etmopterus perriy, Família Etmopteridae

O menor tubarão conhecido é esse aí de cima, o tubarão-lanterna anão. Medindo no máximo 17 cm, vive nos mares costeiros da Colômbia e da Venezuela. Dentro dessa mesma Ordem, mas em Família diferente (a Dalatiidae), existem alguns tubarõezinhos bastante parecidos (a primeira vista) com os da Família Etmopteridae descritos. Na maioria sem espinhas nas nadadeiras dorsais, sem nadadeira anal e com dentição diferenciada nas mandíbulas, a família Dalatiidae apresenta olhos grandes e focinho curto e rombudo, com a boca bem desenhada em cor mais clara bem abaixo da cabeça. Também abriga alguns dos menores tubarões existentes no mundo; que vivem em águas profundas de todos os oceanos. O Euprotomicrus bispinatus chega no máximo a 25 cm. Com os olhos grandes e boca bem desenhada, esse tubarãozinho das profundezas (até 1.800 m) do Atlântico Norte e Pacífico Sul apresenta bioluminescência; como outros peixes das profundezas, durante a noite vem à superfície em busca de alimento (peixinhos, lulinhas etc). Possui cor entre negro e marrom escuro, com as barbatanas dorsais pequenas e uma mancha branca na ponta da cauda.

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Lantern shark Euprotomicrus bispinatus, Família Dalatiidae

A Família Dalatiidae é extremamente diversificada, estando em constante revisão pelos biólogos. Existem ainda muitos outros tubarõezinhos interessantes que mereceriam uma olhada. Se você quiser ter uma idéia, tecle “Dalatiidae” no Google. É, com dois “i” mesmo.

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Pequeno e curioso é o Isistius brasiliensis, o "Cookie-cutter shark" - assim chamado pela forte mordida que possui, deixando uma marca redonda em forma de biscoito em peixes e golfinhos infinitamente maiores que ele. Com cerca de 50 cm, esse tubarãozinho é um voraz predador, dotado de bioluminescência e de afiados dentes triangulares. O nome da espécie (“brasiliensis”) deve-se a ter sido descoberto em águas brasileiras. Alimenta-se de lulas e pequenos peixes, vindo à superfície durante a noite, mas sua voracidade é tal que morde tudo o que aparece à sua frente, inclusive lixo ou equipamentos fotográficos. Possui um "colar" de pele não-bioluminescente, provavelmente de forma a parecer ainda menor do que é ao se aproximar de possíveis presas.

Cookie-cutter shark Isistius brasiliensis, Família Dalatiidae

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Ainda dentro da Ordem Squaliformes, temos um interessante grupo. Talvez a mais inesperada expressão da diversidade dos esqualóides seja esses tubarõezinhos rechonchudos da família Oxynotidae. Não ultrapassando 1 m de comprimento, possuem boca pequena, as costas bem altas com nadadeiras dorsais em forma de vela com espinhas e uma definida formação de cartilaginosa ao longo do abdômen. Habitam águas profundas - por volta de 600 m - do leste do Atlântico e do Mediterrâneo, se alimentando de pequenos peixes e invertebrados. O nome "Oxynotus" significa "Rabo fino" (do grego Oxys + notus)

Rough shark Oxynotus caribbaeus, Família Oxynotidae

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Vou mostrar ainda mais um tubarão bastante interessante dessa tão diversa Ordem Squaliformes. Os tubarões da família Somnosidae apresentam o focinho arredondado e o corpo aparentemente mole. As nadadeiras dorsais são pequenas, e os lobos da cauda são assimétricos. Os dentes da arcada superior são de vértice único, enquanto os da arcada inferior apresentam pequenos dentículos laterais. As espécies do gênero Somniosus são consideradas lentas (o que não é verdade), daí o nome em inglês de tubarões dorminhocos (“sleepers sharks”). O tubarão da Groenlândia Somniosus microcephalus é um dos poucos seláqueos encontrados em águas geladas. De natureza letárgica, no entanto é um predador respeitado nos seus mais de 4 m de comprimento e 500 kg.

Greenland shark Somniosus microcephalus, Família Somniosidae

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5.4 – Ordem Heterodontiformes A Ordem Heterodontiformes está representada por apenas uma família, a Heterodontidae. As nove espécies conhecidas possuem espinho nas duas nadadeiras dorsais. Nesses engraçados tubarõezinhos, a cabeça é grande em relação ao corpo por terem uma conformação saliente sobre os olhos (lembrando “chifres”) e um focinho curto e chato. Não possuem membrana nictitante e variam entre 50 cm e 1,5 m.

Bullhead shark Heterodontus franscisci, Família Heterodontidae

Uma característica também peculiar são os dentes de diferentes formas que possuem (daí o nome "Heterodontus", do grego Hetero + dontus), sendo considerados como um grupo primitivo. Vivem apenas no Oceano Pacífico, alimentando-se de pequenos peixes, moluscos e invertebrados.

Bullhead shark Heterodontus zebra, Família Heterodontidae

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5.5 – Ordem Orectolobiformes Essa Ordem é também composta de uma maravilhosa diversidade de formas, estilos, cores e padrões, variando de uma elaborada camuflagem do Wobbegong à elegante cauda do Zebra Shark, que troca suas listras juvenis por um padrão "leopardo" quando adulto, passando pela delicada esbelteza do "Epaulette Shark” que caça entre as fendas e passagens estreitas dos recifes de corais. Os Carpetsharks de colar, que podem ser achados em fundos arenosos, lodosos ou de pedra, podem mudar sua cor de acordo com o tipo de ambiente onde se encontram. Como características comuns, todos os gêneros apresentam nadadeiras dorsais sem espinhos. Com exceção do tubarão-baleia (que é um estranho nessa família), todos apresentam boca pequena e transversal, narinas especializadas com barbelas e sulcos conectando as narinas aos cantos da boca, e espiráculos abaixo dos olhos. Muitos apresentam aberturas branquiais pequenas, com a 4a. sobrepondo-se à 5a. abertura. Mostramos primeiramente os tubarões da Família Brachaeluridae, que são chamados de tubarões-cegos ou tubarões-dorminhocos ("dormideiras"), pois vivem aparentemente parados no fundo das águas onde vivem. Possuem boca e olhos pequenos, os espiráculos perto e um pouco abaixo dos olhos e pequenas barbelas sob as narinas. O nome "Brachaelurus" significa “cauda curta” (do grego brachys + oura).

Blindshark Brachaelurus waddi

Com indivíduos bastante parecidos com o mostrado acima, mas com a cauda mais longa, a Família Ginglymostomatidae com prende dois gêneros e três espécies. Conhecidos no Brasil como "tubarões-lixa" ou "lambaru", vivem nas águas tropicais e subtropicais do Atlântico e do Pacífico. A boca desses tubarões é bastante singular, estando totalmente à frente do focinho. Também possuem pequenas barbelas sob as

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narinas e espiráculos perto dos olhos. Essas adaptações permitem que esses tubarões se alimentem vasculhando o fundo de onde vivem, normalmente até 70 m. A diferença entre os gêneros está no tamanho e no comprimento da cauda. O nome "Ginglymostoma" significa” Boca dobrável" (do grego ghinge + stoma).

Nurse shark Ginglymostoma cirratum

Giant sleepy shark Nebrius ferrugineus

Já os pequenos tubarões da Família Hemyscillidae não ultrapassam 1 m de comprimento e vivem em águas rasas de recifes de corais da Austrália e Nova Guiné, em profundidades de no máximo 10m. Fáceis de serem capturados, são adorados por aquariofilistas pela variação de cores e padrões que apresentam. Possuem olhos

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saltados, a boca e as narinas na frente de um focinho curto e, sob estas, pequenos barbilhos, como quase todos os gêneros da Ordem Orectolobiformes. A palavra "Hemiscyllium" significa "Meio Peixe" (do grego Hemi + skylla).

Carpet shark Hemiscyllium freycineti, Família Hemyscillidae

Carpet shark Hemiscyllium ocellatum, Família Hemyscillidae

Muito engraçados são os tubarõezinhos coloridos da família Parascyllidae. Possuem cabeça curta e um corpo muito comprido, com padrões de desenho e cores

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variadas que mudam para se adaptar ao ambiente em que estão. São menores, mas muito parecidos com seus primos da família Hemiscyllidae. A primeira nadadeira dorsal se situa bem para trás, após a linha das ventrais; a segunda dorsal se situa após a linha da nadadeira anal. Vivem em fundos arenosos e rochosos de pouca profundidade do Pacífico, em águas da Austrália, Filipinas, China e Japão. O nome "Parascyllium" significa "Quase peixe" (do grego para + skylla). Vejam só:

Carpetshark Parascyllium variolatum, Família Hemyscillidae

Collared carpetshark Parascyllium collare, Família Hemyscillidae

Agora vou mostrar os tubarões mais bizarros que você já viu: A família Orectolobidae apresenta uns estranhos tubarões com o corpo achatado, próprio para entrar em espaços aparentemente apertados, camuflados com uma série de barbilhões que fazem de isca para atrair suas presas - camarões, lulas e peixes. São os "Wobbegongs". Como outros da Ordem Orectolobiformes, a primeira nadadeira dorsal fica bem para trás do corpo, após a linha das nadadeiras ventrais. Vivem em águas temperadas e tropicais do Pacífico, nos leitos de areia ou coral, em profundidades de até 100m. São ovovivíparos, e medem de 60cm até 3 m. A palavra "Orectolobus" significa "Cheio de lóbulos" (do grego oryktos + lobos).

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Tasseled wobbegong Eucrossorhinus dasypogon, Família Orectolobidae

Não dá pra ver direito, não é? Vamos ver se melhora:

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Spotted Wobbegong Orectolobus maculatus, Família Orectolobidae

Esquisitaços, não?

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Vou mostrar um outro tubarão interessante. Este bonito peixe, único gênero da família Stegostomatidae, é muitas vezes confundido com seu xará Tubarão-leopardo (da família Triakidae, que veremos mais à frente). Conhecido como Zebra shark - tubarão zebra - porque nasce com listras que permanecem até a "adolescência". Mas, convenhamos, o nome "tubarão-leopardo" se aplica com mais propriedade, por motivos óbvios.

Como outros da Ordem Orectolobiformes, possui barbilhos e um corpo longo, com a cauda sendo prolongamento do corpo. As nadadeiras peitorais são largas e arredondadas. Não possui espinhas dorsais, podendo atingir a mais de 2m de comprimento. Vive em águas tropicais do Pacífico, do leste da África à Austrália , Índia, Indonésia e Japão. O nome "Stegostoma" significa "Boca coberta” (do grego stegos+stoma)

Zebra shark Stegostoma fasciatum, Família Stegostomatidae

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Dentro dessa mesma Ordem está incluída uma espécie que não se parece em nada com seus “primos” mostrados. É o maior peixe existente nos nossos dias. O tubarão-baleia recebe esse nome por seu tamanho, mas é mesmo um tubarão e não um mamífero. Existem relatos de espécimes com mais de 20m de comprimento, mas a média fica por volta da metade disso, 10m. É uma das espécies mais fotografadas do mundo, já que sua velocidade é muito lenta (por volta de cinco km/h). É um dos três grandes tubarões que se alimentam de pequenos organismos (os outros são o tubarão-peregrino - ou tubarão-frade - e o tubarão boca-grande), cada um desses pertencendo a uma diferente Ordem de tubarões, conforme veremos mais à frente. A boca é muito grande (pode ter mais de 1,5m quando aberta), com mais de 300 linhas de dentes finos e cinco pares de grandes opérculos utilizados como parte do processo de alimentação. Os olhos são pequenos e encontram-se bem na frente do focinho, com os espiráculos logo abaixo. Sua cor varia entre o cinza e o azul, e o corpo apresenta pequenas manchas brancas que fazem parte de seu esquema de camuflagem.

Tubarão-baleia Rhincodon typus, Família Rhiniodontidae

Sua alimentação consiste em fitoplâncton e outros micro-organismos, incluindo pequenos camarões, lulas e peixes, que são sugados pelo tubarão a cada "gole" de água (até 6000 l/h, que entram pela boca e saem pelos opérculos), ficando presos nas linhas de dentes após a "filtragem". Vivem em todos os oceanos, em águas temperadas e tropicais. Acreditava-se que eram ovíparos, mas hoje se sabe que são vivíparos. O nome "Rhincodon" significa "focinho dentado" (do grego rhynchos + odonto). O nome "Rhyniodon" também é utilizado para identificar o Gênero.

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Tubarão-baleia Rhincodon typus, Família Rhiniodontidae

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5.6 – Ordem Lamniformes Essa Ordem inclui alguns dos mais espetaculares tubarões existentes, entre eles o mais popular, o Tubarão Branco (chamado de o Grande Branco), além do Mako, do Goblin, do Sandtiger e de dois "estranhos no ninho" dos predadores: o chamado Boca Grande e o Tubarão-Frade, ambos comedores de plâncton (semelhantes ao Tubarão-Baleia). As características em comum desse grupo tão diverso são a presença de dois nadadeiras dorsais sem espinhos, a constituição intestinal tipo anel e a inexistência de membrana nictitante (o que diferencia os tubarões dessa Ordem de seus primos da Ordem Carcharhiniformes, que veremos a seguir).

Tubarão-Branco Carcharodon carcharias, Família Lamnidae

O gênero Carcharodon tem apenas um representante, o grande tubarão branco Carcharodon carcharias. O nome é "grande-tubarão-branco", mas na realidade só a parte de baixo do corpo é branca ou clara. O dorso é geralmente cinza-escuro. As duas cores se encontram nas laterais do peixe formando uma linha irregular que varia de tubarão a tubarão. Oceânicos e ao longo da plataforma continental, da superfície a mais de 1000 metros, podem ocorrer em praias e estuários. Preferem águas temperadas às tropicais. Muito vorazes, comem de tudo, de carcaças de baleias a golfinhos, tartarugas, focas, peixes, lulas, moluscos e crustáceos. Possuem um aguçado sentido para detectar campos elétricos de presas (através das "ampolas de Lorenzini" que possuem).

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Tubarão-Branco Carcharodon carcharias, Família Lamnidae

O nome "Lamna" significa "Forma de lâmina" (referência aos dentes).

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Na mesma Família, temos o tubarão mako. Extremamente hidrodinâmico, é o mais rápido dentre as espécies de tubarão, chegando a 90 km/h e, dentre os peixes, só é menos rápido que o atum. Como outros da família, o mako é capaz de manter a sua temperatura maior que a temperatura ambiente, sendo encontrado em mares tropicais e temperados. Todos os tubarões desse gênero são chamados também de Anequim. De cor azul metálica no dorso, chega a 3,5m e 400 kg., possuem uma aparência bastante feroz.

Tubarão Mako ou Anequim Isurus oxyrhinchus, Família Lamnidae

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Vou mostrar mais um tubarão que pouca gente conhece, Esses tubarões são facilmente identificáveis pelo longo lobo superior da cauda. Esse prolongamento pode ser tão longo quanto o corpo desse gênero, dando ao rabo uma aparência de chicote. Aparentemente, essa longa cauda é usada para agrupar e atordoar pequenos peixes em cardumes. O gênero mais conhecido é o tubarão-raposa Alopias vulpinus (que em Latim significa raposa mesmo).

Tubarão-raposa Alopias vulpinus, Família Alopidae

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Os dentuços tubarões da família Odontaspididae são conhecidos no Brasil como Mangonas, reconhecidos pelos dentes finos e olhos que também lhes dão uma aparência feroz. Além disso, possuem as duas nadadeiras dorsais no mesmo tamanho e uma nadadeira caudal com o lobo superior bem definido. Tem coloração em tons de marrom e atingem até 3,5 m de comprimento. Apesar das aparências, é uma espécie inofensiva. O nome Odontaspididae significa "barreira de dentes" (do Grego odonto + aspidos)

Tubarão mangona Odontaspis ferox, Família Odontaspididae

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Mais um tubarão estranho, conhecidos por poucos: O Goblin Shark, o tubarão-duende ou tubarão-demônio. É inconfundível, pelo focinho comprido em forma de lâmina que apresenta. Muito pouco se conhece sobre esse tubarão, que possui olhos pequenos e dentes muito finos numa boca com arcada protátil (que se projeta "para fora") ao atacar presas, permanecendo retraída quando o animal não está atacando. Não possui membrana nictitante, mas apresenta muitos poros das "ampolas de Lorenzini" - os órgãos detectores de impulsos elétricos - por baixo do "bico".

Goblin shark Mitsukurina owstoni, Família Mitsukurinidae

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Goblin shark Mitsukurina owstoni, Família Mitsukurinidae

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Ainda nessa mesma Ordem Lamniformes, mostramos um gigante de até 10 m de comprimento. Da mesma forma que seu primo tubarão-baleia, alimenta-se exclusivamente de plâncton, nadando o tempo todo com sua imensa boca aberta, filtrando cerca de 2.000 l de água por hora. Apresenta os opérculos extremamente grandes, quase que chegando ao topo do corpo. A primeira nadadeira dorsal é grande, firme e de forma triangular, iniciada logo após a linha das barbatanas dorsais. Vive em águas temperadas e frias. É conhecido como "Tubarão-Frade" e "Tubarão-Peregrino".

Tubarão Peregrino Cetorhinus maximus, Família Cetorhinidae

O nome "Cetorhinus" significa "Nariz redondo" (do grego ceto + rhinos)

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Também se alimentando de plâncton, um tubarão muito estranho. Descoberto em 1976, o tubarão boca-grande tem corpo cilíndrico, cabeça grande, focinho curto e arredondado, olhos grandes e redondos. A boca é enorme - daí o apelido. Pelos dados hoje conhecidos, alcança pelo menos 5,5 m e um peso aproximado de 790kg. É um dos três tubarões gigantes que se alimentam apenas de plâncton, conforme já citado. Embora bastante estudado do ponto de vista anatômico, pouco se conhece com relação aos seus hábitos. Entende-se que durante um ciclo de 24h percorre a coluna de água entre os 200m e os 10m da superfície, sempre em regiões de grande profundidade, ainda que relativamente próximas à terra. O nome "Megachasma" significa "grande abertura" (do grego Mega + chasma) - claro.

Tubarão Boca-Grande Megachasma pelagios, Família Megachasmidae

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5.7 – Ordem Carcharhiniformes Os Carcharhiniformes formam a maior e mais rica Ordem de tubarões, com cerca de 270 espécies, com muitas diferenças morfológicas e tendências ecológicas, como é de se esperar de um grande grupo que habita diversos tipos de águas. Essas diferenças entre as famílias dessa Ordem não são muito grandes, se comparadas a outras Ordens de tubarões. Algumas dessas diferenças são sutis, como a formação dos dentes, os sulcos labiais e detalhes do intestino. Possuem membrana nictitante sobre os olhos, duas nadadeiras dorsais sem espinhos, nadadeira anal e cinco aberturas branquiais. Os olhos são elípticos em muitas espécies. Os dentes apresentam muitas formas e variações, e são usados como chave de identificação. Todo o corpo tem a pele áspera, em função dos pequenos dentículos dermais. Junto com a Ordem Lamniformes, apresentam os tubarões mais conhecidos. As famílias desta Ordem estão constantemente em reestruturação. Na família Carcharhinidae, as nadadeiras peitorais estão completamente abaixo dos opérculos, a primeira nadadeira dorsal é bem maior que a segunda, o lobo superior da cauda é bem mais comprido que o inferior, o pedúnculo caudal não tem duas pontas e os dentes são agudos, em formas de lâmina com vértice simples. São dotados de sofisticada sensibilidade a vibrações e condutividade elétrica (através dos poros onde se localizam as "Ampolas de Lorenzini").

Tubarão Galha-Branca de Recifes Triaenodon obesus, Família Carcharhinidae

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São predadores vorazes, se alimentando de peixes (incluindo outros tubarões e raias), golfinhos, polvos, lulas, lagostas, tartarugas, focas e aves marinhas.

Tubarão Galha-Preta de Recifes Carcharhinus melanopterus, Família Carcharhinidae

Quase todas as espécies dessa família são vivíparos; uma exceção é o tubarão-tigre, que é ovovivíparo. No Brasil, a espécie da família Carcharhinidae mais amplamente distribuído é o Tubarão Azul, presente nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. O nome Carcharhinus significa "Nariz agudo" (do grego karcharos + rhinos).

Tubarão-Tigre Galeocerdo cuvier, Família Carcharhinidae

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Tubarão Galha-Preta oceânico Carcharhinus limbatus, Família Carcharhinidae

Tubarão Galha-Branca oceânico Carcharhinus longimanus, Família Carcharhinidae

Tubarão-Cobre Carcharhinus falciformes, Família Carcharhinidae

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Tubarão Azul Prionace glauca, Família Carcharhinidae

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Alguns tubarões classificados na Família Carcharhinidae são típicos de água-doce, vivendo em rios da Índia, Austrália e do Bornéu. Ainda pouco estudados, são reconhecidas três espécies no gênero Glyphis:

Tubarão de água-doce Glyphis sp, Família Carcharhinidae

Além dos Glyphis, o tubarão cabeça-chata (Bull shark, nos EUA), Carcharhinus leucas, embora seja marinho, aventura-se nos rios, subindo por vários quilômetros.

Tubarão cabeça-chata Carcharhinus leucas, Família Carcharhinidae

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Agora, uma família de tubarões bastante conhecida: a dos tubarões-martelo. As dimensões dos tubarões-martelo variam com a espécie, havendo as de pequeno, médio e grande porte. O Sphyrna mokarran pode ultrapassar os 6 metros de comprimento. O Sphyrna zygaena pode atingir até 4 m de comprimento e pesar 400 kg. Ocorrem fundamentalmente perto da costa e em águas não muito profundas, em geral acima dos 300 m. O nome Sphyrna vem do grego "sphyrna", significando... martelo.

Grande tubarão-martelo Sphyrna mokarran, Família Sphyrnidae

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Entre os tubarões-martelo existem espécies mais solitárias e outras de tendência mais gregária. Certas espécies, cujo caso mais emblemático é o do Sphyrna lewini, concentram-se periodicamente em cardumes de muitas centenas de indivíduos, empreendendo migrações mais ou menos extensas. As razões pelas quais estes animais se agregam ainda não estão totalmente esclarecidas e os cientistas avançam com hipóteses relacionadas com a reprodução, alimentação, ou simples defesa individual através do efeito de grupo.

Tubarão-martelo Sphyrna lewini, família Sphyrnidae

Tubarão-martelo Eusphyra blochiii, família Sphyrnidae

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Apresentam todas as demais características da Ordem Carcharhiniformes, inclusive a membrana nictitante dos olhos.Quanto à forma da cabeça, entende-se que a evolução tenha preparado essas espécies para efetuar mudanças bruscas de direção e aumentar a percepção eletro-sensorial, permitindo sondagens em áreas mais amplas.

Tubarão-martelo Sphyrna tiburo, Família Sphyrnidae

Tubarão-martelo Sphyrna tudes Família Sphyrnidae

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Para encerrar essa nossa pesquisa informativa, vamos falar de duas famílias muito interessantes, com belas espécies. Primeiro, a Scyliorhinidae. Essa Família é conhecida como a família dos tubarões-gato: Pequenos, não ultrapassando 1 m, apresentam uma enorme variedade de cores e padrões, mas todos tendo os olhos bastante semelhantes aos dos gatos, daí o apelido. Possuem a membrana nictitante.

Tubarão-gato Asymbolus anelis, Família Scyliorhinidae

Tubarão-gato Atelomycterus marmoratus, Família Scyliorhinidae

Muitas espécies dessa família apresentam comportamentos peculiares, como se enroscar e tampar os olhos com a cauda quando em atitude defensiva (os chamados shy catskark e shy-eyes catshark); outros, como os do gênero Cephaloscillium, tem a capacidade de se auto-inflarem - da mesma forma que os baiacus, mas com água. O Cephaloscyllium ventrilosum, por exemplo, se enrosca em estruturas e se infla com

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água, de forma a ficar preso. O nome Scyliorhinus significa "Peixe de nariz" (do grego Skylla + rhinos)

Tubarão-gato Cephaloscyllium ventriosum, Família Scyliorhinidae

Tubarão-gato Galeus melanostomus, Família Scyliorhinidae

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Intermediária entre as Famílias Carcharhinidae e a Scyliorhinidae em questão de tamanho e forma, a família Triakidae atualmente engloba duas subfamílias: a Galeorhininae, cujas espécies são maiores e mais com "jeito" Carcharhinidae e a Triakinae, menor e mais perto da Scyliorhinidae. Apresentam tamanho entre 50 cm a 1,5 m, com olhos ovais e pequenos flaps nasais (parecendo pequenos barbilhos). Habitam águas temperadas e tropicais, não muito profundas, alimentando-se de peixes, lulas e polvos. O nome "Triakidae" significa "Três coisas" (do grego Triakis).

Galeorhinus galeus, subfamília Galeorhininae, Família Triakidae

Mustelus antarcticuus, subfamília Galeorhininae, Família Triakidae

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A subfamília Triakinae inclui um pequeno tubarão muito procurado por aquariofilistas pela sua beleza, o tubarão-leopardo Triakis semifasciata:

Triakis semisfasciata, subfamília Triakinae, Família Triakidae

Com estes últimos gêneros descritos, vimos apenas alguns de um universo conhecido da ordem de 400 espécies, mas acredito que temos o suficiente para o nosso propósito de trazer um pouco de conhecimento sobre esses tão injustiçados peixes. Ainda existem muitas e muitas famílias de tubarões que merecem pelo menos uma menção. Assim, para pelo menos não deixar de reconhecê-los, procurei fazer um resumão do que não foi mostrado, cuidando para não deixar o estudo muito grande, mas sem perder conhecimentos interessantes.

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6. OUTROS PEIXES CARTILAGINOSOS Pristiophoriformes e Pristiformes: tubarão-serra e peixe-serra. Esses peixes são chamados de “serra” por motivos óbvios, compondo duas Ordens com uma Família cada. Embora sejam aparentemente iguais a um olhar rápido, são peixes diferentes. A Ordem Pristiophoriformes, com a Família Pristiophoridae (“dotado de serra”, do grego pristis +pherein) - em inglês “saw-sharks” - são mais próximos aos tubarões, enquanto a Ordem Pristiformes, com a Família Pristidae (“serra”, do grego pristis) - em inglês “saw-fish” são mais próximos às raias. As diferenças básicas: o “saw-shark” é dotado de um par de barbilhões e possui "Ampolas de Lorenzini" na serra. No “saw-fish”, além da não-existência dos barbilhões, as aberturas branquiais estão debaixo da cabeça, as nadadeiras são mais largas e os dentes da serra são mais regulares. Confira:

Tubarão-serra Pristiophorus cirratus, Família Pristiophoridae

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Peixe-serra Pristis pectinata, Família Pristidae

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Squatiniformes: cações-anjo Os squatiniformes aparentam ser vagarosos, parecidos com raias, mas são tubarões de corpo achatado e barbatanas peitorais largas, possuindo dentes pontiagudos na boca frontal. Basicamente, são intermediários entre os tubarões e as raias. Apresentam os olhos e os espiráculos no alto da cabeça, com cinco pares de aberturas branquiais por baixo do corpo. Possuem duas nadadeiras dorsais sem espinhos, com as nadadeiras laterais dianteiras e traseiras se encostando (o que mais os assemelham às raias), não possuem nadadeira anal, e apresentam barbelas ao lado da boca. São exclusivamente marinhos, de águas temperadas a tropicais do Atlântico, Índico e Pacífico. O nome latino “Squatina” significa “achatado”.

Squatina californica, Família Squatinidae

Squatina japonica, Família Squatinidae

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Rajiformes: Raias (ou Arraias) Uma imensa diversidade de formas, cores e tamanhos, com focinho pontudo e as nadadeiras laterais unidas, deixando o corpo em forma de disco. Os olhos e os espiráculos situam-se acima da cabeça, enquanto as narinas, a boca e as aberturas branquiais ficam por debaixo do corpo. Algumas são muito bonitas. Podem apresentar duas, uma ou nenhuma nadadeira dorsal, com ou sem espinhos. A nadadeira caudal não é bem desenvolvida na maioria das 489 espécies conhecidas, embora possam ter a cauda longa. São agrupadas em 10 Famílias e muitas possuem pele áspera (dentículos). São ovíparas. O nome latino “Raja” significa “redondo”.

Raja erinacea, Família Rajidae

Raja binoculata, Família Rajidae

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Na Ordem Rajiformes também está incluída uma das mais conhecidas raias, a Manta (ou Jamanta). Juntamente com o gênero Mobula, constituem-se as maiores representantes das raias. O gênero Mobula é muitas vezes confundido com o gênero Manta, pois são bastante parecidos. As diferenças básicas são as barbatanas cefálicas maiores e o fato da boca estar situada à frente do corpo nas Manta, enquanto as Mobula apresentam a boca por baixo. Uma característica interessante do gênero Manta é se alimentar exclusivamente de plâncton, assim como o tubarão-baleia.

Mobula japonica, Família Myliobatidae

Manta birostris, Família Myliobatidae

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Torpediniformes: Raias Elétricas As raias dessa Ordem são bastante parecidas com suas primas Rajiformes, mas apresentando uma diferença fundamental: são capazes de gerar descargas elétricas. São 60 espécies agrupadas em duas Famílias. O nome vem do latim torpere (“entorpecer”). As raias elétricas vivem em todos os oceanos temperados e tropicais do planeta. Embora possam ser encontradas em profundidades medianas, são, na sua maioria, raias costeiras de águas rasas. Todas as espécies são robustas e possuem o corpo com formato de disco com a nadadeira caudal bem desenvolvida.

Torpedo californica, Família Torpedinidae

Narcine brasiliensis, Família Narcinidae

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Outros elos intermediários entre os tubarões e as raias pertencem a uma classificação controvertida, estando incluídos como raias na Família Rhinobatidae (Rajiformes), mas podendo estar muito bem classificada na mostrada Família Squatinidae. Alguns taxonomistas incluem estas espécies em uma Ordem própria, a Rhinobatiformes. São cerca de 50 espécies dos chamados cação-viola. Vejam só:

Rhina ancylostoma, Família Rajidae

Rhynchobatus djiddensis, Família Rhinobatidae

Aptychotrema rostrata, Família Rhinobatidae

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7. CURIOSIDADES E INFORMAÇÕES Selachofobia Selachophobia é o nome científico que descreve o medo extremo e constante aos tubarões, é um sério problema para muitos nadadores iniciantes. Os que sofrem deste mal não conseguem nadar normalmente no mar, mesmo sabendo da existência de redes contra tubarões e outros sistemas de proteção. Algumas pessoas têm tanto medo de tubarões que a observação de meras fotografias destes animais pode induzir ataques de pânico, havendo até muitos casos de pessoas tão aterrorizadas que nem sequer conseguem nadar em piscinas a centenas de quilômetros do mar, ou até mesmo tomar banho, com medo de serem atacadas. A ocorrência da selachophobia aumentou muito depois do filme “Tubarão”, e muitos dos pacientes e psicólogos atribuem o medo desses animais ao filme. Alguns cientistas afirmam que o filme “Tubarão” tem sido indiretamente responsável, desde 1975, pela indiscriminada e irresponsável chacina de tubarões em todo o mundo, e que contribuiu diretamente para o declínio das populações de grandes tubarões-brancos. A selachophobia pode ser tratada profissionalmente da mesma forma que outros medos irracionais, como os de insetos voadores ou aranhas, embora seja difícil encontrar a melhor abordagem para lidar com este problema. Hipnoterapia, terapia de comportamento e medicamentação já foram usadas com sucesso. Mitologia No Havaí, pela importância histórica que possuem na cultura, os tubarões são figuras proeminentes na mitologia, com muitos “deuses-tubarão”. Alguns deles: Kamohoali'i – O mais conhecido e venerado deus-tubarão. Pode assumir a forma humana, podendo ser protetor ou não, conforme a situação; Ka'ahupahau – Deusa ruiva nascida humana e transformada em tubarão para proteger os habitantes de outros tubarões; Kane'ae – Tubarão que se transformou numa deusa humana para experimentar a alegria das danças; Kua – Deus-tubarão do povo Ka'u, tido como ancestral dos humanos; Em outras culturas do Oceano Pacífico, acredita-se que o deus-tubarão Dakuwanga é o devorador das almas pecadoras.

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Qual a diferença entre um cação e um tubarão? Nenhuma. Cação é apenas o nome comercial do tubarão, dependendo da cultura do local, diz o oceanógrafo Luís Roberto Tommasi, da Universidade de São Paulo. Em algumas regiões, os tubarões pequenos são chamados de cação, esclarece. Culturas pesqueiras regionais podem usar o nome para identificar algumas espécies de tubarão. Mas cação-anjo é o mesmo que tubarão-anjo e cação-martelo é o mesmo que tubarão-martelo. Não existe norma alguma para essas denominações. Cientificamente, não há nada que diferencie um do outro. Sobrepesca e extinção Tal como centenas de outras espécies de peixes, os tubarões se encontram sob uma pressão crescente por parte da indústria de pesca mundial. Com o declínio das reservas de peixes comestíveis no mundo, muitas das frotas pesqueiras estão se voltando para os tubarões como uma fonte alternativa de alimento, o que provoca efeitos catastróficos nas populações de tubarões em geral e também nos ecossistemas marinhos como um todo. As populações de tubarões demoram muito tempo a se recomporem da sobrepesca. Possuem um crescimento lento e demoram a atingir a maturidade sexual – 20 anos ou mais, dependendo das espécies. Em comparação às outras espécies de peixes, os tubarões dão à luz poucas crias. Estes fatores colocaram a sobrevivência de várias espécies em perigo, principalmente em áreas costeiras com grandes populações. Isso significa que, como tantas e tantas espécies de peixes, os tubarões estão sendo inexoravelmente extintos – não pela Natureza, mas pelo Homem. Estima-se que cerca de 25% dos tubarões e raias do nordeste do Oceano Atlântico estão ameaçados de extinção, enquanto outros 20% são considerados "vulneráveis", conforme relatório da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza).

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8. GLOSSÁRIO Ampolas de Lorenzini: São pequeninos pontos receptores sensíveis à temperatura, salinidade e pressão da água, com uma especial capacidade para detectar campos elétricos muito sutis, gerados por outros animais. Espalham-se pelo rosto do tubarão. Barbilhos: Presentes em algumas espécies, são órgãos tácteis ao lado ou por baixo da boca, com papel importante na procura do alimento. Bexiga Natatória: é um órgão em forma de bolsa, que pode ser inflada ou desinflada (por ar ou mesmo gases internos), que auxilia os peixes ósseos a manterem-se a determinada profundidade através do controle da sua densidade relativamente à da água. Os tubarões não possuem este órgão. Cláspers: órgão sexual duplo dos machos seláqueos. São projeções de pele localizadas na parte interna das nadadeiras pélvicas dos machos, usadas na cópula. Há uma grande variação de tamanho e formato, de acordo com a espécie. Dentículos: A pele dos tubarões é protegida por escamas placóides geralmente muito pequenas, com dentículos dérmicos, que lhes conferem uma superfície muito áspera. Espiráculos: Pequenas aberturas laterais, que podem variar de tamanho e localização, conforme a espécie. Em alguns animais essa abertura auxilia na respiração, sendo indispensável para espécies mais sedentárias. Algumas raias, por exemplo, passam grande parte de suas vidas semi-enterradas na areia e respirando quase que exclusivamente pelos espiráculos. Fendas branquiais: Os tubarões retiram o oxigênio da água através das brânquias, como fazem os outros peixes. No entanto, os tubarões não possuem a placa óssea que protege as brânquias na maioria dos peixes (os opérculos). Em vez disso, apresentam fendas na pele. A água é eliminada através dessas fendas enquanto as brânquias do tubarão extraem o oxigênio. A maioria dos tubarões não pode bombear a água para as brânquias, como fazem todos os outros peixes. Assim, dependem de sua natação constante para forçar a entrada de água através da boca e das brânquias. Grande Branco: Nome dado ao mais famoso tubarão, o tubarão-branco Carcharodon carcharias. Mandíbula móvel: Os tubarões possuem uma estrutura de mandíbula bastante peculiar, o que faz de suas bocas armas especialmente eficazes. Na maioria dos animais, a mandíbula inferior move-se livremente, mas a superior é presa ao crânio. Nos tubarões, a mandíbula superior fica abaixo do crânio, mas pode ser solta quando o tubarão ataca sua presa. Isso permite que o tubarão empurre toda a mandíbula para frente para pegar a

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presa. A mobilidade da mandíbula varia entre espécies diferentes, mas todos os tubarões modernos possuem essa habilidade em algum grau.

Ver http://ciencia.hsw.uol.com.br/tubaroes4.htm Membrana nictitante: É uma membrana existente para proteger os olhos de algumas espécies (Ordem Carcharhiniformes), cobrindo os olhos do tubarão quando este ataca uma presa. Ovidutos: Canal que vai da cloaca ao ovário. Na extensão dos ovidutos forma-se o correspondente ao útero. A fêmea apresenta dois grandes ovários (às vezes fundidos) sustentados por fortes membranas. Ovíparo, Ovovivíparo e Vivíparo: Ovíparos: São os animais cujo embrião se desenvolve dentro de um ovo em ambiente externo sem ligação com o corpo da mãe. Exemplo: as aves, répteis e muitos peixes; Vivíparos: Animais cujo embrião se desenvolve dentro do corpo da mãe, numa placenta que lhe fornece o alimento e retira os produtos de excreção. Exemplo: a maioria dos mamíferos, alguns peixes, répteis e anfíbios. Ovovivíparos: São os animais cujo embrião se desenvolve dentro de um ovo alojado dentro do corpo da mãe, mas de maneira que s ovos eclodem no oviduto materno sem que exista ligação alguma entre a genitora e o embrião. Exemplo: alguns peixes e répteis. Plâncton, fitoplâncton, ictioplâncton, zooplâncton Em biologia marinha e limnologia chama-se plâncton (da palavra grega planktos, que significa errante) ao conjunto dos organismos que têm pouco poder de locomoção e vivem livremente na coluna de água, sendo muitas vezes arrastados pelas correntes oceânicas. O plâncton encontra-se na base da cadeia alimentar dos ecossistemas aquáticos, uma vez que serve de alimentação a organismos maiores. O plâncton é geralmente subdividido em: Fitoplâncton - formado principalmente por algas microscópicas; Ictioplâncton - formado por organismos recém nascido (ovos e larvas); Zooplâncton - formado por animais (ovos e larvas).

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9. REFERÊNCIAS Lineu: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lineu http://pt.wikipedia.org/wiki/Taxonomia_de_Lineu Discovery Brasil http://www.discoverybrasil.com/tubaroes/que_e/index.shtml Wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Tubar%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_esp%C3%A9cies_de_tubar%C3%A3o Superinteressante http://super.abril.com.br/superarquivo/1996/conteudo_115298.shtml Vídeos: http://www.discoverybrasil.com/tubaroes/broadband/ Informações e imagens: http://www.seapics.com/ (procurar por “sharks”) http://www.elasmodiver.com/ http://www.elasmo-research.org/site_map.htm http://www.elasmo-research.org/education/shark_profiles/batoids.htm http://www.elasmo-research.org/conservation/river_sharks.htm http://www.origins.tv/darwin/zoo/sharks.htm http://www.imagequest3d.com/stock/taxon/taxonomy.htm http://www.seapics.com/picture_gallery/sharks/requiem_shark/ www.marinethemes.com/collaredsharks.html http://www.nativefish.org/Gallery/ http://www.elasmo-research.org/education/evolution/evol_s_predator.htm http://www.biologo.com.br/tubarao/index.html http://www.tubaroes.vilabol.uol.com.br/frame.html

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10. IT’S YOUR OCEAN. DO SOMETHING ABOUT THIS

Goblin shark Greenland shark

Basking shark

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Tiger shark White shark

Baby Carcharhinus shark

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Young Goblin shark

Bull shark

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IT’S YOUR OCEAN. DO SOMETHING ABOUT THIS http://itsyourocean.blogspot.com/2009_02_01_archive.html

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LUIZ CARLOS CORREARD

TUBARÕES

Esses Desconhecidos

F I M

Correard – Abril 2009